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2019/2020

VENTILAÇÃO
PROJETO DE CLIMATIZAÇÃO DE REFRIGERAÇÃO I
MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DIANA NETO, Nº62308


UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO ESCOLA CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS
PROJETO DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO I ANO LETIVO 2019/2020

ÍNDICE

1. Introdução ................................................................................................................................ 1
2. Legislação e normas em Portugal ............................................................................................ 2
3. Qualidade do Ar Interior .......................................................................................................... 4
3.1. Critérios de qualidade do ar................................................................................................ 5
3.2. Efeitos sensoriais dos poluentes ......................................................................................... 6
3.3. Qualidade do ar interior em Edifícios de Comércio e Serviços ........................................... 8
3.4. Fontes de poluição do ar interior ....................................................................................... 9
3.4.1. Principais poluentes no interior de edifícios de Comércio e Serviços ........................ 9
3.4.2. Outras fontes............................................................................................................. 14
4. Ventilação em Edifícios de Comércio e Serviços .................................................................... 17
4.1. Sistemas de ventilação ...................................................................................................... 17
4.1.1. Sistemas de Ventilação Natural ................................................................................ 18
4.1.2. Sistemas de Ventilação Mecânica (ou Forçada)........................................................ 22
4.1.3. Sistemas Híbridos ...................................................................................................... 27
5. Caudais Mínimos de Ar Novo ................................................................................................. 28
5.1. Caudal do Edifício.............................................................................................................. 28
5.2. Caudal por Ocupação ........................................................................................................ 29
5.3. Método Analítico .............................................................................................................. 29
5.4. Método Prescritivo ........................................................................................................... 29
5.5. Caudais de Extração .......................................................................................................... 31
6. Dimensionamento de Sistema de Ventilação para Escritórios de um Edifício de Comércio . 32
6.1. Caracterização do Edifício ................................................................................................. 32
6.2. Determinação de Caudais de Ar Novo .............................................................................. 33
6.2.1. Extração nas Instalações Sanitárias e Vestiários ....................................................... 34
6.3. Dimensionamento de condutas ........................................................................................ 34
6.4. Soluções adotadas ............................................................................................................ 37
7. Conclusões ............................................................................................................................. 40
Referências .................................................................................................................................. 41
Anexos ......................................................................................................................................... 44
Anexo 1 – Ábaco para Dimensionamento de Condutas segundo o Método da Perda de Carga
Constante ................................................................................................................................ 44

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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 3.1- Concentrações máximas de referência de poluentes no interior dos edifícios [9]. ... 6
Figura 3.2- Odores como indicadores de problemas nos edifícios. [13] ....................................... 7
Figura 4.1- Tipos de Sistemas de Ventilação [31]. ...................................................................... 18
Figura 4.2- Mecanismos de Ventilação Natural: Chaminé, Ventilação unilateral e Ventilação
Cruzada. [30] ............................................................................................................................... 18
Figura 4.3 - Ventilador centrífugo [42]. ....................................................................................... 23
Figura 4.4- Curva característica de ventiladores centrífugos de pás inclinadas para a frente [32].
..................................................................................................................................................... 24
Figura 4.5- Curva característica de ventiladores centrífugos de pás inclinadas para trás [32]... 25
Figura 4.6- Ventilador axial de aletas (esquerda) e ventilador axial de hélice (direita) [42]. ..... 25
Figura 4.7- Esquema de funcionamento dos ventiladores axiais [42]. ....................................... 25
Figura 4.8- Curva característica de ventiladores axiais propulsores [32]. .................................. 26
Figura 4.9- Curva característica de ventiladores tubo-axiais [32]. .............................................. 26
Figura 5.1- Caudais de ar novo por tipo de espaço. [14] [31] ..................................................... 30
Figura 6.1- Vistas do Edifício Comercial Adaptado de [44].. ....................................................... 32
Figura 6.2- Planta da zona de Escritórios. Adaptado de [43]. ..................................................... 32
Figura 6.3 - Valores de eficácia para diferentes métodos de ventilação [14]............................. 33
Figura 6.4- Instalação de extração de ar nas Instalações Sanitárias e Vestiários (vermelho e
amarelo). Troço considerado para o cálculo da perda de carga localizada (amarelo). .............. 36
Figura 6.5 - Sistemas de Ventilação dimensionados para as I.S e Vestiários. ............................. 37
Figura 6.6- Ponto de funcionamento do ventilador da instalação de extração.......................... 38
Figura 6.7 - Ponto de funcionamento do ventilador da instalação de insuflação. ..................... 39

ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3.1- Limiares de proteção de poluentes. Adaptado de [14]. ............................................. 8
Tabela 3.2- Condições de referência. Adaptado de [14]. .............................................................. 8
Tabela 3.3- Fatores e fontes que afetam a Qualidade do Ar Interior e o Conforto. [13] ............. 9
Tabela 3.4- Poluentes de ar interior que estão abrangidos pela legislação portuguesa e
exemplos das respetivas fontes de emissão e seus efeitos na saúde humana [15]......... 10
Tabela 4.1- Sistemas de Ventilação Natural [34] ........................................................................ 19
Tabela 4.2- Sistemas de Admissão e Exaustão mecânica central [34]. ....................................... 22
Tabela 4.3- Sistemas Híbridos de Ventilação [34]. ...................................................................... 27
Tabela 5.1- Caudal de ar novo em função da situação do edifício. Adaptado de [14]. .............. 28
Tabela 5.2- Caudais mínimos de extração. Adaptado de [14]. ................................................... 31
Tabela 6.1- Caudais de ar novo para cada zona da fração em estudo........................................ 34
Tabela 6.2- Caudais de ar a extrair das I.S. e Vestiários. ............................................................. 34
Tabela 6.3- Determinação da perda de carga para cada instalação. .......................................... 36

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1. INTRODUÇÃO
No âmbito da unidade curricular ‘’Projeto de Climatização e Refrigeração I’’ integrante do
Mestrado em Engenharia Mecânica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro coube a
realização do presente trabalho que procurará abordar noções sobre conforto térmico,
qualidade do ar interior e ventilação.

No interior dos edifícios são constantemente produzidas substâncias poluidoras para o


ambiente interior devido às atividades, ocupação ou através das emissões de substâncias
libertadas pelos materiais de construção dos edifícios. Assim, a ventilação é uma forma de evitar
a acumulação desses poluentes, que tem um impacto negativo para a saúde.

A ventilação pode ser realizada através de sistemas de ventilação natural, mecânica ou a


combinação entre estes dois sistemas. Esta deve proporcionar o equilíbrio entre a qualidade do
ar interior, o conforto e o consumo de energia e, para isso, o número de renovações por hora
deve ser adequado para assegurar esse equilíbrio.

Para garantir um apropriado desempenho dos sistemas de ventilação é essencial a


existência de regulamentos/normas que definam os métodos de conceção e dimensionamento
dos sistemas de ventilação. Neste trabalho, priorizou-se uma síntese do conjunto de
regulamentos/normas referentes a ventilação atualmente em vigor em Portugal. Esta síntese é
apresentada no Capítulo 2 e constituí a base deste trabalho.

Ainda para efeito de melhor enquadramento no tema são exploradas todas as noções
consideradas essenciais sobre qualidade do ar interior no Capítulo 3.

No Capítulo 4, 5 e 6 será abordado os aspetos mais relevantes relacionados com a


ventilação como os tipos de ventilação, mecanismos de ventilação e tipos de ventiladores. Para
além disso, o Capítulo 5 diz respeito ao cálculo de caudais de ar novo segundo a legislação e o
Capítulo 6 pretende consolidar toda a informação com um exemplo prático de
dimensionamento de um sistema de ventilação.

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2. LEGISLAÇÃO E NORMAS EM PORTUGAL
Em Portugal, a legislação e normalização, em vigor, sobre ventilação para edifícios de
comércio e serviços são as seguintes [1], [2]:

• Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU, 1951);


• Regulamento Geral de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (SCIE: DL 220/08,
de 12 de novembro) (SCIE, 2008). Dando seguimento às disposições deste DL surge a
Portaria n.º 1532/08 que regulamenta as condições técnicas gerais e específicas).
Este regulamento, mais concretamente, tem implicações diretas em projetos de
ventilação relativamente às instalações técnicas (segurança contra incêndio das
instalações de ventilação e de escape de efluentes de combustão) e equipamentos e
sistemas de segurança (sistemas de ventilação e de controlo de fumo e respetivos
comandos);
• Regulamento do Sistema de Certificação Energética dos Edifícios (SCE: DL
118/13, de 20 de agosto) (SCE, 2013), que integra o Regulamento de Desempenho
Energético dos Edifícios de Habitação (REH, Portaria n.º 349B/2013) (REH, 2013), e o
Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços (RECS,
Portaria n.º 349-D/2013) (RECS, 2013).
O novo SCE transpõe a Diretiva 2010/31/EU, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 19 de maio, e assenta numa autonomização clara entre o regime
aplicável aos edifícios de habitação e o regime aplicável aos edifícios de comércio
e serviços.
Tendo em conta o (SCE, 2013) foi desenvolvido um método de cálculo que
permite avaliar o desempenho dos sistemas de ventilação no contexto da
regulamentação do desempenho térmico e energético dos edifícios e da
verificação do requisito mínimo de ventilação. Este método de cálculo encontra-
se definido na Portaria n.º 349-B/2013, no Despacho n.º 15793-E/2013 (Regras
de simplificação a utilizar nos edifícios sujeitos a grandes intervenções, bem como
existentes.), no Despacho n.º 15793-I/2013 (Necessidades nominais anuais de
energia útil – Fórmula de cálculo.) e no Despacho n.º 15793-K/2013 (Parâmetros
térmicos). Permite obter taxas de renovação de ar da fração na estação de
aquecimento e na estação de arrefecimento, a taxa de renovação de ar do edifício
de referência, o consumo de energia dos ventiladores, o efeito de recuperação de
calor na estação de aquecimento e na estação de arrefecimento.
• Portaria n.º 353-A/2013 de 29 de novembro – Regulamento de Desempenho
Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços (RCES) – Requisitos de ventilação e
qualidade do ar interior;
• Portaria n.º 349-D/2013 de 29 de novembro – Regulamento de Desempenho
Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços (RCES) – Requisitos de conceção para
edifícios novos e intervenções, complementada pelo Despacho 8892/2015 de 11 de
agosto;
• NP EN 1505 (1999) – Ventilação de Edifícios – Condutas metálicas e acessórios
com secção retangular. Dimensões;
• NP EN 1506 (1999) – Ventilação de Edifícios – Condutas metálicas e acessórios
com secção circular. Dimensões;

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• NP EN 1366-1 (2000) – Ensaios de Resistência ao fogo de instalações de serviço
– Parte 1: Condutas;
• NP EN 1886 (2001) Ventilação de Edifícios – Unidades de Tratamento de Ar –
Desempenho Mecânico;
• NP 1037-4 (2001) – Ventilação e evacuação dos produtos de combustão dos
locais com aparelhos a gás – Parte 4 – Instalação e ventilação das cozinhas profissionais;
• NP 1037-3 (2002) – Ventilação e evacuação dos produtos de combustão dos
locais com aparelhos a gás – Parte 3 – Volume dos locais. Posicionamento dos aparelhos
a gás;
• NP EN 13779 (2007) – Ventilação em Edifícios não Residenciais – Requisitos dos
Sistema de Ventilação;
• NP EN 12097 (2011) – Ventilação de edifícios. Redes de condutas. Requisitos dos
componentes para facilitar a manutenção dos sistemas das redes de condutas;
• EN 779 (2012) – Particulate air filters for general ventilation. Determination of
the filtration performance;
• EN 13053 (2011) – Ventilation for buildings. Air handling units. Rating and
performance for units, components and sections.

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3. QUALIDADE DO AR INTERIOR
Nas sociedades atuais as pessoas passam a maior parte do tempo em ambientes
interiores: nas suas casas, nos locais de trabalho, em zonas comerciais e de lazer. No entanto,
as preocupações associadas aos efeitos da qualidade do ar na saúde pública têm geralmente em
conta a poluição atmosférica, no exterior dos edifícios.

Nos espaços interiores, as fontes associadas aos materiais de construção, de revestimento


e de mobiliário, a utilização de produtos de limpeza, a ocupação humana bem como a deficiente
ventilação e renovação do ar, são alguns dos contributos para que, tanto o número de poluentes
como a sua concentração sejam, em geral, muito mais elevados do que no ar exterior.

A prevenção dos problemas de qualidade do ar interior (QAI) deve ser conseguida através
da utilização de regras de boas práticas relativas à ventilação e à higienização dos espaços, bem
como a correta implementação dos planos de manutenção dos edifícios, como por exemplo:
alterações nos hábitos dos ocupantes, substituição de alguns materiais utilizados na decoração
ou de produtos utilizados na limpeza, ou um ajustamento das taxas de ventilação dos espaços
interiores. [3]

Desta forma, a avaliação da qualidade do ar interior é fundamental de modo a garantir a


saúde dos trabalhadores. Os locais de trabalho a que os trabalhadores se encontram expostos
têm de se encontrar salubres de forma a garantir a sua saúde, desempenho e diminuição do
absentismo. Não contendo contaminantes em concentrações elevados, de modo a prejudicar a
saúde. O ar interior deve ser avaliado periodicamente de modo a garantir estas condições.

Existem diversos contaminantes associados à QAI, sendo de diversas naturezas como [4]:

➢ Agentes Químicos;
➢ Agentes Físicos;
➢ Agentes Biológicos.

Referente à QAI, a humidade e ventilação deficiente podem levar a um excesso de


humidade, podendo provocar, em qualquer tipo de material, o crescimento de microrganismos,
tais como, fungos e bactérias responsáveis. Esta ocorrência também pode levar a um aumento
de compostos orgânicos voláteis (COVs) no meio ambiente. A ventilação adequada é um fator
fundamental para o controlo da humidade e a prevenção da contaminação do ar ambiente [4].

Uma avaliação da qualidade do ar interior permite [4]:


• Caracterizar a qualidade do ar interior
▪ Identificar os poluentes existentes e a sua concentração;
▪ Determinar o caudal de ar novo existente.
• Garantir a saúde dos ocupantes
▪ Aplicação de soluções/medidas de prevenção/proteção e controlo.
• Garantir o cumprimento com o estipulado na legislação
▪ Cumprimento do valor de caudal de ar novo;
▪ Cumprimento dos limiares de proteção e condições de referência dos
poluentes.

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3.1. CRITÉRIOS DE QUALIDADE DO AR
É desejável que o ar seja percecionado como fresco e agradável, isto é, não tenha impacto
negativo na saúde e que estimule o trabalho [5].

O ambiente interior dos edifícios é contaminado por substâncias que resultam da


utilização corrente desses espaços ou que são emanadas pelos materiais que os integram
(admitindo que o ar exterior não é fonte de poluição) [6]. Essas substâncias, dependendo das
suas características e da sua concentração, podem ter efeitos sobre o bem-estar dos ocupantes,
que vão desde a sensação ligeira de mal-estar até, no limite, originar doenças graves ou mesmo
a morte, como no caso do monóxido de carbono (CO). De entre as atividades que constituem
fontes de poluentes, são de salientar [6]:

• a atividade fisiológica humana;


• o uso de tabaco;
• a combustão nos aparelhos a gás;
• a preparação de alimentos;
• a utilização das instalações sanitárias.

De uma forma geral e desde que a qualidade do ar exterior seja aceitável, pode-se obter
uma boa qualidade do ambiente interior recorrendo a uma adequada ventilação desses espaços.
O dimensionamento e a implementação de sistemas de ventilação em edifícios de comércio e
serviços deverão ter necessariamente em conta as fontes de poluição de forma a proceder à
evacuação para o exterior das substâncias poluentes, preferencialmente, junto da sua fonte,
evitando assim a contaminação do ar interior.

A estratégia de ventilação, se for deficientemente concebida ou implementada, pode ser


causadora de desconforto, devido, por exemplo, às correntes de ar ou ruído. Por outro lado, a
sua correta conceção e implementação, pode contribuir para a remoção da carga térmica no
interior dos edifícios, participando na melhoria das condições de conforto térmico.

A qualidade do ar interior deve ser assegurada com a finalidade de evitar que poluentes
perigosos atinjam concentrações que possam pôr em risco a saúde dos ocupantes, mantendo,
simultaneamente, um ambiente agradável [6]. Assim, devem coexistir dois critérios:
estabelecimento de valores limite para as substâncias poluentes em função do tempo de
permanência dos ocupantes no ambiente contaminado (critério de saúde) e estabelecimento
de critérios relacionados com os efeitos sensoriais causados pelas substâncias poluentes nos
seres humanos (critério sensorial) [7], [8].

É importante a coexistência dos dois critérios, uma vez que há substâncias que só podem
ser avaliadas por um deles. Por exemplo, o monóxido de carbono é um gás que, em
concentrações relativamente elevadas, é mortal, e, sendo incolor e inodoro, não é detetável
pelo ser humano. Por outro lado, os odores podem ter diversas origens que os tornam difíceis
de quantificar, contudo, geram incomodidade pelo facto dos seres humanos lhes serem
sensíveis. Relativamente ao primeiro caso (monóxido de carbono) adequa-se o critério da
imposição de valores limite, enquanto no segundo caso aplicam-se os critérios relacionados com
os efeitos sensoriais [6].

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Apresentam-se na Figura 3.1 as concentrações máximas de referência de poluentes no
interior dos edifícios segundo o Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização (RSECE:
DL 79/06, de 4 de abril) [9].

Em princípio, ambos os critérios devem ser sempre verificados, a menos que as fontes de
poluição claramente privilegiem uma das situações, bastando para isso a verificação de um
critério para que o outro seja sempre verificado [6]. Por exemplo, em situações que envolvam
combustão, como nos parques de estacionamento cobertos, os ocupantes estão predispostos a
sentirem temporariamente os inconvenientes dos odores desagradáveis dos produtos da
combustão e são incapazes de sentir se o ambiente é perigoso [10]. Neste caso, a determinação
da concentração do monóxido de carbono pode constituir um indicador adequado. Por outro
lado, num local fechado, onde os ocupantes constituam a maior fonte de poluição do ar, a
situação mais crítica é constituída pela sensação de "ar viciado" sentida por quem entra no
espaço, sem que os poluentes atinjam quaisquer concentrações que ponham em risco a saúde
dos ocupantes. Neste caso bastará uma apreciação dos efeitos sensoriais dos poluentes [10].

Figura 3.1- Concentrações máximas de referência de poluentes no interior dos edifícios [9].

3.2. EFEITOS SENSORIAIS DOS POLUENTES


Os efeitos sensoriais dos poluentes, sendo subjetivos, são mais difíceis de determinar. O
ser humano tem a perceção da qualidade do ar por duas vias: o olfato, situado na cavidade nasal,
e a sensibilidade aos produtos irritantes (sensibilidade química), que se situa nas mucosas do
nariz e dos olhos [10]. É através da combinação dos estímulos sentidos por estas duas vias que
os seres humanos se apercebem que o ar é "fresco" e agradável ou "pesado" e irritante [11].
Realce-se que o Homem é capaz de se adaptar a situações de odor desagradável, mas não tem
essa mesma capacidade para situações de irritabilidade. Desta forma, a perceção sensorial da
qualidade do ar pode ser expressa em função da proporção do número de pessoas que
consideram que a qualidade do ar de um espaço no qual acabaram de entrar é inaceitável
(percentagem de insatisfeitos). No caso dos bioefluentes humanos, a poluição gerada por uma
pessoa padrão é designada por 1 olf [10]. A pessoa padrão corresponde, em média, a um
trabalhador de escritório adulto, sedentário e em situação de conforto térmico [10].

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A perceção da qualidade do ar num espaço sujeito a uma fonte de poluição de 1 olf e com
uma taxa de ventilação de 10 l/s (ou seja, 36 m3 /h) corresponde a 1 decipol (1 decipol = 1 olf /
(10 l/s) = 0,1 olf/(l/s)) [10].

Note-se que esta perceção se baseia sempre na sensação que um indivíduo estranho ao
espaço considerado tem quando nele entra, uma vez que, após um período de habituação, o
novo ocupante deixa de se sentir tão desconfortável.

Em rigor, a metodologia de avaliação dos efeitos sensoriais dos poluentes obriga a um


processo experimental no qual são questionados os ocupantes de um dado espaço. Tal processo
é moroso e difícil de executar, pelo que é corrente ser utilizado um indicador relacionado com
a fonte de poluição mais importante para o espaço considerado. No caso da fonte mais
importante ser constituída pela ocupação humana é corrente ser utilizado o dióxido de carbono
(CO2) como indicador. Este constitui o bioefluente humano mais importante e é proporcional ao
metabolismo [10].

No sentido de se obter uma qualidade do ar aceitável, as condições de ventilação para


reduzir o risco para a saúde resultante da respiração do ar de um determinado contaminante
devem ser tratadas separadamente das condições de ventilação para obter uma perceção da
qualidade do ar satisfatória. A observância de um dos critérios poderá não corresponder
necessariamente à observância do outro. Efetivamente, as concentrações dos diversos
poluentes podem ser substancialmente inferiores aos valores limite para constituírem perigo
para a saúde e, mesmo assim, os ocupantes manifestarem insatisfação com a qualidade do ar
interior [12]. É recomendável que seja adotada a taxa de ventilação resultante do maior valor
de entre os dois critérios anteriores. Na prática, o critério sensorial é determinante [11].

Nesse sentido, apresentam-se na Figura 3.2 alguns odores que por norma podem ser
facilmente detetados pelos ocupantes de um espaço e que estão associados a sintomas que têm
grande impacto na qualidade de vida dos mesmos, bem como os respetivos poluentes
causadores.

Figura 3.2- Odores como indicadores de problemas nos edifícios. [13]

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3.3. QUALIDADE DO AR INTERIOR EM EDIFÍCIOS DE COMÉRCIO E SERVIÇOS
Enquanto, o REH (Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação)
estabelece os requisitos para os edifícios de habitação os parâmetros e metodologias de
caracterização do desempenho energético com o objetivo de promover a melhoria do
comportamento térmico, a eficiência dos seus sistemas técnicos e a minimização do risco de
ocorrência de condensações superficiais nos elementos da envolvente. Por sua vez, o RECS
estabelece as regras a verificar no projeto, construção, alteração, operação e manutenção de
edifícios de comércio e serviços. Para além disso, estabelece ainda os requisitos para a
caracterização do desempenho energético no sentido de promover a eficiência energética e a
qualidade do ar interior.

Os edifícios de comércio e serviços novos e existentes ficam sujeitos ao cumprimento dos


limiares de proteção constantes nas Tabelas I.08 e I.09 da Portaria n.º 353-A/2013. A fiscalização
deste cumprimento é competência do Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do
Ordenamento do Território (IGAMAOT). As Tabelas 3.1 e 3.2 representam uma versão adaptada
das que se encontram na Portaria n.º 353-A/2013.
Tabela 3.1- Limiares de proteção de poluentes. Adaptado de [14].

Limiar de Margem de
Poluentes Unidade
Proteção tolerância (MT)
Partículas em suspensão (fração PM10) [μg/m3] 50 100

Partículas em suspensão (fração PM2.5) [μg/m3] 25 100

Compostos Orgânicos Voláteis Totais (COVs) [μg/m3] 600 100

[mg/m3] 10 -
Monóxido de Carbono (CO)
[ppmv] 9 -

[mg/m3] 100 -
Formaldeído (CH2O)
[ppmv] 0,08 -

[mg/m3] 2250
Dióxido de Carbono (CO2) 30
[ppmv] 1250

Radão [Bq/m3] 400 -

Tabela 3.2- Condições de referência. Adaptado de [14].

Matriz Unidade Condições de referência

Concentração de bactérias totais no interior inferior à


Bactérias Ar [UFC/m3]
concentração no exterior, acrescida de 350 UFC/m3.
Concentração inferior a 100 UFC/L, exceto no caso da
pesquisa de tanques de torres de arrefecimento em que
Legionella spp Água [UFC/L] deve verificar-se uma concentração inferior a 1000 UFC/L.

Ausência de Legionella pneumophila.


3 Concentração de fungos no interior inferior à detetada no
Fungos Ar [UFC/m ]
exterior.

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3.4. FONTES DE POLUIÇÃO DO AR INTERIOR
Como já várias vezes referido, o ar ambiente interior de um edifício resulta da interação
da sua localização, do clima, do sistema de ventilação do edifício, das fontes de contaminação
(mobiliário, fontes de humidade, processos de trabalho e atividades, e poluentes exteriores), e
do número de ocupantes do edifício. Alguns destes fatores e fontes estão listados na Tabela 3.3.
Tabela 3.3- Fatores e fontes que afetam a Qualidade do Ar Interior e o Conforto. [13]

Fator Fonte

Colocação imprópria dos dispositivos de medição (termostatos), deficiente


Temperatura e valores
controlo de humidade, incapacidade do edifício de compensar extremos
extremos de humidade
climáticos, número de equipamentos instalados e a densidade de ocupação.

Número de pessoas, queima de combustíveis fosseis, (gás, aquecedores,


Dióxido de Carbono
etc.).

Monóxido de Carbono Emissões de veículos (garagens, entradas de ar), combustão, fumo do tabaco.

Madeira prensada, contraplacado não selado, isolamento de espuma de


Formaldeído
ureia – formaldeído, tecidos, cola, carpetes, mobiliário, papel químico.

Fumo, entradas de ar, papel, isolamento de tubagens, resíduos de água,


Partículas
carpetes, filtros de HVAC, limpezas.

Compostos Orgânicos Fotocopiadoras e impressoras, computadores, carpetes, mobiliário, produtos


Voláteis (COVs) de limpeza, fumo tintas, adesivos, calafetagem, perfumes, laca, solventes.

Medidas de poupança de energia e manutenção, má conceção do projeto do


Ventilação inadequada
sistema de HVAC, operação deficiente de funcionamento, alteração do
(ar exterior insuficiente,
sistema de funcionamento do HVAC pelos ocupantes, conceção desajustada
deficiente circulação)
dos espaços em avaliação.
Água estagnada em sistemas de HVAC, materiais molhados e húmidos,
Matéria microbiana desumidificadores, condensadores das torres de arrefecimento (chillers),
torres de refrigeração.

3.4.1. PRINCIPAIS POLUENTES NO INTERIOR DE EDIFÍCIOS DE COMÉRCIO E SERVIÇOS


Atividade humana

Quer as atividades que decorrem no interior dos edifícios, quer os próprios materiais
integrados na construção podem produzir ou libertar substâncias indesejáveis no ambiente
interior.

Para além das mais variadas atividades humanas que são elaboradas dentro dos
edifícios é inevitável focar no metabolismo dos seus ocupantes, uma vez que, qualquer
ocupante do espaço mesmo que não elabore uma atividade especifica causadora da

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libertação de poluentes para o ar, este por si só irá estar a libertar os produtos metabólicos
para esse mesmo espaço, sejam estes o dióxido de carbono e vapor de água.

De acordo com a Direção-Geral de Saúde, embora muitas das fontes dos poluentes
sejam derivadas das atividades humanas realizadas dento dos espaços ou da simples
permanência de humanos nos mesmos, esses poluentes podem ter alguns efeitos
desagradáveis nos seus causadores. Tabela 3.4 apresentam-se mais algumas fontes de
poluentes associados efeitos nos ocupantes do espaço, onde se identificam várias de
natureza de atividade humana, seja na elaboração de tarefas especificas ou apenas do facto
de frequentar o espaço.

Tabela 3.4- Poluentes de ar interior que estão abrangidos pela legislação portuguesa e exemplos das
respetivas fontes de emissão e seus efeitos na saúde humana [15].

Poluentes Exemplos de Fontes Efeitos

Redes de saneamento/esgotos

Sistemas de tratamento de ar
Alergias (rinite, asma)
Descamação cutânea, tosse e espirros
Bactérias Infeções (pneumonias,
Transporte através da roupa tuberculose, Doença do
Legionário)
Transporte por animais de estimação

Utilizadores do espaço com doenças transmissíveis

Solos, vegetação e substratos orgânicos húmidos que


entram pelas aberturas ou pelos sistemas de Alergias (rinite, asma)
ventilação ou de tratamento de ar, planas de interior
Tosse
Fachada e paredes
Tonturas
Fungos Produtos de construção e de decoração
Febre
Mobiliário sujo ou estragado pela água
Falta de ar
Locais húmidos, mal ventilados e sombrios
Problemas digestivos
Cabelos, sapatos e roupas

Carburantes Dores de cabeça, tonturas

Tabaco Fadiga, sonolência


Benzeno
Produtos de bricolagem Irritações nos olhos

Mobiliário e produtos de construção e de decoração Efeito carcinogénico

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Proximidade a um local em obras ou estaleiro

Poluição urbana, em particular tráfego automóvel Diminui a função respiratória e


aumenta o risco de doenças
Partículas em Ar exterior poluído cardíacas e pulmonares
suspensão (PM) Aterros sanitários, subsolo, condutas de ar Irritações nos olhos, nariz e
degradadas, filtros de AVAC garganta

Combustão de madeira, carvão ou gasóleo Cancro do pulmão

Giz, tabaco, cozinha, limpezas

Poluição urbana, em particular tráfego automóvel Concentrações baixas: fadiga


Monóxido de Concentrações elevadas: visão e
Carbono (CO) Aquecedores e caldeiras coordenação debilitadas, dores
Tabaco de cabeça, tonturas, náuseas

Fotoquímica

Painéis em aglomerados de madeira


Irritações nos olhos, nariz e
Pinturas à base de solventes e outros produtos garganta
contendo compostos à base de formaldeídos
Formaldeído Pieira e tosse
(CH2O) Livros e revistas novas
Fadiga, dores de cabeça
Produtos de uso corrente (cosméticos, produtos de
higiene corporal, produtos de limpeza, produtos de Erupção cutânea
tratamento de mobiliário) Vómitos
Fotocopiadoras e impressoras
Tabaco

Solo
Radão Cancro do pulmão
Materiais de construção
Desgaseificação da água

Dióxido de Carbono (CO2)

O dióxido de carbono é um gás incolor e inodoro e um dos constituintes da atmosfera


(330-350 ppm) [13]. A sua concentração no ar interior de edifícios em avaliação pode, sob
determinadas circunstâncias, dar uma boa indicação da taxa de ventilação. É gerado no
interior principalmente através no metabolismo humano assim como H2O, aldeídos, ésteres
e álcoois [8]. As pessoas no ambiente de serviços exalam dióxido de carbono a uma taxa de
cerca de 0,3 L/min quando executam tarefas leves [13].

As concentrações de dióxido de carbono nos espaços interiores variam de acordo com


o local, ocorrência, hora do dia, tendendo em aumentar durante o dia. Os níveis típicos
encontrados num espaço em avaliação variam entre 600 e 800 ppm [13]. O ASHRAE
Standard 62-1989, Ventilation for Acceptable Indoor Air Quality, recomenda uma taxa
mínima de ventilação de 10 L/s por pessoa para assegurar uma boa QAI no local de trabalho.
Para ocupação e atividades normais, esta taxa mínima de ventilação exterior de 10 L/s por
pessoa iria resultar numa concentração de dióxido de carbono de 850 ppm em condições de
estado estacionário no espaço ocupado [13].

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Humidade/ vapor de água

A humidade relativa do ar interior pode influenciar, direta ou indiretamente, a


atividade dos ocupantes. Baixos valores de humidade relativa podem provocar sensações
de secura, irritação na pele e nas membranas mucosas de alguns ocupantes, infeções das
vias respiratórias ou desconforto no contacto com alguns materiais devido à geração de
eletricidade estática. Valores altos de humidade relativa podem também originar
desconforto (inibem a transpiração através da pele) e o desenvolvimento de bolores e
ácaros causadores de alergias, irritações e, em casos mais graves, asma. Valores de
humidade relativa entre 30 a 70% são considerados adequados [11], [16], [17].

Nas normas EN 15 251: 2007 [7] e ASHRAE 55: 2004 [18] apenas se limita o valor
superior do teor de humidade em 12 g/kg. O Regulamento das Características de
Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE: DL 80/06, de 4 de abril) [19] estabelece uma
humidade relativa interior de referência de 50% para a estação de arrefecimento [10].

A taxa de ventilação necessária para atingir um certo nível de humidade interior pode
ser calculada a partir da equação do balanço de humidade num compartimento. Assim, tem-
-se [20]:

q = 2,83⋅10-3Teω/ (Ue – Ui) (3.1)


em que:

• q: caudal volúmico de ar exterior [m3/s];


• Te: temperatura do ar exterior [K];
• ω: produção de vapor no interior de um local [kg/s];
• Ue: teor de humidade do ar exterior [kg/kg];
• Ui: teor de humidade do ar interior [kg/kg].

É importante referir ainda que as hipóteses que estão na base da equação anterior
são [10]:

➢ mistura homogénea entre ar exterior e ar interior;


➢ pressão atmosférica igual a 101 315 Pa e constante universal dos gases
relativa ao ar seco igual a 287 J·kg-1·K-1;
➢ compartimentos sem trocas de humidade com compartimentos vizinhos;
➢ difusão de humidade nos materiais de revestimento do compartimento,
desprezável comparativamente à transferência de humidade devida à
ventilação.

Monóxido de Carbono

O monóxido de carbono (CO) é um gás inodoro, insípido e incolor, resultante da


combustão, em especial quando esta ocorre em situação redutora (ambiente pouco rico em
oxigénio). Como exemplos de fontes de CO temos os fogões, o tabaco e os automóveis. Em
concentrações extremamente baixas, o CO provoca dores de cabeça e sonolência e à medida

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que a concentração vai aumentando os sintomas passam a incluir problemas de
concentração, visão e náuseas e, em casos limites, pode levar à morte, uma vez que a
hemoglobina do sangue reduz o oxigénio para níveis insuficientes, pelo facto de ter maior
afinidade com o monóxido de carbono [10].

Materiais de construção

Diversas substâncias poluentes podem ser libertadas no interior dos edifícios pelos
materiais de construção. As substâncias que têm merecido mais atenção são os Compostos
Orgânicos Voláteis (COVs) e particularmente o formaldeído (HCHO), por existirem no
ambiente interior, em concentrações superiores às do exterior [10]. Este último composto,
embora sendo um COV, normalmente é referido separadamente, pois o seu método de
recolha e análise difere dos COVs [10].

Compostos Orgânicos Voláteis

Os COVs são compostos que à temperatura ambiente se encontram na fase gasosa


(ponto de ebulição entre 50 e 260ºC) [21]. As principais fontes de COVs são os materiais
utilizados no revestimento interior dos edifícios, respetivos componentes e mobiliário, tais
como, aglomerados de madeira, colas, solventes e tintas. Para além destes, são também
fontes de COVs os produtos de limpeza e o tabaco [10]. São exemplos de COVs comuns em
ambientes interiores a acetona, o benzeno, o fenol e o tolueno [10]. Os efeitos indesejáveis
resultantes da exposição a concentrações excessivas destes compostos dependem do
composto em questão. De uma forma geral, podem-se apontar como sintomas mais
comuns: dores de cabeça, sensação de fadiga e outros sintomas de depressão do sistema
nervoso central, arritmias cardíacas, afetações do fígado, irritação ao nível do sistema
respiratório e irritação oftalmológica [22]. Refira-se que alguns COVs são reconhecidos
como carcinogéneos (ex.: benzeno e o cloreto de vinilo) [21].

Os COVs detetáveis num edifício podem consistir em centenas de diferentes


compostos, o que torna a análise e avaliação dos riscos (incluindo efeitos combinados) e o
estabelecimento de limites de exposição uma tarefa bastante complicada. Dadas as baixas
concentrações normalmente existentes no interior de edifícios, a avaliação sensorial tem
sido apresentada como constituindo uma componente muito importante na caracterização
da qualidade do ar interior [21].

Em face da dificuldade em conhecer com precisão os efeitos sobre os seres humanos


da exposição a uma grande variedade de COVs, cujos efeitos se combinam de forma
complexa, definiu-se o parâmetro COVT (Concentração Total de Compostos Orgânicos
Voláteis) [10].

No entanto, o uso do parâmetro COVT tem vindo a ser posto em questão, dado que
ainda não se conseguiu encontrar uma correlação entre os valores de COVT e efeitos na
saúde ou no desconforto experimentado pelos ocupantes em edifícios com problemas. Por
estes motivos, o COVT não pode ser utilizado como um indicador da qualidade do ar por si
só. Acresce o facto de que o conceito de COVT tem limitações como indicador da qualidade

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do ar interior, uma vez que não tem em conta a respetiva toxicidade isolada de cada
composto [21]. Contudo, o parâmetro COVT pode ser usado, nomeadamente, para aquilatar
da insuficiência dos caudais de ventilação, avaliar a eficiência de um sistema de ventilação
ou identificar as atividades mais poluidoras [23].

Formaldeído

O formaldeído (HCHO) é um gás incolor com um odor forte, pelo que é facilmente
detetado pelo homem. No interior dos edifícios são as resinas utilizadas nos aglomerados
de madeira e a combustão (cigarros, aparelhos de aquecimento e confeção de alimentos) as
principais fontes [10]. A sua concentração média no ambiente interior em edifícios correntes
varia, em regra, entre 0,03 mg/m3 (0,02 ppm) e 0,06 mg/m3 (0,05 ppm) [10]. A exposição
individual diária pela respiração varia entre 0,3 e 0,6 mg. No caso de um fumador a
exposição diária é maior, podendo chegar a 2 mg, fumando 20 cigarros por dia [24].

Os sintomas associados à exposição ao formaldeído incluem irritação oftalmológica,


dores de cabeça, náuseas, sensação de fadiga, etc. [22]. É o poluente que ocorre com maior
frequência nas atmosferas interiores em concentrações capazes de provocar irritação
sensorial nos olhos e no aparelho respiratório [21]. A concentração limite de deteção
olfativa é de 0,06 mg/m3 (0,05 ppm) e o limiar inferior de concentração de formaldeído que
origina uma irritação sensorial de aproximadamente 0,1 ppm [10].

3.4.2. OUTRAS FONTES


Neste ponto tem cabimento analisar os poluentes que têm uma fonte
maioritariamente externa ao edifício, como é o caso do radão, bem como os poluentes que
têm diversas fontes, como são os casos das partículas, ozono e microrganismos.

Radão

O radão (Rn) é um gás inodoro, insípido e incolor, que existindo naturalmente no solo,
é facilmente introduzido nos edifícios, quer por efeito de difusão, quer por depressão dos
ambientes interiores provocada por sistemas de ventilação ou por efeito de chaminé. Sendo
radioativo, o radão quando inalado é uma substância carcinogénea responsável pelo
incremento da incidência de casos de cancro nos pulmões em populações expostas. Os
valores médios medidos em Portugal, no interior de edifícios públicos e habitações rurais ou
urbanas, situam-se abaixo dos 50 Bq/m3. No entanto, há regiões onde as concentrações
atingem 400 Bq/m3, principalmente em zonas graníticas [25].

Partículas

As partículas dos ambientes interiores podem ter diâmetros compreendidos entre


0,001 e 100 µm. Podem ser de diversa tipologia e transportar organismos vivos como vírus
(0,003 a 0,06 µm), fungos (2 a 10 µm) e bactérias (0,4 a 5 µm). As partículas cuja dimensão
sejam menores que 10 µm (PM10) designam-se por torácicas e são normalmente retidas no
nariz e traqueia, mas podem entrar nos pulmões e penetrar em qualquer parte deste órgão,

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dependendo da sua dimensão. Designam-se por partículas respiráveis ou finas (PM2,5) as
partículas que, devido à sua muito pequena dimensão, podem penetrar profundamente no
nosso sistema respiratório. Estas partículas podem ter proveniência do fumo do tabaco
(0,01 a 1 µm), dos produtos da combustão ou do ar exterior. Refira-se que no ar, 99% do
número de partículas tem diâmetro inferior a l µm [26].

Em média, em ambientes sem fumo do tabaco, metade da exposição a partículas finas


provém de partículas com origem no ambiente exterior, mas que se encontram no ambiente
interior. Em ambientes com fumo do tabaco, 50% da exposição a partículas finas provém
deste. Normalmente, a exposição a PM10 é maior do que os níveis destas partículas no
exterior, exceto em casos pontuais de elevada poluição exterior [27].

A composição química e a forma geométrica destas partículas é muito variável pelo


que os seus efeitos sobre o organismo humano são muito diversos. No entanto, quanto mais
pequenas as partículas, mais os efeitos são adversos para a saúde (partículas inferiores a 2
µm têm efeitos mais adversos [26]). De uma forma geral, podem-se associar com problemas
respiratórios, bronco-constrição, agravamento de sintomas em doentes com asma, redução
das funções pulmonares, etc.. Uma exposição prolongada a este tipo de partículas pode
resultar em bronquite crónica [22].

Ozono

A formação do ozono (O3) troposférico resulta das reações, na presença da luz solar,
entre os óxidos de azoto (NOx) e os COVs. No interior de edifícios, o ozono é libertado,
nomeadamente, por fotocopiadoras e impressoras a laser. Os sintomas da exposição ao
ozono relacionam-se, nomeadamente, com alteração das funções pulmonares e
inflamações nas vias respiratórias bem como o exacerbar de problemas de asma.

Microrganismos

As quatro maiores categorias de microrganismos que ocorrem em ambientes


interiores de habitações são: bactérias, ácaros, microrganismos provenientes de animais de
estimação e fungos . Estes microrganismos podem provocar manifestações de alergia do
tipo rinites (inflamação da mucosa do nariz) e asma [28].

Os fungos e bactérias implicados em manifestações de alergia geralmente vivem


alimentando-se de matéria orgânica (escamas de pele humana ou animal, papel e madeira)
em ambientes húmidos.

A maioria dos fungos desenvolve-se a temperaturas entre 10 e 35ºC, sendo o teor de


água dos materiais onde se depositam de capital importância. A maior parte dos fungos
responsáveis por problemas no interior dos edifícios pertence a um grupo normalmente
designado por bolor (fungo com estrutura de filamentos e reprodução através de esporos
[26]). A água que favorece o seu desenvolvimento, normalmente, provém da condensação
superficial ou intersticial. A presença de fungos varia consoante a estação do ano e,

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normalmente, o maior número ocorre nas estações do Outono e Verão. Durante estas
estações, o ar exterior é a maior fonte de fungos no ambiente interior [28].

As bactérias são muito mais simples que os fungos, geralmente requerem mais água
para crescer, e frequentemente crescem em líquidos ou periodicamente em superfícies
húmidas. O crescimento de populações de bactérias até concentrações excessivas é
geralmente associado a medidas inadequadas de manutenção de locais onde a água é retida
(ex.: sistemas fechados de água quente ou fria e reservatórios de água) ou fugas de água
criando água estagnada [26]. Um dos exemplos mais estudado é a Legionella, fonte de
infeções e causadora de pneumonia.

De acordo com os conhecimentos atuais, não é possível indicar valores limites [28]. A
maioria das autoridades de saúde, em vez de prescrever níveis máximos de concentração
no interior dos edifícios, recomenda a comparação, para cada microrganismo, entre as
concentrações do interior e exterior. Se este rácio é significativamente maior do que a
unidade, assume-se que o organismo é reproduzido no interior e, portanto, deve-se
encontrar a fonte e eliminá-la [29].

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4. VENTILAÇÃO EM EDIFÍCIOS DE COMÉRCIO E SERVIÇOS
O movimento do ar num edifício é identificado como um parâmetro de conforto tendo
como componentes a deslocação do ar por convecção e por ventilação. Em média, 4 renovações
de ar por hora num espaço fornecem uma circulação de ar adequada, assim como uma dispersão
contínua dos poluentes.

O excesso de ventilação causa o arrefecimento, não desejado, de algumas partes do corpo


humano. A ASHRAE recomenda que a circulação média de ar de uma zona ocupada, para o
período de inverno, não deve exceder 0,15 m/s, e no verão não deve exceder 0,25 m/s.

Quando a ocupação ou o uso do espaço muda, é provável que o fornecimento de ar ao


edifício tenha de ser alterado. O sistema de HVAC (Heating, Ventilation and Air Conditioning, ou
seja, Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado) pode precisar de ser reequilibrado para
assegurar que cada difusor fornece um caudal de ar adequado ao longo da área que serve. O
fluxo de ar é influenciado pela ação combinada do sistema mecânico (controlado) e do sistema
natural (forças não controladas). Os gradientes de pressão gerados permitem deslocar os
poluentes através das janelas, portas, frestas, buracos, escadarias, poços dos elevadores, e
outras aberturas.

4.1. SISTEMAS DE VENTILAÇÃO


A ventilação nos edifícios pode ser feita de diversas formas, natural (ligação a condutas
ou grelhas conectadas ao exterior sem recurso a ventiladores), por infiltração do ar (através da
permeabilidade dos vãos e portas), por ação mecânica (recurso a ventiladores de extração e
insulação), ou mista (admissão por intermédio de aberturas exteriores, grelhas ou infiltrações e
extração através de um ventilador).

A ventilação mecânica pode ser de funcionamento permanente ou de controlo horário


(relógio programado no quadro elétrico), neste último deverá procurar saber quais as horas de
funcionamento do ventilador. Nos edifícios com ventilação mecânica, os caudais de extração
e/ou insuflação podem ser consultados no projeto de AVAC. [30]

Na Figura 4.1 é possível compreender melhor os tipos de ventilação que podem existir
num edifício uma vez que para cada caso tem uma descrição sucinta do já referido associado a
uma representação esquemática do sistema em questão.

Ainda assim, servem os próximos subcapítulos para abordar cada um dos sistemas de
ventilação existentes em maior pormenor.

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Figura 4.1- Tipos de Sistemas de Ventilação [31].

4.1.1. SISTEMAS DE VENTILAÇÃO NATURAL


O presente subcapítulo tem como base o Guia SCE da Adene para Edifícios de Comércio e
Serviços que por sua vez é fundamentado segundo a legislação referente na Portaria n.º 353-
A/2013, anexo REGULAMENTO DE DESEMPENHO ENERGÉTICO DOS EDIFÍCIOS DE COMÉRCIO E
SERVIÇOS (RECS) REQUISITOS DE VENTILAÇÃO E QUALIDADE DO AR INTERIOR.

Para entendimento dos sistemas de ventilação natural existentes, é fundamental


entender que a ventilação natural é promovida pelas diferenças de pressão e que pode,
também, ser induzida por diferenças de temperatura e/ou ação do vento. Estes sistemas,
baseiam-se em soluções que permitam o escoamento natural do ar nos espaços interiores do
edifício, através de aberturas permanentes ou controláveis, com área adequada para o efeito.
Sendo que o caudal de ar novo efetivo nos espaços está dependente dos efeitos naturais e da
atuação dos ocupantes nas folhas móveis dos vãos.

Figura 4.2- Mecanismos de Ventilação Natural: Chaminé, Ventilação unilateral e Ventilação Cruzada. [30]

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Os sistemas de ventilação mais comuns estão apresentados e esquematizados na Tabela


4.1 aos quais se deve ter adicionalmente em conta os mecanismos como: ventilação unilateral,
ventilação cruzada e por chaminé (Figura 4.2).

Tabela 4.1- Sistemas de Ventilação Natural [33]

Para que um espaço possa ser considerado como adequadamente ventilado com recurso
a meios naturais, devem ser verificadas as condições previstas para o efeito no método base ou
nos métodos simplificado ou condicional, definidos pela Portaria n.º 353-A/2013.
Independentemente do método de verificação, deve ser assegurado que os sistemas de
ventilação natural são dotados de meios destinados a limitar a renovação excessiva de ar,
devido, designadamente, à ação do vento intenso, devendo ainda ser assegurada a distribuição
adequada das aberturas no espaço para promover a renovação do ar interior e evitar zonas de
estagnação.

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4.1.1.1. MÉTODO BASE
A verificação, pelo método base, da conformidade do sistema de ventilação natural do
espaço ou do edifício relativamente aos requisitos de caudal mínimo de ar novo deve ser
efetuada com base num cálculo horário da taxa de renovação de ar baseado em método que
satisfaça os requisitos da norma EN 15242, ou outra tecnicamente equivalente [31]. Pelo
método base, considera-se que o sistema de ventilação natural é adequado quando este
permite assegurar em cada espaço, o caudal mínimo de ar novo em, pelo menos, 90% das horas,
no período de ocupação, do ano [31]. Após determinar o caudal de ar novo recorrendo ao
método base, para garantir o cumprimento do requisito, este terá que ser superior ao caudal
determinado por recurso ao método analítico ou ao método prescritivo (opção do projetista)
[31].

𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙𝑏𝑎𝑠𝑒 (90% 𝑑𝑎 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠) ≥ 𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙𝑝𝑟𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑜𝑢 𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙𝑎𝑛𝑎𝑙í𝑡𝑖𝑐o

4.1.1.2. MÉTODO SIMPLIFICADO


O método simplificado apenas poderá ser utilizado em caso de cumprimento dos
seguintes pressupostos [31]:

• Edifício com o máximo de quatro (4) pisos;


• Espaços em que não se desenvolvam atividades que impliquem a emissão de
poluentes específicos;
• Espaços que não disponham de aparelhos de combustão.

Para efeitos de aplicação do método de cálculo simplificado referido no número anterior,


o efeito de abertura de janelas pode ser considerado através da introdução de uma abertura
com área fixa de secção equivalente à área livre de abertura das janelas, desde que estas
cumpram com as seguintes condições [31]:

• Sejam adequadas para ventilação natural, isto é, tenham posições estáveis quando
abertas e limitem a infiltração de água da chuva, designadamente, janelas
basculantes, projetantes, oscilo-batentes, de correr, ou janelas que sejam dotadas de
ferragens com meios de fixação em, pelo menos, duas posições de abertura, sendo
que o controlo da infiltração da água da chuva poderá ser realizado através de palas
ou outros elementos exteriores;
• Apresentem parte da zona aberta situada acima de 1,8 m do pavimento interior;
• Apresentem no mínimo a classe 3 de permeabilidade ao ar, de acordo com o disposto
na EN 12207 e na EN 14351-1+A1.

Após determinar o caudal de ar novo recorrendo ao método simplificado, para garantir o


cumprimento do requisito, este terá que ser superior ao caudal determinado por recurso ao
método analítico ou ao método prescritivo (opção do projetista) [31].

𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 ≥ 𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙𝑝𝑟𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑜𝑢 𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙𝑎𝑛𝑎𝑙í𝑡𝑖𝑐𝑜

O cálculo do caudal de ar novo pode ser efetuado recorrendo à folha de cálculo


disponibilizada pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) ou por equivalente, desde
que cumpra com as simplificações da Norma 15242 previstas no despacho do Diretor-Geral de
Energia e Geologia [31].

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4.1.1.3. MÉTODO CONDICIONAL
O método condicional apenas poderá ser aplicado a edifícios até quatro pisos, espaços
onde não se desenvolvam atividades passíveis de emissão de poluentes específicos e que não
disponham de aparelhos de combustão. Considera-se que pode existir um caudal de ventilação
natural adequado quando satisfeitas, cumulativamente, as seguintes condições gerais [31]:

• A área útil total das aberturas na envolvente exterior não deve ser inferior a 4% da
área de pavimento do espaço com ventilação natural, devendo a atuação sobre as
aberturas ser acessível aos ocupantes, sendo que na determinação da área útil das
aberturas deve ser considerado o efeito dos elementos de enquadramento do vão e
as proteções solares fixas que reduzam a área útil da abertura das janelas;
• Caso a ventilação seja assegurada pela abertura de janelas, estas devem ser
adequadas para ventilação natural, mediante existência de folhas móveis com
posições estáveis quando abertas e que limitem a infiltração de água da chuva,
designadamente, janelas basculantes, projetantes, oscilo-batentes, de correr, ou
janelas dotadas de ferragens com meios de fixação em, pelo menos, duas posições de
abertura, sendo que para assegurar o controlo do caudal de ar novo, podem ser
consideradas folhas móveis com: mais de uma posição de abertura, ou então devem
ser consideradas várias folhas móveis;
• Para assegurar uma melhor distribuição das aberturas, em cada janela não deve ser
considerada uma área útil de abertura superior a 1 m2;
• As janelas devem ter parte da zona aberta situada acima de 1,8 m do pavimento;
• As janelas devem pertencer no mínimo à classe 3 de permeabilidade ao ar, de acordo
com o disposto na EN 12207 e na EN 14351-1 + A1;
• O espaço servido deve apresentar uma densidade de ocupação inferior a 0,2
[ocupante/m2];
• Nos quartos de dormir ou de repouso, a ventilação natural deve ser assegurada pelo
recurso a aberturas na envolvente, nomeadamente grelhas de admissão de ar
autorreguláveis compatíveis com as condições enunciadas no método simplificado.

Caso se verifiquem cumulativamente todos os pressupostos anteriormente expostos,


considera-se que o espaço cumpre os requisitos de ventilação, não sendo necessário a
comparação com os métodos prescritivo ou analítico [31].

Caso exista um espaço interior contíguo a um espaço confinado pela envolvente exterior
com ventilação natural, esse espaço interior poderá ter ventilação natural suficiente se tiver
uma abertura permanente de ligação ao espaço contíguo de dimensão não inferior a 8% da área
de pavimento do espaço interior, com um limite mínimo de 2,3 m2 [31].

Adicionalmente ao descrito nos números anteriores, devem ser consideradas as seguintes


condições particulares em relação à localização das aberturas nas fachadas [31]:

• Nos espaços com aberturas em apenas uma das fachadas, considera-se que pode
haver ventilação natural suficiente, desde que a profundidade do espaço, entendida
como a distância média entre a(s) parede(s) da(s) fachada(s) com a(s) abertura(s) e
a(s) parede(s) interior(es) oposta(s), não exceda duas vezes o seu pé-direito médio
até ao valor de 7,5 m;

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• Nos espaços com aberturas em duas fachadas opostas, considera-se que pode haver
ventilação natural suficiente desde que a maior distância entre essas fachadas com
aberturas não exceda cinco vezes o pé-direito médio do espaço, considerado até ao
valor de 17,5 m;
• Nos espaços com aberturas em duas fachadas adjacentes, considera-se que pode
haver ventilação natural suficiente desde que a distância média entre o centro das
fachadas com aberturas não exceda cinco vezes o pé-direito médio do espaço,
considerado até ao valor de 17,5 m.

4.1.2. SISTEMAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA (OU FORÇADA)


Nas situações em que os sistemas de ventilação natural se tornam insatisfatórios impõe-
se o uso de sistemas de ventilação mecânica. Alguns dos sistemas de ventilação mecânica
utilizados estão explícitos na Tabela 4.2.

A ventilação mecânica consiste, então, na criação artificial de depressões ou pressões


excessivas em dutos de distribuição de ar ou áreas de um edifício. Estes podem ser criados por
exaustores, ventiladores, unidades de tratamento de ar ou outros elementos acionados
mecanicamente. A ventilação mecânica fornece o fluxo de ar necessário a uma taxa constante.
A ventilação é fornecida forçando o ar através do duto com o uso de um ventilador. O uso do
ventilador, no entanto, utiliza muita energia e, consequentemente, maiores emissões de CO2.

Tabela 4.2- Sistemas de Admissão e Exaustão mecânica central [33].

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Um ventilador é uma máquina rotativa que força o movimento do ar ou gás de


acordo com o que é desejado. Estes podem ser definidos como turbomáquinas que
transmitem energia para gerar a pressão necessária com a finalidade de manter um
fluxo contínuo de ar, dentro de uma classificação geral de máquinas.
Existem diversos critérios para a classificação destes equipamentos que são a
parte fundamental dos sistemas de ventilação forçada conhecidos e, neste trabalho,
importa referir os de maior relevância:
Segundo a intensidade da pressão, os ventiladores podem ser classificados como
de [32]:
a) BAIXA PRESSÃO - até 2,0 kPa (200 mmca)
b) MÉDIA PRESSÃO – entre 2,0 e 8,0 kPa (200 a 800 mmca)
c) ALTA PRESSÃO - entre 8,0 e 25 kPa (800 a 2500 mmca)
d) TURBO-COMPRESSOR – acima de 25 kPa (2500 mmca)

Quanto à modalidade construtiva os ventiladores são distinguidos como:


a) CENTRÍFUGOS – o ar entra na voluta paralelamente ao eixo do motor e
saí perpendicularmente à direção de entrada.
b) AXIAIS – o rotor se assemelha a uma hélice e o ar entra e saí do ventilador
paralelamente ao eixo deste.
c) HELICOCENTRÍFUGOS- conjunção dos princípios de funcionamento dos
ventiladores centrífugos e dos axiais onde o ar entra no equipamento
como nos ventiladores axiais e saí como no nos ventiladores centrífugos.

Posto isto, é importante referir mais algumas características dos dois principais grupos
construtivos de ventiladores, os centrífugos e os axiais, para melhor compreensão deste tipo de
máquinas. Servem os próximos subcapítulos para apresentarem de forma sucinta alguns casos
particulares destes equipamentos bem como as suas curvas características.

4.1.2.1. VENTILADORES CENTRÍFUGOS


Os ventiladores centrífugos (Figura 4.3) possibilitam um fluxo de ar de alta pressão e são
usados em situações em que é necessário ultrapassar a alta resistência ao fluxo de ar. Por norma,
necessitam de mais espaço do que os restantes.

Figura 4.3 - Ventilador centrífugo [42].

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Formas de pás dos ventiladores centrífugos [32]

A (pás radiais planas): para trabalho pesado,


com partículas em suspensão e abrasivas. O
rendimento é baixo.
B (pás curvas para trás): caudal médio, ar
limpo, baixo nível de ruído, alta pressão,
rendimento médio.
C (pás curvas para frente): alta pressão,
rendimento médio. Permite caudais mais altos
com diâmetros menores. Não adequado para
abrasivos e materiais pegajosos.
D (pás curvas para frente, saída radial): altas
pressões e caudais. Rendimento médio. E (pás
de perfil asa): ar limpo, baixo nível de ruído,
bom rendimento.

Os ventiladores centrífugos são classificados consoante a forma das suas pás uma vez que
estas irão proporcionar características diferentes ao ventilador.

Nos dois casos que se seguem é possível perceber melhor qual a influência do formato
das pás e comparar as curvas características de cada ventilador.

Ventilador centrífugo de pás inclinadas para frente (Figura 4.4) [32]- tem
eficiência mais elevada que o ventilador de pás retas, mas não é adequado para
trabalhar com ar contendo material particulado. Ocupa pouco espaço e é bastante
utilizado na ventilação geral diluidora e na ventilação para conforto ambiental, pois
o ar insuflado para dentro do ambiente está praticamente isento de partículas.

Figura 4.4- Curva característica de ventiladores centrífugos de pás inclinadas para a frente [32].

Ventilador centrífugo de pás inclinadas para trás (Figura 4.5) [32] - trabalha com
velocidades maiores que os anteriores e possui duas características importantes:
• apresenta a eficiência mais elevada;
• tem autolimitação de potência decorrente da forma de sua curva de potência.

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Se o motor de acionamento for selecionado para o pico da curva de potência, não
existirá perigo de ocorrer sobrecarga.

Figura 4.5- Curva característica de ventiladores centrífugos de pás inclinadas para trás [32].

4.1.2.2. VENTILADORES AXIAIS


Os ventiladores axiais, ou helicoidais, consistem numa hélice que entra em rotação
acionada por um motor. Esta hélice produz assim um fluxo de ar paralelo ao seu eixo de
rotação (Figura 4.7).
Os ventiladores axiais são capazes de gerar fluxos elevados com um ligeiro aumento
da pressão entre a entrada e a saída do aparelho. Dado não alcançarem pressões elevadas,
estes ventiladores só podem ser utilizados em circuitos de comprimento reduzido,
correspondendo, por exemplo, à espessura de uma parede.
Este tipo de ventilador é geralmente associado às ventoinhas convencionais que se
costumam a usar no verão e comummente são usados para fazer circular o ar em grandes
espaços, para transportar o ar entre dois espaços através de uma parede e para ser instalado
em condutas.

Figura 4.7- Esquema de funcionamento dos ventiladores axiais [42].

Figura 4.6- Ventilador axial de aletas (esquerda) e ventilador axial de hélice (direita) [42].

A seguir encontram-se caracterizados dois tipos de ventiladores axiais bem como as suas
curvas características.

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Ventilador axial propulsor (Figura 4.8) [32] - indicado para movimentar grandes
caudais de ar, com pequenos diferenciais de pressão. Vantagem: construído com
grande simplicidade e, consequentemente, baixo custo. Normalmente é instalado
sem duto. Muito utilizado na ventilação geral diluidora.

Figura 4.8- Curva característica de ventiladores axiais propulsores [32].

Ventilador tubo-axial (Figura 4.9) [32]- trabalha com pressões maiores que o
ventilador axial propulsor, com um rendimento maior. Isto é possível devido ao
rotor com pás de melhor perfil aerodinâmico que o anterior e a presença do tubo
axial. Para aumentar ainda mais a eficiência, podem ser afixadas no interior do tubo
axial, aletas estabilizadoras do fluxo.

Figura 4.9- Curva característica de ventiladores tubo-axiais [32].

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4.1.3. SISTEMAS HÍBRIDOS
Estes sistemas estão associados à combinação entre a ventilação natural e mecânica. O
seu funcionamento baseia-se na admissão do ar em compartimentos principais por processos
de ventilação natural, enquanto que a extração é mecânica nos compartimentos de serviço a
partir de extratores mecânicos individuais ou coletivos, localizados normalmente nas cozinhas e
instalações sanitárias (Tabela 4.2).

Tabela 4.3- Sistemas Híbridos de Ventilação [33].

Os sistemas de ventilação híbrida são pouco frequentes em Portugal, uma vez que o seu
funcionamento assenta na operacionalidade de ventiladores mecânicos de baixa pressão e baixa
potência, programados para o funcionamento automático, caso as condições naturais não sejam
as suficientes para assegurar os caudais de ventilação mínimos [33].

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5. CAUDAIS MÍNIMOS DE AR NOVO
Os caudais mínimos de ar novo por espaço podem ser determinados pelo método
analítico ou pelo método prescritivo. Após escolha do método, dever-se-á calcular o caudal
mínimo de ar novo do edifício, em função da situação do edifício (por área) e da ocupação, e
comparar os dois valores, sendo o caudal a considerar o maior dos dois [31].

5.1. CAUDAL DO EDIFÍCIO


O valor de caudal mínimo de ar novo do espaço para diluição da carga poluente devida ao
próprio edifício e seus materiais e às atividades desenvolvidas resulta da aplicação do previsto
na tabela I.05 Portaria n.º 353-A/2013.
Tabela 5.1- Caudal de ar novo em função da situação do edifício. Adaptado de [14].

Caudal de ar novo
Situação do edifício
[m3/(hora.m2)]

Sem atividades que envolvam a emissão


3
de poluentes específicos

Com atividades que envolvam a emissão


5
de poluentes específicos

Piscinas (calculado com base na área do


20
plano de água)
Espaços com materiais
predominantemente de baixa emissão de 2
poluentes

Nas atividades que envolvam a emissão de poluentes específicos incluem-se: lavandarias,


perfumarias, farmácias, salões de beleza, lojas de animais, salas de aula de artes, laboratórios
de escolas, estabelecimentos comerciais de mobiliário e de madeiras [31].

Para os espaços em que o tipo de atividade seja ‘‘Sono’’ não deve ser calculado o caudal
mínimo de ar novo em função da área, sendo o requisito verificado unicamente em função da
ocupação. No caso de se verificar num espaço a existência predominante (superior a 75%) de
materiais de baixa emissão poluente, o valor de caudal mínimo de ar novo deve ser de 2
m3/(hora.m2). Consideram-se materiais de baixa emissão poluente os revestimentos e
acabamentos que satisfaçam, pelo menos, uma das seguintes condições [31]:

• Pela sua natureza, não emitem poluentes, designadamente materiais cerâmicos ou


pétreos sem aplicação de produtos de revestimento, como tijoleira, azulejo e
similares, com exceção do granito não selado, materiais metálicos, como aço,
alumínio e similares, e vidro;
• Apresentam certificado ou rótulo que demonstre explicitamente as suas
características de baixa emissão poluente, emitido por sistemas reconhecidos no
espaço comunitário.

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Para a verificação da existência predominante (superior a 75%) dos materiais de baixa
emissão poluente deve ser considerada apenas a área exposta de revestimento de paredes,
pavimentos e tetos, incluindo superfície exposta de mobiliário fixo previsto em projeto [31].

5.2. CAUDAL POR OCUPAÇÃO


O caudal mínimo de ar novo a considerar para um espaço pode ser determinado
em função da ocupação, podendo ser calculado segundo o método analítico ou
prescritivo, descritivos nas seções que se seguem [31].

5.3. MÉTODO ANALÍTICO


O método analítico traduz a aplicação da evolução temporal da concentração de
dióxido de carbono (CO2) previsível no espaço, em função do respetivo perfil de
ocupação, perfil de ventilação e das características físicas dos ocupantes, calculando-se
através da seguinte fórmula [31]:

𝐺
𝑄𝐴𝑁 = (5.1)
𝐶𝑖𝑝 − 𝐶𝑒𝑥𝑡

Onde:
𝑄𝐴𝑁 – Valor do caudal de ar novo, [m3/h];
𝐺 – Taxa de geração de CO2, [mg/h] ou [m3/h];
𝐶𝑖𝑝 – Limiar de proteção para a concentração de CO2 no ar interior, [mg/m3] ou
[m3/m3];
𝐶𝑒𝑥𝑡 – Valor médio típico da concentração no ar exterior do CO2 para a zona onde
se insere o edifício, [mg/m3] ou [m3/m3].

Uma vez que para determinar o caudal de ar novo através do método analítico é
necessária uma evolução temporal da concentração de CO2, o LNEC criou uma folha de
cálculo que se encontra disponível para download no respetivo website. A folha calcula
o caudal de ar novo seguindo as premissas existentes na legislação, tratando-se por esse
motivo uma ferramenta válida para uso por parte dos técnicos do SCE [31].
Para verificação do cumprimento dos requisitos, o caudal determinado pelo
método analítico terá de ser superior ao caudal do edifício (em função da área) [31].

𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙 = 𝑀á𝑥𝑖𝑚𝑜 (𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙𝑎𝑛𝑎𝑙í𝑡𝑖𝑐𝑜; 𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙𝑒𝑑𝑖𝑓í𝑐𝑖𝑜)

5.4. MÉTODO PRESCRITIVO


O método prescritivo baseia-se na determinação dos caudais de ar novo que garantem a
diluição da carga poluente devido [31]:

• Aos ocupantes do espaço e em função do tipo de atividade física (atividade metabólica)


aí desenvolvida;

• Ao próprio edifício e em função do tipo de materiais usados na construção, nos


revestimentos das superfícies e no mobiliário.

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O cálculo do caudal de ar novo é efetuado recorrendo à seguinte equação [31]:

𝑄𝐴𝑁 = 𝑀𝑚𝑒𝑑 ∙ 𝑄𝐴𝑁,1𝑚𝑒𝑡 (5.2)

Onde:

𝑀𝑚𝑒𝑑 – Média ponderada do nível de atividade metabólica, [met]

𝑄𝐴𝑁,1𝑚𝑒𝑡 – Caudal mínimo de ar novo para o nível de atividade metabólica igual a 1,


3
[m /(hora.pessoa)]

Os caudais de ar novo por tipo de espaço encontram-se na Tabela I.04 da Portaria n.º 353-
A/2013. Note-se que os valores apresentados são já o caudal a insuflar no espaço para uma
pessoa.

Figura 5.1- Caudais de ar novo por tipo de espaço. [14] [31]

Para espaços ocupados por pessoas com mais que um tipo de atividade, a média
ponderada de nível de atividade deve ser calculada pela seguinte expressão [31]:

∑𝑖(𝑁𝑀𝑖 ∙ 𝑀𝑖 )
𝑀𝑚𝑒𝑑 = (5.3)
∑𝐼 𝑁𝑀𝑖

Onde:

𝑁𝑀𝑖 – Número de pessoas no espaço com cada atividade metabólica (𝑀𝑖).

Para verificação do cumprimento do requisito, o caudal determinado pelo método


prescritivo terá de ser superior ao caudal do edifício (em função da área) [31].

𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙 = 𝑀á𝑥𝑖𝑚𝑜 (𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙𝑝𝑟𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜; 𝐶𝑎𝑢𝑑𝑎𝑙𝑒𝑑𝑖𝑓í𝑐𝑖𝑜)

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5.5. CAUDAIS DE EXTRAÇÃO
Nos locais ou instalações do tipo de utilização indicados na Tabela 5.2 devem ser
assegurados os caudais mínimos de extração aí indicados para remoção de poluentes
junto da respetiva fonte, sendo que, nesse âmbito [31]:
a) Os espaços de instalações sanitárias devem ser mantidos em depressão
relativamente a todos os espaços adjacentes, através de redes de condutas de exaustão
independentes;
b) Devem ser identificados os locais com eventuais fontes de poluição, bem como
ser previsto o respetivo sistema de extração de ar;
c) As aberturas de extração de ar devem estar situadas por cima (junto) dos focos
localizados de poluição.
Tabela 5.2- Caudais mínimos de extração. Adaptado de [14].

Tipo de utilização Caudal [m3/h]

Instalação sanitária
Máx(90 x (n.º urinóis + n.º sanitas); 10 x Apav)
pública

Instalação sanitária Máx(45 x (n.º urinóis + n.º sanitas); 10 x Apav)(a)


privada Máx(90 x (n.º urinóis + n.º sanitas); 10 x Apav)(b)

Máx(45 x (n.º duche); 10 x Apav)(a)


Balneários
Máx(90 x (n.º duche); 10 x Apav)(b)
(a) Quando o sistema de extração tem funcionamento contínuo.
(b) Quando o sistema de extração não está em contínuo.

Para efeitos de interpretação da tabela anterior considera-se uma instalação


sanitária pública aquela que se encontre num edifício aberto ao público e que durante
o horário de funcionamento encontra-se disponível aos utilizadores do mesmo. Situação
com análise diferente, uma instalação sanitária que se encontra num edifício público,
como um pavilhão desportivo, propriedade de um município, mas que se encontre
instalada numa área reservada a utilizadores do mesmo, é considerada privada [31].
No caso das instalações escolares, a verificação dos requisitos das instalações
sanitárias deve ser observada em concordância com o uso que lhe é previsto e respetiva
localização dentro da infraestrutura do edifício [31]. Por princípio, numa instalação
escolar, independente de ser propriedade privada ou pública, os caudais mínimos de
extração de ar devem ser os associados a um tipo de utilização sanitária privada.
Contudo, existindo situações que prevejam um acesso regular do uso das instalações
sanitárias por indivíduos externos, como por exemplo aluguer de salas/pavilhões a
externos, os caudais mínimos de extração de ar a ser observados devem ser associados
a um tipo de utilização pública [31].
Nos casos em que se verifique a existência de duches, sanitas e/ou urinóis,
deveremos calcular os caudais pelo somatório de ambos.

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6. DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE VENTILAÇÃO PARA ESCRITÓRIOS
DE UM EDIFÍCIO DE COMÉRCIO
Para fins de consolidação de toda a informação reunida neste trabalho procurou-se
realizar um exemplo prático de dimensionamento de um sistema de ventilação.

Posto isto, considerou-se um Edifício Comercial representado na Figura 6.1 onde se terá
em consideração apenas a fração correspondente à zona de escritórios para o qual se irá
dimensionar um sistema de ventilação de extração e insuflação nas instalações sanitárias e
vestiários.

Figura 6.1- Vistas do Edifício Comercial Adaptado de [44]..

6.1. CARACTERIZAÇÃO DO EDIFÍCIO


De acordo com o DL118/2013 o edifício é classificado como um Grande Edifício de
Serviços (GES) pois possui uma área útil acima dos 1000m².

Em termos de aplicação do SCE, o edifício enquadra-se na classificação de um edifício


novo.

A Figura 6.2 diz respeito à fração em estudo e é de notar que a fachada onde se situa
a entrada para esta fração está em contacto direto com um parque de estacionamento
coberto.

Figura 6.2- Planta da zona de Escritórios. Adaptado de [43].

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6.2. DETERMINAÇÃO DE CAUDAIS DE AR NOVO
A insuflação e remoção de ar de um espaço tem um papel muito importante para o
conforto dos seus ocupantes, uma vez que a insuflação de ar novo garante a entrada de oxigénio
e ao mesmo tempo remove do espaço a sensação de ar viciado. Por outro lado, a extração do ar
tem como finalidade remover o ar viciado e seus poluentes, de modo a que, quando conjugado
simultaneamente com a entrada de ar, o ar dentro do edifício tenha condições higrométricas
adequadas, tornando-se deste modo um ambiente de conforto para os habitantes.

Numa primeira fase deve-se reunir o valor de todas as áreas dos espaços a ser
considerados e/ou efetuar um levantamento do número de ocupantes por cada espaço.

Neste caso, recorreu-se à equação 6.1 considerando um caudal de ar novo de 5 m3/(h.m2)


para todos os espaços e um sistema de ventilação com eficácia de 0,8, uma vez que o valor de
caudal de ar novo a introduzir nos espaços deve ser corrigido pela eficácia de remoção de
poluentes, de acordo com a seguinte expressão:

𝑄𝐴𝑁
𝑄𝐴𝑁𝑓 = [𝑚3 /ℎ] (6.1)
𝜀𝑣

Em que:

QAN – valor de caudal de ar novo, [m3/h]

QANf – valor de caudal de ar novo final corrigido da eficácia, [m3/h]

𝜀𝑣 – valor da eficácia de remoção de poluentes

O valor de eficácia de remoção de


poluentes do sistema de ventilação para
este caso foi obtido da Figura 6.3 onde se
encontram os valores previstos de eficácia
para os diferentes métodos de distribuição
de ar nos locais, em função,
essencialmente, do método de ventilação e
da diferença de temperatura entre o ar
insuflado e o ar na zona ocupada do espaço.

Figura 6.3 - Valores de eficácia para diferentes métodos de


ventilação [14].

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Os valores obtidos de caudal de ar novo para cada uma das zonas da fração em estudo
estão expressos na Tabela 6.1.
Tabela 6.1- Caudais de ar novo para cada zona da fração em estudo.
3 2
Designação
2
Área [m ] QAN [m /(hm )] Ԑvent QANf [m3/h]
Escada Escritórios 24,85 5 0,8 155,31
Bastidores 5,60 5 0,8 35,00
Sala Reuniões 7,00 5 0,8 43,75
Operacionais 18,00 5 0,8 112,50
Refeitório 22,90 5 0,8 143,13
Hall M 3,99 5 0,8 24,94
Vest M 17,00 5 0,8 106,25
IS M Esc 7,00 5 0,8 43,75
Hall F 4,20 5 0,8 26,25
IS F Esc 7,50 5 0,8 46,88
Vest F 25,50 5 0,8 159,38
Corredor 33,24 5 0,8 207,75
Caudal de Ar Novo Total [m 3/h] 1104,88

6.2.1. EXTRAÇÃO NAS INSTALAÇÕES SANITÁRIAS E VESTIÁRIOS


Os caudais de ar a extrair em cada ponto das instalações sanitárias e vestiários foi
determinado de acordo com a legislação conforme o que é apresentado na Tabela 5.2.

Na Tabela 6.2 estão os valores obtidos para este caso.


Tabela 6.2- Caudais de ar a extrair das I.S. e Vestiários.

Qext= 90*(nº urinóis +


Qext total
A [m2] nº sanitas nº urinóis nº chuveiros nº sanitas) ou Qext=10*Apavimento Qext [m3/h]
[m3/h]
Qext=90*(nº chuveiros)
vestiário M 17,00 0 0 1 90 170 170
vestiário F 25,50 0 0 2 180 255 255
785
IS M Esc 7,01 1 1 0 180 70 180
IS F Esc 7,96 2 0 0 180 80 180

6.3. DIMENSIONAMENTO DE CONDUTAS


No que diz respeito ao dimensionamento de condutas é importante ter em conta alguns
fatores, tais como: iluminação, canalização e arquitetura. Isto porque, antes de se começar a
desenhar o traçado de condutas, é necessário ter em atenção o espaço disponível para a
instalação. Quando o espaço é demasiado restrito para as dimensões das condutas consideradas
adequadas, é essencial transformar a conduta do tipo spiro, para conduta retangular
considerando o diâmetro equivalente achado no dimensionamento das mesmas.

O dimensionamento de uma rede de condutas deve ser realizado tendo em consideração


a velocidade do ar (ruído) e a perda de carga.

Existem quatro métodos no dimensionamento de condutas de um sistema de ar


condicionado:

• Método da redução da velocidade;


• Método de perda de carga constante;

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• Método da recuperação estática.

Estes métodos apresentam diferentes graus de precisão, economia e aplicação, p. exemplo, o


método de Redução de Velocidade normalmente não é utilizado, atendendo à sua falta de
precisão e o método de Perda de Carga Constante, não é o mais indicado para fazer o
dimensionamento das redes de condutas de retorno e de extração de ar, para esse caso seria
mais indicado aplicar o Método de Recuperação Estática.

No entanto, o método da Perda de Carga Constante é mais utilizado para dimensionar as redes
aeraúlicas devido à sua simplicidade, uma vez que consiste em calcular os diâmetros das
condutas de ar de forma a que tenham a mesma perda de carga por unidade de comprimento,
ao longo de todo o sistema.

Tendo isto em conta, nesse caso o método adotado foi o da Perda de Carga Constante.

Após se calcular o caudal a extrair e insuflar nos diferentes espaços e pontos das
Instalações Sanitárias e Vestiários, idealizou-se um traçado de condutas para representação da
instalação a ser realizada. Com o traçado idealizado da instalação processou-se o
dimensionamento das condutas.

Para cada caso, fixou-se uma perda de carga através da consulta de um ábaco (Anexo 1),
onde se considera a velocidade de escoamento inicial e o caudal de ar total a extrair ou a insuflar
no espaço. Posteriormente, considerando-se os diferentes caudais de ar ao longo da instalação
e a perda de carga que foi fixada, obtém-se os diâmetros das condutas.

Por fim, obtém-se a perda de carga total para cada instalação idealizada considerando o
maior troço de mesma. Através da análise pormenorizada desse troço, determina-se a perda de
carga linear multiplicando-se a perda de carga fixa da instalação pelo comprimento do troço e a
perda de carga localizada tendo em conta as características de todos os acessórios. A perda de
carga máxima da instalação será dada pela soma das duas anteriores.

A título de exemplo, a instalação de extração nas I.S. e Vestiários tem uma perda de carga
constante de 0,4 Pa/m considerando uma velocidade de escoamento inicial de 3,2 m/s e um
caudal total de ar a extrair de 785 m3/h.

Como referido, multiplicando-se o valor de perda de carga constante pelo comprimento


do maior troço dessa instalação, obtém-se uma perda de carga linear de 3,1 Pa para a instalação
de extração. A esta é necessário adicionar a perda de carga localizada que abrange todos os
acessórios presentes neste troço, assim como, adicionar a perda de carga induzida pela grelha
ou válvulas/difusores. A Tabela 6.3 apresenta a determinação da perda de carga localizada para
cada uma das instalações.

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Tabela 6.3- Determinação da perda de carga para cada instalação.

Extração Insuflação
Δp const. 0,4 Pa/m Δp const. 0,58 Pa/m
Cumprimento 7,75 m Cumprimento 21,03 m
Δpliner 3,1 Pa Δpliner 12,1974 Pa
ξ ξ
Extração livre 1 Insuflação livre 0,8
Redução (Vent.) 0,2 Redução (Vent.) 0,2
Expansão (Vent.) 0,2 Expansão (Vent.) 0,2
Redução 0,2 Derivação c/Redução 0,4
Derivação 0,2 'T'' c/ redução 1,3
Derivação 0,2 Curva 90º 0,4
Curva 90º 0,4 Derivação c/ Redução 0,4
Derivação c/ redução 0,4 Curva 90º 0,4
Derivação 0,2 Σξ 4,1
Curva a 90º 0,4
Curva a 90º 0,4 Acessórios das condutas 32,34 Pa
Σξ 3,8 Grelha Ext. 50 Pa
C.Filtragem 100 Pa
Acessórios das condutas 22,27 Pa Difusor 150 40 Pa
Grelha Ext. 50 Pa Δplocalizada 222,34 Pa
Vál. Ext. 42,7 Pa
Δplocalizada 114,97 Pa Δp= Δpliner + Δplocalizada 234,537 Pa

Δp= Δpliner + Δplocalizada 118,07 Pa

Para melhor compreensão deste exemplo, encontra-se representado na Figura 6.4 a


instalação de extração das I.S. e Vestiários e o troço considerado.

Figura 6.4- Instalação de extração de ar nas Instalações Sanitárias e


Vestiários (vermelho e amarelo). Troço considerado para o cálculo da
perda de carga localizada (amarelo).

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6.4. SOLUÇÕES ADOTADAS
Para o caso em estudo as soluções adotadas para a ventilação das Instalações Sanitárias
e Vestiários, estão esquematizadas na Figura 6.5.

Figura 6.5 - Sistemas de Ventilação dimensionados para as I.S e Vestiários.

Para que um espaço esteja em equilibrio é essencial acrescentar ao espaço a mesma


quantidade ar que se retira e vice-versa. Contudo, considerando os cálculos de caudal de ar
novo, tem-se que deve-se insuflar na totalidade da fração 1105 m3/h sendo que desse total, 785
m3/h terão de ser extraidos nas Instalações Sanitárias e Vestiários. Assim, resta apenas extrair
320 m3/h de toda a fração.

Desta forma, optou-se por insuflar nas I.S. e Vestiários o correspondente às necessidades
do espaço, estando assim estas zonas em depressão e favorecendo a transferência do ar das
zonas mais nobres para estas divisões e não o contrário. Poderia-se aumentar essa depressão
insuflando parte dessa quantidade de ar noutras divisões, obrigando a um caudal de ar
migratório maior. Para facilitar a migração do ar, devem-se instalar grelas de transferência, que
por sua vez têm que ser dimensionadas de acordo com o valor do caudal de ar que se pretende
miigrar.

O ventilador para a instalação de extração de ar destas divisões foi selecionado de acordo


com a perda de carga total da instalação e o caudal total a extrair. Para isso, selecionou-se o tipo
de ventilador desejado (helicocentrífugo, in-line) e consultou-se a sua ficha técnica.

Fazendo a correlação dos dados a ter em conta, obtém-se o ponto de funcionamento do


ventilador da nossa instalação que correlacionando com as curvas características dos
ventiladores desta gama vai permitir selecionar os ventiladores que melhor se adequam. Na
Figura 6.6 está assinalado o ponto de funcionamento do ventilador de extração.

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Figura 6.6- Ponto de funcionamento do ventilador da instalação de extração.

Como o ponto de funcionamento do ventilador de extração não coincide com nenhuma


das curvas características dos ventiladores desta gama é necessário fazer ajustes.

Entre o ventilador EVO LINE A EC 150 (amarelo) e o ventilador EVO LINE A EC 125 (azul),
deve-se optar pelo EVO LINE A EC 150, uma vez que o EVO LINE A EC 125 não conseguiria
suportar a perda de carga da instalação para o caudal pretendido. Contudo, como referido é
necessário fazer ajustes para que o ponto de funcionamento do ventilador da nossa instalação
idealizada coincida com a curva característica do ventilador EVO LINE A EC 150. Como não se
deve alterar o valor do caudal, os ajustes passam por aumentar a perda de carga da instalação,
por exemplo, instalando uma válvula de borboleta à entrada do ventilador ou manipulando a
parte elétrica do motor (apenas alguns ventiladores o permitem).

Da mesma forma, na Figura 6.7, foi determino o ponto de funcionamento do ventilador


para a instalação idealizada de insuflação de ar.

Semelhantemente ao caso anterior, o ponto de funcionamento não coincide com


nenhuma das curvas caracteristicas dos ventiladores desta gama. Se não houver interesse de
procurar outros ventiladores que melhor se ajustem, a solução passa novamente pelos ajustes.

De acordo com a analogia anterior, deve-se seleccionar para a nossa intalação de


insuflação de ar o ventilador EVO LINE A EC 200 em detrimento do ventilador EVO LINE A EC 150
e fazer os ajustes necessários para que o ventilador trabalhe de acordo com os parâmetros
desejados.

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Figura 6.7 - Ponto de funcionamento do ventilador da instalação de insuflação.

Para além dos ventiladores é fundamental referir que foi projetada a instalação de uma
caixa de filtragem com filtro do tipo F7 à entrada do ventilador de forma a eliminar os poluentes
que possam existir no ar exterior que será insuflado no interior.

Apesar de não ter sido dimensionado, um sistema de ventilação para o Refeitório,


Operacionais, Sala de Reuniões e Bastidores passaria pelo mesmo processo tendo
especialmente em conta que as maiores necessidades destes espaços serão receber ar novo.
Daí considera-se vantajoso, uma das soluções passar por extrair o restante ar (320m3/h) na zona
de conceção de refeições no refeitório, sendo este o ponto dos restantes espaços mencionados
que irá ter maior libertação de poluentes devido às atividades a que se destina.

Nas escadas é relevante ter um sistema de ventilação isolado apenas para esse espaço
uma vez que em caso de incêndio as escadas são a saída de emergência.

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7. CONCLUSÕES
No que diz respeito ao âmbito da realização deste trabalho, isto é, fundamentar e
consolidar os conteúdos programáticos da unidade curricular ‘’Projeto de Climatização e
Refrigeração I’’ este trabalho superou os objetivos, uma vez que não só fundamentou os
conteúdos já adquiridos como aprofundou mais as noções sobre ventilação em edifícios e
qualidade do ar interior.

A projeção de sistemas de ventilação deve ser feita com extrema minuciosidade uma vez
que um sistema de ventilação deficiente pode ter graves consequências sobretudo para os
ocupantes como também para o próprio edifício. É, portanto, fundamental ter em conta todos
os pormenores sobre o edifico e o tipo de atividades e ocupantes a que este se destina de forma
a projetar um sistema de ventilação que satisfaça todas as necessidades, como por exemplo, a
eliminação/diluição dos poluentes de acordo com a legislação em vigor ou o ruído resultante do
funcionamento da instalação.

Abordando o papel da legislação neste tipo de projetos, reforça-se com este trabalho que
deve-se conhecer e sobretudo perceber a legislação em vigor. O conhecimento desta é
prioritário para qualquer tipo de trabalho nesta área, uma vez que para além do cumprimento
desta permitir estar de acordo com o que é exigido legalmente, também permite que se elabore
um projeto de forma precisa e exata sendo que será facilmente detetável qualquer possível
esquecimento que possa haver da parte do projetista.

Ainda a acrescentar, observa-se que este tipo de projeto é como uma ‘’obra de arte’’,
pois, existem diversas soluções que serão eficientes para o mesmo espaço. Assim, cada projeto
de ventilação realizado fica ao abrigo do projetista que o realiza, mesmo que sejam solicitadas
modificações pelo requerente, uma vez que fica ao critério apenas do projetista o procedimento
a utilizar para dimensionamento deste tipo de sistemas.

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https://www.climanet.pt/normas-e-legislacao-uteis/. [Acedido em maio 2020].

[3] Agência Portuguesa do Ambiente, “Qualidade do Ar Interior,” [Online]. Available:


https://apambiente.pt/index.php?ref=16&subref=82&sub2ref=319. [Acedido em maio
2020].

[4] APO partner, “Qualidade do Ar Interior,” [Online]. Available:


https://www.apopartner.pt/qualidade-do-ar-interior/ . [Acedido em maio 2020].

[5] P. Fanger, “What is IAQ?,” em 10th Indoor Air Conference, Beijing, China, 2005.

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[9] Decreto-Lei n.º 79/2006, Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização


(RSECE), Lisboa, 4 de abril de 2006.

[10] M. Amaral, Sistemas de Ventilação Natural e Mistos em Edificios de Habitação, Porto,


2008.

[11] CEN, “Ventilation for Buildings,” em Design Criteria for the Indoor Environment, CR
1752, European Committee for Standardization, Brussels, Belgium, 1998.

[12] A. Pinto, “Sistemas de Climatização e Ventilação Mecânica,” em Seminário Ambiente


em Edifícios Urbanos, LNEC, Lisboa, 2000.

[13] AGÊNCIA PORTUGUESA DO AMBIENTE, “Qualidade do Ar em Espaços Interiores, Um


Guia Técnico,” Amadora, 2009.

[14] Ministérios do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, da Saúde e da


Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Portaria 353-A/2013, Portugal: Diário da
República n.º 235/2013, 1º Suplemento, Série I , 4 de dezembro de 2013.

[15] Direção-Nacional da Saúde, “DGS,” [Online]. Available: https://www.dgs.pt/paginas-de-


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[16] CEN, “Ventilation for Buildings. Design and Dimensioning of Residential Ventilation
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Belgium, 2006.

[17] ECA, “Guidelines for Ventilation Requirements in Buildings, Report Nº 11, European
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for Official Publications of the European Communities, Luxembourg, 1992.

[18] ASHRAE, “Thermal Environmental Conditions for Human Occupancy, Ansi/Ashrae


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[19] Decreto-Lei n.º80/2006, “Regulamento das Características de Comportamento Térmico


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[20] H. Awbi, Ventilation of Buildings, 2nd Edition, E & FN Spon, 2003.

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[22] Comissão de Coordenação da Região do Norte e Universidade do Porto - Fundação


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Man”,” Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities,
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[31] ADENE, Guia SCE- Avaliação de Requisitos (RECS), 2020.

[32] n.d., junho 2020. [Online]. Available:


http://www.escoladavida.eng.br/mecfluquimica/planejamento_12010/decima_segund
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[33] J. M. M. Martins, “Projeto de Ventilação de Edifícios de Habitação Coletiva,” Porto,


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[34] IPQ, “Ventilação e Evacuação dos Produtos da Combustão dos Locais com Aparelhos a
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[35] V. Dorer, A. Pfeiffer e A. Weber, Parameters for the Design of Demand Controlled
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[37] Silva G. et al, “Active vs Passive Sampling of VOCs in IAQ Fields Studies in Selected
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[38] Silva G. et al, “VOCs in Indoor Air in Several Schools of Porto,” em 8th Healthy Buildings
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[40] M. Maroni, B. Seifert e T. Lindvall, Indoor Air Quality. A Comprehensive Reference Book,
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[41] J. Spengler, J. Samet e J. McCarthy, Indoor Air Quality Handbook, McGraw-Hill, 2000.

[42] n.d., junho 2020. [Online]. Available: https://slideplayer.es/slide/4354532/.

[43] V. Galvão, “Continente Bom Dia de S. João da Madeira, Planta do Piso -1,” SONAE RP,
Maia, 2016.

[44] V. Galvão, “Continente Bom Dia de S. João da Madeira, Alçado Nascente e Alçado
Norte,” SONAE RP, Maia, 2016.

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ANEXOS
ANEXO 1 – ÁBACO PARA DIMENSIONAMENTO DE CONDUTAS SEGUNDO O MÉTODO DA
PERDA DE CARGA CONSTANTE

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