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Fora do padrão no Revit Architecture: plugins e

formas de uso para ganho de tempo e agilidade


Hugo Giuberti Tavares – Vilasnovas+Tavares

Esta aula tem como objetivo apresentar o mundo que gira ao redor desse software, que hoje já possui uma
constelação de plugins em torno de si e uma diversidade enorme de desenvolvimentos que utilizam o modelo como
base para obtenção de informações altamente customizadas do modelo. A idéia dessa aula é apresentar aos
ouvintes novas ferramentas e novas formas de olhar para o programa.

Objetivo de aprendizado
Ao final desta palestra você terá condições de:
 Objetivo 1: Compreender diversas formas de obter dados do modelo;
 Objetivo 2: Conhecer aplicações de plugins no Revit;
 Objetivo 3: Aplicações de Key Schedules;
 Objetivo 4: Aplicação de Conditional Formatting;
 Objetivo 5: Compreender novas ferramentas/plugins em desenvolvimento.

Sobre o Palestrante
Estudante de Arquitetura na Universidade Federal do Espírito Santo, começou a trabalhar com o
Revit Architecture em 2009, e em 2010 começou a dar treinamentos e a implantar em escritórios
de arquitetura e engenharia, além de estar sempre atuando junto a escritórios no mercado.
Paralelamente às atividades profissionais, começou a buscar, dentro da solução BIM da Autodesk,
formas de solucionar novas demandas do mercado, associando o Revit às diversas etapas do ciclo
de vida de um edifício. Hoje trabalha no escritório de arquitetura Vilasnovas+Tavares, no qual é
sócio, desenvolvendo projetos. Também ministra cursos e implantação e Revit Architecture, além
de desenvolvimento em conjunto com engenheiros

hugotavares6@gmail.com
Fora do padrão no Revit Architecture: plugins e formas de uso para ganho de tempo e agilidade

Alguns conceitos
Um jogo com regras ainda em definição

O termo “Fora do padrão” do título desta aula não significa fora das normas, ou ausência de
metodologia definida. Fora do padrão significa trabalhar com possibilidades não fornecidas
convencionalmente, inventar, usar o Revit de forma criativa.

A realidade tem as regras estabelecidas. Então, fora do padrão no Revit não significa fora de padrão
na entrega de projetos. Pelo contrário, quanto mais padrões, mais criativos poderemos ser na hora
de gerar novas formas de ganho de agilidade e tempo. Fora do padrão significa a busca por uma
nova forma de fazer as coisas, dentro da ferramenta.

Quando a Autodesk liberou o Revit API - partes da programação do Revit- para quaisquer usuários,
essa possibilidade foi ampliada de forma bastante relevante. A partir de então, podemos encarar o
Revit como um jogo com regras ainda em formação. Suas limitações podem ser superadas. A forma
padrão que ele nos é disponibilizado é apenas o início da brincadeira de ganhar tempo em projetos.
Com a programação, temos a possibilidade de reinventar nossos fluxos de trabalho.

Afinal, uma das principais características dessa nova cultura cibernética é a reinvenção da forma de
fazer as coisas.

Basicamente, nessa aula mostraremos como alguns arquitetos/programadores tem criado novas
regras para esse jogo. Como tarefas cotidianas e repetitivas foram simplificadas em ferramentas
novas, e como nós podemos começar a pensar para fazermos o mesmo em nosso dia-a-dia.

Sem a captura da realidade, sem o conhecimento profundo das ferramentas e das demandas diárias
dos envolvidos no ciclo de vida de um projeto, pode-se pouco. Os avanços tecnológicos em
softwares são a poderosa aliança de profissionais práticos e calejados com pensadores criativos e
capacitados para automatizar processos relativamente complexos.

Automatizar não significa desqualificar o profissional prático, mas torná-lo mais poderoso. As
diversas ferramentas BIM que se espalham pelo mercado introduziram na realidade dos milhares de
profissionais da construção civil uma riqueza nova: domínio sobre complexidades maiores com menos
tempo, pela integração dos dados e pelos automatismo possibilitados pela modelagem paramétrica. As
minúcias deste domínio é hoje o labor de diversos desenvolvedores, que estão conseguindo mudar a
forma de se fazer as coisas.

O BIM e as etapas do ciclo de vida da edificação

O conceito BIM – traduzido modelo de informação da construção -é amplo, abrangente e


multiplamente apropriável. Na prática, trata-se normalmente de um modelo virtual da construção,

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com informações da mesma, manipuláveis, editáveis, utilizáveis. O que se pode fazer a partir daí, o
dia-a-dia e a nossa visão é que dirão.

Desde a arquietura até as entranhas da edificação modeladas, possibilitando aos contratantes um domínio
significativo do objeto a ser construído. Fonte: http://mep-precision-detailers.com/

Faz-se necessário entender o cotidiano de projetistas, construtores e usuários da edificação para


começarmos a visualizar as possibilidades de uso de um modelo BIM. Todo edifício passa por
etapas em seu ciclo de vida. Ele é concebido, desenvolvido, construído, mantido e, talvez, demolido.
Podemos definir, assim, pelo menos 4 a 5 etapas.

Imagem mostrando o ciclo de vida da edificação no BIM. Imagem mostrando c ciclo de vida da edificação. Fonte:
http://www.neuralenergy.info/2009/06/building-information-modeling.html

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Trataremos nessa aula das 3 iniciais: BIM na concepção, no desenvolvimento e no detalhamento.


Utilizamos o Revit Architecture como ferramenta de trabalho, e para o estudo de caso, a realidade
de um escritório de Arquitetura nessas 3 etapas, aquelas cujas decisões possuem maior peso no
valor final da obra .

Abordaremos aqui o fluxo comum de um projeto dentro de um escritório de arquitetura, onde o


projeto normalamente inicia. Entretanto, a compreensão do uso do modelo de informação da
construção para as outras disciplinas é essencial num fluxo mais próximo ao ideal, pois dessa forma
o modelo poderá ser útil à todas as equipes envolvidas com o projeto. Entende-se também que, para
uma boa solução arquitetônica deve haver desde o início a interação com as outras disciplinas.

O fluxo de trabalho será abordado com ênfase no constante recebimento, na geração e na análise de
dados de cada etapa. Abaixo, um esquema típico dos fluxos de infomação.

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O projeto normalmente se inicia por uma demanda, dada aos arquitetos por um programa de
necessidades – o que o cliente pretende fazer em seu imóvel. É a etapa conceitual, também
chamada de estudo preliminar, onde definiremos o que entrará no projeto a ser desenvolvido.

Muitas vezes, esses dados nos são passados em planilhas, pelo próprio cliente. Esses dados se
transformam em variáveis de projeto. A partir deles, o design, o desígnio do arquiteto é elaborado.
Comumente, nas etapas iniciais adequa-se o programa e as intenções arquitetônicas ao terreno:
acessos, setorização, capacidade construtiva permitida pela legislação, afastamentos, partido, etc.
Inicia-se assim a produção de novos dados, criados pelo projetista, relacionados ao objeto
arquitetônico em elaboração. Define-se o que será feito e diretrizes para a continuação do projeto.

Passa-se a etapa de desenvolvimento (Anteprojeto e Projeto de Aprovação) da idéia inicial. As


intenções iniciais são então mais elaboradas, e confrontadas com dados relativos a exigências
legislativas, normativas, programáticas e construtivas. Mais informações, agora relacionadas ao
projeto, a serem analisadas. Esse confronto refina os esboços iniciais e os converte em projeto de
arquitetura, onde a edificação toma a forma, passível de ser construída por atender às normas e à
legislação.

Assim, com um projeto arquitetônico adequado às exigências do cliente e da lei, passa-se a etapa de
detalhamento/projeto executivo. Considera-se os pormenores: método construtivo de cada

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elemento, o custo, cuidados, relatórios técnicos, mapa de esquadrias, lista de elementos, memoriais
descritivos, caderno de encargos etc. Para tanto, busca-se informações externas, em sites, livros, etc,
para então se gerar informações necessária à construção.

Salvo algumas exceções, esse é o fluxo normal de um projeto dentro de um escritório de


arquitetura. Isso ainda não mudou. Entranto, o BIM altera a forma como isso vinha sendo feito
numa plataforma CAD ou por desenhos a mão. A mudança de etapa não significa geração de novos
desenhos ou novos arquivos, mas no refinamento cada vez maior do modelo. O que muda é nível de
detalhe do projeto, conhecido como LOD (Level Of Detail).

Naturalmente, conforme aumenta o refino, aumenta-se a exigência de um maior número de


documentação produzida. Porém, como os dados/vistas são gerados a partir de um modelo de
informação da construção paramétrico e que é capaz de interagir com banco de dados,
automatismos relevantes nos são permitidos.

Esse é o tema da aula. O título Revit fora do padrão deve-se a uma abordagem sobre como o Revit
pode vir a ser utilizado. Não é uma forma padrão, mas sim uma forma possível, oriunda da
criatividade e pesquisa.

Vamos ver como que algumas pessoas tem utilizado o Revit e seu conceito para simplificar as
nossas vidas? Abordaremos basicamente alguns plugins e metodologias de diversos usuários,
alguns meus e alguns de outros.

Apesar da ênfase nestas três etapas, deve-se ressaltar o uso do modelo no para a
construção e acompanhemento da obra, e na operação e uso da edificação deve ser
considerado desde o início do projeto através de boas práticas de modelagem.

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Informação vs modelo
Na aplicação dos fluxos de informação que ocorrem ao longo das diversas etapas do projeto na
plataforma BIM, podemos definir o circuito abaixo representado como um esquema típico.

A aula será demonstrativa. Como essa palestra será ministrada também no AU Virtual, poderemos
acessar os vídeos para entender melhor os plugins e a forma de uso. Não é o objetivo desse handout
ser um tutorial, portanto dar-se-á ênfase aos fluxos, aos conceitos e principalmente às
possibilidades contidas no diagrama acima.

Etapa Conceitual

Exemplo 1: Do programa de necessidades à volumetria dos ambientes

Podemos converter os ambientes contidos numa planilha de excel em famílias de massas, com suas
respectivas informações inseridas em parâmetros de instância(1). É possível fazer isso utilizando o
Revit/Vasari + Python (para mais informações acessar o link: http://nmillerarch.blogspot.com.br/
e aprender com o desenvolvimento da arquiteta Lili Smith, ou acessar o site:
www.plataformabim.com.br para mais informações em português). Essas informações podem ser
nome dos ambientes, dimensões (largura x altura x pé-direito), setor, exigências ambientais,
referência, custo equipamentos, custo acabamentos, etc. Modelo + Informação dos ambientes .

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Após criadas as massas, podemos utilizar a ferramenta Filtros do Revit para visualização em cores
por critérios (setor, tipo de uso, etc.). Esta forma pode tornar o processo de projeto mais intuitivo
(2).
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Vale o destaque para o tipo de parâmetro URL (3). Com ela, conseguimos referenciar arquivos
externos, como sites, pdfs, imagens, pastas etc., atribuindo em seu valor o caminho do arquivo e
acessá-los de dentro do Revit com um click. Assim, com arquivos referentes aos ambientes do
projeto, podemos acessar suas informações, em detalhes – acessos, requisitos ambientais,
equipamentos, layouts etc.- sem termos nenhuma dessas informações no modelo. Um bom exemplo
desse tipo arquivo está contido no site do FDE, para ambientes escolares, acessível no link:
http://catalogotecnico.fde.sp.gov.br/meu_site/index.htm.

Este foi meu projeto de graduação. Definida a volumetria, resolveu-se a estrutura, os


acessos, a cobertura e a fachada, para só então voltar a atenção aos layouts internos, os
quais foram resolvidos sem nenhuma interferência, pois já eram entendidos pelas
referências externas, evitando erros de projeto e permitindo um arquivo mais leve. As
massas foram mantidas mesmo com o projeto definido, o que facilitou bastante a criação de
vistas esquemáticas com os ambientes em 3D e coloridos segundo critérios claros.

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1.2. Exemplo 2: Estudo de viabilidade por ferramenta de massas e Key Schedules

Um outro exemplo para aplicação do BIM na etapa conceitual é derivada de uma apresnetação feita
no AU Brasil 2011, sessão Aplicação do REVIT para estudos de Viabilidade, ministrada pelos
arquitetos Sérgio Leusin e Raquel Canellas, ambos da empresa GDP.

Essa palestra encontra-se disponibilizada na internet no Link:


http://communities.autodesk.com/brazil/book/sessão-2-arquitetura.

Tentei neste novo modo de se fazer o estudo de viabilidade a geração das análises dentro do
próprio Revit, para que, em cada alteração, os dados pudessem ser analisados em tempo real. Para
tanto, utilzei o plugin desenvolvido pela Ideate, o Ideate BIMLink, e as Key Schedules. Novos
estudos nesse sentido tem sidos feitos.

Vamos entender o processo.

A volumetria da edificação no Revit é criada a partir das ferramentas de massa, que, se intersectada
pelos níveis existentes no projeto, geram automaticamente os pisos da massa, ou Mass Floors. O
modelo nos fornecerá dados como metragem quadrada dos por pavimento – gerados plelos níveis -
e área da fachada do pavimento. Cabe a nós agora utilizar esses dados.

Utilizaremoes os dados de area de piso e area de fachada para fazer uma estimativa do custo do
estudo. Para tanto, estes dados deverão ser inseridos no modelo, pela criação de novos parâmetros,
como custo do piso, custo da fachada, valor de venda, etc.

Nesta tabela, gerada no Revit, podemos verificar alguns dos parâmetros criados.

Agora, nos cabe atribuir os valores – custo, rentabilidade, etc.-e depois relacionar os valores às
areas fornecidas pelos modelos – por operações matemáticas, por exemplo, Custo Piso x Metragem
Quadra de Piso. Simples não?

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Para isso, utilizaremos dois recursos: para atribuir diversos valores de diversos parâmetros
simultaneamente, utilizaremos as key schedules (para atribuir várias características
simultaneamente a um piso ou a uma fachada) e o Ideate BIMLink, para trazer dados armazenados
em Excel de forma automatica para o Revit.

Informações da
Key Schedule
Editada atribuídas
automaticamente
Revit

Ideate
BIMLink
Key Schedule
gerada no Revit

Key Schedule Base de Key Schedule


exportado do Revit dados de editada no Excel
Referência
Criamos as Key Schedules no Revit (1). Através delas, somos capazes de atribuir valores de diversos
parâmetros simultaneamente. Por exemplo: se o pavimento for comercial triplo A, atribuímos
automaticamente os valores do metro quadrado do piso, da fachada, do valor de venda, do aluguel,
descrição dos acabamentos considerados, etc. Esses dados já pré-existiam em uma planilha do
Excel. Para trazer estes dados automaticamente ao Revit, utilizou-se o plugin Ideate BIMLink, para
exportar a tabela (1 e 2), modificá-la no Excel (3 e 4), e tornar a trazê-la ao Revit (5).

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Com as Key Schedules criadas, atribuímos os valores ao modelo de forma automática (6). Ao
atribuir a key style, os parâmetros do piso são atualizados de acordo com sua tipologia. Assim,
somos capazes de gerar tabelas e analizar, de dentro do Revit, os custos e o retorno do investimento
(7).

Etapa de Desenvolvimento

Exemplo 1: Área de Ventilação

Normalmente, os códigos de obra das prefeituras exigem área minima de ventilação nos
ambientes, afim de evitar equívocos de projeto, indicando uma razão mínima entre a área
do ambiente e a área de aberturas voltadas para ambientes externos à edificação.

Assim, precisamos de dois dados: área do ambiente e área das aberturas relacionadas aos
ambientes. O Revit gera esses dados? Os armazena, os organiza? Sim.

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Quando acessamos a uma tabela da categoria Window ou Door, vemos ali a opção From Room ou
To Room (1), relacionada a posição da janela no momento da inserção. Podemos observar que
podemos trocar um pelo outro nas tabelas. Vamos convencionar From Room como os ambientes
ventilados pela abertura, e To Room os ambientes aos quais a abertura se abrem.
Precisamos agora das áreas do ambiente e da área das aberturas inseridas nesse ambiente.
Este último não é fornecido, mas podemos obtêlo por um Calculated Value (2), na criação

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das tabelas, calculando seu valor pela multiplicação da Altura pela Largura (Width x
Height).

Assim, organizamos criamos a tabela de forma a ter os ambientes listados, suas áreas, e
área das aberturas. Para obtenção do coeficiente de ventilaçao, temos que relacionar as
áreas dos ambientes com as áreas das aberturas. Simples: calculated values novamente:
Area da abertura/Area do ambiente.

Pelas ferramentas típicas das tabelas – nas quais não entraremos em detalhe –
conseguimos obter os totais das áreas da abertura do ambiente, e por continuidade, o
coeficiente de ventilação final de cada ambiente.

Podemos verificar se o ambiente está adequado ou não pela simples verificação 1 por 1, ou
por destaque daqueles que não estão adequados. Temos um tipo de parâmetro Yes/No,
passível de ser resultado de um cálculo. Criamos o parâmetro de valor calculado “Ambiente
validado” do tipo Yes/No, cuja fórmula será:

Area Ventilação/Area Ambiente > Coeficiente Prefeitura

Após isso, vamos destacar aqueles ambientes cujo resultado seja “No”. Para tanto, vamos ao
Conditional Formatting e dizemos para o Revit destacar com a cor vermelha os ambientes
que o resultado do parâmetro seja “No” (3).

Assim, obtemos o resultado na tabela (4).

Exemplo 2: PROCEL Edifica

Minha palestra do AU Brasil 2011 e AU Virtual 2011 foi sobre este assunto. Como obter os dados
necessários para certificação no PROCEL Edifica, a partir das orientações do RTQ-C. A aula
encontra-se disponível no link:LINK PROCEL EDIFICA

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O RTQ-C avalia a envoltório do edíficio por um índice, o Icenv – índice de consumo da envoltória –
calculado por uma expressão que envolve diversas variáveis do edíficio e varia de acordo com a
zona bioclimática deste. Peguemos um exemplo da zona bioclimática 8:

ICenv = -160,36.FA + 1277,29.FF – 19,21.PAFT + 2,95.FS – 0,36.AVS – 0,16.AHS + 290,25.FF.PAFT +


0,01.PAFT.AVS.AHS – 120,58

As variáveis:

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Todos os dados acima são passíveis de serem extraídos no Revit, seguindoa lógica: base de
dados de referência -> parâmetros x modelo -> resultados, conforme melhor detalhado na
sessão AB5800 do AU Virtual 2011.

Vale o destaque aos automatismos possíveis. Diferente do estudo de viabilidade no Item


1.2, os cálculos do PROCEL Edifica exigem variáveis de elementos de categorias diferentes,
como, por exemplo, o PAFt (Área de aberturas/Área das paredes da Fachada). Há três
formas de automatizarmos estes tipos de cálculo a partir de dados gerados no modelo:

1. Exportando as tabelas para o Excel, e criar uma planilha que utilize as informações das
diversas tabelas exportadas – para exportar todas as desejadas de uma vez, podemos
utilizar o plugin Wiip Export;

2. Exportando os dados via ODBC, e gerar consultas – em SQL, Access, etc.

3. Via API – programação.

A qualidade do modelo é essencial para que haja integridade dos resultados. Um mau
modelo e o desconhecimento da forma como Revit gera as quantidades pode comprometer
os resultados de forma crítica. Um exemplo disso é a forma como o Revit gera a área do
material nas famílias.

Se precisarmos da área de vidro, o Revit fornece no


Material Takeoff Schedules a possibilidade de
obtenção da quantidade de vidro da fachada, certo?
Sim e não. A área que o Revit fornece é a somatória
de todas as faces dos sólidos da família com o
material vidro. Entretanto, há formas de se
contornar isso, efetuando alguns cálculos e criando
alguns parâmetros (Volume/Espessura do Vidro).

Este é apenas um exemplo de como o


desconhecimento da ferramenta – tanto do
software Revit quanto do PROCEL – podem
comprometer a validade dos resultados.

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3. Etapa de Detalhamento/Projeto Executivo

3.1. Exemplo 1: Dados externos ao Revit pelas Keynote Settings

Uma das minhas maiores alegrias foi quando consegui acessar dados de uma planilha de
custos típicas do Governo do Espírito Santo , o IOPES, pelas keynotes settings.
Disponibilizadas em um site, era a base de muitos CRTL+C e CTRL+V para especificação dos
elementos do projeto de obras públicas que participava.

Com uso das keynotes settings, passei a acessar as informações de dentro do Revit de
forma direta, sem ter que abrir o site, e com apenas alguns poucos cliques atribuía o código
e a descrição do elemento selecionado, economizando algumas horas de trabalho e
adquirindo maior precisão na especificações dos equipamentos.

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Estes dados estão ligados a uma planilha de Excel externa. Esta ligação nos garante uma
forma mais dinâmica de interação com os orçamentistas: as keynotes settings podem ser
geradas a partir dos dados da empresa, ou de bancos de dados públicos, ou de cada projeto.
O que importa é fato de esse elemento ser uma ligação com um banco de dados externo e
de uso bastante intuitivo.

Vale destacar que os dados que levamos ao Revit são apenas 2: o código e a descrição. Os
custos, a unidade e outros dados importantes podem ser concatenados à descrição. O
interessante também é que torna-se o modelo mais leve, já que estes dados não estão
inseridos diretamente no Revit, mas no arquivo das keynotes settings.

Outra aplicação interessante é a utilização da base de dados do orçamento do próprio


edifício, atribuindo aos elementos as novas composições feitas pelos orçamentistas. Por um
método bem estabelecido, os dados exportados a partir do Revit aos encarregados do
orçamento podem ser editados e reinseridos no modelo. Essa tem sido uma forma de
manter a integridade entre o orçamento, o modelo, e as especificações que venho
utilizando.

3.2. Mapa de esquadrias e o Dynamic Legend


É válido o destaque deste plugin, pois mostra um dos grandes potenciais da programação e
do BIM: automação de processos repetitivos.

Um tutorial do plugin encontra-se no Link: http://www.tools4revit.com/Fast-


Documentation/Dynamic-Legend.html#Video

A idéia básica desse plugin é a criação automática do mapa de esquadrias do projeto. O


interessante é que ele faz uma Legenda (tipo de vista), utilizando as Legend components de
todos tipos de elemento de categorias previamente especificadas.

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Utilizado, testado e aprovado. Vale o pedido à Autodesk para que as Legend componentes
de janela e porta também forneçam as vistas Left e Right, e não apenas as vistas de floor
plan, Front e Back...

3.3. Memorial Descritivo – Roombook


Imaginemos o cenário: projeto definido, tudo modelado. As informações já atribuídas. E
depois, um a um, ambiente por ambiente o arquiteto ou os estagiários vão levantando os
dados para a criação do memorial descritivo. Chato não?

No pacote da Subscription da Autodesk é disponibilizado um dos melhores plugins na


minha opnião. O Roombook.

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Gera-se dados como: equipamentos por ambiente (separados segundo suas categorias:
mobiliários, aperelhos hidrossanitários, equipamentos especiais, etc.), acabamentos
contidos no ambiente – de tetos, pisos e paredes. Enfim, dados dos ambientes, necessários
aos memoriais descritivos e aos memoriais de cálculo.

Para o orçamento é um plugin essencial, pois os quantitativos de acabamento não ficam


sujeitos diretamente às paredes, que por vezes nos geram erros sérios de quantificação
deviso suas junções, mas sim aos limites do ambiente.

Entretanto há limitações. Dependendo do tamanho do arquivo, pode se levar algumas horas


para se ter os dados extraídos. Para projetos de pequeno a médio porte, uma ótima solução.

--
Essas são algumas formas, sugeridas, de como utilizar o Revit com plugins ou ferramentas
do próprio software e buscando utilizar e expandir sua potência.

Obviamente, os desenvolvimentos são muitos., e vale a pena darmos uma olhada no que
tem sido feito por equipes mundo a fora. Alguns escritórios, como a Perkins+Will, tem
profissionais dedicados quase que com exclusividade à criação de plugins/uso da
programação para automação de processos repetitivos ou eliminação de entraves entre os
programas.

Programação ligada à arquitetura não é novidade. Os edifícios projetados pela arquiteta


iraniana Zaha Haddid é um bom exemplo disso. Suas formas não teriam viabilidade
construtiva não fossem as ferramentas paramétricas e fabricação automatizada das peças.

Assim, em torno do Revit começam a surgir diversos plugins, e novas formas de programar
dentro dele vem aparecendo. Nisso reside uma grande potência dessa plataforma. Os
próprios usuários se unindo para formar a ferramenta mais próxima ao ideal.

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Vamos então ver algumas coisas dignas de atenção. Há outras inúmeras, mas das que tenho
noticiado em blogs, são as ferramentas julguei merecer mais destaque.

Plugins e Desenvolvimentos:
Revit Exchange

Criou um plugin legal? Quer divulgar, vender, distribuir? A Autodesk criou um site para usuários
interessadas nessa permuta. Diversos plugins estão disponíveis para teste ou compra. Vale a visita.

http://apps.exchange.autodesk.com/RVT/Home

AGACAD: Plugins Tools4Revit

A Tools4Revit é um site criado pela AGACAD, empresa da Lituânia, e tem desenvolvido uma série de
plugins bastante relevantes.

Conforme já mostrado, o Dynamic Legend foi o que mais me enxeu os olhos.

O Quick dimensions permite que se cote a vista por características definidas pelo simples passear
do mouse. Fantástico também.

O Cut Openning Pro é bastante relevante também para usuários de Revit MEP. O Insert Elements
também é uma ferramenta poderosa, em especial quando devemos ter critérios técnicos para
inserção de elementos, como luminárias.

WhiteFeetTools

Mario Guttman é um arquiteto norte-americano, do quadro da Perkins+Will, pioneiro na


parte de programação x Revit. Seus plugins são simplesmente fantásticos, e mostram uma
profunda compreensão das demandas cotidianas dos arquitetos.

Criação automática de vistas dos ambientes, transferir dados de um parâmetro a outro,


calcular valor de parâmetros a partir de outros parâmetros, como, por exemplo, pé-direito
do ambiente como resultado do volume pela área; um DB Link customizado, criação de
massas automáticas, ligação com Excel, etc.

Um mestre nesse campo.

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Programação visual x Revit – Project Humming Bird e Dynamo

Imagem mostrando a utilização do Project HummingBird. Fonte: http://ghhummingbird.wordpress.com/

Para quem já usou o Grasshopper, plugin do Rhinocerus – da McNeel – sabe a delícia que é
a programção visual – uma forma de se programar utilizando botões, sendo bem simplório.
Há uma infinidade de possibilidades de uso do Grasshopper, e sua comunicação direta com
o Revit seria sem dúvida um salto bastante relevante. Assim, visando sanar essa
necessidade, Mario Guttman e Tim Meador iniciaram este desenvolvimento, já disponível
para testes. O nome do projeto é “Project HummingBird", originado do Revit Model Builder
desenvolvido por Mario Guttman, que permite a inserção de dados gerados no Grasshopper
dentro do Revit, conforme mostram as imagens acima.

Outro desenvolvimento interessante é o Dynamo, desenvolvido por Ian Keough, e ao que


tudo indica ainda fará coisas incríveis utilizando o conceito do Revit – famílias, BIM, etc. – e
a programação visual. Seria algo como uma versão do Grasshopper do Revit. O Dynamo
difere do project HummingBird, pois este segundo é a comunicação do próprio GH com o
Revit.

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Exemplo de aplicação do Dynamo. Fonte: http://iankeough.com/wordpress/?cat=3

Revit, Vasari e Python


Outra possibilidade do uso da programação no Revit é o Python. O python é por muitos considerado
uma linguagem de programação mais simples, intuitiva.

Com o Revit Python Shell, é possível programar no Revit utilizando a linguagem do Python. Blogs
bem ativos na parte de Computação + Design demonstraram relevante empolgação.

A primeira imagem é um teste Nathan Miller (http://nmillerarch.blogspot.com.br), testando formas


baseadas em fórmulas e adaptive componentes no Vasari+Python, e a segunda é desenvolvimento
da arquiteta Lili Smith, usando o python para gerar as volumetrias dos ambientes utilizando
famílias de massas, conforme o exemplo 1.1

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Conclusão
O Revit Python Shell está aí, o Revit API está aí, o Visual Studio está aí... O Dynamo, o Project
Humming Bird, o Revit... os parâmetros, os softwares de banco de dados... eita! Que setor mais
diverso não? Mas creio que este mundo não pode mais nos ser estranho. Nosso trabalho pode ser
repetitivo, mas por opção nossa. São ferramentas convergentes: o conhecimento de uma te auxiliará
no conhecimento da outra, e no conhecimento dos próprios setores AEC (Arquitetura Engenharia e
Construção) e TI (Tecnologia da Informação).

Percebo que muitos confundem aficcionados por softwares e programação como pessoas alienadas
à prática cotidiana da arquitetura. Mas os softwares são ferramentas para automatização de
processos repetitivos e para expansão das possibilidades. Essa é grande questão da computação na
arquitetura. A boa ou má arquitetura vai depender de variáveis outras.

Mas é fato que há muito ainda a se desenvolver para que alcancemos uma plataforma tão intuitiva
quanto o desenho à mão e tão informativa quanto nossos poderosos softwares BIM. Mas fato é que
a computação, a programação entrarão definitivamente em nosso cotidiano.

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