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Manutenção e

Patologia das
Edificações
PROFESSORAS
Esp. Regina De Toni
Esp. Stephanie Vicente Moi

ACESSE AQUI O SEU


LIVRO NA VERSÃO
DIGITAL!
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria
de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula
Renata dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head
de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda Sutkus de Oliveira Mello Gerência de Planejamento Jislaine Cristina da Silva Gerência
de Design Educacional Guilherme Gomes Leal Clauman Gerência de Tecnologia Educacional Marcio Alexandre Wecker Gerência
de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo Ribeiro Garcia Supervisora de Produção Digital Daniele Correia
Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame

PRODUÇÃO DE MATERIAIS

Coordenador de Conteúdo Samantha Regiane Piffer Cacela Designer Educacional Leticia Matheucci Curadoria Carla
Fernanda e Fernanda Brito Revisão Textual Ariane Andrade Fabreti e Carla Cristina Farinha Editoração Juliana Duenha
Ilustração André Azevedo Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel Fotos Shutterstock.

FICHA CATALOGRÁFICA

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.


NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. TONI, REGINA DE; MOI,
STEPHANIE VICENTE.

Manutenção e Patologia das Edificações. Regina De Toni e


Stephanie Vicente Moi. Maringá - PR: Unicesumar, 2022.

200 P.
ISBN: 978-65-5615-903-4
“Graduação - EaD”.

1. Edificações 2. Civil 3. Patologia. EaD. I. Título.

Impresso por:
Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Diretoria de Design Educacional

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
A UniCesumar celebra mais de 30 anos de história
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade,
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos Tudo isso para honrarmos a
diariamente para que nossa educação à distância nossa missão, que é promover
continue como uma das melhores do Brasil. Atuamos a educação de qualidade nas
sobre quatro pilares que consolidam a visão diferentes áreas do conhecimento,
abrangente do que é o conhecimento para nós: o formando profissionais
intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. cidadãos que contribuam para o
desenvolvimento de uma sociedade
A nossa missão é a de “Promover a educação de
justa e solidária.
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento,
formando profissionais cidadãos que contribuam
para o desenvolvimento de uma sociedade justa
e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um
gênio importante para o cumprimento integral desta
missão: o coletivo. São os nossos professores e
equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma
transformação na forma de pensar e de aprender.
É assim que fazemos juntos um novo conhecimento
diariamente.

São mais de 800 títulos de livros didáticos como este


produzidos anualmente, com a distribuição de mais de
2 milhões de exemplares gratuitamente para nossos
acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos
EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta
Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre os 10
maiores grupos educacionais do país.

Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima


história da jornada do conhecimento. Mário Quintana
diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda
o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as
pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer a
sua mudança!

Reitor
Wilson de Matos Silva
Esp. Regina De Toni

Eu sou a Professora Regina De Toni, engenheira civil, formada na Uni-


versidade Federal do Paraná, especialista em Gestão Empresarial e em
Engenharia de Avaliações e Perícias. Observando a minha formação, você
deve estar pensando: “nossa! Que áreas distantes uma da outra!” Bem,
o que eu vou te dizer é que isso reflete, exatamente, a minha persona-
lidade. Versatilidade e resiliência são os nomes.
Durante os meus 18 anos de profissão, tive que me adaptar várias
vezes, devido às mudanças do mercado da Engenharia, pois a nossa
profissão acompanha o cenário econômico, sempre. Trabalhei em di-
versas áreas, mas foquei em construção civil. Construí obras civis de
vários tamanhos e complexidade, desde salas de aula até hospitais e/
ou laboratórios de alta tecnologia, com técnicas muito específicas. Esta
experiência com a construção civil me fez adquirir muito conhecimento
sobre aspectos construtivos. Como devia e, principalmente, como não
devia ser e, quando a construção civil sofreu o baque de 2015, usei desse
conhecimento para me dedicar a diagnosticar e solucionar defeitos de
construções, as quais apresentam, cada dia, mais problemas, por causa
da baixa qualidade da mão de obra disponível neste setor.
Além de engenheira civil, leciono desde 2003 e passei por todas as
Aqui você pode etapas de ensino, desde o fundamental até a pós-graduação e, agora,
conhecer um
chegou a hora de passar aos outros, por escrito, os meus conhecimen-
pouco mais sobre
tos. Vamos lá?
mim, além das
informações do Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.
meu currículo.
do?id=K4826887Y3&tokenCaptchar=03AGdBq246i1dph1w8uR4R-
Pa6mcCqCKr523rZ1-vN43jm1
Esp. Stephanie Vicente Moi

Olá, aluno(a).
Aqui é a professora Stephanie Vicente Moi, autora da unidade que
você lerá, em breve. Sobre o meu currículo: sou formada em Engenharia
Civil pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná e pós-graduada em
Engenharia de Avaliações e Perícias pela Universidade Paulista. Curso o
mestrado em Engenharia de Avaliações pela Universidade Politécnica de
Valência, Espanha, e trabalho na área de Avaliações e Perícias desde 2016,
assim que me formei.
Quando prestei vestibular, tentei para Engenharia e Direito. Acabei
optando pela primeira opção devido à proximidade com a minha família
e à universidade pública onde passei. Durante o curso, não me encontrei
nas áreas que a maioria dos alunos seguem, como projeto, execução e
acompanhamento de obras. Logo nos últimos anos de graduação, tive
contato com a disciplina de Patologia das Construções e gostei muito.
Assim que me formei, comecei a estudar como escrever um laudo
judicial, comprei vários livros sobre o tema e me aprofundei. Então, resolvi
me cadastrar como perita judicial no Tribunal de Justiça do Paraná. Lá,
pude atuar em diversos tipos de perícia e me senti realizada neste nicho da
Engenharia Civil que está, intimamente, ligado ao Direito. Posteriormente,
me especializei, iniciei o mestrado e fiz vários cursos para me credenciar Aqui você pode
conhecer um
em bancos públicos e privados, por meio da minha empresa. Aliando meu
pouco mais sobre
conhecimento técnico e a paixão pela docência, pude ministrar aulas sobre
mim, além das
o tema e, assim, passar a minha paixão aos alunos. informações do
meu currículo.
Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?-
metodo=apresentar&id=K4697983J2
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Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo
Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os
recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das
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Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas.

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Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido

PENSANDO JUNTOS

Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite


este momento.

EXPLORANDO IDEIAS

Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do


assunto discutido, de forma mais objetiva.

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Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.

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MANUTENÇÃO E PATOLOGIA DAS EDIFICAÇÕES

O Brasil envelheceu. Já se passaram mais de 100 anos desde que as edificações ultrapassaram o segundo pavi-
mento e passaram a exigir mais das estruturas e infraestruturas que garantem a sua estabilidade e segurança.
Nos últimos anos, temos assistido a diversos desastres envolvendo colapsos de construções, sejam civis, sejam
de infraestrutura, como houve com o Edifício Liberdade, no Rio de Janeiro, bem como na usina de Brumadinho,
em Minas Gerais, no início de 2019. Ao investigar as causas dos colapsos destas estruturas, descobriu-se que eles
não ocorreram, apenas, por fatores inerentes ao projeto ou ao processo de construção da obra, mas também
pela falta de manutenção e mau uso das edificações.
Como você acha que os conhecimentos sobre patologias de construção e a engenharia de manutenção predial
podem ajudar a evitar este tipo de desastre?
Em janeiro de 2020, houve um acidente, na cidade de Fortaleza, no qual o Edifício Andrea desabou durante uma
obra de recuperação e manutenção dos pilares do pavimento térreo. Na ocasião, a síndica e mais oito pessoas
faleceram. Isso demonstra a importância da manutenção preventiva de edifícios, pois as pequenas ações feitas
ao longo tempo diminuem a necessidade de manutenção corretiva que resulta em grandes montas.
Para que você entenda como funciona o processo de manutenção, procure na sua casa/no seu prédio manifes-
tações patológicas ou falhas de manutenção. Podem ser bem simples, como uma calha suja ou um ralo entupido,
por exemplo. Uma trinca em 45° sob o canto da janela, ou algo mais grave, como o estufamento de um pilar ou
uma armadura exposta em uma laje (esta com indícios de infiltração).
A partir disso, analise as consequências que estas manifestações patológicas podem gerar ao longo do tempo,
se não forem consertadas. Seria complexo ou caro corrigi-las agora? E daqui a 10 anos?
Todo conhecimento adquirido nesta unidade auxiliará você, futuro(a) engenheiro(a), a entender melhor como
funciona a manutenção predial e averiguar possíveis correções a serem realizadas, o que prevenirá muitos aci-
dentes e prejuízos nas obras em questão.
A partir de agora, você, como futuro(a) engenheiro(a), é capaz de levantar as causas dessas manifestações
patológicas e as respectivas ações corretivas necessárias para que as anomalias não se tornem um problema
irreversível, resultando em um desastre ou em grande desvalorização do imóvel?
Sugiro que você realize uma inspeção predial completa. Lembre-se que a nossa área utiliza scanners, a fim
de identificar armaduras, câmeras termográficas para identificar infiltrações, vants para inspeção de fachada e
identificação de possíveis defeitos nos revestimentos, além de vistoria total de instalações elétricas e hidráulicas,
conforme veremos no decorrer da unidade.
1
11 2
33
INTRODUÇÃO À O EFEITO DA
PATOLOGIA DAS UMIDADE NAS EDI-
EDIFICAÇÕES FICAÇÕES

3
51 4
75
PATOLOGIAS DE TÉCNICAS DE REPA-
FUNDAÇÕES RO E REFORÇO DE
SUPERESTRUTURAS

5 93 6
107
TÉCNICAS DE REPA- TÉCNICAS DE REPA-
RO E REFORÇO DE RO DE ALVENARIA E
FUNDAÇÕES REVESTIMENTOS
7 8
127 149
PERÍCIAS DE INCÊN- APLICAÇÃO DOS
DIO E TÉCNICAS REQUISITOS E INS-
DE REPARO DE TRUMENTOS PARA
ESTRUTURAS DA- MANUTENÇÃO PRE-
NIFICADAS PELA DIAL
AÇÃO DO FOGO

9
173
ASPECTOS IN-
TRODUTÓRIOS DE
MANUTENÇÃO
1
Introdução à
Patologia das
Edificações
Esp. Regina De Toni

Nesta unidade, estudaremos os defeitos que as edificações apre-


sentam e qual o impacto que eles causam no desempenho das
construções. Esses defeitos podem existir já na fase de projeto e
execução ou podem ter surgido durante a vida útil da edificação,
provenientes do seu uso e operação. Para resolver esses defeitos,
chamados, tecnicamente, de anomalias, é necessário conhecê-los
e saber identificar as suas causas, para desenvolver a solução ade-
quada a cada uma das anomalias existentes, a fim de que não pre-
judiquem o desempenho, o conforto e a estabilidade da edificação.
Assim, você aprenderá as premissas básicas para desenvolver o pro-
cesso de análise, diagnóstico e solução da patologia de edificações.
UNICESUMAR

É notório o fato de que quase a totalidade das Construções, que é o estudo das manifestações
construções, não, apenas, as que já estão em uso, patológicas existentes em edificações.
mas também obras, ainda, em andamento, apre- A fim de corrigir e controlar os defeitos das
sentam, em algum grau, problemas construtivos edificações, foi criada uma área específica da
de toda ordem. Desde os mais simples, como fis- Engenharia, chamada de patologia das cons-
suras em revestimentos, até outros mais graves, truções, que começou a se destacar entre as dé-
como trincas e rachaduras em elementos estrutu- cadas de 60 e 70, quando surgiram os primeiros
rais, que podem levar uma edificação ao colapso. acidentes graves com edificações. Foram desen-
Além dos problemas construtivos que nas- volvidos métodos para tratar as manifestações
cem com as obras, seja na fase de projeto, seja na patológicas, que é a forma como esta disciplina
fase de construção, há as falhas que surgem com trata os defeitos e falhas construtivas, desde a sua
o tempo, por mau uso, falta de manutenção, ou, identificação até sua solução e, dessa forma, miti-
simplesmente, por que a edificação atingiu a sua gar prejuízos financeiros e humanos aos usuários
Vida Útil de Projeto, conhecida como VUP. e construtores de edificações.
Com o boom imobiliário que ocorreu no Bra- Hoje, a patologia das construções é uma área
sil a partir do ano de 2010, a ocorrência de defeitos em franca ascensão, pois o resultado do boom
construtivos aumentou, consideravelmente, por da construção civil, ocorrido nos primeiros anos
causa da escassez de mão de obra de qualidade e desta década, foi o aumento significativo das ano-
pela alta demanda de produtos que atendessem malias construtivas e, por isso, esta disciplina é tão
às normas, o que não possuíamos, porém, isto importante na sua formação como engenheiro(a).
não é novidade no nosso ramo. Os problemas de Caros alunos, certamente, vocês já observa-
engenharia e de construção nasceram junto com a ram — mesmo que, ainda, não tenham estudado
Engenharia, são irmãos gêmeos, pois os processos esta disciplina — diversas manifestações pato-
de construção — além de serem muito mais com- lógicas nos mais variados tipos de edificação,
plexos do que, somente, números e “desenhos”, porque algumas delas são, realmente, muito vi-
como grande parte de leigos e profissionais ima- síveis, seja em pontes, seja em estradas, edifícios
ginam — têm muita dificuldade de controle de ou casas. Vocês também já presenciaram, talvez,
qualidade, afinal, a mão de obra deste setor, como diversos problemas de qualidade nas obras em
já dito, é muito limitada no nosso país, além do execução, nos processos construtivos ou nos ma-
que, os processos ainda são muito manuais e as teriais utilizados.
ferramentas, extremamente, limitadas. Como futuro(a) profissional da Engenharia,
Aliado a este cenário, há o fato de que, na liste algumas manifestações patológicas que você
maior parte das construções, trabalham diversas tenha observado na sua casa, na estrada — durante
equipes, cada uma com o seu método de trabalho, uma viagem — no caminho do seu trabalho, no
proporcionando aos executores uma tarefa árdua seu próprio local de trabalho, ou em qualquer ou-
para produzir um produto de qualidade. tro lugar que tenha estado. Você pode utilizar os
E você, estudante, já se perguntou como iden- seus conhecimentos, a sua percepção e pesquisa.
tificar esses problemas, distingui-los quanto à sua Um exemplo desta experimentação seria a se-
origem e diagnosticar as suas causas? É isso que guinte: você observou, conforme mostra a Figura
aprenderemos na disciplina de Patologias das 1, que a coloração da parede da sala da sua casa

12
UNIDADE 1

estava bastante escura, então, chegou à conclusão de que está havendo uma infiltração, neste ponto. A
manifestação patológica é a infiltração.

Figura 1 - Infiltração na parede da sala de uma casa

Descrição da Imagem: a imagem fotográfica apresenta o canto de um ambiente com manchas bastante escuras e, também, descas-
camento da pintura, além do descolamento do piso de madeira, o que indica a existência de uma infiltração neste ambiente.

Agora, é a sua vez! Vamos lá? Liste as anomalias que você costuma observar no seu cotidiano e, quando
possível, ilustre com fotos e figuras.

13
UNICESUMAR

operação. Foi um dos precursores da história da


Patologia das Construções.
Na França, as agências securitas bureaus, fun-
dadas em 1929, foram as primeiras organizações
a focar na análise dos transtornos para tirar lições
de prevenção. Em 1950, foi criado o Estudo das
Estatísticas e Técnica dos Sinistros – ESTS. Anos
mais tarde, esse estudo tornou-se um dos prin-
cipais objetivos das agências securitas bureaus.
A partir de 1970, foram executados estudos
sistemáticos sobre anomalias, daí deu-se início a
estudos mais aprofundados, publicações e diversos
artigos, nomeados Securitas – Chroniques Bureau.
Em paralelo com o Instituto Securitas, em 1977,
Apesar de os problemas patológicos em constru- vários especialistas fundaram, em colaboração com
ções existirem desde o início da história da En- o CSBT, uma associação voltada ao estudo da pa-
genharia, as edificações demoraram anos para tologia e do edifício, L’entretien (EPEBat).
começar a apresentar problemas graves ou que Em 1982, foi criada uma Agência para a Pre-
causassem incômodo e prejuízos aos seus usuários. venção de Distúrbios e uma Agência de Qualida-
Com a evolução da sociedade, as necessidades de da Construção. Essa agência criou um SYCO-
da população mudaram em decorrência do seu DES, um sistema explorado por computador e
modo de vida e produção. As edificações vertica- que entrou em operação há poucos anos, cuja
lizaram-se devido ao crescimento demográfico, função é a coleta de dados estatísticos das mani-
as cidades cresceram, desordenadamente, surgi- festações patológicas que, por sua vez, são coleta-
ram construções industriais bastante complexas, das por peritos. As informações fornecidas pelo
houve o envelhecimento natural das edificações, SYCODES são utilizadas para selecionar partes
o aumento da agressividade ambiental, além da de estruturas que devem obter mais prioridade e
necessidade de adaptar antigas edificações para aprofundamento de estudos de campo.
atender a estas demandas. Estes fatores imprevisí- No Brasil, por ser um país mais jovem e ter se
veis trazem consequências ao espaço já edificado, desenvolvido, tardiamente, esse estudo começou
e a atualização tecnológica não acompanhou tal ainda mais tarde, no final da década de 70, pois
demanda, o que trouxe consequências negativas os primeiros edifícios construídos, aqui, datam
em relação ao desempenho das edificações. do final da década de 20. O primeiro arranha-céu
Foi a França que, primeiramente, preocupou- construído no Brasil foi o Edifício Martinelli, er-
-se com a ocorrência cada vez mais comum das guido, no ano de 1924, com alvenaria de tijolos e
anomalias construtivas. Monsieur Louis Logeais, estrutura de concreto, inaugurado em abril de 1929.
que nasceu em 1930 e se formou em 1954, foi A seguir, veja uma lista dos principais aciden-
nomeado, em 1975, secretário-geral do bureau tes com edificações ocorridos no Brasil, e o res-
securitas, ocupando cargo de diretor e chefe de pectivo número de vítimas fatais.

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UNIDADE 1

Víti-
Es-
mas
Ano Obra ta- Cidade Provável origem
(fa-
do
tais)

Belo Horizon-
1971 Gameleira MG Falha na execução 69
te

Viaduto Paulo de
1971 RJ Rio de Janeiro Falha na execução 27
Frontin

Falha de manutenção e mau


1974 Edifício Joelma SP São Paulo 187
uso

S. José do Rio Falhas no projeto e na execu-


1997 Edifício Itália SP 0
Preto ção

Falhas na execução de refor-


1998 Igreja Universal SP Osasco 25
mas

1998 Edifício Palace II RJ Rio de Janeiro Falhas no projeto 9

Jaboatão dos
2004 Edifício Areia Branca PE Falha na execução 4
Guararapes

Metrô SP - Linha
2007 SP São Paulo Falha de gerenciamento 7
Amarela

2009 Igreja Renascer SP São Paulo Falha de projeto 9

Capão da Ca- Falha de manutenção e de exe-


2009 Edifício Santa Fé RS 4
noa cução de reformas

2011 Edifício Real Class PA Belém Falha de projeto 3

Falhas na execução de refor-


2012 Edifício Liberdade RJ Rio de Janeiro 22
mas

Falhas no projeto e na execu-


2013 Shopping Rio Poty PI Teresina 0
ção

Belo Horizon-
2014 Viaduto Guararapes MG Falha de projeto 3
te

Varanda Ed. Versail-


2015 CE Fortaleza Falta de manutenção 2
les

2015 Barragem de fundão MG Mariana Falha de gerenciamento 19

2018 Eixão DF Brasília Falha de manutenção 0

Falha de manutenção e mau


2018 Largo Paissandu SP São Paulo 7
uso

15
UNICESUMAR

Víti-
Es-
mas
Ano Obra ta- Cidade Provável origem
(fa-
do
tais)

Museu Nacional do
2018 RJ Rio de Janeiro Falha de manutenção 0
Rio de Janeiro

Viaduto da Marginal
2018 SP São Paulo Falha de manutenção 0
Pinheiros

Barragem de Bruma- Falha de manutenção e


2019 MG Brumadinho 270
dinho negligência

2019 CT do Flamengo RJ Rio de Janeiro Falha de projeto e execução 10

Falha de manutenção e de exe-


2019 Edifício Andreia CE Fortaleza 7
cução de reformas

Quadro 1 - Lista dos principais acidentes com edificações no Brasil e o número de suas respectivas vítimas fatais
Fonte: adaptado de Caetano (2019) e Souza (2017).

Observe que, com o passar dos anos, não por coincidência, os acidentes vêm se tornando mais fre-
quentes, e a causa principal dos ocorridos mais recentes foram manutenção inadequada e mau uso
da edificação. Por causa do aumento tão significativo dessas ocorrências, desenvolveu-se o estudo das
patologias das edificações, que é uma especialização da Engenharia destinada a analisar, de forma
científica, os problemas que surgem nas construções, por meio da observação do conjunto de todos
os sistemas constituintes de uma obra, os quais interagem entre si. É o ramo da Engenharia que estuda
os sintomas, os mecanismos, as causas, as origens e as consequências das deficiências das construções.

O termo “patologia” é identificado, muito comumente, na Medicina, e tem a mesma relação


nas edificações. De origem grega (pathos = doença; logos = estudo), é a análise que visa
a identificar as causas das anomalias em todos os sistemas que compõem as edificações
e investigar as causas referentes às alterações estruturais e funcionais que causaram os
sintomas apresentados, ou seja, a patologia das edificações é a ciência a qual estuda as
anomalias apresentadas pelas edificações, que fazem com que estas construções não
apresentem o desempenho desejado. Essas anomalias são chamadas de manifestações
patológicas, não de patologias.

A comparação entre a patologia das edificações com a Medicina foi adotada a fim de facilitar a com-
preensão, por parte dos leigos, pelo fato de a Engenharia ser um ramo muito técnico, de difícil interpre-
tação por pessoas que não a estudaram. A comparação citada foi feita da seguinte forma: as estruturas
assemelham-se ao esqueleto humano, conforme pode-se observar nas Figuras 2, a seguir.

16
UNIDADE 1

(a) (b)

Figura 2 (a) - Estruturas de uma construção vertical; Figura 2 (b) - Ilustração de um esqueleto humano

Descrição da Imagem: as duas imagens, lado a lado, representam a comparação entre a estrutura das construções com o esqueleto
humano. A Figura 2 (a) mostra uma fotografia de um prédio em construção, ainda na fase de estrutura, evidenciando as vigas e os
pilares como o esqueleto do prédio. A Figura 2 (b) mostra uma ilustração vetorizada de um esqueleto humano, em cor branca, sobre
um fundo em cor cinza.

Nas Figuras 3, as alvenarias assemelham-se à musculatura, e a pele pode ser comparada aos revestimentos.

17
UNICESUMAR

(a) (b)

Figura 3 (a) - As alvenarias e os revestimentos de um prédio; Figura 3 (b) - Fotografia da musculatura e da pele do corpo huma-
no / Fonte: Figura (a) - A autora; Figura (b) - Shutterstock.

Descrição da Imagem: as figuras representam a comparação entre a alvenaria das construções com a musculatura humana e os re-
vestimentos com a nossa pele. A Figura 3 (a) mostra uma fotografia de um prédio em construção, que está com sua alvenaria completa
e os revestimentos iniciados. A Figura 3 (b) mostra uma ilustração em 3D da musculatura humana, com algumas partes revestidas por
pele. O objetivo dessa figura é demonstrar que, da mesma forma que os músculos, ao cobrirem a estrutura óssea, fecham o nosso
corpo, a alvenaria fecha a obra, acompanhando a estrutura. Da mesma maneira, os revestimentos aplicados às alvenarias são a sua
proteção, assim como a pele é a proteção da musculatura.

O sistema circulatório assemelha-se às tubulações de água, gás e esgoto, e o sistema neurológico, às


instalações elétricas, telefônicas e lógica, conforme mostram as Figuras 4.

18
UNIDADE 1

(a) (b)

Figura 4 (a) - Ilustração de instalações hidrossanitárias e elétricas; Figura 4 (b) - Sistema circulatório e neurológico humano

Descrição da Imagem: as figuras representam, a partir de duas ilustrações, a comparação entre as instalações hidrossanitárias e o
sistema circulatório humano. A Figura 4 (a) mostra uma rede de água com canos saindo da caixa d’água e fazendo a distribuição para
a casa toda, na seguinte ordem: a partir de dois reservatórios de água quente, a água é distribuída para os ambientes da lavanderia e
sanitário. Na lavanderia, há um tanque de lavar roupas e um de lavar, sendo que este último tem, apenas, água fria, enquanto que, no
sanitário, há um lavatório, um chuveiro com banheira e uma bacia sanitária, sendo a bacia abastecida, apenas, com água fria. A Figura
4 (b) mostra uma figura do sistema circulatório humano que, da mesma forma, distribui o sangue do coração para todas as partes do
corpo. O objetivo é demonstrar que, da mesma forma que as veias e artérias fazem chegar o sangue aos pontos necessários, os canos
fazem a água chegar a todos os pontos onde ela é necessária, na edificação.

Ainda utilizando essa comparação entre a Medicina e o corpo humano, empregaremos o quadro, a
seguir, para conferir as etapas da vida de uma edificação.
Ser vivo Construção

Saúde Desempenho normal

Gestação Projeto

Crescimento Fase de construção

Resto da vida Fase de manutenção

Doenças Anomalias

Envelhecimento Degradação

19
UNICESUMAR

Ser vivo Construção

Médico Engenheiro

Patologista Patologista

Quadro 2 - Comparação entre um ser vivo e uma construção / Fonte: adaptado de Gasparim (2015).

O importante a identificar, nessa comparação, é que, assim como as pessoas, as edificações podem desen-
volver problemas patológicos durante toda a sua vida, desde a sua concepção até ficarem bem velhinhas e
“atingir o prazo de vida útil”. Para sanar esses problemas, ou, anomalias, como chamamos na Engenharia,
as edificações também devem ir ao médico, que, neste caso, será você, engenheiro(a) patologista.
Quando você se tornar engenheiro(a), porém, tome muito cuidado! Uma velha máxima entre os
construtores elogia os médicos, porque eles podem enterrar suas falhas. Já as falhas construtivas viram
manchete de jornais ou atração turística.
A patologia das construções é um conjunto de, praticamente, todas as disciplinas de Engenharia,
porém existem termos técnicos não tão comuns assim nas demais áreas, os quais serão bastante usados
na nossa disciplina. Por isso, elencamos, aqui, os termos-chave mais utilizados nesta especialidade,
definidos pela NBR 13.753 (ABNT, 1996), Norma Brasileira de Perícias de Engenharia, e a NBR 5.674
(ABNT, 2012), Norma Brasileira de Manutenção de Edifícios.
A vida útil é o intervalo de tempo ao longo do qual a edificação e as suas partes constituintes
atendem aos requisitos funcionais para os quais foram projetadas, obedecidos os planos de operação,
uso e manutenção previstos na NBR 5.674 (ABNT, 2012). É esperado que todas as edificações tenham
vida útil igual ou superior à sua Vida Útil de Projeto (VUP), que é o período estimado de tempo
para o qual um sistema é projetado, a fim de atender aos requisitos de desempenho estabelecidos na
NBR 15.575 (ABNT, 2021), considerando o atendimento aos requisitos das normas aplicáveis, o estágio
do conhecimento no momento do projeto e supondo o atendimento da periodicidade bem como a
correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo manual de uso, operação e
manutenção (a VUP não pode ser confundida com prazo de garantia legal ou contratual). Estes prazos
serão vistos nas unidades seguintes.
Infelizmente, nem todas as obras têm a sua vida útil igual ou superior à vida útil de projeto devido
a anomalias ou sintomas de diversas naturezas, que são a indicação da ocorrência de um defeito. Os
defeitos serão estudados por nós no decorrer da disciplina.
A vida útil também é chamada de durabilidade, que é a capacidade de um produto (edificação)
manter o seu desempenho acima dos níveis aceitáveis preestabelecidos, sob condições previstas de uso
e com manutenção durante certo período de tempo, o qual é a sua vida útil.
Anomalias que afetam o desempenho de produtos ou serviços ou os tornam inadequados aos fins
aos quais se destinam, causando transtornos ou prejuízos materiais ao consumidor, são chamados de
vícios. Podem decorrer de falha de projeto ou de execução, ou, ainda, da informação defeituosa sobre
a sua utilização ou manutenção.
Os vícios são aparentes ou ocultos, sendo os vícios aparentes de fácil contratação, perceptíveis,
até mesmo, por leigos.

20
UNIDADE 1

Exemplos: vidro quebrado ou manchado, diferentes tonalidades no revestimento ou na


pintura, azulejo decorado aplicado de forma equivocada — quebrando o esquema do dese-
nho geométrico projetado —, falta de espelhos nas instalações elétricas, portas descoladas
ou trincadas, vazamentos existentes no ato da entrega, material de acabamento diferente
do que consta no memorial descritivo de venda etc.

Já os vícios ocultos são imperceptíveis ou só perceptíveis por técnicos especializados, e se apresentam


ou só são detectados com o passar do tempo.

Exemplos: curto-circuito nas instalações elétricas, infiltrações ou vazamentos de água de-


tectados, apenas, depois da entrega, trincas, fissuras, gretamentos de placas cerâmicas,
recalques de fundação, inclinação de prédios, descoramento da pintura da fachada.

Temos, ainda, os vícios redibitórios, que nada mais são do que vícios ocultos cuja principal conse-
quência é a diminuição do valor da coisa, ou, por causa deles, a coisa se torna imprópria ao uso para
o qual ela se destina. Tais vícios, se fossem do conhecimento prévio do adquirente, ensejariam pedido
de abatimento do preço pago ou inviabilizariam a compra.
Os vícios, se não tratados, podem transformar-se em defeitos: anomalias com a possibilidade de
causar danos efetivos ou de representar ameaça potencial à saúde ou à segurança do dono ou con-
sumidor. Os defeitos são decorrentes de falhas do projeto ou da execução de um produto ou serviço,
ou, ainda, se originam de informação incorreta ou inadequada sobre a utilização ou a manutenção.
Além dos vícios, temos as falhas: um descuido ou um erro, um procedimento ou uma ação im-
prevista ou acidental que acarreta uma anomalia ou um dano.
Para identificar os vícios, defeitos e falhas, é necessário realizar um estudo de toda a situação em
ocorrência, coletando dados sobre o início e a evolução da anomalia construtiva ou da falha de manu-
tenção, desde a concepção do projeto até a data da vistoria ou inspeção. A este procedimento damos
o nome de anamnese técnica da edificação, a qual pode ser chamada, também, de investigação.
O primeiro passo da anamnese é a vistoria. Ela ocorre quando você faz a constatação dos fatos e
do estado real da edificação em questão. Na ocasião da vistoria, um exame circunstanciado deve ser
realizado, ou seja, é necessário registrar imagens, por meio de fotografia, e fazer a descrição minuciosa
do que for constatado.
A partir da anamnese, da vistoria da edificação e de outros estudos, faz-se o diagnóstico técnico
da edificação, que é a determinação e a indicação das anomalias construtivas e falhas de manutenção,
mediante auditorias, ensaios laboratoriais e perícias. Após esse diagnóstico, você, profissional, fará o
prognóstico técnico da edificação, que é a previsão da evolução das anomalias e das suas conse-
quências, caso não sejam sanadas. Em consonância com o prognóstico técnico, será feita a prescrição

21
UNICESUMAR

técnica da edificação, também chamada de consultoria terapêutica da edificação, a qual nada


mais é do que a indicação dos reparos das anomalias construtivas e das falhas de manutenção.
Para o diagnóstico, é importante, também, desenvolver a sintomatologia técnica da edificação,
ou seja, as observações, constatações e análises tanto dos sintomas quanto das condições físicas das
anomalias construtivas e das falhas de manutenção. É a partir da sintomatologia que será feita a determi-
nação dos efeitos, origens, causas, mecanismos de ação, agentes e fatores de agravamento das anomalias
construtivas e das falhas de manutenção. Este processo chama-se etiologia técnica da edificação.
Uma ferramenta muito útil, mas que ainda está sendo incorporada à cultura da Engenharia no Brasil,
são os ensaios tecnológicos da construção civil, cuja função é analisar todos os produtos e materiais
utilizados na obra, a fim de identificar se seguiram as especificações informadas pelo fabricante bem
como as especificações mínimas da norma correspondente. Existem ensaios destrutivos, não destrutivos
e semidestrutivos, que serão vistos em uma unidade específica deste livro. Por exemplo, m ensaio não
destrutivo utilizado em todas as vistorias é a inspeção visual. Ela é a constatação de um fato, por meio
de diversos sentidos do corpo humano, tais como: visão, tato, audição e olfato.
O(a) profissional que utilizará estes conceitos e processos é o(a) patologista da construção, que
tem especialização em Patologia da Construção, curso oferecido, geralmente, na pós-graduação de
Engenharia de Avaliações e Perícias ou Engenharia Diagnóstica. O(a) patologista é o(a) responsável
por realizar o prognóstico e a profilaxia, prescrevendo a melhor forma de recuperação para a edifica-
ção alcançar uma condição satisfatória de desempenho, conservação e utilização, após a reabilitação.

Agora, vamos bater um papo sobre os nossos conhecimentos de pato-


logias das construções? Falarei, um pouco mais, da parte humana deste
problema tão sério que a Engenharia vem enfrentando, os prejuízos
financeiros e humanos os quais ele está causando à nossa sociedade
e, por que não, sobre o nosso mercado de trabalho.

Com tudo que vimos até agora, você, como futuro(a) engenheiro(a), curioso(a) que é, deve estar
ansioso(a) para descobrir quais são as manifestações patológicas que mais acometem as edificações.
Neste livro, abordaremos as manifestações patológicas mais comuns encontradas nos edifícios, indis-
tintamente da idade e do estado de manutenção deles, porém, antes de as conhecer, aprenderemos a
classificá-las quanto à origem.
As anomalias podem ser exógenas ou endógenas. As anomalias endógenas são aquelas que já
nascem com a edificação e se originam, possivelmente, da fase de projeto ou de execução ou da má
qualidade dos materiais empregados na obra.
A Figura 5 mostra uma anomalia endógena proveniente da fase de execução: consiste em um ralo de
escoamento executado acima do nível do piso, impossibilitando o desempenho de sua função (drenar
do ambiente as águas pluviais e de limpeza).

22
UNIDADE 1

Figura 5 - Ralo executado acima do nível do piso Figura 6 - Estrutura metálica colapsada devido a ventos aci-
Fonte: a autora. ma dos estipulados por norma para cálculo / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a fotografia mostra um ralo de es- Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma estrutura
coamento de água executado acima do nível do piso, o que, metálica de cobertura que colapsou porque foi atingida por
certamente, impedirá que o ralo cumpra a sua função de ventos muito fortes, o que caracteriza um dano por ação da
drenar a água, deixando-a acumulada na superfície. natureza.

As anomalias exógenas são as anomalias ori- Bastante usuais, porém, geralmente, mais fáceis de
ginárias de fatores externos. Elas acometem a serem corrigidas, as anomalias exógenas fun-
edificação depois da fase de projeto e execução cionais são chamadas de falhas e se caracterizam
e costumam ser classificadas como naturais e por resultarem de manutenção inadequada ou
funcionais. As anomalias exógenas naturais mau uso da edificação.
são aquelas resultantes de fenômenos da natureza, As Figuras 7 e 8 mostram exemplos típicos
tais como: vendavais acima da estimativa de pro- de falha de manutenção e de mau uso, respecti-
jetos, inundações, chuvas de granizo, terremotos. vamente. A Figura 7 apresenta uma residência
A Figura 6 mostra uma anomalia proveniente cuja pintura deveria ter sido refeita há muito
de fenômenos da natureza e consiste em uma co- tempo. A demora da sua execução causou da-
bertura metálica que desabou durante um ciclone. nos não, apenas, na pintura, mas também nos
revestimentos argamassados.

23
UNICESUMAR

projetada para uma carga muito menor do que a


que está suportando com o novo uso.
Com o pouco que vimos até aqui, consegui-
mos enxergar a existência de manifestações pa-
tológicas das mais diferentes formas, com as mais
diferentes causas, no entanto algumas são muito
comuns e recorrentes. O SindusCon-SP realizou
um estudo em 36 conjuntos habitacionais, com
quase 500 unidades no total. O estudo abordou
anomalias referentes a umidade, trincas e desco-
Figura 7 - Pintura sem manutenção / Fonte: a autora.
lamento de revestimentos. A maior frequência foi
a de umidade e infiltrações, seguida pelas trincas
Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma casa com e, subsequentemente, o descolamento.
a pintura bastante deteriorada. Ela está suja, descascada e
com diversas manchas de umidade. A edificação também • Infiltrações e umidade, as ocorrências são
apresenta trincas no seu revestimento. Ambas as anomalias
foram causadas por falta de manutenção.
as mais comuns, podem ser provenientes
de encanamentos ou do ambiente externo.
• Trincas, fissuras e rachaduras, sejam em
Já a Figura 8 apresenta um depósito de sapatos vedações, sejam em estruturas, ou, até
localizado no segundo pavimento de um prédio e mesmo, em revestimentos. Costumam ter
que foi utilizado como arquivo, o qual tem sobre- origem estrutural, ambiental, por escolha
carga, extremamente, maior do que sapatos. Tal equivocada dos materiais e por diversos
fato causou uma flecha na laje e nas vigas, devido outros fatores.
à carga excessiva aplicada. • O descolamento de revestimentos, na
grande maioria das vezes, é defeito de
execução, porém um estudo realizado, re-
centemente, identificou uma falha muito
comum nas placas cerâmicas, aspecto que
será detalhado na unidade sobre revesti-
mentos, neste livro.

Figura 8 - Depósito de sapato utilizado como arquivo


Além destas três anomalias, também é muito fre-
Fonte: a autora. quente ocorrer problemas de fundação, como o
recalque — deslocamento vertical do apoio de
Descrição da Imagem:a fotografia apresenta um ambiente
que foi projetado, originalmente, para servir de depósito de uma estrutura —. Obviamente, esses problemas
caixas de sapato, porém está sendo utilizado como arquivo.
A imagem também evidencia a deformação da laje de piso e
são os mais difíceis de serem sanados, por inter-
das vigas por causa do excesso de carga causado pelo acú-
mulo de papel.
ferirem, direta ou indiretamente, no desempenho
de todos os elementos das edificações, além de
ficarem enterrados.
Podemos observar que, neste último caso, houve Voltando às fissuras, trincas e rachaduras, as
uma mudança da utilização edificação, que foi quais não são, somente, manifestações patológi-

24
UNIDADE 1

cas, mas também sintomas de diversas anomalias, é importante entendermos que não há uma definição
unânime, em livros e artigos relevantes, sobre as nomenclaturas, nem mesmo, sobre as suas amplitudes.
É comum encontrar as duas classificações representadas no quadro, a seguir.
Abertura Classificação 1 Classificação 2

Fissura até 0,5 mm até 0,5 mm

Trinca de 0,5 mm a 1,0 mm de 0,5 mm a 1,5 mm

Rachadura de 1,0 mm a 1,5 mm de 1,5 mm a 5,0 mm

Fenda acima de 1,5 mm de 5,0 mm a 10,0 mm

Brecha acima de 10,0 mm

Quadro 3 - Definição de fissura, trinca, rachaduras, fenda e brechas / Fonte: adaptado de IBAPE-SP (2007).

O IBAPE-SP (Instituto Brasileiro de Avaliações


e Perícias de Engenharia de São Paulo) é uma
das instituições que definem diferentes nomen-
claturas para diferentes amplitudes, mas nem
mesmo os outros IBAPEs de outras regiões do
Brasil entram em consenso.
As classificações das aberturas em diferen-
tes nomenclaturas é uma forma de apresentar
a amplitude de determinada abertura. Mas essa
classificação não define o grau de risco desta ma-
nifestação patológica, pois uma simples trinca
pode ser o primeiro sintoma de um problema
estrutural de grande magnitude.
As fissuras são aberturas superficiais que
não transpassam os sistemas estruturais. Cos-
tumam ocorrer muito em revestimentos, como
na Figura 9.
Figura 9 - Fissura em revestimento argamassado / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a fotografia apresenta uma fissura muito fina e superficial no revestimento de uma parede com emboço, massa
PVA e tinta acrílica. A fissura é indicada por uma caneta Bic azul, segurada pela mão direita de uma pessoa.

As trincas são aberturas que transpassam os sistemas estruturais, como: vigas, pilares, lajes e alvenarias.
Elas necessitam de mais atenção, pois costumam ser sintomas de problemas graves, os quais afetam,
até mesmo, a segurança da obra. A Figura 10 mostra, detalhadamente, uma trinca.

25
UNICESUMAR

Brechas são aberturas muito grandes, com mais


de 1 cm, e devem ser estudadas, urgentemente,
afinal, são o prenúncio de um acidente grave e
breve, que pode trazer prejuízos econômicos e
humanos. A Figura 12 mostra a brecha de uma
construção na iminência de tombar sobre o ter-
reno vizinho.

Figura 10 - Trinca em parede de alvenaria / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a fotografia apresenta uma parede


de alvenaria, branca, trespassada por uma trinca em 45°.

As rachaduras são aberturas bastante grandes,


com mais de 1,5 mm e menos de 5 mm, e são bem
visíveis, como podemos observar na Figura 11.
Elas são sintomas de que algo grave está ocorren-
do na obra, portanto, devem ser estudadas o mais
rápido possível, para que sua causa seja sanada e,
assim, não haja danos irreparáveis.

Figura 12 - Brecha com mais de 1 cm / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma abertura su-


perior a 1 cm entre um pilar e a alvenaria de uma construção.

Estas e outras anomalias serão vistas, detalhada-


mente, nas unidades seguintes deste livro.
Figura 11 - Rachadura em parede de alvenaria
Agora, você, estudante, deve estar se pergun-
Fonte: a autora. tando o porquê da ocorrência de tantas manifes-
tações patológicas. A boa notícia é que as veremos
Descrição da Imagem:Ia fotografia apresenta uma parede de
alvenaria verde, com uma rachadura de, aproximadamente,
nos sistemas construtivos, tais como: fundações,
5 mm. superestrutura, alvenarias e outros. Analisare-
mos tais manifestações, separadamente, porém,

26
UNIDADE 1

faremos, aqui, de maneira bem generalizada, uma prévia dos principais fatores à ocorrência de
manifestações patológicas.
Dentre as principais causas, temos as de projeto e execução, pois, no Brasil, os projetos, comumente,
são feitos a toque de caixa, para atender à desorganização de proprietários, construtores e órgãos públi-
cos. O controle de qualidade das obras também é, extremamente, deficiente, pois, como já mencionado,
a mão de obra é precária bem como os processos e as ferramentas utilizadas.
Mas o que mitigaria os erros cometidos nestas etapas? A seguir, há uma pequena relação de ações
muito simples que não só poderiam, mas deveriam ser adotadas no processo de edificação, a fim de
evitar os vícios de construção e melhorar o desempenho das edificações:

• Conhecimento e atenção às normas existentes da ABNT (Associação Brasileira de


Normas Técnicas) e do ISO (International Organization for Standardization).
• Revisão de normas, tornando-as mais rígidas, ampliando, assim, a segurança ao
atendimento do desempenho desejado.
• Treinamento de mão de obra.
• Redução de mão de obra de caráter temporário
• Melhoramento da tecnologia de ferramentas e do processo.
• Melhoramento da qualidade dos materiais.
• Planejamento de projetos e execução de obras.

Não podemos esquecer que, além das ações a serem tomadas no processo de construção, há as ações
de uso e manutenção, as quais garantem tanto a durabilidade quanto o desempenho da edificação, du-
rante a sua vida útil. Esta é uma cultura que o Brasil ainda não desenvolveu, mas, começa a engatinhar,
por meio de ferramentas, como o manual de uso e operação, o plano de manutenção e as inspeções
prediais periódicas, que também serão objeto de estudo da nossa disciplina.
E o campo de trabalho na área da engenharia diagnóstica? Temos como aproveitar todas estas
falhas, como nicho de mercado? Temos! Como vimos no início da unidade, a ocorrência de manifes-
tações patológicas tem aumentado a cada dia, seja com falhas de projeto, seja com falhas de execução
e de manutenção e mau uso, ou, por simples envelhecimento das edificações, causando não, somente,
a perda de desempenho, mas também tragédias que levam diversas vidas.
Por este motivo, a reabilitação e o reforço de edifícios são, hoje, um nicho de trabalho necessário e
em plena ascensão, com poucas pesquisas a respeito, pouca sistematização ou especialização técnica
e com muitas restrições por parte de muitos profissionais da área.
A reabilitação e o reforço de edifícios tendem a crescer muito nos próximos anos, devido ao aumento
do número de construções, como foi dito no início da unidade, mas também pelo envelhecimento da
nossa infraestrutura, em sua totalidade. Por isso, sugiro que você considere a possibilidade de atuar
nessas áreas, que só têm a progredir.

27
UNICESUMAR

Título: Um Dia a Casa Cai


Ano: 1986
Sinopse: este clássico dos anos 80 trata, de maneira muito engraçada,
uma casa que é um verdadeiro espetáculo de anomalias de construção.
Por mais absurdo que pareçam os defeitos, acreditem, há problemas ainda
mais impressionantes.
Comentário: pelo fato de você, estudante de Engenharia, ainda não tem
conhecimento prático das principais manifestações patológicas, talvez fique
um pouco difícil materializar o que foi visto nesta primeira unidade. Para ter melhor noção do
que se trata, indico este filme com o astro Tom Hanks.

Todo conhecimento adquirido nesta unidade te auxiliará a entender melhor os objetivos da especiali-
dade de patologia das edificações, que nada mais é do que compreender os processos de degradação
das edificações, para definir métodos e ferramentas que identifiquem, facilmente, potenciais anomalias
e, também, encontrar soluções voltadas à redução dos seus efeitos, além de evitar custos imprevistos
para reparação ou manutenção.
A partir de agora, você, como futuro(a) engenheiro(a), terá mais facilidade em estudar as principais
manifestações patológicas existentes em edificações e, logo, terá subsídios suficientes para trabalhar
nesta área tão envolvente e em crescente desenvolvimento.

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Agora, com o intuito de organizar e entender melhor o nosso conteúdo, convido você a completar
o Mapa Mental da disciplina, utilizando os subsídios oferecidos nesta unidade. Para isso, preencha
as lacunas do mapa.

Estruturas de Afetam o desempenho e a


concreto = esqueleto segurança da edificação

Defeitos ou vícios
As terapias são de construção Anamnese
como os remédios
Alvenarias =
musculatura
Semelhança com Patologia das
Revestimento=
pele
a medicina Edificações
Anomalias são
Sistema circulatório como as doenças
e nervoso = instalações Anomalias
hidráulicas e elétricas
Endógenas Exógenas
Falha de projeto
Materiais de Falha de Fim da vida útil
má qualidade manutenção
Falhas de Mau uso
execução da edificação

29
1. Com relação às patologias de construção, é incorreto afirmar que:

a) Vícios são anomalias que, além de afetar o desempenho das edificações, afetam, também, o
seu valor de venda.
b) Patologias são os defeitos encontrados nas edificações que afetam o desempenho delas.
c) Falhas de manutenção e mau uso da edificação por parte do usuário são, também, conside-
rados vícios.
d) Os profissionais responsáveis pela identificação de anomalias em construção e o seu respectivo
reparo são chamados de patologistas de edificações.
e) O crescimento demográfico e a mudança de necessidades da sociedade contribuíram muito
para o aumento da ocorrência de manifestações patológicas.

2. Sabe-se que vícios construtivos podem ser aparentes ou ocultos, sendo que os vícios aparentes
são aqueles que podem ser percebidos a olho nu, até mesmo, por leigos, no ato da entrega da
obra, enquanto os vícios ocultos são aqueles que só podem ser percebidos por especialistas e
se manifestam, somente, depois de algum tempo da entrega da obra. Sendo assim, assinale a
alternativa que apresenta a seguinte ordem: vício aparente, vício oculto, vício aparente.

a) Piso soltando, pintura descascada, infiltração no forro.


b) Piso soltando, despassivação da armadura, carbonatação do concreto.
c) Vidro quebrado, recalque de fundação, tonalidade diferente de cerâmica.
d) Trinca, fissura, rachadura.
e) Curto-circuito, vazamento em registro, cerâmica desnivelada.

3. A patologia das construções estuda as falhas construtivas da edificação, envolvendo conheci-


mentos multidisciplinares. Em relação a esta ciência, é correto afirmar que:

a) No que se refere às falhas construtivas, a patologia das construções estuda as origens, cau-
sas, mecanismos de ocorrência, manifestação e consequências das situações patológicas
identificadas.
b) A incidência de manifestações patológicas ocorre devido a dois problemas: má execução e
má utilização da edificação.
c) Quando da elaboração de um diagnóstico, o(a) engenheiro(a) deverá apresentar o seu ponto
de vista pessoal quanto à situação avaliada.
d) Toda avaliação deverá evidenciar a situação encontrada, por meio de registro fotográfico e
opiniões das pessoas da região.
e) São exemplos de patologias: fissuras, corrosões e manchamento.

30
4. São pequenas aberturas, com menos de 0,5 mm, mas que podem surgir nas estruturas, re-
vestimentos ou no substrato de uma edificação. A respeito da patologia descrita, assinale a
alternativa correta:

a) Fenda.
b) Rachadura.
c) Fissura.
d) Descamamento.
e) Trinca.

5. Ao longo da unidade, vimos a existência de manifestações patológicas que nascem com a


edificação e de outras adquiridas com o passar do tempo. As primeiras costumam ser prove-
nientes de erro de projeto, execução ou má qualidade de materiais utilizados na construção.
Já as segundas são causadas por falha de manutenção ou uso incorreto da edificação.

Nas Figuras A, B, C e D, a seguir, estão representadas quatro manifestações patológicas dife-


rentes. Identifique, nessas figuras, se a manifestação patológica constante nelas é endógena
ou exógena. Se for endógena, identifique se é proveniente de erro de projeto, erro de execu-
ção ou emprego de material de má qualidade. Se for exógena, identifique se é uma falha de
manutenção ou mau uso da edificação.

Figura A Figura B

31
Figura C Figura D

Figuras A, B,C e D - As quatro manifestações patológicas / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a Figura A mostra que, no intuito de adequar um edifício antigo às normas de prevenção de incêndio,
a rede de água dos hidrantes foi executada em tubos de 200 mm instalados por meio de perfuração das vigas existentes,
dispostos um ao lado do outro, por isso, a sessão dessas vigas diminuiu, consideravelmente. Na Figura B, vê-se uma parede,
ainda em construção, extremamente, inclinada, quase ruindo. Observa-se que o pilar não tem armadura mínima, apenas,
uma treliça metálica. A Figura C mostra uma calha com acúmulo de poeira. A Figura D apresenta um pilar de dimensão
250x40 cm com nicho de concretagem, extremamente, grande, deixando, aproximadamente, 50% de sua armadura exposta.

32
2
O Efeito da Umidade
nas Edificações
Esp. Regina De Toni

Nesta unidade, iniciaremos os estudos das principais anomalias


presentes nas construções, abordando as manifestações patológicas
causadas pela umidade, comprovadamente, as mais frequentes nas
edificações, em geral. Nas próximas unidades, veremos que a água
é um problema presente em diversas etapas da construção civil, po-
rém, neste momento, nos ateremos aos problemas identificados na
fase de uso da edificação e que são visíveis a olho nu. Estes defeitos
atacam mais o conforto, o bem-estar e a saúde dos usuários do que
a edificação, propriamente, dita, contudo, se não forem sanados,
podem trazer sérios danos aos sistemas estruturais da edificação,
por isso, aprenderemos a identificá-los e a preveni-los.
UNICESUMAR

Quem nunca se deparou, em sua casa ou trabalho, com manchas escurecidas em paredes, forros ou pisos,
na tinta, ou, até mesmo, nos revestimentos cerâmicos? Intuitivamente, você deve ter pensado “é umidade”.
Agora, seja sincero(a): você soube dizer de onde vinha essa umidade ou qual era a causa da sua
existência? Saberia resolver o problema, impedindo que a umidade se tornasse cada vez maior e dani-
ficasse, cada vez mais, aquela edificação, prejudicando, inclusive, a saúde dos seus usuários?
Se a resposta for sim, parabéns! Se a resposta for não, fique tranquilo(a), pois aprenderemos, nesta
unidade, a resolver tal problema.
Problemas com umidade podem ser um verdadeiro desafio até mesmo para profissionais bastante
experientes, pois, o fato de os materiais de construção civil serem, em sua esmagadora maioria, poro-
sos, facilita a infiltração por capilaridade e percolação da água, enganando, diversas vezes, os sentidos
do(a) engenheiro(a) patologista. Além disso, o estudo das manifestações patológicas ligados à umidade
tiveram início há pouco tempo, o que dificulta a identificação do mecanismo pelo qual elas acontecem.
A questão é que, além de causar problemas respiratórios e dermatológicos aos usuários das edifi-
cações e danificar móveis, utensílios, roupas e diversos outros objetos, a umidade costuma causar a
degradação de sistemas construtivos — alvenarias, revestimentos e, até mesmo, do concreto armado,
principalmente das suas armaduras — nestes casos, além do desconforto ambiental, estas manifesta-
ções patológicas ocasionam grandes perdas materiais, afetando, consideravelmente, o desempenho
da edificação, o que pode gerar custos elevados para o seu reparo bem como o comprometimento da
sua segurança e solidez.
Portanto, caro(a) estudante, aprenderemos quais são as principais manifestações patológicas ligadas
à umidade, além de identificar as suas causas, para que possamos as solucionar, assegurando, assim, o
bom desempenho das edificações quanto a este quesito.
Agora, te contarei três casos verídicos relacionados à umidade em edificações.
• No Caso 1, o objeto é um prédio que, durante dois anos e meio, não apresentou problemas com
estanqueidade em nenhum momento. Certo dia, o proprietário ligou para o engenheiro que
executou a obra com a reclamação de que estava entrando água no salão de festas, localizado
no último pavimento do prédio. O engenheiro, logo de cara, perguntou se o proprietário havia
limpado as calhas do prédio nos últimos tempos, e a resposta que ele recebeu foi: “não limpei.
Um prédio com menos de três anos é muito novo para ter que limpar a calha”.
• No Caso 2, o objeto é uma casa. O inquilino mudou-se e, na primeira semana na casa, houve
uma chuva muito forte e a água invadiu o seu quarto, que tinha uma porta para uma sacada.
Na extremidade dessa sacada, havia um ralo, porém, o inquilino observou que a água, ao invés
de correr para o ralo, corria para a porta do seu quarto.
• No Caso 3, o objeto também é uma residência, mas ela tem um detalhe bem relevante para o
nosso estudo de caso. Ela possui piso laminado de madeira na sala e nos dormitórios. A casa
estava em perfeito funcionamento — cobertura e esquadrias estanques, instalações hidráulicas
sem vazamento, instalações elétricas sem sobrecarga — tudo às mil maravilhas, até que ocorreu
um período prolongado de chuvas, então, o piso laminado começou a estufar e as suas peças,
a desencaixar. Passando as chuvas, após alguns dias de sol, o piso voltou ao normal, exceto por
algumas peças que se deformaram durante o período úmido.

34
UNIDADE 2

Caro(a) estudante, com base nos seus conhecimentos, você saberia dizer quais foram as causas das
infiltrações, em cada uma das situações?
Após responder quais as possíveis causas das infiltrações, o que você, como futuro(a) engenheiro(a),
proporia para solucionar tais problemas? Lembre-se que, comumente, não será uma ação isolada, mas
sim, um conjunto de ações que corrigirão o problema, por exemplo: primeiro, a execução de drenos
no terreno e a impermeabilização do contrapiso, a fim de evitar novo empenamento de piso.

Antes de detalharmos as anomalias, propriamente, ditas, conheceremos as suas classificações. Segundo


Perez (1986, p. 42), a origem da umidade e a forma como ela se manifesta nas edificações permitem
classificá-la da seguinte maneira:


a) água de composição, água necessária para a preparação dos materiais para execução da
construção;
b) infiltração, água que, com o auxílio das trincas e rachaduras, penetra nas alvenarias
e causam patologias;
c) condensação, vapor de água que, ao entrar em contato com superfícies frias, con-
densam, ou seja, ficam na forma líquida;
d) acidental, é a resultante de vazamentos em redes hidráulicas;
e) ascensional, água que penetra nas alvenarias a partir da capilaridade.

35
UNICESUMAR

O Quadro 1 mostra as principais manifestações patológicas causadas por umidade.


Manifestações Aspectos observados Causas prováveis

Umidade constante
Manchas de umidade
Sais solúveis presentes no ele-
Eflorescência Pó branco acumulado sobre a mento da alvenaria
superfície
Cal não carbonada

Manchas esverdeadas ou es-


curas Umidade constante
Bolor
Revestimento em desagrega- Área não exposta ao sol
ção

A superfície do reboco descola


do emboço, formando bolhas,
Infiltração de umidade
Descolamento com empola- cujos diâmetros aumentam,
mento progressivamente Hidratação retardada do óxido
de magnésio da cal
O reboco apresenta som cavo
sob percussão

Quadro 1 - Manifestações patológicas mais comuns em decorrência da umidade / Fonte: Perez (1986, p. 12).

Seguindo a mesma linha, Verçoza (1991) cita que a umidade é a causa ou o meio necessário para a
grande maioria das patologias em construções. Ela é indispensável ao aparecimento de mofo, eflores-
cência, ferrugem, perda de pinturas, de rebocos e, inclusive, causa de acidentes estruturais. Concordo,
plenamente, com o autor e tenho plena convicção de que, depois de estudar esta unidade, você chegará
à mesma conclusão.
Como já mencionado, não estudaremos os problemas de umidade relacionados ao preparo dos
materiais de execução das edificações, deixaremos esta seara para a Engenharia de Materiais, que tem,
como um dos principais focos, o fator água/cimento de concretos e argamassas.
Além dos tipos de umidade mencionados por Perez (1986), veremos, também, aquela proveniente
das águas das chuvas, o motivo mais comum de umidade em edificações. É claro que uma das funções
mais importantes das edificações é nos proteger das intempéries, o que nos leva a crer que a chuva não
deveria ser um problema, porém, quando há erros de projeto e de execução ou o emprego de materiais
inadequados, a chuva transforma-se em um verdadeiro pesadelo.
Goteiras decorrentes de defeitos nas coberturas, por exemplo, são muito frequentes, seja por telhas
quebradas, seja por inclinação inadequada do telhado ou por calhas ineficientes. Por mais simples
que pareça este problema das goteiras, deve-se tomar muito cuidado com ele, afinal, as goteiras, além
de trazerem desconforto, estragar móveis, roupas e utensílios, podem ser muito perigosas, pela pos-
sibilidade de afetar circuitos elétricos, causando acidentes graves, como incêndios, por exemplo, ou,
desabamento de forros, por causa do seu encharcamento, ou, desabamento de estruturas de concreto,
devido à corrosão das armaduras.

36
UNIDADE 2

Figura 1 - Forro de gesso umedecido

Figura 2 - Calha suja


Descrição da Imagem: a fotografia mostra um forro de ges-
so com manchas escuras de umidade, poeira acumulada e
pintura descascada. Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma calha instala-
da no final de um telhado. A calha encontra-se, extremamente,
suja, cheia de galhos e folhas.

Para que isso não ocorra, deve-se tomar muito


cuidado tanto no projeto quanto na execução de Ainda, nas coberturas e, também, em sacadas e
coberturas, a fim de que atendam às inclinações terraços descobertos, podem ocorrer os defeitos
mínimas e máximas estipuladas pelos fabricantes, por falhas ou ausência de impermeabilização.
um correto dimensionamento de coleta de água Este item é tão importante que possui uma NBR
da chuva, além de todos os requisitos da NBR específica, a NBR 9.574 – Norma Brasileira de
15.575 (ABNT, 2021). Quantos às calhas, deve-se Execução de Impermeabilização (ABNT, 2008).
observar o dimensionamento correto, para que Esta norma trata dos tipos de materiais a serem
elas suportem, sem transbordar, a vazão de água aplicados em cada caso e dos procedimentos de
a qual serão submetidas, além de tomar muito execução referentes a cada material, em específico.
cuidado com o grau e a direção da inclinação, A escolha do material é muito importante
os quais precisam seguir a NBR 10.844 – Norma para que o sistema de impermeabilização seja
Brasileira de Instalações Prediais de Águas Plu- eficiente. Você, futuro(a) engenheiro(a), já deve
viais (ABNT, 1989). A inclinação mínima para ter visto diversas propagandas sobre cimentos
calhas, conforme esta norma, é de 0,5%. cristalizantes, argamassas poliméricas e pinturas
Além dos cuidados com a execução e o projeto betuminosas. Eles podem ser usados, desde que
das calhas e coberturas, devemos lembrar da ma- no lugar correto, porém, para lajes expostas ao
nutenção, aquela que o brasileiro não tem cultura tempo e com tráfego de pessoas, o ideal é usar
de fazer. Verificar a existência de telhas quebra- manta asfáltica, com 4 mm de espessura, aplicada
das ou desencaixadas, assim como a limpeza das a quente, conforme a Figura 3.
calhas, é tão essencial quanto as executar, corre- Não esqueça de consultar a NBR 9.574 (ABNT,
tamente. A Figura 2, a seguir, mostra uma calha 2008) e as especificações do fabricante, pois, tão
que, certamente, transbordará na primeira chuva importante quanto a correta aplicação da manta,
que ocorrer, mesmo que seja de intensidade baixa. é o preparo do substrato onde ela será aplicada e
a proteção mecânica sobre ela. Lembre-se, tam-

37
UNICESUMAR

bém, de fazer o teste de estanqueidade, depois de


a aplicar. Para quem nunca ouviu falar nesse teste,
ele consiste em encher de água a superfície na
qual a manta foi aplicada, em seguida, controlar
o seu nível durante 72 horas contínuas. Se o nível
não baixar, levando em consideração os níveis de
evaporação, a manta foi aplicada, corretamente,
e você pode seguir, tranquilamente, a sua obra.

Figura 4 - Infiltração por falta de estanqueidade da esqua-


dria

Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma poça d’água


em um piso de madeira, ao lado de uma janela, o que indica
que essa janela não foi vedada, adequadamente.

Agora, futuro(a) engenheiro(a), falaremos de um


tipo de umidade muito perigoso, que ataca, tam-
bém, as edificações em decorrência da chuva, as
Figura 3 - Aplicação de manta asfáltica a quente
trincas. As trincas e rachaduras permitem a umi-
dade infiltrar não, apenas, nas edificações, mas
Descrição da Imagem: a fotografia mostra os pés, vestidos também nos sistemas estruturais, como: reves-
com botas, de dois trabalhadores que aplicam manta asfáltica,
por meio de maçarico, sobre uma superfície regular e coberta timentos, alvenarias e concreto armado. Todos
por primer betuminoso.
esses sistemas sofrem deterioração com a ação da
umidade, porém o mais perigoso acontece com o
Ainda sobre umidade proveniente da água da concreto armado e, provavelmente, você já deve
chuva, é importante citar o problema de estan- estar imaginando o porquê.
queidade de esquadrias. Ele ocorre tanto pela As trincas permitem que a água chegue até
falta de vedação no encontro dos perfis com a as armaduras e, por diversos mecanismos, cau-
alvenaria quanto pela instalação de soleiras sem se a sua corrosão, podendo causar eflorescência,
pingadeira e/ou com inclinação incorreta, ou seja, desplacamento das camadas superficiais de con-
ao invés do caimento ser da parede para fora, ele creto, aumento das fissuras e, se não tratada, tem
é de fora em direção à parede, o que faz a água a possibilidade de levar a edificação ao colapso.
acumular na união da soleira com a esquadria e, Os mecanismos de corrosão bem como as causas
consequentemente, infiltra na edificação. de trincas e rachaduras são estudados em livros e
É importante lembrar que as vedações devem artigos de patologias das superestruturas.
ser refeitas, periodicamente, pois têm um tempo Na Figura 5, a seguir, você observará uma
de vida útil curto, portanto, elas perdem o seu armadura bastante corroída, a qual precisa ser
desempenho e permitem que a umidade infiltre reparada com urgência, a fim de não causar um
na edificação, acontecendo, então, o problema grave acidente na construção.
mostrado na Figura 4.

38
UNIDADE 2

Figura 5 - Armadura de laje corroída pela infiltração de água, Figura 6 - Eflorescência em estrutura de concreto com indí-
devido a trincas na sua superfície cios de corrosão

Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma laje que Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma estrutura de
teve a camada de cobrimento da armadura removida. Essa concreto com eflorescência. A estrutura apresenta manchas
armadura, que está exposta, apresenta avançado grau de brancas e marrom-avermelhadas, o que indica a infiltração
corrosão, devido à existência de umidade. de umidade, além de corrosão da armadura.

Um sintoma o qual precisamos dispensar bastante


atenção são as eflorescências, representadas nas
Figuras 6 e 7. Elas são indícios claros de infil-
tração e se apresentam em forma de manchas
esbranquiçadas nas superfícies das alvenarias ce-
râmicas e no concreto. Comumente, são causadas
por trincas, mas também podem ocorrer, apenas,
pelos poros dos materiais, por isso, a necessida-
de da impermeabilização de superfícies expostas
a intempéries. Essas manchas ocorrem porque,
quando a água se infiltra, dissolve sais presentes Figura 7 - Eflorescência em parede de alvenaria de blocos
no cimento e na cal — principalmente, o hidró-
xido de cálcio — o que explica a coloração es- Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma parede de
alvenaria com manchas brancas, o que indica infiltração de
branquiçada. umidade. Este fenômeno é chamado de eflorescência.
Quando as eflorescências apresentam cor mar-
rom ou marrom avermelhada, é bom acender o
sinal de alerta, pois é sinal de corrosão, o que, Na Figura 8, é possível observar a infiltração
como já foi dito, é uma anomalia a qual requer de grande quantidade de água por uma trin-
intervenção urgente. ca existente em uma parede. Certamente, esta
umidade está degradando a alvenaria e o reves-
timento e, inevitavelmente, atacará, logo, o piso
da edificação.

39
UNICESUMAR

to de fissuras de umidade em alvenarias, Bauer


(2010, p. 433) destaca:


Sendo constituída de materiais
porosos, o comportamento
das alvenarias será influen-
ciado pelas movimentações
higroscópicas desses mate-
riais. A expansão das alve-
narias por higroscopicidade
Figura 8 - Intensa umidade escorrendo através de uma
trinca ocorrerá com maior intensi-
dade nas regiões da obra mais
Descrição da Imagem:a fotografia mostra uma trinca em
uma parede de alvenaria, por onde está escorrendo água em sujeitas à ação da umidade,
quantidade considerável. Seria possível encharcar um pano
com a quantidade de água que está escorrendo.
como exemplo, cantos desa-
brigados, platibandas, base
das paredes, etc.
A infiltração mostrada na Figura 9 está tão avan-
çada, que as manchas já estão amareladas, indi- A Figura 10 demonstra fissuras em decorrência
cando que a água da chuva está trazendo, com ela, da umidade. Essas fissuras são chamadas higros-
partículas de poeira. cópicas e acontecem devido à movimentação
referente à dilatação e retração dos próprios ma-
teriais, causadas pela absorção de água.

Figura 9 - Trinca e infiltração no canto da janela

Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma trinca no


Figura 10 - Fissuras higroscópicas
canto inferior de uma janela. Através dessa trinca, há infil-
tração da água da chuva, o que acarretou o descascamento
e o manchamento da pintura. Há manchas amareladas e,
Descrição da Imagem: a fotografia mostra fissuras, em for-
também, cinzas.
ma de mapa, em uma parede, que indicam movimentação
higroscópica.

Algo que nem sempre é levado em conta é que a


umidade pode, também, ser a causa das trincas e Abordadas as anomalias decorrentes da umidade
fissuras em alvenarias e revestimentos. A respei- das chuvas, daremos sequência aos nossos estudos.

40
UNIDADE 2

Conheceremos, a partir de agora, um tipo de umidade que incomoda muito e que é o tipo de infiltração
mais difícil de resolver, a umidade por capilaridade do solo, mais conhecida por umidade ascendente.
A capilaridade é a umidade de fluxo vertical ascendente que ocorre através dos poros dos materiais,
principalmente, nos solos. Para Pinto (1998), a capilaridade é a capacidade de um material de promover
a sucção de água, quando em contato com ela, e depende de vários fatores, como: as forças de tensão
superficial água/material, a dimensão dos raios capilares, o ângulo de contato capilar. Quanto menor
o raio capilar, maior será a capilaridade, ou seja, quanto mais finas forem as partículas do material,
maior será a força capilar. Isto quer dizer que os solos dedregosos, por terem poros maiores, têm me-
nor capilaridade do que os solos arenosos. Estes, por sua vez, apresentam menor capilaridade do que
argilosos, e assim acontece com todos os materiais.
A Figura 11 ilustra a progressão de capilaridade conforme a diminuição do raio capilar de cada
tipo de material ou solo.

GRÁFICO A GRÁFICO B

0.15 AREIA AREIA


h (cm) = GROSSA FINA
r (cm)
h

RAIO DO TUBO

Figura 11 - Diferença de capilaridade entre solos de diferentes raios capilares / Fonte: adaptada de Vesic (1972 apud LEÃO;
PAIVA, 2018, p. 32).

Descrição da Imagem: a imagem é uma ilustração que apresenta a diferença de capilaridade entre solos de diferentes raios capilares.
No Gráfico A, à esquerda, há cinco tubos com cinco raios diferentes. Quanto menor o raio do tubo, mais alta é a coluna de água nele,
o que indica maior capilaridade. Do lado direito, no Gráfico B, há dois tipos de solo. O primeiro é areia grossa, no qual os vazios entre
as partículas possuem o raio maior do que o segundo, que é areia fina. Da mesma forma que nos tubos da primeira parte da figura, a
capilaridade é maior na areia fina, por essa areia ter os seus vazios com raios menores do que na areia grossa.

41
UNICESUMAR

Esta umidade atinge a viga de baldrame e continua a ascender por capilaridade, até atingir as paredes,
os seus revestimentos e pinturas. O resultado deste mecanismo é o empolamento do reboco bem como
o estufamento e o descascamento da pintura.
Na Figura 12, observa-se o quão degradante
e problemático pode ser este tipo de umidade.
Figura 12 - Umidade ascendente

Descrição da Imagem:a fotografia mostra a parte baixa de


uma parede com a pintura, totalmente, danificada pela umi-
dade ascendente. A pintura encontra-se estufada em alguns
pontos e, também, descascada, em ampla extensão. Um
aquecedor está direcionado para a umidade, na tentativa
de a secar.

A umidade ascendente é a mais difícil de solucionar, por isso, é necessário tomar muito cuidado durante
as fases de projeto e execução para que ela não ocorra, o que é, extremamente, simples: impermeabilize
as vigas de baldrame, em seguida, utilize aditivo impermeabilizante no assentamento das três primeiras
camadas de tijolos e, também, nos pisos. Em caso de umidade excessiva do solo, execute drenagem e,
eventualmente, rebaixamento de lençol freático. Este procedimento está representado na Figura 13.

Contrapiso

Viga Baldrame
Impermeabilizada

Figura 13 - Sistema para evitar ataques da estrutura por umidade ascendente/ Fonte: adaptada de Salomão (2012).

Descrição da Imagem:Ia figura mostra uma ilustração representando uma viga baldrame apoiada no solo, sofrendo ataques pela umi-
dade presente nele. Essa viga tem uma camada impermeabilizante e, sobre ela, há uma parede de blocos cerâmicos cujo assentamento
foi feito com argamassa com aditivo impermeabilizante, visando a barrar a umidade ascendente.

42
UNIDADE 2

É preciso tomar cuidado, igualmente, com a


umidade ascendente em pisos, afinal, eles tam-
bém estão em contato com o solo e, por isso, é
necessário utilizar, sob a camada de concreto, uma
lona específica para pisos, um lastro de brita e um
aditivo impermeabilizante, conforme podemos
observar na Figura 14.

Figura 15 - Vazamentos acidentais

Descrição da Imagem: a fotografia mostra um encanamento


com uma rachadura, por onde ocorre um intenso vazamento.

Um dos mais graves problemas de vazamentos


provenientes de instalações hidrossanitárias é que,
nem sempre, o afetado pelo vazamento é o dono do
encanamento. Um vazamento no apartamento do
Figura 14 - Piso de concreto sobre lona de piso e lastro de
andar superior ao seu pode te causar um grande
brita / Fonte: a autora. prejuízo e muitas dores de cabeça, como na Figu-
ra 16, na qual aparece um forro danificado pelo
Descrição da Imagem: a fotografia mostra um piso, ainda
em concretagem, sendo executado sobre um lastro de brita, encanamento do apartamento do andar superior.
uma lona especial para piso e uma malha de aço 4,2 mm.

Há, ainda, a umidade acidental ou a umidade pro-


veniente de vazamentos de instalações hidrossa-
nitárias, os quais, possivelmente, atingiram o fim
de sua vida útil de projeto, foram mal projetados
e executados ou danificados por agentes externos.
A Figura 15 apresenta um encanamento com
uma rachadura, isto é, o vazamento está aconte-
cendo por causa de um agente externo.
Figura 16 - Pintura descascada em uma laje

Descrição da Imagem:a fotografia apresenta uma laje com a


pintura estufada e descascada, em decorrência de infiltração.

Quando a rede de distribuição não é, adequada-


mente, dimensionada, e a vazão da água extrapola
a capacidade dos encanamentos, é bastante fácil

43
UNICESUMAR

acontecer vazamentos pelas conexões. Estas, muitas vezes, se desencaixam dos tubos e, em casos ex-
tremos, rompem-se. O mesmo pode ocorrer com conexões mal encaixadas ou mal coladas.
E quanto aos agentes externos? Bem, eles são mais recorrentes do que se imagina. Quantas vezes você
já viu algum instalador de móveis parafusar o balcão da cozinha na prumada principal do prédio, ou,
alguém esmagar, com um veículo pesado, o cano de alimentação de uma residência? São ocorrências,
extremamente, comuns e causam muita dor de cabeça.
Muito comum, também, é não haver cuidado com a limpeza do encanamento. Ralos e pias entupidas
são recorrentes nas prestadoras de serviço de desentupimento, e a gordura é a causa mais comum da
obstrução dos canos.

Também é preciso levar em conta que, como todos os sistemas e materiais de construção,
os encanamentos sofrem desgaste natural, portanto, devem passar por reparos de manu-
tenção e, algumas vezes, por substituição.

A Figura 17, a seguir, mostra um encanamento que atingiu o fim da sua vida útil e precisa ser substi-
tuído, imediatamente.

Figura 17 - Encanamento danificado pelo tempo

Descrição da Imagem:a fotografia mostra um encanamento de PVC azul, com bastante vazamento em suas conexões. Esse vazamento
causou manchas de umidade nas paredes, as quais desenvolveram bolor.

44
UNIDADE 2

Ainda falando sobre vazamentos, há aqueles que ocorrem por falta de vedação nos conectores da saída
da tubulação da alvenaria (Figuras 18 e 19). Neste caso, o papel de parede estava apresentando estufa-
mento considerável e parecia ser umidade proveniente de uma trinca na parede, porém, com o ensaio
de termografia, foi possível identificar que a umidade era proveniente do dreno do ar-condicionado.

Agora, bateremos um papo sobre os nossos conhecimentos dos danos


causados por umidade. Aqui, nos aproximaremos mais da prática, para
que o conteúdo fique mais claro a você, estudante de Engenharia.

Figura 18 - Imagem termográfica do vazamento do dreno do ar-condicionado / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: na figura, há duas imagens fotográficas, a da esquerda mostra uma parede revestida com papel de parede,
com um ar-condicionado e um ventilador de chão. Embaixo do ar-condicionado, há indícios de estufamento por umidade no papel de
parede. Na figura da direita, a mesma parede é mostrada em uma imagem termográfica que destaca, com cores distintas, as diferentes
temperaturas em determinadas regiões da parede. No local onde há estufamento do papel de parede, a cor é azul esverdeada, o que
indica menor temperatura. Esta mancha aponta que a sua origem é o dreno do ar-condicionado, porque a sua intensidade é muito
maior ao redor dele.

45
UNICESUMAR

Figura 19 - Detalhe da infiltração no papel de parede /


Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a fotografia mostra, em deta-


lhe aproximado, a infiltração sob o papel de parede
colorido em nuances de rosa e roxo.

O ensaio de termografia será melhor deta-


lhado na unidade de Sintomatologia, Inves-
tigação e Diagnóstico.

Depois de vistos todos os danos que a umidade causa às edificações, o quanto é comum a sua
ocorrência e o quão difícil é solucionar estas anomalias, qual é a sua percepção acerca do assunto?
É ou não importante se aprofundar no assunto, para atender, com excelência, a necessidade de
seus futuros clientes com esta demanda?

O último tipo de umidade que veremos é a umidade por condensação. Segundo Verçoza (1991), ela é
uma tipologia bastante distinta das demais, devido ao fato de não ser decorrente de água infiltrada,
mas sim, de água que já se encontra no interior do ambiente, depositada nas superfícies dos elementos
de uma edificação.
Essa umidade é produzida pelo contato do vapor de água existente no interior de um ambiente
com as superfícies mais frias da edificação (vidros, metais, paredes), formando pequenas gotas de água.
O maior dano que essa anomalia causa é a formação de bolor, principalmente, em épocas do ano
com muita umidade, portanto, para prevenir tal anomalia, devemos tomar muito cuidado com a in-
solação e a ventilação, na fase de elaboração dos projetos.
Como já comentado, as anomalias ligadas à umidade são as mais frequentes nas edificações, de
modo geral, e são de difícil solução, às vezes, impossíveis de serem sanadas por completo, sendo pas-
síveis, apenas, de tratamentos paliativos. A umidade ascendente, por exemplo, é uma dessas anomalias.
Esta unidade nos trouxe conhecimento o bastante para ficarmos atentos ao projetar e executar uma
obra e, assim, evitar que esses problemas venham a ocorrer. Qualquer manifestação patológica é de
difícil solução, porém, aquelas relacionadas à umidade são as mais difíceis. Portanto, para as prevenir,
precisamos conhecê-las a fundo.
É muito importante que você perceba o seguinte: todos os casos vistos, nesta unidade, eram de
fácil diagnóstico, sem necessidade de muita investigação, entretanto há casos em que os melhores
patologistas não conseguem resolver. Então, sugiro que você, futuro(a) engenheiro(a), estude muito
este tema, as manifestações patológicas ligadas à umidade.

46
Agora, para organizar e entender melhor o nosso conteúdo, convido você, futuro(a) engenheiro(a)
patologista, a desenvolver um Mapa Mental acerca da disciplina, utilizando os subsídios oferecidos
nesta unidade. Assim, preencha o Mapa Mental, a seguir.

Tubulação
danificada por Umidade de condensação
agentes externos Umidade Acidental -
Vazamentos
Umidade por
UMIDADE EM capilaridade
EDIFICAÇÕES
Deficiência na
impermeabilização
do Baldrame
Umidade proveniente
das chuvas
Existência
de trincas

47
1. Em relação à norma brasileira de instalações de águas pluviais, assinale a alternativa que não
faz parte das recomendações dessa norma:

a) Conforme a NBR 10.844, calhas devem ter declividade mínima de 0,5%.


b) A inclinação do telhado nada tem a ver com a infiltração da água pluvial, basta o(a) profissional
ter cuidado, somente, com o encaixe das telhas e as vedações dos rufos e calhas.
c) A manutenção e limpeza das calhas bem como dos condutores pluviais são de extrema im-
portância para o sistema funcionar, adequadamente.
d) O dimensionamento das calhas, quanto à vazão de água a que elas estarão sujeitas, são
primordiais para a sua eficiência.
e) Goteiras em coberturas e calhas são capazes de danificar pinturas, forros e, até mesmo,
instalações elétricas.

2. A respeito das manifestações patológicas relacionadas à umidade, é correto afirmar que:

a) Não são comuns nas edificações, ocorrendo, apenas, em imóveis de padrão popular.
b) Têm sido estudadas há bastante tempo, por isso, os(as) patologistas têm muito conhecimento
a respeito, o que facilita o diagnóstico.
c) As trincas em alvenarias, lajes e demais estruturas de concreto são um elemento facilitador
do ataque da umidade à edificação. Além de desconforto, elas causam danos graves, como:
corrosão do aço da estrutura e problemas respiratórios.
d) Os problemas de infiltração por falta de estanqueidade de esquadrias ocorrem, exclusivamente,
pela deficiência tanto das suas vedações quanto da manutenção periódica delas.
e) Apesar de desconfortáveis, as manifestações patológicas ligadas à umidade não são muito
preocupantes, pois afetam a estética das obras e não os seus sistemas estruturais.

48
3. No que tange à impermeabilização, cuja função principal é promover a estanqueidade do piso
ou da parede, impedindo a ascensão capilar da umidade do solo ou a infiltração de águas
superficiais, analise as alternativas, a seguir.

I) A impermeabilização de pisos e baldrames necessita ser executada, somente, quando a obra


for executada em terrenos e regiões com bastante umidade.
II) Para executar um piso de concreto resistente à ação da umidade, é necessário utilizar, sob
esse piso, uma lona especial para ele, além de lastro de brita e aditivo impermeabilizante, no
preparo do concreto.
III) Com o objetivo de garantir a eficiência na prevenção de umidade ascendente em paredes, além
de executar a impermeabilização do baldrame com pintura betuminosa, é importante utilizar
aditivo impermeabilizante na argamassa de assentamento das três primeiras fiadas de tijolos.
É correto o que se afirma em:

a) I, II e III.
b) II e III, apenas.
c) I, apenas.
d) II, apenas.
e) III, apenas.

49
50
3
Patologias de
Fundações
Esp. Regina De Toni

Um dos problemas mais comuns em obras de todos os portes e


padrões tem sido a execução inadequada de fundações, desde o
tratamento dos terrenos sobre os quais elas são executadas até o
subdimensionamento dos elementos que as compõem. Construto-
res(as) e engenheiros(as) costumam investir bastante em superes-
trutura e acabamentos, porém esquecem-se que tanto a estrutura
quanto a beleza da edificação estão apoiadas sobre um terreno e,
também, sobre elementos de fundações. Para que você, estudante,
não cometa estes erros causadores de sérios prejuízos aos clientes,
aprenderemos, nesta unidade, as manifestações patológicas mais
comuns que ocorrem em fundações e, também, algumas soluções
para as reparar.
UNICESUMAR

quado do terreno, escolha da solução incorreta de


fundação) e, em casos mais específicos e comple-
xos, falta de acompanhamento técnico especiali-
zado, as fundações e aterros são, não raramente,
mal executados, acarretando prejuízos considerá-
veis aos proprietários e usuários das obras. Com
o intuito de evitar problemas deste tipo, devemos
tomar muito cuidado ao executá-las e, para tal, é
necessário estudarmos não, apenas, os tipos de
patologias, mas também as suas causas, para que,
assim, encontremos a solução do problema.
Há muito poucos profissionais atuando na
área de reparos de fundações, o que faz desta ati-
vidade, além de muito interessante do ponto de
vista técnico, bastante atrativa, financeiramente.
Certamente, você já observou, em alguma edifi- Agora, conheceremos um caso prático de pa-
cação, trincas em 45°, afundamento de pisos ou tologia de fundações, o qual é, comumente, en-
outras manifestações patológicas provenientes de contrado em edificações.
fundações. Também já deve ter ouvido falar da Na Figura 1, podemos observar uma edifica-
Torre de Pisa, na Itália, e dos edifícios inclinados ção executada sobre um aterro de, aproximada-
da orla da baía de Santos-SP. As anomalias desta mente, 2,5 m de altura.
natureza afetam, consideravelmente, a solidez,
a segurança e a funcionalidade da construção,
portanto, é necessário tomar muito cuidado na
execução desta etapa. Deve-se ter muito estudo
e conhecimento, a fim de evitar falhas.
Você já sabe quais são as principais patologias
relacionadas a fundações, suas causas e como as
reparar? Não é tarefa fácil, mas com os conheci-
mentos adquiridos nesta unidade, tenho certeza
que você ficará craque nisso.
As patologias de fundações são as mais di-
fíceis e caras de serem recuperadas, pois essas
Figura 1 - Edificação sobre aterro / Fonte: a autora.
estruturas estão, literalmente, embaixo de toda
a edificação e enterradas no solo. Esta condição Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma edificação
com um piso de concreto alisado no seu entorno.
faz tais reparos demandarem ampla intervenção
na estrutura como um todo.
Mesmo com tamanha importância, por falta Na Figura 2, observa-se o afundamento do piso
de conhecimento ou negligência dos profissio- no entorno da mesma edificação.
nais (falta de ensaio geotécnico, preparo inade-

52
UNIDADE 3

Figura 2 - Afundamento de piso / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem:a fotografia mostra um piso de concreto alisado que sofreu afundamento. Está posicionada, sobre o piso, uma
caneta esferográfica, para oferecer referência da medida do afundamento.

Neste caso, houve lixiviação do aterro (quando as partículas finas são levadas pela água), o que causou
o seu adensamento (diminuição de volume). Com isso, o aterro baixou e levou consigo o piso que
estava apoiado nele.
Após conhecer as causas do afundamento do piso, o que você, como futuro(a) engenheiro(a), pro-
poria para solucionar esta anomalia?
Registre, no Diário de Bordo, a seguir, o que você, enquanto profissional engenheiro(a), propôs
como solução para o questionamento anterior.

53
UNICESUMAR

Para aprender sobre patologias de fundações, é necessário, antes, conhecer os principais tipos de fun-
dações, os principais tipos de solo e a escolha do tipo de fundação indicado a cada tipo de solo, afinal, a
escolha incorreta da solução de fundação é uma das causas mais comuns de manifestações patológicas
decorrentes de falhas de fundação.
O primeiro assunto a ser estudado por nós será os tipos de solo, já que as fundações se apoiam nele.
Parece óbvio fazer esta afirmação, mas, o que se tem visto, nas construções, são muitos profissionais
não levando esta característica fundamental em consideração, por isso, escolhem, muitas vezes, uma
solução de fundação, totalmente, inadequada para a configuração do solo onde a obra será executada
ou esses profissionais executam aterros, completamente, fora das normas da ABNT e das boas práticas
de Engenharia.
Os solos diferem-se em granulometria, deformabilidade, capacidade de carga, entre outros fatores.
Cada tipo de solo se comporta de uma maneira diferente, diante dos carregamentos causados pelas
edificações e, por isso, devem ser estudados a fundo, por meio de ensaios geotécnicos, a fim de ser
determinada, com assertividade, a solução correta de fundação a ser utilizada, para que ela não sofra
recalque ou ruptura.
Os tipos de solo são classificados em: argila, silte, areia fina, areia média, areia grossa, pedregulho,
pedra e matacão. A diferenciação entre eles pode ser classificada pela granulometria, da seguinte forma:
Areia mé- A r e i a Pedre-
Tipo de solo Argila Silte Areia fina
dia grossa gulho

Diâm. grãos
Até 0,002 0,002 a 0,06 0,06 a 0,15 0,15 a 0,84 0,84 a 4,8 4,8 a 16
(mm)

Tabela 1 - Tabela de classificação de solos / Fonte: ABNT (1995, p. 4).

O nosso estudo abrangerá os três principais tipos de solos: argilosos, siltosos e arenosos.
Esta divisão não é muito rígida, pelo fato de os solos não serem composições homogêneas, ou seja,
quando falamos de um solo argiloso, estamos falando de um solo que, predominantemente, tem argila
e, quando falamos em solo arenoso, estamos falando de um solo que possui, predominantemente, areia.
As argilas são solos com alta deformabilidade e baixa capacidade de carga, por isso, merecem muita
atenção e cuidado bem como demandam estudo mais aprofundado, a fim de definir a fundação. São,
também, solos avermelhados, com partículas muito pequenas que, devido à sua coesão, retêm muita
água, o que pode aumentar, ainda mais, a deformabilidade desse solo. A vantagem de reter água e ter
muita coesão é que esse solo possibilita realizar grandes cortes em terrenos com estas características, sem
se preocupar, demasiadamente, com o rebaixamento do lençol freático ou desmoronamento do talude.
A Figura 3 mostra um solo argiloso, enquanto que a Figura 4 apresenta um talude realizado nesse
tipo de solo.

54
UNIDADE 3

Figura 3 - Solo argiloso

Descrição da Imagem: a fotografia, a qual foi feita sob incidência solar, mostra, em primeiro plano, um solo avermelhado e de partículas
finas, as quais consistem em solo argiloso. Ao fundo, é possível ver duas árvores.

Figura 4 - Talude em terreno argiloso

Descrição da Imagem: a fotografia mostra um talude em solo argiloso, com ângulo de corte acentuado, onde há um trabalhador de
obra realizando serviço.

55
UNICESUMAR

As argilas classificam-se em argilas moles e rijas. Argila muito mole, argila mole e argila média são
classificadas como moles, já a argila rija e a argila dura classificam-se como rijas.
Os solos arenosos são aqueles onde predomina a areia. Os seus grãos podem ser finos, médios e
grossos, todos sujeitos a serem vistos a olho nu. A principal característica da areia é que ela não tem
coesão, o que a torna drenante, ou seja, não retém água. Quando não há grandes intervenções no terreno,
a sua capacidade de suporte é mais alta do que das argilas, e a sua deformabilidade é menor, porém,
há de se tomar cuidado com cortes próximos a terrenos com esta configuração, porque, pela falta de
coesão, os grãos são, facilmente, separados, então, desmoronam quando o terreno é escavado. Além
disso, esse tipo de solo, por não ser capaz de reter água, tem a possibilidade de causar rebaixamento
do lençol freático e o consequente adensamento do solo, provocando sérios danos às fundações e à
edificação como um todo.
Veja, a seguir, na Figura 5, um exemplo de terreno arenoso.

Figura 5 - Terreno arenoso

Descrição da Imagem:a fotografia mostra um terreno arenoso aberto, com vegetação verde, ao fundo. O céu está azul, sob incidência
solar, com algumas nuvens.

O silte está entre a areia e a argila, é um pó como a argila, mas não tem coesão como tal, o que dificulta a
construção nesses tipos de solo. O silte também não tem plasticidade digna de nota, quando molhado.
Deve-se considerar, igualmente, os terrenos constituídos por rocha matriz (ou rocha-mãe), os quais
são os terrenos onde a rocha não se decompôs e só podem ser removidos por ação de marteletes. Obvia-
mente, esses terrenos têm capacidade de carga elevadíssima, o que, praticamente, anula a probabilidade
dos seus adensamento e recalque. Entretanto é necessário fazer, da mesma forma, a investigação do
solo, para se certificar de que não se trata, apenas, de uma camada de rocha com solo mole embaixo.

56
UNIDADE 3

A principal causa de manifestações patológicas de fundações são os recalques, que nada


mais são do que a deformação e o rebaixamento do solo.

Segundo Thomaz (2020), se o solo for argila dura ou areia compacta, os recalques decorrerão, essencial-
mente, de deformações e mudanças de forma, em função da carga atuante e do módulo de deformação
do solo. No caso de solos fofos e moles, os recalques serão, basicamente, provenientes da sua redução
de volume, já que a água presente no bulbo de tensões das fundações tenderá a percolar para regiões
sujeitas a pressões menores.
Sobre a capacidade de carga e a deformabilidade dos solos, deve-se saber que elas podem variar
por outros fatores, além do tipo (argila, areia, silte), pois não são constantes. É necessário levar em
consideração o tipo bem como o estado do solo (areias de várias compacidades e argilas de várias
consistências), a disposição do lençol freático, a intensidade da carga, o tipo de fundação (direta ou
profunda), a cota de apoio, as dimensões e o formato da placa carregada (placas quadradas).
Quanto aos tipos de fundações, existem as diretas e as indiretas. As fundações diretas, também
chamadas de fundações rasas, são: as sapatas isoladas (mais comuns), as sapatas corridas e o radier.
A sapata consiste em um elemento de fundação de concreto armado. Costuma ter a base ou retangu-
lar ou quadrada ou circular, dependendo do tamanho e do tipo de carga os quais ela suportará. Este tipo
de fundação é projetado para transmitir as cargas ao terreno, pelas tensões distribuídas sob a base da
fundação. A profundidade de assentamento em
relação ao terreno adjacente à fundação é inferior
a duas vezes a menor dimensão da fundação.
A Figura 6 mostra uma sapata sendo execu-
tada. Pode-se notar que a armadura está na base
do elemento de concreto, de modo que suporte
as tensões de tração resultantes da superestrutura
da edificação. O dimensionamento das sapatas é
feito por meio de cálculo estrutural.
As sapatas isoladas suportam a carga de, ape-
nas, um pilar, enquanto que as sapatas corridas
suportam a carga de dois ou mais pilares.
Figura 6 - Sapata isolada

Descrição da Imagem: a fotografia mostra a montagem, em andamento, de uma sapata isolada. As sapatas são quadradas, e a caixaria
já está executada, com chapa compensada resinada e travamento com ripas de pinus. A armadura é em forma de cesta e se estende
em toda a base da sapata.

As sapatas são ideais aos terrenos com capacidade de carga alta, ou seja, argilas rijas e areias bastante
compactadas. Também são eficientes em terrenos com rocha matriz, contudo deve-se ter o cuidado
de deixar, perfeitamente, plano o leito onde a sapata será apoiada.

57
UNICESUMAR

Ainda nas fundações rasas, temos os radiers, que são uma espécie de piso de concreto armado, único
e homogêneo, sob toda a edificação. Os radiers, cujas resistência do concreto, armadura e altura são
calculadas por meio de cálculo estrutural, captam as cargas dos pilares e paredes bem como descarre-
gam sobre uma grande área do solo.
A Figura 7, a seguir, demonstra um radier de uma casa.

Figura 7 - Radier

Descrição da Imagem: a fotografia mostra um radier, uma fundação rasa que se assemelha a um piso do mesmo tamanho da edifi-
cação a ser construída.

Assim como as sapatas, os radiers são indicados para solos com alta capacidade de carga. São bastante
indicados para solos pedregosos, pois é bastante difícil escavar sapatas neste tipo de solo.
Agora, falaremos de fundações profundas. São elementos de fundação executados com o auxílio
de ferramentas ou equipamentos especiais, sem descidas de operário em qualquer fase de execução
(cravação a percussão, prensagem, vibração, escavação etc.). Podem ser constituídas por madeira,
aço, concreto etc.
Essas fundações são mais complexas e caras, porém, são as mais adequadas aos solos moles, com
capacidade de carga pequena, plasticidade e coesão altas e, também, para terrenos alagadiços ou que
estão sujeitos a corte e aterro. As fundações profundas são utilizadas nesses terrenos porque a capaci-
dade de carga dos mesmos é muito pequena, o que deforma a própria pressão de uma fundação direta.
Tal fenômeno causa recalque, prejudicando, assim, a edificação.
O que faz com que as estacas sejam eficientes nos solos com esta configuração é o atrito lateral,
também chamado de resistência de fuste, resultante do solo ao longo de seu comprimento. Este atrito
é causado pela força de reação vertical ascendente do solo ao entrar em contato com a estaca.
Já a resistência de ponta da estaca não tem expressiva participação no suporte das cargas, sendo
um pouco mais significativa quando os elementos ultrapassam a camada mole do solo e se apoiam
em rocha ou em solo duro, como areia compacta.
A Figura 8, a seguir, demonstra o mecanismo de suporte da estaca.

58
UNIDADE 3

Nível do Terreno

R2
h>2B

R= R1+ R2 B

Onde:
R1: Resistência de Ponta
R2: Resistência de Fuste

R1

Figura 8 - Fundação profunda: resistência de ponta e resistência lateral / Fonte: ABNT (1996).

Descrição da Imagem: a figura é um desenho esquemático que mostra o comportamento das forças em uma fundação profunda.
Trata-se de uma estaca, já executada, com a força R1, que é a resistência de ponta, e a força R2, que é a resistência de fuste, gerada
pelo atrito lateral. P é a soma das duas forças, a qual é a resistência total da estaca. A altura da estaca é representada por h > 2B, cujo
B é o diâmetro da estaca.

Dependendo da carga que o pilar transmite ao solo, é necessário executar mais do que uma estaca bem
como um elemento de concreto armado que envolva a cabeça de todas elas. A esse elemento chamamos
de bloco de coroamento: ele funciona como um elemento de transição entre pilares e vigas e, também,
serve como travamento, para as estacas não se movimentarem, lateralmente.
Veja a Figura 9, a seguir, a qual é um desenho esquemático desse sistema.

59
UNICESUMAR

Figura 9 - Blocos de coroamento / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura ilustrada mostra blocos de coroamento em planta e em corte, com número diferente de estacas entre
si. O primeiro é um bloco triangular, com três estacas, o segundo é um bloco retangular com duas estacas.

As estacas mais utilizadas são as escavadas (estacas moldadas). Elas consistem em elementos de concreto
armado executados in situ, em buracos escavados com recurso de equipamento próprio, e costumam
ter vários diâmetros. Depois da escavação, concreta-se o local escavado em toda a sua extensão, em
seguida, é adicionada uma armadura.
A Figura 10, a seguir, apresenta o equipamento para escavação de estaca sendo utilizado.

60
UNIDADE 3

cavado, o que estrangularia a estaca ou alteraria o


traço do concreto, diminuindo, assim, a resistência
da estaca.
Quando o terreno é alagadiço ou o lençol freá-
tico atinge o nível de profundidade das fundações,
a solução mais segura e eficiente é a estaca pré-
-moldada de concreto. Apesar de sua eficiência,
essa fundação é bastante cara, porque precisa ser
fabricada, muitas vezes, em outro local que não
Figura 10 - Equipamento para escavação de estacas
a obra, o que gera custo de transporte, além do
equipamento de cravação ser bastante custoso.
Descrição da Imagem:a fotografia, feita sob incidência solar, Há, também, o risco de prejudicar construções
mostra um equipamento destinado à escavação de estaca.
Trata-se de uma broca de grandes dimensões diametrais e vizinhas, por causa da vibração causada, no ter-
comprimento. Essa broca (ou hélice) é acoplada a uma espé-
cie de trator de esteira. Atrás do equipamento, ao fundo, é
reno, pelo impacto do equipamento com a estaca.
possível ver prédios em construção. A Figura 12 apresenta a execução de estacas
pré-moldadas de concreto armado.
A Figura 11 mostra um bloco de coroamento de
duas estacas.

Figura 12 - Execução de estacas pré-moldadas

Descrição da Imagem: a fotografia apresenta um terreno


com estacas de concreto pré-moldado, já cravadas. Há, tam-
Figura 11 - Bloco de coroamento bém, algumas estacas deitadas no terreno e um maquinário
de cor laranja.

Descrição da Imagem: a fotografia mostra duas estacas es-


cavadas e armadas, depois da concretagem, prontas para
receber o bloco de coroamento. Em terrenos alagadiços, há a possibilidade de em-
pregar estacas metálicas, de madeira, ou, ainda,
de realizar rebaixamento de lençol freático, en-
Essas estacas são, fortemente, indicadas para solos tretanto estas soluções têm custo muito elevado,
moles e fofos. Têm menor custo em comparação tornando-as, na maioria das vezes, inviáveis.
com as outras fundações profundas, contudo não Já estudamos alguns conceitos de solo e tipos
devem ser utilizadas em terrenos com presença de fundações, portanto, falaremos de patologia.
de água, pois a água invadirá o vazio do local es- A anomalia mais comum em fundações são os

61
UNICESUMAR

recalques diferenciais: eles causam movimen-


tação descendente da fundação e, junto com ela,
da edificação como um todo. O principal sinto-
ma desta anomalia é a fissuração de paredes, que
pode evoluir para trincas, rachaduras, fendas e,
até mesmo, colapso da edificação.
A Figura 13 mostra o mecanismo de como
ocorrem as fissuras em decorrência de recalques. Figura 14 - Mecanismo de recalque diferencial de fundação /
Elas manifestam-se, com frequência esmagadora, Fonte: Thomaz (2020, p. 28).

no sentido inclinado em 45º, mas não significa


Descrição da Imagem: a figura é uma ilustração que mostra
que não possam se manifestar nos sentidos hori- uma edificação edificada em um terreno que sofreu corte e
zontal ou vertical, isso depende do tipo de esforço aterro. Do lado do aterro, há uma trinca de 45°, indicando
recalque e, no meio da edificação, há uma trinca na vertical,
que a deficiência da estrutura está causando. a qual demonstra que a edificação está se deslocando para
o sentido do aterro.

A Figura 15 apresenta o comportamento típico


de uma trinca proveniente da falha de fundação
mais comum: o recalque diferencial.

Figura 13 - Trincamento da parede em decorrência de recal-


que diferencial / Fonte: Thomaz (2020, p. 27).

Descrição da Imagem:a figura ilustrada mostra uma edifi-


cação com trincas em 45°. Essa edificação encontra-se sobre
um aterro inclinado. Há uma seta no lado mais profundo do
aterro indicando a ocorrência de recalque naquele ponto.

Veja que, na Figura 14, além da trinca em 45°,


há uma trinca na vertical. A extremidade oposta
à trinca em diagonal permaneceu rígida, o que
causou um descolamento no ponto onde havia
maior tensão ou menor resistência dos materiais Figura 15 - Trinca em 45° indicando recalque diferencial /
constituintes, ponto este onde se formou a trinca Fonte: a autora.

na vertical.
Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma parede ver-
de com uma porta à esquerda. Essa parede apresenta uma
trinca em 45° bastante avançada, já muito próxima de ser
chamada de rachadura.

62
UNIDADE 3

Como consequência dos recalques, pode ocorrer, também, ao invés das rachaduras, a inclinação como
um todo da edificação, tal qual aconteceu nos prédios da baía de Santos-SP (Figura 16) e na famosa
Torre de Pisa, na Itália.

Figura 16 - Prédio na baía de Santos

Descrição da Imagem: a fotografia prédios da baía de Santos, litoral de São Paulo. Um deles, à direita, sofreu inclinação perceptível
a olho nu.

Para conhecer as patologias de fundações, assim como de qualquer outro sistema construtivo, pre-
cisamos conhecer as suas causas. Se você escolher a fundação inadequada para o tipo de solo onde
executará a obra, por exemplo, já de arrancada, você perdeu o jogo.

Você, futuro(a) engenheiro(a), deve estar se perguntando: como não errar na escolha da
fundação? A resposta é muito simples: faça um minucioso estudo do solo, por meio de
ensaios geotécnicos. A grande maioria dos profissionais negligencia esta etapa da obra,
que é imprescindível à elaboração do projeto de fundação.

O ensaio geotécnico mais utilizado é o SPT – Standard Penetration Test, que consiste em cravação
dinâmica de um amostrador padrão no solo, pelo impacto de um martelo de ferro. Com a sondagem
SPT, é possível descobrir a resistência do solo, medida pelo índice de resistência à penetração do
mesmo. Esse índice é determinado pela soma dos golpes dados pelo martelo de ferro até que o solo se
torne impenetrável à percussão. Por meio deste procedimento, retira-se uma amostra de solo, a qual
é encaminhada a um laboratório especializado, a fim de verificar a composição bem como as carac-
terísticas importantes desse solo, como: granulometria, coesão e plasticidade. É por esse ensaio que
identificamos se um solo é arenoso, argiloso ou siltoso e, também, o nível do lençol freático, ou seja,
esse ensaio é muito eficiente e de extrema importância.

63
UNICESUMAR

Para solos arenosos e alguns siltosos e argilo- solo mole sob ele e, inevitavelmente, acontecerá
sos, dependendo de sua consistência (rijo), utiliza- o recalque. Foi, exatamente, isso que aconteceu
-se fundação direta (sapata, radier), já em solos ar- com os prédios da baía de Santos.
gilosos moles, ou, mesmo arenosos, siltosos, fofos No item “Eu Indico” desta unidade, você en-
ou com presença de água, deve-se utilizar estacas. contrará, em detalhes, o que aconteceu neste caso
Neste caso, ainda será necessário escolher o tipo famoso de erro de fundação. Há, também, um
adequado, escolha que dependerá, dentre outros vídeo mostrando o reaprumo de um dos prédios
fatores, da consistência do solo, do nível da água que mais sofreu inclinação. Não deixe de conferir,
e, até mesmo, do entorno da obra. pois é incrível.
Por que o tipo de fundação depende do entorno Na Figura 17, é apresentado um perfil de solo
da obra? Porque alguns tipos de fundação, como com esta característica.
estacas pré-moldadas, precisam ser batidas e cau-
sam vibração muito forte no terreno, o que pode
causar ruptura de fundações, desconfinamento do
solo e/ou trincas de toda ordem nas edificações.
Se você executar uma fundação direta sobre
um terreno argiloso, por ele ter deformabilidade
muito grande (lembra do adensamento por causa
da fuga da água, a qual é causada pela percola-
ção?), o próprio peso do elemento de fundação
causar a deformação do solo e recalque da estru-
tura. Se o recalque for diferencial, o que aconte-
Figura 17 - Solo com camadas moles e rijas intercaladas
ce em quase 100% das vezes, certamente, haverá
patologias na edificação. Descrição da Imagem: a fotografia mostra um perfil de solo
com camadas moles e rijas intercaladas, em nuances de la-
Caso você faça o contrário e utilize estacas em ranja e marrom.
solos rijos, além de desperdiçar dinheiro — afinal,
fundações profundas são muito mais caras do que
fundações diretas — a probabilidade de as estacas Situação parecida acontece com os matacões,
não penetrarem é muito grande, porque a resis- os quais são pedras de grande dimensão. Tão
tência deles à penetração é alta, o que impede a grande que, quando encontradas pelo equipa-
broca ou a força do bate-estaca penetrar o terreno. mento de percussão, seja no ensaio SPT, seja na
Por isso, a importância dos ensaios geotécnicos. própria escavação das estacas, acredita-se ter
Outra situação bem complicada que pode atingido solo firme. É por esta razão que se deve
ser evitada com o SPT é o falso diagnóstico de executar diversos furos no terreno, no momento
que o solo é rijo. Isso acontece quando as cama- do ensaio de SPT, para mitigar a possibilidade
das superficiais são solos com alta resistência de de ser enganado por um matacão (Figura 18). A
carga e penetração, porém, abaixo deles, há uma quantidade de furos é determinada pela NBR
camada de solo mole. A fundação pressionará o 6.484 (ABNT, 2020).
solo superficial que, por sua vez, pressionará o

64
UNIDADE 3

Uma causa um pouco menos comum, mas que


traz bastante dor de cabeça, é o atrito negativo
nas fundações profundas. Thomaz (2020) expli-
ca, muito didaticamente, como funciona o atrito
negativo: nas construções que se assentam sobre
seções mistas de corte e aterro, este fenômeno
pode dar origem a recalques diferenciados de
considerável intensidade.
Quando as estacas atravessam uma camada de
Figura 18 - Solo com matacão
solo em vias de adensamento e apoiam-se em ter-
renos subjacentes pouco compressíveis (MELLO;
Descrição da Imagem: a figura ilustrada mostra um perfil de BREMER; SOARES JÚNIOR, 2020), elas rece-
solo com pedras bastante grandes, chamadas de matacões.
bem, à medida que se processa o recalque daquele
solo, um acréscimo de carga, o qual é proveniente
A presença e o nível do lençol freático também do peso do solo em movimento descendente, tra-
são muito importantes para a eficiência das fun- duzido por tensões de atrito ao longo das paredes
dações. Além de diminuir a resistência do solo, a das estacas (Figura 20).
água tem o poder de inviabilizar a execução de
certas fundações, por invadir os buracos esca-
ATERRO
vados pelos equipamentos de percussão, como NA

mencionado nesta unidade.


A Figura 19 apresenta uma edificação com ARGILA MOLE

recalque diferencial causado pela presença de


água no solo.

AREIA COMPACTA

Figura 20 - Atrito negativo / Fonte: Thomaz (2020, p. 30).

Descrição da Imagem: a figura ilustrada mostra um perfil


de solo com aterro, argila mole, onde está o nível da água,
e areia compacta. Nesse perfil, há duas estacas apoiadas na
areia grossa e setas no sentido descendente, as quais indicam
a existência de atrito negativo.

Falaremos, neste momento, da causa mais comum


Figura 19 - Recalque diferencial de fundação por presença de
de recalque diferencial, a qual tem sido encontra-
lençol freático / Fonte: Thomaz (2020, p. 30). da em edificações de pequeno porte: os aterros
mal executados.
Descrição da Imagem: a figura ilustrada mostra um prédio
construído sobre um terreno atingido pelo lençol freático. O A compactação sempre foi negligenciada na
prédio está sofrendo recalque no canto apoiado sobre esse
lençol.
execução dos aterros. Aterros com altura supe-

65
UNICESUMAR

rior a 1 m e/ou com volume maior do que 1.000 m3 devem ser


executados conforme a NBR 5.681, norma brasileira de controle
tecnológico de aterro (ABNT, 2010). As camadas de compactação
REALIDADE
devem ter a mesma altura, serem de material homogêneo e em
AUMENTADA
estado de umidade ótima.
Estas exigências da norma são vistas por leigos e, até mesmo,
engenheiros, como retardadoras do processo de construção e,
também, como desperdício de dinheiro, o que é um grande erro.
Aterros mal compactados ou com material inadequado podem
causar não, apenas, manifestações patológicas, por exemplo, trin-
cas e afundamento de pisos, mas verdadeiras catástrofes, como:
desmoronamentos, soterramentos, queda de talude, afundamento
de estradas etc.
Certamente, você se lembra do que aconteceu na favela da Mu-
zema, no Rio de Janeiro, em 2019. O prédio era irregular e, provavel-
mente, não tinha uma estrutura adequada, porém, apesar de não ter
Aluno(a), você sabe quais as cama-
das necessárias para que um aterro sido confirmada até hoje, a hipótese levantada pelos especialistas é
sanitário fique isolado e evite o risco
de contaminação do solo e dos lençóis de que o início do processo de desabamento ocorreu pela ruptura
freáticos? Acesse o QRCode e assista à
realidade aumentada que preparamos e pelo deslizamento do aterro onde o edifício estava construído.
para você!
Outro ponto a ser considerado nos aterros são os esforços trans-
versais. Por mais bem executados que os aterros sejam, devemos
lembrar que eles estão em um terreno com desnível, portanto, a sua
tendência é escorregar, o que causa esforço lateral nas fundações.
Com o intuito de evitar o deslocamento transversal ou o recal-
que da fundação, é necessário perfurar a estaca, de modo a trans-
passar toda a camada de aterro, penetrando no solo original a uma
profundidade a ser definida no cálculo da fundação. Outro fator
importante é utilizar armaduras, pois os esforços laterais causa-
rão tração em uma das faces das estacas e, já é sabido por você,
futuro(a) engenheiro(a), que os esforços de tração são suportados
pela armadura, não pela seção de concreto. Caso não seja utilizada
armadura, a fundação pode romper-se e causar deslizamento do
aterro, ou, pelo menos, bom recalque diferencial.
Outro fator importante a se considerar é a execução de fun-
dações vizinhas. Elas são capazes, desde o corte do terreno, de
interferir nas obras do seu entorno, afinal, se não executadas,
corretamente, o corte no terreno causa o desconfinamento de
material dos terrenos vizinhos bem como o recalque e/ou a rup-
tura das fundações.

66
UNIDADE 3

Agora, vamos bater um papo sobre os nossos conhecimentos de patolo-


gias das fundações? Falaremos, de forma prática, destas anomalias, dos
prejuízos que elas têm trazido às edificações e, também, das soluções
possíveis de serem utilizadas para recuperar o desempenho adequado.

Durante a execução da fundação também pode haver interferência nas edificações vizinhas, como já
comentado nesta unidade, por causa da vibração do processo de cravação de estacas pré-moldadas,
por exemplo. E ainda temos os danos causados depois da execução da obra, quando o carregamento
das fundações e do solo se completam. Ela acontece por causa do bulbo de pressão causado no terreno
pelo carregamento do edifício.
A carga que a edificação exerce no solo não causa, somente, forças verticais, mas também horizon-
tais, formando uma região de tensões a que chamamos de bulbo. Se o bulbo de tensões de um prédio
com maior carregamento atinge o bulbo de tensões menor, certamente, haverá recalque diferencial
da edificação de menor tensão.
A Figura 21, a seguir, mostra de que forma este fenômeno acontece.

Figura 21 - Recalque diferencial causado por bulbo de tensões / Fonte: Thomaz (2020, p. 35).

Descrição da Imagem: a figura ilustrada mostra dois prédios, um de quatro andares, à esquerda, e um de dois andares, à direita. Cada
um tem o seu bulbo de tensões, que apresenta formato circular sob a cota de assentamento das construções. A carga do edifício de
quatro pavimentos é maior, portanto, o seu bulbo de tensões é maior e isso fez com que o prédio de dois pavimentos sofresse recalque
e ficasse inclinado para o lado do outro prédio.

67
UNICESUMAR

Como você pôde observar, são diversas as possíveis patologias em fundações, além de serem mais
comuns do que se imagina. Mas, e quando elas acontecem? Como resolver os problemas causados
por elas, sem precisar condenar a obra à demolição? Veremos, agora, as soluções mais eficientes para
resolver patologias desta natureza.
As três soluções mais utilizadas são: as estacas raiz, as estacas mega e, em caso de aterros, os mu-
ros de contenção/arrimo, os quais são muros com estrutura para suportar os esforços transversais
resultantes do peso do solo e da água que se acumula nele (Figura 22).

Figura 22 - Muro de arrimo

Descrição da Imagem:a fotografia apresenta um muro de arrimo próximo a solo montanhoso. Abaixo do muro, vê-se uma pavimen-
tação asfáltica. O caminho é cercado por vegetação e possui placa de sinalização indicativa de via sinuosa.

A estaca raiz é, certamente, a solução mais indicada para reforço de fundações, pois ela tem capa-
cidade de perfurar terrenos muito duros (matacões, por exemplo), além de ser possível as executar
em qualquer tipo de terreno e em direções especiais (por exemplo, inclinada). As suas principais
características são: alta capacidade de carga (até 140 tf), perturbação mínima do ambiente cir-
cunstante, moldagem in loco, inteiramente, armadas ao longo de todo seu comprimento, elevada
tensão de trabalho do corpo da coluna (fuste) e recalque muito reduzido.
A execução da estaca raiz é feita com equipamento específico, uma hélice de percussão muito
potente, que varia entre 8 cm e 50 cm e pode atingir mais de 50 m. São escavadas com o auxílio
de fluido estabilizante (lama bentonítica ou polímero sintético), ou não, e são feitas perfurações
no terreno, retirando o material (solo ou rocha), para que, posteriormente, sejam preenchidas
com argamassa.

68
UNIDADE 3

Na execução da estaca raiz, são utilizados tubos de revestimento metálico, integralmente, em todo
o trecho do solo, após a escavação, por que, em solos mais arenosos, ou, até mesmo, pouco argilosos,
há a possibilidade de desmoronamento. Estes tubos metálicos são recuperados após o preenchimento
da estaca com argamassa cimento-areia e da fixação da armadura. A argamassa utilizada é adensada
com o auxílio de pressão, normalmente, dada por ar comprimido.

As vantagens apresentadas pela estaca raiz são:


• Ausência de vibração e descompressão do terreno, o que abre a possibilidade de
a estaca ser utilizada em terrenos com construções vizinhas.
• Possibilidade de execução em áreas de espaço limitado, devido ao equipamento
ser de pequeno e médio porte.
• Utilização em terrenos com presença de matacões, rochas e concreto, pois tem
capacidade de perfuração de matérias rígidas.
• Possibilidade de combater esforços de flexão.
• Execução com maiores inclinações (0 a 90º).
• Não provoca poluição sonora.
As desvantagens apresentadas pela estaca raiz são:
• Custo elevado.
• Alto consumo de cimento (em torno de 600 kg por metro cúbico).
• Alto consumo de ferragens para as armaduras.
• Forte impacto ambiental.
• Obra alagada devido ao expressivo consumo de água.

A Figura 23 mostra a forma como este reforço deve ser executado: estacas inclinadas de modo a apoiar
a viga de baldrame existente.

69
UNICESUMAR

Fundação em sapata corrida de


pedra, 80cm de largura e 1.0m
de profundidade.

Estacas executadas.

Figura 23 - Execução de estaca raiz / Fonte: Mello, Bremer e Soares Júnior (2020, p. 18).

Descrição da Imagem: a figura ilustrada apresenta uma edificação apoiada em fundação em sapata corrida de pedra, com 80 cm de
altura e 1 m de profundidade. Sob esta sapata, estão duas estacas inclinadas apoiando a sapata de pedra.

Em um trabalho publicado na revista científica “Principia”, em 2020, há


um estudo de caso muito interessante e de simples compreensão sobre
o reforço com estaca raiz. Acesse o QRCode para acessar o artigo.

Há, também, um vídeo muito interessante da construtora que executou


o reaprumo do Edifício Núncio Malzoni, que fica nesta mesma área, antes
do reforço da fundação. Acesse o QRCode para assistir ao vídeo. Vale a
pena conferir!

70
UNIDADE 3

Outra solução bastante utilizada e mais barata é a estaca mega, também conhecida como estaca cravada
à reação ou estaca prensada. Ela é cravada em segmentos de concreto pré-moldado com o auxílio de
um macaco hidráulico. É, comumente, utilizada em reforço de fundação já existente ou para correção
de patologias, como um recalque diferencial da estrutura.
A principal vantagem dessa estaca é o fato de dispensar demolições durante a execução. As
estacas mega podem ser compostas por concreto pré-moldado, perfil ou tubos metálicos, e a sua
cravação não produz impacto ou vibração, tendo em vista que o seu princípio de funcionamento é de
ação/reação e a sua aplicação se faz por meio hidráulico.
O procedimento completo de execução de estacas mega consiste em: abrir uma vala ao lado do
ponto da fundação a ser reforçado, com profundidade abaixo da viga de baldrame, instalar o macaco
hidráulico e, então, começar a cravação, por reação, das estacas, com a ajuda de um macaco hidráulico.
Elas são segmentadas conforme orientação da NBR 6.122 (ABNT, 1996).
Isso significa que cada estaca é formada por um ou mais segmentos feitos de elementos pré-moldados com
50 cm de altura e diâmetro variável, o qual depende da carga a que a estaca será submetida. Os segmentos
de estaca são cravados, sucessivamente e, quando elas são metálicas, é necessário fazer a soldagem de cada
elemento, quando de concreto pré-moldado, são, apenas, posicionadas, corretamente, umas sobre as outras.
O ponto do macaco hidráulico são as vigas, fundações e paredes da edificação existente. São elas
as responsáveis pela força de reação que o macaco aplicará nos segmentos, a fim de os cravar. Para o
término da estaca, é feito o calçamento. Coloca-se um elemento horizontal especial (também pré-mol-
dado) em cima da estaca, aciona-se, novamente, o macaco hidráulico, em seguida, aplicam-se cunhas de
calçamento, as quais serão responsáveis pela transmissão da carga de reação que sustentará a estrutura.

Uma aluna do Curso Técnico em Edificações, da Escola Técnica Estadual


de Educação Profissional e Tecnológico de Sinop-MT, gravou um vídeo
bastante didático sobre este processo e o disponibilizou no YouTube.
Confira no QRCode.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Aprendemos, nesta unidade, que as patologias de fundações são muito comuns, portanto, é preciso
tomar muito cuidado para que elas não ocorram.
Tenho certeza que, observando as soluções apresentadas para reforço, você concorda que não é nada
fácil os executar, além de custarem muito, portanto, deve-se tomar cuidado, principalmente, com a in-
vestigação do solo, a fim de escolher a solução correta de fundação. Também é importante conhecer as
características do solo, como a sua capacidade de carga, para que as fundações sejam bem dimensionadas.
Deve-se ressaltar que, no segmento de reforço de fundações, não há muitos profissionais atuantes,
tornando tal área um ótimo nicho de mercado a você.

71
A, seguir temos um Mapa Mental para você revisar o que foi visto até agora. Preencha as lacunas, a
fim de o completar.

Fundações
profundas
Falsa impressão
de solo firme
Argila
Falta de
investigação Investigação
do solo do solo
Patologias

Recalque por FUNDAÇÕES


rebaixamento de
lençol freático
Executado de
Aterro forma inadequada

Sucesso
Aterro com material
heterogêneo

72
1. Observe o perfil representado na Figura 1, a seguir. Com base no que você estudou nesta
unidade, qual solução de fundação adotaria para que não ocorram, na futura edificação, ma-
nifestações patológicas? Explique o porquê da sua escolha (pode haver mais de uma solução).

Figura 1 - Perfil de terreno

Descrição da Imagem: a figura ilustrada mostra um perfil de terreno com várias camadas de características diferentes e
com a presença de água. Nesse terreno, está sendo executada uma estaca.

2. Visando a garantir o equilíbrio em sistemas estruturais, as fundações precisam ser bem pro-
jetadas e executadas. Nesse contexto, um engenheiro foi contratado para realizar um laudo
de uma edificação que apresentou movimentação vertical descendente de um elemento es-
trutural. Qual termo técnico o engenheiro utilizará, no laudo, para descrever este fenômeno?
Assinale a alternativa correta:

a) Afundamento.
b) Recalque.
c) Colapsibilidade.
d) Deformabilidade.
e) Expansibilidade.

73
3. A sondagem SPT (Standard Penetration Test) é muito utilizada em obras de fundação. O SPT
(ABNT, 2020) possibilita conhecer as situações listadas nas alternativas, a seguir, à exceção
de, apenas, uma. Assinale a alternativa que apresente essa exceção:

a) As camadas do solo.
b) A resistência do maciço rochoso.
c) O nível do lençol freático (N.A.).
d) A resistência das diversas profundidades do solo.
e) A profundidade da camada impenetrável à percussão.

4. A Figura 2, a seguir, apresenta a seguinte situação: uma árvore plantada ao lado de uma
edificação, com raízes muito próximas das fundações. Lembre-se que a árvore necessita de
água para sobreviver e, como você pode observar, há uma trinca em 45° no canto superior da
janela, com inclinação contrária à fundação. Essa trinca é uma característica típica de recalque
diferencial, a anomalia mais comum nas fundações. A partir desta análise, responda: qual é o
mecanismo que está causando o recalque diferencial dessa fundação?

Figura 2 - Recalque diferencial de edificação / Fonte: Thomaz (2020, p. 29).

Descrição da Imagem: a figura ilustrada mostra uma árvore plantada ao lado de uma edificação, com raízes muito perto
das fundações. Na edificação, há uma trinca em 45° sobre a janela.

74
4
Técnicas de Reparo
e Reforço de
Superestruturas
Esp. Stephanie Vicente Moi

Ao longo das unidades deste material, você aprendeu a conceitua-


lização das manifestações patológicas nas edificações, estudou a
sintomatologia, a investigação e o diagnóstico. Nesta sistemática,
a Engenharia se confunde muito com a Medicina, a partir da qual
o(a) profissional realiza uma “consulta” de reconhecimento e cons-
tatação, denominada vistoria, depois, encaminha o caso para o(a)
especialista, no procedimento chamado inspeção, são atestadas
as não conformidades em uma auditoria, apura-se a problemática
por meio da perícia, a qual, geralmente, demanda exame das pro-
vas técnicas, por fim, são realizados o prognóstico e a terapia da
edificação, chamados de consultoria. O último ponto será tratado
nesta unidade, na qual estudaremos as técnicas de reparo e reforço
de superestruturas.
UNICESUMAR

Você, provavelmente, conhece ou já ouviu falar Na Antiguidade, a madeira e a pedra limitavam


da Torre de Pisa, na Itália (Figura 1). É aquela a criatividade arquitetônica, as quais possibilita-
construção clássica iniciada no século XII, cujo vam, apenas, edificações com poucos pavimentos,
solo cedeu, e a torre começou a se inclinar. Você paredes largas e pequenos vãos livres. A partir
já se perguntou qual foi a terapia aplicada àquela do século XIX, as estruturas de concreto foram
edificação para que permaneça estável? aperfeiçoadas e ganharam credibilidade, repre-
Na Engenharia, é assim: as edificações apre- sentando um marco para a engenharia mundial,
sentam problemas e o mais importante é como visto que possibilitaram estruturas mais esbeltas,
você, profissional, os resolverá. assim como grandes vãos livres.
Depois deste exemplo, quais técnicas de reparo São diversos os tipos de estruturas utilizadas na
e recuperação você é capaz de sugerir para serem construção civil. Nesta unidade, abordaremos as
aplicadas em uma edificação? estruturas de concreto armado, as mais utilizadas
em nosso país. Essas estruturas podem apresentar
muitos tipos de danos que necessitam de reparos, a
fim de proporcionar a estabilidade e o desempenho
perdidos. Os danos encontrados, mais comumente,
são: fissuras, trincas, rachaduras, desprendimentos,
nichos de concretagem e desagregações decorren-
tes da corrosão das armaduras. Já as medidas tera-
pêuticas de correção dos problemas incluem tanto
pequenos reparos localizados quanto a recupera-
ção generalizada da estrutura ou dos reforços de
fundações, pilares, vigas e lajes.
Nenhuma edificação é eterna, pois são degra-
dadas ao longo do tempo, por meio da ação das
intempéries, das falhas de projeto ou execução, e
Figura 1 - Torre de Pisa, Itália
dos fatores externos, como choques e acidentes.
Descrição da Imagem:a figura é uma fotografia, vista a partir No entanto, como forma de restabelecer as suas
do olhar do observador, a qual mostra a Torre de Pisa, famo-
sa construção em mármore branco e de formato cilíndrico, condições de uso e segurança bem como aumen-
inclinada para o lado direito da imagem. A construção apre-
senta oito pisos, cada um com os seus detalhes decorativos
tar a sua vida útil, podem ser aplicadas as técnicas
e funcionais, portas e janelas. Do primeiro ao oitavo piso, de recuperação e reforço das superestruturas.
é possível ver, no seu entorno, dezenas de colunatas estilo
clássico, intercaladas por arcos de meia-volta perfeitos. O piso Voltemos à pergunta inicial: como você imagina
do último andar é aberto e, apresenta, em toda circunferência,
grades de proteção na cor preta. No topo do terraço, onde que foi feito o reparo na famosa Torre de Pisa? En-
também se vê uma grade de proteção em preto, há um mastro
com uma bandeira cujas cores e simbologia remetem à cidade
tenda que é uma edificação muito antiga, iniciada
de Pisa. Em primeiro plano, na imagem, vê-se uma vegetação
rasteira em verde-claro, logo à frente, entre a torre e parte
há mais de 800 anos, e de valor cultural gigantesco.
da calçada, dezenas de pessoas observam a edificação. No Um(a) engenheiro(a) também deve ser um(a)
entorno da torre, há uma vegetação arbórea, com arbustos
em verde-musgo e pinheiros em formas cilíndricas e cônicas, ótimo(a) observador(a) e, pela imagem, você já
assim como algumas construções mais próximas e baixas. Na
linha do horizonte e ao fundo, vê-se uma montanha em tons deve ter desconfiado de que houve algum pro-
acinzentados, onde tudo se funde com o céu azul e com as
nuvens de um dia ensolarado.
blema de sustentação na base da estrutura e, por
isso, a torre começou a inclinar.

76
UNIDADE 4

Agora, é a sua vez! Use os seus recursos de pesquisa: material didático, experiências, conhecimento
aplicado em estágios e obras, para procurar três possíveis soluções ou terapias aplicáveis à Torre de Pisa.
Após refletir acerca de um dos casos mais icônicos da Engenharia mundial, o que você, futuro(a)
engenheiro(a), sugeriu para a Torre de Pisa? Use o seu Diário de Bordo e faça as suas anotações e
considerações a respeito da questão. Ao final da unidade, você pode retornar a essas anotações, a fim
de rever/reconsiderar as suas respostas.

Como forma de demonstração, usaremos um exemplo mais contextualizado da nossa realidade.


Veremos um caso prático de recuperação estrutural em elemento de concreto, denominado grout
(grauteamento). Para ilustrar o exemplo, imagine um ninho/nicho de concretagem, que é a segregação
do concreto quando há falhas no preenchimento das formas, durante a concretagem de lajes, vigas
ou pilares, ficando vazios entre os agregados graúdos. Estes locais apresentam pouca resistência, e o
cobrimento da nominal da armadura é insuficiente, deixando-a exposta e em contato com o ambiente
externo. A segregação ocorre pela falha no adensamento, durante a concretagem, com falhas na vibração
do concreto e consequente falta de preenchimento adequado das formas e armaduras.
Como já citado, você, enquanto profissional, encontrará inúmeros problemas nas obras e edificações
como um todo. Caberá a você escolher a melhor e mais viável técnica a ser aplicada em cada caso.

77
UNICESUMAR

Neste podcast, serão apresentados alguns exemplos práticos da apli-


cação do reparo e do reforço de estruturas de concreto. Ligue o play e
vamos, juntos, nesta imersão! Espero que goste!

A qualidade dos serviços de recuperação ou de reforço de estruturas depende da realização de uma


perícia adequada, a partir da qual serão analisadas as causas precisas da manifestação patológica.
Caro(a) aluno(a), simplificando a sua análise: imagine que você queira iniciar o plantio de um jardim.
Para ter êxito, é necessário investigar o solo e realizar testes, por exemplo, de correção do PH, visando
ao crescimento das plantas. Na recuperação e no reforço de uma estrutura, é o mesmo caso. A perícia
propiciará a investigação necessária e, a partir dela, você poderá decidir qual será o tratamento adequado.
A seleção do melhor material de reparo, caso você o encontre, é um processo tão importante quan-
to complexo. Deve-se ter em mente o que é requerido no reparo, as características dos materiais que
serão empregados, os requisitos e a metodologia de aplicação, conforme o fluxograma elaborado pelo
engenheiro civil José Eduardo Granato (2020).

78
UNIDADE 4

Processo de seleção de materiais

Qual será o serviço e


Requisitos de desempenho condições de exposição?

Quais os requisitos Quais serão as condições


Análise dos operacionais durante
reparos de resistência? a aplicação e cura?

Qual a técnica de aplicação


A causa da degradação escolhida? Quais as
foi identificada? características necessárias
para a aplicação?

Que propriedades e requisitos devem ser cumpridos?

Estratégia
dos reparos Os materiais e sistemas vão cumprir as propriedades requeridas?

A escolha dos materiais/sistemas em termos de custo/risco/performance estão avaliados?

Figura 2 - Fluxograma para seleção de materiais aplicáveis a uma recuperação estrutural / Fonte: adaptada de Granato (2020).

Descrição da Imagem: a figura mostra um fluxograma que representa a seleção de materiais aplicáveis a uma recuperação estrutural.
Ele é composto por retângulos que trazem informações relevantes ao processo escritas em preto sobre fundo branco. Do lado esquerdo
do fluxograma, há um retângulo onde se lê “Análise dos reparos” com seta diretiva para cima e para baixo, a qual engloba parte das
informações apresentadas, a seguir. Na parte superior central da imagem, vê-se um retângulo com a frase “Processo de seleção de
materiais”, interligado a seis outros retângulos, embaixo dele. Cada retângulo apresenta uma seta diretiva que se conecta com a seta
diretiva desse retângulo maior. Ela desce em linha reta e interliga-se a outros três retângulos, localizados na parte inferior da imagem.
Assim, a partir do primeiro retângulo, há duas fileiras, à esquerda e à direita, formada por três retângulos, um embaixo do outro. No
lado esquerdo, de cima para baixo, cada retângulo tem uma pergunta escrita no centro, as quais são, respectivamente: “Requisitos de
desempenho”, “Quais os requisitos de resistência?”, “A causa da degradação foi identificada?”. Ao lado dessa fileira, à esquerda, formada
por esses três retângulos, mas na parte superior da imagem, há um quadrado com a frase “Análise dos reparos”, o qual se interliga, por
meio de uma seta diretiva, para cima e para baixo, a um retângulo, também do lado esquerdo, mas localizado na parte inferior da imagem.
Nesse retângulo, está escrito “Estratégia dos reparos”. Na fileira de três retângulos localizada no lado direito da imagem, cada retângulo
tem uma pergunta escrita no centro, as quais são, respectivamente: “Qual será o serviço e quais serão as condições de exposição?”,
“Quais serão as condições operacionais, durante a aplicação e a cura?”, “Qual a técnica de aplicação escolhida? Quais as características
necessárias para a aplicação?”. O retângulo na parte superior central da imagem, que traz a frase “Processo de seleção de materiais”,
tem uma seta diretiva para baixo, apontando para a área central e inferior da imagem, onde há três retângulos, um embaixo do outro,
interligados por outras setas que apontam para cada um deles, em efeito cascata. Em cada um desses retângulos, há uma pergunta
escrita no centro, as quais são, respectivamente: “Quais propriedades e requisitos devem ser cumpridos?”, “Os materiais e sistemas
cumprirão as propriedades requeridas?”, “A escolha dos materiais/sistemas, em termos de custo/risco/performance, está avaliada?”.

Você, como futuro(a) profissional da Engenharia, deve ter em mente que qualquer alteração em uma
edificação precisa ser pensada por meio de um projeto. A partir dele, serão definidas as melhores
soluções, assim como será analisada a viabilidade desta “mudança”.
Portanto, os serviços de reforço requerem, sempre, a prévia elaboração de um projeto e de um cál-
culo estrutural, devido à alteração na funcionalidade da estrutura (por exemplo, o aumento da carga
de utilização) e, também, devido à consequência do dano sofrido pela estrutura.

79
UNICESUMAR

Conforme preveem os autores Vicente Custódio Moreira de Souza e Thomaz Ripper (1998), a
partir desse projeto, serão definidas as peças das estruturas que deverão ser reforçadas bem como a
extensão desta intervenção, a reconstituição das características originais geométricas, de resistência e
de desempenho. Também, a determinação da capacidade resistente residual da estrutura ou da peça e,
consequentemente, a definição do tipo, da intensidade e extensão do reforço necessário, a indicação da
necessidade de escoramento, a avaliação do grau de segurança no qual se encontra a estrutura, antes,
durante e depois da execução do reforço, a escolha da técnica executiva a ser utilizada e, finalmente,
das tarefas necessárias, incluindo o custo real da empreitada.

Ora, basicamente, você deverá responder às seguintes perguntas:


• É possível utilizar a estrutura original?
• Haverá substituição das “peças”?
• Qual a extensão da intervenção?
• A estrutura ainda suporta cargas mínimas de projeto?
• Quais as dimensões das novas peças?
• Qual o material?
• Deverá haver a sustentação da estrutura, enquanto ela for reparada?
• É possível realizar o reparo ou deverá ser indicada outra técnica?
• Qual a melhor técnica aplicável?
• Há mão de obra ou empresa que execute tais reparos?
• Quais são os custos?
• É viável reparar?
• É um caso de demolição?

Um interesse considerável das partes envolvidas é o custo


da recuperação. Caso ele seja, extremamente, alto e se torne
inviável de ser realizado, a estrutura está fadada à demolição.
A Figura 3 ilustra uma estrutura muito degradada, cuja
destinação mais provável e viável é a demolição.
Figura 3 - Estrutura abandonada, altamente, degradada e passível de
demolição

Descrição da Imagem: na fotografia, feita pela ótica do observador, vê-se,


em perspectiva, a construção interna de um local, onde é possível identificar
o seu estado bastante degradado, com dezenas de pilares em fileira, os quais,
nos seus aproximados primeiros metros, a partir do chão, são coloridos de
azul, e o restante encontra-se em branco. Os pilares unem-se ao teto, tanto
à direita quanto à esquerda, oferecendo a sensação de afunilamento do
espaço, devido à posição de onde a foto foi realizada. Tal posição oferece,
também, a ilusão de um corredor onde, ao fundo, observa-se uma passagem
larga, com acesso para ambos os lados. O piso em tom acinzentado e o teto
branco apresentam muitas manifestações patológicas, como: manchas
escuras em toda estrutura e tinta soltando-se em algumas partes.

80
UNIDADE 4

Ainda falando sobre os materiais, é essencial conhecer os seus principais tipos, ainda que, brevemente,
para serem empregados, de forma adequada.
Segundo os autores Vicente Custódio Moreira de Souza e Thomaz Ripper (1998), os materiais de
mais destaque destinados a reforço ou recuperação estrutural são os concretos e as argamassas, os quais
têm materiais constituintes diversos, garantindo-lhes uma característica específica.
A Tabela 1, a seguir, apresenta os principais materiais utilizados e a sua aplicação.

PRINCIPAIS CARAC-
MATERIAL PRODUTO APLICAÇÃO
TERÍSTICAS

Redução do fator A/C


Aditivo plastificante
RX322N e aumento da plastici- Concretos em geral
pega normal
dade.

Redução do fator A/C


e aumento da plasti- Concreto em geral,
Aditivo plastificante
RX322R cidade com o retar- transporte de longa
retardador
damento do tempo distância.
de pega.

Redução de 20 a 30%
Aditivo superplastifi-
RX 3000A de água com acelera- Concreto “CAD”
cante retardador
ção de resistência.

Aceleração da desfor-
Aditivo acelerador de Concreto pré-fabrica-
RX 122 CL ma e aumento da re-
pega (CL) do
sistência.

Aditivo acelerador de Aceleração do tempo Concreto projetado


REAX GUNITE SR
pega em pó de pega via seca

Aditivo acelerador de REAX GUNITE LÍQUI- Aceleração do tempo Concreto projetado


pega líquido DO de pega via úmida

Aditivo para argamas- Plastificante e retar-


LA 200/ REAXNOL Argamassa em geral
sa RX dador

Aditivo impermeabili- IMPERMEABILIZANTE


Impermeabilização Concreto e argamassa
zante REAX STOP LAJE 100

Fluido, retração com-


Reparos e reforços es-
MCAD pensada, elevada re-
truturais.
sistência.
Microconcreto
Bombeável, isento de
Fixação de equipa-
REAX GROUT retração, autoadensá-
mentos, trilhos etc.
vel.

81
UNICESUMAR

PRINCIPAIS CARAC-
MATERIAL PRODUTO APLICAÇÃO
TERÍSTICAS

Fluido, autoadensável, Fixação de equipa-


REAX GROUT SR
expansão controlada. mentos, trilhos etc.

Grout Seco, isento de retra- Acertamento de cal-


REAX GROUT SHIM
ção. ços

Fácil acabamento e Revestimentos e im-


REAXSEL 10
boa aderência. permeabilização.

Tixotrópica, retração
REAXSEL 30 reduzida, boa ade- Reparos superficiais
rência.

Tixotrópica, retração Reparos superficiais


REAXSEL 31 reduzida, boa ade- com pequenas espes-
rência. suras.

Substrato limpo, base Aderência concreto


ADEREX
PVA. novo- concreto velho.

Argamassa polimérica
Substrato úmido, base Aderência concreto
REAXCRIL
acrílico. novo-concreto velho.

Grouting, reparos de
Substrato seco, base
REAXDUR 600 concreto, revestimen-
epóxi.
to de piso.

Tixotrópico, ancora-
Substrato seco, base
REAXDUR 602 gem, fixação de apoios
epóxi.
e estrutura.

82
UNIDADE 4

PRINCIPAIS CARAC-
MATERIAL PRODUTO APLICAÇÃO
TERÍSTICAS

Substrato seco, base Injeção de trincas e


REAXDUR 603
epóxi. fissuras.

Fixação de apoios, an-


Substrato seco, base
REAXDUR 610 coragem, colagem de
epóxi fluido
concretos.
Adesivos

Substrato seco, base Fixação de apoios, an-


REAXDUR 610-A epóxi, fluido, longo coragem, colagem de
pot-life. concretos.

Argamassa de pega Alta resistência com 1 Recuperação de pavi-


SET REAX PLUS
rápida hora, liberação rápida. mento de concreto.

Proteção da armadu-
Inibidor de corrosão,
Primer para armadura REAX 119 GZn ra contra corrosão por
rico em zinco.
anodo de sacrifício.

Tabela 1 - Materiais existentes no mercado para serviços de recuperação e reforço de estruturas de concreto / Fonte: adaptada
de Souza e Ripper (1998).

Apresentarei o resumo de algumas intervenções em superfícies de concreto. Para superfícies expostas,


temos alguns tratamentos superficiais cujos nomes são bem intuitivos em relação ao procedimento a
ser feito, então, vejamos:

• Polimento: técnica utilizada em superfícies, inaceitavelmente, ásperas, decorrentes


de deficiências construtivas, causadas por utilização de forma bruta ou falta de vi-
bração adequada. Essa técnica também é indicada para aqueles casos de desgastes
provocados pelo próprio uso.
• Lavagens: nesta técnica, é possível utilizar tanto soluções ácidas quanto básicas
na remoção de impurezas, tintas, graxas e manchas que não seriam removidas,
apenas, com água. Aliás, neste caso, a água pode ser utilizada, por meio de jatos de
alta pressão, como mostra a Figura 4.

83
UNICESUMAR

• Apicoamento: é a retirada da camada mais


externa do concreto das peças estruturais,
com intuito de as potencializar para a com-
plementação, por meio de uma camada
adicional de revestimento, em concreto
(Figura 5) ou argamassa, a fim de aumentar
a espessura de cobrimento das armaduras.

Figura 4 - Aplicação de jatos de água para lavagem superfi-


cial do concreto

Descrição da Imagem: na fotografia, feita segundo a pers-


pectiva do observador, vê-se uma pessoa ao lado esquerdo
da imagem e em pé, vista de perfil e dos ombros para baixo,
utilizando camisa de mangas longas em tom de cinza, luvas
de proteção cinzas e um macacão em tom de alaranjado.
Com a mão esquerda, essa pessoa segura a base da ferra-
menta que solta jatos d’água, os quais são direcionados para
a lavagem do meio-fio, formado por blocos de concreto altos
que dividem a via. Os jatos são, também, direcionados ao en-
torno desses blocos, deixando a via, parcialmente, molhada.
No canto superior esquerdo da imagem, é possível observar Figura 5 - Apicoamento mecânico de um contrapiso de
partes das rodas de alguns veículos trafegando na via. concreto

Descrição da Imagem: na fotografia, vê-se uma pessoa do


• Jatos de vapor: o procedimento é similar lado direito da imagem, vista, parcialmente, e em perfil. As suas
ao dos jatos de água, porém exige uma pernas estão meio flexionadas, enquanto o dorso, na horizon-
tal, está voltado para o lado esquerdo da imagem, usando calça
caldeira para geração de vapor. Removem jeans azul-escuro e coturnos pretos. A perna esquerda é vista,
primeiramente, já os braços vestem camiseta de manga longa
impurezas minerais (sais) e orgânicas (gra- na cor preta. Ambas as mãos, cobertas por luvas pretas, segu-
ram um equipamento que faz o apicoamento mecânico de um
xas, óleos). contrapiso em concreto. O chão do espaço encontra-se todo
em pedaços de diversos tamanhos e amontoados. As paredes,
• Jatos de areia: o procedimento é emprega- ao fundo, estão pintadas de branco e apresentam manchas de
do na maioria dos sistemas de recuperação, sujeira. A parede, localizada à direita da pessoa, mostra uma
janela com perfis metálicos em branco e vidros transparentes,
imediatamente, após os trabalhos de corte através dos quais é possível enxergar a claridade intensa da
parte externa. Embaixo da janela, há a condensadora de um
do concreto, para preparar as superfícies à aquecedor de ambientes, também, em branco.

recepção dos materiais. Os jatos de lima-


lha de aço são uma alternativa aos jatos de • Corte (remoção profunda de concreto de-
areia, em alguns casos. gradado): como o próprio nome descreve,
• Escovação manual: técnica aplicada, exclu- o corte é qualquer remoção profunda de
sivamente, em pequenas superfícies locali- concreto (Figura 6), sem ser, apenas, lim-
zadas em pequenas extensões de barras de peza superficial (apicoamento).
aço com evidência de corrosão.
A intervenção mais drástica é a demolição do con-
creto, em parte da estrutura ou nela inteira.

84
UNIDADE 4

A melhor solução a este caso é a aplicação de


um material elástico e não resistente, afinal, me-
diante a movimentação, o material apresentará
certa trabalhabilidade e, então, suportará esta
concentração de cargas.
As principais técnicas serão detalhadas, a seguir:
• Injeção de fissuras (Figura 7): as fissuras
com abertura superior a 0,1 mm devem
ser injetadas, procedimento que é feito,
sempre, sob baixa pressão. A aplicação
Figura 6 - Remoção de concreto por corte
dessa injeção garante o enchimento dos
espaços formados pela fenda, em ambos
Descrição da Imagem: na fotografia, vê-se, parcialmente, os casos — fissuras ativas ou passivas —,
na lateral esquerda da imagem, a figura de uma pessoa que
veste macacão jeans azul e camiseta de manga curta verde- deve haver, apenas, mudança do material
-musgo. Com a mão direita, a pessoa segura a base de apoio
na parte traseira da ferramenta, enquanto a mão esquerda
(rígido ou elástico).
está segurando uma haste de apoio e movimentação da serra.
Ambas as mãos estão sem luvas de proteção. A serra apre-
senta-se em movimento, cortando um bloco de concreto de
tom cinza-claro, onde o disco de metal está cravado. O tom
de cinza também se repete no entorno, onde há mais blocos,
dessa vez, descontruídos, com as ferragens escuras e as suas
amarrações todas expostas. Ao fundo, no centro, por meio da
imagem, levemente, distorcida, é possível ver uma parede de
tijolinhos à vista, em tom marrom avermelhado, ladeada por
detalhes de paredes em branco.

Agora, abordaremos o tratamento de fissuras. Ele


está ligado à identificação da causa, ou, dito de
outra forma, do tipo de fissura com o qual o tra-
tamento está lidando, mais especificamente, em
Figura 7 - Injeção de fissura
relação à atividade (variação de espessura), ou
não, da fissura, e da necessidade, ou não, de exe- Descrição da Imagem: na fotografia, há duas pessoas vistas
em perfil, ambas com o dorso, praticamente, em linha hori-
cutar reforços estruturais (situações cujas fissuras zontal e as pernas semiflexionadas, uma de frente para a ou-
tra. A pessoa da esquerda é um homem de pele clara, cabelos
resultam de menor capacidade resistente da peça). curtos e barba cheia de cor preta, usa capacete de proteção
De forma simplificada, é necessário determi- na cor branca e óculos de proteção de lentes transparentes,
veste calça jeans escura, coturnos pretos e camiseta preta de
nar se a estrutura está estática (fissuras passivas) mangas curtas. As suas mãos vestem luvas de proteção pretas
e seguram um pedaço de ferro que encosta na laje. A outra
ou apresenta movimentação (fissuras ativas). pessoa é um homem negro, localizado à direita da imagem
e com o corpo voltado mais à frente. Ele traz, na cabeça,
Para você entender melhor, imagine uma es- um capacete de proteção de cor amarela, a sua camiseta é,
trutura que está apresentando movimentação e, também, amarela e tem mangas curtas, com faixas de sina-
lização fluorescentes em prata metalizado, calça e joelheiras
com isso, ela tem fissuras, trincas que estão au- de proteção na cor marrom. Ele segura em suas mãos, que
estão com luvas de proteção, um equipamento com aspecto
mentando, progressivamente. Caso você aplique de furadeira, cuja ponta cravada no concreto da laje realiza o
procedimento de injetar o concreto na laje. As duas pessoas
um tipo de tratamento cimentício, por exemplo, estão sobre uma laje, cujas divisões todas apresentam ferros
expostos e onde está sendo depositada a massa de cimento
rígido, esta solução será paliativa, pois a movi- para preenchimento dos espaços na laje. Ao lado do homem
mentação tornará a trincar o local onde foi in- de capacete branco, há dois aparelhos que lembram baterias
de carga, de cor preta e com alças de suporte em tom de cinza.
troduzido o material. Ambos os homens estão sob sol intenso.

85
UNICESUMAR

Ancoragens dos grampos


• Selagem de fissuras (Figura 8): é uma téc- não alinhados

nica de vedação dos bordos das fissuras


ativas, por meio da utilização de um ma- Furos no concreto para
ancoragem dos grampos
terial, necessariamente, aderente, resistente preenchidos com adesivo

mecânica e quimicamente, não retrátil e


com módulo de elasticidade suficiente
para se adaptar à deformação da fenda.
Fissura

RESINA OU "GROUT" Ω SELAGEM EPOXÍDICA

Figura 9 - Reparo de uma fissura por grampeamento ou


costura / Fonte: Souza e Ripper (1998, p. 33).
SELAGEM EPOXÍDICA

Descrição da Imagem: a imagem ilustrada, em preto e bran-


Figura 8 - Selagem de fendas com pouca abertura / Fonte: co, apresenta um corte em uma peça de concreto que possui
Souza e Ripper (1998, p. 33). uma fissura irregular, na vertical, em seu meio. Sobre essa
fissura, foram colocados seis grampos na horizontal, do início
ao fim da peça, os quais estão nomeados como “Ancora-
Descrição da Imagem:a imagem, ilustrada em preto e gem dos grampos não alinhados”, os mesmos apresentam
branco, apresenta a selagem de uma fenda em uma peça a função de unir ambas as partes da peça em toda a exten-
estrutural. Vê-se o desenho de um retângulo cujas margens são fissurada. Os furos onde se encaixam os grampos estão
superior e inferior têm reta mais espessa e as laterais, aber- identificados como “Furos no concreto para ancoragem dos
turas. O interior está preenchido com um típico pontilhado, grampos preenchidos com adesivo”.
também, em preto. Na metade do retângulo, há uma forma
geométrica apresentando o corpo reto e a parte superior
com largura maior, cujo interior traz detalhes de retas que
saem em diagonal, da esquerda (parte mais baixa) para a Introduziremos, neste momento, um novo tema
direita (parte mais alta). Em cima da ilustração, por fora e no
enquadramento central, é possível ver três retas, duas na em nossa unidade. Você saberia diferenciar uma
vertical e uma na horizontal, que se encontram por meio de
amarrações nos cantos de cada junção superior, para unir
recuperação ou um reparo de um reforço estru-
essas retas, e em cima da reta horizontal, está a letra grega tural? Atente-se para o significado gramatical das
ômega. No canto superior esquerdo, lê-se “Resina ou grout”,
indicando a posição na parte final do detalhe central; lê-se palavras e chegará perto da resposta!
“Selagem epoxídica”, com a reta indicando a parte superior
do detalhe central, e “Selagem epoxídica”, indicando a parte Como o próprio nome diz, a recuperação ou
inferior do detalhe central.
o reparo é caracterizado por ser uma intervenção
que não implica a introdução de materiais cuja
• Costura das fissuras: é uma técnica es- finalidade é aumentar ou reconstituir a capaci-
pecífica para aplicação em fissuras ativas dade portante da estrutura. Mas, o que seria isso?
provocadas por deficiência localizada de São aqueles casos em que, por exemplo, não é
capacidade resistente, cuja solução é dis- necessário introduzir armadura para a estrutura
por de uma armadura adicional que re- suportar as sobrecargas que ela tem sofrido. O
sista ao esforço causador da manifestação oposto disso ocorre na etapa de reforço estrutural,
patológica na estrutura. Essas armaduras como o próprio significado da palavra cita.
aparentam ser “grampos”, por isso, o pro- No caso dos reparos ou da recuperação, existe
cedimento também se chama grampea- a seguinte classificação, segundo a proporção de
mento (Figura 9). intervenção na estrutura:

86
UNIDADE 4

• Rasos ou superficiais: profundidade infe- o cobrimento da armadura pode se apresentar


rior a 2 cm. deteriorado devido a má concretagem, formas
• Semiprofundos: profundidade entre 2 e mal posicionadas, montadas etc. Para realizar este
5 cm. reparo, utiliza-se a argamassa. Há a possibilidade
• Profundos: profundidade superior a 5 cm de aplicar alguns tipos de argamassas, como: a
(Figuras 10). convencional (de cimento e areia), as epoxídicas
(compostas por resinas), as projetadas com adi-
tivo acelerador, entre outras.
10 cm
Além disso, podem ser realizados reparos com
concreto, seja com agregado pré-colocado, seja de
concreto convencional ou com adesivos e con-
creto projetado.
Já para os trabalhos de reforço, é possível
20 cm
introduzir armaduras de complementação (Figura
11) ou por adição de chapas e perfis metálicos.
(a) Pilar (b) Viga

Figura 10 (a) - Representação da profundidade de um reparo


em pilar; Figura 10 (b) - Representação da profundidade de
um reparo em viga / Fonte: Souza e Ripper (1998, p. 34).

Descrição da Imagem: na figura, vê-se a ilustração, em preto


e branco, de duas imagens, lado a lado. Na Figura 10 (a), é pos-
sível ver um corte em um pilar, especificando que, a partir do
dano visto na parte direita da imagem, de forma central, é feita
uma intervenção de 10 cm na região superior e 20 cm de lar-
gura na região inferior; são observados os detalhes expostos,
por exemplo, o ferro na vertical. Na Figura 10 (b), há um corte
em uma viga, na parte inferior, identificando a magnitude da
intervenção, sem especificação de medida, onde é possível ver
os detalhes da parte exposta bem como o detalhe do ferro em
U, mais aberto, como se fosse encaixar com a parte superior.
Figura 11 - Reforço por acréscimo de barras de armadura

É possível realizar o reparo com técnicas ao Descrição da Imagem: a fotografia, tirada em perspectiva,
com foco para o canto da edificação, projeta a imagem de
utilizar argamassa, por exemplo. Devido ao seu ambas laterais, onde são observados detalhes de uma parede
caráter não estrutural, são utilizadas em pequenas com tijolos marrom avermelhados aparentes e uma parte
com concreto, onde há a inserção de armaduras em ferro
profundidades, somente, como enchimento de entre a viga e a alvenaria, como forma de reforçar a base da
edificação. Em volta da viga, são passadas três barras de ferro
falhas e como regularização, tal qual no caso de de cor cinza-chumbo, contidas por ferros perfurados no pilar,
onde são feitas as amarrações e, assim, a sustentação dos
quinas quebradas nos elementos estruturais. mesmos. No chão, vê-se a terra marrom avermelhada com
detalhes de partículas de pedregulhos.
Se você já fez estágio em obra ou teve algum
tipo de vivência neste local, sabe que, por vezes,

87
UNICESUMAR

Título: Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto


Autores: Vicente Custódio Moreira de Souza e Thomaz Ripper
Ano: 1998
Sinopse: este livro tem, por objetivo, o estudo do desenvolvimento de
manifestações patológicas em estruturas de concreto armado ou pro-
tendido bem como dos métodos e procedimentos para recuperação e
reforço dessas estruturas e os trabalhos de manutenção necessários
para evitar o surgimento das patologias.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Historicamente, um dos primeiros sistemas de reforço foi com perfil metálico. Basicamente, é utilizado
um sistema de encamisamento, sem recurso de resinas e, simplesmente, é transferida a capacidade de
resistência do concreto para o aço.
A Figura 12 ilustra um reforço típico de pilar de concreto armado com o recurso da utilização de
perfis, chapas e conectores metálicos.
Atualmente, estão sendo utilizadas novas téc-
nicas com a aplicação de fibras de carbono. As
dificuldades de aplicação deste elemento são a
escassa mão de obra e os custos mais elevados, po-
rém as suas eficiência e praticidade são vantagens
consideráveis. Ao mesmo tempo, a protensão é
uma técnica muito eficiente, mas também precisa
de mão de obra especializada e apresenta valor
elevado (Figura 13).
Figura 12 - Reforço de pilar com perfis / Fonte: Souza e
Ripper (1998, p. 34).

Descrição da Imagem: na imagem ilustrada, há um pilar


envolto por perfis metálicos. Inseridas nos cantos, de forma
vertical e horizontal, estão cinco fileiras interligando os perfis,
em um procedimento chamado de encamisamento, que é
classificado como reforço estrutural. O pilar encontra-se preso
a uma parte de concreto visto de cima para baixo.

88
UNIDADE 4

Figura 13 - Aplicação de protensão exterior substituindo um pilar danificado com redistribuição de esforços / Fonte: Souza e
Ripper (1998, p. 34).

Descrição da Imagem: a imagem é a ilustração de um pórtico visto de frente, com pilares, vigas e lajes. É possível ver três pilares, um
do lado do outro. O pilar central apresenta estrutura inadequada e, no centro dele, há uma seta diretiva apontando para cima. No meio
dela, passa uma reta curvada que sai da extremidade do canto esquerdo da laje, desce até metade da seta diretiva e continua atingindo
a extremidade direita da laje. Em ambos os lados, onde se vê a reta curvada, há uma seta diretiva que aponta para essa reta. Setas e
reta são vistas na cor preta e de forma mais espessa. Após os pilares, é possível ver a laje e as vigas.

Agora, abordarei correções das manifestações patológicas mais comuns que você encontrará na sua
vida profissional.
A Figura 14 mostra uma armadura de pilar em processo de corrosão. Você sabe que, nestes casos,
o concreto em torno da ferragem é degradado, portanto, a primeira medida é removê-lo, assim como
os resíduos de corrosão, limpando bem as superfícies.
Depois, deve-se reconstituir a seção original da arma-
dura. Quando a corrosão não afeta o concreto ou as
barras, você pode utilizar as argamassas citadas, para
recuperar o componente original.
Figura 14 - Pilar com armadura em processo de corrosão
Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a fotografia mostra um pilar em tom acinzenta-


do com elevado grau de degradação. No centro dele, a armadura está
exposta e, com isso, ela entrou em processo de corrosão. Há pontos
amarelados e chapiscos esbranquiçados em volta dela bem como o
estufamento do concreto causado pela expansão do aço.

89
UNICESUMAR

Em casos cujo estágio é avançado, deve-se reforçar o componente estrutural, aumentando as dimen-
sões originais. Caso seja gravíssima a situação, há a chance de recorrer à demolição e à reconstrução.
Já os ninhos/nichos de segregação, já citados, podem receber reparos superficiais com argamassas
ou reparos profundos com concreto, conforme a Figura 15.

Figura 15 - Aplicação de graute

Descrição da Imagem: na fotografia, é possível ver a mão direita de uma pessoa, com luva de proteção na cor preta e segurando uma
trolha (colher de pedreiro), aplicando, no concreto do chão próximo à parede, uma argamassa de cimento e areia para reparos superficiais.

O vídeo, a seguir, é uma entrevista com um ícone da Engenharia, o ca-


tedrático da Universidade de Porto, em Portugal, o professor Humberto
Varum. No vídeo, o professor fala sobre o tema reforço e recuperação
estrutural, cita a sua área de pesquisa, discorre acerca da sua atuação
na área e oferece dicas. Espero que goste!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Prezado(a) aluno(a), assim encerramos a nossa unidade que trata de terapia das superestruturas.
Você aprendeu a analisar e a fazer o levantamento da extensão das intervenções, sejam superficiais,
sejam profundas, os materiais que podem ser aplicados, as principais técnicas empregadas em situações
específicas (por exemplo, o caso em que a movimentação está, ou não, presente), a analisar o custo e,
por fim, se vale a pena realizar os procedimentos, ou, simplesmente, se é melhor demolir a edificação.
A partir de agora, você, como futuro(a) engenheiro(a), terá mais fundamentação para estudar e pro-
por as principais intervenções de reparo e recuperação existentes em edificações e, assim, terá subsídios
suficientes para prescrever a técnica mais adequada e atuar neste nicho de Perícias na Construção Civil.

90
Agora, te convido a preencher o Mapa Mental, a seguir, em que você poderá verificar os passos
para a resolução das manifestações patológicas da construção civil. Tendo em mente este caminho
a ser seguido, você terá muito êxito.

Manifestação
patológica

Anamnese
Ensaios in loco

Escolha da terapia

91
1. Com relação ao projeto estrutural de reforço, é correto afirmar que:

a) Não é necessário a edificações residenciais.


b) Não é necessário a edificações comerciais.
c) Não é necessário a pequenas edificações.
d) Não é necessário a pequenas modificações.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. No caso de tratamento de fissuras ativas (em movimentação), você indicaria qual tipo de
material?

3. Para o caso de tratamento de elementos em concreto que sofreram corrosão das armaduras,
qual o procedimento adequado a ser tomado?

92
5
Técnicas de Reparo e
Reforço de Fundações
Esp. Stephanie Vicente Moi

Na Unidade 5, você terá a oportunidade de aprofundar os seus co-


nhecimentos sobre técnicas de reparo e reforço de fundações. Por
vezes, a superfície da fundação não é eficaz para a carga aplicada ao
solo, ou, ainda, foi imposta uma sobrecarga não prevista, mudando
a utilização da estrutura. Solos constituídos por areias soltas e/ou
argila também podem sofrer modificações importantes em sua
capacidade portante e em sua estabilidade, devido à presença ou
à ausência de água. Fatores externos, como vibrações, movimen-
tação sísmica e afundamentos têm a chance de causar recalque
do solo. Assim, serão detalhados as substituições ou os reforços
que podem ser adotados em cada situação, a fim de aumentar a
segurança da fundação original, segurança esta comprometida por
baixo desempenho ou mudança em seu uso.
UNICESUMAR

A fundação é a combinação dos elementos estruturais que envolvem o solo e a


edificação que será construída. É, literalmente, a base da Engenharia Aplicada, por
isso, é de fundamental importância que seja bem executada.
Nos casos em que este objetivo não foi atingido, satisfatoriamente, a superestru-
tura aponta por meio de fissuração, recalques etc. Diante disso, você já se perguntou
qual a importância do emprego das técnicas de reparo e reforço de fundações?
Como aluno(a) de Engenharia, você já deve imaginar que as fundações repre-
sentam a parte essencial e mais importante para a estabilidade e a segurança de
uma edificação. Ora, a partir dessa “base” são construídas todas as outras etapas
subsequentes da obra, isso todo mundo já sabe!
O reparo, a conservação e o reforço das estruturas construídas pelo homem é
de grande importância para a Engenharia, visto que fazem parte da preservação
do patrimônio histórico de um povo ou de uma civilização.
Partindo deste entendimento, a interação entre solo e fundação é vital para man-
ter o desempenho adequado, a durabilidade e a longevidade de uma edificação, a
partir do combate às manifestações patológicas que hão de acontecer, seja por mau
desempenho do projeto, seja por execução ou pelo próprio uso.
Agora, é com você! Use os seus recursos de pesquisa, material didático, expe-
riências, conhecimento aplicado em estágios e em obras e descreva a aplicação mais
importante do tema “reforço” ou “recuperação de fundações” utilizada na história
da humanidade. Pode ser aquela que você achou ser a mais curiosa e interessante.
Como você pôde perceber em sua pesquisa, não foi fácil escolher a aplicação
mais importante, visto que foram muitas, não é mesmo? De fato, esta afirmação
é muito abrangente, pois cada estrutura tem as suas importância e utilidade no
contexto em que está inserida, além de existirem inúmeros tipos de tratamento,
por reforço ou recuperação da fundação.
A forma como será aplicada essa técnica dependerá de aspectos como: a segu-
rança, a viabilidade, o prazo para execução etc., pilares importantíssimos desde o
projeto de fundação até a fase que estamos tratando. É preciso entender que serão
modificados aspectos na sustentação da edificação, durante o processo de recupe-
ração e reforço, portanto, a segurança é essencial à execução.
Garantida esta estabilidade, é necessário fazer o orçamento e verificar se é viável e
econômico aplicar a solução que você deseja. Lembre-se: a Engenharia preocupa-se
muito em otimizar recursos.
Por fim, o prazo de execução. O(a) cliente sempre está ansioso(a) pela conclusão
de qualquer fase da sua obra, inclusive a recuperação. Por isso, deve-se analisar
este último aspecto, para determinar a técnica mais adequada à situação que você,
engenheiro(a), encontrará.
No Diário de Bordo, a seguir, você pode registrar as suas reflexões acerca do tema.

94
UNIDADE 5

Neste podcast, serão apresentados alguns exemplos práticos da apli-


cação do reparo e reforço das fundações. Será um resumo interativo
do conteúdo que você lerá, a seguir. Espero que você ouça e entenda
melhor o assunto! Aproveite!

Prezado(a) estudante, acostume-se com o fato de que toda edificação sofre recalque, mesmo que
pouco. Ao mesmo tempo, a estrutura deveria suportar este pequeno recalque sem “reclamar”, ou seja,
sem apresentar trincas (Figura 1).

95
UNICESUMAR

Figura 2 - Edificação que apresenta recalque de fundação

Descrição da Imagem: a imagem é uma ilustração da parte


da frente de uma residência de grande porte, que sofreu um
Figura 1 - Edificação que apresenta trincas iniciadas na recalque de fundação, ou seja, o solo cedeu à direita e, com
fundação isso, apareceram rachaduras nos pontos onde houve esta
quebra do vínculo com a edificação estabilizada.

Descrição da Imagem: a imagem ilustrada apresenta uma


residência com telhado de duas águas. A residência é apre-
sentada desde o teto até a fundação inserida no solo. Devido
a problemas de recalque, há trincas que se estendem a partir
Como pudemos observar na Figura 2, ocorreram
da fundação até próximo ao teto. danos arquitetônicos que afetaram a estética da
edificação (trincas nas paredes e acabamentos),
Em casos específicos, caso essas trincas apareçam, correndo o risco de romper a cerâmica do piso e,
entrará em ação a sua habilidade, como engenhei- conforme o caso, painéis de vidro e o mármore.
ro(a), em projetar um reforço ou uma recupera- Também é possível haver danos funcionais que se
ção da fundação, a fim de evitar o desabamento. referem ao uso, como: ruptura de redes de água,
O conceito de reforço de fundação trata da esgoto e pluviais e mau funcionamento das aber-
intervenção no sistema solo-fundação-estrutu- turas (esquadrias e portas).
ra, com o objetivo de aumentar o seu desempe- Os mais graves são os danos estruturais, aque-
nho. Isso ocorre devido ao fato de que aquelas les que afetam os elementos estruturais — pilares,
fundações existentes estão insuficientes no su- vigas e lajes — este último caso demanda, neces-
porte às cargas atuantes, ou, caso tenha havido sariamente, reforço, visto que pode causar insta-
uma mudança de utilidade da estrutura, não bilidade e iminente colapso.
há, dentro do coeficiente de segurança aplica- Segundo Waldemar Hachich et al. (1998), os
do durante a fase de projeto, como suportar o reforços podem se subdividir em dois tipos: os
aumento do carregamento. permanentes e os provisórios. Os primeiros
Conforme a Figura 2, é possível notar que a são definitivos, quando complementarão, por
edificação apresenta mau desempenho de sua si, a capacidade de suporte das fundações exis-
fundação perante as manifestações patológicas tentes. Já os segundos são aqueles de caráter de
que ocorrem na superestrutura, os quais são: re- curta duração, para permitir que sejam efetua-
calques e desaprumos. dos os permanentes, de modo que a fundação
não fique sobrecarregada.

96
UNIDADE 5

Existem casos em que é necessária a subs- No caso de reforço de fundações cujo desem-
tituição de fundações. Para tanto, não é feito o penho é deficiente em transmitir as cargas — de-
reforço dos elementos estruturais originários e vido às ampliações em altura da estrutura ou das
existentes, mas a substituição por outros, novos, sobrecargas — deve-se aumentar as dimensões da
sem ter, necessariamente, forma e constituição, base da fundação, a fim de que a relação carga/
previamente, usadas. superfície dê uma tensão que esteja dentro da
Durante a execução do reforço, a primeira tensão admissível do solo.
medida a ser tomada é a utilização de escoras Em sapatas isoladas, um método aplicado em
(Figura 3), as quais proporcionam alívio da par- reforço consiste em colocar, debaixo da sapata de
te da estrutura e reduzem, temporariamente, os concreto, um novo bloco de concreto armado que
carregamentos, além de permitir que os trabalhos tenha as dimensões superficiais adequadas à nova
sejam realizados sem nenhum perigo. carga. A execução correta desse processo baseia-
-se em realizar a escavação do terreno até obter
a nova caixa ou o poço da fundação (Figura 4) e,
em seguida, por meio de um martelo pneumático,
cortar parte da zona inferior da sapata existente,
até conseguir um tronco de pirâmide invertida
com os lados inclinados a 30º.

Figura 3 - Utilização de escora em viga

Descrição da Imagem:a fotografia apresenta alguns pilares e


vigas sob uma laje, onde está sendo utilizada uma escora na
viga para auxiliar na sustentação deste conjunto estrutural.

30º

Sempre que é realizado um apoio, deve-se, pri-


meiramente, estudar como ele atuará sobre a
estrutura, pois há a redistribuição dos esforços, Figura 4 - Execução correta do reforço para evitar o efeito
colocando, assim, a estrutura em perigo. da retração / Fonte: adaptada de Cánovas (1988).

As soluções a serem adotadas dependem de:


Descrição da Imagem: a imagem ilustrada representa um
prazo, tipo de solo, fundação existente, carrega- corte no solo em formato retangular. Na região central está
inserida a sapata que passará por um reforço estrutural. Nele,
mentos e espaço para desenvolver as atividades. será feito um corte no solo abaixo da sapata, no ângulo de 30º.
Iniciaremos pelos casos em que houve deterio-
ração dos materiais constituintes dos elemen-
tos de fundação, como os casos de corrosão Nos casos em que o coeficiente de segurança é
de armaduras das estacas, de blocos, sapatas adequado e a fundação está em perfeitas con-
e tubulões. Desse modo, é feito o reparo ou o dições, é necessário o reforço, pois serão acres-
reforço dos materiais. centados novos pavimentos. Não é inadequado

97
UNICESUMAR

abrir uma vala ao redor da sapata e introduzir


o concreto, parcial e ao redor dela. Assim, serão
aumentadas as dimensões laterais da sapata exis-
tente. Para absorver o efeito do esforço cortante
entre as duas oncretagens, deve-se aplicar um
adesivo epóxi em torno da superfície lateral, a
fim de fazer a união entre eles.
Uma situação na qual se utiliza a técnica de
reforço é aquela em que haverá a construção de
edificações vizinhas, e o nível de escavação ultra-
passa a base das fundações da edificação existente,
sendo possível a produção de recalques, defor-
mações, trincas ou deslizamentos da estrutura.
Para tanto, é feito um escoramento ou travamento
no edifício existente, com o objetivo de evitar a
movimentação até que sejam finalizadas as obras
de contenção ou reforço, nas quais se eleva a fun-
dação ao nível igual ou inferior do que será cons-
truído (Figuras 5 e 6).

Figura 6 - Estrutura de contenção

Descrição da Imagem:a fotografia apresenta uma escavação


na qual foi utilizada a técnica de cortina de estacas, que estão
lado a lado, para estabilizar o solo. Próximo a elas, há uma
perfuratriz hidráulica.

O reforço dos elementos estruturais, como as sa-


Figura 5 - Apoio lateral de dois edifícios / Fonte: adaptada de
patas, pode ser substituído por beneficiamento do
Cánovas (1988). terreno, seja pelo enrijecimento, seja consolidação
por meio de injeções.
Descrição da Imagem:a imagem é uma ilustração que repre-
senta a região de divisa entre duas edificações vizinhas (as Sempre que possível, é aumentada a capaci-
suas paredes). Há uma estrutura fazendo o travamento entre
elas, visto que foi feita uma escavação em um nível abaixo
dade de carga do terreno mediante a injeção de
de suas fundações. pasta ou argamassa de cimento, produtos quími-
cos estabilizadores. Esta técnica é realizada por
empresas especializadas e requer conhecimento
profundo de sua execução, do tipo de terreno e
das cargas atuantes (Figura 7).

98
UNIDADE 5

de rigidez interligando as fundações, ou, pela in-


trodução de peças estruturais capazes de gerar o
travamento da estrutura.

Figura 7 - Demonstração de como funciona o processo


de injeção no solo / Fonte: adaptada de: UC Davis ([2022],
on-line).

Descrição da Imagem: a imagem é uma ilustração de um


trator com vários injetores introduzindo um composto esta-
bilizante no solo, o qual percola, de forma generalizada, na Figura 8 - Demonstração de como funciona o enrijecimento
região abaixo deste equipamento. da estrutura / Fonte: Hachich et al. (1998, p. 66).

Descrição da Imagem: a imagem é a ilustração de um pórtico


As injeções devem ser realizadas a uma profun- em formato bidimensional com fundação, pilares, vigas e lajes
didade tal que o reforço do terreno se estenda a de três níveis. Neles, foram introduzidas vigas de rigidez que
se estendem por toda superfície e realizam o travamento
toda zona afetada pelo bulbo de pressão, o qual, da estrutura.

por sua vez, foi originado pela carga que atua na


sapata. A sondagem posterior ao tratamento deve As chamadas estacas mega ou prensadas são
ser feita para comprovar a eficácia da operação. compostas por pequenas peças vazadas de con-
Desse modo, não é necessário modificar as sa- creto armado ou por perfis metálicos cravados
patas que permanecerão com as suas dimensões por meio de macaco hidráulico que reage contra
originais, portanto, o emprego desse sistema é uma cargueira (Figura 9), contra a estrutura ou a
viável, por ser mais fácil de aplicar, apesar de não fundação já existente.
ser o mais econômico.
As argamassas a serem empregadas nas inje-
ções costumam ser de cimento Portland e, even-
tualmente, areia fina, cimento e argila coloidal, de
silicato de sódio mais reativo para formar o gel, de
resinas orgânicas, resorcina-fenol, ureia-formol
e outras. O critério a ser utilizado na escolha de-
penderá das condições técnicas e econômicas da
situação, visto que o procedimento é caro.
Outra solução é proporcionar o enrijecimento
da estrutura para minimizar os recalques diferen-
ciais que estariam ocorrendo. Isso é possível de
ser alcançado por meio da introdução de vigas

99
UNICESUMAR

Torre de reação

Macaco hidráulico

Carga Carga

Plataforma

Roletes

Estaca

Figura 9 - Cargueira para cravação de estacas prensadas / Fonte: Hachich et al. (1998, p. 66).

Descrição da Imagem: a imagem ilustrada apresenta, ao centro, a execução de uma estaca prensada com o uso de um macaco hi-
dráulico (acima da estaca), cercado por duas torres de reação. O macaco é movimentado por roletes sob uma plataforma. O primeiro
rolete se apoia nessa plataforma a qual tem, sobre si mesma, duas cargas (uma em cada extremidade).

A utilização dessas estacas é conveniente em locais de difícil acesso de pessoas e equipamentos, não
geram vibrações, além de reduzirem os riscos de instabilidade que possam existir devido à precariedade
das fundações defeituosas. A segurança da obra, que está sendo reforçada, é aumentada logo após a
instalação de cada estaca.
As estacas de concreto, por sua vez, são vazadas, chamadas de tubos. É comum que sejam colocadas
barras de aço no interior e preenchidas com concreto, a fim de conferir preenchimento à estrutura. Em
paredes compostas, apenas, por alvenaria, é necessário executar vigas de concreto armado embaixo
delas, pois essas paredes não suportariam os esforços proporcionados pelo macaco hidráulico.
A seguir, será demonstrada a sequência executiva (Figuras 10).

100
UNIDADE 5

Calço

Baldrame, sapata
ou bloco

Estaca

Calço

Baldrame, sapata
ou bloco
Calço

Travesseiro

Estaca

101
UNICESUMAR

Cunha

Calço Área concretada


após retirada do
macaco
Travesseiro

Estaca

Figura 10 (a) - Sequência executiva de estacas mega ou prensadas: primeira parte; Figura (b) - Sequência executiva de estacas
mega ou prensadas: segunda parte; Figura (c) - Sequência executiva de estacas mega ou prensadas: terceira parte / Fonte:
Hachich et al. (1998, p. 70).

Descrição da Imagem: são apresentadas três imagens ilustradas, ordenadas em sequência, que ilustram a ordem executiva das estacas
prensadas cuja estaca que está sendo reforçada é concretada, em seu topo, a partir do uso do macaco hidráulico. A Figura (a) mostra,
no centro, na parte inferior, a estaca sob o macaco hidráulico e, em cima dele, há um pequeno calço, enquanto que, no topo, de forma
estendida e na horizontal, está o baldrame, a sapata ou o bloco. A Figura (b) mostra a mesma estrutura da anterior, porém, são acres-
centados calços em volta do macaco hidráulico e um travesseiro entre o macaco e a estaca. A Figura (c) mostra a mesma estrutura da
anterior, mas, agora, há a área concretada após a retirada do macaco e o acréscimo de uma cunha entre o baldrame e a área concretada.

Outra técnica, a estaca raiz, também chamada de estaca injetada, cuja


principal aplicação se dá em locais com limitações de altura, por exemplo,
em subsolos de edifícios, também não ocasiona vibrações e costuma ser
instalada de forma inclinada, na vertical, ou, perfura as sapatas e os blocos.
Quando há altura suficiente para a utilização de um bate-estacas (Fi-
gura 11), é possível empregar estacas convencionais de concreto armado,
protendido ou de metal. Geralmente, são feitas emendas, pois, o pé-direito
da edificação existente não permite a cravação de uma peça única.
Figura 11 - Bate-estaca

Descrição da Imagem: a fotografia apresenta um equipamento denominado bate-estaca, o


qual se compõe de uma torre e de um martelo. Este realiza um movimento para baixo, em
direção ao solo, e a força crava a estaca sobre esse solo.

102
UNIDADE 5

É possível utilizar estacas moldadas in loco, também chamadas do tipo Strauss, pois o equipamento
consegue ser instalado em locais com pé-direito de cerca de 5 m (Figura 12).

Concreto Pilão funcionando


como embolo
Revestimento Autoadensável
Piteira
Funil

fck >12MPa Remoção


Revestimento

Figura 12 - Sequência executiva da estaca Strauss / Fonte: Total Construção (2020, on-line).

Descrição da Imagem: a imagem é uma ilustração, a qual mostra uma figura de cor laranja, grande, em formato retangular (repre-
sentando o solo) e quatro etapas (representando as fases da instalação de estacas). Na etapa 1, utilizando a piteira (representada por
um tubo), inicia-se a perfuração da estaca e coloca-se o primeiro tubo de revestimento. Na etapa 2, à medida que a perfuração avança,
o revestimento é cravado com o auxílio da piteira e novos tubos vão sendo rosqueados. A perfuração prossegue até a profundidade
final prevista para a estaca. Na etapa 3, a concretagem ocorre logo após a escavação ser terminada. Esse concreto, nomeado “concreto
autodensável fck (maior ou igual) 12 MPa”, é depositado na estaca através de um funil. Na etapa 4, ocorre a remoção do revestimento
e a aplicação do pilão (este funciona como um embolo).

Outra forma de reforço é adicionar mais sapatas, tubulões e estacas como forma de contribuir para a
sustentação do peso da estrutura e reduzir o carregamento das fundações originais.

103
UNICESUMAR

Acesse o QRCode e ouça a entrevista com um ícone da Engenharia, o


professor Dickran Berberian. No episódio 26 do podcast Aprenda En-
genharia, ele dialoga sobre como tudo começa pela fundação e quais
os requisitos de um bom projeto de fundações profundas/rasas. Como
explicado, anteriormente, um bom projeto orienta e evita que muitas
manifestações patológicas aconteçam. Espero que goste!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Prezado(a) aluno(a), assim encerramos a nossa unidade que trata de terapia das fundações. Você
aprendeu a analisar uma das ocorrências mais corriqueiras do dia a dia do(a) engenheiro(a) civil
patologista: o levantamento da extensão dos danos causados por recalques de fundações e o seu trata-
mento. Além disso, aprendeu a aplicar as técnicas por meio de tipos de estacas específicas e, também,
aprendeu a respeito das intervenções provisórias, como o escoramento, o qual propicia que os reparos
permanentes sejam praticados.
Agora, você sabe que é possível tanto reforçar o solo quanto as fundações em si, e que depende da
situação encontrada in loco. Desse modo, como futuro(a) engenheiro(a), você terá mais fundamenta-
ção para estudar bem como propor as principais intervenções de reparo e recuperação existentes em
fundações, portanto, terá subsídios suficientes para prescrever a técnica mais adequada e, assim, atuar
neste nicho de perícias na construção civil.

104
SIMPLES

SAPATA CORRIDA ARMADA


OU CONTÍNUA
SIMPLES
DIRETAS OU
RASAS ARMADA

RADIER RÍGIDOS

MEGA OU
DE REAÇÃO
PRÉ
MOLDADA VIBRADAS
DE CONCRETO
CENTRÍFUGA

PROTENDIDA
ESCAVAS

BROCAS
MONOTUBE
SEM CAMISA
classificações das fundações e os seus principais tipos.

105
MOLADA IN RAIZ
RAYNOND
LOCO COM CAMISA
PERDIDAS
STRAUSS
RECUPERADAS
SIMPLES

DUPLEX

TIPO POÇO FRANKI

TUBULÕES
Nesta etapa, teste os seus conhecimentos, por meio do preenchimento do Mapa Mental sobre as

TIPO ANEL DE
CONCRETO
1. Sabemos que, para a realização de apoio, além de estudar como ele atuará sobre a estrutura,
deve-se considerar as soluções a serem adotadas. Com base no conteúdo visto ao longo da
unidade, liste os fatores que devem ser considerados.

2. Quais são os dois tipos de reforços e as suas características?

3. No caso do reforço de fundações cujo desempenho é deficiente em transmitir as cargas por


causa das ampliações, em altura, da estrutura ou das sobrecargas, o que deve ser feito? As-
sinale a alternativa correta:

a) Não se faz necessária a cautela para os impactos gerados sobre a fundação existente voltados
a reparos ou ampliações dessa fundação.
b) Deve-se aumentar as dimensões da base da fundação, a fim de que a relação carga/superfície
forneça a tensão que esteja dentro da tensão admissível do solo.
c) Deve-se diminuir as dimensões da base da fundação, a fim de que a relação carga/superfície
forneça a tensão que esteja dentro da tensão admissível do solo.
d) Os reparos na fundação não precisam, necessariamente, trabalhar como um sistema único,
com a fundação original existente.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

4. Cite uma solução possível de reforço de fundação, quando a edificação se encontra fragilizada.

106
6
Técnicas de Reparo
de Alvenaria e
Revestimentos
Esp. Stephanie Vicente Moi

Na Unidade 6, você terá a oportunidade de aprofundar seus conhe-


cimentos sobre técnicas de reparo de alvenaria e revestimentos.
As alvenarias podem ser para simples vedação ou estruturais e
são unidas por um material ligante ou sobrepostas uma a uma. Já
os revestimentos podem ser argamassados ou cerâmicos. Como
descrito nos capítulos anteriores, cada caso deve ser analisado para
definir a melhor solução, como uso de membranas acrílicas, tela
metálica, juntas de movimentação, substituições de revestimentos,
grampeamento, argamassa armada e pintura convencional.
UNICESUMAR

O sistema de construção mais empregado na ção. São inúmeros os problemas encontrados no


construção civil brasileira se dá pelo emprego de dia a dia do Engenheiro Civil.
alvenaria, visto seu baixo custo, fácil disponibili- Diante do exercício anterior, o que o(a) fez
dade de matéria-prima e facilidade de execução. escolher um reparo interessante ou importante?
Os revestimentos, por sua vez, são intrínsecos à Você pode ter escolhido tal situação visto que a
aplicação e ao uso das alvenarias, visto que pro- complexidade da técnica empregada o(a) interes-
piciarão o acabamento para tal técnica, de modo sou ou a edificação é imponente, importante para
a estarem interligados ao aspecto estético. Diante o contexto analisado. Mais do que simplesmente
desse contexto, você já se perguntou qual a im- construir, é necessário reparar, pois nenhuma edi-
portância do emprego das técnicas de reparo de ficação é eterna e esse cuidado com as constru-
alvenaria e revestimentos? ções será essencial para prolongar sua vida útil.
O aspecto estético de uma edificação impac- Os tipos de reparos associados à alvenaria e aos
ta profundamente em seu valor comercial e no revestimentos argamassados e cerâmicos estão,
conforto visual dos usuários que ali habitam ou intimamente, ligados ao aspecto estético, o qual
trabalham. Nesse sentido, o reparo dos elementos foi basicamente analisado por você, não é mesmo?
de alvenaria e revestimentos é o mais perceptível, Além disso, esse aspecto é o mais predominante
pois se refere ao acabamento da edificação, e, com no olhar do leigo também, em relação à primeira
isso, é igualmente importante como aqueles rela- impressão da saúde da edificação. Esta unidade
cionados à estrutura das unidades anteriores para é importantíssima para a sua vida profissional,
manutenção da vida útil. por isso, dê bastante atenção aos tópicos tratados
Enquanto a alvenaria proporciona resistência, aqui. Agora, você pode fazer as anotações sobre
vedação, conforto térmico e acústico, os reves- as suas experiências no diário de bordo.
timentos cerâmicos ou argamassados, também,
protegem e embelezam as edificações. Diante dis-
so, a boa execução desses elementos definirá a
vida útil e valorizará o imóvel. Caso as orientações
técnicas da Engenharia, prescritas em normas,
estudos científicos e experimentais, não sejam
aplicadas de maneira satisfatória, o reparo será a
alternativa para adequar o seu bom desempenho.
Agora é a sua vez! Use seus recursos de pesqui-
sa, material didático, experiências e conhecimento
aplicado em estágios e em obras e descreva no
diário de bordo uma situação que você considera
interessante ou importante sobre o tema reparo
de alvenaria e revestimentos.
Você já deve ter notado que muitas edificações
apresentam fissuras, manchas, bolores, descola-
mentos, vesículas, falhas de rejuntes e vedação
bem como anomalias nas juntas de movimenta-

108
UNIDADE 6

Pela sua análise, você pôde perceber que as manifestações patológicas estão interligadas e afetam o
todo da estrutura.
Primeiramente, abordaremos o reparo nas anomalias em alvenarias, que são os elementos mais
propensos à fissuração, por serem mais frágeis e mais facilmente notados nos aspectos visual, estético
e psicológico
Uma das ocorrências mais comuns refere-se aos recalques diferenciais (Figura 1), isto é, quando
ocorre o aparecimento de fissuras, trincas ou rachaduras, recomenda-se que as aberturas sejam mo-
nitoradas antes de se indicar o reparo. Caso elas estejam ativas (em movimento), com a estrutura não
estabilizada, nenhum reparo será suficiente. Então, será necessário o reforço de fundação ou a apli-
cação de técnicas de consolidação do terreno para cessar a movimentação. Caso seja verificado que
a edificação está estável, possui aberturas passivas, pode-se proceder com seu fechamento depois de
verificadas algumas situações, como descreve Ercio Thomaz (2020).
• Verificar se houve danos às instalações elétricas.
• Verificar se o contraventamento da obra está intacto.
• Verificar se foram reduzidas áreas de apoio de lajes ou tesouras da cobertura.
• Verificar se ocorreram desaprumos.

109
UNICESUMAR

Figura 1 - Edificação que apresenta recalque de fundação

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma ilustração


da parte da frente de uma residência de grande porte, que
sofreu um recalque de fundação, ou seja, o solo cedeu à
direita, e, com isso, apareceram rachaduras nos pontos onde
houve essa quebra do vínculo com a edificação estabilizada.

Após verificar se a segurança e a estabilidade da Figura 2 - Edificação que apresenta destacamento entre pilar
estrutura não foram afetadas, deve-se avaliar al- e alvenaria.

gumas questões antes de iniciar o processo de


Descrição da Imagem: a figura apresenta uma quina de uma
recuperação, como: as fissuras afetaram o desem- parede com um pilar entre essa união. A parede é branca e
apresenta algumas manifestações patológicas, como descola-
penho global do componente ou de vizinhos, em mento do revestimento. Na união entre o pilar e a alvenaria,
termos de estanqueidade à água, bem como os houve um destacamento que causou uma “separação” dos
dois elementos, de forma a gerar uma rachadura na estrutura.
confortos térmico, acústico, visual e estético? Há
necessidade de um reparo provisório ou defini-
tivo? Se sim, qual é o momento mais adequado Para os casos de retração da alvenaria, pode-se
para realizá-lo? aplicar uma tela metálica, chamada estuque, in-
Quando houver destacamento entre pilar e serida na argamassa, e transpassá-la, por volta
alvenaria (Figura 2), o reparo adequado se dará de 20 centímetros, em ambos os lados de cada
mediante a inserção de material flexível no en- pilar, conforme a Figura 3. Podem ser utilizados
contro entre os elementos estrutural (pilar) e de pregos para fixar a tela, a qual deverá estar um
fechamento (alvenaria). pouco esticada.

110
UNIDADE 6

20 20

Figura 3 - Detalhe de reparo utilizando a tela metálica para combater o destacamento entre os elementos
Fonte: adaptada de Thomaz (2020).

Descrição da Imagem:a figura apresenta uma parede fictícia com a alvenaria aparente. No meio da figura, há um pilar que sofreu
destacamento. Foram utilizadas telas metálicas nessa separação para realizar o reparo.

Após colocada, deve-se chapiscar esse conjunto para a aderência da argamassa, que deverá ter um
traço de 1:2:9 em volume (THOMAZ, 2020). Fissuras presentes em longas extensões de paredes são
tratadas pela criação de juntas de movimentação. Já para os casos de movimentações higrotérmicas,
o mesmo autor sugere a utilização de tela metálica ou a inserção de uma bandagem que promova a
dessolidarização entre o revestimento e a parede na área afetada, conforme a Figura 4. O reparo deta-
lhado a seguir possui as seguintes etapas:

• Remoção do revestimento na faixa, com largura de 10 a 15 cm.


• Aplicação da bandagem com distribuição regular para ambos os lados da fissura
entre 2 e 10 cm.
• Aplicação de chapisco sobre a bandagem e a reestruturação da argamassa com
traço de 1:2:9 em volume.

111
UNICESUMAR

2 a 10 cm
10 a 15 cm

(a) (b) (c)

Figura 4 - Detalhe de reparo de fissura em alvenaria com o emprego de bandagem de dessolidarização (parede/revestimento)
/ Fonte: adaptada de Thomaz (2020).

Descrição da Imagem: a figura apresenta três quadros (a, b e c), em que está retratada uma parede de alvenaria com uma rachadura
no meio dela, e, acima de cada quadro, está evidenciada a medida da área destacada em centímetros. No primeiro quadro (a), foi feita
a remoção do revestimento na faixa, com largura de 10 a 15 cm e a alvenaria está aparente. No segundo quadro (b), foi aplicada a
bandagem com distribuição regular para ambos os lados da fissura, entre 2 e 10 cm. No terceiro quadro (c), foi aplicado chapisco sobre
a bandagem e a reestruturação da argamassa com traço de 1:2:9 em volume.

Em algumas raras exceções para recuperação de fissuras ativas, desde que as movimentações sejam
leves e pouco consideráveis, pode-se aplicar, diretamente na pintura, uma finíssima tela de náilon ou
polipropileno de 10 centímetros de largura, sob a aplicação de seis a oito demãos de tinta elástica à
base de resina acrílica, poliuretânica etc.
A recuperação de trincas ativas deve ser efetuada com selantes flexíveis, abrindo um sulco com
formato de V de, aproximadamente, 20 milímetros de largura e 10 milímetros de profundidade (Figura
5). Antes da aplicação do selante, deve ser feita uma limpeza da poeira aderente à parede, sendo que
esta deve estar bem seca no momento da aplicação.
Para movimentações muito intensas na região fissurada, recomenda-se que seja feito o mesmo
procedimento da Figura 5, abrindo a cavidade com as mesmas dimensões, porém intercalando entre
o selante e a parede, com uma membrana de separação, como fita crepe, por exemplo.

112
UNIDADE 6

20

10

20

10

Figura 5 - Recuperação de fissuras ativas com selante flexível / Fonte: adaptada de Thomaz (2020).

Descrição da Imagem: na figura, são ilustrados quatro quadros, em que está sendo feito o tratamento de uma região fissurada em
uma parede de alvenaria, de forma a promover um corte de 20 milímetros de largura e 10 milímetros de profundidade com posterior
aplicação do selante flexível.

As fissuras provocadas pela presença de aberturas de portas e janelas ou pela abertura para inserção
de canalizações poderão ser recuperadas por meio da inserção de armaduras aplicadas no local da
manifestação patológica ou da inserção de telas metálicas no revestimento, que é a prática mais comum.
No último caso citado, para cada lado da trinca, deve-se transpassar 15 centímetros com a tela me-
tálica (Figura 6), a qual deve ser colocada de forma que não esteja, excessivamente, esticada ou frouxa.

30cm

Figura 6 - Recuperação de parede, em sessão enfraquecida, com o emprego de tela metálica


Fonte: adaptada de Thomaz (2020).

Descrição da Imagem:a figura ilustra a fissuração provocada pela presença de aberturas que causou fragilidade na alvenaria. O reparo
realizado foi aplicado com 30 cm de abertura e aplicação de uma tela metálica.

113
UNICESUMAR

A estrutura de revestimento executada pelo méto- (base). Sua função é criar sustentação para
do convencional pode ser subdividida, conforme a camada a ser sobreposta.
a Figura 7. c) A camada de argamassa de regularização
cujo traço em volume é de 1:2:9 de ci-
mento, cal hidratada e areia média úmida
Base
é utilizada em casos nos quais haja irregu-
Chapisco
laridades da base para correção superiores
Argamassa de assentamento a 2 cm.
d) A camada de argamassa de assentamento
Pasta de cimento
cujo traço em volume é de 1:0,5:5 de ci-
Junta
mento, cal hidratada e areia média úmida
é colocada sobre o chapisco ou sobre a
Revestimento cerâmico camada de regularização. Sua espessura é
de 2 centímetros.
e) A camada uniforme de pasta de cimento
máximo 2cm se maior, executar deve ter espessura de 1 milímetro e con-
camada de regularização
sumo de 1,5 quilos de cimento por metro
Figura 7 - Revestimento de paredes — método convencional
quadrado. A relação água/cimento é de 0,3.
/ Fonte: adaptada de Fiorito (2009). f) Revestimento cerâmico.

Descrição da Imagem:a figura apresenta as camadas de re-


vestimento de uma alvenaria (da esquerda para a direita), que
são compostas pela base (parede em si): chapisco, argamassa
de assentamento, pasta de cimento, junta e revestimento ce-
râmico (entre as pastas de cimento e a junta), aplicadas nessa
ordem. Do chapisco até a pasta de cimento, é demarcado, na
parte inferior da figura, “máximo 2 cm, se maior, executar
camada de regularização”.

De acordo com Fiorito (2009), há várias possibili-


dades de construção de camadas, assim como téc-
nicas específicas. A seguir, descreveremos a figura:
a) A base é constituída pela alvenaria, que
pode ser:
I. Alvenaria de tijolos furados.
II. Alvenaria de tijolos maciços.
III. Alvenaria de blocos de concreto. Já o método de colagem (Figura 8) possui as
IV. Alvenaria de blocos sílico-calcários. mesmas etapas sugeridas anteriormente, porém
a argamassa de assentamento é substituída por
b) O chapisco deve ser feito com traço 1:3 emboço e a camada uniforme de pasta de cimento,
em volume de cimento e areia grossa e por argamassa colante de três a seis milímetros,
lançado sobre a superfície da alvenaria dependendo das dimensões da peça cerâmica.

114
UNIDADE 6

guir, alguns tipos de materiais utilizados para travar


Base
a movimentação e reforçá-la (SAHADE, 2005):
Chapisco
1. Telas de aço de malha hexagonal (Figura
Argamassa de regularização (emboço)
9): também conhecida como tela de vi-
Argamassa colante veiro, pode ser encontrada, facilmente, a
preços razoáveis. Porém é necessária sua
Junta
amarração e não possui função estrutural.
Revestimento cerâmico

máximo 2 cm
se maior, executar em camadas de 2 cm cada

Figura 8 - Revestimento de paredes — método da colagem


Fonte: adaptada de Fiorito (2009).

Descrição da Imagem: a figura apresenta as camadas de


revestimento de uma alvenaria, que são compostas pela base
(parede em si): chapisco, argamassa de regularização (embo-
ço), camada de argamassa colante, junta e revestimento ce-
râmico (entre a argamassa colante e a junta), aplicadas nessa
ordem. Do chapisco até a argamassa colante, é demarcado,
na parte inferior da figura, “máximo 2 cm, se maior, executar
em camadas de 2 cm cada”.

Conhecendo as camadas dos revestimentos, fica Figura 9 - Tela hexagonal


mais fácil entender a dinâmica de reparo delas.
Desse modo, iniciaremos por um caso típico no Descrição da Imagem:a figura apresenta uma tela metálica
hexagonal enrolada em pé, na vertical.
cotidiano do engenheiro, quando há fissuras ati-
vas e materiais utilizados no tratamento.
No caso de tratamento de revestimentos arga- 2. Telas de aço soldadas: no travamento da
massados, em que é detectada movimentação no fissura, por ter módulo de deformação
local, ou seja, as fissuras estão ativas para permitir maior (maior rigidez), a tela soldada tem
que tal situação ocorra, recomenda-se o uso de atuação mais efetiva que outras telas mais
pinturas elásticas, papel de parede, selagem, juntas deformáveis, pois é possível orientar os
de controle ou de movimentação ou o uso de ban- fios na direção dos esforços.
dagens que propiciem a dessolidarização entre o 3. Telas de poliéster permitem deformabili-
revestimento e a parede nos locais de ocorrência dade e distribuição de tensões sob esfor-
das fissuras (SAHADE, 2005). ços mecânicos (tração e cisalhamento).
Para cessar a movimentação, travando-a, po- As telas resinadas possuem polímeros
dem ser utilizados materiais rígidos, como telas (PVC) para melhorar sua resistência quí-
metálicas, tirantes, reforço com armaduras hori- mica contra o ataque da alcalinidade do
zontais, grauteamento, argamassa armada, gram- cimento e telas de fibra de vidro resisten-
peamento e encunhamento. Detalharemos, a se- tes à alcalinidade.

115
UNICESUMAR

4. Telas de polipropileno.
5. Fibras de vidro inseridas nos selantes à base de resinas acrílicas elásticas e flexíveis.
6. Microfibras de polipropileno.

A Figura 10 mostra como pode ser aplicado o reparo com tela metálica para camada de emboço menor
ou maior que 30 milímetros (três centímetros).

Acabamento
Acabamento
Camada de
Camada de emboço
emboço

Tela metálica
Tela metálica galvanizada
galvanizada
5 cm

30 a 50 cm

Fita de
Fita de
polietileno
polietileno

Detalhe para espessura Detalhe para espessura


de emboço <30mm de emboço <30mm

Figura 10 - Aplicação de tela metálica conforme espessura do emboço / Fonte: adaptada de Sahade (2005).

Descrição da Imagem: a figura apresenta dois quadros que representam uma base de alvenaria cujo tratamento aplicado em seu
interior é de uma tela metálica. No primeiro quadro, à esquerda, o emboço possui uma espessura menor que 30 milímetros, e a tela
(denominada tela metálica galvanizada com 30 a 50 cm) está aplicada junto à alvenaria e sobreposta à “fita de polietileno” com “5 cm”
sob a “camada de emboço” e o “acabamento”. Já no segundo quadro, à direita, o emboço tem uma camada maior que 30 milimetros,
e a “tela metálica galvanizada” está localizado na região “central” da “camada de emboço” (sob o “acabamento”), entre esta e a “fita de
polietileno” (representada por uma linha vermelha na vertical).

116
UNIDADE 6

A orientação dos fios, em direções ortogonais, permite o seu posicionamento nas direções dos esfor-
ços principais (SAHADE, 2005). Outras manifestações patológicas relacionadas aos revestimentos
argamassados e às pinturas serão tratadas a seguir.
Para o descolamento em placa ou desagregação, no qual a película de tinta se destaca junto à massa
corrida e/ou ao reboco, conforme a Figura 11, o tratamento deve respeitar as seguintes etapas:

• Raspar as partes soltas.


• Corrigir as irregularidades do substrato do próprio reboco.
• Aplicar fundo preparador de parede antes de repintar.

Importante aguardar a cura/carbonatação do novo reboco para não repetir o mau desempenho desse sistema.

Figura 11 - Manifestação patológica de descolamento em placa/desagregação / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem:a figura mostra uma parede cuja região inferior (próxima ao solo) apresenta descolamentos em placa.

117
UNICESUMAR

O descascamento é a manifestação patológica causada pelo destacamento da película de tinta com


facilidade, geralmente em áreas extensas (Figura 12). O tratamento indicado tem as seguintes etapas:

• Raspar as partes soltas, antes de repintar.


• Ajustar a viscosidade da tinta.
• Não usar tinta convencional sobre pintura em superfícies com temperaturas acima
de 50º C.

Figura 12 - Manifestação patológica de descascamento / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma parede cuja totalidade de sua extensão apresenta descascamento da tinta.

118
UNIDADE 6

As vesículas são as manifestações patológicas que causam o empolamento da argamassa, como ilustrado
na Figura 13. O tratamento indicado tem as seguintes etapas:

• Raspar as partes soltas.


• Corrigir as irregularidades do substrato com o próprio material da base.
• Aplicar fundo preparador de parede antes de repintar.

Figura 13 - Manifestação patológica — vesículas / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma parede cuja região inferior apresenta o empolamento do revestimento, chamado vesícula.

119
UNICESUMAR

Uma manifestação patológica muito comum são as eflorescências (Figura 14), que são manchas esbran-
quiçadas que podem ser de cor clara escorrida, causadas por depósito de sais (sulfatos, carbonatos).
Essa manifestação patológica tem como premissa ocorrer quando há presença e ação de umidade no
conjunto. O tratamento indicado tem as seguintes etapas:

• A medida essencial é cessar a percolação de água pelo local, seja a partir de uma
infiltração ou de vazamento por meio da impermeabilização do local.
• Remover a pintura por meio da raspagem.
• Aguardar a cura da superfície.
• Aplicar fundo selador álcali resistente.
• Repintar com tinta adequada.

Figura 14 - Manifestação patológica — eflorescência.

Descrição da Imagem:a figura apresenta uma parede com depósito de sais brancos pela sua superfície que representam o fenômeno
da eflorescência.

120
UNIDADE 6

Geralmente, as manchas de mofo podem ter colorações verde e preta e estão localizadas, de forma
espalhada e aleatória, no revestimento (Figura 15). O tratamento indicado tem as seguintes etapas:

• Verificar a fonte de umidade do local e reparar.


• Aumentar a ventilação no ambiente.
• Lavar com solução de hipoclorito de sódio ou água sanitária.
• Usar tintas aditivadas com fungicidas e/ou algicidas.
• Nivelar a superfície para evitar o alojamento de fungos ou algas.

Figura 15 - Manifestação patológica — mofo e bolor / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura retrata uma área de lavanderia cujas paredes estão cobertas por mofo e bolor nas colorações preta
e verde.

121
UNICESUMAR

Por fim, serão descritos alguns tratamentos para revestimentos cerâmicos. A eflorescência, que trata-
mos anteriormente, pode ocorrer, também, na cerâmica em fachadas. Desse modo, deve-se remover
as manchas utilizando uma solução de ácido muriático. Recomenda-se o teste em uma pequena área
do revestimento antes da aplicação.
Já para o caso de destacamentos (figura 16), altamente perigosos em caso de fachadas, o que resta
é a substituição do revestimento e prestar atenção aos seguintes detalhes:

• Projetar juntas de dilatação.


• Especificar argamassas colantes adequadas para o local de aplicação.
• Uso de rejuntes flexíveis.
• Utilizar ferramentas adequadas e mão de obra treinada.
• Retirar todas as imperfeições da base.

Figura 16 - Manifestação patológica — destacamento da cerâmica em fachada.

Descrição da Imagem:a figura apresenta uma parede revestida na fachada por cerâmica, a qual está se destacando da base em
formato da letra U.

122
UNIDADE 6

Neste podcast, serão apresentados alguns exemplos práticos da apli-


cação do reparo em revestimentos argamassados e cerâmicos, além
daqueles relacionados às alvenarias com função estrutural e de vedação.
Será um adicional para que possa fixar melhor o conteúdo por meio de
áudio. Espero que goste!

Prezado(a) aluno(a), assim, encerramos nossa unidade que trata de terapia e aplicação do reparo em
revestimentos argamassados e cerâmicos, além daqueles relacionados às alvenarias com função es-
trutural e de vedação.
Você aprendeu a identificar e tratar as mais comuns manifestações patológicas presentes tanto nos
revestimentos quanto na alvenaria em si. Além disso, aprendeu a analisar os casos específicos e definir
uma solução viável com o uso de membranas acrílicas, telas metálicas, inserção de juntas de movi-
mentação, substituição completa do revestimento, grampeamento e aplicação de tipos de argamassa,
como a armada ou a simples substituição do emboço/reboco e pintura.
Os aspectos estéticos e de confortos térmico, acústico e visual do usuário estão intrinsecamente
relacionados a esse capítulo, pois se refere ao acabamento da edificação, e, com isso, são tão importantes
quanto aqueles relacionados à estrutura, como você já estudou anteriormente. Desse modo, como
futuro(a) engenheiro(a), terá mais fundamentação para estudar e propor as principais intervenções
de reparo e recuperação existentes em revestimentos e alvenarias, além de subsídios suficientes para
prescrever a técnica mais adequada e, assim, atuar neste nicho de Perícias na Construção Civil.

123
Nesta etapa, você testará seus conhecimentos e criará um mapa mental sobre as manifestações
patológicas presentes tanto nos revestimentos quanto na alvenaria em si. É com você!

124
1. Descreva quais itens devem ser verificados antes de iniciar o reparo para o caso de recalque
de fundações.

2. Alguns materiais podem ser utilizados para tratar a fissuração em vedações e revestimentos.
Assinale a opção correta quanto àquele que possui essa função.

a) Fita de sinalização.
b) Tela plástica.
c) Telas de aço soldadas.
d) Lona plástica.
e) Fita cola.

3. Descreva, com suas palavras, o aspecto estético da manifestação patológica descolamento


em placa e o procedimento adequado para o seu reparo.

125
126
7
Perícias de Incêndio
e Técnicas de Reparo
de Estruturas
Danificadas Pela Ação
do Fogo
Esp. Regina De Toni

A preocupação do Brasil com a prevenção contra incêndios é bas-


tante jovem se comparada à idade de nossas edificações. Hoje, as
normas de combate a incêndios são bastante rígidas e a cobrança
por parte dos órgãos competentes também, porém foi apenas na
década de 70, depois do incêndio no Edifício Joelma, em São Paulo,
que os códigos começaram a ser elaborados e cumpridos. Esta falta
de cuidado contribuiu para a ocorrência de verdadeiras catástrofes
ao longo da nossa história, algumas delas bem recentes, como o
Museu Nacional no Rio de Janeiro, em 2018, ou, mais grave ainda,
com muitas vítimas fatais, o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria,
no ano de 2013.
UNICESUMAR

Certamente, a maior perda que tivemos nas ca- é preciso identificar corretamente a magnitude
tástrofes envolvendo incêndios foram as vítimas. dos danos causados pelo incêndio e averiguar se
Além das pessoas que perderam a vida ou ficaram o reparo da estrutura é realmente possível.
marcadas, física e psicologicamente, pelo aconte- Observe a Figura 1. Esta edificação sofreu um
cido, há também que se pensar no patrimônio fí- incêndio em 2018. Tratava-se de uma residência
sico a ser recuperado, ou seja, não apenas prédios unifamiliar com estrutura mista (pré-moldada
históricos ou edifícios comerciais e residenciais de e moldada in loco) e fechamento em placas de
grande porte, mas também edificações menores, concreto pré-moldado.
como residências unifamiliares, pequenas salas
comerciais e tantas outras de suma importância
na vida das pessoas.
Incêndios costumam ser devastadores e a
ideia que temos é de que sempre se perderá todo
o patrimônio atingido, porém isso não procede,
pois há, sim, maneiras de se recuperar edificações
atingidas pelo fogo, reduzindo muito os prejuízos
financeiros e garantindo a segurança dos usuários
destes imóveis.
Incêndios costumam ser altamente destrutivos
e algumas estruturas ficam expostas ao fogo por Figura 1 - Residência incendiada / Fonte: a autora.
um tempo tão elevado, que não podem ser apro-
veitadas. Porém muitas dessas edificações podem Descrição da Imagem: a figura apresenta uma fotografia
sob o olhar do observador, feita durante um dia ensolarado,
ser recuperadas e utilizadas com segurança depois com céu azul tomado por nuvens brancas. Em primeiro pla-
no, vemos os detalhes da edificação, que é uma residência,
da extinção das chamas. Então, você deve estar se apresentando a estrutura e o fechamento em pré-moldados,
perguntando: como identificar se a estrutura que sofreu um incêndio parcial. As paredes externas, vistas
do centro para o lado direito da imagem, são brancas com
pode, ou não, ser recuperada? E, quando pos- detalhes acinzentados e pretos, devido ao incêndio, e as duas
janelas, uma ao lado da outra, têm grades em ferro escure-
sível, quais as soluções a serem adotadas? Não cido. As paredes internas apresentam aspecto queimado. A
edificação não apresenta teto e tem dois pisos, onde tudo
é tarefa fácil, mas é possível e é exatamente o que é visto em perspectiva lateral, assim como na parte inferior
da imagem. Pegando toda margem, vemos um parapeito/
vamos estudar nesta unidade. corrimão também em branco, com detalhes de pilares. À es-
Como mencionado, incêndios causam estra- querda, vemos detalhes de piso cerâmico quadrado e branco
que estão danificados, com detalhes queimados e sujeiras
gos consideráveis nas edificações e, em boa parte aparentes fora e dentro do espaço da edificação.

das vezes, levam à condenação parcial ou total


da obra. Em algumas situações de incêndio, as O incêndio aconteceu muito rapidamente, pois o
edificações chegam ao colapso ou reduzem-se a forro e o revestimento das paredes eram de ma-
cinzas, o que realmente não nos dá possibilidade deira, que é um material muito conhecido por
de reaproveitá-las. Porém o que muitos não sabem sua fácil combustão, ou seja, a estrutura não ficou
é que as estruturas expostas ao fogo podem ser muito tempo exposta ao calor. Tanto a superes-
recuperadas, desde que utilizada a solução correta trutura quanto o fechamento de paredes ficaram
para tal. Esta ação pode gerar grande economia ao quase que totalmente destruídos, como pode-se
proprietário, mas, para fazer a recuperação, antes observar nas Figuras 2 e 3.

128
UNIDADE 7

Figura 2 - Residência incendiada / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma fotografia


de uma edificação, que é uma residência, apresentando a
estrutura e o fechamento em pré-moldados, que sofreu
um incêndio parcial. Essa edificação é vista sob o olhar do
observador, feita durante um dia ensolarado, com céu azul
tomado por nuvens brancas. Em primeiro plano, do centro
para a esquerda da imagem, vemos os detalhes dos pisos
cerâmicos quadrados e brancos que estão danificados e soltos
em algumas partes que antecedem o corpo da edificação,
sendo possível ver partes da estrutura das paredes que fo-
ram danificadas pelo incêndio. No interior da residência, há
um tecido com aspecto de lona, na cor marrom, o qual está Figura 3 - Pilar totalmente danificado / Fonte: a autora.
cobrindo algo. Ao entorno, vemos, parcialmente, os telhados
de outras edificações.
Descrição da Imagem:a figura apresenta uma fotografia
registrada sob o olhar do observador, vista num ângulo de
cima para baixo e sobre a claridade do sol, de um pilar em
concreto danificado devido ao incêndio. O pilar rompeu-se a
A Figura 3 mostra a estrutura de concreto armado partir da base, deixando as armaduras expostas, com aspec-
do segundo pavimento totalmente danificada, to de ferrugem. Parte da base onde estava o pilar está em
branco, já o chão em concreto bruto apresenta-se cinza. Ao
inclusive, com as armaduras expostas. fundo, vemos o detalhe parcial de uma parede em tijolinho
à vista, em tom de marrom avermelhado.

129
UNICESUMAR

Por ter sido pequeno o tempo em que a edifica-


ção ficou exposta ao fogo, o primeiro pavimento
não sofreu danos consideráveis, apenas acaba-
mentos e algumas esquadrias, como pode ser
visto na Figura 4.

Figura 5 - Dormitório do imóvel com paredes afetadas pelo


fogo / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura mostra a fotografia de um


dormitório que foi destruído pelo fogo. À esquerda, vemos
uma parede em tons de branco amarelado, tendo os tijolos
parcialmente destruídos e expostos. Ao fundo, a parede en-
contra-se totalmente preta, indicando maior incidência do
fogo e, na lateral direita, vemos parcialmente detalhes da
parede em tom cinza esbranquiçado e uma pequena parte
Figura 4 - Pavimento inferior da edificação da janela e sua grade. Já no chão, é visto somente o contra-
Fonte: a autora. piso cimentado com resquícios de sujeira e água por toda
extensão do mesmo, sendo possível ver o reflexo da janela
da lateral direita.
Descrição da Imagem:a figura mostra uma fotografia vista
sob o olhar do observador de um espaço em alvenaria, con-
siderado como pavimento inferior da edificação, em que o
teto se apresenta em branco, tendo os detalhes das vigas e
um pilar central em cimento queimado. No teto, vemos três A causa do incêndio não foi determinada, mas
pontos de luz com lâmpadas brancas, no sentido vertical.
No pilar central, há uma fiação branca com tomadas expos- acredita-se que tenha sido um curto circuito, pois
tas e, ao fundo, uma parede na cor verde. Nesta, podemos
ver, no canto direito superior, uma janela na horizontal cujas não havia tubulação na rede elétrica, apenas con-
grades são quadriculadas com efeito de entrada de luz e, ao
lado dela, um cano em pvc branco exposto na vertical, e ao dutores. Como a residência não possuía seguro,
lado desse, vemos partes de uma estante em branco. Na
parede ao lado (lado direito da imagem), na parte superior
a perícia foi realizada apenas para identificar a
esquerda, há uma outra janela com grades quadriculadas e, magnitude dos danos causados pelo incêndio, a
embaixo dela, uma prateleira horizontal com sete repartições
e quatro camadas. Do lado direito dessa parede, há uma fim de analisar se parte da edificação poderia ser
porta também com grades quadriculadas. O chão é em piso
cerâmico quadrado e encontra-se com água de aspecto sujo aproveitada, ou se deveria ser totalmente demolida.
e meio barrenta.
Como você, estudante, viu, a edificação não
foi totalmente destruída. Agora, observando as
A Figura 5 mostra como o fogo afetou as paredes Figuras 4 e 5, responda: o que você faria com esta
de um dormitório. edificação? Demoliria tudo? Reaproveitaria tudo?
Reaproveitaria partes dela? Se sim, quais partes?
Após analisar o estudo de caso anterior, reflita
sobre a importância de contratar um profissional
com conhecimento específico nesta área para de-
finir as ações a serem tomadas para a recuperação
da edificação. Quais os tipos de ganhos para o
proprietário do imóvel? Há ganhos financeiros

130
UNIDADE 7

no desempenho da edificação, no tempo de reconstrução? Faça um comparativo entre a contratação


de um especialista e a não contratação e registre no diário de bordo.

Figura 6 - Incêndio em edifício

Descrição da Imagem: A figura apresenta uma fotografia


de um prédio de cor cinza e detalhes em branco, com pouco
mais de 20 andares, em que a lateral esquerda vista na ima-
gem apresenta-se destruída pelo fogo que, ainda, é visto nos
últimos três andares, com labaredas flamejantes em tom de
laranja. Dessas labaredas, saem uma fumaça densa e negra
que vai se dispersando pelos ares em tons acinzentados. O
prédio, visto na sua parte frontal, tem fachada simétrica com
dezenas de janelas alinhadas em quase toda sua estrutura.
A lateral que foi queimada apresenta um recuo levemente
curvado. Em primeiro plano, vemos uma vegetação arbórea
em tons esverdeados e, ao fundo do prédio, o céu encontra-se
azul, iluminado pelo sol.

Quando ocorre um incêndio numa edificação, a


preocupação principal é com a garantia de que
sua estabilidade esteja preservada. Para apren-
dermos a identificar o grau de danos de uma es-
trutura exposta ao fogo e encontrar a solução de

131
UNICESUMAR

recuperação quando isso é possível, é necessário balões, fogos de artifício, vazamento de líquidos
conhecer as causas e as etapas de um incêndio e, inflamáveis e gás de cozinha, entre outros. Há,
também, o comportamento dos materiais quando também, a convergência luminosa, que é o efeito
expostos às chamas. gerado quando a luz do sol, ao passar por uma
Nosso primeiro passo será compreender as lente convergente, “concentra-se” em um único
etapas de um incêndio e seus mecanismos, que ponto, provocando aquecimento e possibilitando
só ocorrem por meio da combinação de três fa- a combustão do material submetido ao aqueci-
tores distintos: combustível mais comburente e mento. Incêndios florestais podem ser causados
fonte de calor (sendo esses nem sempre exter- por meio desse efeito quando recipientes de vidro
nos, mas provenientes do próprio material), que são descartados na natureza.
deflagram todo o processo. As causas podem As causas criminosas, por sua vez, são
ser inúmeras, desde um acidente ou descuido aquelas em que existe a ação intencional do ser
até ações propositais, que, também, podem ser humano, que envolve dolo. São bem mais co-
chamadas de criminosas. muns do que se pensa, mas são difíceis de serem
As causas mais comuns de incêndio podem provadas, principalmente quando há destruição
ser classificadas como naturais, acidentais e cri- total da edificação atingida pelo fogo. Algumas
minosas. As causas naturais ocorrem devido das causas listadas como acidentais podem ser
à ação da natureza, em que o início do incêndio forçadas intencionalmente para provocar um
ocorre sem a necessidade de contato com uma incêndio criminoso.
fonte externa de calor, e as mais comuns são as Estudos e levantamentos de órgãos oficiais
descargas atmosféricas (raios). Pode ocorrer, tam- brasileiros mostram que, entre as principais cau-
bém, a combustão espontânea de materiais ou sas de incêndio, estão os problemas de instalações,
produtos inflamáveis, como fibras de algodão, os equipamentos elétricos e a negligência, além da
produtos químicos ou pólvora. ação de fumantes (“guimbas” de cigarro e palito
As causas acidentais, geralmente, ocorrem de fósforos mal apagados) e do incêndio crimi-
em consequência de negligência, imprudência noso. Os mesmos levantamentos mostram que,
ou imperícia. As mais conhecidas são as que têm no Brasil, mais de 50% das causas de incêndio
origem na eletricidade, como mau contato, cur- não são identificadas, consideradas como “outras
to circuito e sobrecarga de circuitos. Na maioria causas” (DUARTE; RIBEIRO, 2008). Esta grande
dessas situações, pode ocorrer o aquecimento dos porcentagem de incerteza dá-se principalmente
circuitos, provocando as chamas. Outras causas nos casos em que a estrutura foi completamente
acidentais bastante comuns são a presença de destruída, o que elimina todos os indícios do local
mecanismos puramente de ignição, como cigar- e a natureza do mecanismo de ignição.
ro, velas e palitos de fósforo deixados acesos em Para entender o efeito do fogo sobre as estrutu-
locais com materiais combustíveis, que ocorrem, ras, é necessário entender as fases e a evolução dos
comumente, por puro desleixo. incêndios. As fases de um incêndio são, basica-
Existem, também, outros acidentes, mais liga- mente, ignição, propagação, combustão contínua
dos à negligência ou ao desconhecimento, como (flashover) e redução.

132
UNIDADE 7

A ignição é a primeira fase, e como o incêndio inicia depende de vários fatores. Pode
começar aos poucos, com uma vela, por exemplo, ou abruptamente, com uma explosão
(vazamento de gás, material inflamável, etc.).
Na propagação, o incêndio começa a se espalhar por todo o ambiente. Alguns materiais
podem auxiliar para que a propagação ocorra de forma ainda mais rápida, como gasolina,
papel, madeira, álcool ou, até mesmo, acabamentos, como forros, pisos, papéis de parede,
entre outros. Já o concreto e as alvenarias de blocos cerâmicos ou de concreto ajudam na
retenção da propagação por terem baixa condutividade e serem muito pouco combustíveis.
Analisando as substâncias que estão presentes no ambiente em questão, é possível ter
uma noção da velocidade com a qual esse incêndio irá se propagar.
Já na combustão contínua, ocorre a combustão generalizada, que é, também, chamada
flashover. O calor que foi liberado no incêndio se torna suficiente para fazer com que ob-
jetos próximos a ele entrem em combustão. Enquanto existir combustível e comburente,
este processo continuará ocorrendo. Finalmente, acontece a redução, que é o estágio no
qual o calor dissipado não é mais suficiente para manter a combustão, fazendo com que
esta vá se esgotando. Em outras palavras, o fogo vai perdendo força. Trata-se da fase final
do incêndio.
A Figura 6 mostra o comportamento gráfico das fases de um incêndio padrão, que é o
modelo de incêndio idealizado para análises experimentais, admitindo-se que a tempera-
tura dos gases quentes no compartimento em chamas obedeça às curvas padronizadas.

TEMPERATURA MÁXIMA DO INCÊNDIO

IGNIÇÃO
FASE DE FASE DE
AQUECIMENTO RESFRIAMENTO

INFLAMAÇÃO GENERALIZADA TEMPO


"FLASHOVER"

Figura 7 - Curva de comportamento de incêndio padrão / Fonte: adaptada de CBM (2014).

Descrição da Imagem: a figura mostra um gráfico da temperatura em função do tempo, apresentando o comportamento de um
incêndio. Vemos uma linha de cor preta, parcialmente na horizontal, que começa na fase “ignição”; logo à frente, ocorre uma elevação
na temperatura que, também, reflete na linha em preto, a qual sobe formando um detalhe abaloado, que é dividido em duas partes:
a primeira refere-se à “Fase de Aquecimento” e está representada em amarelo e a segunda refere-se à “Fase de Resfriamento” em
branco, em que a linha volta a entrar parcialmente na forma horizontal. A linha preta se finaliza com uma seta diretiva para a direita
da imagem, indicando a palavra “Tempo”. Acima do gráfico, lemos “temperatura máxima do incêndio” e, abaixo dele, “Inflamação
Generalizada (“flashover”)”.

133
UNICESUMAR

O que realmente afeta as estruturas é a temperatura e o tempo a que elas ficam expostas ao fogo. O
gráfico a seguir, que explica a relação entre a temperatura e o tempo de exposição ao fogo, é de extrema
importância para analisarmos os danos causados às estruturas incendiadas.

CURVA PADRÃO TEMPERATURA-TEMPO ASTM E-119

1200

1000
TEMPERATURA (°C)

800

600

400

200

0
0 30 60 90 120 150 180 210 240

TEMPO (MIN)

Figura 8 - Curva Padrão Temperatura-Tempo / Fonte: adaptada de ASTM E-119 (2020).

Descrição da Imagem: a figura mostra um gráfico da temperatura em função do tempo, o qual é quadriculado com fundo na cor cinza,
tendo seis linhas na horizontal e oito colunas na vertical. Partindo do canto inferior esquerdo no gráfico, temos, para linha (tempo) e
coluna (temperatura), o marco zero, de onde sai uma linha em curvatura na cor azul, que perpassa pela linha de temperaturas 200 e
400 e, na sequência, atinge as linhas 600 e 800 no canto inferior direito da quadrícula, na primeira coluna, da esquerda para a direita.
Na segunda, terceira e quarta colunas, a temperatura atinge 1.000 e, já adentrando a quinta coluna, temos a temperatura em 1.200,
seguindo a mesma para a sexta, sétima e oitava colunas. Já o tempo é marcado do marco zero, da esquerda para a direita, como: 30, 60,
90, 120, 150, 180, 210 e 240. Acima do gráfico, lemos “Curva Padrão Temperatura-Tempo ASTM E-119”. Na lateral esquerda do gráfico,
está escrito “Temperatura (°C)” e, na parte inferior, “Tempo (min)”.

No gráfico da Figura 8, pode-se observar que, com 30 minutos de fogo, o calor pode atingir mais de
800° de temperatura, o que já é o suficiente para promover a desagregação do concreto e sua conse-
quente perda de resistência.
Agora, falaremos do comportamento dos materiais expostos ao fogo. Como, no Brasil, a grande
maioria das edificações possui superestrutura em concreto armado e vedação em alvenaria de blocos
cerâmicos, daremos ênfase a esse tipo de estrutura. Para isso, precisamos relembrar alguns conceitos
sobre as propriedades físico-químicas do concreto.
O concreto é composto por aglomerante e agregados. O aglomerante é o cimento, e os agregados
são a areia e a brita (basalto ou calcário), ou seja, aglomerante, silicato e rocha. O cimento, junto à água,
forma uma pasta responsável por unir os agregados, tornando a mistura um material que se comporta
como um conjunto rígido, indivisível, ou seja, um material monolítico. A Figura 9 mostra, esquema-
ticamente, a composição do concreto.

134
UNIDADE 7

Figura 10 - Concreto na prática

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma imagem fo-


tográfica, registrada em perspectiva num ângulo visto late-
Figura 9 - Composição do concreto ralmente, de cima para baixo, sob o olhar do observador.
Nela, vemos nove corpos de prova de concreto, sendo que
três desses estão um ao lado do outro, em forma de cubo,
Descrição da Imagem:a figura apresenta um desenho ve- na cor cinza escuro, e, em dois desses corpos, há o numeral
torizado, em que o fundo é totalmente branco. Sobreposto 160 escrito em branco. Atrás desses cubos, do lado direito
a ele, vemos partículas dispersas e aleatórias de pequenos da imagem, vemos três formas cilíndricas ladeadas, com o
elementos apresentados em variados formatos e cores, como, numeral 153 no topo de cada uma e, ao lado delas, do lado es-
preto, cinza, marrom, gelo e areia. querdo da imagem, há mais três formas cilíndricas agrupadas,
com o numeral 159 em cada uma. As seis formas cilíndricas
apresentam mescla de cores em tons de cinza claro, médio e
esbranquiçado e estão dispostas sobre uma base em concreto
marrom acinzentado.
Já a Figura 10 mostra a composição do concreto
na prática. Ambas as figuras demonstram a he-
terogeneidade do material, devido à presença de A resistência do concreto frente ao fogo é razoa-
agregados de diferentes materiais e dimensões e velmente satisfatória, já que é um material pouco
da pasta formada pelo cimento e pela água. combustível e com baixa condutividade, porém,
como já mencionado, é um material bastante he-
terogêneo, composto por três materiais distintos,
cujas propriedades físico-químicas, tanto a dila-
tação quanto o comportamento de desagregação,
são diferentes entre si.
Portanto, segundo Sousa e Silva (2015), o
comportamento do concreto submetido a altas
temperaturas depende do comportamento indivi-
dual de cada um dos seus materiais constituintes,
variando com o grau de hidratação, proporção
de água-cimento, finos existentes e tipo de agre-
gados. O agregado se expande até desagregar-se,
enquanto o concreto se expande apenas até uma
temperatura de 300º C, contraindo-se a partir
disso. Além das deformações diferenciadas dos

135
UNICESUMAR

materiais entre si, as reações físico-químicas do concreto endurecido causam sua desagregação e
consequente perda de resistência.
Conforme a temperatura no interior do incêndio e o tempo de exposição da estrutura aumentam,
o concreto perde, progressivamente, sua resistência, que, a 1.200° C, pode atingir praticamente zero.
Quando o concreto chega a este nível de desagregação, há grande probabilidade de a estrutura desabar,
dificultando, até mesmo, a ação de combate ao incêndio e o resgate de possíveis vítimas.

O Incêndio do Edifício Joelma, que ocorreu em 1 de fevereiro de 1974, foi


um divisor de águas nas normas de segurança contra incêndio. O sinistro
fez, aproximadamente, 200 vítimas fatais (não se chegou à conclusão exa-
ta do número de mortos, algumas estatísticas mencionam 187, enquanto
outras, 191) e deixou mais de 300 pessoas feridas. Para entender melhor
a magnitude desse trágico acontecimento e sua influência na engenha-
ria de combate a incêndios, indico o documentário Edifício Joelma — O
Legado das Cinzas. Acesse o QR Code para assistir.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

A ação do fogo causa alterações no aspecto visual do concreto, tanto na textura e regularidade de sua
superfície quanto na sua coloração. Segundo Fernandes, Gil e Tutikian (2017) e Grockoski (2018), o
concreto, quando submetido a temperaturas além de 600º C, apresenta alteração na coloração e apa-
recimento de fissuras na ordem de 0,05 a 0,1 mm. Segundo Lorenzon (2014), durante o flashover, a
temperatura chega à ordem de 1.000 a 1.200º C, o que faz com que o concreto apresente uma coloração
amarelo claro e percentual de resistência menor, abaixo do comum, com perda aproximada de 90%.
A Tabela 1 mostra o comportamento do concreto conforme o aumento da temperatura.
Temperatura ºC Efeitos físico-químicos do concreto

100–500 Desidratação do C-S-H e possíveis danos, como o explosive spalling

200 Retração por desidratação do C-S-H e dilatação dos agregados

300–400 Redução da água, formação de silicatos anidros, fissuras

400–500 Retração acentuada por desidratação do C-S-H

500–600 Desidratação do C-S-H mais rápida

Transformação de outros agregados. O CaCO3 transforma-se em CaO e libera


600–700
CO2

136
UNIDADE 7

800 Retração por perda da água combinada da torbemorita

870 Expansão do quartzo na transformação de beta em tridimita

900 Perda total da água de hidratação do concreto

1.200 Início da deterioração

Tabela 1 - Efeitos físico-químicos no concreto conforme a variação de temperatura / Fonte: adaptada de Morales, Campos e
Faganello (2011) e de Khoury (2000).

A Tabela 2 (projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio), da NBR 15.200/2004, mostra a


relação entre a resistência do concreto em situação de incêndio (fc, θ) e a sua resistência original (fck),
ou seja, essa tabela mostra a perda, em porcentagem, da resistência do concreto conforme o aumento
da temperatura. Além disso, mostra também a relação entre os módulos de elasticidade nestas duas
situações (Ec, θ Ec).
Temperatura do concreto, Agregado silicoso Agregado calcário
θ
°C fc,θ/fck Ec,θ/Ec fc,θ/fck Ec,θ/Ec

1 2 3 4 5

20 1,00 1,00 1,00 1,00

100 1,00 1,00 1,00 1,00

200 0,95 0,90 0,97 0,94

300 0,85 0,72 0,91 0,83

400 0,75 0,56 0,85 0,72

500 0,60 0,36 0,74 0,55

600 0,45 0,20 0,60 0,36

700 0,30 0,09 0,43 0,19

800 0,15 0,02 0,27 0,07

900 0,08 0,01 0,15 0,02

1.000 0,04 0,00 0,06 0,00

1.100 0,01 0,00 0,02 0,00

1.200 0,00 0,00 0,00 0,00

Tabela 2 - Tabela da relação entre resistência à compressão e módulo de elasticidade a determinada temperatura e resistência
característica / Fonte: adaptada de ABNT (2004).

137
UNICESUMAR

De acordo com a Tabela 2, a resistência do concreto decresce conforme a temperatura aumenta no


ambiente do incêndio. Para calcular a nova resistência do concreto à compressão, quando exposto a
determinada temperatura, pode-se usar a seguinte equação: (fc, θ) = Kc, θ *fck, onde Kc θ é o resultado
da relação entre a resistência à determinada temperatura e a resistência original (fc, θ / fck), conforme
tabela 1. A Figura 11 demonstra graficamente esse processo, veja:

Concreto preparado com agregado graúdo silicoso Concreto preparado com


agregado graúdo calcáreo
1,0

0,9

0,8

0,7

0,6
Kc
0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Temperatura θ (°C)

Figura 11 - Gráfico do fator de redução da resistência do concreto em função da temperatura / Fonte: adaptada de ABNT (2004).

Descrição da Imagem: a figura apresenta um gráfico, em preto e branco, do fator de redução da resistência do concreto em função
da temperatura. O gráfico traz duas curvas, uma do concreto preparado com agregado graúdo silicoso, sendo a curva vista para a
esquerda das margens do gráfico, e outra com agregado graúdo calcário, vista para a direita do gráfico. O fator de redução, visto na
lateral esquerda do gráfico, decresce conforme aumenta a temperatura; de cima para baixo, temos dez linhas, que correspondem aos
seguintes valores: 1,0; 0,9; 0,8; 0,7; 0,6; 0,5; 0,4; 0,3; 0,2; 0,1; e 0 para linha e coluna. Na parte inferior do gráfico, temos doze colunas,
que se referem à temperatura, com os seguintes valores, da esquerda para a direita: 100; 200; 300; 400; 500; 600; 700; 800; 900; 1000;
1.100; e 1.200. Em cima do gráfico, do lado esquerdo, há a seguinte escrita: “concreto preparado com agregado graúdo silicoso”, e
uma seta diretiva aponta para a curva que corresponde à informação; e do lado direito, há a seguinte escrita “concreto preparado com
agregado graúdo calcáreo”, e uma seta diretiva aponta para a curva que corresponde à informação.

138
UNIDADE 7

Mesmo havendo essas ferramentas paramétricas, tabela e gráfico, para certificar-se de que a resistên-
cia diminui, o ideal é extrair corpos de prova para ensaios laboratoriais, a fim de analisar possíveis
mudanças nas características do material constituinte, e ensaios de esclerometria, para averiguar sua
resistência à compressão.
Alguns fenômenos visuais, como spalling, pipocamento bem como alteração da cor e da sua textura,
podem ser tomados como indício de que o concreto sofreu danos consideráveis e se há a necessidade
de realizar os ensaios de laboratório.

O spalling consiste no lascamento do concreto por desprendimento de grande porção do material


endurecido na superfície do elemento estrutural. Em algumas situações, pode, até mesmo, deixar
a armadura exposta, pois pode ocorrer de maneira explosiva, eliminando, de uma só vez, muita
energia e boa parte do material, ou progressiva, em que, à medida que o concreto vai se soltando,
expõe outras camadas que, também, endurecem e se soltam. Sabe-se que a maior ocorrência de
spalling acontece entre as temperaturas de 250 e 400º C, na maioria das vezes, por causa da pressão
de vapores a partir da gaseificação da água livre presente no concreto. Essa pressão pode ser tão
grande que é capaz de causar explosões. A Figura 12 mostra o resultado de um spalling.

Figura 12 - Spalling de estrutura de concreto exposta ao fogo

Descrição da Imagem:a figura apresenta uma imagem fotográfica, vista em perspectiva. Nela, vemos o recuo, que mostra claramente
o encontro das paredes em tons branco amarelado e acinzentado, e uma estrutura incendiada, em que o concreto desagregou e ex-
plodiu, deixando a armadura do pilar à mostra. A estrutura apresenta alguns pontos de ferrugem e tons de cinza escuro, assim como
nas partes em que houve o desplacamento parcial da parede.

139
UNICESUMAR

Outro efeito comum do fogo sobre o concreto é o pipocamento, ou pop outs, que nada mais é do
que spallings localizados, que, também, podem fazer com que a armadura fique exposta. Eles são
causados pelo aumento do volume dos agregados pela expansão térmica e ocorrem na temperatura
de, aproximadamente, 600° C. A Figura 9 mostra a aparência do pipocamento.
Um fator muito importante, eu diria que o mais importante quando não há outro indício visual
da perda de resistência do concreto, é a mudança da coloração do concreto. O responsável por es-
sas alterações na coloração é a presença de óxido de ferro, hidróxidos ou óxidos de ferro hidratados,
principalmente dos agregados oriundos de rochas sedimentares, metamórficas e ígneas. As rochas
calcárias, normalmente, apresentam uma coloração rósea entre 230 e 300° C.
Com o aumento gradual da temperatura, a tonalidade vai escurecendo e, quando chega próxima aos
600° C, os agregados podem se tornar vermelhos amarronzados. Em temperaturas próximas aos 900°
C, a coloração se torna cinza e, por último, amarelo-claro. No artigo “Influência do choque térmico por
resfriamento brusco do concreto após exposição a elevadas temperaturas em simulação de incêndio”,
Coelho et al. (2020) elevaram a temperatura de corpos de prova moldados em concreto a diferentes
temperaturas e obtiveram o resultado demonstrado na Figura 13.

Figura 13 - Corpos de prova aquecidos a diferentes temperaturas / Fonte: adaptada de Coelho et al. (2020).

Descrição da Imagem: a figura mostra o registro fotográfico de corpos de prova de concretos com três fck diferentes em relação à
resistência característica do concreto à compressão. Na primeira linha, de cima para baixo, temos: 25 Mpa; na segunda, 35 Mpa; e, na
terceira linha, 40 MPa, aquecidos a graus Celsius, conforme registram nessa ordem as colunas, respectivamente, da esquerda para
a direita. A coloração deles muda conforme a temperatura aumenta, tendo, para a coluna de 300º C, tons de cinza; para a coluna de
600º C, tom vermelho amarronzado; para a coluna de 900º C, tom acinzentado; e, por fim, para a coluna de 1.200º C, tom amarelado.

Não podemos esquecer que, além dos agregados, o concreto armado possui aço, que tem resistência e
elasticidade bastante diferentes das do concreto. Além de ser mais condutivo do que o concreto, o que
ajuda na propagação e no aumento do calor ao longo da edificação, o aço dilata-se mais rápido, pois
tem o coeficiente de elasticidade maior. Essa dilatação gera fissuras no concreto (PEREIRA, 2012).

140
UNIDADE 7

O comportamento do aço, também, é em função do aumento de temperatura. A NBR 15200 (ABNT,


2004) apresenta uma relação entre a resistência do aço quando submetido a diferentes temperaturas
e quando submetido a temperaturas sem carga de incêndio, como pode ser observado na Tabela 3 e
no gráfico da Figura 14.
fy,θ/fyk Es,θ/Es
Temperatura do aço, θ
Tração
°C Compressão
CA-50 ou CA-60 CA-50 CA-60
CA-50 CA-60

1 2 3 4 5 6

20 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

100 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

200 1,00 1,00 0,89 0,90 0,87

300 1,00 1,00 0,78 0,80 0,72

400 1,00 0,94 0,67 0,70 0,56

500 0,78 0,67 0,56 0,60 0,40

600 0,47 0,40 0,33 0,31 0,24

700 0,23 0,12 0,10 0,13 0,08

800 0,11 0,11 0,08 0,09 0,06

900 0,06 0,08 0,06 0,07 0,05

1.000 0,04 0,05 0,04 0,04 0,03

1.100 0,02 0,03 0,02 0,02 0,02

1.200 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Tabela 3 - Valores das relações fy, 𝜃 /fyk e Es, 𝜃/Es para aços de armadura passiva / Fonte: adaptada de ABNT (2004).

De acordo com a NBR 15200 (ABNT, 2004), a resistência ao escoamento diminui com o aumento da
temperatura. A nova resistência, após acréscimo de temperatura, é definida por:
𝑓𝑦,𝜃 = 𝑓𝑦,𝑘 × 𝑘𝑠,𝜃

Esse comportamento pode ser observado graficamente na Figura 14.

141
UNICESUMAR

Tração (CA - 60)


Compressão CA - 50
ou CA- 60 Tração (CA - 50)
1,0

0,9

0,8

0,7

0,6
Ks
0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200

Temperatura θ (°C)

Figura 14 - Fator de redução da resistência do aço de armadura passiva em função da temperatura / Fonte: adaptada de ABNT
(2004).

Descrição da Imagem: a figura apresenta um gráfico do fator de redução da resistência do aço CA-50 e CA-60, referente à tração e à
compressão em função da temperatura. O fator de redução, visto na lateral esquerda do gráfico, decresce conforme aumenta a tem-
peratura; de cima para baixo, temos dez linhas, que correspondem aos seguintes valores: 1,0; 0,9; 0,8; 0,7; 0,6; 0,5; 0,4; 0,3; 0,2; 0,1; e
0 para linha e coluna. Na parte inferior do gráfico, temos doze colunas, que se referem à temperatura, com os seguintes valores, da
esquerda para a direita: 100; 200; 300; 400; 500; 600; 700; 800; 900; 1.000; 1.100; e 1.200. Em cima do gráfico, do lado esquerdo, há a
seguinte escrita: “Compressão CA - 50 ou CA - 60”, e uma seta diretiva aponta para a linha em preto, que sai da linha 0,1, da segunda
coluna, e perpassa todo gráfico descendo e atingindo o ponto final da coluna 1.200. Ainda na parte de cima do gráfico, ao centro, há a
seguinte escrita “Tração (CA - 60)”, e uma seta diretiva aponta para a linha vermelha, que sai da linha 0,1, da quarta coluna, e perpassa
todo gráfico descendo e atingindo o ponto final da coluna 1.200. Por fim, na parte superior direita do gráfico, há a seguinte escrita
“Tração (CA - 50)”, e uma seta diretiva aponta para outra linha vermelha, que sai da linha 0,1, da quinta coluna, e perpassa todo gráfico
descendo e atingindo o ponto final da coluna 1.200.

Vimos que a temperatura interna depende da duração do incêndio e, quanto maior a temperatura a que
a estrutura ficou exposta, menor será sua resistência residual. Por meio da curva da temperatura em
função do tempo, mostrada na Figura 14, podemos estimar qual foi a perda da resistência do concreto.

142
UNIDADE 7

Além da temperatura, deve-se verificar a presença de fenômenos, como spalling, pop outs, mudança de
coloração do concreto e existência de armaduras expostas, e, por fim, quando a análise de todos esses
fatores não for conclusiva, realizar ensaios com extração de corpos de prova da estrutura para testar
sua resistência residual e tomar a decisão de reforçar, ou não, a estrutura.
Quando constatada a necessidade de reforço, antes de tomar a decisão de repará-la, é necessário
fazer um estudo com levantamento do custo do reparo para verificar se vale a pena, financeiramente,
executá-lo. A partir das análises visuais, laboratoriais (quando necessárias) e de custo-benefício, de-
fine-se a solução adequada para a recuperação da estrutura. As etapas da reparação de estruturas de
concreto são as seguintes:

• Remoção do concreto que esteve sujeito a estruturas superiores a 300º C.


• Ensaios in-situ ou em laboratório sobre corpos de prova retirados da estrutura.
• Inspeção da armadura que ficou exposta ao incêndio e reforço com armadura
adicional se necessário.
• Tratamento da superfície com jacto de areia ou jacto de água de elevada pressão
para retirar fuligem, outras impurezas e pequena fissuração superficial.
• Injeção das fendas de maior dimensão com resina epóxi.
• Colocação do novo material de recobrimento a ser definido pelo profissional
responsável pelo reparo.

Os materiais de reforço mais utilizados são:

• Encamisamento com concreto armado (projetado ou convencional).


• Mantas de fibra de carbono.
• Perfis e chapas metálicas.
• Uso de suportes alternativos.

Os reforços executados com concreto armado são chamados, também, de encamisamento, que consiste
em criar uma nova camada de concreto armado em volta do elemento estrutural danificado. Antes de
promover o encamisamento, deve-se limpar bem a superfície com jatos de areia e executar a sua esca-
rificação. Aplica-se resina epóxi para criar pontes de aderência e unir os dois concretos (antigo e novo).
Em vez de aplicar a resina epóxi, pode-se, também, criar dentes em toda a superfície do pilar. Esdas
aberturas e saliências auxiliam na absorção dos esforços cortantes existentes entre o pilar e o reforço.
Depois desse processo de preparação, monta-se a armadura, que deve ser detalhada por um enge-
nheiro calculista, e, posteriormente, promove-se o encamisamento com concreto projetado. Quando o
material utilizado for o concreto, dar preferência aos de elevada resistência, a fim de diminuir a espessura

143
UNICESUMAR

de recobrimento da estrutura a ser reforçada. As Figuras 15 e 16 mostram, de maneira esquemática, as


seções transversal e longitudinal, respectivamente, de um encamisamento de pilar.

Figura 15 - Seção transversal de encamisameto de pilar / Fonte: adaptada de Takeuti (1999).

Descrição da Imagem: a figura mostra o desenho de quatro seções transversais de pilares encamisados com concreto armado. Da
esquerda para a direita, a primeira seção mostra um pilar encamisado em todas as suas faces, apresentando um quadrado margeado
por uma linha na cor preta. No interior do quadrado, vemos uma linha azul em forma de quadrado e, em cada extremidade sua, há um
círculo em azul também. Ainda na parte interior, vemos uma linha vermelha em formato de quadrado e, dentro desse, vemos pontos
vermelhos e desenhos triangulares representando o interior de todo processo. A segunda seção apresenta um pilar encamisado em
três faces, nesse caso, vemos exatamente as mesmas linhas e desenhos da primeira seção, mas somente no lado superior e direito. A
terceira seção mostra um pilar encamisado em duas faces adjacentes, nesse caso, vemos exatamente as mesmas linhas e desenhos
da primeira e segunda seções, mas, agora, somente no lado esquerdo e superior. A quarta seção mostra um pilar encamisado apenas
em uma das faces; aqui, as linhas e os desenhos são iguais aos das seções anteriores, porém vemos essa representatividade somente
no lado superior.

armadura
de reforço
concreto
projetado

pilar escarificado

Figura 16 - Encamisamento de pilar / Fonte: adaptada de Takeuti (1999).

Descrição da Imagem: a figura mostra um pilar danificado, com diversas reentrâncias, envolto em uma malha de ferro (armadura de
reforço) recebendo concreto projetado para finalizar o encamisamento dele.

144
UNIDADE 7

Uma solução prática de reforço são os perfis me- lam-se os perfis de acordo com o projeto estrutural
tálicos. São mais rápidos de serem executados do elaborado por engenheiro calculista. A Figura 18
que o concreto armado e não utilizam formas de mostra um reforço de estrutura com perfis metálicos
madeira, tampouco argamassa, o que torna o ser- em vigas e lajes, já finalizado, inclusive, com pintura.
viço muito mais prático e limpo. A desvantagem
dos perfis metálicos é o seu alto custo se compara-
do com o concreto armado, além de poder ter sua
execução limitada pela disposição arquitetônica
do ambiente, justamente por não utilizar formas.
Como sabemos, o aço não tem grande resis-
tência à compressão, sua eficiência está na resis-
tência à tração, ou seja, essa solução é indicada
para vigas e lajes, e não para pilares, pois esses su-
portam a carga de compressão da estrutura como
um todo, além das cargas acidentais. A Figura 17
mostra perfis metálicos do tipo “I”, que são os mais
utilizados nesses casos.

Figura 18 - Reforço de estrutura com perfis metálicos


Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma fotografia de


um ambiente interno, sendo uma laje com reforço em perfis
metálicos em formato “I”. Nas vigas, foram executados perfis
em “U”, de forma que esses encaixassem perfeitamente na
seção da viga. O ambiente apresenta paredes pintadas em
Figura 17 - Perfis metálicos branco e, na parede vista da lateral esquerda para a direita,
vemos, também, a estrutura que cobre os cabos dos fios
finalizados por tomadas. No teto, há duas lâmpadas fluores-
Descrição da Imagem: a figura é uma fotografia feita, sob o centes horizontais acesas que iluminam o ambiente. Na lateral
olhar do observador, durante o dia. Nela, vemos a claridade direita da imagem, vemos uma abertura exposta com grades
externa e 28 perfis metálicos em formato de “I”, empilhados na vertical, sendo possível enxergar o lado de fora, onde há
e distribuídos em quatro fileiras e encostados numa parede um veículo popular branco estacionado na rua e detalhes
pintada em branco, sobre um piso em concreto em cinza claro. de uma vegetação arbórea, tudo sob a luminosidade de sol.

Da mesma forma que nos reforços com concreto Não raras vezes, é necessário utilizar o encami-
armado, antes de executar o reforço com os perfis samento com concreto armado combinado à
metálicos, deve-se remover a camada de concreto estrutura metálica, principalmente se os pilares
afetada bem como recuperar e cobrir as armaduras, requererem reforço, pois o aço não possui grande
quando necessário. Depois desse processo, insta- resistência à compressão, como já mencionado.

145
UNICESUMAR

A manta de fibra de carbono é a solução mais prática nos casos para suportar a flexão, ou seja, vigas e
lajes, porém, no caso de incêndios, em específico, ela nem sempre é interessante, pois, como geralmente
há perda de seção por spalling ou pipocamento,
seu uso não é indicado isoladamente. Ela necessi-
ta que a superfície de aplicação seja regular. Dessa
forma, além de cara, deixará de ser prática, pois
serão dois procedimentos: a recuperação da seção
do elemento estrutural mais a fibra de carbono. A
Figura 19 mostra uma manta de fibra de carbono
antes de ser utilizada.
Por fim, também é possível fazer uso de su-
portes alternativos, porém essa deve ser a última
alternativa, pois, além de prejudicar a estética e
o conforto ambiental, é preciso que sejam muito
bem estudados os locais onde esses suportes serão
instalados para que não haja aumento de esforço
cortante nesses pontos, o que prejudicaria, ainda
mais, a estabilidade e a segurança da estrutura.
Figura 19 - Manta de fibra de carbono

Descrição da Imagem:na fotografia, vemos alguns rolos em papelão cinza claro, envoltos com manta de fibra de carbono com textura
e na cor preta. Junto a ela, vemos uma mão esquerda, de pele clara, segurando a manta com os dedos polegar e indicador.

Agora, bateremos um papo sobre nossos conhecimentos a respeito


das estruturas expostas ao fogo. Veremos como identificá-las, se há
possibilidade de recuperá-las ou se precisam ser totalmente demolidas.
Além disso, abordaremos o comportamento do concreto e do aço com a
exposição ao fogo e as soluções que podemos utilizar para recuperá-las
quando possível. Acesse o QR Code para ouvir o podcast!

Como foi dito no início da unidade, os incêndios trazem muitos prejuízos, tanto financeiros quanto
humanos. Os prejuízos humanos, infelizmente, não podemos reparar, mas os financeiros podemos
reduzir bastante, visto que, desde que feito um bom estudo, nem sempre é necessário descartar o que
sobrou da edificação. Esta unidade nos orientou a identificar, enquanto futuros(as) profissionais
da área, a magnitude dos danos causados às estruturas, averiguando se sua estabilidade está pre-
servada e encontrando soluções para recuperar essas edificações. Poucos profissionais possuem
conhecimento para tal, o que caracteriza esse nicho como uma ótima oportunidade de trabalho.
Vale a pena se dedicar!

146
Agora, para organizar e entender melhor o nosso conteúdo, convido você, futuro(a) engenheiro(a),
a desenvolver um mapa mental sobre a unidade, utilizando os subsídios oferecidos até aqui. A
seguir, temos um mapa para você revisar o que foi visto até agora.

Exposição da estrutura Consequências


ao calor spalling e Pop out

INCÊNDIO

Desagregação
do concreto

Recuperação
da estrutura

147
Agora é a hora de ver se você aprendeu! As questões a seguir dizem respeito a edificações em
situação de incêndio e testarão seu conhecimento.

1. Ao serem submetidas a acidentes, como incêndios, estruturas em concreto armado podem


sofrer consequências distintas, de acordo com as condições de exposição e temperatura. Con-
siderando essas informações, avalie as proposições a seguir em relação ao comportamento
do concreto armado em situações de exposição a incêndios e assinale a opção correta.

I) Quanto maior a temperatura e o tempo de exposição, maior será a perda de resistência


mecânica do concreto.
II) O concreto e o aço possuem coeficientes de expansão térmica diferentes e, ocorrendo um
incêndio, haverá expansão diferenciada em cada um, originando perda de aderência entre eles.
III) Em temperaturas elevadas, as tensões internas na estrutura causam desagregação do con-
creto, o que ocasiona a exposição direta da armadura à ação do fogo.
IV) Mesmo após a exposição ao fogo, o concreto não alterará sua aparência, permanecendo com
a mesma cor e acabamento superficial.
É correto o que se afirma em:

a) I, II e IV, apenas.
b) I, II, III e IV.
c) I, II e III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) II e IV, apenas.

2. Um fenômeno muito comum que ocorre com o concreto armado em situações de incêndio
é sua delaminação, devido a vapores que se criam em seu interior. A esse fenômeno damos
o nome de:

a) Speeding.
b) Grooving.
c) Buffering.
d) Pop Outs.
e) Spalling.

3. Algumas estruturas incendiadas podem ser recuperadas, dependendo do grau das avarias cau-
sadas pelo fogo. Temos várias soluções para esse tipo de reparo e algumas delas são: mantas
de fibra de carbono, encamisamento com concreto armado e perfis metálicos. Considerando
as propriedades de cada um desses materiais, qual seria a melhor solução entre essas três
para reforçar pilares? Por que você utilizaria esta solução?

148
8
Aplicação dos
Requisitos e
Instrumentos para
Manutenção Predial
Esp. Stephanie Vicente Moi

Na Unidade 8, você terá a oportunidade de aprofundar os seus


conhecimentos sobre Manutenção e Engenharia Preventiva. As
normas brasileiras orientadoras desta unidade são: NBR 5.674/2012
– Manutenção de Edificações — Requisitos para o sistema de gestão
de manutenções; 15.575-1/2021 – Edificações Habitacionais — De-
sempenho – Parte 1: Requisitos gerais; 14.037/2011 – Diretrizes para
Elaboração de Manuais de Uso, Operação e Manutenção das Edifica-
ções — Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos.
UNICESUMAR

Por meio da disseminação do conhecimento que a internet e outros meios proporcionaram nos últimos
anos, a sociedade civil está, cada vez mais, consciente quanto à importância da manutenção e da pre-
venção das edificações, de modo a prolongar a durabilidade e preservar a segurança, a habitabilidade,
a sustentabilidade e a acessibilidade.
Nesse contexto, você poderia descrever quais aspectos acha importante sobre o tema? O que lhe
vem à mente quando pensa nos requisitos de manutenção predial?
O público em geral tem uma impressão errada sobre a vida útil de uma edificação. Fazendo uma
analogia com uma situação cotidiana, você já deve ter se deparado com a situação em que levou o seu
carro ou o carro de algum conhecido, para a revisão dos 10 mil, 20 mil, 100 mil km, já teve que trocar
o óleo, alinhar, balancear e assim por diante. Isso não te causa espanto, não é mesmo? É algo óbvio
realizar estas manutenções preventivas periódicas. No entanto, quando se trata de uma edificação,
os proprietários/usuários ficam incomodados com o fato de terem que gastar para realizar simples
reparos, como: pintura, troca de pisos, troca de torneiras, lâmpadas, tomadas etc. Com isso, demoram
muito tempo para fazer tal manutenção e esta espera faz com que os problemas se agravem, sendo que
custarão muito mais caro do que se tivessem sido feitos no tempo correto.
Caso você não troque o óleo do seu carro, o que é barato, o motor pode fundir, sendo inúmeras
vezes mais caro de reparar. As edificações funcionam da mesma forma!
Agora, é a sua vez! Use os seus recursos de pesquisa, material didático, experiências, conhecimento
aplicado em estágios e obras e descreva uma situação, um caso prático que você considerou interessante
ou importante sobre o tema Manutenção e Engenharia Preventiva.
Você percebeu o quão importante é a manutenção de uma edificação. Sem ela, não é possível atingir
a vida útil de projeto, portanto, analise a edificação como uma máquina ou um carro. Caso você não
faça as revisões periódicas, troque peças, substitua o óleo, cuide do motor, acabará por ter um equipa-
mento com falha, o que, provavelmente, levará ao descarte. Assim devem ser encaradas as edificações.
Elas necessitam de atenção especial em alguns requisitos, logo nos primeiros anos e em outros anos
mais complexos, ao longo de sua vida.
Desse modo, anote, no Diário de Bordo, as suas conclusões acerca dos aspectos relevantes da sua
pesquisa.

150
UNIDADE 8

De acordo com a NBR 15.575-1 (ABNT, 2021), manutenção é o conjunto de atividades a serem realiza-
das para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e dos seus sistemas constituintes,
a fim de atender às necessidades e à segurança dos seus usuários.
As ações de manutenção ficam a cargo dos usuários/proprietários e dos demais que fazem uso da
edificação. Em nossa analogia entre as edificações e um carro, este possui um manual que foi entregue
no dia da compra, com orientações, direcionamentos, procedimentos que possibilitam tanto o bom
funcionamento quanto a longevidade do veículo. Para as edificações, não é diferente! Você já ouviu
falar do manual do proprietário?
A NBR 14.037 (ABNT, 2011) detalha os requisitos necessários para a elaboração desse manual,
o qual, basicamente, direcionará os cuidados que a edificação demandará ao longo de sua vida útil.
O construtor e/ou incorporador, conforme a legislação vigente, deve elaborar e apresentar os se-
guintes itens:

a) informar aos proprietários e ao


condomínio as características técnicas
da edificação construída;

b) descrever procedimentos recomendáveis


e obrigatórios para a conservação, uso e
manutenção da edificação, bem como para
a operação dos equipamentos;

c) em linguagem didática, informar e orientar os


proprietários e o condomínio com relação às suas
obrigações no tocante à realização de atividades
de manutenção e conservação, e de condições
de utilização da edificação;

d) prevenir a ocorrência de falhas


ou acidentes decorrentes de uso
inadequado;

e) contribuir para que a edificação


atinja a vida útil de projeto.

151
UNICESUMAR

É recorrente que, na cerimônia de entrega das chaves do imóvel (Figura 1), seja entregue, também,
o manual do proprietário, visto que o Código de Defesa do Consumidor cita que o construtor deve
realizar a disponibilização de forma obrigatória.

Figura 1 - Simbologia da entrega do imóvel com a entrega das chaves e do manual do proprietário

Descrição da Imagem:a fotografia apresenta a mão de uma pessoa recebendo um molho de três chaves da mão de outra pessoa,
que está do lado oposto da mesa, e veste camiseta de manga longa preta. Sobre a mesa que está entre as pessoas, há um documento
e um smartphone.

Outros aspectos importantes devem estar presentes nesse documento, em relação às áreas privativas
e comuns:

a. informações sobre aspectos importantes para o proprietário e para o condomínio,


como: propriedades especiais previstas em projeto e sistema construtivo empregado.

Importantíssimo o proprietário saber sobre a técnica construtiva empregada em sua edificação. Ima-
gine que, para uma reforma, você tenha redesenhado e adequado o projeto do seu cliente, decidindo
destruir uma parede. Caso essa edificação seja constituída por alvenaria estrutural, seria arriscado e
não recomendado que houvesse tal modificação, visto que, sem aquele elemento estrutural concebido
no projeto, poderia haver o colapso da estrutura.

b.Desenhos esquemáticos, com dimensões cotadas, que representem a posição das


instalações do tema construtivo empregado.;

152
UNIDADE 8

Para a mesma situação descrita, caso houvesse a possibilidade de reforma e remoção da parede,
como o usuário saberia onde estão as instalações elétricas, hidráulicas, esgoto etc.?!

No projeto, há a possibilidade de encontrar a informação, porém nem sempre os condomínios têm


cópias para fornecer ou o layout é difícil de ser entendido.
No manual do proprietário, devem estar claras e de fácil entendimento essas informações:

c. Descrição dos sistemas, dos elementos e equipamentos.;

Para proporcionar a manutenção adequada dos equipamentos, é recomendado que sejam detalhados
os sistemas e equipamentos. Por exemplo, durante a vida útil de um sistema de aquecimento solar,
alguns fabricantes recomendam pequenas manutenções (Figura 2), tais como: realizar a drenagem do
sistema para limpeza, verificar as vedações dos coletores solares. Há casos em que, se tais manutenções
não forem feitas, é possível perder a garantia e nem sempre o proprietário pode ser informado disso
no ato da compra do imóvel.

Figura 2 - Realização da manutenção do sistema de energia solar

Descrição da Imagem:a fotografia apresenta um trabalhador, que utiliza EPI (luva, jaqueta com refletor e capacete), realizando a ma-
nutenção de um sistema de energia solar, nas placas fotovoltaicas instaladas. Ele está debruçado sobre elas.

153
UNICESUMAR

d) Cargas máximas admissíveis nos circuitos elétricos.


e) Cargas estruturais máximas admissíveis.

Os dois itens são, igualmente, importantes às reformas e adequações nas edificações. Informações
claras e diretas que evitam que o proprietário precise recorrer aos projetos, pois corre o risco de não
os entender.

f) Descrição sucinta dos sistemas.

As construções funcionam como um equipamento. Por isso, os sistemas que a compõem devem ser
explicados ao leigo que não conheceu o processo de concepção do projeto.

g) Relação dos componentes utilizados para acabamentos (por exemplo, revestimentos


cerâmicos, tintas, metais, ferragens, esquadrias, vidros etc.) com as suas especificações.

Por desconhecimento, é comum ocorrer o manchamento do porcelanato do piso devido ao manuseio


de ácido muriático utilizado para a lavagem de outros tipos mais comuns.

h) Sugestão ou modelo do programa de manutenção preventiva (Figura 3).

Figura 3 - Checklist para manutenção de um sistema hidros-


sanitário

Descrição da Imagem: a fotografia mostra um jovem homem


branco com uma prancheta e uma caneta em suas mãos.
Ele observa a região inferior de um lavatório, onde estão o
registro hidráulico e o sifão, ao mesmo tempo, o jovem faz
anotações referentes ao sistema, ao seu lado direito, há uma
maleta de ferramentas.

154
UNIDADE 8

Em relação aos fornecedores, projetistas e serviços de utilidade pública, deve haver a indicação com
dados para contato.
Além disso, no manual do proprietário, deve haver um programa de manutenção preventiva para
atender às condições de saúde, segurança e salubridade do usuário. Nesse programa, estará indicada
a periodicidade das manutenções.
É obrigatório o registro da realização da manutenção, o qual deverá ser mantido de forma legível
e disponível para a efetiva implementação do programa, do planejamento e das inspeções.

De acordo com a NBR 5.674 (2012), os itens


obrigatórios para cada registro são:
• identificação
• funções dos responsáveis pela coleta dos
dados que compõem o registro;
• estabelecimento da forma de
arquivamento do registro;
• estabelecimento do período de tempo
pelo qual o registro deve ficar armazenado,
assegurando sua integridade.

O manual precisa citar os procedimentos nos casos de emergência (Figura 4), de modo que sejam
tomadas providências efetivas e imediatas em prol da segurança pessoal e patrimonial dos usuários.

Figura 4 - Exemplo de planos de evacuação em caso de


incêndio

Descrição da Imagem:a fotografia mostra várias plantas


com layouts de uma edificação cujo conteúdo são planos de
evacuação, com a indicação de extintores de incêndio, saídas
de emergência e um detector de fumaça sobre elas.

155
UNICESUMAR

A NBR 14.037 (2011) cita os tipos de emergência previstos


que devem ser informados:
• vazamentos de gás;
• vazamento de água;
• falhas nos sistemas elétricos;
• prevenção e combate a incêndio;
• falhas de instalações e equipamentos julgados críticos
ao funcionamento da edificação, contemplando não
restritivamente os elevadores, instalações de ar
condicionado, instalações hidráulicas e sanitárias,
instalações elétricas e outros.

O manual do proprietário também deve alertar os usuários/proprietários do condomínio sobre os


riscos de não seguirem os procedimentos estabelecidos, além dos riscos relacionados a negligência e
não observação das situações de emergência.
Quando se trata de modificações nos aspectos estruturais, nas vedações, nas instalações e nos aca-
bamentos que comprometam o desempenho do sistema, elas devem ser acompanhadas de projeto e
memorial com a indicação de responsável técnico registrado em conselho profissional. Antes de serem
feitas, tais modificações necessitam ser informadas e submetidas à análise de construtora, incorpora-
dora e projetista, ou, na ausência desse, de um responsável técnico.
Quando se fala em Engenharia Preventiva, podemos nos basear na NBR 5.674 (ABNT, 2012), a
qual orienta como elaborar um programa de manutenção. Este consiste na determinação de: ativida-
des essenciais de manutenção, periodicidade, responsáveis pela execução, documentos de referência,
referências normativas e recursos necessários. Todos referidos, individualmente, aos sistemas e, quando
aplicável, aos elementos, componentes e equipamentos.
Importante destacar que o programa de manutenção deverá ser atualizado, frequentemente, de
acordo com as especificidades do local.
O programa de manutenção deve considerar projetos, memoriais, orientação dos fornecedores e
manual de uso, operação e manutenção (quando houver), além de características específicas, como:
a) Tipologia, complexidade e regime de uso da edificação.
b) Sistemas, materiais e equipamentos.
c) Idade das edificações.

156
UNIDADE 8

d) Expectativa de durabilidade dos sistemas, e) Contratos firmados.


quando aplicável aos elementos e compo- f) Catálogos, memoriais executivos, proje-
nentes, com atendimento à NBR 15.575, tos, desenhos, procedimentos executivos
quando aplicável. dos serviços de manutenção e propostas
e) Relatórios das inspeções, constando técnicas.
comparativos entre as metas previstas e g) Relatório de inspeção.
as metas efetivas, tanto físicas quanto fi- h) Documentos mencionados no Quadro 1,
nanceiras. segundo a NBR 14.037 (ABNT, 2011), nos
f) Relatórios das inspeções constando as não quais devem constar a qualificação do res-
conformidades encontradas. ponsável e os comprovantes da renovação.
g) Relatórios das inspeções sobre as ações i) Registros de serviços de manutenção rea-
corretivas e preventivas. lizados.
h) Solicitações e reclamações dos usuários j) Ata das reuniões de assuntos afetos à ma-
ou proprietários. nutenção.
i) Histórico das manutenções realizadas. k) Documentos de atribuição de responsa-
j) Rastreabilidade dos serviços. bilidade de serviços técnicos.
k) Impactos referentes às condições climá-
ticas e ambientais do local da edificação.
l) Escala de prioridades entre os diversos
serviços.
m) Previsão financeira.

É necessário manter a documentação referente


às manutenções para fundamentar a execução e
a gestão do programa, melhorar o custo x benefí-
cio na realização dos serviços, reduzir incertezas
quanto à execução anterior e auxiliar os planeja-
mentos futuros.
O programa deve incluir os seguintes docu-
mentos, segundo a NBR 5.674 (ABNT, 2012),
conforme mostra a Figura 5:
a) Manual de uso, operação e manutenção
das edificações conforme a NBR 14.037
(ABNT, 2011).
b) Manual dos fornecedores dos equipamen-
tos e serviços.
c) Programa da manutenção.
d) Planejamento da manutenção contendo o
previsto e o efetivo, tanto do ponto de vista
cronológico quanto financeiro.

157
UNICESUMAR

Figura 5 - Fluxo da documentação / Fonte: ABNT (2012, p. 11).

INÍCIO
Descrição da Imagem: a imagem é um fluxograma que
retrata o flow da documentação referente ao programa de
manutenção. De cima para baixo, dentro de um círculo, no
canto superior central, está escrito “Início”; logo embaixo,
indicado por uma seta, também, para baixo, um retângulo
ovalado mostra frase “Manual de uso, operação e manuten-
ção”; embaixo, vê-se uma seta indicativa para outro retângulo
ovalado, no qual que se lê “Programa de manutenção”; outra
seta indicativa para baixo aponta para um retângulo ovalado
e, nele, está escrito “Registros de contrataçãoª; na sequência,
outra seta aponta para um retângulo, no qual está escrito
Manual de uso, “Registros de execução b”; a penúltima seta aponta para a
palavra “Arquivo” e uma última seta indicativa aponta para

operação e manutenção um círculo, onde está escrito “Fim”.

Os registros de contratação podem ser: propos-


tas, mapa de cotação, contratos, e-mails e ordens
de serviço. Já os exemplos de registros de execu-
Programa de ção são: laudos, Anotação de Responsabilidade
manutenção Técnica (ART), termo de garantia e instruções
de manutenção.
A mesma norma sugere uma periodicidade
para a execução das inspeções ou das verificações,
Registros de para o caso de um edifício, e te orientará na de-
terminação do momento adequado (Quadro 1).
contratação b

Registros de execução

Arquivo

FIM

158
UNIDADE 8

Elemento/Com-
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
ponente

Fazer a drena- Equipamento


Sauna úmida gem de água no de manutenção
equipamento. local

Verificar, após o
Equipamentos uso do equipa-
industrializados mento, o nível de
Equipamento
óleo combustível
Grupo gerador de manutenção
e se há obstru-
local
ção nas entradas
A cada semana e saídas de venti-
lação.

Verificar o nível
Equipamento
Reservatórios de dos reservató-
de manutenção
água potável rios e o funciona-
local
Sistemas hidros- mento das boias.
sanitários
Verificar o fun- Equipamento
Sistema de irri-
cionamento dos de manutenção
gação
dispositivos. local

Verificar o fun-
cionamento e
Bombas de água alternar a chave
Equipamento
Sistemas hidros- potável, água no painel elétrico
de manutenção
sanitários servida e pisci- para as utilizar
local
nas em sistema de
rodízio, quando
aplicável.

Efetuar teste de
funcionamen-
A cada 15 dias Equipamento
Iluminação de to dos sistemas
de manutenção
emergência conforme instru-
local
ções do fornece-
dor.
Equipamentos
industrializados
Efetuar teste de
funcionamen-
Equipamento
to dos sistemas
Grupo gerador de manutenção
conforme instru-
local
ções do fornece-
dor.

159
UNICESUMAR

Equipe de manu-
Manutenção ge-
Jardim tenção local/Em-
ral
presa capacitada

Fazer teste de
funcionalidade
do sistema de
Equipe de manu-
ventilação, con-
tenção local
forme instruções
do fornecedor e
Pressurização de do projeto.
escada
A cada mês
Fazer manuten-
Equipamentos
ção geral dos
industrializados Empresa espe-
sistemas, confor-
cializada
me instruções do
fornecedor.

Fazer teste de
funcionamento,
Banheira hidro- Empresa de ma-
conforme instru-
massagem/SPA nutenção local
ções do fornece-
dor.

Elemento/Com-
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
ponente

Manutenção
recomendada
pelo fabricante Empresa espe-
Ar-condicionado
e atendimento à cializada
legislação vigen-
te.
Equipamentos
industrializados
Efetuar teste de
funcionalidade
Iluminação de de todo o siste- Equipe de manu-
emergência ma, conforme tenção local
instruções do
A cada mês fornecedor.

Fazer manuten-
ção geral dos
Automações de Empresa espe-
sistemas, confor-
portões cializada
me instruções do
fornecedor.
Sistema de auto-
mação
Dados, informáti- Verificar o fun-
ca, voz, telefonia, cionamento, Equipe de manu-
vídeo, TV, CFTV e conforme instru- tenção local/Em-
segurança peri- ções do fornece- presa capacitada
metral dor.

160
UNIDADE 8

Revestimento de Pedras naturais Verificar e, se ne-


Equipe de manu-
parede e piso e (mármore, gra- cessário, encerar
tenção local
teto nito e outros) as peças polidas.

Limpar o siste-
ma das águas
pluviais e ajustar
Ralos, grelhas, a periodicidade
Equipe de manu-
calhas e canale- em função da
tenção local
tas sazonalidade, es-
Sistemas hidros- pecialmente, em
sanitários época de chuvas
intensas.

Testar o seu
Bombas de in- funcionamento, Equipe de manu-
cêndio observada a le- tenção local
gislação vigente.

Limpar e regular
os sistemas de
queimadores e
Gerador de água Empresa capaci-
filtros de água,
quente tada
conforme ins-
truções dos fa-
bricantes.

A cada dois me- Equipamentos Para unidades


ses industrializados centrais, verifi-
car fusíveis, LED
de carga da bate-
Iluminação de ria selada e nível Equipe de manu-
emergência de eletrólito da tenção local
bateria comum,
conforme ins-
truções dos fa-
bricantes.

161
UNICESUMAR

Elemento/ Com-
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
ponente

Aplicar óleo lu-


brificante nas
dobradiças e
maçanetas.

Verificar a aber- Equipe de manu-


Porta corta-fogo
tura e o fecha- tenção local
Equipamentos mento a 45°. Se
industrializados for necessário,
fazer regulagem,
chamar empresa
especializada.
A cada três me-
ses
Banheira de hi-
Limpar a tubula- Equipe de manu-
dromassagem/
ção tenção local
SPA

Efetuar limpeza
Equipe de manu-
geral das esqua-
Esquadrias de alumínio tenção local/Em-
drias e dos seus
presa capacitada
componentes.

Caixas de esgoto,
Sistemas hidros- Efetuar limpeza Equipe de manu-
de gordura e de
sanitários geral tenção local
águas servidas

162
UNIDADE 8

Verificar a integri-
Lajes, vigas e pi- dade estrutural, Empresa espe-
Estrutural
lares conforme ABNT cializada
NBR 15.575.

Manutenção re- Empresa capa-


Sistema de segu-
comendada pelo citada/Empresa
rança
fornecedor. especializada

Verificar a sua
integridade e
reconstituir o
funcionamento
do sistema de
Gerador de água lavagem interna Empresa capaci-
quente dos depósitos tada
de água quente
e a limpeza das
chaminés, con-
forme instrução
A cada ano do fabricante.

Equipamentos Verificar o fun-


industrializados cionamento, a
Sistema de aque-
limpeza e a re- Empresa capaci-
cimento indivi-
gulagem, con- tada
dual
forme legislação
vigente.

Limpar e manter
Banheira de hi-
o sistema confor- Empresa capaci-
dromassagem/
me instruções do tada
SPA
fornecedor.

Inspecionar a
sua integridade e
Sistemas de pro-
reconstituir o sis-
teção contra des- Empresa espe-
tema de medição
cargas atmosféri- cializada
de resistência,
cas
conforme legis-
lação vigente.

163
UNICESUMAR

Elemento/ Com-
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
ponente

Desratização e desinsetização (resi- Aplicação de pro- Empresa espe-


dencial) dutos químicos cializada

Verificar a sua
integridade e
Áreas molhadas
reconstituir a
internas e ex-
proteção mecâ-
Impermeabiliza- ternas, piscinas, Equipe de manu-
nica, os sinais
ção reservatórios, co- tenção local
de infiltração ou
berturas, jardins,
as falhas da im-
espelhos d’água
permeabilização
exposta.

Verificar a sua
integridade e
reconstituir os
rejuntamentos
internos e ex-
ternos de pisos,
Equipe de manu-
paredes, peitoris,
Rejuntamentos e vedações tenção local/Em-
soleiras, ralos,
presa capacitada
peças sanitárias,
bordas de ba-
nheiras, chami-
A cada ano nés, grelhas de
ventilação e ou-
tros elementos.

Verificar a in- Equipe de ma-


Paredes exter-
tegridade e re- nutenção local/
nas/fachadas e
constituir, onde Empresa espe-
muros
necessário. cializada

Verificar a in- Equipe de ma-


Revestimentos Piso acabado,
tegridade e re- nutenção local/
de parede, piso revestimento de
constituir, onde Empresa espe-
e teto paredes e tetos
necessário. cializada

Verificar a in- Equipe de ma-


Deque de ma- tegridade e re- nutenção local/
deira constituir, onde Empresa espe-
necessário. cializada

Equipe de ma-
Quadro de dis- nutenção local/
Instalações elé- Reapertar todas
tribuição de cir- Empresa capa-
tricas as conexões
cuitos citada/Empresa
especializada

164
UNIDADE 8

Elemento/ Com-
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
ponente

Verificar fa-
lhas de veda-
ção, fixação das Equipe de ma-
esquadrias, nutenção local/
guarda-corpos, Empresa espe-
reconstituir a cializada
sua integridade,
onde necessário.

Efetuar limpeza
geral das esqua-
drias, incluindo
Esquadrias em geral
drenos, reaper-
tar parafusos
aparentes, regu-
lar freio e lubrifi- Equipe de ma-
cação. nutenção local/
Empresa espe-
Observar a tipo- cializada
logia e a com-
plexidade das
esquadrias, os
projetos e as
instruções dos
fornecedores.

Verificar a pre-
A cada ano sença de fissu-
ras, falhas na ve- Equipe de ma-
dação e fixação nutenção local/
Vidros e seus sistemas de fixação
nos caixilhos e Empresa espe-
reconstituir a cializada
sua integridade,
onde necessário.

Verificar as tubu-
lações de água
potável e servi-
da, para detectar Equipe de ma-
obstruções, fixa- nutenção local/
Tubulações
ções, falhas ou Empresa espe-
entupimentos, cializada
Sistemas hidros- e reconstituir a
sanitários sua integridade,
onde necessário.

Verificar os ele-
mentos de veda-
Metais, acessó- Equipe de manu-
ção dos metais,
rios e registros tenção local
acessórios e re-
gistros.

Recarregar os Empresa espe-


Equipamentos de incêndio
extintores cializada

165
UNICESUMAR

Inspecionar, pe-
riodicamente, de
acordo com a le-
Sistemas de pro- gislação vigente.
Equipamentos teção contra des- Empresa espe-
industrializados cargas atmosféri- Em locais expos- cializada
cas tos à corrosão
severa, reduzir
os intervalos en-
tre verificações.

Verificar a integri-
dade estrutural
Equipe de ma-
dos componen-
nutenção local/
Sistema de cobertura tes, vedações e
Empresa espe-
fixações, recons-
cializada
tituir e tratar,
onde necessário.

Elemento/ Com-
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
ponente

Verificar e, se ne-
cessário, pintar,
Equipe de ma-
encerar, enver-
nutenção local/
Esquadrias e elementos de madeira nizar ou execu-
Empresa espe-
tar tratamento
cializada
recomendado
pelo fornecedor.

Verificar e, se ne-
cessário, pintar Equipe de ma-
ou executar tra- nutenção local/
A cada dois anos Esquadrias e elementos de ferro
tamento específi- Empresa espe-
co recomendado cializada
pelo fornecedor.

Verificar as co-
nexões, o estado Equipe de ma-
Tomadas, inter- dos contatos elé- nutenção local/
Instalações elé-
ruptores e pon- tricos e dos seus Empresa capa-
tricas
tos de luz componentes, e citada/Empresa
reconstituir onde especializada
necessário.

166
UNIDADE 8

Efetuar lavagem

Verificar os ele-
mentos e, se ne- Equipe de ma-
cessário, solicitar nutenção local/
A cada três anos Fachada inspeção. Empresa capa-
citada/Empresa
especializada
Atender às pres-
crições do relató-
rio ou laudo de
inspeção.

Quadro 1 - Exemplo de elaboração de programa de manutenção preventiva para uma edificação hipotética / Fonte: adaptado
de ABNT (2012).

A manutenção das edificações é fundamental para que a vida útil, prevista em projeto, seja atingida.
Além da responsabilidade do(a) profissional de Engenharia em elaborar projetos viáveis e bem funda-
mentados, e da construtora, em executar atendendo ao desempenho esperado, o usuário tem o papel
de implementar os planos de manutenção, para assegurar a durabilidade prevista.

Acesse o QRCode e assista ao Webinar da NBR 16.747, promovido pelo


IBAPE-SP, sobre inspeção predial. Uma boa aliada no programa de ma-
nutenção a ser implantado nas edificações. Espero que goste!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

A manutenção tanto prolonga quando regride a vida útil de uma edificação, devido ao excesso de
deterioração, à perda das características estéticas, funcionais e estruturais e, também, por causa da
depredação patrimonial.
O gráfico, a seguir (Figura 6), representa o desempenho de uma edificação, ao longo do tempo.

167
UNICESUMAR

Desempenho

Manutenção

Desempenho
requerido

Tempo
T0 Vida útil sem manutenção Tf1 Tf
Vida útil com manutenção

Figura 6 - Gráfico que representa o desempenho de uma edificação ao longo do tempo / Fonte: Fagundes Neto (2013, p. 58).

Descrição da Imagem: a figura representa um gráfico de linhas, onde o desempenho previsto em projeto é a linha vertical do gráfico,
sendo, na horizontal o tempo. No início da vida útil de uma edificação, o desempenho se inicia em um patamar superior ao requerido
e tende a cair, ao longo de sua vida útil. Com a devida manutenção, esse desempenho volta a patamares superiores, mas, obviamente,
inferiores ao da vida útil inicial. Mesmo assim, é possível prolongá-la, realizando, periodicamente, as manutenções.

Neste podcast, serão apresentados conceitos adicionais sobre manuten-


ção e inspeção prediais. Trata-se de um resumo e curiosidades acerca
do tema. Espero que goste!

168
UNIDADE 8

Prezado(a) aluno(a), assim encerramos a nossa unidade que aborda a aplicação dos instrumentos
responsáveis por proporcionar a manutenção predial e, consequentemente, possibilitam a extensão
da vida útil da edificação.
Você aprendeu os aspectos mais importantes das normas brasileiras que tratam do tema: NBR
5.674/2012 – Manutenção de Edificações — Requisitos para o sistema de gestão de manutenções;
15.575-1/2021 – Edificações Habitacionais — Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais; 14.037/2011 –
Diretrizes para Elaboração de Manuais de Uso, Operação e Manutenção das Edificações — Requisitos
para elaboração e apresentação dos conteúdos.
Nesse sentido, você pôde refletir a respeito dos itens que devem estar presentes nos registros das
manutenções feitas nas edificações, os documentos e projetos que precisam ser solicitados ao condomí-
nio ou aos proprietários, as garantias dadas pela norma de desempenho e o cronograma recomendado
à sua realização, de mês a mês, de ano a ano.
Desse modo, como futuro(a) engenheiro(a), você terá mais fundamentação para elaborar o manual
do usuário, acompanhar a realização das inspeções prediais e manutenções periódicas, estudar bem
como propor as principais intervenções identificadas e, assim, poderá auxiliar melhor os usuários sobre
a importância da Engenharia Preventiva, a qual minimiza os custos, ao longo da vida útil da edificação,
além de readequar o desempenho presente nos primeiros anos de construção.

169
Agora, convido você a criar um Mapa Mental. Nele, você será capaz de verificar os passos voltados
à resolução das manifestações patológicas da construção civil. Para isso, elenque os instrumentos
que proporcionam a manutenção predial e a extensão da vida útil da edificação.

INSTRUMENTOS QUE PROPORCIONAM A


MANUTENÇÃO PREDIAL E EXTENSÃO DA VIDA
ÚTIL DA EDIFICAÇÃO

170
1. De acordo com a norma NBR 5.674 (ABNT, 2012), intitulada “Manutenção de edificações – Re-
quisitos para o sistema de gestão de manutenção”, no que diz respeito aos requisitos para a
manutenção, é correto afirmar que:

a) A gestão do sistema de manutenção deve considerar as características das edificações, como


o uso efetivo da edificação, o seu tamanho e a sua complexidade. A tipologia da edificação e
a localização não influenciam a gestão.
b) As diretrizes que orientam a manutenção devem preservar o desempenho previsto em projeto,
minimizando a depreciação patrimonial, sem influenciar o fluxo da comunicação.
c) A gestão do sistema de manutenção precisa promover a realização coordenada dos dife-
rentes tipos de manutenção das edificações, sendo elas manutenção rotineira, manutenção
corretiva e manutenção preventiva. Tais serviços devem, sempre, ser realizados por empresa
especializada.
d) Os relatórios das inspeções necessitam descrever a degradação de cada sistema, elemento ou
componente e equipamento da edificação, além de apontar e, sempre que possível, estimar
a perda do seu desempenho.
e) O programa de manutenção consiste na determinação das atividades essenciais de manu-
tenção, a sua periodicidade, os responsáveis pela execução, os documentos de referência,
as referências normativas e os recursos necessários. Uma vez elaborado, o programa de
manutenção não poderá sofrer atualizações.

2. Cite quais documentos são necessários para os planos de manutenção serem realizados.

3. De acordo com os dispositivos da NBR 5.674 (ABNT, 2012), a qual aborda o manual do usuário,
é correto afirmar que:

a) No item “Vistoria do imóvel”, devem ser informadas aos usuários as partes componentes desse
imóvel e os prazos de garantia.
b) No item “Sugestões de manutenção preventiva”, deve constar, somente, a periodicidade com
que o usuário precisa fazer a manutenção.
c) A descaracterização do imóvel deve constar, de forma clara, no item “Garantia do imóvel”.
d) No item “Prazos de garantia”, o usuário precisa ser informado de todos os prazos de garantia
bem como da obrigatoriedade de manutenção preventiva.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

171
172
9
Aspectos
Introdutórios de
Manutenção
Esp. Regina de Toni

Nesta unidade, estudaremos os problemas causados pela falta de


manutenção nas edificações, a qual tem causado muitos acidentes
em edificações, além do seu uso inadequado, o que trouxe, junto
com os prejuízos financeiros, prejuízos humanos, que são irrepará-
veis. É por este motivo que, nesta unidade, falaremos a respeito de
manutenção de edificações e estudaremos métodos utilizados para
identificar as deficiências apresentadas nesta atividade, a qual é tão
importante para garantir o desempenho esperado das edificações.
UNICESUMAR

Por causa do envelhecimento das nossas edifi-


cações e da sua consequente perda de desem-
penho, a sociedade vem tendo todo tipo de
prejuízo, pois, pela falta de manutenção das
construções, além da perda precoce de desem-
penho, diversos acidentes, como incêndios e
desabamentos, vêm trazendo danos imensos,
inclusive com perdas humanas.
Apesar desta percepção ser muito clara para
nós, engenheiros civis, infelizmente, não é tão
clara assim aos leigos. Por este motivo, foram de-
senvolvidos normas e procedimentos técnicos
para identificar as deficiências existentes nas edi-
ficações e orientar os seus usuários a respeito dos
procedimentos de manutenção e reparos, além
do correto uso do seu imóvel. Esse procedimen-
to é a inspeção predial, que vem tomando um
espaço, cada vez maior, nos serviços prestados
por engenheiros. Figura 1 - Estrutura metálica deteriorada / Fonte: a autora.
E você, futuro(a) engenheiro(a) civil, já ouviu
falar de inspeção predial? Sabe quais são os seus Descrição da Imagem:a fotografia mostra a ponta de uma
tesoura metálica que faz parte de uma estrutura de cobertura.
benefícios e vantagens aos proprietários? Acre- Essa tesoura está com os perfis muito enferrujados, alguns
deles já estão, até mesmo, decompostos.
dite, elas vão muito além de reparos e prevenção.
Acredito que já tenha ficado claro o paralelo
entre a saúde das edificações e a saúde dos se- Esta estrutura metálica de cobertura é de uma
res humanos, o qual nos explica que a falta de obra que foi concluída no ano de 2004. Trata-
manutenção nas edificações é como se fosse a -se de uma obra pública e, segundo relatos dos
falta de tratamentos médicos para as pessoas. Esta seus usuários, desde a sua inauguração, nunca
deficiência no “tratamento” é uma considerável foram realizados procedimentos de manutenção.
ameaça para o bom funcionamento e a segurança O resultado é visível: corrosão profunda. Pelas
das edificações, porém há de se identificar quais condições dessa estrutura, é fácil concluir que a
são os defeitos existentes nessas construções bem probabilidade de um acidente fatal não é pequena,
como elaborar planos de manutenção para elas. aliás, caso essa corrosão estivesse ocorrendo no
É para este fim que foi criada a inspeção pre- centro das tesouras, certamente, o acidente já teria
dial e, também, é este o assunto que estudaremos ocorrido. Isto quer dizer que a estrutura precisa,
nesta unidade! urgentemente, de reparo.
Agora, conheceremos um exemplo prático Gostaria que você, estudante, analisasse esta
do que pode acontecer a uma edificação que imagem e pensasse a respeito de um procedimen-
“não vai ao médico”. Observe a estrutura me- to muito comum da construção civil, o qual po-
tálica da Figura 1. deria ter sido executado para que essa estrutura

174
UNIDADE 9

não tivesse chegado a este grau de deterioração. É tão fácil que você não deve sequer estar acreditando
que eu perguntei. Tenho certeza que já sabe!
Agora é a sua vez de realizar uma atividade prática e perto de você. Observe na sua casa ou no seu
trabalho quais são as falhas de manutenção ou se há algum ambiente ou estrutura (como uma marquise,
por exemplo) que está sendo utilizado para um fim não planejado.
Faça uma análise, mesmo que empírica, de suas observações, em seguida, anote-as, aqui, no Diário
de Bordo. No fim da unidade, você refará a observação do mesmo local e analisará o que você apren-
deu. Combinado?

Nesta unidade, falaremos, basicamente, de manutenção e, apesar de ela ter importância em diversos
quesitos relacionados às edificações, daremos enfoque na sua relevância em evitar acidentes nas edi-
ficações. Para tanto, quero chamar a sua atenção ao quadro, a seguir.
Ela mostra uma relação de obras que causaram verdadeiras catástrofes por sofrerem colapso, incên-
dio ou qualquer outro tipo de problema ligado a falta de manutenção, mau uso ou falhas na execução
de reformas.

175
UNICESUMAR

Vítimas
Ano Obra Estado Cidade Provável origem
(fatais)

1971 Gameleira MG Belo Horizonte Falha na execução 69

Viaduto Paulo de
1971 RJ Rio de Janeiro Falha na execução 27
Frontin

Falha de manutenção e
1974 Edifício Joelma SP São Paulo 187
mau uso

S. José do Rio Falhas no projeto e na


1997 Edifício Itália SP 0
Preto execução

Falhas na execução de
1998 Igreja Universal SP Osasco 25
reformas

1998 Edifício Palace II RJ Rio de Janeiro Falhas no projeto 9

Edifício Areia Jaboatão dos


2004 PE Falha na execução 4
Branca Guararapes

Metrô SP - Linha
2007 SP São Paulo Falha de gerenciamento 7
Amarela

2009 Igreja Renascer SP São Paulo Falha de projeto 9

Falha de manutenção e
2009 Edifício Santa Fé RS Capão da Canoa de execução de refor- 4
mas

2011 Edifício Real Class PA Belém Falha de projeto 3

Falhas na execução de
2012 Edifício Liberdade RJ Rio de Janeiro 22
reformas

Falhas no projeto e na
2013 Shopping Rio Poty PI Teresina 0
execução

Viaduto Guarara-
2014 MG Belo Horizonte Falha de projeto 3
pes

Varanda Ed. Ver-


2015 CE Fortaleza Falta de manutenção 2
sailles

Barragem de fun-
2015 MG Mariana Falha de gerenciamento 19
dão

2018 Eixão DF Brasília Falha de manutenção 0

Falha de manutenção e
2018 Largo Paissandu SP São Paulo 7
mau uso

176
UNIDADE 9

Museu Nacional
2018 RJ Rio de Janeiro Falha de manutenção 0
do Rio de Janeiro

Viaduto da Margi-
2018 SP São Paulo Falha de manutenção 0
nal Pinheiros

Barragem de Bru- Falha de manutenção e


2019 MG Brumadinho 270
madinho negligência

Falha de projeto e exe-


2019 CT do Flamengo RJ Rio de Janeiro 10
cução

Falha de manutenção e
2019 Edifício Andreia CE Fortaleza de execução de refor- 7
mas

Quadro 1 - Lista dos principais acidentes com edificações no Brasil e o número de suas respectivas vítimas fatais / Fonte: adap-
tado de Caetano (2019) e Souza (2017).

Nesta lista, temos o Edifício Joelma e a barragem de Brumadinho, que são icônicos na história de
catástrofes em edificações. Somente estes dois acidentes fizeram 457 vítimas fatais, isso sem contar os
feridos. A barragem de Brumadinho é um caso um pouco mais complexo, porém, no caso do Joelma,
uma simples manutenção de rotina teria evitado o ocorrido e centenas de pessoas teriam sido poupadas.

177
UNICESUMAR

Algo importante a se observar é que, com o passar dos anos, não por coincidência, os acidentes vêm se
tornando mais frequentes, pois os edifícios estão envelhecendo e adoecendo, por não terem a assistência
adequada, ou seja, é imprescindível ter muita atenção com a manutenção.

Para discorrer sobre este tema tão importante, falaremos a respeito de cinco normas da
ABNT:
• NBR 14.037/2011: Diretrizes para Elaboração de Manuais de Uso, Operação e
Manutenção das Edificações — Requisitos para elaboração e apresentação dos
conteúdos.
• NBR 16.280/2020: Reforma em Edificações – Sistema de Gestão de Reformas –
Requisitos.
• NBR 15.575/2021: Edificações Habitacionais — Desempenho – Parte 1: Requisitos
gerais.
• NBR 16.747/2020 - Inspeção Predial - Diretrizes, conceitos, terminologias e pro-
cedimentos.
• NBR 5.674/2012: Manutenção de Edificações — Requisitos para o sistema de
gestão de manutenções.

Em primeiro lugar, aprenderemos que a NBR 5.674 (ABNT, 2012) a qual aborda manutenção, não
trata do mesmo assunto que a NBR 16.280 (ABNT, 2020a), que trata de reforma. Muitos confundem
estas duas normas como se elas tratassem do mesmo assunto, porém a primeira trata da gestão da
manutenção, com o intuito de prevenir a perda de desempenho decorrente da degradação dos seus
sistemas, elementos ou componentes e preservar as características da edificação, sendo que a última
é, exatamente, o oposto do que acontece em grande parte das reformas.
O ponto mais importante da NBR 5.674 (ABNT, 2012) é o programa de manutenção que, segundo
o seu item 4.3.1, consiste na determinação de: atividades essenciais de manutenção, periodicidade,
responsável pela execução, documentos de referência, referências normativas e recursos necessários,
todos referidos, individualmente, aos sistemas e, quando aplicável, aos elementos, componentes e
equipamentos de manutenção.
O programa de manutenção deve levar em conta: tipologia e complexidade da edificação, idade
das edificações, sistemas, materiais e equipamentos, expectativa de durabilidade dos sistemas — con-
forme a NBR 15.575 (ABNT, 2021), quando aplicável —,relatórios de inspeções com metas físicas e
financeiras previstas, relatórios de não conformidades, de ações preventivas e corretivas, solicitações
e reclamações dos usuários, histórico das manutenções realizadas, rastreabilidade dos serviços, escala
de prioridades entre os diversos serviços (gravidade e urgência), impactos referentes às condições
climáticas e ambientais do local da edificação e, é claro, previsão financeira.
É muito importante salientar que esse programa deve ser arquivado e ficar guardado com o pro-
prietário ou o responsável legal. Quando houver mudança de responsável legal, deve ser repassado ao
responsável pela gestão do condomínio (síndico ou empresa administradora).

178
UNIDADE 9

Apesar de ter requisitos bem definidos, para que o programa de manutenção seja bem desenvolvido,
é indispensável que seja entregue o manual de uso, operação e manutenção e que ele seja elaborado
em conformidade com a NBR 14.037 (ABNT, 2011). Esse manual é de responsabilidade do construtor
ou do responsável técnico pela execução da obra, sendo obrigatório por lei.
O manual deve ser elaborado com linguagem simples e de maneira didática, pois será utilizado por leigos,
não por técnicos. Ele é responsável por indicar as características técnicas da edificação construída, descre-
ver procedimentos recomendáveis e obrigatórios para a conservação, o uso e a manutenção da edificação
bem como para a operação dos equipamentos. Deve, também, prevenir falhas ou acidentes causados pelo
uso inadequado das instalações, informar aos proprietários e condôminos as suas obrigações no tocante à
realização de atividades de manutenção e conservação e de condições de utilização da edificação.
É importante manter, sempre à mão, o manual dos fornecedores de equipamentos, como elevadores
e interfones, e de serviços, como impermeabilização.
O maior objetivo dos procedimentos destas duas normas, 5.674 (ABNT, 2012) e 14.037 (ABNT,
2011), é contribuir para que a edificação não perca o desempenho, precocemente, e que ela
atinja a Vida Útil de Projeto, a nossa velha conhecida: VUP.
Para aqueles que não lembram, a VUP, conforme o item 3.104 da NBR 15.575-1 (ABNT, 2021),
consiste no período estimado de tempo para o qual um sistema é projetado, a fim de atender aos re-
quisitos de desempenho estabelecidos nesta norma, considerando o atendimento aos requisitos das
normas aplicáveis e o estágio do conhecimento no momento do projeto, além de supor o cumprimento
dos procedimentos especificados nos manuais de uso, operação e manutenção do empreendimento.
A VUP não deve ser confundida com a Vida Útil (VU), que é definida pela NBR 15.575-1 (ABNT,
2021) como uma medida temporal da durabilidade de um edifício ou de suas partes, ou seja, o período
de tempo em que estes elementos se prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos,
considerando a devida realização dos serviços de manutenção, conforme especificados no respectivo
manual de uso, operação e manutenção da edificação.
A seguir, apresento a tabela 25 da NBR 15.575-1 (ABNT, 2021), com as VUP mínimas dos sis-
temas construtivos.
Vida Útil de Projeto (VUP)

Sistema VUP mínima (anos)

Estrutura ≥ 50

Pisos internos ≥ 13

Vedação vertical externa ≥ 40

Vedação vertical interna ≥ 20

Cobertura ≥ 20

Hidrossanitário ≥ 20

Tabela 1 - Vida Útil de Projeto mínima / Fonte: ABNT (2021, p. 16).

179
UNICESUMAR

Conforme a Tabela 1, o tempo de Vida Útil de Projeto é bastante extenso, principalmente para as estru-
turas, o que é um forte indicativo de que a edificação, por mais bem construída que seja, não manterá o
seu desempenho por tanto tempo. No caso dos pisos e revestimentos internos, a perda de desempenho
será mais sobre a funcionalidade e o conforto visual ou ambiental, porém, quando falamos de alvena-
rias e revestimentos externos, já estamos entrando em questões de segurança e, quando chegamos nas
estruturas, nem precisa falar que a perda do seu desempenho pode ser catastrófica.
Isto posto, voltemos a falar de manutenção. Existem três tipos: manutenção preditiva, manutenção
corretiva e manutenção preventiva.
Como o próprio nome sugere, a manutenção preventiva consiste em um trabalho de prevenção antes
que apareçam os defeitos, isto é, a que fazemos antes de um material ou serviço atingir o seu tempo de
vida útil. Deve-se levar em consideração as solicitações dos usuários, as estimativas da durabilidade dos
sistemas, os elementos ou componentes das edificações em uso, a gravidade e urgência e os relatórios
de verificações periódicas sobre o estado de degradação do edifício.
Já a manutenção preditiva é realizada a partir da modificação de parâmetros de condição ou de-
sempenho, cujo acompanhamento segue uma sistemática.
A diferença entre a manutenção preditiva e a manutenção preventiva é que, geralmente, a primeira
conta com algum sistema de monitoramento para analisar a situação real de componentes e equipa-
mentos, em vez de considerar, apenas, padrões ou índices estatísticos, ou seja, a manutenção preditiva
não espera o “prazo de validade” do serviço ou material vencer para, depois, consertar. Tal atitude mitiga
muito a possibilidade de surgimento de problemas graves e caros de serem consertados.

Vamos bater um papo sobre os nossos conhecimentos em manutenção


e prevenção de colapsos em edificações? Abordarei a importância da
manutenção preditiva e preventiva na manutenção do desempenho
projetado às edificações, de modo a não gerar custos elevados para
aumentar a sua vida útil e, também, de forma a prevenir pequenos
acidentes e, até mesmo, possíveis colapsos das estruturas.

Temos, ainda, a manutenção corretiva, a forma mais comum e primária de conservação predial. É
um serviço que exige ação imediata para reparar sistemas, componentes e elementos das edificações
bem como para evitar riscos ou prejuízos pessoais e patrimoniais aos usuários e/ou proprietários. É,
também, a forma mais cara de manutenção, além de ser prejudicial, porque as paradas para a realiza-
ção do serviço acontecem em momentos aleatórios e, muitas vezes, inoportunos, o que também pode
diminuir a vida útil das edificações.
Na Figura 2, é possível observar que, quanto maior o tempo que você leva para iniciar uma manu-
tenção ou fazer o prognóstico dos defeitos, mais cara será a ação corretiva necessária à recuperação
da edificação.

180
UNIDADE 9

Manutenção corretiva

Manutenção preventiva
Tempo
Execução

Projeto

1 5 25 125
Custo relativo

Figura 2 - Gráfico do custo de manutenção em função do tempo / Fonte: Sitter (1984 apud HELENE, 1997, p. 35).

Descrição da Imagem: a figura é um gráfico do custo relativo de obras de manutenção em função do tempo. O eixo vertical representa
o tempo, e o eixo horizontal, o custo relativo. Ambos os eixos mostram que, conforme aumenta o tempo esperado para se realizar a
manutenção, mais alto fica o seu custo. O gráfico apresenta quatro etapas nas quais podem ser realizadas as manutenções: projeto,
execução, manutenção preventiva e manutenção corretiva. A cada uma das etapas foi atribuído um valor relativo de custo, que mostra
o aumento exponencial de ordem 5, entre cada uma delas: 1, 5, 25 e 125.

Os engenheiros diagnósticos e patologistas costumam dizer que uma edificação gasta em manuten-
ção, ao longo de sua vida, o mesmo que foi gasto em sua construção. Porém, se mantidos os planos de
manutenção, ou, mesmo quando eles não existem, o quanto antes as manutenções forem realizadas,
menor será o seu custo.
Outro ponto muito importante a se falar são os cuidados que devem ser tomados durante a ação
de manutenção, a fim de que a funcionalidade do imóvel não seja comprometida. A situação mais
importante para se atentar é o sistema de prevenção de incêndio: não bloquear saídas de emergência e
escadas, não dificultar o acesso aos hidrantes e extintores, não tirar equipamentos do lugar, tampouco
danificá-los. O sistema de prevenção de incêndio deve funcionar, perfeitamente.
A manutenção das edificações tem crescido nos últimos anos, na construção civil, quebrando o
paradigma de que o procedimento da construção é limitado à entrega da edificação (ABNT, 2012),
mas, ainda não é o suficiente. Então, vocês devem estar se perguntando: “se a manutenção é algo tão
importante assim, por que há tanta negligência a respeito dela?”. Há vários fatores culturais, técnicos
e financeiros, porém, dentre todos, certamente, o fator cultural é o preponderante. Ele influencia, até
mesmo, a questão técnica, pois o manual de uso e operação do proprietário, que é de responsabili-
dade da construtora ou do(a) profissional responsável pela obra, raramente, é entregue ao consumidor.
Agora que já falamos bastante sobre a manutenção e os prejuízos causados pela falta dela, falaremos a
respeito de uma ferramenta poderosíssima no combate a esta nossa deficiência cultural: a inspeção predial.
Conforme a NBR 16.747 (ABNT, 2020b, p. 15), a inspeção predial é definida como:


processo de avaliação das condições técnicas de uso, operação, manutenção e funcionalidade
da edificação e de seus sistemas e subsistemas construtivos de forma sistêmica e, predo-
minantemente, sensorial (na data da vistoria), considerando os requisitos dos usuários.

181
UNICESUMAR

Muitos profissionais defendem a inspeção predial, meramente, como um instrumento para preservar
o direito da garantia legal de cinco anos dos proprietários sobre as edificações e serviços. De fato, ela
é um instrumento imprescindível, porém, neste livro, o nosso enfoque será outro. Estudaremos essa
inspeção como instrumento à averiguação das condições de manutenção e uso adequado das edifica-
ções, com o intuito de prevenir acidentes.
As inspeções são os diagnósticos das condições de uso, desempenho e durabilidade da edificação e
o seu objetivo é evitar que estas anomalias interfiram no tempo de vida útil e no bom funcionamento
das edificações. As inspeções constatam e analisam as manifestações patológicas. Classificam-nas,
individualmente, como endógenas e exógenas, produzem recomendações técnicas ao seu reparo e
determinam os prazos para a recuperação da edificação.

O resultado deste trabalho é o laudo de inspeção, que nada mais é do que o atestado de
saúde das edificações.

O(a) engenheiro(a) fará a análise da condição real da edificação, a qual será realizada conforme orienta
a NBR 16.747 (ABNT, 2020b), contudo diversos conhecimentos devem ser aplicados, como outras
normas que não a de inspeção, e todos os conhecimentos de patologia, procedimentos de manutenção,
desempenho etc.
A NBR de inspeção predial foi desenvolvida de 2013 a 2019 (embora os estudos tenham sido ini-
ciados em 1999) por profissionais de várias áreas das engenharias e arquitetura. Esta norma fornece
diretrizes, conceitos, terminologia, requisitos e procedimentos relativos à inspeção predial, visando
a uniformizar a metodologia, estabelecendo métodos e etapas mínimas da atividade. Ela se aplica às
edificações de qualquer tipologia, públicas ou privadas, para avaliação global da edificação, fundamen-
talmente, por meio de exames sensoriais realizados por profissional habilitado(a).
É importante salientar que a inspeção predial não substitui as atividades de inspeções periódicas,
as quais são parte dos programas de manutenção, conforme estabelecido na NBR 5.674 (ABNT, 2012)
que devem ser previstas nos manuais elaborados de acordo com a NBR 14.037 (ABNT, 2011).
Outro ponto importante a se esclarecer é que a inspeção predial não é uma perícia técnica, pois não
apura as causas das deficiências, apenas, constata a sua existência, origens (endógenas e exógenas) e
consequências às construções. Isso significa que elas não podem ser utilizadas em questões judiciais,
pois, neste tipo de situação, o objetivo é apurar as causas e de quem é a responsabilidade das anomalias
existentes. O trabalho a ser realizado com fins judiciais é a perícia técnica.
Infelizmente, ainda não há uma lei federal de obrigatoriedade da inspeção predial, porém, perce-
bendo a necessidade de cuidar da saúde das edificações, alguns municípios criaram leis que tornaram
essa inspeção obrigatória. O primeiro a ter sua própria lei de inspeção predial foi Fortaleza, em 2015.
Logo, Rio de Janeiro, Teresina, Aracaju, Natal e Porto Alegre seguiram o mesmo caminho. Tramita, hoje,
no Congresso Federal, o projeto de lei nº 6.014/2013, sobre a inspeção periódica em edificações que,

182
UNIDADE 9

dentre outras medidas, cria o Laudo de Inspeção Já a Figura 4 apresenta uma anomalia exógena,
Técnica de Edificação (LITE) para tornar lei a decorrente de falta de manutenção. Nesta obra, é
execução de inspeção predial em toda a União. possível identificar lixo sobre a cobertura e sujeira
Antes de começar a falar, detalhadamente, do nas calhas, o que, certamente, causará grande estra-
trabalho de inspeção predial, precisamos lembrar go no interior da edificação, quando houver chuva.
um conceito básico de patologia das edificações:
as construções podem apresentar anomalias
desde a sua concepção até a sua utilização. As
anomalias de concepção são as que ocorrem por
falha de projeto, de execução e má qualidade dos
materiais e, a elas, damos o nome de “anomalias
endógenas”. Há, também, as “anomalias exó-
genas”, aquelas provenientes de falhas de manu-
tenção, mau uso da edificação e causas naturais,
como vendavais, enchentes e terremotos. E claro,
as anomalias provenientes da perda natural de de-
sempenho e do término da vida útil da edificação.
A Figura 3 mostra uma anomalia endógena,
proveniente de vício de execução, pelo fato de não
ter sido utilizada tubulação para a fiação elétrica,
o que pode causar um curto-circuito e, possivel-
mente, um incêndio.

Figura 4 - Calha suja / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma cobertura


de telhas de fibrocimento cuja calha tem acúmulo de sujeira.
Percebe-se, também, sujeira sobre o telhado, onde está caída
uma garrafa pet.

Na Figura 5, há anomalias devido a causas na-


turais, oriundas de um terremoto que destruiu
mais de uma residência.
Figura 3 - Instalação elétrica inadequada / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a fotografia apresenta uma estrutura


de cobertura de uma edificação, com um emaranhado de fios
de cobre da instalação elétrica em torno de vigas de madeira.
Esses fios estão entre as telhas e o forro da casa.

183
UNICESUMAR

Na Figura 6, é possível observar a deflexão na laje,


inclusive, os tacos de madeira estão se destacando
nos locais onde estão as vigas. Esta deflexão pode
ser melhor observada na Figura 7, que mostra o
perfil metálico sofrendo flambagem por causa da
deflexão da laje.

Figura 5 - Residências destruídas por um terremoto

Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma vizinhança


que foi afetada por um terremoto. Há uma fenda no asfalto,
casas inclinadas e danificadas e escombros espalhados ao
redor delas.

As Figuras 6 e 7 mostram imagens provenientes


da degradação, associadas ao mau uso da edifica-
ção. Na Figura 6, o imóvel foi projetado para ser Figura 7 - Perfil metálico flambado / Fonte: a autora.
um depósito de sapatos, mas foi utilizado como
arquivo. É sabido que o papel tem densidade mui- Descrição da Imagem: a figura é uma fotografia de um am-
biente de escritório que mostra um perfil metálico torto, o qual
to maior do que sapatos, o que ocasionou um vai do piso até a laje. Na imagem, pode-se observar, do lado
direito, na parede, um aparelho de ar-condicionado, do lado
sobrepeso na estrutura, a qual não foi projetada esquerdo, também, na parede, um pequeno televisor instalado
para esta carga acidental. sobre um apoio metálico, embaixo dele, há monitores de com-
putador em cima de alguns móveis. Ao centro do escritório,
há cadeiras, repartições e mais monitores.

Todas as deficiências mostradas nas figuras an-


teriores, exceto o terremoto, poderiam ter sido
identificadas em uma inspeção predial e, assim
seriam evitados diversos transtornos, por que o(a)
profissional verificaria a existência das anomalias
e recomendaria que fossem solucionadas. A edifi-
cação onde foi instalado o arquivo, por exemplo,
Figura 6 - Salão repleto de caixas de arquivo / Fonte: a
não precisaria ter sido reforçada como foi, o que,
autora. inclusive, saiu bem caro para o proprietário e, fe-
lizmente, não causou perdas humanas.
Descrição da Imagem:a fotografia apresenta um ambiente
que foi projetado, originalmente, para servir de depósito de A principal vantagem de fazer inspeção predial
caixas de sapato, porém está sendo utilizado como arquivo.
A imagem também evidencia a deflexão da laje de piso e das é o fato de ela oferecer ampla e detalhada ideia
vigas por causa do excesso de carga causado pelo acúmulo
de papel.
do estado de conservação e da manutenção da
edificação, conhecendo os pontos críticos a serem
corrigidos. Dessa forma, a inspeção auxilia na re-

184
UNIDADE 9

visão de manuais de síndicos e proprietários, quando contratada na época da assistência técnica, a fim
de subsidiar a construtora e, também, orienta na elaboração do plano de manutenção da edificação.
A inspeção também é indispensável para preservar a garantia da construção, quando aliada ao
manual do síndico e proprietário, para melhor orientar o condomínio sobre a boa prática das ativi-
dades de manutenção, para verificar o estado real de conservação da edificação, além de informar as
suas condições gerais, podendo ser utilizada em avaliação de imóveis, pois dá muito mais segurança
ao comprador e mais poder de barganha ao vendedor.
Outra vantagem da inspeção predial é a redução do prêmio de seguro, por que atesta o estado de
conservação e manutenção da edificação. A seguradora considera que o risco é menor, por saber o
que, realmente, está segurando.
A manutenção periódica e correta aumenta a vida útil da sua edificação e diminui o custo da
manutenção, pois as intervenções necessárias são de menor complexidade. Além disso, cada vez que
a edificação passa por um processo de manutenção, há considerável recuperação do desempenho da
edificação e o consequente aumento da sua vida útil. Isso pode ser observado no gráfico da Figura 8.

Desempenho

Manutenção

Desempenho
requerido

Tempo
T0 Vida útil sem T
l manutenção T1
l l2
Vida útil com manutenção

Figura 8 - Gráfico do tempo de vida útil em função da realização de manutenções periódicas / Fonte: Fagundes Neto (2013, p. 42).

Descrição da Imagem: a figura é um gráfico do tempo de vida útil em função da realização de manutenções periódicas, cujo eixo ho-
rizontal representa a variável tempo e o eixo vertical diz respeito ao desempenho. O desempenho cai, proporcionalmente, ao tempo,
quando não há manutenção. Este gráfico mostra que, a cada manutenção realizada, há considerável recuperação do desempenho da
edificação e o consequente aumento da sua vida útil.

Conhecidas as vantagens de realizar a inspeção predial, conheceremos, agora, detalhadamente, as suas etapas.
Conforme a NBR 16.747 (ABNT, 2020b), as etapas da inspeção predial são nove e elas estão deta-
lhadas, a seguir.

185
UNICESUMAR

Etapa 1 – Levantamento de dados e Etapa 5 – Classificação das deficiên-


documentação da edificação: admi- cias constatadas nas vistorias por
nistrativos, técnicos, de manutenção sistema construtivo, conforme a sua
e operação (plano, relatórios, históri- origem:
co etc.). As inconformidades encon- • Anomalias endógenas: provenientes de
tradas na documentação devem projeto e execução.
estar registradas no laudo técnico. • Anomalias funcionais: perda de funciona-
lidade por final de vida útil.
Etapa 2 – Análise dos dados e docu- • Falhas de uso e manutenção: perda precoce
mentação solicitados: o(a) profissio- do desempenho por uso inadequado ou
nal deve verificar se os documentos falta (falha) de manutenção periódica.
técnicos, em geral, estão, devida-
mente, arquivados e em poder do Todas as anomalias devem ser registradas por
responsável legal, síndico ou gestor meio de fotografia. Não economize em fotos, pois,
predial, conforme as NBRs 5.674 elas, também, servem para ajudar a sua memória
(ABNT, 2012) e 14.037 (ABNT, 2011). na hora de elaborar o laudo.

Etapa 3 – Anamnese para a identi- Etapa 6 – Recomendações das ações


ficação das características constru- necessárias para restaurar ou preser-
tivas da edificação (entrevista com var o desempenho do sistemas, sub-
gestor ou síndico para averigua- sistemas e elementos construtivos
ção de informação sobre o uso da da edificação comprometidos pelas
edificação, histórico de reforma e falhas de uso ou recomendação de
manutenção, entre outras interven- manutenção ou sinalização de ano-
ções ocorridas). malias ou manifestações patológi-
cas e/ou não conformidades com a
Etapa 4 – Realização de vistorias na documentação analisada (conside-
edificação, realizadas com equipe rando, para tanto, o entendimento
multidisciplinar ou não, dependen- dos mecanismos de deterioração
do do tipo de prédio e da comple- atuantes e as possíveis causas das
xidade dos sistemas construtivos falhas, anomalias e manifestações
existentes. É muito importante patológicas).
destacar que a vistoria precisa ter
caráter sensorial, ou seja, não há Etapa 7 – Organização de priorida-
como identificar vícios ocultos que des, por caráter de urgência, tendo
não tenham manifestado funciona- em conta as recomendações apre-
mento inadequado. sentadas no item 6. Esta organização
é chamada de lista de prioridades
técnicas. Ela é elaborada conside-
rando o seguinte:

186
UNIDADE 9

Prioridade 1: ações necessárias quando a perda projetos, normas técnicas, dados dos fabricantes
de desempenho compromete a saúde e/ou a se- e manual de uso, operação e manutenção. O ir-
gurança dos usuários e/ou a funcionalidade dos regular, quando o uso apresenta divergência em
sistemas construtivos, com possíveis paralisações; relação ao que está previsto em projetos, normas
comprometimento de durabilidade (vida útil) e/ técnicas, dados dos fabricantes e manual de uso,
ou aumento expressivo de custo de manutenção e operação e manutenção.
de recuperação. Também devem ser classificadas Observam-se as condições originais da edi-
no patamar “Prioridade 1” as ações necessárias ficação e os seus sistemas construtivos, além de
quando a perda de desempenho, real ou potencial, limites de utilização e as suas formas.
pode gerar riscos ao meio ambiente.
Prioridade 2: ações necessárias quando a perda Etapa 9 – Redação e emissão do
parcial de desempenho (real ou potencial) tem laudo técnico de inspeção com
impacto sobre a funcionalidade da edificação, sem todas as constatações, recomen-
prejuízo à operação direta de sistemas e sem com- dações técnicas e lista de priori-
prometimento da saúde e segurança dos usuários. dades.
Prioridade 3: apenas estética, que cause pe-
quena perda (ou nenhuma) de valor. Neste caso, Para as recomendações técnicas, é importante
as ações podem ser feitas sem urgência, porque a lembrar a necessidade de estabelecer prazos para
perda parcial de desempenho não tem impacto que elas sejam executadas e para determinar as
sobre a funcionalidade da edificação, não causa prioridades, ou seja, quais devem ser realizadas
prejuízo à operação direta de sistemas e não com- primeiro. Pode-se utilizar uma ferramenta muito
promete a saúde e a segurança do usuário. eficiente, chamada matriz GUT. Ela foi criada por
Charles H. Kepner e Benjamin B. Tregoe, é uma
Etapa 8 – Avaliação da manuten- ferramenta que ajuda na priorização da resolução
ção e uso de problemas por meio de três critérios: Gravida-
de, Urgência e Tendência.
A avaliação do estado de manutenção e condições
de uso deve, sempre, ser fundamentada, conside-
rando as condições do comportamento em uso dos Matriz GUT
sistemas, frente às constatações das falhas de uso,
operação ou manutenção, confrontando-se com as G – Gravidade (mínimo, regular, grave).
condições previstas em projeto e construção cujos
dados e informações estejam disponíveis. U – Urgência (médio prazo, curto prazo, ime-
A manutenção pode ser classificada em aten- diato).
de, não atende e atende parcialmente.
A avaliação do uso pode ser classificada como T – Tendência (tendência do que a evolução da
regular ou irregular, sendo que o regular ocorre anomalia pode vir a acarretar, caso as recomen-
quando o uso está de acordo com o previsto em dações não sejam providenciadas). Exemplo:

187
UNICESUMAR

Anomalia Gravidade Urgência Tendência

Calhas sujas Regular Imediata Evoluir em curto prazo

Quadro 2 - Exemplo de matriz GUT / Fonte: a autora.

A montagem da matriz GUT ocorre da seguinte forma:


1. Monta-se uma escala de valores para classificar cada anomalia, conforme as gravidade, urgência
e tendência.
2. Organiza-se, em uma tabela ou em um quadro, todas as anomalias encontradas na obra e
atribui-se a elas um valor para a sua gravidade, um para a sua urgência e um para a tendência.
Em seguida, esses valores são multiplicados, linha a linha.
3. Em ordem decrescente, do maior para o menor, elenca-se a lista de prioridades das recomen-
dações técnicas, sendo que a de maior valor deve ser executada antes e assim sucessivamente.

Conhecidos todos estes conceitos, precisamos saber como proceder na redação do laudo de inspeção
predial. Este é o documento completo resultante da inspeção realizada e, segundo a NBR 16.747 (ABNT,
2020b), deve ter, no mínimo, o seguinte conteúdo:
a) Identificação do solicitante ou contratante e responsável legal da edificação.
b) Descrição técnica da edificação: localização, mês e ano do início da ocupação, tipo de uso,
número de edificações — quando for empreendimento de múltiplas edificações —, número
de pavimentos, número de unidades — quando for edificação com unidades privativas —, área
construída, tipologia dos principais sistemas construtivos e descrição mais detalhada, quando
necessário.
c) Data das vistorias que compuseram a inspeção.
d) Documentação solicitada e documentação disponibilizada.
e) Análise da documentação disponibilizada.
f) Descrição completa da metodologia da inspeção predial, acompanhada de dados, fotos, cro-
quis, normas ou documentos técnicos utilizados ou o que for necessário para deixar claros os
métodos adotados.
g) Lista dos sistemas, elementos, componentes construtivos e equipamentos inspecionados e não
inspecionados.
h) Descrição das anomalias e falhas de uso, operação ou manutenção e não conformidades consta-
tadas nos sistemas construtivos e na documentação analisada, inclusive nos laudos de inspeção
predial anteriores.
i) Classificação das irregularidades constatadas.
j) Recomendação das ações necessárias para restaurar ou preservar o desempenho dos sistemas,
subsistemas e elementos construtivos da edificação;
k) Organização das prioridades, em patamares de urgência, tendo em conta as recomendações
apresentadas pelo inspetor predial, conforme estabelecido em 5.3.7.
l) Avaliação da manutenção dos sistemas e equipamentos e das condições de uso da edificação.

188
UNIDADE 9

m) Conclusões e considerações finais (manifestar-se a respeito da qualidade da manutenção e do


uso da edificação).
n) Encerramento, onde deve constar a seguinte nota obrigatória: Este laudo foi desenvolvido
por solicitação de (nome do contratante) e contempla o parecer técnico do(s) subscritor(es),
elaborado com base nos critérios da ABNT NBR 16.747.
o) Data do laudo técnico de inspeção predial.
p) Assinatura do(s) profissional(ais) responsável(eis), acompanhada do número no respectivo
conselho de classe.

Nota: exemplos de órgãos de conselho de classe são Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
(CREA) e Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU).
q) Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) ou Registro de Responsabilidade Técnica (RRT).

Depois de vistos todos os benefícios de um plano de manutenção e realizá-lo, adequadamente, anteci-


pando-se aos problemas que uma edificação pode apresentar com o passar dos anos e o seu consequente
envelhecimento bem como a importância da inspeção predial em identificar quais os defeitos a serem
corrigidos, qual é a sua percepção do assunto? É importante, ou não, se aprofundar em inspeção predial
para atender, com excelência, à necessidade de seus futuros clientes?

Há muitos profissionais que defendem, há algum tempo, a instituição da


cultura da inspeção predial no Brasil. Alguns deles são: Flávia Andreatta
Pujadas, José Carlos Paulino, Milton Gomes, Paulo Grandiski, Richard Robert
Springer, Rita Cantoni Palini e Tito Lívio Ferreira Gomide, entre outros. Todos
têm excelentes publicações, porém a que considero mais completa, é o
livro Inspeção Predial Total, de Tito Lívio Ferreira Gomide, Marco Antônio
Gullo, Jerônimo Cabral P. Fagundes Neto e Stella Marys Della Flora. Apesar
de ter tido sua última edição (terceira) lançada antes da publicação da NBR
16.747, em 2020, este livro já contempla o projeto utilizado na alteração da Norma de Inspeção
Predial e, por isso, indico esta obra para que você aperfeiçoe os seus conhecimentos acerca deste
assunto tão importante para a segurança das edificações e das pessoas.

Como você pôde ver, nesta unidade, a inspeção predial é uma forte ferramenta na manutenção da
saúde da edificação e na consequente prevenção de acidentes. É um mercado de trabalho promissor,
pois, quanto mais as nossas edificações envelhecem, há mais necessidade de fazer a inspeção predial
e a manutenção.
Uma boa dica para captar clientes nesta área é procurar por empresas gestoras de condomínios,
afinal, a legislação de síndicos está cada vez mais rígida, dando mais e mais responsabilidades a eles, o
que gera muita preocupação com a manutenção e a segurança das edificações.

189
A seguir, preencha o Mapa Mental, organizando-o de acordo com os conhecimentos expostos
nesta unidade.

NASCIMENTO DA EDIFICAÇÃO

manutenção preditiva
e preventiva

perda de precoce
desempenho

aumento da vida útil e manutenção diminuição da vida útil da


da segurança e funcionalidade edificação e de sua segurança
da obra

190
1. Em relação aos tipos de manutenção, assinale a alternativa correta:

a) A manutenção de edificações envolve vários aspectos, incluindo a solução técnica para as


anomalias encontradas.
b) A manutenção preditiva é aquela que atua, antecipadamente, para evitar a reparação.
c) A reparação está relacionada com as atividades corretivas realizadas após o edifício ou alguns
de seus elementos atingirem níveis inferiores ao nível de qualidade mínima aceitável.
d) A manutenção corretiva é, também, denominada engenharia de manutenção ou manutenção
proativa.
e) A manutenção periódica é relacionada às atividades de conservação da edificação, tais como:
limpeza, entre outras.

2. A inspeção predial tem contribuído na sistematização de vistorias em edificações e no desen-


volvimento de vários conceitos, como anomalias e falhas. A respeito deste tema, assinale a
alternativa correta:

a) O laudo de inspeção predial possui três itens principais: classificação das anomalias e falhas
quanto ao seu tipo (endógena, exógena); orientações técnicas; classificação do estado de uso
e manutenção da edificação.
b) O laudo de inspeção predial de manutenção se presta, também, à finalidade judicial.
c) As anomalias e falhas das edificações são originárias, principalmente, de fatores não funcionais.
d) Os fatores exógenos responsáveis pelas anomalias e falhas das edificações são provenientes
de irregularidades do projeto ou da execução ou dos materiais utilizados.
e) A NBR 16.747 orienta que sejam vistoriadas, também, as unidades autônomas, além das
áreas comuns.

3. Segundo o IBAPE-SP (2007), a inspeção predial é a avaliação isolada ou combinada das con-
dições técnicas, de uso e de manutenção da edificação. Em relação e essa inspeção, baseada
no IBAPE-SP (2007), é correto afirmar:

a) As anomalias das edificações são originárias de fatores endógenos ou internos, exógenos ou


externos, naturais e funcionais.
b) O laudo de inspeção predial de manutenção é o único documento utilizado para finalidades
judiciais.
c) O laudo de inspeção predial não é submetido a avaliações de imóveis e prêmios de seguros,
exceto em alguns casos.
d) No laudo de inspeção predial, o(a) profissional engenheiro(a) civil pode ser responsável pela
vistoria de todos os elementos, inclusive elevadores e geradores.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

191
UNIDADE 1

ABNT. NBR 5.674. Manutenção de Edificações — Requisitos para o sistema de gestão de manuten-
ções. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.

ABNT. NBR 13.752. Perícias de Engenharia na Construção Civil. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.

ABNT. NBR 15.575-1. Edificações Habitacionais — Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais. Rio
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UNIDADE 2

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ABNT. NBR 10.844. Instalações Prediais de Águas Pluviais. Rio de Janeiro: ABNT, 1989.

ABNT. NBR 15.575-1. Edificações Habitacionais — Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais. Rio
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BAUER, L. A. F. Materiais de Construção: Novos materiais para construção civil. 5. ed. Rio de
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LEÃO, M. F.; PAIVA, G. V. C. de. Mecânica dos Solos Avançada e Introdução a Obras de Terra.
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PEREZ, A. R. Umidade nas Edificações. 1986. 42 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –


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PINTO, F. C. Influência da pressão exterior na embebição de materiais de construção. 1998.


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192
VERÇOZA, E. J. Patologia das Edificações. Porto Alegre: Sagra, 1991.

UNIDADE 3

ABNT. NBR 5.681. Controle Tecnológico de Execução de Aterros em Obras de Edificações. Rio de
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ABNT. NBR 6.484. Solo – Sondagens de Simples Reconhecimentos com SPT – Método de Ensaio.
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UNIDADE 4

GRANATO, J. E. Patologia das Estruturas. São Paulo: [s. n.], 2020.

SOUZA, V. C. M. de.; RIPPER, T. Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto.


São Paulo: Pini, 1998.

UNIDADE 5

CÁNOVAS, M. F. Patologia e Terapia do Concreto Armado. São Paulo: Pini, 1988.

HACHICH, W. et al. Fundações: teoria e prática. São Paulo: Pini, 1998.

TOTAL CONSTRUÇÃO. Estaca Strauss: O que é? Quando utilizar? Execução e mais. 2 abr. 2020.
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UNIDADE 6

FIORITO, A. J. S. I. Argamassas e Revestimentos: estudos e procedimentos de execução. 2. ed. São


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SAHADE, R. F. Avaliação de Sistemas de Recuperação de Fissuras em Alvenaria de Vedação.


2005. Dissertação (Mestrado em Habitação) – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo, São Paulo, 2005.

193
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UNIDADE 7

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2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Tecnológica
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194
UNIDADE 8

ABNT. NBR 5.674. Manutenção de Edificações — Requisitos para o sistema de gestão de


manutenções. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
ABNT. NBR 14.037. Diretrizes para Elaboração de Manuais de Uso, Operação e Manuten-
ção das Edificações — Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos. Rio de
Janeiro: ABNT, 2011.
ABNT. NBR 15.575-1. Edificações Habitacionais — Desempenho – Parte 1: Requisitos
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FAGUNDES NETO, J. C. P. Vida útil e desempenho das edificações na ABNT: NBR 15575/13.
Revista Concreto – IBRACON, a. 41, n. 70, 2013.

UNIDADE 9

ABNT. NBR 5.674. Manutenção de Edificações — Requisitos para o sistema de gestão de


manutenções. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
ABNT. NBR 14.037. Diretrizes para Elaboração de Manuais de Uso, Operação e Manuten-
ção das Edificações — Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos. Rio de
Janeiro: ABNT, 2011.
ABNT. NBR 15.575-1. Edificações Habitacionais — Desempenho – Parte 1: Requisitos
gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2021.
ABNT. NBR 16.280. Reforma em Edificações — Sistema de gestão de reformas — Requisitos.
Rio de Janeiro: ABNT, 2020a.
ABNT. NBR 16.747. Inspeção Predial — Diretrizes, conceitos, terminologias e procedimen-
tos. Rio de Janeiro: ABNT, 2020b.
CAETANO, A. de N. Inspeção Predial de uma Estação da Linha Sul do Metrô de Forta-
leza. 2018. 14 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Centro
de Tecnologia, Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2018.
FAGUNDES NETO, J. C. P. Vida útil e desempenho das edificações na ABNT: NBR 15575/13.
Revista Concreto – IBRACON, a. 41, n. 70, 2013.
HELENE, P. Vida útil das estruturas de concreto. In: CONGRESSO ÍBERO-AMERICANO
DE PATOLOGIAS DAS CONSTRUÇÕES, 4., 1997. Porto Alegre. Proceedings [...]. Porto
Alegre: CON-PAT, 1997.
IBAPE-SP. Norma de Inspeção Predial. São Paulo: IBAPE, 2007.
SOUZA, I. B. Inspeção Predial: Um Estudo de Caso na Cidade de Porto Alegre/RS. 2017. 149 f.
(Graduação em Engenharia Civil) – Escola de Engenharia, Departamento de Engenharia Civil,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

195
UNIDADE 1

1. B. O correto não é o termo “patologia”, e sim, “manifestações patológicas”.

2. C. Vidro quebrado, recalque de fundação, tonalidade diferente de cerâmica.

3. A. Falhas de projeto e falhas de manutenção também causam manifestações patológicas. O diag-


nóstico jamais pode ser fruto do seu ponto de vista, sendo necessário, sempre, ser embasado,
cientificamente, em artigos, livros, fotos, figuras e qualquer outra fonte reconhecida. Não se tratam
de patologias, mas sim, manifestações patológicas ou anomalias.

4. Figura A: anomalia exógena. Mau uso da edificação, foi necessário adaptar o sistema de prevenção
contra incêndio, pois era um prédio antigo, porém, sabe-se, a partir da disciplina de Concreto Ar-
mado, que não se deve colocar canos dentro de elementos estruturais, como vigas e pilares, a não
ser que sejam calculados para isso. Neste edifício, a solução utilizada diminuiu muito a resistência
das vigas (aconteceu em diversas delas), diminuindo, assim, o desempenho da edificação, colocando
os seus moradores em sério risco.

Figura B: anomalia endógena. Erro de execução e projeto. Há diversas falhas de execução. A al-
venaria não possui argamassa nas juntas verticais, as formas não têm gravatas, foram utilizadas
treliças como armadura dos pilares. As falhas do projeto foram a não existência de viga baldrame
e de armadura adequada nos pilares.

Figura C: anomalia exógena. Falha de manutenção. A marquise encontra-se suja de lixo e com
agentes biológicos. É possível observar, também, que a impermeabilização de sua superfície já
atingiu o fim de sua vida útil.

Figura D: anomalia endógena. Erro de execução. Nichos de concretagem.

UNIDADE 2

1. B. Cada tipo de telha tem uma inclinação mínima específica e, caso ela não seja respeitada, inevita-
velmente, haverá infiltração da água da chuva, principalmente, por causa da ação do vento, a qual
fará a água entrar pelos vãos de encaixe das telhas.

2. C. As trincas são aberturas que transpassam os sistemas estruturais (alvenaria, concreto etc.), o
que facilita a entrada de umidade. Sabe-se que a umidade ataca diversos materiais, promovendo a
degradação. Além disso, a umidade proporciona a formação de bolor, causando sérios problemas
dermatológicos e respiratórios.

3. B. A afirmação I é incorreta, pois, qualquer solo, por mais seco que seja, tem umidade subterrânea
em algum nível, além de absorver a água da chuva e da condensação existente no ar. Ou seja, em
maior ou menor grau, caso a fundação e os pisos não sejam impermeabilizados, as paredes e os
pisos serão acatados pela umidade ascendente.

196
UNIDADE 3

1. Podem ser mais de um tipo de fundação profunda, porém, há que se observar que a fundação
ultrapassará o lençol freático, o que significa que a água, muito provavelmente, invadirá o furo e
estrangulará a estaca ou modificará o traço do concreto, o que diminuirá a sua eficiência e causará
patologias nas fundações. Podem ser utilizadas estacas pré-moldadas, por já serem aplicadas depois
de curadas. A estaca raiz é a ideal, pois, no processo de perfuração e concretagem, é utilizado um
tubo metálico que impede a invasão da água no furo.

2. B. Recalque.

3. B. A resistência do maciço rochoso.

4. A árvore, assim como qualquer vegetação, precisa de água para sobreviver. As raízes sugam a água
existente no solo, o que forma vazios que tendem a ser preenchidos pelas partículas finas de solo.
Este fenômeno provoca a diminuição do volume do solo e, consequentemente, o adensamento e
o recalque dele.

UNIDADE 4

1. E. Lembre-se que, mesmo a menor das modificações estruturais em uma edificação deve ter projeto
estrutural reformulado, seja para reforço, seja para qualquer outra modificação na destinação da
edificação.

2. O tratamento de fissuras ativas deve ser feito por um material, necessariamente, aderente, resistente
mecânico e quimicamente, não retrátil e com módulo de elasticidade suficiente para se adaptar à de-
formação da fenda. Em outras palavras, deve apresentar trabalhabilidade e não enrijecer a estrutura.

3. A primeira medida é remover o concreto degradado, assim como os resíduos de corrosão, limpando
bem as superfícies. Depois, reconstituir a seção original da armadura. Quando a corrosão não afeta
o concreto ou as barras, você pode utilizar as argamassas citadas para recuperar o componente
original. Em casos de estágio avançado, deve-se reforçar o componente estrutural aumentando as
dimensões originais. Caso seja gravíssima a situação, pode recorrer à demolição e à reconstrução.

UNIDADE 5

1. As soluções a serem adotadas dependem de: prazo, tipo de solo, fundação existente, carregamentos
e espaço para desenvolver as atividades.

2. Segundo Hachich et al. (1998), há dois tipos os reforços: os permanentes e os provisórios. Os pri-
meiros são definitivos quando, por si, complementarão a capacidade de suporte das fundações
existentes. Já os segundos são aqueles de caráter de curta duração, para permitir que sejam efe-
tuados os permanentes, de modo que a fundação não fique sobrecarregada.

197
3. B. Deve-se aumentar as dimensões da base da fundação, a fim de que a relação carga/superfície
forneça a tensão que esteja dentro da tensão admissível do solo.

4. Seria adotar a solução da estaca mega ou raiz, visto que ambas não causam vibrações no solo.

UNIDADE 6

1. Devem ser atestados os seguintes itens, antes de iniciar o reparo para o caso de recalque de fun-
dações: verificar se houve danos às instalações elétricas; verificar se o contraventamento da obra
está intacto; verificar se foram reduzidas as áreas de apoio de lajes ou tesouras da cobertura; e
verificar se ocorreram desaprumos. Após verificar se a segurança e a estabilidade da estrutura
não foram afetadas, deve-se avaliar algumas questões antes de iniciar o processo de recuperação,
como: as fissuras afetaram o desempenho global do componente ou de vizinhos, em termos de
estanqueidade à água, bem como os confortos térmico, acústico, visual e estético? Há necessidade
de um reparo provisório ou definitivo? Se sim, qual é o momento mais adequado para realizá-lo?

2. C.

3. O descolamento em placa ou desagregação, no qual a película de tinta se destaca junto à massa


corrida e/ou ao reboco, pode ser reparado de acordo com as seguintes etapas: raspar as partes
soltas; corrigir as irregularidades do substrato do próprio reboco; e aplicar fundo preparador de
parede antes de repintar. Importante aguardar a cura/carbonatação do novo reboco para não
repetir o mau desempenho desse sistema.

UNIDADE 7

1. C. A afirmação IV não está correta, visto que o concreto muda de cor conforme aumenta a tempe-
ratura.

2. E.

3. A melhor solução seria o encamisamento do pilar com concreto armado. Os pilares suportam cargas
de compressão, por isso, o material a ser utilizado deve ter boa resistência à compressão. Como
é sabido, tanto o aço como a fibra respondem bem à tração, mas não são eficientes em grandes
esforços de compressão, já o concreto se comporta muito bem e, portanto, é por ele que se deve
optar entre as três soluções mencionadas.

UNIDADE 8

1. D. Alternativa B incorreta: a gestão do sistema de manutenção deve considerar as características


das edificações, como o uso efetivo da edificação, o seu tamanho e a sua complexidade. A tipologia
da edificação e a localização não influenciam a gestão. A tipologia da edificação e a localização

198
influenciam a gestão. Alternativa C incorreta: as diretrizes que orientam a manutenção devem
preservar o desempenho previsto em projeto ao longo do tempo, minimizando a depreciação
patrimonial, sem influenciar o fluxo de comunicação. A manutenção deve ser orientada
por um conjunto de diretrizes que, dentre outras questões mencionadas, estabeleça as
informações pertinentes e o fluxo de comunicação. Alternativa D correta: a gestão do sistema
de manutenção precisa promover a realização coordenada dos diferentes tipos de manutenção
das edificações, sendo elas manutenção rotineira, manutenção corretiva e manutenção preventiva.
Tais serviços necessitam ser, sempre, realizados por empresa especializada. O programa
de manutenção tem a responsabilidade de especificar se os serviços devem ser realizados
por empresa capacitada, empresa especializada ou equipe de manutenção local. Alterna-
tiva E incorreta: o programa de manutenção consiste na determinação de: atividades essenciais de
manutenção, periodicidade, responsáveis pela execução, documentos de referência, referências
normativas e recursos necessários. Uma vez elaborado, o programa de manutenção precisa
ser atualizado, periodicamente.

2. Deve incluir os seguintes documentos, segundo a NBR 5.674 (ABNT, 2012): a) manual de uso, ope-
ração e manutenção das edificações conforme NBR 14.037 (ABNT, 2011); b) manual dos fornece-
dores dos equipamentos e serviços; c) programa da manutenção; d) planejamento da manutenção
contendo o previsto e o efetivo, tanto do ponto de vista cronológico quanto financeiro; e) contratos
firmados; f) catálogos, memoriais executivos, projetos, desenhos, procedimentos executivos dos
serviços de manutenção e propostas técnicas; g) relatório de inspeção; h) documentos mencio-
nados na NBR 14.037 (ABNT, 2011), em que devem constar a qualificação do responsável e os
comprovantes da renovação bem como os registros de serviços de manutenção realizados; j) ata
das reuniões de assuntos afetos à manutenção; k) documentos de atribuição de responsabilidade
de serviços técnicos.

3. C. As alterações realizadas no imóvel devem ser consultadas junto com a construtora, o responsável
técnico ou incorporador e indicadas no item “Garantia”.

UNIDADE 9

1. B. A manutenção preditiva é aquela que atua, antecipadamente, para evitar a reparação.

2. A. O laudo de inspeção predial possui três itens principais: classificação das anomalias e falhas
quanto ao seu tipo (endógena, exógena); orientações técnicas; classificação do estado de uso e
manutenção da edificação.

3. A. As anomalias das edificações são originárias de fatores endógenos ou internos, exógenos ou


externos, naturais e funcionais.

199
200

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