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Escoamento Superficial

É o segmento do ciclo hidrológico que estuda o deslocamento das águas na


superfície da Terra. Esse estudo considera o movimento da água a partir da menor
porção de chuva que, caindo sobre um solo saturado de umidade ou impermeável,
escoa pela sua superfície, formando sucessivamente as enxurradas ou torrentes,
córregos, ribeirões, rios e lagos ou reservatórios de acumulação.

O escoamento superficial tem origem, nas precipitações. No início do escoamento


superficial forma-se uma película laminar que aumenta de espessura até atingir um
estado de equilíbrio. As trajetórias descritas pela água no seu movimento são
determinadas, principalmente, pelas linhas de maior declive do terreno e são
influenciadas pelos obstáculos existentes (águas livres). A medida que as águas vão
atingindo os pontos mais baixos do terreno, passam a escoar em canalículos que
formam a microrede de drenagem.

Sob a ação da erosão, aumentam-se as dimensões desses canais e o escoamento


se processa, cada vez mais, por caminhos preferenciais. Formam-se as torrentes,
cuja duração está associada, praticamente, à precipitação. A partir delas, formam-se
os cursos de água com regime de escoamento dependendo da água superficial e da
contribuição do lençol de água subterrâneo (águas sujeitas)

COMPONENTES DO ESCOAMENTO

DOS CURSOS DE ÁGUA : As águas provenientes das chuvas atingem o leito do


curso de água por 4 vias diversas:

a) escoamento superficial; b)escoamento sub-superficial (hipodérmico);

c) escoamento subterrâneo; d)precipitação direta sobre a superfície livre.

O escoamento superficial começa algum tempo após o início da precipitação. O


intervalo de tempo decorrido corresponde à ação da interceptação pelos vegetais e
obstáculos, à saturação do solo e à acumulação nas depressões do terreno. A ação
da interceptação e a da acumulação tende a reduzir-se no tempo e a da infiltração a
tornar-se constante.

O escoamento subsuperficial, ocorrendo nas camadas superiores do solo, é difícil


de ser separado do escoamento superficial. O escoamento subterrâneo dá uma
contribuição que varia lentamente com o tempo e é o responsável pela alimentação
do curso de água durante a estiagem.

Já a contribuição do escoamento superficial cresce com o tempo até atingir um


valor sensivelmente constante à medida que a precipitação prossegue. Cessada a
precipitação, o escoamento superficial vai diminuindo até anular-se.
GRANDEZAS CARACTERISTICAS

 VAZÃO: É o volume de água escoado na unid de tempo em uma determinada


seção do curso de água. Podemos distinguir as vazões normais(escoam no curso de
água) e as vazões de inundação( ultrapassando um valor limite, excedem a
capacidade normal das seções de escoamento dos cursos de água). Expressas em
m³/s ou em L/s.
 VAZÃO ESPECÍFICA( ou contribuição unitária ): relação entre a vazão em uma
seção do curso de água e a área da bacia hidrográfica relativa a essa seção. É
expressa em L/s e por km².

 FREQUËNCIA: Freqüência de uma vazão “Q” em uma seção de um curso de


água é o n° de ocorrências da mesma em um dado Δt, expressa em termos de
período de retorno ou tempo de ocorrência “Tr”.

 COEFICIENTE DE DEFLÚVIO: É a relação entre a quantidade total de água


escoada pela seção e a quantidade total de água precipitada na bacia hidrográfica.

 TEMPO DE CONCENTRAÇÃO: É o Δt, contado a partir do início da


precipitação, para que toda a bacia hidrográfica passe a contribuir na seção em
estudo. Corresponde à duração da trajetória da partícula de água (mais distante) que
demore mais tempo para atingir a seção.

 NÍVEL DE ÁGUA: altura atingida pela água na seção em relação a uma


determinada referência. Pode ser um valor instantâneo ou a média em um
determinado Δt (dia, mês, ano).

 FATORES INTERVENIENTES

FATORES QUE PRESIDEM A QUANTIDADE DE ÁGUA PRECIPITADA:

a) Quantidade de vapor de água presente na atmosfera: existência de grandes


superfícies nas proximidades expostas à evaporação.
b) Condições meteorológicas e topográficas favoráveis à evaporação, à
movimentação das massas de ar e à condensação do vapor de água: temperatura,
ventos, pressão barométrica e acidentes topográficos.

 FATORES QUE PRESIDEM O FLUXO DA ÁGUA NA SEÇÃO EM ESTUDO

a) Área da bacia de contribuição.

b) Conformação topográfica da bacia: declividades, depressões acumuladores e


retentores de água.

c) Condições da superfície do solo e constituição geológica do sub-solo, como


existência de vegetação; capacidade de infiltração no solo; natureza e disposição
das camadas geológicas; tipos de rochas presentes; condições de escoamento da
água através das rochas.

d) Obras de controle e utilização da água a montante da seção: irrigação ou


drenagem do terreno; canalização ou retificação de cursos de água; derivação de
água da bacia ou para a bacia; construção de barragens.

 INFLUÊNCIA DESSES FATORES SOBRE AS VAZÕES

A descarga anual cresce de montante para jusante à medida que cresce a área da
bacia hidrográfica. Em uma dada seção, as variações das vazões instantâneas são
tanto maiores quanto menor a área da bacia hidrográfica.

As vazões máx em uma seção dependerão de precipitações tanto mais intensas


quanto menor for a área da bacia hidrográfica.

Para as bacias de pequena área, as precipitações causadoras das vazões máx têm
grande intensidade e pequena duração. Para as bacias de área elevada, as
precipitações terão menor intensidade e maior duração.

Para uma mesma área de contribuição, as variações das vazões instantâneas


serão tanto maiores e dependerão tanto mais das chuvas de alta intensidade
quanto: maior for à declividade do terreno; menores forem às depressões
retentoras de água; mais retilíneo for o traçado e maior a declividade do curso de
água; menor for à quantidade de água infiltrada; menor for à área coberta por
vegetação.

O coeficiente de deflúvio relativo a uma dada precipitação será tanto maior quanto
menores forem a capacidade de infiltração e os volumes de água interceptados
pela vegetação e obstáculos ou retidos nas depressões do terreno. O coeficiente
de deflúvio relativo a um longo intervalo de tempo depende principalmente das
perdas por infiltração, evaporação e transpiração.

HIDROGRAMA: A Figura a seguir apresenta a curva de vazão registrada em


uma seção de um curso de água devido a uma precipitação ocorrida na bacia
hidrográfica correspondente. A contribuição total que produz o escoamento
da água na seção considerada é devida:

a) à precipitação recolhida diretamente pela superfície livre das águas;

b) ao escoamento superficial; c) ao escoamento sub-superficial;

d) à contribuição do lençol de água subterrâneo.

Iniciada a precipitação, parte das águas será interceptada pela vegetação e pelos
obstáculos e retida nas depressões do terreno até preenchê-las completamente.

Denomina-se precipitação inicial à ocorrida durante o intervalo de tempo


correspondente. Preenchidas as depressões e ultrapassadas a capacidade de
infiltração do solo, tem início o intervalo do suprimento líquido, que se caracteriza
pelo escoamento superficial propriamente dito.

Próximo ao fim da precipitação, quando o volume da água de chuva é inferior à


capacidade de infiltração no solo, tem-se a chuva residual. A partir do instante em
que tem início o Δt correspondente à chuva residual, toda a precipitação se infiltra,
além de uma parcela da água que está sobre a superfície do terreno, no fim do
intervalo do suprimento líquido. A essa infiltração se denomina infiltração residual.
Chama-se excesso de precipitação total ao escoamento superficial total acrescido
da diferença entre a infiltração residual e a chuva residual. Para efeito prático,
considera-se o excesso de precipitação total igual ao escoamento superficial total,
devido a ser muito pequena tal diferença.

Na seção do curso de água verifica-se que, após o início da precipitação (t 0),


decorrido o intervalo de tempo correspondente à precipitação inicial, o nível da
água começa a elevar-se. A vazão cresce desde o instante correspondente ao
ponto A (Fig.) até o instante correspondente ao ponto B, quando atinge o seu valor
máximo. A duração da precipitação é menor ou igual ao intervalo de tempo t 0 a tB.

Terminada a precipitação, o escoamento superficial prossegue durante certo tempo


e a curva de vazão vai decrescendo. Ao trecho BC denomina-se curva de depleção
do escoamento superficial.
Para as enchentes maiores, a elevação do nível no curso de água pode superar o
correspondente do lençol, criando-se uma pressão hidrostática maior no rio do que
nas margens, ocasionando a inversão do movimento temporariamente.

No hidrograma, a linha tracejada AEC representa a vazão correspondente ao


lençol de água. Para efeitos práticos, a linha que representa a contribuição da água
do lençol subterrâneo ao curso de água costuma ser representada pela reta AC.

Chama-se curva de depleção da água do solo ao trecho a partir do ponto C,


correspondente a uma diminuição lenta da vazão do curso de água que é
alimentado exclusivamente pela água subterrânea, em razão do seu escoamento
natural. O andamento dessa curva pode sofrer a influência da transpiração, da
evaporação do solo e da evaporação das águas tributárias

De acordo com a figura a seguir e observando o que ocorre no solo durante a


precipitação e o período de tempo seguinte temos que: No início da precipitação, o
nível da água e o do lençol de água contribuinte, estavam na posição MNO.

Devido à água de infiltração e após estar satisfeita a deficiência de umidade do


solo, o nível de água do lençol freático cresce até atingir a posição PS. Ao mesmo
tempo, em razão do escoamento superficial, o nível de água na seção em estudo
passa de N para R.

 Seção transversal

 CLASSIFICAÇÃO DAS CHEIAS

Tipo O: A intensidade da chuva é menor do que a capacidade da infiltração f, a


infiltração total F é menor do que a deficiência de umidade natural do solo D. Em
conseqüência, não há escoamento superficial e nenhum acréscimo da água do
solo. Fenômeno característico de chuvas fracas que ocorre durante a estiagem ou
no fim dela.
 Tipo 1: A intensidade da chuva P é menor do que a capacidade da infiltração
f,a deficiência da umidade natural D é também menor do que a infiltração total F. Em
conseqüência, não há escoamento superficial. Verifica-se, entretanto, o acréscimo da
água do solo acompanhado de uma variação da vazão do curso d’água.

No caso A, a proporção do aumento da vazão é menor do que a depleção da água


do solo. No caso B, as proporções do acréscimo de vazão e da depleção da água
do solo são iguais; a vazão do curso de água é sensivelmente constante durante
certo intervalo de tempo. No caso C, a proporção do acréscimo da vazão supera a
depleção da água do solo; há um acréscimo do nível de água do lençol e um
aumento da vazão de escoamento no curso de água.

 Tipo 2: A intensidade da chuva P é > do que a capacidade de infiltração f; a


deficiência de umidade natural do solo D é > do que a infiltração total F. Existe
somente o escoamento superficial, não há acréscimo da água do solo, a depleção
normal continua durante a cheia e o regime da água do solo é retomado depois de N.

 Tipo 3: A intensidade da precipitação supera a capacidade de infiltração f; a


deficiência de umidade natural do solo é < do que a infiltração total F. Neste tipo,
ocorrem o escoamento superficial e o acréscimo do lençol de água.Conforme as
proporções do acréscimo da água do solo, podem-se ter os casos A,B ou C.

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