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MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E
EQUIPAMENTOS DE
SISTEMAS AUXILIARES
– MAQ 001–
1ª. edição
Rio de Janeiro
2013
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© 2013 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas
Revisão Pedagógica:
Revisão ortográfica:
Diagramação/Digitação: Invenio Design
Coordenação Geral:
____________ exemplares
INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 7
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10.2.1 Vaporização ................................................................................................................ 84
10.2.2 Condensação.............................................................................................................. 85
10.3 PRINCIPAIS PARTES DE UMA CALDEIRA .............................................................. 85
10.4 FUNCIONAMENTO DE UMA CALDEIRA .................................................................. 88
10.5 TIPOS DE TROCADORES DE CALOR MAIS COMUNS A BORDO:
CONDENSADORES, AQUECEDORES E RESFRIADORES ................................... 91
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INTRODUÇÃO
Considerou-se como critério de elaboração deste trabalho uma abordagem dos assuntos
que propiciasse uma dosagem de conhecimento aos alunos compatível com suas atribuições
no exercício de suas atividades profissionais. Recomenda-se aos alunos uma leitura atenciosa
dos diversos assuntos aqui apresentados, uma vez que serão de fundamental importância para
o desempenho de suas funções a bordo.
É também importante ressaltar um dos principais aspectos para quem lida com máquinas
e sistemas pressurizados, energizados e com fluidos a alta temperatura. É o aspecto relativo a
segurança. São sistemas que requerem atenção dos seus operadores, que, por sua vez,
devem obedecer às regras de segurança utilizando os EPIs adequados e tomando todos os
cuidados necessários para evitar acidentes.
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UNIDADE 1
A maioria dos sistemas de bordo tem entre os seus componentes uma rede de
tubulação. É por seu intermédio que são movimentados os diversos fluidos tais como vapor,
água, óleo combustível, óleo lubrificante, ar comprimido, etc.
Tubos ou canalizações são os elementos utilizados para essa finalidade. Ao seu conjunto
denominamos rede de tubulação ou simplesmente rede, como é mais usual a bordo.
Dependendo de sua aplicação, os tubos são fabricados de diversos materiais e diâmetros.
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1.2 MATERIAIS USADOS NA FABRICAÇÃO DOS TUBOS
Os tubos podem ser fabricados de diversos tipos de materiais dependendo do fluido que
irá transportar sua pressão, temperatura e os esforços aos qual a rede de tubulação ficará
submetida durante a operação.
Têm utilização geral em água doce e salgada, óleo lubrificante, gás frigorífico
Metais e ar de baixa pressão. Como os outros materiais, o cobre também tem seus
não-ferrosos atributos e desvantagens. Com relação à qualidade e vida útil, certamente
(cobre recozido não há material que o iguale. Por outro lado, o custo é o mais alto que o dos
e latão) outros materiais e requerem alguns cuidados especiais tal como mão-de-obra
especializada para a instalação. Tem boa resistência química, mas tem um
alto coeficiente de dilatação.
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1.3.1 União de tubos
Para constituir uma rede de tubulação, os tubos podem ser unidos através de vários tipos
de conexões que são as seguintes:
Conexão soldada
Conexão flangeada
Nesse tipo de conexão são utilizados nas extremidades dos tubos a serem unidos
elementos de conexão chamados de flanges. Os flanges são roscados ou soldados nas
extremidades dos tubos e são unidos e ajustados um contra o outro por intermédio de
parafusos e porcas. Para propiciar uma vedação perfeita, usa-se um elemento chamado junta
entre as duas faces dos flanges a serem unidas.
Os tipos de flanges variam quanto a diversos dos seus aspectos. Quanto a sua face
podem ser:
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Face para junta de anel (“ringtype joint”)
Esse tipo de face é usado em flanges de aço para serviços severos, de altas pressões e
temperaturas, como por exemplo, vapor. É empregado também para fluidos perigosos, e
tóxicos em que deva haver maior segurança contra vazamentos. A face dos flanges tem um
rasgo circular profundo, onde se encaixa uma junta em forma de anel metálico. Consegue-se
nesses flanges uma melhor vedação com o mesmo grau de aperto dos parafusos, não só
devido à ação de cunha da junta de anel nos rasgos dos flanges como, também, porque a
pressão interna tende a dilatar a junta de anel apertando-a contra as paredes dos rasgos. Os
flanges para junta de anel garantem também melhor vedação em serviços com grandes
variações de temperatura.
É um dos tipos de flange mais usados em tubulações industriais para quaisquer níveis de
pressões e temperaturas, para diâmetros de 1 ½” ou maiores. Tem excelente resistência
mecânica, permite melhor aperto e baixas tensões residuais em consequência da solda. Suas
extremidades terão que ser chanfradas para serem ligadas ao tubo por uma única solda de
topo.
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Figuras 10 e 11: Flange sobreposto.
O flange de encaixe é muito parecido com o flange sobreposto. A diferença está em que
seu diâmetro nominal, existe outro diâmetro menor, que serve de apoio para a ponta do tubo. O
diâmetro interno do tubo e o diâmetro de passagem são iguais. Isto elimina qualquer restrição
ao fluxo. A Soldagem é feita apenas na parte externa do flange.
Os flanges rosqueados são usados apenas para tubos de metais de difícil soldabilidade
(ferro fundido, por exemplo), e para alguns tipos de tubos não-metálicos, como os de materiais
plásticos. Empregam-se também para tubos de aço e de ferro forjado em tubulações
secundárias (água, ar comprimido etc.) e em redes prediais.
Este tipo de flange não é fixo à tubulação, podendo deslizar livremente no tubo, só se
detendo na extremidade do tubo onde é soldado uma peça denominada de pestana (stub-end).
É entre essas pestanas que é colocada a junta como elemento de vedação. Os flanges soltos
são muito utilizados em tubulações de aço inoxidáveis outros materiais nobres, de custo
elevado, pois não entram em contato com o fluido e, portanto pode ser de material menos
nobre.
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Figuras 16 e 17: Flange solto.
Este tipo de flange não é vazado e é usado para fechar extremidades dos sistemas de
tubulação.
Em todas as ligações flangeadas existe sempre uma junta que é o elemento de vedação.
Quando em serviço, a junta está submetida a uma forte compressão provocada pelo aperto dos
parafusos, e também a um esforço de cisalhamento devido à pressão interna do fluido
circulante. Para que não haja vazamento através da junta, é necessário que a pressão exercida
pelos parafusos seja bem superior à pressão interna do fluido, que tende a afastar os flanges.
Por esse motivo, quanto maior for à pressão do fluido, tanto mais dura e resistente terá de ser
a junta, para resistir ao duplo esforço de compressão dos parafusos e de cisalhamento pela
pressão. A junta também deverá ser suficientemente deformável e elástica para se amoldar às
irregularidades das superfícies dos flanges, garantindo a vedação. Assim, as juntas duras, se
por um lado resistem a pressões mais altas, por outro lado exigem maior perfeição no
acabamento das faces dos flanges e no alinhamento dos tubos, e vice-versa. O material das
juntas deverá ainda resistir à ação corrosiva do fluido, bem como a toda faixa possível de
variação de temperaturas.
Juntas não-metálicas
Existe uma grande variedade de juntas não-metálicas, empregadas com flanges de face
com ressalto, ou com flanges de face plana. Os principais materiais empregados são:
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c) Materiais plásticos: usados para fluidos corrosivos em baixas pressões e temperatura
ambiente.
d) Papelão hidráulico: é um nome genérico para designar diversas classes de juntas de
amianto comprimido grafitado com um material aglutinante.
Juntas metálicas
Essas juntas são constituídas de uma lâmina metálica (geralmente de aço inoxidável),
torcida em espiral, com enchimento de amianto entre cada volta. Essa inserção de aço inox e
amianto se deformam com o aperto ajustando-se às faces dos flanges promovendo uma boa
vedação. É prática usual empregar-se essas juntas nos seguintes casos:
As juntas metálicas, que são notáveis pela sua excelente elasticidade, costumam ter um
dispositivo de centralização para facilitar o correto posicionamento nos flanges; esse dispositivo
pode ser um anel externo de aço, que fica encaixado entre os parafusos dos flanges, ou um
arame que se prende em dois parafusos diametralmente opostos.
Os materiais das juntas devem ser compatíveis com o fluido que circula na rede, sua
pressão e temperatura. Os manuais dos fabricantes devem ser consultados sempre que haja
alguma dúvida.
As juntas podem ser adquiridas já prontas para serem usados ou podem ser fabricadas a
bordo a partir das folhas do material a ser utilizado, papelão hidráulico, por exemplo.
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Sempre que houver necessidade de uma troca de juntas alguns cuidados devem ser
observados:
Assim, para conexão dos diversos tipos de tubostemos as luvas, as uniões e os niples.
Figura 22: União rosqueada. Figura 23: Niple. Figura 24: Luva rosqueada.
Para reduções de diâmetro em uma rede de tubulação utilizamos acessórios dos mais
diversos tipos de materiais que são as reduções concêntricas, reduções excêntricas, niples
de redução, buchas de redução e luvas de redução.
Figura 25: Niple de redução Figura 26: Bucha de redução Figura 27: Luva de redução,
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Figura 28: Redução excêntrica. Figura 29: Redução concêntrica.
Derivações em uma rede de tubulação são ramais para condução do fluido para outros
setores da instalação. Essas derivações podem sair do ramal principal com o mesmo diâmetro
ou com diâmetro reduzido e podem ser conexões a 90º ou 45º. Os acessórios de tubulação
normalmente utilizados para derivações são os tês (normais, a 45º ou de redução), e as
cruzetas.
Figura 30: Tês – Os três tipos de tês (normal, de redução e a 45º) e a cruzeta.
As derivações podem também serem soldadas no ramal principal, onde é feita uma
abertura denominada “boca de lobo” onde é soldada uma peça de transição chamada colar,
onde se conecta por solda a extremidade do tubo da derivação. Essa transição pode ainda ser
do tipo sela ou ainda com o tubo da derivação entrando diretamente na “boca de lobo” com o
reforço de um anel de reforço na junção.
Figura 33: Fechamento - Tampão para solda de topo, tampão rosqueado e bujão rosqueado.
Para isolamento de trechos de uma rede de tubulação utilizamos as raquetes, que são
peças cegas fabricadas de chapas de aço e inseridas entre os flanges nas extremidades dos
trechos a serem isolados um do outro.
O Isolamento a quente tem como finalidade proteger as superfícies aquecidas para evitar
trocas de calor com o exterior que poderão alterar a temperatura do fluido transportado que
resultaria em perda de energia. Tem ainda a finalidade de proteger o pessoal contra
queimaduras.
O Isolamento a frio é utilizado para isolar a tubulação do ramo frio dos sistemas de
refrigeração e demais equipamentos da mesma natureza. Tem como finalidade manter a
temperatura do fluido refrigerante, evitando troca de calor com o exterior.
Calha bipartida – São segmentos moldados em duas seções utilizados para o isolamento
de tubulação.
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poeira; resultando em um efetivo material para isolamento térmico e acústico, e para proteção
contra o fogo.
1.3.5 Válvulas
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Válvulas de bloqueio – servem para bloquear o fluxo de um fluido em uma tubulação:
válvula gaveta, válvula macho e válvula esfera. Atuam totalmente abertas ou totalmente
fechadas.
Válvula gaveta – Na válvula gaveta o elemento que promove o bloqueio do fluido é uma
cunha que se move abrindo ou fechando a passagem do fluxo pelo movimento de uma haste.
Dependendo do seu porte podem ser operadas manualmente, por acionamento elétrico,
pneumático ou hidráulico. Não se presta para trabalhar semi-aberta. Trabalha-se com ela
totalmente aberta, dando plena passagem ao fluido ou totalmente fechada bloqueando o seu
fluxo.
Válvula macho – A válvula macho é utilizada para bloqueios de gases, água, vapor e
demais líquidos em geral para quaisquer pressões ou temperaturas. Seu elemento de vedação
é uma peça que pode ser cilíndrica ou cônica que, ao ser girado, dá passagem plena ou
bloqueia o fluxo. A válvula esfera tem as mesmas aplicações e o mesmo princípio de
funcionamento da válvula macho, a menos do formato da peça de vedação que é esférica.
Esses dois tipos de válvula são chamados de válvula de fechamentorápido, pela rapidez com
que fazem essa operação.
Figura 38: Válvula gaveta Figura 39: Válvula macho Figura 40: Válvula esfera.
Elementos constituintes de uma válvula gaveta – A figura abaixo nos mostra um corte
de uma válvula tipo gaveta e todos os elementos que a compõe.
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Válvulas de regulagem – são válvulas que não só servem para bloquear o fluxo de um
fluido em uma tubulação como também servem para fazer uma regulagem da vazão desse
fluido trabalhando semi-abertas. São as válvulas tipo globo, válvula borboleta e válvula
diafragma.
Válvulas globo – As válvulas globo têm esse nome pelo formato do seu corpo. São
utilizadas para regulagem e bloqueio da vazão do fluido em linhas de água, óleo, vapor, gases
e líquidos em geral em qualquer pressão e temperatura. Seu corpo é basicamente constituído
de uma câmara de entrada do fluido e outra de saída. Um plug acionado por uma haste abre e
fecha a passagem entre essas câmaras regulando ou bloqueando a vazão do fluido.
Figura 42: Válvula globo. Figura 43: Válvula borboleta. Figura 44: Válvula diafragma.
Portinhola simples.
Portinhola dupla (duplex).
Tipo pistão.
Tipo disco.
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Tipo esfera.
Figura 46: Válvulas de retenção Figura 47: Válvula de retenção Figura 48: Válvula de retenção
tipo pistão. tipo disco. tipo esfera.
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Figura 50: Válvulas de retenção e vedação.
Além dos tipos de válvulas apresentados ainda existem alguns tipos especiais que são os
seguintes:
Válvula agulha – Esta válvula tem uma configuração interna semelhante a uma válvula
globo. Entretanto, seu obturador tem o formato afilado, daí o seu nome. Na medida em que vai
sendo fechada, o fluxo vai sendo estrangulado pela diminuição de sua passagem pela sede até
o fechamento total.
São válvulas indicadas para regulagem de fluxo com boa precisão e são muito utilizadas
nos sistemas de instrumentação.
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Figura 52: Válvula agulha. Figura 53: Válvula guilhotina.
Para melhor identificação das diversas redes de tubulação de bordo os tubos são
pintados com uma cor padronizada dependendo do fluido que transportam.
Linhas com temperaturas em torno da temperatura ambiente têm os seus tubos pintados
diretamente com a cor correspondente. Tubos isolados termicamente terão faixas pintadas na
cor correspondentes espaçadas umas das outras ao longo da linha.
PRATA.............> vapor
PRETO.............>esgoto
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1.3.7 Elementos de Vedação – Gaxetas
A figura ao lado nos mostra o engaxetamento de uma bomba centrífuga. As gaxetas são
montadas em uma caixa de gaxetas e ajustadas pelo aperto da sobreposta (também chamada
de preme-gaxeta). Deve-se ter o cuidado para não se dar um aperto excessivo para não
danificar as gaxetas por aquecimento. O anel de lanterna tem como finalidade de receber um
fluido refrigerante (normalmente água) para refrigeração das gaxetas.
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Figura 56: Gaxetas.
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UNIDADE 2
INSTRUMENTAÇÃO DE CONTROLE
2.1 PRESSÃO
Pressão (P) - É a relação entre uma força (F) e a superfície (A) sobre a qual ela atua.
P=F/A
Pode ser positiva ou negativa. Quando a pressão é negativa temos o que se chama de
vácuo.
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Assim, teríamos o quadro abaixo de referenciais de pressão.
Referenciais de pressão.
Quando a pressão atmosférica é medida tendo como referencial o nível do mar, temos o
que se chama de atmosfera padrão, com o valor unitário de 1 atm. Assim então, teríamos um
referencial para estabelecer a equivalência entre as unidades de pressão acima mencionadas.
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Vacuômetros – Instrumentos utilizados para medição de
vácuo (pressão negativa, abaixo da atmosférica). Podem ser
graduados em diferentes unidades dependendo de sua
procedência. O princípio de funcionamento é o mesmo dos
manômetros, pois possuem também um Tubo Bourdon montado
internamente. O da figura ao lado é do tipo analógico e está
Figura 59: Vacuômetro. graduado em polegadas de mercúrio (in Hg).
2.2 TEMPERATURA
C = 5 (F – 32) / 9
Dentre os termômetros que utilizam sistemas físicos para medição de temperaturas mais
comuns são os que se baseiam na dilatação do mercúrio. Ainda nessa categoria estão os que
se baseiam no aumento da pressão de um gás e também os chamados termômetros
bimetálicos que se baseiam na dilatação de uma lâmina bimetálica, composta de dois metais
laminados com diferentes coeficientes de dilatação térmica.
São vários os tipos de pirômetros, mas os mais utilizados a bordo de navios são os
pirômetros termelétricos ou termopares.
V=axbxc
Assim, em um tanque de base retangular o seu volume é dado pela multiplicação dos
valores dos dois lados (que nos dá a área) pela sua altura. Como exemplo se tiver um tanque
com um lado de sua base medindo 10 m, o outro lado 8 m e a altura 4 m, o seu volume total
será:
V = 10 x 8 x 4 = 320 m³
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Como exemplo prático, imaginemos que esse seja um dos tanques de óleo combustível
do navio. Ao se fazer uma sondagem verifica-se na trena que a altura do nível do óleo é de
2,60 m. O volume do óleo no tanque então será:
V = 10 x 8 x 2,60 = 208 m³
1.000,028 cm³
1 dm³
0,001000028 m³
0,100 dal
LITROS
0,010 hl
0,2641794 Galão líquido (EUA)
0,2199755 Galão líquido (inglês)
0,008386 Barril (EUA)
0,0061106 Barril (inglês)
0,03531566 Pé cubico
Exemplo:
Um tanque possui 353, 1566 pés cúbicos de produto. Quantos litros e quantos metros
cúbicos têm no tanque?
Vemos pela tabela que 1 litro corresponde a 0,03531566 pés cubicos. Então, para
transformar pés cúbicos em litros fazemos a operação inversa:
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Figura 65: Medidor de volume.
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Figura 66: Rotâmetros.
Figura 67: Medidor de vazão analógico. Figura 68: Medidor de vazão turbina.
A tabela abaixo nos mostra a conversão entre as unidades de vazão mais usuais.
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2.4 NÍVEL
Entretanto vamos aqui focalizar somente os de medição direta, que são os mais comuns
nas instalações de bordo.
Visor de nível – São vários os visores de nível a bordo a começar pelo visor de nível das
caldeiras. É o tipo mais simples e adequado para medição local de nível. Em muitos casos é
instalada uma iluminação atrás do visor para facilitar a visualização do nível. Em tanques,
normalmente se instala uma régua graduada para indicar a altura correta do nível do líquido no
interior do tanque.
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Figura 70: Sistema de medição de nível com bóia.
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UNIDADE 3
LUBRIFICAÇÃO
Atrito é o movimento relativo entre dois corpos, ou seja, é a fricção entre duas
superfícies, ocasionando certa resistência ao movimento e consequentemente provoca o
aquecimento naquela região de contato. Por mais planas e acabadas que sejam as superfícies,
sempre vai haver rugosidades que provocarão atrito e aquecimento
Entre as substâncias lubrificantes duas são as mais usuais nos sistemas industriais e
sistemas de bordo – as graxas e os óleos lubrificantes. Os primeiros lubrificantes eram de
origem animal. Com o passar do tempo os lubrificantes evoluíram e passaram a ter bases de
origem vegetal, mineral e sintética. Os modernos lubrificantes são uma composição de óleos
básicos – que podem ser minerais ou sintéticos, com aditivos para conferir-lhes características
especiais.
A função primária do lubrificante é formar uma película delgada entre duas superfícies
móveis, reduzindo o atrito e suas consequências, que podem levar à quebra dos componentes,
isto é, lubrificar. As demais funções são:
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Proteger contra a corrosão – a corrosão e o desgaste pode resultar na remoção de
metais das peças, por isso a importância dos aditivos
3.2.1 Viscosidade
Quando se aquece um fluido sua viscosidade cresce e ele se torna mais fluido e escoa
com mais facilidade. Ao ser resfriado, ao contrário, ele se encorpa, torna-se viscoso e passa a
escoar com mais dificuldade. Agentes contaminantes também afetam a viscosidade dos óleos
tais como diluição por combustível, água emulsionada e sólidos em suspensão.
3.2.2 Densidade
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3.2.3 Ponto de fluidez
Ponto de fluidez é a menor temperatura em que o óleo ainda escoa. Este ponto é uma
medida importante para a determinação das características de armazenagem e de transporte
do óleo na instalação. Não há uma relação direta entre o ponto de fluidez e a viscosidade. O
ponto de fluidez dos óleos lubrificantes fica muito abaixo de 0ºC, o que não torna preocupante
o armazenamento dos óleos lubrificantes nas praças de máquinas de navios.
As graxas são classificadas quanto a sua consistência pela NLGI (National Lubrificating
Grease Institute), onde o grau varia com a penetração de um cone em um recipiente contendo
graxa. Quanto maior a penetração, mais macia será a graxa. De acordo com o valor deste
índice de penetração, é dado um número que varia de 0 a 6 e uma denominação. Quanto mais
alta a numeração que a graxa recebe, maior é a sua consistência. As graxas são utilizadas em
pontos onde os óleos não seriam eficazes face sua tendencia de escorrer. São também
utilizadas quando há necessidade da formação de um selo protetor para evitar entrada de
contaminantes.
Lubrificação manual
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Lubrificação por copo
O sistema de lubrificação que utiliza o copo com agulha ou vareta refere-se ao emprego
de um dispositivo que conta com uma agulha que atravessa um orifício. A ponta da agulha
mantém-se sobre o eixo e quando o eixo gira, a agulha é movimentada, permitindo o fluxo do
fluido lubrificante. A lubrificação por copo conta gotas oferece a vantagem da regulagem da
quantidade de lubrificante aplicado sobre uma peça qualquer.
Copo conta–gotas
Esse dispositivo utiliza uma válvula de agulha para regular o fluxo de óleo do reservatório
e um visor para permitir observação direta da vazão. Uma haste, na parte superior do
reservatório permite a abertura ou fechamento da válvula sem alterar a regulagem fixada.
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Lubrificação por banho de óleo e salpico
Esse processo, mais avançado do que qualquer outro anterior, possibilita o fluxo
constante de óleo aos mancais e outras peças que requerem lubrificação abundante. O óleo
utilizado na lubrificação retorna ao reservatório e é recirculado.
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Pinos graxeiros
Para lubrificação a graxa. Possui internamente uma esfera de aço, comprimida por uma
mola que veda a saída da graxa, porém permite a entrada da mesma quando ela é
pressionada para dentro. Possibilitam o uso de pistolas graxeiras e outros tipos de recursos
para injetar a graxa.
Os lubrificantes devem ser preservados para evitar contaminações. Seus dois principais
contaminantes são a água e as impurezas presentes no ar atmosférico. A contaminação com
água faz com que o óleo fique emulsionado, o que irá reduzir significativamente suas
propriedades lubrificantes. Desta forma, quando recebemos óleo lubrificante a bordo devemos
observar algumas técnicas de preservação.
O óleo pode ser recebido a bordo em tambores a granel, quando é bombeado de uma
embarcação diretamente para os tanques do navio. Seja de uma forma ou de outra, deveremos
observar o seguinte:
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As graxas são recebidas em baldes que devem ser estocados em local não muito
quente para não afetar as propriedades da graxa.
Sempre que um balde for aberto para se retirar parte da graxa, tomar o cuidado
de fechá-lo de forma conveniente para evitar que entre agentes contaminantes no
balde.
Também com relação às graxas, não pode haver mistura de graxas de diferentes
tipos. Cada uma tem a sua especificação e sua utilização.
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UNIDADE 4
COMPRESSORES DE AR
Os mais encontrados a bordo dos navios mercantes são os de média e baixa pressão. Os
compressores de média pressão são adequados para o sistema de partida dos motores de
propulsão cujos tanques de armazenagem de ar de partida operam com pressões entre 25 e
30 kg/cm². Para os sistemas de de ar de serviços gerais e ar de controle para instrumentos a
aplicação adequada é de um compressor de baixa pressão.
Por sua vez, os compressores de deslocamento positivo são divididos em dois tipos
básicos: Compressor alternativo e compressor rotativo
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4.1.1 Compressores alternativos
Esse tipo de compressor tem como característica especial ser isento de óleo. É um tipo
especial de compressor alternativo de deslocamento positivo que trabalha sem anéis de pistão.
A vedação entre o pistão e a parede do cilindro é obtida por uma série de labirintos. Os
cilindros tem uma superfície interna finamente ranhurada e as saias do pistão tem uma rosca
com extremidades agudas cortadas na sua superfície.
Compressor de diafragma
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Classificação
Os compressores alternativos podem ser classificados quanto à posição dos cilindros,
quanto ao tipo de cilindros e quanto ao número de estágios. Quanto aposição dos cilindros,
os compressores alternativos podem ser:
Compressores rotativos são aqueles em que os gases são comprimidos por elementos
giratórios. Os tipos mais conhecidos são os de parafusos, de lóbulos, de palhetas e de anel
líquido.
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Compressores rotativos de palhetas
No rotor são montadas palhetas móveis, de modo que a rotação faz as palhetas se
moverem para dentro e para fora de suas ranhuras. O gás contido entre duas palhetas
sucessivas é comprimido a medida o volume entre elas diminui devido à rotação e à
excentricidade do rotor. A figura ao lado mostra o fluxo do ar comprimido entre as palhetas.
É possível resfriar o ar, lubrificar as superfícies e vedar a câmara, ao mesmo tempo, pela
injeção de óleo. O óleo injetado é recuperado e recirculado após a compressão. Como a
temperatura máxima do óleo pode ser mantida relativamente baixa, é possível recuperar
praticamente todo o óleo.
Dentre os compressores rotativos há ainda o compressor de anel líquido, que não é muito
usual a bordo dos navios.
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4.2 COMPRESSORES DINÂMICOS (TURBOCOMPRESSORES)
O compressor centrífugo aciona um impelidor a alta velocidade (50 mil a 60 mil RPM)
levando o ar para uma caixa de compressão. À medida que o ar é conduzido ao cubo do
impulsor, uma força centrífuga faz com que ele seja expulso para o lado de fora. O ar sai do
impulsor em alta velocidade, porém com baixa pressão. Um difusor, conjunto de paletas fixas
que envolvem o impulsor, converte o ar de alta velocidade e baixa pressão em ar de baixa
velocidade e alta pressão. As moléculas do ar perdem velocidade quando atinge as paletas, o
que reduz a velocidade do fluxo de ar e aumenta a pressão.
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Os demais métodos de controle de capacidade são métodos de controle contínuo e são
os seguintes:
Os cuidados com a operação dos compressores podem ser quanto aos aspectos de
segurança e quanto à sua operação.
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UNIDADE 5
TANQUES
São aqueles que fazem parte da estrutura da embarcação, isto é, são construídos como
parte integrante do casco da embarcação. Servem para transportar grandes volumes de
líquidos como água, óleo, gás liquefeito e outros produtos químicos. Os tanques de carga de
um navio petroleiro são estruturais também.
São aqueles que não fazem parte da estrutura da embarcação. São construídos fora,
levados para bordo e montados no local de operação. São normalmente menores que os
estruturais e armazenam menores quantidades.
Os tanques não estruturais são instalados no convés e/ou na praça de máquinas dos
navios. Recebem abastecimento dos fornecedores de terra ou transferências de outros tanques
de bordo. Neste último caso, temos como exemplo a transferência de parte do óleo
combustível dos tanques de duplo fundo (estruturais) para o tanque de sedimentação (não-
estrutural). Para se ter uma idéia de porte desses dois tipos de tanques, enquanto os tanques
estruturais têm capacidade que podem chegar a 1.000 toneladas, os não-estruturais tem
capacidade entre um máximo de 100 toneladas até 100 litros ou até menos.
Todos os tanques, independentemente dos seus tipos devem ter uma comunicação para
a atmosfera, normalmente chamada de suspiro ou vent afim de que os gases sejam exauridos
enão haja pressão dentro do tanque.
Há também outras formas de indicação de nível que podem ser por boias com operação
mecânica ou baseadas em sistemas de instrumentação que podem ser pneumáticos ou
eletrônicos.
Se qualquer dos métodos empregados nos indicar apenas a altura do produto no tanque,
podemos verificar o seu volume através de tabelas existentes a bordo.
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UNIDADE 6
BOMBAS
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Bombas alternativas
Nas bombas alternativas, o líquido recebe a ação das forças diretamente de um êmbolo
ou de uma membrana flexível (diafragma). Elas podem ser acionadas pela ação do vapor ou
por meio de motores elétricos ou também por motores de combustão interna. São bombas de
deslocamento positivo porque exercem forças na direção do próprio movimento do líquido.
Figura. 88: Bomba alternativa de êmbolo. Figura 89: Bomba alternativa de diafragma.
Bombas rotativas
Nas bombas rotativas, o líquido recebe a ação de forças provenientes de uma ou mais
peças dotadas de movimento de rotação que, comunicando energia de pressão, provocam seu
escoamento. A ação das forças se faz segundo a direção que é praticamente a do próprio
movimento de escoamento do líquido.
Bombas de palheta
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Bombas de engrenagens
Bombas de parafusos
Turbobombas
São bombas nas quais a movimentação do líquido é feita por forças geradas no líquido
em conseqüência da rotação de uma peça interna dotada de pás ou aletas (rotor), que provoca
seu deslocamento desde a admissão até a descarga.
Bombas centrífugas
Neste tipo de bomba o líquido entra no rotor paralelamente ao eixo de rotação, sendo
dirigido pelas pás para a periferia do rotor até a descarga existente na carcaça (voluta).
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Figura 93: Bomba centrífuga - Rotor e voluta Figura 94: Bomba centrífuga em corte.
As bombas centrífugas por sua vez também se classificam quanto aos seus diversos
aspectos – pressão, vazão, direção do fluxo, tipo e número de rotores, tipo de aspiração,
posição de saída, velocidade de rotação, posição do eixo e tipo de carcaça. Quanto aos
rotores, podem ser dos seguintes tipos:
As bombas centrífugas também podem ter mais de um estágio. São bombas que
possuem mais de um rotor, com a finalidade de aumentar a pressão. O número de estágios
depende do número de rotores.
Bombas axiais
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Figura 97: Bomba axial.
Bombas helicoidais
As pás neste tipo de bomba apresentam dupla curvatura, com a borda de saída bastante
inclinada em relação ao eixo. Desta forma, a trajetória da partícula é uma hélice cônica e
reversa. O rotor usualmente possui somente uma base para a fixação das pás em forma de
cone ou ogiva.
São várias as aplicações de bombas a bordo de navios. Para cada uma delas utiliza-se o
tipo de bomba que seja mais adequado ao fluido e as condições de bombeamento.
Normalmente empregamos bombas centrífugas, axiais ou alternativas para água e rotativas
para óleos.
Água de circulação – bomba de água salgada que aspira do mar para circulação dos
intercambiadores de bordo que utilizam esse tipo de água.
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Lubrificação do motor propulsor – bomba que aspira do poceto do motor e descarrega
para lubrificar as diversas partes do motor propulsor.
Tanque hidrofórico de água doce – bomba que aspira de um tanque de água doce e
descarrega para o tanque hidrofórico, cuja finalidade é fornecer água doce sob pressão para
todas as acomodações do navio
Transferência de óleo Diesel - bomba que faz a transferência de óleo Diesel dos
tanques de armazenamento para os tanques de sedimentação.
Serviços gerais e incêndio – bomba que aspira água do mar e a descarrega para as
redes de serviços gerais que utilizam água salgada. Também mantém pressurizadas as redes
de incêndio no navio.
Esgoto de porão – bomba que aspira todo o líquido existente na dala da praça de
máquinas, enviando-o para um tanque de esgoto. Deste tanque, após a sedimentação, a água
passa por um sistema de separação do óleo e só depois é descarregada para o mar.
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Figura 99: Bomba alternativa a vapor.
No caso das bombas alternativas de diafragma, o órgão que fornece a energia do líquido
é uma membrana acionada por uma haste com movimento alternativo. O movimento da
membrana, em um sentido, diminui a pressão da câmara fazendo com que seja admitido um
volume de líquido. Ao ser invertido o sentido do movimento da haste, esse volume é
descarregado na linha de recalque. São usadas para serviços de dosagens de produtos já que,
ao ser variado o curso da haste, varia-se o volume admitido. Um exemplo de aplicação dessa
bomba é a que retira gasolina do tanque e manda para o carburador de um motor de
combustão interna.
A bomba de palhetas possui um rotor cilíndrico com ranhuras radiais dentro das quais
são montadas as palhetas. Este rotor é montado excentricamente dentro de uma carcaça
cilíndrica. Com o movimento de rotação do rotor as palhetas deslizam sobre a superfície
cilíndrica interna da carcaça, sendo pressionadas contra ele pela força centrífuga devido ao
movimento de rotação, e também pelo efeito de um sistema de molas dentro das ranhuras
conforme o tipo de bomba. Assim, o fluido é conduzido da aspiração para a descarga no
espaço formado entre duas palhetas consecutivas e a carcaça. As bombas de palhetas são
empregadas para pressões não muito altas, trabalham geralmente com produtos viscosos e
são lubrificadas pelo próprio líquido em bombeamento.
É formada por dois parafusos de rosca sem fim que giram casados, em sentidos
contrários, com folgas convenientes dentro de uma cavidade da carcaça. Estes parafusos ao
girarem, conduzem o líquido encerrado entre eles e a carcaça.
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Figura 102: Bomba de parafusos.
O giro do rotor provoca uma queda de pressão (vácuo) na linha de aspiração, fazendo
com que essa pressão seja menor do que a pressão atmosférica. A pressão atmosférica, agora
maior do que a pressão na tubulação de aspiração, “empurra” o fluido para dentro da bomba. O
fluido agora dentro da bomba é forçado a sair pela ação da força centrífuga imposta pelo giro
do rotor.
Rotor – Parte móvel da bomba que é montado em um eixo acionado por um motor
elétrico, motor de combustão interna ou turbina
Carcaça, corpo ou invólucro – É geralmente uma peça fundida com entrada e saída do
fluido
65
Vedação da carcaça – A vedação da carcaça para o exterior pode ser feita por gaxetas
ou por selo mecânico. Na figura abaixo, uma vedação por gaxetas, que são colocadas em uma
caixa de gaxetas e comprimidas pela sobreposta para propiciar a vedação necessária. Entre o
rotor e a carcaça coloca-se um anel de desgaste para fazer a vedação entre os lados de baixa
pressão e de alta pressão da bomba.
As gaxetas são refrigeradas pelo próprio fluido bombeado. Dá-se uma folga no aperto da
sobreposta para permitir que um filete do fluido (normalmente água) passe entre o eixo e as
gaxetas, promovendo a refrigeração no local. Outra forma de referigeração é injetar o fluido
referigerante no anel de lanterna, que fica no centro do engaxetamento entre uma gaxeta e outra.
Figura 105: Selo mecânico – montagem. Figura 106: Selo mecânico – Corte e detalhes.
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UNIDADE 7
SEPARADORES CENTRÍFUGOS
Separador centrífugo é uma máquina que usa a força centrífuga para separar duas ou
mais substâncias. Ou seja, sua finalidade é livrar um líquido de corpos estranhos que o
contaminem ou separar um líquido de outro ao qual se acha misturado. Os separadores
centrífugos têm uma grande variedade de aplicações, em muitas indústrias. A bordo esse
equipamento é conhecido simplesmente por “purificador” e tem como função purificação de
óleos lubrificantes e óleo combustível.
O óleo a ser limpo é alimentado por uma bomba de deslocamento positivo, operando a
um fluxo constante. Dependendo do tipo, o óleo pode precisar ser aquecido.
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Uma unidade de controle existente no sistema inicia uma descarga de borra em
intervalos regulares. A borra e a água são então descarregadas pela saída de borra na periferia
da bacia e coletadas num tanque intermediário ou borra. O óleo separado passa através da
válvula reguladora e vai para o tanque de serviço.
Rotor – O rotor é uma das partes principais, onde se efetua o processo de separação. É
composto de várias partes móveis – o conjunto de discos, disco aletado, retentores, vedações,
etc.
Motor Elétrico – O purificador de óleo é acionado por um motor elétrico, cuja potencia
vai depender do porte do purificador.
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Sistema de água de manobra – O sistema de água de manobra serve para a abertura e
fechamento do rotor e descarregamento dos sólidos nas centrífugas de descarga automática
que descarregam os sólidos acumulados sem parada do purificador.
Limpeza dos discos – Com relação a sua limpeza rotineira, depende do regime de
funcionamento, do nível de impurezas contidas no óleo e no estado dos filtros. Quando há
acúmulo de partículas sólidas entre os discos, ocorre um bloqueio da borra e o conjunto de
discos deverá ser desmontado para que eles sejam limpos um por um.
O conjunto rotor é composto por várias peças metálicas e de vedações. Nas peças
maiores (anel de fechamento grande, capa do rotor, distribuidor, disco superior, cone
distribuidor e corpo do rotor), em geral existem marcas de balanceamento dinâmico
acompanhadas do número de série da máquina. Essas peças, quando condenadas, só devem
ser substituídas mediante um novo balanceamento dinâmico de todo o conjunto (rotor), no qual
também existem peças com rosca à esquerda (anéis de fechamento grande e pequeno e a
porca da capa).
Num rotor novo, as marcas de fechamento (-O-) devem coincidir exatamente. Com o
desgaste das roscas, as marcas se ultrapassam e quando a marca do anel ultrapassar de 25º a
30º a marca da tampa, deverá ser consultado um técnico especializado do fabricante para
examinar as peças.
Esta verificação deverá ser feita pelo menos uma vez por ano da seguinte forma:
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5. Encaixar o anel na ranhura utilizando uma tábua aplainada medindo 1”x5”,
colocada em cima do anel;
6. Bater com cuidado na tábua, bem em cima do anel. Primeiro num lado, depois
no outro; e
Acoplamento e Freio – Limpe bem a polia de fricção e as sapatas. Raspe as lonas com
uma lima grossa para deixá-las ásperas. Quando trocar lonas de fricção, troque sempre todas
ao mesmo tempo, ainda que apenas uma esteja gasta.
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72
UNIDADE 8
COMBATE A POLUIÇÃO
Para regulamentar as atividades de bordo com o objetivo de evitar a poluição dos mares
foi instituída uma norma, a MARPOL, que é a Convenção Internacional Para a Prevenção da
Poluição por Navios. A MARPOL é uma das convenções adotadas pela IMO e é a mais
importante convenção ambiental marítima. Foi elaborada para minimizar a poluição dos mares
e tem como objetivo: preservar o ambiente marinho pela eliminação completa de poluição por
óleo e outras substâncias prejudiciais, bem como, minimizar as consequências nefastas de
descargas acidentais de tais substâncias.
Conforme dito anteriormente, a contaminação da água do mar pode ser causada por um
acidente com uma embarcação ou problemas decorrentes de manobras de carga e descarga
de óleo em navios petroleiros ou mesmo problemas de vazamentos em terminais marítimos de
petróleo.
Vamos então focalizar os principais métodos de combate à poluição por óleo com o uso
de dispersantes, aglutinadores, absorventes e barreiras, que são os mais empregados nos
derramamentos de óleo nas águas dos mares.
Nos Estados Unidos e na Europa seu uso é bastante restrito, usando-se somente em
locais onde a possibilidade de incêndio possa causar grandes prejuízos ou para impedir que as
manchas sujem as praias ainda não atingidas.
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Figura 111: Aplicação de dispersantes após explosão de poço de petróleo.
Absorventes – Existem absorventes de baixo custo como a palha de pinho, que absorve
até 10 vezes seu peso próprio. Há outros mais caros, como o poliuretano, polipropileno, papéis
absorventes e outros produtos especiais que possuem alta taxa de absorção.
8.2 SISTEMAS DE LAVAGEM DE TANQUES: LOADON TOP (LOT), LAVAGEM COM ÓLEO
CRU (COW), TANQUES PARA LASTRO SEGREGADO (SBT)
Sistema loadon top (LOT) - Sistema baseado na diferença de densidade entre o óleo e
a água. Assim, quando água e óleo são deixados em repouso, o óleo se separa da água pela
ação da gravidade e pela diferença de densidade. O óleo, por ser mais leve, permanece na
superfície. A camada inferior, de água, é bombeada para o mar ou para um terminal (navios
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petroleiros) e a mistura de óleo e água remanescente é transferida para um tanque
denominado “slop”. Continuando em repouso por certo tempo, a água e o óleo tendem à
separação (sedimentação), o que permite posteriormente remover-se nova quantidade de água
que permanece na parte inferior do tanque. Este sistema, em uso há muito tempo, contribui de
forma significativa para a redução da poluição operacional causada por navios petroleiros.
Sistema de lavagem de tanques com óleo cru (COW) – A sigla COW significa Crude
Oil Washing, que quer dizer lavagem por óleo cru e é a limpeza dos tanques de carga dos
navios petroleiros com jatos de óleo da carga efetuada sob alta pressão durante a operação de
descarga do navio e por bombas próprias, instaladas no interior dos tanques.
As operações de COW não são opcionais, mas sim obrigatórias, de acordo com as
regras internacionais contra poluição para navios petroleiros que possuam certificado de COW.
No Certficado Internacional de Prevenção Contra Poluíção por Óleo (IOPP) é previsto se o
navio está ou não equipado com um sistema COW. A não realização das operações de
lavagem com óleo cru, quando necessárias, constitui desrespeito às regras internacionais e
podem levar a multas e detenção do navio infrator.
Sistema de tanques para lastro segregado (SBT) – Todo o navio petroleiro mantém,
quando descarregado, uma certa quantidade de água do mar como lastro. Isto irá compensar,
em peso, parte da carga descarregada, o que proporciona condições de estabilidade e
manobrabilidade do navio. Sob a regulamentação atual, essa água é bombeada para os
tanques de carga vazios, misturando-se com os resíduos da carga.
Como sabemos esta água não pode ser descarregada para o mar. Assim, quando o
navio atraca no terminal para a operação de carregamento, ela é descarregada como lastro
sujo. Como os terminais não possuem condições de armazenamento de grandes quantidades
deste lastro, foi necessário projetar os tanques de lastro segregado, ou seja, água de lastro que
não tem qualquer contato com o óleo da carga. Além do tanque, todo um sistema composto de
redes e bombas permite manter o lastro descarregado para o mar ou para o terminal sem
qualquer contaminação com o óleo da carga. Todas as novas construções de navios
petroleiros, pela legislação internacional, têm por obrigação possuir uma capacidade de lastro
segregado que mantenha a segurança do navio quando navegando na condição
“descarregado”.
Outra fonte poluidora da água do mar e de outro qualquer local onde esteja uma
embarcação é a água proveniente das dalas da praça de máquinas. Sabemos que, em virtude
de vazamentos de óleo combustível e lubrificante dos equipamentos instalados, bem como de
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água de diferentes sistemas da praça de máquinas, tal mistura, que irá ser coletada na dala
(parte inferior da praça de máquinas), deverá ser removida.
Como sabemos, não podemos esgotá-la diretamente para o mar. Isto causará poluição.
Por este motivo é que são instalados nas praças de máquinas diversos tipos de um
equipamento denominado separador de água e óleo. O separador de água e óleo, seja de que
tipo for, tem a finalidade de separar a maior parte do óleo existente na mistura oleosa da dala
da praça de máquinas, ou seja, permitir que a água seja descarregada para o mar, através do
separador, com uma quantidade mínima de óleo.
3. Após esse período uma bomba de fuso aspira à água deste tanque e descarrega-a
para o separador através de uma válvula de retenção.
6. A água, agora isenta do óleo, sai pela parte central dos discos, sendo então
drenada pela parte inferior do separador.
Quando a mistura é admitida no separador por meio de bomba, ela vem com certa
quantidade de ar que fica acumulado na parte superior do mesmo formando um colchão
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elástico. Este serve para compensar o fluxo descontínuo na entrada da mistura. O ar
excedente é automaticamente eliminado através de uma válvula de suspiro tipo bóia.
Uma célula fotoelétrica envia um sinal elétrico e, quando a intensidade do sinal faz com
que o monitor calcule um valor igual ou superior a 15 ppm, todo o sistema automático é ativado
para que a válvula do costado seja fechada e a água retorne para o separador, parando a
aspiração da mistura oleosa do tanque. Para que os 15 ppm (ou menos) de óleo seja
alcançado, é adaptado ao separador um sistema de filtros adicional.
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Cada um desses compartimentos tem as seguintes funções no funcionamento do
sistema:
Compartimento de arejamento
Os efluentes com material fecal são admitidos no tanque de arejamento, onde são
digeridos por bactérias. Este compartimento contém oxigênio e microrganismos que são
desenvolvidos no próprio efluente pela adição do oxigênio.
Compartimento de sedimentação
O efluente passa através de um tanque clorinador onde entra em contato com o cloro,
permanecendo no compartimento final para permitir a ação do cloro antes de ser
descarregado. A ação do cloro faz com que os microrganismos morram, tornando a água
pronta para ser descarregada.
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UNIDADE 9
Telefones auto-excitáveis;
Sistema de fonoclamas;
Sistema de tubos acústicos;
Sistema de campainhas de chamada; e
Rádios portáteis (VHF).
Passadiço;
Camarotes em geral;
Praça de máquinas;
Salões, copas e cozinha;
Compartimento da máquina do leme; e
Compartimentos de emergência.
Passadiço;
Castelo de proa;
Popa;
Convés das embarcações;
Praça de máquinas;
Compartimentos internos (salões, corredores, etc.).
Tijupá;
Passadiço;
Estação rádio;
Camarim de cartas;
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Camarote do comandante.
Camarote do comandante;
Camarote do armador;
Refeitório dos oficiais.
Não devemos desprezar o apito como um meio de comunicação interior. Nas fainas de
emergência, ele irá alertar a todos os tripulantes de acordo com os sinais já conhecidos e que
serão emitidos a partir do passadiço.
Nas pequenas embarcações, os alarmes são atendidos pelo timoneiro, que informa ao
operador da máquina a irregularidade existente. Nas embarcações de médio porte, com praça
de máquinas guarnecida, existe um painel de alarmes que indica o equipamento e a
irregularidade no seu funcionamento. Já nos grandes navios, atualmente automatizados, o
sistema de alarmes é muito sofisticado. Tendo em vista a grande quantidade de equipamentos
e o reduzido número de tripulantes para supervisionar o funcionamento de todos eles, é
necessário que seja instalado um eficiente sistema de monitoração. Por esse motivo a
operação dos equipamentos da praça de máquinas em um navio pode ser observada no
compartimento chamado “sala de controle” (mais conhecida como CCM), onde ficam instalados
os alarmes da praça de máquinas. No console da sala de controle estão os dispositivos de
alarme necessários para controlar e supervisionar o motor propulsor, os motores alternadores,
os geradores de emergência, as caldeiras e as máquinas auxiliares.
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Figura 115: Sala de controle.
Como vimos, os alarmes são importantes para ajudar na condução dos equipamentos.
Alguns parâmetros de operação devem ser monitorados para evitar problemas com a operação
dos sistemas:
Temperaturas – também devem ser mantidas dentro do que mandam os fabricantes dos
equipamentos. As mais importantes são as citadas no item “pressões”;
Nível - os principais tanques da praça de máquinas (óleo lubrificante dos motores, água
de resfriamento dos motores, água do tubulão da caldeira, óleo combustível dos motores) são
monitorados;
Salinidade da água do destilador – deve-se sempre verificar se a água que está sendo
produzida no grupo destilatório está de acordo com o que queremos no que diz respeito à
quantidade de sal que ela contém.
Quando alguma pressão ou temperatura não estiver dentro dos valores determinados
para permitir o perfeito funcionamento do equipamento, o sistema de alarme irá atuar,
alertando o operador para a anormalidade. O mesmo procedimento se dará para os níveis dos
tanques e a salinidade da água do destilador. Ocorrendo uma condição de alarme, esta será
indicada na unidade de alarmes; uma luz indicadora, no painel de alarmes, acenderá
intermitentemente e a buzina soará.
Os sistemas de alarmes modernos são dos tipos luminosos e sonoros; isto quer dizer
que, quando houver uma anormalidade, acenderá uma luz e soará uma buzina ou sirene.
Quando a luz acender e a buzina ou sirene tocar, você deve apertar o botão de cancelamento
da buzina (ou sirene) e ela deixará de soar. Ver, então, no painel qual a luz que está piscando
e, só então, pressionar o botão que está piscando. Ele ficará aceso até que a condição de
alarme seja resolvida, ou seja, se a pressão está baixa, ela deverá voltar ao normal para que a
luz se apague automaticamente; se a temperatura estiver alta, ela deve voltar ao valor
desejado, etc.
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82
UNIDADE 10
TROCADORES DE CALOR
O calor pode deslocar-se de uma região de um corpo para outra; além disso, o calor pode
passar de um corpo para outro, estando estes corpos em contato ou não. Esse fenômeno
recebe o nome de transmissão do calor.
Condução;
Convecção;
Irradiação ou radiação.
Embora sejam processos diferentes, eles têm uma característica em comum - O calor
sempre flui da região ou corpo de temperatura mais alta para a região ou corpo de temperatura
mais baixa.
10.2.1 Vaporização
É o nome dado a mudança e fase do estado líquido para o estado gasoso. A vaporização
pode ocorrer de três maneiras distintas: ebulição, calefação e evaporação.
Ebulição – A ebulição seria a forma mais natural de um liquido passar para o estado
gasoso. Mantendo a pressão constante, a ebulição ocorre a uma determinada temperatura,
com agitação das partículas do liquido e com formação de bolhas.
10.2.2 Condensação
Nos navios o aparelho trocador de calor onde ocorre uma condensação ou liquefação,
denomina-se condensador.
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pode ser sólido, líquido ou gasoso) energia elétrica (caldeira elétrica) ou o calor proveniente da
descarga do motor principal (caldeira de recuperação).
Caldeiras aquatubulares –a água fica por dentro dos tubos e os gases fluem por fora
deles.
Tubulão de água – reservatório onde fica armazenada a água que circula nos tubos para
ser vaporizada, produzindo vapor. Geralmente há caldeiras de um ou dois tubulões de água
Tubulão de vapor – também conhecido como tubulão superior, onde o vapor e parte da
água que está sendo vaporizada ficam depositados. O vapor produzido é retirado da caldeira
através do tubulão superior. Geralmente há caldeiras de um ou mais tubulões de vapor;
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Figura 122: Esquema de caldeira aquatubular com um tubulão de vapor e dois tubulões de água.
Figura 123: Detalhe da limpeza dos tubos. Figura 124: O aparelho de ramonagem.
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Figura 125: Pré-aquecedor de ar.
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Geração de v apor na caldeira
Caldeira aquatubular – produz vapor por corrente de convecção, que pode ser natural
ou forçada (por bomba). O vapor saturado (é o vapor em contato com o líquido que o gerou,
no caso a água) forma-se no tubulão superior.
As caldeiras aquatubulares são o tipo mais empregado em navios e nas indústrias. São
usadas para instalações de maior porte e na obtenção de vapor superaquecido, que é utilizado
em máquinas propulsoras de navios (como as turbinas) e nos turbo-geradores de energia
elétrica.
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e a tendência da pressão de vapor é diminuir porque está havendo muito consumo, o sistema
automático alimenta os maçaricos com mais óleo combustível, mantendo a pressão desejada.
Quando esta é alcançada, o fluxo de óleo diminui, sendo regulada a pressão de vapor.
Caldeira flamatubular – Os gases quentes passam por dentro de tubos, ao redor dos
quais está a água. Os tubos são montados à maneira dos feixes de permutadores de calor,
com um ou mais passes dos gases quentes através do mesmo.
O vapor saturado (as caldeiras flamatubulares somente geram vapor saturado) se forma
na parte superior de onde é conduzido para os equipamentos que o utilizam como fluido de
trabalho.
Caldeira elétrica – Utiliza a energia elétrica para fornecer calor a água. A construção de
uma caldeira elétrica é simples. Ela não possui queimadores, nem câmara de combustão,
tubos de transferência de calor, refratários e chaminés. A fonte de calor, energia elétrica, é
fornecida por resistores ou eletrodos, dependendo do tipo da caldeira.
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Figura 129: Caldeira elétrica.
Caldeira de recuperação – É aquela que não utiliza combustíveis como fontes produtora
de energia, aproveitando o calor residual de processos industriais (gás de escape de motores,
gás de alto forno, de turbinas, etc.). Atualmente, a caldeira de recuperação é usada na maioria
dos navios para geração de vapor a ser usado no aquecimento do óleo combustível e nos
serviços de hotelaria. Nos petroleiros, temos ainda a aplicação do vapor no aquecimento dos
tanques de carga de óleo e as mais diversas pequenas utilizações.
Assim, a bordo, iremos encontrar trocadores de calor que estão instalados para diminuir a
temperatura de um fluido que está recebendo calor de uma fonte geradora de energia térmica e
que são chamados de resfriadores.
Outros fazem com que o fluido tenha sua temperatura aumentada; é a transmissão
efetuada no trocador chamado de aquecedor. Há outro que faz com que o vapor, após haver
sido utilizado para efetuar um trabalho, retorne à fase líquida; estes são denominados
condensadores.
No nosso estudo vamos identificar somente os três tipos mais comuns a bordo, quais
sejam os condensadores, aquecedores e os resfriadores.
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Condensadores – são os trocadores de calor, como dito acima, instalados para
transformar o vapor, após haver efetuado um trabalho, em água que a bordo chamamos
normalmente de “condensado”.
Eles podem ser do tipo atmosférico e a vácuo. O primeiro tem sua pressão interna acima
ou igual à pressão atmosférica. São os chamados condensadores auxiliares e está no sistema
de vapor auxiliar.
Os condensadores podem ser de contato indireto (a água não está em contato com o
vapor) ou de contato direto, os chamados tanques de cascata ou de observação. Nestes, o
vapor é admitido em um tanque onde se condensa ao entrar em contato com a água já
existente em seu interior.
A forma construtiva dos condensadores que tem a água como fluido refrigerante é o tipo
de feixe tubular. Esse tipo de equipamento é constituído de duas partes principais: o casco e
o feixe tubular. A água passa pelos tubos e o vapor é descarregado no casco transformando-
se em “condensado”, de onde é bombeado de retorno ao sistema de alimentação da caldeira.
Sabemos que todo navio mais moderno, ou melhor, construído após a década de 70, só
consome óleo combustível do tipo “bunker”, que é pouco viscoso e sua fluidez, na temperatura
ambiente, muito baixa; por isso é necessário que procedamos a seu aquecimento. O trocador
de calor instalado para tal finalidade é o aquecedor.
A fonte quente que cede calor ao combustível pode ser o vapor ou qualquer outra. Hoje
em dia está sendo muito usado o chamado óleo térmico. Ele é um tipo especial de óleo
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lubrificante que, após ser bem aquecido, serve como fonte quente que circula pelos outros
aquecedores. Nestes trocadores de calor, do tipo feixe tubulares, o óleo a ser aquecido, passa
por fora dos tubos e a fonte quente por dentro.
Figura 131: Trocador de calor de placas Figura 132: Trocador de calor de placas (montagem)
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94
UNIDADE 11
SISTEMAS DE GOVERNO
Quase sempre empregamos o termo “máquina do leme” para todo o sistema de governo
de uma embarcação; mas a “máquina do leme”, propriamente dita, é uma das partes do
sistema de governo. Ela é responsável pela substituição do esforço empregado pelo homem,
quando direcionava o leme no comando manual. Por meio dela o homem pode deslocar
grandes embarcações sem qualquer esforço físico.
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11.2 EVOLUÇÃO DA MÁQUINA DO LEME
Máquina do leme a vapor – Nas décadas de 40 e 50, eram muito utilizadas em navios
com propulsão à máquina alternativa a vapor. Naquele tempo, todas as máquinas principais
dos navios (bombas, propulsores, máquinas geradoras de corrente elétrica) eram
movimentadas pela admissão de vapor.
A máquina do leme não poderia ser diferente. Consistia em dois cilindros de vapor que,
por meio de engrenagens, faziam girar uma roda dentada acoplada à madre do leme. Ao
movimentarmos o timão, o transmissor fazia abrir a válvula distribuidora de vapor para o
cilindro que movimentaria o leme para BB ou BE.
Máquina do leme de parafuso sem fim – Este sistema, utilizado também nas décadas
de 40 e 50, já não é encontrado a bordo dos navios mercantes modernos. Poderemos
encontrá-lo ainda em embarcações de médio porte que navegam nos rios amazônicos.
Assim, este parafuso movimenta dois blocos de aço (chamados dados) em sentidos
opostos e, por meio das conectoras, a madre do leme é girada. As luvas que deslizam ao longo
das barras impedem que os dados girem.
Os mancais de parafuso ficam nos jazentes onde são apoiadas as barras guias e o
parafuso sem fim.
O sistema possui ainda um freio mecânico, que é acionado por uma alavanca e que
serve para manter o leme a meio quando da necessidade de manutenção.
96
Figura 134: Máquina de leme hidráulica.
Existem dois grandes tipos de sistemas hidráulicos para acionar a madre do leme.
Vejamos como funcionam os dois tipos desta máquina.
Máquina do leme com dois ou quatro cilindros hidráulicos - É o tipo mais comum em
grandes navios. Possui duas bombas hidráulicas acionadas por motores elétricos, cada uma
delas capaz de manter o sistema sob pressão.
Essas válvulas são abertas e fechadas por um painel elétrico que “lê” a ordem recebida
do passadiço pelo receptor sincro. Conforme o bordo que se deseja mover o leme, válvulas
solenóides diferentes são operadas. Quando é alcançado o ângulo do leme desejado, as
válvulas são fechadas e o leme fica em posição.
Os grandes navios são obrigados a ter um controle de emergência que atua diretamente
nesse conjunto de válvulas solenóides diretamente do passadiço, contornando todo o sistema
transmissor/receptor sincro.
Para cada bordo desejado existe um conjunto de palhetas fixas e móveis para onde o
óleo é enviado, quando o sistema de válvulas direcionais (solenóides) atua.
97
Figura 135: Máquina de leme aletada.
O sistema é cheio com um óleo hidráulico próprio, de modo que, ao se deslocar o timão,
deslocam-se os êmbolos (ou um êmbolo) do transmissor. O óleo que está no interior deste
cilindro é comprimido pela tubulação, deslocando o êmbolo correspondente no cilindro
receptor, que irá fazer com que a máquina do leme, seja de que tipo for se movimente para
alcançar o ângulo de leme desejado.
Outro tipo de telemotor hidráulico é o que possui, fixada ao eixo do timão, uma bomba
rotativa em substituição aos cilindros hidráulicos, conforme visto na figura abaixo.
Este sistema está restrito a pequenas embarcações. Podemos instalar esse sistema de
transmissão em outras partes do navio e não só no passadiço. Alguns navios antigos possuíam
um timão instalado no redondo de popa. As desvantagens deste sistema são:
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Formação de bolhas de gás, se o óleo for muito aquecido; e
Atendimento mais lento da máquina do leme.
Sistema elétrico – Este sistema é o único usado nos navios modernos, principalmente
os que navegam em alto-mar. Consiste em transmissores com motores sincro, localizados nas
estações de manobra (passadiço ou qualquer outro local onde possamos enviar um sinal para
o receptor da máquina do leme) e que são controlados pelo movimento do timão ou de outro
comando elétrico instalado.
Os transmissores são ligados por cabos elétricos a um receptor auto-sincro, sendo que
uma chave seletora poderá selecionar o transmissor que irá operar. Normalmente haverá mais
de um transmissor instalado. O transmissor, por meio de um diferencial, controla o débito da
bomba de óleo hidráulico. O transmissor autos-sincro é um gerador de corrente alternada e o
receptor é um motor de corrente alternada e são projetados de modo que o rotor do receptor
repita exatamente o ângulo do deslocamento do rotor do transmissor, operação realizada com
a mesma velocidade.
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BIBLIOGRAFIA
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CRÉDITOS DE IMAGENS
102
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