Você está na página 1de 32

TRANSFORM

TOMORROW
TODAY

Ebook
BIM para Infraestruturas
Inteligentes
Guia prático para a Engenharia Civil
2

Índice
Métodos para otimizar alinhamentos
em projetos de Infraestrutura em BIM. P. 04

Métodos de Captura e Modelagem da Realidade


para projetos de Infraestrutura em BIM. P. 09

BIM e Digital Twins: Transformação digital


na gestão da infraestrutura. P. 14

Integração BIM e GIS para a infraestrutura:


Análise de múltiplos tipos de dados e gestão
inteligente das informações. P. 24
3

Introdução
Melhorar a infraestrutura é essencial para expandir
a produção e elevar a capacidade competitiva da
industria além de proporcionar mais qualidade de
vida a todos os brasileiros.

Neste sentido, foram editados pelo Governo


Federal diversas leis para fomentar os
investimentos em obras de infraestrutura, tais
como, o marco legal das ferrovias, marco legal
do saneamento básico e a nova lei de licitações
que tornou o BIM (Building Information Modeling)
de uso preferencial para obras e serviços de
engenharia.

O BIM tem se consolidado como novo paradigma


para o desenvolvimento de empreendimentos de
engenharia, considerando todo seu ciclo de vida,
desde a concepção do projeto, o acompanhamento
e controle de obras e a realização da gestão e
manutenção dos ativos de infraestrutura.

Hoje, a topografia tradicional deu lugar ao modelo


digital do terreno (MDT), criado por meio da nuvem
de pontos coletados por Drones ou Scanner 3D.
Também, temos os Gêmeos Digitais que realizam
o controle dos ativos rodoviários, ferroviários e
de saneamento básico em tempo real. E a parte
mais nobre do BIM, é a possibilidade de realizar
a simulação da construção no computador por
meio de softwares que se utilizam do Sistema de
Informações Geográficas (SIG), dando origem a
nova tecnologia conhecida por GeoBIM.

Washington Luke
Diretor do Master Internacional em BIM Management para
Infraestruturas, Engenharia Civil e GIS.
4

1 // Métodos para otimizar alinhamentos


em projetos de Infraestrutura em BIM

Infraestruturas rodoviárias e ferroviárias Estradas de Rodagem, DNIT, 1999) a avaliação


desempenham um papel importante no apura se os benefícios estimados superam
funcionamento de um país, estado ou os custos com os projetos e execução das
município. E o alinhamento é uma parte obras previstas. Entretanto, como temos
importante no planejamento dessas observados na engenharia o uso de métodos
infraestruturas, tendo efeitos significativos computacionais BIM em diversas áreas e
no ambiente. não seria diferente para esta matéria sem
integrarmos os recursos de modelagem da
Ao longo dos tempos, desenvolver informação da construção (BIM) e sistema de
alinhamentos com o melhor traçado informação geográfica (GIS) e processamento
respeitando as variáveis que lhe é da nuvem (Cloud Data). Para obter essa
apresentado como: declividade máxima, integração usaremos o software Infraworks da
raios mínimos, pontos de interesses, áreas Autodesk em conjunto com as informações
de proibição ou valores das áreas ao longo GIS. Nesta linha que vamos apresentar
do traçado, valores sobre a construção entre algumas ferramentas que possam ajudá-lo
terraplenagem ou viaduto/túnel, aspectos a desenvolver um melhor traçado utilizando
ambientais, entre outros não é de fato as variáveis possíveis e dados obtidos
uma tarefa muito fácil. Segundo o Manual em site governamentais e particular. O
Diretrizes básicas para elaboração de estudos esperado é obtermos um traçado ou traçados
e projetos de infreaestrutura rodoviários que possamos ter decisões com a maior
em BIM do (Departamento Nacional de assertividade em seu custo e benefícios.
5

Figura 1 - Estudo de traçado – Chapada do Guimarães/MT. (projetos infraestrutura BIM)

Figura 2 – Realinhamento de estrada sob solo mole – Caçapava/SP. (projetos infraestrutura BIM)

Figura 3 – Estudo de traçado a aerogeradores – Ipupiara/BA. (projetos infraestrutura BIM)


6

Sobre o software

InfraWorks® é um software de planejamento


e projeto de infraestrutura, onde possibilita
gerar modelos de contexto robustos com
base em dados do mundo real, voltado a
engenharia de infraestrutura amparado
pelo BIM e GIS com serviços na nuvem que
possibilitam o desenvolvimento de pequenos
e grandes projetos com respostas rápidas e
com apresentação visuais atraentes.

Modelagem dos dados

Obtendo os dados por meio de de banco


de dados disponíveis, levantamentos
topográficos e de áreas e com o uso do
gerador de modelo do próprio software,
chegaremos ao modelo mais aproximado ao
real para o estudo.

Dentro do Infraworks Os dados suportados


pelo infraworks são bem extensos tendo
opções de interoperabilidade entre
programas Autodesk, integração em serviços
de nuvem e conexão a banco de dados
externos.
7

Fluxo da informação

Para obtenção do modelo real para estudo


de traçado no Infraworks.

Caso de estudo

Veremos abaixo um estudo rápido de caso para


um contorno de uma cidade em Portugal, onde
a necessidade é criar um novo contorno com
acessos a duas autoestradas. Pontos de interesses
Basicamente deverá ser definidos dois locais
principais, o início e final com a opção de adicionar
outros pontos onde deverá passar por algum
motivo do estudo, como entroncamentos com outra
via, área a ser desenvolvida, etc.

Figura 6 – Estudo 01

Figura 7 – Estudo 02
8

Resultados de projetista e conhecedor da área onde


encontrará por fim um melhor traçado. O
grande diferencial disto é que poderá fazer
O software após analisar os diversos inúmeros estudos, alterando parâmetros
dados introduzidos, relevo, zoneamento, iniciais e tendo respostas diferentes e mais
parâmetros de projeto, custos e pontos de uma vez com sua experiência poderá utilizar
interesses entregará um relatório do custo, partes ou total de cada estudo, chegando
traçado e um modelo editável do traçado a apresentações interessantes para os
dentro do software. Aí você poderá ainda gestores.
assim ajustar conforme suas expertises
9

2 // Métodos de Captura e
Modelagem da Realidade para
projetos de Infraestrutura em BIM
A coleta de dados de campo é uma das qual irá reproduzir os objetos num ambiente
principais etapas para elaboração de um virtual, utilizando fotogrametria ou laser
projeto de infraestrutura. Esse aspecto scanner para elaborar a representação
também tem que ser levado em consideração tridimensional através dos pontos e
quando utilizado a metodologia BIM, onde fotografias coletadas.
saímos do ambiente bidimensional e partimos
para o ambiente tridimensional no qual exige Segundo Tom Wujec, no livro The Future of
modelos que representem os objetos do Making, o processo de captura é a utilização
projeto. de sensores que registram as propriedades e
formas dos objetos e as converte em dados
Os métodos da coleta dos dados de campo digitais. O resultado esperado é um modelo
estão cada vez mais avançado e com diversas digital 3D, gerado a partir de milhões de
ferramentas que nos permite retratar pontos coletados.
fielmente a situação existente daquela área
de estudo, sendo assim estamos captando a Desde a topografia convencional até
realidade daquele local. levantamento por drones e lasers scanners,
todos têm a finalidade de retratar a realidade
A captura da realidade pode ser descrita do local de estudo, cada um com suas
como: o processo de coleta de dados o particularidades.

Figura 1 – Nuvem de Pontos Recap


10

Topografia Clássica
O método de levantamento topográfico clássico
ou tradicional, utiliza-se de levantamento
mediante a estações totais ou receptores
GNSS, no qual são coletados pontos, esse
método de levantamento é muito utilizado e os
equipamentos estão cadas vez mais modernos
e precisos, algumas estações totais trabalham
de forma autônoma e em alguns casos
possuem laser scanner acoplada a elas.

Embora esse método de levantamento


topográfico tenha precisão milimétrica,
comparada a outros tipos de levantamento,
demanda um tempo maior e, a quantidade de
Figura 2 – Levantamento Topografia convencional
pontos coletados é menor.

Levantamento Laser Scanner


Esse tipo de levantamento utiliza o sistema
LIDAR (Light Detection and Ranging ou
Obtenção de medidas de distância através
da luz), nesse processo os equipamentos de
escaneamento a laser, coleta milhões de pontos
por segundo, nesse processo além de coletar
os pontos muitos equipamentos capturam
imagens do levantamento. O Levantamento
abrange grandes áreas e o processo de coletas
de dados é bem mais rápido comparado a Figura 3 – Tipos Laser Scanner
topografia convencional.
Os equipamentos de escaneamento a laser
podem ser:

Levantamento com Drone


Esse tipo de levantamento está bem popular
atualmente, é utilizado drones no quais
conseguem abranger grandes áreas, os dados
são imagens coletadas durante o voo e em
seguida processadas e gerando os produtos
necessários como nuvens de pontos, modelo
digital do Terreno e ortofotos

Esses tipos de levantamento podem ser usados


simultaneamente, para complementar a área
levantada quando um método não consegue
coletar todos os dados de interesse, e também Figura 4 –
Levantamento
para serem usadas como pontos de controle com Drones
para melhorar a precisão no momento do
processamento dos dados.
11

O software Infraworks permite trabalhar com


Modelagem da Realidade os dados originados do Recap, ele importa
– Drones e Laser scanner as nuvens de pontos e possibilita a geração
da superfície topográfica e da modelagem
Com base nos dados coletados em campo do cadastro topográfico, nesse caso
através dos métodos descritos anteriormente, trabalhando com uma função que extrai os
é gerado a modelagem, a seguir é mostrado dados verticais: – Placas – Poste – Arvores
um fluxo de trabalho utilizando os softwares
da Autodesk, porém o fluxo pode ser Dados lineares também podem ser extraído
adaptado para outras linhas de produtos a de forma automática, a partir da nuvem de
qual o usuário possuir. pontos, por exemplo: bordo de pista, meio
fio, entre outros elementos.
Para o processamento dos dados existe
duas soluções específicas o Recap Pro e
o Recap Photo, onde o primeiro é para o
processamento de dados de laser scanner e
o processamento é local, o segundo para o
processamento de dados de drones nesse
caso os dados são processados na nuvem.
Após o processamento os dados podem ser
carregados nos softwares de projeto, a partir
daí começa o processo de modelagem da
realidade capturada.

Essa modelagem tem a finalidade de retratar Figura 6 – Modelagem Recursos Verticais Infraworks
de forma fiel à situação atual da área de
interesse, dessa maneira fornece situação
favorável para a elaboração de um projeto
mais assertivo.

Vale salientar que independente da


metodologia usada para elaboração do
projeto, seja ela a metodologia tradicional
ou a metodologia BIM, se os dados
de topografia, estiverem errados ou
inconsistente o projeto também estará.
Figura 7 – Modelagem Recursos Lineares Infraworks

Reality Modeling – Figura 5 – Fluxo de Trabalho


Drones and Laser dados Drone/Laser Scanner

scanner
12

Modelagem da Realidade –
Topografia Convencional
O processamento e modelagem dos dados Seguindo esse fluxo o modelo e usando
da topografia convencional, podem ser feitos as ferramentas disponíveis no civil 3D o
utilizando o software Civil 3D, o mesmo possui resultado esperado é demonstrado na
recursos para processar o levantamento e imagem a seguir.
ajustar com base nas definições desejadas,
adotando regras que facilitam a modelagem
do levantamento, pode ser usada as opções
da ligação automática através das descrições
dos pontos coletados em campo, associar
elementos 3D conforme o estilo de cada
ponto coletado, gerar o modelo digital do
Terreno entre outros recursos.

Figura 9 – Modelagem topografia convencional

Conclusão

A metodologia BIM está transformando a Portanto, é necessário evoluir a coleta e


maneira de como trabalhamos com projetos representação dos dados, passando do
de engenharia e arquitetura, os profissionais ambiente bidimensional para o tridimensional
devem estar atualizados para atender a com as informações necessárias dos objetos,
demanda crescente dos projetos em BIM, retardando assim de forma fiel no ambiente
no âmbito da representação da realidade virtual a situação existente, assim será
do local de estudo, tanto os equipamentos possível que os projetistas desenvolvam os
quantos os softwares dão suporte para seus projetos em BIM, dando continuidade do
atender tal demanda. fluxo de trabalho da elaboração de projetos.

Figura 8 – Fluxo de
Trabalho dados Topografia
Convencional
13

Referências

Ferraz, Rodrigo & Souza, Sérgio & Reiss, Anderson Santos de Oliveira
Mário. Consultor BIM para projetos de Infraestrutura
Laser Scanner Terrestre: teoria, aplicações e MBA em Gestão de Projetos.
prática. Revista Brasileira de Geomática, 4. Engenheiro Agrimensor.
99. 10.3895/rbgeo.v4n2.5502, 2016 Professor convidado em Pós Graduação
Wujec, Tom , The Future of Making, Melcher relacionada a metodologia BIM.
Media, 2017
What Is Reality Capture? Disponivel em:
https://www.autodesk.com/redshift/what-
is-reality-capture/ Accessed 29 Jan. 2020
14

Figura 1. Digital Twin de uma rodovia pista simples com uma ponte de concreto armado, desenvolvido com o
auxílio dos softwares da Autodesk (Infraworks, Civil 3D, Revit e Navisworks Manage) e da Trimble (TILOS).

3 // BIM e Digital Twins: Transformação


digital na gestão da infraestrutura

A ascensão do uso do BIM na infraestrutura (BIM). Embora o uso do BIM comece a


viabiliza a execução de processos mostrar sua eficácia na construção civil, o
construtivos em várias dimensões, facilitando seu domínio em infraestrutura ainda tem
a visualização do projeto e o desenvolvimento sido limitado e lento. Entretanto, o advento
de seu planejamento, contribuindo com a sua de novas tecnologias de informação, como
execução, gestão e operação. Neste contexto, o Digital Twin (DT), ou Gêmeo Digital em
os Gêmeos Digitais associados ao BIM português, está promovendo a transformação
podem permitir maior colaboração entre os digital industrial. A gestão eficaz do ciclo de
diversos agentes e tornar as infraestruturas vida deve agora considerar todas as fases
mais inteligentes do ponto de vista do uso do projeto, especialmente Operações e
da tecnologia, possibilitando o melhor Manutenção (O&M), onde o uso do modelo
atendimento das necessidades dos usuários. 3D não é mais o modelo digital, mas a
duplicata digital da infraestrutura (Figura
Com a recente digitalização da indústria da 1). Para facilitar a transição digital quando
construção, a gestão de um projeto, desde a os projetos são divididos em várias fases, a
ideia até às fases de utilização, passa a ser infraestrutura deve ser representada por um
baseada em Building Information Modeling Gêmeo Digital durante seu ciclo de vida [1].
15

Digital Twim

Enquanto a definição do Gêmeo Digital de produtos, novos conceitos e novas


estava no centro das expectativas, o primeiro simulações.
uso desta palavra foi feito em 2002 por
Michael Grieves, durante uma apresentação Dentre os benefícios do DT, destaca-se a
industrial no PLM [2], que o definiu como a colaboração. O gêmeo digital permite a
representação virtual dos produtos físicos comunicação entre clientes e projetistas
atuais. Uma definição mais completa e [5]. De fato, o DT é um mapeamento fiel do
comum é abordada posteriormente por produto físico e pode tornar a comunicação
Glaessegen e Stargel em 2012 [3], que entre clientes e projetistas mais transparente
entende o Digital Twin como uma simulação e rápida usando dados de transmissão
probabilística multi-física, multi-escala e em tempo real. O modelo permite uma
integrada de um produto complexo, usando conceituação compartilhada que pode ser
os melhores modelos físicos disponíveis visualizada da mesma forma por um número
e atualizações de sensores para refletir a ilimitado de pessoas, que não precisam
vida de seu gêmeo correspondente. Essas compartilhar o mesmo local [2]. Ele pode
definições bastante genéricas não colocam orientar perfeitamente a melhoria de novas
o foco na característica mais interessante de versões ao considerar o feedback dos
um DT, sendo a aquisição de dados em tempo clientes e os problemas que surgiram no uso
real. de versões anteriores.

A implementação de um Gêmeo Digital já Neste contexto, o principal impacto de um


não diz respeito apenas a objetos existentes, gêmeo digital é o desempenho. Acontece
mas também a objetos a serem fabricados, que esse aspecto de performance é
construídos ou produzidos. Ele também pode mais relevante durante a fase de uso e
ser usado para representar um processo manutenção. Entre outras coisas, um DT
de produção ou uma fábrica conectada. permite avaliar as capacidades atuais e
Nas últimas décadas, os conceitos de futuras de um sistema [6]. Com dados em
emparelhamento digital foram adotados pela tempo real e base de conhecimento, uma
indústria para representar as propriedades simulação antecipada de comportamentos
físicas e digitais do estado atual e futuro futuros permite a descoberta precoce de
de processos e equipamentos [4]. Desde deficiências de desempenho, o que, por
a definição do conceito de DT, ele tem sua vez, permite economias. A otimização
sido aplicado a diversas áreas industriais da operação, fabricação, inspeções e
e demonstra um potencial muito alto. O aproveitamento da vida útil do objeto é uma
desenvolvimento de produtos pode enfrentar melhoria que podem ser viabiliza pelo DT.
vários desafios, como longos ciclos de vida Os dados coletados durante o ciclo de vida
do produto, dificuldade em personalizar permitirão a melhoria contínua de projetos e
produtos e altos custos. Entretanto, o DT se modelos, que poderão ser reutilizados para o
destaca para enfrentar estes desafios, por desenvolvimento de produtos futuros.
permitir testar novas ideias ou configurações
16

A necessidade de
Gêmeos Digitais para
infraestruturas

O projeto nacional francês MINND (Modeling • Ferramenta de criação e visualização 3D:


interoperable information for a Sustainable para a criação e integração de modelos
Infrastructure) [7] listou, por meio de CAD e a gestão de planos 2D associados
estudos, a seguintes necessidades para o ao modelo 3D;
desenvolvimento de DT para infraestruturas:
• Ferramenta de capitalização para otimi-
• Trabalho colaborativo: a acessibilidade à zação: gerenciar a evolução da informação,
informação deve ser escolhida pelas em- o processo de validação para controlar o ní-
presas, monitorando a singularidade do vel de qualidade e o nível de confiabilidade;
modelo, em detrimento da necessidade de
um modelo de dados único e um formato • Ferramenta de arquivamento e capitali-
de troca neutro para criar, integrar ou mes- zação: o sistema de gestão deve permitir o
clar e gerenciar dados parciais; registro das modificações que um Gêmeo
Digital sofreu com maior precisão nos obje-
• Ferramenta de estruturação: o sistema tos do modelo.
deve permitir que os modelos de dados
sejam gerenciados por todos de acordo
com suas funções, cada informação deve
ter um dono e o dono é responsável pela
informação compartilhada;
17

Aplicações de Digital
Twins em infraestruturas
– estudos acadêmicos
Geminação Digital de pontes de concreto média de modelagem de 7,05 cm, enquanto o
armado existentes com o uso de nuvens de método manual atinge 7,69 cm, e um tempo
pontos rotulados médio de modelagem de 37,8 s. Os autores
consideram os resultados como um grande
Lu e Brilakis [8] abordam desafios da auto- salto em relação à prática atual de geminação
mação de geminação de pontes, fornecendo digital, realizada manualmente (Tabela 1), em
um método de ajuste de objeto baseado que o ajuste de formas 3D precisas a partir
em fatiamento para gerar o gêmeo digital de nuvem de pontos permanece em grande
geométrico de uma ponte de concreto ar- parte dependente do homem, sendo que,
mado existente a partir de quatro tipos de além disso, nenhum dos métodos existentes
nuvem de pontos rotulados. A qualidade dos demonstrou explicitamente como avaliar os
modelos gerados é medida usando métricas modelos de dados de ponte resultantes do In-
baseadas em distância nuvem a nuvem. dustry Foundation Classes (IFC) em precisão
espacial usando medições quantitativas. Com
Os experimentos realizados em dez conjun- o método proposto, o trabalho gerou mode-
tos de dados de nuvem de pontos de ponte los DT com níveis de detalhamento entre LOD
indicam que o método atinge uma distância 250 e 300 (Tabela 2).

Tabela 1. Comparação da distância C2C


(cloud-to-cloud, ou nuvem a nuvem em
português) entre GT PCDs (dados de
nuvem de pontos de verdade) e Auto
PCDs (dados de nuvem de pontos
automáticos) contra PCDs (dados
de nuvem de pontos) do mundo real,
realizada por Lu e Brilakis [8]. Fonte:
Adaptado de Lu e Brilakis [8].

Tabela 2. LOD 250-300 – Digital Twins


gerados por Lu e Brilakis [9]. Fonte:
Adaptado de Lu e Brilakis [8].
18

Digital Twin auxiliado pelo


gerenciamento de ciclo de vida
baseado em sustentabilidade
para Sistemas de Afluência
Ferroviária
Com a complexidade das afluências ferro- meiro BIM 6D do mundo para gerenciamento
viárias, a eficiência e a eficácia da manu- do ciclo de vida de um sistema de afluência
tenção podem ser melhoradas integrando a ferroviária. Os autores trabalharam com o
prática existente através do BIM. Neste senti- BIM integrando 6 dimensões de informações
do, Kaewunruen e Lian [9] desenvolveu uma de dados de campo com base nos softwares
pesquisa para estabelecer e analisar o pri- Revit (Figura 2) e Navisworks (Figura 3).

Figura 2. Modelo 3D completo do sistema de afluência ferroviária e os seus


componentes no Revit. Fonte: Adaptado de Kaewunruen e Lian [9].

Figura 3. Simulação 4D do sistema de afluência ferroviária no Navisworks.


Fonte: Adaptado de Kaewunruen e Lian [9].
19

Partindo do pressuposto que os gêmeos di- O trabalho de Kaewunruen e Lian [9] de-
gitais de uma infraestrutura em 3D abrangem monstra que o BIM pode entregar plena-
cronograma, custos e sustentabilidade em mente seus benefícios essenciais por meio
todo o ciclo de vida, Kaewunruen e Lian [9] do compartilhamento de informações, fa-
entendem que o uso do BIM para sistemas de cilitando a comunicação técnica, melhora a
afluência ferroviária tem o potencial de mel- qualidade do projeto, reduz erros de projeto,
horar o fluxo geral de informações do planeja- acelera a implementação e o trabalho, dimi-
mento e projeto de afluência, pré-montagem nui a duração e os custos da construção e
e logística de fabricação, construção e ins- aumenta a eficiência de carbono, apoiando
talação, operação e gerenciamento e demo- a gestão de projetos e proporcionando aos
lição, obtendo assim um melhor desempenho seus proprietários maior eficiência operacio-
e qualidade do projeto. Ou seja, com base em nal ao longo do ciclo de vida do sistema de
informações integradas do sistema de afluên- desvio ferroviário. Os resultados da pesqui-
cia ferroviária, o BIM 6D pode avaliar aspec- sa revelam ainda que a emissão de material
tos econômicos, gerenciais e de sustentabili- incorporado é o principal contribuinte para a
dade, e alcançar um equilíbrio entre eles. pegada de carbono, especialmente produzida
durante a fase de fabricação, sendo que a
reconstrução contribui para a fase mais cara
do ciclo de vida.
20

Integrando levantamentos não A integração dos resultados obtidos de


levantamentos não destrutivos realizados ao
destrutivos em um modelo longo de uma infraestrutura rodoviária em
digital preliminar orientado a um modelo digital de pavimento pode ser um
BIM para possível aplicação método útil para desenvolver um processo
eficiente do ponto de vista de Sistemas de
futura na gestão de pavimentos Gerência de Pavimentos (SGP). Neste contex-
rodoviários to, D’Amico et al. [10] apresentam um novo
processo experimental para implementar em
um ambiente BIM o conjunto de dados pro-
cessado a partir de dois levantamentos de
condições de pavimentos (Figura 4), realiza-
dos em um estudo de caso.

Figura 4. Integração de dados e processo de modelagem


digital. Fonte: Adaptado de D’Amico et al. [10].

A principal razão para a investigação de viabilizou que os principais resultados da


D’Amico et al. [10] está relacionada com a pesquisa demonstrassem a possibilidade de
necessidade de um sistema eficaz, capaz fornecer um modelo de gêmeo digital a partir
de avaliar continuamente as condições do do uso sinérgico de informações geométri-
pavimento e programar intervenções de cas e de projeto com os resultados do moni-
manutenção. Para os autores, tanto os instru- toramento realizado em uma infraestrutura
mentos quanto os métodos para detectar a rodoviária. D’Amico et al. [10] acreditam que
configuração do pavimento evoluíram, com o modelo pode ser potencialmente usado em
o desenvolvimento de ferramentas de tecno- futuras aplicações SGP baseadas em BIM
logia não destrutiva, como scanners a laser (Figura 5).
e radar de penetração no solo. Esta evolução
21

Figura 5. Fluxo de trabalho proposto por D’Amico et al. [10]


para a integração de dados de pesquisa não destrutivos
em um modelo BIM. Fonte: Adaptado de D’Amico et al. [10].
22

Aplicações de Digital A seguir, seguem alguns casos de sucesso de


aplicações de Gêmeos Digitais em infraestru-
Twins em infraestruturas turas na indústria da construção. Tais estu-
na indústria dos de casos foram apoiados pela Bentley
Systems [11], por meio da plataforma Bentley
iTwin, que fornece a base para a construção
de soluções de gêmeos digitais.

Minnesota DOT economiza 40%


com Gêmeos Digitais com o uso
de dados coletados por drones

Vídeo 1. Reimaginando a inspeção de


pontes com Gêmeos Digitais – Min-
nesota Department of Transportation.
Fonte: Bentley Systems [11].

Doosan cria Gêmeo Digi-


tal de parque eólico

Vídeo 2. Doosan Wind Farm Digital


Twin: Visualizando IoT e Machine Lear-
ning. Fonte: Bentley iTwin Platform [12].

Águas do Porto toma de-


cisões orientadas por dados
com Gêmeos Digitais
Vídeo 3. Águas do Porto: Tomada de
decisões orientadas por dados com
Gêmeos Digitais. Fonte: Bentley Sys-
tems [11].

Autor: José Vinícius Silva Martins, Engenheiro Civil, Embaixador da Zigurat no Brasil, Alumni do Master Internacional
em BIM Management para Infraestruturas, Engenharia Civil e GIS, especialista em estruturas, fundações e pontes e
em infraestrutura de transportes. Atualmente, exerce o cargo de Engenheiro Civil projetista BIM/BIM Manager na STE
– Serviços Técnicos de Engenharia S/A (Brasil).
23

Referências

[1] Tchana de Tchana, Yvan & Ducellier, Guillaume & [8] Lu, Ruodan & Brilakis, Ioannis. (2019). Digital
Sébastien, Remy. (2019). Designing a unique Digital Twin Twinning of Existing Reinforced Concrete Bridges from
for linear infrastructures lifecycle management. Proce- Labelled Point Clusters. Automation in Construction.
dia CIRP. 84. 545-549. 10.1016/j.procir.2019.04.176. 10.1016/j.autcon.2019.102837.

[2] Grieves, Michael. (2014). Digital Twin: Manufacturing [9] Kaewunruen, Sakdirat & Lian, Qiang. (2019). Digital
Excellence through Virtual Factory Replication. 2-7. Twin aided Sustainability-based Lifecycle Management
for Railway Turnout Systems. Journal of Cleaner Produc-
[3] Glaessgen, Edward & Stargel, David. (2012). The tion. 228. 10.1016/j.jclepro.2019.04.156.
digital twin paradigm for future NASA and U.S. air force
vehicles. 10.2514/6.2012-1818. [10] D’Amico, Fabrizio & Bianchini Ciampoli, Luca & Di
Benedetto, Alessandro & Bertolini, Luca & Napolitano,
[4] Modoni, Gianfranco & Sacco, Marco & Terkaj, Walter. Antonio. (2022). Integrating Non-Destructive Surveys
(2016). A Telemetry-driven Approach to Simulate Da- into a Preliminary BIM-Oriented Digital Model for Possi-
ta-intensive Manufacturing Processes. Procedia CIRP. ble Future Application in Road Pavements Management.
57. 10.1016/j.procir.2016.11.049. Infrastructures. 7. 10. 10.3390/infrastructures7010010.

[5] Tao, Fei & Cheng, Jiangfeng & Qi, Qinglin & Zhang, [11] Bentley Systems. Infraestrutura: Gêmeos Digitais.
Meng & Zhang, He & Sui, Fangyuan. (2018). Digital Acessado em: 01.06.2022. Disponível em: https://www.
twin-driven product design, manufacturing and service bentley.com/pt/products/product-line/digital-twins.
with big data. The International Journal of Advanced
Manufacturing Technology. 94. 10.1007/s00170-017- [12] Bentley iTwin Platform. Plataforma iTwin: A base de
0233-1. gêmeos digitais para o mundo construído e o ambien-
te natural. Acessado em: 01.06.2022. Disponível em:
[6] Serries G. Digital Twin: towards a digital double for https://www.bentley.com/pt/products/product-line/digi-
every physical object. ZDNet, 2016. tal-twins.
[7] Minnd. “Deliverables L1 – Global Model”, COMMU-
NIC, France, 2010. p. 8-18.
24

4 // Integração BIM e GIS para a infraestrutura:


Análise de múltiplos tipos de dados e gestão
inteligente das informações
Enquanto uma modelagem BIM pode ou Sistema de Informação Geográfica (SIG),
fornecer informações detalhadas sobre são de domínios diferentes. O primeiro foi
ativos de infraestrutura, o GIS pode desenvolvido para o domínio Arquitetura,
propiciar dados sobre esses ativos no Engenharia e Construção (AEC) e Gestão
contexto geográfico. O processo BIM cria de Instalações (FM) e o segundo está
um banco de dados integrado de um ativo, relacionado com a indústria geoespacial
que inclui representação digital 3D de suas [1–3], tratando com dados demográficos,
características físicas e funcionais e extensos socioeconômicos e ambientais, que o BIM
dados alfanuméricos sobre componentes não pode lidar com eficiência. Embora as
e/ou objetos associados. Já o GIS é capaz duas plataformas sejam diferentes em termos
de reproduzir os ambientes naturais e de foco, escopo, geração de dados e cultura
construídos e agregar outros fatores de gestão, a integração dos dois sistemas
vitais, como considerações demográficas, tem atraído a atenção de pesquisadores
socioeconômicas e ambientais. de ambas as áreas devido aos potenciais
benefícios [4-6] relacionados, principalmente,
O Building Information Modeling (BIM), ou com as cidades inteligentes [7], a urbanização
Modelagem da Informação da Construção, [8] e Internet of Things (IoT) [9].
e o Geographic Information System (GIS),
25

A integração de BIM e GIS

A integração de BIM e GIS pode ser realizada tuamente [13,14]. Caso contrário, pode levar
em vários níveis. Kang et al. [10] agruparam a dificuldades de compatibilidade para apli-
estudos relevantes em cinco grupos, ou seja, cações dedicadas a funções de construção
abordagens baseadas em esquemas, aborda- especializadas [15]. O problema de troca de
gens baseadas em serviços, abordagens ba- dados entre BIM e GIS é causado, principal-
seadas em ontologias, abordagens baseadas mente, pela incompatibilidade semântica en-
em processos e abordagens baseadas em tre o domínio AEC e a indústria geoespacial,
sistemas. Já Amirebrahimi et al. [11] propuse- o que pode ser refletido pelos esquemas de
ram uma estrutura de três níveis, que sugere dados usados nesses
​​ dois campos, por exem-
que a integração BIM/GIS pode ser operada plo, Industry Foundation Classes (IFC) para
ao nível de dados, nível de processo e nível construir a troca de informações no domínio
de sistema. Entre todos esses tipos ou níveis AEC e City Geo graphy Markup Language (Ci-
de integração, a integração ao nível de dados tyGML) para representar modelos de cidades
é a forma mais fundamental de integração virtuais na indústria geoespacial. Na estru-
que lida com a troca básica de dados entre os tura GIS, existem dois formatos principais de
dois sistemas diversos. dados disponíveis, CityGML [16] e shapefile.
O CityGML está envolvido principalmente em
O principal desafio na integração BIM/GIS em estudos teóricos e o shapefile é usado princi-
nível de dados é a troca de dados eficiente e palmente em estudos orientados a aplicativos
eficaz [12]. Se BIM e GIS trocarem dados de [17–19].
forma eficaz, ambos podem se beneficiar mu-

Shapefile
Um formato de dados espaciais desenvolvido dos os recursos no arquivo principal e suporta
pelo Environmental Systems Research Institu- acesso mais rápido aos dados; um shapefile
te, Inc. (ESRI) para armazenar geometria não sem um arquivo de índice pode ser acessado,
topológica e atribuir informações para recur- mas em uma velocidade mais lenta. A tabela
sos espaciais como pontos, linhas, superfícies dBASE é usada para armazenar detalhes de
e multipatches [20]. Um arquivo shapefile atributos para os recursos espaciais. Além
consiste em pelo menos três partes, ou seja, dessas três partes, um shapefile pode ter
um arquivo principal (.shp), um arquivo de outros componentes como um arquivo de
índice (.shx) e uma tabela dBASE (.dbf) [20]. projeção (.prj) ou um arquivo XML (.shp.xml)
O arquivo principal armazena as informações para registro de metadados geoespaciais. Os
geométricas de todas as feições, em que tipos de geometria suportados pelo shapefile
cada registro é uma forma com uma lista de geralmente incluem pontos, polilinhas, polígo-
seus vértices. O arquivo de índice indexa to- nos e multipatches.
26

Transformação do IFC em
shapefile efile
Atualmente, poucas opções estão disponí- gem perfeita para realizar a transformação do
veis para os usuários transformarem IFC em IFC em shapefile.
shapefile. É conduzido principalmente usando
a extensão Data Interoperability for ArcGIS Considerando o amplo uso de shapefile em
(DIA) [21], um pacote de extensão comercial pesquisas orientadas a aplicações, existe
para ArcGIS para expandir a gama de forma- a necessidade de melhorar a qualidade da
tos de dados suportados. O DIA é compos- transformação em termos de geometria e
to por um mecanismo de dados, o Feature semântica. Zhu et al. [24] transformam o IFC
Manipulation Engine (FME), que atua para a em shapefile usando uma abordagem de
troca dos mesmos [22] e suporta uma varie- código aberto (OSA) para melhorar a robustez
dade de formatos, incluindo CityGML [18,23]. e a eficiência da transformação, concentran-
O DIA é mais usado do que o complicado do na extração de informações geométricas,
FME devido à sua simplicidade. No entanto, uma vez que estas são as informações mais
o DIA é conhecido por seu baixo desempen- fundamentais e necessárias para a maioria
ho na transformação IFC, arquivo de forma. dos estudos para fins de visualização ou
Outro problema com o DIA é que o número análise, e recuperando vários atributos neces-
de atributos que ele recupera é muito menor sários, como a identificação exclusiva. Assim,
do que o oferecido pelo IFC, o que significa a informação geométrica extraída é transfor-
que resultaria em séria perda de informação mada em multipatch, um dos tipos de shape-
semântica. Portanto, não existe uma aborda- file que armazena geometria 3D (Figura 2).

Figura 2: Modelo de ponte extraído exibido


no ArcScene. Fonte: Zhu et al. [24].
27

Entretanto, o OSA suporta apenas a trans- como um problema por Deng et al. [25]. O
formação de sólidos varridos, uma das cinco algoritmo recém-desenvolvido para transfor-
maneiras que o IFC usa para representar mação de geometria foi referido como En-
modelos 3D, e não foi testado usando ou- hanced-AMG (E-AMG). A Tabela 1 mostra os
tros tipos de modelo de construção além da modelos originais e transformados de pontes
ponte. Neste sentido, Zhu et al. [24] apri- e edifícios com o uso do E-AMG, visualizados
moraram o OSA, permitindo mais tipos de no FZK e no ArcScense, mostrando que o
transformação de geometria, como recorte e algoritmo pode transformar esses modelos
representação mapeada, que foi identificada com sucesso.

Figure 3: Modelo de ponte extraído exibido


no ArcScene. Fonte: Zhu et al. [24].
28

Dificuldades na transformação
de IFC em Shapefile
Na área de modelagem sólida, a Embora a conversão de representações
transformação entre Brep (Boundary dentro da indústria tenha sido bem
representation), CSG (Constructive Solid resolvida no domínio da modelagem sólida,
Geometry) e varredura tem sido estudada a conversão interindústria entre BIM e GIS
para troca de dados entre diferentes ainda é um problema, encontrado por muitos
sistemas CAD/BIM, por exemplo, a conversão pesquisadores que tentam integrar BIM e
bidirecional entre CSG e Brep [26, 27], apesar GIS, como Borrmann et al. [32], Isikdag et
de que, uma conversão de Brep para CSG al. [33,34] e Deng et al. [31]. O problema
é geralmente impossível, pois os modelos de conversão BIM para GIS pode ser
Brep carregam menos informações [28]. interpretado de duas maneiras:
No entanto, para a conversão interindústria
BIM/GIS, mais aspectos precisam ser 1. A maneira instável usando ferramentas
considerados: comerciais. A transformação da geometria
de BIM para GIS pode ser concluída
1. Não apenas CSG e sólido varrido, os usando ferramentas comerciais como
modelos Brep também precisam ser Feature Manipulation Engine (FME) [35]
transformados, como Brep (IFC) para Brep e Data Inter operability Extension for
(shapefile); ArcGIS (DIA) [36]. Essas ferramentas
transformam informações entre diferentes
2. O posicionamento espacial dos elementos esquemas de dados mapeando classes
de construção deve ser ajustado para se definidas neles. Contudo, quando existem
adequar ao GIS, uma vez que o BIM usa incompatibilidades semânticas, essa
um sistema de posicionamento relativo, abordagem tende a falhar ou resultar em
enquanto o GIS usa um sistema de perda de informações. Ademais, essas
coordenadas globais; ferramentas comerciais podem travar ao
processar modelos IFC [37], onde erros
3. Diferentes desafios surgem quando de geometria criados durante a conversão
diferentes formatos de recebimento podem fazer com que o FME não consiga
no lado do GIS são usados, como ler o IFC e travar, como aconteceu com
a transformação da geometria e a Boyes et al. [38];
transferência semântica, principais
preocupações quando o shapefile é 2. Em vez de usar ferramentas comerciais,
usado [29]. No entanto, cabe destacar os pesquisadores também desenvolvem
que quando CityGML é utilizado, algoritmos personalizados para
o mapeamento de semântica e o transformação de geometria. Entretanto,
mapeamento de nível de detalhes entre os cinco tipos de representação
também devem ser levados em 3D usados pelo
​​ IFC, ou seja, Brep, CSG,
consideração [30, 31]. Essas questões sólido varrido, recorte e representação
não precisam ser consideradas durante mapeada, apenas a transformação do
a conversão dentro da indústria, mas sólido varrido foi completamente coberta
são elas que distinguem a conversão [25, 24], enquanto a transformação
interindústria da conversão dentro da de CSG, recorte [25] e representação
indústria. mapeada permanece um problema.
29

Aprimoramento das
informações dos modelos
BIM com o uso de dados GIS
Embora as informações GIS sejam
necessárias para planejar e operar estradas,
pontes, aeroportos, redes ferroviárias
e outras infraestruturas com base em
seus arredores, as informações BIM são Vídeo 1: Integração BIM e GIS para infraestrutura.
críticas para o projeto e construção dessas Fonte: O autor.
estruturas. Dessa forma, associando as
informações, pode-se obter uma camada
de contexto geoespacial combinada com o Desafios e soluções para a
modelo BIM, projetando estruturas físicas ao
nível de objeto, geridas no contexto de uma
integração de dados GIS ao BIM
paisagem maior e mais inteligente.
Os profissionais da indústria AEC
Potencializar o valor a longo prazo de novas normalmente confiam em informações GIS
infraestruturas significa fornecer projetos para determinar o impacto de seus projetos
melhores que abordam muitos dos problemas com base nas condições existentes no local e
atuais de sustentabilidade e resiliência. no contexto geográfico, incluindo topografia,
Diante disso, adicionar um projeto digital áreas de inundações, estradas, infraestrutura
em uma geografia real pode eliminar grande subterrânea, áreas a desapropriar e
parte do risco de projetar e construir, uma vez componentes ambientais. Entretanto, o
que os maiores atrasos acontecem nas fases acesso a esses dados muitas vezes tem sido
de planejamento e obtenção de permissões, a fonte de muitos atrasos e ineficiências,
que envolvem diversas avaliações de considerando que:
impactos sociais, econômicos e ambientais.
Em geral, os planejadores fazem grande parte 1. GIS e CAD/BIM sempre existiram em
dessas análises usando dados geoespaciais, caminhos paralelos, com diferentes
verificando áreas a serem desapropriadas, formatos de arquivos, fluxos de trabalhos
mapas de planícies de inundação ou até e conhecimentos, sendo complicado o
mesmo estrutura subterrâneas de serviços compartilhamento de dados entre eles;
públicos (Vídeo 1).
2. Fluxos de dados ineficientes dificultam
A integração de BIM e GIS também pode a capacidade de usar informações de
ser útil após a construção de uma estrutura. projeto de forma eficaz para abordar
Assim, ao em vez de simplificar muito os questões como mudança climática,
dados finais fornecidos para a gestão de aumento da urbanização e mudanças
instalações, o modelo flexível, associado ao demográficas;
GIS, pode fornecer o que é necessário para
as operações, sendo possível reutilizar esses 3. A entrada e conversão manual de dados
dados ao longo de todo o ciclo de vida da aumenta o potencial de erros e perda de
estrutura. A título de exemplo, operar uma dados;
estrada denota gerir serviços de utilidade
pública, instalação de defensas metálicas, 4. O meticuloso processo de coleta e
manter a pintura das faixas e supervisionar atualização de dados do campo cria
as equipes de manutenção, com muitas potenciais discrepâncias entre o que está
manutenções e conservações. Assim, pode- no sistema e o que está no solo.
se melhorar a operabilidade e eliminar erros
ao conectar o GIS, CAD e BIM.
30

Dentre algumas soluções para assimilar


a inteligência de localização com projeto,
destaca-se o Autodesk Connector for ArcGIS,
que integra o fluxo de dados entre o GIS e o
Autodesk InfraWorks (Vídeo 2) e o Autodesk
Civil 3D (Vídeo 3). O Connector viabiliza que
profissionais de infraestrutura trabalhem com
dados GIS diretamente em seus projetos e
usem essas informações para aprimorar o
modelo conforme o mundo real. Além disso, os
recursos GIS podem ser atualizados dentro do Vídeo 2: Connector for ArcGIS no InfraWorks.
Fonte: Autodesk InfraWorks [39].
modelo, atualizando diretamente para o ArcGIS
Online (Vídeo 4).

Outra solução de destaque é o uso de dados


GIS disponibilizados pelos serviços públicos
e privados, como o VGeo (Visualizador de
Dados do DNITGeo) [42], o Sicar (Sistema
Nacional de Cadastro Ambiental Rural) [43],
o SIGEF (Sistema de Gestão Fundiária) [44] e
o Geosimples [45]. O VGeo possui, em geral,
informações de infraestrutura rodoviária,
aquaviária e ferroviária, levantamentos de
Vídeo 3: Connector for ArcGIS no Civil 3D.
ortoimagens, modelos digitais de terrenos Fonte: Autodesk Mundo AEC [40].
e faixas de domínio, bases cartográficas de
estados, capitais, municípios e Amazônia Legal,
além de dados ambientais e hidrografia. O
Sicar e o SIGEF, dispõem principalmente de
informações de cadastro de imóveis rurais
e assentamentos, e o Geosimples atende
prefeituras com fornecimento de serviços
de engenharia, topografia, cartográficos,
levantamento aerofotogramétrico, cadastral e
GIS.

Entretanto, para usar os dados GIS


Vídeo 4: Publicação com o Autodesk Connector for Civil
disponibilizados pelos serviços públicos e 3D. Fonte: Autodesk Mundo AEC [41].
privados, é necessário um conhecimento
prévio sobre o conjunto de tecnologias
voltadas a coleta e tratamento de informações
espaciais, o qual é o geoprocessamento,
e como integrar os resultados ao BIM.
Em geral, o geoprocessamento possui 4
etapas, sendo a coleta, o armazenamento, o
tratamento e análise e o uso integrado. Para o
desenvolvimento destes passos e combinar os
resultados gerados, pode-se utilizar softwares
GIS, como o QGIS e o ArcGIS. Para integrar a
um modelo BIM, basta inserir e configurar os
arquivos tipo shapefile dentro dos softwares
BIM que tenham interoperabilidade com esta
tipologia de arquivo, por exemplo.
31

Conclusão
Diante do exposto, pode-se observar que
unir GIS e BIM pode ajudar os planejadores
das cidades a tomar decisões que afetam
as comunidades e fornecer aos engenheiros
civis os dados de que precisam para projetos
de construção e infraestrutura. Assim,
permitir esses fluxos de trabalho mais
eficientes entre o GIS e as equipes de projeto
deve enriquecer os projetos e aprimorar
o novo papel que os profissionais da AEC
podem desempenhar como defensores
sociais e ambientais, além de beneficiar as
comunidades em geral.

Dessa forma, entende-se que os benefícios


da integração entre dados GIS e de projetos
podem incluir: a coordenação aprimorada
de solicitações de dados GIS; o fluxo de
trabalho aprimorado para otimização
de projeto; as atualizações de dados de
campo mais eficientes no escritório; e a
consistência aprimorada entre GIS e dados
de projeto. Portanto, inserir projetos digitais
em geografias do mundo real mais precisas,
melhorar a tomada de decisões nos estágios Autor:
José Vinícius Silva Martins.
iniciais do planejamento, o que influencia Engenheiro Civil e Embaixador da ZIGURAT. Alumni
em muitas avaliações de impacto social, do Master Internacional em BIM Management para
econômico e ambiental, principais causas Infraestruturas, Engenharia Civil e GIS. Especialista
em estruturas, fundações, pontes e transportes.
dos maiores atrasos em grandes projetos de
infraestrutura.
Master Internacional em
BIM Management para
Infraestruturas, Engenharia
Civil e GIS
Dupla Titulação:
Duração Metodologia
1 ano acadêmico Live Online

Você também pode gostar