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UNIDADE 4 – Os recursos marítimos

O MAR – UM RECURSO A REDESCOBRIR


A concentração da população e das atividades económicas no litoral é um fenómeno que, por si só, evi-
dencia bem a grande importância do mar para Portugal, tanto no passado como no presente. Ao longo
da costa ocidental e meridional, são desenvolvidas muitas atividades relacionadas com o mar, nomea-
damente a pesca, a aquicultura, a extração de sal e as atividades de lazer e recreio, entre outras.
O litoral atraiu também muitas empresas industriais, comerciais e de serviços, o que contribuiu para o
desenvolvimento das áreas portuárias que atestam a importância do mar como fator de acessibili-
dade.
Como, no mar, é difícil definir fronteiras, a sua utilização como fonte de Zona Económica Exclusiva (ZEE):
recursos poderia gerar conflitos. Para evitá-los realizaram-se várias área sob soberania de cada
Estado costeiro, que compreen-
conferências internacionais que culminaram com a Conferência Inter- de o espaço aéreo e marítimo
nacional sobre o Direito do Mar, em 1982, que adotou uma convenção (águas, fundo e subsolo mari-
nhos), e se prolonga até 200
que estabelece a soberania dos Estados costeiros sobre o mar, os milhas da costa. Sobre a ZEE, o
fundos, o subsolo marinho e o espaço aéreo, até uma distância de 200 Estado exerce o direito de ges-
tão e proteção dos recursos
milhas náuticas. É esse espaço que constitui a Zona Económica Exclu- marítimos.
siva (ZEE).
A mesma convenção estabeleceu, ainda, o direito 39o 34o 29o 24o 19o 14o 9o 4o
46o
desses Estados sobre a plataforma continental – N
o
tic
extensão da placa continental que se encontra lt ân
o A
submersa e cuja profundidade não ultrapassa os 41o e an
Oc
200 metros.
A ZEE portuguesa, com uma extensão próxima dos 36o
1 800 000 km2, é a maior da União Europeia e sub-
divide-se em três áreas distintas: a do Continente,
31o
a da Madeira e a dos Açores (Fig. 1 e Doc. 1).
0 5 km
500
LLimite da ZEE
Z
FFonte:
onte: Ins
Instituto
tituto Hidro
Hidrográfico
gráfico
FIG. 1 ZEE portuguesa, em 2009.

46o 34o 29o 24o 19 o 14o 9o


DOC. 1 ATÉ AOS 3,6 MILHÕES DE KM2
N o
tic
tl ân
Portugal entrega hoje, nas Nações Unidas, a proposta para duplicar a Zona 411o n oA
ea
Económica Exclusiva, dos atuais quase 1,8 milhões km2 para os 3,6 milhões. Oc
Para que a proposta possa ser aceite, o projeto tem de provar, através de
3 o
36
amostras recolhidas, que existe uma continuidade geológica entre a ZEE atual
e o novo espaço que pretendemos acrescentar e que existem denominadores
31o
comuns.
0 500 km
Adaptado de RTP 1 on-line, 11 maio de 2009
ZEE portuguesa
Nota: A expressão «plataforma continental», de acordo com a Conferência Internacional sobre o
Possível
Possível extensão da pla
plataforma
taforma continental
continental
Direito do Mar, tem um significado mais lato do que o seu sentido geológico, referindo-se à
Áre as de pesquisa para uma possív
Áreas possível
el nova
parte marítima (subsolo, fundos oceânicos e águas marinhas). extensão da pla
plataforma
taforma continental
continental
A LINHA DE COSTA…

… SEMPRE EM TRANSFORMAÇÃO
A influência do mar no litoral português reflete-se, também, na configu-
Linha de costa:
ração da linha de costa que se prolonga por mais de 1400 km e que tem área que marca o limite entre o
sofrido alterações, ao longo dos tempos, provocadas pela erosão mari- mar e o continente, ao nível atin-
gido pela maré mais alta, em
nha e pela alteração do nível das águas do mar: período de calma.
• muitas áreas da nossa costa marítima, em épocas passadas en- Transgressão marinha:
contravam-se emersas e, devido às transgressões marinhas, fica- avanço das águas do mar sobre
as áreas continentais.
ram submersas, constituindo costas de submersão;
Regressão marinha:
• outras áreas já se encontraram submersas e, devido à regres- recuo das águas do mar relati-
são marinha, hoje encontram-se emersas, constituindo costas de vamente às áreas continentais.
emersão.
O aquecimento global poderá provocar grandes alterações na linha de costa, pois o aumento da tempe-
ratura média da superfície terrestre fará aumentar o volume da camada superficial da água dos ocea-
nos e provocará a fusão de parte das calotes polares e dos glaciares de montanha. Deste modo, o nível
médio das águas do mar elevar-se-á, provocando o avanço do mar sobre a costa portuguesa. Serão,
naturalmente, as áreas de costa mais baixa que sofrerão maiores impactes. Por exemplo, as rias de
Aveiro e de Faro, as zonas de estuário, como os do Tejo e do Sado, e as grandes extensões de costa de
praia, poderão transformar-se em áreas de costa de submersão. As áreas de costa alta, com o avanço
do mar, tornar-se-ão mais recortadas e formar-se-ão braços de penetração do mar para o interior. Um
exemplo concreto de alteração do litoral português foi «anunciado» no verão de 2008 com o avanço do
mar sobre a praia da Caparica e o desaparecimento de grande parte do areal.

… CARACTERÍSTICAS ATUAIS
O aspeto da linha de costa depende sobretudo das características geológicas das formações rochosas
que se encontram em contacto com o mar e da intensidade do processo de erosão marinha. No litoral
continental, verifica-se uma predominância da costa de arriba, ocupando a costa de praia menor exten-
são (Fig. 1).

Onde as rochas têm maior dureza (granito, xisto e N


calcários recentes), a costa é de arriba, alta e
escarpada ou costa de arriba baixa. A costa é de
Costa
ântico

arriba, sobretudo alta, onde predomina o calcário:


de arriba
desde a Nazaré à foz do Tejo; entre o cabo Espichel
tl
Oceano A

e a foz do Sado; do cabo de Sines ao cabo de


S. Vicente e no Barlavento algarvio.

Onde o mar entra em contacto com rochas mais


brandas (arenitos e argila), a costa é de praia,
sendo possível encontrar reentrâncias propícias
à deposição de areias. É o que acontece nas faixas
Litoral baixo
Costa costeiras entre Espinho e S. Pedro de Moel, no de areia
Arriba baixa
de praia estuário do Tejo, entre a foz do Sado e o cabo de ou rochas
Sines e ainda no Sotavento algarvio. Arriba alta
0 50 km Arriba morta
A norte de Espinho, predomina o granito, mas a
costa é de praia, devido a uma estreita faixa de Fonte: Portugal Geográfico, S. Daveau, 1995

costa de emersão. FIG. 1 Características da linha de costa em


Portugal Continental.
A AÇÃO DO MAR SOBRE A LINHA DE COSTA
A linha de costa está sujeita a uma intensa erosão marinha que se
Erosão marinha:
exerce através dos processos de: ação de desgaste, transporte
• desgaste das arribas, pela força do embate das ondas; e acumulação de materiais ro-
chosos provocada pelas águas
• transporte, pelas correntes costeiras, dos materiais resultantes do do mar.
processo de desgaste e que aumentam o poder da erosão marinha; Deriva litoral:
• arrastamento da areia das praias pela força das ondas; corrente resultante do movi-
mento oblíquo das ondas, em
• acumulação dos materiais arrastados pelas ondas e transportados relação à linha de costa.
pelas correntes.
Embora as arribas sejam constituídas por rochas de grande dureza, sofrem uma intensa erosão provo-
cada pela abrasão marinha, ou seja, um desgaste provocado pela força do embate das ondas, intensifi-
cado pela areia e pelos fragmentos rochosos arrancados à base das arribas ou transportados pela
deriva litoral. A abrasão marinha dá origem ao recuo das arribas (Fig. 1)

A B C

Desmoronamento e recuo
da parte superior da arriba
Continuação do
recuo da arriba
Plataforma de
Arriba Plataforma de
abrasão
Desgaste acumulação
da base

FIG. 1 Ação da abrasão marinha sobre uma arriba.


A abrasão marinha desgasta a base da arriba, retirando o apoio à parte superior (A). Esta acaba por desmoronar-se,
recuando, assim, para o interior (B). Os fragmentos rochosos vão-se acumulando na base da arriba, formando uma plata-
forma de abrasão - faixa entre o mar e a arriba, ligeiramente inclinada para o mar que, na maré baixa, se encontra emersa,
submergindo durante a maré alta. A continuação deste processo faz a arriba recuar cada vez mais e alarga a plataforma de
abrasão (C). No mar também se acumulam materiais resultantes do desgaste da arriba – plataforma de acumulação.
Quando o mar deixa de atingir a arriba, forma-se uma arriba morta ou fóssil - arriba que já não sofre, ativamente, a ação
erosiva do mar, como acontece na arriba fóssil da Caparica.

Nas áreas da costa onde as rochas são menos resistentes, as arribas recuam mais facilmente, dando
origem à formação de baías e golfos. Nas áreas de costa baixa e arenosa, constituída por materiais detrí-
ticos e, em muitos casos, resultante do recuo das arribas, a ação erosiva do mar é, sobretudo, de frag-
mentação e arredondamento dos materiais acumulados. Estes, bem como outros materiais transporta-
dos pelos rios até ao mar, depositam-se e vão-se acumulando em locais de menor velocidade das cor-
rentes, provocando o assoreamento da parte terminal da foz dos rios e de outras reentrâncias da costa.

ACIDENTES DA LINHA DE COSTA


Embora a linha de costa portuguesa apresente uma certa regularidade, encontram-se algumas saliên-
cias – cabos – e reentrâncias – baías, estuários e deltas –, com características que as individualizam e,
por isso, são designados por acidentes do litoral. Alguns assumem particular importância, tanto pelo
processo de formação como pelas condições privilegiadas que proporcionam no contacto entre a popu-
lação e o mar. Em Portugal Continental, os mais importantes são: a ria de Aveiro, a concha de São
Martinho, o tômbolo de Peniche, os estuários do Tejo e do Sado, a ria Formosa e alguns cabos de maior
dimensão (Fig. 2).
A ria de Aveiro é uma área lagunar, designada também por Principais acidentes do litoral
N
haff-delta, pois o rio Vouga desagua na laguna, formando
um delta interior.
Viana do Castelo
Formou-se devido à regressão das águas do mar, à acumu-
Póvoa de Varzim
lação de sedimentos transportados pelo rio Vouga e à
Matosinhos

o
deposição de areias trazidas pelas correntes marítimas. No

ic
tlânt
cordão arenoso, foi aberto um canal artificial que permite

no A
o contacto com o mar. Aveiro

Ocea
A concha de São Martinho do Porto é uma pequena baía
Cabo Mondego
cuja abertura para o mar, devido à sedimentação marinha, Figueira da Foz

foi ficando cada vez mais estreita, acabando por ganhar a


Nazaré
forma de uma concha.
Cabo Carvoeiro

O tômbolo de Peniche é o conjunto de uma pequena ilha e Peniche

do istmo que a une ao continente e que se formou pela Cabo da Roca Lisboa
acumulação de materiais arenosos, transportados pelas Cascais Setúbal
correntes marítimas. Cabo Raso Sesimbra

Cabo Espichel
Os estuários do Tejo e do Sado são os maiores recortes do Cabo de Sines Sines
litoral do Continente e destacam-se pela sua dimensão,
Cabo Sardão
que permite um importante desenvolvimento das ativida- Vila Real de
des portuárias em áreas abrigadas, e também por consti- St.o António
Lagos Portimão
tuírem zonas húmidas de grande riqueza ecológica, onde Olhão Tavira
Cabo S. Vicente
foram definidas reservas naturais. 0 50 km Cabo St.a Maria

FIG. 2 Principais aciden-


A ria Formosa, também designada por ria de Faro, é uma área lagunar que resultou da acu- tes do litoral de Portugal
mulação de sedimentos marinhos em águas pouco profundas. Os materiais transportados Continental.
pelas correntes marítimas de sentido oeste-este foram-se depositando e formando
pequenas ilhas e bancos de areia alongados e sulcados por canais que dão acesso ao mar.

Podemos ainda salientar os maiores cabos da costa de Portugal Continental: o cabo Mondego, o cabo
Carvoeiro, o cabo da Roca, o cabo Raso, o cabo Espichel, o cabo de Sines, o cabo de São Vicente e o cabo
de Santa Maria. São saliências talhadas em formações rochosas de grande resistência, geralmente em
áreas de costa alta, que proporcionam proteção natural à instalação de portos marítimos, abrigando-os
dos ventos de oeste e de noroeste e das correntes marítimas superficiais de sentido norte-sul. Assim, o
porto de Peniche localiza-se a sul do cabo Carvoeiro, o porto de Sesimbra encontra-se abrigado pelo
cabo Espichel e o porto de Sines pelo cabo do mesmo nome. No entanto, na maior parte da grande exten-
são da costa portuguesa existem poucos recortes que sirvam de proteção face aos ventos e às corren-
tes, pelo que as condições naturais são pouco favoráveis à instalação de portos, o que dificulta o traba-
lho dos pescadores, tornando-o mais perigoso.

VERIFIQUE SE SABE
¸ Identificar processos de evolução da linha de costa.
¸ Caracterizar a linha de costa portuguesa, distinguindo costa de arriba e costa de praia.
¸ Descrever o processo de erosão e recuo das arribas pela ação do mar.
¸ Localizar/caracterizar os principais acidentes da linha de costa do território continental.
¸ Relacionar a configuração da linha de costa com a atividade portuária e piscatória.
PRINCIPAIS FATORES DE OBTENÇÃO DE RECURSOS PISCATÓRIOS
A maior ou menor abundância de peixe depende das condições de tem-
Plâncton:
peratura, iluminação, salinidade e oxigenação das águas, pois essas organismos microscópicos ve-
condições influenciam a formação de plâncton, que serve de alimento a getais ou animais.
grande parte da fauna marinha. Onde se conjugam temperatura, salini- Plataforma continental:
extensão da placa continental
dade e oxigenação das águas mais favoráveis, existe maior abundância submersa cuja profundidade
de recursos piscatórios. Geralmente essa conjugação dá-se sobretudo não ultrapassa os 200 metros.
Correntes marítimas:
nas plataformas continentais, nas áreas de encontro de correntes marí- deslocações de grandes mas-
timas e de ocorrência de upwelling. sas de água com sensivel-
mente a mesma temperatura
e densidade.
Plataformas continentais
Áreas oceânicas com maior quantidade e diversidade
de fauna marinha porque:

¸ são pouco profundas, o que permite uma maior penetração da luz; Em Portugal, a plataforma
¸ são mais agitadas e, por isso, mais ricas em oxigénio; continental é estreita ao
¸ apresentam menor teor de sal, devido à agitação e por receberem as
longo de todo o litoral, sen-
do quase inexistente nas
águas continentais dos rios que nelas desaguam; regiões autónomas. Daí, a
¸ são mais ricas em nutrientes, pois existem boas condições para a forma- relativa pouca abundância
ção de plâncton (luz e oxigénio) e recebem os resíduos orgânicos trans- de pescado nas nossas águas
portados pelos rios. costeiras.

Correntes marítimas Em Portugal, o litoral é atin-


Nas correntes marítimas frias e onde se junta uma corrente fria a outra gido por uma ramificação da
quente, há maior quantidade e diversidade e de pescado porque: deriva do Atlântico Norte da
corrente quente do Golfo,
¸ nas correntes frias há maior quantidade de plâncton por haver mais oxi-
dirigindo-se já para sul –
corrente de Portugal. Como
génio, devido à diferença de temperatura entre o ar e a água, que promo-
é uma corrente quente, não
ve uma maior interação mar-atmosfera;
favorece a formação de plânc-
¸ na confluência de uma corrente fria com uma quente, dá-se a convergên- ton nem de fauna marinha.
cia de águas com salinidade e temperatura diferentes, a existência de
grande quantidade e diversidade de plâncton e uma maior agitação da
água e, por isso, maior oxigenação.

Upwelling
Em Portugal, ventos fortes
Onde as águas profundas ascendem à superfície, substituindo
de norte atingem a costa,
as superficiais, que são afastadas pelo vento, há maior abundância
afastando para o largo as
de pescado porque:
águas superficiais. Cria-se,
então, uma corrente de com-
pensação que provoca a
Quando as águas profundas ascendem à superfície oceânica:
¸ há maior agitação das águas e diminuição da temperatura, o que favorece
ascensão das águas profun-
das. Por isso, no verão, há
a oxigenação das águas, criando melhores condições para a formação de maior quantidade e qualida-
fitoplâncton; de de pescado. Por exemplo,
¸ ascendem à superfície grandes quantidades de nutrientes acumulados a sardinha é maior e mais
no fundo oceânico. gostosa nessa época.
A PESCA EM PORTUGAL

ECONOMIA DA PESCA
A pesca, em Portugal, continua a ter alguma importância, sobretudo a
Rendimento Empresarial
nível local, apesar das condições naturais não serem muito favoráveis e Líquido (REL):
de o nosso país, também neste setor, ter dificuldade em competir com mede a remuneração do tra-
balho não assalariado e do capi-
outros parceiros comunitários, nomeadamente Espanha. tal investido pelo empresário.
O setor da pesca registou, desde os anos 80, um aumento da produção Valor Acrescentado Bruto:
é a diferença entre os valores
e do Rendimento Empresarial Líquido (REL), embora este apresente uma da produção e do consumo
ligeira quebra desde 2003. Ainda assim, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) necessário para obter essa
produção.
da pesca tem perdido importância relativa na contribuição para o VAB
nacional (Figs. 1 e 2).
Milhões de euros
700 %
0,9
600
0,8
500 0,7
400 0,6
0,5
300 0,4
200 0,3
0,2
100 0,1
0 0,0
1989

1999

2009
1991

2001

2011
1997

2007
1994
1995

2004
1990

1992

1996

2002

2005
2006
1993

1998

2000

2003

2008

2010

2012
1989

1994
1995

2004
2005
1990

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2012
1999

2009
1991

2001

2011
1997

2007

REL do ramo da pesca Produção do ramo da pesca Peso do VAB do ramo da pesca no VAB nacional (%)

Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014 Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014
FIG. 1 Evolução da produção e do REL do ramo da pesca (1989 a 2010). FIG. 2 Evolução da contribuição do setor da pesca para o VAB nacio-
nal (1989 a 2010)

LOCAIS ONDE OPERA A FROTA PORTUGUESA


No Continente, a pesca efetua-se sobretudo nos pesqueiros próximos da
Pesqueiros ou bancos de pesca:
costa. Nas regiões autónomas, como a plataforma continental é muito áreas onde se localizam e cap-
estreita, os bancos de pesca são reduzidos. turam os cardumes.
NAFO:
Os pescadores portugueses também efetuam capturas em águas inter- Northwest Atlantic Fisheries
nacionais e nas ZEE de outros países. Desde a adesão à União Europeia, Organization.
Portugal beneficia de alguns dos Acordos de Pesca, celebrados com paí- ICES:
International Council for the
ses terceiros, nomeadamente os que respeitam à atuação da frota por- Exploration of the Sea.
tuguesa nas zonas de pesca a que correspondem acordos internacio- CECAF:
nais: Atlântico Noroeste (NAFO) e Nordeste (ICES), Atlântico Centro-Este Fishery Committee for the
Eastern Central Atlantic.
(CECAF) e Atlântico Sudeste e Sudoeste.
Fora da nossa ZEE, a frota portuguesa efetua maiores capturas no
Atlântico Nordeste, no Atlântico Centro-Este e no Atlântico Noroeste.

VERIFIQUE SE SABE
¸ Indicar os principais fatores que influenciam a maior ou menor abundância de pescado.
¸ Explicar, para cada fator, a forma como influencia a abundância de recursos piscícolas.
¸ Descrever a situação de Portugal face a cada um dos principais fatores.
¸ Caracterizar, do ponto de vista económico e das áreas de atuação, o setor das pescas, em Portugal.
A FROTA DE PESCA…

… ORGANIZAÇÃO
A frota de pesca encontra-se distribuída por 45 portos de registo, dos quais 32 no Continente, 11 nos
Açores e 2 na Madeira, e é constituída por diferentes tipos de embarcação. Estas podem ser agrupadas
de acordo com as suas dimensões, tempo de permanência no mar e áreas em que operam, em frota de
pesca local, pesca costeira e pesca longínqua ou do largo.

Frota de pesca longínqua


Frota de pesca local Frota de pesca costeira
ou do largo

¸ Atua em águas interiores ¸ Atua para lá das 6 milhas de ¸ Atua para lá das 12 milhas da
(rios, estuários ou lagunas), distância da costa, a várias linha de costa, nas águas
ou perto da costa (praias e horas ou até dias de navega- internacionais ou em ZEE es-
orlas marinhas). ção do porto. trangeiras.
¸ Utiliza diversas artes de pes- ¸ Pode operar em áreas mais ¸ Detém condições de autono-
ca, quase sempre ainda arte- afastadas, mesmo além da mia que permitem a perma-
sanais. ZEE nacional. nência no mar durante lon-
¸ Sai por curtos períodos de ¸ Detém meios de deteção de gos períodos, que podem ser
tempo e, por vezes, operam cardumes e de conservação meses.
apenas sazonalmente. do pescado. ¸ Utiliza modernas técnicas de
¸ Captura sobretudo espécies ¸ Tem maior potência e maior deteção e captura de cardu-
com alto valor, como robalo, autonomia de navegação que mes, como sondas, meios
linguado, polvo e choco. as embarcações da frota aéreos e informações via
¸ Ocupa um grande número de local. satélite.
pescadores. ¸ As embarcações de maior ¸ Está equipada com meios de
¸ Tem pequena dimensão (in- dimensão podem permane- conservação de pescado.
ferior a 9 metros). cer no mar duas ou três se- ¸ Tem, geralmente, o apoio de
¸ É, na sua maioria, constituí-
manas, geralmente em pes- um navio-fábrica.
da por embarcações de ma-
queiros do Atlântico Centro- ¸ É constituída por embarca-
-Este. ções de grande dimensão.
deira.

As embarcações também podem ser agrupadas segundo as técnicas de captura para que estão equipa-
das. Assim, temos a frota polivalente, do arrasto e do cerco:

Embarcações que estão equipadas para o uso alternativo de duas ou mais artes
de pesca, sem ser necessário fazer modificações significativas no arranjo do
Frota polivalente navio ou respetivo equipamento. Utilizam artes de pesca diversas como os apare-
lhos de anzol, as armadilhas, os alcatruzes, a ganchorra, as redes camaroeiras e
do pilado, as xávegas e sacadas-toneiras.

Embarcações especialmente armadas para a pesca do arrasto, que utiliza uma


Frota do arrasto rede de grandes dimensões, em forma de «saco», onde é retida a captura. Podem
atuar diretamente sobre o leito do mar (arrasto pelo fundo) ou entre este e a
superfície (arrasto pelágico).

Embarcações especialmente armadas para a pesca do cerco em regime de maré


diária e relativamente perto da costa. Utiliza uma ampla parede de rede, que é
Frota do cerco
lançada da embarcação e manobrada de maneira a cercar o cardume e a fechar-
-se em forma de bolsa pela parte inferior, de modo impedir a fuga.
… EVOLUÇÃO
A frota de pesca tem sofrido uma diminuição do número de embarcações,
Arqueação bruta:
sobretudo nas da pesca longínqua, o que se reflete na redução da tonela- volume interno total do casco
gem de arqueação bruta e da potência motriz. Tal facto deve-se à neces- do navio e dos espaços para
carga, tripulação, passageiros,
sidade de renovar e modernizar a frota e redimensioná-la face aos limites paióis, tanques, tecnologia de
de captura impostos por normas europeias que visam preservar e recupe- navegação e telecomunica-
ção. Expressa em tonelada de
rar os stocks de várias espécies, como o bacalhau (Fig. 1). arqueação (GT), que equivale a
2,832 m3.
A B C Potência motriz:
N.o (milhares) GT (milhares) kw (milhares) capacidade de trabalho do
12 130 410 motor, expressa em cavalo-
-vapor ou quilowatt.
10 120 370
Stock :
8 110 conjunto de indivíduos com
330 características biológicas e
6 100 de comportamento comuns
290 que reagem de forma relati-
4 90
vamente homogénea à explo-
2 80 250 ração.
0 70 210
2009

2009
2001

2011

2001

2011
2007

2007
2005

2005
2003

2013

2003

2013

2003

2013
2009
2001

2011
2007
2005
FIG. 1 Evolução da frota de pesca portuguesa: número de Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014
embarcações (A); arqueação bruta total (B) e potência
motriz total (C).

… CARACTERIZAÇÃO ATUAL Embarcações por classes


de arqueação bruta – 2013

¸ Existe um claro predomínio das pequenas


embarcações, com menos de 5 GT, que eram, em
2008, cerca de 84% do número total e apenas
8,0% da arqueação bruta do total. < 5 GT
2013
¸ As grandes embarcações, com mais de 100 GT,
< 5-25 GT
< 25-50 GT
eram apenas 2,4% do número total, mas deti-
< 50-100 GT
nham 68% da arqueação bruta total.
> 100 GT

Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014

Embarcações com e sem motor – 2013

¸ Em 2013, na frota portuguesa, 81% das embar-


cações eram motorizadas;
¸ Ainda existem cerca de 1550 embarcações não
19%

motorizadas, das quais cerca de dois terços nas 2013


regiões do Centro e Lisboa, onde a pesca local 81%
tem bastante expressão por exemplo, na ria de
Com motor
Aveiro e no estuário do Tejo. Sem motor

Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014

VERIFIQUE SE SABE
¸ Descrever a organização da frota de pesca portuguesa, caracterizando cada grupo, em cada classificação.
¸ Explicar a evolução da frota de pesca e indicar as suas principais características atuais.
A MÃO DE OBRA…
N.o de ativos (milhares)
… EVOLUÇÃO 30
26,8
A população ativa no setor da pesca tem vindo a
25
diminuir e, à data do último recenseamento da
20
população (2011), representava somente 0,3% da 16,0
população ativa nacional (Fig. 1). 15 13,9

Esta evolução relaciona-se com a reforma de mui- 10

tos pescadores e o abandono da atividade por parte 5


de muitos outros. Este abandono deve-se, por um 0
lado, à maior atratividade de outros setores de ati- 1991 2001 2011
Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014
vidade e, por outro, à modernização funcional da
FIG. 1 Evolução da população ativa, no setor das pescas (1981 a
frota. 2011).

… CARACTERIZAÇÃO Estrutura etária


da população ativa na pesca – 2012
¸ A população ativa na pesca inclui-se mariori-
tariamente no grupo etário dos 35 aos 54
anos. Contudo, verifica-se um peso significati-
vo de grupo etário dos 55 ou mais anos. 22,7%
¸ A estrutura etária envelhecida tem reflexos na
59,8%

atividade, uma vez que dificulta a moderniza-


15 a 34
ção e, por isso, a competitividade. 17,5%
35 a 54
55 e mais

Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014

Grau de instrução
da população ativa na pesca – 2012

¸ A maioria da população ativa na pesca apre-


2%
5% 9%
senta um nivel de instrução reduzido.
15% Nenhum
Aproximadamente metade detém, no máximo,
o 1.o ciclo. 1.o Ciclo

¸ O reduzido nível de instrução associa-se à 2.o Ciclo


41%
28% 3.o Ciclo
estrutura etária e também dificulta a moder-
nização da atividade. Secundário
Médio/ Superior

Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014

¸ A integração na Política Comum das Pescas


Inscrições em cursos de formação profissional
promoveu a formação profissional, com vista N.o (FOR-MAR)
à qualificação e ao rejuvenescimento dos ati- 8000 7764
7000
vos na pesca.
6000
¸ Foram criados Centros de Formação nos prin- 5000
4240
cipais portos do país. O FOR-MAR é o programa 4000 3759 3457 3744
3000
que enquadra e apoia a formação profissional.
2000
Após um período de quebra, em 2013 o número 1000
de inscrições quase duplicou devido ao maior 0
envolvimento dos profissionais e empresas. 2009 2010 2011 2012 2013
Fonte: Estatísticas da Pesca 2010 a 2013, INE, 2014
AS CAPTURAS…

… EVOLUÇÃO
Depois de uma quebra continuada no volume e t (milhares) euros (milhões)
180 325
no valor das capturas, durante os anos 90, veri-
fica-se uma grande irregularidade desde 2000
a 2013, com variações significativas no que res- 150 275
peita ao volume de capturas, em parte relacio-
nado com as condições marítimas de cada ano,
que influenciam a quantidade de captura das 120 225

espécies mais comuns. No valor das capturas, a


irregularidade é menor, apresentando valores
90 175

04

05

09
06

08

12

13
10
07

11
na ordem dos 280 milhões de euros (Fig. 1).

20

20
20
20
20
20
20

20

20
20
Para este crescimento, a nível nacional, contri- Volume Valor
buiu de forma decisiva o aumento da captura de Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014
«moluscos» e «crustáceos», em quantidade e FIG. 1 Evolução das capturas (2004 a 2013).
em valor.

… CARACTERIZAÇÃO
Capturas da frota portuguesa em 2013

¸ A pesca polivalente, em 2008,


60 464 t 16 520 t 67 670 t
foi a responsável pelo maior
volume de capturas, seguida
da pesca do cerco e, por últi-
mo, a pesca do arrasto. 0% 25% 50% 75% 100%
Polivalente Arrasto Cerco
Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014

¸ Os portos de pesca com maior volume de 3.o


N
desembarque são os de Matosinhos, Sesimbra,
Peniche e Figueira da Foz. Viana do Castelo
¸ Num número significativo dos portos de pesca Póvoa de Varzim
portugueses, o desembarque, em 2013, foi infe- Matosinhos
rior a 10 mil toneladas.
ico
tlânt

Aveiro
no A

o
1.
Ocea

Figueira da Foz

¸ As espécies mais pescadas, em 2013, foram a


Nazaré
cavala, a sardinha e o carapau. Valor do
2.o desembarque 2013
Peniche (milhões de euros)
35
Volume de capturas segundo as espécies em 2013
Cascais 20
Setúbal
Sardinha Sesimbra
19% 10
24%
Cavala Açores <5
Polvo Sines
3% Carapau Madeira
26%
8% Atum e similares
11% P.-espada preto Vila Real de
9% St.o António
Outros 0 50 km Lagos Portimão OlhãoTavira
Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014 Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE 2014
A REPARTIÇÃO REGIONAL…

… A FROTA

Quadro I. Embarcações por NUTS II – 2013


¸ A região com maior número de embarcações NUTS II N.o GT (e) kW
registadas era, em 2013, o Centro, seguida do
Norte 1375 22 733 82 439
Algarve e de Lisboa, o que se deve ao facto de
serem as regiões com maior número de portos. Centro 1989 39 631 88 816
¸ Na arqueação bruta e na potência dos motores, Lisboa 1648 8833 45 219
surge também em primeiro lugar o Centro e em Alentejo 194 1928 9663
segundo o Norte.
Algarve 1807 12 759 69 752
¸ As regiões com representatividade menor na
Açores 783 10 074 54 451
frota nacional são o Alentejo, com um único
porto de pesca, e a Madeira, com dois. Madeira 436 399 15 939
Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014

… A MÃO DE OBRA

¸ Os pescadores matricula- Pescadores matriculados em 2013 Estrutura etária dos pescadores em 2013
dos no Norte, Centro e
Algarve representavam, 2% Norte
em 2013, mais de três 18%
Norte Centro
26%
quartos do total nacional, Centro
Lisboa
o que reflete o maior Lisboa
número de embarcações Alentejo
17% Alentejo
e de portos destas re- Algarve
22% Algarve
giões. 4% Açores
11% Açores
¸ A estrutura etária mostra Madeira Madeira
maior envelhecimento no 0% 50% 100%
Alentejo e menor no Centro.
16 a 34 35 a 54 Mais de 55

Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014

… AS CAPTURAS

¸ O Centro, o Norte e Lisboa Valor das capturas nominais de pescado fresco


foram as regiões com maior ou refrigerado,em valor, por NUTS II em 2013
volume de pescado descar-
regado, em 2013, o que se
5%
relaciona com o facto de te- 16%
13% Norte
rem frotas maiores e maior
Centro
número de pescadores.
¸ Quanto ao valor, o Centro está
Lisboa
19% 27% Alentejo
em primeiro lugar, seguido do
Algarve
Algarve e do Norte. 5%

¸ Esta diferença explica-se


15% Açores
Madeira
pelas espécies descarrega-
das, que são de maior valor Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014
no Algarve.
AS INFRAESTRUTURAS PORTUÁRIAS
Para que a atividade piscatória se possa desenvolver, é necessário que, em terra, haja infraestruturas
que permitam efetuar as descargas do pescado, de forma rápida e higiénica, e proceder à sua conser-
vação e escoamento.

Têm sido desenvolvidas ações de modernização das


N
várias lotas, onde o processo da venda direta utiliza
Viana do Castelo
Castelo
sistemas eletrónicos e informatizados, o que permite

o
Atllântic
Póvoa
Póvoa de Varzim
Varzim
maior rapidez e transparência e melhor preservação Matosinhos

da qualidade do pescado movimentado. Lota


Lota

Oceano
Serviços
Os apoios comunitários foram muito importantes, AAveiro
veiro administrativos
adminis trativos
Mira Armazéns
sobretudo no que diz respeito aos equipamentos de de comercian
comerciantestes
Figueira da Foz Armazém
apoio dos principais portos. Alguns portos estão equi- de apres
apresto
to
pados com entrepostos frigoríficos e todos, exceto VVenda
enda
Nazaré de apres
apresto
to
Sesimbra, têm fábricas de gelo. Muitos dispõem de ins- Instalações
Ins talações
Peniche e escritórios
talações para comércio e indústria e de outros servi- VVenda
enda de gelo
ços de apoio, como escritórios, armazéns, abasteci- Posto
Posto de
combustíveis
combus tíveis
mento de combustíveis, bancos e restaurantes. Costa
C osta
a da C
Caparicaa Mercado de
Setúbal
Se t al
túb
Sesimbraa segunda venda
venda
O porto de Matosinhos detém o primeiro lugar no volu- Entreposto
En treposto
frigorífico
me de pesca descarregada, o que certamente se Sines
0 50 km
prende com o facto de ser aquele que dispõe de maior Vilaa Nova de Mil FFontes

número de equipamentos, sendo o único com mercado


de 2.a venda, ou seja, revenda de pescado (Fig. 1). Portimão
Portimão
t
timão Albufeira t.o AAntónio
VV.. R. SSt. ntónio
Baleeira Lagos Olh
Olhão
Ol
Quarteira
A fiscalização do cumprimento das regras de captura e
a higiene foram também melhoradas, sendo perma- FFonte:
onte: Docapescas, 2013

nentemente controladas por profissionais. FIG. 1 Equipamentos e serviços dos portos de pesca, no Conti-
nente, em 2013.

VERIFIQUE SE SABE
¸ Descrever a evolução da mão de obra no setor das pescas.
¸ Caracterizar a mão de obra quanto à estrutura etária e ao nível de instrução.
¸ Explicar os efeitos das características da mão de obra na produtividade da atividade piscatória.
¸ Descrever a evolução do volume e do valor das capturas efetuadas pela frota de pesca portuguesa.
¸ Identificar/localizar os portos de pesca e indicar os que recebem maior volume de pescado.
¸ Enunciar as principais espécies capturadas e desembarcadas nos portos de pesca portugueses.
¸ Descrever os principais contrastes regionais nas características da frota, da mão de obra e das capturas.
¸ Relacionar entre si alguns desses contrastes (ex.: número de embarcações e número de pescadores).
¸ Explicar a importância das infraestruturas portuárias para a atividade piscatória.
¸ Enumerar equipamentos e serviços de que os portos de pesca portugueses dispõem.
A AQUICULTURA
Perante a tendência de aumento do consumo e de diminuição acelerada
Aquicultura:
dos stocks mundiais de peixe, a aquicultura constitui uma alternativa de atividade de «cultivo» de orga-
produção e, ao mesmo tempo, reduz a pressão sobre os recursos piscí- nismos aquáticos, incluindo
peixes, moluscos, crustáceos e
colas, além de ajudar a repovoar os habitats naturais. plantas aquáticas.
Em Portugal, a produção nacional de pescado apenas N.o
satisfaz cerca de 42% das necessidades de consumo, 1600
pelo que a aquicultura constitui uma forma de responder
à procura, e também uma oportunidade de investimento 1400
e criação de emprego e riqueza. Em 2012, os estabeleci-
mentos de aquicultura eram cerca de 1500, sendo a
1200
larga maioria em águas salobras e marinhas (Figs. 1 e 2).
Os estabelecimentos funcionam como unidades de 1000
reprodução e ou como unidades de crescimento/engor- 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014
da, podendo ser tanques, estruturas flutuantes, ou
FIG. 1 Evolução do número de estabelecimentos licenciados de
viveiros. aquicultura.

A produção efetua-se em regime extensivo ou regime Milhares de toneladas


5,5 49,4%
intensivo. 5,0
4,5 39,9%
O regime extensivo – só com alimentação natural – pra- 4,0
3,5
tica-se sobretudo em águas salobras e salgadas (Fig. 2). 3,0
2,5
2,0
Destaca-se a produção de bivalves, como a amêijoa, as 1,5 10,7%
1,0 100%
ostras, o mexilhão e o berbigão, quase sempre utilizan- 0,5
0,0
do métodos tradicionais. Águas doces Águas salobras e marinhas
Extensivo Intensivo Semi-intensivo
O pregado é a principal espécie produzida no país em Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014
águas salobras ou marinhas, e a truta em água doce. FIG. 2 Produção de aquicultura, em Portugal Continental, por tipo
de água e regime, em 2012.
Para ambas recorre-se sobretudo ao regime intensivo
– a alimentação do peixe é feita exclusivamente com
alimentos compostos (rações). 1% 9% 12% Truta arco-íris
3%
9% Dourada
Em explorações de regime semi-intensivo criam-se,
Pregado
sobretudo, a dourada e o robalo, grande parte em Robalo legítimo
26%
viveiros de águas marinhas (Fig. 3). Amêijoas

Os estabelecimentos de água doce predominam nas Berbigão vulgar


35%
4% Mexilhões
regiões de maior número de cursos de água de maior
Ostras
caudal (Norte) e os de águas marinhas localizam-se ao
Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014
longo da costa, destacando-se as áreas estuarinas e FIG. 3 Produção de aquicultura, segundo as principais espécies,
lagunares. Na ria de Aveiro instalou-se uma grande uni- em 2011.
dade de uma empresa multinacional, que aumentou a produção total do Centro. Na ria Formosa destaca-se
a produção de moluscos, que faz do Algarve a região com maior número de estabelecimentos e a segunda
com maior valor de produção (Quadro I).

Quadro I. Produção e valor da produção da aquicultura, em Portugal, por NUTS II, em 2012
Regiões Portugal Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira
Produção (t) 10 317 321 5465 355 248 3509 419
Valor da produção (€) 53 659 1024 24 997 1173 765 24 099 1599
Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014
A INDÚSTRIA TRANSFORMADORA DA PESCA
A indústria transformadora dos produtos da 250 8000 N.o de

Pessoal ao serviço (N.o)


7000 empresas
pesca tem registado um crescimento significa-

Empresas (N.o)
200 Norte
6000
tivo, apesar da ligeira inflexão no número de Centro
150 5000
empresas desde 2009. As empresas concen- 4000 Lisboa

tram-se sobretudo no Norte e Centro, regiões 100 Alentejo


3000
2000 Algarve
onde se localizam os portos de pesca com maior 50 Açores
1000
volume de desembarque de pescado (Fig. 1). Madeira
0 0
2009 2010 2011 2012 Empresas
A preparação de congelados constitui o vetor por NUTS II (2012)
Empresas Pessoal ao serviço
mais recente desta indústria, mas já se destaca Fonte: Estatísticas da Pesca 2013, INE, 2014
em primeiro lugar na produção total (Fig. 2). FIG. 1 Evolução do número de empresas e do emprego na indústria
transformadora dos produtos da pesca e aquicultura e distribuição
Os produtos congelados – filetes, postas, ma- regional das empresas, em 2012.
risco, pré-cozinhados – são cada vez mais fre-
t (milhares)
quentes no consumo das famílias, pela sua 120
adaptação às características da vida moderna 100
e pela segurança alimentar que proporcionam. 80
Embora importe uma grande parte da matéria-
60
-prima, este subsetor absorve uma boa parte
40
da produção da pesca nacional.
20
O subsetor das conservas, sendo o menos
0
importante na produção, é o que mais exporta – Produtos Produtos Preparações
congelados secos e salgados e conservas
20% do setor da pesca. A produção baseia-se na
2009 2010 2011 2012
sardinha, no atum e na cavala. A sardinha é o
Fonte: Estatísticas da Pesca 2012, INE, 2013
produto mais exportado, e o atum é o mais con- FIG. 2 Evolução da produção da indústria transformadora de produtos
sumido no mercado interno. da pesca e aquicultura, por subsetores (2005 a 2012).

O subsetor da salga e secagem tem uma tradicional implantação no nosso país, mas encontra-se na
dependência quase total do bacalhau. Portugal é o maior consumidor de bacalhau salgado seco do
mundo, representando esta espécie cerca de metade do consumo de pescado nacional e 40% das
importações de peixe. Embora sem tradição nos padrões alimentares nacionais, a fumagem tem vindo a
implantar-se, valorizando espécies como o espadarte e produtos da aquicultura.

A SALICULTURA
A costa atlântica portuguesa, compreendida entre a ria de Aveiro e a foz do Guadiana, apresenta alguns tro-
ços com condições favoráveis para a produção de sal marinho por evaporação solar. O Algarve reúne as
melhores condições naturais, representando a sua produção, em 2013, mais de 90% do total nacional. A
produção média anual por salina ascendeu a 2173 toneladas, registando-se o valor mínimo no Centro (infe-
rior a 70 toneladas por salina) e o máximo no Algarve (3567 toneladas por salina).

VERIFIQUE SE SABE
¸ Descrever a evolução da aquicultura e caracterizar esse setor relativamente aos estabelecimentos e à produção.
¸ Descrever a evolução do setor da indústria transformadora de produtos da pesca e da aquicultura e fazer a sua carac-
terização por subsetores.
A GESTÃO DO LITORAL E DO ESPAÇO MARÍTIMO

PROBLEMAS E POSSÍVEIS SOLUÇÕES


A intensa litoralização e o aproveitamento dos recursos marinhos têm provocado vários problemas que
põem em causa o equilíbrio natural marinho e costeiro, podendo também afetar a qualidade de vida das
populações. É muito importante combater esses problemas, pois os espaços litorais constituem opor-
tunidade de emprego e criação de riqueza, pelas atividades económicas que proporcionam. Porém, estas
atividades têm de ser desenvolvidas de forma sustentável, no respeito pelo ambiente e pelas gerações
futuras.

NAS ÁREAS COSTEIRAS

Problemas Possíveis soluções

Pressão urbanística Ordenamento do território


¸ Ocupação desordenada do litoral devido à forte litoralização ¸ Definição de medidas que estabele-
que caracteriza a distribuição da população e das aglomera- çam limites à construção nas áreas
ções urbanas no nosso país. costeiras, tendo em conta a exten-
¸ A degradação da paisagem, com a construção desenfreada são dos projetos, a densidade de
nas áreas envolventes, tem deixado marcas em todo o litoral construção e a altura dos edifícios.
português, colocando em risco o seu equilíbrio. Segundo um ¸ Regulamentação dos estilos estéti-
estudo da Agência Europeia do Ambiente, na última década, cos e arquitetónicas e do enquadra-
Portugal foi o país europeu onde mais se construiu junto à mento paisagístico das constru-
linha de costa, o que faz aumentar a sua vulnerabilidade. ções.

Degradação das áreas costeiras Ordenamento das orlas costeiras


¸ Diminuição da quantidade de sedimentos que chegam à ¸ Regulamentação das atividades e
costa, devido à ação das barragens e à extração de areias, dos usos específicos da orla costeira.
que alteram a quantidade e o percurso dos sedimentos, ¸ Definição e implementação de me-
favorecendo o avanço do mar. didas de salvaguarda e de correção
¸ Pressão humana sobre as dunas, que coloca em risco a sua das disfunções territoriais, como
estabilidade e impede a fixação de vegetação, facilitando o são as construções em zonas sensí-
avanço das areias e do mar. veis da orla costeira, por exemplo,
¸ Construção sobre as arribas, estruturas em erosão, o que sobre dunas de areia.
acelera o seu desmoronamento e recuo. ¸ Requalificação de áreas degrada-
¸ Subida do nível médio das águas do mar provocada pelo das, em especial as de maior valor
aquecimento global e consequente recuo da linha da costa. ambiental
¸ A grande exposição da linha de costa à ação erosiva do mar, ¸ Classificação das praias e regula-
devido à sua configuração pouco recortada, faz com que mentação do uso balnear, nomea-
exista um progressivo avanço do mar. damente dos serviços de apoio e
¸ As obras de proteção e sustentação da costa, como espo-
dos acessos ao areal.
rões e paredões, que têm sido utilizadas para minimizar os ¸ Construção de acessos pedonais
riscos, induzem uma intensificação da erosão, a sul dos sobrelevados para evitar o pisoteio
locais onde estes são construídos e uma maior acumulação das dunas.
de materiais rochosos nas áreas que se lhes situam a norte. ¸ Sensibilização da população para
uma correta utilização e valoriza-
ção dos espaços.
¸ Interdição de atividades que pos-
sam degradar as áreas costeiras.
NO ESPAÇO MARÍTIMO

Problemas Possíveis soluções

A redução dos stocks ¸ É fundamental desenvolver a investigação no


¸ A poluição marítima afeta os recursos piscató- domínio da gestão dos recursos, avaliando o
rios das nossas águas. seu estado, promovendo o ordenamento da
¸ A sobreexploração dos recursos, pela pesca
pesca, estudando os impactes das tecnolo-
gias de pesca, etc.
¸ Em conjugação com a Política Comum das
excessiva, é a principal causa da redução dos
stocks.
¸ A pesca portuguesa, ao incidir em pesqueiros
Pescas, o trabalho de investigação realizado
conduziu já à definição de medidas de prote-
situados a curta distância da costa e na explo-
ção para as principais espécies capturadas
ração de um reduzido número de espécies,
em Portugal, como:
tem conduzido à progressiva diminuição dos
stocks. • regras relativas à malhagem das redes e
¸ Exploração fora do limite biológico de segu-
implementação de novos tamanhos míni-
mos de desembarque;
rança de espécies tradicionais, como a sardi-
nha e a pescada-branca. • estabelecimento de restrições nas capturas,
¸ As redes de malha estreita, para a captura ile-
nos períodos em que ocorre a reprodução e
em áreas mais sensíveis;
gal de juvenis, continuam a ser utilizadas, o
que dificulta a recuperação das espécies. • estabelecimento anual de quotas de pesca –
¸ Técnicas de pesca em grandes quantidades,
quantidade máxima de capturas imposta à
frota dos Estados-membros que varia em
como o cerco e o arrasto.
função da espécie – aplicáveis a nível comu-
nitário.

Poluição das águas Proteção e vigilância


¸ Intensa atividade portuária. ¸ Diminuição do uso de químicos agrícolas.
¸ Efluentes constituídos por produtos químicos ¸ Construção de infraestruturas de tratamento
provenientes da escorrência de terrenos agrí- de águas residuais e boa utilização das exis-
colas. tentes.
¸ Descargas de águas residuais industriais e ¸ O reforço da capacidade de vigilância da nossa
domésticas, por vezes, não tratadas. extensa costa é fundamental para a otimiza-
¸ Intenso tráfego marítimo: ao longo dos corre- ção dos recursos marinhos e para a sua utili-
dores marítimos das nossas águas, navegam, zação de forma sustentável.
em média, cerca de 200 navios por dia. ¸ Portugal tem procurado melhorar os seus
¸ Despejos ilegais das lavagens dos porões dos esforços de fiscalização, utilizando satélites
navios no mar. em conjugação com os meios navais e aéreos.
¸ Derrames de petróleo que são a principal ¸ O uso de satélites tem a vantagem de reduzir
ameaça por poderem provocar marés negras. custos e de cobrir, permanentemente, uma
área considerável, tendo um caráter dissuasivo
para os potenciais infratores.

VERIFIQUE SE SABE
¸ Enumerar os principais problemas das áreas costeiras e propor possíveis soluções.
¸ Indicar os principais problemas do nosso espaço marítimo e sugerir possíveis soluções.
PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE GESTÃO E PRESERVAÇÃO DO LITORAL
O litoral é uma área ambientalmente sensível, com uma grande diversidade de usos, que constitui o
suporte de várias atividades económicas, nomeadamente a pesca, a aquicultura, o turismo e a navega-
ção. Também no mar surgem cada vez mais riscos, quer pela exploração dos recursos piscícolas quer
pela sua utilização como suporte das rotas comerciais, com grande movimentação de navios.
Em Portugal, dada a dimensão e importância demográfica e económica do litoral e a extensão da ZEE, é de
particular importância a gestão sustentável destes dois espaços. Foram criados instrumentos que se arti-
culam e complementam, destacando-se: os Planos de Ordenamento das Orlas Costeiras (POOC) (Doc. 1); o
Plano de Ordenamento do Espaço Marítimo (POEM); o Plano de Ação, Proteção e Valorização do Litoral
2012-2015 (PAPVL); a Estratégia Nacional de Gestão Integrada da Zona Costeira (ENGIZC) (Doc. 2).

DOC. 1 PLANOS DE ORDENAMENTO DA ORLA COSTEIRA DOC. 2 OBJETIVOS DO POEM E DA ENGIZC

Com o Decreto-Lei n.o 309/93, de 2 de setembro, foram criados os Principais objetivos do POEM:
Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) com os seguintes • Enumerar e cartografar as atividade do
objetivos: espaço marítimo, identificando o grau de
• ordenar os usos e atividades da orla costeira; dependência das comunidade locais e
• classificar as praias e regulamentar o uso balnear; delimitando os espaços já consignados.
• valorizar e qualificar as praias consideradas estratégicas por moti- • Ordenar os usos e atividades do espaço
vos ambientais ou turísticos; marítimo.
• orientar as atividades específicas da orla costeira; • Garantir a preservação, recuperação e
• assegurar a defesa e conservação da Natureza. utilização sustentável dos recursos,
A área de intervenção dos POOC abrange uma largura máxima de potenciando a utilização eficiente do
500 m contados a partir do limite das águas do mar para terra e uma espaço marítimo.
faixa marítima de proteção até à profundidade de 30 metros.
O litoral de Portugal Continental foi dividido em 9 troços, sendo defini- Principais objetivos da ENGIZC
dos 9 POOC que se encontram, atualmente, todos aprovados e publicados. • Conservar e valorizar os recursos e o
património natural, paisagístico e cultu-
N ral.
Caminha - Espinho • Antecipar, prevenir e gerir situações de
AAprovado
provado e Publicado
n.o 25/99 - 99.04.07
RCM n. risco e de impactes de natureza ambien-
Responsável:
Responsáv el: INAG
tal, social e económica.
• Promover o desenvolvimento sustentável
Ovar - Marinha Grande
Ovar
AAprovado
provado e Publicado de atividades geradoras de riqueza e que
n.o 142/200 - 05.10.25
RCM n.
Responsável:
Responsáv el: INAG contribuam para a valorização de recur-
Alcobaça - Mafra
Mafra
sos específicos da zona costeira.
AAprovado
provado e Publicado • Aprofundar o conhecimento científico
n.o 11/2002 - 02.01.17
RCM n.
Responsável:
Responsáv el: INAG
Cidadela - S. Jul Julião
liião da Barra sobre os sistemas, os ecossistemas e as
AAprovado
provado e Publicadoado
do
Sintra - Sado
Sintra n..o 123/98 - 98.10.19
RCM n 10.19
10 paisagens costeiras.
AAprovado
provado e Publicado Responsável:
Responsáv el: INAG
n.o 86/2003 - 03.06.25
RCM n. Site oficial do DGPM, julho de 2014
Responsável:
Responsáv el: INC

Sado - Sines
AAprovado
provado e Publicado
n.o 136/99 - 99.10.202
RCM n.
Responsável:
Responsáv el: INAG Áreas
Áre as Pro
Protegidas
tegidas
Sines - Burgau 0 50 km
AAprovado
provado e Publicado
n.o 152/98 - 98.12.30
RCM n.
Responsável:
Responsáv el: INC

Burgau - Vilamoura Vilamoura - VRSA


AAprovado
provado e Publicado AAprovado
provado e Publicado
n.o 33/99 - 99.04.27
RCM n. n.o 103/05-
RCM n. 103/05- 05.06.27
Responsável:
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Adaptado do site oficial do Instituto de Conservação da Natu-


reza, julho 2014
VALORIZAR AS ÁREAS COSTEIRAS E O ESPAÇO MARÍTIMO
O espaço marítimo português, além de ser uma fonte de recursos muito importante – dos que conhece-
mos e daqueles que poderão vir a ser descobertos –, pode ser um fator diferenciador do nosso país,
desde a oportunidade proporcionada pela situação geográfica que, no domínio dos transportes, pode
ser muito favorável, até à possibilidade de oferta turística e de lazer, que poderá ir muito além da oferta
balnear, sem esquecer o domínio energético.

¸ Nas áreas da biotecnologia e da biodiversidade: inventariação dos recursos


biológicos, geológicos e mineiros do solo e subsolo marinhos.
¸ Estudo e salvaguarda dos testemunhos arqueológicos e históricos subaquá-
ticos, protegendo-os da delapidação e degradação e apoiando a sua investiga-
Estudo
ção.
e investigação
Por exemplo: a Universidade dos Açores dinamiza vários projetos de investigação,
em parceria com conceituadas instituições internacionais, como a NASA, e apoia-
dos em tecnologia de ponta, incluindo o navio Arquipélago, preparado para a
investigação em oceanografia, biologia marinha e investigação pesqueira.

¸ Os portos comerciais portugueses, pela sua localização e pela profundidade


das suas águas, têm grande potencialidade de crescimento e de ganhar com-
petitividade internacional, tendo em conta que faz parte da política de trans-
portes da União Europeia promover o transporte marítimo, dentro do espaço
comunitário, enquanto modo de transporte menos poluente.
Transportes ¸ Vários portos portugueses têm sido alvos de obras de remodelação, ampliação
e modernização.
Por exemplo, o projeto «Janela Única Portuária», lançado em 2006, permite que os
agentes económicos se relacionem com cada porto através de um único canal
eletrónico, uma espécie de balcão único virtual, tendo a possibilidade de tratar,
desta forma, de todos os processos administrativos para o despacho de merca-
dorias e navios.

¸ O mar começa a ser um fator diferenciador da oferta turística no nosso país,


através do turismo náutico e oceânico, que oferece atividades como a náutica
de recreio, o mergulho e a observação de cetáceos e aves marinhas.
Turismo, lazer ¸ A organização de provas desportivas internacionais de grande prestígio, como
e desporto a vela, o remo, a canoagem, o surf, etc.
Por exemplo, o turismo de cruzeiro, que abrange as áreas costeiras de terra e as
águas costeiras do mar, está em expansão, assim como as ofertas relacionadas
com o mergulho e com a observação de baleias e golfinhos, sobretudo nos Açores.

¸ As águas agitadas do mar permitem a produção de energia elétrica a partir das


ondas e das marés, o que se integra nos objetivos da política energética nacio-
nal e comunitária.
¸ A presença do mar potencia a ocorrência de ventos, pelo que a instalação de
Produção
aerogeradores se faz preferencialmente em áreas do litoral, além das monta-
de energia
nhas.
Por exemplo, o projeto WineFloat (exploração do recurso eólico em águas profun-
das), consiste num protótipo que foi instalado ao longo da costa portuguesa, na
Póvoa do Varzim, e ligado à rede elétrica no final de 2011.

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