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Rui Corrêa da Silva

Máquinas e
Equipamentos Agrícolas

1ª Edição

www.editoraerica.com.br

1
Sumário

Capítulo 1 - Introdução à Mecanização Agrícola............................................................. 11


1.1 Objetivos da mecanização agrícola.............................................................................................................11
1.2 Conceitos e normas sobre mecanização agrícola......................................................................................12
1.2.1 Aviação agrícola....................................................................................................................................18
1.3 A evolução agrícola e a mecanização..........................................................................................................19
1.3.1 Cronologia.............................................................................................................................................19
1.3.2 Início da mecanização agrícola...........................................................................................................20
1.4 A mecanização agrícola brasileira ..............................................................................................................26
1.5 Outras tecnologias.........................................................................................................................................27
Agora é com você!................................................................................................................................................29

Capítulo 2 - Operação, Regulagem e Manutenção de Máquinas e Equipamentos Agrícolas... 31


2.1 Operação de máquinas agrícolas.................................................................................................................31
2.1.1 Desempenho operacional....................................................................................................................31
2.1.2 Capacidade operacional.......................................................................................................................32
2.1.3 Rendimento operacional......................................................................................................................32
2.1.4 Eficácia operacional..............................................................................................................................32
2.2 Regulagens de máquinas e implementos....................................................................................................33
2.2.1 Arados.....................................................................................................................................................33
2.2.2 Grades.....................................................................................................................................................34
2.2.3 Subsoladores..........................................................................................................................................36
2.2.4 Semeadeiras...........................................................................................................................................37
2.2.5 Colhedeiras............................................................................................................................................40
2.2.6 Pulverizadores.......................................................................................................................................41
2.3 Manutenção de máquinas e equipamentos agrícolas................................................................................45
2.3.1 Manutenção preventiva........................................................................................................................45
2.3.2 Manutenção corretiva...........................................................................................................................47
Agora é com você!................................................................................................................................................48

Capítulo 3 - Tratores Agrícolas..................................................................................... 49


3.1 Tratores e sua evolução.................................................................................................................................49
3.2 Partes do trator e suas funções básicas........................................................................................................51
3.2.1 Barra de tração......................................................................................................................................51

2
3.2.2 Tomada de potência .............................................................................................................................52
3.2.3 Sistema de levantamento hidráulico ..................................................................................................52
3.3 Classificação de tratores................................................................................................................................54
3.3.1 Conforme o tipo de rodado.................................................................................................................54
3.3.2 Conforme o chassi................................................................................................................................55
3.3.3 Conforme o tipo de tração ..................................................................................................................56
3.4 Partes do trator...............................................................................................................................................57
3.5 Principais cuidados de manutenção do trator...........................................................................................57
3.5.1 Verificação do funcionamento do sistema elétrico...........................................................................57
3.5.2 Verificação da tensão da correia do ventilador.................................................................................57
3.5.3 Verificação do nível de água do radiador...........................................................................................59
3.5.4 Verificação do nível e troca de óleo ...................................................................................................59
3.5.5 Limpeza e troca do elemento de filtro de ar ou troca do óleo.........................................................62
3.5.6 Limpeza do filtro na entrada da bomba injetora..............................................................................62
3.5.7 Limpeza dos respiros............................................................................................................................62
3.5.8 Limpeza do tanque de combustível....................................................................................................62
3.5.9 Calibragem dos pneus .........................................................................................................................62
3.5.10 Instalação e alinhamento dos pneus.................................................................................................64
3.5.11 Lastro (água e metal)..........................................................................................................................66
3.5.12 Calibragem dos bicos e da bomba injetora......................................................................................66
3.5.13 Troca do filtro de combustível...........................................................................................................66
3.5.14 Drenagem do pré-filtro, do sedimentador e do filtro de combustível.........................................67
3.5.15 Sangria nos filtros e bomba injetora.................................................................................................67
3.5.16 Lubrificação pelos pinos graxeiros...................................................................................................68
3.5.17 Reabastecimento do tanque de combustível no final do dia.........................................................68
3.5.18 Reaperto geral de porcas e parafusos...............................................................................................68
3.5.19 Regulagem dos pedais de freio..........................................................................................................68
3.5.20 Regulagem do pedal de embreagem.................................................................................................68
Agora é com você!................................................................................................................................................70

Capítulo 4 - Funcionamento de Motores, Lubrificação e Lubrificantes................................ 71


4.1 Os motores e sua evolução............................................................................................................................71
4.1.1 O motor a vapor....................................................................................................................................71
4.1.2 Motor de combustão interna - ciclo Otto..........................................................................................73
4.1.3 Motor de combustão interna - diesel..................................................................................................74
4.2 As funções do motor.....................................................................................................................................75
4.3 Funcionamento dos motores........................................................................................................................76

3 Máquinas e Equipamentos Agrícolas


4.3.1 Ciclo de trabalho de motores normais...............................................................................................76
4.3.2 Motor aspirado e motor com turboalimentador...............................................................................78
4.4 O motor e seus elementos.............................................................................................................................79
4.4.1 Elementos fundamentais......................................................................................................................79
4.4.2 Elementos complementares.................................................................................................................84
4.4.3 Elementos acessórios............................................................................................................................84
4.4.4 “Sangria” do sistema de combustível (eliminação do ar).................................................................84
4.5 Sistemas de transmissão................................................................................................................................84
4.5.1 Embreagem............................................................................................................................................85
4.5.2 Caixa de marchas..................................................................................................................................86
4.5.3 Diferencial..............................................................................................................................................87
4.5.4 Redução final.........................................................................................................................................88
4.6 Lubrificação e lubrificantes...........................................................................................................................88
4.6.1 Classificação dos lubrificantes ............................................................................................................89
4.6.2 Os lubrificantes e suas características.................................................................................................90
4.6.3 Classificação dos óleos para uso em motores....................................................................................91
4.6.4 Óleos usados em transmissões............................................................................................................91
4.6.5 Graxas.....................................................................................................................................................91
4.6.6 Algumas definições adicionais sobre lubrificantes...........................................................................92
4.6.7 Equipamentos de auxílio na lubrificação...........................................................................................93
Agora é com você!................................................................................................................................................96

Capítulo 5 - Tração e Mecanismos de Transmissão......................................................... 97


5.1 Um breve histórico........................................................................................................................................97
5.1.1 Implementos tradicionalmente usados com tração animal............................................................98
5.2 Definição de tração........................................................................................................................................99
5.3 Facilitando a tração - polias........................................................................................................................100
5.3.1 Polia fixa...............................................................................................................................................100
5.3.2 Polia móvel...........................................................................................................................................101
5.4 Tração do trator............................................................................................................................................102
5.4.1 Tipos de tração em tratores...............................................................................................................102
5.5 Pontos de transmissão e tração do trator..................................................................................................104
Agora é com você!..............................................................................................................................................104

Capítulo 6 - M
 ecânica: Torque, Energia e Mecanismos de Transformação
de Energia em Trabalho........................................................................... 105
6.1 Grandezas físicas e unidades......................................................................................................................105
6.2 Sistema e relação de unidades....................................................................................................................106

4
6.3 Grandezas escalares e vetoriais..................................................................................................................107
6.4 As leis de Newton.........................................................................................................................................108
6.4.1 Inércia...................................................................................................................................................108
6.4.2 Força.....................................................................................................................................................109
6.4.3 Trabalho...............................................................................................................................................110
6.4.4 Torque...................................................................................................................................................110
6.4.5 Peso.......................................................................................................................................................111
6.4.6 Potência................................................................................................................................................111
6.4.7 Força centrífuga (FC).........................................................................................................................112
6.5 Perspectivas agrícolas..................................................................................................................................113
6.6 Atualidade da prática agrícola....................................................................................................................114
Agora é com você!..............................................................................................................................................118

Bibliografia.............................................................................................................. 119

5 Máquinas e Equipamentos Agrícolas


1
Introdução à
Mecanização
Agrícola

Para começar

Neste capítulo, apresentaremos um breve histórico a respeito da evolução da mecanização agrí-


cola. Iremos caminhar no tempo até os dias atuais, parando para observar a evolução das máquinas e das
operações agrícolas.
Também veremos uma projeção a respeito do uso da tecnologia e seus benefícios à produção
agropecuária.

1.1 Objetivos da mecanização agrícola


A mecanização agrícola tem por função o estudo dos processos mecânicos que envolvem
máquinas e implementos na realização de operações usuais na agropecuária e por objetivos:
» aumentar a produtividade dos trabalhos e atividades agrícolas;
» modificar a característica do trabalho agrícola, simplificando-o e tornando-o mais atrativo;
» incrementar a eficiência das operações agrícolas, possibilitando melhorar as formas de
plantio e atividades subsequentes;
» incrementar a precisão dos processos visando ao final de cada ciclo reduzir perdas inerentes.

6
1.2 Conceitos e normas sobre mecanização agrícola
É preciso esclarecer alguns conceitos relacionados a máquinas e implementos:
»» Máquinas agrícolas: equipamentos que têm a finalidade de executar uma atividade
agrícola para a qual foram projetados com auxilio de outros equipamentos ou não.
As máquinas agrícolas podem realizar uma única tarefa ou varias tarefas conjugadas
(apenas colher o produto ou colher, limpar e ensacar).
»» Equipamentos auxiliares: são normalmente denominados implementos, pois, sozinhos,
não conseguem realizar uma tarefa.
»» Operação agrícola: qualquer atividade relacionada ao trabalho agropecuário.
»» Acessórios: peças ou equipamentos que complementam e aprimoram o trabalho de uma
determinada máquina agrícola. Na falta deles, o trabalho efetuado pode não ser realizado
da maneira adequada.
Hoje as máquinas agrícolas e implementos se relacionam com quase todas as atividades do
setor, desde o pré-plantio até o pós-colheita:

»» Abertura de solo: operação voltada à retirada de árvores e plantas existentes na área de


plantio. São utilizadas as seguintes ferramentas:

Jay Petersen/Shutterstock.com

Figura 1.1 - O Skidder é um tipo de trator usado em aberturas de novas áreas para plantio. Aberturas de área reque-
rem equipamentos pesados como esse que vemos trabalhando em área de florestas de Connecticut, EUA.

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Motosserras e máquinas que cortam as árvores: removem a cobertura de vegetação original.
Destocadeiras: retiram restos de árvores, incluindo sistemas radiculares.
Correntões: arrastados por máquinas potentes na abertura de propriedade que uniformi-
zam o solo.
Rolos-faca: picam os restos vegetais.
»» Pré-plantio:
Subsoladores: rasgam camadas compactadas do solo.
Aplicadores de calcário e fosfatos: corrigem o nível acidez do solo e a deficiência do ele-
mento químico fósforo.
Descompactadores de solo: revolvem as camadas superficiais e mais duras para permitir a
entrada de água.

Chukov/Shutterstock.com

Figura 1.2 - Serviço de calcareamento de solo. A aplicação de calcário tem por função a
correção de acidez de solo. A calcareadeira que vemos acoplada ao trator é
denominada calcareadeira a lanço, pois lança o calcário em uma faixa de solo.

»» Preparo do solo para plantio:


Arados de discos: podem ser de arrasto ou acionamento hidráulico, com dois ou mais dis-
cos. São utilizados em solos secos, duros ou pegajosos.

Introdução à Mecanização Agrícola 8


Arados de aiveca: apresentam melhor inversão de solo que o arado de disco, mas não
devem ser utilizados em solos com obstáculos. A lâmina de corte não tem o formato de
disco, mas sim de “bico de pato”.
Grades com discos simples ou em conjunto com discos denteados: aumentam a porosi-
dade do solo e melhoram a penetração de água no solo.
Grades aradoras: executam a função de corte, destorroamento e nivelamento do solo.

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Figura 1.3 - Um dos equipamentos usados em preparo do solo para plantio é o arado,
que efetua o corte de solo com suas lâminas em forma de discos. O arado
acima possui sete discos e esse número varia principalmente conforme
a potência do trator ao qual está ligado.

»» Semeadura, plantio e transplantio


Semeadeiras: distribuem as sementes nos sulcos. Podem ser a lanço, quando não seguem
um alinhamento, e em linha, quando obedecem a alinhamentos.
Transplantadeiras: são utilizadas quando se efetua o plantio de mudas, principalmente de
arroz e eucalipto.
Semeadeiras-adubadeiras: semeiam e adubam o local de plantio.

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Vereshchagin Dmitry/Shutterstock.com
Figura 1.4 - Plantadeira e adubadeira. Os reservatórios ao fundo em forma de cochos são para colocação do adubo a
ser distribuído. Os reservatórios à frente em forma de bujões são para as sementes. Por ter oito bujões, ele atende ao
plantio de oito linhas por vez. As pequenas facas e discos na parte inferior fazem o trabalho de abrir o solo para
depósito da semente e do adubo e posterior fechamento do sulco aberto.

»» Adubação (ou fertilização):


Aplicadores de depósito único para várias linhas de adubação: atende um determinado
espaço de plantio.
Aplicadores de vários depósitos: atende uma única linha em aplicação múltipla.
Aplicadores ou distribuidores de produtos orgânicos: distribuem esterco animal ou com-
postos orgânicos nos sulcos.
Aplicadores de fertilizantes: aplicam fertilizantes. Podem ser exclusivos ou funcionar liga-
dos as plantadeiras.
»» Tratos culturais (cuidados pós-plantio):
Cultivadores: executam a capinação do terreno.
Enxadas rotativas: efetuam um revolvimento superficial no solo ao mesmo tempo que
picam possíveis plantas invasoras existentes.
Escarificadores: rasgam e depositam a terra junto às duas laterais da lâmina em profundi-
dade média de 10 a 15 cm.

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ck.com
ci/Shuttersto
Birsen Cebe

Figura 1.5 - Cultivador. Equipamento usado juntamente ao trator. É composto de


enxadinhas em forma de “V” e seu trabalho consiste em cortar o solo superficialmente
impedindo o desenvolvimento de plantas invasoras. Tem função semelhante à enxada.

»» Aplicação de defensivos e fertilizantes foliares:


Aplicadores de formicidas: aplicam formicidas nas culturas e variam conforme o produto
a ser utilizado.
Pulverizadores: aplicam produtos líquidos em geral. Existem em vários tamanhos e
podem ser estacionários, transportados pelo operador ou ligados a tratores.
Atomizadores: pulverizam o produto com pressão de serviço maior que os pulverizadores.
Nebulizadores: também são usados para produtos líquidos, mas para aplicações em alta
pressão.
Polvilhadeiras: utilizados quando o produto a ser distribuído se encontra na forma de pó.
Pulverizadores aéreos: distribuem o produto em alta pressão utilizando aviões agrícolas
que sobrevoam a plantação.

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Denton Rumsey/Shutterstock.com
Figura 1.6 - Uma das formas de aplicação de defensivos agrícolas e de fertilizantes foliares em grandes
áreas é a aviação agrícola. A aeronave é provida de um equipamento com bicos de pulverização
acoplados ao avião e utiliza alta pressão. Requer habilidade e muita atenção do piloto.

»» Colheita:
Colhedeiras: executam a colheita do produto. Existem diversos tipos, conforme o produto
a ser colhido.
Trilhadeiras: efetuam a separação do produto colhido, descartando resíduos da cultura.
Em certos casos, podem estar conjugadas à colhedeira.
Segadeiras: efetuam o corte do produto, depositando-o em linhas. São usadas normal-
mente para colheita de forragens.
Arrancadores: arrancam o produto a ser colhido por meio de um sistema de lâminas. É
usado em culturas de batata, cenoura e outras plantas que produzem raízes comestíveis.
Máquinas de colheita florestal: cortam as árvores, descascam os troncos e os picam em
tamanhos predeterminados conforme regulagem.

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Figura 1.7 - Existem inúmeros tipos de colhedeiras agrícolas conforme o tipo de cultura. Hoje, colhe-se até mesmo
café e tomate mecanicamente. Essa colhedeira efetua a colheita de trigo. Além de colher, um processo interno separa a
palha dos grãos, que a seguir são armazenados no depósito da máquina e posteriormente transferidos para
caminhão ou carreta. Nesse intervalo, a palha é lançada de volta ao solo pela parte traseira da máquina para adubação.

1.2.1 Aviação agrícola


A aviação agrícola é um trabalho especializado que, além de efetuar as pulverizações, auxilia e
acelera o processo de controle de pragas e aplicação de produtos diversos.
Sua versatilidade permite o emprego em:
»» aplicação de agrotóxicos;
»» aplicação de fertilizantes foliares;
»» semeaduras aéreas;
»» povoamento e repovoamento de lagos e rios com peixes;
»» repovoamento vegetal (reflorestamento);
»» combate a incêndios em campos e florestas.
Regida pelo Decreto-Lei no 917, de 7 de setembro de 1969, e regulamentada pelo Decreto no
86.765, de 22 de dezembro de 1981, a aviação agrícola brasileira embora pareça um trabalho simples,

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requer extrema habilidade. O piloto deve possuir certificado para esse tipo de operação e seguir as
normas para aplicação de agrotóxicos.
Áreas localizadas em até 500 metros de vilas e bairros e de mananciais (rios, lagos e represas)
que sirvam de captação de água para abastecimento não devem receber descarga de produtos e agro-
tóxicos por intermédio da aviação agrícola.
A emissão de registros das empresas e pilotos de aviação agrícola é responsabilidade do Minis-
tério da Agricultura. A solicitação deve ser efetuada em uma Superintendência Federal de Agricul-
tura (SFAs) presente nos estados da União. Além desse procedimento, todos os registrados têm de
enviar relatórios mensais das atividades realizadas à superintendência de seu estado.
A partir de 2010, as empresas de aviação agrícola foram obrigadas a se adequarem às novas
legislações, visando à adaptação de locais para realização da lavagem, limpeza e descontaminação
dos aviões após a aplicação de produtos agrícolas. A Instrução Normativa nº 02, de 2008, explica
que as empresas têm de estar equipadas com gerador de ozônio, equipamento que degrada as
moléculas de agrotóxico para evitar a contaminação do local. Se as empresas deixarem de cumprir
a instrução, serão penalizadas administrativamente em até cem salários mínimos mensais, suspen-
sas - ou terem o registro da empresa cancelado - e penalizadas civil e criminalmente caso ocorra
crime ambiental.

Fique de olho!

Os modelos de requerimentos e relatórios necessários para exercer a profissão de piloto de aviação agrícola são os seguintes:

» requerimentos de registro (conforme o modelo);


» modelo de termo de compromisso;
» modelo de declaração do pátio de descontaminação;
» modelo de quadro de resumo das exigências para registros;
» modelo de requerimento de mudança da razão social;
» modelo de requerimento de mudança de endereço;
» modelo de requerimento de alteração do contrato social;
» modelo de requerimento solicitando cancelamento de registro;
» modelo de requerimento solicitando autorização para prestação; de serviço em outro estado da união;
» modelo de relatório mensal de atividades;
» modelo de relatório operacional.

1.3 A evolução agrícola e a mecanização

1.3.1 Cronologia
As primeiras ferramentas agrícolas para tração animal surgiram trezentos anos antes de Cristo
na região da Mesopotâmia. Eram peças simples e rudimentares, mas permitiram ao homem do

Introdução à Mecanização Agrícola 14


campo um melhor desempenho em suas rotinas agrícolas. No fim do século XVI, apareceram na
Europa os primeiros equipamentos para semeadura. Era mais um passo do homem no aprimora-
mento da tecnologia agrícola.

Em 1810, na Inglaterra, foi confeccionado o primeiro arado de arrastado. Nos Estados


Unidos, em 1834, foi registrada a patente de uma máquina de tração animal para segar culturas,
melhorando significativamente os métodos de colheita. Ainda nos Estados Unidos, surgiu a Case,
fábrica de trilhadoras de cereais. Trilhar e separar os grãos ou cereais do restante da planta sempre
foi ponto crucial na produção agrícola e a mecanização dessas etapas aumentou a produtividade e
reduziu as perdas.

A invenção do motor de combustão interna de ciclo Otto em 1866 foi o ponto crucial para
evolução da mecanização agropecuária. As primeiras colhedeiras tracionadas por animais com auxí-
lio de rodas motrizes (rodas que promovem o movimento) são de 1880.

O motor de combustão interna ciclo Diesel, outro avanço na tecnologia de produção de moto-
res que colaborou imensamente em termos agropecuários, surgiu em 1892.

O enorme desenvolvimento industrial após a Segunda Guerra Mundial colaborou para o


desenvolvimento da mecanização agrícola. A Revolução Verde, surgida nos anos 1960, preconiza
uma preocupação com a produção agrícola de forma geral e o meio ambiente. O mais recente salto
se deu com o a informática, que a partir da utilização de sistemas de GPS proporcionou o surgi-
mento da agricultura de precisão.

1.3.2 Início da mecanização agrícola


O questionamento feito pelo homem desde seu surgimento sobre as causas e finalidades dos
eventos e objetos ao seu redor favoreceu o surgimento do pensamento científico. Isso tornou sua
existência mais fácil e melhorou a eficiência de seus métodos.

Denomina-se ferramenta agrícola todo utensílio criado com a finalidade de auxiliar e facilitar
o desempenho do homem no trabalho do campo.

Na história da mecanização agrícola, é possível que o arado tenha sido um dos primeiros equi-
pamentos inventados, segundo vestígios e gravuras encontradas na civilização do antigo Egito
(6000 a.C.). No início, o arado era movido pelo esforço humano e era confeccionado de madeira.

A evolução agrícola foi inicialmente lenta e os equipamentos eram feitos de pedras ou de


madeira. Geravam um trabalho impreciso e tinham vida útil bastante curta. Anos mais tarde a tra-
ção humana foi gradualmente substituída pela tração animal. Assim, o interesse na criação de ani-
mais começou a ganhar espaço.

Com o início da Idade do Ferro, o arado tornou-se uma ferramenta mais eficiente. Surgiram
outras ideias sobre utensílios que auxiliaram o ser humano em suas atividades agrícolas e de caça.
Surgiram trenós puxados por animais que facilitaram o transporte de objetos.

15 Máquinas e Equipamentos Agrícolas


A necessidade de maior produção impulsionou a melhora da eficiência das ferramentas agrí-
colas. O homem do campo deixou de produzir somente para o seu sustento e passou a comercializar
sua produção. O crescimento populacional fez que a rudimentar indústria de equipamentos agríco-
las se aperfeiçoasse e criasse soluções para novas funções agrícolas e fatores como competitividade
na produção agrícola e melhora na estrutura de transporte e comunicação também impulsionaram o
setor produtivo de máquinas.

A partir da segunda metade do século XIX, além do arado tracionado a animal, começaram a
aparecer equipamentos como grades de tração animal, cultivadores, semeadores, distribuidores de
fertilizantes, ceifadoras e debulhadoras. Posteriormente, com o advento e utilização de motores nos
equipamentos, a agropecuária cresceu ainda mais.

Inicialmente os motores eram a vapor. Vieram os motores Otto movidos à gasolina e em


seguida os movidos a diesel. As rodas, que eram de ferro, ganharam revestimento pneumático. No
início os tratores eram simples máquinas tracionadoras, como os animais também o haviam sido.
Eram melhores que os animais por produzirem mais e melhor tração.

O melhoramento e o aumento do número de funções do trator ocorreram quando foi adicio-


nada a tomada de força, ponto onde podem ser conectados equipamentos que, utilizando a força do
trator, giram, cortam, picam, trituram, debulham e executam os mais diversos tipos de trabalho.

A evolução dos equipamentos pode ser assim sintetizada:


»» Ferramentas manuais: todo trabalho é feito manualmente. Hoje elas ainda existem, mas
com uma qualidade muito melhor. O trado, uma ferramenta para perfurar o solo, é
um exemplo, Figura 1.8.

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Figura 1.8 - Trado: existem vários tipos de trado para


perfuração do solo e retirada de amostras para análises.

Introdução à Mecanização Agrícola 16


»» Máquinas de tração animal: a madeira e o ferro foram as matérias-primas das primei-
ras ferramentas usadas para cortar e tombar o solo, Figura 1.9. Eram bastante rudi-
mentares. Ainda hoje temos ferramentas de tração animal como:
arado de aiveca;
grades diversas;
plantadeiras adubadeiras;
pulverizadores.

Hein Nouwens/Shutterstock.com

Figura 1.9 - Arado de aiveca confeccionado em ferro. Ainda hoje esse tipo de equipamento de
tração animal atua em nossos campos de cultivo. (Meyers Konversations-Lexik on 1897).

17 Máquinas e Equipamentos Agrícolas


»» Tratorização: o animal foi substituído pelo trator e o rendimento agrícola deu um
grande salto, Figura 1.10.

spirit of america/Shutterstock.com
Figura 1.10 - O trator tinha como função exclusiva a tração de
equipamentos, substituindo de forma mais robusta a tração
animal. Inicialmente possuíam rodas de ferro.

»» Tratorização multifuncional: o surgimento da tomada de força e de outros incrementos


tecnológicos de última geração possibilitou melhores condições de trabalho para o ope-
rador. Atualmente, realizam outras funções além da tração, Figura 1.11.

Introdução à Mecanização Agrícola 18


Taina Sohlman/Shutterstock.com
Figura 1.11 - Trator atual. Este é um modelo com tração nas quatro rodas e cabine climatizada.
Possui tomada de força para acoplamento traseiro de equipamentos e braços hidráulicos
para levantar implementos. (Salo, Finlândia, New Holland T7. 200).

Com a evolução do ramo eletrônico surgiram novas possibilidades. A indústria de máquinas e


equipamentos agrícolas hoje incorpora a eletrônica e torna ainda mais eficiente o setor.
A mecanização agrícola e as diversas técnicas agrícolas referentes à preparação do solo, fertili-
zação, plantio, tratamentos fitossanitários, tratos culturais, colheita e comercialização é, sem dúvida,
uma das áreas que mais evoluiu desde seu surgimento. Incluem-se aí os melhoramentos vegetais,
os cruzamentos e seleções animais, a engenharia genética a serviço do combate a doenças e pragas
entre outros.
A agricultura caminha em sentido cada vez maior da especialização. É fundamental para aque-
les que buscam trabalhar nesse setor se preparem adequadamente, sejam empregados agrícolas, agri-
cultores, empresários ou técnicos.
No contínuo processo evolutivo da agricultura é preciso mencionar a importância da deno-
minada “agricultura de precisão”. Trata-se do planejamento e gerenciamento de todos os processos
referentes às atividades produtivas de uma determinada propriedade agrícola. É uma forma de agri-
cultura multidisciplinar que envolve cada um dos setores e das ciências agropecuárias, como mate-
mática, física, biologia, zoologia, geografia, agronomia, química e outras mais que sejam necessárias
à realização das tarefas e ou serviços agropecuários, além de um sistema de manejo integrado de
informações e tecnologias, fundamentado nos conceitos de que as variabilidades de espaço e tempo
podem influenciar as produtividades dos diversos cultivos.

19 Máquinas e Equipamentos Agrícolas


kaczor58/Shutterstock.com
Figura 1.12 - Veículo equipado com GPS, ferramenta largamente usada na
agricultura de precisão para localização e identificação de muitos outros parâmetros.

A agricultura de precisão busca o gerenciamento em detalhes mínimos do sistema de produ-


ção agropecuário com vistas à compreensão total do setor. Não se resume apenas às aplicações de
insumos ou mapeamentos diversos, mas de todos os processos que fazem parte da produção.
Esse conjunto de ferramentas para a agricultura tem como parte integrante:
»» o GNSS (Global Navigation Satellite System);
»» o SIG (Geographic Information System);
»» instrumentos e sensores para medidas diversas e de detecção de parâmetros e metas que
possam interessar ao agroecossistema como um todo, envolvendo desde o solo, planta,
insetos até pragas e doenças;
»» a geoestatística regional;
»» a mecatrônica (mecânica e eletrônica).
Contudo, a agricultura de precisão não diz respeito somente a ferramentas e alta tecnologia.
Suas bases podem e devem ser utilizadas no cotidiano das propriedades na busca por maior organi-
zação e controle de todas as atividades, gastos e produtividade.

Introdução à Mecanização Agrícola 20


O uso dessa tecnologia aplicada ocorre na divisão e localização das áreas de plantio no inte-
rior das propriedades, na divisão das parcelas, na localização e identificação de cores diferentes dos
padrões normais (possibilita identificar falhas e necessidades de adubação, incidência de pragas e
doenças via satélite). Promove a revolução gerencial e o uso de recursos tecnológicos para agregação
de valores.
A agricultura de precisão pode ser resumida nos seguintes elementos:
» revolução gerencial;
» tecnologia de informação;
» uso da multidisciplinaridade;
» agregação de valor à produção.

Fique de olho!

É necessário que esses fatores sejam utilizados em forma conjunta para que se possa obter melhoria produtiva, seja de
qualidade, volume a ser produzido ou redução de custos finais dos produtos para uma melhor competitividade no mer-
cado interno ou externo. A tecnologia, planejamento, multidisciplinaridade e gerenciamento são as bases desse modelo de
produção.

Existem várias tendências no que diz respeito à exploração agropecuária. Conforme a escolha
pode-se ter como meta a diversidade de culturas numa única propriedade ou a cultura de uma única
espécie em extensas áreas de plantio.
Todas têm seu espaço e é possível desenvolver suas atividades houver consciência sobre o res-
peito ao meio ambiente e seu frágil equilíbrio. O bom senso deve imperar nas atitudes e na rotina de
trabalho.

Buscar o incremento produtivo e desprezar a qualidade do produto final produzido pode gerar
problemas futuros para todos, sem distinção. É preciso pensar na parte econômica, ou seja, como
adquirir aquilo que não produzimos, mas necessitamos no nosso dia a dia.

Segundo opinião de vários especialistas, acredita-se que a agricultura sofrerá uma grande
transformação nos próximos anos, notadamente no desaparecimento ou agregação de muitas explo-
rações, na redução de mão de obra agrícola, na reconversão e adaptação das novas culturas mais ren-
táveis e no aumento da informática e robótica.

1.4 A mecanização agrícola brasileira


Os tratores comerciais só começaram a ser fabricados no Brasil a partir de 1960 por empresas
estrangeiras que aqui instalaram suas indústrias, como a Ford Motors, a Massey-Ferguson e a Valmet.

A mecanização brasileira no setor agrícola iniciou-se no pós-guerra (Segunda Guerra Mun-


dial). No início, ela se processava com equipamentos importados do mercado americano e euro-

21 Máquinas e Equipamentos Agrícolas


peu e não era adaptado às nossas condições de clima e solo. Para complicar a situação, a reposição
de peças era muito demorada (passavam-se meses à espera de uma peça) e cara.

Toda nova tecnologia tem seus prós e contras. Se, por um lado, a mecanização favorece o tra-
balho, diminui o tempo de plantio, os tratos culturais e a colheita, por outro, gera desemprego e
causa êxodo rural. O resultado do processo é o surgimento de favelas e a miséria.

Esse processo de mecanização do campo proporcionou maior qualidade de vida ao homem


do campo. O plantar e colher tornou-se mais simples e fácil e o tempo de trabalho diminui (ou ao
menos possibilitou que ele plantasse mais). O trator, por exemplo, em muitos casos, além de arar,
gradear, cultivar e colher é ligado à carreta serve às vezes de transporte de pessoal do sítio para a
cidade e vice-versa.

Hoje, o Brasil possui tecnologia de última geração, o que possibilita produtividades agrope-
cuárias semelhantes aos norte-americanos e aos europeus. Contudo, o pequeno agricultor familiar
ainda levanta de madrugada, coloca os arreios sobre a mula e vai para o campo praticar agricultura
rudimentar.

Essa diferença enorme entre o passado e o presente da agricultura preocupa. Se possuímos exten-
são rural, é bom que ela desfaça esse paradigma e mesmo com a sustentabilidade a ser alcançada, per-
mita ao pequeno agricultor desfrutar da mesma tecnologia que o grande produtor utiliza. Se serão
associações ou cooperativas, pouco importa, desde que a tecnologia esteja ao alcance de todos.

1.5 Outras tecnologias


Até aqui se falou de máquinas e implementos que auxiliaram a execução agrícola até aos dias
atuais. Não se deve esquecer, contudo, dos sistemas de irrigação.

A falta de água foi ao longo dos anos um dos principais motivos das constantes mudanças do
homem de um lugar para outro em busca de vegetação verde para o gado, de água fresca para matar
a sede e de água para a prática da agricultura.

O início da utilização da irrigação pelo homem foi um trabalho simples e vagaroso. Ele espe-
rava que, após as enchentes, o rio baixasse seu nível proporcionando margens úmidas e férteis e ali
semeava os grãos para produzir seu sustento, como no rio Nilo no antigo Egito, por exemplo. Mas a
paciência deu lugar à necessidade e ele começou a captar água através de canais e por intermédio da
gravidade (queda-d’água morro abaixo). Depois, começou a distribuir a água pelas suas plantações,
num sistema denominado de irrigação por sulcos. Contudo, a perda de água era muito grande em
razão da infiltração no solo.

Essa forma era demorada e requeria enorme mão de obra para abrir os sulcos, represar e libe-
rar a água e manter os sulcos. Além disso, os sulcos se alargavam em razão da erosão.

Introdução à Mecanização Agrícola 22


ksb/Shutterstock.com
Figura 1.13 - A irrigação por sulcos tem baixo custo de investimento inicial.
No entanto, tem alto consumo de água e elevado trabalho de manutenção.

Com o passar do tempo, a tecnologia proporcionada pelo motor, acoplado a uma bomba cap-
tando água distante e fazendo-a jorrar onde precisava, poderia impulsionar enormemente a agricul-
tura juntamente com o aspersor (de aspergir, espalhar a água), dispositivo que, ao receber a água, a
espalha ao seu redor, irrigando a terra e a plantação.

Deyan Georgiev/Shutterstock.com

Figura 1.14 - Sistema de irrigação por aspersão. Aspersores são dispositivos


acoplados ao final dos tubos de transporte de água. Existem inúmeros tipos,
que variam conforme vazão e pressão.

23 Máquinas e Equipamentos Agrícolas


Contudo, o deslocamento do aspersor precisava ser melhorado. Surgiram então sistemas auto-
matizados que percorrem as plantações. Há no mercado hoje duas versões: o autopropelido e o de
pivô central.

Existem também sistemas fixos supereconômicos em consumo de água e energia. Eles neces-
sitam em média de pressões de dez metros de coluna de água (mca, unidade de pressão usual em
irrigação). Trata-se de dispositivos criados para regiões de alta escassez de água. Regiões desérticas
como Dubai, nos Emirados Árabes, por exemplo, estão criando uma agricultura utilizando esse sis-
tema de gotejamento, que é composto de moto-bomba, filtro, e tubos distribuidores com pequenos
furos por onde a água goteja próxima às plantas.

Vamos recapitular?

Iniciamos nossos estudos tratando dos objetivos da mecanização, como o aumento de produtivi-
dade e a qualidade do serviço.

Conceituamos tanto as operações quanto os equipamentos e máquinas utilizados em nossa agri-


cultura. Identificamos cada etapa do processo produtivo agrícola e seguimos para o histórico da mecani-
zação agrícola, citando desde os primórdios da mecanização, 300 a.C., na Mesopotâmia, com as primei-
ras ferramentas agrícolas de tração animal até os dias atuais.

Mostramos a mecanização agrícola brasileira desde o pós-guerra, com a importação das primeiras
máquinas agrícolas até o início da fabricação dos primeiros tratores comerciais no Brasil (1960) pelas
empresas estrangeiras que aqui se instalaram (Ford Motors, Massey-Ferguson e Valmet).

Fechamos o capítulo com a abordagem de outras tecnologias e a menção aos vários tipos de siste-
mas de irrigação.

Agora é com você!

1) Em equipes de estudo de quatro alunos: visitem uma revenda de implementos agrí-


colas. Escolham um dos equipamentos e perguntem ao vendedor quais foram as
grandes modificações do equipamento em relação ao fabricado há cinco anos.

2) Que o tipo de operação agrícola que o implemento escolhido por você efetua? E o
que você mudaria nele visando melhorá-lo ainda mais?

Introdução à Mecanização Agrícola 24


3) Em um terreno com inclinação aproximada de 20% (inclinação de 2 cm em 1 m),
faça um pequeno sulco e despeje um copo de água. Descreva o que observou no
experimento em relação à quantidade e a qualidade da água no final do sulco.
4) Em relação ao experimento anterior, no mesmo sulco, despeje mais dez copos de
água e descreva sua observação com relação às laterais do sulco com o passar do tem-
po (como era e como ficou). Por que isso ocorreu?

25 Máquinas e Equipamentos Agrícolas

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