Você está na página 1de 133

CONSTRUÇÃO CIVIL CONSTRUÇÃO CIVIL

Construção Civil
Gabriela Maria Silva Maia Gabriela Maria Silva Maia

Ao longo desse curso, entenderemos os sistemas iniciais de construção e, para além da


técnica, aprenderemos conceitos importantes, desenvolvendo, a partir deles, as com-
petências necessárias para aplicá-los em uma construção. Como profissional atuante
dentro da esfera construtiva em nosso País, enfrentamos desafios e precisamos tomar
decisões, selecionando a técnica construtiva mais adequada para cada situação. Para
isso, precisamos conhecer todas as etapas de uma obra, desde os estágios iniciais de
implantação do canteiro até a sua finalização.
O ramo da construção civil é um ramo que está em constante mudança, tanto no que diz
respeito aos materiais empregados, quanto às técnicas adotas para construir. É uma
área ampla, na qual podemos aplicar os conhecimentos obtidos em cada um dos prin-
cipais processos de execução de uma edificação. Isso permite guiar a execução de uma
obra, liderando seus funcionários em cada processo, a fim de entregar produtos de alto
padrão aos seus clientes. Visamos aqui, portanto, conduzir o aluno por uma jornada de
aprendizagem, a fim de ampliar seu conhecimento técnico acerca da construção civil.

GRUPO SER EDUCACIONAL

gente criando o futuro

SER_ENGCIV_CONCIV_CAPA.indd 1,3 23/11/2020 12:19:18


Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz

Diretor-presidente Jânyo Diniz

Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo

Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz

Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira

Autoria Gabriela Maria Silva Maia

Projeto Gráfico e Capa DP Content

DADOS DO FORNECEDOR

Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional,

Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.

© Ser Educacional 2020

Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro

Recife-PE – CEP 50100-160

*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.

Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio

ou forma sem autorização.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do

Código Penal.

Imagens de ícones/capa: © Shutterstock

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 2 23/11/2020 12:02:35


Boxes

ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.

CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.

CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.

CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.

DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.

EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.

EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 3 23/11/2020 12:02:35


Sumário

Unidade 1 - Sistemas iniciais


Objetivos da unidade............................................................................................................ 12

Infraestrutura......................................................................................................................... 13
Tipos de construções....................................................................................................... 13
Fases de uma obra........................................................................................................... 16

Locação de obras.................................................................................................................. 21
Contrapiso.......................................................................................................................... 23
Andaimes e transporte vertical...................................................................................... 24

Concretagem.......................................................................................................................... 27
Materiais para formas e escoramentos....................................................................... 27
Formas para elementos estruturais.............................................................................. 29
Execução, cura e desmontagem................................................................................... 34

Sintetizando............................................................................................................................ 37
Referências bibliográficas.................................................................................................. 38

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 4 23/11/2020 12:02:35


Sumário

Unidade 2 - Sistemas intermediários


Objetivos da unidade............................................................................................................ 41

Alvenarias............................................................................................................................... 42
Tipos e funções................................................................................................................. 42
Materiais empregados.................................................................................................... 46
Técnicas de execução.................................................................................................... 48

Revestimentos e pavimentação.......................................................................................... 52
Ferramentas utilizadas.................................................................................................... 55
Técnicas de execução.................................................................................................... 55

Impermeabilização............................................................................................................... 62
Tipos e materiais............................................................................................................... 63
Processos e ferramentas................................................................................................ 66

Sintetizando.................................................................................................... 67
Referências bibliográficas.................................................................................................. 69

CONSTRUÇÃO CIVIL 5

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 5 23/11/2020 12:02:35


Sumário

Unidade 3 - Sistemas finais: acabamentos


Objetivos da unidade............................................................................................................ 71

Esquadrias.............................................................................................................................. 72
Tipos e materiais empregados....................................................................................... 73
Ferramentas utilizadas.................................................................................................... 83
Processos de colocação................................................................................................. 84

Vidros....................................................................................................................................... 86
Ferramentas utilizadas.................................................................................................... 91
Processos de colocação................................................................................................. 92

Pinturas................................................................................................................................... 93
Tipos de pinturas.............................................................................................................. 94
Ferramentas utilizadas.................................................................................................... 97
Processos de aplicação.................................................................................................. 97

Sintetizando.......................................................................................................................... 100
Referências bibliográficas................................................................................................ 102

CONSTRUÇÃO CIVIL 6

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 6 23/11/2020 12:02:35


Sumário

Unidade 4 - Sistemas finais: cobertura


Objetivos da unidade.......................................................................................................... 104

Telhados e coberturas........................................................................................................ 105


Componentes da estrutura........................................................................................... 106
Materiais de cobertura.................................................................................................. 111
Traçado de telhados...................................................................................................... 118
Técnicas de execução.................................................................................................. 121

Forros..................................................................................................................................... 122
Tipos de forros................................................................................................................ 123
Ferramentas utilizadas.................................................................................................. 128
Técnicas de execução.................................................................................................. 129

Sintetizando.......................................................................................................................... 132
Referências bibliográficas................................................................................................ 133

CONSTRUÇÃO CIVIL 7

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 7 23/11/2020 12:02:35


SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 8 23/11/2020 12:02:35
Apresentação

Ao longo desse curso, entenderemos os sistemas iniciais de construção e,


para além da técnica, aprenderemos conceitos importantes, desenvolvendo, a
partir deles, as competências necessárias para aplicá-los em uma construção.
Como profissional atuante dentro da esfera construtiva em nosso País, enfren-
tamos desafios e precisamos tomar decisões, selecionando a técnica constru-
tiva mais adequada para cada situação. Para isso, precisamos conhecer todas
as etapas de uma obra, desde os estágios iniciais de implantação do canteiro
até a sua finalização.
O ramo da construção civil é um ramo que está em constante mudança,
tanto no que diz respeito aos materiais empregados, quanto às técnicas adotas
para construir. É uma área ampla, na qual podemos aplicar os conhecimentos
obtidos em cada um dos principais processos de execução de uma edificação.
Isso permite guiar a execução de uma obra, liderando seus funcionários em
cada processo, a fim de entregar produtos de alto padrão aos seus clientes.
Visamos aqui, portanto, conduzir o aluno por uma jornada de aprendizagem, a
fim de ampliar seu conhecimento técnico acerca da construção civil.

CONSTRUÇÃO CIVIL 9

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 9 23/11/2020 12:02:35


A autora

A professora Gabriela Maria Silva


Maia é especialista em Geoprocessa-
mento e Georreferenciamento, pelo
Instituto Prominas (2019), graduada
em Engenharia Civil (2018) e Ciência e
Tecnologia (2016), pela Universidade
Federal Rural do Semi-Árido. Minis-
trou aulas de Cálculo I, II, III e Ciência
dos Materiais, de 2018 a 2020 e atua na
construção civil desde 2018.

Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3023463828510861

À minha querida mãe, por estar sempre presente, independentemente


da distância ou situação, e por ser minha inspiração diária e mentora
de vida. Aos meus irmãos, Daniela e Júnior, pela parceria e amor
incondicional. Por fim, aos meus mestres e alunos, responsáveis pelo que
chamo de evolução profissional.

CONSTRUÇÃO CIVIL 10

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 10 23/11/2020 12:02:36


UNIDADE

1 SISTEMAS INICIAIS

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 11 23/11/2020 12:02:46


Objetivos da unidade
Conhecer os tipos e etapas de uma construção e diferenciar os principais
sistemas construtivos;

Entender os procedimentos para implantação do canteiro de obras e como


se dá o deslocamento de materiais dentro de uma obra;

Entender o que é e como é elaborado um sistema de formas e


escoramentos;

Compreender as etapas de execução da concretagem, assim como a cura do


concreto e seus métodos de aplicação.

Tópicos de estudo
Infraestrutura
Tipos de construções
Fases de uma obra

Locação de obras
Contrapiso
Andaimes e transporte vertical

Concretagem
Materiais para formas e esco-
ramentos
Formas para elementos
estruturais
Execução, cura e desmontagem

CONSTRUÇÃO CIVIL 12

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 12 23/11/2020 12:02:46


Infraestrutura
Desde os tempos mais remotos, as construções existem nas suas variadas
formas. Juntamente com a descoberta do fogo, o homem descobriu também
ser engenheiro. A descoberta de materiais e suas formas de aplicação insti-
garam o homem a começar a construir. Desde as construções primitivas, as
técnicas foram evoluindo, até chegar no formato de construção que conhece-
mos hoje. Com o contínuo avanço da tecnologia e o desenvolvimento de novos
materiais, as técnicas de construção tendem a uma constante mudança.
Assim, é importante que conheçamos todos os tipos e as etapas da constru-
ção, desde a concepção do projeto até a finalização da obra. Devemos sempre
nos atentar às mudanças e modernizações nas formas de construir, tendo em
vista que este processo está em constante evolução. Com isso em mente, estu-
daremos os sistemas iniciais de construção e desenvolveremos competências
acerca das técnicas para a execução de obras.

Tipos de construções
A construção tradicional, que utiliza blocos cerâmicos, é a mais conhe-
cida e começou a ser aplicada há muito tempo, se mostrando satisfatória
até hoje. A prova disso é o fato de continuar sendo amplamente utilizada,
mesmo com a evolução dos sistemas construtivos. Hoje em dia, a indús-
tria é capaz de produzir inúmeros bens e serviços, a partir da aplicação de
tecnologias que permitem ir além do convencional, construindo de forma
inteligente e efi caz.
Quando se fala em construir um imóvel, uma ponte, um espaço de con-
vivência ou qualquer que seja o ambiente, logo se pensa na oportunidade
de projetar e construir esse espaço de forma que atenda às ne-
cessidades daqueles que o utilizarão. O que poucos param para
pensar é no tipo de construção adequada a ser implan-
tada. A seleção do sistema construtivo envolve a
análise de diversos aspectos, como o custo e a du-
ração da obra, o material empregado e até mesmo
a aparência da construção.

CONSTRUÇÃO CIVIL 13

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 13 23/11/2020 12:02:46


O tipo de construção depende muito do tipo de material utilizado, pois, na
verdade, o tijolo cerâmico é apenas um dentre os vários elementos disponíveis
que caracterizam os tipos de construções existentes. Podemos citar, então, as
construções de concreto, de madeira, de aço, os contêineres e tantos outros.
Em meio a tantas opções construtivas existentes, os mais empregados são: a
alvenaria tradicional, a alvenaria estrutural, as paredes de concreto, o concreto
pré-moldado, o steel framing e o wood framing.
Na construção em alvenaria tradicional (Figura 1), o elemento principal utilizado
para a execução é o tijolo cerâmico, ou seja, o edifício, a residência ou outro tipo de
espaço construído é feito apenas de tijolos. Essa alvenaria é comumente nomeada
como alvenaria de vedação e é um sistema amplamente empregado no Brasil. É aque-
la composta por paredes de tijolos, que têm a função de separar os ambientes. Apesar
de não apresentar característica estrutural, esse tipo de construção deve desempe-
nhar a função de sustentar seu próprio peso e o peso dos possíveis revestimentos.

Figura 1. Bloco de tijolo na construção civil residencial. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 29/06/2020.

A construção em alvenaria estrutural é outro tipo muito comum, que difere


da tradicional, segundo Ricardo Bentes Kato (2002), por apresentar função dupla:
separar ambientes e estruturar a edificação. Nesse tipo de construção, o elemento
utilizado é o bloco estrutural, que consiste em um bloco feito de concreto e apre-
senta propriedades específicas, que influenciam na estruturação da construção.
Ao contrário das construções em alvenaria tradicional, esse tipo de construção re-
quer mão de obra especializada, tendo em vista que o processo construtivo pode
causar acidentes, caso haja execução inadequada.

CONSTRUÇÃO CIVIL 14

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 14 23/11/2020 12:02:54


A construção em paredes de concreto tem crescido muito nos últimos anos, sen-
do amplamente empregado em todo o País. Trata-se de uma construção na qual tanto
paredes, como lajes são concretadas simultaneamente. Para isso, toda a estrutura da
edificação é modelada com formas reaproveitadas, podendo ser plásticas, metálicas
ou de madeira, e todas as instalações (elétricas e hidráulicas) são posicionadas antes
da concretagem.
O processo produtivo desse tipo de construção tem início com a montagem das
formas, seguido pelo correto posicionamento da armadura e das tubulações e, por
fim, é feita a concretagem da estrutura. Assim, existe uma vantagem econômica nes-
se tipo de construção, tendo em vista a reutilização das formas e a diminuição do
tempo gasto em sua execução (VIEIRA, 2014).
Apesar de ser semelhante à construção com parede de concreto, a construção
em concreto pré-moldado apresenta um processo de produção diferente. Trata-se
de uma construção em que a estrutura ganha forma a partir da junção de peças de
concreto fabricadas em indústria. Esse tipo de construção é amplamente empregado
em viadutos, galpões e estruturas de grande porte. De fácil execução, uma de suas
principais vantagens é a rapidez na execução, além de gerar poucos resíduos.
A construção em steel framing consiste em um sistema em que todo o es-
queleto da obra é feito com perfis de aço (Figura 2). Esses perfis, posicionados
adequadamente, formam o esqueleto da edificação. O fechamento das paredes é
feito com outros tipos de materiais, como drywall, placas de madeira ou cimentí-
cias. Esse tipo de construção se destaca pela simplicidade no processo executivo,
sendo parte da estrutura montada durante o processo de fabricação, chegando
quase pronta ao canteiro de obras.

Figura 2. Construção utilizando perfis de aço. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 29/06/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 15

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 15 23/11/2020 12:02:59


Segundo Molina e Junior (2010), a construção em wood framing consiste
em um sistema durável, na qual toda a estrutura é feita com perfis de ma-
deira (Figura 3), formando toda a região de pisos, paredes e telhados, que
são preenchidos com outros materiais. Esse tipo de construção proporciona
maior conforto térmico e acústico, além de ser leve, tendo seu peso comple-
tamente distribuído entre os perfis de madeira. É um sistema pouco utilizado
no Brasil, mas que, aos poucos, está crescendo e ganhando a confiança de
muitos construtores.

Figura 3. Estrutura de residência feita em wood framing. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 29/06/2020.

Fases de uma obra


Assim como na vida e na maioria dos processos que existem, as obras tam-
bém respeitam um ciclo de início, meio e fim, que chamamos de fases
da obra. É dentro dessas fases que uma construção é planejada,
sai do papel, ganha forma e é finalizada. Para que uma
obra aconteça com o máximo de aproveitamento e o
mínimo de imprevistos possíveis, todas as suas fa-
ses devem ser cumpridas e executadas. Para isso, é
indispensável conhecer cada uma delas.

CONSTRUÇÃO CIVIL 16

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 16 23/11/2020 12:03:02


Toda obra inicia com a elaboração do projeto, que norteará o desenvolvimento
da construção. Seguindo o escopo do projeto, são realizados os serviços prelimina-
res, nos quais o terreno é preparado, para, em seguida, ser implementado o alicerce
da construção. Na sequência, os elementos estruturais e não estruturais são exe-
cutados, ou seja, a construção tem seu esqueleto moldado, para que a construção
passe pela fase de acabamentos. Assim, as fases da obra constituem seu ciclo de
desenvolvimento, todas elas possuindo ligações entre si, o que torna o processo
bem intuitivo, pois, para que uma fase inicie, a anterior precisa ter sido finalizada.
Os serviços preliminares de uma obra constituem todas as ações que devem
ser realizadas antes do início da construção em si. Elas envolvem desde o reconhe-
cimento e preparação do terreno até a montagem do canteiro de obras. Os serviços
preliminares iniciam com a limpeza do terreno, pois, para que se possa construir,
o terreno precisa estar limpo e nivelado. Em seguida, o local da obra precisa ser
identificado, etapa fundamental para que o canteiro de obras possa ser instalado.
O processo de limpeza e nivelamento do terreno é conhecido como terra-
plenagem (Figura 4). Também chamada de movimentação de terra, ela consiste
no procedimento de adequar o terreno aos requisitos propostos no projeto. Tal
adequação se dá por meio do corte de terra em locais onde há excesso, aterro
em locais com pouca terra e transporte do material excedente. A transposição do
material em excesso, para locais fora do canteiro de obras, deve ser legalizada e
devidamente regularizada, em concordância com as normas locais.

Figura 4. Vista aérea do grande canteiro de obras com várias máquinas de terraplenagem. Fonte: Shutterstock. Acesso
em: 29/06/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 17

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 17 23/11/2020 12:03:06


O requisito mínimo para a execução de terraplenagem consiste no levanta-
mento planialtimétrico, contendo as cotas exatas para a locação do canteiro
de obras. Além disso, para realizar a movimentação de terra por corte ou ater-
ro, é necessário um estudo prévio do tipo de solo com o qual se está trabalhan-
do. Todo o detalhamento a respeito do tipo de terra em questão é obtido por
meio do relatório de sondagem. De posse dos dados contidos nestse relatório,
o profissional pode executar a terraplenagem com segurança e precisão.
As informações necessárias para identificação e classificação das diversas
camadas que compõem o subsolo, e que proporcionam um bom entendimento
do comportamento da edificação sobre ele, são obtidas durante a etapa de
investigação geotécnica, também conhecida como sondagem do solo. Com a
realização da sondagem, é possível identificar diversas características do terre-
no em trabalho, tais como a profundidade na qual o lençol freático se encontra,
bem como o tipo e a resistência do solo naquele local.
Feita a limpeza do terreno e seu nivelamento, o canteiro de obras
pode ser instalado, o que requer providências específicas para garantir
a qualidade e higiene no local de trabalho. Por ser uma área de
trabalho em que são realizados todos os serviços de apoio à
execução de uma obra, o canteiro de obras precisa conter ins-
talações elétricas, hidráulicas e sanitárias adequadas, além de
conter obrigatoriamente espaços operacionais e de convivência.
Na instalação do canteiro de obras, estão previstas as instalações provisó-
rias, que têm início com a escolha do material que circundará a obra. Em sua
grande maioria, as construções no Brasil têm seu canteiro de obras instalado
em áreas circundadas por chapas de compensado resinado. Além disso, os es-
paços operacionais e de vivência, contidos dentro do canteiro, apresentam ele-
mentos específicos locados, conhecidos como elementos do canteiro de obras,
e que podem ser divididos entre:
• Elementos de produção – são todos aqueles necessários à execução da
obra, como a central de argamassa, o pátio de corte e dobra de armaduras, e
as centrais de formas, de pré-moldados e de montagem das instalações, além
dos espaços para armazenamento dos materiais que chegam à obra, como ci-
mento, agregados, argamassas, ferramentas, tubulações, tintas, louças e todos
aqueles materiais necessários a uma construção;

CONSTRUÇÃO CIVIL 18

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 18 23/11/2020 12:03:06


• Elementos de transporte – são elementos indispensáveis, res-
ponsáveis pelo transporte de materiais dentro da obra e classificados
de acordo com o tipo de movimentação realizada. Podem ser manuais,
sendo deslocados pelos próprios trabalhadores (como carrinhos de mão,
baldes ou masseiras), ou mecanizados (como gruas, guindastes e bombas
de argamassa);
• Elementos de apoio técnico – são aqueles que devem ser instalados
no canteiro de obras, como, por exemplo, guaritas, estacionamentos, es-
critórios e sala de reuniões;
• Elementos de vivência – são aquelas designadas a suprir as necessi-
dades básicas de alimentação, higiene, descanso e convivência dos seres
humanos. A Norma Regulamentadora 18 (BRASIL, 1978) define a implemen-
tação de espaços obrigatórios de vivência no canteiro, como alojamentos,
banheiros, refeitórios, cozinha e outros, além de exigir que tais ambientes
não sejam instalados no subsolo das construções, a fim de manter boas
condições de higiene e saúde.

CURIOSIDADE
Os banheiros em um canteiro de obras devem ser posicionados de tal
forma que a distância entre eles e qualquer outro ambiente da obra não
ultrapasse 150 m, ou seja, a localização dos banheiros dentro de uma obra
deve ser estratégica. Além disso, não é permitida a existência de portas
que deem acesso direto ao refeitório, para que sejam mantidas as condi-
ções básicas sanitárias.

Além da NR-18, existem outras Normas Regulamentadoras (Quadro 1)


que norteiam os processos da construção civil. Por fim, a Figura 5 ilus-
tra com clareza um canteiro de obras, sendo possível visualizar
elementos como o armazenamento de materiais (agregados),
elementos de transporte de materiais, recipien-
tes para armazenamento de água, estaciona-
mento e outros. Observe o nível de organiza-
ção do canteiro ilustrado, com os elementos
devidamente instalados e de fácil localização,
garantindo o bom desenvolvimento da obra.

CONSTRUÇÃO CIVIL 19

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 19 23/11/2020 12:03:06


QUADRO 1. NORMAS REGULAMENTADORAS APLICADAS À
CONSTRUÇÃO CIVIL

NR DESCRIÇÃO

Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina


NR-4
do Trabalho (SESMT)

NR-5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

NR-6 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

NR-7 Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO)

NR-9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

NR-10 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

NR-11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais

NR-12 Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos

NR-26 Sinalização de Segurança

NR-35 Trabalho em Altura

Fonte: BRASIL, 1978. (Adaptado).

Figura 5. Canteiro de obras. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 29/06/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 20

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 20 23/11/2020 12:03:11


Locação de obras
Locar uma obra significa passar o projeto do papel para o terreno.
Nesse processo, todos os pontos que se pretende construir são marcados
no terreno, como os recuos e a localização de cada parede dos cômodos,
assim como as distâncias entre eles. Esse procedimento é chamado de
gabarito de uma obra, que nada mais é do que marcar previamente tudo
o que se pretende construir, utilizando tábuas e pontaletes, para que, a
partir dele, o alicerce seja feito e as parede sejam levantadas. De forma
sucinta, é o molde da edificação.
É indispensável que os serviços preliminares tenham sido concluídos
para que o gabarito possa começar a ser cravado. Walid Yazigi (2017) co-
menta que somente um profissional habilitado deve fazer a locação da
obra, tomando como base a referência de nível (RN) para posicionar os
eixos. A locação deve envolver todo o perímetro da obra e os gabaritos
precisam ser bem fixados, para que possam resistir à tensão das linhas de
náilon que os circundam.
A locação do gabarito é feita a partir de um projeto adicional, especi-
ficamente voltado à sua execução. Nesse projeto, todos os eixos de refe-
rência das fundações, dos pilares e das paredes são determinados, bem
como as posições dos elementos de divisão a partir de um eixo global,
determinado por meio de levantamentos topográficos. A grande vanta-
gem em se executar o gabarito de uma obra a partir de um projeto pré-de-
terminado é ter alinhamentos perfeitos para a execução de fundações e,
posteriormente, de pilares, vigas e paredes. Yazigi (2017) cita ainda alguns
tipos de ferramentas que podem ser utilizadas para locar os gabaritos de
uma obra. Entre eles temos:
• Os EPCs e EPIs (capacete, botas e luvas adequadas);
• O nível de mangueira ou a laser e o nível bolha;
• A trena de aço, com comprimento mínimo de 30 m;
• As tábuas, os sarrafos, os pontaletes e os piquetes;
• O lápis de carpinteiro;
• O martelo e a marreta;
• O prumo de centro;

CONSTRUÇÃO CIVIL 21

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 21 23/11/2020 12:03:11


• A linha de náilon;
• O esquadro metálico;
• As tintas de várias cores;
• O teodolito;
• Os projetos a serem executado no local.
Definidas a referência de nível, os eixos e as distâncias, e estando o gaba-
rito devidamente marcado, inicia-se sua execução. Os pontaletes devem ser
cravados a uma distância de 1,5 m entre si, e a linha de náilon deve seguí-los
sempre pela mesma face, ou seja, a linha não pode mudar de direção, deven-
do seguir sempre o mesmo sentido, a fim de manter os pontaletes alinhados.
No passo seguinte, as tábuas devem ser fixadas por pregos na face in-
terna dos pontaletes, estruturando o que se conhece por tabeiras. É ex-
tremamente importante fazer a verificação do alinhamento da primeira
tabeira fixada, a partir da utilização de esquadros, para que se possa fixar
as demais tabeiras com segurança.
Havendo necessidade de travamento do gabarito, devem ser execu-
tadas mãos francesas nas extremidades do gabarito (Figura 6). Os ele-
mentos construtivos (fundações, pilares, vigas, paredes) devem ser
marcados com tinta nas tabeiras, respeitando as determinações do pro-
jeto, para que, na sequência, esses elementos possam ser executados.

Figura 6. Face externa de uma tabeira travada por uma sequência de mãos francesas. Fonte: Shutterstock. Acesso em:
29/06/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 22

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 22 23/11/2020 12:03:26


EXPLICANDO
O termo mão francesa se refere a uma estrutura em formato de triângu-
lo, que pode ser feita de madeira ou de material metálico. Este elemento,
muito comum na construção civil, é utilizado para apoiar, sustentar ou
travar componentes que não estejam completamente fixos. Normalmen-
te, ele é utilizado nas extremidades, como escora, e apresenta várias
aplicações, desde o travamento de estruturas na construção civil (como
gabaritos, beirais e colunas) até o suporte de prateleiras, ar condiciona-
do e caixas d’água.

Contrapiso
Com a locação perfeitamente implementada, a construção da edifica-
ção pode iniciar. No entanto, não é indicado executar a obra diretamente
no terreno, sendo, portanto, necessário aplicar uma camada regulariza-
dora sobre o solo. Em construções civis, essa camada é conhecida como
contrapiso e é realizada para que a obra possa receber, na sequência, o
acabamento adequado.
O contrapiso compreende uma ou mais camadas postas diretamente
sobre o terreno ou sobre a laje, que, além de regularizar, tem também
como função conferir inclinação adequada à base, para o escoamento de
águas e o embutimento de tubulações para instalações hidrossanitárias e
elétricas, caso haja necessidade. Além disso, o contrapiso também apre-
senta elevada importância no que diz respeito à fixação de elementos de
fundação e elementos estruturais, uma vez que transmite as cargas advin-
das desses componentes diretamente ao solo.
Por fim, sendo uma de suas aplicabilidades mais conhecidas, o contra-
piso é essencial para o adequado assentamento de revestimentos. Assim,
existem três tipos de contrapisos (Quadro 2), cuja classificação
está relacionada à espessura da camada aplicada e
ao tipo de aderência em relação à base do terreno
(British Standard, 2011). Além disso, os contrapi-
sos são feitos à base de argamassas, que po-
dem ser caracterizadas em três tipos (TONUS;
MINOZZI, 2013), sendo eles:

CONSTRUÇÃO CIVIL 23

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 23 23/11/2020 12:03:26


QUADRO 1. TIPOS DE CONTRAPISO E SUAS
RESPECTIVAS CARACTERÍSTICAS

TIPO CARACTERÍSTICAS

Adere completamente à base, compondo-se de camadas mais finas,


Contrapiso aderido
com espessuras aproximadas entre 20 e 40 mm.

Não existindo garantia de aderência completa à base, deve-se tra-


Contrapiso não
balhar com espessuras maiores. Para esse tipo de contrapiso, faz-se
aderido
necessária a utilização de espessuras superiores a 35 mm.

Esse tipo de contrapiso é caracterizado pela existência de uma cama-


da intermediária entre a base e o contrapiso. A camada intermediária
Contrapiso
geralmente é uma camada de isolamento e, por esse motivo, a ade-
flutuante
rência é completamente impedida. Nesses casos, é necessário traba-
lhar com espessuras que variam entre 40 e 70 mm.

Fonte: British Standard, 2011. (Adaptado).

• A argamassa plástica, que apresenta a mesma consistência das arga-


massas tradicionais. Ela é mais pastosa e apresenta um consumo maior de
cimento, tornando-a mais cara;
• A argamassa seca, que apresenta um consumo menor de cimento, sen-
do comumente conhecida como concreto magro, bem como baixa quantida-
de de água e elevada presença de agregados, se assemelhando ao concreto.
É o tipo de contrapiso mais utilizado em construções no Brasil, devido ao seu
custo-benefício satisfatório;
• A argamassa autonivelante, que apresenta fluidez mais elevada, quan-
do comparada às outras argamassas. Ela contém cimento em sua composi-
ção, tal como as demais, diferindo destas por contar com aditivos que lhes
conferem características mais fluidas.

Andaimes e transporte vertical


A construção de uma edificação de qualquer tipo envolve várias eta-
pas, contendo, em cada uma, inúmeros detalhes que devem ser obser va-
dos com o máximo de cuidado possível. Uma das etapas mais importantes
em uma obra é a execução da sua estrutura e o posterior acabamento.
Nessa fase da construção, é necessário operar em determinadas alturas,

CONSTRUÇÃO CIVIL 24

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 24 23/11/2020 12:03:26


sendo necessária a utilização de equipamentos de suporte para efetivar
o ser viço. A NR-18 determina que ser viços realizados a uma altura supe-
rior a 4 m em relação à base precisam, obrigatoriamente, da utilização de
andaimes (BR ASIL, 1978).
Os andaimes são peças de encai-
xe, utilizadas temporariamente den-
tro do canteiro de obras, constituído
por peças metálicas e de madeira,
cuja finalidade é proporcionar, ao
funcionário, o acesso às partes mais
elevadas de uma construção. Dife-
rentemente do que se supõe, é ape-
nas na fase de acabamentos, como
reboco e pintura, que os andaimes
não são utilizados.
Sendo assim, a utilização de andaimes pode ser requisitada em todas
as fases de uma obra, como é o caso das demolições necessárias no início
de uma obra ou durante o processo de enchimento de vigas e pilares de
forma manual. Esse enchimento normalmente acontece em obras peque-
nas, nas quais os próprios funcionários enchem estes elementos de con-
creto, por meio de baldes, precisando do auxílio de andaimes para chegar
à altura adequada.
Yazigi (2017) cita alguns requisitos básicos para o dimensionamento
adequado de andaimes. Segundo o autor, estes equipamentos devem ser
dimensionados por profissionais capacitados, de modo que atenda aos re-
quisitos de segurança e resistência aos esforços a que estarão expostos.
Além disso, os andaimes devem dispor de guarda-corpo, com cerca de
0,90 a 1,2 m e rodapé com 20 cm, a fim de garantir a segurança do traba-
lhador. Como medida de segurança, é aconselhável não deixar pregos, pa-
rafusos ou outros materiais cortantes sobre as plataformas dos andaimes.
Os andaimes podem ficar posicionados a alturas tão elevadas que di-
ficultam o transporte manual de materiais de um ponto a outro. Imagi-
nemos a seguinte situação: seu funcionário está executando o reboco de
uma parede situada a 7 m em relação ao solo. Em determinado momento,

CONSTRUÇÃO CIVIL 25

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 25 23/11/2020 12:03:28


a argamassa que este funcionário estava utilizando acaba. Devido à altura
em que ele se encontra, não é possível fazer manualmente a reposição da
argamassa, para que ele possa continuar o serviço. Como responsável pela
obra, qual solução você encontraria para resolver o problema?
Em situações como essas, são utilizados transportes verticais, para
deslocar materiais da base do canteiro até os níveis mais elevados, estan-
do o funcionário em andaimes ou em lajes. Os transportes verticais podem
ser utilizados para realizar a movimentação de materiais, bem como de
pessoas, de acordo com a NR-18 (BRASIL, 1978). Esta norma estabelece
requisitos mínimos para a utilização de transportes verticais, de modo que
garanta a segurança de todos os envolvidos no processo. Alguns desses
requisitos são:
• A realização da manutenção, montagem e desmontagem, que somen-
te pode ser feita por profissionais capacitados;
• A sinalização adequada no canteiro, indicando a área de operação
desses equipamentos;
• O uso de área com espaço livre suficiente para a operação e movimen-
tação dos transportes verticais;
• O uso de técnicos especializados para fazer a operação.
Dentre os transportes verticais mais utilizados, podem ser citados os
elevadores para transporte de materiais, elevadores para transporte de
trabalhadores e equipamentos de guindar. É importante
ressaltar que, para que os elevadores possam funcionar
dentro de uma obra, é necessário construir as torres
de elevadores obedecendo todas as normas. Yazigi
(2017) comenta que as torres devem obedecer a dois re-
quisitos, sendo eles:
• Ter uma altura máxima de 15 m;
• Permanecer, na obra, o projeto de execução das torres.

EXEMPLIFICANDO
Os equipamentos de guindar são todos aqueles que içam materiais e os
deslocam de um ponto a outro, como guindastes, empilhadeiras, gruas,
pontes rolantes, guinchos, talhas e outros.

CONSTRUÇÃO CIVIL 26

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 26 23/11/2020 12:03:28


Concretagem
Para que uma edificação seja estável e duradoura, ela precisa ser bem es-
truturada, pois é a estrutura que vai garantir a qualidade da edificação. Todas
as cargas e forças que atuam sobre uma construção são transferidas ao solo
pela estrutura. A NBR-6118/2014 estabelece todos os requisitos necessários
para dimensionar e executar estruturas de concreto (BRASIL, 2014). Assim,
para que a estrutura da edificação possa ser efetivada, existe uma série de
procedimentos que devem ser cumpridos.
Para desenvolver uma estrutura, deve-se, inicialmente, dimensionar e de-
talhar os elementos em projeto. A partir dessas determinações, os elementos
estruturais, tais como fundações, vigas, pilares, lajes e escadas, podem ser
moldados a partir de formas que delimitarão todas as suas dimensões. Feito
isso, os elementos podem ser concretados e, após o período adequado para a
cura do concreto, realiza-se a desforma.
Vale ressaltar a importância da correta moldagem das formas, uma vez que
elas determinarão o resultado dos elementos estruturais. Uma vez concretado
de forma errônea, o elemento não desempenhará as funções para as quais foi
dimensionado. Assim, também, deve ser respeitado o período para a cura do
concreto, para garantir a funcionalidade das peças.

Materiais para formas e escoramentos


O sistema de formas nada mais é que um conjunto de elementos
cuja função principal é moldar o concreto e fornecer a ele a sustentação
necessária, até que atinja seu ponto ideal de resistência. Além disso, a
forma imprime ao concreto a simetria previamente estipulada em proje-
to e limita a perda de água do concreto, facilitando sua cura.
As formas devem ser produzidas de tal forma que a sua re-
tirada, após a cura do concreto, seja relativamente
fácil. Para que sejam confeccionadas de forma
adequada, se faz necessário o uso do projeto es-
trutural da edificação, contendo detalhadamente
todas as dimensões de cada elemento que será con-

CONSTRUÇÃO CIVIL 27

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 27 23/11/2020 12:03:28


cretado. De posse dos detalhes do projeto estrutural, as medidas são
conferidas pelo carpinteiro e as formas são fabricadas. No modelo cons-
trutivo brasileiro tradicional, as formas são feitas usando chapas de
madeira compensada ou tábuas, como matéria-prima.
As formas de madeira (Figura 7) ainda são as mais utilizadas, devido
à sua facilidade de acesso e ao seu satisfatório desempenho. No entan-
to, existem, no mercado, formas confeccionadas com materiais alter-
nativos, como as plásticas, as metálicas, as de alumínio, de papelão e as
mistas (que são constituídas pela junção de dois ou mais materiais e são
amplamente utilizadas). Em sua grande maioria, as obras utilizam formas
de madeira, travadas por peças metálicas, constituindo o sistema misto.
As formas plásticas, por sua vez, vêm ganhando espaço no mercado, de-
vido à sua facilidade de desforma e possibilidade de reaproveitamento
em mais de um processo de concretagem.

Figura 7. Formas de pilares em madeira e barra de reforço no canteiro de obras. Fonte: Shutterstock. Acesso em
01/07/2020.

A escolha do sistema de formas adequado dependerá das necessidades da obra


e dos recursos disponíveis, devendo sempre manter a qualidade e a precisão na
confecção das peças, de acordo com o projeto. Outro ponto que deve ser conside-
rado está relacionado à produtividade durante todo o processo, desde a confecção,
transporte, montagem e desforma, garantindo o melhor custo benefício.

CONSTRUÇÃO CIVIL 28

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 28 23/11/2020 12:03:33


Em seguida, o escoramento, também conhecido como cimbramento, consiste
no procedimento de sustentação das formas, a fim de conferir estabilidade ao con-
creto, após o lançamento. Ele sustenta as formas desde o lançamento do concreto
até o momento da desforma, transferindo as cargas que atuam sobre as formas
para um local seguro. O escoramento metálico é o mais utilizado atualmente, por
dispor de grande durabilidade e atingir alturas maiores, quando comparado ao es-
coramento de madeira, além de serem facilmente manuseáveis.

Formas para elementos estruturais


Os elementos de fundação, os pilares, as vigas, as lajes, as escadas e
os reservatórios se classificam como elementos estruturais. Sobre esses
elementos atuam esforços e solicitações, fazendo-se necessário realizar
o adequado dimensionamento para atender a todos eles, garantindo sua
eficiência. Cada um deles possui formatos e dimensões específicos e, por
isso, a confecção de suas formas é feita individualmente.
As fundações são os elementos da construção responsáveis por rece-
bem todos os esforços da estrutura e transferi-los ao solo, podendo ser
divididas em dois grupos (CAMPOS, 2015): rasas e profundas. O tipo de
fundação a ser escolhida estará diretamente relacionada ao tipo de solo
no local da construção e às tensões que atuarão sobre a edificação.
As fundações rasas são aquelas que apresentam profundidades
iguais ou inferiores a 3 m, na quais as cargas da edificação são transferi-
das ao solo pela base da fundação. Esse tipo de fundação é utilizado em
construções de pequeno porte, como casas e outras edificações meno-
res. As fundações profundas, por outro lado, são dimensionadas para
suportar cargas maiores, apresentando profundidades superiores a 3 m
e transferindo as cargas da edificação ao solo por meio da superfície
lateral de suas peças. Esse tipo de fundação pode alcançar grandes pro-
fundidades e são inseridas diretamente no solo.
Por serem inseridas no solo, as fundações profundas não necessitam
da utilização de formas. As fundações rasas, por sua vez, precisam de
formas para moldar seus formatos, como é o caso de sapatas (Figura 8),
blocos, radiers e vigas de fundação, também conhecidas como vigas bal-

CONSTRUÇÃO CIVIL 29

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 29 23/11/2020 12:03:33


drames. As formas para esse tipo de elemento estrutural devem seguir à
risca os detalhes do projeto, uma vez que são elas que sustentarão toda
a estrutura da edificação.

Figura 8. Forma de sapata (fundação rasa). Fonte: Shutterstock. Acesso em 01/07/2020.

Assim como ocorre com as fundações, o processo de elaboração de for-


mas para vigas, pilares e lajes deve seguir os critérios do projeto. O conjunto
formado por formas, escoramento e acessórios recebe diferentes nomen-
claturas para vigas, pilares e lajes. Para muros de arrimo, as formas devem
alcançar a altura do muro em sua totalidade, podendo ser montadas com
chapas de madeira, mistas ou plásticas. A montagem deve seguir os critérios
do projeto, sendo adequadamente ancoradas para satisfazer os requisitos
durante a concretagem.
A colocação das formas é feita após a correta marcação do posiciona-
mento dos elementos estruturais. Em seguida, três das quatro faces que
compõem as formas são posicionadas e niveladas. Sobre elas é aplicado o
desmoldante, que atuará de modo a facilitar a desmontagem das formas
após a concretagem. O passo seguinte consiste em posicionar corretamente
as armaduras, conforme as especificações do projeto.

CONSTRUÇÃO CIVIL 30

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 30 23/11/2020 12:03:36


Entre as barras e a forma existe um espaçamento mínimo que deve ser
respeitado, denominado cobrimento. Ele pode variar de 2,5 cm a 5,0 cm, em
função da classe de agressividade ambiental (CAA). As faces da forma devem
estar posicionadas de modo tal que respeite o cobrimento mínimo. Após a co-
locação das pastilhas, a forma pode ser fechada, a partir do posicionamento de
sua quarta e última face.
Em seguida, é feito o travamento do sistema, a partir de elementos como
barras de ancoragem, vigas de travamento, sarrafos, pontaletes e outros. A
fim de detalhar a nomenclatura desses elementos, devemos elencar algumas
representações simplificadas dos sistemas tradicionais para formas.
A Figura 9 apresenta os elementos de formas para pilares, respeitando um
sistema composto por placas nas laterais e no fundo, travadas por vigas, sar-
rafos e pontaletes, que podem ser posicionados tanto na horizontal como na
vertical. As barras de ancoragem com porcas travam as vigas e os gastalhos
travam a parte inferior da forma.

Molde
Painéis
Painéis não estruturados
estruturados Sarrafo
Pontalete Travamento

Travamento
Barras de Mão-francesa
ancoragem
Barras de
ancoragem
Porca da barra
de ancoragem Sarrafo
Vigas de
travamento Acessório
Porca da barra Tensor
de ancoragem Vigas de
travamento
Gastalho “Perereca” Gastalho maluco
Gastalho
Travamento

Figura 9. Forma para pilar composta por painéis com travamento. Fonte: FREIRE; SOUZA, 2001. (Adaptado).

A montagem do sistema de formas para vigas, pode se apresentar de dife-


rentes formas. Na Figura 10(a), é possível visualizar as chapas travadas por mão
francesa em sarrafo e sarrafos de pressão, enquanto na Figura 10(b), as chapas
são travadas por gastalhos e, na Figura 10 (c), as chapas são travadas por barras
de ancoragem e sarrafos de pressão.

CONSTRUÇÃO CIVIL 31

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 31 23/11/2020 12:03:38


Travamento
Mão-francesa A B
Sarrafo
Sarrafo Gastalho

Sarrafo de
pressão

Barra de
C ancoragem
Vigamento Travamento

Escoramento
Painéis não Sarrafo de
estruturados pressão

Molde

Figura 10. Diferentes tipos de montagem de formas e escoramentos para vigas. Fonte: FREIRE; SOUZA, 2001. (Adaptado).

Na Figura 11, é possível identificar que o conjunto de formas para lajes é


composto por vigamento inferior e vigamento superior, que recebem as chapas
de madeira compensada. Esses vigamentos são escorados por pontaletes, que
podem ser metálicos ou de madeira. Para escadas e reservatórios, a execução
das formas se assemelha aos modelos citados. No caso específico de escadas,
a atenção aos requisitos determinados no projeto deve ser redobrada, uma vez
que, para cada tipo de escada, têm-se diferentes detalhes construtivos.

Molde

Painel não
estruturado em chapa
de compensado

Viga- Pontaletes
Vigamento com cruzeta
mento
inferior superior
Escoramento
Vigamento

Figura 11. Elementos de forma e escoramento para lajes. Fonte: FREIRE; SOUZA, 2001. (Adaptado).

CONSTRUÇÃO CIVIL 32

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 32 23/11/2020 12:03:38


Além dos sistemas de formas tradicionais, existem aquelas denominadas
formas especiais, que podem ser divididas em deslizantes e trepantes. A for-
mas deslizantes constituem-se de um sistema provisório, que possui alturas
equivalentes a 1,20 m e funciona por meio de painéis que deslizam vertical-
mente. Durante esse deslocamento, os elementos são concretados de forma
contínua. Elas podem ser executadas com madeira ou material metálico, sen-
do comumente aplicadas para a concretagem de torres, reservatórios, poços,
elevadores e outros.
Já as formas trepantes, em geral, alcançam alturas superiores, quando
comparadas às formas deslizantes, sendo esta uma de suas principais carac-
terísticas. Esse sistema é composto por painéis metálicos que prosseguem de
forma vertical, a partir do auxílio de macacos hidráulicos. Sua utilização facilita
a execução de elementos estruturais de difícil acesso ou que apresentem gran-
des elevações, tais como usinas, viadutos e pontes.
Assim, é possível perceber com clareza que o processo de confecção e
montagem das formas não é simples e irrelevante. Pelo contrário, deve ser
tomado como um dos procedimentos mais importantes em uma construção,
indo além de simplesmente moldar peças estruturais. Um sistema de formas
confeccionado e executado adequadamente favorece a qualidade e a dura-
bilidade das peças concretadas, bem como é capaz de acelerar o processo
executivo e reduzir despesas.
Imagine um engenheiro, responsável pela execução da concretagem de
um edifício, que precisa entregar a obra o quanto antes. Correndo contra o
tempo, ele solicita aos funcionários que montem as formas o mais rápido
possível. Cumprindo ordens, os funcionários fazem o que lhes foi solicitado,
mas sem a atenção necessária, devido à pressa com que o serviço foi pedi-
do. No momento da concretagem, uma forma mal ancorada não suporta as
cargas advindas do concreto e acaba cedendo, perdendo material e compro-
metendo todo o andamento da obra. Assim, isso gera retrabalho e gastos
extras, com material e com diárias de funcionários, pois a obra vai levar
mais tempo do que o planejado.
Além de perdas de material, formas mal executadas podem causar defor-
mações às peças, e até mesmo o surgimento de fissuras, trincas ou rachadu-
ras. Quando o concreto não tem resistência para sustentar as cargas, são as

CONSTRUÇÃO CIVIL 33

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 33 23/11/2020 12:03:38


formas que sustentam. Por isso, há uma necessidade de executar, com aten-
ção, cada detalhe construtivo das formas. Isso vale para todos os procedimen-
tos executáveis dentro de uma obra.

Execução, cura e desmontagem


Durante a execução, antes de colocar o concreto, as formas devem ser
molhadas até chegar ao ponto de saturação. Esse procedimento é feito para
conter a perda de água do concreto. Além disso, as escoras devem ser posi-
cionadas e travadas adequadamente. Ao preparar o sistema de formas, ou
seja, a montagem e o escoramento, é indispensável fazer a verifi cação da
contra fl echa, especialmente quando se trata de lajes.
A contra flecha é o afastamento intencional das formas no sentido
contrário ao da flecha, feito por meio do escoramento. É importante exe-
cutá-lo para garantir o equilíbrio das deformações que atuarão na laje
posteriormente, provenientes dos carregamentos atuantes nela. Essas de-
formações são chamadas de flechas e acontecem naturalmente, exigindo
a criação intencional de contra flechas nas formas, para que, ao desfor-
mar, haja o equilíbrio da peça.
Finalmente, estando apropriadamente posicionados, os elementos es-
truturais podem ser enchidos, ou seja, pode-se iniciar a concretagem. O
processo de concretar envolve etapas como o transporte do concreto fres-
co, o recebimento desse concreto na obra e sua aplicação. O concreto chega
à obra em caminhões betoneira e, ao recebê-lo, é fundamental efetuar a
verifi cação da sua resistência, realizando o slump test.

EXPLICANDO
O slump test é um procedimento utilizado para verificar a consistência do
concreto em seu estado fresco e, a partir dos resultados, atestar sua qua-
lidade. O teste é feito a partir do abatimento do tronco de cone. Para rea-
lizá-lo, pega-se uma amostra do concreto que chega à obra, colocando-a
em uma forma com formato de tronco de cone, em três camadas iguais.
A cada camada inserida, deve-se adensar o concreto com 25 golpes.
Ao final da terceira camada, retira-se a forma e verifica-se a diferença
de altura entre o topo da forma e o concreto. Essa diferença consiste no
abatimento do concreto.

CONSTRUÇÃO CIVIL 34

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 34 23/11/2020 12:03:38


Estando o concreto na obra, é feito o seu lançamento nas formas. Em ca-
sos de pilares, o lançamento não pode ser feito a alturas superiores a 2 m,
pois dificulta o adensamento. A ausência de adequado adensamento pode
causar o aparecimento de nichos de concretagem na peça. Após o lançamen-
to, é necessário dispersar o concreto de forma uniforme nas formas, o que
geralmente se faz com o auxílio de pás ou enxadas. Essa etapa é extrema-
mente importante, pois permite dispersar o concreto e levá-lo aos locais de
mais difícil acesso (YAZIGI, 2017)
Após o lançamento, inicia-se a etapa mais importante do processo de con-
cretagem: o adensamento. Adensar o concreto significa espalhá-lo o máximo
possível, a fim de remover os vazios e o excesso de água nele contidos. Isso
torna o concreto mais denso e garante a sua completa aderência às barras
de aço das armaduras, conferindo-lhe resistência e durabilidade. Concreto
e aço aderidos trabalham em conjunto e atribuem à peça características de
resistência à tração e compressão. Para situações em que se tenham pilares
com alturas superiores a 3,5 m, a NBR-6118/2014 determina que sejam feitas
aberturas nas formas, semelhantes a janelas, para que se realize a concreta-
gem a cada 2 m (BRASIL, 2014).
Finalizado o adensamento, o concreto é nivelado, procedimento comumen-
te conhecido como sarrafeamento. Com a obra concretada, é preciso aguardar
até que o concreto adquira a resistência ideal solicitada. Enquanto ele atinge
essa resistência, é necessário executar a cura do material, que consiste em um
conjunto de providências que devem ser tomadas para garantir que o concreto
recém executado não perca a água que existe em sua composição. Essa perda
se dá, na grande maioria das vezes, por evaporação. De forma sucinta, o termo
cura do concreto significa garantir que ele não desidrate durante o período
que ele leva para endurecer, atingindo sua resistência.
Uma boa cura gera um bom concreto, imprimindo aos elementos caracterís-
ticas como boa resistência, impermeabilidade e durabilidade. A NBR-6118/2014
determina que a cura do concreto deve ser feita de forma ininterrupta durante
os sete primeiros dias após o seu lançamento, no mínimo, pois o concreto é um
material extremamente sensível à ação de ventos e do sol, que naturalmente
causam evaporação de água (BRASIL, 2014). Ao perder água, o concreto retrai,
podendo gerar o aparecimento de fissuras e trincas na superfície concretada.

CONSTRUÇÃO CIVIL 35

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 35 23/11/2020 12:03:38


A cura existe para evitar que isso aconteça e para manter o concreto hidratado,
até que ele atinja sua resistência ideal. Assim, existem alguns métodos para
realizar a cura do concreto, sendo os mais conhecidos:
• A molhagem contínua, que é o procedimento mais conhecido e mais uti-
lizado nas obras, sendo ela a ação de molhar a superfície concretada, repetida-
mente, com mangueiras ou baldes;
• O recobrimento, que compreende a utilização de uma manta (sendo os
mais utilizados sacos de aniagem, mantas geotêxteis, mantas de algodão etc.),
que retém a umidade dos elementos. Esse tipo de cura é ideal para locais de
difícil acesso na obra;
• O alagamento, que se caracteriza pela completa imersão da peça em
água, sem que haja a necessidade de molhá-la com frequência. Normalmente,
é aplicado em peças planas, como lajes pequenas, piscinas ou blocos de funda-
ção, fazendo-se necessária a criação de barreiras que contenham o escoamen-
to da água, para garantir sua eficiência;
• A cura química, que se utiliza de químicos, como elementos produzidos
à base de parafina ou PVA, para realizar a cura. Os compostos são aplicados
sobre as peças, formando uma membrana que reduz a perda de água.
Em ambientes que apresentam baixa temperatura, a cura é feita por meio
de mantas termoisolantes, que mantém a temperatura do concreto, impedin-
do que ele congele. Assim como climas quentes são prejudiciais ao desenvolvi-
mento do concreto por causarem a perda de água, climas excessivamente frios
também podem causar fissuras no concreto.
Após o concreto receber a cura e atingir a resistência determinada em
projeto, pode-se remover o sistema de formas das peças. A NBR-
14931/2004 orienta que a retirada de formas e es-
coramentos deve ser feita seguindo um plano de
desforma previamente determinado no pro-
jeto (BRASIL, 2004). Além disso, o sistema so-
mente poderá ser removido ao assegurar-se que
o concreto atingiu resistência suficiente para:
• Resistir a problemas que possam surgir durante a remoção;
• Ser capaz de suportar seu peso próprio e as cargas a que esteja exposto;
• Não apresentar deformações além daquelas previstas no projeto.

CONSTRUÇÃO CIVIL 36

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 36 23/11/2020 12:03:38


Sintetizando
Nesa unidade, vimos que, nos dias de hoje, com o avanço no estudo de
materiais e suas propriedades, existem várias técnicas construtivas aplicá-
veis à construção civil. A escolha da alternativa adequada a uma construção
específica dependerá de características próprias de cada uma, levando em
consideração aspectos orçamentários, tempo de execução, material utiliza-
do e aspectos estéticos.
Dessa forma, identificamos os tipos de construções mais comuns (a alve-
naria tradicional e estrutural, as paredes de concreto e concreto pré-molda-
do e as técnicas de steel framing e wood framing) e os materiais utilizados em
cada uma delas. Posteriormente, identificamos as fases de uma obra, que
passa pela elaboração do projeto, a realização dos serviços preliminares (a
preparação do terreno e implantação do canteiro de obras), a execução dos
elementos estruturais e não estruturais e, por fim, o acabamento.
Em seguida, exploramos a etapa de concretagem da estrutura de uma
obra, que depende da montagem do sistema de formas, elementos que mol-
dam as peças estruturais, podendo ser feitas de diversos materiais. A esco-
lha do sistema de formas adequado dependerá das necessidades da obra,
bem como dos recursos disponíveis. As formas são ancoradas por peças
que transferem as cargas que atuam sobre elas para um local seguro.
Por fim, estando a formas apropriadamente montadas e ancoradas, po-
de-se iniciar a concretagem, que compreende etapas como o transporte do
concreto fresco e seu recebimento na obra, seu lançamento e posterior dis-
persão nas formas e o adensamento, que torna o concreto mais denso e ga-
rante sua completa aderência às barras de aço das armaduras. Por fim, após
atingir a resistência adequada, as peças concretadas podem ter o sistema
de formas removido.

CONSTRUÇÃO CIVIL 37

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 37 23/11/2020 12:03:38


Referências bibliográficas
BRASIL. Norma Regulamentadora N.º 18 – Condições de segurança e saúde
no trabalho na indústria da construção. Brasília: Escola Nacional da Inspeção
do Trabalho. 08 jun. 1978. Disponível em: <https://enit.trabalho.gov.br/por-
tal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-18-atualizada-2020.pdf>. Acesso em: 30
jun. 2020.
BRASIL. Norma Brasileira 14931. Execução de estruturas de concreto – proce-
dimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. Disponível em: <https://docente.ifrn.edu.br/
valtencirgomes/disciplinas/construcao-de-edificios/nbr-14931-2004-execucao-de-
-estruturas-de-concreto-procedimento>. Acesso em: 23 jun. 2020.
BRASIL. Norma Brasileira 6118. Projeto de estruturas de concreto – procedi-
mento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. Disponível em: <https://docente.ifrn.edu.br/
valtencirgomes/disciplinas/construcao-de-edificios/abnt-6118-projeto-de-estru-
turas-de-concreto-procedimento>. Acesso em: 23 jun. 2020.
British Standard. BS 8204-02:2003. Screeds, bases and in situ floorings. Part
2: Concrete wearing surfaces – Code of practice. London, 2011.
CAMPOS, J. C. Elementos de fundações em concreto. 1. ed. São Paulo: Oficina
de Textos, 2015.
FREIRE, T. M.; SOUZA, U. E. L. Classificação dos sistemas de fôrmas para es-
truturas de concreto armado. 2001. 12p. (Boletim Técnico). Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Construção
Civil. São Paulo: EPUSP, 2001. Disponível em: <http://www.pcc.usp.br/files/text/
publications/BT_00296.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2020.
KATO, R. B. Comparação entre o sistema construtivo convencional e o sis-
tema construtivo em alvenaria estrutural segundo a teoria da construção
enxuta. 2002. 114 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil). Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. Disponível em: <https://reposi-
torio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/111939/193963.pdf?sequen-
ce=1>. Acesso em: 23 jun. 2020.
MOLINA, J. C.; JUNIOR, C. C. Sistema construtivo em wood frame para casas
de madeira. Semina: ciências exatas e tecnologias, v. 31, n. 2. Londrina, 2010.
p. 143-156. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semexa-
tas/article/view/4017>. Acesso em: 23 jun. 2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 38

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 38 23/11/2020 12:03:38


TONUS, C. A.; MINOZZI, P. I. Utilização de agregados reciclados de alvenaria na
produção de concreto para contrapisos. 2013, 68 f. Trabalho de Conclusão de Cur-
so (Bacharelado em Engenharia Civil). Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Pato Branco. 2013. Disponível em: <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bits-
tream/1/849/1/PB_COECI_2012_2_03.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2020.
VIEIRA, L. B. Projeto de paredes de concreto armado: apresentação das re-
comendações normativas e avaliação da influência das aberturas. 2014. 128 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas). Escola Politécnica, Uni-
versidade Federal da Bahia, Salvador, 2014. Disponível em: <https://reposito-
rio.ufba.br/ri/bitstream/ri/16209/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o_Luara_Bata-
lha_Vieira.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2020.
YAZIGI, W. A técnica de edificar. 17. ed. São Paulo: SindusConSP, 2017.

CONSTRUÇÃO CIVIL 39

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID1.indd 39 23/11/2020 12:03:39


UNIDADE

2 SISTEMAS
INTERMEDIÁRIOS

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 40 23/11/2020 12:36:54


Objetivos da unidade
Conhecer as funções dos diferentes tipos de alvenaria;
Perceber as diferenças entre os principais tipos de alvenaria;
Compreender o que são revestimentos e pavimentação;
Diferenciar os tipos de revestimentos para paredes e pisos;
Apreciar as ferramentas empregadas na execução dos tipos de
revestimentos;
Entender o processo de assentamento de revestimentos em paredes e pisos;
Avaliar os tipos de impermeabilização e seu processo de aplicação.

Tópicos de estudo
Alvenarias
Tipos e funções
Materiais empregados
Técnicas de execução
Revestimentos e pavimentação
Ferramentas utilizadas
Técnicas de execução
Impermeabilização
Tipos e materiais
Processos e ferramentas

CONSTRUÇÃO CIVIL 41

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 41 23/11/2020 12:36:54


Alvenarias
Etapa fundamental de uma construção, as alvenarias dispõem de as-
pectos estruturais, divisórios e/ou estéticos, sendo utilizadas na elabora-
ção de diversos elementos construtivos. Azeredo, no livro O edifício e sua
cobertura, de 1997, define alvenaria como toda construção feita a partir
de tijolos, blocos de concreto ou pedras naturais, unidos ou não por ar-
gamassa, que apresente resistência, durabilidade e impermeabilidade. De
forma sucinta, uma alvenaria nada mais é do que um conjunto de paredes
e muros, ou elementos semelhantes, cuja função principal é separar am-
bientes e adequá-los aos requisitos do projeto. As alvenarias apresentam
características essenciais:
• Segurança para os usuários;
• Base para receber revestimentos em geral;
• Isolamento térmico e acústico;
• Resistência a impactos;
• Resistência à ação de ventos;
• Resistência à umidade;
• Resistência a infiltrações em geral.

Tipos e funções
As alvenarias podem receber mais de uma denominação e variam conforme
sua função dentro de uma edificação. Elas podem ou não ser estruturais, ha-
vendo a possibilidade de serem atravessadas pelas tubulações que compõem
os sistemas de instalação elétrica, hidráulica, sanitária, lógica, entre outros:
a) Alvenaria de embasamento: como o próprio nome sugere, é utilizada
na base das edificações e realiza o nivelamento de modo a receber a alvenaria
de elevação da construção. Tais elementos são usados em superfícies irre-
gulares, como terrenos íngremes. Por ser uma alvenaria que fica em contato
constante com o solo, é necessário utilizar blocos adequados, que auxiliem
no processo de retenção da água presente no solo e que pode percolar, isto
é, infiltrar, para as alvenarias de elevação. A Figura 1 mostra uma alvenaria
de embasamento, representada por tijolos, sobre a qual foi construída a al-

CONSTRUÇÃO CIVIL 42

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 42 23/11/2020 12:36:54


venaria de elevação (em azul): a parede. No caso da imagem representada,
a parede construída sobre a alvenaria de embasamento é uma alvenaria de
vedação externa;

Figura 1. Alvenaria de embasamento. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 07/10/2020.

b) Alvenaria de pedra: se caracteriza pelo conjunto de pedras que, ordena-


damente arranjadas, constituem paredes. Nesse caso, as pedras são arranja-
das entre si, com ou sem a presença de argamassas para uni-las. São o tipo de
alvenaria mais antiga, usada desde os tempos mais remotos nas construções
em geral, como em igrejas de pedras sobrepostas. Dentre os muitos exem-
plos de grandes construções feitas a partir dessa alvenaria, estão as pirâmides
egípcias, a fortaleza inca Sacsayhuaman, a grande Muralha da China e outras
conhecidas e fascinantes edificações feitas pela sobreposição de pedras. Esse
tipo de alvenaria caiu em desuso em função do avanço nos estudos sobre ma-
teriais empregados na construção, suas propriedades e custo-benefício. A ex-
ceção na utilização destes materiais está, entre outros, na restauração de cons-
truções antigas ainda existentes e feitas com pedras. A Figura 2 representa
uma estrutura antiga, em alvenaria de pedra, na qual os elementos utilizados
foram organizados de modo a obter uma pirâmide;

CONSTRUÇÃO CIVIL 43

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 43 23/11/2020 12:36:55


Figura 2. Pirâmide construída em alvenaria de pedra. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 07/10/2020.

c) Alvenaria de vedação: é a mais conhecida e utilizada para separar os


ambientes numa edificação. As alvenarias de vedação apresentam característi-
cas estruturais, ou seja, não são dimensionadas para suportar cargas verticais.
Embora não tenham função estrutural, devem ser capazes de sustentar o pró-
prio peso e o peso dos componentes de revestimento aplicados sobre elas, de
acordo com Nakamura, em artigo publicado em julho de 2008, nesse tipo de
alvenaria, o esqueleto da edificação é constituído por elementos estruturais,
como fundações, vigas, pilares e lajes, ficando a cargo da vedação a separação
e distribuição dos ambientes. As alvenarias de vedação oferecem uma gama
de possibilidades construtivas, fazendo uso de diversos tipos de materiais, dos
mais simples aos mais complexos esteticamente. Versáteis, são o tipo de al-
venaria mais conhecido e executado em obras no país. A vedação se divide
em interna e externa, sendo a interna responsável pela compartimentação dos
ambientes e a externa, pela resistência aos esforços externos, como vento, sol,
chuva, umidade e outros. A Figura 3 mostra a representação de uma alvenaria
de vedação tradicional fazendo a divisão entre dois ambientes.

CONSTRUÇÃO CIVIL 44

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 44 23/11/2020 12:36:56


Figura 3. Alvenaria de vedação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 07/10/2020.

d) Alvenaria estrutural: também conhecida como portante de carga, ela


difere da vedação por apresentar função estrutural, ou seja, além do próprio
peso, sustenta os esforços provenientes de toda a edificação, distribuindo-os
para as fundações. Os esforços suportados são derivados de lajes, cobertura,
esquadrias, revestimentos e outros. Diferente da alvenaria de vedação, ela não
requer elementos estruturais, como vigas e pilares. As instalações elétricas,
hidráulicas, sanitárias e outras são executadas simultaneamente às paredes.
Figuerola (2005) comenta que esse tipo de alvenaria tem ganhado espaço no
mercado construtivo do País por ser uma opção segura e facilmente executá-
vel, tendo como uma de suas principais características a redução no desperdí-
cio de materiais. Esteticamente falando, apresenta limitações e pouca varieda-
de. A Figura 4 representa uma edificação executada em alvenaria estrutural.
Como mencionado, esse tipo de alvenaria dispensa o emprego de pilares.

Figura 4. Alvenaria estrutural. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 07/10/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 45

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 45 23/11/2020 12:36:57


Além das alvenarias tradicionais, há ainda as paredes divisórias, que assu-
mem função de vedação ou decorativa. Em geral, elas conferem ao ambiente
um toque estético e delicado, além de dividir os ambientes. Podem ser executa-
das com blocos vazados ou de vidro, mas existem também aquelas executadas
com chapas de madeira, PVC ou drywall.
As paredes podem assumir espessuras variadas a depender do tipo de blo-
co utilizado e da camada de revestimento. Quanto maior o bloco empregado na
execução da parede, mais espessa ela é. Para blocos menores, como maciço e
laminado, as paredes assumem espessuras de 10 a 15 cm. Nas paredes execu-
tadas com blocos cerâmicos de 6, 8 ou 9 furos, a parede pode assumir espes-
suras de 15 a 20 cm. Já para blocos de concreto, maiores, as paredes podem
assumir espessuras de 20 a 25 cm.

Materiais empregados
Os materiais utilizados na execução das alvenarias estão ligados ao seu
tipo. Nas cidades interioranas, as construções mais antigas eram feitas à
base de pau a pique, taipa ou tijolos de barro secos ao sol. As construções
de pau a pique são caracterizadas por um conjunto de grades de madeira,
que forma o esqueleto da edificação, preenchido com barro. Já a taipa é
obtida a partir do apiloamento de terra – em geral, barro – em formas de
madeira. Após a secagem do material, a união das peças constitui a edi-
ficação. Os tijolos de barro, também conhecidos como adobe, são blocos
de argila, moldados manualmente em pequenas formas e deixados para
secar ao sol.
Considerando as construções vistas hoje, é possível perceber como os pro-
cessos construtivos e os materiais neles empregados evoluíram. O avanço da
tecnologia atrelado à descoberta e ao desenvolvimento de novos materiais
proporcionaram ao campo da construção opções que tornam as obras viáveis
e otimizam os processos. Dentre os materiais utilizados na elaboração de alve-
narias, Yazigi, no livro A técnica de edificar, de 2017, cita:
a) Tijolo laminado: também conhecido como tijolo à vista, apresenta ca-
racterísticas estéticas e práticas. Comum em paredes aparentes, áreas de
lazer e churrasqueiras;

CONSTRUÇÃO CIVIL 46

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 46 23/11/2020 12:36:57


b) Tijolo maciço: é composto por argila e muito semelhante ao tijolo com
furos tradicionalmente utilizado. Como o próprio nome sugere, esse tijolo não
apresenta furos e caracteriza-se pelo excelente isolamento acústico que pro-
porciona à edificação. Por ser produzido em dimensões menores, a sua utiliza-
ção em construções requer um quantitativo maior de peças;
c) Tijolo de vidro: a aplicação desse tijolo é voltada à estética das cons-
truções, contendo um toque altamente decorativo. Sua utilização proporciona
beleza e iluminação ao ambiente. É muito utilizado em ambientes externos,
como fachadas, e em ambientes internos, como pequenas divisórias. Apesar
de permitir a passagem de iluminação, tem superfície fosca;
d) Tijolo vazado: conhecido como cobogó, proporciona melhorias na
iluminação e ventilação de áreas externas, nas quais comumente é empre-
gado para dividir ambientes. Também é usado em paredes externas para
fins decorativos;
e) Tijolo refratário: tijolos de argila recozidos em altas temperaturas,
caracterizados por serem mais resistentes que os tijolos comuns e empre-
gados na construção de churrasqueiras e fornos, ambientes expostos a
temperaturas elevadas;
f) Tijolo com 4, 6, 8 e 9 furos: os tijolos cerâmicos furados são elementos
frágeis e, por esse motivo, são utilizados como vedação, não possuindo função
estrutural. Apresentam ranhuras em sua superfície, cuja função é favorecer a
aderência da argamassa de assentamento. São elementos leves e com excelen-
te capacidade de isolamento térmico e acústico;
g) Tijolo ecológico: também conhecidos como tijolos de solo-cimen-
to, são feitos de cimento e argila, mas não requerem queima. Os blocos
são moldados em prensa hidráulica e podem receber aditivos na mistura,
além de serem deixados aparentes, dada a sua característica es-
tética. Contam com dois furos em seu interior, o que facilita a
passagem das tubulações para instalações elétricas
e hidrossanitárias;
h) Blocos de concreto: são utilizados em alve-
naria estrutural por apresentar função estrutu-
ral. Proporcionam rápida execução e consomem
menor quantidade de argamassa. São versáteis,

CONSTRUÇÃO CIVIL 47

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 47 23/11/2020 12:36:57


podendo ser utilizados com ou sem revestimento. Apresentam como des-
vantagem o fato de serem pouco fl exíveis a mudanças, ou seja, não permi-
tem cortes e apresentam isolamento térmico baixo quando comparados ao
tijolo cerâmico;
i) Placas cimentícias: é o material são utilizados na vedação de ambientes,
tanto externos como internos, produzido a partir de cimento e agregados que
podem ser desde fibras até minerais ou celulose. Apresentam espessura que
varia de 6 mm a 12 mm e são uma ótima opção estética. Esse tipo de material é
muito utilizado em construções com steel frame, para fechamento da estrutura
e divisão de ambientes;
j) Drywall: ainda pouco utilizado, mas que vem ganhando espaço no se-
tor construtivo do país, o drywall nada mais é do que uma placa de gesso
revestida em ambos os lados por folhas de papelão ou cartão, motivo pelo
qual também é conhecido como gesso acartonado. Constitui um sistema
leve, enxuto, de fácil aplicação, baixo desperdício e com excelente desem-
penho. O drywall é muito empregado em construções com steel frame, mas
pode ser amplamente utilizado em edifi cações de alvenaria para reformas
e mudanças rápidas.

Técnicas de execução
As paredes devem ser feitas seguindo o projeto executivo e respeitando
todo o detalhamento de posicionamento e espessura das alvenarias. Para alve-
narias com tijolos maciços, laminados e refratários, a execução segue o sistema
de assentamento de acordo com as juntas. Nesse sentido, a NBR 8545/1984
cita dois sistemas de assentamento:
• Juntas de amarração: sistema de assentamento em que as juntas verti-
cais não ficam alinhadas umas às outras;
• Juntas a prumo: sistema de assentamento em que as juntas verticais são
alinhadas, ou seja, são contínuas.
A Figura 5 é uma representação de ambos os tipos de juntas citados. Na
ilustração à esquerda, é possível identificar o sistema de assentamento com
juntas de amarração, enquanto, à direita, é possível identificar o sistema de
assentamento com juntas a prumo.

CONSTRUÇÃO CIVIL 48

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 48 23/11/2020 12:36:57


(a) Juntas de amarração (b) Juntas a prumo

Figura 5. Juntas de amarração e a prumo. Fonte: ABNT, 1984. (Adaptado).

O assentamento dos blocos deve ser feito com juntas de amarração, consi-
derando que as juntas verticais devem ter 1,0 cm de espessura e as horizontais,
1,5 cm de espessura. Para a execução das juntas a prumo, a NBR 8545/1984
determina que é necessário utilizar armaduras longitudinais, 60 cm distantes
entre si, localizadas na argamassa de assentamento (ABNT, 1984).
Para que a alvenaria possa de fato começar a ser executada, é indispensável
realizar a impermeabilização da viga baldrame para prevenir o surgimento de
possíveis patologias. Posteriormente, há que se garantir a aderência de todos os
elementos com faces ligadas à alvenaria, como vigas, pilares e lajes. Essa aderên-
cia é garantida por meio da aplicação de uma camada de chapisco na superfície
que terá ligação com a alvenaria. Feito isso, a alvenaria começa a ser produzida.

EXPLICANDO
Viga baldrame é uma fundação rasa sobre a qual são elevadas as alve-
narias de uma edificação, sejam estruturais ou de vedação. Sua função
é transmitir ao solo as cargas advindas da estrutura. Para construções
pequenas, ela é usada como fundação. Em edificações de maior porte, a
viga baldrame é utilizada como elemento de fundação que liga blocos ou
sapatas. Pode ser executada a partir de tijolos ou concreto.

O assentamento de blocos inicia com demarcação da parede na superfície,


que deve seguir rigorosamente as medidas e os alinhamentos determinados
em projeto, sendo riscados na face de apoio os eixos de referência de cada
parede. Assim, a execução começa com o assentamento de dois blocos, um em
cada extremidade da fiada. Em seguida, é esticada uma linha entre os dois blo-
cos, que serve como guia para manter o alinhamento durante o assentamento

CONSTRUÇÃO CIVIL 49

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 49 23/11/2020 12:36:57


dos demais. Com isso, a primeira fiada de blocos é assentada. Ela serve como
base para o correto assentamento das fiadas posteriores. Durante o processo,
é importante deixar livres os vãos destinados a portas e janelas.
De acordo com o livro de Yazigi (2017), a união entre os blocos é feita com
argamassa, aplicada no bloco com desempenadeira ou com colher de pedrei-
ro, de modo que cordões contínuos sejam formados em ambos os lados. No
ligamento entre o pilar e a parede, a argamassa da junta vertical é aplicada no
bloco antes do assentamento para garantir maior aderência entre eles. Como
os blocos devem ser assentados utilizando o sistema com juntas de amarração,
para a colocação da fiada posterior, é necessária a utilização de meios-blocos
nas extremidades da parede para que a amarração seja garantida.
A Figura 6 representa o processo de assentamento de blocos cerâmicos. O
primeiro método consiste em assentar o bloco sobre a argamassa já aplicada,
fazendo o abatimento da argamassa contida na face horizontal. Já no segundo
método, o bloco é assentado com a argamassa aderida em sua face vertical.

Argamassa aplicada no
tijolo com a colher

Argamassa rebatida
com a colher
Argamassa
abundante

1° método 2° método

Figura 6. Métodos de assentamento de tijolos cerâmicos. Fonte: ABNT, 1984. (Adaptado).

Para a execução de alvenarias estruturais, a NBR 15961-2/2011 prevê alguns


requisitos indispensáveis:
• A base deve ser nivelada e impermeabilizada;
• Os reforços metálicos e as tubulações de instalações devem ser posiciona-
dos de acordo com especificações do projeto;
• A superfície na qual os blocos são assentados deve estar limpa;

CONSTRUÇÃO CIVIL 50

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 50 23/11/2020 12:36:57


• Os blocos também precisam estar limpos e livres de materiais que possam
prejudicar sua aderência à superfície.
Conforme paredes vão sendo elevadas, é preciso atenção ao correto posi-
cionamento de portas e janelas, para que fiquem livres os vãos nos quais elas
serão instaladas. De acordo com a NBR 8545/1984, os espaços destinados à
colocação de portas e janelas devem seguir as medidas e respectivas localiza-
ções determinadas em projeto. Na parte superior das aberturas para porta e
janelas, são executadas as vergas e na parte inferior, as contravergas. Os ele-
mentos são indispensáveis na execução das alvenarias, uma vez que absorvem
os esforços de cisalhamento aos quais a alvenaria fica sujeita após o corte, pre-
venindo assim o surgimento de fissuras e trincas nos cantos dessas aberturas.
Já os coxins são elementos executados em concreto, cujas dimensões de-
vem estar de acordo com as dimensões das vigas, segundo a NBR 8545/1984.
Esses elementos funcionam como um prolongamento da viga para auxiliar na
distribuição de carga da edificação, sendo empregados quando há vigas com
grandes cargas atuando diretamente sobre a parede. A Figura 7 mostra a re-
presentação da execução de um coxim de concreto, sendo possível observar
que suas dimensões acordam com as dimensões da viga (ABNT, 1984).

Coxim

Figura 7. Coxim de concreto. Fonte: ABNT, 1984. (Adaptado).

Assim como na alvenaria de vedação, na alvenaria estrutural os eixos tam-


bém devem ser marcados seguindo todas as dimensões determinadas. A locali-
zação de cada parede é marcada na base para que as fiadas possam ser executa-

CONSTRUÇÃO CIVIL 51

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 51 23/11/2020 12:36:58


das. Tanto as juntas verticais como as horizontais, usadas no assentamento dos
blocos, devem apresentar espessura mínima de 10 mm. Durante a produção,
alguns cuidados devem ser tomados para garantir a qualidade da alvenaria:
• Depois de assentados, os blocos não podem ser movidos, para que não
percam a aderência com a argamassa;
• A parede deve ser feita apenas com blocos inteiros. Não é indicada a utili-
zação de blocos quebrados;
• Alvenarias estruturais não podem ser diretamente ligadas a alvenarias
não estruturais;
• A alvenaria estrutural não pode, em hipótese alguma, ser calçada durante
o assentamento;
• Ao longo do processo, deve-se ter o cuidado de verificar se a argamassa está
obstruindo os vazios dos blocos, fazendo a remoção do excesso quando necessário.
• Paredes recém-elevadas devem ser protegidas em caso de chuvas.

Revestimentos e pavimentação
A NBR 13529/2013 define revestimento como o processo responsável pelo
acabamento de uma superfície, constituído por um conjunto de argamassas e
acabamentos decorativos que visam a regularização da base de acordo com as
condições determinadas em projeto (ABNT, 2013).
Tipos
Os revestimentos são classificados de acordo a superfície em que são apli-
cados. São chamados de revestimentos aqueles que são aplicados em paredes
internas e externas. Já o revestimento aplicado no piso é chamado de pavimen-
tação. Em ambos os tipos, há variadas opções e formas de executar o revesti-
mento da superfície. Para o revestimento aplicado em paredes, existem dois
grupos: os argamassados e os não argamassados. Os revestimentos argamas-
sados se subdividem em:
a) Chapisco: consiste em um tipo de argamassa mais simples, cuja fun-
ção é preparar a base, regularizando-a e promovendo a aderência entre a
alvenaria e a argamassa de regularização. Essa camada de argamassa fina
torna a superfície áspera, o que lhe confere maior aderência. O chapisco é
produzido a partir da mistura entre cimento, areia grossa e água, apresen-

CONSTRUÇÃO CIVIL 52

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 52 23/11/2020 12:36:58


tando espessuras que variam entre 3 mm e 5 mm. Pode ser aplicado em
paredes internas, externas e também para fins de proteção da superfície
exposta à ação de intempéries;
b) Emboço: consiste em uma argamassa de regularização, produzida a par-
tir de água, areia, cimento e cal, cuja função é preparar a base para receber a
última camada de revestimento, argamassado ou não. Segundo Nakamura, em
artigo publicado em agosto de 2013, essa camada de revestimento também é
utilizada como um envoltório na alvenaria, a fim de evitar a ação de agentes
externos, como no caso de infiltrações. Além disso, o emboço atua na unifor-
mização da superfície, corrigindo descontinuidades e/ou desalinhamentos na
alvenaria. Suas espessuras variam de 1,5 cm a 2 cm em ambientes internos e
de 3 cm a 4 cm em ambientes externos;
c) Reboco: camada de argamassa utilizada para cobrir o emboço, conferin-
do o acabamento adequado para receber o revestimento decorativo. O reboco
pode também se configurar como o próprio acabamento da superfície, uma
vez que confere uma superfície polida à alvenaria;
d) Revestimento com pasta de gesso: esse tipo de revestimento dispensa
chapisco, emboço ou reboco. De acordo com a NBR 13867/1997, para a sua
aplicação, a superfície precisa estar plana e alinhada, podendo ser aplicado em
paredes internas, proporcionando superfície lisa.
Os revestimentos não argamassados são aqueles que não incluem a arga-
massa em sua produção, embora se valham da argamassa para a regularização
da base da alvenaria e na sua própria aplicação. Ao assentar um revestimento
não argamassado, como uma cerâmica, é necessário utilizar a argamassa de
assentamento. Dessa forma, apesar de não serem feitos de argamassa, eles
precisam dela no processo. Entre esses revestimentos estão:
a) Revestimento de azulejos: existe uma grande variedade de modelos e ta-
manhos de azulejos para aplicação em paredes. De acordo com Silva, em artigo
de maio de 2015, azulejos lisos são indicados para aplicação em ambientes que
requerem cuidado redobrado com higiene, como laboratórios, clínicas e hospitais;
b) Revestimento de pastilhas: as pequenas dimensões de suas pastilhas
são o que caracterizam a delicadeza das peças. É um revestimento muito utili-
zado em banheiros, cozinhas e áreas gourmet, podendo também ser aplicado
em outros ambientes;

CONSTRUÇÃO CIVIL 53

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 53 23/11/2020 12:36:58


c) Revestimento de pedras naturais: dentre as pedras naturais mais em-
pregadas para fazer o acabamento da alvenaria estão granito, tijolinho irregu-
lar, pedra mineira, arenito e ardósia;
d) Revestimento de mármore: as peças de mármore aplicadas na parede
apresentam cerca de 2 cm de espessura e são utilizadas para revestir superfí-
cies de concreto;
e) Revestimento de madeira: conhecido como lambri, é feito com placas
de compensado ou ripas de madeira encaixadas entre si e percorrendo toda a
extensão da alvenaria;
f) Revestimentos de papel: muito utilizados, os papéis de parede são apli-
cados sobre a superfície da parede já finalizada. Nesse caso, a alvenaria recebe
os revestimentos argamassados para regularizar a base e o papel de parede é
aplicado como revestimento decorativo;
g) Revestimentos de placa de cortiça: utiliza como matéria-prima um ele-
mento natural e renovável, extraído do sobreiro, sendo também aplicado so-
bre a alvenaria já regularizada.
De acordo com Azeredo, no livro de 2006, O edifício e seu acabamento, a
pavimentação, ou o revestimento aplicado em pisos, se resume à construção
de uma superfície que permita o tráfego leve ou pesado. Há uma grande varie-
dade de revestimentos para piso. Sua aplicação, no entanto, ocorre conforme
o ambiente e as determinações de projeto.
Sendo assim, o revestimento utilizado no piso de um quarto não é o mesmo
a ser utilizado numa estrada, dado que o fluxo sobre o piso é diferente em cada
ambiente. Enquanto o fluxo no quarto é apenas de pessoas, o fluxo na estrada
envolve pessoas e equipamentos pesados. Logo, o tipo de revestimento em
cada situação é diferente. Dentre os tipos de revestimentos para pisos e pavi-
mentação mais utilizados, estão:
• Madeira (tacos, soalho e parquetes);
• Cerâmicas;
• Ladrilhos;
• Pedras (naturais e artificiais);
• Resinas;
• Fibra;
• Vidro.

CONSTRUÇÃO CIVIL 54

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 54 23/11/2020 12:36:58


Ferramentas utilizadas
Para a aplicação dos revestimentos, argamassados ou não, a NBR 13529/2013
determina algumas ferramentas utilizadas no processo:
• Tela: consiste em uma malha produzida a partir de fios de aço, resistente
à oxidação. É utilizada para auxiliar a fixação do revestimento e prevenir o apa-
recimento de patologias;
• Grampos: objetos de metal utilizados para pregar as telas e os sarrafos na
superfície da alvenaria;
• Colher de pedreiro: tipo de espátula utilizada pelo pedreiro para lançar a
argamassa na parede;
• Desempenadeira: objeto retangular utilizado para espalhar a argamassa
na superfície e regularizar as camadas de revestimento;
• Desempenadeira dentada: objeto utilizado para distribuir a argamassa
na base para o assentamento de azulejos, pastilhas, pedras e outros materiais;
• Régua: objeto retangular e comprido, de material metálico ou madeira,
utilizado pelo pedreiro para regularizar a camada de argamassa aplicada;
• Esponja: material macio utilizado para obter acabamento liso;
• Serrote: material utilizado para executar a camada única, que também é
conhecida como reboco paulista.
Além desses, podem ser citados materiais auxiliares, tais como caixote, masseira,
baldes, carrinho de mão, esquadro, prumo, nível, talhadeiras, martelo e prego. Para
os revestimentos em pisos e pavimentos, as ferramentas praticamente não mudam.

Técnicas de execução
Azeredo, em livro de 2006, comenta que é necessário fazer algumas verifi-
cações antes de iniciar qualquer procedimento de execução de revestimentos,
seja em parede ou piso. A principal delas é instalar e testar toda a tubulação
hidrossanitária após a execução da alvenaria. Em seguida, realiza-se a limpe-
za da superfície. Durante o processo construtivo, é natural que as superfícies
construídas fiquem cobertas de pó, proveniente do próprio processo.
Antes de iniciar o revestimento, a remoção desses resíduos finos é impor-
tante e, em algumas situações, para facilitar o processo de remoção, a super-

CONSTRUÇÃO CIVIL 55

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 55 23/11/2020 12:36:58


fície pode ser molhada. Além disso, molhar a superfície das paredes auxilia na
execução do revestimento, uma vez que, dessa forma, a alvenaria não absorve
a água contida na argamassa. Feito isso, é iniciado o revestimento. A seguir, são
explicadas as técnicas executivas de cada um dos processos de revestimento
citados, iniciando com os argamassados.
Chapisco
O chapisco pode ser do tipo industrializado, convencional ou rolado. Sua apli-
cação deve ser feita de forma enérgica, de baixo para cima, a uma distância de
aproximadamente 1 m da superfície. Paredes de alvenaria devem ser molhadas
para garantir que a água da mistura não seja absorvida. Já as paredes de concreto
não devem ser molhadas. Yazigi, em seu livro de 2017, relata o alto índice de perda
de material nesse tipo de revestimento devido à fluidez da argamassa e à forma
de lançamento. Por esse motivo, é indicado que seja feita a limpeza da base onde
o excesso de material cai para que o excedente seja recolhido e reaproveitado em
outras aplicações. A aplicação do chapisco varia de acordo com o tipo:
• Industrializado: a argamassa industrializada é aplicada sobre a superfície
com auxílio de desempenadeira dentada;
• Convencional: o lançamento é feito de forma mais vigorosa com a uti-
lização da colher de pedreiro. O resultado obtido é uma superfície rugosa e
altamente aderente para receber a camada posterior.
• Rolado: argamassa mais fluida, constituída por água, cimento, areia e adi-
tivos, é aplicada na superfície com rolo para texturas acrílicas. A Figura 8 de-
monstra a aplicação do chapisco numa parede de alvenaria.

Figura 8. Aplicação de chapisco em parede. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 07/10/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 56

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 56 23/11/2020 12:36:58


Emboço
Acabado o período de pega do chapisco, o emboço pode ser realizado. No-
vamente, para que a argamassa possa ser aplicada, a superfície deve ser pre-
viamente molhada para impedir a absorção da água, lembrando que apenas
paredes de alvenaria devem ser molhadas, não sendo necessário realizar esse
procedimento em paredes de concreto. Assim, o emboço pode começar a ser
executado, salientando que a espessura da camada não pode ultrapassar 2 cm.
As etapas de execução do emboço são:
• Primeiro, fixam-se taliscas de madeira ou cerâmica na parede, a fim de nor-
tear a execução da camada e servir como guia para a espessura exata do emboço;
• Posteriormente, aplica-se argamassa no sentido vertical das taliscas fixa-
das, formando faixas-mestras contendo o mesmo prumo;
• Tais faixas devem ter um espaço de 2 m entre si, contendo no máximo
20 cm de largura;
• Com as guias executadas e o painel molhado, a argamassa é lançada com
certa energia, de baixo para cima, tal como no chapisco, utilizando a colher
de pedreiro;
• Ainda com a colher de pedreiro, a massa é pressionada sobre a parede
e espalhada;
• Com o auxílio de uma régua, metálica ou de madeira, é retirado o excesso
de argamassa entre as guias, em um movimento de zigue-zague, realizado de
baixo para cima. Esse procedimento é chamado de sarrafeamento;
• Em caso de haver brechas, é lançada mais massa e se realiza o sarrafea-
mento novamente;
• O acabamento grosseiro garante uma boa aderência para a camada
posterior;
• Em casos onde se deseje a superfície já finalizada, realiza-se o desempeno
da superfície.

EXPLICANDO
Desempenar uma superfície revestida significa imprimir a ela acabamen-
to liso. O procedimento é feito com o auxílio de uma ferramenta chamada
desempenadeira, feita de madeira em formato retangular. Sobre a super-
fície sarrafeada, borrifa-se água e, com movimentos circulares, desem-
pena-se o revestimento.

CONSTRUÇÃO CIVIL 57

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 57 23/11/2020 12:36:58


Figura 9. Aplicação de emboço em parede. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 07/10/2020.

Reboco
O reboco confere à superfície da parede acabamento uniforme e plano,
permitindo a aplicação do revestimento decorativo, como pintura, ou consti-
tuindo-se como o próprio acabamento. Seu acabamento é feito com auxílio de
desempenadeira, realizando movimentos circulares. É executado com material
industrializado feito com cal hidratada, mas que, em alguns casos, pode ser
substituído pela massa corrida. Os procedimentos para a sua execução são:
• Molhar bem a superfície;
• Aplicar a argamassa com desempenadeira em camadas de 3 mm a 5 mm;
• Desempenar a superfície;
• Corrigir as imperfeições e desempenar novamente;
• Com auxílio de uma esponja, conferir acabamento liso à superfície.

Figura 10. Aplicação de reboco em parede. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 07/10/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 58

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 58 23/11/2020 12:36:59


Revestimento com pasta de gesso
Assim como para os revestimentos com argamassa de cimento, para executar
o revestimento que utiliza pasta de gesso, a superfície precisa estar limpa e uni-
forme. A pasta de gesso deve ser preparada em recipientes limpos, usando água
limpa. Deve-se aguardar o período de absorção do gesso e a pasta estará pronta
para ser homogeneizada. Ao contrário da argamassa de cimento, a pasta de gesso
é aplicada de cima para baixo ao longo de toda a parede, com uma desempenadei-
ra e revestimento entre 1 mm e 3 mm. O revestimento pode ser feito em uma ou
duas camadas. Para os revestimentos não argamassados, tem-se:
a) Revestimento de azulejos: para a aplicação de azulejos, é indispensável
que a superfície esteja adequadamente preparada para receber o revestimento.
O ideal é que seja aplicado sobre uma parede chapiscada ou emboçada. Vale res-
saltar que a superfície não deve estar completamente lisa para que a aderência
seja garantida. Caso a parede não tenha sido chapiscada e/ou emboçada, deve-
-se realizar o procedimento. Aguardado o período de pega, o azulejo é assentado
utilizando argamassa industrializada. As etapas a serem seguidas são:
• Superfície preparada e previamente limpa;
• Preparação da argamassa industrializada;
• Aplicação da argamassa na face do azulejo que estará em contato com a parede;
• O azulejo é posicionado e pressionado contra a parede, aplicando-se leves
batidas sobre ele com o cabo da colher de pedreiro ou com um martelo peque-
no, a fim de fixá-lo;
• Aplicação das demais peças espaçadas entre si a 3 mm no máximo;
• Rejuntamento dos espaços entre os azulejos.
b) Revestimento de pastilhas: a aplicação das pastilhas segue procedi-
mento semelhante à aplicação do azulejo, considerando que:
• A superfície emboçada deve ser limpa e molhada;
• A argamassa industrializada é preparada e aplicada sobre a face poste-
rior da pastilha;
• Deve-se pressionar a pastilha contra a parede, a fim de fixá-la;
• Por fim, rejuntam-se as peças.
c) Revestimento de pedras naturais: para a colocação de pedras como re-
vestimentos em paredes, deve-se inicialmente ter uma superfície chapiscada.
Em seguida, aplica-se a argamassa de assentamento na parede e pressionam-

CONSTRUÇÃO CIVIL 59

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 59 23/11/2020 12:36:59


-se as pedras contra a argamassa, uma de cada vez. De acordo com Azeredo
(2006), após colocadas as pedras, é indicado que a superfície seja lavada para
remover o excesso de argamassa. Pode-se também utilizar uma escovinha
para auxiliar na remoção;
d) Revestimento de mármore: após limpa, a parede que recebe o revesti-
mento em mármore também recebe duas demãos de chapisco. Ambrozewicz,
no livro Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de
laboratório, de 2012, comenta a necessidade de verificar a existência de chapas
de ferro chumbadas na face posterior das peças. Isso porque, para paredes
de concreto, é essencial a presença das chapas por motivos de dilatação do
concreto. Já em paredes de tijolos, não é necessário que as peças contenham
chapas chumbadas. O assentamento é feito com uma nata de cimento fluida e,
para evitar sua fuga, são vedadas as extremidades da parede em que as peças
foram aplicadas com pasta de gesso;
e) Revestimento de madeira: para o assentamento dos lambris, são fixados
os caibros, distantes 50 cm entre si. Neles, são colocados os perfis de madeira.
Medidos e cortados, eles são instalados sobre os caibros, deixando um espaça-
mento de 2 mm a 3 mm entre a parede e a madeira para garantir a dilatação. Po-
dem ser utilizados grampos ou clipes para auxiliar a fixação entre as peças. Para
fixá-las nos caibros, são utilizados pregos e/ou parafusos. As juntas de dilatação
deixadas entre a madeira e a parede são finalizadas com perfis de ângulo fixados
com cola. A finalização pode ser feita com verniz ou tinta;

Figura 11. Parede revestida com perfis de madeira. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 07/10/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 60

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 60 23/11/2020 12:37:00


f) Revestimento de papel: a utilização do papel surgiu como uma substituição
da pintura. De fácil aplicação, ele costuma ser adesivado, o que permite que qualquer
pessoa possa aplicá-lo sobre a superfície de uma parede, apesar da necessidade de
que a parede esteja com o acabamento realizado, isto é, emboçada e rebocada. Em
seguida, lixa-se a parede para remover os grãos de areia remanescentes. Em seguida,
é removida a camada não colante e aplicado o papel sobre a parede. Utilizar uma es-
pátula auxilia na distribuição do papel sem o surgimento de bolhas. Para papéis que
não são adesivados, a cola é aplicada na parede e na faixa de papel a ser aproveitada;
g) Revestimentos de placa de cortiça: o procedimento para a aplicação
da cortiça se assemelha ao processo de aplicação do papel. A superfície deve
estar emboçada, rebocada e lixada. A cola deve ser passada na parede e nas
peças, as quais devem ser aplicadas com o auxílio de um martelo de borracha.
No caso das placas de cortiça, há colas específicas para sua aplicação.
De acordo com Azeredo, em seu livro de 2006, para o processo executivo de
revestimentos de pisos, são considerados dois casos: o solo como base e lajes
de concreto como base.
Quando a pavimentação é feita sobre o solo, é indispensável o cuidado com
a impermeabilização da alvenaria de elevação para evitar o surgimento futuro
de patologias. Em seguida, é executado o contrapiso com concreto magro para
que o revestimento possa ser assentado. O processo de assentamento do re-
vestimento varia de acordo com o tipo de revestimento e a utilização ou não de
argamassas. Já na pavimentação sobre lajes ou superfícies concretadas, não há
necessidade de contrapiso, apenas do assentamento do revestimento.
Tábua corrida
Também conhecida como soalho, as tábuas são encaixadas umas nas outras lon-
gitudinalmente e fixas na base com pregos sem cabeça. Com o auxílio de uma broca,
são feitos furos para os pregos maiores, que devem ser aplicados obliquamente.
Tacos
A execução desse revestimento, assim como a dos demais, inicia com a lim-
peza da base para a remoção de resíduos indevidos. Com uma mangueira de
nível, deve-se definir os níveis do piso e marcar as direções em que os tacos
serão encaixados. Deve-se assentar as peças com o auxílio de uma cola à base
de PVA, aplicada sobre a superfície e espalhada com desempenadeira. O aca-
bamento é feito com aplicação de verniz sobre a superfície raspada.

CONSTRUÇÃO CIVIL 61

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 61 23/11/2020 12:37:00


Parquetes
Os parquetes são assentes de modo semelhante aos tacos. Aplica-se cola à
superfície já raspada. Caso seja necessário, pode ser usada uma lixa fina para
dar acabamento mais liso antes da aplicação do verniz.
Cerâmicas
Com a superfície limpa, são marcados os níveis e demarcadas as posições
de assentamento de cada fiada. Em seguida, aplica-se a argamassa de assenta-
mento na superfície, com espessuras variando de 3 mm a 4 mm, utilizando-se
desempenadeira dentada. Após isso, a cerâmica é pressionada contra a super-
fície e sobre ela são dadas batidas leves. Em cômodos com ralos, deve-se tomar
cuidado ao assentar a cerâmica para garantir a inclinação adequada até o ralo.
Pedras naturais
No caso de pedras como mármore, diferente da aplicação em paredes, não
há necessidade de chapas de ferro incrustadas para o piso. Sua aplicação ocor-
re de forma semelhante, sendo espalhada sobre a superfície uma camada de
argamassa de cimento, sobre a qual é aplicada a pedra, sempre pressionando
contra o piso e dando leves batidas. A aplicação de pedras de granito no re-
vestimento de pisos segue o mesmo procedimento da aplicação de mármore.

Impermeabilização
De acordo com a NBR 9575/2010, a impermeabilização é um conjunto de
procedimentos que visa impedir o deslocamento de fluidos e vapores nos ma-
teriais e estruturas da construção civil, protegendo-os contra ação danosa e
infiltrações de água. Enquanto operação construtiva integrante do projeto de
uma edificação, sua importância está na proteção e preservação da estrutura
para evitar o surgimento de possíveis patologias que comprometam a vida útil
da estrutura. Assim, problemas muito comuns decorrentes da falta de imper-
meabilização são:
• Infiltração em paredes;
• Degradação do concreto;
• Eflorescência;
• Corrosão das armaduras;
• Empolamento em pinturas.

CONSTRUÇÃO CIVIL 62

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 62 23/11/2020 12:37:00


Também é frequente o surgimento de patologias na base de paredes do
tipo salitre, causadas pela percolação (infiltração) da água do solo para as pare-
des. Isso ocorre devido à ausência de impermeabilização ou pela sua má exe-
cução. Na Figura 12, é possível verificar a manifestação da patologia citada,
decorrente de problemas com impermeabilização.

Figura 12. Exemplo de problema com impermeabilização. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 07/10/2020.

Esse processo faz parte do conjunto de projetos da obra, que deve conter
em planta a localização de cada impermeabilização, detalhando o sistema a ser
empregado. Além disso, deve dispor de memorial descritivo listando todos os
materiais a serem empregados, bem como o passo a passo do processo execu-
tivo e os cuidados com a segurança dos profissionais envolvidos na execução.

Tipos e materiais
No Brasil, há diversos tipos e produtos de impermeabilização com diferen-
tes características. Os impermeabilizantes dividem-se em rígidos e flexíveis. Os
rígidos incluem os cimentos e as argamassas, enquanto os flexíveis englobam
as mantas e as membranas. Segundo a NBR 9575/2010, com base no material
constituinte, os tipos de impermeabilizantes classificam-se em:

CONSTRUÇÃO CIVIL 63

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 63 23/11/2020 12:37:01


a) Cimentícios:
• Cimento modificado com polímero;
• Argamassa modificada com polímero;
• Argamassa polimérica;
• Argamassa com aditivo impermeabilizante.
b) Asfálticos:
• Manta asfáltica;
• Membrana de emulsão asfáltica;
• Membrana de asfalto elastomérico;
• Membrana de asfalto elastomérico em solução;
• Membrana de asfalto modificado sem adição de polímero.
c) Poliméricos:
• Manta elastomérica de etilenopropilenodieno-monômero (EPDM);
• Manta elastomérica de poliisobutileno isopropeno (IIR);
• Manta de polietileno de alta densidade (PEAD);
• Manta de policloreto de vinila (PVC);
• Manta de acetato de etilvinila (EVA);
• Membrana epoxídica;
• Membrana de poliuretano;
• Membrana de poliuretano modificado com asfalto;
• Membrana de poliureia;
• Membrana de polímero acrílico com ou sem cimento;
• Membrana acrílica para impermeabilização;
• Membrana elastomérica de estireno-butadieno-estireno (SBS);
• Membrana elastomérica de estireno-butadieno-estireno-rubber (SBR);
• Membrana elastomérica de poliisobutileno isopreno (IIR) em solução;
• Membrana elastomérica de policloropeno e polietileno clorossulfonado.
Na Figura 13, é possível observar a aplicação de uma manta asfáltica sobre
a superfície de uma laje. Esse tipo de impermeabilização é aplicado e soldado
com o auxílio de um maçarico de gás após a colocação do primer na superfície.
É indicado para utilização em ambientes nos quais o tráfego de pessoas e veí-
culos é alto ou em ambientes sem tráfego, tais como reservatórios e piscinas.
Já a Figura 14 mostra a aplicação de argamassa polimérica numa superfície.
Esse tipo de impermeabilização caracteriza-se por ser extremamente resisten-

CONSTRUÇÃO CIVIL 64

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 64 23/11/2020 12:37:01


te à umidade, podendo ser aplicado em ambientes como reservatórios e pisci-
nas, parede, viga baldrame e outros.

Figura 13. Impermeabilização com manta asfáltica. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 07/10/2020.

CURIOSIDADE
O primer é aplicado sobre a superfície aproximadamente 6 horas antes de
receber a impermeabilização. É um processo indispensável, pois ele que
garante a aderência do material impermeabilizante à superfície, contudo,
o primer não pode ser aplicado sobre superfícies molhadas ou sobre
camadas já existentes, como pinturas.

Figura 14. Impermeabilização com argamassa polimérica. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 07/10/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 65

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 65 23/11/2020 12:37:02


Processos e ferramentas
A NBR 9574/2008 determina que todas as superfícies que requeiram es-
tanqueidade devem ser completamente impermeabilizadas. O método de exe-
cução da impermeabilização varia de acordo com o tipo escolhido. De modo
geral, as impermeabilizações rígidas são aplicadas diretamente sobre a super-
fície, de forma contínua e com espessura de 30 mm. As camadas seguintes são
aplicadas com espessuras de 15 mm. A norma determina ainda que a primeira
camada seja sarrafeada para permitir uma ancoragem perfeita das camadas
posteriores e que a última seja desempenada. Já as impermeabilizações flexí-
veis são executadas em etapas. Em geral, elas seguem o seguinte padrão:
• É feita a regularização da base com argamassa;
• Aplica-se o material impermeabilizante flexível;
• Sobre o material, utiliza-se proteção mecânica devido ao tráfego de pes-
soas e veículos e à ação de intempéries.

CONSTRUÇÃO CIVIL 66

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 66 23/11/2020 12:37:02


Sintetizando
Nos dias de hoje, há diversos tipos de alvenaria que podem ser empregadas
em uma construção. A escolha adequada para uma construção específica depen-
de das características de cada obra, levando em consideração aspectos orçamen-
tários, tempo de execução, material utilizado e até mesmo aspectos estéticos.
Nessa perspectiva, foram identificados e aprofundados os conhecimentos acerca
dos tipos de alvenaria mais comuns e os respectivos materiais para cada um.
Dentre os sistemas existentes na alvenaria, estão: o de embasamento, o de
pedra, o de vedação e o estrutural. A alvenaria de embasamento fica na base
das edificações e tem como função realizar o seu nivelamento. Diferente da
alvenaria de pedra, em que a parede é construída pela sobreposição de pedras
arranjadas entre si, na alvenaria de vedação as paredes são responsáveis por
dividir os ambientes, além de serem construídas a partir de blocos ou placas,
com fins decorativos ou não.
Já as alvenarias estruturais, como o próprio nome sugere, atuam como por-
tantes de carga na estrutura, ou seja, sua função vai além de separar ambien-
tes, pois funcionam como elementos de sustentação. Logo depois, foram iden-
tificados os tipos de materiais empregados na construção de paredes, como
tijolos em geral, blocos de concreto, placas cimentícias e drywall, sem esquecer
de suas respectivas técnicas construtivas. Durante a execução, deve-se tomar
o máximo de cuidado com a elevação das paredes para que elas sejam execu-
tadas no prumo e alinhamento adequados.
Outro ponto que vale a pena ser ressaltado é o cuidado com a prepara-
ção e a escolha da argamassa de assentamento e seus requisitos. Após a sua
execução, as alvenarias podem ser tratadas e revestidas. A NBR 13529/2013
define revestimento como o processo de acabamento de uma superfície, com-
posto por um conjunto de argamassas e acabamentos decorativos que tornam
a base regular. Sua classificação é feita de acordo com a superfície sobre a
qual são aplicados, sendo chamados simplesmente de revestimento os que
são utilizados em paredes internas e externas e de pavimentação os que são
aplicados sobre o piso.
Dessa maneira, para a execução deve-se escolher o tipo adequado de reves-
timento, que pode ser argamassado ou não argamassado. Os revestimentos

CONSTRUÇÃO CIVIL 67

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 67 23/11/2020 12:37:02


argamassados são compostos por chapisco, emboço, reboco e pasta de gesso,
enquanto os não argamassados são, por sua vez, azulejos, pastilhas, pedras
naturais, mármore, madeira, papel ou até placas de cortiça. Já a pavimentação,
também conhecida como o revestimento aplicado em pisos, consiste em uma
superfície qualquer construída para permitir o tráfego pesado ou leve.
Como visto, há uma grande variedade de revestimentos para piso. Sua apli-
cação, todavia, varia de acordo com o ambiente e com as determinações de
projeto. Dentre os tipos de revestimentos para pisos, os mais utilizados são a
madeira, as cerâmicas, os ladrilhos, as pedras (naturais e artificiais), as resinas,
as fibras e os vidros. Na sequência, os métodos executivos de cada um desses
tipos de revestimentos foram explorados.
Por fim, foi vista a importância de realizar a impermeabilização em uma edi-
ficação. Ela é o conjunto de procedimentos que visa impedir o deslocamento de
fluidos e vapores nos materiais e estruturas da construção civil, protegendo-
-os contra a ação danosa e as infiltrações de água, sendo parte das operações
construtivas do projeto de uma edificação. Sua importância está na proteção e
preservação da estrutura para evitar o surgimento de possíveis patologias que
possam comprometer a sua vida útil.
Alguns tipos comuns de patologias surgem em decorrência de uma má im-
permeabilização ou pela sua completa ausência, como corrosão das armaduras,
bolor nas paredes, salitre e tantos outros. Quanto aos tipos de impermeabiliza-
ção, eles se dividem em rígidos e flexíveis. Os rígidos incluem os cimentos e as
argamassas, enquanto os flexíveis englobam as mantas e as membranas. Antes
de concluir, lembre-se que é sempre bom complementar seus estudos por meio
de leituras de artigos e pesquisas científicas acerca do tema estudado.

CONSTRUÇÃO CIVIL 68

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 68 23/11/2020 12:37:02


Referências bibliográficas
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13529:
revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: terminologia. Rio
de Janeiro, 2013.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13867:
revestimento interno de paredes e tetos com pasta de gesso: materiais, prepa-
ro, aplicação e acabamento. Rio de Janeiro, 1997.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15961-2:
alvenaria estrutural: blocos de concreto: parte 2: execução e controle de obras.
Rio de Janeiro, 2011.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8545:
execução de alvenaria sem função estrutural de tijolos e blocos cerâmicos: pro-
cedimento Rio de Janeiro, 1984.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9575: im-
permeabilização: seleção e projeto. Rio de Janeiro, 2010.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9574:
execução de impermeabilização. Rio de Janeiro, 2008.
AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, apli-
cação e ensaios de laboratório. São Paulo: Pini, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. 1. ed. São Paulo: Edgar Blücher, 1997.
AZEREDO, H. A. O edifício até sua cobertura. 2. ed. rev. São Paulo: Edgar Blü-
cher, 1977.FIGUEROLA, V. Alvenaria de blocos de concreto. Equipe de obra, São
Paulo, n. 3, p. 29-35, out. 2005.
NAKAMURA, J. Paredes de blocos cerâmicos. Equipe de obra, São Paulo, n. 18,
p. 225-230, jul. 2008.
NAKAMURA, J. Revestimento argamassado. Equipe de obra, São Paulo, n.
62, p. 22-29, ago. 2013. Disponível em: <https://bit.ly/3kdzW2n>. Acesso em:
07 out. 2020.
SILVA, M. N. P. et al. Revestimentos cerâmicos e suas aplicabilidades. Cadernos
de Graduação: Ciências Exatas e Tecnológicas, Maceió, v. 2, n. 3, p. 87-97,
maio 2015. Disponível em: <https://bit.ly/3dDcUiY>. Acesso em: 07 out. 2020.
YAZIGI, W. A técnica de edificar. 16. ed. São Paulo: Pini, 2017.

CONSTRUÇÃO CIVIL 69

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID2.indd 69 23/11/2020 12:37:02


UNIDADE

3 SISTEMAS FINAIS:
ACABAMENTOS

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 70 23/11/2020 12:54:07


Objetivos da unidade
Conhecer os tipos de esquadrias empregadas em uma construção e
entender os procedimentos para sua colocação;
Conhecer os materiais empregados na produção de esquadrias;
Compreender o que são os vidros e como eles podem ser empregados na
construção civil;
Entender como se dá o processo de colocação dos vidros;
Compreender o que é um sistema de pintura e conhecer os tipos existentes;
Conhecer as ferramentas empregadas na execução das pinturas e como se
dá seu processo de execução.

Tópicos de estudo
Esquadrias
Tipos e materiais empregados
Ferramentas utilizadas
Processos de colocação

Vidros
Ferramentas utilizadas
Processos de colocação

Pinturas
Tipos de pinturas
Ferramentas utilizadas
Ferramentas utilizadas

CONSTRUÇÃO CIVIL 71

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 71 23/11/2020 12:54:07


Esquadrias
As esquadrias compõem um sistema cujo papel é inegavelmente signifi -
cativo quando se trata de construção civil. Além de exercer função estética,
as esquadrias atuam no suporte ao desempenho da edifi cação como um
todo, e proporcionam iluminação e ventilação naturais aos ambientes. Aze-
redo (1987) define esquadrias como todo e qualquer elemento que realize
a vedação de vãos, podendo ser compostas por janelas, portas, persianas
e tantos outros.
Neste ponto é importante compreender a principal diferença entre esqua-
drias e caixilhos. Enquanto as esquadrias representam o tipo de vedação para
o vão, os caixilhos compõem a parte da esquadria onde os vidros são fixados e,
em geral, são produzidos em material metálico.
O desempenho e a durabilidade das esquadrias são assegurados com a
combinação entre execução e manutenção adequada. De acordo com o CBIC
(2017), é fundamental que a instalação e a utilização da esquadria sejam feitas
apropriadamente. Também é importante seguir o manual do fabricante para
realizar a manutenção de forma acertada. Isso garante a vida útil do projeto
das esquadrias.
Além disso, existe uma série de especificações que devem ser atendidas
para que seja comprovada a qualidade das esquadrias e, assim, assegurar
sua funcionalidade e segurança. Dentre tais especificações, podemos citar, de
acordo com Yazigi (2017):
• Resistência às cargas: sobre a abertura do vão há a
influência de cargas distribuídas, bem como a ação de ven-
tos. As portas e as janelas precisam resistir a estes esfor-
ços. Para isto, as esquadrias devem ser adequadamente
projetadas, de acordo com o seu local de uso;
• Comportamento acústico: quando
fechadas, as esquadrias devem se com-
portar como atenuadoras de quaisquer
sons externos;
• Estanqueidade à água: a esquadria
deve proteger os ambientes internos das

CONSTRUÇÃO CIVIL 72

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 72 23/11/2020 12:54:07


construções de infiltrações de água provenientes, por exemplo, de intem-
péries. O projeto deve considerar tais possibilidades no momento da es-
colha da esquadria;
• Estanqueidade ao vento: característica essencial para manter o conforto
em ambientes internos. Visando garantir a climatização adequada do ambien-
te, ou seja, nem frio extremo e nem calor extremo, o projeto deve atentar para
a escolha de portas e janelas adequadas de acordo com os critérios estabele-
cidos em norma.

Tipos e materiais empregados


O avanço da tecnologia e do estudo dos materiais proporcionaram ao
mercado da construção civil uma grande variedade de elementos produ-
zidos a partir de diversos tipos de materiais. Se tratando de esquadrias,
esse avanço pode ser visto na grande diversidade produtos disponíveis no
mercado atualmente. Em tempos remotos, por exemplo, portas e janelas
eram produzidas e disponibilizadas somente em madeira. Nos dias atuais,
estes produtos são fabricados e disponibilizados também em vidro, alumí-
nio, aço, PVC, compostos por mais de um material, além das tradicionais
esquadrias de madeira. Quanto ao tipo, estes elementos se dividem entre
portas e janelas.
Em geral, quando se trata de portas e janelas, o sistema de esquadrias é
caracterizado pelo tipo de movimento executado e pelo número de folhas que
é composto. Neste momento, você aprenderá a diferenciar os tipos de portas e
janelas a partir de suas características principais. Vamos lá?
Iniciando pelas funcionalidades das portas, será possível compreender que
elas são compostas por:
• Contra-batente;
• Batente;
• Folha;
• Guarnição;
• Sôcolo ou soco;
• Batedeira ou mata-junta;
• Ferragens.

CONSTRUÇÃO CIVIL 73

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 73 23/11/2020 12:54:07


Partindo de seus componentes, as portas são categorizadas de acordo com
sua abertura e localização. Vejamos suas classificações principais conforme Ya-
zigi (2017):
Porta de giro
É aquela cuja abertura se dá em torno de um eixo fixo, ou seja, a folha da
porta gira em relação a um eixo vertical que, por sua vez, é fixo por meio de
dobradiças. Quanto ao sentido do giro, este pode ser para a direita ou para a
esquerda de acordo com as especificações do projeto. Comumente dividimos
esta abertura entre sentido horário ou anti-horário.
Porta pivotante
Neste tipo de porta o giro também se dá em torno de um eixo vertical, tal
como na porta de giro, distinguindo-se desta no modo como a folha é fixada.
Na porta pivotante, a folha é fixada no chão e no marco com pinos, tecnicamen-
te conhecidos como pivô. Esta forma de fixação permite que a porta gire no
sentido horário ou anti-horário, de modo que as bordas da folha se deslocam
em sentidos contrários ao vão durante o movimento.
Porta de correr
Esse tipo de porta, como o próprio nome sugere, é feita para abrir com
movimentos deslizantes e é muito utilizada como solução para problemas
com a arquitetura de ambientes pequenos. A porta de correr é composta
por uma ou mais folhas, de acordo
com determinações de projeto que
apresentam movimentos horizontais
no plano da folha.
Porta sanfonada
Composta por duas ou mais folhas
que se dobram uma sobre a outra ao
abrir. Semelhante ao tipo citado ante-
riormente, portas sanfonadas abrem e
fecham com movimentos horizontais
guiados por um trilho fixado na parte
superior da porta. Devido ao seu for-
mato, este tipo de porta é muito utili-
zado em ambientes pequenos.

CONSTRUÇÃO CIVIL 74

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 74 23/11/2020 12:54:08


Porta de conexão
Pouco empregado em construções convencionais, este tipo de porta é com-
posto por duas folhas de dimensões iguais que são fixadas de modo que se so-
breponham. O movimento de abertura, neste caso, se dá por meio de giros no
mesmo sentido, quando as folhas forem fixadas em lados opostos no marco,
ou em sentidos opostos, quando fixadas no mesmo lado.
Porta vaivém
Muito utilizada em ambientes onde há tráfego intenso de pessoas com as
mãos ocupadas como restaurantes, cozinhas e lavanderias, pois este tipo de
porta abre para ambos os lados. Em geral, é fixada no meio ou em uma das
laterais do vão por pinos, molas ou dobradiças com molas que permitam o
movimento da folha para qualquer um dos lados, sendo o seu fechamento au-
tomático. Pode ser composta por uma ou mais folhas e apresenta-se como
opção de porta prática.
Porta balcão
Muito utilizada em ambientes externos, este tipo de porta é bastante co-
mum e carrega um design que encanta seus usuários. É composta por quatro
folhas sobrepostas duas a duas e apresenta muitas variações quanto ao mo-
vimento de abertura. Comumente são empregadas folhas com abertura desli-
zante, ou seja, porta balcão de correr. Também é possível encontrar modelos
com abertura sanfonada, mista ou de giro.
Existe ainda a porta corta-fogo para saída de emergência em casos de
incêndio. De acordo com a NBR 11742/2018, este tipo de porta é composto
por uma ou mais folhas, batente, marco e ferragens, fixada por eixo vertical.
Sua principal função é impedir ou retardar a propagação de
calor, de gases e de fogo em casos de incêndios. O sentido de
abertura deve ser sempre de dentro para fora do ambien-
te. Ainda segundo esta Norma, a porta corta-fogo
deve apresentar algumas características essen-
ciais, como estanqueidade, isolação térmica,
resistência ao fogo, prova de fumaça e dis-
positivo de fechamento automático.
A Figura 1 apresenta a ilustração de cada
um dos tipos de porta mencionados.

CONSTRUÇÃO CIVIL 75

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 75 23/11/2020 12:54:08


Porta de giro Porta pivotante

Porta de correr Porta balcão

Porta de conexão Porta vaivém

Porta sanfonada

Figura 1. Tipos de portas. Fonte: ABNT, 2011b. (Adaptado).

CONSTRUÇÃO CIVIL 76

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 76 23/11/2020 12:54:09


A utilização de diferentes tipos de portas é possível devido às várias movi-
mentações permitidas pelas folhas em cada modelo. Além dos modelos apre-
sentados anteriormente, existe uma vasta possibilidade de combinações de
tipos de portas em uma mesma esquadria. De acordo com a CBIC (2017), outras
opções possíveis são:
• Portas de giro de duas ou três folhas (uma folha de giro e as demais folhas fixas);
• Porta de giro em um plano;
• Porta de giro em um plano com uma folha;
• Porta de giro no sentido horário;
• Porta de giro no sentido anti-horário;
• Porta de giro em um plano com duas folhas;
• Porta de giro com duas folhas simétricas;
• Porta de giro com duas folhas assimétricas;
• Porta de giro em um plano com quatro folhas;
• Porta de giro em dois planos;
• Porta de giro em dois planos com duas folhas;
• Porta de giro em dois planos com quatro folhas;
• Porta pivotante horária;
• Porta pivotante anti-horária;
• Porta de correr em um plano;
• Porta de correr com uma folha sobreposta;
• Porta de correr com uma folha inclusa;
• Porta de correr com uma folha embutida;
• Porta de correr com duas folhas sobrepostas;
• Porta de correr com duas folhas inclusas;
• Porta de correr com duas folhas embutidas;
• Porta de correr em dois planos;
• Porta de correr com duas folhas;
• Porta de correr com uma folha fixa e uma folha móvel;
• Porta de correr com duas folhas móveis;
• Porta de correr com quatro folhas em dois planos;
• Porta de correr em três planos;
• Porta de correr com três folhas com 2/3 de vão livre;
• Porta de correr paralela;

CONSTRUÇÃO CIVIL 77

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 77 23/11/2020 12:54:09


• Porta de correr alçante.
Outro tipo de esquadria amplamente utilizada e indispensável a qualquer
edificação são as janelas. Assim como as portas, também são classificadas
como acessórios utilizados para vedar vãos, bem como permitir e controlar a
entrada de iluminação e ventilação advindos de ambientes externos. As jane-
las se apresentam como elementos verticais ou inclinados, podendo compor
ou não a fachada de uma edificação, segundo a NBR 10821-1/2017. Esta Norma
determina ainda que alguns critérios são essenciais para a escolha e dimen-
sionamento de janelas, tais como segurança, custo, manutenção, interferência
com outros ambientes, área a ser iluminada e ventilada seguindo as exigências
mínimas e permeabilidade visual entre interior e exterior.
Assim como as portas, as janelas também são categorizadas de acordo com
a sua abertura. Vejamos suas classificações principais de acordo com a NBR
10821-1/2017:
Janela de folha fixa
Ideal para isolar vãos e continuar fornecendo iluminação natural ao am-
biente, este tipo de janela é caracterizada por não permitir movimentos das
folhas em nenhuma direção. Como sugere o nome, ela é fixa e comumente em-
pregada em fachadas como elemento decorativo, podendo assumir diversos
formatos: quadrada, semicircular, trapezoidal, entre outros.
Janela de giro, de eixo vertical
Composta por uma ou mais folhas, este tipo de janela é caracterizado pelo mo-
vimento de abertura de suas folhas. Elas são fixadas em eixos verticais nas laterais
das folhas, as quais giram para dentro ou para fora em torno deste eixo fixo.
Janela pivotante
Também composta por uma ou mais folhas, este tipo de janela difere da
anterior pela localização do eixo fixo que permite o movimento de
rotação. Neste caso, a folha deve ser fixada verticalmente em um
ponto distante de suas laterais, sendo na grande maio-
ria das vezes fixada no centro. É um tipo de janela que
vem ganhando muito espaço no mercado da cons-
trução por sua funcionalidade e beleza. Pode ser
aplicada tanto na região interna quanto na região
externa dos ambientes.

CONSTRUÇÃO CIVIL 78

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 78 23/11/2020 12:54:09


Janela basculante
Este modelo é exclusivamente utilizado na região interna das edificações,
sendo muito comum o seu uso em banheiros e áreas de serviço. Apesar disso,
essa janela apresenta uma excelente flexibilidade, podendo também ser empre-
gada em outros ambientes. É composta por uma ou várias folhas que rotacio-
nam a partir de um eixo fixo horizontal. Assim como na janela pivotante, neste
tipo de janela o eixo de rotação deve ser distanciado das extremidades da folha.
Janela de correr
Amplamente empregada nas edificações brasileiras, a janela de correr é
uma das mais conhecidas e mais queridas da construção no nosso país. Ela
é formada por uma ou várias folhas que se deslocam horizontalmente para a
direita ou para a esquerda ao abrir e fechar.
Janela projetante e de tombar
Este tipo de janela é caraterizado por apresentar o eixo de rotação fixado
em uma das extremidades da folha. De acordo com a localização do eixo de
rotação, ela se classifica em projetante ou de tombar, sendo a projetante aque-
la cujo eixo de rotação é fixo na extremidade superior da folha e a de tombar
aquela cujo eixo de rotação encontra-se fixo na extremidade inferior da folha.
Em ambos os modelos, a janela pode apresentar uma ou mais folhas e abrir
para dentro ou para fora da edificação.
Janela guilhotina
Semelhante à janela de correr, esse tipo de janela é ideal para ambientes
interligados, podendo ser empregada em áreas externas e/ou internas. Difere
da janela de correr pelo sentido de deslocamento das folhas. Neste caso, as
folhas deslizam verticalmente para cima e para baixo ao abrir e fechar a janela.
Janela sanfona
Muito conhecida pelo movimento realizado pelas folhas ao abrir, reprodu-
zindo o movimento de uma sanfona. Neste tipo de janela, as folhas se dobram
umas sobre as outras ao realizar o movimento de abertura, retornando à sua
posição inicial ao fechar. A abertura se dá pelo deslizamento horizontal da folha
para a direita ou para a esquerda.
Janela integrada
Este tipo de janela é comumente encontrado nas residências brasileiras. Con-
siste em um modelo que agrega à janela comum um elemento auxiliar que pro-

CONSTRUÇÃO CIVIL 79

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 79 23/11/2020 12:54:09


mova sombreamento e conforto ao ambiente. A janela integrada pode ser de
dois tipos: com persiana e com veneziana. A janela integrada com persiana é em-
pregada em ambientes como quartos e escritórios. O conjunto é composto por
janela com folhas de giro ou de correr e persianas que se deslocam verticalmen-
te para iluminar ou sombrear o ambiente, podendo ser manuais ou automáticas.
Já a janela integrada com venezianas é composta por janela com folhas de giro
ou de correr e venezianas que giram em torno do próprio eixo vertical fixo. Vale
salientar que cada veneziana é fixada verticalmente em ambas as extremidades,
enquanto as persianas são fixadas somente na extremidade superior.
Janela projetante-deslizante
Composta por uma ou mais folhas cujo movimento de rotação se dá em
torno de um eixo horizontal.
Janela de girar e tombar
Semelhante aos modelos de giro e de tombar, este modelo de janela agrega
ambos os movimentos que caracterizam a abertura das folhas, ou seja, apre-
sentam folhas que giram e tombam.
Janela de correr com giro
As folhas que compõem este tipo de janela correm juntas, no mesmo eixo, com
giros de 90° até o fim do vão, permitindo, assim, a ventilação do vão como um todo.
O Quadro 1 apresenta as ilustrações de cada uma dessas classificações, observe:

QUADRO 1. TIPOS DE JANELAS

DENOMINAÇÃO ILUSTRAÇÃO

Janela de folha fixa

Janela de giro, de eixo


vertical

CONSTRUÇÃO CIVIL 80

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 80 23/11/2020 12:54:10


Janela pivotante

Janela basculante

Janela de correr

Janela projetante

Janela de tombar

Janela guilhotina

Janela sanfona

CONSTRUÇÃO CIVIL 81

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 81 23/11/2020 12:54:10


Persiana

Janela integrada
Veneziana

Janela
projetante-deslizante

Vista interna

Janela de girar
e de tombar

Lado interno

Vista interna

Janela de correr
com giro

Lado interno

Fonte: ABNT, 2017. (Adaptado).

CONSTRUÇÃO CIVIL 82

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 82 23/11/2020 12:54:10


Além dos modelos citados acima, a NBR 10821-1/2017 menciona as ja-
nelas de correr paralela e de tombar, de correr com compressão transver-
sal ao plano de movimentação, as alçantes, as especiais e as reversíveis,
além da possibilidade de combinação entre dois ou mais tipos de janela na
mesma esquadria.
Neste ponto, vale ressaltar a importância de conhecer os tipos de esqua-
drias existentes no mercado e a matéria-prima utilizada na sua produção para
que você, enquanto engenheiro responsável, selecione adequadamente o ele-
mento que irá compor a sua construção.

Ferramentas utilizadas
Para a execução das esquadrias na edificação – sejam elas de madeira, vi-
dro, alumínio, aço, PVC ou compostos por mais de um material –, são neces-
sárias ferramentas específicas adequadas para realizar a tarefa. Yazigi (2017)
menciona a necessidade de utilização de algumas ferramentas obrigatórias em
um canteiro de obras, tanto as de uso comum quanto as específicas à instala-
ção de esquadrias. Entre elas, podemos citar:
• EPIs e EPCs;
• Argamassa de assentamento;
• Colher de pedreiro;
• Prumo, linha de náilon, mangueira de nível, nível bolha;
• Trenas;
• Régua metálica;
• Talhadeira;
• Desempenadeira;
• Lápis de carpinteiro;
• Martelo;
• Marreta;
• Serrote;
• Jogo de chaves de fenda;
• Furadeira;
• Batentes;
• Guarnição;

CONSTRUÇÃO CIVIL 83

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 83 23/11/2020 12:54:10


• Cavilhas de madeira (caso necessário);
• Folhas para portas e janelas;
• Sarrafos de madeira;
• Cunhas de madeira;
• Esquadro de carpinteiro;
• Plaina;
• Pregos, parafusos de marceneiro, parafusos com buchas de náilon;
• Ferragens em geral (dobradiças, fechadura, espelhos, contra testas,
rosetas, maçanetas, puxadores, ferrolhos, rodízios, cremonas, tarjetas,
carrancas, fixadores ou prendedores e fechos).

Processos de colocação
Para que as esquadrias possam ser instaladas, as alvenarias devem estar
concluídas, com vergas e contravergas adequadamente executadas para rece-
ber portas e janelas. As faces dos vãos devem estar niveladas com espessura
variando entre 10 mm e 15 mm em cada lado para o encaixe do batente. A
execução das esquadrias segue um processo de colocação que varia de acordo
com o material específico de cada uma. Explanaremos o processo de colocação
das esquadrias mais usuais na construção civil.
Esquadrias de madeira
Após verificar se a obra está em condições de receber a instalação das es-
quadrias, ou seja, se as alvenarias foram finalizadas, os vãos de portas e jane-
las devem ser medidos para garantir que as dimensões estão de acordo com
as determinações de projeto. Em seguida, deve-se verificar se a abertura está
adequada – com o auxílio do nível, do prumo e do esquadro –, para que o vão
possa ser adequadamente limpo para receber a instalação provisória da es-
quadria, que deve ser posicionada no local adequado e fixada com o auxílio de
cunhas removíveis. O marco da esquadria deve então ser fixado permanente-
mente com argamassa, espuma PU ou parafusos. Após o período de cura do
fixador, as cunhas provisórias inseridas entre o vão e a esquadria devem ser
removidas e a folha da esquadria deve ser conferida. Esta conferência é essen-
cial, pois determinará se será preciso fazer ajustes nas ferragens ou até mesmo
na própria esquadria.

CONSTRUÇÃO CIVIL 84

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 84 23/11/2020 12:54:11


Esquadrias de alumínio
Assim como na instalação de esquadrias de madeira, para a instalação de
esquadrias de alumínio as verificações básicas devem ser feitas: os vão devem
ter suas medidas conferidas e deve ser limpo para receber a instalação pro-
visória. O contramarco deve ser posicionado de modo que sobrem para cada
lado cerca de 3 cm de folga. Em seguida, os gabaritos devem ser inseridos em
formato de mão francesa nos cantos superiores e inferiores – isso vale tan-
to para vãos pequenos quanto para vãos grandes. Além das mãos francesas,
devem ser aplicados travamentos verticais. Com o esquadro estando devida-
mente travado, o marco pode ser inserido, nivelado e adequadamente chum-
bado. O chumbamento deve ser feito com argamassa de cimento Portland, que
também deverá ser usada para fazer o acabamento da alvenaria ao redor da
esquadria. Com o contramarco limpo, a esquadria deve ser instalada com o
auxílio de selante (silicone, espuma ou outros). Os esquadros devem ser nova-
mente ajustados, os parafusos necessários devem ser inseridos, os arremates
devem ser colocados para que os ajustes necessários possam ser feitos e, por
fim, a esquadria possa ser limpa.
Esquadrias de aço
Ao receber a esquadria, as extremidades devem ser protegidas com pape-
lão e/ou fitas e deve ser feita a verificação da porta ou janela para atestar se as
dimensões e o modelo estão de acordo com as definições de projeto. A alve-
naria deve contar com folga de, no mínimo, 5 mm e, no máximo, 10 mm tanto
na altura quanto na largura para que a esquadria possa ser adequadamente
instalada. A fixação da esquadria de aço pode ser feita por buchas plásticas e
parafusos ou por chumbadores. Neste último caso, para assegurar a fixação,
os chumbadores devem ter dimensão suficiente para assegurar o assentamen-
to na alvenaria. A esquadria deve ser instalada pelo lado interno da construção
e calçada com blocos de madeira. Após o adequado posicionamento e verifica-
ção do prumo e alinhamento, o espaço entre a esquadria e a alvenaria deve ser
preenchido com argamassa de cimento Portland ou graute. Deve-se aguardar
até que a massa seque por completo para que os calços de madeira possam ser
removidos. Para finalizar a instalação, as fitas e/ou papelão devem ser removi-
dos das extremidades, os possíveis respingos de massa devem ser limpos e o
acabamento da alvenaria deve ser realizado.

CONSTRUÇÃO CIVIL 85

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 85 23/11/2020 12:54:11


EXPLICANDO
O termo “graute” é usado para definir um tipo específico de argamassa
utilizado para preencher possíveis falhas de concretagem, vazios em
blocos, canaletas, problemas com trincas e fissuras e até mesmo peças
corroídas. A grande característica desta argamassa – que também é o que
a diferencia das argamassas convencionais, bem como de concretos – é
a sua fluidez, que faz com que o adensamento não seja necessário. Além
disso, apresenta elevadas resistências iniciais e finais.

Esquadrias de PVC
A instalação deste tipo de esquadria é realizada em situações onde os vãos
estão com o acabamento em finalização. O marco da esquadria deve ser fixado
na alvenaria com buchas plásticas e parafusos. Seu uso é indicado principalmen-
te quando o emboço da alvenaria já estiver finalizado, podendo ser uma constru-
ção nova, uma reforma ou a troca de esquadrias. Assim como ocorre com todos
os tipos de esquadrias, após a verificação das dimensões do vão, da esquadria
recebida e da limpeza do local de instalação, a porta ou janela deve ser fixada
provisoriamente com cunhas de madeira removíveis. Ajusta-se o nível, o prumo
da esquadria e é feita a verificação da folha para atestar o seu adequado funcio-
namento. Estando o marco fixado com parafusos, deve ser aplicada
espuma de poliuretano (PU) em todo seu entorno. Passadas apro-
ximadamente duas horas, as cunhas devem ser removi-
das e os espaços que sobrarem devem ser novamente
preenchidos com a espuma. A vedação das faces da
esquadria, bem como os perfis de arremate devem
ser instalados com silicone. Por fim, o acabamento
da janela deve ser feito e verificado.

Vidros
O vidro está presente em praticamente tudo o que vemos e utilizamos no
nosso dia-a-dia. Nos deparamos com ele na janela do quarto, em utensílios
domésticos, em carros, em smartphones, em itens decorativos e em muitos
outros objetos e ferramentas que manuseamos com frequência. O avanço no
estudo de materiais evidenciou as diversas funcionalidades e aplicabilidades

CONSTRUÇÃO CIVIL 86

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 86 23/11/2020 12:54:11


deste elemento, o que permitiu sua ampla aplicação em diferentes áreas de
conhecimento e consequente comercialização.
Para a ciência e engenharia de materiais, conforme menciona Callister
(2012), o vidro nada mais é do que um elemento não cristalino, amorfo, per-
tencente a um grupo familiar de cerâmicas, obtido essencialmente a partir da
união de elementos naturais, sendo um produto completamente reciclável.
Bastante empregado na construção civil, os tipos de vidro mais utilizados
são vidros de segurança – que podem ser do tipo laminado, temperado ou ara-
mado –, float, impresso, insulado e de controle solar. A NBR 7199/2016 mencio-
na que vidros de segurança são aqueles que são produzidos de tal forma que,
ao quebrarem, geram fragmentos menos suscetíveis de causar ferimentos.
Vidro de segurança laminado
Este tipo de vidro de segurança é composto de duas ou mais folhas de vi-
dro alternadas por uma ou mais lâminas de polivinil butiral, mais conhecido
como PVB. O produto é um material altamente resistente que atua fortemente
na diminuição da incidência de raios ultravioleta nos ambientes, além de pro-
porcionar conforto acústico. De acordo com a Abravidro (2018), este tipo de
vidro pode ser aplicado em: portas, divisórias, vitrines, janelas, guarda-corpos
verticais ou inclinados, boxes de banheiro, fachadas, marquises, claraboias, en-
vidraçamento de sacadas, visores de piscinas e aquários, isolamento de jaulas
em zoológicos, barreiras de separação em estádios de esportes, pisos e de-
graus. A Figura 2 apresenta vidros de segurança do tipo laminado.

Figura 2. Vidro Laminado. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/10/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 87

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 87 23/11/2020 12:54:11


Vidro de segurança temperado
O vidro temperado classifica-se como vidro de segurança após passar por
um processo de tratamento térmico onde ele é aquecido e em seguida resfria-
do rapidamente. Este processo fornece ao vidro características de resistência
mecânica aproximadamente seis vezes maior do que a de um vidro comum
e, quando fraturado, fragmenta-se em partes menos cortantes que os vidros
comuns. Devido à sua elevada resistência mecânica, podem ser utilizados em
instalações com ferragens. De acordo com a Abravidro (2018), este tipo de vidro
pode ser aplicado em portas, divisórias, vitrines, janelas, envidraçamento de
sacadas, boxes de banheiro, fachadas verticais. A Figura 3 apresenta uma porta
de vidro temperado fixa com ferragens nas extremidades.

Figura 3. Porta de vidro temperado. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/10/2020.

Vidro de segurança aramado


Constitui-se de chapas de vidro que, ao serem produzidas, são incorporadas
a malhas metálicas que prendem os estilhaços do vidro em caso de fratura. Sua
principal característica é a resistência adquirida ao fogo, sendo considerado
um produto antichamas. De acordo com a Abravidro (2018), este tipo de vidro
pode ser aplicado em: portas, divisórias, vitrines, janelas, fachadas verticais e
inclinadas, marquises, claraboias, coberturas, fechamentos onde determinada

CONSTRUÇÃO CIVIL 88

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 88 23/11/2020 12:54:12


resistência ao fogo é exigida e envidraçamentos projetantes móveis (de giro, de
eixo vertical, de tombar, pivotante, basculante, projetante, projetante-deslizan-
te, sanfona e reversível). Na Figura 4, é possível identificar o vidro aramado em
uma parede divisória.

Figura 4. Vidro aramado. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/10/2020.

Vidro float
Este vidro é conhecido como comum, fabricado de modo a permitir a visua-
lização através dele sem distorções. É totalmente transparente, permitindo a
perfeita propagação de luz. Pode ser usado simplesmente como é produzido
ou como matéria prima para a fabricação de outros vidros, como o laminado, o
temperado, o insulado, entre outros.
Vidro impresso
São produzidos com vários tipos de desenho que, além de atribuir beleza
ao material, propiciam a propagação dos raios solares, permitindo que o am-
biente receba iluminação natural adequada sem que haja perda de privacidade.
Apresentam uma grande variedade de cores e texturas conferindo-lhes elevado
caráter decorativo. Assim como o vidro float, este tipo de vidro também pode ser
utilizado como matéria-prima para a fabricação de outros vidros.

CONSTRUÇÃO CIVIL 89

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 89 23/11/2020 12:54:13


Para os vidros float e impresso, a Abravidro (2018) menciona as seguintes
aplicações na construção civil: portas, divisórias, vitrines, muros de vidros, ja-
nelas instaladas em ambientes externos ou internos, envidraçamentos proje-
tantes móveis e em fachadas verticais. A Figura 5 mostra um vitral produzido
com vidro impresso que apresenta textura com diferentes desenhos e cores ao
longo da peça.

Figura 5. Vitral com vidro impresso. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/10/2020.

Vidro insulado
Composto por duas chapas de vidro que lhe atribuem características de pro-
teção térmica e acústica, tornando o ambiente confortável, este tipo de vidro
é comumente empregado onde existem grandes ruídos e grandes variações
de temperatura. O vidro insulado possui características fortemente estéticas,
sendo um sistema que pode ser desenvolvido a partir de vários tipos de vidro.
Isso significa que é perfeitamente possível combinar vidros com características
específicas, como resistência e beleza, em um único sistema. A Abravidro (2018)
cita como aplicação deste tipo de vidro os telhados com vidro insulado, onde a
peça de vidro interna deve ser de vidro laminado ou aramado.

CONSTRUÇÃO CIVIL 90

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 90 23/11/2020 12:54:13


Vidro de controle solar
Produzido especificamente para promover a contenção adequada da inten-
sidade de calor e luz que incidem em um ambiente. É um componente funda-
mental para a promoção de conforto às edificações.
Além dos tipos de vidro mencionados, existem outras classificações de vi-
dros com características específicas, tais como os vidros de proteção contra
fogo, antibacteriano, autolimpante, blindado, fotovoltaico, entre outros.

CURIOSIDADE
Os vidros blindados, de acordo com a NBR 16218/2013, devem ser cons-
tituídos por dois tipos diferentes de vidro combinados, sendo um macio
e o outro duro. É a partir das propriedades do componente macio que o
vidro blindado adquire a elasticidade necessária para esticar ao invés de
quebrar ao sofrer impactos. Além disso, a característica de blindagem do
vidro é adquirida a partir do seu processo de cozimento, que deve ser feito
em temperaturas e pressões altamente controladas.

Ferramentas utilizadas
Para a execução dos elementos de vidro na construção civil, são necessá-
rias ferramentas adequadas. Azeredo (1987) menciona a necessidade de uso
de algumas ferramentas específicas para a colocação dos vidros, além das
ferramentas básicas que devem existir em um canteiro de obras. Entre elas,
podemos citar:
• EPIs e EPCs;
• Prumo, linha de náilon, mangueira de nível, nível bolha;
• Trenas;
• Colher de pedreiro;
• Desempenadeira;
• Régua metálica;
• Martelo;
• Marreta;
• Jogo de chaves de fenda;
• Furadeira;
• Ferragens em geral;

CONSTRUÇÃO CIVIL 91

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 91 23/11/2020 12:54:13


• Calço (madeira tratada, borracha sintética, plástico);
• Carrô;
• Contravento;
• Dispositivos de fixação;
• Folhas;
• Moldura;
• Argamassa de assentamento (dura, plástica, elástica).

Processos de colocação
De modo geral, a aplicação de vidros na construção civil deve seguir as dire-
trizes da norma NBR 7199/2016. A quantidade de chapa de vidro a ser utilizada
e suas respectivas dimensões deverá ser especificada em projeto e adequa-
damente verificadas na edificação após a execução das alvenarias. Em cada
aplicação, o tipo do vidro deve ser especificado, especialmente quando o tra-
balho for executado com vidros de segurança, uma vez que, em determinadas
situações, não é possível lidar com o vidro comum. Para cada tipo de aplicação,
a instalação de vidros deve seguir requisitos básicos:
Vidros em fachadas
Nestes ambientes, os vidros devem ser instalados abaixo da cota de
1,10 m em relação ao piso. Dependendo do tipo de vidro utilizado, ele pode
ser fixado em estrutura de alumínio previamente ancorada na edificação a
partir de ferragens nas extremidades, que garantem sua fixação por meio
de peças que utilizam meio furo no centro da chapa de vidro ou a partir de
massas e/ou colas especiais.
Vidros em portas, vitrines e divisórias
Para aplicações abaixo da cota de 1,10 m, somente poderão ser utilizados
os vidros de segurança (laminado, temperado e aramado) e o vidro insulado
– quando produzido a partir de vidros de segurança. Quando autoportantes,
podem ser instalados a partir de ferragens especiais tais como fechaduras,
dobradiças, trincos, puxadores, sistemas corrediços etc. Quando em caixi-
lhos, podem ser instalados a partir de argamassa selante ou plástica, seja em
esquadrias de madeira, alumínio, ferro ou plástico. Já a instalação em cotas
acima de 1,10 m pode ser feita com vidros de segurança ou com vidros do tipo

CONSTRUÇÃO CIVIL 92

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 92 23/11/2020 12:54:13


impresso e float, contanto que sejam colados em toda a extensão ou encaixi-
lhados. O processo de fi xação ocorre da mesma forma que a instalação para
cotas abaixo de 1,10 m.
Envidraçamentos projetantes móveis
Podem ser executados com vidros de segurança vidro do tipo insulado,
desde que produzido a partir dos vidros de segurança laminado ou aramado,
impresso e float. Para instalações feitas com os vidros laminado, aramado e in-
sulado, não há restrições na aplicação. Já para os vidros temperado, impresso
ou float, a NBR 7199/2016 determina algumas condições:
• Vidro temperado: quando instalado no pavimento térreo, poderá ser
completamente encaixilhado ou autoportante. Já a partir do primeiro pavi-
mento, obrigatoriamente deverá ser encaixilhado com projeção máxima de
200 mm da aba de proteção;
• Vidro impresso ou float: deverá ser colado ou completamen-
te encaixilhado no primeiro pavimento e no térreo. Já a partir
do segundo pavimento, obrigatoriamente deverá ser
encaixilhado com projeção máxima de 250 mm da
aba de proteção.
Para instalação em autoportantes, são utiliza-
das ferragens; para os encaixilhados, são aplicadas
argamassas especiais ou colas na instalação.

Pinturas
Compondo o sistema de acabamento de uma edificação, a pintura é uma
das etapas mais importantes e uma das mais esperadas pelos proprietários,
isso porque agrega beleza aos ambientes. O que normalmente não se sabe é
que, além de aspectos estéticos, a pintura tem a finalidade de proteger o subs-
trato da ação de agentes externos, combatendo uma série de patologias como
mofo, empolamento, corrosão, deterioração etc.
Ambrozewicz (2012) menciona que o sistema de pinturas não se restringe so-
mente às tintas. As pinturas englobam todos os processos executados para que
se chegue ao acabamento desejado. Isso inclui o primer – muito conhecido no
âmbito construtivo como tinta de fundo –, as massas e as tintas. O primer sela a

CONSTRUÇÃO CIVIL 93

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 93 23/11/2020 12:54:13


superfície, a massa corrida proporciona uma superfície mais lisa e trabalhável e a
tinta impermeabiliza, protege e embeleza o substrato. A composição do sistema
constitui uma película protetora com espessura total de 1 milímetro.
Quanto à natureza das superfícies de aplicação, na construção civil as pin-
turas são executadas em variados substratos, tais como alvenarias internas e
externas rebocadas, forros, peças de concreto, telhas, madeiras, componentes
metálicos e pisos cimentícios. Neste tópico, serão abordados de forma aprofun-
dada todos os detalhes do processo de pintura na construção civil.

Tipos de pinturas
Estando a alvenaria executada, ela passa pelo processo de revestimento
onde o chapisco, o emboço e o reboco são realizados. São as paredes rebo-
cadas que recebem o sistema de pintura que é composto por três elementos:
• Primer ou tinta de fundo: é um elemento líquido produzido à base de sol-
ventes e resinas, aplicado inicialmente ao substrato com a finalidade de prepa-
rar a base para receber os elementos posteriores. O primer também melhora
a aderência do substrato, diminuindo o consumo de tinta aplicada. Nos metais,
age protegendo contra a corrosão;
• Massa: mais conhecida como massa corrida, é um elemento pastoso apli-
cado sobre a superfície já com primer. Sua função é nivelar o substrato tornan-
do-o mais liso e acabado para receber a tinta;
• Tinta: elemento líquido produzido à base de solventes e resinas. É aplicado
sobre a superfície emassada que, depois de seca, se torna uma camada sólida.
A escolha dos produtos adequados a cada tipo específico de substrato e sua
posterior aplicação deve seguir as diretrizes da norma regulamentadora NBR
13245/2011. Na esfera construtiva atual, existe uma gama de possibilidades de
pinturas que podem ser aplicadas em construções como um todo. Alguns dos
constituintes mais empregados são:
Pintura a látex (PVA)
Elementos compostos à base de PVA, acetato de polivinila, solventes e pig-
mentos. Apresenta como uma de suas principais características o alto rendi-
mento, podendo ser aplicados sobre superfícies com variadas inclinações e em
ambientes internos ou externos, mas não são indicadas para serem aplicadas

CONSTRUÇÃO CIVIL 94

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 94 23/11/2020 12:54:13


diretamente sobre superfícies metálicas. São duráveis, resistentes às patolo-
gias e com pouca retenção de cor.
Pintura acrílica
Elementos compostos à base de resinas acrílicas, solventes, pigmentos e
aditivos, indicados para aplicação sobre blocos de concreto, alvenarias rebo-
cadas, superfícies emassadas e que já contenham pintura. É o tipo de pintura
mais utilizada atualmente em edificações, apresentando como características
a resistência e a durabilidade. Estes elementos apresentam secagem rápida,
alta impermeabilidade e solubilidade em água.
Pintura a esmalte
Estas pinturas são obtidas a partir da inserção de pigmentos em primers e
vernizes resultando em elementos altamente lisos. Produzidas à base de resi-
nas alquídicas, solventes, pigmentos e aditivos especiais, pinturas deste tipo
são empregadas em superfícies com variadas inclinações e em ambientes in-
ternos ou externos. Indicadas principalmente para aplicação em elementos
metálicos e de madeira.
Pintura a óleo
Essencialmente composto por óleos, esse tipo de pintura leva também em
sua composição solventes, secantes e pigmentos. Pinturas deste tipo apresen-
tam elevado brilho e possibilidade de mistura de cores, essa é uma de suas
principais características. Já esteve entre uma das opções de pintura mais em-
pregadas na construção civil, mas houve uma baixa em sua utilização devido a
pontos negativos como o longo período demandado para secagem e os aspec-
tos escurecidos e amarelados que surgem ao longo do tempo em superfícies
que ficam expostas à ação de intempéries.
Pintura lavável
Constitui-se basicamente de resina celulósica e alquídica com pigmentos.
Apresentam como principal característica a possibilidade de remoção de man-
chas e quaisquer tipos de sujeira sem que haja perda na qualidade e na beleza
do produto aplicado. Sua aplicação é indicada para superfícies de paredes de
ambientes em geral.
Pintura à base de cal
Este tipo de pintura é conhecido pela economia que apresenta na sua utiliza-
ção. Produzida basicamente por cal extraído de rochas calcárias e dolomíticas,

CONSTRUÇÃO CIVIL 95

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 95 23/11/2020 12:54:13


esta pintura apresenta baixo teor de alumínio e de óxidos de ferro que carac-
terizam sua cor predominante. A caiação, como é conhecida, é aplicada sobre
superfícies de paredes externas e internas, sendo indicada sua utilização no caso
de ambientes internos e em locais com pouca ventilação. Isso porque esta pin-
tura permite a transpiração das paredes, evitando o surgimento de patologias.

EXEMPLIFICANDO
Conhecida por ser uma das pinturas mais utilizadas na construção civil
desde épocas remotas, a caiação pode ser aplicada em ambientes sem
iluminação e ventilação natural como garagens, banheiros, porões e outros.

Pintura com verniz


Os vernizes são elementos produzidos à base de resinas naturais ou sintéti-
cas, solventes e aditivos que culminam em um produto transparente ou trans-
lúcido. Essencialmente indicado para aplicação em superfícies de madeiras,
podem também ser aplicados em superfícies metálicas e peças de concreto.
Dentre suas principais características, destacam-se o brilho e a beleza, bem
como sua alta capacidade de proteção do substrato. Além disso, são resisten-
tes à ação de raios UV e facilmente limpáveis. A Figura 6 mostra um piso de
madeira com e sem a aplicação de verniz.

Figura 6. Aplicação de verniz em piso de madeira. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/10/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 96

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 96 23/11/2020 12:54:14


Ferramentas utilizadas
Para a execução do sistema de pintura em uma edificação, são necessá-
rias ferramentas básicas que já existem em canteiros de obra, assim como fer-
ramentas específicas adequadas para realizar esta tarefa. A NBR 13245/2011
menciona as seguintes ferramentas necessárias para a execução da pintura:
• EPIs e EPCs;
• Prumo, linha de náilon, mangueira de nível, nível bolha;
• Pinceis e trinchas;
• Rolos de lã sintética de cerdas baixas;
• Rolos de lã de carneiro;
• Rolos de espuma rígida;
• Rolos de espuma de poliéster;
• Desempenadeiras (aço e plástico rígido);
• Espátulas;
• Lixas de numerações diversas;
• Escovas de aço;
• Pistola de pintura;
• Pistola airless.

Processos de aplicação
A execução de pinturas segue as diretrizes da NBR 13245/2011, que detalha
o passo a passo para a sua execução. De modo geral, as superfícies que rece-
berão a pintura devem ser verificadas e corrigidas antes de iniciar o processo.
Todas as superfícies que receberão pintura devem ser adequadamente limpas,
sendo removidas toda e qualquer impureza e só poderão receber a pintura
quando estiverem completamente secas.
Para cada tipo de superfície, a NBR 13245/2011 prevê requisitos específicos
para a execução da pintura. Sobre essas especificações, acompanhe:
Paredes rebocadas, peças de concreto e elementos cimentícios em geral
Para superfícies destes tipos, antes de iniciar a pintura, deve-se esperar a
cura e completa secagem das peças, processo que dura em torno de 28 dias.
Em seguida, a superfície deve ser verificada e lixada, para que se obtenha a

CONSTRUÇÃO CIVIL 97

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 97 23/11/2020 12:54:14


camada menos rugosa possível. Elementos que contenham manchas, gordu-
ras ou mofo devem ser adequadamente tratados com lavagens e lixamento.
A etapa subsequente consiste em aplicar o primer sobre o substrato, seguido
pela execução da massa corrida. Após a secagem da massa, a superfície deve
ser lixada, a fim de se obter uma camada completamente lisa para receber a
tinta. Por fim, a tinta escolhida é aplicada em duas ou mais demãos, de acordo
com a necessidade.

EXPLICANDO
A lavagem de superfícies manchadas, como paredes, é feita com solução
de água e sabão, normalmente neutro. Quando necessário, utiliza-se
água sanitária para auxiliar no processo, principalmente em superfícies
que contenham mofo. Esfrega-se a superfície que apresente mofo e/ou
manchas e em seguida se faz o enxágue com bastante água. Feito isso,
espera-se a secagem para executar o processo de pintura.

Elementos metálicos
As superfícies metálicas devem ser lixadas. Em casos de metais em processo
corrosivo, deve ser feita a remoção da ferrugem, seja por processo químico ou
mecânico. Realizada a regularização da superfície, o primer anticorrosivo deve
ser aplicado. Na sequência, é aplicada a tinta escolhida na quantidade de de-
mãos adequada. A Figura 7 mostra a aplicação de tinta em uma parede de aço.

Figura 7. Aplicação de pintura contra corrosão em parede de aço. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/10/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 98

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 98 23/11/2020 12:54:15


Madeiras
Inicialmente, as superfícies devem ser lixadas com lixa de numeração 1 e o
pó resultante do lixamento deve ser removido com o auxílio de um pano úmi-
do. Em seguida, o primer, neste caso também conhecido como selador, deve
ser aplicado em duas demãos. Após a aplicação de cada demão de
selador, deve ser feito novamente o lixamento para garantir uma
superfície perfeitamente lisa. Feito isto, o verniz ou a
tinta esmaltada deve ser aplicada na quantidade de
demãos necessárias. Em madeiras novas, geral-
mente são aplicadas três demãos, enquanto em
madeiras que já tenham sido pintadas são aplica-
das duas demãos.

CONSTRUÇÃO CIVIL 99

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 99 23/11/2020 12:54:15


Sintetizando
Até aqui aprendemos conceitos e técnicas indispensáveis à sua atuação no
setor construtivo. Neste momento, convido você a retomar o assunto exposto,
de modo a fixá-lo.
Vimos que uma das fases mais aguardadas em uma construção é a fase
de acabamentos. A escolha dos elementos adequados para cada ambiente de-
penderá das características de cada obra e de gostos pessoais do proprietário,
levando em consideração aspectos orçamentários, projetivos e principalmente
estéticos. Nesta perspectiva, identificamos e aprofundamos os conhecimentos
acerca dos tipos de esquadrias mais comuns e os respectivos materiais utiliza-
dos em cada uma delas.
Dentre os sistemas existentes, vimos os variados tipos de portas e de jane-
las. Vimos também que, dentre as várias opções de portas existentes, as mais
usuais são as de giro, as de correr, a pivotante, a balcão, a vaivém, a sanfonada
e a de conexão.
Além disso, conhecemos muitas opções de janelas, dentre elas a fixa, a de
giro, a de correr, a pivotante, a basculante e a sanfonada. Compreendemos
como se dá o processo de colocação dessas esquadrias e quais ferramentas
são utilizadas em sua execução.
Outro elemento importante na construção civil explorado nesta unidade
foram os vidros. Entendemos sua importância e aplicabilidade dentro do setor
construtivo brasileiro, bem como conhecemos suas classificações e tipos. Den-
tre os vidros mais utilizados estão os vidros de segurança laminado, tempera-
do e aramado, o float, o impresso, o insulado e o de controle solar.
As especificações e aplicações de cada um destes tipos de vidro são des-
critos pela NBR 7199/2016, que também determina os processos adequados
de colocação de cada um deles. Neste sentido, aprendemos como executar a
instalação de vidros para fins diversos na construção civil, bem como as ferra-
mentas utilizadas neste processo.
Posteriormente, conhecemos o sistema de pintura e entendemos que ele
não se restringe somente às tintas. As pinturas englobam todos os processos
executados para que se chegue ao acabamento desejado. Isso inclui o primer –
muito conhecido no âmbito construtivo como tinta de fundo –, as massas e as

CONSTRUÇÃO CIVIL 100

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 100 23/11/2020 12:54:15


tintas. O primer sela a superfície, a massa corrida proporciona uma superfície
mais lisa e trabalhável e a tinta impermeabiliza, protege e embeleza o substrato.
Entendemos que a pintura se configura como um elemento que carrega
a função de proteger a superfície onde é aplicada, além de ser um elemento
estético. Vimos que, quanto à natureza das superfícies de aplicação, as pintu-
ras são aplicadas em alvenarias rebocadas, forros, peças de concreto, telhas,
madeiras, componentes metálicos, pisos cimentícios, alvenarias internas e ex-
ternas, entre outros.
Por fim, conhecemos os tipos de pintura existentes e identificamos seu ade-
quado processo de execução segundo os critérios contidos na NBR 13245/2011.
Com isto, esperamos que sua trajetória de conhecimento até aqui tenha sido
enriquecedora.
Lembre-se sempre de complementar seus estudos por meio de leituras de
artigos e pesquisas científicas acerca do assunto estudado.

CONSTRUÇÃO CIVIL 101

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 101 23/11/2020 12:54:15


Referências bibliográficas
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7199: Projeto,
execução e aplicações de vidro na construção civil. Rio de Janeiro: ABNT, 2016.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10821-1: Esqua-
drias para edificações parte 1: esquadrias externas e internas – Terminologia.
Rio de Janeiro: ABNT, 2017.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11742: Porta
corta-fogo para saída de emergência. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13245: Tintas
para construção civil – Execução de pinturas em edificações não industriais –
Preparação de superfície. Rio de Janeiro: ABNT, 2011a.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15930-1: Portas
de madeira para edificações Parte 1: Terminologia e simbologia. Rio de Janeiro:
ABNT, 2011b.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16218: Vidros
de segurança resistentes a impactos balísticos para veículos rodoviários blin-
dados – Aspectos visuais e ópticos – Requisitos e métodos de ensaio. Rio de
Janeiro: ABNT, 2013.
ABRAVIDRO – Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros
Planos. Aplicação do vidro na construção civil. São Paulo, 2018. Disponível em:
<https://abravidro.org.br/wp-content/uploads/2018/03/a-aplicacao-do-vidro-
-na-construcao-civil-tamojuntovidraceiro.pdf>. Acesso em: 23 out. 2020.
AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, apli-
cação e ensaios de laboratório. São Paulo: Pini, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício até sua cobertura. 2. ed. São Paulo: Blucher, 1997.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 1987.
CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2012.
CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Esquadrias para edifi-
cações, desempenho e aplicações: orientações para especificação, aquisição,
instalação e manutenção. Brasília: CBIC/Senai, 2017.
YAZIGI, W. A técnica de edificar. 17. ed. São Paulo: Pini; SindusCon, 2017.

CONSTRUÇÃO CIVIL 102

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID3.indd 102 23/11/2020 12:54:15


UNIDADE

4 SISTEMAS FINAIS:
COBERTURA

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 103 23/11/2020 15:42:28


Objetivos da unidade
Compreender o sistema de cobertura de uma edificação;
Conhecer os tipos e elementos que compõem os telhados;
Entender as diferenças entre os principais tipos de telhas existentes no
mercado;
Compreender como deve ser feito o traçado e os planos de água de um
telhado;
Entender os procedimentos para instalação de telhados;
Compreender o que são forros e como é feita sua fixação na estrutura;
Diferenciar os tipos de forros existentes;
Conhecer as ferramentas empregadas na execução dos forros.

Tópicos de estudo
Telhados e coberturas
Componentes da estrutura
Materiais de cobertura
Traçado de telhados
Técnicas de execução

Forros
Tipos de forros
Ferramentas utilizadas
Técnicas de execução

CONSTRUÇÃO CIVIL 104

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 104 23/11/2020 15:42:28


Telhados e coberturas
Compondo um dos sistemas mais importantes do processo construtivo, as
coberturas são assim classificadas por exercerem a função de proteger todo o
ambiente interno construído de possíveis intempéries e de insolações. Finaliza-
das as etapas de execução de fundação, elevação de alvenarias, acabamentos
argamassados e não argamassados e instalação de esquadrias, tem-se início a
execução da etapa final de uma construção: a cobertura.
O fechamento superior da edificação, como também são conhecidas as co-
berturas, compõe-se de forros ou telhados, a depender das determinações do
projeto (na maioria das vezes usa-se ambos).
Além de proteger a estrutura da ação de agentes externos, a cobertura é res-
ponsável por receber elementos como caixas d’água, placas fotovoltaicas, siste-
mas de escoamento de águas pluviais, mantas impermeabilizantes e tantos ele-
mentos quanto sejam necessários de acordo com as determinações de projeto.
Podem apresentar-se, ainda, com
dupla função: isolante e estética.
Quanto ao isolamento, são respon-
sáveis por impermeabilizar a região
superior de uma edifi cação, confe-
rindo-lhe bons isolamentos térmicos
e acústicos. Quanto à estética, o for-
mato escolhido tem por função agre-
gar beleza e harmonia à edifi cação,
tornando-a vistosa enquanto man-
tém a segurança.
A cobertura deve ser dimensionada de modo a suportar seu próprio
peso, bem como forças externas atuantes sobre ela, tais como a ação dos
ventos. Em caso de coberturas que devam receber carga extra, como placas
de captação de energia solar, elas devem ser adequadamente dimensiona-
das segundo critérios das normas regulamentadoras vigentes. Além disso, é
fundamentalmente importante que a execução dessas estruturas seja crite-
riosamente realizada segundo os detalhes de projeto, a fim de garantir sua
perfeita funcionalidade e segurança da edifi cação.

CONSTRUÇÃO CIVIL 105

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 105 23/11/2020 15:42:36


Componentes da estrutura
O telhado configura-se como uma categoria da cobertura composto
por elementos que integram a sua estrutura de sustentação. A união des-
tes elementos molda o arranjo que receberá o telhado. Ele é composto
por dois tipos de estrutura: a estrutura principal e a estrutura secundária.
A estrutura principal é composta pela tesoura, principal elemento
de sustentação do telhado. Já a estrutura secundária, também co-
nhecida como trama, é composta pelos elementos que tem
como função sustentar as telhas. São eles os caibros, as ri-
pas e as terças. Para o telhado com estrutura de madeira,
vamos identificar e conhecer cada um destes elementos.
Tesouras
São estruturas planas verticais, popularmente conhecidas como tre-
liças. Sendo consideradas como o principal elemento de um telhado, as
tesouras são dimensionadas para suportar as cargas que atuarão sobre o
telhado. São compostas pela junção de várias peças compreendendo uma
estrutura rígida em formato retangular. As tesouras são constituídas por
cinco elementos fundamentais (MOLITERNO, 2010):
• Pendural: consiste no elemento vertical central de suporte da tesou-
ra, que tem como função fazer a ligação entre a linha e os banzos, além de
suportar as cargas dos elementos posicionados diagonalmente;
• Linha: também conhecida como banzo inferior, consiste no elemento
posicionado na base da tesoura. A linha recebe ambos os banzos e o pen-
dural, e tem como função transmitir os esforços que recebe da tesoura
para os elementos estruturais: vigas e pilares;
• Banzos: popularmente chamados de banzos superiores, estes ele-
mentos consistem nas duas peças principais de ligação da tesoura, posi-
cionadas diagonalmente. Os banzos superiores interligados à linha apre-
sentam o formato de um triângulo. A principal função destes elementos é
suportar e absorver as cargas provenientes das terças;
• Diagonais: são peças adicionadas à estrutura com a finalidade de tra-
vá-la, tornando-a mais rígida e segura. São ligadas aos banzos superiores
e ao pendural;

CONSTRUÇÃO CIVIL 106

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 106 23/11/2020 15:42:36


• Chapuz: elemento também conhecido como calço, é utilizado para entra-
var as terças nos banzos superiores, impedindo a sua movimentação.
A Figura 1 representa o esquema de uma tesoura de madeira para o telha-
do de uma edificação.

Figura 1. Tesoura de madeira. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 10/11/2020.

De acordo com a NBR 7190, peças como tesouras, que são constituídas pela
junção de vários elementos estruturais e trabalham como componentes de
sustentação, devem ser rígidas e, para tanto, precisam ser contraventadas. O
contraventamento dessas peças deve ser feito com as diagonais cruzadas ou
com mãos-francesas (ABNT, 1997).

ASSISTA
Determinados tipos de estruturas necessitam de uma maior
garantia da sua estabilidade global para que possam tornar-se
suficientemente seguras. Essa estabilidade é obtida por meio
do aumento da rigidez, que por sua vez é alcançada por meio
do sistema de contraventamento. Ele consiste em uma série
de procedimentos realizados para travar a estrutura. Em geral,
barras extras são posicionas de tal modo que impeçam quais-
quer tipos de deslocamentos das barras principais, travando a
estrutura vertical e horizontalmente.

Terças
São elementos que se comportam como vigas longitudinais apoiadas em
tesouras. Em geral, as terças que compõem um telhado se apoiam sobre duas

CONSTRUÇÃO CIVIL 107

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 107 23/11/2020 15:42:44


tesouras, uma no início e outra no fim do telhado. Em casos de grandes edifica-
ções, cujo projeto determine a necessidade de mais tesouras ao longo de seu
comprimento, as terças se apoiam sobre elas. Para que a tesoura possa, de
fato, trabalhar como uma treliça, as terças devem ser fixadas próximas ao nós
das tesouras, a partir de chapuzes. Elas recebem as cargas provenientes dos
caibros e as transfere para as tesouras.
Em geral, as terças apresentam dimensões de 6,0 cm x 12,0 cm ou 6,0 cm x 16,0
cm (YAZIGI, 2017). Em casos de edificações com comprimentos superiores a estes,
é comum que sejam feitas emendas nas terças, a fim de vencer o comprimento do
vão. A Figura 2 representa uma estrutura em que as terças se encontram apoiadas
sobre as tesouras.

Terças de cobertura

Figura 2. Terças apoiadas sobre tesouras.

Caibros
São elementos posicionados sobre as terças, no sentido perpendicular a elas.
Recebem as cargas das ripas e sua inclinação define a forma como o telhado será
desenhado. Em geral, os caibros apresentam dimensões de 6,0 cm x 6,0 cm e são
fixados nas terças por pregos (YAZIGI, 2017). Os espaçamentos entre os caibros
dependerão do tipo de telha adotada, podendo variar de 40 cm a 60 cm.
Os caibros atuam no apoio ao suporte e transferência de cargas da estrutu-
ra, sendo também fundamentais ao escoamento de águas pluviais, uma vez que
são posicionados de forma longitudinal ao sentido de escoamento, sendo um dos

CONSTRUÇÃO CIVIL 108

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 108 23/11/2020 15:42:45


principais elementos que determinarão a inclinação do telhado. A Figura 3 mostra
caibros fixados nas terças, que por sua vez estão fixadas nas tesouras.

Figura 3. Caibros fixados em terças. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 10/11/2020.

Ripas
São dispostas no telhado sobre os caibros, no mesmo sentido de co-
locação das terças, longitudinalmente. São peças pequenas ajustadas pa-
ralelamente ao beiral, cuja fixação nos caibros é feita a partir de pregos.
Os pregos utilizados na fixação das ripas devem apresentar
tamanho suficiente para atingir pelo menos metade da sua
espessura. Em geral, as ripas apresentam
dimensões de 1,0 cm x 5,0 cm ou de 105
cm x 5,0 cm e são fixados nas terças por
pregos (YAZIGI, 2017). Os espaçamen-
tos entre as ripas dependerão do tipo
de telha adotada, sendo geralmente utili-
zado um espaçamento de 35 cm.
As ripas são fundamentais em um telhado, pois são elas que recebem
as telhas. Além disso, apresentam também como função a absorção das
cargas provenientes das telhas e a sua consequente transferência aos cai-
bros. Veja, na Figura 4, uma estrutura de telhado completa, pronta para
receber as telhas.

CONSTRUÇÃO CIVIL 109

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 109 23/11/2020 15:42:53


Figura 4. Estrutura de telhado completa à espera das telhas. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 10/11/2020.

Existem, também, os telhados executados com estruturas metálicas.


Por muito tempo, essa foi uma opção pouco explorada, que gradualmen-
te foi sendo implementada e hoje é amplamente utilizada. Diferentemen-
te dos telhados convencionais, neste tipo de telhado toda a estrutura de
suporte às telhas é executada a partir de materiais metálicos, em geral
perfis de aço.
Uma vez que a função primordial de um telhado é proteger os am-
bientes contra a ação de intempéries, o telhado metálico apresenta-se
como uma estrutura eficaz. São altamente viáveis por apresentarem uma
elevada resistência e execução enxuta e rápida, dispensando uma grande
demanda de tempo para a montagem.
Além disso, apresentam como característica essencial o fato de supor-
tarem seu próprio peso e a baixa geração de resíduos no seu processo
de produção e execução. Em contrapartida, necessitam de mão-de-obra
especializada para realizar a montagem e requerem tratamento imper-
meabilizante para prolongar sua vida útil e prevenir patologias.
Assim como nas estruturas de madeira, telhados executados em ma-
teriais metálicos apresentam componentes específicos que trabalham
no suporte às telhas. Dentre eles, podemos citar tesouras, terças, con-
traventamentos laterais, vigas treliçadas, vigas laterais, telhas metálicas,
além de parafusos e peças soldáveis.

CONSTRUÇÃO CIVIL 110

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 110 23/11/2020 15:43:01


Telhados com estrutura metálica são exemplos de telhados autopor-
tantes. Os autoportantes são todos aqueles capazes de suportar o pró-
prio peso, sem deixar de cumprir com sua função de proteger os am-
bientes. Neste tipo de telhado são utilizadas as telhas autoportantes, em
geral metálicas. Esses elementos adequam-se perfeitamente a qualquer
tipo de edificação, podendo ser instalados sobre estruturas de madeira
ou metálicas. As telhas autoportantes são instaladas com parafusos em
suportes metálicos, e são vantajosas devido à sua resistência, facilidade
de instalação e pouca geração de resíduos.

Materiais de cobertura
Há uma grande diversidade de materiais aplicáveis na execução de cober-
turas. Nos dias de hoje, grandes edificações residenciais, comerciais, esporti-
vas ou de lazer apresentam coberturas constituídas por materiais metálicos.
Os telhados podem ser executados em madeira ou a partir de perfis de aço,
em geral galvanizado.
Em edificações de pequeno porte, tais como residências unifamiliares, o
mais comum é a utilização de telhados em madeira. Em edificações de grande
porte, ginásios, pontos comerciais e até mesmo em hospitais, encontramos
telhados executados em aço. Estes materiais são os grandes aliados das co-
berturas brasileiras.
Além da estrutura do telhado, as telhas também são encontradas em
grande variedade de materiais no mercado. O aprofundamento na ciência
dos materiais permitiu que a produção destes elementos a partir de vários
materiais fosse possível.
Diferentes materiais foram estudados e testados a fim de combinar fato-
res estéticos, de conforto e de segurança em telhas que nunca haviam sido
imaginadas e hoje são amplamente empregadas na construção civil. Elas po-
dem ser produzidas a partir de um único material ou pela combinação de dois
ou mais materiais que agreguem diferentes características às telhas.
Apesar da grande variedade de telhas disponíveis, escolha deve ser basea-
da em características como estanqueidade, resistência, durabilidade, leveza e
qualidade no isolamento térmico e acústico dos ambientes.

CONSTRUÇÃO CIVIL 111

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 111 23/11/2020 15:43:01


Além disso, o projeto executivo deve determinar o tipo de telha a ser em-
pregado na construção a partir de características do local e de
gosto pessoal do cliente. A telha deve compor um arranjo har-
mônico e agradável esteticamente para a edifica-
ção. Devem ser considerados, também, o tipo
de produção local, o fácil acesso e o transporte
do material até o canteiro de obras, levando
sempre em consideração fatores que tenham
custo-benefício satisfatório.
Deste modo, serão enumerados os tipos de telha mais comumente em-
pregadas, suas funções, vantagens e desvantagens.
Telhas cerâmicas
São as mais conhecidas e mais utilizadas em edificações de pequeno
porte, em geral residências unifamiliares. São produzidas a partir de bar-
ro, o que lhes confere grandes vantagens, uma vez que este elemento é
dotado de propriedades isolantes térmicas. É o tipo ideal de telha para ser
empregada em locais quentes, por proporcionar conforto térmico (tornan-
do o ambiente fresco e agradável).
O telhado executado a partir de telhas cerâmicas requer uma inclina-
ção adequada. Esta inclinação é definida na etapa de produção das telhas,
existindo, portanto, telhas para inclinações de 25% e 35%. Além da facili-
dade de acesso dessas telhas, elas não requerem mão-de-obra especiali-
zada, sendo de fácil e execução.
Como pontos negativos deste tipo de telha, destacam-se a sua fragili-
dade, elevado peso e baixa resistência ao vento. Existe uma grande varie-
dade de opções e modelos de telhas cerâmicas usualmente utilizadas no
Brasil. Dentre elas, as mais conhecidas são:
• Telha cerâmica colonial;
• Telha cerâmica portuguesa;
• Telha cerâmica francesa;
• Telha cerâmica americana;
• Telha cerâmica italiana;
• Telha cerâmica romana.
A Figura 5 apresenta uma cobertura que utiliza telha cerâmica colonial.

CONSTRUÇÃO CIVIL 112

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 112 23/11/2020 15:43:01


Figura 5. Cobertura com telha cerâmica colonial. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 10/11/2020.

Telhas de fibrocimento
Amplamente conhecidas nas construções brasileiras por serem uma opção
econômica, as telhas de fibrocimento são constituídas por cimento reforçado
com fibras sintéticas. Há uma polêmica em torno desse tipo de telha, uma vez
que eram produzidas com amianto, substância causadora de danos à saúde.
O uso do amianto foi proibido em construções e em materiais emprega-
dos em construções de forma geral. Atualmente, para a produção desse tipo
de telha, o amianto foi substituído por uma combinação de fibras sintéticas,
em geral celulose e PVA ou PP, não sendo, portanto, prejudicial à saúde como
as tradicionais.
Entre as vantagens deste tipo de telha, podem ser citadas sua fácil aqui-
sição e elevada resistência e leveza, o que contribui para a diminuição da
carga no telhado. Além disso, apresentam grandes comprimentos, o que im-
plica na diminuição do quantitativo de telhas necessárias. Dentre
suas desvantagens, a principal delas é sua capacidade
de absorção de calor, o que provoca desconforto
térmico ao ambiente. Na Figura 6 é possível verifi-
car o telhado de uma edificação que utiliza telhas
de fibrocimento.

CONSTRUÇÃO CIVIL 113

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 113 23/11/2020 15:43:06


Figura 6. Telha de fibrocimento. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 10/11/2020.

Telhas de concreto
Esse tipo de telha, produzida a partir de cimento Portland, agregados e água vem
ganhando bastante espaço na construção civil brasileira. Durante o processo de pro-
dução, podem ser adicionados pigmentos a fim de obter telhas em cores variadas.
A moldagem é feita no período em que elas passam por estufa a vapor. Configu-
ram-se como elementos altamente resistentes e duráveis, apresentando baixa proba-
bilidade de fratura, o que as diferencia das telhas tradicionais de cerâmica.
Além disso, requerem um quantitativo menor de unidades por metro quadrado
e apresentam baixa absorção de água, o que lhes confere características de mais
leveza se comparadas com as cerâmicas. Dentre suas desvantagens, destaca-se sua
elevada capacidade de esquentar, gerando desconforto térmico aos usuários, não
sendo, portanto, indicadas para locais quentes. Além disso, são opções mais caras
que as telhas cerâmicas. A Figura 7 ilustra telas de concreto justapostas perfazendo
toda a área do telhado.

Figura 7. Telhado executado com telhas de concreto. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/11/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 114

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 114 23/11/2020 15:43:25


Telhas de vidro
Produzida a partir de prensagem, este tipo de telha é utilizado com a fina-
lidade de obter ambientes mais iluminados. Apresentam-se como uma alter-
nativa viável, sendo duráveis e resistentes a mudanças de temperatura. São
sempre utilizadas em conjunto com as telhas cerâmicas, motivo pelo qual en-
contram-se disponíveis no mercado nos mesmos modelos: colonial, portugue-
sa, francesa, americana, italiana e romana.
São muito empregadas em ambientes como garagens, áreas de lazer, pon-
tos comerciais e até mesmo em estufas, pois são uma excelente alternativa
para permitir iluminação natural, reduzindo os custos com energia elétrica du-
rante o dia. Dentre suas desvantagens estão o seu preço mais elevado e a baixa
capacidade de isolamento térmico.
Telhas de capim
Muito utilizadas em tempos remotos, quando as construções não contavam
com a variedade de materiais que hoje estão disponíveis, este tipo de telha mos-
tra-se como uma opção ecológica eficiente. Por um tempo, a utilização desse ma-
terial caiu em desuso, mas voltou a ser amplamente empregada, principalmente
por se configurar como uma excelente opção de telhados naturais.
As telhas de capim absorvem
muito bem a água, impedindo seu
escoamento para a região interna
dos ambientes. Além disso, torna os
espaços mais frescos e agradáveis
em períodos quentes e controlam
bem a temperatura em períodos
frios. São muito utilizadas em áreas
de lazer, quiosques, galpões e am-
bientes a que se busca atribuir um
toque rústico e agradável.
Os tipos de capim mais utilizados
em coberturas são o sapê, a piaçava,
Figura 8. Telhado com capim. Fonte: Shutterstock. Acesso
em: 10/11/2020.
as palhas de coqueiro e as palhas san-
ta fé. A Figura 8 mostra alguns quiosques em uma área de lazer, cujas cobertu-
ras foram realizadas com a utilização de capim.

CONSTRUÇÃO CIVIL 115

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 115 23/11/2020 15:43:32


Telhas de plástico
Muito conhecidas como telhas de PVC, estes elementos configuram-se como uma
opção barata e eficiente. Em geral, essas telhas são fabricadas em uma grande varie-
dade de cores e são muito flexíveis quanto à sua utilização em diferentes inclinações.
Esse tipo de telha vem ganhando espaço no ramo da construção civil por ser
uma opção economicamente viável, extremamente leve e requerer pouco madeira-
mento para a sua instalação. Entre seus pontos positivos podem se destacar, ainda,
a facilidade de aplicação, não necessitando, portanto, de mão de obra especializada,
sua durabilidade e sua resistência às mudanças de temperatura. Em contrapartida,
esse material não fornece ao ambiente um isolamento acústico e térmico adequa-
do, não são tão resistentes quanto outros modelos e apresentam envelhecimento
da pigmentação de forma precoce.
Telhas metálicas
Telhas deste tipo são produzidas a partir de materiais metálicos, tais como o
aço e suas ligas: zinco, cobre e alumínio. Essas telhas ganharam grande espaço na
construção civil por serem extremamente resistentes e leves, além de econômi-
cas. Em geral, são associadas a telhados de galpões e ginásios, no entanto podem
ser empregadas em todo e qualquer tipo de construção.
Entre suas desvantagens, destaca-se sua baixa capacidade de isolamento
térmico, sendo esse um ponto que vem recebendo atenção especial e melhorias
durante o processo de produção. São encontradas no mercado nos formatos on-
dulada, trapezoidais tradicionais e autoportantes e telhas para forro. A Figura 9
apresenta a execução do telhado de uma edificação a partir de telhas metálicas.

Figura 9. Execução de telhado com telhas metálicas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/11/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 116

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 116 23/11/2020 15:43:46


Calhas e condutores pluviais
Além do madeiramento e das telhas, o telhado de uma cobertura conta com
materiais acessórios indispensáveis ao escoamento de águas pluviais e ma-
nutenções da cobertura (AMBROZEWICZ, 2012). O telhado de uma cobertura
deve garantir a estanqueidade dos ambientes externos, além de assegurar seu
conforto térmico. Para que haja o adequado escoamento e destinação final de
águas pluviais em períodos chuvosos, é indispensável o emprego de calhas e
condutores para auxiliar nesse processo. Estes elementos devem ser previstos
em projeto, com todo o dimensionamento e detalhamento de instalação espe-
cificados de forma simples e clara.
As calhas são instaladas no beiral do telhado e são o principal canal de co-
leta de águas provenientes das chuvas ou de limpezas no telhado. A calha ideal
para instalação depende das características de cada telhado, como a inclinação
adotada e o tipo de telha empregado.
Esses elementos são fabricados, em sua maioria, com aço galvanizado, sen-
do muito comum encontrarmos calhas de PVC em muitas residências brasilei-
ras. Apesar de ser a mais utilizada, a calha de PVC não é o tipo mais adequado
para coletar grandes vazões de água. Em regiões onde existem grandes preci-
pitações, o tipo de calha mais indicado é a de aço galvanizado. Além de atuar na
coleta de águas que escoam pelo telhado, as calhas são importantes elementos
na prevenção de infiltrações nas edificações.
Já os condutores pluviais são tubulações verticais e horizontais conecta-
das às calhas, cuja principal função é receber as águas coletadas pelas calhas
e transportá-las ao destino adequado. O transporte das águas pluviais pelos
condutores se dá por gravidade, ou seja, o escoamento é livre não necessita de
força mecânica.
Quanto à destinação final das águas residuais, elas devem seguir as de-
terminações da NBR 10844 (ABNT, 1989). Em geral, os condutores e as calhas
instalados são de um mesmo material, ou seja, em casos em que a calha ins-
talada for de PVC, o condutor também será e quando a calha instalada for em
aço galvanizado, o condutor também será. Isso porque o sistema composto é
único, com a função exclusiva de transportar as águas coletadas. Na Figura 10
é possível observar o sistema de coleta e transporte de águas pluviais de uma
edificação residencial unifamiliar.

CONSTRUÇÃO CIVIL 117

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 117 23/11/2020 15:43:46


Figura 10. Sistema de coleta e transporte de águas pluviais: calha e condutor. Fonte: Adobe Stock. Acesso em:
10/11/2020.

Traçado de telhados
Toda e qualquer cobertura é formada por superfícies planas dispostas a de-
terminada inclinação, de modo que possa garantir o adequado escoamento de
águas das chuvas (AZEREDO, 1997). A estas superfícies inclinadas atribuímos
a nomenclatura de águas ou plano de águas. Uma edificação pode apresentar
um ou mais planos inclinados, de acordo com determinações prévias proje-
tivas. Em casos em que a cobertura seja composta por mais de uma água, o
encontro entre elas é o que denominamos como cumeeira.

CURIOSIDADE
É comum, em construções, as cumeeiras serem confundidas com os
espigões. Em muitas obras brasileiras, há a execução errada desses
elementos, causada por falhas na distinção entre os elementos que
compõem o telhado. Em um telhado de três águas, por exemplo, a terça
central que une as duas águas laterais é a cumeeira. Já as terças que
dividem os planos principais laterais, gerando um novo plano de água
(desta vez menor), é o que conhecemos por espigão. A principal diferen-
ça entre ambos está neste detalhe: enquanto a cumeeira une planos de
águas, o espigão divide-as.

CONSTRUÇÃO CIVIL 118

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 118 23/11/2020 15:43:55


A divisão dos planos necessários a uma cobertura está diretamente liga-
da à concordância dos ângulos formados pela linha da cumeeira, dos espi-
gões e/ou rincões.
Essa divisão é determinada de acordo com as dimensões da cobertura da
edificação, que deve ser avaliada para que se possa determinar o número de
águas necessárias para garantir a perfeita impermeabilidade da cobertura e o
consequente escoamento adequado de águas pluviais.
O Quadro 1 apresenta algumas das possíveis combinações de planos de
água para o telhado de uma edificação e suas respectivas representações.

QUADRO 1. TIPOS DE PLANOS DE ÁGUAS

DENOMINAÇÃO ILUSTRAÇÃO

Uma água

Duas águas

Três águas

CONSTRUÇÃO CIVIL 119

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 119 23/11/2020 15:43:56


Quatro águas

Múltiplas águas

Fonte: AZEREDO, 1997, s. p. (Adaptado).

Para que as águas provenientes de intempéries ou de limpezas escoe per-


feitamente pelos planos de água dos telhados, eles precisam estar a uma certa
inclinação em relação à base da cobertura. Uma vez que os planos precisam es-
tar em declive, as águas podem ser identificadas como a própria inclinação. A
inclinação de um telhado é dada pela relação entre a altura da água (h) e o seu
comprimento projetado horizontalmente (L). Matematicamente, a inclinação de
um telhado pode ser obtida a partir da equação:
h
i% = ∙ 100 (1)
L

Observe, na Figura 11, como essa relação é feita, considerando os catetos


do triângulo que se imagina existir a partir da união de duas águas.

α
L

Figura 11. Cálculo de inclinação de telhado. Fonte: AZEREDO, 1997, s. p.

CONSTRUÇÃO CIVIL 120

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 120 23/11/2020 15:43:56


Para o traçado de telhados, é necessário seguir algumas recomendações
básicas (YAZIGI, 2017):
• Dividir a planta da edificação em quadrados ou retângulos;
• Traçar as bissetrizes nesses planos;
• Identificar a cumeeira;
• Identificar os espigões e rincões, caso seja necessário;
• Identificar o número de águas;
• Determinar a inclinação das águas.

Técnicas de execução
Para a execução de coberturas na edificação, sejam elas de
madeira, metálicas ou compostos por mais de um material,
são necessárias ferramentas específicas e adequa-
das para a tarefa. Há algumas ferramentas que
são obrigatórias em um canteiro de obras (tanto
as de uso comum quanto as específicas à insta-
lação de esquadrias). Entre elas, podemos citar
(YAZIGI, 2017):
• EPIs e EPCs;
• Argamassa de assentamento;
• Colher de pedreiro;
• Prumo, linha de náilon, mangueira de nível e nível bolha;
• Trenas;
• Régua metálica;
• Lápis de carpinteiro;
• Martelo;
• Marreta;
• Serrote;
• Jogo de chaves de fenda;
• Furadeira;
• Pregos, parafusos de marceneiro e parafusos com buchas de náilon;
• Tesouras, terças, caibros, ripas, cumeeiras, vigas treliçadas, contraventa-
mentos e vigas laterais.

CONSTRUÇÃO CIVIL 121

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 121 23/11/2020 15:43:57


Para que as coberturas possam ser instaladas, as alvenarias devem es-
tar concluídas, com vergas e contravergas adequadamente executadas e
portas e janelas devidamente instaladas. Feito isto, a estrutura do telhado
pode começar a ser montada, seguindo todos os critérios do projeto.
Inicialmente, as tesouras são instaladas em todo o comprimento da edi-
ficação. Em seguida, as terças, os caibros e as ripas são instalados para
que, enfim, possam receber as telhas. Estando as telhas adequadamente
posicionadas nos telhados, o sistema de calha e condutor é executado,
passando por tratamento necessário de prevenção de patologias. Em es-
truturas metálicas, o procedimento executivo é semelhante, necessitando
de atenção especial à impermeabilização dos perfis, a fim de prolongar
sua vida útil.
As telhas cerâmicas devem ser instaladas por fiadas, a partir do beiral
até chegar na linha da cumeeira, sendo colocadas de modo a se encaixa-
rem perfeitamente. A instalação de telhas do tipo capa e canal deve ser
iniciada sempre pelos canais.
Os canais são caracterizados pelo posicionamento da telha com a parte
mais larga voltada para cima, enquanto as capas são posicionadas com a
parte mais larga voltada para baixo. A instalação das telhas deve ser do-
tada de rigorosos cuidados, para que haja o mínimo de quebras e perdas
possíveis, dispondo-as de modo a distribuir sua carga igualitariamente em
todo o telhado. Por este motivo, é recomendado que a sua colocação seja
simultânea em todas as águas. Além disso, em dias de muita ventania de-
ve-se evitar realizar a instalação de telhas cerâmicas.

Forros
Os forros são elementos integrantes do sistema de cobertura e são
responsáveis por garantir o isolamento entre o piso e o telhado de
uma edificação. O forro pode compor a cobertura em conjunto com
o telhado, bem como pode ser um elemento único dela. Nes-
tes casos, se faz necessário o uso de mantas que garantam
a impermeabilidade da edificação. Assim, o forro pode se
configurar como uma cobertura.

CONSTRUÇÃO CIVIL 122

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 122 23/11/2020 15:43:57


Em edificações com dois ou mais pavimentos, o forro é indispensável, uma
vez que atua como teto para o pavimento inferior, servindo ao mesmo tempo
como piso para o pavimento superior. Por este motivo, o forro é popularmente
conhecido como teto, por ser o limite superior que torna uma edificação fecha-
da e isolada.
Além de atuar como elemento isolante e intermediário entre pavimentos,
o forro apresenta características estéticas que agregam beleza às edificações.
Portanto, a escolha, o projeto e a execução de forros em edificações configu-
ram-se como etapas extremamente importantes de uma obra, uma vez que,
além de ser essencial à estética da edificação, eles serão responsáveis pelo
conforto térmico e acústico dela.

Tipos de forros
É inegável o crescimento e a modernização das construções em nos-
so país. Atrelado a isso, teve-se uma expansão significativa na variedade
de materiais disponíveis para a aplicação na construção, e o consequente
aumento da exigência dos clientes na entrega de edificações perfeitas, es-
tética e estruturalmente.
Por este motivo, nota-se uma grande cautela ao selecionar os materiais
adequados para uma obra. Os projetos especificam cada material e cada
detalhe do processo executivo, para cada etapa de uma construção, sejam
para os sistemas iniciais, para os intermediários ou para os finais.
Quando se trata de forros, o cenário não é diferente. Há uma grande
variedade de forros disponíveis no mercado, tendo diferentes tipos de ma-
teriais como elementos principais, além de se apresentarem em diversos
formatos e texturas.
Considerado como elemento de acabamento interno da edificação, os
forros são classificados como revestimentos realizados em lajes. Existem
variados tipos de forros disponíveis para aplicação em construções, cada
qual com características próprias e aplicabilidades específicas.
A escolha do tipo de forro depende da soma de vários fatores. Um deles é
a localização da construção. Dependendo do clima da região onde está a edi-
ficação, o tipo de forro a ser empregado deve mudar, a fim de cumprir com a

CONSTRUÇÃO CIVIL 123

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 123 23/11/2020 15:43:57


função de adequado isolamento térmico e acústico e promoção de conforto.
Além disso, as dimensões da construção influenciarão na escolha do forro,
bem como o projeto arquitetônico determinará requisitos específicos.
A seleção do material adequado para compor o forro deve avaliar, também, o ní-
vel de dificuldade para a sua aplicação, os impactos que eles causarão ao ambiente,
desde a extração da sua matéria-prima, passando pelo seu processo de fabricação
até chegar na instalação final, e o quão onerosa será a sua aquisição.
Até aqui, fica claro quantos fatores devem ser analisados na etapa de projetos
para que seja selecionado o tipo de forro que apresente melhor custo-benefício.
Para que essa seleção seja possível, o profissional da construção civil deve conhecer
os tipos de forros existentes e quais as principais características de cada um deles.
Com base nisto, serão apresentados os principais tipos de forros presentes no
mercado e que são aplicados na construção civil brasileira.
Forros de madeira
É o tipo de forro mais antigo e amplamente empregado. É uma opção que
não perde o estilo e a funcionalidade. Visto como atemporal, esse tipo de
forro alia conforto e beleza, sendo ideal para aplicação em ambientes amplos
e com pé direito alto.
Pode ser aplicado em forros sobre madeiras já existentes, em forma de
lambris, entre outros. Uma de suas principais vantagens é o excelente isola-
mento térmico e acústico que a madeira proporciona aos ambientes, além
de apresentar acabamento estético sofisticado, podendo permanecer com
sua cor original ou receber pinturas para harmonizar com as paredes inter-
nas e externas.
Entre seus principais pontos negativos, pode ser citada sua baixa resistência
à umidade, podendo ter toda a estrutura comprometida quando submetida a
infiltrações ou ação de intempéries. Além disso, é suscetível à ação de pragas
como cupins e apresenta custo aquisitivo elevado se comparado a outros tipos
de forros. Por ser um material natural, necessita de tratamento impermeabili-
zante antes de ser instalado. Os forros de madeira são compostos de:
• Vigamento;
• Tarugamento;
• Contraventamento;
• Tábuas.

CONSTRUÇÃO CIVIL 124

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 124 23/11/2020 15:43:57


Forros de gesso
Muito utilizado em construções atualmente, esse tipo de forro apresenta
características estéticas fortes, sendo utilizado, principalmente, em forros re-
baixados para inclusão de luminárias embutidas, ou simplesmente para com-
por detalhes de design previstos em projeto.
Apresenta-se como uma opção economicamente viável, executada a partir
da acomodação de placas de gesso fixadas por arames, uma ao lado da outra.
Seu acabamento agrega harmonização delicada aos ambientes, sendo forte-
mente caracterizado pelo excelente conforto térmico que proporciona.
Além disso, apresenta fácil instalação e manutenção, o que faz dele um dos
tipos de forro mais utilizados em obras civis. Dentre suas desvantagens, estão
sua baixa resistência à umidade somada às indesejáveis fissuras e trincas que
surgem nas placas. O gesso aplicado em forros na construção civil apresenta-
-se de duas formas:
• Tradicional;
• Acartonado.
O gesso no estado tradicional é aquele aplicado na sua forma pura.
Apesar de apresentar-se esteticamente perfeito ao final do processo, gera
muitos resíduos e sujeiras no processo de instalação.
O gesso acartonado é uma espécie de sanduiche feito com papel cartão
e gesso, resultando em placas de fácil instalação e que não geram resíduos,
mantendo a qualidade do acabamento e conforto térmico e acústico. A Figura
12 representa um forro de gesso rebaixado, com luminárias embutidas.

Figura 12. Forro de gesso rebaixado. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 10/11/2020.

CONSTRUÇÃO CIVIL 125

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 125 23/11/2020 15:44:05


Forros de PVC
São forros que tem ganhado bastante espaço nas construções civis. São
constituídos por painéis lineares que se encaixam pelo sistema popular-
mente conhecido como macho-fêmea. Esse tipo de forro tem se destacado
pela facilidade de obtenção, instalação e manutenção, sem gerar resíduos e
dispensando acabamentos como pinturas.
Apesar de não apresentar características estéticas marcantes, o forro de
PVC destaca-se pela excelente durabilidade e resistência à umidade, o que
o diferencia dos demais tipos de forros. São financeiramente acessíveis e
apresentam-se em diferentes estilos e cores. Em contrapartida, não apre-
senta isolamento térmico e acústico satisfatório, não devendo, inclusive, ser
instalado em locais com clima quente devido à sua baixa resistência ao calor
e ao fogo.
Forros metálicos
Muito utilizado na década de 1960, este tipo de forro caiu em desuso,
sendo, entretanto, empregado em situações em que projeto arquitetônico
preveja sua utilização para algum fim específico. Esse tipo de forro pode ser
amplamente utilizado em edificações em geral, uma vez que apresenta uma
série de vantagens.
É encontrado em variados modelos no mercado, podendo ter superfície
lisa ou vasada, contendo designs de desenhos em toda a sua extensão.
Os modulados são exemplos de forros metálicos vasados, cujo design
é propício à instalação de dispositivos detectores de fumaça e sprinklers.
Além disso, podem ser instalados em áreas molhadas por apresentarem
elevada resistência à umidade. São facilmente removíveis e consequente-
mente dispõem de fácil manutenção.
Como ponto negativo, destaca-se sua baixa resistência a ambientes li-
torâneos, uma vez que a maresia é forte inimiga de sua estrutura. Também
não apresentam isolamento acústico e térmico satisfatórios.
Forros de concreto
Também conhecido como forro de cimento aparente, essa opção apre-
senta grande praticidade por aproveitar a concretagem da laje, deixando o
acabamento cimentício aparente e dispensando rebaixamento e pinturas
como acabamentos.

CONSTRUÇÃO CIVIL 126

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 126 23/11/2020 15:44:05


Essa característica executiva agrega ao ambiente um acabamento sofisti-
cado e charmoso. São aplicáveis em quaisquer áreas, inclusive as molhadas,
por apresentarem elevada resistência à umidade. Requerem atenção especial
quanto à instalação de luminárias em geral, uma vez que o aspecto do concreto
escurece os ambientes. A Figura 13 mostra um forro com acabamento de con-
creto/ cimento aparente.

Figura 13. Forro de concreto aparente. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/11/2020.

Forros de fibras
As fibras vêm ganhando espaço na construção civil devido à sua vasta aplicabili-
dade, e isso também se aplica aos forros. O avanço tecnológico permitiu a aplicação
de fibras em forros com a finalidade de melhorar o desempenho no isolamento tér-
mico e acústico. Além disso, elas agregam beleza, unindo aspecto estético e leveza.
Os forros de fibras não absorvem umidade e não são meios proliferadores de
fungos e bactérias. Em contrapartida, não são propícios a serem instalados em lo-
cais com fortes ventos, e apresentam limitações que dificultam a limpeza. De ma-
neira geral, as fibras usualmente encontradas para aplicação em forros são a fibra
mineral, a fibra de vidro, a fibra de madeira e a lã de rocha.
Forros de bambu
Utilizados como alternativa mais barata em relação à madeira, estes forros
carregam elevado toque estético rústico, sendo muito utilizados, atualmente, em
construções residenciais, comerciais e hoteleiras. Esse tipo de forro virou tendência,
principalmente por ser uma opção ecológica e sustentável.

CONSTRUÇÃO CIVIL 127

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 127 23/11/2020 15:44:13


Tal como a madeira, o bambu é um excelente isolante, proporcionando conforto
térmico e acústico aos ambientes. São facilmente instaláveis e dispensam acaba-
mentos com pinturas. Como ponto negativo, o forro de bambu apresenta baixa du-
rabilidade e elevada capacidade de proliferação de pragas. Além disso, assim como
a madeira, o bambu requer tratamento impermeabilizante antes de sua instalação.
A Figura 14 mostra um quarto com paredes e teto executados com bambu.

Figura 14. Quarto com forro de bambu. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 10/11/2020.

Forros de EPS
Vistos como uma opção econômica, os forros de isopor são recicláveis e extrema-
mente leves, o que os configuram como excelente opção para instalação em ambien-
tes extensos. Apresentam características altamente isolantes, o que confere aos am-
bientes conforto termoacústico, além de serem facilmente instaláveis e resistentes à
proliferação de fungos e bactérias. Como desvantagem, estes forros não apresentam
resistência ao fogo, o que limita sua instalação a locais específicos. De maneira geral,
são aplicáveis em escritórios, pontos comerciais, residências e hotéis.

Ferramentas utilizadas
Para a execução dos forros de uma edificação, sejam eles de madeira, de
gesso, de PVC, metálicos, de concreto, de bambu, de fibras, de EPS ou com-
postos por mais de um material, são necessárias ferramentas específicas.

CONSTRUÇÃO CIVIL 128

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 128 23/11/2020 15:44:18


Há a necessidade de uso de algumas ferramentas obrigatórias em um
canteiro de obras, tanto as de uso comum quanto as específicas à instala-
ção de esquadrias. Entre elas podemos citar (YAZIGI, 2017):
• EPIs e EPCs;
• Água limpa;
• Argamassa de assentamento;
• Colher de pedreiro;
• Prumo, linha de náilon, mangueira de nível, nível bolha;
• Tábuas;
• Trenas;
• Régua metálica;
• Talhadeira;
• Desempenadeira;
• Lápis de carpinteiro;
• Martelo;
• Marreta;
• Serrote;
• Jogo de chaves de fenda;
• Furadeira;
• Espátula;
• Cavaletes para andaimes;
• Carrinho de mão;
• Masseira;
• Pregos, parafusos e pinos;
• Materiais específicos de acordo com o tipo de forro (madeira, chapas
de aço, folhas de PVC, concreto fresco, placas de gesso, bambu e fibras
naturais em geral).

Técnicas de execução
Antes de iniciar qualquer procedimento de execução de forros, é necessá-
rio fazer algumas verificações. A principal delas é testar todas as instalações
elétricas e hidrossanitárias após a execução da alvenaria. Em seguida, é ne-
cessário realizar a limpeza da superfície onde o forro será aplicado para re-

CONSTRUÇÃO CIVIL 129

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 129 23/11/2020 15:44:18


mover todo pó proveniente do processo construtivo. Para facilitar a remoção
desses resíduos finos, pode-se molhar a superfície onde eles estão. Feito isto,
pode-se iniciar o revestimento (AZEREDO, 1987).
Com o avanço da produção de materiais diversos, e com a aplicação de
novas tecnologias na construção, como um todo, hoje é perfeitamente pos-
sível a execução de forros que contenham fundos falsos para embutir toda
a rede de instalação e de abastecimento da edificação, deixando visível so-
mente o acabamento estético. Os forros podem ser fixados de três formas:
tarugados, suspensos ou colados (YAZIGI, 2017):
• Os forros tarugados necessitam do auxílio de uma grelha para fixar o
material que atuará como isolante. Esse material pode ser composto por
PVC, gesso, madeira ou outros. A grelha, por sua vez, pode ser metálica ou
de madeira. Além de servir como suporte para fixar o forro, ela atua como
elemento limitante para os vãos que serão cobertos;
• Os forros suspensos apresentam uma estrutura de fixação flexível, que
permite a existência de um espaço maior para a locação de eletrodutos e
tubulações entre o forro e o plano de cobertura. Em geral, são executados
em tirantes metálicos suspensos, presos na cobertura e sendo, ao mesmo
tempo, reguláveis. Neste tipo de forro, a maioria dos painéis utilizados no
plano de forro podem ser removidos e substituídos de modo que a estrutu-
ra não seja prejudicada;
• Os forros colados, por sua vez, caracterizam-se por apresen-
tarem fixação em forma de revestimento, que propor-
cionam um aspecto estético agradável. Sua aplicação
tem ligação direta com o conforto ambiental e es-
tético da região interna da edificação, podendo ser
executados a partir de adesivos, pregos ou parafusos.

EXPLICANDO
Por definição, os tarugos são peças produzidas a partir de materiais diver-
sos, como madeira, materiais metálicos e outros, e promovem a ligação
entre duas peças, evitando o deslocamento lateral delas. Desta forma, o
tarugamento constitui-se da união de vigas ou barras através de tarugos,
resultando em uma estrutura de suporte com finalidades diversas. No
caso de forros, é o elemento responsável pela fixação das placas.

CONSTRUÇÃO CIVIL 130

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 130 23/11/2020 15:44:18


Todos os forros devem contar com uma estrutura de suporte à fixação,
independente da estrutura do telhado, excetuando-se os forros de concre-
to. Esta medida deve ser tomada a fim de garantir que a estrutura não apre-
sente falhas, como dilatações, trincas e rachaduras. As estruturas de fixação
recebem o tarugamento, a suspensão ou a colagem de acordo com o tipo de
forro selecionado.

CONSTRUÇÃO CIVIL 131

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 131 23/11/2020 15:44:18


Sintetizando
Nessa unidade, vimos que a execução da cobertura de uma edificação é
a última e uma das mais importantes etapas de uma construção. Vimos que
as coberturas são constituídas de forros, telhados ou ambos, a depender das
determinações de projeto.
Entre os sistemas de cobertura existentes, vimos que os telhados se con-
figuram como uma categoria da cobertura composta por elementos que
integram a estrutura de sustentação. Eles são compostos por dois tipos de
estrutura: a principal e a secundária. A estrutura principal é composta pela
tesoura, e a estrutura secundária é composta por caibros, ripas e terças.
Aprendemos que existe uma grande diversidade de materiais aplicáveis na
execução de telhados. E, adicionalmente, conhecemos um pouco sobre o es-
coamento de águas da chuva nesses telhados.
No que tange aos forros, compreendemos que eles são elementos integran-
tes do sistema de cobertura e são responsáveis por garantir o isolamento entre
o piso e o telhado de uma edificação. O forro pode compor a cobertura em
conjunto com o telhado, bem como pode ser elemento único dela.
Em situações em que ele seja utilizado unicamente como cobertura, é ne-
cessário o uso de mantas que garantam a impermeabilidade da edificação.
Também conhecemos os tipos de forros disponíveis no mercado, de as vanta-
gens e desvantagens da utilização cada um.
Por fim, identificamos os materiais necessários à instalação dos forros, as-
sim como as técnicas usadas em sua execução.

CONSTRUÇÃO CIVIL 132

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 132 23/11/2020 15:44:18


Referências bibliográficas
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10844: instala-
ções prediais de águas pluviais - procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1989.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16382: placas de
gesso para forros - requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190: projeto de
estruturas de madeira. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.
AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, apli-
cação e ensaios de laboratório. 1. ed. São Paulo: PINI, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício até sua cobertura. 2. ed. rev. São Paulo: Blucher, 1997.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. 1. ed. São Paulo: Blucher, 1987.
BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. 9. ed. rev. atual. São Paulo:
Blucher, 2009. v. 1.
MOLITERNO, A. Cadernos de projetos de telhados em estruturas de madeira.
4. ed. rev. atual. São Paulo: Blucher, 2010.
O que uma cadeira e um prédio têm em comum? - contraventamento. Pos-
tado por DRVO Arquitetura. (2 min. 34 s.). son. color. port. Disponível em: <ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=Mtxk1GOripQ>. Acesso em: 23 nov. 2020.
YAZIGI, W. A técnica de edificar. 16. ed. rev. atual. São Paulo: PINI/SindusCon,
2017.

CONSTRUÇÃO CIVIL 133

SER_ENGCIV_CONCIV_UNID4.indd 133 23/11/2020 15:44:18

Você também pode gostar