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ANÁLISE COMPARATIVA DA TECNOLOGIA CAD COM A TECNOLOGIA BIM

QUANDO APLICADOS A FASE DE PROJETOS DE UM EDIFICIO RESIDENCIAL

Cristiano Albino

RESUMO

O desenvolvimento de novas tecnologias se softwares de projetos AEC proporcionou um grande


avanço para indústria de projetos, ao transportar para o computador desenhos técnicos que antes eram
feitos a mão. A tecnologia CAD foi a percursora nesse avanço, trazendo agilidade para o
desenvolvimento dos projetos. Em um âmbito mais recente, a tecnologia BIM traz para os projetos
uma clareza de compreensão sobre a construção, que resulta em uma coordenação mais assertiva de
todos os componentes do projeto. A presente pesquisa realizou um comparativo de tempo de
elaboração de projeto utilizando a tecnologia CAD e o BIM. Para o estudo foi adotado uma edificação
que se enquadre nos parâmetros Minha Casa Minha Vida II e atenda o plano diretor da cidade de
Blumenau. As informações foram obtidas a partir do desenvolvimento do projeto nos dois sistemas,
o primeiro fazendo o uso da tecnologia CAD e o segundo empregando a plataforma BIM.
Foi possível concluir a partir dos resultados obtidos que a produção acumulada de todos os processos
do projeto arquitetônico torna a tecnologia BIM 35,78% mais rápida que quando empregado o método
CAD tradicional.

Palavras-chave: CAD, BIM e Projetos.

ABSTRACT

The development of new technologies and AEC design software has provided a major breakthrough
for the design industry by transporting previously handmade technical drawings to the computer.
CAD technology was the forerunner in this advance, bringing agility to project development. More
recently, BIM technology provides projects with a clear understanding of construction that results in
more assertive coordination of all project components. This research performed a project design
comparison using CAD technology and BIM. For the study was adopted a building that fits the
parameters My House My Life II and meets the master plan of the city of Blumenau. The information
was obtained from the project development in both systems, the first using CAD technology and the
second using the BIM platform.
It was possible to conclude from the results obtained that the accumulated production of all
architectural design processes makes BIM technology 35.78% faster than when using the traditional
CAD method.

Keywords: CAD, BIM and Projects.

1 INTRODUÇÃO

A partir da década de 1980 computação gráfica teve uma grande revolução com a chegada da
tecnologia CAD (Computer Aided Design, traduzido para o português, Projeto Auxiliado por
Computador). O desenho auxiliado por computador foi a grande inovação que a empresa Autodesk
trouxe a partir de 1982, antes dessa inovação os desenhos eram feitos a mão em papel vegetal sobre
pranchetas, também eram usados vários acessórios para criar os desenhos como: canetas de nanquim,
esquadros, régua “T”, bolômetros, curva francesa, aranhas (para desenvolver a escrita) e etc.
O sistema CAD possui foco no desenho de um produto, sendo ele para construção, obra, entre
outros, bem como na documentação da fase de projeto e no processo de engenharia, NUNES(2013).
Logo após sua criação houve uma grande evolução nos projetos, principalmente na agilidade
para criação e manipulação de desenhos técnicos, oferecendo ferramentas que trazem flexibilidade,
facilidade de modelagem, banco de dados e compartilhamento de projetos, além, do crescimento da
qualidade, produtividade dos desenhos e na redução de tempo e custos.
Diferente do conceito BIM, o sistema CAD cria geometrias básicas, por meio de elementos
(linhas, pontos, textos, etc.) onde são inseridos em um espaço virtual através de vetores de
coordenadas com precisão matemática. Inicialmente com objetos 2D (duas dimensões) sem
informações unificadas e reais.
Pode-se concluir que a forma de projetar em sistemas CAD não pode ser considerada uma
mudança de paradigma, visto que apenas as ferramentas de desenho foram transferidas para o
computador, diminuindo erros, tempo de dedicação e proporcionando maior facilidade para a
aplicação de alterações necessárias, ou seja a modelagem ficou mais eficiente, mas o resultado final
manteve-se para fim de representação.
Já o conceito BIM prevê a construção em ambiente virtual 3D de objetos característicos e não
da sua representação. Se utilizarmos o objeto porta como exemplo, teremos nos softwares CAD a
representação geométrica do objeto em ambiente 2D e/ou 3D. Por este conceito o projeto não mais
apresenta linhas e textos para representar elementos e sim os próprios objetos que compõem a obra.
Dessa forma, o BIM provê toda informação necessária aos desenhos, à expressão gráfica, à análise
construtiva, à quantificação de trabalhos e tempos de execução, desde a fase inicial do projeto, até a
conclusão da obra e promove também a multidisciplinaridade e a integração das informações.
Vale ressaltar que o BIM é uma tecnologia e não um software, pois não compõe um ciclo
operacional. BIM é um conceito fundamentado em sistemas informatizados, que são os sistemas
CAD. O mercado de softwares BIM vem oferecendo, cada vez mais, opções de plataformas que são
capazes de aperfeiçoar processos, como: a modelagem e comunicação colaborativa entre os agentes
da construção.
A modelagem BIM pode conter os dados sobre a obra, operação, ciclo de vida, processos
construtivos, instalações entre outras informações. Proporciona um trabalho com maior precisão de
desempenho, identificação rápida de incompatibilização do projeto arquitetônico com os projetos
complementares, qualidade e quantidade de materiais, desperdício e retrabalhos. Lembrando que é
um processo integrado para todo objeto de informação, as alterações feitas em um documento se
propagam automaticamente para os demais documentos que estão envoltos ao mesmo projeto,
havendo maior agilidade nas modificações.
Segundo REZENDE 2008, os sistemas que utilizam a tecnologia BIM possibilitam uma melhoria
na análise dos dados e no processo de tomada de decisão, porque os envolvidos no projeto trabalham
de forma integrada e simultânea. Destacam ainda que as informações são armazenadas para abranger
todo o ciclo de vida do projeto, ou seja, concepção, operação, manutenção e gerenciamento.
Dessa forma, contribui para a redução de custos e melhoria da qualidade. Esse modelo é utilizado
para a tomada de decisões de projeto, documentos específicos a respeito da construção, previsão,
estimativa de custos, planejamento da construção e, eventualmente, gerenciamento e operação do
empreendimento após finalização da obra (MARIA, 2008).

2 DA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Fundamentação teórica foi adotada para compor e desenvolver uma compreensão em relação ao
tema. Com objetivo de analisar e comparar tecnologia CAD com a tecnologia BIM na construção
civil.

2.1 DEFINIÇÃO BIM

Building Information Model ou Building Information Modelling (BIM) que traduzido para o
português significa “Modelo de Informação da Construção” não se trata de um software específico,
e sim de um conceito de virtualização, modelagem e gerenciamento das atividades inerentes ao
projeto/construção de obras de engenharia. Segundo Marinho (2014) o BIM é um processo evolutivo,
um método de trabalho que consiste na execução de um modelo paramétrico que reúne geometria,
relações espaciais, informações geográficas, quantidades e propriedades construtivas de cada
especialidade interveniente, permitindo integrar as diversas especialidades num único modelo,
utilizado para demonstrar todo o ciclo de vida do edifício, incluindo processos construtivos e fases
de instalação.
Em outras palavras, Building Information Models são o conjunto de modelos compartilhados,
digitais, tridimensionais e semanticamente ricos, que formam a espinha dorsal do processo do
Building Information Modeling.

Figura 1 - Todo o escopo BIM

Fonte: Hoch, 2015.

De acordo com a Autodesk (s.d.) o BIM é a "chave para o sucesso de todos os


empreendimentos, é o entendimento preciso e claro entre arquitetos, engenheiros, profissionais de
construção, administradores das instalações e proprietários", é um processo integrado que amplia a
compreensão do empreendimento e viabiliza a visibilidade dos resultados, permitindo que todos os
membros da equipa permaneçam coordenados, melhorem a precisão, diminuam o desperdício e
tomem decisões fundamentadas nas etapas iniciais do processo, promovendo o sucesso do
empreendimento.
2.2 ORIGEM DA TECNOLOGIA

O professor Charles M. Eastman no ano de 1974 do Instituto de Tecnologia da Georgia,


juntamente com sua equipe de estudiosos, criaram o conceito BDS (Building Description System –
Sistema de Descrição da Construção), segundo Eastman et al. (1974):

“o sistema BDS foi iniciado para mostrar que uma descrição baseada em computador de um
edifício poderia replicar ou melhorar todos os pontos fortes de desenhos como um meio para
a elaboração de projeto, construção e operação, bem como eliminar a maioria de suas
fraquezas.”.

O conceito criado por Estaman abriu as portas para um novo pacto no que diz respeito aos
projetos de construção e traz consigo a possibilidade da passagem dos projetos e documentos
elaborados em papel, para a utilização de sistemas computacionais (softwares), visando facilitar os
projetos e desenhos técnicos associados, os chamados CAD (Computer Aided Design).
Seguindo a mesma linha de pensamento de Eastman, G.A. van Nederveen e F.P. Tolman
publicam, em 1992, um artigo descrevendo as múltiplas visões de modelagem da construção e a ideia
de que a modelagem de informações é útil para estabelecer a estrutura de um modelo de construção,
baseado nos diversos pontos de vista dos diferentes membros doprojeto. Seria a primeira utilização
do termo Modelling Building Information, que surgiu espaço para o Building Information Modeling
(BIM) e a apresentação de uma nova mudança de paradigmas: do tratamento independente de cada
aspecto/informação do projeto (dado por cada agente envolvido), ao tratamento integrado dos
aspectos/informações na construção. Segundo Penttilä (2006):

“Building Information Modeling (BIM) é uma metodologia para gerenciar a base do projeto
de construção e os dados do projeto em formato digital ao longo do ciclo de vida, da
construção”.

Iniciava-se então, a transcrição dos projetos e documentos elaborados em CAD e ainda em


papel, para a utilização de uma plataforma com banco de dados integrado. Esta mudança de padrão
dá-se porque através do BIM podemos colocar todas as informações utilizadas em papel em um
ambiente virtual, o que permite um nível maior de eficiência, e uma estreita comunicação e
colaboração entre os agentes envolvidos, comparado com os processos tradicionais utilizados.

2.3 BIM NA COSTRUÇÃO CIVIL

A construção civil é um dos setores que menos adota sistemas inovadores. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na média, o percentual de inovação da indústria do
Brasil é de 35,7%. Mas na construção esse número limita-se a 29,6%.
Ainda que seja uma grande indústria – representa 8% do PIB nacional – é considerada
ineficiente quando o assunto é a incorporação de tecnologia para aumentar a produtividade.
Mesmo assim, existem pontos positivos a se levar em conta. A construção civil investe, por
ano, R$ 212 bilhões em novas contratações e compras. Ou seja, isso quer dizer que o setor tem
evoluído em seus investimentos e em tecnologia.
O mercado da arquitetura, engenharia e construção (AEC) necessita de tecnologias para
minimizar erros, antecipar decisões, agilizar o processo de elaboração e ajustes de projetos,
quantificar e fornecer informações do projeto/modelo, entre muitos outros parâmetros e variáveis.
Em vista disso o BIM surge como uma construção digital, um processo integrado que permite que
um conjunto de informações sejam geradas e mantidas durante todo o ciclo de vida do edifício.
O uso do BIM está a ser impulsionado pelos proprietários privados e governamentais que o
querem institucionalizar na entrega dos seus projetos. Os Estados Unidos da América, Reino Unido
e outros países já adotaram o BIM para demonstrar como se pode obter qualidade e redução de custo
na execução do projeto e construção. Como resultado a adoção do BIM na América do Norte entre
2007 e 2012 teve um aumento de 28% para 71% e a utilização do BIM pelos empreiteiros (74%) já
ultrapassou os arquitetos (70%), demonstrando cada vez mais bons resultados na utilização do BIM
(SmartMarket Report 2014).
De acordo com o relatório da SmartMarket, publicado pela McGraw Hill Construction, figura
2, um relatório internacional sobre o uso do BIM, nas nove maiores indústrias da construção no
mundo três quartos das construtoras responderam positivamente sobre o investimento feito em BIM.
Os construtores identificam uma varios benefícios importantes relacionados com a utilização do BIM.
Verifica-se que o maior benefício é a redução de erros e omissões existentes em projeto e a redução
do trabalho repetitivo, tendo um impacto importante para uma análise do retorno sobre o investimento
(ROI) do BIM. Também a colaboração entre os membros da equipa, melhor controlo de custos,
redução do tempo de obra, fluxos de trabalho e aprovações são também reconhecidos como benefícios
importantes para os empreiteiros com a utilização do BIM. O marketing para novos negócios e a
imagem da empresa representa um benefício nestes três anos de utilização do BIM que os
empreiteiros consideram importantes (SmartMarket Report 2014).

Figura 2 - Beneficio do BIM para os Empreiteiros entre os três primeiros anos

Fonte: McGraw Hill Construction, 2013.


2.4 INTEROPERABILIDADE

Interoperabilidade é uma característica de um produto ou sistema, cujas interfaces são


completamente compreendidas, para trabalhar com outros produtos ou sistemas, presentes ou futuros,
na implementação ou no acesso, sem quaisquer restrições.
Todos os projetos carecem de enorme responsabilidade pelo que após a criação do modelo
BIM-Arquitetura é necessário partilhar toda essa informação para as diferentes especialidades,
garantindo que a sua modelação é preservada.
O processo de projeto envolve muitas fases e diferentes participantes que necessitam de trocas
de informações ao longo do clico de vida do projeto. Cada atividade e especialidade utilizam tipos
diferenciados de aplicativos computacionais. Estas precisariam ser inter operáveis. A
interoperabilidade é a capacidade de identificar os dados necessários para serem passados entre
aplicativos (EASTMAN et al., 2008). Com a interoperabilidade se elimina a necessidade de réplica
de dados de entrada que já tenham sido gerados e facilita, de forma automatizada e sem obstáculos,
o fluxo de trabalho entre diferentes aplicativos, durante o processo de projeto.
Para a passagem de dados se recorre ao uso de arquivos baseados em formatos de trocas de
dados. As trocas de dados entre dois aplicativos BIM são efetuadas basicamente de quatro diferentes
maneiras: ligação direta; formato de arquivo de troca proprietário; formatos de trocas de dados de
domínio público; formatos de troca de dados baseados em eXtensible Markup Language (XML)
(EASTMAN et al., 2008).

Figura 3 - BIM e interoperabilidade

Fonte: Biblus, 2017.


2.5 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O SISTEMA CAD E O CONCEITO BIM

Segundo Ayres e Scheer (2007), os arquivos CAD são constituídos por informações geométricas
básicas e genéricas, que competem ao projetista interpretar e atribuir significado às linhas e demais
elementos. Na documentação BIM há relevância e consistência nas informações de determinada
edificação, ao passo que se trata de um modelo virtual do empreendimento.
Ainda que a relevante evolução oriunda do emprego do CAD, a forma de projetar e construir
não apresentou mudanças significativas. Ao passo que apenas as ferramentas de desenho foram
transferidas para o computador, diminuindo erros, tempo para o desenvolvimento e proporcionando
maior facilidade de trabalho. Em suma, o processo ficou mais fácil e ágil, contudo o resultado final
se manteve para fins representativos, somente.
As ferramentas mais utilizadas pelos projetistas consistem em sistemas CAD, decorrente do
desenvolvimento de softwares que atuam nesse sistema. Todavia o processo BIM vem ganhando
espaço de forma rápida e ampla (Czmoch e Pękala, 2014).
Conforme evidencia Hilgenberg et al. (2012), ao contrário dos programas baseados no sistema
CAD, onde as alterações de projeto devem ser corrigidas manualmente, os softwares BIM permitem
alterações dinâmicas no modelo. A visualização das informações pode ocorrer através de elementos
tridimensionais com modificações automáticas e interativas em qualquer vista. Nesse âmbito, as
informações são armazenadas em arquivos sincronizados entre si e o gerenciamento é realizado
através de uma ferramenta computacional e não através de usuários.
Em relação a interoperabilidade computacional, os diferentes softwares CAD propiciam
facilidades na transferência de arquivos. Enquanto isso, os softwares BIM possuem restrições de
acessibilidade e compatibilidade, apesar da crescente busca pela ampliação do uso do sistema e
compartilhamento completo das informações (Pretti et al., 2016).
Entretanto, apesar das vantagens e potencial, a implementação da Modelagem da Informação
da Construção envolve uma variedade de barreiras e processos organizacionais que tendem a
influenciar a resistência em usar o BIM, baseado em questões técnicas ou econômicas (Cao et al.,
2016).
Para Crespo e Ruschel (2007), o principal obstáculo se refere à complexidade dos programas
BIM, quando comparado com o sistema CAD. Ao passo que apresenta uma diversidade de parâmetros
e exige conhecimento específico, o aprendizado se torna um tanto moroso. Outro empecilho é a não
cooperação das informações para formatos mais usuais, como o .dwg, por exemplo. Os softwares
BIM, em sua generalidade, trabalham com a extensão .ifc, um formato particular de documentação
(Eastmanet al., 2014).

2.6 NORMATIZAÇÃO

De acordo com Leão (2013), a Associação Brasileira de Normas Técnicas instalou em 2010 a
Comissão de Estudo Especial – ABNT/CEE 134: Modelagem da Informação da Construção (BIM).
Contudo, a normatização da metodologia BIM ainda está em desenvolvimento no Brasil. O
conteúdo total da ABNT NBR 15965, com título Sistema de Classificação da Informação da
Construção, foi planejado para ser desenvolvido e publicado em sete partes:
Parte 1: Terminologia e estrutura;
Parte 2: Características dos objetos da construção;
Parte 3: Processos da construção;
Parte 4: Recursos da construção;
Parte 5: Resultados da construção;
Parte 6: Unidades da construção;
Parte 7: Informação da construção.
A ABNT tornou válida em 01 de Janeiro de 2016 a sétima parte da normatização, estabelecida
no conteúdo ABNT NBR 15965-7:2015. As partes 1, 2 e 3 também já foram publicadas e
correspondem, respectivamente, aos códigos ABNT NBR 1595-1:2011, ABNT NBR 15965-2:2012
e ABNT NBR 15965-3:2014.

3 METODOLOGIA

A metodologia expõe os procedimentos adotados neste estudo para comparação entre a


tecnologia CAD e BIM. O objetivo é apresentar as características de cada sistema e comparar o prazo
e rendimento horário para elaboração do projeto arquitetônico.
Como referência e objeto de estudo adotou-se uma edificação multifamiliar (quatro sobrados
geminado) contendo padrões mínimos para financiamento do programa Minha Casa Minha Vida II,
pré estabelecidos pela Caixa Econômica Federal.

A fim de ampliar e melhor visualizar as possíveis vantagens do BIM no que diz respeito,
principalmente a questão de detalhamentos, foi projetado a edificação nos dois sistemas, onde será
possível a observar o tempo de elaboração dos mesmos. A Figura 4 apresenta as etapas básicas do
estudo.

Figura 4 – Esquematização da metodologia de pesquisa.

DEFINIÇÃO DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO VISTAS


OBJETO DE PROJETOS/PROCESSOS PROJETOS/PROCESSOS MÉTODO
ESTUDO MÉTODO TRADICIONAL BIM TRADICIONAL

DIFERENÇAS/ MEDIÇÃO DE TEMPO

VISTAS CORTES CORTES


MÉTODO MÉTODO MÉTODO ANÁLISE DOS RESULTADOS
BIM TRADICIONAL BIM

3.1 OBJETO DE ESTUDO

O projeto concebido partiu da construtora G & A Incorporações de Empreendimentos Imobiliários


LTDA, da qual os projetos são padronizados com base no plano diretor da cidade de Blumenau/SC e
planejados para o programa Minha Casa Minha Vida, a fim de criar um parâmetro de referência.
A edificação planejada para atender os requisitos mínimos do programa MCMV apresentam
as seguintes características:

O empreendimento será constituído por 04 (quatro) unidades residenciais unifamiliar,


formados por 02 (dois) pavimentos horizontais, com a fachada principal voltada para a Rua Anastácio
Raymundo da Silva. Possui 04 (quatro) sobrados. Totalizando uma área de 369,86m². É constituído
por 2 pavimentos, a saber:
No pavimento térreo estão localizados para cada uma das unidades: sala de estar, lavabo,
copa/cozinha, área de serviço, abrigo de gás, fossa e filtro, área permeável, depósito de resíduos,
escada de acesso ao pavimento superior, área descoberta frontal, área descoberta posterior, hall de
entrada. Totalizando uma área de 171,36m².
No pavimento superior estão localizados para cada uma das unidades: 2 (dois) quartos,
banheiro, circulação e varanda. Totalizando uma área de 169,50m².
Também possui um reservatório composto pela caixa d’água, com área total de 29,00m². Na Figura
5.a é apresentada a planta esquemática do pavimento térreo e na Figura 2.b está representado a planta
esquemática do pavimento superior.

Figura 5 – Plantas Esquemáticas.

a)
b)

3.2 HARWARE

A pesquisa foi desenvolvida em uma máquina com as seguintes especificações:


Processador: AMD Ryzen 5 3600 Hexa-Core 3.6GHz
Sistema operacional: Windows 10;
Tipo de sistema: 64 bits;
Memória instalada (RAM): 16GB (2x8);
Memória de vídeo (placa gráfica): ASUS Dual GeForce RTX 2060 SUPER EVO 8GB
3.3 SOFTWARE

Os projetos foram desenvolvidos em plataformas comumente empregadas nos dois sistemas: sistema
tradicional utilizando totalmente o (CAD – AutoCAD2014) e o outro fazendo o uso da Modelagem
da informação da construção (BIM – REVIT 2020). Os sistemas utilizados foram escolhidos por se
tratar dos mais difundidos no mercado, e também ambos são desenvolvidos pela Autodesk. A
quantificação do material da edificação foram realizados em BIM a partir de tabelas geradas
automaticamente pela ferramenta REVIT, enquanto que CAD com auxilio da planilha eletrônica
Microsoft Excel, que também foi utilizada para geração de resultados obtidos e apresentados nesta
pesquisa.

3.4 OPERADOR

Para elaboração da pesquisa foi utilizado dois operadores, ambos com conhecimento e habilidades
nos software que operam. Sendo um com vasto conhecimento e experiência no CAD e outro no
sistema BIM.

3.5 DESENVOLVIMENTO DOS PROJETOS

3.5.1 Projeto Arquitetônico

Iniciando com a tecnologia CAD, o projeto foi desenvolvido através do AutoCAD utilizando o modo
2D.
No conceito BIM, a ferramenta Revit foi utilizada de maneira análoga ao descrito no parágrafo
anterior. No entanto, consistindo em uma elaboração dos processos de forma integrada e
automatizada.

3.5.2 Avaliação Comparativa

A análise inicial foi elaborada a partir do comparativo horário de desenvolvimento de atividades e


processos que envolvem a representação do anteprojeto e layout, elevações tridimensionais, projeto
legal/executivo (Situação, plantas baixas, planta de cobertura, dois cortes e uma elevação), definições
e inserção de dados dos materiais.
Também foram comparado a qualidade da representação gráfica do projeto a partir dos dois
métodos estudados. Foram considerados aspectos de inserção de dados de materiais, qualidade de
detalhamento e visualização instantânea da modelagem integrada.
O prazo demandado para o desenvolvimento das tarefas foi documentado em anotações
manuais e em planilha eletrônica (em horas). A partir da documentação foram desenvolvidos gráficos
e tabelas com informações comparativas sintetizadas.

4 ANÁLISE DE RESULTADO

Na modelagem CAD, todas as informações devem ser inseridas e editadas manualmente, ao


passo que, no REVIT que utiliza a tecnologia BIM, os cortes, as vistas e a perspectiva são gerados
automaticamente, bastando determinar na planta, no caso dos cortes, onde eles irão passar. Esses, por
sua vez, poderão ser editados manualmente ou simplesmente pela edição da planta, o que o torna um
sistema interligado e muito ágil. Além disso, quando se deseja inserir um novo objeto no REVIT,
como uma porta, por exemplo, especifica-se previamente alguns de seus parâmetros, como cor,
material e textura. Isso permite que se criem produtos com dimensões variadas, mas seguindo
parâmetros já estabelecidos. Ao se inserir a porta, então, o projetista tem a opção de definir apenas
sua altura e largura.
Outra constatação relevante entre um projeto feito no AutoCAD e no Revit, é que o último
permite ao projetista não só desenvolver o desenho em si, mas também atribuir detalhes estruturais e
simular interferências externas e internas. Ao desenhar uma parede, por exemplo, pode-se agregar
não apenas os parâmetros geométricos, como espessura, comprimento e altura, mas também detalhes
do material que a compõe. Eles possuem propriedades gráficas que serão representadas,
automaticamente, nos cortes, fachada e perspectiva. Isso permite que o projeto, na sua fase final, se
torne mais real aos olhos de uma pessoa que não domina as técnicas, fazendo assim com que a
apresentação para o cliente se torne mais clara e dinâmica.
Por sua vez, o REVIT fornece um planejamento mais detalhado da obra e, consequentemente,
com menores riscos de erro. Isso acontece devido a possibilidade de detalhar o material que será
utilizado, assim como o custo e o tempo gasto para que esse seja utilizado. Com isso, tem-se uma
planilha com o cronograma da obra, que permite melhor acompanhamento e possíveis mudanças no
decorrer da construção. O que antes era pensado só durante a realização da obra, agora pode ser
pensado em fase de projeto, otimizando o tempo e permitindo que possíveis erros sejam percebidos
antes de cometidos e, portanto, evitados. Pode-se dizer, então, que a tecnologia BIM usa os
parâmetros 4D e 5D também, sendo eles o tempo e o custo.

4.1.1 Tempo de desenvolvimento de projetos e processos da edificação

Por fim, com o emprego do BIM foi possível obter o projeto completo da mesma edificação
com um tempo 35,78% menor que quando empregado somente ferramentas CAD.

Figura 6 – Tempo para desenvolvimento do Projeto Arquitetônico.

Atividades

9,6
Arquitetônico
14,95

0 2 4 6 8 10 12 14 16
BIM CAD
A seguir são apresentadas as análises individuais por elementos que compõem o projeto
arquitetônico.

Tabela 1 – Prazo de desenvolvimento do projeto arquitetônico.


Arquitetônico Metodologia CAD (h) Metodologia BIM (h)
Definições 0,9 5,35
Layout 1,6 1,4
Representação 3D 3,35 -
Projeto Legal (Implantação) 1,3 1,05
Projeto Executivo (Planta 2,6 1,8
Baixa, Planta de Cobertura)
Projeto Executivo (Cortes) 3,9 -
Projeto Executivo (Elevações) 1,3 -
Total 14,95 9,6

É perceptível que as definições (layers, famílias, materiais, elementos, etc.) demandaram um


tempo maior no software BIM (Tabela 1). No entanto, observa-se que a principal diferença
compreende a elaboração de cortes e elevações. Outro item que se destaca refere-se à representação
3D. Enquanto na metodologia CAD foi necessário 3,35 horas operando o SketchUp após a definição
bidimensional do AutoCAD, no Revit a elevação tridimensional foi sendo elaborada harmonicamente
à representação 2D.

Figura 7 – Representação 3D da edificação: a) produzida em BIM (REVIT).

a)
Após a construção da planta baixa a perspectiva 3D da edificação já se encontra integrada e
parametrizada.

Figura 8 – Definição dos cortes em planta baixa pavimento térreo no BIM (REVIT).

Figura 9 – Definição dos cortes em planta baixa pavimento superior no BIM (REVIT).
A partir da definição dos cortes em planta baixa no REVIT é possível gerar automaticamente a
representação do mesmo.

Figura 10 – Representação do corte AA no BIM (REVIT).

4.1.2 Considerações Finais

O conceito de modelagem de informação da construção se demonstrou arrojado, um nível de


desenvolvimento tecnológico enorme para as empresas de AEC (Arquitetura, Engenharia e
Construção), uma vez em que o desenho se uniu com as informações que o projetista necessitava.
Por sua vez, o uso da tecnologia BIM tem seus benefícios como o processo de geração dos
desenhos de forma mais rápida e, principalmente, uma melhor visualização do projeto, uma
representação mais próxima do que será construído, além da diminuição de custos, perdas, retrabalhos
e uma maior exatidão no orçamento da obra.
Apesar de haver algumas limitações de softwares na metodologia BIM o desenvolvimento
(modelagem) do projeto arquitetônico nessa plataforma, além de mais consistente, demanda um
tempo final relativamente menor. As tarefas automatizadas colaboram para um processo 35,78% mais
eficaz, em relação ao sistema CAD tradicional.
Cabe evidenciar, porém, que as conclusões aqui explanadas referem especificamente a este
estudo de caso, frente as condições disponíveis de ferramentas e habilidade técnica do operador,
analogamente.
Na avaliação geral, o presente estudo comprovou a superioridade do método BIM em relação
ao método CAD tradicional no desenvolvimento de projetos típicos AEC.
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