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4 Tecnologia e mecânica dos


materiais
UD006674_V(01)
TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

ÍNDICE

MOTIVAÇÃO......................................................................................... 5
OBJETIVOS .......................................................................................... 6
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 7
1. OS MATERIAIS ................................................................................ 10
1.1. ÁTOMO .................................................................................. 12
1.1.1. Protão ............................................................................................. 13
1.1.2. Neutrão ........................................................................................... 13
1.1.3. Eletrão ............................................................................................ 14
1.2. TABELA PERIÓDICA ................................................................. 15
1.3. ESTRUTURA MOLECULAR ......................................................... 20
2. METAIS ......................................................................................... 21
3. METAIS FERROSOS......................................................................... 22
3.1. O FERRO................................................................................ 22
3.1.1. Propriedades Químicas do Ferro ................................................... 23
3.1.2. Aplicações ...................................................................................... 25
3.2. O AÇO ................................................................................... 26
3.2.1. Fabrico do Aço ............................................................................... 26
3.3. METALURGIA DO FERRO........................................................... 27
3.3.1. Extração e transformação do ferro no alto-forno ........................... 27
3.3.2. Gusa ............................................................................................... 28
3.3.3. Conversão do ferro bruto em aço .................................................. 28
3.4. TIPOS DE AÇO ......................................................................... 29
3.4.1. Aços-Carbono ................................................................................ 29
3.4.2. Aços-Ligas...................................................................................... 30
3.4.2.1. Aços Inoxidáveis ..................................................................... 31
4. METAIS NÃO FERROSOS ................................................................. 32
4.1. TIPOS DE METAIS NÃO FERROSOS ............................................. 32

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4.1.1. Alumínio .......................................................................................... 32


4.1.2. Cobre .............................................................................................. 33
4.1.3. Chumbo .......................................................................................... 34
4.1.4. Restantes metais não ferrosos ....................................................... 34
4.2. LIGAS METÁLICAS ................................................................... 35
4.2.1. Alumínio .......................................................................................... 35
4.2.2. Bronze ............................................................................................ 36
4.2.3. Latão ............................................................................................... 36
5. TRATAMENTOS AOS MATERIAIS....................................................... 38
5.1. TRATAMENTOS TÉRMICOS........................................................ 38
5.2. TRATAMENTOS MECÂNICOS ..................................................... 39
5.2.1. Aços endurecidos ........................................................................... 39
5.2.2. Proteção dos aços contra a corrosão ............................................ 40
6. MATERIAIS NÃO METÁLICOS ........................................................... 41
6.1. COMPÓSITOS ......................................................................... 41
6.2. PLÁSTICO............................................................................... 42
6.3. BORRACHA ............................................................................ 43
6.4. MADEIRAS E SEUS DERIVADOS ................................................. 43
6.4.1. Estrutura e características da madeira ........................................... 44
6.4.2. Derivados da Madeira..................................................................... 45
6.5. AMIANTO................................................................................ 46
6.5.1. Substitutos do amianto .................................................................. 46
7. MOVIMENTO DAS MATERIAS – NOÇÕES BÁSICAS DE ESTÁTICA ......... 47
8. TIPOS DE ESFORÇOS SOBRE OS MATERIAIS ..................................... 50
8.1. TRAÇÃO E COMPRESSÃO ......................................................... 51
8.2. RELAÇÃO DE TRAÇÃO – DEFORMAÇÃO ...................................... 52
8.2.1. Diagrama Tração – Deformação ..................................................... 54
8.3. DEFORMAÇÃO - ELÁSTICA OU PLÁSTICA ................................... 57
8.4. RESISTÊNCIA À TRAÇÃO – COMPRESSÃO, LEIS DE HOOKE E DE
POISSON ................................................................................ 58
8.5. ENCURVADURA - FÓRMULA DE EULER ...................................... 60
8.6. RESISTÊNCIA AO CORTE .......................................................... 61
8.7. RESISTÊNCIA À FLEXÃO ........................................................... 62
8.8. RESISTÊNCIA À TORÇÃO, MOMENTO TORSOR ............................. 65
8.9. CLASSIFICAÇÃO DO TIPO DE ESFORÇOS .................................... 67
8.9.1. Convenção de sinais ...................................................................... 67
8.10. FADIGA ............................................................................ 68
8.11. RUTURA FRÁGIL E RUTURA DÚCTIL ..................................... 68
8.12. TEMPERATURA (TENSÕES TÉRMICAS) .................................. 69

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9. ENSAIOS NOS MATERIAIS ................................................................ 72


9.1. ENSAIOS DESTRUTIVOS (ED) ..................................................... 72
9.2. ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS (END) ............................................ 72
CONCLUSÃO ...................................................................................... 75
RESUMO............................................................................................ 76
AUTOAVALIAÇÃO ............................................................................... 79
SOLUÇÕES ........................................................................................ 81
PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO ................................. 82
BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 83

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MOTIVAÇÃO

Nesta unidade didática iremos estudar as propriedades e a mecânica dos mate-


riais.
É importante conhecermos o material que estamos a utilizar para podermos tirar
o melhor rendimento tanto do próprio material, como da aplicação que lhe es-
tamos a dar.
Começaremos por estudar as mais pequenas partículas que constituem qual-
quer material e que a partir delas nós podemos classificar qualquer material
quanto à sua composição. Existe uma ciência que estuda este ramo, chamada
de ciência dos materiais. A ciência dos materiais faz o estudo relativo aos mate-
riais e à relação existente entre as propriedades, desde a sua estrutura ao seu
desempenho e ainda às formas e caracterizações deles.
Neste estudo, feito pela ciência dos materiais, entram também as forças que
estão aplicadas ao material e que modificam, tanto as suas propriedades como
a sua estrutura.
Vamos ver que, ao longo do tempo, as forças a que os materiais estão sujeitos
irão limitar o seu desempenho e torna-se importante criar processos para que
os possamos preservar, aumentando assim o seu tempo de duração. Este estu-
do será realizado através do estudo da Mecânica dos Materiais, que é uma ci-
ência que se dedica em especial ao estudo das forças e movimentos a que os
corpos estão sujeitos.
Como tal, é de todo o nosso interesse estudar os materiais, a constituição das
suas matérias, para assim sabermos como aplicar estas mesmas matérias!
Iremos iniciar o estudo a partir de agora, esperamos que estejas preparado para
esta etapa!

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OBJETIVOS

 Reconhecer a constituição da matéria.


 Reconhecer as propriedades que permitem distinguir os materiais.
 Identificar os metais ferrosos e não ferrosos mais utilizados na indústria.
 Enunciar as propriedades e especificações técnicas dos materiais me-
tálicos, ferrosos e não ferrosos, assim como os processos metalúrgicos
para a sua obtenção.
 Selecionar os materiais ferrosos e não ferrosos de acordo com as suas
classificações normalizadas.
 Distinguir os tipos de materiais não metálicos mais utilizados na indús-
tria, bem como as suas propriedades, aplicações e características.
 Reconhecer o comportamento dos materiais quando sujeitos a esforços.
 Interpretar os diagramas resultantes de ensaios laboratoriais, nomea-
damente o diagrama de tensão-deformação.
 Realizar cálculos elementares de resistência de materiais para escolha
de perfis comerciais a utilizar em estruturas metálicas simples.
 Caracterizar os vários tipos de ensaios, destrutivos ou não destrutivos,
utilizados na determinação das propriedades dos materiais ou deteção
de defeitos.

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INTRODUÇÃO

A tecnologia dos materiais leva-nos ao estudo das partículas que compõem a


estrutura dos mais diversos materiais. É a físico-química, a disciplina que estuda
a estrutura e composição das matérias, desde moléculas até aos fenómenos
macroscópicos.

Com certeza, já estudaste, na disciplina de físico-química, as pro-


priedades dos materiais.
Willard Gibbs é conhecido como o fundador da físico-química.

Como o próprio nome indica, esta ciência no fundo não é uma, mas sim duas
ciências, a física e a química. A física permite-nos estudar as áreas da termodi-
nâmica e da mecânica quântica e química. No fundo são as transformações que
os materiais sofrem ou pelo meio envolvente a eles ou pela sua interação com
outros materiais.
As mudanças podem ser de temperatura, volume, pressão ou trabalho. Os ma-
teriais, ao sofrerem estas mudanças nas suas propriedades, podem também
modificar os seus estados, consoante as suas características.
Existem três estados físicos relacionados com as interações das moléculas e
átomos das matérias, são eles:
 Estado sólido;
 Estado líquido;
 Estado gasoso.

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Ao aquecermos uma porção de água para fazermos um chá, neste


caso estamos a alterar fisicamente a água, aumentado a tempera-
tura a que se encontrava.

Após conheceres os materiais e a sua composição, iremos estudar as forças e


movimentos a que estes materiais estão sujeitos, através do estudo da mecâni-
ca dos materiais. Esta ciência está dividida em três grandes grupos:

Estática

Mecânica dos corpos rígidos


Cinemática
Dinâmica

Mecânica Mecânica dos corpos defor-


máveis Resistência dos Materiais

Fluidos incompressíveis (líquidos)

Mecânica dos fluidos


Fluidos compressíveis (gases)

A grande diferença entre a mecânica dos corpos deformáveis e a


mecânica dos corpos rígidos está no facto de, por mais rígido que
o corpo seja, se aplicarmos uma força muito forte, a estrutura
deste poderá ceder e acabar por deformá-lo.

O nosso estudo irá focar-se no estudo dos corpos rígidos, esta está dividida em
três grupos:
 Estática;
 Cinemática;
 Dinâmica.
A estática estuda o estado de repouso dos corpos e as forças, que, indepen-
dentemente de não haver movimento, mantêm o corpo em equilíbrio.
A cinemática estuda os próprios movimentos, determinando a posição, a velo-
cidade e a aceleração de um corpo em cada instante e as leis que se aplicam.

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A cinemática tem 4 movimentos associados:


 Movimento Uniforme- corpo percorre distâncias iguais em
tempo iguais, independentemente deste percurso ser reto
ou circular a velocidade é a mesma.
 Movimento Uniforme acelerado- corpo em tempos iguais,
aumenta a sua velocidade;
 Movimento Uniforme retardado- corpo em tempos iguais, re-
duz a sua velocidade;
 Movimento de rotação.

A dinâmica estuda a relação entre o movimento e as forças aplicadas.


A mecânica dos corpos deformáveis estuda a resistência dos materiais.
Sabemos que os corpos podem estar sujeitos a forças ou cargas que poderão
diminuir a sua resistência, desta forma é necessário fazer o seu estudo para
podermos corrigir estas deformações a tempo, isto, sempre que existirem riscos
para a estrutura do material.

É importante perceberes que os materiais têm características dife-


rentes uns dos outros, ou seja, independentemente do tipo e da
quantidade de força aplicada num corpo, cada um reage de sua
maneira, sendo este estudo essencial para a determinação da
aplicabilidade do material que lhe vais dar!

Em qualquer uma das áreas da mecânica, devemos conhecer três conceitos


fundamentais, baseados na Mecânica de Newton:
 Espaço;
 Tempo;
 Força.

Quando falamos de espaço estamos a referir-nos à posição em


que se encontra um corpo. Esta posição é dada segundo as coor-
denadas, ou dimensões:
 A duas dimensões, definido pelo eixo do xx e o eixo do yy;
 A três dimensões definido pelo eixo do xx, yy e zz.
O tempo é o que define a movimentação do corpo pelo espaço. É
também chamado de intervalo de tempo ou instante de tempo em
que o corpo desenvolveu um certo movimento.
A força define a aplicação de uma ação de um corpo sobre outro.
É esta que; aplicada no corpo; provoca o seu movimento e o faz
deslocar-se pelo espaço. A força é definida segundo a intensidade
utilizada, a direção e o sentido (chamado vetor).

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1. OS MATERIAIS
Uma das ciências mais importantes na mudança dos estados das matérias é a
termodinâmica. Esta ciência é definida como a ciência da energia, pois estuda
as mudanças na temperatura, pressão e volume.

Da própria palavra podemos tirar a sua definição, se dividirmos em


duas palavras, termo está ligada ao calor, que por sua vez nos leva
para a energia dinâmica, que está ligada ao movimento. Então se
juntarmos a definição das duas palavras, ficamos com movimentos
de calor ou movimentos de energia se preferirmos.

As transformações de energia são criadas pela diferença de temperatura entre o


sistema e o ambiente. Neste caso, sempre que alguma propriedade do sistema
varia, dizemos que sofreu uma alteração no seu estado físico.
Durante o processo de mudança do estado de um corpo, a energia deste vai
variando a sua forma, mas a quantidade de matéria do corpo, vai permanecer
igual.

O princípio da termodinâmica diz, que não criamos nem destruí-


mos energia, apenas mudamos a forma do estado em que ela se
encontrava.

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Os corpos que se destinam a ser estudados podem ser de dimensões muito


pequenas e devido a isso as mudanças de estado podem não ser visíveis a olho
nu. Estamos a falar de partículas na escala atómica (por exemplo, moléculas e
átomos), o que leva a um diferente estudo destas características. Para isso exis-
te a área da mecânica quântica, responsável pelo estudo a nível atómico.

A mecânica quântica fornece informação precisa para fenómenos


que não eram explicados, como a radiação do corpo.
Através desta área podemos quantificar a matéria, com informação
dos fenómenos físicos, dada pela mecânica quântica.

Associada a esta quantização temos a constante de Planck, que permite quanti-


ficar a energia de um eletrão a descrever uma órbita em torno de um núcleo.
O que vimos até agora foram processos e teorias relacionadas com a ciência
dos materiais, relativamente à alteração dos estados dos corpos. O estado com
que lidamos mais é o estado sólido.

Quaisquer ferramentas, como uma porta de madeira ou um alicate


de ferro, encontram-se no estado sólido.

Neste estado encontramos duas divisões:


 Enquanto sólidos (iónicos, covalentes e metálicos);
 Enquanto propriedades físico-químicas (metais, polímeros, compósitos
e cerâmicas).
Já falámos em matéria, mas não vimos o que ela realmente representa. A maté-
ria está ligada à estrutura dos corpos, podemos também dizer que está na mas-
sa dos corpos, e está sujeita ao movimento. Este movimento é também chama-
do de inércia.

A matéria é o que dá forma aos corpos, constituída por partículas


muito pequenas (microscópicas), como é o exemplo dos átomos.
Estes existem na constituição de todos os corpos e são eles que
determinam a estrutura de ligação.
A uma escala inferior aos átomos temos, os eletrões, os neutrões
e os protões.

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1.1. ÁTOMO
No século XIX, através dos estudos feitos pelo físico John Dalton em 1808, con-
siderou-se que a matéria era constituída por pequenas partículas todas iguais,
os átomos.

Como deverás imaginar estas distinções não são visíveis a olho nu


e precisamos de recorrer a um microscópio, de modo a ampliar a
nossa capacidade de visualização. Ao observarmos de perto, en-
contramos as unidades de estrutura formadas por átomos.

Mas afinal o que é o átomo?


O átomo é constituído por um núcleo, onde se encontram os protões e os neu-
trões e à sua volta andam os eletrões, tal como podes ver na figura abaixo.

Figura 1. Átomo.

O átomo é a partícula mais pequena que podemos obter na consti-


tuição dos elementos químicos e é ele que nos permite estudar as
diferenças dos elementos.
Cada elemento químico faz-se representar por um átomo diferente,
estes estão representados na tabela periódica.
O núcleo do átomo tem carga positiva.

Os átomos podem ligar-se entre si tanto com átomos iguais, como com átomos
diferentes. São estas ligações que nós conhecemos por moléculas. Estas liga-
ções diferenciam os elementos químicos através do número de protões, este
número é chamado de número atómico (Z).

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O átomo está sujeito a perder ou a ganhar eletrões nas diferentes ligações, isto
faz com que deixe de ter carga elétrica neutra. Ao átomo que perdeu eletrão ou
ganhou, chamamos de ião (se for positivo é catião e se for negativo é anião).

Um átomo é constituído por um núcleo onde estão os protões e os


neutrões; à volta destes estão os eletrões.
Um átomo é um elemento neutro, possui o mesmo número de
protões e de eletrões, ou seja é eletricamente neutro, quando este
ganha ou perde eletrões/protões, o átomo fica com cargas diferen-
tes, passa a ser denominado de ião, a sua carga poderá ser positi-
va ou negativa.
 No caso de ter carga negativa é o anião;
 No caso de ser carga positiva será o catião.
Da ligação entre os átomos surgem as moléculas, formando a
estrutura molecular. Estas ligações são independentes do elemen-
to químico em questão.

1.1.1. PROTÃO
O protão é uma das partículas que forma o átomo e que está na constituição do
núcleo de qualquer elemento.
Este tem uma carga elétrica positiva na ordem dos 1,6 x 10−19 Coulombs e pos-
sui massa inferior à do neutrão. É conhecido por ter uma massa relativa de +1 e
carga elétrica relativa de +1.

1.1.2. NEUTRÃO
O neutrão é outra partícula que forma o átomo e que faz parte da constituição
do seu núcleo. É possível calcular o número de neutrões (N) que um determina-
do átomo possui fazendo a subtração entre o número de massa (A) e o número
atómico (Z).
N=A-Z
O neutrão tem uma característica que o distingue do protão: assegura a estabi-
lidade dos núcleos atómicos.

James Chadwick, em 1932, foi o físico que descobriu o neutrão e


determinou-se que este tinha uma vida média de 15 minutos fora
do núcleo.

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1.1.3. ELETRÃO
O eletrão é uma partícula que circula a alta velocidade, com determinadas dis-
tâncias médias do núcleo (estas distâncias correspondem a diferentes níveis de
energias, designadas por camadas K, L, M, N.). Possui uma carga negativa (e-)
equivalente à do protão (mas de sinal contrário) e é devido ao eletrão que se
criam os campos elétricos e magnéticos.
De seguida poderás visualizar a distribuição dos eletrões nos diferentes níveis
de energia, do átomo de alumínio.

Figura 2. Nuvem atómica do átomo de alumínio.

O eletrão foi descoberto pelo físico Joseph Thomson, em 1897,


Thomson criou então o modelo atómico (Modelo Atómico de Tho-
mson) que consistia numa esfera maciça de carga elétrica positiva
e igual número de cargas negativas, assim os eletrões tinham
apenas um movimento e garantia o equilíbrio do átomo.

Figura 3. Constituição do eletrão.

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Mesmo que a maioria dos eletrões que existem na constituição


dos átomos se desloquem com o mesmo movimento, existem
alguns que se deslocam pela matéria independentemente. Tam-
bém existem outros que se deslocam juntos formando um feixe de
eletrões no vácuo. É o movimento dos eletrões que dá origem à
carga vácuo. É o movimento dos eletrões que dá origem à carga
estática-eletricidade estática.

A eletricidade estática tem origem na alteração dos átomos, ou seja, quando


existe uma variação nas cargas elétricas destes, para mais ou para menos. Face
a esta variação, se por acaso o corpo tiver um excesso de eletrões, diz-se que
está carregado negativamente, e no caso de ter excesso de protões, diz-se que
está carregado positivamente.

Os átomos são constituídos por:


a) Um núcleo com protões e eletrões e, à volta dele, neutrões.
b) Um núcleo com neutrões e, à volta dele, protões e eletrões.
c) Um núcleo com protões e neutrões e, à volta dele, eletrões.
d) Uma esfera com protões, neutrões e eletrões, dispostos de-
RESPONDE sordenadamente.
Solução:
C.

1.2. TABELA PERIÓDICA


A tabela periódica é composta por todos os elementos químicos, distribuídos
em função das suas propriedades e características, permitindo assim estudar e
classificar todos os elementos químicos.

Foi o químico Dmitri Mendeleiev que verificou que existiam propri-


edades que se repetiam, de forma periódica, e resolveu ordenar os
elementos químicos, criando assim a Tabela Periódica.
Através de semelhanças e relações nos elementos, Mendeleiev,
deixou ainda espaços vazios na tabela, prevendo a descoberta
num futuro, de novos elementos.

Todos os elementos da tabela periódica são organizados de forma crescente,


consoante o número atómico do elemento, ou seja segundo o número de pro-
tões que este tem, tal como poderás visualizar na tabela periódica seguinte, que
vai do elemento 1-109 (sem o prejuízo de continuar a aumentar). Atualmente
existem tabelas com mais elementos.

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Figura 4. Tabela periódica.

Para a entendermos melhor devemos conhecer dois conceitos:


 Número Atómico (representamos por Z) - é o número de protões no
núcleo P. Podemos dizer:
Z = P;
 Número de Massa (representamos por A) - é o número da carga do nú-
cleo, ou seja será o somatório do número de protões-P mais o número
de neutrões-N, visto que o núcleo é composto pelos neutros e protões.
Podemos dizer:
A = P + N ou A = Z + N
Atenção que o número de neutrões de um átomo do mesmo elemento, poderá
variar, variando também o seu número de massa.

Um átomo de Hélio, com o símbolo químico He, tem 2 protões, ou


seja Z=2. Se ele tiver N=2, então o seu número de massa é igual
a A=4, porque:
A=Z+N
A=2+2
A=4
Outros exemplos:
Hidrogénio – H: Z=1; N=0; A=1
Carbono – C: Z=6; N=7; A=13

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No átomo de carga neutra, o número de eletrões é idêntico ao nú-


mero atómico, caso contrário é porque o número de eletrões vai
variar nas últimas camadas.
O número atómico (ou número de protões) é que irá caracterizar o
elemento químico, isto porque o mesmo elemento terá de ter o
mesmo número atómico, ou seja, átomos diferentes, do mesmo
elemento químico, terão de ter o mesmo número atómico tal como,
átomos de elementos químicos diferentes não poderão ter o mes-
mo número atómico.

Todos os átomos de sódio, com o símbolo químico Na, possuem


11 protões, portanto, o número atómico é igual a 11.
Todos os átomos de alumínio, com o símbolo químico Al, possuem
13 protões, portanto, o número atómico é igual a 13.

Nesta tabela os elementos encontram-se distribuídos segundo:


 Períodos (linhas horizontais em sete períodos que indicam os níveis dos
elementos, esses níveis são K, L, M, N, O, P, Q);

O número de períodos corresponderá à quantidade de níveis ele-


trónicos que os diferentes átomos poderão ter, ainda serão com-
postos por subníveis para a distribuição dos eletrões.

 Grupos (colunas verticais na tabela que representam elementos da


mesma família com propriedades semelhantes. Conhecemos 18 grupos
sendo que o hidrogénio é o único que não está enquadrado em ne-
nhum grupo, está colocado no grupo 1 apenas por ter número atómico
igual a 1).

Os elementos do mesmo período têm o mesmo número de cama-


das eletrónicas, que corresponde ao número do período.
Os elementos que estão no mesmo grupo têm propriedades quími-
cas semelhantes.

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Figura 5. Tabela periódica.

Algumas considerações a ter da tabela periódica.


 O 1º grupo é o grupo dos metais alcalinos (com exceção do
Hidrogénio (H));
 O 2º grupo dos metais alcalinos-terrosos;
 Do 3º ao grupo 12º, chamam-se metais de transição;
 Do grupo 13 ao 18 são os não metais;
 O grupo 17 - halogénios;
 O grupo 18 - gases nobres;
 Os lantanídeos e os actinídeos são as duas últimas linhas
que não estão representadas nesta tabela, mas estão repre-
sentadas na figura 4.

Na representação do símbolo de um elemento, o seu número atómico (Z) deve


estar à esquerda e na parte inferior do símbolo, no que se refere o seu número
de massa (A) encontra-se na parte superior.

Vamos considerar o último exemplo do átomo de alumínio (Al), que


já sabes que um número atómico Z=13 (com 13 protões) no seu
núcleo e um número de massa de A= 27.
Então, a sua representação será:
13
27 Al
Se quiseres saber os neutrões, estes serão:
A= Z + N ↔ N = A – Z = 27-13 = 14 neutrões.

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Qual a representação do símbolo do átomo de sódio (Na) e do


átomo de cloro (Cl) e os respetivos números de neutrões, sabendo
que:
Na tem um Z=11, A= 23.
Cl tem um Z=17, A= 35.
RESPONDE
Solução:
23 35
11 Na ,12 neutrões e 17 cl 18neutrões
Por curiosidade a distribuição dos elementos será:

Nuvem atómica do átomo do sódio e do cloro.

Completa as frases seguintes, de forma a torná-las cientificamente


corretas:
a) Os elementos dispõem-se na tabela periódica, segundo a or-
dem ___________ do seu número atómico.
b) Os elementos do mesmo ___________têm o mesmo número
RESPONDE de camadas eletrónicas.
c) Os elementos do mesmo ___________ têm propriedades quí-
micas semelhantes.
d) As linhas ___________ que constituem a tabela periódica
chamam-se períodos.
e) As linhas verticais que formam a tabela periódica chamam-se
______________.

Solução:
a)crescente; b)período c)grupo; d)horizontais; e)grupos.

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1.3. ESTRUTURA MOLECULAR


A estrutura molecular é formada pelo conjunto de diversas moléculas constituí-
das, por sua vez, por conjunto de átomos ligados entre si. Estas ligações são
independentes do elemento químico em questão.

Existem diversos compostos moleculares no nosso dia-a-dia. Con-


tudo podes não te aperceber da sua existência, por isso vamos
dar-te a conhecer alguns exemplos.
Comecemos por um dos principais, a água (H2O) essencial para a
sobrevivência do ser humano;
H2 + O → H2O
Ou então um dos gases essenciais na fotossíntese das plantas,
que se em excesso, no planeta terra, é fatal para o homem; o
dióxido de carbono (CO2),
C + O2 → CO2
Existem ainda outros, como o oxigénio (O2), hidrogénio (H2) e eta-
no (C2H6).
Estes compostos poderão ser escritos segundo as suas equações
químicas, visto tratar-se de associações de átomos.

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2. METAIS
Já falámos anteriormente dos metais e vimos que eram substâncias sólidas. Na
sua maioria são bons condutores de calor e eletricidade, tanto em estado sólido
como líquido (fundidos). Esta condutividade está diretamente ligada à mobilida-
de dos eletrões, na estrutura dos átomos. Os metais dividem-se em dois gran-
des grupos:
 Metais ferrosos, por exemplo os ferros (duro) e os aços (resistente);
 Metais não-ferrosos, os restantes metais por exemplo o cobre e o zinco.

Conforme a variação da estrutura atómica, ou seja, as ligações


existentes nos corpos, obtemos materiais com características dife-
rentes, como por exemplo, em relação à sua dureza e à sua resis-
tência.
Tal como o caso do ferro e do aço, um é duro e não tão resistente
como o aço.
Consoante as ligações dos átomos nos metais, obtemos ligas me-
tálicas ferrosas ou não ferrosas.

Entre os metais não ferrosos, os que mais se utilizam são:


 Cobres e ligas de cobre;
 Zinco e ligas de zinco;
 Níquel e ligas de níquel;
 Alumínio e ligas de alumínio;
 Magnésio e ligas de magnésio;
 Titânio e ligas de titânio.

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3. METAIS FERROSOS
Quando falamos em metais ferrosos, pensamos logo no ferro. Os metais ferro-
sos são produzidos a partir de minérios onde o elemento abundante é o ferro,
que está misturado com oxigénio. Os dois principais tipos destes materiais são:
 Ferro;
 Aço.

3.1. O FERRO
O ferro é um material utilizado desde há muito tempo e surgiu na Europa, pro-
veniente do Oriente. Este foi acompanhando o desenvolvimento das civiliza-
ções, de forma a atribuir dureza às estruturas.

Pensa-se que o Homem o descobriu acidentalmente, proveniente


da queda de meteoritos.
Existem registos do uso do ferro que datam de antes de 3000
anos a.C.
Em Portugal, só no século XVII, surgiram as primeiras fábricas de
aplicação do ferro, as ferrarias, devido à necessidade que houve
no desenvolvimento das embarcações marítimas.

O ferro começou por ser utilizado apenas no seu estado sólido, só posterior-
mente se teve acesso ao ferro fundido. Para isso eram necessários fornos de
alta temperatura, para elevar o ferro até à sua temperatura de fusão.
Ao ser fundido o ferro torna-se mais macio, com pouca percentagem de carbo-
no. Sendo esta uma das características que o distingue do aço. Além do carbo-
no, na sua constituição temos também outro elemento chamado fósforo. Os
lingotes de ferro surgiram a partir da extração do fósforo do elemento ferro.

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Já num período mais recente o ferro tornou-se essencial para a


criação de estruturas resistentes, vindo a substituir a madeira e a
pedra, os mais utilizados até então.
O ferro constitui aproximadamente 5% da crosta terrestre, sendo o
quarto elemento mais abundante.

Na sua constituição podemos encontrar os minerais:


 Magnetite (Fe3O4): 72,4% de ferro;
 Hematite (Fe2O3): 70% de ferro;
 Siderite (FeCO3): 48,3% de ferro.

3.1.1. PROPRIEDADES QUÍMICAS DO FERRO


O ferro é um material bastante consistente e tem como características:
 Maleável (a quente);
 Duro;
 Dúctil (dificilmente quebrável);
 Reativo (quando puro).

Quando o ferro entra em contacto com a água, muitas vezes até


mesmo só pela humidade presente no ar, dá origem à nossa co-
nhecida ferrugem (Fe2O3 x H2O).
Esta combinação, entre o ferro e a água, provoca uma reação
química chamada de oxidação.

Além da água, o ferro reage também com o ácido nítrico (Fe2O3 x HNO3) em
condições de temperatura elevada e oxigénio. Quando não temos oxigénio nes-
ta reação e mantemos os ácidos produzimos os compostos do ferro, tais como,
ferro forjado e ferro macio. Estes compostos podem ser classificados segundo
o carbono existente na própria composição:

O ferro pode ter várias cores, consoante a sua densidade, pode ser
prateado, se tivermos a falar do ferro forjado, ou azulado, para um
ferro mais macio.
 Ferro forjado – Tem cerca de 0,0015% em peso de carbono;
 Ferro macio - Tem entre 0,0015% a 0,003% em peso de
carbono.

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Como já vimos o ferro é maleável, o que permite trabalhá-lo de forma a ser apli-
cado ao nosso gosto. Mas para o fundirmos temos que elevar a sua temperatu-
ra até aos 1500ºC e depois moldá-lo. Com uma temperatura mais baixa, na or-
dem dos 1300ºC e 1400ºC é possível soldá-lo (ferro fundido). Temos dois tipos:
 Ferros fundidos cinzentos (grafite);
 Ferros fundidos brancos (cementite – composto da grafite).
Na imagem seguinte poderás verificar como se comporta o ferro, consoante a
temperatura em que estás a trabalhá-lo, tal como a percentagem de carbono
que este possui.

Figura 6. Diagrama de fase do ferro.

Tal como verificaste no diagrama anterior, a transformação do ferro


depende da temperatura e da percentagem de carbono, mas a
percentagem de carbono é definida pelo tempo de arrefecimento a
que o ferro está sujeito. Este diagrama mostra as características
para um arrefecimento lento, verificando assim a situação de equi-
líbrio.

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Na tabela seguinte poderás verificar as principais características do ferro.


Tabela 1.

Ferro (Fe) - Química

Símbolo Químico Fe
Número Atómico 26
Peso Atómico 55,845
Grupo da Tabela 8 (VIIIB)
Classificação Metal de Transição
Estado Físico Sólido (T=298K)
Cor Cinzenta-prateada ou cinzenta-azulada

Embora o ferro seja um material muito duro, quando sujeito a for-


ças de tração muito grandes tem tendência a alongar o seu com-
primento (tem tendência para esticar).
Isto acontece devido à percentagem de carbono existente na sua
constituição, quanto maior a quantidade de carbono, menos elás-
tico este é, quanto menor a quantidade de carbono, maior a sua
elasticidade.
O alongamento pode ir até cerca de 15% do seu comprimento
total, traduzido numa tensão de 350 MPa.

3.1.2. APLICAÇÕES
Vimos que o ferro era o metal que existia em maiores quantidades; isto torna-o
no mais barato e também no mais utilizado pelas propriedades que possui. Na
indústria moderna assume um papel muito importante pela sua relação resis-
tência/preço.
Um dos compostos do ferro que utilizamos mais é o ferro fundido existente nas
ligas de aço.
O ferro fundido é usado para o fabrico de, por exemplo:
 Caixilharias;
 Portões;
 Grades;
 Recuperadores de calor;
 Radiadores;
 Tornos mecânicos;
 Máquinas e acessórios;
 Postes de iluminação.

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E aplicado em:
 Ferramentas;
 Pregos;
 Parafusos;
 Roscas e afins.

3.2. O AÇO
É mais um material que vem dar mais soluções para a criação de estruturas e
melhoria em termos estéticos.

Como já vimos anteriormente, o aço surge da composição do ferro,


em que este é trabalhado para ter uma percentagem de carbono
muito reduzida, dando origem ao aço.

O aço está na base da construção de obras como:


 Prédios;
 Pontes;
 Centros comerciais;
 Aeroportos;
 Complexos desportivos;
 Estações rodoviárias e ferroviárias.

3.2.1. FABRICO DO AÇO


Na sua composição temos ferro e carvão, podemos ainda ter outros elementos,
dependendo das propriedades que queremos para a sua aplicação. Estes ele-
mentos, que lhe juntamos, são chamados de impurezas e a classificação final
do aço quanto à percentagem de carbono com que ficamos é:
 O aço macio (0,2% e 0,3% de carbono);
 O aço duro (até 1,5% de carbono);
 Ferro fundido ou gusa (percentagens superiores de carbono).

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3.3. METALURGIA DO FERRO


A metalurgia é a ciência que estuda a extração do subsolo, a transformação do
material e a aplicação de materiais metálicos.

Como já sabes, o Homem desde cedo, aproveitou os metais para


fabricar os seus utensílios.
A finalidade inicial foi a fabricação de armas e ferramentas, através
dos metais nobres (ouro, prata, cobre).
Hoje em dia o ferro continua a ser o principal metal a ser produzido
pelo Homem, correspondendo a 90% da produção de todos os
metais.

Com a descoberta de que o calor amolecia estas matérias-primas, verificou-se


assim, que estas matérias eram mais facilmente trabalháveis, e através da união
de diferentes tipos de minerais e/ou óxidos, elevados à temperatura de fusão,
originava-se outro tipo de material, um metal, sendo o primeiro, o bronze. O
ferro demorou um pouco mais a ser descoberto, logo seguido do aço, uma vez
que este teve origem no forno.
A parte da metalurgia que trata da obtenção especificamente do ferro é a side-
rurgia, tratando-se de um processo de tratamento de várias formas do ferro,
nomeadamente a sua produção. Estes processos ocorrem no equipamento de-
nominado alto-forno.

3.3.1. EXTRAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DO FERRO NO ALTO-FORNO


Na extração do ferro encontramos outras matérias que, com o tempo, se com-
binaram à sua estrutura e prejudicam as suas propriedades. Um destes materi-
ais é a granulometria, que deve ser retirada, através da transformação do ferro,
uma vez que prejudica a fundição do ferro no alto-forno. O processo de extra-
ção da granulometria do ferro, de modo a torná-lo perfeito para a fundição, é a
sintetização. Este dá-se através de vários processos de trituração, o material é
transportado até ao arrefecedor, permitindo o seu transporte. Antes de chegar
ao alto-forno faz-se ainda uma escolha dos pedaços com dimensões entre 25 e
100 mm.

O alto-forno é onde é feita a extração e transformação do ferro e


consiste essencialmente em dois troncos de cone unidos pela
base maior.
As paredes do tronco superior são duplas, uma interna de tijolos e
outra externa de tijolos comuns, revestidos por chapa de ferro.
A altura de um alto-forno varia entre 35 m para fornos de coque e
20 m para fornos de carvão vegetal, e tem um diâmetro na ordem
dos 6 m. A produção pode alcançar 2000 toneladas de ferro por
dia.

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A extração do ferro não é nada mais do que uma reação de redução criada pelo
carbono. Este processo realiza-se por diferenças de temperaturas, em que o
minério do ferro é aquecido através do carvão (agente redutor), que se combina
com o oxigénio e dá origem ao ferro metálico.

O ferro que sai do alto-forno é conhecido por gusa, com percenta-


gens de 90% a 95% de ferro e não é aplicada em construções.
A gusa, para se tornar aplicável, torna-se pura, aumentando a
percentagem de enxofre e a sua dureza, isto através de um pro-
cesso de oxidação da gusa.
Poderás consultar no teu anexo mais informação acerca deste
material.

3.3.2. GUSA
A gusa é obtida pela oxidação das impurezas, desaparecendo o carbono, nos
convertidores dos altos-fornos.
A partir da gusa obtemos três tipos de materiais:
 Ferro puro ou aço macio;
 Aço;
 Ferro.

3.3.3. CONVERSÃO DO FERRO BRUTO EM AÇO


O ferro traz algumas impurezas com ele, que são prejudiciais. Existem vários
processos para as podermos extrair, vamos ver alguns deles na tabela seguinte.
Atenção que no teu anexo poderás ler uma explicação mais detalhada destes
métodos.

Processos de extração de impurezas no ferro


O processo Bessemer ou processo ácido consiste em eliminar a gusa, por inter-
médio de uma corrente de ar (passagem de oxigénio), através da adição ferro
fundido com uma percentagem de manganésio, purificando o metal.
Por afina-
ção da O processo Thomas ou processo básico consiste em utilizarmos um convertidor
gusa com o interior em tijolo de dolomite e assim eliminarmos o fósforo do me-
tal,originando metais constituídos por fósforo.
O processo Siemens-Martin consiste na fusão do ferro macio com a gusa. Isto
dá origem a aços mais resistentes e em grandes quantidades.

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Processos de extração de impurezas no ferro


Nos fornos de indução, através da passagem de corrente elétrica, o aço é derre-
tido e as impurezas são eliminadas nas escórias que extraímos.
Os fornos de arco elétrico utilizam elétrodos de grafite para fundir as escórias do
Por fornos
aço, reduzindo percentagem de carbono e são adicionados elementos da liga.
elétricos
A pudelagem é a oxidação dos elementos dos lingotes que dá origem a gases e
escórias. Vai perdendo fluidez e dá origem a um ferro esponjoso, do qual retira-
mos depois as escórias.

3.4. TIPOS DE AÇO


O mais importante elemento de liga no aço é o carbono. Este elemento tem for-
te influência nas propriedades do aço e devido a isto, poucos aços necessitam
de mais do que 1% de carbono. De acordo com a variação desta percentagem,
temos vários tipos de aço:
 Aços-Carbono (são aços em que o carbono é o único elemento da liga
que importa e desprezamos os restantes elementos que estejam pre-
sentes);
 Aços-Ligas (são aços com quantidades de outros elementos de ligas,
como por exemplo, alumínio ou níquel).

3.4.1. AÇOS-CARBONO
Na tabela seguinte são apresentados os grupos mais importantes de aços-
carbono com a devida percentagem de carbono, as suas características e a
área de aplicação. Enquanto no gráfico poderás ver as influências do carbono
nos diferentes tipos de aços, relacionando a tensão e deformação deste.
Tabela 5. Aplicação dos aços em função do teor de carbono.

Tipo de Aço
(% de carbo- Características dos aços % de Carbono Área de Aplicação
no)
Aço com baixo São aços macios, dúcteis e Aço com baixo teor
teor de Carbo- moldáveis; adequados para a Aços estruturais, de Carbono.
no soldagem. São os que produ- placas e chapas.
zimos em maior quantidade. (0,03-0,3%)
(0,03-0,3%)
Aço com médio
São aços que precisam de Aço com médio
teor de Carbo- Elementos de má-
ser temperados para resistir teor de Carbono.
no quinas.
ao desgaste. (0,35-0,55%)
(0,35-0,55%)
Aço com alto
São aços extremamente du- Aço com alto teor
teor de Carbo-
ros que apresentam elevada Ferramentas. de Carbono.
no
percentagem de carbono. (0,60-1,5%)
(0,60-1,5%)

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Tipo de Aço
(% de car- Características dos aços % de Carbono Área de Aplicação
bono)
Ferros Fundi-
São compostos de ferro e Ferros Fundidos.
dos Obras de fundição.
carbono. (2,5-3,5%)
(2,5-3,5%)

Figura 7. Relação entre tensão (eixo vertical) e deformação (eixo horizontal), em função da percentagem de
carbono.

3.4.2. AÇOS-LIGAS
Na tabela seguinte poderás visualizar grupos mais importantes de aços-ligas e
as suas características.

Tipo de Aço Características dos aços


Aços de liga São aços aplicados pela dureza e resistência que admitem e contêm um total
fraca de 2% a 3% de elementos de liga, por exemplo o níquel ou o cobre.
Aços ligados São aços que têm 2% a 5% de elementos de liga.
Aços altamente São aços utilizados em condições de desgaste ou corrosão e têm 5% ou mais
ligados de elementos de liga.
São aços com baixa percentagem de carbono e apresentam boa resistência,
Aços inoxidáveis
boa ductilidade e resistência a qualquer tipo de corrosão.

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3.4.2.1. Aços Inoxidáveis

Os aços inoxidáveis são aços que resistem à corrosão. Isto deve-se ao facto de
terem uma pequena percentagem de carbono com um mínimo de 11% a 12%
de crómio, sendo o crómio que lhe confere a grande resistência à corrosão.
Como os aços inoxidáveis reagem facilmente com o meio ambiente, o crómio
proporciona-lhe uma camada fina de proteção que os protege dos agentes cor-
rosivos.

A escolha correta do aço inoxidável e do acabamento da superfície


assegura o tempo de vida útil do material.

Os principais atributos do aço inoxidável são:


 Acabamentos superficiais variados;
 Baixo custo de manutenção;
 Facilidade de limpeza/baixa rugosidade superficial;
 Facilidade de soldagem;
 Material 100% reciclável;
 Material inerte (não modifica a cor, sabor ou aroma dos alimentos);
 Resistência à corrosão;
 Relação custo/benefício favorável.

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4. METAIS NÃO FERROSOS


4.1. TIPOS DE METAIS NÃO FERROSOS
Temos como tipos de metais não ferrosos:
 Alumínio;
 Cobre;
 Chumbo;
 Crómio;
 Estanho;
 Magnésio;
 Manganésio;
 Mercúrio;
 Níquel;
 Ouro;
 Platina;
 Prata;
 Titânio;
 Zinco.

4.1.1. ALUMÍNIO
O alumínio foi um dos materiais com mais destaque na evolução da indústria
nos últimos anos devido ao facto de ser robusto e leve ao mesmo tempo. Prin-
cipalmente a evolução na aplicação dos plásticos permitiu superar algumas limi-
tações que este tinha, como a grande condutividade térmica e as poucas cores.
O alumínio, hoje em dia é um material com ótimos comportamentos em relação
ao isolamento térmico e com uma gama de cores imensa (devido à poliamida).

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Quanto às suas características, temos:


 Metal de fraca densidade e aspeto brilhante;
 Não é magnético;
 Elevada condutividade térmica;
 Fraca resistência elétrica.

Se o alumínio não estiver protegido, ao entrar em contacto com o aço, possivel-


mente irá haver criação de ferrugens. Para evitar que isso aconteça, o aço terá de
ser tratado através de uma zincagem ou pintura com pigmentos de zinco.
Ao colocá-lo em contacto com o cobre ou chumbo estamos perante situações
bastante indesejáveis e corrosivas. Já em contacto com a madeira, não provoca
qualquer reação, sem ser em contacto com humidade para o carvalho e o cas-
tanheiro. Nesta situação temos uma reação ácida que pode ser evitada com
uma pintura.

4.1.2. COBRE
O cobre é o metal, logo a seguir ao ferro, com maior utilização na indústria. Isto
deve-se à descoberta do estanho, que veio formar com o cobre a liga do bron-
ze, visto o bronze ser muito duro e resistente. É também um material com
abundância no Planeta.
As características do cobre são:
 Duro, não quebra facilmente, extremamente dúctil, maleável e é um ex-
celente condutor;
 Oxida em presença de ar atmosférico a temperaturas superiores a
500ºC (protege-se com uma camada de estanho), mas não reage com
a água;
 Tem um ativo e desagradável cheiro quando esfregado com os dedos e
tem uma cor vermelha-alaranjada.

A cor do cobre é avermelhada; varia entre o vermelho até um tom


mais amarelo.
Este pode ser obtido de diversas formas, dependendo da finalidade.

O cobre é muito aplicado em cabos elétricos ou tubagem para águas. Somos


um dos países com mais reservas deste material. No Sul temos reservas que
rondam os 53 milhões de toneladas.
Aplicações do cobre:
 Chapas metálicas para a cobertura de edifícios;
 Condutores elétricos;
 Condutas de água.

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4.1.3. CHUMBO
O chumbo é um metal não ferroso, de cor branca azulada e de intenso brilho
metálico, que existe em grande abundância na natureza. É muito utilizado em
lâminas finas para se escrever sobre elas e para purificar o ouro e a prata. Ao ar
seco não se altera, mas ao ar húmido oxida-se e forma uma camada de hidro-
carbonato de chumbo.
Características do chumbo:
 É muito maleável e facilmente soldável;
 Tem baixa resistência à tração;
 Possui elevada resistência à corrosão e uma elevada densidade.
Aplicações do chumbo:
 Baterias;
 Bainhas de cabos elétricos;
 Canalizações de gás;
 Isolamento de som e vibrações;
 Ligas de cobre e aço.

4.1.4. RESTANTES METAIS NÃO FERROSOS


De uma forma resumida, apresentamos as características gerais e específicas
dos restantes metais não ferrosos.

Tipo de metal
Características gerais dos materiais
não ferroso
Crómio É um metal duro de cor cinzento e que não oxida.
O estanho é um metal não ferroso, raro de se encontrar e que dificilmente
oxida. É de cor prateada com grandes reflexos amarelados, macio e muito
Estanho maleável.
Muito utilizado na proteção anticorrosiva de outros metais, através de sol-
das fusíveis.
O magnésio é um metal resistente, duro (difícil de partir) e muito leve, é de
cor branca-prateada, tem uma característica que arde quando sujeito a luz
Magnésio
intensa. Este metal não sofre alterações ao ar seco, mas ao ar húmido co-
bre-se de uma película.
O manganésio é um metal magnético, muito duro e quebradiço é de cor
Manganésio
cinzenta, da cor do aço.
É o único metal líquido à temperatura ambiente e pouco volátil. É de cor
Mercúrio
branca prateada e brilho intenso. Ao ar húmido cobre-se de uma película.
O níquel é um metal muito duro, leve e bastante maleável, de cor branca e
Níquel brilhante. Boa resistência à corrosão.
É aplicado como elemento de liga em aços e ligas de cobre.

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O ouro é o metal mais valioso. É de cor amarela e brilho intenso, maleável e


Ouro altamente dúctil. É inalterável ao ar, à humidade e à maioria dos agentes
químicos.
A platina é um metal macio, maleável e que não quebra, é também muito
Platina caro, é de cor branca acinzentada e é inalterável ao ar seco ou húmido, a
qualquer temperatura.
A prata é um metal maleável, tenaz, inquebrável, bastante brilhante, de cor
Prata branca. A prata não sofre alterações quando exposta ao ar seco ou húmido,
a qualquer temperatura.
O titânio é um metal duro, resistente e não sofre de qualquer tipo de corro-
Titânio
são.
É um metal extremamente maleável e muito resistente, de cor branca azu-
lada, mas ao ser polido muda de cor.
Sofre influência da temperatura ambiente sendo pouco utilizado em cons-
truções. Nomeadamente oxida-se com ar húmido, formando uma película
Zinco
fina.
É muito parecido ao latão e tem diversas aplicações, nomeadamente em
revestimentos para proteções e tintas anticorrosivas e para componentes
fundidos e ligas de latão.

4.2. LIGAS METÁLICAS


As ligas metálicas são substâncias compostas por dois ou mais elementos quí-
micos, dos quais pelo menos um deles é um metal. A maior parte da gusa pro-
duzida destina-se ao fabrico de aços, ligas de aço e ferro fundido.
As principais ligas metálicas são:
 Alumínio;
 Latão;
 Bronze.

4.2.1. ALUMÍNIO
O alumínio desempenha várias funções na indústria hoje em dia, mas isto só se
tornou possível devido à adição de outros elementos à sua constituição e que
vieram conceder a este, boas características face à sua resistência.

O alumínio apresenta um limite de elasticidade entre 30 a 140


MPa e uma tensão de rotura entre 70 a 150 MPa. Ao juntarmos
outro elemento à sua constituição, estes valores podem subir
significativamente, na ordem dos 600 a 650 MPa, a elasticidade,
e a tensão de rotura entre 650 a 750 MPa.

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Os principais elementos de adição que proporcionam estas características ao


alumínio são:
 Cobre;
 Magnésio;
 Silício;
 Zinco.
As principais ligas utilizadas na indústria são do tipo AI-Mg, AI-Mg-Mn e AI-Si-Mg.

4.2.2. BRONZE
O bronze é uma liga metálica que mistura o cobre e o estanho. Esta liga é pou-
co oxidável, mas é muito dura. As percentagens de cobre e estanho variam
consoante a finalidade que lhe quisermos dar.
A principal característica da liga do bronze é ser muito duro, aumentando com a
percentagem de cobre.

Classificam-se em três tipos:


No grupo dos bronzes comuns que se subdividem em:
 Bronzes macios- aplicam-se por exemplo em torneiras;
 Bronzes duros - aplicam-se por exemplo em casquilhos ou
juntas;
 Bronzes extraduros – aplicam-se por exemplo em instrumen-
tos musicais.
Os bronzes fósforos são ligas com boas características de fluidez,
uma vez que se fundem facilmente e utilizam-se na aplicação da
fundição. Além disso, possuem uma boa resistência à corrosão.
Bronzes especiais - ligas cobre-alumínio e ligas cobre-silício, entre
outros.

4.2.3. LATÃO
O latão é uma liga metálica muito maleável e dúctil, que pode ser misturada ao
cobre e zinco. Esta liga resiste bastante bem à oxidação, apesar de ser muito
fina. Podemos também adicionar-lhe quantidades de chumbo de forma a torná-
la mais maleável. Já com adição de estanho diminuímos a capacidade de se
alongar, enquanto a adição de ferro faz o contrário, permitindo a esta alongar-se
mais.
O latão classifica-se em dois tipos:
 Latões comuns (cobre e zinco) - têm boa capacidade de fusão e mol-
dagem; usados para fundição.

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 Latões especiais (cobre e zinco e um terceiro elemento alumínio ou es-


tanho) podem ser:
 Latões de alumínio (aumentam a resistência à tração e a resistên-
cia à corrosão);
 Latões de chumbo (aumentam a capacidade de moldar, mas di-
minuem a resistência mecânica);
 Latões de estanho (elevada resistência à tração e à corrosão);
 Latões de silício (elevada resistência à tração);
 Latões complexos (elevada resistência à corrosão; aplicado na
construção naval).

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5. TRATAMENTOS AOS MATERIAIS


Cada material tem as suas próprias características e por vezes, o meio que o
rodeia leva-o a sofrer alterações na sua constituição, dando especial importân-
cia aos aços que são os metais mais utilizados na indústria da construção.
Quanto melhor conhecermos as suas propriedades mecânicas, melhor será a
sua utilização.

Para tornarmos os aços adequados para a utilização, uma vez que


estão sujeitos a corrosão e a outros agentes redutores, temos que
os tratar devidamente. Estes tratamentos variam entre tratamentos
mecânicos, químicos ou térmicos.

5.1. TRATAMENTOS TÉRMICOS


O tratamento térmico é a alteração da temperatura no aço, conferindo-lhe uma
alteração de fase, distribuição de cristais ou um constituinte para o estado sólido.
Existem três tipos de tratamentos térmicos:
 Têmpera;
 Normalização;
 Recozimento.
O processo de tratamento da têmpera passa pelo aquecimento do aço a uma
temperatura entre os 800ºC e os 1000ºC. Seguido de um arrefecimento brusco
em água. Obtemos um material, cujas propriedades são muito duras e quebra-
diças, sem a possibilidade de qualquer deformação.

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A normalização é o arrefecimento em contacto com o ar. Isto leva a uma difusão


dos átomos de carbono, com propriedades entre os aços temperados e os re-
cozidos.
Por sua vez, o recozimento é também um arrefecimento, mas muito mais lento,
levando à formação de materiais equilibrados. Este processo é utilizado na sol-
dadura quando o arrefecimento foi muito rápido, provocando uma junta frágil.

5.2. TRATAMENTOS MECÂNICOS


Os tratamentos mecânicos ou tratamentos a frio são os processos mais usados
para modificar as propriedades mecânicas do aço, como:
 As tensões limite de cedência;
 Alongamento de rotura;
 Aumento da resistência;
 Aumento da ductilidade.
Temos como processos principais para alterar as propriedades mecânicas:
 Estiragem;
 Laminagem a frio;
 Torção;
 Trefilagem.

5.2.1. AÇOS ENDURECIDOS


O endurecimento do aço consiste em aumentar o limite de elasticidade e o limi-
te de proporcionalidade. Assim estamos a aumentar o valor da tensão que este
suporta. Como processos de endurecimento temos dois endurecimentos do
aço:
 Aço endurecido a frio;
 Aço endurecido natural.

O aço endurecido a frio é submetido a uma deformação inicial por


uma tensão elevada, levando-o ao endurecimento, neste processo
a resiliência (energia necessária para que um material ceda) dimi-
nui e a tenacidade (energia necessária para provocar a rotura des-
se material) aumenta consideravelmente.
O aço endurecido natural é o ato de aumentar a percentagem do
carbono que é adicionado no processo de fabricação, aumentando
o limite de elasticidade e por conseguinte diminuindo a tenacida-
de, perdendo flexibilidade.

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5.2.2. PROTEÇÃO DOS AÇOS CONTRA A CORROSÃO


Devemos ter atenção à proteção dos aços contra a corrosão. Os aços macios
enferrujam com maior facilidade do que os aços duros. Portanto devemos efe-
tuar a sua proteção e limpeza. Estas peças serão também protegidas e conser-
vadas até estarem secas.
Vamos então ver os meios mais utilizados neste processo.
 Pintura - A pintura é o processo de proteção mais conhecido. Consiste
em proteger o aço contra a corrosão, através de uma camada fina de
proteção;
 Metalização - É um processo em que cobrimos o elemento com uma
camada de outro metal mais nobre.

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TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

6. MATERIAIS NÃO METÁLICOS


Os materiais não metálicos são normalmente maus condutores de calor e eletri-
cidade e dividem-se essencialmente em dois tipos:
 Naturais;
 Sintéticos.
Como principais materiais temos:
 Compósitos;
 Polímeros ou plástico;
 Borrachas;
 Madeiras e seus derivados;
 Amianto.

6.1. COMPÓSITOS
O compósito é um material composto pelo menos por dois tipos de materiais
distintos, ou seja, estes materiais têm características diferentes, mas ao misturar
os dois tipos de materiais, o material originado tem uma composição que é im-
possível de se obter de outra forma.

Alguns exemplos deste material são:


 Metais;
 Polímeros;
 Cerâmicas.
A aplicação deste material é essencial na indústria aeronáutica e
aeroespacial.

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TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

Um compósito é classificado com dois tipos materiais:


 Matriz - é o que dá estrutura ao compósito, mantendo a posição, pre-
enchendo os espaços vazios que ficam entre os materiais, permitindo
alguma ductilidade;
 Reforço - é o que realça as propriedades do material (como a rigidez e
a resistência), constituída por fibras (de plástico, carbono ou vidro), par-
tículas de cerâmica ou metal.
Dois exemplos de compósitos são:
 Fibra de vidro;
 Fibra de carbono.

A fibra de vidro refere-se tanto à própria fibra, como ao material


plástico reforçado com fibra de vidro (PRFV), que é popularmente
conhecido pelo mesmo nome.
PRFV significa Plástico Reforçado com Fibra de Vidro.

A fibra de vidro caracteriza-se por ser material composto por filamentos de vidro
muito fino e flexíveis. Quando juntamos resina obtemos a fibra de vidro. O mate-
rial reforçado com fibra de vidro é muito resistente à tração, ao impacto e à fle-
xão. É também muito leve e mau condutor de corrente elétrica.

Este material tem a grande vantagem de não enferrujar e resistir


muito bem a ambientes agressivos.
Um destes materiais é o Fiberglass produzido em moldes simples e
baratos.
A sua temperatura de vaporização chega aos 3700 °C e a sua
resistência às modificações é bastante grande, mesmo a altas
temperaturas.

6.2. PLÁSTICO
Os plásticos são materiais orgânicos sintéticos com grande maleabilidade e fácil
transformação, por ação de calor e pressão. Estes materiais dividem-se em dois
grupos:
 Termoplásticos - têm como vantagem a versatilidade e facilidade de
utilização, não necessitando normalmente de máquinas e equipamen-
tos muito elaborados, podendo ser reutilizável por exemplo o PVC;
 Termofixos - são polímeros, a sua fabricação provém de uma reação
química irreversível, não podendo ser reutilizáveis, por exemplo resinas.

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A matéria-prima mais utilizada para o fabrico do plástico é o petró-


leo, constituído por vários compostos, separados por destilação.
Com o decorrer do tempo surgiu um novo plástico de nome nylon,
que se juntou aos já existentes poliestireno, polietileno e vinil, por
exemplo.

Não nos podemos esquecer que os plásticos possuem diversas aplicações no


nosso dia a dia, desde os nossos eletrodomésticos, aos brinquedos de uma
criança, estão também presentes em toda a indústria em inúmeras coisas.

6.3. BORRACHA
A borracha é um material que resulta da adição de pigmentos e processos vul-
cânicos com intensidades diferentes. Temos dois tipos de borracha consoante
esta pigmentação:
 A borracha que resulta da coagulação do látex da seringueira;
 A borracha sintética que resulta dos derivados do petróleo.

As borrachas dos pneus dos carros.

6.4. MADEIRAS E SEUS DERIVADOS


A madeira é um material absorvedor de água, muito leve e resistente, produzida
a partir do tecido formado pelas árvores e utilizada para aplicações em estrutu-
ras das construções.
Dividem-se em dois tipos:
 Árvores perenes;
 Árvores lenhosas.

A madeira foi um dos primeiros materiais a ser utilizado pelas suas


características resistentes. Mesmo com o aparecimento dos sinté-
ticos, continua hoje em dia a ter muita utilidade e saída na indús-
tria para diversos fins. Além do seu uso nas construções sabemos
que é a fonte da indústria do papel.
É um dos materiais mais utilizados na arquitetura e na construção
civil.

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TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

6.4.1. ESTRUTURA E CARACTERÍSTICAS DA MADEIRA


A madeira tem uma estrutura muito complexa, sendo composta pelas seguintes
partes: medula, cerne, borne ou alburno e nós.

Como sabes há árvores que duram uma vida humana, sendo que o
seu crescimento pode ser de dezenas ou centenas de anos, de-
pendendo do tipo de árvore. O comum é uma árvore crescer cerca
de 12 cm por ano.
Para além do mais costuma-se dizer que os diversos anéis que
uma árvore tem, no interior do seu tronco (vista do seu corte), são
os seus anos de vida. Isto porque realmente os seus anéis corres-
pondem ao seu crescimento.

 Casca -é a proteção do tronco;


 Líber - responsável pelo transporte da seiva;
 Lenho - é a zona do tronco de onde é extraída a madeira e divide-se
em duas zonas:
 Alburno - é parte que transporta a seiva das raízes para as folhas;
corresponde à zona mais clara do lenho;
 Cerne - é a parte que dá a resistência ao tronco; corresponde à
zona mais escura do lenho;
 Medula - é a parte central do tronco, caracterizada por ser mole ou es-
ponjosa.
Na imagem seguinte poderás visualizar melhor as diferentes partes estudadas.

Figura 8. Corte transversal de uma árvore.

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Os nós são parte dos ramos que surgem a partir do caule da planta,
como poderás ver na imagem seguinte.

Figura 9.

Figura 10. Nós no cerne da árvore.

As principais características da madeira passam pelo facto destas poderem ter


diversos tons de castanho, do mais claro ao mais escuro e pelo facto de serem
mais rijas ou macias.

6.4.2. DERIVADOS DA MADEIRA


Os derivados da madeira são produtos que obtemos a partir da madeira, de
forma a colmatar as limitações que a própria madeira tem e também adaptá-la a
usos mais específicos.
Como exemplos de derivados da madeira, temos:
 Laminado colado (material que é obtido pela colagem de placas de
madeira, de forma a ficar mais resistente e mais robusta);
 Placas de partículas de madeira (são placas que obtemos por aglome-
ração de partículas de madeira com resinas e outros aditivos);
 Carvão vegetal e alcatrão (materiais obtidos pela queima lenta da ma-
deira em fornos com pouca entrada de ar);
 Soalhos, piso e deck (materiais obtidos através de encaixes de madeira);
 Madeira composta (composto de madeira com plástico).

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6.5. AMIANTO
O amianto é um material com elevada flexibilidade e com grande resistência
térmica (temperaturas até 1000ºC) e resistência à quebra (maior que os fios de
aço).
O amianto é um material derivado das fibras. Estas são muito finas e longas,
facilmente separáveis, com facilidade a produzir um pó de partículas muito pe-
quenas que se solta e flutua no ar. Sendo que este pó pode causar graves pro-
blemas de saúde.

O amianto é uma fibra mineral natural com abundância na nature-


za, extraído de rochas compostas de silicatos hidratados de mag-
nésio.
Foi utilizado em larga escala na construção civil e noutras aplica-
ções até aos anos 1990, em Portugal e no resto do mundo, con-
tudo descobriu-se que era prejudicial à saúde pública, tendo sido
recolhido das construções existentes neste últimos anos.
A inalação de fibras de amianto, provoca um cancro raro.
Em Portugal morreram pelo menos 231 pessoas, entre 2007 e
2012, segundo dados da Direção-Geral de Saúde.

6.5.1. SUBSTITUTOS DO AMIANTO


Como já aprendeste o amianto pode causar graves problemas de saúde. Isto
deve-se às suas fibras, visto que estas podem ser facilmente inaladas ou engo-
lidas. Desde esta descoberta procedeu-se à proibição da utilização de qualquer
construção com amianto.
Nesse sentido têm surgido diversos materiais como possíveis substitutos, con-
tudo nenhum se mostrou tão versátil como o original. De seguida apresenta-
mos-te alguns deles:
 Silicato de cálcio;
 Fibra de celulose de carbono, de vidro, de aço…;
 Polietileno ou polipropileno;
 Etc.

De seguida, visto já teres estudado os diferentes tipos e materiais


existentes, iremos-te apresentar as noções básicas de movimento
para poderes entender melhor os diferentes tipos de esforços a
que os materiais poderão estar sujeitos.

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7. MOVIMENTO DAS MATERIAS – NOÇÕES


BÁSICAS DE ESTÁTICA

De seguida iremos estudar a estática dos materiais, ou seja o estudo dos cor-
pos que não se mexem, para melhor entender a reação destes corpos, a quan-
do, a aplicação de uma força nestes.

A estática é a parte da mecânica que estuda as condições de


equilíbrio de um corpo parado, ou seja a sua aceleração será nula,
onde segundo a lei de Newton todas as forças que atuam no corpo
estão em equilíbrio.

A força é a ação que, aplicada ao corpo, modifica o seu estado de repouso,


(também chamado de estado de equilíbrio). Poderás ver na imagem seguinte o
exemplo de um corpo em equilíbrio, até lhe ser aplicada uma força.

Figura 11. O primeiro corpo encontra-se no estado estático (parado) e o segundo corpo já se encontra no
estado dinâmico (movimento).

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A primeira lei de Newton diz que todas as partes do sistema estáti-


co estão em equilíbrio, isto permite determinar as forças internas
de um corpo, a partir das forças externas.
De acordo com a segunda lei de Newton, a aceleração destes
sistemas é nula.

A força é expressa em Newtons (N). Esta força é sempre aplicada segundo uma
direção, definindo um movimento, dado por uma linha de ação. Esta linha de
ação define o movimento do corpo ou o movimento que este deveria tomar.
Além desta linha, definimos também um ângulo, com base num eixo fixo na po-
sição central do corpo e a linha de ação que este vai tomar.

Por exemplo, um corpo que tem uma massa - m – e é aplicada uma força – F -.
A força – F – será a resultante da soma de todas as forças aplicadas neste cor-
po, então, para um corpo entrar em equilíbrio, a resultante das forças tem que
ser nula.
F  ma
Onde:
F - força aplicada, em Newtons (N);
m – massa do corpo, em quilogramas (kg);
a – aceleração do corpo, metros quadrados por segundo (m/s2).

O equilíbrio de um corpo é definido segundo a primeira lei de New-


ton, que diz “se a força resultante que atua sobre um corpo é nula,
o corpo mantém o seu estado inicial, ou em repouso se estava em
repouso, ou em movimento se este se encontrava em movimento”.

Deste princípio surge a equação:

F  R  0
Onde:

F é o somatório das forças aplicadas;

R é a resultante das forças.

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Se aplicarmos duas forças num corpo, situado numa plataforma


horizontal, uma força F1 de 500 N, formando um ângulo de 0º,
com o eixo X (abcissas, eixo horizontal) e outra força F2 de 500 N,
com sentido contrário, formando um ângulo de 0º, com o eixo X,
então temos:

F  0
 F  F1  ( F 2)
 F  500  500  0
Logo, este sistema encontra-se em equilíbrio, pois verificámos a
condição.

Se aplicarmos duas forças num corpo, situado numa plataforma


horizontal. Uma força F1 de 500 N, formando um ângulo de 0º,
com o eixo X (abcissas, eixo horizontal) e outra força F2 de 1000
N, com sentido contrário, formando um ângulo de 60º com o
mesmo eixo.
Então temos:
F  0
 F  F1  ( F 2)
 F  500  1000  cos 60º 
 500  500  0

Logo, este sistema encontra-se em equilíbrio pois verificámos a


condição.

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8. TIPOS DE ESFORÇOS SOBRE OS MATERIAIS


Os corpos sólidos não são indeformáveis. Todos os corpos têm um limite para a
sua deformação. Os esforços necessários para provocar a deformação nos cor-
pos são chamados esforços transversos.

Ao dimensionarmos um corpo devemos, por um lado, evitar a sua


rutura, mas também evitar as deformações permanentes, ou seja,
quando retirarmos as cargas a deformação do corpo deve desapa-
recer e o corpo retomar a sua forma original.

Para este dimensionamento torna-se necessário um estudo das forças a que os


corpos estão sujeitos.
O correto dimensionamento garante as condições de segurança, bem como é
muito importante em termos económicos.
De seguida iremos estudar alguns dos tipos de esforços exercidos sobre os
materiais, estas podem ser:
 Tração;
 Compressão;
 Corte;
 Flexão;
 Torção.

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8.1. TRAÇÃO E COMPRESSÃO


Antes de passarmos à explicação teórica, vamos tentar perceber a diferença
entre estas duas forças, para isso imaginemos um tijolo, em forma de paralele-
pípedo retangular, deitado sobre a sua face mais larga.

Um exemplo de uma força de tração neste tijolo, seria uma força


aplicada em ambas as faces menos largas, com sentidos para o
exterior do tijolo, criando uma deformação tal, que se o tijolo esti-
casse para os lados das suas faces menos largas.
No caso de aplicarmos duas forças nas faces menos largas, com
sentidos para o interior do tijolo, iremos provocar uma deformação
tal, que o tijolo será comprimido em torno do seu centro.

Em termos teóricos a tração é a força aplicada sobre um corpo, numa direção


perpendicular à sua superfície, levando à deformação ou até à sua rutura. Como
o sentido da força é para o seu exterior, isto faz o corpo alongar o seu compri-
mento.
Em relação à compressão, a força aplicada ao corpo tem o sentido para o seu
interior. Isto faz com que o corpo diminua o seu comprimento.

Na tração, exercemos sobre um corpo esforços com sentidos


opostos, alongando-o.
Na compressão, exercemos sobre um corpo esforços com o mes-
mo sentido, comprimindo-o.

Esta vai criar uma tensão no corpo e pode ser calculada pela fórmula:
F

A
Onde:
 é a tensão nominal em N/m2 ou Pa;
F é a força aplicada em N;
A é a área da secção em m2.

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Pode dizer-se que através do ensaio de tração e compressão, po-


demos calcular os limites de rutura dos materiais, mediante a ten-
são.
Este ensaio é feito por uma máquina, que vai aplicar forças suces-
sivas a um corpo, até acabar por o desmembrar.

Uma barra retangular com secção transversal de 20x10 m está a


ser tracionada por uma força de 50N. Qual a tensão que se de-
senvolve na barra?

Solução:
RESPONDE 0,25 N/m2.

Mais a frente poderás visualizar os diagramas, com base na aplicação das for-
ças e nas variações de comprimento do corpo, permitindo saber qual o ponto
limite de rutura.

8.2. RELAÇÃO DE TRAÇÃO – DEFORMAÇÃO


Vimos anteriormente que uma amostra, nestes tipos de ensaios, é submetida a
forças que levam à sua fratura. Esta amostra é chamada de corpo-de-prova.

Na relação entra tração-deformação vamos sujeitar um destes


corpos a forças de tração, provocando uma deformação no materi-
al, até atingirmos a sua fratura total.

Ou seja, vamos conseguir determinar o limite de força nominal (ou seja a tensão
nominal) que o corpo-de-prova consegue aguentar antes de se desfragmentar.
Como viste anteriormente, tensão nominal é calculada por:
F

A

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A deformação (  ) é a deformação linear média, que nos dá a variação que o


corpo sofreu, entre o seu estado final e inicial. É determinada dividindo a varia-
ção do comprimento, que o corpo sofreu, pelo comprimento que tinha no início,
ou seja:
L  L0  L
 
L0 L0
Onde:
 é a extensão ou deformação, adimensional (sem unidade de medida);
L é o comprimento final em m;
L0 é o comprimento inicial em m.

A uma barra retangular com um comprimento de 60 cm, foi apli-


cada uma força 50N. Esta sofreu um alongamento, passando a
medir 65 cm, tendo uma secção transversal inicial de 10x10 mm.
De quanto foi a tensão nominal, aplicada à barra, e qual a sua
deformação?
RESPONDE
Solução:
 =500 k Pa ;  =0,083

Assim com base nas duas fórmulas anteriores, temos dois dados
muito importantes para o estudo da deformação dos corpos.
Com a primeira podemos saber qual a força que vamos aplicar
sobre o corpo, quanto este vai suportar e por fim qual a deforma-
ção que o corpo vai sofrer.
O ensaio mede a resistência do corpo de prova por aplicação, de
uma força crescente de tração.
Aplica-se para quantificar as propriedades mecânicas do material,
tanto para seleção como para a sua classificação.

Os extensómetros são aparelhos usados para medir deformações,


visto que estas poderão ser muito pequenas. Estes aparelhos per-
mitem uma ampliação da deformação, com uma capacidade de
ampliação de milhares de vezes.
Em relação ao corpo de prova estes poderão ser de 2 tipos:
 Corpo-de-prova trabalhado - com forma especial para pode-
rem adaptar-se aos instrumentos.
 Corpo-de-prova não trabalhado - é cortado diretamente da
amostra, sem serem preparados.

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8.2.1. DIAGRAMA TRAÇÃO – DEFORMAÇÃO


Através dos dados atrás analisados, tração e deformação do material, poderás
analisar a resistência dos corpos. O diagrama de tração, sofrida pelo corpo, é
obtido através da relação entre as tensões e deformações.

De seguida ser-te-á apresentado um ensaio, realizado num corpo-


de-forma de diferentes materiais, mas com dimensões comuns,
para que possamos tirar conclusões dos resultados obtidos e estes
possam ser comparados.

Os corpos-de-prova são colocados na máquina de ensaios, onde serão efetua-


dos 3 ensaios: um com plástico, outro alumínio e por último com um material
considerado frágil. Serão aplicados esforços crescentes, onde serão retiradas
as medidas das deformações para poder ser realizado o gráfico tensão-
deformação de cada material, para ser analisado o comportamento dos diferen-
tes materiais.
Iniciaremos com a análise do 1º ensaio, do gráfico tensão–deformação do plástico.

Figura 12. Diagrama tensão-deformação de um plástico.

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Poderás ver inicialmente que ao aplicar o esforço no corpo, há um aumento da


tensão com o aumento da tração, seguindo-se uma ligeira pausa na tensão,
sendo que o corpo começa a demonstrar a sua resistência (apesar da deforma-
ção continuar a crescer, a tensão já terá de ser muito inferior, em relação há
aplicada inicialmente, caso contrário o corpo quebra). Chegando ao limite má-
ximo de resistência (a tensão máxima acaba por ocorrer uma ligeira diminuição
da tensão, visto que o corpo atinge a deformação máxima, ou seja atinge a ten-
são de rutura.

Nos diagramas de tensão-deformação os corpos, sujeitos aos en-


saios de tração, sofrem cargas até ao seu ponto de máximo, o de
rutura. Ao retirarmos a carga aplicada ao corpo, a deformação que
ele sofreu poderá desaparecer, principalmente no caso dos plásti-
cos.

De seguida podes ver o gráfico do 2º ensaio, o gráfico tensão–deformação de


um corpo de alumínio:

Figura 13. Diagrama tensão-deformação típico do alumínio.

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Poderás ver inicialmente que ao aplicar o esforço no corpo, há um grande au-


mento da tensão, mas este é mais uniforme que na curva anterior (com o mate-
rial em plástico), prosseguido também de um crescimento mais ligeiro na ten-
são, devido ao corpo começar a demonstrar a sua resistência, este chega en-
tão, ao seu limite máximo de resistência (a tensão máxima). Após de uma ligeira
diminuição da tensão, o corpo atinge a deformação máxima.
O seguinte gráfico é do 3º ensaio, é o gráfico tensão–deformação de um corpo
frágil:

Figura 14. Gráfico de tensão-deformação de material frágil.

Neste caso ao aplicar-se o esforço no corpo, há um aumento grande gradual da


tensão e da deformação, contudo este atinge facilmente o seu limite máximo de
resistência (a tensão máxima), o qual coincide com a deformação máxima. Ou
seja ao atingirmos a tensão máxima de tração, o corpo é tão frágil, que não tem
mais resistência para oferecer, acabando por se partir.
Para finalizar resolvemos realizar um último ensaio onde foram testados diferen-
tes tipos de aço, com diferentes percentagens de carbono. O gráfico seguinte já
mostra diferentes curvas de tensão, em função da deformação, para diferentes
tipos de aço onde poderás verificar que quanto mais carbono tiver o aço, maior
será ao seu limite máximo de resistência (a tensão máxima) deste, devido ao
carbono aumentar a rigidez do aço.

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Figura 15. Gráfico de tensão em função da deformação para diversos tipos de aço.

8.3. DEFORMAÇÃO - ELÁSTICA OU PLÁSTICA


Uma deformação poderá ser elástica ou plástica, consoante o comportamento
final do corpo, ou seja:
 Elástica – Se o corpo voltar às suas dimensões iniciais, após aplicação
de uma força.
 Plástica- O corpo não recupera as suas dimensões iniciais, ficando
permanentemente deformado, recuperando apenas parte da deforma-
ção, após aplicação de uma força.
O diagrama seguinte ajuda-te a entender melhor:
Sólido
É aplicada uma força externa no
sólido
Sólido com uma
força aplicada

Sólido Sólido
O corpo fica
O corpo recupe- permanentemente
ra as suas di- deformado, recu-
mensões iniciais perando apenas
(comportamento parte da defor-
elástico). mação (compor-
tamento plástico).

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8.4. RESISTÊNCIA À TRAÇÃO – COMPRESSÃO, LEIS DE


HOOKE E DE POISSON
A elasticidade é a capacidade de resistência dos materiais e é calculada através
da relação entre a tração e a compressão.

Elasticidade é a capacidade dos materiais, relacionada com a


composição dos corpos, ou seja, após a remoção das forças, a
capacidade do corpo para recuperar a forma inicial, ou então, o
facto de permanecer com alguma deformação.
Sendo de dois tipos:
 Materiais perfeitamente elásticos (corpos que voltam à sua
forma original);
 Materiais parcialmente elásticos (corpos que mantêm alguma
deformação).

Esta relação linear de elasticidade, entre a tensão-deformação, foi descoberta


pelo cientista Robert Hooke em 1678 e hoje é conhecida como a Lei de Hooke.
Esta lei é dada pela função:
  E 
Onde:
 é a tensão nominal em Pa;
E é o módulo da elasticidade do material em Pa;
 é a deformação específica (adimensional).
O módulo da elasticidade é apresentado segundo o peso dos materiais, como
podemos ver na tabela 1.
Tabela 1. Propriedades mecânicas de alguns materiais.

Material Peso específico (kN/m2) Módulo da Elasticidade (GPa)

Aço 78,5 200 a 210

Alumínio 26,9 70 a 80

Bronze 83,2 98

Cobre 88,8 120

Ferro Fundido 77,7 100

Madeira 0,6 a 1,2 8 a 12

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O comprimento final do corpo é também determinado segundo a fórmula da


tensão, aplicada num corpo, e a fórmula da deformação.
Anteriormente já sabemos que:
F L
 e 
A0 L0
Temos também que:
  E 
Então, combinando estas fórmulas com a Lei de Hooke temos,
F
  E    E 
A0

L F L
   E
L0 A0 L0

F  L0
L 
E  A0

Se escreveres a tua equação em função de E, terás definido o


módulo de Young, ou seja a razão entre a tensão (ou pressão
exercida) e a deformação, sofrida pelo material.
F  L0
E
L  A

Quando aplicamos uma força de tração num corpo verificamos que


existe uma contração no mesmo. O que estamos a comprimir vai
naturalmente estender-se na outra lateral. Existe um lado que fica
comprimido, mas existe outro que se alonga e aumenta.
A este aumento de largura do corpo chama-se deformação longi-
tudinal.

Houve um matemático francês que resolveu estudar estes dois tipos de defor-
mações: transversal e longitudinal. O matemático em questão foi S.D. Poisson.
À relação descoberta, Poisson resolveu dar o seu nome, coeficiente de Poisson
( v ). Ele estudou a relação entre as deformações transversal e longitudinal, defi-
nindo o coeficiente da seguinte forma:
deformação  lateral
v
deformação  longitudinal

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Imaginemos que queremos determinar a tensão de tração e a de-


formação de uma barra de comprimento L=5 m, de secção trans-
versal circular com diâmetro d=5 cm e módulo de elasticidade
E=20000 kN/cm2, submetida a uma força de tração F=30 kN.
Então, primeiro temos de calcular a sua área total:
 d2   52
A   19,6cm 2
4 4
F 30
    1,53kN / cm 2  15,3Mpa
A 19,6
Podíamos converter para Newtons e metros, mas o resultado final
seria o mesmo. Recorda que 1Pa = 1N/m2
F  L0 30  500
L    0,0382cm
E  A0 2000  19,6
L 0,0382
   0,0000764
L0 500
Então a tensão de tração é igual a 15,3MPa e a deformação é
0,0000764.

8.5. ENCURVADURA - FÓRMULA DE EULER


A encurvadura acontece quando a peça sofre uma flexão transversal, devido à
compressão, ou seja, quando aplicamos uma tensão crítica e depende do mó-
dulo de Young.

A carga crítica de encurvadura (Pcr) faz com que a peça comece a encurvar e é
dada pela fórmula de Euler:

 2 EI
PCR 
L2f
PCR é a carga crítica em kN;
E é o módulo de elasticidade longitudinal do material em Pa.
I é o momento de inércia da secção transversal em m4.
Lf é o comprimento de encurvadura do corpo em m.

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Na tabela seguinte, poderás verificar como se realiza o cálculo do comprimento


de encurvadura das diferentes peças:

Peças Descrição Fórmula


O comprimento de encurvadura é o dobro do com-
Peças engastadas e livres Lf = 2L
primento da peça.
O comprimento de encurvadura é igual o comprimen-
Peças bi-articuladas Lf = L
to da peça.
Peças articuladas e en- O comprimento de encurvadura é 0,7 do comprimento Lf = 0,7
gastadas da peça. L
O comprimento de encurvadura é metade do compri- Lf = 0,5
Peças bi-engastadas
mento da peça L

8.6. RESISTÊNCIA AO CORTE


A tensão de corte é conhecida pela aplicação de uma força cortante (V).

Uma força de corte é uma força aplicada no corpo, no plano da


secção transversal, ou seja, se tivermos uma barra deitada esta
força é aplicada numa das extremidades da barra com sentido
vertical.
Também podemos dizer que é uma tensão tangencial ( ) uma vez
que na extremidade, ela é tangente à barra.

A tensão tangencial (  ) é dada pela fórmula:


V

A
Onde:
 - a tensão tangencial em Pa;
V - a força cortante em N;
A - a área da secção transversal em m2.

Uma barra retangular com secção transversal de 20x10mm, está a


ser tracionada por uma força de 50kN.
Qual a tensão que se desenvolve na barra?
Primeiro devemos acertar as unidades:
A= (20x10-3) x (10x10-3)= 0,000200m²
Portanto a tensão na barra será:
V 50  103
   250  10 6 Pa  250MPa
A 0,0002

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TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

8.7. RESISTÊNCIA À FLEXÃO


A flexão é uma tensão a que um corpo está sujeito em ambas as extremidades.

Se pensarmos numa viga, sujeita a duas forças iguais e sentidos


opostos no plano vertical a viga estará em equilíbrio, mas se estas
forças aplicadas forem de intensidades diferentes a viga irá sofrer
uma flexão e as extremidades irão aproximar-se uma da outra.

Esta tensão é chamada de tensão normal máxima de flexão e pode ser calcula-
da pela fórmula:
M f c
 f max 
I
 f max É a tensão normal máxima de flexão em Pa;
Mf é o momento fletor em Nm;
I é o momento de inércia da secção transversal em m4;
c é a distância máxima à linha neutra, linha central que atravessa o corpo.

Nos corpos de secção circular, a distância c equivale à metade do


diâmetro.
Em corpos de secção retangular ou quadrada, considera-se a me-
tade do valor da altura.

Qual o momento fletor de uma barra transversal retangular com 20


x 20 mm, com uma tensão normal máxima de 220 MPa, sabendo
que a distância máxima à linha neutra, é de 10mm?
Resolução:
Sabendo que o momento de inércia de retângulo é:
b  h 3 0,02  (0,02) 3
I   1,3  10 8 m 4
12 12
Através da fórmula da tensão normal máxima de flexão:
M f c
 f max 
I
 f max  I 220  10 6  1,3  10 8
Mf    286 Nm
c 0,010

A barra está sujeita a um momento fletor de 286 Nm.

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Esta propriedade longitudinal dá origem ao momento fletor.

O momento fletor é a resultante de todas as forças e momentos


aplicados sobre um objeto na direção transversal ao eixo transver-
sal de corte.
O momento de inércia de uma superfície é a relação entre a área
dos corpos pelas distâncias que estes têm em relação ao eixo de
referência, isto elevado ao quadrado.
Por outras palavras, o momento de inércia de um corpo mede a
sua rigidez, ou seja a sua resistência à flexão, este é diferente de
corpo para corpo.
Podemos deduzir que quanto maior for o momento de inércia da
secção transversal, maior será a sua resistência.

Há diferentes momentos de inércia, consoante o objeto em questão.


Deverás ter em conta que a área do corpo (que corresponde a uma
figura geométrica) muda em pro do objeto escolhido.
Segue-se uma tabela com os momentos de inércia que consideramos
importantes para a tua formação:
h4
Quadrado (dimensões hxh) I
12

b  h3
Retângulo (dimensões hxb) I
12
b  h3
Triângulo (dimensões hxb) I
36

  D3
Circulo (dimensões D) I
64

A forma do material tem grande influência na sua resistência à flexão.

Se pensarmos numa régua, deitada sobre dois pontos de apoio e


aplicarmos uma força sobre a régua, esta vai mudar de forma.
Agora fazemos o mesmo, mas com a régua em pé e aplicamos a
mesma força que utilizámos antes.
O que aconteceu?
Na primeira situação obtivemos uma grande flexão, mas na segun-
da situação tivemos dificuldade em flexionar a régua, isto deveu-se
ao facto de nesta posição termos mais inércia para a aplicação da
força.

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TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

Outra fórmula para calculares a tensão normal máxima de flexão, relacionando o


momento de inércia, com a força aplicada (F) com o comprimento do corpo (L),
será:
FL  c
TF 
4 I
TF -É a tensão normal máxima de flexão em Pa;
F- força aplicada;
L- comprimento do corpo;
I é o momento de inércia da secção transversal em m4;
c é a distância máxima à linha neutra, linha central que atravessa o corpo.

O valor da carga obtido no ensaio varia conforme o material seja


rígido ou frágil.
Nos materiais rígidos consideramos a força obtida no limite de
elasticidade.
Nos materiais frágeis consideramos a força obtida no limite de
rutura.

Podemos medir a flexão máxima diretamente pelo extensímetro, ou calculá-la


através da fórmula da flexão máxima (f):
1 FL3
f  
48 E  I
A fórmula para o cálculo do módulo de elasticidade (E) é:
1 FL3
E 
48 f  I

Foi realizado um ensaio, numa barra circular 1000mm e diâmetro


de 70mm de comprimento. O ensaio foi de flexão, aplicando uma
força 2000N, registando-se uma flexão de 2 mm. Calcula o módu-
lo de elasticidade e a tensão de flexão da barra.
Resolução:
A primeira coisa é calcular o momento de inércia de secção circu-
lar
  D4   0,070 4
I   1,2  10 6 m 4
64 64

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Conhecendo o valor de F (2000N), o valor de L (1000mm) e o


valor de c=D/2 (35 mm), vamos determinar a tensão de flexão.
Para isso recorremos à fórmula:
FL  c 2000  1 0,035
TF    14,6 MPa
4 I 4  1,2  10 6
A próxima tarefa é calcular o módulo de elasticidade.
Como já conhecemos os valores todos, é só aplicar a fórmula.
1 FL3 1 2000  13
E     17,4 MPa
48 f  I 48 2  1,2  10 6

8.8. RESISTÊNCIA À TORÇÃO, MOMENTO TORSOR


Se pensarmos num veio sujeito a duas forças de torção, em ambas as extremi-
dades, para que o veio esteja em equilíbrio as duas forças de torção têm que ter
sentidos opostos e a mesma intensidade.
Esta torção do veio vai criar uma tensão de corte máxima que podemos calcular
através da seguinte fórmula:
 c
 max 
J
Onde:
 max é a tensão de corte máxima em Pa ou N/m2;
 é o momento torsor em Nm;
c é o raio da secção transversal em m;
J é o momento polar da secção transversal em m4.

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Imaginemos que queremos determinar o momento torsor máximo


que podemos aplicar a um eixo de secção circular com um diâme-
tro de 10 mm, sabendo que a tensão de corte máxima é de 200
MPa.
A tensão de corte máxima é dada por:
 c
 max 
J
Ou seja, o momento torsor máximo é dado por:
 max  J

c
sendo,
d
c   5mm
2
  r 4   (0,005) 4
J   9,81  10 10 m 4
2 2

O momento torsor máximo será então:


200  10 6  9,81  10 10
    39,24 Nm
0,005

Para realizar o cálculo do momento torsor (N.m) deverás usar a


seguinte fórmula:
  F c
F é a força aplicada sobre o corpo em N.
c é o comprimento do corpo em m.

A torção acontece quando uma peça sofre o efeito de torção, como podemos
ver na figura seguinte, o exemplo do aparafusar (a) e desaparafusar (b) de um
parafuso.
A torção, nos fios têxteis, é o número de voltas que o fio recebe em torno do
seu próprio eixo, por uma unidade de comprimento.

Figura 16. Momento torsor aplicado por uma chave de fendas.

66
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8.9. CLASSIFICAÇÃO DO TIPO DE ESFORÇOS


Como tipos de esforços temos:
 Força Normal (forças de tração ou compressão);
 Força Cortante (componente da força que tende a deslizar uma porção
do corpo em relação à outra, provocando tensões tangenciais);
 Momento Fletor (esforços de flexão que tendem a dobrar o corpo, fleti-
lo ou encurvá-lo);
 Momento de Torção (momento do binário de forças que tem tendência
a girar a secção transversal do corpo, em torno do eixo longitudinal).

8.9.1. CONVENÇÃO DE SINAIS


Tração (+)
Força Normal (N)
Compressão (-)

Girar a barra no sentido horário, em relação à


secção (+)
Força Cortante (V) Girar a barra no sentido anti-horário, em rela-
ção à secção (-)

Se girar no sentido horário (-)


Momento Fletor (M) Se girar no sentido anti-horário (+)

Se girar a secção transversal em torno do seu


eixo longitudinal no sentido anti-horário (+)
Momento de Torção (T) Se girar a secção transversal em torno do seu
eixo longitudinal no sentido horário (-)

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8.10. FADIGA
A fadiga consiste em sujeitar um material a diversas cargas, de modo a dar-se a
rutura, sem que as tensões tenham ultrapassado a tensão máxima ou mesmo a
tensão limite de elasticidade.

Fadiga é o excesso de concentração de tensões sobre o material,


de forma a dar-se a rutura.

8.11. RUTURA FRÁGIL E RUTURA DÚCTIL


Conforme a tensão a que os materiais estão sujeitos, estes podem fraturar. Te-
mos materiais que, para a mesma tensão, sofrem diferentes deformações.

Um material que fratura é chamado de material frágil e um materi-


al que, para a mesma tensão, não sofre fratura é chamado de
material dúctil/rígido.

Um material que fratura com aplicação de uma pequena deforma-


ção plástica tem um comportamento frágil, como é o caso dos:
 Aços de alta resistência;
 Ferros fundidos.
Também existem outros que fraturam sem deformação plástica, como:
 O vidro;
 A pedra.

Nestes materiais a tensão final é igual à tensão de rutura, uma vez que após o
ponto em que se dá a rutura o corpo não deforma mais. Deduzimos facilmente
também que a deformação que estes corpos sofrem até obtermos a sua rutura,
é muito menor que nos corpos mais rígidos.

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A rutura dos materiais frágeis é obtida por aplicação de tensões


normais.

Os materiais dúcteis, ao contrário dos frágeis, permitem obter grandes defor-


mações, antes do seu ponto de rutura. Alguns dos exemplos de materiais com
estas características são:
 Cobre;
 Aço macio;
 Alumínio.

Algumas das propriedades dos materiais, que ditam as caracterís-


ticas dos seus ensaios e da resistência às forças aplicadas são:
 Fusão;
 Soldadura;
 Temperatura;
 Ductilidade;
 Tenacidade;
 Fragilidade;
 Condutibilidade;
 Plasticidade;
 Rigidez.

8.12. TEMPERATURA (TENSÕES TÉRMICAS)


A variação da temperatura em corpos fixos produz tensões térmicas. Estas ten-
sões térmicas têm o mesmo efeito que as forças de tração e de compressão
sobre os corpos.
As tensões térmicas podem ser determinadas por:
L    L0  
Onde:
L é o comprimento final do corpo em m;
 é o coeficiente de dilatação térmica;
L0 é o comprimento inicial do corpo em m;
 é a variação da temperatura em ºC.

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Para alguns valores da dilatação térmica, de certos materiais, temos a tabela


seguinte.
Tabela. Valores típicos do coeficiente de dilatação térmica.

Material Coeficiente de dilatação térmica (10-6ºC-1)

Aço 11,7

Alumínio 21,4 a 23,9

Magnésio 26,1

Cobre 16,7

Neste tipo de tensões as forças de compressão costumam aparecer quando uma


ou as duas extremidades do corpo se encontram engastadas, ou seja, estão fixas
e não é possível movimentá-las para os lados. Isto condiciona o alongamento do
corpo e exerce uma força de compressão direcionada para o centro.
Esta força pode ser calculada pela expressão:
F  E  A    
Ao calcularmos esta força F podemos calcular a tensão e deformação específi-
ca do corpo pelas expressões:
F
  E        E    
A
 
           
E E

De seguida é-te apresentado, em jeito de resumo, uma tabela, com as principais


fórmulas, dos diferentes esforços sobre o corpo, que deverás ter em conta.

Tipo de esforço sobre


Fórmulas Explicação
o corpo

F
Tensão no corpo  O limite de rutura do corpo através da ten-
são.
A
L  L0 L
Deformação (  )   Variação da deformação que o corpo sofreu
L0 L0

Lei de Hooke   E  Esta relação linear de elasticidade, entre a


tensão e a deformação

70
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TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

Tipo de esforço
Fórmulas Explicação
sobre o corpo
A razão entre a tensão (ou pressão
F  L0 exercida) e a deformação, sofrida
Módulo de
E pelo material.
Young (E) L  A

deformação  lateral
Coeficiente de v A relação entre as deformações
Poisson deformação  longitudinal transversal e longitudinal

Fórmula de Euler
 2 EI
(carga crítica de PCR  A carga que faz com que a peça
encurvadura L2f comece a encurvar.
(Pcr))
A tensão tan- Força aplicada numa das extremi-
V
gencial (  ) ou  dades da barra com sentido vertical.
força de corte A
M f c A flexão é uma tensão a que um
 f max  corpo está sujeito em ambas as
Tensão normal I extremidades
máxima de fle-
Se pensarmos numa viga, sujeita a
xão (TF) FL  c
TF  duas forças iguais/diferentes e sen-
4 I tidos opostos.

Flexão máxima 1 FL3 Flexão máxima que um corpo con-


f  
(f)
48 E  I segue ter.

1 FL3
Módulo de elas-
E  Flexibilidade do material
ticidade (E) 48 f  I
A tensão de V
corte (ou tan-  Aplicação da força cortante
gencial) A
Um veio sujeito a duas forças de
torção em ambas as extremidades.
Tensão normal c
máxima de fle-  max  Para que o veio esteja em equilíbrio,
as duas forças de torção têm que ter
xão J
sentidos opostos e a mesma inten-
sidade.
Tensões térmi-
cas
L    L0   A variação dos corpos devido a
variações térmicas dos corpos.

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9. ENSAIOS NOS MATERIAIS


Os ensaios podem ser feitos em:
 Oficinas;
 Laboratórios.
Os tipos de ensaios podem dividir-se em:
 Destrutivos (tração, dureza, dobragem, choque, fadiga e fluência);
 Não destrutivos (métodos visuais, magnetoscopia, penetrantes, radio-
grafia industrial, ultrassons e outros).

9.1. ENSAIOS DESTRUTIVOS (ED)


Estes são os ensaios que sujeitam os corpos a deformações, podendo levar à
sua rutura. Pontos que estudámos anteriormente.

9.2. ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS (END)


Estes são os ensaios que sujeitam os corpos a deformações sem os danificar.
Estes ensaios não destrutivos são técnicas utilizadas nas inspeções de materi-
ais, por forma a realizar o controlo de qualidade dos mesmos, garantido a fiabi-
lidade da inspeção. Estes ensaios são executados desde a realização, à monta-
gem e mesmo manutenção dos mesmos.

Estes ensaios são muito importantes, uma vez que nos dão informações que
podem ser utilizadas para melhorar a qualidade, em termos de serviço, e baixar
os custos relacionados com a produção. Nesse sentido é uma ferramenta que
se torna muito útil para qualquer empresa que queira tirar vantagem dos servi-
ços que presta.

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TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

Exemplo, dos setores onde são utilizados:


 Eletromecânica;
 Petróleo;
 Aeronáutica;
 Siderurgia;
 Química;
 Papel e celulose;
 Entre outros…

Estes métodos permitem às empresas efetuar um estudo pormenorizado dos


seus produtos, ao nível da composição e da sua degradação ao longo do tem-
po. Podendo assim, ser feita uma utilização melhor dos recursos disponíveis,
com vantagens económicas no futuro.
Alguns dos métodos utilizados passam por um ensaio visual, verificando dire-
tamente o comportamento do material, a utilização de líquidos penetrantes, de
forma a verificar a estanquicidade do material, ou ainda, as nossas agora já co-
nhecidas análises de deformações, entre outras.

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CONCLUSÃO

Como podemos ver, os materiais são constituídos por propriedades físico-


químicas, desde a sua estrutura atómica e molecular, até à sua tecnologia pro-
priamente dita. O estudo dos metais é de extremo interesse para uso no nosso
curso devido às propriedades que estes possuem. Vimos que se dividem em
metálicos e não metálicos e dentro dos metálicos temos os metais ferrosos e
não ferrosos.
Os metais podem combinar-se com outros elementos, de modo a modificar as
suas características físicas. Isto dá-nos uma série de opções na aplicação des-
tes na construção, conforme a situação e as forças a que vão estar sujeitos. Os
aços, por exemplo, são ligas bastante duras e que quando são aquecidas se
tornam bastante elásticas. Esta propriedade de aquecer os elementos tem o
nome de têmpera, ela determina a fragilidade do elemento. Para o tornarmos
mais resistente, temos que o sujeitar a uma temperatura de acordo com as suas
características.
As ligas metálicas, com base no ferro, são ligas muito duras e normalmente sur-
gem pela fusão de dois metais. No entanto as propriedades finais são dadas
segundo a percentagem final de carbono na liga. Um dos exemplos de um tipo
de aço é o aço inoxidável; são ligas muito utilizadas na indústria, devido à sua
elevada resistência à corrosão.
Não poderemos deixar de falar dos movimentos ou forças a que os corpos es-
tão sujeitos, até mesmo em repouso. Algumas dessas forças provocam defor-
mações nos corpos, movimentos tais como, torção, tração, flexão, compressão
e tensão. Estes movimentos provocam fadiga e desgastam os materiais, ao lon-
go do tempo. É do nosso interesse compreendermos estas deformações e po-
dermos proteger os materiais garantindo a segurança e a economia.
Em locais próprios como oficinas ou laboratórios, os materiais podem ser sujei-
tos a estes ensaios, de modo a estudarmos a sua resistência, o melhor possível,
antes da respetiva aplicação.

75
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TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

RESUMO

 O estudo da matéria e a sua constituição são muito importantes, pois


permitem-nos conhecer as características e as propriedades físico-
químicas desta.
 Vimos que cada elemento tem diferentes aplicações na tabela periódi-
ca, dos quais estudámos mais os metais pelas suas características re-
sistentes e que são muito aplicadas na indústria.
 O metal é um elemento com uma densidade elevada, maleável e muito
dúctil. Vimos que os principais metais são o ferro e o alumínio. O ferro
serve de base para os numerosos aços que existem É um elemento
muito resistente, mas que em contacto com o ar húmido fica fortemen-
te sujeito à ferrugem. O alumínio é um metal leve, maleável, dúctil, é
também um bom condutor de calor e de eletricidade. Forma também
ligas com outros materiais para melhorar as suas capacidades, con-
forme o destino que lhe queiramos dar.
 Uma liga é a associação de um metal e de um não-metal. Estudámos,
por exemplo, duas ligas derivadas do alumínio, o bronze (bronze de
alumínio) e o latão (ligas de cobre e zinco).
 Analisámos também outro assunto muito importante, que foi o trata-
mento dos materiais. Como já sabemos existem diversos materiais e a
sua estrutura varia entre cada um, logo os diferentes tratamentos pos-
síveis são muito importantes para retirarmos dos materiais as suas me-
lhores qualidades, bem como preservar e garantir a sua durabilidade.

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TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

Classificação de Materiais
Metais Não-metais
Ferrosos Alumínio Naturais Sintéticos
Aço Cobre Madeira Vidro
Ferro Fundido Zinco Couro Cerâmica
Magnésio Borracha Plástico
Chumbo
Estanho

 Vimos ainda a estática, compreendendo a aplicação de esforços apli-


cados sobre os materiais. Pela composição dos gráficos das tensões
em função das deformações sofridas, podemos perceber quais as rea-
ções que o corpo exerce através da aplicação gradual de cargas sobre
si, até ao seu ponto de rutura.
 Através das características da fadiga e da resistência de um certo cor-
po, podemos determinar qual a sua melhor aplicação. Os materiais
possuem características diferentes para a mesma quantidade de força
que aplicamos, reagindo de maneira diferente.
 Vimos ainda que os ensaios podem ser executados em oficinas e labora-
tórios, bem preparados para testar a resistência dos materiais antes de
os aplicarmos em determinado fim. Tanto podemos testar os materiais
com corpo de provas e ver as reações dos materiais antes da sua utiliza-
ção, chamados ensaios destrutivos, como podemos monitorizar o de-
sempenho dos próprios materiais, já em utilização/serviço, e observá-
los, chamados ensaios não destrutivos.
 Por fim apresentamos-te em forma de resumo, uma tabela, com as
principais fórmulas, dos diferentes esforços sobre o corpo, que deverás
ter em conta.

77
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TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

AUTOAVALIAÇÃO

1. A termodinâmica estuda os efeitos de mudança em:


a) Pressão, comprimento e peso.
b) Volume, peso e pressão.
c) Temperatura, pressão e volume.
d) Temperatura, peso e volume.

2. Qual a elasticidade longitudinal (E) para uma força de 10 Newton sobre


uma superfície de 5 m2, se a extensão for 1?
a) 2 N.
b) 1 Pa.
c) 2 N/m2.
d) 10 Pa.

3. Qual a zona máxima que podemos atingir ao aplicarmos um teste de


tensão a um material?
a) Zona crítica.
b) Encurvamento.
c) Coeficiente de Young.
d) Zona de rutura.

4. Ao ferro extraído no alto do forno chamamos de:


a) Ferro.
b) Carbono.
c) Gusa.
d) Aço.

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Unidade didática 4
TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

5. Os aços podem ser de dois tipos:


a) Aços-ligas e aços inoxidáveis.
b) Aços-inoxidáveis e aços -carbono.
c) Aços-puro e aços -macio.
d) Aços-carbono e aços -ligas.

6. Qual é a tensão de corte de uma barra retangular com secção trans-


versal de 10x10mm, que está a ser tracionada por uma força de 20kN?
a) 200 MPa.
b) 200 Pa.
c) 200 mPa.
d) 200 GPa.

7. Sabendo que um parafuso tem um comprimento de 0,04m e está sujei-


to a uma força de 2N. Determina o momento da força de torção.
a) 0,08 Nm.
b) 8Nm.
c) 0,08N.
d) 8N.

8. Na classificação dos materiais não metálicos, no grupo dos sintéticos


temos:
a) Cerâmica e madeira.
b) Cerâmica e Vidro.
c) Vidro e couro.
d) Borracha e plástico.

9. Ao fundir o ferro, se a percentagem de carbono baixar, este fica mais:


a) Ferrugento.
b) Denso.
c) Áspero.
d) Macio.

10. O latão é uma liga metálica que mistura que elementos?


a) Ferro e prata.
b) Ferro e cobre.
c) Prata e zinco.
d) Cobre e zinco.

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Unidade didática 4
TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

SOLUÇÕES

1. c 2. c 3. d 4. c 5. d

6. a 7. a 8. b 9. d 10. d

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Unidade didática 4
TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

Vamos deixar-te o sítio na Internet, do fabricante de plásticos “figplásticos” on-


de poderás ver os catálogos e os tipos de plásticos comercializados:
 http://www.figplasticos.pt
Deixamos-te também alguns sítios de fabricantes de materiais de construção:
 http://www.roca.com/
 http://www.weber.com.pt/
 http://www.recer.pt/
 http://www.jnf.pt/
 http://www.sanitana.pt/pt/
Para aprofundares os teus conhecimentos, poderás ler os seguintes livros:
 Beer, F. P., Johnston, E. R., and DeWolf, J. T. (2003). Mecânica dos
Materiais. McGraw-Hill.
 PORTELA, A.; SILVA, A., Mecânica dos Materiais. Lisboa: Plátano Edi-
ções Técnicas, 1996.

82
Unidade didática 4
TECNOLOGIA E MECÂNICA DOS MATERIAIS

BIBLIOGRAFIA

 Beer, F. P., Johnston, E. R., and DeWolf, J. T. (2003). Mecânica dos


Materiais. McGraw-Hill.
 Beer & Johnston, (1982) Resistência dos Materiais - McGraw Hill. São
Paulo.
 Boresi, A. P., SCHMIDT, R. J. (2003), Estática, Thomson.
 Branco, Carlos Moura (1998), Mecânica dos Materiais, 3ª edição, Fun-
dação Calouste Gulbenkian, ISBN: 972-31-0825-9.
 Cismasiu, Ildi (2006), Elementos de estudo da disciplina de Estática de
Licenciatura Engenharia Civil.
 Gere, J. M. (2003), Mecânica dos Materiais, Thomson.
 J. P. Davim, A. P. Magalhães, Ensaios Mecânicos e Tecnológicos, Es-
tante Editora.
 Lemes, Doutor Maurício Ruv, Artigo sobre “Estática”.
 Mecânica dos Materiais - 2º ano, 1º semestre, (2002).
 Popov (1978), Introdução á Mecânica dos Sólidos - Ed. Blücher. São
Paulo.
 Lemes, Doutor Maurício Ruv, Artigo sobre “Estática”.
 Mecânica dos Materiais - 2º ano, 1º semestre, 2002.
 Portela, A.; Silva, A. (1996), Mecânica dos Materiais. Lisboa: Plátano
Edições Técnicas.
 Nunes, Professora Angélica da Silva, Estática dos pontos Materiais.

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Unidade didática 4

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