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Petróleo e

Meio Ambiente

192
1ª edição
Desenvolvimento de conteúdo, mediação pedagógica e design gráfico
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1ª Edição - Junho/2015

I.C.E. Monitor
Sumário
Apresentação.................................................................................................................................. 6

Lição 1 - Contatos Naturais do Petróleo com o Meio Ambiente


Introdução.................................................................................................................................. 7
1. Meio Ambiente..................................................................................................................... 7
1.1 Tipos de Meio Ambiente....................................................................................... 8
1.2 Meio Ambiente e Sustentabilidade............................................................... 8
1.3 Meio Ambiente e Reciclagem........................................................................... 8
1.4 Meio Ambiente e Sociologia.............................................................................. 9
2. Petróleo.................................................................................................................................... 9
2.1 Hidrocarbonetos...................................................................................................... 11
2.2 Classificação do Petróleo.................................................................................... 12
2.3 Origem do Petróleo............................................................................................... 12
2.4 Requisitos para Acumulação de Petróleo
no Meio Ambiente......................................................................................................... 14
3. O Petróleo e o Meio Ambiente................................................................................... 17
3.1 Principais Atividades Poluidoras do Petróleo
no Meio Ambiente................................................................................................... 18
3.1.1 Exploração ....................................................................................................... 18
3.1.2 Completação................................................................................................... 18
3.1.3 Processamento.............................................................................................. 18
3.1.4 Escoamento .................................................................................................... 19
3.1.5 Refino................................................................................................................... 19
Exercícios Propostos............................................................................................................ 19

Lição 2 - Poluição por Petróleo e Derivados Causada por


Atividades Humanas
Introdução.................................................................................................................................. 22
1. Principais Derivados do Petróleo............................................................................. 22
2. Poluição Atmosférica...................................................................................................... 25
3. Poluição dos Solos............................................................................................................. 27
3.1 Resíduos Sólidos Gerados nas Refinarias de Petróleo....................... 27
3.2 Efeitos sobre o Meio Ambiente....................................................................... 28
4. Poluição dos Recursos Hídricos............................................................................... 29
4.1 O Uso da Água pelas Indústrias....................................................................... 29
4.2 Os Efluentes Hídricos Gerados no Processo de
Refino de Petróleo.................................................................................................. 33
4.3 Os Efluentes Hídricos das Refinarias e o Meio Ambiente.............. 34
Exercícios Propostos............................................................................................................ 34

3
Lição 3 - Grandes Vazamentos: Principais Acidentes e Medidas
de Controle e Recuperação de Ambientes Degradados
Introdução.................................................................................................................................. 36
1. Comportamento do Petróleo na Coluna de Água........................................... 36
2. Resíduos Petrolíferos...................................................................................................... 37
3. Principais Acidentes e a Evolução da Questão da Segurança
e Meio Ambiente na Indústria de Processo............................................................ 40
4. Como Limpar os Derramamentos de Petróleo............................................... 42
5. Impactos do Derrame de Petróleo.......................................................................... 46
5.1 Efeitos no Meio Ambiente.................................................................................. 46
5.2 Impactos Econômicos.......................................................................................... 47
Exercícios Propostos............................................................................................................ 48

Lição 4 - Metodologias e Principais Ferramentas para


Determinação de Hidrocarbonetos em Amostras Ambientais
Introdução.................................................................................................................................. 51
1. Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos – HPAs......................................... 51
1.1 Fontes de Contaminação por HPAs............................................................... 52
1.2 Características Físico-Químicas dos HPAs e
Exposição Humana................................................................................................. 52
1.2.1 Características Físico-Químicas........................................................... 52
1.2.2 Efeito dos HPAs nos Organismos Humanos............................... 55
1.3 Distribuição dos HPAs no Meio Ambiente............................................... 55
2. Principais Técnicas para Determinação dos HPAs....................................... 56
2.1 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com Detector
de Fluorescência (CLAE-FLUO) e Gasosa de Alta Resolução
Acoplada à Espectrometria de Massas (CGAR-EM)............................ 56
2.2 Imunoensaios............................................................................................................ 57
2.3 Espectroscopia de Fluorescência.................................................................. 58
Exercícios Propostos............................................................................................................ 58

Lição 5 - Transformações Físicas, Químicas e Biológicas


Sofridas pelo Petróleo no Meio Ambiente
Introdução.................................................................................................................................. 63
1.1 Espalhamento............................................................................................................. 63
1.2 Evaporação.................................................................................................................. 63
1.3 Dispersão ..................................................................................................................... 63
1.4 Dissolução.................................................................................................................... 64
1.5 Emulsificação............................................................................................................. 64
1.6 Sedimentação............................................................................................................ 64
1.7 Biodegradação........................................................................................................... 65
1.8 Foto-oxidação............................................................................................................ 65

4
Exercícios Propostos............................................................................................................ 65

Lição 6 - Efeitos da Poluição por Petróleo e Derivados


Introdução.................................................................................................................................. 67
1. Meio Ambiente..................................................................................................................... 67
1. Efeitos Causados pelas Emissões Atmosféricas............................................... 67
1.1 Impactos dos Poluentes sobre a Saúde....................................................... 68
1.2 Impactos sobre os Materiais............................................................................. 69
1.3 Efeitos sobre a Visibilidade................................................................................ 70
1.4 Odores............................................................................................................................ 70
1.5 Efeitos Globais Decorrentes da Poluição Atmosférica..................... 71
2. Efeito Causado pelos Efluentes Líquidos............................................................. 72
3. Efeitos Causados pelos Resíduos Sólidos............................................................ 75
4. Efeitos Causados pela Poluição Sonora............................................................... 76
5. Legislação Brasileira para Controle da Poluição por
Petróleo e Derivados........................................................................................................ 77
Exercícios Propostos............................................................................................................ 78

Lição 7 - Remediações Físicas, Químicas e Biológicas


Introdução.................................................................................................................................. 80
1. Biorremediação................................................................................................................... 80
2. Processos Abióticos de Remediação...................................................................... 83
3. Processos Biológicos de Remediação.................................................................... 84
Exercícios Propostos............................................................................................................ 86

Lição 8 - Noções de Emissões Atmosféricas Oriundas


da Combustão de Derivados de Petróleo
Introdução.................................................................................................................................. 88
1. Os Principais Poluentes Emitidos pelas Refinarias de
Petróleo, sua Origem e seus Efeitos sobre o Meio Ambiente
e a Saúde da População................................................................................................. 88
2. Medidas de Controle das Emissões Atmosféricas.......................................... 92
2.1 Controle de Emissão dos Poluentes Gasosos.......................................... 92
2.2 Controle de Emissão do Material Particulado....................................... 94
3. Medidas de Minimização das Emissões Atmosféricas................................ 96
Exercícios Propostos............................................................................................................ 97

Encerramento................................................................................................................................. 99

Referências Bibliográficas..................................................................................................... 101

5
Apresentação
O petróleo é muito empregado no nosso dia a dia, o utilizamos na borracha
sintética do pneu, no asfalto, em garrafas plásticas e também como combus-
tível. Ele possui importância fundamental em nossa sociedade, pois fornece
energia e os seus derivados são a matéria-prima para fazer outros produtos.

No Brasil, nos últimos anos, as reservas de óleo e gás cresceram muito, ga-
rantindo boa reserva/produção para o desenvolvimento nacional, tanto que
o Brasil ocupa um papel importante na produção do petróleo e gás natural,
com jazidas localizadas na Amazônia e em alto-mar. Como exemplo, pode-
mos citar as descobertas na Bacia de Santos na camada pré-sal, localizada em
águas profundas, que tive sua exploração iniciada em 2007.

Em todo o mundo, a indústria petrolífera emprega mais de um milhão de


pessoas, proporcionando diversas oportunidades de trabalho, como traba-
lhadores de campo, operadores experimentados, técnicos de manutenção,
engenheiros, cientistas, geólogos, administradores, entre outros. Essa indús-
tria oferece um trabalho desafiador e nenhuma atividade é igual a outra.

Bom estudo!

6
Lição 1 - Contatos Naturais do Petróleo
com o Meio Ambiente

A indústria do petróleo é uma atividade econômica que prejudica o meio


ambiente, pois quando se extrai o petróleo e o transporta em grandes volu-
mes podem ocorrer vazamentos. Na parte superior da cadeia de produção,
que inclui a extração, o transporte, o refino do óleo bruto e o transporte de
seus produtos e subprodutos, é onde se observam as maiores chances de
poluição ambiental - nos campos extrativos em terra e no mar, nas áreas
portuárias de carga e descarga, nas refinarias e nas rotas de transporte. Na
maioria das vezes, seu próximo destino após a extração não é o seu desti-
no final, fazendo com que o óleo bruto e seus produtos e subprodutos per-
corram uma rede de distribuição e beneficiamento, estabelecida de acordo
com as necessidades de cada país ou região.

Muitas etapas de transporte e distribuição são adicionadas, até que os re-


sultados finais de todos esses processos cheguem às suas formas e destinos
finais - por exemplo: a gasolina nos postos de combustível e os plástico em
nossas residências.

Vamos aprender o que é o meio ambiente, o que é o petróleo, a sua com-


posição, a sua origem desde o processo de formação no fundo do mar
até sua extração e as principais atividades poluidoras do petróleo no
meio ambiente.

Ao término desta lição, você deverá será capaz de:


a) entender como se dá o processo de acúmulo de petróleo no meio
ambiente;
b) entender o conceito, a origem e a classificação do petróleo;
c) entender quais as principais atividades poluidoras do petróleo no meio
ambiente;
d) identificar o que é um hidrocarboneto;
e) identificar os tipos de meio ambiente.

1. Meio Ambiente
O meio ambiente são todas as coisas vivas e não vivas do nosso planeta, afe-
tando os ecossistemas e a nossa vida. É um conjunto de unidades ecológicas
que funcionam como um sistema natural e incluem toda a vegetação, ani-
mais, micro-organismos, solo, rochas, atmosfera e fenômenos naturais. O
meio ambiente compreende recursos e fenômenos físicos como ar, água e
clima, energia, radiação, descarga elétrica e magnetismo.

7
Para as Nações Unidas, o meio ambiente é o conjunto de componentes
físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou
indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as ativida-
des humanas.

No Brasil existe a PNMA, que é a Política Nacional do Meio Ambiente. Ela de-
fine meio ambiente como o conjunto de condições, leis, influências e intera-
ções de ordem física, química e biológica; que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas.

1.1 Tipos de Meio Ambiente

Vamos entender três conceitos básicos sobre o meio ambiente.

O Meio Físico compreende o subsolo, o solo, a topografia (montanhas, cam-


pos, cerrado brasileiro, caatinga no nordeste, campos no sul do Brasil etc.), as
águas (oceanos, rios, lagos, cachoeiras etc.), o ar e o clima.

O Meio Biótico compreende o homem, a fauna (animais) e a flora (florestas,


matas, campos etc.).

O Meio Socioeconômico compreende o uso e a ocupação do solo, da água,


o respeito à cultura de cada região, à socioeconomia local e as relações do
homem com a sociedade.

Os órgãos governamentais cobram as empresas petrolíferas para que elas


adotem sistemas de qualidade para protegerem o meio ambiente, por isso
existe a relação entre meio ambiente e os conceitos de sustentabilidade e re-
ciclagem.

1.2 Meio Ambiente e Sustentabilidade

A relação entre meio ambiente e sustentabilidade está relacionada à preser-


vação do nosso planeta. É preciso cuidar para não poluir as águas de rios e
mares, separar o lixo reciclável; evitar desastres ecológicos, como queimadas,
desmatamentos e derramamentos de petróleo no mar. A sustentabilidade é
para longo prazo e significa preservar hoje o meio ambiente para que as pró-
ximas gerações consigam aproveitá-lo. A sustentabilidade do meio ambiente
deve ser uma prioridade dos nossos políticos para que a conservação do meio
ambiente consiga ser alcançada.

1.3 Meio Ambiente e Reciclagem

A reciclagem é um processo importante para a preservação do meio ambien-


te, pois ajuda a diminuir a poluição do ar, da água e do solo. O desafio é cons-
cientizar as pessoas de que todos os produtos utilizados nas casas (vidros,
plásticos, pilhas, baterias de celulares, papel etc.) causam impacto no meio
ambiente se forem descartados de maneira incorreta.

8
1.4 Meio Ambiente e Sociologia

A relação da sociologia com o meio ambiente está ligada às questões so-


cioambientais que envolvem a realidade social das pessoas ao meio ambiente
em que elas habitam. Os sociólogos acreditam em uma sociedade sustentável,
porém é necessário que se respeitem os saberes, as culturas e as etnias (dife-
rentes raças que habitam nosso país), respeitando as nossas riquezas natu-
rais.)

Para pesquisar
Para aprofundar seus estudos sobre o assunto, baixe o conteúdo de Legislação Brasileira
sobre Meio Ambiente disponível no site http://www.vitoria.es.gov.br/arquivos/20100722_
leis_brasil_meio_ambiente.pdf e o leia. Nele você encontrará informações que
enriquecerão a sua bagagem de conteúdos e o auxiliarão no seu dia a dia como profissional
de petróleo e gás.

2. Petróleo
A palavra petróleo tem origem do latim petra (pedra) e oleum (óleo). O petróleo
no estado líquido é oleoso, inflamável, menos denso que a água, com cheiro
característico (devido à presença de diversos tipos de hidrocarbonetos, con-
tendo também proporções menores de contaminantes como enxofre, nitro-
gênio, oxigênio e metais) cor variando entre o negro e o castanho-claro. O
petróleo é uma mistura complexa de inúmeros compostos orgânicos, com
predominância de hidrocarbonetos (compostos contendo apenas carbono e
hidrogênio). Quando o petróleo apresenta uma maior porcentagem de molé-
culas pequenas (exemplo: metano, utilizado como gás de cozinha) e seu esta-
do físico é gasoso; e quando a mistura contém moléculas maiores, seu estado
físico é líquido (exemplos: óleo diesel, gasolina e outros produtos de grande
valor comercial), ambos nas condições de temperatura e pressão a que
estão sujeitas na jazida no fundo do oceano. As maiores jazidas petrolíferas
conhecidas e exploradas localizam-se nos Estados Unidos, México, Venezuela,
Rússia (Cáucaso), Malásia (Bornéu) e no Oriente Médio (Arábia Saudita, Irã,
Iraque, Kuwait). A tabela 1 mostra os produtos obtidos durante o refino de pe-
tróleo e que usamos diariamente.
Tabela 1 – Frações do Petróleo

Temperatura de Composição
Fração Usos
ebulição (ºC) aproximada
Gás natural utilizado nos
Gás residual
- C1 – C2 automóveis.
Gás Liquefeito de
até 40 C3 – C4 Gás utilizado nas
Petróleo - GLP
residências.
Combustível de
Gasolina 40 – 175 C5 – C10
automóveis, solventes.

9
Temperatura de Composição
Fração Usos
ebulição (ºC) aproximada
Iluminação, combustível
Querosene 175 – 235 C11 – C12
de aviação a jato.
Gasóleo leve 235 - 305 C13 – C17 Óleo diesel, fornos.
Combustível, matéria-
Gasóleo pesado 305 – 400 C18 – C25
prima para lubrificantes.
Lubrificantes 400 – 510 C26 – C38 Óleos lubrificantes.
Asfalto, piche,
Resíduo acima de 510 C38+
impermeabilizantes.

Fonte: THOMAS, J. E. et al. 2001, p. 5.

Observações referentes à Tabela 1:


• A coluna da composição aproximada, por exemplo: C1 – C2, representa o
seguinte:

C1 – apenas um carbono, C2 – dois carbonos.

O carbono apresenta geometria tetravalente (Figura 1) e pode fazer 4 ligações


simples com outros 4 elementos. No caso dos hidrocarbonetos, ele está ligado
ao elemento químico hidrogênio. Portanto, o C1 é o composto obtido mais
simples formando o CH4 (gás natural utilizado nos automóveis e residências).

Figura 1 – Carbono Tetravalente

• A coluna referente à temperatura de ebulição é para mostrar que o


petróleo ao chegar à refinaria passa por um processo chamado refino
de petróleo. Durante esse processo, o petróleo é aquecido em um
equipamento sob pressão e temperatura. Conforme a temperatura vai
aumentando, o petróleo vai sendo separado para cada fun3ção: asfalto,
plástico, entre outros.

Os óleos obtidos de diferentes reservatórios de petróleo possuem caracte-


rísticas diferentes. Alguns são pretos, densos e viscosos; liberando pouco ou
nenhum gás, enquanto outros são castanhos ou claros, liberando bastante
gás. Outros reservatórios podem produzir somente gás, mas todos produzem
análises elementares semelhantes às dadas na tabela 2.

10
Tabela 2 – Análise Elementar do Óleo Cru Típico (% em peso)

Hidrogênio 11 – 14%
Carbono 83 – 87%
Enxofre 0,06 – 8%
Nitrogênio 0,11 – 1,7%
Oxigênio 0,1 – 2%
Metais até 3%

Fonte: THOMAS, J. E. et al. 2001, p. 5.

Os dados apresentados na tabela 2 mostram a alta porcentagem de carbono


e hidrogênio existentes no petróleo e que os seus principais constituintes são
os hidrocarbonetos (soma de carbono e hidrogênio). Os outros constituintes
do petróleo aparecem como compostos orgânicos ligados aos outros elemen-
tos, sendo os mais comuns o nitrogênio, o enxofre e o oxigênio.

2.1 Hidrocarbonetos

O carbono é um elemento fundamental na vida na Terra, pois ele está pre-


sente em tudo que existe, como no combustível, no alimento e nas roupas.
Compostos de carbono e hidrogênio fornecem eletricidade, aquecem as casas
e servem de fundamento para a indústria petroquímica.

Na indústria petrolífera, o petróleo é a matéria-prima principal que é forma-


da por hidrocarbonetos – membros da família mais simples dos compostos
orgânicos –, compostos contendo carbono e hidrogênio. Há um enorme nú-
mero de hidrocarbonetos, porque o carbono pode formar uma variedade de
cadeias, anéis e redes de átomos, formando ligações simples, duplas e triplas.

As propriedades químicas dos hidrocarbonetos podem ser entendidas em


termos dos mecanismos de suas reações, os detalhes das etapas que transfor-
mam um composto em outro. Os hidrocarbonetos saturados são chamados
de alcanos ou parafinas (do latim parafine, “pequena atividade”, por serem
comparativamente inertes quando comparado aos alcenos e alcinos, uma
vez que apresentam apenas ligações simples entre os átomos de carbono e
hidrogênio). O alcano mais simples é o metano, CH4. As fórmulas dos outros
alcanos são derivadas do CH4, inserindo-se grupos CH2 entre pares de áto-
mos. Por exemplo, CH3-CH3 é o etano e H3C-CH2-CH3 é o propano. O hidrocar-
boneto insaturado mais simples é o eteno, H2C=CH2, conhecido por etileno.
Ele é considerado o pai dos alcenos. Os alcinos são hidrocarbonetos com,
pelo menos, uma ligação tripla carbono-carbono. O mais simples é o etino,
HC≡CH, chamado de acetileno.

Dica de leitura
O livro “Fundamentos de Engenharia de Petróleo” apresenta um texto base para qualquer
curso na área de petróleo.

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2.2 Classificação do Petróleo

O petróleo pode ser classificado em: óleos parafínicos (hidrocarbonetos satu-


rados de cadeia aberta, servem para produzir querosene de aviação – QAV –,
diesel, lubrificantes e parafinas), óleos naftênicos (hidrocarbonetos saturados
de cadeia fechada, formando ciclos na sua estrutura química, por exemplo, os
cicloalcanos, e produzem frações significativas de gasolina, nafta petroquí-
mica QAV e lubrificantes), óleos aromáticos (hidrocarbonetos aromáticos, ou
seja, compostos que apresentam o anel benzênico ou anel aromático na sua
estrutura, e são indicados para produção de gasolina, solventes e asfaltos), as-
faltenos (asfaltos, piche, impermeabilizantes). Na tabela 3, podemos resumir
de maneira simples e objetiva a classificação do petróleo.

A classificação do petróleo serve para os geoquímicos e os refinadores. Os


geoquímicos caracterizam o óleo para relacioná-lo à rocha geradora e medir
o seu grau de degradação. Os refinadores querem saber a quantidade das di-
versas frações que podem ser obtidas, a composição e as propriedades físicas.
Tabela 3 – Classificação do Petróleo

Classificação (%) Exemplos


Parafínica 75% ou mais de Óleos leves.
parafinas
Parafínico-naftênica 50-70% parafinas, Petróleo produzido na Bacia de
>20% de naftênicos Campos, RJ.
Óleos da América do Sul, Rússia
Naftênica >70% de naftênicos e Mar do Norte.
Aromática >50% de Óleos pesados.
intermediária hidrocarbonetos
aromáticos
Aromático-naftênica Derivados dos óleos parafínicos
>35% de naftênicos e parafínicos-naftênicos.
Aromático-asfáltica >35% de asfaltenos e Óleos pesados e viscosos.
resinas

Fonte: THOMAS, J. E. et al. 2001, p. 12-13.

2.3 Origem do Petróleo

Há duas teorias sobre a origem do petróleo: a teoria biogênica e a teoria abio-


gênica. Essas duas teorias começaram a ser debatidas a partir de 1860 e com
menor intensidade após a descoberta de grandes acumulações de petróleo, por
causa dos avanços da exploração através de métodos sísmicos (métodos utili-
zados para identificar a presença de informações geológicas propícias para a
acumulação de hidrocarbonetos). O russo Mikhail Lomonossov, em 1757, teria
escrito que o petróleo seria formado por compostos orgânicos soterrados.
• Biogênica: o petróleo é o termo utilizado para designar o óleo e o gás
natural. Ele se origina da decomposição de matéria orgânica marinha

12
fitoplâcton (bactérias e algas que ficam suspensas nos oceanos),
depositando-se com os sedimentos (material rico em minerais de argila)
de baixa permeabilidade, inibidor de ação da água circulante em seu
interior, além de condições termoquímicas apropriadas.

A interação dos fatores – matéria orgânicos sedimentos e condições termo-


químicas apropriadas – é fundamental para o inicio da cadeia de processos
que leva á formação do petróleo.

Observando que a composição da matéria orgânica, mais a intensidade do


processo térmico atuante sobre a mesma, darão origem a hidrocarbonetos
Oleosos e ou Gasosos. Ou seja, a matéria orgânica de origem em fitoplânc-
ton gera hidrocarbonetos oleosos, e a materia orgânica vegetal lenhosa, gera
hidrocarbonetos gasosos. (aqui o processo térmico refere-se a influencia da
temperatura atuando sobre a matéria orgânica e causando a sua decomposi-
ção). A ação de bactérias, do calor e da pressão transformou essa matéria or-
gânica em querogênio (composto químico a partir do qual são gerados todos
os tipos de hidrocarbonetos).

Resumindo:
As bactérias, as algas e as plantas marinhas morrem e se depositam no fundo dos oceanos
sobre os sedimentos e vão formando camadas umas sobre as outras. A temperatura
e a pressão que atua sobre elas vai originar um material orgânico rico em carbono e
hidrogênio, dando origem ao petróleo.

Todo esse processo ocorre dentro de rochas dita fonte e ou geradora, e se desloca
para outra, onde se acumula dita rocha reservatório.

A migração do petróleo se da através de meios de baixicima permeabilidade,


rochas sedimentares argilosas (folhelhos). O través de microfraturamento
nessas rochas.

Podemos verificar o processo evolutivo de formação do petróleo.


• na faixa de temperaturas mais baixas, até 65 ºC, predomina a atividade
bacteriana, transformando a matéria orgânica em querogênio. O produto
obtido é o metano bioquímico ou biogênico. Esse processo é chamado de
diagênese.
• o aumento de temperatura até 165 ºC resulta na geração dos
hidrocarbonetos líquidos (óleos) e gás. Esse processo é denominado de
catagênese.
• avançando a temperatura até 210 ºC ocorrerá a quebra das moléculas
de hidrocarbonetos líquidos em gás leve (formação de gás natural),
denominado esse processo de metagênese.
• a continuação do aumento de temperatura levará à degradação do
hidrocarboneto gerado, deixando como remanescente o grafite, o gás

13
carbônico e algum resíduo de gás metano. Essa etapa recebe o nome de
metamorfismo.

A figura 2 mostra esses estágios de transformação.

Campos de Estágiois de
existência transformação
Gás bioquímico
Diagênese
Condensado
Soterramento

60
Temperatura (oC)

Óleo Catagênese

150
Gás
termoquímico Metagênese
210
TR CH4 - CO2 Metamorfismo
Figura 2 – Transformação Termoquímica da Matéria Orgânica e a Geração de Petróleo

Fonte: THOMAS, J. E. et al. 2001, p. 16.

• Abiogênica: essa teoria se baseia na migração de moléculas de


hidrocarbonetos (principalmente metano) aprisionados a centenas de
quilômetros de profundidade durante a formação do planeta. Nesta
migração, os gases como metano, hélio e nitrogênio poderiam estar
presentes e ajudariam no transporte do petróleo para níveis mais rasos,
ficando nos reservatórios. Alguns metais, como níquel, vanádio, cádmio,
arsênio, chumbo, mercúrio, platinas, entre outros, estão associados ao
petróleo e atestam a origem dessa teoria.

Resumindo:
Ela difere da teoria biogênica, pois o petróleo, nesse caso, é formado a partir de alguns
metais e não pela presença de matéria orgânica depositada no fundo dos oceanos durante
milhões de anos.

2.4 Requisitos para Acumulação de Petróleo no Meio Ambiente

Para se acumular petróleo e/ou gás é necessário a presença de uma rocha


geradora capaz de produzir o óleo, uma rocha reservatório e uma barreira
capeadora com uma retenção tridimensional (reter o petróleo formado), que
irão constituir uma armadilha para acumulação do petróleo. A rocha gera-
dora de petróleo se formou cronológica e estruturalmente, com granulação

14
muito fina, rica em matéria orgânica, gerando o petróleo para a formação ar-
mazenadora ou rocha reservatório.

As formas de migração têm algumas explicações. A explicação clássica afirma


a fase de expulsão da água das rochas geradoras, levando o petróleo durante
o processo de compactação. Esse processo de expulsão se chama migração
primária. O caminho ao longo de uma rocha porosa e permeável até ser in-
terceptado e aprisionado por uma armadilha geológica se chama migração
secundária. A não contenção do petróleo em sua migração permitiria seu
percurso em busca de zonas de menor pressão até se perder na superfície
e sofrer um processo de degradação/destruição pela ação de bactérias, rece-
bendo o nome de migração terciária.

Depois que o petróleo é migrado, ele é acumulado em uma rocha reserva-


tório. Esse tipo de rocha pode ter qualquer origem ou natureza, mas para se
constituir em um reservatório deve apresentar espaços vazios no seu inte-
rior (poros), os quais devem estar interconectados, o que dá permeabilidade.
Como exemplos de rochas reservatórios, temos os arenitos, os calcarenitos e
as coquinhas (solidificação de conchas ou fragmentos de conchas) e todas as
rochas sedimentares porosas (permitindo a passagem do petróleo). As rela-
ções espaciais entre as rochas geradoras, reservatórios e selantes são mostra-
das na figura 3.

Nas bacias sedimentares brasileiras produtoras de petróleo, os reservatórios


são convencionais, do tipo arenitos e calcarenitos; mas existem exemplos de
acumulações de hidrocarbonetos em rochas sedimentares, ígneas e meta-
mórficas e em folhelhos fraturados presentes na Bacia do Recôncavo (BA);
os basaltos, na Bacia de Campos (RJ), e as metamórficas fraturadas, na Bacia
Sergipe-Alagoas.

Rochas selantes

Reservatórios
porosos

Reservatórios
fechado

Rochas geradora

Figura 3 – Relações Espaciais entre as Rochas Geradoras, Reservatórios e Selantes

Fonte: THOMAS, J. E. et al. 2001, p. 19.

Quando o petróleo já está gerado, foi migrado e está no reservatório, é neces-


sária uma barreira para segurá-lo. Consegue-se essa barreira por uma rocha

15
selante, cujas características são a baixa permeabilidade (dificuldade do pe-
tróleo de passar pela rocha) e a plasticidade (mantém sua condição selante
mesmo quando submetida a esforços que podem deformar sua estrutura). A
eficiência da rocha selante depende de sua espessura e da sua extensão. Duas
importantes classes de rochas são selantes: os folhelhos e os evaporitos (sal).
A disposição espacial entre rochas reservatórios e selantes permite a acumu-
lação do petróleo.

Uma jazida de petróleo pode ser formada com armadilhas ou trapas, que
podem ter diferentes origens, características e dimensões. São situações geo-
lógicas estruturais, estratigráficas e mistas ou combinadas que propiciam
condições para existência de acumulações petrolíferas, não permitindo que
o óleo migre para superfície. Vamos conhecer as armadilhas estruturais, es-
tratigráficas e mistas.

As armadilhas estruturais detêm os maiores volumes de petróleo e elas são


respostas aos esforços e às deformações (dobras, falhas e fraturas). Nessas do-
bras e fraturas ocorrerá a acumulação de petróleo. As armadilhas podem ser
anticlinais ou blocos falhados, conforme mostrado na figura 4.

Anticlinais

Blocos Falhados

Figura 4 – Armadilhas Estruturais

Fonte: THOMAS, J. E. et al. 2001, p. 20.

As armadilhas estratigráficas não apresentam relação com os esforços


ocorridos nas bacias sedimentares e são determinadas por interações de
fenômenos de caráter paleogeográfico (estudo de sucessivas mudanças da
superfície terrestre durante o tempo geológico), caso dos paleorrelevos, e
sedimentológicos, como as variações laterais de permeabilidade (figura 5).
Resultam da intercalação de camadas sedimentares porosas e impermeáveis
(arenitos e folhelhos). No Brasil ocorre esse tipo de armadilha na Formação
Candeias, no Recôncavo, Bacia do Ceará, Bacia do Espírito Santo e Bacia de
Campos. Um exemplo de aprisionamento paleogeográfico é a acumulação do
campo de Fazenda Belém, na Bacia Potiguar (Ceará).

16
1 e 2 - Trapas estratigr[aficas
3 a 7 - Diversas trapas associadas e discordância

Figura 5 – Armadilhas Estratigráficas e Paleogeomórficas

Fonte: THOMAS, J. E. et al. 2001, p. 21.

As armadilhas mistas ou combinadas são aquelas situações em que as acu-


mulações de hidrocarbonetos têm controle de elementos estruturais e estra-
tigráficos. Exemplos: Bacia Potiguar e Bacia do Espírito Santo.

3. O Petróleo e o Meio Ambiente


O petróleo e seus derivados são liberados para o meio ambiente durante as
etapas de exploração, carga, descarga, transporte e produção de subprodutos.
O comportamento dos diferentes componentes do petróleo no solo, água e ar
é muito significativo na avaliação dos efeitos à saúde e à biota (conjunto dos
seres vivos de um ecossistema, o qual inclui flora, fauna, fungos e outros or-
ganismos) decorrentes dessa exposição. A poluição por petróleo vai depender
de fatores que incluem características físico-químicas, processos de difusão
(ar, água, solo) e de degradação (fotoquímica, física, biológica).

As fontes de contaminação do oceano por óleo são variadas e podem ser se-
paradas em quatro grandes grupos: percolação natural no fundo oceânico,
extração de petróleo, transporte de óleo e consumo de petróleo. A quantidade
de óleo que atinge os mares pode variar, dependendo da ocorrência de aci-
dentes ou guerras.

Quando o óleo cru, que é a fração pesada do petróleo, atravessa o extrato


geológico do fundo marinho até a coluna d’água ocorre a percolação natural.
A extração de petróleo pode resultar no vazamento de óleo cru e produtos
refinados. Como esses derrames acontecem e o tamanho deles varia e se res-
tringem às áreas de exploração de óleo e gás natural, sendo um risco para os
ambientes costeiros. No transporte de óleo podem ocorrer enormes vazamen-
tos como acidentes com navios tanque, tal como o vazamento de 13.000 m3 de
óleo do navio Exxon Valdez, ocorrido no Alasca, em 1989. Já o consumo de
óleo corresponde à maior contribuição antrópica de vazamento de óleo para
o mar. Esse tipo de fonte difusa libera nos oceanos petróleo.

As atividades de exploração e produção de petróleo são poluidoras e causam


impacto ambiental no meio ambiente. Devido à enorme demanda por pe-

17
tróleo e derivados, as empresas do ramo buscam explorar petróleo em áreas
como o Amazonas e o pré-sal na costa brasileira. O Amazonas é um ambien-
te complexo e com o maior ecossistema do mundo, com importância para o
equilíbrio do clima, apesar de já estar sofrendo com o desmatamento para
formação de pastagens, entre outros. Essa região é um local com uma das
maiores reservas de óleo e gás do país, e como é um local com pouco povoa-
mento, sem rodovias, um local de difícil acesso, tem grandes chances de ter
grandes clareiras abertas, o que é preocupante, além da grande quantidade
de subprodutos tóxicos liberados nos rios.

3.1 Principais Atividades Poluidoras do Petróleo no Meio Ambiente

►►3.1.1 Exploração
Durante as atividades de exploração são feitas pesquisas para saber se existe
um campo ou bacias sedimentares em uma região em busca de uma acu-
mulação de óleo. Há muitos riscos nesse tipo de atividade, pois para obter a
localização exata dos reservatórios são realizados os poços pioneiros (poços
de testes), onde os geólogos aprofundam os estudos nos materiais particu-
lados e todo teste de produção. Maquinários e equipamentos de perfuração,
chamados de sondas de perfuração, começam a perfurar os poços, entrando
em contado direto com a formação geológica, podendo ocorrer acidentes de-
vido à alta de pressão nos reservatórios, rompendo todos os sistemas de se-
gurança nos equipamentos, ocorrendo fluxo indesejável de fluidos vindos da
formação e entrando em contato com os biomas existentes ao redor, pondo
em risco muitas espécies de seres vivos.

►►3.1.2 Completação
Após a perfuração dos poços é necessária a instalação de alguns equipamen-
tos. Para comunicar o interior do poço com a formação produtora de petró-
leo, perfura-se o revestimento interno do poço utilizando-se cargas explo-
sivas moldadas para esta finalidade para colocar o poço em contato com a
formação. Esse processo recebe o nome de canhoneio. Depois, é instalada a
cabeça do poço, dando segurança na produção para que não ocorra desastre
ambiental durante o período produtivo dele.

►►3.1.3 Processamento
Nessa fase acontece a separação de substâncias contidas na mistura que são
produzidas com o petróleo. É importante saber como usar essas substâncias
e o que as organizações fazem para devolvê-las ao meio-ambiente livre de
impurezas, pois o descarte incorreto causa impacto ambiental.

►►3.1.4 Escoamento
O escoamento é de grande importância, pois conduz a produção de todos os
poços marítimos e terrestres para o local onde esta mistura irá se tornar um

18
produto economicamente viável, a refinaria, pois é nela que o petróleo terá
suas moléculas quebradas, originando produtos com maior valor. Durante o
escoamento do petróleo é impossível não ter riscos ambientais.

Há, pelo menos, quatro formas de transportar petróleo: rodoviários, ferro-


viários, hidroviário e dutoviário. Os mais utilizados no Brasil são os modais
hidroviários e dutoviários, que também causam mais impactos ambientais
apor causa das grandes quantidades transportadas. No modal hidroviário, os
riscos são ainda maiores por causa dos seus sistemas de transportes por ca-
botagem, ou seja, percorrendo toda a costa brasileira, passando por regiões
muito povoadas e ambientes com grande biodiversidade, pois o impacto de
um derrame no mar terá um dimensionamento maior após o petróleo der-
ramado atingir a costa.

►►3.1.5 Refino
A emissão de gases de efeito estufa aumenta com a exploração, a produção e o
consumo de combustíveis fósseis. Os principais poluentes atmosféricos emi-
tidos no processo de refino são os óxidos de enxofre e nitrogênio, o monóxido
de carbono, os materiais particulados e os hidrocarbonetos. Esses poluentes
são liberados nas áreas de armazenamento, nas unidades de processo, nos
vazamentos e nas unidades de queima de combustíveis fósseis para geração
de energia e calor para consumo da própria refinaria.

Exercícios Propostos

1. Com base nos conceitos sobre o meio ambiente, julgue os itens abaixo:
I - A sustentabilidade ambiental e ecológica é a manutenção do meio ambiente do
nosso planeta, mantendo a qualidade de vida e o meio ambiente em harmonia com
as pessoas.
II - A reciclagem é um processo de pouca relevância para a preservação do meio
ambiente. Não é possível diminuir a poluição do ar, da água e do solo.
III - No âmbito da sociologia, o meio ambiente está ligado às questões socioambien-
tais que envolvem a realidade social das pessoas ao meio ambiente em que elas
habitam.
IV – Fazem parte do meio biótico: o subsolo, o solo, a topografia, os tipos e as apti-
dões do solo, as águas, os corpos da água, o regime hidrológico, as correntes mari-
nhas, o ar, o clima e as correntes atmosféricas.
Estão corretos os itens:
( ) a) Apenas II e IV
( ) b) Apenas II e III
( ) c) Apenas I, II e IV
( ) d) Todos estão corretos
( ) e) Apenas I e III

19
2. A transformação termoquímica da matéria orgânica pode ser subdividida
em: diagênese, catagênese, metagênese e metamorfismo. Assinale a al-
ternativa correta:
I - Na diagênese predomina a atividade bacteriana que transforma a matéria orgâ-
nica em querogênio.
II - Resulta na geração dos hidrocarbonetos líquidos e gás e são denominados de
metagênese.
III - Ocorre a quebra das moléculas de hidrocarbonetos líquidos em gás leve, deno-
minando esse processo de metagênese.
IV - Resulta na geração dos hidrocarbonetos líquidos e gás e são denominados de
catagênese.
( ) a) Apenas I
( ) b) Apenas I e II
( ) c) Apenas I, II e IV
( ) d) Apenas I, III e IV
( ) e) Apenas II e IV

3. Do ponto de vista geológico, as condições necessárias para ocorrer a acu-


mulação de petróleo são a existência ou ocorrência dos elementos:
( ) a) Tectonismo, infiltração, oxidação e drenagem.
( ) b) Formação, deposição, migração, reservatório e armadilhas.
( ) c) Rocha fonte, migração, reservatório, rocha selante e armadilhas.
( ) d) Bacia, drenagem, acúmulo, migração e reservatório.
( ) e) Intemperismo, migração, infiltração, oxidação e armadilhas.

4. Analise os itens sobre as armadilhas de petróleo, locais em que o petróleo


migra, acumula-se e é preservado por um intervalo de tempo geológico:
I - A maioria dos campos de petróleo ocorre em armadilhas estruturais.
II - As armadilhas estratigráficas resultam da intercalação de camadas sedimenta-
res porosas e impermeáveis (arenitos e folhelhos).
III - As armadilhas mistas ou combinadas são aquelas situações em que as acumula-
ções de hidrocarbonetos têm controle somente de elementos estruturais.
IV - Um dos requisitos para a formação de uma jazida de petróleo é a existência de
armadilhas ou trapas.
Estão corretos os itens:
( ) a) Apenas I e II
( ) b) Apenas I, II e IV
( ) c) Apenas I e IV
( ) d) Apenas III
( ) e) Apenas II e IV

20
5. Assinale a opção correta, com base nas principais atividades poluidoras
do petróleo no meio ambiente.
( ) a) Na etapa de exploração não precisa realizar pesquisas para saber se
existe um campo ou bacias sedimentares em uma determinada área ou
região para acumulação de óleo.
( ) b) Na etapa de completação, após a perfuração dos poços, não é necessá-
ria a instalação de alguns equipamentos.
( ) c) Durante o processamento, acontece a separação de substâncias con-
tidas na mistura que são produzidas com o petróleo. Não é necessário
saber o que fazer com essas substâncias produzidas e saber o que as
organizações fazem para devolvê-las ao meio ambiente livre de impu-
rezas.
( ) d) Durante o escoamento do petróleo é possível zerar todos os riscos re-
lacionados a danos ambientais. O escoamento não é importante, pois
a produção de todos os poços marítimos e terrestres para o local onde
essa mistura irá se tornar um produto economicamente viável é de fá-
cil transporte.
( ) e) Durante o refino, os principais poluentes atmosféricos emitidos são os
óxidos de enxofre e nitrogênio, o monóxido de carbono, os materiais
particulados e os hidrocarbonetos. Esses poluentes são liberados nas
áreas de armazenamento, nas unidades de processo, nos eventuais va-
zamentos e nas unidades de queima de combustíveis fósseis para gera-
ção de energia e calor para consumo da própria refinaria.

5. E
4. B
3. C
2. D
1. E
Respostas dos Exercícios Propostos

21
Lição 2 - Poluição por Petróleo e Derivados
Causada por Atividades Humanas

O petróleo é um produto com alto risco de contaminação e provoca graves


danos ao meio ambiente quando entra em contato com o solo ou oceanos
e mares. Vários acidentes ambientais envolvendo vazamentos de petróleo
(seja de plataformas ou navios cargueiros) já ocorreram nas últimas dé-
cadas. Quando ocorre no oceano, afeta os ecossistemas litorâneos, provo-
cando grandes quantidades de mortes entre peixes e animais marinhos.
Quando acontece em ambiente terrestre afeta solo, plantações e todo meio
ambiente.

As empresas e as refinarias de petróleo que provocam poluição precisam


evitá-la. Uma postura proativa com o meio ambiente é mais lucrativa para
elas. Infelizmente, o que se observa na maior parte das refinarias brasileiras
é que ainda não existe essa cultura de prevenção à poluição, estando à ges-
tão ambiental direcionada para o cumprimento das exigências dos órgãos
governamentais de controle ambiental.

Para entendermos a poluição do petróleo e derivados causada pelas ativi-


dades humanas, vamos conhecer os principais derivados do petróleo, o que
é a poluição atmosférica, os resíduos sólidos gerados na refinaria e os efei-
tos no meio ambiente. Sobre os recursos hídricos, vamos ver os efluentes
gerados por diversas indústrias e os resíduos gerados pelas refinarias e as
consequências ao meio ambiente.

Ao término desta lição, você deverá será capaz de:


a) conhecer os resíduos sólidos gerados nas refinarias de petróleo e os
efeitos sobre o meio ambiente;
b) entender como as refinarias utilizam a água no seu processo e quais os
efluentes hídricos gerados durante o refino de petróleo;
c) entender o que é poluição atmosférica;
d) identificar os principais derivados de petróleo;
e) obter conhecimento sobre os resíduos líquidos gerados em diversos
tipos de indústrias.

1. Principais Derivados do Petróleo


Depois da extração feita nos reservatórios de petróleo e do transporte até
as refinarias, o petróleo passará por uma etapa de aquecimento até 600 ºC,
formando vapor, para ser refinado em um equipamento chamado torre de
destilação, o qual dará origem aos principais derivados, conforme podemos
observar na figura 1.

22
Gases
Saída
fracionada Naftas

Vapor Querosenes
sobe

Líquido para Gasóleos


baixo ou Saída
para fora fracionada
Lubrificantes

óleo combustível
Asfalto

Figura 1 – Torre de Destilação

Gasolina: é produzida a partir do refino de petróleo e formada por hidro­


carbonetos. A sua composição apresenta em menor quantidade produtos
oxigenados, enxofre, compostos metálicos e nitrogênio. As vantagens são:
utilizada como combustível para automóveis na forma comum ou aditivada
(aditivos que facilitam a limpeza do sistema de combustível). As desvantagens
são: a queima da gasolina provoca a emissão de gases poluentes, responsáveis
pelo aumento do efeito estufa e do aquecimento global.

Parafina: apresenta alta pureza, excelente brilho e odor reduzido, pode ser usa-
da como combustível. Possui a capacidade de ser moldada junto ao material a
qual será utilizada. É usada para a proteção de diversas aplicações, como em
embalagens de papelão para a indústria alimentícia e revestimento de queijos
e frutas. É a matéria-prima na fabricação de velas. Outras aplicações comuns à
parafina incluem cosméticos, giz de cera, adesivos, papel carbono, tintas, pintu-
ras, goma de mascar, explosivos, lápis, revestimento de pneus e mangueiras etc.

Gás natural: combustível encontrado na natureza, em reservatórios profun-


dos no subsolo, associado ou não ao petróleo. Ele resulta da degradação da
matéria orgânica, fósseis de restos de animais e plantas pré-históricas, sendo
retirado da terra através de perfurações. É inodoro, incolor e de queima mais
limpa que os demais combustíveis. O gás natural é resultado da combinação
de hidrocarbonetos gasosos, nas condições normais de temperatura e pres-
são, contendo metano e etano.

Gás de Petróleo Liquefeito – GPL –: é uma mistura de gases de hidrocarbone-


tos utilizados como combustível em aplicações de aquecimento (fogões resi-
denciais) e veículos. O GPL é uma mistura de gases condensáveis (tornam-se
líquidos pelo aumento da pressão à temperatura de –10 ºC). Esses gases estão

23
acondicionados nos cilindros em estado líquido. Outra característica é a tem-
peratura externa do botijão de gás que é gelada, garantindo que a mistura
propano + butano lá dentro fique líquida. O GPL é uma mistura de propano
e butano, não é corrosivo, poluente e nem tóxico; mas se inalado em grande
quantidade produz efeito anestésico e asfixia, pois empurra o gás respirável
do ambiente em que se encontra. O GPL não possui cor nem odor, mas por
segurança é adicionada uma substância (mercaptano ou Tiol) ainda nas refi-
narias, para facilitar vazamento.

Querosene: também chamado de petróleo iluminante ou óleo de parafina, é


um líquido resultante da destilação fracionada do petróleo (separação do pe-
tróleo na coluna de destilação conforme mostrado anteriormente na figura 1)
com temperatura de ebulição entre 150 e 290 ºC. É um produto formado entre
a gasolina e o óleo diesel. Apresenta uma combinação complexa de hidrocar-
bonetos (alifáticos, naftênicos e aromáticos) com um número de carbonos na
sua maioria dentro do intervalo de C9 a C16. É um bom solvente e tem taxa
de evaporação lenta, além de um ponto de inflamação que oferece relativa
segurança ao seu manuseio. É insolúvel em água. O querosene foi o primeiro
derivado do petróleo com valor comercial, substituindo o azeite e o óleo de
baleia na iluminação. Os usos mais comuns do querosene são para ilumina-
ção, solventes e combustível para aviões a jato.

Óleo Diesel: é um combustível fóssil, derivado do petróleo, muito utilizado em


motores de caminhões, tratores, furgões, locomotivas, automóveis de passeio,
máquinas de grande porte e embarcações. Formado por hidrocarbonetos (com-
posto químico formado por átomos de hidrogênio e carbono). Possui também
em sua composição, em pequena quantidade, oxigênio, nitrogênio e enxofre.

Características principais: líquido amarelado viscoso, límpido, pouco volátil,


cheiro forte e com nível de toxidade mediano. A queima do óleo diesel libera
na atmosfera uma grande quantidade de gases poluentes responsáveis pelo
efeito estufa. Entre esses gases, que também prejudicam a saúde humana, po-
demos citar o monóxido de carbono, óxido de nitrogênio e o enxofre.

Nafta: é um derivado de petróleo utilizado como matéria-prima da indústria


petroquímica na produção de eteno e propeno, além de outras frações líqui-
das, como benzeno, tolueno e xilenos. A nafta é utilizada para geração de gás
de síntese (produzido a partir de resíduos e carvão, em usinas para geração
de energia elétrica) através de um processo industrial (reforma com vapor
d’água. Reação: C + H2O → CO + H2). Esse gás é utilizado na produção do gás
canalizado doméstico (Reação: C + 2H2 → CH4).

2. Poluição Atmosférica
As fontes de poluição atmosférica são classificadas em fixas (principalmente
indústrias) e móveis (veículos, trens, aviões, navios etc.). Os fatores que cau-
sam a poluição podem ser divididos em: naturais que são aqueles com causas
nas forças da natureza, como as tempestades de areia, queimadas provocadas

24
por raios e as atividades vulcânicas; e artificiais que são aquelas causadas
pela atividade do homem, como a emissão de gases de automóveis, queima
de combustíveis fósseis em geral, materiais radioativos etc.

A poluição atmosférica é qualquer contaminação do ar por meio de desper-


dícios gasosos, líquidos, sólidos ou por outros produtos que possam ameaçar
a saúde humana, animal ou vegetal; reduzir a visibilidade ou produzir odores
indesejados ao meio ambiente. Os países industrializados são os maiores cau-
sadores de poluição atmosférica, enviando anualmente bilhões de toneladas
para a atmosfera. Na tabela 1, são apresentados os principais poluentes do ar
e os seus efeitos.
Tabela 1 – Principais Poluentes Atmosféricos

Poluentes Principais Fontes

CO (monóxido de carbono) Escape de veículos motorizados.


SO2 (dióxido de enxofre) Centrais termelétricas a petróleo e car-
vão, fábrica de ácido sulfúrico.
Partículas em suspensão Escape de veículos motorizados, centrais
termelétricas, processos industriais, rea-
ção dos gases poluentes na atmosfera.
Pb (chumbo) Fábricas de baterias, escape de veículos
motorizados, centrais termelétricas.
NO, NO2 (óxidos de azoto) Escape de veículos motorizados, centrais
termelétricas, fábricas de fertilizantes,
explosivos e ácido nítrico.
O3 (ozônio) Formados na atmosfera devido a reações
de óxidos de azoto, hidrocarbonetos e luz
solar.
Etano, etileno, propano, bu- Escape de veículos motorizados, evapo-
tano, acetileno e pentano ração de solventes, processos industriais,
lixos sólidos, utilização de combustíveis.
CO2 (dióxido de carbono) Todas as combustões.

Fonte: Poluentes Atmosféricos, 2014.

A poluição quando é concentrada em um determinado local (chaminés das


fábricas) acaba se diluindo na atmosfera e depende de fatores, como: tem-
peratura, velocidade do vento, movimentação dos sistemas de alta e baixa
pressão e sua interação com a região geográfica do local atingido. Após um
período de 3 dias, a acumulação da poluição atmosférica com o ar respirado
pelos seres vivos pode em casos extremos levar à morte. A poluição é muito
prejudicial à saúde e os fumantes, os trabalhadores expostos a materiais tó-
xicos e pessoas com problemas cardíacos e respiratórios são mais expostos.
Além das pessoas, a fauna e a flora também sofrem sérios efeitos nocivos da
poluição atmosférica. O odor é fator presente na poluição, um exemplo é o

25
cheiro de ovo podre causado pelo ácido sulfídrico (H2S) emitido pelas fábricas
de celulose (fabricação de papel).

As principais fontes de emissão dos poluentes atmosféricos são causadas pela


combustão do carvão, petróleo e derivados. Segundo o Programa Educar, nos
EUA, 80% do dióxido de enxofre, 50% do dióxido de azoto e 30% a 40% das
partículas emitidas para a atmosfera são produzidas pelas centrais terme-
létricas que usam combustíveis fósseis nas caldeiras industriais e fornalhas
domésticas. A combustão da gasolina e dos combustíveis diesel em carros e
caminhões libera cerca de 80% do monóxido de carbono e 40% dos óxidos de
azoto e hidrocarbonetos. Outras fontes de poluição incluem siderurgias, in-
cineradoras municipais, refinarias de petróleo, fábricas de cimento e fábricas
de ácido nítrico e sulfúrico. Os poluentes podem estar presentes entre os ma-
teriais que tomam parte em uma combustão ou reação química (chumbo na
gasolina). O monóxido de carbono é, por exemplo, produto típico dos motores
de combustão interna nos veículos automotivos.

Os métodos para controlar a poluição podem ser feitos antes da utilização


dos materiais nocivos, depois da formação do poluente, alterando o processo
industrial para o poluente não se formar ou liberar baixas quantidades para
a atmosfera.

Os poluentes dos automóveis podem ser controlados com catalisadores au-


tomotivos. As partículas emitidas pelas indústrias podem ser separadas em
equipamentos chamados ciclones, precipitadores eletrostáticos ou em filtros.
Os gases poluentes podem ser capturados em líquidos, sólidos ou incinerados
para obter substâncias inofensivas.

As chaminés utilizadas pela indústria não removem os poluentes, apenas os


emitem para um ponto mais alto na atmosfera, reduzindo a sua concentração
no local, ao nível do solo. Esses poluentes quando entram em contato com as
correntes de ar são levados para zonas mais distantes e produzem efeitos di-
ferentes em cada região. As emissões de dióxido de enxofre e óxidos de azoto
causam chuvas ácidas, que em contato com os lagos, rios, mares e oceanos,
alteram o pH local e destroem a vida marinha. As emissões de óxidos de en-
xofre e formação do ácido sulfúrico na atmosfera (óxido de enxofre + água →
ácido sulfúrico → chuva ácida) são responsáveis pelo ataque em mármores
e pedras calcárias, através das chuvas ácidas. O efeito estufa, com a concen-
tração de dióxido de carbono na atmosfera, aumentou com a combustão do
carvão, petróleo e derivados.

3. Poluição dos Solos


3.1 Resíduos Sólidos Gerados nas Refinarias de Petróleo

Quando o petróleo é refinado, ele gera resíduos, os quais variam na compo-


sição e no nível de toxicidade. As características dos resíduos dependem do

26
tipo de petróleo, dos derivados e do processo utilizado. Se nenhum tratamen-
to foi feito antes da disposição dos resíduos, as suas características tóxicas,
nos pontos de geração e disposição, irão permanecer as mesmas e ocorrerá o
aumento das concentrações de óleo e sólidos.

As medidas para diminuir os resíduos sólidos nas refinarias de petróleo en-


volvem os seguintes princípios básicos:
• redução na fonte de geração com equipamentos mais eficientes e
tecnologias mais limpas (muitas refinarias utilizam misturadores
mecânicos, tipo pás giratórias) permanentes nos seus tanques de
armazenamento de petróleo cru, para obter um petróleo homogêneo que
servirá de corrente de alimentação para as unidades de destilação;
• reciclagem e reutilização de materiais;
• economia no uso de produtos e práticas de gerenciamento, que incluem
procedimentos apropriados de operação e manutenção (uso de diferentes
surfactantes (composto caracterizado pela capacidade de alterar as
propriedades superficiais e interfaciais de um líquido. O termo interface
representa o limite entre duas fases imiscíveis, enquanto o termo
superfície indica que uma das fases presente é gasosa) e procedimentos
de lavagem aumenta a quantidade de óleo passível de ser recuperado
dos sedimentos dos tanques de armazenamento, o que contribui para a
redução do volume de resíduo gerado);
• controle de treinamento dos operadores (após a limpeza dos tanques
devem ser elaborados relatórios técnicos e o pessoal envolvido na
limpeza deve receber treinamento para as próximas limpezas que serão
realizadas);
• manuseio adequado dos resíduos (geralmente, os resíduos são levados
para aterros, causando sérios problemas ambientais no solo. Deveriam
ser coletados e armazenados em locais apropriados para evitar esses
problemas).

A seguir são descritos alguns resíduos sólidos gerados nas operações do re-
fino.
• Sedimento dos Tanques de Armazenamento do Petróleo Cru

Esses sedimentos são constituídos por emulsões (mistura entre dois líquidos
que não se misturam e um deles está na forma de finos glóbulos no meio do
outro líquido, formando uma mistura estável) formadas de partículas sólidas,
petróleo pesado e água, que se depositam no fundo do tanque. Periodicamen-
te, os tanques são esvaziados e o sedimento é removido.
• Sedimento dos Tanques de Armazenamento de Gasolina

A gasolina já aditivada e com a sua composição ajustada é armazenada em


tanques antes de ser comercializada. Periodicamente, os tanques são esvazia-
dos, limpos e inspecionados. Os sedimentos desses tanques diferem daqueles

27
encontrados nos tanques de armazenamento de óleo cru, pois é difícil encon-
trar hidrocarbonetos pesados. Os sedimentos desses tanques são compostos
por ferrugem e crostas de dutos e reatores.
• Sedimento do Tanque de Armazenamento de Óleo Residual

O óleo residual é parecido com o óleo combustível. O sedimento é composto


por hidrocarbonetos pesados, ferrugens e crostas.
• Lama de Dessalinização

Durante a etapa de dessalinização, a lavagem com água remove a maior parte


dos minerais solúveis presentes no petróleo, assim como os sólidos em sus-
pensão. Esses compostos formam a lama de dessalinização.
• Catalisador do Craqueamento Catalítico

O catalisador dos reatores de craqueamento catalítico (craqueamento é a


quebra de moléculas orgânicas complexas em outras mais simples) é sempre
substituído por catalisador fresco, para se manter a eficiência do processo.
O catalisador usado é enviado para o regenerador (equipamento que faz a
recuperação do catalisador usado), para que o coque (moléculas orgânicas
complexas que constituem o carvão mineral que ao se dividirem, produzem
gases e compostos orgânicos sólidos e líquidos de baixo peso molecular e um
resíduo carbonáceo não volátil) que se deposita sobre o catalisador durante
as reações de craqueamento seja removido. Após algum tempo, o catalisador
perde a sua atividade catalítica e passa a constituir um resíduo que deve ser
corretamente disposto.
• Processos de Remoção do Enxofre

Os compostos sulfurados (de enxofre) são removidos do petróleo sob a forma


de sulfeto de hidrogênio. A reação que remove o enxofre do diesel é chama-
da hidrodessulfurização. A reação de remoção está representada abaixo, em
que o radical R indica uma cadeia de hidrocarbonetos:

R = S + 2 H2 → R = H2 + H2S

3.2 Efeitos sobre o Meio Ambiente

O lançamento de resíduos sólidos industriais nos solos causam diversos pro-


blemas ambientais, incluindo:
• Maus odores;
• Poluição das águas, pela infiltração dos detritos para o interior dos corpos
hídricos;
• Liberação de gases tóxicos;
• Poluição do ar.

28
As mudanças no solo provocadas pelos resíduos sólidos são alterações de na-
tureza química, pois atingem os organismos que habitam o solo, impactando a
biota, eliminando muitos organismos. A poluição do solo restringe o uso da ter-
ra, pois os poluentes são prejudiciais à saúde humana e aos organismos vivos.

O que fazer com os resíduos sólidos é um problema, pois a diversidade


dos resíduos industriais e a diferença nas concentrações dos poluentes
em cada um deles dificultam a escolha da melhor solução para cada caso.
Uma diferença sutil entre dois resíduos de mesma origem (como teor de
umidade, por exemplo) pode inviabilizar o uso de uma mesma solução
para o destino final de ambos. Fatores econômicos e legislação ambiental
também exercem influência na adoção das estratégias de destinação dos
resíduos industriais.

4. Poluição dos Recursos Hídricos


Os ecossistemas aquáticos foram alterados em diferentes escalas nas últi-
mas décadas, pois a água tem sua qualidade afetada pelas diversas ativida-
des humanas, sejam domésticas, comerciais ou industriais. Cada uma dessas
atividades gera poluentes característicos com uma implicação na qualidade
do corpo receptor (rios, lagos, mares e oceanos). A poluição pode ter origem
química, física ou biológica, e a adição de um tipo desses poluentes altera
também as outras características da água. As consequências de um poluente
dependem das suas concentrações, do tipo de corpo d´água que o recebe e
dos usos da água.

4.1 O Uso da Água pelas Indústrias

As águas residuárias industriais apresentam uma grande variação na sua


composição química e na sua vazão. As águas residuárias originam-se em
três pontos específicos:
a) águas sanitárias: efluentes de banheiro e cozinhas;
b) águas de refrigeração: utilizadas para resfriamento;
c) águas de processos: possuem contato direto com a matéria-prima do produto
processado.

As características das águas sanitárias são as mesmas dos esgotos domésti-


cos. As águas de refrigeração possuem dois impactos importantes que devem
ser destacados: o primeiro é a poluição térmica, pois os efeitos da temperatu-
ra aceleram o metabolismo, ou seja, as atividades químicas que ocorrem nas
células dos seres vivos. Em segundo lugar, as águas de refrigeração são fontes
potenciais de cromo, as quais são responsáveis por parte das altas concentra-
ções de cromo hexavalente (Cr6+) na região que recebe as águas provenientes
da indústria.

A seguir serão apresentados alguns tipos de indústrias e os seus principais


efluentes.

29
Figura 2 – Fertilizante para Plantação

Fertilizantes: os principais poluentes desta indústria são o nitrogênio e o


fósforo, que são nutrientes (servem como fonte de alimento) para as plantas
aquáticas, especialmente para as algas, que pode acarretar a eutrofização (fe-
nômeno em se que acrescentam à água compostos nitrogenados e fosfora-
dos). Ocorre pelo depósito de fertilizantes utilizados na agricultura, ou de lixo,
esgotos domésticos e resíduos industriais.

Figura 3 – Curtume

Curtume: na indústria do couro, os principais poluentes são o cromo utili-


zado durante o curtimento do couro e a borra de tinta residual na fase de
tingimento do couro.

30
Figura 4 – Fábrica de papel

Celulose: entre os poluentes da indústria de papel estão a matéria orgânica


e os compostos organoclorados que não são biodegradáveis e são incorpora-
dos à cadeia alimentar e tóxicos aos organismos vivos quando ultrapassam
determinadas concentrações.

Figura 5 – Siderúrgica

Siderúrgica e Metalúrgica: muitas substâncias são liberadas do processo de


produção dessas indústrias e da tecnologia utilizada: sólidos em suspensão,
fenóis, cianetos, amônia, fluoretos, óleos e graxas, ácido sulfúrico, sulfato de
ferro e metais pesados.

31
Figura 6 – Pesqueira

Pesqueira: o efluente da indústria processadora de pescado libera altas con-


centrações de nitrogênio total, gordura e sólidos totais, e matéria orgânica.

Figura 7 – Navegação

Navegação: essa atividade prejudica os sistemas hídricos com vazamentos


durante o transporte, lavagem dos tanques e acidentes. Os acidentes trazem
muitos danos ao ambiente, pois liberam grandes quantidades de contami-
nantes. Temos o exemplo do acidente do navio tanque Bahamas, no porto do
Rio Grande do Su, em que 12000 toneladas de ácido sulfúrico foram descarre-
gadas no estuário da Lagoa dos Patos. Outra fonte de contaminação é a tinta
antiferrugem das embarcações, que possuem óxidos de cobre na sua compo-
sição e contribuem para as concentrações mais altas de poluentes.

32
Figura 8 – Refinaria

Refinarias: são grandes consumidoras de água, gerando grandes quanti-


dades de despejos líquidos, os quais variam em função do tipo de petróleo
processado, das unidades de processamento que compõem a refinaria e da
forma de operação dessas unidades. Os efluentes da indústria de refino de
petróleo e seus derivados se espalham sobre a água, formando uma camada
que impede as trocas gasosas e a passagem da luz, provocando asfixia dos
animais e impossibilitando a realização da fotossíntese por parte dos vegetais
e do plâncton.

4.2 Os Efluentes Hídricos Gerados no Processo de Refino de Petróleo

As refinarias de petróleo utilizam grandes quantidades de água durante as


suas atividades, como operações de refino, destilação, tratamentos finais e
resfriamento.

As refinarias usam água para o resfriamento e a alimentação das caldeiras


para gerar vapor. Uma contaminação que acontece é quando o vapor entra
em contato com as frações do petróleo e o condensado resultante se con-
tamina. Uma maneira de reduzir a quantidade de água é o uso de circuitos
fechados, reduzindo em mais de 90%, diminuindo os efluentes produzidos;
mas, para isso acontecer, a água precisa ser de boa qualidade.

Os efluentes de processo são definidos como qualquer água ou vapor con-


densado (que se transformou em água) que entrou em contato com óleo. São
exemplos desses efluentes: soluções ácidas, águas de lavagem do petróleo cru
e dos derivados, água da dessalinização, limpeza ou regeneração com vapor
dos catalisadores de processo. Além disso, as águas de chuva poderão estar
contaminadas, dependendo da região da refinaria.

O óleo poderá ser encontrado com a água nos efluentes. Nas etapas de des-
salinização (lavagem do petróleo para retirada de minerais solúveis) e de
craqueamento (separação do petróleo em diversas frações), o enxofre apa-
rece como contaminante. O fenol é um contaminante que aparecerá nos

33
efluentes das etapas de craqueamento catalítico, produção de lubrificantes
e de solventes e nas águas de lavagem da gasolina. O sabor e o odor dos
efluentes são causados por compostos fenólicos, naftênicos, nitrogenados
e organossulfurados.

Em cada etapa do processo de refino são gerados diferentes efluentes hídri-


cos, pois tais despejos possuem características próprias em sua composição.

4.3 Os Efluentes Hídricos das Refinarias e o Meio Ambiente

A poluição hídrica tem consequências sanitárias, ecológicas, sociais e econô-


micas negativas para o meio ambiente, como:
• Prejuízos ao abastecimento humano, causando doenças;
• Prejuízos a outros usos da água, como: industrial, irrigação, pesca,
recreação etc.;
• Problemas de escassez de água de boa qualidade;
• Elevação do custo do tratamento da água, refletindo no preço pago nas
residências;
• Desvalorização das propriedades próximas às refinarias;
• Prejuízos aos peixes e a organismos aquáticos, causando desequilíbrios
ecológicos;
• Proliferação excessiva de vegetação aquática e de algas;
• Degradação da paisagem;
• Impactos sobre a qualidade de vida da população.

Exercícios Propostos

1. Qual o nome do equipamento utilizado pelas refinarias de petróleo para


separar as diversas frações do petróleo?
( ) a) Caldeira
( ) b) Tanques
( ) c) Torre de destilação
( ) d) Separadores
( ) e) Evaporadores

2. São exemplos de poluentes atmosféricos:


( ) a) CO e O2
( ) b) CO, SO2 e NO2
( ) c) CO2 e Na
( ) d) CO, CO2 e H2O
( ) e) Pb, O3 e H2O

34
3. O lançamento de resíduos sólidos industriais nos solos pode acarretar
diversos problemas ambientais, que incluem:
I - Produção de maus odores.
II - Poluição das águas.
III - Liberação de gases tóxicos.
IV - Poluição do ar.

Está(ão) correto(s) o(s) item(ns):


( ) a) I e II
( ) b) I, II e III
( ) c) I, III e IV
( ) d) I, II, III e IV
( ) e) Apenas o item IV

4. As águas residuárias industriais apresentam uma grande variação na sua


composição química e na sua vazão. Quais são os principais pontos onde
são originadas as águas residuárias?
( ) a) Águas sanitárias, refrigeração e de processos
( ) b) Águas de processo
( ) c) Águas da chuva e sanitárias
( ) d) Águas de refrigeração e de processos
( ) e) Águas de processos e águas da chuva

5. Qual a principal função da água nas refinarias de petróleo?


( ) a) Aquecimento
( ) b) Limpeza dos equipamentos
( ) c) Separação do petróleo
( ) d) Aquecimento e separação
( ) e) Resfriamento

5. E
4. A
3. D
2. B
1. C
Respostas dos Exercícios Propostos

35
Lição 3 - Grandes Vazamentos: Principais
Acidentes e Medidas de Controle e
Recuperação de Ambientes Degradados
Os derramamentos de petróleo no ambiente são prejudiciais ao meio am-
biente e aos humanos, podendo ter causas como: explosões de poços, coli-
sões de navios transportadores do material, ruptura dos tanques de arma-
zenamento, avaria nas embarcações por causa das dificuldades oceânicas,
lavagem dos tanques dos petroleiros, dentre outras. Um dos problemas mais
graves em relação à poluição do petróleo é a poluição crônica, que acontece
no dia a dia, como: atividades portuárias, frota marítima e terrestre e pro-
cessos de lavagem de tanques de navios, águas de lastro etc.

É importante estudar os vazamentos, os acidentes e as medidas de controle


e recuperação de ambientes degradados, o seu efeito sobre a coluna de
água, os principais resíduos petrolíferos gerados, os acidentes ocorridos no
Brasil e no mundo, os diversos processos de limpeza e os impactos causados
na sociedade e no meio ambiente; pois derramamentos de óleo originados
por acidentes no transporte marítimo são responsáveis por 10% da poluição
global dos oceanos. Os mares e os oceanos são uma fonte abundante de re-
cursos biológicos e naturais, comparáveis às florestas tropicais, essenciais
para determinar o clima do planeta. São responsáveis pela reciclagem de
produtos químicos, nutrientes e água. Possuem uma fonte importante de
alimentos e empregos, além de constituírem vias naturais de comunicação,
transporte e comércio.

Ao término desta lição, você deverá será capaz de:


a) aprender como se dá o processo de limpeza após um derramamento de
petróleo;
b) compreender o comportamento do petróleo na coluna de água (entre o
fundo do mar e a superfície);
c) conhecer os principais acidentes e a evolução da segurança e do meio
ambiente na indústria de processo;
d) conhecer os resíduos petrolíferos;entender quais os principais impactos
causados no meio ambiente e na economia.

1. Comportamento do Petróleo na Coluna de Água


Quando há derramamento de óleo na água, inicia-se o processo de intempe-
rismo do óleo, que é a combinação de processos físicos, químicos e biológi-
cos. Sua eficiência depende das condições da água do mar: pH, temperatura,
correntes marinhas, salinidade e do clima (umidade, incidência de radiação
solar, presença de bactérias e materiais particulados suspensos na água), e
propriedades físico-químicas do óleo derramado, como: composição quími-

36
ca, estado físico, densidade, viscosidade, solubilidade, temperatura e teor de
oxigênio. Esse processo não é constante, sendo mais efetivo nos primeiros
períodos do acidente.

As transformações do petróleo e de seus refinados no ambiente afetam as


características físicas do produto (densidade, viscosidade, solubilidade) sem
alterações na natureza química dos componentes. Ocorrem os processos de
espalhamento do produto derramado, a evaporação dos componentes leves,
a dissolução dos componentes solúveis, emulsificação e sedimentação por
aderência de partículas suspensas na coluna d’água. Ocorrem processos mais
lentos, que alteram a natureza química dos componentes, como a oxidação
química ou fotoquímica microbiana, que podem se estender de meses a anos,
atuando sobre o produto já envelhecido.

Quando o petróleo é derramado no meio ambiente, a mancha formada se


espalha de acordo com a ação dos ventos e das correntes marinhas do local
(figura 1)

Ventos

Deslocamento da mancha

Correntes

Figura 1 – Deslocamento da Mancha em Função dos Ventos e Correntes Marinhas Locais

Fonte: SILVA, 2004, p .79.

2. Resíduos Petrolíferos
O tráfego de navios origina poluição, devido à presença dos hidrocarbonetos,
provocada pelas descargas da limpeza dos tanques e pelos acidentes. As prin-
cipais fontes de lançamento de hidrocarbonetos no meio ambiente marinho
são decorrentes de:
• Limpeza realizada nos tanques dos navios;
• Exploração de poços de petróleo em alto mar;
• Acidentes com petroleiros;
• Refinarias e instalações petroquímicas;
• Arrastamento por águas das chuvas em áreas urbanas;
• Barcos recreativos e/ou de pesca.

37
Todas essas atividades causam danos ao meio ambiente (figura 2), como:
• Redução da atividade fotossintética das algas, pois a película de óleo sobre
a água dificulta a penetração de luz solar;
• Redução da passagem de oxigênio da atmosfera para a água;
• O petróleo adere-se às brânquias de diversos animais, causando morte por
asfixia;
• O petróleo adere-se às penas das aves aquáticas, reduzindo o colchão
de ar que fica entre as penas, levando à morte por hipotermia. Dificulta
a obtenção de alimento, pois na tentativa de retirar o óleo das penas, os
animais acabam ingerindo óleo, morrendo por intoxicação.
• Espécies marinhas podem desaparecer e podem surgir doenças aos
humanos.

Figura 2 – Danos ao Meio Ambiente Provocados pelos Resíduos de Petróleo

O transporte marítimo é uma atividade que causa muitos impactos am-


bientais, devido ao derrame da carga no meio ambiente e à atividade
de navegação. Esse transporte tem desafios ambientais: efeitos sobre a
vida marinha nas operações portuárias, geração de resíduos, poluição
do ar, transporte de organismos na água de lastro e transporte de óleo
em áreas sensíveis. O petróleo e seus derivados são transportados tam-
bém pela costa brasileira e pelos mares do mundo, impactando o meio
ambiente.

Durante as manobras de amarração e fundeio do navio (equipamentos


utilizados para manter as embarcações em portos, canais, rios etc., evi-

38
tando que sejam arrastadas pela força da correnteza, por ventos e ondas),
o impacto recai sobre as populações marinhas do entorno, onde a tur-
bulência da manobra provoca ressuspensão do sedimento. Quando esse
distúrbio acaba, a nuvem de sedimento suspensa na água decanta e reco-
bre os organismos, podendo causar a morte deles. A ressuspensão pode
causar impactos também na coluna d’água, pois os poluentes acumulados
no sedimento, incluindo compostos orgânicos e inorgânicos, podem ser
liberados para a coluna d’água e, dependendo do grau de contaminação
do sedimento, a disponibilização desses poluentes podem causar efeitos
adversos aos organismos. Graças à ressuspensão dos sedimentos por cau-
sa das operações portuárias dos navios, diminui-se o teor de oxigênio dis-
solvido no ambiente, podendo-se chegar a níveis tão baixos que causam a
morte da fauna local.

Foram desenvolvidas tintas anti-incrustantes para eliminar organismos no


casco dos navios. Essas tintas possuem compostos metálicos que contami-
nam a água do mar, matando esses organismos. Esses compostos persistem
no ambiente, matando organismos marinhos, causando danos ao ambiente e
entrando na cadeia trófica dos animais.

A figura 3 mostra as diversas fontes de poluição que um navio pode causar ao


meio ambiente.

Emissão de gases do
maquinário auxiliar e Evaporação
combustão de resíduos originária da
Emissão de gases carga
Freon/Halon

Esgoto e Derrames Perda de Perdas por Disposição


lixo de óleo da carga - acidentes - de água
sala de operacional navio, cargas e de lastro/
máquinas vida lavagem de
tanque
Figura 3 – Fontes de Emissão de Poluentes de um Navio para o Mar e o Ar

Fonte: SILVA, 2004, p. 90.

39
3. Principais Acidentes e a Evolução da Questão da Segurança e
Meio Ambiente na Indústria de Processo
O primeiro registro de um acidente envolvendo poluição por óleo no
Brasil ocorreu em 1977, com o navio Sinclair Petrolore com vazamento de
66.530 m³ de petróleo para o mar, após ter explodido e afundado próximo
da Ilha de Trindade (ES).

Na década de 1970, foram registradas três ocorrências de grande magnitude,


derramando 6.000 toneladas, por causa da colisão de navios com rocha sub-
mersa. No litoral paulista, foram os petroleiros Takimyia Maru (1974) e Brazi-
lian Marina (1978), no Canal de São Sebastião, e no litoral carioca, o petroleiro
Tarik Ibn Zyiad (1975), na Baía da Guanabara.

Em janeiro de 2000, no Rio de Janeiro, houve o rompimento do oleoduto na


Baia da Guanabara, entre a Refinaria Duque de Caxias e o Terminal da Ilha
d´Água, com vazamento de 1.300 m³ de óleo combustível marítimo, conta-
minando praias, costões, manguezais, unidades de conservação e patrimônio
histórico. Houve morte de aves aquáticas, crustáceos e impactos negativos às
atividades de pesca, extrativismo e turismo.

Em 2004, no Porto de Paranaguá, no Paraná, houve a explosão do navio quí-


mico Vicuña, em que vazaram 1.000 m³ litros de metanol e 5.000 m³ de óleo
combustível marítimo. Quatro tripulantes morreram e muitos crustáceos,
golfinhos, tartarugas e aves aquáticas morreram. Houve grave prejuízo para a
pesca, as unidades de conservação, o turismo e a atividade portuária.

Outro acidente aconteceu na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro (RJ), em


março de 2001, em que a Plataforma P 36 explodiu, matando onze pessoas e
vazando 1.200 m³ de óleo diesel e 350 m³ de petróleo para o oceano.

Histórico de alguns acidentes ocorridos no Brasil e no mundo:


• Em janeiro de 2000, no Rio de Janeiro, um duto da Petrobrás se rompeu,
que ligava a Refinaria Duque de Caxias ao terminal da Ilha d’Água,
provocando o vazamento de 1,3 milhão de óleo combustível na Baía de
Guanabara. A mancha se espalhou por 40 quilômetros quadrados.
• Em 2000, em Tramandaí, no litoral do Rio Grande do Sul, 18 mil litros de
óleo cru vazaram, quando eram transferidos de um navio petroleiro para o
Terminal Almirante Soares Dutra (Tedut), da Petrobras.
• Em 2000, o navio Mafra derramou 7.250 litros de óleo no canal de São
Sebastião, litoral norte de São Paulo.
• Em junho de 2000, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, o navio
Cantagalo, que prestava serviços à Petrobras, despejou 380 litros de
combustível no mar.
• Em novembro de 2000, em São Sebastião e Ilhabela, em São Paulo, um
cargueiro da Petrobrás despejou 86 mil litros de óleo nas praias.

40
• Em janeiro de 2001, no Arquipélago de Galápagos, um acidente com
o navio Jéssica causou o vazamento de mais de 150 mil barris de
combustível.
• Em agosto de 2001, o barco pesqueiro Windy Bay chocou-se em uma
barreira de pedras e derramou 132.500 litros de óleo diesel, na Baía de
Prince Willian Sound, no sul do Alasca, nos Estados Unidos.
• Em maio de 2002, na baía de Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro, o
navio Brotas da Transpetro derramou 16 mil litros de petróleo no mar.
• Em junho de 2002, 450 toneladas de petróleo vazaram na costa de
Cingapura em decorrência do choque entre um cargueiro tailandês e um
petroleiro cingapuriano.
• Em novembro de 2002, o navio Prestige partiu-se ao meio, derramando
10 mil toneladas de óleo. Mais de 295 km da costa e 90 praias foram
contaminadas na costa da Galícia, na Espanha.
• Em dezembro de 2013, houve um incêndio de grandes proporções na
plataforma P-20 da Petrobrás.
• Em 2013, o navio petroleiro na cidade de Ningbo, província de Zhejiang, na
China, explodiu, matando sete pessoas.
• Em 2010, houve o derramamento de petróleo no Golfo do México, nos
Estados Unidos (figura 4), devido a uma explosão de uma plataforma da
empresa British Petroleum, vazando 1 milhão de litros por dia de petróleo.
O pior vazamento nos Estados Unidos foi provocado pelo petroleiro
Exxon Valdez, em 1989 (figura 5), que se chocou com uma rocha no Alasca,
vazando 42.000 toneladas de petróleo.

Figura 4 – Explosão da Plataforma no Golfo do México

FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Deepwater_Horizon_offshore_drilling_unit_on_
fire_2010.jpg

41
Fig.ura 5 – Acidente com o Navio Petroleiro Exxon Valdez, em 1989

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:OilSheenFromValdezSpill.jpg

No Brasil, algumas leis estão em vigor e dispõem sobre sanções penais e ad-
ministrativas, prevenção, controle, fiscalização da poluição causada por lan-
çamento de óleo e segurança do tráfego aquaviário.
• Lei no 9.605/1998: “Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências”;
• Lei no 9.966/2000: “Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da
poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou
perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências”;
• Lei no 9.537/1997: “Dispõe sobre a segurança do tráfego aquaviário em
águas sob jurisdição nacional e dá outras providências”.

4. Como Limpar os Derramamentos de Petróleo


Existem várias técnicas de combate à poluição do meio ambiente (mares, la-
gos, oceanos, rios etc.) causada por acidentes com derramamentos de petró-
leo. Abaixo estão descritas algumas delas:
• afundamento;
• uso de detergentes;
• combustão (queima do petróleo);
• recolhimento mecânico (com auxílio de bombas);
• degradação biológica;
• remoção manual;
• limpeza natural;
• jateamento;
• dispersantes químicos.

42
A escolha da melhor técnica a ser utilizada vai depender das condições am-
bientais e do tamanho do derramamento. O afundamento tem efeitos noci-
vos sobre a flora e a fauna do local afetado. Quando o petróleo afunda, ele
cobre os sedimentos no fundo do mar e destrói a vida ali existente em alguns
meses. O sistema de detergentes separa o petróleo. Os detergentes espalham
o óleo, dissolvendo as porções mais tóxicas, que atingem grandes concentra-
ções. Esse processo não é eficaz, pois o complexo petróleo-detergente é mais
tóxico que o petróleo isolado e a sua biodegradação é mais lenta. A combustão
(figura 6) queima o petróleo como forma de eliminar, mas as altas temperatu-
ras aumentam a solubilidade dos componentes tóxicos do petróleo, tornando
um processo inviável.

Figura 6 – Combustão do Petróleo

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Controlled_burn_of_oil_on_May_19th.JPG

A contenção do óleo sobrenadante, realizada com barreiras de contenção


que concentram o óleo para seu recolhimento mecânico (figura 7) é vista
como a solução ideal de limpeza, mesmo contra a tendência natural de es-
palhamento do óleo, influenciado pelas condições de ventos e do mar. A
seleção do equipamento deve ser feita de acordo com o tipo de óleo derra-
mado e as condições de mar, sendo que em condições de mar tranquilo, a
capacidade de contenção do óleo é mais eficiente. Além de utilizadas para
contenção do óleo, as barreiras podem ser úteis para desviar manchas para
locais mais favoráveis à aplicação de técnicas de remoção e proteger locais
estratégicos para evitar que manchas atinjam áreas de interesse ecológico
ou socioeconômico.

43
Figura 7 – Recolhimento Mecânico do Petróleo com Barreiras de Contenção

Na degradação biológica (figura 8), as bactérias decompõem o petróleo em


substâncias mais simples. Essas bactérias são extraídas do amido do milho,
vivendo enquanto houver petróleo para degradar. Outro método de limpeza
é a remoção manual, que é mais trabalhosa, mas causa menos danos ao meio
ambiente. Esse método retira manualmente o óleo do ambiente com utensí-
lios como rodos, pás, latas, baldes, carrinhos de mão e tambores. É um método
de limpeza mais trabalhoso, mas eficiente para limpeza em ambientes como
praias e costões rochosos. A vegetação impregnada com petróleo pode ser
retirada mecânica ou manualmente.

.
Figura 8 – Degradação Biológica com Ataque de Bactérias

Outra forma de remoção do óleo é o mecanismo natural de limpeza, provo-


cado por ondas, correntes, marés, ventos, chuvas e pelos processos do óleo.
Atua no ambiente atingido pelo óleo, com eficiência de acordo com as carac-
terísticas físicas do ambiente e as propriedades físico-químicas do óleo. Esse
procedimento é priorizado em muitos casos, pois não causa danos adicionais
à comunidade local, mas são aplicados outros métodos de limpeza.

Os dispersantes químicos (figura 9), de natureza orgânica, afastam o óleo na


coluna d’água, favorecendo a degradação natural. São usados quando sua uti-
lização resulta em prejuízo ambiental menor ao comparado por um derrame
sem qualquer tratamento ou se outra medida adicional à contenção não for

44
eficaz. A eficiência do dispersante está relacionada aos processos de intem-
perização do óleo no mar, já que óleos tornam mais viscosos, diminuindo a
eficiência desses agentes químicos. A aplicação do dispersante, consideran-
do o cenário do derrame, deve ser realizada durante as operações iniciais do
atendimento, preferencialmente nas primeiras 24 horas.

Figura 9 – Uso de Dispersantes Químicos para Remoção de Petróleo

Quando um dispersante é aplicado sobre a mancha, auxilia a formação de


gotículas menores de óleo, acelerando o processo natural de dispersão e de-
gradação, favorecendo a biodegradação. O dispersante ajuda a transferir para
a coluna d’água um grande volume de óleo, melhorando resultados quando
comparados aos métodos mecânicos de remoção. Embora a utilização dessa
técnica seja importante por evitar que a mancha de óleo chegue aos locais de
maior relevância, sua utilização em ambientes costeiros afetados pode au-
mentar o prejuízo ambiental, por causa do uso de agentes químicos danosos
à fauna e à flora marinhas.

Pode-se utilizar jatos de água quente ou fria (figura 10) sob pressão para remo-
ver superfícies impermeáveis do óleo, que depois deve ser recolhido e armaze-
nado. Esse método é muito agressivo e deve ser evitado, só deve ser utilizado
onde não haja possibilidade de maior degradação das comunidades biológicas,
para que a operação não seja mais prejudicial que o próprio derrame.

Figura 10 – Jateamento Usado para Remoção de Petróleo

45
5. Impactos do Derrame de Petróleo
Os efeitos de um derrame de óleo dependem de alguns fatores como: caracte-
rísticas físico-químicas e toxicológicas, volume do óleo derramado, condições
ambientais do local como: temperatura, vento, correnteza do mar, topografia
do mar e geomorfologia da costa.

5.1 Efeitos no Meio Ambiente


Os efeitos ecológicos de um derrame incluem mudanças físicas e químicas no
habitat, no crescimento, na fisiologia, no comportamento, na toxicidade e no
aumento da mortandade dos organismos individuais ou espécies; destruição
ou modificação de comunidades inteiras de organismos através de efeitos
combinados de toxicidade e sufocamento.
• Contaminação Física dos Organismos

O petróleo flutuante contamina os mamíferos e os pássaros que nadam ou


mergulham na superfície da água. No mar aberto, muitos animais podem evi-
tar o contato com a mancha de óleo; mas, nas áreas costeiras, os organismos
podem ficar presos entre a costa e a mancha de óleo.
• Intoxicação dos Organismos Marinhos

A mortalidade nos primeiros estágios de um derrame é devido à toxicidade


dos componentes aromáticos leves do óleo (benzeno e naftalina) mais so-
lúveis em água. A toxicidade de um derrame para os organismos marinhos
varia de acordo com a presença desses componentes no óleo. Os óleos mais
tóxicos (querosene) desaparecem rapidamente e deixam pouco resíduo. Os
efeitos da toxicidade durante os primeiros estágios de um derrame de óleo
podem ser locais ou transitórios, ou podem persistir por muitos anos depois
do derrame, dependendo do tamanho, da localização e da estação do ano em
que ocorreu o derrame e das espécies afetadas.
• Bioacumulação

Os efeitos da contaminação da água, dos alimentos e do tecido dos organis-


mos marinhos causados pelo derramamento de petróleo podem afetar o
comportamento, o crescimento e a reprodução e levá-los a doenças e morte
prematura. Muitos peixes, crustáceos e moluscos que estão expostos a con-
centrações de óleo por um longo período podem ficar com cheiro ou gosto de
óleo e perderem valor comercial.
• Animais Marinhos

A contaminação de diversos animais marinhos, como lontras, baleias e focas


é observada nas áreas afetadas por um derrame de petróleo. O contato com
o óleo causa lesões nas mucosas e no sistema respiratório, levando à mor-
te. A exposição ao óleo ocorre pelo contato, pela ingestão de óleo ou comida
contaminada ou por inalação. A inalação prolongada de grandes níveis de

46
vapor pode causar a morte ou danos ao sistema nervoso central do animal.
O pequeno período de exposição causa inflamação na pele. Os animais que
dependem da pele ou do seu pelo para realizar troca térmica de calor são
afetados quando seus corpos estão cobertos por óleo.
• Aves Marinhas

Os mares e as regiões costeiras são poluídos pelos detritos de centros urba-


nos, industriais, portuários; agrotóxicos, petróleo e seus derivados derrama-
dos e pesca predatória. São nessas regiões que se encontram a maior parte
dos alimentos e a maior concentração de aves. Quando as aves se alimentam,
acabam se contaminando e também os seus ninhos, provocando intoxicação
e morte. A alta mortalidade das aves ocorre porque o óleo entope os espaços
entre as penas, que fazem o isolamento térmico e isolamento da água. A per-
da do isolamento térmico modifica o metabolismo e diminui as reservas de
energia, causando hipotermia. A perda da impermeabilidade das penas dimi-
nui a flutuabilidade das aves e aumenta o esforço para se manterem flutuan-
do. O afogamento e a hipotermia são as principais causas da morte de aves
contaminadas por óleo.
• Corais

Os corais são importantes para a pesca costeira, proteção do litoral das ações
das ondas e erosão. Os efeitos de um derrame de óleo causam a mortalida-
de de peixes e invertebrados (lagosta, caranguejo, polvos, estrelas do mar e
ouriço do mar) que habitam essas áreas. As algas e as vegetações marinhas
também são destruídas nesses locais.

5.2 Impactos Econômicos


• Praias e Turismo

As atividades de lazer como banhos de mar, pescaria e navegação são proibi-


das nas proximidades e nos locais afetados pelo derrame de óleo; afetando o
turismo e as atividades comerciais.
• Portos e Marinas

Um derrame de óleo causa problemas físicos e econômicos. Ocorre restrição


ou impedimento pela autoridade portuária das operações no porto, preju-
dicando os trabalhadores e a cadeia logística das empresas que utilizam os
portos.
• Instalações Industriais

As instalações industriais que utilizam a água do mar em seus processos para


resfriamento de componentes ou para a dessanilização da água são impacta-
das por um derrame de óleo. Caso a mancha chegue aos locais de captação de
água, a sua entrada contamina os equipamentos. Muitas empresas decidem
parar suas operações antes de um possível dano.

47
Exercícios Propostos

1. As principais fontes de lançamento de hidrocarbonetos no meio ambien-


te marinho são decorrentes de:
I - Limpeza realizada nos tanques dos navios.
II - Exploração de poços de petróleo.
III - Acidentes com navios petroleiros.

Está(ão) correto(s) o(s) item(ns):


( ) a) I e III
( ) b) Somente o item II
( ) c) I, II, e III corrigido
( ) d) II e III
( ) e) Somente o item III

2. Para resolver o problema de incrustação de organismos vivos no casco


dos navios, foi(foram) desenvolvida(os/as) __________________ , conten-
do compostos metálicos que lentamente contaminam a água do mar ma-
tando os organismos que ficam no casco do navio.
( ) a) Polímeros
( ) b) Tinta comum
( ) c) Isolantes poliméricos
( ) d) Tintas à base de água
( ) e) Tintas anti-incrustantes

3. Existem várias técnicas de combate à poluição do meio ambiente causada


por acidentes com derramamentos de petróleo. Marque a alternativa cor-
reta que corresponde a uma técnica empregada.
( ) a) Floculação
( ) b) Sedimentação
( ) c) Evaporação
( ) d) Combustão
( ) e) Destilação

4. Com relação aos efeitos ecológicos resultantes de um derramamento de


petróleo, podemos citar:
I - Mudanças físicas e químicas no habitat, no crescimento, na fisiologia e no com-
portamento dos organismos individuais ou espécies.
II - Toxicidade e aumento da mortandade em organismos individuais ou espécies.
III - Destruição ou modificação de comunidades inteiras de organismos.

Está(ão) correto(s) o(s) item(ns):


( ) a) I, II e III
( ) b) Somente o item II
( ) c) Somente o item I
( ) d) Os itens II e III
( ) e) Os itens I e III

48
5. O derramamento de petróleo atinge a economia diretamente em quais
setores?
( ) a) Praias e turismo somente
( ) b) Portos, marinas, praias, turismo e instalações industriais
( ) c) Somente as instalações industriais
( ) d) Turismo e comércio
( ) e) Portos e marinas

5. B
4. A
3. D
2. E
1. C
Respostas dos Exercícios Propostos

49
Lição 4 - Metodologias e Principais
Ferramentas para Determinação de
Hidrocarbonetos em Amostras Ambientais
Vamos apresentar nesta lição as metodologias e as principais ferramentas
para determinação dos hidrocarbonetos em amostras ambientais, descre-
ver o que são os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos – HPAs –, as fon-
tes de contaminação por HPAs, as características físico-químicas dos HPAs,
a exposição humana, os efeitos dos HPAS nos organismos humanos, a dis-
tribuição dos HPAs no meio ambiente e as principais técnicas para determi-
nação dos HPAs em amostras ambientais.

Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos – HPAs – pertencem a um gru-


po de substâncias orgânicas que recebem uma atenção devido às proprie-
dades cancerígenas e mutagênicas que alguns possuem.

Os hidrocarbonetos são predominantes na composição do petróleo e


têm aplicação como indicadores de contaminação do petróleo cru e de
seus subprodutos (GLP, gasolina, querosene, óleo diesel etc). Animais
e vegetais também produzem hidrocarbonetos por biossíntese, sendo
que os HPAs podem ser gerados por incêndio de florestas ou proces-
sos físico-químicos sofridos pela matéria orgânica como a formação e a
combustão do petróleo. Os compostos aromáticos presentes no petróleo
apresentam uma cadeia de seis átomos de carbono arranjados de forma
hexagonal, formando o anel benzênico. Nesse grupo estão o benzeno,
os alquilbenzenos e os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos – HPAs
(figura 1).

Os HPAs estão distribuídos no ar, no solo e na água e são introduzidos


através de processos naturais e antropogênicos (derramamentos de pe-
tróleo, queima de combustíveis fósseis, incineração, produção de asfal-
tos, refino de petróleo e produção de alumínio). Somente um pequeno
número de HPAs é produzido com interesse industrial, dentre eles o fe-
nantreno, usado como intermediário na fabricação de tintas fluorescen-
tes, e o pireno, na produção de pigmentos. A maioria desses compostos
é formada como subprodutos nos processos de combustão incompleta
ou pirólise de materiais contendo carbono e hidrogênio, como carvão
mineral, óleo, madeira e gás para geração de energia, aquecimento resi-
dencial e transporte veicular. Erupções vulcânicas e queima de florestas
estão entre as fontes naturais de HPAs para a atmosfera.

Ao término desta lição, você deverá será capaz de:


a) conhecer as principais técnicas para determinação dos HPAs;
b) entender o processo de distribuição dos HPAs no meio ambiente;

50
c) identificar as características físico-químicas dos HPAs;
d) identificar as principais fontes de contaminação por HPAs;
e) identificar os principais Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos – HPAs.

1. Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos – HPAs


Os HPAs raramente excedem 40% da composição do petróleo, são conheci-
dos como hidrocarbonetos aromáticos polinucleados ou matéria orgânica
policíclica (figura 1), tendo seus átomos de hidrogênio e carbono arranjados
em forma de dois ou mais anéis benzênicos que podem ser divididos em dois
subgrupos de acordo com sua massa molar ou número de anéis aromáticos.
Os HPAs formam um grupo de mais de 100 compostos orgânicos que rece-
bem uma atenção devido às suas propriedades carcinogênicas e mutagêni-
cas. De acordo com a USEPA – Agência de Proteção Ambiental dos Estados
Unidos – apenas dezesseis foram considerados prioritários para monitora-
mento e sete são classificados como cancerígenos para animais e seres hu-
manos. Na figura 1 são mostradas as estruturas dos dezesseis HPAs sugeridos
para monitoramento ambiental.

Naflaleno Acenaflaleno Acenaftileno Fluoreno

Fenantreno Antraceno Fluoranteno Fluoreno

Benzo(a)Antraceno Criseno Benzo(b)Fluranteno Benzo(k)Fluranteno

Benzo(a)Pireno Indeno(1, 2, 3 - Dibenzo(a, h)


cd) Pireno Antraceno Benzo(g, h, i)
Perileno

Figura 1 – Estrutura dos 16 HPAs Prioritários em Estudos de Monitoramento Ambiental de


Acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos

Fonte: LIMA, 2008, p. 5.

Na figura 1 temos o composto antraceno que possui 3 anéis aromáticos, um ao


lado do outro (polinucleado, ou seja, mais de 1 anel aromático).

51
1.1 Fontes de Contaminação por HPAs

Dentre suas inúmeras fontes, podem ser citados os processos de combustão


de material orgânico (exaustão de motores a diesel ou a gasolina), a queima
de carvão, as fotocopiadoras, a exaustão de plantas de incineração de rejeitos,
a fumaça de cigarro e processos industriais, como a produção de alumínio. A
composição e a complexidade das misturas de HPAs dependem das fontes
emissoras. Essas misturas são complexas e contêm uma grande variedade de
HPAs em diferentes níveis de concentração.

As fontes de HPAs para os sistemas aquáticos e para os solos são muito diver-
sificadas e compreendem os processos de derrames de petróleo acidentais,
as precipitações atmosféricas, as atividades industriais, os esgotos loacais e
os depósitos de lixo urbano. Como os HPAs são componentes naturais do pe-
tróleo, o aumento da exploração e o consumo do petróleo induziram a um
aumento desses compostos ao ambiente, através dos derrames e acidentes
com navios, e pela manipulação e uso final dos subprodutos.

Os HPAs podem atingir as águas subterrâneas e as superficiais doces e ma-


rinhas. A importância do estudo da matéria orgânica policíclica está relacio-
nada ao potencial danoso desses produtos para a saúde humana e ambiental.
Os hidrocarbonetos aromáticos polinucleados estão entre os mais carcino-
gênicos, mutagênicos e tóxicos componentes encontrados em ambientes
aquáticos e são bons indicadores para caracterização da contaminação por
petróleo, porque são resistentes à degradação e são micropoluentes muito
comuns.

Apesar da bioacumulação não ser observada em humanos, vários HPAs são


capazes de reagir diretamente ou após sofrerem transformações metabóli-
cas, com o DNA, por isso se tornam potenciais carcinógenos e eficientes mu-
tágenos, podendo ser absorvidos por inalação, ingestão ou absorvidos pela
pele. Esses compostos são uma ameaça para a saúde humana.

1.2 Características Físico-Químicas dos HPAs e Exposição Humana

►►1.2.1 Características Físico-Químicas


Os HPAs são divididos em duas categorias: os compostos de baixa massa mo-
lecular, que contêm menos de quatro anéis fundidos como o naftaleno e o
antraceno; e os compostos de massa molecular elevada, que são constituídos
por quatro ou mais anéis como o benzo(a)pireno e o indeno(1,2,3-cd)perileno.
Os derivados de HPAs compreendem o grupo dos que têm um radical alquil
(radical orgânico monovalente de fórmula geral (CnH2n+1)—, (CH3—), formado
pela remoção de um átomo de hidrogênio de um hidrocarboneto saturado
(CH4) ou ligado a um anel aromático. Os anéis aromáticos podem unir-se a
outros tipos de anéis, como os constituídos por cinco átomos de carbono ou
anéis que contém átomos de oxigênio, nitrogênio ou enxofre no lugar do car-
bono. Esses últimos compostos são conhecidos como compostos aromáticos
heterocíclicos ou heteroaromáticos.

52
Figura 2 – Composto Heterocíclico ou Heteroaromático

Observe na figura 2 que existem 3 anéis aromáticos, em que o anel central


apresenta átomos de oxigênio, substituindo átomos de carbono.

Em termos químicos, os HPAs pertencem ao grupo dos hidrocarbonetos aro-


máticos, mas formam um grupo à parte em relação à sua elevada toxicidade,
mesmo em doses reduzidas. Os HPAs são sólidos à temperatura ambiente,
possuem cor amarela e pontos de ebulição e fusão elevados. São poucos solú-
veis em água e seus coeficientes de divisão octanol/água (Kow > 1014) são eleva-
dos, indicando que, em ambientes aquáticos, os HPAs tendem a se concentrar
em sedimentos ou associar-se à matéria orgânica em suspensão. Podem ser
absorvidos pelos tecidos biológicos, como a pele, ou por inalação ou ingestão
sendo logo distribuído pelo organismo.

As propriedades físicas dos HPAs variam conforme a sua massa molecular


e a sua estrutura. O naftaleno é solúvel em água e apresenta alta pressão de
vapor. Os demais HPAs apresentam baixa solubilidade e pressão de vapor. A
pressão de vapor é a principal propriedade físico-química responsável pela
distribuição dos HPAs no meio ambiente por causa da sua grande faixa de
variação (ordem de 107), pois indica que alguns são sólidos com baixa volatili-
dade, enquanto outros apresentam maior volatilidade. As propriedades físi-
co-químicas são importantes, porque facilitam o transporte e a distribuição
dos HPAs no meio ambiente ao longo de milhares de quilômetros. Na tabela 1
estão listadas as principais propriedades HPAs.
Tabela 1 – Propriedades Físico-Químicas dos 16 HPAs mais Importantes Segundo a USEPA

Pressão Coeficiente
Ponto de
de vapor Solubilidade em de partição Ponto de
HPAs ebulição
(mmHg) H2O (mg/L) octanol/água fusão (°C)
(°C)
20 °C (log Kow)
Naftaleno 0,0492 32 2,3 x 103 81 217,9
Acenaftileno 10 a 10
-3 -2
3,93 1,2 x 10 4
92 265
Acenafteno 10 a 10
-3 -2
3,4 (25 °C) 2,1 x 10 4
95 278
Fluoreno 10 a 10
-3 -2
1,9 1,5 x 10
4
115 295
Antraceno 2,00 x 10-4 0,05-0,07 (25 °C) 2,8 x 104 216,4 342
Fenantreno 6,80 x 10 -4
1,0-1,3 (25 °C) 2,9 x 10 4
100,5 340
Fluoranteno 10 a 10
-6 -4
0,26 (25 °C) 3,4 x 10 5
108,8 375
Pireno 6,90 x 10-9 0,14 (25 °C) 2 x 105 150,4 393

53
Pressão Coeficiente
Ponto de
de vapor Solubilidade em de partição Ponto de
HPAs ebulição
(mmHg) H2O (mg/L) octanol/água fusão (°C)
(°C)
20 °C (log Kow)
Benzo[a]
5,0 x 10-9 0,01 (25 °C) 4 x 105 157 435
Antraceno
Criseno 10-11 a 10-6 0,002 (25 °C) 4 x 105 253,8 441
Benzo[b]
10-11 a 10-6 - 4 x 106 167 481
Fluoranteno
Benzo[k]
9,60 x 10-7 - 7 x 106 215,7 480
Fluoranteno
Benzo[a]
5,0 x 10-9 0,0028 (25 °C) 106 178,1 496
Pireno
Benzo[g,h,i]
~10-10 0,0026 (25 °C) 107 278,3 545
Perileno
Dibenzo[a,h]
~10-10 0,0005 (25 °C) 106 266,6 524
Antraceno
Indeno[1,2,3-
~10-10 - 5 x 107 163,6 536
cd]Pireno

Fonte: LIMA, 2008.

Observações importantes:
• Na 4ª coluna, o coeficiente de partição octanol-água (Kow) descreve a
tendência de partição de um composto entre uma fase orgânica e uma
fase aquosa e está relacionado com a solubilidade (S) pela equação abaixo:

log Kow = a – b (log S)

a e b são constantes e S é a solubilidade do compostos em água.


• Esse parâmetro tem sido correlacionado com fatores de bioconcentração
em organismos aquáticos, já que simula a partição da substância entre
água e o tecido adiposo. Na tabela 1, as moléculas maiores apresentam
os maiores valores de Kow. Na 3ª coluna, a solubilidade em H2O diminui
conforme se aumenta o peso molecular dos HPAs.
• Nas colunas 5ª e 6ª, os HPAs devido à variedade de tamanho e massa
molecular têm alto ponto de fusão e ebulição. Com o aumento da
massa molecular, a solubilidade diminui, os pontos de fusão e ebulição
aumentam e a pressão de vapor diminui. Esses compostos variam bastante
de comportamento, em relação à sua distribuição no ambiente aquático e
seus efeitos nos sistemas biológicos.
• O conhecimento da pressão de vapor (2a coluna) é importante nos casos de
derrame de óleo, em que a volatilização é um fator importante na remoção
dos hidrocarbonetos, pois os compostos com maior pressão de vapor vão
evaporar facilmente. A quantidade evaporada pode variar de 10% para

54
óleos crus até 75% para os óleos leves, mas a volatilização não provoca
uma redução significativa dos hidrocarbonetos com mais de quatro anéis
benzênicos.

►►1.2.2 Efeito dos HPAs nos Organismos Humanos


Os HPAs de baixo peso molecular têm toxicidade aguda significativa para os or-
ganismos aquáticos, enquanto os de alto peso molecular são carcinogênicos e
mutagênicos ou teratogênicos para uma grande variedade de organismos (in-
vertebrados, peixes, anfíbios, aves, mamíferos e o homem). Muitos HPAs geram
diferentes tipos de tumores e a presença de radicais alquilados aumenta a sua
capacidade toxica. Os HPAs de baixo peso molecular (antraceno, fluoreno, naf-
taleno e fenantreno) não são classificados como cancerígenos ao homem, mas
apresentam toxicidade e outros efeitos adversos aos organismos.

O caráter lipofílico (habilidade de um composto se dissolver em gorduras,


óleos vegetais e lipídios) dos HPAs dá uma facilidade de passar pelas mem-
branas celulares, permitindo o acúmulo em diferentes tecidos. Eles são me-
tabolizados em compostos hidrossolúveis, facilitando a sua eliminação pelo
sistema digestivo e pelos rins. Parte da sua elevada toxicidade refere-se à
capacidade de se acumularem em uma variedade muito grande de espécies
de organismos. Os peixes podem absorver os HPAs da água ou a partir dos
alimentos, mas a biomagnificação (aumento na concentração de um conta-
minante a cada nível da cadeia alimentar) não é complexa, pois a eliminação
dos HPAs e de seus metabólitos (produto resultante do metabolismo de uma
substância) é rápida para esses animais.

As plantas absorvem mais HPAs da atmosfera que do solo, mas as que pos-
suem folhas largas contêm mais HPAs do que as de folhas estreitas. Ocorre
pouca transferência de HPAs para o interior das plantas. Diversos HPAs têm
atividades carcinogênicas, principalmente quando estão expostos por via
respiratória e pela pele. Os efeitos cancerígenos ao homem, especialmente
em relação ao benzo(a)pireno, estão relacionados ao risco de desenvolver
câncer de pulmão, comprovado pela relação existente entre o câncer de pul-
mão e a proximidade com indústrias emissoras de HPAs.

As populações que fazem uso de produtos defumados, os fumantes e os tra-


balhadores em ambientes que expõem diretamente os HPAs (bombeiros, tra-
balhadores de usinas de aço e alumínio) eliminam produtos de degradação
do benzo(a)pireno na urina. Pode ocorrer alteração no DNA dos fetos, sendo
demonstrado em filhos de mães expostas à poluição atmosférica industrial e
doméstica com HPAs. Os recém-nascidos mostraram significativa diminui-
ção do tamanho, peso e perímetro do crânio.

1.3 Distribuição dos HPAs no Meio Ambiente

A atmosfera é o principal meio de transporte dos HPAs, pois se associa ao


material particulado atmosférico. Os HPAs associados podem ser transpor-
tados por grandes distâncias antes de serem eliminados da atmosfera, pas-

55
sando para as águas ou solo, ou via transformações químicas e fotoquímicas.
Os HPAs também podem ser depositados ou absorvidos pela vegetação, que
quando se decompõem incorporam aos solos os hidrocarbonetos fixados.

Na coluna de água, os HPAs são associados ao material particulado em sus-


pensão. O seu comportamento e o destino dependem de suas propriedades
físico-químicas. Os principais processos que governam a evolução dos HPAs
nas águas são a volatilização (passagem do estado sólido ou líquido para o
estado gasoso), a dissolução, a fotólise, a hidrólise, a biodegradação, a adsor-
ção sobre o material em suspensão e a sedimentação. A taxa de volatilização
depende das condições atmosféricas, dos movimentos da água e da massa
molecular dos compostos. Para a maior parte dos HPAs contidos na coluna de
água, a sedimentação é o principal mecanismo de eliminação. Os sedimentos
são os depositários ambientais finais para a maior parte dos HPAs, onde se
processam modificações químicas e bioquímicas muito lentas.

Os HPAs muitos tóxicos e cancerígenos, como o benzo(a)pireno, são pouco


solúveis em água, fixando facilmente nas partículas em suspensão dos siste-
mas aquáticos, e por sua sedimentação vão se concentrar nos sedimentos do
fundo. Os HPAs têm afinidade com a carga em suspensão de rios, lagos, mares
e da matéria orgânica desses ambientes.

Os HPAs são eliminados dos solos por volatilização e pela atividade microbiana.
A importância dessas etapas depende de vários fatores como a temperatura, o
tipo de solo, a presença de outros poluentes e o nível de contaminação. Os com-
postos policíclicos de pequena massa molecular volatilizam mais rapidamente
que os HPAs de massa molecular elevada. A contaminação das águas subterrâ-
neas por HPAs ocorre na sequência da lixiviação dos solos e sedimentos conta-
minados, quando os HPAs são acompanhados de solventes orgânicos móveis.

2. Principais Técnicas para Determinação dos HPAs


2.1 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com Detector de Fluorescên-
cia (CLAE-FLUO) e Gasosa de Alta Resolução Acoplada à Espectro-
metria de Massas (CGAR-EM)

A Cromatografia1 Líquida de Alta Eficiência – CLAE – é uma técnica de separação


fundamentada na distribuição dos componentes da mistura entre duas fases.
A fase móvel (líquida) e a fase estacionária (fixa) dentro da coluna. Amostras
não voláteis (HPAs) são analisadas por CLAE. Vários fatores químicos e físico-
químicos influenciam na separação cromatográfica e dependem da natureza
química das substâncias a serem separadas, da composição e do fluxo da fase

1. Cromatografia
A palavra cromatografia vem do grego chroma, cor e grafein, grafia. É uma técnica
quantitativa que tem por finalidade geral a identificação de substâncias e a separação-
purificação de misturas.

56
móvel, da composição e da área superficial (área total do material) da fase
estacionária.

Essas técnicas têm sido utilizadas para estudos da exposição humana com
HPAs através da determinação urinária de alguns dos seus metabólitos. Es-
sas metodologias são simples e podem ser utilizadas sempre, mas a utiliza-
ção desses procedimentos técnicos é restrita como metodologia de avaliação
geral, pois a composição das misturas de HPAs é variável e a avaliação de
apenas um metabólito pode dar origem a uma avaliação errada da exposição
aos HPAs. Na figura 3 são apresentados os dezesseis HPAs considerados prio-
ritários para monitoramento ambiental.

5 7 9 11 13 14 15

16

8
4 6 10
12
1 3
2

0 20 30 40 50
55 100 100 56

1 - naftaleno; 2 - acenaftaleno; 3 - flureno; 4 - fenantreno; 5 - antraceno;


6 - fluranteno; 7 - pireno; 8 - (1, 2 - benzo(e)pireno); 9 - criseno; 10 - benzo(e)pireno;
11 - (2, 3 - benzo(a)antraceno); 12 - (1, 2 - benzo(b)fluoranteno); 13 - benzo(k)fluoranteno;
14 - (9, 10 - dimetil benzo(a)antraceno); 15 - benzo(a)pireno; 16 - benzo(ghi)pirileno.

Figura 3 – Cromatograma dos Padrões de HPAs Obtidos por Técnica de Cromatografia

Fonte: BETTIN e FRANCO, 2005, p. 237.

2.2 Imunoensaios

Os imunoensaios têm sido úteis para a determinação dos HPAs e de seus


metabólitos em matrizes biológicas (meio de origem biológica em que os
analitos (são os constituintes de interesse na amostra que serão quantifica-
dos). A facilidade de aplicação e a disponibilidade de kits (figura 4) para sua
realização são alternativas baratas. Temos como exemplos de imunoensaios
os testes Elisa (utilizam anticorpos específicos que são imobilizados em uma
fase sólida em um tubo plástico que permite a separação entre o analito de in-

57
teresse e outros componentes da amostra, após reação por simples lavagem)
para a determinação de NHPAs na urina e os radioimunoensaios (utilizam
um marcador radioativo, como um elemento químico da família dos lantaní-
deos, pois a determinação será feita radioquimicamente) na determinação de
benzo(a)pireno no soro sanguíneo. Vários HPAs também podem ser analisa-
dos em amostras de urina, utilizando radioimunoensaios.

Figura 4 – Kit Utilizado nos Testes Elisa (Amostra é Colocada nos Tubos Plásticos)

2.3 Espectroscopia de Fluorescência

Os HPAs apresentam fluorescência molecular por causa da sua estrutura


eletrônica. O uso de espectroscopia de fluorescência convencional é limita-
do e não consegue distinguir moléculas semelhantes, como os HPAs e seus
metabolitos, exigindo separação. Para contornar esses problemas, foram de-
senvolvidas técnicas alternativas, como a Espectroscopia de Fluorescência
Sincronizada – EFS – e a Espectroscopia de Fluorescência com Varredura
Rápida – EFVR.

Quando se utiliza o método de Espectroscopia por Fluorescência Sincroni-


zada – EFS –, observa-se um aumento na sensibilidade e na seletividade na
análise dos compostos. É útil para a determinação de cadeias orgânicas e é de
baixo custo. Essa técnica é aplicada na determinação de moléculas semelhan-
tes, como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, em uma mesma matriz
biológica. É necessário que exista uma concentração mínima de composto/
volume para a sua identificação. A Espectroscopia de Fluorescência com Var-
redura Rápida – EFVR – é uma técnica de alta resolução usada para iden-
tificação do dibenzo (a,l) pireno e DNA produzidos in vitro em microssomas
(células hepáticas) de fígado.

58
Exercícios Propostos

1. Dentre as inúmeras fontes de contaminação dos HPAs –Hidrocarbonetos


Policíclicos Aromáticos –, podemos citar:
I - Processos de combustão de material orgânico.
II - Queima de carvão.
III - Exaustão de plantas de incineração de rejeitos.

Está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões):


( ) a) Apenas I
( ) b) I e II
( ) c) I, II e III
( ) d) II e III
( ) e) I e III

2. Analise as sentenças abaixo:


I - As fontes de HPAs para os sistemas aquáticos e para os solos são muito diver-
sificadas e compreendem os processos de derrames de petróleo acidentais, as pre-
cipitações atmosféricas, as atividades industriais, os esgotos cloacais e os depósitos
de lixo urbano.
II - Os HPAs podem atingir somente as águas subterrâneas.
III - Os HPAs são divididos em duas categorias: os compostos de baixa massa mole-
cular, como o naftaleno e o antraceno, e os compostos de massa molecular elevada
como o benzo(a)pireno e o indeno(1,2,3-cd)perileno.
IV- Os HPAs são sólidos à temperatura ambiente, possuem cor amarela e pontos
de ebulição e fusão elevados. São poucos solúveis em água e seus coeficientes de
divisão octanol/água (Kow > 1014) são elevados.

Estão corretos os itens:


( ) a) I e IV
( ) b) I, II e III
( ) c) III e IV
( ) d) II e IV
( ) e) I, III e IV

3. Qual a principal propriedade físico-química dos HPAs?


( ) a) Coeficiente de divisão octanol/água
( ) b) Pressão de vapor
( ) c) Ponto de fusão
( ) d) Ponto de ebulição
( ) e) Solubilidade

59
4. Com relação à distribuição dos HPAs no meio ambiente, podemos dizer que:
( ) a) A atmosfera não é o principal meio de transporte dos HPAs.
( ) b) Os HPAs não podem ser depositados ou absorvidos pela vegetação.
( ) c) A taxa de volatilização não depende das condições atmosféricas, dos
movimentos da água e da massa molecular dos compostos.
( ) d) Na coluna de água, os HPAs são associados ao material particulado em
suspensão.
( ) e) Os HPAs reconhecidos como muitos tóxicos e cancerígenos, tal como o
benzo(a)pireno, são bastante solúveis em água.

5. Analise os itens abaixo referentes às técnicas de determinação de HPAs.


I - A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) é uma técnica de separação
fundamentada na distribuição dos componentes da mistura entre duas fases.
II - Os imunoensaios apresentam a facilidade de aplicação e a disponibilidade de
kits para sua realização, colocando-os como alternativas baratas em relação aos
métodos que exigem o uso de equipamentos caros e sofisticados.
III - São exemplos de imunoensaios os testes Elisa e os radioimunoensaios.
IV - O uso da espectroscopia de fluorescência convencional é limitado e não conse-
gue distinguir moléculas semelhantes.

Estão corretos os itens:


( ) a) III e IV
( ) b) I, II e III
( ) c) II e IV
( ) d) I e III
( ) e) I, II, III e IV

5 - e) I, II, III e IV

4 - d) Na coluna de água, os HPAs são associados ao material particulado em suspensão.

3 - b) Pressão de vapor

2 - e) I, III e IV

1 - c) I, II e III

Respostas dos Exercícios Propostos

60
Lição 5 - Transformações Físicas,
Químicas e Biológicas Sofridas pelo
Petróleo no Meio Ambiente
Nesta lição vamos estudar os processos de transformação que ocorrem
após o derramamento de petróleo. Quando o óleo é derramado no mar, ele
se espalha sobre grandes áreas da superfície da água, formando uma fina
película. A partir daí, a mancha, influenciada pelos ventos e correntes mari-
nhas, começa a se deslocar e o óleo sofre uma série de processos naturais de
degradação, como espalhamento, evaporação, dissolução, dispersão, emul-
sificação, sedimentação, biodegradação, e oxidação fotoquímica.

O intemperismo do óleo é a combinação dos processos físicos, químicos e


biológicos, iniciando após o derramamento. Sua eficiência depende das con-
dições da água do mar, como pH, temperatura, correntes marinhas e salinida-
de e do clima, o qual influencia com umidade e incidência de radiação solar,
presença de bactérias e materiais particulados suspensos na água, proprieda-
des físico-químicas do óleo derramado, como a composição química, estado
físico, densidade, viscosidade, solubilidade, temperatura e teor de oxigênio.

Ao término desta lição, você deverá será capaz de:


a) diferenciar os principais processos de intemperismos que o petróleo
sofre em contato com a água;
b) identificar as transformações físicas, químicas e biológicas sofridas pelo
óleo em contato com a água após um derramamento de petróleo.

1. Transformações Sofridas pelo Óleo em Contato com a Água


As transformações sofridas pelo petróleo e seus derivados no meio ambiente,
chamadas de intemperismo, podem levar o seu desaparecimento na superfí-
cie da água (evaporação, dispersão, degradação) e a sua persistência (espalha-
mento, emulsificação), sendo regidas por processos que podem ser divididos
em dois grupos.
• Evolução primária: afeta as características físicas do produto (densidade,
viscosidade, solubilidade) sem alterar as características químicas dos
componentes. Engloba os processos de espalhamento do produto
derramado e evaporação dos componentes leves, dissolução das frações
solúveis, emulsificação e sedimentação por aderência das partículas
suspensas na coluna de água.
• Evolução secundária: engloba processos mais lentos que podem se
estender de meses a anos, atuando sobre o produto já envelhecido. Nesta
fase, os processos atuantes sobre as moléculas são a oxidação fotoquímica
e a degradação microbiana.

61
O comportamento de um óleo depende das suas propriedades físico-quími-
cas, das condições específicas locais, como: tempo, profundidade, correntes
marinhas, energia das ondas, habitats, que alteram a eficiência de cada um
desses processos. Os processos de espalhamento, dissolução, evaporação,
dispersão e emulsificação são os mais significativos durante os instantes ini-
ciais de um derramamento de petróleo. Os processos de sedimentação, bio-
degradação e foto-oxidação são principais em estágios posteriores, alterando
propriedades do produto derramado como densidade, viscosidade e solubi-
lidade. A intensidade de cada um desses processos varia ao longo do tempo e
podem ser mostradas na figura 1.

Figura 1 – Duração e Intensidade dos Processos de Intemperismo

Fonte: GARAVENTTA, 2008, p. 17.

Vamos mostrar na figura 2 os processos de intemperismo mais relevantes


que ocorrem após um derramamento de petróleo.

Figura 2 – Destinos do Petróleo no Meio Ambiente (Processos de Intemperismo)

Fonte: DEMORE, 2001, p. 14.

62
1.1 Espalhamento

O espalhamento é o movimento horizontal do óleo sobre a superfície da


água e começa após o derrame do petróleo. Nos primeiros instantes após a
liberação, o espalhamento é o processo predominante. Acontece com gran-
de rapidez nas primeiras horas; mas, após os dois primeiros dias, o processo
diminui por causa da evaporação que torna o petróleo mais pesado e viscoso.
Esse processo pode ser definido como o aumento da área da mancha oleosa
formada devido à tendência que o óleo tem para se espalhar em água parada.

As condições ambientais locais como vento e correntes marinhas agem direta-


mente no espalhamento da mancha, pois óleos menos viscosos se espalham com
maior velocidade. Passado um tempo indeterminado, a mancha pode ser defor-
mada, fragmentada e dispersa. O conhecimento da espessura da mancha de óleo
é fundamental na avaliação da eficiência de diferentes métodos de contenção,
limpeza e avaliação dos demais processos de intemperismo (evaporação) depen-
dente da área superficial ocupada por ela e para estimativa de impactos no am-
biente. A observação desse fenômeno ajuda as operações de vigilância marítima
através de aeronaves, encurtando tempo e economizando recursos.

1.2 Evaporação

A evaporação é o processo de perda para atmosfera dos compostos leves e


intermediários, ou seja, os compostos com baixo ponto de ebulição se evapo-
ram da superfície da mancha. Inicia-se após o derrame e dura duas semanas
e, em casos de compostos pesados, o processo pode permanecer por até um
ano quando o produto fica no ambiente, embora a taxa de evaporação seja
reduzida após a primeira semana.

A maior presença de compostos mais leves leva a uma maior evaporação, a qual
altera a composição química do produto. Dependendo da composição do produto,
a evaporação pode reduzir mais da metade o volume da mancha. Óleos refinados
como a gasolina e o querosene podem evaporar em poucas horas. As proprieda-
des do produto derramado e as condições ambientais influenciam a evaporação
como: composição, volatilidade, densidade, viscosidade e solubilidade do produto;
área e espessura da mancha, radiação solar, temperaturas da água e do ar e veloci-
dade dos ventos. Embora haja redução do volume derramado durante o processo,
os compostos que sobraram têm viscosidade e densidade elevadas, deixando a
mancha mais grossa e persistente, diminuindo a evaporação.

1.3 Dispersão

A dispersão vertical é a transferência dos compostos do produto derramado


para a coluna de água, provocada pelo efeito da gravidade sobre os constituin-
tes de maior densidade, que se desprendem da mancha oleosa principal, facili-
tando os processos de biodegradação e sedimentação. Atinge o seu máximo em
dez horas e continua por muitas semanas, reduzindo o volume da mancha, sem
alterar as propriedades físicas e químicas do produto. As ondas e a turbulência

63
marinha ajudam no processo de dispersão do óleo. A viscosidade e a tensão
superficial entre o óleo e a água também influenciam, pois quanto mais viscoso
e maior a tensão entre o óleo e a água, menor será a dispersão. Temperaturas
baixas da água e do ar também podem inibir a dispersão, e as condições hidro-
lógicas estão associadas à agitação, tornando a dispersão o principal mecanis-
mo de remoção de óleo da superfície durante tempestades, por exemplo. Caso
contrário, espera-se que a evaporação seja o processo mais significativo.

1.4 Dissolução

A dissolução é o processo em que os hidrocarbonetos solúveis se dissolvem


na água, formando uma massa líquida homogênea. Assim como o espalha-
mento e a evaporação, a dissolução ocorre com maior intensidade nas pri-
meiras horas após a liberação e é mais efetiva para os compostos com menor
peso molecular, pois são mais solúveis do que as frações mais pesadas. Esse
processo não acontece para muitos óleos derivados de petróleo, pois os com-
ponentes que poderiam se dissolver, volatizam primeiro, pois a evaporação
ocorre de 10 a 100 vezes mais rápido. Mesmo após a dissolução poderá ocor-
rer a remoção subsequente por evaporação ou por algum outro processo,
como biodegradação ou foto-oxidação. A taxa de dissolução do óleo depende
da sua composição, do espalhamento da mancha, da taxa de dispersão, da
temperatura e da turbulência da água. Quanto mais leve o composto (com-
postos aromáticos), maior o grau de dissolução na água. Outros constituintes
do óleo como compostos de enxofre e sais minerais têm grande solubilidade.
Esse processo que se inicia após o derrame se perpetua ao longo do tempo,
pois a oxidação e a biodegração formam subprodutos solúveis.

1.5 Emulsificação

A emulsificação é a incorporação de água ao óleo, formando um novo produ-


to conhecido como mousse relativamente resistente a outros processos de
intemperismos, aumentando de duas a três vezes o volume total de óleo que
ficou no ambiente. Inicia-se no primeiro dia, mas por serem muito estáveis,
as emulsões de água em óleo persistem por meses ou até mesmo anos após o
derramamento. Grande parte da emulsão é formada durante a primeira se-
mana após a perda dos componentes leves, devido aos processos de evapo-
ração e dissolução. Esse processo depende da viscosidade, da composição do
óleo e da agitação do mar. Óleos mais viscosos, com componentes pesados,
formam emulsões água-óleo estáveis resistentes às alterações físico-quími-
cas. A formação de emulsões provoca aumento da viscosidade e diminuiu
o espalhamento e a evaporação. Esses óleos retardam a sua eliminação por
causa da estabilidade e da persistência, inibindo algumas reações químicas
biológicas, pois reduzem as áreas expostas ao ar e à água.

1.6 Sedimentação

A sedimentação pode ocorrer de três formas: adsorção (adesão) a partículas


em suspensão na água, deposição como pelotas de óleo ou por afundamento

64
direto, resultante do aumento da densidade devido à intemperização. Ocorre
com os componentes pesados que não se dissolvem facilmente na água. Uma
porção do óleo se sedimenta por causa da associação à matéria em suspen-
são na coluna de água, originando um aumento da densidade e o movimen-
to descendente das partículas até o fundo do corpo hídrico. Esse processo é
importante em áreas costeiras onde há maior quantidade de organismos e
partículas em suspensão na coluna de água, pois podem ser formadas massas
semissólidas compactadas de óleo junto às partículas presentes na coluna de
água, representando sérios danos ao mar. A sedimentação não é importante
nos primeiros dias, atingindo seu pico algumas semanas depois.

1.7 Biodegradação

A biodegradação é a degradação do óleo por micro-organismos (bactérias e


fungos) presentes no mar que utilizam hidrocarbonetos de petróleo como
fonte de alimentação, transformando as moléculas em subprodutos oxida-
dos, que serão degradados a produtos como dióxido de carbono (CO2) e água.
É um processo lento, influenciado pela temperatura e pela disponibilidade
de oxigênio e nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo, no ambiente. A
composição dos hidrocarbonetos é importante, pois a biodegradação é mais
forte nas frações leves do petróleo. Quando o óleo se transforma em gotículas
suspensas no meio aquático, a área de contato aumenta, facilitando o proces-
so de biodegradação. Ocorre na superfície e na coluna de água, nos sedimen-
tos e na costa, podendo persistir por muitos anos.

1.8 Foto-oxidação

Neste processo ocorrem reações desencadeadas pela ação da energia


solar com o oxigênio do ambiente, mudando a estrutura química dos hi-
drocarbonetos e produzindo novos compostos que são mais solúveis e
tóxicos. Como essas reações ocorrem na superfície da mancha de óleo, é
acelerada por um maior processo de espalhamento. É lenta em compa-
ração aos demais processos de alteração físico-química, por estar condi-
cionada à quantidade de oxigênio que pode penetrar na película de óleo
e pela incidência da radiação solar. Outros fatores podem afetar a taxa de
oxidação do óleo, como a espessura da mancha, presença de sais minerais
dissolvidos na água e a composição do produto. A presença de metais no
óleo funciona como catalisadores das reações de oxidação. Os raios ultra-
violeta funcionam como catalisadores, constituindo a foto-oxidação.

Exercícios Propostos

1. A evolução secundária das transformações sofridas pelo petróleo engloba


processos mais lentos que podem se estender de meses a anos, atuando
sobre o produto já envelhecido. Nessa fase, os processos atuantes sobre
as moléculas são:

65
( ) a) Espalhamento e evaporação
( ) b) Dissolução e sedimentação
( ) c) Oxidação fotoquímica e dispersão
( ) d) Espalhamento e biodegradação
( ) e) Oxidação fotoquímica e degradação microbiana

2. Como se chama o processo que ocorre como movimento horizontal do


óleo sobre a superfície da água que se inicia após o derrame do petróleo?
( ) a) Dispersão
( ) b) Sedimentação
( ) c) Espalhamento
( ) d) Biodegradação
( ) e) Dissolução

3. O processo de perda para atmosfera dos compostos leves e intermediários,


ou seja, dos compostos com baixo ponto de ebulição recebe o nome de:
( ) a) Biodegradação.
( ) b) Evaporação.
( ) c) Oxidação.
( ) d) Emulsificação.
( ) e) Dissolução.

4. A ________________ consiste na incorporação de água ao óleo, formando


um novo produto conhecido como mousse, resistente a outros processos
de intemperismos, aumentando de duas a três vezes o volume total de
óleo remanescente no ambiente.
( ) a) Oxidação
( ) b) Sedimentação
( ) c) Dissolução
( ) d) Emulsificação
( ) e) Biodegradação

5. Durante o processo de ________________ do óleo por micro-organismos


(bactérias e fungos) que ocorre no mar e se utilizam dos hidrocarbonetos
do petróleo como fonte de alimentação, ocorrerá a formação de subpro-
dutos oxidados, que serão transformados em produtos como dióxido de
carbono (CO2) e água.
( ) a) Biodegradação
( ) b) Dissolução
( ) c) Oxidação
( ) d) Espalhamento
( ) e) Dispersão
5. A
4. D 3. B
2. C 1. E
Respostas dos Exercícios Propostos

66
Lição 6 - Efeitos da Poluição por
Petróleo e Derivados
Vamos ver nesta lição os efeitos da poluição na saúde e no meio ambiente. A
poluição do ar, dos solos, dos recursos hídricos, as mudanças climáticas e os
derramamentos de óleo causam problemas ambientais desde a Revolução
Industrial, que teve início no final do século XVIII. A poluição do ar é o im-
pacto mais visível vindo da queima dos derivados de petróleo. Vários tipos
de poluentes são liberados pelas indústrias, como o dióxido de enxofre, que
causa a chuva ácida. Esse tipo de chuva se forma quando a umidade do ar
se combina com esse gás e o resultado é uma precipitação ácida que pode
acidificar a água na superfície e o solo.

Muitos efeitos causados pelas emissões atmosféricas são observados na


saúde, como irritação nos olhos, problemas respiratórios e no sistema car-
diovascular. Ataques aos materiais também são observados como em me-
tais (corrosão), mármore, pinturas, tecidos, borracha, couro e papel. Obser-
vamos efeitos sobre a visibilidade na atmosfera, diminuindo a dispersão da
luz solar e a produção de maus odores. Os principais efeitos causados pelos
efluentes líquidos, considerando a ação dos poluentes que as refinarias de
petróleo descartam para o meio ambiente, são os despejos de sólidos em
suspensão, metais pesados, compostos tóxicos, materiais tensoativos, alte-
ração do pH, sais etc. Os resíduos sólidos são perigosos e representam um
sério risco para o meio ambiente, sendo necessárias soluções adequadas
para a sua destinação final. A poluição sonora está relacionada ao funcio-
namento de equipamentos como turbinas, compressores e motores.

Ao término desta lição, você deverá será capaz de:


a) identificar os principais efeitos causados pela emissão dos poluentes
atmosféricos, pelos efluentes líquidos, resíduos sólidos e poluição
sonora;
b) obter conhecimento referente às principais leis ambientais relacionadas
às atividades do refino de petróleo.

1. Efeitos Causados pelas Emissões Atmosféricas


Os principais poluentes atmosféricos emitidos pelas refinarias são os óxidos
de enxofre e nitrogênio, o monóxido de carbono, os materiais particulados e
os hidrocarbonetos (emitem compostos orgânicos voláteis, os VOCs). A figura
1 mostra a emissão desses gases para o meio ambiente. Esses poluentes são
liberados nas áreas de armazenamento (tanques de estocagem), nas unidades
de processo, nos vazamentos e nas unidades de queima de combustíveis fós-
seis (fornos e caldeiras) que geram calor e energia para consumo da própria

67
refinaria. A figura 2 mostra a liberação dos gases através das chaminés das
indústrias.

A química da chuva
No2 + H2O HNO3 (ác. nítrico)
S2O + H2O2 H2SO2 (ác. sulfúrico)
So2
dióxido de enxofre
NO e NO2
óxido de nitrogênio

A poluição de fábricas e veículos


reage com o vapor de águas das
nuvens para formar os ácidos.

Figura 1 – Emissão de Gases Enxofre e Nitrogênio e Formação da Chuva Ácida

Figura 2 – Liberação dos Gases Através das Chaminés das Indústrias

1.1 Impactos dos Poluentes sobre a Saúde


• Irritação nos Olhos

A irritação nos olhos é uma das manifestações mais comuns causada pe-
los poluentes atmosféricos no corpo humano. É um fenômeno comum nas
grandes cidades, principalmente nas regiões industriais. A irritação ocular
aumenta conforme o nível da concentração dos oxidantes (aldeídos emitidos
pelos carros movidos a álcool nas grandes cidades) no meio ambiente. Exis-
tem dúvidas se a irritação ocular deve ser classificada como um efeito sobre
a saúde, pois não ocorrem mudanças fisiológicas detectáveis e a irritação nos
olhos desaparece rapidamente após o cessar da exposição.
• Efeitos sobre o Sistema Cardiovascular

Poluentes como o gás carbônico (CO) e o chumbo (Pb) são absorvidos pela
corrente sanguínea e podem ter efeitos diretos e/ou indiretos sobre o sistema

68
cardiovascular. Doenças cardiovasculares podem resultar dos efeitos indire-
tos de outras doenças causadas pela poluição do ar.
• Efeitos sobre o Sistema Respiratório

O sistema respiratório é o principal mecanismo de trocas gasosas e é expos-


to aos contaminantes atmosféricos. A poluição do ar tem sido caracterizada
como um agente causador ou agravante das doenças do sistema respiratório,
como bronquite crônica, enfisema pulmonar, câncer de pulmão, asma brôn-
quica e infecções respiratórias. A bronquite pode ser causada por infecções
patogênicas, ou por agentes irritantes do aparelho respiratório, como os que
ocorrem na fumaça do cigarro e nas emissões industriais.

O enfisema pulmonar é uma doença que afeta o tecido pulmonar que facilita
as trocas gasosas com o sangue. Existem poucas evidências epidemiológicas
que relacionam os poluentes atmosféricos com o início ou o desenvolvimen-
to do enfisema pulmonar. O câncer de pulmão é uma doença da velhice, a
malignidade pode se espalhar para o restante dos pulmões e para outras par-
tes do corpo. Não é possível concluir que a poluição atmosférica é um fator
contribuinte para os casos de câncer de pulmão nas áreas urbanas.

1.2 Impactos sobre os Materiais

Os poluentes atmosféricos gasosos e particulados são conhecidos por seus


efeitos sobre os materiais. São os efeitos sobre metais (corrosão), mármore,
pinturas, tecidos, borracha, couro e papel. Os materiais podem ser afetados
através de mecanismos físicos e químicos. Os danos físicos podem resultar
do efeito abrasivo dos materiais particulados levados pelo ar sobre as super-
fícies. Reações químicas podem ocorrer quando os poluentes e os materiais
entram em contato direto. Na figura 3 observamos a deposição de poluentes
sobre monumentos históricos.

Figura 3 – Deposição de Poluentes sobre Monumentos Históricos

Gases absorvidos podem agir diretamente sobre o material, ou podem ser


convertidos em novas substâncias que serão as responsáveis pelos efeitos

69
observados. O dano químico nos materiais é um problema mais sério do que
as mudanças físicas ocasionadas pelos materiais particulados. As perdas eco-
nômicas devidas ao efeito da poluição do ar sobre os materiais ainda são di-
fíceis de quantificar, pois não é fácil distinguir o que é devido à poluição e à
deterioração natural do material.

1.3 Efeitos sobre a Visibilidade


Os contaminantes na atmosfera produzem a absorção, a dispersão da luz
solar e a redução da visibilidade (figura 4). Os aerossóis (sprays e desodo-
rantes) têm maior influência na dispersão da luz solar. Há relação entre a
diminuição da visibilidade e a presença de sulfatos na atmosfera. Os perío-
dos de mínima visibilidade correspondem às máximas concentrações de
sulfatos e nitratos na atmosfera, pois os gases presentes na atmosfera não
absorvem a luz visível.

SOL

CAMADA DE OZÔNIO UV UV

CFCs

AEROSÓIS

Figura 4 – Influência dos Aerossóis na Dispersão da Luz Solar

1.4 Odores

O problema do odor da poluição do ar é um incômodo. Ele, do ponto de vista


da regulamentação ambiental, é um fator de perda de bem-estar e não de
prejuízo à saúde. Além do incômodo provocado pelo mau cheiro, a presença
de odor contínuo pode provocar um decréscimo nos valores das proprieda-
des das vizinhanças, pois as pessoas podem não querer se mudar para uma
região onde existe um problema de mau cheiro (figura 5).

70
Figura 5 – Acúmulo de Lixo nas Ruas Provoca Odores na Região

1.5 Efeitos Globais Decorrentes da Poluição Atmosférica

Um dos problemas de caráter global associado à poluição atmosférica é o


das chuvas ácidas. O pH das chuvas é levemente ácido, devido à dissolução
de gases, especialmente o CO2. O lançamento de gases na atmosfera, a par-
tir de fontes emissoras de poluentes, principalmente de óxidos de enxofre
e de nitrogênio, contribui para o aumento da acidez das águas, formando
as chuvas ácidas. Esses compostos na atmosfera transformam-se em sul-
fatos e nitratos e, ao se combinarem com o vapor d´água, formam os áci-
dos sulfúrico e nítrico. Esses ácidos provocam as chuvas ácidas. Tanto as
modificações das características dos solos devido à lavagem pelas chuvas
ácidas, como as mudanças provocadas nas grandes massas de água pelo
aumento das concentrações de metais tóxicos, podem ter consequências
ecológicas irreversíveis.

A mudança climática é outro importante problema de caráter global da po-


luição atmosférica. O aumento das concentrações de dióxido de carbono e de
outros contaminantes na atmosfera eleva a temperatura do globo terrestre,
conhecido como efeito estufa (figura 6) que modifica o regime das chuvas,
alterando terras cultiváveis.

71
Figura 6 – Efeito Estufa

2. Efeito Causado pelos Efluentes Líquidos


Vamos mostrar os principais efeitos causados pelos efluentes líquidos, consi-
derando a ação dos poluentes que as refinarias de petróleo descartam para o
meio ambiente.
• Sólidos

Muitas operações das refinarias geram efluentes hídricos que contêm sólidos
dissolvidos e em suspensão. As principais consequências da presença de sóli-
dos nos meios aquáticos são:
- Assoreamento dos recursos hídricos (formação de bancos de areias nos
rios), acarretando inundações em localidades próximas;
- Soterramento de animais e de ovos de peixes;
- Aumento da turbidez da água, reduzindo a sua transparência, acarretando
redução da atividade fotossintética. A redução da fotossíntese diminui a
quantidade de oxigênio dissolvido, gerando impactos na vida aquática.
Diminuem-se organismos que vivem no meio afetado.
• Metais Pesados

Diversos metais pesados, como chumbo, ferro, cádmio e cobre, são liberados
com os efluentes das refinarias. As principais consequências para o meio am-
biente são:
- Intoxicação dos organismos aquáticos, como moluscos, crustáceos e algas;
- Modificações na fauna e na flora aquáticas;
- Redução das populações das espécies sobreviventes.
• Alterações no pH

Muitos efluentes das refinarias possuem pHs muito ácidos ou alcalinos. As


principais consequências do lançamento de efluentes hídricos com pHs mui-
to distantes do pH da água, para os meios aquáticos, são:

72
- Corrosão;
- Efeitos negativos sobre a fauna e a flora;
- Prejuízos à utilização dessa água na irrigação agrícola e em outros usos;
- Aumento da toxidez de compostos, como: amônia, metais pesados e gás
sulfídrico;
- Influência nos processos de tratamento da água.
• Compostos Tóxicos

Compostos como fenóis e mercaptanas, presentes nos efluentes das refina-


rias, são tóxicos para a saúde humana. Muitos compostos tóxicos presentes
nos despejos das refinarias de petróleo, mesmo em concentrações inferiores
às letais, podem provocar danos à fauna e à flora. As principais consequências
de sua liberação para o meio ambiente são:
- Danos à saúde humana;
- Danos à vida aquática.
A relação dos compostos tóxicos encontrados nos efluentes das refinarias de
petróleo é:
- Cádmio, Cromo, Cobre, Chumbo, Níquel, Fenol, Sulfetos (como H2S) e Zinco.
• Substâncias Tensoativas

Em algumas unidades das refinarias são gerados sabões. Eles fazem parte dos
efluentes. O lançamento dessas substâncias nos meios aquáticos tem como
principais consequências:
- Redução da viscosidade da água;
- Danos à fauna;
- Espumas;
- Sabor;
- Toxidez.
• Matéria Consumidora de Oxigênio

Muitos efluentes das operações de refino têm altas Demanda Bioquímica


de Oxigênio – DBO – e Demanda Química de Oxigênio – DQO. A decompo-
sição da matéria orgânica em um líquido é feita por bactérias aeróbias, que
utilizam o oxigênio dissolvido no meio aquático para promover as reações.
Quanto maior é a quantidade de matéria orgânica presente no meio, maior
é a quantidade de oxigênio necessária para a sua oxidação. A principal con-
sequência do lançamento de matéria consumidora de oxigênio é a redução
da quantidade de oxigênio dissolvido na água, prejudicando a vida aquática.

Observação sobre os conceitos de DBO e DQO:


- DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio):

É a quantidade de oxigênio para oxidar a matéria orgânica biodegradável


(matéria que pode ser consumida como alimento, ela vai alimentar e ser fonte

73
de energia aos micro-organismos que existem na água) sob condições aeró-
bicas (presença de oxigênio). Essa unidade de medida avalia a quantidade de
Oxigênio Dissolvido (OD) em miligramas (mg), equivalente à quantidade que
será consumida pelos organismos aeróbicos ao degradarem a matéria orgâ-
nica. Pode ser considerada um parâmetro para avaliar a qualidade da água,
onde a poluição orgânica é quantificada.
- DQO (Demanda Química de Oxigênio):

Avalia a quantidade de Oxigênio Dissolvido (OD) consumido em meio ácido


que degrada a matéria orgânica, sendo biodegradável ou não. A resistência
de substâncias aos ataques biológicos levou à necessidade de usar produtos
químicos, sendo a matéria orgânica oxidada por um oxidante químico (bicro-
mato de potássio). Esse método é mais rápido que o da DBO, tem duração de 2
a 3 horas, enquanto o outro equivale a cinco dias. A DQO é muito importante
no controle de efluentes industriais.
• Eutrofização

O amoníaco não está presente no petróleo, mas é gerado no processamento


nas refinarias a partir dos compostos nitrogenados. Como portador de ni-
trogênio, pode promover a eutrofização dos corpos aquáticos, que consiste
no crescimento excessivo de algas e plantas no ambiente aquático. O fósforo
presente nesses efluentes acarreta este mesmo fenômeno. Os principais pro-
blemas decorrentes da eutrofização são:
- Devidos à proliferação excessiva de algas: sabor e odor, toxidez, turbidez
(água turva, escura) e cor; matéria orgânica, cuja presença resulta na redução
do oxigênio dissolvido na água; aderência às paredes dos reservatórios e
tubulações (lodo), corrosão e prejuízos ao tratamento da água.
- Devidos às plantas aquáticas: prejuízos aos usos da água, como recreação
e navegação, assoreamento, redução gradual do reservatório, cobertura
da água, com redução da penetração da luz solar; entupimento das
canalizações e grades, produção de massas de matéria orgânica, cuja
decomposição reduz o oxigênio dissolvido; danos às bombas e turbinas
das usinas hidrelétricas.
• Elevação da Temperatura

As águas usadas para resfriamento nas refinarias quando despejadas para os


corpos receptores (rios, mares, lagos etc.), elevam a temperatura da água de-
les. As principais consequências da elevação da temperatura dos meios aquá-
ticos são:
- Aumento das reações químicas e biológicas, elevando a toxidez de alguns
elementos e compostos químicos;
- Redução da quantidade de oxigênio dissolvido, com efeitos negativos à vida
aquática aeróbia;
- Diminuição da viscosidade da água, afundando organismos aquáticos.

74
• Sais

Muitos efluentes de refino contêm sais dissolvidos. Eles constituem a polui-


ção salina. A sua toxicidade para os organismos aquáticos pode variar de bai-
xa, como no caso dos cloretos, até alta, para o caso dos cianetos. A principal
consequência da presença dessas substâncias nos meios aquáticos é a elimi-
nação de algumas espécies de animais aquáticos, quando as concentrações
são elevadas.
• Petróleo Cru e seus Derivados

A poluição por petróleo cru das refinarias é um problema persistente. O des-


tino do óleo nos meios aquáticos depende de fatores como ventos, tempe-
ratura, correntes marinhas, geologia e local (se são águas abertas ou baías).
Ocorre uma sequência de eventos: após o despejo ou derrame, quando o fil-
me de óleo é disperso pelos ventos e correntes, os componentes com pontos
de ebulição abaixo de 200 ºC evaporam, enquanto outros constituintes são
oxidados pela luz solar. Alguns componentes são degradados por micro-or-
ganismos, enquanto outros são estáveis e podem permanecer no ambiente
aquático por muitos anos. Alguns podem desaparecer ao serem dispersos.
Após 24 horas, a água e o óleo formam uma emulsão. Tais fatos têm como
principais consequências:
- Redução da quantidade de luz solar disponível, devido à formação de
um filme de óleo, diminuindo a taxa de fotossíntese e prejudicando o
fitoplâncton;
- A toxicidade de frações do petróleo pode provocar a morte de organismos,
dependendo do tipo de óleo e da quantidade presente no meio aquático;
- Aderência do óleo sobre os corpos dos animais, mamíferos, peixes,
pássaros
e crustáceos, prejudicando a saúde ou causando a morte;
- A porção de petróleo que se deposita no fundo forma um sedimento que
prejudica os organismos aquáticos e os ovos dos peixes que tenham sido
depositados em tais locais;
- Prejuízos à saúde humana, pois os hidrocarbonetos são considerados
cancerígenos e as pessoas incluem os frutos do mar contaminados em
suas dietas.

As frações mais leves, como gasolina, querosene e óleo diesel contêm hidro-
carbonetos aromáticos, que são compostos tóxicos. Parte deles se evapora e
outra parte, antes de se evaporar, dissolve na água, agravando ainda mais o
problema. A gasolina e naftas são mais tóxicas que os óleos diesel e combustí-
vel, os quais são mais tóxicos que o petróleo cru.

3. Efeitos Causados pelos Resíduos Sólidos


Os resíduos sólidos são gerados durante o processo de refino e em operações
de manuseio do petróleo, assim como na etapa do tratamento de efluentes.

75
Os resíduos perigosos e os não perigosos são gerados, tratados e dispostos
em locais adequados. Tais resíduos são gerados sob a forma de lamas, cata-
lisadores de processo, cinzas de incineradores e borras de filtração. O trata-
mento desses resíduos inclui incineração, neutralização, fixação química e
disposição em aterros sanitários, que podem estar situados dentro ou fora
das refinarias. É necessário que sejam escolhidas soluções adequadas para a
sua destinação final.
• Impactos Ambientais e a População
- População vulnerável próxima aos aterros industriais que apresentam
níveis elevados de compostos orgânicos no sangue;
- Riscos de doenças como câncer, anomalias congênitas, baixo peso ao
nascer, abortos e mortes neonatais;
- A contaminação pode ser direta pelo ar, ou indireta por meio do consumo
de água ou alimentos;
- Formação de maus odores, principalmente devido aos lixões próximos de
áreas urbanas;
- Formação de chorume (líquido escuro contendo alta carga poluidora).
O potencial de impacto desse efluente está relacionado com a alta
concentração de matéria orgânica, reduzida biodegradabilidade, presença
de metais pesados e de substâncias não biodegradáveis. Exemplo: líquido
escuro que escorre do caminhão de lixo;
- Liberação de gases tóxicos (biogás, como o metano);
- Alteração da paisagem causando aspecto estético desfavorável.

4. Efeitos Causados pela Poluição Sonora


O ruído oriundo das refinarias é causado pelo funcionamento de equipa-
mentos, como turbinas, compressores e motores. O fluxo de fluidos com alta
velocidade através de válvulas e dutos de transporte também contribui para
a elevação dos níveis de ruído das plantas (refere-se ao conjunto de todos os equi-
pamentos que fazem parte da indústria de processamento de petróleo).

Medidas de minimização:

O controle das emissões de ruídos é feito através do isolamento dos equipa-


mentos que causam o problema. Também podem ser colocados equipamen-
tos silenciadores em turbinas, motores a combustão e em bombas de ar. Nas
refinarias mais recentes, as áreas utilizadas são grandes, fazendo que quase
nenhum ruído seja percebido fora das fronteiras da refinaria.

Efeitos sobre o meio ambiente:

A exposição de pessoas a ruídos causa danos à saúde, dependendo de vários


fatores, como:
- intensidade: quanto mais alta, mais danosa;
- faixa de frequência: quanto mais elevada, maior o dano;

76
- período de exposição: quanto mais longo, maiores os danos;
- continuidade: ruídos contínuos prejudicam a audição, ruídos intermitentes
interferem no sistema nervoso; esses efeitos podem ocorrer em conjunto;
- perda gradativa da audição;
- incômodo, irritação e exaustão física;
- perturbações no sono;
- problemas cardiovasculares;
- estresse;
- aumento da quantidade de adrenalina no sangue;
- redução da eficiência do indivíduo e ocorrência de acidentes, nos locais de
trabalho.

A poluição sonora prejudica a saúde e bem-estar das pessoas, ocasionando


efeitos que podem ser de natureza física, psicológica, social ou econômica.

5. Legislação Brasileira para Controle da Poluição por Petróleo e


Derivados
A legislação ambiental que atinge a atividade de refino de petróleo se divi-
de em duas categorias: redução dos impactos ambientais das refinarias e
as especificações da composição dos produtos que a refinaria produz, e que
operam para estabelecer a qualidade de tais produtos, para que o uso afete
minimamente o meio ambiente.

A história da legislação ambiental brasileira começou no dia 31 de agosto de


1981, com a criação da Lei nº 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente. A legislação ambiental para as atividades industriais, nas
quais a atividade de refino de petróleo está incluída é comentada a seguir:
• Lei nº 6938, de 31/08/1981 – Dispõe sobre a Política Nacional de Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências.
• Lei nº 12305, de 06/08/2010 – Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos.
• Lei nº 9.605, de 20/02/1998 – Dispõe sobre os crimes ambientais.
• Resolução CONAMA 001, de 23/01/1986 – Dispõe sobre a Avaliação de
Impactos Ambientais.
• Resolução CONAMA 006, de 15/06/1988 – Dispõe sobre o licenciamento
ambiental de atividades industriais geradoras de resíduos perigosos.
• Resolução CONAMA 005, de 15/06/1989 – Institui o Programa Nacional de

Controle da Qualidade do Ar – PRONAR – e dá outras providências.


• Resolução CONAMA 008, de 06/12/1990 – Estabelece limites máximos de
emissão de poluentes do ar em nível nacional.

77
• Resolução CONAMA 237, de 19/12/1997 – Dispõe sobre o Licenciamento
Ambiental.
• Resolução CONAMA 235, de 07/01/1998 – Dispõe sobre a classificação de
resíduos sólidos. Descreve os tipos de resíduos sólidos e classifica-os em
três classes: Classe I – Resíduos Perigosos de Importação Proibida, Classe
II – Resíduos Não Inertes Controlados pelo IBAMA e Classe III – Resíduos
Inertes de Importação Proibida.
• Normas Técnicas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas:
- NBR 10004 - Resíduos Sólidos - Classificação.
- NBR 12235 - Armazenamento de resíduos sólidos perigosos.
- NBR 11174 - Armazenamento de resíduos classes II - não inertes e III -
inertes.
• Portaria da ANP nº 80, de 30 de Abril de 1999: Dispõe sobre os teores
máximos de enxofre permitidos no óleo combustível.

Exercícios Propostos

1. A presença de contaminantes na atmosfera produz a absorção e a dis-


persão da luz solar, e também uma notável redução da visibilidade. Esses
efeitos são provocados devido à presença de:
( ) a) Aerossóis (sprays e desodorantes).
( ) b) Dióxido de carbono.
( ) c) Óxidos de nitrogênio e enxofre.
( ) d) Material particulado.
( ) e) BTX.

2. O ________________ pode causar danos físicos em monumentos históricos.


( ) a) Óxido de nitrogênio.
( ) b) BTX.
( ) c) Monóxido de carbono.
( ) d) Óxido de enxofre.
( ) e) Material particulado.

3. O _______________ é o principal responsável pelo aumento do efeito es-


tufa.
( ) a) Dióxido de enxofre.
( ) b) Dióxido de nitrogênio.
( ) c) Monóxido de carbono.
( ) d) Dióxido de carbono.
( ) e) Material particulado.

78
4. O assoreamento dos recursos hídricos (formação de bancos de areias nos
rios) pode acarretar inundações em localidades próximas às refinarias e
ocorrem devido a presença de ____________ nos efluentes líquidos.
( ) a) Metais pesados.
( ) b) Sólidos em suspensão.
( ) c) Sais.
( ) d) Matéria consumida de oxigênio.
( ) e) Materiais tóxicos.

5. Os resíduos sólidos são gerados durante o processo de refino e em ope-


rações de manuseio do petróleo, assim como na etapa do tratamento de
efluentes. Os principais impactos ambientais e a população decorrentes
são:
I - Riscos a doenças como câncer, anomalias congênitas, baixo peso ao nascer, abor-
tos e mortes neonatais.
II - Formação de maus odores, principalmente devido aos lixões próximos de áreas
urbanas.
III - Formação de chorume.
IV - Liberação de gases tóxicos (biogás, como o metano).

Estão corretos os itens:


( ) a) II e IV.
( ) b) I, III e IV.
( ) c) I, II, III e IV.
( ) d) III e IV.
( ) e) II e III.

5. C
4. B
3. D
2. E
1. A
Respostas dos Exercícios Propostos

79
Lição 7 – Remediações Físicas,
Químicas e Biológicas
O petróleo e seus derivados são fundamentais para a manutenção da
atividade industrial. Durante a exploração, o refino, o transporte e as
operações de armazenamento podem ocorrer derramamentos aciden-
tais, ocasionando a contaminação de solos, rios etc. Tais ocorrências
geram a realização de pesquisas relacionadas com a remediação dos
locais contaminados.

Quando ocorre o derramamento de gasolina em solos, uma das prin-


cipais preocupações é a contaminação das aguas subterrâneas. Os fre-
quentes derramamentos de petróleo e seus derivados motivam o de-
senvolvimento de novas técnicas que visam à descontaminação dessas
matrizes. Diversas técnicas físicas (extração de vapores no solo), quími-
cas (oxidação química in situ) e biológicas (biorremediação) vêm sendo
desenvolvidas para a remoção ou a degradação in-situ (tratamento rea-
lizado no próprio local) ou ex-situ (tratamento realizado fora do local
onde ocorreu a contaminação) do petróleo derramado e para a redução
de seus efeitos sobre o ecossistema, especialmente os tóxicos. Dentre
as técnicas desenvolvidas, a biorremediação vem se destacando como
uma alternativa viável e promissora para o tratamento de solos conta-
minados por petróleo e seus derivados.

Ao término desta lição, você deverá será capaz de:


a) conhecer os processos abióticos e biológicos de remediação dos solos;
b) entender o processo de remoção de contaminantes do solo com o uso da
biorremediação.

1. Biorremediação
A biorremediação é um conjunto de técnicas biotecnológicas (natureza
biológica) em que se utilizam micro-organismos como fungos e bactérias.
As bactérias utilizam substratos orgânicos e inorgânicos, como o carbono
como fonte de alimentação, ocorrendo a conversão dos contaminantes
(petróleo) em produtos com pouca ou nenhuma toxicidade, como CO2 e
H2O (figura 1).

80
Figura 1 – Ação dos Micro-organismos em Processo de Biorremediação

Fonte: JARDIM et al., 2010, p. 24.

A biorremediação pode ser empregada para atacar contaminantes específicos


no solo e águas subterrâneas, como a degradação de hidrocarbonetos do pe-
tróleo. É preciso conhecer a natureza química e as características físico-quí-
micas do contaminante e as características do ambiente contaminado.

A biorremediação baseia-se em três aspectos básicos:


• existências de micro-organismos com capacidade para degradar os
contaminantes;
• disponibilidade do contaminante ao ataque microbiano;
• condições ambientais adequadas para o crescimento e atividade do agente
biorremediador (crescimento favorável para os micro-organismos).

A técnica da biorremediação é aplicada por bioacumulação e bioestimulação.


A bioacumulação ocorre pela adição de micro-organismos específicos em re-
giões impactadas, adaptados em laboratórios às condições ambientais. Faz-se
a avaliação dos micro-organismos presentes no ambiente, identificando-se
os degradadores de óleo. Em seguida, através de biorreatores estimula-se o
crescimento microbiano das espécies de interesse e injeta-se no local con-
taminado com o objetivo de aumentar a população microbiana, responsável
pela degradação do óleo. A bioestimulação é a aceleração da reprodução mi-
crobiana e de suas atividades metabólicas, pela adição de oxigênio, água e
nutrientes ao meio ambiente contaminado. A adição de água e a oxigenação
do ambiente favorecem a biodegradação.

A eficiência da biorremediação depende da biota (micro-organismos com


enzimas capazes de degradar o contaminante), das propriedades do conta-
minante, das propriedades físico-químicas da água como pH e temperatura
adequada e ausência de substâncias tóxicas aos micro-organismos. A escolha
de uma técnica para remediar em uma área contaminada dependerá de va-
riáveis, incluindo tipo de poluentes do solo, tipos de solo, condições de cir-

81
culação de águas subterrâneas e a natureza do risco à saúde humana e aos
ecossistemas decorrentes da presença desses poluentes.

Em solos contaminados por petróleo e seus derivados, alguns contaminantes


se destacam. Os compostos que exigem maior preocupação ambiental e que
são os principais a serem identificados e quantificados antes e durante um
processo de remediação são: Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xilenos (isô-
meros nas posições: orto, meta e para). Esses compostos conhecidos como
BTEX (figura 2), são definidos como hidrocarbonetos monoaromáticos (apre-
sentam apenas um anel aromático na sua estrutura química). São usados em
solventes e combustíveis e são os constituintes mais solúveis da gasolina.
CH3 CH2 CH3

Benzeno Tolueno Etilbenzeno

CH3 CH3 CH3


CH3

CH3
Orto-xileno Meta-xileno CH3
Para-xileno

Figura 2 – Hidrocarbonetos Monoaromáticos (BTEX)

Fonte: adaptado de imagens disponíveis em www.google.com.br

Esses compostos aromáticos são tóxicos ao meio ambiente e ao ser humano.


Em solos contaminados por petróleo e derivados, além dos BTEX, outras clas-
ses de compostos também são alvos de atenção, como os Hidrocarbonetos Po-
licíclicos Aromáticos – HPAs –, os Compostos Orgânicos Voláteis – COVs – e os
Hidrocarbonetos Totais de Petróleo – HTP. Esses compostos são escolhidos por
toxicidade, mobilidade e persistência no meio ambiente. Os COVs representam
o total de emissões gasosas, como perdas por volatilização provenientes do der-
ramamento. Qualquer contaminação dessas fontes merece atenção pelo con-
tato direto desses compostos dispostos indevidamente no solo, e quanto à sua
presença em águas utilizadas para o consumo humano.

2. Processos Abióticos de Remediação


Os processos abióticos de descontaminação de áreas poluídas envolvem mé-
todos químicos ou físicos de remoção de poluentes. Os métodos químicos
mais comuns são: neutralização, precipitação, oxidação, aplicação de surfac-

82
tantes e extração por solventes. A remoção por separadores água e óleo é um
método mecânico simples baseado na diferença de densidade entre a água e
a fase oleosa. Alguns processos ocorrem naturalmente, como a evaporação.
A foto-oxidação é outra forma natural observável em locais contaminados,
sendo o responsável pela transformação do petróleo em ambientes aquáti-
cos. Destacamos algumas dessas tecnologias:
• Lavagem de Solo

Esse processo usa líquidos (água combinada com solventes) e processos me-
cânicos para a lavagem de solos. Os solventes são selecionados de acordo com
sua habilidade de solubilizar os contaminantes específicos e de acordo com
seus efeitos à saúde e ao meio ambiente. Esse processo separa a fração mais
fina do solo da porção de maior granulometria. Quando os contaminantes
orgânicos tendem a ligar-se às frações mais finas, a separação dessas frações
reduz a contaminação do solo. A menor fração de solo pode ser tratada se-
paradamente por diferentes métodos como incineração ou biorremediação,
ou descartada de acordo com a legislação vigente. Essa tecnologia pode ser
combinada com outras. Os grupos de contaminantes-alvos, inclui compostos
orgânicos semivoláteis, petróleo e resíduos de combustíveis, metais pesados,
HPAs e pesticidas.
• Extração de Vapores do Solo

Esse método é aceito e reconhecido por apresentar boa relação custo-bene-


fício na remediação de solos contaminados com compostos orgânicos semi-
voláteis e voláteis. Envolve a instalação de poços horizontais e/ou verticais na
área de contaminação do solo. São utilizados sopradores de ar para auxiliar
no processo. O vácuo é aplicado através dos poços no local próximo à fonte
de contaminação para evaporar o constituinte volátil que é retirado por um
poço de extração adjacente. Os vapores extraídos são tratados (adsorção com
carbono) antes de serem liberados na atmosfera. O aumento do fluxo de ar
através da superfície promovido por esse sistema também estimula a biode-
gradação dos contaminantes menos voláteis.
• Dessorção Térmica

É uma tecnologia de tratamento de resíduos inovadora, em que o solo


contaminado é escavado, peneirado e aquecido para liberar o petróleo de seus
interstícios. As temperaturas de aquecimento do solo variam de 100 a 600 ºC,
para contaminantes que possuem ponto de ebulição vaporizem e se separem.
Os contaminantes vaporizados são coletados e tratados por outros métodos.
A dessorção térmica não destrói os compostos orgânicos, mas transformará
em uma forma mais tratável, enquanto a incineração destrói o contaminante.
O real processo de dessorção térmica envolve o aquecimento do solo em uma
câmara onde os contaminantes orgânicos e alguns metais são vaporizados. A
partir daí, um gás ou um sistema de vácuo transporta o material vaporizado
para tratamento fora do local contaminado.

83
3. Processos Biológicos de Remediação
O processo biótico (biológico) de remediação dos poluentes é a biorremedia-
ção. Quanto ao local onde ocorre, o processo pode ser classificado como: bior-
remediação in situ e biorremediação ex situ.
• Biorremediação in situ

É o tipo de biorremediação que ocorre no local onde houve o derramamento


de petróleo e os micro-organismos presentes no local poluído conduzem
o processo de biodegradação. Pode ocorrer com a adição de nutrien-
tes, oxigênio e água para aumentar a biodegradação, sendo chamado de
bioestimulação ou com adição de micro-organismos específicos adapta-
dos em laboratórios às condições ambientais. Esse processo recebe nome
de bioaumento.
• Biorremediação ex situ

Remove o material contaminado para outra área na qual este material será
tratado.

Podemos destacar como processos biológicos de remediação algumas


técnicas:
• Landfarming

É uma tecnologia de superfície de remediação do solo, onde o solo con-


taminado é escavado em camadas finas e espalhado sobre a superfície
do terreno onde ocorre a estimulação da atividade microbiana aeróbica
por intermédio da aeração e ou adição de minerais, nutrientes e umida-
de para reduzir a concentração dos constituintes do petróleo presentes
nele, através de processo associado à biorremediação. Espécies bacteria-
nas degradadoras de hidrocarbonetos de petróleo podem ser adicionadas
ao processo para aumentar a taxa de degradação. O solo deve estar bem
misturado para aumentar o contato entre os compostos orgânicos e os
micro-organismos e fornecer o oxigênio necessário à degradação biológi-
ca aeróbica. Os hidrocarbonetos mais voláteis tendem a evaporar durante
o processo de escavamento do solo, enquanto a redução dos compostos
mais pesados se dá por atividade microbiana aeróbia.
• Biopilhas

As biopilhas podem ser chamadas de biocélulas ou células de compos-


tagem, pilha de biorremediação e pilha estática. O solo é escavado, pre-
parado e colocado em montes ou pilhas, onde é feita a estimulação da
atividade microbiana através de aeração, adição de nutrientes e aumento
da umidade do solo, com o propósito de promover a biodegradação dos
contaminantes. As biopilhas são construídas sobre uma base impermeá-

84
vel para reduzir o potencial de migração do lixiviado (extração de uma
substância presente em componentes sólidos através da sua dissolução
em um líquido) da camada superficial para as áreas do solo não conta-
minado. Além disso, elas também são cobertas por uma membrana im-
permeável para prevenir a liberação de contaminantes voláteis do solo
para a atmosfera e proteger o solo de intempéries naturais como ventos
e chuvas.

A maior limitação dessa técnica está relacionada à remoção do solo con-


taminado, tendo em vista que o processo de tratamento ocorre no modo
ex situ. Nesse caso, apesar de possibilitar a eliminação dos principais fo-
cos de contaminação, essa prática deve ser realizada com cuidado, pois
pode provocar a intensificação do risco às vias de exposição humana,
como inalação de vapores e de materiais particulados contaminados.
Essa prática também apresenta a desvantagem de que a remoção do solo
deve ser realizada com todos os cuidados para que não ocorra a propa-
gação da contaminação para outros meios (os não afetados), como ar e
as águas.

O transporte e o tratamento dos solos por biopilhas possibilitam a trans-


ferência do problema para outros locais que poderão ser contaminados.
A adoção da técnica de remoção de solos se justifica nos casos em que há
a presença de resíduos perigosos, de solos altamente contaminados ou
em que uma análise demonstre a impossibilidade de aplicação de outras
técnicas, de maneira a se atingir as metas de remediação requeridas, no
intervalo de tempo desejado.
• Biossurfactantes

Micro-organismos como bactérias e fungos produzem substâncias que


agem como detergentes naturais. Os biodetergentes misturam compos-
tos como água e óleo, o que não acontece por causa da alta tensão su-
perficial da água. Esses produtos biológicos são conhecidos como bios-
surfactantes (moléculas que possuem uma parte hidrofílica que se liga
à água e uma parte hidrofóbica que se ligam ao óleo). A produção desses
biodetergentes pelas bactérias degradadoras de petróleo é importante
para o crescimento de sua população em locais atingidos por derrames
de óleo e facilita a biorremediação de hidrocarbonetos não solúveis em
água. A molécula do biodetergente apresenta duas partes: uma com afi-
nidade pela água e a outra pelo óleo (figura 3), e a superfície da bactéria
se altera com a produção dessa substância, facilitando a aderência ao hi-
drocarboneto. O biodetergente estabiliza a gota de óleo emulsificada na
água, aumentando a área da bactéria exposta. As bactérias podem formar
emulsões muito pequenas na membrana externa ou consumir o poluente
quando aderidas ao óleo através do biodetergente.

85
Figura 3 – Atuação de Biodetergente na Interface de uma Solução Contendo Óleo e Água

Fonte: KREPSKY et al., 2006, p. 2.

Um biodetergente é eficiente na mistura óleo/água quando reduz a tensão su-


perficial da água a um nível que permita a emulsão do óleo em temperatura
ambiente. O uso de biodetergentes na recuperação de desastres ambientais
já foi adotado em ocasiões e é uma tendência mundial. No Brasil é um recur-
so fundamental para a remediação de ambientes delicados como as baías de
Guanabara e de Paranaguá.
• Fitorremediação

A fitorremediação é a utilização de vegetais (árvores, arbustos, plantas rastei-


ras e aquáticas), aliados à versatilidade metabólica microbiana, para remover,
capturar ou degradar contaminantes. Como as raízes modificam as condições
químicas, físicas e biológicas do solo, elas estimulam a microbiota existente
no local e os processos químicos que acarretam o aumento da degradação.
Essa técnica é influenciada por: pH, salinidade, textura e porosidade do solo,
clima, tipo e concentração dos poluentes.

Apesar de o baixo custo ser uma vantagem, essa técnica apresenta algumas
desvantagens, como: tempo longo para ter resultados, pois depende do ciclo
de vida da planta, a morte da planta quando a concentração de poluente e
outras toxinas passarem do tolerável, consequências indesejadas caso entre
na cadeia alimentar.

Exercícios Propostos

1. Considere as seguintes afirmações abaixo:


I - Compostos conhecidos como BTEX são definidos como hidrocarbonetos monoa-
romáticos.
II - A fitorremediação consiste na utilização de vegetais.
III - Um biodetergente é eficiente na promoção da mistura óleo/água quando au-
menta a tensão superficial da água a um nível que permita a emulsão do óleo em
temperatura ambiente.

86
Está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões):
( ) a) II e III
( ) b) Apenas a III
( ) c) I e II
( ) d) I e III
( ) e) Apenas a I

2. Os produtos formados durante o processo de biorremediação após a con-


versão dos contaminantes do petróleo são:
( ) a) CO e CO2
( ) b) CO2 e H2O
( ) c) CO e H2O
( ) d) Somente CO2
( ) e) Somente CO

3. Como se chama o processo de biorremediação que ocorre no local onde


houve o derramamento de petróleo e os micro-organismos presentes no
local poluído conduzem o processo de biodegradação?
( ) a) Biopilhas
( ) b) Fitorremediação
( ) c) Biorremediação ex situ
( ) d) Biorremediação in situ
( ) e) Landfarming

4. São considerados processos abióticos de remediação dos solos:


( ) a) Dessorção térmica e extração de vapores
( ) b) Landfarming e lavagem de solos
( ) c) Fitorremediação e biopilhas
( ) d) Lavagem de solos e biopilhas
( ) e) Biossurfactantes e fitorremediação

5. São considerados processos bióticos de remediação dos solos:


( ) a) Dessorção térmica e biossurfactantes
( ) b) Landfarming e biopilhas
( ) c) Fitorremediação e extração de vapores
( ) d) Lavagem dos solos e biopilhas
( ) e) Biossurfactantes e lavagem dos solos

5. D
4. A
3. D
2. B
1. C
Respostas dos Exercícios Propostos

87
Lição 8 – Noções de Emissões Atmosféricas
Oriundas da Combustão de Derivados de
Petróleo
A poluição gerada nos centros urbanos vem da queima de combustíveis
fósseis como carvão mineral e derivados do petróleo. A queima desses pro-
dutos aumenta o nível de monóxido e dióxido de carbono liberados para a
atmosfera e provoca muitos problemas ambientais nas grandes cidades. A
saúde das pessoas é a mais afetada com a poluição atmosférica, causando
doenças respiratórias como bronquite, rinite e asma. A poluição causa da-
nos aos ecossistemas e ao patrimônio histórico e cultural. A liberação de
gases do tipo SOx e NOx leva à formação de chuvas ácidas, matando plantas,
animais e corroendo monumentos históricos (prédios, monumentos, igre-
jas etc.).

O efeito estufa aumenta a temperatura do planeta, pois os gases poluentes


formam uma camada de poluição na atmosfera, impedindo a dissipação do
calor. O calor fica concentrado nas camadas baixas da atmosfera, provocan-
do mudanças no clima, elevando o nível de água dos oceanos e o alagamen-
to de ilhas e cidades litorâneas. Os sistemas tecnológicos vêm avançando no
sentido de criar máquinas e combustíveis cada vez menos poluentes. Mui-
tos automóveis já estão utilizando gás natural como combustível. No Brasil,
temos milhões de automóveis movidos a álcool, combustível renovável, não
fóssil, que polui pouco.

Vamos apresentar os principais poluentes emitidos pelas refinarias de pe-


tróleo, sua origem e seus efeitos sobre o meio ambiente, as medidas de con-
trole e as minimizações que podem ser feitas para controlar a liberação dos
poluentes para a atmosfera, para entendermos a importância das emissões
atmosféricas oriundas da combustão de derivados de petróleo.

Ao término desta lição, você deverá será capaz de:


a) conhecer algumas medidas que podem ser tomadas para controlar as
emissões atmosféricas nas refinarias de petróleo;
b) conhecer as medidas de controle das emissões atmosféricas aplicadas
em gases poluentes e material particulado;
c) identificar os principais poluentes emitidos pelas refinarias de petróleo.

1. Os Principais Poluentes Emitidos pelas Refinarias de Petróleo,


sua Origem e seus Efeitos sobre o Meio Ambiente e a Saúde da
População
Vamos mostrar os principais poluentes emitidos pelas refinarias e os efeitos
sobre a saúde humana e meio ambiente.

88
• SOx (SO2 e SO3)

O enxofre está presente no petróleo, mas seu percentual varia de acordo com
a origem dele. As unidades de processo requerem quantidades de vapor à
alta pressão e a queima dos combustíveis utilizados para a geração de calor
e energia produzem óxidos de enxofre. Os óxidos de enxofre são irritantes e
seus efeitos são decorrentes da formação de ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido
sulfuroso (H2SO3) em contato com a mucosa das vias respiratórias. A absorção
pela mucosa nasal é rápida e distribuída pelo organismo atingindo o cérebro
e os tecidos. Ocasiona dificuldade de respirar e distúrbio da consciência. A
pneumonia pode ser uma complicação após exposições agudas ao óxido.

Em baixas concentrações de exposição, o sintoma mais comum é a tosse. Na


pele, o óxido em contato com o suor provoca queimaduras e irritações. Os
óxidos podem atingir o tubo digestivo pela saliva, formando ácidos. Os dentes
perdem o brilho e surge amarelamento do esmalte e inflamações das gen-
givas. Nos seres humanos, a exposição prolongada pode provocar bronquite
crônica e potencializar crises cardíacas e respiratórias em indivíduos sensí-
veis. Esses óxidos provocam irritação nas mucosas dos olhos, nariz, garganta
e provocam alterações nas defesas pulmonares.

A toxicidade dos óxidos de enxofre sobre as plantas pode ser observada nos
danos que ele provoca sobre as plantas que são cultivadas e as selvagens, afe-
tando a redução da colheita em muitos casos. Ocorre amarelamento nas fo-
lhas, manchas esbranquiçadas, queda prematura das folhagens e alterações
na química do solo. Os óxidos de enxofre também provocam as chuvas ácidas,
cujos impactos possuem caráter regional ou continental. Os principais efeitos
das chuvas são: a diminuição do pH das águas superficiais e subterrâneas,
diminuição da população de peixes e outros organismos aquáticos. A redução
do pH também aumenta a solubilidade do alumínio e dos metais pesados,
como cádmio, zinco e mercúrio. Podem ocorrer danos à saúde das pessoas
que se alimentam de peixes com concentrações de metais.
• NOx (NO e NO2)

São formados durante a queima dos combustíveis fósseis em uma refinaria.


Isso pode ocorrer de duas formas: pela combinação do nitrogênio e do oxi-
gênio que compõem o ar utilizado nas reações de combustão em elevadas
temperaturas e pela oxidação do nitrogênio presente no combustível sob a
forma de compostos orgânicos nitrogenados.

O NO2 é insolúvel em água, mas quando é inalado atinge os alvéolos


pulmonares, transformando-se em ácido nítrico (HNO3) e ácido nitroso
(HNO2) que são irritantes para o tecido pulmonar, provocando tosse e dificul-
dades para respirar. No aparelho cardiovascular, pode ocorrer insuficiência,
surgindo pulso fraco e taquicardia, dilatação do coração e congestão torácica.
No sistema nervoso central, o NO2 provoca inquietação, perda da consciência
e confusão mental. No aparelho digestivo surgem náuseas e dor abdominal.

89
Os NOx causam danos à vegetação, mas necessitam de altas concentrações
como em ambientes próximos às indústrias. Também contribuem para au-
mentar a acidez das águas, formando chuvas ácidas. Os óxidos de nitrogênio
também são os principais componentes para a formação do smog fotoquí-
mico (névoa acinzentada que recobre toda a região contaminada, formada
pela reação entre os óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos e o oxigênio em
presença da radiação ultravioleta dos raios solares).
• CO (Monóxido de Carbono)

É um derivado da queima incompleta dos combustíveis fósseis. As unidades


de combustão como aquecedores e caldeiras emitem esse tipo de gás para a
atmosfera, ainda que em pequena quantidade.

A principal via de penetração no organismo é a respiratória. O CO se difun-


de rapidamente pela membrana alveolar, chegando à corrente sanguínea
onde se une à hemoglobina das hemácias, formando um composto chamado
carboxihemoglobina, interferindo no transporte de oxigênio para os tecidos.
A hemoglobina tem uma forte afinidade pelo CO, cerca de 200 – 300 vezes
maior que o oxigênio, em consequência, pequenas quantidades de CO no ar
são suficientes para que os seus efeitos tóxicos se manifestem.

O CO não pode ser considerado um contaminante atmosférico, pois se en-


contra na atmosfera e, ao entrar nela, é oxidado e transforma-se em CO2. Um
acúmulo na atmosfera oferece riscos, como uma modificação do clima de-
corrente do efeito estufa.
• H2S (Gás Sulfídrico)

Este gás é altamente tóxico e irritante, atuando no sistema nervoso, nos olhos e
nas vias respiratórias. É volátil e a principal via de penetração é a respiratória.
Assim que o H2S atinge a corrente sanguínea, distribui-se por todo organismo. No
sistema nervoso central, causa excitação seguida de depressão, fraqueza, dor de
cabeça, náuseas, sonolência, vômito, alucinações, amnésia, irritabilidade, delírios,
sonolência, convulsões e morte. No sistema respiratório, causa tosse, expectora-
ção sanguinolenta, respiração acelerada, edema agudo do pulmão e rinite com
perda do olfato. A ação irritante sobre a pele e as mucosas gastrintestinais provo-
ca vermelhidão. Nos olhos surgem conjuntivite, fotofobia, lacrimejamento e opa-
cificação da córnea. No meio ambiente, provoca necrose nas partes superiores
das plantas. O cheiro do gás sulfídrico é semelhante ao de ovo podre.
• Benzeno, Tolueno e Xileno (BTX)

São componentes do petróleo e estão presentes em muitas operações do re-


fino. A volatilidade natural faz com que as emissões fugitivas (devido a vaza-
mentos e outras libertações involuntárias) sejam a maior fonte de liberação
para o meio ambiente.

O benzeno é um líquido incolor, com odor aromático característico e alta-


mente volátil. Como tem afinidade por gorduras, é distribuído e armazenado

90
nos tecidos ricos em gorduras, como o sistema nervoso central e a medula
óssea, quando inalado. Quando o benzeno é inalado, irrita os brônquios e a
laringe; causando tosse, rouquidão e edema pulmonar. Ele atua no sistema
nervoso central, levando a: depressão, fadiga, dores de cabeça, tonturas, con-
vulsão, coma e morte devido à parada respiratória. O contato com os olhos
provoca sensação de queimação. A ingestão de 15 a 20 mL pode provocar a
morte em adultos. O benzeno também é cancerígeno e imunodepressor, pois
diminui a quantidade de leucócitos (glóbulos brancos), hemácias (glóbulos
vermelhos) e plaquetas no sangue. O xileno e o tolueno têm os efeitos tóxicos
iguais ao benzeno.

No meio ambiente, o tolueno pode ser degradado por micro-organismos. O


xileno possui uma mobilidade moderada através do solo, podendo persistir
por muitos anos, mesmo que uma parte seja biodegradada. O benzeno tam-
bém pode ser biodegradado, mas na presença de oxigênio. Os três compostos
ao evaporarem reagem com outras substâncias nas camadas mais baixas da
atmosfera, contribuindo para a formação de ozônio e do smog fotoquímico
(névoa acinzentada que recobre toda a região contaminada).
• Material Particulado

É o conjunto de poluentes constituídos de poeiras, fumaças e materiais sóli-


dos e líquidos suspensos na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho.

As partículas entram no aparelho respiratório e os efeitos serão maiores por cau-


sa da concentração das partículas, tempo de exposição e a capacidade do sistema
respiratório removê-las do ar inalado. São exemplos de fontes de emissão de par-
ticulado para a atmosfera: veículos automotores, processos industriais, ressus-
pensão de poeira do solo etc. O material particulado pode se formar na atmosfera
a partir de gases como dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio e compostos or-
gânicos voláteis (COVs), que são emitidos em atividades de combustão.
• VOCs (Acetileno, Butano, Etano, Eteno, GLP, Metano, Propano e
Propeno)

Nas refinarias, as principais fontes de emissão de VOCs são:


- tanques de armazenamento de petróleo;
- terminais de carga e descarga de óleo cru e derivados;
- separadores óleo e água;
- bombas, válvulas, flanges e compressores;
- torres de resfriamento;
- flares (grande chaminé, tocha que fica acesa nas chaminés de petrolíferas).

Essas substâncias são asfixiantes e quando estiverem em altas concentrações


reduzem a pressão parcial do oxigênio no sangue, provocando baixa oxigena-
ção. Todos são incolores e o metano, o etano e o CO2 não têm cheiro. O aceti-
leno tem odor fraco semelhante ao alho e o propeno, o propano, o butano e o
GLP têm leve odor de petróleo.

91
• Amônia (NH3)

É formada a partir dos compostos nitrogenados presentes no petróleo cru e


pode ser encontrada em muitas unidades das refinarias de petróleo. A amô-
nia também é gerada nas plantas de tratamento de efluentes líquidos nas
refinarias. É um gás irritante para o nariz e a garganta, causando tosse e difi-
culdades para respirar e para os olhos e a pele. Se a amônia estiver em altas
concentrações, atua nos pulmões e causa edema agudo, asfixia, pois age no
sistema nervoso central. O contato com a pele e as mucosas provoca queima-
duras. Na via digestiva provoca náuseas, vômitos, sensação de queimação. Se
for ingerida, queima a boca e o esôfago, podendo ocorrer perfuração gástrica.
A amônia também prejudica a vegetação, pois a forma amônia anidra (sem
água) é usada na agricultura como fertilizante.

2. Medidas de Controle das Emissões Atmosféricas


A utilização de medidas de controle de poluição do ar serve para destruir ou
coletar os poluentes. Os equipamentos de controle são projetados para os
poluentes gasosos ou particulados. Alguns são projetados para o controle de
poluentes específicos ou para controle de um material particulado com ta-
manho específico.

2.1 Controle de Emissão dos Poluentes Gasosos


• Controle por Diluição (Dispersão na Atmosfera)

O uso de chaminés com alturas adequadas, projetadas em função das con-


dições de dispersão dos poluentes na atmosfera reduz a concentração dos
poluentes ao nível do solo. Essa abordagem controla as emissões e alcança os
padrões de qualidade do ar desejados, pois a atmosfera dilui, dispersa e des-
trói uma variedade de poluentes atmosféricos. Essa medida não soluciona o
problema, pois transfere o poluente de local atingindo para zonas mais está-
veis na atmosfera, sendo transportado por grandes distâncias e precipitados
como chuva ácida. A altura da chaminé depende das condições de dispersão
como: ventos, temperatura etc.
• Absorção de Gases

Esse processo separa os gases através de um equipamento (absorvedor),


utilizando uma fase líquida para absorver os gases emitidos pela fonte po-
luidora. A separação baseia-se na solubilidade preferencial ou reatividade
química do gás na fase líquida. O líquido remove ou modifica componentes
ofensivos ao meio ambiente. Essa técnica é utilizada nas refinarias para re-
moção de óxido de enxofre, vapores de ácido sulfúrico, gás sulfídrico, óxidos
de nitrogênio etc. conforme a figura 1

92
Saída do
gás limpo

Entrada de água
de lavagem

Entrada de gás
com particulas

Descarga de
água + sólidos

Figura 1 - Lavador gases

Fonte: http://www.hydronics.com.br

• Adsorção de Gases

Esse processo tem como base uma reação dos gases poluentes com uma
substância sólida, geralmente um adsorvente, responsável pela adsorção dos
gases poluentes na superfície desse material. É um processo físico-químico e
os poluentes são adsorvidos na superfície do sólido usado como adsorvente.
Na indústria, um dos sólidos mais utilizados é o carvão ativado que é eficaz na
remoção de solventes orgânicos voláteis. A bauxita (mistura natural de óxidos
de alumínio) é um tipo de adsorvente usado no tratamento das frações do
petróleo e na secagem de gases. Conforme figura 2

93
Figura 2 – Filtro de adsorção de gases.

Fonte: http://ciencia.hsw.uol.com.br/mascaras-gas2.htm

• Combustão

Esse processo é utilizado para converter compostos orgânicos que são libe-
rados durante as operações de refino em CO2 e água. Para que se tenha com-
bustão completa é necessário observar as variáveis: proporção de oxigênio
utilizada, temperatura de queima, turbulência (mistura) e tempo. Nas refina-
rias, um exemplo desse processo é a queima do CO nas caldeiras próximas
aos equipamentos de regeneração de catalisadores, pois o CO liberado na re-
generação é queimado e transformado em CO2. Nas refinarias também são
usados os flares que realizam a queima de gases tóxicos e perigosos (amônia,
hidrogênio e cianeto de hidrogênio).

2.2 Controle de Emissão do Material Particulado


• Ciclones
Neste equipamento, os gases e as partículas em suspensão entram pela parte
superior e são acelerados por um movimento em espiral, sofrendo ação de
uma força centrífuga, a qual separa as partículas para fora da espiral do gás

94
e ao se chocarem com as paredes do equipamento caem saindo pelo fundo
do equipamento, onde são removidas através de um sistema de válvulas. Na
figura 3 esse processo é mostrado.

Figura 3 – Ciclone Utilizado na Separação de Material Particulado

Fonte: http://www.engquimicasantossp.com.br/2012/07/ciclones-industriais.html

• Filtros

É um dos métodos mais antigos usado para a remoção de partículas de um


fluxo gasoso. Esses equipamentos são usados quando se precisa de uma ele-
vada eficiência de controle, sendo empregados em partículas com diâmetros
menores do que 5 μm. São feitos de filtros de lã ou outro tecido, forçando a
passagem do ar poluído, ficando o material particulado retido no tecido.
• Coletores Úmidos

São utilizados quando as partículas a serem coletadas estão molhadas, muito


quentes ou são corrosivas. Nesses equipamentos, a corrente gasosa é umidi-
ficada com jatos de água. A mistura líquido-partículas suspensa na corrente
gasosa é enviada a um equipamento de separação inercial, disposto no fim

95
de sua trajetória que remove as partículas. A presença das gotículas de água
aumenta o tamanho das partículas, aumentando a eficiência de coleta do se-
parador.
• Precipitadores Eletrostáticos

Esses equipamentos utilizam uma corrente elétrica de alta voltagem para


separar o material particulado do gás. Quatro etapas básicas são aplicadas
durante o processo de remoção do material particulado: as partículas são
eletricamente carregadas por um processo de ionização e se depositam nas
placas coletoras ou outros mecanismos de coleta contidos nas laterais do
precipitador que possuem sinal elétrico oposto ao delas. Sua carga elétrica
é neutralizada na superfície coletora e as partículas são removidas da super-
fície coletora, liberadas para um funil e um transportador leva as partículas
para a área de descarte para receberem o tratamento adequado. Os precipi-
tadores possuem alta eficiência de coleta e podem ser usados no tratamento
de correntes gasosas quentes. Conforme a figura 4

Figura 4 – Precipitador Eletroestático.

Fonte: http://www.apoioprojetos.com.br/component/k2/item/98?Itemid=635

96
3. Medidas de Minimização das Emissões Atmosféricas
Algumas medidas podem ser tomadas para controlar as emissões atmosféri-
cas nas refinarias de petróleo:
• melhorar a combustão em fornos, aquecedores e caldeiras, pois quanto
mais eficiente é a reação de queima, menor será a quantidade de poluentes
emitidos nesses equipamentos;
• usar combustíveis menos poluidores para geração de calor e energia,
como o gás natural;
• operação e manutenção adequada dos equipamentos visando ao seu
melhor funcionamento nas condições adequadas do processo;
• processamento de petróleo com menores teores de enxofre em sua
composição.

Exercícios Propostos

1. Quais os gases formadores da chuva ácida?


( ) a) NOx e VOCs
( ) b) Amônia e SOx
( ) c) SOx e NOx
( ) d) BTX e NOx
( ) e) Material particulado, SOx e NOx

2. O ___________________ é um conjunto de poluentes constituídos de


poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém
suspenso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho.
( ) a) NOx
( ) b) SOx
( ) c) SOx e NOx
( ) d) BTX
( ) e) Material particulado

3. O processo de ________________ é utilizado para converter muitos com-


postos orgânicos que são liberados durante as operações de refino em
CO2 e água.
( ) a) Dispersão
( ) b) Absorção
( ) c) Adsorção
( ) d) Combustão
( ) e) Lavagem de gases

97
4. Algumas medidas podem ser tomadas no sentido de controlar as emis-
sões atmosféricas nas refinarias de petróleo. Analise os itens abaixo:
I - Melhorar a combustão nos fornos, aquecedores e caldeiras.
II - Usar combustíveis menos poluidores como o gás natural.
III - Utilizar petróleo com menores teores de enxofre em sua composição.

Está(ão) correto(s) o(s) item(ns):


( ) a) I, II e III
( ) b) Apenas o III
( ) c) II e III
( ) d) I e II
( ) e) Apenas o II

5. O(A) _____________ utiliza uma corrente elétrica de alta voltagem para


separar o material particulado do gás.
( ) a) Filtro
( ) b) Precipitador eletrostático
( ) c) Coluna de destilação
( ) d) Caldeira
( ) e) Absorvedor

5. B
4. A
3. D
2. E
1. C
Respostas dos Exercícios Propostos

98
Encerramento

Estudamos nesta disciplina as interações do petróleo com o meio ambiente,


envolvendo a questão da poluição, dos grandes vazamentos, das emissões at-
mosféricas e das transformações físicas, químicas e biológicas que o petróleo
sofre no meio ambiente e os efeitos causados na sociedade.

É fundamental a formação de profissionais especializados na área do petró-


leo, pois a necessidade de mão de obra qualificada vem crescendo nesta área
em plena expansão.

Desejamos sucesso em sua vida profissional.

99
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