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VENTILAÇÃO
PROJETO DE CLIMATIZAÇÃO DE REFRIGERAÇÃO I
MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA
ÍNDICE
1. Introdução ................................................................................................................................ 1
2. Legislação e normas em Portugal ............................................................................................ 2
3. Qualidade do Ar Interior .......................................................................................................... 4
3.1. Critérios de qualidade do ar................................................................................................ 5
3.2. Efeitos sensoriais dos poluentes ......................................................................................... 6
3.3. Qualidade do ar interior em Edifícios de Comércio e Serviços ........................................... 8
3.4. Fontes de poluição do ar interior ....................................................................................... 9
3.4.1. Principais poluentes no interior de edifícios de Comércio e Serviços ........................ 9
3.4.2. Outras fontes............................................................................................................. 14
4. Ventilação em Edifícios de Comércio e Serviços .................................................................... 17
4.1. Sistemas de ventilação ...................................................................................................... 17
4.1.1. Sistemas de Ventilação Natural ................................................................................ 18
4.1.2. Sistemas de Ventilação Mecânica (ou Forçada)........................................................ 22
4.1.3. Sistemas Híbridos ...................................................................................................... 27
5. Caudais Mínimos de Ar Novo ................................................................................................. 28
5.1. Caudal do Edifício.............................................................................................................. 28
5.2. Caudal por Ocupação ........................................................................................................ 29
5.3. Método Analítico .............................................................................................................. 29
5.4. Método Prescritivo ........................................................................................................... 29
5.5. Caudais de Extração .......................................................................................................... 31
6. Dimensionamento de Sistema de Ventilação para Escritórios de um Edifício de Comércio . 32
6.1. Caracterização do Edifício ................................................................................................. 32
6.2. Determinação de Caudais de Ar Novo .............................................................................. 33
6.2.1. Extração nas Instalações Sanitárias e Vestiários ....................................................... 34
6.3. Dimensionamento de condutas ........................................................................................ 34
6.4. Soluções adotadas ............................................................................................................ 37
7. Conclusões ............................................................................................................................. 40
Referências .................................................................................................................................. 41
Anexos ......................................................................................................................................... 44
Anexo 1 – Ábaco para Dimensionamento de Condutas segundo o Método da Perda de Carga
Constante ................................................................................................................................ 44
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 3.1- Concentrações máximas de referência de poluentes no interior dos edifícios [9]. ... 6
Figura 3.2- Odores como indicadores de problemas nos edifícios. [13] ....................................... 7
Figura 4.1- Tipos de Sistemas de Ventilação [31]. ...................................................................... 18
Figura 4.2- Mecanismos de Ventilação Natural: Chaminé, Ventilação unilateral e Ventilação
Cruzada. [30] ............................................................................................................................... 18
Figura 4.3 - Ventilador centrífugo [42]. ....................................................................................... 23
Figura 4.4- Curva característica de ventiladores centrífugos de pás inclinadas para a frente [32].
..................................................................................................................................................... 24
Figura 4.5- Curva característica de ventiladores centrífugos de pás inclinadas para trás [32]... 25
Figura 4.6- Ventilador axial de aletas (esquerda) e ventilador axial de hélice (direita) [42]. ..... 25
Figura 4.7- Esquema de funcionamento dos ventiladores axiais [42]. ....................................... 25
Figura 4.8- Curva característica de ventiladores axiais propulsores [32]. .................................. 26
Figura 4.9- Curva característica de ventiladores tubo-axiais [32]. .............................................. 26
Figura 5.1- Caudais de ar novo por tipo de espaço. [14] [31] ..................................................... 30
Figura 6.1- Vistas do Edifício Comercial Adaptado de [44].. ....................................................... 32
Figura 6.2- Planta da zona de Escritórios. Adaptado de [43]. ..................................................... 32
Figura 6.3 - Valores de eficácia para diferentes métodos de ventilação [14]............................. 33
Figura 6.4- Instalação de extração de ar nas Instalações Sanitárias e Vestiários (vermelho e
amarelo). Troço considerado para o cálculo da perda de carga localizada (amarelo). .............. 36
Figura 6.5 - Sistemas de Ventilação dimensionados para as I.S e Vestiários. ............................. 37
Figura 6.6- Ponto de funcionamento do ventilador da instalação de extração.......................... 38
Figura 6.7 - Ponto de funcionamento do ventilador da instalação de insuflação. ..................... 39
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3.1- Limiares de proteção de poluentes. Adaptado de [14]. ............................................. 8
Tabela 3.2- Condições de referência. Adaptado de [14]. .............................................................. 8
Tabela 3.3- Fatores e fontes que afetam a Qualidade do Ar Interior e o Conforto. [13] ............. 9
Tabela 3.4- Poluentes de ar interior que estão abrangidos pela legislação portuguesa e
exemplos das respetivas fontes de emissão e seus efeitos na saúde humana [15]......... 10
Tabela 4.1- Sistemas de Ventilação Natural [34] ........................................................................ 19
Tabela 4.2- Sistemas de Admissão e Exaustão mecânica central [34]. ....................................... 22
Tabela 4.3- Sistemas Híbridos de Ventilação [34]. ...................................................................... 27
Tabela 5.1- Caudal de ar novo em função da situação do edifício. Adaptado de [14]. .............. 28
Tabela 5.2- Caudais mínimos de extração. Adaptado de [14]. ................................................... 31
Tabela 6.1- Caudais de ar novo para cada zona da fração em estudo........................................ 34
Tabela 6.2- Caudais de ar a extrair das I.S. e Vestiários. ............................................................. 34
Tabela 6.3- Determinação da perda de carga para cada instalação. .......................................... 36
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1. INTRODUÇÃO
No âmbito da unidade curricular ‘’Projeto de Climatização e Refrigeração I’’ integrante do
Mestrado em Engenharia Mecânica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro coube a
realização do presente trabalho que procurará abordar noções sobre conforto térmico,
qualidade do ar interior e ventilação.
Ainda para efeito de melhor enquadramento no tema são exploradas todas as noções
consideradas essenciais sobre qualidade do ar interior no Capítulo 3.
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2. LEGISLAÇÃO E NORMAS EM PORTUGAL
Em Portugal, a legislação e normalização, em vigor, sobre ventilação para edifícios de
comércio e serviços são as seguintes [1], [2]:
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• NP EN 1366-1 (2000) – Ensaios de Resistência ao fogo de instalações de serviço
– Parte 1: Condutas;
• NP EN 1886 (2001) Ventilação de Edifícios – Unidades de Tratamento de Ar –
Desempenho Mecânico;
• NP 1037-4 (2001) – Ventilação e evacuação dos produtos de combustão dos
locais com aparelhos a gás – Parte 4 – Instalação e ventilação das cozinhas profissionais;
• NP 1037-3 (2002) – Ventilação e evacuação dos produtos de combustão dos
locais com aparelhos a gás – Parte 3 – Volume dos locais. Posicionamento dos aparelhos
a gás;
• NP EN 13779 (2007) – Ventilação em Edifícios não Residenciais – Requisitos dos
Sistema de Ventilação;
• NP EN 12097 (2011) – Ventilação de edifícios. Redes de condutas. Requisitos dos
componentes para facilitar a manutenção dos sistemas das redes de condutas;
• EN 779 (2012) – Particulate air filters for general ventilation. Determination of
the filtration performance;
• EN 13053 (2011) – Ventilation for buildings. Air handling units. Rating and
performance for units, components and sections.
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3. QUALIDADE DO AR INTERIOR
Nas sociedades atuais as pessoas passam a maior parte do tempo em ambientes
interiores: nas suas casas, nos locais de trabalho, em zonas comerciais e de lazer. No entanto,
as preocupações associadas aos efeitos da qualidade do ar na saúde pública têm geralmente em
conta a poluição atmosférica, no exterior dos edifícios.
A prevenção dos problemas de qualidade do ar interior (QAI) deve ser conseguida através
da utilização de regras de boas práticas relativas à ventilação e à higienização dos espaços, bem
como a correta implementação dos planos de manutenção dos edifícios, como por exemplo:
alterações nos hábitos dos ocupantes, substituição de alguns materiais utilizados na decoração
ou de produtos utilizados na limpeza, ou um ajustamento das taxas de ventilação dos espaços
interiores. [3]
Existem diversos contaminantes associados à QAI, sendo de diversas naturezas como [4]:
➢ Agentes Químicos;
➢ Agentes Físicos;
➢ Agentes Biológicos.
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3.1. CRITÉRIOS DE QUALIDADE DO AR
É desejável que o ar seja percecionado como fresco e agradável, isto é, não tenha impacto
negativo na saúde e que estimule o trabalho [5].
De uma forma geral e desde que a qualidade do ar exterior seja aceitável, pode-se obter
uma boa qualidade do ambiente interior recorrendo a uma adequada ventilação desses espaços.
O dimensionamento e a implementação de sistemas de ventilação em edifícios de comércio e
serviços deverão ter necessariamente em conta as fontes de poluição de forma a proceder à
evacuação para o exterior das substâncias poluentes, preferencialmente, junto da sua fonte,
evitando assim a contaminação do ar interior.
A qualidade do ar interior deve ser assegurada com a finalidade de evitar que poluentes
perigosos atinjam concentrações que possam pôr em risco a saúde dos ocupantes, mantendo,
simultaneamente, um ambiente agradável [6]. Assim, devem coexistir dois critérios:
estabelecimento de valores limite para as substâncias poluentes em função do tempo de
permanência dos ocupantes no ambiente contaminado (critério de saúde) e estabelecimento
de critérios relacionados com os efeitos sensoriais causados pelas substâncias poluentes nos
seres humanos (critério sensorial) [7], [8].
É importante a coexistência dos dois critérios, uma vez que há substâncias que só podem
ser avaliadas por um deles. Por exemplo, o monóxido de carbono é um gás que, em
concentrações relativamente elevadas, é mortal, e, sendo incolor e inodoro, não é detetável
pelo ser humano. Por outro lado, os odores podem ter diversas origens que os tornam difíceis
de quantificar, contudo, geram incomodidade pelo facto dos seres humanos lhes serem
sensíveis. Relativamente ao primeiro caso (monóxido de carbono) adequa-se o critério da
imposição de valores limite, enquanto no segundo caso aplicam-se os critérios relacionados com
os efeitos sensoriais [6].
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Apresentam-se na Figura 3.1 as concentrações máximas de referência de poluentes no
interior dos edifícios segundo o Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização (RSECE:
DL 79/06, de 4 de abril) [9].
Em princípio, ambos os critérios devem ser sempre verificados, a menos que as fontes de
poluição claramente privilegiem uma das situações, bastando para isso a verificação de um
critério para que o outro seja sempre verificado [6]. Por exemplo, em situações que envolvam
combustão, como nos parques de estacionamento cobertos, os ocupantes estão predispostos a
sentirem temporariamente os inconvenientes dos odores desagradáveis dos produtos da
combustão e são incapazes de sentir se o ambiente é perigoso [10]. Neste caso, a determinação
da concentração do monóxido de carbono pode constituir um indicador adequado. Por outro
lado, num local fechado, onde os ocupantes constituam a maior fonte de poluição do ar, a
situação mais crítica é constituída pela sensação de "ar viciado" sentida por quem entra no
espaço, sem que os poluentes atinjam quaisquer concentrações que ponham em risco a saúde
dos ocupantes. Neste caso bastará uma apreciação dos efeitos sensoriais dos poluentes [10].
Figura 3.1- Concentrações máximas de referência de poluentes no interior dos edifícios [9].
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A perceção da qualidade do ar num espaço sujeito a uma fonte de poluição de 1 olf e com
uma taxa de ventilação de 10 l/s (ou seja, 36 m3 /h) corresponde a 1 decipol (1 decipol = 1 olf /
(10 l/s) = 0,1 olf/(l/s)) [10].
Note-se que esta perceção se baseia sempre na sensação que um indivíduo estranho ao
espaço considerado tem quando nele entra, uma vez que, após um período de habituação, o
novo ocupante deixa de se sentir tão desconfortável.
Nesse sentido, apresentam-se na Figura 3.2 alguns odores que por norma podem ser
facilmente detetados pelos ocupantes de um espaço e que estão associados a sintomas que têm
grande impacto na qualidade de vida dos mesmos, bem como os respetivos poluentes
causadores.
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3.3. QUALIDADE DO AR INTERIOR EM EDIFÍCIOS DE COMÉRCIO E SERVIÇOS
Enquanto, o REH (Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação)
estabelece os requisitos para os edifícios de habitação os parâmetros e metodologias de
caracterização do desempenho energético com o objetivo de promover a melhoria do
comportamento térmico, a eficiência dos seus sistemas técnicos e a minimização do risco de
ocorrência de condensações superficiais nos elementos da envolvente. Por sua vez, o RECS
estabelece as regras a verificar no projeto, construção, alteração, operação e manutenção de
edifícios de comércio e serviços. Para além disso, estabelece ainda os requisitos para a
caracterização do desempenho energético no sentido de promover a eficiência energética e a
qualidade do ar interior.
Limiar de Margem de
Poluentes Unidade
Proteção tolerância (MT)
Partículas em suspensão (fração PM10) [μg/m3] 50 100
[mg/m3] 10 -
Monóxido de Carbono (CO)
[ppmv] 9 -
[mg/m3] 100 -
Formaldeído (CH2O)
[ppmv] 0,08 -
[mg/m3] 2250
Dióxido de Carbono (CO2) 30
[ppmv] 1250
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3.4. FONTES DE POLUIÇÃO DO AR INTERIOR
Como já várias vezes referido, o ar ambiente interior de um edifício resulta da interação
da sua localização, do clima, do sistema de ventilação do edifício, das fontes de contaminação
(mobiliário, fontes de humidade, processos de trabalho e atividades, e poluentes exteriores), e
do número de ocupantes do edifício. Alguns destes fatores e fontes estão listados na Tabela 3.3.
Tabela 3.3- Fatores e fontes que afetam a Qualidade do Ar Interior e o Conforto. [13]
Fator Fonte
Monóxido de Carbono Emissões de veículos (garagens, entradas de ar), combustão, fumo do tabaco.
Quer as atividades que decorrem no interior dos edifícios, quer os próprios materiais
integrados na construção podem produzir ou libertar substâncias indesejáveis no ambiente
interior.
Para além das mais variadas atividades humanas que são elaboradas dentro dos
edifícios é inevitável focar no metabolismo dos seus ocupantes, uma vez que, qualquer
ocupante do espaço mesmo que não elabore uma atividade especifica causadora da
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libertação de poluentes para o ar, este por si só irá estar a libertar os produtos metabólicos
para esse mesmo espaço, sejam estes o dióxido de carbono e vapor de água.
De acordo com a Direção-Geral de Saúde, embora muitas das fontes dos poluentes
sejam derivadas das atividades humanas realizadas dento dos espaços ou da simples
permanência de humanos nos mesmos, esses poluentes podem ter alguns efeitos
desagradáveis nos seus causadores. Tabela 3.4 apresentam-se mais algumas fontes de
poluentes associados efeitos nos ocupantes do espaço, onde se identificam várias de
natureza de atividade humana, seja na elaboração de tarefas especificas ou apenas do facto
de frequentar o espaço.
Tabela 3.4- Poluentes de ar interior que estão abrangidos pela legislação portuguesa e exemplos das
respetivas fontes de emissão e seus efeitos na saúde humana [15].
Redes de saneamento/esgotos
Sistemas de tratamento de ar
Alergias (rinite, asma)
Descamação cutânea, tosse e espirros
Bactérias Infeções (pneumonias,
Transporte através da roupa tuberculose, Doença do
Legionário)
Transporte por animais de estimação
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Fotoquímica
Solo
Radão Cancro do pulmão
Materiais de construção
Desgaseificação da água
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Nas normas EN 15 251: 2007 [7] e ASHRAE 55: 2004 [18] apenas se limita o valor
superior do teor de humidade em 12 g/kg. O Regulamento das Características de
Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE: DL 80/06, de 4 de abril) [19] estabelece uma
humidade relativa interior de referência de 50% para a estação de arrefecimento [10].
A taxa de ventilação necessária para atingir um certo nível de humidade interior pode
ser calculada a partir da equação do balanço de humidade num compartimento. Assim, tem-
-se [20]:
É importante referir ainda que as hipóteses que estão na base da equação anterior
são [10]:
Monóxido de Carbono
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que a concentração vai aumentando os sintomas passam a incluir problemas de
concentração, visão e náuseas e, em casos limites, pode levar à morte, uma vez que a
hemoglobina do sangue reduz o oxigénio para níveis insuficientes, pelo facto de ter maior
afinidade com o monóxido de carbono [10].
Materiais de construção
Diversas substâncias poluentes podem ser libertadas no interior dos edifícios pelos
materiais de construção. As substâncias que têm merecido mais atenção são os Compostos
Orgânicos Voláteis (COVs) e particularmente o formaldeído (HCHO), por existirem no
ambiente interior, em concentrações superiores às do exterior [10]. Este último composto,
embora sendo um COV, normalmente é referido separadamente, pois o seu método de
recolha e análise difere dos COVs [10].
No entanto, o uso do parâmetro COVT tem vindo a ser posto em questão, dado que
ainda não se conseguiu encontrar uma correlação entre os valores de COVT e efeitos na
saúde ou no desconforto experimentado pelos ocupantes em edifícios com problemas. Por
estes motivos, o COVT não pode ser utilizado como um indicador da qualidade do ar por si
só. Acresce o facto de que o conceito de COVT tem limitações como indicador da qualidade
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do ar interior, uma vez que não tem em conta a respetiva toxicidade isolada de cada
composto [21]. Contudo, o parâmetro COVT pode ser usado, nomeadamente, para aquilatar
da insuficiência dos caudais de ventilação, avaliar a eficiência de um sistema de ventilação
ou identificar as atividades mais poluidoras [23].
Formaldeído
O formaldeído (HCHO) é um gás incolor com um odor forte, pelo que é facilmente
detetado pelo homem. No interior dos edifícios são as resinas utilizadas nos aglomerados
de madeira e a combustão (cigarros, aparelhos de aquecimento e confeção de alimentos) as
principais fontes [10]. A sua concentração média no ambiente interior em edifícios correntes
varia, em regra, entre 0,03 mg/m3 (0,02 ppm) e 0,06 mg/m3 (0,05 ppm) [10]. A exposição
individual diária pela respiração varia entre 0,3 e 0,6 mg. No caso de um fumador a
exposição diária é maior, podendo chegar a 2 mg, fumando 20 cigarros por dia [24].
Radão
O radão (Rn) é um gás inodoro, insípido e incolor, que existindo naturalmente no solo,
é facilmente introduzido nos edifícios, quer por efeito de difusão, quer por depressão dos
ambientes interiores provocada por sistemas de ventilação ou por efeito de chaminé. Sendo
radioativo, o radão quando inalado é uma substância carcinogénea responsável pelo
incremento da incidência de casos de cancro nos pulmões em populações expostas. Os
valores médios medidos em Portugal, no interior de edifícios públicos e habitações rurais ou
urbanas, situam-se abaixo dos 50 Bq/m3. No entanto, há regiões onde as concentrações
atingem 400 Bq/m3, principalmente em zonas graníticas [25].
Partículas
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dependendo da sua dimensão. Designam-se por partículas respiráveis ou finas (PM2,5) as
partículas que, devido à sua muito pequena dimensão, podem penetrar profundamente no
nosso sistema respiratório. Estas partículas podem ter proveniência do fumo do tabaco
(0,01 a 1 µm), dos produtos da combustão ou do ar exterior. Refira-se que no ar, 99% do
número de partículas tem diâmetro inferior a l µm [26].
Ozono
A formação do ozono (O3) troposférico resulta das reações, na presença da luz solar,
entre os óxidos de azoto (NOx) e os COVs. No interior de edifícios, o ozono é libertado,
nomeadamente, por fotocopiadoras e impressoras a laser. Os sintomas da exposição ao
ozono relacionam-se, nomeadamente, com alteração das funções pulmonares e
inflamações nas vias respiratórias bem como o exacerbar de problemas de asma.
Microrganismos
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normalmente, o maior número ocorre nas estações do Outono e Verão. Durante estas
estações, o ar exterior é a maior fonte de fungos no ambiente interior [28].
As bactérias são muito mais simples que os fungos, geralmente requerem mais água
para crescer, e frequentemente crescem em líquidos ou periodicamente em superfícies
húmidas. O crescimento de populações de bactérias até concentrações excessivas é
geralmente associado a medidas inadequadas de manutenção de locais onde a água é retida
(ex.: sistemas fechados de água quente ou fria e reservatórios de água) ou fugas de água
criando água estagnada [26]. Um dos exemplos mais estudado é a Legionella, fonte de
infeções e causadora de pneumonia.
De acordo com os conhecimentos atuais, não é possível indicar valores limites [28]. A
maioria das autoridades de saúde, em vez de prescrever níveis máximos de concentração
no interior dos edifícios, recomenda a comparação, para cada microrganismo, entre as
concentrações do interior e exterior. Se este rácio é significativamente maior do que a
unidade, assume-se que o organismo é reproduzido no interior e, portanto, deve-se
encontrar a fonte e eliminá-la [29].
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4. VENTILAÇÃO EM EDIFÍCIOS DE COMÉRCIO E SERVIÇOS
O movimento do ar num edifício é identificado como um parâmetro de conforto tendo
como componentes a deslocação do ar por convecção e por ventilação. Em média, 4 renovações
de ar por hora num espaço fornecem uma circulação de ar adequada, assim como uma dispersão
contínua dos poluentes.
Na Figura 4.1 é possível compreender melhor os tipos de ventilação que podem existir
num edifício uma vez que para cada caso tem uma descrição sucinta do já referido associado a
uma representação esquemática do sistema em questão.
Ainda assim, servem os próximos subcapítulos para abordar cada um dos sistemas de
ventilação existentes em maior pormenor.
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Figura 4.2- Mecanismos de Ventilação Natural: Chaminé, Ventilação unilateral e Ventilação Cruzada. [30]
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Para que um espaço possa ser considerado como adequadamente ventilado com recurso
a meios naturais, devem ser verificadas as condições previstas para o efeito no método base ou
nos métodos simplificado ou condicional, definidos pela Portaria n.º 353-A/2013.
Independentemente do método de verificação, deve ser assegurado que os sistemas de
ventilação natural são dotados de meios destinados a limitar a renovação excessiva de ar,
devido, designadamente, à ação do vento intenso, devendo ainda ser assegurada a distribuição
adequada das aberturas no espaço para promover a renovação do ar interior e evitar zonas de
estagnação.
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4.1.1.1. MÉTODO BASE
A verificação, pelo método base, da conformidade do sistema de ventilação natural do
espaço ou do edifício relativamente aos requisitos de caudal mínimo de ar novo deve ser
efetuada com base num cálculo horário da taxa de renovação de ar baseado em método que
satisfaça os requisitos da norma EN 15242, ou outra tecnicamente equivalente [31]. Pelo
método base, considera-se que o sistema de ventilação natural é adequado quando este
permite assegurar em cada espaço, o caudal mínimo de ar novo em, pelo menos, 90% das horas,
no período de ocupação, do ano [31]. Após determinar o caudal de ar novo recorrendo ao
método base, para garantir o cumprimento do requisito, este terá que ser superior ao caudal
determinado por recurso ao método analítico ou ao método prescritivo (opção do projetista)
[31].
• Sejam adequadas para ventilação natural, isto é, tenham posições estáveis quando
abertas e limitem a infiltração de água da chuva, designadamente, janelas
basculantes, projetantes, oscilo-batentes, de correr, ou janelas que sejam dotadas de
ferragens com meios de fixação em, pelo menos, duas posições de abertura, sendo
que o controlo da infiltração da água da chuva poderá ser realizado através de palas
ou outros elementos exteriores;
• Apresentem parte da zona aberta situada acima de 1,8 m do pavimento interior;
• Apresentem no mínimo a classe 3 de permeabilidade ao ar, de acordo com o disposto
na EN 12207 e na EN 14351-1+A1.
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4.1.1.3. MÉTODO CONDICIONAL
O método condicional apenas poderá ser aplicado a edifícios até quatro pisos, espaços
onde não se desenvolvam atividades passíveis de emissão de poluentes específicos e que não
disponham de aparelhos de combustão. Considera-se que pode existir um caudal de ventilação
natural adequado quando satisfeitas, cumulativamente, as seguintes condições gerais [31]:
• A área útil total das aberturas na envolvente exterior não deve ser inferior a 4% da
área de pavimento do espaço com ventilação natural, devendo a atuação sobre as
aberturas ser acessível aos ocupantes, sendo que na determinação da área útil das
aberturas deve ser considerado o efeito dos elementos de enquadramento do vão e
as proteções solares fixas que reduzam a área útil da abertura das janelas;
• Caso a ventilação seja assegurada pela abertura de janelas, estas devem ser
adequadas para ventilação natural, mediante existência de folhas móveis com
posições estáveis quando abertas e que limitem a infiltração de água da chuva,
designadamente, janelas basculantes, projetantes, oscilo-batentes, de correr, ou
janelas dotadas de ferragens com meios de fixação em, pelo menos, duas posições de
abertura, sendo que para assegurar o controlo do caudal de ar novo, podem ser
consideradas folhas móveis com: mais de uma posição de abertura, ou então devem
ser consideradas várias folhas móveis;
• Para assegurar uma melhor distribuição das aberturas, em cada janela não deve ser
considerada uma área útil de abertura superior a 1 m2;
• As janelas devem ter parte da zona aberta situada acima de 1,8 m do pavimento;
• As janelas devem pertencer no mínimo à classe 3 de permeabilidade ao ar, de acordo
com o disposto na EN 12207 e na EN 14351-1 + A1;
• O espaço servido deve apresentar uma densidade de ocupação inferior a 0,2
[ocupante/m2];
• Nos quartos de dormir ou de repouso, a ventilação natural deve ser assegurada pelo
recurso a aberturas na envolvente, nomeadamente grelhas de admissão de ar
autorreguláveis compatíveis com as condições enunciadas no método simplificado.
Caso exista um espaço interior contíguo a um espaço confinado pela envolvente exterior
com ventilação natural, esse espaço interior poderá ter ventilação natural suficiente se tiver
uma abertura permanente de ligação ao espaço contíguo de dimensão não inferior a 8% da área
de pavimento do espaço interior, com um limite mínimo de 2,3 m2 [31].
• Nos espaços com aberturas em apenas uma das fachadas, considera-se que pode
haver ventilação natural suficiente, desde que a profundidade do espaço, entendida
como a distância média entre a(s) parede(s) da(s) fachada(s) com a(s) abertura(s) e
a(s) parede(s) interior(es) oposta(s), não exceda duas vezes o seu pé-direito médio
até ao valor de 7,5 m;
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• Nos espaços com aberturas em duas fachadas opostas, considera-se que pode haver
ventilação natural suficiente desde que a maior distância entre essas fachadas com
aberturas não exceda cinco vezes o pé-direito médio do espaço, considerado até ao
valor de 17,5 m;
• Nos espaços com aberturas em duas fachadas adjacentes, considera-se que pode
haver ventilação natural suficiente desde que a distância média entre o centro das
fachadas com aberturas não exceda cinco vezes o pé-direito médio do espaço,
considerado até ao valor de 17,5 m.
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Posto isto, é importante referir mais algumas características dos dois principais grupos
construtivos de ventiladores, os centrífugos e os axiais, para melhor compreensão deste tipo de
máquinas. Servem os próximos subcapítulos para apresentarem de forma sucinta alguns casos
particulares destes equipamentos bem como as suas curvas características.
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Os ventiladores centrífugos são classificados consoante a forma das suas pás uma vez que
estas irão proporcionar características diferentes ao ventilador.
Nos dois casos que se seguem é possível perceber melhor qual a influência do formato
das pás e comparar as curvas características de cada ventilador.
Ventilador centrífugo de pás inclinadas para frente (Figura 4.4) [32]- tem
eficiência mais elevada que o ventilador de pás retas, mas não é adequado para
trabalhar com ar contendo material particulado. Ocupa pouco espaço e é bastante
utilizado na ventilação geral diluidora e na ventilação para conforto ambiental, pois
o ar insuflado para dentro do ambiente está praticamente isento de partículas.
Figura 4.4- Curva característica de ventiladores centrífugos de pás inclinadas para a frente [32].
Ventilador centrífugo de pás inclinadas para trás (Figura 4.5) [32] - trabalha com
velocidades maiores que os anteriores e possui duas características importantes:
• apresenta a eficiência mais elevada;
• tem autolimitação de potência decorrente da forma de sua curva de potência.
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Se o motor de acionamento for selecionado para o pico da curva de potência, não
existirá perigo de ocorrer sobrecarga.
Figura 4.5- Curva característica de ventiladores centrífugos de pás inclinadas para trás [32].
Figura 4.6- Ventilador axial de aletas (esquerda) e ventilador axial de hélice (direita) [42].
A seguir encontram-se caracterizados dois tipos de ventiladores axiais bem como as suas
curvas características.
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Ventilador axial propulsor (Figura 4.8) [32] - indicado para movimentar grandes
caudais de ar, com pequenos diferenciais de pressão. Vantagem: construído com
grande simplicidade e, consequentemente, baixo custo. Normalmente é instalado
sem duto. Muito utilizado na ventilação geral diluidora.
Ventilador tubo-axial (Figura 4.9) [32]- trabalha com pressões maiores que o
ventilador axial propulsor, com um rendimento maior. Isto é possível devido ao
rotor com pás de melhor perfil aerodinâmico que o anterior e a presença do tubo
axial. Para aumentar ainda mais a eficiência, podem ser afixadas no interior do tubo
axial, aletas estabilizadoras do fluxo.
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4.1.3. SISTEMAS HÍBRIDOS
Estes sistemas estão associados à combinação entre a ventilação natural e mecânica. O
seu funcionamento baseia-se na admissão do ar em compartimentos principais por processos
de ventilação natural, enquanto que a extração é mecânica nos compartimentos de serviço a
partir de extratores mecânicos individuais ou coletivos, localizados normalmente nas cozinhas e
instalações sanitárias (Tabela 4.2).
Os sistemas de ventilação híbrida são pouco frequentes em Portugal, uma vez que o seu
funcionamento assenta na operacionalidade de ventiladores mecânicos de baixa pressão e baixa
potência, programados para o funcionamento automático, caso as condições naturais não sejam
as suficientes para assegurar os caudais de ventilação mínimos [33].
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5. CAUDAIS MÍNIMOS DE AR NOVO
Os caudais mínimos de ar novo por espaço podem ser determinados pelo método
analítico ou pelo método prescritivo. Após escolha do método, dever-se-á calcular o caudal
mínimo de ar novo do edifício, em função da situação do edifício (por área) e da ocupação, e
comparar os dois valores, sendo o caudal a considerar o maior dos dois [31].
Caudal de ar novo
Situação do edifício
[m3/(hora.m2)]
Para os espaços em que o tipo de atividade seja ‘‘Sono’’ não deve ser calculado o caudal
mínimo de ar novo em função da área, sendo o requisito verificado unicamente em função da
ocupação. No caso de se verificar num espaço a existência predominante (superior a 75%) de
materiais de baixa emissão poluente, o valor de caudal mínimo de ar novo deve ser de 2
m3/(hora.m2). Consideram-se materiais de baixa emissão poluente os revestimentos e
acabamentos que satisfaçam, pelo menos, uma das seguintes condições [31]:
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Para a verificação da existência predominante (superior a 75%) dos materiais de baixa
emissão poluente deve ser considerada apenas a área exposta de revestimento de paredes,
pavimentos e tetos, incluindo superfície exposta de mobiliário fixo previsto em projeto [31].
𝐺
𝑄𝐴𝑁 = (5.1)
𝐶𝑖𝑝 − 𝐶𝑒𝑥𝑡
Onde:
𝑄𝐴𝑁 – Valor do caudal de ar novo, [m3/h];
𝐺 – Taxa de geração de CO2, [mg/h] ou [m3/h];
𝐶𝑖𝑝 – Limiar de proteção para a concentração de CO2 no ar interior, [mg/m3] ou
[m3/m3];
𝐶𝑒𝑥𝑡 – Valor médio típico da concentração no ar exterior do CO2 para a zona onde
se insere o edifício, [mg/m3] ou [m3/m3].
Uma vez que para determinar o caudal de ar novo através do método analítico é
necessária uma evolução temporal da concentração de CO2, o LNEC criou uma folha de
cálculo que se encontra disponível para download no respetivo website. A folha calcula
o caudal de ar novo seguindo as premissas existentes na legislação, tratando-se por esse
motivo uma ferramenta válida para uso por parte dos técnicos do SCE [31].
Para verificação do cumprimento dos requisitos, o caudal determinado pelo
método analítico terá de ser superior ao caudal do edifício (em função da área) [31].
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O cálculo do caudal de ar novo é efetuado recorrendo à seguinte equação [31]:
Onde:
Os caudais de ar novo por tipo de espaço encontram-se na Tabela I.04 da Portaria n.º 353-
A/2013. Note-se que os valores apresentados são já o caudal a insuflar no espaço para uma
pessoa.
Para espaços ocupados por pessoas com mais que um tipo de atividade, a média
ponderada de nível de atividade deve ser calculada pela seguinte expressão [31]:
∑𝑖(𝑁𝑀𝑖 ∙ 𝑀𝑖 )
𝑀𝑚𝑒𝑑 = (5.3)
∑𝐼 𝑁𝑀𝑖
Onde:
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5.5. CAUDAIS DE EXTRAÇÃO
Nos locais ou instalações do tipo de utilização indicados na Tabela 5.2 devem ser
assegurados os caudais mínimos de extração aí indicados para remoção de poluentes
junto da respetiva fonte, sendo que, nesse âmbito [31]:
a) Os espaços de instalações sanitárias devem ser mantidos em depressão
relativamente a todos os espaços adjacentes, através de redes de condutas de exaustão
independentes;
b) Devem ser identificados os locais com eventuais fontes de poluição, bem como
ser previsto o respetivo sistema de extração de ar;
c) As aberturas de extração de ar devem estar situadas por cima (junto) dos focos
localizados de poluição.
Tabela 5.2- Caudais mínimos de extração. Adaptado de [14].
Instalação sanitária
Máx(90 x (n.º urinóis + n.º sanitas); 10 x Apav)
pública
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6. DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE VENTILAÇÃO PARA ESCRITÓRIOS
DE UM EDIFÍCIO DE COMÉRCIO
Para fins de consolidação de toda a informação reunida neste trabalho procurou-se
realizar um exemplo prático de dimensionamento de um sistema de ventilação.
Posto isto, considerou-se um Edifício Comercial representado na Figura 6.1 onde se terá
em consideração apenas a fração correspondente à zona de escritórios para o qual se irá
dimensionar um sistema de ventilação de extração e insuflação nas instalações sanitárias e
vestiários.
A Figura 6.2 diz respeito à fração em estudo e é de notar que a fachada onde se situa
a entrada para esta fração está em contacto direto com um parque de estacionamento
coberto.
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6.2. DETERMINAÇÃO DE CAUDAIS DE AR NOVO
A insuflação e remoção de ar de um espaço tem um papel muito importante para o
conforto dos seus ocupantes, uma vez que a insuflação de ar novo garante a entrada de oxigénio
e ao mesmo tempo remove do espaço a sensação de ar viciado. Por outro lado, a extração do ar
tem como finalidade remover o ar viciado e seus poluentes, de modo a que, quando conjugado
simultaneamente com a entrada de ar, o ar dentro do edifício tenha condições higrométricas
adequadas, tornando-se deste modo um ambiente de conforto para os habitantes.
Numa primeira fase deve-se reunir o valor de todas as áreas dos espaços a ser
considerados e/ou efetuar um levantamento do número de ocupantes por cada espaço.
𝑄𝐴𝑁
𝑄𝐴𝑁𝑓 = [𝑚3 /ℎ] (6.1)
𝜀𝑣
Em que:
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Os valores obtidos de caudal de ar novo para cada uma das zonas da fração em estudo
estão expressos na Tabela 6.1.
Tabela 6.1- Caudais de ar novo para cada zona da fração em estudo.
3 2
Designação
2
Área [m ] QAN [m /(hm )] Ԑvent QANf [m3/h]
Escada Escritórios 24,85 5 0,8 155,31
Bastidores 5,60 5 0,8 35,00
Sala Reuniões 7,00 5 0,8 43,75
Operacionais 18,00 5 0,8 112,50
Refeitório 22,90 5 0,8 143,13
Hall M 3,99 5 0,8 24,94
Vest M 17,00 5 0,8 106,25
IS M Esc 7,00 5 0,8 43,75
Hall F 4,20 5 0,8 26,25
IS F Esc 7,50 5 0,8 46,88
Vest F 25,50 5 0,8 159,38
Corredor 33,24 5 0,8 207,75
Caudal de Ar Novo Total [m 3/h] 1104,88
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• Método da recuperação estática.
No entanto, o método da Perda de Carga Constante é mais utilizado para dimensionar as redes
aeraúlicas devido à sua simplicidade, uma vez que consiste em calcular os diâmetros das
condutas de ar de forma a que tenham a mesma perda de carga por unidade de comprimento,
ao longo de todo o sistema.
Tendo isto em conta, nesse caso o método adotado foi o da Perda de Carga Constante.
Após se calcular o caudal a extrair e insuflar nos diferentes espaços e pontos das
Instalações Sanitárias e Vestiários, idealizou-se um traçado de condutas para representação da
instalação a ser realizada. Com o traçado idealizado da instalação processou-se o
dimensionamento das condutas.
Para cada caso, fixou-se uma perda de carga através da consulta de um ábaco (Anexo 1),
onde se considera a velocidade de escoamento inicial e o caudal de ar total a extrair ou a insuflar
no espaço. Posteriormente, considerando-se os diferentes caudais de ar ao longo da instalação
e a perda de carga que foi fixada, obtém-se os diâmetros das condutas.
Por fim, obtém-se a perda de carga total para cada instalação idealizada considerando o
maior troço de mesma. Através da análise pormenorizada desse troço, determina-se a perda de
carga linear multiplicando-se a perda de carga fixa da instalação pelo comprimento do troço e a
perda de carga localizada tendo em conta as características de todos os acessórios. A perda de
carga máxima da instalação será dada pela soma das duas anteriores.
A título de exemplo, a instalação de extração nas I.S. e Vestiários tem uma perda de carga
constante de 0,4 Pa/m considerando uma velocidade de escoamento inicial de 3,2 m/s e um
caudal total de ar a extrair de 785 m3/h.
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Tabela 6.3- Determinação da perda de carga para cada instalação.
Extração Insuflação
Δp const. 0,4 Pa/m Δp const. 0,58 Pa/m
Cumprimento 7,75 m Cumprimento 21,03 m
Δpliner 3,1 Pa Δpliner 12,1974 Pa
ξ ξ
Extração livre 1 Insuflação livre 0,8
Redução (Vent.) 0,2 Redução (Vent.) 0,2
Expansão (Vent.) 0,2 Expansão (Vent.) 0,2
Redução 0,2 Derivação c/Redução 0,4
Derivação 0,2 'T'' c/ redução 1,3
Derivação 0,2 Curva 90º 0,4
Curva 90º 0,4 Derivação c/ Redução 0,4
Derivação c/ redução 0,4 Curva 90º 0,4
Derivação 0,2 Σξ 4,1
Curva a 90º 0,4
Curva a 90º 0,4 Acessórios das condutas 32,34 Pa
Σξ 3,8 Grelha Ext. 50 Pa
C.Filtragem 100 Pa
Acessórios das condutas 22,27 Pa Difusor 150 40 Pa
Grelha Ext. 50 Pa Δplocalizada 222,34 Pa
Vál. Ext. 42,7 Pa
Δplocalizada 114,97 Pa Δp= Δpliner + Δplocalizada 234,537 Pa
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6.4. SOLUÇÕES ADOTADAS
Para o caso em estudo as soluções adotadas para a ventilação das Instalações Sanitárias
e Vestiários, estão esquematizadas na Figura 6.5.
Desta forma, optou-se por insuflar nas I.S. e Vestiários o correspondente às necessidades
do espaço, estando assim estas zonas em depressão e favorecendo a transferência do ar das
zonas mais nobres para estas divisões e não o contrário. Poderia-se aumentar essa depressão
insuflando parte dessa quantidade de ar noutras divisões, obrigando a um caudal de ar
migratório maior. Para facilitar a migração do ar, devem-se instalar grelas de transferência, que
por sua vez têm que ser dimensionadas de acordo com o valor do caudal de ar que se pretende
miigrar.
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Entre o ventilador EVO LINE A EC 150 (amarelo) e o ventilador EVO LINE A EC 125 (azul),
deve-se optar pelo EVO LINE A EC 150, uma vez que o EVO LINE A EC 125 não conseguiria
suportar a perda de carga da instalação para o caudal pretendido. Contudo, como referido é
necessário fazer ajustes para que o ponto de funcionamento do ventilador da nossa instalação
idealizada coincida com a curva característica do ventilador EVO LINE A EC 150. Como não se
deve alterar o valor do caudal, os ajustes passam por aumentar a perda de carga da instalação,
por exemplo, instalando uma válvula de borboleta à entrada do ventilador ou manipulando a
parte elétrica do motor (apenas alguns ventiladores o permitem).
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Para além dos ventiladores é fundamental referir que foi projetada a instalação de uma
caixa de filtragem com filtro do tipo F7 à entrada do ventilador de forma a eliminar os poluentes
que possam existir no ar exterior que será insuflado no interior.
Nas escadas é relevante ter um sistema de ventilação isolado apenas para esse espaço
uma vez que em caso de incêndio as escadas são a saída de emergência.
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7. CONCLUSÕES
No que diz respeito ao âmbito da realização deste trabalho, isto é, fundamentar e
consolidar os conteúdos programáticos da unidade curricular ‘’Projeto de Climatização e
Refrigeração I’’ este trabalho superou os objetivos, uma vez que não só fundamentou os
conteúdos já adquiridos como aprofundou mais as noções sobre ventilação em edifícios e
qualidade do ar interior.
A projeção de sistemas de ventilação deve ser feita com extrema minuciosidade uma vez
que um sistema de ventilação deficiente pode ter graves consequências sobretudo para os
ocupantes como também para o próprio edifício. É, portanto, fundamental ter em conta todos
os pormenores sobre o edifico e o tipo de atividades e ocupantes a que este se destina de forma
a projetar um sistema de ventilação que satisfaça todas as necessidades, como por exemplo, a
eliminação/diluição dos poluentes de acordo com a legislação em vigor ou o ruído resultante do
funcionamento da instalação.
Abordando o papel da legislação neste tipo de projetos, reforça-se com este trabalho que
deve-se conhecer e sobretudo perceber a legislação em vigor. O conhecimento desta é
prioritário para qualquer tipo de trabalho nesta área, uma vez que para além do cumprimento
desta permitir estar de acordo com o que é exigido legalmente, também permite que se elabore
um projeto de forma precisa e exata sendo que será facilmente detetável qualquer possível
esquecimento que possa haver da parte do projetista.
Ainda a acrescentar, observa-se que este tipo de projeto é como uma ‘’obra de arte’’,
pois, existem diversas soluções que serão eficientes para o mesmo espaço. Assim, cada projeto
de ventilação realizado fica ao abrigo do projetista que o realiza, mesmo que sejam solicitadas
modificações pelo requerente, uma vez que fica ao critério apenas do projetista o procedimento
a utilizar para dimensionamento deste tipo de sistemas.
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[40] M. Maroni, B. Seifert e T. Lindvall, Indoor Air Quality. A Comprehensive Reference Book,
Elsevier, 1991.
[41] J. Spengler, J. Samet e J. McCarthy, Indoor Air Quality Handbook, McGraw-Hill, 2000.
[43] V. Galvão, “Continente Bom Dia de S. João da Madeira, Planta do Piso -1,” SONAE RP,
Maia, 2016.
[44] V. Galvão, “Continente Bom Dia de S. João da Madeira, Alçado Nascente e Alçado
Norte,” SONAE RP, Maia, 2016.
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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO ESCOLA CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS
PROJETO DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO I ANO LETIVO 2019/2020
ANEXOS
ANEXO 1 – ÁBACO PARA DIMENSIONAMENTO DE CONDUTAS SEGUNDO O MÉTODO DA
PERDA DE CARGA CONSTANTE
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