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Cooperativismo PROJETO DE MARKETING Vitória, 31 de julho de 2019

O FUTURO É Cooperativas mostram


que é possível produzir
e crescer sem esquecer

COMPARTILHADO da sustentabilidade
PAGS. 6 E 7

Foi por meio do


cooperativismo
que Kátia Martins
realizou o sonho de
empreender na área
de confeitaria
I
IN
NT
CE
VI
IO
B

Número de cooperados Cooperativas unem forças Com gestão inovadora,


aumenta 20% em um ano para ganhar competitividade cooperativas de saúde
no Espírito Santo e lançar novos produtos ampliam investimentos
PAG. 18 PAG. 28 PAG. 14
2 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 3

EDITORIAL
Cintia Bento Alves
Editora da Revista Cooperativismo

Cooperar nunca
foi tão necessário
U
m ciclo produtivo do bem. A definição
é da especialista em empreendedo-
Hoje, o faturamento das 126 cooperativas cons-
tituídas no Estado representa cerca de 5% do O cooperativismo
rismo Maria Flávia Bastos – pales-
trante do Painel Cooperar 2019 – e
Produto Interno Bruto (PIB) estadual.
Os números são grandiosos e, por si só, já seriam
é uma forma de
descreve com maestria os princípios um ótimo argumento para investir no modelo empreender sem
que norteiam o cooperativismo.
Os pilares que sustentam e garantem o sucesso
cooperativo. Mas o cooperativismo vai além da
questão econômica. É uma filosofia de vida, em
estar só,
do cooperativismo há décadas nunca foram tão que a preocupação com os assuntos que dizem podendo contar
atuais. O futuro da economia, dizem especialistas, respeito a todos é uma constante.
passa pela colaboração e pelo compartilhamento; Desenvolver a comunidade em que a co- com uma “rede
pela divisão, no lugar do acúmulo; e pela busca
por uma maneira mais sustentável de produzir.
operativa está inserida, promover a equidade
de gêneros, inovar na gestão de pessoas, cons-
de proteção”,
Lembrou do cooperativismo? Pois é: a asso- truindo um ambiente de trabalho mais humano formada por
ciação de pessoas por um objetivo comum já
comprovou ser eficiente na geração de emprego e
e com foco não só nos resultados, mas nas
pessoas: esses são alguns dos princípios que todos os outros
renda, em uma realidade em que os postos formais
de ocupação estão cada vez mais escassos.
regem o modelo cooperativo.
Por onde ele foi implantado, em setores tão
cooperados, e
O cooperativismo é uma forma de empre- diferentes, como Saúde, Educação, Agricul- com o apoio
ender sem estar só, podendo contar com uma
“rede de proteção”, formada por todos os
tura ou Transporte, o que se viu foi cres-
cimento sustentável, ancorado em boas prá- técnico e
outros cooperados, e com o apoio técnico e
financeiro da cooperativa para crescer. Ao
ticas, senso comunitário e preocupação com o
meio ambiente.
financeiro da
pulverizar conhecimento e recursos, o co- Como ressalta o presidente do Sistema OCB/ES, cooperativa
operativismo garante o crescimento conjunto
de todos os seus associados.
Pedro Scarpi Melhorim, “o cooperativismo é a
ponte para o futuro”. Um futuro mais sustentável,
para crescer
Nesta edição da Revista Cooperativismo, baseado na igualdade de oportunidades, na gestão
contamos a trajetória de pessoas que des- democrática e na certeza de que atravessar essa
cobriram que, juntas, poderiam ir mais longe. E ponte significa chegar a um lugar melhor.
que alcançaram resultados impressionantes. Boa leitura!

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O termo compartilhamento entrou em voga com as redes sociais e passou a fazer parte de todos os cenários, inclusive o econômico.
Em um quadro de crise mundial, cooperar, dividir e partilhar passam a ser imprescindíveis. Dessa forma, as dificuldades são “fatiadas”, e
um cenário otimista passa a ser vislumbrado, com grandes chances de prosperidade. Os pilares que sustentam e garantem o sucesso
do cooperativismo há décadas nunca foram tão atuais. Um modelo de negócio que gera trabalho e renda de maneira coletiva, onde todo
mundo ganha, de maneira justa. Como bem disse Fernando Dolabela, autor de vários livros da área, empreender é ser cada dia mais
cooperativo a ouvir e entender o que as pessoas têm a nos dizer, é estar atento ao que acontece ao nosso redor. E foi isso que fizemos:
ouvimos as pessoas e vamos contar as histórias para vocês. Espero que gostem!
EDITORA ESTÚDIO GAZETA: Tatiana Paysan

Cooperativismo EDITORA ESTÚDIO GAZETA: Tatiana Paysan (tpaysan@redegazeta.com.br) EDITORA: Cintia Bento Alves ; TEXTOS: Aline Nunes,Jaider Miranda,Luciana Castro, Murilo Cuzzuol e
Siumara Gonçalves; FOTOS: Fábio Vicentini; DIAGRAMAÇÃO: Andressa Machado e Adriana Rios; DIRETOR EXECUTIVO DE NEGÓCIOS: Marcello Moraes; DIRETOR DE JORNALISMO: Abdo
ESPECIAL DE
Chequer; EDITOR-CHEFE: André Hees; DIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE: Márcio Chagas; GERENTE ESTÚDIO GAZETA: Vagner Bissoli GERENTE DE EVENTOS E PROJETOS: Bruno Araújo
CORRESPONDÊNCIAS: Jornal A Gazeta, Rua Chafic Murad, 902, Monte Belo, Vitória, ES, CEP: 29053-315.
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ÍNDICE

8
FÁBIO VICENTINI

Inovação
de dentro
para fora
A preocupação em oportunizar
qualificação e chances de
crescimento para seus
colaboradores, com o objetivo de
fomentar um ambiente de trabalho
criativo e mais produtivo, é uma
das marcas do cooperativismo.
“Somos valorizados”, conta
Nandiny Cuel, que pediu para
mudar de cargo e conseguiu.

27
DIVULGAÇÃO FÁBIO VICENTINI

Café com selo


de qualidade
O agricultor Valdeir Tomazini é
um dos pequenos produtores
que fazem do Estado exemplo
no cultivo do café, investindo
na qualidade dos grãos para
que outros países experimentem e
se deliciem com o produto capixaba

30 10 e 11
DIVULGAÇÃO

Transformando
Educação e cidades e vidas
participação As cooperativas habitacionais
mudaram cidades, levaram o
desenvolvimento a bairros que antes
Nas cooperativas educacionais, não tinham infraestrutura e
a preocupação é formar cidadãos, continuam realizando sonhos, como o
e quem decide como e quando do casal Enia e Alan, que já curtem a
aplicar os recursos são os pais casa nova com o filho Ricardo
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6 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

UMA FORMA MAIS


SUSTENTÁVEL
DE PRODUZIR
O futuro da economia passa por
conceitos que estão na base do
cooperativismo, como a
colaboração e redução de custos

A
economia compartilhada, ou
colaborativa, está mudando o
mundo. Plataformas on-line,
como Uber e Airbnb, assim
como serviços de compartilhamento
de bicicletas ou patinetes, são exem-
plos de iniciativas que deram certo,
baseadas na ideia de coletividade e
partilha de recursos. É o caminho para
o futuro, dizem especialistas. E que,
na prática, já vem sendo adotado por
milhares de pessoas no mundo, por
meio do cooperativismo.
A colaboração está na base da filosofia
cooperativista, que promove o progresso FOTOS: FÁBIO VICENTINI E DIVULGAÇÃO
socioeconômicodoscooperados,dosseus d
familiares e das suas comunidades por
meiodauniãoentrepessoas.Para Samuel
Lopes Fontes, especialista em Adminis-
tração de Cooperativaspela Universidade
Federal de Viçosa, esse novo modelo eco-
nômico busca valores que estão presentes
no cooperativismo, como a transparên-
cia, a eficiência, a inclusão e a pulve-
rização dos resultados.
“Ambas as plataformas oferecem uma
integração entre quem produz e quem “Meu filho tem
um câncer raro Depois que aderiu ao
consome, quem demanda e quem con- cooperativismo, o
trata”, observa. O economista e mestre e agressivo, e
tivemos que caminhoneiro Valdemir
em Ciências Contábeis Felipe Storch Cavalcanti conseguiu comprar
Damasceno destaca o conceito de re- entrar na Justiça
para conseguir o um ônibus e aumentou a frota
dução e divisão de custos, também co-
mum aos dois modelos. tratamento.
Graças ao apoio
PARTICIPAÇÃO jurídico movimento de concretização de uma Caminhoneiro há 23 anos no interior do
No sistema cooperativista, as decisões recebido na nova percepção de mundo. Estado, Valdemir Cavalcanti trabalhava
são tomadas coletivamente, e os resul- cooperativa, “Ela representa o entendimento de que, como autônomo até que, em 2008, entrou
tados obtidos são distribuídos de forma conseguimos diante de problemas sociais e ambientais para a então recém-formada Cooperativa
igualitária, na proporção da participa- colocá-lo na fila que se agravam cada vez mais, a divisão de Caminhoneiros (Coopcam).
ção de cada membro. Para o superin- de transplante” deve necessariamente substituir o acúmu- “Antes de ser cooperado, eu era sócio
tendente da Organização das Coope- — lo. Trata-se, assim, de uma força que im- de um amigo em um caminhão. Com o
ILZINETE
rativas Brasileiras do Espírito Santo BARCELLOS pacta a forma como vivemos e, princi- tempo consegui comprar a parte dele,
(OCB/ES), Carlos André Santos de Oli- PROFESSORA palmente, fazemos negócio”, explica o su- passei a ser o único dono e ainda comprei
veira, a economia colaborativa é um APOSENTADA perintendente da OCB/ES. um ônibus para prestar serviço de trans-
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“Em pouco
porte de passageiros”, comemora.
Entre as vantagens de ser um coope-
rado, ele destaca os valores mais justos
Preocupação
em crescer sem
do frete e a garantia de trabalho cons-
tempo, tante, já que a cooperativa tem acordos
de prestação de serviço firmados com
expandi meu
agredir o meio
empresas. “Ao mesmo tempo que você
passa a ser dono do seu negócio, tem a
negócio. Hoje vantagem de contar com uma associação

ambiente
forte, que dá suporte ao trabalho”.
vivemos da EMPREENDEDORISMO
confeitaria” O cooperativismo é o modelo de eco-
nomia do futuro que já está transfor-
KÁTIA MARTINS CONFEITEIRA mando a vida das pessoas no presente. QUANDO SE PENSA nesse modelo econômico do futuro,
Ela saiu da informalidade ao Um exemplo são as cooperativas finan- uma característica fundamental é a sustentabilidade. E ser
se associar a uma cooperativa ceiras, instituições nas quais os coope- sustentável - tendo em mente, sempre, a preocupação com
de crédito rados não são clientes, mas, sim, usuá- temas coletivos -, faz parte da filosofia cooperativista. Um
rios e, ao mesmo tempo, donos. exemplo é o cuidado com o meio ambiente na produção
Fomentar o empreendedorismo en- agrícola.
tre seus associados é uma das missões A opção pelo uso de insumos de origem natural, como os
das cooperativas de crédito. É por adubos orgânicos, feitos com resíduos vivos de animais e
meio desse tipo de parceria, que ne- vegetais, vem crescendo no Estado. A capacidade de me-
gócios como o da confeiteira Kátia lhorar a resistência da plantação a pragas, ao mesmo tempo
Martins têm sido viabilizados. que aumenta a capacidade de armazenagem de água no solo,
Natural de São Paulo, ela chegou ao é uma das vantagens do uso de fertilizantes orgânicos.
Estado há dez anos, quando o marido foi Com sede na zona rural de Ibatiba, a Natufert é uma
transferido a trabalho, e teve que buscar indústria de fertilizantes orgânicos e organominerais (que
uma alternativa de renda. “Comecei fa- somam as vantagens da adubação orgânica às da adubação
zendo tortas para vender em uma bar- mineral) que, em pouco tempo, no mercado, se destaca como
raquinha em Itapoã. Era uma coisa pe- grande fornecedora para cooperativas de cafeicultura.
quena. Algumas clientes me sugeriram Com matéria-prima do fertilizante oriunda de galinhas
procurar o Sicoob, para sair da informa- poedeiras de Santa Maria de Jetibá, o trabalho da empresa
lidade.Empoucotempo,conseguimosex- fecha um ciclo virtuoso no processo produtivo no Estado,
pandir o negócio, meu marido passou a como explica o gerente de vendas Adilson Scantamburlo.
me ajudar e hoje vivemos da confeitaria”, “As granjas precisam dar um destino para o esterco das
diz Kátia, que agora atende encomendas e aves, e nós pegamos esse passivo ambiental e transfor-
também realiza festas e eventos com a sua mamos em adubo. Por sua vez, nossos clientes, ao usar o
empresa, a Torta e Cia ES. fertilizante orgânico, produzem mais e entregam mais café
Além do suporte financeiro, a asso- para a cooperativa. É um processo sustentável tanto do
ciação à cooperativa foi uma forma de ponto de vista econômico quanto ambiental.”
buscar conhecimentos sobre o mundo
dos negócios. “A cooperativa promove VALOR AGREGADO
cursos e eventos de capacitação que aju- Outra característica forte do cooperativismo é a união de
dam a aumentar a clientela e a lidar com forças para agregar etapas ao processo produtivo. Um exem-
a parte administrativa.” plo pode ser visto na maior associação de produtores de café
Esse suporte também foi o diferencial conilondopaís,aCooperativaAgráriadecafeicultoresdeSão
para a professora Ilzinete Barcellos. Gabriel (Cooabriel), que buscou recentemente uma forma de
Além da poupança extra gerada pelos agregar valor à sua produção, e consequentemente, me-
recursos acumulados lhorar o retorno financeiro para os seus mais
durante os anos de as- de 5.700 produtores cooperados.
sociação à Cooperativa Após mais de cinco décadas atuando co-
de Economia e Crédito mo fornecedora de matéria-prima para as
Mútuo dos Servidores indústrias do ramo, a cooperativa decidiu
do Municípios da Região lançar no mercado o seu próprio produto.
Metropolitana (Coopme- Sob a marca “Guardião”, o café será co-
Diante de problemas tro), o cooperativismo mercializado em embalagens de 250g. Desta
sociais e ambientais que deu o apoio que ela pre- maneira, a Cooabriel passou a trabalhar em
se agravam cada vez mais, a cisou no momento mais todas as fases de produção do café, desde o
difícil da sua vida. plantio, passando pela industrialização e che-
divisão deve necessariamente “Meu filho tem um cân- gando até o comércio.
substituir o acúmulo. Trata-se, cer raro e agressivo, e ti- “Criamos um produto final com potencial
assim, de uma força que vemos que entrar na Jus- de conquistar o mercado e mostrar o valor do
impacta a forma como vivemos tiça para conseguir o tra- café conilon, especialidade do Estado. Nosso
e, principalmente, fazemos tamento. Graças ao apoio foco é ganhar mercado, agregar valor à ma-
jurídico recebido na co- téria-prima dos produtores e poder pagar
negócio” operativa, conseguimos mais pela saca de café de nossos coope-
CARLOS ANDRÉ SANTOS DE OLIVEIRA colocá-lo na fila de rados”, afirma o diretor-presidente da co-
SUPERINTENDENTE DA OCB-ES transplante”,conta. l operativa, Luiz Carlos Bastianello.
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As pessoas sempre
ideia, no ano passado, os estagiários
ocuparam 28% do total de vagas ge-
radas na cooperativa”, comenta.

em primeiro lugar
DIFERENÇAS CULTURAIS
Um dos principais desafios do Sicoob
na atualidade é conciliar as diferenças
culturais no ambiente de trabalho. A
cooperativa está presente em 71 dos 78
municípios do Espírito Santo e em mais
12 cidades no Rio de Janeiro, e cada
colaborador tem hábitos distintos, de-
O Sicoob ES inova na gestão de pessoas e conquista selo de qualidade internacional por vido às peculiaridades da sua região.
suas boas práticas, que garantem um ambiente de trabalho mais cooperativo e humano “Cada vez mais o nosso trabalho se
baseia na integração desses profis-
FÁBIO VICENTINI sionais. Quando expandimos para o
Rio, notamos ainda mais essas sin-
gularidades.” Assim que os profis-
sionais são contratados, eles passam
por um treinamento de integração
na sede da cooperativa de crédito,
em Vitória.
Outra estratégia usada é levar alguns
profissionais que estão há mais tempo
na cooperativa para trabalhar nas novas
unidades, misturando os funcionários
mais novos aos já experientes.

ORGULHO
“Me sinto bem trabalhando aqui,
consigo mostrar meu trabalho e cres-
cer com a cooperativa”, conta Ricar-
do de Castro Romualdo, 38 anos, ex-
pressando o sentimento que é o da
maioria dos seus colegas.
Ricardo é supervisor de TI, mas co-
meçou a atuar na instituição em 2009
como analista da área. “Cheguei em um
momento de reestruturação da coope-
rativa. Comecei a apresentar soluções e
projetos para melhorar a área de tec-
nologia da informação e depois de al-
gum tempo fui promovido”, lembra.

S
egundo a avaliação dos 1,6 mil empresarial do Estado. o Ricardo, Nandiny Segundo ele, uma das maiores dife-
funcionários, na pesquisa Periodicamente, a instituição destina e Adriana destacam renças que sentiu com relação aos ou-
“Great Place to Work” recursos para aperfeiçoar as instalações as oportunidades tros locais onde atuou foi o trabalho em
(GPTW), o Sicoob Espírito físicas, a tecnologia e os sistemas de de crescimento conjunto. “O espírito de cooperativismo
Santo é um ótimo lugar para trabalhar. gestão de pessoas. Além disso, também que tiveram na está em todos os lugares”, comenta.
A GPTW é uma espécie de selo de qua- são realizados programas de melhoria cooperativa e o Já Nandiny Enyd Cuel, 39 anos, é
lidade das empresas e leva em conta da saúde, da produtividade e do en- clima de trabalho analista administrativo e chegou à
principalmente dois critérios: os ín- gajamento da equipe. voltado para o empresa antes de Ricardo, em 2006.
dices de qualidade do ambiente de tra- Entre os diferenciais do Sicoob está a estímulo ao Sua primeira ocupação foi como se-
balho e de gestão de pessoas. Soma- possibilidade de crescer, somada à colaborador cretária da diretoria. “Em 2013, si-
dos, os dois formam o chamado Índice oportunidade de fazer cursos que agre- nalizei que queria uma oportunidade
de Felicidade do Trabalho. guem novas competências, como expli- em outro setor e comecei a atuar no
“O reconhecimento é fruto da dedi- ca Sandra Kwak: “O foco no desenvol- d administrativo. Somos valorizados e

28%
cação em prol do objetivo principal do vimento da equipe e em um clima or- estimulados a crescer”, afirma.
cooperativismo: a união de pessoas por ganizacional motivador é vital para o A analista financeiro Adriana De-
um ideal comum. E só com um ambiente aperfeiçoamento das soluções que ofer- lesposte Kefler de Assunção, 33 anos,
de trabalho saudável, que valoriza o tamos aos associados e para o alcance das vagas começou como caixa em uma agência
colaborador, é possível conquistar isso”, de resultados satisfatórios.” Foi o percentual de de Domingos Martins, em 2005. Mas,
avalia a superintendente institucional A supervisora de Desenvolvimento postos de trabalho em 2011, decidiu embarcar em uma
do Sicoob ES, Sandra Kwak. Humano do Sicoob, Giovanna Barelli, abertos em 2018 nova jornada. “Meu marido recebeu
Para a superintendente, a certificação aponta que valorizar os profissionais é ocupados por uma oportunidade de trabalhar em
vai incentivar o desenvolvimento das fundamental para se ter um bom am- estagiários que Vitória e pedi para ser transferida.
estratégias de gestão de pessoas. Além biente de trabalho. “Metade dos jovens foram efetivados Fiquei na área de cobrança e depois
disso, deve contribuir para atrair e reter que entram no Sicoob por meio de es- na cooperativa voltei para o financeiro, onde estou
novos talentos na cooperativa de cré- tágio são contratados ao final do pe- até hoje. Tenho orgulho de dizer que
dito que, em 2018, foi o 3º maior grupo ríodo de aprendizagem. Para se ter uma trabalho com amigos”, conta. l
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Mais 12 agências
FÁBIO VICENTINI

em dois estados
até o final do ano
A expansão vai acontecer no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.
Neste ano, já foram inauguradas seis agências nos dois estados
DIVULGAÇÃO
O Sicoob Espírito Santo está em ex-
pansão para atender a demanda cres-

Jogo de
o O sistema
cente dos seus clientes e colaborado-
cooperativo é
res. Neste ano, já foram inauguradas
simulado no jogo

tabuleiro em
seis agências, sendo três no Rio de
e também com a
Janeiro e outras três no Estado. E, até o
utilização de um
final do ano, devem ser abertas mais

treinamento
ambiente virtual
12 unidades nos dois estados.
Atualmente, o Sicoob é o maior sis-
tema de cooperativa de crédito do Bra-
O SICOOB criou um programa de trei- sil, e opera 126 unidades no Espírito
namento em que uma das etapas do Santo e no Rio de Janeiro. Nos últimos
curso - que dura quase um ano - uti- d dez anos, o número de associados mais

85%
liza um jogo de tabuleiro e um banco do que triplicou, passando de 92 mil, em
de informações em um ambiente vir- 2009, para 303 mil neste ano.
tual para que os funcionários te- Outro resultado positivo foi o cres-
nham uma visão mais ampla e es- dos cimento do ativo da instituição finan-
tratégica do cooperativismo. profissionais ceira, que passou de R$ 1 bilhão para
“Os funcionários aprendem a ver Foi o número de R$ 7 bilhões no período. Nova agência em Vitória: o Sicoob é hoje a
além da agência onde trabalham e funcionários da maior cooperativa de crédito do Brasil
começam a entender como é o dia a cooperativa que HISTÓRIA
dia de uma cooperativa. Durante es- participaram de O Sicoob começou suas atividades há foco na operação de crédito aos agri-
se treinamento precisam montar algum curso 30 anos para atender ao homem do cultores, mas também expandiu sua co-
ações estratégicas para aquele ne- presencial no campo, que precisava de crédito para bertura. Criou linhas de empréstimos e
gócio”, pontua Giovanna Barelli, ano passado subsidiar suas plantações, mas tinha di- oferece produtos básicos das agências
supervisora de Desenvolvimento ficuldade de acesso às instituições fi- bancárias. A instituição conta com pro-
Humano do Sicoob. nanceiras tradicionais. dutos e serviços tanto para empresas
Um jogo virtual simula o mundo “Naquela época, era difícil obter como para pessoas físicas.
real. Nele, o jogador consegue criar crédito para a agricultura. Então, nós Já os associados, que são donos do
uma cooperativa, participar do pro- nos empenhamos para constituir o Si- negócio, participam dos resultados e
cesso de eleição do presidente da coob e trazer esse produto para os dispõem de tecnologia que facilita as
instituição, estruturar a unidade, associados”, lembra o presidente do movimentações financeiras. Além dis-
gerar e ver os resultados, realizar Sicoob ES, Bento Venturim, que di- so, investe na tecnologia para dinami-
fusões e outros processos que en- rige a cooperativa desde o início. zar o atendimento ao cliente, como apli-
volvem o cooperativismo. Hoje a cooperativa continua com o cativos e soluções digitais.
“Um mundo on-line foi criado, com
municípios fictícios, população esti-
mada e dados sobre a economia local,
para dinamizar e complementar o jo- SICOOB EM NÚMEROS
go de tabuleiro”, explica.
O primeiro grupo a participar desse P R$ 2,9 bilhões investidos no Araruama, no Rio de Janeiro; e Avenida
treinamento é composto por 24 pro- agronegócio nos últimos 5 anos Vitória (Vitória), Goiabeiras (Vitória) e
fissionais, que iniciaram os estudos em P Mais de R$ 720 milhões liberados Praia da Costa (Vila Velha), aqui no
maio e devem terminar em dezembro. do Funcafé nos últimos 5 anos Espírito Santo.
“Ao final desse programa, oferecemos P Mais de R$ 1,3 bilhão em retorno P Mais 12 agências até o final do ano,
também uma certificação internacio- para associados nos últimos 5 anos sendo 6 no Espírito Santo e 6 no Rio de
nal de consultor financeiro. Eles ficam P R$ 1,6 bilhão de Patrimônio Líquido Janeiro. (No Estado: Serra, Linhares, Vila
três meses em sala com jogos. Também P 3º maior grupo empresarial Velha, Vitória e Mantenópolis. No Rio de
passam por capacitação de gestão de do Estado em 2018 Janeiro: Maricá, São Pedro da Aldeia,
pessoas e fazem uma prova para con- P 6 agências inauguradas até maio de Saquarema, Nova Friburgo, Petrópolis
seguir a certificação”, disse. 2018: Campos dos Goytacazes, Macaé e e Teresópolis).
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Bairros C
om o adensamento popula- estrada para os outros que vêm atrás”,
cional que vemos hoje na ressalta Aristóteles Passos Costa Neto,
Grande Vitória, é até difícil presidente do Inocoopes - cooperativa
imaginar que, não faz muito há quase 51 anos em atividade.
tempo, a ocupação da região se con- Nos primeiros empreendimentos, o

erguidos
centrava nas áreas centrais. As ci- senso de comunidade era um aspecto
dades foram avançando por novos que mobilizava bastante quem ingres-
espaços e bairros inteiros foram cria- sava em cooperativas, para que, com a
dos e se desenvolveram a partir de ajuda de cada um, todos pudessem se
investimentos promovidos por coo- beneficiar e adquirir a sonhada casa

pela força
perativas habitacionais. própria. E, até pela pouca experiência
Jardim da Penha, em Vitória; Parque do ambiente condominial, esses proje-
das Gaivotas, em Vila Velha; e Laran- tos estavam vinculados a um programa
jeiras, na Serra, são apenas alguns dos de desenvolvimento comunitário.
exemplos que demonstram a relevân- “Após a entrega do imóvel, ficáva-
cia desse modelo de organização, que mos de seis meses a um ano com esse

da união
possibilita a associação de pessoas in- programa para orientar os moradores
teressadas na construção de um em- sobre questões da vida em condomí-
preendimento imobiliário. Começa- nio, como usar a garagem correta e
ram como pequenos conjuntos resi- recolher o lixo no momento adequa-
denciais e tornaram-se polos de de- do. Isso, claro, já não é mais necessário
senvolvimento econômico, com varia- hoje”, relembra Costa Neto.
da oferta de comércio e serviços. A passagem dos anos trouxe mu-
Cooperativas habitacionais deram uma “Temos que pensar em locais que danças, e para melhor. A partir da
ainda não foram considerados no mer- década de 1990, o Inocoopes - que,
nova cara à cidade e ajudaram a desenvolver cado, com áreas pouco utilizadas. A até então, utilizava o financiamento
áreas que antes não contavam com cooperativa sai desbravando e valo- bancário - passou a trabalhar com o
infraestrutura de comércio e de serviços riza a região. Vamos pavimentando a autofinanciamento, que exclui a par-

FÁBIO VICENTINI

Enia e Alan já
curtem a casa nova
com o filho Ricardo
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 11

FÁBIO VICENTINI
ticipação do agente financeiro.
A negociação é feita diretamente en-
tre cooperados e cooperativa. Como as
cooperativas não visam lucro, não há
juros. O único indicador que incide so-
bre as parcelas é o CUB (Custo Unitário
Básico da Construção Civil), que de-
termina o custo global de qualquer
obra, erguida por cooperativa ou não.
Para a analista de desenvolvimento
Enia Viana Vieira Lima, 30, e o marido,
o técnico em eletrotécnica Alan da Sil-
va Lima, 29, pesou a favor da coo-
perativa o custo final menor do imóvel
e o prazo de pagamento mais rápido.
“No financiamento bancário, ficaría-
mos muito tempo pagando (35 anos) e,
ao final, iríamos desembolsar um valor
triplicado em razão dos juros. No Ino-
coopes, a parcela é até um pouco maior,
mas vamos quitar em 90 meses (sete
anos e meio), sem juros. Foi a melhor
escolha que fizemos”, compara.
O casal já está curtindo o novo lar,
em Jardim Camburi, com o filho Ri-
cardo. O melhor é que, em 2020, o
imóvel estará quitado. “Já estamos nas
parcelas finais. É muito gratificante Jardim da Penha, um dos maiores bairros do Estado, nasceu do cooperativismo, que influenciou a cultura dos moradores
saber que, aos 30 anos, temos um imó-
vel nosso”, comemora a analista.

ETAPAS HISTÓRIA Cinco torres e lazer em


No Inocoopes, os condomínios são
divididos em blocos, construídos por P Em 1964, foi criado o Banco Nacional da novo empreendimento
etapas. À medida que vão ficando Habitação (BNH), cujo objetivo era,
prontos, parte das unidades é des- por meio de cooperativa, possibilitar à COM A EXPERIÊNCIA de quem que está na planta e em fase
tinada a quem dá lances, parte por população de classe média e média já produziu 41 mil unidades ha- de captação de interessados
meio de sorteio. Essas entregas co- baixa a aquisição de imóveis de qualidade, bitacionais, o Inocoopes está (mais de 600 já se manifes-
meçam a ser feitas a partir do 30º com preço final abaixo do mercado. lançando mais um empreendi- taram), terá área de lazer
mês do financiamento. mento em Jardim Camburi, em completa em cada uma das
E foi com um lance que a fotógrafa P Quatro anos depois, foi fundado o Vitória, e analisa novos projetos cinco torres. Piscina, chur-
Maressa Moura Zamprogne, 33, con- Inocoopes, cooperativa habitacional em Vila Velha e Guarapari. rasqueira, espaço fitness e
seguiu a chave do seu primeiro apar- com a mesma finalidade Na Capital, o foco está di- brinquedoteca serão entre-
tamento. Ela e o marido, Gustavo Nic- recionado para o Reserva de gues mobiliados.
chio Zamprogne, 34, também fotógra- P Em 1972, foi lançado o primeiro Camburi, condomínio de Mesmo em um momento
fo, se surpreenderam com a burocracia empreendimento, voltado para os 360 apartamentos de dois econômico no país ainda ins-
zero da cooperativa. “Não precisamos bancários, em Jardim da Penha, Vitória. quartos, com uma suíte. “A tável, que afetou bastante o
comprovar renda. Não ter contato com Em Vila Velha, o processo de expansão localização é privilegiada, setor da construção civil,
banco e aquele monte de juros foi algo aconteceu com o lançamento de perto de tudo, em frente a Aristóteles Neto revela que o
que me atraiu”, ressalta. l conjuntos habitacionais em Jardim shopping, supermercado. Inocoopes continua a iden-
Asteca e Jardim Colorado. Um pouco Jardim Camburi é um bairro tificar áreas de demanda e a
mais tarde vieram Coqueiral de com um apelo comercial desenvolver projetos. A co-
Itaparica e Parque das Gaivotas. muito grande”, observa Aris- operativa estuda novos in-
“Foi a melhor P Todos são exemplos de bairros
tóteles Costa Passos Neto,
presidente do Inocoopes.
vestimentos em Itaparica,
Vila Velha, e na Praia do Mor-
escolha que criados a partir dos empreendimentos
do Inocoopes. Via de regra, para ter
O novo empreendimento, ro, em Guarapari.

fizemos. É muito custo menor, buscava-se áreas mais


afastadas para a construção. Assim, a
DIVULGAÇÃO

gratificante saber cooperativa ajudou, com seus projetos,


no desenvolvimento da Grande Vitória.
que, aos 30 P No início da década de 1990, o
anos, temos um Inocoopes parou de utilizar
financiamento bancário e decidiu adotar
imóvel nosso” outro formato, de autofinanciamento das
cooperativas, até hoje vigente. São
ENIA VIANA VIEIRA LIMA, ANALISTA empreendimentos sem financiamento
DE DESENVOLVIMENTO bancário, portanto, sem juros. O Reserva de Camburi será entregue com as áreas de lazer montadas
12 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

DIVULGAÇÃO

A Cooabriel foi a primeira cooperativa a criar um Núcleo Feminino, há dez anos. Atualmente, ele conta com cerca de 60 mulheres, entre sócias, esposas e filhas de associados

Espaço aberto
DIVULGAÇÃO

para elas
Mulheres assumem a liderança em cooperativas e se destacam.
A estimativa é que 40% dos cargos sejam hoje ocupados por elas

A
ssim como no meio empresa- por homens. Há 20 anos, eu era a única
rial, cada vez mais as mulheres mulher na atuação direta na entidade.
estão conquistando espaço, O setor de cooperativas de crédito na-
voz, voto e cargos de comando quela época era totalmente masculino.
no cooperativismo. Estima-se que, em Hoje, as mulheres já são maioria”, pon-
nível nacional, cerca de 40% dos mem- dera a presidente da Coopmetro. o A Coopseg é mantê-la no mercado e procurar a cada
bros de cooperativas sejam mulheres. Segundo Maria Jane, em qualquer gerida por três ano buscar inovações que venham a
Muitas delas desbravaram caminhos evento cooperativista realizado hoje, a mulheres: a contribuir para a melhoria dos resul-
há décadas, quando termos como “em- presença feminina é marcante. “A luta presidente Drayze tados, por si só, já torna a gerência um
poderamento feminino” nem existiam. da mulher por espaço faz parte do lema Piske, a secretária ato de extrema complexidade, indepen-
Foi dentro deste contexto que a fun- do cooperativismo”, lembra. administrativa dentemente da questão de gênero, co-
cionária pública Maria Jane Pereira aju- Em algumas cooperativas, a gestão já Simone Rigo e a mo explica a presidente da Coopseg.
dou a fundar, em 1995, a Cooperativa de é majoritariamente feminina. Funda- diretora financeira “Da mesma forma que as mulheres
Economia e Crédito Mútuo dos Servi- da há 26 anos por pais de alunos para Camila Andrade têm conquistado cada vez mais espa-
dores Públicos do Município de Vitória criar e manter uma escola de ensino ços no mercado de trabalho, o coo-
(Coopsmuv) - que depois se tornaria Co- infantil e fundamental, a Cooperativa perativismo também vem ganhando
operativa de Economia e Crédito Mútuo Educacional de São Gabriel da Palha cada vez mais cooperadas. Acredito
dos Servidores dos Municípios da Região (Coopseg) é gerida por três mulheres: que cooperativismo seja não só o mo-
Metropolitana da Grande Vitória (Co- a presidente Drayze Piske, a secretária tor para a geração de novos empregos
opmetro) - entidade que ela viria a se administrativa Simone Rigo e a dire- para as mulheres, mas também o me-
tornar presidente, há 22 anos. tora financeira Camila Andrade. lhor caminho para que isso ocorra”,
“Vivemos em um país administrado Os desafios de gerenciar a instituição, afirma Drayze.
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 13

FÁBIO VICENTINI
AGÊNCIA FEMININA nistrativo da Cooabriel, a única mulher
Quem vai à agência do Sicoob da entre os nove conselheiros. “Entrei na
Praia da Costa, em Vila Velha, percebe cooperativa como estagiária, aos 18
uma peculiaridade na equipe: um ti- anos. Passei pelo atendimento ao pro-
me formado somente por mulheres é dutor, pelo setor administrativo, finan-
responsável por todo o atendimento ceiro, e participei do comitê especial de
aos clientes na unidade, que foi aber- assuntos eleitorais”, recorda.
ta no início deste ano. Para Fabrícia, o incentivo do pai, que
O diferencial já é notado na che- morreu em 2016, foi fundamental para a
gada ao local. São duas as vigilantes participação dela na gestão de uma co-
responsáveis pela segurança. Lá den- operativa e principalmente na criação de
tro, toda a parte de serviços, como conceitos para burlar o machismo.
abertura de contas e consultoria, “Meu pai era um homem com uma
também é feita por funcionárias. cabeça moderna e atual. Era um visio-
E a atuação feminina no Sicoob não nário. Teve cinco filhas, e sempre in-
para por aí. Em todo o Estado, entre os centivou a igualdade entre homens e
14 membros da diretoria, seis são mu- mulheres. O preconceito com a mulher
lheres. Uma delas é a superintendente existe na sociedade, mas o cooperati-
institucional, Sandra Rosa Kwak. vismo preza pela igualdade na parti-
“O ambiente cooperativista é fértil pa- DIVULGAÇÃO cipação de todos”, afirma.
ra o trabalho feminino”, diz Sandra, ob- o Maria Jane Fabrícia destaca, ainda, a criação, há
servando que 64% da equipe do Sicoob Pereira ajudou dez anos, do Núcleo Feminino da Co-
é composta por mulheres. Elas são, tam- a fundar a oabriel, o primeiro entre as coopera-
bém, 40% dos associados pessoa física. cooperativa tivistas do Espírito Santo. Atualmente
que dirige há mais com cerca de 60 mulheres, entre sócias,
NO DNA de duas décadas esposas e filhas de associados da co-
Aos 36 anos, Fabrícia Colombi pode operativa, o núcleo nasceu inspirado
afirmar que tem o cooperativismo no em um modelo vindo do Rio Grande do
seu DNA. José Colombi Filho, seu pai, Sul. Por meio de reuniões mensais, o
foi um dos primeiros associados da Co- grupo ajuda a fomentar projetos de ge-
operativa Agrária de Cafeicultores de ração de renda e participação feminina
São Gabriel (Cooabriel), além de ter nas atividades da cooperativa.
sido sócio-fundador do Sicoob Norte. “O grupo foi criado para incentivar
Desde cedo, ela e suas quatro irmãs a inserção das mulheres no ambiente
convivem com o movimento coopera- do cooperativismo e o desenvolvi-
tivista dentro de casa. Tal proximidade u Sandra Rosa mento pessoal e profissional das in-
fez com que ela assumisse o legado do Kwak, do Sicoob: tegrantes. As ações oferecem aprimo-
pai na gestão da entidade. 64% da equipe ramentos, por meio de cursos práti-
Sócia da cooperativa desde os 14 da cooperativa cos, treinamentos, reuniões mensais,
anos, Fabrícia está atualmente em seu é composta vivências, intercâmbios, dias de cam-
terceiro mandato no Conselho Admi- por mulheres po, entre outros”, explica. l
14 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

Modelo
inovador na
área de saúde
O novo hospital próprio da Unimed, em Cachoeiro de Itapemirim,
foi construído com a ajuda dos próprios médicos cooperados

P
or meio de uma iniciativa de mais segurança e uma maior veloci-
negócio inovadora e baseada dade em sua conclusão, além de não
no modelo cooperativista, a endividar a cooperativa”. O investi-
Unimed Sul Capixaba, uma das mento total supera R$ 72 milhões.
quatro operadoras que formam a Uni- A iniciativa, pioneira no país, foi
med Federação Espírito Santo, vai ga- premiada no Simpósio Unimed 2018,
rantir ao público de Cachoeiro de Ita- na categoria Gestão Administrativa e
pemirim e cidades vizinhas atendimen- Financeira. O projeto executivo do
to em um dos hospitais mais modernos empreendimento também foi desta-
da região a partir do ano que vem. que no XIII Grande Prêmio de Arqui-
Já se encontram bem adiantadas as tetura Corporativa, maior premiação o A nova unidade com uma rede de mais de 260 médicos
obras de construção do novo hospital da área da América Latina. entrará em cooperados, a Unimed Noroeste Ca-
da cooperativa, empreendimento “Além de cada cotista receber um alu- operação no pixaba completou 25 anos no ano pas-
viabilizado por meio de um Fundo de guel predeterminado pelos próximos primeiro trimestre sado com destaque para a capacitação
Investimento Imobiliário que contou 20 anos, o novo hospital vai gerar renda de 2020, com dos cooperados e dos colaboradores,
com os médicos associados da coo- e trabalho para os médicos cooperados, 122 leitos participação em projetos de susten-
perativa como cotistas. além de garantir um melhor atendi- tabilidade e promoção à saúde, am-
A obra tem previsão de finalização mento ao nosso cliente”, afirma o pre- pliação do pronto-socorro e instala-
ainda neste ano, com o começo das sidente da cooperativa, que completa d ção da academia popular Unimed.
operações no primeiro trimestre de 30 anos de operação neste ano. Unimed no Para 2019, o objetivo é aprimorar a
2020. A unidade está localizada no A unidade oferecerá, em sua pri- Estado liderança e excelência na promoção à
bairro União e será capaz de atender a meira fase, 122 novos leitos, dez salas saúde. Entre os principais projetos está
procedimentos de média e alta com-
plexidades. O presidente da Unimed
cirúrgicas e os serviços de oncologia e
diagnóstico por imagem. O hospital 500 a expansão do hospital próprio, loca-
lizado em Colatina, com a ampliação
Sul Capixaba, Leandro Baptista Pinto,
destaca que a nova unidade é fruto da
terá capacidade de crescimento mo-
dular em etapas futuras, podendo ser mil em cerca de 40% no número de leitos.
Já a Unimed Norte Capixaba, pre-
união cooperativa dos associados. expandido para 250 leitos em uma clientes sente em 14 municípios e com um

3.599
“Primeiro captamos recursos por segunda fase e ganhar até 400 leitos quadro de 333 médicos cooperados,
meio de cotas do fundo imobiliário em um terceiro momento. estuda a ampliação do seu hospital,
junto aos nossos médicos cooperados. localizado em Linhares. A coopera-
Depois tivemos participação do Sis- MAIS INVESTIMENTOS médicos tiva inaugura neste ano o novo espaço
tema Unimed e de empresários da re- As singulares do Sistema Unimed cooperados, além Viver Bem, serviço que oferece ati-
gião. A obra foi iniciada com 100% dos têm colhido conquistas e bons resul- de outros 3.895 vidades planejadas e orientadas para
recursos já captados, o que garante tados. Atendendo a 16 municípios colaboradores promoção da saúde e prevenção. l

“O que diferencia uma cooperativa de outros


tipos de organizações empresariais é que os
cooperados prestam serviços e são os donos
do negócio. A renda é proporcional à produção.
Ou seja, quem trabalha mais ganha mais”
ALEXANDRE RUSCHI, PRESIDENTE DA UNIMED FEDERAÇÃO ES
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 15

DIVULGAÇÃO

Meta da Unicred Projeto para investir


d

é dobrar número
de cooperados em unidades próprias
A UNICRED do Espírito Santo, que O HOSPITAL de Cachoeiro de Itapemi- prestadora Unimed Piraqueaçu, ligada
atualmente oferece serviços e solu- rim faz parte de um planejamento es- à unidade da Capital.
ções financeiras, principalmente, pa- truturante da cooperativa, que prevê Líder no Espírito Santo, a Unimed
ra profissionais da área médica, pre- investimentos em unidades próprias de Vitória tem mais de 40% de parti-
tende expandir seu público, dobrando atendimento. Nos últimos anos, foram cipação no setor e chega a quatro
o número de cooperados em um ano, criadas a Maternidade Unimed, a Uni- décadas de atuação com uma car-
com a oferta de serviços prime. med Oncologia, o Laboratório Unimed teira de mais de 340 mil clientes,
De acordo com o superintendente “A obra foi e o Pronto-Atendimento, entre outros. 2.500 cooperados e outros 2.500 co-
da cooperativa, Alberto Teixeira Jar- iniciada com De acordo com o presidente da Uni- laboradores. São mais de 2 milhões
dim Júnior, a Unicred tem 1,2 mil co- 100% dos med Federação Espírito Santo, Ale- de consultas e cerca de 323 mil aten-
operados, e atua em quatro cidades: recursos já xandre Augusto Ruschi Filho, a coo- dimentos por ano.
Cariacica, Serra, Vitória e Vila Velha. captados, o que perativa é líder no mercado de planos
“Nossa projeção é ter pelo menos garante mais de saúde estadual, graças ao seu mo- ATENÇÃO PRIMÁRIA
mais 5 a 8 agências espalhadas pela segurança e delo cooperativista. Hoje, 33% dos Um dos projetos da cooperativa é a
Grande Vitória em um prazo de até 5 uma maior médicos ativos no Espírito Santo são construção de um modelo focado na
anos. Queremos que elas tenham um velocidade em cooperados Unimed. atenção primária de saúde, o Unimed
modelo de menor custo de operação, sua conclusão, “Isso gera um comprometimento Personal. “Essa modalidade de assistên-
com eficácia comercial maior, e que além de não muito maior dos nossos associados. cia médica resgata a relação médico-pa-
sejam modernas”, conta. endividar a O cooperativismo é a ausência for- ciente, com foco na promoção da saúde
Já o diretor-presidente da coopera- cooperativa” mal da intermediação entre o tra- e na sustentabilidade do negócio”, as-
tiva, Dionísio Avanza Filho, explica que — balhador - neste caso o médico co- sinala o diretor-presidente da Unimed
a Unicred tem a convicção de que o LEANDRO operado -, com o cliente. Esse com- Vitória, Fernando Ronchi.
cooperativismo de crédito é o instru- BAPTISTA PINTO plexo integrado de atenção à saúde Seguindo a linha de cuidado inte-
Presidente da
mento financeiro mais justo e trans- Unimed Sul Capixaba
oferece o máximo de qualidade, grado, a cooperativa oferece, ainda,
parente que existe. “Como instituição conforto e bom atendimento”, afir- sem custo adicional, o Viver Bem Uni-
financeira cooperativa, não visamos di- ma o presidente. med, em que o paciente participa de
retamente o resultado, embora isso na- A Unimed está presente em 100% dos grupos, consultas, oficinas, palestras
turalmente aconteça, mas primordial- municípios capixabas, por meio de suas e cursos que auxiliam na busca por
mente buscamos oferecer orientação fi- quatro singulares: Unimed Vitória, Uni- uma vida mais saudável. O número de
nanceira isenta e atender às necessi- med Sul Capixaba, Unimed Noroeste atendimentos anual nesse programa
dades de produtos e serviços”, aponta. Capixaba e Unimed Norte, além da já passa de 145 mil.
16 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

Pacientes e
DIVULGAÇÃO

O presidente da
cooperativa conta que
a entidade começou,

médicos em
neste ano, a fazer
visitas a hospitais,
para verificar as
condições de trabalho

boas mãos
A Coopanest/ES se preocupa com a qualificação dos
profissionais e com a qualidade do atendimento

O
compromisso em atender às “Nosso objetivo
necessidades e expectativas é preservar
dos cooperados, colabora- a ética, as
dores e sociedade faz toda a condições para
diferença. Em quase três décadas de o exercício
atividade a Cooperativa dos Médicos da atividade
Anestesiologistas do Espírito Santo médica e a justa
(Coopanest/ES) não mediu esforços remuneração de
em projetos para ser cada vez mais profissionais.
perene e sustentável. E, com isso,
A Coopanest se consolidou como poder oferecer
uma das instituições capixabas mais aos pacientes o
fortes e representativas da área de atendimento de
saúde no Estado. Desde que foi cons- qualidade e de
tituída, em junho de 1992, a enti- excelência que
dade disponibiliza serviços de alta eles merecem”
qualidade, investindo em tecnologia —
e na busca constante de recursos e JOSÉ CARLOS pacientes o atendimento de quali-
iniciativas para o fortalecimento da BINDA
Presidente da
SOBRE A COOPERATIVA dade e excelência que eles mere-
especialidade. Coopanest/ES cem”, afirma Binda.
P Área de atuação: predominantemente
No ano de 2018, realizamos mais
em hospitais públicos e privados da região
de 100 mil procedimentos/ano, sen- QUALIDADE
metropolitana
do que a nossa região predominante Para ficar de olho na qualidade do
P Ramo de atuação: anestesiologia
é a Metropolitana. Além disso, os ambiente de trabalho dos coopera-
P Tempo de atividade: 27 anos
nossos cooperados atuam nos hos- dos, a Coopanestes iniciou neste ano
P Atendimentos realizados em 2018:
pitais e clínicas das regiões Norte e um projeto de visitas a hospitais.
mais de 100 mil
Sul do Espírito Santo”, comenta o “Queremos identificar eventuais cor-
P Total de cooperados: 329
presidente da Coopanest/ES, José reções ou melhorias a serem feitas
Carlos Binda. nos locais onde nossos colaborado-
eA Coopanest tem res trabalham”, explica.
BENEFÍCIOS 329 cooperados e Outras importantes ações empre-
Ao todo, são 329 cooperados, atua na maioria dos endidas pela instituição são o Pro-
atuando na maioria dos hospitais hospitais das redes grama de Educação Continuada pa-
das redes pública e privada do Es- pública e privada ra cooperados, médicos residentes e
pírito Santo. A formação profissio- do Espírito Santo estudantes de medicina; a auditoria
nal, a educação cooperativa e a as- anual para verificar conformidades
sistência administrativa em contra- e não conformidades no desempe-
tos de prestação de serviços são al- nho da organização; e o Selo de Qua-
guns dos benefícios que recebem es- lidade, implantado em parceria com
tando ligados à Coopanestes. a OCB/ES e a Fundação Nacional de
“Sempre dentro dos princípios do Qualidade (FNQ).
cooperativismo, temos buscado pro- “A associação, a participação, a co-
mover a defesa econômica, a capa- operação e a presença ativa na so-
citação e o bem-estar social dos mé- ciedade nunca foram tão necessárias
dicos anestesiologistas. Nosso obje- quanto nesse momento instável em
tivo é preservar a ética, as condições que vivemos. Acreditar e fazer com
para o exercício da atividade médica que as mudanças aconteçam depen-
e a justa remuneração dos profissio- dem de cada um de nós”, observa o
nais. E, com isso, poder oferecer aos diretor da cooperativa.l
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 17

0800 570 0800

es.sebrae.com.br

fb.com/sebraees

@sebrae.es
18 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

ENTREVISTA tem como responsabilidade garantir a

Receita
Pedro Scarpi Melhorim, presidente do Sistema OCB/ES qualificação do público que se destina
a atender, e assim o fazemos. Ofe-
recemos assessoria jurídica, financei-
ra, técnica e de fomento; auditoria in-
terna na área de gestão e governança;
sistema de controles internos; cursos e
treinamentos; monitoramento; asses-
soria de comunicação e marketing,
contábil e de negócios; além de su-

anticrise
porte de tecnologia da informação.
Todos os anos, milhares de dirigen-
tes de cooperativas e cooperados são
beneficiados pelo SESCOOP/ES e pe-
la OCB/ES com capacitações. Tam-
bém realizamos diversas visitas in lo-
co, pareceres técnicos e contábeis,
tributários, jurídicos e consultorias
empresariais.

Quais são as maiores vantagens

Para o presidente do Sistema OCB/ES, o


competitivas do cooperativismo?
O cooperativismo é uma alternativa
ao desemprego. De acordo com o IB-
cooperativismo é a opção mais viável para GE, o Brasil chegou a ter 13 milhões e
desempregados em 2017, e os nú-
a geração sustentável de emprego e renda meros ainda são preocupantes. No
cooperativismo o empreendedor faz
uma opção, na vida e no trabalho,
pela ajuda mútua, construindo uma

E
m um ano, entre 2017 e 2018, o pessoas com um propósito comum. d sociedade melhor baseada em valo-
número de cooperados no Es-
tado cresceu 20%. O Espírito
É a ponte para o futuro. Um bilhão
de pessoas, em mais de 100 países, 444.147 res nobres de solidariedade, de
igualdade de direitos e de deveres,
Santo tem hoje 444.147 pes- estão diretamente envolvidas com o cooperados de responsabilidade e de compro-
soas associadas a cooperativas, o que cooperativismo, ou seja, um em ca- É o número atual misso. Toda decisão é tomada pelo
demonstra a importância estratégica da sete habitantes do planeta é as- de cooperados. voto dos cooperados.
da atividade para a nossa economia: o sociado a uma cooperativa. São De 2017 para Partindo desses princípios, o coope-
setor conta com 126 cooperativas re- mais de 250 milhões de empregos 2018, o aumento rativismo se apresenta como uma op-
gistradas e faturou aproximadamen- gerados. foi de 20% ção de desenvolvimento econômico
te R$ 6 bilhões em 2018. sustentável e inclusão social, com
Cooperar, na concepção mais simples Como o cooperativismo tem atuado d inúmeros cases de sucesso no Estado
da palavra, significa unir forças em prol para o desenvolvimento da agricul- e no Brasil.
de um objetivo. É partilhando dessa fi-
losofia que o presidente do Sistema
OCB/ES, Pedro Scarpi Melhorim, de-
tura no Estado?
As cooperativas ajudam o agricultor a
se manter no campo, fomentando a
126
cooperativas
Comparando ao cenário nacional,
qual a avaliação do setor cooperati-
senvolve seu trabalho à frente da ins- comercialização de seus produtos, for- vista do Estado?
tituição. Desde 2017 na função, ele ce- necendo serviços a seus cooperados e Atuam no Estado O segmento é desafiador e pujante.
lebra a consolidação do setor e o cres- desenvolvendo a região. Dentre os Nossos cooperados são guerreiros e es-
cimento, que resultou na geração de maiores benefícios, estão: inclusão de d tamos sempre alinhados com deman-

7.946
quase 8 mil empregos diretos. produtores, independentemente de das, ideias e propostas. Assim, con-
seu tamanho e sistema de produção; seguimos driblar as crises e nos con-
Comoocooperativismochegouaesse coordenação da cadeia produtiva em solidar no âmbito nacional como mo-
patamar no Estado e quais são as pro- relação horizontal; geração e distribui- empregos delo a ser seguido. Tudo isso só é pos-
jeções para o futuro? ção de renda de forma equitativa; pres- É a quantidade sível por meio de muito diálogo, im-
No Brasil, mais de 12,7 milhões de pes- tação de serviços; acesso e adoção de de trabalhadores plantação de projetos e programas e a
soas - 5,7% da população - estão vin- tecnologias para os seus cooperados; empregados em garantia de suas execuções para me-
culados a alguma das cerca de 7 mil economias em escala nos processos de cooperativas lhorar as gestões e governanças cor-
cooperativas, que geram quase 400 mil compra e venda coletivos; acesso a porativas.
empregos. O faturamento das coope- mercados que isoladamente seria mais d
rativas capixabas corresponde a cerca complicado e agregação de valor à Qual será o papel das cooperativas
de 5% do PIB estadual. Este é o mo- produção dos cooperados. 6 nos próximos anos?
vimento que se fortalece no mundo to- Queremos ampliar o alcance de pro-
do, responsável por números que im-
pressionam. O cooperativismo é um sis-
Como é a atuação da OCB para fo-
mentar e desenvolver as cooperati-
bilhões gramas que trabalham conceitos de
cooperativismo e cooperação,divul-
de reais
tema capaz de gerar milhões de em- vas vinculadas ao Sistema OCB/ES? gando o cooperativismo brasileiro e
pregos e que nasceu com princípios cla- É importante frisar que o SESCO- Foi o faturamento seus benefícios.
ros e sólidos. Mais que um modelo de OP/ES, integrante do Sistema das cooperativas Temos ainda a intenção de ampliar e
negócio, é uma filosofia de vida, cen- OCB/ES, também faz parte do Sistema no Estado em fortalecer os programas e projetos
trada no ser humano e na conexão de S, e assim como todos os outros “S”, 2018 que visam melhorar a governança e
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 19

DIVULGAÇÃO/OCB-ES DIVULGAÇÃO

O presidente da
OCB/ES comemora
os bons resultados
do cooperativismo
no Estado

Nova sede da OCB/ES terá mais espaço e conforto

Cooperativismo
capixaba vai
ganhar casa nova
O COOPERATIVISMO CAPIXABA vai ga-
nhar casa nova. Para acompanhar e su-
prir as necessidades de um setor em
franca ascensão, o sistema OCB/ES
construiu uma nova sede, que deverá
ser inaugurada no próximo mês. Desde
2006 situada na Avenida Beira-Mar, em
Vitória, a instituição irá para a Reta da
Penha, também na Capital.
A mudança se fez necessária porque o
antigo espaço estava pequeno para um
segmento que demanda uma estrutura
mais robusta. A troca de endereço é
comemorada pelo presidente, Pedro
Scarpi Melhorim, que vê o novo espaço
como uma consolidação do coopera-
tivismo local.
"A nova sede é fruto da confiança
depositada pelas cooperativas ao longo
dos anos no Sistema, e esta é a nossa
forma de retribuir. Além disso, o Sis-
tema OCB/ES está buscando mudanças
que vão além do novo espaço, como a
gestão em cooperativas. O Sistema d implantação da gestão estratégica e a
OCB/ES se preocupa e atua no sentido “O PRESENÇA profissionalização da mão-de-obra.”
de preparar suas lideranças para que cooperativismo As cooperativas atuam em O espaço tem 900m², 30 vagas de
entendam que precisamos reinventar se apresenta nove setores no Estado estacionamento e permite a flexibi-
o cooperativismo e repensá-lo sob a como uma lização da ocupação. “O auditório tem
luz dos avanços tecnológicos. opção de P Agropecuária capacidade para 120 pessoas, mas po-
É sempre necessário aprimorar nos- desenvolvimento P Consumo de se transformar em três salas de trei-
sos processos de gestão, com a capa- econômico P Crédito namento, com 40 pessoas em cada",
citação permanente das liderança e sustentável e P Educação explica. Outra novidade da nova sede
sem perder de vista os princípios pro- inclusão social P Habitação é o "espaço cooperativo", voltado para
postos pelo modelo de negócio coo- P Produção as cooperativas do interior desenvol-
perativista. Estamos sempre nos aper- P Transporte verem estratégias de crescimento, já
feiçoando, e o resultado é uma coo- P Trabalho que a maioria não conta com área fí-
perativa sólida e sustentável. l P Saúde sica suficiente.
20 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

Quer saber mais


sobre o Cooperativismo
Capixaba? Acesse:
www.ocbes.coop.br
27.2125-3200 • @SistemaOcbes
Fonte: Anuário IEL “200 maiores empresas do Espírito Santo”, dados anuário de 2018.
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 20

VOCÊ SABIA?
Entre as 200 maiores
empresas do ES, 20 são
COOPERATIVAS!
22 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

ARTIGO
Evair Vieira de Melo
é deputado federal e presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop)

Cooperativismo: uma
solução para a retomada
do desenvolvimento
O
cooperativismo é mais que um conceito protagonista é a política. Por meio dela, conseguimos
econômico: é uma filosofia de vida pautada vitórias maiúsculas, como a publicação da Lei Com-
na competência, integridade, na inovação e, plementar 161/18, que permite que os municípios
acima de tudo, na união de seus inte- abram contas em cooperativas de crédito para ati-
grantes. vidades como a manutenção da folha de pagamento de
Com uns ajudando aos outros em prol de um objetivo servidores e movimentação financeira.
em comum, o Sistema Cooperativo assumiu um papel de É uma lei exemplar, pois deu a chance para as
protagonismo e de transfor- prefeituras melhorarem suas
mação social.
Em todo o Brasil, são mais Nessa escuridão que o gestões por meio da metodo-
logia cooperativista de trans-
de 6,8 mil cooperativas, 14,2
milhões de associados e apro-
país tem passado, quem parência, com a realização de
prestação de contas e assem-
ximadamente 400 mil traba- conseguiu dar um passo bleias. Temos várias pautas es-
lhadores.
De acordo com a Organi- à frente estava protegido senciais para o setor que só
serão viabilizadas com a união
zação das Cooperativas Bra-
sileiras no Espírito Santo
pela força das entre o Cooperativismo e a
política.
(OCB-ES), temos em nosso cooperativas. São exemplos o PL 519/15,
Estado 444.147 cooperados,
em 126 cooperativas.
Sobrevivemos aos conhecido como Lei Geral das
Cooperativas, que atualiza e
Atuamos em nove áreas: inúmeros fatores que desburocratiza as normas do
agropecuária, consumo, cré- setor, e o PL 8.824/17, que
dito, habitação, educação, tumultuaram o país nos altera a legislação para que as
produção, trabalho, transpor-
te e saúde. Além disso, a efi-
últimos anos e seguimos cooperativas possam prestar
serviços de telecomunica-
ciência é uma marca regis- gerando oportunidades ções.
trada do setor em terras ca-
pixabas, que vem reduzindo ao nosso povo Faço um apelo: peço para
que vocês abram as portas para
custos e, em 2018, gerou um receber os parlamentares. Pre-
faturamento que passa a marca dos R$ 6 bilhões. cisamos do carinho e da atenção de vocês.
Nessa escuridão que o país tem passado, quem Se os melhores brasileiros de conteúdo, de moral e de
conseguiu dar um passo à frente estava protegido pela ética estiverem dentro do ambiente político, é certo que
força das cooperativas. Sobrevivemos aos inúmeros teremos capacidade para pautar a agenda deste país da
fatores que tumultuaram o país nos últimos anos e diversidade.
seguimos gerando oportunidades ao nosso povo. Temos que ocupar esse espaço e continuarei tra-
O cooperativismo brasileiro é o nosso instrumento de balhando para garantir o nosso protagonismo e o
proteção e a grande ferramenta para que continue sendo diálogo com todos os segmentos.
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 23
24 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

Sucessão ainda é desafio


Cooperativas buscam alternativas para atrair jovens talentos para os d TÉCNICA E PRÁTICA

90
seus quadros, como forma de garantir a renovação na liderança O investimento em conhecimento foi
fundamental para que Jecimiel Gerson

mil
Borchardt, 32 anos, decidisse conti-

A
trair os jovens, garantindo a PROGRAMA nuar no campo, garantindo o cresci-
renovação de lideranças, é A Cooperativa Agrária de Cafeicul- mento do negócio que vem sustentan-
um dos desafios para o co- tores de São Gabriel (Cooabriel) tem Cooperados do sua família há gerações em São Ga-
operativismo. De olho nos como meta investir na juventude co- Foi o número de briel da Palha, Norte do Estado: o cul-
processos de sucessão, as coopera- operada, e para isso quer retomar o beneficiados no tivo do café.
tivas capixabas investem cada vez programa “Jovens Coop”, que chegou a Estado pelo Jecimiel aprendeu com o pai o que o
mais em cursos e estratégias de mo- formar três turmas, com o propósito de Sescoop com avô ensinou sobre a vida na roça. Mas
bilização, com o objetivo de formar estimular os jovens a entender um pou- capacitações, quis mais: investiu em cursos, e hoje
novos gestores. co melhor o cooperativismo. treinamentos, aplica o que estudou na propriedade
O caso da Selita, de Cachoeiro de "Pretendemos trabalhar com capa- fóruns e que será, um dia, dele e da irmã.
Itapemirim, mostra a preocupação de citação de jovens com esse perfil, e congressos, "Sabia que a responsabilidade de cui-
preparar durante anos o cooperado pa- abordar a questão da sucessão familiar entre 2017 e dar de tudo passaria para mim. Me
ra que um dia ele possa estar apto a também. Precisamos preparar e esti- 2018, de acordo formei em técnico em agropecuária.
assumir uma função de maior respon- mular os jovens, porque se a gente não com a OCB/ES Depois, fiz a faculdade de engenharia
sabilidade. fizer isso não teremos, no futuro, su- agronômica. E posso dizer que faz di-
"O que a Selita tem feito nos úl- cessores", alerta o presidente da co- ferença a gente ter conhecimento téc-
timos anos é promover cursos, en- operativa, Luiz Carlos Bastianello. nico. As cooperativas também custea-
volver lideranças e comitês educa- O presidente conta que, atualmente, o ram um curso para nós, jovens, o que
tivos e ter o máximo de transparência quadro de cooperados tem uma parti- tem nos ajudado a continuar a vida no
no processo de sucessão. Temos co- cipação abaixo do esperado de jovens, campo", destaca.
mo princípio envolver todos os co- fato que eles pretendem reverter. Melhoria na produção e contenção de
operados nessa discussão”, destaca o "De 5.760 cooperados da Cooabriel gastos estão entre as vantagens que o
presidente da cooperativa, João Mar- em 2018, apenas 610, ou seja 10,59%, estudo proporciona. "A tecnologia pode
cos Machado. tinha de 25 a 34 anos. Precisamos au- ser um facilitador para o homem do cam-
Ele ressalta que há uma preocupação mentaressaadesão.Agentepercebeque po. Tecnologias de controle de pragas,
constante em buscar novos talentos. “A os jovens que temos hoje no quadro são controle de custos para investir no que
Selita prevê apenas uma reeleição para pessoas que têm ideias novas, com pos- pode dar mais retorno. Isso tudo a gente
presidente e também para o conselho, sibilidade de mudar a cooperativa para também aprende com os estudos. E faz
o que mostra o cuidado em renovar", garantir a sustentabilidade dela por com que os jovens queiram permanecer
observa Machado. mais tempo", reforça. no campo, como é o meu caso." l

“Faz
diferença a
gente ter
conhecimento
técnico”
JECIMIEL GERSON
BORCHARDT, 32 ANOS
Agricultor, planta café na
propriedade da família

DIVULGAÇÃO
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 25
26 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

Posto de gasolina e COOPEAVI EM NÚMEROS

Evolução no

supermercado para
número de cooperados

2016 11.389

atender cooperados 2017


2018
12.207
12.858
A Coopeavi, que já conta com 19 lojas agropecuárias no Estado, vai investir em mais 2019 15.100
serviços com preços diferenciados e assessoria técnica para os seus associados
Produção de ração

D
DIVULGAÇÃO (em toneladas)
e olho nas oportunidades de
mercado e atenta às necessi-
dades dos cooperados, a Co- 2016 58.293
operativa Agropecuária Cen-
tro Serrana (Coopeavi) resolveu ino-
var: decidiu abrir um supermercado e 2017 72.624
um posto de gasolina, ambos em Santa
Maria do Jetibá.
Os novos empreendimentos estarão 2018 71.846
em funcionamento até o final deste ano.
De acordo com o presidente da coo- Caixas de ovos
perativa, Denilson Potratz, dependen- comercializadas
do da resposta a esses produtos, a ex-
pectativa é de expandir o serviço para
(com 30 dúzias cada)
outros municípios. “A ideia é que o co-
operado tenha um atendimento dife-
renciado. Hoje, nas nossas lojas agro-
2016 381.603
pecuárias, já temos preço melhor para
quem é associado, eles pagam cerca de 2017 413.690
3% a menos no valor dos produtos”.
A expansão do atendimento faz parte
do planejamento da Coopeavi para este 2018 471.911
ano. Ainda de acordo com o presidente,
a partir de 2020 a Coopeavi deve in-
vestir na ampliação do condomínio aví-
cola de Santa Maria do Jetibá. No ano cooperado é mais atrativo”, comenta.
passado, a cooperativa comercializou No ano passado, a Coopeavi teve um
mais de 471,9 mil caixas com 300 dú- faturamento bruto de R$ 194,1 milhões
zias de ovos cada. O número foi 33,8% com as lojas agropecuárias. O montante
superior ao do ano anterior (413,9 mil foi 1,6% maior do que o apresentado em
caixas). Já a venda de ovos pasteuri- 2017: R$ 190,9 milhões.
zados cresceu quase 12% entre 2017 e Os locais disponibilizam profissio-
2018, passando de 1,06 mil toneladas nais, como técnicos agrícolas, agrô-
para 1,19 mil toneladas. o O presidente da só um de seus membros o cooperado, nomos ou veterinários, para orientar
Atualmente a Coopeavi tem em tor- cooperativa, mas todos da casa. É necessário que se os cooperados. As lojas atendem o ho-
no de 15 mil cooperados. O número Denilson Potratz, conscientizem sobre isso para que fu- mem do campo em atividades como a
aumentou bastante neste ano, devido comemora o turamente tenhamos mais associados, e horticultura, fruticultura, silvicultu-
à incorporação da Veneza. A coope- crescimento de para que o espírito cooperativista con- ra, grandes culturas, cafeicultura e
rativa vem diversificando a atuação, 33,8% na venda de tinue crescendo”, conta. pecuária.
com o objetivo de ter mais opções de caixas de ovos A cooperativa ainda trabalha prestan-
produtos e evitar as perdas com as in- MAIS LOJAS A CAMINHO do consultoria técnica, o que propor-
tempéries do mercado. De acordo com A Coopeavi deve abrir ainda este ano ciona que os produtores tenham acesso a
o presidente da Coopeavi, ainda exis- mais sete lojas agropecuárias na Região novas tecnologias e formas de plantio.
tem desafios a serem superados, como Norte do Espírito Santo. A cooperativa Cerca de 70 profissionais - entre técnicos
o de trabalhar a equipe interna para tem 19 unidades de negócio desse tipo agrícolas, engenheiros agrônomos e ve-
atender melhor os cooperados e en- no Estado. De acordo com Denilson Po- terinários com títulos de especialização,
volver as famílias dos associados cada tratz, esta é uma demanda crescente. mestrado e doutorado - realizam tra-
vez mais. “Além de fornecer um bom serviço e balhos diretamente no campo com os
“A família precisa entender que não é produtos de qualidade, o preço para o produtores associados. l
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 27

DIVULGAÇÃO

Exportação de d

café triplica 256


em um ano
mil
sacas de
café verde
A CAFEICULTURA é uma das principais
atividades desenvolvidas no Estado. Is- Foi o total
so porque os grãos produzidos no Es- comercializado
pírito Santo são apreciados em todo o em 2018, 38,4%
mundo. No ano passado, a Coopeavi a mais em
exportou três vezes mais do que no ano relação a 2017
anterior. Ao todo, 24,9 mil sacas tive-
ram destino internacional em 2018.
As exportações de café da coopera- d
tiva vêm crescendo ano a ano. Em 2016,
foram exportadas 7 mil sacas. Já no ano
seguinte, foram 8,3 mil. Atualmente, a
300%
Coopeavi exporta para dez países de a mais
diferentes continentes: Austrália, Chi- Foi o aumento da
na, Cuba, Israel, Itália, Jordânia, Líbia, exportação de café
Rússia, Taiwan e Turquia. em 2018. Foram
Ao longo de 2018, a cooperativa co- vendidas 24,9 mil
mercializou 265 mil sacas de café ver- sacas
de, no mercado nacional e internacio-
Apaixonado por café nal. Em comparação com 2017 houve
um aumento de 38,4% no total comer- d
Investimento em grãos diferenciados cializado. Ou seja, no ano passado fo-
O agricultor Valdeir Tomazini atua desde criança na cafeicultura. Em 2002, começou
a trabalhar com o café de qualidade. Por ano, produz 200 sacas, sendo 80 de café
ram vendidas 73,6 mil toneladas a mais
do que no ano anterior. 10
especial. “Eu nasci mexendo com café e sou apaixonado por ele. A cooperativa ajuda Do total de grãos produzidos e ven- países
o produtor a divulgar seu produto”, comenta. didos, 63,7% (168.454 sacas) são da
variedade conilon, produzido princi- É o número de
DIVULGAÇÃO palmente na Região Norte capixaba, locais para os
onde as terras são mais quentes e pla- quais a Coopeavi
nas. Já os outros 36,3% (96.267 sacas) exporta café. São
são de arábica, cultivados, em sua maio- eles: Austrália,
ria, na região Sul o Estado. China, Cuba, Israel,
A maior parte dos 15 mil associados são Itália, Jordânia,
cafeicultores. Por esse motivo, a Coopeavi Líbia, Rússia,
atua em todo o ciclo da produção do café, Taiwan e Turquia
desde o momento da compra dos insumos
e consultoria técnica até a comercializa-
ção dos grãos ao mercado. A cooperativa
tem armazéns em diversos municípios do
Estado e estocou aproximadamente 700
mil de sacas de café em 2018.

NOVA MARCA
O sucesso dos cafés da cooperativa é
tanto, que ela lançou uma nova marca de
grãos, a Pronova. A linha, que entrou no
mercado no início deste ano, traz para o
consumidor a oportunidade de experimen-
tar os aromas e sabores de cafés gourmet
produzidos no Espírito Santo e que, além
disso, carregam consigo muitas histórias.
Os grãos são frutos da agricultura fa-
miliar de cerca de 200 produtores da
Região das Montanhas capixabas. Para
os cafés torrados são usadas as melhores
Valor agregado sementes de cada safra, com duas op-
ções: uma embalagem preta - que traz
500 sacas colhidas em um ano sempre o café de um lote premiado, com
Altamiro Ludke, 40, trabalha há quase 20 anos produzindo café e há dez é cooperado da notas acima de 88 pontos na análise
Coopeavi. Há cerca de oito anos começou a melhorar a qualidade, para agregar valor ao sensorial - e uma branca - blend de grãos
grão. No ano passado, colheu aproximadamente 500 sacas de arábica e conilon. altamente selecionados.
28 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

DIVULGAÇÃO
cada vez mais competitivo.
“Estamos passando por um forte mo-
vimento de concentração de empresas
em diversos segmentos. A consequência
é um aumento significativo da concor-
rência, pressionando as margens dos
produtos para baixo, com reflexo ne-
gativo no resultado”, explica.
A marca Veneza vai continuar exis-
tindo no mercado. “Vamos retomar os
investimentos. A meta é lançarmos dois
produtos a cada ano, a partir de 2020”,
adianta Potratz.

PARCERIAS
Quando os desafios e objetivos são os
mesmos, a busca por soluções fica mais
fácil se for feita em conjunto. Por isso, o
cooperativismo incentiva esse tipo de
parceria. Segundo estimativa do setor,
sete em cada dez cooperativas brasi-
leiras já firmaram algum tipo de acordo,
seja no setor produtivo, no logístico, ou
no financeiro.
Foi o que fizeram a Cooperativa de

Mais força
Laticínios Selita e a Cooperativa Agrária
o A incorporação
Mista de Castelo (Cacal). De um lado, a
da Veneza à
mais antiga e principal cooperativa de
Coopeavi foi
laticínios do Estado precisava de mais
decidida em
fornecedores de matéria-prima; do ou-
assembleia entre

para competir
tro, a cooperativa pecuarista necessi-
os cooperados
tava escoar a sua produção de leite.
Assim, nasceu uma das mais antigas e
prósperas parcerias entre cooperativas
d do Estado, em 2005. Por mês, a Cacal

550
envia para a Selita aproximadamente

no mercado
1 milhão de litros de leite. Em contra-
partida, a Selita compra mensalmente
milhões 30 mil sacos de ração produzida pela
de reais Cacal, além de prestar serviços de in-
É a expectativa de dustrialização de produtos lácteos para
faturamento da a cooperativa de Castelo.
Coopeavi após “No momento de dificuldade que pas-
Cooperativas se unem para ter mais condições de enfrentar o mercado, a incorporação samos, a Selita foi fundamental, dis-
garantindo que os produtos tenham preços melhores e ainda mais qualidade da Veneza, um ponibilizando apoio financeiro e téc-
crescimento de nico e permitindo que a Cacal se re-
estruturasse e se consolidasse no mer-

U
DIVULGAÇÃO 4,5% na receita
ma parceria em que todos da cooperativa cado de rações e minerais”, explica o
saem ganhando, na qual o ob- presidente da Cacal, Domingos João
jetivo é crescer juntos. Assim é Piassi.
o processo de incorporação, O presidente da Selita, João Marcos
por meio dele, duas cooperativas pas- Machado, lembra que os pequenos pro-
sam a formar uma nova entidade. Um dutores são os maiores beneficiados
dos exemplos mais recentes no coope- nesse processo. “Eles não são atendido
rativismo capixaba foi a incorporação pelas grandes empresas, então o melhor
da Cooperativa Agropecuária do Norte a se fazer é buscar a união, para juntos
do Espírito Santo (Veneza), da área de se tornarem grandes.”
laticínios, à Cooperativa Agropecuária Outro exemplo de sucesso é a parceria
Centro Serrana (Coopeavi), especiali- entre o Sicoob e a Coopeavi para ins-
zada na produção de café e pecuária. talação e compartilhamento de energia
Mesmo passando por um período de solar no complexo logístico de Ibiraçu.
ajustes após a fusão, a expectativa é que Cooperativa Veneza vai lançar dois produtos por ano Desde maio, estão em funcionamento
o faturamento da nova cooperativa seja 10 conjuntos de usinas geradoras.
de R$ 550 milhões já no seu primeiro A produção inicial deve chegar a 125
ano, com um crescimento de 4,5% da de pessoas. mil Kwh/mês, o que seria suficiente pa-
receita. A Coopeavi passa a ter cerca de Segundo o diretor-presidente da Co- ra abastecer aproximadamente 500 re-
15 mil cooperados e 930 colaboradores, opeavi, Denilson Potratz, o principal ga- sidências. Além de preservar o meio am-
o que a torna a maior cooperativa agro- nho é o fortalecimento das duas coo- biente, o sistema deve gerar uma eco-
pecuária do Espírito Santo em número perativas, em um ambiente de negócios nomia de até 25%. l
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 29

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30 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

DIVULGAÇÃO/COPEESMA

Educação com
o Nas cooperativas operativa Regional de Educação e
educacionais, Cultura (Coopeducar) começou, por
como a Coopesma, meio da organização de 40 pais.
de São Mateus, “Quem manda, quem administra,

participação
são os pais - são os pais cooperados”, aponta José
os cooperados - Adelso Viçosi, diretor da unidade
que decidem como que atende da educação infantil ao
serão aplicados ensino médio e, em parceria com
os recursos uma faculdade particular, ainda fun-

e qualidade
disponíveis ciona como um polo de Educação a
Distância (EAD).
A área pedagógica investe em pro-
jetos voltados para a coletividade. Uma
das ações dos alunos visa a recuperação
da nascente no entorno do Hospital Pa-
dre Máximo, com limpeza do terreno e
O comprometimento com a formação cidadã dos alunos é um plantio de espécies nativas.
dos diferenciais das cooperativas educacionais, que investem em Essa dinâmica escolar é um atrativo,
projetos sociais que ultrapassam os muros das unidades escolares na avaliação de Amanda Zaqui Milagre,
17 anos, aluna da 3ª série do ensino
médio. Ela ingressou na cooperativa no

I
magine uma escola que ofereça princípios, o espírito de colaboração e d 9º ano do ensino fundamental, e logo

2 mil
educação de qualidade, a um preço de solidariedade, combinados à gestão percebeu a distância que havia entre o
justo. Nessa escola são os pais que compartilhada. modelo cooperativista em comparação
tomam as decisões, pensando sem- Atualmente, há oito unidades insta- à formação que havia recebido até
pre no melhor para os seus filhos. Parece ladas em municípios do interior - Santa alunos aquele momento.
sonho - e há pouco tempo era, até que Maria de Jetibá, Linhares, São Mateus, estudam em “Vim de uma trajetória de escola pú-
algumas famílias se uniram e decidiram Muqui, Alegre, Pinheiros, Venda Nova cooperativas blica e, quando optei pela Coopeducar,
elas mesmas construir a escola que me- do Imigrante e São Gabriel da Palha -, educacionais no foi muito em função do trabalho de in-
lhor representava seus anseios. que foram criadas em meados da dé- Estado, segundo tegração social e de projetos voltados
Assim surgiram, no Estado, as primei- cada de 1990, período em que as greves a OCB/ES para o meio ambiente. Acredito que a
ras cooperativas educacionais - escolas eram frequentes na rede pública. escola tem a preocupação com a for-
concebidas por pais e que têm, como Em Venda Nova, há 19 anos a Co- mação do aluno como um todo.”
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 31

DIVULGAÇÃO/COOPEDUCAR
mente poder opinar. A cooperativa es-
timula um envolvimento maior dos
pais”, avalia Elaine Carvalho de Aze-
vedo, uma das mães da Coopem.
O presidente da Cooperativa Educa-
cional de São Mateus (Coopesma), Eri-
ckson Manete de Paulo, ressalta que
essa participação das famílias faz toda a
diferença.
“Aqui, os pais têm voz e vez. Rea-
lizamos duas assembleias gerais a cada
ano. São feitas prestações de contas e
discutimos a aplicação dos recursos.
Todos têm oportunidade de participar
do processo decisório. E as sugestões
são acolhidas e debatidas.”
A unidade está implantando o siste-
ma de energia solar e estima uma eco-
nomia mensal em torno de R$ 10 mil na
Uma das características das cooperativas é o currículo diferenciado: a Coopeducar incentiva a preservação do meio ambiente conta de luz. No final do ano, o valor
que sobrar - pouco mais de R$ 100 mil -
será investido em melhorias, que serão
VALORES d Educacional de Linhares (CEL), Quei- decididas pelos cooperados.
O professor universitário José Mau- “Aqui, os pais la Gomes Zorzanelli, destaca que os
ro de Sousa Balbino, 60 anos, tem têm voz e vez. bons valores do cooperativismo nor- CUSTO REDUZIDO
uma filha, Mariana, que está fazendo São feitas teiam todo o trabalho. “Não é só o Outro aspecto atrativo nas coope-
o 3º ano do ensino médio na coope- prestações cognitivo que importa. Trabalhamos rativas escolares é o preço que se
rativa de Venda Nova, onde ingressou de contas e questões como ajuda mútua, democra- paga para ter esse modelo de edu-
na educação infantil. A mais velha, discutimos a cia e equidade.” cação. Como são instituições sem
Juliana, também passou por lá e hoje aplicação dos A diretora pedagógica da Cooperativa fins lucrativos, o custo para estudar
é dentista. Para ele, além da quali- recursos. E as Educacional de Muqui (Coopem), Ka- em uma cooperativa é reduzido. O
dade do ensino, a valorização do es- sugestões são tiuscia de Meneses, acrescenta que a termo correto nem é mensalidade,
pírito de cooperação e de cidadania é acolhidas e intenção é despertar essa preocupação mas rateio.
o diferencial. debatidas” com a comunidade. “Aqui, temos desde pais que tra-
Balbino cita como exemplo um pro- — Para ingressar em uma dessas uni- balham na roça a médicos e empre-
jeto sobre destinação adequada de re- ERICKSON MANETE dades, todo responsável pelas crianças sários. A cooperativa tem esse prin-
síduos que, além de tratar o aspecto DE PAULO e adolescentes se torna cooperado. Os cípio de não fazer diferenciação de
PRESIDENTE DA
ambiental, ainda teve uma abordagem COOPESMA pais participam de assembleias e têm ninguém, e ensina isso aos alunos. O
social, com o envolvimento da associa- poder de decisão sobre como os recur- valor que é cobrado atende tanto um
ção de catadores da região. sos vão ser investidos. quanto outro”, afirma José Adelso,
Diretora pedagógica da Cooperativa “Uma das vantagens é a gente real- da Coopeducar. l
32 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

DIVULGAÇÃO

Na CEL, alunos fizeram pesquisa de mercado e de preços;


na Coopseg, estudantes produziram chup-chup gourmet

É DE PEQUENO
(Coop-União) à gestão dos recursos da
venda do chup-chup gourmet.
“Convidei uma pessoa da comunida-
de que vive disso para dar uma oficina, e

QUE SE APRENDE
ela ensinou os alunos a lidar com os
ingredientes. Depois, fomos ao merca-
do ver o preço”. A professora disse ainda
que, embora as crianças recebam sua
orientação, não pode induzi-los a nada.
“Eu lanço ideias, mas são eles que che-

A COOPERAR
gam à decisão.”
Cada um dos 57 cooperados mirins
contribuiu com R$ 10. Quando o es-
tudante conclui o projeto, ele pode res-
gatar o valor ou destiná-lo para o fundo
da cooperativa.
Em Santa Maria de Jetibá, além da
As cooperativas mirins reproduzem todo o processo de criação das grandes organizações, cooperativa mirim - na qual são pro-
disseminando entre os estudantes importantes conceitos como empreendedorismo e liderança duzidos e vendidos biscoitos decora-
dos - a escola Cooperação também par-
ticipa do Programa Cooperjovem, de-

A
ssembleias, estatuto, eleição A diretora pedagógica da unidade, d senvolvido pelo Serviço Nacional de
da diretoria e do conselho fis- Queila Gomes Zorzanelli, ratifica o po- “Nessas Aprendizagem do Cooperativismo
cal: nas cooperativas educa- sicionamento do professor. “Estamos atividades, eles (Sescoop). “O objetivo é despertar nos
cionais, alunos reproduzem a preparando novos gestores e empreen- aprendem um educadores e educandos consciência
experiência de criação de uma orga- dedores. O cooperativismo prepara no- pouco sobre sobre cooperação, auxiliando na orga-
nização, proporcionando a vivência do vos líderes e novas formas de gestão.” empreendedorismo, nização e desenvolvimento de projetos
cooperativismo na prática. No 8º ano do ensino fundamental, marketing e nas escolas”, observa a diretora, Aman-
Na Cooperativa Educacional de Li- Arthur Oliveira França, 13 anos, sabe da controle de da Schulz Wruck.
nhares (CEL), o professor Vinícius Fer- responsabilidade que tem, após ser elei- caixa. O objetivo
reira Santi é o orientador do grupo que to secretário da comissão fiscal. “Eu não é o lucro, CONCEITOS
criou uma cooperativa de doces - a Co- queria aprender mais sobre o coope- mas o Parceiro do projeto, o Sicoob acredita
opemcel - para comercializar pipoca e rativismo e sobre educação financeira, aprendizado” que ele contribui para o fortalecimento
palha italiana. Para chegar a esses pro- que é fundamental no nosso dia a dia. É — de três pilares que passam a acompa-
dutos, foi feita uma pesquisa de mer- muito importante ter esse conhecimen- VINICIUS FERREIRA nhar os estudantes por toda a vida: o
cado com a comunidade escolar. to, e também saber cooperar e dividir. SANTI, PROFESSOR cooperativismo, o empreendedorismo e
Para produzir, os alunos pesquisaram Você ajuda ao próximo, não apenas a si a liderança.
preços e passaram por oficinas para mesmo”, diz. “Quando esses conceitos são traba-
padronizar a produção dos doces. Secretária escolar e professora orien- lhados ainda na infância, as pessoas
“Nessas atividades, eles aprendem um tadora da cooperativa mirim da Coopesg crescem mais conscientes da neces-
pouco sobre empreendedorismo, mar- Robusta, em São Gabriel da Palha, Si- sidade da união para alcançar metas
keting e controle de caixa. O objetivo mone Aparecida Rigo ressalta que cada em comum”, ressalta Sandra Kwak,
não é o lucro, mas o aprendizado”, des- etapa do projeto é um aprendizado, da superintendente institucional do Si-
taca Santi. assembleia que constituiu a cooperativa coob ES. l
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 33

Segurança e conforto bém para a economia local.


“A renda gerada pela cooperativa fica
dentro do município. Além disso, na
cooperativa tudo é mais transparente:

no transporte escolar
todo mundo é dono e o cooperado sabe
quanto ganha, quantos quilômetros ro-
da, como funciona a licitação. É muito
melhor do que em uma empresa.”
O presidente da Cooperativa de Trans-
DIVULGAÇÃO porte de Escolares e Passageiros de Ara-
A criação de cooperativas cruz (Cootrara), Guaracy Cecato, conta
de transporte no interior do que, por dia, são conduzidos 3,2 mil alu-
Estado trouxe mais qualidade e nosem73veículos,todoscommonitores.
segurança ao serviço prestado “Todos os motoristas têm curso. O trans-
porte é feito com segurança.”
A Cootrara foi criada há 14 anos com a

O
utro segmento que tem cres- intenção de atender a uma exigência da
cido no interior do Estado é o prefeitura na época, porque os contra-
de cooperativas do setor de tos para transporte de alunos não po-
transportes. Com atuação em deriam mais ser feitos com pessoa fí-
11 municípios - Alegre, Guaçuí, Ibiti- sica. “Optamos pela cooperativa. Cada
rama, Vargem Alta, Jerônimo Monteiro, um tem seu veículo e cuida bem para
Presidente Kennedy, Piúma, Cariacica, que o serviço funcione.”
Viana, Fundão e João Neiva - a Coo- A organização da Cooperativa de Trans-
perativa de Transportes da Região Sul Alegre. “Todos os motoristas são trei- o A Coopersules porte Escolar de Vargem Alta (Cooteva),
(Coopersules) atende a mais de 20 mil nados, porque lidamos com vidas, e transporta em 2006, também foi motivada pelas re-
crianças e adolescentes diariamente, com vidas não se pode brincar”, res- diariamente mais grasdomunicípio.Muitosdoscooperados
segundo o vice-presidente da entidade, salta Jordain. O vice-presidente da Co- de 20 mil crianças são agricultores que têm, na nova ati-
Wagner Jordain. opersules, que foi fundada em abril de e adolescentes na vidade, um meio de complementar a ren-
São estudantes das redes munici- 2005, acrescenta que a atividade é im- Região Sul do da. Hoje, o grupo atende oito escolas e
pais, estadual e também do Ifes de portante para os cooperados e tam- Espírito Santo conduz cerca de 1,2 mil alunos por dia.
34 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

FOTOS: ADESSANDRO REIS


d

O Painel Cooperar
2019 aconteceu
no último dia 25,
no auditório da
Rede Gazeta,
em Vitória

“As cooperativas
promovem o
desenvolvimento
da comunidade
em que estão
inseridas. Elas
proporcionam
trabalho, melhor
renda e
qualidade de
vida para seus
cooperados ”

ALECSANDRO
CASASSI
SUPERINTENDENTE
OPERACIONAL DO
SICOOB CENTRAL ES

d
Em busca de novos
mercados e negócios
A relação entre cooperativismo e empreendedorismo esteve em discussão no Painel Cooperar
2019, que reuniu representantes de cooperativas de diversos segmentos que atuam no Estado
“Empreender
está na veia das

A
cooperativas. busca por novos mercados e a mos diferentes: agropecuária, consu- tuído no Espírito Santo”, comenta.
Cada dia mais, entrada em nichos de negó- mo, crédito, educação, produção, Ele ressalta um dos aspectos fun-
cooperar se cios ainda não explorados é saúde, transporte, trabalho e habita- damentais do trabalho cooperativis-
torna uma saída uma alternativa para o coo- cional. Somados, são aproximada- ta: o fato de agregar valor ao produto
para os negócios. perativismo continuar crescendo no mente 445 mil cooperados em todo o ou serviço e, ao mesmo tempo, di-
A união Estado. Além da união para o forta- Estado, resultando na geração de cer- minuir custos. “Empreender está na
possibilita que lecimento de uma marca ou negócio, é ca de 8 mil empregos diretos. veia das cooperativas. Cada dia mais,
os cooperados preciso estar atento às oportunidades Na área da saúde, por exemplo, o cooperar se torna uma saída para os
se fortaleçam que surgem por meio da identificação Estado conta com cooperativas mé- negócios. A união possibilita que os
e cresçam” de demandas em crescimento. dicas reconhecidas pela excelência cooperados se fortaleçam e cresçam
— Essa relação entre cooperativismo e no atendimento, seja ele básico ou juntos”, explica o superintendente.
CARLOS ANDRÉ
SANTOS DE empreendedorismo foi o tema central complexo. Essa expertise capacita os O presidente do conselho adminis-
OLIVEIRA das discussões do Painel Cooperar profissionais a entrarem em um mer- trativo da Unimed Vitória, Jesse Ran-
SUPERINTENDENTE 2019, realizado no Auditório da Rede cado em expansão e que se mostra gel Tabachi, lembra que o coopera-
DO SISTEMA OCB/ES Gazeta, em Vitória. Representantes de carente de serviços, como ressalta o tivismo é um caminho para o desen-
cooperativas de diversos segmentos superintendente da OCB/ES, Carlos volvimento e para a prestação de ser-
participaram do evento, que aconte- André Oliveira: os cuidados a idosos. viços de excelência para o usuário. “O
ceu no último dia 25. “Temos uma demanda crescente por sistema cooperativista ajuda todos os
O Espírito Santo possui 126 coo- esse tipo de serviço. Por que não montar envolvidos a construir uma sociedade
perativas registradas no Sistema uma cooperativa para isso? Esse é um melhor, mais humana”, avalia.
OCB/ES, distribuídas de Norte a Sul nicho que já estamos desenvolvendo Luiz Carlos Bastianello, presiden-
do Estado. Elas contemplam nove ra- dentro da OCB, para que seja consti- te da Cooperativa Agrária dos Ca-
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 35

“Queremos
construir pontes
para conectar as
pessoas e ter
uma sociedade
mais saudável.
A cooperativa
funciona como
um desses elos
para promover o
crescimento
sustentável das
comunidades”

JOSÉ MIQUELINO
DA CUNHA DIRETOR
ADMINISTRATIVO
Os participantes discutiram as alternativas para o cooperativismo superar as dificuldades impostas pelo mercado e continuar crescendo no Estado DA UNICRED

feicultores de São Gabriel (Cooa- d d cooperativas, no entanto, não basta d


briel), concorda. Ele observa que fo- ter um ótimo produto ou serviço.
mentar o empreendedorismo nas co- Também é necessário ter uma boa
operativas é fundamental, já que tra- gestão e visão do negócio. Um passo
ta-se de um sistema de trabalho onde fundamental para que isso ocorra
as decisões são tomadas em conjun- consiste na qualificação e profissio-
to. “Na Cooabriel, há muitos exem- nalização de quem gerencia o grupo e
plos de empreendedorismo, e acre- de quem contribui para que ele exis-
dito que isso tenha contribuído para ta, ou seja, todos os cooperados.
nosso sucesso”, pontua. Muitas cooperativas já disponibili-
zam cursos, dias no campo e treina-
JUNTOS mentos para seus cooperados. O Si-
A professora de ética e responsa- coob, por exemplo, capacita pessoas
bilidade social e doutora em Admi- “Isolados somos “Cooperar para serem microempreendedores. “Hoje o
nistração com foco em Negócios So- fracos, com mais transforma a De acordo com o superintendente cooperativismo é
ciais, Maria Flávia Bastos foi a pa- custos. Unidos, vida das Operacional do Sicoob Central Espírito um nicho muito
lestrante principal do Painel e des- conseguimos pessoas. Elas Santo, Alecsandro Casassi, a coopera- grande para se
tacou o mercado de eventos como projetar nossas deixam de tiva de crédito tem um programa cha- desenvolver
um nicho a ser explorado pelos em- marcas, nos trabalhar mado “Associado ao Microcrédito”. Ne- trabalhos e
preendedores. fortalecer e prestar sozinhas para, le são trabalhados conceitos sobre ges- prestar serviços
“É um setor que está em alta. Antes um serviço juntas, contar tão financeira, mercado e precificação de excelência
mesmo de a criança nascer ela ganha melhor, tanto para histórias únicas de produtos, entre outros. para o usuário.
uma festinha”, brinca, se referindo cooperados e tornar viável “São módulos presenciais que ocor- Ele ajuda a
ao chá de revelação do sexo do bebê e quanto para a atividade rem em todo o Estado. O programa é todos”
outros eventos, como chá de bebê e os clientes” no campo” tanto para quem quer criar um ne- —
chá de fralda. “Este é um nicho que — — gócio, quanto para quem pretende
JESSE RANGEL
PEDRO SCARPI HERIBERTO SIMÕES TABACHI
está em crescimento. Porque não PRESIDENTE DA GERENTE DE aperfeiçoar o que já tem. No ano pas- PRESIDENTE DO
unir pessoas que prestam serviços li- OCB/ES E COMUNICAÇÃO E sado, 471 pessoas passaram pelos cur- CONSELHO
gados a esse setor e montar uma co- VICE-PRESIDENTE DA MARKETING DA so. Desde a criação deles, em 2014, já ADMINISTRATIVO DA
UNIMED FEDERAÇÃO COOPEAVI UNIMED VITÓRIA
operativa? Isso baratearia custos e são 1,8 mil empreendedores capaci-
também proporcionaria maior visi- tados”, comenta Alecsandro.
bilidade no mercado”, exemplifica. Os treinamentos podem ocorrer de
A especialista observa que criar no- cooperativismo novo e que ‘briga’ forma direta, em sala de aula, ou por
vos arranjos produtivos fortalece as com a Indústria 4.0. Que seja forte, meio de propagadores do conheci-
profissões e acaba com o empreen- eficiente e com ótima prestação de mento. São pessoas que participam
dedorismo individual como única al- serviços”, diz Maria Flávia. dos treinamentos e replicam o apren-
ternativa. “Temos que pensar nesse Para garantir a sobrevivência das dizado com os demais cooperados. l
36 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

PAINEL COOPERAR
FOTOS: ADESSANDRO REIS

Equipe do Sistema OCB/ES


reunida no Painel Cooperar

Maurício Sardenberg Vidal, Carlos Magno


Margô Devos, da Unimed da Silva e Wagner Jordain, da Coopersules
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 37

Carlos André Oliveira e Rose


Favalessa, do Sistema OCB/ES

Alecsandro Casassi,
Kassio Orlete e Zander
Soares, do Sicoob

Simone Fagundes e
Sandrine Luchi, da Unimed

Marcele Falqueto, da Cooabriel

Luiz Toniato, do Sebrae

Alberto Teixeira Jardim


Júnior e José Miquilino
da Cunha, da Unicred

Aristóteles Passos Costa Neto e


Wilson Lázaro de Souza, do Inoocopes
Bruno Grola, da
Heriberto Simões, da Coopeavi Unimed Seguros
38 | COOPERATIVISMO QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019

ENTREVISTA
Maria Flávia Bastos, especialista em empreendedorismo e cooperativismo

“Todo mundo ganha”


Especialista em empreendedorismo elenca as possa “fatiar” as dificuldades.
É uma maneira de aprender a crescer

vantagens do cooperativismo como um modelo


coletivamente. Vários estudos compro-
vam que quanto mais diversidade de
pessoas e ideias eu tiver na minha em-
justo e igualitário de desenvolvimento presa, mas inovação eu vou gerar, e uma
cooperativa é um símbolo dessa diver-
sidade de pessoas de ideias.

D
ADESSANDRO REIS
efensora da importância do Oqueéo“empreendedorismosocial”
relacionamento interpessoal, e como essa ideia se encaixa no mo-
do trabalho coletivo e da ma- delo das cooperativas?
nutenção da cultura coopera- É uma espécie de empreendedorismo a
tivista, a especialista em empreende- serviço da paz, da justiça e da mudança
dorismo social Maria Flávia Bastos plena da nossa economia. O tipo de ca-
sustenta que “o cooperativismo sem- pitalismo que a gente tem ainda não é
pre foi e continua sendo um modelo de baseado em processos sustentáveis. O
negócio que gera trabalho e renda de empreendedorismo social nasce desta
maneira coletiva, onde todo mundo perspectiva, do comércio justo, das ati-
ganha, da maneira mais justa e igua- vidades coletivas que podem gerar em-
litária possível”. prego, trabalho e renda.
Natural de Minas Gerais, Maria O empreendedorismo social é pri-
Flávia é graduada em Comunicação mo-irmão das cooperativas. Todos os
Social, mestre em Gestão Social, seus conceitos bebem na fonte do co-
Educação e Desenvolvimento Local e operativismo, da economia solidária,
doutora em Administração. Autora da agricultura familiar.
de três livros sobre empreendedo-
rismo, ela é considerada uma das Sair da zona de conforto é o grande
principais palestrantes do assunto desafio do empreendedor?
no país e foi uma das convidadas pa- O maior segredo para um empreen-
ra o Painel Cooperar 2019, realizado dedor ter sucesso é que ele possa acre-
no auditório da Rede Gazeta, onde ditar que sair de sua zona de conforto
falou sobre o empreendedorismo co- d Como as cooperativas podem ser é dar ouvidos a outras pessoas que
operativo para uma plateia de em- “Quem mais competitivas? estão do seu lado, os clientes, os con-
presários, associados de cooperati- empreende Estamos vivendo uma crise econômica correntes, a comunidade.
vas e convidados. por meio de mundial, e um problema econômico Empreendedorismo se faz na rua, como
Durante sua apresentação, ela ex- cooperativa não se resolve da noite para o dia. Todos disse bem o Fernando Dolabela, autor de
plicou como uma vida cooperativa ou por meio que empreendem no Brasil estão tendo várioslivrosdaárea.Empreenderésercada
pode contribuir para que empresas, do pensamento dificuldade de se posicionar no mer- dia mais cooperativo a ouvir e entender o
pessoas e sociedade se tornem mais cooperativo cado. Pensar e agir de maneira coope- queaspessoastêmanosdizer,éestaratento
humanizadas e justas. tem mais rativa é uma das grandes possibilidades ao que acontece ao nosso redor.
possibilidade de se alcançar algo e fazer com que uma
Um dos pilares do cooperativismo é a de dar certo” ideia prospere de fato. Em um cenário de crise, qual a impor-
participação de todos nas decisões. Sempre que eu me alio a outras pes- tânciadascooperativascomogerado-
Isso ajuda a despertar o empreende- soas, eu posso dividir custos. Estamos ras de emprego e renda?
dorismo? falando de um ciclo produtivo do bem, O cooperativismo sempre foi e con-
O empreendedorismo no Brasil é que estimula o crescimento não só das tinua sendo um modelo de negócio que
marcado por essas ações que são co- cooperativas, mas da economia nacio- gera trabalho e renda de maneira co-
letivas, com a junção de pessoas e nal de uma maneira geral. letiva, no qual podemos incluir o que
ideias. Somos um povo que cria com chamamos de comércio justo, onde to-
muita facilidade com a ajuda uns dos Quais as vantagens que as coopera- do mundo ganha, da maneira mais
outros. Passamos por muitas dificul- tivas, graças a esse modelo associa- igualitária possível.
dades, então, dividir ideias e custos é tivo, têm nessa disputa de mercado? Pensar de maneira cooperativa talvez se-
uma postura típica do brasileiro. As maiores vantagens que uma coope- ja a única saída que tenhamos para con-
Quem empreende, por meio de co- rativa tem estão exatamente no seu mo- seguir novos espaços e novas possibili-
operativa ou por meio do pensamen- delo de negócio, baseado na cooperação, dades de emprego e renda para uma po-
to cooperativo, tem mais possibilida- na divisão, na partilha. Assim, ela se co- pulação muito carente, com mais de 13
de de dar certo. loca no mercado de uma maneira que milhões de desempregados. l
QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 COOPERATIVISMO | 39

sicoobes.com.br

Pesquisa de Satisfação realizada pela Futura Pesquisa e Gestão com os associados pessoa física entre os meses de outubro 2018 e fevereiro de 2019. O Sistema Sicoob ES é composto pelas seguintes cooperativas: Sicoob Sul-Litorâneo, Sicoob Sul, Sicoob Leste
Capixaba, Sicoob Centro-Serrano, Sicoob Norte, Sicoob Sul-Serrano, Sicoob Credirochas. Central de Atendimento Sicoob - 0800 642 0000. Ouvidoria - 0800 725 0996, Deficientes auditivos ou de fala - 0800 940 0458. www.ouvidoriasicoob.com.br
Sicoob. 95% de satisfação
dos associados.
Sabe o que faz o Sicoob diferente? Aqui no
cooperativismo, quando um ganha todos ganham.
Então, além de ficar feliz por nós, que estamos
completando 30 anos no Espírito Santo, a gente fica
feliz por você, que conquista seus sonhos com a ajuda
do Sicoob. Como a
compra de um carro
novo. Abra sua conta e
descubra que você pode
ser mais feliz com a sua
instituição financeira.
Baixe o app Faça Parte.
HÁ 50 ANOS
PROMOVENDO
O COOPERATIVISMO
O IMÓVEL QUE VOCÊ QUER

“FOI
ACHEI INCRÍVEL,
FÁCIL COMO COMPRAR
UM PÃO!
” Acredito ser uma ótima forma
de “juntar dinheiro” e ter seu canto!
Pagar pelo seu imóvel em até 7 anos
ao invés de financiar em bancos, é fascinante.
Com certeza investiria novamente
em um novo empreendimento do Inocoopes.

Por ser Autônoma, acreditava que jamais


conseguiria comprar um imóvel
de um jeito tão simples, sem burocracia.
Hoje tenho meu apartamento
do jeito que sempre sonhei.

RESIDENCIAL
RECANTO DE CAMBURI

/INOCOOPES INOCOOPES.COM.BR

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