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“Convulsões” emocionais

quarta-feira, 24 de março de 2021

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O que são “convulsões” emocionais?

Não há epilepsia de causa emocional, embora causas emocionais possam


funcionar como gatilho para desencadear crises convulsivas verdadeiras em
indivíduos que sofrem de epilepsia. Mas há crises de natureza emocional em
pacientes psiquiátricos que simulam as convulsões
da epilepsia (pseudocrises), as quais no entanto não envolvem descargas
elétricas anormais no cérebro.

Quais são as causas das “convulsões” emocionais?

As “convulsões” emocionais são uma manifestação conversiva. Pessoas que


não conseguem expressar seus sofrimentos por meio da fala os expressam por
meio de sintomas orgânicos no próprio corpo. Algumas pessoas o fazem por
meio de manifestações que imitam as convulsões da epilepsia.

A raiz dessas “convulsões” sempre reside em algum acontecimento


psicológico muito sofrido, com o qual a pessoa não consegue lidar
racionalmente. Mais frequentemente são situações amorosas desfavoráveis,
humilhações, abandonos, etc.

Leia sobre "Convulsões", "Crise convulsiva febril", "Crises de ausência"


e "Epilepsias".
Quais são as características clínicas das “convulsões”
emocionais?

Há como diferenciar essas pseudocrises epilépticas das verdadeiras crises


epilépticas. Embora o prefixo “pseudo” possa sugerir que essas crises não
sejam verdadeiras, deve-se perceber que ele se aplica apenas à natureza
epiléptica das crises. As crises em si, nada têm de pseudo; são verdadeiras
crises de outra natureza que não neurológica. É uma crise “que parece, mas
não é” uma convulsão epiléptica, porém, é uma verdadeira crise psicogênica.

Embora para o leigo as verdadeiras crises epilépticas possam ser confundidas


com essas pseudocrises, para os especialistas, na maioria das vezes, há
elementos diferenciais nítidos, embora também eles possam ter dificuldade de
diferenciá-las em alguns casos.

Alguns dados diferenciais são:

1. As crises “convulsivas” psicogênicas costumam ser muito mais


demoradas que uma crise convulsiva epiléptica, que só dura alguns
minutos.
2. Nas crises epilépticas, geralmente os pacientes permanecem
de olhos abertos, ao contrário das crises psicogênicas, em que os
pacientes ficam de olhos forçadamente fechados, exibindo um tremor
das pálpebras, e mostram alguma resistência quando se procura abri-
los.
3. Nas crises epilépticas, os pacientes mostram palidez, visto que
o sangue migra da pele para os músculos e órgãos internos; já nas crises
de natureza psicológica, os pacientes não apresentam esse sintoma.
4. Nas crises epilépticas é comum o paciente ficar roxo ou cianótico,
porque há um período longo de apneia (ausência de respiração). Nas
crises psicogênicas isso não ocorre.
5. Nas crises epilépticas é comum que o paciente apresente uma salivação
espumante excessiva que lhe escorre da boca, devido tanto à
compressão das glândulas salivares ocasionada pelas contrações
musculares como pela ausência de deglutição. Nas crises psicogênicas,
os pacientes não apresentam saliva ou apresentam saliva não
espumante.
6. Nas crises epilépticas os pacientes em geral apresentam mordeduras
na língua, às vezes graves, em resultado ao estado de relaxamento
da língua que se interpõe entre os dentes durante as contrações
dos músculos mastigatórios. Nas crises psicogênicas, os pacientes não
apresentam mordidas na língua.
7. Nas crises epilépticas, os pacientes caem inconscientes em qualquer
lugar e de qualquer maneira, podendo se ferir gravemente. Nas crises
psicogênicas, eles procuram cair em um lugar que apresente algum grau
de segurança para não se machucarem.
8. As crises epilépticas podem ocorrer aleatoriamente em qualquer lugar,
inclusive durante o sono. As crises psicogênicas ocorrem sempre na
presença de outras pessoas e perto delas, e em seguida a algum
aborrecimento emocional, de modo que têm, pois, um papel de
comunicação.
9. Os pacientes acordam das crises epilépticas ainda confusos e levam um
certo tempo para se recuperarem integralmente. Os pacientes com
crises psicogênicas “acordam” mais bem orientados.
10.As crises convulsivas normalmente começam em sua intensidade
máxima e vão diminuindo aos poucos, o que não se observa nas crises
psicogênicas ou, eventualmente, até acontece o contrário.
11.As crises convulsivas seguem um curso mais ou menos padrão em
todas as pessoas. Os pacientes com crises psicogênicas costumam
adotar posturas inusitadas e até bizarras durante as crises,
como opistótonos (posição anormal causada por
fortes espasmos musculares) forçados e exagerados.
12.As crises epilépticas ocorrem igualmente em homens e mulheres. As
crises psicogênicas ocorrem mais frequentemente em mulheres.
13.Nas crises epilépticas, o eletroencefalograma mostra evidentes
descargas elétricas neuronais. Nas crises psicogênicas isso não ocorre.

Como o médico diagnostica as “convulsões” emocionais?

Não há nenhum exame específico que diagnostique as “convulsões”


psicogênicas. O diagnóstico delas se baseia na observação dos sinais acima e
de exames que excluam outras enfermidades, principalmente a epilepsia.
O médico também procurará saber sobre o histórico de saúde mental do
paciente.

Uma avaliação neurológica é sempre fundamental a fim de se ter certeza de


que não se trata de crises epilépticas verdadeiras, com causas físicas e não
apenas emocionais.

Como tratar as “convulsões” emocionais?

O tratamento deve ser focado na solução dos problemas psicológicos de base,


o controle dos quais fará com que as convulsões cessem. A psicoterapia é
essencial para ajudar o paciente a lidar com os fatores estressores, alterar os
padrões de pensamento e adotar novos comportamentos. Os medicamentos
podem ser necessários para minimizar alguns sintomas, mas não é tratamento
para as condições subjacentes.

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