Você está na página 1de 64

UD004655_V(02) MD_UDxxxxxx_V(10)Pt.

dot

4
Mecânica dos materiais
MECÂNICA DOS MATERIAIS

ÍNDICE

MOTIVAÇÃO......................................................................................... 3
OBJECTIVOS ........................................................................................ 4
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 5
1. NOÇÕES BÁSICAS DE ESTÁTICA ........................................................ 7
1.1. TIPOS DE ESFORÇOS SOBRE OS MATERIAIS ................................. 8
1.1.1. Tracção e compressão ..................................................................... 9
1.1.1.1. Tipos de tracção...................................................................... 10
1.1.1.1.1. Nos comboios ............................................................................ 10
1.1.1.1.2. Nos automóveis .......................................................................... 10
1.1.1.1.3. Noutros veículos ......................................................................... 10
1.2. RELAÇÃO DE TRACÇÃO – DEFORMAÇÃO .................................... 10
1.2.1. Diagrama Tracção – Deformação ................................................... 12
1.3. DEFORMAÇÃO ELÁSTICA E PLÁSTICA ........................................ 17
1.4. RESISTÊNCIA À TRACÇÃO – COMPRESSÃO, LEIS DE HOOKE E
DE POISSON ........................................................................... 17
1.4.1. Forma geral da Lei de Hooke ......................................................... 20
1.5. TENSÃO ADMISSÍVEL, TENSÃO DE RUPTURA E COEFICIENTE DE
SEGURANÇA ........................................................................... 20
1.6. ENCURVADURA, FÓRMULA DE EULER ........................................ 22
1.6.1. Cálculo do comprimento de encurvadura ...................................... 23
1.6.1.1. Peças engastadas e livres ....................................................... 23
1.6.1.2. Peças bi-articuladas ................................................................ 23
1.6.1.3. Peças articuladas e engastadas .............................................. 23
1.6.1.4. Peças bi-engastadas ............................................................... 23
1.7. CÁLCULO DO MÓDULO DE YOUNG ............................................ 24
1.8. RESISTÊNCIA AO CORTE........................................................... 24

1
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1.9. RESISTÊNCIA À FLEXÃO, MÓDULO DE INÉRCIA E MOMENTO


FLECTOR................................................................................ 26
1.9.1. Momento de inércia ........................................................................ 28
1.9.1.1. Momentos de Inércia para diferentes figuras geométricas ..... 31
1.10. DIAGRAMAS DOS MOMENTOS FLECTORES E ESFORÇOS
TRANSVERSOS ....................................................................... 32
1.10.1. Classificação do tipo de esforços .................................................. 32
1.10.1.1. Convenção de sinais ............................................................. 33
1.10.2. Vigas ............................................................................................... 33
1.10.3. Tipos de carga ................................................................................ 34
1.10.3.1. Carga distribuída ................................................................... 34
1.10.3.1.1. Carga uniformemente distribuída ............................................... 34
1.10.3.1.2. Carga variavelmente distribuída ................................................. 35
1.10.3.2. Carga concentrada ................................................................ 36
1.10.4. Tipos de apoios .............................................................................. 36
1.10.4.1. Apoios ................................................................................... 36
1.10.4.1.1. Apoio articulado móvel (Apoio simples) ..................................... 36
1.10.4.1.2. Apoio articulado fixo (articulação) .............................................. 37
1.10.4.1.3. Apoio engastado......................................................................... 37
1.10.5. Tipos de vigas................................................................................. 38
1.10.5.1. Viga bi-apoiada ..................................................................... 38
1.10.5.2. Viga em balanço .................................................................... 38
1.10.5.3. Viga com extremidade em balanço ....................................... 38
1.10.6. Aplicação dos cálculos ................................................................... 38
1.11. RESISTÊNCIA À TORÇÃO, MOMENTO TORSOR ....................... 42
1.11.1. Sentido da torção ........................................................................... 44
1.12. FADIGA ............................................................................ 45
1.13. RUPTURA FRÁGIL E RUPTURA DÚCTIL ................................. 46
1.13.1. Propriedades tecnológicas dos materiais ...................................... 47
1.14. TEMPERATURA (TENSÕES TÉRMICAS) .................................. 47
2. ENSAIOS ........................................................................................ 49
2.1. ENSAIOS DESTRUTIVOS (ED) ..................................................... 49
2.2. ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS (END) ............................................ 49
CONCLUSÃO...................................................................................... 53
RESUMO ........................................................................................... 54
AUTO-AVALIAÇÃO .............................................................................. 55
SOLUÇÕES ........................................................................................ 59
PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO ................................. 60
BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 61

{ 2
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

MOTIVAÇÃO

Agora vamos dedicar-nos ao estudo da Mecânica dos Materiais que é uma ci-
ência que se dedica em especial ao estudo das forças e movimentos a que os
corpos estão sujeitos. Esta ciência está muito ligada à Engenharia, pois é esta
que permite estudar e fundamentar os fenómenos físicos que estão relaciona-
dos com as diversas áreas de aplicação dos Engenheiros.

A mecânica está dividida em três grandes grupos:

Estática

Mecânica dos corpos rígidos


Cinemática
Dinâmica

Mecânica
Mecânica dos corpos defor-
máveis Resistência dos Materiais

Mecânica dos fluidos Fluidos incompressíveis (líquidos


Fluidos compressíveis (gases)

3
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

OBJECTIVOS

 Definir força e identificar os elementos característicos de força e mo-


mento.
 Reconhecer o comportamento dos materiais quando sujeitos a esforços.
 Interpretar os diagramas resultantes de ensaios laboratoriais, nomea-
damente o diagrama de tensão-deformação.
 Avaliar a aptidão de dado material para determinada aplicação.
 Realizar cálculos elementares de resistência de materiais para escolha
de perfis comerciais a utilizar em estruturas metálicas simples.
 Caracterizar os vários tipos de ensaios, destrutivos ou não destrutivos,
utilizados na determinação das propriedades dos materiais ou detec-
ção de defeitos.

{ 4
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

INTRODUÇÃO

Vamos centrar-nos essencialmente na mecânica dos corpos rígidos e nos de-


formáveis. Como vimos a mecânica dos corpos rígidos está dividida em três
grupos:

 Estática;
 Cinemática;
 Dinâmica.

A estática é a área desta ciência que estuda o estado de repouso dos corpos e
as forças que independentemente de não haver movimento mantêm o corpo em
equilíbrio. Neste caso os corpos rígidos não dependem das propriedades do
material em estudo.

A cinemática é a área desta ciência que estuda os próprios movimentos e as


leis que se aplicam. Existem quatros tipos de movimentos associados à cinemá-
tica:

 Movimento Uniforme (corpos que se deslocam ao longo do mesmo es-


paço e durante o mesmo intervalo de tempo);
 Movimento Uniformemente acelerado (corpos que durante o mesmo in-
tervalo de tempo aumentam a sua velocidade);
 Movimento Uniformemente retardado (corpos que durante o mesmo in-
tervalo de tempo reduzem a sua velocidade);
 Movimento de Rotação.

A dinâmica é a área desta ciência que estuda a relação entre o movimento e as


forças aplicadas.

5
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

A Estática considera corpos perfeitamente rígidos e para pequenas


deformações as condições de equilíbrio não são alteradas.

A mecânica dos corpos deformáveis estuda a resistência dos materiais. Sabe-


mos que os corpos podem estar sujeitos a forças ou cargas que poderão dimi-
nuir a sua resistência, é necessário fazer o seu estudo para podermos corrigir
estas deformações a tempo. No entanto, estas possíveis deformações só serão
importantes se acarretarem riscos de ruptura da estrutura do material. A grande
diferença entre esta e a mecânica dos corpos rígidos está no facto de, por mais
rígido que o corpo seja, se aplicarmos uma força muito forte, a estrutura deste
poderá ceder e acabar por deformá-lo.

Vimos também que outra das áreas da mecânica era a mecânica


dos fluidos, esta não vamos estudar agora, mas teremos uma Uni-
dade mais à frente dedica a ela.

Em qualquer uma das áreas da mecânica, devemos conhecer três conceitos


fundamentais, baseados na Mecânica de Newton:

 Espaço;
 Tempo;
 Força.

Quando falamos de espaço, estamos a referir-nos à posição em que se encon-


tra um corpo. Esta posição é dada segundo as coordenadas, também conheci-
da por dimensões (espaço a duas dimensões ou espaço a três dimensões por
exemplo).

O tempo é o que define movimentação do corpo pelo espaço. É também cha-


mado intervalo de tempo ou instante de tempo em que o corpo desenvolveu um
certo movimento.

A força define a aplicação de uma acção de um corpo sobre outro. É esta que
aplicado no corpo provoca o seu movimento e o faz deslocar pelo espaço. A
força é definida segundo a intensidade utilizada, a direcção e o sentido (chama-
do vector).

{ 6
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1. NOÇÕES BÁSICAS DE ESTÁTICA


A estática é ciência física que estuda sistemas sob a acção de forças que se
equilibram.

A primeira lei de Newton diz que todas as partes do sistema estáti-


co em equilíbrio, isto permite determinar as forças internas de um
corpo, a partir das forças externas.
De acordo com a segunda lei de Newton, a aceleração destes
sistemas é nula.

A força é a acção que aplicada ao corpo modifica o seu estado de equilíbrio.


Como vimos nas primeiras unidades, esta é expressa em Newton (N) segundo o
sistema SI. A direcção em que esta é aplicada define a linha de acção, esta li-
nha acaba por ser uma recta ao longo da qual a força actua e é caracterizada
por um ângulo formado com um eixo fixo.

O princípio da dinâmica relaciona a massa e a velocidade de um corpo com


uma grandeza vectorial, a força.

Imaginando um corpo em que m é a massa e F é a força resultante da soma de


todas as forças aplicadas ao mesmo, então, para um corpo entrar em equilíbrio,
a resultante das forças tem que ser nula.

F  ma

Onde:

F- força aplicada, em Newton (N);

m – massa do corpo, em gramas (g);

a – aceleração do corpo, metros quadrados por segundo (m/s2).

7
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

A força F obtém-se a partir de considerações sobre o estado do objecto. Um


exemplo de uma força é a fricção ou deslizamento em pequenas porções de
gases, que é função da velocidade das partículas gasosas.

O equilíbrio de um corpo é definido segundo a primeira lei de Newton, que diz


“se a força resultante que actua sobre um corpo é nula, o corpo mantém o seu
estado inicial, ou em repouso se estava em repouso, ou em movimento se este
se encontrava em movimento inicialmente”. Deste princípio surge a equação:

F  R  0
Onde:

F é o somatório das forças aplicadas;

R é a resultante das forças.

Por exemplo, se tivermos duas forças, uma força F1 de 500 N formando um


ângulo de 0º com o eixo X e outra força F2 com sentido contrário de 1000 N
formando um ângulo de 30º com o mesmo eixo. Então temos:

F  0
 F  500  1000sen30º  500  500  0
Logo, este sistema encontra-se em equilíbrio pois verificámos a condição.

1.1. TIPOS DE ESFORÇOS SOBRE OS MATERIAIS

Alguns dos tipos de esforços exercidos sobre os materiais são:

 Tracção;
 Compressão;
 Corte;
 Flexão;
 Torção.

{ 8
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1.1.1. TRACÇÃO E COMPRESSÃO

A tracção é a força aplicada sobre um corpo numa direcção perpendicular à sua


superfície de corte e provocando a sua ruptura. Um corpo encontra-se traccio-
nado quando está sujeito a uma força axial com sentido dirigido para o seu ex-
terior. Isto faz com que o corpo se estique, alongando o seu comprimento.

A compressão é uma força muito parecida à de tracção, no entanto, a grande


diferença entre elas está no sentido em que se aplicam as forças. Na compres-
são a força aplicada ao corpo tem o sentido dirigido para o seu interior. Isto faz
com que o corpo se comprima, diminuindo assim o seu comprimento.

Na tracção, exercemos sobre um corpo esforços com sentidos


opostos, traccionando-o.
Na compressão esforços com o mesmo sentido, comprimindo-o.

Esta vai criar uma tensão no corpo e pode ser calculada pela fórmula:
F

A
Onde:

 é a tensão normal em N/m2 ou Pa;

F é a força aplicada em N.

A é a área da secção em m2.

Neste processo é utilizado o ensaio de tracção e compressão, para podermos


determinar o comportamento dos corpos face à força de tracção e de compres-
são.

O objecto é colocado num equipamento que o submete a forças sucessivas até


obter o desmembramento do mesmo, traçando gráficos que reflectem o com-
portamento do material ao longo deste processo.

Realiza o seguinte exercício sem olhar para as soluções.


Uma barra rectangular com secção transversal de 20x10 mm, está
a ser traccionada por uma força de 50kN. Qual a tensão que se
desenvolve na barra?
Solução:
RESPONDE 250 MPa.

9
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1.1.1.1. Tipos de tracção

1.1.1.1.1. Nos comboios

Referindo-se ao tipo de energia consumida.

 Tracção a vapor;
 Tracção diesel;
 Tracção eléctrica.

1.1.1.1.2. Nos automóveis

Referindo-se ao local onde a força de tracção é exercida.

 Tracção dianteira, a uma roda da frente;


 Tracção traseira, a uma roda da retaguarda;
 Tracção independente, com um motor por roda motriz;
 Tracção total, integral, às quatro rodas.

1.1.1.1.3. Noutros veículos

 Tracção humana, como por exemplo, os trenós;


 Tracção animal, quando o veículo é puxado por animais;
 Tracção por cabo, como por exemplo, os teleféricos.

1.2. RELAÇÃO DE TRACÇÃO – DEFORMAÇÃO

No estudo da deformação dos corpos pelas forças de tracção, um “exemplo”


do corpo é submetido a uma carga de intensidade crescente até obtermos a
sua fractura. A este “exemplo” chamamos de corpo-de-prova e é o material
utilizado para ensaios de tracção.

Como já vimos anteriormente, este ensaio vai determinar a tensão nominal apli-
cada no corpo-de-prova, relacionando a força que aplicamos com o aumento
do comprimento do corpo-de-prova.

{ 10
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Esta tensão nominal será a tensão longitudinal média no corpo-de-prova, calcu-


lada pela fórmula:

F

A0

Onde:

 é a tensão nominal em Pa ou N/m2;

F é a força aplicada no corpo-de-prova em N;

A0 é a área de secção inicial da secção transversal em m2.

A deformação (  ) é a deformação linear média que determinamos dividindo a


variação do comprimento que o corpo sofreu pelo comprimento que tinha no
inicio, ou seja:

L  L0 L
 
L0 L0

Onde:

 é a extensão ou deformação;

L é o comprimento final em m;

L0 é o comprimento inicial em m.

A deformação  é uma grandeza adimensional.

Existem dois tipos de corpo-de-provas:

 Corpo-de-provas trabalhados;
 Corpo-de-provas não trabalhados.

Os corpo-de-provas trabalhados têm formas especiais para poderem-se adap-


tar aos instrumentos. Estes são utilizados para o ensaio dos aços, à tracção,
mas como é um dispendioso utilizamos o corpo-de-prova não trabalhado.

11
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Os corpo-de-provas não trabalhados são cortados directamente da amostra,


sem serem preparados.

O ensaio mede a resistência do corpo-de-prova por aplicação, de


uma força crescente uni-axial de tracção.
Aplica-se para quantificar as propriedades mecânicas do material,
tanto para selecção como para a sua classificação.

Como as deformações são muito pequenas, teremos de utilizar aparelhos de


ampliação de deformações: os chamados extensómetros.

Os extensómetros mais utilizados têm uma capacidade de amplia-


ção de milhares de vezes.

Para corpo-de-provas temos:

 K=4 um corpo-de-prova extra-curto;


 K=5,65 corpo-de-prova curto;
 K=8,16 corpo-de-prova médio;
 K=11,3 corpo-de-prova longo.

Sendo K uma constante relacionada com a secção dos corpos.

1.2.1. DIAGRAMA TRACÇÃO – DEFORMAÇÃO

O diagrama de tracção sofrida pelo corpo, é obtido através da relação entre as


tensões e deformações de um determinado material, encontradas num ensaio
de tracção.

Já sabemos que a tensão é obtida dividindo a força pela área transversal do


corpo e as deformações é o comprimento final do corpo a dividir pelo compri-
mento inicial. Com a relação destas duas grandezas podemos obter o chamado
diagrama de tracção – deformação.

O ensaio é realizado num corpo de formas e dimensões padronizadas, para que


os resultados obtidos possam ser comparados.

{ 12
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Este é fixo numa máquina de ensaios que aplica esforços crescen-


tes na sua direcção axial, sendo medidas as deformações corres-
pondentes.

Através deste ensaio de tracção obtemos o gráfico tensão-deformação, onde é


possível analisar o comportamento do material ao longo do ensaio.

Figura 1. Diagrama Tensão-Deformação

1-tensão máxima de tracção;

2-tensão de escoamento (aumenta a deformação com o aumento da tracção);

3-tensão de ruptura;

4-região de encruamento (material começa a oferecer resistência);

5-região de ‘estricção’ (limite máximo de resistência do corpo).

13
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Figura 2. Diagrama Tensão-Deformção típico do aluminio.

1-tensão máxima de tracção;

2-tensão de escoamento;

3-tensão limite de proporcionalidade;

4-ruptura;

5-deformação.

Figura 3. Diagrama de Tensão-Deformação para um material frágil

{ 14
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1-tensão máxima de tracção;

2-ruptura.

O gráfico da figura 4 mostra curvas de tensão em função da deformação, para


diferentes tipos de aço.

Figura 4. Gráfico de tensão em função da deformação para diversos tipos de aço

Figura 5. Diagrama tensão-deformação

 Limite de proporcionalidade:
A tensão correspondente ao ponto A, recebe o nome de limite de pro-
porcionalidade e representa o valor máximo da tensão.

15
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

 Limite de elasticidade:
A tensão correspondente ao ponto B, na curva tensão - deformação,
recebe o nome de limite de elasticidade e representa a tensão máxima
que pode ser aplicada à barra sem que apareçam deformações após
retirarmos as cargas.
 Limite de escoamento:
Muito próximo do ponto B, existe um ponto a partir do qual aumentam
as deformações sem que se altere o valor da tensão, que é o limite de
escoamento.
 Patamar de cedência:
Zona de deformação puramente plástica, correspondente ao troço BC
do diagrama tensão – deformação, onde verifica-se um grande aumen-
to de deformação com uma variação relativamente pequena da tensão.
 Limite de resistência:
É a tensão correspondente ao ponto D. A partir deste ponto do diagra-
ma, no troço DE, existe um acréscimo da deformação correspondente
a um decréscimo da tensão, antes da ruptura (ponto E).
 Limite de ruptura:
É a tensão correspondente ao ponto E e que equivale à ruptura do ma-
terial.
 Tensão admissível:
Representa uma fracção da tensão limite de elasticidade, nos materiais
dúcteis e uma fracção da tensão de ruptura, nos materiais frágeis. A
tensão admissível é chamada de tensão de segurança.
 Zona de comportamento elástico linear:
É a parte da curva tensão - deformação compreendida entre a origem e
o limite de proporcionalidade (troço OA). Caracteriza-se por deforma-
ção ser reversível e proporcional à tensão.
 Zona elástica:
É a parte da curva tensão - deformação compreendida entre a origem e
o limite de elasticidade (troço OB). Caracteriza-se por as deformações
serem reversíveis.
 Zona plástica:
É a parte da curva tensão - deformação compreendida entre o limite de
elasticidade e o ponto correspondente à rotura do material, zona BE.

{ 16
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

 Deformação elástica:
É a deformação recuperável, ocorre simultaneamente com a aplicação
da carga, onde as relações entre a deformação e a tensão que lhe cor-
responde são as mesmas na fase de carga e na fase de descarga.
 Deformação plástica:
É a deformação não recuperável, ocorre simultaneamente com a apli-
cação da carga e manifesta-se apenas a partir de um determinado nível
de tensões a partir do limite de elasticidade (zona BE).
 Zona de endurecimento do material:
A partir do ponto C entra-se na zona de endurecimento do material.

1.3. DEFORMAÇÃO ELÁSTICA E PLÁSTICA


Sólido
É aplicada uma força externa no
sólido
Sólido com
força aplicada

Sólido Sólido
O corpo fica
O corpo recupe- permanentemente
ra as suas di- deformado, recu-
mensões iniciais perando apenas
(comportamento parte da defor-
elástico) mação (compor-
tamento plástico)

1.4. RESISTÊNCIA À TRACÇÃO – COMPRESSÃO, LEIS DE


HOOKE E DE POISSON

Nos diagramas de tensão-deformação vimos que os corpos sujeitos ao ensaio


de tracção vão sofrendo cargas até ao seu ponto de ruptura. Ao retirarmos a
carga aplicada ao corpo a deformação que ele sofreu vai desaparecer parcial ou
completamente, esta capacidade do corpo em voltar ao seu estado normal é
chamada de elasticidade. Quanto à elasticidade, temos dois tipos de materiais:

 Materiais perfeitamente elásticos (corpos que voltam à sua forma original);


 Materiais parcialmente elásticos (corpos que mantêm alguma deformação).

17
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Esta relação linear de elasticidade da função tensão-deformação foi descoberta


pelo cientista inglês Robert Hooke em 1678 e hoje conhecemos por Lei de Hoo-
ke. Esta lei de Hooke é dada pela função:

  E 

Onde:

 é a tensão normal em Pa;

E é o módulo da elasticidade do material em Pa;

 é a deformação específica.

O módulo da elasticidade representa o quociente angular da parte linear do dia-


grama tensão-deformação e é diferente para cada material. Na tabela 1 temos o
valor do módulo de elasticidade para alguns materiais.

Tabela 1. Propriedades mecânicas de alguns materiais

Material Peso específico (kN/m2) Módulo da Elasticidade (GPa)

Aço 78,5 200 a 210


Alumínio 26,9 70 a 80
Bronze 83,2 98
Cobre 88,8 120
Ferro Fundido 77,7 100
Madeira 0,6 a 1,2 8 a 12

O comprimento final do corpo é também determinado segundo a fórmula da


tensão aplicada num corpo e a fórmula da deformação.

Sabemos que:

F L
 e 
A0 L0

Então, combinando estas fórmulas com a lei de Hooke temos,

F  L0
L 
E  A0

{ 18
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Aqui podemos ver que o comprimento final sofrido pelo corpo é directamente
proporcional à carga e ao comprimento inicial, mas inversamente proporcional
ao módulo da elasticidade e à área da secção transversal.

O produto EA0 é chamado rigidez axial.

Ao traccionarmos um corpo, verificamos que esta tracção é acompanhada por


uma contracção lateral, ou seja, comprimimos um lado mas o outro aumenta. A
este aumento de largura do corpo, chama-se de deformação longitudinal.

A relação entre as deformações transversal e longitudinal é conhecida como


relação ou coeficiente de Poisson (v). Este coeficiente é definido como:

deformação lateral
v
deformação longitudinal

Chama-se coeficiente de Poisson porque foi descoberto pelo ma-


temático francês S.D. Poisson.

Poisson definiu que:

 Materiais com as mesmas propriedades elásticas em todas as direc-


ções, chamam-se isotrópicos (v=0,25);
 Materiais em que as suas propriedades elásticas não apresentam sime-
tria, chamam-se anisotrópicos.

Experimentalmente este valor em ensaios sobre metais encontra-se entre 0,25 e


0,35.

Mais tarde será visto que: 0 < v < 0,5.

19
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1.4.1. FORMA GERAL DA LEI DE HOOKE

Se considerarmos a deformação longitudinal e a transversal temos:


L 
E
v 
t  v   L 
E

Onde:

  L é a deformação longitudinal

  t é a deformação transversal

Imaginemos que queremos determinar a tensão de tracção e a de-


formação de uma barra de comprimento L=5 m, de secção trans-
versal circular com diâmetro d=5 cm e módulo de elasticidade
E=20000 kN/cm2, submetida a uma força de tracção F=30 kN.
Então,

 d2   52
A   19, 6cm 2
4 4
F 30
   1,53kN / cm 2  15,3MPa
A 19, 6
F  L0 30  500
L    0, 0382cm
E  A0 20000  19, 6
L 0, 0382
   0, 0000764
L0 500

1.5. TENSÃO ADMISSÍVEL, TENSÃO DE RUPTURA E


COEFICIENTE DE SEGURANÇA
Podemos calcular a tensão de ruptura através da fórmula:

Fr
r 
A
Onde:

 r é a tensão de ruptura em Pa;

{ 20
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Fr é a força de ruptura em N;

A é a área da secção transversal em m2.

A tensão máxima a que o corpo pode estar sujeito é a tensão admissível  adm .
À relação entre a tensão de ruptura e a tensão admissível chamamos coeficiente
de segurança, n e podemos calcular pela fórmula:
r
n
 adm
Condições para a escolha do coeficiente de segurança:

 A determinação do valor a ser adoptado é um dos mais importantes


problemas da engenharia;
 A escolha do coeficiente de segurança baixo pode levar à ruptura;
 Por outro lado, um coeficiente de segurança alto torna o projecto me-
nos económico, pouco funcional e robusto.

Para o cálculo deste valor temos de considerar o tipo de material utilizado, ou


seja, o coeficiente de segurança do material e o tipo de cargas (força) que ele
está sujeito.

 Coeficiente de segurança do material, n1


Materiais dúcteis com estrutura uniforme, por exemplo o aço;
Materiais frágeis, como por exemplo, o ferro fundido;
Madeira.
 Coeficiente de segurança relativo às cargas, n2
Carga gradualmente aplicada;
Carga subitamente aplicada;
Choques.

Coeficiente de segurança total será, portanto:

n = n1 x n2

Vamos considerar uma barra de secção circular, sujeita a uma


força de tracção de 22,5 kN. Sabendo que a tensão de ruptura do
material é de 600 MPa e que pretende-se um coeficiente de segu-
rança de 3. Determinar o valor mínimo do diâmetro.

21
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

F
   adm
A
 600  106
 adm  r   200 MPa
n 3
22,5  103
  200 106  d  0, 0119m  11,9mm
 d2
4

1.6. ENCURVADURA, FÓRMULA DE EULER

A encurvadura ocorre em peças onde a área de secção transversal é pequena


em relação ao seu comprimento, quando submetidas a um esforço de com-
pressão axial.

A encurvadura acontece quando a peça sofre uma flexão transver-


sal devido à compressão.

A tendência é para ocorrer sempre em torno do eixo de menor momento de


inércia de sua secção transversal. O fenómeno de encurvadura ocorre quando
aplicamos uma é a tensão crítica e depende do módulo de Young e não da ten-
são de escoamento.

A carga crítica de encurvadura (Pcr) faz com que a peça comece a encurvar.

A unidade da carga crítica é kN.

 Equilíbrio estável: P < Pcr - não há encurvadura


 Equilíbrio indiferente: P = Pcr
 Equilíbrio instável: P > Pcr

A carga crítica ( Pcr ) é dada pela fórmula de Euler:

2 EI
PCR 
L2f

PCR é a carga crítica em kN;

E é o módulo de elasticidade longitudinal do material em Pa;

{ 22
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

I é o menor dos momentos de inércia da secção em m4;

Lf é o comprimento de encurvadura do corpo em m.

Para determinarmos se uma peça sofre encurvadura, temos de calcular o seu


índice de esbeltez e comparar com o índice de esbeltez crítico.

Se o índice de esbeltez crítico for maior que o índice de esbeltez


padronizado, a peça sofre encurvadura, se for menor, a peça sofre
compressão.

1.6.1. CÁLCULO DO COMPRIMENTO DE ENCURVADURA

1.6.1.1. Peças engastadas e livres

O comprimento de encurvadura é o dobro do comprimento da peça, ou seja:

Lf = 2L

1.6.1.2. Peças bi-articuladas

O comprimento de encurvadura é igual o comprimento da peça, ou seja:

Lf = L

1.6.1.3. Peças articuladas e engastadas

O comprimento de encurvadura é 0,7 do comprimento da peça, ou seja:

Lf = 0,7 L

1.6.1.4. Peças bi-engastadas

O comprimento de encurvadura é metade do comprimento da peça, ou seja:

Lf = 0,5 L

23
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1.7. CÁLCULO DO MÓDULO DE YOUNG

Obtemos através do módulo de Young a razão entre a tensão, ou pressão exer-


cida e a deformação unitária sofrida pelo material.

Isto é,


E

F
E A
L
L0
F  L0
E
A  L

Onde:

E - o módulo de Young, em Pa.

F - a força, em N.

A - a área da secção através da qual é exercida a tensão, em m2.

ΔL - a variação do comprimento, em m.

L0 - o comprimento inicial, em m.

1.8. RESISTÊNCIA AO CORTE


A tensão de corte é conhecida pela aplicação da força cortante (V). É uma força
aplicada no corpo no plano da secção transversal, ou seja, se tivermos uma
barra deitada esta força é aplicada numa das extremidades da barra com senti-
do vertical. Também podemos dizer que é uma tensão tangencial uma vez que
na extremidade ela é tangente à barra.
Uma força de corte é também designada pela componente tangencial da força
que actua sobre a superfície e dá origem em cada um dos pontos da secção a
uma tensão tangencial.

Conceito de tensão tangencial (  )

a) corte puro
V

A

{ 24
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Onde:

 - a tensão tangencial em Pa;

V - a força cortante em N;

A - a área da secção transversal em m2.

b) corte na flexão

V .M
 onde b é a parte que queremos destacar
b.I
c) corte na torção (peça cilíndrica)

 0 r

R

2 .r

 R4
Onde obtemos para peças esféricas:

2 .r

  Re4  Ri4 

Em que:

Re - o comprimento exterior;

Ri - o comprimento interior.

25
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Vamos considerar um parafuso de 12,5 mm de diâmetro, com


aplicação de uma força F=15 kN. Qual será o valor da tensão?
Supomos que a força F é igualmente distribuída em ambas as
secções transversais do parafuso.
Logo,
15/2=7,5 kN
A secção será:

 1, 252
 1, 23cm 2
4
Portanto:
V 7,5
   6,1kN / cm 2
A 1, 23

1.9. RESISTÊNCIA À FLEXÃO, MÓDULO DE INÉRCIA E


MOMENTO FLECTOR

A flexão é uma tensão a que um corpo está sujeito em ambas as extremidades.


Se pensarmos numa viga, sujeita a duas forças iguais e sentidos opostos no
plano vertical a viga estará em equilíbrio, mas se estas forças aplicadas forem
de intensidades diferentes a viga irá sofrer uma flexão e as extremidades irão
aproximar-se uma da outra.

Esta tensão é chamada de tensão normal máxima de flexão e pode ser calcula-
da pela fórmula:

M f c
 f max 
I

Onde:

 f max é a tensão normal máxima de flexão em Pa;

Mf é o momento flector em Nm;

I é o segundo momento de área da secção transversal em m4;

c é a distância máxima à linha neutra, linha central que atravessa o corpo em m.

{ 26
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Imaginemos uma viga de secção transversal rectangular com 10 x


b mm, que está sujeita a um momento flector de 20 Nm.
Qual o valor da largura da barra de modo a que a tensão normal
máxima não exceda os 200 MPa.
A tensão normal máxima é:
M f c
 f max 
I

b  h3 b   0, 01
3

sendo, c = 0,005 m e I   (para paralelepí-


12 12
pedos)
Substituindo valores, temos:
20  0, 005
200  106   b  0, 06m  b  60mm
b   0, 01
3

12

Esta propriedade longitudinal dá origem ao momento flector.

O momento flector é a resultante de todas as forças e momentos


aplicados sobre um objecto na direcção transversal ao eixo trans-
versal de corte.

O Momento Flector é a soma algébrica dos momentos relativos a uma secção,


gerados por cargas aplicadas transversalmente ao eixo longitudinal.

Isto produz um esforço que curva o eixo longitudinal, provocando tensões nor-
mais de tracção e compressão.

A forma do material tem grande influência na sua resistência à flexão. Se pen-


sarmos numa régua de plástico ou de madeira, deitada sobre dois pontos de
apoio e aplicarmos uma força sobre a régua.

Agora fazemos o mesmo mas com a régua em pé e aplicamos a mesma força


que utilizámos antes.

O que aconteceu?

Na primeira situação obtivemos uma grande flexão. Mas na segunda situação


tivemos dificuldade em flexionar a régua.

27
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

A superfície onde aplicamos uma força é muito importante


para o resultado final.
Para cada formato existirá um momento de inércia diferente.

1.9.1. MOMENTO DE INÉRCIA

Como vimos o dimensionamento e a verificação da resistência dos corpos de-


pende de tensões a que estão sujeitas. O que torna necessário conhecermos as
características e propriedades dos corpos para sabermos como se formam as
suas secções transversais.

As duas principais propriedades dos corpos planos que devemos conhecer são:

 A área;
 O momento de inércia.

Já utilizámos anteriormente a grandeza da área, a superfície que limite o contor-


no do corpo, utilizámos para a determinação de tensões normais (tracção e
compressão) e nas tensões transversais e de corte.

Por sua vez, o momento de inércia de uma superfície é a relação entre a área
dos corpos pelas distâncias que estes têm em relação ao eixo de referência,
isto elevado ao quadrado. Por outras palavras, o momento de inércia é muito
importante para o dimensionamento das estruturas dos corpos, pois fornece-
nos os valores da sua resistência. Podemos deduzir que quanto maior for o
momento de inércia da secção transversal, maior será a sua resistência.

Propriedade:

 O momento de inércia total de um corpo é o somatório de todos os


momentos de inércia das figuras geométricas que o compõe.

IT  I1  I 2  ...  I n

Podemos por exemplo, dividir um corpo em várias figuras geométricas que nos
facilitem em termos de cálculos.

{ 28
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Suponhamos que queremos determinar o momento de inércia de


um paralelepípedo colocado ao alto e aberto no centro. Isto em
relação a um eixo horizontal que passa pelo centro do corpo. As
medidas do paralelepípedo são 12 cm de altura, 8 cm de largura e
a abertura no centro tem 8 cm de altura e 3 cm de largura.
Portanto,

b  h3
Ix 
12
I x   8 123  3  83 
1
12
I x  1, 024cm 4
Ou seja, calculámos a área total do paralelepípedo e retirámos a
área da abertura que tinha no centro.

O módulo de resistência da secção transversal, representa-se pela letra W, é


uma medida de resistência em relação a um momento.

Este módulo significa para a flexão o mesmo que a área da secção


transversal significa para a tracção.

O valor deste módulo é conhecido dividindo-se o valor do momento de inércia


(I) pela distância da linha à superfície do corpo de prova (c).

Em linguagem matemática:

W=I/c

Nos corpos de secção circular a distância c equivale à metade do


diâmetro.
Em corpos de secção rectangular ou quadrada, considera-se a
metade do valor da altura.

Apresenta-se então a fórmula para o cálculo da tensão de flexão (TF):

TF= Mf/W

29
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

A combinação das fórmulas anteriores permite trabalhar directamente com os


valores de ensaio.

FL
Mf FL I FL c FLc
TF  ,M f  eW   TF  4  TF    TF 
W 4 c I 4 I 4I
c

O valor da carga obtido no ensaio varia conforme o material seja


rígido ou frágil.

Nos materiais rígidos consideramos a força obtida no limite de elasticidade.

Nos materiais frágeis consideramos a força obtida no limite de ruptura.

Podemos medir a flexão máxima directamente pelo extensímetro, ou calculá-la


por meio da fórmula da flexão máxima (f):

1 FL3
f  
48 E  I

A fórmula para o cálculo do módulo de elasticidade (E) é:

1 FL3
E 
48 f  I

Efectuado um ensaio de flexão num corpo de prova de secção


circular, com 50 mm de diâmetro e 685 mm de comprimento,
registou-se uma flexão de 1,66 mm e a carga aplicada ao ser atin-
gido o limite elástico era de 1600 N. Conhecendo estes dados,
vamos calcular:
1-tensão de flexão
2-módulo de elasticidade
Primeiro determinamos a tensão de flexão. Para isso recorremos à
fórmula:
FLc
TF 
4I

{ 30
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Conhecemos o valor de F (1600 N), o valor de L (685 mm) e o


valor de c (25 mm).
Mas só podemos aplicar a fórmula depois de descobrir o valor de I,
que pode ser obtido pela fórmula de cálculo do momento de inér-
cia para corpos de secção circular:

 .D 4  .504
I   306.640, 62mm 4
64 64
Agora podemos calcular a tensão de flexão pela fórmula anterior.
Basta substituir as variáveis da fórmula pelos valores conhecidos e
fazer os cálculos.
Tente resolver e depois confira as contas, para ver se chegou ao
mesmo resultado apresentado a seguir.
FLc 1600  685  25
TF    22,34MPa
4I 4  306640, 62
A próxima tarefa é calcular o módulo de elasticidade.
Como já conhecemos os valores todos, é só aplicar a fórmula.
Tente fazer sozinho, na sua calculadora, e depois confira com a
resolução apresentada a seguir.

1 FL3 1 1600  6853


E  E   21MPa
48 f  I 48 1, 66  306640, 62

1.9.1.1. Momentos de Inércia para diferentes figuras geométricas

h4
Quadrado (dimensões hxh) Ix 
12
b  h3
Rectângulo (dimensões hxb) Ix 
12
b  h3
Triângulo (dimensões hxb) Ix 
36
  D4
Circulo (dimensões D) Ix 
64
   D4  d 4 
Círculo aberto ao centro (dimensões D e d) Ix 
64

31
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1.10. DIAGRAMAS DOS MOMENTOS FLECTORES E ESFORÇOS


TRANSVERSOS

Os corpos sólidos não são indeformáveis. A experiência mostra que, quando


são submetidos a forças externas, os corpos deformam-se. Os esforços que
tendem a resistir a estas forças externas que causam deformações são chama-
dos de esforços transversos.

Ao dimensionarmos um corpo devemos por um lado evitar a sua ruptura mas


também evitar as deformações permanentes, ou seja, quando retirarmos as
cargas a deformação do corpo deve desaparecer e o corpo retomar a sua forma
original. Para este dimensionamento torna-se necessário um estudo das forças
a que os corpos estão sujeitos.

O correcto dimensionamento garante as condições de segurança


bem como é muito importante em termos económicos.

1.10.1. CLASSIFICAÇÃO DO TIPO DE ESFORÇOS

Como tipos de esforços temos:

 Força Normal (forças de tracção ou compressão);


 Força Cortante (componente da força que tende a deslizar uma porção
do corpo em relação à outra, provocando tensões tangenciais);
 Momento Flector (Esforços de flexão que tendem a dobrar o corpo,
flecti-lo ou encurvá-lo);
 Momento de torção (momento do binário de forças que tende a girar a
secção transversal do corpo em torno do eixo longitudinal).

{ 32
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1.10.1.1. Convenção de sinais

Tracção (+)
Força Normal (N)
Compressão (-)

Girar a barra no sentido horário em relação à


secção (+)
Força Cortante (V) Girar a barra no sentido anti-horário em rela-
ção à secção (-)

Se girar no sentido horário (-)


Momento Flector (M) Se girar no sentido anti-horário (+)

Se girar a secção transversal em torno do seu


eixo longitudinal no sentido anti-horário (+)
Momento de Torção (T) Se girar a secção transversal em torno do seu
eixo longitudinal no sentido horário (-)

1.10.2. VIGAS

Este é o nome denominado para um elemento projectado para suportar cargas


em extensão. As cargas podem ser classificadas em relação à área em que são
aplicadas como concentradas e distribuídas.

Estas são sujeitas a cargas verticais, o que resultará em esforços


de flexão.

33
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

As Vigas são barras rectas e prismáticas, o que ocasiona maior resistência à


flexão.

Ao dimensionarmos uma viga definimos duas fases. A primeira fase é o cálculo


de momentos flectores e forças cortantes, ao qual a viga esteja submetida. A
segunda fase é o dimensionamento da peça propriamente dito, onde é verifica-
da qual as dimensões necessárias da peça que irá resistir aos esforços solicita-
dos.

1.10.3. TIPOS DE CARGA

Uma viga pode estar submetida a cargas concentradas, a cargas


distribuídas ou combinação de ambas.

Se substituirmos uma carga concentrada pelas cargas distribuídas, facilitamos


bastante os cálculos.

1.10.3.1. Carga distribuída

Esta carga corresponde à aplicação de uma carga por unidade de comprimen-


to, representadas em quilograma força por metro (kgf/m) ou Newton por centí-
metro (kN/m). Estas cargas, uniformes ou variáveis, podem ser representadas
por uma carga concentrada equivalente (R), cujo valor é a área formada pelo
corpo que representa aplicada no seu centro de gravidade.

Quando a carga por unidade de comprimento possui valor constante, é atribuí-


do o nome de carga uniformemente distribuída.

1.10.3.1.1. Carga uniformemente distribuída

Se pensarmos em termos de um rectângulo de comprimento a, a força resultan-


te (R), sujeito a uma força F e de área A, terá uma força resultante de R = F.A. O
ponto de aplicação da carga equivalente (força resultante) é o centro de gravi-
dade do rectângulo, ou seja, x = a/2.

{ 34
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1.10.3.1.2. Carga variavelmente distribuída

A carga variavelmente distribuída pode ser de dois tipos:

 Triangular;
 Trapezoidal.

A força resultante na triangular pode ser calculada por:

qa
R
2

Onde:
R é a força resultante;

q é a base do triangulo, força aplicada;

a é a altura do triangulo, comprimento da barra.

O seu centro de gravidade será:

2 a a
x'  e x '' 
3 3

Onde:
x’ é a maior distância ao centro de gravidade;

x’’ é a menor distância ao centro de gravidade.

A força resultante na trapezoidal pode ser calculada por:

pq
R a
2

Onde:
R é a força resultante;

q é a base maior do triangulo, força aplicada;

p é a base menor do triângulo, força aplicada;

a é a altura do triangulo, comprimento da barra.

O seu centro de gravidade será:

a 2p  q
x 
3 pq

35
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1.10.3.2. Carga concentrada

Esta carga corresponde à aplicação de uma carga num único ponto sobre a
estrutura, sendo geralmente representado em quilograma-força (kgf) ou Newton
(N).

1.10.4. TIPOS DE APOIOS

Um apoio é qualquer condição que restringe a possibilidade de


deslocamento de um ponto do elemento ligado.

O deslocamento é determinado através das componentes, segundo os eixos car-


tesianos. As translações podem ser horizontais ou verticais e a rotação ocorre em
torno do eixo perpendicular ao plano considerado. Esses apoios podem ser:

 Internos;
 Externos.

A seguir vamos ver alguns desses apoios.

1.10.4.1. Apoios

1.10.4.1.1. Apoio articulado móvel (Apoio simples)

Este tipo de apoio:

 Impede o movimento na direcção normal (perpendicular) ao plano do


apoio;
 Permite movimento na direcção paralela ao plano do apoio;
 Permite rotação.

{ 36
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1.10.4.1.2. Apoio articulado fixo (articulação)

Este tipo de apoio:

 Impede o movimento na direcção normal ao plano do apoio;


 Impede movimento na direcção paralela ao plano do apoio;
 Permite rotação.

1.10.4.1.3. Apoio engastado

Este tipo de apoio:

 Impede o movimento na direcção normal ao plano do apoio;


 Impede movimento na direcção paralela ao plano do apoio;
 Impede rotação.

37
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Figura 6. Engastamento

1.10.5. TIPOS DE VIGAS

1.10.5.1. Viga bi-apoiada

É uma viga apoiada em dois apoios articulados, sendo um fixo e o outro móvel.

1.10.5.2. Viga em balanço

É uma viga que possui um apoio engastado, não sendo livre a sua rotação

1.10.5.3. Viga com extremidade em balanço

É uma viga com extremidade em balanço, sendo articulada em um apoio fixo e


um apoio móvel.

1.10.6. APLICAÇÃO DOS CÁLCULOS

Viga simplesmente apoiada a uma carga concentrada.

{ 38
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Cálculos das reacções:

F R  0  HB  0
F F  0  RA  RB  P  0
Pa
M A  0   RB  L  P  a  0  RB 
L
Pa P  L  a
RA   P  RA 
L L
Como L  a  b
Pb
RA 
L
Cálculo dos esforços transversos:

Secção entre A e C 0  x  a

Força cortante: V1 = +RA

39
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Pb
Momento Flector: M 1   RA  x  x
L

Secção entre C e B a  x  L

Pb
V2   RA  P  P
L
Força cortante:
P  b  P  L P b  L  Pa
V2   
L L L

M 2   RA  x  P  x  a 
Pb P
M2   x  Px  Pa   L
L x
Momento Flector:
Pb  L
 PL  RA
L
como b  a  L  P  b  L  a   0

O sinal de +RA.x é positivo porque tracciona a face inferior da viga e o sinal de –


P(x-a) é nagativo porque tracciona a face superior da viga.

Quando

A=b=L/2 temos:

P
RA  RB 
2
PL
M max 
4

Viga em balanço submetida a carga concentrada na extremidade livre.

{ 40
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Cálculos das reacções:

FH  0  HA  0
FV  0  RA  P  0  RA  P

Cálculo dos esforços transversos:

Força cortante: A força P tende a cortar a viga na secção S no sentido horário


(+)

V = +P

Momento Flector: M = -P.x

Montar os diagramas de esforços transversos da viga em balanço:

41
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

F H  0  HA  0
F V  0  RA  6  0  RA  6kN
Cálculo dos esforços transversos:
Força cortante: A força P tende a cortar a viga na secção S no
sentido horário (+)
V = +P = 6 kN
Momento Flector: M = -P.x

1.11. RESISTÊNCIA À TORÇÃO, MOMENTO TORSOR

Se pensarmos num veio sujeito a duas forças de torção em ambas as extremi-


dades, para que o veio esteja em equilíbrio as duas forças de torção têm que ter
sentidos opostos e a mesma intensidade. Esta torção do veio vai criar uma ten-
são de corte máxima que podemos calcular através da seguinte fórmula:

T .c
 max 
J

Onde:

 max é a tensão de corte máxima em Pa ou N/m2;

T é o momento torsor em Nm;

c é o raio da secção transversal em m;

{ 42
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

J é o momento polar da secção transversal em m4.

Imaginemos que queremos determinar o momento torsor que po-


demos aplicar a um eixo de secção circular com um diâmetro de
10 mm, sabendo que a tensão de corte mínima é de 200 MPa.
A tensão de corte máxima é:
T .c
 max 
J
O momento torsor é dado por:
 max  J
T
c
sendo,
d
c  5mm
2
   0, 005 
4
  r4
J   9,811010 m 4
2 2
O momento torsor máximo será então:

200  106  9,81 1010


T  T  39, 24 Nm
0, 005

A torção acontece quando uma peça sofre o efeito de torção (“torcida”), como
podemos ver na figura 7 o exemplo do aparafusar e desaparafusar um parafuso.

A torção nos fios têxteis é o número de voltas que o fio recebe em torno do seu
próprio eixo por uma unidade de comprimento.

43
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Figura 7. Momento torsor aplicado por uma chave de fendas

1.11.1. SENTIDO DA TORÇÃO

Para determinarmos o sentido da torção seguramos, por exemplo, um fio em


posição vertical e verificamos o sentido de torção das fibras usado na sua com-
posição.

Este efeito compara-se com a parte central das letras “S” e “Z”.

Ao torcermos um fio em volta do seu eixo central ele torna-se mais rígido, isto
no sentido da sua construção. Mas se torcermos no sentido contrário ele vai
ficar mais flexível.

A torção S ou torção direita, é visível quando as espirais do fio à volta do seu


eixo central, apresentam a mesma direcção de inclinação da parte central da
letra S.

{ 44
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Durante a construção de um fio deste tipo ele foi torcido no senti-


do oposto aos ponteiros do relógio.

A torção Z ou torção esquerda, é visível quando as espirais à volta do seu eixo


central, apresentam a mesma direcção de inclinação na parte central da letra Z.

Durante a construção de um fio deste tipo ele foi torcido no senti-


do dos ponteiros do relógio.

Figura 8. Representação da torção em S e em Z

1.12. FADIGA

A fadiga consiste em sujeitar um material a diversas cargas de modo a dar-se a


ruptura sem que as tensões tenham ultrapassado a tensão máxima ou mesmo
da tensão limite de elasticidade.

45
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Fadiga é o excesso de concentração de tensões sobre o material.

1.13. RUPTURA FRÁGIL E RUPTURA DÚCTIL

Conforme a tensão a que os materiais estão sujeitos, estes podem fracturar.


Temos materiais que para a mesma tensão sofrem diferentes deformações. Por
exemplo: um material que fractura é chamado de material frágil e um material
que para a mesma tensão não sofre fractura é chamado de material dúc-
til/rígido.

Um material que fractura com aplicação de uma pequena deformação plástica


tem um comportamento frágil, como é o caso dos:

 Aços de alta resistência;


 Ferros fundidos.

Também existem outros que fracturam sem deformação plástica, que é o caso dos:

 Vidro;
 Pedra.

Nestes materiais a tensão final é igual à tensão de ruptura, uma vez que após o
ponto em que se dá a ruptura o corpo não deforma mais, pois neste ponto ele
fracturou. Deduzimos facilmente também que a deformação que estes corpos
sofrem até obtermos a sua ruptura, é muito menor que nos corpos mais rígidos.

A ruptura dos materiais frágeis é obtida por aplicação de tensões


normais.

Os materiais dúcteis ao contrário dos frágeis permitem obter grandes deforma-


ções antes do seu ponto de ruptura. Alguns dos exemplos de materiais com
estas características são:

 Cobre;
 Aço macio;
 Alumínio.

{ 46
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

1.13.1. PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DOS MATERIAIS


 Fusão;
 Soldadura;
 Temperatura;
 Ductilidade;
 Tenacidade;
 Fragilidade;
 Condutibilidade;
 Plasticidade;
 Rigidez.

Estas são algumas das propriedades dos materiais, que ditam as características
dos seus ensaios e da resistência às forças aplicadas. Na próxima unidade va-
mos estudar melhor alguns destes processos.

1.14. TEMPERATURA (TENSÕES TÉRMICAS)


A variação da temperatura em corpos fixos produz tensões térmicas. Estas ten-
sões térmicas têm o mesmo efeito que as forças de tracção e de compressão
sobre os corpos.

As tensões térmicas podem ser determinadas por:

L    L0  T
Onde:
L é o comprimento final do corpo em m;
 é o coeficiente de dilatação térmica;
L0 é o comprimento inicial do corpo em m;
T é a variação da temperatura em ºC.

Para alguns valores da dilatação térmica de certos materiais temos a tabela 2.

47
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Tabela 2. Valores típicos do coeficiente de dilatação térmica

Material Coeficiente de dilatação térmica (10-6ºC-1)

Aço 11,7

Alumínio 21,4 a 23,9

Magnésio 26,1

Cobre 16,7

Neste tipo de tensões as forças de compressão costumam aparecer quando um


ou as duas extremidades do corpo encontram-se engastadas, ou seja, estão
fixas e não é permitido que se expandam para esse lado. Isto condiciona o
alongamento do corpo e exerce uma força de compressão direccionada para o
centro do corpo.

Esta força pode ser calculada pela expressão:

F  E  A    T

Ao calcularmos esta força F podemos calcular a tensão e deformação específi-


ca do corpo pelas expressões:

F
  E    T
A

    T
E

{ 48
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

2. ENSAIOS
Os ensaios podem ser feitos em:

 Oficinais;
 Laboratoriais.

Os tipos de ensaios podem dividir-se em:

 Destrutivos (tracção, dureza, dobragem, choque, fadiga e fluência);


 Não destrutivos (métodos visuais, magnetoscopia, penetrantes, radio-
grafia industrial, ultra sons e outros).

2.1. ENSAIOS DESTRUTIVOS (ED)

Estes são os ensaios que sujeitam os corpos a deformações, podendo levar à


sua ruptura. Foram os pontos que estudámos anteriormente.

2.2. ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS (END)

Os ensaios não destrutivos são técnicas utilizadas na inspecção de materiais e


equipamentos sem os danificar.

Executados nas etapas de fabricação, construção, montagem e manutenção.

49
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

São as principais ferramentas do controlo da qualidade de materi-


ais e produtos, contribuindo para garantir a qualidade, reduzir os
custos e aumentar a fiabilidade da inspecção.

Utilizados nos seguintes sectores:

 Petróleo;
 Químico;
 Aeronáutico;
 Aeroespacial;
 Siderúrgico;
 Naval;
 Electromecânico;
 Papel e celulose;
 Entre outros.

Este tipo de ensaios tem grande contribuição para a qualidade dos bens e ser-
viços, redução de custo, preservação da vida e do meio ambiente, sendo factor
de competitividade para as empresas que os utilizam. Possuem métodos que
nos permitem detectar os defeitos existentes nos produtos, bem como as ca-
racterísticas tecnológicas que o compõem e ainda permitem a monitorização da
degradação de componentes, equipamentos e estruturas em “serviço”.

Os métodos mais utilizados são: ensaio visual, líquido penetrante, partículas


magnéticas, ultra-som, radiografia (Raios X e Gama), correntes parasitas, análi-
se de vibrações, termografia, emissão acústica, estanqueidade e análise de de-
formações.

Permite-nos obter resultados satisfatórios e válidos, através dos seguintes fac-


tores:

 Pessoal treinado, qualificado e certificado;


 Equipamentos calibrados;
 Procedimentos de execução de ensaios qualificados com base em
normas e critérios de aceitação previamente definidos e estabelecido.

Além da sua utilização industrial, a sua aplicação tem crescido bastante para a
conservação de obras de arte, assim como na agropecuária, controlar a cama-
da de gordura de bovinos e suínos, largamente difundida na medicina.

{ 50
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

Por exemplo, o controlo da qualidade que o médico faz do corpo


humano na avaliação da saúde ou da patologia de um paciente, é
o mesmo aplicado na indústria, só que para materiais e produtos.

51
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

CONCLUSÃO

A estática é a parte da física que estuda sistemas, partículas ou corpos rígidos,


sob a acção de forças que se equilibram.

Esta ciência é relativa ou pertencente a corpos em repouso ou a forças em equi-


líbrio, em oposição à dinâmica, ou seja, são as forças a que os corpos estão
sujeitos até mesmo em repouso.

Algumas dessas forças provocam deformações nos corpos, movimentos tais


como, torção, tracção, flexão, compressão, tensão. Estes movimentos provo-
cam fadiga e desgastam os materiais ao longo do tempo. É do nosso interesse
compreendermos estas deformações e podermos proteger os materiais garan-
tindo a segurança e a economia.

Em locais próprios como oficinas ou laboratórios, os materiais podem ser sujei-


tos a estes ensaios de modo a estudarmos a sua resistência o melhor possível
antes da sua aplicação.

53
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

RESUMO

Começámos por estudar a estática, compreendendo a aplicação das forças de


esforços aplicadas sobre os materiais. Pela composição dos gráficos das ten-
sões em função das deformações sofridas, podemos perceber qual as reacções
que o corpo exerce pela aplicação gradual de cargas sobre si até ao seu ponto
de ruptura.

Através das características da fadiga e da resistência dum certo corpo, pode-


mos determinar qual a melhor aplicação que pode ter. Os materiais possuem
características diferentes para a mesma quantidade de força que aplicamos,
reagindo de maneira diferente.

Por fim, vimos que os ensaios podem ser executados em oficinas e laboratórios,
bem preparados para testar a resistência dos materiais antes de os aplicarmos
em determinado fim. Tanto podemos testar os materiais com corpo-de-provas e
ver as reacções dos materiais antes da sua utilização, chamados ensaios destru-
tivos, como pode monitorizar o desempenho dos próprios materiais já em utiliza-
ção/serviço e observar o seu desempenho, chamados ensaios não destrutivos.

{ 54
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

AUTO-AVALIAÇÃO

1. Qual a força exercida por um corpo de 10kg a uma velocidade de 10m/s:

a) 10N.
b) 50F.
c) 100N.
d) 5F.

2. A tracção faz com que a peça se:

a) Alongue no sentido da força.


b) Comprima no sentido da força.
c) Alongue no sentido contrário da força.
d) Comprima.

3. O limite entre duas deformações corresponde a:

a) Zona crítica.
b) Encurvamento.
c) Coeficiente de Young.
d) Coeficiente de segurança.

55
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

4. Qual a tensão tangencial se aplicarmos uma força tangencial de 10 N


numa superfície de 2m2?

a) 2,5N.
b) 5 N/m2.
c) 50 N/m2.
d) 20 N/m2.

5. A torção S dá-se:

a) No sentido oposto aos ponteiros do relógio.


b) No sentido dos ponteiros do relógio.
c) No mesmo sentido de Z.
d) Nenhuma das anteriores.

6. Da lei de Hooke obtém-se o:

a) Gráfico deformação.
b) Gráfico densidade.
c) Gráfico tensão x deformação.
d) Gráfico elasticidade.

7. O coeficiente de Poisson é um valor:

a) Maior que 0,5.


b) Menor que 0.
c) Entre 0 e 0,5.
d) Nenhuma das anteriores.

8. Uma viga em balanço:

a) Tem um apoio engastado.


b) Tem dois apoios fixos.
c) Tem um apoio fixo e um móvel.
d) Tem dois apoios articulados.

{ 56
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

9. Calcule o momento de uma força de torção de 5N aplicada por uma


chave de comprimento igual a 2cm:

a) 0,1Nm.
b) 10Nm.
c) 0,1N.
d) 10N.

10. A tracção e a dureza são tipos de:

a) Ensaios destrutivos.
b) Ensaios não destrutivos.
c) Métodos visuais.
d) Métodos de manutenção.

57
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

SOLUÇÕES

1. c 2. a 3. d 4. b 5. a

6. c 7. c 8. a 9. a 10. b

59
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

Caso estejas interessado em aprofundar os conceitos que apresentámos nesta


unidade, propomos-te que investigues o livro publicado pelos senhores BEER &
JOHNSTON “Mecânica dos Materiais”.

Ainda para poderes desenvolver os teus conhecimentos existe outro livro muito
interessante:

 PORTELA, A.; SILVA, A., Mecânica dos Materiais. Lisboa: Plátano Edi-
ções Técnicas, 1996

Deixamos-te também alguns sítios de fabricantes de materiais de construção:

 http://www.roca.com/
 http://www.weber.com.pt/
 http://www.recer.pt/
 http://www.jnf.pt/
 http://www.sanitana.pt/pt/

{ 60
Unidade didáctica 4
MECÂNICA DOS MATERIAIS

BIBLIOGRAFIA

 Beer, F. P., Johnston, E. R., and DeWolf, J. T. (2003). Mecânica dos


Materiais. McGraw-Hill, 2003
 BEER & JOHNSTON, (1982) "Resistência dos Materiais" - McGraw Hill,
1982
 BORESI, A. P., SCHMIDT, R. J., Estática, Thomson, 2003
 BRANCO, Carlos Moura, Mecânica dos Materiais, 3ª edição, Fundação
Calouste Gulbenkian, ISBN: 972-31-0825-9, 1998
 CISMASIU, Ildi, Elementos de estudo à disciplina de “Estática” de Li-
cenciatura Engenharia Civil, 2006
 GERE, J. M., Mecânica dos Materiais, Thomson, 2003
 J. P. Davim, A. P. Magalhães, Ensaios Mecânicos e Tecnológicos, Es-
tante Editora.
 LEMES, Doutor Maurício Ruv, Artigo sobre “Estática”
 Mecânica dos Materiais - 2º ano, 1º semestre, 2002
 POPOV, "Introdução à Mecânica dos Sólidos" - Ed. Blücher, 1978

61
Unidade didáctica 4
{

Você também pode gostar