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ABORDAGEM DA

CRISE EPILÉPTICA

Interna: Eloisa Viana


EPIDEMIOLOGIA

Crises epilépticas são a 3ª causa mais


comum de procura ao PS por motivo
neurológico.

Risco de pelo menos 1 crise epiléptica ao


longo da vida na população geral é de 8-10%.

A crise tônico clônico generalizada é a


apresentação mais comum no PS.

(USP, 2023)

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— Crise epiléptica —
“É a ocorrência de sinais e sintomas
transitórios causados por atividade neuronal
anormal, excessiva ou síncrona no cérebro.”

(USP, 2023)

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(USP, 2023)

DEFINIÇÕES
DEFINIÇÃO EXEMPLOS

Crise febril na infância;


Disfunção aguda e transitória
Hipoglicemia, hiperglicemia não
CRISE PROVOCADA do cérebro, provocada por um
cetótica; Alterações metabólicas;
fator NÃO neurológico.
Alterações eletrolíticas;

Hematoma subdural; AVC; TCE;


Crise gerada por lesão
CRISE SINTOMÁTICA AGUDA neurológica aguda (<7 dias)
Neuroinfecções; Abscessos
cerebrais; TVC; PRES; Encefalites.

Sequela de isquemia e/ou


Crise gerada por lesão hemorragia cerebral; Lesão
CRISE SINTOMÁTICA REMOTA neurológica antiga (>7 dias) sequelar de parênquima por TCE
prévio

Síndrome epiléptica; 2 crises não


Doença cerebral caracterizada
provocadas com intervalo > 24h; 1
EPILEPSIA por predisposição sustentada a
crise não provocada com chance
gerar crises epilépticas
de recorrência > 60%
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(USP, 2023)

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Risco de recorrência

Crise Crise Crise


provocada sintomática sintomática
aguda remota

Principais fatores associados à maior chance de recorrência de crises após


uma primeira crise espontânea:

● História prévia de insulto no SNC.


● Lesão presumivelmente epileptogênica em exame de imagem.
● EEG com atividade epileptiforme.
● Crise ocorrida durante o sono.
(USP, 2023)
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ANAMNESE

1. Confirmar a suspeita de evento de natureza


epiléptica.

2. Levantar suspeita acerca de possíveis


diagnósticos diferenciais.

3. Identificar possíveis doenças clínicas e/ou


neurológicas agudas que possam ser
implicadas na etiologia do evento.

4. Reconhecer dados de história que sugiram


uma possível síndrome epiléptica.

(USP, 2023) 7
ANAMNESE
Qual o primeiro sinal ou sintoma?
(referido e/ou presenciado)

Clonias, automatismos, alterações de


fala, paradas de comportamento

Qual a sequência de eventos durante a


crise?
Ex: mioclonias seguidas de perda de
consciência e abalos generalizados

Quanto tempo durou a crise?

Ficou confuso ou sonolento após o término da


crise? Em quanto tempo voltou ao normal?
Houve afasia durante ou após a crise?
(USP, 2023)
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ANAMNESE

Quais as condições em que ocorreu/eventos


precipitantes?

● Teve febre associada hoje ou nos últimos dias?


● Em vigília ou durante o sono?
● Durante atividades físicas ou esforço?
● Teve privação de sono na noite anterior?
● Uso de álcool e/ou outras substâncias? Abstinência?
● Ambiente com estimulação luminosa intermitente?
Antecedentes patológicos pessoais ● Houve cefaleia súbita associada?
● Trauma craniano imediatamente antes do evento?
Crises febris na infância; Complicações ● Usou nova medicação por algum motivo médico ou houve
perinatais; TCE; AVC alteração de dose de remédios em uso?

(USP, 2023)
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EXAME FÍSICO

Nível e conteúdo da consciência

SSVV Linguagem

Vias aéreas Presença de sinais focais

Fundo de olho
Glicemia capilar
Rigidez de nuca

Sinais de hipotensão postural,


TCE
(USP, 2023)

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(USP, 2023)

DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

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DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

(USP, 2023)

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EXAMES COMPLEMENTARES

Neuroimagem Exame do LCR

Exames laboratoriais Eletroencefalograma

(USP, 2023)

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EXAMES LABORATORIAIS
Glicemia

Ur, Cr
Eletrólitos (Na, K, P e Ca)

TGO, TGP, amônia


Hemograma

Gasometria
VHS, PCR

HIV e outras sorologias*


Toxicologia

Pesquisa de doenças
(USP, 2023) autoimunes*
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NEUROIMAGEM

TOMOGRAFIA DE CRÂNIO
● Idealmente, com contraste para investigação etiológica.
● Primeiro exame a ser realizado na maioria dos casos.
● Indicação: investigação da primeira crise epiléptica.

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE CRÂNIO


● Indicações:
○ Suspeita de lesão neurológica aguda após TC normal na urgência;
○ Investigação ambulatorial de epilepsia;
○ Crises de início focal;

(USP, 2023)

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ELETROENCEFALOGRAMA
CARACTERÍSTICAS
● Faz parte da avaliação de uma primeira crise epiléptica;
● Permite classificar as crises (focal x generalizada);
● Identifica síndromes epilépticas específicas;
● Estima o risco de recorrência;
● Pode ser utilizado de forma prolongada na suspeita de mal
epiléptico ou crises reentrantes;
○ EMEC: 24h
○ EMENC: 48h

(USP, 2023)

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EXAME DO LCR
INDICAÇÕES FORMAIS
● Suspeita de infecção do SNC
● Suspeita de neoplasia
● Imunodeprimidos (HIV, transplantados, doença autoimune)

*Considerar na investigação da primeira crise epiléptica, de doenças


imunomediadas e crises sem causa identificada.

CONTRAINDICAÇÕES
● Lesão intracraniana com efeito de massa
● Coagulopatia (uso de anticoagulantes e plaquetopenia)
● Lesões cutâneas lombares extensas
● Alterações anatômicas significativas nos locais de punção

(USP, 2023)

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MANEJO

(USP, 2023)
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MANEJO
ABORDAGEM INICIAL

PACIENTE EM CRISE TRATAMENTO DE URGÊNCIA

MONITORIZAÇÃO DE SSVV ● DIAZEPAM EV


○ Adultos: 10mg
ASPIRAÇÃO DE VAS + O2 ○ Crianças: 0,15-0,2mg/kg/dose
*Pode ser feita dose adicional S/N
ACESSO VENOSO PERIFÉRICO
● MIDAZOLAM IM
HGT ○ 10mg se > 40kg
○ 5mg se peso 13-40kg
*Não há recomendação para repetir dose
COLETA DE SANGUE

(USP, 2023)

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— Estado de Mal Epileptico —
“É o resultado do desequilíbrio entre mecanismos
excitatórios e inibitórios neuronais, resultando em
atividade elétrica cerebral epileptiforme,
anormalmente prolongada ou reentrante.”

(USP, 2023)

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EPIDEMIOLOGIA
ESTADO DE MAL EPILÉPTICO

10-41 casos/100.000 habitantes.

Causas mais frequentes:


- AVC em pacientes sem epilepsia.
- Perda de adesão ao tratamento em
paciente com dx prévio de epilepsia.

Condição grave e potencialmente fatal.

(USP, 2023)

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CLASSIFICAÇÃO
SEMIOLÓGICA

Convulsivo Não convulsivo


Exibe manifestações motoras Não cursa com sinais motores ou
exuberantes e bilaterais, estes são sutis ou subclínicos
com alteração de consciência
EME focal com alteração da consciência

Crise tônico-clônico generalizada


EME de ausência
(USP, 2023)

EME no coma
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CLASSIFICAÇÃO
OPERACIONAL

(USP, 2023)

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MANEJO

(USP, 2023)

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MANEJO
EME convulsivo

1ª PASSO: ESTABILIZAÇÃO CLÍNICA

2º PASSO: BENZODIAZEPÍNICOS
(primeira linha)

3º PASSO: ANTICONVULSIVANTES
(segunda linha)

4º PASSO: ANESTÉSICOS
(terceira linha)

(USP, 2023)

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MANEJO
EME não convulsivo

1ª PASSO: ESTABILIZAÇÃO CLÍNICA

2º PASSO: BENZODIAZEPÍNICOS
(primeira linha)

3º PASSO: ANTICONVULSIVANTES
(segunda linha)

4º PASSO: associar outro fármaco de


2ªlinha ou usar de modo sequencial se
consciência preservada

(USP, 2023)

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MANEJO

(USP, 2023)

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Tratamento

(USP, 2023)

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CUIDADOS
INDICAÇÃO DE HOSPITALIZAÇÃO
Primeira convulsão + pós-ictal prolongado,
recuperação incompleta ou lesão grave
relacionada à convulsão

Estado de mal epiléptico

Presença de doença ou insulto neurológico ou


sistêmico que exijam avaliação e tratamentos
adicionais

Dúvidas sobre adesão

ENCAMINHAMENTO À NEUROLOGIA

(UptoDate, 2023) Todos, exceto se crise obviamente provocada e


avaliações normais. 29
QUANDO INICIAR PROFILAXIA?
FÁRMACO ANTICRISE

Resolvido o fator causal, não é


CRISE PROVOCADA
necessário iniciar fármaco anticrise.

Iniciar fármaco anticrise por tempo


CRISE SINTOMÁTICA AGUDA limitado (média de 12 semanas) com
reavaliação ambulatorial.

Fármaco anticrise com reavaliação


CRISE SINTOMÁTICA REMOTA ambulatorial. A depender da causa, já
pode considerar o dx de epilepsia.
(USP, 2023)
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Risco de recorrência

(KIM, Lois G 2006)


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SITUAÇÕES ESPECIAIS

ESCAPES DE CRISES EM
PACIENTES PREVIAMENTE
IDOSOS EPILEPTICOS

● Principal causa de crises ● A perda de adesão ao


sintomáticas é a doença tratamento é a principal causa.
cerebrovascular. ● Buscar sempre causas agudas
● Pensar sempre em lesão de descompensação.
estrutural. ● Sempre questionar se a crise
● Considerar tratamento anticrise teve a semiologia habitual.
após uma primeira crise. ● O tratamento deve ser
individualizado, avaliando:
○ Ajustar dose
(USP, 2023) ○ Restabelecer tratamento
○ Associar nova droga
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REFERÊNCIAS

● BRANDÃO NETO, Rodrigo Antonio et al. Medicina de emergência:


abordagem prática. Barueri, SP: Manole, 2023. 17ª Edição.
● Bertolucci PHF, Ferraz HB, Barsottini OG, Pedroso, JL. Neurologia:
Diagnóstico e Tratamento. Editora Manole, 2016.
● Kim LG, Johnson TL, Marson AG, Chadwick DW; MRC MESS Study
group. Prediction of risk of seizure recurrence after a single seizure and
early epilepsy: further results from the MESS trial. Lancet Neurol. 2006
Apr;5(4):317-22. doi: 10.1016/S1474-4422(06)70383-0. Erratum in: Lancet
Neurol. 2006 May;5(5):383. PMID: 16545748.

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