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FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA – DEMEC
ENGENHARIA MECÂNICA
Volume I
Manaus
2019
LUIZ ANTONIO PICCO JUNIOR
Volume I
Manaus
2019
LUIZ ANTONIO PICCO JUNIOR
Prof. XXXXXXXXXXXXXXXXXX
Universidade Federal do Amazonas – DEMEC/FT
MANAUS
2019
Agradecimentos
Eu Luiz Antonio Picco Junior gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais, Luiz
e Silvia, por todo amor, apoio e paciência durante o caminho percorrido até aqui. Sem eles
este desafio teria sido ainda maior e eu não estaria hoje prestes a me tornar um engenheiro
mecânico. Agradeço também aos amigos da UFAM, principalmente pelos bons momentos até
os de euforia e de ansiedade compartilhados. Sem esquecer também de todas as pessoas que
de forma direta ou indireta me deram suporte e acreditaram em mim. Ao orientador, pelos
conhecimentos compartilhados, disponibilidade, apoio e incentivo durante a realização deste
trabalho.
Resumo
O setor de construção civil representa importante fatia do PIB, além de contribuir massi-
vamente com os empregos diretos e indiretos no país. Nos últimos anos este setor experimentou
forte aquecimento e posterior retração, em parte devido à crise financeira mundial. Neste ramo,
reduzir tempos e aumentar a qualidade das construções pode significar a manutenção de lucros
ou ainda ser fator decisivo para que muitas empresas se mantenham no mercado. Com efeito,
a etapa de acabamento das construções é a que representa os maiores gargalos, uma vez que,
por norma, é a que consome os maiores tempos e custos da obra. Notadamente, a etapa de
assentamento de pisos cerâmicos contribui significativamente para o tempo total de acabamento
em qualquer construção. Uma vez que esta é realizada manualmente, e caso não seja executada
com precisão será rapidamente percebida pelo cliente. Neste trabalho uma metodologia de
desenvolvimento de produtos é empregada para encontrar uma solução ótima para esta fase da
obra. Um questionário foi desenvolvido para levantar as principais necessidades dos usuários,
uma matriz morfológica foi definida e o desdobramento da função qualidade foi assimilado
e técnicas DFX foram utilizadas. Ao final, o protótipo em CAD 3D de um equipamento para
assentamento automatizado de pisos cerâmicos foi desenvolvido como proposta para o aumento
da eficiência desta importante etapa da construção civil.
Palavras chaves: Desenvolvimento do produto, projeto conceitual, casa da qualidade.
Abstract
The civil construction sector represents an important share of GDP, as well as contributing
massively to direct and indirect jobs in the country. Recent the sector have been experienced
with strong warming and subsequent retraction, partly due to the global financial crisis. The need
to increase the quality and reducing time of the constructions can mean the maintenance of its
profits or still be a decisive factor for the companies to stay in the market. In fact, a finishing stage
is a process that represents the biggest bottleneck, since, as a rule, it consumes the greatest time
and costs of the work. Notably, a step of laying ceramic floors is important for the total time of
finishing in any type of construction, since this is done manually, and if not executed accurately
it will be quickly perceived by the client. In this work, a methodology of product development
is employed so that we can find a solution for this phase of the work. A questionnaire was
developed to obtain the main needs of the users, a morphological matrix was defined and the
unfolding of the area of experience was assimilated and DFX techniques were used. The final,
the prototype in CAD 3D of autonomy for appliance automation of ceramic floors was developed
as proposed to increase the performance of this important stage of civil construction.
Key words: Product development, conceptual design, quality house.
Lista de ilustrações
Diagrama 1 – Fluxograma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Lista de tabelas
3D Três Dimensões
MG Minas Gerais
XXI Século 21
Sumário
1 TINTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 ESTRUTURA DO TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2 JUSTIFICATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2.1 Dor nas costas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2.2 LER (Lesões por Esforço Repetitivo) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.3 Reumatismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.4 Dermatose e outras afecções causadas pelo cimento: . . . . . . . . . . . . . 16
1.3 OBJETIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS (PDP) . . 18
2.2 DFX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2.1 DfA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2.2 DfM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2.3 DfS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2.4 DfR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3 CASA DA QUALIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.4 MATRIZ MORFOLÓGICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.5 MODELOS DE REFERÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.5.1 PROCESSO DE FUNIL DE CLARK E WHEELWRIGHT . . . . . . . 27
2.5.2 MODELO UNIFICADO DE ROZENFELD . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1 Definição dos critérios de inclusão e exclusão . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2 Técnicas de pesquisa utilizadas na coleta e análise de dados . . . . . . . 31
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
6 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1 TINTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO
A construção civil é inerente ao nosso cotidiano a partir do início das civilizações, desde
simples construções até mega estruturas. Chamamos de casa ou moradia o local construído pelo
ser humano com a função de proteger, dar conforto e segurança ao indivíduo e à família. (Casa e
Habitação,2009)
A moradia é de grande importância na estrutura social. A falta dela ocorre principalmente
pelo custo excessivo dos alugueis no orçamento familiar e também pela inadequação da habitação
(familias dividindo a mesma casa, cortiços e favelas), entre os anos de 2007 e 2017 alcançou 7%,
totalizando um deficit de 7,78 milhões de unidades habitacionais. Os dados foram obtidos pela
Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação
Getulio Vargas (FGV).
Considerando as informações supracitadas, tem-se como clara e objetiva a necessidade de
otimizar o processo de construção. Este trabalho de conclusão de curso propoe-se a empregar uma
metodologia de processo de desenvolvimento de produtos na obtenção de uma alternativa para o
assentamento de pisos cerâmicos. Buscando introduzir no mercado um produto diferenciado e
inovador. A fase do acabamento é a etapa final das construções e precisa seguir uma ordem para
que o trabalho fique satisfatório. A primeira delas é a colocação de pisos, azulejos, soleiras e
peitoris. Consiste em um procedimento moroso e cheio de detalhes. Os erros quando acontecem,
são nitidamente percebidos. Seu retrabalho demanda mais tempo, além de onerar o processo.
A utilização do equipamento desenvolvido aqui tem como objetivo reduzir o tempo necessário e
padronizar o serviço dessa forma eliminando a necessidade de retrabalho.
Fatores de risco relacionados a saúde também estão no foco, devido à posição de trabalho
e a dificuldade de aplicação das placas cerâmicas pelo peso e dimensões avantajadas. A não
utilização dos EPI´s como botas, luvas e óculos de proteção são as principais causas de doenças
relacionadas ao cimento. Ele é irritante para a pele por ser abrasivo, higroscópio e altamente
alcalino. Sua alcalinidade muitas vezes atinge pH próximo a 14. Por esta característica o cimento
deve ser manipulado com cuidado de higiene e proteção pessoal. O contato da pele com o cimento
úmido e em pó pode causar quadros clínicos variáveis na pele de trabalhadores suscetíveis, entre
estes quadros, o que ocorre com mais frequência é a dermatite irritativa de contato.
Buscando melhorias no projeto e tendo como meta suprir as necessidades dos clientes,
foi elaborado um plano de desenvolvimento com utilização de algumas ferramentas da qualidade,
tais como: DFX, FMEA, Engenharia Simultânea, PDM, 7FGQ, casa da qualidade, matriz
morfológica, benchmarking dos produtos existentes e brainstorming, analisando os problemas
que deverão ser solucionados; definição das especificações do produto, definições do processo
envolvendo o desenvolvimento de princípios e de soluções para que o produto exerça suas
funções com precisão e qualidade, bem como, a fabricação e manutenção.
Capítulo 1. TINTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 12
Este equipamento, que busca preencher uma lacuna encontrada na construção civil
e tem como finalidade ser uma alternativa viável para o assentamento de pisos cerâmicos,
agiliza o procedimento; reduzindo custos, diminuindo desperdícios e por último, mas não menos
importante, solucionar os riscos relacionados a saúde e segurança dos profissionais da construção
civil, além de uniformizar o assentamento dos pisos cerâmicos e garantir a qualidade final das
instalações.
1.2 JUSTIFICATIVA
A famosa dor nas costas é uma das grandes causas de incapacidade no trabalho na
construção civil, caracteriza-se por dor persistente na área lombar (região mais baixa da coluna
vertebral, na altura da cintura) que pode até comprometer a mobilidade da região. Muitas vezes
acompanha algum grau de contratura muscular.
Cada vez mais frequentes em diferentes profissões, as lesões por esforço repetitivo são
um conjunto de doenças entre as quais estão a tendinite, a bursite e a tenossinovite. Apresentam-
se como um processo inflamatório doloroso provocado por movimentos manuais repetitivos,
sobrecarga muscular e posturas inadequadas durante longos períodos. Geralmente atingem os
membros superiores do corpo.
• Como prevenir: fazer pausas regulares e alongamentos. A empresa deve fornecer equi-
pamentos adequados para cada atividade.
1.2.3 Reumatismo
• Hiperceratose;
• Paroniquias e onicolises;
• Conjuntivites irritativas;
• Ulcerações de córnea.
Capítulo 1. TINTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 17
Cuidados necessarios:
• no caso da roupa estar suja de massa ou calda de cimento ou concreto, troca-las logo que
possível;
• Pó ou cavaco de madeira dentro dos sapatos ou botas pode irritar os pés; usar meias;
• Ao final do trabalho diário, lavar muito bem os pés e as mãos para retirar restos de
cimento que ficaram na pele e nas unhas.
1.3 OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo a obtenção de uma solução aperfeiçoada para o assen-
tamento de pisos cerâmicos na construção civil, usando uma metodologia de PDP baseada no
levantamento de necessidades dos clientes, brainstorming, benchmarking, matriz morfológica e
casa da qualidade.
Objetivos Específicos:
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A base teórica que será apresentada neste capítulo parte-se de estudos consolidados em
processo de desenvolvimento de produtos nas suas principais áreas, onde as evoluções de suas
definições são enfatizadas e abordadas, incorporando novas ferramentas até o modelo proposto
por ROZENFELD et al. (2006). A seguir alguns conceitos imprescindíveis que são definidos
antes de dar início aos modelos de referência. Com base no levantamento realizado da literatura,
sem pretender classificar ou determinar se é a melhor definição encontrada.
A norma NBR ISO 9001:2008 (ABNT, 2008) define processo como um conjunto de
atividades interligadas que usa recursos e que é gerenciada de forma a possibilitar a transformação
de entradas em saídas. O PDP é complexo devido à necessidade de um bom planejamento e da
multidisciplinaridade. SILVA (2002) afirma que o desenvolvimento de produto provém de áreas
inter-relacionadas e diferentes ao mesmo tempo, porém, com focos específicos. As abordagens
que possuem maior significado são: as pesquisas que enfatizam a prevenção e controle de erros
na área da qualidade; trabalhos com foco na tecnologia do produto e de processo de fabricação,
e na gestão e estratégia na engenharia e administração respectivamente.
No final dos anos 80, ocorreu a intensificação da utilização de metodologias de gestão
de negócios nas grandes corporações como base dos processos (BARBALHO, 2006). Para
ROZENFELD e AMARAL (2011) e ROZENFELD et al. (2006) o PDP é um processo de
negócio que abarca desde a ideia inicial, incluindo o levantamento de informações do mercado,
identificação de potencialidades tecnológicas e estratégicas da empresa, até a homologação do
produto ou a prestação do serviço que atendam aos requisitos do cliente, no tempo ideal e a um
custo aceitável, além de promover o repasse das informações pertinentes sobre o projeto e o
produto para todas as áreas da empresa.
O resultado do produto ou do serviço que o cliente recebe, caracterizados pela atuação
da empresa por processos internos são destaques da gestão dos processos de negócio (CHUM,
2010).
Segundo Clark & Fujimoto (1991), a fabricação de um produto através da transformação
de dados sobre oportunidades de mercado e possibilidades técnicas e informações em bens,
realizado por um conjunto de pessoas de uma empresa e informações pode ser definido como
PDP. Do ponto de vista dos investidores, produtos que possam ser produzidos e vendidos de
forma lucrativa é o significado de desenvolvimento bem-sucedido. Outras cinco dimensões todas
relacionadas ao lucro podem ser utilizadas em análise final para avaliar o desenvolvimento
de produto: qualidade do produto, custo do produto, tempo de desenvolvimento, custo do
desenvolvimento e o aprendizado do desenvolvimento (ULRICH & EPPINGER, 1995).
O uso de protótipos no desenvolvimento de produtos traz prudência ao projeto reduzindo
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19
incertezas e ajuda no fluxo de informações por todas as etapas do PDP, assim dependendo da
alternativa disponível para a criação do mesmo ele conseguirá cumprir sua finalidade; desenvol-
vendo produtos que consistem em um conjunto de atividades onde quase todos os departamentos
da empresa são englobados, e a transformação das necessidades do mercado seja de serviços ou
produtos economicamente viáveis e que atender as necessidades seja seu objetivo.
2.2 DFX
Design for “excellence” (também conhecido como DFX) é um termo geral usado no
mundo da engenharia que serve como um espaço reservado para diferentes objetivos de design.
DFX é melhor pensado como Design para “x”, onde a variável x é intercambiável com um dos
muitos valores, dependendo dos objetivos específicos do empreendimento. Alguns dos substitutos
mais comuns para x incluem montagem (DfA), custo (DfC), logística (DfL), manufaturabilidade
(DfM), confiabilidade (DfR), facilidade de manutenção e / ou reparabilidade (DfS).
2.2.1 DfA
Design for assembly (DfA) procura simplificar o produto para que o custo de montagem
seja reduzido. Consequentemente, as aplicações dos seus princípios ao projeto do produto
geralmente resultam em melhor qualidade e confiabilidade e uma redução na quantidade de
peças e no equipamento em produção. Tem sido observado que esses benefícios secundários
frequentemente superam as reduções de custo na montagem.
A DfA, em princípio, reconhece a necessidade de analisar o projeto da peça e do produto
inteiro para sanar quaisquer problemas de montagem desde o início do processo, de modo
a reduzir custos durante todo o ciclo do produto. Pode ser definido como um processo para
melhorar o design do produto para montagem fácil e de baixo custo, o que é conseguido por
meio do foco simultâneo nos aspectos duais da funcionalidade e facilidade de montagem. A
prática do DfA como uma característica do design é um desenvolvimento relativamente recente,
mas muitas empresas o fazem há muito tempo. Por exemplo, a General Electric publicou um
manual interno de produtividade de fabricação na década de 1960, que deveria servir como um
conjunto de diretrizes e dados de fabricação para projetistas. Essas diretrizes incluíam muitos
dos princípios do DFA como os conhecemos hoje, sem nunca usar essa nomenclatura específica
ou distingui-la do restante do processo de desenvolvimento do produto. (HUGH JACK, 2013).
2.2.2 DfM
O DfM envolve perícia técnica no processo de fabricação específico que está sendo usado.
Idealmente, o DfM precisa ocorrer no início do processo de design, bem antes do início das
ferramentas. Além disso, o DfM adequadamente executado precisa incluir todos os interessados
- engenheiros, projetistas, fabricantes contratados, construtores de moldes e fornecedores de
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 20
2.2.3 DfS
2.2.4 DfR
O DfR é um item de foco de engenharia que visa evitar falhas por um período conhecido
(geralmente maior ou igual ao ciclo de vida do produto). O ciclo de vida do produto é influenciado
por vários fatores, mas, em muitos casos do século XXI, é impulsionado principalmente pelo
ritmo em que a próxima geração de um produto pode ser produzida. Os princípios incluem
redundância, análise preventiva de falhas e prevenção, bem como previsões de vida e garantia.
A ideia é realmente garantir que o produto funcione de forma consistente e seja sustentável
no ambiente de produção moderno, com ciclos de vida de produto geralmente mais curtos e
inovação rápida. (Creative Mechanisms , 2016, p. 1.)
Uma ferramenta que se encaixa para garantir que as necessidades dos clientes sejam
consideradas durante o processo de desenvolvimento de produtos e serviços é o Desdobramento
da Função da Qualidade – QFD. A função da matriz QFD é analisar quais os requisitos são
importantes para o cliente, valores (notas são atribuídas de acordo com a importância. Sua
função é analisar, através de matrizes, quais requisitos são importantes sob a ótica do cliente,
atribuindo-lhe uma nota que varia de acordo com sua importância. Dessa forma, espera-se que
a empresa consiga ouvir a voz de seus clientes e direcionar seus recursos para as necessidades
levantadas por eles, garantindo diferencial competitivo perante a concorrência (OLIVEIRA et al.
2003).
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21
A Casa da Qualidade pode conter grupos de dados, numéricos e ou descritivos, tais como
requisitos dos clientes, dados de percepção do mercado, importância relativa dos requisitos,
satisfação com os requisitos, satisfação com a concorrência, plano da qualidade, fator de melhoria,
importância de mercado, características, relacionamentos, importância técnica, Benchmark
competitivo, targets e objetivos entre outros. Ela é o cruzamento da tabela dos requisitos do
cliente (ou da qualidade exigida) com a tabela das características de qualidade, possibilita ouvir
a voz do cliente, identificando suas reais necessidades, assegurando que sejam atendidas, pois,
através da casa da qualidade conseguimos visualizar o que realmente o cliente necessita e de que
forma conseguiremos satisfazê-lo.
Segundo CHENG et al. (1995), as etapas de implantação do QFD podem ser estabelecidas,
conforme segue:
• Definir o produto a ser desenvolvido e quais serão os objetivos do projeto;
• Escolher a equipe que utilizará o QFD e realizará o treinamento do método;
• Efetuar o desdobramento do trabalho para definir o plano de atividades do desenvolvi-
mento do produto e elaborar o modelo conceitual, que é a identificação das matrizes e tabelas
necessárias para se garantir que as exigências dos clientes sejam atendidas;
• Realizar pesquisa de mercado com o público alvo e fazer a interpretação dos dados
para extrair as reais exigências dos clientes (qualidade exigida);
• Realizar uma nova pesquisa junto aos clientes, para identificar quais itens da qualidade
exigida são prioritários e para fazer uma análise competitiva com os concorrentes (benchmarking)
e com estes dados, definir a qualidade planejada.
• Extrair dos itens de qualidade exigida as características da qualidade (especificações de
projetos que os atendam) e elaborar a matriz da qualidade;
• Correlacionar as tabelas da qualidade exigida versus características da qualidade e
converter os pesos dos itens de qualidade exigida para características da qualidade, a partir destas
correlações;
• Analisar quais são as características da qualidade prioritárias, qual é o valor nominal
destas características no produto atual e nos dos concorrentes, e como cada característica interage
entre si. Com estes dados a equipe deve definir os valores para a qualidade projetada (valor
nominal das características da qualidade) a serem atendidos;
• Elaborar as outras matrizes já definidas no modelo conceitual, com o objetivo de
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 22
Fase do
Representação Gráfica Descrição
evento
Processo ou operação
Processo
executada.
Comparação de dados e
Avaliação
tomada de decisão.
Informações ou dados de
Dados
qualquer natureza.
Após a definição destas fases e seu fluxograma, o método morfológico pode ser aplicado
segundo os passos descritos por Dandy & Warner (1989):
• Descrição do problema;
Além do uso para desenho de produtos, a matriz morfológica também pode ser aplicada na
geração de alternativas para identidades visuais. Analisada à literatura referente (tamanho, área de
aplicação, formato de piso, tipo de argamassa, quantidade, espaçamento, normas, aplicações) foi
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 24
possível estruturar duas Matrizes Morfológicas. Uma importante ferramenta para a combinação
de princípios de solução individuais em princípios de solução totais para o produto, a matriz
pode modelar simultaneamente as funções que compõem estrutura funcional escolhida, e as
diversas possibilidades de solução para as mesmas, possibilitando uma análise das possíveis
configurações do produto projetado. Por ser um tema já exaustivamente estudado na literatura
do projeto de engenharia, esta dissertação não irá expor métodos para a elaboração da matriz
morfológica ou mesmo críticas quanto ao seu uso, ou eficácia.
Diagrama 1 – Fluxograma
É possível notar que a maioria destes autores prescreve a aplicação dos processos de
maneira sequencial nos modelos de referência, dessa maneira é possível padronizar práticas ao
nível institucional quando executada de forma gradual e com segurança por uma organização
(SILVEIRA, 2008).
O conceito de Processo de Desenvolvimento do Produto (PDP), apresentando alguns
modelos de referência: o modelo funil de Clarck e Wheelrigth (1993); modelo unificado de
Rozenfeld (1996), .
Etapa Descrição
Apresenta uma estrutura para o planejamento e gerenciamento dos
Desenvolvimento
projetos em andamento.
O modelo unificado, proposto por ROZENFELD (1996) leva como definição de PDP,
para um grupo específico de clientes atividades são realizadas sequencialmente, alcançando a
produção de um bem ou serviço que supra as necessidades. Nesse modelo o PDP é dividido em
três fases: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento, demonstrado na figura
5.
JUGEND (2006, p. 9) explica que:
Para resolver os problemas, Rozenfeld e Silva (2007) uma dimensão estratégica é desen-
volvida com quatro visões distintas: gestão do portfólio de produtos, que se refere à coordenação
estratégica dos projetos em andamento ou planejamento; a avaliação do desempenho, nada
mais é que um trabalho de avaliação do PDP realizado, com o objetivo de destacar os pontos
estratégicos para melhorias no método; condução das alianças e parcerias para o PDP, envol-
vendo seus fornecedores e clientes; juntamente com a condução das relações interfuncionais e
interdepartamentais, que visa à integração estratégica de marketing, engenharia e manufatura
(ROZENFELD; SILVA, 2007). O modo de trabalho dos projetos como a capacidade de integração
e o tamanho das empresas como influência no tipo de estrutura organizacional é definido na
estrutura organizacional da empresa.
• Dimensão dos recursos, que dá importância aos métodos, técnicas, ferramentas e sistemas
que tem a possibilidade de serem aplicados apoiando as anteriores.
31
3 METODOLOGIA
Critérios de inclusão:
Engenheiros atuantes na construção civil;
Pedreiros com experiência em assentamento de pisos cerâmicos.
Critérios de exclusão:
Quaisquer outros profissionais que não atuem na construção civil;
Pedreiros que não possuem ou não exerceram a função de assentamento de pisos;
Entrevista
Formulário com perguntas
Na sequência foram utilizadas técnicas de PDP como o DFX (Design for X), matriz
morfológica e desdobramento da função qualidade (QFD) para a obtenção de um projeto
conceitual. Assim, uma proposta de solução para o problema proposto foi concebida utilizando o
sistema CAD comercial Solidworks.
32
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A casa da qualidade é a primeira matriz de dados desse projeto, onde foram utilizados os
dados colhidos do mercado, benchmarking com a concorrência, nessa fase onde se inicia o
trabalho de tradução dos desejos e necessidades dos clientes em características mensuráveis. A
figura 6 mostra a casa da qualidade elaborada a partir dos resultados obtidos nas entrevistas e
respostas ao questionário proposto.
Tendo em vista a afirmação de Cheng e Melo Filho (2010) que a proposta do método QFD
é ouvir e interpretar a voz do cliente e transformar em realidade suas principais necessidades.
A utilização da Casa da Qualidade proporcionou a verificação do grau de importância dos
requisitos de projeto, facilitando realizar a escolha do qual que se adapta melhor. Os requisitos
de projeto pelo QFD em ordem de pontuação deram início ao projeto conceitual. Observa-se
que os requisitos com maior pontuação são aqueles que obtiveram maior interação com as
necessidades dos usuários; o requisito com maior pontuação (ergonomia) foi aquele que já no
início norteou o desenvolvimento do produto, relacionado com o preço final do produto. Outros
requisitos fundamentais para o funcionamento da máquina obtiveram boas pontuações, por
Capítulo 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 33
exemplo: 3º, 4º, esses são essenciais para a boa qualidade do material, e facilidade no processo de
fabricação do produto. Isso confirma a autenticidade dos requisitos para atender às necessidades
dos usuários, mostrando segurança em seguir adiante com o projeto, tendo em base os requisitos
classificados pelo quadro de especificações. Como problema em enfoque, a necessidade de se
melhorar a eficiência de assentar os pisos, foi considerada, tanto em ambiente interno, como
externo.
O conceito da matriz morfológica foi utilizado para facilitar as tomadas de decisão. Duas
matrizes foram concebidas e são mostradas na Figura 7 e Figura 8.
MATRIZ 1. MATRIZ MORFOLÓGICA DO ASSENTADOR DE PISOS. FASE 1.
CONCEITO 1.
Capítulo 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 34
argamassa através de um depósito na parte superior, o deslocamento dos pisos será através de
um sistema elétro-mecânico, para a aplicação da cerâmica a ação é dividida em duas etapas a
primeira o piso e travado através de ventosas, um sistema de atuador telescópico para a descensão
até o solo, este mecanismo terá dois graus de liberdade, rotacionando o piso sobre o próprio
eixo para que à argamassa toque o solo, nesse instante dois motores elétricos de vibração entram
em ação. O acionamento se faz através de botoeiras controlados por uma central eletrônica. O
sistema de espaçamento será manual no chão aplicado por outra pessoa, após a aplicação de cada
um dos pisos cerâmicos. Avaliando o conceito de máquina descrito como viável, foi construída a
Matriz Morfológica da fase 2: Conceito detalhado, apresentada na Matriz 2 figura 8 , visando
detalhar os mecanismos da máquina.
Baseado na Matriz 2, foi possível descrever a conceituação detalhada da máquina: O
assentador de pisos cerâmicos terá como força motriz força manual, para redução de custos
facilidade de deslocamento e menor custo de manutenção, irá mover o equipamento na parte
traseira por um corrimão acoplado ao equipamento, pequenas rodas de simples ação na parte
inferior tem como principal objetivo assegurar o deslocamento, o movimento giratório na será
pela parte frontal, possui diâmetro da roda.: 8“ – 203 mm possui largura da roda de 50,0 mm o
diâmetro do eixo da roda é 19,0 mm sua capacidade de carga do rodízio é de 350 kg a da roda é
composta por de ferro fundido e poliuretano.
O material escolhido para a estrutura global foi o aço 1020 pelo custo benefício, facilidade
de ser encontrado é fácil de se manipular, não necessita soldagem especial, possui as propriedades
necessárias para o projeto como, por exemplo, sua tensão de escoamento é de 350 MPa. O formato
escolhido foi o retangular pela facilidade de montagem da estrutura.
O reservatório de argamassa será feito de alumínio pelo seu baixo peso e resistência a
corrosão, pois, estará em contato direto, terá 90 cm de comprimento para que aplicação seja
completa, o formato da talocha foi modificado para que o assentamento de pisos seja feito e,
camada simples, com as informações levantadas na entrevista, muitos dos “assentadores” não
utilizam dupla camada com esse novo formato de dente, já o armazenamento de pisos pode
suportar até 6 unidades de pisos com 360 cm de perímetro totalizando uma carga máxima de 90
kg, por isso será utilizado o aço 1020 o mesmo da estrutura.
Para a movimentação dos pisos na horizontal foi escolhido um motor de 50 watts para
o atuador linear com capacidade de deslocar por 1000 mm até 20 kg com uma velocidade
de máxima de 60mm/s. No movimento vertical, o giro sobre o próprio eixo é feito por um
mecanismo came semelhante aos carimbos amplamente utilizados atualmente, um atuador linear
também é usado com as mesmas especificações do anterior, para que esse giro seja possível
utiliza-se duas ferramentas de fixação com corpo injetado em ABS reforçado com ventosa em
borracha com sistema de sucção automatico com capacidade máxima de carga: 28 kg. Para
garantir uma maior fixação do piso ao chão se faz necessário uma movimentação lateral que será
feita automaticamente por dois sistemas de vibração que juntos podem proporcionar até 20 kg
Capítulo 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 36
de força centrífuga para garantir que toda argamassa esteja em contato com piso e o chão. O
sistema de espaçamento que garante o nivelamento do piso será manual aplicado pelo próprio
operador, após a aplicação de cada um dos pisos cerâmicos.
De posse das informações fornecidas pela casa da qualidade e do roteiro estabelecido nas
matrizes, uma forma conceitual para o produto foi concebida usando sistema CAD comercial,
como mostrado na Figura 9.
Capítulo 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 37
Próprio autor.
38
5 CONCLUSÕES
6 REFERÊNCIAS
25 de fevereiro de 2019
Marchetto, Márcia. DERMATOSE CAUSADA PELO CIMENTO Disponível em: http://
www.resolucaomed.com.br/noticias/dermatose-causada-pelo-cimento Acesso em: 10 de março
de 2019
Maestrelli, Nelson. DFM/DFA: Como projetar produtos e serviços adequados para a
manufatura Disponível em: https://www.manufaturaemfoco.com.br/dfmdfa-como-projetar-prod
utos-e-servicos-adequados-para-a-manufatura/ Acesso em: 20 de março de 2019
Casa e Habitação. https://www.smartkids.com.br/trabalho/casa-e-habitacao 20/07/2009. Dis-
ponível em: https://www.smartkids.com.br/trabalho/casa-e-habitacao. Acesso em 25/07/2019.
Pereira, Caio. Como aplicar argamassa em pisos passo a passo Disponível em: https://w
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de 2019. il. color.
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ps://www.creativemechanisms.com/blog/author/creative-mechanisms-staff Acesso em: 17 de
ABRIL de 2019.
43
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO
NOME:. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
IDADE:. . . . . . . . . . . . . . . ..TEMPO DE TRABALHO NA AREA:. . . . . . . . . . . . . . .
PROFISSÃO:. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
Há quanto tempo trabalha no ramo da construção civil?
Tem conhecimento sobre assentamento de pisos cerâmicos?
Há quanto tempo trabalha com assentamento de pisos cerâmicos?
Qual a maior dificuldade na realização do trabalho?
Sente dores no fim do dia devido à forma de realização do assentamento?
Qual a maior falha encontrada no método atual de assentamento?
Qual a quantidade de m² executados em um dia de serviço?
Como o tamanho do piso influência na efetivação do serviço?
Qual a taxa atual de desperdício de material?
Utiliza Equipamentos de Proteção Individual?
44
Tabela 4 – Componentes
APÊNDICE B. Desenho técnico 46