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PROF.

ILIDIO DAMIÃO

SISTEMA NERVOSO E SISTEMA ENDÓCRINO

3.1. O HOMEM COMO UNIDADE BIO-SOCIO-CULTURAL

O homem é resultado da confirmação dos factores biológicos, psicológicos


e sociocultural, somos sistemas bio-psico-social.

O factor biológico condiciona o comportamento de três grandes estruturas


o sistema nervoso, o sistema endócrino e a hereditariedade.

O factor sociocultural condiciona o comportamento pela circunstância


intelectual que se desenvolve numa cultura.

Tudo o que é psicológico é simultaneamente biológico.

3.2. A FISIOLOGIA E A PSICOLOGIA

A Fisiologia é a ciência que estuda o funcionamento do organismo vivo.


Enquanto a psicologia estuda o comportamento e os fenómenos psíquicos.

Na sua totalidade o corpo continua uma unidade. O psiquismo faz parte


dessa unidade. Tendo em conta a interdependência entre o elemento
psíquico e o elemento corporal, as reações corporais nos ensinam coisas
essenciais da vida psíquica.

Para esclarecer as funções psíquicas, procura-se conhecer o impacto dos


factores genéticos, hormonais e neurológicos no comportamento.

O objecto da psicologia fisiológica é a de encontrar as relações entre os


fenómenos corporais (especialmente o sistema nervoso) e o
comportamento. Embora se ache convenientemente falar separadamente
das influências biológicas e das psicológicas no comportamento, devemos
lembrar, pensar, agir e sentir sem o corpo seria como correr sem pernas.

Além da Psicologia outras ciências como Anatomia, Farmacologia,


Bioquímica, Psiquiatria, Fisiológica, etc., também se ocupam do estudo das
relações entre fenómenos que ocorrem no sistema nervoso e o
comportamento.

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3.3. SISTEMA NERVOSO

É a raiz biológica da psicologia.

É o conjunto de órgãos encarregados de assegurar a coordenação dos


nossos movimentos, regular as nossas funções vitais e tratar do ajustamento
do organismo ao ambiente.

FUNÇÃO

O sistema nervoso é responsável pelo controlo do comportamento e a


regulação fisiológica do organismo; ou seja sua função é perceber e
identificar as condições ambientais externas, bem como as condições
reinantes dentro do próprio corpo e elaborar respostas que adaptem a essas
condições.

As mudanças no meio externo são apreciadas de forma consciente,


enquanto as mudanças no meio interno não tendem a ser percebidas
conscientemente. Quando ocorrem mudanças no meio, e estas afectam o
sistema nervoso, são chamadas de estímulos.

Do ponto de vista estrutural o sistema nervoso divide-se em duas partes:

SNC Sistema nervoso central

SN Sistema Nervoso

SNP Sistema nervoso periférico

Sistema Nervoso Central

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Cérebro

Encéfalo Cerebelo

Tronco cerebral

SNC

Medula espinal

SN

Aferente

SNP S. Nervoso somático

Eferente S. Simpático

S. Nervoso autónomo

S. Parassimpático

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SISTEMA NERVOSO

Divisão Partes Funções gerais

Sistema nervoso Encéfalo Processamento e


central integração de
Medula espinal
informações
(SNC)

Nervos Condução de
informações entre órgãos
Sistema nervoso Gânglios
receptores de estímulos o
periférico
SN Somático SNC e órgãos efectores
(SNP) (músculos, glândulas)
SN Automático

O sistema nervoso central pode ser descrito como um longo tubo (medula
espinal) que se torna bastante grosso na sua extremidade superior
(encéfalo); ou seja é o conjunto de órgãos de coordenação (recebem
mensagens e dão respostas) consciente e voluntária, imprimindo acção aos
músculos.

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O SNC dirige as funções vitais como a circulação, respiração, supervisiona
o cumprimento das necessidades fisiológicas (fome, sono, cansaço)
administra e rege a energia ao corpo (sabe quando aumentar ou diminuir).

O sistema nervoso periférico é o conjunto de órgãos (nervos cranianos e


raquidianos) de transmissão inconsciente e automático, exercendo acção
aos órgãos. Tanto os órgãos centrais como os periféricos são formados por
unidades elementares – as células nervosas ou neurónios.

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NEURONIOS: UNIDADE FUNDAMENTAL DO SISTEMA
NERVOSO

O mecanismo cerebral humano é complexo e contém biliões de células


nervosas ou neurónios.

Existem os neurónios ou células nervosas que constituem a unidade


fundamental de todo SN, e as células glias que ocupam os espaços
interneuronios que nutrem e modulam a sua função.

Os neurónios tem formas e dimensões muito variáveis e possuem a


capacidade de conduzir impulsos elétricos estando ligados a outras células
por zonas especificas – as sinapses (químicas ou eléctricas) – através das
quais os sinais são transmitidos.

Um neurónio apresenta três partes distintas:

- Corpo celular

- dendritos

- Axônio

Corpo celular ou soma a parte mais volumosa da célula nervosa, pequena


massa de citoplasma na qual se localiza o núcleo; serve para assimilar a
fazer uso dos nutrientes que fornecem energia para actividade do neurónio;
codificador (processador) do DNA da informação (cor, altura, intensidade)

Dendrites ou dentritos (do grego dentro, árvore) são prolongamentos


finos e geralmente ramificadas que conduzem os estímulos captados do
ambiente ou de outras células em direcção ao corpo celular, captador
(camião de lixo) ou seja têm com função receber as mensagens dos
neurónios vizinhos através de sinapses, conduzindo-os para o seu núcleo.
Sinapse: processo de comunicação entre os neurónios.

Axónio ou cilindro-eixo ou ainda fibra nervosa com suas terminações é


um prolongamento único, geralmente mais longo que os dendritos, cuja
função é transmitir para outras células os impulsos nervosos provenientes
do corpo celular.

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CÉLULAS GLIA (ocupam espaços interneurónios)

Além dos neurónios, o sistema nervoso apresenta-se constituído pelas


células gliais, ou células gliais, cuja função é dar sustentação aos neurónios
e auxiliar o seu funcionamento. As células glias constituem cerca de
metade do volume do nosso encéfalo.

Há diversos tipos de células gliais: os ostrócitos, os oligodendrocitos e as


células de Shcwann.

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CLASSE FUNCIONAIS DOS NEURÓNIOS

(espécie de nervos ou tipos de neurónios)

1 – Neurónios aferentes, receptores ou sensoriais transmitem informação


dos diferentes tecidos e órgãos do corpo para SNC quer dizer conduzem
informação da periferia para o centro (medula espinal e encéfalo).

2 – Neurónios eferentes, efectivos ou motores transmitem sinais


eléctricos do SNC para as células efectoras (músculos ou glândulas) ou seja
conduzem impulsos do centro para a periferia.

3 – interneurónios, conectores responsáveis pela conexão dos neurónios


aferentes e eferentes no SNC – constituem 99% de todos os neurónios e são
eles os processadores da informação no SNC (células glias).

MECANISMO DO SISTEMA NERVOSO

(Mecanismo reflexo)

Toda a nossa a acção não é resultante da informação proveniente do


cérebro. Determinadas respostas que damos aos estímulos provenientes do
exterior veem da medula espinal. Importante saber a diferença entre as
respostas provenientes da medula espinal e as respostas provenientes do
cérebro.

Na MEDULA ESPINAL a informação circula de um neurónio para outro


sem existir uma grande complexidade, como acontecerá no cérebro. Aqui
intervêm apenas os nervos associados a área afectada.

Por exemplo: ao colocarmos a mão sobre uma superfície muito quente, em


fracções de segundo, a nossa mão afasta-se dessa superfície. E isto
acontece antes de tomarmos consciência da queimadura.

Independemente da nossa vontade, exerceu-se uma acção sobre os nervos e


a medula espinal que comandara a mão não esperou que o sinal chegasse ao
cérebro – estamos perante o mecanismo de reflexo ou simplesmente acto
reflexo.

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Acto reflexo - São respostas rápidas, simples e emergentes para um
determinado estímulo. Estas respostas não passam pelo cérebro são muito
rápidas, os impulsos percorrem o tecido nervoso a grande velocidade, na
ordem de 1 a 100 metros por segundo. A medula minimiza o tempo de
acção.

No CÉ REBRO, as mensagens atravessam e envolvem uma multidão de


neurónios organizados numa rede onde há intervenção das diferentes zonas
dos hemisférios cerebrais que descodificam esta mensagem em seguida é
transmitem a medula espinal e accionam uma resposta ou acção
voluntaria. Aqui o tempo de acção é mais prolongado.

Participam do acto de reflexo os três mecanismos seguintes:

1- Mecanismo de recepção (receptores)


2- Mecanismo de conexão ou transmissão ( as células nervosas -
neurónios).
3- Mecanismo de reacção (efectores)

TRANSMISSÃO DE UM IMPULSO NERVOSO

Um impulso é transmitido de uma célula a outra através das sinapses (do


grego synapsis, acção de juntar)

A sinapse (ponto de encontro mas sem contacto) é uma região de contacto


muito próximo entre a extremidade do axónio de um neurónio e a
superfície de outras células. Estas células podem ser neurónios, células
sensoriais, musculares ou glandulares. As terminações de um axónio
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podem estabelecer muitas sinapses simultâneas. Na maioria das sinapses
nervosas, as membranas das células que fazem sinapses estão muito
próximas, mas não se tocam. Há um pequeno espaço entre as membranas
celulares – o espaço sináptico ou fenda sináptica.

TRANSMISSÃO SINÁPTICA

Quando os impulsos nervosos atingem as extremidades do axônio da célula


pré-sinaptica, ocorre liberação, nos espaços sinápticos, de substâncias
químicas denominadas neurotransmissores ou mediadores químicos, que
tem a capacidade de se combinar com receptores presentes na membrana da
célula pós-sinaptica, desencadeando o impulso nervoso.

Os cientistas já identificaram mais de dez substâncias que actuam como


neurotransmissores, como a acetilcolina, a adrenalina (ou epinefrina), a
noradrenalina (ou norepinefrina), a dopamina, a serotonina, etc.

Sinapses neuromusculares: A ligação entre as terminações axónicas e as


células musculares é chamada sinapse neuromuscular e nela ocorre
liberação da substancia neurotransmissora acetilcolina que estimula a
contração muscular.

Sinapses eléctricas: em alguns tipos de neurónios, potencial de acção se


propaga directamente do neurónio pré- sináptico para pós- sináptico, sem

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intermediação de neurotransmissores. As medidas eléctricas ocorrem no
sistema nervoso central actuando na sincronização de certos movimentos
rápidos.

SISTEMA NERVOSO CENTRAL

É composto por duas subdivisões: o encéfalo e a medula espinal.

ENCEFALO – constituído por cérebro, cerebelo e tronco cerebral. É a


parte do SN que se aloja na caixa craniana e controla funções mais
sofisticadas como precisão da memória, movimentos voluntários, etc.

O encéfalo humano contém cerca de 35 biliões de neurónios e pesa


aproximadamente 1,4 kg. A região superficial do cérebro, que acomoda
biliões de corpos celulares de neurónios (substancia cinzenta), constitui o
córtex cerebral.

MEDULA ESPINAL – serve a duas funções principais:

1 - Transmite impulsos do corpo para o encéfalo e do encéfalo para ao


corpo.

2 - Controla muitos reflexos, por exemplo, protege o organismo,


desencadeando, em algumas situações, reacções rápidas (como retirar a
mão de um fogo quente).

Cérebro: órgão do sistema nervoso central situado no interior da caixa


craniana de diversos animais vertebrais, entre eles, os seres humanos. São

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as estruturas cerebrais que fornecem pistas sobre as capacidades dos
animais. Nos vertebrados primitivos, como os tubarões, o cérebro regula as
funções básicas de sobrevivência: respiração, repouso e alimentação. Em
mamíferos inferiores, como os roedores, um cérebro mais complexo
permite emoções e memoria. Em mamíferos mais avançados, como os
humanos, o cérebro processa mais informações, permitindo que hajamos de
forma inteligente.

É o centro da consciência, da razão, o local em que a aprendizagem, a


memória e as emoções estão centralizadas. Decide o que fazemos, se a
decisão foi certa ou errada, imagina o modo como as coisas poderiam ter
acontecido se tivéssemos agido de outra maneira.

Particularmente complexo e extenso, constitui a maior parte de encéfalo


humano a apresenta dois hemisférios (direito e esquerdo) com suas
circunvoluções e fissuras. A camada externa destes hemisférios é chamada
córtex cerebral, um sistema de células neurais interconectadas que, como
as folhas das árvores, formam uma fina camada superficial que recobre os
hemisférios e tem funções complexas realizando as habilidades mentais
superiores complexas. O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta
áreas funcionalmente distintas. É aqui que a percepção tem lugar, a
memoria se armazena, os planos são formulados e executados, Se fosse
liso poderia cobrir 4 páginas de um livro.

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Entre os hemisférios desenvolve-se um extenso feixe de fibras que os liga –
corpo caloso – que desempenha um papel importante na integração das
funções de cada hemisfério. As informações do lado direito do corpo são
recebidas pelo hemisfério esquerdo e vice-versa.

Abaixo do corpo caloso, bem no interior, encontramos uma área em que se


localizam algumas estruturas com funções importantes, o sistema límbico
constituído por:

Tálamo – camara interna que reveste o hipotálamo e outros; fonte do leito


nupcial. Recebe informações dos sentidos excepto do olfacto. É uma
estação retransmissora de impulsos nervosos para córtex cerebral.

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Hipotálamo – estrutura pequena que ajuda a manter o equilíbrio interno
(integrador das actividades viscerais), regulando a sede, a fome a
temperatura corporal e também influencia experiencias de recompensas
prazerosas (comportamento sexual)). Liga o SN ao S. endócrino, activando
glândulas. Também está envolvido na emoção.

Hipófises – juntamente com a pineal constituem cérebro mais primitivo;


forma-se 45 dias apos a fecundação e nos dá o aspecto de réptil. Regula
actividade de outras glândulas e produz diversas hormonas.

Hipocampo – essencial na formação de novas memórias. Lesões no


hipocampo as pessoas perdem a capacidade de aprenderem algo novo.

A amígdala – forma de amêndoas, influencia a agressividade e o medo.


Juntamente como hipocampo controla as emoções relacionadas a auto
preservação (sistema imunológico – nossa capacidade de defesa).

Lesões na amígdala – afectam o comportamento emocional. Em animais


revelam sexualidade indiscriminada (cópula de qualquer objecto) e perda
de capacidades tanto agressiva como defensiva.

O hemisfério dominante em 98% dos humanos é o hemisfério esquerdo, é


responsável pelo pensamento lógico, competência comunicativa, controle
da escrita e movimentos do lado direito do corpo como também domina à
linguagem.

Enquanto o hemisfério direito é responsável pelo pensamento simbólico,


criatividade, controla o tacto e movimento do lado esquerdo do corpo,
Superior em tarefas não verbais, visuais e espaciais. Nos canhotos as
funções estão invertidas. O hemisfério esquerdo diz-se dominante, pois
nele localiza-se 2 áreas especializadas: a Área de Broca (B), o córtex
responsável pela motricidade da fala, e a Área de Wernick (W), o córtex
responsável pela compreensão verbal.

As circunvoluções cerebrais são divididas por fissuras que por sua vez
dividem os hemisférios em diferentes zonas ou quatro (4) lobos cerebrais
(lobos frontais, parietais, temporais e occipitais – um em cada
hemisfério) nos quais estão associados as actividades como audição, visão,
fala etc.

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FUNÇÕES LOCALIZADAS NOS LOBOS

Lobo frontal: é o céu e é mais importante a sua parte esquerda. Dono do


cérebro é presidente porque dá ordens e os outros lobos obedecem e se
movimentam. Determina limites (ética) do social e do moral. Representa a
razão, pensamento, consciência, planificação, acção, emoção, resolve
problemas complexos, controla a área motora e psicomotora dirigindo a
acção e bem como a capacidade de abstrações (localizado acima da testa),
quando se deteriora pode provocar demência (por ex: Alzheimer).

Lobo parietal: ele também abrange áreas motoras e pré motoras; é o


produtor dos movimentos finos – recebe informações sensoriais 8dor,
temperatura, sabor, pressão) localizadas por todo o corpo (pele, músculos,
juntas, órgãos internos e papilas gustativas) e localiza-se atras da fissura
central. Também relacionado coma lógica matemática.

Lobo temporal: contém as áreas auditivas e da compreensão da linguagem


(área Wernicke), localizado próximo da fissura lateral e está em conexão
com o córtex olfactivo. É aí que se localiza o sistema límbico. É o lobo da
religião, da sensibilidade, da criatividade extraordinária. As palavras
entram de forma bruta – em bloco – para área Wernicke são organizadas e
emitidas na área da broca. É no lobo temporal que ocorrem muitas crises
convulsivas igualmente importante no processamento da memória e da
emoção. Acidentes ou tumores nesta região podem provocar deficiência de
audição ou mesmo surdez.

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Lobo occipital: ocupa-se de todos os processos visuais (recebe e processa
informações) e localiza-se na parte posterior do encéfalo. Participa na
produção dos movimentos finos. Danos nesta área podem provocar
cegueira parcial ou total.

Em cada área de um dos hemisférios, o córtex cerebral encerra três tipos de


áreas (motoras, sensitivas e associativas que agem me conjunto a fim de
produzir um comportamento consciente.

CEREBELO: Tem o aspecto de uma miniatura do próprio cérebro e situa-


se no cérebro posterior e coordena a actividade motora e a posição do
equilíbrio do corpo. É constituído por dois hemisférios ligados entre si e
tem o controlo dos movimentos finos e complexos. Ex. tocar piano ou jogar
ténis.

FUNÇÕES

1. tem como função principal o controlo de movimentos voluntários e


involuntários.

2. Apesar de não ser ele a iniciar os movimentos voluntários é um


centro importante de coordenação e aprendizagem dos movimentos
bem como é responsável pela manutenção do equilíbrio corporal;
é graças a ele que podemos realizar acções complexas, como andar
de bicicleta e tocar violão, por exemplo. Ele recebe as informações
de diversas partes do encéfalo sobre a posição das articulações e o
grau de estiramento dos músculos, bem como informações auditivas
e visuais.

TRONCO CEREBRAL OU ENCEFÁLICO

Formado pelo mesencéfalo, pela ponte e pela medula oblonga (ou bulbo
raquidiano), o tronco encefálico conecta ou assegura a comunicação entre o
cérebro e a medula espiral.

Além de coordenar e integrar as informações que chegam ao encéfalo,


ele controla a actividade de diversas partes do corpo.

O mesencéfalo é responsável por certos movimentos reflexos.

A ponte é constituída principalmente por fibras nervosas mielinizadas que


ligam o córtex cerebral ao cérebro.
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O bolbo raquidiano participa na coordenação de diversos movimentos
corporais e possui importantes centros nervosos que controlam a
respiração, ritmo cardíaco e pressão cardíaca.

Existem duas estruturas localizadas na parte superior do tronco cerebral


que merecem referência: tálamo e o hipotálamo já anteriormente
explicados.

SISTEMA LÍMBICO

Conjunto de estruturas interconectadas e localizadas nos hemisférios


cerebrais que envolve o lobo frontal e temporal, o tálamo e tem estreitas
ligações anatómicas com o hipotálamo. Desempenha um papel importante
na aprendizagem, na expressão de emoções e numa serie de funções
endócrinas, as estruturas mais importantes deste sistema são: amígdala,
hipocampo, hipotálamo, hipófise.

MEDULA ESPIRAL

A medula espiral elabora respostas simples apara certos estímulos. Essas


respostas medulares, denominadas actos reflexos, permitem ao organismo
reagir rapidamente em situações de emergências.

A medula funciona também como uma estação retransmissora para o


encéfalo. Informações colhidas nas diversas partes do corpo chegam à
medula, de onde são retransmitidas ao encéfalo para serem analisadas. Por
outro lado, grande parte das ordens elaboradas no encéfalo passa pela
medula antes de chegar aos seus destinos.

A parte externa da medula, de cor branca, é constituída por feixes de fibras


nervosas mielinizadas, denominados tratos nervosos, que são responsáveis
pela condução de impulsos das diversas região da medula para o cérebro e
vice-versa.

SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

O sistema Nervoso Periférico é constituído pelos nervos e gânglios


nervosos e sua função é estabelecer a ligação entre o sistema nervoso
central e todo o resto do organismo, órgão, músculos e glândulas. Pode
definir-se como sistema nervoso tudo que não faz parte do SNC.

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Nervos são feixes de fibras nervosas envoltas por uma capa de tecido
conjuntivo. Nos nervos há vasos sanguíneos, responsáveis pela nutrição das
fibras nervosas.

As fibras presentes nos nervos podem ser tanto dendritos como axónios que
conduzem, respectivamente, impulsos nervosos das diversas regiões do
corpo ao sistema nervoso central e vice-versa.

Gânglios nervosos: são aglomerados de corpos celulares de neurónios


localizados fora do sistema nervosos central. Os gânglios aparecem como
pequenas dilatações em certos nervos.

Gânglios espinais: na raiz dorsal de cada nervo espinal há um gânglio, o


gânglio espinal, onde se localizam os corpos celulares dos neurónios
sensitivos. Os nervos espinais ramificam-se perto da medula e os diferentes
ramos enervam os músculos, a pele e as vísceras.

Os nervos que se ligam a medula espinal chamam-se nervos raquidianos


ou espinais e os que se ligam directamente à base do cérebro chamam-se
nervos cranianos. Em ambos os casos existem pares de nervos (direito e
esquerdo).

Nervos cranianos: são os nervos ligados à base do cérebro. Possuímos


doze pares de nervos cranianos, responsáveis pela intervenção dos órgãos
do sentido, dos músculos e glândulas da cabeça, e também de alguns
órgãos internos.

Nervos espinais ou raquidianos: dispõem-se em pares ao longo da


medula, um par por vertebra. Cada nervo do par liga-se lateralmente à
medula por meio de duas “raízes”, uma localizada em posição mais dorsal e
outra em posição mais ventral. A raiz dorsal de um nervo espinal é formada
por fibras sensitivas e a raiz ventral, por fibras motoras.

Os nervos podem ser:

- Nervos sensitivas: são os que contêm somente fibras sensitivas,


que conduzem impulsos dos órgãos sensitivos para o sistema nervoso
central, “aferentes”.

- Nervos motores: são os que contem somente fibras motoras, que


conduzem impulsos do sistema nervoso central até os órgãos efectores
(músculos ou glândulas) e constituem o comportamento; “eferentes”.
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- Nervos mistos: contem tanto fibras sensitivas quanto motoras.

SNP Aferente: é composto pelos neurónios aferentes, que transportam a


informação da periferia até ao SNC. Portanto aferente que passa
informações ao SNC.

Aferente

SNP S. Nervoso somático

Eferente S. Simpático

S. Nervoso autónomo

S. Parassimpático

SNP Eferente: composto pelos neurónios eferentes que transportam a


informação vinda do SNC até aos músculos e glândulas. O SNP Eferente é
mais complexo que o aferente subdividindo-se em sistema nervoso
somático e sistema nervoso autónomo.

SISTEMA NERVOSOS SOMÁTICO OU (voluntário)

Conjunto de acções (voluntarias) e reacções entre o organismo e o medo. É


constituído por todos os nervos e fibras nervosas vindas do SNC que
conduzem às células de músculos esqueléticos cuja contracção resulta de
estímulos voluntários. Estes nervos são chamados nervos motores.

SN Autónomo

Constituído por todos os nervos e fibras nervosas vindas SNC que enervam
(excitam) os outros tecidos do organismo menos o tecido muscular
esquelético.

Ex: Musculo cardíaco “coração” músculo liso “localizado nos vasos e essa
mesma” glândulas.

A acção dos nervos autónomos resulta de estímulos involuntários e essa


mesma acção pode activar ou inibir os tecidos por ele enervados.

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O SN autónomo regula o ambiente do corpo, controlando a actividade dos
sistemas digestivos, cardiovascular, excretor e endócrino. É sob o seu
comando que o coração bate mais depressa, os intestinos têm espasmos e a
pupila se contrai para proteger o olho de uma maior intensidade da luz.

SISTEMA SIMPÁTICO

Os nervos simpáticos irradiam da parte mediana da coluna vertebral ao


nível do tórax e das vertebras lombares. Esses nervos emergem ao nível da
nuca e da base da coluna libertam a substância noradrenalina que é
estimulada pela excitação forte, por exemplo, aumentando o ritmo cardíaco
e a tensão arterial.

Ex: quando corremos, fazemos ginástica ou levamos um susto e o nosso


organismo trabalha aceleradamente é o SN Simpático que foi acionado.

SISTEMA PARASSIMPÁTICO

Suas fibras libertam a substância acetilcolina que, pelo contrário, diminui o


ritmo cardíaco e favorece a digestão, aumentando os movimentos rítmicos
do intestino. Relaxam o organismo que trabalhou aceleradamente por conta
do S. Simpático.

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3.4 - SISTEMA ENDÓCRINO

Nenhuma célula vive isolada. Nos seres pluricelulares uma rede complexa
de comunicação coordena o crescimento, a diferenciação e o metabolismo
da enorme variedade de células nos diversos tecidos e órgãos.

Em pequenos grupos celulares a comunicação pode fazer-se directamente


de célula para célula, mas nos organismos mais desenvolvidos as células
têm de comunicar a longas distâncias. Nestes casos, produtos extracelulares
actuam como sinais - as hormonas - segregadas por glândulas, actuam
como sinais que enviam posteriormente as células seguintes e mais
distantes.

Hormonas: substâncias específicas provenientes da elaboração das


glândulas endócrinas que desempenham acções importantes num
organismo ou o conjunto de glândulas que apresentam como actividade
característica a produção de secreções denominadas hormônios.

Existem portanto dois tipos distintos de hormonas: neurohormonas que


são específicas para o tecido neurológico, e as hormonas sistémicas que
comunicam com as células dos outros tecidos.

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Nos organismos complexos, existem tecidos celulares especializados que
têm como função a secreção de substâncias (hormonas e outras) as
glândulas. Estas substâncias são segregadas, para o interior do organismo,
no sangue ou para o exterior distinguindo-se assim as glândulas exócrinas e
as endócrinas e ambos associam-se ao sistema endócrino e as hormonas
que são os mensageiros e ao sistema exócrino incluindo as glândulas
sudoríparas, as lacrimais e as que libertam os sucos para o tubo digestivo.

Sistema endócrino: como todas as células de um organismo vivo não é


também um sistema isolado, dando respostas em função de sinais vindos do
meio externo como do meio interno do próprio organismo. Assim o estado
de espirito de um indivíduo, a sua condição física, ou melhor, a sua
condição psicofisiológica, são um todo, do qual o sistema endócrino
também faz parte e, em função do qual, responde.

Para que um ser se mantenha vivo é necessário que permaneça em


equilíbrio, dentro determinados parâmetros. Para que não se criem
situações de desequilíbrio existem mecanismos de auto-regulação,
nomeadamente, no que se refere ao sistema hormonal, o chamado
retrocontrolo.

DISTÚRBIOS

No caso de acidente, doença ou má formação congénita, por exemplo, os


sistemas nervoso central ou periférico poderão sofrer alguns distúrbios
como:

Acidente Vascular encefálico (AVC) é um distúrbio grave do sistema


nervoso. Pode ser causado tanto pela obstrução de uma artéria, que leva à
isquemia de uma área do cérebro, como por uma ruptura arterial seguida de
derrame. Os neurónios alimentados pela artéria atingida ficam sem
oxigenação e morrem, estabelecendo-se uma lesão neurológica irreversível.
A percentagem de óbitos entre as pessoas atingidas por AVE é de 20 à 30%
e, dos sobreviventes, muitos passam a apresentar problemas motores e de
fala.

Alguns dos factores que predispõem ao AVE são hipertensão arterial, a


taxa elevada de colesterol no sangue, a obesidade, diabete, o uso de pílulas
anticoncepcionais e hábito de fumar.
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Ataques Epiléticos

Epilepsia não é uma doença e sim um sintoma que pode ocorrer em


diferentes formas clínicas. As epilepsias aparecem, na maioria dos casos,
antes dos 18 anos de idade e podem ter causas diversas, tais como as
anomalias congénitas, doenças degenerativas do sistema nervoso,
infecções, lesões decorrentes de traumatismo craniano, tumores cerebrais,
etc.

São dores de cabeça que podem se propagar pela face, atingindo os dentes
e o pescoço. Sua origem está associada a factores diversos como tensão
emocional, distúrbios visuais e hormonais, hipertensão arterial, infecções,
sinusites, etc. A enxaqueca é o tipo de cefaleia que ataca periodicamente a
pessoa e se caracteriza por uma dor latejante, que geralmente afecta metade
da cabeça. As enxaquecas são frequentemente acompanhadas de fotobia
(aversão e a luz), distúrbios visuais, náuseas, vómitos, dificuldades em se
concentrar, etc. As crises de enxaqueca podem ser desencadeadas por
diversos factores, tais como tensão emocional, tensão pré-menstrual,
fadiga, actividade física excessiva, jejum, etc.

Doenças degenerativas do sistema nervoso

Diversos factores podem causar morte celular e degeneração, em maior ou


menor escala, do sistema nervoso. Esses factores podem ser mutações
genéticas, infecções virais, drogas psicotrópicas, intoxicação por metais,
poluição, etc. As doenças nervosas degenerativas mais conhecidas são a
esclerose múltipla, a doença de Parkinson, a doença de Huntington e a
doença de Alzheimer. Problemas Auditivos, Visuais, da Fala também
podem surgir.

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O quadro seguinte, apresenta algumas glândulas, hormonas e suas funções
no organismo humano.

Algumas glândulas e hormonas

Glândulas Hormonas Funções


Diferenciação do útero na
Ovário (SNP) Progesterona preparação p/ a implantação
do embrião e manutenção da
gravidez

Maturação e manutenção da
Testículo (SNP) Testosterona função dos órgãos sexuais
masculinos, desenvolvimento
dos caracteres masculinos
(barba)
Influencia no metabolismo dos
Supra renais (SNP) Cortisol hidratos de carbono; redução
das inflamações e de respostas
imunológicas, aumento da
resposta ao stress

Aumento da temperatura:
Tiroide (SNC) Tiroxina regulação do metabolismo da
glucose e de outros
combustíveis; expressão dos
genes, etc.
Hidrolise dos tecidos
Pituitária (SNC) (várias) adiposos, estimula o
crescimento; absorção de água
ACTH da urina, aumento de tensão
arterial, secreção de tiroxina
LH pela tiróide, etc

TSH

FSH
Induz a secreção de TSH pela
Hipotálamo (SNC) TRH pituitária anterior, regula o
fluxo dos impulsos dos centros
excitados sexuais.

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HEREDITARIEDADE

O conceito de hereditariedade desempenha, entre as ciências biológicas,


uma posição central e unificadora. A base física da hereditariedade parece
ser a mesma em quase todas as formas de vida, dos vírus e microrganismos
até ao homem. Portanto, este conceito desempenha um papel igualmente
preponderante nos controversos problemas sociais e culturais que
envolvem diferenças sexuais, parciais e de classe.

Desde 1960 que muitas experiências tem confirmado a hipótese de que o


ácido desoxirribonucleico (DNA) existente nos cromossomas é o material
que transmite a informação hereditária de uma geração para outra. Com
excepção de alguns vírus onde o veículo de informação hereditária parece
ser o ácido ribonucleico (RNA) - os retro-virus – em todos os organismos
biológicos se encontra o mecanismo do DNA.

O estudo da hereditariedade constitui, assim, um tema fundamental de toda


a biologia, no qual grande número de interrogações históricas básicas
encontra respostas.

A hereditariedade é entendida como o conjunto de características


transmitidas pelos progenitores aos seus descendentes. Portanto a
hereditariedade pode ser específica da espécie e individual.

Hereditariedade específica da espécie é o conjunto de características


comuns a todos os membros de uma mesma espécie. È o que faz com que
cada espécie (cavalo, mosca, cão, homem) seja diferente de qualquer outra
espécie e actue também de forma diferente. Faz ainda com que uma espécie
não se possa cruzar com outra e garanta a sua continuidade nas gerações.
Em suma, é responsável pela transmissão de caracteres que distinguem a
espécie humana de outras espécies.

A hereditariedade individual refere-se à existência de variações que


fazem com que os indivíduos sejam diferentes dentro da mesma espécie. É
o conjunto de características próprias de um determinado indivíduo,
tornando-o único, e por isso se distingue dos outros da mesma espécie,
salvo os gémeos monozigóticos.

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A HEREDITARIEDADE

Vários estudos permitiram perceber a transmissão hereditária como


responsável por determinadas características físicas, como a cor dos olhos
ou de determinadas doenças, como a hemofilia ou o daltonismo.

Sobre a transmissão da cor dos olhos revela que a cor resulta da


combinação de um único par de genes o que facilita a previsão desta
característica. Para isso deve-se distinguir o gene dominante (que se
manifesta mesmo quando só está presente num dos cromossomas de um
par) do gene recessivo (que só se manifesta quando está presente nos dois
cromossomas do par). No caso da cor dos olhos, por ex. o gene dominante
é o castanho. Se ambos os pais possuírem olhos castanhos e forem ambos
homozigóticos, ou se os pares cromossomáticos forem castanhos,
obviamente seus descendentes terão olhos castanhos.

No entanto se os pais possuírem um par com azul e castanho


(heterozigótico) poderá ter filhos com olhos castanhos, mas terá 50% de
probabilidade dos seus serem heterozigóticos. Isto acontece mesmo,
quando ambos os progenitores têm olhos castanhos, porque o genótipo tem
um gene de cor azul e, é por isso heterozigóto. No caso de os progenitores
serem heterozigóticos já a percentagem de terem filhos com olhos azuis
aumenta para 25% e de terem filhos com olhos castanhos 75%.
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No caso de ambos os pares serem homozigóticos, um de cor azul e outro de
cor castanha, a percentagem de terem filhos heterozigóticos é de 100%,
apesar de todos terem olhos castanhos, devido ao facto do gene castanho
ser o dominante e o azul o recessivo. Se um dos pais tiver olhos castanhos e
for heterozigóto e outro tiver azul e for homozigóto a percentagem de vir a
ter filhos com olhos azuis eleva-se para 50% e dos restantes 50% serão de
filhos com olhos castanhos mas que serão heterozigóticos.

Nos estudos realizados sobre doenças transmitidas geneticamente


verificamos que os casos de daltonismo e de hemofilia são doenças ligadas
aos cromossomas X, com incidência no sexo masculino.

HEREDITARIEDADE HUMANA

Os geneticistas baseavam os seus estudos em árvores genealógicas o que


implicava elaborar a história de um indivíduo através do estudo dos seus
antecedentes para perceber a importância de determinadas características
transmitidas ao longo das gerações, como por ex. o talento musical.
Actualmente, além do estudo das árvores genealógicas, recorre-se a
observação do comportamento dos gémeos idênticos, com o mesmo
património genético, principalmente daqueles que vivem em meios
diferentes, porque permite a aferição da hereditariedade face ao meio.

Portanto, existem limitações quanto ao estudo da hereditariedade


humana. Estas dão-se pelos seguintes motivos:

- Impossibilidade legal e ética de se efectuarem cruzamentos humanos


como se faz em estudos de outros animais

- O número elevado de cromossomas envolvidos

- A fecundidade na nossa espécie ser muito reduzida

- O tempo que separa as gerações ser muito longa

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O MEIO

Há características e comportamentos que não são resultado de uma


componente hereditária mas sim de influências vindas do meio.
Apresentaremos pois algumas situações que envolvem factores de risco,
que por isso condicionam o desenvolvimento e maturação do ser humano
desde o período pré-natal até o resto da vida.

O meio intra-uterino afecta a formação e o desenvolvimento físico e


mental do feto através da circulação sanguínea da mãe em situações como:
a ingestão de medicamentos (devido a composição química).

Ex: a talidomida, medicamento que provoca a focomolia. Os bebés nascem


com braços e pernas defeituosas ou mesmo sem braços.

Determinadas doenças como toxoplasmose, rubéola, diabetes, perturbações


emocionais, podem provocar malformações no feto ou instabilidade e
excesso de choro nos bebés.

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Situações como toxicodependência ou alcoolismo, transferindo para o feto
determinadas carências relativamente às substâncias consumidas, o regime
alimentar e mais outras situações também podem provocar malformações
no feto.

O meio pós-natal também influencia o desenvolvimento em termos físicos


com intelectual. O meio exterior nomeadamente a sujeição a radiação e
outros tipos de situações interferem no crescimento e comportamento de
uma criança até o resto da vida. Ex. o aumento da estatura na nossa espécie
deve-se não só a informação genética, mas essencialmente ao regime
alimentar.

Por outro lado, uma criança que durante a primeira infância teve uma
alimentação muito pobre não terá um desenvolvimento neuronal adequado
o que traz consequências na sua capacidade intelectual.

Assim, o meio intervém na maturação do sistema nervoso. A estimulação


exterior, em termos psico-motores, afectivos e sociais é essencial para o
desenvolvimento de determinadas habilidades motoras, afectivas e
relacionais. Com isso, conclui-se que a hereditariedade proporciona
determinadas potencialidades que cabe ao meio estimular e aperfeiçoar.

Sabe-se que as crianças privadas do contacto humano não desenvolvem a


capacidade de falar, nem de andar como é característico da nossa espécie,
apesar de não terem esta informação no seu genótipo.

Ex: o Tarzan (criança abandonada que cresceu com animais e adquiriu


características animalescas.

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Tarzan

A INTELIGÊNCIA, HEREDITARIEDADE – MEIO

Durante o século XIX acreditava-se que a inteligência era o resultado de


factores herdados. Mas, nos anos XX novas investigações conduziram a
diferentes conclusões. Afirmou-se que o Q.I. de inteligência é o resultado
da correlação entre o meio e a hereditariedade, a componente genética é
essencial mas os factores do meio desempenham um papel fundamental
porque estimulam ou inibem o seu desenvolvimento.

As predisposições genéticas se não forem actualizadas pelo meio não se


manifestarão. Os estudos realizados em gémeos homozigóticos (com
mesmo código genético) confirmam esta afirmação, dados que nos
milhares de casos analisados de gémeos verdadeiros educados em meios
diferentes observou-se o desenvolvimento de Q.I., personalidades e
comportamentos muito diferentes.

Outros estudos mostraram que aos testes de Q.I. em crianças com ambiente
familiares, socioeconómico favoráveis é mais elevado do que o observado
em meios desfavoráveis e menos estimulantes para crianças.

INTERACÇÃO HEREDITARIEDADE E MEIO AMBIENTE

A interacção entre a hereditariedade e o meio é que torna o indivíduo único


e diferente de todos os outros, quer física quer psicologicamente.

As características físicas de um indivíduo são o resultado de um conjunto


de genes provenientes dos seus progenitores (genótipo) e que constituem o
seu património hereditário. Contudo cada indivíduo não se define pelo

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genótipo, ele é influenciado pelo meio que lhe permite manifestar e
desenvolver determinadas características fisiológicas e psicológicas
diferentes (fenótipo). Um indivíduo pode herdar geneticamente um corpo
atlético mais se o meio não lhe permitir a pratica de exercícios, ficará muito
aquém das suas possibilidades.

Os psicólogos concentram-se mais no comportamento humano e afirmam


que a hereditariedade e o meio ambiente interagem continuamente
influenciando o desenvolvimento.

O meio ambiente abrange muitas influências. O psicólogo Donald


Hebbe enumerou 5 influências que se sobrepõem:

1 – O meio químico pré-natal (drogas, nutrição e hormonas)

2 – Meio químico pós-natal (oxigénio, nutrição)

3 – Experiências sensoriais constantes - os eventos, os sucessos,


acontecimentos processados pelos órgãos dos sentidos tanto antes como
depois de nascimento, são em geral inevitáveis por todos os membros de
uma determinada espécie (sons de vozes humanas ou os filhotes de
pássaros experimentam universalmente a visão, os sons e os odores de seus
pais).

4 – Experiências sensoriais variáveis – são eventos processados pelos


órgãos dos sentidos e que diferem um animal do outro da mesma espécie
dependendo das circunstâncias particulares de cada indivíduo.

Ex: um individuo do campo quando vai para a cidade.

5 – Eventos físicos traumáticos que são experiências que resultam na


distribuição de células de um organismo antes e depois do nascimento.

Portanto, a hereditariedade e o meio são duas influências importantes.


Ambas são essenciais. Pós à natureza e a extensão de cada influência
depende da contribuição uma da outra. Porém, nenhum meio ambiente
sobre o solo poderia produzir cães, patos e outros sem a hereditariedade.

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UNIDADE III
O SISTEMA NERVOSO

ESP / BENGO / 2014

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