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ARAUJO, Anna Paula de (1) Instituto IDD - Pós Graduação em Gestão Colaborativa de Projetos –
Ênfase BIM, contato: (41) 99359560, e-mail: araujo.anna@gmail.com; CUNHA, Fernanda
Ferreira da (2) Instituto IDD - Pós Graduação em Gestão Colaborativa de Projetos – Ênfase BIM,
contato: (41) 88200541, e-mail: fernanda@fcunha.arq.br
RESUMO
A utilização do BIM por construtoras brasileiras ainda é um processo incipiente, que vem avançando
lentamente, mas certamente é um processo sem volta.
Com o surgimento do BIM no processo de desenvolvimento de projetos imobiliários de incorporadoras e
construtoras, o processo de coordenação destes projetos também precisa passar por adaptações para
promover e usufruir de todos os benefícios que o BIM tem a oferecer. Este trabalho é o primeiro passo
para um trabalho de conclusão de curso no qual o objetivo é demonstrar como o BIM pode ser implantado
no processo de coordenação de projetos de uma incorporadora e construtora com a finalidade de obter
melhorias no processo. Este artigo tem por objetivo específico realizar uma revisão bibliográfica sobre o
tema “Coordenação de projetos em BIM” para embasar os futuros trabalhos.
Palavras-chave: Gerenciamento de projetos. BIM. Modelagem da Informação da Construção.
ABSTRACT
The implementing of BIM in Brazilian construction is still an incipient process that is moving forward
slowly, but that is certainly a process one-way ticket.
With the BIM introduction in development of developers and builders real estate projects, the
coordination process of these projects must be adapted to be able to promote and take advantage of all
the benefits BIM offer. This work is the first step towards a course competition assignment in which the
objective is to demonstrate implementing BIM in process of coordinating projects of a developer and
builder in order to achieve improvements in the process. This article intend to conduct a literature review
on the topic "Project coordination BIM" to support future research.
Keywords: Project Management. BIM. Building Information Modeling.
1 INTRODUÇÃO
A construção civil no Brasil ainda é vista como um processo muito artesanal e de pouca
precisão. SOUZA et al. (1994) já registravam, com base em pesquisa realizada com
empresários, diretores, gerentes técnicos e engenheiros de empresas de construção civil,
que os produtos e serviços oferecidos por estas empresas apresentavam dificuldades em
relação à qualidade.
SOUZA et al. (1994) afirmavam que as dificuldades mais citadas estavam ligadas ao
projeto em que a apresentação formal fora considerada superior ao conteúdo, como o
detalhamento das especificações técnicas e controle da qualidade do projeto.
Considerando que a baixa produtividade e qualidade do processo de projetos é resultado
de desordem e falta de adotar métodos adequados de gestão (MANZIONE, 2013), essa
pesquisa foca no processo de coordenação de projetos.
De acordo com MELHADO et al. (2005), com o aumento da complexidade e das
disciplinas dos projetos em função de novos projetos de produto e para produção, o
coordenador de projetos tem o desafio de manter a unidade e a reciprocidade do
processo para garantir o repasse das informações em todas as etapas de processo.
O BIM pode vir a ajudar neste desafio, mas também traz necessidades de adaptação
neste processo.
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MANZIONE (2013) observa que, com a crescente complexidade dos edifícios aliada ao
surgimento do BIM, podemos considerar dois grandes domínios envolvidos em um
todo: a gestão do processo de projetos e a gestão da modelagem da informação. A
interação entre estes dois domínios é o modelo BIM. O mesmo autor ilustra a
interdependência destes domínios como se fossem duas engrenagens acopladas, de
forma a nos fazer enxergar que é um domínio que movimenta o outro e que a
colaboração entre eles é o que fará o sucesso do processo do desenvolvimento de um
bom modelo BIM.
Como a colaboração ideal para o processo em BIM tende a ser muito difícil de ser
conseguida com o emprego de metodologias de trabalho comumente utilizadas,
MANZIONE (2013) afirma que muitas empresas falharão em alcançar a eficiência e os
benefícios que o BIM promete trazer para o trabalho entre empresas e seus clientes.
2 COORDENAÇÃO DE PROJETOS
Desta forma, fica claro em quais etapas a coordenação de projetos deve concentrar
maior parte de seus esforços, evitando que haja necessidade de alteração no projeto na
fase de construção, onde os custos para estas alterações serão maiores e com menor
resultado.
Com frequência nos deparamos com a visão equivocada de que meros projetos
tridimensionais são projetos desenvolvidos com a tecnologia BIM.
Para facilitar o entendimento, EASTMAN et al. (2011) define o que não é BIM:
modelos que só contêm dados 3D, porém sem atributos de objetos; modelos sem
suporte para comportamento; modelos compostos de múltiplas referências a arquivos
CAD 2D que devem ser combinados para definir a construção e modelos que permitem
modificações de dimensões em uma vista que não são automaticamente refletidas em
outras vistas.
O BIM, muito mais do que a representação virtual dos objetos em três dimensões, é um
processo desenvolvido com apoio de modelos paramétricos com a capacidade de
suportar a análise estrutural, compatibilização de disciplinas diversas relacionadas ao
projeto, planejamento do processo construtivo, análise de custos, análise de
cronogramas, entre outros.
A base de um sistema BIM é um banco de dados que, além de exibir a geometria dos
elementos construtivos em três dimensões, armazena seus atributos e, portanto,
transmite mais informação do que modelos CAD tradicionais (COELHO, 2008).
Segundo EASTMAN et al. (2011), são muitas as vantagens do BIM para a fase de
projeto e coordenação. Entre elas, as correções automáticas de baixo nível quando
mudanças são feitas no projeto; colaboração antecipada entre múltiplas disciplinas de
projeto, facilitando o trabalho simultâneo de diferentes projetistas especialistas que
podem trabalhar em um único modelo, abreviando o tempo de projeto e reduzindo
consideravelmente os erros e omissões, aumentando as oportunidades de melhoria
contínua de forma mais rápida e em etapas em que a alteração é mais fácil e permite
agregar maior valor ao projeto. Além disso, o BIM permite verificação facilitada das
intenções através das visualizações 3D e quantificação de áreas e materiais, permitindo
estimativas de custos antecipadas e mais precisas. Sem falar na possibilidade de
vinculação do modelo a ferramentas de análise energética, proporcionando diversas
oportunidades para aperfeiçoar a qualidade da construção em relação à eficiência
energética e sustentabilidade.
Está claro que o BIM pode trazer muitas vantagens para o processo de coordenação de
projetos, mas é preciso que sejam abordados também os impactos, dificuldades e
mudanças significativas que a implantação do BIM causará na coordenação de projetos.
JUSTI (2008) apud SOUZA et al. (2009) concordam que implantação de novas
tecnologias baseadas em BIM pressupõe a reestruturação das empresas, através da
reorganização de processos e da implementação de uma nova forma de organização do
trabalho e de pensar o processo de projeto (de forma totalmente integrada). Além disso,
o uso do BIM requer novas qualificações dos profissionais, aquisição de novos
equipamentos, e uma nova forma de lidar com os demais agentes no processo.
A modelagem BIM não substitui reuniões entre projetistas e, sobretudo, não eliminam as
tomadas de decisões, algo que não será realizado pela máquina ou pelo software.
FABRÍCIO (2008) destaca a importância de valer-se da experiência acumulada em
projetos passados e da utilização de ferramentas de acompanhamento, avaliação de
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Para que a coordenação de projetos com utilização da tecnologia BIM tenha sucesso, é
necessária uma mudança cultural a respeito do processo de projetos como um todo,
estabelecendo novos paradigmas.
Embora o BIM seja uma importante ferramenta para garantir a qualidade dos projetos
desenvolvidos, percebe-se através desse estudo que a tecnologia sozinha não trará
resultados. O software em si detecta interferências de forma automática, mas não propõe
a melhor solução para as mesmas, desta forma continuam se fazendo necessárias as
análises profissionais baseadas em conhecimento, experiências e normas técnicas.
Mais que isso, para que o BIM possa nos proporcionar benefícios reais e para que
tenhamos projetos melhores, precisamos mudar o foco da coordenação de projetos,
assimilando a importância de criar envolvimento de todos os agentes envolvidos no
projeto desde o início do mesmo, coordenando a conceituação e caracterização clara de
todos os elementos resultando em um projeto otimizado, com soluções melhores em
vários aspectos, livre de interferências prejudiciais entre sistemas e com todas as
interfaces resolvidas, de modo a facilitar a construção, evitando a necessidade de criar
soluções emergenciais durante a execução, aumentando a credibilidade dos projetos e
garantindo a documentação de informações corretas para uso em toda a vida útil do
empreendimento.
O ideal seria unir os esforços destes profissionais jovens e atualizados com novas
tecnologias com a expertise dos profissionais experientes e seu amplo conhecimento em
falhas de projeto, problemas executivos dos projetos e patologias construtivas
decorrentes das etapas citadas nesse estudo. É imprescindível que a gestão da
Coordenação de Projetos ocorra de forma colaborativa, ou seja, com a participação de
todos os profissionais multidisciplinares que compõem o processo de projeto desde sua
concepção até sua ocupação/pós-execução.
Não é possível implantar apenas um software compatível com BIM e permanecer com o
método convencional de projetar. São vitais a padronização e a organização dos dados,
com apoio de um líder comprometido com a comunicação e planejamento do processo
desde sua etapa inicial até o fechamento do projeto, retroalimentando o ciclo e buscando
a melhoria contínua do processo de projeto.
REFERÊNCIAS
EASTMAN, C. et al. BIM Handbook: a guide to building information modeling for owners,
managers, designers, engineers and contractors. United States of America, 2011.
FABRÍCIO, Márcio M. O Arquiteto e o Coordenador de Projetos. São Paulo, 2008. Pg 26 a 50. Artigo
publicado na Revista USP. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/posfau/article/viewFile/43530/47152> - Acesso em 31/05/2015
MELHADO, S. B. Coordenação de Projetos de Edificações. 2005. Editora Nome da Rosa, São Paulo,
2005.
NIBS (2008) - United States National Building Information Modeling Standard, version 1 - Part 1:
Overview, principles, and methodologies.