Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO DE NEUROLOGIA:
PROVA II
PONTA GROSSA/PR
2016
AULA 01
DOENÇAS DESMIELINIZANTES
ESCLEROSE MÚLTIPLA
- É mais comum em mulheres, e tipicamente ocorre entre 20-40 anos de idade. Ocorre
mais frequentemente em áreas ao norte do globo, possivelmente devido a uma redução
da exposição à radiação UVB. A menor exposição a essa radiação resulta em menor
biossíntese de vitamina D – e a deficiência dessa vitamina já foi comprovadamente
relacionada com uma elevação do risco para EM. Por fim, caucasianos também possuem
maior predisposição.
FISIOPATOLOGIA
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
OBS: A neurite óptica se manifesta como uma redução da acuidade visual – “borramento
da visão” -, ou redução da percepção de cores no campo central da visão. Os sintomas
podem ser leves, ou progressivos até a perda da visão. Raramente causa amaurose. Mais
frequentemente é unilateral.
- De acordo com a forma como os sintomas da doença evoluem, ela pode ser classificada
de quatro maneiras distintas:
OBS: Para que seja caracterizado um surto, o sintoma deve persistir por pelo menos 24
horas.
DIAGNÓSTICO
CLÍNICO
OBS: Os surtos devem durar no mínimo 24 horas, e devem ser afastados entre si por um
período de pelo menos um mês.
RADIOLÓGICO
OBS: RM com múltiplas lesões, novas e antigas, sugerem EM. Na medula, aparecem
como pequenas placas de desmielinização – ainda que as formas medulares sejam mais
graves. Caso as placas sejam grandes, deve-se considerar o diagnóstico de neuromielite.
LÍQUOR
TRATAMENTO
- Os surtos agudos são tratados com pulsoterapia de metilpredinisolona 1000 mg por 3-5
dias. Outras opções incluem realização de plasmaferese e uso de imunoglobulinas
específicas.
NEUROMIELITE ÓPTICA
- É caracterizada por ataques bilaterais ao nervo óptico e mielite. Esses dois achados,
ainda que possíveis na EM, são incomuns. Sintomas progressivos não ocorrem,
apresentando-se em forma de surto-remissão sem evolução entre quadros.
- O quadro tende a ser mais grave, sendo que um único surto é capaz de deixar o
indivíduo irreversivelmente cego/tetraplégico.
- O tratamento inicial é feita com altas doses de glicocorticoides, da mesma forma que na
neuromielite óptica. O tratamento talvez precise ser continuado por 4-8 semanas.
Pacientes que não apresentem resposta favorável devem ser submetidos à plasmaférese.
OBS: A doença é monofásica, e não apresenta evolução alguma, após o quadro inicial.
AULA 02
PARKINSONISMO
- Parkinsonismo é uma síndrome caracterizada pela presença de pelo menos dois dos
seguintes sinais:
1) Bradicinesia;
2) Rigidez;
3) Tremor;
4) Instabilidade postural.
OBS: Como o tremor não é intencional, ele não chega a ser funcionalmente limitante. A
maioria dos pacientes apenas possui queixas estéticas quanto a ele.
- Ainda que o diagnóstico de parkinsonismo, quando esses sinais estão presentes, seja
relativamente fácil, algumas formas de apresentação específicas podem ser
particularmente difíceis de serem reconhecidas:
-> Forma rígido-acinética: não há tremor presente.
-> Forma de tremor: diagnóstico diferencial com tremor essencial.
DOENÇA DE PARKINSON
- Nos Estados Unidos, é a segunda principal causa de demência – perdendo apenas para
Alzheimer. É responsável por cerca de 75% dos casos de parkinsonismo. Tende a ocorrer
acima dos 60 anos de idade, mas há relatos de casos em pacientes jovens. Quanto mais
cedo a doença se desenvolver, maior a probabilidade de ela ter etiologia genética.
ETIOLOGIA
- Cerca de 90% dos casos DP são esporádicos e idiopáticos. Apenas 10% dos casos
possuem alguma alteração genética identificável. Estudos epidemiológicos identificaram
como fatores de risco:
-> Uso de agrotóxicos;
-> Vida rural;
-> Ingestão de água de poço.
- Testes genéticos não costumam ser utilizados no diagnóstico de DP, mas podem ser
úteis para identificar indivíduos com maior risco de desenvolver a doença. As mutações
no gene LRRK2 são as mais comumente encontradas, estando presentes em até 1% de
todos os casso da doença. As mutações no gene PARK2 tendem a gerar a doença em
indivíduos com idade inferior a 40 anos.
FISIOPATOLOGIA
OBS: Entretanto, estudos mais recentes mostraram que também ocorre degeneração dos
neurônios colinérgicos de Meynert, dos neurônios de norepinefrina do locus ceruleus e
serotoninérgicos dos núcleos da rafe. Além disso, a doença também está associada à
degeneração do sistema olfatório, hemisférios cerebrais, medula espinhal e sistema
nervoso autonômico periférico. Essas alterações não dopaminérgicas são responsáveis
pela manifestação de sintomas não cardinais na DP.
- Há evidências de que a doença começa atingindo primariamente o sistema autonômico
periférico – em especial o nervo vago - e olfatório. A partir disso, a doença compromete
gradualmente outras estruturas do encéfalo, subindo pelo tronco encefálico até atingir o
mesencéfalo e o telencéfalo. Por esse motivo, acredita-se que obstipação, anosmia e
distúrbio comportamental do sono REM ocorram em fases iniciais pré-clínicas da DP.
- O output dos gânglios da base prove um estímulo inibitório para o tálamo. Uma vez
inibido, o tálamo torna-se menos capaz de enviar estímulos excitatórios para o córtex, e
consequentemente a movimentação é reduzida. Assim, de forma geral, os gânglios da
base atuam inibindo a ação cortical de gerar movimentos.
OBS: Quando o córtex deseja gerar um movimento, ele envia um estímulo para o
striatum, que por sua vez inibe o globo pálido interno. Uma vez inibido, o globo pálido
perde sua capacidade de inibir o tálamo. Assim, o tálamo fica livre para excitar o córtex e
gerar o movimento desejado. Essa é a chamada via direta.
- Normalmente, a dopamina gerada na substância negra atua estimulando a via direta, e
consequentemente facilitando a liberação de movimentos.
MANIFESTAÇÕEES CLÍNICAS
- Cerca de 85% dos casos se apresenta com tremor de repouso, ainda que a forma rígido-
acinética seja mais prevalente em pacientes com menos de 40 anos de idade. O início da
doença é gradual e unilateral, geralmente acometendo primeiramente as mãos, e apenas
após alguns anos atingindo as pernas. O paciente pode se queixar de hipomimia facial,
fraqueza, fadiga, dores e desconfortos lombares.
OBS: Muitos pacientes se referem a bradicinesia como uma “perda de força na mão”,
ainda que os testes de força indiquem ausência de paresia.
- A rigidez não costuma aparecer na história clínica, mas pode ser facilmente encontrada
durante o exame neurológico. A instabilidade postural é comum em fases avançadas –
caso ocorra no início da doença, deve-se considerar outro diagnóstico.
- Durante o sono, o paciente pode desenvolver síndrome das pernas inquietas e distúrbio
comportamental do sono REM. Muitos pacientes também desenvolvem sintomas de
depressão e ansiedade.
- Com o passar dos anos, e a progressão da doença, a maioria dos pacientes evolui com
demência – estima-se que 70% dos pacientes terão evoluído para demência em até oito
anos. Quanto mais tarde a doença começar, maiores as chances de desenvolver
demência – ainda que ela também possa ocorrer mais frequentemente nas formas rígido-
acinéticas.
TRATAMENTO
LEVODOPA
- A levodopa leva a uma melhora evidente do quadro clínico dos sintomas motores da DP,
ainda que tenha eficácia limitada no controle dos sintomas não dopaminérgicos.
- Após cinco anos de uso, cerca de 50% dos pacientes desenvolverá complicações devido
ao uso da levodopa. Quando a utilização é iniciada, o efeito costuma ser duradouro,
mesmo em baixas doses. Entretanto, quando é muito utilizada, a duração do efeito do
fármaco é reduzida, e o paciente passa a necessitar de doses maiores. Esse efeito é
conhecido como wearing-off effect.
- Dessa forma, ainda que o uso de levodopa seja excelente na terapia inicial, ela tende a
se desgastar com o tempo de uso.
OUTROS FÁRMACOS
TRATAMENTO CIRÚRGICO
- A psicose pode ser tratada com a simples redução da dose de fármacos como
anticolinérgicos e amantadina. Caso o quadro não se resolva, pode-se indicar o uso de
neurolépticos atípicos, como a quetiapina. O uso de clozapina pode ser feito, mas deve-se
atentar para a possibilidade de desenvolver agranulocitose.
OBS: Não há consenso sobre qual é o melhor momento para iniciar a terapia da DP – se
ela deve ser iniciada no momento do diagnóstico, ou quando os sintomas tornam-se mais
proeminentes.
PARKINSONISMO SECUNDÁRIO
MEDICAMENTOSO
- Pode ser induzido por neurolépticos clássicos – como haloperidol -, lítio, bloqueoadores
de canal de cálcio, amiodarona, fluoxetina, etc. As principais drogas envolvidas no Brasil
são a cinarizina e flunarizina.
- O início da doença pode ser súbito – após um quadro de AVE. A presença de síndrome
rígido-acinético é comum. Responde mal ao tratamento medicamentoso comum.
PARKINSONISMO ATÍPICO
DEMÊNCIA DE LEWY
- Na RM, aparece caracteristicamente como o hot cross bun sign no mesencéfalo, em T2.
NEUROPATIAS PERIFÉRICAS
MONONEUROPATIAS
- É causada pela compressão do nervo mediano, quando ele atravessa o túnel do carpo
no pulso. Esse nervo é responsável pela inervação dos primeiro, segundo, terceiro e
metade do quarto dedo das mãos. Quando é comprimido, tende a causar parestesia
nessa região. A dor também é frequentemente relatada, e pode estar localizada na mão
ou no antebraço proximal.
- Ainda que o achado de hipoestesia seja característico, nem sempre ele está presente no
exame físico. Para se diagnosticar a síndrome, pode-se fazer uso do teste de Phallen e
de Tinel.
OBS: O teste de Tinel só é considerado positivo caso o paciente sinta dor “em choque” à
percussão do túnel do carpo, com a dor irradiando para os dedos.
RADICULOPATIAS
- O sintoma mais comum é a dor, que se estende por todo o dermátomo do nervo afetado.
É importante notar que algumas vezes o quadro pode se apresentar como hipoestesia,
sem dor associada.
PLEXOPATIAS
- Pacientes de sexo masculino que se apresentam com um único braço caído podem ter
sofrido lesão de plexo braquial – através de uma queda de moto, por exemplo. Outra
forma de lesão pode ocorrer na obstetrícia, com lesão do plexo braquial durante a
expulsão do feto no trabalho de parto.
MONONEUROPATIAS MÚLTIPLAS
- Outro achado do exame físico é o espessamento dos nervos periféricos – que podem
ser facilmente palpáveis, e muitas vezes visíveis. Os nervos mais frequentemente
acometidos são o nervo ulnar e o fibular – a lesão do nervo ulnar pode levar ao
desenvolvimento de mão em garra.
POLINEUROPATIAS
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ
OBS: Como na maioria das vezes apenas a bainha de mielina é afetada – e os neurônios
se mantêm estáveis –, a doença tende a ser completamente reversível. Uma vez que o
estímulo autoimune seja reduzido, a bainha de mielina é refeita, e o paciente se recupera
completamente, sem sequelas.
QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO
OBS: É importante notar que o líquor pode se apresentar normal, em especial no início da
doença. Assim, a identificação de líquor normal não pode afastar o diagnóstico de
síndrome de Guillain-Barré.
TRATAMENTO
- O tratamento pode ser feito com Ig específicos ou corticoides. A maioria dos pacientes
responde bem.
QUADRO CLÍNICO
TRATAMENTO
AULA 04
OBS: A principal diferença entre um quadro de demência e outro de retardo mental é que
o primeiro é constituído por um déficit mental adquirido, enquanto o segundo já está
presente ao nascimento.
DELIRIUM
- Os episódios de delirium podem ser prevenidos com medidas simples, como contar ao
paciente se é dia ou noite, que horas são, em que dia estamos, etc. A forma hipoativa não
possui terapêutica específica. A forma hiperativa pode ser amenizada com o uso de
antipsicóticos típicos e atípicos.
OBS: O tratamento com benzodiazepínicos não é recomendado, a não ser que o paciente
sofra de episódios de abstinência de benzodiazepínicos.
- São caracterizados por episódios de declínio da cognição, que não pode ser explicados
por quadros de delirium. Não há alterações identificáveis ao exame físico. A principal
diferença entre os transtornos neurocognitivos maiores e menores é que, nos menores,
não há comprometimento da independência do indivíduo nas atividades diárias.
EPIDEMIOLOGIA
- Os fatores de risco mais importante para doença de Alzheimer são a idade avançada e
um histórico familiar positivo. É mais comum em mulheres. A frequência da doença
aumenta a cada década de vida, chegando a 40% da população acima de 85 anos.
PATOLOGIA
- As áreas corticais que se degeneram mais precocemente, e com maior intensidade, são
o lobo temporal medial – em especial o córtex entorrinal e o hipocampo -, o lobo temporal
lateral e o núcleo basal de Meynert.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
- Nos estágios iniciais, a perda de memória pode não ser reconhecida, ou ser atribuída ao
quadro benigno de redução da memória dos idosos. Quando o comprometimento da
memória torna-se maior, começa-se a utilizar o termo transtorno neurocognitivo menor.
OBS: Estima-se que 50% dos pacientes com transtornos neurocognitivos menores
evoluirão com doença de Alzheimer em até 4 anos.
OBS: Uma minoria dos pacientes tem um quadro iniciado com dificuldade para encontrar
palavras, ainda que a memória apresente-se normal.
DIAGNÓSTICO
OBS: Nesse contexto, a RM não costuma ser utilizada visando fechar o diagnóstico de
Alzheimer, e sim de excluir outros possíveis diagnósticos diferenciais, como demência
vascular, ou demência frontotemporal.
TRATAMENTO
- Os fármacos que podem ser utilizados para o tratamento da doença de Alzheimer são os
bloqueadores da acetilcolinesterase, como:
-> Rivastigmina;
-> Donepezila;
-> Galantamina.
DEMÊNCIA VASCULAR
- Indivíduos que sofreram múltiplos infartos ao longo do tempo podem desenvolver déficits
cognitivos crônicos – o que é comumente chamado de demência de múltiplos infartos.
Estima-se que15% dos AVEs evoluam para quadros de demência em três meses. A
evolução do quadro isquêmico para demência depende principalmente do total de volume
cortical danificado.
OBS: Ainda que o quadro possa ocorrer conjuntamente com doença de Alzheimer, eles
podem ser diferenciados com relativa facilidade, através da história clínica, exame físico e
exames complementares.
OBS: Suspeitar de corpos de Lewy sempre que houver quadro de parkinsonismo com
evolução para demência em um período de até um ano. Apesar disso, é importante ter em
mente que alguns pacientes apresentam demência dos corpos de Lewy sem
necessariamente apresentarem quadros de parkinsonismo.
- O diagnóstico de demência dos corpos de Lewy pode ser estabelecido a partir de um
quadro de demência, associado a pelo menos dois dos seguintes fatores:
-> Os quadros são flutuantes;
-> Há alucinações visuais;
-> Há parkinsonismo.
- Devido ao déficit colinérgico, a doença dos corpos de Lewy pode ser tratada de forma
similar à doença de Alzheimer, com o uso de inibidores da acetilcolinesterase. Esses
fármacos reduzem as alucinações e estabiliza o quadro. Todavia, é importante notar que
a memantina, ao contrário do que ocorre com a doença de Alzheimer, não é útil.
OBS: Os quadros de alucinações, quando muito graves, podem ser controlados com o
uso de quetiapina. Entretanto, é importante ter em mente que os antipsicóticos atípicos
podem piorar os sintomas extrapiramidais do paciente.
DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL
OBS: Esse tipo de demência é que mais é influenciada por componentes genéticos.
DEMÊNCIA PRIÔNICA
DOENÇA DE HUNTINGTON
FISIOPATOLOGIA
- Quando a Ach se conecta com seus receptores específicos, ocorre a abertura de canais
de sódio no músculo, permitindo a entrada cátions para o meio intracelular, e levando a
despolarização da membrana muscular. Quando a despolarização é grande o bastante,
ocorre a abertura de canais de cálcio do retículo sarcoplasmático, permitindo que a
contração muscular ocorra.
- A miastenia gravis é uma doença autoimune, sendo geralmente mediada por anticorpos
anti-AchR. O gatilho inicial para a produção desses anticorpos ainda é desconhecido, mas
acredita-se que o timo esteja envolvido – pois cerca de 75% dos pacientes que possuem
miastenia gravis apresentam hiperplasia do timo.
OBS: Ainda que a doença seja frequentemente causada por anticorpos anti-AchR, ela
também pode ser desencadeada por outros anticorpos específicos, contra proteínas
estabilizadoras da membrana muscular – como anticorpos anti-MuSK.
QUADRO CLÍNICO
- A doença ocorre predominantemente em mulheres jovens, por volta dos 20-30 anos.
Ainda assim, também pode ocorrer em homens com 50-60 anos. Quanto mais idoso for o
paciente, mais grave é a forma da doença.
DIAGNÓSTICO
TESTES SOROLÓGICOS
ELETRONEUROMIOGRAFIA
- O edrofônio é o fármaco mais comumente utilizado para fins diagnósticos, pois tem um
início de ação rápido (30 segundos) e uma duração curta (5 minutos). Caso o paciente
apresente melhora clínica após a infusão da droga EV, o teste é dito positivo.
OBS: Esse teste não é específico para miastenia gravis, podendo haver diversos falso-
positivos. Entretanto, um teste positivo confirma a presença de doença na junção
neuromuscular.
INVESTIGAÇÕES COMPLEMENTARES
TRATAMENTO
OBS: Idealmente os pacientes miastênicos devem ter uma lista de remédios que devem
evitar. Não devem tomar remédio algum, sem antes consultar essa lista.
- Com o tratamento atual, a miastenia gravis pode ser controlada em praticamente todos
os casos, e todos os pacientes podem retornar a suas vidas diárias normalmente.
- Caso a piridostigmina não seja o suficiente para o controle do quadro, pode-se fazer uso
de imunossupressores como azatioprina, ciclosporina, ciclofosfamida, etc. Como esses
fármacos tendem a levar alguns meses para surtir efeito, o paciente pode fazer uso de
glicocorticoides nesse meio tempo.
- Em quadros de crise miastênica, a terapêutica deve ser rápida. Pode-se fazer uso de
imunoglobulinas específicas, ou plasmaférese. As imunoglobulinas podem causar
síndrome da hiperviscosidade sanguínea, levando a quadros de IAM e trombose. Devem
ser evitadas em pacientes com IRC. A plasmaférese pode causar hipotensão, distúrbios
eletrolíticos, trombose, etc.
MIOPATIAS
OBS: Assim como ocorre na miastenia gravis, as miopatias também causam síndromes
motoras puras. Entretanto, elas possuem caráter progressivo não flutuante, podendo
cursar com dor, hipotonia, hiporreflexia, etc. As fraquezas musculares proximais são
caracterizadas por dificuldade em andar e erguer os braços.
- Todas as miopatias requerem avaliação de CPK, aldolase, TGO, TGP, etc. A CPK tende
a estar muito elevada, mas valores normais não permitem a exclusão do diagnóstico. Da
mesma forma, aumentos isolados de TGO/TGP em homens também requer a avaliação
de CPK.
- Aos 12 anos, a maioria dos indivíduos afetados depende de cadeiras de roda para se
locomover. Aos 18 anos de idade, os pacientes são predispostos a infecções pulmonares,
e muitos morrem em decorrência disso.
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
- É caracterizada pelos:
-> Fenômeno miotônico: paciente fecha a mão e tem dificuldade para abrir;
-> Fenômeno antecipatório: filhos apresentam quadros mais graves.
DISTROFIA FASCIO-ESCÁPULO-UMERAL
AULA 06
2) Dor crônica: é aquela que perdura por mais de três meses, sendo que muitas
vezes a etiologia original da sensação dolorosa já foi eliminada. Não possui
função protetora. Pode comprometer a saúde do indivíduo, levando a quadros
psiquiátricos de depressão, ansiedade, etc.
FISIOPATOLOGIA DA DOR
NOCICEPTORES PRIMÁRIOS
MECANISMOS CENTRAIS
OBS: Um mesmo axônio da medula espinhal pode receber aferência de diversos axônios
de nociceptores primários, em diversos locais distintos. É através desse mecanismo que a
dor visceral é frequentemente sentida em locais distintos do órgão que de fato está
doendo.
MODULAÇÃO DA DOR
- Uma mesma dor pode ser sentida com intensidades distintas, em situações distintas.
Diversas variáveis psicológicas – como a expectativa de sentir dor – alteram a percepção
da intensidade da dor que o indivíduo sente. Isso ocorre porque há diversos mecanismos
cerebrais responsáveis por modular a atividade dos tratos condutores da dor
supracitados.
- De forma geral, os tratos ascendentes condutores de dor possuem receptores opióides,
sensíveis a aplicação direta de drogas opióides, endorfinas e encefalinas. Esses
receptores podem ser ativados através da sugestão de alívio da dor, ou através de uma
emoção intensa – como por exemplo uma ameaça de vida, competição, etc.
DOR NEUROPÁTICA
OBS: Algumas patologias, como hérnias de disco, podem cursar com um componente
inflamatório e outro neuropático. Assim, costuma-se falar em dor mista, nesses casos.
DOR CRÔNICA
- A dor crônica é particularmente desafiadora, pois a etiologia inicial da dor é difícil de ser
encontrada – e em muitos casos, não se consegue fazer um diagnóstico definitivo.
Diversos fatores podem causar, perpetuar ou exacerbar a dor crônica. Em primeiro lugar,
o paciente pode simplesmente ter uma doença incurável dolorosa – como artrite, câncer,
fibromialgia, neuropatia diabética, etc.
- Em segundo lugar, podem haver fatores perpetuadores da dor, que foram iniciados com
a doença primária, e persistiram mesmo após o tratamento adequado da patologia.
Exemplos incluem danos a nervos sensitivos.
AVALIAÇÃO
TRATAMENTO
- Para dores inflamatórias, deve-se buscar seguir a escada modificada da dor oncológica:
1) AINES
2) Opioides fracos com reabilitação;
3) Opioides fortes com reabilitação e avaliação psiquiátrica;
4) Neurocirurgia, bloqueios anestésicos, etc.
AULA 07
MENINGITES
- O primeiro passo, sempre que houver qualquer suspeita de infecção de SNC, é
determinar se ela envolve predominantemente o espaço subaracnóideo – meningite -, ou
é generalizada para o tecido cerebral, cerebelar e do tronco encefálico – encefalite.
MENINGITES AGUDAS
BACTERIANAS
- Ainda que menos frequentes, outras bactérias também podem estar relacionadas com o
quadro de meningites:
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
OBS: Apesar da descrição da tríade clássica, estima-se que 90% dos pacientes se
apresentem com um apenas um dos sintomas supradescritos. Além disso, cefaleia,
náuseas, vômitos e fotofobia também podem estar presentes.
- A elevação da pressão intracraniana é uma complicação possível da meningite
bacteriana, sendo essa a principal causa de obnubilação e coma nesses pacientes. Os
sinais de hipertensão intracraniana incluem redução do nível de consciência, papiledema,
midríase pouco reativa, paralisia do abducente, etc. A complicação mais temida dessa
elevação da pressão é a herniação cerebral.
DIAGNÓSTICO
- Caso seja realizado exames de imagem, a meningite bacteriana pode ser evidenciada
através de aumento da intensidade nas meninges, após a infusão de contraste. Ainda
assim, isso não é diagnóstico de meningite, ocorrendo apenas porque a barreira hemato-
encefálica está com permeabilidade aumentada para o contraste utilizado.
- A análise do líquor ajuda a direcionar o tratamento, mas por si só, não serve para fechar
o diagnóstico. Nem todo paciente terá redução de glicose, aumento de proteínas, etc.
OBS: Todo paciente com febre inexplicada por mais de 8 dias deve receber punção
lombar.
TRATAMENTO
- Caso não haja evidências de melhora clínica em até 48 horas, ou se houver suspeita de
BGN, deve-se repetir a punção lombar.
VIRAIS
OBS: Alterações de consciência graves, como estupor e coma, não ocorrem na meningite
viral. Caso estejam presente, deve-se considerar a possibilidade de outros diagnósticos,
como encefalite viral.
- O exame mais importante é análise do líquor. Ele tende a ter pleocitose linfocitária (25-
500 células), com concentrações normais de glicose e proteínas. A pressão de abertura
pode ser normal ou levemente elevada. Não há organismos visíveis na coloração gram.
OBS: Como regra geral, a presença de pleocitose linfocitária com baixos níveis de glicose
deve levar ao diagnóstico de meningite fúngica ou tuberculose.
- O termo meningite asséptica é usada para descrever casos de pleocitose líquorica, sem
agentes bacterianos piogênicos detectáveis. A etiologia pode ser viral, bacteriana não
piogênica – como Mycoplasma -, tumoral ou farmacológica – como azatioprina e
sulfametoxazol.
TRATAMENTO
MENINGITES CRÔNICAS
- As meningites crônicas são aquelas que cursam com sintomas neurológicos por um
período superior a quatro semanas. As principais causas são:
1) Infecciosas: TB, sífilis, HIV, CMV, toxoplasmose, criptococose, etc.
2) Neoplásicas: câncer de mama, etc.
3) Inflamatórias não infecciosas: LES, sarcoidose, etc.
- Esses pacientes normalmente se apresentam com cefaleia, rigidez nucal, febre baixa e
letargia por dias/semanas, antes de se apresentar para avaliação clínica. Pode haver
anormalidades nos nervos cranianos e sudorese noturna.
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO