Você está na página 1de 16

DEMC-EEUFMG

Gestão de Projetos na Construção Civil:


Uma visão introdutória

Eduardo M. Arantes, M.Sc., Dr.


Paulo Andery, M.Sc., Dr.
Depto. de Engenharia de Materiais e Construção

DEMC-EEUFMG

Algumas indagações
Qual a definição de projeto?
O que é projetar do ponto de vista cognitivo, técnico,
social e produtivo?
Como o projeto se organiza e/ou se insere no processo de
produção?
Quais habilidades e conhecimentos são necessários para
projetar?
Como se desenvolve o ato de projetar?

DEMC-EEUFMG

1 Projeto Conceitos e
Características

1
DEMC-EEUFMG

Idéias mais comuns...


Normalmente, projeto é visto como um produto
Produto capaz de definir o produto edificação
Desenhos;
Especificações técnicas;
Detalhamentos diversos
Memoriais descritivos

DEMC-EEUFMG

Projeto do produto (construção de edifícios)


GRUPOS DE DISCIPLINAS /
PROJETOS ESPECIALIDADES DE PROJETO

in loco

DEMC-EEUFMG

No entanto, projeto é mais que um produto...


Uma antevisão abstrata de um produto que se deseja realizar;
Um meio para implementação e aperfeiçoamento de soluções
competitivas para o produto ou para a tecnologia;
Um processo de realização de idéias que deverá passar pelas
etapas de idealização, análise / simulação, detalhamento e
implantação.
Um conjunto de processos que transformam requisitos em
características específicas ou na especificação de um produto,
processo ou sistema. (ABNT, 2000).

2
DEMC-EEUFMG

O processo de projeto no setor de edificações


O processo de projeto envolve todas as decisões e
formulações que visam subsidiar a criação e a
produção de um empreendimento, indo da
montagem da operação imobiliária, passando pela
formulação do programa de necessidades e do
projeto do produto até o desenvolvimento da
produção, o projeto as built e a avaliação da
satisfação dos usuários com o produto
(Fabrício, 2002)

Na prática, o processo de projeto no setor de edificações se


restringe à geração dos projetos do produto
7

DEMC-EEUFMG

2 O Processo tradicional
de Projeto na cadeia de
construção

DEMC-EEUFMG

Processo tradicional de empreendimentos de construção


(3 etapas segmentadas e sequenciais)
O afunilamento das etapas
representa as possibilidades de
(empreendedor) intervenção;
As interseções são marcadas por
correções de falhas: p.e. arquiteto
(arquitetura e eng.)
corrige o P.N.; construtora corrige
desenhos;
Revisões das decisões tomadas, em
geral, implicam retrabalhos.

Adaptado de Gobin (1993) apud Fabricio (2002)

3
DEMC-EEUFMG

Breve detalhamento do Processo tradicional de


empreendimentos de construção

Adaptado de Jouini; Midler (2000) apud Fabricio (2002)

10

DEMC-EEUFMG

Participação dos agentes ao longo do processo tradicional de projeto

11

DEMC-EEUFMG

O quadro atual do setor de projetos


Empreendimentos executados sem projetos;
Projetos contratados em cima da hora ;
Projetos contratados sequencialmente;
Projetistas mal remunerados;
Projetos incompletos, com erros e omissões;
Elevado grau de improvisação e de retrabalho;
Incompatibilidades decorrentes da falta de coordenação.
Dificuldades de construção: construtibilidade;

12

4
DEMC-EEUFMG

Algumas raízes do quadro atual


Um problema financeiro/estrutural:
Incorporadores e construtores querem adiar gastos;
Empresas de projeto de pequeno porte e desestruturadas.
Um problema cultural
Construção: o projeto só tem de dizer o que vamos fazer,
o como é por nossa conta ; Projeto é sinônimo de custo e
não de investimento.
Escola: os curricula dos cursos de Engenharia e
Administração não privilegiam uma visão sistêmica da
relação projeto / produção;
Empresas de projeto: inexistência de mecanismos para
avaliar o efetivo impacto de um bom projeto.

13

DEMC-EEUFMG

3 A importância dos projetos


no setor de edificações

14

DEMC-EEUFMG

Perdas de materiais e mão-de-obra na construção civil


FINEP: PROGRAMA ALTERNATIVAS PARA A REDUÇÃO
DO DESPERDÍCIO DE MATERIAIS NOS CANTEIROS DE
OBRAS (1996), Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade
na Construção Civil (ITQC) e 128 pesquisadores de 16
universidades.

O objetivo central da pesquisa foi investigar os índices de


perdas de materiais/componentes em mais de 80 canteiros
de obras.

Conclusão: a concepção e os projetos desempenham um papel


estratégico e de grande impacto na redução das perda de
materiais, na medida em que é nesta fase que se tomam as
decisões que trazem maior repercussão nos custos, velocidade
e qualidade dos empreendimento (FRANCO e AGOPYAN,
15
1993, p.10).

5
DEMC-EEUFMG

Patologias por problemas nos projetos

16

DEMC-EEUFMG

Peso do projeto no empreendimento

Projeto Simultâneo
(deslocar p trás)

17 De acordo com Gobin (1993),CII(1987) e Hammarlund; Josephson (1992) apud Fabricio (2002)

DEMC-EEUFMG

Potencial de redução de custos de obra que podem ser


conseguidos com investimentos em projetos

Projeto Simultâneo (deslocar para frente)

de acordo com Barros;Melhado(1993) apud Melhado (1994)

18

6
DEMC-EEUFMG

Partindo-se do princípio de que...

19

DEMC-EEUFMG

Então, por que...

20 Copyright Sergio Myssior, Myssior Gestão de Projetos

DEMC-EEUFMG

4 Demandas e Perspectivas de
melhoramentos

21

7
DEMC-EEUFMG

Fatores influenciadores de melhoria dos projetos


Devido à conjuntura do setor da construção civil:
Redução de custos e prazos
Demanda por flexibilidade
Aumento da competitividade
Crescente articulação da cadeia de produção
No que diz respeito aos projetos, crescem as exigências quanto:
Compatibilização dos projetos
Apresentação dos projetos
Rigor na documentação dos projetos

22

DEMC-EEUFMG
Percentagem das empresas

100
90
75
80
70
60 53
50
40
30 28 Antes
19 11 14
20
10
Depois
0
Sim Parc. Não

Realização de pesquisas de mercado (antes e depois da certificação)

Estudos de casos em 40 empresas construtoras em BH (2002/2003)

23

DEMC-EEUFMG
Percentagem das empresas

100
90
80
67
70
60
50 42
40 33
25
30 22 Antes
20 11
10
Depois
0
Sim Parc. Não

Participação dos arquitetos na análise dos projetos complementares

Estudos de casos em 40 empresas construtoras em BH (2002/2003)

24

8
DEMC-EEUFMG

Percentagem das empresas

100
86
90
80
70
60
50 47
40
30 25 28 Antes
20 11
3
Depois
10
0
Sim Parc. Não

Existência de mecanismos de coordenação de projetos

Estudos de casos em 40 empresas construtoras em BH (2002/2003)

25

DEMC-EEUFMG
Percentagem das empresas

100
90 81
80
70
60
50 39 36
40
25 Antes
30
20 14
6 Depois
10
0
Sim Parc. Não

Exigência de padronização na apresentação dos projetos

Estudos de casos em 40 empresas construtoras em BH (2002/2003)

26

DEMC-EEUFMG

Perspectiva: transformar Projeto do Produto em


Projeto para Produção (integração projeto produção)
Projeto para produção: Conjunto de elementos de projeto
elaborados de forma simultânea ao detalhamento do projeto
executivo, para utilização no âmbito das atividades de produção
em obra, contendo as definições de: disposição e seqüência de
atividades de obra e frentes de serviço; uso de equipamentos;
arranjo e evolução do canteiro; dentre outros itens vinculados às
características e recursos próprios da empresa construtora
(Melhado,1994).

Em síntese, projetos que caracterizem a forma de materializar as


soluções técnicas propostas nos projetos de produto.

27

9
DEMC-EEUFMG

Silvio Melhado, I Workshop Mineiro de Gestão de Projetos


28

DEMC-EEUFMG

Silvio Melhado, I Workshop Mineiro de Gestão de Projetos


29

DEMC-EEUFMG

Silvio Melhado, I Workshop Mineiro de Gestão de Projetos


30

10
DEMC-EEUFMG

Projeto para produção - Diretrizes


Deve ser desenvolvido juntamente com as demais disciplinas do
projeto, com apoio de uma coordenação de projetos
eficiente;
Não deve ser percebido como mais uma disciplina de projeto
isolada do contexto da produção;
Deve conter elementos suficientes para orientar a execução,
definindo materiais, seqüência de execução, equipes de
serviço, etc;
Deve refletir a cultura e a tecnologia construtiva da empresa
construtora da obra;

31

DEMC-EEUFMG

Projeto para produção Potenciais projetistas


SITUAÇÃO VANTAGENS INCONVENIENTES
Projeto elaborado pelo projetista Incentivo à integração direta entre Inadequação tecnológica das
do produto ·(arquiteto ou engenheiros) produto e produção. Participação soluções dadas Prioridade ao
desde o início do projeto garantida produto Ausência de crítica

Projeto elaborado por um Atualidade tecnológica das Serviço caro (reais por
consultor em racionalização soluções dadas Apoio à obra homem-hora) Possibilidade de
construtiva (incluir visitas no contrato) rejeição interna Possível
desconhecimento da realidade do
processo de produção da empresa
Projeto elaborado por equipe do Uso da experiência construtiva Necessidade de manter equipe
escritório da construtora interna Menores custos (folha de interna. Mesmos vícios dos
pagamento) projetistas
Projeto elaborado pela equipe Máxima proximidade entre escolha Falta de renovação tecnológica das
técnica da obra e aplicação de soluções soluções dadas Desenvolvimento
tecnológicas Mínimo custo (equipe seqüencial aos projetos do produto
usual de obra) Prioridade à produção, em
detrimento do produto
Projeto elaborado pelo Envolvimento do fornecedor ou Pouca atenção à solução de
fornecedor ou subcontratado subcontratado na racionalização problemas de interface Proposta de
construtiva projetos-padrão, inadequados à
realidade da empresa

32 Situação ideal: equipe multidisciplinar Adaptado de Melhado (2000)

DEMC-EEUFMG

5 Algumas considerações sobre


o desenvolvimento histórico
do projeto

33

11
DEMC-EEUFMG

Da técnica à tecnologia
Na técnica, o planejamento é associado à experiência
prática, o pensar e o fazer são exercidos pelos indivíduos
de forma experimental e empírica e faz parte de uma
mesma essência saber fazer (ex. ofício entre mestres e
aprendizes nas obras de construção).

Na tecnologia, o pensar é relacionado ao conhecimento


formal e abstrato da ciência e posteriormente é associado
às técnicas de produção. O pensar e o fazer são dissociados
e exigem habilidades distintas. Trata-se de saber fazer
aquilo que foi projetado.

34

DEMC-EEUFMG

Bases da Engenharia Científica


Renascimento sec. XV e XVI uso sistemático do desenho
como ferramenta de composição espacial e estética da obra
antes de sua execução.

A riqueza de detalhes e a ousadia da construção


(cúpula com 42m) exigem estudos e desenhos que
exploram possibilidades construtivas e apresentam
soluções de projeto (projetos para a produção)

Catedral de Santa Maria Del Fiore em Florença (séc.XIII e XIV).


Copyright Marcio M. Fabricio (2002)
35

DEMC-EEUFMG

Revolução Industrial (sec.XVIII)


Saber científico como forma de resolver problemas;
Surgimento do método de projetar de forma abstrata e
antecipada à execução;
Divisão social do trabalho;
Cisão entre atividades intelectuais e físicas;
Ruptura entre concepção e execução;
Desmembramento dos cursos Arquitetura e Engenharia;

36

12
DEMC-EEUFMG

Evolução do conhecimento/do modo de produção:


(das invenções às inovações)
A primeira revolução industrial caracteriza-se pela invenção da
máquina a vapor, com predominância de baixa
produtividade;
A segunda revolução industrial, pela produção de motores
elétricos e a combustão, com características baseadas na
produção em massa e em série, e gerenciamento
centralizado/hierarquizado.;
A terceira e última revolução, em que nos encontramos, tem
sido atribuída ao desenvolvimento de capacidade
tecnológica pelo uso de máquinas controladas pela eletrônica
e informática que integram tarefas. A produção em massa é
substituída pela especialização flexível.
Laudares (1995)
37

DEMC-EEUFMG

Explicação para o sucesso japonês


Os EUA investem cerca de metade dos recursos mundiais para
pesquisa e desenvolvimento, possuem a maior infra-estrutura
universitária, científica e tecnológica do planeta e já receberam
mais de duzentos Prêmios Nobel. Em contrapartida, o Japão
pouco tem contribuído para o avanço científico e recebeu
apenas seis Nobel (LONGO, 1997).
Como explicar o sucesso japonês na era da tecnologia de
base científica?
De acordo com o autor, tecnicamente, a explicação está na
Engenharia, que é o que transforma os inventos em bens de
serviço, ou seja, em inovações. A capacidade de engenheirar
concepções próprias ou de outros, primeiro, melhor e mais
barato que os concorrentes, é fundamental.

38

DEMC-EEUFMG

6 Projeto Dimensões
dos
Processos

39

13
DEMC-EEUFMG

Processo intelectual de projeto (habilidades)

Relações entre
Habilidades/Capacidades

Capacidade de formular e
compreender problemas

Capacidade de propor soluções


Capacidade de utilizar
experiências/formações
Capacidade de apresentar
soluções

adaptado de (Fabrício, 2002)


40

DEMC-EEUFMG

Complexidade do processo intelectual de projeto


"A complexidade do processo intelectual pode ser expressa pela
mistura e interação das habilidades intelectuais" (Fabricio,2002)

Alguns exemplos:
- os processos de representação e comunicação não se dão de
forma isenta à criação, ou seja, à medida que se desenha, que
se representa uma formulação mental, essa representação
interage com a criatividade.
- algoritmos, métodos de cálculo e os computadores amplificam as
capacidades de processamento de informações, programas de
computação gráfica amplificam a capacidade de representação
de idéias abstratas e possibilitam integrar imagem a algoritmos
numéricos, gerando simulações.
41

DEMC-EEUFMG

Processo intelectual de projeto


(mistura e interação das habilidades intelectuais)

(proposição
de soluções)

(formulação/compreensão
de problemas)

(conhecimentos e
experiências)

(apresentação de
soluções)

adaptado de Fabrício (2002)


42

14
DEMC-EEUFMG

Processo social de projeto


O projeto ocorre em um dado ambiente social e
produtivo e visa atingir um propósito, devendo
respeitar uma série de regulações e restrições
dadas pelas necessidades, pelas capacidades
produtivas, pelas legislações, e pelo estado da
arte do conhecimento humano. (Fabrício, 2002)

43

DEMC-EEUFMG

Fatores externos influenciadores do projeto

Viabilidade
Viabilidade

Mercadológicas
Mercadológicas Sócio-Culturais
Sócio-Culturais

PROJETO
PROJETO
Ambientais
Ambientais Urbanas
Urbanas

Tecnológicas
Tecnológicasee
Construtivas
Construtivas

44
adaptado de Sergio Myssior, Myssior Gestão de Projetos

DEMC-EEUFMG

O processo social de projeto


(fatores internos influenciadores do projeto)

O projeto é resultado de várias interações


sociais e se define não só pela atuação
individual de cada projetista, mas também
pelas influências mútuas com os clientes,
usuários e demais projetistas participantes
(Fabrício, 2002).

45

15
This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com.
The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.

Você também pode gostar