Você está na página 1de 15

Boletim técnico ICL

Nº 26 - Dezembro/2021

Importância do níquel na fixação


biológica de nitrogênio para a
cultura da soja.
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

Introdução

A soja (Glycine max L.) é uma leguminosa de origem asiática e cultivada em várias partes do
mundo. É uma cultura milenar e que se tornou base, direta ou indiretamente, da alimentação
de bilhões de pessoas tanto no hemisfério Oriental (centro de origem) quanto no Ocidental.
A soja é uma cultura bidimensional que contem cerca de 40 a 42% de proteína de alta
qualidade; entre 20 a 22% de óleo e de 20 a 30% de carboidratos. Por essas características
se tornou a principal fonte de proteína para os seres humanos e animais, sendo na forma de
grãos inteiros ou esmagada na forma de óleo ou farinha (Pimentel et al., 2006; Gonçalves
et al., 2018; Peiretti et al., 2019; Narayanan e Fallen, 2019). A qualidade proteica da soja é
análoga à da carne, produtos lácteos e ovos (Mendes et al., 2004; Lodhi et al., 2015).
De acordo com os dados da Figura 1, tanto a área semeada quanto a produtividade da cultura
da soja estão em franca expansão desde a safra 1976/77. Para a safra 2019/20, área semeada
foi de 36,8 milhões de ha, enquanto a produtividade média nacional foi de 3.373 kg ha-1.

40.000 4.000

35.000 Área Produtividade 3.500


Área semeada (ha x 1000)

Produtividade (kg ha -1)


30.000 3.000

25.000 2.500

20.000 2.000

15.000 1.500

10.000 1.000

5.000 500

0 -
2003/04
2002/03

2004/05

2008/09
2005/06

2007/08
2006/07

2019/20(*)
1983/84

1993/94
1982/83

1992/93

2000/01
2001/02

2009/10
1999/00
1984/85

1988/89
1989/90

1994/95

1998/99
1985/86

1995/96
1979/80

1987/88
1986/87

1997/98
1996/97
1978/79
1977/78
1976/77

2013/14
2012/13
1980/81

2014/15

2018/19
1981/82

1990/91
1991/92

2015/16

2017/18
2016/17
2010/11
2011/12

Safra

Figura 1. Série histórica da área semeada e produtividade da cultura da soja no Brasil.


Fonte: (CONAB, 2020)

Uma vez conhecida a relevância da cultura da soja, é fundamental o entendimento dos fatores
que estão diretamente relacionados com a produtividade desta cultura. Neste contexto, sabe-
se que, dentre outros fatores, o rendimento da cultura da soja é frequentemente associado
a absorção total de nitrogênio (N) e, em última análise, a absorção total desse elemento é
dependente da quantidade de N que é biologicamente fixada e/ou absorvida da solução do
solo (Santachiara et al., 2017).

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 1
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

Nitrogênio e fixação biológica de nitrogênio (FBN) na cultura da soja

A elevada absorção de N é um requisito para cultivares de soja, sobretudo as de elevado


rendimento (Santachiara et al., 2017). Neste sentido, relatos da literatura demonstram que
são necessários aproximadamente 80 kg ha-1 de N para produzir uma tonelada de grãos
de soja (Salvagiotti et al., 2008). Embora o N seja abundante na atmosfera (78%), essa
enorme quantidade não está disponível para plantas, animais ou seres humanos (Coskan e
Dog, 2011; Yang et al., 2019). Logo, a FBN é um processo pelo qual as plantas, associadas
a microrganismos, convertem o nitrogênio atmosférico (N2) em amônia (NH3), prontamente
disponível para o crescimento das plantas (Yang et al., 2017).
Todavia, em condições de alto rendimento, o N advindo do solo e da FBN podem não ser
suficientes para sustentar as taxas de absorção durante o período de produção de grãos
de soja, de modo que não atenderia à demanda de N necessária para atingir o rendimento
máximo atingível (Salvagiotti et al., 2009). Resultados demonstram que o total de N fixado
via FBN varia entre 300 e 400 kg ha-1, quantidade essa, insuficiente para suportar elevadas
produtividades (Santachiara et al., 2017; Ciampitti e Salvagiotti, 2018). Situações de elevadas
produtividade e/ou a baixa eficiência da FBN , poderia afetar negativamente o balanço de N e
o equilíbrio do carbono (C), o que por conseguinte afetaria a saúde e sustentabilidade do solo
a longo prazo (Córdova et al., 2019).
Este problema poderia ser superado com aplicações de N inorgânico no solo em cobertura
ou incorporado, no entanto, a concepção de tal estratégia também deve lidar com a redução
frequentemente observada na FBN quando o N inorgânico é aplicado (Salvagiotti et al.,
2008). Além do mais, a quantidade de N fixado via FBN é negativamente correlacionada com
absorção de N no solo, de maneira que, qualquer kg ha-1 extra de N absorvido da solução
do solo pode implicar numa redução de 1,4 kg ha-1 de N derivado da FBN (Santachiara et al.,
2017). Além do mais, o uso de fertilizantes nitrogenados apresenta elevado custo econômico
e ambiental, o que certamente inviabilizaria o cultivo de soja.
A fixação biológica de nitrogênio talvez seja insuficiente para prover N suficiente para
elevadas produtividades e ainda susceptível a fatores bióticos e abióticos, mas é consenso
o papel chave da FBN para os avanços de produção e sustentabilidade do solo a longo prazo
(Córdova et al., 2019).

Os fatos supracitados sugerem que há mais chances de aumentar a absorção total de N via
aumento da eficiência da FBN do que por meio do incremento da absorção da solução do solo
(Santachiara et al., 2017). Neste contexto, o conhecimento do processo e de técnicas que
potencializem a fixação biológica de nitrogênio em sistemas agrícolas intensivos em soja
é essencial para a obtenção de elevadas produtividades.
Inicialmente se faz necessário entender que não há obrigatoriedade quanto ao
estabelecimento da simbiose entre os dois organismos (a cultura da soja e a bactéria fixadora
de N), principalmente se o ambiente em que se encontram não apresenta limitações quanto

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 2
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

à disponibilidade de nitrogênio (N) (Câmara, 2014) ou apresenta fatores edafoclimáticos que


são limitantes ao bom desenvolvimento da bactéria. Neste contexto, o suprimento deficiente
de nutrientes como molibdênio (Mo), cobalto (Co) e níquel (Ni) afetará negativamente a FBN
da soja. Em função do destacado anteriormente, neste material será discutido a importância
e a função do Ni na FBN da cultura da soja.

Níquel
Para facilitar o entendimento do Ni na agricultura e sobretudo na cultura da soja, este tema foi
subdivido em: essencialidade do Ni, hidrogenase e urease.

Essencialidade do Níquel
O primeiro relato sobre a essencialidade do Ni para os seres vivos foi realizado em 1975,
neste estudo foi demonstrado que a enzima urease apresentava dois átomos de Ni na sua
composição estrutural (Dixon et al., 1975). Ainda, oito anos mais tarde, em 1983 ao estudarem
a cultura da soja, em solução nutritiva, Eskew et al. (1983) verificaram necrose na extremidade
dos folíolos devido ao acúmulo de ureia em concentrações tóxicas, e sugeriram que o níquel,
como componente, da urease seria necessário para evitar o acúmulo de concentrações
tóxicas de ureia. A essencialidade do Ni também foi sugerida por Eskew et al. (1984), estes
autores afirmaram que o Ni apresenta papel fundamental em plantas superiores, e que
a importância é geral devido às semelhanças nas respostas da soja e do feijão-caupi
à deficiência de Ni. Depois desses estudos pioneiros, outras funções do Ni foram descobertas
e estudadas e finalmente o Ni foi adicionado na lista de elementos essenciais para as plantas.
O níquel é o 28º elemento da tabela periódica. É um metal branco prateado encontrado em
vários estados de oxidação (variando de -1 a +4). No entanto, o estado de oxidação divalente
(Ni2+) é o mais comum em sistemas naturais (Denkhaus e Salnikow, 2002). Este elemento
é essencial para plantas, animais e seres humanos (Sreekanth et al., 2013).
A concentração de Ni no solo depende do material de origem e do processo de formação
(Ureta et al., 2005). Por outro lado, a disponibilidade deste elemento no solo é alterada
principalmente pelo pH, que pode ser indiretamente alterado pela saturação por bases
(Macedo et al., 2020). Em pH<6,5, os compostos de Ni presentes no solo são relativamente
solúveis, enquanto que em pH>6,7, a maioria do Ni existe como hidróxidos insolúveis
(Sreekanth et al., 2013). No Brasil, não existe determinação de níveis críticos para o Ni
disponível em solos agrícolas para impulsionar a recomendação de fertilizantes.
Consequentemente, não há recomendação de um extrator específico para determinar
a disponibilidade de Ni no solo (Rodak et al., 2015).
O Ni afeta vários processos fisiológicos nas plantas, o que inclui atividades enzimáticas e
portanto apresenta papéis vitais em uma ampla gama de funções morfológicas e fisiológicas,
desde a germinação até a produtividade (Van Assche e Glijsters, 1990; Sreekanth et al., 2013).

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 3
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

Dentre os papéis fundamentais desempenhados pelo Ni, destaca-se a importância do Ni para


a hidrogenase e urease.

Hidrogenase
Durante o processo de (FBN) subprodutos são liberados, como por exemplo o H2 (Polacco et
al., 2013; Macedo et al., 2020). O H2 liberado no processo de FBN estará livre no ambiente
nodular e poderá, dentre outros caminhos, competir com o N2 pela nitrogenase, uma vez que
esta enzima possui sítios de ligação que podem receber N2 e H2. Logo, o H2 liberado,
ao competir com o N2 pela nitrogenase, poderá diminuir a eficiência do processo de FBN
(Figura 2).

Floema
Xilema

GLU Nódulo
2 NH4

UR/AL/AAL
Mo/Fe
Nitrogenase
Purinas
2 NH3 N2(H2)

SC CK H2 2H+
Hidrogenase
H2O Ni
M ATP
O2 - Lb2 2 H+
Cobalamina

SC H2O
M O2 Nódulo

Figura 2. Diagrama esquemático que demonstra as interações entre os nutrientes e a fixação biológica de
nitrogênio (FBN) em soja. As setas tracejadas no floema e xilema indicam as direções de transporte, seja de água
(H2O) e nutriente (M) no xilema ou sacarose (SC), ureídeos (UR), alantoina (AL) e ácido alantóico (AAL) no floema.
Ao ser absorvida pelas raízes e transportada para o nódulo, a água é hidrolisada para formação de energia na
forma de H+, e juntamente com ATP oriundo da respiração da sacarose, fornecem parte do substrato para a FBN.
Para produção de ATP no ciclo de Krebs (CK) é necessário a presença de oxigênio (O2), o qual é transportado
dentro do nódulo pela enzima leghemoglobina (Lb2). Esta enzima é sintetizada a partir da cobalamina, que tem
como constituinte o elemento cobalto (Co). Com a entrada de nitrogênio (N2) no bacteroide e na presença de ATP
e H+, a enzima nitrogenase quebra a ligação tripla do N2, tendo como produto duas moléculas de amônia (NH3) e
H2. Este H2 pode competir com o N2 na nitrogenase, o que pode ocasionar a inativação dessa enzima e
paralização da FBN. Contudo, por meio da enzima hidrogenase, que é composta por dois átomos de níquel, o H2
sofrerá hidrogenação cujo produto seja dois H+, que serão utilizados como fonte de energia pela nitrogenase.
Cabe ressaltar que a nitrogenase é uma enzima que contém molibdênio e ferro, elementos essenciais para o seu
funcionamento. Ao quebrar o N2 em 2 NH3, essas duas moléculas de amônia difundem-se para fora do bacteroide

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 4
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

onde são protonadas para NH4+, que é convertida enzimaticamente em glutamina (GLU) e posteriormente em
ureídeos (UR), alantoina (AL) e ácido alantóico (ALA) para serem transportados dos nódulos para as folhas pelo
floema. Vale ressaltar que se estima que 90% do nitrogênio oriundo da FBN seja transportado para a parte aérea
na forma de ureídeos, por este motivo, neste material abordaremos apenas o metabolismo de ureídeos.

SC – Sacarose; H2O – Água; M – Nutrientes; Ni – Níquel; Co – Cobalto; Mo – Molibdênio; P – Fósforo; Fe – Ferro;


N – Nitrogênio; Lb2 – Leghemoglobina; ATP – Adenosina trifosfato; CK – Ciclo de Krebs; UR – Ureídeos; AL –
Alantoina; AAL – Ácido alantóico; GLU – Glutamina; NH4+ – Amônio; NH3 – Amônia.

Outro caminho possível, e talvez a melhor alternativa, é que o gás hidrogênio produzido, seja
re-oxidado pela enzima hidrogenase, o que recuperará uma certa quantidade de energia
usada para a redução anterior pela nitrogenase (Gonzalez-Guerrero et al., 2014). Deste
modo, a hidrogenase catalisa a oxidação de hidrogênio molecular (H2) em prótons e elétrons
(Brazzolotto et al., 2016). Por conseguinte, a eficiência da fixação do nitrogênio depende
imediatamente da atividade da hidrogenase, uma vez que a oxidação do hidrogênio fornece
energia (ATP) necessária para a redução do N na amônia. Essa reciclagem de hidrogênio tem
sido associada a aumentos significativos da produtividade das plantas em certos sistemas
simbióticos, como a soja (Albretch et al., 1979).
Todavia, a biossíntese da hidrogenase é um processo complexo que envolve pelo menos
15 proteínas acessórias, algumas das quais participam da inserção de um átomo de níquel
essencial no local ativo da enzima (Ureta et al., 2005). Neste contexto, o Ni é fundamental
para que a reciclagem do H2 ocorra (Freitas et al., 2018).
Deste modo, os baixos níveis de Ni disponível no solo afetam a atividade da hidrogenase
e por conseguinte a performance da FBN (Ureta et al., 2005). Os fatos mencionados
anteriormente são destacados por Seregin e Kozhevnikova (2006), de acordo com estes
autores, a deficiência de Ni2+ mostrou diminuir a atividade da hidrogenase nos nódulos. Ainda,
a presença de Ni pode ter favorecido a atividade da hidrogenase, recuperando mais H2,
aumentando a eficiência energética do processo e, portanto, otimizando a redução de N2
e todo o processo de FBN. Assim, considera-se que existe um “feedback” positivo entre
as atividades da hidrogenase e nitrogenase, a fim de manter a FBN constante e eficiente
(Lavres et al., 2016).
Logo, uma alternativa para fornecer Ni para as plantas e consequentemente melhorar o
processo de FBN é por meio do tratamento de sementes (TS). Resultados positivos para o
uso desta técnica já foram demonstrados por Lavres et al. (2016), segundo esses autores, a
presença de Ni nas sementes estimulou o processo de FBN, provavelmente devido à maior
atividade da enzima hidrogenase. Ainda, Milléo et al. (2009), observaram que o uso de Ni via
TS ou via aplicação foliar na fase vegetativa contribuiu positivamente de forma análoga para
a produtividade da cultura da soja, mas o uso desse elemento em ambas as fases incrementou
em mais de 4,7% a produtividade.

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 5
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

Urease
O principal meio de transporte de nitrogênio da soja dos nódulos para a parte aérea é na forma
de ureídeos (King e Purcell, 2005) (Figura 3). Porém, quando aumenta-se a concentração
de ureídeos na parte aérea das plantas, a FBN é significativamente diminuída, no fenômeno
conhecido como “efeito feedback” (King e Purcell, 2005; Fagan et al., 2007). Neste contexto,
uma vez nas folhas, os ureídeos podem ser convertidos em ureia, por meio da via de
degradação de purinas, sendo então metabolizados pela urease (Zrenner et al., 2006). A ureia
é um pequeno composto orgânico neutro, formado por duas moléculas de amônia (NH3) e uma
de dióxido de carbono (CO2) (Wang et al., 2008).
Entretanto, a molécula de ureia, na sua forma original, não é passível de ser utilizada pelos
organismos vivos, devendo está ser quebrada para ser utilizada. Além do mais, como
discutido anteriormente o acúmulo de ureídeos e posteriormente de ureia nas plantas é algo
que deve ser evitado, uma vez que, dentre outros fatores, diminuirá o processo de FBN pelo
“efeito feedback”. Assim, dois tipos diferentes de enzimas são capazes de degradar a ureia:
a ureia amidolase e a urease. Assim, a urease é fundamental para o aproveitamento da ureia
pelos organismos vivos, sendo que, estima-se que a degradação espontânea da ureia tenha
uma meia-vida de 520 anos para gerar amônia e carbamato, enquanto a meia-vida da ureia
catalisada pela urease é de 20 milésimos de segundo (ms) (Callahan et al., 2005). De tal modo
que a urease é uma das hidrolases mais rápidas conhecidas.

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 6
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

O2 CO2

Floema ATP
O2
Xilema Luz
+ 6C
SC GLI 6 H 2O AA
UR
NH 3
H2O
+ 6 O2 +2
M GLI CO 2
SC rea
se
UR U Ni
ase
H 2O Ure

i
M 2N

UR
H2O
SC M

Figura 3. Diagrama esquemático que demonstra o metabolismo de ureídeos e a fotossíntese em folha de


soja. Após ser transportado dos nódulos para as folhas, o níquel é utilizado para a síntese de urease, enzima
responsável pela quebra do ureídeos (UR) em duas moléculas de amônia (NH3), que posteriormente serão
metabolizadas para síntese de aminoácidos e demais produtos que contém nitrogênio. Contudo, a deficiência
de níquel pode ocasionar o acúmulo de ureídeos nas folhas, o que consequentemente induz efeito feedback, ou
seja, a produção de sinais para a nitrogenase nos nódulos reduzir a atividade, o que consequentemente reduzirá
a FBN. Assim, a nutrição adequada com níquel é fundamental para que o processo de FBN e o metabolismo de
ureídeos e nitrogênio na folha continue ativo. Além disso, para a atividade deste processo é fundamental
a produção de glicose (GLI) pela fotossíntese, a qual é utilizada para produção de energia (ATP) e sacarose (SC),
que será transportada para as diferentes partes da planta, tal como os nódulos, onde será fonte de energia (ATP)
para FBN.

SC – Sacarose; H2O – Água; M – Nutrientes; Ni – Níquel; P – Fósforo; Fe – Ferro; N – Nitrogênio; ATP – Adenosina
trifosfato; GLI – Glicose; UR – Ureídeos; NH3 – Amônia; AA – aminoácidos; CO2 – Dióxido de carbono; O2 –
Oxigênio.

A urease é responsável pela hidrólise da ureia em duas moléculas de amônia e uma de dióxido
de carbono (Polacco et al., 2013). Nas plantas, a urease tem função na assimilação da ureia
derivada de ureídeos ou arginina (Polacco e Holland, 1993).
Esta enzima é uma metaloenzima que utiliza íons de níquel em seu local ativo, o que é
essencial para sua atividade (Dixon et al., 1975). Portanto, consistem em um dímero de
homotrímeros em que cada local ativo possui dois íons de níquel, totalizando seis locais
ativos por proteína ativa (Dixon et al., 1975; Zambelli et al., 2011). Em outras palavras, uma
subunidade de urease compreende dois íons Ni2+ cruciais para o processo catalítico (Seregin
e Kozhevnikova, 2006).

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 7
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

O caminho da urease é, portanto, outra reação biológica na qual o Ni tem um papel importante
(Freitas et al., 2018), sendo que o fornecimento deste micronutriente, como evidenciado
anteriormente, é fundamental para o processo de FBN na cultura da soja.
Entendendo a importância do níquel na fixação biológica de nitrogênio e metabolismo de
nitrogênio em plantas, a ICL não mediu esforço para desenvolver o Up! Seeds e Tônus, dois
produtos que fornecem estímulos fisiológicos e nutrição, trazendo em sua composição
o micronutriente níquel.

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 8
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

Conheça Up! Seeds


Produto desenvolvido para proporcionar estímulos fisiológicos
e nutrição focado nos estádios iniciais da cultura conferindo maior
enraizamento e estímulos à fixação biológica de nitrogênio. Possui
compatibilidade comprovada com inoculantes, não alterando
a sobrevivência das bactérias diazotróficas (Rizóbios).

Vantagens e Benefícios
• Maior eficiência na absorção de nitrogênio desde o processo de germinação.
• Sistema radicular profundo: maior tolerância a veranicos e eficiência na extração
de nutrientes.
• Facilidade operacional e distribuição uniforme sobre as sementes.
• pH ideal: favorecendo o estabelecimento das bactérias fixadoras de nitrogênio.
• Compatibilidade em mistura de calda

Conheça Tônus
Promove estímulo e aumento da eficiência do processo de Fixação
Biológica de Nitrogênio (FBN) até o final do ciclo da cultura. Tônus
proporciona estímulos nutricionais e fisiológicos que atuam na
longevidade e renovação dos nódulos da planta para manter
a FBN até o momento de enchimento de grãos.

Vantagens e Benefícios
• Proporciona a formação contínua de nódulos jovens e fortes, através da modulação do
balanço hormonal;
• Torna a fixação de nitrogênio muito mais eficiente, fornecendo mais energia para
a planta crescer;
• Rápida transformação do nitrogênio fornecido pelos nódulos em proteínas e grãos mais
pesados;
• Mantém o fornecimento de energia para os nódulos;
• Reduz a formação de etileno na planta, evitando a morte prematura dos nódulos;
• Fornece elementos essenciais para manter os nódulos fisiologicamente ativos.

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 9
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

Conheça os autores

Fabiano Pacentchuk é engenheiro agrônomo pela


Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
com período sanduíche na Universidade de Vigo/Espanha,
mestre e doutorando em produção vegetal/manejo de
grandes culturas pela Universidade Estadual do Centro-
Oeste (UNICENTRO).

Atua como consultor de desenvolvimento de mercado


(CDM) no Sul do Mato Grosso do Sul.

Para dúvidas ou sugestões:

fabiano.pacentchuk@icl-group.com.br

Hellismar Wakson da Silva é engenheiro agrônomo


pelo Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, com
mestrado e doutorado em Agronomia/Fitotecnia pela
Universidade Federal de Lavras (UFLA).

Atua como gerente regional no Norte do Mato Grosso


do Sul.

Para dúvidas ou sugestões:

hellismar.silva@icl-group.com.br

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 10
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

Referências
ALBRETCH, S. L.; R. J. MAIER; HANUS, F. J.; RUSSELL, S. A.; EMERICH, D. W. EVANS, H. J. Hydrogenase in
Rhizobium japonicum increases nitrogen fixation by nodulated soybeans. Science, v. 203, n. 1255-1257, 1979.

BRAZZOLOTTO, D.; GENNARI, M.; QUEYRIAUX, N.; SIMMONS, T. R.; PECAUT, J.; DEMESHKO, S.; MEYER, F.; ORIO,
M.; ARTERO, V. DUBOC, C. Nickel-centred proton reduction catalysis in a model of [NiFe] hydrogenase. Nature
Chemistry, v. 8, n. 11, p. 1054-1060, 2016.

CALLAHAN, B. P.; YUAN, Y. WOLFENDEN, R. The burden borne by urease. Journal of the American Chemical
Society, v. 127, n. 31, p. 10828-10829, 2005.

CÂMARA, G. M. D. S. Fixação biológica de nitrogênio em soja. IPNI - Informações agronomicas Nº147. Piracicaba-
SP, Brasil. 2014.

CIAMPITTI, I. A. SALVAGIOTTI, F. New insights into soybean biological nitrogen fixation. Agronomy Journal, v. 110,
n. 4, p. 1185, 2018.

CONAB. Séries históricas - soja. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/serie-historica-das-


safras?start=30. Acessado em: 01/04/2020. 2020.

CÓRDOVA, S. C.; CASTELLANO, M. J.; DIETZEL, R.; LICHT, M. A.; TOGLIATTI, K.; MARTINEZ-FERIA, R.
ARCHONTOULIS, S. V. Soybean nitrogen fixation dynamics in Iowa, USA. Field Crops Research, v. 236, n. 165-176,
2019.

COSKAN, A. DOG, K. Symbiotic nitrogen fixation in soybean In: Soybean: Biochemistry, Chemistry and Physiology.
EL-SHEMY, H. ISBN: 978-953-307-534-1, InTech. 2011.

DENKHAUS, E. SALNIKOW, K. Nickel essentiality, toxicity, and carcinogenicity. Critical Reviews in Oncology/
Hematology, v. 2, n. 35-56, 2002.

DIXON, N. E.; GAZZOLA, C.; BLAKELEY, R. L. ZERNER, B. Jack bean urease (EC 3.5.1.5). Metalloenzyme simple
biological role for nickel. Journal of the American Chemical Society, v. 97, n. 14, p. 4131-4133, 1975.

ESKEW, D. L.; WELCH, R. M. CARY, E. E. Nickel: an essential micronutrient for legumes and possibly all higher
plants. Science, v. 222, n. 4624, p. 621-623, 1983.

ESKEW, D. L.; WELCH, R. M. NORVELL, W. A. Nickel in higher plants: further evidence for an essential role. Plant
Physiology, v. 76, n. 3, p. 691-693, 1984.

FAGAN, E. B.; MEDEIROS, S. L. P.; MANFRON, P. A.; CASAROLI, D.; SIMON, J.; NETO, D. D.; LIER, Q. D. J. V.;
SANTOS, O. S. MÜLLER, L. Fixação biológica do nitrogênio em soja - revisão. Revista da FZVA, v. 14, n. 1, p. 89-
106, 2007.

FREITAS, D. S.; RODAK, B. W.; REIS, A. R.; REIS, F. B.; CARVALHO, T. S.; SCHULZE, J.; CARNEIRO, M. A. C.
GUILHERME, L. R. G. Hidden Nickel Deficiency? Nickel Fertilization via Soil Improves Nitrogen Metabolism and
Grain Yield in Soybean Genotypes. Front Plant Sci, v. 9, n. 614, 2018.

GONÇALVES, M. R.; PEREIRA, L. C.; JADOSKI, C. J.; GUILHERME, D. ALVES, R. T. B. Composição


químicobromatológica de diferentes subprodutos da soja. Revista Brasileira de Tecnologia Aplicada nas Ciências
Agrárias, v. 11, n. 1, p., 2018.

GONZALEZ-GUERRERO, M.; MATTHIADIS, A.; SAEZ, A. LONG, T. A. Fixating on metals: new insights into the role
of metals in nodulation and symbiotic nitrogen fixation. Frontiers in Plant Science, v. 5, n. 45, 2014.

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 11
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

HARTMAN, G. L.; WEST, E. D. HERMAN, T. K. Crops that feed the World 2. Soybean—worldwide production, use,
and constraints caused by pathogens and pests. Food Security, v. 3, n. 1, p. 5-17, 2011.

KING, C. A. PURCELL, L. C. Inhibition of N2 fixation in soybean is associated with elevated ureides and amino
acids. Plant Physiology, v. 137, n. 4, p. 1389-1396, 2005.

LAVRES, J.; FRANCO, G. C. CÂMARA, G. M. S. Soybean Seed Treatment with Nickel Improves Biological Nitrogen
Fixation and Urease Activity. Frontiers in Environmental Science, v. 4, n., 2016.

LODHI, K. K.; CHOUBEY, N. K.; DWIVEDI, S. K.; PAL, A. KANWAR, P. C. Impact of seaweed saps on growth,
flowering behavior and yield of soybean [Glycine max (L.) Merrill.]. The Bioscan, v. 10, n. 1, p. 479-483, 2015.

MACEDO, F. G.; SANTOS, E. F. LAVRES, J. Agricultural crop influences availability of nickel in the rhizosphere; a
study on base cation saturations, Ni dosages and crop succession. Rhizosphere, v. 13, n. 100182, 2020.

MENDES, W. S.; SILVA, I. J.; FONTES, D. O.; RODRIGUEZ, N. M.; MARINHO, P. C.; SILVA, F. O.; AROUCA, C. L.
C. SILVA, F. C. O. Composição química e valor nutritivo da soja crua e submetida a diferentes processamentos
térmicos para suínos em crescimento. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 56, n. 2, p. 207-
213, 2004.

MILLÉO, M. V. R., CASARIN, V., SÁ, G. D. Avaliação do uso de Profol CoMol 10.1 e Profol NiCoMo em tratamento de
sementes e aplicação foliar sobre a cultura da soja. In: V Congresso Brasileiro de Soja. Goiânia, GO. Resumos, p.
129-129. 2009.

NARAYANAN, S. FALLEN, B. Evaluation of Soybean Plant Introductions for Traits that can Improve Emergence
under Varied Soil Moisture Levels. Agronomy, v. 9, n. 3, p. 118, 2019.

PEIRETTI, P.; KARAMAĆ, M.; JANIAK, M.; LONGATO, E.; MEINERI, G.; AMAROWICZ, R. GAI, F. Phenolic Composition
and Antioxidant Activities of Soybean (Glycine max (L.) Merr.) Plant during Growth Cycle. Agronomy, v. 9, n. 3, p.
153, 2019.

PIMENTEL, I. C.; GLIENKE-BLANCO, C.; GABARDO, J.; STUART, R. M. AZEVEDO, J. L. Identification and
colonization of endophytic fungi from soybean (Glycine max (L.) Merril) under different environmental conditions.
Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 49, n. 5, p. 705-711, 2006.

POLACCO, J. C. HOLLAND, M. A. Roles of Urease in Plant Cells. International Review of Cytology, v. 145, n. 65-
103, 1993.

POLACCO, J. C.; MAZZAFERA, P. TEZOTTO, T. Opinion: nickel and urease in plants: still many knowledge gaps.
Plant Sci, v. 199-200, n. 79-90, 2013.

RODAK, B. W.; MORAES, M. F. D.; PASCOALINO, J. A. L.; OLIVEIRA JUNIOR, A. D.; CASTRO, C. D. PAULETTI, V.
Methods to Quantify Nickel in Soils and Plant Tissues. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 39, n. 3, p. 788-
793, 2015.

SALVAGIOTTI, F.; CASSMAN, K. G.; SPECHT, J. E.; WALTERS, D. T.; WEISS, A. DOBERMANN, A. Nitrogen uptake,
fixation and response to fertilizer N in soybeans: A review. Field Crops Research, v. 108, n. 1, p. 1-13, 2008.

SALVAGIOTTI, F.; SPECHT, J. E.; CASSMAN, K. G.; WALTERS, D. T.; WEISS, A. DOBERMANN, A. Growth and
nitrogen fixation in high-yielding soybean: Impact of nitrogen fertilization. Agronomy Journal, v. 101, n. 4, p. 958,
2009.

SANTACHIARA, G.; BORRÁS, L.; SALVAGIOTTI, F.; GERDE, J. A. ROTUNDO, J. L. Relative importance of biological
nitrogen fixation and mineral uptake in high yielding soybean cultivars. Plant and Soil, v. 418, n. 1-2, p. 191-203,
2017.

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 12
Importância do níquel na fixação biológica
Boletim técnico ICL de nitrogênio para a cultura da soja.

SEREGIN, I. V. KOZHEVNIKOVA, A. D. Physiological role of nickel and its toxic effects on higher plants. Russian
Journal of Plant Physiology, v. 53, n. 2, p. 257-277, 2006.

SREEKANTH, T. V. M.; NAGAJYOTHI, P. C.; LEE, K. D. PRASAD, T. N. V. K. V. Occurrence, physiological responses


and toxicity of nickel in plants. International Journal of Environmental Science and Technology, v. 10, n. 5, p. 1129-
1140, 2013.

URETA, A. C.; IMPERIAL, J.; RUIZ-ARGUESO, T. PALACIOS, J. M. Rhizobium leguminosarum biovar viciae symbiotic
hydrogenase activity and processing are limited by the level of nickel in agricultural soils. Appl Environ Microbiol,
v. 71, n. 11, p. 7603-7606, 2005.

VAN ASSCHE, F. GLIJSTERS, H. Effects of metals on enzyme activity in plants. Plant, Cell and Environment, v. 13,
n. 195 - 206, 1990.

WANG, W.-H.; KÖHLER, B.; CAO, F.-Q. LIU, L.-H. Molecular and physiological aspects of urea transport in higher
plants. Plant Science, v. 175, n. 4, p. 467-477, 2008.

YANG, Q.; YANG, Y.; XU, R.; LV, H. LIAO, H. Genetic analysis and mapping of QTLs for soybean biological nitrogen
fixation traits under varied field conditions. Front Plant Sci, v. 10, n. 75, 2019.

YANG, Y.; ZHAO, Q.; LI, X.; AI, W.; LIU, D.; QI, W.; ZHANG, M.; YANG, C. LIAO, H. Characterization of genetic basis
on synergistic interactions between root architecture and biological nitrogen fixation in soybean. Front Plant Sci,
v. 8, n. 1466, 2017.

ZAMBELLI, B.; MUSIANI, F.; BENINI, S. CIURLI, S. Chemistry of Ni2+ in urease: sensing, trafficking, and catalysis.
Accounts of Chemical Research, v. 44, n. 7, p. 520-530, 2011.

ZRENNER, R.; STITT, M.; SONNEWALD, U. BOLDT, R. Pyrimidine and purine biosynthesis and degradation in
plants. Annual Review of Plant Biology, v. 57, n. 805-836, 2006.

Pesquisas Desenvolvidas
Nº 26 - Dezembro/2021 13
Suporte ao cliente:
Av. Paulista, 1754 - 3º andar
CEP 01310-920 - São Paulo - SP
Fone: (11) 3016-9600 (São Paulo)
0800 702 5656 (demais localidades)
Versão:Dez/21

www.iclamericadosul.com

Você também pode gostar