Você está na página 1de 7

COMPACTAÇÃO DE ATERROS

OBRAS GEOTÉCNICAS

Mateus Andrade Florindo

Prof. Rodrigo Martins Reis

Campos dos Goytacazes, RJ

Novembro de 2019
INTRODUÇÃO

A compactação é o processo de aumento mecânico da densidade de um


material. Em resumo, através da compactação de um solo, obtém-se maior
aproximação e entrosamento das partículas, ocasionando o aumento da resistência
ao cisalhamento e consequentemente a obtenção de uma maior capacidade de
suporte. Com a redução mais ou menos rápida do volume de vazios, a capacidade
de absorção de água e a possibilidade de haver percolação diminuem
substancialmente, tornando o solo mais estável.

Dois fatores são fundamentais na compactação: o teor de umidade do solo e


a energia empregada na aproximação dos grãos, ou seja, a energia de
compactação.

A ÁREA DE EMPRÉSTIMO

A área de empréstimo é a área escolhida para retirada de solo a ser usado no


aterro em questão. Ou seja, é a área que cede solo para a compactação. A área de
empréstimo deve possuir o volume necessário para o aterro e deve ser próximo a
este, para que não se gaste tanto com transporte de terra.

Para escolha da área de empréstimo, é necessária uma investigação


geotécnica através de ensaios de campo e laboratório para determinação do grau de
compactação do solo, da umidade ótima, além da compressibilidade e
permeabilidade do mesmo.

A área de empréstimo a ser utilizada no aterro em questão é formada por


duas camadas distintas de solo. A primeira é um solo residual maduro, ou seja, um
solo mais resistente. O segundo é um solo residual jovem mais erosivo. Segue
abaixo, a figura esquemática do subsolo da área de empréstimo.

Solo residual maduro


HORIZONTE B Argiloso
(Mais resistente)
Solo residual jovem
HORIZONTE C Arenoso
(Mais erosivo)

Figura 1 – Subsolo da área de empréstimo.

1
O ATERRO

Para iniciar o aterro, a primeira medida a ser tomada depois de determinada a


área de empréstimo é determinar qual solo será lançado e compactado primeiro.

O solo residual jovem (areia siltosa) deve ser lançado primeiro, por ser um
solo mais erosivo, enquanto o solo residual maduro (argiloso) é mais resistente,
sendo lançado posteriormente e ficando na parte superior do aterro, evitando um
processo acelerado de erosão superficial do aterro.

Entretanto, para tomar essa medida, deve-se estudar a viabilidade da


remoção da primeira camada de solo, disposição deste em outro local para assim
extrair a camada inferior para ser usada no aterro e após executar a primeira
camada (2,5 metros) utilizar o solo argiloso armazenado para executar os últimos
2,5 metros de aterro e o acabamento.

Logo, se a obra for pequena e de pouca importância, o solo argiloso poderá


ser usado para camada inferior do aterro e a camada arenosa será a camada
superior. E para que o processo erosivo superficial não seja efetivo, medidas como
plantação de vegetação e implantação de sistema de drenagem devem ser
adotados.

Portanto, o ideal é armazenar o solo argiloso e mais resistente, executar os 2,5


metros com o solo arenoso e finalizar o aterro com o solo argiloso armazenado.

Figura 2: Esquema da ordem de lançamento dos solos no aterro

2
COMPACTAÇÃO

A compactação de solos é obtida por uma combinação de quatro processos:


compressão estática, impacto, vibração e manipulação ou amassamento. A primeira
é a aplicação de carga em unidade de peso por rolos que produzem forças de
resistência ao corte por deslizamento, fazendo com que as partículas se cruzem
entre si. A compactação acontece quando as forças aplicadas rompem o estado
natural de ligação das partículas, que mudam para uma posição mais estável dentro
do material.

O impacto cria uma força de compactação muito maior que uma carga
estática equivalente. Isto acontece porque o peso em queda transforma a sua
velocidade em energia quando do impacto, gerando uma onda de pressão para
dentro do solo.

A vibração é a força de compactação mais complexa. As máquinas vibratórias


produzem uma rápida sequência de ondas de pressão que se espalham em todas
as direções, eliminando com eficiência os vazios entre as partículas a compactar.

Por último, a manipulação reordena e comprime as partículas por


amassamento. Ela se aplica, principalmente na superfície das camdas de material
solto.

Os equipamentos para compactação são o rolo pé de carneiro, o rolo


vibratório, o rolo pneumático e os rolos combinados. Para o aterro em questão serão
utilizados o rolo pé de carneiro e o vibratório liso.

O primeiro é indicado para compactação de materiais argilosos, tendo em


vista a pequena área dos pés de carneiro, o peso do solo é transmitido ao terreno
com pressão mais elevada. Os cilindros são ocos e neles pode-se colocar areia e
água para aumentar o peso, se necessário.

Já o segundo é indicado para a compactação de materiais arenosos e


pedregulhosos. Consta de um cilindro de chapa de aço que vibra mediante um eixo
excêntrico.

Com os equipamentos escolhidos, deve-se calcular então, a energia de


compactação desejada. Os fatores que influenciam a energia de compactação são o
peso do rolo, o número de passadas, a velocidade do equipamento e espessura da
camada.

Onde,
𝑃𝑥𝑁
𝐸 = 𝑓( 𝑣𝑥𝑒 )

P = peso do rolo;

N = número de passadas;

v = velocidade do rolo;
3
e = espessura da camada.

O peso específico a ser atingido com o solo utilizado é dado pelo ensaio de
Compactação e através dele se dá o Grau de Compactação (G) e a determinação
dos parâmetros que permitam atingi-lo com uma compactação bem feita e de forma
econômica.
𝛾𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜
𝐺=
𝛾𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜

Onde,

Ɣ campo = a massa específica aparente seca obtida in situ;

Ɣ máximo = massa específica seca máxima obtida em laboratório.

Para obter o Ɣ máximo, faz-se o ensaio de compactação. Esse tem a


finalidade de determinar a função de variação da massa específica aparente seca
com o teor de umidade, para uma dada energia de compactação, aplicada ao solo
através de um processo dinâmico.
Realiza-se o ensaio de compactação para várias umidades, em cada ensaio
determina-se a massa específica aparente seca e a umidade. Pesa-se o conjunto
cilindro + solo compactado e extrai o corpo de prova, que será então cortado
transversalmente para retirada de seu miolo, a partir do qual é determinada a
umidade do solo compactado.
A massa específica aparente seca (γd) é determinada pela razão entre a
massa do solo compactado seco e o volume efetivo do cilindro de compactação.
Com os pares de valores (w, γd) é traçada a curva de compactação.

Figura 3 – Diagrama de massa específica pela umidade ótima.

4
A determinação da densidade de campo compreende a execução de um furo
na camada controlada, com determinação do peso e da umidade do solo extraído.
Determina-se o volume do furo feito e calcula-se o peso seco do solo e a densidade
aparente seca.
A determinação do teor de umidade é o ponto que mais atrasa o cálculo da
densidade, e, no entanto, é fundamental o conhecimento rápido do grau de
compactação para que se possa prosseguir com os serviços de terraplanagem.
A umidade do solo pode ser determinada pelo Speedy que é um aparelho
simples que permite em poucos minutos conhecer o teor de umidade do solo.
Consiste num frasco de aço, à prova de pressão, provido de um manômetro
comunicado com o seu interior. Para seu funcionamento é necessário o uso de
determinada quantidade de “carbureto de cálcio”, que vem em ampolas de vidro
para um único uso.
Após o espalhamento da camada de solo a ser compactada, a primeira
verificação a ser feita é a umidade existente. Para isso utiliza-se o “Speedy”.
Verificada a necessidade de água, providencia-se a molhação com o caminhão-pipa,
cuidando antes de regularizar a superfície para evitar empoçamentos de água.
Havendo excesso de umidade, deve ser feita a aeração do solo, utilizando-se
para isso a grade de discos. A motoniveladora deve ser utilizada para soltar o solo,
facilitando o trabalho da grade.
O lançamento do material deverá ser feito em camadas sucessivas, em toda a
largura da seção transversal, e em extensões tais, que permitem seu umedecimento
e compactação, quando especificada. A espessura da camada solta (não
compactada) não deverá ultrapassa 0,30 m. Para as camadas finais essa espessura
não deverá ultrapassar 0,20 m.

CONCLUSÃO

O processo de compactação é um processo rigoroso que necessita de


controle de acordo com a importância da obra. Para a realização do mesmo é
necessário realizar os ensaios, seja no campo e no laboratório para o controle da
compactação.

Durante as etapas de construção do aterro é de suma importância a presença


do engenheiro responsável para supervisionar o trabalho e mediar os resultados.
5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- Notas de aula de Compactação de Aterros da UFMG – Prof. Jisela Greco.

- MASSAD, Faiçal. Obras de terra: curso básico de geotecnia, Oficina de Textos,


São Paulo, 2003.

- ORTIGAO, J A R. Mecânica dos Solos dos Estados Críticos. 3ª Ed. Terratek. São
Paulo, 2007.

- PINTO, Carlos de Sousa. Curso básico de Mecânica dos solos. 3ª Ed. 2006.
Editora Oficina de Textos.

Você também pode gostar