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MD_UDxxxxxx_V(11)Pt

12 Dimensionamento de
instalações fotovoltaicas
UD006682_V(01)
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

ÍNDICE
MOTIVAÇÃO......................................................................................... 5
OBJETIVOS .......................................................................................... 6
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 7
1. INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA AUTÓNOMA........................................... 9
1.1. ESTIMATIVA DA POTÊNCIA MÁXIMA DIÁRIA .................................... 9
1.2. CÁLCULO DO CONSUMO MÁXIMO ............................................. 13
1.3. DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE MÓDULOS ............................... 15
1.3.1. Características principais dos módulos fotovoltaicos.................... 15
1.3.2. Determinação HPS. Horas de Pico Solar ....................................... 16
1.3.3. Ângulo de inclinação ideal para a instalação ................................. 19
1.3.4. Determinação do número de módulos da instalação .................... 22
1.4. CÁLCULO DA CAPACIDADE DA BATERIA ..................................... 23
1.5. DIMENSIONAMENTO DO REGULADOR DE CARGA ......................... 23
1.5.1. Cálculo e seleção do regulador ...................................................... 23
1.6. DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICO COM
EQUIPAMENTO DC E AC – UTILIZAÇÃO DE INVERSOR .................. 24
1.7. CÁLCULO DA SELEÇÃO DOS CONDUTORES ................................ 25
2. MONTAGEM DE UMA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA AUTÓNOMA ......... 30
2.1. AQUISIÇÃO, TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DO MATERIAL ...... 31
2.1.1. Aquisição ........................................................................................ 31
2.1.2. Transporte ...................................................................................... 32
2.1.3. Armazenamento ............................................................................. 32
2.2. PASSOS ANTERIORES AO PROCESSO DE INSTALAÇÃO ................. 33
2.3. MONTAGEM DA ESTRUTURA DE SUPORTE E PAINÉIS ................... 38
2.3.1. Forma da estrutura e tipos de montagens ..................................... 38
2.3.2. Localização da estrutura ................................................................ 43
2.3.3. Colocação da estrutura .................................................................. 43
2.3.3.1. Montagem ............................................................................... 43

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

2.3.3.2. Cimentação e fixação da estrutura .......................................... 44


2.3.4. Montagem dos painéis na estrutura ............................................... 45
2.3.4.1. Colocação dos painéis fotovoltaicos....................................... 45
2.3.4.1.1. Formação de painéis................................................................ 45
2.3.4.1.2. Colocação dos painéis ............................................................. 46
2.4. LIGAÇÃO DOS PAINÉIS ............................................................. 47
2.5. MONTAGEM DOS ACUMULADORES............................................ 51
2.5.1. Localização ..................................................................................... 51
2.5.2. Colocação....................................................................................... 53
2.5.3. Ligação ........................................................................................... 54
2.5.4. Transporte e manuseamento dos acumuladores ........................... 56
2.6. MONTAGEM DO REGULADOR .................................................... 56
2.6.1. Localização do regulador ............................................................... 56
2.6.2. Colocação do regulador ................................................................. 58
2.6.3. Ligação do regulador ...................................................................... 59
2.7. MONTAGEM DO INVERSOR ....................................................... 59
2.7.1. Localização do inversor .................................................................. 59
2.7.2. Colocação do inversor.................................................................... 60
2.7.3. Ligação do inversor ........................................................................ 61
2.8. INSTALAÇÃO ELÉTRICA E CABLAGEM ......................................... 62
3. ARRANQUE E MANUTENÇÃO DE INSTALAÇÕES ISOLADAS ................. 68
3.1. ARRANQUE E ENTREGA DE UMA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA ...... 68
3.2. MANUTENÇÃO DE UMA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA ................... 70
3.2.1. Manutenção preventiva .................................................................. 70
3.2.2. Manutenção corretiva ..................................................................... 73
4. INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA LIGADA À REDE ................................... 76
4.1. EM QUE CONSISTE A VENDA À REDE? ........................................ 78
4.1.1. Legislação das instalações fotovoltaicas ligadas à rede ................ 79
4.2. CENTRAL FOTOVOLTAICA ......................................................... 80
4.3. CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DAS INSTALAÇÕES FOTOVOLTAICAS
LIGADAS À REDE ...................................................................... 80
4.3.1. Inversor centralizado ...................................................................... 81
4.3.2. Inversor por ramal ........................................................................... 82
4.3.3. Inversor por painel .......................................................................... 83
4.4. CARACTERÍSTICAS DA REDE ..................................................... 84
4.4.1. Tipo de rede disponível no ponto de ligação ................................. 84
4.4.2. Qualidade da rede .......................................................................... 85
5. DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES FOTOVOLTAICAS LIGADAS
À REDE.......................................................................................... 88
5.1. NÚMERO DE PAINEIS FOTOVOLTAICOS....................................... 88
5.2. SELEÇÃO DO INVERSOR ........................................................... 88

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5.3. NÚMERO MÁXIMO DE PAINEIS FV LIGADOS EM SÉRIE .................. 89


5.4. NÚMERO MÍNIMO DE PAINEIS FV LIGADOS EM SÉRIE .................... 89
5.5. NÚMERO DE RAMAIS................................................................ 90
5.6. CONCEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DA CABLAGEM ....................... 90
5.6.1. Determinação da secção de um cabo – corrente máxima
admissível ....................................................................................... 91
5.6.2. Determinação da secção de um cabo – Queda de tensão na
linha ................................................................................................ 92
6. ESQUEMA UNIFILAR DE UMA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA LIGADA
À REDE .......................................................................................... 94
6.1. PROTEÇÕES ........................................................................... 95
6.2. ELEMENTOS DE MEDIDA ........................................................... 97
6.3. CAIXA GERAL DE PROTEÇÃO ..................................................... 98
7. FUNCIONAMENTO DE UMA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA LIGADA À
REDE ........................................................................................... 101
7.1. FALHA NA REDE ELÉTRICA ...................................................... 102
7.2. TENSÃO FORA DA GAMA......................................................... 102
7.3. FREQUÊNCIA FORA DE LIMITES ............................................... 103
7.4. TEMPERATURA ELEVADA ........................................................ 103
7.5. TENSÃO DO GERADOR FOTOVOLTAICO BAIXA ........................... 103
7.6. CORRENTE INSUFICIENTE DO GERADOR FOTOVOLTAICO ............ 103
8. AS HORTAS SOLARES ................................................................... 106
9. LIGAÇÃO À TERRA DE INSTALAÇÕES FOTOVOLTAICAS LIGADAS À
REDE ........................................................................................... 108
9.1. TERRA DE PROTEÇÃO ............................................................ 110
9.2. TERRA DE SERVIÇO ............................................................... 111
10. MANUTENÇÃO DE INSTALAÇÕES FOTOVOLTAICAS ........................ 112
10.1. MANUTENÇÃO PREVENTIVA .............................................. 112
10.1.1. Manutenção corretiva................................................................... 113
10.2. MANUTENÇÃO A CARGO DO UTILIZADOR............................ 114
10.3. MANUTENÇÃO A CARGO DO SERVIÇO TÉCNICO .................. 114
CONCLUSÃO .................................................................................... 115
RESUMO.......................................................................................... 116
AUTOAVALIAÇÃO ............................................................................. 119
SOLUÇÕES ...................................................................................... 125
PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO ............................... 126
BIBLIOGRAFIA .................................................................................. 127

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MOTIVAÇÃO

Certamente terás uma pequena casa no campo ou então algum amigo ou co-
nhecido que precise de fornecer energia elétrica a um local onde não exista a
possibilidade de acesso a uma rede elétrica convencional ou onde a instalação
desta seja tão cara que a torne inviável.
Gostarias de saber quantos painéis terás de instalar e que potência deverão ter?
Qual será a capacidade do sistema de acumulação necessário? Que regulador
deveremos colocar? Que inversor devemos instalar numa instalação ligada à
rede?
Nesta unidade, iremos dar resposta a todas estas perguntas. Quando concluíres
o seu estudo, terás aprendido a dimensionar as instalações fotovoltaicas autó-
nomas e instalações ligadas à rede, ou seja, saberás calcular e escolher os
componentes necessários para satisfazer determinados consumos elétricos.
Vamos a isto?

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OBJETIVOS

Os objetivos indicam-te aquilo que terás aprendido ao concluir o


estudo desta unidade.

Os principais objetivos que se pretendem atingir com o estudo desta unidade


são:
 Aprender a determinar as caraterísticas de uma instalação fotovoltaica,
adequada para satisfazer determinadas necessidades de consumo elé-
trico.
 Definir as configurações básicas das instalações fotovoltaicas autónomas.
 Efetuar o cálculo para o dimensionamento dos elementos constituintes
de uma instalação fotovoltaica autónoma.
 Definir as configurações básicas das instalações fotovoltaicas ligadas à
rede.
 Efetuar o cálculo para o dimensionamento dos elementos constituintes
de uma instalação fotovoltaica ligada à rede.
 Saber como se efetua a montagem e manutenção deste tipo de insta-
lações.
 Definir as configurações básicas das instalações fotovoltaicas autónomas.

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INTRODUÇÃO

O correto dimensionamento de uma instalação fotovoltaica irá ser fundamental,


tanto para o perfeito funcionamento da mesma, como para o prolongamento da
sua vida útil. Como tal, os elementos que fazem parte desta instalação (em par-
ticular o campo gerador fotovoltaico, o banco de baterias e o inversor) devem
guardar entre si um espaço justo e equilibrado, evitando ocupar mais ou menos
espaço do que o recomendado.
Quanto maior potência de painéis e maior capacidade do banco de baterias se
instalar, para satisfazer as necessidades de consumo, menores serão as possi-
bilidades de falha no sistema, mas o seu custo económico será maior.

Um sistema com uma potência de painéis superior à capacidade


da bateria causará um desperdício de energia, pois a maior parte
da potência perder-se-á devido ao facto de a bateria estar comple-
tamente carregada. Por outro lado, uma instalação com uma bate-
ria demasiado grande, em comparação com a potência do campo
gerador, terá problemas em carregar totalmente a bateria, com os
consequentes efeitos de degradação e redução do tempo de vida
da mesma.

Figura 1. Instalação fotovoltaica doméstica instalada em telhado.

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1. INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA AUTÓNOMA


No dimensionamento de um sistema fotovoltaico, objetivo é o de calcular os
elementos deste (potência do campo de painéis, capacidade do banco de bate-
rias, regulador, inversor se existir consumo de CA, e secções de cabos) para
garantir o melhor funcionamento e reduzir custos em consumo elétrico.
Geralmente, o procedimento básico de dimensionamento divide-se nos seguin-
tes processos:
 Estimativa da potência máxima diária;
 Cálculo do consumo máximo;
 Determinação do número de módulos;
 Cálculo da capacidade da bateria;
 Cálculo do regulador de carga;
 Escolha do inversor em caso de utilização de cargas AC;
 Dimensionamento das secções dos condutores elétricos.

1.1. ESTIMATIVA DA POTÊNCIA MÁXIMA DIÁRIA


Tal como se mencionou anteriormente, o primeiro passo a efetuar no dimensio-
namento de uma instalação fotovoltaica será definir as necessidades de energia
elétrica que se pretendem satisfazer. Todos os dados relativos aos consumos
previstos deverão ser reunidos, para se poder proceder a uma primeira avalia-
ção dos mesmos.

Nos sistemas fotovoltaicos autónomos é necessário conhecer de-


talhadamente as necessidades e os desejos do utilizador, visto que
estes são o eixo fundamental na conceção do equipamento. Se se
definirem as dimensões da instalação sem conhecer estas neces-
sidades, esta poderia vir a ser excessivamente cara ou, caso con-
trário, não poder fornecer a energia necessária.

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Nos sistemas fotovoltaicos autónomos, a estimativa correta da energia consu-


mida pelo sistema só será fácil de se obter nas aplicações onde se conheçam
exatamente as características da carga (potência e tempo médio de utilização
diária), como por exemplo em sistemas de telecomunicações. No entanto, nou-
tras aplicações como a eletrificação de habitações rurais, esta tarefa não será
assim tão simples, pois vários outros fatores irão pesar no consumo final de
eletricidade: tamanho e composição das famílias (idade, formação, etc.), tempo
de utilização das cargas, por parte dos utilizadores, capacidade para adminis-
trar a energia disponível, etc. É, portanto, evidente que os sistemas fotovoltai-
cos têm um comportamento social bastante acentuado e será necessário, em
várias ocasiões, envolver o próprio utilizador no funcionamento do sistema.
Os dados de consumo poderão ser obtidos principalmente a partir de:
 Valores medidos nos anos anteriores, a partir da leitura de contadores,
faturas elétricas, etc;
 Especificação da potência elétrica dos equipamentos de corrente alter-
nada e contínua, com o número de horas diárias de funcionamento.
Nas eletrificações das habitações, quando não existirem dados disponíveis,
utilizar-se-ão os consumos elétricos de corrente contínua (CC ou DC) e corrente
alternada (CA ou AC) orientativos da tabela seguinte.
Tabela 1. Potências e tempos médios de funcionamento diário dos aparelhos
domésticos.

Potência (W) Tempo de utilização


Aparelhos
AC DC horas/dia

Iluminação do quarto 20 13 1

Iluminação da casa de banho 20 13 2

Iluminação da cozinha 20 13 3

Iluminação da sala 40 13 7

Máquina de lavar roupa 1600 0,5

Máquina de lavar roupa a frio 300 0,2

Lava-loiça 1600 1

Frigorífico 100 24

Micro-ondas 850 1

Ferro de engomar 1500 1

Aspirador 1500 0,5

Pequenos eletrodomésticos 300 1

Televisor 45-90 4

Aparelhagem 150 1

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Potência (W) Tempo de utilização


Aparelhos
AC DC horas/dia

Vídeo/DVD 90 2

Computador 100 1

Na determinação das necessidades energéticas diárias, deve co-


nhecer-se a potência dos diferentes equipamentos elétricos de
corrente alternada e contínua e efetuar uma estimativa do seu
tempo de utilização diária.

A ficha técnica de consumos representa o ponto de partida para o cálculo de


uma instalação fotovoltaica. Esta ficha listará a potência de todos os equipa-
mentos, tanto de corrente contínua como de alternada, e os seus tempos mé-
dios de utilização diários. Depois de conhecermos estes dois dados, poderemos
calcular o consumo médio diário para cada aparelho.
Tabela 2. Dados de consumo para o cálculo das necessidades elétricas a
abranger relativamente a uma instalação fotovoltaica, no mês X.

MÊS
X CORRENTE ALTERNADA (AC)
Tempo de utilização Consumo diário
EQUIPAMENTO Potência (W)
(horas/dia) (Wh/dia)
(nome) (a) (b) (c) = (a) x (b)
(nome’) (c’)
(nome’’) (c’’)

Consumo total de corrente alternada (Wh/dia) (d) = (c) + (c’) + ...


CORRENTE CONTÍNUA (DC)
Tempo de utilização Consumo diário
EQUIPAMENTO Potência (W)
(horas/dia) (Wh/dia)
(nome) (e) (f) (g) = (e) x (f)
(nome’) (g’)
(nome’’) (g’’)

Consumo total de corrente contínua (Wh/dia) (h) = (g) + (g’) + ...


VALORES TOTAIS
Consumo total diário (Wh/dia) (i) = (d) + (h)
Utilização mensal (dias/mês) (j)
Consumo total mensal (Wh/mês) (k) = (i) x (j)

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Nos casos de consumo concentrado em alguns dias da semana (por exemplo


aos fins de semana), costumam discriminar-se os dados de consumo por dias,
com periodicidade semanal.

Determinar a média das necessidades energéticas diárias numa


habitação rural, que se pretende eletrificar através de energia solar
fotovoltaica. Na tabela seguinte, listamos diversos aparelhos elétri-
cos existentes na instalação, assim como o tempo médio de utili-
zação de cada um deles. Nota: iremos considerar um consumo
médio diário constante ao longo do ano.
Aparelho Potência (W) DC/AC Horas
10 pontos de iluminação 20 DC 1
2 pontos de iluminação 40 DC 2
1 TV a cores 60 AC 5
1 máquina de lavar roupa 275 AC 8*
1 frigorífico 60 AC 10
1 máquina de barbear 12 AC 0,2
1 rádio 6 AC 1

*8 horas de utilização por semana


Resolução:
Total de consumo médio diário DC = 10 x 20 x 1 (10 pontos de
iluminação) + 2 x 40 x 2 (2 pontos de iluminação) = 200 + 160
= 360 Wh/dia.
Total de consumo médio diário AC = 60x5 (TV a cores) + 275 x
(8/7) (máquina de lavar roupa 1 dia por semana) + 60 x 10 (frigo-
rífico) + 12 x 0,2 (máquina de barbear) + 6 x 1 (rádio) = 300 +
314,29 + 600 + 2,4 + 6 = 1222,69 Wh/dia.
Total de consumo médio diário = Total de consumo médio diário
DC + Total de consumo médio diário AC = 360 + 1222,69=
1582,69 Wh/dia.

Realiza o seguinte exercício sem olhar para as soluções.


Calcular a energia média diária consumida por um equipamento de
transmissão. Os consumos médios para os diferentes estados do
equipamento são:
 Stand-by 0,3 A.
CASO  Receção 0,8 A.
PRÁTICO  Transmissão 8 A.
Os tempos de funcionamento previstos para cada modo são 23
horas em stand-by, ½ hora em receção e ½ hora em transmissão.
Nota: tensão nominal do equipamento de transmissão: 12 V.
Solução:
135,6 Wh/dia.

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1.2. CÁLCULO DO CONSUMO MÁXIMO


O cálculo do consumo máximo irás basear-se no seguinte passos:
 1º Passo – Determinação energia máxima de consumo da instalação
num dia.
Para determinar o consumo máximo temos que ter em conta a tensão dos acu-
muladores de baterias que se iremos utilizar.
Analisando a fórmula da potência:
P=U x I
Verificamos que o consumo irá variar em função da tensão que iremos utilizar.
Quanto menor for a tensão, maior será o valor da corrente. Por outro lado, ao
aumentar a tensão, aumentará também o número de acumuladores de baterias
ligados em série, que fará com que o valor da corrente diminua.
Posto isto, a fórmula para determinar o cálculo do consumo será:

W Wh 
EinstatâneaMáx 
U Bateria V 
Onde:
EinstatâneaMáx – É o valor da energia máxima de consumo da instalação num dia.
A sua unidade é o Ahd, que corresponde ao valor de energia necessário ao
consumo da instalação no período de um dia.
EBateria – É o valor da tensão nominal utilizado pelos acumuladores de baterias.
 2º Passo – Determinação energia máxima de consumo da instalação
num dia tendo em conta o coeficiente de segurança.

Deves sempre incluir um coeficiente de segurança, para prever


falhas na instalação ou mesmo para os casos em que haja con-
sumos excessivos. O valor mais usado é de 20%.

Considerando o coeficiente de segurança, o consumo máximo diário será:


EMáxiDiária  EinstatâneaMáx  EinstatâneaMáx  20%Ahd 

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 3º Passo – Determinação energia máxima de consumo da instalação


num dia tendo em conta as perdas originadas pela instalação
Neste ponto e sabendo a energia máxima diária, deves ter em conta as perdas
do sistema. Estas perdas são determinadas pela seguinte fórmula:

 K  DAutonomia  
Perdas  1  K B  K C  K R  K X  1  A 
 PD
Onde:
K A - O coeficiente de autodescarga. É a fração de energia da bateria que se
perde por dia em autodescargas. Este valor é dado para uma temperatura de 20
ou 25ºC, geralmente para um período de um, três ou seis meses na sua ficha
técnica, bastando dividir o valor especificado pelo número de dias do período
correspondente. Outras vezes, o fabricante faculta-nos um gráfico da autodes-
carga da sua bateria, de modo que, se neste gráfico víssemos que a capacida-
de de uma bateria em apenas 70% da inicial, decorridos 6 meses o valor deste
coeficiente seria de ka=0,3/180 dias=1,66x10-3 dia-1. Na ausência de dados,
costuma atribuir-se a este coeficiente o valor fixo de 0,005 (0,5% diário);
K B - O coeficiente de perdas por rendimento no acumulador. Representa a
fração de energia que a bateria não devolve em relação à que absorve, proveni-
ente do campo gerador fotovoltaico. Este valor é normalmente 5%;
K C - O coeficiente de perdas no inversor. O rendimento deve ser fornecido pelo
fabricante. Na ausência de dados, os valores de coeficiente costuma ser igual a
0,2 para inversores sinusoidais e 0,1 para os de onda quadrada;
K R - O coeficiente de perdas no regulador. O rendimento do regulador utilizado
dependerá da tecnologia usada, mas, por defeito, caso não se saiba o valor do
seu rendimento, utilizar-se-á o valor de 90%, o que corresponde a perdas de
10%;
K X - O coeficiente de outras perdas. Este valor é representado por outras per-
das não contempladas, como, por exemplo, por efeito de Joule, quedas de ten-
são, etc. O valor por defeito escolhido é 15%;
PD – É a profundidade de descarga do acumulador de bateria. Normalmente
este valor é fornecido pelo fabricante, mas em caso da sua ausência o valor
poderá variar entre 60% e 70%;
DAutonomia – Representa os dias de autonomia com baixa ou mesmo nula energia
solar, que serão necessários para cobrir as necessidades de consumos das
cargas da instalação, sem recorrer à energia produzida pelos módulos fotovol-
taicos. Este valor depende da localização geográfica e do período de utilização
da instalação (inverno ou verão). Normalmente considera-se um valor entre 2 e 5
dias de autonomia que pode aumentar entre 6 e 7 para locais de mais baixa
radiação solar.
Uma vez determinadas as perdas, determinamos a energia máxima de consumo
da instalação num dia, tendo em conta as perdas originadas pela instalação.

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1.3. DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE MÓDULOS


Determinando a energia máxima de consumo da instalação, a quantidade de
corrente que a instalação vai consumir, deve-se proceder à consulta das carac-
terísticas dos módulos fotovoltaicos a fim de se calcular o número de módulos
necessários para cobrir as necessidades da instalação.
Após isso deves determinar o número de horas de pico solar. E estudar qual o
ângulo de inclinação ideal para a instalação.

1.3.1. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DOS MÓDULOS FOTOVOLTAICOS


As principais características que os fabricantes dos módulos fotovoltaicos apre-
sentam são:
 Potência nominal;
 Tensão nominal;
 Tensão máxima;
 Corrente máxima;
 Corrente de curto-circuito;
 Tensão em circuito aberto;
 Coeficiente de temperatura da célula para a tensão em circuito aberto;
 Coeficiente de temperatura da célula para a corrente em curto-circuito.

Figura 2. Exemplo folha de característica de um módulo fotovoltaico.

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Analisando a folha de características deve retirar os seguintes dados para o


dimensionamento:
Potência nominal 120 W
Tensão nominal 12 V
Tensão máxima 16,10 V
Corrente máxima 7,45 A
Corrente de curto-circuito 7,90 A
Tensão em circuito aberto 21,60 V

1.3.2. DETERMINAÇÃO HPS. HORAS DE PICO SOLAR


O HPS, são o número de horas em que o painel pode fornecer à instalação cor-
rente suficiente.
Este número normalmente varia entre 3 a 6 horas diárias, dependendo apenas
do mês e do lugar onde se encontra a instalação fotovoltaica.

Figura 3. Hora de pico solar.

As horas de pico solar são as horas em que o painel pode fornecer


à instalação corrente suficiente para este cobrir as suas necessi-
dades.
Nas restantes horas existe uma menor radiação, ou mesmo nula.
Logo o seu aproveitamento energético será muito menor.

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O valor de horas de pico solar determina-se através da seguinte fórmula:

HPS horas  
ValorDaRad iaçãoSolar Wh / m 2  
ValorDaPot ênciaDaRadiaçãoSolar Incidente W / m 2  
Onde o valor da potência da radiação solar incidente é por defeito 1000 W/m2.

O valor de HPS a considerar pode variar mediante o período de


utilização da instalação. Assim, se a instalação funcionar durante
todo o ano, devemos considerar o valor de radiação mais desfavo-
rável (normalmente dezembro).
Se a utilização da instalação for durante um período em que a
oscilação de radiação não muito elevada (por exemplo, maio a
setembro) consideramos a média do valor de radiação.

Pretende-se determinar o HPS para o mês de fevereiro para a loca-


lidade de Lisboa para um ângulo de 90º de inclinação.
Resolução:
Através de uma ferramenta colocada num site para os projetistas
das instalações fotovoltaicas, podemos determinar o cálculo da
radiação solar e o seu aproveitamento para um lugar específico,
neste caso Lisboa. Para tal executamos os seguintes passos:
1º passo
Aceder ao site dos projetistas para instalações fotovoltaicas e sele-
cionar a localidade que se pretende estudar. Neste caso Lisboa.
http://re.jrc.ec.europa.eu/pvgis/apps4/pvest.php

Figura 4. Ferramenta selecionada para Lisboa.

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2º passo
Selecionar o ângulo de inclinação que se pretende dimensionar e
executar o cálculo.

Ferramenta selecionada para Lisboa para um ângulo de 90º de


inclinação.
3º passo
Consultar e analisar os valores obtidos.

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Tabela da radiação solar mensal. Para o mês de fevereiro, para uma


radiação solar a uma inclinação de 90º, o valor dessa radiação
podemos consultar que é de 4120 Wh/m2
Aplicando a equação da HPS,

HPS 

4120 Wh / m 2 4,12horas 

1000 W / m 2

Através do Photovoltaic Geographical Information System - Interacti-


ve Maps, no site (http://re.jrc.ec.europa.eu/pvgis/apps4/pvest.php)
podes obter dados como, latitudes, radiação solar, ângulos de incli-
nação ideais.
Tem atenção que os dados referentes à radiação solar podem so-
frer alterações ao longo do tempo.

1.3.3. ÂNGULO DE INCLINAÇÃO IDEAL PARA A INSTALAÇÃO


Nas instalações dos sistemas fotovoltaicos, o projetista utiliza um ângulo de
inclinação ideal de forma a se obter uma melhor eficiência energética.
As instalações fotovoltaicas situadas no hemisfério norte e os painéis fotovoltai-
cos devem estar orientados para sul. Caso estejam situadas no hemisfério sul,
os painéis devem ser orientados para norte.
Para determinarmos a inclinação ideal para a instalação devemos ter em conta
a latitude do local a que se encontra a mesma. Após isso determinamos o ângu-
lo de inclinação ideal tendo em conta três situações de dimensionamento na
tabela seguinte:

Período de utilização Ângulo de inclinação


Todo o ano Latitude do local – 5º
Inverno Latitude do local + 15º
Verão Latitude do local – 15º

Caso se pretenda dimensionar a nossa instalação para o ano inteiro:


Para o ano inteiro: Latitude do local – 5 º.
Caso se pretenda dimensionar a nossa instalação para o período de inverso:
Para o inverno: Latitude do local + 15 º.
Caso se pretenda dimensionar a nossa instalação para o período de verão:
Para o verão: Latitude do local – 15 º.

19
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Pretende-se determinar o ângulo de inclinação ideal para uma


instalação fotovoltaica, dimensionada para o ano inteiro, situada
em Lisboa. Qual o valor do ângulo?
Resolução:
Consultando a tabela 1 referente ao anexo A, verificamos que a
latitude do local é de 39º.
Como pretendemos determinar o ângulo de inclinação ideal para o
ano inteiro:
  39º 5º  34º

O valor do ângulo de inclinação ideal também pode ser obtido


através do site dos projetistas para instalações fotovoltaicas. Como
se verifica na figura 6, o ângulo de inclinação ideal calculado pelo
programa é também de 34º.
Através desse site também podemos determinar o valor do ângulo
de inclinação ideal para um número específico de meses.

Determina através do site para projetistas de instalações fotovoltai-


cas o valor de HPS e o ângulo de inclinação ideal para uma instala-
ção fotovoltaica situada em Santarém, em que o seu regime de
funcionamento esteja restrito aos meses de abril a setembro.

20
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Resolução:
Calculando os valores através do site, obtemos os seguintes resul-
tados:

Figura 5. Tabela da radiação mensal.

Onde:
 Hh – é o valor de radiação horizontal em Watt-hora por metro
quadrado.
 Hopt – é o valor de radiação na inclinação ótima em Watt-hora
por metro quadrado.
 H(90) – é o valor de radiação na inclinação a 90º em Watt-
hora por metro quadrado.

21
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

 Iopt – é o valor da inclinação ideal.


 T24h – é o valor da temperatura média nas 24h em ºC.
 NDD – é o valor do número de ºC por aquecimento.
Para os meses de abril a setembro
O valor de radiação na inclinação ótima é determinado pela média
dos valores obtidos nesses meses, que nesse caso serão:
6100  6500  6950  7330  7330  6630
 6806,67Wh / m 2
6

Aplicando a equação da HPS,


HPS=6806,67/1000=6,80 horas
O valor do ângulo da inclinação ideal é determinado também pela
média dos valores obtidos nesses meses:
ߙ=(26°+14°+6°+9°+21°+38°)/6=19°

1.3.4. DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE MÓDULOS DA INSTALAÇÃO


Após análise das características do módulo fotovoltaico, da determinação da
HPS, do ângulo da inclinação ideal, e da energia máxima de consumo necessá-
ria a alimentar, utiliza-se a seguinte equação para se determinar a energia forne-
cida pelo painel:
EMódulo Ahd   lMáx _ Módulo  HPS   Módulo
Onde,
l Máx _ Módulo - Intensidade de corrente máxima que o painel fornece.
HPS - Horas de pico solar.
 Módulo - Rendimento do painel fotovoltaico. Caso o fabricante não forneça este
valor, deve-se considerar 90%.
Sabendo a energia fornecida pelo painel podemos determinar o número de pai-
néis a colocar na nossa instalação:
 Número de painéis em paralelo.

N EMáxima
MódulosPar alelo 
EMódulo

 Número de painéis em série.

N U Baterias
MódulosSér ie 
U Módulo

22
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

1.4. CÁLCULO DA CAPACIDADE DA BATERIA


Para determinar o valor da capacidade do acumulador de bateria a instalar no
sistema fotovoltaico de forma a cobrir as necessidades de consumo, utiliza-se a
seguinte expressão:

E Máxima  D Autonomia
C Bateria 
PD
Onde:

E Máxima – Energia máxima de consumo da instalação num dia tendo em conta


as perdas originadas pela instalação.

D Autonomia – Representa os dias de autonomia com fraca ou mesmo nula ener-


gia solar, que serão necessários para cobrir as necessidades de consumos das
cargas da instalação.
PD – É a profundidade de descarga do acumulador de bateria. Normalmente
este valor é fornecido pelo fabricante, mas em caso da sua ausência o valor
poderá variar entre 60% e 70%.

1.5. DIMENSIONAMENTO DO REGULADOR DE CARGA


Depois de se ter concebido a instalação e de se ter calculado o número de pai-
néis e a capacidade de acumulação, efetua-se o dimensionamento do regulador
de carga.

1.5.1. CÁLCULO E SELEÇÃO DO REGULADOR


O regulador de carga que se selecionar deverá ter uma tensão nominal igual à
tensão nominal da nossa instalação que, recordemos, é determinada pela tensão
das cargas de consumo de DC que coincide com a do sistema de acumulação.
Além disso, deverá ter uma margem de segurança ou coeficiente, que evite que
o regulador trabalhe no limite da sua corrente máxima que deve suportar. O
valor desse coeficiente tem como valor os 10% e os 12,5%.

Se tivermos várias cargas de consumo, na escolha do regulador


deverá ter-se em conta se todas as cargas funcionam de forma
simultânea, pois isso influenciará a corrente na linha de consumo.

23
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Para determinar o número de reguladores a instalar na instalação, é importante


conhecer a corrente máxima que o regulador deve suportar, para tal determina-
se a corrente máxima que os módulos fotovoltaicos podem fornecer ao regula-
dor. Para isso devemos ter em conta que a corrente elétrica em circuitos série é
a mesma e que nos circuitos paralelos soma-se, logo:

lMáximaDosMódulosFv  N RamaisEmParalelo  lSCMódulos

Após isso, aplica-se o coeficiente de segurança (10% - 12,5%)

l MáximaDosMódulosFvCoef  1,125  l MáximaDosMódulosFv


Sabendo o valor máximo da corrente, divide-se o mesmo valor pela corrente do
regulador escolhido, a fim de se determinar o número de reguladores necessá-
rios:

l MáximaDosM ódulosFvCo ef
N Re guladores 
l Máxima Re gulador

1.6. DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICO


COM EQUIPAMENTO DC E AC – UTILIZAÇÃO DE
INVERSOR
Sempre que temos cargas de consumo de corrente alternada, é necessário a
utilização do inversor. Para o dimensionamento da instalação teremos que en-
trar com o valor das perdas do inversor e determinarmos a energia diária neces-
sária em corrente alternada e corrente contínua.
Para determinar a energia diária necessária em AC:

WDAC   Quantidade horas  PEquipamentoAC


Sabendo o rendimento do inversor, caso o fabricante não faculte, é por norma
considerado por defeito o valor de 90%.

WDiáriaMáxAC  WDAC / 

Sabendo o valor da energia máxima diária em AC, já tendo em conta o rendi-


mento do inversor, soma-se este valor ao valor da energia máxima diária neces-
sária em DC para proceder-se ao dimensionamento dos outros pontos referidos
anteriormente.

WDiáriaTotal  WDiáriaMáxAC  WDiáriaMáxDC

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Para a escolha do inversor, deve-se ter em conta a tensão nominal


de entrada DC e a potência máxima do mesmo de forma a cobrir o
somatório da potência das cargas AC.

1.7. CÁLCULO DA SELEÇÃO DOS CONDUTORES


Identificar e conhecer as peculiaridades dos diferentes circuitos elétricos que
fazem parte de uma instalação fotovoltaica autónoma é algo muito importante
para a análise e compreensão da mesma. Os circuitos principais que podemos
encontrar numa instalação deste tipo são descritos na tabela seguinte.
Tabela 5. Circuitos elétricos principais de uma instalação fotovoltaica autónoma

Campo gerador fotovoltaico-regulador


Regulador-bateria
SISTEMA FOTOVOLTAICO
Regulador-inversor
AUTÓNOMO
Regulador-Consumo em DC
Inversor-Consumo em AC

As características mais importantes dos circuitos presentes em instalações fo-


tovoltaicas autónomas indicam-se na tabela 6.
Tabela 6. Limites, tipo de cabo utilizado e tensões habituais dos circuitos elétri-
cos de instalações fotovoltaicas.
CAMPO FV- REGULADOR- REGULADOR- CONSUMO EM CONSUMO EM
REGULADOR BATERIA INVERSOR CC CA
TIPO DE
Contínua Contínua Contínua Contínua Alternada
CORRENTE
Desde os
Desde os
Terminais Terminais terminais
Terminais terminais de saída
principais do correspondentes correspondentes
correspondentes do inversor até ao
campo FV e no regulador e no regulador até
LIGAÇÕES no regulador e elemento de
terminais terminais de ao elemento de
terminais da consumo AC, ou
correspondentes entrada do consumo CC, ou
bateria caixa de
no regulador inversor caixa de
distribuição AC
distribuição CC
Cabo bipolar sob Dois cabos Dois cabos Cada linha: cabo Cada linha: cabo
CABLAGEM tubo (no ar ou unipolares no ar unipolares no ar bipolar enterrado bipolar enterrado
enterrado) ou sob calha ou sob calha ou sob calha ou sob calha
TENSÃO 12, 24 ou 48 V 12, 24 ou 48 V 12, 24 ou 48 V 12, 24 ou 48 V 230 V

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Os condutores necessários em instalações fotovoltaicas terão a secção ade-


quada para reduzir as quedas de tensão e os aquecimentos. Em concreto, para
qualquer condição de trabalho, os condutores deverão ter a secção suficiente
para que a queda de tensão seja inferior, incluindo qualquer terminal intermédio,
aos valores especificados de seguida (referentes à tensão nominal da instala-
ção):
Tabela 7. Quedas máximas de tensão admissíveis em % para instalações sola-
res fotovoltaicas autónomas

Queda de tensão máxima entre gerador e regulador 3%


Queda de tensão máxima entre regulador e bateria 1%
Queda de tensão máxima entre regulador e inversor 1%
Queda de tensão máxima entre regulador e cargas DC 1%
Queda de tensão máxima entre inversor e cargas AC 3%

É frequente que os terminais principais do campo gerador FV resultem da liga-


ção em paralelo de vários ramais de módulos, constituindo cada um deles um
circuito gerador elétrico secundário com a sua correspondente corrente. Nestes
casos, a queda de tensão assinalada será a soma correspondente aos circuitos
geradores secundários mais a correspondente ao circuito gerador principal, se
existir desde a caixa de ligações principal até ao regulador.
Toda a cablagem de uma instalação fotovoltaica cumprirá o estabelecido na le-
gislação em vigor nas Regras Técnicas de Instalações Elétricas de Baixa Tensão.
Os positivos e negativos da parte contínua da instalação serão conduzidos se-
parados, protegidos e sinalizados (códigos de cores, etiquetas, etc.). As técni-
cas mais utilizadas para a identificação da polaridade da cablagem são utilizar
cabos de cores diferentes ou marcar as terminações dos mesmos com fitas de
cores diferentes. Esta última aplica-se principalmente nos casos em que não
existem no mercado cabos de cores diferentes para as secções de conceção
resultantes. Na tabela seguinte pode ver-se o código de cores habituais em ins-
talações fotovoltaicas.
Tabela 8. Códigos de cores habituais em instalações fotovoltaicas

POLARIDADE COR
Positiva Vermelho
Negativa Preto

Para condutores de cobre, a secção dos cabos para corrente contínua e para
alternada monofásica calcular-se-á através da expressão:
2 Ll
S
56  V

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Sendo:
 S: a secção em mm2.
 L: o comprimento em m.
 56: a condutividade do cobre em m/Ωmm2.
 l: a corrente máxima admissível em amperes, que de acordo com as
regras técnicas deverá ser 25% superior à corrente de curto-circuito.
 V : a máxima queda de tensão admissível em volts.

Depois de conhecida a máxima queda de tensão admissível em %,


para a expressar em volts, esta será dividida por 100 e o resultado
obtido multiplicar-se-á pela tensão máxima do painel fotovoltaico.

Ao contrário dos sistemas de eletrificação convencionais, as instalações fotovol-


taicas costumam instalar-se em locais onde a referida instalação não estava
prevista. Por este motivo, o habitual será que a instalação da cablagem seja
realizada à vista, fixada aos muros e paredes existentes (com grampos, abraça-
deiras ou sob calha), ou então enterrada (dentro de tubo) quando não existirem
elementos de edificação que facilitem a fixação.
A cablagem do gerador fotovoltaico, tanto a interligação dos módulos como a
ligação com o regulador, encontra-se, pelo menos uma parte, sujeita à intempé-
rie. Portanto, deverão tomar-se as medidas necessárias para que a cablagem
seja resistente aos efeitos da humidade e da radiação ultravioleta (cabo com
isolamento adequado, dentro tubo, etc.).
Na realização da cablagem ao ar, evitar-se-ão a todo o custo instalações desor-
denadas, pouco uniformes (com curvas abundantes e direções transversais),
prestando-se especial atenção à questão estética.

Realiza o seguinte exercício sem olhar para as soluções.


O campo gerador de uma instalação fotovoltaica consiste em 6
painéis dispostos em 3 ramais em paralelo, cada ramal formado
por 2 painéis ligados em série. O modelo de painel utilizado é o
ATERSA A-45 com as seguintes características elétricas:
CASO  Potência máxima, Pmax=45 Wp.
PRÁTICO  Corrente no ponto de máxima potência, Imáx=3 A.
 Tensão nominal V=12 V.
 Corrente de curto-circuito, Isc=3,2 A.
 Tensão de circuito aberto, Voc=18 V.
O comprimento do circuito elétrico que une o campo gerador ao
regulador é de 10 m. Pede-se para calcular a secção do condutor
necessário para este circuito.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Solução:
Para o cálculo das secções dos condutores utilizaremos a fórmula
S  2  l  I que vimos anteriormente.
56  V
CASO Circuito campo gerador-regulador:
PRÁTICO
O comprimento deste circuito é l = 10m, a máxima queda de ten-
são admissível segundo a tabela 7 é de 3% e, como a tensão no-
minal da nossa instalação é 24 V, teremos:
3
V  x 24  0,72V
100
Nota: não podemos esquecer que temos 2 painéis ligados em
serie em três ramais, o que implica ter uma tensão da nossa insta-
lação 24V.
Para o cálculo da secção do condutor necessário, a corrente, I, da
secção do campo gerador-regulador costuma assumir-se como
igual a 1,25 vezes a corrente de curto-circuito do campo gerador,
1,25Icc, gerador.
Recorda que a corrente de curto-circuito do campo gerador é o
produto do número de ramais em paralelo (um ramal pode ser
formado por um ou vários painéis ligados em série) pela corrente
de curto-circuito de um painel:
Isc, gerador = N×.Isc, painel

Sendo N o número de ramais em paralelo.


No nosso caso, o campo fotovoltaico era formado por 6 painéis
dispostos em 3 ramais ligados em paralelo; a corrente de curto-
circuito deste modelo é Isc=3,2 A
Isc, gerador = N×.Isc, painel =3×3,2A =9,6A
2l  I 2  10  1,25  9,6 240 2 2
S    5,9 mm  6mm
56  ΔV 56  0,72 40,32
Escolheremos a secção comercial disponível imediatamente supe-
rior ao valor calculado, ou seja, 6 mm2.

28
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

2. MONTAGEM DE UMA INSTALAÇÃO


FOTOVOLTAICA AUTÓNOMA

Este ponto é importante e queremos que o compreendas bem.


Ânimo!

Embora cada instalação fotovoltaica tenha características particulares que re-


querem soluções de conceção e de montagem também particulares, todas as
instalações deste tipo têm muito em comum.
A título de exemplo, de seguida indicam-se as que poderiam ser as operações
principais da planificação da montagem de uma instalação fotovoltaica autóno-
ma tipo.
1. Transporte dos elementos, ferramentas de trabalho e equipamento elé-
trico em vez da instalação;
2. Colocação e fixação do regulador e do inversor no armário de controlo;
3. Montagem do quadro elétrico no armário de controlo (colocação dos
elementos de desconexão e proteção);
4. Colocação no compartimento das bancadas para as baterias;
5. Colocação das baterias sobre as bancadas;
6. Cablagem das baterias;
7. Transporte da estrutura de suporte até ao local da instalação;
8. Montagem e fixação da estrutura de suporte;
9. Transporte dos painéis fotovoltaicos até ao local da instalação;
10. Fixação dos painéis à estrutura de suporte;
11. Colocação das caixas de ligações principais do gerador fotovoltaico;

30
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

12. Cablagem série-paralelo do campo gerador;


13. Instalação de cabos do campo gerador até ao armário de controlo;
14. Interligação no armário de controlo do campo gerador, regulador, ba-
teria, inversor (se existir) e consumos;

Figura 6. Operário a realizar a conexão elétrica no armário de controlo

15. Sinalização de segurança na sala das baterias e no armário de controlo.

2.1. AQUISIÇÃO, TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DO


MATERIAL
As instalações fotovoltaicas têm algumas peculiaridades que obrigam o instala-
dor a considerar as operações anteriores à montagem.

2.1.1. AQUISIÇÃO
Os instaladores não dispõem de um stock de materiais fotovoltaicos, adquirindo
estes materiais diretamente dos fabricantes ou de distribuidores oficiais (caso
mais geral). A prática comum é trabalhar sempre com elementos do mesmo
fabricante ou distribuidor. Normalmente, os distribuidores ou fabricantes não
levam o material necessário para o local da instalação, pelo que o instalador
deverá contar com algumas dependências adequadas para poder armazenar o
material recebido.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

2.1.2. TRANSPORTE
É conveniente contactar o cliente para se certificar de que entendeu correta-
mente qual é o percurso até ao local da instalação. Deve prestar-se especial
atenção à sua localização e às vias de acesso disponíveis.
Também é importante conhecer as vias de acesso até ao local da instalação e
saber o estado em que se encontram para determinar qual o meio de transporte
a utilizar e como deveremos transportar o material. Deverá prestar-se especial
atenção ao transporte das baterias, para evitar o derrame do eletrólito. Todos os
componentes, e em especial os módulos, deverão ter uma boa distribuição e
uma amarração segura, de modo a evitar pancadas e quedas.

2.1.3. ARMAZENAMENTO
Muitas vezes, durante a montagem de uma instalação fotovoltaica costuma ser
necessário armazenar o material de forma provisoria num local diferente do de-
finitivo. Nestes casos, ter-se-ão em conta as seguintes considerações.
 Para evitar roubos, é recomendável armazenar o material fotovoltaico,
especialmente os painéis, em locais fechados ou vigiados.
 Se forem armazenados em vias de passagem de pessoas, deverá
prever-se qualquer imprevisto, como manuseamentos indevidos,
pancadas ou quedas fortuitas de material, etc., prestando especial
atenção aos painéis e às baterias com os seus terminais acessíveis.
 Deverá evitar-se a exposição direta e prolongada das baterias aos raios
solares e o armazenamento à intempérie de elementos (reguladores,
inversores, etc.) sem o grau de proteção IP adequado.

Realiza o seguinte exercício sem olhar para as soluções.

1
Aprovisionamento. Evitar derrame de eletrólito de ba-
2
Localização. terias. a
RELACIONA 3
Vias de acesso. Escolher componentes do mesmo
4 fabricante ou distribuidor. b
Armazenamento.
Locais fechados ou vigiados. c
Conhecer o percurso até ao local
da instalação. d
Solução:
1b, 2d, 3a, 4c.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

2.2. PASSOS ANTERIORES AO PROCESSO DE INSTALAÇÃO


O instalador deverá visitar o local anteriormente para marcar a localização de
cada elemento da instalação e realizar o traçado das trajetórias que os cabos
elétricos irão seguir.

Se a instalação a realizar for pequena, pode prescindir-se desta


visita para não ocasionar um custo adicional. Neste caso, a distri-
buição e o traçado desta são decididos depois de os instaladores
se deslocarem com todo o material e equipamento necessário
para realizar a instalação.

Como se verá posteriormente, uma das decisões mais delicadas será a que diz
respeito à localização das baterias, numa sala, ou num compartimento especi-
almente concebido para elas, ou ainda numa divisão ventilada, fora das zonas
de utilização habituais dos utilizadores.
Juntamente com o material que fará parte da instalação, irão preparar-se as
ferramentas necessárias para a sua montagem:
 Chaves fixas e ajustáveis;
 Serras corta-tubos;
 Canivete de eletricista;
 Alicates universais e de boca fina;
 Martelo de eletricista;
 Aparafusadoras;
 Busca-pólos ou polotest;
 Limas e grosas;
 Perfuradores e brocas de diversos tamanhos;
 Fita métrica;
 Alicate para descascar condutores;
 Alicate de corte;
 Alicate de rosca;
 Fita isoladora;
 Adesivos;
 Lanterna;
 Multímetro e pinça amperimétrica para corrente contínua e alternada;
 Bússola;
 Medidor de ângulos;
 Tesoura;
 Lâminas.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Figura 7. Multímetro digital utilizado para verificar magnitudes elétricas e diagnosticar avarias.

Durante a realização de qualquer instalação fotovoltaica deverá ter-se em conta


as seguintes considerações:
 Um bom projeto é imprescindível e condiciona a montagem correta da
instalação.

Por muito bem feita que seja a execução da montagem de uma


instalação, se o dimensionamento da mesma ou a seleção dos
seus componentes e materiais não forem os adequados, esta não
funcionará de forma correta ou surgirão falhas.

 Não existe um único processo de montagem, embora existam algumas


fases do mesmo que se realizem sempre antes de outras, tal como ob-
servámos anteriormente.
 Devemos respeitar sempre determinadas normas de instalação que a
experiência foi consagrando.
 No momento de realizar a montagem das instalações deverão ter-se
em conta as normas de cumprimento obrigatório aplicáveis a instala-
ções solares fotovoltaicas (Regras Técnicas de Instalações Elétricas de
Baixa Tensão).
 Em determinados casos também se deverão ter em conta as normas
ou especificações ditadas por outros organismos competentes na ma-
téria (p. ex. Caderno de Encargos, etc.).

34
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Figura 8. Instalação fotovoltaica em telhado.

 Nas grandes instalações, a localização dos painéis, baterias e armário


de controlo será definida no projeto ou na memória técnica, ao contrá-
rio do que acontece nas pequenas instalações, onde o instalador deci-
dirá in situ o traçado e a localização dos elementos. Na fase de conce-
ção ou preparação da montagem, deverão ter-se em conta os seguin-
tes aspetos:
 O campo gerador deverá colocar-se orientado para o sul geográ-
fico, assegurando a ausência de sombras.
 A facilidade de acesso para a montagem e manutenção dos
componentes da instalação, em especial os painéis fotovoltaicos.
 Reduzir, na medida do possível, os comprimentos de cablagem
dos diferentes circuitos elétricos para evitar quedas de tensão e
custos excessivos.
 Procurar fazer com que o traçado não seja muito complexo (menor
número possível de curvas, boa acessibilidade para a montagem, etc.).
 Para fixar a localização dos painéis fotovoltaicos, deverão ter-se em
conta os seguintes aspetos:
 Os painéis deverão orientar-se, sempre que possível, exatamente
para o Sul geográfico. Em alguns casos poderão admitir-se des-
vios de 20º para o Este/Oeste quando a existência de sombras
ou outras condicionantes do local assim obriguem, respeitando
sempre os valores máximos permitidos de perdas de radiação do
campo gerador fotovoltaico dados no ponto 1.3.3 desta unidade.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

 A inclinação dos módulos fotovoltaicos relativamente à horizontal


será realizada, de modo a que a energia captada seja máxima no
período de conceção.
 Em instalações onde se pretenda otimizar a instalação para
captar a máxima radiação durante os meses de inverno (pe-
ríodo de conceção, dezembro). Utilizaremos, portanto, incli-
nações iguais à latitude do local mais 15º.
 Pelo contrário, em instalações que se utilizem apenas no
verão, utilizaremos um ângulo igual à latitude menos 15º.

O período de conceção estabelecer-se-á em função das necessi-


dades de consumo e da radiação.

 A localização das filas de painéis deve assegurar que em momen-


to algum se produzirão zonas com sombra nos mesmos, devidas
a obstáculos próximos.

Figura 9. Distância mínima, d, entre uma fila de painéis e um obstáculo, e entre filas de painéis.

O cálculo da distância d, medida sobre a horizontal, entre uma fila de painéis e


um obstáculo, de altura h, que possa produzir sombras sobre a instalação será
superior ao valor obtido através da expressão.

d = h/tan (61º-latitude)

Na fórmula anterior, 1/tan (61º-latitude) é um coeficiente não dimensional que


denominaremos k.
Na tabela seguinte podemos ver alguns valores significativos deste coeficiente
em função da latitude do local, sendo assim mais direta a aplicação da fórmula.
Tabela 9. Valores de k em função da latitude

Latitude 29º 37º 39º 41º 43º 45º


k 1,6 2,246 2,475 2,747 3,078 3,487

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

 Quando a instalação requer a montagem de mais do que uma fila


de painéis, evitaremos as possíveis sombras projetadas por uma
fila de painéis na seguinte. Neste caso, a separação entre a parte
posterior de uma fila e o início da seguinte não será inferior à ob-
tida através da expressão anterior, aplicando h à diferença de al-
turas entre a parte alta de uma fila e a parte baixa da seguinte,
efetuando todas as medições de acordo com o plano que contém
as bases dos painéis, tal como se observa na figura anterior.
Outro aspeto muito importante a ter em conta é a segurança pessoal dos operá-
rios, devendo prestar-se especial atenção ao manuseamento e montagem das
baterias.
De seguida indicam-se algumas normas que devem ser observadas durante o
manuseamento e montagem de acumuladores:
 Despojar-se de qualquer objeto metálico (fios, pulseiras, anéis, etc.);
 Evitar utilizar capacetes metálicos;
 Usar vestuário adequado, tal como avental, luvas resistentes ao ácido e
óculos protetores;
 Ter sempre água fresca à mão, para poder usá-la em caso de projeção
de ácido sobre os olhos ou a pele;
 Manter as possíveis fontes de chamas ou faíscas afastadas do local
onde se encontram as baterias;
 Descarregar a eletricidade estática corporal, tocando num corpo con-
dutor ligado à terra antes de tocar nas baterias ou nos seus suportes;
 Desligar as baterias de qualquer fonte de carga antes de trabalhar com
elas;
 Os terminais e bornes das baterias devem permanecer cobertos com
tampas de material não condutor;
 Levantar as baterias seguindo as instruções do fabricante, utilizando,
se necessário, meios mecânicos. Planificar o processo de transporte
horizontal, evitando arrastá-las;
 As ferramentas utilizadas na montagem e ligação da bateria de acumu-
ladores devem ter um comprimento inferior à distância entre pólos de
polaridade diferente, de modo a evitar curto-circuitos acidentais;
 As ferramentas deverão proteger-se, nas partes pelas quais são manu-
seadas, com material plástico ou fita isolante.

37
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

2.3. MONTAGEM DA ESTRUTURA DE SUPORTE E PAINÉIS


Depois de vermos, nos pontos anteriores, os passos a ter em conta antes da
montagem de uma instalação, irá proceder-se à montagem da mesma. Neste
ponto vamos centrar-nos na montagem da estrutura de suporte e dos painéis
fotovoltaicos, na sua localização e na colocação da mesma.

A estrutura de suporte é o elemento de uma instalação fotovoltaica


cuja montagem é mais difícil, precisando de mais meios e recursos.

2.3.1. FORMA DA ESTRUTURA E TIPOS DE MONTAGENS


A forma da estrutura em instalações grandes é determinada pelo tipo de pai-
néis, como estão ligados entre eles e o local onde vamos colocar a estrutura.
Pelo contrário, no caso de pequenas instalações, o próprio fabricante do painel
coloca à disposição dos instaladores estruturas normalizadas.

Figura 10. Estrutura desenhada para suportar uma grande quantidade de painéis.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

As próprias empresas que fornecem painéis fotovoltaicos costu-


mam oferecer também estruturas de montagem especialmente
concebidas para as características físicas dos seus painéis, ou dão
respostas técnicas para problemas estruturais concretos, de modo
a facilitarem o trabalho do instalador.

Os materiais mais habituais utilizados nas estruturas são o aço galvanizado, o


aço e o alumínio.
Em geral, podem distinguir-se dois tipos de estruturas, as apoiadas diretamente
sobre o solo (ou superfície) e as apoiadas num mastro.

Figura 11. Estrutura apoiada diretamente sobre o solo.

Na tabela seguinte indicam-se as características de ambos os tipos de estruturas.


Tabela 10. Características das estruturas mais utilizadas em instalações fotovol-
taicas

Estruturas apoiadas diretamente sobre solo


Estruturas apoiadas num mastro
ou superfície
Precisam de vários pontos de apoio e de uma
A fixação e a cimentação da estrutura reduz-se
superfície de cimentação e obra civil
apenas ao ponto de apoio do mastro.
considerável.
A sua conceção é modular, facilitando a São concebidas para albergar um determinado
colocação de um grande número de painéis. número de painéis.
A fixação dos módulos requer a elevação
A fixação dos módulos costuma ser simples,
destes, ou de todo o conjunto pré-montado,
não sendo necessários elementos mecânicos
sendo necessária a utilização de meios
auxiliares.
mecânicos auxiliares.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Estruturas apoiadas diretamente sobre solo


Estruturas apoiadas num mastro
ou superfície
A variação de altura para evitar problemas por A A altura da estrutura pode modificar-se A altura
variação de altura para evitar problemas por da estrutura pode modificar-se facilmente na
sombras pode implicar modificações fase de conceção, agindo simplesmente sobre
consideráveis na conceção. o mastro.
Durante as tarefas de interligação dos painéis, Todos os painéis dispõem de um acesso
as filas inferiores podem ter um acesso difícil. semelhante.
Em geral, oferecem uma inclinação e orientação
São especialmente aptas para serem dotadas
fixas ou, em estruturas pequenas, permite-se a
de um sistema de seguimento solar.
variação manual da mesma.

No momento de realizar a montagem de uma estrutura, ter-se-ão em contas as


seguintes considerações gerais:
 A forma da estrutura terá em conta a utilização necessária dos painéis,
a altura sobre o solo e a separação entre filas.
 Deverá ter-se em conta a possibilidade de ampliar a estrutura facilmen-
te, visto que um aumento dos pontos de consumo implica a instalação
necessária de mais painéis.
 A posição dos painéis deverá prever uma separação entre eles de, pelo
menos, 3 cm, para que o ar possa passar e serem reduzidas as cargas
do vento.
 A posição dos painéis facilitará a ligação entre os mesmos.
 A forma da estrutura e as fixações dos painéis a esta serão concebidas
de modo a não reter a água da chuva.
As instalações sobre o solo são adequadas para grandes potências e apresen-
tam as seguintes vantagens:
 Permitem utilizar estruturas robustas e pesadas.
 Aplicar procedimentos de amarração simples e resistentes.
 A realização de montagens é sempre mais simples ao nível do solo.
Contudo, também apresentam algumas desvantagens:
 Maior acessibilidade a atos de vandalismo.
 O problema das sombras projetadas pelos obstáculos próximos apre-
senta-se com maior facilidade.
 Nos locais onde neva com uma certa frequência, devem utilizar-se so-
bre-apoios elevados (encarecimento da instalação).

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Figura 12. Instalação fotovoltaica para sistema de telecomunicações na montanha. Note-se que os apoios
subiram para evitar o risco de neve

As estruturas sobre coberturas planas ou inclinadas também são muito frequen-


tes. Geralmente, têm maiores dificuldades de montagem do que as situadas
sobre o solo e são mais leves, o que é negativo em termos de resistência face
ao vento, que é sempre superior ao nível registado ao nível da terra. O ponto
mais delicado é a fixação, devendo tratar-se da estanquicidade à água da chu-
va. Uma das suas vantagens é a sua menor acessibilidade a atos de vandalis-
mo.

Figura 13. Estruturas sobre coberturas inclinadas.

As instalações sobre paredes verticais são especialmente adequadas para pe-


quenas potências. Permitem utilizar estruturas leves, visto que a parede propor-
ciona um ponto de fixação seguro e simples. Além disso, os riscos das cargas
produzidas pelo vento também são reduzidos, visto que este incide apenas so-
bre a face frontal, pressionando os painéis contra o seu assento, não se geran-
do assim esforços de tração. Também apresentam a vantagem de serem pouco
acessíveis a atos de vandalismo.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Figura 14. Estrutura sobre paredes verticais

Por último, as montagens sobre mastros em instalações autónomas, como se


indicou anteriormente, são adequadas apenas para pequenos sistemas com
poucos painéis, visto que para dimensões maiores seriam necessários postes
muito resistentes ou em contra vento. Esta montagem é mais sensível à ação do
vento e às vibrações produzidas pelo mesmo. Utilizam-se, principalmente, em
instalações de alimentação de repetidores, onde a torre da própria antena pode
ser utilizada como suporte dos painéis.

Realiza o seguinte exercício sem olhar para as soluções.

Quando montarmos os painéis sobre uma estrutura, deveremos


deixar uma separação entre eles de, pelo menos, __________ 1
COMPLETA para assim poder deixar passar o ar e reduzir as __________ 2. A
forma das fixações e a sua estrutura serão concebidas para evitar
que retenham a __________ 3. Os tipos de estrutura mais
utilizados em instalações fotovoltaicas são as apoiadas
diretamente sobre o solo ou superfície e as apoiadas num
__________ 4.
Solução:
1 três centímetros.
2 cargas do vento.
3 água.
4 mastro.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

2.3.2. LOCALIZAÇÃO DA ESTRUTURA


Salvo considerações especiais de conceção (p.e. integração arquitetónica), a
estrutura costuma colocar-se num local livre de sombras durante as horas cen-
trais do dia e de modo a que os painéis, depois de montados sobre a mesma,
tenham a orientação e inclinação adequadas.
Na localização da estrutura e dos módulos deve prestar-se especial atenção ao
impacto visual e ao risco de atos de vandalismo.
Por vezes a localização da estrutura requererá a determinação em posição da
orientação, pelo que o instalador deverá saber manusear uma bússola, sobretu-
do no caso de montagem de estruturas em espaços abertos, onde não existam
referências ou elementos construtivos (por exemplo telhados) que facilitem ou
imponham a orientação dos painéis fotovoltaicos.

2.3.3. COLOCAÇÃO DA ESTRUTURA


A colocação da estrutura consiste em duas operações fundamentais: a monta-
gem e a sua fixação.

2.3.3.1. Montagem

Consiste na união e fixação mecânica de todas as partes da estrutura (p.e.o


mastro, o bastidor, os perfis angulares, etc.). Geralmente, esta operação costu-
ma vir especificada na documentação facultada pelo fabricante ou projetista,
sobretudo nos casos de conceção de estruturas particulares.
Na figura seguinte mostra-se um exemplo de montagem, realizado à base de
platinas e perfis angulares que, unidos de forma conveniente através das porcas
e parafusos adequados, dão forma à estrutura.

Figura 15. Detalhe de estrutura de montagem de painéis sobre um poste fixado no solo.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

2.3.3.2. Cimentação e fixação da estrutura


Consiste em fixar a estrutura à superfície ou elemento de sustentação ( p.e. so-
lo, telhado, fachada, etc.), para dotar a mesma da resistência e estabilidade su-
ficientes para suportar as cargas máximas de vento e neve previstas no local
onde se vai colocar a instalação.
As soluções mais frequentes e generalizadas são a cimentação através de sa-
patas de betão e a fixação direta através de tacos de fixação.
No caso de estruturas sobre o terreno, o habitual é fixá-las sobre uma cimenta-
ção de betão, quer seja uma laje, dois blocos ou vigas corridas ou dois dados
individuais de betão para cada amarração. A estrutura é fixada à cimentação de
betão através de parafusos embebidos no próprio betão durante a construção
desta, ou então utilizando parafusos ou mangas de fixação.
Sobre telhados planos ou inclinados podem utilizar-se blocos de betão calcula-
dos para resistir às ações do vento e da neve ou amarrações diretas ao telhado.
A última solução apresenta a desvantagem adicional da estanquicidade à água
dos pernos de fixação. Podem utilizar-se os seguintes tipos de amarrações:
 Fixações de parafusos ou placas para soldar.
 Parafusos transversais com anilhas ou porcas de ambos os lados.
 Parafusos de expansão, embora esta solução seja pouco segura no ca-
so de estruturas grandes.

Deve prestar-se especial atenção à selagem das amarrações sobre


coberturas, evitando o aparecimento de infiltrações de água. Todas
as perfurações serão seladas com silicone.

É obrigatório ligar a estrutura à terra. Este é um ponto de conflito, visto que a


ligação à terra está a cargo do instalador, o que eleva bastante o custo da insta-
lação, chegando a ser proibitivo no caso de pequenas instalações.

A montagem da tomada de terra adaptar-se-á ao especificado no


manual de Regras Técnicas de Instalações Elétricas de Baixa Ten-
são.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

2.3.4. MONTAGEM DOS PAINÉIS NA ESTRUTURA


Depois de montada a estrutura, o passo seguinte será montar os painéis foto-
voltaicos na mesma. Esta operação depende principalmente do tamanho e tipo
da estrutura de suporte. Os dois aspetos fundamentais a ter em conta no mo-
mento de montar os painéis são a colocação e a ligação dos mesmos.

2.3.4.1. Colocação dos painéis fotovoltaicos


Os painéis serão fixados sobre a estrutura, seguindo as indicações do fabrican-
te e as perfurações do marco do painel ou as formas de fixação previstas pelo
mesmo.
A fixação dos painéis à estrutura é levada a cabo em dois passos: a formação
de painéis e a elevação ou colocação dos mesmos.

2.3.4.1.1. Formação de painéis

Consiste na união solidária de um determinado número de painéis. A união cos-


tuma realizar-se através de perfis metálicos, de secção angular, em U, ou qua-
drada, dispostos como longarinas ou barras aparafusadas às perfurações dos
painéis.

Figura 16. Esquema típico de fixação de um painel ao perfil da estrutura.

Nunca serão realizadas novas perfurações sobre o marco metálico do painel,


visto que isso poderia causar a deterioração do tratamento superficial do marco
e as tensões geradas poderiam quebrar o vidro que protege as células.
Para aparafusar o perfil ao marco, utilizar-se-ão sempre parafusos de aço inoxi-
dável. É necessário ter em conta que esta união implica colocar em contacto
dois metais geralmente diferentes (alumínio no marco do painel e aço no perfil),
pelo que, em ambientes especialmente propensos ao aparecimento de corrosão
galvânica, deverão utilizar-se isolantes (por exemplo anilhas ou cilindros de
nylon ou teflon) que impeçam o referido contacto.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

A corrosão galvânica ocorre quando dois metais diferentes estão


em contacto.

Geralmente, os painéis formam-se numa mesa de trabalho ou no solo. Esta


operação requer que os painéis se apoiem sobre a sua face frontal, pelo que se
deverão tomar as devidas medidas para evitar a deterioração da mesma, por
exemplo, apoiando os painéis sobre o próprio cartão da sua embalagem.

Figura 17. Colocação de painéis sobre perfis no solo.

2.3.4.1.2. Colocação dos painéis

Depois de formados os painéis, estes serão colocados na estrutura de suporte.


Esta operação costuma requerer a intervenção de várias pessoas, em função do
peso e da envergadura dos painéis. Se a estrutura estiver situada a uma altura
considerável do solo, também pode ser necessário utilizar meios mecânicos
como gruas, roldanas, etc. Noutros casos, um andaime ou escada é suficiente
para elevar e colocar os painéis na estrutura de suporte. Os perfis que se utiliza-
rem para formar os painéis servirão também como elementos de fixação destes
à estrutura.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Figura 18. Utilização de escada para colocar os painéis no telhado de uma habitação.

2.4. LIGAÇÃO DOS PAINÉIS


A ligação dos painéis fotovoltaicos pode realizar-se depois de formados os pai-
néis, antes de os fixar na sua estrutura ou com estes já colocados na mesma.
O objetivo principal será preparar o campo fotovoltaico deixando prontos os
dois terminais principais, positivo e negativo, que identifiquem o circuito gerador
fotovoltaico principal, caracterizado pelos valores de tensão e corrente especifi-
cados na fase de conceção.
Nas figuras seguintes, a título de exemplo, esquematizam-se diferentes possibi-
lidades de ligação habituais em instalações fotovoltaicas autónomas de 12, 24,
36 e 48 V. Supõe-se que o painel tem uma tensão nominal de 12 V e corrente
nominal de 2 A.

Figura 19. Ligações a 12 V.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Figura 20. Ligações a 24 V.

Figura 21. Ligações a 36 V.

Figura 22. Ligações a 48 V.

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Do ponto de vista da montagem, ter-se-á em conta os seguintes aspetos:


 Evitar erros na ligação, principalmente no caso de instalações com uma
configuração e disposição de painéis série-paralelo, recomenda-se fa-
zer uso dos planos ou esquemas de ligação que já tenham em conta a
disposição final dos painéis e a cablagem entre eles.
 A cablagem dos painéis e as ligações serão realizadas com materiais
de alta qualidade, de modo a garantir a durabilidade e fiabilidade do
sistema à intempérie.

A falha da proteção dos cabos e a rutura ou os problemas de con-


tacto elétrico ou quedas de tensão nos terminais são algumas das
causas mais frequentes de avarias quando se utilizam componen-
tes de montagem de qualidade inferior.

 A cablagem entre painéis será realizada utilizando as caixas de ligações


existentes em cada um deles, sendo os típicos de cablagem mais co-
muns o cabo tipo de mangueira e o cabo sob tubo metálico não flexível.

Figura 23. Caixa para união de painéis

 Em instalações com um número considerável de painéis, as caixas de


ligações destes costumam utilizar-se para a ligação em série dos mes-
mos (se aplicável) enquanto para a cablagem em paralelo (se aplicável),
das diferentes filas de painéis ligados em série se utilizará uma caixa de
ligações principal. Esta caixa incorporará, além dos díodos de bloqueio,
os varístores, os fusíveis e outros elementos que sejam especificados
na conceção.

Cada positivo de uma fila ou ramal de painéis terá o seu díodo de


bloqueio correspondente.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

 A utilização da caixa de ligações facilita bastante as tarefas de manu-


tenção e as medições, visto que se costuma situar num local facilmente
acessível e que no seu interior se encontrarão todos os terminais das
diferentes filas de painéis ligadas em paralelo.
 Para as ligações dos cabos aos painéis utilizar-se-ão sempre terminais.
A montagem dos terminais será realizada utilizando os procedimentos e
ferramentas fornecidas pelo fabricante dos mesmos.

Figura 24. Ferramenta para fixar terminais standard.

Figura 25. Terminais isolados standard.

 Os terminais do painel costumam estar situados na caixa de ligações


prevista pelo fabricante do mesmo, na sua parte posterior.

Nunca se realizarão as ligações enrolando o cabo diretamente


sobre o parafuso de fixação fornecido para o efeito na caixa de
ligações do painel fotovoltaico.

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FOTOVOLTAICAS

2.5. MONTAGEM DOS ACUMULADORES


Em algumas ocasiões, em instalações fotovoltaicas autónomas grandes, a ca-
pacidade de armazenamento necessária será elevada e, portanto, o número ou
tamanho dos acumuladores necessários também o será.
Nestes casos, aquando da montagem das baterias deverão ter-se em conta três
aspetos fundamentais: a localização, a colocação e a ligação das mesmas.

2.5.1. LOCALIZAÇÃO
Na localização dos acumuladores devem ter-se em conta algumas considera-
ções importantes, como por exemplo:
 Os acumuladores deverão estar situados o mais perto possível do
campo gerador fotovoltaico, para evitar as possíveis quedas de tensão
que poderiam originar-se.
 Os acumuladores deverão localizar-se sempre num local fechado prote-
gido da intempérie não estando expostos à radiação direta do Sol.
 A localização destinada a albergar os acumuladores deverá manter-se,
sempre que possível, entre os 15 ºC e os 25 ºC.

O rendimento de um acumulador depende de forma importante da


temperatura ambiente. Os fabricantes especificam os valores de
capacidade para uma temperatura de 20 ºC, valor para o qual se
produz o rendimento ótimo do acumulador.
A capacidade de uma bateria diminui com a temperatura, enquan-
to as temperaturas elevadas reduzem a vida útil da mesma.

 Se os acumuladores utilizados na instalação forem do tipo de eletrólito


líquido (não selados), o local ou sala de baterias onde se localizarem
deverá dispor de uma ventilação adequada, quer seja natural ou força-
da, com o objetivo de evitar a acumulação de emanações de gases (hi-
drogénio e oxigénio) que se produzem sempre na parte final do proces-
so de carga de uma bateria. Em qualquer caso, se a capacidade fosse
elevada e isso obrigasse a dispor de aberturas de ventilação, estas si-
tuar-se-iam sempre na parte superior das paredes, visto que o hidro-
génio, por ser menos pesado do que o ar, sobe depois de libertado.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Tem em conta que uma boa ventilação da sala onde as baterias


estiverem situadas contribui para a segurança da mesma, por
não existirem nesta elementos que possam produzir chamas ou
faíscas, como por exemplo o hidrogénio, que é um gás muito
inflamável.

Figura 26. Sala de baterias com aberturas de ventilação nas partes superiores

Os locais onde se instalarem os acumuladores terão de cumprir o


manual de Regras Técnicas de Instalações Elétricas de Baixa
Tensão.

 Em algumas ocasiões pode ser necessário construir um compartimento


destinado exclusivamente à localização dos acumuladores, com a res-
petiva obra civil. Nestes casos, os acumuladores serão situados no seu
interior numa série de bancadas ou prateleiras de forma ordenada e es-
tável, ficando isolados do solo.

Realiza o seguinte exercício sem olhar para as soluções.


Serias capaz de indicar os aspetos mais importantes a ter em con-
ta para a localização das baterias de numa instalação fotovoltaica
autónoma?
Solução:
O mais perto possível do campo gerador fotovoltaico,
DESENVOLVE num local fechado protegido da intempérie não estando expostas à radiação
direta do Sol, sempre que possível, entre os 15 ºC e os 25 ºC.

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FOTOVOLTAICAS

2.5.2. COLOCAÇÃO
Depois de vistas as considerações a ter em conta na localização de uma bate-
ria, de seguida vamos ver algumas questões relativas à colocação das mesmas.
 As baterias deverão ser isoladas sempre do solo através de bancadas
(de madeira ou metálicas) ou de contentores. Geralmente, os próprios
fabricantes de baterias e as empresas instaladoras costumam dispor
de bancadas e contentores concebidos especialmente para o modelo e
tipo de bateria que comercializam. Estes elementos estarão protegidos
contra a corrosão, a humidade e o ácido das baterias.

Figura 27. Disposição de acumuladores fotovoltaicos colocados em estantes.

 Quando o número de acumuladores for elevado, com o objetivo de re-


duzir o espaço, estes poderão ser dispostos nestas prateleiras.
 Na colocação das baterias em bancada ter-se-ão em conta as seguin-
tes recomendações práticas gerais:
 Assegurar-se da horizontalidade da bancada.
 Para evitar situações de instabilidade, devem colocar-se inicial-
mente algumas baterias no centro da bancada.
 Se as baterias forem colocadas em prateleiras, estas serão fixa-
das de forma conveniente e a montagem iniciar-se-á sempre a
partir das filas inferiores até às superiores.
 Utilizar-se-ão os meios mecânicos adequados ao peso das bate-
rias durante a sua colocação, evitando fixá-las pelos bornes.
 A disposição dos acumuladores deverá corresponder às especifi-
cações mencionadas nos planos de conceção, prestando especi-
al atenção à separação e disposição relativa aos bornes.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

No ponto seguinte veremos que os sistemas de ligação dos fabri-


cantes de baterias costumam ser rígidos, o que condiciona a colo-
cação relativa dos acumuladores.

2.5.3. LIGAÇÃO
A ligação de vários acumuladores entre si obedece à necessidade de fornecer a
tensão e a capacidade de acumulação requerida por cada instalação em parti-
cular. Deverá tentar-se realizar corretamente as referidas ligações, visto que em
muitos casos uma má ligação é a causadora de quedas de tensão que possam
originar-se na instalação.

A ligação em série multiplica a tensão pelo número de elementos e


mantém a capacidade total do conjunto igual à de um elemento.
Na ligação em paralelo, a tensão do conjunto é a de um elemento,
e a capacidade multiplica-se pelo número de elementos.
Com a ligação série-paralelo (ligando em paralelo grupos de acu-
muladores ligados em série) conseguiremos a tensão e a capaci-
dade desejadas, segundo as regras anteriores.

Em função da ligação, as baterias podem classificar-se em dois grandes grupos:


 As que têm bornes para ligação standard;
 As que dispõem de sistema de ligação próprio, concebido especialmente
para estas.
As do primeiro grupo caracterizam-se por uma certa flexibilidade na ligação, ao
contrário das do segundo, nas quais tanto a localização relativa das baterias
como os elementos utilizados para a sua interligação são únicos e estão prede-
finidos.
Nas figuras seguintes mostram-se alguns dos tipos standard de terminais para
cabos de baterias, de tipo abraçadeira e de tipo aparafusado. A união entre o
cabo e os terminais é realizada por aperto, através da utilização de ferramentas
especiais, requerendo-se uma certa competência prática que garanta uma liga-
ção fiável. Depois de apertado o terminal, é conveniente cobrir a terminação do
cabo com algum tipo de capa, que proteja a união cabo-terminal contra as pos-
síveis emanações da bateria.

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Figura 28. Terminal standard de tipo braçadeira.

Figura 29. Terminal standard de tipo aparafusado.

Relativamente às baterias com sistemas de ligação próprios, convém destacar a


fiabilidade e a facilidade de montagem, por ser o próprio fabricante a facultar a
solução prática da ligação, tanto em conceção como em elementos (platinas,
protetores, cabos, etc.), limitando-se o instalador a seguir as indicações do
mesmo, utilizando os elementos que este lhe facultar para a sua montagem. Tal
como no caso de baterias com bornes para ligação standard, existem dois mé-
todos de ligação. A mais utilizada é a ligação através de platinas metálicas de
interligação. As platinas são de tamanho fixo, o que limita a flexibilidade da liga-
ção a uma única possibilidade. Alguns fabricantes, além das platinas, fornecem
capas protetoras para evitar um contacto acidental com os terminais e cabos
flexíveis para ligar as diferentes filas ou bancadas de baterias entre si.

Figura 30. Exemplo de montagem e ligação em série de seis células ou elementos de dois volts. Observa as
platinas metálicas utilizadas para a interligação e as capas de proteção para evitar contactos acidentais.

Em vez de utilizar platinas para a ligação das baterias, alguns fabricantes ofere-
cem a possibilidade de as ligar através de cabo flexível.

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2.5.4. TRANSPORTE E MANUSEAMENTO DOS ACUMULADORES


Os acumuladores devem manusear-se com muito cuidado, para evitar queima-
duras tanto na pele como no vestuário, solo, etc.
É no transporte das baterias que se devem tomar mais precauções, evitando, na
medida do possível, a fuga de eletrólito. Para isso, é aconselhável que o fabri-
cante das baterias nos forneça as mesmas carregadas em seco, podendo desta
forma transportar os recipientes com maior facilidade (o peso de uma bateria
sem carga é, obviamente, inferior ao de uma bateria carregada) e sem riscos.
Nestes casos, o eletrólito transporta-se em botijas independentes, procedendo-
se posteriormente ao enchimento dos acumuladores depois de estes terem sido
instalados na sua bancada ou respetivo contentor. Por último, depois de encher
os acumuladores, devemos certificar-nos que o nível de eletrólito é o correto,
verificando se este cobre completamente as placas.

O eletrólito das baterias contém ácido, que é uma substância bas-


tante corrosiva.

Cede a um capricho. Felicita-te pelo teu esforço, temos a certeza


de que mereces.

2.6. MONTAGEM DO REGULADOR


O regulador, tal como o sistema de acumulação, é um elemento exclusivo das
instalações fotovoltaicas autónomas. Tal como no caso dos acumuladores, os
três aspetos fundamentais que devem ter-se em conta aquando da montagem
são a localização, a colocação e a ligação.

2.6.1. LOCALIZAÇÃO DO REGULADOR


No momento de localizar um regulador numa instalação fotovoltaica, a primeira
coisa a ter em conta é o comprimento da cablagem do circuito regulador-
bateria, visto que este circuito, como vimos num ponto anterior, é um dos mais
exigentes em termos da queda de tensão máxima admissível. Por isso, o regu-
lador deverá situar-se o mais perto possível do sistema de acumulação, respei-
tando a separação mínima de segurança.

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Realiza o seguinte exercício sem olhar para as soluções.


Recordas-te qual é a máxima queda de tensão admissível no cir-
cuito regulador-baterias de uma instalação fotovoltaica?

Solução:
RESPONDE 1%.

Figura 31. Sala de baterias. Observe a localização dos reguladores (parede, canto inferior direito) com o
sistema de armazenamento.

Existem reguladores aptos para a localização tanto no interior como à intempé-


rie (com o seu grau de proteção IP correspondente). No segundo caso, geral-
mente o regulador será alojado numa caixa estanque ou num armário especial
para o seu uso à intempérie.

Figura 32. Regulador para uso exclusivo no interior

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FOTOVOLTAICAS

Se quiseres saber mais acerca dos graus de proteção das envol-


ventes dos materiais elétricos e o significado dos códigos IP e IK,
não hesites em visitar o Campus Virtual.

2.6.2. COLOCAÇÃO DO REGULADOR


O regulador é o elemento de menor peso e tamanho de uma instalação fotovol-
taica. O fabricante já tem em conta a questão da sua colocação na sua conce-
ção, sendo a solução mais utilizada, a fixação direta deste sobre um muro, pa-
rede, armário, etc., através de parafusos ou grampos.

O material e o estado da superfície sobre a qual se irá sustentar o


regulador são dois aspetos muito importantes, por isso, devem ter-
se em conta aquando da colocação deste.

Geralmente, os reguladores que os fabricantes fornecem já dispõem das per-


furações e orifícios de fixação necessários, pelo que não é necessário nem
recomendável alterar ou modificar o regulador de modo algum, por exemplo
criando novos orifícios, devendo sempre respeitar as recomendações e indi-
cações do fabricante, principalmente no que diz respeito à ventilação neces-
sária do aparelho.

Figura 33. Perfurações de fixação de diferentes modelos de reguladores

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2.6.3. LIGAÇÃO DO REGULADOR


A ligação do regulador é uma operação muito simples, visto que, para levar a
cabo a referida operação, o fabricante faculta a informação necessária tanto no
próprio regulador como no seu manual de instruções.
Geralmente, um regulador dispõe dos terminais para a ligação do campo gera-
dor fotovoltaico, o sistema de acumulação e os consumos. Estes terminais cos-
tumam ser de tipo aparafusado e aptos para cabos com terminais ou para ca-
bos descascados.
A identificação dos terminais no próprio regulador é feita através de símbolos
facilmente compreensíveis, independentemente de estes estarem suficientemente
especificados no manual de instruções do próprio regulador.

2.7. MONTAGEM DO INVERSOR


Tal como nos casos anteriores, os aspetos fundamentais para a montagem de
um inversor são a localização, a colocação e a ligação do mesmo.

Realiza o seguinte exercício sem olhar para as soluções.


Na unidade anterior vimos qual era a função de um inversor numa
instalação fotovoltaica. Recordas-te? Refere-a.

Solução:
O inversor converte um sinal elétrico de corrente contínua num sinal de corrente
DESENVOLVE alternada.

2.7.1. LOCALIZAÇÃO DO INVERSOR


Tal como acontecia com a localização do regulador, a questão mais importante
que se deve considerar no momento de localizar o inversor de uma instalação
fotovoltaica autónoma num determinado local é o comprimento da cablagem do
circuito baterias-inversor. Por isso, para minimizar a queda de tensão admissí-
vel, o inversor deverá situar-se o mais perto possível das baterias, respeitando
sempre uma distância mínima de segurança.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Figura 34. Instalação fotovoltaica autónoma. Observa a distância dos inversores (no centro da figura) com
respetivo sistema de acumulação (canto inferior direito).

Realiza o seguinte exercício sem olhar para as soluções.


Puxa um pouco pela cabeça… Pensa no que vimos na unidade
anterior e indica qual é a máxima queda de tensão admissível no
circuito baterias-inversor de uma instalação fotovoltaica autónoma.

Solução:
RESPONDE 1%.

Tal como no caso dos reguladores, a maioria dos inversores autónomos estão
especificados para a sua utilização no interior. Em qualquer caso, este pode
sempre alojar-se no interior de uma caixa estanque ou num armário especial
para a sua utilização à intempérie.

2.7.2. COLOCAÇÃO DO INVERSOR


O tamanho de um inversor é semelhante ou ligeiramente superior ao do regula-
dor existente na mesma instalação, mas o seu peso é consideravelmente maior.
Os fabricantes de inversores, tal como acontece com os reguladores, já têm em
conta na sua conceção a questão da sua colocação, sendo a fixação direta so-
bre paredes, muros, armários, etc., a solução mais habitual através da utilização
de parafusos ou grampos.

60
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

O inversor já dispõe das perfurações e orifícios de fixação necessários para a


sua colocação, não sendo aconselhável criar novos orifícios, devendo respeitar-
se sempre as recomendações indicadas pelo fabricante no seu manual de insta-
lação.

Figura 35. Detalhe das perfurações de fixação de um inversor fotovoltaico autónomo.

2.7.3. LIGAÇÃO DO INVERSOR


No momento da ligação, o fabricante fornece toda a informação necessária,
tanto no inversor como no seu manual de instruções, pelo que esta tarefa cos-
tuma ser relativamente simples.
Geralmente, um inversor para instalações fotovoltaicas autónomas dispõe de
dois terminais de entrada contínua para a ligação da bateria e dois terminais de
saída alternada (fase e neutro) para a ligação do circuito de consumo em alter-
nada. A identificação dos mesmos é realizada através de símbolos de compre-
ensão fácil, no próprio inversor, estando em qualquer das situações também
especificados no seu manual.
Visto que nos inversores existem tensões fora da gama da segurança pessoal
(sobretudo na saída), os seus terminais de ligação não costumam estar acessí-
veis de modo permanente, encontrando-se, assim, devidamente protegidos
contra o contacto acidental com os mesmos, quer afastando-os no interior do
próprio inversor, quer colocando-os sob capas protetoras especiais.

61
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

2.8. INSTALAÇÃO ELÉTRICA E CABLAGEM


Uma instalação fotovoltaica é uma instalação elétrica de baixa tensão, por isso
deverá cumprir as Regras Técnicas de Instalações Elétricas de Baixa Tensão,
devendo o instalador estar familiarizado com a prática dos sistemas elétricos de
baixa tensão convencionais.

O esquema elétrico da instalação será uma ferramenta fundamen-


tal para o instalador.

A interpretação de um esquema elétrico de uma instalação fotovoltaica não


comporta mais dificuldade do que a de um sistema elétrico convencional. Nos
esquemas fotovoltaicos costumam utilizar-se desenhos que refletem o aspeto
real dos componentes, assim como anotações e legendas que facilitam bastan-
te a sua interpretação. Também é prática comum e generalizada a utilização de
determinada simbologia, para este tipo de instalações, que irá abranger a possí-
vel falta de normas a este respeito.
Nas figuras seguintes representam-se os esquemas elétricos das duas instala-
ções típicas dos sistemas fotovoltaicos isolados da rede elétrica.

Figura 36. Esquema elétrico de uma instalação fotovoltaica isolada com consumos em corrente contínua.

62
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Sendo:

Figura 37. Esquema elétrico de uma instalação fotovoltaica com consumos em corrente contínua e alternada.

63
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Onde:

O instalador deverá conhecer e identificar os diferentes circuitos elétricos que


fazem parte de uma instalação fotovoltaica autónoma, visto que isto é muito
conveniente aquando da análise e compreensão da mesma.

Nesta unidade, já vimos que os principais circuitos elétricos que


podemos encontrar numa instalação fotovoltaica autónoma são:
circuito campo gerador-regulador, circuito regulador-baterias, cir-
cuito baterias-inversor, circuito consumos em CC e circuito consu-
mos em CA.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Depois dos principais circuitos elétricos estarem identificados, deverão conside-


rar-se os meios de desconexão e proteção adequados para cada um deles.

A função dos elementos de desconexão de uma instalação fotovol-


taica, tal como em qualquer instalação elétrica, é isolar eletrica-
mente, de forma manual e intencional, os diferentes circuitos para
realizar tarefas de reparação, medição, etc.

De seguida, indicamos algumas questões a ter em conta relativamente aos ele-


mentos de desconexão:
 Recomenda-se a utilização de elementos de desconexão que isolem
todos os ramais do circuito (positivo e negativo em contínua, fase e
neutro em alternada).
 Recomenda-se a sinalização adequada dos elementos de desconexão
para facilitar o seu manuseamento durante as operações de manuten-
ção ou segurança. A sinalização deve fazer referência ao elemento ou
elementos geradores correspondentes ao circuito em questão (painéis
fotovoltaicos, baterias, inversor, etc.).
 Os elementos de desconexão devem possibilitar o isolamento sob car-
ga, ou seja, quando passa corrente pelo circuito.
 Os elementos de desconexão serão apropriados à tensão e corrente do
circuito do qual fizerem parte.
 Os elementos de desconexão serão instalados em locais de fácil aces-
so e, sempre que possível, de forma centralizada num quadro elétrico.

A função dos elementos de proteção é evitar a passagem de cor-


rentes prejudiciais por condutores, equipamentos ou pessoas.
Estas correntes podem provocar um incêndio (na cablagem), a
deterioração de qualquer equipamento ou o choque elétrico nas
pessoas.

Tal como no caso dos elementos de desconexão, indicaremos algumas consi-


derações relativas aos elementos de proteção:
 Os elementos de proteção deverão atuar de forma automática face a
sobrecargas, curto-circuitos e contactos diretos e indiretos, interrom-
pendo a passagem de corrente pelo circuito afetado.
 Os elementos de proteção utilizados habitualmente em instalações foto-
voltaicas são os fusíveis, os disjuntores magnetotérmicos e os interrupto-
res diferenciais. Estes oferecem a possibilidade de interrupção manual
de forma intencionada, podendo, portanto, ser utilizados como elemen-
tos de desconexão.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Figura 38. Interruptor diferencial do lado direito.

Figura 39. Fusível.

O descarregador de sobretensões (mais conhecido como D.S.Ts) é outro ele-


mento de proteção utilizado de forma habitual em instalações fotovoltaicas,
sendo a sua função a de reduzir as sobretensões de origem atmosférica até
níveis aceitáveis, para as proteções internas dos próprios equipamentos da ins-
talação (inversor, regulador, etc.).

Figura 40. Descarregador de sobretensões.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Embora já tenhamos dito antes, queremos recordar-te que no


Campus Virtual tens muita informação.
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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

3. ARRANQUE E MANUTENÇÃO DE INSTALAÇÕES


ISOLADAS

Recomendamos que retenhas bem os conhecimentos que expomos


neste ponto, pois irão ser-te muito úteis na tua vida profissional.

3.1. ARRANQUE E ENTREGA DE UMA INSTALAÇÃO


FOTOVOLTAICA
Ao finalizar a instalação, devemos realizar verificações para comprovar o correto
funcionamento da instalação. Com os testes de arranque, o instalador certifica-
se e responsabiliza-se pelo bom funcionamento e estado da instalação. Os tes-
tes que o instalador deve realizar são, no mínimo, os seguintes:
 Funcionamento e arranque de todos os sistemas.
 Testes de arranque e paragem em diferentes etapas de funcionamento.
 Testes dos elementos e medidas de proteção, segurança e alarme.
 Determinação da potência instalada.

É da responsabilidade do instalador o correto funcionamento da


instalação na entrega e este irá certificar-se do mesmo através dos
testes de arranque.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Com os testes deveremos verificar os seguintes pontos:


 As tensões e correntes dos diferentes circuitos correspondem às da
conceção.
 Funcionamento correto do inversor.
 Correta carga da bateria.
 Funcionamento dos sistemas de segurança.
 Correto funcionamento do sistema de controlo.
 Prestações energéticas reais face às prestações de conceção.
Para realizar as medições de prestações da instalação podem utilizar-se os se-
guintes equipamentos:
 Célula solar calibrada para calcular a radiação solar em W/m².
 Multímetro para medir a tensão em diferentes pontos da instalação
quer em corrente contínua quer alternada.
 Pinça amperimétrica de CC e CA para medir correntes em diferentes
pontos da instalação.

Esta lista de equipamentos é apenas uma orientação, podes com-


pletá-la com qualquer elemento que consideres necessário.

Depois de concluído o arranque, a instalação será entregue ao utilizador com


um manual do utilizador que incluirá, no mínimo, os seguintes pontos:
 Memória descritiva, que conterá no mínimo:
 Memorial da conceção.
 Dimensionamento básico.
 Esquema elétrico.
 Descrição de componentes.
 Características de funcionamento:
 Descrição do funcionamento.
 Limites operacionais do sistema.
 Instruções de segurança:
 Desconexão de circuitos e/ou do inversor.
 Estado das baterias e verificação do nível eletrolítico.
 Atuação de proteções.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

 Recomendações de utilização:
 Alterações nos consumos.
 Manuseamentos não permitidos.
 Interpretação dos valores facultados pelo equipamento de medição.

É conveniente incluir também um pequeno guia indicando como


solucionar problemas simples da instalação.

3.2. MANUTENÇÃO DE UMA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA


Embora as instalações fotovoltaicas se caracterizem pela sua baixa manutenção
devido à ausência de partes móveis, combustíveis e consumíveis, é conveniente
desenvolver um programa de revisões e verificações com o objetivo de manter
as mesmas em ótimas condições de funcionamento e de conservação.
Tal como no caso da manutenção de instalações de energia solar térmica, defi-
nem-se dois tipos de atuação para englobar todas as operações necessárias
durante a vida útil de uma instalação fotovoltaica, para assegurar o funciona-
mento, aumentar a produção e prolongar a duração da mesma:
 Manutenção preventiva.
 Manutenção corretiva.
É recomendável fazer um contrato de manutenção (preventiva e corretiva) de,
pelo menos, três anos.
Este contrato deverá incluir as operações de manutenção de todos os elemen-
tos da instalação aconselhados pelos diferentes fabricantes, devendo registar-
se as referidas operações num livro de manutenção.

3.2.1. MANUTENÇÃO PREVENTIVA


A manutenção preventiva consiste em operações de inspeção visual, verificação
de atuações e outras que, aplicadas à instalação, devem permitir manter dentro
de limites aceitáveis as condições de funcionamento, prestações, proteção e
durabilidade da instalação.
Geralmente, a manutenção preventiva de uma instalação fotovoltaica será reali-
zada pelo utilizador da mesma, visto que a simplicidade ou a periodicidade das
comprovações e verificações a realizar não justificam a intervenção de um téc-
nico.
A finalidade das tarefas de manutenção preventiva é dupla:

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

 Manter, na medida do possível, a instalação num estado de conserva-


ção e funcionamento semelhante ao correspondente no momento do
arranque da mesma.
 Detetar atempadamente os possíveis defeitos ou anomalias que pos-
sam influenciar de forma negativa o rendimento geral da instalação.
A manutenção preventiva implicará, no mínimo, uma revisão anual na qual serão
realizadas, pelo menos, as seguintes operações:
 Verificação do funcionamento de todos os componentes e equipamen-
tos.
 Revisão da cablagem, ligações, platinas, terminais, etc.
 Verificação do estado dos módulos: localização relativamente ao pro-
jeto original, limpeza e presença de danos que afetem a segurança e
proteções.
 Estrutura de suporte: verificar se existem danos na estrutura, deteriora-
ção por agentes ambientais, oxidação, etc.
 Baterias: nível do eletrólito, limpeza e lubrificação de terminais, etc.
 Regulador de carga: quedas de tensão entre terminais, funcionamento
de indicadores, etc.
 Inversor: estado de indicadores e alarmes.
 Quedas de tensão na cablagem de corrente contínua.
 Verificação dos elementos de segurança e proteções: ligação à terra,
atuação de interruptores de segurança, fusíveis, etc.
De seguida, nas tabelas seguintes, indica-se a periodicidade das operações de
manutenção preventiva a realizar em instalações fotovoltaicas autónomas.
Tabela 11. Periodicidade e operações de manutenção no campo fotovoltaico.

Periodicidade Operação
Inspeção visual de diferenças relativamente ao
A cada 6 meses
original.
Painéis fotovoltaicos A cada 6 meses Inspeção visual de limpeza.
Inspeção visual de danos que afetem a
A cada 12 meses
segurança.
Inspeção visual de deformação, oscilações e
Armações A cada 12 meses
estado da ligação à terra.
Inspeção visual de aperto de bornes e ligações e
Ligações A cada 12 meses
estado de díodos de proteção.
Inspeção visual de degradação, indícios de
Estrutura A cada 12 meses
corrosão e aperto de parafusos.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Tabela 12. Periodicidade e operações de manutenção nas baterias.

Periodicidade Operação
A cada 6 meses Controlo de densidade do eletrólito.
A cada 12 meses Inspeção visual de nível de líquido.
Baterias
Inspeção visual de terminais de ligação e
A cada 12 meses
lubrificação.

Tabela 13. Periodicidade e operações de manutenção nos equipamentos ele-


trónicos.

Periodicidade Operação
Controlo de funcionamento dos indicadores de
A cada 12 meses
corrente e quedas de tensão entre terminais.
Regulador
Inspeção visual de cablagem e ligação de
A cada 12 meses
terminais.
Controlo da gama de tensão, estado dos
Inversor A cada 12 meses
indicadores e alarmes.

Tabela 14. Periodicidade e operações de manutenção na cablagem,


interruptores e proteções.

Periodicidade Operação
Controlo de estanquicidade, proteção e quedas
A cada 12 meses
Cablagem de tensão entre terminais.
A cada 12 meses Controlo de quedas de tensão (apenas CC).
Controlo de funcionamento e ligação de
Interruptores A cada 12 meses
terminais.
Controlo de funcionamento e atuação dos
Proteções A cada 12 meses elementos de segurança e proteções: fusíveis,
tomadas de terra, interruptores de segurança.

Além destas operações, deveremos cumprir sempre as especifica-


ções de cada fabricante, respeitando os controlos e os prazos indi-
cados pelo mesmo nos seus aparelhos.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

3.2.2. MANUTENÇÃO CORRETIVA


A manutenção corretiva inclui todas as operações de substituição necessárias
para assegurar que o sistema funciona corretamente durante a sua vida útil.
Inclui:
 A visita à instalação nos prazos indicados no contrato de manutenção e
sempre que o utilizador a requerer por avaria grave na instalação.
 A análise e elaboração do orçamento dos trabalhos e substituições ne-
cessárias para o correto funcionamento da mesma.
 Os custos económicos da manutenção corretiva, com o alcance indi-
cado, fazem parte do preço anual do contrato de manutenção. Poderão
não estar incluídas nem a mão-de-obra, nem as substituições de equi-
pamentos necessários depois de ultrapassado o período de garantia.

A manutenção corretiva deverá ser sempre efetuada por pessoal


técnico qualificado sob a responsabilidade da empresa instaladora.

Geralmente, as causas das avarias que podem ocorrer numa instalação fotovol-
taica são consequência dos erros que possam ter sido cometidos, tanto nas
fases de conceção, como nas de montagem ou de utilização da mesma.
Nas tabelas seguintes mostram-se as avarias mais comuns que podemos en-
contrar em instalações fotovoltaicas autónomas, as suas possíveis causas e os
efeitos que acarretam.
Tabela 15. Avarias comuns e causas em painéis fotovoltaicos.

Avarias Causas
Quedas (fixação inadequada à estrutura)
Deterioração da
Pancadas acidentais (utilização inadequada do utilizador)
cobertura do painel
Atos de vandalismo (ausência de medidas preventivas)
Infiltração de água por quebra do vidro
Deterioração das células “Pontos quentes” por existência de sombras (ausência ou mau
do painel funcionamento de díodos bypass)
Excessiva dissipação de potência (ausência de D.S.Ts)
Curto-circuito dos
Sobretensões de origem atmosférica (ausência de D.S.Ts)
díodos de bypass

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Os possíveis efeitos deste tipo de avarias em painéis fotovoltaicos são a diminu-


ição ou anulação da energia gerada pelos mesmos e uma recarga inadequada
do sistema de acumulação.
Tabela 16. Avarias comuns e causas em baterias.

Avarias Causas
Sobrecargas e sobre descargas excessivas (ajuste inadequado ou
mau funcionamento do regulador)
Deterioração, corrosão,
Ausência de carga de equalização (mau funcionamento do regulador
sulfatação e curto-
ou manutenção inadequada)
circuito das placas
Exposição das placas ao ar devido a nível insuficiente de eletrólito
(manutenção inadequada)

Os possíveis efeitos destas avarias sobre as baterias serão a diminuição da ca-


pacidade de acumulação e o envelhecimento prematuro das mesmas.
Tabela 17. Regulador e inversor.

Avarias Causas
Inversão de polaridade (montagem inadequada ou tomadas de corrente
para elementos de consumo inadequadas)
Falha interna Sobretensão, sobrecarga ou curto-circuito por avaria na instalação elétrica
ou utilização inadequada (ausência de elementos de proteção (fusíveis,
D.S.Ts, etc.)

Os possíveis efeitos das avarias nestes aparelhos são a interrupção do forneci-


mento elétrico.
Tabela 18. Instalação elétrica

Avarias Causas
Corrosão, desaperto, desconexão e curto-circuito das conexões (montagem
inadequada por terminais inadequados, apertos inadequados, ligações
defeituosas, ausência de proteções contra a corrosão, selagem inadequada
de caixas de ligações, etc.)
Deterioração do isolamento da cablagem (montagem inadequada ou
Falhas e defeitos ausência de condutas de proteção)
elétricos
Sobreaquecimento ou incêndio da cablagem (dimensionamento inadequado
do mesmo)
Deterioração ou falha de equipamento elétrico (dimensionamento
inadequado ou utilização em contínua de equipamento adequado apenas
para alternada)

Como possíveis efeitos destas avarias encontram-se a interrupção do forneci-


mento elétrico e os acidentes elétricos.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

4. INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA LIGADA À REDE


Um sistema fotovoltaico de ligação à rede é um tipo de instalação na qual inter-
vêm três elementos: os painéis fotovoltaicos, o inversor e a linha elétrica da re-
de. O gerador fotovoltaico encontra-se ligado à rede elétrica convencional atra-
vés do inversor, injetando a energia produzida na mesma. A sua instalação é,
portanto, motivada pela injeção de energia na rede para vender a produção elé-
trica do nosso sistema fotovoltaico à companhia distribuidora.

Figura 41. Central fotovoltaica ligada à rede

Os sistemas fotovoltaicos ligados à rede elétrica têm sido alvo de um interesse


crescente durante os últimos anos, dado o seu elevado potencial de utilização
em zonas urbanizadas próximas da rede elétrica, transformando-se assim a
energia solar fotovoltaica numa potencial tecnologia capaz de expandir o mer-
cado fotovoltaico a núcleos eletrificados, tirando assim o setor do seu típico
enquadramento de tecnologia, válido exclusivamente para instalações autóno-
mas.
A principal diferença entre um sistema fotovoltaico autónomo e outro para liga-
ção à rede consiste na ausência, neste último, do subsistema de acumulação,
formado pela bateria e pelo regulador de carga. As instalações fotovoltaicas
ligadas à rede utilizam a própria rede elétrica em vez de “armazenar” energia.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

O armazenamento de energia em baterias implica uma perda de


rendimento da instalação, já que uma parte da energia que chega
a estas, proveniente dos painéis, se perde e não é possível voltar a
recuperá-la.

Os sistemas fotovoltaicos ligados à rede não desperdiçam nenhuma da energia


produzida, ao contrário dos sistemas fotovoltaicos autónomos, nos quais, devi-
do ao sobredimensionamento da instalação com o objetivo de garantir o forne-
cimento nos períodos mais desfavoráveis, durante a maior parte do ano existirá
energia de sobra que não poderá ser armazenada e, inevitavelmente, se perde-
rá. Assim, as instalações fotovoltaicas autónomas são menos eficientes e, por-
tanto, a energia gerada é mais cara do que a de uma instalação fotovoltaica da
mesma potência, mas ligada à rede.
Além disso, a tensão de saída no inversor, nos sistemas ligados à rede, deverá
ser a mesma e estar em fase com a tensão da rede.
Tabela 1. Comparação entre instalações fotovoltaicas autónomas e instalações
ligadas à rede
Instalação fotovoltaica Instalação fotovoltaica ligada à
autónoma rede
Potência do campo Limitada aos consumos que se
Limitada ao espaço disponível
gerador fotovoltaico devem abastecer
Acumulação Baterias A própria rede elétrica
Capacidade de Limitada ao número de dias de Depende apenas da capacidade
acumulação autonomia escolhido de injeção na rede
Regulador Sim Não
Depende de se existem ou não
Inversor Sim
cargas em CA
Completa: se houver um corte na
rede, o campo gerador
Dependência da rede Nenhuma
fotovoltaico não cumpre a sua
função: vender energia à rede

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

4.1. EM QUE CONSISTE A VENDA À REDE?


A venda à rede ou microgeração consiste em vender à companhia elétrica a
energia gerada pelos painéis fotovoltaicos.
As instalações fotovoltaicas ligadas à rede funcionam em paralelo com a rede
elétrica. A energia elétrica produzida pelos painéis quando a luz solar incide
sobre eles transforma-se em corrente alternada, com algumas características
idênticas às da rede, interligando-se automaticamente com ela. Este processo é
realizado por um inversor, que transforma a corrente contínua dos painéis em
corrente alternada, com uma tensão de saída estável (230 V de tensão simples
em monofásica e 400 V de tensão composta em trifásica) e uma corrente variá-
vel em função da radiação. A corrente alternada gerada pelo inversor é sincroni-
zada com a frequência da rede (50 Hz) e, depois de passar por um contador de
saída instalado pela companhia elétrica, que mede a quantidade de energia ge-
rada, é injetada na rede elétrica.
A energia gerada é injetada na rede e contada através do contador de venda.
Existe outro contador, este de entrada, que conta a energia consumida pelo
proprietário da instalação. A razão para existirem 2 contadores prende-se com a
diferença de preço da energia, entre a gerada (fotovoltaica) e a consumida. Esta
necessidade de 2 contadores encontra-se registada na legislação.

Figura 42. Esquema de funcionamento de uma instalação fotovoltaica ligada à rede elétrica.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Segundo a legislação portuguesa atual sobre o tema, toda a energia gerada


deve fazer-se passar pelo contador de saída, o que não impede que parte dela
volte a entrar imediatamente, com passagem prévia por um contador de entra-
da, para abastecer as necessidades de consumo elétrico do proprietário da ins-
talação. A energia não consumida no local onde se encontra a instalação não se
perderá, pois ao injetar-se na rede geral elétrica será consumida pelos clientes
mais próximos.
Uma instalação fotovoltaica de venda à rede pode amortizar-se num período
compreendido entre os 6 e os 15 anos, dependendo do regime de produção
aplicado.

O Decreto-Lei nº 153/2014 de 20 Outubro, estabelece o regime


jurídico aplicável à produção de eletricidade por intermédio de um
sistema de microgeração.
www.renovaveisnahora.pt é o portal de acesso ao sistema de regis-
to das unidades de produção de energia elétrica.

Se visitares o Campus Virtual, dentro da zona de transferências


encontrarás toda a norma relativa às instalações fotovoltaicas liga-
das à rede.

4.1.1. LEGISLAÇÃO DAS INSTALAÇÕES FOTOVOLTAICAS LIGADAS À REDE


O Decreto-Lei n.º 363/2007, de 02 de Novembro veio criar dois regimes para as
instalações ligadas à rede, o regime geral, para instalações até 5,75kW e o re-
gime bonificado para instalações até 3,68kW.
O Decreto-Lei n.º 118-A/2010, de 25 de Outubro simplifica o regime jurídico
aplicável à produção de eletricidade por intermédio de instalações de pequena
potência, designadas por unidades de microprodução.
Por fim o Decreto-Lei n.º 153/2014, de 20 de Outubro cria os regimes jurídicos
aplicáveis à produção de eletricidade destinada ao autoconsumo e ao da venda
à rede elétrica de serviço público a partir de recursos renováveis, por intermédio
de unidades de pequena produção.

Consulta sempre o portal www.renovaveisnahora.pt onde encontras


toda a informação legal atualizada.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

4.2. CENTRAL FOTOVOLTAICA


Finalmente, encontrar-se-iam as grandes centrais fotovoltaicas formadas por
hectares de painéis fotovoltaicos colocados sobre o solo, em locais de radiação
solar elevada. São da ordem de magnitude de megawatts e transportam a ener-
gia elétrica que geram através de uma linha de alta tensão até à rede de distri-
buição. Distinguem-se dos tipos anteriores pelo facto de ocuparem um espaço
considerável, não podendo portanto ser integrados no telhado de um edifício ou
noutro suporte artificial, mas sim num campo.

Figura 43. Central solar fotovoltaica.

4.3. CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DAS INSTALAÇÕES


FOTOVOLTAICAS LIGADAS À REDE
As primeiras instalações fotovoltaicas ligadas à rede costumavam utilizar um
único inversor para todo o campo gerador fotovoltaico. Atualmente, o habitual é
uma instalação superior a 5 kW possuir vários inversores ligados em paralelo.
Em função da ligação do inversor ou inversores com o campo gerador fotovol-
taico, podemos distinguir três configurações:
 Configuração de inversor centralizado.
 Configuração de inversor por ramal.
 Configuração de inversor por painel.
Cada uma destas configurações tem as suas vantagens e as suas desvanta-
gens.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Um campo gerador fotovoltaico é uma associação de vários ramais


fotovoltaicos ligados em paralelo.
Um ramal fotovoltaico é um subconjunto de painéis interligados em
série, com tensão igual à tensão nominal do campo gerador.

4.3.1. INVERSOR CENTRALIZADO


Neste tipo de configuração existe um único inversor ao qual se liga o campo
fotovoltaico, que será formado por vários ramais ligados em paralelo. Todos os
ramais deverão estar ligados numa caixa de junção a fim de serem ligados ao
inversor.
Este tipo de configuração possuem um baixo custo. Mas possui como limitação
a utilização de painéis com características elétricas e condições de sombrea-
mentos idênticos.
A fiabilidade deste tipo de configuração é limitada pela existência de um único
inversor, pois em caso de falha do inversor, irá provocar uma paragem na pro-
teção elétrica.

Figura 44. Campo gerador fotovoltaico com inversor central.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

4.3.2. INVERSOR POR RAMAL


Este tipo de configuração faz sentido em instalações onde existem partes do
campo gerador fotovoltaico com diferentes orientações e/ou inclinações, ou no
caso de sombras inevitáveis. Cada uma das partes do gerador fotovoltaico com
uma mesma inclinação e orientação está ligada a um inversor específico. Desta
forma, todos os painéis ligados a um mesmo inversor recebem sempre o mes-
mo nível de corrente.

Figura 45. Configuração típica de inversor por ramal.

Através da utilização de inversores por ramal simplifica-se a instalação e os cus-


tos de montagem diminuem de forma considerável. Os inversores costumam
colocar-se, todos eles, em paralelo imediatamente depois do campo gerador
fotovoltaico. A sua potência varia entre 500 e 3000 W.
Se os inversores forem instalados à intempérie, é necessário protegê-los das
condições climatéricas adversas (chuva, humidade, radiação direta, etc.), sendo
o grau de isolamento mínimo do tipo IP 65.

Figura 46. Detalhe de inversores de ligação à rede adequados para intempérie.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

As principais vantagens deste tipo de configuração relativamente à configura-


ção de inversor centralizado são:
 Não é necessária a caixa de ligações do campo gerador fotovoltaico.
 A cablagem dos painéis é mais reduzida, assim como a condução prin-
cipal de DC, relativamente à que existiria no caso de um inversor cen-
tralizado.
 Este tipo de configuração permite ajustar as potências do ponto de po-
tência máxima de cada ramal.

4.3.3. INVERSOR POR PAINEL


Consiste em instalar um pequeno inversor em cada um dos painéis que com-
põem o campo gerador fotovoltaico, de modo a que um dos módulos trabalhe
no seu ponto de máxima potência.
O painel fotovoltaico e o inversor são concebidos como uma única unidade,
existindo inversores tão pequenos que se podem colocar inclusivamente na
própria caixa de ligações dos painéis.

Figura 47. Configuração de inversor em painel.

A principal desvantagem deste tipo de configuração é o facto de o custo total


ser superior e de o rendimento de um inversor modular ser inferior aos de maior
potência, embora esta diferença no rendimento seja compensada com um me-
lhor ajuste no ponto de máxima potência dos painéis fotovoltaicos.

83
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Outra das desvantagens desta configuração é o facto de, no caso de ocorrer


alguma falha na instalação, poder ser necessário rever um grande número de
inversores. Geralmente, os fabricantes oferecem equipamentos que permitem
ler as variáveis que representam o funcionamento do inversor num computador
e, através de um software, visualizar e analisar estes dados.
A configuração em painel é a mais adequada em instalações integradas em fa-
chadas onde possam existir muitas zonas de sombra devido aos próprios ele-
mentos arquitetónicos do edifício, já que com este tipo de configuração a influ-
ência das sombras sobre a energia produzida é menor.

4.4. CARACTERÍSTICAS DA REDE


Quando se trata de um sistema fotovoltaico ligado à rede elétrica, costuma exis-
tir um certo receio por parte das companhias elétricas devido à possibilidade de
o inversor, que deve injetar a corrente, poder introduzir harmónicas (ondas de
frequência diferentes da rede, que é de 50 Hz), ou realizar operações que pos-
sam alterar a qualidade da energia da rede.
Atualmente, a tecnologia na conceção de inversores permite atingir níveis muito
baixos de distorção, o que possibilita a utilização deste tipo de instalações sem
que isso afete a qualidade da rede comercial. A rede elétrica costuma identifi-
car-se como um gerador ideal, sem variações nem distorções importantes. Os
geradores da rede elétrica comercial proporcionam uma qualidade e estabilida-
de de tensão adequadas. Não obstante, em algumas ocasiões, dependendo do
estado em que se encontrarem as linhas de distribuição e das cargas ligadas às
referidas linhas, a qualidade da rede no ponto de ligação pode ser muito baixa,
apresentando variações e distorções repentinas, o que pode provocar proble-
mas para o inversor que tem de se sincronizar com a rede.

O ponto de ligação e medida de uma instalação fotovoltaica é o


ponto de rede da empresa distribuidora ou do ramal do utilizador
ao qual se liga a instalação.
A linha elétrica que une a instalação fotovoltaica ao ponto de liga-
ção e medida chama-se linha de ligação.

4.4.1. TIPO DE REDE DISPONÍVEL NO PONTO DE LIGAÇÃO


Quando a potência nominal da instalação ultrapassar os 5 kW, a ligação à rede
deverá ser trifásica, quer seja através de inversores monofásicos para as dife-
rentes fases, quer seja diretamente através de um inversor trifásico. Injetar po-
tência num sistema monofásico, a estes níveis, poderia contribuir para o dese-
quilíbrio das fases da rede.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

A potência nominal de uma instalação fotovoltaica é a soma da


potência nominal do inversor ou inversores (a especificada pelo
fabricante) que intervêm nas três fases da instalação em
condições nominais de funcionamento.
A potência nominal de saída do inversor SMA Sunny Boy 1100,
que vimos nos exemplos dos pontos 4.2.1.1 a 4.2.1.3, é de 1000
W, dado que obtemos na ficha técnica do referido inversor.

Em geral, a tensão de rede trifásica que a companhia elétrica fornece não tem a
mesma tensão em cada uma das suas três fases. Esta situação deve ser consi-
derada normal dentro dos limites que se estabelecem normalmente em 7%.
O campo de painéis costuma subdividir-se em três grupos para poder absorver
as diferenças entre tensões de saída, de modo a proporcionarem-se três entra-
das independentes de painel para cada uma das fases.
Em instalações domésticas de pequena potência (iguais ou inferiores a 5 Kw)
utilizam-se inversores monofásicos. O possível desequilíbrio que se pode gerar
na linha de distribuição trifásica é, neste caso, insignificante, visto que a potên-
cia da ligação à rede é muito pequena em comparação com a da linha à qual a
instalação fotovoltaica está ligada.

4.4.2. QUALIDADE DA REDE


No funcionamento de um inversor para ligação à rede realiza-se um controlo
preciso de uma série de parâmetros da rede (principalmente a tensão e a fre-
quência) e gere-se a forma de onda que tem de gerar para que as diferenças
entre a tensão gerada e a de rede sejam mínimas. Por outro lado, para manter o
sincronismo e resolver os possíveis problemas gerados pelos harmónicos no
ponto de ligação é necessário utilizar uma avançada tecnologia capaz de pro-
porcionar soluções para estes problemas.
Para garantir um funcionamento adequado do sistema é necessária uma quali-
dade de rede mínima.

Uma baixa qualidade de rede fará com que seja necessário incor-
porar sistemas capazes de manter a continuidade na injeção de
potência sem que sejam ativadas as proteções do sistema.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Entre os diferentes tipos de problemas que se podem encontrar na rede, temos


os seguintes:

Cavas de tensão
São interrupções do fornecimento de muito curta duração. Quando ocorre um
micro-corte, o inversor encontra-se com um curto-circuito no seu lado de alter-
nada, o que ocasionará a ativação da proteção correspondente.

Tensão fora da gama admissível


Por vezes podemos encontrar no ponto de ligação uma tensão que se encontre
fora da gama admissível. Neste caso, o inversor interromperá o seu funciona-
mento, pois não deve contribuir para um fornecimento de potência com valores
que não sejam admissíveis.

Distorção da forma de onda


Normalmente, a distorção da forma de onda em redes de distribuição costuma
ser muito baixa, embora por vezes as cargas ligadas à rede introduzam harmó-
nicas que podem vir a ser importantes no ponto de ligação. Este problema é
muito difícil de resolver por parte das companhias elétricas, pois gera-se nos
diferentes pontos de consumo da linha de distribuição.

Quedas de tensão
Se a linha de distribuição utilizada para o ponto de ligação à rede não dispuser
de secção suficiente, a tensão de rede medida no referido ponto sofrerá varia-
ções importantes em função da corrente proporcionada pelo inversor. Se as
referidas variações forem muito notórias, o sincronismo do inversor com a rede
pode tornar-se instável, visto que a rede acusará de forma importante as varia-
ções de corrente injetada.

Realiza o seguinte exercício sem olhar para as soluções.

1
Cavas de tensão Gera-se nos pontos de consu-
2
Tensão fora da gama mo da linha de distribuição. a
admissível Secção insuficiente da linha de
RELACIONA 3 ligação da instalação fotovol-
Distorção da forma de onda
4 taica com o ponto de ligação e
Quedas de tensão
medida da empresa distribuido-
ra. b
Inversor interrompe o seu fun-
cionamento. c
Interrupções de fornecimento
de muito curta duração. d
Solução:
1d, 2c, 3a e 4b.

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FOTOVOLTAICAS

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

5. DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS LIGADAS À REDE

No dimensionamento de um sistema fotovoltaico de ligação à rede intervêm


diferentes fatores que determinam a seleção e a conceção do sistema.

5.1. NÚMERO DE PAINEIS FOTOVOLTAICOS


Quando realizamos uma instalação fotovoltaica para ligação à rede, devemos
considerar qual a potência a injetar. Sabendo o valor de potência do campo
gerador fotovoltaico da instalação e a potência do painel fotovoltaico, determi-
na-se o número de painéis a instalar:
PotênciaDoCampoGerador
N
PotênciaDoPainelFotovoltaico

N – Número de painéis fotovoltaicos.

5.2. SELEÇÃO DO INVERSOR


Neste tipo de dimensionamento iremos ter em conta um sistema com a utiliza-
ção de um único inversor.
Na seleção do inversor, o seu valor de potência deverá estar compreendido entre:
0,7  PFV  Pinversor  1,2  PFV

Onde,

PFV – Potência do campo gerador.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

5.3. NÚMERO MÁXIMO DE PAINEIS FV LIGADOS EM SÉRIE


Sabendo que nas estações mais frias a diminuição da temperatura influencia um
aumento da tensão das células fotovoltaicas, teremos que determinar o valor da
tensão em circuito aberto do painel fotovoltaico para este tipo de situação. Para
tal, recorre-se à situação em que a temperatura do painel é de – 10ºC pela se-
guinte expressão:

 35º CxV 
U OC  10º C  1    U OC
 100 

O valor do coeficiente é fornecido no catálogo do painel fotovoltaico e é da-


do em % ou em mV em função da temperatura ºC.
O número máximo de painéis FV ligados em série é dado por:

U MáximadoInversor
N Máximoemséri e 
U OC 10 ºC

5.4. NÚMERO MÍNIMO DE PAINEIS FV LIGADOS EM SÉRIE


Na determinação do número mínimo de painéis fotovoltaicos ligados em série,
tem-se em conta altos valores de temperatura climatérica. Pois para um aumen-
to de temperatura nas células de um painel FV, implica uma diminuição do valor
da tensão desta.
Portanto para precaver nas situações de Verão onde temos valores de tempera-
tura elevados, deve-se garantir que a tensão produzida não seja inferior à ten-
são no ponto máximo de potência permitida pelo valor mínimo do inversor. Pois
caso isso acontecesse implicaria uma redução da eficiência do sistema ou
mesmo um corte do inversor.
O número mínimo de painéis é dado pelas seguintes expressões:

 45º C  V 
U MPP 70 ºC  1    U Mpp
 100 
U MínimaDoInversor
N MínimoEmSérie 
U MPP 70 ºC

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FOTOVOLTAICAS

5.5. NÚMERO DE RAMAIS


O número de ramais é determinado por:
lMáximaDoInversor
N Ramais 
l FVMáximaNumRamal

5.6. CONCEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DA CABLAGEM


Depois de determinadas as características do gerador fotovoltaico e do inver-
sor, devem dimensionar-se os elementos auxiliares, entre os quais se encontra
a cablagem para ligar os diferentes equipamentos da instalação.
O dimensionamento da cablagem será realizado tendo em conta as indicações
das Regras Técnicas de Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Para isso, tere-
mos de determinar o tipo de condutor, o nível de isolamento, a secção e o tipo
de instalação (ao ar, enterrada, em tubo, etc.).
O nível de isolamento necessário depende das tensões que devem suportar e
do tipo de montagem. Em geral, as tensões que os cabos devem suportar neste
tipo de instalações não costumam ultrapassar os 0,6/1kV, por isso este será o
nível de isolamento exigido ao cabo. O tipo de condutor a utilizar será de cobre,
unipolar e adequado para a intempérie, se for instalado no exterior.

Toda a cablagem de corrente contínua será de isolamento duplo


para o seu uso à intempérie, ao ar ou enterrado.

Finalmente, o cálculo da secção do cabo será realizado tendo em conta o cum-


primento dos pontos seguintes:
 A corrente máxima admissível que o cabo pode suportar;
 Perdas na linha provocada pelas quedas de tensão.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Figura 48. Esquema de uma instalação fotovoltaica. Circuitos elétricos.

5.6.1. DETERMINAÇÃO DA SECÇÃO DE UM CABO – CORRENTE MÁXIMA


ADMISSÍVEL

Já vimos que a corrente máxima admissível, que pode circular pelos cabos en-
tre painéis ou por um ramal, será de acordo com a IEC 60364-7-712, 1,25 maior
ou igual que o valor de corrente de curto-circuito de um ramal:

A corrente de curto-circuito de um ramal coincide com a corrente


de curto-circuito de qualquer um dos painéis que a formam.

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FOTOVOLTAICAS

Realiza o seguinte exercício sem olhar para as soluções.


Determina a secção do condutor que poderá transportar a corrente
elétrica num ramal constituído por 5 painéis fotovoltaicos ligados
em série com os valores de corrente de curto-circuito por painel de
7,90 A
RESPONDE Solução:
IZ=1,25 X 7,90 = 9,875A
Consultando uma tabela característica de cabos elétricos fornecida por qualquer
fabricante de cabos elétricos, podemos escolher um cabo com uma secção de
1,5mm2, visto que este suporta aproximadamente 30A de corrente máxima
admissível.

5.6.2. DETERMINAÇÃO DA SECÇÃO DE UM CABO – QUEDA DE TENSÃO


NA LINHA

Mesmo após a determinação da corrente máxima admissível num cabo e con-


sulta da sua secção permitida, quando estamos a transportar valores de tensão
DC inferiores a 120 V, devemos ter em conta as distâncias e as suas respetivas
quedas de tensões ao longo da linha de transporte.
As fórmulas apresentadas são utilizadas para o cálculo das secções dos condu-
tores pelo método da queda de tensão nos diferentes circuitos elétricos de uma
instalação fotovoltaica ligada à rede, tendo em conta as respetivas distâncias de
transporte e as quedas de tensão permitidas para este tipo de instalações:
 Secção dos condutores dos painéis fotovoltaicos até ao inversor:


S mm 2   2  L  lZ
1%  U MPP  56

 Secção dos condutores que liga o inversor até à rede monofásica:

2  L  l NACinversor  cos 

S mm 2   3%  U NACinversr  56

 Secção dos condutores que liga o inversor até à rede trifásica:

3  L  l NACinversor  cos 

S mm 2   3%  U NACinversr  56

Sendo:
 L, comprimento da ligação em metros;
 l Z , corrente máxima admissível no ramal em amperes;
 U MPP , valor máximo do ramal;
 l NACinversor , corrente nominal AC do inversor em amperes;

92
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FOTOVOLTAICAS

 U NACinversor valor da tensão nominal da rede em volts (230 V para redes


monofásicas e 400 V para redes trifásicas);
 I, corrente máxima que pode circular pela condução, em amperes.
 56, valor da resistividade do cobre em mm2/m.
 cos, ângulo de desfasamento entre a tensão e a corrente ou fator de
potência. Este dado costuma ser facultado pelo fabricante do inversor.
Na sua ausência considera-se um valor entre os 0,8 e 1.

Deves sempre em primeiro lugar determinar a secção de um con-


dutor através da corrente máxima admissível. Após isso, verificas
se em função do comprimento de transporte e das respetivas que-
das de tensão permitidas, se deves ou não aumentar a secção do
condutor.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

6. ESQUEMA UNIFILAR DE UMA INSTALAÇÃO


FOTOVOLTAICA LIGADA À REDE

Na figura seguinte representa-se o esquema unifilar de uma instalação fotovol-


taica ligada à rede elétrica de baixa tensão segundo a legislação portuguesa.

Figura 49. Esquema unifilar de instalação fotovoltaica ligada à rede.

Tal como já vimos as características que o nosso gerador fotovoltaico e inversor


devem cumprir para o caso de instalações fotovoltaicas ligadas à rede.

94
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

De seguida, realizaremos alguns comentários acerca de outros elementos que


aparecem no esquema unifilar da figura anterior e que são necessários neste
tipo de instalações.

6.1. PROTEÇÕES
Em toda a instalação fotovoltaica ligada à rede existirá um quadro elétrico que
estará situado na saída da instalação fotovoltaica, num local acessível à empre-
sa distribuidora, antes da medição, e contará com os seguintes elementos:
 Interruptor geral manual: é um dispositivo de segurança e manobra que
permite separar a instalação fotovoltaica da rede da empresa distribui-
dora. Será um interruptor magnetotérmico omnipolar com corrente de
curto-circuito superior à indicada pela empresa distribuidora no ponto
de ligação (habitualmente 6 kA). Este dispositivo estará sempre acessí-
vel à empresa distribuidora, com o objetivo de poder realizar a desco-
nexão manual. Assim, este interruptor deverá poder ser bloqueado pela
empresa distribuidora na sua posição de aberto, com o objetivo de ga-
rantir a desconexão da instalação fotovoltaica caso seja necessário.

No esquema unifilar oficial, este dispositivo figura abaixo do inver-


sor, ou seja, no lado de alternada.

 Interruptor automático diferencial: é um dispositivocom as característi-


cas adequadas para proteger as pessoas em caso de fuga de algum
elemento.
 Interruptor automático da interligação: é um dispositivo com função de
vigilância de tensão e frequência encarregado de permitir (ou não),
através da atuação de um interruptor automático de interligação, a inje-
ção de corrente na rede externa. Será um interruptor omnipolar para a
conexão-desconexão da instalação fotovoltaica em caso de perda de
tensão ou frequência nominais da rede, acionado por relés de máxima
e mínima tensão (1,1 e 0,85, respetivamente, e tempo de atuação infe-
rior a 0,5 segundos de tempo de atuação) e de máxima e mínima fre-
quência (51 e 49 Hz, respetivamente durante mais de 5 períodos). Estas
proteções, depois de testadas, devem ficar seladas pela empresa dis-
tribuidora. O rearmamento do sistema de comutação e, portanto, da
desconexão com a rede de baixa tensão da instalação fotovoltaica, se-
rá automático depois de restabelecida a tensão pela companhia distri-
buidora.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

O interruptor automático da interligação é um dispositivo de corte


automático sobre o qual atuam as proteções de interligação.
Os valores de tensão e frequência nominal da rede são de
230/400 V e 50 Hz respetivamente.

Figura 50. Outro esquema de uma instalação fotovoltaica ligada à rede.

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FOTOVOLTAICAS

6.2. ELEMENTOS DE MEDIDA


Para as instalações fotovoltaicas ligadas à rede é necessário um contador de
eletricidade à saída do inversor. Este contador, ao mesmo tempo que mede a
energia injetada à rede, marca a fronteira entre a propriedade da energia: depois
de passar pelo referido contador, a energia já foi vendida à empresa distribuido-
ra e circula pela instalação de distribuição pertencente à mesma.
Se existir consumo elétrico por parte do proprietário da instalação fotovoltaica,
a eletricidade gerada passará através do contador de saída da instalação foto-
voltaica e será vendida por sua vez ao proprietário-gerador ao preço em vigor,
em função do contrato com a empresa distribuidora.
O contador que mede a energia fotovoltaica líquida produzida deverá ter a ca-
pacidade de medir em ambos os sentidos ou, na sua ausência, existirá outro
contador instalado entre este e o interruptor geral (alugado à empresa distribui-
dora) que meça o consumo elétrico do proprietário da instalação fotovoltaica
(contador de entrada).
Estes elementos para a medida da energia líquida produzida e consumida pela
instalação fotovoltaica estarão situados num “módulo de saída” que se instalará
à saída da instalação fotovoltaica, o mais perto possível do ramal, e se encon-
trará devidamente identificado. Não estará dotado de fusíveis. Este módulo será
de tipo armário para a sua instalação à intempérie ou de duplo isolamento para
a sua instalação no interior, cumprindo as normas da empresa distribuidora, e
deverá ser selado pela empresa distribuidora.

Figura 51. Quadro de instalação fotovoltaica ligada à rede

Por vezes, os elementos do módulo de saída e do quadro elétrico


de saída poderão instalar-se sob uma mesma envolvente de sela-
gem, que cumpra as normas da empresa distribuidora.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

No caso da instalação com dois contadores, estes deverão estar devidamente


identificados e marcados com autocolantes, com as legendas que se expõem
de seguida. Os rótulos deverão ver-se através do óculo da envolvente. As ins-
crições serão as seguintes:
 Contador que mede a energia que sai da instalação fotovoltaica: “Saída”.
 Contador que mede a energia que a instalação fotovoltaica consome:
“Entrada”.
Os contadores serão adaptados à norma meteorológica em vigor, homologados
pelas companhias elétricas, selados e a sua precisão deverá ser, no mínimo, a
correspondente à classe 2, regulamentada pelo Decreto-Lei 875/1984, de 28 de
março.

Todos os elementos integrantes do equipamento de medida, tanto


os de entrada como os de saída de energia, serão selados pela
empresa distribuidora.

6.3. CAIXA GERAL DE PROTEÇÃO


O ponto de ligação da instalação fotovoltaica à rede de distribuição da empresa
distribuidora estabelecer-se-á numa Caixa Geral de Proteção (CGP), exclusiva-
mente destinada para esse fim, que cumprirá a norma da mesma.

Figura 52. Esquema elétrico de instalação fotovoltaica ligada à rede inferior a 5 kW (inversor monofásico).

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Sendo:

Figura 53. Simbologia dos componentes utilizados com mais frequência em esquemas elétricos.

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FOTOVOLTAICAS

Figura 54. Esquema elétrico de instalação fotovoltaica ligada à rede superior a 5 kW (inversor trifásico).

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FOTOVOLTAICAS

7. FUNCIONAMENTO DE UMA INSTALAÇÃO


FOTOVOLTAICA LIGADA À REDE

Recomendamos- que retenhas bem os conhecimentos que expomos


neste ponto, pois irão ser-te muito úteis na tua vida laboral.

O elemento de uma instalação fotovoltaica que controla todo o funcionamento


do sistema é o inversor. Vamos ver como funcionaria uma instalação controlada
por um inversor de uma marca comercial que designaremos como XX. O funci-
onamento com qualquer outro inversor será bastante semelhante ao descrito de
seguida.
O inversor de ligação à rede XX dispõe de um sistema de controlo que lhe per-
mite um funcionamento completamente automatizado. Durante os períodos no-
turnos, o inversor permanece desligado, vigiando os valores de tensão na rede e
do gerador fotovoltaico. Ao amanhecer, a tensão do gerador fotovoltaico au-
menta, o que coloca o inversor em funcionamento, começando a injetar corren-
te na rede.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Figura 55. Instalação fotovoltaica de 21,09 kW de pico no telhado.

De seguida descreve-se o funcionamento do equipamento face a situações par-


ticulares.

7.1. FALHA NA REDE ELÉTRICA


No caso do fornecimento na rede elétrica ser interrompido, o inversor encontra-
se em situação de curto-circuito. Neste caso, o inversor desliga-se por comple-
to e espera até se restabelecer a tensão na rede para iniciar novamente o seu
funcionamento.

7.2. TENSÃO FORA DA GAMA


Se a tensão de rede se encontrar fora da gama de trabalho aceitável, tanto se
for superior como se for inferior, o inversor interrompe o seu funcionamento até
que a referida tensão se volte a encontrar dentro da gama admissível. A partir
de 250 V (na rede alternada), o equipamento reduz a potência com o objetivo de
não aumentar ainda mais esta tensão. Se, apesar desta redução, a tensão
ultrapassar os 255 V, este parará.

A tensão de rede em Portugal é de 230 V de tensão simples e 400


V de tensão composta.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

7.3. FREQUÊNCIA FORA DE LIMITES


Se a frequência da rede estiver fora dos limites de trabalho, este pára, pois isso
indica que a rede é instável ou está no modo isolado.

7.4. TEMPERATURA ELEVADA


O inversor dispõe de um sistema de refrigeração por convecção natural ou for-
çada. Está calculado para uma gama de temperaturas semelhante à que pode
existir no interior de uma habitação.
Caso a temperatura ambiente aumente excessivamente ou caso os canais de
ventilação se tapem acidentalmente, o equipamento continuará a funcionar, mas
reduzirá a potência de trabalho com o objetivo de não ultrapassar internamente
os 75° C. Esta situação é indicada com o led de temperatura intermitente.

Se a temperatura interna chegar aos 80° C, o inversor parará e o


Led intermitente ficará iluminado sem piscar.

7.5. TENSÃO DO GERADOR FOTOVOLTAICO BAIXA


Neste caso, o inversor não pode funcionar. É a situação em que se encontra
durante a noite ou caso se desligue o gerador solar. O led de painéis estará cer-
tamente apagado.

7.6. CORRENTE INSUFICIENTE DO GERADOR FOTOVOLTAICO


Os geradores fotovoltaicos atingem o nível de tensão de trabalho a partir de um
valor de radiação solar muito baixo (de dois a oito mW/cm2). Quando o inversor
deteta que se dispõe de tensão suficiente para iniciar o funcionamento, o siste-
ma entra em funcionamento, solicitando potência ao gerador fotovoltaico. Se o
gerador não dispuser de potência devido ao facto de a radiação solar ser muito
baixa, o valor da corrente mínima de funcionamento não se verifica, o que gera
uma ordem de paragem do equipamento para, posteriormente, iniciar uma nova
tentativa de ligação. O intervalo entre tentativas é de aproximadamente três mi-
nutos.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Na figura seguinte mostram-se as características do inversor XX


que escolhemos para explicar o funcionamento de uma instalação
fotovoltaica ligada à rede.

Caraterísticas Valores
Potência nominal do inversor (kW) 4
Potência nominal de painéis (Wp) 5.000
Gama de potência pico de painel instalada recomendável (Wp) 2.500...5.000
Potência mínima de ligação (W) 160
Consumo aproximado em vazio 8 W a 230 VAC
Ondulação tensão painéis a potência nominal (Vrsm) 10
Máxima tensão (V) de entrada de contínua em vazio a 25° C 176 V
Gama de temperatura de trabalho -5...40 °C
Gama de tensão de rede admissível 205...253 VAC
Frequência de trabalho 49,5...50,5 Hz
Fator de potência 0,98...1,0
Distorção da corrente a 0,6 Pn com THD de rede < 2% <3,5%
Relé de potência de estado sólido Ligação em passagem por 0
Sistema de isolamento rede/painel Transformador toroidal
Humidade relativa máxima <90%
Convecção natural + ventilação
Sistema de refrigeração
forçada
Rendimento máximo 93% aproximadamente
Rendimento a 0,8 Pn Wcc em painéis 89% aproximadamente
Sensibilidade em PMP (W) aproximada 60
Tempo de resposta procura PMP Entre 3 seg. e 3 min.
Desconexão total do transformador Sim
Tempos de espera entre arranques 2 minutos aproximadamente
Sinusoidal sincronizada com a
Forma de onda
rede
Tipo de controlo Digital + analógico
Descarregadores de
Proteções de entrada e saída
sobretensões
Figura 56. Características do inversor XX.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Realiza o seguinte exercício sem olhar para as soluções.

O __________ 1 é um dos elementos mais importantes da


instalação. Os problemas mais importantes que podemos ter ao
COMPLETA injetar energia em rede são a geração de __________ 2 e o
__________ 3. A forma de onda da corrente que vamos injetar na
rede é __________ 4 e utilizaremos elementos de proteção, tais
como __________ 5 para proteger a nossa instalação face a
sobretensões.
Solução:
1 Inversor.
2 Harmónicos.
3 Fator de potência.
4 Sinusoidal.
5 Descarregadores de sobretensões.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

8. AS HORTAS SOLARES
Uma horta solar é uma instalação na qual se gera eletricidade que se vende à
rede e financia através do investimento de particulares interessados em investir
num negócio.
Cada um dos investidores da instalação fotovoltaica tem a sua parcela diferen-
ciada, embora todos injetem a sua produção na rede de forma conjunta.
As hortas solares permitem evitar algumas das condicionantes que tradicional-
mente impedem o desenvolvimento da energia fotovoltaica, pois reduzem os
custos e os problemas administrativos. São, portanto, uma forma de associação
que traz vantagens para os que a integram. Tal como as comunidades de vizi-
nhos dos blocos de apartamentos, a associação facilita e torna menos dispen-
dioso tudo o que está relacionado com a gestão administrativa, manutenção,
seguros, pagamentos, cobranças, etc.

Figura 57. Horta solar.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

Tal como nas comunidades de vizinhos, para a sua melhor organização recor-
rem a um administrador profissional que se rege pela legalidade e cumprimento
dos acordos, a empresa promotora da horta solar encarrega-se da gestão com-
pleta da instalação, desde o projeto e as autorizações necessárias, ao contrato,
à manutenção ou à segurança para evitar roubos, e isto evita constrangimentos
aos proprietários que têm a instalação como uma forma de investimento.

Uma horta solar é uma instalação ligada à rede formada pela as-
sociação de vários proprietários. A empresa promotora encarrega-
se da gestão da horta solar.

A fórmula das hortas solares abre o setor das energias renováveis a particulares
que desejem realizar um investimento de futuro.

Figura 58. Horta solar.

107
Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

9. LIGAÇÃO À TERRA DE INSTALAÇÕES


FOTOVOLTAICAS LIGADAS À REDE

A ligação à terra de uma instalação fotovoltaica ligada à rede é um dos aspetos


elétricos mais importantes desta. Tem como objetivo limitar a tensão que as
massas metálicas podem apresentar relativamente à terra, assegurar a atuação
das proteções e eliminar ou diminuir o risco que as avarias dos equipamentos
elétricos da instalação implicam.

A conceção e dimensionamento da ligação à terra estão indicados


nas Regras Técnicas de Instalações Elétricas de Baixa Tensão.

Na figura seguinte podemos observar as partes típicas de uma


instalação de ligação à terra.

A ligação à terra pode ser realizada com elétrodos de barras, tubos, platinas,
condutores nus, elementos de betão armado enterrados, estruturas metálicas
enterradas, etc.
Não serão utilizadas canalizações metálicas de água, de aquecimento nem de
líquidos ou gases como ligações de terra.

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FOTOVOLTAICAS

Figura 59. Partes típicas de uma instalação de ligação à terra.

Os elétrodos serão dimensionados de modo a que a sua resistência à terra seja


de tal modo que nenhuma massa possa dar lugar a tensões de contacto superi-
ores a 24 V em local condutor e 50 V nos restantes locais.
Os condutores de terra terão a seguinte secção mínima:
 Condutor protegido contra a corrosão e não protegido mecanicamente:
16 mm2, tanto para condutor de cobre como de aço galvanizado.
 Não protegido contra a corrosão: 25 mm2 cobre e 50 mm2 ferro.
Em toda a instalação de ligação à terra existirá um ponto principal de terra, num
local acessível para poder medir a resistência à terra, ao qual se unirão todos os
condutores de terra, de proteção, de ligação equipotencial e de ligação à terra
funcional.
Serão utilizados condutores de proteção para a proteção de contactos indiretos
que unirão as massas metálicas ao condutor de terra.

Define-se o contacto indireto como o contacto de pessoas ou ani-


mais domésticos com partes que tenham sido colocadas sob ten-
são como resultado de uma falha de isolamento.

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FOTOVOLTAICAS

A secção deste condutor de proteção será igual à dos condutores de fase da


instalação se a secção destes for igual ou inferior a 16 mm2, 25 mm2 se a sec-
ção dos condutores de fase se encontrar entre 16 e 35 mm2 e metade dos con-
dutores de fase se a secção destes for superior a 35 mm2.
Para a ligação equipotencial das massas metálicas utilizar-se-á um condutor de
secção não inferior a metade do condutor de proteção com uma secção mínima
de 2,5 mm2, se for de cobre.
De seguida indicam-se alguns pontos importantes relativos à ligação à terra de
sistemas fotovoltaicos.

9.1. TERRA DE PROTEÇÃO


Consiste na união elétrica das diferentes massas metálicas e destas com a ter-
ra, com uma dupla finalidade:
 Proteção face a descargas atmosféricas. Esta ligação à terra serve co-
mo via de derivação à terra das correntes de raio.
 Proteção contra contactos indiretos.
A ligação à terra de proteção de um gerador fotovoltaico engloba tanto o marco
metálico dos painéis como a estrutura.
A fixação dos painéis à estrutura não se considera uma ligação à terra eficaz
dos mesmos, visto que o tratamento superficial (galvanizado) de ambos os ele-
mentos dificulta uma ligação elétrica fiável. Os painéis costumam dispor de uma
perfuração que não é tratada superficialmente para a ligação do condutor de
terra. O condutor de terra dos painéis deverá unir eletricamente todos os mar-
cos entre si e estes à estrutura.
Também não se considera uma ligação à terra eficaz a mera cimentação da es-
trutura. A estrutura deve unir-se sempre eletricamente através de um condutor
nu e de um elétrodo de terra. Se a distância entre o campo gerador e o restante
da instalação for grande, a ligação à terra de proteção deste servirá como liga-
ção à terra de proteção de todo o sistema, sendo a configuração da cablagem
de terra a seguinte:
 Ponto de ligação à terra ao qual se liga o elétrodo ou sistema de elétro-
dos de terra.
 Linha principal de terra, que une o ponto de ligação à terra ao terminal
de condutores de proteção.
 Terminal de condutores de proteção ao qual se ligam os condutores de
proteção do campo gerador e das restantes massas metálicas da insta-
lação.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

9.2. TERRA DE SERVIÇO


Consiste na união elétrica entre um condutor ativo e terra.
Realiza-se tanto no lado de contínua como no de alternada.
No lado de contínua:
 Para estabelecer uma tensão de referência relativamente à terra que
melhore o funcionamento do inversor ou do sistema de monitorização.
 Para a proteção face a contactos indiretos.
A ligação à terra de serviço em contínua efetua-se num único ponto (terminal de
condutores ligados à terra), para assegurar o funcionamento adequado do ele-
mento sensor da corrente de defeito e evitar que circule corrente pelos condu-
tores de proteção em condições normais de funcionamento.
No lado de alternada:
 Para a proteção contra contactos indiretos. A ligação à terra das mas-
sas metálicas pode coincidir com a correspondente do lado de contí-
nua.

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10. MANUTENÇÃO DE INSTALAÇÕES


FOTOVOLTAICAS

Tal como nas instalações fotovoltaicas autónomas, com o objetivo de garantir


uma elevada produtividade da instalação fotovoltaica ligada à rede, não basta
conceber, montar e verificar corretamente os componentes e o sistema, evitar
sombras, etc., também é necessário reduzir os períodos de paragem por avaria
ou mau funcionamento. Portanto, é necessário realizar tarefas de manutenção
tanto preventiva como corretiva.
Por vezes, estas operações poderão ser efetuadas pelo próprio utilizador do
sistema e outras vezes será necessária a assistência de um serviço técnico.

As instalações fotovoltaicas ligadas à rede precisam de muito pou-


ca manutenção preventiva, sendo também, em geral, pouco sus-
cetíveis a eventos que tornem necessária uma manutenção corre-
tiva.

10.1. MANUTENÇÃO PREVENTIVA


A manutenção preventiva da instalação incluirá pelo menos uma visita (anual
para o caso de instalações de potência nominal inferior a 5 kW (de pico) e se-
mestral para as restantes) durante a qual serão realizadas, no mínimo, as se-
guintes atividades:
 Verificação das proteções elétricas.
 Verificação do estado dos módulos: verificação da localização relativa-
mente ao projeto original e verificação do estado das ligações.
 Verificação do estado do inversor: funcionamento, lâmpadas de sinali-
zação, alarmes, etc.

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FOTOVOLTAICAS

 Verificação do estado mecânico de cabos e terminais (incluindo cabos


de ligação de terra e aperto de bornes), platinas, transformadores, ven-
tiladores/extratores, uniões, apertos, limpeza.

A manutenção preventiva consiste em operações de inspeção vi-


sual, verificação de atuações e outras que, aplicadas à instalação
fotovoltaica ligada à rede, permitem manter dentro de limites acei-
táveis as condições de funcionamento, as prestações, a proteção
e a durabilidade da mesma.

10.1.1. MANUTENÇÃO CORRETIVA


A manutenção corretiva inclui:
 A visita à instalação num prazo máximo de 15 dias, salvo causas de
força maior devidamente justificadas, sempre que o utilizador a reque-
rer por avaria grave na instalação.
 A análise e elaboração do orçamento dos trabalhos e substituições ne-
cessárias para o correto funcionamento da instalação.
 Os custos económicos da manutenção corretiva, com o alcance indi-
cado, fazem parte do preço anual do contrato de manutenção. Poderão
não estar incluídas nem a mão de obra, nem as substituições de equi-
pamentos necessários depois de ultrapassado o período de garantia.
Esta manutenção dever ser efetuada por pessoal técnico qualificado sob a res-
ponsabilidade da empresa instaladora.

A manutenção corretiva são todas as operações de substituição


necessárias para assegurar que o sistema fotovoltaico ligado à
rede funciona de forma correta durante a sua vida útil.

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FOTOVOLTAICAS

10.2. MANUTENÇÃO A CARGO DO UTILIZADOR


O utilizador da instalação deve encarregar-se das tarefas seguintes:
 Supervisão geral. Consiste em observar os equipamentos, ou seja, veri-
ficar de forma periódica que tudo funciona corretamente (por exemplo,
observar os indicadores do inversor que assinalam o seu estado de
funcionamento, verificar que o inversor recebe energia do campo gera-
dor e injeta corrente alternada na rede, etc.).
 Limpeza. A limpeza dos painéis solares será um fator que aumentará a
produção de energia, por isso recomenda-se dispor de uma tomada de
água perto para poder realizar uma limpeza à pressão quando o campo
é grande. A limpeza também inclui a eliminação de ervas, ramos, mus-
go ou outros objetos que podem projetar sombras sobre o campo ge-
rador.
 Verificação visual do campo fotovoltaico. Consiste em verificar as fixa-
ções da estrutura tanto ao edifício como aos painéis (aperto de parafu-
sos na mesma), aparecimento de zonas de oxidação, etc.
 Comunicação ao serviço técnico em caso de mau funcionamento ou
avarias.

10.3. MANUTENÇÃO A CARGO DO SERVIÇO TÉCNICO


O serviço técnico deve ser avisado pelo utilizador da instalação quando este
detetar uma descida ou paragem total da produção de energia ou quando sur-
girem defeitos na estrutura de fixação do gerador fotovoltaico. Nestes casos, o
serviço realizará uma manutenção corretiva detetando a origem da avaria e re-
parando-a.
O serviço técnico também deverá efetuar uma manutenção preventiva, através
de uma série de revisões periódicas, entre as quais se incluirão, no mínimo:
 Verificação de tensão e corrente de cada um dos ramais do campo ge-
rador. Desta forma podemos determinar falhas em painéis (por exem-
plo, díodos fundidos), problemas na cablagem e nas ligações, etc.
 Verificar a solidez da estrutura do campo gerador, aperto dos parafu-
sos, estado de proteção de suportes metálicos e fixações, etc.
 Caracterização da onda, frequência e tensão de saída em CA do inversor.
 Verificar proteções, fusíveis e diferenciais.
 Verificar ligações da cablagem na caixa de ligações.

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CONCLUSÃO

 O correto dimensionamento de uma instalação fotovoltaica irá ser fun-


damental, tanto para o perfeito funcionamento da mesma na produção
de energia elétrica, como para o prolongamento da sua vida útil.
 O primeiro passo a efetuar no dimensionamento de uma instalação fo-
tovoltaica será definir perfeitamente as necessidades de energia elétri-
ca que se devem satisfazer.
 No caso de se efetuar o dimensionamento de uma instalação fotovol-
taica ligada à rede é importante conhecer-se a legislação que regula-
menta este tipo de instalações.
 No momento de calcular e escolher os componentes de uma instalação
fotovoltaica para satisfazer determinados consumos elétricos existem
vários métodos de dimensionamento.
 Existes diversos catálogos fornecidos por fornecedores. Neles é impor-
tante, saber-se consultar as respetivas grandezas de forma a se dimen-
sionar com o melhor rendimento uma instalação fotovoltaica.
 O dimensionamento da cablagem de uma instalação fotovoltaica é bas-
tante. Pois um bom dimensionamento da secção do condutor, permite
que não haja perdas de transporte elétrico devido às quedas de tensão
na linha, nem que coloque em risco de aquecimento e danificação do
condutor, devido às correntes máximas admissíveis admitidas.
 Uma instalação fotovoltaica deve cumprir as Regras Técnicas de Insta-
lações Elétricas de Baixa Tensão.
 Ao finalizar a montagem de uma instalação deveremos realizar verifica-
ções para comprovar o correto funcionamento da mesma.
 Embora as instalações fotovoltaicas se caracterizem pela sua baixa
manutenção devido à ausência de partes móveis, combustíveis e con-
sumíveis, é conveniente desenvolver um programa de revisões e verifi-
cações com o objetivo de manter as mesmas em ótimas condições de
funcionamento e de conservação.

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FOTOVOLTAICAS

RESUMO

 O objetivo do dimensionamento de um sistema fotovoltaico é calcular


os elementos deste (potência do painéis fotovoltaicos, capacidade da
bateria, regulador, inversor, se existir consumo de CA e secções de ca-
bos) para garantir o melhor funcionamento e reduzir custos em consu-
mo elétrico.
 O procedimento de dimensionamento de uma instalação fotovoltaica
divide-se na estimativa da potência máxima diária, no cálculo do con-
sumo máximo, na determinação do número de módulos, no cálculo da
capacidade da bateria, na seleção do regulador de carga, na escolha
do inversor em caso de utilização de cargas AC, e pelo dimensiona-
mento das secções dos condutores elétricos.
 Na estimativa da potência máxima diária é necessário conhecer-se de-
talhadamente as necessidades dos dados de consumo e os desejos do
utilizador.
 Os dados de consumo também poderão ser obtidos principalmente a
partir de valores medidos nos anos anteriores através dos registos de
leitura dos contadores ou faturas elétricas.
 Na determinação da energia máxima de consumo de uma instalação
fotovoltaica autónoma é muito importante incluir-se um coeficiente de
segurança. A inclusão deste coeficiente serve, para prever falhas na
instalação ou para situações em que acorram consumos excessivos. O
valor usado habitualmente é de 20%.
 Os elementos usados numa instalação FV tais como, baterias, inversor,
regulador de carga, etc., são elementos que também irão alimentados
no sistema, logo também irão originar perdas na instalação.
 As principais caraterísticas de um módulo fotovoltaico fornecidas por
qualquer fabricante são: a potência nominal (PMáxima ou PW); a tensão
nominal (Un); a tensão máxima (UMáxima); a corrente máxima (IMáxima); a
corrente de curto-circuito (ISC); a tensão em circuito aberto (UOC); e os
coeficientes de temperatura da célula para a tensão em circuito aberto
e para a corrente em curto-circuito.

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Unidade didática 12
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FOTOVOLTAICAS

 As horas de pico solar, ou HPS, são o número de horas em que o pai-


nel pode fornecer à instalação fotovoltaica energia suficiente. Este valor
é dado em horas e depende apenas do mês e do lugar de onde se en-
contra a instalação fotovoltaica.
 De forma a determinar-se com maior precisão as HPS, deve-se recorrer
a uma ferramenta para projetistas das instalações fotovoltaicas. Ferra-
menta esse que se encontra colocada no site
http://re.jrc.ec.europa.eu/pvgis/apps4/pvest.php
 Na determinação do número de módulos da instalação é importante
saber-se a intensidade de corrente máxima que o painel fornece, as ho-
ras de pico solar que este irá estar sujeito, e o seu rendimento de pro-
dução.
 No dimensionamento da capacidade da bateria a se instalar, as perdas
originadas pela instalação vão entrar em conta para a energia máxima
de consumo da instalação. A seleção dos dias de autonomia, represen-
ta os dias em haverá a possibilidade de uma fraca ou mesmo nula
energia solar.
 Na escolha e seleção do regulador de carga haverá uma margem de
segurança de forma a evitar que este trabalhe no limite da sua corrente
máxima. Essa margem situa-se entre os 10% e os 12,5%.
 No dimensionamento da secção dos condutores elétricos da instala-
ção, as quedas máximas de tensão admissíveis são bastante importan-
tes. O correto dimensionamento dos condutores elétricos evitará que o
cabo se danifique na passagem da corrente elétrica no seu seio, e que
não haja perdas nas linhas em grandes distâncias.
 As instalações fotovoltaicas ligadas à rede utilizam a própria rede como
meio de “armazenagem” de energia.
 As dimensões das instalações fotovoltaicas ligadas à rede determinam
as diferentes tipologias.
 Em função da ligação do inversor ou inversores com o campo gerador,
podem distinguir-se diferentes configurações nas instalações fotovol-
taicas ligadas à rede.
 O inversor é o elemento mais importante de uma instalação fotovoltaica
ligada à rede, funcionando como interface entre o gerador fotovoltaico
e a rede elétrica.
 A ligação à terra de uma instalação fotovoltaica ligada à rede é um dos
aspetos elétricos mais importantes desta.
 A manutenção preventiva consiste em operações de inspeção visual,
verificação de atuações e outras que, aplicadas à instalação, devem
permitir manter dentro de limites aceitáveis as condições de funciona-
mento, prestações, proteção e durabilidade da instalação.
 Geralmente, a manutenção preventiva de uma instalação fotovoltaica
será realizada pelo utilizador da mesma.
 A manutenção corretiva inclui todas as operações de substituição ne-
cessárias para assegurar que o sistema funciona corretamente durante
a sua vida útil.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

AUTOAVALIAÇÃO

De acordo com o nosso sistema P8.10+, não deverás errar mais


do que duas questões.
Se errares, será conveniente que voltes a rever a unidade antes de
passares à seguinte.

1. Tendo em conta a seguinte tabela de equipamentos com as suas po-


tências nominais e os seus respetivos tempos de utilização estimados,
determina o consumo global que estes equipamentos consumem diari-
amente:

Aparelho Potência (W) DC/AC Horas


10 pontos de iluminação 20 DC 1
2 pontos de iluminação 40 DC 2
1 TV 60 AC 5
1 máquina de lavar roupa 275 AC 1,5
1 frigorífico 60 AC 10
1 congelador 140 AC 5
1 computador 5 AC 2

a) 1680,8 Wh.
b) 1904,9 Wh.
c) 2382,5 Wh.
d) 1529,9 Wh.

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2. Sabendo o consumo global de utilização de um conjunto de equipa-


mentos é de 1142,0 Wh, determina a energia máxima de consumo de
uma instalação fotovoltaica autónoma a 12 volts. Considera o valor de
0,8 para as perdas originadas pela instalação:
a) 202,82 Ah.
b) 184,27 Ah.
c) 142,75 Ah.
d) 82,18 Ah.

3. Determina o número de painéis a ligar em paralelo numa instalação


fotovoltaica autónoma com as seguintes características:

IMáx 8,37 A
HPS 3,0 Horas
Módulo 90 %
EMáxima 120,75 Ah

a) 9 painéis em paralelo.
b) 5 painéis em paralelo.
c) 6 painéis em paralelo.
d) 7 painéis em paralelo.

4. Determina o valor da capacidade do acumulador de baterias que se


deverá instalar numa instalação fotovoltaica autónoma de forma a co-
brir as seguintes necessidades:

EMáxima 142,75 Ah
PD 70 %
DAutonomia 2 Dias

a) 407,00 Ah.
b) 663,00 Ah.
c) 408,00 Ah.
d) 663,00 Ah.

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5. A seguinte figura representa uma instalação fotovoltaica autónoma.


Analisa a instalação e através das características da instalação apre-
sentadas no quadro 1, determina o valor máximo da corrente elétrica,
que os módulos fotovoltaicos podem fornecer no seu conjunto ao re-
gulador de carga?

Capacidade total do acumulador de baterias 950 Ah


Consumo total das cargas 125,25 Wh
Módulo FV UMáx 16,10 V
Módulo FV IMáx 7,45 A
Módulo FV UOC 21,60 V
Módulo FV ISC 7,90 A
Módulo FV PMáx 120 W
Figura 60. Quadro 1.

a) 25,14 A.
b) 26,66 A.
c) 16,88 A.
d) 15,85 A.

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Unidade didática 12
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

6. De acordo com os condutores elétricos existentes no mercado, dimen-


siona a seção do condutor elétrico que estabelece a ligação entre o
regulador de carga e a alimentação das cargas DC para um determina-
do sistema fotovoltaico com as seguintes características apresentadas
na seguinte tabela:

Distância regulador – cargas DC 4,0 Metros


Condutividade do cobre 56 m/ mm2
IMáxima Painel FV 4,95 A
UMáxima Painel FV 18,19 V
ICurto-Circuito Painel FV 5,65 A
UCircuito-Aberto Painel FV 22,00 V
Total de painéis por ramal do campo gerador 6 Painéis

a) 25 mm2.
b) 50 mm2.
c) 70 mm2.
d) 35 mm2.

7. Que caraterística possui uma instalação fotovoltaica ligada à rede?


a) Da capacidade de acumulação do banco de baterias.
b) Um número reduzido de dias de autonomia.
c) Um regulador de carga específico.
d) Não necessita de nenhum tipo de regulador de carga.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

8. Numa instalação fotovoltaica ligada à rede, existem diversas configu-


rações típicas na utilização de múltiplos inversores de conversão de
corrente elétrica DC em corrente elétrica AC. Que tipo de configuração
é representada:

a) Configuração de inversor centralizado.


b) Configuração de inversor por ramal.
c) Configuração de inversor por painel.
d) Configuração de regulador por ramal.

9. Pretende-se dimensionar uma instalação fotovoltaica ligada à rede.


Consultando os seguintes dados característicos da instalação, deter-
mina o número máximo de painéis fotovoltaicos que poderás ligar em
série:
UOC FV 22,00 V
ISC FV 5,65 A
Coeficiente de temperatura UOC - 0,0847 V/ºC
Coeficiente de temperatura ISC 0,00226 A/ºC
Tensão Máxima Inversor 450 V
Tensão Mínima Inversor 150 V

a) 20 painéis.
b) 25 painéis.
c) 15 painéis.
d) 35 painéis.

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DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES
FOTOVOLTAICAS

10. Determina a secção de um condutor que liga um campo gerador foto-


voltaico a um inversor. Considera que o campo gerador fotovoltaico li-
gado à rede é constituído por 10 painéis ligados em paralelo e que a
distância do campo gerador até ao inversor é de 4,5 metros.

UOC FV 21,60 V
ISC FV 8,90 A
UMáxima FV 19,10 V
IMáxima FV 7,45 A
Dados do painel fornecidos por um determinado fornecedor

a) 185 mm2.
b) 150 mm2.
c) 120 mm2.
d) 95 mm2.

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FOTOVOLTAICAS

SOLUÇÕES

1. c 2. c 3. c 4. c 5. b

6. d 7. d 8. c 9. a 10. d

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PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

Para poderes desenvolver os conhecimentos obtidos nesta unidade vamos dei-


xar-te com alguns sites, relacionados com os temas que acabámos de estudar:
 http://www.oelectricista.pt/.
 http://www.hager.pt/
 http://www.legrand.pt/
 http://www.polisol.pt/php/energias.php

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FOTOVOLTAICAS

BIBLIOGRAFIA

 Benito, Tomás Perales (2011), Práticas de energia solar fotovoltaica.


Publindústria.
 Pereira, Filipe e Oliveira, Manuel (2011), Curso técnico Instalador de
Energia Solar Fotovoltaica. Publindústria.

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Unidade didática 12

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