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2011

DRENAGEM – TRN 035

GUILHERME SOLDATI FERREIRA


UFJF – FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTº. DE TRANSPORTES E GEOTECNIA
INFRAESTRUTURA EM TRANSPORTES
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE TRANSPORTES E GEOTECNIA INFRAESTRUTURA EM TRANSPORTES
Guilherme Soldati Ferreira, M.Sc. guilherme.soldati@ufjf.edu.br

DRENAGEM RODOVIÁRIA

1 – Considerações Gerais

1.1 – Objetivo

A drenagem de uma rodovia destina-se a protegê-la das águas que de um modo ou de


outro, com ela interfiram ou a prejudiquem. A drenagem efetua-se por meio da captação,
condução e deságüe em lugar seguro, das águas que:

 Existam nos subleitos sob a forma de lençóis freáticos e artesianos;


 Penetrem, por infiltração, através do revestimento e das diversas camadas
do pavimento;
 Precipitem-se diretamente sobre o corpo estradal ou a ele acorram
provenientes das áreas adjacentes;
 Cheguem à rodovia através dos talvegues naturais.

A drenagem tem como objetivo final a defesa do corpo estradal e de sua infraestrutura da
ação danosa das águas para evitar inconvenientes, tais como destruição de aterros, redução da
capacidade de suporte da camada final de terraplenagem, erosões de taludes de corte e aterro,
escorregamento de taludes, etc. Tais objetivos são atingidos por meio de obras de
determinados tipos, onde cada uma das quais será, daqui por diante, denominada dispositivo
de drenagem e o seu conjunto constitui o Sistema de Drenagem da Rodovia.

1.2 – Tipos de Drenagem

De acordo com a exposição anterior os diversos tipos de drenagem classificam-se em:

1.2.1 – Drenagem Subterrânea

É aquela que se destina a drenar as águas existentes abaixo da superfície do terreno natural
(greide de terraplenagem). O sistema de drenagem subterrânea pode ser composto por:

 Drenos Profundos;
 Drenos em Espinha-de-Peixe;
 Camadas Drenantes;
 Drenos Horizontais Profundos (DHP);
 Valetões Laterais.

1.2.2 – Drenagem do Pavimento

É aquela que se destina a drenar as águas infiltradas nas camadas do pavimento (estrutura
do pavimento). O sistema de drenagem do pavimento pode ser composto por:

 Camada Drenante do Pavimento;


 Drenos Laterais de Base;
 Drenos Rasos Longitudinais;
 Drenos Transversais do Pavimento.
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1.2.3 – Drenagem Superficial

É aquela que se destina a drenar as águas precipitadas sobre o corpo estradal e suas áreas
adjacentes (escoamento superficial). O sistema de drenagem superficial pode ser composto
por:

 Valetas de Proteção de Corte;


 Valetas de Proteção de Aterro;
 Sarjetas de Corte;
 Sarjetas de Aterro;
 Saídas d’água;
 Descidas d’água;
 Caixas Coletoras;
 Bueiros de Greide.

1.2.3 – Drenagem de Transposição de Talvegues

É aquela que tem por objetivo possibilitar a passagem da água de um lado para outro num
trecho em aterro, permitindo assim sua construção na travessia dos cursos d’água
interceptados pela rodovia. O sistema de drenagem de transposição de talvegues pode ser
composto por:

 Bueiros;
 Pontilhões;
 Pontes.

1.3 – Dispositivos Contra Erosão e Serviços Especiais

Em certos casos torna-se necessário complementar o projeto de drenagem por meio de


dispositivos destinados a evitar a erosão do corpo estradal e dos terrenos adjacentes, devido à
velocidade excessiva com que as águas dos dispositivos escoam pelo sistema de drenagem
anteriormente definido. São eles:

 Dissipadores de energia;
 Bacias de amortecimento;
 Escalonamento de taludes;
 Corta-rios;
 Drenagem de alívio de muros de arrimo.

1.4 – Metodologia de Projeto do Sistema de Drenagem

A principal finalidade do projeto do Sistema de Drenagem é a execução dos dispositivos


por ele definidos. No projeto devem ser cumpridas as seguintes etapas:

1.4.1 – Coleta dos Elementos Básicos:

A perfeita adequação técnico/econômica do Sistema de Drenagem da Rodovia em estudo


depende essencialmente da amplitude das informações condicionantes. As informações a
coletar são de dois tipos principais:

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 Informações sobre as diversas áreas do projeto rodoviário como:

 Definição preliminar dos dispositivos de drenagem: identificação, tipo,


localização provável, aspectos locais, condições de acesso, etc.;
 Definição preliminar sobre a geometria, terraplanagem e pavimentação do
projeto: o exame do projeto da rodovia permite identificar as obras
necessárias ao Sistema de Drenagem;
 Definição preliminar das características técnicas do projeto: principais
elementos para estabelecer a vida útil da rodovia;
 Normas Técnicas: fixam os padrões a observar bem com a necessidade de
normas e especificações complementares ou particulares;
 Prazos e recursos disponíveis previstos para a execução.

 Informações locais:

 Topográficas: Complementam os estudos necessários para a implantação


do dispositivo de drenagem, tais como: levantamentos de valetas ou bueiros
existentes nas proximidades, avaliação de áreas, comprimento de talvegues,
etc.
 Geotécnicas: Sondagens e estudos para caracterização de materiais a
utilizar nos dispositivos de drenagem e elementos para o projeto de
fundação dos dispositivos.
 Hidrológicas: Essencialmente os valores de descarga de projeto do Sistema
de Drenagem.

1.4.2 – Estudo de Alternativas

É a fase do Projeto do Sistema de Drenagem em que a experiência do projetista, em vista


das condições locais, possibilita encontrar o maior número de soluções, sua comparação e a
escolha de uma delas.

Deve ser levada em conta, no estudo das alternativas, a implantação dos dispositivos
adequados, com a determinação das dimensões gerais, tais como extensões, declividades e
seções aproximadas.

1.4.3 – Escolha da Solução

Definidas as alternativas, a escolha da solução mais conveniente realizar-se-á de acordo


com critérios técnicos, econômicos, estéticos e administrativos. Concluída a comparação das
alternativas de acordo com diversos critérios, chega-se à seleção da solução definitiva pela
ponderação de cada critério. Torna-se assim possível a escolha final devidamente justificada.

1.4.4 – Detalhamento dos Dispositivos (Cálculo e Desenho):

Determinadas as soluções para diversos dispositivos do Sistema de Drenagem, deve


efetuar-se a preparação dos elementos necessários à construção desse Sistema. Esses
elementos serão desenvolvidos do seguinte modo:

 Dimensionamento;
 Desenho executivo;
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 Especificações, quantitativos e custos;


 Plano de execução e cronograma.

Cada um desses elementos será estabelecido quando da elaboração do projeto para cada
tipo de dispositivo de drenagem.

1.4.4 – Apresentação:

O Sistema de drenagem de uma rodovia em estudo deverá ser apresentado de acordo com
as instruções vigentes. Os documentos são agrupados de acordo com sua finalidade e são os
seguintes:

 Memória descritiva: resumo da concepção geral da drenagem da rodovia e dos


resultados obtidos.
 Memória justificativa: conjunto de documentos cuja finalidade é justificar as soluções
apresentadas com cálculos e dimensionamentos efetuados.
 Documentos para concorrência: definição quantitativa e qualitativa dos dispositivos a
executar, especificação de materiais, métodos de execução, formas de medição e
pagamento.
 Projetos - tipo: conjunto de desenhos gerais e detalhes que permitam a execução dos
dispositivos do sistema de drenagem, incluindo processos executivos. Os projetos-tipo
obedecem ao que dispõe o "Álbum de Projetos - tipo e Padrões de Apresentação" do
"Manual de Serviços de Consultoria para Estudos e Projetos Rodoviários" do DNIT.
 Custos: composição dos custos unitários de todos os dispositivos de drenagem de
acordo com a metodologia do "Manual de composição de custos rodoviários" do
DNIT.
 Esquema do sistema de drenagem: conjunto de desenhos destinado a indicar a posição
dos dispositivos e visualizar o sistema de drenagem, apresentados em separados do
projeto geométrico, obedecidas as convenções e nomenclatura padronizados para cada
dispositivo.
 Notas de serviço: conjunto de informações que permitem identificar o tipo, a
localização, a extensão e os demais elementos necessários à execução de cada
dispositivo de drenagem.

2 – DRENAGEM SUBTERRÂNEA OU PROFUNDA

2.1 – Objetivo

É a que se destina a interceptar as águas que possam atingir o subleito e a rebaixar o lençol
freático, mantendo a umidade das camadas superficiais da rodovia com valor compatível às
boas condições de tráfego e ao seu satisfatório desempenho estrutural, bem como evitando
comprometer a estabilidade do maciço. Os dispositivos de drenagem subterrânea são:

 Drenos profundos;
 Drenos espinha-de-peixe;
 Camadas drenantes;
 Drenos horizontais profundos (DHP);
 Valetões laterais.

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A necessidade de construção do Sistema de Drenagem Profunda deve basear-se em


investigações de campo que compreenderão:

 Observações geológicas e pedológicas;


 Sondagens à percussão ou rotativa, sondagens a trado ou poços abertos a pá e picareta
para determinação do nível e da extensão da formação das águas subterrâneas;
 Inspeção dos taludes nos cortes existentes na vizinhança.

As investigações de campo deverão constar do Projeto e ter suas datas confrontadas com o
regime de chuvas da região para verificação da época de sua execução.

2.2 - Drenos Profundos

2.2.1 – Definição

Dreno profundo é um tipo de dreno subterrâneo que se caracteriza pela sua maior
profundidade em relação ao greide de terraplenagem. O dreno profundo é constituído pelos
seguintes elementos: caixa de inspeção, caixa de descarga ou muro de testa, dreno
propriamente dito (com ou sem tubo), material drenante e/ou filtrante.

2.2.2 – Classificação

Os drenos profundos podem classificar-se da seguinte forma:

2.2.2.1 – Quanto à Função:

• Interceptantes: quando destinados a interceptar as águas que se infiltram pelas áreas


adjacentes à rodovia.
• De rebaixamento do lençol: quando se destinam a rebaixar o lençol subterrâneo
existente no terreno natural.

2.2.2.2 – Quanto a Disposição:


• Longitudinais: quando situados em direção mais ou menos paralela ao eixo da rodovia.
• Transversais: quando cortam o eixo da rodovia formando um ângulo em geral de 90° a
45°.
2.2.2.3 – Quanto ao Preenchimento da Cava:
• Drenos Cegos: são aqueles cujas cavas estão preenchidas com material drenante ou
drenante/filtrante, desprovidos de tubo, sendo em geral de pequena vazão.
• Com Tubo: quando, além de material drenante, ou drenante/filtrante, contém um tubo,
que pode ser poroso ou furado. Os tubos podem ser de cerâmica, de concreto, de
fibrocimento, de PVC ou metálico.
2.2.2.4 – Quanto a Granulometria:
• Contínuos: quando o material de enchimento da cava é de uma única granulometria.
• Descontínuos: quando a cava contém materiais (drenante e filtrante) de granulometria
diferente.
2.2.2.5 – Quanto a Permeabilidade da Camada Superior:

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• Selados: quando a parte superior dos drenos contiver uma camada de material
impermeável, denominado selo, para impedir a entrada de águas superficiais.
• Abertos: quando não providos de selo, o que possibilita interconexão com camadas
permeáveis, permitindo assim a entrada das águas pela sua parte superior.

2.2.3 – Projeto:
Nos projetos de drenos profundos deverão ser observadas as seguintes recomendações:
 O dreno não deverá terminar em coletores de águas pluviais ou corpo de bueiros,
admitindo-se sua chegada a caixas coletoras e a dispositivos especiais, tais como muros de
testa e outros;
 Deverá haver, no início e em espaçamento máximo de 200 m, caixas de inspeção e
limpeza;
 Não deverá ser projetado dreno profundo com declividade inferior a 1%;
 A indicação de drenos profundos deverá ser orientada pelos estudos
geológico/geotécnicos, tendo em consideração a ocorrência de água constatada durante a
execução de sondagens e/ou a natureza e disposição dos diversos horizontes que possam
proporcionar a eventual formação de um lençol;
 Em se tratando de rodovias implantadas, esses estudos podem ser realizados com maior
confiabilidade através de sondagens efetuadas próximo ao pé dos taludes; nestes casos as
sondagens devem atingir, pelo menos, 1,50 m abaixo do greide de terraplenagem,
efetuando-se a inspeção dos furos na ocasião de sua abertura e cerca de 24 horas depois.
Nos casos de drenos profundos destinados a rebaixamento do lençol freático, o nível
deste deverá ser verificado 24 horas após a construção do dispositivo de drenagem.

2.2.4 – Localização
Serão projetados drenos profundos nos seguintes locais:
• Nos cortes em solo quando indicados pelos estudos do lençol freático;
• Nos cortes em rocha obrigatoriamente;
• Em qualquer local em que as camadas superiores de terraplenagem não possam
ser drenadas livremente;
• Ao longo do pé dos aterros onde possa haver aumento de umidade do terreno
natural por infiltrações de vazamento de coletores de águas pluviais ou
distribuição de água potável (em geral próximo ou em zona urbana);
• Sob os aterros onde a montante se apresente água surgente que não possa ser
transposta por bueiro;
• Onde, mesmo que não se tenha encontrado água até 1,50m, seja detectada uma
camada permeável sobreposta à outra impermeável;
• Junto ao pé dos muros de arrimo de taludes muito úmidos, além da drenagem
comum através de suspiros.
2.2.5 – Posicionamento

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Nas seções transversais, os drenos longitudinais devem estar a uma distância mínima
de 1,50 m do pé do talude de corte. Quando se tratar de cortes em rocha, não se aplica a
condicionante de distância mínima.
A sua profundidade média, nos cortes em solo, varia comumente de 1,50m a 2,00m.
Quando o pavimento contiver camada permeável, o dreno deverá ser aberto, com sua parte
superior em contato com aquela camada.
Em relação à seção transversal o dreno deve ter um afastamento do pé do corte tal que
seu fundo intercepte o prolongamento do talude. Entretanto, como a declividade do talude é
em geral superior a 45° e a profundidade dos drenos mais comum é de 1,50m, estabelece-se
como mínimo a posição apresentada na seguinte figura:

Talude
Dreno
1,50 Plataforma de Terraplenagem
1,50

A colocação do dreno junto ao pé do talude pode acarretar o deslizamento do volume


“A” durante a execução da obra. Como mostra o esquema da figura seguinte:

Talude
Dreno
A
Plataforma de Terraplenagem

Caso o dreno possua tubulação, a posição dos furos no mesmo possui algumas
características. No tubo com furos voltados para baixo, mais comumente usado com
função de rebaixamento de lençol freático, o mesmo deve ser assentado sobre 5,0cm
de material filtrante.

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Material Drenante

Material Filtrante

Tubo com furos voltados para cima, mais comumente usados nos casos de
interceptação de fluxo d’água, a vala deve ser preenchida de material impermeável até o nível
dos furos.

Material Drenante

Material Impermeável

O estudo do tipo do tubo, poroso ou furado, bem como do tipo de dreno, contínuo ou
descontínuo, deverá ser elaborado de acordo com a análise granulométrica do solo onde vai
ser construído o dreno.
O material filtrante poderá ser areia ou material sintético (mantas geosintéticas), após
a análise técnica e econômica.
Os drenos devem terminar ou em caixas coletoras ou em muros de testa cujos
projetos-tipo são apresentados no “Álbum de Projetos - Tipo e Padrões de Apresentação” do
“Manual de Serviços de Consultoria para Estudos e Projetos Rodoviários” do DNIT.

Utilização de manta geosintética na substituição do material filtrante

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Dreno profundo com manta geosintética na substituição do material filtrante e preenchimento com material
drenante.

2.2.6 – Elementos Constituintes

2.2.6.1 – Vala:
 Deverá ser aberta de jusante para montante de modo a evitar a acumulação d’água.
 Deverá ter aproximadamente declividade igual à do greide da rodovia e seu gradiente
não deve ser inferior a 1%.
 A largura mínima do fundo da vala deverá ser igual ao diâmetro do tubo mais 20 cm, a
da parte superior será igual à largura do fundo mais 10 cm, como mostra a figura a
seguir.
 Não deverá haver reentrâncias e/ou saliências.

Lmín=D+0,30m
1,50

D = Diâmetro Interno
D

Lmín
D+0,20m

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2.2.6.2 – Material Drenante e Filtrante:


Podem ser utilizados materiais do tipo:
 Natural (seixo rolado, areia);
 Britado (pedra britada);
 Sintético (areia artificial).
O material de enchimento da vala do dreno subterrâneo deverá satisfazer um dos
conjuntos de critérios seguintes:
1º Conjunto de Critérios:
 Condições de Permeabilidade:
d(15% F) ≥ 5d(15% s) e o material filtrante poderá ter, no máximo, 5% passando na peneira
Nº 200.
 Condições de Não-Entupimento do Material Filtrante:
d(15% F) ≤ 5d(85% s)
d(15% F) ≤ 40d(15% s)
d(50% F) ≤ 25d(50% s)
 Condições de Não-Entupimento do Tubo:
d(85% F) ≥ de.
 Condições de Coeficiente de Uniformidade:
2 ≤ (d(60% F) / d(10% F) ) ≤ 20;
onde:
de  diâmetro do furo do tubo;
d(85% s)  diâmetro correspondente à 85% (passante) do solo a drenar;
d(15% F)  diâmetro correspondente à 15% (passante) do material filtrante;
d(15% s)  diâmetro correspondente à 15% (passante) do solo a drenar;
d(50% F)  diâmetro correspondente à 50% (passante) do material filtrante;
d(50% s)  diâmetro correspondente à 50% (passante) do solo a drenar;
d(85% F)  diâmetro correspondente à 85% (passante) do material filtrante;
d(60% F)  diâmetro correspondente à 60% (passante) do material filtrante;
d(10% F)  diâmetro correspondente à 10% (passante) do material filtrante;

2º Conjunto de Critérios:
Adotado nas “Especificações Gerais para Obras Rodoviárias” do DNIT, sob o número
DNER-ES-D 29-70.
 Solos com mais de 35% passante na peneira de 0,075mm (Nº 200)
Para envolvimento do tubo:

PENEIRAS (mm) % EM PESO PASSANTE

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19 Máximo 85

9,5 Mínimo 60

2,0 Mínimo 15

0,42 Máximo 15

Para enchimento da vala de drenagem:

PENEIRAS (mm) % EM PESO PASSANTE

9,5 Mínimo 60

2,0 Mínimo 15

0,42 Máximo 15

 Solos com menos de 35% passante na peneira de 0,075mm (Nº. 200)

Para envolvimento do tubo:

PENEIRAS (mm) % EM PESO PASSANTE

38 Mínimo 60

19 Máximo 85

9,5 Mínimo 15

2,0 Máximo 15

Para enchimento da vala de drenagem:

PENEIRAS (mm) % EM PESO PASSANTE

38 Máximo 60

9,5 Mínimo 15

2,0 Máximo 15

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3º Conjunto de Critérios:
O material filtrante, quando utilizado tubo poroso, deverá obedecer à seguinte
faixa granulométrica:

PENEIRAS (mm) % EM PESO PASSANTE

9,5 100

4,8 95 – 100

1,2 45 – 80

0,3 10 – 30

0,15 2 – 10

Essa granulometria é adotada nas “Especificações Gerais para Obras Rodoviárias” do


DNIT sob o número DNER ES-D 29-70.

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2.2.6.3 – Selo
O selo deverá ser executado de acordo com as considerações seguintes:
 Ter espessura compreendida entre 15 cm e 40 cm;
 Ser constituído de solo argiloso e devidamente compactado.

2.2.6.4 – Tubo
O tubo projetado para o dreno deverá obedecer às seguintes características:
- Material: concreto, argila recozida, fibrocimento ou plástico;
- Diâmetro fixado pelo cálculo hidráulico, com o mínimo de 15 cm e os furos com
abertura de 6 mm a 10 mm.
A figura a seguir mostra de uma maneira geral os elementos constituintes de um dreno
profundo.
80cm
Entre 15 e 40cm

Selo de Argila

Material Filtrante
150 a 200cm

Material Drenante

Furos para baixo

1cm 48cm 1cm

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(a) (b)
(a) Tubo corrugado e furado utilizado nos drenos profundos e (b) dreno profundo descarregando em caixa
coletora de bueiro de greide.
2.2.7 – Dimensionamento do Dreno Profundo
O dimensionamento do dreno constará das seguintes etapas:
 Cálculo da descarga de projeto:
- Contribuição por metro linear em dreno de rebaixamento do lençol;
- Contribuição por metro linear em dreno interceptante.

 Determinação da seção de vazão;


 Determinação do comprimento crítico;
 Determinação do espaçamento longitudinal entre drenos.

Rebaixamento do nível de lençol freático.


2.2.7.1 – Descarga de Projeto

A descarga de projeto do dreno deverá ser calculada levando-se em conta:

a) Intensidade de chuva por metro quadrado;


b) Permeabilidade do solo;
c) Carga hidráulica efetiva;
d) Condicionantes impostas pela posição do lençol freático.

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• Contribuição por metro linear em Dreno de rebaixamento de lençol

Considerando-se a contribuição em apenas um lado do dreno e a extensão longitudinal


de 1,0 metro, tem-se pela lei de Darcy que:

Q = K.A.I

Onde:
Q = Descarga no meio poroso (descarga de projeto);
K = Coeficiente de permeabilidade do solo;
A = Área normal à direção do fluxo d’água no meio poroso;
I = Gradiente hidráulico.

De acordo com a figura a seguir, em um ponto P de coordenadas x e y e ainda


apresentando uma linha de rebaixamento de lençol freático, temos num ponto qualquer dessa
linha:

A = Y . 1,0 m = Y m²

I = dy
dx

Q = K . Y . dy
dx

Qdx = K.Ydy

Integrando:

∫ Qdx = ∫ Kydy

Q.x = K. y² + c
2

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Considerando x = 0, obtemos Y = d (diámetro do tubo) ou:

0 = K . d² + c
2

c = - K . d² , substituindo “c” na equação inicial: Q.x = K . (y² - d²)


2 2 2

Quando x = X e y = H temos:

Q = K . ( H² - d² )
2X

Nessa equação, tendo em vista que os valores de “d” são muito inferiores aos de “H”,
pode-se adotar a hipótese simplificadora de (d = 0); então a fórmula assume a forma seguinte:

Q = K . H²
2X

Se a contribuição se der de ambos os lados do tubo, o valor de “Q” deverá ser


duplicado para cada metro longitudinal de dreno. O valor de “K” quando não puder ser
determinado experimentalmente pelos ensaios indicados, poderá ser calculado pela expressão
empírica de Hazen.

K = 100 . d²10

Onde:
K = Coeficiente de permeabilidade (m/s);
d10 = Diâmetro correspondente à percentagem de 10% em peso total de todas as partículas
menores que ele, expresso em metros. Também conhecido como diâmetro efetivo (def).

• Contribuição por metro linear em dreno interceptante.

Quando o dreno profundo tiver a função interceptante, isto é, de cortar o fluxo d’água
que se infiltre pela superfície durante a precipitação e percole para as camadas inferiores do
solo, a contribuição por metro linear que irá receber dependerá da:

a) Precipitação por metro quadrado da área de infiltração;


b) Área de infiltração, considerada como um retângulo de um lado igual a 1,0 m e o outro
igual à distância entre o dreno e o limite da zona que se quer drenar pelo referido
dispositivo;
c) Permeabilidade do terreno.

2.2.7.2 – Determinação da seção de Vazão

Quando da utilização de drenos com tubo, face à grande diferença de vazão deste e do
material drenante de preenchimento da vala, esta última parcela torna-se desprezível. Dessa
forma a vazão do dreno será aquela definida no dimensionamento do tubo.
Deverá ser estabelecida, considerando-o como canal trabalhando a meia seção, pela
fórmula de Scobey ou de Hazen – Willians. Deverá ser determinado, também, o comprimento
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crítico, que é definido como aquele para o qual a vazão admissível do tubo é atingida através
da contribuição por metro linear da água do solo.

O dimensionamento do tubo, quer poroso, quer perfurado, deverá ser feito pelas
expressões seguintes.

• Fórmula de Scobey:

V = 0,269 . C . D0,625. I0,5

q = 0,2113 . C . D2,625. I0,5

Onde:
V = velocidade de escoamento (m/s);
q = vazão, igual ao dobro da descarga de projeto calculada (m³/s);
D = diâmetro interno do tubo (m);
I = declividade longitudinal do dreno (m/m);
C = coeficiente que depende da natureza da superfície interna do tubo (adimensional).

Para os tubos de concreto bem acabado e de cerâmica adotar CSCOBEY = 132.

• Fórmula de Hazen – Willians:

V = 0,355 . C . D 0,63 . I 0,54

q = 0,278 . C . D 2,63 . I 0,54

Onde:
V = velocidade de escoamento (m/s);
q = vazão, igual ao dobro da descarga de projeto (m³/s);
D = diâmetro (m);
I = declividade do dreno (m/m);
C = coeficiente que depende da natureza da superfície interna do tubo (adimensional).

Para os tubos de concreto, bem acabados e de cerâmica adotar CHAZEN = 140.

A vazão dada nas expressões de Scobey e Hazen-Willians referem-se à seção plena e


como, por hipótese, o dreno deve trabalhar a meia seção, a vazão obtida pelas fórmulas deve
ser o dobro da descarga do ponto.

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Tabela de valores do coeficiente “C” de Hazen-Williams.

Tipo de tubo Idade Diâmetro (mm) C


100 118
100 - 200 120
Novo
225 - 400 125
450 - 600 130
Ferro fundido
100 107
100 - 200 110
10 anos
225 - 400 113
450 - 600 115
100 89
100 - 200 93
20 anos
225 - 400 96
450 - 600 100
Aço soldado sem revestimento 100 65
100 - 200 74
30 anos
225 - 400 80
450 - 600 85
Novo  100 107
100 - 200 110
Novo 225 - 400 113
450 - 600 115
Aço rebitado sem revestimento 100 89
100 - 200 93
usado
225 - 400 96
450 - 600 100
Ferro fundido (Fofo) 100 120
Fofo cimentado internamente 100 - 200 130
Novo
Cimento amianto 225 - 400 136
Concreto 450 - 600 140
novo 50 125
PVC 60 - 100 135
usado
125 - 350 140
100 107
Nova
Manilha cerâmica 100 - 200 110
usada 225 - 400 113

O dimensionamento do dreno pode ser então, dividido em dois casos:

Caso I: Conhecidos q e I e fixado o valor de A, calcular K.

O problema resume-se na determinação de uma granulometria para o material


drenante, que possua o coeficiente de permeabilidade dado pela expressão:

K= Q__
A.I

Caso II - Conhecidos q e I bem como K do material drenante a utilizar, determinar a área A


da parte drenante do dreno, ou seja, as dimensões b (base) e h (altura) do dispositivo.

O valor de A será obtido pela expressão:


A= Q _
K.I

Os drenos cegos têm em geral a forma retangular, ou seja:

A=b.h

Fixando-se uma das dimensões (em geral, a altura h) obtêm-se a largura b, pela expressão:

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2.2.7.3 – Determinação do comprimento crítico:

O comprimento crítico é a distância máxima do dreno para que a descarga de projeto


não supere a capacidade de vazão do duto.
O comprimento crítico é dado pela expressão:

L= q .
Q
Onde:
L = comprimento crítico (m);
q = vazão admissível do dreno, obtida de acordo com o item 2.2.7.2 (m³/s);
Q = a contribuição que o dreno recebe, por metro linear, da água drenada do solo (m³/s/m).

2.2.7.4 – Determinação do espaçamento entre drenos (longitudinal):

Quando for necessária a construção de drenos longitudinais deve ser verificada a


necessidade de projetar-se uma, duas ou mais linhas de drenos, o que será feito pelo cálculo
do espaçamento entre as diversas linhas.

O cálculo do espaçamento é feito através da fórmula:

E = 2.h.(K/q)0,5
onde:
E = espaçamento das linhas dos drenos (m);
h = altura do lençol freático acima da linha dos drenos (m);
K = condutividade hidráulica do solo (m/s);
q = contribuição da infiltração por área de precipitação (m3/s/m2).

A hipótese é mostrada na figura seguinte:

O critério de construção de uma ou mais linhas de dreno é estabelecido comparando-se


a largura total que se pretende drenar com o valor determinado para E na fórmula citada;
sendo K e q grandezas que não dependem do projetista, a única variável independente é o
valor de h, porém, o seu valor é limitado pela altura do dreno e pelas características
geotécnicas do subleito em função das quais será estabelecida a cota do ponto mais alto
tolerável do lençol freático rebaixado.

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• Cálculo de Água Infiltrada

Denominando-se “q” a precipitação por metro quadrado e “x” o comprimento de uma


faixa de 1,0 m de largura, a área de infiltração (Ap) será:

Ap = 1 ⋅ x (1),

Então a descarga infiltrada será:


Q = q ⋅ Ap (2),

Substituindo (1) em (2), tem-se:


Q = q ⋅1 ⋅ x
ou
Q = q⋅x (3)

Por outro lado o escoamento de água infiltrada através do meio poroso constituído
pelo solo, far-se-á segundo a Lei de Darcy:
Q = k ⋅ A ⋅ I (4)
No ponto “P” da figura anterior, tem-se para gradiente hidráulico “I” a expressão:
dy
I =− (5)
dx
A área de escoamento, normal ao deslocamento do fluido no meio poroso considerado
no ponto P:
A = 1 ⋅ y (6)
substituindo (5) e (6) em (4), tem-se:
dy
Q = − K ⋅1 ⋅ y ⋅
dx
ou
dy
Q = −k ⋅ y⋅ (7)
dx

Porém, como a água infiltrada deve ser escoada pelo dreno, deverá haver a igualdade entre
(3) e (7), logo:
dy
q⋅x = −k ⋅ y⋅ ;
dx
ou
q ⋅ x ⋅ dx + k ⋅ y ⋅ dy = 0 ,
Integração teremos:
q ⋅ x2 + k ⋅ y 2 = C

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Para determinação da constante C, faz-se:


a) x = 0
y = h ; ∴ C = k ⋅ h2
Portanto:
q ⋅ x2 + k ⋅ y2 = k ⋅ h2
k k
x2 + ⋅ y 2 = ⋅ h2
q q

x2 y2
+ =1 (8)
k 2
⋅h h2
q
b) quando y = 0 , tem-se x = L , portanto:
L2
=1
k 2
⋅h
q
k 2
L2 = ⋅h (9)
q
Substituindo (9) em (8):
x2 y2
+ =1
L2 h 2

O que leva à conclusão de que a linha de lençol freático, quando se posicionam dois
drenos, tem a forma de uma elipse cujos semi-eixos são a metade da distancia entre os drenos
e a altura máxima de linha do lençol freático, que se situa no meio da distância entre os
drenos. Sendo, pois:
E
L= ,
2
Substituindo-o em (9), tem-se:
E2 k 2
= ⋅h ;
4 q
Onde:

k
E = 2⋅h⋅
q

2.2.8 – Considerações Especiais sobre Drenos nos Cortes em Rocha:

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Nos cortes em cocha os drenos longitudinais são geralmente do tipo cego, não necessitando
guardar a distância de 1,50 m do pé do talude, e, em geral tem a profundidade máxima de 0,60
m a partir do fundo do rebaixo e seção retangular.
Quando ocorrer nos cortes a presença simultânea de solo e rocha, será construído no limite
entre eles, no segmento em rocha, um dreno cego, interligado por meio de caixas ao sistema
de drenos longitudinais, com a função de captar e conduzir as águas que possam percolar ao
longo do trecho em rocha.
Quando nesses cortes o segmento em solo situar-se a montante é necessário analisar a
conveniência de reduzir a profundidade dos drenos em solo e/ou aprofundar os drenos em
rocha a fim de se estabelecer a continuidade do fluxo d’água drenada.

2.3 – Drenos em Espinha-de-Peixe

2.3.1 – Definição
São dispositivos de drenagem formados por um conjunto de drenos, geralmente sem
tubos, de pequena profundidade, que se dispõem obliquamente em relação a um eixo
longitudinal, o que dá origem a seu nome pela semelhança que apresenta à espinha-de-peixe.

2.3.2 – Localização
Os drenos em espinha-de-peixe deverão ser previstos para drenagem de:
 grandes áreas pavimentadas;
 parques de estacionamento;
 cortes quando a solução do dreno longitudinal for julgada insuficiente ou anti-
econômica face à característica peculiar do lençol e do terreno;
 sob aterros quando o terreno natural onde forem construídos apresentar lençol
freático muito alto ou aparecimento de água superficial que possa comprometer a
estabilidade do maciço.

Quando o dreno em espinha-de-peixe for julgado insuficiente para drenar a área,


emprega-se a camada drenante.

2.3.3 – Disposição

Dreno em espinha-de-peixe, com lançamento das águas no terreno.

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Pode na extremidade de cada segmento do dreno haver um outro que, coletando as


águas, conduza-as para lugar de deságüe seguro, tomando a seguinte forma:

Dreno em espinha-de-peixe, com lançamento das águas em coletores.

Dreno em espinha-de-peixe, com lançamento em coletor primário centrado na área drenada.

2.3.4 – Dimensionamento

O dreno em espinha-de-peixe, constituindo-se de trechos de drenos cegos, deve ter seus


elementos dimensionados segundo a Lei de Darcy, exigindo para isso:

 Estimativa da água a escoar em cada segmento do dreno “Q” (m/s3);


 Determinação dos gradientes hidráulicos “I”, geralmente considerados coincidentes
com as declividades dos segmentos;
 Fixação de uma granulometria que conduza ao conhecimento da permeabilidade “K”
e garanta a não-obstrução do dreno;
 Determinação da seção de cada segmento do dreno que compatibilize os três outros
elementos, ou seja, Q, K, e I, da Lei de Darcy.

É um procedimento idêntico ao estabelecido no item 2.2.7.2 no que se refere a drenos


cegos.
A tabela a seguir apresenta o coeficiente de condutividade hidráulica “K” para alguns
dos materiais mais utilizados na construção civil.

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Sendo o dispositivo de drenagem em espinha-de-peixe um método rudimentar, o


processo de dimensionamento é mais empírico, e se baseia em adaptações de métodos de
dimensionamento de outros sistemas de drenagem.

Com isso deve-se tomar alguns cuidados em seu dimensionamento, como:


 Coletor primário deve ser dimensionado para receber o volume de água
recebido dos coletores secundários;
 No caso de utilização de geotêxtéis, deve se obedecer aos transpasses da
manta para que não ocorra a contaminação do material drenante,
acarretando o entupimento do dreno. Além disso, deve-se proceder a
limpeza da vala do dreno para que nenhum material possa vir a danificar a
manta, rasgando-a.

Exemplo de transpasses recomendados por fabricantes de geotêxtil.

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Ramal de dreno espinha de peixe com material drenante envolto por manta geotêxtil.

2.4 – Camadas Drenantes

2.4.1 – Definição
A camada drenante é um tipo de dreno subterrâneo constituído de uma ou mais camadas de
material permeável, colocadas sob toda a área a ser drenada.
A remoção das águas coletadas pela camada drenante poderá ser feita das seguintes
formas:
 Através de coletores ou drenos longitudinais ao longo da camada drenante;
 Através de saídas em pontos previamente calculados.

De acordo com as características dos solos da região em que será construída, poderá
ser necessária a introdução de uma camada filtrante que bloqueie a penetração dos finos na
camada drenante propriamente dita.

Esquema geral de funcionamento da camada drenante sob o aterro rodoviário.

2.4.2 – Dimensionamento
O dimensionamento da camada drenante deverá seguir a seguinte sistemática:
 Determinar a quantidade d’água a escoar pela camada numa faixa de um metro de
largura, sendo o seu comprimento na direção do fluxo (Q);
 Determinar o gradiente hidráulico da camada drenante (I);
 Escolher uma granulometria para a camada drenante, cuja permeabilidade (K) seja
conhecida;
 Mediante a fórmula de Darcy ( Q = k ⋅ A ⋅ I ) sendo A = 1 ⋅ h , determinar a altura, “h”
da camada drenante.

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2.4.3 – Localização
Deverão ser executadas as camadas drenantes nos seguintes casos:
 Nos cortes em rocha;
 Nos cortes em que o lençol freático estiver muito próximo ou acima do greide de
terraplenagem;
 Em aterros onde o lençol freático estiver próximo ao terreno natural ou houver sinais
de surgência de água;
 Em aterros construídos sobre camadas impermeáveis.

Fases da execução de camada drenante do campo do Maracanã/RJ. Observar a utilização de manta geosintética
em substituição da camada de material filtrante.

2.5 – Drenos Horizontais Profundos


2.5.1 – Objetivo
Drenos horizontais profundos ou de penetração são dispositivos cravados nos maciços ou
nos taludes dos cortes com a finalidade de drená-los, para assim reduzir a pressão
piezométrica.
O Dreno Horizontal Profundo, ou DHP, é uma técnica recomendada para solos com grande
concentração de água ou muros de contenção que foram edificados abaixo do nível de
afloramento da água. São aplicáveis quando, nos maciços em que o lençol freático se
apresentar muito elevado e por isso surgir risco de deslizamento, mostrarem maior eficiência
que outros tipos de dreno.

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2.5.2 – Projeto
A técnica executiva é relativamente simples, sendo a perfuração do solo o processo mais
complexo. Recomenda-se a perfuração do solo com inclinação de 1% a 2% a fim de facilitar o
escoamento.
Geralmente furos possuem 1” (polegada) a mais do que o diâmetro do dreno (tubo). O
dreno consiste em um tubo de PVC com perfurações e envolto em manta geosintética ou
similar, montado antes da sua instalação à perfuração no solo. A profundidade dos drenos
depende de estudos de sondagem do solo.

Os drenos horizontais profundos são constituídos de:


 Tubos metálicos (geralmente de aço) ou de P.V.C., perfurados com
diâmetro variável de 5 cm a 7,5 cm;
 Camada filtrante envoltória;
 Bucha;
 Ancoragem;
 Tampão.

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Esquema de rebaixamento do nível do lençol freático com o uso de DHP para muros de contenção.

A figura a seguir mostra esquematicamente o posicionamento de drenos horizontais profundos


e as alterações que o mesmo provoca nas linhas de fluxo no meio poroso.

Algumas vezes os drenos horizontais profundos são apenas empregados durante a


construção sendo depois abandonados. Os detalhes de um dreno horizontal profundo constam
do anexo deste Capítulo.

2.6 – Valetões Laterais


2.6.1 – Objetivo

Valetões Laterais são valas abertas nos cortes junto à plataforma rodoviária ou ferroviária
com a finalidade conjunta de substituir os dispositivos de drenagem subterrânea (drenos
profundos) e superficial.

2.6.2 – Projeto

O projeto do deverá obedecer às seguintes diretrizes:

 O talude junto à plataforma será idêntico ao de aterro do segmento da rodovia e sua


inclinação será, no máximo igual a 1:1,5
 No lado oposto à plataforma o talude será aquele utilizado no corte;
 A profundidade deverá ser de no máximo 1,50m a partir do greide de terraplanagem;

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 Deverá possuir revestimento vegetal em toda sua superfície;


 Não deverá ser projetado quando a declividade do greide da rodovia possibilitar
erosão;
 Será indicado preferencialmente para o lado interno nos trechos em curva.

2.6.3 – Utilização

Justifica-se a utilização dos Valetões Laterais quando:

 nos locais onde o projeto de terraplanagem indicar alargamento de cortes;


 nos cortes onde houver necessidade de construção de drenos profundos, substituindo-
os;
 nas regiões de difícil aquisição de materiais para execução de drenos profundos.

OBS: Somente serão executados em trechos de escavação em material de 1° categoria.

2.6.4 – Avaliação Econômica

A indicação de construção de Valetões laterais far-se-á após cuidadoso estudo comparativo


entre ele e a adoção dos dispositivos convencionais de drenagem subterrânea optando-se, em
iguais condições técnicas, pela solução mais econômica.

2.6.5 – Execução

Deverá ser prevista a construção do Valetão Lateral como uma operação de rotina de
terraplanagem optando-se por sua forma triangular nas dimensões compatíveis com o trabalho
dos equipamentos existentes.

3 – DRENAGEM INTERNA DO PAVIMENTO

3.1 – Objetivo:

É a que se destina a remover as águas que se infiltrando nas camadas do pavimento ou nas
suas interfaces, atingindo ou não o subleito, ocasionem de qualquer forma prejuízos à
estrutura do pavimento.
Os dispositivos de drenagem do pavimento são:

 camada drenante do pavimento;


 drenos laterais da base;
 drenos rasos longitudinais;
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 drenos transversais do pavimento.

3.2 – Camada Drenante do Pavimento

3.2.1 – Definição

Camada Drenante do Pavimento é aquela constituída de material altamente permeável,


situado abaixo do revestimento, preferencialmente entre este e a base, colocada em toda a
largura das faixas de rolamento a drenar, podendo ou não ser prolongada até as bordas livres.
Será aconselhável a construção da camada drenante do pavimento nas rodovias localizadas
em regiões onde o índice pluviométrico anual for superior 1500mm e o VMD dos veículos
comerciais superior a 500 unidades.

Caso 1: Camada drenante descarrega em um tubo longitudinal a rodovia e esse possui uma saída d´água
transversal a mesma.

Caso 2: Camada drenante descarrega em um dreno profundo.

3.2.2 – Dimensionamento

3.2.2.1 – Elementos Básicos

Os elementos básicos necessários ao dimensionamento da camada drenante do pavimento


são:
 Volume d’água que percola através da camada drenante;
 Tempo máximo em que as águas infiltradas podem permanecer nas camadas do
pavimento e suas interfaces sem causar prejuízos à estrutura.

Os valores aconselháveis a adotar são:


a) Taxa de infiltração “C” para a camada de revestimento (adimensional):
 Revestimento de concreto cimento: 0,50 a 0,67;
 Revestimento de concreto betuminosos: 0,33 a 0,50.

b) Altura de chuva da região será determinada para:


 Tempo de recorrência (TR): 1 ano;
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 Tempo de duração de chuva (tc): 1 hora.

c) Tempo máximo de permanência das águas nas camadas do pavimento: 1 hora

3.2.2.2 – Sistemática de Cálculo

O dimensionamento da camada drenante do pavimento baseia-se na lei de Darcy


relativa ao escoamento de líquidos nos meios porosos, que é:

Q=K.I.A
Onde:
Q = vazão (m³/s)
K = coeficiente de permeabilidade (m/s)
A = área de escoamento, normal à direção de fluxo (m²)
I = gradiente hidráulico (m/m)

O dimensionamento da camada drenante do pavimento, obedecidas as recomendações do


item 3.2.2.1, resume-se em:

 Fixado o material drenante, com seu respectivo coeficiente de permeabilidade (K),


calcular a espessura que permite a vazão indicada;
 Ou, fixando a espessura da camada drenante, determinar um material cuja
granulometria tenha um coeficiente de permeabilidade compatível com a vazão
indicada.

A espessura final da camada drenante do pavimento deverá se maior que a espessura


teórica (calculada) em 2,0cm, como faixa de segurança da área de escoamento, e ter um valor
mínimo que permita, de acordo com a granulometria escolhida, sua perfeita execução.
Pela análise dos itens anteriores verificamos que a capacidade de escoamento da camada
drenante, além de sua espessura e granulometria, depende do gradiente hidráulico “I”. Como
se torna impraticável variar a espessura ou a granulometria da camada drenante
constantemente, pesquisam-se as condições mais desfavoráveis quanto ao gradiente
hidráulico, por segmento da rodovia em projeto, adotando-se aquela mais conveniente.
A figura seguinte define os elementos de interesse para o cálculo do gradiente
hidráulico e a área de infiltração dos segmentos selecionados para análise das situações
representativas mais desfavoráveis:

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α = declividade longitudinal da rodovia no segmento em estudo;


β = declividade transversal da rodovia no segmento em estudo;
L = faixa transversal considerada, em tangente ou em curva, sujeita à infiltração;
D = projeção horizontal da reta de maior declividade;
X = projeção horizontal da reta de maior declividade projetada sobre um plano vertical
passando pelo dreno longitudinal ou borda livre;
A = ponto localizado ao nível inferior da camada drenante no limite da área a drenar;
B e C = pontos localizados ao nível do fundo da camada drenante sobre o dreno longitudinal
ou borda livre.

Para efeito dos cálculos mencionados levar-se-á em conta os seguintes aspectos:

 Por hipótese, admite-se que a água infiltrada pelo pavimento percole pelas suas
camadas segundo a reta de maior declividade;
 A área de infiltração unitária é constituída de uma faixa com 1,0 m de largura e
comprimento igual a D;
 Os valores α e β serão os convenientemente tomados para situações representativas
do trecho nas condições mais desfavoráveis.

O gradiente hidráulico (I) pode ser determinado da seguinte forma:

Do triângulo ABC, obtêm-se:


D= L2 + X 2

Da reta de maior declividade:


α
X=L
β

Por outro lado, tem-se:


h( A− B ) = L × β ;
h( B −C ) = X × α ;
h( A−C ) = h( A− B ) + h( B −C ) .

Donde:
h (A - C)
I=
D

Os cálculos indicados anteriormente podem tabelados por segmentos típicos (mesmo α e β,


por exemplo) para escolha do valor do gradiente hidráulico de projeto.

A determinação da intensidade da chuva é feita através dos Estudos Hidrológicos.


Determinaremos a intensidade da chuva para o tempo de recorrência TR = 1 ano e tempo de
duração de chuva tc = 1 hora. A intensidade da chuva é representada por “i” e expressa em
centímetros por hora (cm/h).
Adotando-se uma taxa de infiltração “C”, dada no item 3.2.2.1, considerando a faixa
de penetração de 1,0 m na distância D, indicada na figura anterior e transformando as
unidades de “i” para metros por dia, temos:
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C . i . D . 24
Q= (m/dia) (1)
100

Onde “Q” é a quantidade de água a escoar na faixa considerada.

Caso 1: Determinação da espessura da camada drenante conhecida sua permeabilidade

Pela fórmula de Darcy:

Q = K . A . I , tem-se
Q
A=
K.I
Sendo:
A=h.1,
Q
h=
K.I

Substituindo-se o valor de Q (quantidade de água a escoar) pela expressão dada em (1):

C . i . D . 24
h= (m)
100 . K . I

Como informado anteriormente, ao valor de “h” calculado acrescentar-se-á 2,0 cm para


garantir uma seção efetiva de percolação de água.

Caso 2: Determinação da permeabilidade da camada drenante de espessura prefixada

Para o “K” abaixo determinado, o valor teórico de “h” considerado é o valor prefixado da
camada menos 2,0 cm, para garantir uma seção efetiva de percolação da água.

Pela fórmula de Darcy:

Q = K . A . I , tem-se
Q
K=
A.I

Substituindo-se o valor de Q (quantidade de água a escoar) pela expressão dada em (1), e


sendo A = h . 1, tem-se:

C . i . D . 24
K= (m/dia)
100 . h . I

3.2.2.3 – Materiais Drenantes

Calculado o coeficiente de permeabilidade (K) necessário ao escoamento das águas de


infiltração nas condições previstas, selecionam-se faixas granulométricas que atendam à
permeabilidade requerida.
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3.2.3 – Posicionamento

A camada drenante do pavimento poderá ser posicionada dentro da sua estrutura nas
formas seguintes:
 Preferencialmente entre o revestimento e a base;
 Imediatamente abaixo da base quando esta for também de permeabilidade elevada;
 Em qualquer outra posição desde que os dispositivos situados no sentido do fluxo
tenham seus materiais drenantes com permeabilidade igual ou superior à da camada
drenante.

3.2.4 – Considerações Gerais

Na utilização da camada drenante do pavimento deve-se levar em consideração que:

 Sua espessura é incorporada à estrutura do pavimento, tendo o seu próprio coeficiente


estrutural;
 A retirada da água coletada pela camada drenante do pavimento é feita da seguinte
forma:
a) estendendo-a de modo contínuo até as bordas livres da plataforma;
b) por conexão com drenos profundos longitudinais, devendo neste o material
drenante obedecer ao que dispõe o item 3.2.2.3;
c) por drenos rasos longitudinais;
d) por drenos laterais de base;
e) por drenos transversais do pavimento.

3.3 – Drenos Laterais de Base

3.3.1 – Objetivo

São aqueles destinados a conduzir as águas provenientes do acostamento, da faixa


adjacente, das águas conduzidas pela camada drenante ou da base do pavimento para a borda
livre da plataforma e deságua-las em local adequado.
Estes dispositivos de deságue são comumente denominados de sangrias.

3.3.2 – Localização

Os drenos laterais de base localizam-se em trechos onde as condições de declividade e/ou


área de infiltração não são críticas, isto é, onde se possa dispensar a instalação da camada
drenante do pavimento até as bordas livres, e não seja justificável construir outros dispositivos
para as saídas d’água.
As águas infiltradas na camada drenante ou na base, ao atingir a base do acostamento
quando constituída de material de baixa permeabilidade tendem a deslocar-se
longitudinalmente junto ao acostamento e, ao encontrar o dreno lateral de base por ele se
escoam para a borda.

3.3.3 – Posicionamento

O dreno lateral de base posiciona-se no acostamento entre a borda da camada a drenar e a


borda livre, segundo geralmente a reta de maior declividade determinada pelas declividades
transversal e longitudinal do acostamento.

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3.3.4 – Dimensionamento

3.3.4.1 – Considerações iniciais

O dimensionamento do dreno lateral de base tem o objetivo de determinar:

 o espaço máximo entre drenos consecutivos;


 a área da seção de vazão dos drenos.

Os valores mínimos recomendáveis para ao espaçamento entre drenos são os compatíveis


com sua exequibilidade, abaixo dos quais se torna mais prático estender continuamente a
camada drenante ou a base permeável até as bordas livres.
O material do dreno lateral de base deve ter permeabilidade (K) pelo menos igual a da
camada drenante, optando-se muitas vezes, por razões de ordem construtiva, pela adoção do
mesmo material da camada.
Para efeito de cálculo admiti-se que o valor do gradiente hidráulico seja a inclinação do
dreno, comumente toma-se a reta de maior declividade, consideradas as declividades
longitudinal e transversal do acostamento do seguimento analisado, para a inclinação do
dreno.

3.3.4.2 – Elementos Básicos

Os elementos básicos para o dimensionamento do dreno lateral de base são os mesmos


relacionados ao item 3.2.2.1 para camada drenante.

3.3.4.3 – Sistemática de Cálculo

A seção de vazão é aquela cuja área, dentro dos valores do gradiente hidráulico e
coeficiente de permeabilidade determinados, seja capaz, em uma hora, de escoar o volume
máximo armazenado pela camada a drenar entre dois drenos consecutivos. Normalmente fixa-
se a espessura do dreno igual à da camada drenante ou da base, verificando-se, então a sua
largura.
O espaçamento máximo entre os drenos laterais de base é determinado pela relação entre a
vazão de projeto do dreno e a contribuição, por metro linear, da camada drenante ou a base.
Seja a figura seguinte:

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Onde:

L = Largura da pista de rolamento ou a distância do ponto mais afastado onde se inicia a


contribuição da infiltração à borda da pista de rolamento, projetada sobre um plano
horizontal;
D = Projeção horizontal da reta de maior declividade do plano da pista de rolamento;
X = Seguimento que define a reta de maior declividade da pista de rolamento, igual à projeção
sobre o plano vertical, paralelo à borda da pista, da projeção horizontal da reta de maior
declividade;
α = Declividade longitudinal da rodovia no segmento em estudo;
β = Declividade transversal da rodovia no segmento em estudo;
I = Declividade da reta de maior declive da rodovia para os valores de α e β considerados;
A = Ponto localizado onde se inicia a contribuição da infiltração ao nível inferior da camada a
drenar;
B e C = Pontos localizados ao nível do fundo da camada a drenar na borda da faixa de
rolamento;
A’ = Ponto localizado ao nível inferior da borda livre da camada a drenar sob a reta de maior
declividade, e pertencente ao dreno lateral da base;
B’ e C’ = Pontos localizados ao nível do fundo do dreno lateral da base na borda livre da
plataforma;
La = largura do acostamento, que inclui sua faixa adjacente externa até a linha livre.

As demais grandezas análogas situadas no acostamento são apresentadas pelo mesmo


símbolo contendo o índice “a”.
Por outro lado já foram verificadas no item 3.2.2.2 as relações;

D= X 2 + L2

h( A −C )
I=
D

Analogamente, tem-se para o acostamento:

αa
Xa = ∗L
βa a

Da = X a2 + L2a

h( A ' −C ')
Ia =
Da

No item já mencionado, verifica-se que a quantidade de água infiltrada numa faixa de 1,00
m de largura ao longo da reta de maior declividade (D), para uma intensidade de chuva (i) em
“cm/h” e coeficiente de infiltração (C), é dada por:

C ∗ i ∗ D ∗ 24 3
Q= (m / dia )
100

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Admite-se ainda que toda a água infiltrada percole segundo a reta de maior declividade
na camada drenante ou base permeável, ou seja, que se verifiquem as seguintes condições:

 Não haja percolação através do acostamento, que se presume ser construído de


material de permeabilidade muito inferior à da camada drenante ou base permeável;
 Que nenhuma parcela de água infiltrada atravesse toda a camada drenante ou base
permeável e penetre nas camadas inferiores.

Em conseqüência do exposto considera-se que toda a água infiltrada pelo revestimento


atinja a borda da camada drenante ou base permeável e passe a deslocar-se longitudinalmente
junto a ela segundo a declividade longitudinal da rodovia.
A localização do dreno lateral de base é feita partindo-se da fixação da seção máxima de
vazão além da qual a água existente poderá passar a exercer pressão, de baixo para cima, na
camada de revestimento construída sobre a base permeável ou camada drenante. Determinar-
se-á tal seção segundo as figuras seguintes:

Vista em planta.

Vista em corte longitudinal.

Os pontos em que a área de seção de vazão for máxima, ou seja, onde a altura (h) for igual
a espessura teórica da camada drenante ou base permeável do pavimento, limitam o
espaçamento máximo entre dois drenos laterais de base.

Na figura anterior (corte) temos que:

 Os segmentos (1-1’e 2-2’) representam a camada drenante ou base permeável;

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 Os segmentos (1’-1’’ e 2-2’) representam a seção de vazão de água infiltrada


percolando longitudinalmente, cuja largura é igual à da faixa de contribuição da
infiltração (l = L);
 β = Declividade transversal da pista de rolamento.

Nela se pode determinar a área de máxima vazão da seguinte forma:

 h + h' 
Am = L  
 2 

Sendo: h ' = h − β ∗ L , onde:

 β ∗L 
Am = L  h −
 2 

Tal hipótese se verifica quando (h’>0), ou seja, h > β ∗ L

Quando, por outro lado, a largura da seção de vazão é menor que a faixa de contribuição da
infiltração (l < L), tem-se a situação seguinte:

A seção de vazão da água percolando longitudinalmente passa a ser de forma triangular,


definida na figura anterior pelos segmentos 1’-2-2’, e sua área será dada pela expressão:

l ∗h
Am =
2

h
Porém l = , logo:
β

h2
Am =

Do exposto anteriormente conclui-se que, pela análise do valor de (h/β) em relação a (L),
determina-se em qual dos casos se enquadra a seção de escoamento em estudo.
Determinada a área de vazão máxima, normal ao fluxo longitudinal, junto à borda da
camada drenante ou a base permeável, temos segundo a lei de Darcy:
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Qm = K ∗ Am ∗ α ;

onde:

Qm = Vazão máxima permissível na camada drenante ou base permeável dentro das condições
estabelecidas (m³/dia);
K = Coeficiente de permeabilidade da camada drenante ou base permeável (m/dia);
Am = Área máxima permissível de escoamento cuja expressão já foi definida anteriormente
(m²);
α = Gradiente hidráulico, tomado igual à declividade longitudinal da rodovia no trecho em
estudo (m/m).

Verificando-se que a expressão de “Q” dada no item 3.2.2.2 representa a contribuição,


por metro linear da rodovia, das águas que percolam longitudinalmente e denomina-se Em o
espaço máximo possível entre dois drenos laterais de base consecutivos, pode-se escrever:

Qm = Em ∗ Q , ou finalmente:

Qm
Em =
Q

Cálculo da seção de vazão do dreno lateral de base

Admitindo-se que o dreno lateral de base se disponha no acostamento segundo a reta de


maior declividade, a área de sua seção pode se determinada pela Lei de Darcy, ou seja:

Qm
Qm = K ∗ AS ∗ Ia ∴ AS =
K ∗ Ia
Onde:

Qm = vazão máxima já calculada, correspondente à descarga de projeto para o dreno lateral de


base (m³/dia);
K= coeficiente de permeabilidade do material que constitui o dreno lateral de base (m/dia);
Ia = declividade da reta de maior declive do acostamento, em função dos valores La ,α a e βa ;
AS = área da seção do dreno lateral de base, (m²).

Pelas condições estabelecidas e ainda por maior facilidade de execução, a altura do dreno
lateral de base (h) deverá ser igual à da camada drenante ou base permeável restando
determinar a largura (b) do dispositivo, o que será feito pela expressão:

AS
b=
h

Onde:

h = altura do dreno lateral de base (m);

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b = largura do dreno lateral de base (m).

O tempo máximo de permanência das águas infiltradas será o do percurso da água que
penetrou no ponto “A” e percorreu a trajetória “ABCD” (ver figura em planta), sendo,
portanto, igual a:
t AD = t AB + tBC + tCD

Cada parcela do tempo será calculada dividindo-se o comprimento pela velocidade de


percurso considerado:
L L L
t AB = AB , tBC = BC , tCD = CD
VAB VBC VCD

As velocidades de percolação serão dadas em cada trecho pela expressão:

K ∗I
V=
ne
Onde:

V = velocidade de percolação (m/s);


K = coeficiente de permeabilidade da camada drenante ou base permeável (m/s);
I = gradiente hidráulico (m/m);
ne = porosidade efetiva do material constituinte do meio.

O valor máximo t AD recomendado é de 1 hora.

3.4 – Drenos Rasos Longitudinais

3.4.1 – Objetivo

São dispositivos destinados a conduzir longitudinalmente as águas coletadas pela


camada ou base permeável para o dreno transversal ou saída lateral, podem ser dotados ou
não de tubo.

3.4.2 – Utilização

Os drenos rasos longitudinais deverão ser construídos quando não for:


 técnica-economicamente conveniente a extensão da camada drenante
ou base permeável a toda a largura até a borda livre;
 técnica-economicamente conveniente a construção de drenos laterais de
base;
 viável interconectar a camada drenante ou base permeável com drenos
longitudinais profundos existentes ou projetados.

3.4.3 – Posicionamento

Os drenos rasos longitudinais situam-se abaixo da camada drenante ou base permeável em


posição que lhes permita capitar toda a água infiltrada nessas camadas.

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3.4.4 – Dimensionamento

3.4.4.1 – Considerações iniciais

O dimensionamento do dreno raso longitudinal tem o objetivo de determinar:


 A área da seção de vazão;
 O comprimento cuja extremidade torna-se necessária a existência de uma
saída lateral.

As seções dos drenos geralmente adotadas tem forma triangular ou retangular, podendo ou
não ser dotadas de tubo.

3.4.4.2 – Elementos básicos

Os elementos básicos para o dimensionamento dos drenos rasos longitudinais são os


mesmo relacionados no item 3.2.2.1 para camada drenante.

3.4.4.3 – Sistemática de cálculo

Quando se trata de drenos rasos longitudinais sem tubo, emprega-se a Lei de Darcy para
escoamento d’água em meios porosos, conforme a sistemática do cálculo exposta no item
2.7.7.2 quanto à determinação da seção de vazão dos drenos cegos.
Quando se trata de drenos rasos longitudinais com tubo, além do emprego da Lei de Darcy
no escoamento de águas pelo material drenante longitudinalmente (meios porosos), calcula-se
a vazão do tubo pelas fórmulas de Scobey ou Hazen-Williams, de acordo com o item 2.7.7.2
no que se refere à determinação de vazão de dreno com tubo.
O material drenante do dispositivo será em geral o mesmo da camada drenante ou da base
permeável tendo, portanto, o mesmo coeficiente de permeabilidade.
O comprimento do dreno será limitado pela existência de um dreno transversal do
pavimento ou por ter atingido sua vazão de projeto pela contribuição recebida das camadas a
drenar, obrigando á construção de uma saída lateral.

3.5 – Drenos Transversais do Pavimento

3.5.1 – Objetivo

São aqueles destinados a coletar as água que percolam pelas camadas do pavimento ou
suas interfaces no sentido longitudinal ou ainda a receber as contribuições dos drenos rasos
longitudinais.

3.5.2 – Localização

Os drenos transversais do pavimento são indicados geralmente nos seguintes locais:


 Pontos baixos das curvas verticais côncavas;
 Pontos de transição de corte e aterro;
 Próximo às obras de arte especiais;
 Onde se deseja retirar as águas acumuladas nas bases permeáveis, não drenadas por
outros dispositivos, devendo-se neste caso calcular os respectivos espaçamentos.

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3.5.3 – Posicionamento

Os drenos transversais do pavimento situam-se, transversalmente ao eixo da rodovia,


abaixo da camada drenante ou base permeável em posição que lhes permita captar
diretamente toda a água infiltrada nessas camadas.

PAVIMENTO

CAMADA
DRENANTE

DRENO
TRANSVERSAL

SEÇÃO LONGITUDINAL DE CURVA VERTICAL CÔNCAVA DE RODOVIA

3.5.4 – Dimensionamento

3.5.4.1 – Considerações Iniciais

O dimensionamento do dreno transversal do pavimento tem o objetivo de determinar:

 A área da seção de vazão;


 O espaçamento entre drenos consecutivos.

As seções dos drenos têm geralmente forma retangular, podendo ou não ser dotadas de tubo.

3.5.4.2 – Elementos Básicos

Os elementos básicos para o dimensionamento dos drenos transversais do pavimento são


os mesmos relacionados no item 3.2.2.1.

3.5.4.3 – Sistemática de Cálculo

Os drenos transversais de base são dimensionados obedecendo à sistemática exposta no


item 2.7.2.7 (determinação da seção de vazão, quer com tubo quer drenos cegos), observando-
se as seguintes alterações:

a) O gradiente hidráulico tem em geral o valor coincidente com a declividade


transversal da rodovia;
b) O material drenante do dispositivo será de permeabilidade maior ou igual que a da
base ou sub-base a drenar;
c) O espaçamento entre drenos transversais consecutivos será determinado pela
relação entre sua vazão de projeto e a contribuição recebida pela infiltração por
metro linear.

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4 – DRENAGEM SUPERFICIAL
4.1 – Objetivo

É a que se destina a interceptar as águas que chegam ao corpo estradal provenientes de


suas áreas adjacentes e a captar aquelas que se precipitam diretamente sobre ele, conduzindo-
as para local de deságüe seguro de modo a resguardar a rodovia de qualquer dano.
Os dispositivos de drenagem superficial são:
 Valetas de proteção de corte;
 Valetas de proteção de aterro;
 Sarjetas de corte;
 Sarjetas de aterro;
 Saídas d’água;
 Descidas d’água;
 Caixas coletoras;
 Bueiros de greide.

O projeto de cada dispositivo de drenagem superficial fica definido pelos seguintes


elementos: tipo, dimensionamento, localização, posicionamento, revestimento, nota de serviço
e quantitativos.

4.2 – Valetas de Proteção de Corte


4.2.1 – Objetivo
São dispositivos destinados a interceptar as águas que escoam pelo terreno a montante,
impedindo-as de alcançar o corpo estradal nos segmentos em cortes da rodovia.

4.2.2 – Localização
Serão construídas valetas de proteção em todos os segmentos de cortes em que os terrenos
adjacentes se inclinarem para o corpo estradal cujos taludes tenham altura superior a 3,0 m, ou
independentemente de sua altura, desde que as águas a montante possam comprometer o
corpo estradal.

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Valeta de proteção de corte em concreto e canaletas de bancadas de corte.

4.2.3 – Posicionamento
A valeta deve localizar-se, no mínimo, a 3,0m da crista do corte e não deve guardar com
esta paralelismo, pois isso dará lugar a um acúmulo de água na junção da valeta e da sarjeta
do corte com a valeta de proteção de aterro, acarretando uma grande velocidade de
escoamento.

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Nos pontos de deságüe das águas coletadas pela valeta de proteção de corte deverão ser
tomadas precauções quanto à possível erosão da saia do aterro próximo, face à velocidade da
água coletada.

4.2.4 – Seções-tipo
As valetas de corte podem ser triangulares, retangulares ou trapezoidais, como indicam
as figuras seguintes. Devem manter no segmento da rodovia considerado seção uniforme.

Seção Triangular.

Seção Retangular.

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Seção Trapezoidal.

Na escolha do tipo de seção deve-se observar o seguinte:


 As seções triangulares criam plano preferencial de escoamento d’água, por isso são
pouco recomendadas para grandes vazões.
 As seções a adotar nos cortes em rocha serão sempre retangulares por motivo de
facilidade de execução.

Observação: O material resultante de escavação da vala deverá ser colocado entre a valeta e a
crista do corte, sendo o mesmo apiloado manualmente, como indicam as figuras anteriores.

4.2.5 – Dimensionamento
4.2.5.1 – Cálculo da descarga de projeto

A contribuição para a valeta de corte provém da área limitada pela própria valeta e pela
linha de cumeada da vertente a montante.
Como a área é geralmente inferior a 4,0 Km2, pode-se adotar o Método Racional, cuja
expressão é:
C ⋅i ⋅ A
Q=
36 × 104
onde:
Q = Descarga de projeto ou contribuição para a valeta de proteção – provém da encosta a
montante (m3/s);
C = coeficiente de escoamento superficial (runoff), fixado nos Estudos Hidrológicos
(adimensional);
i = intensidade de precipitação para o TR = 10 anos e tc = 5 minutos (cm/h);
A = área de contribuição determinada por levantamentos topográficos, aerofotogramétricos ou
expeditos (m2).

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TIPO DE SUPERFÍCIE Coef. Deflúvio "C"


Ruas Pavimentadas e Áreas Urbanas
Asfalto 0,70 a 0,95
Concreto 0,80 a 0,95
Tijolos 0,70 a 0,85
Trajetos de acesso a calçadas 0,75 a 0,85
Telhados 0,75 a 0,95
Gramados - Solos Arenosos
Plano, I < 2% 0,05 a 0,10
Médio, 2% < I < 7% 0,10 a 0,15
Íngrime, I > 7% 0,15 a 0,20
Gramados - Solos Compactos
Plano, I < 2% 0,13 a 0,17
Médio, 2% < I < 7% 0,18 a 0,22
Íngrime, I > 7% 0,15 a 0,35

4.2.5.2 – Sistemática de Cálculo


O dimensionamento da valeta de proteção de corte, qualquer que seja a seção adotada,
será feito da mesma forma adotada para canais através da Fórmula de Manning, cuja
expressão é:
2 1
3 2
R ⋅I
V=
n
onde:
V = velocidade de escoamento (m/s);
I = declividade longitudinal da valeta de proteção de corte (m/m);
n = coeficiente de rugosidade de Manning (adimensional);
R = raio hidráulico (m).

A suficiência da vazão será calculada pela Equação da Continuidade cuja expressão é:

q=A.V
onde:
q = vazão admissível da valeta de proteção (m3/s);
A = área molhada (m2);
V = velocidade de escoamento (m/s).

O dimensionamento cumpre as seguintes etapas:


 Calcula-se o valor de “Q” (descarga de projeto);
 Fixa-se um tipo de seção e uma de suas dimensões (geralmente a largura);

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 Deixa-se a outra dimensão, geralmente a altura “h”, a determinar;


 Verifica-se o valor da declividade da valeta “I”;
 Fixa-se a velocidade máxima admissível “V”, tendo em vista o revestimento escolhido,
e conseqüentemente o valor de “n”;
 Com a Equação da Continuidade e de Manning determina-se a altura da água dentro da
valeta e daí a altura desta “h”.

Quando a declividade longitudinal da valeta não puder acompanhar a declividade


natural do terreno porque dessa forma a velocidade de escoamento no interior da valeta seria
superior à permissível, ela deverá ser escalonada em trechos de menor declividade (2%, no
máximo), por meio de pequenas barragens transversais de altura “H” de acordo com esquema
seguinte:

Corte Longitudinal

O espaçamento entre as barragens será calculado pela expressão:


100 ⋅ H
E=
α−β
onde:
E = espaçamento (m);
H = altura da barragem do vertedouro (m);
α = declividade natural do terreno (%);
β = declividade desejada para o nível d’água em cada trecho escalonado (%).

É aconselhável que o espaçamento não ultrapasse 50,0 m, o que corresponde à declividade


de 2%, com diferença de nível de 1,0 m entre dois vertedouros consecutivos. As pequenas
barragens podem ser executadas com diversos materiais como madeira, pedra solta, chapa
metálica, concreto e etc.
Torna-se necessária à retirada da água da valeta de proteção de corte para a plataforma
(quer para sarjeta quer para caixa coletora):

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 Quando nos cortes muito extensos e de pequena declividade o comprimento crítico da


valeta é atingido e o aumento da capacidade de vazão obrigaria a construção de seção
com grandes dimensões;
 Quando o terreno a montante da valeta apresentar um talvegue secundário bem
definido ocasionando a concentração de água num único local;
 Quando o perfil longitudinal da valeta apresentar-se sinuoso com vários pontos baixos,
obrigando, para que haja um escoamento contínuo, grandes profundidades da valeta.

O dispositivo de saída d’água da valeta de proteção de corte para a plataforma é


comumente denominada descida d’água. Essas descidas de água em geral são construídas em
degraus, como mostra a figura seguinte, para reduzir a velocidade de escoamento.

Exemplos de descidas d´água.

4.2.6 – Revestimento
O revestimento da valeta de proteção de corte deverá ser escolhido conforme a
natureza do material do solo e em última análise, dependerá da velocidade de escoamento.
Desse modo, em cortes areno-siltosos deverá ser sempre revestida, pois a velocidade que
provoca erosão desses materiais é muito baixa enquanto que para materiais areno-argilosos,
somente deverá ser revestida para inclinação superior a 5%.

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Os tipos de revestimento recomendados são:

 Concreto;
 Alvenaria de tijolo ou pedra;
 Pedra argamassada;
 Pedra arrumada;
 Vegetação;
 Outros.

O revestimento de concreto deverá ter espessura mínima de 8,0 cm e a resistência à


compressão Fck = 11,0 MPa aos 28 dias. Quando do revestimento em pedra, esta deverá ser
rejuntada com argamassa de cimento e areia no traço 1:4.

4.2.7 – Execução

A valeta de seção triangular deve ser executada com moto niveladora enquanto as
demais com retroescavadeira ou valetadeira. Quanto ao processo construtivo e demais
especificações, devem ser obedecidas as Especificações de Serviço DEP-ES-D 01/88.

4.3 – Valetas de Proteção de Aterro

4.3.1 – Objetivo
Têm a finalidade de interceptar as águas que escoam pelo terreno de montante,
impedindo-as de alcançar o pé do aterro, seu ponto vulnerável. Incluem-se como dispositivos
deste tipo as valas destinadas a conduzir as águas provenientes das valetas de proteção e das
sarjetas de corte para os dispositivos de transposição de talvegue.

4.3.2 – Localização
As valetas de proteção de aterro devem ser construídas quando o terreno natural tiver
inclinação no sentido do corpo estradal igual ou superior a 10%, nas proximidades das pontes
e pontilhões e para dar continuidade de escoamento às águas provenientes das valetas de
proteção e sarjetas de cortes.

4.3.3 – Posicionamento
As valetas de proteção de aterro em geral são posicionadas a 3,0 m do pé do talude,
mantendo, por conseguinte, um paralelismo com este.

4.3.4 – Seção-tipo
As seções adotadas são as trapezoidais e retangulares, mostradas a seguir:

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Valeta de proteção de aterro com seção trapezoidal.

Valeta de proteção de aterro com seção retangular.

O material proveniente da escavação deverá ser depositado entre a valeta e o talude de


aterro com o objetivo de suavizar a interseção das superfícies do talude e do terreno natural e
deverá ser apiloado manualmente.

4.3.5 – Dimensionamento
O dimensionamento das valetas de proteção de aterro faz-se de maneira idêntica ao
das valetas de proteção de corte, ou seja, com a Fórmula de Manning associada à Equação da
Continuidade, seguindo-se o que dispõe o item 4.2.5. Além da contribuição de sua bacia
específica, devem levar-se em conta as águas provenientes das valetas de proteção e das
sarjetas de corte quando essas se destinarem aos dispositivos de transposição de talvegues.

4.3.6 – Revestimento
O revestimento deverá ser escolhido de acordo com os materiais que ocorram ao longo
do trecho (solo), visto que por motivo de velocidade de escoamento, raramente a valeta
necessitará de revestimento, levando-se em conta, então, fatores de ordem estética. Os
revestimentos então adotados são:
 Concreto;
 Pedra argamassada;
 Alvenaria de tijolos ou pedra;
 Pedra arrumada.
Exclui-se o revestimento vegetal, pois as lavagens sucessivas dos taludes carreiam
finos que sedimentam no fundo da valeta, provocando a destruição da vegetação.

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4.3.7 - Execução
As valetas de proteção de aterro são executadas geralmente com retroescavadeira.
Quanto ao processo construtivo e demais especificações, devem ser obedecidas as
Especificações de Serviço DEP-ES-D 01/88.

4.4 – Sarjetas de Corte


4.4.1 – Objetivo
Têm por objetivo captar as águas que se precipitam sobre o corpo estradal e conduzi-
las longitudinalmente à rodovia até o ponto de transposição entre o corte e o aterro de forma a
permitir a saída lateral para o terreno natural ou então, para a caixa coletora de um bueiro de
greide.

4.4.2 – Localização
Devem localizar-se em todos os cortes, quer em seção plena quer em seção mista, nos
quais não se justifica a construção de Valetões laterais.

4.4.3 – Posicionamento
As sarjetas de corte são constituídas à margem dos acostamentos, terminando em
pontos de saída convenientes (bocas de corte ou bueiros de greide).

4.4.4 – Seção-tipo
As sarjetas de corte podem ter diversos tipos de seção, sendo mais comum a de forma
triangular, que devem obedecer as seguintes diretrizes:

4.4.4.1 – Sarjeta triangular


Como mostra a figura seguinte, a sarjeta deve ter do lado do acostamento a
declividade de 25%, ou seja, ¼, e do lado do talude a declividade deste.

Estabelecidas assim as declividades transversais do dispositivo, o acréscimo de sua


seção de vazão será obtido aumentando-se a distância horizontal entre a borda externa do
acostamento e o fundo da sarjeta.
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Os valores extremos da distância da borda do acostamento ao fundo da sarjeta limitam-se


entre 1,0 m e 2,0 m. Quando para valor máximo de 2,0 m a seção de vazão ainda for
insuficiente, deve-se então adotar a seção-tipo trapezoidal ou retangular, com dimensões
convenientes para atender à descarga de projeto e ao comprimento crítico.

Sarjeta de corte triangular em concreto.

4.4.4.2 – Sarjeta Trapezoidal

De acordo com o item anterior, quando a sarjeta triangular de máximas dimensões


permitidas for insuficiente para atender às condições impostas pela descarga de projeto e ao
comprimento crítico, adota-se sarjeta trapezoidal de acordo com as seções seguintes:

 Com Barreira:

A barreira constituída pelo meio-fio tem a finalidade de proteger os veículos que se


desgovernem e tendam a cair na sarjeta. Por outro lado, possui aberturas calculadas, em
espaçamento conveniente, de modo a permitir a entrada d’água.

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 Com capa:

Pode-se projetar a sarjeta capeada descontinuamente de modo que permita a entrada d’água
pela abertura existente entre duas placas consecutivas. As placas são de concreto armado, ou
mesmo de pedra, e têm a finalidade também de evitar que a sarjeta seja obstruída por entrada
dos materiais das margens.

4.4.4.3 – Sarjeta Retangular

Ainda, quando a seção triangular não atender à vazão para a descarga do projeto,
pode-se optar pela seção retangular, neste caso, utiliza-se um meio-fio de proteção, com a
mesma finalidade citada no item anterior, e mostrado na figura seguinte:

Obs: Nos cortes em rocha a seção da sarjeta usada é sempre a retangular, revestida ou não.

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Sarjeta de seção retangular e meio-fio barreira com aberturas para o escoamento da água da pista.

4.4.5 – Dimensionamento

O dimensionamento da sarjeta de corte consiste na determinação das dimensões de sua


seção, do seu revestimento e do seu comprimento crítico.

4.4.5.1 – Elementos Básicos

Os elementos básicos para o dimensionamento de sarjeta de corte são:


• As características geométricas da rodovia;
• Área de implúvio (contribuição);
• Coeficiente médio de escoamento levando-se em conta a diversidade de
impermeabilidade das várias áreas que constituem a bacia de captação (faixas de
rolamento, acostamento, talude de corte , etc.);
• Os elementos hidrológicos para o cálculo da descarga de projeto;
• Altura média dos cortes do trecho em estudo.

4.4.5.2 – Cálculo da Descarga de Projeto

A bacia de contribuição para sarjeta de corte pode ser convertida em um retângulo em


que um dos lados é o comprimento a determinar e o outro é a chamada largura do implúvio de
acordo com a seção transversal da rodovia.
Calcula-se a contribuição por metro linear da rodovia pela aplicação do Método Racional,
pois as áreas de contribuição, sendo pequenas, estão dentro do limite da aplicabilidade desse
método.
A fórmula básica é:
Q=C.i.a
36 x 10 4

Q = descarga por metro linear da rodovia (m³/s/m):


i = intensidade de precipitação (cm/h);
a = área de contribuição por metro linear da sarjeta (m²/m);
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C = coeficiente de escoamento superficial (runoff).

 Características Geométricas da Rodovia

As características do Projeto Geométrico da rodovia influenciam no dimensionamento das


sarjetas tendo em vista a sua seção transversal onde se definem número de faixas de
rolamento, declividades transversais da plataforma, inclinação dos taludes de corte e levando-
se em conta ainda as declividades longitudinais.
Os trechos de rodovias com pouca declividade longitudinal ou quase nulas requerem em
geral sarjetas de grande seção de vazão ou saídas muito próximas umas das outras.

 Área de Contribuição ou Implúvio (a)

A bacia de contribuição para a sarjeta é um retângulo equivalente, onde um dos lados é o


comprimento a determinar (d) e o outro a largura do implúvio (Ln), composto da seção
transversal da plataforma contribuinte e da projeção horizontal equivalente do talude de corte.

a = (L1 + L2) . d

onde:

L1 = faixa da plataforma da rodovia que contribui para a sarjeta. Será a largura da semi-
plataforma nos trechos em tangente e toda a plataforma contribuinte para a sarjeta na borda
interna das curvas. Será nulo ou se restringirá à largura do assentamento contíguo para a
sarjeta na borda externa das curvas;
L2 = largura da projeção horizontal equivalente do talude de corte;
C1 = coeficiente de escoamento superficial da plataforma da rodovia;
C2 = coeficiente de escoamento superficial do talude de corte.

Havendo escalonamento de taludes, a largura máxima “L2” a ser considerada no


cálculo do implúvio é referente à projeção horizontal do primeiro escalonamento, já que os
demais terão as águas conduzidas por meio de dispositivos próprios para fora do corte.

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BANQUETA

SARJETA
ACOSTAMENTO

ESCOAMENTO

SARJETA
A B ACOSTAMENTO C

ESCOAMENTO PISTA

 Coeficiente médio de escoamento (C)

Como a área de contribuição é formada por superfícies de diferentes coeficientes de


deflúvio (Ci ), adota-se a média ponderada de seu valor “C”, tendo como peso as respectivas
larguras de implúvio. Pode-se escrever então:

C = ∑ (Li . Ci)
∑ Li
ou seja, no caso anterior:

C = L 1. C 1 + L 2 . C 2
L1 +L2

 Elementos Hidrológicos

O valor da intensidade de precipitação (i) é obtido geralmente na curva de intensidade-


duração-frequência ou das equações de “chuva” para cada região, fornecida pelos Estudos
Hidrológicos, para um tempo de duração de 5 minutos e tempo de recorrência de 10 anos.

 Altura Média dos Cortes

A altura média dos cortes é obtida pela projeção horizontal da altura de um retângulo de
base igual à extensão do trecho que contribui e área equivalente a da projeção horizontal do
talude. Dessa forma tem-se:
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A = projeção horizontal da área do talude que contribui, igual a área do retângulo


equivalente de comprimento “d” e altura “L3” (L2 na figura anterior).
L3 = altura média do corte a considerar no cálculo da área do implúvio.

4.4.5.3 – Seção de Vazão

Os cálculos para a determinação da seção de vazão são:

 Cálculo da Velocidade de Escoamento: Utiliza-se a Fórmula de Manning, cuja


expressão é:

V = R 2/3 . I 1/2
n
onde:
V = velocidade de escoamento (m/s);
R = raio hidráulico (m);
I = declividade da sarjeta (m/m);
n = coeficiente de rugosidade de Manning, que depende do revestimento da sarjeta
(adimensional).

Obs.: O valor de “V” terá de ser inferior a velocidade que produz erosão ao material de que
será revestida a sarjeta.

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 Cálculo da Vazão de Escoamento da Sarjeta

O valor da vazão máxima admissível fornecida pela Equação da Continuidade é:

q=S.V

Onde:
q = vazão máxima admissível do dispositivo (m³/s);
S = área molhada da sarjeta (m²);
V = velocidade de escoamento (m/s).

4.4.5.4 – Comprimento Crítico

Depois de fixada a seção prévia da sarjeta passa-se à determinação de seu


comprimento crítico para as diversas declividades dos trechos em cortes existentes.
Entende-se por comprimento crítico de uma sarjeta a distância máxima acima da qual
sua vazão admissível é inferior à descarga de projeto, exigindo, portanto, uma saída d”água.
Pode-se determinar o comprimento crítico das sarjetas por dois métodos:

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a) Método de Jeuffroy-Prunières:

Lc = (i . t4)1/3 . λ . (L)1/3

Onde:
Lc = comprimento crítico (m);
i = intensidade de precipitação (m/s);
t = duração da chuva de projeto (s);
L = largura de implúvio (m);
λ = coeficiente que depende da declividade, forma e rugosidade do conduto (adimensional).

O valor de “λ” é fornecido pela expressão:

λ = K . (I)1/2 . (R/S)2/3
onde:
K = 1/n, sendo “n” o coeficiente de Manning, (adimensional);
I = declividade da sarjeta (m/m);
S = área da seção molhada (m²);
R = raio hidráulico (m).

b) Método Comparativo

Nesse método o dimensionamento da sarjeta é feito tendo em vista a compatibilização do


maior espaçamento possível sem retirada de água do corpo estradal, ou seja, do denominado
comprimento crítico, com a capacidade de escoamento admissível em face da erosão do
material de que é revestida a sarjeta (concreto, asfalto, grama ou mesmo solo).
Determinada a descarga de projeto por metro linear em 4.4.5.2 e a seção de vazão em
4.4.5.3, e ainda denominando-se de “Lc” o comprimento crítico da sarjeta, este será obtido
pela igualdade:
Lc = q / Q
Onde:
q = vazão máxima admissível para sarjeta adotada (m³/s);
Q = a contribuição por metro linear para a sarjeta (m³/s/m).

Substituindo-se “Q” e “q” pelos seus valores respectivos, temos:

( S . R )2/3 . ( I )1/2
Lc = n ,
C.i.a .
36 x 10 4

Lc = ( S . R )2/3 . ( I )1/2 x 104 x 36 .


n.C.i. a

Lc = 36 x 10 4 ( S . R )2/3 . ( I )1/2.
N.C.i. a

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Podemos observar que, na equação anterior, os valores de S ,R , n , C, i e a são


constantes, ficando apenas I (declividade longitudinal da sarjeta) como única variável ao
longo do trecho estudado. Assim, elabora-se a curva Lc = f(I) que permite determinar o
comprimento crítico da sarjeta para as suas diversas declividades, que geralmente
acompanham o greide da rodovia.
A curva L = f(I) assume a seguinte forma:

Justifica-se a elaboração da curva quando os trechos em estudo forem longos, houver


multiplicidade de rampas na rodovia e puder ser considerada uma altura média representativa
dos cortes, deixando-se assim o cálculo do comprimento crítico de ser feito para cada corte
isoladamente.
Quando em um determinado trecho houver grande variação dos valores de implúvio, não
se recomendando, pois, adotar uma altura média de corte e sim seus valores individuais e por
outro lado, existirem apenas variações limitadas de declividade longitudinal, pode-se
estabelecer um sistema que dê diretamente os comprimentos críticos, baseado em eixos
coordenados, tendo nas abscissas as larguras do implúvio e nas ordenadas os comprimentos
críticos. Assim determina-se uma curva para cada declividade, passando o gráfico a
constituir-se de uma família de curvas, assumindo a seguinte forma:

4.4.6 – Revestimento

Quanto ao revestimento das sarjetas de corte, deve ser levado em conta o aspecto
técnico-econômico, ou seja, o confronto dos valores de velocidade de escoamento com a de
conseqüente erosão e também o custo do tipo de revestimento. Os principais tipos de
revestimento são:
 pedra arrumada;
 pedra arrumada revestida;
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 alvenaria argamassada;
 alvenaria de tijolos;
 concreto.

4.4.7 – Execução:

Na execução do revestimento das sarjetas deverão ser obedecidas as seguintes


indicações:
 Quando o revestimento for de pedra argamassada, o diâmetro máximo deverá
ser de 1,0 m rejuntadas com argamassa de cimento e areia no traço de 1:4;
 Quando for concreto, o revestimento deverá ser dosado racionalmente para
uma resistência mínima à compressão simples Fck ≥ 11 Mpa ao fim de 28 dias;
 A espessura mínima da sarjeta de concreto é de 10 cm;
 A sarjeta deverá ser moldada no local, com formas de metal ou de outro
material que proporcione bom acabamento e com juntas de dilatação
preenchidas com asfalto de 3,0 m em 3,0 m;
 Quando uma sarjeta de concreto moldado no local se situar sobre uma base
granular drenante, antes do lançamento do concreto deverá o local ser forrado
com material impermeável que evite o preenchimento dos vazios da camada
drenante pela penetração do concreto;
 Deverá haver uma perfeita união entre a face da sarjeta de concreto e o
pavimento do acostamento, evitando-se qualquer penetração de água na sua
junção.

4.5 – Sarjetas de Aterro

4.5.1 – Objetivo

A sarjeta de aterro tem como objetivo captar as águas precipitadas sobre a plataforma
de modo a impedir que provoquem erosões na borda do acostamento e/ou no talude do aterro,
conduzindo-as ao local de deságue seguro.

Problema erosivo causado pela má junção do corpo do aterro com a sarjeta de concreto.
4.5.2 – Localização
A indicação de instalação de sarjetas de aterro deve fundamentar-se nos critérios a
seguir:
 Nos aterros com altura superior a 5 metros;
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 Nas interseções, para coletar e conduzir as águas provenientes dos ramos,


ilhas, etc;
 Nas curvas horizontais, para qualquer altura, na borda interna da plataforma
quando a velocidade de escoamento possa acarretar erosão.
Não serão adotadas:
 Nas bordas externas das curvas horizontais;
 Nos trechos em que a velocidade das águas provenientes da pista, dispersas
de maneira contínua, não provoque a erosão do pé da saia do aterro.

4.5.3 – Posicionamento
A sarjeta de aterro posiciona-se na faixa da plataforma externa ao acostamento. O seu
posicionamento fica condicionado também à segurança do tráfego.

Obras de retaludamento do aterro e indicação da posição relativa da sarjeta de aterro

4.5.4 – Seção-tipo
Na drenagem superficial dos aterros admitem-se duas hipóteses para sua solução:
1ª. Hipótese: construção de dispositivo que conduza a água precipitada sobre a plataforma
para determinados locais, sendo daí levada até o terreno natural por outro dispositivo
apropriado. Neste caso, o dispositivo de drenagem superficial que conduz a água denomina-se
sarjeta de aterro.
Essa solução, que é a mais econômica, apresenta os seguintes inconvenientes:
• Acumulação da água em determinados locais da pista
• Sua condução através do talude por pontos localizados podem ocasionar-lhe
problemas;
• É um dispositivo que diminui a segurança do tráfego devendo ser localizado a
distância apropriada de modo a nele não interferir.
Devem-se seguir os projetos-tipo do DNER podendo optar-se por seções triangulares,
trapezoidais, retangulares ou meia-cana, de acordo com a natureza e a categoria da rodovia.

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A seção molhada para efeito de dimensionamento é constituída pela referente ao


dispositivo projetado e a área do acostamento, que se supõe temporariamente alargada ou
alongada. Quando, entretanto, a hipótese de alargamento não puder ser admitida, o projeto-
tipo da sarjeta de aterro é semelhante à da sarjeta de corte, alterando-se a declividade junto ao
acostamento para 15%.
Um tipo de sarjeta de aterro muito usado atualmente nas rodovias federais, estaduais,
interseções e trechos urbanos é o meio-fio-sarjeta conjugados. Em situações eventuais, no
caso de ser possível considerar um alagamento temporário do acostamento, o tipo meio-fio
simples também poderá ser usado.

Sarjeta de aterro do tipo meio-fio e sarjeta conjugados.

Sarjeta de aterro do tipo meio-fio e sarjeta conjugados.

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Sarjeta de aterro do tipo meio-fio simples (alagamento do acostamento).

Sarjeta de aterro do tipo meio-fio simples (alagamento do acostamento) e saída d´água.

Obs.: A face externa da sarjeta é geralmente contida por material apiloado a fim de oferecer
resistência a qualquer impacto sobre o dispositivo.

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Seção rodoviária de aterro pleno mostrando a posição e o fluxo do escoamento superficial das águas para as
sarjetas de aterro.

2ª. Hipótese: construção de dispositivo, ao longo do aterro, que conduza a água precipitada
sobre a plataforma pelo talude, de forma contínua, sem criar caminhos preferenciais, e,
portanto, não o afetando.
Esse Dispositivo é denominado dissipador contínuo e é constituído de uma camada de
concreto de aproximadamente 50 cm de largura com espessura de 10 cm, de acabamento
áspero, obtido com o assentamento em disposição irregular de pedras de dimensões
aproximadas de 7,5 cm.

0,60m

0,075m 0,55m 0,075m

BRITA CE 0,075m
0,10m

CONCRETO DE fck=10 MPa

4.5.5 – Dimensionamento
O dimensionamento da sarjeta de aterro é feito de acordo com a fórmula de Manning
associada à Equação da Continuidade, observando-se os seguintes aspectos:

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• A descarga de projeto é calculada para uma intensidade de chuva com tempo de


recorrência TR = 10 anos e de duração tc = 5 minutos;
• Quando o dispositivo incorpora a área do acostamento com parte da seção
molhada, o coeficiente de rugosidade adotado para os cálculos será o do
pavimento do acostamento;
• Já que no dimensionamento admite-se ema seção previamente fixada, fica como
variável o comprimento crítico cujo conceito é o mesmo enunciado no item
referente à sarjeta de corte.
A sistemática de cálculo para a determinação da velocidade de escoamento, seção de
vazão e comprimento crítico é análoga à da sarjeta de corte, exposta no item 4.4.5, com as
particularidades próprias à plataforma em aterro.

4.5.6 – Revestimento
Não há recomendações rígidas quanto ao material de que é constituída a sarjeta de
aterro. Os materiais indicados para construção do dispositivo são:
• Concreto de cimento Portland;
• Concreto betuminoso;
• Solo-betume;
• Solo-cimento;
• Solo.
A decisão da adoção do tipo de revestimento fica dependendo da classe da rodovia e
de condicionantes econômicas para sua construção.

4.5.7 – Execução
Na execução das sarjetas de aterro de concreto de cimento Portland, seguem-se as
indicações próprias ao material, expostas no item 4.4.7 para sarjetas de corte.
Na execução das sarjetas de concreto betuminoso adota-se preferencialmente o traço
usado para binder (areia-asfalto), ou quando esse não está previsto, usa-se o próprio traço do
revestimento de concreto betuminoso por não se justificar estudo de composição especial para
a construção deste dispositivo.
Na execução das sarjetas de solo-betume ou solo-cimento, obedece-se às
Especificações Particulares do Projeto Rodoviário, quando tais misturas estão indicadas
também para outros serviços.
As sarjetas em solo são indicadas apenas para rodovias secundárias de pequena
importância econômica ou de período curto de utilização. Podem também ser construídas para
funcionamento temporário durante o tempo de execução da rodovia (estradas de serviço).

4.6 – CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS SOBRE O CANTEIRO CENTRAL


Quando uma rodovia for construída em pista dupla, sendo o canteiro central côncavo,
torna-se necessário drená-lo superficialmente, o que é feito por uma sarjeta revestida ou não,
chamada de sarjeta do canteiro central.
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As seções transversais das sarjetas do canteiro central seguem os projetos-tipo do


DNER/DNIT sendo, em geral, de forma triangular cujas faces têm as declividades
coincidentes com os taludes do referido canteiro. Seções de forma trapezoidal ou retangular
são indicadas quando da insuficiência da seção de forma triangular.

As sarjetas do canteiro central são dimensionadas como canal de acordo com a


Fórmula de Manning associada à Equação da Continuidade, sendo seus comprimentos críticos
calculados pelo Método Comparativo, indicado no item 4.4.5.4, e terminam em caixas
coletoras, dotadas de grelhas, que deságuam para fora do corpo estradal através de bueiros. A
adoção de grelha nas caixas prende-se a fatores de segurança de tráfego, devendo ser
removíveis para efeito de limpeza.

4.7 – Saídas d água


4.7.1 – Objetivo
As saídas d água são os dispositivos destinados a conduzir as águas coletadas pelas
sarjetas de aterro para as descidas d água. São dispositivos, portanto, de transição entre as
sarjetas de aterro e as descidas d´água, sendo algumas vezes por isso denominados de entradas
d água.
4.7.2 – Localização
As saídas d água localizam-se nas extremidades dos comprimentos críticos das sarjetas
de aterro, nos pontos baixos das curvas verticais côncavas, junto às pontes, pontilhões e
viadutos, e, algumas vezes, nos pontos de passagem de corte para aterro.
4.7.3 – Posicionamento
As saídas d água posicionam-se junto aos acostamentos ou em alargamentos próprios
para sua execução.

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4.7.4 – Seção-tipo
As saídas d água devem obedecer aos projetos-tipo do DNER e são projetadas
considerando-se sua localização:
 A saída localiza-se num trecho de declividade contínua, ou seja, o fluxo d água se realiza
num único sentido; esquematicamente obedece à forma seguinte:

 A saída localiza-se num ponto baixo de curva vertical côncava em um aterro, ou seja, para
ela converge nos dois sentidos o fluxo d água; esquematicamente obedece à forma
seguinte:

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Saída d´água.
4.7.2 Dimensionamento

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O dimensionamento das saídas d água resume-se em determinar uma largura de


entrada de forma a conduzir sem turbulência toda a água proveniente das sarjetas até as
respectivas descidas.
De uma forma geral recomenda-se uma distância mínima de 1,40m entre a abertura na
sarjeta e o começo da descida.
A saída pode ser dimensionada por dois métodos:
 1º Método:
O valor “L” adotado para a largura da saída, ou seja, corresponde à abertura lateral na
sarjeta, é dado pela fórmula:
L = Q / [K.y . (g.y)0,5]
onde:
L = comprimento da abertura na sarjeta, ou largura da saída d água, de modo a interceptar
todo seu fluxo (m);
Q = descarga afluente ou vazão na sarjeta (m3/s);
y = altura do fluxo na sarjeta (m);
g = aceleração da gravidade, tomada igual a 9,81m/s2;
K = coeficiente que depende da declividade, adota-se em geral 0,20 para declividades da
sarjeta entre 2% e 5%, adimensional.
 2º Método
Conhecendo-se “a priori” a largura “B” da descida, podem-se determinar os elementos
constituintes da saída, mediante as seguintes relações:
 A largura “L” da abertura deve ser 7 (sete) vezes a largura “B” da descida;
 O espaçamento entre o alinhamento da sarjeta e o início da descida deve ser igual a 2,5 (duas
e meia) vezes a largura da descida;
 O raio da curva circular de concordância entre a saída d`água e a descida deve ser igual à
altura inicial desta.

4.7.3 Revestimento
As saídas d`água são em geral construídas de concreto, com superfície lisa, havendo
ainda , em casos especiais, a utilização de chapas metálicas.

4.7.4 Execução
As saídas d`água de concreto são executadas no local conjuntamente com as descidas
d`água. As chapas metálicas são moldadas no canteiro de obra e fixadas no local, geralmente
através de chumbadores.

4.8 – Descidas d`Água


4.8.1 – Objetivo

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São dispositivos destinados a conduzir pelos taludes dos aterros e cortes as águas
captadas por outros dispositivos de drenagem superficial.
Conduzem as águas das valetas de proteção de corte, quando atingem seu
comprimento crítico ou de pequenos talvegues secundários, para a plataforma, desaguando
numa sarjeta de corte ou numa caixa coletora.
Conduzem ainda as águas precipitadas sobre a plataforma coletadas pelas sarjetas de
aterro para o terreno natural.

4.8.2 – Localização
As descidas d`água localizam-se nos seguintes pontos:
 Nos extremos dos comprimentos críticos das valetas de proteção de corte;
 Nos pontos baixos das valetas de proteção de corte quando têm perfil sinuoso;
 Nos pontos de interseção de talvegues secundários a montante da valeta de
proteção de corte com o perfil desta, de modo a transferir diretamente as águas do
talvegue para a plataforma;
 Nos pontos baixos das curvas verticais côncavas nos aterros;
 Nos pontos extremos dos comprimentos críticos das sarjetas de aterro.

4.8.3 – Posicionamento
As descidas d´água posicionam-se sobre os taludes dos cortes e aterros seguindo as
suas declividades e também na interseção do talude de aterro com o terreno natural nos pontos
de passagem de corte/aterro.
De acordo com a sua declividade tornam-se necessários elementos de fixação como dentes
de concreto, blocos de ancoragem etc.

4.8.4 – Seção-tipo
As descidas d`água podem ter a seção de vazão de diversas formas, a saber:
 Retangular do tipo em calha ou em degrau;
 Em meia-cana, ou seja, semicircular;
 Em tubos de diversos diâmetros.

As descidas de forma retangular em calha podem ser construídas através de módulos


conjugados ou fundidas no local como uma única peça.
Na escolha do tipo deve levar-se em conta que:
 A adoção de módulos pode acarretar infiltração de água nas suas junções, o que
rapidamente atingiria o talude de aterro causando erosão no mesmo;
 A natural dificuldade de compactação junto ao talude de aterro favorece a
separação entre os módulos;
 Os mesmos inconvenientes dos módulos aplicam-se às descidas em tubos;
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 Ao contrário dos casos anteriores, a construção da descida d`água em concreto


armado moldado no local supera, pela sua rigidez, qualquer recalque no talude.

Saída e descida d´água em talude de aterro.

Descida d´água descarregando em caixa coletora de bueiro de greide.

4.8.5 – Dimensionamento
No dimensionamento levam-se em conta os Estudos Hidrológicos e as premissas de
funcionamento das sarjetas, das saídas d`água e das bacias de amortecimento de modo a fazer
escoar de forma não turbilhonar toda a água captada e conduzida pelo dispositivo de
drenagem.
O dimensionamento pode ser feito com o auxílio da expressão empírica seguinte, na
qual será fixado o valor de “L” determinando-se o valor de “H”:
Q = 2,06 L0,9 . H1,6;
onde:
Q = descarga de projeto, tendo em vista a água que chega à saída d`água (m3/s);
L = largura da descida (m);
H = altura média das paredes laterais da descida (m).

Seja a figura seguinte onde se representa uma descida d`água em calha cuja
declividade acompanha o talude do aterro e cujas dimensões são “L” a largura e “H” a altura.

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VP
Plataforma P
a
f

B Terreno Natural

A fórmula de Manning aplicada ao escoamento:


R 2/3 × I1/2
V=
n
Onde:

V = velocidade (m/s);
R = raio hidráulico (m);
I = declividade da descida, que coincide com a do talude (m/m);
N = coeficiente de rugosidade de Manning, que depende do material (adimensional)

Considerando a maneira mais usual de definir a inclinação do talude (1:a) e que a lâmina
d’água é consideravelmente menor que a largura da calha, essa fórmula assumirá a expressão
mostrada adiante quando associada à Equação da Continuidade.
Com efeito, se na expressão:
S
R=
P
Onde:
R = raio hidráulico
S = área molhada
P = perímetro molhado

Leva-se em conta que:

Q = S . V (equação da Continuidade),
Ou seja:
Q
S=
V
Onde:
Q = vazão da descida d’água
S = área molhada
V = velocidade do escoamento

E que:
P = L + 2 h,

E neste caso:
P=L

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Pois, espessura da lâmina d’água (h) é consideravelmente menor que (L), e assim julgada
desprezível.
Dessa forma a expressão do raio hidráulico (R) toma a seguinte forma:

Q
R= V
P

Por outro lado, a declividade da descida d’água é:

1
I=
1+a 2

Onde:

a = parâmetro que define a declividade do talude.

Entretanto, para fins deste cálculo e para as inclinações usuais de talude podemos
considerar que:
1
I=
a

Substituindo esses valores na Expressão de Manning, tem-se:

(Q × L) 2/3
V= V 1/2
n×a

Ou;
(Q/L ) 2/3
V 5/3 =
n × a1/2

Ou finalmente;
(Q/L)0,4
V=
(n × a )0,6

O cálculo rigoroso da velocidade na descida d’água deveria levar em conta os seguintes


aspectos:
V2
 A perda de carga na entrada dada por He = Ke . ;
2g
 A perda de carga “Hf” relativa à resistência das paredes e fundo da descida ao
longo do escoamento;
 A natureza do fluxo na descida d’água passando de movimento variado a
uniforme;
 A necessidade de se traçar o perfil da lâmina d’água ao longo da descida
d’água.

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O objetivo principal da determinação da velocidade no pé da descida d’água é o


dimensionamento do dissipador de energia ou bacia de amortecimento. Uma vez que o
número de descidas d’água e o custo de sua construção não são preponderantes em qualquer
análise econômica, dispensa-se o cálculo detalhado da velocidade em razão também de sua
grande complexidade face ao número de variáveis que o envolve.

Porém, recomenda-se:

a) O cálculo rigoroso da velocidade da água na descida, partindo-se da sua


velocidade de chegada a esse dispositivo, do comprimento, da declividade, da
altura do talude e das perdas de carga Hf e He, todas as vezes que se tratar de
obras de caráter excepcional (grandes alturas, patamares intermediários, forte
declividade etc);
b) O emprego do tipo em calha nas descida d’água fica condicionado à velocidade
de erosão do material de que é construída;
c) Independentemente da velocidade de passagem da água da descida para o solo
deverá sempre ser projetada bacia de amortecimento no pé do dispositivo;
d) Para aterros com extensão de talude superior a 7,0 metros deve ser construída
descida d’água em degrau.

4.8.6 – Material

As descidas d’água são em geral construídas de concreto, podendo em alguns casos ser
admitida a utilização de meia-cana de metal corrugado ou não, de acordo com os estudos
econômicos.

4.8.7 – Execução

As descidas d’água retangulares poderão ser executadas no local, com formas de madeira,
utilizando-se concreto com Fck = 170 kg/cm² aos 28 dias e com armadura indicada pelos
projetos-tipo do DNER, com fundo em calha ou em degrau.
Quando da utilização de módulos, tubos de concreto ou metálico ou em meia-cana de
concreto ou metálica, esses elementos serão trazidos e assentes sobre berço previamente
construído.

4.9 – Caixas

4.9.1 – Objetivo

As caixas são dispositivos de drenagem superficial com a finalidade de:

 coletar as águas provenientes das sarjetas e que se destinam aos bueiros de


greide;
 coletar as águas provenientes de pequenos talvegues situados a montante dos
bueiros de transposição de talvegues, permitindo sua construção abaixo do
terreno natural;
 coletar as águas provenientes das descidas d’água situadas nos taludes dos
cortes conduzindo-as para fora destes;

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 inspeção dos condutos que por elas passam com objetivo de verificar a sua
eficiência, decantação de material em suspensão ou entupimento do sistema de
escoamento, como no caso dos drenos profundos;
 possibilitar mudanças de dimensão dos bueiros, de sua declividade e direção ou
ainda quando a um mesmo local concorrem mais de dois bueiros.

4.9.2 – Classificação

As caixas classificam-se:

a) quanto à função:
 caixas coletoras;
 caixas de inspeção;
 caixas de passagem.

b) quanto ao fechamento:
 caixas com tampa;
 caixas abertas.

4.9.3 – Localização

Segundo a classificação estabelecida no item anterior, a localização das caixas depende


fundamentalmente de sua finalidade, conforme o que se expõe a seguir:

4.9.3.1 – Caixas Coletoras

Localizam-se:

 nas extremidades dos comprimentos críticos das sarjetas de corte, conduzindo


as águas para bueiro de greide ou coletor longitudinal, que as levará para fora
do corte;
 nas passagens de corte para aterro, coletando as águas das sarjetas de modo a
conduzi-las para bueiro nos casos em que a água ao atingir o terreno natural
com velocidade excessiva possam erodi-lo;
 nos pés das descidas d’água existentes nos taludes de corte quando se torne
necessária a condução das águas desses dispositivos para fora do corte sem
utilização das sarjetas;
 em qualquer lugar em que se deseje transferir a água superficial para bueiro
apropriado;
 no terreno natural, junto ao pé do aterro, quando se deseje construir um bueiro
de transposição de talvegue abaixo da cota do terreno, sendo, portanto,
inaplicáveis as bocas;
 nos canteiros centrais das rodovias com pista dupla.

4.9.3.2 – Caixas de Passagem

Localizam-se:

 nos lugares para os quais concorrem mais de dois bueiros;

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 onde houver mudanças de dimensão, declividade, direção ou de cotas de um


bueiro;
 onde houver mudanças de um bueiro para outro dispositivo; por exemplo, no início
da descida d’água quando ela recebe a contribuição de um bueiro de greide.

4.9.3.3 – Caixas de Inspeção

Localizam-se:

 onde não afetem a segurança do tráfego, e se destinam a vistoriar o


funcionamento dos condutos construídos, tendo em vista sua eficiência
hidráulica e seu estado de conservação;
 nos trechos com drenos profundos para vistoriar seu funcionamento, no início e
com espaçamento máximo de 200m em 200m; neste caso, podem ser
substituídas por outros dispositivos de inspeção denominados chaminés.

4.9.3.4 – Caixas com Tampa

As caixas com tampa em forma de grelha são indicadas quando têm a finalidade
coletora, ficando excepcionalmente localizadas em pontos que possam afetar a segurança do
tráfego, ou se destinam a coletar águas contendo sólidos em dimensões apreciáveis que
possam obstruir os bueiros ou coletores.
As caixas de concreto armado com tampa removível possuindo resistência compatível
com as cargas que possam solicitá-la são indicadas quando têm a finalidade de inspeção e de
passagem.

4.9.3.5 – Caixas Abertas

São indicadas quando têm finalidade coletora e localizam-se em pontos que não
comprometem a segurança do tráfego.

Caixa coletora sem tampa ligando sarjeta de corte ao bueiro de greide abaixo.

4.9.4 – Seção-Tipo

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As caixas obedecerão aos projetos-tipo do DNER, sendo as suas dimensões neles


indicadas bem como os detalhes de tampa.
A profundidade das caixas será determinada pelas condições de cotas dos condutos
que a elas chegam e delas saem.
Sua seção mínima será de 1,00 x 1,00m.
As caixas de inspeção dos drenos obedecerão aos projetos-tipo do DNER e serão
obrigatoriamente providas de tampa.

4.9.5 – Material

As caixas de qualquer tipo poderão ser construídas:

a) Com paredes:

 de concreto simples ou armado, sendo a resistência mínima Fck = 170 kg/cm² para 28
dias, qualquer que seja sua profundidade e tendo em vista sua localização;
 de blocos de concreto pré-moldados ou de alvenaria simples, situadas em locais que
não sofram impactos ou cargas externas. Neste caso, serão revestidas internamente
com argamassa de cimento-areia com traço de 1:4.

b) Com tampa:

 de concreto, com dimensões e dispositivos que permitam sua fácil remoção;


 metálica, composta de quadro de cantoneira e barras de ferro redondo ou de perfil
chato ou ainda tampão de ferro fundido.

c) Com fundo:

 de concreto simples ou armado dependendo das condições de resistência do terreno.

4.9.6 – Dimensionamento Hidráulico

Embora as dimensões das caixas coletoras sejam fixadas pelas dimensões dos
dispositivos para os quais estão indicadas como coletora, de passagem ou inspeção, pode-se
determinar a área transversal útil das caixas pela fórmula dos orifícios:

onde:
A = Área útil da caixa, em m2;
Q = Vazão a captar, em m3/s;
H = Altura do fluxo, em m;
C = Coeficiente de vazão, a ser tomado igual a 0,60.

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4.10 – Bueiros de Greide

4.10.1 – Objetivo

Bueiros de greide são dispositivos destinados a conduzir para local de deságue seguro, fora
do corpo estradal as águas coletadas por dispositivos de drenagem superficial cuja vazão
admissível já esteja atingida pela respectiva descarga de projeto.

4.10.2 – Localização

Os bueiros de greide são localizados nos seguintes pontos:

 Nas extremidade dos comprimentos críticos das sarjetas de corte em seção mista ou
quando, em seção de corte pleno, for possível o lançamento da água coletada em lugar
de deságue seguro por meio de “janela-de-corte”.
 Nos cortes em seção plena, quando não for possível o aumento da capacidade da
sarjeta ou a utilização de bueiro de greide, projeta-se um coletor ao longo do
acostamento até o ponto de passagem de corte-aterro;
 Nos pés das descidas d’água dos cortes, recebendo as águas das valetas de proteção
através de caixas coletoras;
 Nos pontos de passagem de corte-aterro, evitando que as águas provenientes das
sarjetas de corte deságuem no terreno natural com possibilidade de erodi-lo;
 Nas rodovias de pista dupla coletando águas captadas pelos dispositivos situados no
canteiro central (sarjetas, valetas, etc).

4.10.3 – Posicionamento

Os bueiros de greide são implantados geralmente na posição normal ao eixo da rodovia e


com alturas de recobrimento atendendo à resistência de compressão estabelecida para as
diversas classes de tubo pela NBR-8889 da ABNT (tubo de concreto de seção circular para
águas pluviais e esgotos sanitários).

4.10.4 – Elementos Constituintes

O bueiro de greide é constituído de:

 Caixas Coletoras: Poderão ser construídas dos dois lados da pista e ainda nos
canteiros centrais das rodovias. Geralmente são dotadas de tampa em forma de grelha.

 Corpo: O corpo do bueiro é constituído em geral de tubos de concreto armado, tipo


CA-2 ou CA-3, obedecendo às mesmas considerações formuladas para os bueiros de
transposição de talvegues. Somente em casos especiais será admitida a construção de
bueiros de greide com outro material.

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 Boca: Será construída a jusante ao nível do terreno (NT) ou no talude de aterro, sendo
neste caso necessário construir uma descida d’água e, em geral, uma bacia de
amortecimento.

Bueiro de greide em seção mista, com caixas coletoras, corpo, boca, descida d´água em degraus e bacia de
amortecimento.

Bueiro de greide em seção de corte, com Valeta de proteção de corte, descida d´água, caixas coletoras, corpo,
boca e bacia de amortecimento.

4.10.5 – Dimensionamento

No dimensionamento dos bueiros de greide devem ser obedecidas as seguintes


recomendações:

 a descarga de projeto é obtida pela soma das descargas das obras de drenagem
superficial afluentes às caixas coletoras ou, então, pelo levantamento da bacia
de captação que vai ser drenada pelo bueiro de greide, aplicando-se o método
de cálculo da descarga mais conveniente, considerando-se o tempo de
recorrência de TR = 10 anos e duração de chuva t = 5 minutos;
 o bueiro deverá ser sempre dimensionado como canal, verificando-se a
velocidade de escoamento a jusante;
 o diâmetro mínimo a adotar é de 0,80m.

4.10.6 – Elementos de Projeto

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Os elementos necessários à definição e locação de um bueiro de greide são idênticos aos


dos bueiros de transposição de talvegue bem como as respectivas especificações e normas,
que serão abordados no próximo capítulo.

5 – DRENAGEM DE TRANSPOSIÇÃO DE TALVEGUES

5.1 – Objetivo

São dispositivos que se destinam a permitir a passagem, de um lado para o outro da


rodovia, das águas que escoam por talvegues definidos no terreno natural.
As obras ou dispositivos de drenagem de transposição de talvegues são:
 bueiros;
 pontilhões;
 pontes.

5.2 – Bueiros

5.2.1 – Objetivo

São condutos destinados à passagem das águas, provenientes de bacias hidrográficas


próximas à rodovia, de um lado para o outro sob o corpo estradal e comumente denominados
bueiros de grota. Os elementos constituintes de um bueiro são:

 corpo: parte situada sob o aterro, de forma e seção geralmente constante,


podendo ser em tubos, células, arcos etc.
 bocas: de montante e jusante, que arrematam externamente o corpo e
contribuem para a fixação do bueiro, favorecendo a entrada e saída do fluxo
com um mínimo de perturbação turbilhonar.

A boca de um bueiro é constituída de soleira, muro de testa e alas. Algumas vezes a


boca de montante é substituída por uma caixa coletora ou poço para a condução das águas ao
corpo do bueiro. Isso se torna necessário quando a cota de entrada tem que se situar abaixo do
nível do terreno natural.

Bueiro duplo celular de concreto (BDCC) e bueiro simples tubular de concreto (BSTC)

5.2.2 – Classificação

Os bueiros podem ser classificados segundo os seguintes aspectos:


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5.2.2.1 – Quanto à forma da seção

 Tubular ou circular: quando a seção for circular.


 Celular: quando a seção for um retângulo ou um quadrado, denominado de célula.
 Especial: quando tiver seção diferente dos anteriores, podendo ser em arco, oval, lente
e etc.

5.2.2.2 – Quanto ao número de linhas

 Simples: quando só houver uma linha de tubos ou células.


 Múltiplo: quando possuir mais de uma linha, podendo ser duplo, triplo, etc.

Os limites máximos, de acordo com o DNER, para utilização de linhas múltiplas de bueiro
de concreto são:
 Bueiro tubular triplo de 1,50 m de diâmetro;
 Bueiro celular triplo de 3,00 x 3,00 m.

Além desse limite recomendam-se obras de maior porte como pontilhões e pontes.

5.2.2.3 – Quanto ao material

Os materiais atualmente usados para a construção de bueiros no DNIT são de diversos


tipos como: concreto simples, concreto armado, chapa metálica corrugada ou polietileno de
alta densidade (PEAD), além do PRFV (plástico reforçado de fibra de vidro).
As bocas, alas e caixas coletoras são executadas em alvenaria de pedra argamassada
com recobrimento de argamassa de cimento e areia; blocos de concreto de cimento ou de
concreto pré-moldado ou ainda de concreto armado moldado in loco.
Os tubos podem ser de concreto simples ou armado e devem obedecer aos projetos-tipo do
DNIT, onde deverão ser moldados em formas metálicas, sendo o concreto adensado por
vibração ou centrifugação. Tubos diferentes daqueles apresentados nos projetos-tipo podem
ser aceitos desde que satisfaçam as exigências estabelecidas nas normas NBR 8890/2003 e
NBR 9796/1987 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
As células de concreto possuem seções transversais-tipos e devem obedecer aos
projetos elaborados, de acordo com as peculiaridades locais, devendo o concreto ser adensado
por vibração.
Os tubos metálicos corrugados devem ser fabricados a partir de bobinas de aço,
segundo normas da AASHTO e ASTM e revestidos adequadamente para resistir as mais
diversas condições ambientais. A união (costura) das chapas ou segmentos pode ser feita por
meio de parafusos ou cintas, de acordo com o tipo de produto escolhido.

5.2.2.4 – Quanto a Esconsidade

Denomina-se esconsidade o ângulo formado pelo eixo do bueiro com a normal ao eixo da
rodovia. De acordo com a esconsidade o bueiro pode ser:
 Normal: quando o eixo do bueiro coincide com a normal ao eixo da rodovia.
 Esconso: quando o eixo do bueiro forma um ângulo diferente de zero com a normal ao
eixo da rodovia.

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(a) (b)
(a) Bueiro normal quanto a esconsidade e (b) bueiro esconso.

5.2.3 – Localização

Os bueiros localizam-se:

 sob os aterros: com o eixo coincidente, em princípio, com a linha do talvegue sob o
maciço; pode-se em casos particulares, desloca-lo para outra posição, o que obrigará o
desvio ou a retificação do canal natural, em certa extensão, a montante e a jusante;
 nas bocas de corte: quando o volume de água previsto da valeta a montante for tal que
possa erodir o maciço nestes locais ou exigir extenso prolongamento da valeta de
proteção até atingir um bueiro de grota;
 nos cortes: quando o comprimento crítico da sarjeta for alcançado, sendo necessário
nesse ponto retirar a água desse dispositivo. Neste caso e no anterior são denominados
bueiros de greide, sendo considerados obras de drenagem superficial.

5.2.4 – Projeto

Os elementos a definir no projeto dos bueiros são:

 área da seção de vazão;


 comprimento da obra, total, a montante e a jusante;
 declividade;
 recobrimento;
 dispositivos de captação (bocas, caixas, etc.);
 dispositivos de dispersão (valas, descidas d’água, bacias de amortecimento, etc.)

Na definição desses elementos tornam-se necessárias informações locais originárias de


outras áreas de projeto de rodovia como descarga de projeto, dados geotécnicos, levantamento
topográfico e definição da geometria do corpo estradal.

5.2.4.1 – Descarga de Projeto

A descarga de projeto para dimensionamento dos bueiros deverá ter sido calculada nos
Estudos Hidrológicos segundo métodos próprios, tendo em vista a área da bacia hidrográfica a
drenar e os elementos pluviométricos disponíveis.
Os tempos de recorrência (TR) para os cálculos da descarga de projeto dos bueiros deverão
ser fixados levando-se em conta o risco a temer quando à destruição da obra. Na fixação do
risco deverá ser analisada a importância econômica da rodovia, o tráfego existente, os
prejuízos causados pela interrupção do tráfego, etc.

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O tempo de recorrência mínimos para o cálculo das descargas de projeto são: TR = 15


anos para o dimensionamento dos bueiros funcionando como canal e TR = 25 anos dos
bueiros que trabalham como orifício.

5.2.4.2 – Dados Geotécnicos

Deverão ser fornecidas informações geotécnicas do local de assentamento do bueiro com o


objetivo de verificar as condições de fundação de modo a garantir a obra sob o ponto de vista
estrutural.

5.2.4.3 – Levantamento Topográfico e Geometria do Corpo Estradal

Deverá ser levantado o talvegue e a seção de locação do eixo do bueiro bem como definida
a geometria do corpo estradal (plataforma, taludes, escalonamentos) considerando-se a
esconsidade existente. Isso permitirá a definição do comprimento, declividade, esconsidade e
cotas dos pontos principais da obra e dos dispositivos de captação e de dispersão,
consequentemente a expedição de novos serviços para a sua construção.

5.2.4.4 – Elementos de Projeto

a) Área da seção de vazão: é determinada a partir da descarga de projeto de acordo com


os métodos de cálculo expostos no item 5.2.5.
b) Comprimento da Obra (total, a montante e a jusante): é determinado a partir do
levantamento e da definição da geometria do corpo estradal do local.
c) Declividade: deve seguir quando possível a declividade do talvegue natural, porém as
seguintes recomendações devem ser atendidas:
 variar entre 0,4% e 5%;
 quando superior a 5% os bueiros deverão ser dotados de berços com dentes de
fixação e soleiras projetadas em degraus;
 quando acarretar uma velocidade de escoamento do fluxo d’água na passagem
da obra para o terreno natural superior à de erosão, deverá ser prevista a
execução de bacia de amortecimento.

d) Recobrimento: os recobrimentos dos bueiros deverão obedecer às seguintes


determinações:
 Em qualquer tipo de bueiro tubular o recobrimento é de uma vez e meia o
diâmetro externo do tubo, sendo valor máximo usual de 60cm;
 As alturas máximas de aterro para os tubos de concreto, de acordo com sua
forma de assentamento, dependem da capacidade de carga do tubo usado;
 Nos bueiros tubulares de concreto o valor mínimo do recobrimento será de 1,5
vezes o diâmetro nominal do tubo a partir da geratriz superior do mesmo.
 Nos bueiros celulares os recobrimentos são os indicados pelo projeto
geométrico para os quais a laje superior foi calculada com carga estática. O
valor mínimo é o recomendado para a boa execução do aterro e das camadas
do pavimento;
 Os bueiros celulares, de acordo com o projeto geométrico, poderão admitir
como recobrimento apenas a camada de revestimento do pavimento, adotando-
se nestes casos as medidas necessárias à boa aderência entre ela e a laje dos
bueiros.

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e) Esconsidade: é determinada pela posição do talvegue em relação à normal ao eixo da


estrada, não é recomendado valores superiores a 45° para a esconsidade de bueiro.
f) Dispositivos de Captação e de Dispersão: os dispositivos de captação são as bocas e
caixas coletoras de acordo com os projetos tipos do DNER. Os dispositivos de
dispersão são as bacias de amortecimento.

5.2.4.5 – Apresentação do Projeto

Os bueiros serão representados no projeto geométrico no esquema especial de drenagem e


nos demais elementos específicos a seus projetos da seguinte forma:

i. Em planta e perfil, mediante convenção própria pelos seguintes elementos:


 Localização;
 Tipo;
 Dimensões;
 Esconsidade.

ii. Na seção segundo o eixo do bueiro, pelos seguintes elementos:


 Declividade do bueiro;
 Cotas das extremidades a montante e a jusante da obra (linha d’água);
 Altura do aterro;
 Cotas de projeto do nível d’água a montante e a jusante;
 Comprimento do bueiro.

iii. No quadro de nota de serviço, contendo:


 Localização;
 Descarga de projeto;
 Tipo;
 Dimensões;
 Esconsidade;
 Declividade;
 Cota a montante e a jusante do bueiro;
 Comprimento a montante, a jusante e total;
 Tipo de boca;

iv. Nos projetos-tipo, contendo:


 Detalhamento da armação e forma;
 Detalhes das bocas e caixas;
 Quadro de quantidade dos materiais.

5.2.5 – Dimensionamento

Após a determinação da descarga de projeto, os bueiros deverão ser dimensionados ou


verificados em sua eficiência, considerando-os como canal ou orifício. Na descarga de projeto
adotada são obedecidas as seguintes recomendações:
 Para o dimensionamento do bueiro trabalhando como canal o tempo de
recorrência é TR = 15 anos;
 Para verificação do bueiro trabalhando como orifício o tempo de recorrência é
TR = 25 anos.

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O valor da carga hidráulica fica limitado pelos seguintes elementos:


 Velocidade máxima compatível com a de erosão das paredes do bueiro e do terreno
natural (sem bacia de amortecimento),
 Cota do reforço do subleito, material de que é constituído o aterro e ainda a existência
de zonas que não possam ser inundadas a montante.

A velocidade mínima de escoamento d’água no bueiro fica limitada pela probabilidade de


sedimentação das partículas carreadas.

5.2.5.1 – Dimensionamento como Canal

O Dimensionamento como canal deverá ser feito pela fórmula de Manning associada à
Equação da Continuidade.

- Fórmula de Manning
R 2/3 × I1/2
V=
n
Onde:
V = velocidade de escoamento (m/s);
R = raio hidráulico (m);
I = declividade do bueiro (m/m);
n = coeficiente de rugosidade de Manning (adimensional).

Esquema de cálculo do perímetro molhado e área molhada de um tubo circular.

O raio hidráulico é obtido pela expressão:


A
R=
P
Onde:
R = raio hidráulico (m);
A = área da seção molhada (m²);
P = perímetro molhado (m).

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- Equação da Continuidade:
Q=A × V
Onde:
Q = vazão do bueiro (m³/s);
A = área da seção molhada (m²);
V = velocidade de escoamento (m/s).

Das equações anteriores resulta:


R 2/3 × I1/2
Q= ×A
n

Assim, no caso de bueiro dimensionado como canal a vazão admissível é função da:
 declividade do bueiro;
 coeficiente de rugosidade do tubo, de acordo com a tabela de Manning;
 raio hidráulico;
 área da seção de vazão.

Quando o bueiro for dimensionado trabalhando como canal deverá ser levado em conta em
que o escoamento poderá verificar-se segundo o fluxo supercrítico, crítico e subcrítico.
Sempre que as condições permitirem os bueiros deverão ser dimensionados de acordo com a
teoria do fluxo crítico.
A energia específica da água ecoando em um bueiro é a energia total da unidade de peso
d’água em relação ao fundo da obra, tomado como plano de referência. Nessas condições a
energia específica será a soma da energia cinética e da energia estática ou de pressão,
correspondente à profundidade d’água. A expressão da energia será então:
V2
E= +h
2g
Onde:
E = energia específica (J/N);
V = velocidade de escoamento (m/s);
g = aceleração da gravidade (m/s²);
h = profundidade do líquido (m).

Denomina-se fluxo crítico aquele que se verifica com a energia específica mínima, ou
seja, para “E = mínimo”. A velocidade e profundidade verificada para Emínimo (Ecrítico = Ec),
ou seja, para o fluxo crítico, denomina-se velocidade crítica (Vc) e profundidade crítica (hc).

5.2.5.1.1 – Expressão do Fluxo Crítico para Bueiros Circulares

Para a condição de Ec = D tem-se:

Ac = (φc – senφc/8) . D²
hc = (φc – senφc)/[8 sen(φc/2)]
Rc = [(φc – senφc)/4φ] . D
Qc = Ac.(g.hc)1/2
Vc = (g . hc)1/2

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Ic = (n² . Vc²)/Rc2/3

Nessas expressões “D” é o diâmetro expresso em metros, sendo Ac, Rc, Vc, Qc e Ic
respectivamente a área da seção molhada, raio hidráulico, velocidade, vazão e declividade
crítica.
Verifica-se que a declividade crítica depende também do coeficiente de rugosidade de
Manning, ou seja, em última análise da natureza das paredes do bueiro (concreto, metálico,
etc.)

5.2.5.1.2 – Expressões do Fluxo Crítico para Bueiros Celulares

Para a condição E C = H tem-se:

A c = 2/3×B×H (m 2 )
R c = 2 / 3 × H ( m)
Vc = 2, 56 × H (m / s )
Qc = 1, 705 × B × H 2/3 (m3 / s)
2, 60 × n 2 4H 4/3
Ic = 1/3
× (3 + ) (m / m )
H B

Quando a célula for quadrada B = H = L (lado), resulta:

Vc = 2,56 × L ( m / s )
Qc = 1, 705 × H 5/2 ( m3 / s )
34,82 × n 2
Ic = (m / m )
L1/3

Onde B, H (base e altura da seção) e L (lado da seção quadrada) são dados em metros e Qc, Vc
e Ic são a vazão, velocidade e declividade crítica. Verifica-se ainda que também nos bueiros
celulares a declividade é função do coeficiente de rugosidade das paredes.

Com referência à declividade dos bueiros que funcionam como canal, deverá ser
observado o seguinte:
 Quando a declividade do terreno natural for superior à declividade crítica, isto é, I > Ic
a vazão admissível deverá ser calculada para Ic;
 Quando a declividade do terreno for inferior à declividade crítica, a vazão admissível
deverá ser calculada para I.

Quando o valor da declividade for acentuado acarretando uma velocidade de escoamento


muito elevada, este inconveniente poderá ser evitado pela redução daquele valor, de acordo
com as alternativas seguintes:
 Pela construção de uma caixa coletora profunda a montante do bueiro, em geral da
boca, abaixando–se desse modo a cota de entrada d’água;
 Pela colocação da boca de jusante no talude do aterro natural, projetando-se neste caso
uma descida d’água.
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5.2.5.1.3 – Expressões do Fluxo Subcrítico

Quando o bueiro só puder ser implantado com declividade inferior à crítica, (I < Ic), diz-se
que o fluxo no seu interior é subcrítico e a obra trabalha parcialmente cheia. Neste caso, a
aplicação da Fórmula de Manning associada à Equação da Continuidade, conforme a
exposição feita no item 5.2.5.1, conduz às seguintes equações:

 Expressões do Fluxo Subcrítico nos Bueiros Tubulares

V = [(θ – senθ)/(4θ)]2/3 . D2/3.(I1/2/n )


Q = 1/16.[(θ – senθ)5/(2θ)2]1/3.D3/8.(I1/2/n )

Onde:
V = velocidade de escoamento (m/s);

Q = vazão admissível na valeta (m3/s);

D = diâmetro do tubo (m);

I = declividade da obra (m/m)

n = coeficiente de rugosidade das paredes do bueiro;

θ = ângulo central correspondente ao tirante “d” (radianos)

Fazendo-se:

KV = [(θ – senθ)/(4θ)]2/3

KQ = 1/16.[(θ – senθ)5/(2θ)2]1/3

As expressões da velocidade e da vazão assumem a forma seguinte:

V = KV . D2/3 . (I1/2/n )

Q = KQ . D3/8 . (I1/2/n )

 Expressões do Fluxo Subcrítico nos Bueiros Celulares

V = [B.d/(B + 2d)]2/3.(I1/2/n)

Q = [(B.d)5/(B + 2d)3]1/3.(I1/2/n )

Onde:

V= velocidade de escoamento (m/s);

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Q = vazão admissível na valeta (m3 / s);

B = largura do bueiro (m);

d = altura da lâmina d´agua (m);

I = declividade da obra (m/m);

n = coeficiente de rugosidade das paredes.

Da mesma forma, as expressões:

KV = [B.d/(B + 2d)]2/3

KQ = [(B.d)5/(B + 2d)3]1/3

São calculadas a partir da fixação de “B” para valores entre 1,0m e 3,0m. Dessa forma,
as expressões da velocidade e da vazão assumem a seguinte forma:

V = KV.(I1/2/n)

Q = KQ.(I1/2/n)

5.2.5.2 – Dimensionamento do Bueiro como Orifício

Diz-se que um bueiro trabalha como orifício quando o nível d`água a montante (HW)
atende à condição:

HW ≥ 1,2D ou HW ≥ 1,2H

Sendo “D” o diâmetro e “H” a altura do bueiro.

Diz-se, nesse caso, que a vazão depende de sua carga a montante, ou melhor, da
diferença de cotas dos níveis d'água a montante e a jusante, sendo independente da rugosidade
das paredes, do comprimento e da declividade do bueiro.
O dimensionamento do bueiro baseia-se na expressão da velocidade de escoamento
como orifício associada à Equação da Continuidade.

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V = c1 . (2gh)1/2

Onde:

V = velocidade do fluxo na seção contraída (m/s);

c1 = coeficiente de velocidade (adimensional);

g = aceleração da gravidade (adotar 9,81m/s2 );

h = carga hidráulica a montante (m).

Equação da Continuidade:

Q = Ac . V

Onde:

Q = vazão (m3 / s);

Ac = área da seção contraída (m2);

V = velocidade do fluxo na seção contraída (m/s).

A área da seção contraída é obtida a partir da área total do bueiro (A) e do coeficiente
de contração (c2) de acordo com a seguinte relação:

Ac = A . c2

Levando-se em conta a Equação da Continuidade, a expressão da velocidade e o


coeficiente do orifício, pode-se escrever:

Q = A . c2 . c1 . (2gh)1/2

O produto do coeficiente de velocidade “c1” (variando entre 0,97 e 0,98) pelo coeficiente
de contração “c2” (variando entre 0,62 e 0,64) é denominado de coeficiente de orifício (c):

c = c2 . c1

Daí resulta a expressão para o dimensionamento:


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Q = A.c.(2gh)1/2

Os valores geralmente adotados para o coeficiente de orifício (ou vazão) e aceleração da


gravidade são:

c = 0,63 (adimensional) g = 9,81 m/s2

Verifica-se que no dimensionamento dos bueiros trabalhando como orifícios, a vazão


admissível é função da seção da obra, da forma de entrada (orifício), da carga hidráulica e da
aceleração da gravidade, sendo, entretanto, independe da rugosidade das paredes dos bueiros e
de sua declividade.

 Para Bueiros Tubulares de Diâmetro “D”

Q = A . c . (2gh)1/2

Onde, no caso:

A = π . D2/4;

c = 0,63;

g = 9,81 m/s2; e

h = carga hidráulica (m);

tem-se:

Q = 2,192 . D2 . h1/2 (m3/s)

Da Equação da Continuidade, “Q = A.V”, temos:

V = Q/A

V = 2,79 . h1/2 m/s

 Para Bueiros Celulares de “B x H” (base X altura

Q = A . c . (2gh)1/2

Onde, no caso:

A = B . H;

c = 0,63;

g = 9,81 m/s2; e

h = carga hidráulica (m);

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tem-se:

Q = 2,791 . B . H . h1/2

Da Equação da Continuidade, Q = A . V, tem-se:

V = Q/A

V = 2,79 . h1/2 m/s

Chamando “L” o comprimento do bueiro e “D” o seu diâmetro, Manning recomenda


para L/D = 75 e L/D = 100, respectivamente, os coeficientes de vazão 0,588 e 0,548. Esses
dois valores, para o diâmetro do bueiro de 1,0 metro representam alturas de aterro de,
respectivamente, 20 e 30 metros, mais ou menos.
Em resumo, os Coeficientes de Vazão “c”, para o caso dos bueiros tubulares, segundo
Manning, são os seguintes:

Vazão, velocidade e carga hidráulica de bueiros tubulares trabalhando como orifício com c = 0,63.

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Vazão e velocidade dos bueiros celulares trabalhando como orifício para cargas hidráulicas em
relação a altura do bueiro.

* Velocidade que excede o valor limite de erosão do concreto (4,5 m/s), significando nesses
casos que a vazão do bueiro corresponderá à carga hidráulica que satisfaça a velocidade
admissível, ou substituição por material compatível com tal velocidade.

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5.2.5.3 – Dimensionamento por utilização de Nomogramas:

O U.S. Department of Commerce publicou em dezembro de 1965 a “Hydraulic Charts


for the Selection of Highway Culverts” – Hydraulic Engineering, Circular nº 5, que, contendo
nomogramas e tabelas, permite dimensionar os bueiros levando em conta vários fatores, tais
como:

 Hipóteses de controle de entrada e de saída;

 Material de que é constituído o bueiro (metal corrugado, concreto etc.);

 Tipo de bocal;

 Tipo de seção do bueiro.

Ao levar em conta os diversos fatores que influem na vazão admissível de um bueiro, os


diagramas construídos permitem calcular as seções com maior precisão. Face às
considerações anteriores passam as presentes Instruções a admitir o dimensionamento
segundo aquelas tabelas e nomogramas, que são partes constantes do Manual de Drenagem
Rodoviária do DNIT.

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Nomograma para profundidade da carga hidráulica a montante para bueiros em célula de concreto com
controle de entrada.

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Nomograma para profundidade da carga hidráulica a montante para bueiros de tubo de concreto e
controle de entrada

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5.2.5.4 – Dimensões Mínimas para Bueiros

As dimensões mínimas a adotar para os bueiros de grota são:

 bueiros tubulares: diâmetro de 1,0m;

 bueiros celulares: seção de 1,0m x 1,0m.

Excetuam-se os casos de bueiros existentes de dimensões menores cuja inspeção


demonstre perfeito estado de sua estrutura e bom desempenho hidráulico.

5.2.6 – Materiais

5.2.6.1 – Dos tubos

Os tubos de concreto, simples ou armado, devem obedecer aos projetos-tipos do DNER e


serem preparados em formas metálicas, com o emprego de concreto vibrado ou centrifugado.
A construção deve ser centralizada e as dimensões padronizadas para que a produção seja
econômica.

Os tubos metálicos de vários tipos devem ser fabricados com ligas metálicas especiais
inoxidáveis. Os tubos rebitados de chapa normal deverão ter um comprimento mínimo útil de
61cm e ser ligados por meio de virolas de junção, garras de rosca etc. As dimensões máximas
do tubo metálico são condicionadas pela espessura das chapas.

5.2.6.2 – Das Células

As células dos bueiros de concreto armado devem ter paredes mínimas de 0,15m. As lajes
superiores das células dos bueiros devem ser dimensionadas para cargas estáticas e dinâmicas.
Todo o corpo do bueiro celular de concreto armado deve ser calculado de acordo com as
Normas Brasileiras de Concreto Armado tendo em vista as cargas que deve receber e os
limites de segurança compatíveis. Além de todos os detalhes de forma e de armadura deve ser
especificada a resistência para o concreto e o consumo de materiais por metro cúbico.

5.2.6.3 – Das Caixas Coletoras

As caixas coletoras devem ser de concreto ou de alvenaria de tijolo ou blocos de cimento


dependendo do estudo do local, do terreno de fundação e profundidade das mesmas. Devem
seguir os projetos-tipo do DNER.

5.2.6.4 – Das Bocas

As bocas dos bueiros devem ser construídas de:

 concreto armado;

 concreto ciclópico;

 alvenaria revestida com argamassa de cimento-areia.

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A escolha do material fica a critério do projetista levando-se em conta os fatores de


segurança e economia. Qualquer que seja o material empregado deve-se obedecer aos
projetos–tipo do DNER.

Os elementos que constituem a boca de um bueiro são:

A. Boca: constituída da extremidade do duto propriamente dito, que pode ser tubular,
celular ou outros.

B. Muro de Testa: constituído de uma parede paralela ao eixo da estrada destinada a


conter o maciço de terra, evitando sua queda no local.

C. Alas (esquerda e direita): constituída por um muro destinado a conter lateralmente


o solo do maciço evitando que obstruam a boca.

D. Soleira: é colocada ao nível do fundo do corpo do bueiro nas suas extremidades que
serve de fixação da boca e de superfície de escoamento do fluxo d´agua;

5.2.7 – Execução

Os bueiros tubulares quer de concreto quer metálico podem ser executados, de uma
maneira geral, de duas formas:

 Salientes: quando os tubos repousam sobre o terreno natural ou em pequenas


depressões nele abertas, devendo, porém, este tipo de assentamento sempre que
possível ser evitado;

 Em vala: quando colocado em escavação de profundidade maior que seu diâmetro


externo, sendo este o tipo de assentamento preferencial.

Os desenhos seguintes mostram as formas corretas e incorretas de assentamento de


bueiros tubulares quer sejam salientes quer colocados em vala.

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SALIENTES EM VALAS

TERRA ROCHA TERRA ROCHA

CONDENÁVEL CONDENÁVEL CONDENÁVEL


CONDENÁVEL

Não conformado com a Colchão de terra pouco Diretamente apoiado no Colchão de terra pouco
base do tubo fundo profundo
profundo
Ordinários :
De + 0,10 0,15 m

0,15 m

Mínimo De/10

Conformado exatamente Min d/10


com a base do tubo colchão de terra:
a = 0,20 m/m (H<5 m) mínimo 0,50 m
De = diâmetro externo 0,04 m/m (H>5 m),
a = 0,04 m/m (H>5 m) mínimo 0,20 m

Primeira classe
Solo compactado Concreto magro

0,30
0,30
Min De/4
Min 0,3.De Min De/4 mínimo 0,8.De
Min Di/4
Min 0,1.De Min Di/4 areia bem adensada

A construção de um bueiro, precedida de estudos geotécnicos do local através de


sondagens, poderá de acordo com a natureza do solo, necessitar da adoção de providências
adicionais, tais como:

 Remoção de parte do solo e reaterro com material selecionado;

 Construção de um leito com pedra arrumada;

 Construção de berço de concreto;

 Fundações especiais.
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As aberturas e fechamentos de valas para construção de bueiros obedecerão às


“Especificações para Obras Rodoviárias do DNER”, tanto na escavação como na
compactação.

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