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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE FORTIFICAÇÃO E
CONSTRUÇÃO

DOUGLAS DE MELO FÉLIX

PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DE


ACOMPANHAMENTO E FISCALIZAÇÃO DE OBRAS COM BIM

RIO DE JANEIRO
2021
DOUGLAS DE MELO FÉLIX

PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DE


ACOMPANHAMENTO E FISCALIZAÇÃO DE OBRAS COM BIM

Projeto de Final de Curso apresentado ao Curso de Gra-


duação em Engenharia de Fortificação e Construção do
Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial
para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia de
Fortificação e Construção.
Orientador(es): Giuseppe Miceli Junior, D.Sc.

Rio de Janeiro
2021
©2021
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha
Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo em base
de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de arquivamento.
É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas deste
trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser fixado,
para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial e que
seja feita a referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e do(s) orienta-
dor(es).

FÉLIX, DOUGLAS DE MELO.


Proposta de metodologia para desenvolvimento de acompanhamento e
fiscalização de obras com BIM / DOUGLAS DE MELO FÉLIX. – Rio de
Janeiro, 2021.
51 f.

Orientador(es): Giuseppe Miceli Junior.

Projeto de Final de Curso (graduação) – Instituto Militar de Engenharia, Enge-


nharia de Fortificação e Construção, 2021.

1. bim. 2. acompanhamento. 3. fiscalização. 4. obras. 5. 5D. i. Miceli Junior,


Giuseppe (orient.) ii. Título
DOUGLAS DE MELO FÉLIX

Proposta de metodologia para desenvolvimento de


acompanhamento e fiscalização de obras com BIM

Projeto de Final de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia de Forti-


ficação e Construção do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Fortificação e Construção.
Orientador(es): Giuseppe Miceli Junior.

Aprovado em Rio de Janeiro, 30 de fevereiro de 2021, pela seguinte banca examinadora:

Prof. Giuseppe Miceli Junior - D.Sc. do IME - Presidente

Prof. Fábio Grisolia de Ávila - D.Sc. do IME

Prof. Rebeca Montenegro Dias de Carvalho Saraiva - D.Sc. do IME.

Rio de Janeiro
2021
"O que não pode ser medido,
não pode ser gerenciado."

EDWARDS DEMING
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me abençoar com a saúde física e mental, pela
minha família que me apoiou incondicionalmente, pela minha companheira Beatriz que
esteve sempre comigo.
Agradeço também ao apoio de Antônio Fascio, que disponibilizou gratuitamente os
softwares os quais foram essenciais para o sucesso deste trabalho.
Agradeço ao Calixto, que por boa vontade disponibilizou-se a auxiliar durante
todas as etapas do trabalho.
E por fim, a meu orientador , Prof. Giuseppe Miceli Junior, e aos membros da
banca, Prof. Fábio Grisolia de Ávila e Prof. Rebeca Montenegro Dias de Carvalho Saraiva,
os quais de maneira brilhante me guiaram nesse trabalho para a conclusão.
“Vinde a mim, todos os que estais cansados
e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Porque o meu jugo é suave,
e o meu fardo é leve.
(Bíblia Sagrada, Mateus 11, 28)
RESUMO

Motivado pela urgência da implementação das tecnologias BIM no contexto da DOM,


esse trabalho propõe uma metodologia para fiscalização e acompanhamento de obras.
Sendo assim objetivou-se explicitar todos os passos para a construção da informação bem
como os passos necessários para gerar de forma automatizada os relatórios necessários.
Explicando-se o que é o BIM e comparando-o com o modelo anterior de projeto de
engenharia, foi possível observar as vantagens do modelo atual e sua aplicação no conceito
Design-Bid-Build que se assemelha ao modelo utilizado pela DOM. As fases da obra e as
medições da fiscalização foram o enfoque principal que nortearam o trabalho. Utilizou-se
principalmente o software Revit e o plugin Orçabim como ferramentas da metodologia.
O passo a passo da utilização de cada ferramente viabiliza a aplicação da metodologia
em qualquer projeto a ser fiscalizado. O levantamento de quantitativos bem como suas
peculiaridades foi explicitado, além disso, mostrou-se como o plugin Orçabim é capaz de
viabilizar essa contagem a partir do projeto em 3D no Revit. Para estudar a viabilidade
da metodologia, aplicou-se essa para simular a fiscalização de uma obra real executada e
obteve-se o orçamento das medições utilizando a base de dados da SINAPI no mês da obra
em questão. Vale ressaltar que durante a simulação pode-se perceber como a metodologia
reduz a probabilidade de erros. Por fim, percebeu-se a dificuldade de extrair dados de um
projeto não padronizado e sugeriu-se a expansão da metodologia para todas as etapas
executivas da obra como pesquisa futura.

Palavras-chave: bim. acompanhamento. fiscalização. obras. 5D.


ABSTRACT

Motivated by the urgency of implementing BIM technologies in the context of the DOM,
this work proposes a methodology for inspection and monitoring of construction. Thus,
the objective was to explain all the steps for the building information as well as the steps
necessary to automatically generate the necessary documents. By explaining what BIM is
and comparing it with the previous model of engineering design, it was possible to observe
the advantages of the current model and its application in the Design-Bid-Build concept,
which is similar to the model used by the DOM. The construction phases and inspection
measurements were the main focus that guided the work. The software Revit and the
plugin Orçabim were mainly used as tools of the methodology. The step-by-step use of each
tool makes it possible to apply the methodology in any project to be inspected. The survey
of quantities as well as their peculiarities was explained, in addition, it was shown how
the Orçabim plugin is able to make this counting feasible from the 3D project in Revit. To
study the feasibility of the methodology, it was applied to simulate the inspection of a real
work carried out and the measurement budget was obtained using the SINAPI database
in the month of the work in question. It is noteworthy that during the simulation it can
be seen how the methodology reduces the probability of errors. Finally, it was noticed
the difficulty of extracting data from a non-standardized project and it was suggested the
expansion of the methodology to all the executive stages of the work as future research.

Keywords: bim. tracking. supervision. construction. 5D.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Organograma do DEC.(1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18


Figura 2 – Curva S: custo acumulado x tempo (2) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 3 – Criação de fases. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 4 – Atribuição de medição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Figura 5 – Vista 3D da medição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 6 – Ilustração das fases construtivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 7 – Criação do modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 8 – Alteração do nome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 9 – Esquema executivo de viga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 10 – Esquema executivo de baldrame . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 11 – Esquema executivo de pilar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 12 – Esquema executivo de laje . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 13 – Criando parametro 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 14 – Criando parametro 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 15 – Determinação do perímetro de forma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 16 – Criação do parâmetro densidade de aço . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 17 – Orçamento modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 18 – Base de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 19 – Seleção do serviço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 20 – Contagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 21 – Material . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Figura 22 – Volume de concreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 23 – Fórmula para área de forma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 24 – Fórmula para massa de aço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 25 – Pré-visualização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 26 – Geração de orçamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 27 – Orçamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 28 – Geração da memória de cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 29 – Memória de Cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 30 – Revit ID . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 31 – Elemento pelo Revit ID . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 32 – Planta baixa de vigas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 33 – Orçamento Medição 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 34 – Laje sem apoio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 35 – Banco de dados utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 36 – Orçamento Medição 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Figura 37 – Associação elemento-medição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEC Arquitetos, Engenheiros e Construtores

BIM Modelagem da Informação da Construção

CAD Desenho Assistido por Computador

DBB Design-Bid-Build

DEC Departamento de Engenharia e Construção

DME Diretoria de Material de Engenharia

DOC Diretoria de Obras de Cooperação

DOM Diretoria de Obras Militares

DPE Diretoria DE Projetos de Engenharia

DPIMA Diretoria de Patrimônio Imobiliário e Meio Ambiente

EB Exército Brasileiro

OM Organização Militar

OPUS Organização Militar

RM Região Militar

SEEx Sistema de Engenharia do Exército

SINAPI Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.1 JUSTIFICATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1 MODELO ANTERIOR DE PROJETO DE ENGENHARIA . . . . . . . . . 15
2.2 VANTAGENS DA APLICAÇÃO DO BIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3 CONCEITO DESIGN-BID-BUILD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4 A UTILIZAÇÃO DO BIM NO ÂMBITO DO SEEX . . . . . . . . . . . . . 18
2.5 FASES DA OBRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.6 O QUE SÃO AS MEDIÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.7 NORMATIZAÇÃO DO BIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.1 FASES NO REVIT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.1.1 CRIAÇÃO DE FASES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.1.2 MEDIÇÃO DO ELEMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.1.3 VISTA 3D DA MEDIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.2 LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2.1 ELEMENTO DE FORMA E ARMAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2.1.1 CRIAÇÃO DO MODELO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2.2 ÁREA DE FORMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2.2.1 ESPECIFICIDADE DOS ELEMENTOS CONSTRUTIVOS . . . . . . . . . . . 27
3.2.2.1.1 VIGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2.2.1.2 BALDRAME . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2.2.1.3 PILAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2.2.1.4 LAJE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2.2.2 CÁLCULO DA ÁREA DE FORMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2.3 MASSA DE FERRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2.3.1 CÁLCULO DA MASSA DE FERRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.3 PLUGIN ORÇABIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.3.1 GERAÇÃO DO ORÇAMENTO E ETAPAS CONSTRUTIVAS . . . . . . . . . . 33
3.3.2 CONTAGEM DOS SERVIÇOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.3.3 DETERMINAÇÃO DO MATERIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.3.4 CONTAGEM DE MATERIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.3.4.1 VOLUME DE CONCRETO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.3.4.2 ÁREA DE FORMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3.4.3 MASSA DE AÇO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.3.5 VERIFICAÇÃO VISUAL DA CONTAGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.3.6 GERAÇÃO DO ORÇAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3.7 GERAÇÃO DA MEMÓRIA DE CÁLCULO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.1 EXTRAÇÃO DE DADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.2 REDUÇÃO DE ERROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.3 BASE DE DADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.4 RELATÓRIOS GERADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.5 O PROCESSO DAS MEDIÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5.1 PROPOSTAS PARA PESQUISA FUTURA . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
14

1 INTRODUÇÃO

Operando em todos os rincões do país, o Exército Brasileiro usa de sua Diretoria


de Obras Militares (DOM) para superintender as atividades de construção, ampliação,
reforma, adaptação, reparação, restauração, conservação, demolição e remoção de instala-
ções relacionadas a obras militares e de controlar o material de sua gestão(EXÉRCITO
BRASILEIRO, 2019a).
Com uma grande carga de trabalho, a agilidade no cumprimento do dever é essencial
para manter a eficiência do sistema, atentando a manter o excelente padrão de qualidade do
serviço prestado. Visando a melhoria tanto de qualidade quanto de eficiência nesse sistema,
a DOM constantemente visa a modernização do método, como adoção do Sistema Unificado
do Processo de Obras (OPUS), que se tornou referência internacional de aplicação da
tecnologia no controle de obras (DO NASCIMENTO et al., 2015)
Sendo assim, esse trabalho aborda a forma como é feita a fiscalização de obras
da DOM com o foco na parte estrutural e analisando a padronização da metodologia de
fiscalização

1.1 Justificativa
Esse trabalho faz-se necessário pois a urgência da implementação das tecnologias
BIM no contexto da DOM gerou demanda de metodologias que possam padronizar a forma
de fiscalização bem como agilizar o processo de obtenção de informações e documentos
referentes a obra. Soma-se a isso a possibilidade de mitigar erros humanos nesses processos,
e facilidade na prestação de contas perante auditorias e afins.

1.2 Objetivos
A finalidade do presente trabalho é sugerir uma metodologia que possa ser aplicada
na fiscalização de obras militares. Essa metodologia deve ser capaz de gerar de forma
automatizada toda a documentação necessária bem como a memória de calculo dos
relatórios gerados.
Com isso, espera-se que todo o sistema da DOM possa utilizar essa ferramenta, o
que possibilitaria a continuidade no trabalho mesmo com a mudança da equipe técnica
responsável pela fiscalização. Além disso, toda a informação deve estar disposta de forma
organizada e de fácil acesso, sendo capaz de gerar documentação sob demanda.
15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

“BIM é uma filosofia de trabalho que integra arquitetos, engenheiros e construtores (AEC)
na elaboração de um modelo virtual preciso, que gera uma base de dados que contém tanto
informações topológicas como os subsídios necessários para orçamento, cálculo energético
e previsão de insumos e ações em todas as fases da construção”(3)
Dessa forma, o BIM garante uma percepção antecipada das possíveis interferências e
situações de manutenção comuns durante o ciclo de vida da obra, ampliando a importância
e usabilidade do projeto e consequentemente, reduzindo as chances de improvisação
e o tempo gasto na execução da obra, melhorando o desempenho e garantindo que o
cronograma e orçamento previstos sejam respeitados.(4)

2.1 MODELO ANTERIOR DE PROJETO DE ENGENHARIA


Atualmente, o processo de implementação de uma edificação é fragmentado e
depende de formas de comunicação baseadas em papel. Erros e omissões nos documentos
em papel frequentemente resultam em custos imprevistos, atrasos e eventuais litígios
judiciais entre os vários participantes de um empreendimento. Esses problemas causam
atritos, gastos financeiros e atrasos. Esforços recentes para tratar esses problemas incluíram
estruturas organizacionais alternativas, como o contrato para projeto construção (design-
build); o uso de tecnologias de "tempo real".(3)
Qualquer que seja a forma de contratação, certas estatísticas são comuns a quase
todos os projetos de grande escala (10 milhões de dólares ou mais), incluindo o número
de pessoas envolvidas e a quantidade de informação gerada. Os dados a seguir foram
compilados por Maged Abdelsayed da Tardif, Murray Associates, uma empresa de
construção localizada em Quebec, Canadá (5):

• Número de participantes (empresas): 420 (incluindo todos os fornecedores e subem-


preiteiros)

• Número de participantes (indivíduos): 850

• Número de tipos diferentes de documentos gerados: 50

• Número de páginas dos documentos: 56.000

• Número de caixas grandes de arquivo para guardar os documentos: 25

• Número de armários de pastas suspensas de 4 gavetas: 6


Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 16

• Número de árvores de 50 cm de diâmetro, 20 anos de vida, 15 m de altura, usadas


para gerar esse volume de papel: 6

• Número equivalente de Mega Bytes eletrônicos para guardar esse volume de papel
(escaneado) 3.000 Mb

O número de funcionários que trabalham em obras desse porte gera um fator adicional que
são as cópias de cada documento que precisam ser geradas para que cada funcionário no seu
nível possa extrair a informação que lhe diz respeito do projeto. As páginas incontáveis de
documentos vão de encontro ao programa “EB sustentável” proposto pelo Departamento
de Engenharia e Construção (DEC) pois a quantidade de papel gasta nesse processo é
enorme.

2.2 VANTAGENS DA APLICAÇÃO DO BIM


A tecnologia do BIM abrange não apenas o projeto base, mas todo o ciclo de vida
numa obra, desde a demolição até o ciclo de vida útil da obra, o que inclui planejamento,
execução, acompanhamento e fiscalização, sendo as duas últimas as mais importantes nesse
trabalho. Neste contexto, temos o avanço do uso do BIM em suas diversas dimensões: 3D,
4D, 5D, 6D, 7D, ND. O foco deste trabalho é o acompanhamento e fiscalização que pode
tomar proveito principalmente do BIM 5D no qual as dimensões adicionais são o custo e
tempo de cada elemento.
Atualmente, com a complexidade dos projetos aumentando, a disposição do projeto
em planilhas, ferramentas de sequenciamento de atividades, histogramas, geram dificuldades
em cumprir orçamento e cronograma, bem como se torna quase impossível fazer um
replanejamento de custos e prazos durante a execução da obra, tarefa a qual se torna
simples com a utilização do BIM

2.3 CONCEITO DESIGN-BID-BUILD


O modelo de projeto do conceito Design-Bid-Build(DBB) - que em tradução livre
seria chamado de Projeto-Concorrência-Construção - se assemelha ao modelo adotado pelo
Exército Brasileiro. No DBB , o cliente (proprietário, seja o exército ou um contratante)
dispõe de um engenheiro , que então desenvolve uma lista de requisitos da construção
(um programa) e estabelece os objetivos de projeto do empreendimento. O engenheiro
percorre uma série de fases: projeto preliminar, desenvolvimento do projeto e documentação
contratual. Os documentos finais devem cumprir o programa e satisfazer aos códigos de
obras e de zoneamento. O engenheiro dispõe de uma equipe para dar assistência no projeto
de componentes estruturais, de ar condicionado, de hidráulica e de esgoto. Esses projetos
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17

são registrados em desenhos (plantas, elevações, perspectivas), que devem ser coordenados
para refletir todas as modificações na medida em que elas ocorrem. O conjunto final de
desenhos e especificações deve conter detalhes suficientes para facilitar as licitações da
construção. Devido à potencial responsabilidade por erros, um engenheiro pode decidir
por incluir poucos detalhes nos desenhos ou inserir uma nota indicando que as dimensões
nos desenhos não são precisas. Essas práticas com frequência levam a disputas com a
construtora, à medida que erros e omissões são detectados e responsabilidades e custos
extras são realocados.(3)
A segunda etapa envolve a obtenção de orçamentos das construtoras. O proprietário
e o engenheiro podem participar na determinação de quais construtoras podem concorrer.
Cada construtora deve receber um conjunto de desenhos e especificações que são então
usados para compilar um levantamento de quantidades independente. Esse quantitativo,
juntamente com os orçamentos dos subempreiteiros é usado para determinar sua estimativa
de custo. Subempreiteiros selecionados pela construtora devem seguir o mesmo processo
para a parte do projeto na qual eles estão envolvidos. A construtora vencedora geralmente
é aquela que apresenta o menor preço responsável, incluindo o trabalho a ser feito pela
construtora e pelos subempreiteiros selecionados.(3)
Frequentemente, durante a fase de construção, diversas modificações são feitas no
projeto como resultado de erros e omissões não previamente conhecidos, condições no
canteiro não previstas, mudanças na disponibilidade de materiais, questões sobre o projeto,
novos requisitos do cliente e novas tecnologias. Elas precisam ser resolvidas pela equipe de
projeto. Para cada modificação, é requerido um procedimento para determinar a causa,
apontar responsabilidades, avaliar implicações de tempo e custos e indicar como o assunto
será resolvido. Esse procedimento, seja feito por escrito ou por meio de ferramentas baseadas
na web, envolve uma Solicitação de Informação (em inglês, Request for Information - RFI),
que deve então ser respondida pelo arquiteto ou por outro participante relevante. Depois,
uma Ordem de Modificação (em inglês, Change Order -CO) é emitida, e todas as partes
implicadas são notificadas sobre a modificação, que é comunicada juntamente com as
modificações necessárias nos desenhos. Essas modificações e resoluções frequentemente
levam a disputas judiciais, acrescentam custos e atrasos. Produtos baseados em sites para
o gerenciamento dessas transações realmente auxiliam a equipe do empreendimento a ficar
a par de cada modificação, mas como eles não enfrentam a origem do problema, produzem
um benefício apenas marginal.(3)
Para esse modelo complexo do DBB que engloba atividades dispendiosas como RFI
e CO, a necessidade de uma tecnologia que faça isso de forma automatizada e organizada
torna-se indispensável. A quantidade de retrabalho necessária a cada imprevisto da obra
gera inúmeros custos financeiros e temporais além de possíveis erros caso sejam executados
por humanos e pouco tempo caso tenha-se um projeto com informação construída de
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18

forma detalhada onde uma mudança inserida gera automaticamente uma redistribuição de
tempo e orçamento em todo o processo da obra.

2.4 A UTILIZAÇÃO DO BIM NO ÂMBITO DO SEEx


O objetivo do Departamento de Engenharia e Construção (DEC) é assegurar o
regular e efetivo emprego do Sistema de Engenharia do Exército, em benefício do Estado
Brasileiro, realizando as gestões de Projetos, Obras, Patrimônio Imobiliário, Meio Ambiente,
Materiais de Engenharia e Operações de Engenharia.

Figura 1 – Organograma do DEC.(1)

Tem como subordinadas as Diretorias de Obras de Cooperação (DOC), de Patrimô-


nio Imobiliário e Meio Ambiente (DPIMA), de Obras Militares (DOM), de Projetos de
Engenharia (DPE) e de Material de Engenharia (DME)
Dentre essas diretorias, para esse trabalho teremos um enfoque centralizado na
DOC e na DOM, pois essas realizam frequentemente o acompanhamento e fiscalização de
obras. Essas utilizam-se de softwares para garantir a interoperabilidade e eficiência nesse
processo. Dentre vários softwares para esse trabalho destaca-se em projetos arquitetônicos
o Autodesk Revit, no entanto utiliza-se atualmente apenas o BIM 3D que mostra apenas
a imagem geométrica em 3 dimensões relativa a construção existente e construção nova.
No que diz respeito a geração de orçamentos utiliza-se: Compor90 e Orçafascio.
Nesse projeto focaremos na integração entre Autodesk Revit e Orçafascio, pois
ambos apresentam interface amigável e estudaremos a possibilidade de gerar uma metodo-
logia padrão para construção de informações no projeto arquitetônico que automatizam
a extração de dados de orçamento e cronograma para geração de medições de forma a
facilitar o acompanhamento e fiscalização de obras militares. Estudaremos a possibilidade
de introduzir uma metodologia de BIM 5D, que além das imagens geométricas adiciona
informações de tempo e custo associados a cada elemento do modelo.
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19

2.5 FASES DA OBRA


Baseado no Manual de Fiscalização da DOM, as fases da obra são: serviços iniciais
( levantamento planialtimétrico, estudos geométricos, vistorias, demolições, instalações
provisórias, locação da obra, locação da edificação, máquina e equipamentos, procedimentos
legais, segurança do canteiro e do trabalho, trabalhos em terra), fundação, estrutura ,
instalações elétricas e telefônicas, sistema de proteção contra descargas atmosféricas,
instalações hidráulicas e gás, instalações de esgotos e águas pluviais, instalações mecânicas
, paredes e painéis, cobertura, tratamento (impermeabilização e imunização), esquadrias,
revestimentos e forros, pisos e pavimentações, pintura e limpeza.
O foco desse projeto é abordar as seguintes fases: fundação, estrutura , paredes
e painéis, cobertura, esquadrias, revestimentos e forros, pisos e pavimentações. A partir
dessas fases, estudar-se-á a possibilidade de dividir cada fase em medições de períodos fixos
(geralmente quinzenais ou mensais), o que auxiliará a equipe de fiscalização na obtenção
do que deve estar construído fisicamente na obra ou estocado para construção próxima.

2.6 O QUE SÃO AS MEDIÇÕES


As medições devem ser feitas de modo a obter informações de qualidade, custo e
cronograma do projeto, as quais devem ser analisados conjuntamente para ter uma relação
custo-prazo otimizada, pois não é interessante que a obra esteja mais barata e atrasada
em relação ao projetado tampouco adiantada e mais cara em relação ao projeto. Essa
metodologia é conhecida como análise de valor agregado.
A análise valor agregado envolve três parâmetros – valor planejado, valor agregado
e custo real – e podem ser monitorados tanto de período a período (geralmente semana ou
mês) como de maneira cumulativa
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 20

Figura 2 – Curva S: custo acumulado x tempo (2)

O gráfico da imagem acima foi obtido através de medições realizadas em intervalos


de tempo determinados pelo projeto. A partir dela é possível determinar não só a situação
da obra atualmente como também prever o valor gasto e o tempo decorrido no final da
obra. Isso é importante pois a partir das medições é possível gerar soluções eficientes que
corrijam falhas que estão atrasando ou encarecendo a obra antes que ela termine.

2.7 NORMATIZAÇÃO DO BIM


Fica instituída a Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information
Modelling no Brasil - Estratégia BIM BR, com a finalidade de promover um ambiente
adequado ao investimento em Building Information Modelling - BIM e sua difusão no
País.(6)
Essa obrigatoriedade fomentou a publicação de artigos sobre a adoção do BIM de
forma padronizada. Por isso, esse trabalho objetiva fazer parte desse processo que tem
como gestor a ABNT que visa criar normas a partir de pesquisas relacionadas à área
através de comissões normalizadoras conforme o trecho a seguir:
A tecnologia BIM tem de ser precisa, harmônica e padronizada. Para esse fim, são
previstas 4 ações diferentes: publicação de documentos e referências técnicas, focados em
edifícios e infraestruturas, para suportar o uso do BIM.(7)
Assim, os prazos para implementação foram divididos em três etapas:
- A partir de janeiro de 2021: a exigência de BIM se dará na elaboração de modelos
para a Arquitetura e Engenharia nas disciplinas de estrutura, hidráulica, AVAC e elétrica
na detecção de interferências, na extração de quantitativos e na geração de documentação
gráfica a partir desses modelos;(7)
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21

- A partir de janeiro de 2024: os modelos deverão contemplar algumas etapas


que envolvem a obra, como o planejamento da execução da obra, na orçamentação e na
atualização dos modelos e de suas informações como construído (“as built”), além das
exigências da primeira fase.(7)
- A partir de janeiro de 2028: passará a abranger todo o ciclo de vida da obra ao
considerar atividades do pós-obra. Será aplicado, no mínimo, nas construções novas, refor-
mas, ampliações ou reabilitações, quando consideradas de média ou grande relevância, nos
usos previstos na primeira e na segunda fases e, além disso, nos serviços de gerenciamento
e de manutenção do empreendimento após sua conclusão.(7)
Esse trabalho tem enfoque no que deve ser implementado até janeiro de 2024,
abordando principalmente a execução da obra, orçamentação e atualização de modelos.
22

3 METODOLOGIA

Utilizou-se no desenvolvimento o Revit 2022 na versão em inglês, o plugin OrçaBIM


2.0.10.0 da empresa orçafascio e o Microsoft Office 16 Excel.

3.1 Fases no Revit


3.1.1 Criação de fases

Figura 3 – Criação de fases.

Na aba "Manage"clica-se no botão "Phases"e abrirá uma tela com as fases da obra.
Clica-se em "Before"ou "After para criar fases antes ou depois da fase selecionada na
lista ao lado. Por fim aparecerão novas fases que devem ser renomeadas para as medições
conforme forem executadas. Nessa parte é importante que se crie medições conforme a
necessidade da obra. No projeto não é possível prever o que haverá em cada medição, mas
durante a execução, serão realizadas as medições independentemente do que foi executado
até ali, seja por interesse do contratante ou por interesse do executor, conforme o previsto
em contrato.
Capítulo 3. Metodologia 23

3.1.2 Medição do elemento

Figura 4 – Atribuição de medição.

Seleciona-se os elementos que foram medidos e na aba "Properties"no item "Phase


Created"seleciona-se a medição na qual o elemento se encontra. Esse processo é de suma
importância pois será a partir dessas medições que serão gerados os orçamentos para o
pagamento do que foi executado. Essa informação será importante durante todo o processo
de execução bem como para eventuais necessidades de documentação do que foi executado
em cada fase da obra.
Capítulo 3. Metodologia 24

3.1.3 Vista 3D da medição

Figura 5 – Vista 3D da medição.

Para agilizar o trabalho e evitar erros, é interessante que se tenha uma imagem 3D
do que foi executado naquela medição ou então toda a obra até o momento atual. Para isso
item "Phase"escolhe-se a medição que se deseja analisar. Além disso na aba propriedades
da "3D View"no item "Phase Filter"selecionar "Mostrar completo"para exibir tudo o que já
foi construído e "Mostrar novo"para mostrar apenas a medição atual.
Capítulo 3. Metodologia 25

3.2 Levantamento de quantitativos


Existem várias formas de criar o modelo de forma e armação na construção da
informação no revit. Consequentemente, faz-se necessário criar-se uma metodologia padrão
para que todos os projetos do SOM sejam interoperáveis no que diz respeito à arquitetura,
estrutura e alguns detalhes construtivos que não constam no projeto final, como é o caso
da forma. Nesse projeto adotaremos uma forma simples de construir essa informação, que
é reduzido em informações executivas, mas eficiente na quantificação dos executáveis na
medição. Para isso, mudar-se-á a cor e material do elemento de concreto, tornando-se um
bloco maciço de madeira para indicar forma e um bloco maciço de ferro que representará
um ente com a forma e a armação posicionada pronto para concretagem. Isso é importante
pois nas medições devem ser contabilizados esses serviços parciais na execução do elemento
de concreto armado para o devido orçamento da medição.

3.2.1 Elemento de forma e armação


Cria-se uma informação visual e quantificável para realizar a medição de todos as
fases do elemento construtivo conforme ilustrado abaixo:

Figura 6 – Ilustração das fases construtivas

Com o modelo visual acima torna-se simples a verificação se a medição corresponde


com o que foi construido. A memória de fiscalização a partir desse modelo da informação
sugerido acima associada a um relatório fotográfico da construção facilitará qualquer
processo admnistrativo relativo a pagamento de medições que surja em qualquer fase da
obra ou ainda após sua conclusão.
Capítulo 3. Metodologia 26

3.2.1.1 Criação do modelo

Para criação do modelo de forma ou de armação, o processo é semelhante. Vale


ressaltar que o foco principal desse modelo é ser de fácil visualização e possibilitar a
quantificação.

Figura 7 – Criação do modelo

Seleciona-se o elemento a ser modificado e clica-se no item "Structural Material".


Na janela que se abre pesquisa-se por algum material já existente semelhante ao desejado e
duplica-se esse material clincando-se com o botão direito e posteriormente em "Duplicate".
No caso do exemplo utilizou-se "Caixilho"para ilustrar o material da forma

Figura 8 – Alteração do nome

No material duplicado, clica-se com o botão direito e posteriormente em "Rename"e


coloca-se o nome do material que deseja-se identificar. Vale lembrar que no caso da armação
pressupõe-se que naquele modelo também está presente a forma para fins de contagem.
Capítulo 3. Metodologia 27

3.2.2 Área de forma


Deve-se ter atenção pois não basta ter a área superficial do elemento, pois cada
elemento construtivo tem suas peculiaridades na execução e sendo assim a área de forma
a ser empregada deve ser medida de forma especifica para cada elemento construtivo.

3.2.2.1 Especificidade dos elementos construtivos

3.2.2.1.1 Viga

Deve-se considerar a área das superfícies laterais e inferior, haja visto que não há
necessidade de forma na parte superior

Figura 9 – Esquema executivo de viga

3.2.2.1.2 Baldrame

Deve-se contabilizar apenas a área das superfícies laterais, haja visto que em baixo
deve ser considerado uma camada de brita

Figura 10 – Esquema executivo de baldrame


Capítulo 3. Metodologia 28

3.2.2.1.3 Pilar

Deve-se considerar toda a área das superfícies laterais, haja visto que as partes
superior e inferior será a continuação do pilar.

Figura 11 – Esquema executivo de pilar

3.2.2.1.4 Laje

Deve-se considerar a área da superfície inferior, haja visto que não há necessidade
de forma na parte superior e as laterais serão contidas por vigas. No entanto para esse
caso a área da superfície da laje já é parâmetro no Revit

Figura 12 – Esquema executivo de laje

Para esses problemas, sugere-se a criação de um parâmetro com nome perímetro de


forma que quando multiplicado pelo comprimento do elemento, obtém-se a área de forma.
Esse parâmetro deve conter as seguintes propriedades:
Capítulo 3. Metodologia 29

3.2.2.2 Cálculo da área de forma

Para esse problema, sugere-se a criação de um parâmetro com nome "perímetro


de forma"que quando multiplicado pelo comprimento do elemento, obtém-se a área de
forma. Dado que o comprimento já é um dado padrão do Revit, calcula-se a área de forma
a partir desses dois parametros, não sendo necessário a criação de um parâmetro "área de
forma".

Figura 13 – Criando parametro 1

Na aba "Properties"da tabela de levantamento de material do elemento corres-


pondente clica-se em "Edit..."no item "Fields"para abrir os parâmetros escolhidos para a
tabela
Capítulo 3. Metodologia 30

Figura 14 – Criando parametro 2

Clica-se no ícone de "New parameter"ressaltado na figura acima e ajusta-se as infor-


mações ressaltadas da janela "Parameter properties". O nome sugerido seria "perímetro de
forma", é um parametro da forma "type", e adota-se "Common", "Lenght"e "Dimensions"por
se tratar de uma dimensão de comprimento.

Figura 15 – Determinação do perímetro de forma


Capítulo 3. Metodologia 31

Na janela de "Type Properties"do elemento estará disponível o parametro criado,


onde deve-se informar o seu valor conforme explicado acima.

3.2.3 Massa de ferro


No que diz respeito à armadura de aço, o grande entrave é a sua medição ser
realizada pela massa. Para tanto seria ideal que o projeto estrutural seja importado e
criado um elemento no Revit que contenham esse detalhamento. No entanto, haja visto
que as CRO’s e SRO’s utilizam softwares diferentes para confecção de projeto estrutural,
dificulta-se a padronização dessa informação do pilar. Levando em consideração que a
massa de ferro por elemento de concreto seja suficiente para realizar a medição, cria-se
um parâmetro da densidade de aço por volume de concreto, tornando-se possível calcular
a massa de armadura a partir do volume do elemento em questão. Para tal, deve-se
padronizar nas especificações de um projeto estrutural a necessidade dessa medida para
cada elemento.

3.2.3.1 Cálculo da massa de ferro

Para determinar a massa de ferro do elemento, faz-se necessária a criação de um


parâmetro "Densidade de aço". Utiliza-se do passo a passo de criação de parâmetro já
explicitado no item 3.2.2.2 e altera-se apenas as propriedades do parâmetro como se segue:
Capítulo 3. Metodologia 32

Figura 16 – Criação do parâmetro densidade de aço

A alteração nas propriedades do parâmetro serão no "Type of Parameter"onde será


selcionado "Mass Density"e no "Group parameter under"onde será selecionado "Structural.
A partir desse parâmetro criado e do volume do elemento de concreto -que é um
parâmetro padrão do Revit- é possível determinar a massa de ferro no elemento, sendo
possivel assim quantificar esse material na medição.

3.3 Plugin orçabim


Esse capítulo tem por finalidade sugerir uma metodologia para obtenção de orça-
mentação e memória de cálculo para eventual auditoria da obra.
Capítulo 3. Metodologia 33

3.3.1 Geração do orçamento e etapas construtivas

Figura 17 – Orçamento modelo

Ao instalar o Plugin orçabim, automaticamente no Revit criar-se-á uma aba do


Orçafascio. Nessa aba clica-se em "New Estimate Project"e posteriormente em "Edit
Estimate Project". Na janela que se abrirá clica-se em "Create Task"para escrever os
elementos em azul que representam o que deve ser executado.

Figura 18 – Base de dados

Clica-se em "Insert Workbook"e escolhe-se a base de dados que se deseja utilizar.


Capítulo 3. Metodologia 34

Figura 19 – Seleção do serviço

No espaço destacado acima, digita-se palavras-chave do serviço desejado e posteri-


ormente escolha qual se adequa ao projeto.

3.3.2 Contagem dos serviços

Figura 20 – Contagem

Clica-se no botão indicado em 1 para determinar como deve ser a contagem desse
elemento. Posteriormente, clica-se no botão indicado em 2 na janela que se abre

3.3.3 Determinação do material


Capítulo 3. Metodologia 35

Figura 21 – Material

Na janela que se abre seleciona-se em 1 o item "Materials", em 2 o elemento


construtivo a ser contado -no exemplo está selecionado colunas- e em 3 o material desejado.

3.3.4 Contagem de material


Alterando-se o critério para "Formula", determina-se qual parâmetro será utilizado
na quantificação. Posteriormente determina-se qual elemento será quantificado e a partir
dos parâmetros exibidos na tabela inferior escreve-se a fórmula que representa o que deve
ser medido de cada elemento do projeto, conforme segue:

3.3.4.1 Volume de concreto

Como o volume de concreto é um parâmetro padrão do Revit, basta clicar nesse e


pressionar "OK".
Capítulo 3. Metodologia 36

Figura 22 – Volume de concreto

3.3.4.2 Área de forma

Utiliza-se o parametro "Perímetro de forma"e o símbolo "*-que representa a multi-


plicação dos parâmetros- seguidos do parâmetro "Lenght-que representa o comprimento
do elemento. Sendo assim, essa fórmula resultará na área de forma conforme desejado
Capítulo 3. Metodologia 37

Figura 23 – Fórmula para área de forma

Vale ressaltar que no caso da forma de laje, o parâmetro "Area"padronizado pelo


Revit, representa a área de forma dessa, sendo suficiente selecionar apenas esse na fórmula.

3.3.4.3 Massa de aço


Capítulo 3. Metodologia 38

Figura 24 – Fórmula para massa de aço

Utiliza-se o parametro "Densidade de aço"e o símbolo "*"seguidos do parâmetro


"Volume-que representa o volume do elemento. Sendo assim, essa fórmula resultará na
massa de aço conforme desejado
Capítulo 3. Metodologia 39

3.3.5 Verificação visual da contagem

Figura 25 – Pré-visualização

Após a determinação do que deve ser contado, é possível visualizar o que foi contado
no projeto, o que pode mitigar o erro do usuário. Para isso, clica-se em "Preview"conforme
ilustrado e será gerado uma imagem 3D para verificação.
Capítulo 3. Metodologia 40

3.3.6 Geração do orçamento

Figura 26 – Geração de orçamento

No website do Orçafascio gera-se um relatório do orçamento. Para isso, na página do


projeto em questão clica-se em "Relatórios"e posteriormente escolhe-se o tipo de orçamento
desejado. Para fins de exemplificação, adotaremos o relatório sintético conforme ilustrado
na imagem acima.

Figura 27 – Orçamento

Será gerado um arquivo no formato "xls"com uma versão simplificada do orçamento.


Capítulo 3. Metodologia 41

3.3.7 Geração da memória de cálculo

Figura 28 – Geração da memória de cálculo

Na janela do Orçabim no Revit clica-se em "Full Report Criteria Based"e escolhe-se


o local destinado a salvar o arquivo do formato "xls"

Figura 29 – Memória de Cálculo

Nesse arquivo, pode-se observar todos os dados importantes a memória de calculo.


Ilustrado acima encontra-se a quantificação de determinado serviço.
Capítulo 3. Metodologia 42

Figura 30 – Revit ID

Nas abas cujos nomes terminam em "E"econtra-se o "Revit ID-o qual possibilita
encontrá-lo precisamente no projeto- do elemento construtivo bem como a sua quantificação.
Isso é útil em caso de controvérsias entre o contratante e executor sobre o que realmente
foi contado na medição para determinar o valor a ser liquidado.

Figura 31 – Elemento pelo Revit ID

No Revit na aba "Manage"clica-se no botão "Select by ID"conforme ilustrado acima,


para pesquisar no projeto o elemento baseado no "Revit ID"do mesmo que foi obtido na
memória de cálculo, conforme explicado anteriormente
43

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Utilizou-se para simular as medições o projeto do Bloco Cirúrgico da ampliação do


Hospital de Guarnição de Santigo situado na 3ªRM em Santiago - RS no ano de 2018. A
documentação do projeto está apresentada em arquivos de Autocad onde pode-se encontrar
a planta detalhada de toda a estrutura e também Excel onde pode-se encontrar todas
as medições realizadas. Nessa documentação é possível encontrar todas as informações
necessárias, no entanto a interoperabilidade desses softwares é reduzida, o que implicou em
grandes dificuldades para extrair e concentrar toda essa informação em um único arquivo
de Revit de onde pode-se facilmente extrair qualquer documento necessário tanto nas
etapas de fiscalização, bem como em uma possível auditoria.

4.1 Extração de dados


A extração de dados do modelo em Autocad para criação do modelo em Revit foi
trabalhosa e sujeita a erro humano.
Primeiramente, extraiu-se a informação de 14 plantas baixas no Autocad para
detalhar apenas o modelo estrutural, o que traduziu-se em um único arquivo Revit. Vale
ressaltar que o processo inverso é gerado automaticamente o que reduz a probabilidade de
erros. Abaixo está ilustrado apenas uma planta baixa que representa metade das vigas da
fundação:
Capítulo 4. Resultados e discussões 44

Figura 32 – Planta baixa de vigas


Capítulo 4. Resultados e discussões 45

Posteriormente, das 4 primeiras medições retirou-se as informações da execução


da parte estrutural, por onde baseou-se principalmente no volume de concreto utilizado.
Ainda que as outras 15 medições não diziam respeito a parte estrutural, vale ressaltar
que todas elas poderiam ser representadas no mesmo arquivo Revit. Abaixo está ilustrada
uma parte dessa documentação, que apesar de completa gerou dificuldade na extração de
dados.

Figura 33 – Orçamento Medição 2

Fez-se necessário o auxílio do engenheiro fiscal da obra para possibilitar a compreen-


são da metodologia empregada nas medições. Ainda que todas as informações necessárias
estivessem presentes na documentação, encontrou-se dificuldade para reunir e organizar
essas informações. Essa dificuldade ocorreu por não haver uma metodologia padrão para
todo o sistema de obras militares.

4.2 Redução de erros


Erros absurdos que podem ser identificados facilmente ao visualizar o que está
sendo medido, podem permanecer imperceptíveis em planilhas de medição. Abaixo está
ilustrado uma laje que havia sido contabilizada na medição antes mesmo de qualquer pilar
ou viga que a apoiasse. Ao visualizar a medição em 3D esse erro ficou nítido e possibilitou
a correção.
Capítulo 4. Resultados e discussões 46

Figura 34 – Laje sem apoio

Fez-se necessário o auxílio do engenheiro fiscal da obra para possibilitar a compreen-


são da metodologia empregada nas medições. Ainda que todas as informações necessárias
estivessem presentes na documentação, encontrou-se dificuldade para reunir e organizar
essas informações. Essa dificuldade ocorreu por não haver uma metodologia padrão para
todo o sistema de obras militares.

4.3 Base de dados


O plugin Orçabim permite escolher a base de dados a ser utilizada na medição.
Sendo assim, utilizou-se como base de dados o SINAPI-RS no mês de fevereiro de 2018,
tendo assim a precisão do local e data em que a medição foi realizada. A seleção da base
de dados está ilustrada abaixo:
Capítulo 4. Resultados e discussões 47

Figura 35 – Banco de dados utilizado

Essa facilidade em determinar a base de dados pode permitir que utilize-se para
cada medição os valores de referências mais atualizados, tornando assim o orçamento mais
proximo dos gastos reais

4.4 Relatórios gerados


Abaixo está ilustrado o orçamento detalhado da medição 2 cuja formatação pode
ser facilmente adequada a padronização dos documentos necessária.
Capítulo 4. Resultados e discussões 48

Figura 36 – Orçamento Medição 2

Além desse orçamento, o relatório também dispõe de toda a memória de cálculo


bem como a identificação de cada elemento no Revit para contabilizar o material, conforme
explicado na metodologia.

4.5 O processo das medições


O processo das medições pôde ser simulado, mostrando qual seria o trabalho do
fiscal para construir a informação da medição no Revit. Abaixo está ilustrado como seria
identificado em qual medição foi executado e contabilizado cada elemento da obra. A
figura abaixo ilustra a facilidade do processo
Capítulo 4. Resultados e discussões 49

Figura 37 – Associação elemento-medição

A simplicidade desse processo reduz o erro e faz com que a mão de obra necessária
para essa atividade possa ser menos especializada, reduzindo assim custos do processo de
fiscalização.
50

5 CONCLUSÃO

Ao fim do estudo concluiu-se que apesar da documentação da fiscalização de obras


atualmente conter todas as informações, a falta de padronização gera erros e atrasos. Isso
foi evidente quando para testar a metodologia sugerida utilizou-se a documentação de
uma obra real e a metodologia não padronizada utilizada na fiscalização foi um grande
entrave para obter-se essas informações, as quais não estão dispostas de forma que facilite
a extração dos dados.
No entanto, foi possível simular como seria realizada a fiscalização pela metodologia
sugerida e os relatórios gerados foram satisfatórios para documentação necessária. Além
disso pôde-se perceber que a construção da informação temporal (através de medições) no
Revit é feita de maneira simples e exige pouco do fiscal da obra.
Ao utilizar o plugin Orçabim percebeu-se a capacidade da ferramenta de gerar com
facilidade os relatórios e previsões orçamentárias. Por conseguinte, sugere-se a utilização
desse ou de ferramenta semelhante no processo de fiscalização e acompanhamento.
Vale ressaltar que a metodologia proposta é apenas uma sugestão que deve ser
aprimorada e compatibilizada ao processo prático da fiscalização, tornando-a assim uma
ferramenta prática e eficiente.

5.1 PROPOSTAS PARA PESQUISA FUTURA


Para estudos futuros recomenda-se a expansão da metodologia para todas as etapas
executivas da obra. Toda essa informação pode ser armazenada no Revit e contabilizada
pelo Orçabim. Sendo assim todo o projeto estará disposto em um único arquivo capaz de
gerar qualquer documentação da obra sob demanda durante a execução ou após o fim da
obra.
Além disso, sugere-se a criação de uma ferramenta que seja capaz de gerar um
orçamento conforme os padrões exigidos pela DOM a fim de melhorar a automatização
desse processo.
51

REFERÊNCIAS

1 CONSTRUçãO, D. de Engenharia e. Estrutura Organizacional. 2020. Acesso


em 25 de maio de 2021. Disponível em: <http://www.dec.eb.mil.br/index.php/en/
estrutura-organizacional>.

2 PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. UM GUIA DO CONHECIMENTO EM


GERENCIAMENTO DE PROJETOS : Pmbok. Newtown Square, Pennsylvania 19073-3299
USA, 2013. 567 p.

3 EASTMAN, C.; TEICHOLZ, P.; SACKS, R.; LISTON, K. BIM Handbook: A guide to
Building Information Modeling for Owners. 1. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. 483 p.

4 JUNIOR, F. G. BIM: Tudo o que você precisa saber sobre esta metodologia. 2021.
Acesso em 24 de maio de 2021. Disponível em: <https://maisengenharia.altoqi.com.br/
bim/tudo-o-que-voce-precisa-saber/>.

5 HENDRICKSON, A. R. Human resource information systems: Backbone technology


of contemporary human resources. In: Journal of Labor Research, vol.24. Ames, IA,
EUA: Transaction Publishers, 2003. p. 382–394. Setembro de 2015. Disponível em: <http:
//transactionpub.metapress.com/link.asp?targe...&id=7TF03C73EAYKU8GV>.

6 REPUBLICA, P. D. DECRETO Nº 9.983, DE 22 DE AGOSTO DE 2019.


2019. Acesso em 23 maio de 2021. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9983.htm#:~:text=DECRETA%20%3A-,Art.
,Parágrafo%20único.>

7 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ATA DA 9ª REUNIÃO ,


2018 : Cee-134 – comissão de estudo especial de modelagem de informação da construção
(bim). Av. Torres de Oliveira, 76 – Jaguaré – São Paulo - SP. 7 p.

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