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GUIA DE INTRODUÇÃO A SISTEMAS

FOTOVOLTAICOS

Fronius do Brasil
ENGENHARIA DE APLICAÇÃO

ARIEL MARTINS

DANIEL LYRIO

THIAGO CHINEN

VITOR VONI

1
SÃO PAULO
ABR/2022

SUMÁRIO
1 HISTÓRIA DA FRONIUS............................................................................................ 9
2 ACRÔNIMOS .............................................................................................................. 13
3 REGULAMENTAÇÃO TÉCNICA ............................................................................. 15
3.1 NORMAS TÉCNICAS ......................................................................................... 15
3.2 NORMAS REGULAMENTADORAS ................................................................ 16
3.3 CERTIFICAÇÃO INMETRO .............................................................................. 17
3.4 CERTIFICAÇÃO ANATEL ................................................................................. 17
3.5 REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO .......................................................... 18
4 INSTRUÇÕES DE SEGURANÇA.............................................................................. 20
5 INTRODUÇÃO A SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ................................................ 22
5.1 SISTEMAS OFF-GRID........................................................................................ 22
5.2 SISTEMAS ON-GRID ......................................................................................... 23
5.3 SISTEMAS ON-GRID COM BATERIAS .......................................................... 24
5.4 CATEGORIAS DE SISTEMAS FV .................................................................... 26
5.5 SISTEMA DE TARIFAÇÃO ............................................................................... 28
6 MÓDULO FOTOVOLTAICO .................................................................................... 29
6.1 DEFINIÇÃO ......................................................................................................... 29
6.2 PRINCIPAIS CONCEITOS ................................................................................. 31
6.2.1 CURVAS CARACTERÍSTICAS ................................................................... 31
6.2.2 PARÂMETROS ELÉTRICOS...................................................................... 32
6.2.3 INFLUÊNCIAS CLIMÁTICAS ................................................................... 33
6.2.4 STC (STANDARD TEST CONDITION) .................................................... 35
6.2.5 NOCT (NOMINAL OPERATING CELL TEMPERATURE)................... 36
6.2.6 EFICIÊNCIA ................................................................................................. 37
6.3 ARRANJO FOTOVOLTAICO ............................................................................ 38

2
6.3.1 ASSOCIAÇÃO SÉRIE .................................................................................. 39
6.3.2 ASSOCIAÇÃO PARALELO ........................................................................ 41
6.3.3 DIMENSIONAMENTO ............................................................................... 42
6.4 EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DOS MÓDULOS FV....................................... 45
6.5 TECNOLOGIA DOS MÓDULOS FV ................................................................ 48
6.6 OPERAÇÃO E USO ............................................................................................. 53
7 ESTRUTURA E SUPORTE DE FIXAÇÃO ............................................................... 56
7.1 DEFINIÇÃO ......................................................................................................... 56
7.2 PRINCIPAIS CONCEITOS ................................................................................. 57
7.3 PRINCIPAIS COMPONENTES ......................................................................... 60
7.4 SELEÇÃO/DIMENSIONAMENTO (BÁSICO) ................................................ 61
7.4.1 VISITA TÉCNICA AO LOCAL ................................................................... 62
7.4.2 SELEÇÃO DA ESTRUTURA MAIS ADEQUADA ................................... 63
7.4.3 VERIFICAÇÃO ESTÁTICA......................................................................... 64
7.4.4 SEGURANÇA DURANTE A INSTALAÇÃO ............................................ 65
8 CABOS ELÉTRICOS................................................................................................... 66
8.1 CONSTRUÇÃO E TIPOS DE CABOS ELÉTRICOS ........................................ 67
8.2 CABOS FOTOVOLTAICOS ............................................................................... 69
8.3 DIMENSIONAMENTO ...................................................................................... 71
8.4 CRITÉRIO DA CAPACIDADE DE CORRENTE.............................................. 72
8.5 SÉRIE FOTOVOLTAICA (STRING) ................................................................. 74
8.5.1 SUBARRANJO FOTOVOLTAICO ............................................................. 74
8.5.2 CRITÉRIO DA QUEDA DE TENSÃO ....................................................... 75
8.5.3 CRITÉRIO DE CURTO-CIRCUITO ............................................................ 76
8.5.4 CRITÉRIO DA SEÇÃO MÍNIMA ............................................................... 76
9 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO .............................................................................. 77
9.1 O QUE É UM DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO? .............................................. 77
9.2 PRINCIPAIS CONCEITOS ................................................................................. 78
9.2.1 CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO ......................................................... 81
3
9.3 SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO ............................................................... 82
9.3.1 DISJUNTORES C.C. E C.A. ......................................................................... 82
9.3.2 FUSÍVEIS ...................................................................................................... 91
9.4 STRING BOX ....................................................................................................... 96
9.4.1 PRINCIPAIS COMPONENTES .................................................................. 98
9.4.2 SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO ...................................................... 102
10 INVERSOR FOTOVOLTAICO ................................................................................ 105
10.1 DEFINIÇÃO ....................................................................................................... 105
10.2 MPPT (MAXIMUM POWER POINT TRACKER) ........................................ 106
10.3 TIPOS DE INVERSORES ................................................................................. 108
10.4 COMO ENTENDER A FOLHA DE DADOS (DATASHEET)? .................... 111
10.4.1 ENTRADA EM CORRENTE CONTÍNUA (C.C.)................................ 111
10.4.2 SAÍDA EM CORRENTE ALTERNADA (C.A.) ................................... 116
10.4.3 INFORMAÇÕES GERAIS ..................................................................... 118
10.5 EFICIÊNCIA....................................................................................................... 119
10.6 VENTILAÇÃO ................................................................................................... 120
10.7 SOMBREAMENTO ........................................................................................... 125
10.8 SOBRECARGA (OVERSIZING) ...................................................................... 130
10.8.1 APLICAÇÃO ........................................................................................... 131
10.8.2 VIABILIDADE ........................................................................................ 132
10.9 GERENCIAMENTO DE ENERGIA E AUTOMAÇÃO ................................. 133
10.9.1 ACIONAMENTO DE CARGAS ............................................................ 135
10.9.2 APLICAÇÃO ........................................................................................... 140
10.10 INSTALAÇÃO DO INVERSOR FOTOVOLTAICO ...................................... 141
10.10.1 LOCAL DE INSTALAÇÃO ................................................................... 142
10.10.2 CONCEITO SNAPINVERTER .............................................................. 145
11 SISTEMA DE MONITORAMENTO ...................................................................... 147
11.1 DEFINIÇÃO ....................................................................................................... 147
11.2 MONITORAMENTO INTEGRADO FRONIUS ............................................ 148
4
11.2.1 MONITORAMENTO EXTERNO (PARA TERCEIROS) ................... 151
11.3 CONFIGURAÇÃO DO MONITORAMENTO ................................................ 153
11.4 ANÁLISE GRÁFICA ......................................................................................... 155
11.5 MENSAGENS DE SERVIÇOS ......................................................................... 157
11.6 MEDIDOR BIDERECIONAL – SMART METER.......................................... 158
11.6.1 MODELOS DE SMART METER .......................................................... 161
12 ATERRAMENTO ...................................................................................................... 162
12.1 DEFINIÇÃO ....................................................................................................... 162
12.2 PRINCIPAIS CONCEITOS ............................................................................... 162
12.2.1 ESQUEMAS DE ATERRAMENTO ...................................................... 162
12.2.2 ATERRAMENTO FUNCIONAL........................................................... 166
12.2.3 ATERRAMENTO DE PROTEÇÃO ...................................................... 168
12.2.4 EQUIPOTENCIALIZAÇÃO .................................................................. 171
12.3 PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS ........................................... 173
12.3.1 PROTEÇÃO CONTRA CONTATO DIRETO ...................................... 174
12.3.2 PROTEÇÃO CONTRA CONTATO INDIRETO .................................. 175
12.4 PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ............................. 178
12.5 ATERRAMENTO EM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ............................... 181
12.6 EXEMPLOS DE APLICAÇÕES ....................................................................... 184
12.6.1 ESQUEMA TN (C, S E C-S) ................................................................... 184
12.6.2 ESQUEMA TT......................................................................................... 185
12.6.3 ESQUEMA IT.......................................................................................... 186
13 CONEXÕES ............................................................................................................... 188
13.1 SEGURANÇA EM SISTEMAS FV................................................................... 188
13.2 CORRENTE CONTÍNUA ................................................................................. 190
13.2.1 CONECTOR MC4 (MULTI-CONTACT) .............................................. 191
13.2.2 CONEXÕES DO INVERSOR ................................................................ 194
13.3 CORRENTE ALTERNADA .............................................................................. 195
14 COMISSIONAMENTO ............................................................................................ 196
5
14.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 196
14.2 REQUISITOS DE DOCUMENTAÇÃO ........................................................... 197
14.3 INSPEÇÃO ......................................................................................................... 197
14.4 ENSAIOS ............................................................................................................ 199
14.4.1 ENSAIOS DE CATEGORIA 1 ............................................................... 199
14.4.2 ENSAIOS DE CATEGORIA 2 ............................................................... 199
14.4.3 ENSAIOS ADICIONAIS ........................................................................ 199
14.5 FERRAMENTAS ............................................................................................... 200
14.6 PROCEDIMENTOS DE ENSAIOS .................................................................. 203
15 MANUTENÇÃO ........................................................................................................ 207
15.1 INVERSORES FOTOVOLTAICOS ................................................................. 208
15.1.1 TENSÃO ALTA NA REDE C.A. ........................................................... 209
15.1.2 BAIXA ISOLAÇÃO C.C. ........................................................................ 210
15.1.3 INJEÇÃO DE COMPONENTE C.C. NA REDE C.A. .......................... 212
16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 214

6
PREFÁCIO

Ao elaborar este manual os autores desejam suprir uma lacuna de bibliografia

específica para instalações fotovoltaicas, com exemplos práticos e aplicações. Este

manual abrange sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica.

A energia solar é uma energia alternativa, renovável e sustentável, que

funciona utilizando o sol como fonte de energia e pode ser aproveitada e utilizada

por diferentes tecnologias, como: aquecimento solar e energia solar fotovoltaica.

O conceito de Energia Solar é associado à energia fotovoltaica, que é a

geração de energia elétrica usando a luz do sol como fonte de energia. Após a luz do

sol ser captada pelos módulos fotovoltaicos ocorre a transformação em corrente

elétrica para utilização em residências, comércios e indústrias.

O objetivo principal, ao final da leitura, será de garantir ao leitor recursos e

informações valiosas para a compreensão dos equipamentos, componentes, novas

tecnologias, normas aplicáveis ao setor e boas práticas de instalação.

Um ótimo estudo a todos!

7
SOBRE OS AUTORES

ARIEL DE MELO MARTINS JUNIOR

Formado em Engenharia Elétrica pelo Centro Universitário da FEI e


pós-graduado em Instalações Elétricas Residenciais, Comerciais e
Industriais pela FACENS. Atua há mais de 10 anos como engenheiro
de aplicação na área de distribuição elétrica de baixa tensão,
equipamentos de proteção e estudos elétricos. No mercado
fotovoltaico atua como especialista técnico comercial de energia solar
na Fronius do Brasil.

DANIEL LYRIO TEIXEIRA CORRÊA DA SILVA

Formado em Técnico em Eletrotécnica pela Escola Técnica Estadual


Ferreira Viana e Engenharia Elétrica pela Universidade Paulista
(UNIP). Atua há mais de 11 anos no segmento de energia, voltado aos
em mercados de óleo e gás, manufatura de eletroeletrônicos,
automação industrial e energia solar. No mercado fotovoltaico já
atuou como técnico nacional de suporte e atuou como especialista
técnico comercial de energia solar na Fronius do Brasil.

THIAGO CHINEN

Formado em Engenharia de Energia pela Universidade Federal do


ABC, atuou como Engenheiro de aplicação na indústria de cabos
elétricos, adquirindo amplo conhecimento em sistemas de
distribuição e transmissão de energia elétrica, em baixa, média e alta
tensão. No mercado fotovoltaico atua como especialista técnico
comercial de energia solar na Fronius do Brasil.

VITOR AUGUSTO BERMUNCIO VONI

Formado em Engenharia de Controle e Automação pelo Instituto


Mauá de Tecnologia (IMT). Atuou em projetos do mercado industrial
e educacional, nas áreas de mecatrônica, robótica e energias. No
mercado fotovoltaico atuou como especialista técnico comercial de
energia solar na Fronius do Brasil.

8
1 HISTÓRIA DA FRONIUS

Empresa criada em 1945, em Pettenbach (Áustria), a partir de uma oficina

local especializada em reparos de rádios e equipamentos eletrônicos, hoje a Fronius

é reconhecida pela sua tecnologia avançada para atender o mercado industrial com

presença global em mais de 60 países. A sua história é fruto do empreendedorismo

de Günter Fronius, fundador da empresa, que ganhava o seu sustento com serviço

de reparo. Formado em engenharia elétrica, ele montou um equipamento para

recarregar as baterias de carros e usá-las por mais . Foi o pontapé inicial da Fronius.

Figura 1: Günter Fronius.

Naquela época, carregador de baterias automotivas não era tão comum. Por

isso, sendo formado em elétrica, ele desenvolveu sistemas de carregamento de

baterias simples, com os recursos de que dispunha. Com base na mesma tecnologia,

ele incluiu equipamentos de soldagem no seu portfólio de produtos em 1950.

Nas décadas seguintes, a Fronius cresceu e se transformou numa notável empresa

de médio porte.

9
Figura 2: Günter Fronius e o primeiro carregador de baterias da Fronius.

Em 1980, Günter Fronius passa a empresa para seus filhos Brigitte Strauß e

Klaus Fronius. O casal de irmãos iniciou uma trajetória de crescimento e

internacionalização, com isso inúmeras filiais surgiram ao redor do mundo.

No início dos anos 90, os dois resolveram apostar na energia solar, assunto do

futuro na época. Naquele tempo, eles eram vistos por muitos como sonhadores, mas

foi justamente essa área se consolidou como um importante ramo da empresa, com

lançamento do inversor Fronius Sunrise em 1995.

Hoje a nossa base é formada então por três sólidos pilares: Solar

Energy, Perfect Welding e Perfect Charging.

Figura 3: Três unidades de negócios da Fronius.

10
ENERGIA SOLAR

A terceira e mais jovem das três divisões de negócios da Fronius foi

responsável por uma revolução em 2001: a criação do Fronius IG - um grande salto

na inovação no setor dos inversores. Pela primeira vez, o dispositivo permitia ser

integrado a um sistema de comunicação através de cartões em slots - por exemplo,

módulo WLAN - oferecendo uma segurança futura que até então era desconhecida. O

tempo no qual este modelo permaneceu no portfólio demonstra sua excelente

qualidade: o Fronius IG foi descontinuado apenas no final de 2015.

Com a nova geração de inversores SnapINverter, GEN24 e Tauro, a Fronius

desenvolveu uma linha de dispositivos para sistemas fotovoltaicos, que se caracteriza

por um design inteligente, flexibilidade máxima na aplicação e funções inteligentes.

Projetistas, instaladores e operadores de sistemas fotovoltaicos se beneficiam de

uma montagem simples e segura, uma operação intuitiva e serviço rápido e

descomplicado.

Figura 4: Linha do tempo dos inversores Fronius.

11
VISÃO 24 HORAS DE SOL

A Fronius acredita em um mundo com 100% de energias renováveis, e sabe

que as tecnologias para isso já estão disponíveis. Com suas soluções, contribui com a

geração, armazenamento e distribuição de energia de forma inteligente, renovável e

com eficiência sem precedentes, para que todos possam contribuir para um novo e

eficiente mundo energético.

Essas contribuições podem ser tão grandes quanto bem pequenas. Cada ação

conta, seja a instalação de um sistema fotovoltaico, a transição de um veículo à

combustão para um veículo elétrico ou a troca para um fornecedor de energia

ecologicamente sustentável. Com isso, trabalhamos juntos para um mundo com

100% de energias renováveis, um mundo com 24 horas de sol.

Figura 5: Visão 24 horas de sol - Fronius.

12
2 ACRÔNIMOS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas;


ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações;
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica;
ART – Anotação de Responsabilidade Técnica;
CA – Corrente alternada;
CC – Corrente contínua;
CREA - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia;
Datasheet – Folha de dados (documento que especifica dados dos equipamentos);
DPM – Dynamic Peak Manager (algoritmo de otimização do inversor Fronius);
DPS – Dispositivo Protetor de Surto;
EMUC – Empreendimento com Múltiplas Unidades Consumidoras;
EPR – Borracha de etileno-propileno;
FV – Fotovoltaico;
GMPP – Global Maximum Power Point (ponto global de máxima potência);
I/O’s – Entradas e saídas do Datamanager;
IEC – International Electrotechnical Commission
IP – Grau de proteção de equipamentos contra intrusão, poeira, contato acidental e
água.
LMPP – Local Maximum Power Point (ponto local de máxima potência);
MC4 – Conector multicontato típico para módulos fotovoltaicos.
Modbus – Protocolo de comunicação de dados para sistemas de automação.
MPP – Maximum Power Point (ponto de potência máxima);
MPPT – Maximum Power Point Tracking (rastreamento do ponto de potência máxima);
NBR – Norma Técnica Brasileira;
NR – Norma Regulamentadora;
ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico;
Overload/Oversizing – Sobrecarga/Sobredimensionamento, em inversores
fotovoltaicos;
P&D – Pesquisa & Desenvolvimento;

13
PE – Polietileno.
PRODIST – Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional;
PVC – Policloreto de Vinila;
SE/1A – Neoprene.
SFCR – Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede;
SIN – Sistema Interligado Nacional;
SnapINverter – Conceito de montagem de inversor, fabricante Fronius.
Solar.web – Plataforma online de monitoramento de dados;
SPMP - Segmento do Ponto de Máxima Potência;
STC – Standard Test Condition (condições padronizadas de teste);
String – Associação de módulos fotovoltaicos em série;
UC – Unidade Consumidora.
UCP – Unidade de Condicionamento de Potência;
UV – Ultravioleta.
XLPE – Polietileno reticulado.

14
3 REGULAMENTAÇÃO TÉCNICA

A definição internacional de norma diz que é um “documento estabelecido

por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso

comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus

resultados, visando à obtenção de um ótimo grau de ordenação em um dado

contexto”.

Neste sentido, todo projeto, execução e montagem são orientados pelas

normas técnicas vigentes, a fim de estabelecer as condições mínimas e seguras para

o sucesso da instalação.

3.1 NORMAS TÉCNICAS

Abaixo, as normas aplicáveis e vigentes para projetos de instalações

fotovoltaicas:

• ABNT NBR 5410 - INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO;

• ABNT NBR 5419 - PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS;

• ABNT NBR 16149 - SISTEMAS FOTOVOLTAICOS (FV) – CARACTERÍSTICAS DA

INTERFACE DE CONEXÃO COM A REDE ELÉTRICA DE DISTRIBUIÇÃO;

• ABNT NBR 16150 - SISTEMAS FOTOVOLTAICOS (FV) – CARACTERÍSTICAS DA

INTERFACE DE CONEXÃO COM A REDE ELÉTRICA DE DISTRIBUIÇÃO –

PROCEDIMENTOS DE ENSAIOS DE CONFORMIDADE;

• ABNT NBR 16612 - CABOS DE POTÊNCIA PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS,

NÃO HALOGENADOS, ISOLADOS, COM COBERTURA, PARA TENSÃO DE ATÉ

1,8KV C.C. ENTRE CONDUTORES – REQUISITO DE DESEMPENHO;

• ABNT NBR 16690 - INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE ARRANJOS FOTOVOLTAICOS -

REQUISITOS DE PROJETO;

• ABNT NBR 16274 - COMISSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS;

15
• ABNT NBR IEC 62116 - PROCEDIMENTOS DE ENSAIOS DE ANTI-ILHAMENTO

PARA INVERSORES DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONECTADOS A REDE

ELÉTRICA;

• IEC 61727 - PHOTOVOLTAIC (PV) SYSTEMS - CHARACTERISTICS OF THE UTILITY

INTERFACE;

• IEEE 1547 - STANDARD FOR INTERCONNECTING DISTRIBUTED RESOURCES WITH

ELECTRIC POWER SYSTEMS;

• PRODIST ANEEL MÓDULO 3 - PROCEDIMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO DE

ENERGIA ELÉTRICA NO SISTEMA ELÉTRICO NACIONAL - ACESSO AO SISTEMA

DE DISTRIBUIÇÃO.

3.2 NORMAS REGULAMENTADORAS

As Normas Regulamentadoras (NR) consistem em obrigações, direitos e

deveres a serem cumpridos por empregadores e trabalhadores com o objetivo de

garantir trabalho seguro e sadio, prevenindo a ocorrência de doenças e acidentes de

trabalho (definição extraída e adaptada do Ministério do Trabalho e Previdência). Ao

escopo deste manual, abaixo as NRs aplicáveis, não se limitando a:

• NR-6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI;

• NR-10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE;

• NR-12 - SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS;

• NR-18 - CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA

DA CONSTRUÇÃO;

• NR-33 - SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS;

• NR-35 - TRABALHO EM ALTURA.

16
3.3 CERTIFICAÇÃO INMETRO

Os equipamentos aplicados aos sistemas fotovoltaicos, como módulos

fotovoltaicos, baterias de acumuladores, controladores de carga e inversores

fotovoltaicos devem ser disponibilizados no mercado com o “Registro de Objeto”,

isto é, um ato pelo qual o Inmetro autoriza, na forma de lei, a utilização do selo de

identificação da conformidade.

Um registro é concedido desde que seja apresentado um “Atestado de

Conformidade” (certificação) válido, relatório de ensaios emitido por laboratório

acreditado (“Declaração do Fornecedor – Produto”) ou visita de inspeção técnica

(“Declaração do Fornecedor – Serviço”), conforme previsto na Portaria Inmetro nº

258, de 06 de agosto de 2020.

Para os equipamentos supracitados, a Portaria nº 004, de 04 de janeiro de

2011 estabelece os critérios para o “Programa de Avaliação da Conformidade para

sistemas e equipamentos para energia fotovoltaica”.

Portanto, ao adquirir produtos para projetos fotovoltaicos, certifique-se que o

produto possui Registro Inmetro, que pode ser facilmente encontrado através do

portal http://registro.inmetro.gov.br/consulta.

3.4 CERTIFICAÇÃO ANATEL

Em projetos FV é comum ter equipamentos de comunicação de dados, como

medidores inteligentes, hardwares para monitoramento online (com conexão via

LAN, WLAN), bem como dispositivos de automação com conexão Modbus RTU,

TCP/IP, JSON, API, entre outras tecnologias.

Especificamente para equipamentos que se comunicam com a rede de

Internet local, seja via LAN ou WLAN, conhecidos no mercado como “placa de

17
monitoramento” (ex.: Datamanager da Fronius), é necessário certificado ANATEL, cuja

validade é de 01 ano, e o registro é regulamentado pelo Ato de Designação nº 19.436,

de 28 de setembro de 2001.

Para verificar o selo ANATEL do dispositivo, consulte através do portal

https://sistemas.anatel.gov.br/mosaico/sch/publicView/listarProdutosHomologados.

xhtml.

3.5 REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO

Na homologação de um SFCR com a companhia elétrica local, também

conhecida como concessionária, é necessária a apresentação de alguns documentos

do projeto (diagrama unifilar, memorial descrito, ART – Anotação de

Responsabilidade Técnica -, procuração jurídica, dentre outros), e os certificados e/ou

declarações de conformidade dos inversores fotovoltaicos, no qual iremos destacar

abaixo.

As concessionárias possuem normas técnicas (procedimentos ou padrões)

que devem estar de acordo com o Módulo 3 do PRODIST da ANEEL (listado no item

3.1 deste guia).

Nestes padrões, há formulários de solicitação de acesso para microgeração

distribuída com potência até 10kW, superior a 10kW, e para minigeração distribuída,

conforme explicaremos no capítulo 5 deste guia. Em anexo a esses formulários são

exigidos alguns documentos, em destaque ao requerimento de inversores

fotovoltaicos, temos, de acordo com o item 4.3.1 do Módulo 3 do PRODIST, a seguinte

descrição:

“Para o caso de sistemas que se conectam à rede por meio de

inversores, o acessante deve apresentar certificados atestando que os

inversores foram ensaiados e aprovados conforme normas técnicas

brasileiras ou normas internacionais, ou o número de registro da

concessão do Inmetro para o modelo e a tensão nominal de conexão

18
constantes na solicitação de acesso, de forma a atender aos requisitos de

segurança e qualidade estabelecidos nesta seção”

Na prática, os certificados aceitáveis para atender às normas vigentes do

setor, são:

• Para inversores até 10 kW: Número de Registro do INMETRO (veja o item

3.3. deste guia);

• Para inversores maiores que 10 kW: Declaração de Conformidade às

normas nacionais ABNT NBR 16149, ABNT 16150 e ABNT IEC 62116 ou às

normas europeias IEC 61727, IEC 62116 ou norma americana IEEE 1547.

Observação: dependendo da concessionária, outros certificados de testes adicionais

podem ser exigidos, mas que não fujam do escopo pré-estabelecido pela ANEEL,

através do PRODIST. Consulte o fabricante de inversores para verificar a

possibilidade de obter certificados adicionais.

19
4 INSTRUÇÕES DE SEGURANÇA

Todo trabalho que envolve eletricidade requer atenção rigorosa com os

requisitos mínimos estabelecidos na norma regulamentadora NR-10, que é a

referência para que a segurança dos instaladores, bem como de outros profissionais

presentes na instalação, bens e patrimônios, seja eficaz, evitando assim eventuais

acidentes e danos.

Salientamos a importância das Normas Regulamentadoras criadas pelo

Ministério do Trabalho, a começar pela NR-6, que descreve o uso de equipamentos

de proteção individual (EPI), em seguida temos as NR-12 e NR-18, voltadas à

segurança no trabalho em máquinas/equipamentos e condições de

segurança/saúde em trabalhos na indústria da construção, respectivamente. E, por

fim não menos importante, as NR-33 e NR-35, que dizem respeito ao trabalho seguro

em espaço confinado e em altura, respectivamente.

No decorrer deste manual iremos abordar tópicos da instalação dos módulos

fotovoltaicos no telhado, bem como as estruturas de fixação, sendo crucial o cuidado

e rigidez nestes regulamentos.

Para todos os capítulos referentes a este manual, o usuário dos equipamentos

deve atentar-se às recomendações abaixo, e buscar o conhecimento das normas

adequadas ao uso dos componentes na instalação fotovoltaica, sendo a Fronius

isenta de qualquer ocorrência.

• Atendimento integral das normas mencionadas no capítulo anterior;

• Em todas as intervenções em instalações, devem ser adotadas medidas de

prevenção ao risco de acidente;

• Seguir os procedimentos internos de segurança das empresas e/ou local da

instalação (de acordo com a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de

Acidentes, se houver);

20
• Em todas as intervenções, devem ser observadas as medidas de proteção

individual e coletiva;

• Sempre observar os procedimentos corretos com base na responsabilidade

de cada participante do projeto;

• Sempre observar o uso das vestimentas adequadas para a operação dos

componentes;

• Sempre observar o uso das ferramentas adequadas para instalação e

manutenção dos equipamentos;

• Sempre executar todas as medições necessárias antes de qualquer

intervenção na instalação.

21
5 INTRODUÇÃO A SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

As células fotovoltaicas convertem a luz solar diretamente em eletricidade.

Quando a radiação solar incide sobre esses materiais, os fótons dão energia aos

elétrons de seus átomos, permitindo que os elétrons fluam através do material para

produzir eletricidade. Este processo de conversão de luz (fótons) em eletricidade

(potência elétrica) é chamado de efeito fotovoltaico.

Estes conceitos então se expandem para aplicações de geração de energia em

sistemas fotovoltaicos, que podem ser subdivididos em sistemas off-grid, on-grid e

on-grid com baterias.

5.1 SISTEMAS OFF-GRID

São sistemas isolados (autônomos) da rede elétrica. São aplicados em locais

onde não há fornecimento de energia elétrica pela rede de distribuição. Nestes

sistemas, empregam-se o uso de inversores do tipo off-grid, que são capazes de

formar uma rede local para consumo próprio. A energia produzida através do sol

também pode ser acumulada em bancos de baterias, a fim de ser utilizada na

instalação em ocasiões em que não é possível obter um alto índice de geração

fotovoltaica (para período de baixa produção de energia devido à chuva, forte

sombreamento ou períodos noturnos).

O sistema off-grid é composto por: módulos fotovoltaicos, dispositivos de

proteção c.a./c.c., inversor off-grid, baterias e controlador de cargas.

22
Figura 6: Sistema fotovoltaico off-grid. (Fonte Victron Energy)

5.2 SISTEMAS ON-GRID

São sistemas conectados à rede elétrica. São aplicados em locais onde há

fornecimento de energia elétrica pela rede de distribuição. Nestes sistemas,

emprega-se o uso de inversores do tipo on-grid (ou grid tie), que são conectados em

paralelo com a rede local, sendo fundamental que a rede permaneça em

funcionamento para que o inversor possa se manter sincronizado com a mesma. Em

caso de falha na rede CA., o inversor deve se desconectar (anti-ilhamento). Estes

sistemas são os mais convencionais, encontrados nas residências, comércio e plantas

industriais. Através deste tipo de sistema é possível compensar a energia elétrica na

fatura da companhia de distribuição (por meio do sistema de tarifação net metering,

que será abordado neste capítulo).

O sistema on-grid é composto por: módulos fotovoltaicos, dispositivos de

proteção c.a./c.c. e inversor on-grid.

23
Figura 7: Sistema fotovoltaico on-grid (Fonte: Fronius).

5.3 SISTEMAS ON-GRID COM BATERIAS

São sistemas conectados à rede elétrica com opção de armazenamento de

energia elétrica através de banco de baterias. São também conhecidos como

sistemas híbridos. Funcionam da mesma forma que o sistema descrito no item

anterior, porém com a possibilidade de bancos de baterias para suprir a energia da

instalação, em caso de falhas da rede c.a. e/ou pouca irradiação solar.

Os inversores híbridos da Fronius possuem diferentes modos de operação em

caso de falha na rede c.a., sendo: cargas emergenciais (backup parcial, por exemplo:

modo “PV Point 1” do inversor Fronius GEN24 Plus) ou todas as cargas da instalação

(por exemplo: modo “Full backup 2” do inversor Fronius GEN24 Plus), onde a aplicação

irá depender do projeto a ser realizado. Salientamos a importância do uso de uma

1PV Point – Modo de operação em caso de falha na rede c.a. destinado para cargas emergenciais. Neste
modo de operação, um circuito dedicado é acionado, cuja conexão é desvinculada da rede elétrica (sem
necessidade de chave de desconexão, ou seja, não há conexão com a rede da distribuidora).

2 Full Backup - Modo de operação em caso de falha na rede c.a. destinado para todas as cargas da
instalação. Neste modo de operação, o circuito de saída c.a. do inversor é o mesmo conectado ao
quadro elétrico da instalação, portanto, a chave de desconexão é essencial para assegurar que não
haverá conexão com a rede da distribuidora.

24
chave de desconexão da rede c.a., quando o inversor operar em modo “Full backup”,

a fim de evitar a injeção de corrente na rede c.a.

O sistema on-grid com baterias é composto por: módulos fotovoltaicos,

dispositivos de proteção c.a./c.c., inversor híbrido, chave de desconexão e banco de

baterias.

Figura 8: Sistema fotovoltaico on-grid com baterias, operando no modo PV Point (Fonte: Fronius).

25
Figura 9: Sistema fotovoltaico on-grid com baterias, operando no modo Full Backup (Fonte: Fronius).

5.4 CATEGORIAS DE SISTEMAS FV

De acordo com a Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012 da

ANEEL, posteriormente atualizada pela Resolução Normativa nº 687, de 24 de

novembro de 2015 da mesma entidade, os SFCRs podem ser classificados em três

categorias, sendo elas:

• Geração Distribuída (GD) – Microgeração: potência instalada até 75 kW;

• Geração Distribuída (GD) – Minigeração: potência instalada acima de 75

kW e menor ou igual a 5 MW.

• Geração Centralizada (GC) – são usinas solares fotovoltaicas destinadas à

comercialização através do mercado livre de energia ou leilões regulados,

caracterizada por grandes centrais de produção de energia, que atendem

diversos consumidores.

26
Os sistemas de GD serão abordados com predominância neste manual, por

serem aplicáveis em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais, prédios

públicos, dentre outros.

A ANEEL, em suas resoluções supracitadas, também define modelos de

negócios aplicáveis nestes projetos, como sendo:

• Geração junto à carga: modelo mais comum, onde geração e consumo

acontecem na mesma unidade. O excedente é convertido em créditos

(que iremos abordar no próximo item);

• Autoconsumo remoto: local da geração pode ser diferente do local da

compensação, ambos os locais devem pertencer ao mesmo titular da

conta (CPF ou CNPJ), e estar na mesma área de concessão;

• Condomínios (EMUC – empreendimento com múltiplas unidades

consumidoras): unidades dentro de uma mesma propriedade

(condomínios verticais/horizontais), geração na área comum e a

compensação na própria área (elevador, estacionamento, piscina etc.), e

definido um rateio entre os condôminos;

• Geração Compartilhada:

• Consórcio: regido pelo código civil e pela Lei 11.795-2008

(titularidade da UC – unidade consumidora -, é assumida pela

administradora do consórcio) ou pela Lei 6.404/1976 (consórcio

assume característica de PJ e a titularidade da UC). Associação de

pelo menos duas partes com objetivo comum, o restante dos

consorciados podem ser PF ou PJ, dependendo do modelo de

negócio, e prazo e número de cotas previamente definidos.

• Cooperativa: regida pelo código civil e Lei 5.764/1971, mínimo de

20 pessoas, elaboração de plano de negócios, estatuto,

distribuição de cotas, prazos de mandatos e eleição de dirigentes.

27
5.5 SISTEMA DE TARIFAÇÃO

Como visto no item anterior, há diversas modalidades de geração de energia

fotovoltaica, bem como categorias distintas de acordo com a potência instalada de

cada projeto. Diante de tantas possibilidades é necessário parametrizar esta geração

através de sistemas de tarifação, onde regras são estabelecidas, para que haja

estímulo financeiro no setor elétrico. Com isso, alguns dos sistemas de tarifação mais

utilizados no mundo são:

• Net Metering: é o sistema de compensação de créditos aplicado no Brasil,

onde o consumidor instala pequenos geradores e essa energia gerada

serve para descontar o consumo energético da UC. No Brasil, esta

modalidade se aplica aos projetos de microgeração e minigeração, de

acordo com os critérios estabelecidos pela ANEEL;

• Feed-in Tariff: sistema de tarifação criado na Europa, que consiste no

pagamento de tarifas pelo governo para as unidades geradoras reguladas

para incentivar a adoção de fontes de energias renováveis. As tarifas são

determinadas a longo prazo, desta forma o aumento da tarifa de energia

fica menor do que as contas tradicionais de energia. A Alemanha e o Japão

são pioneiros neste tipo de sistema;

• Mercado Livre de Energia: admite a venda de energia para projetos de

geração centralizada que são interligados ao SIN (Sistema Interligado

Nacional) e operado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

Neste caso, aplicam-se regras também práticas em outras fontes de

energia, como hidrelétricas e termoelétricas.

28
6 MÓDULO FOTOVOLTAICO

Os módulos fotovoltaicos são um dos principais equipamentos que compõem

um sistema fotovoltaico. É sempre o primeiro componente associado pela maioria

das pessoas à energia solar. Além disso, a cada ano sua tecnologia é aperfeiçoada,

seja através do aumento da sua eficiência, como também elevando sua capacidade

de geração de energia, levando a energia solar cada vez mais para a casa dos

brasileiros.

Figura 10: Módulo fotovoltaico (Fonte: Portal Solar).

Neste capítulo, será abordada a evolução das tecnologias empregada nos

módulos fotovoltaicos, o significado das diversas informações encontradas em seus

respectivos catálogos e datasheets, além de quais serão os próximos passos desta

indústria bilionária.

6.1 DEFINIÇÃO

O módulo fotovoltaico é, na realidade, um conjunto de células fotovoltaicas

combinadas em série e/ou em paralelo montadas em uma estrutura (frame). Cada

29
célula, individualmente, é capaz de gerar tensão (V) e corrente (I) elétrica, porém em

níveis muito baixos. Sendo assim, as células fotovoltaicas são associadas para atingir

um nível de potência (P = V x I) usual em nosso dia a dia, possibilitando alimentar

alguns equipamentos em uma residência. Além disso, as células são as grandes

responsáveis pela conversão da energia luminosa solar em energia elétrica. Esta

conversão de energia é conhecida como efeito fotovoltaico.

Figura 11: Células fotovoltaicas. (Fonte: Solar Energy Technology)

No entanto, a energia gerada através de apenas um módulo fotovoltaico

também não é suficiente para suprir toda a demanda de energia em uma residência

(ex.: TV, bomba de água, lava-roupas etc.), portanto, para que seja possível atingir

valores suficientes de potência para a alimentação de todas as cargas de uma

residência ou indústria, é necessário realizar também a associação de módulos.

Esta associação de módulos fotovoltaicos pode ser realizada por meio da

interconexão deles em ligações em série e/ou paralelo, a depender do nível de

corrente e tensão desejados para a instalação. Estes valores devem ter plena

compatibilidade com os outros componentes utilizados na instalação fotovoltaica,

como os dispositivos de proteção, além do próprio inversor, pois o mal

dimensionamento do arranjo, com relação aos níveis de tensão e corrente, podem

causar problemas em seu desempenho, danos ao equipamento, além do aumento

de falhas no sistema. Este tema será abordado em detalhes nos tópicos seguintes.

30
6.2 PRINCIPAIS CONCEITOS

Neste tópico iremos abordar os conceitos mais relevantes que influenciam

diretamente no dimensionamento dos arranjos FV.

6.2.1 CURVAS CARACTERÍSTICAS

As curvas I-V (corrente x tensão) e P-V (potência x tensão) dos módulos

fotovoltaicos, são frequentemente exibidas nas folhas de dados (datasheet) dos

principais fabricantes destes equipamentos, com o intuito de ilustrar os níveis

máximos de corrente e potência que estes módulos são capazes de gerar, ambos

relacionados aos seus níveis de tensão.

Figura 12: Curvas I-V e P-V de um módulo fotovoltaico. (Fonte: Jinko Solar)

Como podemos observar pela imagem acima, temos no eixo vertical esquerdo

os diferentes níveis de corrente, no eixo vertical direito, a relação de níveis de

potência, ambos os dados referenciados ao eixo horizontal, que apresenta os

diferentes níveis de tensão do módulo. Todos esses dados foram retirados de um

31
datasheet de um módulo fotovoltaico de 400W. O que temos aqui, nada mais é do

que a representação de como um módulo fotovoltaico pode operar em diferentes

momentos do dia, pois os seus valores de tensão e corrente, e consequentemente de

potência, se alteram de forma dinâmica de acordo com as condições climáticas da

região em que este módulo está instalado.

6.2.2 PARÂMETROS ELÉTRICOS

O datasheet, além de trazer as curvas I-V e P-V dos módulos, também nos traz

a informação de alguns pontos principais dessas duas curvas, são eles: Imp, Isc, Vmp,

Voc e Pmax.

Figura 13: Pontos importantes das curvas I-V e P-V de um


módulo fotovoltaico. (Fonte: Canal Solar)

• Isc: corrente de curto-circuito do módulo. Esta corrente estabelece o

seu valor máximo encontrado no circuito. Este parâmetro é necessário

para o correto dimensionamento dos condutores, dispositivos de

proteção e inversores;

• Imp: corrente de máxima potência. Valor máximo de corrente em

operação do módulo, ou seja, este será o valor máximo entregue pelo

32
módulo sob as condições de teste em laboratório (STC). Mais à frente

abordaremos o assunto;

• Voc: Tensão de circuito aberto. Máximo valor de tensão encontrado no

módulo, encontrado não há carga no sistema. Dado extremamente

importante para o dimensionamento dos inversores, responsáveis pela

conversão de energia dos módulos;

• Vmp: tensão de máxima potência. Valor máximo de tensão em

operação do módulo, sob condições de teste em laboratório (STC);

• Pmax: Potência máxima do módulo. Valor encontrado através do

produto entre Imp x Vmp.

Como citado anteriormente, todos os valores mencionados acima,

relacionados à operação de um módulo fotovoltaico, são dinâmicos, ou seja, variam

de acordo com as condições climáticas da região. Essa conversão de energia solar

em energia elétrica que ocorre através da célula fotovoltaica é chamada de efeito

fotovoltaico.

6.2.3 INFLUÊNCIAS CLIMÁTICAS

Basicamente, podemos dizer que a geração de energia fotovoltaica depende

de alguns fatores climáticos relacionados ao local da instalação, com destaque para

as seguintes características:

• Irradiância (W/m²): a intensidade de corrente gerada por uma célula

fotovoltaica sofre influência direta da irradiação em que esta encontra-se

exposta. Pode-se afirmar, portanto, que a corrente é diretamente

proporcional à irradiância, ou seja, quanto maior a irradiância do local, maior

a corrente gerada;

33
• Temperatura (°C): para a temperatura, temos o cenário inverso, onde o valor

de tensão gerada pela célula é inversamente proporcional à temperatura

ambiente. Desta maneira, quanto maior a temperatura, menor a tensão

produzida.

Figura 14: Influência da irradiância e temperatura em uma Célula FV. (Fonte Schneider Eletric)

Vale lembrar que a temperatura ambiente encontrada no local da instalação

dos módulos, além de influenciar em sua tensão, também exerce influência sobre a

corrente e a potência máxima produzida pela célula fotovoltaica. É possível

encontrarmos os coeficientes de correção de temperatura para essas grandezas no

datasheet do fabricante:

Figura 15: Coeficientes de correção para potência, tensão e corrente do módulo. (Fonte: Jinko Solar)

Tomando como exemplo o coeficiente de temperatura para a potência Pmax,

exibida acima, percebemos a redução de 0,36 % de potência no módulo para cada

34
aumento de 1°C na temperatura de operação da célula fotovoltaica. O mesmo se

aplica para a tensão de circuito aberto Voc, e o contrário para a corrente de curto-

circuito Isc, onde temos um aumento de 0,048 % de intensidade na corrente para

cada 1°C de aumento na temperatura.

Como cada região possui características próprias de temperatura e irradiância

ao longo do ano e, como o módulo fotovoltaico responde de maneira diferente a

cada uma delas, tornou-se uma tarefa complicada a comprovação da eficiência e do

desempenho destes equipamentos. A fim de resolver este problema e facilitar a

compreensão dos consumidores e projetistas quanto aos valores exibidos pelos

fabricantes, criou-se a STC (Standard Test Condition = condições padronizadas de

teste). Desta forma, com dados específicos utilizados em laboratório, como valores

fixos de temperatura e irradiância, temos a mesma base de comparação para

diferentes tipos de equipamentos, dando credibilidade e confiança para os dados

veiculados nas documentações técnicas dos fabricantes.

6.2.4 STC (STANDARD TEST CONDITION)

Para a realização dos testes, a STC estabelece que um módulo seja submetido

às condições de 1.000 W/m² de irradiância, 25 °C de temperatura de operação, além

da massa de ar (AM) de 1,5 e sem a presença de ventos. Desta maneira, torna-se fácil

o comparativo entre marcas, tecnologias e eficiência para a escolha de um módulo.

Figura 16: Condições STC (Fonte: Jinko Solar).

35
Abaixo, podemos observar as características STC do fabricante A ao lado

esquerdo, e do fabricante B à direita, ambos de mesma potência máxima de saída

(330 Wp):

Figura 17: Comparativo entre módulos fotovoltaicos de mesma potência. (Fonte Jinko Solar, Canadian)

Observamos que dois fabricantes com módulos de mesma potência possuem

valores distintos de tensão e corrente. Sem essa referência obtida com a STC, ficaria

impossível realizar tal comparativo. Portanto, com esses dados em mãos, torna-se

possível escolher o módulo mais adequado para o seu sistema fotovoltaico.

Vale lembrar mais uma vez que esses são dados exibidos apenas para fins de

comparação e referência, pois as condições climáticas de seu projeto serão distintas

do apresentado no documento, e para isso se faz necessário a normalização desses

valores.

6.2.5 NOCT (NOMINAL OPERATING CELL TEMPERATURE)

As condições STC apresentadas, que são condições controladas de teste em

laboratório afim de facilitar a modelagem dos arranjos e do sistema fotovoltaico, não

traduzem a realidade encontrada em uma instalação, pois não compreende

36
situações de sombreamento, estrutura e qualidade da estrutura do telhado,

qualidade do fluxo de ar, entre outros fatores que impactam o seu funcionamento.

Uma maneira encontrada de trazer esses dados mais próximos da realidade, foi

estabelecer uma outra referência de testes para as documentações dos fabricantes.

O modelo de referência utilizado principalmente pelos países europeus nos

datasheets é chamado de NOCT.

Sob as condições NOCT, o módulo é submetido às condições de 800 W/m² de

irradiância, 20 °C de temperatura de operação, além da massa de ar (AM) de 1,5 e

com a presença de ventos de 1 m/s.

Figura 18: Condições NOCT. (Fonte Jinko Solar)

Figura 19: Datasheet exibindo as informações técnicas de um módulo sob STC e NOCT. (Fonte: Jinko Solar)

6.2.6 EFICIÊNCIA

De forma simples, a eficiência do módulo fotovoltaico nada mais é do que a

quantidade de energia que um módulo é capaz de converter em sua saída

correlacionada com a área do mesmo. Portanto, de acordo com a quantidade de

irradiação encontrada em um local, esta atinge a superfície do módulo e, a partir daí

37
podemos mensurar o quanto dessa energia foi capaz de ser convertida pelo módulo.

De maneira geral, quanto maior a eficiência de um módulo, maior é a relação entre a

quantidade de potência gerada em uma dada área.

Com base na STC, o cálculo da eficiência pode ser feito da seguinte forma:

Área do módulo fotovoltaico: 2,00 m (altura) x 1,00 m (largura) = 2 m²

Potência do módulo: 400 W

Agora realizamos a divisão da potência pela área do módulo:

De posse do valor de potência por área do módulo, podemos compará-lo a

condição STC, onde a irradiância utilizada como base para os testes é de 1.000 W/m²:

O resultado deste cálculo é a eficiência máxima do nosso módulo fotovoltaico,

ou seja, de toda a irradiância disponível sob STC (1.000 W/m²), o módulo foi capaz de

converter somente 20 % desta energia. Por conta disso, este tem sido um dos

maiores desafios para os fabricantes de módulos e, consequentemente, motivo de

tantas pesquisas na área, seja na descoberta de novos materiais para as células,

como também de diferentes maneiras no tratamento do silício, a fim de aumentar

cada vez mais sua eficiência global.

6.3 ARRANJO FOTOVOLTAICO

Junto às informações obtidas com os dados do datasheet do módulo, e com a

compreensão de seus principais pontos, podemos dar início ao processo de

dimensionamento de nossos arranjos fotovoltaicos. Como comentado inicialmente,

realizamos não só a associação em série e/ou em paralelo das células fotovoltaicas,

38
mas também dos módulos fotovoltaicos para suprirem a demanda de energia

desejada. Essa combinação de módulos em uma instalação é conhecida como

arranjo fotovoltaico. A norma de sistemas fotovoltaicos, ABNT NBR 16690, nos dá a

definição de arranjos fotovoltaicos, sendo descritos como um conjunto de módulos

fotovoltaicos ou sub arranjos fotovoltaicos mecânica e eletricamente integrados,

incluindo a estrutura de suporte. Um arranjo fotovoltaico não inclui sua fundação,

aparato de rastreamento, controle térmico e outros elementos similares.

6.3.1 ASSOCIAÇÃO SÉRIE

A associação série dos módulos é feita através da interconexão dos terminais

positivos de um módulo ao terminal negativo de outro, e assim por diante. Os cabos

pré-instalados nos módulos, que já possuam conectores, facilitam esta associação e

garantem uma interface elétrica perfeita, além de protegê-los aos efeitos de

intempéries. Vale ressaltar que estes conectores e cabos devem ser específicos para

aplicações fotovoltaicas.

Analogamente à associação das células fotovoltaicas em um módulo, quando

conectamos os módulos de maneira seriada, as tensões são somadas e a corrente

permanece constante. Assim, para atingirmos o nível de tensão desejado, basta

associar módulos em série até que a combinação de suas tensões seja a necessária

para o arranjo. Com isso temos:

𝑉𝑉 = 𝑉𝑉1 + 𝑉𝑉2 + ⋯ + 𝑉𝑉𝑛𝑛

𝐼𝐼 = 𝐼𝐼1 = 𝐼𝐼2 = ⋯ = 𝐼𝐼𝑛𝑛

Esse comportamento da associação seriada de módulos pode ser observado

através da curva I-V.

39
Figura 20: Curva I-V do arranjo FV - associação série. (Fonte: Researchgate.net)

Como é possível observar, em um arranjo fotovoltaico com associação seriada

de módulos, as correntes que fluem por cada módulo são sempre iguais entre si,

mas para manter esta condição, consideram-se módulos idênticos e sob mesmas

condições de irradiação e temperatura, pois como visto anteriormente, estes fatores

influenciam na potência produzidas pelos módulos.

Caso haja uma variação ou dispersão elétricas entre as características de cada

módulo do conjunto, ou até mesmo um sombreamento parcial, a corrente deste

arranjo será limitada pelo módulo com o menor valor de corrente.

40
6.3.2 ASSOCIAÇÃO PARALELO

Normalmente, apenas a associação série não será suficiente para atingir os

níveis desejados de potência em sua instalação, ou ainda, é possível que se atinja o

valor máximo de tensão do inversor sem atingir o nível de potência e corrente

necessários. Assim é necessário recorrer a associação em paralelo para incrementar

a potência do seu arranjo, sem que a tensão seja variada.

A conexão em paralelo é feita unindo os terminais positivos de todos os

módulos entre si e realizando o mesmo procedimento para os terminais negativos.

Esse tipo de conexão resulta na soma das correntes sem a alteração da tensão,

conforme abaixo:

𝑉𝑉 = 𝑉𝑉1 = 𝑉𝑉2 = ⋯ = 𝑉𝑉𝑛𝑛

𝐼𝐼 = 𝐼𝐼1 + 𝐼𝐼2 + ⋯ + 𝐼𝐼𝑛𝑛

Essa relação é exatamente o contrário da que temos na associação em série.

Esse comportamento também é notado através da análise da curva I-V.

Figura 21: Curva I-V do arranjo FV - associação paralelo. (Fonte: Researchgate.net)

41
A partir destes conceitos de associação de módulos, é possível iniciar o

dimensionamento dos arranjos fotovoltaicos a fim de compatibilizar os valores

elétricos gerados por ele para suprir o consumo de energia da instalação, e com os

outros equipamentos utilizados no projeto.

6.3.3 DIMENSIONAMENTO

Vejamos um exemplo de dimensionamento de arranjo, lembrando que não

consideraremos as variações climáticas que são responsáveis nas alterações dos

valores elétricos dos sistemas fotovoltaicos (correção de Pmax, Voc e Isc, de acordo

com os coeficientes de temperatura apresentados pelo fabricante de módulos), mas

vale relembrar que são informações importantes a serem consideradas nas

ferramentas de simulação (por exemplo: Fronius Solar.Creator). Esta seção é apenas

um exemplo de aplicação do que vimos nos tópicos anteriores.

Para iniciarmos os cálculos, partiremos do atendimento de um determinado

conjunto de cargas que será suprido por um inversor Fronius Primo 3 kW.

Determinado que devemos atender a demanda de uma residência com a

potência nominal do inversor, e considerando as seguintes premissas:

1) Dados do inversor Fronius Primo 3.0:

a. Potência nominal = 3 kW;

b. Tensão máxima = 1.000 V;

c. Faixa de Tensão MPP = 200A 800 V;

d. Corrente máxima de entrada = 12 A;

e. Corrente de curto-circuito = 18 A.

2) Dados do módulo (STC):

a. Potência máxima (Pmax) = 400 Wp;

b. Tensão de circuito aberto (Voc) = 49,8 V;

42
c. Tensão de máxima potência (Vmp) = 41,7 V;

d. Corrente de máxima potência (Imp) = 9,60 A;

e. Corrente de curto-circuito (Isc) = 10,36 A.

Para a potência necessária de 3 kW, o cálculo do número de módulos é direto,

onde dividiremos a potência nominal, pela potência dos módulos:

𝑃𝑃𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 3000 𝑊𝑊
𝑁𝑁°𝑚𝑚ó𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 = = = 7,5 𝑚𝑚ó𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑠𝑠
𝑃𝑃𝑚𝑚ó𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 400 𝑊𝑊𝑊𝑊

Como mostrado acima, serão necessários 8 módulos fotovoltaicos para

atender a potência necessária de 3000W. Lembrando que neste cálculo, o resultado

não é exato, então utilizou-se o arredondamento para o próximo número inteiro,

visto que os inversores da Fronius podem receber potência em corrente contínua

superior à potência nominal em até 50% (consulte o capítulo sobre inversores).

Através da análise de associação em série de módulos, conseguimos

determinar o valor de tensão da string fotovoltaica, e através da associação paralelo

de módulos, determinamos o valor da corrente.

Como vimos anteriormente, para determinar o valor de tensão máxima do

arranjo, devemos somar os valores individuais de tensão de circuito aberto dos

módulos, assim temos:

𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜 (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴) = 𝑉𝑉1 + 𝑉𝑉2 + ⋯ + 𝑉𝑉8 = 8 𝑥𝑥 𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜 (𝑚𝑚ó𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑) = 8 𝑥𝑥 49,8 𝑉𝑉 = 398,4 𝑉𝑉

Este valor de tensão é inferior ao máximo suportado pelo inversor, e

adicionalmente devemos verificar se a tensão de máxima potência (operação) está

43
dentro da faixa de maior eficiência do inversor, conhecida como tensão de MPP, dada

pela equação:

𝑉𝑉𝑚𝑚𝑚𝑚 (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴) = 𝑉𝑉1 + 𝑉𝑉2 + ⋯ + 𝑉𝑉8 = 8 𝑥𝑥 𝑉𝑉𝑚𝑚𝑚𝑚 (𝑚𝑚ó𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑) = 8 𝑥𝑥 41,7 𝑉𝑉 = 333,6 𝑉𝑉

Como temos apenas uma string para este exemplo, os valores de corrente do

arranjo fotovoltaico (máximo e curto-circuito) são iguais aos valores de corrente dos

módulos associados em série, conforme mostrado abaixo:

𝐼𝐼𝑚𝑚𝑚𝑚 (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴) = 𝐼𝐼1 = 𝐼𝐼2 = ⋯ = 𝐼𝐼8 = 9,60 𝐴𝐴

𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠 (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴) = 𝐼𝐼1 = 𝐼𝐼2 = ⋯ = 𝐼𝐼8 = 10,36 𝐴𝐴

Para que este arranjo seja validado, estes valores de corrente devem ser

inferiores aos limites de corrente suportados pelo inversor (nominal e curto-circuito).

Logicamente que este exemplo, sendo apenas uma aplicação direta para

entender o conceito de associação de módulos nos arranjos fotovoltaicos, pode não

representar as possibilidades que existem de instalação, que são diversas. A própria

norma ABNT NBR 16690 traz configurações variadas de arranjo de módulos e suas

características de proteção, conexão etc., vide figura 21 com um dos exemplos

previstos na norma em questão.

A configuração vai depender sempre do projeto a ser desenvolvido,

considerando o consumo a ser suprido, e até mesmo o espaço de instalação

disponível para os módulos fotovoltaicos.

Vale lembrar que a instalação e dimensionamento deste sistema deve sempre

seguir as normas vigentes de segurança, como NR-10 e NR-35, e as demais normas

44
que envolvem o sistema fotovoltaico, como ABNT NBR 16690, ABNT NBR 16612, ABNT

NBR 5410, entre outras.

Figura 22: Esquema de arranjo fotovoltaicos com múltiplas séries fotovoltaicas. (Fonte: NBR16690)

6.4 EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DOS MÓDULOS FV

Os módulos fotovoltaicos estão em franco crescimento tecnológico, tendo

atingido grandes avanços em pouco tempo, quando observamos o seu recente

histórico. A evolução da tecnologia é também algo muito constante quando o

assunto é módulo fotovoltaico. Conforme a norma ABNT NBR 16690, é possível

encontrar diversas dessas tecnologias, como: módulos Monocristalinos,

Policristalinos, Bifaciais, Half Cell etc.

As diferentes tecnologias de módulos fotovoltaicos encontradas no mercado

possuem características muito diferentes umas das outras, tendo, portanto,

45
aplicações distintas e recomendadas de acordo com cada projeto. Além disso, temos

observado um grande aumento na eficiência destes módulos, assim como nas altas

potências apresentadas pelos módulos fotovoltaicos mais atuais do mercado.

Graças aos grandes investimentos em P&D (pesquisa e desenvolvimento), e

do empenho pela melhoria contínua dos principais fabricantes espalhados pelo

mundo, que podemos constatar essa grande evolução tecnológica nos últimos anos.

Abaixo podemos visualizar a evolução das tecnologias e como a eficiência e a

potência dos módulos fotovoltaicos cresceram nos últimos anos:

Figura 23: Evolução tecnológica dos módulos fotovoltaicos nos últimos anos (Fonte: cip.org.pe)

46
Figura 24: Evolução na eficiência dos módulos fotovoltaicos nos últimos anos (Fonte: cip.org.pe).

Figura 25: Evolução na potência de saída dos módulos fotovoltaicos nos últimos anos (Fonte: cip.org.pe).

47
Figura 26: Importação de módulos fotovoltaicos para o Brasil nos últimos anos divididos por tecnologia
(Fonte: Greener, estudo estratégico geração distribuída – fev/2022).

Na imagem acima, extraída do último estudo realizado pela empresa de

pesquisas e estudos Greener, observou-se que a partir do 2º semestre de 2021 houve

um aumento na importação de módulos fotovoltaicos para o Brasil privilegiando as

tecnologias com as maiores eficiências encontradas no mercado.

A perspectiva de constante melhoria do setor e de grandes mudanças nos

próximos anos é enorme, portanto, podemos esperar um aumento significativo na

escala de produção dos fabricantes, módulos cada vez mais potentes e mais

eficientes, além de tecnologias que fogem, por enquanto, da nossa percepção.

6.5 TECNOLOGIA DOS MÓDULOS FV

48
Veremos a seguir um pouco mais sobre cada uma das tecnologias de módulos

fotovoltaicos encontradas no mercado brasileiro:

• Módulo Monocristalino: O silício monocristalino é a matéria-prima para a

fabricação das células fotovoltaicas encontradas neste tipo de módulo. A

principal vantagem do silício monocristalino é sua eficiência, mais alta quando

comparada com outras tecnologias, porém, sua principal desvantagem

encontra-se no preço, devido ao processo de fabricação mais oneroso.

Figura 27: Célula fotovoltaica de silício monocristalino (Fonte: Neo Solar).

• Módulo Policristalino: Células compostas por silício policristalino tendem a

ser mais baratas por possuírem diferenças em seu processo de solidificação

quando comparadas às células de silício monocristalino, facilitando o seu

processo produtivo. A sua desvantagem fica por conta da sua eficiência.

Figura 28: Célula fotovoltaica de silício policristalino (Fonte Neo Solar).

49
• Módulo Bifacial: Módulos bifaciais são aqueles que podem receber e gerar

energia também pela sua parte traseira. A luz solar que atinge o solo e pode

ser refletida é conhecida como albedo, atingindo a parte traseira do módulo

fotovoltaico, aumentando ainda mais a sua eficiência total. Este módulo pode

contar com células bifaciais tanto de silício monocristalino quanto de silício

policristalino. Sua aplicação destina-se a projetos de usinas fotovoltaicas de

solo, uma vez que este tipo de módulo não conseguirá receber luz em sua

parte traseira se for instalado diretamente em telhados.

Figura 29: Exemplo de Instalação com módulos fotovoltaicos bifaciais. (Fonte: Canal Solar)

• Módulo Half Cell : Outra tecnologia que tomou conta do mercado de módulos

fotovoltaicos nos últimos anos foi a tecnologia Half Cell. Neste conceito, a

célula fotovoltaica é dividida ao meio, ocasionando na diminuição de perdas

ôhmicas, maior resistência física, redução na temperatura de operação do

módulo e maior tolerância ao sombreamento parcial. Dessa maneira, o

módulo bifacial garante mais eficiência ao módulo fotovoltaico.

50
Figura 30: Módulo fotovoltaico half cell. (Fonte Canal Solar)

• Módulo de Filme Fino: A tecnologia das células, e consequentemente dos

módulos de filme fino, difere muito da tecnologia de silício cristalino. Nesta

tecnologia, é realizada a deposição de pequenas partículas semicondutoras

sobre a superfície um determinado material, normalmente em materiais

flexíveis. Tal abordagem permite que depositemos as partículas

semicondutoras em materiais como plástico, vidro, telhas e mesmo como

parte de um edifício, tornando-se uma tecnologia extremamente flexível para

quaisquer que sejam as condições da instalação, como também do ponto de

vista estético.

Sobre a eficiência desses materiais, ainda há um longo caminho a ser trilhado,

mas os estudos e pesquisas na área o tornam extremamente promissor.

51
Figura 31: Telha solar (Fonte: L8 Energy).

• Tecnologia PERC: A tecnologia PERC (Passivated Emmiter Rear Cell) foi uma

melhoria tecnológica encontrada pelos fabricantes a fim de garantir ainda

mais rendimento aos módulos fotovoltaicos em suas versões mono e

policristalino. Realizada pela inclusão de uma fina camada de passivação na

parte traseira de uma célula convencional, a tecnologia PERC garante a

redução da velocidade de recombinação de elétrons na superfície do silício,

como também o efeito de reflexão da luz que atinge o fundo da célula,

aumentando o seu poder de captação.

52
Figura 32: Tecnologia PERC (Fonte: Helius Energy).

6.6 OPERAÇÃO E USO

Com o objetivo de assegurar que as diferentes tecnologias apresentadas

anteriormente tenham o seu funcionamento de acordo com o informado pelo

fabricante, devemos levar em consideração alguns pontos importantes quanto ao

manuseio dos módulos fotovoltaico, como por exemplo:

• Armazenamento: parte importante para garantir a integridade do módulo, o

armazenamento cumpre um importante papel em uma instalação. A maneira

como os pallets dos módulos e os próprios módulos são armazenados em

estoque e em campo, devem obter máxima atenção. É muito frequente

encontrarmos situações como mostrado pela Figura 16 (abaixo). Na imagem

podemos observar como o módulo pode sofrer danos em sua estrutura

53
devido à má distribuição de peso e torção dos módulos, possíveis quedas

entre outros, danificando as células, e consequentemente o seu desempenho.

Figura 33: Armazenamento de módulos em campo (Fonte: Energia Solar Shop).

• Manutenção: como os módulos fotovoltaicos estão expostos ao tempo, são

recomendadas manutenções periódicas para garantir o seu melhor

rendimento. A limpeza, verificação das conexões e a vedação das mesmas são

fatores essenciais para evitar futuros problemas de geração e da possibilidade

de desconexão dos módulos sob carga, aumentando o risco de choques

elétricos e incêndio. Vale lembrar que não se deve caminhar sobre os módulos

em nenhuma hipótese.

/////

Figura 34: Sujeira identificada nos módulos (Fonte: Canal Solar).

54
• Instalação: pode parecer óbvio para muitos, mas durante a instalação dos

módulos fotovoltaicos, também deve-se ter atenção redobrada. Obedecer a

ligação entre os módulos conforme especificado em projeto, a montagem

correta dos conectores MC4, o aterramento das estruturas dos módulos e a

proteção da instalação, são indispensáveis para qualquer tipo de projeto de

sistemas fotovoltaicos.

Além dos já conhecidos datasheets, os fabricantes de módulos disponibilizam

os manuais de instalação e manutenção, detalhando os cuidados que devem ser

tomados durante a instalação das partes elétricas e mecânicas. A não observação

destes cuidados pode acarretar na perda de garantia dos mesmos.

Figura 35: Crimpagem incorreta dos conectores (Fonte: Canal Solar).

55
7 ESTRUTURA E SUPORTE DE FIXAÇÃO

Neste capítulo, iremos abordar as principais características das estruturas de

fixação dos módulos fotovoltaicos.

Existem diversos tipos de tecnologia para fixação dos módulos fotovoltaicos,

os variados modelos possuem relação com o tipo de topologia escolhida para o

gerador e a arquitetura do local de instalação.

Os exemplos deste capítulo são meramente ilustrativos, sendo de

responsabilidade do projetista/instalador consultar as melhores práticas de mercado

para elaboração do projeto, além do total atendimento as normas vigentes.

7.1 DEFINIÇÃO

Trata-se do componente que fará a sustentação e fixação dos módulos

fotovoltaicos, sendo responsável por manter todo o arranjo seguro mesmo sob ação

de tempestades e ventanias, além de garantir a melhor posição para geração de

energia. Essa posição é definida pela orientação (geográfica) e inclinação dos

módulos.

Figura 36: Orientação e inclinação de um módulo fotovoltaico. (Fonte: Solar Energia)

56
De modo geral, as estruturas seguem um padrão para aplicações nos diversos

tipos de arquitetura de telhado, lajes ou solo, porém existem também empresas de

engenharia especializadas em desenvolver aplicações especiais ou customizadas.

Figura 37: Estrutura de fixação de módulos (Fonte: K2 Systems).

7.2 PRINCIPAIS CONCEITOS

Segundo artigo da Florida Solar Energy Center (FSCE-PF-419-98, Stephen F. Barkaszi)

existem alguns fatores que devem ser levados em consideração para a elaboração

do projeto de fixação do arranjo fotovoltaico, conforme mencionado abaixo:

• Características físicas e elétricas do módulo;

• Performance térmica e elétrica do arranjo;

• Orientação, localização e condições no local da instalação;

• Problemas estruturais em instalações tipo telhado ou laje;

• Performance térmica da edificação;

• Impermeabilização;

• Integração elétrica do sistema fotovoltaico;

• Instalação, operação e manutenção do arranjo;

• Compatibilidade entre os materiais utilizados;

• Estética e arquitetura;

57
• Fatores econômicos e custos.

Características físicas e elétricas do módulo: aqui estão inclusas informações

como dimensão, peso, composição, padrão do frame de montagem, resistência

física, potência e eficiência, que tem influência na área a ser utilizada.

Performance térmica e elétrica do arranjo: a temperatura de operação e

exposição do arranjo tem impacto direto na performance e rendimento, portanto

faz-se necessária uma verificação em loco ou através de simulações para construção

da estrutura que permita bons rendimentos.

Orientação, localização e condições no local da instalação: sombreamentos no

arranjo, que diminuem o rendimento da instalação, estes que podem ser

contornados com a utilização da fixação adequada. Verificação de estruturas

próximas a usina, como antenas, árvores, torres, reservatórios e edifícios. A correção

da orientação (ângulo azimute) também pode ser realizada pela seleção correta da

estrutura desde que não haja impactos na segurança do sistema.

Problemas estruturais em instalações tipo telhado ou laje: verificação da

resistência estrutural do local da instalação, realizar um levantamento da condição

atual, de preferência com apoio de um especialista e estimar a condição para o

período de operação do sistema fotovoltaico.

Performance térmica da edificação: o arranjo fotovoltaico pode contribuir de

forma positiva ou negativa na carga térmica transferida para a edificação,

dependendo do clima no local da instalação e da composição do material utilizado,

principalmente em telhados e lajes. O instalador deve realizar essa verificação afim

de evitar problemas de transferência de calor excessivo para dentro da edificação.

Impermeabilização: problemas de infiltração são pontos críticos do arranjo

fotovoltaico, podendo impactar na performance estrutura e resistência do sistema,

diminuindo a vida útil, gerando custos e falhas de segurança. A utilização das

58
fixações adequadas, estratégias como mantas e produtos selantes aplicados da

forma correta podem garantir o bom funcionamento do sistema.

Integração elétrica do sistema fotovoltaico: localização do arranjo, distância entre

a instalação elétrica e uso correto dos componentes para passagem do cabeamento,

são itens que devem ser considerados no projeto estrutural. Além disso, o

aterramento e todos os componentes de proteção necessários para a estrutura.

Instalação, operação e manutenção do arranjo: o projeto da estrutura deve

facilitar o manuseio e o acesso, de forma a reduzir o custo do sistema e garantir a

segurança do instalador e usuário.

Compatibilidade entre os materiais utilizados: este é um dos pontos mais

importantes da análise e projeto de uma estrutura de fixação, pois são diversos tipos

de materiais disponíveis que possuem relação com o ambiente da instalação, vida

útil desejada e os próprios aspectos da edificação. Os principais problemas

encontrados são corrosão, calor, umidade e ambientes salinos (maresia), a

combinação de diferentes aços, alumínio e o uso de componentes isolantes pode

garantir uma maior proteção e durabilidade do sistema.

Estética e arquitetura: esses aspectos não têm impactos relacionados à

performance e rendimento do sistema, porém a estrutura de integrada a edificação

de forma harmonizada é um atrativo para os clientes, principalmente em instalações

residenciais, e pode se tornar um grande argumento de venda para o projeto.

Como dito anteriormente, existem variados designs de telhados e tipos de

solo. Abaixo estão destacados os formatos mais comuns:

• Telhas de cerâmica;

• Chapas de fibrocimento;

• Chapas metálicas;

• Telhado plano;

• Solo / Terreno aberto.

59
Figura 38: Guia de telhas e coberturas (Fonte: Archdaily).

Embora existam vários tipos de telhado, as soluções padronizadas de

estrutura de fixação podem atender a cada modelo, mas apesar de serem

padronizadas é sempre importante e recomendado buscar uma empresa ou

engenheiro especializado, para que seja realizada uma avaliação da estrutura local.

Existem normas específicas para a concepção de tais projetos, além disso, não

é possível deixar de lado a segurança tanto dos usuários como da própria instalação,

afinal é um investimento em uma instalação que irá trabalhar ao longo de anos.

7.3 PRINCIPAIS COMPONENTES

Podem haver variações, mas o sistema de fixação, de forma geral, é composto

pelos seguintes componentes:

1. Trilho ou guia de fixação (rail);

2. Gancho de fixação;

3. Grampos de fixação centrais e laterais;

4. Elementos de fixação (parafusos, porcas etc.).

60
A construção das estruturas de fixação é uma verdadeira ciência de materiais,

ou seja, existem diversos aspectos que devem ser levados em consideração pelo

engenheiro na hora de projetar o sistema.

Figura 39: Componentes de estrutura de fixação de módulos (Fonte: K2 Systems).

As dimensões, geometria e materiais dos itens estruturais em contato direto

com os módulos fotovoltaicos, como os grampos de fixação, devem obedecer aos

requisitos técnicos contidos nos manuais de instalação fornecidos pelos fabricantes

de módulos fotovoltaicos.

Algumas das principais normas utilizadas pelo especialista para o cálculo da

estrutura, estão destacadas abaixo:

• ABNT NBR 6123 - FORÇAS DEVIDAS AO VENTO EM EDIFICAÇÕES;

• ABNT NBR 8800 - PROJETO DE ESTRUTURAS DE AÇO E DE ESTRUTURAS

MISTAS DE AÇO E CONCRETO DE EDIFÍCIOS;

• ABNT NBR 8681/2003 - AÇÕES E SEGURANÇA NAS ESTRUTURAS.

7.4 SELEÇÃO/DIMENSIONAMENTO (BÁSICO)

61
Existem no mercado alguns softwares dos principais fabricantes de

estruturas, onde é possível selecionar o design estrutural que melhor se aplica ao

seu tipo de telhado ou usina de solo.

Este item está baseado em conteúdo de treinamento online realizado pela

empresa K2 Systems, em conjunto com a Fronius do Brasil, com reprodução

autorizada.

A seleção da melhor estrutura de fixação dependerá dos aspectos físicos do

local, normas vigentes e boas práticas de instalação. Um roteiro mínimo que pode

ser adotado para escolha da estrutura fotovoltaica deve conter, pelo menos, os

seguintes critérios:

7.4.1 VISITA TÉCNICA AO LOCAL

Conhecimento e detalhamento do local da instalação. Para telhado é

necessário realizar uma análise da estrutura, condições e eventuais reparos. Para

solo, importante verificar condições gerais de terreno (planimetria, declividade e

propriedades).

Importante contratar uma empresa e/ou profissional da engenharia civil

habilitado pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) para emitir

uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica).

Figura 40 - Preparação do telhado. (Fonte: Construindo Decor)

62
Figura 41 - Preparação do solo (Fonte: Vermeer Brasil)

7.4.2 SELEÇÃO DA ESTRUTURA MAIS ADEQUADA

Como elucidado anteriormente, existem diferentes soluções para a fixação

dos módulos, a depender do tipo de montagem: telhado inclinado, telhado plano, em

solo, carport. Cada tipo possui uma aplicação específica.

Figura 42 - Aplicação em telhado inclinado (Reprodução K2 Systems).

63
Figura 43 – Aplicação em telhado plano (Fonte: Banco de imagens Fronius).

Figura 44 – Aplicação em solo (Fonte: Banco de imagens Fronius).

7.4.3 VERIFICAÇÃO ESTÁTICA

Quando um sistema fotovoltaico é instalado, fica sujeito a uma série de

esforços mecânicos, estáticos (peso próprio dos módulos) e dinâmicos (ação dos

ventos). Falhas graves ou acidentes podem acontecer quando essas forças geram

tensões e deformações ultrapassam a resistência dos materiais.

Por esse motivo o cálculo estrutural é imprescindível. Caso contrário, as

instalações ficam vulneráveis podendo sofrer com a perda dos componentes, danos

ao patrimônio e, sobretudo, na segurança das pessoas.

64
Figura 45 – Módulos em solo sob ação de ventanias com fixação mal executada (Fonte: Spectrum ieee)

Figura 46 - Módulos no telhado plano sob ação de ventanias com fixação mal executada. (Fonte: Canal solar)

7.4.4 SEGURANÇA DURANTE A INSTALAÇÃO

Este critério está diretamente relacionado ao que foi exposto no capítulo 4

deste guia. A segurança durante a execução do trabalho deve ser seguida pelos

requisitos estabelecidos nas normas regulamentadores do Ministério do Trabalho.

O uso de EPIs, a leitura e aplicação das orientações contidas no manual do

fabricante são essenciais para garantir a segurança do instalador, patrimônio e

terceiros.

65
Figura 47 - Exemplos de EPIs para instalações. (Fonte: Exsergia)

8 CABOS ELÉTRICOS

Para todas as instalações fotovoltaicas, serão necessários cabos elétricos para

realizar as conexões entre seus componentes, estes que abordamos nos capítulos

anteriores.

Os cabos elétricos são responsáveis por transmitirem a corrente elétrica

produzida pelos módulos até o ponto de entrega de energia das distribuidoras, ou

para os equipamentos utilizados na instalação.

Nesta seção vamos entender um pouco mais sobre a construção e

características, estas que divergem quando comparadas a cabos convencionais, e

dimensionamento destes condutores para instalações fotovoltaicas.

As instalações fotovoltaicas são ambientes hostis para os condutores elétricos,

por isso foram desenvolvidos cabos com materiais mais robustos para operações

neste tipo de ambiente.

66
Os sistemas fotovoltaicos em projetos de geração distribuída, principalmente

na microgeração, ou seja, como sendo boa parte das instalações residenciais, sofrem

algumas deficiências devido à falta de infraestrutura elétrica. Se pudéssemos elencar

três principais falhas em instalações deste porte, poderíamos seguramente afirmar

que o tema de cabos estaria neste contexto. O dimensionamento de cabos é uma

das etapas mais importantes de um projeto elétrico, pois busca-se encontrar uma

forma segura na qual os equipamentos e sistemas irão se conectar, além de garantir

a performance da instalação a longo prazo, sem interferência de intempéries

naturais, ou até mesmo consequências de um dimensionamento incorreto.

Instalações elétricas antigas devem ser completamente revisadas antes de

receberem a implementação de um sistema fotovoltaico. Observando-se pelo menos

os seguintes aspectos: análise dos circuitos existentes, retrofit do quadro elétrico de

distribuição, instalação de DPS c.a., redimensionamento do cabo principal que se

conecta ao medidor da concessionária, verificação do sistema de SPDA e

aterramento, dentre outros). Na prática, sabemos que nem sempre isso ocorre, por

esse motivo devemos ter muito cuidado e atenção nas recomendações que iremos

elucidar nos próximos tópicos deste capítulo.

8.1 CONSTRUÇÃO E TIPOS DE CABOS ELÉTRICOS

Existem diversos tipos de cabos elétricos, categorizados entre diferentes

normas e aplicações, no entanto as estruturas básicas que compõem o condutor são

muito semelhantes.

Quando focamos nos cabos elétricos de baixa tensão, ou seja, até 1 kV de

tensão, podemos encontrar duas configurações diferentes, os condutores isolados e

os cabos isolados. Estes dois tipos de condutores são definidos pela norma ABNT

NBR 5410, e possuem diferentes possibilidades de instalação.

Quanto a sua estrutura, podemos observar abaixo sua composição:

67
Os condutores isolados são amplamente utilizados na construção civil, e são

construídos apenas em duas “camadas”, o condutor, sendo o mais comumente

utilizado o cobre, e a isolação, que podem ser utilizados o PVC (policloreto de vinila) -

mais utilizado -, e os compostos não-halogenados (obrigatório em algumas

situações).

Figura 48: Construção de cabos de baixa tensão. (Fonte: ipce)

Por conta de sua estrutura mais simples, apenas com condutor e isolação, os

métodos de instalação deste tipo de cabo são mais limitados, pois não conta com a

camada de proteção mecânica. O que não ocorre com os cabos isolados.

Pela figura 47, podemos ver a presença de uma camada a mais, conhecida

como cobertura, esta camada é a estrutura responsável pela proteção mecânica do

conjunto elétrico, condutor e isolação.

Cada uma destas camadas pode ser feita de diferentes materiais, como por

exemplo no condutor, que podem ser utilizados dois tipos de metais, cobre e

alumínio. Para a isolação, os compostos a serem utilizados são definidos pelas

normas que estes cabos seguem, podendo ser divididos em três compostos mais

comuns, o PVC, utilizado nos cabos das normas ABNT NBR NM 247-3 (condutor

isolado) e ABNT NBR 7285 (cabo isolado); o EPR (borracha de etileno-propileno),

amplamente utilizado, e caracterizado nos cabos da norma ABNT NBR 7286 (cabo

68
isolado); e por fim o composto XLPE (polietileno reticulado), utilizados nos cabos da

norma ABNT NBR 7287 (cabo isolado).

A cobertura dos cabos isolados também pode ser feita em diversos

compostos, onde cada um pode beneficiar este cabo para aplicações mais

específicas. Dentre os compostos mais utilizados, podemos citar o PVC, o mais

comum na indústria de condutores elétricos por conta de seu desempenho

antichama e seu custo. No entanto, existem compostos como PE (polietileno) ou até

mesmo SE/1A (neoprene) que possuem um dos melhores desempenhos mecânicos.

Opcionalmente, para os cabos isolados, é possível, por conta da cobertura que

desempenha a proteção mecânica, conter mais condutores dentro da mesma

construção do cabo, sendo conhecidos como cabos multipolares. Nesta construção, é

possível conter até cinco condutores para cabos de potência. Para a composição de

cabos multipolares acima de cinco condutores, deve-se seguir as normas de cabos de

controle.

Quando falamos de cabos fotovoltaicos, a estrutura que se segue para este

cabo é a de cabo isolado, e os compostos utilizados são mais robustos para se

adequarem e resistirem as condições ambientes dos locais de instalação,

principalmente atreladas a alta temperatura.

8.2 CABOS FOTOVOLTAICOS

O cabo para instalações fotovoltaicas é um produto destinado

especificamente para este uso, que irá interligar toda a série fotovoltaica da

instalação, e/ou conectar as séries à stringbox.

Abaixo, na figura 48, podemos observar sua construção, idêntica a um cabo

isolado comum, mas com compostos de isolação e cobertura diferentes àqueles que

caracterizamos anteriormente. Esta construção de cabos segue a norma ABNT NBR

16612 – CABOS DE POTÊNCIA PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS, NÃO HALOGENADOS

69
(LSZH), ISOLADOS, COM COBERTURA, PARA TENSÃO DE ATÉ 1,8 KV C.C. ENTRE

CONDUTORES - REQUISITOS DE DESEMPENHO.

A primeira diferença que temos, pode ser observada no condutor.

Tradicionalmente é utilizado em cabos convencionais condutores de cobre ou

alumínio. Esta seleção depende da aplicação dos circuitos elétricos, principalmente

aplicações onde a necessidade em ter o menor peso nos condutores é primordial. No

caso dos cabos fotovoltaicos são utilizados condutores de cobre estanhado, para

manter as seções baixas e garantir a flexibilidade de conjunto, visto que não existem

cabos flexíveis de alumínio, e suas seções são acima de 10 mm².

O papel da camada de estanho nos condutores é garantir melhor contato

entre as interfaces de conexão dos módulos fotovoltaicos, e principalmente garantir

que o condutor não oxide sob as condições de uso severo.

Figura 49: Cabos fotovoltaicos. (Fonte: Canal Solar)

A isolação destes cabos também é de compostos que não são observados em

outros cabos de aplicações tradicionais. Nos cabos fotovoltaicos, é utilizado um

composto termofixo não-halogenado, na camada de isolação. Este composto não

contém halogênios, ou seja, não possui componentes tóxicos em sua composição,

que podem ser extremamente perigosos em casos de incêndio.

70
Além disso, a isolação dos cabos fotovoltaicos é projetada para suportarem

temperaturas mais elevadas nos condutores, até 120 ºC por até 20.000 horas,

conforme exigido pela norma ABNT NBR 16612. Eletricamente, a isolação deste cabo

é projetada para isolar o condutor em até 1,8 kV em corrente contínua, ou 1 kV em

corrente alternada.

Por fim, a cobertura também diverge quanto àquelas utilizadas em cabos

convencionais. Como visto anteriormente, utiliza-se muito o composto termoplástico

de PVC nesta camada do cabo, mas o PVC é um material halogenado, que não é

permitido para cabos fotovoltaicos. O cabo fotovoltaico tem sua cobertura

constituída de composto termofixo não-halogenado, resistência a raios UV

(ultravioleta), umidade e ozônio, assim resistindo aos principais efeitos dos

ambientes de instalações de geração solar fotovoltaica, e possuem ótima

propriedade antichama.

É comum ouvir que cabos fotovoltaicos devem ser de “dupla isolação”, termo

que não é correto, visto que a isolação é apenas uma camada do cabo, e a outra

camada sendo a cobertura.

Todos os cabos isolados, incluindo os fotovoltaicos, devem obrigatoriamente

ter isolação e cobertura, no entanto, como foi possível explicar no início desta seção,

a isolação desempenha única e exclusivamente o papel de proteção elétrica,

enquanto a cobertura é concebida para garantir a proteção contra o meio externo,

seja por danos mecânicos, químicos etc.

8.3 DIMENSIONAMENTO

Anteriormente à publicação das normas de sistemas fotovoltaicos, a única

norma existente para a realização do dimensionamento dos cabos dos sistemas

fotovoltaicos era a norma ABNT NBR 5410.

71
Com a publicação das normas ABNT NBR 16690 e ABNT NBR 16612, foi

possível dimensionar o sistema fotovoltaico propriamente dito, bem como os

condutores deste sistema. Por conta das peculiaridades deste tipo de instalação, e

tratando-se de corrente contínua, novas tabelas e condições são utilizadas nestas

normas, no entanto ainda são referenciados muitos trechos da ABNT NBR 5410 que

são aplicáveis, como fatores de corrente por temperatura, métodos de instalação e

agrupamento.

A metodologia de dimensionamento a ser adotada deve ser a mesma utilizada

pela ABNT NBR 5410, no entanto, devidos aos limites térmicos diferentes, agora

incorporando operação a 120ºC, além dos 90ºC, novas tabelas de capacidade de

corrente são admitidas.

Segundo a ABNT NBR 16690, quando obtida as correntes de projeto para a

instalação fotovoltaica, as seções nominais dos cabos devem ser calculadas de

acordo com os critérios de capacidade de condução de corrente, queda de tensão,

curto-circuito e seção mínima, sendo estabelecido o valor final para a maior seção

entre os critérios.

O critério de cálculo das correntes de projeto irá depender exclusivamente do

tipo de instalação fotovoltaica, se esta possui ou não sistema de proteção contra

sobrecorrente no circuito.

8.4 CRITÉRIO DA CAPACIDADE DE CORRENTE

Para todas as seções seguintes sobre o dimensionamento de cabos baseados

nos critérios de capacidade de corrente, serão mencionados os trechos do projeto

fotovoltaico referente ao circuito de corrente contínua, como a string, o subarranjo e

o arranjo fotovoltaico.

72
A imagem abaixo, demonstra estes trechos, indicando quais cabos estão

sendo dimensionados para cada um deles. Logicamente, esta é uma referência

genérica de um sistema FV, onde cada um dos trechos deve ser identificado, se

aplicável, para o correto dimensionamento do sistema.

Por exemplo, caso o projeto a ser dimensionado possua múltiplos subarranjos

(2 ou mais), provavelmente será necessário entrar nos critérios de dimensionamento

para as séries fotovoltaicas, subarranjos e arranjos. Por isso, torna-se indispensável

identificar cada um dos trechos no projeto.

Figura 50: Diagrama de sistema FV com série, sub arranjo e arranjo fotovoltaico. (Fonte:NBR16690)

73
8.5 SÉRIE FOTOVOLTAICA (STRING)

Para séries fotovoltaicas sem proteção contra sobrecorrente, deve-se adotar a

corrente de projeto (𝐼𝐼𝑏𝑏 ) como 1,5 vezes a corrente de curto-circuito do módulo

(𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠 (Módulo) ), ou string.

𝐼𝐼𝑏𝑏 = 1,5 𝑥𝑥 𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠 (Módulo)

Caso esta mesma série fotovoltaica possua um sistema de proteção contra

sobrecorrente, a corrente de projeto (𝐼𝐼𝑏𝑏 ) deve ser a mesma que a corrente nominal

do dispositivo de proteção (𝐼𝐼𝑁𝑁 ):

𝐼𝐼𝑏𝑏 = 𝐼𝐼𝑁𝑁

8.5.1 SUBARRANJO FOTOVOLTAICO

Para um subarranjo fotovoltaico sem proteção contra sobrecorrente, deve-se

adotar a corrente de projeto (𝐼𝐼𝑏𝑏 ) como 1,25 vezes a corrente de curto-circuito do

arranjo de módulos (𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠 (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴) ), ou seja, a corrente de curto-circuito resultante da

associação e paralelo de séries fotovoltaicas.

𝐼𝐼𝑏𝑏 = 1,25 𝑥𝑥 𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠 (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴)

Caso este subarranjo fotovoltaico possua um sistema de proteção contra

sobrecorrente, a corrente de projeto (𝐼𝐼𝑏𝑏 ) deve ser a mesma que a corrente nominal

do dispositivo de proteção (𝐼𝐼𝑁𝑁 ):

𝐼𝐼𝑏𝑏 = 𝐼𝐼𝑁𝑁

8.5.1.1 ARRANJO FOTOVOLTAICO

74
A mesma abordagem anterior vale para realizar o cálculo de um arranjo

fotovoltaico. Para um arranjo fotovoltaico sem proteção contra sobrecorrente, deve-

se adotar a corrente de projeto como 1,25 vezes a corrente de curto-circuito do

arranjo de módulos, ou seja, a corrente de curto-circuito resultante da associação e

paralelo de subarranjos e séries fotovoltaicas.

𝐼𝐼𝑏𝑏 = 1,25 𝑥𝑥 𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃

E novamente, caso este arranjo fotovoltaico possua um sistema de proteção

contra sobrecorrente, a corrente de projeto deve ser a mesma que a corrente

nominal do dispositivo de proteção:

𝐼𝐼𝑏𝑏 = 𝐼𝐼𝑁𝑁

Todos estes critérios para determinar a corrente elétrica contínua do arranjo

fotovoltaico estão descritos na seção 6.2.5 da norma ABNT NBR 16690.

8.5.2 CRITÉRIO DA QUEDA DE TENSÃO

Após obtida a corrente de projeto da instalação fotovoltaica, deve-se definir o

método de instalação do cabeamento, a temperatura de operação do condutor e

assim então utilizar as tabelas de capacidade de corrente apresentadas na norma

ABNT NBR 16612 para determinar, por fim, a seção nominal do cabeamento

fotovoltaico.

Pelo segundo critério de dimensionamento - a queda de tensão -, a norma

ABNT NBR 16690 determina que o limite máximo é de 3% da tensão máxima

verificada no ponto máximo de potência. É possível então realizar os cálculos de

queda de tensão através dos fatores de queda de tensão (V.A/km) apresentados no

datasheet dos fabricantes de cabos fotovoltaicos, ou pela expressão a seguir:

75
𝐿𝐿 𝑥𝑥 𝐼𝐼𝑏𝑏
𝑆𝑆 =
𝜎𝜎 𝑥𝑥 𝑒𝑒

Onde:

• S: Seção nominal do condutor, em mm²;

• Ib: Corrente de projeto, em A;

• 𝜎𝜎: Condutividade do cobre, 44m/Ω.mm² (90ºC);

• 𝑒𝑒: Queda de tensão admissível, em V.

8.5.3 CRITÉRIO DE CURTO-CIRCUITO

O critério de curto-circuito depende principalmente do conhecimento dos

níveis de corrente de curto do sistema, pois obtém-se a seção dos cabos através da

fórmula da integral de Joule, também previsto na ABNT NBR 5410:

𝐼𝐼 2 𝑥𝑥 𝑡𝑡 = 𝑘𝑘 2 𝑥𝑥 𝑆𝑆 2

I é a corrente de curto-circuito; t o tempo de atuação; k é o fator que depende

do tipo, seção e temperatura do condutor durante curto.

8.5.4 CRITÉRIO DA SEÇÃO MÍNIMA

Por fim, caso todas as seções calculadas sejam abaixo da seção mínima

estipulada pela norma NBR5410, deve-se adotar a seção de 2,5 mm², conforme

previsto.

76
9 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

Os dispositivos de proteção são indispensáveis em qualquer tipo de projeto,

seja em uma instalação elétrica residencial, seja em edifícios, indústrias, como

também nos mais diversos projetos de sistemas fotovoltaicos.

São responsáveis, como a própria definição diz, pela proteção e manutenção

da integridade da sua instalação elétrica, protegendo os cabos e as cargas, além da

proteção e integridade de seres humanos ou animais.

Neste capítulo, abordaremos as principais diferenças e funcionalidades dos

dispositivos de proteção contra sobrecorrente c.c. e c.a., como fusíveis e disjuntores,

além dos dispositivos presentes em uma stringbox.

Quanto ao tipo e modelo do dispositivo, deve-se considerar os princípios

básicos de seu funcionamento, da precisão necessária para o projeto, dos tempos de

atuação, da corrente suportável, de suas capacidades, entre outras características.

Portanto, estudos elétricos e econômicos são essenciais para que seja feita a

escolha mais adequada de seu dispositivo de proteção em um projeto de sucesso.

9.1 O QUE É UM DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO?

A definição técnica de um dispositivo como um disjuntor, dedicado para a

proteção contra sobrecorrentes, é de que este é capaz de estabelecer, conduzir e

interromper correntes por um tempo determinado, em condições normais e

anormais do circuito. Também para garantir o total seccionamento e isolação do

circuito. Já os fusíveis, são elementos que atuam, ou seja, interrompem as anomalias

do circuito, seccionando-o através da fusão de seu elo de ligação, quando este atinge

um valor de corrente pré-determinada para suportar.

77
As anomalias de um circuito podem ser classificadas como as correntes de

sobrecarga e de curto-circuito, onde uma é caracterizada por ter uma elevação de

corrente gradual em um período estabelecido, e outra, por uma elevação

exponencial da corrente em um curto período, respectivamente.

9.2 PRINCIPAIS CONCEITOS

Tanto a sobrecarga quanto o curto-circuito, são definidos pela norma ABNT

NBR IEC 60947-2 como sobrecorrentes. Portanto, iremos explorar estes dois

conceitos durante este capítulo.

Figura 51: Correntes de sobrecarga e curto-circuito. (Autoria Própria)

Como já definida em seu nome, a corrente de sobrecarga é conhecida como

um sobrecarregamento do circuito, definida pela elevação gradual da corrente em

um longo período, podendo ser causada por uma falha ou não do circuito. A falha

pode ser causada pelo mau dimensionamento dos cabos, por um ponto de

aquecimento no mesmo devido ao seu envelhecimento, como também pelo mal

aperto das conexões elétricas.

78
Figura 52: Comportamento da corrente de sobrecarga ao longo do tempo. (Fonte: PUC Goiás)

A sobrecarga em um circuito eletricamente sem defeito, pode ser

caracterizada pelo uso abusivo de equipamentos em um mesmo circuito, como

também pelo mau dimensionamento do mesmo. Por exemplo, a utilização de uma

tomada que previamente foi dimensionada para uma determinada corrente máxima

ou carga específica, alimentando diversas cargas adicionais através de um

multiplicador de tomadas (também conhecido como “Benjamin” ou “T”).

Figura 53: Circuito sobrecarregado com equipamentos em uma única tomada. (Fonte: Mundo da Elétrica)

Como exemplo, imaginemos que um cliente adquiriu um novo chuveiro

elétrico de maior potência do que o modelo que ele possui em sua residência

atualmente. A instalação havia sido projetada para uma determinada corrente, de

acordo com a potência de seu antigo chuveiro, portanto foi atendida por uma

79
determinada seção de cabo. Quando este cliente decidiu comprar um novo chuveiro

de última geração, com uma ampla faixa de potência, não se atentou à potência

máxima dele, além de não verificar a situação atual de sua instalação. Logo, não

percebeu que o seu circuito não mais comportaria tal demanda exigida pelo novo

chuveiro. Deste modo, ocorre sobrecarga no circuito, como o cabo não está

preparado para tal demanda de corrente, este aquece até o ponto de acionamento

do disjuntor.

Figura 54: Chuveiros Lorenzetti Maxi Ducha de 3.200W e Acqua Duo de 7.800W. Potência quase 2,5x superior.
(Fonte: Lorenzetti)

Neste exemplo, não se trata de uma falha do circuito, mas sim uma condição

em que houve acréscimo de carga (sobrecarga), que não foi projetada previamente

e, portanto, não deve ser conduzida livremente pelo circuito. Deste modo, o

dispositivo de proteção tem por objetivo realizar a abertura deste circuito,

garantindo que não haverá danos à instalação.

Figura 55: Danos causados pela sobrecarga do circuito (Fonte: Mundo da Elétrica)

80
9.2.1 CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

A corrente de curto-circuito, diferentemente da corrente de sobrecarga, é

vista como uma falha do sistema elétrico. Ela pode ocorrer por diversos fatores,

como por exemplo, o contato entre condutores vivos, seja entre fases ou entre fase e

neutro, como também de condutores à terra. A não interrupção de uma corrente de

curto-circuito em uma instalação pode causar diversos e sérios danos à propriedade,

como também aos seres vivos.

Devido a sua alta intensidade, geralmente, a corrente de curto-circuito é um

dos principais e primeiros requisitos observados, quando uma instalação está em

fase inicial de projeto. Essa intensidade, ou nível de curto-circuito, está ligada

diretamente a fonte principal de energia. No caso de uma residência, esta fonte de

energia é o transformador responsável pela distribuição de energia no seu bairro.

Em uma indústria ou condomínio, a fonte é um transformador dedicado para essas

instalações, ou em alguns casos, um gerador próprio.

Tratando-se de corrente alternada, o valor máximo encontrado nos terminais

de saída de um transformador, pode ser aproximado para sistemas trifásicos com o

uso da seguinte fórmula:

𝑆𝑆
𝐼𝐼𝑘𝑘 =
𝑈𝑈 𝑥𝑥 𝑍𝑍

Onde:

𝐼𝐼𝑘𝑘 = Corrente de curto-circuito dado em kA (quilo ampère);

S = Potência aparente do transformador em kVA (quilo volt-ampère);

U = Tensão entre fases do secundário multiplicado por √3 em V (volts);

Z = Impedância do transformador em %.

81
Com o uso da fórmula citada acima, teremos uma aproximação do valor

máximo da corrente de curto-circuito, que o sistema é capaz de gerar, mas é

importante ressaltar que cada ponto ou ramo da instalação terá um valor diferente.

Essa diferença ocorre por conta da perda de intensidade do curto-circuito ao longo

da instalação, devido às impedâncias e distâncias dos cabos, conexões, entre outros

fatores.

Compreendendo as características das sobrecorrentes (sobrecarga e curto-

circuito) em uma instalação, é possível selecionar o dispositivo de proteção mais

adequado para o projeto.

9.3 SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Disjuntores e fusíveis são dispositivos de proteção muito comuns para a

interrupção de correntes de sobrecarga e curto-circuito. Suas características se

diferem bastante quando comparados, tanto em âmbito técnico, quanto em

financeiro. A seguir serão explanadas as características de cada um desses

dispositivos.

9.3.1 DISJUNTORES C.C. E C.A.

Por definição, o disjuntor é um dispositivo de manobra mecânica, capaz de

estabelecer, conduzir e interromper correntes em condições normais e anormais do

circuito. Além de atender aos requisitos de isolação quando em posição aberta, ou

seja, quando “aberto”, o disjuntor é capaz de isolar um circuito dos demais sem

qualquer risco para a instalação. Além disso, o disjuntor é capaz de reconhecer

possíveis anormalidades do circuito e interromper as correntes indesejáveis ou

prejudiciais a ele. Isso é possível através de sua curva de atuação, dividida em duas

partes: proteção térmica e proteção magnética.

82
Figura 56: Vista interna de um disjuntor para uso residencial. (Fonte: WL Elétrica Sorocaba)

Como visto anteriormente, a sobrecarga é caracterizada pela elevação

gradativa da corrente, causando o sobreaquecimento dos condutores do circuito. O

disjuntor reconhece este aquecimento através do dispositivo bimetálico em seu

interior, causando a interrupção e desligamento do disjuntor. Portanto, nomeou-se

proteção térmica a parcela da curva destinada à proteção de sobrecarga do

circuito.

Vimos que o curto-circuito atinge rapidamente um valor muito elevado de

corrente quando comparada à sua corrente nominal de operação. Internamente, o

disjuntor possui uma bobina e, quando esta é submetida a uma corrente muito

elevada, é capaz de gerar um campo magnético suficiente para que atue como um

eletroímã e desarme o disjuntor. Em razão deste fato, a parcela da curva de atuação

responsável pela proteção contra curto-circuito chama-se proteção magnética.

Nem todos os disjuntores possuem as duas proteções integradas, podendo

este ser apenas um disjuntor magnético. O disjuntor mais conhecido, usualmente

instalado nas residências, incorpora as duas funções supracitadas, levando o nome

disjuntor termomagnético.

83
Figura 57: Curva de atuação de um disjuntor termomagnético (proteção térmica e magnética).
(Fonte: Voltimum)

Na imagem abaixo, é observada a curva de atuação do disjuntor em função da

intensidade de corrente. Utilizando como exemplo uma corrente de intensidade 2

vezes maior que a corrente nominal do disjuntor (In), eixo x do gráfico, nota-se que

essa corrente corresponde a exatos 20 segundos na curva de atuação, eixo y do

gráfico, ou seja, esse é o tempo de abertura do disjuntor, ou tempo de interrupção

do disjuntor para esse valor de corrente. De acordo com o aumento dessa corrente,

os tempos de atuação vão diminuindo, a fim de preservar a integridade dos cabos, e

consequentemente da instalação.

84
Figura 58: Interpretação da curva de atuação de um disjuntor termomagnético.
(Fonte: Faculdade Santo Augustinho - FASA)

9.3.1.1 DISJUNTOR C.C.

Ao tratarmos dos dispositivos de proteção como disjuntores e fusíveis,

devemos conhecer primeiramente a sua aplicação, ou seja, em que contexto esses

dispositivos serão introduzidos. Do ponto de vista teórico e conceitual, as proteções

contra sobrecarga e curto-circuito tanto em c.c., quanto c.a. serão as mesmas, porém

na prática, existem diferenças.

O disjuntor para corrente contínua é construído de forma a interromper uma

corrente constante ao longo do tempo, diferentemente da corrente alternada, que

possui um sinal senoidal e uma determinada frequência de operação e, portanto,

circula pelo zero em diversos momentos (60 ou 50 ciclos por segundo), facilitando

sua interrupção. Este fato traz consigo alguns desafios para o desarme do dispositivo

sob carga, devido a sua alta exigência tanto no desarme, quanto na extinção do arco

elétrico em sua câmara interna. A figura abaixo demonstra as duas situações, para

corrente contínua e alternada.

85
Figura 59: característica das correntes contínua e alternada (Fonte: Guia da Engenharia).

• ASSOCIAÇÃO DE DISJUNTORES

De acordo com os níveis de corrente e tensão encontrados nas aplicações de

corrente contínua, devemos nos atentar às conexões dos polos (positivo e negativo)

de nossa fonte c.c. nos disjuntores. Existem duas formas de conectar os polos do

dispositivo, sendo a conexão em série e/ou em paralelo.

• CONEXÃO SÉRIE

A conexão em série é destinada para fontes com altos níveis de tensão, neste

caso é realizada a conexão em série dos polos do disjuntor possibilitando a

interrupção do circuito. Exemplo:

Figura 60: disjuntores com conexão dos polos em série. (Fonte: Schneider Eletric)

86
No exemplo acima, cada polo do disjuntor é capaz de interromper uma tensão

máxima de 250 V, portanto, não seria possível aplicar este disjuntor em um circuito

de 400 V. Como forma de contornar este problema, é realizada a conexão em série

dos polos do disjuntor (ilustrada pela linha verde no desenho), dessa forma a

capacidade de interrupção passa a ser de 500 V para o disjuntor de 2 polos, ou seja,

são somadas as capacidades de acordo com o número de polos do disjuntor. Na

mesma imagem, onde o disjuntor de 2 polos é capaz de interromper tensões de até

500 V, o disjuntor de 3 polos (centro da imagem) interrompe até 750 V, e o disjuntor

de 4 polos (direita da imagem) até 1.000 V.

Em relação às correntes, o valor nominal de corrente por polo é mantido. No

exemplo abaixo, um disjuntor de 100A, continuaria sendo capaz de interromper 100A

em cada polo, independentemente do número de polos.

Figura 61: exemplo de disjuntor c.c. com conexão em série. (Fonte: Schneider Eletric)

• CONEXÃO PARALELO

A conexão em paralelo, diferentemente da conexão em série, é destinada para

fontes com altos níveis de corrente. Utilizando o mesmo conceito aplicado aos

módulos fotovoltaicos, quando realizamos uma conexão em paralelo, ocorre a

divisão da corrente contínua igualmente nos polos do disjuntor.

87
Figura 62: exemplo de disjuntor c.c. com conexão em paralelo. (Schneider Eletric)

Na figura acima, o disjuntor de 100A recebe este valor de corrente em cada

polo. O disjuntor de 100A com 2 polos em paralelo (esquerda da imagem), será capaz

de suportar até 200A. O mesmo princípio se aplica para os demais, sendo capaz de

suportar em um modelo de 4 polos (direita da imagem), até 400A.

Figura 63: exemplo de disjuntor c.c. com conexão em paralelo. (Fonte: Schneider Eletric)

• CONEXÃO SÉRIE-PARALELO

Caso seja necessário atingir um determinado valor de tensão e corrente

compatíveis com o seu projeto, é possível realizar a associação série e paralelo

combinados.

88
Por exemplo, no caso da imagem abaixo, temos a associação série-paralelo

com um disjuntor de 4 polos, onde 2 polos em série (250V) estão em paralelo com

outros 2 polos (100A), caracterizando um conjunto para proteger um circuito de 500

V e 200A.

Figura 64: exemplo de disjuntor c.c. com conexão série e paralelo combinados. (Fonte: Schneider Eletric)

9.3.1.2 DISJUNTOR C.A.

Os disjuntores destinados às aplicações em corrente alternada,

diferentemente dos disjuntores c.c., possuem características mais comuns ao público

geral. Estes disjuntores possuem os mesmos princípios de funcionamento com

relação à proteção contra sobrecorrentes, porém os conceitos de associação de

polos em série e paralelo não são aplicáveis. Os disjuntores c.a. destinados para uso

residencial, podem ser encontrados e classificados em 3 diferentes versões no

mercado, de acordo com as suas curvas de atuação.

9.3.1.2.1 DISJUNTORES PARA USO RESIDENCIAL

89
As letras B, C e D fazem parte da nomenclatura que define a característica da

curva do disjuntor, com diferentes valores para a proteção magnética do disjuntor.

Cada uma das 3 versões possui curvas magnéticas diferentes como mostrado abaixo:

Figura 65: Exemplos de curvas magnéticas de um disjuntor. (Fonte: Delta automação)

A razão pela qual existem as diferentes curvas está na aplicação. Como diretriz

básica, é possível classificá-las conforme abaixo:

• Curva B: voltada para circuitos resistivos, circuitos com cabos muito longos e

geradores;

• Curva C: voltada para circuitos de iluminação fluorescente, tomadas de

corrente e aplicações gerais.

• Curva D: voltada para circuitos com alta demanda de corrente, como por

exemplo motores e transformadores.

9.3.1.2.2 DISJUNTORES PARA USO INDUSTRIAL

Os disjuntores destinados para aplicações industriais, além de possuírem uma

norma dedicada (ABNT NBR IEC 60947-2), não possuem as classificações de curva

como mostrado acima (B, C ou D), mas sim os chamados disparadores, que podem

ser fixos, ajustáveis ou eletrônicos. Neste caso, o projetista tem a flexibilidade e

90
autonomia para definir os próprios ajustes da curva do disjuntor, de forma a definir a

melhor proteção para a instalação.

Figura 66: Exemplos de disjuntores com disparador fixo, ajustável e eletrônico. (Fonte: Schneider Eletric)

9.3.2 FUSÍVEIS

Os fusíveis são dispositivos de proteção contra sobrecorrentes, porém, com

características muito diferentes dos disjuntores que são capazes de suportar e

interromper as sobrecorrentes diversas vezes durante a sua vida útil. Os fusíveis são

caracterizados por serem dispositivos que após interromper a sobrecorrente no

circuito, devem ser substituídos.

Isso acontece por conta da fusão de seu elemento metálico interno, conhecido

como elemento fusível, que permite a circulação da corrente em condições normais

do circuito. Este elemento é fundido e rompido quando a corrente atinge o valor para

o qual o fusível foi projetado a interromper. Desta forma, o circuito é interrompido e,

portanto, desarmado.

91
Figura 67: Características básicas de um fusível
(Fonte: Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR).

São muitos os modelos e tipos de fusíveis encontrados no mercado, como por

exemplo os fusíveis gPV, tipo faca, NH, DIAZED, rolha entre outros. A principal

diferença entre os tipos de fusíveis são:

• Aplicação: Diferentemente dos disjuntores, o fusível, por conta de suas

dimensões reduzidas, é utilizado em diversas aplicações, que variam desde a

proteção de pequenos circuitos de automóveis, instalações elétricas, ou ainda

para a proteção de motores elétricos. Além disso, os fusíveis também podem

ser utilizados em circuitos de baixa tensão, média tensão, alta tensão e

corrente contínua.

• Ponto de fusão: O ponto de fusão tem papel importantíssimo na escolha de

um fusível. Na medida em que se deseja obter um tempo de atuação

específico, pode-se utilizar, por exemplo, fusíveis ultrarrápidos. Este tipo de

dispositivo possui um elemento fusível constituído de um material condutor

de baixo ponto de fusão, tornando sua interrupção extremamente rápida. As

propriedades materiais desses condutores é o que define a velocidade de

atuação do dispositivo. São comuns elementos como: cádmio, chumbo,

estanho, prata e outras ligas.

92
• Material isolante: Por fim, o material isolante de um fusível também

contribui na escolha de um dispositivo adequado para a sua aplicação. Sua

função tem por objetivo a extinção do arco elétrico que ocorre no momento

do rompimento do elemento fusível, ou seja, a sua principal função é proteger

operadores e o próprio circuito de arcos indesejados. Em contraponto ao

elemento fusível, o material isolante possui um ponto de fusão muito elevado,

suportando assim o calor durante o rompimento do elemento fusível. Os

materiais isolantes mais utilizados no mercado são: vidro, cerâmica, plástico,

entre outros.

Figura 68: Alguns modelos comuns de fusíveis. (Fonte: Manutenção e Suprimentos)

A tabela abaixo relaciona as diversas nomenclaturas disponíveis para esses

dispositivos, de acordo com a aplicação desejada:

93
9.3.2.1 CURVAS DE ATUAÇÃO

Os fusíveis são dispositivos que possuem uma série de variações,

características e aplicações. Cada um de seus diversos modelos, apresentam uma

curva de atuação muito similares àquelas vistas nos disjuntores e a sua interpretação

também pode ser realizada da mesma forma. A principal diferença fica relacionada a

incapacidade de ajuste e de sua precisão. Previamente, foram expostas curvas para a

proteção de sobrecarga e curto-circuito, onde o dispositivo definia de maneira

objetiva suas regiões de atuação. Para os fusíveis, a curva tem uma característica um

pouco mais linear, não possuindo as regiões de atuação muito bem definidas, porém

pode ser suficiente de acordo com a aplicação.

94
Figura 69: Curvas de atuação de um fusível gPV. (Fonte: Portuguese.uchidg.com)

9.3.2.2 FUSÍVEIS C.C. E C.A.

No conteúdo de disjuntores, foi visto que a interrupção da corrente alternada

em um circuito é mais simples devido ao ciclo de operação, onde em diversos

momentos teremos a tensão em 0 V, facilitando o trabalho da interrupção e extinção

do arco elétrico. A corrente contínua não se altera e não circula pelo zero, portanto a

energia para desarmar o circuito é muito maior, consequentemente a extinção do

arco é mais complexa.

Devido a essas características, é considerado que o princípio de

funcionamento dos fusíveis é o mesmo, tanto para corrente alternada quanto

contínua, porém os dispositivos destinados à proteção c.c. possuem características

construtivas diferentes. Além dos níveis de corrente e tensão aplicáveis, outra

95
diferença do fusível c.c. está em sua câmara de extinção de arco, devido à grande

energia gerada no momento de interrupção do fusível.

Figura 70: Porta fusível c.c. (Fonte: Schneider Eletric)

9.4 STRING BOX

De acordo com a norma ABNT NBR 16690, a stringbox é o elemento de

conexão entre os subarranjos, séries ou módulos, além de alojar os dispositivos de

proteção e manobra de acordo com os requisitos da instalação e normas aplicáveis.

Os elementos de proteção contidos em uma stringbox possuem a finalidade de

garantir a segurança do usuário, dos componentes da instalação e desempenho do

sistema.

Figura 71: String Box (Fonte: Proauto).

A escolha da string box permite a montagem de diversas topologias para o

arranjo, sendo em alguns casos externa ou até mesmo integrada ao inversor

96
fotovoltaico, como por exemplo o inversor Fronius Eco, que possui os componentes

de proteção internos.

Figura 72 - Fronius ECO com String Box Integrada (Fusíveis + DPS). (Fonte: Fronius)

O item “4.3.3 Esquemas elétricos de arranjos fotovoltaicos” da ABNT NRB

16690, apresenta as configurações elétricas básicas de arranjos fotovoltaicos, sendo

responsabilidade do projetista verificar qual o esquema mais adequado ao seu

projeto, bem como os componentes de proteção necessários.

Os esquemas elétricos de arranjos fotovoltaicos de acordo com a ABNT NBR

16690 contemplam cenários distintos para cada aplicação:

1. Arranjo fotovoltaico com apenas uma série fotovoltaica;

2. Arranjo fotovoltaico com múltiplas séries fotovoltaicas;

3. Arranjo fotovoltaico com múltiplos sub arranjos fotovoltaicos;

4. Arranjo fotovoltaico com UCP 3 (unidade de condicionamento de

potência) com múltiplas entradas em corrente contínua com SPMP 4

(segmento do ponto de máxima potência) individuais.

3
UCP é um termo equivalente para designação de inversor.
4
SPMP é um termo equivalente em inglês para Maximum Power Point Tracking – MPPT.

97
Figura 73: Arranjo Fotovoltaico com String Box. (Fonte: Fronius)

É importante destacar que o inversor fotovoltaico é alimentado pela

infraestrutura c.a. (rede pública) e c.c. (arranjo local), sendo necessário separar os

dois sistemas, de acordo com a norma ABNT NBR 5410 (item 4.2.5.7). Neste sentido,

não se deve utilizar a mesma string box para os componentes e condutores c.a. e c.c.

Sempre verifique com o fornecedor do equipamento o atendimento ao conteúdo das

normas vigentes.

9.4.1 PRINCIPAIS COMPONENTES

A string box é composta por 4 principais componentes:

• Quadro de proteção: este é o elemento onde todos os outros

componentes da string box ficam alocados, a função principal é a

proteção dos itens contra intrusão, poeira, contato acidental e água. Os

modelos de quadro são classificados de acordo com o Índice de

Proteção Internacional (IP), podendo variar de acordo com o ambiente

de aplicação do quadro, interno, externo, atmosfera corrosiva, exposição

a poeira e líquidos (exemplo: string box com IP-54 – proteção contra

98
poeira e contato a partes internas no invólucro e contra projeção de

água em qualquer direção).

Figura 74 - Grau de proteção Norma IEC 60529. (Fonte: IEC 60529)

• Chave seccionadora c.c.: este componente tem a função de

interrupção, ou seja, é utilizado para conectar ou desconectar um

circuito elétrico, o arranjo (c.c.) no caso do sistema fotovoltaico.

Existem vários modelos de interruptores, podendo ter mais de uma

posição. A característica principal da chave é garantir que não haja

risco de choque elétrico, por exemplo, durante o processo de

manutenção. É importante ressaltar que a chave seccionadora utilizada

na string box é um interruptor c.c. e, portanto, não devemos utilizar

modelos c.a. para esta função, pois possuem características de

aplicação distintas.

99
Figura 75: Chave seccionadora (Fonte: Viewtech).

Dica: para os inversores Fronius da linha SnapINverter (Primo, Symo, Symo BR e ECO),

a chave seccionadora fica disposta na base que é separada do corpo do inversor,

sendo assim, não seria necessário o uso de uma chave externa, pois para esta

situação o equipamento Fronius atende ao requisito mínimo exigido pela norma

ABNT NBR 16690. Ressaltamos que o projetista deve sempre atender aos parâmetros

mínimos exigidos pela norma.

Figura 76: Indicação da chave seccionadora dos inversores Fronius da linha SnapINverter. (Fonte: Fronius)

Para os equipamentos onde a chave não pode ser separada do “corpo” do inversor,
torna-se essencial a utilização de uma chave externa.

• Dispositivo de proteção: a string box possui componentes como

fusível e disjuntor, que são direcionados a proteção do sistema

fotovoltaico e da instalação elétrica. A norma ABNT NBR 16690 indica,

100
de acordo com o tipo de arranjo selecionado, como será o uso destes

componentes junto a string box.

Figura 77: String BOX (Fonte: Canal Solar)

Dica: dependendo do arranjo escolhido e da quantidade de séries fotovoltaicas, o

uso da proteção pode ser opcional. Ressaltamos que o projetista deve sempre

atender aos parâmetros mínimos exigidos pela norma.

• Dispositivo contra sobretensão (DPS): de acordo com a norma ABNT

NBR 16690:
“Os DPS são incorporados em instalações elétricas para limitar

sobretensões transitórias de origem atmosférica (transmitidas pelos

sistemas de alimentação, sejam eles em corrente alternada, corrente

contínua ou ambos), e surtos decorrentes de manobras”,

portanto possuem funções distintas aos fusíveis e disjuntores, sendo

essenciais dada a exposição do sistema. Existem algumas características

importantes vinculadas ao DPS, a primeira é que este componente

possui uma vida útil e deve ser substituído caso atingida, além disso há 3

classes de DPS e a escolha dá-se pela aplicação, sendo bastante comum

o emprego das classes I+II. Alguns modelos de inversor podem possuir a

string box integrada (interna), já com DPS pronto para uso, por exemplo

o inversor Fronius Eco. Neste caso, o próprio DPS possui comunicação

101
com o Inversor, sendo possível verificar o acionamento via

monitoramento.

Figura 78: DPS. (Fonte: Clamper)

Observação: Informações sobre o modo de funcionamento e dimensionamento

deste dispositivo podem ser encontradas no capítulo sobre aterramento de sistemas

FV.

9.4.2 SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Nesta seção, serão destacados alguns pontos importantes para seleção dos

equipamentos de proteção do arranjo e da string box, não efetuaremos nenhum tipo

de cálculo dimensional, além disso ressaltamos que o projetista deve sempre

orientar-se pelas normas vigentes para escolha dos equipamentos mais adequados

para o seu projeto. Também é importante observar a necessidade de aplicação

destes itens, sendo que em muitos casos não são necessários, otimizando os custos

do projeto.

• Chave seccionadora c.c.: de acordo com o item 6.3.7.3 da ABNT NBR

16690, a chave ou dispositivo seccionador deve ser aplicado de forma a

garantir o isolamento entre arranjo fotovoltaico e o inversor, para que

102
seja possível executar manutenções no equipamento, ou seja, na maioria

dos casos é necessário adicionar a chave seccionadora na string box,

mesmo que o inversor já possua tal item, em alguns modelos como os

da linha SnapINverter Fronius, a chave fica localizada em uma base de

conexão separada do inversor, que pode ser removido para

manutenção.

Figura 79: Item 6.3.7.3 da norma ABNT NBR 16690. (Fonte: Solarize)

Dica: para os inversores da linha SnapINverter Fronius (Primo, Symo e ECO), não

haveria necessidade de uma chave adicional, pois a chave do inversor fica localizada

na base que é separada do equipamento, permitindo a sua remoção para

manutenção.

• Dispositivo de proteção (Fusível/Disjuntor): abaixo, verificamos o

trecho da norma ABNT NBR 16690 sobre a utilização das proteções

contra sobrecorrente. A equação deve ser aplicada a cada projeto, mas

de forma geral o resultado é a aplicação de fusíveis apenas em situações

onde o arranjo possui mais de duas strings, desta forma seria garantida

a proteção a corrente reversa.

103
Figura 80: Item 5.3.9 da norma ABNT NBR 16690. (Fonte: Solarize)

Dica: neste tipo de situação, o projetista pode escolher um arranjo onde seria

eliminada a obrigatoriedade destas proteções, otimizando custos para o projeto, ou

até mesmo optando por utilizar um inversor com fusíveis integrados, como é o caso

da linha Fronius Eco.

• Dispositivo de proteção contra sobretensão (DPS): O sistema de

proteção conta descargas atmosféricas sempre é alvo de discussões no

mercado fotovoltaico, porém todos os requisitos são abrangidos pela

norma ABNT NBR 5419, ou seja, é papel do instalador dimensionar tal

proteção de acordo com as exigências ou adequar a instalação, caso o

projeto já exista. Este assunto é tratado com mais detalhes no

respectivo capítulo.

Figura 81: Item 5.4.1 da norma ABNT NBR 16690. (Fonte: Solarize)

104
Dica: Assim como acontece com a proteção contra sobrecorrente, existem modelos

de inversores que já possuem o DPS integrado, o que pode representar diminuição

de custo no projeto.

10 INVERSOR FOTOVOLTAICO

Existem diversas tecnologias de inversores fotovoltaicos, sendo os inversores

do tipo string um dos modelos mais utilizados em aplicações residenciais, comerciais

e industriais de pequeno porte. Neste capítulo, serão abordadas algumas de suas

principais funções.

10.1 DEFINIÇÃO

O inversor é um dos principais componentes de um sistema fotovoltaico,

comumente chamado pelo mercado de “cérebro do sistema”. A sua principal função

é a conversão de energia c.c. para c.a., porém sua finalidade não se limita a isso,

sendo responsável pelo gerenciamento de energia da instalação, controle de

qualidade da rede local dentre outras funções. Os módulos fotovoltaicos são

dispostos em arranjos, conectados às MPPTs do inversor, de forma a gerar corrente

elétrica suficiente para a conversão de energia (c.c. para c.a.) com a finalidade de

alimentar as cargas da instalação.

c.c.

105
c.a.

Figura 82: Exemplo de sistema fotovoltaico on-grid com inversor Fronius.

10.2 MPPT (MAXIMUM POWER POINT TRACKER)

A MPPT é um conversor com capacidade de rastrear o ponto de máxima

potência com base na curva de geração I-V do arranjo fotovoltaico.

A variação da corrente gerada pelo arranjo fotovoltaico dá-se pela variação da

irradiância no próprio arranjo. A maioria das curvas I-V encontradas nas folhas de

dados dos módulos têm como referência o valor de irradiação de 1.000 W/m². A

lógica de controle da MPPT do inversor Fronius, por exemplo, ocorre através do

fenômeno de P&O (perturbação e observação), ou seja, são realizadas variações de

tensão, dentro de um certo intervalo de valores (conhecido como faixa de tensão da

MPPT), de forma a buscar sempre o ponto mais eficiente de potência dado pela

relação I-V (corrente x tensão).

106
Figura 83: Curva I-V e P-V do arranjo FV com atuação da MPPT em função da tensão. (Fonte: Canal Solar)

Conforme visto no tópico de arranjo FV, e exibido na curva acima, a corrente

de curto-circuito (Isc) representa a corrente máxima do arranjo que será conectada à

MPPT do inversor (este valor não deve exceder os limites determinados pela folha de

dados do mesmo). Já a tensão de circuito aberto (Voc) é a tensão do módulo

multiplicada pela quantidade de módulos presentes na string e também não deve

ultrapassar o valor estipulado na folha de dados do inversor.

Figura 84: Folha de dados Inversor Fronius Primo.

Com base no datasheet acima, é possível verificar que a corrente máxima

suportada pela MPPT de um inversor Primo 6.0-1 (6 kW) é de 27 A. Lembrando que o

inversor não irá trabalhar neste patamar de corrente, trata-se apenas do valor

máximo permitido para dimensionamento e conexão. O mesmo acontece em relação

107
a tensão, ou seja, o inversor possui um valor máximo de 1.000 V e faixa de operação

de tensão, conforme indicado no datasheet, como “Faixa de tensão MPP”.

Como exemplificado no gráfico abaixo, observamos que a faixa de tensão se

inicia em 270 V e se estende até 800 V, isto significa que o ponto ótimo de trabalho

estará dentro destes valores, garantindo a melhor eficiência e maior geração por

parte do inversor.

Figura 85: Curva de Eficiência Inversor Fronius Primo 8.2 kW.

Os inversores podem trabalhar com uma ou múltiplas MPPTs e, sua seleção

depende basicamente do número de orientações diferentes para os módulos, que

são encontradas na instalação. Cabe ao instalador e ao projetista sempre avaliar este

tipo de situação para cada uma das aplicações, e não simplesmente enxergar o

sistema fotovoltaico como um item padronizado.

10.3 TIPOS DE INVERSORES

O modelo do inversor fotovoltaico irá indicar qual o tipo de sistema escolhido,

sendo possível três variantes: on-grid, off-grid e híbrido (on-grid com bateria).

108
Figura 85: Inversor Fronius Symo (on-grid).

• Inversor on-grid: este é o modelo mais comum no mercado, representando

uma grande parcela das aplicações fotovoltaicas. Este inversor trabalha

conectado à rede de distribuição, ou seja, a energia gerada e convertida por

ele, pode ser utilizada pelas cargas da instalação e, o excedente de energia

será injetado na rede. Em caso de falha na rede de distribuição, o inversor

aciona a proteção de anti-ilhamento e desconecta-se da rede, interrompendo

o seu funcionamento.

Figura 87: Exemplo de Geração e Consumo de Energia Diário com Inversor Fronius.

• Inversor off-grid: este modelo é utilizado para aplicações sem a presença de

uma rede de distribuição, ou seja, são sistemas conhecidos como “sistemas

isolados”. Áreas rurais, em meio a florestas, embarcações e rodovias, são hoje

109
suas principais aplicações. Geralmente são sistemas de potência mais baixa

quando comparados aos modelos on-grid. Outra diferença é a presença de

um sistema de armazenamento (baterias), capaz de coletar a energia gerada

durante o dia para ser utilizada em período noturno ou em momentos de

baixa produção de energia solar (dias nublados, sombreamento etc.).

Figura 86: Sistema Fotovoltaico Off-grid. (Fonte: Solar Brasil)

• Inversor on-grid com bateria: trata-se de um inversor que trabalha

conectado à rede, e adicionalmente permite sua conexão a um sistema de

armazenamento (bancos de baterias), de forma a obter a máxima eficiência

energética da instalação. Uma das principais funções deste tipo de inversor é

o backup, ou seja, em caso de falha da rede de distribuição, as cargas serão

alimentadas com a energia armazenada nos bancos de baterias. Além disso, é

possível utilizar a energia destes bancos em período noturno, em momentos

de baixa produção de energia solar (dias nublados, sombreamento etc.) ou

gerenciando a injeção de energia na rede de distribuição.

110
Figura 87: Sistema Fotovoltaico Híbrido com Inversor Fronius GEN24 Plus.

10.4 COMO ENTENDER A FOLHA DE DADOS (DATASHEET)?

Com o objetivo de auxiliar instaladores e projetistas a obterem informações

rápidas e indispensáveis no dia a dia a respeito dos equipamentos que compõe o

sistema FV, a folha de dados (datasheet) se torna essencial para esses profissionais.

As folhas de dados possuem muitas informações, por isso é necessário

entendê-las. Abaixo será interpretada a folha de dados de um inversor separada por

seus principais conceitos.

10.4.1 ENTRADA EM CORRENTE CONTÍNUA (C.C.)

O lado c.c. do inversor corresponde à entrada de um sistema FV, onde se

conectam os módulos fotovoltaicos. Utilizando como exemplo a folha de dados do

inversor Fronius Primo, alguns pontos importantes serão destacados:

111
Figura 88: Folha de dados Inversor Fronius Primo.

• Corrente de entrada máx. (Icc máx 1/Icc máx 2) e Corrente de curto-

circuito máxima (MPP1/MPP2):

A folha de dados fornece, nesses dois pontos, as informações relativas às

correntes nominais e de curto-circuito do inversor. As correntes nominais de 12,0

A/12,0 A são os valores indicados de corrente nominal para as duas entradas MPPT

do inversor, ou seja, tanto a MPPT1, quanto a MPPT2, suportam 12,0 A cada.

Na linha de baixo, são observados os valores 18,0 A/18,0 A. Estes são valores

referentes às correntes de curto-circuito do inversor. Portanto, 18,0 A é o valor

máximo de corrente que o inversor poderá suportar em cada uma das MPPTs. Este

valor, muito acima da capacidade nominal do inversor, assegura a possibilidade de

oversizing do inversor de até 150 % (este assunto será abordado no tópico específico

presente neste capítulo).

Tanto os valores de correntes nominais, quanto os valores de correntes de

curto-circuito, estão relacionados com o mesmo conceito adotado para os módulos

FV (Imp e Isc). Caso o arranjo fotovoltaico escolhido para o projeto utilize strings em

paralelo, haverá um aumento da corrente (devido à Lei de Kirchhoff) que os módulos

poderão gerar de acordo também com a irradiação do local da instalação.

112
Figura 89: Arranjo FV com strings em paralelo. (Fonte: O Setor Elétrico)

• Tensão inicial de operação (Ucc start ), Tensão de entrada máxima (Ucc

max ) e Faixa de tensão MPP

Figura 90: Folha de dados Inversor Fronius Primo.

A Tensão inicial de operação (Ucc start ), também conhecida como tensão

de partida do inversor, indica o valor mínimo no qual o inversor precisa para iniciar

sua operação. Para o exemplo em questão, este valor é de 80 V. Este valor pode ser

atingido facilmente com a utilização de 2 ou 3 módulos em série.

Por conta da faixa de tensão MPP, a operação em 80 V não garantirá a melhor

eficiência do inversor. No entanto, a possibilidade de o inversor iniciar com valores

baixos de tensão, traz benefícios para o sistema FV, como iniciar sua geração mais

cedo e cessar a produção de energia mais tarde, estendendo o período de geração

de energia ao longo do dia.

113
A Tensão de entrada máxima (Ucc max ) representa o valor máximo de

tensão suportável pelo inversor. Esse limite deve ser considerado durante o

dimensionamento da string, como visto no tópico de arranjo fotovoltaico, cujo valor

de tensão se dá através do agrupamento de módulos em série.

Figura 93: Agrupamento de módulos em série (string). (Fonte: Canal Solar)

A Faixa de tensão MPP tem como principal objetivo exibir a faixa de tensão

onde a MPPT (responsável por localizar o ponto de maior potência do arranjo)

consegue trabalhar com a melhor eficiência possível. No exemplo, essa faixa é de

200A 800 V. Logo, para que o inversor opere em sua melhor eficiência, essa faixa de

tensão deverá ser respeitada.

Satisfazendo as 3 condições acima citadas, o dimensionamento do arranjo FV

estará de acordo com os limites do inversor e melhor eficiência da instalação.

• Número de rastreadores MPP e Número de entradas CC

114
Figura 91: Folha de dados Inversor Fronius Primo.

A MPPT é importante para assegurar que a máxima potência c.c. do arranjo

seja extraída e convertida pelo inversor em c.a. Em instalações com diferentes

orientações, possíveis sombreamentos, ou mesmo com diferentes configurações,

uma boa alternativa é a divisão desses arranjos, e torná-los independentes, isto é,

conectá-los em diferentes MPPTs. Dessa forma, a eficiência máxima para cada parte

do arranjo será garantida, e o inversor atuará como “dois inversores

independentes”, um para cada arranjo. Neste exemplo, o Número de rastreadores

MPP do inversor é de 2 MPPTs.

O Número de entradas CC diz quantas conexões ou bornes o inversor possui

por MPPT. Para esse exemplo, temos indicado “2+2”, que representa duas entradas

para cada MPPT do inversor (conforme imagem abaixo).

Figura 92 - conexões das MPPTs (Fronius Primo).

115
• Potência máx. dos módulos (Pcc máx )

Figura 93: Folha de dados Inversor Fronius Primo.

Este valor representa qual a máxima potência de módulos FV que poderá ser

conectada no inversor. Geralmente, este valor é superior à sua potência nominal.

Este conceito é conhecido como oversizing, ou sobrecarregamento do inversor em

seu lado c.c. (esse tema será abordado no tópico específico deste capítulo).

10.4.2 SAÍDA EM CORRENTE ALTERNADA (C.A.)

O lado c.a. do inversor corresponde à saída de um sistema FV, onde é feito o

acoplamento à rede elétrica. Utilizando como exemplo a folha de dados do inversor

Fronius Primo, alguns pontos importantes serão descritos abaixo.

Figura 94: Folha de dados Inversor Fronius Primo.

116
A Potência nominal CA (Pca, r ), traz o valor da potência ativa (W) máxima

que o inversor é capaz de injetar na rede, e a Potência de saída máxima representa

o valor da potência aparente (VA).

É possível ajustar o fator de potência do inversor, na faixa de 0,85 a 1 (indutivo

ou capacitivo), porém este valor é configurado como sendo 1 de fábrica, ou seja, sem

a presença de potência reativa. Por isso os dados de potência ativa e aparente estão

indicados com mesmo valor.

A Corrente nominal de saída CA (Ica nom ) exibe o valor de corrente nominal

que o inversor injeta na rede durante a sua operação em momentos de máxima

geração. Outros dados como Conexão à rede (faixa de tensão) e Frequência

nominal, são informações necessárias para a escolha do inversor de acordo com a

rede local da instalação.

Figura 95: Diagrama exibindo a injeção de corrente na rede elétrica.

Quanto à Distorção harmônica total é indicado o valor < 5 %. Este dado

demonstra o quanto o inversor é capaz de comprometer a rede elétrica com a sua

conexão, distorcendo de alguma maneira a forma de onda senoidal da rede elétrica.

Esses dados estão de acordo com os limites definidos e estabelecidos pela norma

ABNT NBR 16149. Estes são valores aceitáveis para a sua conexão sem que haja o

comprometimento do funcionamento de certas cargas conectadas na sua instalação.

117
Figura 96: Exemplo de uma onda senoidal submetida a uma alta taxa de distorção harmônica.
(Fonte: Unicamp)

10.4.3 INFORMAÇÕES GERAIS

Ainda como parte da folha de dados do inversor, temos informações gerais do

produto, sendo: dimensões do equipamento, peso, grau de proteção, tecnologia de

resfriamento, temperatura máxima e mínima de operação entre outros, conforme

indicado abaixo:

Figura 97: Folha de dados Inversor Fronius Primo.

Por fim, o datasheet traz ainda informações sobre a eficiência e desempenho

do produto. Conforme ilustrado a seguir:

118
Figura 98: Dados de Eficiência do Inversor Fronius Primo.

10.5 EFICIÊNCIA

Os dados de eficiência encontrados na folha de dados dos inversores

representam o desempenho do equipamento com relação à sua conversão de

energia c.c. para c.a.

A Máxima eficiência ilustra a conversão de energia do inversor sob suas

melhores condições, representada no gráfico abaixo.

Figura 99: Curva de eficiência do Inversor Primo.

A Eficiência europeia (ηEU) traduz também a eficiência do inversor com

relação a conversão de energia, porém esta, trabalha relacionando diferentes

proporções de eficiência de acordo com o seu carregamento. A fórmula abaixo

explica como é realizado esse cálculo:

119
𝜂𝜂𝐸𝐸𝐸𝐸 = 0.03𝜂𝜂5% + 0.06𝜂𝜂10% + 0.13𝜂𝜂20% + 0.10𝜂𝜂30% + 0.48𝜂𝜂50% + 0.20𝜂𝜂100%

10.6 VENTILAÇÃO

Atualmente existem duas tecnologias para regular a temperatura de operação do

inversor e garantir a máxima potência e um boa produção de energia

respectivamente. Além disso, a escolha por uma dessas técnicas pode causar um

efeito considerável na vida útil dos componentes eletrônicos que compõem o

inversor.

• Ventilação natural (ou passiva): depende basicamente da convecção

natural. Grandes dissipadores de calor, normalmente na parte traseira do

inversor, são utilizados para manter a temperatura interna do equipamento

mais baixa. Os dispositivos que utilizam essa tecnologia tendem a ser mais

pesados e podem possuir partes expostas que ficam extremamente quentes,

tornando-se perigoso para os operadores.

Figura 100: inversor fotovoltaico com ventilação natural.

120
• Ventilação forçada (ou ativa): o objetivo é ativamente evitar o aquecimento

dos componentes com a utilização de ventiladores internos para dissipar o ar

quente de uma maneira controlada e segura para operação do equipamento.

Figura 101: inversor fotovoltaico Fronius com ventilação ativa.

Inversores que possuem ventilação passiva tendem a possuir uma

quantidade maior de MPPTs, ou seja, com menores arranjos fotovoltaicos (menos

módulos e strings), pois a temperatura está diretamente vinculada a capacidade de

corrente do equipamento. Enquanto isso, os inversores com ventilação ativa

permitem a construção de maiores arranjos, pois dissipam calor de uma forma mais

inteligente.

É extremamente importante que o inversor possua um bom sistema para

troca de calor, pois conforme mencionado, a temperatura elevada tem um efeito

negativo na vida útil dos componentes eletrônicos internos do inversor. Uma regra

prática frequentemente citada para a confiabilidade de capacitores em eletrônica é

que, para cada aumento de temperatura de 10 °C pode-se reduzir a vida útil

destes componentes pela metade (a Erro! Fonte de referência não


encontrada.104 demonstra esse comportamento).

121
Figura 102: Taxa de falha sujeita à temperatura e período de operação.

Evidentemente, temperaturas elevadas por um longo período de tempo,

aumentam a taxa de falhas drasticamente e reduzem a vida útil do componente.

Olhando para o aumento de temperatura de 110 °C para 120 °C, por exemplo, é

evidente que a vida útil é reduzida pela metade. Essas temperaturas podem parecer

muito elevadas para um inversor que irá operar em temperaturas ambientes entre

10 °C e 60 °C, mas essas temperaturas podem ser atingidas pelos componentes

internos ao inversor, como por exemplo, capacitores e IGBTs (transistores).

Na figura abaixo, uma câmera termográfica foi utilizada para indicar a

distribuição de temperatura interna de um inversor, com ventilação passiva, em um

local cuja temperatura ambiente é de 55 °C (algo que comumente pode ser atingido

em diversas cidades no Brasil). Nessas condições, um componente eletrônico atingiu

a temperatura de 113 °C, mas de acordo com as especificações do fabricante de

componentes eletrônicos, a máxima temperatura permitida é de 110 °C.

122
Figura 103: Distribuição de temperatura interna de um inversor com ventilação passiva em temperatura
ambiente de 55 °C (P= 5 kW, Umpp = 260 V) (Fonte: Fronius).

Podemos observar, através do gráfico abaixo, o comportamento da elevação

de temperatura ambiente em relação à potência de saída do inversor. É possível

notar que a partir de determinadas temperaturas ambientes, ocorre a

desclassificação do inversor, onde o mesmo reduz sua potência de saída para fins de

proteção do equipamento. Lembrando que essa desclassificação acontece de acordo

com diferentes níveis de tensão da string (vide legenda de cores das curvas).

Figura 104: Gráfico de Desclassificação por Temperatura do Inversor Primo.

123
As vantagens e desvantagens das duas tecnologias de ventilação podem ser

comparadas da seguinte forma:

• Ventilação natural (ou passiva):

• Nível de ruído: inversores com ventilação passiva usualmente possuem

um baixo nível de ruído, pois não possuem ventiladores;

• Eficiência: está diretamente ligada a temperatura do local de instalação

do inversor, porém a ventilação passiva tende a ser menos eficiente devido

a troca de calor ser apenas natural;

• Menores rendimentos: com a ventilação passiva, a desclassificação de

potência do inversor ocorre em temperaturas ambientes mais baixas,

diminuindo a geração de energia ao longo do dia.

• Ventilação forçada (ou ativa):

• Nível de ruído: inversores com ventilação ativa usualmente possuem nível

mais alto de ruído devido a utilização de ventiladores, porém os

ventiladores são acionados apenas em alguns períodos durante a geração,

onde se demanda a refrigeração do equipamento;

• Garantia da vida útil dos componentes: devido a troca de calor mais

eficiente, torna-se mais difícil que os componentes eletrônicos atinjam

temperaturas elevadas que possam prejudicar o seu tempo de serviço;

• Flexibilidade de instalação: maior possibilidade de arranjos, por possuir

uma faixa mais ampla tensão e corrente, e garantindo diferentes

posicionamentos do inversor na instalação;

• Maiores rendimentos: com a ventilação ativa, a desclassificação acontece

de forma tardia, ou seja, apenas em temperaturas ambientes mais

elevadas, fazendo com que o inversor permaneça na potência de pico por

mais tempo, e assim gerando mais energia ao longo do dia.

124
10.7 SOMBREAMENTO

O sombreamento nas instalações causa redução da potência gerada pelos

módulos FV, o que resulta em um menor rendimento do sistema. Com as MPPTs

convencionais é difícil determinar o chamado Ponto global de máxima potência

(GMPP) em circunstâncias de sombreamento parcial.

Figura 105: Instalação Fotovoltaica com Sombreamento Parcial dos Módulos. (Fonte: Solar Brasil)

As sombras que afetam os módulos podem ser causadas por diversos fatores

como nuvens, construções próximas, torres, antenas e qualquer outro objeto que

esteja próximo à instalação. O sombreamento total da instalação diminui por

completo a potência do sistema FV, pois os módulos já não conseguem receber a

irradiação solar, afetando de forma íntegra a curva I-V do arranjo. Já o

sombreamento parcial, altera parcialmente o formato da curva I-V,

consequentemente da curva de potência, trazendo problemas ao rastreador do

ponto de máxima potência (MPPT).

Para entender os efeitos do sombreamento total e parcial, utilizou-se como

base um estudo do Canal Solar [Fonte: https://canalsolar.com.br/efeito-das-

sombras-parciais-nos-sistemas-fv/ ].

• Caso 01: Sombreamento total sobre uma string com 10 módulos, onde a

corrente é limitada devido ao nível de irradiância que atinge os módulos. A

125
princípio, tem-se a impressão de que a curva I-V e P-V não foram afetadas em

razão de sua forma. Porém, analisando os valores mais a fundo no gráfico, é

notada a diminuição drástica da corrente (dependente da irradiância), mas

quanto à tensão da string, esta não sofre alterações, por ser dependente da

temperatura ambiente.

Figura 106: Sombreamento Total da String e Efeitos nas Curvas I-V e P-V (Fonte: Canal Solar).

• Caso 02: Sombreamento parcial de 2 módulos em uma string com 10 módulos,

onde a corrente é limitada apenas pelos 2 módulos sombreados. A mudança

de comportamento é notada tanto na curva I-V, quanto na curva P-V, criando

dois pontos de máxima potência, chamados de ponto local e ponto global.

126
Figura 107: Sombreamento Parcial na String e Efeitos nas Curvas I-V e P-V (Fonte: Canal Solar).

A função da MPPT é localizar o ponto de máxima potência do arranjo FV

através da variação forçada da tensão. Existem dois tipos de rastreadores, os de

MPPT fixa e de MPPT dinâmica, sendo este último, o que pode lidar melhor em

situações de sombreamento parcial, garantindo maior rendimento ao sistema FV.

A figura abaixo demonstra três curvas P-V de um mesmo sistema FV ao longo

do dia. Onde, as linhas pretas (08 h) e vermelha (09 h) representam situações de

sombreamento parcial, e a linha azul (12 h) é a potência sem sombreamento.

Um inversor com rastreador MPPT fixo, trabalhando nas condições das linhas

preta e vermelha, irá operar no ponto LMPP (ponto local de potência), ou seja, ele

ignora o ponto global da curva, desperdiçando energia. Caso essa seja uma sombra

frequente no sistema FV ao longo de toda a sua vida útil, como por exemplo pela

127
ação de uma antena de TV ou construção próxima, esta pode representar uma

grande perda energética.

Figura 108: Diagrama de Potência para Sistemas Fotovoltaicos com Sombreamento (Fonte: Fronius).

Os inversores com MPPT dinâmico podem lidar melhor com esse tipo de

situação, pois o seu rastreador pode encontrar o GMPP (ponto global de potência)

através de variações na tensão. Todos os inversores da linha Fronius possuem um

algoritmo denominado Dynamic Peak Manager (DPM), que agrega a função de

rastreamento do GMPP.

Utilizando como exemplo uma instalação residencial de 4 kW, é possível

observar no gráfico o comportamento do sistema com a utilização do algoritmo DPM

ligado e desligado.

128
Figura 109: Produção de Energia com e sem DPM (Fonte: Fronius).

Vale lembrar que estes resultados são aplicáveis a este sistema, pois os

rendimentos podem variar de acordo com as diferentes condições de cada

instalação. Como resultado, foi possível extrair as seguintes informações:

Rendimento diário sem o Dynamic Peak Manager 26,0 kWh

Rendimento diário com o Dynamic Peak Manager 26,5 kWh

Rendimento adicional diário +1,9 %

Energia adicional mensal 15 kWh

Tabela 1- Análise comparativa do Dynamic Peak Manager

A instalação com o DPM produziu um rendimento adicional diário de energia

de 1,9 %. Pode parecer um efeito mínimo para esta instalação, mas é necessário levar

em consideração que o sistema fotovoltaico trabalha todos os dias sob condições

diferentes, e que possui um tempo de operação estimado de 20 anos.

129
10.8 SOBRECARGA (OVERSIZING)

Todo sistema de energia não é 100 % eficiente, conceito que se mantém em

sistemas fotovoltaicos. Isso ocorre devido às perdas encontradas em uma instalação

FV (módulos, cabos, conexões e inversor). No caso do arranjo fotovoltaico, a sua

potência nominal quando equivalente a potência nominal do inversor, não garantirá

melhor eficiência na conversão de energia do sistema.

Devido a diversos fatores, como eficiência dos módulos, irradiação local,

temperatura ambiente, perdas ôhmicas, mismatching, degradação dos módulos etc.,

a potência até a entrada do inversor não é a mesma do que foi projetada.

Figura 110: Exemplo de diagrama de perdas, com destaque para perda por oversizing (Fonte: PVsyst).

130
O conceito de sobre dimensionar a potência do arranjo é uma prática comum

no mercado a fim de melhorar a eficiência e geração do sistema FV, pois está

relacionado também com os custos do projeto. O oversizing de um inversor, também

conhecido como overload ou sobrecarga, refere-se à adição de potência c.c. acima da

capacidade nominal do inversor. Por exemplo, se conectado 6 kWp de potência c.c.

ao inversor de 5 kW, tem-se um oversizing de 20 %.

Conforme o exemplo citado acima, o inversor pode atingir mais do que 5 kW

em sua entrada, onde o valor de pico é “clippado” na saída para no máximo a

potência nominal do inversor, porém os benefícios do oversizing sobrepõem os

efeitos do clipping (a seguir será detalhado o significado destes termos).

Inversores modernos e de boa qualidade, como Fronius, podem operar com

valores de oversizing de até 50% da potência nominal do inversor.

10.8.1 APLICAÇÃO

A figura abaixo ilustra duas possibilidades em uma mesma aplicação. A curva

vermelha representa a geração de energia de um inversor 4 kW conectado a um

arranjo de 4 kWp de potência c.c (situação sem oversizing e desconsiderando as perdas

do arranjo). A segunda possibilidade, representada pela curva azul, demonstra um

inversor de 4 kW conectado a um arranjo de 6 kWp, ou seja, com 50% de oversizing.

131
Figura 111: Modelo Ilustrativo Sobre o Oversizing dos Inversores. (Fonte: Fronius)

A grande vantagem do oversizing é o incremento de geração adicional,

representada pelo período em que o inversor permanece na sua potência nominal,

enquanto para a situação 1 (4 kW com 4 kWp de módulos) o inversor só atinge o pico

de potência ao meio-dia. Na situação 2 (4 kW com 6 kWp de módulos) o inversor

atinge o valor de pico por volta das 09 horas e lá permanece até às 15 horas, isso

representa o ganho de energia demonstrado pela área verde do gráfico, laterais da

curva (lembrando que cada instalação possui seu comportamento particular).

10.8.2 VIABILIDADE

Sempre devo utilizar 50% de oversizing? A resposta é não, pois isso irá variar

de projeto a projeto. O inversor possui essa capacidade, mas não significa que se

deve atendê-la sempre. A porcentagem de oversizing que será utilizada está

diretamente vinculada ao quanto quer se gerar de energia e ao quanto pode ser

investido na compra de mais módulos, portanto, não é apenas um cálculo de ganho

de energia. Além disso, diversas outras variáveis podem influenciar na decisão, como

a posição geográfica da usina, o histórico climático da região e se existe algum

sombreamento.

132
É bastante comum a aplicação da metodologia LCOE (Levelized Cost of Energy

- Custo Nivelado da Energia) para verificação de viabilidade econômica do projeto,

que inclui na análise o oversizing ótimo dos inversores de uma instalação. A fórmula

do LCOE relaciona os custos e investimentos da usina com a energia que será

produzida ao longo da operação em toda sua vida útil.

Para sistemas residenciais o impacto não é tão grande, pois a potência do

sistema geralmente é reduzida, e o custo adicional são de apenas alguns módulos.

Porém para sistemas de grande porte o impacto pode ser de centenas ou até

milhares de módulos, nesta situação é comum o uso de softwares de simulação.

Uma das principais vantagens é a redução de custo. Pelo preço de um

inversor de 5 kW, o equipamento será capaz de suportar até 7,5 kWp, possuindo o

benefício de entregar mais energia ao sistema, reduzindo os custos totais. Inversores

com um baixo rendimento c.c./c.a., ou até sem capacidade de oversizing, não

possibilitam essa redução, aumentando o custo por watt (R$/W) significativamente.

Em aplicações de telhado ou solo, o oversizing diminui o número de inversores

necessários, otimizando o custo inicial a ser investido, mas também o custo de

operação a longo prazo.

10.9 GERENCIAMENTO DE ENERGIA E AUTOMAÇÃO

Ao longo desse capítulo, foram abordadas diversas funções do inversor que

possibilitam gerar mais energia, porém para uma instalação mais eficiente é

necessário que o consumo também seja mais inteligente, extraindo o máximo do

potencial do sistema fotovoltaico.

A instalação pode se utilizar de cargas controláveis para aumentar o grau de

autoconsumo do sistema fotovoltaico, bem como buscar maior autonomia da rede

local. Autoconsumo significa consumir a energia produzida pelo sistema FV de

133
maneira instantânea, enquanto autonomia significa reduzir o máximo possível de

consumo de energia da rede de distribuição.

Para atingir este objetivo é necessário um conhecimento mais detalhado do

perfil de consumo da instalação, ou seja, quais são as cargas atuantes, qual o horário

de maior demanda, quais cargas podem ser controladas remotamente, dentre

outros fatores. Para visualizar estes dados, faz-se necessário o uso de um medidor

inteligente bidirecional, como o Smart Meter da Fronius, que monitora o consumo e

excedente de energia da instalação.

Figura 112: Produção e Consumo Diário de uma Instalação. (Fonte: Fronius)

No gráfico acima, uma forma de aumentar o autoconsumo é trazer os

elementos de consumo direto da rede (área branca) para dentro da área cinza

(excedente de energia fotovoltaica), aumentando assim o consumo direto do sistema

FV (área amarela).

O inversor pode agregar funções que auxiliam no autoconsumo. Os

inversores Fronius são equipados com interfaces que permitem o controle remoto de

cargas, ou seja, o inversor pode acionar equipamentos da instalação baseado em

definições do usuário, que será explicado seguir.

134
10.9.1 ACIONAMENTO DE CARGAS

O circuito abaixo demonstra um exemplo típico de conexão utilizando um relé

externo e uma chave manual conectando o inversor à carga.

Figura 113: Diagrama simplificado do uso das saídas do inversor para automação.

O Datamanager, placa de comunicação do inversor Fronius, possui interface

de I/Os (inputs e outputs – entradas e saídas), protocolo aberto de comunicação

modbus (RTU ou TCP/IP), que podem ser utilizados com o propósito de automatizar o

sistema.

135
Figura 114: Datamanager 2.0 e cartão de I/O's. (Fonte: Fronius)

O dimensionamento do relé se dá de acordo com a carga que será utilizada,

mas tipicamente são variáveis como tensão na bobina, tensão e corrente de

acionamento que definem qual modelo será utilizado.

Figura 115: Exemplos de relés externos que podem ser dimensionados de acordo com a carga. (Fonte:
Documento Fronius SE_WP_Energy_flow_management_using_the_four_digital_outputs.pdf)

O relé/carga fica conectado à uma das 4 saídas digitais configuráveis do

Datamanager. A seguir, será mostrado como configurar os parâmetros, desta forma

o inversor pode acionar de forma autônoma, por exemplo, uma carga que só seria

ligada manualmente no período noturno, elevando o autoconsumo e a

independência da instalação.

136
Figura 116: Diagrama Simplificado de Conexão das Cargas as Saídas.

• Ativando as saídas:

As cargas podem ser controladas com base no excedente de energia ou pelo

total de energia produzido pelo sistema fotovoltaico, que serão os valores de

acionamento das saídas digitais. Alguns exemplos de cargas são: bombas de piscina,

fontes de água, veículos elétricos, estações de carregamento, ar condicionado,

compressores etc.

O primeiro passo para ativar as saídas digitais é configurá-las através da

interface do Datamanager, para isso basta conectar um computador ou smartphone

ao inversor.

1. Selecione o menu “Setup” no display do inversor;

2. Selecione no menu o item “Ponto de acesso Wi-Fi”;

Figura 117: Ativando o ponto de acesso Wi-Fi no display do inversor. (Fonte: Fronius)

137
3. Conecte o seu dispositivo no Wi-Fi do inversor;

a. Procure pela rede Wi-Fi “FRONIUS_xxx.xxxxx” no seu dispositivo;

b. Estabeleça a conexão;

c. Insira a senha 12345678;

d. Abra o navegador e digite http://datamanager ou 192.168.250.181.

Após este procedimento, a página de configurações do Datamanager será

aberta. A figura 120 demonstra o mapeamento necessário para configurar as saídas.

Figura 118: Configuração do Mapa de I/O's. (Fonte: Fronius)

• Controle

Conforme mencionado, as saídas podem ser acionadas pelo excedente de

energia ou pelo nível de produção fotovoltaica. A primeira opção depende do uso do

Smart Meter na instalação, pois para calcular o excedente é necessário conhecer o

consumo. A segunda opção não necessita de medidor, pois a saída será acionada de

acordo com o nível de potência do inversor.

O acionamento é definido, então o inversor sabe em qual nível de potência a

saída deve ser ativada ou desativada. As cargas sempre devem ser configuradas com

138
o pequeno valor de offset (histerese), de forma a evitar a ativação e desativação

contínua, por exemplo, uma bomba de piscina de 1.000 W pode ser configurada para

ser acionada quando a potência do inversor atingir 1.200 W, e desativada quando a

potência atingir 0 W, o que resulta numa histerese de 200 W.

Para temporizar o acionamento deve-se selecionar um período de

funcionamento da carga, para evitar que a ativação do circuito ocorra de forma

muito frequente, nas situações em que o nível de produção de energia está variando

muito, como em um dia nublado.

Na tela de parametrização, serão inseridas as informações de acionamento e

temporização, assim como a priorização, pois caso sejam utilizadas várias cargas, é

necessário informar quais são as prioritárias para acionamento.

Figura 119: Tela de Parametrização dos I/Os e Cargas. (Fonte: Fronius)

139
10.9.2 APLICAÇÃO

Uma bomba de piscina conectada no I/O1 do inversor deve ser acionada antes

que qualquer energia seja armazenada em uma bateria, que será utilizada para

suprir a demanda da instalação durante a noite. Uma tomada alimentando um carro

elétrico está instalada no I/O2 do inversor, e um sistema de aquecimento de água

tem a menor prioridade entre as cargas.

• Priorização:

1. Gerenciamento de carga I/O1 com uma bomba de piscina de 1.000 W,

duração máxima diária de 4 horas;

2. Gerenciamento de carga I/O2 com uma tomada alimentando um carro

elétrico com acionamento em 3.000 W de excedente e desativação em -1.000

W (consumo da rede);

3. Armazenamento de energia elétrica (baterias);

4. Aquecimento de água através de resistência de 6 kW.

Figura 120: Funcionamento de um sistema inteligente de gerenciamento de energia. (Fonte: Fronius)

140
O gerenciamento inteligente de energia é uma das funções mais importantes

de um sistema FV, e uma forma de ter uma instalação independente da

compensação de créditos.

10.10 INSTALAÇÃO DO INVERSOR FOTOVOLTAICO

Os inversores do tipo string são componentes bastante simples de se instalar,

desde que o seu dimensionamento esteja correto. Geralmente ficam separados por

alguns metros do arranjo fotovoltaico, principalmente em projetos residenciais.

Um passo muito importante para que todo o funcionamento do projeto seja

correto, é ter sua instalação adequada, e que esta seja feita com profissionais

qualificados e treinados.

Os riscos em relação às instalações irregulares são alertados no próprio

manual:

“Riscos de danos a inversores e outros componentes

energizados de um sistema fotovoltaico devido a instalações

inadequadas ou irregulares. Instalações inadequadas ou

irregulares podem levar ao sobreaquecimento de cabos e bornes e

causar arcos voltaicos. Isso pode resultar em danos térmicos que,

por consequência, podem causar incêndios.”

Fica evidente que os principais acidentes que ocorrem com sistemas

fotovoltaicos não são devidos às falhas nos equipamentos empregados, mas sim as

irregularidades nas instalações.

141
10.10.1 LOCAL DE INSTALAÇÃO

A escolha do local para o inversor é crucial para o bom desempenho e a

segurança da instalação, vale lembrar que o inversor é um gerador de energia, e que

pode chegar a tensões próximas de 1.000 V, ou seja, é melhor evitar locais de grande

circulação de pessoas para minimizar qualquer tipo risco.

Os critérios de instalação dos inversores, por exemplo, podem ser visualizados

no próprio manual de instalação do equipamento. Neste são determinados quais os

locais adequados e os que não propiciam as condições ideias para o funcionamento

do inversor.

Veja as situações possíveis de instalação:

Figura 121: Boas Práticas de Instalação Para Inversores Fotovoltaicos. (Fonte: Fronius)

Analisando os locais possíveis de instalação, da esquerda para a direita, é

adequado instalar o inversor em locais abrigados; locais ao ar livre e suscetíveis a

chuva, devido ao grau de proteção IP65; ao ar livre com insolação indireta; e locais

com altitude máxima até 4.000 metros.

Referente a proteção IP, este tipo de proteção é caracterizada por possuir

diversos níveis. A norma ABNT NBR IEC 60529 especifica todos os níveis de proteção

conferidos a estes equipamentos.

Há diversas combinações entre as proteções contra poeira e água. Para os

inversores Fronius são utilizados dois níveis de proteção, IP65 (Fronius Primo, Gen24

e Tauro) e IP66 (demais modelos da Fronius). Utilizando como exemplo o inversor

142
Primo, este possui proteção contra poeira nível 6 (“Totalmente protegido contra

ingresso de poeira”), e proteção contra presença de água nível 5 (“Protegido contra

jatos de água”).

Veja agora as condições as quais os inversores fotovoltaicos não estão aptos,

ou não são recomendadas as instalações nestes locais.

Figura 122: Condições não aceitáveis para instalação dos Inversores Fotovoltaicos. (Fonte: Fronius)

Analisando os locais de instalação não adequados, da esquerda para a direita:

áreas classificadas (ex.: amônia e gases corrosivos); locais de vivência, como salas de

estar, quartos, entre outros; locais com elevado risco de acidentes, como locais com

animais, áreas de armazenagem etc.

O inversor é projetado para ser à prova de poeira. No entanto, em áreas de

alto acúmulo de poeira, as superfícies de resfriamento podem ficar empoeiradas, o

que pode prejudicar o desempenho térmico. Neste caso, a poeira deve ser removida

regularmente. Portanto, é recomendado que a instalação não seja realizada em

áreas e ambientes com alto acúmulo de poeira.

Não instale o inversor em: estufas, áreas de armazenamento ou

processamento de frutas, vegetais ou produtos de vinicultura; áreas utilizadas no

preparo de grãos, forragem verde ou ração animal.

Por fim, para manter a temperatura do inversor o mais baixo possível, o

inversor não deve ser exposto à luz solar direta. Idealmente, o inversor deve ser

143
instalado em um local protegido, por exemplo, próximo aos módulos fotovoltaicos

ou sob um telhado suspenso.

Ainda dentro do local de instalação, deve-se atentar às distâncias entre

equipamentos e anteparos, a fim de não bloquear o sistema de resfriamento do

inversor fotovoltaico. Estas distâncias diferem entre os inversores de pequeno porte

(Primo e Gen24) e inversores de maior porte (Eco, Symo e Tauro).

Vale salientar que estas distâncias são válidas para os inversores da linha

SnapINverter.

Figura 123: Exemplo de distâncias para instalação de um Inversor. (Fonte: Fronius)

A orientação do inversor para fixação do mesmo também é muito importante

para garantir o fluxo de ar adequado para controle de temperatura interna. Abaixo,

as orientações possíveis.

144
Figura 124: Posições de Instalação Inversores da Linha SnapINverter. (Fonte: Fronius)

10.10.2 CONCEITO SNAPINVERTER

O processo eficiente de instalação, comissionamento e conexão para

inversores tem sido tradicionalmente uma tarefa complexa na indústria solar. Ter um

inversor que simplifica este processo torna as instalações não apenas mais rápidas,

mas também com lucros maiores para as empresas de instalação. Escolher um

inversor que seja leve, de fácil instalação e que ofereça acesso conveniente para o

comissionamento é certamente um bom começo.

Figura 125: Inversor em posição de montagem e base de parede. (Fonte: Fronius)

Neste âmbito, o conceito SnapINverter da Fronius transcreve todas estas

necessidades em um design de produto que garante estes benefícios. Neste design,

145
a base de conexões (parte traseira) é separada do módulo de potência (frontal),

sendo a instalação realizada e dois estágios.

A base de conexões é onde se realiza a fixação à parede, e onde toda a fiação

é realizada, tanto da parte de corrente contínua, como de corrente alternada. Isso

torna a instalação menos fisicamente estressante, pois a base é extremamente leve.

A quantidade de MPPTs e entradas por MPPT pode variar dependendo do

modelo de inversor escolhido, e alguns modelos podem contar funções adicionais

como proteções já integradas.

Figura 126: Base de conexão Inversor Fronius ECO.

Após a conexão dos cabos c.c. do arranjo e cabos c.a. da rede de distribuição,

basta inserir o inversor na base e alterar a chave geral para a posição ligado,

conforme imagem abaixo:

146
Figura 127: Inserindo o inversor na base de conexão. (Fonte: Fronius)

O módulo de potência é então acoplado à base de fixação e o inversor já está

instalado, de maneira rápida e eficiente.

11 SISTEMA DE MONITORAMENTO

O monitoramento ou supervisão do sistema traz inúmeros benefícios à

instalação, seja do ponto de vista da análise preventiva de dados (exemplo:

acompanhamento do rendimento de um sistema), a possibilidade de realizar

comandos remotos, como controle de potência dos inversores, atualização de

firmware, e por fim, notificações sobre status de falha nos equipamentos. A

capacidade de geração de dados, a partir do inversor ou sensores, traz a

possibilidade de manter o sistema em funcionamento contínuo por longos períodos.

11.1 DEFINIÇÃO

Trata-se do software ou sistema de supervisão dedicado ao armazenamento e

leitura de dados dos componentes do sistema FV. Além dos dados obtidos dos

inversores, como geração, consumo e demais grandezas elétricas, o monitoramento

também pode ser utilizado para coletar dados através de sensores destinados às

147
grandezas físicas da instalação (vento, temperatura ambiente e dos módulos,

irradiação, entre outros).

Adicionalmente, o monitoramento é parte fundamental do sistema quanto ao

planejamento de manutenções (preventiva/corretiva), pois o usuário consegue

supervisionar e atuar proativamente sobre eventuais falhas na instalação.

No mercado, há diversos sistemas de monitoramento disponíveis, e

fabricantes conceituados, como a Fronius, entregam uma solução exclusiva

integrada aos inversores, com um sistema completo de supervisão.

11.2 MONITORAMENTO INTEGRADO FRONIUS

No Solar.web, sistema de monitoramento integrado desenvolvido pela Fronius,

é possível gerenciar os dados enviados pelo inversor, através da placa de

comunicação Datamanager. A grande vantagem é a solução gratuita e sem a

necessidade de desenvolvimento de software dedicado.

Através do exemplo abaixo, podemos visualizar as curvas de geração e

consumo diários de uma instalação, sendo a área cinza toda a energia injetada na

rede ao longo do período de geração. A área amarela representa a energia

consumida diretamente do sistema fotovoltaico ou autoconsumo, já a curva azul

demonstra a energia requerida pelos equipamentos presentes na instalação, ou seja,

toda área abaixo desta linha é a energia total consumida, sendo amarela direta do

sistema fotovoltaico, e branca o consumo da rede de distribuição, principalmente

durante a noite.

148
Figura 128: Monitoramento do consumo e geração de energia fotovoltaica (Fonte: Solar.web).

O software de monitoramento irá exibir as variáveis disponibilizadas pelos

componentes da instalação, como o inversor e também as informações medidas

pelos sensores. Para os inversores, os dados mais comuns são tensão e corrente na

MPPT, potência de saída, tensão de saída, fator de potência e temperatura do

equipamento. Quando a instalação possui sensores externos, as informações mais

comuns são temperatura ambiente, umidade, irradiação, velocidade do vento e até

informações sobre armazenamento de energia quando disponível.

Dependendo do modelo e marca do inversor selecionado, podem existir

diferentes formas de monitorar as variáveis do sistema fotovoltaico. Abaixo, temos

exemplos comuns de monitoramento, utilizando o inversor Fronius:

Figura 129: Inversor Fronius e Solar.web.

O Solar.web permite monitorar diversas informações do sistema fotovoltaico

com base nas medições executadas pelo inversor. Além da curva de geração de

energia, é possível executar a leitura de diversas grandezas elétricas como tensão

149
c.a. por fase, tensão por MPPT, corrente c.a., corrente c.c., fator de potência (FP),

potência ativa, potência reativa, potência total, temperatura do inversor, entre

outras.

Figura 130: Leitura gráfica Solar.web.

Em algumas instalações, adicionando o medidor bidirecional Smart Meter,

também é possível visualizar a curva de consumo e a quantidade de energia injetada

na rede de distribuição, neste caso o medidor é um complemento ao inversor

fotovoltaico.

Figura 131: Aplicação com Smart Meter para medição do consumo e injeção de energia na rede.

150
11.2.1 MONITORAMENTO EXTERNO (PARA TERCEIROS)

É comum que os inversores possuam protocolos de comunicação,

possibilitando a coleta de informação para o desenvolvimento de um sistema de

supervisão que agrupe dados de diversos componentes do sistema fotovoltaico. Este

tipo de solução é utilizado quando o monitoramento fornecido com o inversor não

atende aos requisitos da aplicação, ou quando é necessário algum tipo de controle

sobre as variáveis do sistema fotovoltaico.

Um protocolo de comunicação é uma convenção ou padrão de troca de

informações, ou seja, são as regras estabelecidas entre componentes e sistemas

para estabelecer uma conversa. Existem diversos tipos de protocolos para diferentes

aplicações, no inversor Fronius é adotado o Modbus RTU e Modbus TCP/IP nos moldes

da Sunspec, que é uma aliança entre os principais fabricantes do mercado

fotovoltaico com intuito de estabelecer estes padrões e facilitar o desenvolvimento

das usinas.

O protocolo Modbus é utilizado em larga escala em aplicações industriais,

além de ser bastante robusto para elementos de campo como o inversor, sensores e

até componentes de proteção do sistema.

151
Figura 132: Topologia de Rede Modbus/RTU.

Neste modelo de configuração, exemplificado acima, o inversor é um

componente “slave” (escravo) na rede, ou seja, envia informações e recebe

comandos de um “master” (mestre), que pode ser um controlador lógico

programável (CLP), um sistema/software supervisório ou qualquer outro

componente que tenha a característica de “master” Modbus.

A diferença entre utilizar o monitoramento integrado (Solar.web) e o

monitoramento externo (via protocolo Modbus), é que para a segunda opção será

necessário desenvolver um software de supervisão e utilizar hardware adicional.

Alguns exemplos de aplicações são usinas de grande porte, onde serão agregados

mais sensores à solução, projetos envolvendo outras fontes de energia associadas à

solar (gerador à diesel, gerador eólico, armazenamento etc.) e redes inteligentes,

onde é necessário ter controle sobre alguma variável do inversor (redução de

potência de saída ou fator de potência).

152
11.3 CONFIGURAÇÃO DO MONITORAMENTO

Dentre os passos necessários, alguns necessitam ser realizados no local da

instalação durante o startup do inversor fotovoltaico e outros podem ser realizados

remotamente (computador ou smartphone).

• Passo 1 – Conectar o inversor à rede de internet presente na

instalação, sendo que há a possibilidade de a conexão ser realizada via

cabo ethernet (LAN) ou Wi-Fi (WLAN);

• Passo 2 – Configurar a conexão entre inversor e rede de internet;

• Passo 3– Criar uma conta no Solar.web da Fronius

(https://www.solarweb.com/), uma sugestão importante que pode

auxiliar e facilitar bastante o gerenciamento de todos os projetos, é

procurar manter todas as instalações em uma única conta do

Solar.web. Como boa prática, é possível criar um e-mail para a sua

empresa e assim cadastrar todas as instalações realizadas nesta conta.

É importante que você tenha uma visão geral de todos os projetos que

você desenvolveu;

• Passo 4 – Adicionar à sua instalação todos os componentes presentes

na usina. Para realizar este passo você necessita estar em posse do

número de identificação dos mesmos (ex.: inversores, baterias, Smart

Meter, fontes de dados etc.);

Além disso, você deve incluir dados de localização da sua instalação, e após o

preenchimento dos dados e confirmação, você poderá registrar a extensão de

garantia do seu inversor. Para isso, você necessita do número de série do seu

equipamento.

153
Figura 133: Adicionando Instalação no Solar.web.

• Passo 5 – Inserir os direitos de usuário à sua instalação. A instalação

ficará cadastrada na sua conta, porém é possível conceder direitos de

acesso a outros usuários do Solar.web para que eles possam visualizar

dados da geração de energia.

Seguindo a execução de todos os passos, ao final o inversor estará online

enviando dados ao Solar.web. Na figura abaixo temos a tela inicial da plataforma,

onde é possível verificar os dados gerais da instalação como geração de energia,

consumo da rede, dentre outros.

A aba “balanço energético hoje”, demonstra a quantidade de energia diária

consumida (em vermelho), e gerada (em verde), além de outras telas com

informações sobre rendimento, previsões climáticas e uma imagem da instalação.

154
Figura 134: Tela Inicial Solar.web.

11.4 ANÁLISE GRÁFICA

Na tela inicial é possível selecionar a aba “análise” em seguida “histórico”

para visualizar os gráficos atuais ou histórico de dados.

Ao adentrar este ambiente, é possível selecionar qual inversor da instalação,

caso haja mais de um, desejamos acessar. A figura abaixo demonstra a interface da

tela “histórico”, utilizando como exemplo a instalação do escritório Fronius em

Madrid.

Podemos selecionar através da barra de ferramentas lateral quais variáveis

serão transportadas para o gráfico, de acordo com a data escolhida. Vale ressaltar a

quantidade de medições que o inversor é capaz de executar, o que é uma vantagem

155
dependendo da informação que você precisará para sanar alguma dificuldade na

instalação.

Figura 135: Seleção de Variáveis Solar.web.

Para exibir o gráfico de corrente na MPPT1 e a potência, basta selecionar estas

opções na lista (Corrente CC MPP1 e Potência Total).

156
Figura 136: Corrente CC MPP1 e Potência Total (Fonte: Solar.web).

11.5 MENSAGENS DE SERVIÇOS

Através da aba “mensagens de serviços”, também é possível verificar status e

alertas gerados pelo inversor, estes que podem indicar alguma situação irregular no

sistema fotovoltaico, como problemas no aterramento, acionamento de proteções,

ou simplesmente indicar o contexto atual de operação do inversor. A figura abaixo,

demonstra uma instalação que apresentou por dois dias consecutivos o Status 475

(problemas de isolamento), causado por algum cabo rompido ou componente de

proteção (DPS, disjuntor ou fusíveis) acionado ou com falha.

157
Figura 137 - Centro de Mensagens do Solar.Web

Os avisos sinalizados na aba “mensagens de serviços” são divididos em três

categorias, sendo “Erro”, “Atenção” e “Informação”. É possível configurar o

equipamento, para que periodicamente estas informações sejam enviadas para o e-

mail cadastrado no Solar.web.

11.6 MEDIDOR BIDERECIONAL – SMART METER

Como demonstrado neste capítulo, o Smart Meter possibilita visualizar e

controlar os diferentes fluxos de energia do sistema fotovoltaico. Trata-se de uma

expansão do monitoramento, onde deixa-se de monitorar apenas a geração de

energia para visualizar produção e consumo. Abaixo está demonstrado como o Smart

Meter se conecta ao inversor, através do protocolo MODBUS RTU.

158
Figura 138 - Conexão do Smart Meter com o Inversor (Modbus)

De forma geral, o Smart Meter fica alocado no ponto de entrada da instalação,

próximo ao medidor da distribuidora, isto permite a medição de toda a energia que

entra e sai do sistema, desta forma o consumo pode ser medido e apresentado no

Solar.web, porém, ele pode ser aplicado em outros tipos de topologia.

• Ponto de Alimentação: nesta situação, conforme imagem abaixo, o

Smart Meter (1) irá registrar o consumo total da instalação, ou seja, ele

ficará localizado junto ao medidor de entrada da distribuidora e fará a

medição de todas as cargas dos circuitos. Além disso, o Smart Meter

poderá ser configurado para controlar a injeção de energia na rede. É

possível escolher a quantidade de energia que será transferida para a

rede, podendo chegar a zero, ou seja, sem injeção. Essa aplicação é

popularmente chamada de “Zero Feed-in” ou “Grid-Zero”. Este tipo de

operação é compatível com todos os inversores da linha Fronius que

possuem a placa de monitoramento integrada.

159
(1)

Figura 139 - Smart Meter - Ponto de Alimentação

• Ramo de consumo: nesta situação, conforme imagem abaixo, o Smart

Meter (2) é destinado ao monitoramento do consumo de uma carga ou

circuito específico dentro da instalação. Essa aplicação, geralmente é

utilizada em sistemas industriais e comerciais que possuem cargas

específicas, onde o cliente deseja ter detalhes mais apurados sobre o

consumo destas cargas.

(2)

Figura 140 - Smart Meter Ramo de Consumo

160
11.6.1 MODELOS DE SMART METER

O modelo mais adequado de Smart Meter dependerá do nível de corrente da

instalação, sendo disponibilizados tanto para redes em 220Vc.a. e 380Vc.a. Para a

versão Smart Meter TS 65A-3, a medição de corrente é realizada de forma direta, ou

seja, sem a necessidade de transformador de corrente, com limite de 65 A. Por sua

vez, o modelo Smart Meter TS 5kA-3 necessita de transformadores de corrente (TC

x/5A) devido a medição de corrente elevada (até 5.000 A).

Figura 141 - Smart Meter TS

161
12 ATERRAMENTO

O aterramento elétrico é um dos assuntos mais discutidos e mais importantes

do setor elétrico. Este cumpre papel indispensável para qualquer tipo de instalação

elétrica, seja de baixa, média ou alta tensão, temporária ou não.

Por conta de sua complexidade, e por ser um assunto tão extenso, neste

capítulo será abordado seus principais conceitos e funcionalidades, assim como suas

principais aplicações.

12.1 DEFINIÇÃO

Além de garantir, primeiramente, que o sinal da rede que chega na unidade

consumidora (residência, empresa etc.) seja estável e possua valor compatível com

os equipamentos que serão conectados a ela, o aterramento possui também a

função de garantir a proteção de pessoas e animais contrachoques elétricos, e a

proteção de equipamentos contra descargas atmosféricas.

Dessa forma, o tema se resume em duas vertentes:

- Aterramento funcional;

- Aterramento de proteção.

12.2 PRINCIPAIS CONCEITOS

12.2.1 ESQUEMAS DE ATERRAMENTO

Quando o tema é aterramento, um leque de opções é aberto, e sua escolha

depende primeiramente da característica da rede que é entregue à unidade

consumidora, como também qual será a sua finalidade.

162
De acordo com a ABNT NBR 5410, os esquemas de aterramento são definidos

pela seguinte nomenclatura, de acordo com suas funções:

12.2.1.1 ESQUEMA TN

O esquema de aterramento TN sempre terá um ponto da alimentação

diretamente aterrado. Além disso, este esquema de aterramento possui três

variantes, que são utilizadas de acordo com a disposição possível ou desejada do

neutro (N) e do terra (PE):

Figura 142: Esquema de aterramento TN-S. (Fonte: Norma – 5410)

163
Podemos observar o condutor neutro (N) diretamente aterrado antes de ser
distribuído na instalação. Nota-se também a presença de um condutor terra (PE)
dedicado ao longo da instalação.

Figura 143: Esquema de aterramento TN-C. (Fonte: Norma – 5410)

O condutor neutro (N) é diretamente aterrado, porém ele e o condutor terra (PE) se
tornam um só, formando o condutor PEN.

Figura 144: Esquema de aterramento TN-C-S. (Fonte: Norma – 5410)

Percebe-se o esquema de aterramento TN-C até certo ponto da instalação,


posteriormente são divididos, formando o esquema TN-S. Essa combinação de
esquemas de aterramento é chamada TN-C-S.

12.2.1.2 ESQUEMA TT

164
O esquema de aterramento TT possui um ponto da alimentação diretamente

aterrado, e com as massas ligadas a eletrodos de aterramento distintos do eletrodo

da alimentação:

Figura 145: Esquema de aterramento TT. (Fonte: Norma – 5410)

12.2.1.3 ESQUEMA IT

No esquema de aterramento IT, todas as partes vivas são isoladas da terra ou

um ponto da alimentação é aterrado através do uso de uma impedância. As massas

da instalação são aterradas verificando-se as seguintes possibilidades:

- Massas aterradas no mesmo eletrodo de aterramento da alimentação, se

existente;

- Massas aterradas em eletrodos de aterramento próprios.

Figura 146: Esquema de aterramento IT. (Fonte: Norma 5410)

165
Figura 147: Aplicações do esquema de aterramento IT. (Fonte: Norma 5410)

12.2.2 ATERRAMENTO FUNCIONAL

O aterramento funcional tem como principal objetivo garantir a estabilização

da rede elétrica, fornecendo o mesmo referencial de tensão à terra ao longo da

instalação, além de limitar o aparecimento de sobretensões devido às descargas

atmosféricas, mas também assegurar o retorno de corrente em um eventual curto-

circuito.

O aterramento funcional é realizado através da ligação à terra de um dos

condutores vivos (fases ou neutro), como visto anteriormente com os esquemas TN,

TT e IT. Normalmente, ele é realizado na entrada da instalação elétrica, junto ao

medidor (ou relógio) de cada unidade consumidora, através do uso de um eletrodo

de aterramento.

166
Figura 148: Aterramento funcional em uma instalação residencial. (Fonte: Portal Elétrica Oficial)

Na imagem abaixo, podemos observar como funciona o esquema de ligação

do aterramento funcional realizado junto ao medidor da instalação. Neste exemplo,

há a presença de três condutores vivos antes do medidor (F1, F2 e N), onde as fases

F1 e F2 vão direto para o medidor, e o neutro vai para um barramento. Neste

barramento, é possível observar que um condutor vai diretamente para o medidor

(fazendo o papel do neutro), e outro vai para terra através do eletrodo de

aterramento:

167
Figura 149: Aterramento no quadro do medidor. (Fonte: Faz fácil).

12.2.3 ATERRAMENTO DE PROTEÇÃO

Enquanto o aterramento funcional exerce o papel de garantir o mesmo

potencial de referência à terra para o correto funcionamento dos equipamentos da

instalação, o aterramento de proteção tem o papel de garantir a proteção de

pessoas, animais e equipamentos.

Em complemento ao aterramento funcional, a imagem abaixo ilustra como é

realizado o aterramento de proteção dentro de um quadro de distribuição

residencial:

168
Figura 150: Aterramento no quadro do medidor e quadro de distribuição. (Fonte: Clamper)

A ideia principal do aterramento de proteção, é garantir que as massas, ou

seja, todo tipo de equipamento elétrico ou eletrônico que esteja conectado à

instalação, além dos condutores estranhos (estruturas metálicas não relacionadas à

eletricidade, mas que podem ser energizados) estejam referenciados à terra.

Quando garantido esse referencial ao longo da instalação, é assegurado que não

haverá diferença de potencial entre a carcaça de um motor à terra, entre a porta de

geladeira à terra, ou mesmo de uma estrutura metálica, como uma tubulação de

água ou cobertura, à terra. Isso vale também para diferentes potenciais entre

massas.

A norma ABNT NBR 5410, dedicada para o tema de instalações elétricas de

baixa tensão, diz que toda edificação, seja ela residencial, comercial ou industrial,

deve dispor de uma estrutura de aterramento. Essa estrutura diz respeito à

169
instalação em nível mais externo à edificação, ou seja, pensando no aterramento

como fundação da mesma. Para exemplificar, ela traz algumas opções para realizar

tal procedimento, são elas:

• Aterramento utilizando a própria estrutura de concreto das fundações;

• Uso de fitas, barras ou cabos metálicos, especialmente previstos,

imersos no concreto das fundações;

• Uso de malhas metálicas enterradas, no nível das fundações, cobrindo

a área da edificação e complementadas, quando necessário, por hastes

verticais e/ou cabos dispostos radialmente (pé-de-galinha);

• No mínimo, uso de anel metálico enterrado, circundando o perímetro

da edificação e complementando, quando necessário, por hastes

verticais e/ou cabos dispostos radialmente (pé-de-galinha);

• Para maiores informações, consulte a norma.

Figura 151: Exemplo de malha de aterramento. (Fonte: Energia Renova)

Essa estrutura garante que em todo o perímetro da instalação, o condutor

terra (ou aterramento) terá o mesmo potencial de referência. Porém, internamente à

instalação, deve-se também garantir a mesma referência para a conexão dos

equipamentos eletroeletrônicos. Para isso é realizada a equipotencialização.

170
12.2.4 EQUIPOTENCIALIZAÇÃO

Equipotencialização é um termo proveniente da palavra equipotencial, ou de

mesmo potencial. O objetivo da equipotencialização é garantir que todos os

equipamentos dentro da instalação compartilhem do mesmo potencial elétrico, ou

seja, garantir que a tensão que alimenta os equipamentos compartilhe da mesma

referência e, tenha o mesmo valor ao longo de toda a instalação. Isso é necessário

não só para garantir o correto funcionamento dos equipamentos em uma residência

ou indústria, como também para a segurança pessoal.

O primeiro passo para a equipotencialização já foi realizado, como visto

anteriormente, através da estrutura de aterramento realizada na edificação. Agora,

quando analisamos o interior da nossa instalação, o processo de equipotencialização

possui características um pouco diferentes.

Não só os equipamentos elétricos precisam ser equipotencializados, mas

também uma série de outros equipamentos e estruturas do local. A norma ABNT

NBR 5410 diz que todas as massas e condutores estranhos (estruturas metálicas não

relacionadas à eletricidade, mas que podem ser energizadas) deverão ser

conectados ao BEP (Barramento de Equipotencialização Principal). São eles:

• Armaduras de concreto armado e outras estruturas metálicas da

edificação;

• Tubulações metálicas de água, de gás combustível, de esgoto, de

sistemas de ar-condicionado, de gases industriais, de ar comprimido,

de vapor etc., bem como os elementos estruturais metálicos a elas

associados;

• Os condutos metálicos das linhas de energia e de sinal que entram

e/ou saem da edificação;

171
• Os condutores de interligação provenientes de outros eletrodos de

aterramento porventura existentes ou previstos no entorno da

edificação;

• Os condutores de interligação provenientes de eletrodos de

aterramento de edificações vizinhas, nos casos em que essa

interligação for necessária ou recomendável;

• O condutor neutro da alimentação elétrica, salvo se não existente ou se

a edificação tiver que ser alimentada, por qualquer motivo, em

esquema TT ou IT;

• Os condutores de proteção principal da instalação elétrica (interna) da

edificação.

Figura 152: Exemplo de um Barramento de Equipotencialização Principal (BEP) de uma instalação.


(Fonte: Pablo Guimarães)

A norma ainda diz que:

• Todas as massas de uma instalação devem estar ligadas a condutores de

proteção.

• Todo circuito deve dispor de condutor de proteção, em toda sua

extensão.

172
Figura 153: Quadro de distribuição ilustrando a presença do condutor terra (PE) em todos os circuitos.
(Fonte: Prysmian)

Toda essa preocupação pela interligação dos condutores terra (PE) dos

circuitos, como os demais itens vistos acima à estrutura de aterramento, tem como

objetivo garantir que toda e qualquer corrente que circule pelas estruturas citadas,

seja drenada à terra, protegendo equipamentos e principalmente, vidas.

12.3 PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS

Nos tópicos anteriores, abordamos a importância do aterramento e,

principalmente da equipotencialização dentro de uma instalação elétrica. Além da

proteção de equipamentos, tratamos também sobre o cuidado em relação à

proteção de pessoas.

A corrente elétrica pode percorrer uma série de estruturas metálicas em uma

instalação, pois estas, são capazes de conduzir eletricidade, como visto nos exemplos

anteriores. Já no interior de uma instalação, também é possível encontrar a presença

da corrente na carcaça metálica de equipamentos como por exemplo, chuveiros e

geladeiras. Isso ocorre devido a alguns problemas relacionados tanto à isolação nos

condutores, como pela falta da equipotencialização destes equipamentos.

173
Essa corrente, de acordo com a sua intensidade, pode ser muito perigosa para

seres humanos e animais que entrem em contato com ela, portanto é necessário

atentar-se as formas de proteção e prevenção contra choques elétricos.

As formas de realizar a proteção em uma instalação elétrica são:

• Proteção contra contato direto;

• Proteção contra contato indireto.

Figura 154: Contatos direto e indireto. (Fonte: Schneider Electric)

12.3.1 PROTEÇÃO CONTRA CONTATO DIRETO

A proteção contra contato direto inibe o contato realizado por uma pessoa

com um condutor vivo (fases ou neutro), onde o fluxo de corrente circula através do

corpo à terra. Nessa situação, a corrente possui uma intensidade muito elevada, pois

o contato é realizado com a fonte principal de energia.

Algumas formas básicas para a proteção contra contato direto são:

• Isolação ou separação básica dos condutores;

• Uso de barreira ou invólucro para prevenir o contato;

• Limitação de tensão de trabalho.

174
Figura 155: Quadro de distribuição com barreira. (Fonte: Manten)

12.3.2 PROTEÇÃO CONTRA CONTATO INDIRETO

Diferentemente da proteção contra contato direto, o contato indireto

acontece em situações em que há a fuga de corrente através de uma estrutura

metálica. A intensidade da corrente não é tão elevada, porém pode ser muito danosa

aos seres humanos e animais, podendo levá-los inclusive a óbito.

A forma de se proteger quanto às correntes de fuga é feita inicialmente

através da equipotencialização, mas também através do uso de equipamentos de

seccionamento automático, que garantem a interrupção da corrente quando há o

contato.

O dispositivo de seccionamento automático conhecido para essa função é

chamado de dispositivo DR, ou dispositivo diferencial-residual. Seu princípio de

funcionamento consiste no monitoramento das correntes de fase e neutro. A soma

das correntes de fase ao neutro deverá ser sempre zero, ou seja, não existir nenhum

tipo de fuga ao longo da instalação.

Quando o dispositivo identifica essa diferença, ou fuga de corrente à terra,

este, interrompe o circuito, impedindo a passagem de corrente através de seu

seccionamento.

175
Figura 156: Dispositivo Diferencial-Residual. (Fonte: Schneider Electric)

A ABNT NBR 5410 destaca algumas situações em que o seu uso deverá ter

caráter obrigatório, e também define a corrente máxima de toque no valor de 30 mA.

Este valor indicado pela norma foi atribuído devido a estudos de tolerância do corpo

humano contra choques elétricos.

O gráfico abaixo ilustra a intensidade da corrente relacionada a duração da

mesma quando percorre o corpo humano:

Figura 157: Gráfico de intensidade da corrente relacionada a duração no corpo humano.


(Fonte: Electrical Installation.org)

176
É possível observar no gráfico algumas regiões identificadas por diferentes

cores, onde AC-1 como uma região segura e de choque imperceptível para os seres

humanos. Em AC-2, uma região perceptível e já insegura em certos pontos, indicados

pela orientação de tempo para a interrupção da corrente de acordo com a sua

intensidade. Já em AC-3 e AC-4, têm-se regiões extremamente perigosas, onde seus

efeitos podem ser irreversíveis.

Para que a corrente de fuga ocorra em uma instalação, encontram-se abaixo

alguns exemplos de possíveis causas:

• Cabos ressecados;

• Cabos danificados por ação animal;

• Conexões afrouxadas;

• Plugues torcidos, danificando os cabos;

• Acidentes com furadeiras;

• Soquetes danificados;

• Envelhecimento dos conduítes.

Figura 158: Exemplos de situações que podem causar fuga de corrente. (Fonte: Schneider Electric)

177
12.4 PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Além da proteção de pessoas, a proteção de equipamentos e patrimônio é de

suma importância em uma instalação elétrica. A incidência de raios no país, uma das

maiores do mundo, é uma das principais causas de danos aos equipamentos e danos

estruturais às edificações. A descarga de um raio em uma instalação elétrica causa a

elevação de tensão nos condutores elétricos, sendo extremamente perigosa para

instalações residenciais, comerciais e industriais.

Como forma de proteger a instalação contra as sobretensões, uma edificação

deverá possuir um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA). O

SPDA, é um sistema que engloba desde o aterramento da instalação, como visto com

o uso da malha de aterramento e equipotencialização, somado ao famigerado para-

raios (para sua captação), além do Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS).

Para maiores informações, a norma responsável por estabelecer os requisitos

e diretrizes de projetos, dimensionamento e instalação, é a ABNT NBR 5419.

Figura 159: Exemplo de dano à edificação causado pela incidência de raio (à esquerda), e uma residência com
SPDA (à direita). (Fonte: Schneider Electric)

178
Como visto anteriormente com a malha de aterramento feita em prédios e

construções maiores, é comum realizar a chamada Gaiola de Faraday, que consiste

em circundar toda a edificação com hastes metálicas interligadas, conectando-as ao

aterramento propriamente dito, e ao sistema de para-raios.

Desta maneira, chega-se em uma blindagem total da instalação contra as

ações dos raios.

Figura 160: Exemplo de SPDA com Gaiola de Faraday. (Fonte: Schneider Electric)

Como parte importante do SPDA, o DPS atua como um agente de redundância

para a instalação. Caso a sobretensão não seja drenada em sua totalidade à terra,

uma parte desta sobretensão pode ainda adentrar à instalação através dos

condutores elétricos. É neste momento que o DPS assume o seu protagonismo.

O trabalho do DPS consiste em identificar a sobretensão presente nos

condutores (fases e neutro), e desviá-las à terra. Logo, o DPS trabalha em seu regime

convencional como circuito aberto e, no momento em que é identificada a

sobretensão, ele atua e interconecta o circuito à terra.

179
Figura 161: Exemplo de conexão do DPS. (Fonte Clamper)

Devido as diferentes características e condições geradas quando um raio

atinge um determinado local, o tipo de DPS utilizado nem sempre é capaz de

extinguir por completo a sobretensão presente na instalação. Portanto, o DPS possui

três diferentes classes de acordo com sua aplicação:

• DPS Tipo 1: Utilizado em locais com alta exposição a raios. Destinado a

proteção contra descargas diretas, ou seja, quando o raio atinge o SPDA em

que este esteja conectado;

• DPS Tipo 2: Utilizado em locais com média/alta exposição a raios. Voltado a

proteção de descargas indiretas, contra raios que podem cair próximos à

instalação;

• DPS Tipo 3: Utilizado próximo a equipamentos sensíveis. Destinado a locais de

baixa exposição.

Na imagem abaixo, observa-se o uso de cada classe de DPS de acordo com o

seu posicionamento na instalação. O DPS Tipo 1, localizado no quadro principal,

oferece uma proteção para descargas diretas, direcionando até 90% da sobretensão

à terra. Como forma de proteção adicional à instalação, os DPS subsequentes - Tipo 2

e Tipo 3, são responsáveis por atenuar os demais efeitos de sobretensão ainda

presentes na instalação.

180
Figura 162: Exemplo do uso das três classes de DPS. Tipo 1 no quadro principal, Tipo 2 no quadro secundário
e Tipo 3, próximo ao equipamento. (Fonte: Schneider Electric)

É comum encontrar DPS Tipo 1+2 em instalações elétricas. Neste caso, suas

funções de proteção contra descargas diretas e indiretas são combinadas em um

único dispositivo.

12.5 ATERRAMENTO EM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

A norma ABNT NBR 16690 define os requisitos de projetos para sistemas FV, e

constantemente cita e orienta o leitor para que sejam seguidos os requisitos

apresentados nas normas vigentes de instalações elétricas.

Desta forma, diversas orientações e critérios para o dimensionamento e

instalação de equipamentos deverão estar de acordo com a ABNT NBR 5410. Quando

o assunto é aterramento, a situação não é muito diferente.

A ideia geral de que todas as partes metálicas expostas, que podem ter

contato com algum tipo de eletricidade, devem estar aterradas, continua sendo

válida e indispensável.

181
Os módulos FV e suas estruturas de fixação e suporte deverão estar

devidamente aterrados, assim como os inversores que fazem parte do sistema.

Apesar do sistema fotovoltaico trabalhar com corrente contínua, quando se trata da

proteção de equipamentos e proteção de pessoas, todos os componentes do sistema

deverão estar aterrados e possuir a mesma referência à terra.

Para dispositivos de proteção como disjuntores, fusíveis e DPS, sua tecnologia

deixa de ser a mesma para aplicação em corrente contínua, porém o seu princípio de

funcionamento permanece o mesmo.

No esquema abaixo, podemos observar que tanto para o lado c.c. da

instalação, quanto para o lado c.a., os conceitos de equipotencialização e proteções

contra contatos direto e indireto continuam sendo aplicáveis.

Figura 163: Diagrama indicando o aterramento compartilhado entre c.a. e c.c., e o uso de DPS específico para
c.c. e c.a (Fonte: Clamper).

Muitos instaladores e projetistas ainda têm dúvidas quanto ao uso de para-

raios como parte do SPDA tanto em sistemas fotovoltaicos de telhado, como de solo.

A presença de sombras, que podem atrapalhar a geração, é o ponto central do

surgimento de dúvidas, mas vale lembra que o para-raios, assim como SPDA deverão

182
fazer parte do sistema FV, a fim de garantir a máxima proteção ao usuário, à

instalação, além de garantir o melhor desempenho para a instalação.

Nas imagens abaixo, temos como exemplo uma instalação de telhado e de

solo, com uso de captores (mastro para-raios), realizando a proteção contra

descargas atmosféricas de toda a área ocupada pelos módulos fotovoltaicos.

Figura 164: Usina FV de telhado com para-raios. (Fonte: ART Serv Engenharia)

Figura 165: Usina FV de solo com para-raios. (Fonte: Canal Solar)

183
12.6 EXEMPLOS DE APLICAÇÕES

12.6.1 ESQUEMA TN (C, S E C-S)

Trata-se de um esquema de aterramento muito utilizado em residências,

indústrias de pequeno porte alimentadas em baixa tensão, como também grandes

instalações que possuem o fornecimento de energia em média tensão. Para as

diversas vertentes do esquema TN, temos um ponto em comum, o aterramento do

neutro junto medidor no padrão de entrada da instalação. Até chegar ao quadro

geral de distribuição, apenas um condutor (PEN) exerce as duas funções de neutro e

terra. Neste cenário, temos um esquema de aterramento TN-C.

Figura 166: Aplicação esquema TN. (Fonte: Canal Solar)

Ao chegar no quadro geral de distribuição da instalação, é realizado o

desmembramento do PEN, ou seja, suas funções são divididas em condutores

distintos. Portanto, a partir deste momento em que há um condutor específico para

as funções de neutro e terra, é formado o esquema de aterramento TN-S.

184
Figura 167: aplicação de esquemas TN-C, TN-S e TN-C-S. (Fonte: Clamper)

Como a instalação contempla os dois esquemas de aterramento (TN-C e TN-S)

em partes diferentes da instalação, podemos dizer que essa instalação dispõe de um

esquema de aterramento TN-C-S.

12.6.2 ESQUEMA TT

Similar ao esquema TN, este esquema de aterramento é comumente

encontrado em instalações residenciais e pequenas indústrias alimentadas em baixa

tensão. O condutor neutro é aterrado junto ao padrão de entrada da instalação até

chegar ao quadro geral de distribuição. Um novo aterramento é realizado

especificamente para a instalação, onde o condutor de proteção (terra) percorre toda

a instalação e não possui relação com o aterramento do padrão de entrada, como

visto no esquema TN.

185
Na imagem abaixo podemos perceber o aterramento do neutro no padrão de

entrada (1) e um novo aterramento realizado no interior da instalação (2).

Figura 168: Aplicação de esquema TT. (Fonte Desterro Eletricidade)

12.6.3 ESQUEMA IT

Este tipo de esquema de aterramento é muito utilizado em indústrias

químicas, petroquímicas, como também em instalações hospitalares. Ele é

dedicado para instalações em que a continuidade de serviço é crítica, ou seja,

mesmo que haja uma falta, onde essa é identificada como não perigosa, o

sistema permanece em funcionamento.

Como visto no início deste capítulo, o esquema de aterramento IT pode

ou não conter o aterramento do neutro junto ao transformador. Quando há,

este pode ser realizado através de uma impedância de alto valor, isolando o

sistema da terra. Já no interior da instalação, há a presença de um

aterramento dedicado, que pode ou não ser compartilhado pelos

equipamentos da instalação.

186
Figura 169: Aplicação de esquema IT. (Fonte: Elomed)

Na imagem acima, podemos compreender como o sistema IT pode ser

utilizado em uma aplicação hospitalar. Ao chegar nos quadros de distribuição, temos

o esquema TN-S, ou seja, com condutores neutro e terra individuais. No interior das

salas médicas, que não podem correr o risco da falta de energia devido a uma falha

e, a fim de diminuir a intensidade de um curto-circuito durante a mesma, um

transformador dedicado é instalado e um novo esquema de aterramento é realizado,

passando a ser IT.

Para que a falha seja identificada e os operadores possam sanar o problema,

as salas médicas dispõem de um equipamento chamado Dispositivo Supervisor de

Isolação (DSI). Sua função é monitorar a circulação de corrente à terra e realizar um

aviso sonoro ou visual caso uma falta ocorra no circuito. Caso uma segunda falta seja

constatada, o desarme do circuito deverá ocorrer.

187
Figura 170: Dispositivo Supervisor de Isolação (DSI) e seu painel de alarmes. (Fonte Schneider Electric)

13 CONEXÕES

A fim de assegurar o pleno funcionamento do sistema, isto é, a integração

entre componentes e equipamentos que o compõem, além de sua segurança, o

instalador deve-se atentar às boas práticas de instalação (utilização de ferramentas

adequadas), recomendações dos fabricantes, requisitos das normas técnicas, dentre

outros fatores.

Neste capítulo, serão abordadas as conexões de acordo com a natureza da

corrente elétrica, ou seja, conexão de corrente contínua e de corrente alternada.

Além disso, temas relacionados à segurança de sistemas fotovoltaicos.

13.1 SEGURANÇA EM SISTEMAS FV

Com relação à segurança de sistemas fotovoltaicos, as conexões de corrente

contínua são determinantes e frequentemente estão atreladas a casos de incêndio

ao redor do mundo.

Estudos realizados na Europa (Alemanha e Reino Unido) mostram que os

sistemas possuem um fator de segurança muito alto, acima de 99%. Este índice pode

ser identificado através das referências abaixo:

188
• Caso 1 - Alemanha (2015) 5: Para um total de 1,3 milhões de sistemas FV
instalados (em um período de 2000-2013), apenas 430 dos casos
sofreram incêndio, além disso, somente 210 destes casos o incêndio foi
causado pelo sistema FV, o que representa 0,016%, ou seja, traduz um
fator de segurança de 99,9%.

• Caso 2 – Reino Unido (2017) 6: Dentre 1 milhão de sistemas FV, 58 casos


de incêndio nos últimos 7 anos foram reportados, o que representa
0,0058% dos casos, refletindo em um fator de segurança maior que
99,99%.

Observando os dois estudos acima, a conclusão é que mesmo com os


sistemas FV sendo extremamente seguros, as instalações estão suscetíveis ao risco
de incêndio.

Porém, quais foram as causas relatadas de incêndio?

Figura 171: Causas de incêndio em sistemas FV. (Fonte: Canal Solar)

De acordo com o gráfico acima¹, temos:

- Fatores externos: 51%;

- Conexões c.c.: 19%;

- Módulos FV: 12%;

5
Sepanski et al. 2015, Assessment of the fire risk in PV-arrays and development of security
concepts for risk minimization. TÜV Rheinland Energie und Umwelt GmbH, Köln.

6
BRE National Solar Centre, 2017, Fire and Solar PV Systems – Investigations and Evidence.

189
- Inversor FV: 10%;

- Conexões c.a.: 8%.

Em 51% dos casos, os incêndios ocorrerem devido aos fatores externos (não

relacionados ao sistema fotovoltaico), em seguida 19% das causas de incêndios

foram identificadas nos componentes de corrente contínua do sistema FV

(conectores MC4, fusíveis, string box etc.).

13.2 CORRENTE CONTÍNUA

Nesta parte do sistema FV, a energia oriunda dos módulos fotovoltaicos é em

corrente contínua, e, de acordo com o arranjo escolhido, podem operar em

diferentes níveis de tensão.

Figura 175: Diagrama de Blocos de um Sistema Fotovoltaico, ênfase parte de corrente contínua
(Fonte: Research Gate).

A corrente contínua requer muito mais cuidado do que corrente alternada,

pois a corrente alternada varia no tempo, e em alguns momentos atinge valores

baixos, e até mesmo zero, já a corrente contínua fica constante em um valor não

nulo. Por esse motivo, quando um arco elétrico ou um choque elétrico ocorre em

sistemas de corrente contínua, é muito mais difícil a extinção destes fenômenos,

comprovando que se deve evitar ao máximo qualquer tipo de falha nestes sistemas.

190
Figura 176: Corrente Alternada vs. Corrente Contínua (Fonte: WGSOL).

Nas conexões dos módulos são utilizados conectores do tipo MC4 (Multi-

Contact), que são conectores específicos para sistemas fotovoltaicos, desenvolvidos

para garantir diversos benefícios, como: facilidade de conexão entre painéis,

resistência ao tempo (proteção UV), segurança, padronização, travamento

automático, fácil montagem e bom acabamento.

13.2.1 CONECTOR MC4 (MULTI-CONTACT)

Os conectores do tipo MC4 foram desenvolvidos especialmente para sistemas

FV. Sua principal aplicação é a interconexão entre módulos fotovoltaicos. Os

fabricantes de módulos fornecem o MC4 integrados ao produto, para assegurar a

compatibilidade das conexões.

Figura 177: Conector MC4 Stäubli para painéis FV. (Fonte: Stäubli)

191
Podem também ser utilizados entre uma string e um inversor, para modelos

que permitem este tipo de conexão direta, por exemplo: Fronius Tauro.

Figura 178: Vista do inversor Fronius Tauro - Versão Direta (uso de MC4).

A utilização de conectores MC4 “macho” e “fêmea” de fabricantes diferentes é

muito perigosa. De acordo com a norma ABNT NBR 16690, item 6.2.8.1:

“conectores de encaixe, em uma mesma conexão no arranjo

fotovoltaico, devem ser do mesmo tipo e do mesmo

fabricante”.

Este tipo de prática, além de não ser recomendada tanto pelos fabricantes de

módulos e conectores, quanto pela norma técnica, implica em efeitos que podem

causar incêndio na instalação. Estes efeitos podem ser de: ressecamento devido à

exposição ao tempo, centelhamento elétrico devido ao mau contato, e até mesmo o

mismatching devido à incompatibilidade na utilização de fabricantes diferentes destes

conectores, conforme ilustrado através de testes de laboratório 7 abaixo:

7
Multi-Contact, Dr. M. Berginski, 24.01.2013, PV-Brandsicherheit Freiburg: Paarung
Fremdprodukte & Crimpen im Feld

192
Figura 179: Resultado de laboratório ao efeito de Mismatching de conectores MC4. (Fonte: Fronius)

Na imagem termográfica acima é possível notar que a utilização de

conectores de fabricantes diferentes pode aumentar em até 97 ºC (ou 97 K) a

temperatura entre eles.

Além disso, outros efeitos de desgaste também podem ser observados na

prática, conforme mostram as imagens abaixo:

Figura 1720: Mau uso e derretimento dos conectores MC4. (Fonte: Canal Solar)

193
13.2.2 CONEXÕES DO INVERSOR

Os cabos em corrente contínua podem ser conectados diretamente nos

bornes dos inversores ou utilizando conectores específicos (por exemplo: terminais

tubulares, que são comuns em instalações elétricas ou até mesmo através de

conector MC4).

Para entender como realizar as conexões no inversor é importante conhecer o

conceito de MPPT (sigla para o termo em inglês Maximum Power Point Tracking – em

português: Seguidor do Ponto de Máxima Potência).

Figura 181: Borne do inversor Fronius Primo.

Os inversores fotovoltaicos possuem algumas entradas e quantidade de

MPPTs, especificado na folha de dados dos equipamentos (na imagem acima, temos

o exemplo do modelo Fronius Primo 3.0, que possui 2 circuitos de MPPTs com 2

entradas cada).

É extremamente importante conhecer onde estão essas conexões no borne,

pois uma ligação equivocada pode comprometer o funcionamento do inversor – por

exemplo: um projeto que possui duas orientações distintas dos módulos deve ter

suas conexões em MPPTs diferentes, pois a geração de um conjunto de módulos

pode influenciar negativamente no rendimento do outro grupo de módulos. Além

194
disso, recomenda-se consultar o manual de operação do equipamento para aplicar o

torque ideal nas conexões, inclusive com uso de um torquímetro.

13.3 CORRENTE ALTERNADA

As conexões em corrente alternada, em uma instalação fotovoltaica, estão

compreendidas entre a saída do inversor e a conexão à rede elétrica de distribuição.

A saída do inversor é conectada ao quadro elétrico, que por sua vez conecta as

cargas da instalação, e também realiza a interconexão com a rede elétrica (conforme

ilustrado abaixo).

Figura 182: Diagrama de Blocos de um Sistema Fotovoltaico, ênfase parte de corrente alternada
(Fonte: website Perícia Elétrica).

Da mesma forma, como em corrente contínua, os cabos podem ser

conectados utilizando terminais próprios ou não. O inversor admite uso de conexão

direta do cabo em seu borne.

Cada modelo de inversor possui suas características de conexão em corrente

alternada, e devem ser compatíveis com a distribuição da rede local, por exemplo:

modelos monofásico, bifásico ou trifásico, de acordo com padrões de tensão no

Brasil, como 127/220V e 220V/380V.

195
É importante se atentar aos limites definidos nas normas, no caso o Módulo nº

08 do PRODIST (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema

Elétrico Nacional) da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

14 COMISSIONAMENTO

14.1 INTRODUÇÃO

O comissionamento é uma etapa muito importante em uma instalação, pois

trata-se de um processo que consiste em assegurar que os componentes,

equipamentos e sistemas sejam validados e aprovados para entrarem em operação.

Existem testes pré-definidos, sejam por normas, leis, boas práticas de engenharia,

nos quais os equipamentos são submetidos.

Esta etapa marca a transição do projeto para a operação da planta. Uma

instalação executada corretamente, isto é, utilizando-se de mão de obra qualificada,

ferramentas adequadas, componentes e equipamentos de qualidade, terão um

comissionamento rápido e eficiente, ou seja, com resultados satisfatórios e

esperados.

Por se tratar de um processo que visa validar, inspecionar e testar os

componentes do sistema, é importante que seja feito de forma imparcial, existem

empresas no mercado que atuam desta forma. Mas, de uma forma geral, as

empresas oferecem um pacote de serviços, como instalação e comissionamento, o

que torna difícil ao consumidor final ter essa certeza de que o sistema funcionará

conforme a expectativa e orientação dos fabricantes dos equipamentos que

compõem o sistema fotovoltaico.

Além das normas já conhecidas no setor de eletricidade, descritas no capítulo 5,

o comissionamento de sistemas fotovoltaicos é regido pela norma brasileira ABNT

NBR 16274 (Sistemas fotovoltaicos conectados à rede – Requisitos mínimos para

196
documentação, ensaios de comissionamento, inspeção e avaliação de desempenho).

A norma pode ser dividida em quatro partes:

• Requisitos de Documentação;

• Inspeção;

• Ensaios;

• Avaliação de Desempenho.

Nos próximos itens iremos abordar os pontos principais destes tópicos.

14.2 REQUISITOS DE DOCUMENTAÇÃO

Nesta etapa deve-se fornecer a lista de documentação mínima após a

instalação de um SFCR. Estes documentos devem estar disponíveis para que os

clientes, operadores do sistema, inspetores ou equipes de manutenção, sejam

assegurados que os principais dados do sistema estão documentados.

Os documentos que fazem parte desta etapa, são:

• Dados do sistema;

• Diagramas;

• Folhas de dados técnicos;

• Informações do projeto mecânico;

• Informações de operação e manutenção;

• Resultados dos ensaios e dados do comissionamento;

• Resultados dos ensaios de avaliação de desempenho.

14.3 INSPEÇÃO

Provavelmente essa é uma das etapas mais importantes do comissionamento,

pois é feita antes dos ensaios, e precede a energização da instalação. É realizada

segundo os requisitos da norma técnica IEC 60364-6.

197
Durante a inspeção, a documentação descrita no item anterior deve ser

verificada, conferindo a quantidade de equipamentos e seus dados.

É necessário garantir a conformidade das seguintes partes da instalação:

• Sistema de corrente contínua: arranjo, componentes, modos de

operação, máxima corrente de falha, cabos, conectores, isolação dos

circuitos, dispositivos de proteção e seccionamento;

• Proteção contra sobretensão/choque elétrico: dispositivos que

assegurem as proteções típicas de instalações elétricas, como disjuntor,

fusível, DR (dispositivo de detecção de corrente residual), condutores de

aterramento, e equipotencialização;

• Sistema de Corrente Alternada: seccionamento do inversor no lado c.a,

dispositivos de isolamento ligados da forma correta e parâmetros de

operação de rede do inversor;

• Etiquetagem e Identificação: todos os componentes da instalação

devem estar devidamente identificados e etiquetados, etiquetas de

advertência no ponto de interconexão com a rede, dados de placa dos

equipamentos, diagrama elétrico visível no quadro de distribuição,

configurações de proteção do inversor, procedimentos de desligamento

de emergência etc.;

• Instalação Mecânica: disposição dos equipamentos para assegurar

ventilação por trás do arranjo fotovoltaico e evitar

superaquecimento/incêndio, distanciamento mínimo entre o inversor-

parede, inversor-teto, inversor-inversor pré-estabelecidos no manual do

fabricante, materiais do arranjo à prova de corrosão, grau de proteção

dos equipamentos (entrada de cabos).

198
14.4 ENSAIOS

14.4.1 ENSAIOS DE CATEGORIA 1

Devem ser feitos em todos os sistemas fotovoltaicos, independente do porte,

localidade ou tipo de instalação (solo ou telhado), sendo eles:

• Continuidade da ligação à terra e dos condutores de ligação

equipotencial;

• Ensaio de polaridade;

• Ensaio da(s) caixa(s) de junção;

• Ensaio de corrente da(s) série(s) fotovoltaica(s) (curto-circuito ou

operacional);

• Ensaio de tensão de circuito aberto da(s) série(s) fotovoltaica(s);

• Ensaios funcionais;

• Ensaio de resistência de isolamento do(s) circuito(s) c.c.;

• Ensaio do(s) circuito(s) c.a. segundo os requisitos da IEC 60364-6.

14.4.2 ENSAIOS DE CATEGORIA 2

Aplicáveis a sistemas de potência elevadas ou de maior complexidade. Devem

ser realizados após a realização e aprovação de todos os Ensaios de Categoria 1,

sendo eles:

• Ensaio de curva I-V da(s) série(s) fotovoltaica(s);

• Inspeção com câmera infravermelha (câmera termográfica).

14.4.3 ENSAIOS ADICIONAIS

199
São necessários caso apresentem falhas no sistema não cobertas pelos ensaios

de categoria 1 e 2. Estes ensaios podem ser apontados pelo consumidor final ou

equipe de inspeção. Os ensaios adicionais são:

• Ensaios de tensão ao solo – sistemas com aterramento resistivo;

• Ensaio de diodos de bloqueio;

• Ensaio de resistência de isolamento úmido;

• Avaliação do sombreamento.

Como objetivo final, todos os ensaios listados acima, bem como as práticas de

comissionamento, têm como base extrair a máxima geração de energia de um

sistema fotovoltaico. Vale lembrar que o equipamento central de um sistema FV é o

inversor. No capítulo 10 foram abordadas diversas características dos inversores, que

possuem relação direta com a energia esperada de geração.

O inversor auxilia, e muito, no comissionamento, pois ele tem inteligência

integrada para realizar medições indiretas de variáveis elétricas que o sistema

fornece, sejam parâmetros de tensão e corrente dos módulos, bem como

temperatura e resistência de isolamento (aterramento), além dos parâmetros da

rede c.a. no qual está acoplado.

Lembrando, claro, que as medições feitas pelo inversor não eximem que a

instalação receba um aceite de comissionamento, para que a planta possa operar de

forma satisfatória, atendendo aos requisitos dos fabricantes dos componentes do

sistema.

14.5 FERRAMENTAS

A instalação de sistemas FV exige conhecimento técnico e a utilização de

ferramentas adequadas para energia solar. Na tabela abaixo podemos encontrar as

principais ferramentas, bem como suas finalidades. Ferramentas básicas como

martelo, serra, nível, bem como todos os EPIs/EPCs necessários à segurança dos

trabalhadores também são de extrema importância.

200
Ferramenta Foto Objetivo

Furadeira/ Fixação de parafusos gerais, estrutura de fixação


Parafusadeira de módulos, suporte de parede do inversor etc.

Reprodução Makita.

É empregada na conexão de cabos elétricos em


dispositivos de proteção e inversores
Torquímetro
fotovoltaicos. Também pode ser utilizada para
(chave
suportes de fixação para estruturas de módulos.
torque)
Verificar exigência do torque máximo informado
Reprodução Wiha. pelos fabricantes.

Alicate Destinado a “crimpar” os conectores do tipo


Crimpador MC4 nos cabos dos módulos, ou saída de string
MC4 box para conexão no inversor.
Reprodução Noll.

Utilizado para medição de diversas grandezas


Multímetro
elétricas, mas seu uso principal se aplica à
com ponteiro
medição de tensão contínua ou alternada.

Reprodução Fluke.

Empregado com foco na medição de corrente


Multímetro
contínua, medição da corrente de cada string,
com alicate
dentre outras finalidades.

Reprodução Minipa.

Equipamento empregado na análise e no


Traçador de diagnóstico de módulos e strings fotovoltaicos.
Curva I-V Relaciona a tensão e a corrente de um módulo
ou conjunto de módulos.

201
Reprodução HT Instruments.

Auxilia a visualizar os pontos quentes e frios que


podem indicar falhas elétricas (mal contato ou
sobre aperto de conexões).
Câmera
Também pode ser útil para análise de módulos
Termográfica
ao longo dos anos de operação, podendo
IR
identificar hot spots (pontos quentes) causados
por colisões ou manuseio incorreto dos
módulos.

Reprodução Flir.

Os drones são grandes aliados dos sistemas FV,


pois podem auxiliar na melhoria da eficiência de
usinas solares, com a realização da inspeção
térmica dos módulos fotovoltaicos alocados em
Drones
áreas de 1 hectare em diante. Com isso,
economiza-se tempo e equipes de manutenção,
Reprodução DJI. que é traduzido em otimização financeira para
grandes projetos.

Medição da resistência de isolamento do arranjo


Megômetro fotovoltaico. Este equipamento é fundamental
Digital para ensaio da resistência de isolamento
descrito na norma técnica ABNT NBR 16274.

Reprodução Higmed.

Medição da resistência do solo em que será feito


o aterramento da instalação. Ele é utilizado na
Terrômetro
medição de tensões espúrias, geradas pelas
correntes parasitas do solo.

Reprodução Minipa.

202
14.6 PROCEDIMENTOS DE ENSAIOS

Neste tópico serão detalhados procedimentos de ensaios para alguns ensaios

de categoria 1, 2 e 3, descritos acima. Para elaborar este conteúdo, utilizou-se como

fonte o documento “Controle de Qualidade e Desempenho em Instalações Fotovoltaicas”

da Universidade Federal de Santa Catarina.

Procedimento Descrição Ferramentas

Verificar a continuidade elétrica nos condutores de


aterramento de proteção e/ou de ligação
equipotencial utilizados no lado c.c., como os da
estrutura do arranjo fotovoltaico. A continuidade da
ligação ao terminal de terra principal também deve
ser verificada.

Continuidade da Valor de Ensaio: < 5 Ω aceitável / desejável < 2 Ω.


ligação à terra e dos Ohmímetro /
condutores de Terrômetro
ligação equipotencial

Fonte: UFSC - Fotovoltaica

203
Medir as tensões de circuito aberto em cada série
fotovoltaica para verificar se estão corretamente
conectas e, especificamente, se o número esperado
de módulos está conectado em série.

Ensaio de tensão de
circuito aberto da(s)
Multímetro
série(s)
fotovoltaica(s)

Fonte: UFSC – Fotovoltaica

Verificar a polaridade de cada série fotovoltaica, se


elas estão corretamente instaladas e funcionando de
acordo com o projeto. Uma vez que a polaridade é
confirmada, os cabos devem estar identificados
corretamente, e conectados aos dispositivos do
sistema, como chaves ou inversores.

Ensaio de polaridade Multímetro

Fonte: UFSC - Fotovoltaica

204
Medir as tensões dos polos dos módulos
fotovoltaicos à terra (positivo e negativo) em cada
série fotovoltaica, para verificar se não há nenhuma
falha à terra em qualquer ponto do sistema no lado
c.c.

Ensaios de tensão ao
solo – sistemas com Multímetro
aterramento resistivo

Fonte: UFSC - Fotovoltaica

Verificar se as séries fotovoltaicas apresentam


resistência de isolamento adequada entre partes
condutores de corrente e a estrutura, sendo possível
detectar defeitos de fabricação, problemas
relacionados à má instalação ou avarias em cabos,
conectores e módulos.
Se os ensaios de resistência a seco forem
questionáveis, é comum realizar os ensaios de
isolamento úmido, a fim de apurar melhor os
valores.

Ensaio de resistência
de isolamento do(s) Megômetro
circuito(s) c.c.

Fonte: UFSC - Fotovoltaica

Existem dois métodos para realizar este ensaio:


- Método 1: Ensaios separados no positivo e no
negativo do arranjo fotovoltaico.
- Método 2: positivo e negativo do arranjo

205
fotovoltaico em curto-circuito.

Este ensaio consiste em procurar variações de


temperatura anormais no arranjo fotovoltaico
utilizando uma câmera infravermelha (IR). Através
deste procedimento é possível identificar problemas
nos módulos e nos arranjos fotovoltaicos, como
células reversamente polarizadas, falha do diodo de
by-pass e falha de conexões.

Inspeção com
Câmera
câmera
Termográfica
infravermelha
IR e/ou
(câmera
Drone.
termográfica)

Fonte: UFSC - Fotovoltaica

206
15 MANUTENÇÃO

Os sistemas fotovoltaicos possuem vida útil média de 25 anos. Esta

longevidade depende diretamente de três fatores: instalação bem executada,

qualidade dos equipamentos e manutenção do sistema.

Nos capítulos anteriores, de instalação e comissionamento, abordamos bem

estes dois primeiros fatores. Neste capítulo, explicaremos a importância da

manutenção no sistema FV, bem como identificaremos, através do inversor, o que

pode ocorrer na instalação e o que fazer para solucionar algumas destas situações.

Quando falamos de sistemas FV, a grande vantagem que temos é o baixo

custo de manutenção, uma vez que não existem partes móveis. Uma instalação com

manutenção preventiva (funcionamento do sistema) e manutenção preditiva

(performance dos equipamentos) em dia, torna-se mais interessante ainda, do ponto

de vista financeiro, uma vez que uma manutenção corretiva se faz cada vez menos

necessária.

Existem algumas verificações periódicas que podem ser realizadas pelo

proprietário do sistema, que são muito importantes para assegurar que os

equipamentos e componentes estejam operando de forma satisfatória, sendo elas:

• Inspeção visual nos módulos fotovoltaicos, para detecção de poeira,

dejetos de pássaros ou outros detritos que estejam sobre os módulos

(importante lembrar que para essa inspeção em telhados é necessário

o uso de equipamentos de proteção individual para evitar qualquer

tipo de acidente); De acordo com o laboratório Nacional de Energias

207
Renováveis dos Estados Unidos (NREL), a perda de energia gerada

devido a módulos sujos pode chegar a 25%. Cada fabricante de módulo

define as necessidades de manutenção (entenda periodicidade e

procedimentos);

• Verificação de pontos quentes no inversor (dissipadores e saídas de ar

quente), se não há nenhum objeto impedindo a ventoinha de operar;

• Verificação da vedação da entrada de cabos e tampas, para assegurar o

grau de proteção IP garantido pelos fabricantes;

• Simulação de desligamento do inversor e acompanhar religamento,

isso evita perda de geração em caso de falta de sincronismo com a

rede ou atuação de algum dispositivo de proteção.

Esses são alguns exemplos que podem ser feitos para evitar manutenção

corretiva, que por sua vez podem trazer danos ao sistema, ou até mesmo tornar a

instalação onerosa, pois qualquer verificação além das que relatamos acima já seria

necessária contratação de uma empresa especializada.

15.1 INVERSORES FOTOVOLTAICOS

O inversor fotovoltaico, por ser o equipamento mais inteligente do sistema,

gerencia e monitora tudo o que ocorre na instalação, trazendo uma série

informações em seu display, ou através de monitoramento remoto, geralmente

representado por alertas (status/códigos). Essas informações podem ser parâmetros

elétricos dos módulos fotovoltaicos (corrente e tensão), temperatura interna do

inversor e ambiente, condições do sistema de aterramento, parâmetros da rede da

concessionária (frequência, tensão, energia reativa), dentre outros.

208
Figura 183: Top 10 status de inversor (Fronius, de 2018 a 2021).

A tabela acima, extraída do Suporte Técnico da empresa Fronius do Brasil, traz

um ranking dos 10 status que mais foram indicados no atendimento do suporte de

2018 a 2021.

A seguir, iremos explorar os status mais recorrentes, onde todos representam

alguma falha na instalação, e não indicam falha direta do inversor. Isso já mostra

como as etapas de comissionamento descritas no capítulo anterior são relevantes

para o funcionamento pleno do sistema.

15.1.1 TENSÃO ALTA NA REDE C.A.

Nesta situação, o inversor identifica uma tensão c.a. superior aos seus limites

de operação (vide ABNT NBR 16149). Possíveis causas:

• Na etapa de comissionamento é realizada a configuração dos

parâmetros de rede do inversor, onde a escolha da tensão c.a. precisa

ser compatível com a tensão de fornecimento da concessionária local.

Em caso de erro na escolha, surgirá este status;

209
• Em caso de instalações cujas normas técnicas e boas práticas, no que

tange ao dimensionamento dos cabos, não foram seguidas, é comum

acontecer o fenômeno de elevação de tensão. Isso ocorre quando

existe uma impedância alta (através dos cabos, transformadores,

conexões) no circuito, e à medida que o inversor injeta corrente na

rede c.a., surge uma queda de tensão proporcional entre o inversor e a

entrada de rede c.a. da instalação.

Figura 184: Fenômeno de elevação de tensão em sistemas fotovoltaicos conectados à rede


(Fonte: Canal Solar).

No caso dos inversores da Fronius, trata-se do status 102 – Tensão Alta CA.

15.1.2 BAIXA ISOLAÇÃO C.C.

Nesta situação, o inversor identifica que o circuito c.c. do sistema fotovoltaico

apresenta corrente de fuga, devido a problemas na isolação dos componentes ou

cabeamento (vide ABNT NBR 16690). Possíveis causas:

• Para inversores transformerless (concepção sem transformador), os

polos dos módulos (positivo e negativo) não devem ser aterrados, caso

isso ocorra poderá ser acusado o status de falha na isolação de

aterramento do arranjo FV – é importante conhecer a tecnologia do

210
módulo que está sendo utilizada, bem como a topologia do inversor

fotovoltaico.

Figura 185: Aterramento inadequado do módulo fotovoltaico. (Fonte: Canal Solar)

• Falhas na isolação dos cabos, integridade dos conectores MC4,

crimpagem dos terminais de cabos (se utilizados);

Figura 186: Falha na isolação dos cabos. (Fonte: Fotus)

Figura 187: Falha nos conectores MC4. (Fonte: Canal Solar)

211
• Equipotencialização da instalação não realizada seguindo as

recomendações normativas e boas práticas;

• Ingresso de água na string box (há casos em que a vedação não é feita

corretamente, ou até mesmo a qualidade da string box, há modelos no

mercado cujo grau de proteção é IP-23).

No caso dos inversores da Fronius, trata-se do status 475 - baixa isolação FV,

cujo valor de resistência de isolamento visto pelo sistema de aterramento do circuito

c.c. está abaixo do limite estabelecido por norma.

15.1.3 INJEÇÃO DE COMPONENTE C.C. NA REDE C.A.

Neste caso, o inversor deve interromper o fornecimento de energia à rede,

caso a injeção de componente c.c. ultrapasse um limite acima da sua corrente

nominal, estabelecido por norma (vide ABNT NBR 16149). Possíveis causas:

• Baixa qualidade da rede de distribuição de energia elétrica,

tipicamente em zona rural;

• A presença de cargas indutivas/capacitivas na instalação (retificadores,

indutores, reatores, dentre outros). Os motores elétricos são as

principais causas a contribuírem com este tipo de cenário na

instalação.

A consequência deste fenômeno é a distorção na forma de onda da rede, pois

uma corrente c.c. pode ser induzida no sistema de distribuição c.a., representada

através da imagem abaixo:

212
Figura 188: DC offset detectado na forma de onda CA. (Fonte: Fronius)

No caso dos inversores da Fronius, trata-se do status 408 - DC detectado na

rede, cujo valor de injeção de corrente na rede está acima do limite estabelecido por

norma.

213
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