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FACULDADE MARIA MILZA

BACHARELADO EM FARMÁCIA

ADRIELLE SANTOS SERRA

ERROS NA APLICAÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA E SUAS COMPLICAÇÕES:


UM OLHAR DIFERENCIADO DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA,


2021
ADRIELLE SANTOS SERRA

ERROS NA APLICAÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA E SUAS COMPLICAÇÕES:


UM OLHAR DIFERENCIADO DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Curso de Farmácia da
Faculdade Maria Milza, como requisito
final para obtenção do título de Bacharel
em Farmácia.

Orientadora: Profª Rebeca Pimentel Arruda.

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA,


2021
Ficha catalográfica elaborada pela Faculdade Maria Milza, com
os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Bibliotecárias responsáveis pela estrutura de catalogação na publicação:


Marise Nascimento Flores Moreira - CRB-5/1289 / Priscila dos Santos Dias - CRB-5/1824

Serra, Adrielle Santos


S487e
Erros na aplicação da toxina botulínica e suas complicações: um olhar
diferenciado do profissional farmacêutico / Adrielle Santos Serra. - Governador
Mangabeira – BA, 2021.

40 f.

Orientadora: Rebeca Pimentel Arruda.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) - Faculdade


Maria Milza, 2021.

1. Procedimentos Estéticos. 2. Toxina Botulínica. 3. Botox - Reações. I.


Arruda, Rebeca Pimentel, II. Título.

CDD 615
ADRIELLE SANTOS SERRA

ERROS NA APLICAÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA E SUAS COMPLICAÇÕES:

UM OLHAR DIFERENCIADO DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO

Aprovado em: / / .

BANCA DE APROVAÇÃO

______________________________________________________
Profª Rebeca Pimentel Arruda
Orientadora/FAMAM

______________________________________________________
Profª Me. Lara Cristine da S. Vieira
Membro Avaliador

______________________________________________________
Profª Joyce Menezes Leite
Membro Avaliador

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA,


2021
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me sustendo, por ter me concedido


saúde, força e disposição para superar as dificuldades que tive para chegar ao
término dessa caminhada acadêmica durante esses longos anos, sem ele, nada
disso seria possível.
Dedico essa vitória a minha família, aos meus pais Elisete e Clóvis, a meu
irmão Ueliton, a meu esposo Flávio pelo amor, incentivo e apoio incondicional e em
especial a meu irmão Joilson que foi e sempre será meu maior motivador.
Meus amigos da universidade, e em especial Edriele pela paciência e ajuda
sempre que precisei.
As pessoas que mesmo distantes me incentivou, me apoiou e se preocupava
comigo, que compreendia a minha ausência enquanto me dedicava a formação.
Aos professores, pela correção e ensinamento que me permitiram apresentar
um melhor desempenho no meu processo de formação profissional.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu
muito obrigado.
RESUMO

A população tem buscado os padrões de beleza tornando-se cada vez mais vaidosa,
fato este que está relacionado ao sexo feminino e masculino. No universo da
estética as pessoas procuram tratar as marcas de expressão consequentes da idade
e, em alguns, casos de fatores externos que provocaram envelhecimento precoce.
Os sinais do envelhecimento são inevitáveis, a pele é o órgão que mais mostra
esses sinais. As alterações mais visíveis são as rugas, os sulcos, as hipercromias e
a flacidez. Um dos principais procedimentos utilizados pelos profissionais da área de
estética, para tratar essas alterações são os preenchimentos com uso de ácido
hialurônico e toxina botulínica. Entretanto, é importante o conhecimento aprofundado
da anatomia facial para diminuir os riscos de erros na injeção desses produtos, com
o intuito de prevenir complicações. Conforme as resoluções do Conselho Federal de
Farmácia (CFF) 573/2013 e 616/2015, o farmacêutico, profissional de caráter
generalista, atuante em diversos serviços de saúde, pode atuar profissionalmente
nos estabelecimentos de saúde estética, realizando procedimentos que demandem
pela aplicação de técnicas de origem estética e pelo uso de recursos terapêuticos.
Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi compreender os principais erros de
protocolos estéticos que utilizam toxina botulínica nos procedimentos realizados por
profissionais da área da saúde devidamente habilitados e as principais complicações
para o paciente. Foi realizada uma revisão de literatura de caráter descritivo e
qualitativo que teve como finalidade compreender os erros e complicações
decorrentes do emprego da toxina botulínica (TB), analisando o uso do Botox na
estética, as contraindicações e reações adversas e os erros e complicações
decorrentes da utilização da toxina. Foram incluídos no trabalho artigos que
abordassem a temática, disponíveis em português ou inglês e publicado no período
estipulado, que é de 2011 até 2021. Dando prioridade aos artigos publicados nos
últimos anos. Os artigos de anos anteriores foram inseridos no estudo por serem
relevantes e os que estavam fora desses requisitos foram excluídos do estudo. Para
elaboração da revisão de literatura foi feita uma busca de artigos científicos nas
bases de dados: LILACS, SCIELO, MEDLINE e PUBMED. Os principais descritores
utilizados foram: estética, procedimentos, botox, reações adversas, erros de
protocolos, farmacêuticos estetas. A análise dos artigos foi realizada
correlacionando os diversos erros de aplicação de botox e suas reações adversas
devidos a procedimentos aplicados erroneamente. O objetivo geral do trabalho foi
alcançado através da revisão bibliográfica onde pontuou-se os principais erros da
aplicação da toxina botulínica. Nesse contexto, o farmacêutico possui um papel
fundamental e deve ter todo cuidado na manipulação das doses da toxina,
orientando a equipe responsável sobre os danos que a administração errada pode
causar. Conclui-se que a presente pesquisa é importante pois detalha a evolução
histórica da toxina botulínica, as suas principais aplicações na estética, os erros e
complicações que podem ocorrer através do seu uso, vale ressaltar que a autora
não possui intenção de esgotar o tema, sugerindo novas pesquisas acerca da
temática.

Palavras-chave: Estética. Procedimentos. Botox. Reações adversas.


ABSTRACT

The population has sought the standards of beauty, becoming increasingly vain, a
fact that is related to the female and male sex. In the world of aesthetics, people seek
to treat the expression marks resulting from age and, in some cases, external factors
that caused premature aging. The signs of aging are inevitable, the skin is the organ
that shows these signs the most. The most visible changes are wrinkles, furrows,
hyperchromia and flaccidity. One of the main procedures used by professionals in the
field of esthetics to treat these changes is filling with hyaluronic acid and botulinum
toxin. However, in-depth knowledge of the facial anatomy is important to reduce the
risk of errors in the injection of these products, in order to prevent complications.
According to the resolutions of the Federal Council of Pharmacy (CFF) 573/2013 and
616/2015, the pharmacist, a generalist professional, working in various health
services, can work professionally in aesthetic health establishments, performing
procedures that require the application of techniques of aesthetic origin and the use
of therapeutic resources. Thus, the objective of this study was to understand the
main errors of aesthetic protocols that use botulinum toxin in procedures performed
by properly qualified health professionals and the main complications for the patient.
A descriptive and qualitative literature review was carried out to understand the
errors and complications resulting from the use of botulinum toxin (TB), analyzing the
use of Botox in aesthetics, contraindications and adverse reactions, and errors and
complications resulting from toxin use. Articles that addressed the theme, available in
Portuguese or English and published within the stipulated period, which is from 2011
to 2021, were included in the work. Priority was given to articles published in recent
years. Articles from previous years were included in the study because they were
relevant and those that were outside these requirements were excluded from the
study. To prepare the literature review, a search for scientific articles was made in the
databases: LILACS, SCIELO, MEDLINE and PUBMED. The main descriptors used
were: aesthetics, procedures, botox, adverse reactions, protocol errors, aesthetic
pharmacists. The analysis of the articles was carried out by correlating the various
errors in the application of Botox and its adverse reactions due to erroneously
applied procedures. The general objective of the work was reached through the
bibliographical review where the main errors in the application of the botulinum toxin
were pointed out. In this context, the pharmacist has a fundamental role and must be
very careful in handling the doses of the toxin, advising the responsible team about
the damage that the wrong administration can cause. It is concluded that this
research is important because it details the historical evolution of the botulinum toxin,
its main applications in aesthetics, the errors and complications that can occur
through its use, it is noteworthy that the author does not intend to exhaust the topic,
suggesting further research on the subject.

Keywords: Aesthetics. Procedures. Botox. Adverse reactions.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 - Tipos de Botulismo ......................................................................... 15


FIGURA 02 - Internalização da toxina por endocitose e bloqueio da liberação da
acetilcolina............................................................................................................ 17
FIGURA 03 - Liberação normal do neurotransmissor .......................................... 17
FIGURA 04 - Exposição à toxina botulínica ......................................................... 18
FIGURA 05 - Pontos de aplicação da toxina botulínica ....................................... 24
FIGURA 06 - Ptose Palpebral .............................................................................. 27
FIGURA 07 - Reações adversas da região periorbitária ...................................... 30
FIGURA 08 - Complicações na região do músculo frontal ................................... 31
FIGURA 09 - Complicações da aplicação da toxina botulínica no terço médio e
inferior da face...................................................................................................... 31
LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 - Marcas de toxina botulínica .......................................................... 19


QUADRO 02 - Tipos de toxinas botulínicas, receptores proteicos, uso clínico e
descoberta............................................................................................................ 23
QUADRO 03 - Músculos adjacentes ao tratamento facial, pontos de aplicação e
doses aplicadas.................................................................................................... 23
QUADRO 04 - Reações adversas/complicações mais frequentes, no estudo de
1003 pacientes sujeitos à aplicação da toxina botulínica
............................................................................................................................. 27
QUADRO 05 - Orientações para prevenção de complicações decorrentes da
toxina botulínica ................................................................................................... 28
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 09

2. METODOLOGIA .............................................................................................. 11
2.1 TIPO DE ESTUDO ..................................................................................... 11
2.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ...................................................................... 11
2.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ..................................................................... 12
2.4 COLETA DE DADOS ................................................................................. 12
2.5 INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ........................................... 12

3. O FARMACÊUTICO E A SAÚDE ESTÉTICA ................................................. 13


3.1 TOXINA BOTULÍNICA ............................................................................... 14
3.1.1 Histórico................................................................................................. 15
3.1.2 Aspectos gerais .................................................................................... 16
3.1.3 Principais marcas ................................................................................. 18
3.1.4 Mecanismo de ação .............................................................................. 20
3.2 INDICAÇÕES DE USO NA ESTÉTICA ...................................................... 22
3.3 CONTRA INDICAÇÕES E REAÇÕES ADVERSAS ................................. 24
3.4 ERROS NA APLICAÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA ............................... 26
3.4.1 Principais complicações decorrentes de erros de aplicação da toxina
botulínica ........................................................................................................ 28

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 33

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 35
9

1. INTRODUÇÃO

A população tem buscado os padrões de beleza tornando-se cada vez mais


vaidosa, fato este que não está relacionado apenas ao sexo feminino, os homens
também estão buscando tratamentos estéticos. Homens e mulheres buscam
desacelerar cada vez mais o processo fisiológico do envelhecimento, através dos
procedimentos. No universo da estética as pessoas procuram tratar as marcas de
expressão consequentes da idade e, em alguns, casos fatores externos que
provocaram envelhecimento precoce (BARROS, 2018).
A preocupação de manter-se jovem tem promovido um processo evolutivo
constante na indústria da beleza, com intuito também do aumento da expectativa de
vida. A estética vem abrindo caminhos para conceitos novos, onde a beleza envolve
a junção entre a imagem pessoal e a conservação do corpo saudável (BARROS;
OLIVEIRA, 2017).
Os sinais do envelhecimento são inevitáveis, a pele é o órgão que mais
mostra os sinais do envelhecimento. As alterações mais visíveis da pele são as
rugas, os sulcos, as hipercromias e a flacidez. O rosto é a região do corpo onde o
envelhecimento da epiderme é o mais evidente, sendo a parte mais exposta, a que
mais recebe as agressões do meio externo, além de ser composta por muitas
inserções musculares, o que favorece o enrugamento precoce (MEDINA; BEZ, 2011;
SILVA, 2018).
Um dos principais procedimentos utilizados pelos profissionais da área de
estética, são os preenchimentos com uso de ácido hialurônico e toxina botulínica. Os
preenchedores são substâncias biocompatíveis injetadas na pele, na busca de
corrigir insatisfações ou disfunções estéticas. A classificação desses preenchedores
são de acordo com sua duração no tecido, podendo ser classificados como
temporário, semipermanente e permanente (LIMA, 2016).
É importante o conhecimento aprofundado da anatomia facial para diminuir os
riscos de injeção intravascular ou intravenosa de ácido hialurônico, assim evitando
áreas com grandes vasos sanguíneos com o intuito de prevenir reações
inflamatórias, complicações vasculares e formação de nódulos (SANTOS; MATTOS;
FULCO, 2019).
10

Os protocolos estéticos possibilitam correções e melhoramento do aspecto


cutâneo da face e de outras partes do corpo, através de procedimentos
minimamente invasivos ou até mesmo invasivos. A depender do desejo e da
necessidade do paciente e o protocolo aplicado. Essa área vem em constante
crescimento, devido a vários fatores, dentre eles estão as mídias sociais, a
valorização da imagem, o aumento de profissionais e técnicas, a expectativa de
vida, o envelhecimento saudável e o surgimento de doenças que provocam
imperfeições estéticas. Com isso, constantemente é visto nos noticiários erros que
comprometem parcialmente o local onde foi aplicado o protocolo estético ou até
agravos a saúde.
Conforme as resoluções do Conselho Federal de Farmácia (CFF) 573/2013 e
616/2015, o farmacêutico, profissional de caráter generalista, atuante em diversos
serviços de saúde, pode atuar profissionalmente nos estabelecimentos de
saúde estética, realizando procedimentos que demandem pela aplicação de técnicas
de origem estética e pelo uso de recursos terapêuticos (BRASIL, 2015). Torna-se
assim uma peça fundamental na busca da qualidade de vida dos seus pacientes,
sabendo que procedimentos estéticos vão além de mudança de imagem,
envolvendo saúde física, mental (autoestima), inserção social e aceitação.
Sendo assim, o presente trabalho tem como finalidade responder o seguinte
problema: Quais os principais erros e complicações decorrentes de procedimentos
estéticos que utilizam toxina botulínica? A justificativa desse trabalho é a
necessidade de produção científica e de uma visualização geral da área estética e
da segurança dos pacientes que são submetidos aos procedimentos estéticos.
Tendo relevância social e acadêmica.
Para responder tal questionamento, foi formulado o seguinte objetivo geral:
compreender os principais erros de protocolos estéticos que utilizam toxina
botulínica nos procedimentos realizados por profissionais da área da saúde
devidamente habilitados e as principais complicações para o paciente. E os objetivos
específicos são os seguintes: traçar o perfil histórico e evolutivo dos protocolos de
aplicação da toxina botulínica; identificar as principais complicações para o paciente
decorrente dos erros de aplicação da toxina botulínica; apontar o papel do
farmacêutico na saúde estética e qualidade de vida do paciente.
11

2. METODOLOGIA

Neste capítulo encontra-se a metodologia explanando sobre o tipo de estudo,


os critérios de inclusão e exclusão, a coleta de dados e a análise e interpretação dos
mesmos.

2.1 TIPO DE ESTUDO

A pesquisa tem como finalidade compreender os erros e complicações


decorrentes do emprego da toxina botulínica (TB), analisando o uso do Toxina
Botulínica na estética, as contraindicações e reações adversas e os erros e
complicações decorrentes da utilização da toxina.
O presente estudo é uma revisão de literatura de caráter descritivo e
qualitativo. Segundo Tumelero (2019) a pesquisa descritiva pode ser definida como
aquela que descreve uma realidade, exemplo às pesquisas de opinião, as pesquisas
eleitorais, as pesquisas de mercado, governamentais são tipos de pesquisas que se
encaixam nesta categoria. Para Rocha (2016) a pesquisa qualitativa é uma
metodologia de caráter exploratório, seu foco está no caráter subjetivo do objeto
analisado. Em outras palavras, busca compreender o comportamento do
consumidor, estudando as suas particularidades e experiências individuais, entre
outros aspectos.
Essa pesquisa segue as diretrizes e normas da ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas) e as diretrizes para trabalhos de conclusão de curso
(monografia) da Faculdade Maria Milza (FAMAM).

2.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Os trabalhos foram selecionados segundo alguns critérios de inclusão: artigos


que abordem a temática, disponíveis em português ou inglês e publicado no período
estipulado, que é de 2011 até 2021. Dando prioridade aos artigos publicados nos
últimos anos. Os artigos de anos anteriores foram inseridos no estudo por serem
relevantes, colaborando com a temática e construção do trabalho.
12

2.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Como critério de exclusão, foi o ano de publicação inferior ao estabelecido,


que não tivesse relevância para o trabalho, artigos científicos que não se enquadram
na temática, e/ou não abordasse o assunto procurado, assim como artigos que não
estiverem disponíveis na íntegra.

2.4 COLETA DE DADOS

Para elaboração da revisão de literatura foi feita uma busca de artigos


científicos nas bases de dados: Latino America de Ciências da Saúde (LILACS),
Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Medical LiteratureAnalysisandRetrieval
System Online (MEDLINE), U. S. National Library of Medicine (PUBMED). Os
seguintes descritores serão utilizados: estética, procedimentos, botox, reações
adversas, erros de protocolos, farmacêuticos estetas.

2.5 INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos artigos que foram encontrados, foi correlacionar os diversos


erros de aplicação de botox e suas reações adversas devidos a procedimentos
aplicados erroneamente.
13

3. O FARMACÊUTICO E A SAÚDE ESTÉTICA

A população está cada vez mais vaidosa fato que não depende do sexo, logo
se percebe cuidados para retardar o envelhecimento, considerando desde a
alimentação saudável até os procedimentos estéticos. No universo da estética as
pessoas procuram cada vez mais tratar as marcas de expressão consequentes da
idade e em alguns casos resultantes de fatores externos que propiciaram um
envelhecimento antecipado (BARROS, 2018).
Há uma constante evolução da indústria da beleza tendo como
influenciadores o aumento da expectativa de vida, a preocupação de conservar o
aspecto jovem e a procura por produtos e técnicas voltados para o bem-estar e a
saúde. No entanto, a estética vem adquirindo um novo conceito, onde a beleza
envolve a junção entre a imagem pessoal e a conservação de um corpo saudável
(BARROS; OLIVEIRA, 2017).
Através da Resolução CFF nº 616/2015, o Conselho Federal de Farmácia
(CFF) veio definir os requisitos técnicos para o exercício do farmacêutico no âmbito
da saúde estética, ampliando o rol das técnicas de natureza estética e recursos
terapêuticos utilizados pelo farmacêutico em estabelecimentos de saúde estética.
Essa é a Resolução que regulamenta a realização de procedimentos estéticos
invasivos não cirúrgicos por farmacêuticos, ficando permitido a esses profissionais o
emprego da TB, o preenchimento dérmico, a carboxiterapia, a intradermoterapia, o
agulhamento/microagulhamento estético e a criolipólise (BRASIL, 2015).
O farmacêutico é capacitado para exercer a saúde estética desde que
desenvolva um dos seguintes requisitos: ser egresso de programa de pós-
graduação lato sensu reconhecido pelo Ministério da Educação, na área de saúde
estética; ser egresso de curso livre de formação profissional em saúde estética
reconhecido pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), de acordo com os
referenciais mínimos definidos em nota técnica específica, disponível no sítio
eletrônico do CFF (BRASIL, 2015).
Diversos profissionais da saúde podem atuar em procedimentos de estética e
imagem pessoal, tais como: médicos, fisioterapeutas, farmacêuticos, biomédicos,
enfermeiros e esteticistas. O farmacêutico possui amplo conhecimento das ciências
biológicas, clínica, terapêutica, cosmetológica e diversas outras ciências importantes
14

para a qualificação técnica e científica. Esta formação está possibilitando um novo


espaço no mercado que passa por constante expansão (BRANDÃO, 2014).
O profissional farmacêutico possui conhecimento obtido na graduação que
possibilita uma atuação diferenciada na área, especialmente com a atenção
farmacêutica, prescrição e orientação do uso de cosméticos, fitoterápicos e
nutracêuticos, e ainda, preparação e administração de produtos e medicamentos
isentos de prescrição médica para tratamento de patologias da pele (BECKER,
2015).

3.1 TOXINA BOTULÍNICA

A TB é uma proteína produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Quando


administrada oralmente em grandes quantidades, bloqueia os sinais nervosos do
cérebro para o músculo, causando paralisia generalizada, chamada botulismo. Por
outro lado, quando aplicada em pequenas quantidades, em um músculo facial
específico, apenas o impulso que orienta este músculo será bloqueado, causando o
relaxamento do local, atuando como um bloqueio da musculatura subjacente das
linhas indesejadas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, 2017;
DEFELÍCIBUS, 2021).
As toxinas botulínicas são exotoxinas produzidas pelo Clostridium botulinum,
gram positivo, anaeróbio e esporulado. Esta bactéria produz destas exotoxinas
(neurotoxinas), que são liberadas pela lise da bactéria. Esta bactéria é encontrada
nos intestinos de animais silvestres e domésticos, produzindo toxinas extremamente
potentes, capazes de provocar rapidamente a morte. Destacou-se no passado TB do
tipo E (SILVA, 2011, p.30).
A TB foi à primeira proteína microbiana a ser utilizada em uma injeção no
tratamento de doenças humanas, é reconhecida pelos seus efeitos paralisantes
sobre a musculatura voluntária humana através da inibição da liberação de
acetilcolina nas junções neuromusculares. Os diferentes tipos de Botox interferem
especificamente com diferentes proteínas envolvidas no acoplamento, fixação e
fusão das vesículas sinápticas e da membrana pré-sináptica (MARQUES, 2014,
p.15).
15

3.1.1 Histórico

O botulismo foi descrito pela primeira vez em 1817, quando se iniciou sua
história, sua causa principal foi um envenenamento da toxina botulínica. O autor,
Justinus Kerner, vinculou mortes que ocorreram na época a intoxicação com um
veneno detectado em salsichas defumadas, onde do latim botulus significa salsicha.
Ele concluiu que o veneno interferia demasiadamente no sistema nervoso motor e
autonômico. Kerner propôs várias aplicações no uso da TB na medicina,
principalmente em desordens de origem no sistema nervoso central que,
atualmente, através de novas pesquisas vêm sendo comprovadas (COALHADO;
BOENIG; ORTEGA, 2009).

Figura 01 - Tipos de Botulismo.

Fonte: Silva, (2011), p. 110.

A TB chamou muita atenção quanto ao seu uso com finalidade estética. Com
início do seu uso com um simples tratamento para linhas glabelares tornou-se uma
ferramenta flexível capaz de produzir alterações significativas em quase todas as
áreas do rosto. A TB também é eficaz na combinação com outras modalidades
estéticas, como preenchedores dérmicos, laser, resurfacing da pele e cirurgias
plásticas (MARCIANO et al., 2014).
Ao longo do tempo a TB foi utilizada em variadas aplicações que trouxeram à
Medicina novas possibilidades, nas áreas de Oftalmologia, Neurologia e
16

Dermatologia, assumindo um papel importante na história da evolução da


aplicabilidade da toxina (SANTOS et. al, 2015 APUD SILVA, 2009).

3.1.2 Aspectos Gerais

A TB é um produto da bactéria Clostridium b. com importância nas áreas da


saúde e bem-estar. O Clostridium botulinum produz sete sorotipos: A, B, C, D, E, F e
G, entre eles o tipo A, mais utilizado na cosmética e disponibilizado no mercado com
o nome Botox®. Destes, sete sorotipos: A, B, C1, D, E, F e G são neurotoxinas,
entretanto existe outra TB, a C2, que também é produzida pelo Clostridium
botulinum, mas não é neurotoxina (OLIVEIRA, 2019).
A TB apresenta diferentes sorotipos, que se dividem em grupos de acordo
aos seus atributos genéticos e fenotípicos, apresentam atividade farmacológica
similar e possuem diferentes áreas de ação dentro do neurônio, porém, suas
propriedades sorológicas são diferentes. Os tipos A, B e E constituem as principais
causas de doença humana, sendo que A e B constituem as fundamentais causas de
doença humana, sendo que os tipos A e B foram relacionados a vários alimentos
(SANTOS et. al, 2015 APUD SANTOS, 2013).
É utilizada na cosmética como uma injeção que bloqueia os sinais nervosos
musculares, enfraquecendo o músculo fazendo com que não se contraia, visando
reduzir e minimizar temporariamente rugas e linhas de expressão. A busca pela
beleza externa tem levado cada vez mais pessoas a buscar este procedimento. O
uso da toxina botulínica para o rejuvenescimento da pele tem aumentado tanto que
hoje é, de longe, o procedimento estético mais comumente realizado na América do
Norte (ALAM et al., 2010).
A TB possui grande influência sobre as células nervosas, que ao entrar na
corrente sanguínea atinge os terminais nervosos, promovendo uma ligação com a
membrana neuronal do terminal nervoso, ao nível da junção neuromuscular. Após
ocorrência dessa ligação a toxina é deslocada para a parte terminal do axônio dentro
do seu citoplasma, por meio de endocitose mediada pelas clatrinas, esse processo é
o responsável pelo bloqueio da transmissão sináptica excitatória, levando à paralisia
flácida, como mostra a figura 02 (SILVA, 2011 p.19).
17

Figura 02 - Internalização da toxina por endocitose e bloqueio da


liberação da acetilcolina.

Fonte: Silva, 2011, p.39.

Sua aplicação por via intramuscular, a TB atua sobre os receptores terminais


nos nervos motores, ou seja, vai inibir a liberação de acetilcolina no terminal pré-
sináptico através da desativação das proteínas de fusão, dose-dependente, como
mostram as figuras 03 e 04 (BRATZ, 2015 APUD RIBEIRO et. al, 2014).

Figura 03 - Liberação normal do neurotransmissor.

Fonte: Bratz (2015 apud Sposito, 2009).


18

Figura 04 - Exposição à toxina botulínica.

Fonte: Bratz (2015 apud Sposito, 2009).

A toxicidade da TB é através de sua atividade catalítica da cadeia L (uma


zinco-endopeptidase) contendo uma ligação dissulfídrica, a cadeia H liga-se as
proteínas presentes na membrana sináptica. Por outro lado, se a ligação
dissulfídrica for quebrada antes da internalização da toxina na célula, a cadeia L não
vai ser capaz de conseguir penetrar na membrana sináptica do terminal do axônio,
havendo uma perda total de toxicidade, ou seja, perda do efeito da toxina botulínica
(BRATZ, 2015 APUD SILVA, 2009; COLHADO; BOEING; ORTEGE, 2009).
A ação da TB ocorre em três etapas: internalização por endocitose; redução
da ligação dissulfídrica e translocação; e inibição da libertação do neurotransmissor.
(SILVA, 2011 p.20).

3.1.3 Principais Marcas

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica é permitida a


comercialização de cinco marcas de toxina botulínica no Brasil, a aprovação é
realizada pela Anvisa após testes de qualidade dos produtos, as marcas são:
19

Quadro 01 - Marcas de Toxina Botulínica.


Marca Laboratório
Botox Allergan
Dysport Ipsen
Xeomin Merz
Prosigne Cristália
Botulift Bergamo
Nabota Quiron Pharma
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

A primeira TB a ser vendida para uso cosmético foi a marca Botox®, devido
ao fato de ser um produto biológico, não se aplica o conceito de bioequivalência
entre duas formulações. Diversos estudos são realizados para comprovar a eficácia
entre marcas diferentes, um deles comparou o uso do Botox® com a Prosigne® em
rugas glabelares, e mostrou resultados de efetividades similares entre elas,
permitindo a intercambialidade. Outro estudo testou a eficácia da marca Xeomin®
em rugas dinâmicas de pacientes, resultando em um grau elevado de insatisfação,
duração de apenas 2 meses, o que invalidou outros estudos que mostraram a
eficácia dessa marca igualmente com as demais (UEBEL, 2019, p. 8).
A diferença entre a marca Xeomin® e as demais é o fato dela não possuir um
complexo de proteínas, sendo a forma mais purificada de toxina botulínica, segundo
o fabricante isso não altera a eficácia do produto, autores relatam que não há
evidências concretas de diferenças na difusão das formas complexadas e livres de
toxina botulínica, as discordâncias entre estudos são irrelevantes para o uso em
aplicações estéticas, pois são administradas em pequenas doses (UEBEL, 2019, p.
8).
A TB é um complexo proteico que tem origem na bactéria Clostridium
botulinum, após purificada em laboratório a substância atinge um alto grau de
concentração da toxina, sendo o sorotipo A mais usado comercialmente para fins
estéticos. As cinco marcas citadas são aprovadas, pois comprovaram serem efetivas
no processo de neutralizar a musculatura, amenizando as marcas de expressão.
Além disso, todas são seguras para aplicação em humanos, não apresentando
efeitos colaterais que coloquem a saúde do paciente em risco (FARINAZZO, 2017).
Em razão das etapas necessárias para a aprovação pela Anvisa, todos os
produtos possuem resultados semelhantes. A concorrência de vários produtos no
20

mercado brasileiro faz com que haja uma maior competitividade entre os
laboratórios, alcançando graus diferentes de purificação e estabilidade do
medicamento com toxina botulínica, segundo profissionais da área podem ocorrer
diferenças na durabilidade dos resultados, entretanto esses costumam ser mais
impactados pela região da face na qual a aplicação ocorre (FARINZZO, 2017).
A TB B aparece no mercado com apenas uma marca, a MYOBLOC® que é
comercializada apenas nos EUA, vale ressaltar que a toxina botulínica tipo A é
comercializada em forma liofilizada e a toxina do tipo B em solução aquosa (SILVA,
2011, p. 46).

3.1.4 Mecanismo de ação

A TB é definida como uma protease que causa denervação química nos


músculos esqueléticos por bloqueio da liberação de acetilcolina das terminações
nervosas de neurônios motores, produzindo um enfraquecimento dose dependente,
temporário da atividade muscular tornando os músculos não funcionais sem que
haja efeitos sistêmicos. Alguns nomes comerciais da toxina botulínica são: Botox®,
Dysport®, Xeomin® e Prosigne® (COUTO, 2014).
O princípio ativo da toxina botulínica, é um complexo proteico derivado do
Clostridium botulinum, consiste em uma neurotoxina com 150.000 Daltons e
proteínas acessórias não tóxicas associadas de forma não covalente que
estabilizam e protegem o componente farmacologicamente ativo. Como produtos
comerciáveis as toxinas botulínicas dos tipos A e B são agentes biológicos obtidos
em laboratórios, sendo substâncias cristalinas e estáveis, liofilizadas, associadas à
albumina humana e utilizadas, após diluição, em solução de NaCl a 0,9%
(POULAIM, 2008; OLIVEIRA, 2019).
Em condições fisiológicas, espera-se que o complexo sofra dissociação e
libere a neurotoxina pura, pois esses complexos multiméricos são estáveis somente
em pH ácido. A toxina botulínica é composta por uma cadeia proteica leve e uma
pesada, ligadas por uma ponte dissulfeto. A cadeia pesada é responsável pela
internalização da toxina nos terminais colinérgicos pré-sinápticos. Por outro lado, a
cadeia leve é uma zinco-endopeptidase, responsável pelos seus efeitos tóxicos
(MOACIR; BRISOTO; ALAN, 2013).
21

A toxina botulínica basicamente inibe a liberação exocitótica da acetilcolina


em terminais nervosos motores levando a uma diminuição da contração muscular.
Esta propriedade a torna útil, clínica e terapeuticamente, em uma série de condições
onde existe excesso de contração muscular (AOKI, 2005).
A utilização da TB em patologias acompanhadas de distúrbios do movimento
mostrou que existem benefícios em outros aspectos clínicos, como o alívio das
condições dolorosas concomitantes. Além disso, a observação dos efeitos adversos
e daqueles à distância dos pontos de injeção, não só induziu ao raciocínio clínico
para a utilização em outras situações, como nas alterações de glândulas e de
músculos lisos, mas forçou a ampliação dos estudos a respeito dos mecanismos de
ação possivelmente envolvidos (ESPOSITO, 2009).
Após a ligação deste complexo neurotóxico, através do terminal nervoso, dá-
se a internalização depois de 20 minutos, podendo mesmo atingir, no máximo, a
duração de 90 minutos. Segue-se a endocitose dentro de vesículas, posteriormente
condutora da clivagem proteica, fenômeno que acontece dentro da célula nervosa,
na presença de um pH ácido. Esta acidez origina a libertação da cadeia L,
responsável por bloquear a neuroexocitose. No caso da Toxina Botulínica A, esta vai
atuar sobre as proteínas presentes na membrana pré-sináptica, mais
especificamente sobre a SNAP-25, clivando-a em 3 pontos do terminal-C. Esta
neurotoxina tem assim uma proteólise seletiva, atuando como uma
metaloendoprotease zinco dependente (COLHADO et al., 2009; SILVA, 2011 p. 35).
Assim, as toxinas reconhecem os seus substratos proteicos, através de dois
locais, interagindo um deles com a região que inclui a cadeia peptídea a ser clivada
e outro com a região de ligação similar à VAMP, SNAP-25 e syntaxin. Desta forma, a
interação com a cadeia peptídea a ser clivada, atribui à toxina a especificidade que
lhe é característica (JABARI, 2006; SILVA, 2011 p.35).
A ação da TB no músculo tem seu início entre 2 a 5 dias, se estendendo, em
alguns casos, até duas semanas. O efeito da toxina dura entre 6 semanas a 6
meses, durante o período de efeito mais intenso, ocorre a atrofia muscular e
alteração das fibras, após dois a três meses, gradualmente começa a diminuir sua
ação marginalmente (COLHADO et al., 2009).
22

3.2 INDICAÇÕES DE USO NA ESTÉTICA

Naturalmente qualquer pessoa, com o passar do tempo vai perdendo a


elasticidade da pele, ao longo dos anos. Dessa forma a busca de muitos para
permanecer jovens, leva a busca de inúmeros procedimentos estéticos dentre eles o
Botox® na indústria cosmética. Contudo, o uso da toxina botulínica vem sendo o
principal aliado nesse processo, empregada no tratamento de assimetrias faciais
pode ser usada para rugas frontais, rugas peribucais, estabilizar a ponta nasal,
rugas glabelares, lábios caídos, elevação de sobrancelhas, rugas periorbitrais,
dentre outros. Dessa forma, o emprego da toxina nas tentativas de combater os
efeitos do envelhecimento tem se tornado, esses procedimentos sem cirurgia que
vem avançando mundialmente, têm mostrando eficácia e satisfação das pacientes
(BRATZ; MALLET, 2015).
O uso da TB vem crescendo principalmente na partir da face superior para
também abranger a parte inferior do rosto, pescoço e em terço médio da face são as
principais busca pelo uso do Botox (BRATZ APUD SUNDARAM et. al, 2015).
A forma cosmética do Botox® é uma injeção não cirúrgica que
temporariamente reduz ou elimina linhas de expressão, a aplicação é realizada por
meio de pequenas injeções nos músculos superficiais da face localizados a poucos
milímetros abaixo da derme (SOCIEDADE BRASILEIRA DE BIOMEDICINA
ESTÉTICA, 2016).
Existem tipos variados de proteínas necessários ao mecanismo da libertação
da acetilcolina, sendo condicionadas pelo efeito de clivagem da Botox®. Desse
modo, dependendo da toxina em questão, as proteínas de fusão afetadas podem
não ser as mesmas, as toxinas botulínicas A, C e E atuam nas proteínas da
membrana pré-sináptica, clivando a SNAP-25. Já a toxina botulínica C pode também
clivar a Syntaxin, no entanto, as toxinas tipo B, D, F e G vão clivar a vesícula
associada à membrana proteica (VAMP). O quadro a seguir explana os tipos de
toxina botulínica (SILVA, 2011).
23

Quadro 02 - Tipos de toxinas Botulínicas, receptores proteicos, uso clínico e


descoberta.
Tipo de Toxina Descoberta Investigador Receptor Uso Clínico
Botulínica Responsável Proteico
B 1897 Wrmengem VAMP Aprovado pela
FDA
A 1904 Landman SNAP-25 Aprovada pela
FDA
C 1922 Bengston e Seldon Syntaxin Não aprovada pela
FDA
D 1929 Robinson VAMP Não aprovada pela
FDA
E 1936 Gunnison SNAP-25 Não aprovada pela
FDA
F 1960 Moller e Scheibel VAMP Não aprovada pela
FDA
G 1970 Gimenez e Cicarelli VAMP Não aprovada pela
FDA
Fonte: Silva, (2011), p.41.

Os locais de administração do Botox são vários, possuem características


próprias e doses características, que variam de acordo com o produto a aplicar, o
quadro a seguir apresenta valores referentes ao uso da Toxina Botulínica A, mais
especificamente o Botox®.

Quadro 03 - Músculos adjacentes ao tratamento facial, pontos de aplicação e doses


aplicadas (BOTOX®)
Área de tratamento Músculos abrangidos Pontos de aplicação Dose inicial
Complexo glabelar Corrugador do 3-7 pontos de Mulheres:12-30U
e linhas verticais de Supercílio; Prócero; aplicação (nos Homens Homens: 14-40U
expressão Depressor do são
Supercílio; realizados mais
Orbicular do olho; pontos de
Frontal. aplicação).
“Pés de galinha” Porção lateral do 2-5 pontos de 12-30U
M. orbicular do olho aplicação.
Linhas horizontais Frontal 4-8 pontos de Mulher:10-20U
de expressão da aplicação. Homem:12-24U
testa
Linhas de “coelho” Nasal 1 ponto de 1U, se necessário
(“Bunny lines”) aplicação na linha 2-5U, dividindo por
média; 1 ponto de cada lado a aplicar
aplicação por cada
lado.
Rugas em torno da Orbicular dos lábios 2-5 pontos de 4-10 U, dividindo
boca (Rugas aplicação para pelos quadrantes a
Peribucais) iniciar; 1 ponto de aplicar.
aplicação/quadrante
labial
Linha em meia-lua Mentoniano 1-2 pontos de Mulher: 2-6 U
do queixo aplicação Homem:2-8 U
Sorriso Gengival Levantador do lábio 1 ponto de 2-4 U divididas
“Gummy Smile” superior (porção aplicação/lado pelos lados a
nasal) aplicar
24

Linhas de Depressor do 1 ponto de 4-10 U divididas


marioneta ângulo da boca aplicação/lado por cada lado a
“Marionette Lines” aplicar
Fonte: Silva (2011, p. 69-70).

Na figura 05 destaca-se alguns pontos de administração da TB na face.

Figura 05 - Pontos de aplicação da toxina botulínica.

Fonte: Wulkan, (2021). Disponível em:< https://clinicawulkan.com.br/dermatologia-


estetica-2/aplicacao-de-botox-injecao-toxina-botulinica-jardim-osasco-alphaville/o-que-
e-botox/como-funciona-o-botox/print/>. Acesso em: 30 de março de 2021.

3.3 CONTRA INDICAÇÕES E REAÇÕES ADVERSAS

É sabido que todo produto farmacológico pode existir contra indicações e


reações adversas, pois depende do estado fisiológico de cada paciente. Contudo o
Botox® é contraindicado indivíduos que tenham hipersensibilidade as substâncias
da formulação ou em indivíduos que são acometidos por miastenia grave, esclerose
amiotrófica, miopatias, que se configura em distúrbios neuromuscular (ALLERGAN,
2014; YIANNAKOPOULOU, 2015).
É perceptível que com a crescente utilização da toxina botulínica, existe uma
frequência nas possíveis complicações, sendo de grande importância o diagnóstico
precoce e o tratamento. Outro fato que assegura o profissional é o termo de
Consentimento, antes da administração do Botox® é preciso que ele seja assinado
25

pelo paciente, assim como os detalhes fotográficos sejam feitos de maneira


criteriosa (FERREIRA, 2004).
É notável que evento adverso esteja associado a três fatores, são eles: a
finalidade, a frequência e a dosagem. Os efeitos adversos encontrados após a
administração da toxina são: vômitos, hipotensão, prurido, disfagia, apresenta uma
sintomatologia muito semelhante à gripe, fraqueza de músculos podendo ter relação
com a disseminação sistêmica da toxina (COTÉ et al., 2005; COBAN et al., 2010;
DAYAN, 2013).
As pequenas complicações são raras, reversíveis, passageiras e técnico
dependentes, exemplos: ptose palpebral (queda da pálpebra), náusea, edema,
hematoma local e cefaleia. Os cirurgiões plásticos ressaltam a inexistência de riscos
relevantes decorrentes do uso da toxina botulínica (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
BIOMEDICINA ESTÉTICA, 2016).
Sposito (2009) classifica as complicações do uso da toxina botulínica em
áreas relativas, raras e descritas. Onde as complicações relativas podem ser
evitadas ou facilmente contornadas, enquanto as complicações descritas,
normalmente deve-se a erro de técnica, erro na avaliação clínica e funcional do
paciente.
O trauma decorrente da aplicação associado também ao volume do líquido
injetado provoca o eritema que é o rugor da pele, devido à um aumento nos vasos
sanguíneos, capilares cutâneos já o edema corresponde a um volume maior. Tais
implicações são espontâneas, não tendo necessidade de tratamento para intervir
(SANTOS et. al. 2015 APUD SPOSITO, 2004).
As esquimoses são pequenas lesões nos vasos sanguíneos que através da
injeção provocam hematomas, há locais da face bem vascularizadas, levando a
esse tipo de complicação. Geralmente é algo muito comum em indivíduos que tenha
distúrbio de coagulação ou em quem faz uso de anti-inflamatórios ou vitamina E com
frequência. O local mais propicio de ocorrer esquimose é a periorbitária, por ser uma
pele muito sensível e com a presença de vasos sanguíneos superficiais (SANTOS
et. al., 2015 APUD SORENSEN & URMAN, 2015).
Deve-se evitar o emprego de Botox em mulheres grávidas, em pessoas que
possuem problemas psiquiátricos e transtornos emocionais, como os pacientes
dismórficos que podem vir a ficar descontentes. É contra indicado sua administração
também em casos de hipersensibilidade ou alergias à classe de toxina botulínica,
26

em indivíduos com esclerose lateral amioatrófica, miastenia gravis, esclerose


múltipla e síndrome de Eaton Lambert, devido à transmissão neuromuscular
patológica destas enfermidades (BRATZ, 2015 APUD MAIO E OLIVEIRA, 2011).
Interações medicamentosas podem interferir na transmissão neuromuscular
ou neuroglandular, por esse motivo não é recomendado fazer a utilização da toxina
botulínica quando estiver fazendo uso de um dos seguintes medicamentos:
aminoglicosídeos, ciclosporinas, D- penicililamida, quinidina, sulfato de magnésio,
lincosamidas e aminoquinolonas (BRATZ, 2015 APUD MAIO E OLIVEIRA, 2011).

3.4 ERROS NA APLICAÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA

Os erros no emprego da toxina botulínica trazem consigo efeitos adversos no


paciente, que, como já supracitado no decorrer do texto são vários, sendo esta
toxina, apesar de tudo, pouco sujeita a adversidades e complicações. Quando
aplicada na face, sendo um dos locais mais utilizados procedimentos estéticos, os
efeitos adversos/complicações possíveis são: ptose palpebral (maior incidência),
olho seco, edema local, boca seca, paresia local, equimose local, eritema local,
ptose de supercílio, diplopia, sensação de peso local, desvio de rima bucal (linha
que caracteriza o encontro do lábio superior e inferior), alteração facial, entre outras,
sendo grande parte destas reversíveis (SILVA, 2011).
As possíveis complicações assumem um risco e pressupõem cuidados
redobrados na sua realização, sendo as complicações variadas e na maioria
passageiras. Complicações, como a ptose palpebral, o edema, o eritema e muitas
outras, derivam de erros ligados ao produto e/ou à técnica de injeção. Com o
cumprimento correto dos protocolos a probabilidade dessas complicações é
reduzida, através da realização meticulosa de todos os procedimentos, com a
experiência de técnicos especializados e com a honestidade médica, sendo estes
aspectos essencial para que todo o processo culmine em um resultado positivo
(SILVA, 2011, p. 9).
De acordo BENETTI (2008) foi feito um estudo onde se avaliou 1.003
pacientes que foram submetidos ao emprego da toxina tipo A, onde se verificou
efeitos adversos em 182 indivíduos, percebendo que a reação adversa mais
incidente foi a ptose palpebral. Entretanto, essas reações podem correlacionar-se a
erros na técnica da aplicação ou por efeito decorrente do próprio produto. Para
27

distinguir, é preciso avaliar o surgimento de edemas e as ptoses decorrentes. O


quadro 04 explana os resultados dessa análise.

Quadro 04 - Reações adversas/complicações mais frequentes, no estudo de 1003


pacientes sujeitos à aplicação da toxina botulínica.
Efeitos adversos N %
Ptose palpebral 34 3,39
Olho seco 23 2,29
Edema local 20 1,99
Boca seca 20 1,99
Cefaleia 16 1,59
Paresia local 11 1,09
Equimose local 8 0,79
Eritema local 7 0,69
Ptose de supercílio 6 0,59
Diplopia 6 0,59
Sensação de peso local 5 0,49
Sangramento local 5 0,49
Melhora da cefaleia 3 0,29
Desvio de rima bucal 3 0,29
Alteração facial 3 0,29
Prurido local 3 0,29
Náusea 2 0,19
Estado gripal 2 0,19
Perda visual 1 0,09
Fonte: Silva (2011, p.96).

A conhecida ptose palpebral (figura 06) caracteriza-se pelo declínio de 1 a 2


mm da pálpebra, levando ao ensombrado o arco superior da íris, ocorre em
resultado da aplicação na glabela e fronte, a dispersão Botox, vai paralisar o
músculo suspensor da pálpebra superior. Existem fatores que contribuem para
essas complicações, como: aplicações muito próximas da borda orbital, diluições
muito alta, maior difusão nas preparações de toxina botulínica, massagens intensas
e manuseio no local após a aplicação (SANTOS et. al. 2015 APUD MAIO, 2011).

Figura 06 - Ptose Palpebral.

Fonte: Advision Clínica. Disponível em:< https://advisionclinica.com.br/ptose-


palpebral-causas-sintomas-e-tratamento/>. Acesso em: 13 de março de 2021.
28

Precauções devem ser tomadas, e protocolos devem ser adotados, as


normas e indicações devem ser respeitadas, as doses devem ser cumpridas com
rigor, com a experiência e conhecimento de um profissional qualificado. Cumprindo
todos estes pontos cruciais, a aplicação da Toxina Botulínica só tende a ser
vantajosa (SILVA, 2011; SANTOS, 2017).
Em sua maioria, as complicações acontecem por erro na dosagem e podem
ser impedidas pela aplicação correta e pelo conhecimento minucioso da anatomia
muscular da face. Algumas orientações são úteis na prevenção da ocorrência das
complicações, a saber:

Quadro 05 - Orientações para prevenção de complicações decorrentes da toxina


botulínica.
Exame físico completo, observando toda a disposição das estruturas da face em repouso e
durante o movimento;
Fotografias prévias;
Marcação da região a ser tratada para evitar aplicações assimétricas;
Técnica precisa de diluição e conservação correta;
Injeção de volumes pequenos e concentrados;
Aplicação com margem de 1 cm da borda orbitária no tratamento das rugas próximas a essa
região;
Respeito às doses recomendadas para cada área e músculo;
Técnica minuciosa de aplicação;
Orientação do paciente para que permaneça em posição ortostática e não manipule a área tratada
até 4 horas após a aplicação;
Explicação clara e detalhada do procedimento e seus efeitos esperados.
Fonte: SANTOS et. al., (2015) APUD MAIO, (2011).

3.4.1 Principais complicações decorrentes de erros de aplicação da toxina


botulínica

Os erros de aplicação da toxina ainda são poucos relatados, devido a


subnotificações, porém até 2013, contabilizou-se 406 reações adversas, foram eles:
distonia cervical e paralisia cerebral. Sendo que 217 foram reações graves, havendo
28 óbitos causados por doenças respiratórias, embolia pulmonar, infarto do
miocárdio, acidente vascular cerebral e pneumonia. No entanto, muitos desses
29

pacientes já apresentavam doenças implícitas, o que provavelmente levou ao


agravamento do quadro (COBAN et al. 2010; COTÉ et al., 2005; DAYAN, 2013).
Muitas são as complicações, porém as mais frequentes são: blefaroespasmo
(ptose palpebral em 8, diminuição da força palpebral em 1, edema palpebral em 2 e
ardor ocular em 1) espasmo facial, síndrome de Meige (edema palpebral, ptose,
disfagia, fraqueza da boca e pneumonia aspirativa), distonia cervical (disfagia, dor
cervical e fraqueza no pescoço) e distonia da mão (fraqueza nos dedos) (SANTOS
et. al, 2015 APUD ANDRADE et. al, 1997).
A dificuldade de oclusão das pálpebras (lagoftalmo), em tratamentos de rugas
periorbitárias, é causada pela aplicação de doses muito altas sobre o músculo
orbicular do olho, levando a uma difusão da toxina botulínica. Outras complicações
oculares também são relatadas como a diplopia, que se deve à paralisia dos
músculos retos laterais caracterizando-se por visão dupla, síndrome do olho seco
como consequente lagoftalmo e ação direta da TB na glândula lacrimal. Essas
complicações podem ser impedidas com a aplicação da TB concentrada nos pontos
marcados, respeitando a distância de segurança de 1cm da borda orbital durante a
aplicação (SANTOS et. al, 2015 APUD SANTOS, 2013).
Os eventos adversos não graves consistiram principalmente de falta de efeito
e reação inflamatória no local da injeção (COTÉ et al., 2005; DAYAN, 2013). O
laboratório fabricante do Botox®, até 2014, relatou outros efeitos adversos:
denervação, depressão respiratória, pneumonia aspirativa, insuficiência respiratória,
dispneia, estrabismo, dor abdominal, diarreia, febre, anorexia, borramento de visão,
distúrbio visual, hipoacusia, vertigem, plexopatia braquial, radiculopatia, síncope,
hipoestesia, mal estar geral, miastenia gravis, parestesia, erupção cutânea, eritema
multiforme, prurido, dermatite psoriásica, hiperidrose, alopecia incluindo madarose e
espasmos musculares localizados (ALLERGAN, 2014).
Ocorrem complicações estéticas da face na região periorbitária, zona do
frontal, terço central e interior da face como mostrado na figura 7:
30

Figura 07 - Reações adversas da região periorbitária

Fonte: Silva (2011, p. 100).

A dificuldade de oclusão das pálpebras ocorre quando se aplicam doses


muito altas sobre o músculo orbicular do olho; a diplopia ocorre como causa da
difusão da toxina botulínica para dentro da órbita, afetando os músculos reto laterais;
a maior evidência da flacidez e do excesso de pele das pálpebras acontece quando
existe envelhecimento intrínseco e uma musculatura flácida (efeito do
envelhecimento) ou foto envelhecimento associado; o agravamento das linhas
zigomáticas acontece quando a aplicação periorbitária ultrapassa os seus limites e
atinge a musculatura zigomática; e o agravamento da herniação de gordura da
região da pálpebra inferior, queda da pálpebra inferior e ectrópio pode ter duas
causas: a difusão do produto ou o excesso da paralisia da pálpebra inferior. Muitos
desses pacientes têm indicação cirúrgica para remoção do excesso de gordura na
região da pálpebra inferior, não sendo indicado o uso da toxina botulínica como
observado na figura 8 (SILVA, 2011, p. 101).
31

Figura 08 - Complicações na região do músculo frontal.

Fonte: Silva (2011, p. 102).

A ptose superciliar e aparência de máscara ocorre devido a um excesso de


paralisia do músculo, tornando o indivíduo inexpressivo. A ptose superciliar pode-se
manifestar como unilateral, levando a uma assimetria facial, esta reação pode ser
evitada através da utilização da técnica de aplicação e dosagem correta; e a
elevação excessiva da cauda do supercílio está associado principalmente aos
homens, pois atribui uma expressão afeminada. Esta reação deve-se a uma ação
compensatória da porção lateral do músculo frontal, quando existe uma paralisia
completa da glabela e da região central da testa. A figura 09 mostra as reações do
terço central e inferior da face (SILVA, 2011, p. 101).

Figura 09: Complicações da aplicação da toxina


botulínica no terço médio e inferior da face.

Fonte: Silva (2011, p. 103).


32

A ptose do lábio superior ocorre por erro de técnica ou de dose, sendo que o
músculo levantador do lábio superior é afetado, conduzindo a uma assimetria do
sorriso; a dificuldade da movimentação dos lábios acontece devido a doses elevadas
sobre o músculo orbicular dos lábios para o tratamento das rugas peribucais,
conduzindo à dificuldade de fumar, em tocar instrumentos de sopro e condicionando,
por vezes, a fala; a disfagia e dificuldade para a movimentação do pescoço ocorre
quando altas doses são colocadas no músculo do platisma, ocorrendo a difusão do
produto; e a boca seca é uma reação adversa mais frequente quando se utiliza a
toxina botulínica tipo B (SILVA, 2011, p. 103-104).
Outras reações adversas relacionadas com a aplicação intramuscular da
toxina botulínica são a dor de cabeça (cefaleia), infecção respiratória e náuseas,
quando se procede ao tratamento do complexo glabelar.
33

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso da TB vem crescendo na estética pois auxilia na redução de linhas de


expressão, rugas e contribui para o rejuvenescimento da pele. Com isso, as técnicas
para aplicar a toxina também estão sendo aperfeiçoadas, o que proporciona mais
segurança no resultado.
A TB foi descoberta no ano de 1817 através de uma intoxicação detectado em
salsichas defumadas, onde notou-se que a toxina interferia no sistema nervoso
motor e autonômico, diante disso Kerner propôs várias alternativas de utilização da
toxina botulínica, principalmente em desordem no sistema nervoso central que foram
comprovadas posteriormente.
A TB é utilizada em procedimentos estéticos, odontológicos e também para
fins terapêuticos, para administrar a toxina botulínica é necessário que o profissional
possua registro que permita a atividade, atualmente profissionais específicos da
área da saúde como médicos, biomédicos, dentistas, enfermeiros e farmacêuticos
possuem autorização para aplicação da toxina. O número de procedimentos
estéticos com toxina botulínica vem crescendo nos últimos anos, o que requer um
maior cuidado no momento de escolha do profissional pois um procedimento mal
sucedido pode trazer complicações para o paciente.
A toxina botulínica pode apresentar erros e complicações, mas estes podem
ser evitados se a toxina for administrada nas doses recomendadas, por pessoal
especializado e obedecendo os protocolos de segurança. O presente trabalho
possui como objetivo geral compreender os principais erros de protocolos estéticos
que utilizam toxina botulínica nos procedimentos realizados por profissionais da área
da saúde devidamente habilitados e as principais complicações para o paciente, o
que foi alcançado através da revisão bibliográfica onde pontuou-se que os principais
erros são: ptose palpebral (maior incidência), olho seco, edema local, boca seca,
paresia local, equimose local, eritema local, ptose de supercílio, diplopia, sensação
de peso local, desvio de rima bucal (linha que caracteriza o encontro do lábio
superior e inferior), alteração facial, entre outras.
As principais complicações são, blefaroespasmo (ptose palpebral em 8,
diminuição da força palpebral em 1, edema palpebral em 2 e ardor ocular em 1),
espasmo facial, síndrome de Meige (edema palpebral, ptose, disfagia, fraqueza da
boca e pneumonia aspirativa), distonia cervical (disfagia, dor cervical e fraqueza no
34

pescoço) e distonia da mão (fraqueza nos dedos). Requer do farmacêutico o


cuidado na manipulação das doses da toxina, orientando a equipe responsável
sobre os danos que a administração errada pode causar.
A presente pesquisa é importante pois detalha a evolução histórica da toxina
botulínica, as suas principais aplicações na estética, os erros e complicações que
podem ocorrer através do seu uso, vale ressaltar que a autora não possui intenção
de esgotar o tema, sugerindo novas pesquisas acerca da temática.
35

REFERÊNCIAS

ALLERGAN. Bula do medicamento Botox®. Bula para o paciente, 2014.


Disponível em: https://allergan-web-cdn-
prod.azureedge.net/allerganbrazil/allerganbrazil/media/allergan-
brazil/botox_bula_paciente.pdf. Acesso em: 01.11.2020

ANDRADE, L. A. F. et al. Experiência com aplicação de toxina botulínica A em


115 pacientes. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, São Paulo, v. 55, n. 3, p. 553-557,
set. 1997.

BARROS, A. F. PRINCIPAIS ERROS E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA APLICAÇÃO


DA TOXINA BOTULINICA. 2018. 24 f. Monografia (Especialização) - Curso de
Farmácia, Instituto Nacional de Ensino Superior e Pesquisa Centro de Capacitação
Educacional, Recife, 2018. Disponível
em:<https://www.ccecursos.com.br/img/resumos/biomedicina-estetica/tcc---amanda-
feitosa-de-barros.pdf>. Acesso em: 21 de março de 2021.

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