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1.

Rever a fisiologia da via motora do córtex cerebral


motor até a contração muscular

2. ⁠Diferenciar os diagnósticos diferenciais de fraqueza


(musculares, neurológicas, reumatológicas, sistêmicas,…)

4. ⁠Explicar a síndrome do 1º e 2º motor diferenciando-as


(semio, topografia)

5. ⁠Caracterizar a fraqueza das doenças da junção


neuromuscular e das doenças musculares
3. ⁠Descrever a abordagem diagnóstica de fraqueza
• A anamnese deve constar, além dos dados rotineiros, os
seguintes tópicos: modo de instalação (súbita, aguda,
subaguda ou crônica); apresentação (focal, segmentar
uni/bilateral ou generalizada), presença de dor, cãibras,
disestesias, disfunção esfincteriana, febre, diplopia, disfagia,
dispnéia, incoordenação; antecedentes: trauma, neoplasias
(prostática, mama, pulmão, timo), endocrinopatias,
infecção recente, uso de drogas, etilismo, episódios prévios.
• O exame físico deve ser completo detalhado, incluindo
quando necessária a avaliação da função respiratória. O
exame neurológico deve responder se a fraqueza é
decorrente de miopatia, ou do comprometimento do SNP
ou do SNC.
6. ⁠Caracterizar (quadro clínico, topografia, fisiopato breve, • Com a doença em estágio terminal, a maioria dos
diagnóstico, tratamento): pacientes irá apresentar características de disfunção do
neurônio motor superior e do inferior que afetem os quatro
A) ELA membros e a musculatura bulbar.
-> Definição • Em aproximadamente 75% dos pacientes, a doença
• A Esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença começa distal, focal e assimetricamente no membro
degenerativa idiopática, em que há o comprometimento superior e membro inferior ou territórios bulbar, seguido
gradual dos neurônios motores superiores e inferiores, pela disseminação progressiva da lesão em uma progressão
ocasionando a perda progressiva de movimento, força e anatomicamente lógica para grupos contíguos dos
coordenação muscular. neurônios motores.
• A ELA pode ser classificada em esporádica (90-95% dos • Os indivíduos afetados podem notar fraqueza, atrofia e
casos) ou familiar (5 a 10%). descoordenação motora de uma mão ou comprometimento
• Os únicos fatores de risco estabelecidos para ELA são a da dorsiflexão unilateral do pé.
idade e o histórico familiar. A incidência aumenta a cada • Cãibras musculares podem preceder outras características
década, especialmente após os 40 anos de idade, e atinge o clínicas, e as fasciculações são mais evidentes nos grandes
pico na sétima década de vida. músculos proximais dos membros.
• Alguns fatores adicionais, mas com evidência mais fraca -> Diagnóstico
incluem tabagismo, exposição a metais pesados. Alguns • O diagnóstico da ELA é essencialmente clínico, com
genes que atuam como genes mendelianos na ELA familiar, suporte da eletroneuromiografia e não há teste diagnóstico
como a superóxido dismutase (SOD1). específico.
-> Fisiopatologia
• A etiologia da ELA permanece desconhecida, os
mecanismos fisiopatológicos parecem multifatoriais com
evidência de uma interação complexa entre vias genética e
molecular.
• A neurodegeneração na ELA pode resultar de uma
interação complexa de agressões ao neurônio motor
envolvendo excitocinas, em particular o glutamato, geração
de radicais livres, agregação proteica, disfunção
mitocondrial e comprometimento do transporte axonal.
-> Glutamato: Um dos principais fatores responsáveis pela
patogenicidade da ELA, que leva à morte dos neurônios
motores, é a excitotoxicidade mediada pelo glutamato, que -> Tratamento
consiste no dano neuronal resultante da ativação excessiva • Ainda não existe um tratamento que modifique de forma
dos receptores glutamatérgicos devido ao aumento dos substancial o curso da doença. No Brasil, a única medicação
níveis de glutamato na fenda sináptica. disponível para o tratamento da ELA é o riluzol. Este que é
• Microscopicamente, os pacientes com ELA apresentam um inibidor da via glutamatérgica do SNC é capaz de
tipicamente a perda de mais de 50% de seus neurônios aumentar o tempo de vida dos pacientes, contudo, não
motores espinais e têm a deposição de gliose astrocítica evita o desfecho fatal da esclerose lateral amiotrófica.
difusa na substância cinzenta da medula espinal.
• Por comparação, os neurônios motores no núcleo de Onuf
da medula espinal sacral, que inervam os músculos do
assoalho pélvico, e os núcleos motores dos nervos
cranianos III, IV e VI, que controlam os movimentos
oculares, são relativamente preservados.
-> Quadro clínico
• ELA é caracterizada por uma combinação de degeneração
do neurônio motor superior e do inferior.
• A degeneração do neurônio motor inferior provoca
fraqueza, atrofia e fasciculação nos membros e na
musculatura bulbar.
• As características de disfunção do neurônio motor
superior incluem a presença de reflexos tendíneos vivos ou
exaltados em um membro atrofiado, aumento do tônus
muscular (hipertonia) e, às vezes, presença do sinal de
Babinski.
• A fadiga e a perda de peso também são sintomas
frequentes.
B) Esclerose Múltipla • Sintomas Motores:
-> Definição
• Os sintomas motores mais comuns na EM são fraqueza e
• A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune, de
coordenação prejudicada em um membro, com
caráter desmielinizante, crônica e evolutiva que atinge
comprometimento ascendente de distal a proximal e
áreas do sistema nervoso central (SNC).
comumente se alastrando ao membro contralateral ou
• A autoimunidade representa o processo de agressão à
ipsilateral.
bainha de mielina do SNC por uma resposta inflamatória
• Clinicamente, a fraqueza pode ser grave e pode resultar
exacerbada e contínua. Tal elemento é essencial para o
em uma paralisia óbvia ou ser tão sutil a ponto de ser
curso das alterações progressivas ao indivíduo acometido
indetectável.
por essa patologia.
• Fadiga e fraqueza induzidas pelo calor, ou ocorrendo
-> Fisiopatologia
depois de 15 a 20 minutos de exercício e se resolvendo com
• Fatores que desencadeiam a EM ainda não são bem
repouso, são características de doença dismielinizante
explicitados na literatura. Sabe-se que é uma doença
inicial.
multifatorial, com iteração entre genética e fatores
• Na EM instalada há vários anos, os sinais clássicos de
ambientais.
tratos corticoespinais são muitas vezes evidentes e se
• Além disso, é certo que tem um componente autoimune,
manifestam clinicamente com marcha espástica, espasmos
atuando de forma desregulada e agressiva ao SNC.
musculares, e clônus.
• A doença se inicia a partir da ativação desregulada do
sistema imune com linfócitos T na periferia, ou seja, no • Disfunção autonômica
sangue periférico e linfonodos. Com isso, há consequente
ativação de linfócitos B e monócitos que atravessam a • Os sintomas vesicais são extremamente comuns, mas
barreira hematoencefálica e chegam ao SNC gerando frequentemente não são relatados espontaneamente,
reações inflamatórias indesejadas com a produção de de modo que é preciso fazer perguntas específicas. Uma
citocinas e anticorpos. anamnese cuidadosa pode revelar padrões isolados ou
• Tal reação de maneira continua ocasiona por áreas mistos de disfunção urinária, urgência, incontinência ou
multifocais de desmielinização e cicatriz gliótica no cérebro retenção.
e na medula espinal. • Disfunção sexual é também comum e pouco discutida na
• A perda de função durante um surto da doença ocorre EM. Em homens, a disfunção erétil é frequente.
tanto pelo processo inflamatório agudo, quanto pelos • A disfunção intestinal comumente se manifesta sob forma
efeitos diretos da desmielinização que geram bloqueio da de obstipação, que pode ser primária (relacionada com o
condução dos impulsos nervosos. comprometimento da medula espinal) ou secundária
• É possível que o processo inflamatório inicial seja (relacionada com a desidratação autoinduzida para reduzir
autolimitado e com a resolução do processo agudo exista o número de micções).
recuperação de funções durante as fases de remissão da -> Diagnóstico
doença. • O diagnóstico de EM repousa sobre a demonstração de
-> Quadro clínico evidência de pelo menos duas lesões dismielinizantes
• A EM pode apresentar-se por muitas formas clínicas em inflamatórias em diferentes localizações no SNC, ocorrendo
uma ampla faixa de idade e pode inicialmente simular uma em momentos diferentes (obrigatoriamente ≥ 1 mês de
grande variedade de doenças. Na apresentação clássica, intervalo), e para as quais não existe outra etiologia.
identifica-se uma mulher jovem, branca, com sintomas de Ressonância Magnética: Não existe nenhum teste
início agudo ou subagudo com alteração da visão ou laboratorial que confirme o diagnóstico definitivo de EM,
sensibilidade. Fadiga, depressão, urgência miccional, mas a imagem por ressonância magnética (RM) do cérebro
fraqueza, equilíbrio e coordenação prejudicados são é extremamente útil e deve ser realizada em todos os
também sintomas comuns. pacientes nos quais a EM for uma consideração diagnóstica.
Mais de 95% dos pacientes com EM clinicamente definida
• Efeito visuais têm RM cerebral anormal e, portanto, a ausência de lesões
hiperintensas (brilhantes) em T2 ou FLAIR, que são
• A neurite óptica é uma síndrome de apresentação
características da EM, sugere outro diagnóstico.
clássica, tipicamente com diminuição da acuidade visual em
um olho. Na neurite óptica, os pacientes muitas vezes se
queixam de dor ocular que piora com o movimento de
lateralização do olho. O comprometimento visual pode ser
descrito como olhar através de vidro fosco ou uma cortina.
• Os pacientes podem apresentar também diplopia franca
ou apenas visão turva, especialmente quando olham para
um lado rapidamente, como ao olhar por cima do ombro ao
dirigir um veículo.
C) Guillian - Barré

D) Miastenia Gravis
-> Definição
• A miastenia gravis (MG) é uma doença imunológica
mediada por anticorpos direcionados contra antígenos da
porção pós-sináptica do receptor nicotínico de acetilcolina
(AChR) na junção neuromuscular, com consequente
redução numérica e funcional destes.
-> Quadro clínico
• Miastenia grave apresenta-se clinicamente com fraqueza
muscular indolor, que aumenta com a atividade muscular e
melhora após repouso.
• Em muitos pacientes, a fraqueza começa nos músculos
oculares, resultando em visão dupla ou ptose (pálpebras
caídas). Em outros, pode comprometer de início a
musculatura bulbar.
• Virtualmente, qualquer músculo esquelético pode ser
comprometido à medida que a doença progride. De forma
típica, a fraqueza varia em distribuição e gravidade de dia
para dia e de semana para semana, e muitas vezes é pior à
noite.
• Os sintomas bulbares incluem fraqueza dos músculos
faciais com dificuldades em fechar os olhos e um sorriso
“mostrando os dentes”, fala anasalada ou empastada, que
pode se deteriorar de forma evidente à medida que a fala
continua, disfagia às vezes associada a regurgitação nasal de
líquidos, movimentos reduzidos da língua e queda da
cabeça relacionada com fraqueza do pescoço.
-> Diagnóstico
• O diagnóstico é baseado nas características clínicas, em
testes sorológicos para anticorpos específicos,
eletrofisiologia clínica e se ainda permanecer dúvida ou se
estes métodos não forem disponíveis, na resposta clínica à
medicação anticolinesterásica, teste farmacológico.
• Avaliação por imagem do mediastino é necessária para
excluir um timoma nos pacientes com anticorpos anti-AChR.
Teste do Gelo
• O teste do gelo consiste na aplicação de um bloco de gelo
na pálpebra acometida por um período de 2 minutos,
observando-se, em seguida, melhora da ptose por período
de 15 minutos.
• Apresenta sensibilidade de 89% e especificidade de 100%
para o uso no diagnóstico à beira do leito. Entretanto, esse
teste só se mostra útil na avaliação da ptose miastênica e
não na avaliação da fraqueza extraocular. Vale ressaltar que
a ptose pode melhora com o repouso, e este fenômeno
pode superestimar a melhora observada no teste do gelo.

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