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Arquitetura e Urbanismo – Planejamento e Controle de Obras

Prof. Eng. Civil Rodrigo Uczak

PLANEJAMENTO E CONTROLE DE OBRAS E PROJETOS

1. INTRODUÇÃO

O grande crescimento na indústria da construção civil no Brasil nos últimos anos,


tem aumentado o interesse de investidores, pois o retorno e o risco baixo no
investimento, faz tornar atrativo para o mercado. Com isso também está trazendo a
indústria da construção civil um avanço em tecnologia e técnicas construtivas, mais
eficientes e de maior qualidade. Também puxado por este desenvolvimento a
importância e o uso de métodos de planejamento e controle de obras tem ganhado
espaço dentro dos canteiros de obras, pois a eficiência, a continuidade dos trabalhos,
diminuição de tempo de execução, o controle de materiais diminuindo desperdícios e
compras desnecessárias só tem a trazer vantagens tanto na qualidade, mas como
vantagens econômicas.
Segundo Gehbauer (2002), o planejamento das atividades de uma obra é o
planejamento do processo de construção propriamente dito. Ele deve ser realizado
através de uma permanente coordenação com o planejamento dos métodos, dos
recursos, assim como do canteiro de obras e suas instalações. Por isso, o processo de
planejamento de uma obra sucede-se em vários ciclos. Só através de um nível de
planejamento que satisfaça aos requisitos gerais do empreendimento e aos critérios de
otimização do processo de construção.
O grande desafio de um gestor de obras, seja na etapa de planejamento ou no
de controle da execução, é saber lidar com as diversas atividades e profissionais
envolvidos no processo da execução da obra. Também interagir e administrar os
recursos humanos, dentro do canteiro de obras, pois a construção civil é local de

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emprego de pessoas de vários níveis sociais e de grau de instrução, tornando complexo


a interação destas pessoas. No Brasil o baixo índice de instrução e de qualificação para
o mercado de trabalho, tem afetado e dificultado o avanço da construção civil, pois é um
agravante no entendimento de normas e técnicas nas etapas construtivas, gerando
atraso no procedimento ou até retrabalhos e isso afeta no resultado final na questão de
prazos e qualidade.
Por isso o constante investimento e a continua procura no aperfeiçoamento das
técnicas, na melhoria da qualificação profissional e o cuidado no planejamento tem
grande importância par o mercado e para indústria da construção civil.

1.1 INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Podemos definir construção civil, como o conjunto de processos e atividades, no


campo que compreende a engenharia, cujo o objetivo é a realização de bens materiais
de forma intencional do planejamento humano, onde suas necessidades de vivencia ao
meio e as condições da natureza e da sociedade, devem ser supridas através de obras
construtivas. Isto incluem atividades de planejamento e projeto, execução e manutenção
ou restauração de obras, nos segmentos da edificação, estradas, portos, aeroportos,
canais de navegação, túneis, instalações prediais, obras de saneamento, tratamento e
distribuição de água entre outras.
A Construção civil possui particularidades, com atividades de ramos distintos,
que torna seu enquadramento dentro do setor industrial complexo, pois entendemos
como atividade industrial geral, em três grupos:
- Indústria extrativa: atividades com extração de matéria prima para fornecimento
as demais atividades industriais.

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-Indústria de transformação: atividade que transforma a matéria prima em um


material beneficiado que pode atender outra atividade industrial.
-Industria de fabricação: atividade de produção de bens, produtos de consumo.
Na indústria da construção civil as atividades são inúmeras e de complexibilidade
maior, ou seja, não pode se associar integralmente a nenhuma das definições acima,
pois as atividades da indústria da construção civil têm caráter artesanal, com inúmeros
processos estritamente manuais e com pouco recurso tecnológico, não existe uma
produção em série , as atividade é nômade e agride o meio ambiente, alta rotatividade
na mão de obra, demanda de inúmeras industrias e seus produtos e dificuldade de
exatidão de previsões de resultados devido a diversos fatores.
Então podemos compreender melhor a extrema necessidade do
desenvolvimento de todos os métodos e processos de planejamento e de controle de
obras em qualquer empreendimento da construção civil.

1.2.1 TIPOS DE CONSTRUÇÃO

Existem alguns tipos de construção onde seus métodos e particularidades


podem ser classificadas como:

- ARTESANAL: Utiliza métodos e processos empíricos e intuitivos. Comum nas


construções rurais, com técnicas e arquitetura nativas.

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- TRADICIONAL: Impera nas áreas urbanas, utilizando métodos e processos da


construção civil normalizada.

- TRADICIONAL EVOLUIDA: Aprimorada pela racionalização, padronização e


modulação, com maior grau de normalização.

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- INDUSTRIALIZADA: Estágio mais avançado da Tradicional Evoluída, caracteriza-se


pela montagem de componentes pré-fabricados.

1.2.2 DEFINIÇÕES SISTEMA, MÉTODO, PROCESSO E TÉCNICA CONSTRUTIVA

Ainda dentro da conceituação de construção civil, temos as definições destes conceitos


de que qualifica as atividades da construção distribuindo e segmentando, são elas.

- SISTEMA CONSTRUTIVO: organização completa de execução de obra, mediante a


conjugação de materiais, equipamentos e componentes construtivos.
Ex.: Estrutura de concreto armado.

-MÉTODO CONSTRUTIVO: Conjunto de preceitos que regula uma série de operações


Construtivas, efetuadas segundo determinadas normas.
Ex.: Normas da ABNT para cálculo e execução de concreto armado.

- PROCESSO CONSTRUTIVO: Sequência de métodos, traduzida em ações no canteiro


de obras para a execução de um sistema.
Ex.: Operações básicas para obtenção do concreto – dosagem, mistura, transporte,
lançamento, adensamento, cura.

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- TÉCNICA CONSTRUTIVA: Operações e artifícios usados para possibilitar e facilitar o


andamento dos processos construtivos, adaptando-os as condições particulares e locais
de cada obra através da adoção de práticas, pequenas maquinas, equipamentos e
ferramentas já conhecidas e outras improvisadas durante a construção.
Ex.: Uso de padiolas de madeira no preparo do concreto, uso de um determinado
sistema de formas.

Tendo o conhecimento e planejando quais as atividades a serem empregadas


durante a execução do empreendimento, podemos tomar decisões e quantificar
trabalhos.

1.3 Importância do Planejamento

1.3.1 Benefícios do Planejamento

Ao planejar uma obra, o gestor adquire alto grau de conhecimento do


empreendimento, o que lhe permite ser mais eficiente na condução dos trabalhos.

Os principais benefícios que o planejamento traz são:

(a) Conhecimento pleno da obra


(b) Detecção de situações desfavoráveis
(c) Agilidade de decisões
(d) Relação com o orçamento
(e) Otimização da alocação de recursos
(f) Referência para acompanhamento
(g) Padronização
(h) Referência para metas
(i) Documentação
e rastreabilidade
(j) Criação de dados históricos
(k) Profissionalismo

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Abordamos cada um deles a seguir.

(a) Conhecimento pleno da obra


A elaboração do planejamento impõe ao profissional o estudo dos projetos, a
análise do método construtivo, a identificação das produtividades consideradas no
orçamento, a determinação do período trabalhável em cada frente ou tipo de serviço
(área interna, externa, concreto, terraplenagem, etc).
A prática de parar para pensar no trabalho somente poucos dias antes de começá-lo é
totalmente equivocada pois não permite tempo hábil para mudança de planos.

(b) Detecção de situações desfavoráveis


A previsão oportuna de situações desfavoráveis e de indícios de
desconformidade permite ao gerente da obra tomar providências a tempo, adotar
medidas preventivas e corretivas, e tentar minimizar os impactos no custo e no prazo.
Por falta de planejamento e controle, a equipe da obra deixa para tomar
providências quando o quadro de atraso já é irreversível.
Quanto mais cedo o gestor puder intervir, melhor. A Fig. 1.1 ilustra o que se
costuma chamar de oportunidade construtiva, que é a época em que se pode alterar o
rumo de um serviço ou do próprio planejamento a um custo relativamente baixo. Com o
passar do tempo, essa intervenção passa a ser menos eficaz e sua implantação, mais
cara — é a oportunidade destrutiva.

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(c) Agilidade de decisões


O planejamento e o controle permitem uma visão real da obra, servindo de base
confiável para decisões gerenciais, como: mobilização e desmobilização de
equipamentos, redirecionamento de equipes, aceleração de serviços, introdução do
turno da noite, aumento da equipe, alteração de métodos construtivos, terceirização de
serviços, substituição de equipes pouco produtivas etc.

(d) Relação com o orçamento


Ao usar as premissas de índices, produtividades e dimensionamento de equipes
empregadas no orçamento, o engenheiro casa orçamento com planejamento, tornando
possível avaliar inadequações e identificar oportunidades de melhoria. Ignorar as
produtividades com que os serviços foram orçados significa ficar sem um importante
parâmetro de controle.

(e) Otimização da alocação de recursos


Por meio da análise do planejamento, o gerente da obra pode jogar com as
folgas das atividades e tomar decisões importantes como nivelar recursos, protelar a
alocação de determinados equipamentos etc. Como será visto mais à frente, o
entendimento do conceito de folga é essencial para o engenheiro saber quais tarefas
podem ter seu início postergado, em qual data mais tarde se deve mobilizar certo
recurso e, também, até quando determinadas despesas podem ser adiadas sem atrasar
a obra.

(f) Referência para acompanhamento


O cronograma desenvolvido no planejamento é uma ferramenta importante para
o acompanhamento da obra, pois permite comparar o previsto com o realizado. Ao
planejamento original, aquele que se quer perseguir, dá-se o nome de planejamento
referencial ou linha de base (baseline).
É contra a linha de base que se compara o que foi efetivamente realizado no
campo e que se tomam as medidas corretivas cabíveis. Ter um planejamento referencial
é importante também do ponto de vista da gestão de pessoas — ele é a meta a ser
buscada, é a "cartilha" que todos devem seguir na condução de suas tarefas diárias.

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(g) Padronização
O planejamento disciplina e unifica o entendimento da equipe, tornando
consensual o plano de ataque da obra e melhorando a comunicação.
A falta de planejamento e controle gera desentendimentos frequentes, porque o
engenheiro tem uma obra na cabeça, o mestre outra e o fiscal ainda outra.

(h) Referência para metas


Programas de metas e bônus por cumprimento de prazos podem ser facilmente
instituídos porque há um planejamento referencial bem construído, sobre o qual as
metas podem ser definidas.

(i) Documentação e rastreabilidade


Por gerar registros escritos e periódicos, o planejamento e o controle propiciam
a criação de uma história da obra, útil para resolução de pendências, resgate de
informações, elaboração de pleitos contratuais, defesa de pleitos de outras partes,
mediação de conflitos e arbitragem.
A falta de administração contratual é um problema sério nas construtoras. Muitas
vezes, as empresas perdem a oportunidade de reivindicar reajustes de prazo e valor por
pura falta de registros.

(j) Criação de dados históricos


O planejamento de uma obra pode servir de base para o desenvolvimento de
cronogramas planos de ataque para obras similares. A empresa passa a ter memória.

(k) Profissionalismo
O planejamento dá ares de seriedade e comprometimento à obra e à empresa.
Ele causa boa impressão, inspira confiança nos clientes e ajuda a fechar negócios.

1.3.2 Deficiência Das Empresas

Algo que pode ser tristemente constatado no mundo da construção civil é a


ausência ou inadequação do planejamento das obras. Esse fenômeno é sentido muito
mais nas obras de pequeno e médio portes, em sua maioria efetuadas por empresas
pequenas, por profissionais autônomos, ou mesmo pelos seus proprietários.
A deficiência dos construtores se manifesta em graus variados. Há empresas
que planejam, mas o fazem mal; outras que planejam bem, mas não controlam; e
aquelas que funcionam na base da total improvisação. Enquanto algumas construtoras

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se esforçam por gerar cronogramas detalhados e aplicar programações semanais de


serviço, outras creem que a experiência de seus profissionais é o bastante para garantir
o cumprimento do prazo e do orçamento.
A deficiência do planejamento pode trazer consequências desastrosas para uma
obra e, por extensão, para a empresa que a executa. Não são poucos os casos
conhecidos de frustração de prazo, estouros de orçamento, atrasos injustificados,
indisposição do construtor com seu cliente (contratante) e até mesmo litígios judiciais
para recuperação de perdas e danos.
A melhor maneira de minimizar esses impactos é produzir um planejamento
lógico e racional, pois assim se dispõe de um instrumento que se baseia em critérios
técnicos, fácil de manusear e interpretar.

1.3.2.1 Causas da Deficiência

As causas da deficiência em planejamento e controle podem ser agrupadas em


função dos seguintes aspectos arraigados de longa data:
(a) Planejamento e controle como atividades de um único setor
(b) Descrédito por falta de certeza nos parâmetros
(c) Planejamento excessivamente informal
(d) Mito do tocador de obras

Abordamos cada um deles a seguir.

(a) Planejamento e controle como atividades de um único setor


Um problema sério é que a elaboração do planejamento é muitas vezes
encarada como uma missão enfadonha que o setor técnico da empresa precisa cumprir.
O produto final serve apenas para "fazer figura" ante o cliente. São planilhas, gráficos e
cronogramas que prescindem de análise apurada e muitas vezes nem são aprovados
por quem vai fazer a obra, ou sequer submetidos ao crivo da equipe de produção.
Planejamento serve para ajudar, não para representar um ônus.
Em vez de serem vistos como um processo gerencial que deve permear toda a
estrutura da empresa, o planejamento e o controle muitas vezes são confundidos com
o trabalho isolado de um setor da empresa ou com a simples aplicação de técnicas para
a geração de planos.
Os planos gerados sob essa sistemática carecem tanto de uma base de
informações consistente, quanto de procedimentos que garantam a disseminação das
informações geradas aos seus usuários, em um formato adequado e no tempo certo.

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Reuniões eficazes de acompanhamento têm o poder de doutrinar o pessoal de


campo. O planejamento tem de ser "abençoado" por todos os envolvidos, e as
informações de progresso
transmitidas a todos, do diretor ao mestre, do estagiário ao almoxarife.
A geração de indicadores de desempenho permite que sejam premiadas as
melhores equipes e detectados os focos de desvio.
Outro problema comum é a equipe fazer o planeja mento inicial, mas não o
atualizar periodicamente. Sendo a obra um sistema mutável e dinâmico, um
planejamento pode virar letra morta rapidamente se não for atualizado. Planejamento
sem controle não existe, o binómio é indissociável. Se um dos objetivos do planejamento
é minimizar as incertezas da obra, é preciso um mecanismo de apropriação de dados
de campo que permita ao gerente avaliar se seu planejamento está sendo frutífero ou
se é melhor replanejar a obra.

(b) Descrédito por falta de certeza nos parâmetros


A incerteza é inerente ao processo de construção em função da variabilidade do
produto e das condições locais, da natureza dos seus processos de produção e da
própria falta de domínio das empresas sobre seus processos.
Em vez de ser repudiado por trabalhar com premissas que podem não se
verificar na prática, o planejamento deve ser visto como um exercício técnico que se
presta a tentar prever, dentro do melhor cenário futuro verossímil, o impacto das
atividades.
As incertezas, à medida que o tempo passa, vão sendo incorporadas ao
planejamento por meio de alterações e adaptações dos planos, com utilização das
corretas produtividades dos serviços nas diversas situações.
A crença antiga de que o desperdício e a informalidade são intrínsecos ao modus
operandi da construção já não encontra acolhida atualmente.

(c) Planejamento excessivamente informal


A informalidade reside no hábito de achar que o planejamento são as ordens
transmitidas pelo engenheiro de campo a seus mestres de obra. Procedendo-se assim,
perde-se o conceito sistémico de planejamento, com a visão de longo prazo sendo
obstruída pelo imediatismo das atividades de curto prazo.
A falta de um planejamento global formal determina a inadequação dos planos
de médio e curto prazos, acarretando a utilização ineficiente de recursos humanos e
materiais da obra.

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De maneira geral, a excessiva informalidade dificulta a comunicação entre os vários


setores da empresa.

(d) Mito do tocador de obras


É comum encontrar nas empresas uma supervalorização do "tocador de obras",
engenheiro que tradicionalmente tem postura de tomar decisões rapidamente, apenas
com base na experiência e na intuição, sem o devido planejamento, o que é considerado
perda de tempo. Pela falta de planejamento, forma-se então um círculo vicioso, uma vez
que surge a carência do profissional com o perfil de "tocador de obras".
Como a construção se desenvolveu historicamente com grande informalidade e
em um ambiente em que o desperdício era tido como "aceitável" e no qual se valorizava
o "tocador de obras" em detrimento do "gerente", houve um inevitável afastamento do
pessoal de campo em relação ao planejamento e acompanhamento. Nos países mais
desenvolvidos, mestres de obra e encarregados, comparados com seus colegas
brasileiros, dedicam muito mais tempo analisando a programação e pensando com
antecedência nas ações e providências que tomarão nas semanas seguintes.

1.4 Definições Da Etapas De Planejamento E Controle

Planejamento pode ser definido como “um futuro desejado e os meios eficazes
para alcançá-lo”. Ou seja, trata de documentar o que foi decidido para todo o
empreendimento, de modo a permitir a tomada de decisão apropriada para cada
situação. É uma representação devido à capacidade limitada da memória humana e da
incerteza envolvida nos processos.

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Deve ser feito principalmente quando executamos tarefas nunca antes


realizadas. Além disso, as incertezas envolvidas na construção de um empreendimento
são muitas e devem ser evitadas ou contornadas para evitar interrupções constantes na
construção do empreendimento. É sabido que alterações ou interrupções levam ao
aumento de prazo e ao acréscimo de custo.
Segundo Formoso (1991), planejamento é “o processo de tomada de decisão
que envolve o estabelecimento de metas e dos procedimentos necessários para atingi-
las, sendo efetivo quando seguido de um controle”.
Mas além dessas definições gerais de planejamento devemos conhecer as demais
definições de etapas do planejamento e controle.
Como já citado a definição de planejamento, podemos entender que esta etapa
compreende em determinação de metas, processos, estratégias, padrões normatizados
para cumprir de forma satisfatória todas as etapas de execução da obra.
Outra definição que temos que entender e da etapa de Organizar, onde
compreende o desenvolvimento da estrutura do canteiro de obra, com o intuído maior
de aumentar a eficiência e facilitar tarefas de rotina, ou especifica.
Na sequência de etapas de planejamento e controle temos a etapa de Dirigir,
que podemos descrever como a orientação, o estimulo e a motivação do continuo da
obra, sendo assim cumprindo prazos e tarefas determinadas na etapa de planejamento.
E por fim, temos a etapa de Controlar, onde compreende em verificar todas as
ações dirigidas, estão sendo seguidas de acordo ao planejamento, de acordo as normas
e regras já estabelecidas em projeto, sendo assim podendo verificar falhas ou desvios
ocorridos ao longo da execução, podendo então fazer correções e melhorias no
processo.
Neste fluxograma abaixo podemos entender melhor a relação de cada etapa e
qual o grau de comprometimento dos profissionais de nível hierárquico mais altos, como
Engenheiros, Arquitetos e Gerentes, em cada etapa.

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PLANEJAMENTO

ORGANIZAÇÃO

DIRIGIR

CONTROLAR

Imaginando uma escala de cor do vermelho ao amarelo, sendo o vermelho como


de maior importância até a escala da cor amarela como menor importância da presença
e participação dos profissionais de nível hierárquico maior, podemos concluir que o
fluxograma nos mostra que nas etapas iniciais e principalmente na etapa de
planejamento a participação dos engenheiros e arquitetos e pessoal administrativo e de
essencial para um fluxo das demais etapas. Pois esta etapa demanda muito
conhecimento técnico e administrativo, para poder organizar e montar as estratégias
para execução. Nas demais etapas como Dirigir e Controlar, a presença destes
profissionais não será descartada, mas as funções de dirigir e controlar pode ser
executada por profissionais qualificados e de menor nível hierárquico, assim como
Mestre de Obras e Encarregados.
A presença de todos os profissionais envolvidos em um empreendimento e
importante para todas as etapas, pois a boa interação destes grupos e a clareza dos
objetivos irá trazer melhores resultados para o empreendimento e para o empreendedor.

1.5 Planejamento Administrativo

Além do planejamento feito no canteiro de obra, para as etapas de execução


também chamado de planejamento físico, existe também um planejamento
administrativo, onde será administrado os recursos financeiros e toda a parte burocrática
necessária para a execução de um empreendimento.
Será abordado com mais aprofundamento este planejamento em módulo futuro,
mas já podemos entender alguns conceitos e ter uma pequena noção de sua
importância.

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Existe toda a preparação da parte contratual e todos os itens que devem prever
a parte legal do empreendimento, assunto que também trataremos melhor em outro
modulo, que antecede o planejamento, mas já podemos definir a etapa de Programação,
que tem a função de programar os planos de recursos disponíveis e isso é feito alocando
estes recursos em uma organização cronológica. Em contra partida na parte de controle
administrativo temos o replanejamento ou reprogramação que tem a função de efetuar
revisões periódicas, muitas vezes colocadas por alterações significativas dos rumos
previstos, ou alteração de projeto.
Toda etapa de planejamento e controle deve ser rígido quanto a normas e regras,
pois isto irá dar solidez e respaldo na organização da obra.
A maior importância no planejamento administrativo, ou podemos chamar de
planejamento e controle financeiro e justamente garantir retorno financeiro esperado,
pois a sua falta poderá trazer prejuízos, desgastes durante a execução e claro
prejudicando a saúde financeira da empresa, inviabilizando o projeto. Tendo ciência
disso alguns dos elementos que fazem parte deste processo são:

- ORÇAMENTO DISCRIMINATIVO: nesse documento terá o detalhamento


discriminado de todos os serviços envolvidos na obra, com a quantidade e valores;

- COMPOSIÇÃO DE CUSTOS UNITÁRIOS: esta composição de valores gastos na


prestação de cada serviço, onde é levantado o custo de mão de obra e material,
podendo saber o real valor de custo para a empresa;

- CUSTOS INDIRETOS: custos administrativos e de metiê da construção;


-Cronograma físico-financeiro detalhado: neste cronograma estará detalhado a
cronologia dos serviços e com isso também o custo despendido no período;

- PLANEJAMENTO DA PROPOSTA: Onde é avaliado todos os itens acima e


acrescentado à margem do lucro pretendida para a viabilidade do empreendimento.

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1.6 Funções Do Planejamento E Controle

A função do planejamento e controle de obras submete ao gerente que tenha


um controle rígido e eficiente de toda a parte documental, a criação de plano de contas,
documentos de aquisição de serviço terceirizado e todo o planejamento alinhado, para
que se possa fazer a constante comparação de resultados e que torne fácil a
visualização de erros e que possa ser tomada medidas de correção. Sendo assim a
função de planejamento e controle devem estar alinhadas e coerentes, pois uma tem
dependência da outra par que se tenha um bom resultado.

1.6.1 Função Planejamento

O planejamento físico tem como objetivo definir objetivos, decompor o trabalho


em atividades palpáveis, estimar tempos, sequenciar, programar e alocar os recursos
necessários.
O planejamento financeiro tem como objetivo quantificar monetariamente o
planejamento físico elaborado, sendo evidente que tanto os custos quanto as receitas
serão contemplados nesta avaliação.

1.6.2 Função Controle

O controle físico ou financeiro devem ter orientação semelhante ao planejamento


elaborado de maneira a possibilitar comparações eficientes e precisas.
Podemos dividir o desenvolvimento do controle com as seguintes características:

- TEMPO: através de cronograma físico ou pela ferramenta de controle PERT/COM;

- CUSTO /FATURAMENTO: entrada e saída de caixa, de acordo com orçamento


discriminativo elaborado;

- DESEMPENHO: avaliação da qualidade de serviço e a técnica empregada;

- RECURSOS: Podemos subdividir em recurso humanos, equipamentos e materiais.

Sendo assim compreendemos que o controle ocorre paralelo, mas interligado,


em todas etapas do empreendimento, para garantir os objetivos propostos no
planejamento.

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PLANEJAMENTO
EXECUÇÃO RESULTADOS

AÇOES
CONTROLE COMPARAÇÕES
CORRETIVAS

1.7 Racionalização Da Construção

Primeiramente devemos conhecer as seguintes definições, para então


abortamos o tema sobre a racionalização da construção, segue abaixo:

- RACIONALIZAR - tornar mais eficientes os processos do trabalho industrial ou a


organização de empreendimentos, planos, etc.

- RACIONALIZAÇÃO e a luta contra o desperdício. E o emprego de raciocínio analítico


e lógico, sem sofrer o impacto emocional, para dispor os elementos necessários a
produção de tal forma que se obtenha o mínimo desperdício de tempo, energia, material
e oportunidade, a fim de atingir a maior eficiência.

- RACIONALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO e um processo dinâmico que se desenvolve


e aperfeiçoa tendo por objetivo a otimização dos recursos que intervém na construção
em todas as suas fases.

A racionalização da construção está ligada intimamente ao um bom


planejamento e controle de obras, pois a busca da racionalização não é somente querer
obter a industrialização de processos e sistemas construtivos, mas sim racionalizar um
sistema tradicional de construção afim de manter este sistema mais produtivo. A
racionalização em todas as etapas de execução vai garantir uma maior eficiência de
todo o processo, mas para ter esta racionalização depende de medidas sejam adotadas
e principalmente uma delas e o contínuo treinamento da mão de obra e o continuo
processo de melhoria nos processos construtivos. Também podemos citar as seguintes
medidas para conseguir uma racionalização:

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− Facilidade de implantação, independentemente do porte das obras e das empresas;


− Adequação a grande disponibilidade de mão-de-obra;
− Adequação dos processos construtivos aos recursos disponíveis nos locais de cada
obra.
− Manter a conservação e o desimpedimento das vias internas do canteiro;
− Definir claramente as ações necessárias para a produção e sua cronologia de
execução;
− Situar os equipamentos de forma a atenderem a obra com o máximo de eficiência.
− Quando possível, aumentar o número de repetições de ações idênticas, produzindo o
efeito rotina;
− Treinar o operário ou equipe de operários e mantê-los na execução das mesmas
tarefas durante o andamento de determinado processo em uma etapa da obra;
− Manter acompanhamento permanente dos serviços por engenheiro ou mestre-de-
obras, conforme a necessidade;
− Manter, reparar e fazer revisões gerais nos equipamentos, deixando-os sempre em
condições de operação;
− Posicionar as edificações provisórias (depósitos, alojamentos, etc.) de maneira a
reduzir ao mínimo ou mesmo evitar percursos inúteis dos operários;
-Dimensionar o tamanho dos depósitos, alojamentos, escritórios, etc, de acordo com o
porte da obra e número de operários;
− Estocar os materiais, quando possível, próximos aos locais de utilização;
− Manter sempre limpos o canteiro e instalações, com boas condições de higiene;
− Garantir condições satisfatórias de segurança no trabalho;

1.8 Referências
GEHBAUER, F., EGGENSPERGER, M., ALBERTI, M. E., NEWTON, S. A .
Planejamento e gestão de obras: um resultado prático da cooperação técnica Brasil -
Alemanha. Curitiba: Editora CEFET-PR, 2002, 529p.

SCARDOELLI, L. S., SOUZA E SILVA, M. F., FORMOSO, C. T., HEINECK, L. F. M.


Melhorias de qualidade e produtividade: iniciativas das empresas de construção. Porto
Alegre: Programa da Qualidade e Produtividade na Construção Civil, Série SEBRAE
Construção Civil. Manual 2, 1994, 288p.

LIMMER, C. V. Planejamento, orçamentação e controle de projetos e obras. Rio de


Janeiro: LTC, 1997, 225p.
CONFEA. Conselho Federal de Engenharia e Agronomia. Profissionais da Engenharia
e da Agronomia. Disponível em
http://www.confea.org.br/media/cartilha_resolucao1048.pdf. Acesso em 17 jun 2014.
MATTOS, A. D. Planejamento e controle de obras. São Paulo: PINI, 2010.

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