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EPILEPSIA

EPILEPSIA X CRISE EPILÉPTICA X CONVULSÃO PERÍODO INTERICTAL: Tempo entre duas crises. DEFINIÇÃO DE EPILEPSIA

EPILEPSIA: É uma doença caracterizada pela ocorrência de Pelo menos duas crises não provocadas (ou reflexas) em > 24h
OU
manifestações paroxísticas chamadas crises epilépticas.
CRISES EPILÉPTICAS: São manifestações clínicas de uma Uma crise não provocada (ou reflexa) E uma probabilidade ≥ 60%*
atividade elétrica anormal do córtex cerebral. A ocorrência de de uma nova crise nos próximos 10 anos OU
uma crise não caracteriza obrigatoriamente um quadro de
Diagnóstico de uma síndrome epiléptica
epilepsia, no entanto, todas as pessoas com epilepsia já Quando o paciente apresenta a primeira crise epiléptica,
apresentaram pelo menos uma crise epiléptica na vida. podemos ter três opções: OBS: Se o paciente apresentou duas crises epilépticas em
CONVULSÃO: Manifestação motora que pode ou não ser intervalo maior do que 24 horas, o risco de recorrência de
• Primeira crise de um quadro de epilepsia;
decorrente de uma crise epiléptica. Um paciente pode crises é maior que 60% e, por esse motivo, ele já é
• Crise epiléptica provocada (ou sintomática aguda); considerado epiléptico.
apresentar convulsão, por exemplo durante um episódio de
síncope, cuja causa é diferente de uma crise epiléptica. • Crise única isolada.
CONVULSÃO

Quando o paciente apresenta um quadro paroxístico e


autolimitado de manifestações motoras positivas, dizemos
que ele apresentou uma crise convulsiva (convulsão).
CONVULSÃO NÃO EPILÉPTICA: Manifestações motoras
não serão acompanhadas de alterações simultâneas ao EEG
📌A convulsão não epiléptica psicogênica (CNEP) é uma
manifestação motora clinicamente, muito semelhante ao
que ocorre na crise epiléptica verdadeira. Acredita-se que
CRISE EPILÉPTICAS 50% dos pacientes com epilepsia também apresentem
CNEP concomitante. Algumas alterações sugerem esse
É um fenômeno autolimitado que ocorre por uma descarga quadro como:
elétrica anormal, excessiva que atinge, de forma síncrona, ● A ocorrência de abalos musculares em frequências
determinados neurônios do córtex cerebral, gerando diferentes nos membros.
diferentes manifestações conforme a área acometida. ● Movimentos erráticos, não estereotipados.
PERÍODO ICTAL: O que ocorre durante a crise. Ocorre ● Manutenção da consciência enquanto ocorrem abalos
aumento da descarga de neurônios corticais. Não esperamos bilaterais.
encontrar déficits neurológicos na maioria das crises. O
● Fechamento voluntário de pálpebras, impedindo que o
paciente irá apresentar posturas decorrentes de contrações
examinador veja os olhos do paciente.
rítmicas ou isométricas.
📌 Quando a crise gera uma contração isométrica, surgem EPILEPSIA PERDA TRANSITÓRIA DE CONSCIÊNCIA
certas posturas anormais pela contração simultânea de
agonistas e antagonistas (posturas distônicas). A epilepsia é uma condição cerebral persistente, capaz de As principais causas são as crises epilépticas e as síncopes.
dar origem a crises epilépticas de forma espontânea. Mas como diferenciar? Pela ANAMNESE.
PÓS-ICTAL: Vem imediatamente após a crise. O paciente
pode apresentar determinados déficits neurológicos logo
após uma crise epiléptica. A mais provável justificativa para
📌 Existem exceções a essa regra, segundo a qual as crises SÍNCOPE: Hipofluxo sanguíneo global, com perda de
consciência transitória.
devem ser espontâneas. Em certos tipos especiais de
isso é que os neurônios gastam energia excessiva durante a epilepsias, podem surgir crises desencadeadas, por exemplo, 1. Geralmente, o paciente encontra-se em pé e apresenta
crise e, até que a reponham adequadamente, sua atividade por estímulo luminoso (epilepsia reflexa). sintomas negativos, como sudorese, náuseas, palidez,
elétrica poderá estar comprometida, gerando um déficit turvação visual, sensação de cabeça vazia e zumbido, antes
clinicamente detectável. de perder a consciência.
2. Nos casos mais graves, quando a síncope é decorrente de
uma alteração cardíaca (arritmia, estenose valvar etc.), o
📌 Recuperação da consciência é o aspecto mais sensível
para diferenciar a síncope da crise epiléptica. Ela é rápida
1. Crise focal disperceptiva: Com comprometimento da
consciência;
paciente pode apresentar dor torácica ou palpitação, nesse e instantânea na síncope e lentamente progressiva, 2. Crise focal perceptiva: Quando a consciência está
momento. acompanhada de confusão, na crise epiléptica. preservada.
3. Após a perda de consciência, o paciente pode cair, caso 3. De início focal evoluindo para crise tônico-clônica
não seja amparado nem consiga se proteger. bilateral: Descargas elétricas epileptiformes podem
4. Nessa fase ele já está inconsciente e pode apresentar espalhar-se para o outro hemisfério.
alguns breves abalos musculares (síncope convulsiva). 4. Motoras e não motoras: As motoras são
Raramente, pode ocorrer mordedura de língua. fundamentalmente originadas no lobo frontal.
5. Quando assume a posição horizontal, em decúbito, a
tendência é a de que o fluxo sanguíneo cerebral seja
📌 CRISES DO LOBO TEMPORAL
As crises epilépticas mais comuns são as do lobo temporal
restabelecido e ele desperte.
(70% das crises).
6. O período de inconsciência dura poucos segundos e o CLÍNICA
cérebro, ávido por nutrientes e oxigênio, recupera-se
1. As crises originadas na porção anterior do lobo temporal, o
rapidamente, sem confusão.
uncus, são caracterizadas pela sensação de cheiro ruim,

📌 A síncope mais comum é a VASOVAGAL: Há um CLASSIFICAÇÕES DAS CRISES EPILÉPTICAS


como o de borracha queimada. Elas também são chamadas
de crises uncinadas.
aumento da atividade simpática que tende a ser
compensado pelo sistema nervoso parassimpático que 2. Crises psíquicas mais comuns são conhecidas como
Em 2017, a Liga Internacional Contra a Epilepsia (ILAE) sensação de “déjà vu” e “jamais vu”, termos em francês
acaba se sobressaindo. Dessa forma o paciente irá
publicou uma nova classificação das crises epilépticas. que significam, respectivamente, “já vi” e “nunca vi”. No
apresentar hipotensão arterial e bradicardia.
Crises de início focal, Crises de início generalizado, primeiro caso, durante a crise, o paciente tem a impressão de
Crises de início desconhecido, Crises não classificáveis. que já viveu uma situação inédita; no segundo, ele sente-se
CRISE EPILÉPTICA: Atividade elétrica anormal temporária
como se fosse a primeira vez diante de uma situação
do córtex - explica o transtorno de consciência. CRISES DE INÍCIO FOCAL corriqueira para ele.
1. O paciente pode apresentar sintomas positivos São aquelas que ocorrem pela atividade elétrica anormal em 3. Perda de contato com o meio, olhar fixo, automatismos
previamente, já decorrentes de uma atividade epiléptica um único hemisfério. Pode ser chamada de crises parciais. orais e manuais e, eventualmente, postura distônica do
excessiva , em uma pequena área do córtex cerebral. membro superior contralateral ao hemisfério comprometido.
Dependendo da região do córtex
2. Os principais sinais antes da perda de consciência são acometida, o paciente apresentará
abalos musculares unilaterais, parestesias, alterações visuais manifestações específicas :
positivas (diferentes de manchas ou falhas no campo visual), • Lobo temporal: Manifestações olfativas,
sensações estranhas (odores, gosto, sons etc.), entre outras auditivas ou psíquicas;
3. O acometimento dos dois hemisférios de forma simultânea • Lobo frontal: Manifestações motoras;
e duradoura promoverá rebaixamento da consciência e o
• Ínsula: Manifestações autonômicas, mal-estar epigástrico;
paciente tenderá a cair ao solo, se não for amparado.
• Lobo occipital: Manifestações visuais;
4. Surge o quadro clássico de uma crise tônico-clônica
• Lobo parietal: Manifestações sensitivas.
generalizada (primeiro, uma postura distônica dos quatro
membros e, em seguida, abalos musculares generalizados).
O acompanhante poderá relatar que o paciente ficou
ruborizado ou até mesmo cianótico, apresentando muito
frequentemente mordedura de língua e liberação É comum ouvir relatos de pacientes que apresentam crises
esfincteriana. diz perceptivas enquanto estavam dirigindo veículos e que só
5. O alto consumo de energia cerebral leva a uma descobrem que ela ocorreu por terem se envolvido em algum
recuperação lenta e gradual, associada à confusão mental acidente. A causa mais comum de epilepsia em adultos é
pós-ictal. secundária à esclerose mesial temporal (hipocampal).
📌 CRISES DO LOBO FRONTAL 📌 CRISES DE INÍCIO GENERALIZADO MOTORES GATILHOS: Hiperventilação e privação de sono.
As crises motoras são denominadas de acordo com a Podemos desencadear uma crise de ausência típica pedindo
Nas crises do lobo frontal (20% das crises), as manifestações
fenomenologia dos achados clínicos que ocorrem durante a ao paciente que conte números de um em um e hiperventile
motoras são as mais frequentes. Além de abalos musculares
crise: entre cada número. Em um dado momento, o paciente irá
contralaterais, algumas crises frontais podem levar a
movimentos proximais dos membros bilaterais e a desvio da • CRISES TÔNICAS: Contração muscular mantida, sem parar de contar, mantendo-se de olhos abertos, e logo após
cabeça e/ou dos olhos para o lado contralateral. deslocamento, também chamada de isométrica; alguns segundos, retornará à tarefa como se nada houvesse
• CRISES CLÔNICAS: Presença de abalos musculares acontecido.
CARACTERÍSTICAS
rítmicos na frequência de 1-3 Hz;
1. No período pós-ictal alguns pacientes podem apresentar
•CRISES ATÔNICAS: Perda de tônus, geralmente
hemiparesia que poderá durar horas (Paralisia de TODD)
acompanhada por queda;
2. São mais frequentemente iniciadas durante o sono
• ESPASMO: Contração de músculos do tórax e abdômen;
3. A Marcha Jacksoniana é uma crise epiléptica do tipo focal
motora que se caracteriza por começar em um segmento do 💡CRISES MIOCLÔNICAS: Abalos musculares breves e
corpo e migrar para uma outra região, do mesmo lado, devido arrítmicos, simétricos, muitas vezes únicos e isolados. Nas
à propagação das descargas epileptiformes ao longo da área crises mioclônicas, que são de início generalizadas, a
motora no homúnculo de Penfield, no giro pré-central, no lobo duração das descargas epilépticas é tão curta que a
frontal. consciência encontra-se preservada.

📌 CRISES ORIGINADAS NA ÍNSULA 💡CRISE TÔNICO-CLÔNICA: O paciente perde a


AURA: As crises de início focal perceptivas sem
consciência e apresenta uma fase tônica que, após alguns
As crises podem caracterizar-se pela clássica sensação de manifestações motoras.(Uma sensação- cheio, borramento)
segundos, é sucedida por outra, clônica. Durante a fase
mal-estar epigástrico ascendente que, apesar de
clônica, o paciente pode apresentar um espasmo laríngeo,
inespecífica, é relativamente comum e deve ser investigada EXAMES COMPLEMENTARES
que gera um ruído característico: o grito epiléptico.
na anamnese.
É comum que durante esse tipo de crise o paciente A realização de exames complementares em todos os
Por ser um achado inespecífico, a etiologia epiléptica deve
apresente rubor ou cianose, além de mordedura de língua e pacientes que apresentam a primeira crise epiléptica é
ser cogitada se a duração for de segundos e, eventualmente,
liberação esfincteriana. Esse tipo de crise é considerado o obrigatória.
seja sucedida por outras manifestações sugestivas de crise,
mais comum em nosso meio. Elas também são a forma mais Exames laboratoriais + Neuroimagem
com comprometimento de consciência.
📌 CRISES DOS LOBOS OCCIPITAL E PARIETAL comum de crises em pacientes com distúrbios metabólicos.
Quando houver suspeita de neuroinfecção ou hemorragia
subaracnóidea, será importante a coleta de líquor lombar.
Mais raras, costumam manifestar-se por meio de fenômenos O que diferencia uma crise de início focal de uma de início
generalizado é o local de aparecimento de descargas ELETROENCEFALOGRAMA
positivos.
elétricas anormais e não o que ocorre com a consciência. Registro da atividade elétrica cerebral. Durante uma crise
Nas crises occipitais: Paciente costuma relatar que percebe
imagens que não existem na realidade. Podem ser relatadas
luzes piscantes ou fixas, brancas ou coloridas, objetos
📌 CRISES DE AUSÊNCIA (NÃO - MOTORA) epiléptica, as ondas costumam apresentar aumento de sua
amplitude em decorrência do aumento da atividade elétrica
São decorrentes do surgimento de descargas elétricas cortical ou, ainda, pela sincronização das atividades de
inespecíficos coloridos e brilhantes ou distorções visuais
anormais e síncronas bilaterais e simultâneas nos circuitos neuronais.
(macro ou micropsia, metamorfopsia, discromatopsia).
hemisférios cerebrais, sem que haja comprometimento motor - EXAME: Os principais elementos encontrados no EEG são
Nas crises parietais: Podem relatar parestesias no
significativo. Por isso, elas também podem ser chamadas de a onda lenta, que dura mais tempo, a onda aguda, com
hemicorpo contralateral quando houver acometimento da
não motoras. duração intermediária, e a espícula ou ponta, com duração
💡 São quase que exclusivas de crianças e adolescentes,
área somatossensitiva primária (giro pós-central).
rápida. A duração de cada um desses elementos é expressa
CRISES DE INÍCIO GENERALIZADO sendo extremamente raras em adultos. em milissegundos e sua recorrência, em Hertz (Hz), refletindo
quantas vezes aquele elemento repete-se em um segundo.

📍 O EEG feito fora da crise é chamado de interictal. Ele


Envolvem os dois hemisférios, CLÍNICA: Caracteriza-se por uma ruptura abrupta de contato
simultaneamente, desde o início do com o meio, com o paciente permanecendo de olhos
evento. Elas podem ser motoras e não abertos, eventualmente apresentando piscamento, desvio tem uma sensibilidade baixa para detectar alterações
motoras (ausências). A crise de início ocular para cima e alguns automatismos orais. A duração é epileptiformes. A maioria dos EEG interictais é normal.
generalizado motora mais característica é a de 5-30 segundos e o retorno à consciência é imediato, sem Mesmo sem manifestações clínicas, podemos encontrar
tônico-clônica generalizada. confusão. alterações chamadas de paroxismos epileptiformes.
• SÍNDROME DE WEST: Hipsarritmia (espículas e ondas A NOVA CLASSIFICAÇÃO
O EEG deve ser pedido em casos suspeitos de epilepsia.
lentas aleatórias em todas as regiões corticais);
Caso esteja normal, o diagnóstico não poderá ser Estabelece três níveis de diagnóstico:
descartado, e se vier alterado não confirma, mas aumenta a • EPILEPSIA IDIOPÁTICA OCCIPITAL FOTOSSENSÍVEL
1. Determinação do tipo de crise epiléptica: Início focal,
probabilidade diagnóstica e ajuda a decifrar o tipo de (IPOE): Ponta, multiespícula ou espícula-onda occipital
generalizado ou desconhecido;
epilepsia que o paciente apresenta. desencadeada por fotoestimulação;
2. Tipo de epilepsia, baseado no tipo de crise: Focal,
Algumas situações favorecem o aparecimento dos • EPILEPSIA MIOCLÔNICA JUVENIL: multi espícula-onda generalizada, focal e generalizada combinadas ou
grafoelementos, assim o EEG deve ser realizado nessas generalizada desencadeada por privação de sono e desconhecida;
situações: fotoestimulação.
3. Caracterização da síndrome epiléptica (conjunto de
NEUROIMAGEM características clínicas, eletroencefalográficas,
VIGÍLIA
A tomografia e a ressonância magnética são os exames de imagenológicas e etiológicas).
SONOLÊNCIA neuroimagem mais importantes nos pacientes com epilepsia. Em qualquer momento, devemos estabelecer um dos seis
SONO ESPONTÂNEO TOMOGRAFIA: Ela é baseada na emissão de raios-X e tem diagnósticos etiológicos (quarto nível) entre os seguintes:
boa acurácia para ver áreas de calcificações, hemorragias, • Estrutural / Genética / Infecciosa / Metabólica / Imune/
FOTOESTIMULAÇÃO INTERMITENTE neuroinfecções, hidrocefalia e sequelas de insultos Desconhecida
vasculares isquêmicos.
HIPERPNEIA (HIPERVENTILAÇÃO)
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: Ela é capaz de detectar TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DAS EPILEPSIAS
alterações mais sutis, não percebidas pela tomografia,
incluindo esclerose de hipocampo e displasias corticais. MECANISMO DE AÇÃO: têm como objetivo inibir a
despolarização neuronal anômala, em vez de corrigir a causa
do fenômeno. Três mecanismos de ação principais parecem
ser importantes:
• POTENCIALIZAÇÃO DA AÇÃO DO GABA:
Vários antiepilépticos (p. ex., fenobarbital e
benzodiazepínicos) potencializam a ativação dos receptores
GABA , assim facilitando a abertura dos canais de cloreto
mediados por esse receptor, deixando assim a célula
hiperpolarizada.
• INIBIÇÃO DA FUNÇÃO DOS CANAIS DE SÓDIO:
A TOMOGRAFIA POR EMISSÃO DE FÓTON ÚNICO, Afetam a excitabilidade da membrana por ação sobre os
SPECT: Usa um radiotraçador e permite um retrato da canais de sódio dependentes de voltagem que possuem a
circulação cerebral no momento da injeção. Ele mostra corrente de entrada necessária para a geração de um
OBS: Crises clínicas sem alterações concomitantes do
hiperperfusão focal com hipoperfusão ao redor da lesão. Nos potencial de ação.
eletroencefalograma falam a favor de crises não epilépticas
períodos interictal e pós-ictal, ele revela hipoperfusão
psicogênicas (CNEP) ou de outros quadros, como síncope ou Sua ação bloqueadora atua preferencialmente, a excitação
regional.
distúrbios do sono, por exemplo. das células que estão disparando repetitivamente, e quanto
- PRINCIPAIS ALTERAÇÕES: CLASSIFICAÇÃO DAS EPILEPSIAS mais alta a frequência dos disparos, maior o bloqueio
produzido. Esses fármacos possuem a capacidade de
• CRISES DE AUSÊNCIA TÍPICA: Espícula-onda (também bloquearem a despolarização de alta frequência que ocorre
chamada de ponta-onda) generalizada a 3 Hz, que pode ser na crise epiléptica, sem interferir indevidamente nos disparos
desencadeada por hiperventilação; de baixa frequência dos neurônios no estado normal,
• EPILEPSIA BENIGNA DA INFÂNCIA: Ponta-onda origina-se da capacidade dos fármacos bloqueadores de
centrotemporal, que pode ocorrer durante o sono; discriminarem canais de sódio em seus estados de repouso,
aberto e inativado.
• SÍNDROME DE LENNOX-GASTAUT: onda aguda-onda A despolarização de um neurônio aumenta a proporção de
lenta generalizada; canais de sódio no estado inativado. Os antiepilépticos
ligam-se preferencialmente aos canais neste estado,
impedindo-os de retornar ao estado de repouso e, desse • Microcefalia;
modo, reduzindo o número de canais funcionais disponíveis DROGAS INIBIDORAS: São aquelas que, quando
associadas a outras, aumentam os níveis séricos de • Palato fendido;
para gerar potenciais de ação.
ambas. O exemplo mais famoso é o do valproato de sódio. • Atraso mental;
• Nariz arrebitado;
CARBAMAZEPINA E OXCARBAZEPINA
• Hipoplasia facial;
A CARBAMAZEPINA é considerada uma medicação de • Lábio superior menor;
primeira linha para o tratamento das crises epilépticas de
• Hipoplasia distal.
início focal.
- EFEITOS COLATERAIS: Confusão, sonolência e síndrome A fenitoína leva várias horas para atingir o nível sérico
cerebelar. Ela deve ser monitorizada quanto à ocorrência de terapêutico, quando administrada por via oral. Assim, só é
trombocitopenia, leucopenia, hepatopatia e hiponatremia, por usada em emergência por via endovenosa e com dose de
meio de exames de sangue periódicos. ataque, para que atinja mais rapidamente o nível terapêutico.
☢️Carbamazepina e oxcarbazepina não devem ser prescritas Recomenda-se que a infusão seja lenta, no máximo a
50mg/min, pois a administração rápida pode gerar arritmias
• INIBIÇÃO DA FUNÇÃO DOS CANAIS DE CÁLCIO: a pacientes com mioclonias porque podem PIORAR os
sintomas. cardíacas (bradiarritmia por prolongamento do intervalo QT)
Capacidade de bloquear os canais de cálcio ativados por
baixa voltagem do tipo T. A atividade do canal do tipo T é
importante para a determinação da despolarização rítmica
☢️A associação da carbamazepina com a fenitoína (duas ou hipotensão arterial.

FENOBARBITAL E PRIMIDONA
drogas com mesmo mecanismo de ação) pode causar uma
dos neurônios do tálamo associados às crises de ausência. redução do nível sérico de ambas e aumentar o risco de uma São drogas que aumentam a ação do GABA. são drogas que
A gabapentina, embora desenhada como um simples crise epiléptica. aumentam a ação do GABA. A primidona, após
análogo de GABA, que seria suficientemente lipossolúvel OXCARBAZEPINA: Apresenta mecanismo de ação metabolização hepática, é transformada em fenobarbital. Ela
para penetrar a barreira hematoencefálica, deve seu efeito semelhante e também é indicada para o tratamento das é pouco usada em epilepsia. Sua principal indicação, é no
antiepiléptico principalmente à ação sobre os canais de cálcio crises de início focal. Ela tem menor efeito sedativo, mas tremor essencial.
do tipo P/Q. Ao ligar-se a uma subunidade em particular do possui maior risco de hiponatremia.
ÁCIDO VALPRÓICO / VALPROATO DE SÓDIO
canal (α2δ1), a gabapentina e a pregabalina (um análogo
FENITOÍNA DIVALPROATO DE SÓDIO
relacionado) reduzem o tráfego para a membrana plasmática
dos canais de cálcio que contém esse subunidade, A fenitoína é um medicamento que sofre metabolismo O ÁCIDO VALPRÓICO: É um ácido carboxílico, ionizado no
reduzindo, dessa forma, a entrada de cálcio nos terminais hepático, com muito efeito sobre o citocromo P. Ela pode ser pH sanguíneo, cuja forma ativa é o valproato. Em altas
nervosos e reduzindo a liberação de diferentes usada para crises de início focal ou generalizado, mas não é concentrações, ele inibe a enzima GABA-T, responsável pela
neurotransmissores e moduladores. considerada de primeira escolha para nenhuma delas. degradação do GABA, causando o bloqueio do disparo de
alta frequência de neurônios. Ele faz parte das opções para o
tratamento da enxaqueca e do transtorno bipolar.
☢️Ele está indicado para todos os tipos de crises epilépticas,
mas é a droga de escolha para o tratamento das crises
de início generalizado, incluindo as de ausência. Nos
países em que está disponível a formulação injetável, ele
pode ser usado no tratamento do estado de mal epiléptico
como opção à fenitoína.
- EFEITOS COLATERAIS: Gastrintestinais: dor abdominal,
náuseas e vômitos. Por essa razão, foram desenvolvidas
alternativas (valproato e divalproato) com menor
DROGAS INDUTORAS: São aquelas que diminuem o capacidade de causar esses sintomas. Outros efeitos
nível sérico de outros fármacos, quando em associação.
Os medicamentos mais importantes desse grupo são a
carbamazepina, a oxcarbazepina, o topiramato (em doses
☢️ A síndrome fetal pela fenitoína (ou difenil-hidantoína) colaterais importantes são ganho de peso, alopecia e
hepatotoxicidade.
caracteriza-se principalmente por alterações dismórficas
elevadas), a fenitoína e o fenobarbital craniofaciais e de membros:
☢️ Em idosos, as drogas de escolha para o tratamento de pode ser induzida ou agravada pelo uso de
epilepsia são a lamotrigina e a gabapentina. anticonvulsivantes.
ETOSSUXIMIDA é uma medicação cuja única indicação é ● A dose de ácido fólico recomendada é de, pelo menos, 1
para as crises de ausência da infância. mg ao dia, para mulheres epilépticas em idade fértil e até
o fim do primeiro trimestre de gestação.
A ESCOLHA DO FÁRMACO ANTIEPILÉPTICO
LAMOTRIGINA ● Nas pacientes com história prévia de filhos com defeitos
do tubo neural e naquelas em uso de carbamazepina ou
A epilepsia é uma doença benigna na maioria das vezes.
A lamotrigina apresenta amplo mecanismo de ação, atuando ácido valpróico, a dose recomendada é de, pelo menos, 4
Devemos iniciar o tratamento em monoterapia. Cerca de
no bloqueio dos canais de sódio. Ela é metabolizada no mg ao dia.
50-70% dos pacientes apresentam melhora de suas crises
fígado, sofrendo conjugação com o ácido glicurônico.
com monoterapia. A associação de um segundo “Uma vez que a paciente esteja grávida, NÃO se modifica
Suas principais indicações são no tratamento da epilepsia medicamento confere um acréscimo de efeito de apenas o esquema de medicações para evitar a teratogenicidade
focal e generalizada secundária, podendo ser usada em 10% e uma terceira droga aumenta a eficácia em, no das drogas usadas”. A troca de medicamentos aumenta
monoterapia para tratamento das convulsões tônico-clônicas máximo, 5%. tanto o risco de crises como o de efeitos colaterais e
generalizadas e crises de início focal, bem como na síndrome teratogênicos dos FAEs.
TIPO DE CRISE
de Lennox-Gastaut.
1. FOCAL: Carbamazepina e Lamotrigina (pref: lamotrigina) EXCEÇÃO: Uma mulher em uso de valproato, cujas
- EFEITOS COLATERAIS: Ataxia; Diplopia; Insônia; Cefaleia;
2. GENERALIZADO: Ácido valpróico ou Lamotrigina (pref: convulsões não parecem ser refratárias a outros FAEs;
Irritabilidade; Erupção cutânea (risco de cerca de 1% para o
ácido valpróico) nesse caso, a troca do valproato a qualquer momento da

☢️ Praticamente todos os fármacos antiepilépticos podem


desenvolvimento da síndrome de Stevens-Johnson).
☢️ É uma das medicações com menor incidência de efeitos
gravidez (quanto mais cedo, melhor) poderia diminuir o risco
de atraso no neurodesenvolvimento e autismo.
teratogênicos, sendo uma droga bastante indicada a causar prejuízo cognitivo. Os medicamentos mais
mulheres em idade fértil que desejam engravidar. associados a esses efeitos são: Fenobarbital, REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE
benzodiazepínicos e topiramato (distúrbios de linguagem,
TOPIRAMATO memória, lentificação psicomotora e sonolência) A fenitoína pode causar a síndrome de hipersensibilidade
Os menores índices de efeitos cognitivos são vistos com induzida por drogas (DRESS - reação a drogas com
Apresenta amplo mecanismo de ação, podendo ser indicado
lamotrigina, gabapentina e levetiracetam. eosinofilia e sintomas sistêmicos).
para todos os tipos de crises. Além disso, ele é usado no
tratamento profilático da enxaqueca e da cefaleia em salvas e TRATAMENTO: Suspensão da droga. Substituir por um que
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E ASSOCIAÇÕES não contenha anel aromático na estrutura (topiramato,
também pode ser indicado em endocrinologia, no tratamento
da obesidade e em psiquiatria. gabapentina e o valproato). Pacientes sem envolvimento
FENITOÍNA: Diminui o nível sérico de Warfarina; grave de órgãos devem ser tratados com corticóide tópico.
O topiramato pode ser usado em monoterapia, tanto em
VALPROATO: Aumenta o nível sérico de drogas
crises de início focal quanto generalizado, mas não é a
metabolizadas no fígado;
primeira opção em nenhum dos casos.
NÃO ASSOCIAR: fenitoína, o fenobarbital, a
- EFEITOS COLATERAIS: Seus principais efeitos colaterais carbamazepina, o topiramato e a oxcarbazepina (uma reduz
incluem os tão temidos comprometimento cognitivo e o nível sérico da outra);
nefrolitíase. Além desses, também pode levar à diminuição
do apetite em 12% dos pacientes, além de afasia, glaucoma o hINDU não TOma CAFÉ (INDUtoras: TOpiramato,
agudo e encefalopatia.
☢️
CArbamazepina/OxCArbazepina, FEnitoína/FEnobarbital).
Evitado em mulheres que usam anticoncepcional, pela
possível redução do efeito contraceptivo quando em doses
acima de 100mg/dia. EPILEPSIA NA GESTAÇÃO

OUTROS FÁRMACOS Devemos levar em conta que a ocorrência de crises


epilépticas e os efeitos colaterais dos medicamentos usados
VIGABATRINA é o tratamento de escolha das síndromes de
para o tratamento das epilepsias podem trazer prejuízos ao
Lennox-Gastaut e de West.
☢️
desenvolvimento do concepto.
LEVETIRACETAM é a medicação com menor incidência de O defeito do fechamento do tubo neural, que pode
efeitos teratogênicos. ocorrer em pacientes com deficiência de ácido fólico, a qual
EEG: Revela hipsarritmia. Isso significa que não há um único CLÍNICA: Os pacientes são normais do ponto de vista
SÍNDROMES EPILÉPTICAS
foco disparando descargas epileptiformes, mas múltiplos neurológico e apresentam crises de abalos musculares
Quanto mais cedo começa o quadro de epilepsia, pior é o focos que as disparam caoticamente. O exame de generalizados arrítmicos (mioclonias) e tônico-clônicas
prognóstico. As epilepsias com melhor prognóstico começam neuroimagem mostra áreas de disgenesia, desordens de generalizadas. Durante as crises mioclônicas, o paciente não
em crianças maiores ou na adolescência. migração neuronal ou da mielinização. chega a perder a consciência pela curta duração do evento.

EPILEPSIA BENIGNA NA INFÂNCIA


TRATAMENTO: Vigabatrina e ACTH. O topiramato é uma
opção.
📌 As crises mioclônicas da EMJ são muito mais comuns no
período matinal e podem ser desencadeadas por consumo
É responsável por 15-30% de todas as epilepsias na SÍNDROME DE LENNOX-GASTAUT de álcool, fotoestimulação e privação de sono.
infância, com prevalência de 2% em todas as crianças. EEG: A descargas generalizadas síncronas de 4,5Hz e o
(ROLÂNDICA) Afeta crianças dos 26-28 meses (variando de 1 dia de vida a
exame de neuroimagem é dispensável, pois costuma ser
14 anos), podendo estar associada com a esclerose tuberosa
● Ela é 4 vezes mais comum que a epilepsia de ausência. normal.
ou a outras condições, como malformações corticais,
● Suas crises têm início entre 3-13 anos, com pico entre neoplasias do sistema nervoso central, encefalopatia TRATAMENTO: A droga de escolha para o tratamento é o
9-10 anos. hipóxico-isquêmica etc. ácido valpróico. Em mulheres em idade fértil, uma ótima
● A evolução é benigna, desaparecendo após cerca de 2 opção é o levetiracetam. O tratamento deve ser feito por
● Pode transformar-se numa evolução de outros tipos de
anos, com ótima resposta ao tratamento. tempo indeterminado, porque, embora a resposta seja
síndromes epilépticas, como a síndrome de West.
● A droga de escolha é a carbamazepina. 📌 O paciente com síndrome de Lennox-Gastaut pode
excelente, na maioria dos casos, a chance de que as crises
voltem após a suspensão das medicações é extremamente
CLÍNICA: Por vezes é quadro noturno, sem repercussão na apresentar vários tipos de crises (mais comuns: tônicas) e alta.
qualidade de vida da criança, alguns pacientes são
acompanhados sem a prescrição de nenhum FAE.
involução do desenvolvimento neuropsicomotor.
EEG: Onda aguda-onda lenta
☢️ Evitar carbamazepina ou oxcarbazepina, que
sabidamente agravam as mioclonias
EEG: Mostra pontas-ondas centrotemporais. EXAMES DE NEUROIMAGEM: Podem mostrar sinais de
esclerose tuberosa, displasias corticais, lesões ESTADO DE MAL EPILÉPTICO
SÍNDROME DE DRAVET hipóxico-isquêmicas ou lesões dos lobos frontais.
A partir de 30 minutos de atividade epiléptica contínua, existe
É causada por uma mutação de novo na subunidade alfa-1 TRATAMENTO: Vigabatrina e ACTH. O topiramato é uma uma alta probabilidade de ocorrer lesão neuronal e essa
do canal de Na (SCN1A) do 2q24. opção. situação recebe o nome de estado de mal epiléptico.
● Tem incidência de 1:15 700-40.000 nascidos vivos, sem
predileção por gênero.
EPILEPSIA DE AUSÊNCIA NA INFÂNCIA 📌 Do ponto de vista operacional, já podemos diagnosticar o
● Cursa com crises a partir da idade de 6-7 anos estado de mal epiléptico quando a duração da crise for maior
● Acomete 3% das crianças com epilepsia no primeiro ano ou igual a cinco minutos.
de vida. ● Cada crise de ausência pode durar de 5 a 30 segundos.
Ele pode manifestar-se através de crises focais ou
● Droga de escolha: Valproato, com ou sem clobazam, CLÍNICA: Durante a crise, a criança fica com os olhos
generalizadas. O estado de mal epiléptico também pode
podendo ser usado topiramato. NÃO PODE abertos, não perde o tônus, fica irresponsiva e pode ter
evoluir com várias complicações clínicas graves, o que
CARBAMAZEPINA mioclonias palpebrais. Ao término da crise, há recuperação
poderia colocar a vida do paciente em risco. Por esse motivo,
rápida da consciência, sem confusão.
CLÍNICA: A primeira crise surge entre 5-8 meses em uma ele é considerado uma emergência neurológica.
criança previamente saudável, evoluindo com crises GATILHOS: Hiperventilação
Atualmente, o estado de mal epiléptico passou a ser definido
prolongadas (10-15 min) e frequente desenvolvimento de EEG: Revela descargas generalizadas, síncronas, 3Hz de com base nos tempos t1 e t2, da seguinte maneira:
estado de mal epiléptico. Provoca uma encefalopatia que padrão ponta-onda.
piora com o quadro de epilepsia. O exame neurológico ⏱ ️t1 É o momento em que a atividade convulsiva em curso
NEUROIMAGEM: É normal (dispensável na maioria dos deve ser considerada anormalmente prolongada, improvável
desses pacientes e a RM de crânio são normais. O prejuízo
casos). que pare espontaneamente e quando o tratamento para o
psicomotor ocorre poucos meses após a primeira crise.
TRATAMENTO: Realizado com ácido valpróico ou estado de mal epiléptico deve ser iniciado. Para crises
SÍNDROME DE WEST etossuximida. Lamotrigina e topiramato podem ser usados. O generalizadas, ele é de 5 minutos;
É a causa mais comum de epilepsia no primeiro ano de vida. prognóstico é excelente, com remissão na adolescência.
⏱ ️ t2 É o tempo após o qual a atividade convulsiva em
CLÍNICA: Crises de contração do tronco (espasmos) em EPILEPSIA MIOCLÔNICA JUVENIL andamento representa um risco significativo de complicações
salvas, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM), a longo prazo. Nas crises generalizadas, ele é de 30
● Afeta pacientes a partir da idade de 13 a 20 anos.
com início no primeiro ano de vida e evolução desfavorável. minutos.
No caso de crises de início focal disperceptivas, o t1 e t2 • Avaliação circulatória; REFRATÁRIO A FENITOÍNA
são, respectivamente, de 10 e > 60 minutos. • Saturação de O2 ; Posso usar fenobarbital e topiramato.

⏱️ De acordo com a duração da(s) crise(s), o estado de mal • Acesso venoso periférico (não se deve puncionar acesso
central nesse momento);
📌 O fenobarbital: Deve ser administrado por meio de uma
epiléptico é classificado da seguinte maneira: dose de ataque:
• Monitor cardíaco e de PA;
15-20mg/kg, na velocidade máxima de 100mg/ min (mais
• 5 minutos: Iminente;
• Coleta de exames: Cálcio, fósforo, magnésio, sódio, lento em idosos).
• 30 minutos: Estabelecido; potássio, glicose, função hepática, hemograma, toxicológico, Quase sempre será necessário intubar o paciente, devido à
nível sérico de fármacos antiepilépticos
☢️ Caso o paciente apresente hipoglicemia, deverá receber
• 60 minutos: Refratário; intensa sedação causada por essa dose. O controle das
crises é obtido em até 60% dos pacientes. Nessa fase, o
• 24 horas: Superrefratário
tiamina (vitamina B1) e, em seguida, glicose hipertônica, paciente deverá ser encaminhado para uma unidade de
As causas do estado de mal epiléptico devem ser para a profilaxia da encefalopatia de Wernicke Korsakoff. terapia intensiva.
extensamente investigadas, pois o tratamento será baseado
no controle das crises e no combate à causa de base.
TRATAMENTO ESPECÍFICO ☢️ Em crianças com estado de mal epiléptico, a
deficiência de piridoxina (vitamina B6) pode tornar o
📌 CAUSAS NA PEDIATRIA: O estado de mal epiléptico A infusão de um benzodiazepínico por via endovenosa ou
intramuscular. No Brasil, a droga de escolha é o diazepam.
tratamento convencional refratário, sendo indicada a
reposição dessa substância.
pode ser a primeira manifestação de epilepsia em 12% dos
pacientes pediátricos. As causas nesse grupo etário são: Essa medicação somente é indicada enquanto a crise estiver
ocorrendo. REFRATÁRIO AO FENOBARBITAL
• Neuroinfecções; • Distúrbios hidroeletrolíticos;
DIAZEPAM ADULTO: A última linha de tratamento, quando não houver resposta
• Lesões hipóxico-isquêmicas; • Convulsões febris;
0,15mg/kg EV até 10 mg/dose, sendo a dose máxima 20-30 satisfatória com as medicações até aqui mencionadas, é a
• Distúrbios metabólicos (hipoglicemia, erros inatos do mg no total sedação contínua. O estado de mal epiléptico que necessita
metabolismo); de sedação contínua é considerado refratário, acomete 20%
DIAZEPAM NA CRIANÇA:
• Traumatismo cranioencefálico; • Evento cerebrovascular. 0,2mg/kg/dose a cada 3 min, repetindo-se até 8 mg, se dos pacientes e possui mortalidade de 48%.
• Drogas, intoxicações e envenenamentos; necessário.
📌 Em algumas situações, o acesso venoso não pode ser
• Midazolam: 0,2 mg/kg em bolus (2mg/min) e 0,1mg/kg/h;
📌 CAUSAS NOS ADULTOS obtido rapidamente e a opção é o uso de midazolam
• Propofol: 1-2 mg/kg em 5 min e 10-12mg/kg/h;
• Tiopental: 5 mg/kg em 10 min e 1-5mg/kg/h.

📌 A medicação com maior índice de sucesso parece ser o


intramuscular ou intranasal. O início de ação do midazolam
intramuscular é tão rápido quando o do diazepam
endovenoso, mas seu efeito é mais curto. tiopental. Apenas 12% dos pacientes mantêm-se refratários
após o seu uso, contra 42% com os outros dois.
REFRATÁRIO AOS BENZODIAZEPÍNICOS
COMPLICAÇÃO
FENITOÍNA: Administrar em doses elevadas para que o
efeito seja alcançado de forma rápida.

TRATAMENTO INICIAL
O tratamento do estado de mal epiléptico é dividido em
três etapas:
• 1ª fase: Suporte inicial;
• 2ª fase: Tratamento farmacológico inicial;
• 3ª fase: Drogas para profilaxia da recorrência.
O primeiro passo, é o suporte avançado de vida (ABC): A mortalidade em adultos com estado de mal epiléptico é
de 16-20%. Nos casos de estado de mal refratário, os
• Avaliação respiratória; índices de óbito podem chegar a 35-60% dos casos.
O risco de recorrência do estado de mal epiléptico é de 40%.
Cerca de 10-50% dos sobreviventes desenvolverão sequelas A prevalência varia conforme estudos
neurológicas.
REFERÊNCIAS:
MEDICINA INTERNA DE HARRISON - 19º EDIÇÃO (
SEÇÃO 2 - CAP 445 - CRISES EPILÉPTICAS E EPILEPSIA)

GOODMAN CECIL - MEDICINA - TRADUÇÃO DA 24º


edição (CAP 410 -AS EPILEPSIAS)

ANOTAÇÕES AULA DE TBL:

1 crise >60%: EEG alterado/Tumor…


Manifestação(crise visível): + de 3 segundos de crise
Crise eletroencefalográfica: detectada apenas no exame

Crise sintomática aguda:

Focal (CARBAMAZEPINA) x Generalizada (VALPROATO)


- SUS

Status epilépitico: Crise > 5 min ou Crise que iniciou antes


da interrupção da outra.

Para classificar como focal ou generalizada deve-se saber


como ocorreu o início da crise (focal e generalizada.

LEVETIRACETAM - Pode ser usado em todas as crises


250 mg 12/12 de início, podendo ser usado até 3000 mg
Aumenta o risco de ideação suicida

CARBAMAZEPINA: 200 mg de 12/12

VALPROATO: 250 mg 12/12 h, após 1 semana - 500 mg


12/12 hrs
Epilepsia é mais comum em crianças.

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