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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO


RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS

Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Engenharia Industrial

RÉGIS LEANDRO BORRÉ

SISTEMA DE VENTILAÇÃO EM AMBIENTE INDUSTRIAL

Panambi
2013
1

RÉGIS LEANDRO BORRÉ

SISTEMA DE VENTILAÇÃO EM AMBIENTE INDUSTRIAL

Monografia do Curso de Pós Graduação Lato Sensu em


Engenharia Industrial apresentado como requisito parcial
para obtenção de título de Especialista em Engenharia
Industrial

Orientadora: Cristina Eliza Pozzobon

Panambi/RS

2013
2

RÉGIS LEANDRO BORRÉ

SISTEMA DE VENTILAÇÃO EM AMBIENTE INDUSTRIAL

Monografia defendida e aprovada em sua forma final pelo professor orientador e pelo
membro da banca examinadora

Banca examinadora

________________________________________

Prof. Cristina Eliza Pozzobon, Mestre - Orientador

________________________________________

Prof. Roger Schildt Hoffmann, Mestre

Panambi, 10 de Abril de 2013


3

AGRADECIMENTOS

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, no qual sempre confiei e confio para
atingir todas as metas na minha vida, sem ele nada seria, nem será possível. Posteriormente
dedico aos meus colegas da empresa Hidroenergia Engenharia e Automação Ltda, onde atingi
muitos objetivos profissionais, muitos deles seriam impossíveis sem o companheirismo,
amizade e apoio destas pessoas.
Dedico também a minha família, simplesmente a base de tudo que sou.
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RESUMO

A crescente exigência em melhorar as condições do ambiente de trabalho e a


necessidade de planejamento na estruturação das empresas justificam o desenvolvimento
deste trabalho, que objetiva fornecer uma solução para a ventilação industrial em um dos
pavilhões da empresa Hidroenergia Engenharia e Automação Ltda, analisando a tipologia, os
trabalhos executados e os equipamentos existentes dentro do ambiente em questão. Realizou-
se o levantamento das características construtivas, relacionando–as aos sistemas e condições
de ventilação industrial e conforto térmico a fim de proporcionar um número mínimo de
trocas de ar recomendado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas e melhorar os
fatores ambientais relevantes. Com os resultados obtidos foi analisado o comportamento
térmico do pavilhão e concluído que não existem condições para que ocorra ventilação
natural, sendo necessário instalar equipamentos para insuflamento e exaustão de ar, formando
um sistema misto. Foi então apresentada uma alternativa para a ventilação do ambiente, na
forma de um projeto básico com estimativas de custo para a aquisição dos equipamentos.
Relata-se que também existem outras formas para reduzir a transmitância térmica e o
coeficiente de absorção da radiação solar no pavilhão, reduzindo o acumulo de calor e a
temperatura interna do ambiente. O trabalho fornece subsídios e condicionantes importantes
para melhorias no projeto básico do sistema de ventilação industrial, não somente do pavilhão
da empresa Hidroenergia Engenharia e Automação Ltda, mas também para outros pavilhões
industriais.
Palavras-chave: Condições; Troca de ar; Ventilação.
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Casos típicos de ventilação natural em galpões ............................................... 17


Figura 2: Fatores influenciadores no fluxo de ar em uma edificação .............................. 17
Figura 3: Ação do vento na ventilação de edificações .................................................... 18
Figura 4: Movimentação do ar pelo efeito chaminé ........................................................ 19
Figura 5: Correção para o caso de entradas/saídas .......................................................... 20
Figura 6: Correção dos efeitos combinados do vento e da diferença de temperatura ..... 20
Figura 7: Ação do vento e da diferença de temperatura em uma edificação ................... 21
Figura 8: Tipos de ventilação geral diluidora .................................................................. 22
Figura 9: Insuflação mecânica e exaustão natural ........................................................... 23
Figura 10: Insuflação natural e exaustão mecânica ......................................................... 24
Figura 11: Esquema de sistema misto de ventilação geral diluidora............................... 24
Figura 12: Esquema de ventilação local exaustora.......................................................... 26
Figura 13: Zonas de bem estar para temperatura e velocidade do ar .............................. 28
Figura 14: Fatores geradores de calor em uma edificação .............................................. 30
Figura 15: Leiaute previsto para o pavilhão para montagem de geradores ..................... 38
Figura 16: Foto do pavilhão de montagem de geradores................................................. 39
Figura 17: Projeto arquitetônico do pavilhão para montagem de geradores ................... 40
Figura 18: Pontes rolantes de 25 toneladas instaladas no pavilhão de montagem de
geradores da empresa Hidroenergia Engenharia e Automação Ltda ............................... 45
Figura 19: Imagem ilustrativa de funcionamento de um exaustor eólico........................ 54
Figura 20: Exemplos de aplicações e instalações de exaustores eólicos ......................... 56
Figura 21: Desenho esquemático de um exaustor eólico ................................................ 56
Figura 22: Quantidade de extração de ar, com relação ao tamanho do exaustor e da
velocidade do vento ......................................................................................................... 57
Figura 23: Ventilador centrífugo ..................................................................................... 58
Figura 24: Ventilador axial .............................................................................................. 59
Figura 25: Velocidade média anual do vento .................................................................. 62
Figura 26: Imagem aérea da empresa Hidroenergia Engenharia e Automação Ltda ...... 63
Figura 27: Padrão de fluxo circulatório da lateral por baixo, com saída por cima.......... 64
Figura 28: Instalação de exaustores eólicos com dutos para elevação do rotor .............. 65
Figura 29: Vista isométrica do pavilhão com os equipamentos instalados ..................... 65
6

Figura 30: Posicionamento dos ventiladores axiais no pavilhão ..................................... 66


Figura 31: Vista superior parcial da instalação dos exaustores eólicos ........................... 66
Figura 32: Posicionamento transversal dos exaustores eólicos ....................................... 67
7

LISTA DE QUADROS

Quadro1: Absortividade das cores e materiais ................................................................ 31


Quadro 2: Valores médios da resistência superficial interna e externa ........................... 32
Quadro 3: Radiação solar incidente em planos verticais e horizontais para o dia 22 de
dezembro na latitude 30° Sul ........................................................................................... 32
Quadro 4: Fator solar para alguns tipos de superfícies transparentes.............................. 33
Quadro 5: Aquecimento devido a lâmpadas acesas......................................................... 35
Quadro 6: Carga térmica devido a motores elétricos em operação contínua .................. 36
Quadro 7: Calor liberado por uma pessoa em Kcal/h...................................................... 37
Quadro 8: Superfícies do pavilhão de montagem de geradores sujeitas à radiação ........ 41
Quadro 9: Valores de radiação média para planos verticais e horizontais ...................... 41
Quadro 10: Propriedades térmicas de telhas aluzinc ....................................................... 42
Quadro 11: Valores do fator solar para telhas translúcidas ............................................. 42
Quadro 12: Cargas térmicas de insolação em cada uma das superfícies do pavilhão ..... 42
Quadro 13: Cargas térmicas resultantes da condução de calor em cada uma das
superfícies do pavilhão .................................................................................................... 43
Quadro 14: Trocas de ar/hora para ambientes ................................................................. 46
Quadro15: Custos médios estimados para sistemas de ventilação e redução de calor .... 52
Quadro 16: Modelos de ventiladores axiais da empresa Venticenter .............................. 60
Quadro 17: Modelos de exaustores eólicos fabricados pela empresa FortVent .............. 61
Quadro 18: Relação entre aumento de temperatura e redução na produtividade ............ 68
Quadro 19: Custo dos equipamentos propostos .............................................................. 69
8

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1: Vazão de ar através de aberturas sob a ação do vento .................................. 18


Equação 2: Vazão de ar devido a diferença de temperatura ............................................ 19
Equação 3: Fluxo de calor devido a insolação ................................................................ 31
Equação 4: Fluxo de calor devido a insolação em planos horizontais ............................ 32
Equação 5: Fluxo de calor devido a insolação em planos verticais................................. 32
Equação 6: Fluxo de calor em superfícies transparentes ................................................. 33
Equação 7: Carga térmica por condução ......................................................................... 33
Equação 8: Calor produzido por motores elétricos ......................................................... 35
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LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


PCH – Pequena Central Hidrelétrica
FCS – Fator de calor solar
U - Coeficiente global de transmissão de calor
Vr – Vento incidente na edificação
A1 e A2 – Aberturas voltadas para a ação dos ventos na edificação
A3 e A4 – Aberturas na parede oposta à ação dos ventos na edificação
Cp1 – Coeficiente de pressão na parece voltada para a ação dos ventos
Cp2 - Coeficiente de pressão na parede oposta à incidência dos ventos na edificação
ϴi – Temperatura interna na edificação
ϴe – Temperatura externa na edificação
H1 – Diferença de altura entre as aberturas inferiores e superiores
Qv - Vazão de ar devido à ventilação natural

ϕ - Fator adimensional para cálculo da vazão de ar devido à ação do vento


v - Velocidade do vento incidente na edificação
Qi - Vazão de ar que entra no ambiente

Qe - Vazão de ar que sai do ambiente


Ps e Pr - – Pressão interna do ambiente
Pe – Pressão no exterior do ambiente
Qt - Vazão de ar devido a diferença de temperatura

QT - Soma das vazões devido a diferença de temperaturas e a ação dos ventos


α – Coeficiente de absorção
ε – Emissividade
φ - Carga térmica devido à insolação
FS - Fator Solar
RS - Radiação solar incidente
RSE - Resistência superficial externa

Tsol-ar – Temperatura equivalente


QS : Ganho de calor do motor
10

P : Potência do motor
Ƞ : Rendimento do motor
11

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13
1 REVISÃO BIBLIOGRAFICA .................................................................................. 15
1.1 GENERALIDADES DA VENTILAÇÃO INDUSTRIAL ....................................... 15
1.2 TIPOS DE VENTILAÇÃO INDUSTRIAL .............................................................. 15
1.2.1 Ventilação natural ................................................................................................ 16
1.2.2 Ventilação geral .................................................................................................... 21
1.2.3 Ventilação local exaustora ................................................................................... 25
1.3 CONFORTO TÉRMICO........................................................................................... 26
1.3.1 Definições............................................................................................................... 26
1.3.2 Movimento do ar e efeitos sobre o conforto térmico ......................................... 27
1.4 FATORES GERADORES DE CALOR EM UMA EDIFICAÇÃO ......................... 29
1.4.1 Insolação sobre os vidros, paredes externas e coberturas ................................ 30
1.4.2 Calor sensível devido à condução pelas paredes, pisos, tetos e vidros ............. 33
1.4.3 Calores sensível e latente decorrentes da infiltração do ar exterior pelas
portas e janelas .............................................................................................................. 34
1.4.4 Calor sensível correspondente à carga de energia elétrica dissipada no
recinto nos aparelhos de iluminação e acessórios ....................................................... 34
1.4.5 Calor sensível devido a motores elétricos ........................................................... 35
1.4.6 Calor liberado por uma pessoa ........................................................................... 35
2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO DE CASO PARA O PAVILHÃO DE
MONTAGEM DE GERADORES ............................................................................... 38
2.1 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS ............................................................... 38
2.2 CARGA TÉRMICA E TROCAS DE AR ................................................................. 39
2.2.1 Carga térmica devido à insolação ....................................................................... 40
2.2.2 Carga térmica devido à condução ....................................................................... 43
2.2.3 Carga térmica devido às pessoas ......................................................................... 43
2.2.4 Carga térmica devido aos motores elétricos....................................................... 43
2.3 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE VENTILAÇÃO ATUAIS .......................... 44
3 PROPOSTA DE SISTEMA DE VENTILAÇÃO ................................................... 47
3.1 POSSIBILIDADES DE SOLUÇÃO ......................................................................... 47
3.1.1 Sistema com ventiladores e exaustores ............................................................... 48
12

3.1.2 Construção de aberturas para entrada e saídas de ar ...................................... 48


3.1.3 Sistema de insuflamento ....................................................................................... 49
3.1.4 Revestimento de teto ............................................................................................. 49
3.1.5 Resfriamento evaporativo por névoas ................................................................ 50
3.1.6 Resfriamento evaporativo .................................................................................... 50
3.2 LIMITAÇÕES ........................................................................................................... 51
3.3 CONCEPÇÃO ADEQUADA AO CASO ................................................................. 52
3.4 PROJETO BÁSICO PARA IMPLANTAÇÃO DA SOLUÇÃO .............................. 53
3.4.1 Exaustores eólicos ................................................................................................. 54
3.4.2 Posicionamento e instalação dos equipamentos ................................................. 57
3.4.3 Taxa de renovação para o pavilhão .................................................................... 59
3.4.4 Especificação dos equipamentos ......................................................................... 60
3.4.5 Posicionamento e instalação dos equipamentos ................................................. 59
3.5 ESTUDO DE CUSTO ............................................................................................... 68
CONCLUSÃO................................................................................................................ 70
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 72
13

INTRODUÇÃO

A empresa Hidroenergia Engenharia e Automação Ltda, localizada em Ijuí/RS, atua na


fabricação de máquinas e equipamentos para pequenas centrais hidrelétricas. Esta empresa
recentemente instalou um pavilhão para fabricação e montagem de geradores que, aos poucos,
está sendo equipado para tal; porém sabe-se que a ventilação dentro deste pavilhão é
absolutamente ineficaz, pois não há sistema exaustor, diluidor e nenhuma condição para que
ocorra ventilação natural no ambiente em questão.
Para que exista ventilação natural nos ambientes é necessário dispor de entradas e
saídas de ar devidamente projetadas e construídas para que ocorra movimentação deste ar e
consequentemente a renovação dentro do ambiente. A não existência destas condições impede
que haja uma taxa de ventilação natural ou troca de calor por efeito chaminé, ocasionando
sensação de desconforto devido à geração e acúmulo do calor e de pequenas partículas de
poeira.
O pavilhão para montagem de geradores na empresa Hidroenergia Engenharia e
Automação Ltda foi projetado e construído sem observar estas condições necessárias à
existência de algum tipo de ventilação. Deste modo, ocorrem frequentes reclamações dos
trabalhadores que precisam executar suas atividades e isto gera a justificativa para o estudo,
seguido de um projeto para implantação do sistema de ventilação neste referido ambiente.
Diante disso, a arquitetura e a engenharia revelam-se importantes neste estudo, que se
inicia no planejamento e ordenação das necessidades básicas e passa pela preocupação com
fatores que envolvem o conforto ambiental e que, consequentemente, se somam ao meio
ambiente produtivo. Nesse sentido, as condições ambientais são importantes e influenciam
diretamente o desempenho do trabalho que, se realizado sob temperaturas extremas, pode
afetar o organismo humano.
Para este estudo de caso, objetiva-se comprovar tal ineficiência de ventilação citada e
esclarecer os motivos pelos quais os trabalhadores estão insatisfeitos com seu ambiente de
trabalho na empresa Hidroenergia Engenharia e Automação Ltda. Para isso são comparadas as
variáveis ambientais e pessoais a padrões determinados pelas normas já existentes, é
dimensionado e projetado um sistema de ventilação para o ambiente em questão de modo que
a relação entre entrada e saída de ar possibilitem atingir um número mínimo de trocas de
ar/hora recomendado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, estabelecida em onze
para ambientes com características de oficina.
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Portanto, a análise correta das condições atuais da ventilação existente no ambiente, o


dimensionamento, o projeto adequado e a implantação de um sistema de ventilação resultará
em um ambiente menos insalubre, aumentando a satisfação dos trabalhadores e
consequentemente o rendimento na produção, pois isto propiciará ao ambiente um
atendimento a níveis indicados de conforto térmico para os trabalhadores, já que as exigências
referentes ao meio ambiente e ao homem como mão de obra essencial à produção vem
crescendo consideravelmente e isto não deve ser diferente nesta empresa.
15

1 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

1.1 GENERALIDADES DA VENTILAÇÃO INDUSTRIAL

A ventilação tem um significado muito simples: “deslocar o ar”. A finalidade deste


deslocamento, que pode ser natural ou mecânico, é retirar ou fornecer ar para um ambiente,
ocasionando uma renovação no mesmo. A ventilação Industrial é entendida como a operação
realizada para controlar a temperatura, a distribuição do ar, a umidade e eliminar agentes
poluidores do ambiente, tais como gases, vapores, poeiras, fumos, névoas, microrganismos e
odores, designados por contaminantes ou poluentes (MACINTYRE, 1990).
Para ser possível um bom sistema de ventilação industrial é necessário identificar
técnicas de controle das correntes de ar a serem introduzidas ou retiradas de um recinto afim
de mantê-lo salubre, com o mínimo de perdas de energia. Existe uma diferença fundamental
entre manter o bem estar em uma repartição pública (somente escritórios) e uma instalação
industrial. Numa instalação industrial a ventilação do ambiente, tem por finalidade o controle
das concentrações de contaminantes e poluentes das condições térmicas e, na maioria dos
casos, ambas. A ventilação neste caso pode consistir em passar simplesmente uma corrente de
ar exterior, supostamente não contaminada, ou melhor, não poluída, pelo interior do recinto
diminuindo assim a concentração do poluente, ou contaminante, a uma taxa aceitável pelo
organismo humano.
Importante constar que a ventilação industrial deve atender não apenas o interior das
fábricas, mas também dispor de artifícios que impeçam que os contaminantes ou poluentes
sejam lançados na atmosfera e venham a contaminar o ar, ameaçando a saúde da população
das vizinhanças.

1.2 TIPOS DE VENTILAÇÃO INDUSTRIAL

Para classificar os sistemas de ventilação é necessário levar em consideração a


finalidade a que se destinam (MACINTYRE,1990). As finalidades da ventilação podem então
ser:
a) Ventilação para a manutenção do conforto térmico: restabelece as condições
atmosféricas num ambiente alterado pela presença do homem, refrigera o ambiente no verão;
aquece o ambiente no inverno.
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b) Ventilação para a manutenção da saúde e segurança do homem: reduz


concentrações no ar de gases, vapores, partículas em geral, nocivas ao homem, até que baixe a
níveis compatíveis com a saúde, mantém concentrações de gases, vapores e poeiras,
inflamáveis ou explosivos fora das faixas de inflamabilidade ou explosividade.
c) Ventilação para a conservação de materiais e equipamentos: reduz o aquecimento
de motores elétricos, máquinas, armazéns ventilados com o fim de evitar deterioração.

Os tipos de sistemas de ventilação que visam atender as finalidades acima descritas


são:
1 - Ventilação natural;
2 - Ventilação geral;
3 - Ventilação local exaustora.

1.2.1 Ventilação natural

A ventilação natural é o movimento de ar num ambiente provocado pelos agentes


físicos, pressão dinâmica e temperatura, podendo ser controlado por meio de aberturas no
teto, nas laterais e no piso, conforme pode visualizar na Figura 1. É o método mais antigo e
comum de ventilação devido ao baixo custo inicial e nenhum consumo de energia, entretanto
enfrenta inúmeras limitações por depender de forças naturais para regular o clima interno de
uma edificação por meio de uma troca de ar controlada pelas aberturas.
O fluxo de ar que entra ou sai de um edifício por ventilação natural depende dos
seguintes fatores, esquematizados na Figura 2:
- Movimento de ar devido à ação do vento;
- Movimento de ar devido à diferença de temperaturas;
- Movimento de ar pela ação combinada do vento e da diferença de temperaturas.
Para movimentação de ar a partir da ação do vento devem-se projetar as aberturas de
entrada do vento voltadas para o lado dos ventos predominantes (zona de pressão positiva).
As saídas de ar devem ser colocadas em regiões de baixa pressão exterior (MACINTYRE,
1990), como por exemplo:
- Nas paredes laterais à fachada, que receba ação dos ventos predominantes;
- Na parede oposta àquela que recebe a ação dos ventos predominantes.
17

As saídas podem consistir em lanternins ventiladas, colocados em locais dos telhados


e coberturas onde a pressão é mais baixa, e consequentemente a velocidade do vento é maior.

Figura 1: Casos típicos de ventilação natural em galpões

Fonte: Macintyre,1990

Figura 2: Fatores influenciadores no fluxo de ar em uma edificação (a) Somente vento; (b)
Somente diferença de temperatura; (c) Vento e diferença de temperatura juntos

Fonte: pcc261.pcc.usp.br, acesso em 28/02/2012


18

As condições do vento não são sempre as mesmas, variando em intensidade e direção


ao longo do ano e mesmo durante as 24 horas diárias. Por isso, a ventilação natural pela ação
do vento não oferece garantias de uniformidade, o que não invalida sua aplicação em muitos
casos, desde que o ar interno não contenha poluentes. Conhecendo-se a velocidade média
sazonal dos ventos locais e adotando-se 50% de seu valor como base para cálculo, pode-se
determinar a vazão Qv de ar que entra em um recinto através de aberturas de área total A
quando a velocidade do vento for igual a v. Para o cálculo de Qv, Macintyre usa a Equação 1 a
seguir:

Qv = ϕ . A.v (1)

Qv é dado em cfm;
Área é dada em pé²;
A velocidade do vento é dada em pés/min.
O fator ϕ é adimensional e considerado entre 0,5 e 0,6 se os ventos forem
perpendiculares às aberturas e 0,25 e 0,35 se os ventos forem diagonais às aberturas.
Na Figura 3 segue uma exemplificação da movimentação de ar simples ação do vento.

Figura 3: Ação do vento na ventilação de edificações

Fonte: Macintyre,1990

Se for considerada apenas a diferença de temperaturas para a movimentação do ar, a


menor densidade do ar quente faz com que o mesmo se eleve e tenda a escapar por aberturas
colocadas nas partes elevadas, em lanternins etc, conforme Figura 4. Esse escoamento se
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realiza pelo chamado efeito de chaminé e proporciona uma vazão dada por
(MACINTYRE,1990):

Qt = 9,4. A. H 1 .(θ i − θ e ) (2)

Onde:
Qt - Vazão de ar devido à diferença de temperatura (cfm);
A - Área livre das saídas de ar (pé²);
H 1 - Diferença de altura entre as aberturas de entrada e de saída (pé);
9,4 – Constante de proporcionalidade, incluindo o valor correspondente a 65% para
levar em conta a efetividade das aberturas. Deve-se reduzir este valor para 50% (a constante
passa a ser 7,2) se as condições de escoamento entre a entrada e a saída não forem favoráveis.

Figura 4: Movimentação do ar pelo efeito chaminé

Fonte: arkideias.com, acesso em 28/02/2012

A Equação 1 trata de uma movimentação onde as áreas de entrada e saída de ar são


iguais, e desta forma, onde acontece o maior eficiência do sistema. Se houver uma diferença
entre as áreas de entrada e saída de ar, é necessário corrigir o calculo considerando o gráfico
da Figura 5. Faz-se o cálculo, considerando-se a menor das áreas de passagem do ar, e
acrescenta-se um aumento de vazão.
20

Figura 5: Correção para o caso de entradas/saídas

Fonte: Macintyre, 1990

No caso da movimentação de ar pelo efeito combinado da ação do vento e pelo efeito


chaminé, calculam-se as vazões devidas à ação do vento e devidas à diferença de
temperaturas. Somam-se as duas vazões e obtém-se QT , acha-se a relação entre Qt (vazão

produzida pela diferença de temperatura) e a soma QT . Verificando-se no gráfico da Figura 6


com esse valor da relação, acha-se o fator pelo qual se deve multiplicar a vazão devida ao
efeito de temperatura para se obter a vazão real dos dois efeitos combinados.

Figura 6: Correção dos efeitos combinados do vento e da diferença de temperatura

Fonte: Macintyre, 1990


21

É importante ressaltar que qualquer situação de ventilação natural deve ser


considerada já na concepção arquitetônica, baseando-se em alguns fatores e exigências de
projeto tais como diferença entre pressões existentes no interior e no exterior do prédio,
resistência oferecida à passagem do ar pelas aberturas, superfície iluminante natural do
ambiente, área de ventilação natural e diferença de elevação entre altura média das tomadas e
das saídas de ar.
Na Figura 7 a seguir, uma exemplificação do movimento do ar pelo efeito combinado.

Figura 7: Ação do vento e da diferença de temperatura em uma edificação

Fonte: Bortolaia, 2012

Quando não for possível adotar o sistema de ventilação natural, seja pelas
características das atividades, presença de poluentes, exigência de que o ambiente seja
fechado, seja por imposição arquitetônica que não aceite lanternins e outras aberturas, deve-se
adotar a ventilação mecânica.

1.2.2 Ventilação geral

Um sistema de ventilação geral combina a ventilação natural e a exaustão mecânica,


proporcionando uma troca de ar constante, um fluxo laminar suave, um ambiente limpo e uma
queda de temperatura considerável. É um dos métodos disponíveis para controle de um
ambiente ocupacional. Que consiste em movimentar o ar num ambiente através de
ventiladores, também chamada ventilação mecânica.
Um ventilador pode insuflar ar num ambiente, tomando ar externo, ou exaurir ar desse
mesmo ambiente para o exterior. Quando um ventilador funciona no sentido de exaurir ar de
um ambiente e comumente chamado de exaustor. Num ambiente, a pressão atmosférica
22

comum, a insuflação e a exaustão provocam uma pequena variação da pressão (considerada


desprezível). Dessa forma, a insuflação é chamada de pressão positiva e a exaustão de pressão
negativa.
A ventilação geral pode ser fornecida pelos seguintes métodos (MACINTYRE,1990):
a) Insuflação mecânica e exaustão natural;
b) Insuflação natural e exaustão mecânica;
c) Insuflação e exaustão mecânica.

A Figura 8 ilustra as três possibilidades de ventilação geral.

Figura 8: Tipos de ventilação Geral diluidora: (a) Insuflamento; (b) Exaustão; (c) Misto

Fonte: Bortolaia, 2012

A insuflação mecânica consiste em um sistema onde ventiladores enviam ar exterior


para o interior do ambiente ocasionando um diferencial de pressão (pressão no interior torna-
se maior do que externamente). Este diferencial de pressão força o ar a sair pelas aberturas
existentes no ambiente conforme Figura 9, permitindo um bom controle da incidência de
poluentes e um melhor controle da pureza do ar insuflado do que no caso da ventilação
natural.
23

Nas aberturas para tomada de ar exterior deve-se garantir a impossibilidade de


penetração de corpos estranhos e animais, por meio de telas, e de água de chuva, construindo
platibandas, marquises etc. Prevê-se, quando necessário, a instalação de filtros adequados para
a tomada de ar exterior, escolhidos em função das condições estabelecidas para o ambiente.

Figura 9: Insuflação mecânica e exaustão natural

Fonte: Macintyre, 1990

Na insuflação natural e exaustão mecânica, um ou mais exaustores removem o ar do


recinto para o exterior mecanicamente, consequentemente, a pressão no interior torna-se mais
baixa que a exterior devido a essa exaustão e estabelece-se um fluxo de ar do exterior para o
interior. Isto evita que o ar contaminado do ambiente em questão passe para recintos vizinhos,
mas permite que, eventualmente, ocorra o contrário.
Embora em geral tenha menor custo que a insuflação mecânica, esse sistema não
permite um controle adequado da qualidade do ar que penetra no recinto, salvo se forem
utilizados filtros nas entradas de ar, sendo necessário também garantir a impossibilidade de
penetração de corpos estranhos, insetos e água de chuva.
No caso de o ventilador exaustor ser do tipo axial, deverá ser localizado na parede
oposta à de admissão de ar e em nível o mais alto possível em relação ao piso, conforme
Figura 10. Quando não for possível a utilização da parede oposta à da admissão do ar, deve-se
considerar a utilização de redes de dutos.
24

Figura 10: Insuflação natural e exaustão mecânica

Fonte: Macintyre, 1990

No sistema misto, há ventiladores que insuflam o ar e ventiladores que removem o ar


do recinto, conforme Figura 11, colocados diretamente, ou atuando através de sistemas de
dutos. Consegue-se assim, um maior controle da ventilação tanto em relação à qualidade do ar
que entra, quanto à distribuição do mesmo no ambiente. Trata-se, portanto, de uma
combinação de ventilação por insuflamento e por exaustão.

Figura 11: Esquema de sistema misto de ventilação Geral diluidora

Fonte: Macintyre, 1990


25

Tratando-se de um sistema mais dispendioso que os anteriores, o sistema misto,


evidentemente, só deve ser adotado quando a ventilação não puder ser resolvida
satisfatoriamente por um deles isoladamente.
Pode-se, escolhendo adequadamente os ventiladores, conseguir que a pressão no
recinto seja maior, igual ou menor que a reinante no exterior. A instalação de insuflação e
exaustão mecânicas em sua forma mais completa pode permitir a captação do ar em local não-
poluído, realizar a filtragem do mesmo, caso necessário, e realizar o insuflamento em "bocais"
dispostas convenientemente ao longo de um ou mais dutos.

1.2.3 Ventilação local exaustora

A ventilação local exaustora tem como objetivo principal captar os poluentes de uma
fonte (gases, vapores ou poeiras tóxicas) antes que os mesmos se dispersem no ar do ambiente
de trabalho.
A ventilação de operações, processos e equipamentos, dos quais emanam poluentes
para o ambiente, é uma importante medida de controle de riscos. De forma indireta, a
ventilação local exaustora também influi no bem-estar, na eficiência e na segurança do
trabalhador, por exemplo, retirando do ambiente uma parcela do calor liberado por fontes
quentes que eventualmente existam. Também no que se refere ao controle da poluição do ar
da comunidade, a ventilação local exaustora tem papel importante. A fim de que os poluentes
emitidos por uma fonte possam ser tratados em um equipamento de controle de poluentes
(filtros, lavadores, etc.), eles têm de ser captados e conduzidos a esses equipamentos, e isso,
em grande número de casos, é realizado por esse sistema de ventilação. Desta forma parece
que a ventilação local é mais eficiente, na prática porém, nem sempre é possível aplicá-la.
Um sistema de ventilação local exaustora deve ser projetado dentro dos princípios de
engenharia, de maneira a se obter maior eficiência com menor custo possível. Por outro lado,
na maioria dos casos, o objetivo desse sistema é a proteção da saúde do homem. Assim, este
fator deve ser considerado em primeiro lugar, e todos os demais devem estar condicionados a
ele. Muitas vezes, a instalação de um sistema de ventilação local exaustora, embora bem
dimensionada, pode apresentar falhas que a torne inoperante, pela não observância de regras
básicas na captação de poluentes na fonte.
Um esquema comum de instalação de um sistema de ventilação local exaustora pode
ser visualizado na Figura 12.
26

Figura 12: Esquema de ventilação Local exaustora

Fonte: Bortolaia, 2012

1.3 CONFORTO TÉRMICO

1.3.1 Definições

O conforto térmico pode ser visto e analisado do ponto de vista pessoal e do ponto de
vista ambiental (LAMBERTS, 2002). No primeiro caso, a análise é feita sob a ótica do
indivíduo, inserido num ambiente qualquer, verificando-se se ele está confortável com relação
à sua sensação térmica. Com relação ao ambiente, os estudos de conforto indicam o estado
térmico necessário, com relação às suas variáveis físicas, para que um maior número de
pessoas possa estar confortável com relação ao calor gerado pelo recinto.
O conforto térmico pode ser considerado como uma condição da mente que expressa
satisfação com o ambiente térmico. Este conforto térmico é obtido através de trocas térmicas
que dependem de vários fatores, ambientais ou humanos, governados por processos físicos,
como convecção, radiação e, eventualmente, condução.
O estudo do Conforto Térmico tem como objetivo diagnosticar e analisar as condições
de um ambiente, de modo que se possam obter as condições térmicas adequadas à ocupação
humana e às atividades desempenhadas. A importância do estudo do conforto térmico está
baseada em três aspectos:
a) A satisfação do homem ou seu bem estar;
27

b) O desempenho humano;
c) A conservação da energia;
Como o conforto térmico envolve variáveis físicas ou ambientais e também variáveis
subjetivas ou pessoais, não é possível que um grupo de pessoas sujeitas ao mesmo ambiente,
ao mesmo tempo, esteja totalmente satisfeito com as condições térmicas do mesmo, devido às
características individuais de cada um.

1.3.2 Movimento do ar e efeitos sobre o conforto térmico

O movimento do ar tem por efeito:


a) acelerar a perda de calor por convecção;
b) auxiliar o corpo a dissipar o calor fornecido por condução na camada de ar
superficial da pele;
c) auxiliar a perda de calor por transpiração, permitindo ao homem suportar
temperaturas até certo ponto elevadas.
O corpo humano possibilita uma permanente eliminação do excesso de calor formado,
o que ocorre através da pele, e esta eliminação faz-se à medida e tão rapidamente quanto o
calor vai sendo produzido. É necessário que isto aconteça para que a temperatura do corpo
não se eleve a ponto de ameaçar o organismo. Quando a temperatura em um ambiente local é
baixa, a taxa de perda de calor do corpo é maior do que se a temperatura ambiente for
elevada.
Conhecidamente o movimento do ar alivia a sensação de calor, uma vez que o mesmo
abaixa a temperatura da pele. O ar em movimento favorece a transferência através da pele, de
modo a eliminar o calor produzido pelo corpo ou adquirido pelo mesmo em consequência do
calor reinante no ambiente. Para que, em um clima tropical, seja possível trabalhar em
condições ambientais necessárias primordialmente à saúde e secundariamente à
produtividade, deve-se procurar atender a condições adequadas de ventilação.
Deste modo, fica claro que o problema da ventilação industrial não se relaciona apenas
com a remoção de substâncias nocivas ao organismo, as quais possam encontrar-se no ar. É
preciso atentar para o fato de que condições ambientais adversas de calor, traduzidas por uma
temperatura e grau de umidade elevados ou uma baixa umidade do ar e baixa temperatura,
podem, em prazo maior ou menor, minar e abalar a resistência do organismo, favorecendo o
estabelecimento de uma série de doenças.
28

Com a incidência de correntes de ar sobre a pele, a perda de calor por evaporação


aumenta. Desde que o ar do ambiente não esteja excessivamente úmida, e, evidentemente, não
esteja saturado, um movimento de ar, com certa velocidade, conseguirá evaporar o suor sobre
a pele mais rapidamente do que o mesmo está sendo produzido, conduzindo a uma sensação
de certo bem-estar.
O movimento do ar é necessário não somente para remover o calor por evaporação,
mas também para controlar a intensidade da transpiração. Uma transpiração excessiva debilita
o organismo humano, principalmente devido à perda de sais minerais. Até mesmo em
temperaturas moderadas é conveniente provocar-se um certo movimento de ar para acelerar a
perda de calor do corpo por convecção, de modo a reduzir a transpiração.
O gráfico da Figura 13 mostra a zona de bem-estar considerando a temperatura do ar
local e sua velocidade. Este gráfico não considera porém a umidade relativa do ar no recinto.

Figura 13: Zonas de bem estar para temperatura e velocidade do ar

Fonte: Macintyre, 1990

A umidade relativa convencionalmente é denotada em porcentagem. Em outras


palavras pode se dizer que umidade relativa do ar é a relação entre a quantidade de água
existente no ar (umidade absoluta) e a quantidade máxima que poderia haver na mesma
temperatura (ponto de saturação).
Se o ar se encontrar com elevada umidade, mesmo que se aplique ventilação com
velocidade considerável, não será possível conseguir a evaporação nas condições necessárias.
29

O conforto ambiental só se tomará possível com a remoção da umidade do ar, e esta remoção
constitui um dos objetivos básicos das instalações de ar condicionado, embora em certos
casos de ventilação industrial também se aplique. Para uma umidade relativa do ar moderada,
pode-se ter uma idéia do bem-estar proporcionado pelo ar em movimento comparando e
exprimindo seu efeito em função da diminuição da temperatura do ar (medida com o
termõmetro de bulbo seco) que produziria o mesmo efeito refrescante caso este estivesse
calmo.
Assim, se o ar ambiente se deslocar, por exemplo, a uma velocidade de 2,2 m/s em
contato com a pele, produzirá o mesmo efeito que o ar "parado" com uma temperatura de 5 °C
mais baixa que a do ambiente. Segundo a ABNT NBR 6401 NB 10, para ambientes "normais"
a velocidade do ar em determinadas zonas nos recintos deve estar compreendida entre 1,5 e
15 m/minuto.

1.4 FATORES QUE PROPICIAM TRANSFERÊNCIA E LIBERAÇÃO DE CALOR


PARA O INTERIOR DE UMA EDIFICAÇÃO

Para um cálculo rigoroso de um sistema de ventilação visando conforto térmico, deve-


se conhecer a carga térmica do ambiente em questão. Denomina-se carga térmica ao calor
(sensível ou latente) a ser fornecido ou extraído do ar, por unidade de tempo, para manter no
recinto as condições desejadas.
A carga térmica, normalmente, varia com o tempo, pois os fatores que nela influem:
temperatura externa, insolação e número de pessoas variam ao longo do dia.
O ganho de calor que é transmitido para o ambiente é devido aos seguintes fatores
(MACINTYRE, 1990):
• Radiação solar através de superfícies transparentes tais como vidros das
janelas;
• Condução de calor através das paredes externas e telhados;
• Condução de calor através das paredes internas, divisórias, tetos e pisos;
• Calor gerado dentro do ambiente pelos ocupantes, luzes, equipamentos,
desenvolvimento de processos ou qualquer outra fonte geradora de calor;
• Calor proveniente da ventilação (ar exterior) e infiltração de ar exterior;
• Calor gerado por outras fontes.
30

Na Figura 14, uma imagem simplificada dos fatores que propiciam o aumento da
carga térmica em um ambiente.

Figura 14: Fatores que propiciam o aumento da carga térmica em uma edificação

Fonte: Stoecker, 1985

1.4.1 Insolação sobre os vidros, paredes externas e coberturas

O sol incidindo sobre uma edificação representa sempre certo ganho de calor
(energia), que será função da intensidade da radiação incidente e das características térmicas
das superfícies externas desta edificação.
A insolação varia conforme os seguintes fatores:
• Tipo da superfície;
• Constituição do material da superfície;
• Área útil;
• Orientação solar;
• Sombreamento existente;
• Estação do ano.

De acordo com Frota; Schiffer (2000), os elementos da edificação, quando expostos


aos raios solares, diretos ou difusos, ambos com radiação de alta temperatura, podem ser
classificados em opacos e transparentes ou translúcidos. Nos materiais dos fechamentos
31

opacos, a radiação incidente terá parte absorvida e outra parte refletida. Nesses casos, os
valores dependerão da refletividade e da absortividade de cada material utilizado. Os
materiais de construção possuem uma capacidade de absorção em função de sua cor, por isso,
alguns materiais absorvem mais a radiação solar que outros.
A energia radiante absorvida se transforma em energia térmica ou calor; a refletida
não sofre modificação alguma. Desta forma, a radiação solar é incluída no cálculo do fluxo de
calor através de uma temperatura equivalente ou, como é comumente chamada, temperatura
sol-ar. Verificamos através da Equação 3, dada pelas regras da transferência de calor para o
cálculo de cargas térmicas, conforme LAMBERTS et all (1997).

φ = U . A.(TSOL− AR − θ i ) (3)

Onde:
A : Área de exposição, m²

No Quadro 1 a seguir, pode-se observar a absortividade dos materiais em função da


cor.
Quadro1: Absortividade das cores e materiais
Tipo de Superficie α
Chapa de alumínio (nova e brilhante) 0,005
Chapa de alumínio (oxidada) 0,15
Chapa de aço galvanizada (nova e brilhante) 0,25
Caiação nova 0,12/0,15
Concreto aparente 0,65/0,80
Telha de barro 0,75/0,80
Tijolo aparente 0,65/0,80
Reboco claro 0,30/0,50
Revestimento asfáltico 0,85/0,98
Vidro comum de janela Transparente
Pintura: - branca 0,20
- amarela 0,30
- verde claro 0,40
- "aluminio" 0,40
- verde escuro 0,70
- vermelha 0,74
- preta 0,97
Fonte: Projeto de Norma da ABNT 02:135.07-002 (1998)
32

A temperatura sol-ar (Tsol-ar) representa o efeito combinado da radiação solar


incidente no fechamento e dos intercâmbios de energia por radiação e convecção entre a
superfície e o meio envolvente; nestes processos intervêm o coeficiente de absorção (α) e a
emissividade (ε) do material.
Para planos horizontais (coberturas), esta carga térmica fica dada pela Equação 4.

φ = U . A.(θ e + α .RS .RSE − 4 − θ i ) (4)

Os valores médios da resistência superficial externa são dados pelo Quadro 2.

Quadro 2: Valores médios da resistência superficial interna e externa

Fonte: Projeto 02:135.07-001/2 da Associação Brasileira de Normas técnicas


Para planos verticais (paredes), a Equação 5 descreve o fluxo de calor.

φ = U . A.(θ e + α .RS .RSE − θ i ) (5)

A radiação solar incidente, segundo FROTA & SCHIFFER (1995) é dada pelo Quadro
3. Estes dados podem ser obtidos no programa Radiasol (www.solar.ufrgs.br)

Quadro 3: Radiação solar incidente em planos verticais e horizontais para o dia 22 de


dezembro na latitude 30° Sul
Radiação Solar (W/m²)
Orientação
6h 7h 8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h
Sul 142 188 143 78 63 68 65 68 63 78 143 188 142
Sudeste 330 563 586 502 345 116 62 688 63 58 50 43 25
Leste 340 633 715 667 517 309 65 68 63 58 50 43 25
Nordeste 165 357 456 475 422 311 146 68 63 58 50 43 25
Norte 25 43 50 58 117 170 179 170 117 58 50 43 25
Noroeste 25 43 50 58 63 68 146 311 422 475 456 357 165
Oeste 25 43 50 58 63 68 65 309 517 667 715 633 340
Sudoeste 25 43 50 58 63 68 65 116 345 502 586 563 330
Horizontal 114 345 588 804 985 1099 1134 1099 985 804 588 345 114
Fonte: Frota & Schiffer,1995
33

Para as superfícies transparentes, inclui-se um fator denominado fator solar. Este fator
representa a razão entre a quantidade de radiação solar que atravessa e a que incide uma
superfície.
O Quadro 4 apresenta o fator solar para alguns tipos de superfícies transparentes.

Deste modo, a Equação do fluxo de calor é dado pela Equação 6.

φ = A.(U (Text − Tint ) + FS .RS ) (6)

Quadro 4: Fator solar para alguns tipos de superfícies transparentes


Supefícies transparentes Fs
Vidros Transparente (simples) 3 mm 0,87
Transparente (simples) 6 mm 0,83
Transparente (duplo) 3 mm 0,75
Cinza (fumê) 3 mm 0,72
Cinza (fumê) 6 mm 0,6
Verde 3 mm 0,72
Verde 6 mm 0,6
Refletivo 3 mm 0,26-0,37
Películas Reflexiva 0,25-0,50
Absorvente 0,40-0,50
Acrílico Claro 0,85
Cinza ou bronze 0,64
Reflexivo 0,18
Policarbonato Claro 0,85
Cinza ou Bronze 0,64
Domos Claro 0,7
Translúcido 0,4
Tijolo de vidro 0,56
Fonte: Lamberts et all, 1997

1.4.2 Calor sensível devido à condução pelas paredes, pisos, tetos e vidros

Esta carga térmica de calor sensível devido à penetração do calor pode ser calculada
pela Equação 7:

C p = U . A.(θ e − θ i ) (7)
34

Onde:
A = área das paredes, piso ou teto (m²);
θ e − θ i = Diferença de temperatura externa – interna

1.4.3 Calores sensível e latente decorrentes da infiltração do ar exterior pelas portas e


janelas

O movimento do ar exterior ao recinto possibilita a sua penetração através das frestas


nas portas, janelas ou outras aberturas. Tal penetração adiciona carga térmica sensível ou
latente. Embora essa carga não possa ser calculada com precisão, há dois métodos que
permitem a sua estimativa: o método da troca de ar e o método das frestas.
No método da troca de ar se supõe a troca de ar por hora dos recintos, de acordo com o
número de janelas. Trocar o ar significa renovar todo o ar contido no ambiente por hora.
Geralmente no condicionamento de ar procura-se manter positiva a pressão dentro do
recinto. Para a pressão ser positiva na sala faz-se a vazão de ar externo, VE igual a maior das
duas parcelas:
- ar exterior para renovação;
- infiltrações pelas frestas, portas e exaustão se houver.
Neste caso, quando no recinto a pressão do ar é superior à exterior, não há penetração
do ar de fora e essa parcela pode ser desprezada.

1.4.4 Calor sensível correspondente à carga de energia elétrica dissipada no recinto nos
aparelhos de iluminação e acessórios

A carga térmica gerada por aparelhos de iluminação é uma função da potência


dissipada pelas lâmpadas e pelos reatores (quando se tratar de iluminação fluorescente). Pode-
se calcular a potência dissipada (w/m²) por unidade de área de piso do recinto, em função do
índice de iluminação que deverá ser previsto para o mesmo e a natureza do trabalho a ser
executado, cujo grau de precisão influencia o nível de iluminação exigido (MACINTYRE,
1990). Entretanto é comum e simplificado obter o cálculo da energia dissipada pelas
lâmpadas, adotando os valores do Quadro 5.
35

Quadro 5: Aquecimento devido a lâmpadas acesas


Tipo Calor emitido (Kcal/h)
Incandescente Potência total em Watts x 0,875
Fluorescente Potência total em Watts x 0,875 x 1,26
Fonte: Macintyre, 1990

Deve-se levar em conta, no cálculo da carga térmica, que nem sempre todas as
lâmpadas estão ligadas na hora que se tomou por base para o cálculo; geralmente na hora em
que a carga térmica de insolação é máxima, muitas lâmpadas podem estar desligadas.

1.4.5 Calor sensível devido a motores elétricos

Os motores elétricos, quer estejam dentro do recinto, em qualquer ponto do fluxo de ar


ou mesmo nos ventiladores, adicionam carga térmica sensível ao sistema devido às perdas nos
enrolamentos. É preciso levar em conta se o motor está sempre em funcionamento ou se a sua
utilização é apenas esporádica.
Este calor produzido pelos motores pode ser calculado conforme Equação 8
(ftp.demec.ufpr.br, acesso em 30/11/2012).

P 
QS =  − P .733 (8)
η 

Quando há motores de diversas potências funcionando no recinto, pode-se calcular o


calor dissipado multiplicando a potência total expressa em HP por 2800 para se obter o calor
em Btu/h (MACINTYRE, 1990). Para um cálculo mais preciso, deve-se adotar os dados
contidos no Quadro 6.

1.4.6 Calor liberado por uma pessoa

Todo ser humano emite calor latente e calor sensível, que variam conforme esteja o
indivíduo em repouso ou em atividade, Macyntire (1990), dá os valores do calor liberado pela
pessoas em função da temperatura e da atividade, conforme Quadro 7.
A quantidade de calor a extrair do recinto corresponde à que foi proporcionada pelo
calor sensível liberado.
36

Quadro 6: Carga térmica devido a motores elétricos em operação contínua


Localização do equipamento com relação ao ambiente
Potência (hp) Rendimento do Motor e Motor fora e Motor dentro e
motor a plena máquina dentro máquina máquina fora hp
carga ɳ (%) (hp x 254500)/ɳ dentro hp x x 25454(100%ɳ)/ɳ
2545
Btu/h (1 Btu/h = 0,252 Kcal/h)
0,05 40 320 130 190
0,08 49 430 210 220
0,12 55 580 320 260
0,16 60 710 430 280
0,25 64 1000 640 360
0,33 66 1290 850 440
0,5 70 1820 1280 540
0,75 72 2680 1930 750
1 79 3220 2540 680
1,5 80 4770 3820 950
2 80 6380 5100 1280
3 81 9450 7650 1800
5 82 15600 12800 2800
7,5 85 22500 19100 3400
10 85 30000 25500 4500
15 86 44504 38200 6300
20 87 58500 51000 7500
25 88 72400 63600 8800
30 89 85800 76400 9400
40 89 115000 102000 13000
50 89 143000 127000 16000
60 89 172000 153000 19000
75 90 212000 191000 21000
100 90 284000 255000 29000
125 90 354000 318000 36000
150 91 420000 382000 38000
200 91 560000 510000 50000
250 91 700000 636000 64000

Fonte: Macintyre, 1990


37

Quadro 7: Calor liberado por uma pessoa em Kcal/h


Temperatura de bulbo seco (°C)

Metabolismo médio 28° 27° 26° 24° 21°


Local S + L (Kcal/h) S L S L S L S L S L
Escritório 113 45 68 50 63 54 59 61 52 71 42
Restaurantes 139 48 91 55 84 61 78 71 68 81 58
Fábrica (Trabalho leve)
189 48 141 55 134 62 127 74 115 92 97

Fábrica (Trabalho
pesado) 252 68 184 76 176 83 169 96 156 116 136

Auditórios 113 45 68 50 63 54 59 61 52 71 42
S = calor sensível L = calor latente (Kcal/h)
Fonte: Macintyre, 1990
38

2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO DE CASO PARA O PAVILHÃO DE


MONTAGEM DE GERADORES

2.1 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

O pavilhão utilizado para montagem de geradores na empresa Hidronergia Engenharia


e Automação Ltda foi projetado e construído no ano de 2009, junto às instalações já existentes
da empresa, no Distrito Industrial de Ijuí, por uma construtora terceirizada, já visando, na
época da construção, uma ampliação lateral e nos fundos, multiplicando por quatro a área útil
coberta que atualmente é de 828 m² (18 m x 46 m).
O terreno é localizado em um dos pontos mais altos da cidade de Ijuí, em nível, e sem
obstáculos relevantes à volta.
Desde a sua concepção inicial, a ideia foi realizar a montagem dos geradores neste
recinto, com a instalação de duas pontes rolantes com capacidade de 25 toneladas/cada e
demais equipamentos e dispositivos que foram se tornando necessários no decorrer dos
trabalhos.
Na Figura 15, uma imagem do leiaute previsto para este pavilhão.

Figura 15: Leiaute previsto para o pavilhão para montagem de geradores


39

Com um pé direito de 12 metros, o principal detalhe construtivo observado neste


pavilhão é a falta de aberturas no ambiente. Este pavilhão dispõe apenas de uma porta de
acesso voltada para o norte com 5,5 mx 5 m, totalizando uma área de 27,5 m², sem mais
aberturas inferiores, superiores ou nas laterais, conforme pode verificar pela imagem da
Figura 16.

Figura 16: Foto do pavilhão de montagem de geradores

Ainda, conforme a Figura 16, verifica-se os fechamentos laterais construídos


parcialmente de telhas aluzinc e o restante em blocos de concreto pré moldados.
O telhado também foi construído com telhas aluzinc, em formato meia água, porém
com intervalos de telhas transparentes para aproveitamento da iluminação natural. Estas telhas
transparentes de 1,2 metros de largura, estão posicionadas em intervalos de 6 metros em 6
metros.

2.2 CARGA TÉRMICA E TROCAS DE AR

Como já visto no capitulo anterior, há vários fatores que geram calor dentro de um
ambiente e a somatória de todas as formas de calor presentes num ambiente denomina-se por
carga térmica. Para o cálculo da carga térmica considera-se as parcelas de ganhos e perdas por
trocas térmicas nas diversas superfícies, como a cobertura do prédio, paredes externas e
internas, áreas dos vidros das janelas, o piso e as portas, além do calor trocado pela variação
do ar interno. Adicionam-se, também, as parcelas de contribuição emitidas pelas pessoas,
lâmpadas e equipamentos.
40

Para o pavilhão em estudo, utilizado para montagem de geradores, o cálculo da carga


térmica é realizado com as seguintes considerações:
1) A maior carga térmica se dará no horário de maior incidência de radiação sobre
o pavilhão;
2) As lâmpadas não são acesas em dias com incidência de sol, pois a iluminação
natural se torna suficiente em virtude das telhas translucidas;
3) Considera-se dez pessoas em trabalho de montagem no ambiente;
4) São considerados os quatro motores elétricos de uma das ponte rolantes em
atividade, 2 motores de dispositivos de montagem (prensagem de polos e enrolamento de fios
de cobre); e uma potência estimada para a linha de estampo.
5) Na inexistência de janelas no ambiente, desconsidera-se a carga térmica por
infiltrações de ar;

2.2.1 Carga térmica devido à insolação

Para o cálculo da carga térmica devido à insolação nas superfícies laterais e superiores,
divide-se as áreas do pavilhão sujeitas à radiação conforme material e orientação, baseando-se
no projeto arquitetônico, conforme Figura 17. Os dados são posteriormente compilados no
Quadro 8.

Figura 17: Projeto arquitetônico do pavilhão para montagem de geradores


41

Quadro 8: Superfícies do pavilhão de montagem de geradores sujeitas à radiação

Superfície Orientação Área sujeita a radiação


Telha Aluzinc Norte 446,7 m²
Telha Aluzinc Sul 408,9 m²
Telha Aluzinc Leste 185,4 m²
Telha Aluzinc Oeste 185,4 m²
Telha Aluzinc Forro 655,2 m²
Telha translucida Forro 172,8 m²
Bloco pré moldado Norte 87,5 m²
Bloco pré moldado Sul 101,2 m²
Bloco pré moldado Leste 39,6 m²
Bloco pré moldado Oeste 39,6 m²

Para o cálculo da carga térmica devida a insolação, utiliza-se as equações 4; 5 e 6 e


consideraremos valores da radiação média obtida através do quadro 3. Através do cálculo da
média obtem-se os valores de radiação expostos no Quadro 9.
Outras considerações particulares importantes utilizadas para os cálculos são:
• Temperatura externa de 35°C e temperatura interna de 28°C;
• Bloco pré moldado considerado como reboco claro;
• Coeficiente global de transmissão de calor e absortância das telhas aluzinc
visualizados no Quadro 10;
• Coeficiente global de transmissão de calor das telhas translucidas considerado
4,7 W/m².k e absortância visualizada também no Quadro 10.

Quadro 9: Valores de radiação média para planos verticais e horizontais

Orientação Radiação solar média (W/m²)


Sul 110
Leste 273
Norte 85
Oeste 735
Horizontal 692

Com os valores da radiação média, calcula-se as cargas de insolação para cada uma
das superfícies do pavilhão em questão, obtendo-se o Quadro 12.
42

Quadro 10: Propriedades térmicas de telhas aluzinc

U Ct ϕ
Superfície Local Absortância Emissividade (W/m².k) (KJ/m².k) (horas)
Telha
aluzinc na cobertura 0,25 0,25 476 - -
cor natural
Alvenaria à
mureta 0,65/0,80 0,85/0,95 2,6 63,3 2,83
vista
Telha
aluzinc Fechamento
0,7 0,9 5,88 - -
trapezoidal lateral
azul
Fonte: Van Hass, 2005

Quadro 11: Valores do fator solar para telhas translucidas

Superfície Local FCS


Fechamento
Telha
lateral pavilhão 2
translúcida de 0,4
e cobertura
fibra de vidro
pavilhão 1 e 2
Vidro comum pavilhão 1 0,87
Fonte: Lamberts, 1997

Quadro 12: Cargas térmicas de insolação em cada uma das superfícies do pavilhão

Superfície/orientação Carga térmica (W)


Telha Aluzinc/Forro 86205
Telha Translucida/Forro 53516
Telha Aluzinc/Norte 24637
Telha Aluzinc/Sul 24236
Telha Aluzinc/Oeste 30066
Telha Aluzinc/Leste 15964
Bloco Pré moldado/Norte 1825
Bloco Pré moldado/Leste 1058
Bloco Pré moldado/Oeste 1629
Bloco Pré moldado/Sul 2189

A soma destas cargas térmicas é de 217089 W.


43

2.2.2 Carga térmica devido à condução

Para o cálculo da carga térmica por condução utiliza-se a Equação 7, juntamente com
as mesmas considerações e dados para temperatura externa, temperatura interna, áreas das
superfícies e coeficiente de transmissão global de calor.
Assim, obtém o Quadro 13, conforme a seguir:

Quadro 13: Cargas térmicas resultantes da condução de calor em cada uma das superfícies do
pavilhão.

Superfície/orientação Carga térmica (W)


Telha Aluzinc/Forro 26968
Telha Translucida/Forro 5685
Telha Aluzinc/Norte 18386
Telha Aluzinc/Sul 16830
Telha Aluzinc/Oeste 7631
Telha Aluzinc/Leste 7631
Bloco Pré moldado/Norte 1592
Bloco Pré moldado/Leste 720
Bloco Pré moldado/Oeste 720
Bloco Pré moldado/Sul 1841

A soma destas cargas térmicas ocasionada por condução é de 86163 W.

2.2.3 Carga térmica devido às pessoas

Para este cálculo, utiliza-se por base o Quadro 7, considerando a temperatura de bulbo
seco sendo de 28°C, em um trabalho pesado de fábrica.
A soma do calor sensível e do calor latente é de 252 Kcal/h - como são consideradas
seis pessoas neste trabalho, teremos uma carga térmica de 1758 Watts.

2.2.4 Carga térmica devido aos motores elétricos

Os motores principais que encontram-se no pavilhão de montagem de geradores são os


seguintes:
44

• Motor de elevação das pontes rolantes de 25 toneladas :

Motofreio 25 cv 4P 380/660...............01 Un/ponte

• Translação dos carros guincho das pontes rolantes de 25 toneladas:

Motoredutor SEW FA57/G DZ80K4/BMG

Potência 1,5 CV .........01 Un/ponte

• Translação das pontes rolantes de 25 toneladas:

Motoredutor SEW FA67/G DZ90S4/BMG

Potência 2,0 CV .......... 02 Un/ponte

• Motores de dispositivos de montagem:

Motor elétrico 0,5 CV ........... 02 Un.

• Potência instalada na linha de estampo: 50 hp (esta informação é estimada,


visto que a linha de estampo não está com seu projeto concluído).

Considerando que todos os motores trabalham a plena carga, porém uma das pontes
rolantes fica osciosa, é possível retirar os dados do quadro 6, obtendo um valor da carga
térmica ocasionada pelos motores de 82000 watts.
Na Figura 18 uma imagem das duas pontes rolantes instaladas no pavilhão.

2.3 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE VENTILAÇÃO ATUAIS

A situação da ventilação no pavilhão utilizado para montagem de geradores é


evidentemente ineficaz, inicialmente identificada pela falta de aberturas no ambiente (ver
Figura 16 e Figura 18). Há uma única entrada de ar identificada na edificação e não existem
saídas de ar devidamente projetadas. Isto gera um acúmulo considerável de pequenas
partículas de poeira e principalmente aquecimento, transformando o ambiente em uma espécie
de estufa, sem deslocamento de ar em seu interior.
45

Figura 18: Pontes rolantes de 25 toneladas instaladas no pavilhão de montagem de geradores


da empresa Hidroenergia Engenharia e Automação Ltda

A Associação Brasileira de Normas Técnicas propõe um número mínimo de trocas de


ar para ambientes, conforme o Quadro 14. No caso do pavilhão em questão não é possível
calcular esta troca de ar pela já citada falta de saídas de ar. O pavilhão para montagem de
geradores tem um volume total de ar de 9108 m³. Considerando 11 trocas de ar/hora seria
necessária uma vazão de ar de 100188m³/hora.
A única área de entrada de ar no ambiente em estudo trata-se do portão com
dimensões de 6,00 metros x 6,20 metros, totalizando portando uma área de 37,2 m².
A falta de aberturas no ambiente impossibilita o cálculo da taxa de ventilação natural
Qv; dada pela Equação 1 e o fluxo de ar por efeito de chaminé Qt; dado pela Equação 2.
A não existência de ventilação natural tem como principal consequência, neste caso
específico, o fato de propiciar o aquecimento interno da edificação proveniente da carga
térmica dissipada no ar interior pelo processo produtivo, intensificado pela ação dos raios
solares que incidem diretamente nas coberturas e fachadas e são re-irradiados para o interior
da edificação, fazendo com que a temperatura no interior da edificação, seja sempre mais
elevada do que a temperatura externa ambiente. Esta carga térmica para o pavilhão em
questão foi calculada no inicio deste capítulo e pode-se afirmar que tal carga, é relativamente
alta, principalmente a parte que cabe a insolação sobre as paredes e cobertura do ambiente.
46

Quadro 14: Trocas de ar/hora para ambientes

Ambientes N° Trocas Ambientes N° trocas


Auditório 6 Cabine de Pintura 60
Padaria 20 a 30 Sala de Diversões 10
Boliche 12 Funilaria 12
Sala de clube 12 Estaleiros 6
Igreja 6 Loja 10
Restaurante 12 Sanitário 12 a 20
Fábrica 10 Túnel 6
Fundições 20 Assembléia 15
Garagens 12 Sala da caldeira 20
Cozinha de Restaurante 20 a 30 Fábrica de Papel 30
Lavanderia 20 Armazém 5 a 10
Oficina 11 Depósito 3 a 10
Escritório 10
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 6401/ABNT
47

3 PROPOSTA DE SISTEMA DE VENTILAÇÃO

3.1 POSSIBILIDADES DE SOLUÇÃO

As opções para sistemas de ventilação são muitas, pois o mercado está repleto de
produtos a venda, também como objetivo da redução da temperatura: sistema de ventilação e
exaustão, sistema de insuflamento, sistema eólicos, revestimento de teto, resfriadores
evaporativos, etc. Uma decisão de investir requer uma análise mais profunda do que
realmente necessita a empresa e um conhecimento maior sobre calor e como ele atua nas
pessoas e como um sistema de ventilação influencia nesta relação.
Além do aspecto de melhor condição ambiental deve-se pensar que se a temperatura
do ambiente estiver acima do limite de tolerância estabelecido pelo Ministério do Trabalho, o
ambiente é considerado insalubre, portanto gerará maior custo à empresa que terá que pagar
insalubridade aos funcionários e uma taxa maior para a previdência.
Inicialmente considera-se que em edificações com grandes volumes de ar, a instalação
de climatização é inviabilizada, pelo alto custo dos equipamentos, e também, em função do
custo da energia elétrica que é consumida pelo processo de climatização.
Neste caso a solução mais adequada para a questão do aquecimento interno das edificações é
o uso de sistemas de ventilação natural, por ter um custo significativamente baixo em relação
ao custo da obra, pelo fato de não consumir energia elétrica, e de forma a utilizar os recursos
naturais como a força da gravidade em favor do ser humano, ventilando naturalmente,
obtendo assim uma melhora na condição do trabalho dos funcionários e na armazenagem de
produtos.
Conforme visto no capítulo 1, este sistema funciona através do efeito chaminé, e é
dimensionado em função do somatório das cargas térmicas geradas no interior da edificação
(processo), com as cargas térmicas solares (radiantes) recebidas através da cobertura e de
fechamentos laterais. O sistema é calculado para dar vazão a esse ar aquecido admitindo ar
novo.
Previamente, considera-se algumas hipóteses para resolver o problema da ventilação e
do calor no pavilhão de montagem de geradores na empresa Hidroenergia Engenharia e
Automação Ltda, conforme a seguir.
48

3.1.1 Sistema com ventiladores e exaustores

Os ventiladores fazem a circulação do ar ambiente, melhorando a sensação térmica,


possuindo grande capacidade de deslocamento de ar, em volume e distância. Podem ser
afixados em paredes, pedestais ou dependendo do modelo podem até mesmo ficar suspensos
pela estrutura do telhado, pois trata-se de uma solução econômica e eficiente em diversas
aplicações. Existem diversos modelos e tipos de ventiladores, cada um com uma
especificação técnica.
Vantagens:
• Baixo custo;
• Baixa manutenção;
• Baixo consumo de energia;
• Retira odores, pó, fumaça, etc.
Desvantagens:
• Aumento do ruído de fundo;
• Não diminui a temperatura do ambiente.

3.1.2 Construção de aberturas para entrada e saídas de ar

Esta hipótese considera os princípios básicos da ventilação natural, projetando e


construindo sobre a estrutura já existente algumas modificações na quantidade, tipo e posições
das aberturas para entradas e saídas de ar a fim de atingir os índices de trocas de ar indicados
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas com o auxílio do vento incidente sobre tais
aberturas e do efeito chaminé.
Vantagens:
• Baixo custo;
• Baixa manutenção;
• Baixo consumo de energia;
Desvantagens:
• Não diminui a temperatura do ambiente;
• Exige uma análise estrutural do ambiente;
• Depende da ação dos ventos sobre a estrutura.
49

3.1.3 Sistema de insuflamento

A principal indicação de uso dos insufladores mecânicos nas instalações industriais é


quando se necessita injetar ar no interior da edificação, em locais onde não há possibilidade
do ar ser captado naturalmente através de venezianas.
Um sistema de insuflamento realiza a ventilação por pressão positiva através de um
conjunto de insufladores axiais de parede, captando ar fresco e limpo a serem insuflados
através de sistemas motorizados com dutos e difusores de ar, promovendo renovações do ar,
com ventilação sensitiva, ou seja, o ar passa pela pele causando sensação confortável.
Daí a necessidade de instalação de insufladores mecânicos, sendo que é utilizado em
conjunto com os exaustores naturais, onde a entrada de ar se dá pelos insufladores, e a saída
de ar se dá pelos exaustores naturais, obtendo-se assim a renovação do ar especificada para a
edificação:
Vantagens:
• Melhora as condições de um ambiente específico;
• Renovação de 100% do ar.
Desvantagens:
• Alto custo;
• Não diminue a temperatura do ambiente.

3.1.4 Revestimento de teto

Existem diversos tipos de revestimento de telhados, como por exemplo:


• Cerâmica;
• Resina;
• Aplicação de polipropileno.
O objetivo é evitar o aquecimento do ar interno, impedindo que a ação dos raios
solares sobre o telhado transfira o calor para dentro do ambiente.
Em se tratando de revestimento é possível também considerar a cor do telhado, pois
conforme visto no capitulo 3, as cores claras absorvem menos radiação e consequentemente o
coeficiente de transmissão global de calor diminui consideravelmente.
Vantagens:
• Não produz ruído;
50

• Baixo custo de manutenção;


• Retarda a ação da corrosão em telhados metálicos;
• Baixo custo (no caso de pintura com cores claras).
Desvantagens:
• Alto custo de aplicação (no caso de revestimento com materiais isolantes);
• Não renova o ar interno;
• O polipropileno retém poeira.

3.1.5 Resfriamento evaporativo por névoas

É um sistema novo, que possibilita controle da temperatura e umidade do ar através da


evaporação da água. São utilizados bicos micro-aspersores que produzem uma névoa de
rápida evaporação que não precipita e não molha, promovendo a troca de calor entre o ar e a
água, abaixando a temperatura ambiente.
Vantagens:
• Baixo custo de instalação;
• Adaptável a quase todo tipo de ambiente;
• Diminui a temperatura;
• Possibilita controle sobre a umidade relativa.
Desvantagens:
• Gera custo de manutenção;
• Possibilidade de entupimento dos bicos;
• Não renova o ar interno;
• Consumo de água.

3.1.6 Resfriamento evaporativo

A climatização por resfriamento evaporativo é extremamente recomendável para


grandes ambientes industriais ou comerciais, onde geralmente há grande geração de calor e
grandes espaços abertos. Estas condições inviabilizam o uso de ar condicionado e favorecem
o uso do resfriamento evaporativo, que pode ser usado inclusive para climatizar ambientes
completamente abertos.
51

No resfriamento evaporativo, a diminuição da temperatura acontece quando, para


evaporar, a água retira energia (calor) do que quer que esteja em contato com ela. E no caso
desse processo, quem cede calor para a água durante a evaporação é o ar, que torna-se mais
frio. O resfriamento do ar é feito de maneira simples e natural, sem utilizar os complexos
componentes de refrigeração mecânica, que são grandes consumidores de energia,
substituindo os aparelhos de ar condicionado.
Vantagens:
• Baixo custo de manutenção;
• Ideal para lugares abertos;
• Consome 75% menos energia que os aparelhos de ar condicionado;
• Diminui a temperatura;
• Não possui gases que poluem o meio ambiente.
Desvantagens:
• Custo de instalação maior que os demais sistemas apresentados;
• Consumo de água.

Deve-se ressaltar que o dimensionamento do sistema de ventilação é caracterizado


pelo numero de renovações que se deseja obter, sendo que este número de renovações é
variável conforme a atividade realizada no interior da edificação. O numero de renovações é
adequado a cada situação utilizando-se como parâmetro a norma nacional ABNT e a norma
internacional da ASHRAE.

3.2 LIMITAÇÕES

No caso do pavilhão para montagem de geradores da empresa Hidroenergia


Engenharia e Automação Ltda, deve-se considerar inicialmente o custo de
aquisição/implementação de um sistema de ventilação a fim de viabilizar de maneira imediata
os recursos que se façam necessários para instalação do mesmo.
Avaliando sob este aspecto as possibilidades de sistemas, e levando em conta o
objetivo principal de atingir um valor mínimo de trocas de ar no ambiente deve-se
desconsiderar as possibilidades de resfriamentos evaporativos em virtude de que estes
equipamentos não realizam a renovação do ar, somente propiciam a redução da temperatura.
52

Estes equipamentos podem ser instalados posteriormente, para redução da temperatura


interna, em conjunto com um sistema de ventilação para renovação do ar.
Para referência de custos é possível considerar o Quadro 15.

Quadro15: Custos médios estimados para sistemas de ventilação e redução de calor

Sistemas Custo por m² em media com Pé


direito de 8m (R$)
Sistema de Ventilação e exaustão 9,00
Sistema de Insuflamento 24,00
Revestimento de telhado (considerando revestimento 23,00
com isolantes térmicos)
Sistema evaporativo por névoa; 12,00
Sistema de resfriamento evaporativo 35,00
Fonte: Roque, sistema de ventilação, resfriamento e redução de calor - conforto térmico

Para os outros sistemas possíveis, é necessário realizar uma análise mais aprofundada
sobre a aplicação de cada um deles. Entretanto é possível citar algumas limitações ou
dificuldades possíveis de serem percebidas inicialmente.
• A construção ou modificação de aberturas necessitará de uma reavaliação
estrutural do pavilhão, isto é, uma reengenharia a fim de garantir que isto não comprometerá a
resistência da edificação;
• Um sistema de ventilação único e exclusivamente natural não garantirá uma vazão
de ar uniforme e consequentemente a renovação do ar dentro do pavilhão não pode ser
controlada;
• Um sistema totalmente mecânico, com insuflamento e exaustão também poderá
gerar um custo relativamente alto, tanto de instalação, quanto de operação e manutenção;
• O revestimento externo das paredes e teto, a fim de alterar a cor destes, não poderá
auxiliar na renovação do ar, somente no que se refere à diminuição da carga térmica devido à
insolação.

3.3 CONCEPÇÃO ADEQUADA AO CASO

Dentro das dificuldades e exigências vistas nos capítulos e subcapítulos acima, e das
soluções adotadas pelas empresas de mesmo porte e condições estruturais, determina-se que a
53

condição inicial ideal é renovar o ar do ambiente em questão e posteriormente verificar quais


as possibilidades máximas de redução de calor com esta renovação de ar.
Desta forma, será dado andamento no estudo em um sistema com exaustão natural e
insuflação mecânica. Acredita-se ser este o método mais viável visto a necessidade de retirada
de ar de dentro do ambiente e a falta de aberturas para entradas de ar. Assim será possível
dimensionar um sistema para aproximar ou atingir os níveis aceitáveis de trocas de ar pela
legislação.
Esta concepção inicial considera que não seriam necessárias modificações
consideráveis na estrutura do prédio e seria possível obter um deslocamento de ar que tornaria
a sensação térmica agradável no ambiente.
Um sistema de climatização instalado paralelamente ao sistema de ventilação geraria
um custo inicial muito alto para os padrões da Hidroenergia Engenharia e Automação Ltda. É
necessário, portanto, partir para a idéia que se apresenta mais clara e óbvia para os padrões
das metalúrgicas da região Noroeste do Rio Grande do Sul.
Os ventiladores devem injetar o ar exterior para o interior do recinto, logo, conforme
visto na seção 1.2.2, a pressão interna será maior que a externa (pi>pe); e o ar insuflado sairá,
por diferença de pressão, por outras aberturas existentes resultando em:
• Diluição dos contaminantes;
• Baixa de temperatura interna;
• Arejamento do ambiente.

3.4 PROJETO BÁSICO PARA IMPLANTAÇÃO DA SOLUÇÃO

Para o projeto básico do sistema de ventilação para o ambiente, são necessárias


algumas explicações e descrições das ideias principais, com descritivo dos recursos e
equipamentos a serem instalados a fim de atingir os objetivos iniciais do estudo.
A idéia é criar a possibilidade de exaurir o ar naturalmente e possibilitar um número
maior de entradas de ar. Assim surge a possibilidade dos exaustores eólicos a serem instalados
na parte superior do pavilhão e o insuflamento de ar através de ventiladores instalados na
parte inferior do prédio em posições a serem definidas conforme indicação por cálculos e
estudos específicos.
54

3.4.1 Exaustores eólicos

Os exaustores eólicos são um tipo de exaustor impulsionado pela força do vento e pela
diferença de temperatura, entre o interior e o exterior de um prédio (convecção térmica).
Dispensa o uso de motor elétrico. O Exaustor Eólico, teoricamente, renova a massa de ar
quente contida em um ambiente, aproximando a temperatura interna da externa.
O funcionamento de um exaustor eólico se dá pelo vento que incide sobre as palhetas
do rotor, promovendo o giro do mesmo. Em seu interior ocorrerá uma ligeira queda de
pressão, ajudando a succionar a massa de ar quente, gases tóxicos, fumaças e partículas em
suspensão no ambiente em sua direção, conforme Figura 19. Além de baixar a temperatura, o
exaustor eólico melhora a qualidade do ar.

Figura 19: Imagem ilustrativa de funcionamento de um exaustor eólico

Fonte: www.ventcenter.com.br, acesso em 28/02/2012

Na ausência de vento o equipamento funciona apenas pelo diferencial térmico entre as


temperaturas interna e externa: (convecção térmica). A massa de ar quente, por ser mais leve,
desloca-se na direção do exaustor, exercendo pressão no rotor, capaz de movimentá-lo. Esse
processo enquadra-se em um sistema de Ventilação Natural.
Este é um equipamento que pode ser utilizado nos mais diversos tipos de instalações,
porém para que o ambiente seja efetivamente favorecido com o exaustor, é importante haver
entradas de ar através de janelas, basculantes, portas e/ou elementos vazados, em quantidade
proporcional às dimensões da instalação. Quando possível, as tomadas de ar devem estar
posicionadas próximas do piso, e distantes dos exaustores.
55

Com isso, ganha-se maior vazão de ar (efeito chaminé) e máxima eficiência do sistema, uma
vez que o ar exterior, em condições mais frescas, será forçado de encontro aos ocupantes do
ambiente, melhorando a qualidade do ar, garantindo maior produtividade dos trabalhadores e
menor desgaste dos equipamentos e produtos
A utilização do exaustor eólico atendia basicamente as grandes edificações, tipo
galpões, que apresentavam elevados volumes de ar, exigindo dessa forma, gastos
significativos com energia elétrica e conservação de equipamentos de ventilação mecânica.
O sucesso alcançado, fez ampliar sua área de atuação, despertando o interesse de outros
segmentos. Atualmente podem ser encontrados, em ginásios, instalações agro-industriais,
granjas, currais, cocheiras, centros e feiras de produção agro-pastoril, residências (ventilação
do ático), casas de máquinas (geradores, elevadores) e inúmeras outras situações.
Além de não consumir energia elétrica, o exaustor eólico oferece outros benefícios e
vantagens, destacados abaixo:
• Amortização imediata;
• Elimina a condensação no inverno;
• Eleva o índice de conforto técnico;
• Funcionamento ininterrupto;
• Não consome energia - custo operacional zero;
• Não deposita ou suspende poeira/ pó;
• Não necessita de instalações especiais;
• Não necessita de manutenção -custo operacional zero;
• Não provoca faíscas;
• Não produz ruído;
• Promove a renovação do ar;
• Promove a ventilação reduzindo a umidade;
• Reduz riscos de incêndio; ·.

Nas Figuras 20 e 21 seguem alguns exemplos de instalação e um desenho esquemático


de um exaustor, respectivamente.
56

Figura 20: Exemplos de aplicações e instalações de exaustores eólicos

Figura 21: Desenho esquemático de um exaustor eólico

Fonte: www.afortvent.com.br/, acesso em 28/02/2012


57

A capacidade de exaustão de um exaustor eólico depende sempre das condições de


vento, posicionamento dos mesmos sobre o recinto e condições gerais, geralmente fornecidas
pelos fabricantes, conforme exemplo da Figura 22, fornecida pela fabricante Rotiv.

Figura 22: Quantidade de extração de ar, com relação ao tamanho do exaustor e da velocidade
do vento

Fonte: www.rotiv.pt, acesso em 28/02/2012

3.4.2 Ventiladores para insuflação mecânica

Segundo Macintyre 1990, ventiladores são turbomáquimas geratrizes ou operatrizes,


também designadas por máquinas turbodinâmicas, que se destinam a produzir o deslocamento
dos gases. Analogamente ao que ocorre com as turbobombas, a rotação de um rotor dotado de
pás adequadas, acionado por um motor, em geral o elétrico, permite a transformação da
energia mecânica do rotor nas formas de energia que o fluído é capaz de assumir. Graças à
energia adquirida, os gases tornam-se capazes de escoar em dutos, vencendo as resistências
que se oferecem ao seu deslocamento, proporcionando a vazão desejável de ar para a
finalidade que se tem em vista.
Existem vários critérios segundo os quais se podem classificar os ventiladores. O mais
utilizado é segundo a modalidade construtiva:
• Centrífugos: o ventilador centrífugo foi desenvolvido com características
especiais para utilização em sistemas de ventilação/exaustão com redes de dutos conectadas.
Em sua maioria, movimentam volumes de ar relativamente pequenos a grandes pressões. Seu
principio de funcionamento basea-se na entrada de ar pelo centro do rotor, sendo acelerado
58

pelas paletas gerando forte impulsão contra as paredes da carcaça que, devido suas
características construtivas, direciona o ar para fora da abertura de descarga.
Os ventiladores centrífugos geralmente são utilizados para sistemas de ventilação local
exaustora, com objetivo principal captar os poluentes de uma fonte (gases, vapores ou poeiras
tóxicas) antes que os mesmos se dispersem no ar do ambiente de trabalho.
Na Figura 23 a seguir, uma imagem ilustrativa do ventilador centrífugo.

Figura 23: Ventilador centrífugo

Fonte: www.directindustry.es, acesso em 05/01/2013

• Axiais: o ventilador axial tem por principio o movimento de grandes volumes


de ar de um determinado ponto a outro com pressões estáticas relativamente baixas. O tipo de
armação e posição da hélice tem influência decisiva no desempenho do ar e eficiência do
próprio ventilador.
Os ventiladores axiais são utilizados em sistemas de insuflamento/exaustão com pouca
perda de carga, ou seja, com sistemas de dutos curtos. Dentre suas diversas características,
podem ser utilizados para movimentação de ar dentro de um ambiente.
Na Figura 24, uma imagem ilustrativa do ventilador axial.
Nesta breve descrição das formas construtivas dos ventiladores, fica evidente a melhor
aplicabilidade do ventilador do tipo axial para o caso em questão, do pavilhão para montagem
de geradores da empresa Hidroenergia Engenharia e Automação Ltda.
59

Figura 24: Ventilador axial

Fonte: www.manutencaoesuprimentos.com.br, acesso em 05/01/2013

3.4.3 Taxa de renovação para o pavilhão

Conforme visto na seção 3.3, o pavilhão para montagem de geradores tem um volume
total de ar de 9108 m³. Considerando 11 trocas de ar/hora (recomendado pela ABNT) é
necessária uma vazão de ar de 100188m³/hora.
Desta forma, será necessário especificar os equipamentos necessários para atender a
esta taxa de renovação. Geralmente estes dados podem/são informados pelos fabricantes dos
equipamentos, com alguns fatores de correção para eventuais situações, como é o caso dos
exaustores eólicos, que dependem da ação dos ventos.

3.4.4 Especificação dos equipamentos

São inúmeras as possibilidades de fabricantes e variações de ventiladores axiais e


exaustores optados como solução para o sistema de ventilação no pavilhão de montagem de
geradores. O interessante nesta etapa é atender a vazão de ar necessário para atingir o número
de trocas de calor citado na seção anterior, que equivale a aproximadamente 100000 m³/hora.
No Quadro 16 a seguir, os modelos de ventiladores axiais disponíveis da fabricante
venticenter.
60

Quadro 16: Modelos de ventiladores axiais da empresa Ventcenter

Fonte: www.ventcenter.com.br, acesso em 05/01/2013

Além de atingir o número de trocas de ar calculado, tem-se o objetivo de conseguir um


bom deslocamento de ar no ambiente, gerando uma velocidade que melhore as condições de
conforto térmico no ambiente, conforme visto na seção 2.3.2. Deste modo, acredita-se que
instalar os maiores ventiladores não seja a melhor solução para o sistema de ventilação. Uma
maior quantidade de insufladores axiais seria a melhor opção para atender os pontos do
pavilhão onde se faz necessária esta circulação de ar, desde que o consumo de energia não
torne-se alto.
Numa analise preliminar, o melhor relação consumo/vazão é dada pelo modelo
VC600M4. Assim consideraremos este equipamento para insuflar ar no ambiente.
Sendo objetivada uma vazão de 100000 m³/hora, serão necessários 12 ventiladores
axiais do modelo citado, o que ocasionará um consumo de 1,92 hp.
No Quadro 17, exaustores eólicos ofertados pela fabricante FortVent.
61

Quadro 17: Modelos de exaustores eólicos fabricados pela empresa FortVent

ESPECIFICAÇÕES MODELOS
20" 24" 30"
Diâmetro mm 508 609 762
Diâmetro eixo mm 12 12 12
N° de Aletas 39 45 55
Peso (Kg) 10 12 16
Vazão (m³/h) 3500 4000 6000
Fonte: www.afortvent.com.br, acesso em 05/01/2013

As especificações dos modelos do Quadro 17, seguem conforme abaixo:

a) Especificação: Modelo 20

• Exaustor Eólico – modelo 20” com 515 mm (51,5 cm) de diâmetro, vazão de
3500m³ de ar/hora com globo giratório com diâmetro de 760 mm composto de disco em
chapa galvanizada 0,50 mm, 39 aletas em alumínio naval (liga 5182 dureza H48), eixo central
em aço trefilado SAE 1020 12mm galvanizado, parte principal do sistema de giro em perfis
de alumínio 1” x 1/8 (liga 6060 T5) e cruzeta tubo quadrado em alumínio 1”, 2 rolamentos
6201zz blindados e clausurados, base de fixação, duto e rufos em chapa galvanizada 0,50 mm
com altura 550 mm;

b) Especificação: Modelo 24

• Exaustor Eólico – modelo 24” c/ 610 mm (61 cm) de diâmetro, vazão de


4000m³ de ar/hora com globo giratório com diâmetro de 900 mm composto de disco em
chapa galvanizada 0,50 mm, 45 aletas em alumínio naval (liga 5182 dureza H48), eixo
central em aço trefilado SAE 1020 12mm galvanizado, parte principal do sistema de giro em
perfis de alumínio 1” x 1/8 (liga 6060 T5) e cruzeta tubo quadrado em alumínio 1”, 2
rolamentos 6201zz blindados e clausurados, base de fixação, duto e rufos em chapa
galvanizada 0,50 mm, Altura 640 mm;

c) Especificação Modelo 30

• Exaustor Eólico – modelo 30” c/ 762 mm (76,2 cm) de diâmetro, vazão de


6000m³ de ar/hora, globo giratório com diâmetro de 1060 mm composto de disco em chapa
galvanizada 0,50 mm, 55 aletas em alumínio naval (liga 5182 dureza H48), eixo central em
62

aço trefilado SAE 1020 12mm galvanizado, parte principal do sistema de giro em perfis de
alumínio 1 1/2 x 1/8 (liga 6060 T5) e tubo quadrado em alumínio 1”, 2 rolamentos 6201zz
blindados e clausurados, base de fixação, duto e rufos em chapa galvanizada 0,50 mm, altura
650 mm.
O funcionamento de um exaustor eólico é influenciado diretamente pela ação dos
ventos em seu rotor, conforme já citado na seção 3.4.1.
Segundo o atlas eólico, a velocidade média do vento na região Noroeste do Estado do
Rio Grande Do Sul é de 6m/s ou 20 Km/h, conforme pode ser visualizado pela Figura 25.
Como o pavilhão para montagem de geradores está localizado em campo aberto, sem
obstáculos para ação do vento, não é necessário realizar correções nesta velocidade de vento
indicado pelo atlas. A localização deste pavilhão pode ser melhor visualiza na imagem aérea
da Figura 26.

Figura 25: Velocidade média anual do vento

Fonte: Atlas do potencial eólico brasileiro, 2001


63

Figura 26: Imagem aérea da empresa Hidroenergia Engenharia e Automação Ltda

Assim, torna-se possível utilizar as curvas características da Figura 25, para encontrar
o rendimento aproximado do exaustor eólico, e consequentemente determinar o número de
equipamentos necessários para atender as trocas de ar objetivadas. Consideraremos os
equipamentos de 24”, também da empresa Ventcenter, onde, com uma velocidade do vento de
20 km/h, a extração de ar está seria de aproximadamente 4000 m³/hora.
Como a necessidade no pavilhão é de aproximadamente 100000 m²/hora, teremos a
necessidade de instalar 25 exaustores eólicos.

3.4.5 Posicionamento e instalação dos equipamentos

É importante considerar alguns critérios para tomada de ar a ser insuflado no


ambiente, a fim de não comprometer o processo de ventilação a ser instalado:
1) O local de admissão de ar para o ventilador deve ser livre. Quando for necessária
uma tomada de ar afastada, deve ser instalado um duto até o ventilador;
2) A tomada de ar exterior deve ser protegida por meio de telas para evitar a entrada
de animais e corpos estranhos e ter platibandas para evitar água de chuva;
3) Pode ser necessário a instalação de filtros escolhidos em função das condições
estabelecidas para o recinto.
64

Outro detalhe importante é a distribuição dos ventiladores para insuflação a fim de que
estes não criem as chamadas zonas mortas. Considerando a instalação do exaustores eólicos
no teto do ambiente, o ideal é a situação indicada na Figura 27.

Figura 27: Padrão de fluxo circulatório da lateral por baixo, com saída por cima

Fonte: Macintyre, 1990

Em uma avaliação do leiaute do pavilhão, conforme Figura 15, também é necessário


considerar alguns outros pontos importantes, como:

• Em parte da parede localizada ao sul, não é interessante instalar ventiladores,


visto que fica instalada uma linha de estampo, consequentemente, os equipamentos pesados
desta linha poderão obstruir o fluxo de ar insuflado e/ou transferir calor para estes ar
proveniente do exterior do recinto;
• Nas regiões das pareces localizadas ao norte e Sul, onde estão localizadas os
pontos de acabamento é providencial a insuflação de ar visando eliminar alguns resíduos
provenientes do acabamento de peças e componentes de geradores.
• Nos períodos de maior intensidade da radiação solar, à tarde, as paredes ao sul
e ao leste formam uma proteção sobre ao ar exterior (sombra) o que faz com que este ar fique
com uma temperatura teoricamente menor do que nos outros pontos ao redor do pavilhão de
montagem de geradores.
• Como o formato de telhado do pavilhão de montagem de geradores tem um
formato meia agua, na região mais baixa deste telhado será necessário instalar dutos (ver
Figura 26) para os exaustores eólicos a fim de que estes não tenham seu funcionamento
comprometido visto os obstáculos ao vento incidente no pavilhão;
65

Figura 28: Instalação de exaustores eólicos com dutos para elevação do rotor

• Nas telhas metálicas, deve-se observar o afastamento das estruturas do telhado


(terças ou longarinas). É necessário evitar o embarrigamento (flexão) das telhas caso
necessário terá que ser feito um reforço de telhado na estrutura do telhado.

Com as observações prévias citadas acima, propõe-se o posicionamento dos


equipamentos conforme esboço isométrico da Figura 29.

Figura 29: Vista isométrica do pavilhão com os equipamentos instalados

Os ventiladores axiais utilizados para insuflar ar no ambiente foram previstos para


serem instalados a 1,1 metros do nível do piso. Tem-se que esta é uma posição adequada
visando deslocar o ar no ambiente, promovendo uma provável melhora no conforto térmico
66

em dias quentes. Os outros pontos de instalação dos equipamentos para insulflar o ar no


ambiente, podem ser visualizados na Figura 30.

Figura 30: Posicionamento dos ventiladores axiais no pavilhão

Os exaustores eólicos foram previstos na parte mais alta do telhado, visto que o
formato deste propicia o acúmulo não uniforme do ar quente. Como a quantidade necessária
de exaustores, foi necessário dividir a instalação em duas fileiras, conforme vista superior
parcial da Figura 31.

Figura 31: Vista superior parcial da instalação dos exaustores eólicos


67

Na Figura 32, uma imagem em corte da instalação dos exaustores no telhado do


pavilhão para montagem de geradores. Conforme já comentado, opta-se por esta situação pois
há uma tendência, pelo efeito chaminé, do ar quente acumular-se na parte mais alta.

Figura 32: Posicionamento transversal dos exaustores eólicos

Com relação à implantação do sistema de ventilação com insuflamento do ar externo,


assim como na maioria dos pavilhões em zona industrial, deve-se objetivar a melhoria das
condições das áreas externas, geralmente desconsideradas. Para isto, pode-se revestir o maior
percentual possível da área externa com vegetação, através do plantio de gramíneas e árvores
de pequeno e médio porte. Este fato reduz significativamente a absorção da radiação solar,
aumenta o efeito da evapo-transpiração, reduzindo a temperatura e melhorando as
características do ar exterior, o qual vai ser trocado com o pavilhão nas renovações do ar
interno. A adoção de soluções no entorno dos pavilhões, que reduzam a absorção da radiação
solar no solo, aumentam a inércia térmica dos arredores, resultando em um ar externo com
melhores qualidades térmicas.
Importante ressaltar que os ventiladores a serem instalados devem estar acompanhados
de grades para evitar a insuflação de corpos estranhos para dentro do ambiente ou mesmo a
entrada voluntária, de animais por exemplo.
68

3.5 ESTUDO DE CUSTO

Apesar de haver consenso e convicção que os investimentos para redução do calor e


ventilação em ambientes industriais trazem redução de despesas, aumento de produtividade e
mais saúde para os funcionários, justificar investimentos, para melhorar as condições de
conforto na área Industrial, não se torna uma tarefa das mais fáceis.
Como regra, todo futuro investimento deve ser justificado através do "retorno de
investimento“. A compra de uma máquina, a instalação de um equipamento ou a reforma de
uma área, devem proporcionar à empresa melhores resultados através da redução das despesas
ou aumentando da produtividade.
Seguem abaixo alguns pontos que merecem ser examinados para obter-se uma noção
prévia dos custos associados ao calor, e que servirão de base para viabilizar investimentos em
conforto térmico. São eles despesas adicionais e redução da produtividade causadas pelo
excesso de calor durante os períodos mais quentes:
• Aumento das faltas;
• Aumento de afastamentos por doença;
• Aumento do " Turnover" (rotatividade da mão de obra);
• Aumento dos acidentes de trabalho;
• Aumento na frequência dos setups (ajustes) das máquinas;
• Aumento de defeitos de fabricação (redução dos índices de qualidade).

O estudo de perdas de produtividade por excesso de calor analisadas pela NASA


(report CR-1205-1) conclui que quando a temperatura da área de trabalho atinge 30°C a
produtividade cai cerca de 20% e há um aumento de 75% na frequência de erros, conforme
pode ser visualizado no Quadro 18.

Quadro 18: Relação entre aumento de temperatura e redução na produtividade


Temperatura (°C) 26 28 30 32 34 36 38 40
Produtividade (%) -6,5 -12,5 -20 -28,5 -39 -51 -64,5 -76,5
Frequência de errros (%) 3,5 12 75 270 550 >+700
Fonte: NASA, Report CR- 1205-VOL-1, 2008
69

Com a análise teórica anteriormente citada, fica evidente que os custos serão diluídos
durante os processos produtivos devido ao aumento na produtividade. Deste modo, no Quadro
19 abaixo, seguem os custos para os equipamentos orçados para a aplicação no sistema de
ventilação proposto para o pavilhão de montagem de geradores da empresa Hidroenergia
Engenharia e Automação Ltda. Foram realizados orçamentos, para equipamentos similares,
com as empresas Fort Vent, Luftmaxi e Ventcenter e Rotiv.

Quadro 19: Custo dos equipamentos propostos


Marca Tipo de Equipamento Valor Unitário
Ventcenter Ventilador axial VC600M4 R$ 750,00
Ventcenter Exaustor eólico 24" R$ 170,00

O custo para a instalação elétrica dos ventiladores axiais torna-se baixo devido a
corrente do circuito ser baixa – no máximo 9,5 A, considerando um fator de correção da
corrente de 0,70. Pode-se aplicar condutores de 1,5 mm² e disjuntores de 10A monofásicos.
Estes disjuntores têm um custo máximo na faixa de R$ 10,00/un. e os condutores tem um
custo na faixa de R$ 3,00/metro. Logo, o custo máximo dos materiais para a instalação não
ultrapassará os R$ 200,00.
Assim, soma-se um total de R$ 13450,00 para a aquisição dos equipamentos.
Considerando que a empresa dispõe de profissionais para realização de manutenção e
instalação de equipamentos, tanto instalações elétricas quanto mecânicas, estes custos de
instalação não serão aqui mensurados ou aproximados.
70

CONCLUSÃO

De uma forma geral, pode-se considerar que os objetivos inicialmente estabelecidos


foram alcançados, pois ao longo do desenvolvimento deste trabalho foi possível ter um
melhor entendimento sobre o comportamento térmico de pavilhões industriais e mais
especificamente do pavilhão para montagem de geradores da empresa Hidroenergia
Engenharia e Automação Ltda, proporcionando subsídios importantes para a proposição de
soluções que visem à melhoria da condições de trabalho no interior desse tipo de ambiente.
A revisão bibliográfica realizada possibilitou a constatação da importância da
ventilação industrial em suas possibilidades de configuração e instalação e da necessidade das
trocas de ar nos ambientes de trabalho, em especial nos ambientes industriais, onde ambientes
desconfortáveis termicamente interferem diretamente no desempenho das atividades humanas
e na realização de suas tarefas, e em consequência, afetando a capacidade produtiva da
empresa como um todo.
Os resultados obtidos possibilitaram uma análise mais detalhada das condições de
ventilação atuais do pavilhão, comprovadamente ineficaz para os padrões arquitetônicos que
visam as condições mais básicas do conforto térmico. Dentre os fatores principais, causadores
desse comportamento, podem ser destacados a alta transmitância térmica dos materiais
metálicos utilizados na cobertura e nos fechamentos laterais do pavilhão e a alta absorção de
radiação solar por parte dos elementos construtivos. Os equipamentos atualmente instalados
não geram uma carga térmica que pode ser considerada como elevada.
Desta forma, afirma-se que no projeto e construção deste pavilhão a ventilação natural
não foi estudada de maneira a proporcionar uma renovação de ar eficiente. A falta de
aberturas para a entrada e saída do ar torna-se óbvia perante o embasamento teórico visto e
assim, concluiu-se que o ambiente estudado não oferece as mínimas condições de conforto e
trocas de ar necessárias. Certamente esta situação atual está refletindo de alguma forma no
bem-estar dos trabalhadores e na produtividade da empresa Hidroenergia Engenharia e
Automação Ltda.
Perante as colocações mencionadas acima, após algumas preposições e limitações
impostas, induziu-se então a proposta de implantar um sistema misto de ventilação para o
pavilhão de montagem de geradores da empresa Hidroenergia Engenharia e Automação Ltda,
instalando nas laterais 12 (doze) ventiladores axiais em pontos estratégicos para que a
circulação do ar não seja restringida ou afetada pelos outros equipamentos necessários para
71

manufatura e que já estão instalados. No telhado foram propostos 25 (vinte e cinco)


exaustores eólicos distribuídos nos pontos onde há a tendência de acúmulo do ar mais quente
gerado dentro do ambiente.
Este sistema garantirá as renovações de ar necessárias e também uma movimentação
deste ar, com um custo razoavelmente baixo, porém sem garantias de manutenção de
condições ambientáveis como a umidade do ar e a temperatura interna do ambiente. A
qualidade do ar a ser insuflado dentro do pavilhão também deve merecer atenção com a
melhoria das condições externas no que ser refere à vegetação; atualmente não existem
árvores ou sequer gramíneas que possibilitem essa melhora nas condições do ar.
Sendo assim, é possível que este sistema proporcione grandes melhorias na sensação
de conforto térmico em virtude do deslocamento de ar que haverá dentro deste ambiente e
pela liberação do ar quente através dos exaustores eólicos (efeito chaminé), porém é
importante deixar claro que outras questões relacionadas mais diretamente com o conforto
térmico e vistas na seção 1.3, devem ser estudadas com maior abrangência, principalmente
com um monitoramento de todas as variáveis ambientais, como temperatura média radiante,
umidade do ar, velocidade do ar e outras condições internas e externas para então, após a
compilação destes e outros dados, encontrar uma solução que atenda as necessidades mais
específicas do tema e consiga-se atingir uma condição ótima.
72

REFERÊNCIAS

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de edificações Parte 2: Métodos de cálculo da Transmitância térmica, da capacidade
térmica, do atraso térmico e do fator solar de elementos de componentes de edificações -
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Ar Condicionado para Conforto – NBR 6401: Rio de Janeiro, Brasil. 1978.

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73

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