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Cristiano Albino
RESUMO
ABSTRACT
The development of new technologies and AEC design software has provided a major breakthrough
for the design industry by transporting previously handmade technical drawings to the computer.
CAD technology was the forerunner in this advance, bringing agility to project development. More
recently, BIM technology provides projects with a clear understanding of construction that results in
more assertive coordination of all project components. This research performed a project design
comparison using CAD technology and BIM. For the study was adopted a building that fits the
parameters My House My Life II and meets the master plan of the city of Blumenau. The information
was obtained from the project development in both systems, the first using CAD technology and the
second using the BIM platform.
It was possible to conclude from the results obtained that the accumulated production of all
architectural design processes makes BIM technology 35.78% faster than when using the traditional
CAD method.
1 INTRODUÇÃO
A partir da década de 1980 computação gráfica teve uma grande revolução com a chegada da
tecnologia CAD (Computer Aided Design, traduzido para o português, Projeto Auxiliado por
Computador). O desenho auxiliado por computador foi a grande inovação que a empresa Autodesk
trouxe a partir de 1982, antes dessa inovação os desenhos eram feitos a mão em papel vegetal sobre
pranchetas, também eram usados vários acessórios para criar os desenhos como: canetas de nanquim,
esquadros, régua “T”, bolômetros, curva francesa, aranhas (para desenvolver a escrita) e etc.
O sistema CAD possui foco no desenho de um produto, sendo ele para construção, obra, entre
outros, bem como na documentação da fase de projeto e no processo de engenharia, NUNES(2013).
Logo após sua criação houve uma grande evolução nos projetos, principalmente na agilidade
para criação e manipulação de desenhos técnicos, oferecendo ferramentas que trazem flexibilidade,
facilidade de modelagem, banco de dados e compartilhamento de projetos, além, do crescimento da
qualidade, produtividade dos desenhos e na redução de tempo e custos.
Diferente do conceito BIM, o sistema CAD cria geometrias básicas, por meio de elementos
(linhas, pontos, textos, etc.) onde são inseridos em um espaço virtual através de vetores de
coordenadas com precisão matemática. Inicialmente com objetos 2D (duas dimensões) sem
informações unificadas e reais.
Pode-se concluir que a forma de projetar em sistemas CAD não pode ser considerada uma
mudança de paradigma, visto que apenas as ferramentas de desenho foram transferidas para o
computador, diminuindo erros, tempo de dedicação e proporcionando maior facilidade para a
aplicação de alterações necessárias, ou seja a modelagem ficou mais eficiente, mas o resultado final
manteve-se para fim de representação.
Já o conceito BIM prevê a construção em ambiente virtual 3D de objetos característicos e não
da sua representação. Se utilizarmos o objeto porta como exemplo, teremos nos softwares CAD a
representação geométrica do objeto em ambiente 2D e/ou 3D. Por este conceito o projeto não mais
apresenta linhas e textos para representar elementos e sim os próprios objetos que compõem a obra.
Dessa forma, o BIM provê toda informação necessária aos desenhos, à expressão gráfica, à análise
construtiva, à quantificação de trabalhos e tempos de execução, desde a fase inicial do projeto, até a
conclusão da obra e promove também a multidisciplinaridade e a integração das informações.
Vale ressaltar que o BIM é uma tecnologia e não um software, pois não compõe um ciclo
operacional. BIM é um conceito fundamentado em sistemas informatizados, que são os sistemas
CAD. O mercado de softwares BIM vem oferecendo, cada vez mais, opções de plataformas que são
capazes de aperfeiçoar processos, como: a modelagem e comunicação colaborativa entre os agentes
da construção.
A modelagem BIM pode conter os dados sobre a obra, operação, ciclo de vida, processos
construtivos, instalações entre outras informações. Proporciona um trabalho com maior precisão de
desempenho, identificação rápida de incompatibilização do projeto arquitetônico com os projetos
complementares, qualidade e quantidade de materiais, desperdício e retrabalhos. Lembrando que é
um processo integrado para todo objeto de informação, as alterações feitas em um documento se
propagam automaticamente para os demais documentos que estão envoltos ao mesmo projeto,
havendo maior agilidade nas modificações.
Segundo REZENDE 2008, os sistemas que utilizam a tecnologia BIM possibilitam uma melhoria
na análise dos dados e no processo de tomada de decisão, porque os envolvidos no projeto trabalham
de forma integrada e simultânea. Destacam ainda que as informações são armazenadas para abranger
todo o ciclo de vida do projeto, ou seja, concepção, operação, manutenção e gerenciamento.
Dessa forma, contribui para a redução de custos e melhoria da qualidade. Esse modelo é utilizado
para a tomada de decisões de projeto, documentos específicos a respeito da construção, previsão,
estimativa de custos, planejamento da construção e, eventualmente, gerenciamento e operação do
empreendimento após finalização da obra (MARIA, 2008).
2 DA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Fundamentação teórica foi adotada para compor e desenvolver uma compreensão em relação ao
tema. Com objetivo de analisar e comparar tecnologia CAD com a tecnologia BIM na construção
civil.
Building Information Model ou Building Information Modelling (BIM) que traduzido para o
português significa “Modelo de Informação da Construção” não se trata de um software específico,
e sim de um conceito de virtualização, modelagem e gerenciamento das atividades inerentes ao
projeto/construção de obras de engenharia. Segundo Marinho (2014) o BIM é um processo evolutivo,
um método de trabalho que consiste na execução de um modelo paramétrico que reúne geometria,
relações espaciais, informações geográficas, quantidades e propriedades construtivas de cada
especialidade interveniente, permitindo integrar as diversas especialidades num único modelo,
utilizado para demonstrar todo o ciclo de vida do edifício, incluindo processos construtivos e fases
de instalação.
Em outras palavras, Building Information Models são o conjunto de modelos compartilhados,
digitais, tridimensionais e semanticamente ricos, que formam a espinha dorsal do processo do
Building Information Modeling.
“o sistema BDS foi iniciado para mostrar que uma descrição baseada em computador de um
edifício poderia replicar ou melhorar todos os pontos fortes de desenhos como um meio para
a elaboração de projeto, construção e operação, bem como eliminar a maioria de suas
fraquezas.”.
O conceito criado por Estaman abriu as portas para um novo pacto no que diz respeito aos
projetos de construção e traz consigo a possibilidade da passagem dos projetos e documentos
elaborados em papel, para a utilização de sistemas computacionais (softwares), visando facilitar os
projetos e desenhos técnicos associados, os chamados CAD (Computer Aided Design).
Seguindo a mesma linha de pensamento de Eastman, G.A. van Nederveen e F.P. Tolman
publicam, em 1992, um artigo descrevendo as múltiplas visões de modelagem da construção e a ideia
de que a modelagem de informações é útil para estabelecer a estrutura de um modelo de construção,
baseado nos diversos pontos de vista dos diferentes membros doprojeto. Seria a primeira utilização
do termo Modelling Building Information, que surgiu espaço para o Building Information Modeling
(BIM) e a apresentação de uma nova mudança de paradigmas: do tratamento independente de cada
aspecto/informação do projeto (dado por cada agente envolvido), ao tratamento integrado dos
aspectos/informações na construção. Segundo Penttilä (2006):
“Building Information Modeling (BIM) é uma metodologia para gerenciar a base do projeto
de construção e os dados do projeto em formato digital ao longo do ciclo de vida, da
construção”.
A construção civil é um dos setores que menos adota sistemas inovadores. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na média, o percentual de inovação da indústria do
Brasil é de 35,7%. Mas na construção esse número limita-se a 29,6%.
Ainda que seja uma grande indústria – representa 8% do PIB nacional – é considerada
ineficiente quando o assunto é a incorporação de tecnologia para aumentar a produtividade.
Mesmo assim, existem pontos positivos a se levar em conta. A construção civil investe, por
ano, R$ 212 bilhões em novas contratações e compras. Ou seja, isso quer dizer que o setor tem
evoluído em seus investimentos e em tecnologia.
O mercado da arquitetura, engenharia e construção (AEC) necessita de tecnologias para
minimizar erros, antecipar decisões, agilizar o processo de elaboração e ajustes de projetos,
quantificar e fornecer informações do projeto/modelo, entre muitos outros parâmetros e variáveis.
Em vista disso o BIM surge como uma construção digital, um processo integrado que permite que
um conjunto de informações sejam geradas e mantidas durante todo o ciclo de vida do edifício.
O uso do BIM está a ser impulsionado pelos proprietários privados e governamentais que o
querem institucionalizar na entrega dos seus projetos. Os Estados Unidos da América, Reino Unido
e outros países já adotaram o BIM para demonstrar como se pode obter qualidade e redução de custo
na execução do projeto e construção. Como resultado a adoção do BIM na América do Norte entre
2007 e 2012 teve um aumento de 28% para 71% e a utilização do BIM pelos empreiteiros (74%) já
ultrapassou os arquitetos (70%), demonstrando cada vez mais bons resultados na utilização do BIM
(SmartMarket Report 2014).
De acordo com o relatório da SmartMarket, publicado pela McGraw Hill Construction, figura
2, um relatório internacional sobre o uso do BIM, nas nove maiores indústrias da construção no
mundo três quartos das construtoras responderam positivamente sobre o investimento feito em BIM.
Os construtores identificam uma varios benefícios importantes relacionados com a utilização do BIM.
Verifica-se que o maior benefício é a redução de erros e omissões existentes em projeto e a redução
do trabalho repetitivo, tendo um impacto importante para uma análise do retorno sobre o investimento
(ROI) do BIM. Também a colaboração entre os membros da equipa, melhor controlo de custos,
redução do tempo de obra, fluxos de trabalho e aprovações são também reconhecidos como benefícios
importantes para os empreiteiros com a utilização do BIM. O marketing para novos negócios e a
imagem da empresa representa um benefício nestes três anos de utilização do BIM que os
empreiteiros consideram importantes (SmartMarket Report 2014).
Segundo Ayres e Scheer (2007), os arquivos CAD são constituídos por informações geométricas
básicas e genéricas, que competem ao projetista interpretar e atribuir significado às linhas e demais
elementos. Na documentação BIM há relevância e consistência nas informações de determinada
edificação, ao passo que se trata de um modelo virtual do empreendimento.
Ainda que a relevante evolução oriunda do emprego do CAD, a forma de projetar e construir
não apresentou mudanças significativas. Ao passo que apenas as ferramentas de desenho foram
transferidas para o computador, diminuindo erros, tempo para o desenvolvimento e proporcionando
maior facilidade de trabalho. Em suma, o processo ficou mais fácil e ágil, contudo o resultado final
se manteve para fins representativos, somente.
As ferramentas mais utilizadas pelos projetistas consistem em sistemas CAD, decorrente do
desenvolvimento de softwares que atuam nesse sistema. Todavia o processo BIM vem ganhando
espaço de forma rápida e ampla (Czmoch e Pękala, 2014).
Conforme evidencia Hilgenberg et al. (2012), ao contrário dos programas baseados no sistema
CAD, onde as alterações de projeto devem ser corrigidas manualmente, os softwares BIM permitem
alterações dinâmicas no modelo. A visualização das informações pode ocorrer através de elementos
tridimensionais com modificações automáticas e interativas em qualquer vista. Nesse âmbito, as
informações são armazenadas em arquivos sincronizados entre si e o gerenciamento é realizado
através de uma ferramenta computacional e não através de usuários.
Em relação a interoperabilidade computacional, os diferentes softwares CAD propiciam
facilidades na transferência de arquivos. Enquanto isso, os softwares BIM possuem restrições de
acessibilidade e compatibilidade, apesar da crescente busca pela ampliação do uso do sistema e
compartilhamento completo das informações (Pretti et al., 2016).
Entretanto, apesar das vantagens e potencial, a implementação da Modelagem da Informação
da Construção envolve uma variedade de barreiras e processos organizacionais que tendem a
influenciar a resistência em usar o BIM, baseado em questões técnicas ou econômicas (Cao et al.,
2016).
Para Crespo e Ruschel (2007), o principal obstáculo se refere à complexidade dos programas
BIM, quando comparado com o sistema CAD. Ao passo que apresenta uma diversidade de parâmetros
e exige conhecimento específico, o aprendizado se torna um tanto moroso. Outro empecilho é a não
cooperação das informações para formatos mais usuais, como o .dwg, por exemplo. Os softwares
BIM, em sua generalidade, trabalham com a extensão .ifc, um formato particular de documentação
(Eastmanet al., 2014).
2.6 NORMATIZAÇÃO
De acordo com Leão (2013), a Associação Brasileira de Normas Técnicas instalou em 2010 a
Comissão de Estudo Especial – ABNT/CEE 134: Modelagem da Informação da Construção (BIM).
Contudo, a normatização da metodologia BIM ainda está em desenvolvimento no Brasil. O
conteúdo total da ABNT NBR 15965, com título Sistema de Classificação da Informação da
Construção, foi planejado para ser desenvolvido e publicado em sete partes:
Parte 1: Terminologia e estrutura;
Parte 2: Características dos objetos da construção;
Parte 3: Processos da construção;
Parte 4: Recursos da construção;
Parte 5: Resultados da construção;
Parte 6: Unidades da construção;
Parte 7: Informação da construção.
A ABNT tornou válida em 01 de Janeiro de 2016 a sétima parte da normatização, estabelecida
no conteúdo ABNT NBR 15965-7:2015. As partes 1, 2 e 3 também já foram publicadas e
correspondem, respectivamente, aos códigos ABNT NBR 1595-1:2011, ABNT NBR 15965-2:2012
e ABNT NBR 15965-3:2014.
3 METODOLOGIA
A fim de ampliar e melhor visualizar as possíveis vantagens do BIM no que diz respeito,
principalmente a questão de detalhamentos, foi projetado a edificação nos dois sistemas, onde será
possível a observar o tempo de elaboração dos mesmos. A Figura 4 apresenta as etapas básicas do
estudo.
a)
b)
3.2 HARWARE
Os projetos foram desenvolvidos em plataformas comumente empregadas nos dois sistemas: sistema
tradicional utilizando totalmente o (CAD – AutoCAD2014) e o outro fazendo o uso da Modelagem
da informação da construção (BIM – REVIT 2020). Os sistemas utilizados foram escolhidos por se
tratar dos mais difundidos no mercado, e também ambos são desenvolvidos pela Autodesk. A
quantificação do material da edificação foram realizados em BIM a partir de tabelas geradas
automaticamente pela ferramenta REVIT, enquanto que CAD com auxilio da planilha eletrônica
Microsoft Excel, que também foi utilizada para geração de resultados obtidos e apresentados nesta
pesquisa.
3.4 OPERADOR
Para elaboração da pesquisa foi utilizado dois operadores, ambos com conhecimento e habilidades
nos software que operam. Sendo um com vasto conhecimento e experiência no CAD e outro no
sistema BIM.
Iniciando com a tecnologia CAD, o projeto foi desenvolvido através do AutoCAD utilizando o modo
2D.
No conceito BIM, a ferramenta Revit foi utilizada de maneira análoga ao descrito no parágrafo
anterior. No entanto, consistindo em uma elaboração dos processos de forma integrada e
automatizada.
4 ANÁLISE DE RESULTADO
Por fim, com o emprego do BIM foi possível obter o projeto completo da mesma edificação
com um tempo 35,78% menor que quando empregado somente ferramentas CAD.
Atividades
9,6
Arquitetônico
14,95
0 2 4 6 8 10 12 14 16
BIM CAD
A seguir são apresentadas as análises individuais por elementos que compõem o projeto
arquitetônico.
a)
Após a construção da planta baixa a perspectiva 3D da edificação já se encontra integrada e
parametrizada.
Figura 8 – Definição dos cortes em planta baixa pavimento térreo no BIM (REVIT).
Figura 9 – Definição dos cortes em planta baixa pavimento superior no BIM (REVIT).
A partir da definição dos cortes em planta baixa no REVIT é possível gerar automaticamente a
representação do mesmo.
AYRES FILHO, C.; Scheer, S. Diferentes abordagens do uso do CAD no processo de projeto
arquitetônico. In: Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projetos na Construção de
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Markets: How contractors around the World are driving innovation with building information
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