Edição Digital - Ano 1 - Nº 001 - Julho de 2018

Mário Sérgio Cortella

A ética é o conjunto de
valores e princípios que eu
uso para a minha conduta
no meio da sociedade

ÉTICA
PROFISSIONAL

Entrevista Entrevista Entrevista

Ricardo Voltolini Maria da Penha Águeda Muniz
“É hora das empresas “Não somos estatísticas, somos a “Uma Fortaleza Sustentável
pensarem em ser Sustentável” força da criatividade, da inclusão” até 2020”
 PROGRAMA

O Brasil é um uma nação em desenvolvimento,

no entanto é um país que apresenta desigual-
dades sociais de caráter estrutural, que se
refletem no mundo do trabalho. Na pesquisa

62,2%
Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maio-
res Empresas realizada pelo Instituto Ethos em
cooperação com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), demonstram que
90,6% das empresas pesquisadas não possui
política para a promoção da igualdade de dos gestores afirmaram que
oportunidades para pessoas com mais de 45
anos no quadro de funcionários.
“resistem admitir quem está,
ou já passou dessa faixa etária”.
Em outra pesquisa realizada pelo Portal
Recrutamento de Vagas, 62,2% dos gestores
afirmaram que “resistem admitir quem está, ou
já passou dessa faixa etária”.

Objetivos Específicos Objetivo

Obter o apoio das empresas no programa
para que recrutem e contratem pessoas
com mais de 45 anos.
Realizar mensalmente, de forma gratuita,
oficinas e palestras com temas relaciona-
dos a mercado de trabalho e orientação
profissional aos beneficiários do programa.
O Programa +45 no mercado de trabalho é
uma iniciativa voluntária da Dialogus Consul-
toria e conta com a participação do SINE/I-
DT, da Associação Brasileira de Recursos
Humanos (ABRH-CE), da Studart RH, além de
outros parceiros. Tem como objetivo geral
contribuir com a recolocação profissional de
pessoas com mais de 45 anos.

Informações
www.dialogusconsultoria.com.br/programa-45

Av. Desembargador Moreira, 2020 | Sala 907 | Aldeota

Fortaleza/CE | CEP 60.170-001
+55 85 3181.0086 / 0087
+55 85 99703.3252 (WhatsApp)
dialogus@dialogusconsultoria.com.br
 Pós-graduação (Lato Sensu)

Sustentabilidade Empresarial
e Responsabilidade Social
Carga horária: 398h

Duração: 26 meses

Frequência: aulas quinzenais; às terças-feiras (noite) e às quintas-feiras

(noite)

Público-alvo: gestores em Recursos Humanos, profissionais de Gestão

Organizacional de empresas públicas e privadas, Organizações Sociais,
Empresários e dirigentes de Organizações

Coordenação acadêmica: Prof. Me. Maiso Dias Alves Júnior

Local de realização: Campus Parque Ecológico

www.unichristus.edu.br
FALE posgraduacao01@unichristus.edu.br
CONOSCO: [85] 3265.8192 / 3265.8196
Campus Parque Ecológico | Rua João Adolfo Gurgel - 133 - Papicu
Sumário
Artigo 06 Inovação Social em prol de um mundo mais justo e inclusivo
Stakeholders 08 Os 4 R’s para o Engajamento de Stakeholder
Entrevista 09 Ricardo Voltolini: Um mundo sustentável começa na sua empresa
Artigo 13 Qual a diferença entre Relatório Integrado, Relatório de
Sustentabilidade e Balanço Social?

O Poder Feminino 14 Iniciativas de empreendedorismo empoderam meninas e mulheres

Tecnologia Social 16 A tecnologia social como empoderamento para as comunidades

Instituto Ethos 20 Plataforma Rating Integra avaliará as principais entidades esportivas

Artigo 21 Tempos difíceis são oportunidade de crescimento

Capa 22 Ética profissional

Artigo 26 Os 10 motivos para uma Organização ter um Código de Ética
Artigo 27 Gestão jurídica no terceiro setor na perspectiva de sustentabilidade
Sebrae 28 Desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios
Coletivo 31 Empoderamento regional nas comunidades periféricas
Entrevista 33 Maria da Penha: Maria de todas as mulheres

Entrevista 38 Águeda Muniz: Uma Fortaleza sustentável até 2020

Artigo 41 Sustentabilidade deve ser um dos pilares empresariais

Artigo 42 Sustentabilidade Organizacional: uma questão de gestão

estratégica de atuação no negócio.

Sustentabilidade
44 Práticas sustentáveis viram vantagens para empresas e meio ambiente
Corporativa

Case de Gestão 46 MRV Engenharia

Artigo 48 A importância do gerenciamento de stakeholders

Agenda 49 Agenda Sustentável

Tecnologia 50 Aplicativos favorecem a busca pelo emprego e descobertas de plantas

Maiso Dias
Sócio Diretor da Dialogus Consultoria
Thays Garcia
Consultora em Responsabilidade Social
Yoann Wozniak
Gerente Administrativo
Dialogus Consultoria em Responsabilidade Social
------------------------
Av. Des. Moreira, 2020 - sala 907 Vicente Araújo
Aldeota, Fortaleza - CE, 60170-001 Jornalista

Café Novo Comunicação

Editoração e diagramação

04
Editorial
Você acredita que Sustentabilidade seja a palavra do século 21? Antes mesmo de discutir
relações de mercado, atuação de profissionais, formatos e estratégias da empresa, devemos
pensar na Ética Profissional. O que adianta ter quase tudo e manter uma ideologia disfarça-
da, uma missão desconstruída e resultados sem pensar na responsabilidade social com o
próximo e com o planeta?

Muitos profissionais e empresas percebem o nível ético, quando desejam passar do patam-
ar da informalidade para a legalidade. O profissional que trabalha de forma antiética,
também encontra limite para sua atuação, ou até mesmo sentença de morte para sua profis-
são. Na matéria de capa, a revista aborda a conduta da ética profissional e como os chefes
abordam esse tema em suas empresas.

Nesta edição de lançamento, a Revista Gestão e Sustentabilidade aborda temáticas de

relevâncias para sua empresa, técnicas de gestão e modelos de práticas sustentáveis. A
revista privilegia a divulgação de artigos teóricos, casos práticos de gestão e relatos técnic-
os que possibilitem subsidiar a reflexão acadêmica e profissional sobre iniciativas suste-
ntáveis em organizações privadas, públicas e da sociedade civil.

Em entrevista exclusiva com o consultor, escritor e palestrante, Ricardo Voltolini, fala sobre
o conceito de liderança sustentável e como é possível aplicá-lo em sua empresa dos mais
diferentes portes e segmentos. Como ainda, quais ferramentas e estratégias para incluir a
sustentabilidade no planejamento estratégico. Ele relata suas experiências e analisa
tendências e cases de empresas e, principalmente, provoca o leitor com ideias inovadoras.

A Revista Gestão e Sustentabilidade traz artigos, matérias jornalísticas e depoimentos de

grandes pensadores e formadores que contribuem com a metodologia e prática da sustent-
abilidade. Entre eles, Mário Sérgio Cortella, filósofo e escritor; Mário Persona, escritor e
consultor; além de entrevistas exclusivas com a Maria da Penha, sobre o empoderamento
feminino e a atuação de seu Instituto; entrevista com Águeda Muniz, Secretária Municipal
do Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza. E artigos de parceiros como do Doutor em
Direito, Janguiê Diniz , Reitor da UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau e
de consultores da Dialogus Consultoria.

Maiso Dias
Editor-Chefe Revista Gestão
e Sustentabilidade e Diretor
da Dialogus Consultoria.

05
 Artigo Por Gabriel Pires,
Consultor Dialogus Consultoria
Embaixador e Mentor do Movimento Choice.
gabriel@dialogusconsultoria.com.br
Inovação Social em prol de um
mundo mais justo e inclusivo
Banco Palmas e Clínica SiM são Negócios Sociais que estão
fazendo a diferença em Fortaleza
Sede do Banco Palmas, no Conjunto
Palmeiras, em Fortaleza – Ceará.
No Conjunto Palmeiras, um dos bairros mais pobres de
Fortaleza, Joaquim Melo percebeu uma dificuldade comum
à grande parte dos moradores: falta de acesso à serviços
financeiros. Nesse contexto, ele idealizou e fundou o Banco
Palmas, uma iniciativa baseada nos princípios da econo-
mia solidária, que oferece serviços financeiros voltados
para geração de trabalho e renda. Com 18 anos de existên-
cia, o empreendimento já possui mais de seis mil clientes, e
realiza empréstimos de R$ 50,00 a R$ 15 mil, com prazo de
um ano para pagar, dando assim a oportunidade para essas
pessoas construírem seus próprios empreendimentos e
transformarem suas vidas.
Outro exemplo, também em Fortaleza, é a Clínica SiM
(Serviço de Inclusão à Medicina), uma clínica popular que
oferece atendimento médico e odontológico de qualidade
por um preço acessível, com o objetivo de atender a
população de baixa renda, que geralmente não possui
plano de saúde privado. Fundada em 2007, atualmente a
Clínica SiM já possui 12 unidades em Fortaleza, e realiza
Unidade da Clínica Sim,
em Fortaleza – Ceará.
mais de 5 mil atendimentos por mês. Ao oferecer
serviços básicos de consultas e exames para pessoas
que não possuem plano de saúde, o empreendimento
consegue fazer um diagnóstico precoce de diversos
tipos de problemas de saúde, que geralmente essas
pessoas não teriam condições de pagar em clínicas
privadas tradicionais. Isso evita diversas complicações
para a saúde dos pacientes, que certamente teriam que
pagar tratamentos mais custosos. Dessa forma, o
negócio consegue reduzir custos para o Sistema Único
de Saúde (SUS) e o sofrimento de muitas famílias.
Esses são apenas dois exemplos de negócios sociais que
estão fazendo a diferença na cidade de Fortaleza –
Ceará. Eles fazem parte de uma nova geração de
negócios, que estão fazendo a diferença no Brasil e no
mundo – São empreendedores inconformados,
inovadores, que trabalham para construir uma socie-
dade mais justa, com dignidade e poder de escolha para
todos os brasileiros.
06
 Recicle
A ARTE QUE
NASCE DO LIXO
“As mãos que jogam lixo nas ruas podem ser as mesmas que fazem
renascer objetos e coisas que descartamos.”
Transformar lixo em arte tornou-se
uma prática comum nas grandes
cidades e capitais. Os artistas
conseguem dar valor aos materiais
descartáveis utilizando desde os
objetos mais simples até as escultur-
as mais incríveis. A matéria-prima
do pneu de borracha tem feito
pilhas de montanhas nos lixões o
que acarreta em doenças e acúmulo
de lixo. Artesãos têm criado novos
formatos para utilização dos velhos
pneus.
Descobrir o belo onde a maioria só
enxerga sujeira e podridão, melhor,
transformar esses dejetos em arte e
objetos reutilizáveis. Em Beberibe,
com lixeiras sustentáveis e frases
espalhadas pelas ruas, a Associação
Movimento Beberibe, deu um
colorido ao ambiente como praças,
ruas, avenidas e a zona litoral como
Morro Branco, Praia das Fontes,
Praia do Diogo e Tabuba do Morro
Branco.
Em Redenção, o borracheiro José
Maria Machado, o que antes iria
para o lixo, hoje ele transforma
pneus velhos em utilidades. Com a
sobra de borrachas e pneus, ele se
identificou e aperfeiçou a técnica
artesanal. Atualmente, o senhor
Machado, ganha até três vezes mais
se comparado aos serviços na
borracharia. “Não é só retirar o
material do lixo. Tem que trazer e
fazer este trabalho, todo esse
processo. Depois passar pra popu-
lação a conscientização. Se não fizer
esse esforço, com certeza, não vai
adiantar ter feito todo esse
trabalho”, completa o borracheiro.
“Pegar o pneu, dito como patinho
feio da reciclagem, pode ser hoje, a
maior arte vinda do lixão, ajudando
a sustentabilidade e equilíbrio do
meio ambiente”, disse o artesão
Mestre Diva, que já exporta sua
07
produção para outros estados, além
de participar de exposições com
foco em ações sustentáveis em
Fortaleza, Recife e Piauí.
O projeto Descubra Beberibe é
construído coletivamente através da
plataforma Trello, pelas redes
sociais e pelo aplicativo WhatsApp,
que tem sido uma ferramenta
facilitadora na conquista de
doações e ajuda mútua entre os
participantes.
Uma melhor cidade para seus
moradores é também uma cidade
melhor para os visitantes. De
decoração a objetos de utilidade,
com um pouco de criatividade,
plásticos, pneus, garrafas, latas,
papéis e jornais, podem ser transfor-
mados em vários produtos. A
criação de bolsas, cestas, lixeiras,
vasos, porta-lápis, carteiras,
cadeiras, sofás, puffs, almofadas e
até mesmo roupas, estão entre as
mais comuns e mais “práticas”. No
entanto, há quem ouse mais.
As peças do Sr. Machado podem ser
encontradas à beira da estrada a
município de Redenção a caminho
da Serra do Maciço de Baturité. As
peças variam de R$ 45 a R$ 200
reais.
 Stakeholders
Os 4R’s para o Engajamento
de Stakeholder
Para criar valor e fazer a diferença
nas comunidades nas quais você e
sua empresa atua é preciso promover
a escuta ativa e o diálogo com todos
os setores da sociedade.
Considerando o primeiro grau de
maturidade empresarial, a questão
inicial que as organizações enfren-
tam é: por que realizar o engajamen-
to com os meus stakeholders?
O que a minha empresa pode obter
de benefícios com esta prática?
Sabemos que construir um diálogo
contínuo e transparente entre as
partes interessadas é essencial para a
estratégia do seu negócio. Todo início
e meio de ano são momentos para
revisar e fortalecer o relacionamento
entre as partes. Sua empresa já fez
esse procedimento?
São muitas as dificuldades das
empresas buscarem um caminho
para o engajamento. É possível
perceber que a maioria das empresas
se depara com questões-chave
A sustentabilidade somente gera valor para a empresa
se o discurso estiver alinhado com a estratégia.
Stakeholders: significa público estratégico e descreve uma pessoa ou grupo que tem interesse em uma empresa, negócio ou indústria, podendo ou não ter
feito um investimento neles. Em inglês stake significa interesse, participação, risco. Holder significa aquele que possui.
comuns que as impede de construir
um engajamento efetivo. Lembre-se
de que é possível, basta seguir o
método e planejamento.
Além do Relacionamento como pedra
fundamental, engloba ainda, o
Respeito mútuo entre as partes para
uma convivência saudável e frutífera,
sem o qual o relacionamento não se
mantém; propiciar o real diálogo e
não apenas realizar um repasse de
informações, pressupondo então
Respostas da outra parte – e, não
menos importante, que haja uma
Regularidade deste diálogo.
Esta comunicação com fornecedores,
clientes, governo, órgãos reguladores,
investidores, colaboradores, sindica-
tos, associações empresariais,
comunidades, imprensa, startups,
negócios sociais, ONG´s e até mesmo
concorrentes, pode e deve ser realizado
como uma via de mão dupla: trazendo
insumos de grande riqueza para a
organização e provocando respostas
que atendam as questões levantadas.
08
O engajamento
deve ser parte dos planos
estratégicos das organizações,
pois além de garantir que os
envolvidos saibam exatamente
qual seu papel e "vistam a camisa",
permite que a empresa responda
aos anseios e às necessidades de
seus públicos. Esta importante
ferramenta de comunicação não
pode ser vista de forma
secundária e ser utilizada apenas
para a elaboração de relatórios
GRI ou para "cumprir protocolos".
A sustentabilidade somente gera
valor para a empresa se o discurso
estiver alinhado com a estratégia.
Em seu plano de ações, tenha a
liderança comprometida e um
mapeamento dos stakeholders e
dos seus temas de interesse,
determinando formadores de
opinião e representantes que
falem a respeito. Neste sentido,
engajamento é trabalhar junto
com vistas à um propósito
comum, utilizando a inteligência
coletiva e a diversidade de perfis e
pontos de vista para atingir
resultados ainda melhores em sua
empresa.
Entrevista
com Ricardo Voltolini
Diretor-presidente da consultoria Ideia Sustentável:
Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade.

Um Mundo
Sustentável
começa na
sua empresa
Ao longo de sua carreira
como consultor em
sustentabilidade, o
jornalista Ricardo Voltolini
conheceu muitas
corporações e lideranças.
Em sua experiência, grande
parte das empresas tem um
discurso que não reflete a
prática na questão da
sustentabilidade e que
apenas a minoria coloca o
tema realmente na cultura
da gestão.
É neste contexto que
cresce a importância das
chamadas empresas
sustentáveis. Conciliar
produtividade, resultados e
compromissos
socioambientais está entre
os desafios destes
profissionais cada vez mais
necessários e requisitados
no mercado.
Em entrevista, Ricardo
relata como as empresas
devem engajar seus
stakeholders em ações
sustentáveis e como
moldar sua gestão a ter
“sustentabilidade” como
foco das atenções.
O especialista fala sobre o
conceito de liderança
sustentável e como é
possível aplicá-lo em sua
empresa dos mais
diferentes portes e
segmentos. Como ainda,
quais ferramentas e
estratégias para incluir a
sustentabilidade no
planejamento estratégico.
Confira a entrevista
Quais os desafios para um negócio), da criação de instâncias
mundo empresarial susten- internas como plataformas e comitês
tável? As empresas estão (que ajudam a manter o assunto em
acompanhando a evolução do alta), e também do condicionamento
mercado sustentável ou estão da remuneração a resultados do
a quem? triple bottomline. O RH tem um
papel fundamental nesse processo,
São vários os desafios. Mas o que começa incorporando os valores
primeiro consiste a empresa de sustentabilidade já no recruta-
reconhecer que sua atividade mento e na seleção de pessoas,
produz externalidades sociais e identificando o tema ao propósito
ambientais, cujos impactos negati- (missão, visão e valores) da compan-
vos devem ser eliminados, minimiza- hia.
dos ou compensados. O segundo
passo tem a ver com inserir susten- ............................................................................
tabilidade na estratégia via planeja- Você acredita que, quando a
mento estratégico, pois tudo que é sustentabilidade está na
estratégico em uma empresa tende a cultura da empresa, esse
ser visto como mais importante e engajamento chega efetiva-
demanda a atenção mais específica mente à consciência dos
da alta e média direção. funcionários dos escalões de
Portanto, do meu ponto de vista, o diversos níveis?
grande desafio, na ponta, é inserir na
meta de cada colaborador da Sim. Quando a sustentabilidade está
empresa algo relacionado à susten- na cultura, pressupõe-se que todos
tabilidade. os líderes já tenham sido devida-
E acredito que as empresas acom- mente treinados e desenvolvidos
panham a evolução. Se pensarmos para o tema e que o conceito já esteja
nas empresas líderes no Brasil, um incorporado nas tomadas de decisão.
grupo de elite formado por 80 ou Chamo a atenção para a importância
100 empresas, elas não ficam de envolver especialmente a média
devendo, em nada, às empresas gerência, nem sempre devidamente
líderes de setores similares no valorizada nesse esforço. Logo, é
mundo. fundamental que integre todos os
treinamentos, que compreenda o
............................................................................ significado de sustentabilidade para
Como criar uma cultura susten- a empresa, quais são os valores e
tável dentro da empresa? E compromissos e o que a organização
como envolver os colabora- espera de cada um dos colabora-
dores e quais decisões tomar dores em suas funções.
como forma de incentivar? É
possível?
............................................................................
É possível. O primeiro passo é inserir Quais ferramentas de maior
o conceito no planejamento engajamento dos colabora-
estratégico, influenciando o jeito de dores nas ações sustentáveis
pensar e fazer negócios da empresa. da empresa?
É fundamental preparar as
lideranças para compreender e Já se sabe que, o que engaja os
valorar a importância da sustentabi- colaboradores é a afinidade dos
lidade. E essa preparação pode se valores de sustentabilidade da
dar por meio de treinamento e empresa. Então, além de propor aos
desenvolvimento, da criação de funcionários reflexões sobre os “o
ações que envolvam autoconheci- quês” e os “comos”, é fundamental
mento e desenvolvimento de valores, fortalecer os “porquês”. O engaja-
do esforço “on the job (colocar o mento do colaborador se constrói
desafio da sustentabilidade no dia a com base num senso de pertenci-
dia das tomadas de decisão de mento e num sentimento de orgulho
10
 “São exatamente as incertezas de um mundo
em transformação que criam as condições para
o surgimento de líderes sustentáveis.”

de fazer parte de uma empresa que Itaú Unibanco, mas que foi um dos empresas. Mito, apenas isso. A
tem valores claros. Isso é propósito. pioneiros ao transformar o Banco diferença é que por gerarem
Ela não pode cobrar engajamento Real, no início deste século, em um impactos menores, as pequenas e
dos colaboradores nas políticas de dos bancos mais sustentáveis do médias têm, claro, responsabili-
sustentabilidade se não gerencia as mundo. E também, destaco dades menores do que as grandes,
pessoas, de modo mais sustentável, Guilherme Leal, cofundador da compatíveis com a pegada que
zelando por seu bem-estar, saúde, Natura, uma empresa considerada deixam no planeta. O roteiro é
segurança, equilíbrio trabalho/vida, como uma das mais sustentáveis do identificar os principais impactos
diversidade e inclusão, igualdade de mundo. O banco Real não existe sociais e ambientais, priorizá-los
gênero, recompensas justas, salário mais, mas é ainda hoje uma fonte de por ordem de importância e
digno, promoção de desenvolvimen- inspiração para empresas. Na estabelecer medidas para
to, diálogo aberto e o envolvimento Plataforma Liderança Sustentável, minimizá-los, compensá-los ou
dos colaboradores com a comuni- movimento que criei em 2011 e que eliminá-los. Tão importante quanto
dade. hoje conta com mais de 140 líderes isso, no caso das pequenas e médias,
integrados: Duratex, Fibria, é compartilhar suas práticas com os
............................................................................ Santander, Itaú Unibanco, Braskem, clientes, gerando valor e transfor-
Como reconhecer um líder Votorantim, Coca-Cola, Unilever, mando-os em colaboradoresdesse
sustentável? Schneider-Electric, Alcoa e Itaipu. processo.
Recomendo aos leitores conhecer-
Um líder sustentável se define por em esses cases em
seis competências básicas. A www.ideiasustentavel.com.br. ............................................................................
primeira tem a ver com crenças, No seu livro Conversas com
princípios e valores. O líder suste- Líderes Sustentáveis, você
ntável é alguém que acredita e ............................................................................ mostra exemplos e modelos
pratica, na gestão dos negócios, os Como é produzir a liderança de gestão sustentáveis. Como
valores que compõem o conceito de sustentável em meio de enxerga o cenário das empre-
sustentabilidade: ética, transparên- incertezas como economia, sas do Nordeste no impacto
cia, respeito à diversidade, respeito desenvolvimento social, social, ambiental e suste-
ao outro e cuidado com o meio diversidade nas empresas e a ntável?
ambiente. Coragem para tomar sustentabilidade ao pé da
decisões que podem desafiar noções letra? Nos últimos anos, como consequên-
convencionais de retorno de cia do meu trabalho na Plataforma
investimento, coerência entre o que São exatamente as incertezas de um Liderança Sustentável, tenho
diz e o que faz no dia a dia, paixão mundo em transformação que andado muito por todo o Brasil, e
para fazer melhor o que se faz, criam as condições para o surgi- conhecido de perto experiências
focando na geração de valor mento de líderes sustentáveis. Eles muito interessantes de inserção da
compartilhado para os stakehold- provocam as empresas que são o sustentabilidade na gestão dos
ers, e resiliência para enfrentar motor do sistema capitalista a negócios. Na estratégia e na cultura.
eventuais barreiras às mudanças identificar seus lados escuros e a Algumas dessas experiências estão
que a sustentabilidade propõe. mudar práticas que, em nome do localizadas em empresas do Norte e
lucro, vêm prejudicando pessoas e do Nordeste. Minha percepção é de
............................................................................ meio ambiente ao longo dos últimos que, pouco a pouco, as empresas
Quais exemplos de gestão ou 70 anos. que não estavam considerando
case empresarial, sirvam de sustentabilidade como driver de
modelo de liderança suste- ............................................................................ gestão de negócio, começam a
ntável empresarial? Como os pequenos e médios valorizar cada vez mais o conceito,
empreendedores podem ser inspiradas nos business cases de
São vários. Eu começaria pelos dois líderes sustentáveis? sucesso das empresas líderes. Esta é
mais emblemáticos. Falo de Fabio uma tendência natural.
Barbosa, hoje no conselho do Banco Há um mito de que sustentabilidade
é tema apenas para grandes

11
................................................................... momento é fundamental que a
É possível transformar sus- empresa toda esteja muito focada Ricardo
tentabilidade em geração de
valores e renda para empresa?
em criar a inovação necessária para
ter processos e produtos menos
Voltolini
Quando é o momento de ver a impactantes para a sociedade e meio Diretor-presidente da consul-
sustentabilidade como “lado ambiente. Para que isso aconteça toria Ideia Sustentável:
bom, bonito da empresa”? efetivamente, ofereça estímulo e Estratégia e Inteligência em
recompensa àqueles que tenham Sustentabilidade. Um dos
Sim. Bob Willard, autor do livro “A ideias e sugestões de como inovar mais requisitados consultores
vantagem da sustentabilidade”, em processos e produtos mais de sustentabilidade empre-
afirma que o tema pode trazer sete sustentáveis.
sarial do país. Escritor,
benefícios concretos para uma
Palestrante e Jornalista com
empresa. Sustentabilidade reduz
MBA pela FIA (Fundação
riscos de operação e protege ativos, ..................................................................
Como você vê o futuro das Instituto de Administração). É
diminui desperdícios de recursos e
melhora eficiência de custos, facilita próximas gerações? autor de livros como: Conver-
financiamentos, retém talentos e sas com Líderes Sustentáveis
melhora ganho de produtividade, Sou otimista, apesar dos dados (Editora Senac-SP/2011),
melhora reputação, aumenta negativos. As novas gerações já Escolas de Líderes Suste-
receitas e valoriza ações no mercado nascem com a sustentabilidade ntáveis (Editora Campus
(em média 12% a mais do que como um tema importante. Possuem Elsevier/2013); Sustentabili-
empresas consideradas não suste- mais informações do que a minha dade no Coração do Negócio
ntáveis). geração ou a dos meus pais e muito (Ideia Sustentável/2015);
mais capacidade de fazer as organizador de Líderes
............................................................................ mudanças que precisamos para ter Sustentáveis com a Mão na
Como fazer com que a uma vida mais sustentável. Essas Massa (Ideia Suste-
Inovação e Sustentabilidade mudanças passam por uma revisão
ntável/2014); Terceiro Setor:
andem lado a lado? de consciência quanto a nossa
Planejamento & Gestão
As empresas costumam descobrir relação com a natureza e implicam
(Editora Senac-SP/2004).
que precisam criar ambiente numa revisão profundada do jeito
de consumir e produzir. A chave Professor de sustentabilidade
favorável à inovação e que as
melhorias contínuas chegarão a um para esse salto, além da alteração de empresarial na Fundação
ponto em que será necessário sair de modelo mental, é a inovação. Temos Dom Cabral, FIA, FGV e
um processo de inovação incremen- ciência e capacidade para fazer as Associação Brasileira de
tal para um de inovação disruptiva. inovações que vão nos levar a Comunicação Empresarial
Mas ainda que não se chegue a esse produzir e consumir de forma mais (ABERJE);
sustentável.

12
 Artigo Por Thays Garcia,
Consultora da Dialogus Consultoria,
mestranda em Administração e
Controladoria da UFC

thays@dialogusconsultoria.com.br

Qual a diferença entre Relatório

Integrado, Relatório de Sustentabilidade
e Balanço Social?

A gestão das empresas evolui de O Relatório de Sustentabilidade a International Integrated Reporting

forma constante e existem diversas
ferramentas que podem contribuir
para a disseminação da sua
atuação, como é o caso dos
Relatórios Integrado de Sustentabi-
lidade e Balanço Social. Nesse
sentido, uma dúvida muito comum
no meio corporativo é sobre qual a
principal diferença entre essas
ferramentas.
O Relatório Integrado (RI) possui
como característica principal a
ênfase na integração das infor-
mações de forma concisa, possui
foco estratégico e orientação para o
futuro, expondo aspectos sobre
como a organização gera valor, o
uso dos capitais e seu impacto
sobre ele e sua atuação na cadeia de
valor. Sua estrutura foca nos
pilares de visão e gestão, Gover-
nança, Modelo de Negócios, Riscos
e Oportunidades, Estratégia e
alocação de recursos e desempenho
da organização.
(RS) é focado na publicação das
práticas e ações relacionadas aos
principais impactos da empresa
nos pilares ambiental, social e
econômico - pilares que formam o
Tripé da Sustentabilidade. Além
disso, o RS objetiva abordar temas
que sejam prioritários e relevantes
não só para a empresa, mas
também para os seus stakeholders
prioritários. O Balanço Social (BS)
têm como principal objetivo
comunicar as práticas de uma
empresa no contexto da Respons-
abilidade Social, no qual sua
estrutura é variável na medida em
que a empresa define os temas e
abrangência na qual irá evidenciar
as informações.
A principal diferença entre estas
ferramentas é sua estrutura, tendo
em vista que em cada uma delas é
regida e orientada por organizações
diferentes, como no RI, a organi-
zação pioneira que dá assistência é
Council (IIRC), no RS é a Global
Reporting Initiative (GRI) que é
referência na orientação do padrão e
princípios de qualidade e abrangên-
cia do relatório. No âmbito do
Balanço Social, existe no Brasil um
modelo orientado pelo Instituto
Ethos de Responsabilidade e um
modelo complementar orientado
pelo Instituto Brasileiro de Análises
Sociais e Econômicas (IBASE).
De modo geral, todas estas formas de
relato possuem em comum a
finalidade principal de comunicar de
forma transparente as ações,
compromissos e metas adotadas por
empresas que entendem a importân-
cia estratégica desse tipo de relato. O
cenário atual de globalização tem
formado consumidores mais
conscientes e consistentes acerca do
papel social das empresas, seja no
âmbito econômico, social ou
ambiental.

13
 O Poder Feminino
Iniciativas
de empreendedorismo
empoderam meninas e mulheres
Ser mulher em um mundo em que a desigual-
dade de gênero é presente em todos os
países, em menor ou maior grau, traz como
consequência uma série de restrições desde a
infância.
A luta contra o sexismo e pela equidade social
muitas vezes começa em iniciativas solitárias
ou pequenos grupos em que elas, por afini-
dade, se juntam para discutir um tema ou
unem forças contra alguma questão que lhes
atormenta.
Ao redor do mundo, inúmeras iniciativas estão
fortalecendo para a quebra da desigualdade,
como equiparar os direitos e deveres entre os
sexos. Promover a equidade de gênero em
todas as atividades sociais e da economia são
garantias para o efetivo das economias, o
impulsionamento dos negócios, a melhoria da
qualidade de vida de mulheres, homens e
14
crianças, e para o desenvolvimento sustentável.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef), 15 milhões de meninas se casam
todos os anos antes de completarem 18 anos de
idade, sendo que metade desses casamentos são
ilegais. Esse é um dos dados que ajudam a explicar
o abismo de oportunidades educacionais e de
desenvolvimento entre meninos e meninas. Em
países subdesenvolvidos este índice pode ser
maior e o abandono da escola e projetos sociais é
claramente visto.
Empresas privadas em todo o mundo têm buscado
avanços para diminuir esse declínio nas famílias, e,
oferecer oportunidades como forma de romper
essas diferenças sociais. Projetos que buscam
empoderar as meninas e mulheres com o objetivo
de promover oportunidades para que elas se
tornem empreendedoras. As iniciativas fazem parte
da gestão sustentável de grandes empresas, como
a Nestlé, M. Dias Branco, Norsa, Ambev entre
outras.
Quebrando
estereótipos e
empoderando
mulheres
negras
Outra forma de violência que
as mulheres negras são sub-
metidas cotidianamente é a
violência simbólica, que pode
ser percebida, entre outras
formas, por meio da
manutenção dos padrões de
beleza que excluem a mulher
negra.
Estes padrões se reproduzidos
na mídia, na publicidade e na
moda, estão presentes desde
a infância. O momento é ques-
tionar os estereótipos e o lugar
da mulher Negra na socie-
dade, discutir cotas em proje-
tos públicos, igualdade de
direitos entre gêneros negros,
e maior acompanhamento e
diretrizes para julgar crimes de
violência contra mulheres
negras.
Segundo o Grupo de Mulheres
Afro-Brasileiras Consciência
Negra (GAMB), que esteve em
evento sobre Dia Internacional
da Mulher na Universidade da
Integração Internacional da
Lusofonia Afro-Brasileira –
UNILAB, a proposta é valorizar
a identidade da mulher negra
por meio do resgate da estéti-
ca, cultura africana e, sobretu-
do, empoderar a mulher negra.
-------------------------------
Princípios de
Empoderamento
das Mulheres
A ONU Mulheres e o Pacto Global criaram os
princípios como um conjunto de considerações
que ajudam a comunidade empresarial a incorpo-
rar em seus negócios valores e práticas que visem
à equidade de gênero e ao empoderamento de
mulheres. Conheça os sete Princípios de Empoder-
amento das Mulheres:
1. Estabelecer liderança corporativa sensível à igual-
dade de gênero em todos os níveis;
2. Tratar todas as mulheres e homens de forma justa
no trabalho;
3. Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas
as mulheres e homens;
4. Promover educação, capacitação e desenvolvi-
mento profissional para as mulheres;
5. Apoiar empreendedorismo de mulheres e promov-
er políticas de empoderamento das mulheres através
das cadeias de suprimentos e marketing;
6. Promover a igualdade de gênero através de
iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo
social;
7. Medir, documentar e publicar os progressos da
empresa na promoção da igualdade de gênero.
Projeto de Implementação e
Manutenção da Casa da
Mulher Brasileira de Fortaleza
No Ceará, a Casa da Mulher Brasileira é uma
inovação no atendimento humanizado às mulheres.
Integra no mesmo espaço serviços especializados
para os mais diversos tipos de violência contra as
mulheres: acolhimento e triagem; apoio psicosso-
cial; delegacia; Juizado; Ministério Público, Defenso-
ria Pública; promoção de autonomia econômica;
cuidado das crianças – brinquedoteca; alojamento
de passagem e central de transportes.
Segundo a coordenadora especial de políticas
públicas para as mulheres, Camila Silveira, a Casa
facilita o acesso aos serviços especializados para
garantir condições de enfrentamento da violência, o
empoderamento da mulher e sua autonomia
econômica. “É um passo definitivo do Estado para o
reconhecimento do direito das mulheres viverem
sem violência. Com a Casa, a gente conseguirá dar a
medida protetiva de imediato, como toda assistên-
cia a mulher”, completa Camila.
15
 Tecnologia Social
A tecnologia social
como empoderamento
para as comunidades
As tecnologias sociais são produtos, técnicas ou
metodologias reaplicáveis, desenvolvidas em
interação com a comunidade, e que represen-
tam efetivas soluções de transformação social
em sua área de abrangência. São experiências
inovadoras que contribuem para resolver
problemas, em sua maioria concentradas nas
periferias dos grandes centros.
Este cenário tem ficado para trás quando o
assunto é transformar vidas. As periferias
deixam de ser áreas de violência e comércio
paralelo para gerar novas possibilidades de
negócios, projeções e ideias transformadoras
para toda uma comunidade.
Essa corrente que transpassa as barreiras entre o rico e
o pobre, não cabe dentro dessas comunidades, onde
prevalece a lei da igualdade. “Aqui somos todos da
mesma cor, da mesma raça e com o mesmo objetivo.
Somos hoje, a geração de valor para o futuro de muitas
crianças. Precisamos criar e colocar em prática essas
tecnologias, porque virá delas as oportunidades para
geração de renda, emprego e resultados sociais para
muitas famílias que vivem nas comunidades e perife-
rias”, disse Preto Zezé, presidente da CUFA global.
Nesses tempos bicudos e de tantas más notícias, é
possível conhecer cidadãos que mesmo invisíveis são
verdadeiros transformadores de suas próprias
realidades, superando adversidades e a ausência do
Estado com criatividade e resiliência.
16
Desde sua criação já são 986
projetos sociais certificados pela
Fundação Banco do Brasil como
sendo tecnologia social de
reaplicação. A área da educação é
o maior eixo de atuação, seguido
da geração de renda e meio
ambiente.
Inclusão e o
empoderamento
social
A Rede Bodega de Comerciali-
zação Solidária do Ceará que em
2008 começou a ser tecida por
grupos organizados em cooperati-
vas e associações locais e territori-
ais de quatro regiões do Estado,
foi vencedora do Prêmio
Fundação Banco do Brasil de
Tecnologias Sociais 2017. O estado
do Ceará sempre representado
por ideias inovadoras que
agregam oportunidades.
Para Maria Francisca Moraes, que
integra a Rede Bodega através da
Budegama, de Fortaleza, “o
reconhecimento através da FBB
ajuda a fortalecer o trabalho, em
especial porque é uma história de
muitos anos, de muita gente que
tem se dedicado até hoje para
fazer dar certo”. Ela destaca as
mulheres como as principais
construtoras desta Rede.
Para Izabel Cristina Lima, assesso-
ra da Cáritas Regional Ceará na
Padre Rino
ação com Economia Solidária e
que acompanha a Rede Bodega
desde o seu nascimento.
“Possibilita pra gente divulgar
um modelo de sociedade, de
produção, de consumo, de
comercialização que acontece
no dia-a-dia e que não é visto
em lugar nenhum. Que não
passa nas grandes mídias, que
não repercute nas redes
sociais”, revela Izabel.
Movimento Saúde
Mental Comunitário
Desde sua criação em 1996, o
padre Rino Bonvini reuniu um
grupo de lideranças do bairro e
iniciou o Movimento Saúde
Mental Comunitária do Bom
Jardim (MSMC), inicialmente
com grupos de autoestima, de
terapia comunitária e, em casos
excepcionais, oferecia acom-
panhamento psiquiátrico.
Pouco mais de duas décadas, a
instituição torna-se referência
na aplicação da Abordagem
Sistêmica Comunitária, e,
certificada pela Fundação
Banco do Brasil como Tecnolo-
gia Social, além de ser certifica-
da pela Mental Health Innova-
tion Network - MHin.
“A abordagem sistêmica
comunitária é uma tecnologia
socioterapêutica de múltiplo
impacto. Faz uso de várias
ferramentas terapêuticas, como
17
terapia da autoestima, artetera-
pia, terapia ocupacional, terapia
comunitária, terapia da respi-
ração, biodança, massoterapia,
uso de terapias alternativas e
complementares como heiki,
ervas, valorização da cultura
popular substituindo remédios
tradicionais, ervas, chás”,
enumera, Padre Rino, fundador
da instituição.
A partir de uma triagem, o
indivíduo é encaminhado para as
diferentes oportunidades de
construir um novo contexto,
novas perspectivas. Três mil
pessoas são atendidas mensal-
mente pelo movimento. Atual-
mente, o MSMC atende cerca de
XX pessoas da comunidade e
bairros vizinhos. “Nós acredita-
mos que a abordagem é baseada
na qualidade do relacionamento,
que tem que ser humanizado,
respeitoso, amoroso. Temos que
ter atitude de valorizar o diálogo”,
comenta.
Padre Rino destaca ainda que o
desenho da sociedade favoreceu o
aumento de transtornos mentais.
“Quando existe aumento de
dependência química e de álcool,
existe família desestruturada. A
resposta é oferecer espaços
lúdicos, pedagógicos, prazerosos
onde criança e adolescente possa
ter alternativa à rua, ter espaço
prazeroso”, comenta.
 Interior
Escolas Bilíngues é uma
realidade na Rede Pública
Uma escola que deve promover
interação e socialização entre os
alunos da rede pública no
município de Acarape. É assim
que o prefeito Dr. Franklin
Verissimo Oliveira, descreve o
projeto de implantação da escola
bilíngüe na Escola Antônio
Correia de Castro, localizada na
zona rural do município. A
unidade escolar atende desde o
infantil ao 9º Ano.
Com a implantação do projeto
piloto em 2017, tem gerado bons
resultados na comunidade, o que
ganha expansão para demais
escolas e creches do município.
Neste ano, os professores da
Educação Infantil já recebem
capacitação e aulas de inglês para
inserir metodologias de ensino
com o segundo idioma. A Secre-
taria de Educação já adotou novos
materiais pedagógicos, fazendo
uso de vídeos, jogos, atividades de
campo e pesquisas em língua
inglesa.
A escola bilíngue oferece discipli-
nas como matemática, geografia e
história em dois idiomas. Durante
as aulas são estimuladas várias
habilidades dos estudantes, como
escuta, leitura e escrita em inglês.
“Essa escola é um importante
passo na educação do município.
O aprendizado dos dois idiomas
permitirá novas oportunidades de
formação e de inserção no
mercado de trabalho para nossos
alunos, em sintonia com o mundo
globalizado”, afirmou o prefeito.
Em Fortaleza, a realidade da
escola bilíngüe para surdos atende
alunos da rede pública em tempo
integral. De acordo com Sueli
Farias, gerente da Célula da
Educação Especial da SME, essa é
uma iniciativa crucial e inovadora
em Fortaleza, que ainda não
contava com escola municipal
bilíngue.
“Para essa parcela da população,
isso representa uma equiparação
de direitos e oportunidades. Parte
18
desses alunos está matriculada nas
escolas regulares da rede, mas, na
escola bilíngue, eles terão acesso a
todo o conteúdo em Libras e isso
vai possibilitar um melhor
desempenho na aprendizagem.
Outro grande benefício é o fato de
a instituição ofertar ensino em
tempo integral”, explicou a gerente
da Célula da Educação Especial da
SME.
O líder do Movimento Surdo do
Ceará, Marcus Weydson Pinheiro,
que também é professor de Libras
da Universidade Federal do Ceará
(UFC), explica que o ensino é fruto
de intensa luta da comunidade
junto às instâncias públicas. "A
escola é um avanço político. A luta
não para, e queremos levar esse
modelo para o Interior, onde
muitos ainda não têm oportuni-
dade", diz, por meio de um intér-
prete.
 Artigo
Economia Doméstica pela (UFC). Especialização
em Gestão de Organizações do Terceiro Setor
shyrlene@diasdesousa.com.br
Construção Civil
e Sustentabilidade
A percepção mundial de que os
recursos naturais são finitos vem
exigindo uma relação equilibrada
entre meio ambiente e crescimento
econômico, evidenciando na
atualidade o desafio de incorporar
a sustentabilidade à gestão das
organizações.
Nessa perspectiva, encontra-se o
segmento da construção civil,
atividade crescente e importante
para o mercado econômico e social
que devido ao forte impacto deste
setor na natureza, possui o desafio
de conciliar o ramo da construção
com a gestão ambiental, constituin-
do assim, a busca por novos
modelos de atuação no mercado,
que diferencie seus produtos por
Por Shyrlene Souza Lima - Graduada em
meio de um comportamento
ambiental responsável aliado ao
comportamento ético e crescimen-
to econômico.
Neste contexto, no qual o desen-
volvimento econômico está
intrinsicamente relacionado com a
preservação ambiental, encontra-se
a Dias de Sousa Construções, que
vem adotando uma postura
responsável em relação aos
impactos advindos dos seus
processos construtivos.
Esta iniciativa de gestão suste-
ntável além do cumprimento da
legislação, demandou a implan-
tação de normas para certificação e
técnicas, reformulação de suas
19
diretrizes e objetivos, coordenação
de atividades e avaliação dos
resultados, envolvendo os
diferentes setores da empresa para
tratar das questões ambientais
intrinsicamente à gestão do
negócio.
Toda empresa possui seu modelo de
gestão tradicionalmente embasado
em sua cultura organizacional, para
tanto, conhecer esse modelo
significa saber onde a empresa estar
no mercado, seu modo de atuação e
aonde quer chegar, o que é consid-
erado ferramenta fundamental para
atender a demanda da sociedade,
que já percebe e exige cuidados com
o meio ambiente e de ser um
diferencial no meio empresarial.
 Instituto Ethos
Plataforma Rating Integra
avaliará as principais
entidades esportivas
A plataforma que pode vir a ser
muito importante para o desen-
volvimento do esporte brasileiro é
lançada pelo Instituto Ethos. A
Rating Integra é um sistema de
avaliação das principais entidades
esportivas do país, que visa
entender como está a governança,
gestão, os controles internos e a
transparência de cada uma das
organizações.
Foi criado com o propósito de
medir o grau de adaptação de uma
determinada entidade esportiva às
práticas esperadas por seus
patrocinadores.
O comitê gestor é composto por
Atletas pelo Brasil, Comitê Olímpi-
co do Brasil (COB), Comitê Paralím-
pico Brasileiro (CPB), além do
Instituto Ethos, do Pacto pelo
Esporte e do Comitê Brasileiro de
Clubes (CBC).
governança, eixos centrais da
avaliação”, completa Caio Magri,
diretor presidente do Insitituto
Ethos.
Criado a partir da provocação de
entidades esportivas e contando
com o financiamento das empresas
signatárias do Pacto pelo Esporte, a
ferramenta visa avaliar a maturi-
dade das entidades e instrumental-
izá-las a fim de aprimorar os
sistemas de governança e ampliar a
transparência, de olho nos próxi-
mos ciclos olímpicos.
O Comitê Gestor criou um manual
de aplicação como o questionário
para entidades esportivas. As
instituições querem conhecer as
entidades esportivas através dos
indicadores como Governança e
Gestão, Controles internos, riscos e
conformidade, e principalmente,
transparência. “O projeto nasceu
em 2015, e durante esses anos,
analisamos, estudamos e planeja-
mentos a melhor forma de sua
aplicação e inclusão de parcerias. O
Rating Integra é um vetor de
mudança e indutor de boas práticas
de governança, integridade e
transparência às confederações
esportivas, federações e clubes”,
disse Caio Magri, presidente do
Instituto Ethos.

Durante uma década de grandes

eventos aqui no Brasil. Foi um
momento de fartura, abundância,
mas os grandes eventos passaram, e
o esporte brasileiro continua. O
esporte quer transformação. “Os
recursos passaram a ser escassos,
então, esse lançamento pode ser
um divisor de águas. Buscamos
boas partes de governança. É o
grande momento para separar o
joio do trigo”, disse Lars Grael,
diretor da Atletas pelo Brasil.

“A escolha do nome “Integra” está

relacionada à principal carac-
terística dessa iniciativa o de ser
uma ferramenta construída por
diferentes setores da indústria
esportiva, integrados para desen-
volver positivamente o ambiente de
negócios. Além da conotação de
congregar, integra contém, na
própria palavra, “I” de integridade,
“T” de transparência e “G” de

20
 Artigo
gerente do SINE/IDT, administrador
de empresas e conselheiro ABRH/CE
jidlafe@gmail.com
Tempos difíceis são
oportunidades de crescimento
Um dos reflexos da crise econômi-
ca recente é o agravamento do
déficit na geração de empregos no
Brasil. No Ceará, segundo o
Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (CAGED), do
Ministério do Trabalho, foram
fechados 35.842 postos de
trabalho em 2015, 36.901 em 2016
e outros 5.306 em 2017, totalizan-
do 78.049 empregos formais que
deixaram de existir em apenas três
anos. É um número assustador,
que nos desafia a buscar alternati-
vas sustentáveis para momentos
como este.
De fato, o mercado encolheu e
para os trabalhadores aumentam
Por Jidlafe Rosa Rodrigues,
as exigências de qualificação e
preparo profissional. Espera-se
que o conjunto de suas competên-
cias lhes permita ser a primeira
opção no caso de uma contratação
e a última opção em uma situação
de redução da equipe. Contudo,
mesmo num contexto de baixa
geração de vagas, muitas delas
ainda apresentam grande dificul-
dade de serem preenchidas.
Cabe refletir, então, se as empre-
sas, em boa parte dos casos, não
deveriam rever suas exigências e
assumir a responsabilidade social
por uma parte do investimento de
treinar e requalificar profissionais
em sua própria cultura organi-
zacional, em vez de buscar profis-
21
sionais “prontos” no mercado.
Pergunta-se: com que critérios
formou-se o time? Sua equipe tem
competências complementares?
A multiplicidade de competências
é fator indispensável a qualquer
travessia em tempos de mares
revoltos. Esta diversidade não
estaria dentro do universo de
pessoas não selecionadas?
Lembremos que em meio às
dificuldades, há sempre gente que
cresce e organizações que se
reinventam e prosperam.
Capa

Ética
Profissional:
A ética é o conjunto de
valores e princípios que eu
uso para a minha conduta
no meio da sociedade

22
 “Não existe uma Ética
Universal, com validade
para todos, o tempo todo,
em todos os lugares”,
Mário Sérgio Cortella
Ser bom profissional, ter conheci-
mentos técnicos, dons, talentos,
habilidades e capacidades bem
desenvolvidas, cabe a qualquer
pessoa que deseja ter uma carreira
de sucesso. Ter bom relacionamen-
to com os colegas, facilidade no
trabalho em equipe, boa comuni-
cação, flexibilidade entre outras
características, são aspectos
altamente valorizados nas organi-
zações.
Mas essas habilidades podem
esconder o que muitos não conse-
guem manter em uma organização,
praticar a ética profissional.
Segundo o dicionário da língua
portuguesa, a palavra ética vem do
“segmento da filosofia que se
dedica à análise das razões que
ocasionam, alteram ou orientam a
maneira de agir do ser humano,
geralmente tendo em conta seus
valores morais”.
Ser ético é não fazer com os outros,
o que não gostaria que fizessem
com você. Não fazer com a empresa
o que não gostaria que fizesse se
você fosse o dono dela. “É agir de
forma correta, de maneira honesta.
Tentar ser referência para as
pessoas que estão ao seu redor,
independente do nível hierárquico,
desde estagiário ao senhor da Muitos profissionais e empresas
empresa. Todos podem dar percebem o nível ético, quando
exemplos e ensinar uns ao outros. desejam passar do patamar da
Não existe uma regra pra isso. Ser informalidade para a legalidade. O
ético hoje é não se envergonhar profissional que trabalha de forma
daquilo que faz”, completa a antiética, também encontra limite
autora do livro “Postura Profis- para sua atuação, ou até mesmo
sional – Comportamento Pode sentença de morte para sua profissão.
Pesar Mais que Desempenho”,
Rosana Fa. “Hoje é praticamente impossível
trabalhar de modo velado, escondido,
Para o palestrante, consultor e considerando a capacidade e
escritor, Mário Persona, a ética exposição que existem para o cidadão
sempre esteve ligada ao sucesso comum. Ética não é algo que apren-
profissional, se considerar como demos numa cartilha, mas é o modo
bem sucedido alguém que de vida que nos acompanha desde o
alcance uma posição de destaque berço. Não bastam regras é preciso
baseada em méritos e não em percepção, porque até a visão do que
subterfúgios. Será que seu modo é ético ou não é ético pode variar
de agir é para o beneficio exclu- dependendo da cultura e visão”,
sivo de alguns ou para sociedade alerta o escritor Mário Persona.
como um todo?
Exemplos de atitudes éticas num
ambiente de trabalho:
• Educação e respeito entre os funcionários;
• Cooperação e atitudes que visam à ajuda aos colegas de trabalho;
• Divulgação de conhecimentos que possam melhorar o desempenho das atividades;
• Respeito à hierarquia dentro da empresa;
• Busca de crescimento profissional sem prejudicar outros colegas de trabalho;
• Ações e comportamentos que visam criar um clima agradável e positivo;
• Realização, em ambiente de trabalho, apenas de tarefas relacionadas ao trabalho;
• Respeito às regras e normas da empresa.
23
Um dilema entre
Ética e Antiética
O professor e filósofo, Mário Sérgio Cortella comenta:
“não existe uma Ética Universal, com validade para
todos, o tempo todo, em todos os lugares. Nós temos a
liberdade. Só quem pode dizer não, é o mesmo que
pode dizer sim. A nossa liberdade é circunscrita, por
algo que chamamos de autonomia. Fazer o que desejo
no âmbito da minha liberdade, desde que eu
mantenha a postura, para muitos a ética”, reforça
Mário Sérgio Cortella.
A pessoa está numa sala e alguém esquece o celular.
Devolver ou guardar para si? Este dilema serve para
explicar os conceitos de moral e ética. O filósofo
explica a diferença. “A ética é o conjunto de valores e
princípios que eu uso para a minha conduta no meio
da sociedade, isto é, quais são os princípios para eu
agir. Moral é a prática desses princípios”.
Este conjunto de valores é construído por algumas
instituições sociais, como família e escola. “A família é
o ponto de partida da formação ética”, destaca o
filósofo. Para essa tarefa, ele argumenta que há a
necessidade de mostrar exemplos. "A coerência ética é
o melhor modo de fazer com que uma criança e um
jovem entendam qual é a sua formação", enfatiza.
Cortella faz uma análise do atual momento da
24
“Nem todo sucesso é decente,
nem toda vitória é honrosa ou, no
campo da empresa, nem todo
lucro é higiênico. Desse ponto de
vista, há coisas que sujam o tipo
de sucesso que se obteve.”
Mario Sergio Cortella
sociedade. “Eu nunca imaginei que pudesse ver o meu
país trazendo à tona tudo aquilo que pode ser podre. É
claro que eu não me alegro com a podridão, me alegro
com a ideia da denúncia”, observa o filósofo.
Existem regras de mercado, regras de sociedade, regras
de capital, regras de relacionamento, regras de finan-
ciamento e regras entre colaboradores e organização.
Ética é um conjunto de valores e princípios que
orientam a nossa conduta. Ela nos auxilia a decidir na
vida, as três questões como: quero, devo e posso? E
entre elas, existem os dilemas, regras, limites e
oportunidades. Regrar entre as três esferas fará do
profissional um exemplo de conduta ética dentro e fora
da organização.
Por que as empresas estão implantando códigos de ética?

Ética e Ética
vergonha Corporativa
na cara
Em seu livro publicado, Mário Sérgio Cortella e
Clóvis de Barros Filho, debatem sobre as
questões éticas que são encontradas no
dia-a-dia e sobre os principais ganchos das
reflexões atuais com as que vigoravam em
épocas mais remotas, como o pensamento ético
na civilização grega, esta que por sinal é
mencionada como os pilares da sustentação do
pensamento ético existente atualmente.
Jogar lixo no chão, colar na prova, oferecer
dinheiro em troca de algum benefício - todos
esses são comportamentos que podem ser
facilmente percebidos no dia a dia, quase como
se fossem situações corriqueiras e típicas da
cultura brasileira. Mas de que maneira isso se
reflete na formação de crianças e jovens?
Os autores lançam uma importante reflexão
sobre o modo como você orienta suas escolhas,
mostrando de que forma a vergonha encontra
seu lugar na ética, a fim de que possa pensar e
agir para além do comodismo e dos prazeres
individuais. “A maioria das pessoas aceita
pequenas “malandragens” do dia a dia, mas
condena atos de maior proporção. Muitos
esquecem da veracidade da advertência de
Mahatma Gandhi: “olho por olho, uma hora
acabamos todos cegos”, finaliza Mário Sérgio
Cortella.
A primeira coisa que tem de entender é que ética é uma
escolha. Não é a ocasião que faz o ladrão, ela apenas o
revela. A decisão de ser ladrão ou não é anterior à
ocasião. Milhares de brasileiros todos os dias encon-
tram ocasião de serem patifes e não o são. E alguns não
precisam nem encontrar ocasião, eles a constroem.
Há dois caminhos para conseguir ética no mundo
corporativo: pressão interna (ou seja, convencer as
pessoas que é bom ser bom) e externa (impedir que as
pessoas sejam antiéticas por intermédio de instituições
e estruturas). Nesse sentido, a ética vem do convenci-
mento e do vencimento. No Nordeste, a empresa LIQ
desenvolve ações internas de instruir e orientar seus
colaboradores a praticar as condutas de ética da
empresa, através do portal de aprendizagem e comuni-
cação.
A empresa Dialogus Consultoria, com atuação no Ceará,
implanta o código de ética para tomada de decisão na
gestão das organizações contemplando diretrizes e
orientações quanto aos aspectos morais e éticos dos
funcionários com os públicos de interesse que a
empresa se relaciona, gerando um melhor clima
organizacional, respeitando as diferenças de opiniões e
seguindo os valores da empresa.
No campo corporativo, há uma legislação cada vez mais
apurada que exige essa responsabilização e faz com que
a ética seja um valor negocial, não apenas um desejo
social. Uma empresa que fraturar essa condição ética
perde perenidade, mercado e respeitabilidade. O
mundo corporativo precisa se mobilizar com essa
convicção. Ter valores tem um preço e quem impõe ao
mercado são seus valores praticados.

• Aumenta a integração entre os funcionários da empresa;

Exemplos de • Serve de respaldo e parâmetro para a solução de eventuais conflitos

em relação a postura e ações dos colaboradores e da empresa;
atitudes éticas • Estimula o comportamento ético;

num ambiente • Fortalece a imagem frente aos stakeholders;

• Enquadra a empresa às exigências do compliance;

de trabalho: • Norteia a empresa e seus stakeholders para conduzir os

negócios de maneira ética.

25
 Maiso Dias
Artigo Sócio-Diretor da Dialogus; Coordenador Nacional
de Comunicação do MNODS; Coordenador de
Pós-graduação em Sustentabilidade Empresarial
da Unichristus
maiso@dialogusconsultoria.com.br
Os 10 motivos para uma Organização
ter um Código de Ética
É importante saber primeiramente
que o Código de Ética é um instru-
mento bastante útil para a tomada de
decisão das organizações, seja com
ou sem fins lucrativos, que regulam-
enta e institucionaliza diretrizes e dá
orientações quanto aos aspectos
morais e condutas éticas com os
públicos com que ela se relaciona.
Uma organização que se configura
como um negócio, comercial ou
social, e que se relaciona com vários
stakeholders (públicos de interesse
que se relacionam com a empresa),
diariamente, e inseridos num merca-
do em que se predominam os
melhores e mais competitivos, é
imprescindível a existência de um
documento que ajude a lidar com
todas as exigências e peculiaridades
que as envolve.
O Código de Ética para ser mais
efetivo e assimilado por todos de
uma organização precisa ser ela-
borado contemplando as relações
com seus sócios/acionistas,
funcionários, clientes, fornecedores,
concorrentes, e outros grupos de
interesse que se relacionam com a
organização.
É de extrema importância também,
que o Código de Ética transmita a
todos o direcionamento estratégico
da organização, posicionando em
seu core business o porquê da sua
missão, visão de futuro e valores
organizacionais.
Partindo-se desta premissa destaco
10 (dez) oportunidades que as
instituições se beneficiam ao adotar-
em um Código de Ética:
1. Promover o engajamento do público interno (colaboradores) possibil-
itando a retenção de talentos como um diferencial do subsistema de Recur-
sos Humanos, estimulando a motivação e o reconhecimento dos profission-
ais;
2. Reduzir as fraudes da organização tendo em vista que a própria construção
do Código recomenda e orienta a coerente condução ética nos negócios;
3. Facilitar o acesso à recursos, tendo em vista que uma organização que
evidencia e torna transparente a sua cultura, consequentemente atrai
investidores/patrocinadores em prol de um relacionamento mais seguro e
confiante;
4. Estimular as práticas da boa governança na organização, já que é inerente
à elaboração do código a observância das políticas de Integridade e anticor-
rupção, possibilitando à organização a elevação do nível de gestão;
5. Transmitir uma maior confiabilidade dos clientes/consumidores gerando
uma maior freqüência de compra e fidelização pelo motivo da empresa ao
deixar explícito qual o propósito dela, caracterizar-se como uma atitude
profissional, transparente e ética;
6. Garantir o envolvimento da alta administração pelo fato da metodologia
de construção do código ter a recomendação da participação da diretoria em
todas as etapas;
7. Facilitar a padronização e a uniformidade dos processos em toda a
empresa e em suas filiais (caso existam), porque um dos cuidados na elabo-
ração do código de ética é ter a contribuição do comitê de sustentabilidade
formado por funcionários de diversas áreas e unidades;
8. Promover a integração e o engajamento da comunidade a partir do
levantamento da necessidade das demandas do entorno a qual a organização
está;
9. Alinhar a estratégia da organização com os fornecedores possibilitando
agregar valor nas negociações e evitando multas indenizatórias por parte de
seus parceiros ao praticarem o trabalho análogo a escravo e trabalho infantil;
10. Qualificar a organização elevando-a um potencial signatário das princi-
pais iniciativas globais em prol do Desenvolvimento Sustentável.
Concluo este artigo e não ainda o assunto querendo sensibilizar para este
importante documento de mobilização à profissionalização das organizações
e por consequência à inclusão de todos no processo das relações e condutas
éticas.
26
 Artigo
Advogados, escritório especializado no atendimento a
entidades do terceiro setor: www.hnadv.com.br
helder@hnadv.com.br
Gestão jurídica no
terceiro setor na perspectiva
de sustentabilidade
A temática organizacional no
terceiro setor cresceu em importân-
cia nos últimos anos, especialmente
a partir do adensamento das
exigências legislativas em relação
às organizações da sociedade civil
(OSC).
A fim de acompanhar os novos
parâmetros, especialmente a partir
do Marco Regulatório das Organi-
zações da Sociedade Civil - MROSC
(Lei 13.019), urge alinhar dois
elementos fundamentais e
estratégicos: (i) necessidade de
implementar práticas de gover-
nança e (ii) gestão jurídica.
Dispensável enfatizar a relevância
do tema da governança, na medida
em que, sem padrões mínimos, a
entidade terá dificuldades de
avançar no quesito "sustentabili-
dade", assim compreendida em seus
amplos aspectos (ambiental,
econômico-financeiro, estrutura de
pessoal etc).
Por seu turno, os ditames que o
marco regulatório estabelece às
OSC adentram em aspectos
próprios da estrutura jurídico-or-
ganizacional da entidade. Nesta
perspectiva, exigências do poder
Por Helder Nascimento. Sócio de Helder Nascimento
público e da sociedade impõem
ainda regramentos os mais diver-
sos: definição da natureza jurídica;
adequação estatutária; programas
de voluntariado, nos seus aspectos
de fato e de direito, em harmonia à
lei de regência; obrigações princi-
pais e acessórias de natureza
tributária; provisionamento de
contingências, imunidades e
isenções, regularização patrimo-
nial, contratos, parcerias etc.
Nesta linha, sepultado está o velho
entendimento de que a atuação
jurídica somente se daria a partir
do "surgimento" de problemas. Não
é raro que não-conformidades
jurídicas ocorram a partir de
decisões administrativas equivoca-
das ou situações mal planejadas,
em que pese a ocorrência de
variáveis não controláveis. Daí se
infere a necessidade de avançar na
prevenção de focos de demandas,
isto é, fazer bem feito, agindo
correta e previamente, com
segurança jurídica mínima nos
campos trabalhista, tributário,
marcas, contratual, certificações e
nas relações com o poder público
(Ministério Público, governo e
órgãos administrativos), dentre
outros.
27
Não se pode esquecer ainda o
público-alvo, destinatário e razão
de ser de uma OSC. Eventual
comprometimento de recursos
financeiros não orçados torna-se
um problema adicional. É que o
impacto monetário imposto para
solução de determinadas questões
que sejam frutos de mal planeja-
mento ou desinformação, compro-
metem sensivelmente a consecução
dos objetivos estatutários, pois
impactam no fluxo de caixa e na
imagem da própria organização,
podendo até inviabilizar certos
projetos.
Ademais, necessário se faz a
concatenação dentre os demais
elementos de assessoramento e
apoio à gestão da entidade. Além da
gestão jurídica, devem servir de
suporte à administração da
organização, os setores de recursos
humanos, contábil, administrativo
e financeiro, devidamente entrosa-
dos. Forçoso é, portanto, recon-
hecer que a sustentabilidade
organizacional abarca aspectos
jurídicos importantes, que não
podem ser relegados.
 Por Carlos Viana Freire Júnior
SEBRAE Engenheiro Civil com Especialização em Gestão de Projetos
Mestrando em Marketing Estratégico
Articulador da Unidade de Gestão Operacional – SEBRAE/CE

Desenvolvimento
sustentável dos
pequenos negócios
As ações relacionadas à Responsabilidade Social
Empresarial ainda são consideradas distantes da
realidade da maioria das MPEs (Micro e Pequenas
Empresas), pelo desconhecimento destas empresas da
importância de uma política com este foco para o
desenvolvimento dos pequenos negócios.

Em estudo realizado pelo Instituto Ethos em parceria

com o SEBRAE (2003) foi apontado que ao assumir
uma postura comprometida com a responsabilidade
social empresarial, micro e pequenas empresas
tornam-se agentes de uma mudança cultural,
contribuindo para a construção de uma sociedade
mais justa e solidária. A competitividade é um desafio
que pode representar para as micro e pequenas
empresas ótimas oportunidades de negócio, amplian-
do sua participação no mercado. Neste estudo
também afirmaram que a gestão socialmente
responsável e os novos valores sociais abrem espaço
para o surgimento de novos negócios, o qual citam
como exemplo o desenvolvimento de produtos e
serviços ambientalmente sustentáveis.

Entendendo que a Missão do Sebrae/CE é contribuir

para o desenvolvimento sustentável dos pequenos
négocios, buscamos viabilizar e disponibilizar ações,
estratégias e ferramentas que colaborem com as
empresas cearenses visando melhoria de competitivi-
dade, inovação e compromisso com a responsabili-
dade social empresarial.

28
 O fato de as MPEs apresentarem uma estrutura menor em relação
a médias e grandes empresas, também contribui para que tenha
maior agilidade na adoção de novas técnicas a serem incorporadas
no seu processo produtivo e em outras atividades da empresa.
Nossa missão se materializa a
partir de programas e projetos
voltados à inovação nas empre-
sas, através de ações de consulto-
ria e instrutoria, como as realiza-
das no Programa Sebraetec, que
leva ferramentas de inovação às
MPEs conforme seu nível de
competitividade e suas necessi-
dades, como por exemplo em
Eficiência Energética, Eficiência
Hídrica, Gestão de Resíduos
Sólidos, Otimização de Processos
e diversas outras ações voltadas à
melhoria da competitividade das
empresas.
O fato de as MPEs apresentarem
uma estrutura menor em relação
a médias e grandes empresas,
também contribui para que tenha
maior agilidade na adoção de
novas técnicas a serem incorpo-
radas no seu processo produtivo
e em outras atividades da empre-
sa. Essa capacidade de se adequar
ao novo usando a criatividade,
com foco na inovação de seus
produtos e processos, faz com que
a empresa e seus colaboradores
desenvolvam um diferencial
frente à concorrência, o que já
colabora para uma maior
competitividade do negócio.
Com o mercado consumidor cada
vez mais consciente e informado
a respeito dos impactos ambien-
tais gerados pelas empresas para
seu funcionamento, as empresas
que conseguem inovar no seu
modelo de negócio, reduzindo
seu impacto ambiental e em
muitos casos seus custos de
produção, obtêm uma imagem
diferenciada perante este
consumidor cada vez mais
consciente e exigente, que
valoriza não somente a qualidade
do produto, mas o custo ambien-
tal envolvido na sua produção e
comercialização.
Neste aspecto, o que observa-se é
que as pequenas empresas que já
despertaram para a responsabili-
dade social já partem na frente no
que se refere a oportunidades de
negócios com as grandes empresas,
além de, em paralelo, estarem
melhorando sua competitividade,
buscando a redução de desper-
dício, a redução de custos, uma
maior eficiência e consequente-
mente uma maior competitividade
no mercado em que atua.
Prova disso foi o sucesso do evento
realizado pelo Sistema Sebrae,
congregando todos os Estados do
Nordeste, no TECHNORDESTE
2017, que reuniu empresas prove-
doras de soluções inovadoras,
pesquisadores e Institituições de
Pesquisa e Desenvolvimento
vindas de todo o Nordeste Brasile-
iro, apresentando e disponibilizan-
do seus produtos e serviços às
MPEs do Ceará e de outros Estados
interessadas em melhoria da
competitividade e na sustentabili-
dade empresarial.
A partir dos exemplos apresenta-
dos, percebemos a diversidade de
oportunidades de negócio para as
micro e pequenas empresas como
fornecedores de médias e grandes
empresas, a partir do momento em
que se adequam aos princípios da
responsabilidade social ambiental,
implantando em seus produtos e
processos os conceitos preconiza-
dos pela sustentabilidade.
O que se faz necessário, atrelado a
esta busca da responsabilidade
social ambiental, é uma maior
proatividade das MPEs na melhoria
de sua eficiência, buscando
constantemente a inovação como
ferramenta para a competitividade
da empresa, tornando-a apta a
competir com o diferencial
necessário.
29
Para as MPEs, que possuem
estruturas de funcionamento mais
enxutas em relação a grandes
empresas, o diferencial do
compromisso com a sustentabili-
dade lhe trará constantemente o
desafio da inovação, buscando
otimizar seus recursos, reduzir
seus custos e fortalecer sua
imagem perante o consumidor, o
que se consolida como um diferen-
cial competitivo do negócio.
Além disso, pelas características
supracitadas, muitas das MPEs
apresentamse atualmente como
solução para as dificuldades
enfrentadas pelas grandes empre-
sas, em especial no que se refere ao
cumprimento dos critérios estabe-
lecidos para que seus fornecedores
cumpram os requisitos mínimos
necessários, estabelecidos pela
grande empresa para garantir o
atingimento d suas metas de
sustentabilidade e responsabili-
dade empresarial.
Fato é que, atualmente, muitos
empresários de MPEs já visualizam
o seu compromisso com a sustent-
abilidade um grande diferencial
no mercado, em especial pelas
diversas oportunidades de novos
negócios que vêm surgindo, onde a
pequena empresa que estiver
comprometida com os princípios
da sustentabilidade, com certeza
se diferenciará das demais,
garantindo sua inserção nas novas
tendências de negócio que se
apresentam.
E é nesse aspecto que o Sebrae/CE
prioriza o apoio às MPEs cearens-
es, através de suas soluções
empresariais, abrangendo todo o
Estado do Ceará, contribuindo
para o fortalecimento e o desen-
volvimento sustentável dos
pequenos negócios no estado do
Ceará.
Ponto de Vista
O aroma sustentável no Agronegócio
As propriedades que ainda produzem cafés sombreados
abrem as portas de suas casas centenárias para apresentar
os aromas e sabores do Maciço de Baturité.
Em um mundo hiperconectado, o
café caminha em sentido
contrário. Pede calma. Do pé à
xícara, processos cada vez mais
artesanais e sustentáveis podem
consumir semanas ou meses de
dedicação de fazendeiros e
trabalhadores do campo. O
Brasil é líder na produção de
café, no Ceará, na região do
Maciço de Baturité, o Café de
Sombra ganha destaque e novos
aromas nos municípios de
Baturité, Mulungu, Guaramiran-
ga e Pacoti.
No Ceará, a revitalização da
cultura do café sombreado de
prática agroecológica vem
evoluindo em volume de
produção, evitando o processo de
degradação do solo, contribuin-
do com a preservação da mata
nativa e evitando o assoreamento
dos rios. No Maciço de Baturité, é
possível encontrar uma
produção de café sombreado de
importância ambiental e
socioeconômica.
Desde 2013, o SEBRAE vem
desenvolvendo o Projeto de Café
Sombreado, com foco no
desenvolvimento sustentável da
cafeicultura local. De acordo com
a articuladora do SEBRAE no
Maciço de Baturité, Fabiana
Gizele, estão sendo desenvolvi-
das, como parte deste projeto,
ações que procuram garantir a
recuperação e a conservação
dos recursos naturais, assim
como a valorização da identi-
dade cultural, do patrimônio
histórico e de modelos suste-
ntáveis de produção. “Nosso
grande desafio é fortalecer as
organizações produtivas,
garantindo a melhoria da
qualidade de vida das pessoas e
o equilibro ambiental”.
Fazendas de
Porteiras abertas
Com o investimento na rota
turística na serra do Maciço de
Baturité, a rota do café de
sombra é um dos atrativos para
quem busca à região. Com as
novas aquisições, os visitantes
têm a oportunidade de viven-
ciar, por exemplo, objetos de
arte no Santa Demolição,
antiquário e cafeteria localiza-
da em Mulungu que oferece,
ainda, comidas preparadas
numa cozinha colonial.
Seguindo em frente, o Vale da
Biodiversidade, propriedade
rural com manejo agroflorestal
30
e certificação orgânica com
um café de primeira, numa
visita guiada pelos campos de
produção.
Já em Guaramiranga, vale a
pena ir às compras na lojinha
de produtos sustentáveis no
Sítio Rio Negro, onde é
possível adquirir flores, frutas
desidratadas e laticínios.
Chegando a Pacoti, o Nosso
Sítio oferece uma experiência
bem rural, com a Casa do
Caboclo e o processo artesanal
de beneficiar o café, ambien-
tação e modos de fazer
tradicionais numa vivência
conjunta com antigos cafeicul-
tores.
Quem entra nas lavouras
observa características como
as folhas verdes, escuras e
brilhantes dos pés de café. Vê
também frutos vermelhos ou
em tom amarelo, intensos, tão
doces que podem ser comidos
crus. Para degustar o café de
sombra, os visitantes devem
conhecer o Mosteiro dos
Jesuítas, Sítio São Roque, Sítio
Águas Finas, Fazendo Floresta,
Sítio São Luiz, Vale da Biodi-
versidade, Nosso Sítio e Santa
Demolição.
 Coletivo
Empoderamento regional nas
comunidades periféricas
“A gente veio mostrar que temos potência. Existem pessoas que têm
um perfil artístico, um projeto de vida bacana, de mudar o que está posto”.
Existe amor, criatividade e
empreendedorismo social, em
levar sua produção independente,
através das redes sociais e canais
na internet. Os coletivos de moda e
arte surgem nas periferias das
grandes capitais com o propósito
de dar voz e vez a uma juventude,
em sua maioria negra, com uma
roupagem de economia criativa e
autoestima.
Com iniciativas independentes de
produção, a fim de, compor outra
realidade de quem vive distante
dos centros comerciais, essa
juventude negra dentro de sua
conjuntura, vai gerando renda,
emprego e criando estabilidade a
partir dos coletivos de moda.
Segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE),
cerca de 54% da população
brasileira é negra e, entre 2012 e
2016, o número de brasileiros que
se autodeclaram pretos aumentou
14,9%.
A ideia é apresentar um ponto de
vista mais realista do lifestyle dos
jovens negros. “Queremos
trabalhar com tudo, viemos para
fugir do comum e romper alguns
padrões. Não existe certo ou
errado, são apenas olhares
diferentes sobre como fazer um
trabalho”, diz Alécio Fernandes,
integrante do coletivo Natora.
Todo mês, novas ideias afloram e
surgem os coletivos semeando na
periferia de Fortaleza, um novo
olhar vindo dos becos estreitos e
das noites sombrias, os mais
singelos momentos em espaços
públicos para troca de experiên-
cias, amadurecimento de projetos,
e principalmente, a exposição de
suas criações à venda para a
vizinhança e visitantes que vem
dos bairros.
Mais um coletivo que tem amadu-
recido na cidade é a Rede Kilofé,
formado por jovens negros, eles
vem discutindo e se organizando
em torno da temática econômica da
31
população negra, gerando financei-
ramente sua moeda a partir de suas
produções de moda. “A partir
construção de políticas para
Promoção da Igualdade Racial,
demandada por nós, negros e
negras e, à medida que conquista-
mos através destas, alguns setores
nos quais não nos incluíamos como
a Educação Superior, por exemplo,
resolvemos incluir a Economia na
pauta das políticas de promoção da
igualdade racial”, Luiz Antonio
Bernardo, integrante e criador da
Rede Kilofé.
“Queremos trazer assuntos
marginalizados de forma
delicada, e abranger inclusive o
público que tem preconceito em
relação a eles”, diz Luiz Antonio.
Nesse panorama, a internet tem
sido a principal ferramenta de
circulação de ideias, troca de
experiências e divulgação dos
trabalhos.
Economia Criativa
Uma vitrine para novos criadores
iniciarem suas trajetórias como
pequenos empreendedores,
fomentando a economia criativa
cearense. Assim, tem sido as feiras
que vem consolidando o gênero da
economia local somada as iniciati-
vas nascidas na periferia e gerado
renda aos coletivos. Os modelos de
gestão e negócio têm virado temas
em grupos de discussão e chamado
a atenção de pesquisadores e
sociólogos, sobre o formato e
linguagem utilizada.
Instrumentos musicais, livros,
materiais educativos, roupas,
quadros, objetos e itens culinários
são apenas alguns dos materiais
disponíveis nas feiras promovidas
pelos coletivos. A artesã Silvana
Holanda, do Ateliê Mulheres
Criativas, leva junto com o grupo
de oito colegas, uma série de
bonecas de pano negras, além de
outros produtos, como camisetas,
marca-páginas e almofadas.
"Nós somos todas negras e, no
mercado, não víamos bonecas
negras. Estamos, principalmente,
construindo uma ideia de igual-
dade racial, com uma ação afirma-
tiva para divulgar nosso trabalho e
abrir espaço de debate sobre isso. É
preciso promover reconhecimento
e aceitação a partir das crianças,
com o resgate cultural da ances-
tralidade", completa Silvana.
Outro modelo de gestão colaborati-
va vem do Grupo Hysteria, forma-
do em São Paulo e com mais de 500
parceiras em todo o país. Um
ecossistema de apoio à projetos
concebidos e realizados por
mulheres, não necessariamente
sobre temas femininos, mas um
contexto que envolve as mulheres.
No Ceará, algumas mulheres
contribuem na produção de vídeos
e reportagens.
“Tínhamos esse desejo de criar um
espaço para juntar mulheres,
atrizes, youtubers, negras, brancas,
feministas e outras nem tanto, e ao
mesmo tempo estruturar algo que
é um grande negócio, afinal mulher
é um grande personagem para
marcas e saber falar com ela é
importante”, diz Isabel De Luca,
diretora editorial.
A coordenadora de Economia
Criativa do Sebrae-CE, Marília
Diniz, pontua que a partilha e o
aproveitamento de recursos tem
crescido no mundo inteiro. “É legal
para o varejo porque você aprove-
ita recursos e, para o cliente, é
bacana porque você vai a um lugar
só e encontra uma variedade de
opções”, frisa Marília, sobre as
feiras alternativas.

Confira Feiras e Kitanda Dragão

Encontros Coletivos
Babado Coletivo
Com o objetivo de promover a economia criativa e a
cultura cearense. A Feira não é considerada apenas um
evento alternativo, mas um impulsionador da economia
criativa em Fortaleza.
Feira Mercado Coletivo
Acontece no Mercado dos Pinhões, sempre uma vez ao
mês, para um público antenado nas tendências de moda,
arte, design, decoração, artesanato e gastronomia,
reunindo mais de 50 expositores cearenses.
Tendo como objetivos mobilizar e dar visibilidade às
iniciativas de potencial econômico da população negra
no Ceará. A Feira reúne os produtores de artesanatos,
brinquedos, moda, bijuterias e sandálias, material
produzido por coletivos.
Lojas Colaborativas
A redução de custos com água, luz e aluguel e uma maior
variedade de produtos fazem parte dos benefícios
abrangentes ao modelo de negócio. As lojas são uma
alternativa para que os profissionais divulguem e comer-
cializem seus trabalhos. Em Fortaleza, existem dezenas
de lojas colaborativas como Elabore, Caixinha e
Colabore.

32
Entrevista
com Maria da Penha

Com a Lei Maria da Penha; Lei Nº 11340/06,

cerca de 2 milhões de mulheres ao ano, continuam
sofrendo algum tipo de agressão, sendo 13 mulheres
assassinadas por dia no Brasil.

“Uma ação mais efetiva com implantação de políticas

públicas mais próximas das comunidades e municípios,
poderá diminuir estas estatísticas.”

MARIA
DE TODAS AS
MULHERES
Em entrevista exclusiva, a
farmacêutica bioquímica, Maria da
Penha Maia Fernandes, durante
anos relutou em punir seu agres-
sor, Marco Antônio Heredia
Viveros, após dois julgamentos nos
anos de 1991 e 1996, recorreu e teve
anuladas as decisões. Em 2001, o
Brasil foi condenado pela
Comissão Interamericana de
Direitos Humanos (CIDH), da
Organização dos Estados America-
nos (OEA), por omissão, tolerância
e impunidade nos casos de
agressão contra mulheres. Em
outubro de 2002, seu agressor, o
ex-marido, Marco Antônio foi
preso. Quatro anos mais tarde, era
criada a Lei Maria da Penha, com
punições mais severas aos casos de
violência doméstica.
A Constituição é de 1988; a Lei
Maria da Penha, de 2006. Quase
vinte anos transcorreram sem que
o mandamento constitucional
fosse cumprido. Ao longo dessas
duas décadas de omissão legislati-
va, as mulheres vítimas de violên-
cia em seus relacionamentos
estiveram desamparadas pela Lei.
Nunca será demais, portanto,
ressaltar a importância da Lei
Maria da Penha, principalmente
por compreender tão bem o que é a
realidade da violência doméstica,
que não se resume a agressões
físicas, mas abarca também as
violências psicológicas, patrimo-
niais e morais, que podem deixar
nas mulheres que sofrem marcas
dolorosas e profundas quanto as
da agressão física.
Em agosto, a Lei completa 12 anos,
tem muito que melhorar. Há uma
falha na criação, onde os gestores
públicos precisam investir em
ações, projetos de combate e na
implantação de um Centro de
Referência da Mulher em seus
municípios. No Ceará, dos 184
municípios, apenas 10 cidades tem
Delegacia de Defesa da Mulher
(DDM). Em média, em Fortaleza a
Delegacia especializada recebe 50
denúncias.
Em casa, a autora da Lei mostra
dezenas de placas, medalhas e
troféus que rememoram as
homenagens recebidas durante
mais de uma década. Maria da
Penha, em conversa relata sobre a
aplicação e sustentabilidade da Lei.

33
GestãoeSustentabilidade:
Você montou um Instituto que
tem como um dos principais
carros-chefe a educação, a
sensibilização, em gênero e
direitos. O que deve ainda ser
trabalhado na efetivação mais
rígida da lei?
Maria da Penha:
Tem muita pouca gente trabalhan-
do neste sentido. É necessário que
essa cultura, onde cada um de nós
tem o compromisso de divulgar o
que é bom, de forma a conscientizar
a sociedade, com o apoio da
educação dentro das escolas e nos
centros comunitários. O instituto
tem trabalhado com ações nas
comunidades mais carentes, junto
as lideranças. Temos um projeto
que pode ser ministrado nas
empresas, nas comunidades, frente
aos operadores de Direito, a
pessoas da área da saúde, do
serviço social, em qualquer
faculdade. Nosso objetivo é
capacitar as pessoas para que elas
monitorem a aplicação da lei. No
momento em que essas pessoas
levam um amigo a denunciar, isso
facilita muito e a mulher se sente
mais protegida. Essa conscien-
tização precisa acontecer
GestãoeSustentabilidade:
A senhora enxerga uma
mudança no comportamento
das mulheres? Elas estão
mais encorajadas a denun-
ciar?
Maria da Penha:
Com certeza. Onde a política
pública é implementada, onde os
movimentos sociais em defesa da
mulher, ações comunitárias e até o
órgão público tem feito um papel
importante, essas mulheres
avançam e alcançam seus objetivos.
O centro de referência da mulher é
um espaço onde ela não precisa
denunciar, tem atendimento
psicossocial e jurídico, e que ela vai
entender e vai escolher ou vai se
situar numa situação em que
quando ela decidir denunciar ela
vai estar segura e não vai voltar
“A pessoa com deficiência quando é agredida, seu agressor tem a pena aumentada em 1/3”.
atrás. Os outros equipamentos
também são muito importantes. A
importância também de todos os
outros equipamentos: a casa abrigo,
para o caso dessa mulher não poder
retornar para casa, por perigo de
ser assassinada. O juizado e a
delegacia da mulher.
GestãoeSustentabilidade:
Com base na sua própria
experiência de vida, por que é
tão difícil romper o ciclo da
violência? O papel do empo-
deramento entra em qual
esfera?
Maria da Penha:
Primeiro por medo, né? Com
certeza esse homem tem poder
sobre essa mulher, psicológico e de
força. E segundo porque ela
acredita que o agressor vai mudar,
porque ele promete depois de uma
agressão. Tem que buscar pela
independência de todos os aspec-
tos, inclusive a financeira. A
mulher avança quando tem sua
vida estabelecida por suas decisões.
Deve buscar sua autossustentação e
seguir sua vida sem dependências.
A denúncia do agressor deve
acontecer quando ela se sentir
segura. Tudo isso pesa para ela
decidir, sair daquela situação. O
centro de referência é exatamente o
local onde ela pode ter respostas
para as suas angústias.
GestãoeSustentabilidade:
E quando o homem é a vítima
em alguns relacionamentos. O
que a senhora pensa sobre
isso?
Maria da Penha:
Quando existe esta situação, é fácil
pensar. Enquanto 98% das
mulheres são vítimas, 2% dos
homens sofreram alguma agressão.
Porque a mulher não tem condição
de enfrentar a força física do
homem. Essas respostas que
aparecem e que são colocadas na
maioria das vezes são defesas delas.
Para tanto, a legislação deve ser
acionada e a lei comum punir a
responsáveis mediante julgamento.
35
GestãoeSustentabilidade:
Como a senhora encara o
feminismo no Brasil? Onde
podemos avançar e onde
paramos?
Maria da Penha:
Paramos no tempo quando se
pensava que uma delegacia da
mulher era importante, mas não
resolvia todos os problemas. Então,
com a aplicação da Lei Maria da
Penha, avançamos, pouco mais sim,
na existência de políticas públicas
mais eficazes, a forma da lei mais
severa, as condições de atendimen-
to às mulheres em seu município, o
que precisa do apoio dos gestores
públicos, e com o apoio da defenso-
ria pública em atuar junto a Justiça
nos casos de agressão contra a
violência doméstica. Ser mulher no
Brasil é gritar quatro vezes para
ecoar dentro da casa do político e
sensibilizá-lo que é necessário e
urgente o apoio e atendimento
especializado às vítimas.
GestãoeSustentabilidade:
Com base na Lei Maria da
Penha, qual caso foi julgado e
lhe fez sentimento de
injustiça?
Maria da Penha:
Essa injustiça ocasiona no assassi-
nato de centenas de mulheres. Um
caso que recordo foi de uma
cabeleireira de Minas Gerais,
morava vizinho ao agressor e após
várias denúncias - estas nunca
ouvidas por parte das instituições -
perdeu a vida para impunidade. No
início de vigência da Lei, a incom-
petência de quem estava
trabalhando naquele momento,
não fazia sentido no tamanho da
atrocidade e erro profissional.
Outro caso, do goleiro Bruno, ainda
um enigma. Ela teve sua vida
ceifada da sociedade após denún-
cias e ter mostrado quem de fato
era o agressor. Mas, o Brasil está
cheio de agressores livres e
mulheres caladas na escuridão.
GestãoeSustentabilidade:
Uma das dificuldades no com-
bate à violência doméstica tem
sido a não denúncia do crime e
do criminoso. Qual o papel do
Instituto Maria da Penha no
acolhimento dessas mulheres?
Maria da Penha :
Sim, mudaria o ponto que diz que a
mulher pode desistir de processar o
agressor perante o juiz. Acho que não
deveria ter essa opção porque muitas
desistem do processo porque estão
sendo ameaçadas e não têm coragem de
continuar. Se a mulher quer se recon-
ciliar com o agressor, é um problema
dela. Mas o Estado deveria cumprir o
seu papel e levar o processo até o fim.
GestãoeSustentabilidade:
Sobre a inclusão de mulheres
portadoras de necessidades
especiais no mercado de
trabalho, onde evoluímos? Qual
análise sobre o papel da diversi-
dade dentro das empresas?
Maria da Penha:
Quando se tem a forma correta de
inclusão, nem toda deficiência torna
aquela pessoa incapaz. Muitos podem
assumir uma função na empresa,
depende da capacidade intelectual e
motora. O Instituto tem acompanhado
esta diversidade nas comunidades e
como essas mulheres agredidas e
deficientes, tem maiores dificuldades
de recomeçar.
GestãoeSustentabilidade:
Por que é importante pensarmos
na violência doméstica no ponto
de vista sustentável?
Maria da Penha:
As mulheres têm denunciado mais
os casos de violência, porém
estima-se que 60% das vítimas não
registram os crimes. As mulheres
se concentram em trabalhos que
pagam menos e ganham em média
70% a 90% do valor do salário dos
homens. Infelizmente a violência
doméstica está presente em todas
as classes sociais, econômicas e
culturais. Nenhuma mulher está
livre desse mal que assola a nossa
sociedade, mata as nossas
mulheres e deixa órfãs as nossas
crianças. As mulheres precisam se
informar dos seus direitos, se
“empoderar” para quando decidi-
rem denunciar, tomarem essa
decisão de forma consciente e
segura. Temos que ter coragem de
recomeçar. Não é fácil!
GestãoeSustentabilidade:
“Não queremos mais morrer
em 2018. Não queremos mais
apanhar em 2018. Queremos
ter onde pedir ajuda e rece-
bê-la” Em sua fala sobre
violência feminina, quais
ações emergenciais devem
ser construídas para barrar
esta crescente estatística?
Maria da Penha:
Diminuir e muito é possível.
Acabar a gente tem esperança, mas
tem inúmeros fatores que ainda
vão ser trabalhados para que esse
“acabar” aconteça. Tenho esper-
ança de que a cada ano, havendo
responsabilidade dos gestores
públicos em relação a essa lei, a
violência vai sim, ser expressa-
mente diminuída.
GestãoeSustentabilidade:
Com a atuação do Instituto
Maria da Penha, o que
avançou, qual o papel do
Governo e Poder Público, e,
como a sociedade civil pode
contribuir?
Maria da Penha:
O avanço aconteceu nestes 12 anos
devido o impulso de ações, proje-
tos, instrução junto a ONGs,
Centros Comunitários, Órgãos
Públicos e Empresas Privadas em
levar a informação a todos. Sou
sempre assediada por onde passo,
muitas mulheres relatam que
poderiam estar mortas, mas, graças
a Lei que se fez justiça, essas
mulheres se sentem fortalecidas e
seguras. Temos homens e mulheres
trabalhando nesta causa. A
finalidade da criação da Lei é punir
os homens agressores que não
sabem tratar suas mulheres com
dignidade e não os homens em
geral. Merecem ser punidos e as
mulheres denunciem ligando no
Número 180.
-------------------------------------------
Em suma, o problema da violên-
cia doméstica, no Brasil de hoje,
ainda existe e cada vez mais
precisa ser combatido, especial-
mente por meio da informação,
que é fundamental. Para
contribuir com as ações de
conscientização e combate, faça
sua doação ao Instituto Maria da
Penha, ONG fundada pela
própria Maria da Penha e que
trabalha com o enfrentamento à
violência doméstica e familiar
contra a mulher.

Uma palavra e o que vem à mente!

Empoderamento: Mulher capaz de alcançar seus objetivos
Violência doméstica: Toda ação que constrange a mulher e transforma
INSTITUTO
sonhos em pesadelos. MARIA DA
Mulher com deficiência: Não diminui sua força de viver em nenhuma circun-
stância.
PENHA
Mulher Negra: Abaixo ao machismo e racista. Banco:
Justiça ou Injustiça?: Justiça. Um basta de mulheres darem seu sangue para Caixa Econômica Federal
aumentar as estatísticas da violência. Nº do Banco: 104
Lei Maria da Penha: Divisor de águas no enfretamento da violência doméstica Conta: 821-4
contra a mulher. Uma necessidade que seja implementada em todos os Agência: 1922
municípios. Hoje, temos homens e mulheres trabalhando para que a Lei funcione Operação: 003
de verdade em sua legislação.

36
 Entrevista
com Águeda Muniz
Secretária de Urbanismo
e Meio Ambiente de Fortaleza

00
ENTREVISTA

Uma Fortaleza
Sustentável
até 2020
Ao se investir em mobilidade sustentável e espaços públicos
voltados para a comunidade, as cidades tornam mais seguras,
se tornam mais saudáveis e mais sustentáveis

O objetivo é oportunizar para gerar o desenvolvimento

econômico e inclusão social em uma das capitais de maior
fluxo de mobilidade do país. A Prefeitura Municipal de Fortale-
za possui um sistema de gestão ambiental institucionalizado
por meio do seu órgão gestor ambiental, a Secretaria Munici-
pal de Urbanismo e Meio Ambiente- Seuma, o Conselho
Municipal de Meio Ambiente - COMAM, o Fundo de Defesa do
Meio Ambiente - Fundema e o Sistema de Informações Am-
bientais - Siafor.

Com ações cada vez mais sustentáveis, as cidades inteligen-

tes e serviços online, a Prefeitura de Fortaleza está desburo-
cratizando para agilizar a emissão de documentos e atendi-
mentos. “Fortaleza aparecia, em 2016, num universo de 32
cidades, era a 30ª do Brasil em ambiente regulatório. Era
muito difícil obter um alvará de funcionamento ou construção,
uma licença sanitária. No início deste ano somos a segunda
cidade e a primeira capital do País nessa área. Somos a Capital
mais desburocratizada e queremos ser a primeira cidade,
graças ao empenho do prefeito Roberto Cláudio em ofertar o
sistema Fortaleza Online ao cidadão”, disse Águeda.

Em entrevista especial, a Secretária Municipal de Urbanismo e

Meio Ambiente, Águeda Muniz, aborda os pilares da sustenta-
bilidade e os projetos em andamento na Capital. Confira em
nossas páginas, como sua atuação e conhecimento têm trans-
formado a cidade de Fortaleza em uma das cidades em cons-
tante evolução.

38
 ENTREVISTA
Revista Gestão e Sustentabilidade:
Quais ações a Prefeitura tem feito para ofere-
cer uma vida mais sustentável aos
fortalezenses?
Águeda Muniz: O Sistema Municipal de Meio
Ambiente de Fortaleza foi instituído pela Lei nº
10.619/2017 que estabelece a Política Municipal do
Meio Ambiente que observa as seguintes diretrizes:
Áreas Verdes, Recursos Hídricos, Biodiversidade,
Controle da Poluição, Mudanças do Clima e Educação
Ambiental. Nesta perspectiva, estão sendo desenvolvi-
dos Programas e projetos estratégicos relacionados aos
sistemas naturais, à sustentabilidade, educação
ambiental e ecoeficiência, tais como: Fortaleza Online;
Operações Urbanas Consorciadas; Programa de
Adoção de Praças e Áreas Verdes; Reciclando Atitudes
nas Escolas, Reciclando Atitudes nas Praias, Reciclan-
do Atitudes com os Catadores, Reciclando Atitudes no
Parques e Reciclando Atitudes nas Igrejas; Plano de
Arborização de Fortaleza; Uma Criança, Uma Árvore;
Mudas na Ciclofaixa e doações de mudas para popu-
lação); Programa Águas da Cidade; Plano de Desen-
volvimento de baixo Carbono; Certificações Ambien-
tais (Fator Verde e Selo Empresa Amiga do Meio
Ambiente); e atualização e modernização da legislação
municipal.
......................................................................................
Revista Gestão e Sustentabilidade: Como a
Senhora enxerga o desenvolvimento suste-
ntável de uma cidade considerada a maior no
PIB do Nordeste e a terceira em mercado
imobiliário?
Águeda Muniz: Muito se faz quando se fala em
Desenvolvimento Sustentável em Fortaleza. Como por
exemplo, os projetos: Favor Verde - A Prefeitura de
Fortaleza, por meio da SEUMA, implantou a Certifi-
cação Ambiental fator verde, em suas licenças ambien-
tais, envolvendo a gestão e a construção dos empreen-
dimentos licenciados de forma sustentável. Nesse
contexto, estimula-se a sustentabilidade nas atividades
construtivas da iniciativa pública e particular. Código
da Cidade - responsável pela elaboração do novo
Código da Cidade, que está em tramitação na Câmara
Municipal de Fortaleza. O documento é uma atual-
ização do Código de Obras e Posturas, considerado
desatualizado perante os desafios da cidade contem-
porânea, quando observa-se critérios como a sustenta-
bilidade ambiental, realidade financeira, sentimento
de pertença do cidadão para com a cidade, as novas
tecnologias relacionadas ao ambiente construído e as
novas relações estabelecidas entre os cidadãos e os
espaços públicos da cidade.
Programa de Agenda Ambiental da Administração
39
Pública (A3P) - implantação do Programa de Agenda
Ambiental da Administração Pública (A3P), política do
Ministério do Meio Ambiente (MMA), para evitar
desperdícios e racionalizar o uso de recursos naturais
renováveis em órgãos públicos. Além da mudança nos
investimentos, a Agenda também demanda sensibili-
zação dos servidores sobre a gestão adequada dos
resíduos e recursos naturais. Programa Fortaleza
Competitiva - configura-se como uma iniciativa que
engloba um pacote de medidas de estímulo à criação de
um cenário qualificado para novos negócios. O novo
programa busca viabilizar mecanismos para o surgi-
mento e crescimento de empresas em áreas estratégicas
do município, gerando emprego, renda e desenvolvi-
mento, proporcionando ao cidadão fortalezense e aos
investidores um ambiente favorável, ágil, para superar
os desafios de manter e abrir novos empreendimentos.
......................................................................................
Revista Gestão e Sustentabilidade: Após as
instalações dos 40 Ecopontos na Capital, quais
os benefícios, quantas toneladas já foi coletado
e qual o destino do material? Qual o impacto do
projeto à cidade?
Águeda Muniz: Fortaleza conta com 41 Ecopontos
para o descarte seletivo de resíduos sólidos em todas as
Regionais, oferecendo também o benefício do Programa
Recicla Fortaleza, que dá desconto na conta de energia e
crédito no Bilhete Único pela troca de resíduos
recicláveis, proporcionando um comportamento cada
vez mais sustentável. Para ter acesso basta que o
fortalezense procure um dos Ecopontos mais próximos,
levando a conta da Enel ou o Bilhete Único, para fazer o
cadastro e receber o cartão Recicla Fortaleza. Daí, é
separar os resíduos recicláveis e levá-los até o Ecoponto
para pesagem, lembrando de armazená-los sem sobra de
alimentos ou produtos para não atrair insetos e gerar
mau cheiro. No Ecoponto, o cidadão confere a tabela de
valores dos resíduos recicláveis, pois o crédito será
calculado de acordo com o peso e os tipos de materiais,
levando em consideração o mercado.
......................................................................................
Revista Gestão e Sustentabilidade: Dentro do
projeto “Pacto por Fortaleza, a cidade que
queremos até 2020”, idealizado pela Câmara
Municipal, qual a participação da Gestão direta-
mente neste projeto?
Águeda Muniz: O Projeto “Pacto por Fortaleza, a
cidade que queremos até 2020” é uma iniciativa pioneira
da Câmara Municipal que tem por objetivo pensar e
debater a Cidade de Fortaleza apresentando sugestões
para os próximos 10 anos, e para isso o Poder Legislativo
ultrapassa as suas fronteiras e se aproxima do cidadão
 ENTREVISTA
para ouvi-lo, aproximando-se da sociedade como um
todo. A Gestão participou das outras edições do Projeto,
ouviu a população e aproximou-se ainda mais da sua
realidade, e promoveu ações como a reforma de 24
praças, do Estoril, do Parque Adail Barreto, a inaugu-
ração do Centro Cultural Belchior, do Mercado
Gastronômico do Mercado dos Pinhões e a entrega das
passarelas do canal do Lagamar; a entrega de novos
Centros de Educação Infantil, sendo a capital com o
maior número de vagas do país, no meio de uma crise.
Fizemos ainda a 3ª edição do Festival de Música da
Juventude e a segunda edição da Copa Areninha com 11
mil atletas, tivemos mais de 300 mil atendimentos na
rede Cuca; a troca de 34 mil pontos de luz branca,
instalamos seis estações novas do carro elétrico, seis
Ecopontos, a Pousada Social e o Centro de Convivência
para os moradores de rua; a instalação de 7 Centrais de
Medicamentos nos Terminais da cidade; a criação do
Comitê de Enfrentamento às Arboviroses, três salas de
apoio à amamentação e coleta de leite materno, seleção
pública para 200 profissionais na área de saúde, criação
de novas unidades para atendimento de acolhimento
para internamento de dependentes químicos.
......................................................................................
Revista Gestão e Sustentabilidade: Como
Gestora, o que espera de Fortaleza até 2020?
Águeda Muniz: O meu esperar não é a espera passiva,
mas sim uma espera inquieta que me instiga a ir à traz,
buscar e não desistir de construir uma cidade de
oportunidades, mais igualitária e inclusiva que acolha e
realize sonhos de cada um de seus cidadãos. E para isso,
a gestão estará ainda mais próxima da população, seja
participando de projetos como o “Pacto por Fortaleza, a
cidade que queremos até 2020” ou por meio do projeto
“Você Faz Fortaleza” que tem como objetivo coletar a
opinião dos cidadãos sobre os projetos de infraestrutura
para a Capital, uma iniciativa de parceria entre a
Prefeitura, CMFor e a Universidade de Fortaleza (Unifor)
que dispôs na cidade 40 totens distribuídos nos sete
terminais, nas Upas, nos Cucas, na Câmara Municipal e
na Beira Mar. A população vai poder escolher entre o
Lago Jacarey, Lagoa de Porangabussu, Praça e Mercado
do Carlito Pamplona, Zoológico Sargento Prata, Horto e
Lagoa do Passaré, Cidade da Criança e Praça Coração
Jesus, Praça e Mercado de Messejana, Parque da
Sabiaguaba, Barra do Ceará e Parque Lagoa da Viúva.
Esse é um instrumento novo de participação popular
para a Prefeitura e Câmara ouvir a cidade e tomar
decisões conforme o voto popular promovendo a
construção de Políticas Públicas que construam uma
cidade melhor.
......................................................................................
Revista Gestão e Sustentabilidade: O
Programa Fortaleza Cidade Sustentável reúne
40
uma série de iniciativas que significarão
avanços importantes para a Capital, quais são
estes?
Águeda Muniz: Por meio da aprovação de um
empréstimo inédito no valor de cerca de US$ 150
milhões junto ao Banco Mundial (Bird), o prefeito
Roberto Cláudio implementará o Programa Fortaleza
Cidade Sustentável, o qual reúne uma série de iniciati-
vas que significarão avanços importantes para a nossa
Capital.
O Programa prevê a implementação de projetos do
componente Águas da Cidade da Política Ambiental do
Município, que beneficiarão a vida de todos os
fortalezenses, a exemplo do Ligado à Rede, que viabili-
zará a ligação gratuita à rede pública de abastecimento
de água e coleta de esgoto em domicílios de baixa renda.
Essa medida vai resultar na regularização dos imóveis
na Bacia da Vertente.
Ao lado dessas ações, que são técnicas e de incidência
sobretudo para a população de baixa renda, haverá
intensificação da fiscalização em alto padrão para
regularizar a coleta de esgoto. Esta iniciativa é a
continuação de uma parceria que já ocorre entre a
Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente e a
Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Por
meio de um Termo de Convênio, os dois órgãos, monito-
ram edificações que não estejam interligadas à rede e
notificam para que elas se regularizem.
......................................................................................
Revista Gestão e Sustentabilidade: A Certifi-
cação Ambiental Fator Verde é uma das
bandeiras da sustentabilidade voltadas a
construção civil. Com pouco mais de um ano,
como o Prefeito avalia o avanço da certificação
e a participação empresarial?
Águeda Muniz: O Fator Verde é concedido pela
Prefeitura de Fortaleza em quatro níveis: bronze, prata,
ouro e diamante. A avaliação é realizada segundo 45
critérios, sendo 12 obrigatórios e 33 opcionais, distribuí-
dos em seis fatores: Cidade Sustentável; Hídrico;
Ambiente Saudável; Energético; Materiais e Resíduos; e
Social. Entre os aspectos a serem analisados estão o
acesso ao transporte público, gentilezas urbanas,
iluminação natural e captação de águas pluviais. “As
três empresas foram contempladas com o selo Empresa
Amiga do Meio Ambiente pela realização de programas
de educação ambiental, tratamento do resíduo de forma
correta e programa de arborização, por exemplo. Já o
certificado de Fator Verde é destinado a construções
sustentáveis que obedecem a 12 critérios obrigatórios”,
disse Águeda.
 Artigo
Por Dr. Janguiê Diniz
Reitor da da UNINASSAU – Centro Universitário
Maurício de Nassau e da UNAMA –
Universidade da Amazônia
janguie@sereducacional.com
Sustentabilidade
deve ser um dos
pilares empresariais
Há vinte anos, poucos empresários
consideravam importante o respeito
ao meio ambiente.
Atualmente, a sustentabilidade é um
elemento central na atividade e cada
vez mais essencial na estratégia das
empresas. Durante muito tempo se
acreditou, erroneamente, que a
sustentabilidade estaria diretamente
relacionada ao meio ambiente.
Entretanto, essa ideia é dividida em
três principais pilares: social,
econômico e ambiental. Para se
desenvolver de forma sustentável,
uma empresa deve atuar de forma
que esses três pilares coexistam e
interajam entre si de forma plena-
mente harmoniosa.
O pilar ambiental refere-se, basica-
mente, à preservação do meio
ambiente e dos recursos naturais,
além da redução do desperdício de
materiais. O social compreende ao
capital humano relacionado às
atividades do empreendimento,
incluindo a comunidade, o públi-
co-alvo, os fornecedores e a socie-
dade em geral. E finalizando, o
econômico inclui assuntos
referentes à produção, distribuição e
consumo de bens e serviços, consid-
erando os pilares ambiental e social.
Para a ONU, entre os dez objetivos
que o mundo poderia adotar para
atingir o desenvolvimento susten-
tável estão erradicar a pobreza
extrema, incluindo a fome; assegurar
o aprendizado efetivo de todas
crianças e jovens para a vida e a
subsistência; alcançar a saúde e o
bem-estar para todas as idades;
melhorar os sistemas agrícolas e
aumentar a prosperidade rural;
tornar as cidades mais inclusivas,
produtivas e resilientes; entre outras.
O desenvolvimento sustentável já é
um assunto recorrente na sociedade
mundial. A assiduidade das pautas de
discussão está ligada diretamente a
urgência e a necessidade de se criar
movimentos para equilibrar as ações
desenvolvimentistas do homem e da
preservação dos recursos naturais.
Assim, pensar no desenvolvimento
sustentável implica considerar a
necessidade de recuperar o patrimô-
nio natural, preservar os ecossiste-
mas e definir o uso racional dos
recursos, permitindo o equilíbrio
socioeconômico e cultural.
Mundialmente, o consumidor
brasileiro é menos preocupado com a
preservação dos recursos naturais do
que os consumidores dos países
desenvolvidos. Nos EUA, ações de
premiação para as empresas que
agem sustentavelmente já alcançam
50% da população consumidora. Essa
relação fica ainda mais clara quando
analisamos o percentual das pessoas
que buscam os produtos ecologica-
41
mente corretos: nos países desen-
volvidos esse número é de 39%,
enquanto aqui, os percentuais são de
13%.
O papel da educação e da erradicação
da pobreza é extremamente impor-
tante para atingir os objetivos
propostos pela ONU. Um país que
investe em educação está investindo
em desenvolvimento – econômico e
sustentável. É preciso criar e ter a
consciência de que assegurar esse
equilíbrio entre o desenvolvimento
dos países e a preservação do meio
ambiente, significa, acima de
qualquer outro objetivo, garantir que
nossos filhos, netos e bisnetos
tenham condições mínimas de
sobrevivência.
A busca das empresas pelo equilíbrio
de suas ações nas áreas econômica,
ambiental e social, visando à sua
sustentabilidade e a uma
contribuição cada vez mais efetiva à
sociedade, é hoje um fato. Para medir
esse equilíbrio, alguns modelos e
ferramentas de gestão, globalmente
aceitos, têm sido utilizados no
dia-a-dia empresarial para o
aperfeiçoamento de seus processos e
ações.
Mas a sustentabilidade, entendida no
ambiente corporativo como fator
estratégico para a sobrevivência dos
negócios, é bem mais que um
princípio de gestão ou uma nova
onda de conceitos abstratos. Repre-
senta um conjunto de valores e
práticas que deve ser incorporado ao
posicionamento estratégico das
empresas para definir posturas,
permear relações e orientar escolhas.
 Artigo
Por Verbena Medeiros.
Mestre, especialista em Administração,
Responsabilidade Social e Economista.
Coordena o Setor de Sustentabilidade da
Unimed Fortaleza

verbena.medeiros@unimedfortaleza.com.br

Sustentabilidade
Organizacional:
uma questão de gestão estratégica
de atuação no negócio.

Gestão em sustentabilidade organizacional é sinônimo
de maior rentabilidade, competitividade e desenvolvi-
mento socioambiental quando bem administrado. Como
forma de melhor contribuir em termos de expertise neste
segmento de gestão, segue algumas boas dicas:
1. Na prática, para realizar uma boa gestão em sustentabi-
lidade empresarial faz necessário a participação da alta
gestão, um profissional que entenda do negócio e que
tenha atuação estratégica. Desta forma os processos
fluirão mais rapidamente e os resultados também.
2. Oportunizar planejamento e engajamento junto aos
principais gestores organizacionais é essencial. Para ter
sucesso é importante que possam ser incorporadas
medidas estratégicas junto a sua cadeia de valor e seus
core business também.
3. Uma boa comunicação empresarial interna e externa-
mente faz deste negócio atrativo. A melhor forma de
começar é fortalecer a comunicação interna em prol de
uma cultura sustentável.
4. Os resultados não aparecerão de um dia para outro.
Este negócio necessita de tempo e acompanhamento.
Portanto, mesure resultados e procure respaldo por meio
de indicadores, reconhecimentos, certificações e selos.
5. Não atue visando mero marketing social. Este negócio
não é para amadores e tem sido a porta para medir maior
credibilidade e boa governança corporativa no mercado.
Melhor ser reconhecido de forma simples, digna e íntegra
a ser conhecida por realizar uma gestão duvidosa. Afinal,
uma marca se leva uma vida para se construir e um
minuto para perdê-la também.

42
 Cariri

A região do Cariri de Jovens estudantes da Faculdade de

Tecnologia Centec - Cariri estão
Empreendedorismo, transformando frutos tradicionais do
Cerrado, como o pequi, em biscoitos,
Cultura de raiz e azeites, óleos e pasta. Os meses de
dezembro a abril é o período de safra
ideias sustentáveis do fruto na região. De acordo com o
professor do curso, Erlanio Oliveira,
além de possibilitar um sabor
diferente ao sequilho, os alunos
trabalham o reaproveitamento dos
resíduos que seriam descartados.
"Desenvolvemos uma formulação
com a amêndoa de algumas plantas
nativas. Além do pequi, utilizamos a
macaúba, babaçu e buriti". Ainda
segundo Oliveira, o resultado final
foi "tão aceito que já estamos
pensando em patentear para
comercializar". Os produtos já são
comercializados em pontos
estratégicos na região e iniciam
negociações com rede de supermer-
cados no Estado.

Do lixo para o
instrumento musical
Os artesãos Aécio Ramos e Tereza Ramos, esposa, unem
reciclagem e educação musical de crianças e adolescentes
carentes. No bairro Lameiro, em Crato, o músico, artesão e
pedreiro estão a frente do Projeto Cultural Edit Mariano
(Procem), onde educam musicalmente e instruem no ofício
da confecção de instrumentos musicais jovens de baixa
renda. “Do material morto, eu crio vida e arte. Qualquer
material sem valor ou utilidade, ou detrito oriundo de
trabalhos domésticos, industriais etc. que se joga fora é
possível virar um instrumento. Meu olhar sob o lixo é difer-
ente do seu e de toda a população”, declara Aécio.

43
 Sustentabilidade Corporativa

Práticas sustentáveis
viram vantagens para
empresas e meio
ambiente

44
Uma das práticas que mais tem feito as
empresas se destacarem no mercado é sua
preocupação com aquilo que envolve a
sustentabilidade. As organizações que
desejam obter sucesso e mostrar valor a seus
clientes adotam medidas de preservação do
meio ambiente e projetos de responsabilidade
social, que vem sendo cada vez mais solícito
pelas demandas e exigências dos clientes.
Atitudes que causam menor impacto são
essenciais para viver em um mundo melhor e
construir um planeta cada vez mais suste-
ntável. A Sustentabilidade Empresarial não é
apenas uma jogada de marketing, apesar de
resultar em vantagem competitiva a quem a
aplica.
A prática deve apresentar resultados tanto
para a empresa quanto para a sociedade e,
para que isso ocorra, ela deve ir além do
ambiente corporativo, afetando toda a
sociedade, o produto/serviço oferecido,
fornecedores, colaboradores e clientes.
No Brasil, o número de consumidores ecologi-
camente corretos tem guinado e a busca por
empresas de alguma forma sustentável é
grande. Segundo o SEBRAE, importantes
mudanças vêm ocorrendo mundialmente na
forma como as empresas concebem e incorpo-
ram princípios de sustentabilidade em seus
negócios.
Para a gerente do Centro Sebrae de Sustentab-
ilidade, Suênia Sousa, todos os dias surgem
novas oportunidades para tornar os negócios
mais rentáveis de maneira sustentável. “O
problema é que muitos empresários ainda
veem a sustentabilidade como um bicho de
sete cabeças. O Centro Sebrae de Sustentabili-
dade desenvolveu as Dimensões da Sustentab-
ilidade nos Pequenos Negócios para facilitar a
descrição das boas práticas”, disse gerente do
CSS.
Conheça as 12 dimensões da sustentabilidade
nos pequenos negócios oferecida pelo Centro
Sebrae de Sustentabilidade:
• Planejamento estratégico
• Liderança para sustentabilidade
• Gestão Financeira
• Gestão de Pessoas
• Desenvolvimento Social
• Gestão Ambiental
45
• Gestão da Qualidade
• Encadeamento Produtivo
• Uso eficiente de Água
• Uso eficiente de Energia
• Gerenciamento de Resíduos Sólidos
• Mercado e Consumo Consciente
A prática sustentável corporativa não se
resume apenas a dispensa de copos
descartáveis, diminuição de impressões,
reciclagem de materiais, coleta seletiva e
economia de energia. Não faltam razões para
que sua empresa adote práticas sustentáveis e
ajude o meio ambiente, faça gerar novos
negócios e tenha lucros a partir dessas
práticas.
Conheça alguns modelos de prática de gestão
sustentável de grandes empresas que podem
ser aplicadas a sua realidade.
Unilever: grande parte dos insumos agrícolas
da sede brasileira vem de fontes certificadas. A
empresa atua junto a seus fornecedores para a
adoção de práticas socioambientais. A
intenção é que 100% da sua matéria-prima
tenha certificação de origem;
Avon: a empresa de cosméticos investe em
trabalhos e campanhas de combate à violência
contra a mulher;
HSBC: o banco possui um programa de
treinamento nomeado “Climate Partnership”,
que busca colaboradores interessados em
divulgar práticas sustentáveis. Esses profis-
sionais participam de cursos de responsabili-
dade ambiental e participam de ações
voluntárias promovidas pela instituição;
Duóleo: Rede de Catadores do Ceará captam
óleo de cozinha utilizado no preparo dos
alimentos em redes de hotéis, barracas de
praia e restaurantes. O resíduo arrecadado é
transportado para a Usina de Biodiesel de
Quixadá e é transformado em energia limpa. A
iniciativa é cearense.
Coca-Cola: a empresa pratica a reciclagem de
boa parte do seu alumino e garrafas PET. Com
o projeto Coletivo Reciclagem, a Coca-Cola
pretende reciclar todas as suas embalagens.
Philips: a empresa investe na fabricação de
lâmpadas mais modernas para que elas
resultem em economia na iluminação pública;
Case de Gestão

Projeto de energia
fotovoltaica da MRV vence
Prêmio da editora PINI
O investimento de R$ 800 inovação e qualidade. A catego- haria é considerada hoje a
milhões em energia fotovoltaica ria Iniciativa Setorial reconhece maior construtora da América
anunciado recentemente pela as práticas que buscam desen- Latina. Em Quatro décadas de
MRV Engenharia já é reconheci- volver e qualificar o setor. A história, está presente em mais
do pelo mercado como um escolha é feita a partir de uma de 140 cidades brasileiras, em
projeto único e inovador. A metodologia de apuração com os 22 estados, a construtora é líder
iniciativa da construtora foi a principais profissionais do no mercado com mais de 340
vencedora na categoria Iniciati- mercado, que fazem uma seleção mil casas e apartamentos
va Setorial do Prêmio PINI criteriosa dos projetos inscritos. vendidos, sendo que 120 mil
Melhores da Construção 2017, Fundada em primeiro de entregues apenas nos últimos
que está em sua 23º edição e outubro de 1979, a MRV Engen- três anos.
destaca as melhores empresas de
toda a cadeia produtiva do setor.
A cerimônia de entrega foi
realizada na noite do último dia
8 de dezembro, no prédio da
FIESP em São Paulo.

Para o coordenador de Desen-

volvimento de Produto e
Inovação da MRV, Felipe
Cardoso, o reconhecimento
reforça, ainda mais, a preocu-
pação da construtora em relação
ao desenvolvimento sustentável
do país e reafirma o pioneirismo
da MRV em inovar em todo o seu
negócio, desde o produto até
soluções para atendimento ao
cliente. “O trabalho que estamos
fazendo está influenciando toda
a indústria nacional. Não temos
informações sobre um projeto
como esse em nenhum outro
lugar do mundo”, afirmou.

O Prêmio PINI, um dos mais

importantes do setor, identifica e
premia obras, produtos, serviços
e ações de referência para
melhoria e desenvolvimento da
indústria da construção nacion-
al, com foco em boas práticas,

46
MRV Engenharia recebe A MRV Engenharia foi uma das agraciadas com o
título “Empresa Amiga do Meio Ambiente” no dia 16
prêmio sustentável da de fevereiro. Desenvolvido pela Prefeitura de
Prefeitura de Fortaleza Fortaleza com apoio da SEUMA, o prêmio foi
entregue pelo Prefeito Roberto Cláudio, com o
intuito de incentivar as empresas a contribuir com o
desenvolvimento sustentável de Fortaleza.

Atualmente, a MRV Engenharia conta com adoção

dos canteiros e praças na Igreja da Catedral,
Messejana e Maraponga, além da parceria para
construção do ecoponto na Maraponga. De acordo
com o Gestor Executivo de Obras, Leonardo
Pacheco, contribuir com ações sustentáveis apenas
reforçam a missão da construtora.

"É um presente fazer parte desse momento, uma vez

que essas ações já fazem parte do DNA da MRV
Engenharia, além de reforçar que estamos trilhando
pelo caminho certo, trabalhando com atenção e
valorização do meio ambiente"

MRV Engenharia planta

1 milhão de árvores
Em oito anos da ação a construtora removeu cerca
de 550 mil toneladas de CO2 da atmosfera
Foi reforçando o compromisso
com o desenvolvimento
sustentável e consequente-
mente com a saúde e bem-es-
tar das comunidades onde atua
que a MRV Engenharia chegou
a marca de 1 milhão de árvores
plantadas, após oito anos do
início da iniciativa. Toda essa
quantidade de mudas repre-
senta cerca de 550.000 mil
toneladas de CO2 que foram
removidos da atmosfera,
contribuindo, assim, para o
meio ambiente e com a quali-
dade de vida no planeta. A
quantidade equivale a mesma
emissão de CO2 liberado no
ambiente por um carro ao
rodar 529.679.622 km, distância
suficiente para realizar 94.976
viagens entre o Oiapoque ao
Chuí.
Esta ação é fruto das diretrizes
de responsabilidade social e
ambiental da companhia. Nos
locais que receberam os
plantios, a construtora seguiu
as orientações das diretrizes
governamentais e secretarias
de meio ambiente, privilegian-
do o uso de espécies nativas e
adequadas ao clima e solo das
cidades onde ocorreu o plantio.
“O plantio das árvores é um
trabalho contínuo que vem
transformando a realidade das
cidades onde atuamos e
contribuindo com toda a
comunidade. Chegar a 1 milhão
de árvores plantadas represen-
ta um marco para o trabalho
que desenvolvemos em prol da
sustentabilidade”, informou o
gestor executivo de Segurança,
Saúde e Meio Ambiente
(SSMA) da MRV, José Luiz
Esteves da Fonseca.
A regional Ribeirão Preto foi a
que mais se destacou em
número de árvores plantadas,
somando mais de 300 mil,
seguidas por São Paulo, com
157 mil. No Nordeste foram
quase 96 mil. A preocupação e
o cuidado com o meio ambi-
ente vão além do plantio e
somam se a outras ações,
também desenvolvidas pela
companhia, que garantem a
qualidade de vida para as
gerações atuais e futuras, pois
a empresa acredita que intervir
no meio ambiente, preservan-
do-o, recuperando-o e geran-
do harmonia no entorno, deve
fazer parte do seu dia a dia.

47
 Artigo Por Felipe Amorim,
Consultor Dialogus
Consultoria
felipe@dialogusconsultoria.com.br
A importância
do gerenciamento
de stakeholders
O gerenciamento do engajamento de
stakeholders (públicos de interesse ou
públicos com os quais empresas se
relacionam) é um ingrediente
importante para o sucesso de grandes
empresas, no entanto, muitas vezes é
considerada uma atividade marginal
ou que pode ser terceirizada para
funções comerciais.
Estudos e pesquisas internas de
empresas vêm uma tendência para o
feedback e o diálogo entre as partes
interessadas em curso. O engajamen-
to implica em um relacionamento de
longo prazo com envolvimento ativo.
Devido a isso, organizações devem ser
rápidas e agir por acreditar que têm o
compromisso com seus stakeholders.
A importância do engajamento dos
stakeholders se deve principalmente
aos fatores que trazem desenvolvi-
mento à empresa, por isso listamos as
principais razões pelas quais as
empresas devem investir nesta
questão:
1. Priorizar e concentrar os esforços -
consultar os stakeholders ajuda as
empresas a desenvolver e validar
áreas-chave de foco, além de se
antecipar a problemas futuros;
2. Comunicar - as empresas podem se
envolver com os públicos de interess-
es internos e externos para garantir
que estão transmitindo as mensagens
certas;
3. Melhorar a gestão de riscos e
conformidade - muitas empresas
possuem cadeias de suprimentos
complexas. Somente com o engaja-
mento de stakeholders
compreenderão completamente os
riscos e se estão cumprindo os
processos com os padrões exigidos;
4. Conduzir à inovação - usar
diferentes perspectivas pode ajudar a
avançar no jogo, levando insights e
ideias criativas daqueles de dentro e
de fora do negócio;
48
5. Estruturar estratégia de desen-
volvimento - o envolvimento das
partes interessadas pode ser funda-
mental no desenvolvimento de
estratégias e na obtenção de
informações importantes para essa
evolução;
6. Recompensa financeira - se engajar
com stakeholders pode ser mais do
que apenas reunir opinião. Pode ser
uma maneira inestimável de garantir
que os projetos continuem, sejam
executados sem problemas e entreg-
ues de forma eficiente.
Um stakeholder é qualquer indivíduo,
grupo ou organização que possa
afetar, ser afetado ou percebido como
sendo afetado por um projeto,
programa ou empresa. A gestão das
partes interessadas cria relações
positivas através da gestão adequada
de suas expectativas e objetivos
acordados.
 Agenda
Avaliar os riscos e oportunidades específicos para um trabalho mais saudável e
6º Encontro Nacional
identificar os elementos essenciais para o sucesso de programas de bem-estar e
de Responsabilidade
saúde no local de trabalho que possam criar uma cultura centrada nas pessoas
Social e Sustentabilidade
V Conferência Nacional
Infantojuvenil pelo
Meio Ambiente
Fórum Fortaleza
Sustentável
são ações preventivas imprescindíveis. Para os trabalhadores, os danos do
excesso de stress extrapolam a esfera profissional, causando insatisfação e
adoecimento. Para as empresas, elevam os custos com tratamentos médicos,
absenteísmo e baixa produtividade.
Dias 26 a 28 de junho
Horário: 8h30-19h
Local: Plaza São Rafael Hotel Porto Alegre, RS, Brasil
www.ismabrasil.com.br
Com o tema: Vamos Cuidar do Brasil Cuidando das Águas, a Conferência é um
processo pedagógico, dinâmico, de diálogos e encontros, voltado para a valori-
zação da cidadania ambiental nas escolas e comunidades a partir da educação
ambiental crítica, participativa, democrática e transformadora.
Dias 15 a 19 de junho de 2018
www.conferenciainfanto.mec.gov.br
Acontece nos dias 5 a 10 de
junho no piso L1 praça central
do Shopping Parangaba. O
evento é gratuito. Com um leque
de ações de conscientização
ambiental, desde oficinas,
palestras, jogos virtuais,
distribuição de mudas, plantios,
limpezas de áreas e passeios
ciclísticos, promovendo reflexão
sobre a necessidade da preser-
vação do meio ambiente natural.
Ecomondo Brasil – Feira Internacional de Soluções
Sustentáveis para o Meio Ambiente
As principais novidades e tendências nas áreas de Resíduos e Energia,
reunidas em um ambiente único de conexão entre profissionais da indústria,
prestadores de serviços, centros de pesquisa e gestores públicos e privados.
São 3 dias de conteúdo relevante, exposição de produtos e serviços e muitas
oportunidades de negócios, no maior ponto de encontro do setor.
Dias 26 a 28 de junho
Vila Congonhas - São Paulo
http://ecomondobrasil.com.br/
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 Tecnologia
Aplicativos favorecem
a busca pelo emprego e
descobertas de plantas
Se tem uma coisa que os smartphones com certeza
fizeram é deixar tudo mais próximo do usuário. E,
com a facilidade de ter um aparelho de celular em
mãos para acessar qualquer tipo de informação a
qualquer momento, e procurar empregos se tornou
uma tarefa mais dinâmica.
Até mesmo a busca por uma nova posição mudou, na
era digital, e apenas mandar uma carta de apresen-
tação com o CV anexado não é mais a única maneira
de ser notada. Perfis profissionais em redes sociais
Conheça alguns aplicativos
de busca de emprego:
LinkedIn (Android, iOS e Windows Phone)
Assim como no navegador, o LinkedIn, rede
social específica para o mundo corporativo,
permite que você busque vagas através de
um aplicativo, especifique as suas experiên-
cias profissionais e faça contatos na sua área
de atuação.
SINE (Android e iOS)
O SINE funciona como um grande classifica-
dos de cargos, em que os empregadores
publicam suas oportunidades, que podem
ser acessadas por qualquer pessoa.
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são os primeiros canais que profissionais de Recursos
Humanos acompanham. Suas publicações,
comentários, páginas e perfis que curte e tem
afinidades, também são levados em consideração.
Através dos sites de empregos, atualmente podemos
escolher a área de interesse, as cidades e até mesmo o
salário desejado. Na mesma hora uma série de vagas
é listada e ai então é preciso apenas enviar seu
currículo pelo e-mail indicado e aguardar o contato
para realizar a entrevista.
Catho (Android e iOS)
Um dos mais famosos sites de busca de
empregos brasileiro, a Catho também conta
com um app que permite a busca por vagas,
envio de CVs e cartas de apresentação , e
ainda pode enviar alertas sobre possíveis
vagas.
Freelancer
Freelancer (Android e iOS)
Para quem busca oportunidades no exterior, esse
aplicativo é uma ótima escolha. Ele oferece
oportunidades temporárias e é possível entrar
em contato com o empregador rapidamente.
Quem possui vagas também pode publicar
projetos ou vagas que precisam ser preenchidas.
Parque Estadual
Sítio Fundão no
Cariri ganha aplicativo
A iniciativa é do campus de Crato do IFCE, em
parceria com a Secretaria Estadual do Meio
Ambiente. Já o desenvolvimento e execução
ficaram a cargo dos professores Gauberto Barros,
do curso de Zootecnia, e João Alberto Abreu, do
curso de Sistemas de Informação, e dos estudantes
João Willamy e Matheus Soares, também de
Sistemas de Informação, que inicialmente
pretendiam mapear apenas a flora nativa do
campus do IFCE, antigo Colégio Agrícola, nas
Garibas, que também é área de proteção ambien-
tal. O projeto se estendeu ao Sítio Fundão como
51
parte das comemorações de aniversário do Parque
Estadual, que completa dez anos em 2018.
Os usuários de smartphones podem fazer o
download gratuito do aplicativo Ecomapss e, com
ele, trilhar pelo Parque Estadual Sítio Fundão, em
Crato, identificando, a cada ponto indicado,
informações e curiosidades sobre plantas nativas,
fósseis e bens históricos da região. No parque na
fauna foi colocado placas de QR code para
identificar o histórico científico das plantas.
 Conheça os
projetos sociais e
dê o primeiro passo!

O Projeto tem o objetivo

de incentivar o voluntariado
para as organizações sem
fins lucrativos da cidade
de Fortaleza e Região
Metropolitana, conectando
voluntários engajados em
causas sociais às vagas
e demandas existentes
nessas organizações.

Informações
www.dialogusconsultoria.com.br/programa-45

Av. Desembargador Moreira, 2020 | Sala 907 | Aldeota

Fortaleza/CE | CEP 60.170-001
+55 85 3181.0086 / 0087
+55 85 99703.3252 (WhatsApp)
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