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ANÁLISE CRÍTICA DA MODELAGEM E EXTRAÇÃO DE QUANTITATIVOS

UTILIZANDO A METODOLOGIA BIM E O SOFTWARE REVIT (R)

Alef Costa Castelo Branco

1. INTRODUÇÃO

É importante ressaltar que BIM, não é um software, e sim um conjunto deles


vinculados entre si. Tendo uma única finalidade, obter um modelo tridimensional que
possibilita visualizar a forma exata com as informações necessárias a serem utilizadas em
todas as fases do empreendimento. O conceito BIM já era estudado por Charles Eastman
antes da década de 90. Na época, houve a explosão de mercado com os sistemas CAD,
considerado uma inovação naquele momento, o que otimizou o processo manual de
elaboração de projetos, resultando no ganho de tempo e nas medições milimétricas mais
confiáveis. O uso da tecnologia CAD, no entanto, vem perdendo espaço no mercado,
convertendo-se mais para uma ferramenta de suporte, do que uma ferramenta principal
de projetar. Alguns dos problemas dessa tecnologia é a atualização individual quando há
alteração do modelo, o trabalho árduo e minucioso na compatibilização dos projetos, além
do empenho para se fazer orçamento e planejamento através da visualização dos desenhos
em 2D. O BIM possibilita a solução para os problemas citados por proporcionar a
apresentação de um modelo tridimensional carregado de informações. A perda de
informações, por exemplo, que pode ser considerada um fator para os erros de projeto em
2D, é solucionada pelo vínculo entre os softwares do processo BIM. Esse vínculo é a
interoperabilidade. A interoperabilidade dos softwares otimiza as atividades em equipe
que são formadas por diferentes projetistas para a concepção de um empreendimento.
Pelo modelo IFC (Industry Foundation Classes) é que ocorre a troca dos dados sem a
perda de informações geométricas e características dos elementos.

2. COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS

A compatibilização de projetos é o processo que busca detectar as interferências


e erros na fase de concepção, antes que esses sejam percebidos na fase de execução, o
que pode provocar atrasos e custos imprevistos. Diferente do modelo tradicional de
compatibilização, feito a olho nu, no BIM, o processo é potencialmente mais confiável e
as incompatibilidades, mesmo as menos evidentes podem ser encontradas. Isso é possível,
pela verificação por meio dos próprios softwares de modelagem ou por aqueles
específicos para fins de coordenação e gerenciamento de projetos.
Em linhas gerais e simples a compatibilização é como se estivéssemos
sobrepondo, por exemplo, os projetos hidráulicos, o arquitetônico, o estrutural, entre
outros projetos, utilizando recursos de softwares como o Revit, para que possamos
identificar, minimizar e de preferência, até mesmo, eliminar interposições físicas. Tais
interposições podem ocasionar dor de cabeça, retrabalho no local da obra, gasto
desnecessário de materiais e consequentemente de dinheiro. Essas são algumas das
vantagens que podemos rapidamente destacar.
A compatibilização pode ocorrer depois que todos os projetos já foram elaborados
por seus projetistas, vai levar um tempo e havendo necessidade, alterações são feitas. Ou
você pode desembolsar um valor para que essa compatibilização seja realizada com os
projetos em mão. Por isso, é muito mais eficiente e assertivo desenvolver os projetos do
seu imóvel com quem já utiliza na fase da elaboração a prática da compatibilização,
evitando gastos, cobranças e perda de tempo. Por essa razão que muitas pessoas
atualmente buscam utilizar desse método.

3. AUTODESK REVIT

O Revit é um software BIM, que desde o ano 2000 é comercializado pela


Autodesk. O software permite a criação de um modelo tridimensional associado a
parametrização de objetos. As famílias de objetos no Revit é o que no geral define sua
parametrização, e são o ponto de partida para qualquer projeto no software. São famílias
de portas, janelas, telhados, vegetação, e muitas outras. Para a Autodesk (2019), uma
família é um grupo de elementos com um conjunto comum de propriedades chamado de
parâmetros e uma representação gráfica relacionada. No Revit há ainda o vínculo entre
os elementos e as vistas. Se um elemento é excluído ou alterado em uma das vistas,
automaticamente é feito nas outras.
O software também permite o compartilhamento de atividade entre os diferentes
projetistas do empreendimento. É possível ativar o compartilhamento de trabalho para
criar um modelo central para que os membros da equipe possam efetuar alterações
simultâneas no projeto em uma cópia local do modelo central (Autodesk, Autodesk,
2019). Essas principais funcionalidades contribuíram para que o software se tornasse
popular no mercado da arquitetura e engenharia civil (AEC).
O software visa auxiliar arquitetos, engenheiros e construtores em diversos
trabalhos com relação aos projetos de construção civil, permitindo a concepção,
documentação e mensuração de toda uma obra de forma automatizada (Silva, 2019).

4. MODELAGEM

Inicialmente foi apresentado a interface do Software Revit, e posteriormente


demonstrando o passo a passo como configurar o template para a modelagem do projeto
arquitetônico e projetos complementares, para subsequente extrair o quantitativo dos
mesmos. Foi exposto primeiramente como configurar e fazer a parte das paredes e
revestimento, logo após o piso e laje, algumas esquadrias, apenas para fins explicativos.
Nesse processo é importante ter bastante atenção em relação as inconsistências
que podem ou não ser encontradas e comprometer todo o projeto e consequentemente
quantitativo e compra de materiais. São consideradas erros de projetos, como paredes em
discordância com a posição das vigas baldrames.
A quantificação “automática e precisa” para levantamento de materiais e
acabamentos é um dos argumentos mais usados para a implantação do BIM. Para um
resultado satisfatório do uso do BIM no levantamento de materiais, é preciso saber a
diferença entre os modelos que contêm apenas a ferramenta de visualização e os modelos
que possuem características dos materiais previamente definidos, razão em que, no
primeiro caso, o fator humano para definição do material a ser escolhido é suscetível a
erros e imprecisões. Ao invés de ter que lidar com planilhas enormes, a utilização da
metodologia BIM permite que as informações sejam extraídas de modo simples e possam
ser atualizadas sem grandes dificuldades, aumentando a flexibilidade na concepção de
um empreendimento. Em um exemplo prático, uma mudança de piso ou de acabamento
de pintura demandaria mais tempo no método tradicional do que com o BIM. Isso dá mais
liberdade para que diferentes materiais sejam testados, e as análises durante a
orçamentação passam a ser mais detalhadas, gerando maior confiabilidade.
A extração de quantitativos automaticamente, já é um avanço considerável em
relação ao método tradicional. Utilizando o BIM têm-se uma maior precisão nos
quantitativos obtidos no modelo, como também, pela possibilidade de melhor intercâmbio
de informações, simulação do planejamento, entre outros aspectos (EASTMAN et al.,
2017). Diante disso, o objetivo deste trabalho é avaliar as vantagens e desvantagens das
metodologias, tradicional e BIM, de extração dos quantitativos de uma obra. É necessário
ressalvar que a validade do trabalho consiste no processo de transição da utilização de
modelos em CAD para BIM.

5. QUANTITATIVO

Para a extração de quantitativos utilizando o método tradicional, primeiramente


foi determinado todas os tópicos os quais seriam feitos os levantamentos. Os tópicos são:
arquitetônico e estrutural. A parcela referente ao arquitetônico foi subdividida em:
vedação, revestimento horizontal, revestimento vertical, esquadrias, impermeabilização e
cobertura. A parcela referente ao estrutural foi subdivido em concreto, aço, fôrmas, estes
correspondentes a pilares, vigas e lajes do projeto.
As medições de área, volume e unidades foram feitas por meio do projeto
fornecido em formato DWG com a utilização do software AutoCad. As planilhas
quantitativas foram feitas manualmente utilizando o Microsoft Office Excel. Para a
modelagem do projeto estrutural, foi utilizado a ferramenta “vínculo do REVIT” em que
foi anexado o projeto arquitetônico como referência para a locação dos elementos
estruturais. Diferentemente do modelo arquitetônico, a questão do tempo investido na
criação de elementos é mínima visto que não há variabilidade de material além de aço e
concreto, alterando apenas dimensões. A modelagem de pilares comparado com vigas e
lajes, para o autor, é considerada a mais trabalhosa para a situação analisada. Isto decorre
do fato de que, para cada pilar, existem quatro configurações diferentes de armação
variando ao longo da altura enquanto havia pouquíssimas vigas contínuas trabalhosas e
nenhuma laje que gerou grau de dificuldade.
Ao concluir a modelagem em BIM, utilizou-se a ferramenta de extração de tabelas
contido no REVIT para obter automaticamente as tabelas de quantitativos do projeto.
Nesta extração, as tabelas geradas são fragmentadas para valores específicos de cada
elemento de projeto, contendo todos seus materiais que são, posteriormente, exportadas
no formato .txt e editadas no Excel.
Nota-se que a especificação dos itens é genérica em todos os aspectos, visto que
não há diferenciação ainda de tipos de esquadrias, pisos das mais variadas locações e
finalidades dos materiais estruturais (quantidade destinada a lajes, vigas e pilares).
Ressalta-se que devido ao pouco tempo disponível para elaboração deste trabalho, ao
grande detalhamento exigido pelo projeto e a ausência de determinados arquivos, alguns
itens não foram trabalhados, como é o caso das fundações, instalações, peças, escada e a
sacada dos apartamentos.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi observado que o REVIT não é capaz de reconhecer os objetos do modelo


estrutural em IFC, como elementos estruturais: pilar, viga e laje, o que impossibilita a
modelagem de furos nas vigas para passagens de tubulações e também a subtração
automática da geometria da estrutura na alvenaria.
Para a extração de quantitativos no REVIT foi utilizado o método de tabelas3, que
extrai os quantitativos por classes de objetos (porta, janela, piso, parede, etc.) em tabelas
independentes. Referente aos testes de quantitativos, foi observado que o REVIT não
desconta a largura das portas ao calcular o perímetro de paredes. Além disso, foi
verificado que a área dos objetos é calculada descontando-se todos os vãos existentes
(portas, janelas e outros) e que não é possível identificar na tabela de quantitativos quais
esquadrias estão inseridas nas paredes.
Assim, foi possível identificar que o software possui regras de cálculos fixas,
sendo necessário identificar e compatibilizar os critérios de quantificação utilizados na
construtora e pelo software de modelagem.
Em seguida, foi observado que o REVIT possui classes de objetos pré-definidas e
as tabelas de quantitativos são emitidas por classes de objetos. Desse modo, para permitir
o intercâmbio das informações presentes nas diversas classes de objetos, as tabelas foram
inseridas em um único arquivo. Esse procedimento facilitou a adequação dos
quantitativos extraídos do software de acordo com os critérios da construtora. As
diretrizes estabelecidas no estudo foram organizadas em três partes:
a. Preparação;

b. Modelagem 3D; e

c. Extração de quantitativos

Embora tenha sido possível modelar objetos 3D capazes de representar as


operações, foi observado que as classes de objetos existentes como padrão no REVIT não
são adequadas para a modelagem do orçamento operacional. Isso se deve ao fato de que
os objetos 3D não estão programados para simular o comportamento real dos elementos
pelos quais as operações foram representadas no modelo. Isso significa que não há
relacionamento automático entre os objetos que representam tais operações. Desse modo,
se um objeto for alterado, outro objeto conectado a este não é modificado
automaticamente. Isso impacta em ajustes manuais mediante alterações de projeto. Essas
observações puderam ser evidenciadas a partir dos seguintes casos:
De acordo com Ferreira (2018), o planejamento é um processo presente em várias
fases do desenvolvimento do empreendimento, e, nas condições atuais de mercado, há
uma baixa maturidade em gestão de projetos na construção civil quando se trata da
implementação de tecnologias voltadas ao planejamento. Nesse sentido, com o advento
do Building Information Modeling (BIM), a gestão de projetos deverá evoluir visto que
o BIM possibilita a integração de todos os processos. Assim, permite simular a produção
do edifício, desde as quantidades de materiais a comportamentos do uso da construção
identificando possíveis problemas ao executar a obra ainda em fase de planejamento
(FERREIRA, 2018).
O BIM, mais do que uma plataforma, é um conceito, o qual busca otimizar a
gestão de projetos. O ponto fundamental do conceito BIM é a colaboração
multidisciplinar que esse método fornece, pois permite uma total compatibilização dos
projetos e que as informações de uma obra estejam consolidadas e integradas em uma
mesma plataforma (RODRIGUES, 2019).

REFERÊNCIAS

EASTMAN et al. The critical role of accessible data for bimbased automated
rule checking systems. 2017.

FERREIRA, R. Uso do BIM e planejamento contribuem para a evolução da


gestão de projetos. 2018.

RODRIGUES, R. G. Extração de quantitativos utilizando uma ferramenta BIM.


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade
Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2019.

Silva, K. R. Interoperabilidade entre software de projeto estrutural com a


plataforma BIM.2019.

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