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Introdução
A engenharia civil moderna se baseia em conceitos de sustentabilidade
e gestão econômica. As obras são projetadas de modo a evitar o des-
perdício de recursos naturais, enquanto, paralelamente, são executadas
com a maior agilidade possível.
O planejamento e o controle de obras consistem em instrumen-
tos do gerenciamento, que buscam obter o máximo desempenho das
obras da construção civil dos pontos de vista de execução, ambiental e
financeiro. O planejamento e o controle são fundamentais para garantir
a saúde financeira e a segurança institucional das empresas do ramo de
engenharia civil e arquitetura.
Neste capítulo, você vai conhecer os conceitos envolvidos no estudo
do planejamento e do controle financeiro de obras, os aspectos de con-
trole financeiro da obra e como se elabora uma matriz de risco financeiro.
2 Planejamento financeiro de execução de obras
Contextualização e definição
As cidades modernas se caracterizam pela elevada densidade populacional
e pelo limitado espaço urbano com infraestrutura e serviços adequados para
atender às demandas da população. A melhoria da qualidade de vida da so-
ciedade está intimamente ligada ao desenvolvimento do setor da construção
civil, visto que é essa atividade que permite o acesso das pessoas a moradia,
saneamento básico, rede de energia elétrica, entre outros serviços.
A construção civil, durante muito tempo, baseou-se em técnicas empíricas,
com pouco ou nenhum embasamento científico e sem apresentar o devido
planejamento e controle técnico e financeiro sobre o objeto a ser construído.
O resultado pode ser observado, atualmente, em cidades urbanisticamente
desorganizadas, com infraestrutura precária e com alto índice de obras pa-
ralisadas e inacabadas.
A falta de planejamento financeiro no setor da construção civil gera,
também, impactos econômicos significativos. Construtoras de pequeno e
médio porte, que compõem a maior parte das empresas atuantes no setor da
construção, frequentemente têm que encerrar suas atividades em função de
prejuízos insustentáveis decorrentes de falhas de planejamento e execução
de obras. Situações como essa criam grande instabilidade nos setores da
construção civil e imobiliário, podendo resultar em crises econômicas de
grande impacto nacional.
O planejamento financeiro de obras, portanto, consiste em um conjunto
de medidas adotadas por empresas de pequeno, médio e grande porte com o
objetivo de gerenciar os custos decorrentes das etapas de projeto, execução e
administração de obras de engenharia civil e arquitetura, de modo a garantir
segurança financeira às empresas envolvidas no empreendimento.
Pinheiro e Crivelaro (2014) definem planejamento como o plano de
trabalho que indica os recursos financeiros, humanos e materiais neces-
sários para a execução de uma obra, assim como o instante no tempo em
que esses devem ser utilizados. Desse modo, o planejamento permite a
previsão dos recursos utilizados na construção, bem como a estimativa
da duração e, por consequência, do término da obra. No Quadro 1, são
apresentados os principais benefícios decorrentes do planejamento de
obras, segundo Mattos (2010).
Planejamento financeiro de execução de obras 3
Benefício Descrição
(Continua)
4 Planejamento financeiro de execução de obras
(Continuação)
Benefício Descrição
Deficiências Descrição
Orçamento da obra
O orçamento é o instrumento utilizado na previsão de custos de uma obra
(PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). A elaboração do orçamento de uma obra
é feita por meio de:
Onde:
DI: despesas indiretas;
B: benefício ou lucro;
CD: custos diretos.
Fluxo de caixa
O fluxo de caixa consiste em um instrumento administrativo que relaciona
as receitas e as despesas de uma empresa, podendo ser dividido em fluxo de
caixa realizado e fluxo de caixa projetado. O primeiro consiste na relação entre
receitas recebidas e despesas pagas, enquanto o segundo consiste na relação
entre receitas a receber e despesas a pagar.
A aplicação desse instrumento administrativo tem por objetivo buscar o
equilíbrio financeiro da empresa, de modo que a saída de recursos não seja
superior à entrada de recursos. Além disso, a análise do fluxo de caixa permite
que o empresário verifique a capacidade da empresa em entrar ou não em
determinado empreendimento, quais os valores que deveriam ser investidos
e em qual período de tempo seria necessário tal investimento.
O fluxo de caixa das empresas tem especial importância no âmbito da
construção civil, visto que as construtoras devem possuir capital dispo-
nível para bancar a execução da obra. Por exemplo, quando uma empresa
constrói um prédio residencial, não tem todos os apartamentos vendidos
e pagos no início da construção. Assim, deve ter capital para investir no
seu empreendimento, antes que ele realmente possa ser lucrativo. Algumas
maneiras de amenizar esse fluxo de caixa negativo, que geralmente acom-
panha as etapas iniciais da obra, são: obter um financiamento em banco,
oferecer descontos para adiantamento de pagamentos e parcelar em mais
vezes as compras de materiais.
A empresa que firma um contrato sem ter recursos financeiros suficientes
para iniciar os serviços pode ficar sujeita a atrasos ou, inclusive, a não conseguir
realizar a obra para a qual foi contratada. Essas situações podem acarretar
penalidades, como quebra de contrato e pagamento de multas e indenizações,
além de consequências jurídicas.
Planejamento financeiro de execução de obras 9
No link a seguir, você pode acessar um artigo técnico sobre fluxo de caixa.
https://qrgo.page.link/3bqm4
Cronograma físico
O cronograma físico, também denominado gráfico de Gantt, foi desenvolvido
em 1917 pelo engenheiro mecânico Henry Gantt. O cronograma físico consiste
em um gráfico formado por barras horizontais que indicam o início e o término
de cada atividade. O gráfico indica, também, a vinculação entre as atividades
de uma obra. O cronograma físico permite que o gestor tenha o registro das
atividades que foram executadas, de modo a poder cobrar do contratante o
pagamento das receitas, conforme definido em contrato, por exemplo.
Cronograma físico-financeiro
O cronograma físico-financeiro consiste em uma extensão do gráfico de
Gantt. Nele, as atividades são indicadas por meio de barras horizontais, sendo
definidos o início e o término de cada atividade, bem como as vinculações
existentes. Além disso, são indicados no cronograma os gastos financeiros,
individuais e acumulados, de cada atividade ao longo do tempo.
O cronograma físico-financeiro facilita o controle do cronograma das etapas
e dos gastos em cada etapa da obra, de modo a verificar se estão de acordo
com o projeto. Permite que o gestor identifique rapidamente se as atividades
e serviços necessitam reajustamento de preços, podendo agir para adequar o
projeto, o cronograma e os gastos esperados. Na Figura 2, é apresentado um
modelo de cronograma físico-financeiro.
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Diagrama PERT-CPM
O diagrama PERT-CPM (Program Evaluation and Review Technique — Critical
Path Method) consiste em uma representação esquemática em que a sequência
de atividades é representada de acordo com sua ordem de execução. O dia-
grama PERT-CPM permite estimar o tempo de duração da obra, determinar
as atividades críticas, ou seja, aquelas cujo atraso resulta no atraso de toda
a obra, e estabelecer as folgas previstas para cada atividade. Na Figura 3, é
apresentado um modelo de Diagrama PERT-CPM.
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Histograma de recursos
O histograma de recursos consiste em um gráfico de colunas que representa a
quantidade de recursos (materiais, mão de obra, equipamentos, gastos, entre
outros) em função do tempo (MATTOS, 2010). O histograma permite que o
gestor verifique a quantidade de recurso utilizado em uma atividade específica
em determinado período de tempo. Na Figura 4, é apresentado um exemplo
de histograma de pessoal, elaborado a partir do cronograma da obra.
Curva S
A curva S consiste em um gráfico que representa os valores gastos acumulados
ao longo da obra (Figura 5) (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). O formato da
curva se deve ao comportamento padrão das obras de engenharia, em que,
nos primeiros meses, os gastos são menores, em função de os serviços serem
prioritariamente administrativos. Durante a fase de execução da obra, repre-
sentada no meio do gráfico, os gastos se acumulam rapidamente em função
dos serviços de engenharia executados. Por fim, na etapa de conclusão da
obra, os serviços voltam a adquirir caráter administrativo, demandando menos
gastos. A curva S é um parâmetro importante de controle para o pagamento
de obras, especialmente quando elas possuem caráter público, pois permite
que seja verificado quanto se deve pagar em determinado período de tempo.
Figura 5. Curva S.
Fonte: Pinheiro e Crivelaro (2014, p. 107).
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Leituras recomendadas
ARAÚJO, A.; TEIXEIRA, E. M.; LICÓRIO, C. A importância da gestão no planejamento
do fluxo de caixa para o controle financeiro de micros e pequenas empresas. Revista
Eletrônica do Departamento de Ciências Contábeis & Departamento de Atuária e Métodos
Quantitativos (REDECA), [S.l.], v. 2, n. 2, p. 73-88, jun. 2016. Disponível em: https://revistas.
pucsp.br/redeca/article/view/28566. Acesso em: 24 out. 2019.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA EM TRANSPORTES (DNIT). Guia de
gerenciamento de riscos de obras rodoviárias: fundamentos. Brasília: DNIT, 2013. Disponível
em: http://www.dnit.gov.br/download/servicos/guia-de-gerenciamento-de-riscos-
-de-obras-rodoviarias/guia-de-gerenciamento-de-riscos-fundamentos.pdf. Acesso
em: 23 out. 2019.