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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA – DEMEC
ENGENHARIA MECÂNICA

LUIZ ANTONIO PICCO JUNIOR

EMPREGO DE UMA METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO


NA OBTENÇÃO DE UMA ALTERNATIVA PARA O ASSENTAMENTO DE PISOS
CERÂMICOS EM CONSTRUÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso

Volume I

Manaus
2019
LUIZ ANTONIO PICCO JUNIOR

EMPREGO DE UMA METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO


NA OBTENÇÃO DE UMA ALTERNATIVA PARA O ASSENTAMENTO DE PISOS
CERÂMICOS EM CONSTRUÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao


corpo docente do curso de Engenharia Mecânica
da Universidade Federal do Amazonas como
parte dos requisitos para obtenção de título de
bacharel em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Eng. Laurence Colares Ma-


galhães

Volume I

Manaus
2019
LUIZ ANTONIO PICCO JUNIOR

EMPREGO DE UMA METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DE


PRODUTO NA OBTENÇÃO DE UMA ALTERATIVA PARA O
ASSENTAMENTO DE PISOS CERÂMICOS EM CONSTRUÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao


corpo docente do curso de Engenharia Mecânica da
Universidade Federal do Amazonas como parte dos
requisitos para obtenção de título de bacharel em
Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. Dr. Eng. Laurence Magalhães.

Trabalho aprovado. MANAUS, DATA DA APROVAÇÃO:

Prof. Dr. Eng. Laurence Magalhães – Orientador


Universidade Federal do Amazonas – DEMEC/FT

Prof. XXXXXXXXXXXXXXXXXX
Universidade Federal do Amazonas – DEMEC/FT

Prof. Dr. XXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Universidade Federal do Amazonas – DEMEC/FT

MANAUS
2019
Agradecimentos

Eu Luiz Antonio Picco Junior gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais, Luiz
e Silvia, por todo amor, apoio e paciência durante o caminho percorrido até aqui. Sem eles
este desafio teria sido ainda maior e eu não estaria hoje prestes a me tornar um engenheiro
mecânico. Agradeço também aos amigos da UFAM, principalmente pelos bons momentos até
os de euforia e de ansiedade compartilhados. Sem esquecer também de todas as pessoas que
de forma direta ou indireta me deram suporte e acreditaram em mim. Ao orientador, pelos
conhecimentos compartilhados, disponibilidade, apoio e incentivo durante a realização deste
trabalho.
Resumo

O setor de construção civil representa importante fatia do PIB, além de contribuir massi-
vamente com os empregos diretos e indiretos no país. Nos últimos anos este setor experimentou
forte aquecimento e posterior retração, em parte devido à crise financeira mundial. Neste ramo,
reduzir tempos e aumentar a qualidade das construções pode significar a manutenção de lucros
ou ainda ser fator decisivo para que muitas empresas se mantenham no mercado. Com efeito,
a etapa de acabamento das construções é a que representa os maiores gargalos, uma vez que,
por norma, é a que consome os maiores tempos e custos da obra. Notadamente, a etapa de
assentamento de pisos cerâmicos contribui significativamente para o tempo total de acabamento
em qualquer construção. Uma vez que esta é realizada manualmente, e caso não seja executada
com precisão será rapidamente percebida pelo cliente. Neste trabalho uma metodologia de
desenvolvimento de produtos é empregada para encontrar uma solução ótima para esta fase da
obra. Um questionário foi desenvolvido para levantar as principais necessidades dos usuários,
uma matriz morfológica foi definida e o desdobramento da função qualidade foi assimilado
e técnicas DFX foram utilizadas. Ao final, o protótipo em CAD 3D de um equipamento para
assentamento automatizado de pisos cerâmicos foi desenvolvido como proposta para o aumento
da eficiência desta importante etapa da construção civil.
Palavras chaves: Desenvolvimento do produto, projeto conceitual, casa da qualidade.
Abstract

The civil construction sector represents an important share of GDP, as well as contributing
massively to direct and indirect jobs in the country. Recent the sector have been experienced
with strong warming and subsequent retraction, partly due to the global financial crisis. The need
to increase the quality and reducing time of the constructions can mean the maintenance of its
profits or still be a decisive factor for the companies to stay in the market. In fact, a finishing stage
is a process that represents the biggest bottleneck, since, as a rule, it consumes the greatest time
and costs of the work. Notably, a step of laying ceramic floors is important for the total time of
finishing in any type of construction, since this is done manually, and if not executed accurately
it will be quickly perceived by the client. In this work, a methodology of product development
is employed so that we can find a solution for this phase of the work. A questionnaire was
developed to obtain the main needs of the users, a morphological matrix was defined and the
unfolding of the area of experience was assimilated and DFX techniques were used. The final,
the prototype in CAD 3D of autonomy for appliance automation of ceramic floors was developed
as proposed to increase the performance of this important stage of civil construction.
Key words: Product development, conceptual design, quality house.
Lista de ilustrações

Figura 1 – Aplicação de argamassa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14


Figura 2 – Aplicação do piso sem equipamento de proteção. . . . . . . . . . . . . . . . 15
Figura 3 – Representação simplificada do método QFD . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 4 – Fases do desenvolvimento de Produtos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 5 – Matriz QFD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 6 – Matriz morfológica 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 7 – Matriz morfológica 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 8 – Montagem final da proposta de produto renderizado . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 9 – Vista explodida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 10 – Vista frontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 11 – Vista lateral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 12 – Vista superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Lista de diagramas

Diagrama 1 – Fluxograma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Lista de tabelas

Tabela 1 – Convenções de fases no processo de projetar (Back, 1983). . . . . . . . . . 23


Tabela 2 – Modelos de referência do PDP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Tabela 3 – Etapas do modelo de Clark e Wheelwright. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Tabela 4 – Componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Lista de abreviaturas e siglas

3D Três Dimensões

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABS acrylonitrile butadiene styrene

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CAD computer aided design

DFA Design for assembly

FMEA Failure Mode and Effect Analysis

GDP Gross domestic product

IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

ISO International Organization for Standardization, ou Organização Internacional


para Padronização, em português

LER Lesão por Esforço Repetitivo

MG Minas Gerais

NBR Norma Brasileira

PDP Processo de Desenvolvimento de Produtos

PIB Produto Interno Bruto

QFD Desdobramento da Função Qualidade

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

XXI Século 21
Sumário

1 TINTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 ESTRUTURA DO TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2 JUSTIFICATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2.1 Dor nas costas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2.2 LER (Lesões por Esforço Repetitivo) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.3 Reumatismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.4 Dermatose e outras afecções causadas pelo cimento: . . . . . . . . . . . . . 16
1.3 OBJETIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS (PDP) . . 18
2.2 DFX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2.1 DfA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2.2 DfM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2.3 DfS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2.4 DfR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3 CASA DA QUALIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.4 MATRIZ MORFOLÓGICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.5 MODELOS DE REFERÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.5.1 PROCESSO DE FUNIL DE CLARK E WHEELWRIGHT . . . . . . . 27
2.5.2 MODELO UNIFICADO DE ROZENFELD . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1 Definição dos critérios de inclusão e exclusão . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2 Técnicas de pesquisa utilizadas na coleta e análise de dados . . . . . . . 31

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

5 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

6 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

APÊNDICE B – Desenho técnico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44


11

1 TINTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO

A construção civil é inerente ao nosso cotidiano a partir do início das civilizações, desde
simples construções até mega estruturas. Chamamos de casa ou moradia o local construído pelo
ser humano com a função de proteger, dar conforto e segurança ao indivíduo e à família. (Casa e
Habitação,2009)
A moradia é de grande importância na estrutura social. A falta dela ocorre principalmente
pelo custo excessivo dos alugueis no orçamento familiar e também pela inadequação da habitação
(familias dividindo a mesma casa, cortiços e favelas), entre os anos de 2007 e 2017 alcançou 7%,
totalizando um deficit de 7,78 milhões de unidades habitacionais. Os dados foram obtidos pela
Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação
Getulio Vargas (FGV).
Considerando as informações supracitadas, tem-se como clara e objetiva a necessidade de
otimizar o processo de construção. Este trabalho de conclusão de curso propoe-se a empregar uma
metodologia de processo de desenvolvimento de produtos na obtenção de uma alternativa para o
assentamento de pisos cerâmicos. Buscando introduzir no mercado um produto diferenciado e
inovador. A fase do acabamento é a etapa final das construções e precisa seguir uma ordem para
que o trabalho fique satisfatório. A primeira delas é a colocação de pisos, azulejos, soleiras e
peitoris. Consiste em um procedimento moroso e cheio de detalhes. Os erros quando acontecem,
são nitidamente percebidos. Seu retrabalho demanda mais tempo, além de onerar o processo.
A utilização do equipamento desenvolvido aqui tem como objetivo reduzir o tempo necessário e
padronizar o serviço dessa forma eliminando a necessidade de retrabalho.
Fatores de risco relacionados a saúde também estão no foco, devido à posição de trabalho
e a dificuldade de aplicação das placas cerâmicas pelo peso e dimensões avantajadas. A não
utilização dos EPI´s como botas, luvas e óculos de proteção são as principais causas de doenças
relacionadas ao cimento. Ele é irritante para a pele por ser abrasivo, higroscópio e altamente
alcalino. Sua alcalinidade muitas vezes atinge pH próximo a 14. Por esta característica o cimento
deve ser manipulado com cuidado de higiene e proteção pessoal. O contato da pele com o cimento
úmido e em pó pode causar quadros clínicos variáveis na pele de trabalhadores suscetíveis, entre
estes quadros, o que ocorre com mais frequência é a dermatite irritativa de contato.
Buscando melhorias no projeto e tendo como meta suprir as necessidades dos clientes,
foi elaborado um plano de desenvolvimento com utilização de algumas ferramentas da qualidade,
tais como: DFX, FMEA, Engenharia Simultânea, PDM, 7FGQ, casa da qualidade, matriz
morfológica, benchmarking dos produtos existentes e brainstorming, analisando os problemas
que deverão ser solucionados; definição das especificações do produto, definições do processo
envolvendo o desenvolvimento de princípios e de soluções para que o produto exerça suas
funções com precisão e qualidade, bem como, a fabricação e manutenção.
Capítulo 1. TINTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 12

Este equipamento, que busca preencher uma lacuna encontrada na construção civil
e tem como finalidade ser uma alternativa viável para o assentamento de pisos cerâmicos,
agiliza o procedimento; reduzindo custos, diminuindo desperdícios e por último, mas não menos
importante, solucionar os riscos relacionados a saúde e segurança dos profissionais da construção
civil, além de uniformizar o assentamento dos pisos cerâmicos e garantir a qualidade final das
instalações.

1.1 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho constitui em primeiro definir as características do ambiente a qual o equi-


pamento será submetido e quais são as melhorias e facilidades por ele encontradas. Envolve a
escolha do melhor método para o desenvolvimento do produto. Para isso é feito uma análise dos
dados obtidos através da observação e da entrevista.
Definidos os parâmetros é realizado um brainstorm de como o produto deve funcionar e
quais são os objetivos a serem alcançados.
Os capítulos podem ser resumidos da seguinte forma:

• Capítulo 1: Introdução — Mostra a justificativa para o trabalho para fins de engenharia e


sociais. Também aborda os objetivos a serem atingidos para gerar os resultados.

• Capítulo 2: Revisão bibliográfica — Apresentação de informações a respeito de PDP


através de modelos consagrados.

• Capítulo 3: Metodologia — Trazidas as características do Sistema Mecânico e a aplicação


das fases e atividades,

• Capítulo 4: Análise do estudo e Conclusão— Aborda a análise dos dados colhidos no


capítulo anterior e apresenta as conclusões e sugestões para trabalhos futuros.

1.2 JUSTIFICATIVA

A necessidade de aprimorar e criar equipamentos que facilitem o processo de construção


civil é uma das motivações para esse trabalho de conclusão de curso. O setor da construção
é civil apontado no documento “Perspectivas e desafios para inovar na construção civil” do
BNDES (2010) como um dos setores que tem enorme impacto em várias cadeias produtivas, o
desenvolvimento desse setor é crucial para o Brasil superar seus déficits históricos qualitativos
e quantitativos. Precisam ser construídas 6,4 milhões de novas moradias em áreas urbanas do
país, existem mais de 1,5 milhão de habitações consideradas precárias e estima-se que cerca de
31,2% dos domicílios urbanos têm alguma carência de infraestrutura. Há necessidade urgente de
acelerar investimentos em construção civil, não só em face do elevado déficit habitacional no
país, mas também para superar a grande deficiência em infraestrutura.
Capítulo 1. TINTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 13

Existe no país um déficit na área da construção civil, tanto em quantidade quanto


em qualidade. A necessidade de desenvolver esse setor é crítica para superar os problemas e
consequentemente alavancar a economia. As empresas que fornecem produtos e insumos para
ela, possuem o mesmo valor de importância. Verificou-se então uma grande complexidade na
estrutura da construção civil. Existem barreiras na inovação (novas técnicas organizacionais e
novas tecnologias produtivas) se faz necessários investimentos em estudos na área para facilitar,
fomentar e baratear o processo construtivo.
É possível observar essa complexidade no acabamento das construções, a instalação da
placa de revestimento e acabamento é realizada de forma manual. Alguns fatores devem ser
considerados na instalação de pisos cerâmicos, por exemplo, a quantidade e método de aplicação
da argamassa, falta de uniformidade das placas, nivelamento e ainda questões ergonômicas
envolvidas nesta operação. Com o uso de uma argamassa especifica para cada tipo de piso e/ou
aplicação, pá (talocha pente), martelo de borracha e um medidor de nível. O trabalhador precisa
deslocar a placa até o local de aplicação, dessa maneira existe um alto risco de danificar a peça.
Necessitando a sua reposição (onerando todo o procedimento), em seguida, passa a talocha com
o lado dentado na argamassa. Com a placa colocada na posição ela é nivelada batendo na peça
com o martelo de borracha para que assente completamente sobre a argamassa, amassando os
sulcos criados anteriormente. O nivelamento considera a posição da aplicação anterior, caso
a primeira esteja fora de posição ou fora de esquadro os subsequentes também estarão.
De acordo com a norma NBR 13.753: Revestimento de piso interno ou externo com placas
cerâmicas e com utilização de argamassa colante o piso deve ter uma superfície de contato mínima
que deve ser obedecida, caso a aplicação seja feita de qualquer forma ou com a quantidade
não conforme de argamassa o piso terá problemas de assentamento e está passível de trincas e
descolamento. Uma das especificações da norma é fazer o assentamento com a “dupla colagem”
a argamassa é aplicada tanto no substrato, vide Figura 1, quanto na própria placa. Aplica-
se argamassa no tardoz (verso) da placa cerâmica, aplica-se argamassa também no substrato,
formando cordões regulares de modo que, após a fixação das placas, esta argamassa forme uma
camada única e contínua entre as placas e o substrato. Contudo, ao longo do desenvolvimento do
trabalho, através das entrevistas foi informado que ao utilizar uma forma de “dente“ diferente
do padrão comum (retangular) no pente, utilizando a forma de meia-lua, não se faz necessário
a dupla colagem, ou seja, apenas em uma das superfícies é suficiente para que o piso obtenha
superfície de contato necessária para que não ocorram defeitos ocultos.
Capítulo 1. TINTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 14

Figura 1 – Aplicação de argamassa.

Fonte: Pereira, Caio, 2018,p. 1

Um dos problemas encontrados está relacionado à saúde do colaborador que faz a


aplicação é que ele trabalha praticamente todo o tempo de joelhos, exercendo excesso de força
e peso sobre eles. Fazendo uma analogia, o joelho pode ser comparado a uma engrenagem. É
preciso que toda a estrutura esteja funcionado em sintonia para que não sobrecarregue e cause
traumas a curto ou a longo prazo. Reclamações de dores no final do dia são corriqueiras.
O cimento é um ligante hidráulico usado nas edificações, obras de engenharia e outros.
Por ser matéria-prima composta por vários óxidos, apresenta pH extremamente elevado. O
contato com a pele do trabalhador, em determinadas condições pode produzir dermatoses
diversas. As mais frequentes são do tipo irritativo, atingindo principalmente as mãos e os pés
do trabalhador. Ocorrem, ainda, reações alérgicas em trabalhadores suscetíveis. Estas são de
difícil tratamento, chegando a se cronificar quando não é possível mudar o trabalhador para
outra atividade fora do contato com o cimento. As calosidades difusas palmares, plantares e
no nível das unhas constituem outro problema que afeta estes trabalhadores. Na figura 2, é
possível verificar os problemas de postura e a falta de uso dos equipamentos de segurança.
Capítulo 1. TINTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 15

Figura 2 – Aplicação do piso sem equipamento de proteção.

Fonte: Construindodecor, 2017, p. 1.

O empregador deve adotar, portanto, medidas preventivas para melhorar as condições


dos ambientes com o objetivo de minimizar ou até eliminar a ocorrência de prejuízos para a
saúde do trabalhador. As normas regulamentadoras precisam ser seguidas para que processos
trabalhistas acerca de doenças ocupacionais, não somente relacionados a lesões por esforço
repetitivo, sejam evitados. Na sequência, exemplos de doenças relacionadas ao assentamento de
pisos que podem ser evitadas com a utilização do equipamento em questão.

1.2.1 Dor nas costas

A famosa dor nas costas é uma das grandes causas de incapacidade no trabalho na
construção civil, caracteriza-se por dor persistente na área lombar (região mais baixa da coluna
vertebral, na altura da cintura) que pode até comprometer a mobilidade da região. Muitas vezes
acompanha algum grau de contratura muscular.

• Causas: carregamento de peso de forma inadequada.

• Sintomas: dores na musculatura vertebral, musculatura endurecida.

• Como prevenir: evitar carregar peso em excesso, utilizar equipamento de transporte


para cargas pesadas.
Capítulo 1. TINTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 16

1.2.2 LER (Lesões por Esforço Repetitivo)

Cada vez mais frequentes em diferentes profissões, as lesões por esforço repetitivo são
um conjunto de doenças entre as quais estão a tendinite, a bursite e a tenossinovite. Apresentam-
se como um processo inflamatório doloroso provocado por movimentos manuais repetitivos,
sobrecarga muscular e posturas inadequadas durante longos períodos. Geralmente atingem os
membros superiores do corpo.

• Causas: execução constante de movimentos repetitivos por longos períodos.

• Sintomas: dores, sensação de formigamento e fisgadas, fadiga muscular e perda de força.

• Como prevenir: fazer pausas regulares e alongamentos. A empresa deve fornecer equi-
pamentos adequados para cada atividade.

1.2.3 Reumatismo

Grupo de doenças que provocam dor ou impedem o funcionamento de articulações,


músculos, tendões ou ossos. Provavelmente, as mais conhecidas são a artrite reumatoide e a
artrose, ou osteoartrose, que afetam cartilagens e articulações e provocam dor, deformação e
limitação de movimentos.

• Causas: exposição à umidade excessiva, esforços excessivos.

• Sintomas: dores nas articulações.

• Como prevenir: usar botas de borracha e roupas feitas de material impermeável.

1.2.4 Dermatose e outras afecções causadas pelo cimento:

• Dermatite de contato irritativa fraca;

• Dermatite de contato irritativa forte (queimadura pelo cimento);

• Dermatite alérgica de contato;

• Hiperceratose;

• Paroniquias e onicolises;

• “Sarna dos Pedreiros”;

• Conjuntivites irritativas;

• Ulcerações de córnea.
Capítulo 1. TINTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 17

Cuidados necessarios:

• Na preparação da massa de cimento usar luvas e botas de borracha forradas internamente;

• Não trabalhar descalço ou sandálias, chinelos ou de bermudas, usar calças compridas e


botas de borracha ou couro;

• no caso da roupa estar suja de massa ou calda de cimento ou concreto, troca-las logo que
possível;

• Não utilizar luvas ou botas rasgadas ou furadas troca-las imediatamente;

• Pó ou cavaco de madeira dentro dos sapatos ou botas pode irritar os pés; usar meias;

• Massa de cimento ou calda de concreto dentro da bota ou luva, retirar imediatamente e


lavar os locais atingidos;

• Não deixar calça úmida de calda de cimento em contato com a pele;

• Ao final do trabalho diário, lavar muito bem os pés e as mãos para retirar restos de
cimento que ficaram na pele e nas unhas.

1.3 OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo a obtenção de uma solução aperfeiçoada para o assen-
tamento de pisos cerâmicos na construção civil, usando uma metodologia de PDP baseada no
levantamento de necessidades dos clientes, brainstorming, benchmarking, matriz morfológica e
casa da qualidade.
Objetivos Específicos:

• Elaborar um questionário a ser utilizado no levantamento de necessidade dos clientes;

• Esboçar uma casa da qualidade para evidenciar os mais preponderantes requisitos de


projeto;

• Apresentar uma matriz morfológica para facilitar a tomada de decisões;

• Obter um protótipo virtual de uma solução para o problema proposto.


18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS (PDP)

A base teórica que será apresentada neste capítulo parte-se de estudos consolidados em
processo de desenvolvimento de produtos nas suas principais áreas, onde as evoluções de suas
definições são enfatizadas e abordadas, incorporando novas ferramentas até o modelo proposto
por ROZENFELD et al. (2006). A seguir alguns conceitos imprescindíveis que são definidos
antes de dar início aos modelos de referência. Com base no levantamento realizado da literatura,
sem pretender classificar ou determinar se é a melhor definição encontrada.
A norma NBR ISO 9001:2008 (ABNT, 2008) define processo como um conjunto de
atividades interligadas que usa recursos e que é gerenciada de forma a possibilitar a transformação
de entradas em saídas. O PDP é complexo devido à necessidade de um bom planejamento e da
multidisciplinaridade. SILVA (2002) afirma que o desenvolvimento de produto provém de áreas
inter-relacionadas e diferentes ao mesmo tempo, porém, com focos específicos. As abordagens
que possuem maior significado são: as pesquisas que enfatizam a prevenção e controle de erros
na área da qualidade; trabalhos com foco na tecnologia do produto e de processo de fabricação,
e na gestão e estratégia na engenharia e administração respectivamente.
No final dos anos 80, ocorreu a intensificação da utilização de metodologias de gestão
de negócios nas grandes corporações como base dos processos (BARBALHO, 2006). Para
ROZENFELD e AMARAL (2011) e ROZENFELD et al. (2006) o PDP é um processo de
negócio que abarca desde a ideia inicial, incluindo o levantamento de informações do mercado,
identificação de potencialidades tecnológicas e estratégicas da empresa, até a homologação do
produto ou a prestação do serviço que atendam aos requisitos do cliente, no tempo ideal e a um
custo aceitável, além de promover o repasse das informações pertinentes sobre o projeto e o
produto para todas as áreas da empresa.
O resultado do produto ou do serviço que o cliente recebe, caracterizados pela atuação
da empresa por processos internos são destaques da gestão dos processos de negócio (CHUM,
2010).
Segundo Clark & Fujimoto (1991), a fabricação de um produto através da transformação
de dados sobre oportunidades de mercado e possibilidades técnicas e informações em bens,
realizado por um conjunto de pessoas de uma empresa e informações pode ser definido como
PDP. Do ponto de vista dos investidores, produtos que possam ser produzidos e vendidos de
forma lucrativa é o significado de desenvolvimento bem-sucedido. Outras cinco dimensões todas
relacionadas ao lucro podem ser utilizadas em análise final para avaliar o desenvolvimento
de produto: qualidade do produto, custo do produto, tempo de desenvolvimento, custo do
desenvolvimento e o aprendizado do desenvolvimento (ULRICH & EPPINGER, 1995).
O uso de protótipos no desenvolvimento de produtos traz prudência ao projeto reduzindo
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19

incertezas e ajuda no fluxo de informações por todas as etapas do PDP, assim dependendo da
alternativa disponível para a criação do mesmo ele conseguirá cumprir sua finalidade; desenvol-
vendo produtos que consistem em um conjunto de atividades onde quase todos os departamentos
da empresa são englobados, e a transformação das necessidades do mercado seja de serviços ou
produtos economicamente viáveis e que atender as necessidades seja seu objetivo.

2.2 DFX

Design for “excellence” (também conhecido como DFX) é um termo geral usado no
mundo da engenharia que serve como um espaço reservado para diferentes objetivos de design.
DFX é melhor pensado como Design para “x”, onde a variável x é intercambiável com um dos
muitos valores, dependendo dos objetivos específicos do empreendimento. Alguns dos substitutos
mais comuns para x incluem montagem (DfA), custo (DfC), logística (DfL), manufaturabilidade
(DfM), confiabilidade (DfR), facilidade de manutenção e / ou reparabilidade (DfS).

2.2.1 DfA

Design for assembly (DfA) procura simplificar o produto para que o custo de montagem
seja reduzido. Consequentemente, as aplicações dos seus princípios ao projeto do produto
geralmente resultam em melhor qualidade e confiabilidade e uma redução na quantidade de
peças e no equipamento em produção. Tem sido observado que esses benefícios secundários
frequentemente superam as reduções de custo na montagem.
A DfA, em princípio, reconhece a necessidade de analisar o projeto da peça e do produto
inteiro para sanar quaisquer problemas de montagem desde o início do processo, de modo
a reduzir custos durante todo o ciclo do produto. Pode ser definido como um processo para
melhorar o design do produto para montagem fácil e de baixo custo, o que é conseguido por
meio do foco simultâneo nos aspectos duais da funcionalidade e facilidade de montagem. A
prática do DfA como uma característica do design é um desenvolvimento relativamente recente,
mas muitas empresas o fazem há muito tempo. Por exemplo, a General Electric publicou um
manual interno de produtividade de fabricação na década de 1960, que deveria servir como um
conjunto de diretrizes e dados de fabricação para projetistas. Essas diretrizes incluíam muitos
dos princípios do DFA como os conhecemos hoje, sem nunca usar essa nomenclatura específica
ou distingui-la do restante do processo de desenvolvimento do produto. (HUGH JACK, 2013).

2.2.2 DfM

O DfM envolve perícia técnica no processo de fabricação específico que está sendo usado.
Idealmente, o DfM precisa ocorrer no início do processo de design, bem antes do início das
ferramentas. Além disso, o DfM adequadamente executado precisa incluir todos os interessados
- engenheiros, projetistas, fabricantes contratados, construtores de moldes e fornecedores de
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 20

materiais. A intenção do DfM “multifuncional” é cruzar desafios do projeto - observar o projeto


em todos os níveis: componentes, subsistema, sistema e níveis holísticos - para garantir que o
projeto seja otimizado e não tenha custo desnecessário incorporado nisso. (Creative Mechanisms
, 2016, p. 1.)

2.2.3 DfS

Produtos de longa duração, como veículos, refrigeradores, todos se beneficiam da simpli-


cidade de design que maximiza a facilidade de manutenção. De modo geral, quanto mais fácil
for o reparo de um produto, menores serão os preços e mais competitiva será a sua empresa
no mercado. Princípios relevantes da DfS incluem a simplificação de projetos, minimizando
o total de peças, fornecendo rotulagem de componentes lógicos e guias técnicos do usuário,
e disponibilizando peças sobressalentes. Com base no conhecimento de sistemas existentes
semelhantes, quais itens provavelmente falharão ou precisarão de manutenção (inspeção, ajuste,
limpeza, substituição de consumíveis, etc.). Esses itens devem ser colocados mais próximos do
exterior do sistema na arquitetura física do layout para minimizar os problemas de acesso.Tudo
isso se traduz diretamente em clientes felizes. (Creative Mechanisms , 2016, p. 1.)

2.2.4 DfR

O DfR é um item de foco de engenharia que visa evitar falhas por um período conhecido
(geralmente maior ou igual ao ciclo de vida do produto). O ciclo de vida do produto é influenciado
por vários fatores, mas, em muitos casos do século XXI, é impulsionado principalmente pelo
ritmo em que a próxima geração de um produto pode ser produzida. Os princípios incluem
redundância, análise preventiva de falhas e prevenção, bem como previsões de vida e garantia.
A ideia é realmente garantir que o produto funcione de forma consistente e seja sustentável
no ambiente de produção moderno, com ciclos de vida de produto geralmente mais curtos e
inovação rápida. (Creative Mechanisms , 2016, p. 1.)

2.3 CASA DA QUALIDADE

Uma ferramenta que se encaixa para garantir que as necessidades dos clientes sejam
consideradas durante o processo de desenvolvimento de produtos e serviços é o Desdobramento
da Função da Qualidade – QFD. A função da matriz QFD é analisar quais os requisitos são
importantes para o cliente, valores (notas são atribuídas de acordo com a importância. Sua
função é analisar, através de matrizes, quais requisitos são importantes sob a ótica do cliente,
atribuindo-lhe uma nota que varia de acordo com sua importância. Dessa forma, espera-se que
a empresa consiga ouvir a voz de seus clientes e direcionar seus recursos para as necessidades
levantadas por eles, garantindo diferencial competitivo perante a concorrência (OLIVEIRA et al.
2003).
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21

O desdobramento da qualidade foi definido como a conversão das exigências dos


usuários em características substitutivas (características da qualidade), definindo-se a
qualidade do projeto do produto acabado, desdobrando esta qualidade em qualidade
de outros itens tais como: qualidade de cada uma das peças funcionais, qualidade de
cada parte e até elementos do processo apresentado sistematicamente a relação entre
os mesmos (AKAO, 1996, p.187).

A Casa da Qualidade pode conter grupos de dados, numéricos e ou descritivos, tais como
requisitos dos clientes, dados de percepção do mercado, importância relativa dos requisitos,
satisfação com os requisitos, satisfação com a concorrência, plano da qualidade, fator de melhoria,
importância de mercado, características, relacionamentos, importância técnica, Benchmark
competitivo, targets e objetivos entre outros. Ela é o cruzamento da tabela dos requisitos do
cliente (ou da qualidade exigida) com a tabela das características de qualidade, possibilita ouvir
a voz do cliente, identificando suas reais necessidades, assegurando que sejam atendidas, pois,
através da casa da qualidade conseguimos visualizar o que realmente o cliente necessita e de que
forma conseguiremos satisfazê-lo.
Segundo CHENG et al. (1995), as etapas de implantação do QFD podem ser estabelecidas,
conforme segue:
• Definir o produto a ser desenvolvido e quais serão os objetivos do projeto;
• Escolher a equipe que utilizará o QFD e realizará o treinamento do método;
• Efetuar o desdobramento do trabalho para definir o plano de atividades do desenvolvi-
mento do produto e elaborar o modelo conceitual, que é a identificação das matrizes e tabelas
necessárias para se garantir que as exigências dos clientes sejam atendidas;
• Realizar pesquisa de mercado com o público alvo e fazer a interpretação dos dados
para extrair as reais exigências dos clientes (qualidade exigida);
• Realizar uma nova pesquisa junto aos clientes, para identificar quais itens da qualidade
exigida são prioritários e para fazer uma análise competitiva com os concorrentes (benchmarking)
e com estes dados, definir a qualidade planejada.
• Extrair dos itens de qualidade exigida as características da qualidade (especificações de
projetos que os atendam) e elaborar a matriz da qualidade;
• Correlacionar as tabelas da qualidade exigida versus características da qualidade e
converter os pesos dos itens de qualidade exigida para características da qualidade, a partir destas
correlações;
• Analisar quais são as características da qualidade prioritárias, qual é o valor nominal
destas características no produto atual e nos dos concorrentes, e como cada característica interage
entre si. Com estes dados a equipe deve definir os valores para a qualidade projetada (valor
nominal das características da qualidade) a serem atendidos;
• Elaborar as outras matrizes já definidas no modelo conceitual, com o objetivo de
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 22

garantir a fabricação do produto com os valores da qualidade projetada


O QFD é um método de desenvolvimento do planejamento estratégico, que tem como
consequência importante à melhoria da Qualidade. Satisfazer os desejos e necessidades dos
clientes, no seu sentido mais amplo. Oferecer o que o cliente necessita e tornar o produto
ou serviço disponível o mais rápido possível no momento que o mercado quer. A Figura
3 exemplifica de forma simples como deve ser montada e preenchida a “casa da qualidade”.

Figura 3 – Representação simplificada do método QFD

Fonte: Adaptado de Berk (1997).

2.4 MATRIZ MORFOLÓGICA

A matriz morfológica procura esquematizar as possíveis combinações de elementos ou


parâmetros. Seu objetivo é encontrar uma nova solução para o problema: listando as funções
do produto, os possíveis princípios de solução para sua função, e representando visualmente as
funções e os princípios de solução para explorar as melhores combinações.
Segundo BACK (1983), um modelo é formado depois que o projeto é iniciado e desen-
volvido seguindo uma sequência de eventos, numa ordem cronológica que pode ser dividido
em fases. Segundo DANDY & WARNER (1989), a intenção do método morfológico é forçar a
organização de um problema que se espalha por todas as direções, e descobrir combinações de
fatores que não seriam comumente desenvolvidos por um processo normal. A matriz morfológica
é basicamente uma tabela na qual a primeira coluna é preenchida com as características gerais e
atributos (partes, funções) que são relevantes para o problema e as linhas horizontais contém as
alternativas para cada atributo ou função.
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 23

O método morfológico é desenvolvido quando o problema pode ser dividido em com-


ponentes ou subproblemas, onde cada subproblema deveria representar uma significante e
identificável parte do problema (DANDY & WARNER, 1989). Esta sequência de acontecimentos
tem suas fases convencionadas pelos seguintes gráficos na tabela 1 (BACK, 1983):

Tabela 1 – Convenções de fases no processo de projetar (Back, 1983).

Fase do
Representação Gráfica Descrição
evento

Processo ou operação
Processo
executada.

Resultado Dados de saída do processo.

Comparação de dados e
Avaliação
tomada de decisão.

Informações ou dados de
Dados
qualquer natureza.

Fonte: Próprio autor.

Após a definição destas fases e seu fluxograma, o método morfológico pode ser aplicado
segundo os passos descritos por Dandy & Warner (1989):

• Descrição do problema;

• Listagem dos principais parâmetros do sistema;

• Listagem das alternativas para satisfazer cada parâmetro do sistema;

Além do uso para desenho de produtos, a matriz morfológica também pode ser aplicada na
geração de alternativas para identidades visuais. Analisada à literatura referente (tamanho, área de
aplicação, formato de piso, tipo de argamassa, quantidade, espaçamento, normas, aplicações) foi
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 24

possível estruturar duas Matrizes Morfológicas. Uma importante ferramenta para a combinação
de princípios de solução individuais em princípios de solução totais para o produto, a matriz
pode modelar simultaneamente as funções que compõem estrutura funcional escolhida, e as
diversas possibilidades de solução para as mesmas, possibilitando uma análise das possíveis
configurações do produto projetado. Por ser um tema já exaustivamente estudado na literatura
do projeto de engenharia, esta dissertação não irá expor métodos para a elaboração da matriz
morfológica ou mesmo críticas quanto ao seu uso, ou eficácia.

Diagrama 1 – Fluxograma

Fonte: Próprio autor.


Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 25

Conforme o fluxograma apresentado na figura 4 e os dados da literatura referente ao


assentamento de pisos cerâmicos, foi possível determinar as matrizes morfológicas, assim como
o desenho conceitual da máquina.

2.5 MODELOS DE REFERÊNCIA

A tabela resume os principais modelos de referência adotados na literatura para sustentar


o ciclo de desenvolvimento de produtos:

Tabela 2 – Modelos de referência do PDP

Autores Fases Objetivos

Clark & Desenvolvimento do


Definição da estrutura do produto.
Wheelwright conceito
(1992) Avaliação das oportunidades do mercado e
Planejamento do produto
restrições técnicas.

Engenharia do processo e Criação de protótipos e ferramentas de apoio


do produto à produção.

Avaliação da capacidade do processo de


Produção piloro e manufatura iniciando com produção de lotes
aumento da produção de teste e aumento progressivo do volume de
produção.

Definição do escopo do projeto, através do


Avaliação preliminar
levantamento das necessidades
Cooper (1993)
Definição do produto e avaliação da
Detalhamento da ideia
viabilidade do negócio

Execução do desenvolvimento da ideia,


definição do processo de fabricação, dos
Desenvolvimento
planos de marketing, do lançamento de
manufatura e de testes.
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 26

Autores Fases Objetivos

Validação e testes Validação do novo produto e do processo.

Produção do produto com aumentos


Lançamento no mercado
progressivos do volume de produção.

Estudo das necessidades do mercado alvo,


elaboração, avaliação e seleção de propostas
Desenvolvimento do
Ulrich e para as alternativas conceituais
conceito
Eppinger (especificações técnicas e financeiras) dos
(1995) produtos.

Descrição da estrutura do produto e sua


decomposição em subsistemas e componentes
Projeto dos sistemas do (geometria e especificações funcionais de
produto cada subsistema do produto e diagrama de
fluxo preliminar para o processo de
montagem final).

Exposição de materiais e tolerâncias de todas


as peças do produto, identificação das peças
padronizadas para aquisição com
fornecedores, elaboração de plano de
Projeto detalhado do
processo e projeto de ferramentas necessárias
produto
para produção das peças, quando requerido
(podendo usar recursos computacionais) e,
finalmente análise dos custos de produção e
do desempenho do projeto.

Criação e avaliação de múltiplas versões de


pré-produção do produto (protótipos
construídos a partir de peças com a mesma
geometria e propriedades dos materiais
Teste e refinamento planejados para a versão final do produto),
além disso, avaliação do desempenho e
durabilidade a partir dos protótipos de modo a
identificar possíveis alterações no produto
final.
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 27

Autores Fases Objetivos

Produção do produto através do sistema de


produção bem definido, objetivando
treinamentos dos operadores e resolver
Início da produção problemas emergentes no processo de
produção. Aumento progressivo da produção
até alcançar volume adequado para o
lançamento do produto.

Fonte: CHUM (2010)

É possível notar que a maioria destes autores prescreve a aplicação dos processos de
maneira sequencial nos modelos de referência, dessa maneira é possível padronizar práticas ao
nível institucional quando executada de forma gradual e com segurança por uma organização
(SILVEIRA, 2008).
O conceito de Processo de Desenvolvimento do Produto (PDP), apresentando alguns
modelos de referência: o modelo funil de Clarck e Wheelrigth (1993); modelo unificado de
Rozenfeld (1996), .

2.5.1 PROCESSO DE FUNIL DE CLARK E WHEELWRIGHT

Em 1993, Clark e Wheelwright, tendências cada vez mais competitivas, devido em


grande parte a facilidade de entrada em mercados multinacionais, a busca por diferenciação,
inovação, acoplagem da tecnologia em seus processos e agregação de valores sustentáveis deve
ser a atenção a produção de produtos (CLARK; WHEELWRIGHT, 1993).
Pode ser observado que as grandes organizações alcançam vantagens competitivas
mediante o aproveitamento dos ganhos de mercados obtidos com a curva da experiência, estando
neste contexto o segredo da produção integrada com sucesso (CLARK; WHEELWRIGHT,
1993).
Dentro deste contexto então foi defendido que o funil de desenvolvimento, Clark e
Wheelwright (1993), apresenta uma abordagem para gerenciar através da divisão do processo de
desenvolvimento de produto em três etapas de maior importância: desenvolvimento; gerencia-
mento do projeto específico e aprendizagem, descritas na tabela 03.
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 28

Tabela 3 – Etapas do modelo de Clark e Wheelwright.

Etapa Descrição
Apresenta uma estrutura para o planejamento e gerenciamento dos
Desenvolvimento
projetos em andamento.

Aborda o gerenciamento, liderança, categorias de interação entre


Gerenciamento do
atividades e outros assuntos relacionados com um projeto
Projeto Específico
específico.

Apresenta formas para garantir a melhoria do processo e a


Aprendizagem
aprendizagem.

Fonte: Elaboração própria a partir do conceito de Clark e Wheelwright (1993)

Baseado por um conjunto de critérios e procedimentos agregados o modelo sugerido por


Clark e Wheelwright (1993), pessoas e estruturas acompanham as etapas do PDP, a partir de
propostas, avaliações, revisões, desenvolvimentos e conclusões. Segundo NOGUEIRA, YU e
SOUZA (2005), assim que novos projetos são aprovados, às atividades devem ser realizadas
baseadas em decisões sequenciais e organizacionais, onde existe Gates de acompanhamento
e envolvimento da alta administração da empresa. Têm-se assim três modelos que facilitam o
desenvolvimento em um único projeto, mais adequado:

• Geração da ideia e desenvolvimento do conceito,

• Construção dos limites do projeto e do que é necessário saber,

• Desenvolvimento rápido e focado.

CLARK e WHEELWRIGTH (1993), problemas e fraquezas da organização são detecta-


dos por um funil bem estruturado, fazer combinações entre necessidades e oportunidades é uma
das ferramentas que o funil propicia. O uso do funil se deve ao desafio da priorização das ideias
relevantes para o desenvolvimento de produtos inovadores e eficientes.

2.5.2 MODELO UNIFICADO DE ROZENFELD

O modelo unificado, proposto por ROZENFELD (1996) leva como definição de PDP,
para um grupo específico de clientes atividades são realizadas sequencialmente, alcançando a
produção de um bem ou serviço que supra as necessidades. Nesse modelo o PDP é dividido em
três fases: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento, demonstrado na figura
5.
JUGEND (2006, p. 9) explica que:

“Porém, é justamente no início do ciclo de desenvolvimento de produtos que o grau


de incerteza acerca das decisões a serem tomadas é mais elevado (ROZENFELD,
Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 29

2001). Isto ocorre porque no início do projeto de desenvolvimento de produto existem


muitas dificuldades para prever informações críticas sobre vários fatores em relação
aos produtos a serem desenvolvidos, dentre os quais, pode-se destacar: potencial
de mercado, custo do projeto, tecnologia do produto, capacidade de produção da
empresa, materiais a serem usado, projeto do processo de fabricação, qualificação dos
funcionários, entre outros. ”

Figura 4 – Fases do desenvolvimento de Produtos.

Fonte: Adaptado de Rozenfeld (BUFREM et al., 2010, p. 31).

Para resolver os problemas, Rozenfeld e Silva (2007) uma dimensão estratégica é desen-
volvida com quatro visões distintas: gestão do portfólio de produtos, que se refere à coordenação
estratégica dos projetos em andamento ou planejamento; a avaliação do desempenho, nada
mais é que um trabalho de avaliação do PDP realizado, com o objetivo de destacar os pontos
estratégicos para melhorias no método; condução das alianças e parcerias para o PDP, envol-
vendo seus fornecedores e clientes; juntamente com a condução das relações interfuncionais e
interdepartamentais, que visa à integração estratégica de marketing, engenharia e manufatura
(ROZENFELD; SILVA, 2007). O modo de trabalho dos projetos como a capacidade de integração
e o tamanho das empresas como influência no tipo de estrutura organizacional é definido na
estrutura organizacional da empresa.

ROZENFELD e SILVA (2007) destacam mais três dimensões, importantes ao processo


de PDP.

• Dimensão organização, que é relacionado às pessoas que estão desenvolvendo o PDP;


Capítulo 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 30

• Dimensão atividades/ informações, onde trata das atividades ao longo do processo de


PDP, conforme suas especificidades e as informações manuseadas na execução das
atividades.

• Dimensão dos recursos, que dá importância aos métodos, técnicas, ferramentas e sistemas
que tem a possibilidade de serem aplicados apoiando as anteriores.
31

3 METODOLOGIA

Inicialmente, realizou-se um levantamento bibliográfico a ser utilizado como base teórica


para o trabalho. Em seguida foi realizada uma pesquisa de campo com o intuito de se aumentar a
compreensão sobre o problema. A pesquisa se deu nas seguintes etapas: Definição do universo e
amostra da pesquisa;
Universo da pesquisa – Formado por profissionais da construção civil.
Amostra da Pesquisa – Dez trabalhadores da construção civil.
Sujeitos da Pesquisa – Engenheiros e pedreiros.

3.1 Definição dos critérios de inclusão e exclusão

Critérios de inclusão:
Engenheiros atuantes na construção civil;
Pedreiros com experiência em assentamento de pisos cerâmicos.
Critérios de exclusão:
Quaisquer outros profissionais que não atuem na construção civil;
Pedreiros que não possuem ou não exerceram a função de assentamento de pisos;

3.2 Técnicas de pesquisa utilizadas na coleta e análise de dados

Entrevista
Formulário com perguntas
Na sequência foram utilizadas técnicas de PDP como o DFX (Design for X), matriz
morfológica e desdobramento da função qualidade (QFD) para a obtenção de um projeto
conceitual. Assim, uma proposta de solução para o problema proposto foi concebida utilizando o
sistema CAD comercial Solidworks.
32

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A casa da qualidade é a primeira matriz de dados desse projeto, onde foram utilizados os
dados colhidos do mercado, benchmarking com a concorrência, nessa fase onde se inicia o
trabalho de tradução dos desejos e necessidades dos clientes em características mensuráveis. A
figura 6 mostra a casa da qualidade elaborada a partir dos resultados obtidos nas entrevistas e
respostas ao questionário proposto.

Figura 5 – Matriz QFD

Fonte: Próprio autor.

Tendo em vista a afirmação de Cheng e Melo Filho (2010) que a proposta do método QFD
é ouvir e interpretar a voz do cliente e transformar em realidade suas principais necessidades.
A utilização da Casa da Qualidade proporcionou a verificação do grau de importância dos
requisitos de projeto, facilitando realizar a escolha do qual que se adapta melhor. Os requisitos
de projeto pelo QFD em ordem de pontuação deram início ao projeto conceitual. Observa-se
que os requisitos com maior pontuação são aqueles que obtiveram maior interação com as
necessidades dos usuários; o requisito com maior pontuação (ergonomia) foi aquele que já no
início norteou o desenvolvimento do produto, relacionado com o preço final do produto. Outros
requisitos fundamentais para o funcionamento da máquina obtiveram boas pontuações, por
Capítulo 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 33

exemplo: 3º, 4º, esses são essenciais para a boa qualidade do material, e facilidade no processo de
fabricação do produto. Isso confirma a autenticidade dos requisitos para atender às necessidades
dos usuários, mostrando segurança em seguir adiante com o projeto, tendo em base os requisitos
classificados pelo quadro de especificações. Como problema em enfoque, a necessidade de se
melhorar a eficiência de assentar os pisos, foi considerada, tanto em ambiente interno, como
externo.
O conceito da matriz morfológica foi utilizado para facilitar as tomadas de decisão. Duas
matrizes foram concebidas e são mostradas na Figura 7 e Figura 8.
MATRIZ 1. MATRIZ MORFOLÓGICA DO ASSENTADOR DE PISOS. FASE 1.
CONCEITO 1.
Capítulo 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 34

Figura 6 – Matriz morfológica 1.

Fonte: Próprio autor.

Baseado na matriz 1, foi possível descrever a conceituação de um projeto preliminar da


máquina, sem contar custos: O assentador de pisos será automotriz, constituído de uma estrutura
movida a um motor elétrico com eixo de transmissão para duas rodas com pneu, operado por
uma pessoa, será montado sob um chassi que suportará o condutor juntamente com todo o
equipamento, um sistema de armazenamento de pisos e argamassa, concomitante irá aplicar a
Capítulo 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 35

argamassa através de um depósito na parte superior, o deslocamento dos pisos será através de
um sistema elétro-mecânico, para a aplicação da cerâmica a ação é dividida em duas etapas a
primeira o piso e travado através de ventosas, um sistema de atuador telescópico para a descensão
até o solo, este mecanismo terá dois graus de liberdade, rotacionando o piso sobre o próprio
eixo para que à argamassa toque o solo, nesse instante dois motores elétricos de vibração entram
em ação. O acionamento se faz através de botoeiras controlados por uma central eletrônica. O
sistema de espaçamento será manual no chão aplicado por outra pessoa, após a aplicação de cada
um dos pisos cerâmicos. Avaliando o conceito de máquina descrito como viável, foi construída a
Matriz Morfológica da fase 2: Conceito detalhado, apresentada na Matriz 2 figura 8 , visando
detalhar os mecanismos da máquina.
Baseado na Matriz 2, foi possível descrever a conceituação detalhada da máquina: O
assentador de pisos cerâmicos terá como força motriz força manual, para redução de custos
facilidade de deslocamento e menor custo de manutenção, irá mover o equipamento na parte
traseira por um corrimão acoplado ao equipamento, pequenas rodas de simples ação na parte
inferior tem como principal objetivo assegurar o deslocamento, o movimento giratório na será
pela parte frontal, possui diâmetro da roda.: 8“ – 203 mm possui largura da roda de 50,0 mm o
diâmetro do eixo da roda é 19,0 mm sua capacidade de carga do rodízio é de 350 kg a da roda é
composta por de ferro fundido e poliuretano.
O material escolhido para a estrutura global foi o aço 1020 pelo custo benefício, facilidade
de ser encontrado é fácil de se manipular, não necessita soldagem especial, possui as propriedades
necessárias para o projeto como, por exemplo, sua tensão de escoamento é de 350 MPa. O formato
escolhido foi o retangular pela facilidade de montagem da estrutura.
O reservatório de argamassa será feito de alumínio pelo seu baixo peso e resistência a
corrosão, pois, estará em contato direto, terá 90 cm de comprimento para que aplicação seja
completa, o formato da talocha foi modificado para que o assentamento de pisos seja feito e,
camada simples, com as informações levantadas na entrevista, muitos dos “assentadores” não
utilizam dupla camada com esse novo formato de dente, já o armazenamento de pisos pode
suportar até 6 unidades de pisos com 360 cm de perímetro totalizando uma carga máxima de 90
kg, por isso será utilizado o aço 1020 o mesmo da estrutura.
Para a movimentação dos pisos na horizontal foi escolhido um motor de 50 watts para
o atuador linear com capacidade de deslocar por 1000 mm até 20 kg com uma velocidade
de máxima de 60mm/s. No movimento vertical, o giro sobre o próprio eixo é feito por um
mecanismo came semelhante aos carimbos amplamente utilizados atualmente, um atuador linear
também é usado com as mesmas especificações do anterior, para que esse giro seja possível
utiliza-se duas ferramentas de fixação com corpo injetado em ABS reforçado com ventosa em
borracha com sistema de sucção automatico com capacidade máxima de carga: 28 kg. Para
garantir uma maior fixação do piso ao chão se faz necessário uma movimentação lateral que será
feita automaticamente por dois sistemas de vibração que juntos podem proporcionar até 20 kg
Capítulo 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 36

de força centrífuga para garantir que toda argamassa esteja em contato com piso e o chão. O
sistema de espaçamento que garante o nivelamento do piso será manual aplicado pelo próprio
operador, após a aplicação de cada um dos pisos cerâmicos.

Figura 7 – Matriz morfológica 2.

Fonte: Próprio autor.

De posse das informações fornecidas pela casa da qualidade e do roteiro estabelecido nas
matrizes, uma forma conceitual para o produto foi concebida usando sistema CAD comercial,
como mostrado na Figura 9.
Capítulo 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 37

Vale ressaltar a importância do auxílio dos softwares computacionais (CAD’s gráficos)


para a criação de esboços no projeto individual. Tais esboços incluem os princípios de solução,
individuais, totais e os próprios modelos de concepção. Há autores que defendem o desenho a
mão livre como o melhor meio para moldar as representações do projeto conceitual. Segundo
Dõrne et al., 70% dos documentos produzidos nos projetos conceitual e detalhado não podem ser
gerados por um sistema CAD, sem querer subestimar a importância da aprendizagem do desenho
a mão livre na formação do engenheiro, nem tampouco enaltecer o poder da computação na
manipulação e armazenagem de informações gráficas, é possível afirmar que é possível sim a
elaboração de quaisquer esboços em plataformas de computação gráfica só não é elaborado dessa
forma pela falta de prática por parte dos projetistas.
Não obstante, não se pode deixar de reconhecer a carência de recursos dos CAD’s
gráficos comerciais com licença liberada para estudantes que auxiliem o projetista na execução
de esboços já que estes sistemas, na sua grande maioria, estão voltados para a modelação do
produto nas fases preliminar e detalhada do seu projeto.

Figura 8 – Montagem final da proposta de produto renderizado

Próprio autor.
38

5 CONCLUSÕES

O trabalho desenvolvido considerou um tema pouco tratado pela literatura existente,


sobretudo, no que se refere à natureza de equipamentos para a construção civil.
Tive como objetivo de utilizar ferramentas do PDP (brainstorming, método morfológico,
casa da qualidade) para realizar o desenvolvimento do projeto informacional e conceitual de
desenvolvimento do equipamento em auxílio ao assentamento de pisos cerâmicos, gerando a
melhor alternativa para sanar os problemas.
O tema passa, necessariamente, pela morfologia do processo de projeto na fase de projeto
informacional em forma geral incluindo as ferramentas para trabalhar dentro da metodologia. A
utilização de ferramentas de PDP foram de grande importância para poder estruturar o projeto
em questão, encontrando soluções para fatores importantes como identificação dos componentes
básicos, alternativas de materiais para a confecção do produto e design.
O uso da matriz morfológica ao término do processo, a partir do desdobramento da
função, foi útil para pensar os subsistemas da solução e gerar novas combinações entre seus com-
ponentes. A nova máquina proposta poderá a vir ter suas estruturas e mecanismos modificados,
de acordo com uma avaliação de viabilidade técnica. Uma avaliação de viabilidade econômica se
faz necessária para estabelecer custos e deduzir demandas e ofertas de máquinas. Vislumbra-se
pelo conceito apresentado que a nova máquina poderá operar em ambientes de qualquer tipo
de construção, visto suas dimensões serem de tamanho coerente podendo transitar pelo vão de
portas e janelas.
A utilização da Casa da qualidade para aplicação do QFD em um projeto como esse, de
maneira que foram identificadas as características consideradas importantes no ponto de vista dos
consumidores, e com base nestas foi possível diagnosticar parâmetros técnicos para elaboração
do projeto. A principal vantagem obtida com a utilização da Casa da qualidade foi desenvolver
um design e funções diferentes dos produtos existentes no mercado, sendo bem apresentável,
de fácil manuseio e contendo ainda um “dispenser” para placas, um diferencial importante em
relação aos concorrentes. Com isso, pode-se dizer que a expectativa do projeto foi atendida.
O DFX foi aplicado superficialmente neste projeto, contudo, as soluções foram elaboradas
de tal maneira que privilegiaram a simplicidade. Por exemplo, na montagem (DfM), a tubulação
foi escolhida no formato retangular não necessitando o chanfro (boca de lobo) para soldagem,
a qual é a mais simples e barata utilizando eletrodo revestido. Da mesma maneira o Dfs foi
aplicado pensando na longa vida útil e também na insalubridade do seu local de utilização,
materiais resistentes a oxidação e também a esforços que provocam tensões de cisalhamento.
Os objetivos específicos do estudo foram atingidos com sucesso, visto que através da
geração e comparação dos conceitos propostos pelas ferramentas da qualidade chegou-se a uma
alternativa otimizada. Sendo assim, podem-se realizar trabalhos futuros voltados ao projeto
Capítulo 5. CONCLUSÕES 39

detalhado do produto, lançando o mesmo e verificando o seu rendimento e custos totais em


comparação com um operador e se necessário alterações para que ele possa ser comercializado.
Recomendo como trabalho futuro, ampliar a aplicação de técnicas DFX, principalmente
o DFMA no projeto do produto e ainda a construção de um protótipo em escala real para a
realização de testes de funcionalidade e um estudo sobre a viabilidade econômica deste projeto.
Outra importante análise que recomendo é o FEMEA, para assegurar a confiabilidade do produto.
40

6 REFERÊNCIAS

ABNT: Ver ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9001:2008 -
Sistema de Gestão da Qualidade - Requisitos. Rio de Janeiro, 2008. 28 p.
AMARAL, C. D.; ROZENFELD, H. Sistematização das melhores práticas de desenvol-
vimento de produtos para acesso livre e compartilhado na internet Produto & Produção, v. 9, n.
2, p. 120-135, 2011.
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43

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO

NOME:. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
IDADE:. . . . . . . . . . . . . . . ..TEMPO DE TRABALHO NA AREA:. . . . . . . . . . . . . . .
PROFISSÃO:. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
Há quanto tempo trabalha no ramo da construção civil?
Tem conhecimento sobre assentamento de pisos cerâmicos?
Há quanto tempo trabalha com assentamento de pisos cerâmicos?
Qual a maior dificuldade na realização do trabalho?
Sente dores no fim do dia devido à forma de realização do assentamento?
Qual a maior falha encontrada no método atual de assentamento?
Qual a quantidade de m² executados em um dia de serviço?
Como o tamanho do piso influência na efetivação do serviço?
Qual a taxa atual de desperdício de material?
Utiliza Equipamentos de Proteção Individual?
44

APÊNDICE B – Desenho técnico

Figura 9 – Vista explodida


APÊNDICE B. Desenho técnico 45

Tabela 4 – Componentes
APÊNDICE B. Desenho técnico 46

Figura 10 – Vista frontal


APÊNDICE B. Desenho técnico 47

Figura 11 – Vista lateral


APÊNDICE B. Desenho técnico 48

Figura 12 – Vista superior


APÊNDICE B. Desenho técnico 49

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