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AULA 4

BIM PLATAFORMA 6D E 7D –
SUSTENTABILIDADE E CICLO
DE VIDA

Prof. Alexandre André de Oliveira Pires


INTRODUÇÃO

A notável evolução do ciclo BIM baseada nas atuais tecnologias para


captura, adaptação, comunicação e processamentos de dados da realidade
impulsionam o desenvolvimento de novas dimensões.
O ciclo BIM não se limita às dimensões 6D, que produzem indicadores de
sustentabilidade, e 7D, que promovem a gestão das instalações dos ativos, mas
abarca toda a cadeia de possibilidades que permitem transformar o mundo físico
real em um ecossistema orgânico, adaptável e dinamicamente engajado às
características das sociedades contemporânea e futura, principalmente em
relação ao uso dos espaços e dos recursos naturais de abastecimento como a
água, à produção de alimentos e energias renováveis, bem como às formas de
reduzir os impactos da industrialização sobre o planeta, embora as estimativas
não sejam nada animadoras.
Assim, vamos abordar os seguintes tópicos:

1. Captura de dados para modelos 6D e 7D.


2. Interação de dados e entregáveis para modelos 6D e 7D.
3. IPD (Integrated Project Delivery) na sexta dimensão BIM.
4. ArcGIS tools for BIM 6D e 7D.
5. ArcGIS tools for BIM 6D e 7D com gêmeos digitais (digital twins).

TEMA 1 – CAPTURA DE DADOS PARA MODELOS 6D E 7D

Um dos aspectos marcantes da tecnologia BIM (Building Information


Modeling) refere-se à capacidade de manter conexão com todas as etapas do
ciclo de vida de um projeto, e, com isso, realizar a captura recorrente de dados,
além de elevar o LoD (Level of Development), o que garante a inserção de novas
dimensões ao sistema, principalmente para prover a interação com o meio
ambiente.
A captura e a adaptação da realidade baseadas em plataforma BIM/GIS
são:

• Análise e captura: seleção de ferramentas analíticas. O uso de tecnologias


sensoriais para entender o ROI é essencial para que os líderes tomem
decisões bem-informadas e sem riscos em um cenário tecnológico e
regulatório em rápida evolução.

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• Planejamento e adaptação: avaliação de casos de uso específicos, escala
pretendida de operações, recursos internos, tolerância a riscos e demais
fatores para obtenção de uma solução personalizada e de recorrência de
informação.
• Gestão ágil e entregas: inserção de um processo de gestão ágil com
fundamentação baseada em resultados e entregas, com capacidade para
coordenar operações, processar de dados e implementar insights
sensoriais diretamente na arquitetura do sistema por meios de fluxos de
trabalho, protocolos, gerenciamento pragmático analítico e assistência de
conformidade normativa.

A Figura 1 demonstra um exemplo de arquitetura de sistema para captura


e adaptação da realidade em plataforma BIM/GIS.

Figura 1 – Arquitetura de sistema para captura e adaptação da realidade em


plataforma BIM/GIS

Fonte: Pires, 2021; BIM&TEC, 2021.

A modelagem do problema tem início na classificação (Figura 2) e parte da


premissa de que o raciocínio humano é capaz de processar vereáveis advindas
de todos os seus sentidos. Já as ferramentas computacionais seguem estruturas
predefinidas e organizadas com a finalidade de conduzir processos de forma
linear ou não linear, mas com delimitação precisa.

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Figura 2 – Modelagem do problema: classificação

Fonte: Pires, 2021; BIM&TEC, 2021.

Principalmente para suprir a necessidade por processo decisório, a


aplicação de um processo computacional faz com que o número de variáveis a
serem inseridas na matriz de decisão não possua um limite definido. Podemos
observar dezenas ou milhares de condições especificas até chegar a um grupo
que otimiza o resultado de uma decisão. Como exemplo, podemos criar um
contexto de análises espaço-temporais em um SIG com dezenas de camadas de
informações superpostas até efetivar um mapa que possa representar conjuntos
ou extratos isolados.

Figura 3 – Processo decisório

Fonte: Pires, 2021; BIM&TEC, 2021.

Em um ecossistema digital, os indivíduos que observam o espaço


geográfico podem realizar álgebras de mapas ou planos, condição complexa no
mundo real, que limita a decisão a algumas variáveis. Temos como exemplos as
decisões de um motorista no trânsito urbano, baseadas na observação dos
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movimentos e signos no seu entorno, quando possui um apoio de navegação
veicular por satélite.

Figura 4 – Mundo real e virtual BIM

Fonte: Pires, 2021; BIM&TEC, 2021.

TEMA 2 – INTERAÇÃO DE DADOS E ENTREGÁVEIS PARA MODELOS 6D E 7D

A inteligência em BIM para o monitoramento da cadeia de sustentabilidade


em um ativo deve ser analisada quanto aos aspectos de multidimensões e
interoperabilidade:

• Suporte para correção de reativos e monitoramento da demanda.


• Indicadores de produtividade, possibilidade de correlacionar consumo com
produção.
• Visualização em grupo com base em dashboards e relatórios.
• Alertas para ultrapassagem de metas, de contrato, de demanda, de reativos
e outros.
• Conhecimento da cadeia sustentável de todas as etapas do projeto, do ciclo
BIM e do próprio ativo.
• Possibilidade de acesso às informações diretamente pelos indivíduos do
ecossistema BIM.

A incorporação das metodologias ágeis de entrega 6D e 7D no ciclo BIM


atribui condições importantes tanto na engenharia quanto nas formas analíticas e
de gestão dos ativos pós-entrega para ocupação e utilização.
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Figura 5 – Mundo real e virtual BIM

Fonte: Pires, 2021; BIM&TEC, 2021.

TEMA 3 – IPD (INTEGRATED PROJECT DELIVERY) NA SEXTA DIMENSÃO BIM

O IPD (integrated project delivery, ou integração das entregas do


projeto) é um modelo de gestão de empreendimentos que utiliza princípios de
gerenciamento para integração de pessoas, sistemas, estruturas de negócios e
práticas profissionais em um processo colaborativo, de modo a aprimorar os
resultados da produção (AIA, 2007, citado por Muianga; Granja, 2021). Foi criado
visando alinhar a meta do empreendimento com os interesses de todas as partes
interessadas (AIA, 2012, citado por Muianga; Granja, 2021).

Figura 6 – Integração das entregas do projeto

Fonte: Pires, 2021; BIM&TEC, 2021.

O IPD garante a aplicação de um contrato entre fornecedores,


desenvolvedores e investidores, que devem seguir um fluxo de consistência,

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consolidação, validação e federação dos dados para todo o ecossistema poder
consumir e manter-se na mesma versão, evitando atrasos e desperdícios e
resultando em benefícios para todos os elementos.

Figura 7 – Integração das entregas do projeto

Fonte: Pires, 2021; BIM&TEC, 2021.

O VDC (virtual design and construction, ou projeto e construção virtual) faz


com que a previsibilidade possa mitigar riscos em todas as fases do ciclo BIM e
em todas as suas dimensões.

Figura 8 – Projeto e construção virtual

Fonte: WSP, [S.d.].

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Figura 9 – ArcGIS Tools for BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

Exemplo: modelagem paramétrica para contexto 6D e 7D.

Figura 10 – Interoperabilidade da geoinformação

Fonte: Pires, 2021; BIM&TEC, 2021.

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Figura 11 – Dimensões da interoperabilidade

Fonte: Pires, 2021; BIM&TEC, 2021.

TEMA 4 – ARCGIS TOOLS FOR BIM 6D E 7D

A plataforma ArcGIS fornece uma variedade de ferramentas e aplicativos


para integrar os dados e modelos BIM ao contexto geográfico, conectado a um
ecossistema que pode operar em desktop, aplicativos on-line e aplicativos móveis,
mantendo interoperabilidade com todas as fases do ciclo de vida do BIM.
Veja um Story Maps do ciclo de vida do Millennium House BIM, um
desenvolvimento simulado da Sede da Esri UK, com a finalidade de apresentar
exemplos de ferramentas e aplicativos para cada estágio de desenvolvimento.

Figura 12 – Story Maps do ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

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Figura 13 – Story Maps do ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

Durante algum tempo, o ciclo BIM sugeriu um sistema possivelmente


isolado e independente, mas capaz de ter seus elementos georreferenciados. No
entanto, o conceito de gerir sistemas construídos, infraestruturas, redes, cidades
e até países trouxe a necessidade de um caminho de interoperabilidade, os
sistemas de informações geográficas.

Figura 14 – Story Maps do ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

Um dos principais conceitos associados a um ecossistema GIS/BIM


integrado, com focos em dimensões superiores, como 6D e 7D, promove a
evolução do LoD BIM, pautado em um contexto geográfico, ou seja, elementos
com LoD 100 a 300 representam um geodatabase nativo, como camadas
importantes ao desenvolvimento de objetos BIM, que em uma dimensão avançada

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precisará estimar parâmetros de sua relação com o espaço geográfico do seu
entorno, em diversas escalas.

Figura 15 – Story Maps do ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

Figura 16 – Story Maps do ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

Figura 17 – Story Maps do ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

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Negligenciar essa condição e essa integração poderá resultar, no futuro do
ativo, pós-construção e comissionamento, em um deslocamento de sua
concepção em relação aos seus indicadores de performance.

Figura 18 – Story Maps do ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

Como exemplo dessa relação, podemos citar parâmetros microclimáticos


que podem ser afetados na inclusão de edifícios em área originalmente
arborizadas e com incidência de irradiação solar.
Os edifícios podem provocar a redução da temperatura média da superfície
local pelo sombreamento e variação da temperatura ou o contrário, aquecendo
microrregiões com aumento da irradiação por meios de superfícies reflexivas.

Figura 19 – Story Maps do ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

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Assim, empresas como ESRI e Autodesk estão fomentando estudos de
implantação de edifício que estão evoluindo para um processo de
microimplantação virtual em vez de escalas de urbanização virtual, fazendo com
que a abordagem do sistema de informações geográficas como LoD BIM possam
parametrizar a adoção de técnicas construtivas e materiais menos impactantes ao
meio ambiente.

TEMA 5 – ARCGIS TOOLS FOR BIM 6D E 7D COM GÊMEOS DIGITAIS (DIGITAL


TWINS)

Este tema apresenta uma sequência de processos e resultados possíveis


com o uso de plataformas integradas, especificamente o ArcGIS em condições de
interoperabilidade com outras da Autodesk, resultando em uma cadeia completa,
desde a concepção de um conjunto de edifícios até a gestão da operação do ativo.

Figura 20 – Construção no ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

A interface GIS e BIM proporciona a análise integrada das edificações com


o meio externo, em micro, meso e macroescala. Essa condição amplia a forma e
a profundidade dos dados consumidos, tornando as decisões precisas efetivas.

1. Como o projeto aparecerá de diferentes pontos de vista.


2. Onde projeta sombras em diferentes momentos do dia e do ano.
3. Como o projeto se conecta com a infraestrutura de transporte e redes de
serviços públicos existentes.
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Figura 21 – Estudo de implantação do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

O nível mais baixo do LoD BIM converge com a cartográfico de meso e


microescala do GIS, sendo que o projetista, a priori, pode vislumbrar os melhores
aspectos naturais e artificiais para a concepção e a implantação de seu edifício.

Figura 22 – Construção virtual no ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

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Figura 23 – Estudos da construção no ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

Na Figura 23, podemos verificar a capacidade de individualização e


isolamentos dos elementos para análises precisas, tanto em um sistema
horizontal (Figura 24) quanto na distribuição vertical dos pavimentos. Desta forma,
é possível entender a variabilidade espacial e física das componentes de conforto
térmico e acústico, por exemplo, alteráveis por meio da aplicação e da simulação
de materiais, pavimento a pavimento, e elevando os indicadores de performance
e sustentabilidade 6D do edifício como um todo.

Figura 24 – Construção no ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

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Figura 25 – Monitoramento da construção no ciclo de vida do Millennium House
BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

Outro ponto interessante dessa relação GIS e BIM em dimensões


avançadas, como 6D e 7D, é a capacidade de inserir dados em tempo real que
são consumidos para geração de indicadores dos impactos ao ecossistema ou
performance dos sistemas construtivos durante a própria construção e assim
podem promover alterações ou correção simultâneas à execução.

Figura 26 – Painel de controle de dados da construção no ciclo BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

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Figura 27 – Inspeções em tempo real no ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

Por meio do conceito de StoryMaps, toda a evolução do Big Data do ativo


é registrada e facilmente visualizada em painéis que sintetizam as mais variadas
informações, necessárias aos gestores e técnicos para tomada de decisões
estratégicas.

Figura 28 – Construção no ciclo de vida do Millennium House BIM

Fonte: ArcGIS, [S.d.].

Com essa condição, os projetistas e incorporadores podem aproveitar o


legado de um ativo para seus empreendimentos futuros por meio das boas
práticas e técnicas aplicadas ao ciclo BIM e principalmente nas ações 7D para
gestão das instalações durante a ocupação e a operação dos edifícios. A
construção do StoryMaps e de painéis (dashboards) acompanhará e refinará os
dados durante a vida toda do ativo, melhorando a sua performance por meio de
ações preditivas, preventivas e corretivas, prolongando a sua longevidade.

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REFERÊNCIAS

AIA. Integrated Project Delivery: A Guide. Disponível em:


<https://www.aia.org/resources/64146-integrated-project-delivery-a-guide>.
Acesso em: 22 nov. 2021.

MUIANGA, E. A. D.; GRANJA, A. D. Estrutura conceitual do integrated project


delivery (IPD): princípios, catalisadores e proposições. Gestão & Tecnologia de
Projetos, São Carlos, v. 16, n. 2, 2021.

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