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CAPÍTULO 13

SISTEMA NERVOSO

OBJETIVOS:

· Esquematizar as divisões do sistema nervoso.

· Identificar estruturas do sistema nervoso.

· Reconhecer as funções do sistema nervoso. Descrever a anatomia do


neurônio.

· Conceituar sinapse nervosa.

· Conceituar meninges e líquor.

· Diferenciar substâncias branca e cinzenta.

· Descrever as diferenças entre sistema nervoso autônomo simpático e


parassimpático.

SISTEMA NERVOSO

É o nosso sistema de comunicação e controle. Atua, com a ajuda do sistema


endócrino, regulando nossos diversos aparelhos ou sistemas, para que funcionem
de forma adequada. Exerce o controle sobre quase todas as atividades ou eventos
que ocorrem a cada momento no nosso corpo. Tal controle é feito através da
transmissão de impulsos que percorrem os diversos circuitos neuronais e
liberação de mediadores químicos através das numerosas terminações encontradas
nas células nervosas.

O sistema nervoso tem a capacidade de receber, transmitir, elaborar e armazenar


informações. Recebe informações sobre mudanças que ocorrem no meio externo,
isto é, relaciona o indivíduo com seu ambiente e inicia e regula as respostas
adequadas. Não somente é afetado pelo meio externo, mas também pelo meio
interno, isto é, tudo que ocorre nas diversas regiões do corpo. As mudanças no
meio externo são apreciadas de forma consciente, enquanto as mudanças no meio
interno não tendem a ser percebidas conscientemente.

Podemos, então, resumir as funções do sistema nervoso nas seguintes:

· Função sensorial: a todo momento, o sistema nervoso recebe milhares de


informações oriundas de receptores espalhados por todo nosso corpo, dos mais
variados tipos e adaptados a excitarem-se aos mais variados tipos de estímulos;

· Função integrativa: através desta função, o sistema nervoso nos permite


processar as informações recebidas a cada instante, armazená-las em bancos
de memórias ou mesmo utilizá-las associando-as às novas sensações recebidas
a cada instante. Desta forma, ele nos permite pensar, raciocinar, calcular,
planejar, sentirmos emoções, etc.;

· Função motora: o sistema nervoso controla nosso corpo, comanda as


contrações dos diversos músculos, controla as secreções das diversas
glândulas, controla o tônus vasomotor ideal a cada instante, o ritmo respiratório,
o peristaltismo intestinal e muito mais.
As células responsáveis por todo o processamento de informações no sistema
nervoso são denominadas neurônios. Existem mais de 100 bilhões dessas células
em nosso sistema nervoso. São células excitáveis e, quando excitadas,
despolarizam-se e a despolarização, cada vez que ocorre propaga-se ao longo de
uni prolongamento da célula, o axônio.

Cada ramificação axônica termina de forma dilatada e libera, com a chegada de


cada potencial de ação, mediadores químicos em sua extremidade, através de sua
membrana. Esses mediadores alteram a permeabilidade da membrana da outra
célula, tornando-a mais excitável ou mais inibida, dependendo das características
da substância química liberada.

A comunicação entre uma célula excitável e outra, através da liberação de


mediadores químicos, denomina-se sinapse. Portanto, através de numerosas
sinapses os neurônios comunicam-se uns com os outros. Num único neurônio
podem existir até milhares de sinapses.

Além do axônio, os neurônios apresentam um corpo celular ou soma, de onde


emergem numerosas e curtas ramificações chamadas dendritos. O prolongamento
maior, o axônio, pode encontrar-se envolvido por uma bainha de mielina, que age
como isolante.

A união dos axônios forma a fibra nervosa, condutora de impulsos elétricos. E o


conjunto de fibras nervosas forma o nervo. Os nervos conduzem os impulsos para o
sistema nervoso central, pois pertencem ao chamado sistema nervoso periférico
Podem ser divididos em nervos sensitivos e nervos motores. Os primeiros
transmitem os impulsos da periferia até o sistema nervoso central, enquanto que, os
segundos conduzem os estímulos do sistema nervoso central à periferia, onde
alcançam os músculos. Existem ainda os nervos mistos, que possuem um
componente motor e outro sensitivo. Além dos neurônios, células da neuróglia
compõem o tecido nervoso. Esse tipo celular cumpre a função de sustentar,
proteger, isolar e nutrir os neurônios. Num corte dos órgãos que integram o sistema
nervoso, tais como encéfalo e medula espinhal, se vêem zonas mais escuras e mais
claras bem definidas. Elas são a substância cinzenta e substância branca,
respectivamente. A substância cinzenta é formada pelos corpos neuronais e forma
centros de processamento de informações. A substância branca é formada, na sua
maior parte, por vias de condução. Aqui se agrupam vias aferentes, eferentes, vias
de comunicação dos centros entre si. A cor branca se deve às bainhas mielínicas
das fibras que possuem lipídeos.

· O sistema nervoso central (SNC):

O sistema nervoso central subdivide-se em: encéfalo e medula espinhal, ambos


protegidos por estruturas ósseas. O encéfalo fica alojado no interior da cavidade
craniana, enquanto que a medula se abriga na coluna vertebral.

O sistema nervoso central está revestido externamente por um conjunto de três


membranas denominadas meninges. Elas exercem uma função protetora, além de
irrigar, por meio de seus vasos sangüíneos, as estruturas do sistema nervoso. A
dura-máter, fica em contato com os ossos do crânio e das vértebras; a aracnóide, é
a camada intermediária; e a pia-máter, que estabelece íntima relação com os
órgãos do sistema nervoso. Existe, entre a 1ª e a 2ª membrana, um espaço
chamado subdural, e entre a 2ª e a 3ª um espaço chamado subaracnóide. É nesse
espaço que circula um líquido cristalino, chamado líquor ou líquido
cefalorraquidiano, que protege e sustenta os órgãos do sistema nervoso central.

· Encéfalo:

Controla todas as informações, interpretando-as e enviando as respostas.


Apresenta-se subdividido em cérebro, cerebelo e tronco encefálico. O cérebro
corresponde a maior parte do encéfalo, Está dividido em dois hemisférios cerebrais;
o direito e o esquerdo. Cada um deles é formado por diversos sulcos que, por sua
vez, delimitam os giros. Pode também ser dividido em lobos, correspondendo cada
um ao osso do crânio com que guardam relações. Assim, temos um lobo frontal,
occipital, parietal e temporal.

Com o cérebro, interpretamos o meio externo através de estímulos enviados pelos


órgãos do sentido, e enviamos as respostas motoras. Também é o grande
responsável pela inteligência, pensamento, interpretação da sensibilidade,
raciocínio, memória, controle do comportamento emocional, e atos conscientes
como a locomoção. Todas essas funções são exercidas de maneira que o
hemisfério direito comanda o lado esquerdo do corpo, enquanto que o hemisfério
esquerdo comanda o lado direito do corpo.

A região mais externa do cérebro, denominada córtex cerebral, é formada por


substância cinzenta, e a mais interna, é formada por substância branca. Acúmulos
eventuais de corpos neuronais no interior da substância branca do sistema nervoso
central, são chamados núcleos. Quando encontrados no cérebro, são chamados
núcleos da base, e no cerebelo, núcleos centrais. Se isso ocorre fora do SNC,
teremos então os denominados gânglios. O cerebelo localiza-se na parte posterior
do cérebro, e apresenta a mesma distribuição interna das substâncias: a cinzenta
na parte externa, e a branca na parte interna. Podemos citar como suas funções:
coordenar os movimentos comandados pelo cérebro, garantindo uma perfeita
harmonia entre eles; proporcionar o tônus muscular, ou seja, o grau de contração do
músculo em repouso; manter o equilíbrio do corpo, graças às suas ligações com os
canais semicirculares do ouvido interno. O tronco encefálico, último componente do
encéfalo, localiza-se abaixo do cérebro e na parte anterior ao cerebelo. Está dividido
em: mesencéfalo, ponte e bulbo. É o local de origem dos 12 pares cranianos.
Apresenta funções muito importantes para a vida como regular a atividade
respiratória e a cardíaca; elabora certos atos reflexos, como o vômito, a tosse, a
deglutição e o piscar de olhos.

· Medula espinhal:

É uma extensão do encéfalo, localiza-se no interior da coluna vertebral e também é


revestida por meninges. A distribuição das substâncias é diferente na medula: a
substância branca é mais externa, enquanto que a cinzenta é interna e apresenta-
se, quando em corte transversal, sob a forma de uma borboleta ou uma letra “H”. Da
medula partem 31 pares de nervos denominados espinhais, que proporcionam a
mesma a condução de estímulos ao encéfalo (via sensitiva), e as respostas do
encéfalo (via motora). A medula pode ainda funcionar processando, ela mesma, a
resposta.
O sistema nervoso periférico (SNP):

É formado por nervos, gânglios e terminações nervosas. O SNP coloca o individuo


em contato com o seu meio, recolhendo as sensações do meio ambiente e
conduzindo os estímulos ao SNC, que se incumbe de fazer as interpretações e
enviar as respostas.

Os nervos podem ser classificados de acordo com a função que exercem. Os


sensitivos são aqueles que percebem as sensações e as conduzem para o SNC. Os
motores são aqueles que levam os estímulos do SNC para a periferia. E os mistos
são aqueles que possuem uma associação de fibras sensitivas e motoras. Os doze
pares de nervos cranianos são os seguintes:

I. Olfatório (sensitivo): participa da olfação.

II. Óptico (sensitivo): percepção visual.

III. Oculomotor (motor): inerva o músculo ciliar, o esfíncter da pupila, e


músculos externos do olho.

IV. Troclear (motor): inerva o músculo oblíquo superior do olho.

V. Trigêmeo (misto): inerva os músculos da mastigação e os dentes e


seios faciais.

VI. Abducente (motor): inerva o músculo reto lateral do olho.

VII. Facial (misto): inerva os músculos da face e glândulas salivares.

VIII. Vestibulococlear (sensitivo): participam da audição e do equilíbrio.

IX. Glossofaríngeo (misto): sensibilidade da língua e da faringe, secreção


salivar, gustação, sensibilidade da orelha, reflexos viscerais.

X. Vago (misto): é o principal representante do sistema parassimpático.


Possibilita a movimentação da laringe, das vísceras torácicas e abdominais, e
os reflexos viscerais.
XI. Acessório (motor): inerva os músculos esternocleidomastóideo e
trapézio.

XII. Hipoglosso (motor): inerva-os músculos da língua.

Os 31 pares de nervos espinhais, ou também chamados de raquidianos, são


funcionalmente mistos, ou seja, são formados pela fusão de uma raiz motora
(anterior ou ventral), e outra raiz sensitiva (posterior ou dorsal). Os nervos espinhais
são divididos e denominados de acordo com a sua localização na coluna vertebral:
8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo. Os gânglios
representam o acúmulo de corpos celulares de neurônios que ocorrem fora do
sistema nervoso central, e apresentam-se, geralmente, como uma dilatação dos
nervos, As terminações nervosas existem na extremidade das fibras nervosas,
sejam elas sensitivas ou motoras. Nas sensitivas, as terminações nervosas são
estruturas especializadas para receber estímulos físicos ou químicos na superfície
ou no interior do corpo. Ex.: cones e bastonetes da retina; receptores dos ouvidos
por ondas sonoras; receptores gustativos para substâncias químicas; receptores da
pele e das mucosas. As motoras funcionam enviando a mensagem do SNC para a
área específica. O exemplo mais típico é a placa motora das junções neuro-
musculares.

Sistema nervoso autônomo (SNA):

Também chamado de sistema de vida vegetativa, constitui a porção eferente do

sistema nervoso visceral, ou seja, o sistema responsável pelo controle das


atividades involuntárias do nosso organismo. É responsável pelas funções viscerais
do organismo, controla as atividades da musculatura lisa, cardíaca e glandular.
Regula as funções respiratórias, circulatórias, secreções, etc. As suas funções, na
maioria das vezes, são realizadas em coordenação com o SNC, em especial, o
hipotálamo.
Para coordenar adequadamente as nossas atividades vegetativas, o SNA subdivide-
se em duas unidades bem diferenciadas anatômica e fisiologicamente: o sistema
nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático, ambos ligados ao sistema
nervoso central. Na maioria das vezes, suas ações são antagônicas, de modo que,
quando um estimula determinada atividade, o outro a inibe, estabelecendo assim, o
equilíbrio das funções internas do organismo. Esses dois sistemas são formados por
diversos gânglios, nos quais penetram as fibras pré-ganglionares, vindas da medula,
que estabelecem sinapses com as células ganglionares. A fibra que sai do gânglio e
termina em algum tecido visceral denomina-se pós-ganglionar.

A nível das sinapses ganglionares, ocorre a liberação de substâncias químicas, que


darão origem as impulso pós-ganglionar. A maioria das terminações pós-
ganglionares parassimpáticas são denominadas colinérgicas, pois liberam a
substância acetilcolina. Já as simpáticas são denominadas adrenérgicas, pois
liberam as substâncias adrenalina e noradrenalina. O sistema nervoso simpático
origina-se na medula torácica e na lombar. Ao lado dos corpos vertebrais está
situada uma cadeia de gânglios; conectados por fibras. As cadeias, uma de cada
lado da coluna vertebral, se chamam cadeias simpáticas e seus gânglios são
conhecidos como paravertebrais.

O SNA simpático prepara o organismo para uma emergência, para a luta ou para a
fuga. Dilata as pupilas, acelera os batimentos; cardíacos, contrai os vasos
sangUíneos, aumenta os movimentos respiratórios, retarda a digestão e inibe as
funções dos órgãos sexuais. O sistema nervoso parassimpático apresenta os
corpos neuronais em duas zonas bem distintas: no tronco encefálico (3º, 7º, 9º e 10º
pares de nervos cranianos) e na porção sacral da medula espinhal. Os gânglios
parassimpáticos se encontram afastados da coluna vertebral e perto dos órgãos
efetores.

O SNA parassimpático intervém nos processos de recuperação, se encarrega de


redistribuir a energia, reduz a freqüência cardíaca e se relaciona principalmente com
as atividades funcionais que ocorrem quando tudo está tranqüilo e silencioso.
Veja agora, no quadro abaixo, as principais funções dos sistemas nervosos simpático e
parassimpático, em seus locais de atuação:

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