Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Palavra do
presidente
EMATER–MG, na sua cami- futuras um mundo melhor do que aquele
nhada ao longo dos seus 55 que recebemos, no que tange à preserva-
Foto capa: José Olímpio anos de existência, vivenciou ção de recursos naturais.
os mais diferentes momentos Buscar a participação da sociedade na
Empresa de Assistência Técnica e da história do desenvolvimento de Minas discussão de objetivos e caminhos para o
Extensão Rural do Estado Gerais e do Brasil, sempre sintonizada com crescimento faz com que cada um dos
de Minas Gerais
as mudanças ocorridas no mundo. Pas- seus membros seja, de fato, protagonistas
Vinculada à Secretaria de Estado de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento sou, no seu nascedouro, pela política de da sua própria história de desenvolvimen-
introdução da agricultura mineira na utili- to, se sinta dono, tenha orgulho do que
Presidente:
José Silva Soares
zação do crédito rural, o que fez com faz e cuide para que as mudanças de rumo,
extrema competência, quando inclusive quando necessárias, sejam somente estra-
Diretor Administrativo e Financeiro:
Vicente José Gamarano
inaugurou sua saga de ser referência na- tégias na busca dos objetivos participati-
cional naquilo que faz. No momento vamente definidos.
Diretor de Promoção e em que o Brasil optou pelo caminho de Vamos com a marca forte EMATER-
Articulação Institucional:
Fernando José Aguiar Mendes desbravamento da fronteira agrícola, com MG, mas dentro de um projeto transfor-
foco no produto e na produção, com ob- mador, construindo a Extensão Rural de
Diretor Técnico:
Marcos Antônio Fabri jetivos explícitos de dar escala ao agrone- um novo tempo, consoante com os an-
gócio e conquistar os mercados internaci- seios e visão de uma nova organização da
Conselho Editorial:
Eugênio Paccelli Loureiro Vasconcelos onais, lá estava a nossa EMATER–MG, sociedade, focada em resultados para a
Flávio Antônio mais uma vez cumprindo o seu papel. melhoria da vida da sociedade mineira e
Harildo Norberto Ferreira Poderíamos listar outros momentos objetivando tornar Minas no melhor Es-
José Fernando das Neves Domingues importantes, nos quais tivemos que revi- tado para se viver.
Márcio Stoduto de Melo sar nossa missão e ajustar nosso foco para
Maria de Fátima Singulano
Maria Helena Martins Chaves Alves termos competência e competitividade e
Marisa Liliane Vasconcelos continuarmos no mercado. Hoje um
Assessoria de Relações novo desafio se coloca à nossa frente. As
Públicas e Imprensa: soluções de balcão não atendem mais às
Harildo Norberto Ferreira expectativas e demandas dos clientes. E
RG 2.731 SJPMG isto nos leva a refletir sobre uma nova
Redatores: EMATER-MG, que, sem perder sua his-
Ângela Barbosa tória na extensão rural, sem abrir mão da
Edna de Souza marca que a identifica no mercado, passa
Harildo Norberto Ferreira
Fernanda Vasques (estagiária) a atuar como uma Promotora de Desen-
Projeto Gráfico: volvimento, identificando, alavancando,
Roberto Caio provocando, inovando, coordenando e exe-
Márcia Rezende cutando, junto com parceiros, empreita-
Artes Gráficas: das que levem às pessoas e organizações
Divisão de Recursos Materiais possibilidades de criar novas oportuni-
DIREM/EMATER-MG dades para crescerem. Mas estamos fa-
Tiragem: 13.000 exemplares lando de um crescimento que promova
A reprodução dos artigos, total ou parcial, o desenvolvimento social e econômico
pode ser feita desde que citada a fonte de todas as pessoas envolvidas, o desen- José Silva Soares
volvimento com justiça social. Um cres-
cimento que tenha componentes de pla-
nejamento que busquem a longevidade
deles, ou seja, o desenvolvimento susten-
tável, lembrando sempre que a sustenta-
bilidade, dentre muitos pressupostos, pas-
sa pelo respeito e cuidado com o meio
ambiente, para devolvermos às gerações
Queijos tradicionais de
Minas com mais qualidade
As primeiras etapas da coleta de da- Benefícios
Ângela Barbosa dos foram realizadas nas regiões do Serro
José Olímpio (foto) Em Minas Gerais existem cerca de 27
e de Araxá. Com o resultado dessa pes-
mil produtores na atividade, com uma pro-
I
quisa, os extensionistas da EMATER–
dução anual de 70 mil toneladas/ano. Des-
MG dessas regiões vão direcionar ações
dentificar a qualidade do queijo mi- para a melhoria do padrão de qualida- ses, 10.773 são produtores das quatro re-
nas artesanal”, observando se está de do queijo. Desde 1998, a SEAPA, giões caracterizadas que produzem, anual-
em condição de ser consumido com por meio da EMATER–MG, em par- mente, 33.570 mil toneladas de queijo em
segurança, é o objetivo da pesquisa ceria com diversas entidades, desenvol- 46 municípios, gerando 26.870 empregos
que a Universidade Federal de Viçosa ve o Programa de Apoio aos Queijos diretos. A coordenadora Técnica Estadual
(UFV) está desenvolvendo em parceria Tradicionais de Fabricação Artesanal de da EMATER–MG, Marinalva Martins
com a EMATER–MG nas regiões ca- Minas Gerais nas regiões caracteriza- Soares e a extensionista Sandra Pereira,
racterizadas como produtoras de queijo das. As finalidades são adequar as insta- que, junto com técnicos da EMATER–
minas artesanal: Serro, Araxá, Alto Paranaí- lações, desenvolver boas práticas de MG de Araxá acompanharam a coleta de
ba e Canastra. As amostras dos produtos: fabricação, obter o controle sanitário do dados. Marinalva Martins fala sobre o Pro-
leite, água, do pingo (soro do queijo) e rebanho e o tratamento da água para grama no Estado:
do próprio queijo, são coletadas com o cumprir a Lei Estadual 14.185, de 31
apoio dos técnicos da EMATER–MG, e de janeiro de 2002, que dispõe sobre o Revista da EMATER–MG – Quais
as análises feitas nos laboratórios da UFV processo de produção do queijo minas as dificuldades para o desenvolvimen-
e da própria região. A pesquisa integra o artesanal. A lei determina o limite máxi- to do Programa?
Programa de Apoio aos Queijos Tradici- mo de presença de bactérias e outros mi- Marinalva Soares – A produção do
onais de Fabricação Artesanal de Minas croorganismos nocivos à saúde humana queijo minas artesanal, secular nestas re-
Gerais, da Secretaria de Agricultura, Pe- e também o padrão físico-químico do giões que mantêm a tradição tecnológica
cuária e Abastecimento (SEAPA) em par- queijo (acidez, formato e tempo de ma- de produção, repassada de geração em
ceria com a FERT – Cooperação Fran- turação) e outras características organo- geração, vem enfrentando algumas difi-
cesa. lépticas (cor, sabor e odor). culdades. O maior desafio dos agriculto-
M
extensionista da EMATER–MG em Dona Bons resultados
unicípio de agricultura tradi- Euzébia, Marco Aurélio Salgado Pires, mais
cional, Dona Euzébia, loca- de 270 famílias de agricultores familiares Há 14 anos na atividade, o produtor
lizado na Zona da Mata, foi recebem assistência técnica da EMATER– Antônio de Roma Venâncio trabalha com
aos poucos se transforman- MG na produção de mudas e outras 270 produção de mudas num sistema tipica-
do em importante pólo produtor de mudas. se dedicam à comercialização do setor. A mente familiar. Com o filho, Paulo Ro-
Depois de passarem por muitas crises nos previsão de plantio para até 2005 chega a berto, e o irmão, Sebastião Manoel, ele
vários ramos da atividade agrícola, princi- 10 milhões de mudas, tendo em 2003 al- trabalha em parceria no Sítio Veraneio, re-
palmente na cafeicultura e na cultura do cançado 2,8 milhões de mudas cítricas e cebendo apenas a terra e as mudas. To-
fumo, os produtores rurais do município dois milhões de plantas ornamentais, pro- das as despesas oriundas da atividade são
conseguiram colocar Dona Euzébia em 1º duzidas praticamente com recursos dos por conta própria. Na comercialização, o
lugar no Estado em produção de mudas produtores. proprietário fica com 20% do total arreca-
cítricas, produzindo também mudas de São mudas de mais de 200 variedades dado.
outras frutíferas, além de plantas ornamen- de plantas. Só de citros são 28 espécies, Utilizando irrigação por aspersão, An-
tais e florestais. como: laranjas-da-baía, baianinha, serra- tônio produz 42 mil mudas. São 16 meses
A cafeicultura era a atividade principal d’água, pera rio, seleta e tangerinas ponkan para produção, da semeadura à comercia-
há mais de 30 anos. Posteriormente, veio a e murcote, mexericas (laranja-cravo) cra- lização. Comercializando o viveiro comple-
cultura do fumo, que se apresentava como vo e rio e limão tahiti e galego. Dentre as to, o produtor consegue preço de até R$
alternativa à do café. Depois de seu declí- variedades frutíferas, Dona Euzébia pro- 1,70 por muda. No varejo sai a R$ 2,00.
nio, com a entrada das multinacionais no duz um pouco de tudo. Assim, o consumi- O processo de propagação é através de
mercado, veio a cultura da cana-de-açúcar. dor poderá encontrar mudas de acerola, enxertia e o porta-enxerto é o limão-cra-
Produtores com áreas pequenas, apesar do cupuaçu, camu-camu, sapoti, entre outras. vo, utilizado para se conseguir bons sabo-
uso incipiente de tecnologia, foram os pio- Com as espécies florestais e ornamentais res. Ao atingir o diâmetro de um lápis (0,7
neiros no ramo. Mas, o que impulsionou a também não é diferente, são mudas de açaí, cm mais ou menos), enxertam-se as varie-
economia do município foi a produção areca, moreira, nolina, estrelizia, eugênia, dades de frutas cítricas que se deseja pro-
com tecnologia e amplitude de espécies. pau-brasil, palmeira imperial, sibipiruna e duzir. Quando as mudas chegam a ter de
Hoje a atividade gera cerca de 600 em- mogno. Uma produção importante para a quatro a sete folhas, são transportadas para
pregos diretos e 500 indiretos. E não obs- arrecadação municipal, em torno de R$ 16 o terreno, plantadas com espaçamento
tante o desaquecimento da economia na- milhões anuais. A parceria para apoio à ati- mínimo entre as plantas de 25 centímetros
cional e o aumento do desemprego no País, vidade envolvendo EMATER–MG, Pre- e entre as fileiras de 80 centímetros.
“Tudo isso para se conservar a carac-
terística de sabor e produtividade da plan-
ta-mãe, além de precocidade na produ-
ção”, explica o extensionista Marco Auré-
lio Pires. Não se recomenda utilizar semen-
tes ou mudas das plantas adultas para no-
vos plantios. Os tratos culturais são como
os de qualquer outra cultura, como análise
T
nais altamente preservados, um adoçan- dos. O apoio e a assistência da EMATER–
radição, clima, qualidade do te natural que tem em sua composição MG no processo de produção e associati-
solo e potencial de inserção no sacarose, frutose, glicose, potássio, cál- vismo são fundamentais, assim como a
mercado são fatores positivos cio, magnésio, fósforo, sódio, ferro, man- parceria da Prefeitura em toda a parte
que incentivam as famílias ru- ganês, zinco, flúor, vitaminas A, B1,B2, logística (transporte e mão-de-obra para
rais em Itamarati de Minas a produzirem B5, C, D2, D6 e E. a entrega de insumos).
açúcar mascavo. A localização do muni- Itamarati de Minas, um dos municípi-
os que fazem parte da Unidade Regional
Produção e exportação
cípio, na Zona da Mata mineira, próximo
de grandes centros consumidores como da EMATER–MG em Cataguases, é um O produtor Luciano Alves de Moura
Juiz de Fora, Belo Horizonte, Rio de Ja- dos maiores produtores de açúcar mas- se destaca na produção de açúcar masca-
neiro e São Paulo, é outro ponto funda- cavo da região, mantendo por mais de 40 vo com uso de tecnologias inovadoras,
mental e abre um leque de oportunidades anos uma tradição da agroindústria arte- diferente dos engenhos tradicionais da re-
para o incremento da comercialização, sanal e familiar com a produção de cana- gião. Em 2001 ele iniciou no engenho o
possibilitando maior geração de emprego de-açúcar. Inicialmente, os produtores do processo de vapor de caldeira, que pro-
e renda na região. município se destacaram na produção da porcionou mais economia e alta produti-
Com população rural de aproximada- rapadura, porém muitos deles, sem con- vidade, já que o processo é automatizado,
mente mil habitantes (um quarto da po- dições de investir em
pulação urbana), Itamarati de Minas tem tecnologia, acabaram
um PIB agropecuário de mais de R$1,5 saindo do mercado.
milhão, com produção diversificada em “No passado, eram
horticultura, café e lavouras tradicionais
(arroz, feijão e milho), sendo a bovinocul-
tura de leite a base da economia do muni- “Quem conseguiu
cípio, com um plantel de 700 matrizes e se modernizar e
produção de 136.500 litros/leite/mês. Mas melhorar os en-
é na agroindústria que está a sua maior genhos, se volta-
capacidade para gerar emprego, renda e, ram para a pro-
conseqüentemente, benefícios sociais (são dução de açúcar
120 empregos diretos e indiretos, distribu- mascavo conse-
ídos nas oito unidades produtivas de açú- guindo melhores
car mascavo). A produção gira em torno mercados” (pre-
de 1.700 toneladas por ano, em área de feito José
275 ha de plantio de cana-de-açúcar. Américo)
Edna de Souza
Pedro Giovanio (fotos) também influenciam no cálculo do preço
do leite resfriado, como informa Noel.
“Fizemos um trabalho de conscientização
no município e mostramos que a qualida-
de é fator primordial para se consegui-
leite transportado em latões, re- rem bons preços, e que, sozinhos, os pro-
colhido em caminhão e entre- dutores teriam pouco poder de barganha,
gue às cooperativas é um cená- já que a quantidade também influencia,
rio que passa a pertencer ao pas- proporcionando maiores ganhos”, acres-
sado. A nova legislação sanitária sobre a centa.
produção, identidade e qualidade do leite, Segundo o gerente, o leite é resfriado
definida na Instrução Normativa Nº 51 logo após a ordenha a 4°C para impedir a
do Ministério da Agricultura, Pecuária e multiplicação de bactérias, mas os tanques
Abastecimento/Secretaria de Defesa comunitários têm que estar estrategica-
Agropecuária (MAPA/SDA), que visa à me- mente posicionados para facilitar a entre-
lhoria da qualidade do leite e seus deriva- ga do leite, já que esse não pode ultrapas-
dos, determina aos produtores rurais utili- sar o tempo de entrega que é de duas
zarem os tanques de expansão para a refri- horas, como determina a Norma. Como
geração do leite a ser entregue aos laticínios o leite precisa estar dentro dos padrões
para o processamento. exigidos, os testes são realizados antes de
A Instrução Normativa altera signifi- ser colocado nos tanques. A parceria
cativamente o processo de produção de EMATER–MG, Prefeitura Municipal e
leite no País, com o objetivo de atingir es- Cooperativa dos Produtores de Leite de
ses resultados. Essa Norma será implanta- Leopoldina – LAC propiciou mais segu-
da de maneira gradual. De acordo com as rança aos produtores. A EMATER–MG
regiões, o prazo vai de 2005 a 2007. Mi- atua na mobilização, organização e assis-
nas Gerais, na região Sudeste, deverá estar tência técnica, a LAC intermediou a aqui-
Na recepção do leite, testes de
totalmente adaptada até 1º de julho de 2005. sição dos tanques, e a Prefeitura Munici- acidez e teor de gordura
Para se adequar a essa Norma, sem pal contribuiu com terreno e materiais para
recursos para investimentos e aquisição construção de infra-estruturas.
dos tanques de resfriamento, que cus-
Organização para vencer
Base da economia do município, em desafios
tam em média de R$ 12 mil a R$ 20 mil, Cataguases a bovinocultura de leite tem um
os pequenos produtores passaram a se plantel que chega a quase 8 mil matrizes, A médica veterinária Maristela Vidigal
organizar e criaram associações para a com produção em torno de 594 mil litros Carneiro, secretária Municipal de Agricul-
compra conjunta dos equipamentos. Em por mês, uma média de 74 litros/produ- tura e Meio Ambiente de Cataguases, afir-
Cataguases, na Zona da Mata, a equipe tor/dia. Dos 270 produtores, 213 partici- ma que, no município, “o nível de organi-
da EMATER–MG trabalha com mais pam das três associações existentes: Cata- zação em associações já está próximo do
de 80% dos produtores organizados, guarino, Glória e Sereno. Produzem uma ideal. Indiretamente, a Prefeitura incentiva
como informa o gerente da Unidade média diária de 56 litros de leite por asso- a formação de associações, já que todos
Regional em Cataguases, Noel de Aqui- ciado e usam os 23 tanques de resfriamen- os programas voltados para a agricultura
no Campos. “Individualmente, a compra to, com capacidade de recepção de 19 mil são desenvolvidos junto com os técnicos
e manutenção desses tanques se torna- litros por dia. Em 2003 o volume comer- da EMATER–MG que utilizam a organi-
ram inviáveis, já que em muitas regiões cializado de leite no município foi de 4,2 zação como metodologia de trabalho. A
existem produtores que não chegam a milhões de litros, com uma arrecadação Associação dos Produtores Rurais de Ca-
tirar 20 litros de leite por dia”. O tanque de cerca de R$ 2 milhões por ano. Com o taguarino foi a primeira a ser criada e é a
de expansão comunitário foi uma das for- sistema de resfriamento e granelização do que tem o melhor nível de organização”.
mas encontradas pelos produtores de leite leite, os produtores obtiveram um ganho Para o presidente da Associação dos
para permanecerem na atividade e con- adicional médio de R$ 2 mil por produ- Produtores Rurais da comunidade de Ca-
tornarem os altos custos empregados para tor/ano. taguarino, Marcelino Justino Neto, a cria-
sido nossa base para expansão, de nos Exemplo desta parceria para servi-
Harildo Ferreira
estabelecermos onde haja uma função ços de extensão é o convênio recente-
Alexandre Soares (fotos)
social a desempenhar”, explica o reitor mente assinado com a EMATER–MG,
Adair Ribeiro, reafirmando o compro- de cooperação técnica e científica. O
misso com o caráter comunitário da objetivo é buscar articulações para tra-
Unincor. Segundo o professor Adair, balhos de sustentabilidade ambiental,
U
ma universidade comunitária, “apenas a Unincor e a PUC–Minas fo- organização rural, planejamento rural
voltada para as demandas da ram recentemente avaliadas pela Asso- participativo, treinamento e extensão ru-
sociedade mineira e, mais espe- ciação Brasileira de Universidades Co- ral. “Nossos cursos de Agronomia e Ve-
cificamente, para a comunida- munitárias como instituições que efeti- terinária certamente são um suporte im-
de do Sul de Minas, onde está instalada. vamente levam à prática este caráter”. portante para a agropecuária na região,
Este é o principal traço de um perfil ins- Além da expansão geográfica, a Unin- nossa principal base econômica. Com o
titucional e pedagógico da Universidade cor abre novas frentes de conhecimen- convênio firmado com a EMATER–
Vale do Rio Verde – Unincor, de Três to, um processo também orientado para MG, possibilitamos aos nossos alunos o
Corações, com um corpo discente de 10 atendimento de demandas e realidades conhecimento da realidade econômica e
mil alunos, em diferentes áreas do co- sociais, conforme afirma a pró-reitora social dos produtores rurais, abrindo
nhecimento. A Unincor faz parte da his- de Graduação e Assuntos Acadêmicos, perspectivas para um relacionamento
tória e tradição cultural da região Sul de professora Joana Beatriz Barros Perei- não apenas no campo técnico, mas so-
Minas, fundada inicialmente como colé- ra. Com interface direta com a econo- bretudo na formação humana voltada
gio, em 1965. Transformada em univer- mia agrícola regional, a Universidade para a responsabilidade social”, explica a
sidade em 1998, a Unincor vive um pro- criou os cursos de Medicina Veterinária professora Joana Beatriz.
cesso vigoroso de expansão, com a insta- e Agronomia, ambos em Três Corações. A Universidade tem hoje 25 solicita-
lação de campus em Belo Horizonte, Pará As primeiras turmas destes cursos se for- ções de abertura de novos campus, infor-
de Minas, Caxambu, Betim e São Gon- mam em 2005, mas já desenvolvem tra- ma o reitor Adair Ribeiro. O último, em
çalo do Sapucaí. balhos de extensão em parcerias, com processo de instalação, é a unidade de
“Estes novos campus, em pleno fun- resultados que vêm abrindo novas pers- Pará de Minas, uma região de economia
cionamento, são frutos primeiramente de pectivas para os produtores rurais da também agrícola e que por isso deve ini-
uma demanda dessas regiões. Esta tem região. ciar suas operações com o curso de Agro-
Fazenda Patrimônio em reforma para abrigar a reitoria Reitor Adair Ribeiro: Universidade sintonizada com as
demandas sociais
Pró-reitores Joana Beatriz e Natanael Átila Professores Nelson Delú, Emerson Nogueira, Vivianne Silvestre e o gerente
da Fazenda Patrimônio, Rui Fonseca
tras etapas da cadeia produtiva, como, por sultas até cirurgias. de integração da Universidade com a co-
exemplo, o beneficiamento de peles”, ex- Para o coordenador do curso, profes- munidade de famílias rurais do município
plica. O mercado consumidor é bom, ga- sor Antônio Carlos, uma das bases para e da região”, afirma. Assinado recente-
rante o produtor: “O que produzir de car- sustentabilidade do agronegócio na região mente, as ações estão em fase de elabora-
ne é comercializado aqui mesmo na re- é a diversificação de atividades: “Este tem ção de projetos, para atuação conjunta das
gião”. Com um ano de assistência da Unin- sido o nosso enfoque com as ações de duas instituições junto às comunidades
cor, a melhoria da ovinocultura de San- extensão da Medicina Veterinária da Unin- rurais. A expectativa, reafirma o coorde-
derson “deve contribuir para a expansão cor. A agricultura, principalmente a fami- nador, é “proporcionar aos alunos de
da atividade em Três Corações e região”, liar, precisa buscar tecnologias acessíveis, Agronomia um contato direto com a rea-
afirma o professor Humberto Brandão. diversificar-se e trabalhar com agregação lidade da agricultura familiar no municí-
São os resultados de serviços da ex- de valor à produção. Trabalhamos em pio, vivenciar seus problemas e atuar em
tensão, tanto da Unincor quanto da parceria com a EMATER–MG, pois esta parceria, em busca de soluções adequadas
EMATER–MG em Três Corações, que é a forma de levarmos tecnologias de ao desenvolvimento sustentável desta im-
vêm consolidando o desenvolvimento do baixo custo aos produtores rurais”, con- portante atividade econômica e social”.
agronegócio na região, explica o coorde- cluiu o professor. Entre as unidades de apoio pedagógi-
nador de Veterinária da Universidade, pro- co aos alunos de Agronomia, na Fazenda
fessor Antônio Carlos de Andrade. Ainda Patrimônio – uma construção centenária
para a ovinocultura, o coordenador cita o Caminhos para a que passa por reformas para se tornar a
trabalho bem-sucedido de transferência integração comunitária
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ sede da Reitoria da Universidade – estão
de embrião de ovinos, realizado pelo pro- um horto de plantas medicinais, uma horta
fessor Humberto Brandão, em parceria Estudo de concentração de nitrato em experimental, áreas experimentais de cul-
com o médico veterinário Jolmer de Sou- alface hidropônica e convencional. Obje- turas (milho e café), áreas de fruticultura
za Andrade e o produtor rural Raimundo tivo: observar os níveis de nitrato na plan- (12 espécies diferentes, com 400 plantas
Wilson Motta. Realizada no município ta. O produto vem com a adubação e, se cada), pomar e criações de bovinos. Na
mineiro de Ferros, a transferência de ingerida alta quantidade, pode afetar a Unincor também está instalado o Comitê
embrião de ovinos foi a primeira experi- saúde das pessoas, principalmente das cri- de Sub-bacias Hidrográficas do Rio Ver-
ência de Minas Gerais “e abre excelentes anças. A pesquisa é feita pelos alunos de, o primeiro a ser criado no Brasil. Em
possibilidades para a ovinocultura de lei- Murilo Resende Pereira e Júlio César função disso, a Universidade mantém con-
te, produzindo F1 de boa qualidade”, re- Merlin Gomes. vênio com o Instituto Estadual de Flores-
lata o professor Antônio Carlos. Esta é uma das muitas pesquisas em tas – IEF e deve produzir 200 mil mudas
A primeira turma de Medicina Vete- andamento pelos alunos de Agronomia da de espécies nativas para, em parceria com
rinária da Unincor forma-se em julho de Unincor, com supervisão e orientação de a EMATER–MG, promover a recom-
2005, com 106 alunos. O curso, no cam- professores, todas voltadas para o cotidi- posição de matas ciliares nas sub-bacias
pus em Três Corações, conta com um ano da comunidade de Três Corações, do Verde.
Hospital Veterinário, laboratórios, salas de onde fica o curso de Agronomia. As ações Os alunos atuam em extensão em par-
necrópsias e instalações zootécnicas. Bo- de extensão da Agronomia, revela o co- ceria com alunos do curso de Nutrição,
vinocultura de corte e leite e tecnologias ordenador do curso, professor Emerson com trabalhos voltados para a seguran-
de alimentos são alguns dos focos peda- Nogueira Dias, devem ganhar impulso a ça alimentar, atendendo escolas, creches
gógicos do curso. Uma vez por semana, partir do convênio assinado entre Unin- e postos de saúde do município de Três
às sextas-feiras, a escola assiste com ser- cor e EMATER–MG: Corações. Estas unidades práticas de
viços de extensão em seu campus os pro- “Esta parceria é um passo importante ensino também são alvo de visitas técni-
dutores rurais do município, desde con- para aprofundar ainda mais o processo cas de produtores rurais. O fundamen-
tal, explica o professor Nelson Dellú Fi- nomo, prestem assistência técnica aos pro- com o milheto), tornando-o de 21 para
lho, assessor de Pesquisa da Unincor, “é dutores que demandarem análise de solo. 42 cromossomos, um híbrido hexoplói-
aprofundar cada vez mais este intercâm- Para o professor Nelson Dallú, seria im- de, passando a gerar sementes:
bio entre alunos e produtores rurais, im- portante, agora, que o município estimu- “Com 21 cromossomos, o híbrido é
portante para o conhecimento da reali- lasse de alguma forma a criação um en- um bom material forrageiro, mas com
dade regional e, desta forma, estarem ap- treposto de calcário, “completando o cír- reprodução vegetativa. Com 42 cro-
tos a contribuir para as mudanças e os culo de atendimento a estas demandas da mossomos, o híbrido hexoplóide man-
processos de desenvolvimento que a re- agricultura familiar em nossa região”, tém as boas características nutritivas,
gião requer”. acrescenta. mas agora com reprodução via semen-
No final deste ano, a primeira turma te. Assim, será importante para os cria-
de agrônomos da Unincor, de 60 alunos, dores de gado de leite, pois evitará cus-
Apoio à produção estará formada. Como afirmou o coor- tos e dificuldades de transportes, por
agrícola
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ denador do curso de Agronomia, profes- exemplo, para o plantio do híbrido “es-
sor Emerson Nogueira Dias, “a agricul- téril”, que só se reproduz via colmos”,
Inaugurado recentemente, o Labora- tura familiar deve ser o nosso foco, sem, explicam os professores da Unincor.
tório de Análise de Solos da Unincor é o evidentemente, perder de vista a agricul- O professor Jucélio Abreu informa
primeiro na microrregião do Circuito das tura comercial”, a própria região reserva que a pesquisa entra agora em fase de
Águas e deve ter papel importante no pro- desafios e possibilidades para estes alu- avaliação, com testes de campo, seleção
cesso de desenvolvimento da agropecuá- nos. Afinal, o agronegócio é uma das prin- e melhorias. A expectativa, afirma o pes-
ria. Para a professora Viviane Silvestre, cipais bases econômicas do Sul de Minas, quisador, é de uma forrageira melhor
engenheira química e gerente do Labo- com importante participação dos produ-
ratório, os produtores rurais têm consci- que suas formadoras. O professor acres-
tores familiares. centa ser ainda imprevisível o tempo
ência da necessidade de análise de solo
para a condução de suas atividades, “mas para utilização da forrageira: “Deve le-
o problema tem sido as dificuldades que Tecnologias var ainda alguns anos”, avalia. A pes-
encontram para fazer estas análises”, ex- de ponta quisa foi uma demanda da EMBRA-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Reassentamento Coletivo
Atingidos pela Usina terão assistência técnica da EMATER-MG
Minas, Leme do Prado, Botumirim, Cris- las composta de um agrônomo e uma ex-
Ângela Barbosa
tália e Grão Mogol) e tem previsão de tensionista de Bem-estar Social, num to-
CEMIG (foto)
gerar 360 MW de energia, suficientes para tal de 12 profissionais. Eles já concluíram
abastecer uma cidade com aproximada- o Levantamento Socioeconômico e Cul-
mente um milhão de habitantes. O custo tural das famílias atingidas em suas co-
de implantação de Irapé está orçado em munidades de origem e estão preparando
Usina Hidrelétrica de Irapé, no R$ 740 milhões, com recursos da Cemig os Projetos de Desenvolvimento Susten-
Vale do Jequitinhonha, que e do Governo do Estado. tável do Reassentamento – PDR, que irão
está sendo construída pelas Na área que será inundada (134 km²), nortear as ações de transferência para as
Centrais Elétricas de Minas aproximadamente 750 famílias que vivem novas áreas. O PDR é uma experiência
Gerais (Cemig), será uma das maiores bar- em imóveis e propriedades rurais serão adaptada dos Programas de Desenvolvi-
ragens do Brasil, com 205m de altura. Nes- reassentadas em outras terras adquiridas mento de Assentamento de Reforma
ta empreitada, a Cemig tem a EMATER– pela Cemig, em 86 propriedades de 18 Agrária (PDA), do Incra. O levantamen-
MG como uma das parceiras, responsá- municípios. A EMATER–MG vai pres- to completo irá abordar questões como
vel pelos Projetos de Desenvolvimento tar assistência técnica às famílias que vão escolaridade, situação ocupacional, servi-
Sustentável do Reassentamento (PDR) da receber, cada uma, um módulo fiscal que ços sociais básicos, educação, habitação e
população atingida pelo reservatório. varia de 40 a 50 hectares. Para a execu- atividades agropecuárias.
Com eixo entre os municípios de Be- ção do trabalho, foram contratadas pela “Para preparar o projeto, levamos em
rilo (distrito de Lelivéldia) e Cristália, a EMATER-MG seis equipes técnicas com consideração as experiências dos atingidos
barragem vai inundar parte de seis muni- sede em Turmalina, Capelinha, Grão e suas expectativas para a nova situação”,
cípios (Turmalina, José Gonçalves de Mogol, Cristália e Janaúba, cada uma de- diz o engenheiro agrônomo Solano de
Fernanda Vasques passivo ambiental”, explica. em duas fases, por meio de uma peneira
Arquivo EMATER-MG (foto) Ocupada com esta questão, a EMA- rotativa. A partir daí são transportados
TER–MG está implantando um projeto num caminhão adaptado até as proprie-
piloto com um suinocultor em Ponte dades beneficiadas e depositados nas bi-
Nova. “O produtor se compromete a oesterqueiras. Estes dejetos ficam cur-
entregar os dejetos na forma de esterco tindo até que ocorra sua estabilização,
suinocultura é uma atividade
para 15 produtores familiares. Dessa for- quando então são levados até as lavou-
que tem crescido e ganhado es-
ma, os dejetos são tratados por meio de ras e utilizados em quantidades variáveis,
paço no mercado nacional e
bioesterqueiras, que ficam nas proprie- dependendo da qualidade do solo”.
internacional, conquistando
dades. O material bruto fica depositado Em parceria com a Prefeitura Muni-
cada vez mais consumidores. Em Minas
nessas bioesterqueiras entre 90 e 120 dias. cipal de Ponte Nova e com produtores
Gerais, as principais regiões responsáveis
Com isso, há uma redução considerável da região, a EMATER–MG já tem obti-
pela criação de suínos são o Triângulo
nos três principais impactos ambientais do bons resultados com a implantação
Mineiro e Alto Paranaíba, com uma con-
causados por dejetos suínos: malcheiro, do novo sistema. “Além de dar um desti-
centração maior em Patos de Minas, no
proliferação de mosquitos e aumento da no adequado aos dejetos suínos, houve
Sul de Minas, nas cidades de Lavras e
demanda biológica de O2 (DBO), quan- um aumento da produção e da produti-
Alfenas, e na Zona da Mata, em municí-
do lançados in natura nos corpos d’água”, vidade de culturas, como milho, feijão,
pios como Urucânia, Jequeri e Ponte
diz Manoel Simões. cana, capineira e pastagens”, afirma
Nova, na região do Vale do Piranga. Com
Ele explica como se dá o processo Manoel Simões. Segundo ele, o principal
o aumento da produtividade por animal
de bioesterqueiras: “Os dejetos são cole- papel da EMATER–MG é coordenar a
e por área, a quantidade de dejetos suí-
tados juntamente com a água utilizada logística de entrega e acompanhar tecni-
nos produzida também aumentou con-
na limpeza das instalações e separados camente a utilização dos dejetos. Além
sideravelmente.
Com a utilização contínua dos deje-
tos como fertilizante agrícola, surgiram
os problemas de contaminação dos ma-
nanciais com microorganismos e mine-
rais. De acordo com o extensionista da
EMATER–MG em Ponte Nova, Ma-
noel Simões Barros, “esse excesso de mi-
nerais contaminando as águas correntes,
por meio da acumulação no solo e pos-
terior lixiviação ou vazamentos de lago-
as de represamento e depuração, consti-
tui um poluente implacável, que afeta a
qualidade da água, além de causar mor-
talidade expressiva de peixes e a prolife-
ração de insetos”.
Nesse contexto, a EMATER–MG
desempenha um importante papel no que
diz respeito à preservação ambiental e
ao desenvolvimento sustentável. Segun-
do Manoel Simões, a região do Vale do
Piranga e Alto Rio Doce possui aproxi-
madamente 45 mil matrizes de suínos.
“Cada matriz instalada e seus descenden-
tes produzem aproximadamente 150 li-
tros de dejeto/dia (água de limpeza, de-
jeto sólido e urina), uma produção bas- A EMATER-MG participa dos trabalhos para resolver os
tante expressiva, que gera um grande impactos ambientais com a suinocultura
aram uma associação e firmaram uma tação deve passar dos atuais 12 para 20
Edna de Souza
parceria com a empresa Sésamo Real Ali- hectares na safra de 2005. De olho nesse
Maurício Almeida (foto)
mentos, que garantiu a compra do pro- mercado e buscando atividades mais pro-
duto, viabilizando a produção. dutivas para a agricultura familiar, a
m Campo Florido, no Triângulo No Brasil, o consumo interno do ger- EMATER–MG está incentivando a ex-
Mineiro, a EMATER–MG e a gelim tem aumentado de forma significa- pansão da área cultivada na região.
Prefeitura Municipal trabalham tiva. Com isso, a cultura, que antes era A atividade pode ser considerada tipi-
em parceria na assistência às 12 considerada de fundo de quintal, está em camente familiar, segundo a extensionista
famílias de agricultores do assentamento expansão, com a maior parte produzida Eugênia Mara, já que sua colheita é basi-
Nova Santo Inácio Ranchinho. Neste tra- sendo exportada para o Japão. A cotação camente manual, e o grande produtor
balho se destaca uma cultura tipicamente varia entre U$ 500 e U$ 700 a tonelada. geralmente investe apenas em agricultu-
oriental: o gergelim, uma atividade que Se depender do mercado consumidor, os ras mecanizadas. “Com estas característi-
propicia, normalmente, de 8 a 10 empre- produtores podem ampliar, e muito, a área cas, o gergelim é uma cultura atrativa para
gos diretos e indiretos por hectare. O ger- plantada. A produção mundial é de 8 mi- a agricultura familiar”, explica a extensio-
gelim tem mercado garantido tanto no lhões de toneladas por ano, mas o produ- nista, uma das responsáveis pelo projeto.
Brasil quanto no exterior. Com plantio feito to tem uma demanda de 9 milhões de Mara acrescenta que as condições climá-
de forma coletiva em 12 hectares, a pro- toneladas para comercialização. Em me- ticas e o relevo suave e, principalmente, o
dução de cerca de 18 mil quilos por safra nos de dez anos o Brasil aumentou em grande contingente humano para assumir
(1,5 mil/ha) tem comercialização garanti- cerca de 75% sua área plantada, passan- este desafio fazem da região do Triângu-
da, segundo a extensionista da EMATER– do de 20 mil hectares em 1995 para 35 lo Mineiro um local de condições ade-
MG em Campo Florido, Eugênia Mara mil neste ano. O Triângulo Mineiro segue quadas para a exploração do gergelim.
Dias Gonçalves. As famílias assistidas cri- esta tendência. Em Campo Florido, a plan-
Origem e viabilidade
O gergelim é uma das espé-
cies vegetais mais antigas culti-
vadas pela humanidade, produ-
zido desde o tempo dos faraós
do Egito. O local de sua origem
é incerto, podendo situar-se en-
tre a Ásia e a África. Os princi-
pais centros de origem e difu-
são são Etiópia, Afeganistão,
Índia, Irã e China. O gergelim
chegou ao Brasil pelo Nordeste,
trazido pelos portugueses no sé-
culo XVI, e foi plantado, inicial-
mente, como cultura de fundo
de quintal. Neste período o pro-
duto era consumido na forma
de grãos.
A utilização do óleo de ger-
gelim na culinária asiática é tra-
dicional, sendo usado em vários
pratos já conhecidos dos brasi-
O gergelim tem
mercado garantido no
Brasil e no exterior
Sabor
Fernanda Vasques Pãodoce
Pão doce“lanche”
“lanche” R$ R$0,20
0,20
Arquivo EMATER-MG (fotos)
Pão sovado R$
Pão sovado R$ 1,50 1,50
Roscafatia
Rosca fatiadedeleite R$2,00
leite R$ 2,00
Roscaseca
Rosca R$ 1,20
seca R$ 1,20
ães, roscas, broas, bolos, caça- Usina do Funil,
rolas e o tradicional pão de quei- no Vale do Jequi- Broinha(quilo)
Broinha R$6,00
(quilo) R$ 6,00
jo mineiro. Essas são algumas tinhonha, com a Pãode
Pão dequeijo
queijo(quilo) R$ 6,00
(quilo) R$ 6,00
das especialidades das mulheres Usina de Irapé, e, Bolos R$
Bolos R$1,50
1,50
de Granada (distrito de Abre Campo), que em Mariana, com Broadedefubá R$ 1,00
fubá R$ 1,00
empreenderam e mudaram o rumo de suas a usina da Fumaça. Broa
Caçarola R$ R$3,50
3,50
vidas, após fundar a Associação das Mulhe- De acordo com a ex- Caçarola
res de Granada (ASMUGRA) e construir tensionista da EMATER– Ferradura R$ R$ 1,20
$ 1,20
Ferradura
uma padaria comunitária. A ASMUGRA MG em Raul Soares, Lucemar Rosquinhada
Rosquinha davovó
vovó(200
(200gr)
gr) R$
R$1,00
1,00
reúne 25 mulheres de comunidades atingi- Coura, o trabalho da Empresa tem sido Rosquinha de nata (200 gr) R$ 1,00
das pela Pequena Hidrelétrica de Granada efetivo para promover a reinserção das Rosquinha de nata (200 gr) R$ 1,00
(PHG). Com a assistência da EMATER– famílias e das mulheres da ASMUGRA.
MG, vontade e espírito de associativismo, “Tudo começou há seis anos, quando sur- levantamento das demandas do consumi-
o grupo conseguiu recuperar suas cultu- giu a associação fundada por pessoas da dor. “Foram as próprias mulheres que fi-
ras, melhorar as condições de trabalho e comunidade que têm interesses e caracte- zeram a pesquisa e obtiveram informa-
auto-estima. A usina foi construída em rísticas comuns e mantêm uma relação de ções sobre quais produtos os comercian-
Granada, a 20 quilômetros da cidade de amizade. Em seguida, a usina foi construí- tes compravam de outras cidades. Feito
Raul Soares. da em Granada, e, então, a comunidade isso, as mulheres receberam treinamen-
A EMATER–MG trabalha com es- começou a receber apoio e infra-estrutura tos em microbiologia de alimentos, higie-
sas famílias prestando assistência técnica da CAT-LEO (Força e Luz Cataguases- nização, processamento de farinhas e fa-
e dando suporte para que as pessoas atin- Leopoldina)”, informa. As mulheres se rináceos, fabricação de pães, bolos, ros-
gidas pela construção das barragens não organizaram e conseguiram construir uma cas e biscoitos. “Daí, então, resolveram
sofram ainda mais com as conseqüências padaria comunitária, um sonho antigo das empreender e colocar a padaria comuni-
da mudança. Como o caso das mulheres famílias da comunidade. tária para funcionar”, afirma a extensio-
de Granada, aconteceu também em La- Com orientação da EMATER–MG nista. De acordo com Lucemar, tudo o
vras, com as comunidades atingidas pela foi feita uma pesquisa de mercado e um que as mulheres de Granada consegui-
ram foi à custa de muito trabalho e dedi-
cação: “Recentemente elas conseguiram
pagar alguns equipamentos de que a pa-
daria precisava”.
Com o apoio da EMATER–MG, do
CMDRS (Conselho Municipal de De-
senvolvimento Rural Sustentável) e da
CAT-LEO, a padaria conta com uma in-
fra-estrutura de 96 m2 e equipamentos
adequados para produzir com qualidade
e sem aditivos químicos. Semanalmente,
elas utilizam 100 quilos de farinha de tri-