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BACHAREL EM ENFERMAGEM

INÊS SOUSA DA SILVA MESQUITA

ACNE: DIFERENTES TIPOLOGIAS, FORMAS DE TRATAMENTO E


PREVENÇÃO

MACAPÁ, 2018
INTRODUÇÃO

A acne vulgar é, provavelmente, a mais frequente doença cutânea, afectando 85 a 100


% da população em qualquer momento da sua vida. É caracterizada por pápulas foliculares
não inflamatórias ou comedões e por pápulas inflamatórias, pústulas e nódulos, nas suas
formas mais severas. Afecta as áreas da pele com maior densidade de folículos sebáceos, as
quais incluem a face, a parte superior do tórax e o dorso. A acne tem habitualmente um efeito
psicológico de curto prazo, mas com potencialidade de se manter e que pode tornar-se grave.
(MANFRINATO, 2009).
Diminuição da auto-estima e da auto-confiança podem conduzir a afastamento social e
mesmo a depressão. Não tratada a acne severa ou nódulo-quística pode dar origem a cicatrizes
inestéticas ou mesmo desfigurantes, as quais são, por si próprias, difíceis de tratar. O
conhecimento pormenorizado da fisiopatologia, das opções terapêuticas adequadas para cada
tipo de acne e de um algoritmo de tratamento que funcione como linha de orientação
terapêutica para cada tipo de acne e que possa ser utilizado por qualquer médico envolvido no
seu tratamento, são as ferramentas essenciais para normas de boa prática clínica (PIMENTEL,
2011).
De modo geral o tratamento clínico da acne é baseado na tipologia da afecção e no seu
grau de acometimento. Podendo então, o seu tratamento envolver medidas higiênicas e
profiláticas, até o uso de medicamentos orais e tópicos, realização de cirurgia, tratamento
estético e alternativo (LIMA, 2006; MANFRINATO, 2009).
A acne é classificada de duas formas: acne não inflamatória e a acne inflamatória. A
acne não inflamatória tem presença de comendões, sem quadro inflamatório, já a acne
inflamatória é classificada em cinco graus, de acordo com a intensidade, quantidade e
características das lesões: Grau I – Acne Comedogênica; Grau II – Acne Papúlo-pustulosa;
Grau III – Acne Nódulo-cística; Grau IV – Acne Conglobata; Grau V–Acne fulminans
(PIMENTEL, 2011).
Neste contexto o presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão de literatura
sobre a acne, destacando a sua tipologia e as suas diferentes formas de tratamento clínico.

1. ACNE
A acne é uma afecção dermatológica que atinge as unidades pilossebáceas de algumas
áreas do corpo, sendo bastante frequente entre os adolescentes (80%) (MANFRINATO,
2009).

1.1 TIPOS DE CAUSAS (MITOS E VERDADES)

Na sociedade atual, entre médicos e pacientes, persistem mitos e equívocos sobre a


acne. Da mesma forma, algumas crenças, que antes se acreditava serem mitos, vêm sendo
apoiadas por evidências que sustentam sua veracidade. A seguir, apresentamos as crenças
mais frequentes a respeito da acne, juntamente com as evidências que as apoiam ou refutam:
• Dieta – Apesar de poucos estudos fidedignos correlacionarem a dieta com a acne, existe
uma diferença de prevalência entre as sociedades industrializadas e não industrializadas,
sugerindo-a como fator a considerar. Recentemente, foi encontrada uma relação entre a
ingestão de alimentos com carga glicêmica elevada e a patogênese da acne, através da
hiperinsulinemia provocada por tais alimentos.

• Higienização – Ainda persiste a ideia de que a acne está associada à higiene deficiente.
Uma má higienização não só não provoca acne, como a evidência científica do papel da
limpeza do rosto na patogênese da acne é de má qualidade. No entanto, sabe-se que a lavagem
facial frequente e intempestiva tem sido proposta como sendo traumatizante, aumentando os
efeitos de irritação cutânea da tretinoína tópica e da isotretinoína.Assim, o consenso geral é de
que a limpeza do rosto deve ser efetuada uma vez por dia, com agente de limpeza ajustado ao
tipo de pele, como preparação para a aplicação dos tratamentos posteriores. O recurso da
maquiagem e das técnicas de camuflagem, desde que os produtos sejam não comedogênicos,
não estão contraindicados.

• Estresse – Desde longa data tem sido evocada a relação causal entre o estresse e a acne,
mas, apenas recentemente, Chiu et al. demonstraram correlação positiva entre o agravamento
da acne e a existência de níveis elevados de estresse durante o período dos exames escolares.

• Atividade sexual – A prática sexual não demonstrou ter qualquer relação com a acne, pois
são as alterações hormonais normais da puberdade que estão implicadas na sua patogênese.

• Período menstrual – O agravamento pré-menstrual da acne pode ser parcialmente


explicado pela diminuição do diâmetro de abertura do folículo dois dias antes do início da
menstruação.1

• Exposição solar – Não existe evidência científica convincente do benefício da radiação


ultravioleta sobre a acne. Recentes estudos sugeriram a eficácia de vários espectros de luz
artificial, mas tais efeitos não podem ser extrapolados para a luz solar. Além disso, a
fotossensibilidade é um efeito colateral comum a muitos tratamentos médicos para a acne.

1.2 TIPOS DE DIAGNOSTICOS


Não existe um sistema universal de classificação da acne vulgar. Neste artigo, adotamos
um sistema de classificação em que, com base no predomínio de lesões elementares
encontradas (Quadro 1), se definem três tipos de acne: comedônica, pápulo-pustulosa e
nódulo-cística – ou apenas nodular. Isso não significa, entretanto, que, em um tipo de acne,
não possam estar presentes outros tipos de lesões. O estadiamento da acne deve levar em
conta uma avaliação global da gravidade – classificada em leve, moderada ou grave/severa –,
representando uma síntese entre tipo, número, tamanho e extensão das lesões, e auxiliando na
seleção de agentes terapêuticos apropriados e na avaliação da resposta ao tratamento.
Tabela 1. Tipologia da acne e suas características clinicas

Fonte: Adaptado de Manfrinato (2009, p.27-30).

1.3 TRATAMENTO
A respeito do tratamento clínico da acne, a literatura evidencia a existência de várias
técnicas e métodos de tratamento, que apresentam bons resultados no que diz respeito á
melhora do aspecto geral da pele e contenção do grau de acometimento desta afecção
dermatológica. Na maioria dos casos as técnicas de tratamento para a acne são escolhidas de
acordo com o grau de acometimento da acne e a sua tipologia. Porém de modo geral podemos
dividir o tratamento da acne em: profilático (cuidados higiênicos e alimentares),
medicamentoso (uso de antiinflamatórios, antibióticos, cosméticos etc.), cirúrgico, terapêutico
(limpeza de pele, luz pulsada e etc.) e alternativo (acupuntura, fitoterapia e etc.). Na acne
branda recomenda-se o uso de antibióticos tópicos (clindamicina e eritromicina), gel de
peróxido de benzoila (2%, 5% ou 10%), haja vista que os retinóides tópicos (tretinoína) são
eficazes na acne comendônica e na papulopustulosa, mas exigem instruções detalhadas quanto
aos aumentos gradativos da concentração: creme a 0,025% ou gel a 0,01%; creme a 0,05% ou
gel a 0,025%; creme a 0,1%; solução a 0,05% menor concentração eficaz para manutenção.
Ocorrendo uma melhora do quadro clinico após alguns meses (2 a 5) e pode demorar ainda
mais nos pacientes com comedões não inflamados. Devendo-se aplicar retinóides tópicos á
noite e antibióticos e géis de peróxido de benzoíla tópicos durante o dia (UDA;
WANCZINSKI, 2008; MANFRINATO, 2009).
Nos casos de acne moderada recomenda-se o uso de tetraciclinas orais acrescentadas
ao esquema acima relatado. Podendo ainda utilizar-se minociclina na dose de 50 a 100 mg
duas vezes ao dia, sendo esta dosagem reduzida para 50mg/dia, quando as lesões acnéicas
melhoram. Por fim, nos casos de acne grave recomenda-se o uso de isotretinoína que é um
retinóide que inibe a função das glândulas sebáceas e a queratinização e tem sido muito eficaz
no tratamento da acne grave (UDA; WANCZINSKI, 2008; MANFRINATO, 2009).
O tratamento cirúrgico da acne por sua vez, somente é indicado para os casos em que
existe a necessidade da extração de comedões, drenagem e extirpação de quistes e Injeção
intralesional de corticóides (acetonido de triamcinolona) No que diz respeito especificamente
ao tratamento estético para os casos de acne Manfrinato (2009), relata que este tipo de
tratamento visa sobretudo à redução de cicatrizes deprimidas, puntiformes e/ou irregulares e
que diferentes técnicas podem vir a ser utilizadas, não só para tratar a acne, como também,
para melhorar o aspecto geral da pele acnéica como é o caso das técnicas apresentadas na
tabela 2.
Tabela 2. Tratamento estético da acne e suas recomendações/finalidades terapêuticas

Fonte: Pimentel (2008, p. 50-65) e Spethmann (2004,p.45).

1.4 PREVENÇÃO
A acne necessita de tratamento adequado, e que evite o agravamento da doença para as
formas mais graves, com possíveis cicatrizes o que podem resultar em alterações
psicossociais, com efeitos prejudiciais que comprometam a qualidade de vida dos indivíduos.
O tratamento da acne deve prevenir e tratar cicatrizes e manchas, e atuar na prevenção da
reincidência da acne (PIMENTEL, 2011). O estudo da pele é de grande importância,
favorecendo a avaliação dos motivos que levam ao surgimento de doenças de pele, com o
propósito de prevenir, ou interferir de modo específico (LUDWIG et al, 2006).
O ácido mandélico é um Alfa-hidroxiácido (AHA) derivado do extrato de amêndoas
amargas e utilizado farmacologicamente em tratamentos de acne e hiperpigmentações. Age no
processo infeccioso da acne, combatendo e prevenindo a formação de novas bactérias e
acelerando o processo de cicatrização, cooperando para o tratamento de sequelas eventuais
(PIMENTEL, 2011).
É importante não “espremer” a lesão, a fim de evitar a formação de cicatrizes. Caso tenha
iniciado um tratamento, convém fazer manutenções regulares ate que desapareçam
naturalmente.
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho buscou-se investigar pelos livros, base de dados e revistas
especializadas informações publicadas, bem como sites direcionados sobre o tema. A busca
dos artigos foi realizada nas bases de dados eletrônicos. Foram previamente selecionados 10
artigos e utilizou-se todos para a construção do referencial teórico, cujo conteúdo, atendia os
critérios de inclusão determinados para alcançar o objetivo estabelecido.
A acne vulgar é a doença cutânea mais frequente, afetando 85 a 100% da população
em algum momento da vida; constituindo, por isso, um motivo frequente de consulta na
atenção primária à saúde. Geralmente, tem início na puberdade, situando-se o pico de
incidência entre os 14 e 17 anos nas adolescentes, e entre os 16 e 19 anos nos rapazes, sendo
mais grave e prevalente no sexo masculino. Apesar de extensamente debatida, a acne vulgar
requer uma atualização constante.
Esta pode causar distúrbios emocionais, que consequentemente podem agravá-la. Se
não for tratada de maneira adequada pode evoluir para formas mais graves, com cicatrizes
profundas. Diversas opções terapêuticas estão disponíveis, desde os esfoliantes, antibióticos
tópicos e sistêmicos até a isotretinoína sistêmica. A opção terapêutica depende da forma
clínica da acne, sua gravidade e algumas características individuais.
O tratamento da acne incluí a prevenção dessas cicatrizes e o tratamento de possíveis
manchas. Os tratamentos químicos geram uma destruição controlada da epiderme e, ou
derme, através da aplicação de agentes cáusticos, com posterior regeneração dos tecidos. São
inúmeros os ácidos existentes para o tratamento da acne. Os peelings por realizarem essa
renovação celular, diminuir a secreção sebácea, agir no controle das bactérias, ajudando na
prevenção de novas lesões e tratando lesões presentes, comprovam sua eficácia no e sua ação
benéfica no tratamento da acne. Sendo de escolha do profissional o tipo do ácido utilizado de
acordo com a necessidade de cada caso.

3. REFERÊNCIAS

LIMA, L.A.F. Acne na mulher adulta e tratamento. Revista Médica da Santa Casa de
Maceió, Maceió, v.1, n.1, p. 26-29, jan. 2006.

MANFRINATO, G.L. Acupuntura estética no tratamento da acne (estudo de caso). 2009.


58f. Monografia (Especialização em Acupuntura) – Instituto Brasileiro de Therapias e
Ensino, Maringá, 2009.

PIMENTEL, A. S. Peeling, máscara e acne: seus tipos e passo a passo do tratamento


estético. São Paulo: LMP; 2008. 336p.
PIMENTEL, A. S. Peeling, máscara e acne: seus tipos e passo a passo do tratamento
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SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico, Ed. Cortez, 2010.

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Federal de Farmácia, Brasília, v.20, n.9/10, p.16-25, set. 2008.

VAZ, Ana Lúcia. Acne vulgar: bases para o seu tratamento. Disponível em:
http://www.vandressabueno.com.br/wp-content/uploads/2012/11/ARTIGO-ACNE.pdf.
Acesso em 01/07/2018

VELASCO,Maria Valéria Robles; RIBEIRO, Maria Elizette; BENDIN,Valcenir;


OKUBO,Fernanda Rumi; STEINER, Denise. Rejuvenescimento da pele por peeling
químico: enfoque no peeling de fenol. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/abd/v79n1/en_19999.pdf. Acesso em 01/07/2018.

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WIPPEL,Ana Paula; FRANÇA, Ana Júlia V.B.D.V. Uso do ácido Glicólico em produtos
cosméticos para o tratamento da acne. Disponível em:
http://siaibib01.univali.br/pdf/Ana%20Paula%20Wippel.pdf. Acesso em: 01/07/2018.

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