Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE LAVRA
Rio de Janeiro
Março de 2015
ANÁLISE DE SOFTWARE E ALGORITMOS DE PLANOS
DE LAVRA
Examinado por:
________________________________________________
Prof. Regis da Rocha Motta, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Cesar das Neves, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Armando Celestino Gonçalves Neto, D.Sc.
ii
Mac Knight Pies, Flavio; Figueiredo, Guilherme Belotti de Paes
Análise de softwares e algoritmos de planos de lavra
– Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2015.
XII, 63 p.: il.; 29,7 cm
Orientador: Regis da Rocha Motta
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso
de Engenharia de Produção, 2015.
Referências Bibliográficas: p.61 - 63.
1. Algoritmos de Plano de Lavra. 2. Softwares
Mineração. 3. Mineração a céu aberto.
I. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola
Politécnica, Curso de Engenharia de Produção. II. Análise
de Software e Algoritmos de Planos de Lavra.
iii
Ás nossas família, por tornar tudo isso possível.
iv
AGRADECIMENTOS
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.
Março/2015
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Industrial Engineer.
March/2015
Both hardware and software evolution brings substantial improvement to any complex
operations, such as mining. The search for the ultimate open pit design is a problem
faced ever since large-scale mining operations have been taking place. The present
project consists of analyzing those algorithms which try to optimize open pit design as
well as the upgrade that the modules of the most recent software bear to mining
companies.
vii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 13
4.2. SURPAC................................................................................................. 50
5. CONCLUSÃO............................................................................................. 60
ix
ÍNDICE DE TABELAS
x
ÍNDICE DE FIGURAS
xi
FIGURA 24 - SUBMENU DADOS ECONÔMICOS ................................................................... 55
FIGURA 25 - PERFIL N-S (A) L-O (B); CAVA ÓTIMA LERCHS-GROSSMANN: SURPAC V.S. UPL
.................................................................................................................... 57
FIGURA 26 - PERFIL N-S (A) L-O (B); CAVA ÓTIMA CONES FLUTUANTES: SURPAC V.S. UPL 58
xii
1. Introdução
Este trabalho descreve uma etapa da avaliação para o desenvolvimento de uma
mina de minério de ferro a céu aberto. Aspectos técnicos e econômicos são considerados
para a avaliação. As etapas do processo de avaliação e análise envolvem geologia e
mapeamento da região estudada, gráficos, análises estatísticas e geoestatísticas, traçado
de cava através de computador, planejamento de lavra e análise econômica e de
sensibilidade. O desenvolvimento do trabalho tem o intuito de avaliar e descrever técnicas
na etapa de traçado de cava e planejamento de uma lavra a céu aberto que resultem no
maior retorno econômico.
13
1.1. Justificativa
O Brasil tem uma das maiores reservas minerais do mundo e é um importante
produtor e exportador de metais. A indústria da mineração tem uma importante
participação na economia brasileira e possui grande peso na balança comercial do país.
De acordo com o relatório anual de mineração do DNPM (Departamento Nacional de
Produção Mineral) existiam 7.932 empresas de mineração no país em 2010.
(1) reserva lavrável; (2) estimativa de produção da China baseada em minério bruto; (E) dados estimados, exceto Brasil
14
Em 2013, Brasil exportou 282 milhões de toneladas de minério, com um valor de
1
US$-FOB 25,9 bilhões. Os principais países de destino foram: China (51,0%), Japão
(10,0%), Coréia do Sul e Países Baixos (5,0% cada) e Alemanha (3,0%). O preço médio
de exportação de minério foi de US$-FOB 92,14/t.
Fonte: MID/AliceWeb
1
Free on Board, que pode ser traduzido literalmente para livre a bordo.
15
Figura 2 - Evolução da produção mineral brasileira 1978 - 2011
Fonte: DPNM/IBRAM
16
Figura 3 - Efeito multiplicador indústria mineral
A tarefa deste trabalho foi estudar como, a partir da estimativa dos teores e
cubagem, oriundos de dados geológicos, o traçado final do plano de lavra é feita. Para
isso, foram estudados determinados algoritmos, que analisam desde aspectos
essencialmente geométricos até financeiros e de riscos, e como simulações trazem
ganhos para a operação.
17
Ademais, foi estudada, para o período em foco, a evolução dos softwares
disponíveis no campo da mineração relatando as novas funcionalidades que ambos
software e hardware tiveram, tornando possíveis avanços no traçado e avaliação de
minas a céu aberto, e suas consequências benéficas.
18
1.3. Objetivos Específicos
No Capítulo 2 serão abordadas as considerações iniciais que os autores julgam
importantes para o perfeito entendimento deste trabalho pelo leitor. O objetivo é
esclarecer alguns conceitos, como a interpretação dos dados geológicos iniciais, os
processos de mineração e descrever a metodologia utilizada para as etapas do trabalho.
19
1.4. Referencial Teórico
A literatura sobre os temas estudados é vasta. O tema foco do trabalho -
algoritmos de plano de lavra – possui infindáveis publicações. Buscaram-se aquelas mais
aceitas na comunidade científica, e mais utilizadas na indústria.
Korobov (1974) utiliza o modelo de blocos para discretizar o corpo mineral, e parte
da estipulação de benefícios econômicos para cada bloco, baseado em seu teor de
minério, para criar o seu algoritmo de plano de lavra. O algoritmo é similar ao método de
cones flutuantes.
Motta (1986) cita o estudo de Litzinger, e seu algoritmo resultante. A técnica difere
daqueles padrões, pois possui um teor mais geométrico que econômico. Partindo de um
polígono de base, o algoritmo procura minério nas bancadas superiores, alterando o seu
formato visando maximizar a razão minério/estéril da cava.
21
2. Escopo do Projeto
O processo de mineração a céu aberto normalmente consiste no desmonte do
material a ser minerado com a subsequente britagem e peneiramento e transporte do
material para que possa ser feita a sua utilização. A mineração a céu aberto é uma
escavação feita na superfície com o propósito de extrair o minério que está exposto
através do tempo de vida da mina. Para expor o corpo mineral e minerá-lo é necessário
escavar, remover e depositar uma grande quantidade de estéril, que é a rocha ou solo
que encobre o corpo do minério, a qual não possui valor econômico, definido como o
rejeito do processo de mineração. A seleção do traçado e do sequenciamento da lavra
são decisões complexas que envolvem grande incerteza e alto impacto econômico no
projeto. Um importante fator para avaliar a viabilidade e profundidade máxima da cava de
um projeto é a razão estéril/minério da cava, que deve ser levado em conta no momento
de projetar a cava. “Durante a seleção de depósitos potenciais a serem explotados, o
custo de remoção do estéril de cobertura representa um importante fator.” (Stangler, et al.,
2002)
22
Figura 4 - Macroprocessos de planejamento e mineração
2.1. Contextualização
O trabalho de 1986 se baseou na mina de Mutuca, no Brasil, que produzia minério
granulado com alta concentração de ferro. Mutuca pertencia à Minerações Brasileiras
Reunidas S.A. – MBR e iniciou suas operações em 1961. No contexto do projeto, a MBR
havia decidido de aumentar a capacidade da sua mina de 3,2 Mtpa para 6,5 Mtpa, quase
dobrando a sua capacidade. Entre os fatores que influenciaram essa decisão, esteve o
aumento da estimativa das reservas em 40%, de 70 Mtpa para 100Mtpa, devido
perfurações posteriores. Antes da reserva adicional ser descoberta a elevação de 1080m
era considerada a camada mais baixa para a cava. A partir dessa descoberta, os planos
de mineração precisaram ser revistos, sendo então projetada na época uma série de
traçados de minas e avaliados, com o melhor escolhido através de uma análise
econômica.
23
Figura 5 - Macroprocessos de mineração
2
Pedra desmontada de proporções avantajadas
24
2.2.2. Britagem
Uma vez realizado o desmonte, a pedra desmontada segue para a britagem e
peneiramento, que é considerada o primeiro processo de fragmentação do minério, que
diminui a granulometria da pedra a cada etapa que se segue, até a obtenção do produto
desejado. Para isso, é usada uma grande variedade de britadores, como mandíbulas,
giratório, cônico, rolo simples, rotativo, rolo duplo, impacto, martelos e etc...
2.2.3. Transporte
O minério assim fragmentado é carregado em caminhões, vagonetas ou outro
meio de transporte, até à planta de beneficiamento, geralmente situada próximo da mina.
O traçado das estradas e rampas, que configuram a logística interna, é de extrema
importância para a longevidade da operação, pois serão responsáveis por custos
relevantes, como o custo de pneus e de combustíveis. Algoritmos de otimização de
desenho da logística interna são incorporados em softwares, que possuem módulos e
aditivos desenvolvidos exclusivamente para auxiliar as empresas a resolver tal problema.
2.3. Planejamento
As macro etapas do planejamento de lavra com as etapas foco em cinza segue na
Fig.6; posteriormente será feito um detalhamento dessas etapas.
25
Figura 6 - Planejamento de Lavra
26
2.3.1. Base de dados geológicos
A etapa inicial para o planejamento de uma mina consiste na obtenção de uma
base de dados geológicos para que possam ser feitas as estimativas da malha mineral. A
cada amostra, identificada por suas coordenadas espaciais, XYZ, isto é, NS (North,
South), EW (East, West) e elevação, associa-se um conjunto de dados identificando o tipo
de material, os teores, a granulometria e quaisquer outras variáveis relevantes. Para obter
a base dados geológicos é necessário coletar diversas amostras de minerais ao longo da
reserva, o que é feito através de perfuração do solo em diversos pontos do terreno com
profundidades variadas. Tais amostras serão processadas e analisadas em um
laboratório de análises físico-químicas.
27
Atualmente essas informações, utilizando os softwares mais modernos podem ser
visualizadas em três dimensões e de maneira mais interativa e intuitiva.
28
Figura 9 - Malha Mineral
29
2.3.2. Análise geoestatística e estimativa dos teores – Krigagem
Este passo utiliza a informação obtida na etapa anterior como dados de entrada, o
conjunto de resultados dispersos no espaço – pontos amostrais localizados no eixo
longitudinal dos furos de sonda, que por sua vez podem estar espalhados irregularmente,
no seio do corpo mineral. Essa nuvem esparsa de pontos é transformada em uma malha
tridimensional regular, onde cada nó (bloco) recebe uma estimativa para seu teor através
de “krigagem”, um método de interpolação que produz estimativas com erros
minimizados, utilizando-se de modelos matemáticos ajustados aos variogramas.
31
2.3.4. Plano de lavra
Tendo obtidos os resultados de cubagem da reserva geológica com a distribuição
e o teor dos minérios estimados segue-se para a etapa da elaboração do plano de lavras
que irá determinar o traçado de cava a céu aberto efetivamente, que é a superfície que
limita inferiormente a reserva lavrável.
Nesta etapa são utilizados algoritmos que visam otimizar os recursos do corpo
mineral.
Para analisar o desempenho dos desenhos foi feita uma análise econômica
preliminar considerando o BESR (break-even stripping ratio) (Miller & Hoe, 1982), que é o
ponto de equilíbrio da relação estéril minério. O BESR é calculado para o ponto no qual
ocorre o break-even e os custos de remoção do estéril necessários para lavrar o minério
são pagos pelo valor do minério removido. É utilizado o custo de produção por tonelada
de minério (CP), preço da tonelada de minério (P) e o custo de remoção por tonelada de
estéril (CR), com esses valores é possível saber qual é a relação de estéril minério que
leva ao break-even sendo que os valores acima desse torna proibitiva a exploração da
cava.
32
2.3.5. Avaliação econômica
Finalmente, chega-se à análise econômica, que incluirá a elaboração de um fluxo
de caixa, isto é, uma previsão de custos e receitas, ano a ano, para cada cava final
alternativa sendo analisada, levando-se em conta o sequenciamento das cavas parciais.
Para que essas estimativas possam ser feitas devem ser considerados os custos de
mineração, manuseio, beneficiamento e transporte assim como o valor preço do minério
no mercado.
Uma vez estabelecida à época em que cada região de cada banco da mina será
minerada, e montando um fluxo de caixa, poder-se-á calcular um valor presente para a
cava final, descontando-se a uma dada taxa de juros os valores futuros. Neste contexto, a
remoção de estéril é vista como um investimento feito ao longo dos anos para liberar, ao
cabo desses anos, uma dada tonelagem de minério, que uma vez vendida terá que dar
um retorno mínimo ao minerador. A passagem de uma dada cava opcional para outra,
mais profunda, terá que se justificar, em termos econômicos. A uma dada quantidade de
minério adicional, com o aumento da profundidade, corresponderá também certa fatia de
estéril, o que dá ensejo à análise incremental das cavas finais opcionais. É importante
lembrar que os valores como o preço futuro do minério e os custos associados a sua
extração possuem um grau de incerteza. É preciso fazer uma análise de sensibilidade
com estimativas de diversos preços futuros e levar isso em consideração no momento da
escolha da cava final, pois os resultados serão diferentes. Num momento em que o preço
do minério de ferro esteja elevado pode fazer sentido explotar partes mais difíceis da
malha mineral e com uma relação de estéril minério maior, pois o retorno será alto,
enquanto que com a baixa desses preços pode ser decidido não explotar.
33
3. Algoritmos de para traçado de cava a céu aberto
Peroni (2002, p.25) explica que “[...] um dos problemas frequentemente
enfrentados por geólogos e engenheiros de minas é o problema da definição dos limites
do corpo mineral assim como avaliar a quantidade e a qualidade dos parâmetros de
interesse.”
Para solucionar esse problema, uma série de métodos foi desenvolvido ao longo
dos anos, assistidos pelo avanço da capacidade de processamento dos computadores
nos últimos 20 anos. O método mais utilizado, segundo Peroni (1995, apud KIM, 1978), é
a representação do modelo de blocos, discretizando o corpo mineral em um conjunto de
pequenos blocos conceituais.
34
3.1. Algoritmo de Litzinger
Segundo Motta (1986, p.210), Dr. Litzinger, Diretor de Planejamento da empresa
Minerações Brasileiras Reunidas S.A. (MBR) em 1976, originalmente concebeu o
algoritmo para desenho do plano de lavra de uma mina a céu aberto, sendo o embrião do
programa programado pela analista Aparecida.
O algoritmo segue os três passos até que todas as camadas tenham sido
consideradas.
35
O algoritmo utiliza como parâmetros o polígono de base, obtido a partir da base
3
geológica, a altura da bancada , intervalo do ângulo de face, número de bancadas a ser
geradas (para estabelecedor em que elevação o programa deverá parar), número
permitido de expansões horizontais, comprimento de aresta (distância máxima entre dois
pontos adjacentes).
Deve ser mencionado que se o corpo mineral tem uma conformação peculiar,
numa certa seção horizontal, essa situação pode ser tratada com o algoritmo de Litzinger,
usando dados geológicos adicionais com valores artificiais de estéril e minério para
manipular a expansão dos limites da cava. Como o algoritmo vai expandindo o traçado da
cava a partir de um polígono base tentando buscar aonde existe minério, caso ele
estivesse cercado por blocos de estéril ele não seria selecionado, se fazendo necessária
a intervenção de um engenheiro de minas para adaptar os dados transformando estéril
em minério criando um caminho até o outro bloco de minérios reais.
3
Altura da bancada refere-se à distância vertical entre um nível e o outro da mina. Geralmente, de 8 a
20 metros de altura.
36
financeiras, receitas e custos, as cavas não são otimizadas, buscam apenas envolver a
maior quantidade de minério possível, independente de quanto estéril tiver e o esforço
necessário para alcançá-lo.
37
3.2. Cones Flutuantes
O método dos Cones Flutuantes é uma das técnicas mais amplamente utilizadas
para o desenho dos limites finais, porque é de rápida execução, veloz e de fácil
concepção (GARCÍA, p.16, 2010). Sua lógica consiste em avaliar se o material que está
contido dentro do cone que será lavrado proporcionará retorno financeiro. O plano de
lavra é determinado escolhendo a sequência de extração que maximiza o retorno
financeiro, normalmente medido pelo valor presente líquido (VPL).
38
portanto não sendo considerado. Dessa forma, o plano de lavra, produto do algoritmo, é
exibido na figura 13.
39
O VPL da cava final considerada no exemplo será o somatório dos valores
considerados em cada bloco (+3).
40
3.3. Korobov
Peroni (2002) explica que “o algoritmo de Korobov opera colocando um cone
em cada bloco positivo no modelo e alocando os valores positivos contra os valores
negativos dentro do cone, até que não existam mais blocos positivos ou nulos, de
maneira que os blocos positivos compensam os blocos negativos [...]”. Na figura
abaixo, é exemplificada uma aplicação do algoritmo.
No terceiro nível, o único valor positivo não configura um cone positivo, uma
vez que paga porém não paga . O valor de compensa e ambos
se tornam 0.
No quarto nível, paga todo o cone iniciado em seu vértice, com exceção a
, que é o único que permance com o valor de -1, enquanto todos os outros pontos
4
A nomenclatura representa o bloco na i linha da j coluna da matriz que representa a malha
mineral.
41
são compensados e se tornam 0, assim como . Seguindo a linha, compensa
todos os valores – transformando-os em zero - do cone que o tem como vértice,
exceto por , que continua com o valor de -1. Em seguinda, paga os valores
compreendidos em seu cone, tendo seu somatório com o valor de 3. Logo, deve-se
extrair esse cone, de acordo com o 5º passo. Para cálculo do VPL, deve-se partir dos
valores originais, desconsiderando somente as extrações já realizadas, e extrair o
cone com base em . Assim, o VPL incremental será de 7 – 11 = -4, chegando-se
no passo 5.
42
Figura 14 - Exemplo Korobov
43
3.4. Lerchs-Grossmann
O algoritmo de Lerchs-Grossmann, publicado em 1965, foi o primeiro algoritmo
que buscou otimizar economicamente o plano de lavra de minas a céu aberto, e tem sido
aceito como referência na comparação de outros algoritmos equivalentes, segundo
Carmo et al. (1986). O procedimento básico do algoritmo é explicado por Carmo et al.
(1986, p317 ) :
Poj = 0 → adiciona-se uma primeira linha ao conjunto de blocos, sendo esta composta
apenas por zeros.
Pij = Mij + maxK {(Pi+k,j-1)} com k = -1, 0, +1 no caso do talude 1:1 (45º).
Pmax = maxKPik.
i) Pij representa a contribuição máxima possível das colunas 1 a j, para qualquer pit
viável que contenha o elemento (i,j).
ii)Caso o valor máximo de P, na primeira linha, seja positivo, então a cava ótima é
obtida seguindo-se os arcos dadireita para esquerda
44
iii) Com pequenos ajustes manuais é possível obter a cava final ótima a 3D. Pode-se
acompanhar um exemplo de otimização de uma seção bidimensional pela Figura 1.
Consideraram-se os valores monetários de (-4) unidades para blocos de estéril e de 12
unidades para blocos de minério. A otimização é iniciada fazendo-se a soma dos valores
em cada uma das colunas. Exemplificando, para o bloco da linha 4 e coluna 7 (M47),
tem-se:
Uma nova seção, então, é formada, com os valores de Mij, podendo ser vista na Figura
1c. O próximo passo é escolher o bloco à esquerda de máximo valor, que será somado
com o bloco original, obtendo-se o Pij. O processo de otimização está condicionado,
logicamente, à escolha dos ângulos de talude da cava. Mudanças nos ângulos de talude
requerem modificações no número de combinações
Onde: Mij, mij e Pij como foram definidos anteriormente, r = limite do talude da coluna
vizinha, na, nb = O número máximo de blocos acima e abaixo do bloco, (i,j) que serão
lavrados juntos.
45
A seguinte figura ilustra o procedimento supracitado.
46
4. Softwares de Mineração
Antes de existirem computadores e softwares de mineração, engenheiros de
minas faziam uso dos algoritmos para projetar e planejar fazendo desenhos a mãos, e
estimativas de estéril e minério utilizando instrumentos de desenho técnico. Pela
dificuldade de chegar a um resultado final, o desenho da cava final alcançado pelo
engenheiro se tornava algo dogmático dentro de uma empresa mineradora. Com o
avanço da computação as técnicas de planejamento de lavra, baseadas nos
algoritmos supracitados foram adaptadas para programas que realizam esses
processos iterativos e são capazes de gerar facilmente diversos modelos de cavas,
fazer análises de sensibilidade, e gerar planos iterativos podendo ser recalculados de
acordo com as necessidades ou com a descoberta de novas informações geológicas.
Esse capítulo fará uma revisão dos pacotes de software mais populares e
consolidados no mercado, e como se deu o avanço da tecnologia desde 1986. A partir
da lista de Ronson (2001), o texto revisita os softwares e cita seus avanços. Para mais
detalhes de cada software, o contato com os fornecedores deve ser feito. A bibliografia
lista os sites dos fornecedores.
47
4.1. Vulcan
O software Vulcan, desenvolvido pela companhia australiana Maptek Ltd., é um
sistema gráfico dinâmico que utiliza as técnicas tridimensionais mais modernas para
executar a exploração e modelar os aspectos geológicos, projeto de minas,
sequenciamento do desmonte, topografia, extração de recursos, geoestatísticas,
recuperação ambiental e planejamento de minas a céu aberta e subterrâneas. “O
programa utiliza o algoritmo de Lerchs & Grossmann como método de otimização para
minas a céu aberto. O programa VULCAN viabiliza a construção, visualização e
manipulação de modelos de blocos [...]. Um dos módulos do programa permite a
interface com outros programas [...] como o Whittle 3D.”. (CURI ET AL., p.3780, 2013)
48
Figura 16 - Vulcan Modelo de Blocos
49
4.2. Surpac
Surpac é um software de mineração, produzido pela empresa GEOVIA, antiga
GEMCOM. Utilizado em mais de 120 países, em operações subterrâneas e a céu
aberto, o software vem ao encontro das necessidades dos geólogos, topógrafos e
engenheiros de mina. Dessa forma, Surpac possui módulos que fornecem ferramentas
para toda a cadeia de produção da mineração, conforme mostrado na figura abaixo.
Fonte: http://www.geovia.com//sites/default/files/products/surpac/GEOVIA_Surpac_Brochure.pdf
Fonte: http://www.geovia.com//sites/default/files/products/surpac/GEOVIA_Surpac_Brochure.pdf
51
4.3. Microsoft Excel: Ultimate Pit Limit (UPL)
O UPL é um programa (macro de Excel) que funciona dentro do programa de
planilhas da Microsoft como um suplemento. Entre as suas vantagens estão à
simplicidade, baixo custo conseguindo manter a capacidade de calcular uma cava final
com uma boa precisão.
Ele foi projetado para ser uma ferramenta de aprendizado para estudantes de
engenharia de minas. O software utiliza os três principais algoritmos para
determinar o limite da cava final, que são os citados no capítulo anterior: cones
flutuantes, Korobov e Lerchs-Grossmann, sendo possível comparar os resultados
finais obtidos com cada um desses métodos.
Os dados da malha mineral são plotados nas planilhas do Excel. As células nas
planilhas são análogas aos blocos geológicos, representando as direções Norte-Sul
(linhas), Leste-Oeste (colunas) e cada aba representando uma seção horizontal de um
modelo de blocos em 3D, sendo a altitude. O programa usa um modelo de geológico
de blocos, aonde cada bloco é uma célula e lhe é atribuído um teor de minério. Como
a maioria dos softwares de modelos geológicos não exportam dados em formato
compatível com o Excel, o UPL tem funções que são capazes de converter os dados
desses programas em formato de planilha.
52
Apesar da simplicidade do programa ele se prova bastante robusto quando
comparados a outros softwares. “A fim de validar o funcionamento do UPL, esse foi
testado usando diversos modelos de cava bidimensionais e tridimensionais, com um
máximo de 180 mil blocos, e em comparação com outros programas de geração de
cava, a fim de assegurar que os seus resultados são precisos, e que gera sempre o
cava final, dentro das limitações do modelo.” (Baafi, E., Drew,D, 2001)
54
Figura 24 - Submenu Dados Econômicos
55
processo é lento e exige grande processamento computacional, pois ele roda diversas
cavas.
Tabela 2 - Comparação de resultados para os programas UPL e Surpac para o algoritmo de Lerch-
Grossmann
Lerchs-Grossmann
Parâmetros UPL Surpac Diferença %
Blocos úteis 8513 8567 0,63
VPL 134.063.653.616 133.063.972.492 0,75
56
Figura 25 - Perfil N-S (a) L-O (b); cava ótima Lerchs-Grossmann: Surpac v.s. UPL
Tabela 3 - Comparação de resultados para os programas UPL e Surpac para o algoritmo de cones
flutuantes
Cones flutuantes
Parâmetros UPL Surpac Diferença %
Blocos úteis 7820 8364 6,5
VPL 93.532.092.326 133.063.972.492 29,71
57
Figura 26 - Perfil N-S (a) L-O (b); cava ótima cones flutuantes: Surpac v.s. UPL
58
Figura 27 - Exemplo da cava final de Lerchs-Grossmann usando o software UPL; dados
exportados para o Autocad
59
5. Conclusão
A partir do trabalho de Motta (1986), pudemos observar inúmeros avanços nas
duas áreas estudadas: as técnicas disponíveis para desenho de uma mina a céu
aberto, através dos algoritmos estudados no capítulo 3, e os softwares de mineração,
através de todas as novas funcionalidades implementadas com o avanço de
capacidade de processamento e técnicas gráficas, no capítulo 4.
60
é visivelmente dominante em relação aos métodos de lavra subterrânea (Nilsson,
1982; Hartman, 1992; Tatiya, 2005). No entanto, o método de lavra subterrânea
também possui aspectos vantajosos e pode ser favorável, “em algumas situações, a
utilização dos dois métodos de lavra no mesmo depósito pode ser a escolha correta,
uma vez que esta combinação se mostra a melhor alternativa para aproveitamento das
reservas e otimização dos resultados.”(De Carli, 2013) Existem algoritmos mais
modernos que consideram ambos os métodos no desenho da cava ótima, assim como
a profundidade ideal de transição.
61
6. Referências Bibliográficas
Agrawal, H., 2012. Modeling of Opencast Mines Using Surpac and its
Optimization. 1ª ed. Rourkela: National Institute of Technology.
De Carli, C., 2013. Análise de Projetos Limite: Lavra a céu aberto vs Lavra
Subterrânea. s.l.:s.n.
IBRAM, 2013.
http://www.ibram.org.br/150/15001002.asp?ttCD_CHAVE=169435. [Online]
62
Available at: http://www.ibram.org.br/150/15001002.asp?ttCD_CHAVE=169435
[Acesso em 20 02 2015].
Laurich, R., 1990. Planning and design of surface mines. In:: Surface Mining.
Baltimore: Port City Press, pp. 465-469.
Miller, V. & Hoe, H. L., 1982. Mineralization Modeling and Ore Reserve
Estimation. Engineering and Mining Journal, Issue 6, pp. 66-74.
Motta, R., 1986. Computer-assisted ore reserve evaluation, open-pit design and
economic analysis. A case study: Mutuca open-cast iron mine, Brazil.. 1ª ed. Londres:
Imperial College of Science and Technology.
Ronson, K. A., 2001. Computerised Open Pit Planning And The Development
And Application Of A Software Open Pit Planner. 1ª ed. Kingston: Queen's University.
63
Stangler, R. L., Costa, J. F. C. L. & Koppe, J. C., 2002. Quantificação de riscos
na avaliação estéril/minério. Revista Escola de Minas, 55(3).
64
65