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Segundo Eastman (et al, 2008, p. 11), “BIM é uma tecnologia de modelagem associada a um
conjunto de processos para produzir, comunicar e analisar modelos de edificações”. O autor caracteriza
um modelo BIM de acordo com:
Os componentes da edificação são representados com representações digitais inteligentes
(objetos) que “sabem” o que são e podem ser associados com gráficos computacionais,
dados, atributos e regras paramétricas;
Componentes que incluem dados descritivos de seu comportamento como necessário para
análises e processos de projeto, tais como levantamentos de quantitativos, especificações e
análise energética;
Dados consistentes e sem redundância de modo que alterações nos componentes sejam
representadas em todas as vistas do componente;
Dados coordenados de modo que todas as vistas do modelo sejam representadas de modo
coordenado.
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Com o BIM, é possível criar um modelo virtual preciso, o que possibilita a extração de dados de
geometria além dos dados necessários para apoiar a construção, fabricação e atividades de compras
necessárias para a realização do edifício (EASTMAN et al, 2008).
Os modelos criados na plataforma BIM integram todas as informações, evitando equívocos e
falhas. Todos os projetos estão vinculados a um mesmo modelo. Sua implantação demanda integração da
equipe de projeto, de diferentes hierarquias de informação, o que significa uma mudança de paradigma
dentro do processo de projeto atual. (ADDOR et al., 2010).
Assim sendo, a tecnologia BIM permite criar um ambiente colaborativo, controlar a gestão e
avaliação do projeto, de forma que diferentes disciplinas possam estar conectadas a um modelo único que
armazene todos os aspectos das etapas da construção civil.
O modelo gerado tem como dados fundamentais as informações armazenadas no arquivo, para
esses detalhes adicionais foram criadas múltiplas dimensões que representam o nível de informação do
modelo. No sistema BIM, essas dimensões representam diversas camadas de informação. Um modelo
pode ser 4D, 5D, 6D, 7D, até nD, conforme o contexto de sua utilização.
Segundo a análise de Neil Calvert (2013), podemos classificar seis principais dimensões do
BIM:
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Por definição, BIM é aplicável a todo o ciclo de vida de um empreendimento, desde a concepção
e a conceituação de uma ideia, para a construção de uma edificação ou instalação (ou da constatação da
necessidade de construir algo), passando pelo desenvolvimento do projeto e incluindo a construção, e
também após a obra pronta, entregue e ocupada, no início da sua fase de utilização. Neste último caso, os
modelos BIM poderão ser utilizados para a gestão da própria ocupação e para o gerenciamento da
manutenção. Portanto, trata-se de algo abrangente demais, e este e um dos motivos que dificultam uma
adequada compreensão do que e BIM e, também, das novas formas de realizar processos, utilizando esta
nova plataforma de trabalho, que é baseada em modelos, e não apenas em documentos, desenvolvidos
pela tecnologia predecessora CAD – Computer Aided Design. (CBIC, 2016b, p.23).
Podemos considerar que o sistema BIM é uma prática virtual que aborda desde a concepção do
edifício até a construção final, permitindo a simulação, controle, manutenção, renovação e demolição do
ciclo de vida, visando sobretudo a coordenação e a colaboração de todos os participantes no processo de
desenvolvimento do modelo. O esquema demonstrado abaixo procura explicar de forma resumida o
processo do BIM.
Figura 1 - Ciclo de Vida BIM. Fonte: Esquema da autora, adaptado de Buildin Construção e Informação. Disponível em:
<https://www.buildin.com.br/guia-completo-sobre-tecnologia-bim/>. Acesso em: 30 set. 2019.
De modo que o processo possa ser integrado e interativo, diferentes tomadas de decisão podem
ser estabelecidas desde os esboços iniciais, como planejamento, cronogramas, custos, tornando assim a
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execução otimizada. Desta forma, para que seja viável, a plataforma BIM necessita que as tomadas de
decisões se iniciem desde a concepção do edifício, realizadas por todos os agentes envolvidos no processo
de projeto.
O Prof. Wilson Florio (2007, p. 8) define que o processo colaborativo é relacionado ao uso de
computadores, fluxo de informações e a uma gestão que viabilize o compartilhamento do conhecimento,
metodologia de projeto e produção, que distribua responsabilidades e que todos possam coparticipar das
tomadas de decisões do projeto.
Com o processo BIM, a troca de informações se torna mais intensa, o que permite compartilhar
mais conhecimento, e tomar decisões de forma coletiva, levando a uma convergência de objetivos. Isso
aperfeiçoa resultados, não só do projeto como um todo, da obra e do produto edificado, mas também
possibilita melhores resultados individuais a cada um dos envolvidos no processo. (ASBEA, 2015, p.4).
2.2 Definição dos Usos do BIM
AsBEA (2013, p. 9) relata que o BIM pode ser aplicado a vários usos ao longo do ciclo de
desenvolvimento do projeto, construção e operação do edifício. Os autores descrevem alguns dos
principais usos da tecnologia BIM ao longo do ciclo de vida do empreendimento:
Projeto:
Concepção do projeto;
Documentação do projeto;
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Visualização do projeto;
Compatibilização dos projetos;
Revisão de projeto;
Análise de eficiência energética;
Avaliação de critérios de sustentabilidade;
Análises de engenharia;
Extração de quantitativos.
Construção:
Planejamento da logística de canteiro;
Planejamento e controle 4D;
Coordenação 3D;
Fabricação digital;
Gestão de custos;
Mock-ups virtuais.
Operação e Manutenção:
Programação de manutenção preventiva;
Análise dos sistemas do edifício;
Gerenciamento do edifício;
Gerenciamento dos espaços;
Plano de evacuação do edifício;
Modelo consolidado (final).
Desta forma, o BIM pode ser entendido como o processo de desenvolvimento e o uso de
softwares modeladores de dados não apenas para documentar os projetos, mas para simular a construção e
a operação de um novo edifício.
Fundamentado nos estudos de Eastman (et al, 2008, p.16-21), os autores ainda comentam os
benefícios do BIM de acordo com:
Benefícios de “pré-construção” para proprietários: Antes que os proprietários contratem um
arquiteto, é necessário determinar qual será o tamanho do edifício, seu nível de qualidade, definir
um programa de necessidades dentro de um determinado custo e tempo. Se respostas a estas
perguntas puderem ser formatadas com precisão, os proprietários saberão que suas metas são
exequíveis.
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Desempenho do Edifício e Qualidade: Desenvolver um modelo esquemático antes de gerar um
modelo detalhado do edifício permite uma avaliação mais cuidadosa do esquema proposto para
determinar se o mesmo satisfaz às exigências funcionais e sustentáveis do edifício.
Benefícios de projeto: O projeto é representado diretamente na forma tridimensional ao invés
de ser o resultado da interpretação de representações bidimensionais.
Correções automáticas quando são feitas mudanças no projeto: Os objetos são controlados
por regras paramétricas que asseguram que o modelo tridimensional será executado. Isto reduz a
necessidade de administrar mudanças de projeto.
Desenhos bidimensionais precisos e consistentes em qualquer fase do projeto: O BIM
proporciona desenhos precisos e consistentes para os objetos do projeto. Isto reduz
significativamente a quantidade de tempo e erros associada às tarefas de desenhos do edifício
para todas as disciplinas de projeto. Quando uma mudança de projeto é efetuada, são gerados
desenhos completamente consistentes que refletem essas modificações.
Contribuição antecipada das disciplinas de projeto: A tecnologia BIM facilita o trabalho
simultâneo das várias disciplinas de projeto. Isto encurta o tempo projetação e reduz
significativamente os erros de projeto e eventuais omissões. Também antecipa a visualização de
problemas de projeto e apresenta oportunidades para um projeto ser melhorado continuamente.
Verificação das intenções de projeto: O BIM proporciona visualizações tridimensionais das
áreas do edifício e quantifica áreas de espaços e quantidades de materiais para estimativas
antecipadas de custo com maior precisão. Para edifícios técnicos (laboratórios, hospitais,
aeroportos, etc.), os objetivos de projeto estão frequentemente definidos de forma quantitativa, e
isto permite usar um modelo de edifício para conferir estas exigências. De forma a apoiar
avaliações automáticas.
Estimativas durante a fase de projeto: Em qualquer fase do projeto, a tecnologia BIM permite
extrair quantitativos e relatórios dos espaços projetados antes da construção que podem ser
usados para estimativas de custos. Com o andamento do projeto, quantidades mais detalhadas
são disponibilizadas e podem ser utilizadas para estimativas de custos mais precisas e
detalhadas.
Melhor Eficiência de Energia e Sustentabilidade: Unindo o modelo do edifício a ferramentas
de análise de energia permite avaliação energética do edifício ainda nas fases iniciais de projeto.
Isto não é possível com as ferramentas de representação bidimensionais. Uma análise de energia
executada após o término do processo de projeto reduz as oportunidades para que modificações
sejam implementadas de forma a melhorar o desempenho energético do edifício. A capacidade
de trabalhar conjuntamente o modelo de edifício com vários tipos de ferramentas de análise
provê muitas oportunidades para melhorar a qualidade de edifício.
Sincronização entre o Projeto e o Planejamento da Construção: Planejar a construção de um
edifício com o BIM requer a modelagem de objetos tridimensionais em um projeto, de forma
que seja possível simular o processo concepção e de construção do edifício, além de ser possível
visualizar qualquer ponto de vista do edifício. Esta simulação gráfica fornece grande clareza
sobre como o edifício será construído revelando fontes de problemas potenciais e oportunidades
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para possíveis melhorias (local, pessoas e equipamentos, conflitos espaciais, problemas de
segurança, etc.).
Descobrindo antecipadamente os erros de projeto e eventuais omissões: O modelo
tridimensional virtual do edifício automatiza o processo de documentação e a geração dos
desenhos, vistas, perspectivas, eliminando erros de projetação que podem ocorrer nos desenhos
bidimensionais. Estes podem ser comparados e conferidos de forma fácil e sistemática. Torna-se
possível identificar os conflitos antes que a obra se inicie.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2016a, p. 12-25), relata que a tecnologia
BIM é um conjunto de políticas, processos e tecnologias que, combinados, geram uma metodologia para
o processo de projetar uma edificação ou instalação, ensaiar seu desempenho, e gerenciar as suas
informações e dados, utilizando plataformas digitais (baseadas em objetos virtuais) através de todo o seu
ciclo de vida. Ainda que, os autores citam os seguintes benefícios do BIM:
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Extração automática de quantidades: Essa funcionalidade garante precisão, consistência, e
agilidade de acesso às informações das quantidades, que pode ser integrado com sistemas de
orçamentação e softwares de planejamento e controle e organizado conforme a programação de execução
dos serviços.
Simulações, passeios e ensaios virtuais: Análises estruturais, análises energéticas, estudos
térmicos, estudos luminotécnicos, estudos de sombreamento, são análises e simulações novas de
comportamento e desempenho de edifícios ou instalações que podem ser realizadas com a utilização de
modelos BIM.
Identificação de interferências automáticas: Permite-se a localização automática de
interferências, conhecida como ''clash detection'', classificadas como leves, moderadas ou críticas.
Geração de documentos consistentes e íntegros: Um objeto BIM permite reações automáticas
como perceber, interpretar e reagir, são ocasionais mudanças que contribuem para manter a
documentação as informações consistentes e integradas.
Possibilidade de executar construções complexas: O BIM também facilita na modelar formas
mais complexas, orgânicas e curvas, desafiando novas ferramentas, novas técnicas de construção e
coordenação espacial e subsistemas construtivos, contribuindo para a coordenação simultânea de diversas
frentes de obras. (Figura X).
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que a edificação correta está sendo criada, envolve proprietário e usuários nas fases iniciais dos
empreendimentos, garante adequada compreensão e entendimento das premissas e requisitos. (CBIC,
2016a, p.26).
O conceito de objetos paramétricos é essencial para entender o BIM e a sua diferença em relação
aos objetos tradicionais. Eastman et al (2008, p.14) define objetos paramétricos de acordo com:
Consistem em definições geométricas, associadas a regras e dados;
A geometria é integrada sem redundância e não permite inconsistências. Quando um objeto é
mostrado em 3D, a forma não pode ser representada internamente de maneira redundante, por
exemplo, como múltiplas vistas 2D. Um plano e elevação de um determinado objeto deve ser
sempre consistente;
As regras paramétricas para objetos modificam automaticamente as geometrias associadas
quando inseridas em um modelo de construção ou quando são feitas alterações em objetos
associados. Por exemplo, uma porta se encaixará automaticamente em uma parede, um
interruptor de luz irá automaticamente ser localizado próximo ao lado correto da porta, uma
parede será automaticamente redimensionada para chegar ao topo do teto ou telhado, etc;
Os objetos podem ser definidos em diferentes níveis de agregação, de modo que podemos definir
uma parede, bem como seus componentes relacionados. Os objetos podem ser definidos e
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gerenciados em qualquer número de níveis hierárquicos. Por exemplo, se o peso de um
subcomponente de parede mudar, o peso da parede também deve mudar;
As regras de objetos podem identificar quando uma alteração específica viola a viabilidade do
objeto em relação ao tamanho, possiblidade de fabricação, etc;
Os objetos têm a capacidade de vincular ou receber, transmitir ou exportar conjuntos de
atributos, como, materiais estruturais, dados acústicos, dados de energia, entre outros, para
outras aplicações e modelos.
Os objetos têm a habilidade de ligar ou receber uma ampla variedade ou conjuntos de
propriedades e atributos;
O usuário tem a possibilidade de desenvolver os seus próprios objetos paramétricos por meio da
criação de bibliotecas de classes de objetos.
CBIC (2016b, p.64) relata que um objeto BIM é um repositório de dados da geometria tanto em
3D quanto em 2D, incluso informações como marcas, modelos, normas, materiais, que permite anexar
links para bases de dados externas como por exemplo documentações complementares, manuais
específicos para manutenção, manuais de montagem, entre outros. Os objetos BIM variam muito tanto em
complexidade quanto em comportamento e uso. Como referência geral, os autores demonstram quatro
classes de informações que os objetos podem incorporar:
Informações geométricas:
Nível de detalhamento;
Geometria de um objeto pode variar segundo fase ou uso;
Nível de precisão;
Unidade de medida;
Ponto de inserção;
Volume de acesso (para detecção de interferências);
Renderização (cor, textura, brilho, nível de reflexidade);
Entradas e saídas (no caso de componentes funcionais).
Informações paramétricas:
Dimensionamento e posicionamento paramétrico, variacional;
Determinação de vínculos e restrições geométricas dinâmicas;
Objetos ‘inteligentes’ possuem regras de adaptação ou reação a mudanças de outros
objetos vinculados.
Especificações:
Especificações técnicas, funcionais e semânticas;
Parâmetros essenciais para simulações e análises de engenharia;
Parâmetros essenciais para orçamentação;
Normas técnicas e padrões atendidos.
Representações Bidimensionais (2D - plantas, vistas e cortes):
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Diversas resoluções bidimensionais (2D);
Essencial para geração da documentação do projeto;
Em alguns casos, devem seguir normas específicas e representações não realistas.
Objetos paramétricos ou componentes paramétricos são componentes BIM que podem ter suas
características alteradas para atender às necessidades específicas de um projeto sem necessidade de
redesenho. Por exemplo, uma porta geralmente possui o parâmetro “largura da folha”, pois esta é uma
propriedade nativa no descritivo IFC desse tipo de elemento. Objetos parametrizados, como a porta da
Figura 8, permitem que, ao se alterar a sua dimensão, todas as representações 3D, 2D e textuais deste
elemento sejam automaticamente ajustadas. (ABDI, 2017, p.18).
Objetos, ao serem inseridos, pertencem a um “tipo”, mas caso sejam parametrizados, algumas de
suas dimensões podem variar. Cada variação dimensional ou de acabamento implica em novo “tipo” do
mesmo objeto. Ao serem inseridos no modelo em um determinado ponto, cria-se ali uma “instância” deste
tipo. Ou seja, uma “cópia” que tem sua localização individualizada, como mostra a Figura X. (ABDI,
2017, p.18).
Objetos BIM chamados como paramétricos oferecem ao usuário a possibilidade da alteração das
medidas e demais características das suas partes constituintes. Além das informações que já vêm
integradas aos objetos virtuais BIM também é possível inserir novos dados nos próprios objetos, como
data de início da operação, nome da empresa, prazo de garantia, entre outros. Esse recurso possibilita a
criação de modelos BIM com propósitos específicos, como um banco de dados estruturado para a gestão
da manutenção. (CBIC, 2016b, p.65).
2.5 Nível de Desenvolvimento do Modelo (LOD)
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Um ponto importante é diferenciar Nível de Desenvolvimento (ND) do nível de detalhe. O
primeiro representa a confiabilidade que o modelo do elemento atingiu, ou seja, refere-se à qualidade do
processo decisório inerente à evolução do projeto. Já o nível de detalhe refere-se ao volume de elementos
gráficos e informações anexas que estão agregados ao elemento. (ABDI, 2017, p.26).
Manzione (2013) baseia sua estrutura conceitual da gestão do processo de projeto em BIM no
nível de detalhamento do projeto, que é customizado pelo usuário em função do seu processo do
empreendimento e dos seus objetivos. Ele afirma que o processo do empreendimento, gestão do processo
de projeto e gestão da modelagem da informação são interligados. O processo de projeto evolui ao longo
do tempo e, a ele, novos agentes vão sendo agregados, acumulando mais informações. Assim sendo, o
autor apresenta alguns termos:
Nível de desenvolvimento (LOD): descreve o grau de completude para o qual um elemento do
modelo é desenvolvido.
Elemento do modelo: é uma parte do Building Information Model representando um
componente, um sistema ou uma montagem dentro de um edifício.
Autor do elemento do modelo: é o agente responsável pelo desenvolvimento do elemento do
modelo específico para o nível de desenvolvimento requerido pela fase do projeto.
Usuário do modelo: agentes ou organizações autorizadas a utilizar o modelo no projeto.
Para CBIC (2016b, p. 113), LOD é um conceito muito utilizado na definição do escopo de
contratação de serviços de modelagem BIM realizados por terceiros, é uma referência que possibilita que
os agentes atuantes na indústria da construção civil especifiquem e articulem, com clareza, os conteúdos e
níveis de confiabilidade de modelos BIM, nos vários estágios do processo de projeto e construção. Os
autores apontam que a especificação clara de um LOD tem como principal objetivo:
Servir de referência para que as equipes (incluindo proprietários) possam especificar
entregáveis BIM, definindo claramente o que deve ser incluído em cada um deles;
Servir como um padrão que pode ser utilizado como referência em contratos e
planejamentos de trabalhos baseados em BIM;
Possibilitar que usuários BIM, posicionados mais a jusante no fluxo de trabalho,
possam confiar nas informações incorporadas nos modelos BIM que eles estão
recebendo (desenvolvidos por outros autores).
Normalmente o LOD é indicado em níveis que variam a partir do nível 100. Essa escala foi feita
em graduações de 100 unidades, com a eventualidade de níveis intermediários.
O AIA (2013), apresenta os conceitos de cada um dos LOD relacionando o nível e conteúdo do
modelo com seus usos e suas especificações como por exemplo projeto e coordenação, planejamento,
estimativa de custos, programa de necessidades, materiais sustentáveis, análises e simulações e outros
usos que podem ser desenvolvidos, apresentados na figura X.
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Tabela 1 - Níveis de Desenvolvimento (LOD). Fonte: Esquema da autora, adaptado de AIA (2013).
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Informação não geométrica;
Informação não gráfica;
Estimativas de custo;
Simulações das fases de construção;
Criação de cronogramas.
LOD 300 - Documentação Construtiva
Sistema específico;
Fabricação;
Informação não geométrica mais próxima da realidade;
Informação não gráfica;
Quantidades, dimensões, forma, localização e orientação precisas;
Análises energéticas ou estruturais;
Simulação das características intrínsecas dos edifícios.
LOD 400 - Modelo Construtivo / Projeto Executivo:
Sistema específico;
Nível de detalhe alto;
Componentes possuem detalhes adicionais sobre o seu modelo;
Componentes correspondentes com os equipamentos utilizados durante a construção;
Componentes possuem informação relativa às dimensões, fabricante, montagem e
método construtivo;
Tamanhos, formas, quantidades, orientações com informações detalhadas sobre
fabricação, montagem e instalação;
Estudo da estimativa de custo;
Simulação energética mais próxima da realidade;
Planejamento da obra possui maior rigor.
LOD 500 - As-Build
Nível de detalhe alto;
Representações fiéis do que é construído na realidade;
Equipamentos com informações precisas;
Gestão e manutenção futura do edifício.
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Tabela 2 - Evolução do LOD.
Fonte: Esquema da autora, adaptado de Building and Construction Authority (2012).
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O CoBIM – Common BIM Requirements (2012) afirma o nível de detalhe, que pode ser definido
em três níveis:
Nível 1: o uso do modelo é voltado à colaboração e à comunicação entre os projetos;
Nível 2: o uso do modelo é voltado para análises energéticas, fase de orçamento e extração de
quantitativos;
Nível 3: o uso do modelo é o planejamento da construção e contratações.
Assim sendo, entende-se que os conceitos de cada um dos LOD apresentados pelo AIA, e os
requisitos de níveis de detalhe apresentados pelo CoBIM podem representar qualquer disciplina de
projeto. Tal maneira, cada disciplina pode ser estabelecida um nível de detalhe o qual foi atribuído através
do nível de desenvolvimento do modelo e também pode depender da fase em que se encontra o projeto.
A adoção do BIM é analisada de acordo com o modelo de Succar (2009). O autor entende que a
adoção do BIM por empresas e profissionais é um processo de longo prazo desenvolvido em estágios.
Esse autor elaborou um modelo de maturidade no qual estabelece critérios e pesos para qualificar o
estágio da empresa baseado em diversos requisitos. (MANZIONE, 2013).
De forma simplificada, o autor classifica os estágios de implementação em cinco graus,
ilustrados na Figura 13 e definidos em seguida.
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Figura 2 - Estágios do BIM.
Fonte: Esquema da autora, adaptado de Succar (2009).
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as etapas se conectam a um único modelo digital que possui todas as informações multidisciplinares
(ANDRADE e RUSCHEL, 2009).
BIM Estágio 4 - Integrated Project Delivery (IPD):
O estágio final é o atingimento da fase do IPD. Nesse estágio, as relações contratuais se alteram
e se baseiam na colaboração efetiva por todos os agentes envolvidos. Os princípios do IPD, de acordo
com o American Institute of Architects (2007), são: respeito e confiança mútuos, benefícios mútuos e
recompensas, inovação e decisões feitas em conjunto, envolvimento de todos os agentes e definição dos
objetivos no princípio do processo, planejamento intenso, comunicação aberta, tecnologia adequada;
organização e liderança. (MANZIONE, 2013).
O modelo proposto por Succar (2009), relativo aos estágios de adoção do BIM na indústria como
um todo, que é bastante utilizado na literatura, consegue antever e auxiliar as empresas e profissionais
mostrando principalmente que o processo de implantação do BIM é gradual e evolutivo, colocando o
BIM na perspectiva de um processo de longo prazo dentro do ciclo de vida da edificação.
As fases do processo de projeto em BIM modificam-se, pois, o efeito de superposição entre
atividades é potencializado pela tecnologia e, por esse motivo, o BIM é um grande facilitador do uso de
dados simultâneos.
2.7 Interoperabilidade
Eastman et al. (2008) apontam que o desafio principal do BIM reside na necessidade de todas as
partes de projeto de um empreendimento concordarem com novos métodos de trabalho colaborativos. A
colaboração às vezes envolve solução de problemas entre equipes, em que cada participante entende
apenas parte do problema. A maioria das pessoas é apta a ler e entender modelos 3D, o qual permite que
um planejamento e um processo de revisão sejam mais inclusivos e intuitivos.
Um importante fator para o entendimento do sistema BIM é a interoperabilidade. O
desenvolvimento de um espaço de informação compartilhada é fortemente influenciado pela intensidade
das relações de trabalho colaborativo, pois pode requerer a interação de pessoas com objetivos e
estruturas conceituais de decisão diversos, dando origem a problemas de controle de situações
simultâneas em aplicações que envolvam múltiplos usuários. (MANZIONE, 2013)
O projeto e a construção de um edifício são atividades de equipe e cada vez mais, cada
atividade e tipo de especialidade é suportado e aumentado por suas próprias aplicações
de computador. Além da capacidade de suportar geometria e layout de material, podem
ser obtidas análises estruturais e de energia, estimativa de custos e programação da
construção, questões de fabricação para cada subsistema e muito mais. A
interoperabilidade identifica a necessidade de intercâmbio de dados entre as aplicações,
para que múltiplas aplicações contribuam conjuntamente para o trabalho colaborativo.
A interoperabilidade elimina a necessidade de replicar entrada de dados que já foi
gerada e facilita fluxos de trabalho e automação. Da mesma forma que a arquitetura, a
engenharia e a construção são atividades colaborativas, também são as ferramentas que
as suportam (EASTMAN
ET AL, 2008, p. 66).
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Dentro de um sistema BIM, existe a interação entre distintos profissionais que fazem
interferências em uma edificação ao longo do seu ciclo de vida. Desta maneira, é necessária a integração
entre distintos softwares para que isto ocorra. Sendo assim, a interoperabilidade é um conceito
importante, e se torna a condição básica para que os modelos conversem e interajam entre si. Define-se
interoperabilidade como a capacidade de integração entre diferentes softwares, permitindo que haja a
troca de informações em diferentes instâncias. Em 1994 foi criada a International Alliance for
Interoperability (IAI), que em 2005 se transformou em Building Smart. Este é o grupo técnico
responsável pelo desenvolvimento do IFC1 (Industry Foundation Classes). O IFC é um formato de
arquivo de dados voltado para o objeto, baseado na definição de classes que representam elementos,
processos, aparências, etc. utilizados pelos softwares aplicativos durante o processo de construção de um
modelo ou projeto (SANTOS, 2016, p. 41).
A Building SMART define o IFC como um esquema de dados que torna possível conter dados e
trocar informações entre diferentes aplicativos para BIM.
Eastman et al, (2008, p. 58 a 70), relata que o IFC se constitui em um modelo que define objetos,
atributos e relacionamento entre as áreas, trazendo a informação da geometria, unidades e utilidades
comuns. O modelo de recursos da geometria tem múltiplas representações para o objeto: geometria
referencial; espaço limitante; atributo-direção da representação geométrica; explícita representação
geométrica. O IFC funciona como um tradutor de dados que navega entre os diversos softwares BIM. Ele
encontra-se livre para utilização de qualquer ferramenta e não possui propriedade, ou seja, não foi
desenvolvido por um desenvolvedor de software específico.
As interfaces abertas devem permitir a importação de dados relevantes (para criar e editar um
desenho) e exportar dados em vários formatos (para suportar a integração com outros aplicativos e fluxos
de trabalho). Nenhum aplicativo de computador único pode suportar todas as tarefas associadas ao design
e produção do edifício. A interoperabilidade descreve a necessidade de passar dados entre aplicações,
permitindo que vários tipos de especialistas e aplicações contribuam para o trabalho colaborativo
(EASTMAN et al, 2008).
Conforme Manzione (2013), o IFC é como um modelo de dados de tradução, em formato “não
proprietário”, disponível livremente para a definição de objetos na AEC. Ele, porém, não padroniza as
estruturas de dados em aplicações de software, restringindo-se apenas à padronização das informações
compartilhadas.
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O formato IFC possui arquitetura aberta e linguagem comum para a troca de informações entre softwares de diversos fabricantes,
levou 10 anos para estabelecer os padrões de IFC, e o envolvimento da indústria foi fundamental para o seu sucesso. O Building
Smart International possui, atualmente, 14 alianças regionais representando um país ou conjunto de países, abrangendo hoje mais de
20 países. As alianças regionais são formadas por membros que podem ser indivíduos (arquiteto, engenheiro, empreiteiro, etc.),
fabricantes de produtos para a construção, fornecedores de software, órgãos governamentais, associações ou órgãos representantes
de áreas técnicas e instituições científicas, todos com o objetivo de definir, através do conhecimento coletivo, uma linguagem
comum para a melhoria da troca de informações na indústria da construção civil (ADDOR et al, 2010).
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O IFC é um protocolo internacional criado para troca de informações e a comunicação entre as e
ferramentas BIM diferentes aplicativos. É um formato aberto para ser usado em planejamento do edifício,
no projeto, na construção e no gerenciamento.
Bentley Architecture: é o sistema BIM da Bentley para arquitetura introduzido em 2004, sendo
uma evolução do programa Triforma. Possui módulos que se integram ao projeto de arquitetura,
como: Bentley Structural, Building, Mechanical systems Electrical Systems, Facilities, Power
Civil (para planejamento do sítio) and Generative Components. São aplicativos baseados em
arquivos, salvando as alterações de forma que se utilizam pouco da memória do computador.
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Como ponto forte, a ferramenta BIM da Bentley oferece uma ampla gama de aplicativos que
abrangem, de forma genérica, todo o escopo da área da Arquitetura e Construção. Constitui-se
numa ferramenta indicada para grandes empreendimentos. Seus pontos fracos são a dificuldade
de utilização dos variados aplicativos, tornando difícil seu aprendizado. Ele também possui um
número limitado de biblioteca de objetos, se comparado com produtos similares. (EASTMAN et
al, 2008, p. 57 a 64).
ArchiCad: é a mais antiga ferramenta BIM do mercado hoje em dia. A Graphisoft começou a
comercializar o ArchiCad no início dos anos 80, e atualmente é ao único aplicativo BIM
disponível para o Apple Macintosh. Recentemente este software foi adquirido pela Nemetschek,
uma empresa alemã popular de CAD. O ArchiCad suporta diversas interfaces diretas com outros
softwares, como o Maxon, para modelagem de superfícies curvas, ArchiFM, que gerencia
infraestrutura, possuindo integração com o SketchUp. Possui uma interface intuitiva, que facilita
o aprendizado, sendo relativamente simples sua utilização. Possui grande diversidade de
bibliotecas de objetos. Seus pontos negativos são algumas limitações em sua capacidade
paramétrica, que não oferece suporte para algumas operações booleanas, ou seja, adição,
subtração e intersecção de sólidos. Por ser um aplicativo baseado no uso da memória do
computador, oferece restrições no escalonamento de grandes projetos. Aconselha-se a dividir
grandes projetos em módulos por questão, ou melhor, para facilitar o desempenho. (EASTMAN
et al, 2008, p. 57 a 64).
Digital Project: foi desenvolvida pela Gehry Technologies, representa uma customização para
edifícios do CATIA Dassault, a plataforma de modelagem paramétrica mais utilizada no mundo
nas indústrias aeroespacial e automotiva. A estrutura lógica do CATIA divide-se em módulos,
chamados de “Workbenches”. A customização feita pela Gehry Technologies trouxe uma série
de novas funcionalidades à base CATIA de gerenciamento de infraestrutura e projeto. A Digital
Project oferece poderosa capacidade de modelagem paramétrica, sendo este um dos seus pontos
mais fortes. Possui também a capacidade de modelagem direta de grandes complexos de
informação do edifício. Seus pontos fracos são a dificuldade de aprendizado de sua utilização,
além de possuir uma biblioteca de objetos bastante limitada. Ainda é uma ferramenta em
desenvolvimento, que aos poucos irá conquistando seu espaço no mercado e gerando o
desenvolvimento de novas bibliotecas de objetos por terceiros. (EASTMAN et al, 2008, p. 57 a
64).
Tekla Structures: plataforma desenvolvida pela Tekla Corp, companhia finlandesa fundada em
1966, com escritórios espalhados por todo o mundo. Possui divisões de Edifícios e Construção e
Infraestrutura e energia. Para atender à demanda dos fabricantes de concreto pré-fabricado,
representados pela “Precast Concrete Software Consortium”, a funcionalidade do software foi
estendida para suportar interfaces de fabricação digital para estruturas de concreto e fachadas de
edificações. Seus pontos fortes são principalmente sua grande versatilidade em modelar
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estruturas que incorporam todo tipo de materiais e detalhamentos das estruturas. Como fator
negativo, como toda ferramenta complexa, exige significativo tempo em treinamento para que o
usuário possa se utilizar de todas as funcionalidades do programa. (EASTMAN et al, 2008, p. 57
a 64).
DProfiler: desenvolvida pela Beck Technologies, localizada em Dallas, Texas. Baseia-se em
plataforma de modelagem paramétrica adquirida da “Parametric Technologies Corporation”
(PTC), em meados dos anos 90. DProfiler suporta definições muito rápidas de determinados
tipos de edifícios, gerenciando aspectos de custo e de tempo envolvidos no empreendimento. Foi
introduzida no mercado como uma ferramenta para estudos preliminares em edificações,
anteriores ao desenvolvimento dos projetos. A habilidade em gerar diferentes soluções ou
partidos de projeto é única entre todos os softwares citados nesta análise. Seus pontos negativos
devem-se ao fato do DProfiler não ser uma ferramenta de uso genérico para utilização do BIM,
mas apenas para estudos iniciais, não suportando o gerenciamento do BIM ao longo das fases de
projeto e de obra. (EASTMAN et al, 2008, p. 57 a 64).
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projetar e documentar projetos, visualizar a aparência com precisão para simplificar a comunicação e
simular o desempenho prático para facilitar a compreensão sobre os custos, a tabela e o meio-ambiente.
(AUTODESK, 2010)
O Revit utiliza três tipos de elementos em projetos: (Figura 14)
1. Elementos do modelo;
2. Elementos de dados;
3. Elementos específicos da vista.
Compatibilização de Projetos
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Segundo Ávila (2011, apud ONEDA, 2014, p. 25), a compatibilização de projetos caracteriza-se
como uma atividade de gerenciamento, integração e verificação de eventuais interferências nos projetos,
indicando e apresentando possíveis adequações necessárias para a ideal organização dos ajustes entre as
especialidades envolvidas, antecipando questões, reduzindo retrabalhos e conflitos e simplificando as
alterações, independente da etapa da qual o projeto situa-se.
A qualidade do projeto depende, principalmente, da compatibilização e integração validadas
entre os diversos projetos após realizada uma análise crítica ao longo do processo de elaboração do
projeto.
De acordo com Melhado (1994, apud MELO, 2012, p. 29), a compatibilização é definida pela
sobreposição de projetos de diferentes áreas, com finalidade a verificação de possíveis interposições.
Através desta análise, podem ser identificados os prováveis problemas para que possam
ser solucionados. Dessa forma, ainda que a compatibilização deva ocorrer quando os
projetos já estiverem concebidos, funcionam como uma “malha fina”, na qual possíveis
erros sejam detectados.
De acordo com os autores citados, podemos considerar que a compatibilização de projetos pode
ser caracterizada como coordenação técnica através da análise, correção e conferência das interferências
físicas entre os diferentes elementos que compõe os projetos de uma edificação.
MELO, 29
COELHO, 2008
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25