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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

MBA EM PLATAFORMA BIM - MODELAGEM, PLANEJAMENTO E


ORÇAMENTO

PAULO ALVIM HENRIQUE

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE UM PROJETO ARQUITETÔNICO


DESENVOLVIDO NA PLATAFORMAS BIM E BIDIMENSIONAL

FLORIANÓPOLIS
2019
PAULO ALVIM HENRIQUE

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE UM PROJETO


ARQUITETÔNICO DESENVOLVIDO NA PLATAFORMAS
BIM E BIDIMENSIONAL

Monografia apresentada ao curso de MBA


em Plataforma Bim - Modelagem,
Planejamento e Orçamento, a
Universidade Paulista, como requisito
parcial para obtenção do título de
Especialista.

FLORIANÓPOLIS
2019
RESUMO

O processo de projeto vem sofrendo mudanças ao longo do tempo, logo o presente


cenário na construção civil vem desenvolvendo-se no uso da plataforma BIM (Building
Information Modeling). Este trabalho faz uma análise comparativa na elaboração de
um projeto residencial arquitetônico em um software com as atribuições da tecnologia
BIM e um software com a tecnologia CAD. A metodologia aplicada foi a elaboração
de um mesmo projeto no programa AutoCAD e posteriormente no programa Revit afim
de se verificar o fluxo de trabalho e as informações apresentadas durante o processo.
O desenvolvimento fundamentou em um projeto padrão na qual foram evidenciados
os principais conjuntos de dados para se conceber os elementos pertinentes a cada
disciplina e com isso originalizou-se o projeto para estudo. Logo após finalizado o
desenvolvimento foram determinados alguns parâmetros para se verificar a distinção
dos processos. O parâmetro de tempo foi utilizado para se aferir os esforços gastos
nos determinados programas e com isso visualizou quais as principais etapas
demandaram maior tempo e quais seus obstáculos. Ao final da pesquisa, conclui-se
que houve grande distinção no resultado obtido entre as plataformas e que softwares
com a tecnologia BIM tem demasiadamente mais a oferecer ao profissional
interessado quando se remete a informações atualizadas e visualizações automáticas
do trabalho executado, visto que a tecnologia como um todo vai muito além desta
visualização gráfica 3D, pois o resultado final foi um objeto modelado e parametrizado
com informações reais.

Palavras-chave: BIM. Projeto. Software


ABSTRACT

The design process has been changing over time, so the present scenario in civil
construction is developing using the BIM (Building Information Modeling) platform. This
paper makes an analysis on development of a residential architectural design on a
software with the attributions of BIM technology and software with CAD technology.
The methodology used was the elaboration of the same design in AutoCAD program
and later in Revit program in order to check the flow of work and information submitted
during the process. The development was based on a default trivial project which
highlights the major datasets for conceiving the elements relevant to each discipline
and with that designed the project for study. Shortly after finalized the development
were established some parameters to check the distinction. The time variable was
used to evaluate the efforts spent in certain programs and previewed what are the main
steps demanded longer and what your obstacles. At the end of the survey, you can
find out that there was no great distinction in the result between platforms and software
with BIM technology has too much more to offer to the professional interested when it
posts the updated information and Automatic previews of work performed, whereas
the technology as a whole goes far beyond this 3D graphics viewing, because the end
result was a modeled object and parameterized with real information.

Keywords: BIM. Project. Software


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Seções de uma edificação elaborado no software Autodesk AutoCAD®.. 13


Figura 2: Representação genérica de uma parede concebido pelo AutoCAD.......... 14
Figura 3 - Benefícios esperados pelas empresas..................................................... 20
Figura 4 - Benefícios observados pelas empresas................................................... 21
Figura 5 - Desenvolvimento do Projeto – AutoCAD e Revit Análise Comparativa
entre os Softwares e Fluxo de Trabalho.................................................... 25
Figura 6 - Desenvolvendo paredes através de linhas............................................... 27
Figura 7 - Planta baixa pavimento térreo.................................................................. 28
Figura 8: Propriedades de layers em projeto............................................................ 28
Figura 9: Planta Baixa pavimento térreo................................................................... 30
Figura 10 – Seleção de linhas que representam a parede......................................... 32
Figura 11: Parede de família de sistema................................................................... 34
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 7
1.1 Objetivo geral..................................................................................................... 7
1.2 Objetivo específico............................................................................................ 8
1.3 Justificativa......................................................................................................... 8
1.4 Metodologia........................................................................................................ 9

2 REVISÃO TEÓRICA............................................................................................... 10
2.1 Processo De Projeto.......................................................................................... 10
2.1.1 As fases e etapas de um projeto...................................................................... 10
2.1.2 Níveis de desenvolvimento de um projeto........................................................ 11
2.2 Plataforma Bidimensional................................................................................. 12
2.3 Plataforma Bim.................................................................................................. 15
2.3.1 Conceitos e definições..................................................................................... 15
2.3.2 Processo de modelagem BIM.......................................................................... 16
2.3.3 Componentes BIM e sua parametrização....................................................... 17
2.3.4 Benefícios da plataforma BIM......................................................................... 19
2.3.5 Obstáculos de implementação........................................................................ 21

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 24
3.1 Etapas Do Trabalho........................................................................................... 24

4 RESULTADOS....................................................................................................... 26
4.1 Etapa1 – Elabolação Do Modelo Arquitetônico.............................................. 26
4.1.1 Plataforma CAD............................................................................................... 26
4.1.1.1 Desenvolvimento do projeto.......................................................................... 26
4.1.2 Plataforma BIM................................................................................................. 29
4.1.2.1 Desenvolvimento do projeto.......................................................................... 29
4.1.3 Análise comparativa entre plataformas CAD e BIM......................................... 31
4.2 Etapa 2 – Descrição Dos Fluxos De Trabalho Na Elaboração
Dos Projetos...................................................................................................... 32
4.2.1 AutoCAD......................................................................................................... 32
4.2.2 Revit................................................................................................................ 33
4.2.3 Análise comparativa entre as informações geradas pelas plataformas
CAD e BIM....................................................................................................... 35
4.3 Etapa 3 – Identificação Das Principais Informações Obtidas...................... 36
4.3.1 AutoCAD.......................................................................................................... 36
4.3.2 Revit................................................................................................................. 37

5 CONCLUSÃO........................................................................................................ 38

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 40
7

1 INTRODUÇÃO

Cada vez mais se tem buscado excelência na elaboração de projetos no setor


da construção civil, principalmente pela necessidade de compatibilizar todas as
informações dos projetos de engenharia (arquitetônico, automação, climatização,
elétrico, estrutural, hidráulico, e etc.) de modo à auxiliar e simular com a maior precisão
o desenvolvimento e funcionamento da futura edificação.
O avanço da tecnologia, em especial na área de desenvolvimento de software,
tem cada vez mais buscado por resultados precisos e eficazes nos diversos ramos da
atualidade, como também no setor da construção civil. Especificamente na área de
projetos, existe uma série de tecnologias desenvolvidas para atender este propósito,
isso inclui desde aplicativos operacionais vinculados a aparelhos celulares até
softwares mais complexos para elaboração de projetos voltados à construção civil.
Ao encontro e em concomitância dessa realidade tecnológica, desenvolveu-se
a metodologia BIM que cria uma realidade gráfica virtual tridimensional compatibilizada
do produto, possibilitando assim, uma noção preliminar de como uma edificação ficará
pronta mesmo antes dela ser construída. Através da implementação dessa
metodologia é possível atingir melhores resultados com um processo mais colaborativo
e um maior controle das informações e ajuste facilitado dos projetos. Com isso, o BIM
permite a visualizada das alterações do projeto, possibilitando a modelagem de acordo
com a realidade e o processo de construção.
Nesta pesquisa será abordado o fluxo de trabalho através da plataforma BIM
com objetivo de comparar com processo de modelagem bidimensional
tradicionalmente utilizada.

1.1 Objetivo Geral

Realizar uma análise comparativa entre um projeto arquitetônico desenvolvido


nas plataformas bidimensional e a BIM para análise dos escritórios de arquitetura
quanto ao ganho de produção.
8

1.2 Objetivo Específico

Para atingir o objetivo geral deste trabalho foram elaborados os seguintes


objetivos específicos:

• Apresentar o fluxo do projeto arquitetônico utilizando uma plataforma


bidimensional (Autodesk AutoCAD) e a BIM (Autodesk Revit);

• Descrever os fluxos de trabalho na elaboração do projeto nas plataformas


de suporte dos softwares Autodesk AutoCAD e Autodesk Revit;

• Identificar as principais informações obtidas após o desenvolvimento do


projeto pela plataforma bidimensional (Autodesk AutoCAD) e a BIM (Autodesk Revit);

1.3 Justificativa

O processo de implantação de uma edificação é fragmentado e por longo


período de tempo dependeu de formas de comunicação baseadas em papel, onde
eram frequentes a ocorrência de erros e omissões nos documentos o que às vezes
resultavam em custos imprevistos (EASTMAN, 2014).

Evoluções tecnológicas vieram e consigo métodos informatizados de


desenvolver projetos foram concebidos. Atualmente têm sido predominantes os
conceitos bidimensionais em softwares de projetos de arquitetura e engenharia. Esse
sistema de desenvolvimento de projeto também conhecido como CAD gera arquivos
digitais que consistem basicamente em vetores, tipos de linhas e identificação de
camadas – layers, sem informações muito precisas ou detalhadas (EASTMAN, 2014)

Logo, para desenvolver projetos mais inteligentes e capazes de fornecer maior


número de informações, imagens, quantitativos para orçamento, o mercado atual tem
se voltado às atenções ao modelo BIM. Esse conceito de projeto entre outros fatores
possibilita a visualização antecipada e mais precisa de um projeto, compatibilização
9

entre as disciplinas com correções automáticas de baixo nível quando mudanças são
feitas em uma determinada área e extração de relatórios gerenciais.

Entretanto, ainda entre os profissionais da área, mesmo cientes das


possibilidades de automatização dos projetos, ainda se encontra muitas dificuldades e
desafios quanto a sua implementação.

Diante de tal cenário foi identificada à necessidade de uma análise comparativa


entre as plataformas usuais a fim de apresentar seus conceitos e esclarecer as
diferenças visíveis entre as formas de conceber um projeto por meio do sistema
bidimensional e do BIM.

1.4 Metodologia

A metodologia aplicada foi comparativa. Utilizando a elaboração de um mesmo


projeto no programa AutoCAD e posteriormente no programa Revit afim de se verificar
o fluxo de trabalho e as informações apresentadas durante o processo. O
desenvolvimento fundamentou em um projeto padrão na qual foram evidenciados os
principais conjuntos de dados para se conceber os elementos pertinentes a cada
disciplina e com isso originalizou-se o projeto para estudo. Logo após finalizado o
desenvolvimento foram determinados alguns parâmetros para se verificar a distinção
dos processos. O parâmetro de tempo foi utilizado para se aferir os esforços gastos
nos determinados programas e com isso visualizou quais as principais etapas
demandaram maior tempo e quais seus obstáculos.
10

2 REVISÃO TEÓRICA

2.1 Processo De Projeto

2.1.1 As Fases e Etapas de um Projeto

Na elaboração de um projeto, o autor deverá possuir algumas informações


relevantes ou um conjunto delas para que se possa iniciar o desenvolvimento desse.
Pode-se dividir a concepção de um projeto em fases conforme descrito no Caderno
BIM (2014) de acordo com o projeto final proposto (construção nova, ampliação,
reforma, demolição e escâner). Assim, faz–se necessário organizar as fases e etapas
de desenvolvimento até a obtenção dos projetos executivos.
Contudo, ter a ciência das etapas de elaboração de um projeto torna o processo
mais claro e simples e aos poucos ele se monta, conforme as informações pertinentes
a cada momento. Ferreira (2016) exemplifica que o projeto legal irá conter informações
convenientes e específicas aos órgãos públicos e portarias específicas para questões
de aprovações, já o projeto executivo conterá informações necessárias ao produto
final, detalhadas e facilitadas para que na hora da execução não haja dúvida por parte
dos engenheiros e responsáveis da obra. Portanto ter a consciência do fluxo de
trabalho na elaboração do projeto facilita e favorece a execução do todo.
Ainda, conforme o Caderno BIM (2014), podemos resumir em cinco as fases de projeto
de edificações e cada uma contempla suas respectivas etapas que ao final se fomenta
o empreendimento, conforme podemos verificar a seguir:

• Fase de elaboração do produto: envolve o levantamento de dados, programa de


necessidades e o estudo de viabilidade.
• Definição do produto: compreende-se por estudo preliminar.
• Identificação e soluções de interfaces: contempla o anteprojeto, projeto legal e
o projeto básico.
• Projeto Executivo e de detalhamento.
• Pós entrega da obra.
11

2.1.2 Níveis de Desenvolvimento de um Projeto

Para ter-se a dimensão exata do grau de informações que o projeto tem, em


determinado momento da elaboração, foram especificados Níveis de Desenvolvimento
ou Level of Development (LOD), como também é conhecido, que permitem gerenciar
os processos de desenvolvimento do projeto de maneira clara e objetiva,
acompanhando toda a evolução do projeto em si, de maneira coordenada e
simultânea. Os níveis de desenvolvimento são representados em escala progressiva
que varia de 100 a 500, sendo: 100 (fase conceitual), 200 (geometria aproximada), 300
(geometria precisa), 400 (execução) e 500 (obra concluída) (MANZIONE, 2013).
Para Ferreira (2015) é usual confundir-se nível de desenvolvimento com nível
de detalhe, porém há diferenças que não podem ser ignoradas, pois são conceitos
importantes da metodologia BIM. Conforme Comarell, Ferreira; Silva (2016), o nível de
detalhe é a representação gráfica (visual) incluída, ou a ser incluída, no elemento do
modelo. Já nível de desenvolvimento representa o grau de informações que os
elementos apresentam e serão usados pelos stakeholders envolvidos na construção.
No Caderno de Especificações de Projetos em BIM, da Secretaria de Estado do
Planejamento, (2014) associa as etapas descritas anteriormente aos níveis de
desenvolvimento, conforme a seguir:

• ND 100 – Definição do produto – Estudo Preliminar (EP);


• ND 200 – Definição do produto – Anteprojeto (AP);
• ND 300 – Definição do produto – Projeto Legal (PL);
• ND 350 – Identificação e solução de interfaces – Projeto Básico (PB);
• ND 400 – Projeto de detalhamento de especialidades – Projeto Executivo (PE)
• ND 500 – Pós-entrega da obra – Obra concluída (As Built).

Desta forma, Instituto Americano de Arquitetos, ou American Institute of


Architects (AIA) criou o LOD Specification onde descreve os níveis de desenvolvimento
que estabelece as características de diferentes elementos de diversos meios
construtivos. Comarella, Ferreira; Silva (2016) apresenta no Quadro 1 uma tabela onde
evidencia-se essas descrições relacionando e atribuindo esses níveis de
desenvolvimento do modelo no qual está inserido com suas determinadas
características.
12

Quadro 1 - Definições de LOD

Fonte: Comarella, Ferreira e Silva (2015)

2.2 Plataforma Bidimensional

Temos acompanhado as evoluções frequentes no modo de se conceber um


projeto arquitetônico, estrutural ou complementar. Quando falamos em projeto,
claramente vem a imagem de uma prancha em papel A0, A1, ou outras, conforme
tamanho da necessidade, onde se veem representações de plantas baixa, fachadas,
cortes esquemáticos e detalhes construtivos ali, juntamente com lápis e vários rabiscos
espalhados, onde a partir destas o engenheiro de obra faz as interpretações
necessárias e iniciam o processo construtivo. Juntamente com isso temos a
abrangência dos softwares de projetos sobressaindo quase por completo a estes.
Nos anos 1980 ocorreu um feito marcante onde foram introduzidos o primeiro
sistema de programação e elaboração de projetos em uma calculadora 64K, o
ArchiCad, desenvolvido por Gallello presidente da Graphisoft, e de acordo com ele
“revolucionou o processo de criação, de projeto e até mesmo a criação do espaço”
(FRANK, 2008). A partir dessa época, então, a sigla CAD (Computer Aided Design –
Desenho Auxiliado pelo Computador, em tradução livre) passou a representar essa
tecnologia.
Segundo Manzione (2013), os softwares a partir de ferramentas CAD são
amplamente utilizados no desenvolvimento de projetos por escritórios de arquitetura e
13

engenharia atualmente. Sua propagação foi largamente disseminada ao longo do


tempo pois eles auxiliam e facilitam as atividades do projetista na concepção das ideias
através de formas geométricas precisas e exatas, porém a falta de colaboração e a
possibilidade de erros na emissão decorrente da comunicação 2D pode trazer
problemas relevantes em todo o processo, sendo muitas vezes postergado até chegar
na execução do empreendimento, onde lá que serão visualizadas as
incompatibilidades e cabe ao engenheiro da obra tomar providências pontuais e
imediatas para a resolução dos problemas afim de se obter o êxito de todo
procedimento esperado na finalização da obra.

Figura 1: Seções de uma edificação elaborado no software Autodesk AutoCAD®.

Fonte: PlataformaCAD (2019)


Disponível em: https://www.plataformacad.com/autocad-o-que-e/;. Acesso em ago. 2019.

Na Figura 1 observa-se o detalhe de seções de uma edificação elaborado no


software Autodesk AutoCAD®, onde pode-se verificar que o método de trabalho é a
replicação de várias seções para tentar traduzir o máximo de informação num mesmo
plano de trabalho, dando chance para eventuais equívocos no caso de se alterar algo
em alguma seção e esquecer de alterar nas outras. Contudo, conforme cita Jacoski
(2003) o ideal seria que o projeto trouxesse todas as informações agregadas a ele,
como representação gráfica, numérica e textual (inclusive com uso de Realidade
Virtual), com objetivo de facilitar a visualização de interferências e sua resolução
imediata.
14

Na Figura 2, verifica-se a necessidade expressada por Jacoski (2003) pois com


o auxílio do software Autodesk AutoCAD® foi elaborada a representação de uma
parede genérica, pelo método tradicional usual na grande maioria dos escritórios de
arquitetura e engenharia. Foram feitas linhas gráficas (2D) afim de representar a
parede, onde ali, a pessoa que irá receber o projeto deverá interpretar as linhas, no
caso este retângulo como uma parede, através do contexto completo do projeto ou por
meio de notas explicativas orientando a “finalidade” e objetivo daquelas linhas ali
representada.

Figura 2: Representação genérica de uma parede concebido no AutoCAD

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

O exemplo apresentado na Figura 2 é genérico, porém se imaginarmos um


projeto completo, onde o desenho executado conterá inúmeras linhas gráficas
expressando todo o projeto, a possibilidade de erros na interpretação pode ser
demasiada, sendo isto evitado em muitos casos conforme citado através de notas de
texto esclarecendo o que aquilo representa, ou qual realmente é a função de tal
elemento.
15

2.3 Plataforma Bim

2.3.1 Conceitos e Definições

Não existe um termo específico em acordo para a definição de BIM (CADERNO


BIM, 2014). Building Information Modeling (BIM), em tradução livre Modelo ou
Modelagem da Informação da Construção, é sobretudo a modelagem de um projeto,
em softwares específicos, na forma mais realista possível em que irá ser construída.
De acordo com Vieira (2017):

“É o nome dado ao processo de construção que utiliza informações


parametrizadas e geométricas para modelar um projeto em todas as suas
etapas, desde a concepção até a manutenção, podendo ainda considerar a
possível reforma e demolição da edificação.” (Apud STEINER 2016, p.19).

Nota-se que tratamos o processo como modelagem, e não desenho, pois as


ações efetuadas durante esta modelagem resultarão quase que instantaneamente em
um resultado específico à função exercida. Resultados estes parametrizados com a
realidade de informações inseridas no software em uso (PAIVA, 2016). Portanto, no
decorrer da modelagem, será observado de forma repentina que a letra “i” que compõe
a sigla BIM tem a maior relevância no processo, pois ela é responsável pelas
informações contidas no modelo e será sem dúvida a inovação mais significante
constatada inicialmente.
Segundo Eastman et al. (2008), existem muitas verdades e mitos na percepção
geralmente aceita, no que se refere ao estado da arte da plataforma BIM e se torna
importante realizar essa análise com uma visão independente dos interesses
comerciais que norteiam a literatura oferecida pelos fabricantes de softwares.
Portanto, cada autor o define de uma maneira, e possui diversas definições na
literatura, mas sempre dentro das concepções do método primordial. Conforme
Ernstrom (2006), “BIM é o desenvolvimento e uso de um modelo de programa de
computador para simular a construção e operação de um empreendimento.” Ele é
fundamentado na concepção de representar digitalmente um elemento de uma
construção, e consequentemente toda ela, de forma inteligente e paramétrica, onde
possa extrair informações que sejam úteis para tomar decisões e agilizar o processo
de construção. Já Succar (2009) define os conceitos de BIM como, “uma série de
16

tecnologias, processos e políticas que possibilitam que os diversos envolvidos no


processo projetem, construam e utilizem um empreendimento de forma colaborativa.”
Porém a descrição mais adequada a este trabalho, é a de Eastman et al. (2014), que
denomina a expressão BIM como um verbo ou adjetivo que retrata as tecnologias,
ferramentas e processos que são favorecidas pela documentação digital de uma
edificação feita legivelmente pelo computador, verificando com isso seu desempenho,
planejamento, construção e sucessivamente sua operação final.
Portanto, temos que o BIM é uma nova estrutura e organização processual na
construção civil, tanto para arquitetos, engenheiros, projetistas ou secundários. Iremos
tratar o BIM como a metodologia que circunda o ciclo básico de processos, pessoas e
softwares.
Eastman et al (2014), ressalta ainda que BIM é um dos mais promissores e
prósperos seguimentos da indústria relacionada à arquitetura, engenharia e construção
(AEC) em desenvolvimento. Com a tecnologia um modelo virtual preciso de uma
edificação é construído de forma digital e, quando completo, o modelo gerado
computacionalmente contém a geometria exata e os dados pertinentes, necessários
para dar suporte a construção, a fabricação e ao fornecimento de insumos necessários
para a realização da construção.
Segundo Crotty (2012), a tecnologia implementada na modelagem em BIM caracteriza-
se na elaboração, planejamento e desenvolvimento de um modelo virtual de
empreendimento onde é possível ser visualizado de maneira mais próxima do real
antes dele construído. Para isso são necessários elementos básicos virtuais com
informações reais associadas a eles, como são conhecidos os “componentes
inteligentes” onde este se corresponde ao componente real que será utilizado no
empreendimento.

2.3.2 Processo de Modelagem BIM.

Conforme expõe Eastman et al., (2014), o termo BIM é uma palavra muito
utilizada pelos desenvolvedores de software para descrever a capacidade de seus
produtos aproveitando a grande evidência que o sistema se encontra no cenário atual
da construção civil. Por isso a definição estipulada do que é esta tecnologia está sujeita
a variações, confusões e até a designação errônea sobre ela. Para Eastman et al
17

(2014), as soluções de modelagem que não utilizam BIM no seu processo são
apresentadas no Quadro 2.

Quadro 2 - O que não é BIM

Fonte: Eastman et al (2014)

2.3.3 Componentes BIM e sua parametrização

Componentes BIM são blocos básicos a partir dos quais os modelos BIM são
construídos (GUIA ABDI, 2017). Esses componentes representam todos os tipos de
objetos que integram uma construção: vigas, pilares, lajes, pisos, paredes e forros,
portas e janelas, tubos e conexões de tubos e dutos, mobiliário e equipamentos, etc.
Estes blocos inteligentes, como são conhecidos, são teoricamente:

A estrutura de um modelo paramétrico é composta por “famílias” de objetos


incluindo atributos de forma, atributos que não são de forma e relações.
Assim, diferentes instâncias de um tipo podem gerar uma grande variedade
de objetos, com parâmetros diversificados e dispostos em posições variadas
(ANDRADE; RUSCHEL 2009).

Contudo é necessário para início da modelagem, seja ela arquitetônica,


estrutural ou dos projetos complementares, uma biblioteca virtual contendo os blocos
essenciais para desenvolvimento do projeto. Blocos estes parametrizados, com
18

informações reais, seja ela de altura, espessura, diâmetro, material, rugosidade,


potência, ou qualquer outra informação pertinente aquele objeto e a sua função no
projeto, pois através da inserção destes blocos parametrizados, poderemos obter
valores, cálculos e a sua correta funcionalidade dentro do modelo (GUIA ABDI, 2017).
Portanto, se este elemento desejado não existir no software de trabalho, será
necessário acessar bancos de dados de empresas ou fabricantes da marca afim de
encontra-los, conforme o Guia ABDI (2017) auxilia. Em último caso na inexistência do
componente ou na carência de algo muito específico o projetista deverá criá-lo
conforme sua necessidade.
Estes blocos parametrizados e “inteligentes”, são os responsáveis para que
façamos uma simples alteração em um objeto e este se altera automaticamente em
todo o projeto carregando consigo as suas funções e atribuições novas. Conforme o
Guia ABDI (2017), os objetos paramétricos têm como atribuição estas características,
evitando assim redesenho e até mesmo economia de tempo de projeto do autor, de
procurar todos os objetos idênticos para a mudança, ou até mesmo abstendo-se de
esquecer de verificar tal vista e essa passar por despercebida sem a alteração,
carregando consigo uma informação errônea que adiante, possivelmente na execução,
será verificada e caberá aos responsáveis da execução e/ou da obra solucionar esta
interferência pontual, acarretando-se muitas vezes em tempo perdido, custo extra,
entre outros problemas.
Ainda sobre os componentes paramétricos, conforme mencionado, o que determina
quais parâmetros devam ser incluídos em componentes BIM é o uso que se pretende
dos modelos em que serão inseridos. Assim, o critério prioritário para a decisão de
inclusão de um parâmetro é a necessidade daquela informação para os usos de BIM
pretendidos pelo empreendimento (GUIA ABDI, 2017).
O Guia ABDI (2017) expõe que Tipo é uma categoria de componente, com
certas propriedades particulares. (Por exemplo, um modelo de bacia sanitária ou um
tipo de sapata de fundação). Já instância é cada exemplar de um certo tipo de
componentes efetivamente inserido num modelo BIM. Assim, um certo tipo de
componente pode ter diversas instâncias no modelo.
19

2.3.4 Benefícios da Plataforma BIM.

O BIM tem um comportamento de modelação focada por objetos. Este método


constitui-se na programação de estruturas de dados, organização e definição de
elementos com valores e na forma real de como seria a atividade exercida por estes
elementos. Por outro lado, cada entidade ou objeto corresponde não só ao modo de
representação, isto é, às propriedades que definem o objeto, como também a todos os
operadores que o criam, manipulam, eliminam e atualizam corretamente, possibilitando
assim o funcionamento e autonomia de cada objeto em particular (MONTEIRO,
MARTINS; 2011). Por outras palavras, a modelação é feita através da definição de
objetos "ricos", com “inteligência”, ou seja, desenha-se uma parede, está já com as
informações parametrizadas e não será só observado uma parede, suas linhas gráficas
delimitando o tamanho e a espessura dela, e sim um modelo paramétrico com todas
as informações pertinentes aquela parede, todas suas propriedades.
As principais vantagens verificadas no uso da plataforma segundo Souza,
Amorim; Lyrio (2009) foi a redução dos erros de desenho e a facilidade nas alterações
e os resultados apresentados por consequência dentro do projeto. Estes aspectos tem
relação direta com a parametrização dos componentes que com isso permite
automaticamente, cortes, vistas e outros elementos associados sejam corrigidos
simultaneamente conforme necessidade. “A visualização tridimensional (3D) facilitada
permite melhorar o entendimento do projeto pelos envolvidos e facilita as soluções de
projeto”.
Monteiro; Martins (2011) cita ainda que podemos observar algumas vantagens
pontuais voltadas especificamente para a indústria da construção, e entre elas
podemos expor:
• Pesquisa e obtenção eficiente de documentos específicos;
• Propagação de alterações rápida e direta do elemento;
• Automatização de fluxos de trabalho;
• Criação de condições favoráveis para a realização simultânea do trabalho de
diversos projetistas, resultando em prazos mais curtos para o desenvolvimento de
projetos;
• Eliminação da introdução repetida de dados, evitando-se os erros associados;
• Redução de esforços redundantes relacionados com a repetição de tarefas de
projeto e com as verificações das especificações elaboradas;
20

• Aumento de produtividade devido a uma partilha de informação mais rápida.


Entre os pontos citados acima, o aumento de produtividade na criação de um
projeto complementar, por exemplo, é demasiado significativo na relação
multidisciplinar de projetos concebidos em vários escritórios distintos. O projetista
complementar necessita inteiramente do projeto arquitetônico e de suas informações
básicas para poder desenvolver sua tarefa e esta quando apresentada de forma
compreensível e clara otimizará muito a busca pelas informações pertinentes do
projeto arquitetônico. A troca de informações é precisa e imediata (FILHO et al., 2015).
Portanto, estes benefícios foram observados pelos que ultrapassaram a barreira
do habitual e buscaram revolução no seu modo de trabalhar e consequentemente o
progresso no desenvolvimento de seus projetos.
Filho et al (2015) esclarece que verificar estes benefícios observados pelas
empresas é imprescindível e essencial para geração e disseminação de informações
relevantes a novas ferramentas para a construção civil e o setor num todo. Podemos
observar através dos gráficos a seguir essas evidencias.

Figura 3 - Benefícios esperados pelas empresas

Fonte: Filho et al. (2015)

A Figura 3 destaca conforme Filho et al. (2015) que as principais vantagens e


benefícios esperado a partir da implementação do BIM, segundo pesquisa entre
empresas do ramo, foi a facilidade de modificar o projeto, sem complicações no
restante do projeto, a melhoria na qualidade e também a visualização 3D facilitada.
Foi observado que as vantagens apresentadas por estas empresas após a
implementação da plataforma foi muito similar ao esperado por eles, sendo que a
geração de quantitativos automático, a visualização 3D facilitada e as facilidades na
21

modificação do projeto listaram o topo da pesquisa, conforme podemos observar na


Figura 4.

Figura 4 - Benefícios observados pelas empresas

Fonte: Filho et al., (2015)

Entretanto, para abdicarmos do processo habitual e aderir uma metodologia de


trabalho nova e distinta da usual, só realmente acontecerá se houver algum incentivo
e motivação para tal, conforme Masotti (2014) aponta. Segundo ele, “entre estas
motivações, podemos listar demanda de mercado, investimento em inovação, redução
de custos, oportunidade de negócios, falta de mão de obra, ineficiência processual,
etc.”

2.3.5 Obstáculos de Implementação

Apesar do BIM oferecer várias vantagens em sua utilização conforme já citado,


a implementação da plataforma consiste em um processo muitas vezes lento e
complexo, pois exige dos colaboradores treinamento, planejamento além de recursos
necessários para que a transição do modo de se projetar seja feita por completa de
maneira integra nos seus conceitos. Conforme Paiva (2016), assim como toda
introdução de uma nova tecnologia existem barreiras quanto a sua implementação,
esta não será diferente, sendo elas de origem cultural, financeira, legal e tecnológicas.
As principais barreiras segundo Liu (2015), podem ser expressas através do Quadro 3
a seguir.
22

Quadro 3: Obstáculos da implementação BIM

Fonte: Liu, 2015

E quando se diz barreiras tecnológicas, a implantação das novas tecnologias


em substituição das já existentes, está ligada diretamente as dificuldades que as
empresas encontraram, pois a utilização do novo software depende da instalação de
TI existente da empresa junto com os específicos treinamentos e principalmente tempo
para a adaptação e aceitação, processos e custos do novo método, e isto acarreta em
custos diretos e indiretos, estes que podem representar uma barreira para as pequenas
empresas. Esta questão de custo e tempo de adaptação força os investidores e
potenciais adotantes de BIM a considerar cuidadosamente as opções e até mesmo a
adiar e suspender a implantação. (PAIVA, 2016).
Souza; Amorim; Lyrio (2009) citam através de entrevistas feitas em empresas
que uma das maiores dificuldades apontadas pelos escritórios se refere a falta de
tempo para implantação da tecnologia, pois a escassez de profissionais com domínio
sobre os softwares leva os escritórios a oferecer treinamentos que demandam tempo
e investimento. Além disso, para iniciar os trabalhos na plataforma BIM necessita além
do conhecimento de novas ferramentas e comandos computacionais, mas
principalmente exige do profissional uma maneira de pensar no processo como um
todo do projeto e com isso a resistência a mudança do software torna-se outro
obstáculo a ser superada pela equipe operacional.
Eles ainda mencionam que a incompatibilidade com parceiros de projeto
também foi um item bastante verificado, pois o fato é que a revolução está se iniciando
23

pelos escritórios de arquitetura e a tecnologia BIM ainda está sendo pouco utilizada
por outros projetistas (instaladores, calculistas).
Foi observado que:

Existe certa preocupação dos escritórios com investimento em equipamentos


para suportar os softwares. Em geral os arquivos gerados nos programas BIM
são muito grandes e exigem muita capacidade de processamento. Este ponto
foi citado por empresas que afirmam não trabalhar com projetos que
continuam seguindo um mesmo “padrão”. Desta forma, os arquitetos e
engenheiros acabam levando muito tempo modelando componentes que são
exclusivos daquele determinado projeto e que não poderão ser aproveitados
em outros trabalhos (SOUZA; AMORIM; LYRIO, 2009).

Estes aspectos estão associados juntamente ao baixo nível da industrialização


e informatização da construção no Brasil, sendo a grande parte dos empreendimentos
utilizam de métodos construtivos habituais e poucos optam por elementos pré-
fabricados ou pré-moldados, resultando numa escassez de produtos disponibilizados
em bibliotecas BIM, submetendo o projetista a suprir essa deficiência do setor.
Paiva (2016) verifica que um dos principais obstáculos à implementação do BIM
é a inércia e resistência às mudanças, dificuldades de entendimento e compreensão,
barreiras culturais e particularidades do ambiente brasileiro (falta de valorização de
planejamento, busca de soluções rápidas e baratas, falta de interesse em colaboração,
ensino deficiente do assunto nas universidades, etc.), além de especificidades e
aspectos intrínsecos ao BIM.
24

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para alcançar os objetivos estabelecidos na proposta deste estudo, foi realizada


uma pesquisa bibliográfica e um estudo de caso sobre um projeto residencial padrão
para a análise comparativa da elaboração de um projeto arquitetônico utilizando a
plataforma bidimensional e a BIM.
Neste capítulo são descritas as quatro etapas relativas à metodologia utilizada
para a realização da análise comparativa deste estudo.

3.1 Etapas Do Trabalho

Na Etapa 1, intitulada Elaboração do modelo arquitetônico, foi elaborado o


estudo preliminar de uma residência unifamiliar de padrão popular, com área total de
61,78m².
O estudo preliminar foi elaborado com base nas diretrizes dos órgãos legais da
cidade de Paraguaçu Paulista, São Paulo. Foi selecionado um lote padrão de 8 metros
de largura por 20 metros de profundidade, com área total de 160,00m².
O modelo BIM foi elaborado utilizando o software Autodesk Revit e a
representação gráfica 2D do mesmo projeto foi elaborada utilizando o software
Autodesk AutoCAD.
O estudo preliminar de arquitetura em questão é composto pela planta baixa
contendo a definição dos ambientes e a inserção dos componentes básicos de
arquitetura.
Na Etapa 2, intitulada Descrição dos fluxos de trabalho na elaboração dos
projetos, nas plataformas de suporte dos softwares Autodesk AutoCAD e Autodesk
Revit, a partir dos projetos elaborados na etapa 01 foram apresentadas as diferenças
de trabalho entre tecnologias distintas CAD e BIM, o argumento expõe os
procedimentos adotados na elaboração do projeto piloto em diferentes programas
computacionais para este fim, portanto este é um estudo que baseia-se no processo
de trabalho do profissional da indústria AEC em certa ferramenta, levando em
consideração o fluxo de esforço versus efeito final obtido, e com isso portanto não será
enfatizado especificamente as áreas mais minuciosas de cada tecnologia.
25

Toda essa etapa do trabalho foi desenvolvida em macro etapas, conforme a


Síntese Metodológica ilustrada na Figura 5: Desenvolvimento do Projeto – AutoCAD e
Revit – Análise Comparativa entre os Softwares e Fluxo de Trabalho.

Figura 5 - Desenvolvimento do Projeto – AutoCAD e Revit – Análise Comparativa entre os Softwares


e Fluxo de Trabalho

Fonte: Elaborado pelo autor. (2019)

Na Etapa 3, intitulada Identificação das principais informações obtidas após


o desenvolvimento do projeto, a partir do projeto modelo desenvolvido na etapa 01
e seguindo os fluxos de trabalho definidos na etapa 2, foram levantados dados de
informações a respeito das propriedades de linhas e layers de ambas plataformas.
26

4 RESULTADOS

O presente capítulo apresenta e discute os resultados obtidos em cada etapa da


pesquisa referente a análise comparativa na elaboração de um projeto arquitetônico e
hidrossanitário utilizando a plataforma bidimensional e a BIM

4.1 Etapa 1 - Elaboração do Modelo Arquitetônico

Simultaneamente as informações relatadas na fundamentação teórica, foram


adotados dois programas embasados nas plataformas estipuladas na pesquisa para
auxilio no desenvolvimento do projeto para o estudo comparativo em questão.
Juntamente a isto será abordada de maneira rápida e sucinta os procedimentos
básicos no processo de elaboração do projeto piloto adotado nas respectivas
plataformas, para que possamos coletar as informações necessárias durante e após o
desenvolvimento delas e suas incompatibilidades.

4.1.1 Plataforma CAD

Foi adotado como suporte para desenvolvimento do projeto arquitetônico a


plataforma do software Autodesk AutoCAD. Programa de grande expressão na
indústria AEC como um todo, sendo amplamente utilizado por profissionais como
suporte para desenvolvimento de projetos para construção civil para criar desenhos 2D
e 3D precisos, como o próprio desenvolvedor específica seu produto.
Não será abordado neste estudo os planos 3D do AutoCAD, pois temos
entendimento que esta ação envolve muito trabalho e tempo pela sua complexibilidade
de desenvolvimento no programa e sendo assim na maioria das vezes é atribuído a
projetos específicos de interiores ou ilustração de fachadas e imagens do gênero, o
qual o profissional necessita de uma representação particular de certa vista, o que não
seria viável neste tipo de projeto de estudo.

4.1.1.1 Desenvolvimento do projeto

Primeiramente nesta etapa foram levantadas as informações da concepção de


projeto já existente. O desenho técnico auxiliado por computador iniciou-se com o
27

desenvolvimento dos ambientes da edificação pelas paredes, e neste processo a


ferramenta mais utilizada do programa é a ferramenta “Line” – Linha. Bem simples e
didática, pode-se realizar diferentes configurações gráficas de exibição, como cor da
linha, espessura da pena, tipos de linhas e outros atributos do gênero. Nota-se que
estas configurações gráficas serão o diferencial para distinguir cada elemento em
planta.
Conforme Figura 6, nesta etapa são criadas linhas nas medidas e dimensões
das paredes dos ambientes. São feitas linhas com propriedades gráficas exclusivas de
um tipo de parede, externas, internas, de divisória em meia parede, e etc., conforme a
necessidade. Posteriormente iremos identificar as propriedades dela em alguma nota
ou texto na qual irá as informações pertinentes aquele elemento específico, como tipo
de material dela, altura útil, tipo de acabamento que receberá, espessura, material e
cor do acabamento.

Figura 6: Desenvolvendo paredes através de linhas

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Lembrando-se que a base de dados é sendo realizada em um software


bidimensional, com planos de trabalho em 2D, portanto este processo predominará no
desenvolvimento do projeto. Praticamente todo trabalho inicial será, conforme Figura
7, desenhar digitalmente a planta baixa e todos os elementos pertencentes a ela.
28

Figura 7: Planta baixa pavimento térreo

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Um recurso muito utilizado do AutoCAD nesta etapa do projeto é a ferramenta


Layers Properties – Propriedades de Camadas (Figura 8). Com o decorrer do processo
de desenvolvimento, a quantidade de informações inseridas no projeto irá
aumentando, o plano de trabalho contém inúmeras linhas, todas representando um
elemento de construção e neste momento que a ferramenta layers se torna necessário.

Figura 8: Propriedades de layers em projeto

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Com a ferramenta Layers Properties iremos criar e definir várias camadas com
distintas propriedades. Estas camadas são planos, nos quais muitos irão ficar
29

sobrepostos, que carregarão consigo diferentes características visuais como tipos,


espessuras e cores de linhas, se tal camada estará disponível para edição ou
impressão e outras configurações particulares. Com isso iremos organizar o plano de
trabalho e separar por camadas cada categoria de paredes, esquadrias (portas e
janelas), pisos, mobiliários, notas de textos, e outros detalhes:

4.1.2 Plataforma BIM

A software escolhido para desenvolvimento do projeto modelo para o estudo foi


o Autodesk Revit, do mesmo desenvolvedor do software anterior. O que influenciou
significativamente a escolha deste programa foi o domínio maior desta ferramenta pelo
autor, resultante da experiência profissional previamente existente a pesquisa.

4.1.2.1 Desenvolvimento do projeto

Nesta etapa foi apresentado o projeto existente e desenvolvido novamente o


mesmo projeto com as mesmas diretrizes, porém utilizando como suporte o programa
Revit. Iremos abordar de maneira sucinta algumas ferramentas e aplicações do
programa para familiarizarmos com os métodos utilizados no desenvolvimento do
projeto.
Para facilitar a elaboração do projeto, este será desenvolvido em um template –
modelo -, nele já foram salvas algumas informações, famílias e configurações
específicas para o desenvolvimento de tal disciplina. Portanto para início de qualquer
projeto, é de boa prática no processo de trabalho já termos um template alimentado
com todas as informações pertinentes da disciplina a executar, e isso abreviará o
processo num todo.
Iremos dar início no projeto arquitetônico em um template base e iniciamos a
modelagem da edificação delimitando os ambientes com a ferramenta parede. A
princípio utilizaremos as ferramentas primordiais da arquitetura, como basicamente os
elementos paredes, esquadrias, portas e piso. Todos estes e outros elementos quando
inseridos no projeto têm-se como finalidade a máxima representação real do que se
vai ser construído, tanto visual quanto informativo, no contexto de dados agregados e
isso se relaciona com o nível de atributos que foram definidos nestas famílias e
elementos.
30

Por isso observa-se a necessidade de estar provido dos componentes


provenientes do assunto em que se trata. Na falta de encontrar suporte com as famílias
carregáveis, o Revit disponibiliza a ferramenta para criação e edição de novos
componentes, na qual poderá fazer uso na criação de um novo tipo de família, através
de um modelo de famílias carregáveis disponível, importadas e editadas.
Finalizado a modelagem dos ambientes e a inserção dos componentes básicos,
temos um protótipo de modelo já definido, com portas, janelas, piso superior e telhado.
Através deste modelo primário, que denominaria de estudo preliminar, na qual está
sendo constituído as diretrizes básicas do projeto definitivo, iremos detalhar e
especificar algumas particularidades da edificação, ambiente por ambiente.
Se trabalharmos com duas vistas abertas, a vista de trabalho em planta e uma
vista 3D da região, enquanto é executado tal ação no projeto, já pode ser visível no 3D
instantaneamente, e com isso a identificação de irregularidade e anomalias é imediato
e neste momento do desenvolvimento é de suma importância já executar tal atividade
e já saber qual será seu resultado. Uma simples vista em três dimensões visível com
o resultado repentino já irá evitar várias interferências e erros e com isso o tempo de
trabalho se reduzirá consideravelmente.

Figura 9: Planta Baixa pavimento térreo

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Ao final do processo de modelagem, teremos um protótipo do projeto idealizado


e repleto de informações parametrizadas, isto é, específicas e correlacionadas a cada
família e elemento do projeto. Informações essas atualizadas automaticamente
31

conforme alterações no modelo, além de toda a visualização gráfica realista


instantânea sendo exposta e com isso podendo já verificar alguma interferência de
projeto caso ocorra durante a modelagem, assim como ter uma imagem mais realista
de como ficará o projeto ao final da obra (Figura 9).

4.1.3 Análise Comparativa entre as plataformas CAD e BIM

Na etapa de elaboração do projeto arquitetônico foi descrito de forma sucinta o


fluxo de trabalho de execução da disciplina nos respectivos softwares.
Em suma, por se tratar de um desenho técnico digital e utilizando poucas
ferramentas do programa, verifica-se que em questão de tempo no primeiro momento
o desenvolvimento no AutoCAD é mais rápido, visto que o parâmetro “configuração de
software” é quase nulo, ou seja, foi necessário fazer poucos ajustes no programa antes
de começar o projeto ou lançamento de algum componente novo. Diferentemente do
Revit, que no início tem-se que investir algum tempo para configurar vistas e inserir as
informações e famílias necessárias para o projeto. Por isso atesta-se a necessidade
do template, que deverá ser atualizado constantemente.
Já os processos de documentação, detalhamento, geração de outras vistas,
cortes e elevações no Revit foi apresentada de maneira quase instantâneas pois o
programa já estava automatizado com o projeto como um todo e no AutoCAD foi
necessário executar todos estes procedimentos do início, deixando assim o processo
muito mais trabalhoso e demorado. O processo de alteração de projeto foi verificado
que no Revit quase não se investiu tempo, ou seja, as alterações necessárias eram
feitas e todo os elementos ligados a estes eram automaticamente alterados, visto que
a plataforma utiliza dos parâmetros automatizados, diferentemente do AutoCAD, que
a cada alteração necessária tem a obrigatoriedade de verificar elemento por elemento,
ambiente por ambiente e atualizar as informações em tudo e com isso verificou-se uma
estimativa de tempo muito grande neste processo.
32

4.2 Etapa 2 - Descrição dos Fluxos de Trabalho na Elaboração dos Projetos

4.2.1 – AutoCAD

O fluxo de trabalho realizado durante a etapa 2 evidenciou basicamente um


processo de desenho digital feito através do programa AutoCAD. Este, como dito
anteriormente, situa-se na tecnologia CAD que nada mais é que uma plataforma de
desenho auxiliada pelo computador. E isto se fez jus durante a elaboração do projeto.
Basicamente foram utilizadas linhas de desenho para criar as paredes, janelas,
escada, ambientes e a delimitação do terreno e com isso o projeto originou-se através
de um desenho digital sem informação agregada a cada componente individual (Figura
10).

Figua 10 – Seleção de linhas que representam a parede

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)


33

Alguns elementos de projeto como equipamentos hidráulicos e as portas foram


utilizados blocos já existentes e específicos para cada ação e com isso a tarefa foi
abreviada, já que não houve a necessidade de desenhar estes elementos.
É importante ressaltar que estes blocos não contêm parâmetros de informações
reais do objeto e são nada mais que um conjunto de linhas na qual se forma um único
elemento, em que se pode ter medidas proporcionais ou não com o projeto.

4.2.2 – Revit

O fluxo de trabalho para conceber um projeto inicialmente foi similar ao


AutoCAD, pois foi elaborado um conceito inicial do projeto arquitetônico. Porém todo
seu desenvolvimento foi distinto logo no início da modelagem, pois conforme
observamos houve uma preparação do plano de trabalho no programa a qual iriamos
executar o projeto arquitetônico para que este pudesse vincular todos os elementos
necessários e que estes tivessem valores reais colaborados com a base de dados em
que se foi executado, conforme a tecnologia BIM oferece. Conforme foi mencionado
durante o desenvolvimento, foi utilizado um modelo (template) básico para projetos de
arquitetura onde este continham elementos básicos da disciplina para utilização, estes
componentes já parametrizados existentes e inseridos no banco de dados conforme
necessidade de uso, porém visto que é muito particular os elementos de arquitetura,
caso tenha a necessidade de algum específico poderíamos criar estes através de
recursos do programa e inserir as informações necessárias afim de parametrizar e
torna-lo um elemento inteligente conforme é simbolizado.
A premissa do desenvolvimento atribui-se a modelagem destes elementos
específicos ao projeto. Constata que os resultados das ações são visíveis
instantaneamente em todo projeto após sua execução, seja no plano 2D, na vista 3D
ou em alguma elevação ou corte feito no desenho, por se tratar de elementos
paramétricos, o software não difere as informações através dos planos de trabalhos
distintos, pois como são unidos em um só modelo todas as informações contidas em
um plano de trabalho estarão visíveis em outro.
34

Figura 11: Parede de família de sistema

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Para isto foram utilizadas as famílias de projeto e de sistema. E estas famílias


já parametrizadas indica que todo o sistema na qual ela está associada terá ligação
direta com as informações da mesma. Todos os componentes se interligarão de forma
a trabalharem como um todo, formando um único modelo, na qual qualquer
modificação em um elemento resultará em uma ação nos demais. Pode-se observar
ainda na Figura 11 que por selecionar a parede, foram apresentadas a sua distância,
em metros, para a face externa das paredes paralelas próximas a ela, já podendo
assim facilitar a criação do ambiente, entre outras propriedades de tipo e instância.
35

4.2.3 Análise Comparativa entre as informações geradas pelas plataformas CAD e


BIM

Após o desenvolvimento do projeto foi verificado que o software AutoCAD


possui limitações quanto a referência de informações automatizadas. Por ser uma
plataforma de desenho o programa não oferece muitos recursos quanto a
automatização das informações relacionadas. Em resumo, o modelo desenvolvido
para estudo foi executado somente sobre dos atributos gráficos em que o programa se
baseia, portanto, não foi utilizado de outros meios extras, como plug-ins e/ou extensões
do software para atribuir informações aos elementos e com isso poder obter resultados
“automatizados” após término. No nível de desenvolvimento utilizado, caso necessário,
as informações são todas inseridas manualmente no desenho, através de notas de
texto específicas.
Contudo o Revit apresenta uma interface muito mais elaborada neste quesito
por contribuição da tecnologia BIM. Como foi mencionado, as informações
parametrizadas são a base do software, e qualquer ação automaticamente gerará
resultados vinculados em todos os outros elementos de projeto, fazendo que tudo
comporte simultaneamente.
No Revit temos as famílias de portas carregadas com informações reais e com
isso foi extraído uma tabela com algumas informações pertinentes a elas na qual
poderíamos utilizarmos em vários propósitos, como por exemplo fazer um orçamento
especifico para as portas e assim totalizar o custo somente deste material, saber quais
os materiais escolhidos para todas elas e etc. Informações básicas reunidas em um só
lugar. Contudo, esta tabela foi gerada automaticamente, assim que o elemento foi
inserido no projeto ele já se contabilizava nas tabelas do programa. Vale observar que
estas tabelas foram configuradas juntamente com o template e salvas para usos futuro.
Na Figura 28 é apresentado uma tabela de quantitativos de portas extraídas do projeto
pelo Revit.
Com o intuito de obter informações próximas as existentes no software anterior,
no AutoCAD foram isolados os elementos “portas” através das layers de camadas,
conforme Figura 29 e com somente estes componentes evidentes no projeto buscou-
se alguma informação referente a elas mas não foi possível verificar, pois estes
elementos de blocos 2D não contém informações paramétricas, somente dados
gráficos conforme foi abordado anteriormente, onde o máximo que pudemos obter foi
36

a largura, medida com a ferramenta dimension, uma por uma e mesmo assim ouve
divergência pois na medição manual com tal ferramenta foram solicitados pontos de
referência no desenho para medir, e no caso do bloco de portas que contêm várias
linhas próximas, um equívoco na seleção sua referência muda assim como os valores
obtidos.

4.3 – Etapa 3 - Identificação das Principais Informações Obtidas

As informações visualizadas durante e após o processo de desenvolvimento do


projeto arquitetônico descrito durante o capítulo 3 serão descritas a seguir.

4.3.1 - AutoCAD

Durante o desenvolvimento do projeto no AutoCAD, foi utilizado a ferramenta -


Line -basicamente em todas as etapas do projeto. Este procedimento não constitui de
informações específicas de elementos de projeto, pois é uma ferramenta de desenho
na qual iremos obter somente as informações gráficas e dimensões das mesmas.
Para melhor organização do projeto estas linhas gráficas foram agrupadas em
camadas – layers – específicas para cada uso, com nomenclaturas e cores distintas
uma das outras para diferenciarmos durante o projeto. Isso auxiliou tanto na
visualização e edição de determinados elementos de projeto como também serviu de
ação protetora dessas camadas com a opção de travar e destravar layers para que
esta não fosse modificada acidentalmente durante o fluxo de trabalho.
Este processo de agrupamento de camadas gráficas também facilita na
apresentação do projeto em uma etapa particular de projeto, como por exemplo um
projeto legal, que será constituído apenas com as informações relevantes para os
órgãos legais na qual se está retratando. Este difere demasiadamente do projeto
executivo por exemplo que carregará um conjunto de informações, elementos e
detalhes construtivos necessários para uma completa execução e entendimento por
parte dos responsáveis de campo. Com isso, portanto o projeto foi constituído
basicamente através de linhas nas quais deram origem ao projeto e visualmente e não
foi obtido informações relevantes durante o desenvolvimento do projeto.
37

4.3.2 – Revit

O projeto elaborado neste software apresentou uma gama de informações


inexistentes com AutoCAD, com uma interface otimizada e dinâmica, observou que
várias funções disponíveis ofereciam informações reais do produto existente até
aquele momento. Por se trabalhar com elementos parametrizados e famílias com
informações agregadas, durante o desenvolvimento dos projetos pode-se ir coletando
informações pertinentes a cada componente.
Um elemento da família de portas por exemplo, ao inseri-la no projeto já
podemos observar a composição de uma porta específica, o tipo de material que a
compõe, as dimensões dela se estão compatíveis com o ambiente ou não, se existe
alguma restrição física ou algum item que a integra, como maçanetas ou batentes e
avaliarmos se é viável aquele tipo de componente específico naquele determinado
local.
38

5 CONCLUSÃO

Com base nos resultados apresentados, podemos constatar as diferenças no


processo que abrange todo o desenvolvimento de um projeto através dos programas
computacionais AutoCAD e Revit, com suas distintas disciplinas em conjunto.
Através do estudo observa-se que estas distinções entre os softwares se ocasionou
principalmente pela forma como eles são fundamentados, pois a tecnologia CAD usada
comumente por profissionais da indústria AEC, evidenciada com intuito de se desenhar
utilizando o computador desenvolveu várias vertentes e utilidades para esta função
mas sobretudo mantém-se com sua mesma metodologia padrão, de plataforma de
desenho. Porém, necessitamos cada vez mais de informações em tempo real,
automatizadas para várias áreas principalmente na elaboração de um projeto de
arquitetura e engenharia.
Com isso evidencia-se a tecnologia BIM, na qual contempla nitidamente o
conceito de informação na qual foi relacionada a ela, pois compreendendo que a
plataforma contém inúmeras vertentes e ela se destaca pela época atual de
informações realistas e imediatas. E, tratando-se de uma empresa na qual trabalha
diretamente com fluxo de elaboração de projetos, quanto mais eficiente e singular ela
for, mais se destacará no mercado.
Portanto vemos a importância desta comparação para explanar de maneira
sintetizada a distinção do fluxo de trabalho das tecnologias BIM e CAD para o
profissional atuante na área de desenvolvimento e elaboração de projetos para
indústria AEC.
Um dos parâmetros comparados no estudo foi o fluxo de desenvolvimento de
um projeto em ambas as plataformas na qual obteve-se resultado de vários outros
parâmetros por consequência. Verificou-se que inicialmente, tendo como critério para
análise o domínio intermediário em ambas, foi necessário o investimento de um tempo
maior para conceber um projeto no software Revit do que no programa AutoCAD.
Porque para tal função ser executada com êxito, foi necessário serem feitas
configurações e inserções de informações no programa, pois ali estamos criando e
modelando um protótipo baseado nas informações reais incorporadas em um modelo,
e o software de desenho especificado não necessita disto. Porém, após esta fase,
durante ou após a modelagem do modelo BIM quaisquer modificações feitas no projeto
serão expostas prontamente os resultados delas de maneira rápida e objetiva,
39

atualizando as informações e as mantendo fieis ao modelo automaticamente.


Característica esta que notoriamente se destaca da outra plataforma, visto que todo o
esforço aplicado inicialmente renderá muita facilidade e agilidade na extração de
informações de maneira geral. Além de que tudo isso se alia a precisão na qual se
recebe tais fundamentos, pois os modelos são cópias realistas e parametrizadas dos
elementos existentes, podemos obter valores verdadeiros com a mesma clareza.
Portanto conclui-se que o desenvolvimento do projeto no software Revit foi muito
superior que o AutoCAD, em processos distintos e como um todo também. A
plataforma BIM na qual o software está fundamentado oferece muitas possibilidades
ao usuário de forma automatizada, instantânea e precisa, mesmo observando o
domínio do mesmo e o tempo que se investe inicialmente para preparar e configurar o
software. Visto que a plataforma ainda oferece uma gama de respostas muito maior da
apresentada aqui, podendo assim ficar como outras explorações para futuras
pesquisas acadêmicas.
40

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