Vol.27,n.2,pp.

82-89 (Jun – Ago 2019) Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research - BJSCR

AÇÃO DE ATIVOS FARMACOLÓGICOS ASSOCIADOS

AS TÉCNICAS DE INTRADERMOTERAPIA,
MICROAGULHAMENTO E CARBOXITERAPIA NO
TRATAMENTO DE ESTRIAS
ACTION OF PHARMACOLOGICAL ACTIVITIES ASSOCIATED WITH THE
TECHNIQUES OF INTRADERMOTHERAPY, MICROAGULATION AND
CARBOXITERAPY IN THE TREATMENT OF STRETCHES

MARIANA CORREA NANTES1, ROSÂNGELA MENDES MOTTA2, MÁRCIA DIAS MARQUES1, LUY
HENRIQUE SIQUEIRA AREDES1, RAFAELA ARAÚJO GUEDES1, DOUGLAS DA SILVA TEIXEIRA1,
JANE LUIZA DOS SANTOS3*
1. Acadêmicos do curso de graduação em Biomedicina da Faculdade Única Prominas de Ipatinga; 2. Biomédica Especialista em Biomedicina
Estética; 3. Docente do Curso de Graduação em Biomedicina da Faculdade Única Prominas de Ipatinga, Especialista em Farmacologia e Toxicologia
* Rua Salermo, 299, Betânia, Ipatinga, Minas Gerais, Brasil. CEP: 35160-241. janeluizabio@gmail.com

Recebido em 13/05/2019. Aceito para publicação em 12/06/2019

RESUMO trigger the synthesis of collagen, elastin associated with

As estrias são lesões atróficas adquiridas, decorrentes de
fatores de tensão tecidual que ocasiona ruptura de fibras
elásticas e colágenas, resultando em lesão do conectivo
dérmico. Manifesta-se com o tom rosado e de acordo com
a evolução é caracterizada como rubra, posteriormente,
se tornam crônicas, atróficas e hipopigmentadas,
denominadas estrias albas por falta da produção de
melanina localizada. A etiologia é classificada em teorias
mecânica, endócrina e infecciosa. A terapêutica é
realizada por meio da combinação de ativos
cosmetológicos que tem como objetivo desencadear a
síntese de colágeno, elastina associado às técnicas de
microagulhamento, que potencializa a penetração dos
ativos a nível dérmico, a carboxiterapia que promove a
vasodilatação local e a intradermoterapia que garante
uma alta concentração do fármaco. Compete ao
biomédico Esteta determinar o ativo e a terapêutica.
Objetivos: Descrever a ação de ativos cosmetológicos
combinados as técnicas de intradermoterapia,
carboxiterapia e microagulhamento no tratamento de
estrias. Além de explicar a estrutura e função da pele,
descrever as estrias, sua incidência e localização, discutir
as principais teorias de surgimento das estriações e
classifica-las, compreender as técnicas e a finalidade da
intradermoterapia, carboxiterapia e microagulhamento
associados à utilização dos ativos cosmetológicos vitamina
C, Ácido Glicólico Ácido Hialurônico e Silício Orgânico.
PALAVRAS-CHAVE: Estrias, ativos, terapêutica.
ABSTRACT
Striae are acquired atrophic lesions, due to tissue tension
factors that cause elastic and collagen fibers to rupture,
resulting in dermal connective tissue damage. It manifests
with rosy tone and according to the evolution is characterized
as rubra, later become chronic, atrophic and hypopigmented,
called striations albas for lack of localized melanin
production. The etiology is classified in mechanical,
endocrine and infectious theories. Therapy is performed
through the combination of cosmetological assets that aims to
microneedle techniques, which enhances the penetration of
the dermal level of the active substance, the carboxytherapy
that promotes the local vasodilation and the
intradermotherapy that guarantees a high concentration of the
drug. It is up to the biomedical Esteta to determine the asset
and the therapeutics. Objectives: To describe the action of
cosmetological assets combined with the intradermotherapy,
carboxytherapy and microneedle techniques in the treatment
of stretch marks. In addition to explaining the structure and
function of the skin, to describe the striae, its incidence and
location, to discuss the main theories of appearance of the
striations and to classify them, to understand the techniques
and the purpose of intradermotherapy, carboxitherapy and
microagulation associated to the use of the cosmetological
assets Vitamin C, Glycolic Acid Hyaluronic Acid and
Organic Silicon.
KEYWORDS: Striae, active, therapy.
1. INTRODUÇÃO
As estrias são disfunções cutâneas de caráter
atrófico, a nível dérmico, resultantes de um
desequilíbrio elástico devido a agentes estressores de
tensão tecidual que provocam a ruptura das fibras
elásticas e colágenas da pele. Acometem ambos os
sexos, entretanto, sua maior incidência é no sexo
feminino, provocando desconforto, visto que essas
cicatrizes cutâneas apresentam uma fisionomia
desagradável do ponto de vista estético1.
Atualmente a Biomedicina Estética é uma
especialidade em expansão no país, devido à alta busca
por intervenções estéticas, com intuito de reduzir os
fatores corporais indesejáveis. Isso é resultado do
aumento da preocupação dos indivíduos em estar
dentro dos padrões de beleza impostos pela sociedade,
embora, não esteja totalmente ligada à questões de
saúde, os indivíduos que apresentam essas afecções
dermatológicas podem ter a autoestima afetada, além

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de manifestar problemas psicológicos, comprometendo e pode representar até 15% do peso corporal. Devido
assim a qualidade de vida2. suas características físicas, químicas e biológicas,
Dentre os métodos terapêuticos disponíveis, exerce múltiplas funções, como proteção do corpo
destaca-se a intradermoterapia que consiste na contra fatores extrínsecos, radiação ultravioleta, perda
aplicação de injeções intradérmicas com substâncias de líquidos, entrada de microrganismos e substâncias
farmacológicas para estimular os fibroblastos a nocivas; desempenha ainda um papel fundamental na
produzirem fibras colágenas e elásticas. Outra opção de percepção sensorial, secreção, além de regular
tratamento é a carboxiterapia que promove a variações de temperaturas muito significativas. A
vasodilatação e consequentemente o fluxo de oxigênio divisão da pele é feita em três camadas (Figura 1): a
na pele, aumentando a síntese de colágeno. E por fim, o epiderme, derme e hipoderme6,7.
microagulhamento potencializa a penetração de ativos
a nível dérmico, por meio da criação de microcanais
através do estrato córneo do couro cabeludo3,4.
O tratamento estabelece disciplina e persistência,
quanto mais jovens as estrias, maior é o sucesso no
tratamento quando comparado a estrias antigas,
portanto, o tratamento dessa desordem estética é
fundamental por promover benefícios incomparáveis
ao indivíduo acometido5.
Os objetivos deste trabalho foram descrever a ação
de ativos cosmetológicos combinados as técnicas de
intradermoterapia, carboxiterapia e microagulhamento
no tratamento de estrias. Bem como explicar a estrutura
e função da pele, descrever as estrias, sua incidência e
localização, discutir as principais teorias de surgimento Figura 1. Camadas da pele. Fonte: Magalhães, 20188.
das estriações, classificar as estrias de acordo com a
coloração adquirida, compreender as técnicas e a Epiderme
finalidade da intradermoterapia, carboxiterapia e É a camada mais externa da pele, avascularizada,
microagulhamento, além de mostrar os benefícios dos devido a isso, sua nutrição é feita através de difusão
ativos farmacológicos, Vitamina C, Ácido Glicólico dos capilares sanguíneos presentes na camada
Ácido Hialurônico e Silício Orgânico para a redução de adjacente. Este epitélio é constituído de diversas
estrias. subcamadas intituladas de acordo com o aspecto das
2. MATERIAL E MÉTODOS células, textura, posição e composição. Essas
subcamadas são, respectivamente, de superficial para
O trabalho proposto trata-se de uma pesquisa de profundo: córnea, lúcida, granulosa, espinhosa e basal
revisão bibliográfica. Durante os meses de janeiro e (Figura 2)9.
abril de 2019, foi efetivada uma exploração de fontes
bibliográficas, tendo como base artigos extraídos do
Google Acadêmico e revistas eletrônicas, além de
teses, dissertações e monografias da área da saúde e
estética.
Essa busca literária foi criteriosa, foram
selecionados 48 materiais, cujo critério de inclusão
foram assuntos relacionados com o tema e o ano de
publicação, excluindo documentos relacionados a
outras técnicas terapêuticas também empregadas no
tratamento de estrias. Utilizou-se somente materiais
bibliográficos entre os anos de 2011 e 2018 da língua
vernácula, empregou-se as seguintes palavras-chaves:
microagulhamento, camadas da pele, estrias, ativos
comestológicos, carboxiterapia, intradermoterapia.

3. DESENVOLVIMENTO
Anatomofisiologia da pele

A pele humana é o órgão mais extenso do corpo

humano, ela é vista como a primeira barreira de defesa
do organismo, pois atua como uma interface com o
ambiente externo, recobrindo toda a superfície corporal Figura 2. Camadas da epiderme. Fonte: Atlas de Histologia, 201510.

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O estrato córneo é a camada mais superficial da
epiderme, possui espessura variável, é constituída de
células mortas, anucleadas e achatadas em forma de
lâminas, ricas em grande quantidade de queratina.
Estas lâminas justapostas estabelecem uma estrutura
rígida e hidrófila, o que confere as características de
proteção contra agentes físicos, químicos e biológicos,
além de evitar perda de água. Conforme ocorre o a
renovação celular, os novos queratinócitos atingem a
superfície, e consequentemente, os mais exteriores se
descamam11.
A camada lúcida, apresenta-se clara quando visível,
pois os núcleos, organelas e membranas celulares não
se encontram mais expostos, as células que a compõe
apresentam aspecto achatado, características
eosinofilícas e estão intimamente unidas entre si. Esta
camada é mais propicia em regiões de pele mais
espessa como palmas das mãos e plantas dos pés. Logo
abaixo, está a camada granulosa, qual é formada por
três a cinco fileiras de queratinócitos e assim
denominada por conter grânulos irregulares de querato-
hialina em seu citoplasma, um precursor químico da
queratina12.
A quarta camada é a espinhosa, a mais espessa da
epiderme, é designada assim devido ostentarem
projeções espinhosas, que estão conectadas por
prolongamentos curtos. É constituída por células
poliédricas, achatadas e com núcleo central,
provenientes da camada basal. Já a camada basal,
também conhecida como estrato germinativo, é a
camada mais profunda estando localizada acima da
epiderme, é composta por uma única camada de células
responsáveis pela atividade mitótica, que promove uma
renovação constante da epiderme13.
A epiderme é um epitélio estratificado pavimentoso
queratinizado que está em constante renovação e é
composto por quatro tipos celulares, que são de origens
embrionárias diferentes, são eles, os queratinócitos,
melanócitos, células de Langerhans e células de
Merkel14.
Os queratinócitos são as principais células que
compõem a epiderme, constituindo cerca de 90%-95%
desta. São responsáveis por produzir a queratina que irá
proteger a pele do trauma físico, contra perda excessiva
de água e invasão de agentes externos. Essas células
são capazes de sofrer estratificação e descamação,
promovendo a renovação celular constante e mantendo
sua espessura. Já os melanócitos, são encarregados de
produzir a melanina, um pigmento de cor marrom
escura, incumbida de definir a cor da pele e dos
cabelos. Estas são células da epiderme que protegem a
pele dos efeitos maléficos da radiação ultravioleta, já
que possuem a capacidade de absorver a luz, agindo
como um filtro contra esses raios e reduzindo o
envelhecimento15.
As células de Langerhans, juntamente com outras
células de defesa presentes na epiderme, protegem a
pele contra microrganismos invasores. Essas células
tem a função de reconhecer o antígeno e apresentá-lo
aos linfócitos T. Por fim, as células de Merkel são
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receptores táteis, ou seja, respondem a estímulos
mecânicos e se encontram na porção mais profunda da
epiderme, recebendo informações do meio externo e
encaminhando até o sistema nervoso central16.
A organização estrutural e a função da epiderme é
dependente de numerosos processos, que se iniciam
ainda durante o ciclo de vida fetal. A modulação da
quantidade de células depende do equilíbrio entre a
proliferação e a apoptose celular dos queratinócitos. A
manutenção da homeostase epidérmica necessita da
comunicação dos queratinócitos com outras células
como os melanócitos, células de Langerhans e células
de Merkel; da adesão dos queratinócitos à células
imigrantes e da ação com a camada adjacente, a
derme17.
Derme
A derme é considerada a camada mais espessa do
tecido conjuntivo e tem como principais funções: dá
sustentação e nutrição à epiderme, além de unir a pele
ao tecido subjacente, a hipoderme. Nela estão presentes
os vasos sanguíneos, responsáveis por remover os
detritos presentes na epiderme; vasos linfáticos e
terminações nervosas. Além disso, esta camada protege
o corpo contra traumas mecânicos, sendo considerada
um tecido firme e elástico, por apresentar uma matriz
extracelular rica em fibras de colágeno e elastina17.
O colágeno é o principal componente formador da
derme, ele é sintetizado a partir dos fibroblastos que,
através de um processo enzimático, produz fibras
colágenas que proporcionam firmeza e elasticidade
para o tecido conjuntivo. Já as fibras elásticas,
presentes na derme são compostas por duas estruturas:
elastina, que é uma proteína constituída de fibras
delicadas, porém, resistentes; e microfibrilas. Juntas,
essas estruturas permitem o estiramento e retorno da
pele à sua condição normal após o período de
deformação18.
Figura 3. Camadas da derme: papilar e reticular. Fonte: Moreno,
201720.
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A derme dispõe de duas camadas distintas: a papilar
e reticular (Figura 3). A derme papilar localiza-se
abaixo da epiderme, onde estão as papilas dérmicas,
dentre seus componentes principais estão as fibras
elásticas, fibroblastos, capilares, terminação nervosas e
feixes de colágeno, os quais se dispõem de forma
distendida e organizada. Por sua vez, a camada
reticular é composta principalmente de tecido
conjuntivo denso e possui maior espessura em relação
à papilar. É formada por colágeno tipo I, conferindo
mais força, e por fibras de elastina, que geram
elasticidade; em sua composição há também glândulas
sebáceas, sudoríparas e folículos pilosos. Nesse estrato
da derme a presença de células é pouco evidente19.
Hipoderme
Também denominada como tela ou tecido
subcutâneo, é a camada mais profunda e interna da
pele, composta principalmente por tecido conjuntivo
frouxo e adiposo. Possui importante papel no
isolamento térmico e na proteção mecânica, fixar a pele
e dar suporte aos outros órgãos do corpo, além de
servir como reserva nutricional por ser rica em
adipócitos21.
Estrias
Conceito
As estrias são consideradas lesões atróficas
adquiridas, em respostas à fatores estressores de tensão
tecidual que ocasiona ruptura de fibras elásticas e
colágenas, resultando em lesão do conectivo dérmico.
Essas afecções ocorrem em uma ou mais regiões do
sistema tegumentar, apresentam característica linear,
bilateral com distribuição paralela umas às outras e
perpendiculares às linhas de divisão da pele. O
comprimento varia de alguns milímetros podendo
chegar até 34 centímetros, com largura média de 2 a 5
milímetros, manifestam-se de forma diversificada, que
vão desde depressões até elevações em referência a
pele22,23.
Classificação
Figura 4. Distinção entre pele normal, estria rubra e estria alba.
Fonte: Lopes, 201715.
As estrias são identificadas de acordo com o
período de aparecimento devido à coloração
apresentada. A estria em fase inicial, manifesta-se com
o tom rosado e de acordo com a evolução é
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caracterizada como rubra, por expor uma coloração
avermelhada, devido a vasodilatação associada a fase
inflamatória. Posteriormente, elas se tornam crônicas,
atróficas e hipopigmentadas, sendo denominadas então,
como estrias albas, pela ausência de produção de
melanina no local (Figura 4)24.
Etiologia
O surgimento destas lesões é multifatorial,
entretanto, são aceitas três teorias: mecânica, endócrina
e infecciosa, que ainda apresentam muitas
controversas, mas é comprovado que, isoladamente ou
não, as alterações nas forças de tensão que atuam na
pele, denominadas como striae distensae, é
considerado o principal fato que descreve o
aparecimento de estrias25.
A hipótese mecânica, explica que o aumento na
força de tensão que age sobre a pele, resultante do
depósito excessivo de gordura no tecido adiposo,
provoca danos às fibras elásticas e colágenas ou
estiramento de crescimento repentino, como na
gravidez e em pessoas obesas26.
A teoria endócrina está relacionada a alterações
hormonais, exclusivamente hormônios corticoides, pois
nem todos os indivíduos sofrem alterações com as
mesmas forças de tensão, visto que algumas pessoas
magras desenvolvem estriações e em alguns casos de
gestações elas estão ausentes, pressupondo assim que a
teoria a teoria mecânica não está totalmente correta27.
Já a terceira teoria está associada a processos
infecciosos que ocasionam danos às fibras de colágeno
e elastina, como, febre tifoide, hanseníase, febre
reumática e outras doenças. Sugerem também, a
probabilidade da predisposição genética influenciar,
indicando que indivíduos que manifestam estrias,
dispõem de uma menor quantidade de gene para a
produção de colágeno e elastina21.
Incidência e localização
Esse tipo de afecção pode afetar ambos os sexos,
porém ocorre 2,5 vezes mais com frequência no sexo
feminino, acometendo 70% destas, principalmente na
adolescência. O período de aparecimento das estrias
varia, sendo mais comum na fase da puberdade, em
meninas ocorre entre 12 e 14 anos; já nos meninos
entre 12 e 15 anos. Em mulheres grávida, a incidência é
de 90% das vezes, regularmente no terceiro trimestre
da gravidez e em obesos a prevalência chega a 43%.
Quanto ao local acometido, pode manifestar-se na
maioria das vezes em regiões onde apresenta maior
alterações teciduais como nos glúteos, abdômen, coxas,
mamas, região lombo sacral, até mesmo em outras
regiões pouco comuns, como tórax, antebraço, porção
anterior dos cotovelos e na região ilíaca28.
Estratégias terapêuticas
Por um longo período, as estrias eram conhecidas
como lesões irreversíveis, mas devido ao progresso
técnico-científico, surgiram alguns recursos com intuito
de minimizar o aspecto destas lesões. As intervenções
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terapêuticas atuais têm como objetivo principal
promover uma melhora na aparência visual das estrias
através do restabelecimento histológico do tecido, por
meio do aumento da atividade fibroblástica e
angiogênese, proporcionada pelas alterações físicas e
químicas no local25.
Intradermoterapia
Também denominada como mesoterapia, é uma
técnica minimamente invasiva e não cirúrgica, que se
baseia na aplicação de substâncias farmacológicas
muito diluídas, por via subcutânea ou intradérmica em
múltiplos pontos, garantindo assim uma alta
concentração do fármaco no local a ser tratado29.
A técnica clássica conhecida como aplicação ponto-
a-ponto, consiste na introdução de uma agulha própria
(lebel), perpendicularmente ou em ângulo de 30º a 60º,
penetrando a uma profundidade máxima de 4mm,
abrangendo somente a região da pele tratada. Sugere-se
pequenos volumes por puntura de 0,02 a 0,05mL do
fármaco, com intervalo entre de 1 a 2cm de distância
eles; as aplicações podem ocorrer semanalmente ou
mensalmente, variando entre 4 a 10 sessões30.
Sua principal vantagem em tese, é uma resposta
terapêutica mais eficaz e rápida quanto ao estímulo,
visto que, a derme apresenta farmacocinética própria
favorecendo a chegada da substância no local de ação,
ao promover uma maior permeabilidade celular e
vasodilatação, levando mais tempo para atingir a
circulação sanguínea31.
Carboxiterapia
É uma técnica que consiste na infusão de gás
carbônico no tecido subcutâneo através de uma agulha
fina 0,30 x 13mm e exige um cilindro de gás carbônico
puro medicinal, que disponha de controle de fluxo e
volume total injetável. O fluxo e o volume total de gás
injetado cabe ao profissional determinar, de acordo
com o objetivo da terapêutica e a sensibilidade de cada
paciente32.
O dióxido de carbono (CO2) é um gás proveniente
do metabolismo celular, que se propaga das células
para os capilares sanguíneos rapidamente, para que seja
transportado e dissolvido no plasma, na forma de íons
de bicarbonato (HCO3-), unido à hemoglobina até
atingir os pulmões, onde é excretado para atmosfera33.
Este procedimento atua de duas formas, através de
uma ação farmacológica, que atua favorecendo a
vasodilatação local, resultante da potencialização do
Efeito Bohr, ou seja, do aumento da afinidade da
hemoglobina pelo gás carbônico, liberando o oxigênio
para os tecidos por meio do aumento do fluxo
sanguíneo e da pressão parcial de oxigênio (PO2). Este
aumento do fluxo sanguíneo favorece a chegada da
hemoglobina carregada de nutrientes e oxigênio na
zona a ser tratada; e uma ação mecânica, que
desencadeia um processo inflamatório, no intuito de
reconstituir o tecido lesado e promover a fibrinogênese,
responsável por estimular a síntese de colágeno,
elastina e de vasos sanguíneos34.
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Microagulhamento
Conceito e finalidade
O microagulhamento também denonimado como
terapia de indução percutânea de colágeno (IPC), é um
procedimento minimamente invasivo que consiste em
induzir a produção de um novo colágeno através do
estímulo mecânico das microagulhas que perfuram a
pele gerando microlesões. Essas perfurações
desencadearão um processo inflamatório local que
promove o aumento da proliferação celular
(principalmente os fibroblastos) e do metabolismo
celular da derme e epiderme, por conseguinte, amplia a
síntese de colágeno, elastina e outras substâncias,
restituindo assim a integridade do tecido. Além da
resposta fisiológica, as micropunturas potencializam a
permeabilidade dos ativos a nível dérmico35.
A IPC inicia-se com a quebra da barreira cutânea e
posteriormente a lesão, sucede-se a fase primordial da
terapêutica, a cicatrização, que ocorre em três etapas: a
inflamatória ou de injúria, que percorre de um a três
dias após a lesão, nela ocorre a produção de coágulos
afim de evitar infecções; liberação de histamina e
serotonina; vasodilatação e quimiotaxia de neutrófilos
e monócitos, quais são encarregados de liberar os
queratinócitos. O tecido renovado é totalmente
dependente de fatores de crescimento, como os Fatores
de Crescimento Derivados de Macrófagos (MDGF),
que engloba os Fatores de Crescimento Derivados de
Plaquetas (PDGF), os Fatores de Transformação Alfa e
Beta (TGF-α e TGF-β); os Interleucina -1 e o Fator de
Necrose Tumoral (TNF-α). Após 72 horas, os
linfócitos T liberam a Interleucina -1, reguladora da
colagenase e as linfocinas, estas são responsáveis
pela resposta imunológica36.
A segunda fase é a proliferativa, dura de 3 a 5
dias e neste estágio ocorre três etapas fundamentais
para o processo de cicatrização da ferida, são elas a
reepitelização, onde verifica-se a membrana basal
foi lesada ou permanece intacta, em caso de lesões
as células epiteliais da borda se multiplicam no
intuito de restabelecer uma nova barreira protetora,
caso contrário, as camadas normais são
reconstituídas em três dias; a angiogênese,
caracterizada pela formação de novos capilares
sanguíneos para uma maior promoção de nutrição e
oxigenação ao tecido; por fim, a formação de tecido
de granulação, que pode perdurar por 14 dias 37.
Já na última fase, também chamada de
remodelamento ou de maturação, acontece o
aumento da resistência tecidual através do depósito
de colágeno de forma organizada. Inicialmente, o
colágeno predominante no processo de cicatrização
é o colágeno tipo III, que com o tempo vai sendo
reabsorvido e substituído por um colágeno mais
espesso e duradouro, o tipo I. Portanto, o tecido é
regenerado e observa-se uma melhora na aparência
da pele38.
Métodos e técnicas de aplicação
O procedimento é executado sob anestesia tópica
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contendo uma mistura de lidocaína e resultados, pois o poder de penetração de moléculas
prilocaína/tetracaína cerca de 45 minutos a 1 hora
antes. Posteriormente ao preparo adequado da área a
ser tratada com antisséptico, a pele é esticada com os
dedos. Realiza-se de 10 a 15 passadas no sentido
horizontal, vertical e oblíquo, acarretando em um
quadro de hiperemia até um leve sangramento, que
pode ser controlado espontaneamente. A pressão
vertical exercida sobre o roller não deve ultrapassar 6
newtons e recomenda-se posicionar o aparelho entre os
dedos polegar e indicador, sendo controlado a força
exercida com o polegar39, 40.
Ao final do processo, aplica-se uma máscara
contendo vitamina C associada ao ácido hialurônico
fracionado ligado ao silício e aguarda-se por 30
minutos. Posteriormente, retira-se a máscara e afim de
proporcionar uma analgesia local ao paciente,
administra solução salina na área tratada41.
As quantidades de sessões são definidas pelo
profissional Biomédico Esteta de acordo com a
necessidade de cada paciente, sendo na maioria dos
protocolos indicado intervalo de dois meses entre cada
sessão. Após a terceira é possível observar resultados
excelentes, porém, deve ser levado em consideração
que é necessária sessões múltiplas, afim de obter o
efeito desejado na pele42.
Instrumento
O aparato utilizado consiste em um roller
convencional, com cabo de polietileno, composto por
um cilindro repleto de microagulhas em aço
inoxidáveis e estéreis, dispostas ordeiramente em
quantidade de 190 a 1.080 agulhas. O comprimento das
agulhas varia de 0,20 a 3mm, de acordo com cada
fabricante e a escolha é feita, quanto ao local de
aplicação e a sensibilidade de cada paciente43.
Contraindicações
É de extrema importância que o profissional saiba
quando a técnica não pode ser utilizada, afim de evitar
danos imediatos ou futuros ao paciente. Essa técnica é
contraindicada aos pacientes com presença de câncer
de pele, ceratose solar, verrugas, infecção de pele,
pacientes em uso de anticoagulante, pacientes em uso
de quimioterapia, radioterapia ou corticoterapia, o
diabetes mellitus não controlada, rosácea na fase ativa,
acne na fase ativa, uso de isotretinoina oral com pausa
menor de seis meses e pele queimada do sol, é
necessário cuidado redobrado com pessoas que
apresentam peles sensíveis, gestantes, o diabetes
mellitus controlado, telangiectasias, herpes simples,
rosácea fase crônica e em peles muito finas6.
Ativos
Outro benefício observado através do
microagulhamento é o aumento da permeabilidade dos
princípios ativos cosmetológicos por meio dos
microcanais criados pelas agulhas, que favorecem a
absorção de forma eficaz. A ação combinada do
microagulhamento e de ativos, potencializam os
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maiores chega até 80%17.
Com o efeito potencializador, o ativo promoverá
uma resposta terapêutica mais rápida e eficiente da
pele. Entre os mais utilizados estão a Vitamina C, nome
genérico dado ao ácido ascórbico, possui como
principais objetivos, intervir na produção de colágeno e
elastina, aumentando significamente o aspecto e textura
da epiderme, dando forma e conectividade ao tecido,
melhorando assim sua elasticidade; proteger as
proteínas estruturais da pele, as quais são encarregadas
pela firmeza e elasticidade cutânea por meio da
eliminação dos radicais peroxila, antes da ocorrência da
peroxidação lipídica, além de apresentar propriedade
cicatrizante. Efeitos estes, positivos no tratamento de
estrias26.
O ácido glicólico (AG) por apresentar
características eficientes para a reparação tecidual, é
indicado também para o tratamento de estrias, visto
que, possui propriedade natural e benéfica e os
resultados nos procedimentos são favoráveis. Este é
considerado um verdadeiro queratolítico, por ter um
grande poder de penetração cutânea e agir na
dissolução do cimento celular interno, responsável pela
queratinização anormal44.
A ativação do AG e do Ácido Hialurônico (AH)
contido na pele, propicia o desprendimento de células
mortas, reduz a coesão dos corneócitos, além de
induzir a produção dérmica de AH e de
glicoaminoglicanos pelos fibroblastos, resultando em
uma melhora na hidratação e no espessamento da
camada córnea. Isso se dá pelo fato do AH reter
grandes concentrações de água e quando em contato
com AG, aumenta a capacidade de expansão da pele45.
O AH tem sido amplamente empregado em
produtos cosméticos de aplicação tópica, ele contribui
para manter ou recuperar a elasticidade da pele, pela
sua capacidade hidratante. Este efeito particularmente,
é devido o AH quando hidratado, ter cerca de 1000
vezes o seu tamanho em moléculas de água; exibe
também efeito antioxidante, por captar radicais livres e
reduzir o stress oxidativo, além de ser crucial na
reparação tecidual, onde suas propriedades a nível
estrutural, como o comprimento de cadeia, modula a
atração das células precursoras da pele e seu potencial
na estruturação de tecidos para o tratamento de feridas.
O AH exógeno potencializa o efeito cicatrizante, visto
que ele é um dos principais componentes da matriz
extracelular e se encontra em todos os estágios de
cicatrização de feridas46.
O silício orgânico (SO) também é um dos ativos
utilizados, ele atua estimulando a biossíntese das fibras
de sustentação da pele, atuando com seu principal
papel na regulação do metabolismo celular, sendo a
reposição em tecido dérmico sob a forma de SO, já que
é comprovado que nessa forma ele é encontrado
biologicamente ativo e biodisponível. Além disso, é um
componente das estruturas que compõem e sustentam a
derme, como o colágeno, a elastina, as glicoproteínas e
os proteoglicanos, e quando seus níveis estão baixos
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Teixeira et al. / Braz. J. Surg. Clin. Res.
podem ocorrer desestruturação do tecido conjuntivo 47,
48
.
4. CONCLUSÃO
Levando em consideração os aspectos analisados,
compreende-se que as estrias são afecções resultantes
de fatores estressivos a nível dérmico que ocasiona a
ruptura de fibras elásticas e colágenas. Inicialmente
elas aparecem como lesões eritemato-purpúricas que
evoluem, se tornando brancas e crônicas, segundo
classificadas de acordo com sua coloração, sendo
respectivamente, estria rubra e posteriormente alba.
A etiologia das estrias é multifatorial e ainda muito
controversa, entretanto, existem três hipóteses tentando
justificá-las, sendo elas, a teoria mecânica,
endocrinológica e infecciosa. Apesar de não ser ainda
muito aceito, sabe-se que o estiramento mecânico da
pele com fatores genéticos, ostenta um papel
significativo no aparecimento de estriações.
A intradermoterapia é uma técnica que tem como
objetivo estimular os fibroblastos a produzirem fibras
colágenas e elásticas, já o microagulhamento é uma
terapia que induz a produção percutânea de colágeno.
Os ativos podem ser utilizados sob forma injetável
ou tópica, entre eles estão a Vitamina C, que influencia
na produção de colágeno e elastina, além de apresentar
propriedade cicatrizante; o ácido glicólico, propicia o
desprendimento de células mortas e induz a produção
dérmica de ácido hialurônico pelos fibroblastos; o
ácido hialurônico, contribui para manter ou recuperar a
elasticidade da pele, além de ser crucial na reparação
tecidual e por fim, o silício orgânico é responsável
estimular a biossíntese das fibras e dar sustentação a
pele.
Para que haja uma resposta mais rápida quanto ao
tratamento, é necessário fazer associações, que na
maioria das vezes são realizadas entres os intervalos de
aplicações do microagulhamento e da intradermo, no
entanto, podem ter indicação pré ou pós início de
tratamento. Dos mais utilizados, destaca-se a
carboxiterapia, que tem como objetivo desencadear a
síntese de colágeno, elastina e a gênese de novos vasos
sanguíneos, por meio de duas formas: ação
farmacológica, que promove uma vasodilatação local e
ação mecânica, que estimula o processo inflamatório
afim de reconstituir o tecido lesado.
Compete ao Biomédico Esteta determinar a
terapêutica indicada e o ativo de acordo com a
necessidade de cada paciente, pois quando bem
empregado o resultado é positivo e reflete na área
emocional, social e comportamental do indivíduo, uma
vez que as estrias exibem uma fisionomia desagradável
do ponto de vista estético. A intervenção terapêutica é
desafiadora e estabelece disciplina e persistência por
parte do cliente, visto que, o tratamento não apresenta
cura e tem como finalidade amenizar e/ou reduzir o
aspecto do tecido fibrosos, buscando substituir por
novas células e melhorar a aparência saudável e
elasticidade da pele.
BJSCR (ISSN online: 2317-4404)
V.27,n.2,pp.82-89 (Jun - Ago 2019)
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