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Manutenção e Patologia Das Edificações: Professoras
Manutenção e Patologia Das Edificações: Professoras
Patologia das
Edificações
PROFESSORAS
Esp. Regina De Toni
Esp. Stephanie Vicente Moi
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Coordenador de Conteúdo Samantha Regiane Piffer Cacela Designer Educacional Leticia Matheucci Curadoria Carla
Fernanda e Fernanda Brito Revisão Textual Ariane Andrade Fabreti e Carla Cristina Farinha Editoração Juliana Duenha
Ilustração André Azevedo Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel Fotos Shutterstock.
FICHA CATALOGRÁFICA
200 P.
ISBN: 978-65-5615-903-4
“Graduação - EaD”.
Impresso por:
Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Diretoria de Design Educacional
Reitor
Wilson de Matos Silva
Esp. Regina De Toni
Olá, aluno(a).
Aqui é a professora Stephanie Vicente Moi, autora da unidade que
você lerá, em breve. Sobre o meu currículo: sou formada em Engenharia
Civil pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná e pós-graduada em
Engenharia de Avaliações e Perícias pela Universidade Paulista. Curso o
mestrado em Engenharia de Avaliações pela Universidade Politécnica de
Valência, Espanha, e trabalho na área de Avaliações e Perícias desde 2016,
assim que me formei.
Quando prestei vestibular, tentei para Engenharia e Direito. Acabei
optando pela primeira opção devido à proximidade com a minha família
e à universidade pública onde passei. Durante o curso, não me encontrei
nas áreas que a maioria dos alunos seguem, como projeto, execução e
acompanhamento de obras. Logo nos últimos anos de graduação, tive
contato com a disciplina de Patologia das Construções e gostei muito.
Assim que me formei, comecei a estudar como escrever um laudo
judicial, comprei vários livros sobre o tema e me aprofundei. Então, resolvi
me cadastrar como perita judicial no Tribunal de Justiça do Paraná. Lá,
pude atuar em diversos tipos de perícia e me senti realizada neste nicho da
Engenharia Civil que está, intimamente, ligado ao Direito. Posteriormente,
me especializei, iniciei o mestrado e fiz vários cursos para me credenciar Aqui você pode
conhecer um
em bancos públicos e privados, por meio da minha empresa. Aliando meu
pouco mais sobre
conhecimento técnico e a paixão pela docência, pude ministrar aulas sobre
mim, além das
o tema e, assim, passar a minha paixão aos alunos. informações do
meu currículo.
Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?-
metodo=apresentar&id=K4697983J2
REALIDADE AUMENTADA
Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo
Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os
recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das
possibilidades de interação de cada objeto.
RODA DE CONVERSA
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido
PENSANDO JUNTOS
EXPLORANDO IDEIAS
EU INDICO
Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.
O Brasil envelheceu. Já se passaram mais de 100 anos desde que as edificações ultrapassaram o segundo pavi-
mento e passaram a exigir mais das estruturas e infraestruturas que garantem a sua estabilidade e segurança.
Nos últimos anos, temos assistido a diversos desastres envolvendo colapsos de construções, sejam civis, sejam
de infraestrutura, como houve com o Edifício Liberdade, no Rio de Janeiro, bem como na usina de Brumadinho,
em Minas Gerais, no início de 2019. Ao investigar as causas dos colapsos destas estruturas, descobriu-se que eles
não ocorreram, apenas, por fatores inerentes ao projeto ou ao processo de construção da obra, mas também
pela falta de manutenção e mau uso das edificações.
Como você acha que os conhecimentos sobre patologias de construção e a engenharia de manutenção predial
podem ajudar a evitar este tipo de desastre?
Em janeiro de 2020, houve um acidente, na cidade de Fortaleza, no qual o Edifício Andrea desabou durante uma
obra de recuperação e manutenção dos pilares do pavimento térreo. Na ocasião, a síndica e mais oito pessoas
faleceram. Isso demonstra a importância da manutenção preventiva de edifícios, pois as pequenas ações feitas
ao longo tempo diminuem a necessidade de manutenção corretiva que resulta em grandes montas.
Para que você entenda como funciona o processo de manutenção, procure na sua casa/no seu prédio manifes-
tações patológicas ou falhas de manutenção. Podem ser bem simples, como uma calha suja ou um ralo entupido,
por exemplo. Uma trinca em 45° sob o canto da janela, ou algo mais grave, como o estufamento de um pilar ou
uma armadura exposta em uma laje (esta com indícios de infiltração).
A partir disso, analise as consequências que estas manifestações patológicas podem gerar ao longo do tempo,
se não forem consertadas. Seria complexo ou caro corrigi-las agora? E daqui a 10 anos?
Todo conhecimento adquirido nesta unidade auxiliará você, futuro(a) engenheiro(a), a entender melhor como
funciona a manutenção predial e averiguar possíveis correções a serem realizadas, o que prevenirá muitos aci-
dentes e prejuízos nas obras em questão.
A partir de agora, você, como futuro(a) engenheiro(a), é capaz de levantar as causas dessas manifestações
patológicas e as respectivas ações corretivas necessárias para que as anomalias não se tornem um problema
irreversível, resultando em um desastre ou em grande desvalorização do imóvel?
Sugiro que você realize uma inspeção predial completa. Lembre-se que a nossa área utiliza scanners, a fim
de identificar armaduras, câmeras termográficas para identificar infiltrações, vants para inspeção de fachada e
identificação de possíveis defeitos nos revestimentos, além de vistoria total de instalações elétricas e hidráulicas,
conforme veremos no decorrer da unidade.
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11 2
33
INTRODUÇÃO À O EFEITO DA
PATOLOGIA DAS UMIDADE NAS EDI-
EDIFICAÇÕES FICAÇÕES
3
51 4
75
PATOLOGIAS DE TÉCNICAS DE REPA-
FUNDAÇÕES RO E REFORÇO DE
SUPERESTRUTURAS
5 93 6
107
TÉCNICAS DE REPA- TÉCNICAS DE REPA-
RO E REFORÇO DE RO DE ALVENARIA E
FUNDAÇÕES REVESTIMENTOS
7 8
127 149
PERÍCIAS DE INCÊN- APLICAÇÃO DOS
DIO E TÉCNICAS REQUISITOS E INS-
DE REPARO DE TRUMENTOS PARA
ESTRUTURAS DA- MANUTENÇÃO PRE-
NIFICADAS PELA DIAL
AÇÃO DO FOGO
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173
ASPECTOS IN-
TRODUTÓRIOS DE
MANUTENÇÃO
1
Introdução à
Patologia das
Edificações
Esp. Regina De Toni
É notório o fato de que quase a totalidade das Construções, que é o estudo das manifestações
construções, não, apenas, as que já estão em uso, patológicas existentes em edificações.
mas também obras, ainda, em andamento, apre- A fim de corrigir e controlar os defeitos das
sentam, em algum grau, problemas construtivos edificações, foi criada uma área específica da
de toda ordem. Desde os mais simples, como fis- Engenharia, chamada de patologia das cons-
suras em revestimentos, até outros mais graves, truções, que começou a se destacar entre as dé-
como trincas e rachaduras em elementos estrutu- cadas de 60 e 70, quando surgiram os primeiros
rais, que podem levar uma edificação ao colapso. acidentes graves com edificações. Foram desen-
Além dos problemas construtivos que nas- volvidos métodos para tratar as manifestações
cem com as obras, seja na fase de projeto, seja na patológicas, que é a forma como esta disciplina
fase de construção, há as falhas que surgem com trata os defeitos e falhas construtivas, desde a sua
o tempo, por mau uso, falta de manutenção, ou, identificação até sua solução e, dessa forma, miti-
simplesmente, por que a edificação atingiu a sua gar prejuízos financeiros e humanos aos usuários
Vida Útil de Projeto, conhecida como VUP. e construtores de edificações.
Com o boom imobiliário que ocorreu no Bra- Hoje, a patologia das construções é uma área
sil a partir do ano de 2010, a ocorrência de defeitos em franca ascensão, pois o resultado do boom
construtivos aumentou, consideravelmente, por da construção civil, ocorrido nos primeiros anos
causa da escassez de mão de obra de qualidade e desta década, foi o aumento significativo das ano-
pela alta demanda de produtos que atendessem malias construtivas e, por isso, esta disciplina é tão
às normas, o que não possuíamos, porém, isto importante na sua formação como engenheiro(a).
não é novidade no nosso ramo. Os problemas de Caros alunos, certamente, vocês já observa-
engenharia e de construção nasceram junto com a ram — mesmo que, ainda, não tenham estudado
Engenharia, são irmãos gêmeos, pois os processos esta disciplina — diversas manifestações pato-
de construção — além de serem muito mais com- lógicas nos mais variados tipos de edificação,
plexos do que, somente, números e “desenhos”, porque algumas delas são, realmente, muito vi-
como grande parte de leigos e profissionais ima- síveis, seja em pontes, seja em estradas, edifícios
ginam — têm muita dificuldade de controle de ou casas. Vocês também já presenciaram, talvez,
qualidade, afinal, a mão de obra deste setor, como diversos problemas de qualidade nas obras em
já dito, é muito limitada no nosso país, além do execução, nos processos construtivos ou nos ma-
que, os processos ainda são muito manuais e as teriais utilizados.
ferramentas, extremamente, limitadas. Como futuro(a) profissional da Engenharia,
Aliado a este cenário, há o fato de que, na liste algumas manifestações patológicas que você
maior parte das construções, trabalham diversas tenha observado na sua casa, na estrada — durante
equipes, cada uma com o seu método de trabalho, uma viagem — no caminho do seu trabalho, no
proporcionando aos executores uma tarefa árdua seu próprio local de trabalho, ou em qualquer ou-
para produzir um produto de qualidade. tro lugar que tenha estado. Você pode utilizar os
E você, estudante, já se perguntou como iden- seus conhecimentos, a sua percepção e pesquisa.
tificar esses problemas, distingui-los quanto à sua Um exemplo desta experimentação seria a se-
origem e diagnosticar as suas causas? É isso que guinte: você observou, conforme mostra a Figura
aprenderemos na disciplina de Patologias das 1, que a coloração da parede da sala da sua casa
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UNIDADE 1
estava bastante escura, então, chegou à conclusão de que está havendo uma infiltração, neste ponto. A
manifestação patológica é a infiltração.
Descrição da Imagem: a imagem fotográfica apresenta o canto de um ambiente com manchas bastante escuras e, também, descas-
camento da pintura, além do descolamento do piso de madeira, o que indica a existência de uma infiltração neste ambiente.
Agora, é a sua vez! Vamos lá? Liste as anomalias que você costuma observar no seu cotidiano e, quando
possível, ilustre com fotos e figuras.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 1
Víti-
Es-
mas
Ano Obra ta- Cidade Provável origem
(fa-
do
tais)
Belo Horizon-
1971 Gameleira MG Falha na execução 69
te
Viaduto Paulo de
1971 RJ Rio de Janeiro Falha na execução 27
Frontin
Jaboatão dos
2004 Edifício Areia Branca PE Falha na execução 4
Guararapes
Metrô SP - Linha
2007 SP São Paulo Falha de gerenciamento 7
Amarela
Belo Horizon-
2014 Viaduto Guararapes MG Falha de projeto 3
te
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UNICESUMAR
Víti-
Es-
mas
Ano Obra ta- Cidade Provável origem
(fa-
do
tais)
Museu Nacional do
2018 RJ Rio de Janeiro Falha de manutenção 0
Rio de Janeiro
Viaduto da Marginal
2018 SP São Paulo Falha de manutenção 0
Pinheiros
Quadro 1 - Lista dos principais acidentes com edificações no Brasil e o número de suas respectivas vítimas fatais
Fonte: adaptado de Caetano (2019) e Souza (2017).
Observe que, com o passar dos anos, não por coincidência, os acidentes vêm se tornando mais fre-
quentes, e a causa principal dos ocorridos mais recentes foram manutenção inadequada e mau uso
da edificação. Por causa do aumento tão significativo dessas ocorrências, desenvolveu-se o estudo das
patologias das edificações, que é uma especialização da Engenharia destinada a analisar, de forma
científica, os problemas que surgem nas construções, por meio da observação do conjunto de todos
os sistemas constituintes de uma obra, os quais interagem entre si. É o ramo da Engenharia que estuda
os sintomas, os mecanismos, as causas, as origens e as consequências das deficiências das construções.
A comparação entre a patologia das edificações com a Medicina foi adotada a fim de facilitar a com-
preensão, por parte dos leigos, pelo fato de a Engenharia ser um ramo muito técnico, de difícil interpre-
tação por pessoas que não a estudaram. A comparação citada foi feita da seguinte forma: as estruturas
assemelham-se ao esqueleto humano, conforme pode-se observar nas Figuras 2, a seguir.
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UNIDADE 1
(a) (b)
Figura 2 (a) - Estruturas de uma construção vertical; Figura 2 (b) - Ilustração de um esqueleto humano
Descrição da Imagem: as duas imagens, lado a lado, representam a comparação entre a estrutura das construções com o esqueleto
humano. A Figura 2 (a) mostra uma fotografia de um prédio em construção, ainda na fase de estrutura, evidenciando as vigas e os
pilares como o esqueleto do prédio. A Figura 2 (b) mostra uma ilustração vetorizada de um esqueleto humano, em cor branca, sobre
um fundo em cor cinza.
Nas Figuras 3, as alvenarias assemelham-se à musculatura, e a pele pode ser comparada aos revestimentos.
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UNICESUMAR
(a) (b)
Figura 3 (a) - As alvenarias e os revestimentos de um prédio; Figura 3 (b) - Fotografia da musculatura e da pele do corpo huma-
no / Fonte: Figura (a) - A autora; Figura (b) - Shutterstock.
Descrição da Imagem: as figuras representam a comparação entre a alvenaria das construções com a musculatura humana e os re-
vestimentos com a nossa pele. A Figura 3 (a) mostra uma fotografia de um prédio em construção, que está com sua alvenaria completa
e os revestimentos iniciados. A Figura 3 (b) mostra uma ilustração em 3D da musculatura humana, com algumas partes revestidas por
pele. O objetivo dessa figura é demonstrar que, da mesma forma que os músculos, ao cobrirem a estrutura óssea, fecham o nosso
corpo, a alvenaria fecha a obra, acompanhando a estrutura. Da mesma maneira, os revestimentos aplicados às alvenarias são a sua
proteção, assim como a pele é a proteção da musculatura.
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UNIDADE 1
(a) (b)
Figura 4 (a) - Ilustração de instalações hidrossanitárias e elétricas; Figura 4 (b) - Sistema circulatório e neurológico humano
Descrição da Imagem: as figuras representam, a partir de duas ilustrações, a comparação entre as instalações hidrossanitárias e o
sistema circulatório humano. A Figura 4 (a) mostra uma rede de água com canos saindo da caixa d’água e fazendo a distribuição para
a casa toda, na seguinte ordem: a partir de dois reservatórios de água quente, a água é distribuída para os ambientes da lavanderia e
sanitário. Na lavanderia, há um tanque de lavar roupas e um de lavar, sendo que este último tem, apenas, água fria, enquanto que, no
sanitário, há um lavatório, um chuveiro com banheira e uma bacia sanitária, sendo a bacia abastecida, apenas, com água fria. A Figura
4 (b) mostra uma figura do sistema circulatório humano que, da mesma forma, distribui o sangue do coração para todas as partes do
corpo. O objetivo é demonstrar que, da mesma forma que as veias e artérias fazem chegar o sangue aos pontos necessários, os canos
fazem a água chegar a todos os pontos onde ela é necessária, na edificação.
Ainda utilizando essa comparação entre a Medicina e o corpo humano, empregaremos o quadro, a
seguir, para conferir as etapas da vida de uma edificação.
Ser vivo Construção
Gestação Projeto
Doenças Anomalias
Envelhecimento Degradação
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Médico Engenheiro
Patologista Patologista
Quadro 2 - Comparação entre um ser vivo e uma construção / Fonte: adaptado de Gasparim (2015).
O importante a identificar, nessa comparação, é que, assim como as pessoas, as edificações podem desen-
volver problemas patológicos durante toda a sua vida, desde a sua concepção até ficarem bem velhinhas e
“atingir o prazo de vida útil”. Para sanar esses problemas, ou, anomalias, como chamamos na Engenharia,
as edificações também devem ir ao médico, que, neste caso, será você, engenheiro(a) patologista.
Quando você se tornar engenheiro(a), porém, tome muito cuidado! Uma velha máxima entre os
construtores elogia os médicos, porque eles podem enterrar suas falhas. Já as falhas construtivas viram
manchete de jornais ou atração turística.
A patologia das construções é um conjunto de, praticamente, todas as disciplinas de Engenharia,
porém existem termos técnicos não tão comuns assim nas demais áreas, os quais serão bastante usados
na nossa disciplina. Por isso, elencamos, aqui, os termos-chave mais utilizados nesta especialidade,
definidos pela NBR 13.753 (ABNT, 1996), Norma Brasileira de Perícias de Engenharia, e a NBR 5.674
(ABNT, 2012), Norma Brasileira de Manutenção de Edifícios.
A vida útil é o intervalo de tempo ao longo do qual a edificação e as suas partes constituintes
atendem aos requisitos funcionais para os quais foram projetadas, obedecidos os planos de operação,
uso e manutenção previstos na NBR 5.674 (ABNT, 2012). É esperado que todas as edificações tenham
vida útil igual ou superior à sua Vida Útil de Projeto (VUP), que é o período estimado de tempo
para o qual um sistema é projetado, a fim de atender aos requisitos de desempenho estabelecidos na
NBR 15.575 (ABNT, 2021), considerando o atendimento aos requisitos das normas aplicáveis, o estágio
do conhecimento no momento do projeto e supondo o atendimento da periodicidade bem como a
correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo manual de uso, operação e
manutenção (a VUP não pode ser confundida com prazo de garantia legal ou contratual). Estes prazos
serão vistos nas unidades seguintes.
Infelizmente, nem todas as obras têm a sua vida útil igual ou superior à vida útil de projeto devido
a anomalias ou sintomas de diversas naturezas, que são a indicação da ocorrência de um defeito. Os
defeitos serão estudados por nós no decorrer da disciplina.
A vida útil também é chamada de durabilidade, que é a capacidade de um produto (edificação)
manter o seu desempenho acima dos níveis aceitáveis preestabelecidos, sob condições previstas de uso
e com manutenção durante certo período de tempo, o qual é a sua vida útil.
Anomalias que afetam o desempenho de produtos ou serviços ou os tornam inadequados aos fins
aos quais se destinam, causando transtornos ou prejuízos materiais ao consumidor, são chamados de
vícios. Podem decorrer de falha de projeto ou de execução, ou, ainda, da informação defeituosa sobre
a sua utilização ou manutenção.
Os vícios são aparentes ou ocultos, sendo os vícios aparentes de fácil contratação, perceptíveis,
até mesmo, por leigos.
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UNIDADE 1
Temos, ainda, os vícios redibitórios, que nada mais são do que vícios ocultos cuja principal conse-
quência é a diminuição do valor da coisa, ou, por causa deles, a coisa se torna imprópria ao uso para
o qual ela se destina. Tais vícios, se fossem do conhecimento prévio do adquirente, ensejariam pedido
de abatimento do preço pago ou inviabilizariam a compra.
Os vícios, se não tratados, podem transformar-se em defeitos: anomalias com a possibilidade de
causar danos efetivos ou de representar ameaça potencial à saúde ou à segurança do dono ou con-
sumidor. Os defeitos são decorrentes de falhas do projeto ou da execução de um produto ou serviço,
ou, ainda, se originam de informação incorreta ou inadequada sobre a utilização ou a manutenção.
Além dos vícios, temos as falhas: um descuido ou um erro, um procedimento ou uma ação im-
prevista ou acidental que acarreta uma anomalia ou um dano.
Para identificar os vícios, defeitos e falhas, é necessário realizar um estudo de toda a situação em
ocorrência, coletando dados sobre o início e a evolução da anomalia construtiva ou da falha de manu-
tenção, desde a concepção do projeto até a data da vistoria ou inspeção. A este procedimento damos
o nome de anamnese técnica da edificação, a qual pode ser chamada, também, de investigação.
O primeiro passo da anamnese é a vistoria. Ela ocorre quando você faz a constatação dos fatos e
do estado real da edificação em questão. Na ocasião da vistoria, um exame circunstanciado deve ser
realizado, ou seja, é necessário registrar imagens, por meio de fotografia, e fazer a descrição minuciosa
do que for constatado.
A partir da anamnese, da vistoria da edificação e de outros estudos, faz-se o diagnóstico técnico
da edificação, que é a determinação e a indicação das anomalias construtivas e falhas de manutenção,
mediante auditorias, ensaios laboratoriais e perícias. Após esse diagnóstico, você, profissional, fará o
prognóstico técnico da edificação, que é a previsão da evolução das anomalias e das suas conse-
quências, caso não sejam sanadas. Em consonância com o prognóstico técnico, será feita a prescrição
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UNICESUMAR
Com tudo que vimos até agora, você, como futuro(a) engenheiro(a), curioso(a) que é, deve estar
ansioso(a) para descobrir quais são as manifestações patológicas que mais acometem as edificações.
Neste livro, abordaremos as manifestações patológicas mais comuns encontradas nos edifícios, indis-
tintamente da idade e do estado de manutenção deles, porém, antes de as conhecer, aprenderemos a
classificá-las quanto à origem.
As anomalias podem ser exógenas ou endógenas. As anomalias endógenas são aquelas que já
nascem com a edificação e se originam, possivelmente, da fase de projeto ou de execução ou da má
qualidade dos materiais empregados na obra.
A Figura 5 mostra uma anomalia endógena proveniente da fase de execução: consiste em um ralo de
escoamento executado acima do nível do piso, impossibilitando o desempenho de sua função (drenar
do ambiente as águas pluviais e de limpeza).
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UNIDADE 1
Figura 5 - Ralo executado acima do nível do piso Figura 6 - Estrutura metálica colapsada devido a ventos aci-
Fonte: a autora. ma dos estipulados por norma para cálculo / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a fotografia mostra um ralo de es- Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma estrutura
coamento de água executado acima do nível do piso, o que, metálica de cobertura que colapsou porque foi atingida por
certamente, impedirá que o ralo cumpra a sua função de ventos muito fortes, o que caracteriza um dano por ação da
drenar a água, deixando-a acumulada na superfície. natureza.
As anomalias exógenas são as anomalias ori- Bastante usuais, porém, geralmente, mais fáceis de
ginárias de fatores externos. Elas acometem a serem corrigidas, as anomalias exógenas fun-
edificação depois da fase de projeto e execução cionais são chamadas de falhas e se caracterizam
e costumam ser classificadas como naturais e por resultarem de manutenção inadequada ou
funcionais. As anomalias exógenas naturais mau uso da edificação.
são aquelas resultantes de fenômenos da natureza, As Figuras 7 e 8 mostram exemplos típicos
tais como: vendavais acima da estimativa de pro- de falha de manutenção e de mau uso, respecti-
jetos, inundações, chuvas de granizo, terremotos. vamente. A Figura 7 apresenta uma residência
A Figura 6 mostra uma anomalia proveniente cuja pintura deveria ter sido refeita há muito
de fenômenos da natureza e consiste em uma co- tempo. A demora da sua execução causou da-
bertura metálica que desabou durante um ciclone. nos não, apenas, na pintura, mas também nos
revestimentos argamassados.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 1
cas, mas também sintomas de diversas anomalias, é importante entendermos que não há uma definição
unânime, em livros e artigos relevantes, sobre as nomenclaturas, nem mesmo, sobre as suas amplitudes.
É comum encontrar as duas classificações representadas no quadro, a seguir.
Abertura Classificação 1 Classificação 2
Quadro 3 - Definição de fissura, trinca, rachaduras, fenda e brechas / Fonte: adaptado de IBAPE-SP (2007).
Descrição da Imagem: a fotografia apresenta uma fissura muito fina e superficial no revestimento de uma parede com emboço, massa
PVA e tinta acrílica. A fissura é indicada por uma caneta Bic azul, segurada pela mão direita de uma pessoa.
As trincas são aberturas que transpassam os sistemas estruturais, como: vigas, pilares, lajes e alvenarias.
Elas necessitam de mais atenção, pois costumam ser sintomas de problemas graves, os quais afetam,
até mesmo, a segurança da obra. A Figura 10 mostra, detalhadamente, uma trinca.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 1
faremos, aqui, de maneira bem generalizada, uma prévia dos principais fatores à ocorrência de
manifestações patológicas.
Dentre as principais causas, temos as de projeto e execução, pois, no Brasil, os projetos, comumente,
são feitos a toque de caixa, para atender à desorganização de proprietários, construtores e órgãos públi-
cos. O controle de qualidade das obras também é, extremamente, deficiente, pois, como já mencionado,
a mão de obra é precária bem como os processos e as ferramentas utilizadas.
Mas o que mitigaria os erros cometidos nestas etapas? A seguir, há uma pequena relação de ações
muito simples que não só poderiam, mas deveriam ser adotadas no processo de edificação, a fim de
evitar os vícios de construção e melhorar o desempenho das edificações:
Não podemos esquecer que, além das ações a serem tomadas no processo de construção, há as ações
de uso e manutenção, as quais garantem tanto a durabilidade quanto o desempenho da edificação, du-
rante a sua vida útil. Esta é uma cultura que o Brasil ainda não desenvolveu, mas, começa a engatinhar,
por meio de ferramentas, como o manual de uso e operação, o plano de manutenção e as inspeções
prediais periódicas, que também serão objeto de estudo da nossa disciplina.
E o campo de trabalho na área da engenharia diagnóstica? Temos como aproveitar todas estas
falhas, como nicho de mercado? Temos! Como vimos no início da unidade, a ocorrência de manifes-
tações patológicas tem aumentado a cada dia, seja com falhas de projeto, seja com falhas de execução
e de manutenção e mau uso, ou, por simples envelhecimento das edificações, causando não, somente,
a perda de desempenho, mas também tragédias que levam diversas vidas.
Por este motivo, a reabilitação e o reforço de edifícios são, hoje, um nicho de trabalho necessário e
em plena ascensão, com poucas pesquisas a respeito, pouca sistematização ou especialização técnica
e com muitas restrições por parte de muitos profissionais da área.
A reabilitação e o reforço de edifícios tendem a crescer muito nos próximos anos, devido ao aumento
do número de construções, como foi dito no início da unidade, mas também pelo envelhecimento da
nossa infraestrutura, em sua totalidade. Por isso, sugiro que você considere a possibilidade de atuar
nessas áreas, que só têm a progredir.
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UNICESUMAR
Todo conhecimento adquirido nesta unidade te auxiliará a entender melhor os objetivos da especiali-
dade de patologia das edificações, que nada mais é do que compreender os processos de degradação
das edificações, para definir métodos e ferramentas que identifiquem, facilmente, potenciais anomalias
e, também, encontrar soluções voltadas à redução dos seus efeitos, além de evitar custos imprevistos
para reparação ou manutenção.
A partir de agora, você, como futuro(a) engenheiro(a), terá mais facilidade em estudar as principais
manifestações patológicas existentes em edificações e, logo, terá subsídios suficientes para trabalhar
nesta área tão envolvente e em crescente desenvolvimento.
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Agora, com o intuito de organizar e entender melhor o nosso conteúdo, convido você a completar
o Mapa Mental da disciplina, utilizando os subsídios oferecidos nesta unidade. Para isso, preencha
as lacunas do mapa.
Defeitos ou vícios
As terapias são de construção Anamnese
como os remédios
Alvenarias =
musculatura
Semelhança com Patologia das
Revestimento=
pele
a medicina Edificações
Anomalias são
Sistema circulatório como as doenças
e nervoso = instalações Anomalias
hidráulicas e elétricas
Endógenas Exógenas
Falha de projeto
Materiais de Falha de Fim da vida útil
má qualidade manutenção
Falhas de Mau uso
execução da edificação
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1. Com relação às patologias de construção, é incorreto afirmar que:
a) Vícios são anomalias que, além de afetar o desempenho das edificações, afetam, também, o
seu valor de venda.
b) Patologias são os defeitos encontrados nas edificações que afetam o desempenho delas.
c) Falhas de manutenção e mau uso da edificação por parte do usuário são, também, conside-
rados vícios.
d) Os profissionais responsáveis pela identificação de anomalias em construção e o seu respectivo
reparo são chamados de patologistas de edificações.
e) O crescimento demográfico e a mudança de necessidades da sociedade contribuíram muito
para o aumento da ocorrência de manifestações patológicas.
2. Sabe-se que vícios construtivos podem ser aparentes ou ocultos, sendo que os vícios aparentes
são aqueles que podem ser percebidos a olho nu, até mesmo, por leigos, no ato da entrega da
obra, enquanto os vícios ocultos são aqueles que só podem ser percebidos por especialistas e
se manifestam, somente, depois de algum tempo da entrega da obra. Sendo assim, assinale a
alternativa que apresenta a seguinte ordem: vício aparente, vício oculto, vício aparente.
a) No que se refere às falhas construtivas, a patologia das construções estuda as origens, cau-
sas, mecanismos de ocorrência, manifestação e consequências das situações patológicas
identificadas.
b) A incidência de manifestações patológicas ocorre devido a dois problemas: má execução e
má utilização da edificação.
c) Quando da elaboração de um diagnóstico, o(a) engenheiro(a) deverá apresentar o seu ponto
de vista pessoal quanto à situação avaliada.
d) Toda avaliação deverá evidenciar a situação encontrada, por meio de registro fotográfico e
opiniões das pessoas da região.
e) São exemplos de patologias: fissuras, corrosões e manchamento.
30
4. São pequenas aberturas, com menos de 0,5 mm, mas que podem surgir nas estruturas, re-
vestimentos ou no substrato de uma edificação. A respeito da patologia descrita, assinale a
alternativa correta:
a) Fenda.
b) Rachadura.
c) Fissura.
d) Descamamento.
e) Trinca.
Figura A Figura B
31
Figura C Figura D
Descrição da Imagem: a Figura A mostra que, no intuito de adequar um edifício antigo às normas de prevenção de incêndio,
a rede de água dos hidrantes foi executada em tubos de 200 mm instalados por meio de perfuração das vigas existentes,
dispostos um ao lado do outro, por isso, a sessão dessas vigas diminuiu, consideravelmente. Na Figura B, vê-se uma parede,
ainda em construção, extremamente, inclinada, quase ruindo. Observa-se que o pilar não tem armadura mínima, apenas,
uma treliça metálica. A Figura C mostra uma calha com acúmulo de poeira. A Figura D apresenta um pilar de dimensão
250x40 cm com nicho de concretagem, extremamente, grande, deixando, aproximadamente, 50% de sua armadura exposta.
32
2
O Efeito da Umidade
nas Edificações
Esp. Regina De Toni
Quem nunca se deparou, em sua casa ou trabalho, com manchas escurecidas em paredes, forros ou pisos,
na tinta, ou, até mesmo, nos revestimentos cerâmicos? Intuitivamente, você deve ter pensado “é umidade”.
Agora, seja sincero(a): você soube dizer de onde vinha essa umidade ou qual era a causa da sua
existência? Saberia resolver o problema, impedindo que a umidade se tornasse cada vez maior e dani-
ficasse, cada vez mais, aquela edificação, prejudicando, inclusive, a saúde dos seus usuários?
Se a resposta for sim, parabéns! Se a resposta for não, fique tranquilo(a), pois aprenderemos, nesta
unidade, a resolver tal problema.
Problemas com umidade podem ser um verdadeiro desafio até mesmo para profissionais bastante
experientes, pois, o fato de os materiais de construção civil serem, em sua esmagadora maioria, poro-
sos, facilita a infiltração por capilaridade e percolação da água, enganando, diversas vezes, os sentidos
do(a) engenheiro(a) patologista. Além disso, o estudo das manifestações patológicas ligados à umidade
tiveram início há pouco tempo, o que dificulta a identificação do mecanismo pelo qual elas acontecem.
A questão é que, além de causar problemas respiratórios e dermatológicos aos usuários das edifi-
cações e danificar móveis, utensílios, roupas e diversos outros objetos, a umidade costuma causar a
degradação de sistemas construtivos — alvenarias, revestimentos e, até mesmo, do concreto armado,
principalmente das suas armaduras — nestes casos, além do desconforto ambiental, estas manifesta-
ções patológicas ocasionam grandes perdas materiais, afetando, consideravelmente, o desempenho
da edificação, o que pode gerar custos elevados para o seu reparo bem como o comprometimento da
sua segurança e solidez.
Portanto, caro(a) estudante, aprenderemos quais são as principais manifestações patológicas ligadas
à umidade, além de identificar as suas causas, para que possamos as solucionar, assegurando, assim, o
bom desempenho das edificações quanto a este quesito.
Agora, te contarei três casos verídicos relacionados à umidade em edificações.
• No Caso 1, o objeto é um prédio que, durante dois anos e meio, não apresentou problemas com
estanqueidade em nenhum momento. Certo dia, o proprietário ligou para o engenheiro que
executou a obra com a reclamação de que estava entrando água no salão de festas, localizado
no último pavimento do prédio. O engenheiro, logo de cara, perguntou se o proprietário havia
limpado as calhas do prédio nos últimos tempos, e a resposta que ele recebeu foi: “não limpei.
Um prédio com menos de três anos é muito novo para ter que limpar a calha”.
• No Caso 2, o objeto é uma casa. O inquilino mudou-se e, na primeira semana na casa, houve
uma chuva muito forte e a água invadiu o seu quarto, que tinha uma porta para uma sacada.
Na extremidade dessa sacada, havia um ralo, porém, o inquilino observou que a água, ao invés
de correr para o ralo, corria para a porta do seu quarto.
• No Caso 3, o objeto também é uma residência, mas ela tem um detalhe bem relevante para o
nosso estudo de caso. Ela possui piso laminado de madeira na sala e nos dormitórios. A casa
estava em perfeito funcionamento — cobertura e esquadrias estanques, instalações hidráulicas
sem vazamento, instalações elétricas sem sobrecarga — tudo às mil maravilhas, até que ocorreu
um período prolongado de chuvas, então, o piso laminado começou a estufar e as suas peças,
a desencaixar. Passando as chuvas, após alguns dias de sol, o piso voltou ao normal, exceto por
algumas peças que se deformaram durante o período úmido.
34
UNIDADE 2
Caro(a) estudante, com base nos seus conhecimentos, você saberia dizer quais foram as causas das
infiltrações, em cada uma das situações?
Após responder quais as possíveis causas das infiltrações, o que você, como futuro(a) engenheiro(a),
proporia para solucionar tais problemas? Lembre-se que, comumente, não será uma ação isolada, mas
sim, um conjunto de ações que corrigirão o problema, por exemplo: primeiro, a execução de drenos
no terreno e a impermeabilização do contrapiso, a fim de evitar novo empenamento de piso.
“
a) água de composição, água necessária para a preparação dos materiais para execução da
construção;
b) infiltração, água que, com o auxílio das trincas e rachaduras, penetra nas alvenarias
e causam patologias;
c) condensação, vapor de água que, ao entrar em contato com superfícies frias, con-
densam, ou seja, ficam na forma líquida;
d) acidental, é a resultante de vazamentos em redes hidráulicas;
e) ascensional, água que penetra nas alvenarias a partir da capilaridade.
35
UNICESUMAR
Umidade constante
Manchas de umidade
Sais solúveis presentes no ele-
Eflorescência Pó branco acumulado sobre a mento da alvenaria
superfície
Cal não carbonada
Quadro 1 - Manifestações patológicas mais comuns em decorrência da umidade / Fonte: Perez (1986, p. 12).
Seguindo a mesma linha, Verçoza (1991) cita que a umidade é a causa ou o meio necessário para a
grande maioria das patologias em construções. Ela é indispensável ao aparecimento de mofo, eflores-
cência, ferrugem, perda de pinturas, de rebocos e, inclusive, causa de acidentes estruturais. Concordo,
plenamente, com o autor e tenho plena convicção de que, depois de estudar esta unidade, você chegará
à mesma conclusão.
Como já mencionado, não estudaremos os problemas de umidade relacionados ao preparo dos
materiais de execução das edificações, deixaremos esta seara para a Engenharia de Materiais, que tem,
como um dos principais focos, o fator água/cimento de concretos e argamassas.
Além dos tipos de umidade mencionados por Perez (1986), veremos, também, aquela proveniente
das águas das chuvas, o motivo mais comum de umidade em edificações. É claro que uma das funções
mais importantes das edificações é nos proteger das intempéries, o que nos leva a crer que a chuva não
deveria ser um problema, porém, quando há erros de projeto e de execução ou o emprego de materiais
inadequados, a chuva transforma-se em um verdadeiro pesadelo.
Goteiras decorrentes de defeitos nas coberturas, por exemplo, são muito frequentes, seja por telhas
quebradas, seja por inclinação inadequada do telhado ou por calhas ineficientes. Por mais simples
que pareça este problema das goteiras, deve-se tomar muito cuidado com ele, afinal, as goteiras, além
de trazerem desconforto, estragar móveis, roupas e utensílios, podem ser muito perigosas, pela pos-
sibilidade de afetar circuitos elétricos, causando acidentes graves, como incêndios, por exemplo, ou,
desabamento de forros, por causa do seu encharcamento, ou, desabamento de estruturas de concreto,
devido à corrosão das armaduras.
36
UNIDADE 2
37
UNICESUMAR
38
UNIDADE 2
Figura 5 - Armadura de laje corroída pela infiltração de água, Figura 6 - Eflorescência em estrutura de concreto com indí-
devido a trincas na sua superfície cios de corrosão
Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma laje que Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma estrutura de
teve a camada de cobrimento da armadura removida. Essa concreto com eflorescência. A estrutura apresenta manchas
armadura, que está exposta, apresenta avançado grau de brancas e marrom-avermelhadas, o que indica a infiltração
corrosão, devido à existência de umidade. de umidade, além de corrosão da armadura.
39
UNICESUMAR
“
Sendo constituída de materiais
porosos, o comportamento
das alvenarias será influen-
ciado pelas movimentações
higroscópicas desses mate-
riais. A expansão das alve-
narias por higroscopicidade
Figura 8 - Intensa umidade escorrendo através de uma
trinca ocorrerá com maior intensi-
dade nas regiões da obra mais
Descrição da Imagem:a fotografia mostra uma trinca em
uma parede de alvenaria, por onde está escorrendo água em sujeitas à ação da umidade,
quantidade considerável. Seria possível encharcar um pano
com a quantidade de água que está escorrendo.
como exemplo, cantos desa-
brigados, platibandas, base
das paredes, etc.
A infiltração mostrada na Figura 9 está tão avan-
çada, que as manchas já estão amareladas, indi- A Figura 10 demonstra fissuras em decorrência
cando que a água da chuva está trazendo, com ela, da umidade. Essas fissuras são chamadas higros-
partículas de poeira. cópicas e acontecem devido à movimentação
referente à dilatação e retração dos próprios ma-
teriais, causadas pela absorção de água.
40
UNIDADE 2
Conheceremos, a partir de agora, um tipo de umidade que incomoda muito e que é o tipo de infiltração
mais difícil de resolver, a umidade por capilaridade do solo, mais conhecida por umidade ascendente.
A capilaridade é a umidade de fluxo vertical ascendente que ocorre através dos poros dos materiais,
principalmente, nos solos. Para Pinto (1998), a capilaridade é a capacidade de um material de promover
a sucção de água, quando em contato com ela, e depende de vários fatores, como: as forças de tensão
superficial água/material, a dimensão dos raios capilares, o ângulo de contato capilar. Quanto menor
o raio capilar, maior será a capilaridade, ou seja, quanto mais finas forem as partículas do material,
maior será a força capilar. Isto quer dizer que os solos dedregosos, por terem poros maiores, têm me-
nor capilaridade do que os solos arenosos. Estes, por sua vez, apresentam menor capilaridade do que
argilosos, e assim acontece com todos os materiais.
A Figura 11 ilustra a progressão de capilaridade conforme a diminuição do raio capilar de cada
tipo de material ou solo.
GRÁFICO A GRÁFICO B
RAIO DO TUBO
Figura 11 - Diferença de capilaridade entre solos de diferentes raios capilares / Fonte: adaptada de Vesic (1972 apud LEÃO;
PAIVA, 2018, p. 32).
Descrição da Imagem: a imagem é uma ilustração que apresenta a diferença de capilaridade entre solos de diferentes raios capilares.
No Gráfico A, à esquerda, há cinco tubos com cinco raios diferentes. Quanto menor o raio do tubo, mais alta é a coluna de água nele,
o que indica maior capilaridade. Do lado direito, no Gráfico B, há dois tipos de solo. O primeiro é areia grossa, no qual os vazios entre
as partículas possuem o raio maior do que o segundo, que é areia fina. Da mesma forma que nos tubos da primeira parte da figura, a
capilaridade é maior na areia fina, por essa areia ter os seus vazios com raios menores do que na areia grossa.
41
UNICESUMAR
Esta umidade atinge a viga de baldrame e continua a ascender por capilaridade, até atingir as paredes,
os seus revestimentos e pinturas. O resultado deste mecanismo é o empolamento do reboco bem como
o estufamento e o descascamento da pintura.
Na Figura 12, observa-se o quão degradante
e problemático pode ser este tipo de umidade.
Figura 12 - Umidade ascendente
A umidade ascendente é a mais difícil de solucionar, por isso, é necessário tomar muito cuidado durante
as fases de projeto e execução para que ela não ocorra, o que é, extremamente, simples: impermeabilize
as vigas de baldrame, em seguida, utilize aditivo impermeabilizante no assentamento das três primeiras
camadas de tijolos e, também, nos pisos. Em caso de umidade excessiva do solo, execute drenagem e,
eventualmente, rebaixamento de lençol freático. Este procedimento está representado na Figura 13.
Contrapiso
Viga Baldrame
Impermeabilizada
Figura 13 - Sistema para evitar ataques da estrutura por umidade ascendente/ Fonte: adaptada de Salomão (2012).
Descrição da Imagem:Ia figura mostra uma ilustração representando uma viga baldrame apoiada no solo, sofrendo ataques pela umi-
dade presente nele. Essa viga tem uma camada impermeabilizante e, sobre ela, há uma parede de blocos cerâmicos cujo assentamento
foi feito com argamassa com aditivo impermeabilizante, visando a barrar a umidade ascendente.
42
UNIDADE 2
43
UNICESUMAR
acontecer vazamentos pelas conexões. Estas, muitas vezes, se desencaixam dos tubos e, em casos ex-
tremos, rompem-se. O mesmo pode ocorrer com conexões mal encaixadas ou mal coladas.
E quanto aos agentes externos? Bem, eles são mais recorrentes do que se imagina. Quantas vezes você
já viu algum instalador de móveis parafusar o balcão da cozinha na prumada principal do prédio, ou,
alguém esmagar, com um veículo pesado, o cano de alimentação de uma residência? São ocorrências,
extremamente, comuns e causam muita dor de cabeça.
Muito comum, também, é não haver cuidado com a limpeza do encanamento. Ralos e pias entupidas
são recorrentes nas prestadoras de serviço de desentupimento, e a gordura é a causa mais comum da
obstrução dos canos.
Também é preciso levar em conta que, como todos os sistemas e materiais de construção,
os encanamentos sofrem desgaste natural, portanto, devem passar por reparos de manu-
tenção e, algumas vezes, por substituição.
A Figura 17, a seguir, mostra um encanamento que atingiu o fim da sua vida útil e precisa ser substi-
tuído, imediatamente.
Descrição da Imagem:a fotografia mostra um encanamento de PVC azul, com bastante vazamento em suas conexões. Esse vazamento
causou manchas de umidade nas paredes, as quais desenvolveram bolor.
44
UNIDADE 2
Ainda falando sobre vazamentos, há aqueles que ocorrem por falta de vedação nos conectores da saída
da tubulação da alvenaria (Figuras 18 e 19). Neste caso, o papel de parede estava apresentando estufa-
mento considerável e parecia ser umidade proveniente de uma trinca na parede, porém, com o ensaio
de termografia, foi possível identificar que a umidade era proveniente do dreno do ar-condicionado.
Descrição da Imagem: na figura, há duas imagens fotográficas, a da esquerda mostra uma parede revestida com papel de parede,
com um ar-condicionado e um ventilador de chão. Embaixo do ar-condicionado, há indícios de estufamento por umidade no papel de
parede. Na figura da direita, a mesma parede é mostrada em uma imagem termográfica que destaca, com cores distintas, as diferentes
temperaturas em determinadas regiões da parede. No local onde há estufamento do papel de parede, a cor é azul esverdeada, o que
indica menor temperatura. Esta mancha aponta que a sua origem é o dreno do ar-condicionado, porque a sua intensidade é muito
maior ao redor dele.
45
UNICESUMAR
Depois de vistos todos os danos que a umidade causa às edificações, o quanto é comum a sua
ocorrência e o quão difícil é solucionar estas anomalias, qual é a sua percepção acerca do assunto?
É ou não importante se aprofundar no assunto, para atender, com excelência, a necessidade de
seus futuros clientes com esta demanda?
O último tipo de umidade que veremos é a umidade por condensação. Segundo Verçoza (1991), ela é
uma tipologia bastante distinta das demais, devido ao fato de não ser decorrente de água infiltrada,
mas sim, de água que já se encontra no interior do ambiente, depositada nas superfícies dos elementos
de uma edificação.
Essa umidade é produzida pelo contato do vapor de água existente no interior de um ambiente
com as superfícies mais frias da edificação (vidros, metais, paredes), formando pequenas gotas de água.
O maior dano que essa anomalia causa é a formação de bolor, principalmente, em épocas do ano
com muita umidade, portanto, para prevenir tal anomalia, devemos tomar muito cuidado com a in-
solação e a ventilação, na fase de elaboração dos projetos.
Como já comentado, as anomalias ligadas à umidade são as mais frequentes nas edificações, de
modo geral, e são de difícil solução, às vezes, impossíveis de serem sanadas por completo, sendo pas-
síveis, apenas, de tratamentos paliativos. A umidade ascendente, por exemplo, é uma dessas anomalias.
Esta unidade nos trouxe conhecimento o bastante para ficarmos atentos ao projetar e executar uma
obra e, assim, evitar que esses problemas venham a ocorrer. Qualquer manifestação patológica é de
difícil solução, porém, aquelas relacionadas à umidade são as mais difíceis. Portanto, para as prevenir,
precisamos conhecê-las a fundo.
É muito importante que você perceba o seguinte: todos os casos vistos, nesta unidade, eram de
fácil diagnóstico, sem necessidade de muita investigação, entretanto há casos em que os melhores
patologistas não conseguem resolver. Então, sugiro que você, futuro(a) engenheiro(a), estude muito
este tema, as manifestações patológicas ligadas à umidade.
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Agora, para organizar e entender melhor o nosso conteúdo, convido você, futuro(a) engenheiro(a)
patologista, a desenvolver um Mapa Mental acerca da disciplina, utilizando os subsídios oferecidos
nesta unidade. Assim, preencha o Mapa Mental, a seguir.
Tubulação
danificada por Umidade de condensação
agentes externos Umidade Acidental -
Vazamentos
Umidade por
UMIDADE EM capilaridade
EDIFICAÇÕES
Deficiência na
impermeabilização
do Baldrame
Umidade proveniente
das chuvas
Existência
de trincas
47
1. Em relação à norma brasileira de instalações de águas pluviais, assinale a alternativa que não
faz parte das recomendações dessa norma:
a) Não são comuns nas edificações, ocorrendo, apenas, em imóveis de padrão popular.
b) Têm sido estudadas há bastante tempo, por isso, os(as) patologistas têm muito conhecimento
a respeito, o que facilita o diagnóstico.
c) As trincas em alvenarias, lajes e demais estruturas de concreto são um elemento facilitador
do ataque da umidade à edificação. Além de desconforto, elas causam danos graves, como:
corrosão do aço da estrutura e problemas respiratórios.
d) Os problemas de infiltração por falta de estanqueidade de esquadrias ocorrem, exclusivamente,
pela deficiência tanto das suas vedações quanto da manutenção periódica delas.
e) Apesar de desconfortáveis, as manifestações patológicas ligadas à umidade não são muito
preocupantes, pois afetam a estética das obras e não os seus sistemas estruturais.
48
3. No que tange à impermeabilização, cuja função principal é promover a estanqueidade do piso
ou da parede, impedindo a ascensão capilar da umidade do solo ou a infiltração de águas
superficiais, analise as alternativas, a seguir.
a) I, II e III.
b) II e III, apenas.
c) I, apenas.
d) II, apenas.
e) III, apenas.
49
50
3
Patologias de
Fundações
Esp. Regina De Toni
52
UNIDADE 3
Descrição da Imagem:a fotografia mostra um piso de concreto alisado que sofreu afundamento. Está posicionada, sobre o piso, uma
caneta esferográfica, para oferecer referência da medida do afundamento.
Neste caso, houve lixiviação do aterro (quando as partículas finas são levadas pela água), o que causou
o seu adensamento (diminuição de volume). Com isso, o aterro baixou e levou consigo o piso que
estava apoiado nele.
Após conhecer as causas do afundamento do piso, o que você, como futuro(a) engenheiro(a), pro-
poria para solucionar esta anomalia?
Registre, no Diário de Bordo, a seguir, o que você, enquanto profissional engenheiro(a), propôs
como solução para o questionamento anterior.
53
UNICESUMAR
Para aprender sobre patologias de fundações, é necessário, antes, conhecer os principais tipos de fun-
dações, os principais tipos de solo e a escolha do tipo de fundação indicado a cada tipo de solo, afinal, a
escolha incorreta da solução de fundação é uma das causas mais comuns de manifestações patológicas
decorrentes de falhas de fundação.
O primeiro assunto a ser estudado por nós será os tipos de solo, já que as fundações se apoiam nele.
Parece óbvio fazer esta afirmação, mas, o que se tem visto, nas construções, são muitos profissionais
não levando esta característica fundamental em consideração, por isso, escolhem, muitas vezes, uma
solução de fundação, totalmente, inadequada para a configuração do solo onde a obra será executada
ou esses profissionais executam aterros, completamente, fora das normas da ABNT e das boas práticas
de Engenharia.
Os solos diferem-se em granulometria, deformabilidade, capacidade de carga, entre outros fatores.
Cada tipo de solo se comporta de uma maneira diferente, diante dos carregamentos causados pelas
edificações e, por isso, devem ser estudados a fundo, por meio de ensaios geotécnicos, a fim de ser
determinada, com assertividade, a solução correta de fundação a ser utilizada, para que ela não sofra
recalque ou ruptura.
Os tipos de solo são classificados em: argila, silte, areia fina, areia média, areia grossa, pedregulho,
pedra e matacão. A diferenciação entre eles pode ser classificada pela granulometria, da seguinte forma:
Areia mé- A r e i a Pedre-
Tipo de solo Argila Silte Areia fina
dia grossa gulho
Diâm. grãos
Até 0,002 0,002 a 0,06 0,06 a 0,15 0,15 a 0,84 0,84 a 4,8 4,8 a 16
(mm)
O nosso estudo abrangerá os três principais tipos de solos: argilosos, siltosos e arenosos.
Esta divisão não é muito rígida, pelo fato de os solos não serem composições homogêneas, ou seja,
quando falamos de um solo argiloso, estamos falando de um solo que, predominantemente, tem argila
e, quando falamos em solo arenoso, estamos falando de um solo que possui, predominantemente, areia.
As argilas são solos com alta deformabilidade e baixa capacidade de carga, por isso, merecem muita
atenção e cuidado bem como demandam estudo mais aprofundado, a fim de definir a fundação. São,
também, solos avermelhados, com partículas muito pequenas que, devido à sua coesão, retêm muita
água, o que pode aumentar, ainda mais, a deformabilidade desse solo. A vantagem de reter água e ter
muita coesão é que esse solo possibilita realizar grandes cortes em terrenos com estas características, sem
se preocupar, demasiadamente, com o rebaixamento do lençol freático ou desmoronamento do talude.
A Figura 3 mostra um solo argiloso, enquanto que a Figura 4 apresenta um talude realizado nesse
tipo de solo.
54
UNIDADE 3
Descrição da Imagem: a fotografia, a qual foi feita sob incidência solar, mostra, em primeiro plano, um solo avermelhado e de partículas
finas, as quais consistem em solo argiloso. Ao fundo, é possível ver duas árvores.
Descrição da Imagem: a fotografia mostra um talude em solo argiloso, com ângulo de corte acentuado, onde há um trabalhador de
obra realizando serviço.
55
UNICESUMAR
As argilas classificam-se em argilas moles e rijas. Argila muito mole, argila mole e argila média são
classificadas como moles, já a argila rija e a argila dura classificam-se como rijas.
Os solos arenosos são aqueles onde predomina a areia. Os seus grãos podem ser finos, médios e
grossos, todos sujeitos a serem vistos a olho nu. A principal característica da areia é que ela não tem
coesão, o que a torna drenante, ou seja, não retém água. Quando não há grandes intervenções no terreno,
a sua capacidade de suporte é mais alta do que das argilas, e a sua deformabilidade é menor, porém,
há de se tomar cuidado com cortes próximos a terrenos com esta configuração, porque, pela falta de
coesão, os grãos são, facilmente, separados, então, desmoronam quando o terreno é escavado. Além
disso, esse tipo de solo, por não ser capaz de reter água, tem a possibilidade de causar rebaixamento
do lençol freático e o consequente adensamento do solo, provocando sérios danos às fundações e à
edificação como um todo.
Veja, a seguir, na Figura 5, um exemplo de terreno arenoso.
Descrição da Imagem:a fotografia mostra um terreno arenoso aberto, com vegetação verde, ao fundo. O céu está azul, sob incidência
solar, com algumas nuvens.
O silte está entre a areia e a argila, é um pó como a argila, mas não tem coesão como tal, o que dificulta a
construção nesses tipos de solo. O silte também não tem plasticidade digna de nota, quando molhado.
Deve-se considerar, igualmente, os terrenos constituídos por rocha matriz (ou rocha-mãe), os quais
são os terrenos onde a rocha não se decompôs e só podem ser removidos por ação de marteletes. Obvia-
mente, esses terrenos têm capacidade de carga elevadíssima, o que, praticamente, anula a probabilidade
dos seus adensamento e recalque. Entretanto é necessário fazer, da mesma forma, a investigação do
solo, para se certificar de que não se trata, apenas, de uma camada de rocha com solo mole embaixo.
56
UNIDADE 3
Segundo Thomaz (2020), se o solo for argila dura ou areia compacta, os recalques decorrerão, essencial-
mente, de deformações e mudanças de forma, em função da carga atuante e do módulo de deformação
do solo. No caso de solos fofos e moles, os recalques serão, basicamente, provenientes da sua redução
de volume, já que a água presente no bulbo de tensões das fundações tenderá a percolar para regiões
sujeitas a pressões menores.
Sobre a capacidade de carga e a deformabilidade dos solos, deve-se saber que elas podem variar
por outros fatores, além do tipo (argila, areia, silte), pois não são constantes. É necessário levar em
consideração o tipo bem como o estado do solo (areias de várias compacidades e argilas de várias
consistências), a disposição do lençol freático, a intensidade da carga, o tipo de fundação (direta ou
profunda), a cota de apoio, as dimensões e o formato da placa carregada (placas quadradas).
Quanto aos tipos de fundações, existem as diretas e as indiretas. As fundações diretas, também
chamadas de fundações rasas, são: as sapatas isoladas (mais comuns), as sapatas corridas e o radier.
A sapata consiste em um elemento de fundação de concreto armado. Costuma ter a base ou retangu-
lar ou quadrada ou circular, dependendo do tamanho e do tipo de carga os quais ela suportará. Este tipo
de fundação é projetado para transmitir as cargas ao terreno, pelas tensões distribuídas sob a base da
fundação. A profundidade de assentamento em
relação ao terreno adjacente à fundação é inferior
a duas vezes a menor dimensão da fundação.
A Figura 6 mostra uma sapata sendo execu-
tada. Pode-se notar que a armadura está na base
do elemento de concreto, de modo que suporte
as tensões de tração resultantes da superestrutura
da edificação. O dimensionamento das sapatas é
feito por meio de cálculo estrutural.
As sapatas isoladas suportam a carga de, ape-
nas, um pilar, enquanto que as sapatas corridas
suportam a carga de dois ou mais pilares.
Figura 6 - Sapata isolada
Descrição da Imagem: a fotografia mostra a montagem, em andamento, de uma sapata isolada. As sapatas são quadradas, e a caixaria
já está executada, com chapa compensada resinada e travamento com ripas de pinus. A armadura é em forma de cesta e se estende
em toda a base da sapata.
As sapatas são ideais aos terrenos com capacidade de carga alta, ou seja, argilas rijas e areias bastante
compactadas. Também são eficientes em terrenos com rocha matriz, contudo deve-se ter o cuidado
de deixar, perfeitamente, plano o leito onde a sapata será apoiada.
57
UNICESUMAR
Ainda nas fundações rasas, temos os radiers, que são uma espécie de piso de concreto armado, único
e homogêneo, sob toda a edificação. Os radiers, cujas resistência do concreto, armadura e altura são
calculadas por meio de cálculo estrutural, captam as cargas dos pilares e paredes bem como descarre-
gam sobre uma grande área do solo.
A Figura 7, a seguir, demonstra um radier de uma casa.
Figura 7 - Radier
Descrição da Imagem: a fotografia mostra um radier, uma fundação rasa que se assemelha a um piso do mesmo tamanho da edifi-
cação a ser construída.
Assim como as sapatas, os radiers são indicados para solos com alta capacidade de carga. São bastante
indicados para solos pedregosos, pois é bastante difícil escavar sapatas neste tipo de solo.
Agora, falaremos de fundações profundas. São elementos de fundação executados com o auxílio
de ferramentas ou equipamentos especiais, sem descidas de operário em qualquer fase de execução
(cravação a percussão, prensagem, vibração, escavação etc.). Podem ser constituídas por madeira,
aço, concreto etc.
Essas fundações são mais complexas e caras, porém, são as mais adequadas aos solos moles, com
capacidade de carga pequena, plasticidade e coesão altas e, também, para terrenos alagadiços ou que
estão sujeitos a corte e aterro. As fundações profundas são utilizadas nesses terrenos porque a capaci-
dade de carga dos mesmos é muito pequena, o que deforma a própria pressão de uma fundação direta.
Tal fenômeno causa recalque, prejudicando, assim, a edificação.
O que faz com que as estacas sejam eficientes nos solos com esta configuração é o atrito lateral,
também chamado de resistência de fuste, resultante do solo ao longo de seu comprimento. Este atrito
é causado pela força de reação vertical ascendente do solo ao entrar em contato com a estaca.
Já a resistência de ponta da estaca não tem expressiva participação no suporte das cargas, sendo
um pouco mais significativa quando os elementos ultrapassam a camada mole do solo e se apoiam
em rocha ou em solo duro, como areia compacta.
A Figura 8, a seguir, demonstra o mecanismo de suporte da estaca.
58
UNIDADE 3
Nível do Terreno
R2
h>2B
R= R1+ R2 B
Onde:
R1: Resistência de Ponta
R2: Resistência de Fuste
R1
Figura 8 - Fundação profunda: resistência de ponta e resistência lateral / Fonte: ABNT (1996).
Descrição da Imagem: a figura é um desenho esquemático que mostra o comportamento das forças em uma fundação profunda.
Trata-se de uma estaca, já executada, com a força R1, que é a resistência de ponta, e a força R2, que é a resistência de fuste, gerada
pelo atrito lateral. P é a soma das duas forças, a qual é a resistência total da estaca. A altura da estaca é representada por h > 2B, cujo
B é o diâmetro da estaca.
Dependendo da carga que o pilar transmite ao solo, é necessário executar mais do que uma estaca bem
como um elemento de concreto armado que envolva a cabeça de todas elas. A esse elemento chamamos
de bloco de coroamento: ele funciona como um elemento de transição entre pilares e vigas e, também,
serve como travamento, para as estacas não se movimentarem, lateralmente.
Veja a Figura 9, a seguir, a qual é um desenho esquemático desse sistema.
59
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a figura ilustrada mostra blocos de coroamento em planta e em corte, com número diferente de estacas entre
si. O primeiro é um bloco triangular, com três estacas, o segundo é um bloco retangular com duas estacas.
As estacas mais utilizadas são as escavadas (estacas moldadas). Elas consistem em elementos de concreto
armado executados in situ, em buracos escavados com recurso de equipamento próprio, e costumam
ter vários diâmetros. Depois da escavação, concreta-se o local escavado em toda a sua extensão, em
seguida, é adicionada uma armadura.
A Figura 10, a seguir, apresenta o equipamento para escavação de estaca sendo utilizado.
60
UNIDADE 3
61
UNICESUMAR
na vertical.
Descrição da Imagem: a fotografia mostra uma parede ver-
de com uma porta à esquerda. Essa parede apresenta uma
trinca em 45° bastante avançada, já muito próxima de ser
chamada de rachadura.
62
UNIDADE 3
Como consequência dos recalques, pode ocorrer, também, ao invés das rachaduras, a inclinação como
um todo da edificação, tal qual aconteceu nos prédios da baía de Santos-SP (Figura 16) e na famosa
Torre de Pisa, na Itália.
Descrição da Imagem: a fotografia prédios da baía de Santos, litoral de São Paulo. Um deles, à direita, sofreu inclinação perceptível
a olho nu.
Para conhecer as patologias de fundações, assim como de qualquer outro sistema construtivo, pre-
cisamos conhecer as suas causas. Se você escolher a fundação inadequada para o tipo de solo onde
executará a obra, por exemplo, já de arrancada, você perdeu o jogo.
Você, futuro(a) engenheiro(a), deve estar se perguntando: como não errar na escolha da
fundação? A resposta é muito simples: faça um minucioso estudo do solo, por meio de
ensaios geotécnicos. A grande maioria dos profissionais negligencia esta etapa da obra,
que é imprescindível à elaboração do projeto de fundação.
O ensaio geotécnico mais utilizado é o SPT – Standard Penetration Test, que consiste em cravação
dinâmica de um amostrador padrão no solo, pelo impacto de um martelo de ferro. Com a sondagem
SPT, é possível descobrir a resistência do solo, medida pelo índice de resistência à penetração do
mesmo. Esse índice é determinado pela soma dos golpes dados pelo martelo de ferro até que o solo se
torne impenetrável à percussão. Por meio deste procedimento, retira-se uma amostra de solo, a qual
é encaminhada a um laboratório especializado, a fim de verificar a composição bem como as carac-
terísticas importantes desse solo, como: granulometria, coesão e plasticidade. É por esse ensaio que
identificamos se um solo é arenoso, argiloso ou siltoso e, também, o nível do lençol freático, ou seja,
esse ensaio é muito eficiente e de extrema importância.
63
UNICESUMAR
Para solos arenosos e alguns siltosos e argilo- solo mole sob ele e, inevitavelmente, acontecerá
sos, dependendo de sua consistência (rijo), utiliza- o recalque. Foi, exatamente, isso que aconteceu
-se fundação direta (sapata, radier), já em solos ar- com os prédios da baía de Santos.
gilosos moles, ou, mesmo arenosos, siltosos, fofos No item “Eu Indico” desta unidade, você en-
ou com presença de água, deve-se utilizar estacas. contrará, em detalhes, o que aconteceu neste caso
Neste caso, ainda será necessário escolher o tipo famoso de erro de fundação. Há, também, um
adequado, escolha que dependerá, dentre outros vídeo mostrando o reaprumo de um dos prédios
fatores, da consistência do solo, do nível da água que mais sofreu inclinação. Não deixe de conferir,
e, até mesmo, do entorno da obra. pois é incrível.
Por que o tipo de fundação depende do entorno Na Figura 17, é apresentado um perfil de solo
da obra? Porque alguns tipos de fundação, como com esta característica.
estacas pré-moldadas, precisam ser batidas e cau-
sam vibração muito forte no terreno, o que pode
causar ruptura de fundações, desconfinamento do
solo e/ou trincas de toda ordem nas edificações.
Se você executar uma fundação direta sobre
um terreno argiloso, por ele ter deformabilidade
muito grande (lembra do adensamento por causa
da fuga da água, a qual é causada pela percola-
ção?), o próprio peso do elemento de fundação
causar a deformação do solo e recalque da estru-
tura. Se o recalque for diferencial, o que aconte-
Figura 17 - Solo com camadas moles e rijas intercaladas
ce em quase 100% das vezes, certamente, haverá
patologias na edificação. Descrição da Imagem: a fotografia mostra um perfil de solo
com camadas moles e rijas intercaladas, em nuances de la-
Caso você faça o contrário e utilize estacas em ranja e marrom.
solos rijos, além de desperdiçar dinheiro — afinal,
fundações profundas são muito mais caras do que
fundações diretas — a probabilidade de as estacas Situação parecida acontece com os matacões,
não penetrarem é muito grande, porque a resis- os quais são pedras de grande dimensão. Tão
tência deles à penetração é alta, o que impede a grande que, quando encontradas pelo equipa-
broca ou a força do bate-estaca penetrar o terreno. mento de percussão, seja no ensaio SPT, seja na
Por isso, a importância dos ensaios geotécnicos. própria escavação das estacas, acredita-se ter
Outra situação bem complicada que pode atingido solo firme. É por esta razão que se deve
ser evitada com o SPT é o falso diagnóstico de executar diversos furos no terreno, no momento
que o solo é rijo. Isso acontece quando as cama- do ensaio de SPT, para mitigar a possibilidade
das superficiais são solos com alta resistência de de ser enganado por um matacão (Figura 18). A
carga e penetração, porém, abaixo deles, há uma quantidade de furos é determinada pela NBR
camada de solo mole. A fundação pressionará o 6.484 (ABNT, 2020).
solo superficial que, por sua vez, pressionará o
64
UNIDADE 3
AREIA COMPACTA
65
UNICESUMAR
66
UNIDADE 3
Durante a execução da fundação também pode haver interferência nas edificações vizinhas, como já
comentado nesta unidade, por causa da vibração do processo de cravação de estacas pré-moldadas,
por exemplo. E ainda temos os danos causados depois da execução da obra, quando o carregamento
das fundações e do solo se completam. Ela acontece por causa do bulbo de pressão causado no terreno
pelo carregamento do edifício.
A carga que a edificação exerce no solo não causa, somente, forças verticais, mas também horizon-
tais, formando uma região de tensões a que chamamos de bulbo. Se o bulbo de tensões de um prédio
com maior carregamento atinge o bulbo de tensões menor, certamente, haverá recalque diferencial
da edificação de menor tensão.
A Figura 21, a seguir, mostra de que forma este fenômeno acontece.
Figura 21 - Recalque diferencial causado por bulbo de tensões / Fonte: Thomaz (2020, p. 35).
Descrição da Imagem: a figura ilustrada mostra dois prédios, um de quatro andares, à esquerda, e um de dois andares, à direita. Cada
um tem o seu bulbo de tensões, que apresenta formato circular sob a cota de assentamento das construções. A carga do edifício de
quatro pavimentos é maior, portanto, o seu bulbo de tensões é maior e isso fez com que o prédio de dois pavimentos sofresse recalque
e ficasse inclinado para o lado do outro prédio.
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UNICESUMAR
Como você pôde observar, são diversas as possíveis patologias em fundações, além de serem mais
comuns do que se imagina. Mas, e quando elas acontecem? Como resolver os problemas causados
por elas, sem precisar condenar a obra à demolição? Veremos, agora, as soluções mais eficientes para
resolver patologias desta natureza.
As três soluções mais utilizadas são: as estacas raiz, as estacas mega e, em caso de aterros, os mu-
ros de contenção/arrimo, os quais são muros com estrutura para suportar os esforços transversais
resultantes do peso do solo e da água que se acumula nele (Figura 22).
Descrição da Imagem:a fotografia apresenta um muro de arrimo próximo a solo montanhoso. Abaixo do muro, vê-se uma pavimen-
tação asfáltica. O caminho é cercado por vegetação e possui placa de sinalização indicativa de via sinuosa.
A estaca raiz é, certamente, a solução mais indicada para reforço de fundações, pois ela tem capa-
cidade de perfurar terrenos muito duros (matacões, por exemplo), além de ser possível as executar
em qualquer tipo de terreno e em direções especiais (por exemplo, inclinada). As suas principais
características são: alta capacidade de carga (até 140 tf), perturbação mínima do ambiente cir-
cunstante, moldagem in loco, inteiramente, armadas ao longo de todo seu comprimento, elevada
tensão de trabalho do corpo da coluna (fuste) e recalque muito reduzido.
A execução da estaca raiz é feita com equipamento específico, uma hélice de percussão muito
potente, que varia entre 8 cm e 50 cm e pode atingir mais de 50 m. São escavadas com o auxílio
de fluido estabilizante (lama bentonítica ou polímero sintético), ou não, e são feitas perfurações
no terreno, retirando o material (solo ou rocha), para que, posteriormente, sejam preenchidas
com argamassa.
68
UNIDADE 3
Na execução da estaca raiz, são utilizados tubos de revestimento metálico, integralmente, em todo
o trecho do solo, após a escavação, por que, em solos mais arenosos, ou, até mesmo, pouco argilosos,
há a possibilidade de desmoronamento. Estes tubos metálicos são recuperados após o preenchimento
da estaca com argamassa cimento-areia e da fixação da armadura. A argamassa utilizada é adensada
com o auxílio de pressão, normalmente, dada por ar comprimido.
A Figura 23 mostra a forma como este reforço deve ser executado: estacas inclinadas de modo a apoiar
a viga de baldrame existente.
69
UNICESUMAR
Estacas executadas.
Figura 23 - Execução de estaca raiz / Fonte: Mello, Bremer e Soares Júnior (2020, p. 18).
Descrição da Imagem: a figura ilustrada apresenta uma edificação apoiada em fundação em sapata corrida de pedra, com 80 cm de
altura e 1 m de profundidade. Sob esta sapata, estão duas estacas inclinadas apoiando a sapata de pedra.
70
UNIDADE 3
Outra solução bastante utilizada e mais barata é a estaca mega, também conhecida como estaca cravada
à reação ou estaca prensada. Ela é cravada em segmentos de concreto pré-moldado com o auxílio de
um macaco hidráulico. É, comumente, utilizada em reforço de fundação já existente ou para correção
de patologias, como um recalque diferencial da estrutura.
A principal vantagem dessa estaca é o fato de dispensar demolições durante a execução. As
estacas mega podem ser compostas por concreto pré-moldado, perfil ou tubos metálicos, e a sua
cravação não produz impacto ou vibração, tendo em vista que o seu princípio de funcionamento é de
ação/reação e a sua aplicação se faz por meio hidráulico.
O procedimento completo de execução de estacas mega consiste em: abrir uma vala ao lado do
ponto da fundação a ser reforçado, com profundidade abaixo da viga de baldrame, instalar o macaco
hidráulico e, então, começar a cravação, por reação, das estacas, com a ajuda de um macaco hidráulico.
Elas são segmentadas conforme orientação da NBR 6.122 (ABNT, 1996).
Isso significa que cada estaca é formada por um ou mais segmentos feitos de elementos pré-moldados com
50 cm de altura e diâmetro variável, o qual depende da carga a que a estaca será submetida. Os segmentos
de estaca são cravados, sucessivamente e, quando elas são metálicas, é necessário fazer a soldagem de cada
elemento, quando de concreto pré-moldado, são, apenas, posicionadas, corretamente, umas sobre as outras.
O ponto do macaco hidráulico são as vigas, fundações e paredes da edificação existente. São elas
as responsáveis pela força de reação que o macaco aplicará nos segmentos, a fim de os cravar. Para o
término da estaca, é feito o calçamento. Coloca-se um elemento horizontal especial (também pré-mol-
dado) em cima da estaca, aciona-se, novamente, o macaco hidráulico, em seguida, aplicam-se cunhas de
calçamento, as quais serão responsáveis pela transmissão da carga de reação que sustentará a estrutura.
Aprendemos, nesta unidade, que as patologias de fundações são muito comuns, portanto, é preciso
tomar muito cuidado para que elas não ocorram.
Tenho certeza que, observando as soluções apresentadas para reforço, você concorda que não é nada
fácil os executar, além de custarem muito, portanto, deve-se tomar cuidado, principalmente, com a in-
vestigação do solo, a fim de escolher a solução correta de fundação. Também é importante conhecer as
características do solo, como a sua capacidade de carga, para que as fundações sejam bem dimensionadas.
Deve-se ressaltar que, no segmento de reforço de fundações, não há muitos profissionais atuantes,
tornando tal área um ótimo nicho de mercado a você.
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A, seguir temos um Mapa Mental para você revisar o que foi visto até agora. Preencha as lacunas, a
fim de o completar.
Fundações
profundas
Falsa impressão
de solo firme
Argila
Falta de
investigação Investigação
do solo do solo
Patologias
Sucesso
Aterro com material
heterogêneo
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1. Observe o perfil representado na Figura 1, a seguir. Com base no que você estudou nesta
unidade, qual solução de fundação adotaria para que não ocorram, na futura edificação, ma-
nifestações patológicas? Explique o porquê da sua escolha (pode haver mais de uma solução).
Descrição da Imagem: a figura ilustrada mostra um perfil de terreno com várias camadas de características diferentes e
com a presença de água. Nesse terreno, está sendo executada uma estaca.
2. Visando a garantir o equilíbrio em sistemas estruturais, as fundações precisam ser bem pro-
jetadas e executadas. Nesse contexto, um engenheiro foi contratado para realizar um laudo
de uma edificação que apresentou movimentação vertical descendente de um elemento es-
trutural. Qual termo técnico o engenheiro utilizará, no laudo, para descrever este fenômeno?
Assinale a alternativa correta:
a) Afundamento.
b) Recalque.
c) Colapsibilidade.
d) Deformabilidade.
e) Expansibilidade.
73
3. A sondagem SPT (Standard Penetration Test) é muito utilizada em obras de fundação. O SPT
(ABNT, 2020) possibilita conhecer as situações listadas nas alternativas, a seguir, à exceção
de, apenas, uma. Assinale a alternativa que apresente essa exceção:
a) As camadas do solo.
b) A resistência do maciço rochoso.
c) O nível do lençol freático (N.A.).
d) A resistência das diversas profundidades do solo.
e) A profundidade da camada impenetrável à percussão.
4. A Figura 2, a seguir, apresenta a seguinte situação: uma árvore plantada ao lado de uma
edificação, com raízes muito próximas das fundações. Lembre-se que a árvore necessita de
água para sobreviver e, como você pode observar, há uma trinca em 45° no canto superior da
janela, com inclinação contrária à fundação. Essa trinca é uma característica típica de recalque
diferencial, a anomalia mais comum nas fundações. A partir desta análise, responda: qual é o
mecanismo que está causando o recalque diferencial dessa fundação?
Descrição da Imagem: a figura ilustrada mostra uma árvore plantada ao lado de uma edificação, com raízes muito perto
das fundações. Na edificação, há uma trinca em 45° sobre a janela.
74
4
Técnicas de Reparo
e Reforço de
Superestruturas
Esp. Stephanie Vicente Moi
76
UNIDADE 4
Agora, é a sua vez! Use os seus recursos de pesquisa: material didático, experiências, conhecimento
aplicado em estágios e obras, para procurar três possíveis soluções ou terapias aplicáveis à Torre de Pisa.
Após refletir acerca de um dos casos mais icônicos da Engenharia mundial, o que você, futuro(a)
engenheiro(a), sugeriu para a Torre de Pisa? Use o seu Diário de Bordo e faça as suas anotações e
considerações a respeito da questão. Ao final da unidade, você pode retornar a essas anotações, a fim
de rever/reconsiderar as suas respostas.
77
UNICESUMAR
78
UNIDADE 4
Estratégia
dos reparos Os materiais e sistemas vão cumprir as propriedades requeridas?
Figura 2 - Fluxograma para seleção de materiais aplicáveis a uma recuperação estrutural / Fonte: adaptada de Granato (2020).
Descrição da Imagem: a figura mostra um fluxograma que representa a seleção de materiais aplicáveis a uma recuperação estrutural.
Ele é composto por retângulos que trazem informações relevantes ao processo escritas em preto sobre fundo branco. Do lado esquerdo
do fluxograma, há um retângulo onde se lê “Análise dos reparos” com seta diretiva para cima e para baixo, a qual engloba parte das
informações apresentadas, a seguir. Na parte superior central da imagem, vê-se um retângulo com a frase “Processo de seleção de
materiais”, interligado a seis outros retângulos, embaixo dele. Cada retângulo apresenta uma seta diretiva que se conecta com a seta
diretiva desse retângulo maior. Ela desce em linha reta e interliga-se a outros três retângulos, localizados na parte inferior da imagem.
Assim, a partir do primeiro retângulo, há duas fileiras, à esquerda e à direita, formada por três retângulos, um embaixo do outro. No
lado esquerdo, de cima para baixo, cada retângulo tem uma pergunta escrita no centro, as quais são, respectivamente: “Requisitos de
desempenho”, “Quais os requisitos de resistência?”, “A causa da degradação foi identificada?”. Ao lado dessa fileira, à esquerda, formada
por esses três retângulos, mas na parte superior da imagem, há um quadrado com a frase “Análise dos reparos”, o qual se interliga, por
meio de uma seta diretiva, para cima e para baixo, a um retângulo, também do lado esquerdo, mas localizado na parte inferior da imagem.
Nesse retângulo, está escrito “Estratégia dos reparos”. Na fileira de três retângulos localizada no lado direito da imagem, cada retângulo
tem uma pergunta escrita no centro, as quais são, respectivamente: “Qual será o serviço e quais serão as condições de exposição?”,
“Quais serão as condições operacionais, durante a aplicação e a cura?”, “Qual a técnica de aplicação escolhida? Quais as características
necessárias para a aplicação?”. O retângulo na parte superior central da imagem, que traz a frase “Processo de seleção de materiais”,
tem uma seta diretiva para baixo, apontando para a área central e inferior da imagem, onde há três retângulos, um embaixo do outro,
interligados por outras setas que apontam para cada um deles, em efeito cascata. Em cada um desses retângulos, há uma pergunta
escrita no centro, as quais são, respectivamente: “Quais propriedades e requisitos devem ser cumpridos?”, “Os materiais e sistemas
cumprirão as propriedades requeridas?”, “A escolha dos materiais/sistemas, em termos de custo/risco/performance, está avaliada?”.
Você, como futuro(a) profissional da Engenharia, deve ter em mente que qualquer alteração em uma
edificação precisa ser pensada por meio de um projeto. A partir dele, serão definidas as melhores
soluções, assim como será analisada a viabilidade desta “mudança”.
Portanto, os serviços de reforço requerem, sempre, a prévia elaboração de um projeto e de um cál-
culo estrutural, devido à alteração na funcionalidade da estrutura (por exemplo, o aumento da carga
de utilização) e, também, devido à consequência do dano sofrido pela estrutura.
79
UNICESUMAR
Conforme preveem os autores Vicente Custódio Moreira de Souza e Thomaz Ripper (1998), a
partir desse projeto, serão definidas as peças das estruturas que deverão ser reforçadas bem como a
extensão desta intervenção, a reconstituição das características originais geométricas, de resistência e
de desempenho. Também, a determinação da capacidade resistente residual da estrutura ou da peça e,
consequentemente, a definição do tipo, da intensidade e extensão do reforço necessário, a indicação da
necessidade de escoramento, a avaliação do grau de segurança no qual se encontra a estrutura, antes,
durante e depois da execução do reforço, a escolha da técnica executiva a ser utilizada e, finalmente,
das tarefas necessárias, incluindo o custo real da empreitada.
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UNIDADE 4
Ainda falando sobre os materiais, é essencial conhecer os seus principais tipos, ainda que, brevemente,
para serem empregados, de forma adequada.
Segundo os autores Vicente Custódio Moreira de Souza e Thomaz Ripper (1998), os materiais de
mais destaque destinados a reforço ou recuperação estrutural são os concretos e as argamassas, os quais
têm materiais constituintes diversos, garantindo-lhes uma característica específica.
A Tabela 1, a seguir, apresenta os principais materiais utilizados e a sua aplicação.
PRINCIPAIS CARAC-
MATERIAL PRODUTO APLICAÇÃO
TERÍSTICAS
Redução de 20 a 30%
Aditivo superplastifi-
RX 3000A de água com acelera- Concreto “CAD”
cante retardador
ção de resistência.
Aceleração da desfor-
Aditivo acelerador de Concreto pré-fabrica-
RX 122 CL ma e aumento da re-
pega (CL) do
sistência.
81
UNICESUMAR
PRINCIPAIS CARAC-
MATERIAL PRODUTO APLICAÇÃO
TERÍSTICAS
Tixotrópica, retração
REAXSEL 30 reduzida, boa ade- Reparos superficiais
rência.
Argamassa polimérica
Substrato úmido, base Aderência concreto
REAXCRIL
acrílico. novo-concreto velho.
Grouting, reparos de
Substrato seco, base
REAXDUR 600 concreto, revestimen-
epóxi.
to de piso.
Tixotrópico, ancora-
Substrato seco, base
REAXDUR 602 gem, fixação de apoios
epóxi.
e estrutura.
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UNIDADE 4
PRINCIPAIS CARAC-
MATERIAL PRODUTO APLICAÇÃO
TERÍSTICAS
Proteção da armadu-
Inibidor de corrosão,
Primer para armadura REAX 119 GZn ra contra corrosão por
rico em zinco.
anodo de sacrifício.
Tabela 1 - Materiais existentes no mercado para serviços de recuperação e reforço de estruturas de concreto / Fonte: adaptada
de Souza e Ripper (1998).
83
UNICESUMAR
84
UNIDADE 4
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UNICESUMAR
86
UNIDADE 4
É possível realizar o reparo com técnicas ao Descrição da Imagem: a fotografia, tirada em perspectiva,
com foco para o canto da edificação, projeta a imagem de
utilizar argamassa, por exemplo. Devido ao seu ambas laterais, onde são observados detalhes de uma parede
caráter não estrutural, são utilizadas em pequenas com tijolos marrom avermelhados aparentes e uma parte
com concreto, onde há a inserção de armaduras em ferro
profundidades, somente, como enchimento de entre a viga e a alvenaria, como forma de reforçar a base da
edificação. Em volta da viga, são passadas três barras de ferro
falhas e como regularização, tal qual no caso de de cor cinza-chumbo, contidas por ferros perfurados no pilar,
onde são feitas as amarrações e, assim, a sustentação dos
quinas quebradas nos elementos estruturais. mesmos. No chão, vê-se a terra marrom avermelhada com
detalhes de partículas de pedregulhos.
Se você já fez estágio em obra ou teve algum
tipo de vivência neste local, sabe que, por vezes,
87
UNICESUMAR
Historicamente, um dos primeiros sistemas de reforço foi com perfil metálico. Basicamente, é utilizado
um sistema de encamisamento, sem recurso de resinas e, simplesmente, é transferida a capacidade de
resistência do concreto para o aço.
A Figura 12 ilustra um reforço típico de pilar de concreto armado com o recurso da utilização de
perfis, chapas e conectores metálicos.
Atualmente, estão sendo utilizadas novas téc-
nicas com a aplicação de fibras de carbono. As
dificuldades de aplicação deste elemento são a
escassa mão de obra e os custos mais elevados, po-
rém as suas eficiência e praticidade são vantagens
consideráveis. Ao mesmo tempo, a protensão é
uma técnica muito eficiente, mas também precisa
de mão de obra especializada e apresenta valor
elevado (Figura 13).
Figura 12 - Reforço de pilar com perfis / Fonte: Souza e
Ripper (1998, p. 34).
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UNIDADE 4
Figura 13 - Aplicação de protensão exterior substituindo um pilar danificado com redistribuição de esforços / Fonte: Souza e
Ripper (1998, p. 34).
Descrição da Imagem: a imagem é a ilustração de um pórtico visto de frente, com pilares, vigas e lajes. É possível ver três pilares, um
do lado do outro. O pilar central apresenta estrutura inadequada e, no centro dele, há uma seta diretiva apontando para cima. No meio
dela, passa uma reta curvada que sai da extremidade do canto esquerdo da laje, desce até metade da seta diretiva e continua atingindo
a extremidade direita da laje. Em ambos os lados, onde se vê a reta curvada, há uma seta diretiva que aponta para essa reta. Setas e
reta são vistas na cor preta e de forma mais espessa. Após os pilares, é possível ver a laje e as vigas.
Agora, abordarei correções das manifestações patológicas mais comuns que você encontrará na sua
vida profissional.
A Figura 14 mostra uma armadura de pilar em processo de corrosão. Você sabe que, nestes casos,
o concreto em torno da ferragem é degradado, portanto, a primeira medida é removê-lo, assim como
os resíduos de corrosão, limpando bem as superfícies.
Depois, deve-se reconstituir a seção original da arma-
dura. Quando a corrosão não afeta o concreto ou as
barras, você pode utilizar as argamassas citadas, para
recuperar o componente original.
Figura 14 - Pilar com armadura em processo de corrosão
Fonte: a autora.
89
UNICESUMAR
Em casos cujo estágio é avançado, deve-se reforçar o componente estrutural, aumentando as dimen-
sões originais. Caso seja gravíssima a situação, há a chance de recorrer à demolição e à reconstrução.
Já os ninhos/nichos de segregação, já citados, podem receber reparos superficiais com argamassas
ou reparos profundos com concreto, conforme a Figura 15.
Descrição da Imagem: na fotografia, é possível ver a mão direita de uma pessoa, com luva de proteção na cor preta e segurando uma
trolha (colher de pedreiro), aplicando, no concreto do chão próximo à parede, uma argamassa de cimento e areia para reparos superficiais.
Prezado(a) aluno(a), assim encerramos a nossa unidade que trata de terapia das superestruturas.
Você aprendeu a analisar e a fazer o levantamento da extensão das intervenções, sejam superficiais,
sejam profundas, os materiais que podem ser aplicados, as principais técnicas empregadas em situações
específicas (por exemplo, o caso em que a movimentação está, ou não, presente), a analisar o custo e,
por fim, se vale a pena realizar os procedimentos, ou, simplesmente, se é melhor demolir a edificação.
A partir de agora, você, como futuro(a) engenheiro(a), terá mais fundamentação para estudar e pro-
por as principais intervenções de reparo e recuperação existentes em edificações e, assim, terá subsídios
suficientes para prescrever a técnica mais adequada e atuar neste nicho de Perícias na Construção Civil.
90
Agora, te convido a preencher o Mapa Mental, a seguir, em que você poderá verificar os passos
para a resolução das manifestações patológicas da construção civil. Tendo em mente este caminho
a ser seguido, você terá muito êxito.
Manifestação
patológica
Anamnese
Ensaios in loco
Escolha da terapia
91
1. Com relação ao projeto estrutural de reforço, é correto afirmar que:
2. No caso de tratamento de fissuras ativas (em movimentação), você indicaria qual tipo de
material?
3. Para o caso de tratamento de elementos em concreto que sofreram corrosão das armaduras,
qual o procedimento adequado a ser tomado?
92
5
Técnicas de Reparo e
Reforço de Fundações
Esp. Stephanie Vicente Moi
94
UNIDADE 5
Prezado(a) estudante, acostume-se com o fato de que toda edificação sofre recalque, mesmo que
pouco. Ao mesmo tempo, a estrutura deveria suportar este pequeno recalque sem “reclamar”, ou seja,
sem apresentar trincas (Figura 1).
95
UNICESUMAR
96
UNIDADE 5
Existem casos em que é necessária a subs- No caso de reforço de fundações cujo desem-
tituição de fundações. Para tanto, não é feito o penho é deficiente em transmitir as cargas — de-
reforço dos elementos estruturais originários e vido às ampliações em altura da estrutura ou das
existentes, mas a substituição por outros, novos, sobrecargas — deve-se aumentar as dimensões da
sem ter, necessariamente, forma e constituição, base da fundação, a fim de que a relação carga/
previamente, usadas. superfície dê uma tensão que esteja dentro da
Durante a execução do reforço, a primeira tensão admissível do solo.
medida a ser tomada é a utilização de escoras Em sapatas isoladas, um método aplicado em
(Figura 3), as quais proporcionam alívio da par- reforço consiste em colocar, debaixo da sapata de
te da estrutura e reduzem, temporariamente, os concreto, um novo bloco de concreto armado que
carregamentos, além de permitir que os trabalhos tenha as dimensões superficiais adequadas à nova
sejam realizados sem nenhum perigo. carga. A execução correta desse processo baseia-
-se em realizar a escavação do terreno até obter
a nova caixa ou o poço da fundação (Figura 4) e,
em seguida, por meio de um martelo pneumático,
cortar parte da zona inferior da sapata existente,
até conseguir um tronco de pirâmide invertida
com os lados inclinados a 30º.
30º
97
UNICESUMAR
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UNIDADE 5
99
UNICESUMAR
Torre de reação
Macaco hidráulico
Carga Carga
Plataforma
Roletes
Estaca
Figura 9 - Cargueira para cravação de estacas prensadas / Fonte: Hachich et al. (1998, p. 66).
Descrição da Imagem: a imagem ilustrada apresenta, ao centro, a execução de uma estaca prensada com o uso de um macaco hi-
dráulico (acima da estaca), cercado por duas torres de reação. O macaco é movimentado por roletes sob uma plataforma. O primeiro
rolete se apoia nessa plataforma a qual tem, sobre si mesma, duas cargas (uma em cada extremidade).
A utilização dessas estacas é conveniente em locais de difícil acesso de pessoas e equipamentos, não
geram vibrações, além de reduzirem os riscos de instabilidade que possam existir devido à precariedade
das fundações defeituosas. A segurança da obra, que está sendo reforçada, é aumentada logo após a
instalação de cada estaca.
As estacas de concreto, por sua vez, são vazadas, chamadas de tubos. É comum que sejam colocadas
barras de aço no interior e preenchidas com concreto, a fim de conferir preenchimento à estrutura. Em
paredes compostas, apenas, por alvenaria, é necessário executar vigas de concreto armado embaixo
delas, pois essas paredes não suportariam os esforços proporcionados pelo macaco hidráulico.
A seguir, será demonstrada a sequência executiva (Figuras 10).
100
UNIDADE 5
Calço
Baldrame, sapata
ou bloco
Estaca
Calço
Baldrame, sapata
ou bloco
Calço
Travesseiro
Estaca
101
UNICESUMAR
Cunha
Estaca
Figura 10 (a) - Sequência executiva de estacas mega ou prensadas: primeira parte; Figura (b) - Sequência executiva de estacas
mega ou prensadas: segunda parte; Figura (c) - Sequência executiva de estacas mega ou prensadas: terceira parte / Fonte:
Hachich et al. (1998, p. 70).
Descrição da Imagem: são apresentadas três imagens ilustradas, ordenadas em sequência, que ilustram a ordem executiva das estacas
prensadas cuja estaca que está sendo reforçada é concretada, em seu topo, a partir do uso do macaco hidráulico. A Figura (a) mostra,
no centro, na parte inferior, a estaca sob o macaco hidráulico e, em cima dele, há um pequeno calço, enquanto que, no topo, de forma
estendida e na horizontal, está o baldrame, a sapata ou o bloco. A Figura (b) mostra a mesma estrutura da anterior, porém, são acres-
centados calços em volta do macaco hidráulico e um travesseiro entre o macaco e a estaca. A Figura (c) mostra a mesma estrutura da
anterior, mas, agora, há a área concretada após a retirada do macaco e o acréscimo de uma cunha entre o baldrame e a área concretada.
102
UNIDADE 5
É possível utilizar estacas moldadas in loco, também chamadas do tipo Strauss, pois o equipamento
consegue ser instalado em locais com pé-direito de cerca de 5 m (Figura 12).
Figura 12 - Sequência executiva da estaca Strauss / Fonte: Total Construção (2020, on-line).
Descrição da Imagem: a imagem é uma ilustração, a qual mostra uma figura de cor laranja, grande, em formato retangular (repre-
sentando o solo) e quatro etapas (representando as fases da instalação de estacas). Na etapa 1, utilizando a piteira (representada por
um tubo), inicia-se a perfuração da estaca e coloca-se o primeiro tubo de revestimento. Na etapa 2, à medida que a perfuração avança,
o revestimento é cravado com o auxílio da piteira e novos tubos vão sendo rosqueados. A perfuração prossegue até a profundidade
final prevista para a estaca. Na etapa 3, a concretagem ocorre logo após a escavação ser terminada. Esse concreto, nomeado “concreto
autodensável fck (maior ou igual) 12 MPa”, é depositado na estaca através de um funil. Na etapa 4, ocorre a remoção do revestimento
e a aplicação do pilão (este funciona como um embolo).
Outra forma de reforço é adicionar mais sapatas, tubulões e estacas como forma de contribuir para a
sustentação do peso da estrutura e reduzir o carregamento das fundações originais.
103
UNICESUMAR
Prezado(a) aluno(a), assim encerramos a nossa unidade que trata de terapia das fundações. Você
aprendeu a analisar uma das ocorrências mais corriqueiras do dia a dia do(a) engenheiro(a) civil
patologista: o levantamento da extensão dos danos causados por recalques de fundações e o seu trata-
mento. Além disso, aprendeu a aplicar as técnicas por meio de tipos de estacas específicas e, também,
aprendeu a respeito das intervenções provisórias, como o escoramento, o qual propicia que os reparos
permanentes sejam praticados.
Agora, você sabe que é possível tanto reforçar o solo quanto as fundações em si, e que depende da
situação encontrada in loco. Desse modo, como futuro(a) engenheiro(a), você terá mais fundamenta-
ção para estudar bem como propor as principais intervenções de reparo e recuperação existentes em
fundações, portanto, terá subsídios suficientes para prescrever a técnica mais adequada e, assim, atuar
neste nicho de perícias na construção civil.
104
SIMPLES
RADIER RÍGIDOS
MEGA OU
DE REAÇÃO
PRÉ
MOLDADA VIBRADAS
DE CONCRETO
CENTRÍFUGA
PROTENDIDA
ESCAVAS
BROCAS
MONOTUBE
SEM CAMISA
classificações das fundações e os seus principais tipos.
105
MOLADA IN RAIZ
RAYNOND
LOCO COM CAMISA
PERDIDAS
STRAUSS
RECUPERADAS
SIMPLES
DUPLEX
TUBULÕES
Nesta etapa, teste os seus conhecimentos, por meio do preenchimento do Mapa Mental sobre as
TIPO ANEL DE
CONCRETO
1. Sabemos que, para a realização de apoio, além de estudar como ele atuará sobre a estrutura,
deve-se considerar as soluções a serem adotadas. Com base no conteúdo visto ao longo da
unidade, liste os fatores que devem ser considerados.
a) Não se faz necessária a cautela para os impactos gerados sobre a fundação existente voltados
a reparos ou ampliações dessa fundação.
b) Deve-se aumentar as dimensões da base da fundação, a fim de que a relação carga/superfície
forneça a tensão que esteja dentro da tensão admissível do solo.
c) Deve-se diminuir as dimensões da base da fundação, a fim de que a relação carga/superfície
forneça a tensão que esteja dentro da tensão admissível do solo.
d) Os reparos na fundação não precisam, necessariamente, trabalhar como um sistema único,
com a fundação original existente.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
4. Cite uma solução possível de reforço de fundação, quando a edificação se encontra fragilizada.
106
6
Técnicas de Reparo
de Alvenaria e
Revestimentos
Esp. Stephanie Vicente Moi
108
UNIDADE 6
Pela sua análise, você pôde perceber que as manifestações patológicas estão interligadas e afetam o
todo da estrutura.
Primeiramente, abordaremos o reparo nas anomalias em alvenarias, que são os elementos mais
propensos à fissuração, por serem mais frágeis e mais facilmente notados nos aspectos visual, estético
e psicológico
Uma das ocorrências mais comuns refere-se aos recalques diferenciais (Figura 1), isto é, quando
ocorre o aparecimento de fissuras, trincas ou rachaduras, recomenda-se que as aberturas sejam mo-
nitoradas antes de se indicar o reparo. Caso elas estejam ativas (em movimento), com a estrutura não
estabilizada, nenhum reparo será suficiente. Então, será necessário o reforço de fundação ou a apli-
cação de técnicas de consolidação do terreno para cessar a movimentação. Caso seja verificado que
a edificação está estável, possui aberturas passivas, pode-se proceder com seu fechamento depois de
verificadas algumas situações, como descreve Ercio Thomaz (2020).
• Verificar se houve danos às instalações elétricas.
• Verificar se o contraventamento da obra está intacto.
• Verificar se foram reduzidas áreas de apoio de lajes ou tesouras da cobertura.
• Verificar se ocorreram desaprumos.
109
UNICESUMAR
Após verificar se a segurança e a estabilidade da Figura 2 - Edificação que apresenta destacamento entre pilar
estrutura não foram afetadas, deve-se avaliar al- e alvenaria.
110
UNIDADE 6
20 20
Figura 3 - Detalhe de reparo utilizando a tela metálica para combater o destacamento entre os elementos
Fonte: adaptada de Thomaz (2020).
Descrição da Imagem:a figura apresenta uma parede fictícia com a alvenaria aparente. No meio da figura, há um pilar que sofreu
destacamento. Foram utilizadas telas metálicas nessa separação para realizar o reparo.
Após colocada, deve-se chapiscar esse conjunto para a aderência da argamassa, que deverá ter um
traço de 1:2:9 em volume (THOMAZ, 2020). Fissuras presentes em longas extensões de paredes são
tratadas pela criação de juntas de movimentação. Já para os casos de movimentações higrotérmicas,
o mesmo autor sugere a utilização de tela metálica ou a inserção de uma bandagem que promova a
dessolidarização entre o revestimento e a parede na área afetada, conforme a Figura 4. O reparo deta-
lhado a seguir possui as seguintes etapas:
111
UNICESUMAR
2 a 10 cm
10 a 15 cm
Figura 4 - Detalhe de reparo de fissura em alvenaria com o emprego de bandagem de dessolidarização (parede/revestimento)
/ Fonte: adaptada de Thomaz (2020).
Descrição da Imagem: a figura apresenta três quadros (a, b e c), em que está retratada uma parede de alvenaria com uma rachadura
no meio dela, e, acima de cada quadro, está evidenciada a medida da área destacada em centímetros. No primeiro quadro (a), foi feita
a remoção do revestimento na faixa, com largura de 10 a 15 cm e a alvenaria está aparente. No segundo quadro (b), foi aplicada a
bandagem com distribuição regular para ambos os lados da fissura, entre 2 e 10 cm. No terceiro quadro (c), foi aplicado chapisco sobre
a bandagem e a reestruturação da argamassa com traço de 1:2:9 em volume.
Em algumas raras exceções para recuperação de fissuras ativas, desde que as movimentações sejam
leves e pouco consideráveis, pode-se aplicar, diretamente na pintura, uma finíssima tela de náilon ou
polipropileno de 10 centímetros de largura, sob a aplicação de seis a oito demãos de tinta elástica à
base de resina acrílica, poliuretânica etc.
A recuperação de trincas ativas deve ser efetuada com selantes flexíveis, abrindo um sulco com
formato de V de, aproximadamente, 20 milímetros de largura e 10 milímetros de profundidade (Figura
5). Antes da aplicação do selante, deve ser feita uma limpeza da poeira aderente à parede, sendo que
esta deve estar bem seca no momento da aplicação.
Para movimentações muito intensas na região fissurada, recomenda-se que seja feito o mesmo
procedimento da Figura 5, abrindo a cavidade com as mesmas dimensões, porém intercalando entre
o selante e a parede, com uma membrana de separação, como fita crepe, por exemplo.
112
UNIDADE 6
20
10
20
10
Figura 5 - Recuperação de fissuras ativas com selante flexível / Fonte: adaptada de Thomaz (2020).
Descrição da Imagem: na figura, são ilustrados quatro quadros, em que está sendo feito o tratamento de uma região fissurada em
uma parede de alvenaria, de forma a promover um corte de 20 milímetros de largura e 10 milímetros de profundidade com posterior
aplicação do selante flexível.
As fissuras provocadas pela presença de aberturas de portas e janelas ou pela abertura para inserção
de canalizações poderão ser recuperadas por meio da inserção de armaduras aplicadas no local da
manifestação patológica ou da inserção de telas metálicas no revestimento, que é a prática mais comum.
No último caso citado, para cada lado da trinca, deve-se transpassar 15 centímetros com a tela me-
tálica (Figura 6), a qual deve ser colocada de forma que não esteja, excessivamente, esticada ou frouxa.
30cm
Descrição da Imagem:a figura ilustra a fissuração provocada pela presença de aberturas que causou fragilidade na alvenaria. O reparo
realizado foi aplicado com 30 cm de abertura e aplicação de uma tela metálica.
113
UNICESUMAR
A estrutura de revestimento executada pelo méto- (base). Sua função é criar sustentação para
do convencional pode ser subdividida, conforme a camada a ser sobreposta.
a Figura 7. c) A camada de argamassa de regularização
cujo traço em volume é de 1:2:9 de ci-
mento, cal hidratada e areia média úmida
Base
é utilizada em casos nos quais haja irregu-
Chapisco
laridades da base para correção superiores
Argamassa de assentamento a 2 cm.
d) A camada de argamassa de assentamento
Pasta de cimento
cujo traço em volume é de 1:0,5:5 de ci-
Junta
mento, cal hidratada e areia média úmida
é colocada sobre o chapisco ou sobre a
Revestimento cerâmico camada de regularização. Sua espessura é
de 2 centímetros.
e) A camada uniforme de pasta de cimento
máximo 2cm se maior, executar deve ter espessura de 1 milímetro e con-
camada de regularização
sumo de 1,5 quilos de cimento por metro
Figura 7 - Revestimento de paredes — método convencional
quadrado. A relação água/cimento é de 0,3.
/ Fonte: adaptada de Fiorito (2009). f) Revestimento cerâmico.
114
UNIDADE 6
máximo 2 cm
se maior, executar em camadas de 2 cm cada
115
UNICESUMAR
4. Telas de polipropileno.
5. Fibras de vidro inseridas nos selantes à base de resinas acrílicas elásticas e flexíveis.
6. Microfibras de polipropileno.
A Figura 10 mostra como pode ser aplicado o reparo com tela metálica para camada de emboço menor
ou maior que 30 milímetros (três centímetros).
Acabamento
Acabamento
Camada de
Camada de emboço
emboço
Tela metálica
Tela metálica galvanizada
galvanizada
5 cm
30 a 50 cm
Fita de
Fita de
polietileno
polietileno
Figura 10 - Aplicação de tela metálica conforme espessura do emboço / Fonte: adaptada de Sahade (2005).
Descrição da Imagem: a figura apresenta dois quadros que representam uma base de alvenaria cujo tratamento aplicado em seu
interior é de uma tela metálica. No primeiro quadro, à esquerda, o emboço possui uma espessura menor que 30 milímetros, e a tela
(denominada tela metálica galvanizada com 30 a 50 cm) está aplicada junto à alvenaria e sobreposta à “fita de polietileno” com “5 cm”
sob a “camada de emboço” e o “acabamento”. Já no segundo quadro, à direita, o emboço tem uma camada maior que 30 milimetros,
e a “tela metálica galvanizada” está localizado na região “central” da “camada de emboço” (sob o “acabamento”), entre esta e a “fita de
polietileno” (representada por uma linha vermelha na vertical).
116
UNIDADE 6
A orientação dos fios, em direções ortogonais, permite o seu posicionamento nas direções dos esfor-
ços principais (SAHADE, 2005). Outras manifestações patológicas relacionadas aos revestimentos
argamassados e às pinturas serão tratadas a seguir.
Para o descolamento em placa ou desagregação, no qual a película de tinta se destaca junto à massa
corrida e/ou ao reboco, conforme a Figura 11, o tratamento deve respeitar as seguintes etapas:
Importante aguardar a cura/carbonatação do novo reboco para não repetir o mau desempenho desse sistema.
Descrição da Imagem:a figura mostra uma parede cuja região inferior (próxima ao solo) apresenta descolamentos em placa.
117
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a figura apresenta uma parede cuja totalidade de sua extensão apresenta descascamento da tinta.
118
UNIDADE 6
As vesículas são as manifestações patológicas que causam o empolamento da argamassa, como ilustrado
na Figura 13. O tratamento indicado tem as seguintes etapas:
Descrição da Imagem: a figura mostra uma parede cuja região inferior apresenta o empolamento do revestimento, chamado vesícula.
119
UNICESUMAR
Uma manifestação patológica muito comum são as eflorescências (Figura 14), que são manchas esbran-
quiçadas que podem ser de cor clara escorrida, causadas por depósito de sais (sulfatos, carbonatos).
Essa manifestação patológica tem como premissa ocorrer quando há presença e ação de umidade no
conjunto. O tratamento indicado tem as seguintes etapas:
• A medida essencial é cessar a percolação de água pelo local, seja a partir de uma
infiltração ou de vazamento por meio da impermeabilização do local.
• Remover a pintura por meio da raspagem.
• Aguardar a cura da superfície.
• Aplicar fundo selador álcali resistente.
• Repintar com tinta adequada.
Descrição da Imagem:a figura apresenta uma parede com depósito de sais brancos pela sua superfície que representam o fenômeno
da eflorescência.
120
UNIDADE 6
Geralmente, as manchas de mofo podem ter colorações verde e preta e estão localizadas, de forma
espalhada e aleatória, no revestimento (Figura 15). O tratamento indicado tem as seguintes etapas:
Descrição da Imagem: a figura retrata uma área de lavanderia cujas paredes estão cobertas por mofo e bolor nas colorações preta
e verde.
121
UNICESUMAR
Por fim, serão descritos alguns tratamentos para revestimentos cerâmicos. A eflorescência, que trata-
mos anteriormente, pode ocorrer, também, na cerâmica em fachadas. Desse modo, deve-se remover
as manchas utilizando uma solução de ácido muriático. Recomenda-se o teste em uma pequena área
do revestimento antes da aplicação.
Já para o caso de destacamentos (figura 16), altamente perigosos em caso de fachadas, o que resta
é a substituição do revestimento e prestar atenção aos seguintes detalhes:
Descrição da Imagem:a figura apresenta uma parede revestida na fachada por cerâmica, a qual está se destacando da base em
formato da letra U.
122
UNIDADE 6
Prezado(a) aluno(a), assim, encerramos nossa unidade que trata de terapia e aplicação do reparo em
revestimentos argamassados e cerâmicos, além daqueles relacionados às alvenarias com função es-
trutural e de vedação.
Você aprendeu a identificar e tratar as mais comuns manifestações patológicas presentes tanto nos
revestimentos quanto na alvenaria em si. Além disso, aprendeu a analisar os casos específicos e definir
uma solução viável com o uso de membranas acrílicas, telas metálicas, inserção de juntas de movi-
mentação, substituição completa do revestimento, grampeamento e aplicação de tipos de argamassa,
como a armada ou a simples substituição do emboço/reboco e pintura.
Os aspectos estéticos e de confortos térmico, acústico e visual do usuário estão intrinsecamente
relacionados a esse capítulo, pois se refere ao acabamento da edificação, e, com isso, são tão importantes
quanto aqueles relacionados à estrutura, como você já estudou anteriormente. Desse modo, como
futuro(a) engenheiro(a), terá mais fundamentação para estudar e propor as principais intervenções
de reparo e recuperação existentes em revestimentos e alvenarias, além de subsídios suficientes para
prescrever a técnica mais adequada e, assim, atuar neste nicho de Perícias na Construção Civil.
123
Nesta etapa, você testará seus conhecimentos e criará um mapa mental sobre as manifestações
patológicas presentes tanto nos revestimentos quanto na alvenaria em si. É com você!
124
1. Descreva quais itens devem ser verificados antes de iniciar o reparo para o caso de recalque
de fundações.
2. Alguns materiais podem ser utilizados para tratar a fissuração em vedações e revestimentos.
Assinale a opção correta quanto àquele que possui essa função.
a) Fita de sinalização.
b) Tela plástica.
c) Telas de aço soldadas.
d) Lona plástica.
e) Fita cola.
125
126
7
Perícias de Incêndio
e Técnicas de Reparo
de Estruturas
Danificadas Pela Ação
do Fogo
Esp. Regina De Toni
Certamente, a maior perda que tivemos nas ca- é preciso identificar corretamente a magnitude
tástrofes envolvendo incêndios foram as vítimas. dos danos causados pelo incêndio e averiguar se
Além das pessoas que perderam a vida ou ficaram o reparo da estrutura é realmente possível.
marcadas, física e psicologicamente, pelo aconte- Observe a Figura 1. Esta edificação sofreu um
cido, há também que se pensar no patrimônio fí- incêndio em 2018. Tratava-se de uma residência
sico a ser recuperado, ou seja, não apenas prédios unifamiliar com estrutura mista (pré-moldada
históricos ou edifícios comerciais e residenciais de e moldada in loco) e fechamento em placas de
grande porte, mas também edificações menores, concreto pré-moldado.
como residências unifamiliares, pequenas salas
comerciais e tantas outras de suma importância
na vida das pessoas.
Incêndios costumam ser devastadores e a
ideia que temos é de que sempre se perderá todo
o patrimônio atingido, porém isso não procede,
pois há, sim, maneiras de se recuperar edificações
atingidas pelo fogo, reduzindo muito os prejuízos
financeiros e garantindo a segurança dos usuários
destes imóveis.
Incêndios costumam ser altamente destrutivos
e algumas estruturas ficam expostas ao fogo por Figura 1 - Residência incendiada / Fonte: a autora.
um tempo tão elevado, que não podem ser apro-
veitadas. Porém muitas dessas edificações podem Descrição da Imagem: a figura apresenta uma fotografia
sob o olhar do observador, feita durante um dia ensolarado,
ser recuperadas e utilizadas com segurança depois com céu azul tomado por nuvens brancas. Em primeiro pla-
no, vemos os detalhes da edificação, que é uma residência,
da extinção das chamas. Então, você deve estar se apresentando a estrutura e o fechamento em pré-moldados,
perguntando: como identificar se a estrutura que sofreu um incêndio parcial. As paredes externas, vistas
do centro para o lado direito da imagem, são brancas com
pode, ou não, ser recuperada? E, quando pos- detalhes acinzentados e pretos, devido ao incêndio, e as duas
janelas, uma ao lado da outra, têm grades em ferro escure-
sível, quais as soluções a serem adotadas? Não cido. As paredes internas apresentam aspecto queimado. A
edificação não apresenta teto e tem dois pisos, onde tudo
é tarefa fácil, mas é possível e é exatamente o que é visto em perspectiva lateral, assim como na parte inferior
da imagem. Pegando toda margem, vemos um parapeito/
vamos estudar nesta unidade. corrimão também em branco, com detalhes de pilares. À es-
Como mencionado, incêndios causam estra- querda, vemos detalhes de piso cerâmico quadrado e branco
que estão danificados, com detalhes queimados e sujeiras
gos consideráveis nas edificações e, em boa parte aparentes fora e dentro do espaço da edificação.
128
UNIDADE 7
129
UNICESUMAR
130
UNIDADE 7
131
UNICESUMAR
recuperação quando isso é possível, é necessário balões, fogos de artifício, vazamento de líquidos
conhecer as causas e as etapas de um incêndio e, inflamáveis e gás de cozinha, entre outros. Há,
também, o comportamento dos materiais quando também, a convergência luminosa, que é o efeito
expostos às chamas. gerado quando a luz do sol, ao passar por uma
Nosso primeiro passo será compreender as lente convergente, “concentra-se” em um único
etapas de um incêndio e seus mecanismos, que ponto, provocando aquecimento e possibilitando
só ocorrem por meio da combinação de três fa- a combustão do material submetido ao aqueci-
tores distintos: combustível mais comburente e mento. Incêndios florestais podem ser causados
fonte de calor (sendo esses nem sempre exter- por meio desse efeito quando recipientes de vidro
nos, mas provenientes do próprio material), que são descartados na natureza.
deflagram todo o processo. As causas podem As causas criminosas, por sua vez, são
ser inúmeras, desde um acidente ou descuido aquelas em que existe a ação intencional do ser
até ações propositais, que, também, podem ser humano, que envolve dolo. São bem mais co-
chamadas de criminosas. muns do que se pensa, mas são difíceis de serem
As causas mais comuns de incêndio podem provadas, principalmente quando há destruição
ser classificadas como naturais, acidentais e cri- total da edificação atingida pelo fogo. Algumas
minosas. As causas naturais ocorrem devido das causas listadas como acidentais podem ser
à ação da natureza, em que o início do incêndio forçadas intencionalmente para provocar um
ocorre sem a necessidade de contato com uma incêndio criminoso.
fonte externa de calor, e as mais comuns são as Estudos e levantamentos de órgãos oficiais
descargas atmosféricas (raios). Pode ocorrer, tam- brasileiros mostram que, entre as principais cau-
bém, a combustão espontânea de materiais ou sas de incêndio, estão os problemas de instalações,
produtos inflamáveis, como fibras de algodão, os equipamentos elétricos e a negligência, além da
produtos químicos ou pólvora. ação de fumantes (“guimbas” de cigarro e palito
As causas acidentais, geralmente, ocorrem de fósforos mal apagados) e do incêndio crimi-
em consequência de negligência, imprudência noso. Os mesmos levantamentos mostram que,
ou imperícia. As mais conhecidas são as que têm no Brasil, mais de 50% das causas de incêndio
origem na eletricidade, como mau contato, cur- não são identificadas, consideradas como “outras
to circuito e sobrecarga de circuitos. Na maioria causas” (DUARTE; RIBEIRO, 2008). Esta grande
dessas situações, pode ocorrer o aquecimento dos porcentagem de incerteza dá-se principalmente
circuitos, provocando as chamas. Outras causas nos casos em que a estrutura foi completamente
acidentais bastante comuns são a presença de destruída, o que elimina todos os indícios do local
mecanismos puramente de ignição, como cigar- e a natureza do mecanismo de ignição.
ro, velas e palitos de fósforo deixados acesos em Para entender o efeito do fogo sobre as estrutu-
locais com materiais combustíveis, que ocorrem, ras, é necessário entender as fases e a evolução dos
comumente, por puro desleixo. incêndios. As fases de um incêndio são, basica-
Existem, também, outros acidentes, mais liga- mente, ignição, propagação, combustão contínua
dos à negligência ou ao desconhecimento, como (flashover) e redução.
132
UNIDADE 7
A ignição é a primeira fase, e como o incêndio inicia depende de vários fatores. Pode
começar aos poucos, com uma vela, por exemplo, ou abruptamente, com uma explosão
(vazamento de gás, material inflamável, etc.).
Na propagação, o incêndio começa a se espalhar por todo o ambiente. Alguns materiais
podem auxiliar para que a propagação ocorra de forma ainda mais rápida, como gasolina,
papel, madeira, álcool ou, até mesmo, acabamentos, como forros, pisos, papéis de parede,
entre outros. Já o concreto e as alvenarias de blocos cerâmicos ou de concreto ajudam na
retenção da propagação por terem baixa condutividade e serem muito pouco combustíveis.
Analisando as substâncias que estão presentes no ambiente em questão, é possível ter
uma noção da velocidade com a qual esse incêndio irá se propagar.
Já na combustão contínua, ocorre a combustão generalizada, que é, também, chamada
flashover. O calor que foi liberado no incêndio se torna suficiente para fazer com que ob-
jetos próximos a ele entrem em combustão. Enquanto existir combustível e comburente,
este processo continuará ocorrendo. Finalmente, acontece a redução, que é o estágio no
qual o calor dissipado não é mais suficiente para manter a combustão, fazendo com que
esta vá se esgotando. Em outras palavras, o fogo vai perdendo força. Trata-se da fase final
do incêndio.
A Figura 6 mostra o comportamento gráfico das fases de um incêndio padrão, que é o
modelo de incêndio idealizado para análises experimentais, admitindo-se que a tempera-
tura dos gases quentes no compartimento em chamas obedeça às curvas padronizadas.
IGNIÇÃO
FASE DE FASE DE
AQUECIMENTO RESFRIAMENTO
Descrição da Imagem: a figura mostra um gráfico da temperatura em função do tempo, apresentando o comportamento de um
incêndio. Vemos uma linha de cor preta, parcialmente na horizontal, que começa na fase “ignição”; logo à frente, ocorre uma elevação
na temperatura que, também, reflete na linha em preto, a qual sobe formando um detalhe abaloado, que é dividido em duas partes:
a primeira refere-se à “Fase de Aquecimento” e está representada em amarelo e a segunda refere-se à “Fase de Resfriamento” em
branco, em que a linha volta a entrar parcialmente na forma horizontal. A linha preta se finaliza com uma seta diretiva para a direita
da imagem, indicando a palavra “Tempo”. Acima do gráfico, lemos “temperatura máxima do incêndio” e, abaixo dele, “Inflamação
Generalizada (“flashover”)”.
133
UNICESUMAR
O que realmente afeta as estruturas é a temperatura e o tempo a que elas ficam expostas ao fogo. O
gráfico a seguir, que explica a relação entre a temperatura e o tempo de exposição ao fogo, é de extrema
importância para analisarmos os danos causados às estruturas incendiadas.
1200
1000
TEMPERATURA (°C)
800
600
400
200
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240
TEMPO (MIN)
Descrição da Imagem: a figura mostra um gráfico da temperatura em função do tempo, o qual é quadriculado com fundo na cor cinza,
tendo seis linhas na horizontal e oito colunas na vertical. Partindo do canto inferior esquerdo no gráfico, temos, para linha (tempo) e
coluna (temperatura), o marco zero, de onde sai uma linha em curvatura na cor azul, que perpassa pela linha de temperaturas 200 e
400 e, na sequência, atinge as linhas 600 e 800 no canto inferior direito da quadrícula, na primeira coluna, da esquerda para a direita.
Na segunda, terceira e quarta colunas, a temperatura atinge 1.000 e, já adentrando a quinta coluna, temos a temperatura em 1.200,
seguindo a mesma para a sexta, sétima e oitava colunas. Já o tempo é marcado do marco zero, da esquerda para a direita, como: 30, 60,
90, 120, 150, 180, 210 e 240. Acima do gráfico, lemos “Curva Padrão Temperatura-Tempo ASTM E-119”. Na lateral esquerda do gráfico,
está escrito “Temperatura (°C)” e, na parte inferior, “Tempo (min)”.
No gráfico da Figura 8, pode-se observar que, com 30 minutos de fogo, o calor pode atingir mais de
800° de temperatura, o que já é o suficiente para promover a desagregação do concreto e sua conse-
quente perda de resistência.
Agora, falaremos do comportamento dos materiais expostos ao fogo. Como, no Brasil, a grande
maioria das edificações possui superestrutura em concreto armado e vedação em alvenaria de blocos
cerâmicos, daremos ênfase a esse tipo de estrutura. Para isso, precisamos relembrar alguns conceitos
sobre as propriedades físico-químicas do concreto.
O concreto é composto por aglomerante e agregados. O aglomerante é o cimento, e os agregados
são a areia e a brita (basalto ou calcário), ou seja, aglomerante, silicato e rocha. O cimento, junto à água,
forma uma pasta responsável por unir os agregados, tornando a mistura um material que se comporta
como um conjunto rígido, indivisível, ou seja, um material monolítico. A Figura 9 mostra, esquema-
ticamente, a composição do concreto.
134
UNIDADE 7
135
UNICESUMAR
materiais entre si, as reações físico-químicas do concreto endurecido causam sua desagregação e
consequente perda de resistência.
Conforme a temperatura no interior do incêndio e o tempo de exposição da estrutura aumentam,
o concreto perde, progressivamente, sua resistência, que, a 1.200° C, pode atingir praticamente zero.
Quando o concreto chega a este nível de desagregação, há grande probabilidade de a estrutura desabar,
dificultando, até mesmo, a ação de combate ao incêndio e o resgate de possíveis vítimas.
A ação do fogo causa alterações no aspecto visual do concreto, tanto na textura e regularidade de sua
superfície quanto na sua coloração. Segundo Fernandes, Gil e Tutikian (2017) e Grockoski (2018), o
concreto, quando submetido a temperaturas além de 600º C, apresenta alteração na coloração e apa-
recimento de fissuras na ordem de 0,05 a 0,1 mm. Segundo Lorenzon (2014), durante o flashover, a
temperatura chega à ordem de 1.000 a 1.200º C, o que faz com que o concreto apresente uma coloração
amarelo claro e percentual de resistência menor, abaixo do comum, com perda aproximada de 90%.
A Tabela 1 mostra o comportamento do concreto conforme o aumento da temperatura.
Temperatura ºC Efeitos físico-químicos do concreto
136
UNIDADE 7
Tabela 1 - Efeitos físico-químicos no concreto conforme a variação de temperatura / Fonte: adaptada de Morales, Campos e
Faganello (2011) e de Khoury (2000).
1 2 3 4 5
Tabela 2 - Tabela da relação entre resistência à compressão e módulo de elasticidade a determinada temperatura e resistência
característica / Fonte: adaptada de ABNT (2004).
137
UNICESUMAR
0,9
0,8
0,7
0,6
Kc
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Temperatura θ (°C)
Figura 11 - Gráfico do fator de redução da resistência do concreto em função da temperatura / Fonte: adaptada de ABNT (2004).
Descrição da Imagem: a figura apresenta um gráfico, em preto e branco, do fator de redução da resistência do concreto em função
da temperatura. O gráfico traz duas curvas, uma do concreto preparado com agregado graúdo silicoso, sendo a curva vista para a
esquerda das margens do gráfico, e outra com agregado graúdo calcário, vista para a direita do gráfico. O fator de redução, visto na
lateral esquerda do gráfico, decresce conforme aumenta a temperatura; de cima para baixo, temos dez linhas, que correspondem aos
seguintes valores: 1,0; 0,9; 0,8; 0,7; 0,6; 0,5; 0,4; 0,3; 0,2; 0,1; e 0 para linha e coluna. Na parte inferior do gráfico, temos doze colunas,
que se referem à temperatura, com os seguintes valores, da esquerda para a direita: 100; 200; 300; 400; 500; 600; 700; 800; 900; 1000;
1.100; e 1.200. Em cima do gráfico, do lado esquerdo, há a seguinte escrita: “concreto preparado com agregado graúdo silicoso”, e
uma seta diretiva aponta para a curva que corresponde à informação; e do lado direito, há a seguinte escrita “concreto preparado com
agregado graúdo calcáreo”, e uma seta diretiva aponta para a curva que corresponde à informação.
138
UNIDADE 7
Mesmo havendo essas ferramentas paramétricas, tabela e gráfico, para certificar-se de que a resistên-
cia diminui, o ideal é extrair corpos de prova para ensaios laboratoriais, a fim de analisar possíveis
mudanças nas características do material constituinte, e ensaios de esclerometria, para averiguar sua
resistência à compressão.
Alguns fenômenos visuais, como spalling, pipocamento bem como alteração da cor e da sua textura,
podem ser tomados como indício de que o concreto sofreu danos consideráveis e se há a necessidade
de realizar os ensaios de laboratório.
Descrição da Imagem:a figura apresenta uma imagem fotográfica, vista em perspectiva. Nela, vemos o recuo, que mostra claramente
o encontro das paredes em tons branco amarelado e acinzentado, e uma estrutura incendiada, em que o concreto desagregou e ex-
plodiu, deixando a armadura do pilar à mostra. A estrutura apresenta alguns pontos de ferrugem e tons de cinza escuro, assim como
nas partes em que houve o desplacamento parcial da parede.
139
UNICESUMAR
Outro efeito comum do fogo sobre o concreto é o pipocamento, ou pop outs, que nada mais é do
que spallings localizados, que, também, podem fazer com que a armadura fique exposta. Eles são
causados pelo aumento do volume dos agregados pela expansão térmica e ocorrem na temperatura
de, aproximadamente, 600° C. A Figura 9 mostra a aparência do pipocamento.
Um fator muito importante, eu diria que o mais importante quando não há outro indício visual
da perda de resistência do concreto, é a mudança da coloração do concreto. O responsável por es-
sas alterações na coloração é a presença de óxido de ferro, hidróxidos ou óxidos de ferro hidratados,
principalmente dos agregados oriundos de rochas sedimentares, metamórficas e ígneas. As rochas
calcárias, normalmente, apresentam uma coloração rósea entre 230 e 300° C.
Com o aumento gradual da temperatura, a tonalidade vai escurecendo e, quando chega próxima aos
600° C, os agregados podem se tornar vermelhos amarronzados. Em temperaturas próximas aos 900°
C, a coloração se torna cinza e, por último, amarelo-claro. No artigo “Influência do choque térmico por
resfriamento brusco do concreto após exposição a elevadas temperaturas em simulação de incêndio”,
Coelho et al. (2020) elevaram a temperatura de corpos de prova moldados em concreto a diferentes
temperaturas e obtiveram o resultado demonstrado na Figura 13.
Figura 13 - Corpos de prova aquecidos a diferentes temperaturas / Fonte: adaptada de Coelho et al. (2020).
Descrição da Imagem: a figura mostra o registro fotográfico de corpos de prova de concretos com três fck diferentes em relação à
resistência característica do concreto à compressão. Na primeira linha, de cima para baixo, temos: 25 Mpa; na segunda, 35 Mpa; e, na
terceira linha, 40 MPa, aquecidos a graus Celsius, conforme registram nessa ordem as colunas, respectivamente, da esquerda para
a direita. A coloração deles muda conforme a temperatura aumenta, tendo, para a coluna de 300º C, tons de cinza; para a coluna de
600º C, tom vermelho amarronzado; para a coluna de 900º C, tom acinzentado; e, por fim, para a coluna de 1.200º C, tom amarelado.
Não podemos esquecer que, além dos agregados, o concreto armado possui aço, que tem resistência e
elasticidade bastante diferentes das do concreto. Além de ser mais condutivo do que o concreto, o que
ajuda na propagação e no aumento do calor ao longo da edificação, o aço dilata-se mais rápido, pois
tem o coeficiente de elasticidade maior. Essa dilatação gera fissuras no concreto (PEREIRA, 2012).
140
UNIDADE 7
1 2 3 4 5 6
Tabela 3 - Valores das relações fy, 𝜃 /fyk e Es, 𝜃/Es para aços de armadura passiva / Fonte: adaptada de ABNT (2004).
De acordo com a NBR 15200 (ABNT, 2004), a resistência ao escoamento diminui com o aumento da
temperatura. A nova resistência, após acréscimo de temperatura, é definida por:
𝑓𝑦,𝜃 = 𝑓𝑦,𝑘 × 𝑘𝑠,𝜃
141
UNICESUMAR
0,9
0,8
0,7
0,6
Ks
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Temperatura θ (°C)
Figura 14 - Fator de redução da resistência do aço de armadura passiva em função da temperatura / Fonte: adaptada de ABNT
(2004).
Descrição da Imagem: a figura apresenta um gráfico do fator de redução da resistência do aço CA-50 e CA-60, referente à tração e à
compressão em função da temperatura. O fator de redução, visto na lateral esquerda do gráfico, decresce conforme aumenta a tem-
peratura; de cima para baixo, temos dez linhas, que correspondem aos seguintes valores: 1,0; 0,9; 0,8; 0,7; 0,6; 0,5; 0,4; 0,3; 0,2; 0,1; e
0 para linha e coluna. Na parte inferior do gráfico, temos doze colunas, que se referem à temperatura, com os seguintes valores, da
esquerda para a direita: 100; 200; 300; 400; 500; 600; 700; 800; 900; 1.000; 1.100; e 1.200. Em cima do gráfico, do lado esquerdo, há a
seguinte escrita: “Compressão CA - 50 ou CA - 60”, e uma seta diretiva aponta para a linha em preto, que sai da linha 0,1, da segunda
coluna, e perpassa todo gráfico descendo e atingindo o ponto final da coluna 1.200. Ainda na parte de cima do gráfico, ao centro, há a
seguinte escrita “Tração (CA - 60)”, e uma seta diretiva aponta para a linha vermelha, que sai da linha 0,1, da quarta coluna, e perpassa
todo gráfico descendo e atingindo o ponto final da coluna 1.200. Por fim, na parte superior direita do gráfico, há a seguinte escrita
“Tração (CA - 50)”, e uma seta diretiva aponta para outra linha vermelha, que sai da linha 0,1, da quinta coluna, e perpassa todo gráfico
descendo e atingindo o ponto final da coluna 1.200.
Vimos que a temperatura interna depende da duração do incêndio e, quanto maior a temperatura a que
a estrutura ficou exposta, menor será sua resistência residual. Por meio da curva da temperatura em
função do tempo, mostrada na Figura 14, podemos estimar qual foi a perda da resistência do concreto.
142
UNIDADE 7
Além da temperatura, deve-se verificar a presença de fenômenos, como spalling, pop outs, mudança de
coloração do concreto e existência de armaduras expostas, e, por fim, quando a análise de todos esses
fatores não for conclusiva, realizar ensaios com extração de corpos de prova da estrutura para testar
sua resistência residual e tomar a decisão de reforçar, ou não, a estrutura.
Quando constatada a necessidade de reforço, antes de tomar a decisão de repará-la, é necessário
fazer um estudo com levantamento do custo do reparo para verificar se vale a pena, financeiramente,
executá-lo. A partir das análises visuais, laboratoriais (quando necessárias) e de custo-benefício, de-
fine-se a solução adequada para a recuperação da estrutura. As etapas da reparação de estruturas de
concreto são as seguintes:
Os reforços executados com concreto armado são chamados, também, de encamisamento, que consiste
em criar uma nova camada de concreto armado em volta do elemento estrutural danificado. Antes de
promover o encamisamento, deve-se limpar bem a superfície com jatos de areia e executar a sua esca-
rificação. Aplica-se resina epóxi para criar pontes de aderência e unir os dois concretos (antigo e novo).
Em vez de aplicar a resina epóxi, pode-se, também, criar dentes em toda a superfície do pilar. Esdas
aberturas e saliências auxiliam na absorção dos esforços cortantes existentes entre o pilar e o reforço.
Depois desse processo de preparação, monta-se a armadura, que deve ser detalhada por um enge-
nheiro calculista, e, posteriormente, promove-se o encamisamento com concreto projetado. Quando o
material utilizado for o concreto, dar preferência aos de elevada resistência, a fim de diminuir a espessura
143
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a figura mostra o desenho de quatro seções transversais de pilares encamisados com concreto armado. Da
esquerda para a direita, a primeira seção mostra um pilar encamisado em todas as suas faces, apresentando um quadrado margeado
por uma linha na cor preta. No interior do quadrado, vemos uma linha azul em forma de quadrado e, em cada extremidade sua, há um
círculo em azul também. Ainda na parte interior, vemos uma linha vermelha em formato de quadrado e, dentro desse, vemos pontos
vermelhos e desenhos triangulares representando o interior de todo processo. A segunda seção apresenta um pilar encamisado em
três faces, nesse caso, vemos exatamente as mesmas linhas e desenhos da primeira seção, mas somente no lado superior e direito. A
terceira seção mostra um pilar encamisado em duas faces adjacentes, nesse caso, vemos exatamente as mesmas linhas e desenhos
da primeira e segunda seções, mas, agora, somente no lado esquerdo e superior. A quarta seção mostra um pilar encamisado apenas
em uma das faces; aqui, as linhas e os desenhos são iguais aos das seções anteriores, porém vemos essa representatividade somente
no lado superior.
armadura
de reforço
concreto
projetado
pilar escarificado
Descrição da Imagem: a figura mostra um pilar danificado, com diversas reentrâncias, envolto em uma malha de ferro (armadura de
reforço) recebendo concreto projetado para finalizar o encamisamento dele.
144
UNIDADE 7
Uma solução prática de reforço são os perfis me- lam-se os perfis de acordo com o projeto estrutural
tálicos. São mais rápidos de serem executados do elaborado por engenheiro calculista. A Figura 18
que o concreto armado e não utilizam formas de mostra um reforço de estrutura com perfis metálicos
madeira, tampouco argamassa, o que torna o ser- em vigas e lajes, já finalizado, inclusive, com pintura.
viço muito mais prático e limpo. A desvantagem
dos perfis metálicos é o seu alto custo se compara-
do com o concreto armado, além de poder ter sua
execução limitada pela disposição arquitetônica
do ambiente, justamente por não utilizar formas.
Como sabemos, o aço não tem grande resis-
tência à compressão, sua eficiência está na resis-
tência à tração, ou seja, essa solução é indicada
para vigas e lajes, e não para pilares, pois esses su-
portam a carga de compressão da estrutura como
um todo, além das cargas acidentais. A Figura 17
mostra perfis metálicos do tipo “I”, que são os mais
utilizados nesses casos.
Da mesma forma que nos reforços com concreto Não raras vezes, é necessário utilizar o encami-
armado, antes de executar o reforço com os perfis samento com concreto armado combinado à
metálicos, deve-se remover a camada de concreto estrutura metálica, principalmente se os pilares
afetada bem como recuperar e cobrir as armaduras, requererem reforço, pois o aço não possui grande
quando necessário. Depois desse processo, insta- resistência à compressão, como já mencionado.
145
UNICESUMAR
A manta de fibra de carbono é a solução mais prática nos casos para suportar a flexão, ou seja, vigas e
lajes, porém, no caso de incêndios, em específico, ela nem sempre é interessante, pois, como geralmente
há perda de seção por spalling ou pipocamento,
seu uso não é indicado isoladamente. Ela necessi-
ta que a superfície de aplicação seja regular. Dessa
forma, além de cara, deixará de ser prática, pois
serão dois procedimentos: a recuperação da seção
do elemento estrutural mais a fibra de carbono. A
Figura 19 mostra uma manta de fibra de carbono
antes de ser utilizada.
Por fim, também é possível fazer uso de su-
portes alternativos, porém essa deve ser a última
alternativa, pois, além de prejudicar a estética e
o conforto ambiental, é preciso que sejam muito
bem estudados os locais onde esses suportes serão
instalados para que não haja aumento de esforço
cortante nesses pontos, o que prejudicaria, ainda
mais, a estabilidade e a segurança da estrutura.
Figura 19 - Manta de fibra de carbono
Descrição da Imagem:na fotografia, vemos alguns rolos em papelão cinza claro, envoltos com manta de fibra de carbono com textura
e na cor preta. Junto a ela, vemos uma mão esquerda, de pele clara, segurando a manta com os dedos polegar e indicador.
Como foi dito no início da unidade, os incêndios trazem muitos prejuízos, tanto financeiros quanto
humanos. Os prejuízos humanos, infelizmente, não podemos reparar, mas os financeiros podemos
reduzir bastante, visto que, desde que feito um bom estudo, nem sempre é necessário descartar o que
sobrou da edificação. Esta unidade nos orientou a identificar, enquanto futuros(as) profissionais
da área, a magnitude dos danos causados às estruturas, averiguando se sua estabilidade está pre-
servada e encontrando soluções para recuperar essas edificações. Poucos profissionais possuem
conhecimento para tal, o que caracteriza esse nicho como uma ótima oportunidade de trabalho.
Vale a pena se dedicar!
146
Agora, para organizar e entender melhor o nosso conteúdo, convido você, futuro(a) engenheiro(a),
a desenvolver um mapa mental sobre a unidade, utilizando os subsídios oferecidos até aqui. A
seguir, temos um mapa para você revisar o que foi visto até agora.
INCÊNDIO
Desagregação
do concreto
Recuperação
da estrutura
147
Agora é a hora de ver se você aprendeu! As questões a seguir dizem respeito a edificações em
situação de incêndio e testarão seu conhecimento.
a) I, II e IV, apenas.
b) I, II, III e IV.
c) I, II e III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) II e IV, apenas.
2. Um fenômeno muito comum que ocorre com o concreto armado em situações de incêndio
é sua delaminação, devido a vapores que se criam em seu interior. A esse fenômeno damos
o nome de:
a) Speeding.
b) Grooving.
c) Buffering.
d) Pop Outs.
e) Spalling.
3. Algumas estruturas incendiadas podem ser recuperadas, dependendo do grau das avarias cau-
sadas pelo fogo. Temos várias soluções para esse tipo de reparo e algumas delas são: mantas
de fibra de carbono, encamisamento com concreto armado e perfis metálicos. Considerando
as propriedades de cada um desses materiais, qual seria a melhor solução entre essas três
para reforçar pilares? Por que você utilizaria esta solução?
148
8
Aplicação dos
Requisitos e
Instrumentos para
Manutenção Predial
Esp. Stephanie Vicente Moi
Por meio da disseminação do conhecimento que a internet e outros meios proporcionaram nos últimos
anos, a sociedade civil está, cada vez mais, consciente quanto à importância da manutenção e da pre-
venção das edificações, de modo a prolongar a durabilidade e preservar a segurança, a habitabilidade,
a sustentabilidade e a acessibilidade.
Nesse contexto, você poderia descrever quais aspectos acha importante sobre o tema? O que lhe
vem à mente quando pensa nos requisitos de manutenção predial?
O público em geral tem uma impressão errada sobre a vida útil de uma edificação. Fazendo uma
analogia com uma situação cotidiana, você já deve ter se deparado com a situação em que levou o seu
carro ou o carro de algum conhecido, para a revisão dos 10 mil, 20 mil, 100 mil km, já teve que trocar
o óleo, alinhar, balancear e assim por diante. Isso não te causa espanto, não é mesmo? É algo óbvio
realizar estas manutenções preventivas periódicas. No entanto, quando se trata de uma edificação,
os proprietários/usuários ficam incomodados com o fato de terem que gastar para realizar simples
reparos, como: pintura, troca de pisos, troca de torneiras, lâmpadas, tomadas etc. Com isso, demoram
muito tempo para fazer tal manutenção e esta espera faz com que os problemas se agravem, sendo que
custarão muito mais caro do que se tivessem sido feitos no tempo correto.
Caso você não troque o óleo do seu carro, o que é barato, o motor pode fundir, sendo inúmeras
vezes mais caro de reparar. As edificações funcionam da mesma forma!
Agora, é a sua vez! Use os seus recursos de pesquisa, material didático, experiências, conhecimento
aplicado em estágios e obras e descreva uma situação, um caso prático que você considerou interessante
ou importante sobre o tema Manutenção e Engenharia Preventiva.
Você percebeu o quão importante é a manutenção de uma edificação. Sem ela, não é possível atingir
a vida útil de projeto, portanto, analise a edificação como uma máquina ou um carro. Caso você não
faça as revisões periódicas, troque peças, substitua o óleo, cuide do motor, acabará por ter um equipa-
mento com falha, o que, provavelmente, levará ao descarte. Assim devem ser encaradas as edificações.
Elas necessitam de atenção especial em alguns requisitos, logo nos primeiros anos e em outros anos
mais complexos, ao longo de sua vida.
Desse modo, anote, no Diário de Bordo, as suas conclusões acerca dos aspectos relevantes da sua
pesquisa.
150
UNIDADE 8
De acordo com a NBR 15.575-1 (ABNT, 2021), manutenção é o conjunto de atividades a serem realiza-
das para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e dos seus sistemas constituintes,
a fim de atender às necessidades e à segurança dos seus usuários.
As ações de manutenção ficam a cargo dos usuários/proprietários e dos demais que fazem uso da
edificação. Em nossa analogia entre as edificações e um carro, este possui um manual que foi entregue
no dia da compra, com orientações, direcionamentos, procedimentos que possibilitam tanto o bom
funcionamento quanto a longevidade do veículo. Para as edificações, não é diferente! Você já ouviu
falar do manual do proprietário?
A NBR 14.037 (ABNT, 2011) detalha os requisitos necessários para a elaboração desse manual,
o qual, basicamente, direcionará os cuidados que a edificação demandará ao longo de sua vida útil.
O construtor e/ou incorporador, conforme a legislação vigente, deve elaborar e apresentar os se-
guintes itens:
151
UNICESUMAR
É recorrente que, na cerimônia de entrega das chaves do imóvel (Figura 1), seja entregue, também,
o manual do proprietário, visto que o Código de Defesa do Consumidor cita que o construtor deve
realizar a disponibilização de forma obrigatória.
Figura 1 - Simbologia da entrega do imóvel com a entrega das chaves e do manual do proprietário
Descrição da Imagem:a fotografia apresenta a mão de uma pessoa recebendo um molho de três chaves da mão de outra pessoa,
que está do lado oposto da mesa, e veste camiseta de manga longa preta. Sobre a mesa que está entre as pessoas, há um documento
e um smartphone.
Outros aspectos importantes devem estar presentes nesse documento, em relação às áreas privativas
e comuns:
Importantíssimo o proprietário saber sobre a técnica construtiva empregada em sua edificação. Ima-
gine que, para uma reforma, você tenha redesenhado e adequado o projeto do seu cliente, decidindo
destruir uma parede. Caso essa edificação seja constituída por alvenaria estrutural, seria arriscado e
não recomendado que houvesse tal modificação, visto que, sem aquele elemento estrutural concebido
no projeto, poderia haver o colapso da estrutura.
152
UNIDADE 8
Para a mesma situação descrita, caso houvesse a possibilidade de reforma e remoção da parede,
como o usuário saberia onde estão as instalações elétricas, hidráulicas, esgoto etc.?!
Para proporcionar a manutenção adequada dos equipamentos, é recomendado que sejam detalhados
os sistemas e equipamentos. Por exemplo, durante a vida útil de um sistema de aquecimento solar,
alguns fabricantes recomendam pequenas manutenções (Figura 2), tais como: realizar a drenagem do
sistema para limpeza, verificar as vedações dos coletores solares. Há casos em que, se tais manutenções
não forem feitas, é possível perder a garantia e nem sempre o proprietário pode ser informado disso
no ato da compra do imóvel.
Descrição da Imagem:a fotografia apresenta um trabalhador, que utiliza EPI (luva, jaqueta com refletor e capacete), realizando a ma-
nutenção de um sistema de energia solar, nas placas fotovoltaicas instaladas. Ele está debruçado sobre elas.
153
UNICESUMAR
Os dois itens são, igualmente, importantes às reformas e adequações nas edificações. Informações
claras e diretas que evitam que o proprietário precise recorrer aos projetos, pois corre o risco de não
os entender.
As construções funcionam como um equipamento. Por isso, os sistemas que a compõem devem ser
explicados ao leigo que não conheceu o processo de concepção do projeto.
154
UNIDADE 8
Em relação aos fornecedores, projetistas e serviços de utilidade pública, deve haver a indicação com
dados para contato.
Além disso, no manual do proprietário, deve haver um programa de manutenção preventiva para
atender às condições de saúde, segurança e salubridade do usuário. Nesse programa, estará indicada
a periodicidade das manutenções.
É obrigatório o registro da realização da manutenção, o qual deverá ser mantido de forma legível
e disponível para a efetiva implementação do programa, do planejamento e das inspeções.
O manual precisa citar os procedimentos nos casos de emergência (Figura 4), de modo que sejam
tomadas providências efetivas e imediatas em prol da segurança pessoal e patrimonial dos usuários.
155
UNICESUMAR
156
UNIDADE 8
157
UNICESUMAR
INÍCIO
Descrição da Imagem: a imagem é um fluxograma que
retrata o flow da documentação referente ao programa de
manutenção. De cima para baixo, dentro de um círculo, no
canto superior central, está escrito “Início”; logo embaixo,
indicado por uma seta, também, para baixo, um retângulo
ovalado mostra frase “Manual de uso, operação e manuten-
ção”; embaixo, vê-se uma seta indicativa para outro retângulo
ovalado, no qual que se lê “Programa de manutenção”; outra
seta indicativa para baixo aponta para um retângulo ovalado
e, nele, está escrito “Registros de contrataçãoª; na sequência,
outra seta aponta para um retângulo, no qual está escrito
Manual de uso, “Registros de execução b”; a penúltima seta aponta para a
palavra “Arquivo” e uma última seta indicativa aponta para
Registros de execução
Arquivo
FIM
158
UNIDADE 8
Elemento/Com-
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
ponente
Verificar, após o
Equipamentos uso do equipa-
industrializados mento, o nível de
Equipamento
óleo combustível
Grupo gerador de manutenção
e se há obstru-
local
ção nas entradas
A cada semana e saídas de venti-
lação.
Verificar o nível
Equipamento
Reservatórios de dos reservató-
de manutenção
água potável rios e o funciona-
local
Sistemas hidros- mento das boias.
sanitários
Verificar o fun- Equipamento
Sistema de irri-
cionamento dos de manutenção
gação
dispositivos. local
Verificar o fun-
cionamento e
Bombas de água alternar a chave
Equipamento
Sistemas hidros- potável, água no painel elétrico
de manutenção
sanitários servida e pisci- para as utilizar
local
nas em sistema de
rodízio, quando
aplicável.
Efetuar teste de
funcionamen-
A cada 15 dias Equipamento
Iluminação de to dos sistemas
de manutenção
emergência conforme instru-
local
ções do fornece-
dor.
Equipamentos
industrializados
Efetuar teste de
funcionamen-
Equipamento
to dos sistemas
Grupo gerador de manutenção
conforme instru-
local
ções do fornece-
dor.
159
UNICESUMAR
Equipe de manu-
Manutenção ge-
Jardim tenção local/Em-
ral
presa capacitada
Fazer teste de
funcionalidade
do sistema de
Equipe de manu-
ventilação, con-
tenção local
forme instruções
do fornecedor e
Pressurização de do projeto.
escada
A cada mês
Fazer manuten-
Equipamentos
ção geral dos
industrializados Empresa espe-
sistemas, confor-
cializada
me instruções do
fornecedor.
Fazer teste de
funcionamento,
Banheira hidro- Empresa de ma-
conforme instru-
massagem/SPA nutenção local
ções do fornece-
dor.
Elemento/Com-
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
ponente
Manutenção
recomendada
pelo fabricante Empresa espe-
Ar-condicionado
e atendimento à cializada
legislação vigen-
te.
Equipamentos
industrializados
Efetuar teste de
funcionalidade
Iluminação de de todo o siste- Equipe de manu-
emergência ma, conforme tenção local
instruções do
A cada mês fornecedor.
Fazer manuten-
ção geral dos
Automações de Empresa espe-
sistemas, confor-
portões cializada
me instruções do
fornecedor.
Sistema de auto-
mação
Dados, informáti- Verificar o fun-
ca, voz, telefonia, cionamento, Equipe de manu-
vídeo, TV, CFTV e conforme instru- tenção local/Em-
segurança peri- ções do fornece- presa capacitada
metral dor.
160
UNIDADE 8
Limpar o siste-
ma das águas
pluviais e ajustar
Ralos, grelhas, a periodicidade
Equipe de manu-
calhas e canale- em função da
tenção local
tas sazonalidade, es-
Sistemas hidros- pecialmente, em
sanitários época de chuvas
intensas.
Testar o seu
Bombas de in- funcionamento, Equipe de manu-
cêndio observada a le- tenção local
gislação vigente.
Limpar e regular
os sistemas de
queimadores e
Gerador de água Empresa capaci-
filtros de água,
quente tada
conforme ins-
truções dos fa-
bricantes.
161
UNICESUMAR
Elemento/ Com-
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
ponente
Efetuar limpeza
Equipe de manu-
geral das esqua-
Esquadrias de alumínio tenção local/Em-
drias e dos seus
presa capacitada
componentes.
Caixas de esgoto,
Sistemas hidros- Efetuar limpeza Equipe de manu-
de gordura e de
sanitários geral tenção local
águas servidas
162
UNIDADE 8
Verificar a integri-
Lajes, vigas e pi- dade estrutural, Empresa espe-
Estrutural
lares conforme ABNT cializada
NBR 15.575.
Verificar a sua
integridade e
reconstituir o
funcionamento
do sistema de
Gerador de água lavagem interna Empresa capaci-
quente dos depósitos tada
de água quente
e a limpeza das
chaminés, con-
forme instrução
A cada ano do fabricante.
Limpar e manter
Banheira de hi-
o sistema confor- Empresa capaci-
dromassagem/
me instruções do tada
SPA
fornecedor.
Inspecionar a
sua integridade e
Sistemas de pro-
reconstituir o sis-
teção contra des- Empresa espe-
tema de medição
cargas atmosféri- cializada
de resistência,
cas
conforme legis-
lação vigente.
163
UNICESUMAR
Elemento/ Com-
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
ponente
Verificar a sua
integridade e
Áreas molhadas
reconstituir a
internas e ex-
proteção mecâ-
Impermeabiliza- ternas, piscinas, Equipe de manu-
nica, os sinais
ção reservatórios, co- tenção local
de infiltração ou
berturas, jardins,
as falhas da im-
espelhos d’água
permeabilização
exposta.
Verificar a sua
integridade e
reconstituir os
rejuntamentos
internos e ex-
ternos de pisos,
Equipe de manu-
paredes, peitoris,
Rejuntamentos e vedações tenção local/Em-
soleiras, ralos,
presa capacitada
peças sanitárias,
bordas de ba-
nheiras, chami-
A cada ano nés, grelhas de
ventilação e ou-
tros elementos.
Equipe de ma-
Quadro de dis- nutenção local/
Instalações elé- Reapertar todas
tribuição de cir- Empresa capa-
tricas as conexões
cuitos citada/Empresa
especializada
164
UNIDADE 8
Elemento/ Com-
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
ponente
Verificar fa-
lhas de veda-
ção, fixação das Equipe de ma-
esquadrias, nutenção local/
guarda-corpos, Empresa espe-
reconstituir a cializada
sua integridade,
onde necessário.
Efetuar limpeza
geral das esqua-
drias, incluindo
Esquadrias em geral
drenos, reaper-
tar parafusos
aparentes, regu-
lar freio e lubrifi- Equipe de ma-
cação. nutenção local/
Empresa espe-
Observar a tipo- cializada
logia e a com-
plexidade das
esquadrias, os
projetos e as
instruções dos
fornecedores.
Verificar a pre-
A cada ano sença de fissu-
ras, falhas na ve- Equipe de ma-
dação e fixação nutenção local/
Vidros e seus sistemas de fixação
nos caixilhos e Empresa espe-
reconstituir a cializada
sua integridade,
onde necessário.
Verificar as tubu-
lações de água
potável e servi-
da, para detectar Equipe de ma-
obstruções, fixa- nutenção local/
Tubulações
ções, falhas ou Empresa espe-
entupimentos, cializada
Sistemas hidros- e reconstituir a
sanitários sua integridade,
onde necessário.
Verificar os ele-
mentos de veda-
Metais, acessó- Equipe de manu-
ção dos metais,
rios e registros tenção local
acessórios e re-
gistros.
165
UNICESUMAR
Inspecionar, pe-
riodicamente, de
acordo com a le-
Sistemas de pro- gislação vigente.
Equipamentos teção contra des- Empresa espe-
industrializados cargas atmosféri- Em locais expos- cializada
cas tos à corrosão
severa, reduzir
os intervalos en-
tre verificações.
Verificar a integri-
dade estrutural
Equipe de ma-
dos componen-
nutenção local/
Sistema de cobertura tes, vedações e
Empresa espe-
fixações, recons-
cializada
tituir e tratar,
onde necessário.
Elemento/ Com-
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
ponente
Verificar e, se ne-
cessário, pintar,
Equipe de ma-
encerar, enver-
nutenção local/
Esquadrias e elementos de madeira nizar ou execu-
Empresa espe-
tar tratamento
cializada
recomendado
pelo fornecedor.
Verificar e, se ne-
cessário, pintar Equipe de ma-
ou executar tra- nutenção local/
A cada dois anos Esquadrias e elementos de ferro
tamento específi- Empresa espe-
co recomendado cializada
pelo fornecedor.
Verificar as co-
nexões, o estado Equipe de ma-
Tomadas, inter- dos contatos elé- nutenção local/
Instalações elé-
ruptores e pon- tricos e dos seus Empresa capa-
tricas
tos de luz componentes, e citada/Empresa
reconstituir onde especializada
necessário.
166
UNIDADE 8
Efetuar lavagem
Verificar os ele-
mentos e, se ne- Equipe de ma-
cessário, solicitar nutenção local/
A cada três anos Fachada inspeção. Empresa capa-
citada/Empresa
especializada
Atender às pres-
crições do relató-
rio ou laudo de
inspeção.
Quadro 1 - Exemplo de elaboração de programa de manutenção preventiva para uma edificação hipotética / Fonte: adaptado
de ABNT (2012).
A manutenção das edificações é fundamental para que a vida útil, prevista em projeto, seja atingida.
Além da responsabilidade do(a) profissional de Engenharia em elaborar projetos viáveis e bem funda-
mentados, e da construtora, em executar atendendo ao desempenho esperado, o usuário tem o papel
de implementar os planos de manutenção, para assegurar a durabilidade prevista.
A manutenção tanto prolonga quando regride a vida útil de uma edificação, devido ao excesso de
deterioração, à perda das características estéticas, funcionais e estruturais e, também, por causa da
depredação patrimonial.
O gráfico, a seguir (Figura 6), representa o desempenho de uma edificação, ao longo do tempo.
167
UNICESUMAR
Desempenho
Manutenção
Desempenho
requerido
Tempo
T0 Vida útil sem manutenção Tf1 Tf
Vida útil com manutenção
Figura 6 - Gráfico que representa o desempenho de uma edificação ao longo do tempo / Fonte: Fagundes Neto (2013, p. 58).
Descrição da Imagem: a figura representa um gráfico de linhas, onde o desempenho previsto em projeto é a linha vertical do gráfico,
sendo, na horizontal o tempo. No início da vida útil de uma edificação, o desempenho se inicia em um patamar superior ao requerido
e tende a cair, ao longo de sua vida útil. Com a devida manutenção, esse desempenho volta a patamares superiores, mas, obviamente,
inferiores ao da vida útil inicial. Mesmo assim, é possível prolongá-la, realizando, periodicamente, as manutenções.
168
UNIDADE 8
Prezado(a) aluno(a), assim encerramos a nossa unidade que aborda a aplicação dos instrumentos
responsáveis por proporcionar a manutenção predial e, consequentemente, possibilitam a extensão
da vida útil da edificação.
Você aprendeu os aspectos mais importantes das normas brasileiras que tratam do tema: NBR
5.674/2012 – Manutenção de Edificações — Requisitos para o sistema de gestão de manutenções;
15.575-1/2021 – Edificações Habitacionais — Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais; 14.037/2011 –
Diretrizes para Elaboração de Manuais de Uso, Operação e Manutenção das Edificações — Requisitos
para elaboração e apresentação dos conteúdos.
Nesse sentido, você pôde refletir a respeito dos itens que devem estar presentes nos registros das
manutenções feitas nas edificações, os documentos e projetos que precisam ser solicitados ao condomí-
nio ou aos proprietários, as garantias dadas pela norma de desempenho e o cronograma recomendado
à sua realização, de mês a mês, de ano a ano.
Desse modo, como futuro(a) engenheiro(a), você terá mais fundamentação para elaborar o manual
do usuário, acompanhar a realização das inspeções prediais e manutenções periódicas, estudar bem
como propor as principais intervenções identificadas e, assim, poderá auxiliar melhor os usuários sobre
a importância da Engenharia Preventiva, a qual minimiza os custos, ao longo da vida útil da edificação,
além de readequar o desempenho presente nos primeiros anos de construção.
169
Agora, convido você a criar um Mapa Mental. Nele, você será capaz de verificar os passos voltados
à resolução das manifestações patológicas da construção civil. Para isso, elenque os instrumentos
que proporcionam a manutenção predial e a extensão da vida útil da edificação.
170
1. De acordo com a norma NBR 5.674 (ABNT, 2012), intitulada “Manutenção de edificações – Re-
quisitos para o sistema de gestão de manutenção”, no que diz respeito aos requisitos para a
manutenção, é correto afirmar que:
2. Cite quais documentos são necessários para os planos de manutenção serem realizados.
3. De acordo com os dispositivos da NBR 5.674 (ABNT, 2012), a qual aborda o manual do usuário,
é correto afirmar que:
a) No item “Vistoria do imóvel”, devem ser informadas aos usuários as partes componentes desse
imóvel e os prazos de garantia.
b) No item “Sugestões de manutenção preventiva”, deve constar, somente, a periodicidade com
que o usuário precisa fazer a manutenção.
c) A descaracterização do imóvel deve constar, de forma clara, no item “Garantia do imóvel”.
d) No item “Prazos de garantia”, o usuário precisa ser informado de todos os prazos de garantia
bem como da obrigatoriedade de manutenção preventiva.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
171
172
9
Aspectos
Introdutórios de
Manutenção
Esp. Regina de Toni
174
UNIDADE 9
não tivesse chegado a este grau de deterioração. É tão fácil que você não deve sequer estar acreditando
que eu perguntei. Tenho certeza que já sabe!
Agora é a sua vez de realizar uma atividade prática e perto de você. Observe na sua casa ou no seu
trabalho quais são as falhas de manutenção ou se há algum ambiente ou estrutura (como uma marquise,
por exemplo) que está sendo utilizado para um fim não planejado.
Faça uma análise, mesmo que empírica, de suas observações, em seguida, anote-as, aqui, no Diário
de Bordo. No fim da unidade, você refará a observação do mesmo local e analisará o que você apren-
deu. Combinado?
Nesta unidade, falaremos, basicamente, de manutenção e, apesar de ela ter importância em diversos
quesitos relacionados às edificações, daremos enfoque na sua relevância em evitar acidentes nas edi-
ficações. Para tanto, quero chamar a sua atenção ao quadro, a seguir.
Ela mostra uma relação de obras que causaram verdadeiras catástrofes por sofrerem colapso, incên-
dio ou qualquer outro tipo de problema ligado a falta de manutenção, mau uso ou falhas na execução
de reformas.
175
UNICESUMAR
Vítimas
Ano Obra Estado Cidade Provável origem
(fatais)
Viaduto Paulo de
1971 RJ Rio de Janeiro Falha na execução 27
Frontin
Falha de manutenção e
1974 Edifício Joelma SP São Paulo 187
mau uso
Falhas na execução de
1998 Igreja Universal SP Osasco 25
reformas
Metrô SP - Linha
2007 SP São Paulo Falha de gerenciamento 7
Amarela
Falha de manutenção e
2009 Edifício Santa Fé RS Capão da Canoa de execução de refor- 4
mas
Falhas na execução de
2012 Edifício Liberdade RJ Rio de Janeiro 22
reformas
Falhas no projeto e na
2013 Shopping Rio Poty PI Teresina 0
execução
Viaduto Guarara-
2014 MG Belo Horizonte Falha de projeto 3
pes
Barragem de fun-
2015 MG Mariana Falha de gerenciamento 19
dão
Falha de manutenção e
2018 Largo Paissandu SP São Paulo 7
mau uso
176
UNIDADE 9
Museu Nacional
2018 RJ Rio de Janeiro Falha de manutenção 0
do Rio de Janeiro
Viaduto da Margi-
2018 SP São Paulo Falha de manutenção 0
nal Pinheiros
Falha de manutenção e
2019 Edifício Andreia CE Fortaleza de execução de refor- 7
mas
Quadro 1 - Lista dos principais acidentes com edificações no Brasil e o número de suas respectivas vítimas fatais / Fonte: adap-
tado de Caetano (2019) e Souza (2017).
Nesta lista, temos o Edifício Joelma e a barragem de Brumadinho, que são icônicos na história de
catástrofes em edificações. Somente estes dois acidentes fizeram 457 vítimas fatais, isso sem contar os
feridos. A barragem de Brumadinho é um caso um pouco mais complexo, porém, no caso do Joelma,
uma simples manutenção de rotina teria evitado o ocorrido e centenas de pessoas teriam sido poupadas.
177
UNICESUMAR
Algo importante a se observar é que, com o passar dos anos, não por coincidência, os acidentes vêm se
tornando mais frequentes, pois os edifícios estão envelhecendo e adoecendo, por não terem a assistência
adequada, ou seja, é imprescindível ter muita atenção com a manutenção.
Para discorrer sobre este tema tão importante, falaremos a respeito de cinco normas da
ABNT:
• NBR 14.037/2011: Diretrizes para Elaboração de Manuais de Uso, Operação e
Manutenção das Edificações — Requisitos para elaboração e apresentação dos
conteúdos.
• NBR 16.280/2020: Reforma em Edificações – Sistema de Gestão de Reformas –
Requisitos.
• NBR 15.575/2021: Edificações Habitacionais — Desempenho – Parte 1: Requisitos
gerais.
• NBR 16.747/2020 - Inspeção Predial - Diretrizes, conceitos, terminologias e pro-
cedimentos.
• NBR 5.674/2012: Manutenção de Edificações — Requisitos para o sistema de
gestão de manutenções.
Em primeiro lugar, aprenderemos que a NBR 5.674 (ABNT, 2012) a qual aborda manutenção, não
trata do mesmo assunto que a NBR 16.280 (ABNT, 2020a), que trata de reforma. Muitos confundem
estas duas normas como se elas tratassem do mesmo assunto, porém a primeira trata da gestão da
manutenção, com o intuito de prevenir a perda de desempenho decorrente da degradação dos seus
sistemas, elementos ou componentes e preservar as características da edificação, sendo que a última
é, exatamente, o oposto do que acontece em grande parte das reformas.
O ponto mais importante da NBR 5.674 (ABNT, 2012) é o programa de manutenção que, segundo
o seu item 4.3.1, consiste na determinação de: atividades essenciais de manutenção, periodicidade,
responsável pela execução, documentos de referência, referências normativas e recursos necessários,
todos referidos, individualmente, aos sistemas e, quando aplicável, aos elementos, componentes e
equipamentos de manutenção.
O programa de manutenção deve levar em conta: tipologia e complexidade da edificação, idade
das edificações, sistemas, materiais e equipamentos, expectativa de durabilidade dos sistemas — con-
forme a NBR 15.575 (ABNT, 2021), quando aplicável —,relatórios de inspeções com metas físicas e
financeiras previstas, relatórios de não conformidades, de ações preventivas e corretivas, solicitações
e reclamações dos usuários, histórico das manutenções realizadas, rastreabilidade dos serviços, escala
de prioridades entre os diversos serviços (gravidade e urgência), impactos referentes às condições
climáticas e ambientais do local da edificação e, é claro, previsão financeira.
É muito importante salientar que esse programa deve ser arquivado e ficar guardado com o pro-
prietário ou o responsável legal. Quando houver mudança de responsável legal, deve ser repassado ao
responsável pela gestão do condomínio (síndico ou empresa administradora).
178
UNIDADE 9
Apesar de ter requisitos bem definidos, para que o programa de manutenção seja bem desenvolvido,
é indispensável que seja entregue o manual de uso, operação e manutenção e que ele seja elaborado
em conformidade com a NBR 14.037 (ABNT, 2011). Esse manual é de responsabilidade do construtor
ou do responsável técnico pela execução da obra, sendo obrigatório por lei.
O manual deve ser elaborado com linguagem simples e de maneira didática, pois será utilizado por leigos,
não por técnicos. Ele é responsável por indicar as características técnicas da edificação construída, descre-
ver procedimentos recomendáveis e obrigatórios para a conservação, o uso e a manutenção da edificação
bem como para a operação dos equipamentos. Deve, também, prevenir falhas ou acidentes causados pelo
uso inadequado das instalações, informar aos proprietários e condôminos as suas obrigações no tocante à
realização de atividades de manutenção e conservação e de condições de utilização da edificação.
É importante manter, sempre à mão, o manual dos fornecedores de equipamentos, como elevadores
e interfones, e de serviços, como impermeabilização.
O maior objetivo dos procedimentos destas duas normas, 5.674 (ABNT, 2012) e 14.037 (ABNT,
2011), é contribuir para que a edificação não perca o desempenho, precocemente, e que ela
atinja a Vida Útil de Projeto, a nossa velha conhecida: VUP.
Para aqueles que não lembram, a VUP, conforme o item 3.104 da NBR 15.575-1 (ABNT, 2021),
consiste no período estimado de tempo para o qual um sistema é projetado, a fim de atender aos re-
quisitos de desempenho estabelecidos nesta norma, considerando o atendimento aos requisitos das
normas aplicáveis e o estágio do conhecimento no momento do projeto, além de supor o cumprimento
dos procedimentos especificados nos manuais de uso, operação e manutenção do empreendimento.
A VUP não deve ser confundida com a Vida Útil (VU), que é definida pela NBR 15.575-1 (ABNT,
2021) como uma medida temporal da durabilidade de um edifício ou de suas partes, ou seja, o período
de tempo em que estes elementos se prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos,
considerando a devida realização dos serviços de manutenção, conforme especificados no respectivo
manual de uso, operação e manutenção da edificação.
A seguir, apresento a tabela 25 da NBR 15.575-1 (ABNT, 2021), com as VUP mínimas dos sis-
temas construtivos.
Vida Útil de Projeto (VUP)
Estrutura ≥ 50
Pisos internos ≥ 13
Cobertura ≥ 20
Hidrossanitário ≥ 20
179
UNICESUMAR
Conforme a Tabela 1, o tempo de Vida Útil de Projeto é bastante extenso, principalmente para as estru-
turas, o que é um forte indicativo de que a edificação, por mais bem construída que seja, não manterá o
seu desempenho por tanto tempo. No caso dos pisos e revestimentos internos, a perda de desempenho
será mais sobre a funcionalidade e o conforto visual ou ambiental, porém, quando falamos de alvena-
rias e revestimentos externos, já estamos entrando em questões de segurança e, quando chegamos nas
estruturas, nem precisa falar que a perda do seu desempenho pode ser catastrófica.
Isto posto, voltemos a falar de manutenção. Existem três tipos: manutenção preditiva, manutenção
corretiva e manutenção preventiva.
Como o próprio nome sugere, a manutenção preventiva consiste em um trabalho de prevenção antes
que apareçam os defeitos, isto é, a que fazemos antes de um material ou serviço atingir o seu tempo de
vida útil. Deve-se levar em consideração as solicitações dos usuários, as estimativas da durabilidade dos
sistemas, os elementos ou componentes das edificações em uso, a gravidade e urgência e os relatórios
de verificações periódicas sobre o estado de degradação do edifício.
Já a manutenção preditiva é realizada a partir da modificação de parâmetros de condição ou de-
sempenho, cujo acompanhamento segue uma sistemática.
A diferença entre a manutenção preditiva e a manutenção preventiva é que, geralmente, a primeira
conta com algum sistema de monitoramento para analisar a situação real de componentes e equipa-
mentos, em vez de considerar, apenas, padrões ou índices estatísticos, ou seja, a manutenção preditiva
não espera o “prazo de validade” do serviço ou material vencer para, depois, consertar. Tal atitude mitiga
muito a possibilidade de surgimento de problemas graves e caros de serem consertados.
Temos, ainda, a manutenção corretiva, a forma mais comum e primária de conservação predial. É
um serviço que exige ação imediata para reparar sistemas, componentes e elementos das edificações
bem como para evitar riscos ou prejuízos pessoais e patrimoniais aos usuários e/ou proprietários. É,
também, a forma mais cara de manutenção, além de ser prejudicial, porque as paradas para a realiza-
ção do serviço acontecem em momentos aleatórios e, muitas vezes, inoportunos, o que também pode
diminuir a vida útil das edificações.
Na Figura 2, é possível observar que, quanto maior o tempo que você leva para iniciar uma manu-
tenção ou fazer o prognóstico dos defeitos, mais cara será a ação corretiva necessária à recuperação
da edificação.
180
UNIDADE 9
Manutenção corretiva
Manutenção preventiva
Tempo
Execução
Projeto
1 5 25 125
Custo relativo
Figura 2 - Gráfico do custo de manutenção em função do tempo / Fonte: Sitter (1984 apud HELENE, 1997, p. 35).
Descrição da Imagem: a figura é um gráfico do custo relativo de obras de manutenção em função do tempo. O eixo vertical representa
o tempo, e o eixo horizontal, o custo relativo. Ambos os eixos mostram que, conforme aumenta o tempo esperado para se realizar a
manutenção, mais alto fica o seu custo. O gráfico apresenta quatro etapas nas quais podem ser realizadas as manutenções: projeto,
execução, manutenção preventiva e manutenção corretiva. A cada uma das etapas foi atribuído um valor relativo de custo, que mostra
o aumento exponencial de ordem 5, entre cada uma delas: 1, 5, 25 e 125.
Os engenheiros diagnósticos e patologistas costumam dizer que uma edificação gasta em manuten-
ção, ao longo de sua vida, o mesmo que foi gasto em sua construção. Porém, se mantidos os planos de
manutenção, ou, mesmo quando eles não existem, o quanto antes as manutenções forem realizadas,
menor será o seu custo.
Outro ponto muito importante a se falar são os cuidados que devem ser tomados durante a ação
de manutenção, a fim de que a funcionalidade do imóvel não seja comprometida. A situação mais
importante para se atentar é o sistema de prevenção de incêndio: não bloquear saídas de emergência e
escadas, não dificultar o acesso aos hidrantes e extintores, não tirar equipamentos do lugar, tampouco
danificá-los. O sistema de prevenção de incêndio deve funcionar, perfeitamente.
A manutenção das edificações tem crescido nos últimos anos, na construção civil, quebrando o
paradigma de que o procedimento da construção é limitado à entrega da edificação (ABNT, 2012),
mas, ainda não é o suficiente. Então, vocês devem estar se perguntando: “se a manutenção é algo tão
importante assim, por que há tanta negligência a respeito dela?”. Há vários fatores culturais, técnicos
e financeiros, porém, dentre todos, certamente, o fator cultural é o preponderante. Ele influencia, até
mesmo, a questão técnica, pois o manual de uso e operação do proprietário, que é de responsabili-
dade da construtora ou do(a) profissional responsável pela obra, raramente, é entregue ao consumidor.
Agora que já falamos bastante sobre a manutenção e os prejuízos causados pela falta dela, falaremos a
respeito de uma ferramenta poderosíssima no combate a esta nossa deficiência cultural: a inspeção predial.
Conforme a NBR 16.747 (ABNT, 2020b, p. 15), a inspeção predial é definida como:
“
processo de avaliação das condições técnicas de uso, operação, manutenção e funcionalidade
da edificação e de seus sistemas e subsistemas construtivos de forma sistêmica e, predo-
minantemente, sensorial (na data da vistoria), considerando os requisitos dos usuários.
181
UNICESUMAR
Muitos profissionais defendem a inspeção predial, meramente, como um instrumento para preservar
o direito da garantia legal de cinco anos dos proprietários sobre as edificações e serviços. De fato, ela
é um instrumento imprescindível, porém, neste livro, o nosso enfoque será outro. Estudaremos essa
inspeção como instrumento à averiguação das condições de manutenção e uso adequado das edifica-
ções, com o intuito de prevenir acidentes.
As inspeções são os diagnósticos das condições de uso, desempenho e durabilidade da edificação e
o seu objetivo é evitar que estas anomalias interfiram no tempo de vida útil e no bom funcionamento
das edificações. As inspeções constatam e analisam as manifestações patológicas. Classificam-nas,
individualmente, como endógenas e exógenas, produzem recomendações técnicas ao seu reparo e
determinam os prazos para a recuperação da edificação.
O resultado deste trabalho é o laudo de inspeção, que nada mais é do que o atestado de
saúde das edificações.
O(a) engenheiro(a) fará a análise da condição real da edificação, a qual será realizada conforme orienta
a NBR 16.747 (ABNT, 2020b), contudo diversos conhecimentos devem ser aplicados, como outras
normas que não a de inspeção, e todos os conhecimentos de patologia, procedimentos de manutenção,
desempenho etc.
A NBR de inspeção predial foi desenvolvida de 2013 a 2019 (embora os estudos tenham sido ini-
ciados em 1999) por profissionais de várias áreas das engenharias e arquitetura. Esta norma fornece
diretrizes, conceitos, terminologia, requisitos e procedimentos relativos à inspeção predial, visando
a uniformizar a metodologia, estabelecendo métodos e etapas mínimas da atividade. Ela se aplica às
edificações de qualquer tipologia, públicas ou privadas, para avaliação global da edificação, fundamen-
talmente, por meio de exames sensoriais realizados por profissional habilitado(a).
É importante salientar que a inspeção predial não substitui as atividades de inspeções periódicas,
as quais são parte dos programas de manutenção, conforme estabelecido na NBR 5.674 (ABNT, 2012)
que devem ser previstas nos manuais elaborados de acordo com a NBR 14.037 (ABNT, 2011).
Outro ponto importante a se esclarecer é que a inspeção predial não é uma perícia técnica, pois não
apura as causas das deficiências, apenas, constata a sua existência, origens (endógenas e exógenas) e
consequências às construções. Isso significa que elas não podem ser utilizadas em questões judiciais,
pois, neste tipo de situação, o objetivo é apurar as causas e de quem é a responsabilidade das anomalias
existentes. O trabalho a ser realizado com fins judiciais é a perícia técnica.
Infelizmente, ainda não há uma lei federal de obrigatoriedade da inspeção predial, porém, perce-
bendo a necessidade de cuidar da saúde das edificações, alguns municípios criaram leis que tornaram
essa inspeção obrigatória. O primeiro a ter sua própria lei de inspeção predial foi Fortaleza, em 2015.
Logo, Rio de Janeiro, Teresina, Aracaju, Natal e Porto Alegre seguiram o mesmo caminho. Tramita, hoje,
no Congresso Federal, o projeto de lei nº 6.014/2013, sobre a inspeção periódica em edificações que,
182
UNIDADE 9
dentre outras medidas, cria o Laudo de Inspeção Já a Figura 4 apresenta uma anomalia exógena,
Técnica de Edificação (LITE) para tornar lei a decorrente de falta de manutenção. Nesta obra, é
execução de inspeção predial em toda a União. possível identificar lixo sobre a cobertura e sujeira
Antes de começar a falar, detalhadamente, do nas calhas, o que, certamente, causará grande estra-
trabalho de inspeção predial, precisamos lembrar go no interior da edificação, quando houver chuva.
um conceito básico de patologia das edificações:
as construções podem apresentar anomalias
desde a sua concepção até a sua utilização. As
anomalias de concepção são as que ocorrem por
falha de projeto, de execução e má qualidade dos
materiais e, a elas, damos o nome de “anomalias
endógenas”. Há, também, as “anomalias exó-
genas”, aquelas provenientes de falhas de manu-
tenção, mau uso da edificação e causas naturais,
como vendavais, enchentes e terremotos. E claro,
as anomalias provenientes da perda natural de de-
sempenho e do término da vida útil da edificação.
A Figura 3 mostra uma anomalia endógena,
proveniente de vício de execução, pelo fato de não
ter sido utilizada tubulação para a fiação elétrica,
o que pode causar um curto-circuito e, possivel-
mente, um incêndio.
183
UNICESUMAR
184
UNIDADE 9
visão de manuais de síndicos e proprietários, quando contratada na época da assistência técnica, a fim
de subsidiar a construtora e, também, orienta na elaboração do plano de manutenção da edificação.
A inspeção também é indispensável para preservar a garantia da construção, quando aliada ao
manual do síndico e proprietário, para melhor orientar o condomínio sobre a boa prática das ativi-
dades de manutenção, para verificar o estado real de conservação da edificação, além de informar as
suas condições gerais, podendo ser utilizada em avaliação de imóveis, pois dá muito mais segurança
ao comprador e mais poder de barganha ao vendedor.
Outra vantagem da inspeção predial é a redução do prêmio de seguro, por que atesta o estado de
conservação e manutenção da edificação. A seguradora considera que o risco é menor, por saber o
que, realmente, está segurando.
A manutenção periódica e correta aumenta a vida útil da sua edificação e diminui o custo da
manutenção, pois as intervenções necessárias são de menor complexidade. Além disso, cada vez que
a edificação passa por um processo de manutenção, há considerável recuperação do desempenho da
edificação e o consequente aumento da sua vida útil. Isso pode ser observado no gráfico da Figura 8.
Desempenho
Manutenção
Desempenho
requerido
Tempo
T0 Vida útil sem T
l manutenção T1
l l2
Vida útil com manutenção
Figura 8 - Gráfico do tempo de vida útil em função da realização de manutenções periódicas / Fonte: Fagundes Neto (2013, p. 42).
Descrição da Imagem: a figura é um gráfico do tempo de vida útil em função da realização de manutenções periódicas, cujo eixo ho-
rizontal representa a variável tempo e o eixo vertical diz respeito ao desempenho. O desempenho cai, proporcionalmente, ao tempo,
quando não há manutenção. Este gráfico mostra que, a cada manutenção realizada, há considerável recuperação do desempenho da
edificação e o consequente aumento da sua vida útil.
Conhecidas as vantagens de realizar a inspeção predial, conheceremos, agora, detalhadamente, as suas etapas.
Conforme a NBR 16.747 (ABNT, 2020b), as etapas da inspeção predial são nove e elas estão deta-
lhadas, a seguir.
185
UNICESUMAR
186
UNIDADE 9
Prioridade 1: ações necessárias quando a perda projetos, normas técnicas, dados dos fabricantes
de desempenho compromete a saúde e/ou a se- e manual de uso, operação e manutenção. O ir-
gurança dos usuários e/ou a funcionalidade dos regular, quando o uso apresenta divergência em
sistemas construtivos, com possíveis paralisações; relação ao que está previsto em projetos, normas
comprometimento de durabilidade (vida útil) e/ técnicas, dados dos fabricantes e manual de uso,
ou aumento expressivo de custo de manutenção e operação e manutenção.
de recuperação. Também devem ser classificadas Observam-se as condições originais da edi-
no patamar “Prioridade 1” as ações necessárias ficação e os seus sistemas construtivos, além de
quando a perda de desempenho, real ou potencial, limites de utilização e as suas formas.
pode gerar riscos ao meio ambiente.
Prioridade 2: ações necessárias quando a perda Etapa 9 – Redação e emissão do
parcial de desempenho (real ou potencial) tem laudo técnico de inspeção com
impacto sobre a funcionalidade da edificação, sem todas as constatações, recomen-
prejuízo à operação direta de sistemas e sem com- dações técnicas e lista de priori-
prometimento da saúde e segurança dos usuários. dades.
Prioridade 3: apenas estética, que cause pe-
quena perda (ou nenhuma) de valor. Neste caso, Para as recomendações técnicas, é importante
as ações podem ser feitas sem urgência, porque a lembrar a necessidade de estabelecer prazos para
perda parcial de desempenho não tem impacto que elas sejam executadas e para determinar as
sobre a funcionalidade da edificação, não causa prioridades, ou seja, quais devem ser realizadas
prejuízo à operação direta de sistemas e não com- primeiro. Pode-se utilizar uma ferramenta muito
promete a saúde e a segurança do usuário. eficiente, chamada matriz GUT. Ela foi criada por
Charles H. Kepner e Benjamin B. Tregoe, é uma
Etapa 8 – Avaliação da manuten- ferramenta que ajuda na priorização da resolução
ção e uso de problemas por meio de três critérios: Gravida-
de, Urgência e Tendência.
A avaliação do estado de manutenção e condições
de uso deve, sempre, ser fundamentada, conside-
rando as condições do comportamento em uso dos Matriz GUT
sistemas, frente às constatações das falhas de uso,
operação ou manutenção, confrontando-se com as G – Gravidade (mínimo, regular, grave).
condições previstas em projeto e construção cujos
dados e informações estejam disponíveis. U – Urgência (médio prazo, curto prazo, ime-
A manutenção pode ser classificada em aten- diato).
de, não atende e atende parcialmente.
A avaliação do uso pode ser classificada como T – Tendência (tendência do que a evolução da
regular ou irregular, sendo que o regular ocorre anomalia pode vir a acarretar, caso as recomen-
quando o uso está de acordo com o previsto em dações não sejam providenciadas). Exemplo:
187
UNICESUMAR
Conhecidos todos estes conceitos, precisamos saber como proceder na redação do laudo de inspeção
predial. Este é o documento completo resultante da inspeção realizada e, segundo a NBR 16.747 (ABNT,
2020b), deve ter, no mínimo, o seguinte conteúdo:
a) Identificação do solicitante ou contratante e responsável legal da edificação.
b) Descrição técnica da edificação: localização, mês e ano do início da ocupação, tipo de uso,
número de edificações — quando for empreendimento de múltiplas edificações —, número
de pavimentos, número de unidades — quando for edificação com unidades privativas —, área
construída, tipologia dos principais sistemas construtivos e descrição mais detalhada, quando
necessário.
c) Data das vistorias que compuseram a inspeção.
d) Documentação solicitada e documentação disponibilizada.
e) Análise da documentação disponibilizada.
f) Descrição completa da metodologia da inspeção predial, acompanhada de dados, fotos, cro-
quis, normas ou documentos técnicos utilizados ou o que for necessário para deixar claros os
métodos adotados.
g) Lista dos sistemas, elementos, componentes construtivos e equipamentos inspecionados e não
inspecionados.
h) Descrição das anomalias e falhas de uso, operação ou manutenção e não conformidades consta-
tadas nos sistemas construtivos e na documentação analisada, inclusive nos laudos de inspeção
predial anteriores.
i) Classificação das irregularidades constatadas.
j) Recomendação das ações necessárias para restaurar ou preservar o desempenho dos sistemas,
subsistemas e elementos construtivos da edificação;
k) Organização das prioridades, em patamares de urgência, tendo em conta as recomendações
apresentadas pelo inspetor predial, conforme estabelecido em 5.3.7.
l) Avaliação da manutenção dos sistemas e equipamentos e das condições de uso da edificação.
188
UNIDADE 9
Nota: exemplos de órgãos de conselho de classe são Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
(CREA) e Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU).
q) Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) ou Registro de Responsabilidade Técnica (RRT).
Como você pôde ver, nesta unidade, a inspeção predial é uma forte ferramenta na manutenção da
saúde da edificação e na consequente prevenção de acidentes. É um mercado de trabalho promissor,
pois, quanto mais as nossas edificações envelhecem, há mais necessidade de fazer a inspeção predial
e a manutenção.
Uma boa dica para captar clientes nesta área é procurar por empresas gestoras de condomínios,
afinal, a legislação de síndicos está cada vez mais rígida, dando mais e mais responsabilidades a eles, o
que gera muita preocupação com a manutenção e a segurança das edificações.
189
A seguir, preencha o Mapa Mental, organizando-o de acordo com os conhecimentos expostos
nesta unidade.
NASCIMENTO DA EDIFICAÇÃO
manutenção preditiva
e preventiva
perda de precoce
desempenho
190
1. Em relação aos tipos de manutenção, assinale a alternativa correta:
a) O laudo de inspeção predial possui três itens principais: classificação das anomalias e falhas
quanto ao seu tipo (endógena, exógena); orientações técnicas; classificação do estado de uso
e manutenção da edificação.
b) O laudo de inspeção predial de manutenção se presta, também, à finalidade judicial.
c) As anomalias e falhas das edificações são originárias, principalmente, de fatores não funcionais.
d) Os fatores exógenos responsáveis pelas anomalias e falhas das edificações são provenientes
de irregularidades do projeto ou da execução ou dos materiais utilizados.
e) A NBR 16.747 orienta que sejam vistoriadas, também, as unidades autônomas, além das
áreas comuns.
3. Segundo o IBAPE-SP (2007), a inspeção predial é a avaliação isolada ou combinada das con-
dições técnicas, de uso e de manutenção da edificação. Em relação e essa inspeção, baseada
no IBAPE-SP (2007), é correto afirmar:
191
UNIDADE 1
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194
UNIDADE 8
UNIDADE 9
195
UNIDADE 1
4. Figura A: anomalia exógena. Mau uso da edificação, foi necessário adaptar o sistema de prevenção
contra incêndio, pois era um prédio antigo, porém, sabe-se, a partir da disciplina de Concreto Ar-
mado, que não se deve colocar canos dentro de elementos estruturais, como vigas e pilares, a não
ser que sejam calculados para isso. Neste edifício, a solução utilizada diminuiu muito a resistência
das vigas (aconteceu em diversas delas), diminuindo, assim, o desempenho da edificação, colocando
os seus moradores em sério risco.
Figura B: anomalia endógena. Erro de execução e projeto. Há diversas falhas de execução. A al-
venaria não possui argamassa nas juntas verticais, as formas não têm gravatas, foram utilizadas
treliças como armadura dos pilares. As falhas do projeto foram a não existência de viga baldrame
e de armadura adequada nos pilares.
Figura C: anomalia exógena. Falha de manutenção. A marquise encontra-se suja de lixo e com
agentes biológicos. É possível observar, também, que a impermeabilização de sua superfície já
atingiu o fim de sua vida útil.
UNIDADE 2
1. B. Cada tipo de telha tem uma inclinação mínima específica e, caso ela não seja respeitada, inevita-
velmente, haverá infiltração da água da chuva, principalmente, por causa da ação do vento, a qual
fará a água entrar pelos vãos de encaixe das telhas.
2. C. As trincas são aberturas que transpassam os sistemas estruturais (alvenaria, concreto etc.), o
que facilita a entrada de umidade. Sabe-se que a umidade ataca diversos materiais, promovendo a
degradação. Além disso, a umidade proporciona a formação de bolor, causando sérios problemas
dermatológicos e respiratórios.
3. B. A afirmação I é incorreta, pois, qualquer solo, por mais seco que seja, tem umidade subterrânea
em algum nível, além de absorver a água da chuva e da condensação existente no ar. Ou seja, em
maior ou menor grau, caso a fundação e os pisos não sejam impermeabilizados, as paredes e os
pisos serão acatados pela umidade ascendente.
196
UNIDADE 3
1. Podem ser mais de um tipo de fundação profunda, porém, há que se observar que a fundação
ultrapassará o lençol freático, o que significa que a água, muito provavelmente, invadirá o furo e
estrangulará a estaca ou modificará o traço do concreto, o que diminuirá a sua eficiência e causará
patologias nas fundações. Podem ser utilizadas estacas pré-moldadas, por já serem aplicadas depois
de curadas. A estaca raiz é a ideal, pois, no processo de perfuração e concretagem, é utilizado um
tubo metálico que impede a invasão da água no furo.
2. B. Recalque.
4. A árvore, assim como qualquer vegetação, precisa de água para sobreviver. As raízes sugam a água
existente no solo, o que forma vazios que tendem a ser preenchidos pelas partículas finas de solo.
Este fenômeno provoca a diminuição do volume do solo e, consequentemente, o adensamento e
o recalque dele.
UNIDADE 4
1. E. Lembre-se que, mesmo a menor das modificações estruturais em uma edificação deve ter projeto
estrutural reformulado, seja para reforço, seja para qualquer outra modificação na destinação da
edificação.
2. O tratamento de fissuras ativas deve ser feito por um material, necessariamente, aderente, resistente
mecânico e quimicamente, não retrátil e com módulo de elasticidade suficiente para se adaptar à de-
formação da fenda. Em outras palavras, deve apresentar trabalhabilidade e não enrijecer a estrutura.
3. A primeira medida é remover o concreto degradado, assim como os resíduos de corrosão, limpando
bem as superfícies. Depois, reconstituir a seção original da armadura. Quando a corrosão não afeta
o concreto ou as barras, você pode utilizar as argamassas citadas para recuperar o componente
original. Em casos de estágio avançado, deve-se reforçar o componente estrutural aumentando as
dimensões originais. Caso seja gravíssima a situação, pode recorrer à demolição e à reconstrução.
UNIDADE 5
1. As soluções a serem adotadas dependem de: prazo, tipo de solo, fundação existente, carregamentos
e espaço para desenvolver as atividades.
2. Segundo Hachich et al. (1998), há dois tipos os reforços: os permanentes e os provisórios. Os pri-
meiros são definitivos quando, por si, complementarão a capacidade de suporte das fundações
existentes. Já os segundos são aqueles de caráter de curta duração, para permitir que sejam efe-
tuados os permanentes, de modo que a fundação não fique sobrecarregada.
197
3. B. Deve-se aumentar as dimensões da base da fundação, a fim de que a relação carga/superfície
forneça a tensão que esteja dentro da tensão admissível do solo.
4. Seria adotar a solução da estaca mega ou raiz, visto que ambas não causam vibrações no solo.
UNIDADE 6
1. Devem ser atestados os seguintes itens, antes de iniciar o reparo para o caso de recalque de fun-
dações: verificar se houve danos às instalações elétricas; verificar se o contraventamento da obra
está intacto; verificar se foram reduzidas as áreas de apoio de lajes ou tesouras da cobertura; e
verificar se ocorreram desaprumos. Após verificar se a segurança e a estabilidade da estrutura
não foram afetadas, deve-se avaliar algumas questões antes de iniciar o processo de recuperação,
como: as fissuras afetaram o desempenho global do componente ou de vizinhos, em termos de
estanqueidade à água, bem como os confortos térmico, acústico, visual e estético? Há necessidade
de um reparo provisório ou definitivo? Se sim, qual é o momento mais adequado para realizá-lo?
2. C.
UNIDADE 7
1. C. A afirmação IV não está correta, visto que o concreto muda de cor conforme aumenta a tempe-
ratura.
2. E.
3. A melhor solução seria o encamisamento do pilar com concreto armado. Os pilares suportam cargas
de compressão, por isso, o material a ser utilizado deve ter boa resistência à compressão. Como
é sabido, tanto o aço como a fibra respondem bem à tração, mas não são eficientes em grandes
esforços de compressão, já o concreto se comporta muito bem e, portanto, é por ele que se deve
optar entre as três soluções mencionadas.
UNIDADE 8
198
influenciam a gestão. Alternativa C incorreta: as diretrizes que orientam a manutenção devem
preservar o desempenho previsto em projeto ao longo do tempo, minimizando a depreciação
patrimonial, sem influenciar o fluxo de comunicação. A manutenção deve ser orientada
por um conjunto de diretrizes que, dentre outras questões mencionadas, estabeleça as
informações pertinentes e o fluxo de comunicação. Alternativa D correta: a gestão do sistema
de manutenção precisa promover a realização coordenada dos diferentes tipos de manutenção
das edificações, sendo elas manutenção rotineira, manutenção corretiva e manutenção preventiva.
Tais serviços necessitam ser, sempre, realizados por empresa especializada. O programa
de manutenção tem a responsabilidade de especificar se os serviços devem ser realizados
por empresa capacitada, empresa especializada ou equipe de manutenção local. Alterna-
tiva E incorreta: o programa de manutenção consiste na determinação de: atividades essenciais de
manutenção, periodicidade, responsáveis pela execução, documentos de referência, referências
normativas e recursos necessários. Uma vez elaborado, o programa de manutenção precisa
ser atualizado, periodicamente.
2. Deve incluir os seguintes documentos, segundo a NBR 5.674 (ABNT, 2012): a) manual de uso, ope-
ração e manutenção das edificações conforme NBR 14.037 (ABNT, 2011); b) manual dos fornece-
dores dos equipamentos e serviços; c) programa da manutenção; d) planejamento da manutenção
contendo o previsto e o efetivo, tanto do ponto de vista cronológico quanto financeiro; e) contratos
firmados; f) catálogos, memoriais executivos, projetos, desenhos, procedimentos executivos dos
serviços de manutenção e propostas técnicas; g) relatório de inspeção; h) documentos mencio-
nados na NBR 14.037 (ABNT, 2011), em que devem constar a qualificação do responsável e os
comprovantes da renovação bem como os registros de serviços de manutenção realizados; j) ata
das reuniões de assuntos afetos à manutenção; k) documentos de atribuição de responsabilidade
de serviços técnicos.
3. C. As alterações realizadas no imóvel devem ser consultadas junto com a construtora, o responsável
técnico ou incorporador e indicadas no item “Garantia”.
UNIDADE 9
2. A. O laudo de inspeção predial possui três itens principais: classificação das anomalias e falhas
quanto ao seu tipo (endógena, exógena); orientações técnicas; classificação do estado de uso e
manutenção da edificação.
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