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Um guia para
familiares e
cuidadores
(1) Introdução
(4) Etiologia
Hipóxia/anóxia
Hipo/hiperglicemia
Cocaína ou fenciclidina
Drogas que diminuem o limiar convulsivo (antipsicóticos, como o haloperidol, antidepressivos tricíclicos,
aminofilina, isoniazida)
Deficiência de vitamina B6
Doenças vasculares do SNC (infarto cerebral, hemorragias intracranianas, trombose venosa cerebral,
encefalopatia hipertensiva, malformações vasculares do SNC)
Neoplasias do SNC (primárias e metastáticas)
(5) Fisiopatologia
(6) Classificação
Crise febril
Síndrome de Lennox-Gastaut
Epilepsias reflexas
(7) Diagnóstico
Com os dados obtidos é possível identificar, com grande acurácia, qual dos
lobos cerebrais está originando a crise (tabela 2), bem como classificar a crise
em um dos tipos citados na tabela 3.
O exame físico costuma ser de pouca ajuda na maior parte dos pacientes, uma
vez que não costuma haver alterações neurológicas entre as crises. No entanto
pode-se encontrar alterações compatíveis com doenças genéticas, sinais de
intoxicação crônica, infecções, insuficiência hepática e neoplasia, o que pode
auxiliar no diagnóstico etiológico da crise convulsiva.
Tabela 2. Principais características clínicas das crises epilépticas com relação
aos lobos.
Crises do lobo frontal: crise parcial simples ± crise parcial complexa ± crise TCG
Movimentos versivos da cabeça, manifestações motoras proeminentes particularmente nas pernas.
Crises frequentes (muitas num dia) com duração de segundos. Apesar da alteração da consciência, costuma
ocorrer pouca confusão pós-ictal.
Crises do lobo parietal: crise parcial simples ± crise TCG
Sintomas sensitivos e motores (com marcha jacksoniana); raramente com sensações dolorosas.
Crises do lobo temporal: crise parcial simples ± crise TCG
Sensação epigástrica, alucinações olfatórias e gustativas, “déjá vu”, “jamais vu”, automatismos
oroalimentares, postura distônica da mão (contralateral ao foco epileptogênico), alucinações visuais
complexas e confusão pós-ictal proeminente.
Crises do lobo occipital: crise parcial simples ± crise TCG
Fenômenos visuais simples, brilho, relâmpago, pisca-pisca, clarão.
Fonte: Epilepsia: Carlos A.M Guerreiro et al., São Paulo: Lemos Editorial, 2000.
Psíquica (afasia, déjà vu, jamais vu, estados de sonho, distorção do tempo, confusão afetiva (medo),
ilusões, alucinações sensitivas estruturadas)
1.2. Complexa (há comprometimento da consciência)
Crise parcial simples ou complexa com progressão para crise tônico-clônica generalizada
Atípica
3. Crise não-classificada
Vídeo EEG
Neuroimagem
Estudos laboratoriais
(10) Tratamento
Inibição da liberação de glutamato. Ex. gabapentina. Inibição na degradação de GABA. Ex. vigabatrina.
Inibição dos receptores de glutamato. Ex. Potencialização dos receptores de GABA. Ex.
topiramato. benzodiazepínicos e barbitúricos.
Inibição na condução do potencial de ação. Ex. Inibição na recaptação do GABA. Ex. tiagabina.
carbamazepina, fenitoína, lamotrigina,
oxcarbazepina.
Carbamazepina (CBZ)
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Bloqueia canais de sódio dependentes de voltagem. A dose inicial é de 200 a
400 mg/dia para adultos e de 5 mg/kg/dia para crianças (2 a 4 tomadas). Deve-
se aumentar em 200 mg/dia em intervalos de 1 a 2 semanas até que haja
controle total das crises ou surjam os efeitos colaterais. A dose de manutenção
varia entre 600 e 1.200 mg/dia (geralmente, 600 mg/dia) em adolescentes e
adultos e 10 a 25 mg/kg/dia em crianças. A absorção por via oral é lenta, a
biodisponibilidade é de 75 a 85%, sendo que 70 a 80% da droga circula ligada
à proteína plasmática. A meia-vida de eliminação é de cerca de 8 a 24 horas. É
metabolizada no fígado e atua como indutor enzimático, induzindo
seu próprio metabolismo e o metabolismo de outras drogas
lipossolúveis, como contraceptivos orais, ácido valpróico,
etossuximida, corticosteróides, anticoagulantes orais, antipsicóticos e
ciclosporina. Drogas que inibem o metabolismo da CBZ (podendo
levar a efeitos tóxicos) incluem cimetidina, diltiazem, propoxifeno,
eritromicina, verapamil e isoniazida.
A interação entre a carbamazepina e a fenitoína com relação ao
metabolismo merece especial atenção, devendo essa associação
medicamentosa ser evitada. A carbamazepina inibe o metabolismo da
fenitoína enquanto esta estimula o metabolismo daquela. Assim, a adição
de fenitoína diminui o nível plasmático da carbamazepina e dificulta o controle
das crises, enquanto a adição de carbamazepina aumenta o nível plasmático da
fenitoína, podendo provocar efeitos tóxicos da fenitoína sobre o sistema
nervoso.
Os efeitos colaterais decorrentes do uso da CBZ podem estar relacionados à
dose ou não (idiossincrásicos). Diplopia, tontura, zumbido, cefaléia, náusea,
neutropenia e hiponatremia (em doses altas) são os mais comuns e podem
limitar o incremento da droga. Os efeitos idiossincrásicos incluem rash
morbiliforme, síndrome de Stevens-Johnson, agranulocitose, anemia aplásica,
hepatotoxicidade e teratogenicidade.
A concentração plasmática terapêutica da CBZ varia entre 4 e 12 mg/ml. No
entanto, ela não reflete de forma confiável a eficácia da droga no controle das
crises. Na maior parte dos pacientes, a adequação da dose pode ser feita com
base em critérios clínicos. São exceção os pacientes nos quais se suspeita de
não-colaboração com o tratamento e nos que fazem uso de outras drogas
antiepilépticas que podem interagir com a CBZ.
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Fenitoína (PHT)i
Fenobarbital (PB)
Etossuximida
Clonazepam (CNZ)
Em cerca de 60% dos pacientes que ficam livres de crises, a medicação pode
ser retirada com sucesso após 2 a 5 anos de tratamento. A redução é feita de
forma gradual em cerca de 2 a 6 meses. Crianças com epilepsia benigna, tais
como epilepsia rolândica e convulsões neonatais familiais benignas, costumam
ficar bem após a retirada da medicação. Os pacientes com EMJ
frequentemente tem recidiva das crises e necessitam da medicação pelo resto
da vida. Pacientes com epilepsia generalizada idiopática tem maior chance de
ficar livres de crises após a retirada da medicação. Mesmo as convulsões
parciais complexas podem desaparecer após longo período de tratamento. Os
pacientes com maior chance de ficar livres de crises após a retirada da
medicação são aqueles que não tiveram crises por longo período, pacientes que
tinham poucas crises antes do tratamento e os pacientes com exame
neurológico normal e sem lesão focal no sistema nervoso.
Nos últimos anos foram introduzidas novas DAEs no mercado, com o intuito
de melhorar a eficácia terapêutica e diminuir os efeitos colaterais, as quais
incluem o felbamato, a fosfenitoína, a gabapentina, a lamotrigina, o
levotiracetam, a oxcerbazepina, a pregabalina, atiagabina, o topiramato, a
vigabatrina e a zonisamida.
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(11) Bibliografia