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2010
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FIG. 1 Evolução do VAB agrícola e da sua contribuição para o VAB nacional, em Portugal.
5000
3000
1000
1984
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1995
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1997
2007
1994
AS REGIÕES AGRÁRIAS
Em Portugal, apesar da relativamente pequena N
dimensão do seu território, existe uma significativa Região Autónoma dos Açores
diversidade de paisagens rurais que refletem as Trás-os-
Entre Douro
características naturais de clima e relevo, bem e Minho -Montes
ântico
como a evolução dos acontecimentos históricos e
tl
das tradições locais. Assim, foram definidas nove
Oceano A
Beira
regiões agrárias – sete em Portugal Continental e Litoral Beira
Interior
duas nas regiões autónomas (Fig. 1).
0 50 km Ribatejo
e Oeste
Algarve
0 80 km
0 50 km
FIG. 1 Regiões agrárias.
¸ Nas regiões do litoral norte, o clima mais húmido e de temperaturas amenas, com uma menor
amplitude de variação térmica anual, torna estas regiões mais propícias ao cultivo de uma
grande variedade de culturas e menos sujeitas a secas e à formação de geadas.
¸ Nas regiões do interior norte, o clima é menos húmido e as temperaturas são mais altas no
verão e mais baixas no inverno, apresentando, por isso, maior amplitude de variação térmica
Clima
anual, o que favorece a formação de geadas, no inverno. No verão, esta região está mais sujeita
à influência das depressões térmicas e, como tal, à ocorrência de trovoadas, muitas vezes
acompanhadas de granizo e também à ocorrência de secas.
¸ A região do Ribatejo e Oeste tem um clima com grande humidade relativa e amplitude de varia-
ção térmica anual relativamente baixa, o que favorece a agricultura.
¸ Em todo o sul do país, o clima apresenta temperaturas mais altas e, no Interior, uma amplitude
de variação térmica anual relativamente elevada. Há menor precipitação, que diminui de oeste
para este, pelo que estas regiões estão mais sujeitas a secas.
¸ O relevo é mais acidentado, nas regiões agrárias a norte do Tejo, e mais plano nas regiões que
se lhe situam a sul. Salienta-se a região do Ribatejo e Oeste por ter a maior parte do seu terri-
Relevo
• pela altitude, que influencia a temperatura, condicionando a escolha das espécies a cultivar;
• pelo declive, que influencia a fertilidade dos solos e limita a utilização de máquinas;
¸ Nas áreas menos acidentadas ou de planície, os solos são mais férteis, pois dá-se a acumula-
ção de materiais rochosos finos e nutrientes resultantes de materiais orgânicos, de origem
animal e vegetal. Além disso, há maior facilidade de utilização de máquinas e sistemas de rega.
res e a aquisição pela burguesia de vastas propriedades da nobreza e do clero, no século XIX.
¸ O objetivo da produção influencia a ocupação do solo, pois quando a produção se destina ao:
• autoconsumo, as explorações são geralmente de menor dimensão e, muitas vezes, continuam
a utilizar técnicas mais artesanais;
• mercado, as explorações tendem a ser de maior dimensão e mais especializadas em determi-
nados produtos, utilizando tecnologia moderna.
PAISAGENS AGRÁRIAS
O espaço rural ocupa uma parte significativa do território português e nele se desenvolvem as ativida-
des agrícolas, mas também outras, como o artesanato e o turismo que têm cada vez maior expressão.
No espaço rural, destaca-se o espaço agrário, no qual se individualiza o espaço agrícola e, neste, a
superfície agrícola utilizada (SAU).
No espaço rural
Outras
Espaço agrário ocupações
Áreas ocupadas com produção agrícola, vegetal e animal, pastagens, florestas, habita-
ções dos agricultores, infraestruturas e equipamentos associados à atividade agrícola
– caminhos, canais de rega, estábulos, etc.
A conjugação dos sistemas de cultura com a morfologia dos campos e as formas de povoamento dá ori-
gem a diferentes paisagens agrárias.
N.o (milhares)
600
500
Dimensão média da SAU (ha)
400
12,6 12
11,5
300 10,3
9,5
200
100
0
1989 1993 1995 1997 1999 2003 2005 2009 1999 2003 2005 2007 2009
Total 5 ha de SAU 5 ha de SAU
Fonte: Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2005, Estatísticas Agrícolas 2008, INE, 2009 e
Recenseamento Geral da Agricultura – 2009, INE, 2011
FIG. 1 Evolução do número de explorações segundo a dimensão da SAU (1989 a 2009) e da dimensão média da SAU.
TM
E
al
BI
RO
D
BL
AL
AL
AÇ
MA
ED
ug
rt
-Montes, no Algarve e na Madeira. Nos
Po Conta própria Arrendamento Outras formas
Açores, o arrendamento é mais comum,
representando 31,2%. No Alentejo também Fonte: INE, 2013
FIG. 1 Formas de exploração da SAU, por região agrária, em 2009.
tem algum significado, sendo superior a
15%, o que se relaciona com a grande
dimensão das explorações (Fig. 1).
¸ O proprietário procura obter o melhor resultado possível da terra mas, como está a cuidar do que
é mais vantajosa
Conta própria
é seu, preocupa-se com a preservação dos solos e investe em melhoramentos fundiários, como
porque:
ção das terras, preocupando-se mais em tirar delas o máximo proveito, durante a vigência do
contrato.
¸ Vantagens, uma vez que pode evitar o abandono das terras, nos casos em que o proprietário
não possa ou não queira explorá-las.
VERIFIQUE SE SABE
¸ Mencionar/localizar as regiões agrárias e indicar as suas principais características.
¸ Enumerar os fatores condicionantes da agricultura e explicar a forma como influenciam esta atividade.
¸ Descrever as paisagens agrárias, indicando os seus principais elementos.
¸ Caracterizar as explorações agrícolas, em Portugal, quanto à sua dimensão, referindo as diferenças regionais.
¸ Descrever a distribuição das principais formas de exploração da SAU, relacionando-as com a dimensão das explo-
rações.
¸ Indicar as vantagens/desvantagens das principais formas de exploração da SAU.
ESTRUTURA DA SAU
A dimensão da superfície agrícola utilizada (SAU) está diretamente relacionada com a dimensão das
explorações. Assim, tal como o número e a dimensão das explorações, a distribuição regional da SAU
também apresenta contrastes (Fig. 1):
• o Alentejo detém mais de metade da SAU do 100%
D
BL
M
TM
al
E
BI
RO
O
AL
AL
AÇ
MA
ED
ug
-se Trás-os-Montes, Ribatejo e Oeste e Beira
rt
Po
Interior que, no seu conjunto, reúnem quase
Conta própria Arrendamento Outras formas
32% da SAU do país;
Fonte: Recenseamento Agrícola – 2009, INE, 2010
• Madeira, Açores e Algarve são as regiões
agrárias com menor percentagem de SAU. FIG. 1 Distribuição da SAU por regiões agrárias, em 2009.
As terras aráveis têm maior importância na Beira Litoral e Entre Douro e Minho. As culturas permanen-
tes ocupam mais SAU na Madeira, no Algarve e em Trás-os-Montes, onde a produção de fruta e vinho é
importante. As pastagens permanentes ocupam quase toda a SAU nos Açores e cerca de metade em
Entre Douro e Minho, regiões com condições climáticas favoráveis à formação de prados naturais. No
Alentejo, as pastagens permanentes também ocupam um pouco mais de metade da SAU, o que reflete
o investimento na criação de prados artificiais.
ç
A PRODUÇÃO AGRÍCOLA
EVOLUÇÃO
A produção agrícola reflete as diferenças atrás enunciadas, sobretudo das condições naturais que influen-
ciam os produtos cultivados em cada região e também a produção, principalmente a vegetal. Apesar disso,
tem-se verificado uma tendência de aumento do valor da produção vegetal e animal (Fig. 1).
Euros (milhões)
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
1980
1986
1988
1990
1998
2000
2008
2010
2013
2009
2011
2007
1984
1994
2004
1982
1992
1996
2002
2006
2012
Produção animal Produção vegetal
Fonte: Contas Económicas da Agricultura (1980-2013), INE, 2014
FIG. 1 Evolução do valor da produção vegetal e animal, a preços correntes em Portugal (1980 a 2008).
Média 80-89 15 4 12 21 6 35 7
Média 90-99 13 4 9 29 5 32 9
Média 00-09 9 4 9 31 4 32 12
0% 50% 100%
Cereais Plantas industriais, azeite e outros Plantas forrageiras Vegetais e prod. hortíc. Batatas
Frutos Vinho
9,2% 8,3%
1,2% 12,8%
6,1%
32,5%
23,7%
55,7% 26,5%
62,8% 76,6%
82,1%
A distribuição regional das produções está diretamente associada às características de cada região:
• A batata é um tubérculo que se dá em todo o território. Como é muito utilizada na alimentação, cul-
tiva-se mais no norte (Trás-os-Montes) e centro (Oeste e Beira Litoral).
• O trigo é um cereal de sequeiro que, tradicionalmente, se cultiva em todo o interior do país, sobre-
tudo no Alentejo, onde a modernização agrícola permitiu tornar a sua produção mais rentável.
• O milho é um cereal de regadio que, tradicionalmente, se cultivava mais nas regiões de Entre Douro e
Minho e Beira Litoral. Porém, com a modernização dos sistemas de rega, o Alentejo apostou na irrigação
artificial e aumentou a sua produção, sendo o maior produtor, em parte por passar a incluir a Lezíria do
Tejo.
• A cereja e a laranja são frutos associados a climas diferentes. A cereja está bem adaptada à relativa
secura do interior norte e centro e a laranja, um fruto de inverno, está bem adaptado às tempera-
turas mais altas e ao sol do Algarve, que lhe conferem menor acidez.
• O tomate para indústria, assim como a beterraba sacarina e o girassol, são culturas industriais –
destinam-se à transformação industrial – sendo o Alentejo a apresentar maior produção, pois inclui
a Lezíria do Tejo.
ç
(Quadro I).
gado bovino e do gado suíno (Fig. 3). Fonte: Estatísticas Agrícolas – 2013, INE, 2014
FIG. 3 Estrutura do valor da produção animal, em
Portugal (2013).
A distribuição geográfica dos diferentes tipos de gado não é uniforme e evidencia as condições naturais,
mas sobretudo as opções de investimento em unidades de produção intensiva (Fig. 4).
41,3%
43,3% 32,9%
55,1%
12,6% 23,1%
Estas características de idade, instrução e formação profissional dos produtores refletem-se negativa-
mente na atividade, pois reduzem a capacidade de inovação, de introdução de novas práticas e até a
possibilidade de aceder aos apoios comunitários por falta de informação.
ç
tura surge como segunda atividade, Fonte: Recenseamento Agrícola, INE, 2009
em acumulação com um emprego FIG. 1 Produtores agrícolas e familiares segundo o tempo de atividade na exploração, em
Portugal, em 2009.
noutros setores, como a indústria, a
construção civil, o comércio, o
turismo, o artesanato e os serviços Produtor agrícola Família do produtor
públicos locais (Fig. 2).
9,4%
Surge, assim, a pluriatividade – tra- 17,2%
O plurirrendimento, isto é, a acumulação dos rendimentos provenientes da agricultura com os que pro-
vêm de outras atividades, pode, assim, tornar-se num fator de desenvolvimento rural (Fig. 3).
1999 2009
8% 5,8%
10,6%
22%
69%
83,6%
Exclusivamente da expl. agrícola
Principalmente da expl. agrícola
Principalmente de outras origens
VERIFIQUE SE SABE
¸ Caracterizar a produção agrícola nacional: evolução, principais produtos e sua distribuição regional.
¸ Enumerar as principais características da população agrícola e seus efeitos na atividade.
¸ Explicar a importância da pluriatividade e do plurirrendimento para a população agrícola e para as áreas rurais.
PROBLEMAS ESTRUTURAIS DA AGRICULTURA PORTUGUESA
DEPENDÊNCIA EXTERNA
A balança alimentar portuguesa continua a ser deficitária em grande parte dos produtos. Isto deve-se
a uma produção insuficiente para satisfazer as necessidades de consumo interno, mas também a
outros fatores, como a livre circulação de mercadorias na União Europeia, a procura de diversidade de
produtos, a facilidade de transporte e o marketing. Em 2013, o único saldo positivo registou-se nos pro-
dutos hortícolas (Quadro I).
NÍVEIS DE RENDIMENTO
Os problemas estruturais da agricultura portuguesa refletem-se
Rendimento dos fatores:
nos níveis de rendimento e de produtividade, que ainda são mais bai- indicador económico que permite
xos do que a média comunitária, sobretudo da União Europeia a 15. medir a remuneração de todos os
fatores de produção e é calculado
Para avaliar os níveis de rendimento da agricultura são, habitual- subtraindo, ao VAB líquido a preços
de base, os impostos sobre a pro-
mente, utilizados indicadores definidos a nível comunitário, dos dução e somando os subsídios à
quais se destacam o rendimento dos fatores, que influencia o produção.
Rendimento empresarial líquido
Rendimento Empresarial Líquido (REL), cuja evolução tem sido posi- da agricultura:
tiva (Fig. 1). saldo contabilístico obtido adicio-
nando ao excedente líquido de
exploração os juros recebidos
pelas unidades agrícolas constituí-
Euros (milhões) %
das em sociedade e deduzindo as
2400 100 rendas (isto é, rendas de terrenos
2100 e parcerias) e os juros pagos. Mede
a remuneração do trabalho não
1800 80
assalariado, das terras pertencen-
1500 tes às unidades e do capital.
1200 60 Fonte: INE, 2013
900
600 40
300
0 0
2013
1984
1994
2004
1980
1982
1986
1988
1990
1992
1996
1998
2000
2002
2006
2008
2010
2012
O rendimento agrícola, entendido como relação entre a produção e a superfície cultivada, também
influencia o rendimento empresarial, uma vez que, quanto maior for a quantidade produzida por unidade
de superfície, maior será o valor da produção e, como tal, o rendimento empresarial.
Os subsídios são uma parte importante no Rendimento Empresarial Líquido, o que significa que sem
eles, provavelmente, a agricultura portuguesa teria progredido menos.
Em 2009, os produtos que mais beneficiaram dos subsídios foram os bovinos. No entanto, os subsídios à
produção têm maior peso no total e destinam-se, sobretudo, ao domínio tecnológico e à promoção do
desenvolvimento rural (Fig. 2).
Euros (milhões) Euros (milhões)
900 1200
800
1000
700
600 800
500
600
400
300 400
200
200
100
0 0
1982
1985
1992
1995
1996
2002
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1993
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2007
1984
1994
2004
2005
1990
2000
0 81 82 83 84 85 86 87 88 89 91 92 93 94 95 96 97 98 99 01 02 03 04 05 06 07 0
FIG. 1 Evolução da produtividade
Produtividade (VAB/Volume de mão de obra) agrícola em Portugal (VAB a pre-
Volume de mão de obra Fonte: Contas Económicas da Agricultura – 2008, INE, 2007 ços constantes de 2000, por UTA).
O aumento da produtividade deve-se, principalmente, à redução do volume de mão de obra que, por sua
vez, reflete as mudanças da agricultura portuguesa, nomeadamente no que respeita à mecanização.
Apesar da evolução positiva dos níveis de rendimento e de produtividade da agricultura portuguesa,
estes continuam a ser inferiores à média comunitária. Para esta situação, contribuem fatores como:
• condições meteorológicas irregulares e, muitas vezes, desfavoráveis;
• características da população agrícola: envelhecida e com baixos níveis de instrução e de formação
profissional;
• utilização ainda muito significativa de técnicas tradicionais;
• uso deficiente de adubos e pesticidas;
• predomínio de explorações de pequena dimensão;
• desajustamento frequente das culturas à aptidão dos solos;
• elevados custos de produção, incluindo custos de combustíveis e impostos superiores aos da maio-
ria dos países da União Europeia;
• pesados encargos do crédito a que os agricultores têm de se sujeitar para modernizar as suas
explorações.
Tudo isto dificulta a competitividade da agricultura portuguesa face aos parceiros comunitários e a
outros países do mundo que começam a colocar no mercado produtos a preços mais baixos, consegui-
dos pelo baixo preço da mão de obra e dos restantes custos de produção. É o caso do mercado de vinhos,
em que países como o Chile, o Brasil e a África do Sul estão a conseguir impor-se, embora com vinhos de
menor qualidade do que os nossos, mas a preços mais baixos.
A agricultura portuguesa poderá aumentar os níveis de rendimento e de produtividade se acelerar o seu
ajustamento estrutural aos níveis comunitários e apostar no desenvolvimento de uma agricultura
moderna e orientada para o mercado, aproveitando todas as nossas potencialidades específicas.
ç
A UTILIZAÇÃO DO SOLO
Uma prática agrícola sustentável e centrada na qualidade deve ter em conta a necessidade de adequar
as práticas agrícolas às exigências ambientais, nomeadamente no que se refere à utilização do solo.
Apesar de se terem vindo a verificar alterações significativas nos usos do solo, em Portugal, ainda per-
sistem práticas pouco adequadas que é necessário mudar.
¸ Mais de metade dos solos têm uma boa aptidão para floresta e apenas cerca de um quarto são
Aptidão dos solos
aptos para a agricultura. Porém, a área ocupada com atividade agrícola é maior do que a dos
solos com aptidão para esse fim, acrescendo o facto de haver solos com boa aptidão agrícola
que têm outros usos. Ou seja, muitas explorações agrícolas utilizam solos pouco adequados.
¸ Raramente se procede a estudos dos solos, de modo a permitir uma boa adequação entre as
culturas e as características dos solos.
Kt
cidas e fungicidas degrada e polui os
120 000
solos, diminuindo a sua fertilidade, pro-
vocando também a perda de biodiversi- 100 000
dade, tanto ao nível da fauna como da 80 000
flora, e pode ainda ser prejudicial para a 60 000
saúde humana, pondo em risco a segu-
40 000
rança alimentar.
¸ O cultivo das terras segundo o declive é
20 000
0
outra prática que pode colocar em causa 2009 2010 2011
a sustentabilidade da agricultura, pois
Azoto Fósforo Potássio
facilita o desgaste e transporte de solo
Fonte: Estatísticas Agrícolas – 2012, INE, 2013
arável pelos agentes erosivos, que são
ajudados pela força da gravidade e, em
situações meteorológicas mais graves,
como chuvas torrenciais, os solos são
mais facilmente arrastados.
Conclui-se que, apesar dos progressos verificados na agricultura portuguesa, continuam a persistir algu-
mas práticas que, além de fazerem diminuir o rendimento da terra e dos agricultores e de contribuírem
para os baixos níveis de produtividade da agricultura portuguesa, condicionam a sua sustentabilidade.
VERIFIQUE SE SABE
¸ Indicar os principais problemas do setor agrícola associados às características das explorações e da população agrí-
cola e a outros aspetos que dificultam a atividade.
¸ Caracterizar a balança alimentar portuguesa, indicando as principais razões que explicam o seu défice.
¸ Descrever a evolução dos níveis de rendimento e de produtividade, indicando, por um lado, as razões do seu aumento
e, por outro, os efeitos de serem ainda inferiores aos da União Europeia.
¸ Indicar os principais problemas no uso do solo e as suas consequências para a atividade.
A AGRICULTURA PORTUGUESA E A POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM
O INÍCIO
dução agrícola e a utilização óptima dos fatores de produção, europeia, que era pouco
nomeadamente da mão de obra. desenvolvida, tinha uma
¸ Assegurar, deste modo, um nível de vida equitativo à população fraca produtividade e não
agrícola, designadamente pelo aumento do rendimento indivi- garantia o abastecimen-
dual dos que trabalham na agricultura. to interno. Além disso, a
¸ Estabilizar os mercados relativamente aos preços dos produtos e população agrícola tinha
à sua manutenção. um nível de rendimento
¸ Garantir a segurança dos abastecimentos. muito inferior ao da po-
¸ Assegurar preços razoáveis nos fornecimentos aos consumidores. pulação urbana.
Para alcançar estes objetivos, foi necessário atribuir apoios financeiros que ganharam uma grande
importância no orçamento comunitário, o que não admira, pois a agricultura constituiu a primeira prio-
ridade na construção do mercado comum, logo na fundação da CEE. A prossecução destes objetivos
assentou em três princípios fundamentais – os chamados pilares da PAC.
Unicidade Estabelecer, para cada produto agrícola, uma organização comum de mer-
de mercado cado – OCM – através da definição de regras de concorrência e de preços
institucionais.
Pilares da PAC
Em 2005, o FEOGA foi substituído por um novo fundo de financiamento, o FEAGA – Fundo Europeu Agrícola
de Garantia –, de que mais à frente se falará.
ç
¸ Criação de um sistema de quotas, que estabeleceu um limite de produção para cada país e
1984 penalizações em caso de superação, aplicado ao setor do leite.
¸ Alargamento do sistema de quotas a outros setores.
VERIFIQUE SE SABE
¸ Enunciar os objetivos da PAC, relacionando-os com a situação do setor, na época do Tratado de Roma.
¸ Explicar os resultados da aplicação da PAC e os seus efeitos perversos.
¸ Indicar as alterações à PAC introduzidas nos anos 80 e seu principal objetivo.
A PRIMEIRA REFORMA – 1992
As alterações dos anos 80 não resolveram completamente o problemas dos excedentes nem tentaram
resolver os problemas ambientais. Por isso, surgiu a necessidade de se proceder a uma verdadeira
reforma da PAC, que foi levada a cabo em 1992, tendo entrado em vigor no ano seguinte. Os principais
objetivos foram:
• reequilibrar a oferta e a procura, adequando a produção às necessidades do mercado e incentivando
a qualidade;
• promover o respeito pelo ambiente e a sua preservação, desencorajando a produção intensiva.
quantidades produzidas.
Para reequilibrar ¸ Promoção do pousio temporário.
¸ Incentivos às reformas antecipadas para os agricultores mais velhos.
a oferta
cas.
¸ Incentivos à pluriatividade da população agrícola.
Com esta reforma, foi assumida pela PAC uma nova preocupação ambiental e também social que se
inseriu no que foi designado como novo pilar da PAC – o desenvolvimento rural, evidenciado em medidas
como o incentivo à pluriatividade, nomeadamente através de apoios à silvicultura e a serviços de vigi-
lância e proteção do ambiente.
Outra vertente das medidas da PAC aplicadas nos anos 90 foi a redução da diferença entre os preços pra-
ticados na União Europeia e os preços a nível mundial, incluindo o Acordo de 1995 celebrado no âmbito da
OMC (Organização Mundial do Comércio), que reduziu a prática dos subsídios à exportação (ou seja, a
compensação dos exportadores pela expor-
Milhares de toneladas
tação de produtos a preços do mercado
35 000
mundial, inferiores aos comunitários). 30 000
78/79
88/89
98/99
70/71
80/81
90/91
00/01
76/77
86/87
96/97
74/75
84/85
94/95
04/05
72/73
82/83
92/93
02/03
A AGENDA 2000
Em 1999, na perspetiva do alargamento da União Europeia a 12 novos
Agenda 2000:
Estados-membros e no âmbito da Agenda 2000, foi feita nova reforma documento sobre o conjunto
que reforçou os objetivos da reforma de 1992, ampliando as medidas de questões que se colocam à
UE, no âmbito do alargamento
relativas ao desenvolvimento rural e valorizando mais as vertentes da e das políticas comuns.
segurança alimentar, do bem-estar animal, da preservação ambiental e
da promoção de uma agricultura sustentável (Doc. 1).
Esta mudança de perspetiva, que produziu efeitos em 1999 (reforma «Agenda 2000») e promoveu a competitividade da
agricultura europeia, introduziu também um novo elemento da maior importância: uma política de desenvolvimento rural,
que encorajava diversas iniciativas rurais e, ao mesmo tempo, ajudava os agricultores a reestruturar as empresas, a diver-
sificar as atividades e a melhorar a comercialização dos produtos. Foi imposto um limite máximo ao orçamento para garan-
tir aos contribuintes que os custos da PAC não assumiriam proporções descontroladas.
Política Agrícola Comum Explicada, Comissão Europeia, 2008
A reforma de 1999 mantém os principais objetivos da PAC, ou seja, assegurar um nível de vida equitati-
vo à população agrícola, garantindo a estabilidade dos rendimentos, e manter a estabilidade dos merca-
dos, nomeadamente no que respeita ao equilíbrio entre a oferta e a procura. Além disso, e de acordo com
as novas exigências, aprofunda outros objetivos.
VERIFIQUE SE SABE
¸ Indicar as principais alterações introduzidas na PAC, nos anos 80.
¸ Enunciar os objetivos e principais medidas da reforma da PAC de 1992.
¸ Enunciar os objetivos e principais medidas da reforma da PAC de 1999 – Agenda 2000.
REFORMA DA PAC – 2003
Apesar das suas potencialidades, as medidas implementadas em 1999 não foram suficientes para resol-
ver problemas como a falta de competitividade no mercado mundial, a desigualdade na repartição dos
apoios entre os produtores e entre regiões e a pressão ambiental resultante dos sistemas intensivos,
ainda muito associados à produção. Ao mesmo tempo, surgiram novos contextos a que a PAC teve de dar
resposta:
• as perspetivas de expansão do mercado agrícola mundial criaram a necessidade de aumentar a
competitividade da agricultura europeia;
• a necessidade de defesa da PAC nas negociações internacionais, no quadro da Organização Mundial
de Comércio (OMC);
• o alargamento da União Europeia, a novos Estados em que o setor agrícola tem ainda grande impor-
tância e que terá de se adaptar às normas e orientações comunitárias.
Neste contexto, surge uma nova reforma da PAC, em 2003, que aprofunda as metas da Agenda 2000 e
reforça a política de desenvolvimento rural. É mais orientada para os consumidores, dando maior liber-
dade aos agricultores e maior flexibilidade aos Estados-membros.
¸ Orientação para a procura – a PAC passa a ter em conta os interesses dos consumidores e dos
contribuintes e, simultaneamente, confere aos agricultores da União Europeia a liberdade de pro-
Reforma de 2003
Ambientais: diminuir a emissão de gases com efeito de estufa, promover a preservação dos solos, a quali-
dade da água e a biodiversidade e equilíbrio dos habitats naturais.
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1.a Fase de integração – até 1990 2.a Fase de integração – de 1990 a 1999
Até 1990, para facilitar a adaptação, Portugal não Deveria terminar em 1995, mas vigorou até 1999.
esteve sujeito às regras de mercado da PAC, tendo Neste período, deu-se a concretização do Mercado
beneficiado de incentivos financeiros do PEDAP – Único (1993) que expôs o setor agrícola português
Programa Específico de Desenvolvimento da à concorrência externa antes da sua total adapta-
Agricultura Portuguesa –, cujo principal objetivo ção. Decorreu também a reforma da PAC de 1992, o
era corrigir as deficiências estruturais da agricul- que contribuiu para tornar o processo de integra-
tura portuguesa e melhorar as condições de pro- ção mais difícil, devido às limitações impostas à
dução e comercialização dos produtos. produção.
AS MAIORES DIFICULDADES
Apesar dos programas de apoio à adaptação da agricultura portuguesa, a concretização do mercado
único e as alterações da PAC vieram colocar dificuldades acrescidas:
• a aplicação do sistema de quotas fez a agricultura portuguesa sofrer as consequências de uma pro-
dução excedentária para a qual não havia contribuído, impedindo o seu crescimento;
• o sistema de repartição dos apoios, em função do rendimento médio e da área de exploração, era
desfavorável a Portugal, devido ao predomínio das explorações de pequena dimensão;
• os investimentos nos projetos cofinanciados por fundos comunitários levaram ao endividamento
dos agricultores.
OS BENEFÍCIOS
Os progressos verificados na agricultura portuguesa foram, em grande
Quadro Comunitário de Apoio:
parte, resultado da integração na União Europeia e na PAC. Assim: documento onde são defini-
• no final do Segundo Quadro Comunitário de Apoio – QCA II (1994- dos, para um período de sete
anos, os eixos prioritários de
-1999), o número de explorações agrícolas tinha diminuído para ação, os programas operacio-
quase 40%, a dimensão média das explorações aumentou de 6,3 para nais e o montante das inter-
venções atribuídas pela UE,
9,3 ha e o investimento em infraestruturas fundiárias, tecnologias e nas diferentes políticas, in-
formação profissional aumentou com os apoios comunitários; cluindo a agrícola.
Desde o período de 2007-2013,
• no âmbito da reforma da PAC e da Agenda 2000, Portugal beneficiou passou a designar-se Quadro
ainda do aumento da quota para o trigo duro e para a área irrigada de Referência Estratégica Na-
cional (QREN).
dos cereais e do aumento dos limites dos prémios na pecuária.
VERIFIQUE SE SABE
¸ Indicar as principais alterações introduzidas na PAC, com a reforma de 2003.
¸ Enunciar as dificuldades e os benefícios da integração da agricultura portuguesa na PAC.
POTENCIALIZAR O SETOR AGRÍCOLA UTILIZANDO OS APOIOS COMUNITÁRIOS
Mais recentemente, a modernização do setor agrícola português tem continuado ainda com apoios
comunitários significativos, geralmente disponibilizados através de programas, medidas e projetos
direcionados para determinadas áreas concretas do setor.
Parte destes recursos financeiros provém dos Fundos Estruturais: o FEDER – Fundo Europeu de
Desenvolvimento Económico Regional e o FSE – Fundo Social Europeu. Em 2005, foram criados, em subs-
tituição do FEOGA, dois novos fundos de financiamento da PAC.
Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural, que contribuirá para a realização de três obje-
FEADER tivos, correspondentes aos três eixos prioritários definidos na política comunitária de desenvol-
vimento rural, incluindo os projetos do tipo «LEADER».
As verbas destinadas ao desenvolvimento rural, em Portugal, serão aplicadas de acordo com as priorida-
des do Plano Estratégico Nacional para o Desenvolvimento Rural 2007-2013, em quatro eixos prioritários:
• Eixo 1: Aumento da competitividade dos setores agrícola e florestal.
• Eixo 2: Melhoria do ambiente e da paisagem rural.
• Eixo 3: Qualidade de vida nas áreas rurais.
• Eixo 4: Programas tipo LEADER
VERIFIQUE SE SABE
¸ Explicar a influência dos programas comunitários de apoio ao setor agrícola, na agricultura portuguesa.
¸ Indicar os fundos que financiam esses programas.
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REDIMENSIONANDO AS EXPLORAÇÕES
Na maioria das regiões agrárias, a DOC. 1 APOIO AO EMPARCELAMENTO RURAL
pequena dimensão das explorações Ações da Medida AGRIS do QCA III
dificulta a modernização, em todos os Subação 5.3 – Emparcelamento Rural
aspetos acima referidos. Investimentos a apoiar:
• operações de emparcelamento integral em zonas de grande potencial
Uma das formas de aumentar a agrícola e com uma deficiente estrutura fundiária, em termos de frag-
dimensão das explorações é o empar- mentação e dispersão da propriedade ou da exploração;
celamento – agrupamento de parcelas • operações de emparcelamento integral, em zonas de grande potencial
ao nível da propriedade, do direito de agrícola e em que se verifique um acentuado conflito entre usos agríco-
uso, ou do cultivo, que permitirá las e não agrícolas do solo;
melhorar a organização da produção e • operações de emparcelamento de exploração, com ou sem redimensio-
namento da exploração, associados ou não a processos de reconversão
a rendibilidade dos fatores de produ-
tecnológica, e visando a melhoria das condições de produção no conjun-
ção. Neste domínio, a evolução foi to da exploração ou em alguma das suas vertentes produtivas, em zonas
positiva, com o aumento da dimensão onde a deficiente estrutura da exploração possa ser limitativa destas
média das explorações. A PAC também alterações.
prevê o apoio a ações de emparcela- Adaptado de Agroportal, agosto de 2009
mento (Doc. 1).
A natureza e a qualidade excecional de alguns produtos devem-se não só ao local de produção mas também aos métodos
utilizados. Os consumidores e o comércio de produtos alimentares interessam-se cada vez mais pela origem geográfica dos pro-
dutos alimentares, assim como por outras características. A UE, que reconhece esse facto, criou três «logótipos de qualidade».
Um produto rotulado com o logótipo DOP – Denominação de Origem Protegida – deve possuir características comprovadas que
resultam exclusivamente da qualidade das terras e das competências dos produtores da região de produção à qual está associado.
Um produto rotulado com o logótipo IGP – Indicação Geográfica Protegida – possui uma característica ou reputação
específicas que o associam a determinada zona onde é realizada pelo menos uma fase do processo de produção.
O logótipo ETG – Especialidade Tradicional Garantida – utiliza-se para produtos com características peculiares, que pos-
suem ingredientes tradicionais ou foram produzidos segundo métodos tradicionais.
Política Agrícola Comum Explicada, Comissão Europeia, 2008
MELHORAR O ESCOAMENTO DOS PRODUTOS
Um dos pontos fracos da nossa agricultura é a dificuldade no escoamento da produção. Por isso, é
necessário melhorar a organização dos produtores e das redes de distribuição e comercialização.
O associativismo, ou seja, a organização dos produtores em cooperativas, associações ou por outras for-
mas, desempenha um papel muito importante, pois permite:
• facilitar o armazenamento e preparação dos produtos para a sua colocação em boas condições no
mercado;
• defender melhor os interesses dos produtores e evitar a atuação abusiva dos intermediários;
• aumentar a informação sobre os mercados e a capacidade de negociação nos mercados;
• melhorar a promoção dos produtos, através do marketing;
• facilitar o acesso ao crédito e a aquisição de tecnologia;
• proporcionar informação sobre novas técnicas e práticas de produção e sobre a possibilidade de
aceder a projetos e programas de apoios financeiros.
A utilização do marketing e das novas formas de distribuição, nomeadamente a Internet, são outras
medidas que poderão promover o consumo dos produtos, tanto no território nacional como fora dele.
Todavia, a situação de Portugal é relativamente vantajosa em comparação com a União Europeia. Neste
aspeto, o atraso da nossa agricultura foi benéfico, uma vez que, por não ter ido tão longe na intensifica-
ção da produção, à custa da utilização intensiva de químicos e maquinaria pesada, foi possível manter
práticas agrícolas menos agressivas para o ambiente, verificando-se uma menor contaminação dos
solos e das águas. Assim, torna-se menos difícil a associação da agricultura à conservação ambiental e
paisagística exigida pela nova PAC.
A aplicação das medidas agroambientais e a con- Área ocupada em modo de produção biológico (2011)
tanto em área como em número de produtores FIG. 1 Evolução do número de produtores em modo de produção
biológico e área ocupada com culturas biológicas, por região
tem vindo a aumentar, em Portugal (Fig. 1). agrária, em Portugal Continental.
tlântico
também significativo de agricultores com idades próximas da reforma. Este risco
existe quando mais de 40% das explorações dum território têm um rendimento Oceano A
inferior a metade do rendimento médio da região e, em simultâneo, mais de
40% dos agricultores têm idade superior a 55 anos.
A análise efetuada para o país mostra que existe risco de marginalização em
vastas áreas e em todas as regiões do Continente.
Nas regiões autónomas o risco de marginalização também é elevado. Nos Açores
cerca de 48% das explorações têm um rendimento inferior a metade do rendimento
médio regional, e cerca de 42% dos produtores têm idade superior a 55 anos.
Na Madeira, apresentam risco de marginalização a ilha de Porto Santo e os con-
celhos de Porto Moniz, Calheta, Ponta do Sol e Câmara dos Lobos, sendo que 38%
Sem risco
das explorações têm um rendimento inferior a metade do rendimento médio regio- Com risco
nal e 64% dos produtores têm mais de 55 anos.
Adaptado de Plano Estratégico Nacional – Desenvolvimento Rural 2007-2013, MADRP, 2007 0 50 km
Tendo em conta o que ficou dito acima, a ênfase dada ao desenvolvimento rural pela PAC, desde 1992 e
reforçada na reforma de 2003, tem toda a pertinência, uma vez que a viabilidade de muitas comunida-
des rurais não pode depender apenas da agricultura, mas do desenvolvimento integrado e em todas as
vertentes das áreas rurais em que essas comunidades se inserem.
Ora, a revitalização das zonas rurais, incluindo o rejuvenescimento demográfico, depende muito da sua
atratividade e, esta, das condições oferecidas à população e aos empresários, pelo que é importante a
criação ou a melhoria de serviços básicos de apoio à população e às empresas. A sua revitalização passa
ainda pela capacidade de rentabilizar melhor os recursos endógenos desses territórios.
Deste modo, a multifuncionalidade e a pluriatividade associadas às áreas rurais podem contribuir para
o aumento da riqueza e do emprego, através de atividades, como as turísticas e de lazer, complementa-
das pelo comércio e pela pequena transformação.
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% de SAU
qualidade associadas a diferentes
Atlâ
1 - 10
ano
20 - 30
• grande procura de atividades de lazer
>30
cuja oferta é específica do espaço
sem dados
rural, como, por exemplo, as chama-
das atividades radicais: rafting, cany-
Mar Negro
oning, etc.;
• valorização das energias renováveis
Mar Mediterrâneo
que podem ser produzidas no espaço
rural ou a partir de produtos de ori- 0 1000km
gem agroflorestal; Fonte: Community Strategic Guidlines for Rural Development, CE, 2005
• preocupação cada vez maior com a FIG. 1 Percentagem de SAU em terras aráveis com alto valor natural, na UE, em
2004.
preservação dos recursos naturais e
do ambiente.
TURISMO NO ESPAÇO RURAL
MODALIDADES DE TER
Em Portugal, o turismo, como atividade económica, é um setor cada vez
Turismo:
mais importante para a formação do PIB (9,2%, em 2010) e para a cria- deslocações para lazer com
ção de emprego (mais de 8,1%, em 2010). Essa tendência estende-se ao duração superior a 24 horas.
Turismo no Espaço Rural (TER), que tem vindo a assumir crescente Turismo no Espaço Rural (TER):
conjunto de atividades e ser-
importância para a economia das áreas rurais, ampliando a sua multi- viços de alojamento e anima-
funcionalidade. ção em empreendimentos de
natureza familiar, realizados e
No TER a principal oferta baseia-se na ligação aos valores culturais, às prestados a turistas, median-
te remuneração, no espaço
práticas agrícolas, aos recursos naturais e paisagísticos, valorizando as rural.
particularidades próprias de cada região. Distinguem-se diferentes
modalidades de TER.
Casas São casas rurais características da região ou abrigos de montanha, integradas na pai-
de campo sagem e nas quais o proprietário pode ou não residir.
Estabelecimento hoteleiro situado em zona rural fora da sede de concelho que ofe-
Hotel rece serviços de alojamento. Deve ocupar a totalidade de um ou mais edifícios, com
rural dez ou mais quartos ou «suites» e cuja traça arquitetónica, materiais de construção,
equipamento e mobiliário, respeitam as características dominantes da região.
12 000 1400
10 000 1200
2,0%
11%
22%
8000 1000 Turismo de habitação
18% Turismo rural
Fonte: Caracterização das Empresas de Turismo em Espaço Rural – 2012, Fonte: Estatísticas do Turismo – 2013, INE, 2014
GPP – MAMAOT, 2013 FIG. 2 Estrutura da capacidade de alojamento (n.o de ca-
FIG. 1 Capacidade de alojamento (n.o de camas) no TER, segundo as NUTS II. mas) no TER, por modalidade, em 2011.
VERIFIQUE SE SABE
¸ Indicar medidas que possam potencializar o setor agrícola, nos domínios da competitividade, do escoamento dos pro-
dutos, da mão de obra e da sustentabilidade.
¸ Explicar a importância da multifuncionalidade para a revitalização dos espaços rurais, tendo em conta a situação des-
favorável que os caracteriza, em Portugal.
¸ Enunciar alguns problemas e aspetos potenciadores do desenvolvimento das áreas rurais.
¸ Caracterizar o TER nas suas diferentes modalidades e na distribuição regional da capacidade de alojamento.
¸ Enumerar outras formas de turismo que, geralmente, são desenvolvidas no espaço rural.
O TURISMO E A SUSTENTABILIDADE DAS ÁREAS RURAIS
As potencialidades existentes nos meios rurais para a prática de atividades de lazer e turismo podem
transformar-se em fatores de desenvolvimento das comunidades que nelas vivem, uma vez que consti-
tuem atividades geradoras de rendimentos e de emprego. Em associação com as atividades turísticas,
são dinamizadas muitas outras atividades económicas como, por exemplo, a construção civil, os trans-
portes, os serviços de apoio ao turismo e à população, a restauração e o comércio, sobretudo o que se
associa ao artesanato e aos produtos característicos da região.
VERIFIQUE SE SABE
¸ Explicitar o significado de desenvolvimento sustentável, referindo como pode ser promovido nas áreas rurais pelo
turismo e pelos produtos de qualidade.
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É importante salientar que a instalação de uma indústria, tal como o turismo, deve respeitar os princí-
pios do desenvolvimento sustentável e as normas relativas à criação de resíduos e ao seu tratamento,
nomeadamente o tratamento das águas residuais e os níveis de emissões para a atmosfera.
… E DOS SERVIÇOS
A maioria da população agrícola portuguesa não se dedica a tempo completo à agricultura, e dessa, a
maior parte trabalha nos serviços, o que, só por si, demonstra a importância que os serviços assumem
no desenvolvimento das áreas rurais. Os serviços apresentam sempre um múltiplo papel:
• proporcionam melhor qualidade de vida, como é o caso dos serviços associados ao abastecimento
de água, eletricidade, telecomunicações e os serviços de saúde, educação, apoio domiciliário a ido-
sos, etc.;
• criam emprego, promovendo a fixação de população;
• apoiam outras atividades económicas, como a agricultura, o turismo e a indústria, e a própria popula-
ção, como é o caso dos serviços bancários, de seguros, de transportes, de formação profissional, etc.
Os serviços são, por isso, fundamentais para o desenvolvimento sustentável das regiões, sobretudo por-
que promovem a fixação demográfica e, em particular, os serviços de apoio à qualidade de vida da popu-
lação e à agricultura. O Programa Agro – Programa Operacional Agricultura e Desenvolvimento Rural –
reconhece a sua importância ao apoiar financeiramente projetos de prestação de serviços agrorrurais.
A própria PAC, ao valorizar o papel do agricultor como agente de conservação ambiental, está a incenti-
var a criação de novos serviços na área do ambiente, que também fazem parte da multifuncionalidade
dos espaços rurais, proporcionando rendimentos aos seus habitantes.
A SILVICULTURA
As florestas constituem uma riqueza ambiental incalculável não só pela sua função na manutenção do
equilíbrio térmico e hidrológico, mas também pelos recursos naturais que nos proporcionam e pelo
emprego que geram nas atividades produtivas e nos serviços que se lhes associam (vigilância, manu-
tenção, etc). Constituem, por isso, uma importante oportunidade de multifuncionalidade e diversifica-
ção nas áreas rurais.
Funções da floresta
Social Ambiental
¸ Proporciona ar puro e espaços de lazer à população. ¸ A floresta contribui para:
• a preservação dos solos;
• a conservação da água;
Económica • a regularização do ciclo hidro-
¸ Produz matérias-primas e frutos. lógico;
¸ Gera emprego. • o armazenamento de carbono;
¸ Cria riqueza. • a proteção da biodiversidade.
Em Portugal, a floresta ocupa pouco mais de um terço do território, constituindo uma parte muito
importante das áreas rurais. Caracteriza-se por uma grande diversidade, o que se traduz numa produ-
ção variada. No entanto, subsistem problemas que põem em causa o seu desenvolvimento sustentável.
ENERGIA HÍDRICA
A energia hídrica, principalmente dos cursos de água, foi sempre muito utilizada nas áreas rurais, por
exemplo, para a moagem dos cereais e da azeitona. É, também, o recurso nacional mais utilizado para a
produção de eletricidade, nas centrais hidroelétricas. Nos meios rurais, aposta-se na construção de mini-
-hídricas que têm impactes ambientais menores e podem servir melhor pequenas localidades, com a pos-
sibilidade de gerar receitas que podem ser investidas no desenvolvimento local.
VERIFIQUE SE SABE
¸ Explicar o contributo da indústria e dos serviços para o desenvolvimento sustentável das áreas rurais.
¸ Caracterizar o setor florestal, relativamente às funções, seus problemas e possíveis soluções, evidenciando o seu
papel no desenvolvimento rural.
¸ Enunciar as fontes de energia que podem ser produzidas/aproveitadas no espaço rural e explicar a sua importância
para o desenvolvimento rural.
ESTRATÉGIAS INTEGRADAS DE DESENVOLVIMENTO RURAL
VERIFIQUE SE SABE
¸ Descrever a evolução da importância do desenvolvimento rural pela PAC.
¸ Indicar as principais medidas de apoio ao desenvolvimento rural.
¸ Explicar as vantagens da iniciativa LEADER para o desenvolvimento rural.