Você está na página 1de 11

Manual

de Saneamento
FNS

Fundação Nacional de Saúde


Ministério da Saúde
Departamento de Saneamento
Capítulo 3
Esgotamento Sanitário
3.1. Considerações Gerais
Os dejetos humanos podem ser veículos de germes patogênicos de várias doenças,
dentre as quais febre tifóide e paratifóide, diarréias infecciosas, amebíase, ancilostomíase,
esquistossomose, teníase, ascaridíase, etc. Por isso, torna-se indispensável afastar as
possibilidades de seu contato com:

• homem;
• águas de abastecimento;
• vetores (moscas, baratas);
• alimentos.

Observa-se que, devido à falta de medidas práticas de saneamento e de educação


sanitária, grande parte da população tende a lançar os dejetos diretamente sobre o solo,
criando, desse modo, situações favoráveis a transmissão de doenças.

A solução recomendada é a construção de privadas com veiculação hídrica, ligadas a


um sistema público de esgotos, com adequado destino final. Essa solução é, contudo,
impraticável no meio rural e às vezes difícil, por razões principalmente econômicas, em
muitas comunidades urbanas e suburbanas. Nesses casos são indicadas soluções individuais
para cada domicílio.

3.1.1. Importância Sanitária

Sob o aspecto sanitário, o destino adequado dos dejetos humanos visa,


fundamentalmente, o controle e à prevenção de doenças a eles relacionadas.

As soluções a serem adotadas terão os seguintes objetivos:

• evitar a poluição do solo e dos mananciais de abastecimento de água;


• evitar o contato de vetores com as fezes;
• propiciar a promoção de novos hábitos higiênicos na população;
• promover o conforto e atender ao senso estético.

3.1.2. Importância Econômica

A ocorrência de doenças, principalmente as doenças infecciosas e parasitárias


ocasionadas pela falta de condições adequadas de destino dos dejetos, podem levar o homem
a inatividade ou reduzir sua potencialidade para o trabalho.

Assim sendo, são considerados os seguintes aspectos:

• aumento da vida média do homem, pela redução da mortalidade em consequência


da redução dos casos de doenças;
• diminuição das despesas com o tratamento de doenças evitáveis;
• redução do custo do tratamento da água de abastecimento, através da prevenção
da poluição dos mananciais;

137
• controle da poluição das praias e dos locais de recreação com o objetivo de
promover o turismo;
• preservação da fauna aquática, especialmente os criadouros de peixes.

3.2. Esgotos Domésticos


3.2.1. Conceito

O esgoto doméstico é aquele que provem principalmente de residências,


estabelecimentos comerciais, instituições ou quaisquer edificações que dispõe de instalações
de banheiros, lavanderias e cozinhas. Compõem-se essencialmente da água de banho,
excretas, papel higiênico, restos de comida, sabão, detergentes e águas de lavagem.

3.2.2. Características dos Excretas

As fezes humanas compõem-se de restos alimentares ou dos próprios alimentos não


transformados pela digestão, integrando-se as albuminas, as gorduras, os hidratos de carbono
e as proteínas. Os sais e uma infinidade de microorganismos também estão presentes.

Na urina são eliminadas algumas substâncias, como a ureia, resultantes das


transformações químicas (metabolismo) de compostos nitrogenados (proteínas).

As fezes e principalmente a urina contêm grande percentagem de água, além de


matéria orgânica e inorgânica. Nas fezes estão cerca de 20% de matéria orgânica, enquanto na
urina 2,5%.

Os microorganismos eliminados nas fezes humanas são de diversos tipos, sendo que
os coliformes (Escherichia coli, Aerobacter aerogenes e o Aerobacter cloacae) estão presentes
em grande quantidade, podendo atingir um bilhão por grama de fezes.

3.2.3. Características dos Esgotos

3.2.3.1. Características Físicas

As principais características físicas ligadas aos esgotos domésticos são: matéria


sólida, temperatura, odor, cor e turbidez e variação de vazão.

• Matéria Sólida: os esgotos domésticos contêm aproximadamente 99,9% de


água, e apenas 0,1% de sólidos. É devido a esse percentual de 0,1% de sólidos
que ocorrem os problemas de poluição das águas, trazendo a necessidade de se
tratar os esgotos;
• Temperatura: a temperatura do esgoto é, em geral, pouco superior à das águas
de abastecimento. A velocidade de decomposição do esgoto é proporcional ao
aumento da temperatura;
• Odor: os odores característicos do esgoto são causados pelos gases formados no
processo de decomposição, assim o odor de mofo, típico do esgoto fresco é
razoavelmente suportável e o odor de ovo podre, insuportável, é típico do esgoto
velho ou séptico, devido a presença de gás sulfídrico;
• Cor e Turbidez: a cor e turbidez indicam de imediato o estado de decomposição
do esgoto. A tonalidade acinzentada acompanhada de alguma turbidez é típica do
esgoto fresco e a cor preta é típica do esgoto velho;

138
• Variação de Vazão: a variação de vazão do efluente de um sistema de esgoto
doméstico é em função dos costumes dos habitantes. A vazão doméstica do
esgoto é calculada em função do consumo médio diário de água de um indivíduo.
Estima-se que para cada 100 litros de água consumida, são lançados
aproximadamente 80 litros de esgoto na rede coletora, ou seja 80%.

3.2.3.2. Características Químicas

As principais características químicas dos esgotos domésticos são: matéria orgânica e


matéria inorgânica.

• Matéria Orgânica: cerca de 70% dos sólidos no esgoto são de origem orgânica,
geralmente esses compostos orgânicos são uma combinação de carbono,
hidrogênio e oxigênio, e algumas vezes com nitrogênio.
Os grupos de substâncias orgânicas nos esgotos são constituídos por: -
compostos de: proteínas (40 a 60%), carboidratos (25 a 50%), gorduras e óleos
(10% ) e uréia, sulfatans, fenois, etc.

- As proteínas: são produtoras de nitrogênio e contêm carbono, hidrogênio,


oxigênio, algumas vezes fósforos, enxofre e ferro. As proteínas são o
principal constituinte de organismo animal, mas ocorrem também em plantas.
O gás sulfídrico presente nos esgotos é proveniente do enxofre fornecido
pelas proteínas;
- Os Carboidratos: contêm carbono, hidrogênio e oxigênio. São as principais
substâncias a serem destruídas pelas bactérias, com a produção de ácidos
orgânicos, (por esta razão os esgotos velhos apresentam maior acidez);
- Gordura: é o mesmo que matéria graxa e óleos, provem geralmente do
esgoto doméstico devido o uso de manteiga, óleos vegetais, da carne, etc;
- Os sulfatans; são constituídos por moléculas orgânicas com a propriedade
de formar espuma no corpo receptor ou na estação de tratamento de esgoto;
- Os Fenóis: são compostos orgânicos originados em despejos industriais.

• Matéria Inorgânica

Nos esgotos é formada principalmente pela presença de areia e de substâncias


minerais dissolvidas.

3.2.3.3. Características Biológicas

As principais características biológicas do esgoto doméstico são: microorganismos


de águas residuais e indicadores de poluição.

• Microorganismos de Águas Residuais

Os principais organismos encontrados nos esgotos são: as bactérias, os fungos, os


protozoários, os vírus e as algas.

Deste grupo as bactérias são as mais importantes, pois são responsáveis pela
decomposição e estabilização da matéria orgânica, tanto na natureza como nas estações de
tratamento.

139
• Indicadores de Poluição

Há vários organismos cuja presença num corpo d’água indica uma forma qualquer de
poluição.

Para indicar no entanto a poluição de origem humana usa-se adotar os organismos do


grupo coliforme como indicadores.

As bactérias coliformes são típicas do intestino do homem e de outros animais de


sangue quente (mamíferos) e por estarem presentes nas fezes humanas (100 a 400 bilhões de
coliformes/hab.dia) e de simples determinação, são adotadas como referência para indicar e
medir a grandeza da poluição. Seria por demais trabalhoso e antieconômico se realizar
análises para determinar a presença de patogênicos no esgoto; ao invés disto se determina a
presença de coliformes e, por segurança, se age como se os patogênicos também estivessem
presentes.

3.2.4. Produção de Esgoto em Função da Oferta de Água

3.2.4.1. Pouca Oferta de Água

Nessas condições a água utilizada para consumo, geralmente é obtida em torneiras


públicas ou fontes distantes acarretando um grande esforço físico para o transporte até os
domicílios.

O esgoto produzido nessa condição é praticamente formado por excretas que


normalmente podem ser lançados em fossas secas, estanque ou de fermentação.

3.2.4.2. Muita Oferta de Água

A presença de água em abundância aumenta a produção de esgoto. Nessa condição


os esgotos produzidos necessitam de uma destinação mais adequada onde deve ser levado em
conta: a vazão, tipo de solo, nível do lençol, tipo de tratamento (primário, secundário ou
terciário), etc.

3.2.5. Bactéria Aeróbica e Anaeróbica

O oxigênio é essencial a todo ser vivo para a sua sobrevivência. Na atmosfera


encontramos o oxigênio necessário aos organismos terrestres e o oxigênio para os organismos
aquáticos se encontram dissolvidos na água. Por maior que seja a poluição atmosférica, o teor
de oxigênio no ar ( 21% ) não será tão afetado, já havendo poluição orgânica (esgoto) na água
o oxigênio dissolvido pode até desaparecer, trazendo grandes prejuízos a vida aquática.

Como qualquer ser vivo, as bactérias também precisam de oxigênio. As bactérias


aeróbias utilizam-se do oxigênio livre na atmosfera ou dissolvidos na água, porém as bactérias
anaeróbias para obte-lo terão que desdobrar (abrir) substâncias compostas. Também existe as
bactérias facultativas, que podem viver do oxigênio livre ou combinado. Esses três tipos de
bactérias encontram-se normalmente no solo e podem ser patogênicos ou saprófitas que
vivem exclusivamente às custas de matéria orgânica morta.

140
CONTRIBUIÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM SISTEMAS
DE ESGOTO SANITÁRIO NO BRASIL

Milton Tomoyuki Tsutiya(1) Rui Cesar Rodrigues Bueno

RESUMO: Os sistemas de esgotos urbanos podem ser de três tipos: na Inglaterra e no continente europeu levou a uma situação em que a
sistema unitário, sistema separador parcial e sistema separador absoluto. disposição dos excretos das populações se tornou impraticável. Isto
No sistema unitário, as águas residuárias, as águas de infiltração e as levou ao uso de privadas onde os excretos se acumularam apresentando
águas pluviais veiculam por um único sistema; no sistema separador problemas de odores e vetores.
absoluto, as águas residuárias e as águas de infiltração veiculam em Embora a privada com descarga hídrica tivesse sido inventada em
sistema separado das águas pluviais; e no sistema separador parcial, as 1596, o seu uso generalizado demorou bastante a ocorrer. O seu uso,
águas pluviais provenientes de telhados e pátios são encaminhadas juntamente com as epidemias ocorridas no século 19, foram fatores
juntamente com as águas residuárias e águas de infiltração para um fundamentais para que a coleta e afastamento de esgotos merecessem a
único sistema de coleta e transporte de esgotos. No Brasil é adotado o adequada atenção das autoridades.
sistema separador absoluto, de modo que as águas pluviais não deveriam Seguindo a prática Romana, os primeiros sistemas de esgotos,
chegar aos coletores de esgoto, mas na realidade sempre chegam, não tanto na Europa como nos Estados Unidos foram construídos para coleta
somente devido a defeitos das instalações e também devido às ligações e transporte de águas pluviais. Foi somente em 1915 que se autorizou,
clandestinas. Tem sido observado na grande maioria dos sistemas de em Londres, o lançamento de efluentes domésticos nas galerias de águas
esgotos que parcela significativa de águas pluviais afluem ao sistema, de pluviais e, em 1847 tornou-se compulsório o lançamento de todas as
modo que, na prática, os nossos sistemas funcionam como separador águas residuárias das habitações nas galerias públicas de Londres. Surgiu,
parcial. Pelos dados levantados neste trabalho, a contribuição de águas então, o sistema combinado ou unitário de esgotamento, uma rede única
pluviais variam de 26 a 283% sobre a vazão máxima de período seco e de esgotos para águas servidas e águas pluviais.
taxa de contribuição de águas pluviais de 0,15 a 12 L/s.km. Recomenda- Desenvolvida essa técnica de esgotamento, os ingleses procuravam
se, como meta, um aumento de até 30% sobre a vazão máxima de esgoto aplica-las em cidades de outros países, como: Rio de Janeiro e Nova
no período seco e taxa de contribuição de águas pluviais inferior a 3 L/ Iorque, em 1857; Recife em 1873; Berlim em 1874 e São Paulo, em
s.km. Acima desses valores o esgoto deve ser extravasado para não 1883.
prejudicar o funcionamento do sistema de esgoto, e para isso há Também foram implantados em diversas cidades européias e
necessidade de mudança na legislação ambiental para permitir o americanas, o mesmo sistema desenvolvido pelos ingleses. O sistema de
extravasamento. É importante que seja revisto o sistema atualmente esgotamento unitário teve bom desempenho, em regiões frias e
utilizado no Brasil, definindo novos parâmetros decorrentes das subtropicais, com baixo índice de pluviosidade, atendendo cidades com
contribuições de águas pluviais em sistemas de esgoto sanitário, pois o ruas pavimentadas e com bom nível econômico, no entanto, em regiões
mesmo não retrata a realidade brasileira. tropicais, devido às elevadas precipitações pluviais, baixa densidade
demográfica, falta de pavimentação e limitação de recursos financeiros,
PALAVRAS-CHAVE: Sistema unitário, Sistema separador parcial, os ingleses encontraram dificuldades intransponíveis para a aplicação
Sistema separador absoluto, Coletores de esgoto, Águas pluviais. do sistema unitário. Por essa razão foi idealizada e aplicada uma solução
intermediária, ou seja, o sistema separador parcial que foi implantada no
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA COLETA E TRANSPORTE DE ESGOTO Rio de Janeiro. Neste caso os esgotos recebiam os esgotos domésticos
mais a parcela de águas pluviais que se originava nas áreas construídas
A Cloaca Máxima de Roma, construída no século 6 antes de Cristo, das habitações (áreas cobertas e áreas pavimentadas).
é o mais conhecido canal subterrâneo para o esgotamento sanitário. Em 1879, visando aspectos práticos e econômicos, surgiu nos
Nessa época, a conexão direta das residências a esse canal ou conduto, Estados Unidos o sistema separado, posteriormente denominado de
não era prática generalizada, devido o fato de que a saúde pública era separador absoluto, no qual a rede de esgotos recebe exclusivamente
pouco reconhecida e o saneamento obrigatório era considerada como águas residuárias, de modo que, as águas pluviais são coletadas por
uma violação do direito privado. outra rede independente.
Estruturas similares aos drenos Romanos foram utilizados na Europa O tanque fluxível com descargas periódicas, destinadas à limpeza
medieval, porém, o lançamento de excretos humanos nesses condutos foi proposto com o objetivo de facilitar a aceitação do sistema separador
era terminantemente proibido, de modo que, os excretos eram dispostos absoluto. Em 1912, a cidade de São Paulo adotou esse sistema em
nas ruas, até que a chuva, ou lavagem das ruas os levasse para condutos substituição ao sistema separador parcial. Em 1943, foram iniciadas
de drenagem pluvial e os descarregassem no curso de água mais próximo. experiências em São Paulo cujos resultados permitiram abandonar a
Ao longo do tempo, com o crescimento das comunidades, particularmente adoção generalizada de tanques fluxíveis.

20 A G U A L A T I N O A M É R I C A julio/agosto 2004
TIPOS DE SISTEMAS DE ESGOTOS de águas pluviais, a curva de vazão no período chuvoso é
Os sistemas de esgotos urbanos podem ser de três tipos: aproximadamente paralela a curva de vazão de esgotos em período seco,
· Sistema unitário; com defasagem no tempo, maior ou menor, dependendo do ponto de
· Sistema separador absoluto; observação. A Figura 3 apresenta uma variação típica semanal de vazões,
· Sistema separador parcial. tanto para o período seco como úmido, em um sistema unitário.

SISTEMA UNITÁRIO Figura 3: Variações típicas diárias e semanais das vazões de esgoto
em sistema unitário. Fonte: Metcalf & Eddy (1981).
Sistema de esgotamento unitário, ou sistema combinado é o sistema
em que as águas residuárias (domésticas e industriais), águas de infiltração
(água de subsolo que penetra no sistema através de tubulações e órgãos
acessórios) e águas pluviais veiculam por um único sistema (Figura 1).

Figura 1: Sistema unitário. Fonte: Adaptado de Von Sperling (1995).


A Figura 2 apresenta as vazões veiculadas em um sistema unitário,

A maioria das cidades na Europa e na América do Norte construiram


as suas redes de esgotos em épocas anteriores à invenção do sistema
separador e, por isso possuem sistemas unitários. O mesmo acontece no
cuja curva inferior mostra oscilações típicas, dia a dia, na vazão de
Japão, cuja Foto 1 refere-se ao sistema de esgoto em Kanda, próximo de
esgoto de uma rede coletora durante tempo seco e cuja curva superior
Tóquio, cujo coletor foi construído em 1884.
exemplifica uma oscilação na vazão após uma chuva intensa, continuando
mais elevada que a curva de tempo seco. Foto 1: Coletor de esgoto em Kanda (Japão) construído em 1884.
Fonte JSWA (2003).
Figura 2: Variação típica de vazão, em período seco e úmido, em um
sistema unitário. Fonte: Tchobanoglous (1985).
Em períodos chuvosos, com contribuições pequenas e contínuas

O sistema unitário foi desenvolvido para as condições européias,


onde as precipitações atmosféricas são bem inferiores aos países de
clima tropical como o Brasil. Conforme se observa na Figura 4, de um
modo geral, a intensidade da chuva em cidades européias são

Tabela 1: Uso do sistema unitário em países europeus. Fonte: Lens et al (2001).

País França Alemanha Itália Holanda Espanha Inglaterra


Porcentagem da área 75-80 67 60-70 74 96 70
urbana servida com
o sistema unitário
Época de sua ? 74% após 40% após 50% após ? 50% após
construção 1945 1965 1955 1945
(quando conhecida) 60% após
1963

julio/agosto 2004 A G U A L A T I N O A M É R I C A 21
aproximadamente três vezes menores que a intensidade de chuva No sistema unitário há outros fatores que devem ser considerados
observada em cidades brasileira, de modo que, a vazão de águas pluviais (Tsutiya e Alem Sobrinho, 1999):
é muito menor na Europa do que no Brasil. · O sistema exige desde o início investimentos elevados, devido às
grandes dimensões dos condutos e das obras complementares;
Figura 4: Comparação de intensidade de chuva em cidades européia · A aplicação dos recursos precisa ser feita de maneira mais concentrada,
e brasileira.
reduzindo a flexibilidade de execução programada por sistema;
· As galerias de águas pluviais, que em cidades brasileiras são executadas
em 50% ou menos das vias públicas, terão de ser construídas em todos
os logradouros;
· O sistema não funciona bem em vias pública não pavimentadas, que se
apresentam com elevada freqüência em cidades brasileiras;
· As obras são de difícil e demorada execução;
· Em municípios operados pelas companhias estaduais de saneamento
no Brasil, a responsabilidade da drenagem urbana é da prefeitura municipal
e o sistema de esgoto da companhia estadual.

SISTEMA SEPARADOR ABSOLUTO


As águas residuárias (domésticas e industriais) e as águas de
infiltração (água do subsolo que penetra através das tubulações e órgãos
acessórios), que constituem o esgoto sanitário, veiculam em um sistema
independente, denominado sistema de esgoto sanitário. As águas pluviais
são coletadas e transportadas em um sistema de drenagem pluvial
totalmente independente (Figura 5).
A Tabela 1 apresenta o nível de utilização do sistema de esgotamento
unitário em alguns países europeus, e a época de construção das redes Figura 5: Sistema separador absoluto. Fonte: Adaptado de Von Sperling
de esgotos. (1995).
No sistema unitário, a mistura de esgoto com águas pluviais prejudicam
e oneram consideravelmente o tratamento de esgotos. Mesmo em países
europeus, onde a vazão de águas pluviais é bem menor que o Brasil, o pico
de vazão durante a chuva intensa pode alcançar centenas de vezes maior do
que a vazão de esgoto durante o período seco. Nenhum sistema de
tratamento de esgoto pode funcionar adequadamente com uma variação de
1 para 100. Torna-se necessária a construção de grandes sedimentadores
para uma grande parte da vazão que deixa de sofrer a depuração biológica,
enquanto que a outra parcela submetida ao tratamento secundário se
apresenta com variados graus de diluição, o que é prejudicial.
Devido ao custo elevado dos tanques de equalização de águas
pluviais, os países que utilizam o sistema unitário, de modo geral, limitam
a vazão afluente às estações de tratamento de esgoto (ETEs) sendo que, No Brasil utiliza-se o sistema separador absoluto, por orientação de
o valor típico situa-se na faixa de 2 a 10 vezes a vazão de período seco. A Saturnino de Brito, sendo que, a cidade de São Paulo, em 1912, adotou
vazão que excede esse limite é extravasado para os corpos de água. o sistema separador absoluto em substituição ao sistema separador
A Tabela 2 apresenta os limites de vazão afluentes às estações de parcial.
tratamento de esgotos em diversos países europeus, quando se utiliza o As principais vantagens do sistema separador absoluto são (Tsutiya
sistema unitário. e Alem Sobrinho, 1999):
· Custa menos, pelo fato de empregar tubos de diâmetros bem menores
Tabela 2: Vazões máximas afluentes às ETEs, durante o período das e de fabricação industrial (manilhas, tubos de PVC, etc);
chuvas. Fonte: Lens et al (2001).
· Oferece mais flexibilidade para a execução por etapas, de acordo com as
prioridades (prioridade maior para a rede sanitária);
País Vazões máximas
· Reduz consideravelmente o custo do afastamento das águas pluviais,
Bélgica 2-5 x QMPS
pelo fato de permitir o seu lançamento no curso de água mais próximo,
Dinamarca 8-10 x QMPS
sem a necessidade de tratamento;
França 4-6 QMPS
· Não se condiciona e nem obriga a pavimentação das vias públicas;
Alemanha 7 x QMPS
· Reduz muita a extensão das canalizações de grande diâmetro em uma
Grécia 3-6 x QMPS
cidade, pelo fato de não exigir a construção de galerias em todas as ruas;
Irlanda 6 x QMPS
· Não prejudica a depuração dos esgotos sanitários.
Itália 3-5 x QMPS
Portugal 6 x QMPS
Por outro lado, para o sucesso do sistema de esgoto sanitário é
Espanha 3-5 x QMPS
necessário um eficiente controle para evitar que a água pluvial seja
Inglaterra 6 x QMPS
encaminhada, junto com as águas residuárias, para esse sistema de
*QMPS = Vazão Máxima de Período Seco.
esgoto.

22 A G U A L A T I N O A M É R I C A julio/agosto 2004
SISTEMA SEPARADOR PARCIAL Tabela 3 – Taxa de contribuição pluvial em bacias da RMSP. Fonte:
Alonso et al (1990).
Nesse sistema, uma parcela das águas de chuva, proveniente de
telhados e pátios das economias são encaminhadas juntamente com as
Ponto de controle Bacia Taxa de contribuição
águas residuárias e águas de infiltração do subsolo para um único sistema
pluvial (L/s.km)
de coleta e transporte de esgotos. Portanto, no sistema separador parcial
6601 PI 20 - Traição 2,72
o sistema de esgotos urbanos é, também, constituído de redes de esgoto
6602 PI 20 - Traição 6,88
e de galerias de águas pluviais.
6603 PI 20 - Traição 1,94
6701 PI 18 - Uberaba 4,06
DETERMINAÇAO DE MAGNITUDE DA CONTRIBUIÇÃO DE ÁGUAS
6702 PI 18 – Uberaba 1,57
PLUVIAIS EM SISTEMAS DE ESGOTO NO BRASIL
6703 PI 18 - Uberaba 12,01
Apesar de que, no Brasil, adota-se o sistema separador absoluto, as
pesquisas apresentadas a seguir, demonstram que o sistema de grande Figura 6: Contribuições de esgotos e águas pluviais nas bacias de
parte das cidades brasileiras é de fato, sistema separador parcial. Traição e Uberaba da RMSP. Fonte: Alonso et al (1990).
De um modo geral, a avaliação das vazões devido a contribuição de 330
águas pluviais no sistema de esgoto foram feitas comparando-se 297
hidrogramas obtidos em dias próximos, em tempo seco e em tempo 264
chuvoso. 231

Vazão (l /s)
198
Dados nacionais levantados por Azevedo Netto
165
Azevedo Netto (1979) fez um levantamento muito importante a
132
respeito das contribuições de águas pluviais em sistemas de esgoto,
99
cujos dados mais significativos são:
66
33
· ETE Jesus Netto – São Paulo: os dados obtidos mostraram acréscimos
0
de vazão da ordem de 30% sobre os caudais máximos em tempo seco; 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24h
· Emissário da Vila Leopoldina – São Paulo: nesse emissário foram Tempo (h)
Legenda
feitas medições em várias ocasiões, podendo-se mencionar as seguintes:
Dia com chuva
- 1952 - Estudos elaborados pela empresa Greeley & Hansen observaram Primeiro dia após a chuva
um aumento de 32% sobre as vazões máximas de esgotos; Segundo dia após a chuva
Terceiro dia
- 1965 - Estudos a cargo da empresa Hazen & Sawyer mostraram que a Dia sem chuva

vazão em períodos chuvosos aumentava 40%;


· Região Metropolitana de São Paulo (RMSP): a antiga SANESP, em Pesquisas efetuadas na bacia do Guarapiranga da RMSP
1973, realizou estudos abrangendo cinco sub-bacias e apresentaram Esta pesquisa foi feita pelo eng. Dante Ragazzi Pauli, cujos dados
resultados que atingiram o valor de 6,0 L/s.km de rede, como vazão constam da sua Dissertação de Mestrado “Impacto das Vazões
máxima em dias de chuva, o que correspondem a aumentos de 200% Incontroladas na Operação das Redes Coletoras de Esgotos Sanitários”,
sobre os valores de tempo seco; apresentado à Universidade Mackenzie para obtenção do título de Mestre
· Rio de Janeiro: o antigo DES (Sursan) realizou medições em uma em Saneamento Ambiental, em 1998.
pequena área de Copacabana, em 1959, onde eram freqüentes as A pesquisa foi efetuada na sub-bacia F, localizada na margem
contribuições pluviais para a rede de esgotos e obtiveram o valor de 6,0 esquerda da represa Guarapiranga. Essa sub-bacia faz parte da bacia do
L/s.km. Esse valor foi incluído na norma da ABNT, em 1972, e permanece córrego Guavirutuba, em cujas margens localiza-se a estação elevatória
na norma NBR 12207 – Projeto de Interceptores de Esgoto Sanitário, de esgoto Talamanca.
promulgado em abril de 1992, com a seguinte redação: “A contribuição As principais conclusões dessa pesquisa no que se refere as
pluvial parasitária deve ser determinada com base em medições locais. contribuições de águas pluviais, foram:
Inexistindo tais medições, pode ser adotada uma taxa cujo valor deve ser · Em dias de chuva houve um aumento de vazão de 242% em relação à
justificado e que não deve superar 6 L/s.km do coletor contribuinte ao vazão média ou 143% em relação à máxima horária;
trecho em estudo”. · A taxa de contribuição pluvial foi de 3,90 L/s.km;
· O sistema voltou a apresentar vazões tipicamente domésticas horas
Pesquisas efetuadas na RMSP em sistemas operados pela após o término das precipitações, o que indica ser pequena a influência
SABESP das vazões retardadas e de água armazenada no solo que afluem ao
Programa de monitoramento no sistema de esgotos da RMSP sistema.
Esse programa foi implementado em 1988, em oito bacias, onde
foram avaliados os postos de monitoramento naquela época existentes, Pesquisas efetuadas no município de Santo André, Estado
assim como propostas alterações nas estruturas e aparelhos de medição de São Paulo
de vazão e a implantação de novos postos. As conclusões desse estudo Essa pesquisa foi feita nas bacias dos córregos Araçatuba e Itororó,
foram apresentadas por Alonso et al (1990), de modo que na Tabela 3 e no Bairro Bom Pastor, no município de Santo André, pela empresa BBL,
Figura 6 estão resumidas as contribuições de águas pluviais observadas. contratada pela SEMASA – Serviço Municipal de Água e Saneamento de

julio/agosto 2004 A G U A L A T I N O A M É R I C A 23
Santo André (Mello, 2002). Foram utilizados para a medição de vazão de Pesquisas efetuadas no sistema de esgoto sanitário da cidade de
esgotos, medidores eletromagnéticos portáteis introduzidos nos poços Tatuí, Estado de São Paulo
de visita, onde foram registrados as vazões contínuas ao longo dos dias Com o objetivo de caracterizar de forma quantitativa e qualitativa o
secos e chuvosos dos meses de abril, maio e junho de 1995. A Figura 7 esgoto sanitário da cidade de Tatuí, procedeu-se a determinação de dados
apresenta as medições realizadas em domingos secos e chuvosos na locais, através de levantamentos efetuados na ETE existente nas
sub-bacia A, no poço de visita 79, do córrego Itororó. proximidades da CEAGESP, principal sistema da cidade. As vazões de
esgoto, inclusive as contribuições pluviais foram determinadas na calha
Figura 7: Influência de águas pluviais no sistema de esgotos de Santo Parshall, localizado à montante das lagoas de estabilização.
André – Bacia do córrego Itororó. Fonte: Mello (2002).
A Figura 9 apresenta a média das vazões afluentes à ETE, no período
12 12 seco e período úmidos, referente ao mês de setembro de 1992. Observa-
se nessa figura que houve um aumento no pico de vazão de cerca de 31%
10 10
devido às águas pluviais.

Altura pluviométrica (mm)


8 8

Figura 9: Medições realizadas no sistema de esgoto sanitário da


Vazão (l/s)

6 6 cidade de Tatuí – Sistema CEAGESP. Fonte: AMPI (1993).


4 4

2 2

0 0

Tempo (hora)

Domingo chuvoso 7/5/95 Domingo seco 14/5/95 Domingo seco 28/5/95

Na figura 7, pode ser observado um padrão característico nas


variações da vazão ao longo de domingos secos, como a diminuição da
vazão durante a madrugada quando o consumo de água é menor e,
conseqüentemente, a produção de esgotos também; um aumento mais
acentuado da hora do almoço, devido ao maior consumo de água nesses
períodos. No domingo chuvoso, é evidente a relação entre o aumento da
vazão e a ocorrência da chuva, pois os picos praticamente coincidem. Há Pesquisas efetuadas no sistema de esgoto sanitário da cidade de
ainda um reflexo da chuva no comportamento da vazão de esgoto no Franca, Estado de São Paulo
restante do dia, se comparado com o comportamento da vazão em A pesquisa efetuada por Tsutiya e Bueno (2003) no sistema de
domingos secos. esgoto sanitário da cidade de Franca, demonstrou que quantidades
A Figura 8 apresenta as medições realizadas na sub-bacia F do significativas de águas pluviais são introduzidas nos coletores de esgoto,
córrego Araçatuba, cujas medições foram realizadas no poço de visita de modo que, esse aumento de vazão pode comprometer o processo de
27. Neste caso, a influência da chuva na vazão de esgoto ocorre tratamento de esgotos provocando o arraste de sólidos, ou é extravasado
principalmente no período da precipitação, não havendo muita influência e enviado aos corpos receptores, provocando problemas ambientais.
no restante do dia. As principais conclusões dessa pesquisa são:
· O acréscimo de vazão no período úmido em relação ao tempo seco foi
Figura 8: Influência de águas pluviais no sistema de esgotos de Santo de 26,76%;
André – Bacia do córrego Araçatuba. Fonte: Mello (2002).
· Foi obtida uma taxa de contribuição de esgoto mais águas pluviais
afluentes à ETE Franca de 2,60 a 2,72 L/s.km e exclusivamente para águas
pluviais, descontando-se a vazão média de esgoto tratado de 2,13 a 2,26
L/s.km;
· Os coeficientes de variação de vazão foram:
K1 = 5,50 e K2 = 3,73, o que demonstra a existência de grandes variações
de vazões e por sua vez do volume afluente à ETE, sendo muito superiores
aos valores recomendados pela norma NBR 9649 da ABNT.

RESUMO DAS PESQUISAS APRESENTADAS


A Tabela 4 apresenta um resumo dos principais dados levantados
nas pesquisas relacionadas neste trabalho.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
As principais conclusões e recomendações deste trabalho são:
· Quando se considera uma área muito extensa não se pode considerar
um acréscimo grande generalizado incidindo sobre toda a extensão de
coletores, pois a intensidade de chuva é variável, e não apresenta

24 A G U A L A T I N O A M É R I C A julio/agosto 2004
Tabela 4: Contribuições de águas pluviais em sistemas de esgoto sanitário. Milton Tomoyuki Tsutiya(1)
Autor Local Ano Dados originais Taxa de Engenheiro Civil pela Escola
contribuição Politécnica da USP (1975). Mestre em
de águas Engenharia pela Escola Politécnica da USP
pluviais(L/s.km) (1984). Doutor em Engenharia pela Escola
Greeley & Hansen São Paulo 1952 32% sobre QMPS 0,15 Politécnica da USP (1990). Professor do
Hazen & Sawyer São Paulo 1965 35% sobre QMPS 0,16 Departamento de Engenharia Hidráulica e
Des, Sursan Rio de Janeiro 1959 6,0 L/s.km 6,0 Sanitária da Escola Politécnica da USP.
SANESP São Paulo 1973 6,0 L/s.km 6,0 Engenheiro da Diretoria de Tecnologia e
Alonso et al RMSP 1990 1,57 a 12,01 L/s.km 1,57 – 12,01 Planejamento da Sabesp.
Pauli São Paulo 1998 242% sobre QMPS 3,90 Rui Cesar Rodrigues Bueno
Mello Santo André 2002 100 a 283% sobre QMPS nd Químico Industrial pela Escola
AMPI Tatuí 1992 31% sobre QMPS 2,27 Superior de Química Osvaldo Cruz (1989).
Tsutiya e Bueno Franca 2003 26,76% sobre QMPS 2,13 – 2,2 Especialização em Saúde Pública pela
ABNT Brasil 1992 6,0 L/s.km 6,0 FMRP da USP (1992). Mestre em Saúde
*nd = não disponível. Pública pela Faculdade de Saúde Pública
*QMPS = Vazão Máxima de Período Seco. da USP (2000). Gerente do Setor de
Tratamento de Esgotos de Franca.

características de simultaneidade.
· O acréscimo percentual sobre a vazão máxima em tempo seco, dependerá
Endereço(1): Rua Palestina 531, Apto 74 – Vila Mascote – São Paulo
da atuação da prestadora de serviços de saneamento em controlar as
– SP - CEP: 04367-030 - Brasil - Tel: (11) 33888265 - e-mail:
ligações de águas pluviais no sistema de esgoto sanitário.
mtsutiya@sabesp.com.br
· Os dados desta pesquisa demonstram que os sistemas de esgotos
sanitários não funcionam como previsto nas normas brasileiras, que
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
estabelece o sistema separador absoluto, e na realidade, no Brasil, os
1. Alonso, L.R. et al Sewage System Improvement by Operational
sistemas operam como sistemas separadores parciais.
Parameters Research. Water Environment & Techinology. V ol. 2, nº 12.
· A contribuição de águas pluviais em sistemas de esgoto sanitário é
December, 1990.
muito variável, atingindo valores que variam de 26 a 283% sobre a vazão
2. AMPI Revisão do Estudo de Concepção para o Sistema de Esgotos
máxima de período seco e taxa de infiltração de 0,15 a 12 L/s.km.
Sanitários de Tatuí. Relatório R1. Volume I, Textos. Julho de 1993.
· A norma brasileira NBR 12207 da ABNT, recomenda o valor de 6 L/s.km
3. AZEVEDO NETTO, J.M. Contribuições Indevidas para a Rede de
para a contribuição de águas pluviais, sendo que esse valor foi obtido em
Esgotos. Revista DAE, nº 120, 1979.
sistemas de esgotos sanitários no Rio de Janeiro e em São Paulo, em
4. AZEVEDO NETTO, J.M Sistemas de Esgotamento Unitário e Separador.
1959 e 1973, respectivamente; portanto há mais de 31 anos.
Capítulo 2. Curso por Correspondência. Sistema de Coleta e Transporte
· A ligação de esgoto, principalmente em residências, deve ser revista
de Esgotos Sanitários. CETESB. São Paulo, 1987.
pelas prestadoras de serviços de saneamento do Brasil. Mesmo em bairros
5. JSWA Making Great Break throughs. Japan Sewage Works Association.
considerados como de ocupação recente, é perceptível que a introdução
2003.
de águas de chuvas na rede coletora é substancial, e portanto, a sistemática
6. LENS, P. Et al Decentralised Sanitation and Reuse. Concept. Sustems
de inspeção e liberação da ligação tem demonstrado ser incapaz de evitar
and Implementation. IWA Publishing.
a ligação considerada “clandestina” de água de chuva na rede de esgoto.
7. MELLO, G.S.L. Investigação das Oscilações Diárias e Transientes de
· Como recomendação deste trabalho, pode-se admitir, como meta, um
Vazão e Qualidade em Esgotos Urbano no Estado de São Paulo. Relatório
aumento de 30% sobre a vazão máxima de esgoto no período seco. A
Científico. Instituto Mauá de Tecnologia. São Caetano do Sul. 2002.
taxa de contribuição de águas pluviais não deve exceder o valor de 3 L/
8. METCALF & EDDY Wastewater Engineering: Collection and Pumping
s.km, ou seja, metade do valor preconizado pela norma brasileira NBR
of Wastewater. McGraw-Hill. New York, 1981.
12207 da ABNT. Valores acima devem ser extravasados ao corpo receptor
9. PAULI, D.R. Impacto das Vazões Incontroladas na Operação das
para não prejudicar o funcionamento do sistema de esgoto, de modo que
Redes Coletoras de Esgotos Sanitários. Dissertação de Mestrado.
o projeto já deve prever essa contribuição adicional.
Universidade Mackenzie. São Paulo, 1998.
· Recomenda-se modificação na legislação ambiental para permitir o
10. TCHOBANOGLOUS, G.; SCHROEDER, E.D. Water Quality:
extravasamento das contribuições de águas pluviais nos corpos receptores,
Characteristic, Modeling, Modifications. Addison Wesley. London, 1985.
de modo semelhante ao que ocorre em países europeus.
11. TSUTIYA, M.T.; ALEM SOBRINHO, P. Coleta e Transporte de Esgoto
· Devem ser incentivados medições em outros sistemas de esgotos, para
Sanitário. Esgoto Sanitário. Escola Politécnica da USP. São Paulo, 1999.
que se possa definir novos parâmetros decorrentes das contribuições de
12. TSUTIYA, M.T.; BUENO, R.C.R. Contribuição de Águas Pluviais em
águas pluviais, de modo a subsidiar a comunidade técnica a discutir e
Sistemas de Esgotos Sanitários. Estudo de Caso da Cidade de Franca,
rever o sistema atualmente utilizado no Brasil, pois o mesmo não retrata
Estado de São Paulo. 22o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária
a realidade nacional.
e Ambiental. Joinville, Santa Cataria. Setembro, 2003.
13. VON SPERLING, M. Introdução à Qualidade das Águas e ao
Tratamento de Esgotos. Volume 1. Departamento de Engenharia Sanitária
e Ambiental. UFMG. Belo Horizonte, 1995.

julio/agosto 2004 A G U A L A T I N O A M É R I C A 25

Você também pode gostar