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Capítulo
Engenharia de Projetos
industriais 2
CAPÍTULO 2 – ENGENHARIA DE PROJETOS INDUSTRIAIS 71
2.1 O projeto
O termo "projeto" representa o conjunto de estudos e realizações físicas que vão desde
a concepção inicial de uma idéia (materializada através de documentos técnicos) até
sua concretização na forma de um empreendimento em operação. No sentido mais
geral do termo, é "apresentar soluções possíveis de serem implementadas para a
resolução de determinados problemas" (LIMA, 2004, p.1). É um trabalho intelectual,
de grande importância técnica, envolvendo experiência e significativa abrangência de
conhecimentos normativos, físicos, matemáticos e da legislação, para proporcionar
segurança e conforto, objetivando o melhor custo/benefício ao usuário e ao
empreendimento. De maneira geral, representa as práticas e experiências (boas ou
ruins) do projetista, onde, para este, a solução procurada visa atender a uma
necessidade, um resultado desejado, um objetivo (BARRETO, 2000). Em essência, o
projeto é uma antecipação detalhada de uma solução que deverá ser implementada
para satisfazer determinado objetivo, sempre se preocupando com o ponto de vista
técnico (o projeto é funcional e exeqüível?) e com o econômico (é possível a execução
com custo razoável?).
Conforme definido na NBR 13531 - Elaboração de Projetos de Edificações -
Atividades técnicas (ABNT, 1995) e NBR 13532 - Elaboração de Projetos de
Edificações - Arquitetura (ABNT, 1995), a elaboração do projeto consiste na
CAPÍTULO 2 – ENGENHARIA DE PROJETOS INDUSTRIAIS 73
Em função de seu caráter dinâmico, o projeto sofre revisões (alterações). Esta revisão
pode ocorrer na fase de projeto (ideal) ou na fase de execução. Em qualquer uma
destas, a revisão deve ser devidamente analisada, aprovada pelo projetista e registrada.
A revisão do projeto que ocorre na fase de execução é muito mais onerosa quando
comparada à fase de projeto, uma vez que implica em desperdício de recursos
humanos, materiais e tempo. Além disso, os projetos têm custo de implantação e
prazo de execução definidos, cujas revisões na fase de execução levam à alterações
prejudiciais nos cronogramas e orçamentos iniciais.
Salienta-se, portanto, que o projetista é um solucionador de problemas, um criador de
soluções, cuja implantação do projeto deve ser a mais próxima possível da sua
concepção.
• Políticas ambientais
• Sazonalidade de produção
Esta etapa da engenharia se insere no contexto da fase FEL 2 de desenvolvimento do
empreendimento e consiste na elaboração de atividades e estudos que suportam a
seleção de alternativas de implantação do empreendimento, tais como: estudos de
mercado, estudo da mistura de produtos, determinação do volume de produção,
análise das alternativas dos processos de produção, determinação das necessidades de
insumos e matérias primas, análise dos fatores de localização, cronograma de
implantação, estimativa de investimentos, etc.
Os estudos desta etapa devem demonstrar que o empreendimento é tecnicamente
viável. É nesta fase que as alternativas técnicas devem ser estudadas.
O objetivo desta etapa é realizar a seleção da alternativa técnica para implantação.
Esta seleção é, formalizada no projeto conceitual, o qual reúne a consolidação dos
estudos de engenharia das diversas alternativas analisadas e formaliza a engenharia da
alternativa técnica selecionada, em FEL 2, para implantação.
O projeto conceitual de engenharia deve oferecer sustento ao empreendedor na
decisão de prosseguir ou não no desenvolvimento do empreendimento e definir o
escopo de engenharia para a próxima etapa, no que se refere às ações necessárias à
produção do projeto básico para a alternativa selecionada.
A seleção da alternativa para implantação constitui o fim da fase FEL 2 de
desenvolvimento.
Com referência ao histórico da indústria, as definições resultantes desta etapa da
engenharia, na média mundial, suportam estimativas de investimento com imprecisões
na faixa entre –15% a + 25%. No Brasil, algumas publicações chegam a fazer
referência a uma taxa de incerteza entre 30 e 50%.
Conforme apresentado e agora tratado com maior profundidade, o estudo das unidades
típicas de uma indústria, a localização geral dos equipamentos e especificações das
diversas especialidades envolvidas são objeto de estudo do projeto básico. As
considerações e características específicas do projeto básico de cada especialidade
serão objeto de estudo dos capítulos subseqüentes.
Admite-se, neste momento, que nas fases anteriores foram examinados todos os fatores
externos como plano diretor de urbanização, condições de acesso, disponibilidade de água
e energia, etc.
a) Almoxarifados e áreas auxiliares
É importante sua proximidade aos pontos de utilização dos itens estocados. Uma boa
vigilância contra furtos e uma eficiente proteção contra incêndios são outros requisitos a
satisfazer, alem da facilidade acesso a caminhões e carretas para carga e descarga. Da
mesma maneira, evitar a proximidade com áreas administrativas ou de risco (inflamáveis,
etc.).
O dimensionamento será feito a partir de dados de produção e das unidades de produtos e
materiais. Neste dimensionamento, selecionar e determinar previamente todos os
equipamentos e facilidades para manuseio, movimentação e armazenagem. As estruturas
porta-pallets, por exemplo, são dimensionadas a partir da quantidade de pallets que
deseja-se estocar e a carga admissível em cada um. Também as embalagens e
"containers" fechados devem ser moduladas em múltiplos do pallet.
Quanto à construção, deve ser estudado o fluxo pretendido, prever pisos de alta
resistência ao impacto e prever plataformas elevadas (docas) para carga e descarga. Nas
grandes instalações de indústrias siderúrgicas e de mineração podem ser necessários
mesmo ramais ferroviários, pátios de descarga e estrutura com adequado pé-direito,
muito importante para utilização racional do espaço, iluminação e ventilação.
As áreas de estocagem próximas à produção devem ser dimensionadas de modo a
permitir o andamento normal da produção (balancear a produção para mínimo estoque
intermediário).
Dimensionar nesta etapa altura e largura das portas, largura de corredores, etc.
Para tráfego de empilhadeiras, os corredores devem ter no mínimo 3 m, e as portas 2,40 x
2,40 m (aumentar para casos especiais).
b) Unidades de produção
Pontos a observar:
• Minimização dos custos de movimentação de materiais, estabelecendo-se um
fluxo de circulação curto e direto, evitando-se retornos.
• As características dos processos empregados, principalmente se ocasionarem
problemas de salubridade e poluição.
• As necessidades de maior ou menor contato com as áreas administrativas e
auxiliares.
• As dimensões requeridas para edificações:
− pé-direito;
− afastamentos entre colunas (vãos);
− cargas nos pisos e fundações.
• Dimensões de peças e produtos acabados. Pesos que serão movimentados.
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(NBR 5410 e NBT 14039), este documento é importantíssimo para o instalador, pois é
registrado tudo aquilo que ele efetivamente executou e entregou.
IMPORTANTE:
Não cabe ao responsável pela elaboração de um projeto "as built" a análise técnica dos fatos,
mas, sim, a representação deles!
Por exemplo, imagine a situação de um cabo de seção nominal 1,5 mm2 protegido por
um disjuntor de 70A. Obviamente, não existe nenhuma coordenação entre este cabo e
o disjuntor mencionado, conforme exige a NBR 5410 nas suas prescrições de
dimensionamento de condutores e dispositivos de proteção. De qualquer maneira, não
cabe ao responsável pelo as built uma análise técnica da situação, devendo esta ser
devidamente representada. Evidentemente, uma exceção a esta regra é o caso do
contrato já constar a elaboração do projeto as built e análise técnica seguida de
parecer técnico. Evidentemente, caso isto seja feito, minimizará muito as prováveis
não-conformidades detectadas em uma inspeção na instalação.
Há ainda uma outra situação a ser considerada: a da instalação que não possui
nenhuma documentação, ou seja, foi executada sem o projeto elétrico, apenas com a
"experiência" (se é que assim pode-se dizer) do instalador em obras similares. Neste
caso, a documentação as built será constituída basicamente pelas plantas (desenhos),
representando a situação encontrada, sem o volume de informações de um projeto
executivo, ou seja, sem os detalhes de montagem, por razões óbvias.
Por fim, ainda há a questão jurídica. A ausência do as built dificulta muito ao
projetista provar que uma intervenção feita por terceiros foi realizada posteriormente à
entrega do projeto como construído, tendo o mesmo que responder técnica, civil e
criminalmente por um trecho da instalação que não foi projetado e modificado por ele.
Para que a Engenharia de Projeto de uma instalação industrial seja desenvolvida com
êxito e alcance os objetivos propostos, é necessário que alguns requisitos sejam
atendidos. Entre outros, os seguintes devem ser observados:
• Definição do escopo do projeto;
• Premissas e informações básicas consistentes;
• Utilização de tecnologias apropriadas;
• Gerenciamento eficaz;
• Utilização de recursos adequados.
a) Ventos
• Direção predominante dos ventos (distribuição da média mensal por direção e
respectivas freqüência);
• Velocidade máxima, média e mínima;
b) Chuvas
• Distribuição mensal dos dias chuvosos por ano;
• Distribuição anual, mensal e diária da duração e volume das chuvas
contínuas;
• Índices por precipitação pluviométrica.
c) Umidade do Ar
• Valores máximo, médio e mínimo
d) Temperatura
• Distribuição anual, mensal e diária das temperaturas máxima, média e
mínima.
e) Outros
• Condições de inundações e dos mares, quando o empreendimento for
implantado beira a rio ou beira mar;
• Freqüência, intensidade e duração da ocorrência de trovões e raios;
• Ocorrência ou não de geadas;
• Dados sobre o clima da região.
a) Água
Existem basicamente, dois tipos de fontes de água para uma instalação industrial – a
concessionária da região ou uma fonte alternativa de abastecimento (rio, lago, poço
etc.)
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- Informações da concessionária:
• Características físicas e químicas da água;
• Capacidade de fornecimento;
• Custo de fornecimento;
• Limitações do sistema de distribuição de água.
- Informações das fontes alternativas:
• Localização do manancial;
• Capacidade do manancial;
• Natureza do manancial (superficial ou subterrâneo);
• Características físicas e químicas da água.
b) Energia Elétrica
Geralmente, o fornecimento de energia elétrica para uma instalação industrial é feito
pela Companhia Concessionária da região ou através de geração própria. Baseada
numa estimativa a demanda no projeto conceptual, as seguintes informações deverão
ser discutidas com a concessionária local:
• Localização da possível subestação fornecedora de energia elétrica pra a
instalação;
• Características técnicas do fornecimento (tensão, freqüência, nível de curto
circuito, índice de confiabilidade);
• Tarifa básica;
• Instalações a construir sob a responsabilidade da Concessionária e as
condições básicas de financiamento;
• Instalações a construir sob a responsabilidade do consumidor
c) Gases e Combustíveis
• Possíveis fornecedores;
• Capacidade de fornecimento;
• Custos.
2.4.2.1.6 Transporte
a) Transporte Rodoviário
• Identificação através de mapas e descrição das características das rodovias
mais próximas a localização do empreendimento (pontos extremos, largura,
extensão, capacidade de carga por eixo, intensidade de tráfego, tipo de
pavimento, etc.);
• Condições restritivas das obras de arte (altura, largura e máxima permitida em
pontes, túneis e viadutos);
• Planos de expansão previstos a curto, médio e longo prazo;
• Custos de fretes por caminhões.
b) Transporte ferroviário
• Identificação através de mapas e descrição das características das ferrovias
próximas ao local da implantação do empreendimento (bitola, rampa máxima,
raio mínimo, tipo de dormentes, tipo de trilhos, faixa de domínio, etc.);
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• Condições restritivas das obras de arte (altura, largura, carga por eixo);
• Estações ferroviárias mais próximas e capacidades dos armazéns da estação;
• Condições do material rodante (quantidade e potência das locomotivas em
tráfego, inclusive vagões, gôndola, fechado, pranchas e outros);
• Planos de expansão e melhorias previstas pra a malha;
• Custos de frete.
c) Portos
• Identificação dos piers mais próximos para recebimento de insumos e
matérias primas e expedição de produtos, com plantas das instalações
portuárias;
• Características gerais dos portos (área própria, extensão dos cais,
profundidade, faixa de cais, área e capacidade de armazenamento, instalação
para carga e descarga e capacidade dos equipamentos de manuseio e
transporte, características do canal de acesso e bacia de evolução, distância
aos principais portos do País e do Exterior, etc.);
• Planos de expansões previstas;
• Despesas portuárias.
a) Condições de Trabalho
Em geral, no custo de um produto industrial, o fator relativo a mão-de-obra pode ser
representativo e, além disso, a implantação de qualquer empreendimento industrial
sempre requer mão-de-obra qualificada.
Portanto, é importante, a análise das condições de trabalho da região, no início do
projeto. Devem ser pesquisadas as informações sobre a força de trabalho estimada, a
população economicamente ativa, os salários médios no setor industrial e as condições
de recrutamento e treinamento.
que cada produto (documento) é produzido individualmente por uma ou mais pessoas.
Mesmo a utilização cada vez mais intensa de CADD, CAD/CAE e outros recursos
informatizados, não altera o fato de que cada documento é uma entidade distinta,
produzida unitariamente por pessoas. Por maior que seja o grau de informatização na
elaboração de um projeto, o processo executivo não é uma linha de produção, muito
menos uma produção seriada típica de uma fábrica.
Os recursos de informática compreendem o hardware e o software disponíveis para
utilização em cálculos e engenharia, na elaboração de documentos técnicos, no
gerenciamento do projeto e no gerenciamento de informações.
Os recursos de informações técnicas compreendem os acervos de livros, periódicos,
documentos, softwares, catálogos, normas etc. A engenharia de projeto é um processo
transformador de informações, tanto a matéria prima com o produto são informações,
portanto os recursos dessas informações e os meios de pesquisa que permitem
recuperar essas informações para aplicação nas atividades da engenharia de projeto
são essenciais para o desenvolvimento da mesma.
• Manual Técnico;
Documento técnico que deve conter todas as informações, coleta e origem de dados,
premissas, justificativas, fórmulas, cálculos, critérios, normas etc. e a análise técnica
detalhada necessárias à elaboração dos demais documentos técnicos do projeto.
2.5.3 Desenho