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SOCORROS
Márcio Haubert
Crises convulsivas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
As convulsões são caracterizadas por sinais e sintomas neurológicos
temporários que duram poucos minutos e resultam em atividade elé-
trica neuronal anormal, paroxística e hipersincrônica no córtex cerebral.
Geralmente, elas se apresentam como inúmeras contrações involuntárias
de vários músculos do corpo, com início súbito causado por alterações
nas funções cerebrais, e são acompanhadas de perda de consciência.
Neste capítulo, você estudará como se identifica uma crise convulsiva,
seus diferentes tipos e os primeiros socorros a uma vítima em convulsão.
Convulsões
O cérebro humano contém bilhões de neurônios que se comunicam e execu-
tam suas funções devido à geração de impulsos elétricos constantes. A crise
convulsiva, por sua vez, aparece quando há um distúrbio nessa geração,
sendo originada por atividades elétricas cerebrais desorganizadas, excessivas
e repetitivas. Basicamente, ela pode ser uma crise parcial, caso o distúrbio
elétrico fique restrito a apenas um grupo de neurônios, ou ser chamada de
crise convulsiva generalizada, se os impulsos anormais se espalharem pelos
dois hemisférios cerebrais.
As convulsões resultam de uma descarga neural excessiva (não sincroni-
zada), e não necessariamente de uma doença em si, quando forem diagnosti-
cadas como doença, receberão o nome de epilepsia, sendo a crise convulsiva
apenas um de seus sinais. Essa crise acontece quando está relacionada a
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rigidez corporal;
queda da própria altura, brusca e desamparada;
salivação excessiva pela boca;
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Lesões graves
Pela falta de controle, o paciente pode esbarrar ou bater contra objetos cortantes e
perfurantes, acarretando em lesões graves; e há um maior risco de lesões musculares
devido às contrações e aos relaxamentos frenéticos.
Acidentes
Dependendo do momento em que o paciente tiver a crise, ele pode se envolver em
acidentes, como os de trânsito ou de trabalho, pois os ataques ocorrem a qualquer
momento e o indivíduo pode perder o controle do carro ao dirigir, se machucar ao
operar máquinas no trabalho, etc.
Danos cerebrais
Pela sobrecarga de impulsos elétricos, o indivíduo pode ficar com danos cerebrais
irreversíveis. Em alguns casos, há diminuição do fluxo de oxigênio para o cérebro,
resultando em necrose de partes do tecido cerebral.
Crise de ausência
É uma das manifestações possíveis da crise convulsiva generalizada e pode
ser chamada de pequeno mal. Nesse tipo, o paciente perde o contato e a cons-
ciência com o mundo externo, ficando parado, com o olhar fixo. Há também
alguns automatismos, por exemplo, piscar os olhos repetidamente, como na
crise parcial complexa, a diferença está no tempo de duração, pois a crise de
ausência é mais curta, durando em média 20 segundos e podendo ocorrer
várias vezes ao dia, independentemente de o indivíduo apresentar aura ou
confusão mental ao final delas. Em geral, ele retoma a atividade que estava
fazendo sem perceber, como se nada tivesse acontecido.
Em pessoas portadoras de epilepsia, as crises convulsivas generalizadas
podem ser desencadeadas por flashes repetidos de luz ou por hiperventilação,
o que ocorre com maior facilidade na infância e costuma desaparecer após
a adolescência.
Status epileticus
Status epileticus ocorre quando a convulsão inicia e não termina após muitos
minutos, geralmente após cinco minutos, ou ainda quando o paciente apresenta
diversas crises sem que haja tempo de recuperação de consciência entre elas. A
maioria das crises é chamada de autolimitada, não necessitando de tratamento
médico imediato à sua ocorrência; já no caso de status epileticus, a pessoa
deve ser levada com urgência ao atendimento médico, pois sua complicação
pode acarretar em lesões cerebrais.
Convulsão febril
Este tipo de convulsão acomete sobretudo crianças entre seis meses e seis anos
que apresentam quadro febril acima de 38 ºC, trazendo muita apreensão aos
pais, mas é benigno e não causa lesão cerebral. É algo comum e ocorre em até
5% das crianças dentro da faixa etária indicada, assim, aquelas que têm somente
convulsões febris não podem ser diagnosticadas como portadoras de epilepsia.
O fator desencadeante da convulsão é a febre, e o tipo de crise pode ser
parcial, sendo a mais comum a complexa, podendo incluir as tônico-clônicas.
Geralmente, essas convulsões são mais demoradas do que as epiléticas, du-
rando até 15 minutos.
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Lobectomia
Geralmente, ela é indicada para convulsões parciais simples ou complexas e remove
apenas a parte do cérebro em que a crise se inicia.
O cérebro se divide em lobos, e a cirurgia pode remover o lobo inteiro ou apenas
uma parte. Em casos extremos, remove-se um hemisfério inteiro com a cirurgia he-
misferectomia, porém, dependendo da idade do paciente, ele pode não sobreviver.
Calosotomia
O corpo caloso é uma ponte nervosa que conecta um lado do cérebro ao outro. Na
calosotomia, as fibras nervosas que compõem essa ponta são cortadas, não havendo
remoção de tecido cerebral.
Essa cirurgia costuma ser mais indicada para as crises generalizadas do tipo tônico-
-clônicas e mioclônicas e nem sempre resolve o problema das convulsões, mas os
ataques passam a se limitar a apenas um lado do cérebro, pois não conseguem se
espalhar para o outro, devido à falta de conexão do corpo caloso. Felizmente, esse
procedimento melhora a concentração do paciente, o que pode ocasionar um ganho
na função intelectual.
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Primeiros socorros
O mais importante em uma crise convulsiva é manter a calma, pois a maioria
delas é autolimitada e se resolve espontaneamente — se você se apresentar
nervoso e agitado, pode piorar ainda mais o estado da pessoa acometida pela
crise. Veja no Quadro 1 o que fazer nesses casos.
(Continua)
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(Continuação)
Permaneça junto à vítima até que ela se recupere totalmente. Apresente-se a ela,
demonstrando atenção e cuidado com o caso, e informe-a de onde está e com
quem, proporcionando segurança e tranquilidade. Pode ser muito útil saber
se a pessoa é portadora de epilepsia e se está em dia com suas medicações.
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