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DESTILARIA BOCAINA

PIRACANJUBA – GO

ESTUDO DE IMPACTO AMBENTAL


- EIA -
BOCAINA

Implantação de unidade produtora de açúcar e


álcool na Fazenda Bocaina – Piracanjuba - GO, Estudo de
Impacto Ambiental - EIA.
DBO ENGENHARIA LTDA,
2008

394.

1 - Ambiente - Impacto 1.2 Meio Ambiente - plano. I


Título

DBO ENGENHARIA LTDA.


ALAMEDA RICARDO PARANHOS Nº. 1.350 – SETOR MARISTA
GOIÂNIA - GOIÁS
CEP – 74.180-050
TELEFONE / FAX (062)3281-6655

DESTILARIA BOCAINA - EIA


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ÍNDICE
1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 17
2. FICHA TÉCNICA .................................................................................................. 18
2.1. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR ............................................................. 18
2.2. ÓRGÃO AMBIENTAL LICENCIADOR .................................................................. 18
2.3. EMPRESA E EQUIPE EXECUTORA DO EIA/RIMA............................................. 18
3. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO .................................................. 20
3.1. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E ACESSO ........................................................ 20
3.2. OBJETIVO DO EMPREENDIMENTO ................................................................... 20
3.3. CRONOGRAMA GERAL DO EMPREENDIMENTO ............................................. 20
3.4. RECURSOS HUMANOS ....................................................................................... 20
3.5. JUSTIFICATIVAS TECNOLÓGICAS .................................................................... 22
3.6. JUSTIFICATIVAS LOCACIONAIS ........................................................................ 23
3.6.1. Estudo de Alternativas ............................................................................ 25
3.7. DESCRIÇÃO DOS PRODUTOS ............................................................................ 28
3.7.1. Álcool (Etanol) ......................................................................................... 28
3.7.2. Energia Elétrica (Co-geração) ................................................................ 28
3.8. MODELO DE NEGÓCIOS E COMPETITIVIDADE ................................................ 28
3.9. O MERCADO DE ETANOL ................................................................................... 29
3.9.1. Mercado Brasileiro .................................................................................. 29
3.9.2. Mercado Mundial ..................................................................................... 29
3.10. PRODUÇÃO .......................................................................................................... 31
3.10.1. Sumário Operacional............................................................................... 31
3.11. PLANO AGRÍCOLA ............................................................................................... 32
3.11.1. Cultura ...................................................................................................... 32
3.11.2. Projeções de Plantio ............................................................................... 32
3.12. PLANO INDUSTRIAL ............................................................................................ 33
3.12.1. Descrição do Processo de Produção .................................................... 33
3.12.2. Projeto e Tecnologia da Destilaria ......................................................... 33
3.12.3. Fornecimento de Água ............................................................................ 34
3.12.4. Capacidade de Produção da Planta ....................................................... 34
3.12.5. Manejo de Efluentes e Emissões de Caldeiras ..................................... 34
3.12.6. Distribuição de Água e Efluentes........................................................... 35
3.12.7. Descrição do Processo Agrícola............................................................ 36
3.12.7.1. PLANO DE USO DE TERRAS............................................................. 37
3.12.7.2. PREPARO DO SOLO ........................................................................... 37
3.12.7.3. CORREÇÃO QUÍMICA......................................................................... 37
3.12.7.4. IRRIGAÇÃO DE SALVAMENTO ......................................................... 38
3.12.7.5. PLANTIO ................................................................................................ 38
3.12.7.6. CONTROLE FITOSSANITÁRIO .......................................................... 38
3.12.7.7. MATÉRIA-PRIMA .................................................................................. 40
3.12.7.8. COLHEITA ............................................................................................. 40
3.12.7.9. TRANSPORTE ...................................................................................... 40
3.12.8. Emissão de resíduos e efluentes industriais ........................................ 41
3.12.8.1. EFLUENTE ATMOSFÉRICO ............................................................... 41
3.12.8.2. EFLUENTES LÍQUIDOS ...................................................................... 41
3.12.8.2.1. Esgoto sanitário ......................................................... 41
3.12.8.2.2. Águas residuárias ...................................................... 42
3.12.8.2.3. Vinhaça ...................................................................... 42
3.12.8.3. ÓLEOS LUBRIFICANTES USADOS................................................... 43
3.12.9. Resíduos sólidos ..................................................................................... 44
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3.12.9.1. GERAÇÃO DE RESÍDUOS DE OBRA ............................................... 44
3.12.9.2. CINZAS E FULIGEM DA CALDEIRA .................................................. 44
3.12.9.3. TORTA DE FILTRO .............................................................................. 44
3.12.9.4. RESÍDUOS SÓLIDOS DE CARACTERÍSTICAS DOMICILIARES ... 45
3.12.9.5. EMBALAGENS DE PRODUTOS QUÍMICOS .................................... 45
3.12.9.6. EMBALAGENS DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS .............................. 45
3.12.9.7. SUCATA INDUSTRIAL ......................................................................... 46
4. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PERTINENTE ........................................................ 47
4.1. CERRADO ............................................................................................................. 47
4.1.1. Motivação ................................................................................................. 47
4.1.2. Legislação aplicável ................................................................................ 47
4.2. LICENCIAMENTO AMBIENTAL ........................................................................... 48
4.2.1. Motivação ................................................................................................. 48
4.2.2. Fundamentos jurídico-legais .................................................................. 48
4.3. MECANISMOS CONSULTIVOS ............................................................................ 53
4.3.1. Motivação ................................................................................................. 53
4.3.2. Legislação disponível ............................................................................. 53
4.4. ACESSO À JUSTIÇA AMBIENTAL ...................................................................... 54
4.4.1. Motivação ................................................................................................. 54
4.4.2. Legislação disponível ............................................................................. 54
4.5. RECURSOS HÍDRICOS ........................................................................................ 56
4.5.1. Motivação ................................................................................................. 56
4.5.2. Legislação disponível ............................................................................. 57
4.6. CONTAMINAÇÃO HÍDRICA ................................................................................. 58
4.6.1. Motivação ................................................................................................. 58
4.6.2. Legislação disponível ............................................................................. 59
4.7. RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS ......................................................... 60
4.7.1. Motivação ................................................................................................. 60
4.7.2. Legislação aplicável ................................................................................ 60
4.8. EMISSÕES E IMISSÕES ATMOSFÉRICAS E RUÍDO AMBIENTAL ................... 61
4.8.1. Motivação ................................................................................................. 61
4.8.2. Legislação ................................................................................................ 61
4.9. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ...................................................... 65
4.9.1. Motivação ................................................................................................. 65
4.9.2. Legislação aplicável ................................................................................ 65
4.10. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL ............................................................................ 67
4.10.1. Motivação ................................................................................................. 67
4.11. DESMATAMENTO, SUPRESSÃO E UTILIZAÇÃO DE VEGETAÇÃO, PODA DE
ÁRVORES E QUEIMADAS ................................................................................... 68
4.11.1. Motivação ................................................................................................. 68
4.11.2. Legislação aplicável ................................................................................ 68
4.12. CRIME AMBIENTAL, CONTRAVENÇÃO, INFRAÇÃO, PENALIDADES. ........... 69
4.12.1. Motivação ................................................................................................. 69
4.12.2. Legislação aplicável ................................................................................ 69
4.13. FAUNA AQUÁTICA, TERRESTRE, AVIFAUNA E FLORA. ................................. 70
4.13.1. Motivação ................................................................................................. 70
4.13.2. Legislação aplicável ................................................................................ 71
4.14. SETOR AGRÍCOLA, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE PRODUTOS,
RESÍDUOS SÓLIDOS EM GERAL........................................................................ 72
4.14.1. Motivação ................................................................................................. 72
4.14.2. Legislação aplicável ................................................................................ 72
4.15. PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO, CULTURAL E TURÍSTICO ...... 75
4.15.1. Motivação ................................................................................................. 75
4.15.2. Legislação aplicável ................................................................................ 75
4.16. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO .................................................................... 76
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5. METODOLOGIA................................................................................................... 78
5.1. BASE CARTOGRÁFICA ....................................................................................... 78
5.2. ÁREAS DE INFLUÊNCIA ...................................................................................... 79
5.3. METODOLOGIA DE DIAGNÓSTICO .................................................................... 81
5.3.1. Meio Físico ............................................................................................... 82
5.3.2. Meio Biótico ............................................................................................. 84
5.3.3. Meio Socioeconômico ............................................................................. 94
5.4. METODOLOGIA PARA O PROGNÓSTICO ......................................................... 96
6. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL .............................................................................. 99
6.1. MEIO FÍSICO ......................................................................................................... 99
6.1.1. Climatologia ............................................................................................. 99
6.1.1.1. CLIMA REGIONAL................................................................................ 99
6.1.1.1.1. Caracterização dos parâmetros relevantes do clima
regional .................................................................... 100
6.1.1.1.2. Qualidade do Ar ....................................................... 113
6.1.1.2. CLIMA DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA .................................... 116
6.1.2. Geologia, Geotecnia e Recursos Minerais .......................................... 117
6.1.2.1. GEOLOGIA .......................................................................................... 117
6.1.2.2. CONSIDERAÇÕES GEOTÉCNICAS................................................ 119
6.1.2.3. RECURSOS MINERAIS ..................................................................... 120
6.1.3. Geomorfologia ....................................................................................... 120
6.1.3.1. GEOMORFOLOGIA REGIONAL ....................................................... 120
6.1.3.1.1. Formas de Acumulação ........................................... 125
6.1.3.1.2. Geomorfogênese ..................................................... 126
6.1.3.1.3. Vulnerabilidade à erosão ......................................... 127
6.1.3.2. GEOMORFOLOGIA NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA ............. 130
6.1.4. Aspectos Pedológicos .......................................................................... 132
6.1.4.1. CARACTERIZAÇÃO PEDOLÓGICA REGIONAL ............................ 134
6.1.4.1.1. Latossolos ................................................................ 134
6.1.4.1.2. Argissolos Vermelho-Amarelos ............................... 136
6.1.4.1.3. Cambissolos Háplicos ............................................. 136
6.1.4.1.4. Neossolos Litólicos .................................................. 136
6.1.4.1.5. Gleissolos Háplicos ................................................. 136
6.1.4.2. SOLOS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA .................................. 137
6.1.5. Hidrografia ............................................................................................. 137
6.1.5.1. HIDROGEOLOGIA.............................................................................. 137
6.2. MEIO BIÓTICO .................................................................................................... 140
6.2.1. Flora ........................................................................................................ 140
6.2.1.1. COBERTURA VEGETAL ORIGINAL ................................................ 140
6.2.1.2. FLORÍSTICA DAS FORMAÇÕES NATURAIS ENCONTRADAS NA
AII.......................................................................................................... 141
6.2.1.2.1. Cerradão .................................................................. 144
6.2.1.2.2. Formações Florestais Estacionais ........................... 145
6.2.1.2.3. Formações pioneiras com influência fluvial ............. 146
6.2.1.3. ESTRUTURA DAS PAISAGENS NATURAIS ENCONTRADAS NA
ÁREA DE INFLUÊNCIA DA DESTILARIA BOCAINA ...................... 149
6.2.1.3.1. Caracterização dos Pontos Amostrados ................. 149
6.2.2. Fauna ...................................................................................................... 174
6.2.2.1. CARACTERIZAÇÃO REGIONAL ...................................................... 174
6.2.2.2. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRAFICA .......................... 175
6.2.2.3. CARACTERIZAÇÃO DOS HABITATS .............................................. 176
6.2.2.3.1. Veredas/Buritizal/Matas Ciliares .............................. 176
6.2.2.3.2. Matas de Galeria ..................................................... 176
6.2.2.3.3. Cerrado/Cerradão .................................................... 177
6.2.2.3.4. Mata Estacional ....................................................... 177
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6.2.2.3.5. Áreas Modificadas ................................................... 177
6.2.2.3.6. Cursos d’água .......................................................... 178
6.2.2.4. CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA....................................................... 178
6.2.2.4.1. Herpetofauna ........................................................... 180
6.2.2.4.2. Mamíferos ................................................................ 186
6.2.2.4.3. Ornitofauna .............................................................. 190
6.2.2.4.4. Entomofauna ........................................................... 199
6.2.2.4.5. Organismos Aquáticos ............................................. 203
6.2.2.5. ESPÉCIES RARAS E ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO . 220
6.2.2.6. ESPÉCIES ENDÊMICAS ................................................................... 224
6.2.2.7. CORREDOR ECOLÓGICO/ÁREA PRIORITÁRIA PARA A
CONSERVAÇÃO ................................................................................ 224
6.2.2.8. AVALIAÇÃO ECOLÓGICA DA ÁREA ............................................... 225
6.2.2.9. ANÁLISE DE SIMILARIDADE ............................................................ 230
6.2.2.10. AVALIAÇÃO DA FAUNA COMO BIOINDICADORES ..................... 234
6.2.3. Qualidade das Águas ............................................................................ 236
6.2.3.1.1. Caracterização ambiental dos pontos de
amostragem ......................................................... 237
6.2.3.1.2. Análise dos resultados ......................................... 240
6.2.3.1.3. Conclusão ................................................................ 247
6.3. MEIO SOCIOECONÔMICO ................................................................................. 248
6.3.1. Localização e Acesso............................................................................ 248
6.3.2. Histórico ................................................................................................. 249
6.3.3. Dinâmica Demográfica .......................................................................... 250
6.3.3.1. POPULAÇÃO TOTAL E TAXA GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO
ANUAL ................................................................................................. 250
6.3.3.2. POPULAÇÃO POR SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO ............................. 251
6.3.3.3. POPULAÇÃO POR SEXO. ................................................................ 251
6.3.3.4. POPULAÇÃO POR GRUPOS ETÁRIOS.......................................... 252
6.3.4. Uso e Ocupação do Solo ...................................................................... 254
6.3.4.1. UTILIZAÇÃO DAS TERRAS .............................................................. 255
6.3.4.2. IMÓVEIS RURAIS POR DIMENSÃO ................................................ 255
6.3.5. Atividades Econômicas ........................................................................ 258
6.3.5.1. PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) ................................................. 258
6.3.5.2. SETOR PRIMÁRIO ............................................................................. 260
6.3.5.3. SETOR SECUNDÁRIO ...................................................................... 261
6.3.5.4. SETOR TERCIÁRIO ........................................................................... 261
6.3.5.5. FINANÇAS PÚBLICAS ....................................................................... 262
6.3.6. Nível de Vida .......................................................................................... 262
6.3.6.1. SAÚDE ................................................................................................. 262
6.3.6.2. EDUCAÇÃO ........................................................................................ 263
6.3.6.3. EMPREGO E RENDA ........................................................................ 265
6.3.6.4. SEGURANÇA PÚBLICA .................................................................... 266
6.3.6.5. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL – IDH-
M ................................................................................................ 268
6.3.6.6. ASSISTÊNCIA SOCIAL ............................................................. 269
6.3.7. Infra-Estrutura de Serviços................................................................... 270
6.3.7.1. ENERGIA ELÉTRICA ......................................................................... 270
6.3.7.2. HABITAÇÃO E SANEAMENTO......................................................... 271
6.3.7.3. CIRCULAÇÃO E COMUNICAÇÃO ................................................... 272
6.3.8. Organização Social................................................................................ 273
6.3.9. Patrimônio Cultural e Turismo ............................................................. 274
6.3.10. Patrimônio Histórico e Arqueológico .................................................. 275
6.3.10.1. CONTEXTO HISTÓRICO E ARQUEOLÓGICO............................... 275
6.3.10.1.1. Contexto histórico .................................................... 275
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6.3.10.1.2. Contexto Arqueológico ............................................ 276
6.3.10.2. DIAGNÓSTICO ARQUEOLÓGICO ................................................... 280
6.3.10.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 281
6.3.11. Entrevistas com Representantes de Organizações Sociais de
Piracanjuba ............................................................................................ 283
6.3.12. Entrevistas Realizadas com Proprietários/Moradores de Imóveis no
Entorno Imediato ao Local Previsto para Instalação da Indústria .... 287
6.3.13. Percepções e Expectativas de Representantes/Participantes de
Organizações Sociais do Povoado de Rochedo em Relação à
Implantação de Empreendimentos Sucroalcooleiros no Município. 292
7. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ..................................................... 294
7.1. MEIO FÍSICO ....................................................................................................... 294
7.1.1. Fase de Implantação ............................................................................. 294
7.1.1.1. IMPACTOS DECORRENTES DAS ATIVIDADES
INFRAESTRUTURAIS........................................................................ 295
7.1.1.1.1. Erosão e assoreamento ........................................... 295
7.1.1.1.2. Emissão de partículas, gases e ruído. ..................... 295
7.1.1.2. IMPACTOS DECORRENTES DAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS .... 296
7.1.1.2.1. Erosão e assoreamento ........................................... 296
7.1.1.2.2. Emissão de partículas, gases e ruído. ..................... 297
7.1.1.3. IMPACTOS SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E
SUBTERRÂNEOS .............................................................................. 298
7.1.2. Fase de Operação .................................................................................. 298
7.1.2.1. IMPACTOS DECORRENTES DAS ATIVIDADES INDUSTRIAIS .. 299
7.1.2.1.1. Alterações fluviométricas ......................................... 299
7.1.2.1.2. Geração de efluentes domésticos e industriais e
emissões.................................................................. 299
7.1.2.1.3. Geração de bioenergia ............................................ 300
7.1.2.2. IMPACTOS DECORRENTES DAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS .... 300
7.1.2.2.1. Erosão e assoreamento ........................................... 301
7.1.2.2.2. Emissão de partículas, gases e ruído ...................... 301
7.1.2.2.3. Contaminação do solo e recursos hídricos .............. 303
7.1.2.2.4. Compactação do solo .............................................. 304
7.1.2.2.5. Melhoramento de fatores agronômicos ................... 304
7.1.2.2.6. Seqüestro de carbono ............................................. 305
7.1.2.3. IMPACTOS SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E
SUBTERRÂNEOS .............................................................................. 306
7.2. MEIO BIÓTICO .................................................................................................... 306
7.2.1. Impactos Sobre a Flora ......................................................................... 306
7.2.1.1. IMPACTOS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DA ATIVIDADE
AGRÍCOLA .......................................................................................... 306
7.2.1.2. IMPACTOS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE
INDUSTRIAL ....................................................................................... 307
7.2.2. Impactos sobre a Fauna........................................................................ 308
7.2.2.1. IMPACTOS AMBIENTAIS DURANTE A FASE DE
IMPLANTAÇÃO..................................................................... 309
7.2.2.1.1. Abertura de Acessos e Construção da Usina ....... 309
7.2.2.1.2. Circulação de veículos ............................................. 310
7.2.2.1.3. Construção de Acampamentos ............................... 310
7.2.2.1.4. Obras de drenagem ................................................. 311
7.2.2.1.5. Preparação do Solo ................................................. 311
7.2.2.2. IMPACTOS AMBIENTAIS DURANTE A FASE DE OPERAÇÃO ... 311
7.2.2.2.1. Circulação de veículos ............................................. 312
7.2.2.2.2. Queima da Cana ...................................................... 312
7.3. MEIO ANTRÓPICO .............................................................................................. 312
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7.3.1. Fase de Planejamento ........................................................................... 312
7.3.1.1. EXPECTATIVAS DA POPULAÇÃO .................................................. 312
7.3.2. Fase de Implantação ............................................................................. 313
7.3.2.1. SUBSTITUIÇÃO DE CULTURA AGRÍCOLA .................................... 313
7.3.2.2. GERAÇÃO DE EMPREGO ................................................................ 313
7.3.2.3. DESARTICULAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA ........................................ 314
7.3.2.4. AUMENTO DA DEMANDA POR SERVIÇOS E PRODUTOS ........ 314
7.3.2.5. IMIGRAÇÃO DE TRABALHADORES DE OUTRAS
LOCALIDADES ......................................................................... 314
7.3.2.6. PRESSÃO SOBRE OS SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS
PÚBLICOS ................................................................................ 314
7.3.2.7. QUEIMA DA PALHA DA CANA-DE-AÇÚCAR .......................... 315
7.3.2.8. EXPOSIÇÃO DE COLABORADORES A RISCOS DE
MANIPULAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS ........................... 315
7.3.2.9. ELEVAÇÃO DA ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS ......................... 315
7.3.3. Fase de Operação .................................................................................. 316
7.3.3.1. EXPOSIÇÃO DE TRABALHADORES A RISCOS ........................... 316
7.3.3.2. EXPANSÃO DA ÁREA DE CULTIVO ............................................... 316
7.3.3.3. COMPETIÇÃO COM OUTRAS CULTURAS E/OU ATIVIDADES
AGROPECUÁRIAS............................................................................. 316
7.3.3.4. IMIGRAÇÃO TEMPORÁRIA DE TRABALHADORES ..................... 317
7.3.3.5. PRESSÃO POR EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PÚBLICOS ...... 317
7.3.3.6. GERAÇÃO DE EMPREGOS ............................................................. 317
7.3.3.7. AUMENTO DA RENDA ...................................................................... 318
7.3.3.8. AUMENTO DA ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS .......................... 318
8. MITIGAÇÃO E OTIMIZAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ........................... 319
8.1. MEIO FÍSICO ....................................................................................................... 320
8.1.1. Fase de Implantação ............................................................................. 320
8.1.1.1. ATIVIDADES INFRAESTRUTURAIS ................................................ 320
8.1.1.1.1. Erosão e assoreamento ........................................... 320
8.1.1.1.2. Emissão de partículas, gases e ruído. ..................... 322
8.1.1.2. ATIVIDADES AGRÍCOLAS ................................................................ 323
8.1.1.2.1. Erosão e assoreamento ........................................... 323
8.1.1.2.2. Emissão de partículas, gases e ruído. ..................... 326
8.1.1.3. MEDIDAS DE PROTEÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS ............ 326
8.1.2. Fase de Operação .................................................................................. 327
8.1.2.1. ATIVIDADES INDUSTRIAIS .............................................................. 327
8.1.2.1.1. Alterações fluviométricas ......................................... 327
8.1.2.1.2. Geração de efluentes domésticos e industriais ....... 329
8.1.2.1.3. Geração de bioenergia ............................................ 330
8.1.2.2. ATIVIDADES AGRÍCOLAS ................................................................ 331
8.1.2.2.1. Erosão e assoreamento ........................................... 331
8.1.2.2.2. Emissão de partículas, gases e ruído. ..................... 331
8.1.2.2.3. Contaminação do solo e recursos hídricos .............. 332
8.1.2.2.4. Compactação do solo .............................................. 333
8.1.2.2.5. Melhoramento de fatores agronômicos ................... 334
8.1.2.2.6. Seqüestro de Carbono ............................................. 334
8.2. MEIO BIÓTICO .................................................................................................... 335
8.3. MEIO ANTRÓPICO .............................................................................................. 338
8.3.1. Medidas indicadas para os impactos adversos ................................. 338
8.3.2. Medidas de Otimização dos Impactos Positivos ................................ 339
8.4. DIRETRIZES AMBIENTAIS PARA ÁREAS AGRÍCOLAS ................................. 339
8.5. RECOMENDAÇÕES AO PROJETO INDUSTRIAL ............................................ 343
9. PROGRAMAS DE MANEJO E MONITORAMENTO AMBIENTAL ................... 347
9.1. PROGRAMA DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA ......................................... 347
DESTILARIA BOCAINA - EIA
8
9.2. PROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL DE IMPLANTAÇÃO ..................... 347
9.2.1. Emissões Atmosféricas e Ruídos ........................................................ 348
9.2.2. Controle de Erosão e Sedimentação ................................................... 348
9.2.3. Controle de Resíduos, Efluentes e Produtos Químicos. ................... 349
9.3. PROGRAMA DE CONTROLE DE PARALISAÇÕES DE OBRAS DA UNIDADE
INDUSTRIAL ........................................................................................................ 349
9.4. PROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL DE OPERAÇÃO ........................... 350
9.4.1. Emissões Atmosféricas e Ruídos ........................................................ 350
9.4.2. Controle de Erosão e Sedimentação ................................................... 351
9.4.3. Controle de Resíduos, Efluentes, Subprodutos e Produtos Químicos 351
9.5. PROGRAMA DE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL .................................. 352
9.6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ....................................................... 353
9.6.1. Justificativa ............................................................................................ 353
9.6.2. Objetivo .................................................................................................. 354
9.6.3. Metodologia ........................................................................................... 354
9.6.4. Fase de implantação ............................................................................. 354
9.6.5. Responsável pela implantação ............................................................ 354
9.6.6. Parceiros potenciais ............................................................................. 354
9.6.7. Produtos ................................................................................................. 354
9.6.8. Recursos Humanos ............................................................................... 354
9.7. PROGRAMA DE AÇÕES DE AQUISIÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS EM
PIRACANJUBA ................................................................................................... 355
9.7.1. Justificativa ............................................................................................ 355
9.7.2. Objetivo .................................................................................................. 355
9.7.3. Metodologia ........................................................................................... 355
9.7.4. Fase de implantação ............................................................................. 355
9.7.5. Responsável pela implantação ............................................................ 355
9.7.6. Parceiros potenciais ............................................................................. 355
9.8. PROGRAMA DE RECRUTAMENTO, QUALIFICAÇÃO E TREINAMENTO DA
MÃO-DE-OBRA LOCAL. ..................................................................................... 355
9.8.1. Justificativa ............................................................................................ 355
9.8.2. Fase de implantação ............................................................................. 356
9.8.3. Responsável pela implantação ............................................................ 356
9.8.4. Parceiros potenciais ............................................................................. 356
9.8.5. Recursos Humanos ............................................................................... 356
9.9. PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL ......................... 356
9.9.1. Justificativa ............................................................................................ 356
9.9.2. Objetivo .................................................................................................. 356
9.9.3. Metodologia ........................................................................................... 357
9.9.4. Fase de implantação ............................................................................. 357
9.9.5. Responsável pela implantação ............................................................ 357
9.9.6. Parceiros ................................................................................................ 357
9.9.7. Produtos ................................................................................................. 357
9.9.8. Recursos Humanos ............................................................................... 357
9.10. PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE INDICADORES SÓCIO-ECONÔMICOS
NA AID ................................................................................................................. 358
9.10.1. Justificativa ............................................................................................ 358
9.10.2. Objetivo .................................................................................................. 358
9.10.3. Metodologia ........................................................................................... 358
9.10.4. Fase de implantação ............................................................................. 359
9.10.5. Público - Alvo ......................................................................................... 359
9.10.6. Responsável pela implantação ............................................................ 359
9.10.7. Parceiros ................................................................................................ 359
9.10.8. Produtos ................................................................................................. 359
9.10.9. Recursos Humanos ............................................................................... 359
DESTILARIA BOCAINA - EIA
9
9.11. PROGRAMA DE ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL .......................................... 359
9.11.1. Justificativa ............................................................................................ 359
9.11.2. Objetivos ................................................................................................ 360
9.11.3. Metodologia ........................................................................................... 360
9.11.4. Fase de implantação ............................................................................. 360
9.11.5. Parceiros potenciais ............................................................................. 360
9.11.6. Produtos ................................................................................................. 360
9.11.7. Recursos humanos ............................................................................... 360
9.12. PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS E
COMUNIDADE BENTÔNICA .............................................................................. 361
9.12.1. Objetivo Geral ........................................................................................ 361
9.12.2. Objetivos Específicos ........................................................................... 361
9.12.3. Metodologia ........................................................................................... 361
9.12.3.1. PONTOS AMOSTRAIS ...................................................................... 361
9.12.3.2. VARIÁVEIS AMBIENTAIS .................................................................. 361
9.12.3.3. COMUNIDADE DE INVERTEBRADOS BENTÔNICOS.................. 362
9.12.3.4. FREQÜÊNCIA DE AMOSTRAGEM .................................................. 362
9.12.4. Produtos ................................................................................................. 362
9.12.5. Responsável pelo programa................................................................. 362
9.13. PROGRAMA DE MANEJO E MONITORAMENTO DE FLORA TERRESTRE... 362
9.13.1. Objetivo Geral ........................................................................................ 362
9.13.2. Objetivos Especificos ........................................................................... 363
9.13.3. Justificativa ............................................................................................ 363
9.13.4. Metodologia Geral ................................................................................. 363
9.13.5. Metodologia Especifica ......................................................................... 363
9.13.5.1. ETAPAS DA RECUPERAÇÃO .......................................................... 365
9.13.5.1.1. Pré - Planejamento .................................................. 365
9.13.5.1.2. Estabelecimento de Objetivos a Curto e em Longo
Prazo ....................................................................... 365
9.13.5.1.3. Monitoramento ......................................................... 365
9.13.6. Cronograma ........................................................................................... 369
9.13.7. Fase de aplicação .................................................................................. 369
9.13.8. Parceiros potenciais ............................................................................. 370
9.13.9. Produtos ................................................................................................. 370
9.14. PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA FAUNA E ORGANISMOS
AQUÁTICOS .................................................................................................. 370
9.14.1. Objetivos ........................................................................................... 370
9.14.2. Sub-Programa Levantamento e Monitoramento da Fauna e
Organismos Aquáticos ......................................................................... 371
9.14.2.1. JUSTIFICATIVA .................................................................................. 371
9.14.2.2. METODOLOGIA.................................................................................. 371
9.14.3. Sub-Programa Levantamento da Ocupação e Uso da Fauna Silvestre
das Áreas Plantadas.............................................................................. 371
9.14.3.1. OBJETIVO ........................................................................................... 371
9.14.3.2. METODOLOGIA.................................................................................. 372
9.14.4. Sub-Programa Levantamento e Monitoramento da Fauna de
Vertebrados Atropelados ...................................................................... 372
9.14.4.1. OBJETIVO ........................................................................................... 372
9.14.4.2. METODOLOGIA.................................................................................. 372
9.14.5. Subprograma de Reconhecimento e Afugentamento da Fauna de
Vertebrados Silvestre na Colheita da Cana ........................................ 372
9.14.5.1. OBJETIVOS......................................................................................... 372
9.14.5.2. METODOLOGIA.................................................................................. 373
9.14.6. Sub-Programa Informação Cuidado com Animais Peçonhentos ..... 373
9.14.6.1. OBJETIVO ........................................................................................... 373
DESTILARIA BOCAINA - EIA
10
9.14.6.2. METODOLOGIA.................................................................................. 373
9.14.7. Sub-Programa Controle e implantação de normas internas ............. 373
9.14.8. Sub-Programa de Prevenção e Controle de Incêndios Florestais .... 374
9.14.8.1. JUSTIFICATIVA .................................................................................. 374
9.14.8.2. OBJETIVOS......................................................................................... 374
9.14.8.3. METODOLOGIA.................................................................................. 374
9.14.9. Quadro Síntese dos Enfoques dos Subprogramas da Fauna ........... 375
9.15. PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL DE TRANSPORTE ............................ 375
9.16. CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DOS PROGRAMAS AMBIENTAIS ........ 376
10. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL ........................................................................ 378
11. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................ 379
12. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 380

FIGURAS
FIGURA 01: LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ...................................................................................................................... 21
FIGURA 02: LOCALIZAÇÃO EM RELAÇÃO A EMPREENDIMENTOS SIMILARES ....................................................................... 24
FIGURA 03: ALTERNATIVAS LOCACIONAIS PARA O EMPREENDIMENTO ................................................................................ 26
FIGURA 04: SISTEMA DE TRATAMENTO DO EFLUENTE ATMOSFÉRICO DA CALDEIRA........................................................ 42
FIGURA 05: MAPA DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA ............................................................................................................................. 80
FIGURA 06: LEVANTAMENTO DAS PARCELAS DENTRO DAS FITOFISIONOMIAS E MEDIÇÃO DAS ESPÉCIES
ARBÓREAS PELO CAP. .................................................................................................................................................. 85
FIGURA 07: MAPA DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM DE FAUNA................................................................................................. 87
FIGURA 08: AVISTAMENTO DE AVES COM A UTILIZAÇÃO DE UM BINÓCULO. ........................................................................ 89
FIGURA 09: ESTRATÉGIAS DISCUTIDAS PARA DISTRIBUIÇÃO DA EQUIPE EM VISTORIAS DIURNAS DENTRO DA ÁREA
DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO. ................................................................................................................... 89
FIGURA 10: VARREDURA NOTURNA COM GANCHO HERPETOLÓGICO EM ÁREA ALAGADA NA AID. .............................. 90
FIGURA 11: MONTAGEM DA ARMADILHA DE INTERCEPTAÇÃO E QUEDA (PITFALL) PARA INVERTEBRADOS
INSTALADA NA AID, ONDE PREDOMINAVA A PASTAGEM. .................................................................................... 91
FIGURA 12: ARMADILHA LUMINOSA DE LENÇOL PARA A CAPTURA DE INSETOS À NOITE QUANDO SÃO ATRAÍDOS
PELA LUZ E PELO LENÇOL BRANCO. ......................................................................................................................... 91
FIGURA 13: PONTO FAMOSO DE VENDA DE PEIXES RETIRADOS DO RIO MEIA PONTE, ÀS MARGENS DA BR-153, NA
ENTRADA DO ROCHEDO................................................................................................................................................ 92
FIGURA 14: AMOSTRAGEM DE PERIFÍTON NO RIBEIRÃO DAS BOCAINAS (AII). ..................................................................... 92
FIGURA 15: COLETA DE ORGANISMOS BENTÔNICOS COM AMOSTRADOR DE SURBER NO RIBEIRÃO DAS BOCAINAS
(AII). ..................................................................................................................................................................................... 93
FIGURA 16: CAMINHAMENTO NA ÁREA DO EMPREENDIMENTO. ............................................................................................... 96
FIGURA 17: UMIDADE RELATIVA DO AR EM GOIATUBA (1999/2007) E EVAPORAÇÃO EM GOIÂNIA (1961/90)................ 103
FIGURA 18: UMIDADE RELATIVA DO AR EM GOIATUBA: MÍNIMAS ABSOLUTAS (1999/2007) ............................................. 104
FIGURA 19: PRECIPITAÇÃO MENSAL NA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA. .......................................................................... 105
FIGURA 20: DISTRIBUIÇÃO PLUVIOMÉTRICA ANUAL NA AII (1973/2006)................................................................................. 106
FIGURA 21: VELOCIDADE DOS VENTOS EM GOIATUBA E PRESSÃO ATMOSFÉRICA EM GOIÂNIA. ................................. 109
FIGURA 22: DIREÇÃO PREDOMINANTE DOS VENTOS EM GOIATUBA (1999/2007) ................................................................ 109
FIGURA 23: ÍNDICE HÍDRICO E DIREÇÃO PREDOMINANTE DOS VENTOS............................................................................... 114
FIGURA 24: QUEIMADA EM PASTAGEM NO POVOADO DE ROCHEDO EM 10/08/2007. ......................................................... 115
FIGURA 25: COMPORTAMENTO DA CAMADA DE MISTURA NA REGIÃO................................................................................. 116
FIGURA 26: BALANÇO HÍDRICO DE PIRACANJUBA ..................................................................................................................... 116
FIGURA 27: MAPA GEOLÓGICO ........................................................................................................................................................ 118
FIGURA 28: ÁREAS REQUERIDAS – DNPM, .................................................................................................................................... 121
FIGURA 29: MAPA GEOMORFOLÓGICO .......................................................................................................................................... 122
FIGURA 30: MICRO-DOBRAS EM CALCO-XISTOS FELDSPÁTICOS NA ESTRADA ROCHEDO-PIRACANJUBA. ............... 123
FIGURA 31: RESIDUAL DE APLAINAMENTO, PRÓXIMO A PIRACANJUBA, SUSTENTADO POR CONCREÇÕES
FERRALÍTICAS. .............................................................................................................................................................. 124
FIGURA 32: CRISTAS ASSIMÉTRICAS DA SERRA DA BOCAINA, NAS NASCENTES DO CÓRREGO DA PONTE FURADA.
........................................................................................................................................................................................... 124
FIGURA 33: TOPOS INTERFLUVIAIS TABULARES COM FORMAÇÕES SUPERFICIAIS ARENO-ARGILOSAS DE BOM
DESENVOLVIMENTO FÍSICO........................................................................................................................................ 125
FIGURA 34: PROCESSOS EROSIVOS EM VERTENTE CONVEXA NA MARGEM DIREITA DO RIBEIRÃO DAS BOCAINAS. O
DESENVOLVIMENTO DE SULCOS EM FORMAÇÕES SUPERFICIAIS DE BAIXO DESENVOLVIMENTO FÍSICO
É FAVORECIDO PELO PISOTEIO DO GADO. ............................................................................................................ 125
FIGURA 35: FORMAÇÃO SUPERFICIAL ARENO-ARGILOSA, COM BOM DESENVOLVIMENTO FÍSICO,
CORRESPONDENTE A LATOSSOLO VERMELHO DISTRÓFICO, PRÓXIMO A PIRACANJUBA. ...................... 127
FIGURA 36: DETRITOS ANGULOSOS CONSTITUÍDOS PRINCIPALMENTE POR QUARTZO, INUMADAS POR COLÚVIOS
PEDOGENIZADOS, NA ESTRADA VICINAL ROCHEDO-PIRACANJUBA. ............................................................. 128
FIGURA 37: PROCESSO DE RAVINAMENTO NA LATERAL DA ESTRADA, MARGEM DIREITA DO RIBEIRÃO DAS
BOCAINAS, ASSOCIADA A SOLOS DE BAIXO DESENVOLVIMENTO FÍSICO. .................................................... 128
FIGURA 38: TALUDE NA ESTRADA DE ACESSO AO ROCHEDO, COM EXPOSIÇÃO DE XISTOS GRAFITOSOS
SOTOPOSTOS POR QUARTZOS LEITOSOS SUBANGULOSOS E DETRITOS ROCHOSOS. ............................ 129
FIGURA 39: PROCESSO DE ASSOREAMENTO DO LEITO DO CÓRREGO PONTE FURADA POR MATERIAL
PROVENIENTE DAS ENCOSTAS E POR SOLAPAMENTO LATERAL DECORRENTE DA DEGRADAÇÃO DA
MATA CILIAR................................................................................................................................................................... 129
DESTILARIA BOCAINA - EIA
11
FIGURA 40: VEREDA PARCIALMENTE DEGRADADA NO CÓRREGO DA BOCAININHA, NA FAZENDA DA BOCAINA. .... 130
FIGURA 41: PLANTIO DE SORGO EM VERTENTE CONVEXA, MARGEM ESQUERDA DO CÓRREGO DA BOCAININHA.. 131
FIGURA 42: RELEVO DISSECADO EM FORMA CONVEXA, COM MEDIANO GRAU DE INCISÃO DA DRENAGEM,
CARACTERIZADA POR VULNERABILIDADE MODERADA À EROSÃO. ..................................................... 131
FIGURA 43: FORMAS DISSECADAS TABULARES E RAMPAS PEDIMENTADAS QUE PREVALECEM NA ÁREA DE
ENTORNO, PRÓXIMO À FAZENDA BOCAINA ............................................................................................... 131
FIGURA 44: FORMAS CONVEXAS COM PRESENÇA DE PASTAGEM, NA ÁREA ONDE SERÁ IMPLANTADA A UNIDADE
INDUSTRIAL. OBSERVA-SE ESPÉCIES VEGETAIS RELACIONADAS A MATA ESTACIONAL DECIDUAL. ... 132
FIGURA 45: DOMÍNIO DE FORMAS CONVEXAS (C22) NA ÁREA DIRETAMENTE AFETADA, COM REMANESCENTES DE
FORMAÇÕES FLORESTAIS (MATA ESTACIONAL DECIDUAL E SUBDECIDUAL).......................................... 132
FIGURA 46: MAPA DE SOLOS .............................................................................................................................................. 135
FIGURA 47: MAPA HIDROLÓGICO....................................................................................................................................... 138
FIGURA 48: ASPECTOS DA FUTURA ÁREA INDUSTRIAL ONDE PODEM SER ENCONTRADAS ESPÉCIES
ARBÓREAS ENTREMEIO À PASTAGEM. ....................................................................................................... 141
FIGURA 49: PERFIL NATURAL E SITUAÇÃO ATUAL DA VEGETAÇÃO DA REGIÃO ..................................................... 142
FIGURA 50: FRAGMENTOS DE CERRADO “STRICTU SENSU” ENCONTRADOS PRÓXIMOS A AID. .......................... 143
FIGURA 51: FITOFISIONOMIA DE CERRADÃO LOCALIZADAS NA AII EM TRANSIÇÃO COM FLORESTAS
ESTACIONAIS DECIDUAIS. ............................................................................................................................. 144
FIGURA 52: ASPECTO DO INTERIOR DE FRAGMENTOS DE FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL ENCONTRADAS
NA AII SOBRE AFLORAMENTOS ROCHOS E EM RELEVO ACIDENTADO, QUE SE DESENVOLVEM COM
FREQUÊNCIA NA PAISAGEM DA REGIÃO. ................................................................................................... 146
FIGURA 53: MATA DE GALERIA DO RIBEIRÃO DAS BOCAINAS E BURITIS (MAURITIA FLEXUOSA) NA APP DO
CÓRREGO DOS BURITIZAIS, QUE AINDA APRESENTA CERTA CONSERVAÇÃO. .................................. 147
FIGURA 54: ASPECTO DO LAGO FORMADO NO RIO MEIA PONTE LOCALIZADO NA AII, REGIÃO DENOMINADA
ROCHEDO, ONDE SE CONSTATA INTENSA DEGRADAÇÃO DA SUA APP. .............................................. 147
FIGURA 55: LEVANTAMENTO E LANÇAMENTO DE PARCELAS EM MATRIZES DE REMANESCENTES FLORESTAIS
E MEDIÇÃO DE CAP. ........................................................................................................................................ 150
FIGURA 56: DEMONSTRATIVO DA ESTRUTURA VERTICAL DAS ESPÉCIES COM CAP≥10CM - ÁREA 1 .................. 152
FIGURA 57: CURVA DO COLETOR PARA A ÁREA 1 ......................................................................................................... 152
FIGURA 58: PERFIL DA ÁREA 1 ........................................................................................................................................... 153
FIGURA 59: DEMONSTRATIVO DA ESTRUTURA VERTICAL DAS ESPÉCIES COM CAP≥10CM - ÁREA 2 .................. 155
FIGURA 60: CURVA DO COLETOR PARA A ÁREA 2 ......................................................................................................... 155
FIGURA 61: PERFIL DA ÁREA 2 ........................................................................................................................................... 156
FIGURA 62: DEMONSTRATIVO DA ESTRUTURA VERTICAL DAS ESPÉCIES COM CAP≥10CM - ÁREA 3. ................. 157
FIGURA 63: CURVA DO COLETOR PARA A ÁREA 3. ........................................................................................................ 158
FIGURA 64: PERFIL DA ÁREA 3 ........................................................................................................................................... 159
FIGURA 65: DEMONSTRATIVO DA ESTRUTURA VERTICAL DAS ESPÉCIES COM CAP≥10CM - ÁREA 04 ................ 161
FIGURA 66: CURVA DO COLETOR PARA A ÁREA 4. ........................................................................................................ 161
FIGURA 67: PERFIL DA ÁREA 4 ........................................................................................................................................... 162
FIGURA 68: DEMONSTRATIVO DA ESTRUTURA VERTICAL DAS ESPÉCIES COM CAP≥10CM - ÁREA 5 .................. 164
FIGURA 69: CURVA DO COLETOR PARA A ÁREA 5. ........................................................................................................ 164
FIGURA 70: PERFIL ÁREA 5 ................................................................................................................................................. 165
FIGURA 71: DEMONSTRATIVO DA ESTRUTURA VERTICAL DAS ESPÉCIES COM CAP≥10CM - ÁREA 6. ................. 167
FIGURA 72: CURVA DO COLETOR PARA A ÁREA 6. ........................................................................................................ 167
FIGURA 73: PERFIL DA ÁREA 6 ........................................................................................................................................... 168
FIGURA 74: DEMONSTRATIVO DA ESTRUTURA VERTICAL DAS ESPÉCIES COM CAP≥10CM ÁREA 7. ................... 170
FIGURA 75: CURVA DO COLETOR PARA A ÁREA 7. ........................................................................................................ 170
FIGURA 76: PERFIL DA ÁREA 7 ........................................................................................................................................... 171
FIGURA 77: ÍNDICE DE HETEROGENEIDADE E EQUITABILIDADE PARA A ESTRUTURA ESPACIAL DAS 7 ÁREAS
AMOSTRADAS. ................................................................................................................................................. 172
FIGURA 78: ANÁLISE DE AGRUPAMENTO (UPGMA) REALIZADA A PARTIR DA MATRIZ DOS COEFICIENTES DE
SIMILARIDADE PARA AS 7 ÁREAS DA FITOFISIONOMIA ANALISADA. .................................................... 173
FIGURA 79: LEPTODACTYLUS PODICIPINUS (RÃ-PINGO-D'ÁGUA) SE APRESENTOU BASTANTE ABUNDANTE
PELA GRANDE QUANTIDADE DE REGIÕES ALAGADAS OU SOLOS BASTANTE ÚMIDOS DENTRO DA
ÁREA DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO. .......................................................................................... 183
FIGURA 80: EUPEMPHIX NATERERI É UMA ESPÉCIE QUE APRESENTA COMPORTAMENTO DEIMÁTICO QUANDO
AMEAÇADO, EVIDENCIANDO 2 GRANDES OCELOS NA PARTE POSTERIOR DE SEU CORPO PARA
SIMULAR UM MAIOR PORTE FÍSICO. ............................................................................................................ 183
FIGURA 81: DESOVA DE HYPSIBOAS LUNDII NA FORMA DE OVOS GELATINOSOS QUE FICAM FLUTUANDO
SOBRE A ÁGUA. ............................................................................................................................................... 183
FIGURA 82: DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA DOS ANFÍBIOS ENCONTRADAS PARA CADA AMBIENTE NA ÁREA DE
INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO. ........................................................................................................... 184
FIGURA 83: DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA DOS RÉPTEIS ENCONTRADAS PARA CADA AMBIENTE NA ÁREA DE
INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO ............................................................................................................ 185
FIGURA 84: TAMANDUA TETRADACTYLA. O TAMANDUÁ MIRIM ASSUME FACILMENTE ESSA POSIÇÃO VERTICAL
QUANDO SE SENTE AMEAÇADO, ABRINDO OS BRAÇOS E EVIDENCIANDO SUAS UNHAS. ............... 188
FIGURA 85: FÊMEA DE MYRMECOPHAGA TRIDACTYLA CARREGANDO SEU FILHOTE NAS COSTAS DE FORMA A
PARECER UM PROLONGAMENTO DE SEU PRÓPRIO CORPO. ................................................................. 188
FIGURA 86: DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA DOS MAMÍFEROS ENCONTRADAS PARA CADA AMBIENTE NA ÁREA DE
INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO ............................................................................................................ 190
FIGURA 87: RIQUEZA DE ESPÉCIES ESPERADAS E ENCONTRADAS PARA REGIÃO POR TAXA. ............................ 191
FIGURA 88: RIQUEZA DE ESPÉCIES CATALOGADAS NAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DIRETA E INDIRETA. .............. 191
FIGURA 89: RIQUEZA DE ESPÉCIES POR GUILDAS ALIMENTARES. ............................................................................. 196
FIGURA 90: A INHUMA (ANHIMA CORNUTA) FOI ENCONTRADA NA AII E AIDDO EMPREENDIMENTO E TAMBÉM FOI
REGISTRADO UM CASAL COM SEU FILHOTE NA AII.................................................................................. 198
FIGURA 91: BEIJA-FLOR (GLAUCIS HIRSUTUS) CAPTURADO EM MATA FECHADA NA AII. ...................................... 198
DESTILARIA BOCAINA - EIA
12
FIGURA 92: FÊMEA DE PICA-PAU-ANÃO-ESCAMADO (PICUMNUS ALBOSQUAMATUS) CAPTURADA MOMENTOS
ANTES DE SEU PARCEIRO NA AII. ................................................................................................................ 198
FIGURA 93: MACHO DE PICA-PAU-ANÃO-ESCAMADO (PICUMNUS ALBOSQUAMATUS) APRESENTANDO
DIMORFISMO SEXUAL CARACTERIZADO PELA CRISTA ALARANJADA. ................................................ 198
FIGURA 94: ABUNDÂNCIA MÉDIA E FREQÜÊNCIA DOS INDIVÍDUOS AMOSTRADOS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA
DIRETA E INDIRETA – PIRACANJUBA - GOIÁS. A MAIOR ABUNDÂNCIA REGISTRADA FOI DE
HYMENOPTERA SENDO SEGUIDA PELA ABUNDÂNCIA DE DIPTERA E HEMYPTERA........................... 201
FIGURA 95: ABUNDÂNCIA MÉDIA E A FREQÜÊNCIA REGISTRADA NOS PONTOS PITFALL 1 E SHANNOM 1 NA
ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA (AID) E PONTOS PITFALL 2 E SHANNOM 2 NA ÁREA DE INFLUÊNCIA E
INDIRETA (AII) DA DESTILARIA BOCAINA, PIRACANJUBA – GOIÁS. ....................................................... 202
FIGURA 96: PONTO 1, CÓRREGO CACHOEIRA ................................................................................................................. 205
FIGURA 97: PONTO 2, CÓRREGO SÃO PEDRO ................................................................................................................. 205
FIGURA 98: PONTO 3, CÓRREGO DA PONTE FURADA .................................................................................................... 206
FIGURA 99: PONTO 4, RIBEIRÃO BOCAINA ....................................................................................................................... 206
2
FIGURA 100: ABUNDÂNCIA TOTAL (IND./M ) E RIQUEZA DA COMUNIDADE BENTÔNICA. ........................................... 208
2
FIGURA 101: ABUNDÂNCIA MÉDIA (IND./M ) E FREQUÊNCIA DOS TAXONS DA COMUNIDADE. ................................. 209
FIGURA 102: TOTAL DE TÁXONS REGISTRADOS NOS QUATRO AMBIENTES AMOSTRADOS. ................................... 212
FIGURA 103: COMPOSIÇÃO DE CLASSES PARA TODOS OS PONTOS ESTUDADOS. ................................................... 213
FIGURA 104: CONTRIBUIÇÃO DAS CLASSES DE PERIFITON NOS QUATRO PONTOS DE AMOSTRAGEM. ............... 213
FIGURA 105: 01 - EUNOTIA SUDETICA; 02 - GOMPHONEMA PARVULUM; 03 - FRAGILARIA CAPUCINA; 04 -
PINNULARIA GIBBA; 05 - SURIRELLA FASTUOSA; 06 - COSMARIUM GEMINATUM; 07 - STAURASTRUM
SP1. .................................................................................................................................................................... 214
FIGURA 106: CHARAX SP. EXEMPLAR CAPTURADO NA REGIÃO DE INUNDAÇÃO DO CÓRREGO PONTE FURADA
COM O RIO MEIA PONTE. POUCO SE CONHECE SOBRE A BIOLOGIA DESSE CHACARIDAE. ............. 217
FIGURA 107: HASEMANIA SP. EXEMPLAR DA FAMÍLIA CHARACIDAE QUE POUCO SE CONHECE SOBRE SUA
ECOLOGIA. ....................................................................................................................................................... 217
FIGURA 108: PYRRHULINA AUSTRALIS. ESPÉCIE ENCONTRADA NO CÓRREGO SÃO PEDRO PRÓXIMO A UMA
PEQUENA QUEDA D’ÁGUA. ............................................................................................................................ 217
FIGURA 109: CRENICICHLA HAROLDOI. O JACUNDÁ É UMA ESPÉCIE CARNÍVORA E BASTANTE VORAZ. ............. 217
FIGURA 110: ASTYANAX BIMACULATUS É UM REPRESENTANTE DOS LAMBARIS QUE POSSUI HÁBITO
GENERALISTA TENDO SUCESSO ADAPTATIVO A CONDIÇÕES AMBIENTAIS MAIS SEVERAS. .......... 218
FIGURA 111: CICHLA C.F OCELLARIS, ASSIM COMO OS OUTROS TUCUNARÉS RECEBE UMA GRANDE PRESSÃO
TANTO DA PESCA ESPORTIVA QUANTO DA PREDATÓRIA. .................................................................... 219
FIGURA 112: DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA POR TÁXON NAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO
DESTILARIA BOCAINA, PIRACANJUBA-GO. ................................................................................................ 227
FIGURA 113: CARIAMA CRISTATA. A SERIEMA É UMA ESPÉCIE BASTANTE COMUM NA REGIÃO SENDO ESTE
EXEMPLAR ENCONTRADO MORTO EM VIAS DE ACESSO NA AII............................................................. 229
FIGURA 114: NASUA NASUA, QUATI ENCONTRADO RECENTEMENTE MORTO NA GO-470 DENTRO DA ÁREA DE
INFLUÊNCIA DIRETA. ...................................................................................................................................... 229
FIGURA 115: MYRMECHOPHAGA TRIDACTYLA É UMA ESPÉCIE BASTANTE COMUM DE SER VISTA ATROPELADA
NAS RODOVIAS ESTADUAIS. ESSE TAMANDUÁ BANDEIRA FOI ENCONTRADO MORTO NA AII E É
UMA ESPÉCIE PRESENTE NA LISTA DOS ANIMAIS BRASILEIROS AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO. ....... 229
FIGURA 116: ANÁLISE DE AGRUPAMENTO (UPGMA) REALIZADA A PARTIR DA MATRIZ DOS COEFICIENTES DE
SIMILARIDADE PARA OS ANFÍBIOS PARA A REGIÃO ENTRE OS MUNICÍPIOS ITUMBIARA, CACHOEIRA
DOURADA, GOIATUBA, MORRINHOS, APA JOÃO LEITE E DESTILARIA BOCAINA. ............................... 231
FIGURA 117: ANÁLISE DE AGRUPAMENTO (UPGMA) REALIZADA A PARTIR DA MATRIZ DOS COEFICIENTES DE
SIMILARIDADE PARA OS RÉPTEIS PARA A REGIÃO ENTRE OS MUNICÍPIOS ITUMBIARA, CACHOEIRA
DOURADA, GOIATUBA, MORRINHOS, APA JOÃO LEITE E DESTILARIA BOCAINA. ............................... 232
FIGURA 118: ANÁLISE DE AGRUPAMENTO (UPGMA) REALIZADA A PARTIR DA MATRIZ DOS COEFICIENTES DE
SIMILARIDADE PARA AS AVES PARA A REGIÃO ENTRE OS MUNICÍPIOS ITUMBIARA, CACHOEIRA
DOURADA, GOIATUBA, MORRINHOS, APA JOÃO LEITE E DESTILARIA BOCAINA. ............................... 233
FIGURA 119: ANÁLISE DE AGRUPAMENTO (UPGMA) REALIZADA A PARTIR DA MATRIZ DOS COEFICIENTES DE
SIMILARIDADE PARA OS MAMÍFEROS PARA A REGIÃO ENTRE OS MUNICÍPIOS ITUMBIARA,
CACHOEIRA DOURADA, GOIATUBA, MORRINHOS, APA JOÃO LEITE E DESTILARIA BOCAINA. ........ 233
FIGURA 120: ANÁLISE DE AGRUPAMENTO (UPGMA) REALIZADA A PARTIR DA MATRIZ DOS COEFICIENTES DE
SIMILARIDADE PARA OS PEIXES NAS BACIAS QUE INTEGRAM OS MUNICÍPIOS ITUMBIARA,
CACHOEIRA DOURADA, GOIATUBA, MORRINHOS, APA JOÃO LEITE E DESTILARIA BOCAINA. ........ 234
FIGURA 121: LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE COLETA PARA QUALIDADE DE ÁGUA ................................................ 239
FIGURA 122: PRAÇA DO RELÓGIO ....................................................................................................................................... 249
FIGURA 123: TAXA DE URBANIZAÇÃO. ............................................................................................................................... 251
FIGURA 124: POPULAÇÃO RESIDENTE, POR UNIDADE DA FEDERAÇÃO DE NASCIMENTO (2000) ........................... 254
FIGURA 125: UTILIZAÇÃO DAS TERRAS EM PIRACANJUBA ............................................................................................ 255
FIGURA 126: FOTOINTERPRETAÇÃO DE USO DO SOLO................................................................................................... 256
FIGURA 127: IMÓVEIS RURAIS CADASTRADOS NO INCRA POR DIMENSÃO DO IMÓVEL 2003 ................................... 257
FIGURA 128: PERCENTUAL DE ÁREAS APROPRIADAS POR IMÓVEIS RURAIS CADASTRADOS NO INCRA POR
DIMENSÃO DO IMÓVEL - 2003 ........................................................................................................................ 257
FIGURA 129: VARIAÇÃO NOMINAL DO PIB.......................................................................................................................... 258
FIGURA 130: PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) POR SETOR DE ATIVIDADE 2004 ....................................................... 259
FIGURA 131: ÁREA PLANTADA POR TIPO DE LAVOURA TEMPORÁRIA ......................................................................... 260
FIGURA 132: HOSPITAL MUNICIPAL DE PIRACANJUBA.................................................................................................... 262
FIGURA 133: SEDE DA SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE EM PIRACANJUBA ......................................................... 263
FIGURA 134: SEDE DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO E ENTREVISTA COM O
SECRETÁRIO SR. CLAUDINEI DIVINO ALVES .............................................................................................. 264
FIGURA 135: FAP – FACULDADE DE PIRACANJUBA. ........................................................................................................ 264
FIGURA 136: PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS DE IDADE, ECONOMICAMENTE ATIVAS E OCUPADAS, POR
SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO - 2000. .................................................................................................................. 265
DESTILARIA BOCAINA - EIA
13
FIGURA 137: PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS EM PIRACANJUBA .......................................................................................... 267
FIGURA 138: ENTREVISTA COM O DELEGADO DE PIRACANJUBA SR. ESPAGNER WALLYSEN VAZ LEITE. ........... 267
FIGURA 139: CONSUMIDORES (N°) E CONSUMO (MVH) DE ENERGIA ELÉTRICA, POR TIPO DE CONSUMO EM
PIRACANJUBA ................................................................................................................................................. 270
FIGURA 140: ESCRITÓRIO DA CELG EM PIRACANJUBA ................................................................................................... 271
FIGURA 141: DOMICÍLIO PARTICULARES PERMANENTES POR CONDIÇÃO DE OCUPAÇÃO DE DOMICÍLIO EM
PIRACANJUBA NO ANO 2000. ........................................................................................................................ 271
FIGURA 142: AGÊNCIA DOS CORREIOS EM PIRACANJUBA ............................................................................................. 272
FIGURA 143: VIA DE ACESSO À CIDADE, JÁ NA MALHA URBANA. PAVIMENTAÇÃO EM PARALELEPÍPEDO. ......... 273
FIGURA 144: SEDE DA PREFEITURA MUNICIPAL PIRACANJUBA .................................................................................... 274
FIGURA 145: OCORRÊNCIA ARQUEOLÓGICA LÍTICO ........................................................................................................ 281
FIGURA 146: SE SIM, PORQUÊ? ............................................................................................................................................ 284
FIGURA 147: ASPECTOS CONSIDERADOS MAIS POSITIVOS DA IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO. ............... 284
FIGURA 148: ASPECTOS CONSIDERADOS MAIS NEGATIVOS DA IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO. ............. 285
FIGURA 149: ASPECTOS CONSIDERADOS MAIS POSITIVOS ........................................................................................... 288
FIGURA 150: ASPECTOS CONSIDERADOS MAIS NEGATIVOS.......................................................................................... 289
FIGURA 151: ENTREVISTAS COM O SARGENTO EDMILSON FERREIRA DE PAULA, POLÍCIA MILITAR, E COM O SR.
LINDOLFO NETO DA SILVA, PRESIDENTE DA CÂMARA DOS VEREADORES ......................................... 290
FIGURA 152: ENTREVISTA COM A SRA. DORISLENE LUIZA FERREIRA, PRESIDENTE DO SINDICATO DOS
TRABALHADORES RURAIS E COM O SR. ASTROGILDO GONÇALVES PEIXOTO, VICE-PRESIDENTE DA
COAPIL .............................................................................................................................................................. 291
FIGURA 153: ENTREVISTAS COM O DR. KELLER DIVINO BRANQUINHO ADORNO, PROMOTOR DE JUSTIÇA DE
PIRACANJUBA E COM O SR. ARTUR JOSÉ PEREIRA, SECRETÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO DE
PIRACANJUBA ................................................................................................................................................. 291
FIGURA 154: ENTREVISTAS COM O SR. FRANCISCO SEBASTIÃO FILHO, FAZENDA BOCAINA, E COM O SR.
JOAQUIM GOMES AMORIM, FAZENDA SÃO PEDRO................................................................................... 291
FIGURA 155: USINA HIDRELÉTRICA DE ROCHEDO(CELG) E DETALHE DO COMÉRCIO NO POVOADO DE ROCHEDO.
............................................................................................................................................................................ 293

QUADROS
QUADRO 01. FUNCIONÁRIOS NECESSÁRIOS PARA AS OPERAÇÕES AGRÍCOLAS, INDUSTRIAIS E
ADMINISTRATIVAS. ........................................................................................................................................... 22
QUADRO 02. FATORES AMBIENTAIS EM CADA ALTERNATIVA LOCACIONAL ................................................................ 25
QUADRO 03. EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO MUNDIAL DE ETANOL ...................................................................................... 30
QUADRO 04. CAPACIDADE DE PRODUÇÃO .......................................................................................................................... 31
QUADRO 05. PLANEJAMENTO DA LAVOURA, 2008-2018 .................................................................................................... 31
QUADRO 06. PRODUÇÃO AGRÍCOLA. 2008-2018.................................................................................................................. 33
QUADRO 07. COEFICIENTES TÉCNICOS DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL ............................................................................. 34
QUADRO 08. PROJEÇÕES DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL. 2011-2018 ................................................................................. 34
QUADRO 09. CONSTITUIÇÃO QUÍMICA MÉDIA DA VINHAÇA DE DIFERENTES MOSTOS ............................................... 43
QUADRO 10. PADRÕES DE QUALIDADE DO AR NO BRASIL. ............................................................................................. 62
QUADRO 11. ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS UTILIZADAS PARA A ÁREA DE INFLUÊNCIA. ........................................ 82
QUADRO 12. RELAÇÃO ORDEM DE GRANDEZA DAS FORMAS DE DISSECAÇÃO E APROFUNDAMENTO DA
DRENAGEM. ........................................................................................................................................................ 83
QUADRO 13. RELAÇÃO FORMAS/PARÂMETROS MORFOMÉTRICOS E VULNERABILIDADE DO RELEVO À EROSÃO.
.............................................................................................................................................................................. 83
QUADRO 14. CONVERSÃO DE ÍNDICES MORFOMÉTRICOS EM DECLIVIDADE. ............................................................... 84
QUADRO 15. INDICAÇÃO DOS PONTOS AMOSTRAIS NAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO ............. 86
QUADRO 16. ESCALA DO CRITÉRIO MAGNITUDE NA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS. ................................. 97
QUADRO 17. CRITÉRIOS DE QUANTI/QUALIFICAÇÃO DE MEDIDAS MITIGADORAS/OTIMIZADORAS. ......................... 98
QUADRO 18. DADOS METEOROLÓGICOS DA ESTAÇÃO GOIATUBA (1999/2007) .......................................................... 102
QUADRO 19. PRECIPITAÇÃO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA................................................................................. 105
QUADRO 20. ANOMALIAS PLUVIOMÉTRICAS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA. .................................................... 106
QUADRO 21. PRECIPITAÇÃO MÁXIMA EM 24 H NA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA. ................................................. 107
QUADRO 22. INTENSIDADE MÁXIMA DE CHUVAS NA REGIÃO (ACIMA DE 100 MM/DIA) .............................................. 107
QUADRO 23. NÚMERO DE DIAS DE CHUVA NA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA. ....................................................... 108
QUADRO 24. DIREÇÃO PREDOMINANTE DOS VENTOS EM GOIATUBA (1999/2001) ..................................................... 110
QUADRO 25. BALANÇO HÍDRICO EM MARZAGÃO. ............................................................................................................ 111
QUADRO 26. BALANÇO HÍDRICO PIRACANJUBA............................................................................................................... 112
QUADRO 27. BALANÇO HÍDRICO PIRES DO RIO ................................................................................................................ 112
QUADRO 28. PARÂMETROS HIGROMÉTRICOS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA. ................................................. 112
QUADRO 29. VULNERABILIDADE DO RELEVO À EROSÃO NA AII. .................................................................................. 129
QUADRO 30. VULNERABILIDADE DO RELEVO NA ÁREA DO ENTORNO. ....................................................................... 131
QUADRO 31. ESPÉCIES ARBUSTIVAS ARBÓREAS PRESENTES NOS REMANESCENTES DE CERRADO: ................ 143
QUADRO 32. ESPÉCIES ARBUSTIVAS-ARBÓREAS PRESENTES NOS REMANESCENTES DE CERRADÃO: ............. 144
QUADRO 33. ESPÉCIES ENCONTRADAS NOS FRAGMENTOS ISOLADOS DE RESERVA LEGAL (RL) ........................ 146
QUADRO 34. ESPÉCIES PRESENTES EM APPS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO .......................... 148
QUADRO 35. DEMONSTRATIVO DO LEVANTAMENTO DA ESTRUTURA/FITISSOCIOLÓGICO DA ÁREA 1. ................ 151
QUADRO 36. DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES NA PARCELA 10X10M NA ÁREA 1. .......................................................... 152
QUADRO 37. DEMONSTRATIVO DO LEVANTAMENTO DA ESTRUTURA/FITISSOCIOLÓGICO DA ÁREA 2. ................ 154
QUADRO 38. DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES NA PARCELA 10X10M NA ÁREA 2. .......................................................... 155
QUADRO 39. DEMONSTRATIVO DO LEVANTAMENTO DA ESTRUTURA/FITISSOCIOLÓGICO DA ÁREA 3. ................ 157
QUADRO 40. DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES NA PARCELA 10X10M NA ÁREA 3. .......................................................... 158
QUADRO 41. DEMONSTRATIVO DO LEVANTAMENTO DA ESTRUTURA/FITISSOCIOLÓGICO DA ÁREA 4. ................ 160
QUADRO 42. DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES NA PARCELA 10X10M NA ÁREA 4. .......................................................... 161

DESTILARIA BOCAINA - EIA


14
QUADRO 43. DEMONSTRATIVO DO LEVANTAMENTO DA ESTRUTURA/FITISSOCIOLÓGICO DA ÁREA 5 ................. 163
QUADRO 44. DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES NA PARCELA 10X10M NA ÁREA 5. .......................................................... 164
QUADRO 45. DEMONSTRATIVO DO LEVANTAMENTO DA ESTRUTURA/FITISSOCIOLÓGICO DA ÁREA 6 ................. 166
QUADRO 46. DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES NA PARCELA 10X10M NA ÁREA 6. .......................................................... 167
QUADRO 47. DEMONSTRATIVO DO LEVANTAMENTO DA ESTRUTURA/FITISSOCIOLÓGICO DA ÁREA 7 ................. 169
QUADRO 48. DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES NA PARCELA 10X10M NA ÁREA 7. .......................................................... 170
QUADRO 49. ÍNDICE DE HETEROGENEIDADE E EQUITABILIDADE PARA A ESTRUTURA ESPACIAL DAS 7 ÁREAS
AMOSTRADAS: ................................................................................................................................................. 172
QUADRO 50. ÍNDICES DE DIVERSIDADE Β (SIMILARIDADE DE SORENSEN) ENTRE AS 07 FITOFISIONOMIAS
ANALISADAS. ................................................................................................................................................... 173
QUADRO 51. CARACTERIZAÇÃO DO HABITAT DAS 7 ÁREAS AMOSTRADAS: ............................................................. 174
QUADRO 52. ANFÍBIOS IDENTIFICADOS NA AID E AII DA DESTILARIA BOCAINA, PIRACANJUBA-GO. ..................... 182
QUADRO 53. RÉPTEIS IDENTIFICADOS NA AID E AII DA DESTILARIA BOCAINA, PIRACANJUBA-GO. ...................... 182
QUADRO 54. MAMÍFEROS IDENTIFICADOS PARA A DESTILARIA BOCAINA, PIRACANJUBA-GO. .............................. 187
QUADRO 55. AVES IDENTIFICADOS PARA A DESTILARIA BOCAINA, PIRACANJUBA-GO. .......................................... 192
QUADRO 56. COMUNIDADE DE INVERTEBRADOS DE IMPORTÂNCIA AGRÍCOLA AMOSTRADOS NA ÁREA DE
INFLUENCIA DA DESTILARIA BOCAINA, PIRACANJUBA-GO. ................................................................... 202
2
QUADRO 57. COMUNIDADE DE INVERTEBRADOS BENTÔNICOS (IND./M ) ENCONTRADA EM MANANCIAIS NA ÁREA
DE INFLUÊNCIA DA DESTILARIA BOCAINA, PIRACANJUBA-GO. ............................................................. 206
QUADRO 58. COMUNIDADE DE PERIFITON ENCONTRADA NOS CURSOS D’ÁGUA AMOSTRADOS NA ÁREA DE
INFLUÊNCIA DA DESTILARIA BOCAINA, PIRACANJUBA - GO. ................................................................. 214
QUADRO 59. PEIXES IDENTIFICADOS PARA A DESTILARIA BOCAINA, PIRACANJUBA-GO. ....................................... 216
QUADRO 60. LISTA DE MAMÍFEROS AMEAÇADOS DO CERRADO NO ESTADO DE GOIÁS. ........................................ 221
QUADRO 61. LISTA DE AVES AMEAÇADAS DO CERRADO NO ESTADO DE GOIÁS. ..................................................... 221
QUADRO 62. INVERTEBRADOS TERRESTRES AMEAÇADOS DO CERRADO NO ESTADO DE GOIÁS. ....................... 222
QUADRO 63. LISTA DE PEIXES AMEAÇADOS DA BACIA DO RIO PARANÁ NO ESTADO DE GOIÁS. .......................... 222
QUADRO 64. VALORES DE IMPORTÂNCIA E MÉDIA PARA ANÁLISE DOS AMBIENTES AMOSTRADOS. ................... 226
QUADRO 65. ÍNDICES DE DIVERSIDADE Β DE JACCARD* E SORENSEN** PARA ANFÍBIOS ENTRE A REGIÃO DE
ESTUDO DO MÉDIO PARANAÍBA/ALTO PARANÁ ENTRE OS MUNICÍPIOS ITUMBIARA, CACHOEIRA
DOURADA, GOIATUBA, MORRINHOS, APA JOÃO LEITE E USINA BOCAINA. ......................................... 231
QUADRO 66. ÍNDICES DE DIVERSIDADE Β DE JACCARD* E SORENSEN** PARA OS RÉPTEIS ENTRE A REGIÃO DE
ESTUDO DO MÉDIO PARANAÍBA/ALTO PARANÁ ENTRE OS MUNICÍPIOS ITUMBIARA, CACHOEIRA
DOURADA, GOIATUBA, MORRINHOS, APA JOÃO LEITE E DESTILARIA BOCAINA. ............................... 232
QUADRO 67. ÍNDICES DE DIVERSIDADE Β DE JACCARD* E SORENSEN** PARA AS AVES ENTRE A REGIÃO DE
ESTUDO DO MÉDIO PARANAÍBA/ALTO PARANÁ ENTRE OS MUNICÍPIOS ITUMBIARA, CACHOEIRA
DOURADA, GOIATUBA, MORRINHOS, APA JOÃO LEITE E DESTILARIA BOCAINA. ............................... 232
QUADRO 68. ÍNDICES DE DIVERSIDADE Β DE JACCARD* E SORENSEN** PARA OS MAMÍFEROS ENTRE A REGIÃO
DE ESTUDO DO MÉDIO PARANAÍBA/ALTO PARANÁ ENTRE OS MUNICÍPIOS ITUMBIARA, CACHOEIRA
DOURADA, GOIATUBA, MORRINHOS, APA JOÃO LEITE E DESTILARIA BOCAINA. ............................... 233
QUADRO 69. ÍNDICES DE DIVERSIDADE Β DE JACCARD* E SORENSEN** PARA OS PEIXES ENTRE A REGIÃO DE
ESTUDO DO MÉDIO PARANAÍBA/ALTO PARANÁ ENTRE OS MUNICÍPIOS ITUMBIARA, CACHOEIRA
DOURADA, GOIATUBA, MORRINHOS, APA JOÃO LEITE E DESTILARIA BOCAINA. ............................... 234
QUADRO 70. PORCENTAGENS POR TÁXON DE VERTEBRADOS PARA CADA SENSIBILIDADE ................................. 236
QUADRO 71. LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE COLETA ................................................................................................... 238
QUADRO 72. VALORES MÁXIMOS PERMITIDOS (VMP) PARA RIOS CLASSE II .............................................................. 238
QUADRO 73. VALORES AFERIDOS PARA PH ...................................................................................................................... 241
QUADRO 74. VALORES ENCONTRADOS PARA SÓLIDOS DISSOLVIDOS ....................................................................... 241
QUADRO 75. VALORES ENCONTRADOS PARA TURBIDEZ ............................................................................................... 242
QUADRO 76. VALORES ENCONTRADOS PARA OD ............................................................................................................ 244
QUADRO 77. VALORES ENCONTRADOS PARA DBO ......................................................................................................... 245
QUADRO 78. VALORES ENCONTRADOS PARA CONDUTIVIDADE ................................................................................... 246
QUADRO 79. VALORES ENCONTRADOS PARA COLIFORMES ......................................................................................... 247
QUADRO 80. INDICADORES DEMOGRÁFICOS .................................................................................................................... 253
QUADRO 81. CONDIÇÃO DO PRODUTOR EM PIRACANJUBA. .......................................................................................... 254
QUADRO 82. DADOS BÁSICOS DE EDUCAÇÃO EM PIRACANJUBA ................................................................................ 263
QUADRO 83. FLUTUAÇÃO DO EMPREGO FORMAL EM PIRACANJUBA .......................................................................... 265
QUADRO 84. SALÁRIO MÉDIO DE ADMISSÃO EM PIRACANJUBA - JANEIRO A SETEMBRO DE 2007. ....................... 266
QUADRO 85. INDICADORES DE VULNERABILIDADE FAMILIAR EM PIRACANJUBA. .................................................... 270
QUADRO 86. DOMICÍLIOS URBANOS COM ÁGUA ENCANADA E COLETA DE LIXO EM PIRACANJUBA. ................... 272
QUADRO 87. IMPACTOS DA IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DE ATIVIDADES AGRÍCOLAS E DIRETRIZES AMBIENTAIS
PROPOSTAS. .................................................................................................................................................... 340
QUADRO 88. ESPÉCIES ULTILIZADAS PARA REFLORESTAMENTO EM FRAGMENTOS DE RL: .................................. 366
QUADRO 89. ESPÉCIES DA MATA CILIAR INDICADAS PARA REFLORESTAMENTO EM APP: ..................................... 367
QUADRO 90. CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DOS PROGRAMAS AMBIENTAIS ...................................................... 377

DESTILARIA BOCAINA - EIA


15
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AGEPEL Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira
AID Área de Influência Direta
AII Área de Influência Indireta
ANA Agência Nacional de Águas
ANP Agência Nacional de Petróleo
APP Área de Proteção Permanente
CELG Centrais Elétricas de Goiás
CEMAm Conselho Estadual do Meio Ambiente
CINAL Comissão Interministerial do Álcool
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito
CPRM Centro de Pesquisas em Recursos Minerais
CREA Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura
DNM Departamento Nacional de Meteorologia
DNPM Departamento Nacional de Pesquisa Mineral
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPC Equipamento de Proteção Coletiva
EPI Equipamento de Proteção Individual
ETA Estação de Tratamento de Água
ETE Estação de Tratamento de Efluentes
EVABAT Melhor Tecnologia Disponível Economicamente Viável ou Economically Viable Best Avaliable
Technology
FEMA Fundo Estadual do Meio Ambiente
GO Goiás
GPS Global Positioning System
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
INCRA Instituto Brasileiro de Colonização e Reforma Agrária
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural Nacional
MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
MINTER Ministério do Interior
NBR Norma Técnica Brasileira
NR Norma Regulamentar
ONG Organização Não-Governamental
PLANOESTE Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável da Região Centro-Oeste
PPA Plano Plurianual
PRODUZIR Programa de Desenvolvimento Industrial de Goiás,
PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
PRONAR Programa Nacional de Qualidade do Ar
PVLT Procura Visual Limitada por Tempo
RCE Redução Certificada de Emissão
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
RL Reserva Legal
RSS Resíduo de Serviço de Saúde
SANEAGO Saneamento do Estado de Goiás
SEAGO Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
SEPLAN Secretaria Estadual de Planejamento
SEUC Sistema Estadual de Unidades de Conservação
SGM Superintendência Goiana de Mineração
SIMEGO Sistema de Meteorologia do Estado de Goiás
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SUS Sistema Único de Saúde
THC Toneladas de Cana-de-açúcar por hora
THD Toneladas de Cana-de-açúcar por dia
UTM Universal Transversa de Mercator

DESTILARIA BOCAINA - EIA


16
1. APRESENTAÇÃO

Os proprietários da fazenda Bocaina no município de Piracanjuba – GO, visando dar uma


maior rentabilidade para as suas terras e aproveitando o momento de expansão da
demanda do etanol, juntaram-se a outos empresários e fundaram a Destilaria Bocaina Ltda
com sede e domicílio no km 16 da rodovia Piracanjuba – Rochedo (GO-470), Estado de
Goiás.

O objetivo da sociedade é a implantação de uma unidade industrial para produção e


comercialização de álcool e energia elétrica através da cogeração. A destilaria terá
capacidade de moer 2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e tem previsão de operação
em 2011 e produzirá 180 milhões de litros/ano de etanol a partir de 2017.

A indústria brasileira de etanol passa por um período de crescimento acentuado devido a


diversos fatores positivos, como o grande sucesso de combustíveis flex-fuel no Brasil e o
crescimento da adoção do etanol como combustível em diversos países. Os altos preços do
petróleo, a flexibilização das restrições comerciais internacionais e as considerações
ambientais têm possibilitado a transformação do etanol em um dos combustíveis de maior
destaque e perspectiva de crescimento a curto e médio prazo. Simultaneamente, as
condições climáticas vantajosas e o grande aumento da produtividade possibilitado por
inovações tecnológicas fazem do Brasil o país produtor de etanol com mais baixo custo.

A área prevista para a cultura da cana-de-açúcar chegará a 30 mil hectares com utilização
máxima da capacidade, atualmente dedicada à pecuária extensiva e agricultura de arroz e
milho.

‘Visando o licenciamento ambiental da Destilaria Bocaina Ltda, no município de Piracanjuba,


a empresa contratou a DBO Engenharia Ltda. para elaboração do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA.

O EIA/RIMA, ora apresentado, atendeu a resolução CONAMA 001/86 e as recomendações


técnicas da Agência Ambiental de Goiás e foi elaborado por uma equipe de consultores
independentes.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


17
2. FICHA TÉCNICA

2.1. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR

Razão Social: DESTILARIA BOCAINA LTDA.

Endereço: Fazenda Bocaina – Zona Rural - Município de Piracanjuba – GO.

CEP:75.640-000

CNPJ: 08.934.211/0001-03

Contato: Francisco José Naves Blumenschein

Fone: (062) 3281-6655

2.2. ÓRGÃO AMBIENTAL LICENCIADOR

Agência Goiana do Meio Ambiente - AGÊNCIA AMBIENTAL DE GOIÁS

Endereço: 11ª Avenida, 1.272 - Setor Universitário - CEP: 74.605-060 - Goiânia-GO

Fones: (062)3265-1300 / 3265-1317 Fax: (062) 3202-24-80

Home page: www.agenciaambiental.go.gov.br

Diretor Presidente: Dr. Evangevaldo Moreira dos Santos

Diretor de Controle da Qualidade Ambiental: Dr. Roberto Gonçalves Freire

2.3. EMPRESA E EQUIPE EXECUTORA DO EIA/RIMA

DBO ENGENHARIA LTDA.

Endereço: Al. Ricardo Paranhos, 1350 - Setor Marista - CEP 74.180-050 - Goiânia - Goiás

Fone/Fax: (062)3281-6655

Email: dboengenharia@dboengenharia.com.br

Diretor: Eng.º Nelson Siqueira Júnior

DESTILARIA BOCAINA - EIA


18
Quadro 01: Equipe Técnica Responsável pela Elaboração do EIA/RIMA
CONSULTOR FORMAÇÃO CONSELHO ASSINATURA

Engenheiro Mecânico
Nelson Siqueira Júnior CREA 4196/D
e de Segurança

Tecnólogo em
Jadson de Araújo Pires CREA 5430/D
Saneamento Ambiental

Rubens Losada de Menezes Advogado OAB /GO 20768

Ataualpa Nasciutti Veloso Engenheiro Civil CREA 2933/D

Tecnóloga em
Marina de A. C. Bicalho CREA 12781/D
Saneamento Ambiental

Itamar Luiz M. Sachetto Geólogo CREA 2304 /D

Valter Casseti Geógrafo CREA 7305/D

Ariston Alves Afonso Engenheiro Agrônomo CREA 5059/DDF

Alfredo Palau Peña Biólogo CRBio 16034/4D

Luciano Mateus Passos Biólogo CRBio 37190/4-D

Carolina B. Piva Bióloga CRBio 30696/4-D

Nilton Carlos do Vale Biólogo CRBio 30288/4-D

Patrick Grandsire Biólogo CRBio 57111/4-D

Vivianne C. Novais Soares Biólogo CRBio 49807/4-D

Tecnólogo em
Renato Pedrosa CREA 5301/D
Saneamento Ambiental

Alan Francisco de Carvalho Sociólogo DRT-RJ 386

Márcio Antônio Telles Arqueólogo -

Wladisleny D. A. Silveira Assistente Social CRESS 3041

DESTILARIA BOCAINA - EIA


19
3. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

3.1. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E ACESSO

O empreendimento localiza-se na zona rural do município de Piracanjuba, na fazenda


Bocaina, sub-bacia do córrego Bocaininha, afluente do rio Meia Ponte, todos da bacia do
Paranaíba. O acesso se dá pela rodovia GO-147 mais ou menos 06 km após o núcleo
urbano de Piracanjuba, no sentido de Morrinhos, quando se toma à direita na GO-470 em
direção ao povoado de Rochedo por mais 16 km e, tomando-se a esquerda chega-se ao
local da futura indústria, em área próxima a essa via. Figura 01.

3.2. OBJETIVO DO EMPREENDIMENTO

O objetivo do empreendimento Destilaria Bocaina é cultivar, colher e processar cana-de-


açúcar, produzindo etanol e energia elétrica co-gerada. Em 2017 a destilaria deverá
processar 2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e produzir e comercializar 170 a 180
milhões de litros de etanol.

3.3. CRONOGRAMA GERAL DO EMPREENDIMENTO

O cronograma prevê o início do cultivo dos viveiros em 2008, com produção industrializável
a partir de 2011, chegando a seu patamar máximo em 2015. A implantação da destilaria se
dará a partir de 2009, estando concluída em 2011.

3.4. RECURSOS HUMANOS

As atividades agrícolas, industriais e administrativas envolverão um total de 1.413 (um mil


quatrocentos e treze) funcionários sendo 203 na área administrativa e indústrial e 1.210 nas
atividades agrícolas. O Quadro 01, mostrado a seguir, discrimina os diversos cargos com os
seus quantitativos.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


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TÍTULO: FIGURA:
MAPA DE LOCALIZAÇÃO 01
Quadro 01. Funcionários necessários para as operações agrícolas, industriais e
administrativas.
Mão de Obra Industrial e Administrativa (Fixa)
Operacional
Semi-Qualificadas 9
Qualificadas 43
Técnicos 48
Eng. Mecânico 1
Eng. Eletricista 1
Químico / Laboratório 1
Processos 1
Não Operacional
Diretor Superintendente 1
Gerente Industrial 1
Gerente Administrativo 1
Chefes 4
RH 4
Chefe Admnistrativo 1
Funcionários 18
Mão de Obra Industrial Variável
Extração/Tratamento do Caldo
Semi-Qualificadas 63
Destilaria
Semi-Qualificadas 6
Mão de Obra Agrícola
Operador de Máquina 200
Homem de Campo 1000
Supervisor 5
Gerente 5
TOTAL 1.413

3.5. JUSTIFICATIVAS TECNOLÓGICAS

Atualmente, as indústrias do setor sucroalcooleiro contam com equipamentos modernos e


automatizados, os quais aumentam o rendimento industrial e consequentemente a eficiência
da produção de álcool, açúcar e energia elétrica.

Pralelamente a esse avanço na modernização industrial apresentam-se ainda as novas


tecnologias agrícolas, pesquisas de variedades de cana-de-açúcar e equipamentos que
oferecem maior rentabilidade agrícola e menor custo relativo à cultura de cana-de-açúcar.

Atualmente, um dos principais aspectos relativos ao crescimento tecnológico do setor está


na engenharia e na automação, bem como nos trabalhos agronômicos desenvolvidos em
busca de variedades de cana-de-açúcar de alta produtividade (teor de sacarose elevado) e
resistentes às doenças e intempéries climáticas. Vale ressaltar ainda os elevados
investimentos na mecanização da colheita, o que otimiza este processo, melhora as
condições do solo e evita-se, em parte, a queima dos canaviais.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


22
O projeto da Destilaria Bocaina, elaborado pela DEDINI S.A., em regime Turn Key, possui
os seguintes benefícios para implantação de uma usina de produção de etanol:

• Otimização do Processo com mínimo custo operacional;


• Padronização dos equipamentos de processo;
• Tecnologias de última geração dos equipamentos;
• Corpo técnico com alta capacitação tecnológica;
• Sistemas integrados desde a entrada da cana até a saída do etanol;
• Garantia de fornecimento de peças de reposição;
• Assistência Técnica 24 horas;
• Garantia de cumprimento do prazo do cronograma de instalação;
• Mínimo investimento com alta taxa de retorno do capital.

3.6. JUSTIFICATIVAS LOCACIONAIS

A localização de uma indústria canavieira deve obedecer a critérios considerados básicos e


de extrema relevância, tais como:

• Presença de área agrícola disponível para a cultura de cana-de-açúcar passível de


atender às necessidades imediatas e também futuras;

• Existência de sistema viário em condições de atender às exigências de transporte;

• Estar inserida em área de aptidão climática, boas condições hídricas, (com regime
de estações bem definidas ao longo do ano) e edáficas (terras com limitações
simples para a cultura da cana, relevo variando de plano a ondulado e apto à
mecanização);

• Região propícia aos agro-negócios do setor sucroalcooleiro (comercialização de


insumos industriais, implementos agrícolas, etc);

• Situar-se distante de aglomerados populacionais, evitando-se ao máximo o


incômodo à população, porém, de forma a facilitar o transporte dos funcionários.

• Distância de empreendimentos similares, conforme Figura 02 (RESOLUÇÃO Nº


215/2007-CD/PRODUZIR).

Além dos critérios já descritos, a escolha do local para implantação do empreendimento, na


Fazenda Bocaina, é fruto de um estudo minucioso sobre a região, onde foram considerados
todos os fatores técnicos, mercadológicos e ambientais, mais relevantes.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


23
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Fonte: Usinas Sucro-alcooleiras - AGMA (adaptado)
Escala 1:800000 Limite Municipal, perímetro urbano e UHE'S - SIEG
Destilaria Bocaina Usinas Sucro-alcooleiras Usinas Hidrelétricas Malha Viária e Hidrografia - AGETOP

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Funcionamento
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T Inventario Aprovado Datum SAD 69 Fuso 22 MC -51
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Malha Viária
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DESTILARIA BOCAINA
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Planejada
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Ferrovia
Duto ð Licença Prévia
Hidrografia
Perímetro Urbano ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA
TÍTULO FIGURA
A3 LOCALIZAÇÃO COM RELAÇÃO A EMPREENDIMENTOS SIMILARES 02
Após a escolha regional foram estudadas três alternativas locacionais para o
empreendimento. A análise dessas três alternativas está apresentada a seguir, sendo que a
alternativa de não implantação também foi considerada.

3.6.1. Estudo de Alternativas

A Alternativa 1 localiza-se na margem direita da GO-470, 05 km após o entroncamento com


a GO-147, no sentido do povoado do Rochedo, tendo como epicentro aproximado as
coordenadas 17°20’20” S e 49°06’20” W.

A Alternativa 2 está localizada na margem esquerda da mesma rodovia, distante da GO-174


7,5 km, tendo como epicentro aproximado as coordenadas 17°21’56” S e 49°07’01” W.

A Alternativa 3 está localizada na margem direita da mesma rodovia (GO-470)10,5 km após


o entroncamento com a rodovia GO-174, e tem como epicentro aproximado as coordenadas
17°21’37” S e 49°08’41” W. Figura 03.

A consideração das alternativas locacionais pela equipe técnica levou em conta os fatores
ambientais físicos, bióticos e sócio-econômicos descritos no Quadro 02. Para cada fator
considerado foi dada uma nota de 1 a 5, conforme as condições das áreas estudadas, para
no final estabelecer uma média que determinasse a escolha da melhor área.

Quadro 02. Fatores ambientais em cada alternativa locacional


Nº Fator ambiental Alternativa 1 Alternativa 2 Alternativa 3
01 Acesso e transporte para produtos e colaboradores 5 4 3
02 Geotecnia do solo 3 5 4
03 Declividade mais favorável à irrigação por gravidade 3 4 3
Volume de áreas a serem beneficiadas com a
04 3 5 3
fertirrigação
05 Fatores limitantes à expansão 3 4 3
06 Uso predominante do solo 4 5 5
07 Distância de aglomerados urbanos 3 4 4
08 Distância de mananciais potencialmente viáveis 4 5 4
09 Distância de linha de transmissão 5 5 5
10 Distância de empreendimentos similares 5 5 5
MÉDIA 3,8 4,6 4,3

O Quadro 03 apontou vantagens da Alternativa 2 em relação às Alternativas 1 e 3 para os


fatores ambientais analisados, como mostrado a seguir.

O acesso à unidade industrial é mais fácil para a Alternativa 1 pois as Alternativas 2 e 3


estão mais distantes em rodovia não pavimentada, sendo assim, a Alternativa 1 que oferece
melhores condições de acesso para os colaboradores. Tal facilidade atinge também
fornecedores de insumos e distribuidores de produtos.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
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Escala 1:100000 N
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Fonte: Mosaico de Imagens de Satélite CBERS 2


Sensor CCD 12 de julho de 2007
DESTILARIA BOCAINA
SAD 69 Fuso 22 MC -51
Sistema de Coordenadas UTM ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA
Malha Viária e Hidrografia - AGETOP (adaptadas) TÍTULO FIGURA
A4 ALTERNATIVAS LOCACIONAIS PARA O EMPREENDIMENTO 03
Em relação às demandas geotécnicas do solo na AID a Alternativa 2 apresenta melhores
condições impostas pelo relevo mais plano, muito embora todas ofereçam bom suporte para
o empreendimento.

Em relação à distância de núcleos urbanos a pontuação é favorável a Alternativa 3, é a que


está mais distante, cerca de 12 km de Piracanjuba, e as alternativas 1 e 2 localizam-se a 05
e 7,5 km, respectivamente.

Quanto a declividade, a localização é mais favorável a irrigação por gravidade para a


Alternativa 2 pelo relevo mais plano e distância menor de manancial viável para
abastecimento. Essas características beneficiaram mais a Alternativa 2 tanto no aspecto de
declividade para irrigação, como também, em relação ao volume de áreas com possibilidade
de fertirrigação e, ainda, nas fatores limitantes a expansão.

O uso do solo na AII do entorno das três alternativas sugere possibilidade de implantação
imediata de lavouras, em face da estrutura já implantada na região.

Os fatores físicos de declividade e proximidade de outros cursos d’água nas Alternativas 1 e


3 sugerem maior propensão a impactos ambientais em sua conversão para área industrial.
Há declividade maior nas Alternativas 1 e 3, o que aponta maior vulnerabilidade do relevo
em relação a Alternativa 2, considerando que seus solos são de mesma classe.

Em relação aos dois últimos fatores, distância de linhas de transmissão e de


empreendimentos similares, as três alternativas tiveram notas bastante semelhantes sendo
que a Alternativa 3 teve pequena vantagem, por estar mais afastada do núcleo urbano.

A alternativa zero, correspondente à não-implantação do empreendimento, não implica em


alterações nas pressões sobre os fatores bióticos da região, em face das condições de uso
do solo e dos fatores ambientais analisados. Há presença de pastagens degradadas na
região, cuja conversão em áreas agrícolas concorreria à melhoria das condições físico-
químicas do solo. A tendência de predomínio da atividade agrícola se manterá, perder-se-á,
entretanto, a possibilidade de modernização das relações de trabalho e o potencial de
geração de emprego e renda decorrentes da atividade industrial, com possíveis efeitos
negativos para o município.

A previsão de co-geração de energia elétrica a partir de um sub-produto industrial coloca a


região em situação confortável no que tange ao suprimento energético, o que poderá apoiar
o interesse de outros empreendimentos por uma eventual instalação na região. Isto posto, a
análise de alternativas locacionais levou à decisão pela realização do empreendimento na
alternativa locacional correspondente a Alternativa 2, especificamente na Fazenda Bocaina,
de propriedade da empresa.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
27
3.7. DESCRIÇÃO DOS PRODUTOS

De início a Destilaria Bocaina produzirá álcool hidratado e energia, podendo ser expandida
no futuro para produção e comercialização de álcool anidro e açúcar.

3.7.1. Álcool (Etanol)

O etanol é normalmente utilizado como combustível (hidratado), como aditivo à gasolina (anidro)
e em aplicações industriais. A Destilaria Bocaina produzirá inicialmente álcool hidratado, devido
à sua maior liquidez no mercado e maior simplicidade no processo produtivo. Posteriormente a
destilaria poderá ser expandida para também produzir álcool anidro e no futuro açúcar.

3.7.2. Energia Elétrica (Co-geração)

A destilaria será energeticamente auto-suficiente, sendo capaz de produzir a energia elétrica


necessária para seu funcionamento a partir da própria matéria-prima. O processo de co-
geração utilizado envolve a utilização do bagaço de cana – o resíduo fibroso decorrente da
moagem – como combustível (biomassa) de um gerador termoelétrico. A energia excedente,
produzida além das necessidades do processo industrial, será vendida ao mercado
consumidor. A Destilaria Bocaina projeta produção de 600 mil toneladas de bagaço a partir
do ano de 2015, permitindo a venda de 160 GWh de energia elétrica por ano.

3.8. MODELO DE NEGÓCIOS E COMPETITIVIDADE

O modelo de negócios adotado envolve a produção de commodities (etanol e açúcar) de


forma competitiva e econômica.

Os produtos serão vendidos a distribuidores locais e nacionais. A Destilaria Bocaina espera


vender sua produção integral no Estado de Goiás.

A Destilaria Bocaina será altamente competitiva devido às seguintes vantagens:

• Preço de arrendamento da terra;


• Transporte do álcool facilitado pelo acesso ao futuro álcoolduto Petrobras;
• Expansibilidade da área de cultivo, com a introdução de economias de escala;
• Não há competição por fatores de produção (mão-de-obra e terra);
• Recursos hídricos;
• Know-how.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


28
3.9. O MERCADO DE ETANOL

3.9.1. Mercado Brasileiro

O mercado doméstico é responsável pelo consumo de 80% da produção brasileira de


etanol. Na década de 1970, o Brasil importava a maior parte do combustível fóssil que
consumia; as crises do petróleo da década de 1970 levaram à introdução do Programa Pró-
Álcool, com o objetivo de reduzir a dependência nacional destes produtos. Na década de
1980, boa parte dos automóveis brasileiros já utilizava o álcool como único combustível.

Na década de 1990, a gasolina voltou a ter vantagem competitiva sobre o àlcool no Brasil.
Isto levou a uma grande crise na indústria sucro-alcooleira nacional, cuja solução foi a
imposição de uma proporção mínima de etanol na gasolina comercializada. Este percentual
serve como ferramenta de controle de preços pelo governo. Com o novo aumento das
cotações de petróleo, no início da década de 2000, o uso do álcool como combustível mais
uma vez se tornou vantajoso. Em março de 2003 a indústria automobilística brasileira
passou a comercializar carros flex fuel, que podem ser abastecidos com álcool e gasolina. O
sucesso deste tipo de automóvel foi tal que já em 2005 foram vendidos mais carros flex fuel
que carros a gasolina.

Vale notar que a indústria sucro-alcooleira do país ainda é bastante fragmentada. Os dez
maiores players do país respondem por apenas 25% da produção total. Isto significa que
ainda há muito espaço para aquisições e consolidação.

3.9.2. Mercado Mundial

O etanol atualmente representa 23% do mercado mundial de combustíveis exceto diesel e


gasolina. Pode-se prever para os próximos anos um crescimento significativo da demanda
por biocombustíveis – não somente o etanol, como também o biodiesel e outros – devido a
considerações de redução das emissões de carbono, como também de segurança
energética. Adicionalmente, no futuro, o etanol pode vir a ser uma fonte viável de hidrogênio
para células de combustível, que têm como vantagem adicional a absorção de carbono e
consequentes benefícios ambientais.

O Brasil é o único país do mundo que tem uma fração considerável de sua frota de
automóveis movida a álcool. No entanto, o etanol é utilizado como componente na mistura
da gasolina em diversos outros países, em porcentagens que vão até 20%. Estima-se que
hoje o etanol represente 2,6% do market share mundial da gasolina.

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A produção mundial de etanol foi de 49 bilhões de litros em 2006, frente a 28 bilhões de
litros em 2000. As projeções são de que este volume cresça a 80 bilhões de litros até 2012.

Quadro 03. Evolução da produção mundial de etanol


Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Produção (bilhões de litros) 28,1 29,9 32,7 37,8 40,8 ~44 ~49

Em 2006, os EUA foram pela primeira vez os maiores produtores de etanol, tendo sido
responsável por 46% da produção mundial. Esse crescimento é devido a programas
voltados à redução das emissões de poluentes naquele país. O Brasil, antigo líder na
produção, foi responsável por 40% da oferta mundial. 60% do etanol produzido no mundo
todo é oriundo da cana de açúcar.

Os EUA também são o maior consumidor de etanol no mundo. Nos EUA o etanol é
principalmente utilizado como aditivo. O mercado americano apresentará déficit de 1,4 a 1,6
bilhões de galões em 2007, e este déficit deve continuar a crescer nos próximos anos, o
governo dos EUA tem reafirmado seu apoio a combustíveis alternativos, e nos próximos
anos a proporção máxima de álcool permitida na mistura de gasolina deve aumentar dos
anteriores 4% para 10%.

A produção americana não deve ser capaz de crescer para acompanhar essa demanda, e
em algum momento deve ocorrer uma redução das tarifas de importação do etanol. Na
União Européia, deve também ocorrer redução dos subsídios agrícolas, facilitando a entrada
de etanol no mercado europeu. Finalmente, as perspectivas de aquecimento global têm
impulsionado fortemente o desenvolvimento de políticas de substituição de combustível e de
adição de etanol à gasolina. Assim, países que hoje em dia têm barreiras alfandegárias ou
regulatórias à importação de etanol devem flexibilizar estas restrições, e o Japão, assim
como diversos países em desenvolvimento, também devem aumentar significativamente
suas importações do produto.

As perspectivas, portanto, são de aumento na demanda nacional e mundial por etanol e,


consequentemente, nos preços do produto e de seus derivados. Essas perspectivas são
reforçadas pelo aumento dos preços no mercado futuro, fenômeno já verificado para
matérias-primas como o milho (utilizado como principal fonte de etanol nos EUA).

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30
3.10. PRODUÇÃO

3.10.1. Sumário Operacional

O ciclo operacional da produção de etanol compreende as seguintes etapas:

• Cultivo e colheita da cana-de-açúcar;


• Seleção dos pés de cana a serem usados como muda;
• Aquisição de cana adicional, caso necessário;
• Produção de etanol.

Quadro 04. Capacidade de produção


Produção Etapas Cana (Ton) Álcool Anidro (m3 ) Energia Elétrica1(MVA)
SAFRA 1ª Etapa 1.080.000 90.000 146.880
(180 dias) 2ª Etapa 2.160.000 180.000 293.760
1ª Etapa 6.000 500 816
DIA
2ª Etapa 12.000 1.000 1.632
1ª Etapa 250 20,83 34
HORA
2ª Etapa 500 41.67 68
(1) – Energia Total Produzida

A produtividade da lavoura de cana em uma área depende do número de vezes em que


aquela cana já foi cortada. A plantação terá áreas com diversas idades diferentes de modo a
estabilizar a produção total. A área plantada total será de até 30 mil hectares, de acordo
com o Quadro 05.

Quadro 05. Planejamento da lavoura, 2008-2018


Início da safra Mai-08 Mai-09 Mai-10 Mai-11 Mai-12 Mai-13 Mai-14 Mai-15 Mai-16 Mai-17
Final da safra Abr-09 Abr-10 Abr-11 Abr-12 Abr-13 Abr-14 Abr-15 Abr-16 Abr-17 Abr-18
Formação
Viveiro primário 90 80 50 50 60 60 60 60 60 60
Viveiro comercial 360 724 645 616 639 599 578 510 481
Viveiro Total 90 440 774 695 676 699 659 638 570 541
Expansão 2,830 5,336 4,577 4,389 4,665 3,947 161 0
Reforma 0 0 450 4,156 3,665
Subtotal Formação 90 440 3,604 6,031 5,253 5,087 5,324 5,035 4,887 4,205
0
Trat. Cult. e 1 Corte viveiros 90 440 774 695 676 699 659 638 570
Trat. Cult. Cana planta 0 3,270 6,110 5,272 5,065 5,364 5,056 4,956
0
1 Corte e Trat. Cult. de Soqueira 1,132 3,833 5,033 4,502 4,499 4,558 4,365
0
2 Corte e Trat. Cult. de Soqueira 450 4,637 6,031 5,253 5,087 5,324
0
3 Corte e Trat. Cult. de Soqueira 450 4,637 6,031 5,253 5,087
0
4 Corte e Trat. Cult. de Soqueira 0 450 4,173 4,825 5,253
0
5 Corte 0 450 3,339 4,825
Subtotal colheita 15,619 20,406 23,062 24,854
Subtotal Trato cultural e colheita 0 90 440 5,176 11,088 16,067 21,383 26,429 28,756 30,380
Total 90 530 2,912 9,073 14,510 19,399 24,841 29,435 29,423 30,921

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3.11. PLANO AGRÍCOLA

A Destilaria Bocaina planeja cultivar a totalidade da cana-de-açúcar a ser utilizada como


insumo. Segue-se a descrição do plano agrícola de cultivo e colheita da cana-de-açúcar.

3.11.1. Cultura

A cana-de-açúcar é composta por água, fibras e sólidos solúveis. Dentre estes últimos, a
maior proporção é a de açúcares (sacarose, glicose e frutose).

O plantio da cana normalmente ocorre entre novembro e março, com colheita entre maio e
novembro. No entanto, pode-se optar por plantar ao longo do ano inteiro para reduzir a
vulnerabilidade a oscilações sazonais na oferta de mão-de-obra.

O ciclo de cultura da cana-de-açúcar é dividido em quatro partes:

Preparo da terra – Processo mecânico de aplainagem, limpeza e aplicação de corretivos;

Plantio – Feito manualmente ou mecanizado, envolve a aplicação de inseticidas,


fertilizantes e herbicidas;

Colheita Mecanizada – O corte é anual, começando doze meses após o plantio. Podem ser
feitos quatro a seis cortes sem necessidade de replantar;

Manutenção – Aplicação de corretivos, fertilizantes e herbicidas, feita uma vez por ano,
normalmente logo após a colheita.

De modo a reduzir infestações e nitrogenar o solo, normalmente é feita uma rotação de


culturas, intercalando o cultivo de cana com o de soja ou milho.

3.11.2. Projeções de Plantio

Com base na área de plantio, projeta-se a produção de cerca de 2 milhões de toneladas de


colmos industrializáveis por ano a partir de 2015/2016. (Quadro 06)

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Quadro 06. Produção Agrícola. 2008-2018
Início da safra Mai-08 Mai-09 Mai-10 Mai-11 Mai-12 Mai-13 Mai-14 Mai-15 Mai-16 Mai-17

Final da safra Abr-09 Abr-10 Abr-11 Abr-12 Abr-13 Abr-14 Abr-15 Abr-16 Abr-17 Abr-18
0
Canaviais de 1
0 0 0 130,184 440,741 578,738 517,682 517,395 524,149 502,011
Corte
Canaviais de 20
0 0 0 0 45,000 463,682 603,088 525,304 508,750 532,376
Corte
Canaviais de 30
0 0 0 0 0 38,250 394,130 512,625 446,508 432,437
Corte
Canaviais de 40
0 0 0 0 0 0 33,750 312,986 361,853 393,978
Corte
Canaviais de 50
0 0 0 0 0 0 0 29,250 217,003 313,606
Corte
Total 0 0 0 130,184 485,741 1,080,670 1,548,651 1,897,560 2,058,263 2,174,408

3.12. PLANO INDUSTRIAL

3.12.1. Descrição do Processo de Produção

O processo de produção de etanol envolve as seguintes etapas:

• A cana-de-açúcar é recebida na destilaria, lavada e preparada para a moagem;

• A cana-de-açúcar é moída, produzindo suco e bagaço;

• O bagaço é utilizado como combustível no sistema de co-geração;

• O suco é tratado para remover impurezas;

• Adicionam-se água e melaço ao suco, e a mistura é resfriada a 30oC;

• Adicionam-se leveduras para induzir a fermentação da glicose e frutose, produzindo


um líquido chamado mosto;

• As leveduras são removidas em uma centrífuga;

• O mosto é destilado em uma sequência de colunas que separam a água do álcool.


Para produzir álcool hidratado, duas colunas são utilizadas, alcançando uma
concentração de 94o GL. Para produzir álcool anidro, mais duas colunas são
utilizadas, alcançando uma concentração de 99o GL.

3.12.2. Projeto e Tecnologia da Destilaria

A planta industrial terá capacidade de moer 2 milhões de toneladas de cana por ano em sua
etapa final. Ver Plano Diretor no anexo.

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3.12.3. Fornecimento de Água

O projeto inclui uma barragem de terra no ribeirão das Bocainas, com capacidade para
acumular 2.605.490,99 m³ de água para um consumo aproximado de 800 m3/h. Esse
barramento inundará uma área de 54,9 há e terá seu licenciamento e requerimento de
outorga específicos.

3.12.4. Capacidade de Produção da Planta

A produtividade da planta conforme especificada é de 83 litros de álcool por tonelada de


cana processada (Quadro 07).

Quadro 07. Coeficientes técnicos da produção industrial


Descrição Valor
Geração de bagaço/ton cana (%) 30%
Geração de vapor/ton bagaço (ton) 2.15
Geração de eletricidade/ton vapor (MWh) 0.21
Consumo de eletricidade da usina (%) 40%
Produção de álcool/ton cana (l) 83.00

Esses coeficientes, juntamente com as projeções de produção agrícola, permitem estimar


que a produção alcance 180 milhões de litros de álcool até 2018 (Quadro 08).

Quadro 08. Projeções de produção industrial. 2011-2018


Início da safra Mai-11 Mai-12 Mai-13 Mai-14 Mai-15 Mai-16 Mai-17
Final da safra Abr-12 Abr-13 Abr-14 Abr-15 Abr-16 Abr-17 Abr-18
Cana moída (ton) 130,184 485,741 1,080,670 1,548,651 1,897,560 2,058,263 2,174,408
Produção de Bagaço (ton) 39,055 145,722 324,201 464,595 569,268 617,479 652,322
Produção de Vapor (ton) 83,968 313,303 697,032 998,880 1,223,926 1,327,580 1,402,493
Produção de Energia (MWh) 17,633 65,794 146,377 209,765 257,024 278,792 294,524
Excedente de Energia (MWh) 10,580 39,476 87,826 125,859 154,215 167,275 176,714
Produção de Álcool (m3) 10,805 40,316 89,696 128,538 157,497 170,836 180,476

3.12.5. Manejo de Efluentes e Emissões de Caldeiras

O principal efluente industrial da planta será o vinhoto (ou vinhaça) resultante, em uma
quantidade relativamente grande, da produção de álcool. Ele será usado para fins de
fertirrigação exatamente como sai da coluna de destilação. Os números a seguir serão
inicialmente tomados como referência para o projeto e serão definidos exatamente de
acordo com as características da terra e da cana selecionada, após as análises do solo.

Conteúdo de potássio .................................................... 1,8 a 2,1 kg de K2O/m3


Demanda química de oxigênio (DQO) .............................................. 25,0 kg/m3
Tolerância do solo (*): .................................................. 185 a 400 kg de K2O/ha
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Os fluxos de água de lavagem da fábrica, depois de um pré-tratamento, serão misturados
com a vinhaça e enviados para a lavoura. A torta de filtro será misturada com as cinzas das
caldeiras e usada também como condicionadora do solo. Considera-se que as emissões de
partículas das caldeiras, depois da lavagem de gases de exaustão, sejam inferiores a 200
ppm.

• Tratamento da Água das Caldeiras

A desmineralização foi adotada para o tratamento da água das caldeiras, de acordo com
requisitos e especificações das caldeiras e turbinas.

• Segurança do Álcool e Sistema de Combate a Incêndio

O sistema de segurança proposto, além de incluir medidas de prevenção de sinistros, é


concebido para controlar o fogo no menor tempo possível, bem como para evitar que o fogo
atinja as instalações adjacentes. Para isso, o projeto considera o combate direto ao fogo um
sistema uma espuma com o mínimo de água complementar possível e o uso de sprays
mistos para resfriar os tanques de álcool.

Cinco princípios de segurança também são levados em conta:

a) Remoção do álcool de um tanque em chamas o mais rápido possível através de


um encanamento instalado entre os tanques;

b) Resfriar um dos tanques das imediações, usando o sistema pulverizador misto com
água, cobrir o teto e a parede do tanque para evitar a propagação do fogo;

c) Hidrantes são usados para combate ao fogo direto e para a segurança do corpo de
bombeiros e proteção de equipamento;

d) Combate direto ao fogo empregando o sistema de espuma;

e) Instalação de tanques de álcool dentro de diques de contenção.

3.12.6. Distribuição de Água e Efluentes

A planta foi projetada visando uma mínima sobra de condensados.

Como todos os circuitos de resfriamento serão fechados, está previsto uma captação
máxima de água de 810 m3/h na fase final do projeto. Este valor não leva em conta os
consumos na condensação atmosférica, na administração e na motomecanização.

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35
Será implantado uma ETA automatizada e os sistemas de desmineralização de água filtrada
e de polimento de condensado. Deverá ser previsto o aproveitamento desta ETA
automatizada para o abastecimento da água potável, inclusive viabilizando o abastecimento
e o atendimento às necessidades da entressafra. Para o sistema de desmineralização serão
estudadas as alternativas com resinas e com osmose reversa.

Deverão ser previstos espaços para os seguintes reservatórios para água:

• reservatório aberto de 3.500 m3 para água bruta (combate a incêndio);


• reservatório aberto de 2.500 m3 para água industrial;
• dois tanques metálicos de 1.000 m3 para água filtrada;
• dois tanques metálicos de 2.000 m3 para água desmineralizada.

Deverá ser previsto tanque pulmão elevado para água bruta, que será denominado tanque
de água industrial, em local estratégico.

Será implantado um sistema para tratamento da água do sistema dos lavadores de gases
de caldeiras (ETALG), adotando-se em princípio a solução com peneira rotativa, clarificador
e prensa desaguadora.

Tratamento de esgotos deverá ser seletivo:


• efluentes domésticos;
• efluentes dos laboratórios e da ETA/desmi que com produtos químicos que
contenham metais pesados ou similares;
• efluentes de drenagem e de limpeza de pisos e de equipamentos, com separação de
resíduos de bagaço.
Durante o detalhamento dos sistemas devem ser considerados:
• captação de água do ribeirão das Bocainas;
• fundo das bacias com queda para os drenos;
• redes de efluentes industriais com pontos de visita para tratamento.

3.12.7. Descrição do Processo Agrícola

O processo agrícola tem como premissa o uso de tecnologias para obter, de modo
sustentável, altas produtividades. Isto implica em conservação do solo e da água e em
adequado manejo. A obtenção de altas produtividades se desdobrará no atendimento à
demanda industrial com menor pressão pela ocupação de terras.

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3.12.7.1. PLANO DE USO DE TERRAS

A primeira etapa do processo de produção agrícola é o planejamento do uso e ocupação do


solo das áreas agrícolas. Neste planejamento é realizado o mapeamento e a caracterização
da fazenda, identificando as áreas agricultáveis, de preservação permanente, de reserva, de
infraestrutura, etc. Com base nesse mapeamento e identificação são definidos os limites da
área agrícola, são elaborados dispositivos de conservação de solo e de água, algumas
medidas de proteção de áreas de preservação e eventuais pontos de captação de água de
superfície, bem como devem ser caracterizados e classificados os ambientes de produção,
para maior eficácia de uso do solo.

3.12.7.2. PREPARO DO SOLO

O preparo de solo tem por objetivo o condicionamento físico do solo para adequá-lo ao
desenvolvimento do sistema radicular da planta, para promover a infiltração de água e para
reduzir a enxurrada e erosão. O preparo de solo vai obedecer a técnicas modernas seguir
orientação agronômica de análise de solos e é constituído, de maneira geral, pelas
seguintes operações:

Substituição da cultura anterior: A substituição da cultura anterior, geralmente com plantio


em soqueiras de soja ou milho, é quase em sua totalidade, pelo uso de herbicida glifosato,
sendo essa uma prática que apresenta uma relevante vantagem sobre o método mecânico
convencional pela prevenção da erosão. Pois o solo permanece protegido da chuva pela
palhada da cultura anterior.

Sistematização: constitui a operação de correção da superfície a ser cultivada, pelo aterro


de erosões, remoção de tocos e pedras, construção e melhoria de estradas, construção de
curvas de nível, medidas de controle de erosão, etc.

Descompactação: É operação fundamental no preparo do solo. Com a função de


condicionamento físico do solo em profundidade para promover a infiltração de água e
desimpedir o crescimento radicular. É realizada por subsoladores com hastes verticais capazes
de quebrar a compactação sem a inversão do solo, ou seja com mínima movimentação do solo.
Pode ser realizada por arado de aivecas se, no caso for interessante a inversão do solo.

3.12.7.3. CORREÇÃO QUÍMICA

A correção química tem o objetivo de reduzir restrições químicas ao desenvolvimento do


sistema radicular e aumentar a disponibilidade de nutrientes para a cana-de-açúcar. A fase
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37
inicial de instalação da agro-indústria da cana-de-açúcar, constitui basicamente na aplicação
de cálcário, gesso e fosfato. O calcário para a correção da acidez, para a neutralização de
alumínio ou manganes tóxicos e para o fornecimento de cálcio e magnésio. O gesso para a
promoção da correção em horizontes mais profundos e fornecimento de enxofre. E o fosfato
para o fornecimento de fósforo. Todas essas correções são aplicadas mediante análises de
solo, exclusivamente onde sejam necessárias.

3.12.7.4. IRRIGAÇÃO DE SALVAMENTO

O uso de irrigação de salvamento na cultura da cana-de-açúcar é proposta como operação


para viabilizar o plantio durante a estação das secas e para ganho direto de produtividade,
realizado em parte da área, resultando em maior eficiência de uso do solo, pelo ganho de
produtividade. Trata-se de irrigação sazonal, correspondente apenas a aproximadamente 2
ou 3 lâminas de 40 mm por ano. Nas áreas mais próximas da indústria, será realizada com
uso das águas residuárias da indústria, pois estas águas carregam boa quantidade de
nutrientes para a cana.

3.12.7.5. PLANTIO

O plantio será preferencialmente mecanizado, sendo manual o corte da olhadura e a


distribuição no sulco de plantio, que é o modo convencional de plantio.

O plantio mecanizado, onde o corte e a distribuição são também mecanizados, será utilizado
de modo que a demanda de mão-de-obra seja relativamente estável ao longo do ano e
permita uma adequada capacitação das equipes de plantio manual.

A estratégia de formação e renovação de canavial a ser adotada tem por base a máxima
continuidade da cobertura vegetal, ou seja, "o tempo entre a última colheita e o plantio deve
ser o mínimo"; "Repouso mínimo"; de modo que, o plantio seja realizado durante todo o ano, e
assim, tendo longa duração, o plantio demanda uma área pequena por dia. Assim a estrutura
necessária, máquinas e pessoal fica reduzida, melhorando a qualidade dos empregos.

3.12.7.6. CONTROLE FITOSSANITÁRIO

O controle fitossanitário compreende o manejo de matocompetição, controle de pragas e


controle de doenças. A cultura da cana-de-açúcar é reconhecida pelo seu reduzido uso de
defensivos químicos, quando comparada com outras culturas. O empreendimento utilizará
método de manejo integrado de pragas.

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38
O controle de doenças em cana-de-açúcar é realizado basicamente pelo uso de cultivares
resistentes ou tolerantes, obtidos por melhoramento genético. Cultivo de variedades
resistentes ou tolerantes; pela prática da termoterapia de gemas; pela prática do descarte de
plantas doentes (rouguing); pela desinfecção de ferramentas etc.

Para o controle de mato adota-se um manejo integrado, constituido por uso de variedades
de rápido fechamento, cobertura do terreno pela palha residual da colheita, histórico da
infestação, controle em areas marginais para reduzir potencial de sementes, e aplicação de
herbicidas.

A aplicação de herbicidas será por tratores, evitando o risco de atingir culturas vizinhas.
Essa ação será monitorada com acompanhamento técnico.

Para o controle de pragas, o manejo integrado e o controle biológico são as principais


práticas. As principais pragas e seus controles são:

A Diatreae saccharalis (Broca), que é a principal praga, tem controle exclusivamente


biológico pela Cotésia flavipes, uma vespa específica, produzida em uma biofábrica.

A Mahanerva fimbriolata (Cigarrinha-da-raiz) o controle será feito também, por método


biológico, pelo uso do fungo Metarhizium anisoplie. É considerada a elevada eficácia de
inimigos naturais, especialmente insetos, no controle dessas duas pragas. Entre esses
inimigos naturais, destacam-se as formigas carnívoras e o diptero Salpingogaster nigra,
muito sensíveis a inseticidas.

A adoção desses métodos para o controle das principais pragas, torna quase proibitivo o
uso de métodos químicos em pulverizações, pois eliminariam esses inimigos naturais.

O controle de cupins será realizado por inseticida do grupo dos neonicotinóides, de classe
toxicologica IV (faixa verde), a partir de monitoramento da infestação, aplicando apenas
onde o indice de dano for superior a 40%. Portanto baixas infestações serão toleradas.

O controle de formigas cortadeiras (saúvas) será pelo uso de inseticida em aplicações


localizadas nos olheiros das colonias, portanto dirigido à praga, por aplicação de inseticida
de classe toxicologica III (azul).

Outras pragas de ocorrência esporádica serão monitoradas e controladas pontualmente,


preferencialmente por métodos de menores impactos ambientais.

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3.12.7.7. MATÉRIA-PRIMA

A cana-de-açúcar, nome comum de uma herbácea vivaz, planta da família das gramíneas,
espécie Saccharum officinarum, originária da Ásia Meridional, é muito cultivada em países
tropicais e subtropicais para obtenção do açúcar, do álcool e da aguardente, devido a
sacarose contida em seu caule, formado por numerosos nós.

Caracteriza-se pelo alto teor de açúcar e porte elevado, chegando a atingir 4,0 metros de
altura, colmos espessos e baixo teor de fibra.

Atualmente existem diversas variedades cultivadas de cana-de-açúcar. São híbridos


bastantes complexos obtidos de cruzamentos intervarietais das espécies antigas,
objetivando o maior rendimento agrícola e industrial e resistência a pragas e doenças.

A composição mássica média da cana-de-açúcar cultivada na região Sudeste é:

Água ...................................................................................................................... 71,0 %


Sacarose ............................................................................................................... 13,0 %
Glucose ................................................................................................................... 0,9 %
Frutose .................................................................................................................... 0,6 %
Fibra ...................................................................................................................... 13,0 %
Cinzas ..................................................................................................................... 0,5 %
Outros...................................................................................................................... 1,0 %

3.12.7.8. COLHEITA

O corte mecanizado de cana picada será realizado em 100% da área, por máquinas
combinadas denominadas de colhedeiras de cana picada que, além de cortar a base e a
ponteira da cana, também picam, ventilam, limpam e a carregam nos veículos de transporte
que as acompanham lado a lado durante a colheita.

3.12.7.9. TRANSPORTE

O transporte da cana será realizado por caminhões cavalos mecânicos, conjugados


(reboque) ou não, dotados de carrocerias especiais, que facilitam a amostragem e a
descarga da cana dentro da usina e reduzem o tráfego nas rodovias. Diferem basicamente
na capacidade de transporte.

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3.12.8. Emissão de resíduos e efluentes industriais

3.12.8.1. EFLUENTE ATMOSFÉRICO

Na fase de operação, os principais efluentes atmosféricos resultantes do processo industrial,


serão os gases emitidos pela chaminé da caldeira à biomassa, oriundos da combustão do
bagaço para produção de vapor.

Identifica-se ainda os vapores d’água liberados pelos purgadores, válvulas de segurança e


alívio, sendo estes considerados de baixo impacto ambiental por apresentarem potencial
poluidor insignificante.

Os gases resultantes da combustão do bagaço de cana-de-açúcar serão lavados em uma


unidade depuradora (lavador de gases), a ser instalada na caldeira, visando assim a
adequação dos efluentes atmosféricos aos padrões de lançamento.

O lavador de gases via úmida é um equipamento com movimento de gás linear. Será
instalado antes do exaustor. Opera com eficiência entre 95% a 98% em função dos
particulados emitidos pela caldeira. Apresenta-se a seguir um esboço do sistema de
tratamento do efluente atmosférico da caldeira (Figura 04).

3.12.8.2. EFLUENTES LÍQUIDOS

3.12.8.2.1. Esgoto sanitário

Os esgotos sanitários gerados na indústria serão encaminhados e tratados em uma estação


de tratamento de esgotos compacta, de alta eficiência, dentro das normas técnicas vigentes,
e o efluente final, já tratado, será incorporado ao solo juntamente com a vinhaça.

A estimativa de vazão desses efluentes é:

Número de funcionários(área industrial) ................................................. 203


Taxa de geração per capita .............................................................. 80 l/dia
Geração de efluentes sanitários ................................................ 16,24m3/dia
Número de refeições por dia......................................................... 1413 l/dia
Taxa de geração por refeição ........................................................... 20 l/dia
Geração de efluentes do restaurante ........................................ 28,26m3/dia
Geração Total de efluentes sanitários .................................. 44,52m3/dia

DESTILARIA BOCAINA - EIA


41
Figura 04: Sistema de tratamento do efluente atmosférico da caldeira

3.12.8.2.2. Águas residuárias

Visando a redução da vazão de água captada e a conseqüente minimização da vazão de


efluentes líquidos industriais gerados no empreendimento, a água utilizada na indústria será
mantida em circuitos fechados de recirculação, com tratamentos específicos em cada setor.

Entretanto, para a manutenção da qualidade destas águas, de forma a mantê-las em


condições de reutilização no processo industrial, faz-se necessário proceder ao descarte de
uma parcela do efluente líquido, originando assim as águas residuárias.

3.12.8.2.3. Vinhaça

O vinho fermentado nas dornas, depois de centrifugado para retirada do fermento, é


encaminhado às colunas de destilação, onde ocorre a separação do álcool e conseqüentemente
a geração de vinhaça, sendo esta caracterizada pela sobra do vinho de levedura.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
42
A geração de vinhaça varia em função das diversas variedades de cana-de-açúcar
plantadas no estado e de particularidades adotadas nas indústrias sucroalcooleiras. Tendo
como base as indústrias do setor, observa-se uma geração média de 12 m³ de vinhaça por
m³ de álcool produzido.

Se comparada com o bagaço e a torta de filtro, a vinhaça é o resíduo orgânico mais rico em
nutrientes, principalmente potássio, além de cálcio, magnésio, fósforo, manganês e
nitrogênio orgânico, Quadro 09. Sua relação C/N é igual a 15, o que a caracteriza como um
material rico em proteínas (Cerri et al., 1988). A matéria orgânica e o potássio destacam-se
entre os demais elementos.

Quadro 09. Constituição química média da vinhaça de diferentes mostos


Tipo de mosto
Componentes Kg/m3
melaço misto caldo
N total 0,77 0,46 0,28
P 205 0,19 0,24 0,20
K 20 6,00 3,06 1,47
Ca 0 2,45 1,18 0,46
Mg 0 1,04 0,53 0,29
S 04 3,73 2,67 1,32

A vinhaça, assim que gerada, será encaminhada a uma torre de resfriamento e logo após a
um reservatório (tanque pulmão) para regularização da vazão.

Após o tratamento, o efluente líquido industrial (águas residuárias + vinhaça), apresentará


condições adequadas para a sua disposição final no solo através de um sistema de irrigação
das lavouras de cana-de-açúcar, denominado fertirrigação.

Para a operação desse sistema, a empresa contará com canais de irrigação e tanques revestidos,
tubos de engate rápido, rolões autopropelidos e conjuntos moto-bomba, que conduzirão o
efluente líquido às áreas que serão fertirrigadas, promovendo a sua disposição no solo.

A aplicação de águas residuárias e vinhaça em áreas de canavial visam suprir as


necessidades nutricionais e hídricas da cultura, atuando como complemento da adubação
química e proporcionando, comprovadamente, o aumento da produtividade da lavoura.

3.12.8.3. ÓLEOS LUBRIFICANTES USADOS

Caracterizam-se pelos óleos empregados nos veículos automotores, mancais, turbinas e demais
equipamentos industriais, enviados para reciclagem quando impróprios para a utilização.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


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Esse insumo apresenta características diferenciadas de acordo com a marca e o tipo de
óleo utilizado, sendo que sua geração possui grande variação do período de utilização no
equipamento, sendo em parte utilizado na proteção de peças e equipamentos sujeitos a
corrosão e o restante comercializado para empresas de re-refinamento devidamente
licenciadas.

3.12.9. Resíduos sólidos

3.12.9.1. GERAÇÃO DE RESÍDUOS DE OBRA

Durante a fase de implantação do empreendimento, haverá a geração de resíduos


caracterizados por rejeitos da construção civil, que serão adequadamente dispostos com
medidas de controle ambiental.

A quantificação destes resíduos é variável, ocorrendo maior geração durante as obras civis,
estando relacionada ao tipo de instalação a ser adotada (pré-moldados, armações
metálicas, alvenaria). Desta forma, a taxa de geração desse resíduo vai depender da
tecnologia a ser definida, independentemente do quantitativo, ele será reaproveitado,
reciclado ou depositado em locais adequados.

3.12.9.2. CINZAS E FULIGEM DA CALDEIRA

Esses resíduos são ricos em potássio e apresentam concentrações que variam de 0,6 a 0,7
% e são provenientes do processo de decantação das águas de lavagem dos cinzeiros e do
lavador de gases da caldeira. São aplicados no solo como adubo, substituindo parcialmente
a aplicação de fertilizantes na cultura de cana-de-açúcar. Sua aplicação será feita através
de veículos e equipamentos especiais de forma ordenada nas áreas agrícolas, sendo estes
posteriormente distribuidos e incorporados ao solo através da operação própria para esse fim.
A proporção desta aplicação varia entre 30 e 50 toneladas por hectare, conforme análise e
determinação agronômica.

De acordo com os dados obtidos em diversas unidades sucroalcooleiras, estima-se que


estes resíduos representem, em peso, cerca de 1,5 % do bagaço queimado na caldeira.

3.12.9.3. TORTA DE FILTRO

A torta de filtro, resíduo proveniente do tratamento do caldo, é rica em fósforo, chegando a


ter de 1 a 2% do elemento disponível. Possui uma concentração de matéria orgânica da
ordem de 50 a 60% e uma relação C/N de 1:20, contribuindo para a elevação da CTC do
DESTILARIA BOCAINA - EIA
44
solo. Sua produção, que depende da qualidade da matéria prima, varia de 10-20 kg por
tonelada de cana processada. É aproveitada como adubo e sua aplicação é feita com
caminhão provido de caçamba esparramadora, o qual distribui em cobertura na soqueira ou
em área total nos canaviais em renovação; podendo também, na maioria das vezes, ser
aplicada com carreta sulcadora/distribuidora. Dependendo da necessidade do canavial,
aplica-se de 15 a 30 toneladas de torta de filtro por hectare.

3.12.9.4. RESÍDUOS SÓLIDOS DE CARACTERÍSTICAS DOMICILIARES

Os resíduos sólidos comuns são aqueles gerados na atividade industrial, porém com
características de resíduo domiciliar. Estes resíduos originam-se das atividades de limpeza,
varrição, restos de alimentos e papéis e plásticos descartados das atividades de escritórios.

Número de funcionários ........................................................................... 203


Taxa de geração per capita............................................................ 0,5 kg/dia
Geração de resíduos domésticos ............................................... 101,5 kg/dia

Esses resíduos serão encaminados para aterro próprio a ser implantado pela destilaria.

3.12.9.5. EMBALAGENS DE PRODUTOS QUÍMICOS

Esse resíduo é caracterizado pelas embalagens dos insumos e produtos químicos


empregados nas atividades industriais da empresa.

Com base em empreendimentos do mesmo porte e atividade industrial, estima-se uma


geração de aproximadamente 3,0 t deste resíduo a cada safra. Entretanto, esta geração
apresenta-se variável de acordo com as características das embalagens, quantidade
adquirida, acondicionamento (papel, papelão, sacos plásticos, big-bags, a granel, etc.).

Essas embalagens serão armazenadas temporariamente na indústria, para posteriormente


serem encaminhadas aos fabricantes.

3.12.9.6. EMBALAGENS DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Este resíduo é caracterizado pelas embalagens dos insumos agrícolas aplicados na lavoura
de cana-de-açúcar, nas atividades de plantio e tratos culturais. Com base em
empreendimentos do mesmo porte e atividade industrial, estima-se uma geração de
aproximadamente 3,5 t deste resíduo a cada safra.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


45
Essas embalagens serão armazenadas temporariamente na indústria, onde sofrerão a
tríplice lavagem, para posteriormente serem encaminhadas aos fabricantes ou a uma central
de recebimento de embalagens, a mais próxima está localizada em Morrinhos, distante 55
km de Piracanjuba.

3.12.9.7. SUCATA INDUSTRIAL

Resíduo formado por sucata metálica, restos de equipamentos, peças defeituosas ou


danificadas, substituídas no processo industrial. Incluem-se ainda pneus e borrachas e
peças de veículos agrícolas (caminhões, tratores, etc).

Ocorre maior geração desses resíduos durante a entressafra, onde se realiza a manutenção
industrial e sendo diretamente proporcional às necessidades de se efetuar a troca ou
substituição dos equipamentos.

As sucatas serão armazenadas na área da indústria, em local adequado, de onde serão


reaproveitadas ou vendidas.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


46
4. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PERTINENTE

Estudos de Impacto Ambiental, EIAs, são documentos de conteúdo regulamentado pela


Resolução CONAMA nº 001/86. A Resolução define as atividades potencialmente poluidoras
e utilizadoras do meio ambiente cujo licenciamento dependerá de elaboração de EIA/RIMA,
dentre as quais figuram destilarias de álcool (Artigo 2o).

O Manual de Instrução para Licenciamento Ambiental da Agência Ambiental de Goiás


estabelece como parte integrante do sistema estadual de licenciamento prévio, instalação e
funcionamento, as atividades listadas no Anexo V da Lei 8.544 de 17 de outubro de 1978 e
do Anexo I da Resolução CONAMA nº 237 de 19.12.97, além de outras de relevância
estabelecida pela autoridade ambiental estadual.

Assim, foram especificadas as imposições legais que norteiam o empreendimento, devendo


o órgão de controle ambiental, na análise do EIA/RIMA, exigir o cumprimento e observância
dos mandamentos normativos, constitucionais e ordinários pertinentes ao empreendimento,
sem prejuízo do poder e dever do órgão licenciador de averiguar a existência de outros
diplomas cabíveis na apreciação da Avaliação de Impacto Ambiental.

A legislação ambiental brasileira garante sustentabilidade ao empreendimento, conforme


previsto no art. 225 da Constituição Federal de 1988.

Além dos requisitos legais e da fiscalização pelas autoridades envolvidas, o EIA/RIMA prevê
a participação da população afetada pelo empreendimento, como forma de influenciar de
maneira benéfica no procedimento de avaliação e pacificar o desenvolvimento econômico
com a preservação e conservação ambiental.

4.1. CERRADO

4.1.1. Motivação

Política econômica, territorial e social

4.1.2. Legislação aplicável

Resolução CONABIO 01/2005, de 29/06/2005, dispõe sobre a utilização de diretrizes para


incorporar os aspectos da diversidade biológica na legislação e ou nos processos de

DESTILARIA BOCAINA - EIA


47
Avaliação de Impacto Ambiental e Avaliação Ambiental Estratégica1 no bioma Cerrado.
Estipula que os ministérios devem tomar as devidas providências para a implantação de
Avaliação Ambiental Estratégica para os programas do Plano Plurianual Federal, sempre
considerando o setor agrícola e demais atividades com potencial impacto negativo sobre a
biodiversidade dos biomas Cerrado.

Decreto 5.577/2005, de 08/11/2005, (DOU 09/11/2005), institui, no âmbito do MMA, o


Programa Nacional de Conservação e Uso Sustentável do Bioma Cerrado – Programa
Cerrado Sustentável, e dá outras providências.

4.2. LICENCIAMENTO AMBIENTAL

4.2.1. Motivação

Empreendimento, em um contexto geral, com potencial de significativo impacto ambiental,


sendo necessário submeter-se ao processo de identificação e avaliação das ações a serem
empreendidas, com resultados no presente estudo ambiental detalhado, com a precípua
finalidade de subsidiar o processo de tomada de decisão dos órgãos, entidades e empresas
envolvidas ante a limitação e prevenção de riscos industriais e ambientais.

4.2.2. Fundamentos jurídico-legais

Lei ordinária 6.938/81, 31/08/81 (DOU 02/09/81), dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação; constitui o Sistema Nacional
do Meio Ambiente (SISNAMA), e estabelece como instrumentos desta Política: a avaliação
de impactos ambientais; o licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente
poluidoras ou capazes de causar degradação ambiental; o Cadastro Técnico Federal de
Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental e o Cadastro Técnico Federal de Atividades
Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras dos Recursos Ambientais, sob a administração
do IBAMA (Art. 9º e incisos).

Estabelece que os empreendimentos capazes de causar degradação ambiental dependerão


de prévio licenciamento de órgão competente (Art. 10), devendo encargar-se pela Taxa de

1
Para efeitos normativos, assim vislumbra-se: “Avaliação ambiental estratégica, por natureza, abrange uma gama mais ampla
de atividades ou uma área mais extensa e freqüentemente por um período de tempo maior do que a avaliação de impactos
ambientais de projetos. A avaliação ambiental estratégica poderá ser aplicada a um setor inteiro (como por exemplo, uma
política pública nacional sobre energia), ou a uma área geográfica, (por exemplo, no contexto de um esquema de
desenvolvimento regional). Os estágios básicos da avaliação ambiental estratégica são semelhantes àqueles dos
procedimentos de avaliação de impactos ambientais, porém, a abrangência difere. A avaliação ambiental estratégica não
substitui ou reduz a necessidade da avaliação de impacto ambiental no nível de projeto, mas poderá contribuir para agilizar a
incorporação de conceitos ambientais (inclusive biodiversidade) no processo decisório, fazendo, freqüentemente, com que a
avaliação de impactos ambientais no nível de projeto seja um processo mais eficaz.”

DESTILARIA BOCAINA - EIA


48
Controle e Fiscalização Ambiental (Art. 17-B, 17-C, 17-D, 17-F, 17-G, 17- H, 17-I, 17-M, 17-
N, 17-O, 17-P, 17-Q). Quanto a titularidade administrativa no ámbito do licenciamento, e
demais atos de polícia relacionados ao controle ambiental, serão de competência exclusiva
dos órgãos integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Art. 17-L).

Resolução CONAMA 01/862, 23/01/86, (DOU 17/02/86), determina os critérios básicos e


diretrizes gerais para elaboraçao do EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e RIMA (Relatório
de Impacto Ambiental).. Para elaboração do EIA haverá de desenvolver as seguintes
atividades técnicas: (i) diagnóstico ambiental da área de influência do projeto; (ii)
identificação e análise dos impactos ambientais; (iii) definição das medidas mitigadoras dos
impactos negativos; e (iv) elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento
dos impactos positivos e negativos (Art. 6º e incisos), as quais estarão sob encargo do
proponente do projeto, bem como todas as despesas e custos referentes ao
acompanhamento e monitoramento dos impactos (Art. 8º)

De igual forma, o EIA deverá atender as seguintes diretrizes mínimas: (i) contemplar todas
as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, confrontando-as com a hipótese de
não execução do projeto; (ii) identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais
gerados nas fases de implantação e operação da atividade; (iii) considerar os planos e
programas governamentais, propostos e em implantação na área de influência do projeto, e
sua compatibilidade; (iv) definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente
afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos
os casos, a bacia hidrográfica3 na qual se localiza (art.5º e incisos).

2
vide Resoluções CONAMA 11/86, 05/87 e 237/97; quanto a esta, estipula que quanto aos empreendimentos que contam com
um sistema voluntário de gestao ambiental, o órgão ambiental competente deverá estabelecer critérios para agilizar e
simplificar os procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e empreendimentos que implementem planos e
programas voluntários de gestão ambiental, visando a melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental (Art.
12, § 3º); no mesmo sentido a Portaria Interministerial MMA/MINC 3/97, de 01/07/97, (DOU 03/07/97), institui o Programa de
Qualidade Ambiental – PQA, a ser desenvolvido no âmbito do MMA e MC e dos respectivos órgãos e entidades vinculadas,
que deverá incentivar as empresas à adoção das normas da série NBR ISO 14.000
3
Sobre bacias hidrográficas, vejamos: Decreto 94.076/87, de 05/03/87, (DOU 06/03/87), institui o Programa Nacional de
Microbacias Hidrográficas. Tem como objetivo principal a promoção de um adequado aproveitamento agropecuário das
unidades ecológicas, mediante a adoção de práticas de utilização racional dos recursos naturais renováveis. Lei 8.171/91 de
17/01/91, (DOU 18/01/91), dispõe sobre a política agrícola, e determina que as bacias hidrográficas constituem-se em unidades
básicas de planejamento do uso, da conservação e da recuperação dos recursos naturais (Art. 20). Lei 9.433/97 de 08/01/97,
(DOU 09/01/97), institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, regulamenta o inciso XIX do Art. 21 da Constituição Federal e altera o Art. 1º da Lei 8.001/90, que modificou a Lei
7.990/89. Conceitua-se: a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação desta política (Art. 1º, V), com as
seguintes linhas gerais de ação: articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os
planejamentos regional, estadual e nacional e a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos
e zonas costeiras (Art. 3º, IV e VI). Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de atuação: a totalidade de uma bacia
hidrográfica; sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de tributário desse tributário; ou grupo
de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas (Art. 37, I a III). Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos
hídricos serão aplicados na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados: no financiamento de estudos,
programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos (Art. 22, I). Lei 9.984/2000, de 17/07/2000, (DOU
18/07/2000), dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA, entidade federal de implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Resolução
...
DESTILARIA BOCAINA - EIA
49
Para a realização do EIA, reitera-se, se destaca a necessidade de definir os limites
geográficos das áreas que estarão sob influência do empreendimento, denominada área de
Influência, pois como se vê, é um dos requisitos estabelecidos pela Resolução 01/86 do
CONAMA, ademais, por se constituir em fator determinante para as demais atividades
necessárias à elaboração, com qualidade, do EIA/RIMA. Para efeitos metodológicos, neste
EIA, a área de influência fora dividida em sub-áreas: Área de Influência Direta (AID) e
Área de Influência Indireta (AII).

Resolução CONAMA 06/86, 24/01/86, (DOU 17/02/86), dispõe sobre a aprovação de


modelos para publicação de pedidos de licenciamento; estabelecendo instruções para
publicação dos pedidos de licenciamento, de renovação e de concessão das licenças, em
periódicos e Diário Oficial do Estado.

Resolução CONAMA 09/87, de 03/12/87, (DOU 05/07/90), dispõe sobre as audiências


públicas, que têm por finalidade legal expor aos interessados o conteúdo do produto em
análise (situaçao ambiental presente e futura) e do seu referido RIMA, dirimindo incertezas e
colhendo, dos presentes, as críticas e sugestões a respeito, cuja ata e seus complementos
servirão de base, juntamente com o RIMA, para a análise e parecer final do órgão
licenciador quanto à aprovação ou não do projeto (Art. 1º e 5º).

Resolução CONAMA 06/88, de 15/06/88, (DOU 16/11/88), regulamenta o licenciamento de


resíduos industriais perigosos. No processo de licenciamento ambiental de atividades
industriais, os resíduos gerados ou existentes deverão ser objeto de controle específico.
Estas indústrias deverão apresentar ao órgão ambiental competente informações sobre a
geração, características e destino final dos resíduos ((Art. 1º e 2º).

Resolução CONAMA 01/88, de 16/03/88, (DOU 15/06/88), estabelece os critérios e


procedimentos básicos para implementação do Cadastro Técnico Federal de Atividades e
Instrumentos de Defesa Ambiental. O IBAMA e os órgãos ambientais somente aceitarão,
para fins de análise, estudos de impacto ambiental elaborados por profissionais, empresas
ou sociedades civis regularmente registradas neste cadastro, previsto na Lei 6.938/81 (Art.
2º).

...
ANA 06/2001, de 20/03/2001, (DOU 30/03/2001), estabelece o Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas -
PNDBH. Resolução ANA 26/2002, de 07/02/2002, (DOU 13/02/2002), cria o Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas
- PRODES. Resolução ANA 71/2002, de 26/03/2002, (DOU 03/04/2002), disciplina a situação dos empreendimentos
habilitados no Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas - PRODES. Resolução ANA 362/2002, de 02/12/2002, (DOU
11/12/2002), estipula o Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas - PRODES. Resolução CNRH 30/2002, de
11/12/2002, (DOU 19/03/2003), define metodologia para codificação de bacias hidrográficas, no âmbito nacional. Resolução
CNRH 32/2003, de 15/10/2003, (DOU 17/12/2003), institui a Divisão Hidrográfica Nacional.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


50
Resolução CONAMA 05/88, de 15/06/88, (DOU 16/11/88), regulamenta o licenciamento de
obras de saneamento básico. Ficam sujeitas ao licenciamento as obras onde seja possível
identificar modificações ambientais significativas, como sistemas de abastecimento de água,
de esgotos sanitários, de drenagem e de limpeza urbana (Art. 1º e 3º).

Resolução CONAMA 237/974, 19/12/97, DOU 22/12/97, dispõe sobre o licenciamento


ambiental, busca definir licenciamento ambiental, licença ambiental, estudos ambientais e
impacto ambiental regional (Art. 1º, I, II, III e IV), estabelecendo a exigência de prévio
licenciamento do órgão ambiental competente para a localização, construção, instalação,
ampliação, modificação e operação de empreendimentos considerados efetiva ou
potencialmente poluidores ou capazes de causar degradação ambiental e a lista de
empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, art. 2º, § 1º e anexo I, anexo que
apercebe- se as usinas de produção de etanol e açúcar.

O licenciamento dependerá de EIA/RIMA e estudos ambientais pertinentes, para os


empreendimentos não potencialmente causadores de degradação, devendo serem
realizadas audiências públicas para apreciação dos estudos ambientais requeridos pelo
órgão ambiental, quando couber e de acordo com a regulamentação (Art. 3º e § único).
Estabelece as competências dos órgãos ambientais das três esferas federativas (Art. 4º, 5°
e 6º). Os empreendimentos devem ser licenciados em um único nível de competência (Art.
7º)5.

Quanto ao processo de cogeração, a Resolução ANEEL 112/99, de 18/05/99, (DOU


19/05/99), estabelece requisitos necessários à obtenção de registro ou autorização para a
implantação e ampliação de centrais geradoras termelétricas, eólicas e de outras fontes
alternativas de energia. A autorização de centrais geradoras com potência superior a 5.000

4
Referência normativa estadual: a Resolução CEMAM nº 07/90 estabelece as diretrizes exigidas nos projetos endereçados ao Sistema
Estadual de Licenciamento de atividades poluidoras. A Portaria 291/82 estipula os prazos de vigência das licenças ambientais, segundo o
grau de complexidade do empreendimento, podendo variar de 1 (um) a 3 (três) anos de validade. O Decreto 5.226/00 aprova o
regulamento da Agência Goiana de Meio Ambiente e Recursos Naturais (AGEMAR), órgão componente do SISNAMA, ao qual dentre
outras competências, caberá a gestão pública ambiental, por meio da fiscalização, licenciamento e monitoramento das atividades
potencialmente degradadoras. Face a esse diploma, cabe à Diretoria de Qualidade Ambiental (DQA) gerir a análise e os estudos para
efeito de licenciamento do empreendimento e atividades utilizadoras de recursos naturais e artificiais, consideradas efetivas e
potencialmente poluidoras, bem como as capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, cabendo ao seu titular instruir,
tecnicamente, os processos de licenciamento ambiental. Lei 14.384/02 institui o Cadastro Técnico Estadual de Atividades Potencialmente
Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Naturais, que faz parte integrante do Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente,
criado pela Lei 6.938/81, de inscrição obrigatória e sem qualquer ônus, pelas pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades
potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos naturais e/ou à extração, produção, transporte e comercialização de produtos
potencialmente perigosos ao meio ambiente. De acordo com anexo I desta lei, se prevê a necessidade deste projeto econômico e
industrial se submeter ao referido cadastro.
5
Observaçoes: Segundo a mesma Resolução, impõe-se que o órgão ambiental competente, apesar de seu poder de estipular prazos distintos
para análise do requerimento (prazos de análise) de cada fase do licenciamento ambiental, deva respeitar o prazo máximo de 12 meses para a
licença prévia, pois será necessário avaliar o EIA e realizar a eventual Audiência Pública. E, também, o prazo máximo de seis meses, do ato de
protocolar o requerimento até decisão final que deve ser motivada, isto é, com fundamentação técnica e legal, para as demais licenças. Tais
prazos podem ser alterados, em virtude de exigências complementares, porém, com a anuência do empreendedor, conforme a Resolução em
comento. Por fim, o EIA/RIMA vem a consubstanciar a licença prévia, aprovando a localização e concepção do empreendimento, além de
demonstrar sua adequação aos moldes dos planos, programas e projetos ambientais protocolados.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


51
kW deverá ser solicitada à ANEEL, mediante requerimento acompanhado de relatório
contendo a obtenção das licenças ambientais, entre outros (Art. 5º, j).

Para fins de início das obras de implementação e início de operação, a outorgada deverá,
previamente ao início da construção da central geradora e de sua operação, remeter à
ANEEL cópia da LI e LO (Art. 16), devendo manter em seu arquivo, à disposição da ANEEL,
o EIA/RIMA ou estudo ambiental formalmente requerido pelo órgão ambiental, conforme
legislação específica de meio ambiente (Art. 17, I).

Resolução CONAMA 6/87, de 16/09/87, (DOU 22/10/87), dispõe sobre o licenciamento


ambiental de obras do setor de geração de energia elétrica. Determina que o estudo de
impacto ambiental, a preparação do relatório de impacto ambiental, o detalhamento dos
aspectos ambientais julgados relevantes a serem desenvolvidos nas várias fases do
licenciamento, inclusive o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos,
serão acompanhados por técnicos designados, para este fim, pelo órgão ambiental
competente (Art. 9º).

Caso contrário, ainda para o processo de cogeração, sendo pertinente a aplicação, a


Resolução CONAMA 279/2001, de 27/06/2001, (DOU 29/06/2001), dispõe sobre o
procedimento simplificado para o licenciamento ambiental dos empreendimentos elétricos
com pequeno potencial de impacto ambiental, determinando a obrigatoriedade de
apresentar um Relatório Ambiental Simplificado (RAS) para obtenção da LP (Art. 3º, § 1º e §
2º); do Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais (RDPA) para obtenção da LI
(Art. 5º, § único e Art. 3º, § 1º); da comprovação do cumprimento das condicionantes da LI
para obtenção da LO (Art. 9º). Ademais, vislumbra a possibilidade de realizar uma “Reunião
Técnica Informativa” para apresentação e discussão do RAS, do RDPA e outras
informações (Art. 8º e Art. 2º, III).

Em consonância, a Resolução CONAMA 281/20016, de 12/07/2001, (DOU 15/08/2001),


dispõe sobre modelos simplificados de publicação dos pedidos de licenciamento ambiental,
de sua renovação e concessão.

Respeito do maquinário que deverá de operar nas áreas de influência direta da planta
industrial e dos solos manejados, a Resolução CONAMA 273/2000, de 29/11/2000, (DOU
08/01/2001), dispõe sobre prevenção e controle da poluição em postos de combustíveis e

6
Para empreendimentos não incluídos no art. 2º da Resolução CONAMA 01/86 ou de menor impacto ambiental, os órgãos
competentes poderão estabelecer modelos simplificados de publicação dos pedidos de licenciamento, de sua renovação e
concessão, a serem publicados em jornal oficial, bem como em periódico regional ou local de grande circulação (Art. 2º).

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serviços (vide Resolução CONAMA 319/2002), determinando que a localização, construção,
instalação, modificação, ampliação e operação destas instalações dependerão de prévio
licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente
exigíveis, e que no caso de desativação, o estabelecimento fica obrigado a apresentar um
plano de encerramento de atividades a ser aprovado pelo órgão ambiental competente. No
entanto ficam eximidas de licenciamento as instalações aéreas com capacidade total de
armazenagem de até 15 m3, destinadas ao abastecimento do detentor das instalações,
devendo ser construídas de acordo com as normas técnicas brasileiras em vigor, ou na sua
ausência, com as práticas tecnocientíificas consubstanciadas nas normas de
reconhecimento global (Art. 1º, § 1º, 2º e 4º).

Nas áreas agricultáveis, sendo imperativo o abastacimento hídrico, agrícola, a Resolução


CONAMA 284/2001, de 30/08/2001, (DOU 01/10/2001), dispõe sobre o licenciamento de
empreendimentos de irrigação.

4.3. MECANISMOS CONSULTIVOS

4.3.1. Motivação

Participação social, concientização e educação ambiental.

4.3.2. Legislação disponível

Resolução CONAMA 01/86, de 23/01/86, (DOU 17/02/86), dispõe que sempre que julgar
necessário, conforme o caso, o órgão ambiental competente promoverá a realização de
audiência pública para informação sobre o projeto, seus impactos ambientais e discussão do
EIA/RIMA (Art. 11, § 2º).

Resolução CONAMA 09/87, de 03/12/87, (DOU 05/07/90), dispõe sobre essas audiências
públicas, estipulando que sua finalidade é de expor aos interessados o conteúdo do produto
em análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas da comunidade em geral, recolhendo
dos presentes as críticas e sugestões sobre o tema. Deve o órgão ambiental competente
promover a realização de audiência pública sempre que julgar necessária ou quando for
solicitada por entidade civil, pelo Ministério Público ou por 50 ou mais cidadãos ((Art. 1º e 2º).

A Lei 9.985/2000, de 18/07/2000, (DOU 19/07/2000), que regulamenta o art. 225, § 1º,
incisos I, II, III e VII da Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza, determina que as Unidades de Conservação (UC) criadas por
ato do Poder Público, devem ser precedidas de estudos técnicos e de consulta pública, para
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53
que se identifique a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade,
conforme se dispuser em regulamento (Art. 22 e § 2º).

Quanto à participação pública e ao processo de cogeração, a Resolução CONAMA


279/2001, de 27/06/2001, (DOU 29/06/2001), dispõe sobre o procedimento simplificado para
o licenciamento ambiental dos empreendimentos elétricos com pequeno potencial de
impacto ambiental. Estabelece também, que o órgão ambiental competente promoverá, às
expensas do empreendedor, a realização da “Reunião Técnica Informativa”, sempre que
julgar necessário ou quando forem solicitadas por entidade civil, pelo Ministério Público ou
por 50 ou mais pessoas com capacidade civil, garantindo-se consulta e participação pública
(Art. 8º e Art. 2º, III).

A Resolução ANEEL 259/2003, de 09/06/2003, (DOU 10/06/2003), estabelece os


procedimentos gerais para requerimento de declaração de utilidade pública, para fins de
desapropriação ou instituição de servidão administrativa, de áreas de terras necessárias à
implantação de instalações de geração, transmissão ou distribuição de energia elétrica, por
concessionários, permissionários ou autorizados, e revoga o art. 21 da Resolução ANEEL
395/98 que dispõe sobre o procedimento simplificado para o licenciamento ambiental dos
empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental.

O autorizado deverá promover reunião pública com os interessados, registrando os


assuntos discutidos e deliberados, observando o roteiro apresentado no Anexo XI desta
Resolução, e enviar à ANEEL a lista de participantes com destaque para a presença dos
proprietários ou possuidores das áreas atingidas; devendo assegurar ampla divulgação,
pelos meios de comunicação, para a convocação da reunião pública (art. 5º e parágrafo único).

4.4. ACESSO À JUSTIÇA AMBIENTAL

4.4.1. Motivação

Conflitos técnicos e sócioambientais.

4.4.2. Legislação disponível

Lei 1.533/51, 31/12/51, (DOU 31/12/51), altera disposições do Código de Processo Civil,
relativas ao Mandado de Segurança, estabelecendo que esta ação civil é o meio para afastar
lesão ou ameaça de lesão a direito subjetivo individual ou coletivo, privado ou público, através
de ordem saneadora ou impeditiva da ilegalidade, ou seja, visa tanto a invalidação de atos de
autoridade como a descomposição dos efeitos omissivos administrativos.

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Lei 4.717/65, de 29/06/65, (DOU 05/07/65) regula a Ação Popular, que estipula que qualquer
cidadão é parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos
lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de
entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38).

Lei 4.771/65, de 15/09/65, (DOU 16/09/65), institui o novo Código Florestal, estabelecendo
que a ação penal independe de queixa quando os bens atingidos forem florestas e demais
formas de vegetação, instrumentos de trabalho, documentos e atos relacionados com a
proteção florestal, mesmo que a lesão ocorra em propriedade particular (art. 32); vislumbra
as autoridades competentes para instaurar, presidir e proceder a inquéritos policiais, lavrar
autos de prisão em flagrante e intentar a ação penal nos casos de crimes ou contravenções
(Art. 33 e incisos).

Lei 6.938/81, de 31/08/81, (DOU 02/09/81), dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, determinando que o
Ministério Público7 (MP) da União e dos Estados terão legitimidade para propor as ações de
responsabilidade civil e criminal, pelos danos causados ao meio ambiente (Art. 14, § 1º).

Assim, a Lei 7.347/858, de 24/07/85, (DOU 25/07/85), veio a disciplinar a ação civil pública
de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. A ação principal e a
cautelar tem como titularidade o Ministério Público, a União, os Estados, os Municípios e
autarquias, empresa pública, fundação, sociedade de economia mista ou associação (art.

7
Lei Complementar 75/93, de 20/05/1993, (DOU 21/05/93), lei orgânica do Ministério Público da União. Compete ao Ministério
Público da União promover o inquérito civil público e a ação civil pública para a proteção do patrimônio público e do meio
ambiente (Art. 6º, VII e b). O Ministério Público Federal exercerá suas funções nas causas de competência de quaisquer juizes
ou tribunais, para defesa de direitos e interesses dos índios e das populações indígenas e do meio ambiente (Art. 37, II). Lei
8.625/93, de 12/02/93, (DOU 15/02/93), institui a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, dispõe sobre Normas Gerais
para Organização do Ministério Público dos Estados. Incumbe ao Ministério Público promover o inquérito civil e a ação civil
pública, na forma da lei, para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos e individuais
indisponíveis e homogêneos (Art. 25, IV, a).
8
Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes
(Art. 5º, § 2º). Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro
legitimado assumirá a titularidade ativa (Art. 5º, § 2º). Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da
União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei (Art. 5º, § 5º). Os órgãos
públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial (Art. 5º, § 6º). Aplicam-se à defesa dos direitos e
interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa
do Consumidor (Art. 21). REFERÊNCIA CONSTITUCIONAL: Constituição da República/88 (05/10/88, DOU 05/10/88) -
determina que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular para anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência (Art. 5º, LXXIII). Determina que são
funções institucionais do Ministério Público: promover, privativamente, a ação penal pública; promover o inquérito civil e a ação
civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas (Art. 129, I, III e V). Determina que os índios, suas
comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o
Ministério Público em todos os atos do processo (Art. 232).

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55
5º). Impõe que o Ministério Público, não atuando como parte, atuará, obrigatoriamente,
como fiscal da lei (art. 5º, § 1º).

Para admissibilidade processual difusa, temos a Lei 8.078/90, de 11/09/90, (DOU 12.09.90),
que dispõe sobre a proteção do consumidor, estabelecendo que a defesa dos interesses
difusos poderá ser exercida em juízo, individualmente ou a título coletivo (Art. 81).

Lei 10.650/2003, de 16/04/2003, (DOU 17/04/2003), dispõe sobre o acesso público aos
dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA,
determinando que estes deverão ser publicados pelos órgãos integrantes, em Diário Oficial,
e ficarem disponíveis, em local de fácil acesso ao público no órgão correspondente, com as
listagens e relações contendo dados, entre outros, os referentes à: autos de infrações e
respectivas penalidades impostas pelos órgãos ambientais; lavratura de termos de
compromisso de ajustamento de conduta; reincidências em infrações ambientais; recursos
interpostos em processo administrativo ambiental e respectivas decisões (Art. 4º e incisos).

Confere às autoridades públicas o poder de exigir das entidades privadas a prestação


periódica de qualquer tipo de informação, mediante sistema específico a ser implementado
pelos órgãos do SISNAMA, sobre os impactos ambientais potenciais e efetivos de suas
atividades, independentemente da existência ou necessidade de instauração de qualquer
processo administrativo (Art. 3º).

Instrução Normativa IBAMA 10/2003, 31/10/2003, DOU 03/11/2003, estabelece os


procedimentos para a conversão de multa administrativa prevista na Lei 9.605/98 em
serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente,
suspendendo sua exigibilidade, com o objetivo de recuperar ou compensar a degradação
ambiental, objeto da sanção administrativa.

A conversão deverá ser solicitada pelo próprio infrator, por meio de requerimento junto ao
IBAMA. Se a solicitação de conversão for aceita pelo IBAMA, o infrator deverá assinar um
termo de compromisso, por meio do qual, ficará obrigado a executar, no prazo estabelecido,
os serviços previstos cujo projeto técnico deverá ser previamente aprovado pelo IBAMA.

4.5. RECURSOS HÍDRICOS

4.5.1. Motivação

O recurso hídrico destinado ao processo industrial terá como fonte o ribeirão das Bocainas,
captação que será realizada em um barramento de acumulação, com auxílio de moto-
bomba, os acessórios pertinentes ao seu funcionamento. Uma adutora transportará a água
DESTILARIA BOCAINA - EIA
56
até a usina e seus reservatórios. Haverá disposição de água para uso e consumo humano,
principalmente de fontes subterrâneas.

4.5.2. Legislação disponível

Decreto 24.643/34, de 10/07/34, (DOU 20/07/34), decreta o Código de Águas, estipulando


que as águas somente podem ser derivadas para aplicações na indústria, mediante a
concessão ou autorização administrativa9, sendo dispensável nos casos de derivações
insignificantes (art. 23).

A Resolução CONAMA nº 002, de 05.03.1985, (publicada no Boletim de Serviço nº 956, de


22/3/85, do Ministério do Interior) determina a todos os órgãos federais, estaduais e municipais
e demais empresas responsáveis pela construção de barragens, que seus projetos de
implantação das mesmas sejam objeto de licenciamento pelos órgãos estaduais competentes.

A Resolução CONAMA nº 005, de 15.06.88, (DOU 16.11.88), cuida das obras de


saneamento que possam causar modificações ambientais significativas (vazão superior a
20% da vazão mínima da fonte de abastecimento no ponto de captação, e que modifique as
condições físicas e/ou bióticas dos corpos d'água), as quais devem ser submetidas ao
licenciamento ambiental. Incluem-se aí, também, sistemas de tratamento e disposição final
de esgotos sanitários, que devem ser previamente aprovados pelo órgão ambiental.

Lei 9.433/9710, de 08/01/97, (DOU 09/01/97), institui a Política Nacional de Recursos


Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o
inciso XIX do Art. 21 da Constituição Federal e altera o Art. 1º da Lei 8.001/90, que
modificou a Lei 7.990/89. Tem por finalidade: assegurar à atual e às futuras gerações a
necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos
usos; e como instrumento: o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os
usos preponderantes da água (Art. 2º e 5º). Constitui as infrações relativas à inadequada
utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos, fixando as respectivas
penalidades (Art. 49 e 50).

9
Referência normativa estadual: A Lei nº 13.123/97, que estabelece normas orientadoras da Política Estadual de Recursos
Hídricos, preceitua como instrumento da política estadual, a outorga de direitos de uso dos recursos hídricos, ressalvados os
casos de competência da União. As águas públicas de domínio do Estado de Goiás, portanto, somente poderão ser derivadas
após cadastramento e outorga da respectiva autorização expedida pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos
Hídricos (SEMARH).
10
Lei 9.984/2000, de 17/07/2000, (DOU 18/07/2000), dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA, entidade
federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos. Resolução CNRH 12/2000, de 19/07/2000, estabelece procedimentos para o enquadramento de corpos
de água em classes segundo os usos preponderantes. Resolução CNRH 58/2006, de 30/01/2006, (DOU 08/03/2006), aprova o
Plano Nacional de Recursos Hídricos.

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57
A Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos declara a água como bem de domínio público e
economicamente apreciável (incs. I e II, do art.1º) e sujeita suas derivações à outorga,
conforme alertado anteriormente, ou seja, autorização concedida pelo órgão administrativo
competente, no âmbito federal ou estadual, ou seja, preconizando o regime de outorga,
instrumento administrativo que objetiva assegurar o controle quantitativo e qualitativo do uso
da água, bem como o efetivo acesso a todos os usos preponderantes, compatibilizando o
uso industrial necessário ao projeto, com as demandas de outra natureza.

O controle e a fiscalização das águas destinadas ao consumo humano cabem,


solidariamente, ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme inciso VII, art. 200 da
Constituição Federal. A Portaria MS nº 518/04 estabelece normas e padrões de potabilidade
da água destinada ao consumo humano, determinando as características físicas,
organolépticas, químicas, bacteriológicas (restringindo as cianobactérias da Portaria
anterior), de qualidade, bem como o número mínimo de amostras e a freqüência mínima de
amostragem para seu monitoramento para abastecimento.

Resolução CNRH 54/2005, de 28/11/2005, estabelece modalidades, diretrizes e critérios


gerais para a prática de reúso direto não potável de água.

4.6. CONTAMINAÇÃO HÍDRICA

4.6.1. Motivação

No ciclo de produção industrial do etanol e açúcar, os principais efluentes líquidos são: o


vinhoto ou vinhaça, que apresenta altas DBO e DQO; água da lavagem das dornas, com
composição semelhante ao vinhoto; as águas de lavagem da cana prévia à moagem, que
têm teores de sacarose, principalmente no caso da cana queimada, e matéria mineral e
vegetal; as águas proveniente dos condensadores barométricos e dos evaporadores que
contêm açúcares arrastados em gotículas; água de remoção química de incrustações, cuja
composição é variada, podendo apresentar fosfatos, sílica, sulfatos, carbonatos e oxalatos.
Ademais serão produzidos efluentes sanitários, que haverão de ser dispostos,
encaminhados ao sistema de tratamento específico, constituído de fossa séptica, filtro
biológico e poço sumidouro.

No entanto, cumpre salientar, que a maior parte destes efluentes serão misturados tendo
como destino à fertirrigação (ver resíduos sólidos e águas subterrâneas).

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58
4.6.2. Legislação disponível

O Decreto-Lei nº 1.413/75, de 14-8-1975, dispõe sobre o controle de poluição do meio


ambiente provocado por atividades industriais. Embora o objetivo principal fosse estabelecer
a competência exclusiva do Poder Executivo Federal para determinar ou cancelar a
suspensão do funcionamento de determinados estabelecimentos industriais, o Decreto Lei
estabelece que qualquer indústria instalada ou em processo de instalação no território
nacional, deve promover as medidas necessárias à prevenção e correção dos
inconvenientes ao ambiente (art. 1º). Decreto nº 76.389/75 dispõe sobre as medidas de
prevenção e controle da poluição industrial tratada no Decreto-Lei nº 1.413/75.

A Portaria GM nº 323 (Ministério do Interior), de 29.11.78, veda o lançamento do vinhoto


ou vinhaça11, a partir da safra 1979/1980, de forma direta ou indireta, nas coleções
hídricas superficiais e exige que as destilarias adotem um sistema de tratamento e/ou
destinação adequado da vinhaça, submetido à aprovação do órgão estadual do meio
ambiente, como forma de controle de poluição hídrica. Os efluentes industriais destinados
à fertirrigação devem ser dispostos de forma controlada, atestada por um Plano de
Monitoramento apto a resguardar a qualidade das águas subterrâneas e do solo. Este
plano deve ser submetido a licenciamento ambiental, conforme o anexo da Resolução
CONAMA nº 237 de 19.12.97.

A Portaria Minter nº 124/80 estabelece que qualquer indústria capaz de causar poluição
hídrica, deve estar localizada a uma distância mínima de 200 m de qualquer curso d’água.
Na impossibilidade de atender a tal exigência, o órgão estadual de controle da poluição
poderá substituí-la por outra igualmente segura.

Portaria DNAEE 707/94, de 17/10/94, (DOU 18/10/94), aprova a norma para classificação
dos cursos de água brasileiros quanto ao domínio - Norma DNAEE 06, estabelecendo os
critérios para identificação e classificação dos cursos d’água, no campo dos recursos
hídricos (vide Resolução ANA 399/2004).

Lei 9.605/98, de 12/02/98, (DOU 13/02/98), dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Estabelece os
crimes decorrentes de poluição (Art. 54 a 61), tais como: causar poluição de qualquer

11
A Lei Estadual nº 8.544/78, regulamentada pelo Decreto nº 1.745/79, trata da poluição ambiental no Estado de Goiás. A
planta industrial proposta há de guardar a distância de 200m de qualquer corpo d’água, em atendimento à Portaria nº 01/2002
da Agência Goiana do Meio Ambiente. A Lei nº 13.583/00 contempla a conservação e proteção das águas subterrâneas do
Estado de Goiás, devendo haver um programa permanente de monitoramento ambiental, visando a sua melhor destinação
(uso racional, formas de controle de poluição e a manutenção do seu equilíbrio com os demais atributos ambientais). Resíduos
líquidos, sólidos ou gasosos, provenientes das atividades do empreendimento, só poderão ser armazenados ou lançados de
forma a não poluírem as águas subterrâneas.

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59
natureza que resulte em dano à saúde humana e cause a mortandade de animais (Art. 54).
Ou que cause poluição hídrica que interrompa o abastecimento d’água de uma comunidade
(Art. 54, § 2º, III). Constitui crime provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de
materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes,
lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras (Art. 33).

Resolução CONAMA 357/2005 (17/03/2005, DOU 18/03/2005) - dispõe sobre a


classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
como, estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes12 (vide Resolução
CONAMA 274/2000 e Resolução CONAMA 370/2006).

Resolução CONAMA 362/2005, de 23/06/2005, (DOU 27/06/2005), dispõe sobre o rerrefino


de óleo lubrificante, determinando que todo óleo lubrificante usado ou contaminado deverá
ser recolhido, coletado e ter destinação final, de modo que não interfira negativamente no
meio e propicie a máxima recuperação de seus constituintes, na forma prevista nesta
Resolução (Art. 1º).

4.7. RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS

4.7.1. Motivação

Fertirrigação

4.7.2. Legislação aplicável

A Lei 13.583/00 exige, de forma a prevenir a poluição dos recursos hídricos subterrâneos,
nas áreas de influência, que nas mesmas deverão ser implantados poços de monitoramento
de qualidade das águas, sob pena de não se conceder os alvarás exigidos pela legislação
ambiental. Tais poços, conforme a lei, prescindem das seguintes exigências: (i) descrição
da geologia local; (ii) determinação da direção e do sentido do fluxo de escoamento das
águas subterrâneas do local; (iii) localização dos poços de monitoramento da qualidade das
águas subterrâneas, no mínimo, de 3 (três); (iv) perfuração e implantação dos poços de
monitoramento da qualidade das águas subterrâneas, como condição para o
funcionamento; e (v) relatório final, com a descrição do perfil geológico dos poços de
monitoramento, bem como dos seus elementos constitutivos.

12
Norma ABNT NBR 7.229/93 (09/93) - Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos (NB 41). Norma
ABNT NBR 9.898/87 (06/87) - Preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores (NB 1.050)

DESTILARIA BOCAINA - EIA


60
Contudo, a lei estadual preceitua que, caso a utilização de poços de monitoramento da
qualidade das águas subterrâneas se torne inviável, a Agência Goiana de Meio Ambiente e
Recursos Naturais poderá autorizar, alternativamente, o emprego de métodos geofísicos
que se mostrem aplicáveis à prevenção da poluição dos recursos hídricos subterrâneos.

4.8. EMISSÕES E IMISSÕES ATMOSFÉRICAS E RUÍDO AMBIENTAL

4.8.1. Motivação

As fontes de ruídos existentes podem ser destacadas como fontes fixas no processo de
construção e operação industrial e, como fontes móveis, as máquinas agrícolas, caminhões
e veículos envolvidos nas operações de cultivo, corte, carregamento e transporte da cana de
açúcar e caminhões transportadores de produtos. Ademais, destaca-se a queima da cana,
que pode promover emissões contaminadoras.

4.8.2. Legislação

Resolução CONAMA 05/89, de 15/06/89, (DOU 30/08/89), institui o Programa Nacional de


Controle da Qualidade do Ar (PRONAR). Este programa é um dos instrumentos básicos da
gestão ambiental para proteção da saúde e melhoria da qualidade de vida, pela limitação
dos níveis de emissão de poluentes por fontes de poluição atmosférica. Especifica que
enquanto os estados não definirem as áreas de Classe I, II e III, devem ser adotados os
padrões primários de qualidade do ar estabelecidos nesta Resolução. Tais padrões são
especificados em termos da máxima concentração de um poluente atmosférico em função
de um período médio de tempo. Estão divididos em dois níveis: primário, que inclui uma
margem de segurança adequada à saúde humana e o secundário, que é fixado levando em
conta danos à agricultura, a materiais e edifícios e à vida animal, mudanças de clima,
problemas de visibilidade e conforto pessoal.

Resolução CONAMA 03/90, de 28/06/90, (DOU 22/08/90), estabelece padrões de qualidade


do ar, previstos no PRONAR estabelecido pela Resolução CONAMA 05/89. Destaca os
padrões de qualidade do ar, os métodos de amostragem e análise dos poluentes
atmosféricos e dos níveis de qualidade do ar para elaboração do Plano de Emergência para
Episódios Críticos de Poluição do Ar.

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61
Quadro 10. Padrões de qualidade do ar no Brasil.
Padrões
Poluente Tempo médio de Exposição13
Primário Secundário
material particulado 24 h 240 µg/m³ 150 µg/m³
SO2 24 h 365 µg/m³ 100 µg/m³
CO 8h 10.000 µg/m³ 10.000 µg/m³
O3 1h 160 µg/m³ 160 µg/m³
Fumaça 24 h 150 µg/m³ 100 µg/m³
Partículas inaláveis (< 10 µm) 24 h 150 µg/m³ 150 µg/m³
NO2 1h 320 µg/m³ 190 µg/m³
FONTE: CONAMA

Resolução CONAMA 08/90, de 06/12/90, (DOU 28/12/90), estabelece os limites máximos de


emissão de poluentes do ar para processos de combustão externa, previstos no PRONAR
estabelecido pela Resolução CONAMA 05/89. Estabelece os limites máximos de emissão
(padrões de emissão) para fontes novas fixas de poluição com potências nominais totais até
70 MW e superiores (Art. 1º), bem como impõe limites máximos à emissão de poluentes em
fontes como caldeiras, geradores de vapor, centrais para geração de energia elétrica,
fornos, fornalhas, estufas e secadores para a geração de uso de energia térmica,
incineradores e gaseificadores.

A Portaria Normativa IBAMA nº 29-N de 02.05.95 e os esclarecimentos da Instrução


Normativa IBAMA nº 1 de 29.01.99, estabelecem a necessidade de monitoramento,
aperfeiçoamento e sistematização das substâncias que possam a vir destruir a camada de
ozônio, determinando que toda empresa que produz, importa, exporta, comercializa ou
utiliza as substâncias prejudiciais, em quantidade superior a uma tonelada anual, deve estar
cadastrada dentro do prazo estipulado pelo IBAMA, e enviar anualmente à Autarquia, seus
dados quantitativos em relação a cada uma dessas substâncias.

A Resolução CONAMA nº 267, de 14.09.2000 proíbe, em todo o território nacional, a utilização


das substâncias controladas especificadas nos Anexos A e B do Protocolo de Montreal (que
destroem a camada de ozônio) e das constantes no anexo desta Resolução, nos equipamentos e
sistemas de refrigeração nacionais ou importados que serão utilizados no empreendimento.
Também restringe as importações de CFC-11 (triclorofluormetano), CFC-12
(diclorodifluormetano), Halon 1211 (bromoclorodifluormetano) e Halon 1301 (bromotrifluormetano).

A Portaria MINTER nº 100/80, sobre emissão de fumaça por veículos movidos de ciclo
Diesel, determina que esta não poderá exceder ao padrão 2 na escala de Ringelmann,
quando testados em localidades situadas acima de 500 m do nível do mar, e ao padrão 3,
na mesma escala, para localidades situadas acima daquela altitude.

13
Resolução CONAMA 003/90. Os limites de tempo médio de exposição para material particulado, CO, SO2, O3 e NO2 não
podem ser excedidos mais que uma vez ao ano.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


62
A Resolução CONAMA nº 10 de 14.09.89, sobre emissão de monóxido de carbono,
hidrocarbonetos e óxido de nitrogênio por veículos com motor de ciclo Diesel, estabelece
que a emissão de gases de escapamento não deverá exceder a 11,20 g/kWh para o
monóxido de carbono, a 2,80 g/kWh para hidrocarbonetos, e 14,40 g/kWh para óxidos de
nitrogênio. Na inexistência de procedimento de quantificação das emissões do carter,
considera-se esta emissão igual a 2% do total de HC emitidos pelo escapamento.

Lei 9.605/98, de 12/02/98, (DOU 13/02/98), dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, revelando que constitui crime
causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população, bem
como deixar de adotar, conforme exigido por autoridade competente, medidas de precaução
em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível (Art. 54 e parágrafos).

A Portaria MTb nº 3.214/78, através da NR 15, anexo 1, estabelece os limites de tolerância


para ruído contínuo e intermitente, definindo este, como o ruído que não seja derivado de
impacto, devendo o mesmo ser medido em decibéis (dB) com instrumento de nível de
pressão sonora operando no circuito de compensação. A mesma norma, em seu anexo 2,
define ruído de impacto, seus limites de tolerância avaliados em decibéis.

A Portaria IBAMA nº 092/80 estabelece parâmetros, critérios e diretrizes a serem atendidas


no que se refere às emissões de ruídos em decorrência de quaisquer atividades industriais.
Para graduar os ruídos, a NBR nº 10.151/87 especifica os métodos para a medição,
conforme sua duração, características espectrais e fatores de pico, além de estabelecer
uma comparação dos níveis corrigidos em áreas ocupadas, com critério que leva em conta
os vários fatores ambientais pertinentes.

Sem excluir as outras normas referentes às demais condições de conforto, a NBR nº


10.152/87 estabelece o conforto acústico em ambientes. Questões relativas a riscos de
danos à saúde em decorrência do ruído, são apreciadas em normas específicas.

Por fim, a Resolução CONAMA nº 001 de 08.03.90 sujeita o nível de som, produzido na
execução de projetos de construção, aos limites nela previstos. Também, que o nível de
som produzido por veículos e nos ambientes de trabalho obedecerão, respectivamente, às
normas do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e do Ministério do Trabalho.

A Resolução CONAMA nº 002 de 08.03.90 institui o Programa Nacional de Educação e Controle


da Poluição Sonora, o Programa Silêncio, cabendo ao IBAMA sua coordenação, e aos Estados
e Municípios o estabelecimento e implementação de programas estaduais de educação e
controle da poluição sonora com definição das sub-regiões e áreas de implementação.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
63
A Resolução CONAMA nº 252 de 01.02.99 estabelece limites máximos de ruído, nas
proximidades, do escapamento dos veículos rodoviários automotores, para fins de inspeção
obrigatória e fiscalização de veículos em uso. Nos veículos nacionais ou importados do ciclo
Diesel, são válidas as mesmas exigências estabelecidas nos veículos do ciclo Otto (para
modelos produzidos a partir de 1999).

Decreto 2.661/98, de 08/07/98, (DOU 09/07/98), regulamenta o parágrafo único do art. 27 da


Lei 4.771/65, mediante o estabelecimento de normas de precaução relativas ao emprego do
fogo em práticas agropastoris e florestais. Proíbe o emprego do fogo nos casos que
especifica, em especial na faixa de: (i) 15 m dos limites das faixas de segurança das linhas
de transmissão e distribuição de energia elétrica; (ii) 100 m ao redor da área de domínio de
subestação de energia elétrica; (iii) 50 m a partir de aceiro, que deve ser preparado, mantido
limpo e não cultivado, de 10 m de largura ao redor das unidades de conservação (Art. 1º, III,
a, b e d). Será permissiva a queima controlada para manejo do ecossistema e prevenção de
incêndio, se o fogo estiver previsto no plano de manejo da UC, pública ou privada, e da
reserva legal (Art. 22)

Portaria Normativa IBAMA 94-N/98, de 09/07/98, (DOU 10/07/98), institui a queima


controlada como fator de produção e manejo em áreas de atividades agrícolas, pastoris e
florestais e outras; regulamenta o processo de queima controlada prevista no Decreto
2.661/98. É proibida a utilização do fogo em vegetação contida nas áreas que especifica,
especialmente numa faixa de 15 m de cada lado, na projeção em ângulo reto sobre o solo,
do eixo das linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica. A autorização para
queima controlada será obtida junto ao IBAMA, ou em órgão por ele autorizado (Art. 2º) e
deverá ser acompanhada de cópia da autorização de desmatamento, quando legalmente
exigida (Art. 3º, § 1º, II).

Portaria MMA 345/99, de 15/09/99, (DOU 20/09/99), estabelece os procedimentos especiais


na emissão de autorizações para o emprego do fogo como método despalhador e facilitador
do corte de cana de açúcar. Salienta que as autorizações, cuja validade é de no máximo 7
dias, deverão observar as condições meteorológicas, de qualidade de ar, risco de vida,
danos ambientais, níveis de fumaça e segurança pública, de acordo com o Decreto 2.661/98
(art.20), e somente serão emitidas para espaços com declividade inferior a 12 % nas regiões
em que o mapa de risco produzido e disponibilizado pelo INPE/IBAMA/PROARCO estiver
prognosticando níveis mínimo baixo ou normal.

Resolução Conama 382 / 2006 que estabelece os limites máximos de emissão de poluentes
atmosféricos para fontes fixas.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
64
Lei Estadual no 15.834, de 23 de novembro de 2006 dispõe sobre redução gradativa da
queima da palha de cana-de-açúcar em áreas mecanizáveis.

4.9. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

4.9.1. Motivação

Barragem de captação de água industrial e áreas degradadas.

4.9.2. Legislação aplicável

Lei 4.771/65, de 15/09/65, (DOU 16/09/65), institui o novo Código Florestal14. Considera de
preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural situadas em
numerosos locais (art. 2º). Determina que a supressão de vegetação em APP, somente
poderá ser autorizada pelo órgão ambiental estadual competente com anuência prévia do
órgão federal ou municipal do meio ambiente, em caso de utilidade pública ou de interesse
social, devidamente caracterizados e motivados técnica e juridicamente em procedimento
administrativo próprio, e quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento
proposto (art. 4º § 1º). O órgão ambiental competente indicará previamente à emissão da
ASV em APP, as medidas mitigadoras e compensatórias que deverão ser adotadas pelo
empreendedor (Art. 4º, § 4º).

Na implantação de reservatório artificial é obrigatória a desapropriação ou aquisição, pelo


empreendedor, das áreas de preservação permanente criadas no seu entorno, cujos
parâmetros e regime de uso serão definidos por resolução do CONAMA (Art. 4º, § 6º).
Permite-se o acesso de pessoas e animais às APP, para obtenção de água, desde que não
exija a supressão e não comprometa a regeneração e a manutenção a longo prazo da
vegetação nativa (Art. 4º, § 7º).

Lei 7.754/89, de 24/04/89, (DOU 18/04/89), estabelece medidas para proteção das florestas
existentes nas nascentes dos rios. São consideradas de preservação permanente, na forma
da Lei 4.771/65, as florestas e demais formas de vegetação natural existentes nas
nascentes dos rios (Art. 1º), que deverão constituir-se no Paralelograma de Cobertura
Florestal, no qual são vedadas a derrubada de árvores e qualquer forma de desmatamento
(Art. 2º) e, na hipótese do desmatamento já ter ocorrido, torna obrigatório o reflorestamento,
com espécies vegetais nativas da região (Art. 2º, § 1º).
14
A Lei nº 12.596/95, que institui a Política Florestal do Estado de Goiás, acabando por reconhecer como Patrimônio Natural o
Bioma Cerrado, cujos integrantes são bens de interesse de todos os habitantes do Estado, bem como estipulando acerca das
APPs, entretanto sem maiores restrições normativas.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


65
Lei 8.171/91, de 17/01/91, (DOU 18/01/91), dispõe sobre a política agrícola. Determina que
as empresas que exploram economicamente águas represadas e as concessionárias de
energia elétrica serão responsáveis pelas alterações ambientais por elas provocadas e
obrigadas a recuperação do meio ambiente, na área de abrangência de suas respectivas
bacias hidrográficas (Art. 23). No mais, determina que o Poder Público concederá incentivos
ao proprietário rural que: conservar a cobertura florestal nativa; recuperar com espécies
nativas ou ecologicamente adaptadas as áreas já devastadas; sofrer limitação ou restrição
no uso de recursos naturais, para fins de proteção dos ecossistemas (Art. 103 e incisos).
São isentas de tributação e do pagamento do ITR as áreas consideradas de preservação
permanente, previstas na Lei 4.771/65 (Art. 104).

Lei 9.605/98, de 12/02/98, (DOU 13/02/98), dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Constitui crime: destruir ou
danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou
utilizá-la com infringência das normas de proteção (Art. 38); cortar árvores em floresta de
preservação permanente, sem permissão da autoridade competente (Art. 39); impedir ou
dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação (Art. 48).

Resolução CONAMA 302/2002, de 20/03/2002, (DOU 15/05/2002), estabelece sobre os


parâmetros da área de preservação permanente de reservatórios artificiais e o regime de
uso do entorno; constitui-se APP a área com largura mínima no entorno dos reservatórios
artificiais de: (i) 30 m para os situados em áreas urbanas consolidadas, (ii) 100 m para os
situados em áreas rurais e 15 m para os de geração de energia elétrica com até 10 ha (Art.
3º, I e II). Os limites da APP poderão ser ampliados ou reduzidos, conforme estabelecido no
licenciamento ambiental, e, quando houver, de acordo com o Plano de Recursos Hídricos da
bacia (art. 3º, § 1o e § 2º). Estabelece a obrigatoriedade do empreendedor elaborar o Plano
Ambiental de Conservação e Uso do entorno de reservatório, em conformidade com o termo
de referência expedido pelo órgão ambiental competente (Art. 4º).

Pela mesma norma, dispõe sobre limites e determina as Áreas de Preservação Permanente, e
assim estabelece: APP é a área situada em faixa marginal de cursos d'água, ao redor de
nascente ou olho d’água, ao redor de lagos e lagoas naturais, em vereda, no topo de morros e
montanhas, quando ocorrerem 2 ou mais morros ou montanhas cujos cumes estejam
separados entre si por distâncias inferiores a 500 m, nas linhas de cumeada, em encosta ou
parte desta, nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e chapadas, nos locais de refúgio ou
reprodução de aves migratórias, nos locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna
ameaçadas de extinção que constem de lista elaborada pelo poder público federal, estadual ou
municipal, em locais de nidificação e reprodução da fauna silvestre (Art. 3º, incisos e alíneas).

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66
Resolução CONAMA 369/2006, de 28/03/2006, (DOU 29/03/2006), dispõe sobre os casos
excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que
possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação
Permanente; as obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública, interesse social
ou de baixo impacto ambiental, deverão obter do órgão ambiental competente a autorização
para intervenção ou supressão de vegetação em APP, em processo administrativo próprio
no âmbito do processo de licenciamento ou autorização, motivado tecnicamente,
observadas as normas ambientais aplicáveis.

4.10.COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

4.10.1. Motivação

Compensação ambiental decorre da obrigatoriedade do empreendedor em apoiar a


implantação e manutenção de unidade de conservação.

11.2 – Legislação aplicável: Lei 9.985/2000, de 18/07/2000, (DOU 19/07/2000), regulamenta


o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação15. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de
significativo impacto ambiental, com fundamento no EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado
a apoiar a implantação e manutenção de UC do Grupo de Proteção Integral (art. 36). O
montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor não pode ser inferior a 0,5 % dos
custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado
pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo
empreendimento (art. 36, § 1º). Quando o empreendimento afetar UC específica ou sua
zona de amortecimento, o licenciamento só poderá ser concedido mediante autorização do
órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente
ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida
neste artigo (Art. 36, § 3º).

15
Decreto 4.340/2002, de 22/08/2002, (DOU 23/08/2002), regulamenta artigos da Lei 9.985/2000, que dispõe sobre o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC. Referência normativa estadual: A Lei nº 14.247/02, que institui o Sistema
Estadual de Unidades de Conservação (SEUC) estipula que o empreendimento de significativo impacto ambiental, crie, implante e/ou
mantenha unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral. A definição das unidades de conservação a serem beneficiadas
e/ou as ações a serem implementadas, é condição que deve anteceder a expedição do alvará de funcionamento. A Lei nº 14.241/02
dispõe sobre a proteção da fauna silvestre de Goiás e impõe que, se porventura um empreendimento de significativo impacto
ambiental afetar, de qualquer forma, a fauna silvestre e a dinâmica das suas espécies, o empreendedor deve dispor de, no mínimo,
um por cento (1%) do valor total do empreendimento para implementação de medidas mitigadoras e compensatórias das espécies
afetadas, conforme determinado pelo órgão competente, que vislumbrará no EIA tal interferência, gerando a conseqüente
compensação ambiental, que será revertida ao FEMA – Fundação Estadual do Meio Ambiente (Lei Complementar nº 20, 10.12.96). O
Decreto nº 5.899/04, que regulamenta a Lei nº 14.241/02, dá competência ao Presidente da Agência Goiana do Meio Ambiente para
instituir a câmara de compensação e impor a obrigação da referida, na qual deve-se demonstrar os impactos negativos, não mitigáveis
e passíveis de risco para fauna silvestre goiana.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


67
Para fixação da compensação ambiental, o órgão ambiental licenciador16 estabelecerá o
grau de impacto a partir dos estudos ambientais realizados, sendo considerados os impactos
negativos, não mitigáveis e passíveis de riscos, e que possam comprometer a qualidade de
vida de uma região ou causar danos aos recursos naturais. Os percentuais serão fixados,
gradualmente, a partir de 0,5 % dos custos totais previstos para a implantação do
empreendimento, considerando-se a amplitude dos actos gerados (art. 31, parág. único).

A aplicação dos recursos nas unidades de conservação, existentes ou a serem criadas,


devem obedecer à seguinte ordem de prioridade: (i) regularização fundiária e demarcação
das terras; (ii) elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo; (iii) aquisição de
bens e serviços necessários à implantação, gestão, monitoramento e proteção da unidade,
compreendendo sua área de amortecimento; desenvolvimento de estudos necessários à
criação de nova unidade de conservação; desenvolvimento de pesquisas necessárias para o
manejo da unidade de conservação e área de amortecimento (Art. 33 e incisos).

Resolução CONAMA 371/2006, de 05/04/2006, (DOU 06/04/2006), estipula as diretrizes


para o cálculo, cobrança, aplicação, e controle de recursos advindos de compensação
ambiental decorrente dos impactos pela implantação de empreendimentos de significativo
impacto ambiental, assim considerado pelo órgão competente, com fundamento no EIA-
RIMA, conforme o art. 36 da Lei nº 9.985/2000, e no art. 31 do Decreto nº 4.340/2002.

Em suma, como questão imperativa, o órgão ambiental deverá fundamentar-se em base técnica
e/ou social para justificar a compensação, além de ter que demonstrar a metodologia aplicada.

4.11.DESMATAMENTO, SUPRESSÃO E UTILIZAÇÃO DE VEGETAÇÃO, PODA DE


ÁRVORES E QUEIMADAS

4.11.1. Motivação

Implantação e operação da atividade industrial e agrícola.

4.11.2. Legislação aplicável

Decreto 24.643/34 estipula que aos concessionários de energia eletrica é assegurado o


direito de mandar podar ou cortar quaisquer árvores que, dentro da área da servidão ou na
faixa paralela à mesma, ameacem as linhas de transmissão ou distribuição (Art. 3º, § 2º).

16
Será instituída no âmbito dos órgãos licenciadores câmaras de compensação ambiental, compostas por representantes do
órgão, com a finalidade de analisar e propor a aplicação da compensação ambiental, para a aprovação da autoridade
competente, de acordo com os estudos ambientais realizados e percentuais definidos (Art. 32).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


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Com maior especificidade, consultar Lei 4.771/65, de 15/09/65, (DOU 16/09/65), que institui
o novo Código Floresta, e Decreto 5.975/2006, 30 de novembro de 2006, (DOU 01.12.2006).

Lei 7.754/89, de 14/04/89, (DOU 18/04/89), estabelece medidas para proteção das florestas
existentes nas nascentes dos rios, estipulando que, nestas áreas, será constituída uma área
denominada Paralelograma de Cobertura Florestal, na qual são vedadas a derrubada de
árvores e qualquer forma de desmatamento. Na hipótese que, antes da vigência desta Lei,
tenha havido desmatamento na área do Paralelograma, deverá ser imediatamente efetuado
o reflorestamento com espécies vegetais nativas da região (Art. 2º, § 1º).

Resolução CONAMA 378/2006, de 19/10/2006, (DOU 20/10/2006), define os empreendimentos


considerados potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional envolvendo
a exploração ou supressão de vegetação, devendo os seguintes empreendimentos serem
submetidos à prévia autorização do IBAMA: a supressão de florestas e outras formas de
vegetação nativa em área maior que 2 mil ha, em imóveis rurais localizados na Amazônia Legal,
ou mil ha, em imóveis rurais localizados nas demais regiões do país.

4.12.CRIME AMBIENTAL, CONTRAVENÇÃO, INFRAÇÃO, PENALIDADES.

4.12.1. Motivação

Mudança de comportamento do Poder Público, empresariado e sociedade civil.

4.12.2. Legislação aplicável

Lei 9.605/98, de 12/02/98, (DOU 13/02/98), dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Estabelece as
condutas consideradas crimes contra: fauna (art. 29 a 37 e 54), flora (art. 38 a 53 e 54),
ordenamento urbano e o patrimônio cultural (art. 62 a 65), administração ambiental (art. 66 a
69), de poluição e outros crimes ambientais (art. 54 a 61). Constitui crime: construir,
reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional,
estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização
dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares
pertinentes (art. 60); fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a
verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de
autorização ou de licenciamento ambiental (art. 66); conceder, o funcionário público, licença,
autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades,
obras ou serviços, cuja realização dependa de ato autorizativo do Poder Público (art. 67);
deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de

DESTILARIA BOCAINA - EIA


69
relevante interesse ambiental (art. 68). Ademais, estabelece penas restritivas de direito
(prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, suspensão parcial
ou total de atividades, prestação pecuniária e recolhimento domiciliar). Define como infração
administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo,
promoção, proteção e recuperação do meio ambiente (art. 70). Há de se aplicar,
subsidiariamente, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal (art. 79).

Ademais, há uma grande quantidade de textos legais17 que coibem o trato inconsciente e
predatório do ambiente.

Como mecanismo de transferência transversal de poder de polícia, apontamos a Instrução


Normativa IBAMA 19/2001, de 05/11/2001, (DOU 13/11/2001), que dispõe sobre os mutirões
ambientais (ver: Resolução CONAMA 03/88). Salienta que participantes de mutirões
ambientais, indicados por entidades civis ambientalistas ou afins, devidamente treinados e
credenciados pela Coordenação Geral de Fiscalização Ambiental do IBAMA, passam a ser
denominados Agentes Ambientais Voluntários (art. 1º). Compete a estes agentes: atuarem
sempre através de mutirões ambientais; lavrarem Autos de Constatação circunstanciados e
assinados pelos presentes, sempre que for identificada infração à legislação ambiental;
reterem os instrumentos utilizados na prática da infração penal ou os produtos dela
decorrentes, e encaminhá-los à autoridade policia (art. 3º e incisos).

4.13. FAUNA AQUÁTICA, TERRESTRE, AVIFAUNA E FLORA.

4.13.1. Motivação

Diversidade biológica.

17
Decreto-Lei 2.848/40 de 07/12/40, (DOU 31/12/40) Código Penal. Estabelece penalidades para os crimes, tais como: dano
ao patrimônio público ou particular (art. 163); dano em coisa tombada (art. 165); causar incêndio (art. 250); causar inundação
(art. 254); destruir, remover ou inutilizar obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação (art. 255); difusão de doença
ou praga que possa causar dano à floresta (art. 259); atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de água, luz,
força, calor ou qualquer outro de utilidade pública (art. 265); corromper ou poluir água potável (art. 271). Esta norma aplica-se
subsidiariamente à Lei 9.605/98. Decreto-Lei 3.688/41, de 03/10/41, (DOU 13/10/41). Lei das Contravenções Penais.
Considera contravenção penal, entre outras, as condutas previstas: provocar abusivamente emissão de fumaça, vapor ou gás,
capaz de ofender ou molestar alguém (art. 38); perturbar o sossego alheio por meio de poluição sonora (art.41); tratar animal
com crueldade (art. 64). Lei 4.771/65, de 15/09/65, (DOU 16/09/65), institui o novo Código Florestal. Estabelece penalidades
para crimes que especifica (art. 26 e alíneas), que, quando conflitantes, foram revogadas pela Lei 9.605/98. Aplicam-se às
contravenções previstas neste Código as regras gerais do Código Penal e da Lei de Contravenções Penais, sempre que a
presente Lei não disponha de modo diverso (art. 30). Lei 5.197/67, de 03/01/67, (DOU 05/01/67), dispõe sobre a proteção à
fauna. Estabelece penalidades para crimes que especifica (art. 27), que, quando conflitantes, foram revogadas pela Lei
9.605/98. Lei 6.437/77, de 20/08/77, (DOU 24/08/77), vislumbra infrações à legislação sanitária federal e estabelece as
sanções respectivas. Constituição da República/88, de 05/10/88, (DOU 05/10/88), determina que as condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (art. 225, § 3º). Lei 7.754/89, de 14/04/89,
(DOU 18/04/89), estabelece medidas para proteção das florestas existentes nas nascentes dos rios. A inobservância do
disposto nesta Lei acarretará, aos infratores, além da obrigatoriedade de reflorestamento da área com espécies vegetais
nativas, a aplicação de multa (art. 4º). Lei 9.433/97, de 08/01/97, (DOU 09/01/97), institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição
Federal e altera o art. 1º da Lei 8.001/90, que modificou a Lei 7.990/89. Estabelece as infrações às normas de utilização de
recursos hídricos superficiais ou subterrâneos, fixando as respectivas penalidades (art. 49 e 50).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


70
4.13.2. Legislação aplicável

Decreto-Lei 794/38, de 19/10/38, (DOU 31/12/1938), prevê como complemento obrigatório


de represas de rios, ribeirões ou córregos, obras que permitam a conservação da fauna
fluvial, seja facilitando a passagem dos peixes, seja instalando estações de piscicultura.

Lei 5.197/67, de 03/01/67, (DOU 05/01/67), dispõe sobre a proteção à fauna18; estipula que
animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem
naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como, seus ninhos,
abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização,
perseguição, destruição, caça ou apanha, e que nenhuma espécie poderá ser introduzida no
país, sem parecer técnico oficial favorável e sem licença expedida na forma da lei (art. 4º); e
penalidades para os crimes que especifica (art. 1º e 27).

Portaria IBAMA 1.522/89, de 19/12/89, (DOU 22/12/89), lista oficial de espécies de fauna
brasileira ameaçadas de extinção; já pela Portaria IBAMA 45-N/92, de 27.04.92, lista-se as
espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção.

Portaria Normativa IBAMA 113/97, de 25/09/97, (DOU 26/09/97), dispõe sobre a


obrigatoriedade de registro no Cadastro Técnico Federal de Pessoas Físicas ou Jurídicas
que Desempenhem Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos
Ambientais. Estabelece como passível deste cadastro as atividades de extração,
comercialização, transporte e produção de produtos potencialmente perigosos ao meio
ambiente, assim como os produtos e subprodutos da flora, fauna e pesca.

Instrução Normativa Ibama 146/2007, de 10/01/2007, (DOU 11/02/2007), estabelece os


critérios para procedimentos relativos ao manejo de fauna silvestre, tais como levantamento,
monitoramento, salvamento, resgate e destinação, nas áreas de influência do projeto,
conforme estipulado com orientação das Resoluções Conama nº 001/86 e nº 237/97.

A definição das florestas e demais formas de vegetação é dada pela Lei nº 4.771/65, Código
Florestal19, reconhecendo-as como de utilidade às terras que revestem, por ser de interesse
comum a todos brasileiros, devendo o empreendedor reger-se pelos limites do direito de
propriedade, à legislação geral. Ações e omissões contrárias às disposições do Código
mencionado, na utilização e exploração florestal, serão consideradas de uso nocivo à
propriedade.
18
Referência normativa estadual: Lei nº 14.241/02, regulamentada pelo Decreto nº 5.899/04, dispõe sobre a proteção da fauna
silvestre e estabelece que, nos limites do Estado de Goiás, a fauna silvestre, em qualquer fase do seu desenvolvimento, bem
como os seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, são de propriedade do Poder Público, sob proteção desta lei.
19
Referência normativa estadual: A Lei nº 12.596/95 institui a Política Florestal do Estado de Goiás, acabando por reconhecer
como Patrimônio Natural o Bioma Cerrado, cujos integrantes são bens de interesse de todos os habitantes do Estado.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


71
A Lei nº 4.771/65, com alterações trazidas pelas Leis nº 7.803/89 e nº 7.875/89,
recepcionada pela Constituição Federal, dá relevância às áreas de preservação
permanente, que têm por escopo “preservar os mananciais, a paisagem, a estabilidade
geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o
bem-estar das populações humanas”.

4.14. SETOR AGRÍCOLA, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE PRODUTOS,


RESÍDUOS SÓLIDOS EM GERAL.

4.14.1. Motivação

As ações nestes setores dirigem-se à implantação dos canaviais e da planta industrial, que
podem estar diretamente relacionados com a poluição dos solos e recursos hídricos. Várias
atividades podem colaborar para essa condição, tal como o uso de agrotóxicos; ademais, há
outras atividades que, para a plena operação destes setores, gerarão resíduos e
subprodutos que necessitarão de um adequado gerenciamento. O etanol, tratando-se de um
produto inflamável, apresenta risco de acidentes por explosão e incêndio que não pode
deixar de ser considerado para efeitos de estocagem e expedição.

4.14.2. Legislação aplicável

A legislação brasileira sobre agrotóxicos está estabelecida pela Lei 7.802, de 11 de julho de
1989, regulamentada pelo Decreto nº 4.074 de 4 de janeiro de 2002. São os herbicidas,
inseticidas, fungicidas, maturadores, espalhantes adesivos, desfolhantes, entre outros.
Como congêneres, estão incluídos os produtos biológicos, microbianos, extratos vegetais e
feromônios que, mesmo sem características e riscos toxicológicos, são utilizados no controle
de pragas e doenças (art. 2º e incisos). No Decreto mencionado, estipula-se que os
estabelecimentos destinados ao desenvolvimento de atividades que envolvam embalagens
vazias de agrotóxicos, componentes ou afins, bem como produtos em desuso ou impróprios
para utilização, deverão obter licenciamento ambiental (art.56).

Complementam a legislação, Portarias da Secretaria de Defesa Agropecuária20, IBAMA21 e


ANVISA22. A recomendação de uso de agrotóxicos e afins é feita por profissionais do setor
agropecuário e florestal, através de Receituário Agronômico específico para cada local e

20
Secretaria de Defesa Agropecuária: Portarias nº 01, de 30 de novembro de 1990, portaria nº 45, de 10 de dezembro de 1990;
n° 93, de 30 de maio de 1994; n° 67 - de 30 de maio de 1995; n° 95 - de 31 de julho de 1996; n° 138 - de 21 de novembro de
1996; n° 160 - de 31 de dezembro DE 1996; nº 120, de 1 de outubro de 1997; e nº 121, de 9 de outubro de 1997.
21
IBAMA: portaria normativa n° 84 - de 15 de outubro de 1996; portaria normativa n° 131 - de 3 de novembro de 1997.
22
Portaria n° 03, de 16 de janeiro de 1992 e Portaria n° 14 - de 24 de janeiro de 1992.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


72
problema, incluindo apenas produtos registrados. As Secretarias Estaduais de Agricultura e
os CREAs têm a responsabilidade de fiscalização e autuação. Os agrotóxicos são
registrados após a avaliação com testes de eficiência agronômica, resíduos, estudos
toxicológicos e ambientais. Os Ministérios da Agricultura, Meio Ambiente e Saúde são
responsáveis pelas avaliações.

A Portaria MINTER nº 53/79 estabelece normas para os projetos de tratamento e disposição


de resíduos sólidos23, e de exercício do controle de poluição, fiscalização de sua
implantação, funcionamento e manutenção. O seu item III prevê que os resíduos de
natureza tóxica, bem como os que contêm substâncias inflamáveis, corrosivas, explosivas,
radioativas e outras consideradas prejudiciais, deverão sofrer tratamento e
acondicionamento adequado, no próprio local de produção e nas condições estabelecidas
pela Agência Goiana de Meio Ambiente.

A NBR nº 8418/84, em conjunto com a NBR nº 10.157/87, fundamenta a eventual


necessidade de destinar, de forma adequada, os resíduos gerados nas indústrias e
estabelece condições mínimas para análise das instalações disponíveis.

A NBR nº 10.004/87 classifica os resíduos sólidos em três categorias: classe I (perigosos),


classe II (não perigosos e não inertes) e classe III (inertes). A NBR nº 10.006/87
(solubilização de resíduos) fixa as condições exigíveis para diferenciar os resíduos de classe
II e III, no estado físico e sólido, determinando o equipamento e o procedimento para
diferenciação destes. A NBR nº 10.007/87 estabelece as normas de amostragem,
preservação e estocagem de amostras de resíduos sólidos, obrigando à identificação do
recipiente em que foi armazenado o resíduo com dados sobre o local, equipamento gerador,
nome do resíduo ou alguma outra forma de identificação que possibilite o rastreamento e
acompanhamento do inventário, bem como sua entrega ao órgão ambiental, nos termos da
Resolução CONAMA nº 006, de I5.06.88. A NBR nº 10.005/87 (lixiviação de resíduos)
determina que todas as instalações que tratem, estoquem ou depositem resíduos perigosos
devem possuir Plano de Monitoramento de águas subterrâneas (que pode ser dispensado a

23
Referência normativa estadual: a Lei nº 14.248/02 dispõe que o armazenamento, a acumulação ou a destinação final de
resíduos de qualquer natureza dependerão de projetos específicos aprovados pelo órgão ambiental estadual competente. As
unidades receptoras deverão ser projetadas em conformidade com a legislação e com a regulamentação pertinente, devendo
ser implantadas, operadas, monitoradas e ter suas atividades encerradas de acordo com projeto previamente aprovado pelo
órgão ambiental estadual competente. Também, proibe as seguintes utilizações e destinações dos resíduos sólidos:
lançamento in natura a céu aberto (em áreas urbanas e rurais); queima a céu aberto, inclusive dos resíduos sólidos industriais,
em caldeiras não licenciadas pelo órgão ambiental competente; lançamento em mananciais, suas áreas de drenagem,
coleções hídricas, cursos d’água, lagoas, praias, olhos d’água, nascentes, brejos, terrenos baldios, cavidades subterrâneas,
poços e cacimbas, mesmo que abandonados, e em áreas sujeitas À inundação com períodos de recorrência de até 100 anos;
lançamentos em sistemas de redes de drenagem de águas pluviais, de esgotos, de eletricidade, de telefone, bueiros e
assemelhados; que provoquem infiltração no solo sem tratamento prévio, e sem projeto aprovado pelo órgão ambiental
estadual competente; armazenamento em edificação inadequada; utilização de resíduos perigosos como matéria prima e fonte
de energia, bem como a sua incorporação em materiais, substâncias ou produtos, sem prévia aprovação do órgão estadual
competente; e utilização para alimentação humana ou animal sem tratamento.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


73
critério do órgão ambiental licenciador). O sistema deverá seguir os padrões de proteção e
as condições de localização e do programa e período de monitoramento destes.

A Resolução CONAMA nº 257 de 30.06.99 informa que os impactos negativos causados ao


meio ambiente pelo descarte inadequado de pilhas e baterias usadas impõem um correto
gerenciamento desses resíduos que, logo após seu esgotamento energético, deverão ser
entregues aos estabelecimentos que os comercializam ou à rede de assistência técnica
autorizada pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores que
devem adotar os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final,
ambientalmente, adequada.

A Resolução CONAMA nº 258 de 26.08.99 considera que pneumáticos inservíveis


abandonados ou dispostos inadequadamente constituem passivo ambiental. As empresas
fabricantes e as importadoras devem coletar e dar destinação final, ambientalmente, adequada
aos pneus inservíveis existentes no território nacional. Fica proibida a destinação final
inadequada de pneumáticos inservíveis, tais como a disposição em aterros sanitários e queima
a céu aberto.

A Resolução CONAMA nº 307/02 estabelece as diretrizes, critérios e procedimentos para


resíduos da construção civil.

A Resolução CONAMA nº 334 de 03.04.03 estipula que a unidade volante (veículo


destinado à coleta regular de embalagens vazias de agroquímicos e afins para posterior
entrega em posto, central ou local de destinação final, ambientalmente, adequada), deve se
sujeitar à legislação específica de transporte de resíduos perigosos e aponta, em seu anexo
II, as condições mínimas necessárias para a instalação e a operação de postos e centrais
de recebimento de embalagens vazias de agroquímicos e afins.

A Portaria MINTER nº 124/80 estabelece que todo depósito projetado para receber líquidos,
potencialmente, poluentes deverá ser dotado de dispositivos de segurança com a
capacidade e a finalidade de receber e guardar os derrames líquidos poluentes,
provenientes de processos produtivos ou de armazenagem.

As condições exigíveis para o armazenamento de resíduos classe I e classe II são


estabelecidas na NBR nº 11.174/89, que, também, determina que os resíduos classe II e III
devam ser armazenados de maneira a não possibilitar a alteração de sua classificação e de
forma que sejam minimizados os riscos de danos ambientais (acondicionados em
contêiners, tambores, tanques e a granel).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


74
A NBR nº 12.235/88 estabelece as condições para o armazenamento de resíduos perigosos,
classe I, de forma a proteger a saúde pública e o meio ambiente, determinando que o
acondicionamento desses resíduos possa ser realizado em contêiners, tambores, tanques e
a granel, bem como, estipula as condições para cada tipo de armazenamento.

A NBR nº 7.505/89 fixa as condições exigíveis para projetos de instalação de armazenagem


de líquidos combustíveis e inflamáveis, inclusive de petróleo e seus derivados líquidos.

4.15. PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO, CULTURAL E TURÍSTICO

4.15.1. Motivação

Memória humana, histórica, e cultural.

4.15.2. Legislação aplicável

O Decreto-Lei nº 25 de 1937, organizou a proteção do patrimônio histórico e artístico


nacional24, definindo-o como “o conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país e cuja
conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história
do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou artístico”.

A Constituição Federal deu à União, aos Estados e ao Distrito Federal, competência


concorrente na atividade legislativa de proteção ao patrimônio histórico, cultural, turístico e
paisagístico (art. 24, inc. VII) e no seu art. 216, demonstrou a dimensão do patrimônio
cultural brasileiro.

A Lei nº 3.924/61 (Lei dos Sambaquis) complementou o Decreto-Lei 25/37, e trouxe a


definição de monumentos arqueológicos e pré-históricos em seu art. 2º.

O Decreto-Lei nº 4.146/42 regula e protege os depósitos fossilíferos, considerando-os


propriedade da Nação, cuja extração depende de autorização do DNPM.

A Resolução CONAMA nº 4 de 18.06.87, declara sítios ecológicos de relevância cultural


todas as Unidades de Conservação previstas na legislação, Monumentos Naturais, Jardins
Botânicos, Jardins Zoológicos e Hortos Florestais criados a nível federal, estadual e
municipal, bem como as Reservas Ecológicas previstas no artigo 3º do Código Florestal. O
Patrimônio Espeleológico Nacional é considerado patrimônio natural, e como tal, sítio
ecológico de relevância cultural (art. 3º).

24
O Decreto nº 5.876/03 aprova o regulamento da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (AGEPEL) e suas
competências, dentre as quais se destaca a preservação e conservação do patrimônio histórico goiano e seus valores culturais.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


75
A Portaria nº 07 da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, de 01.12.88,
estabeleceu os procedimentos necessários para comunicação prévia, permissões e
autorizações para pesquisas e escavações arqueológicas em sítios arqueológicos. Para
tanto, deve-se notificar o Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural Nacional,
IPHAN, para que o mesmo conceda autorização e permissão de pesquisa.

O Decreto nº 2.807 de 21.10.98, aprova a Estrutura do Instituto do Patrimônio Histórico e


Artístico Nacional, IPHAN, autarquia federal constituída pelo Decreto nº 99.492 de 03.09.90
e vinculada ao Ministério da Cultura.

O Decreto nº 3.551 de 04.08.00, institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial


que constituem patrimônio cultural brasileiro e criou o Programa Nacional do Patrimônio
Imaterial.

A Portaria IPHAN nº 230 de 17.12.02, regulamenta o disposto na Portaria IPHAN nº 07 de


01.12.88, estabelecendo que para obtenção da licença ambiental prévia, é necessário
contextualizar de forma arqueológica e etno-histórica a área de influência do
empreendimento, por meio de levantamento exaustivo de dados secundários e
levantamento arqueológico de campo. Sendo arqueologicamente desconhecida a área de
influência do empreendimento ou não se tendo conhecimento de interferências nos atributos
arqueológicos, deverá ser providenciado levantamento arqueológico de campo, em sua área
de influência direta, resultando em diagnóstico de caracterização e avaliação da situação
atual do patrimônio arqueológico na área. A partir daí, serão elaborados os Programas de
Prospecção e de Resgate compatíveis com o cronograma das obras e com as fases do
licenciamento ambiental do empreendimento.

4.16.CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO

Enfim, acabou-se por especificar as imposições legais que norteiam o empreendimento em


questão, devendo o órgão de controle ambiental, na análise do EIA/RIMA, exigir o
cumprimento e observância dos mandamentos normativos (e as remissões técnicas que se
fizerem oportunas ao caso), que foram elucidados quanto a sua pertinência ao projeto, sem
prejuízo do poder-dever de averiguar a existência de outros diplomas cabíveis no processo
de AIA, inclusive a Instrução Normativa 001/2007 mais recente peça que versa sobre o
controle da atividade sucroalcooleira no Estado de Goiás.

Como qualquer levantamento normativo, este, também, apresenta a questão da


provisoriedade, existindo a necessidade de realizar uma revisão periódica para manter a sua
atualidade, bem como, não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas sim, facilitar as

DESTILARIA BOCAINA - EIA


76
tarefas das partes envolvidas no cumprimento das normas que regulam a proteção
ambiental, estando tal diagnóstico normativo sob censura.

De todas as formas, acredita-se que proporcionará um acesso rápido aos instrumentos


legais cujo conteúdo seja de interesse imediato, pois foi elaborado possibilitando a pesquisa
das questões de maior interesse, seja público ou do empreendedor. Desta forma, foram
identificados os temas de interesse geral, escolhidos pela sua relevância nas atividades a
serem desenvolvidas pelo empreendedor, onde cada tópico aparece acompanhado de seu
suporte fático e legislação pertinente, vislumbrando sua ligação com as inúmeras atividades
projetadas; com efeito, facilitará para que a busca dos dispositivos legais se faça de forma
dinâmica, sem necessidade de remissões exaustivas.

Ademais, acredita-se que formatar os aspectos legislativos e seus efeitos complementares,


favorecerá o disciplinamento do EIA/RIMA, pois sem dúvidas, os textos normativos
expressam a proteção do meio ambiente por meio de requisitos e procedimentos formais,
fundamentais para que os diferentes aspectos e atributos ambientais sejam resguardados
das ações humanas adversas.

Em definitiva, pelo presente processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), as ações


empreendedoras estarão sendo identificadas e valoradas, atráves deste estudo e outros que
lhe instrue, cabendo às autoridades envolvidas ponderar e revisar os mesmos, tendo por
efeito a aprovação ou não das ações antrópicas propostas frente ao estado de direito.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


77
5. METODOLOGIA

EIAs são documentos com conteúdo regulamentado pela Resolução CONAMA 001/86 e
devem atender adicionalmente a exigências do órgão ambiental licenciador, no caso a
Agência Ambiental do Estado de Goiás.

Para o atendimento a estas especificações o EIA foi desenvolvido com as seguintes fases:

• Caracterização do empreendimento segundo informações do empreendedor e dados


secundários;

• Definição da área de influência conforme os requisitos técnicos e legais;

• Diagnóstico ambiental com base em dados secundários e levantamento “in loco” de


dados primários;

• Identificação e avaliação dos impactos negativos e positivos decorrentes do


empreendimento;

• Indicação de diretrizes ambientais para os impactos ambientais da área agrícola e


industrial;

• Indicação de medidas mitigadoras dos impactos negativos ou otimizadoras dos


positivos e de seus efeitos sobre os impactos identificados;

• Proposição de programas de manejo e monitoramento de longo prazo;

• Conclusões e recomendações da equipe técnica.

As avaliações foram feitas para os meios físico, biótico e socioeconômico. Os impactos


sobre os fatores ambientais, medidas e programas pertinentes são enfocados nas fases de
planejamento, instalação, paralisação e operação do empreendimento.

5.1. BASE CARTOGRÁFICA

O procedimento metodológico de elaboração do EIA/RIMA foi apoiado em aquisição e


detalhamento de base cartográfica. Os dados foram adquiridos através da carta topográfica na
escala 1:100.000, para elaboração de carta-base das áreas de influências do empreendimento.

Foram também utilizadas fotografias aéreas do Projeto AST-10 (USAF, 1965), na escala
1:60.000, bem como mosaico semi-controlado de radar na escala 1:250.000, do Projeto
Radambrasil (1973), para os estudos geomorfológicos da área de influência.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


78
Imagens de satélite CBERS2 – junho de 2007 - foram utilizadas para interpretação visual tendo
em vista a identificação do uso do solo e o refinamento de cartas temáticas em escala menor.

Recortes de trabalhos disponíveis da CPRM, SGM e Projeto Radam Brasil foram utilizados
para interpretação das demais temáticas que compõem a base cartográfica do estudo.
Cartas topográficas da área, cedidos pelo empreendedor, embasaram a interpretação da
área de influência direta do empreendimento.

5.2. ÁREAS DE INFLUÊNCIA

Segundo a Resolução CONAMA 001/86, as áreas de influências correspondem aos limites


geográficos dentro dos quais haverá efeitos diretos ou indiretos do empreendimento,
considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica em que o mesmo se localiza. A
natureza e efeitos do empreendimento suscitam a diferenciação de sua área de influência
em Área de Influência Direta, AID, e Área de Influência Indireta, AII.

AID é a área onde serão executadas as atividades potenciais ou efetivamente modificadoras


do meio ambiente e, portanto, será submetida a seus efeitos diretos.

A AID está inserida na Fazenda Bocaina. Esta concepção de AID se aplica aos fatores
ambientais dos meios físico e biótico. Para o meio socioeconômico a AID é mais ampla,
envolvendo todo o município de Piracanjuba, que, sem dúvidas, terá sua economia
impactada pelo empreendimento .

A definição da AII segue a tendência mundial de uso de bacias hidrográficas como unidades
de gestão e planejamento ambiental. Mais além da exigência legal, trata-se de unidades
espacialmente bem definidas, cujos compartimentos ambientais são integrados num
elemento comum: os recursos hídricos.

A quantidade e a qualidade dos recursos hídricos são capazes de sintetizar a qualidade


ambiental de toda a bacia, o que facilita o monitoramento das relações de causa e efeito na
avaliação de impactos. Esta concepção é adotada para a AII do empreendimento.

Propõe-se como AII para os meios físico e biótico o polígono formado por várias sub-bacias,
tendo início na foz do córrego Ponte Furada no rio Meia Ponte e, subindo por este até a foz
do córrego São Pedro e, em seguida, contornando sua bacia, envolvendo o seu afluente o
córrego Lavrado e seguindo sentido sul pelo divisor de águas das bacias do rio Meia Ponte
e rio Piracanjuba, trajeto coincidente com trecho da GO-147, até contornar as nascentes do
córrego Ponte Furada e indo até o rio Meia Ponte fechando o polígono (Figura 05).
DESTILARIA BOCAINA - EIA
79
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Malha Viária e Hidrografia - AGETOP (adaptadas)


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ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA
TÍTULO FIGURA
74.5 x 56.5 MAPA DAS ÁREA DE INFLUÊNCIA 05
Os fatores ambientais clima, hidrogeologia e qualidade do ar não têm uma vinculação
estreita com as sub-bacias hidrográficas, pelo quê serão analisados em escalas menores,
conforme a disponibilidade de dados e de forma a garantir a coerência técnica.

Os fatores socioeconômicos não se vinculam às sub-bacias hidrográficas, mas à


organização político-administrativa, sendo importantes na definição, aspectos como a região
de habitação dos potenciais colaboradores e a infra-estrutura afetada.

Com esse critério, para o meio antrópico, considerou-se as áreas de influência, onde
poderão incidir impactos, das atividades de implantação e operação do empreendimento.

Consideraram-se duas áreas de influência que de modo efetivo ou potencial poderão


receber impactos oriundos das ações de implantação e operação do empreendimento.

Área de Influência Direta (AID), para o meio antrópico, é constituída pelo núcleo urbano de
Piracanjuba, e os estabelecimentos localizados no entorno imediato ao local de instalação
da planta industrial, a sede municipal está distante cerca de 7,5 km, em linha reta, do local
do empreendimento.

A Área de Influência Indireta (AII) é composta por todo o município de Piracanjuba, pois,
sem dúvida todo ele terá reflexos econômicos e social com a implantação e operação do
empreendimento, seja na forma de fortalecimento da economi e geração de empregos, ou
pelas pressões sobre sua infra-estrutura física e social.

5.3. METODOLOGIA DE DIAGNÓSTICO

Para o diagnóstico ambiental, foi realizado junto aos empreendedores um levantamento de


dados sobre a futura indústria e a configuração ambiental de sua AII e AID nas temáticas
física, biótica e socioeconômica.

Em seguida, foi feito um levantamento de dados secundários em referências bibliográficas,


material cartográfico, bases de dados técnicos, legislativos e socioeconômicos nacionais e
regionais e de estações de monitoramento de parâmetros físicos. Foram realizados
levantamentos ambientais in loco pela equipe multidisciplinar, de forma contemporânea e
integrada. Após uma visita de reconhecimento inicial com o empreendedor, foram
executadas várias campanhas de campo, distribuídas em 2006. Apesar do trabalho ter sido
realizado de forma integrada, para cada meio, em função de características próprias,
adotou-se metodologias próprias, conforme descrito a seguir.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


81
5.3.1. Meio Físico

Para a caracterização climática da área de influência indireta utilizou-se de dados sub-


regionais, tendo como referência a PCD (Plataforma de Coleta de Dados) de Goiatuba
(SIMEGO, 1999/2007) e dados pluviométricos de 3 estações administradas pela ANA –
Agência Nacional de Águas: Marzagão, Piracanjuba e Morrinhos (Quadro 11), eleitas pela
proximidade do empreendimento. A ausência de informações sobre alguns parâmetros na
estação Goiatuba, como pressão atmosférica, nebulosidade e insolação, levaram à
utilização das Normais Climatológicas de Goiânia (1961/1990, DNM, 1992). A variação
seqüencial das anomalias pluviométricas seguiu critério adotado por ALDAZ (1971) que
consiste no cálculo de variações pluviométricas anuais em relação à média da série: anos
normais (N) quando a variação anual não ultrapassa 15% em relação à média da série; ano
normal tendendo a seco (NS) ou tendendo a chuvoso (NC) quando a variação encontra-se
entre 15 e 30% da referida média; ano seco (S) ou chuvoso (C), quando a anomalia
pluviométrica ultrapassa os 30% em relação à média da série histórica. O balanço hídrico foi
calculado para as estações Marzagão, Piracanjuba e Pires do Rio, considerando a
consistência e histórico de dados. O balanço levou em consideração modelo proposto por
THORNTHWAITE & MATHER (1955), adaptado por CAMARGO (1971), utilizando-se de
software do CEPAGRI-UNICAMP. Os dados termais das estações pluviométricas foram
obtidos a partir de modelo estimativo desenvolvido por ALFONSI et al (1974). Os dados
meteorológicos foram tratados estatisticamente e representados sob forma de tabelas e
gráficos. A caracterização pluviométrica da área de influência direta fundamentou-se nos
parâmetros climatológicos da estação fluviométrica Piracanjuba e climatológica de Goiatuba
(SIMEGO, 1999/2007).

Quadro 11. Estações meteorológicas utilizadas para a área de influência.


Código Estação/Município Latitude Longitude Altitude Período
01748004 Marzagão 17º58´58´´ 49º38´29´´ 605,0 1973/2006
01749005 Piracanjuba 17º42´00´´ 49º07´00´´ 720,0 1973/2006
01748014 Pires do Rio 17º18´14´´ 48º16´15´´ 750,0 1976/2006
01849027 Goiatuba (SIMEGO) 18O01´00´´ 49º22´00´´ 744,0 1999/2007
Nota: A estação Usina Rochedo (CELG) funcionou apenas o período de 04/1971 a 02/1972, razão pela qual foi
desconsiderada.

A qualidade do ar, tendo como referência a queima da biomassa no período seco, foi
estimada a partir da altura da camada de mistura, calculada através de modelagem para
estudos de dispersão (ERM, 2002).

A geomorfologia da área de influência indireta, com 286,3 km2, apoiou-se em interpretação de


imagem de satélite CBERS-2 Sensor CCD (06/2007) na escala 1:100.000, utilizando-se de
metodologia desenvolvida no Projeto Radambrasil e levantamentos de campo. As
DESTILARIA BOCAINA - EIA
82
denominações atribuídas às unidades geomorfológicas e respectivos compartimentos,
correspondentes ao segundo e terceiro táxons na classificação de ROSS (1992), seguiram
as adotadas por MAMEDE et al (1983) no mapeamento da Folha SE.22, Goiânia.

O quarto táxon foi caracterizado pelos tipos de modelados: formas de dissecação (‘a’ para
formas aguçadas, ‘c’ para formas convexas e ‘t’ para formas tabulares) e formas de
acumulação (Aptf, planície e terraço fluviais e Aai, áreas de acumulação inundáveis). As
letras correspondentes aos modelados de dissecação foram seguidos de um digito numérico
composto, correspondendo o primeiro à ordem de grandeza das formas de dissecação e o
segundo à intensidade de aprofundamento da drenagem (Quadro 12). Foram destacadas
as principais feições lineares e pontuais através de símbolos.

Utilizou-se de cor para representar unidade geomorfológica em questão, diferenciada das


áreas de acumulação.

Quadro 12. Relação ordem de grandeza das formas de dissecação e aprofundamento


da drenagem.
Ordem de grandeza das formas de dissecação (m)
Índice de dissecação >1.750 >3.750
≤ 250 >250 ≤ 750 >750 ≤1.750
≤3.750 ≤12.750
Muito Fraca 11 21 31 41 51
Intensidade de Fraca 12 22 32 42 52
aprofundamento Mediana 13 23 33 43 53
da drenagem Forte 14 24 34 44 54
Muito Forte 15 25 35 45 55
Nota: os dígitos destacados em cor cinza ocorrem na área de estudo

Para a caracterização da vulnerabilidade do relevo à erosão na área de influência direta e


indireta foram consideradas as formas dos topos (tabulares, convexas e aguçadas) e
respectivos índices de dissecação (Quadro 13), tendo como referência o mapeamento
geomorfológico.

Quadro 13. Relação Formas/parâmetros morfométricos e vulnerabilidade do relevo à


erosão.
Formas de Formas de dissecação Vulnerabilidade à
acumulação Tabulares (t) Convexas (c) Aguçadas (a) erosão
Muito Alta
23 23 Alta
21, 22 Moderada
41, 31 31 Baixa
Aptf, Aai Muito Baixa

Para efeito de uma melhor correlação entre os índices de dissecação e a declividade, estes
foram convertidos levando em consideração a dimensão média interfluvial e profundidade de
drenagem, com equivalência de 50 metros (Quadro 14).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


83
Quadro 14. Conversão de índices morfométricos em declividade.
Declividade forte Declividade moderada Declividade fraca
Índice de Índice de Índice de
Declividade (%) Declividade (%) Declividade (%)
dissecação dissecação dissecação
2.3 60 2.2 20 3.1 4
2.1 10 4.1 1,8
Nota: dimensão interfluvial: índice 2, 500m, 3, 1.250m, 4, 2.750m e 5, 8.250m; aprofundamento da drenagem:
índice 1’, 50 m, 2, 100m, 3, 150m.

Os levantamentos em campo levaram em consideração os níveis metodológicos


preconizados por AB´SABER (1969), que consistem em compartimentação topográfica,
análise da estrutura superficial (RUHE, 1975) e fisiologia da paisagem. Os efeitos
morfodinâmicos foram caracterizados em função das intensidades pluviométricas,
comportamento das formações superficiais e derivações antropogênicas.

Na área de influência direta do empreendimento foram considerados os efeitos


pluvioerosivos em função da geometria da vertente (TROEH, 1965) e formações
superficiais25 (DEWOLF, 1965).

Para a geologia os trabalhos de campo envolveram locação em GPS e registro fotográfico


de pontos notáveis na AII e na AID e confirmações para os mapas temáticos da AII. Como
base cartográfica foi utilizada o Sistema de Informações Geográficas do Estado de Goiás –
SIG Goiás, da Agência Goiana de Desenvolvimento Industrial e Mineral.

A caracterização da AII deu-se a partir de interpretação de fotografias aéreas do Projeto


AST-10 (USAF, 1965), na escala 1:60.000, além da elaboração do mapa geológico com uso
da folha topográfica do IBGE (1972), na escala 1:100.000.

Foi feito também levantamento junto ao DNPM de áreas de pesquisa e lavra de recursos
minerais, e usados resultados de análises físico-químicas com classificação de solos. O
levantamento de poços na AII foi feito junto à Superintendência de Geologia e Mineração.

A classificação de solos foi feita de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de


Solos (EMBRAPA, 1999). A avaliação da aptidão agrícola de terras foi feita segundo o
Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras (EMBRAPA, 1999).

5.3.2. Meio Biótico

Para o diagnóstico da flora regional foi realizado o levantamento florístico qualitativo da área
de influência do empreendimento, bem como o estado de preservação da vegetação.
25
Conforme DEWOLF (1965), formações superficiais são “formações continentais, friáveis ou secundariamente consolidadas,
provenientes da desagregação mecânica e da alteração química das rochas, que tenham ou não sofrido remanejamento e
transporte, e qualquer que seja a sua gênese e sua evolução”.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


84
Para o levantamento das espécies da flora da AID e AII do empreendimento, foram
analisadas as vegetações significativas existentes na região da Usina Bocaina, a partir de
pontos demarcados pelo Sistema de Posicionamento Global – GPS. A partir da delimitação
de uma área inicial para amostragem das espécies da flora, as APPs foram percorridas a
montante e/ou a jusante, até se obter uma homogeneidade de espécies da flora.

O levantamento florístico foi realizado de forma aleatória, a partir dos quadrantes e/ou
parcelas, que foram ultilizados para levantamento fitossociológico e de estrutura das
comunidades relacionadas, visando atingir um número maior de espécies, visto que o
diagnóstico de uma vegetação primária ou secundária em regeneração natural é de
fundamental importância para elaboração de Projetos de Recomposição Florística.

No diagnóstico da vegetação da APP (matas ciliares e/ou de galeria) e Áreas de Reserva


Legal (RL) foi delimitado o ponto a partir das coordenadas geográficas, para o levantamento
de parcelas de 10 x 10 m o qual teve sua APP analizada em estrutura (medidas de CAP,
Altura (Comercial e Total) e Fuste, além de levantamento florístico aleatório por
aproximadamente 1.000 (mil) metros à montante e 1.000 (mil) metros à jusante dos
fragmentos, assim como para todos as outras APPs e Áreas de Reserva Legal,
identificando-se em seguida as fitofisionomias. (Figura 06).

Figura 06: Levantamento das parcelas dentro das fitofisionomias e medição das espécies
arbóreas pelo CAP.

A identificação das espécies vegetais foi realizada “in loco”, onde a não identificação de
poucas espécies em campo ocasionou em descrição morfológica do espécime e fotografia,
além de coleta de material botânico (excicatas) e depósito na UEG (Universidade Estadual
de Goiás) unidade de Anápolis, para posterior consulta com profissionais especializados e
pesquisa bibliográfica.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


85
Foram realizados Inventários Faunísticos na AII e AID utilizando as metodologias
correspondentes a cada grupo (Ictiofauna, Herpetofauna, Avifauna e Mastofauna).

Os pontos amostrados para a avaliação ecológica rápida para os diversos táxons estão
indicados na Quadro 15 e na Figura 07. Para a caracterização regional dos ambientes e
hidrografia foi utilizado um mosaico de Imagens de Satélite CBERS2 de junho de 2007.

Quadro 15. Indicação dos pontos amostrais nas áreas de influência do


empreendimento
Coordenadas UTM Zona 22 Área de
Drenagens Amostragem
X Y Influência
708410 8078263 AII Córrego Cachoeira Fauna terrestre/organismos aquáticos
699872 8085092 AII Córrego São Pedro Fauna terrestre/organismos aquáticos
699904 8078715 AID Cabeceira do Bocaininha Fauna terrestre/organismos aquáticos
703186 8077852 AID Cabeceira do São Pedro Fauna terrestre/organismos aquáticos
694796 8074902 AII Córrego da Ponte Furada Fauna terrestre/organismos aquáticos
696582 8077401 AII Ribeirão das Bocainas Fauna terrestre/organismos aquáticos
700672 8074095 AID Ribeirão das Bocainas Fauna terrestre
692469 8076329 AII Reservatório Rochedo Fauna terrestre/organismos aquáticos
693846 8088490 AII Córrego São Pedro Fauna terrestre
680729 8077760 AII Rio Dourados Fauna terrestre
721311 8058872 AII Rio Piracanjuba Fauna terrestre
709252 8063240 AII Córrego do Morro Agudo Fauna terrestre
714066 8090142 AII Ribeirão São José Fauna terrestre

Para amostragem e análise utilizou-se a metodologia Avaliação Ecológica Rápida - AER,


que considerou as seguintes áreas temáticas, nas quais realizou-se levantamentos
primários e secundários: Mastofauna, Herpetofauna, Avifauna, Ictiofauna, Entomofauna,
Limnologia (Perifiton e Bentos). Essa avaliação teve os seguintes objetivos:

• execução dos Inventários da Fauna e Limnológicos;


• identificação de áreas de importância singular nas áreas do empreendimento para
indicação monitoramento da fauna terrestre e organismos aquáticos;
• formação de um banco de dados com informações biológicas e ecológicas básicas
que sirvam de apoio aos programas de monitoramento;
• identificação dos sítios que requeiram manejo para o uso dos recursos bem como
para a proteção de seu valores;
• Identificação e documentação das ameaças atuais e potenciais sobre os recursos
naturais na implantação do empreendimento, especialmente de áreas e espécies
com maior relevância ambiental.

As atividades realizadas para a AER consistiram em: levantamento bibliográfico, trabalho


para confirmação em campo, trabalho de escritório e elaboração dos relatórios de cada área
temática e diagnóstico do meio biótico.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


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Fonte: Mosaico de Imagens de Satélite CBERS 2 Escala 1:230000


Sensor CCD 12 de julho de 2007
SAD 69 Fuso 22 MC -51 5 0 5 Km
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DESTILARIA BOCAINA
Sistema de Coordenadas UTM
Malha Viária e Hidrografia - AGETOP (adaptadas) ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA
TÍTULO FIGURA
A3 MAPA DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM DE FAUNA 07
As atividades foram desenvolvidas em estreita colaboração entre o Coordenador da AER e
o Coordenador Geral do EIA, e demais profissionais envolvidos. O profissional de cada área
temática da AER cumpriu a seguinte aplicação de metodologias e estratégias por táxon:

• Definição dos sítios amostrados para a realização dos estudos;


• Realização dos levantamentos, compilação e análise de todas as experiências,
dados e informações sobre as áreas do empreendimento;
• Desenvolvimento dos levantamentos de campo, de acordo com a metodologia
indicada e indicações intrínsecas a cada área temática.

Foram realizados inventários da fauna terrestre e organismos aquáticos nas áreas de


influência direta e indireta do empreendimento utilizando as metodologias correspondentes a
cada grupo animal estudado (Avifauna, Mastofauna, Herpetofauna, Entomofauna, Ictiofauna,
Perifíton e Bentos).

Para o levantamento dos vertebrados terrestres utilizou-se diferentes estratégias de


observação para cada táxon, ao longo de transecções (linhas transecto de 100 a 500
metros, que foram sinalizadas em intervalos de 50 metros com auxilio do GPS) pré-
estabelecidas para cada formação vegetal ou ambiente de amostragem, e obedeceu ao
critério de esforço similar de amostragem para cada área (ALHO et alii, 1988). O Esforço
Amostral para a realização do diagnóstico foi de 5 (cinco) dias de campanha. Os pontos
amostrais foram 06, com o mesmo esforço amostral para cada ponto.

Características do substrato onde o animal se encontrava (tais como solo, vegetação, poça,
altura, diâmetro do poleiro, altura e cobertura do dossel, profundidade do folhiço), como
também, as temperaturas do ar e do substrato foram observadas.

Para a avifauna foi seguido um protocolo de documentação visual (vôo e avistamento),


Figura 08, zoofonia e contagem pontual, o qual incluiu a anotação de informações tais
como: local, dia e hora, espécie, nome vulgar, número (contado, estimado, extrapolado),
método de censo utilizado (avistamento ou vocalização), atividade principal da espécie (em
alimentação, em repouso, em movimentação ou outra), situação do ambiente e tipo do
habitat segundo protocolo em Jorge Silva et al. (2005).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


88
Figura 08: Avistamento de aves com a
utilização de um binóculo.

Cada ponto da área amostral foi trabalhado entre 6:00 e 12:00 h e 14:00 as 18:00 h,
perfazendo o esforço amostral de 10 horas. Para a confirmação da identificação das epécies
utilizou-se as referências básicas sobre aves encontradas em Dunning (1987), Sick (1997),
Höfling e CAMARGO (1999), Peña e Rumboll (1998) entre outras e consulta a coleção de
referência da UCG.

Para os mamíferos de médio-grande porte, foram priorizadas a identificação visual em


censos diurnos (Figura 09) e noturnos e por meio das ocorrências dos indícios indiretos
(fezes, pegadas e carcaças).

Figura 09: Estratégias discutidas para


distribuição da equipe em vistorias diurnas
dentro da área de influência do
empreendimento.

Para identificação das espécies de primatas utilizou-se binóculos 8x30 e 8x40 e somente
considerados os indivíduos para os quais teve certeza de sua identificação.

Os quirópteros foram observados em suas atividades noturnas e nos abrigos diurnos.

Para a procura ativa e varredura da herpetofauna LEMA et al (1985) com auxílio de gancho
herpetológico (Figura 10), foram demarcados linhas transecto de 500 metros sinalizados
com intervalos de 50 metros, com auxilio do GPS. Cada roteiro foi seguido de igual número
DESTILARIA BOCAINA - EIA
89
de vezes e esforço amostral ALHO et alii (1988), nos períodos matutino, vespertino e
noturno, conforme a necessidade de cada grupo a ser observado. Estes roteiros foram
percorridos em cerca de 30 minutos cada, deslocando-se lentamente, registrando-se a
ocorrência e abundância, entre o período de 9:00 às 13:00h, que é o intervalo de pico de
atividade das espécies de Squamata (ROCHA & BERGALHO, 1997) e, entre o período de
17:00 às 06:00h, que é o intervalo de pico de atividade dos anfíbios.

Figura 10: Varredura noturna com gancho


herpetológico em área alagada na AID.

Em cada área estudada, diversos habitats foram amostrados em busca dos anfíbios, répteis,
em locais tais como cursos d'água (rios e poças, temporárias e permanentes), folhiço,
vegetação (para espécies arborícolas e bromelícolas), areia nua e rochas (em áreas de
afloramentos rochosos), troncos caídos e termiteiros.

Os trabalhos foram realizados durante o período de 3 dias de esforço amostral com a


captura e soltura dos insetos para os principais ambientes do empreendimento
contemplando a AII e AID, assim como as diferentes coberturas vegetais.

As amostragens contaram com 4 técnicas de amostragem que ocorreram para os períodos


matutino/vespertino e noturno. Foram feitas varreduras através de lances com pulçá de
pano (Ribeiro et al 2000) e coletas manuais sacudindo a vegetação e revirando trancos ou
galhos caídos na serrapilheira. Foram utilizadas, também, armadilhas de solo (pitfall; LUFF,
1975) que consistem na captura de insetos que se locomovem na serrapilheira e caem nas
armadilhas enterradas no solo com a abertura a altura da superfície (Figura 11).
Exclusivamente no período noturno foi empregado o método de amostragem pela barraca
de Shannon ou armadilha luminosa de lençol, com a utilização de um painel de pano
branco, para onde um forte feixe de luz branca é direcionado (Imes 1992) (Figura 12).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


90
Figura 11: Montagem da armadilha de Figura 12: Armadilha luminosa de lençol
interceptação e queda (pitfall) para para a captura de insetos à noite quando são
invertebrados instalada na AID, onde atraídos pela luz e pelo lençol branco.
predominava a pastagem.

A coleta dos organismos aquáticos (Ictiofauna, Bentos e Perifíton) foi realizada nos córregos
São Pedro (cabeceira) e da Bocaininha (Área de Influência Direta); e córregos da Ponte
Furada, São Pedro, Cachoeira, ribeirão das Bocainas e rio Meia Ponte (Área de Influência
Indireta). Com exceção do córrego Cachoeira que é tributário da bacia do rio Piracanjuba,
os demais deságuam no rio Meia Ponte.

Para a ictiofauna foram realizadas durante o período de 3 dias de esforço amostral a captura
e soltura de peixes para os dois principais cursos d’água.

As amostragens foram sempre iniciadas no período matutino e concluídas 24 horas após


para cada estação amostral. O período de pescaria em cada estação foi de 6 horas em 6
horas, sendo realizadas durante o dia e noite.

Os apetrechos de pesca consistiram-se de tarrafas (malhas de 10, 15 e 20 mm), puçás e


peneiras (telas de 0,5cm), varas de pescar, armadilhas com iscas variadas (peixe, fruto,
carne) e redes de arrasto (malha de 15 mm e 30 metros de comprimento).

Cada estação foi percorrida por 3 km pelo curso d’água (1,5 km a jusante e 1,5 km a montante).
O esforço amostral foi de 135 m² de rede de arrasto por ponto. Em todo o trecho de 3 km
utilizamos os outros apetrechos de forma auxiliar, montando os jequis (armadilhas com isca) nas
margens (12 no total), pescando com varas de molinete eventualmente, peneirando vegetações
flutuantes e realizando lances de puçá da margem quando for favorável.

A entrevista à população residente e visitações aos pontos de venda de peixes (Figura 13)
retirados dos cursos d’água dentro da área de influência do empreendimento também
contribuiu para evidenciarmos a ocorrência de algumas espécies da ictiofauna local.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
91
Figura 13: Ponto famoso de venda de peixes retirados
do rio Meia Ponte, às margens da BR-153, na entrada do
Rochedo.

A amostragem do perifíton foi realizada através de processo não seletivo por meio de coleta
de água sub-superficial e macrófitas, galhos, rochas e folhas submersas na água para
análise qualitativa do perifíton (Figura 14). Os pontos de coleta são os mesmos escolhidos
para os Bentos. As amostras foram fixadas no momento da coleta com solução de Transeau
na proporção de 1:1 (BICUDO & BICUDO, 1970). Todas as amostras foram acondicionadas
em frascos de polietileno de 500 ml.

Para análise do material realizou-se, em laboratório, a remoção do substrato por meio de


raspagem com lâminas de barbear e jatos d’água destilada e, posteriormente, foi utilizado
microscópio óptico comum.

Figura 14: Amostragem de Perifíton no


ribeirão das Bocainas (AII).

A identificação do perifíton seguiu bibliografia clássica adequada e sempre que possível os


táxons foram identificados a nível infragenérico. Preparou-se uma tabela com lista de
ocorrência dos táxons por ambiente analisado.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


92
As espécies encontradas na análise qualitativa foram identificadas e incorporadas à tabela
de presença e ausência para a estimativa da riqueza de espécies em cada amostra e a
listagem geral dos táxons forneceu o número de táxons totais nos pontos amostrados.

Para a amostragem dos Bentos nos quatro pontos (córregos Cachoeira, São Pedro, Ponte
Furada e ribeirão das Bocainas) utilizou-se apenas de um amostrador de Surber, com 2
réplicas em cada ponto (Figura 15). O material coletado foi acondicionado em frascos
plásticos e fixado com álcool 80%. Já em laboratório procedeu-se a triagem, identificação e
contagem dos táxons encontrados, utilizando-se um estereomicroscópio. Os dados obtidos
foram tabulados e utilizados para cálculo da riqueza taxonômica, abundância total, índice de
diversidade de Shannon e equitabilidade para cada ponto amostral e abundância média e
freqüência para cada táxon.

A partir da comparação entre estes atributos da comunidade, procurou-se avaliar a estrutura


da comunidade antes da implantação do empreendimento.

Figura 15: Coleta de organismos bentônicos


com amostrador de Surber no ribeirão das
Bocainas (AII).

Levantamentos complementares foram realizados através de:

• Vestígios - para esse estudo nos diversos táxons, utilizou-se o método de coleta de
vestígios (CHEREM & PEREZ, 1996) como carcaças, pêlos, pegadas em moldes de
gesso e fezes. Levantamentos de espécies podem ser complementados na análise de
fezes de predadores, além de poder estabelecer a estrutura de uma comunidade;

• Amostragem visual - é um método de amostragem complementar, que foi utilizado


para aqueles indivíduos em que a observação ocorre, mas a captura não é possível
sem utilização de armadilhas. Foram utilizados binóculos 8x30 e 8x40 para auxiliar na
amostragem, e somente considerados os indivíduos para os quais houver certeza de
sua identificação (CARDOSO & ONIKI, 1988; VILLANUEVA et alii, 1996). Como
também a utilização de mini-gravadores para registro e identificação por vocalização
(WILLIS & ONIKI, 1981);
DESTILARIA BOCAINA - EIA
93
• Atropelamentos - foram percorridas uma vez por dia as estradas e acessos do
empreendimento identificando as espécies atropelados.

Para a análise das áreas amostradas, atribuíram-se valores de 1 a 5 quanto à riqueza,


espécies potenciais e habitats (diversidade, fragilidade e qualidade) onde foi observada a
qualidade dos ambientes pela obtenção da média atribuída na avaliação, podendo indicar
sua fragilidade e condições.

Para complementar o estudo foi realizada a Avaliação da Similaridade da Fauna


(Diversidade β - índice de similaridade) entre as áreas amostradas diretamente AID e AII e
com os estudos na região dados secundários (Biorregião do Médio Paranaíba/Alto Paraná,
nos municípios Serranópolis, Montividiu, Mineiros e Caçu no estado de Goiás), utilizou-se o
Coeficiente de Similaridade de Jaccard/Sorensen e Bray-Curtis Metric com auxílio do
programa Krebs (Krebs, 1989) e Biodiversity Professional (1997), para toda a comunidade.

A utilização desse método é importante por poder comparar qualitativamente as áreas


amostradas (dados diretos ou secundários) em função de presença/ausência das espécies.

A análise de similaridade foi utilizada também para avaliar a sazonalidade dos dados,
comparando áreas amostradas na região ou bacia (dados diretos ou secundários) em
períodos diferentes com a elaboração dos dendrogramas Cluster.

5.3.3. Meio Socioeconômico

Para realização deste estudo, utilizou-se de dados e informações de fontes primárias e


secundárias. As primárias foram coletadas através de questionários preenchidos pelo
pesquisador em entrevistas diretas realizadas com moradores e representantes de
segmentos organizados das áreas de influência, com o intuito de se identificar suas
características sócio-econômicas, percepções e expectativas quanto ao empreendimento.
Quando impossível de se realizar a entrevista diretamente, procurou-se, posteriormente,
efetuá-la por telefone. Observações sistemáticas e registros fotográficos completam o
material coletado no campo.

Os dados secundários foram acessados, na sua maior parte, através de visitas, via Internet,
a sítios eletrônicos de órgãos oficiais produtores e/ou sistematizadores e disseminadores de
informações estatísticas, como, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a Superintendência de Estatística, Pesquisa e Informação (SEPIN), da Secretaria de
Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás, além de órgãos municipais e outros
listados ao final deste relatório.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
94
Para o diagnóstico arqueológico e de patrimônio histórico-cultural para a implantação do
empreendimento, foi definida uma estratégia de trabalho que pudesse obter um primeiro
registro dos processos de ocupação, colonização e dinâmica histórica da região buscando
desta maneira identificar elementos significativos do Patrimônio Cultural da área afetada,
tendo como referência o processo de ocupação pré-histórica e histórica e a conseqüente
organização do espaço sócio-cultural.

Partindo-se da idéia de que a cultura material será a referência concreta e de que é através
dela que os elementos intangíveis da cultura serão discutidos, ela será aqui encarada não
apenas como reflexo passivo das atividades imateriais, mas como elemento dinâmico que
expressa e atua sobre os meios culturais em que está inserida. Os dados materiais como a
paisagem, a arquitetura, os objetos de uso doméstico, instrumentos de trabalho e de lazer,
formas de uso religioso e leigo, assim como outros elementos, serão de pleno interesse para
a formação de um acervo que resultará na compreensão da problemática cultural a ser
levantada futuramente no resgate.

A metodologia de campo utilizada durante a etapa dos levantamentos arqueológicos da área


projetada para implantação do empreendimento compreendeu três etapas distintas, a saber:

• levantamento bibliográfico e cartográfico de detalhe;


• prospecção de varredura;
• caminhamento intensivo.

A área prevista para a implantação do empreendimento nunca havia sido alvo de pesquisas
arqueológicas de caráter sistemático. Sendo assim os trabalhos de campo tiveram que
inicialmente considerar a completa ausência de informações sobre a existência e localização
de vestígios de ocupação humana. A fim de melhor contextualizar a área e obter um
conhecimento mais aprofundado da região, foi necessária a realização de um
reconhecimento amplo e genérico que pudesse apontar as características básicas tanto do
terreno quanto da paisagem em questão. Para tanto foram efetuadas prospecções de
varredura.

Tal metodologia visa a observância das principais características físicas e contextuais de


forma a identificar a maior variedade possível de restos materiais. Baseada em uma
metodologia assistemática, a prospecção de varredura buscou desta maneira, privilegiar os
diferentes compartimentos ambientais da área bem como pontos preferenciais na paisagem.
Nos locais escolhidos para a verificação foram realizados caminhamentos intensivos com o
objetivo de verificar a existência de restos materiais em superfície.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


95
Os caminhamentos foram realizados com os pesquisadores e auxiliares percorrendo as áreas a
pé em paralelo uns com os outros em meio à vegetação. Quando necessário, pontos
específicos, como cortes de barranco e áreas expostas, foram observados com mais detalhe.

Figura 16: Caminhamento na área do


empreendimento.

5.4. METODOLOGIA PARA O PROGNÓSTICO

Os impactos ambientais de um empreendimento são obtidos pelo cruzamento das


atividades envolvidas no mesmo com os fatores ambientais dos meios físico, biótico ou
socioeconômico de sua área de influência. Onde houver interação, estará identificado um
impacto ambiental, que pode ser adverso ou benéfico. Após essa identificação procede-se a
sua caracterização e avaliação.

Diversos métodos existem para identificar e avaliar os impactos ambientais decorrentes das
atividades do empreendimento. Para identificá-los e avaliá-los nas fases de implantação, em
eventuais paralisações de obras e na operação da indústria e propor medidas mitigadoras e
otimizadoras para os impactos significativos e programas de manejo e monitoramento,
foram utilizadas as seguintes metodologias:

• Sobreposição de mapas;
• Reuniões técnicas ad hoc;
• Matriz de interação quanti-qualitativa de impactos ambientais.

A sobreposição de mapas é feita de forma digital, através da superposição de layers


temáticos sobre a base cartográfica produzida. É bastante útil na fase diagnóstica do
processo de avaliação de impactos ambientais, ao espacializar na bacia as interações entre
as atividades do empreendimento e os principais atributos da AID e da AII.

Uma identificação eficaz dos impactos ambientais atribuíveis a cada atividade sobre cada
fator ambiental é amplamente facilitada por reuniões técnicas ad hoc da equipe técnica

DESTILARIA BOCAINA - EIA


96
multidisciplinar. Tais reuniões prestam-se ao apontamento das condições dos fatores
ambientais na AII e na AID e para uma identificação preliminar e integrada dos impactos
ambientais com possibilidade de existência.

Uma vez identificados os impactos ambientais de forma ad hoc, procede-se a sua descrição
textual, qualificação e quantificação sob forma de uma matriz de interação. São produzidas
seis matrizes quali-quantitativas, que associam impactos ambientais e medidas mitigadoras,
otimizadoras ou compensatórias aplicáveis. Tal associação é baseada em critérios bem
definidos, de forma a imprimir objetividade à avaliação.

Os parâmetros mínimos de critérios de avaliação de impactos ambientais para licenciamento


são requeridos legalmente, através da Resolução CONAMA 001/86. Para efeito deste
licenciamento ambiental, estes parâmetros foram ordenados nos critérios mínimos citados a
seguir. A definição destes critérios é sugerida pela coordenação da equipe técnica segundo
sua interpretação mais usual em avaliação de impactos ambientais no Brasil.

• Sentido: o impacto ambiental pode ser benéfico ou adverso, conforme represente


melhoria ou comprometimento do fator ambiental sobre o qual poderá interferir.

• Magnitude: é um critério que indica o grau de benefício ou de nocividade de um


impacto ambiental sobre o fator ambiental que afeta. É expresso em uma escala
nominal como fraco, moderado e acentuado, segundo os seguintes critérios de
enquadramento, de acordo com o meio (Quadro 16):

Quadro 16. Escala do critério magnitude na avaliação de impactos ambientais.


Magnitude Meio físico Meio biótico Meio antrópico
afeta as condições naturais ou os recursos
no ambiente de forma definitiva ou com interfere em interfere na sociedade de
acentuado
grande necessidade de energia para ecossistemas forma impessoal
retorno às condições naturais
interfere em grupos
afeta significativamente a disponibilidade
interfere em específicos das comunidades
moderado dos recursos no ambiente e necessita de
comunidades sem afetar o status da
alguma energia para ser revertido
sociedade
não afeta as condições naturais ou a interfere em indivíduos interfere em indivíduos das
fraco disponibilidade dos recursos no ambiente e de populações comunidades, sem afetar
pode ser revertido com pequena energia localizadas status social da comunidade

• Influência: o impacto ambiental pode ser de origem direta ou indireta em relação às


ações do empreendimento.

• Momento de ocorrência: é o momento a partir do qual um impacto ambiental poderá


se manifestar em relação à abrangência temporal da fase em avaliação (implantação,
paralisação eventual ou operação). Pode ser imediato ao início da fase, de médio
prazo (quando poderá ocorrer em até um ano do início da fase) e de longo prazo
(quando poderá ocorrer mais de um ano após o início da fase).
DESTILARIA BOCAINA - EIA
97
• Duração: é o período de tempo pelo qual um impacto ambiental poderá perdurar a partir de
sua manifestação. Pode ser classificado em temporário, se permanecer durante a fase em
avaliação; permanente se perdurar após seu término; cíclico, se ocorrer periodicamente,
vinculado à dinâmica de um fator ambiental ou atividade do empreendimento.

• Reversibilidade: é a possibilidade de um fator ambiental impactado retornar às


condições anteriores à manifestação do impacto, levando em conta a adoção de
medidas e/ou a cessação da atividade, podendo ser reversível ou irreversível.

• Abrangência: é a área espacial que o impacto ambiental abrange. O impacto pode ser
local, regional ou estratégico, conforme sua área de manifestação seja,
respectivamente, a AID do empreendimento, a AII do empreendimento ou maiores
áreas de abrangência espacial, como a microrregião ou o Estado.

• Possibilidade de mitigação/otimização: diz respeito à efetividade da atenuação ou


potencialização de um impacto ambiental por medidas mitigadoras ou otimizadoras.
Pode ser pequena, média ou grande.

• Propriedades cumulativas e sinérgicas: diz respeito às possíveis interações entre


impactos ambientais de forma que, sua manifestação integrada sobre os fatores
ambientais, seja diferenciada. É um critério de avaliação relativamente subjetiva,
baseada no método ad hoc de avaliação de impactos ambientais.

Foi estabelecido também o critério de existência, trata-se do nível de possibilidade de que


determinado impacto ambiental de fato aconteça, independentemente de outros fatores
ambientais. Neste critério, o impacto será efetivo se houver certeza de sua ocorrência, ou da
possibilidade de acontecer se sua ocorrência estiver condicionada. Para a análise dos
impactos, foram consideradas as fases de implantação e de operação.

As medidas mitigadoras ou otimizadoras foram avaliadas com enfoque qualitativo, conforme


Quadro 17. Além das medidas, foram recomendadas diretrizes ambientais para a área
agrícola e para o projeto industrial e, ainda, programas de manejo e monitoramento.

Quadro 17. Critérios de quanti/qualificação de medidas mitigadoras/otimizadoras.


Critério de medida mitigadora / otimizadora Qualificação
Natureza Preventiva Corretiva
Fase de adoção planejamento implantação operação
Permanência curto médio longo
Responsabilidade de implementação poder público empreendedor
Prognóstico de efetividade pequeno médio grande

DESTILARIA BOCAINA - EIA


98
6. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

6.1. MEIO FÍSICO

6.1.1. Climatologia

6.1.1.1. CLIMA REGIONAL

Com base nos dados das 3 estações pluviométricas administradas pela ANA, o clima
regional se caracteriza pela existência de um período seco de 4 meses, de maio a agosto,
segundo critério definido por Gaussen (BAGNOUS & GAUSSEN, 1957)26, e um período
úmido de 7 meses, de outubro a abril. A soma das precipitações no período de outubro a
abril, acima de 100 mm mensais, é de 1.482,1 mm, correspondente a 91% do total anual,
sendo que nos meses de novembro a março a precipitação mensal supera os 200 mm,
representando 76,5% do total anual. Em dezembro a precipitação ultrapassa os 300 mm nas
estações Piracanjuba e Pires do Rio.

O caráter predominantemente tropical da circulação atmosférica condiciona a existência de


um ambiente climático marcado por grande insolação quase o ano todo. A pequena
diferenciação climática regional se dá pela alternância de sistemas de circulação de alta
umidade em contraste com a presença de sistemas menos úmidos ou secos.

As mudanças nessa situação de tempo são acarretadas por diferentes sistemas de


circulação ou correntes perturbadas, dentre as quais se destacam (NIMER, 1989):

• Sistema de correntes perturbadas de oeste, com linhas de instabilidade tropical (IT).


• Sistema de correntes perturbadas de norte, da convergência intertropical (CIT).
• Sistema de correntes perturbadas de sul, do anticiclone polar e frente polar (FP).

O primeiro é decorrente da invasão regional por ventos de W e NW, acompanhado por


linhas de instabilidade (IT), relacionadas à depressão barométrica do Chaco. Sua origem
está ligada ao movimento ondulatório que se verifica na Frente Polar Atlântica (FPA),
quando em contato com o ar quente da zona tropical. Portanto, a freqüência desse sistema
de circulação perturbada de oeste associado à passagem das ITs, caracteriza o estado de

26
Para BAGNOUS & GAUSSEN (1957) o período seco é quando a soma pluviométrica mensal não ultrapassa ao dobro da
temperatura média do respectivo mês.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


99
instabilidade atmosférica no verão. Esse fenômeno tem sido atribuído à massa Equatorial
Continental ou Alta da Bolívia, com franco domínio de novembro a março, responsável pelas
“correntes perturbadas de oeste” (NIMER, 1979). NOBRE et al (1998) atribuem a esse
sistema à gênese das ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul): encontro entre a
umidade proveniente de noroeste e o ar polar, com formação de chuva.

O segundo sistema, embora pouco freqüente, pode provocar chuvas de verão e de outono
principalmente na seção setentrional e no nordeste brasileiro, quando a CIT atinge sua
penetração máxima no hemisfério sul. Na primavera, estando a CIT situada bem ao norte do
equador, sua influência é praticamente nula na formação de chuvas.

Finalmente, o sistema de correntes perturbadas de Sul representadas pela invasão do


anticiclone polar, possui comportamento bem distinto no verão e inverno. Do final do outono
até o início da primavera, com destaque para o inverno, ocorre a expansão do Anticiclone do
Atlântico Sul sobre o continente. Essa situação caracteriza elevado grau de estabilidade na
região centro-oriental do Brasil e chuvas frontais nas faixas meridional e costeira, com a
participação da orografia. Assim, a dinâmica regional dominada pelo sistema de circulação
do Anticiclone do Atlântico Sul e Massa Polar, faz com que no inverno prevaleça baixa
umidade relativa do ar, baixa nebulosidade e elevado índice de evaporação. O período seco
é caracterizado pelos meses de maio a setembro, com total pluviométrico em torno de 8%
do total anual.

6.1.1.1.1. Caracterização dos parâmetros relevantes do clima regional

• Calor Sensível

Considerando os valores mensais de insolação, radiação global de onda curta e radiação


líquida disponível, prevalece a seguinte situação na região:

- A insolação é maior nos meses do período seco, considerando as normais


climatológicas de Goiânia (1961/90), embora o fotoperíodo seja menor. A
estabilidade do ar determina baixas taxas de nebulosidade. Por outro lado, nos
meses chuvosos a insolação é menor, encontrando-se associada aos elevados
índices de nebulosidade, apesar de os dias se apresentarem mais longos27;

27
Em Goiânia a nebulosidade no período de novembro a fevereiro encontra-se acima de 7/10, com destaque para os meses
dezembro com 7,6/10. No inverno a nebulosidade encontra-se em torno de 3,0/10 (de junho a agosto).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


100
- Os valores da radiação global de ondas curtas são igualmente elevados durante o
ano todo, independentemente da duração do fotoperíodo, sendo compensado pelo
comportamento da insolação28. A radiação solar média anual em Goiatuba é de
17,2 MJ/m2, variando entre 15,3 MJ/m2 em junho até 19,9 MJ/m2 em agosto;

- Os valores da radiação líquida variam ao longo do ano, sendo menores durante o


período seco, tornando mais frias as madrugadas.

A dinâmica da radiação global e implicações meteorológicas justificam a pequena amplitude


térmica anual, considerando a posição latitudinal e pequena variação topográfica regional.

Tendo como referência a estação meteorológica de Goiatuba, a média anual é de 22ºC, com
os maiores valores em setembro, 24,1ºC e os menores em junho e julho, 19,7 e 19,9ºC.
Observa-se que variação térmica anual não ultrapassa a 5ºC, caracterizando a região como
“isotermal” na classificação de KÖPPEN (1948).

A temperatura média das máximas anuais em Goiatuba é de 28,7ºC, com os maiores


valores em setembro, 31,1ºC e os menores em maio de junho, 27,6ºC. A média das
mínimas é de 17,7ºC, variando de 14,5ºC nos meses de junho e julho, a 20,5ºC em
dezembro.

Nesse período, em função da redução do “efeito estufa” determinada pela nebulosidade, o


ar resfriado ocupa os fundos de vales, denunciando as inversões térmicas, com ocorrência
de nevoeiros de vales localizados.

As temperaturas mais elevadas ocorrem no início da primavera, coincidindo com o ápice da


deficiência hídrica, ficando a maior parte da radiação líquida transformada em fluxo de calor
sensível. Os meses mais frios encontram-se relacionados a um fotoperíodo menor, embora
ainda exista umidade no ambiente para consumir o excesso de radiação líquida.

A temperatura máxima absoluta registrada em Goiatuba (1999/2007) foi de 38ºC, em


16/10/2005, e a mínima, de 1,5ºC, em 19/04/2007. Quadro 18.

28
Em Goiânia, no período de março a setembro a insolação ultrapassa as 200h/mês, somando no período um total de
1.725,7h, correspondente a 66,7% do total anual.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


101
Quadro 18. Dados meteorológicos da estação Goiatuba (1999/2007)
Radiação
Vel, Vent, (m/s) Umidade relativa do ar (%) Temperatura ºC
Precipitação Solar
1999/2007
(mm) Média Média Média Mínima Média Máxima Média Mínima Média Diaria
Média Máxima Média
Máxima Absoluta Mínima Absoluta Máxima Absoluta Mínima Absoluta Compesada MJ/m²
Janeiro 207,7 5,5 6,4 98,9 100,0 64,9 13,0 86,0 28,3 34,5 19,4 16,5 22,9 17,2

Fevereiro 193,8 5,1 7,2 87,4 100,0 52,6 28,0 72,4 28,3 35,0 19,7 17,0 22,5 18,8

Março 187,0 5,9 7,7 99,5 100,0 60,2 28,0 83,5 28,8 33,0 18,9 14,0 22,8 17,7

Abril 100,4 6,8 8,8 97,5 100,0 51,7 27,0 77,4 29,3 34,5 17,9 1,5 22,5 16,0

Maio 25,4 5,9 8,4 95,0 100,0 42,5 9,0 68,8 27,6 32,0 15,0 7,0 20,2 15,8

Junho 0,8 5,5 7,9 88,9 100,0 36,0 17,0 60,8 27,6 32,5 14,5 6,0 19,7 15,3

Julho 7,9 5,8 8,0 81,0 100,0 31,8 10,0 52,9 27,8 32,5 14,6 4,5 19,9 16,0

Agosto 17,1 5,0 7,7 68,5 100,0 25,3 10,0 42,0 29,9 35,5 15,7 6,0 21,7 19,2

Setembro 49,0 5,6 7,8 76,1 100,0 31,1 10,0 49,9 31,1 37,0 18,2 8,0 23,7 19,9

Outubro 142,3 6,1 8,9 86,5 100,0 43,1 10,0 64,1 30,5 38,0 19,4 15,0 24,1 18,0

Novembro 196,2 6,2 8,4 97,4 100,0 58,7 24,0 80,1 28,4 34,5 19,1 14,5 22,9 18,1

Dezembro 248,2 5,7 7,8 97,4 100,0 61,1 24,0 79,8 30,8 36,0 20,5 16,0 22,2 17,7

Ano 1486,2 5,9 8,9 91,1 100,0 46,6 9,0 69,9 28,7 38,0 17,7 1,5 22,0 17,2
Fonte: SIMEGO (1999/2007)

DESTILARIA BOCAINA - EIA


102
• Umidade relativa do ar e evaporação

A umidade relativa do ar apresenta estreita relação com o sistema de circulação


atmosférica: maior umidade no período das chuvas, quando a ZCAS (Zona de Convergência
do Atlântico Sul) assume maior expressão, correspondendo ao período de novembro a
março e expansão do centro anticiclonal do Atlântico Sul no período de estiagem, gerando
estabilidade atmosférica. Em Goiatuba (SIMEGO, 1999/2007) a umidade relativa do ar é de
69,9%, com valores abaixo de 50% nos meses de agosto e setembro e acima dos 75% nos
meses de novembro a abril (Figura 17). A umidade média das máximas anual é de 91,1%,
encontrando-se acima de 97% entre novembro e abril e abaixo de 80% nos meses de
agosto e setembro. A média das mínimas anual é de 46,6%, encontrando-se acima de 60%
nos meses de dezembro e janeiro e abaixo de 40% entre junho e setembro.

U m i d a d e r e l a ti v a d o a r e m G o i a tu b a e e v a p o r a ç ã o
e m G o iâ n ia
120 250

100

evaporação total (mm)


200
umidade relativa (%)

80
150
60
100
40

20 50

0 0
Novembro

Dezembro
Janeiro

Fevereiro

Março

Maio

Junho

Julho

Setembro

Outubro
Abril

Agosto

U m id a d e r e la t iv a d o A r G o ia t u b a M é d ia
U m id a d e r e la t iv a d o A r G o ia t u b a M á x im a
U m id a d e r e la t iv a d o A r G o ia t u b a M í n im a
E vap o raç ão G o iâ n ia

Fonte: DNM (1961/1990) e SIMEGO (1997/2006)

Figura 17: Umidade relativa do ar em Goiatuba (1999/2007) e evaporação em Goiânia (1961/90)

Em Goiatuba (SIMEGO, 1999/2007), as mínimas absolutas ocorrem no trimestre


julho/setembro, com registro histórico de 9% no dia 28/05/2007. Foram selecionados alguns
meses da série meteorológica para representar as condições de criticidade higrométrica na
área (Figura 18).

Observa-se que além dos baixos índices registrados nos meses de agosto (1999, 2000,
2001 e 2003) e setembro (2004, 2005 e 2006), em torno de 20%, estes chegam a
corresponder a 15 dias contínuos.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


103
U m id a d e re la t iva d o a r e m G o ia t u b a : M ín im a s a b s o lu t a s
120

100
Umidade relativa do ar (%)

80

60

40

20

0
d01

d03

d05

d07

d09

d11

d13

d15

d17

d19

d21

d23

d25

d27

d29
a g o /9 9 a g o /0 0 a g o /0 1 a g o /0 3 s e t/0 4 s e t/0 5 s e t/0 6

Fonte: SIMEGO (1999/2007).

Figura 18: Umidade relativa do ar em Goiatuba: mínimas absolutas (1999/2007)

A evaporação registrada em Goiânia apresenta relação inversa à variação da umidade relativa


do ar: o ar mais seco entre os meses de junho a outubro, associado aos ventos mais frequentes
do Anticiclone do Atlântico Sul, provocam maior demanda evaporativa, acima de 140 mm
mensais29, chegando a 202,4 mm no mês de agosto. O aumento da temperatura do ar influi
favoravelmente na intensidade da evaporação, tendo como referência o ponto de saturação.

• Chuvas

Considerando os dados das 3 estações pluviométricas administradas pela ANA (1972/2006)


e da estação climatológica de Goiatuba (SIMEGO, 1999/2007), o total pluviométrico médio
anual na área de influência indireta é de 1638,1 mm (Quadro 19), que se espacializados,
segundo as respectivas estações, tenderia à seguinte situação: maiores índices na seção
centro-meridional do empreendimento, representado por isoieta de 2.000 mm, tendo como
referência a estações Piracanjuba (2.041,9 mm). Esses valores caem em direção às
estações posicionadas nas seções periféricas: 1459,4 mm em Marzagão, 1486,2 mm em
Goiatuba e 1565,1 mm em Pires do Rio.

Observa-se que apesar de diferenças no total pluviométrico anual, principalmente da


estação Piracanjuba em relação às demais, os índices mensais preservam o ritmo
pluviométrico anual (Figura 19).

29
Em Goiânia, a soma da evaporação nos meses de junho a outubro é de 855,6 mm, correspondente a 54,3% do total anual.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


104
Quadro 19. Precipitação na área de influência indireta.
Total Marzagão Piracanjuba Pires do Rio Goiatuba Média
Janeiro 273,2 378,2 293,0 207,7 288,0
Fevereiro 199,8 261,1 184,8 193,8 209,9
Março 210,2 297,8 210,5 187,0 226,4
Abril 80,2 136,1 84,3 100,4 100,3
Maio 34,6 41,9 31,1 25,4 33,2
Junho 8,3 6,8 8,5 0,8 6,1
Julho 4,6 8,6 6,6 7,9 6,9
Agosto 14,3 25,6 14,1 17,1 17,8
Setembro 53,1 65,7 52,8 49,0 55,1
Outubro 120,4 163,2 123,1 142,3 137,2
Novembro 186,8 266,0 223,4 196,2 218,1
Dezembro 273,9 381,7 305,2 248,2 302,2
Ano 1459,4 2041,9 1565,1 1486,2 1638,1
Fonte: ANA (1973/2006) e SIMEGO (1999/2007).

P luviom etria m édia m ens al

450,0
400,0
350,0
300,0
250,0
mm

200,0
150,0
100,0
50,0
0,0
Jan Fev Mar A br Mai Jun Jul A go Set Out No v Dez

Mar z agão Pir ac a njuba Pir es do Rio Goia tuba

Fonte: ANA (1973/2006) e SIMEGO (1999/2007).

Figura 19: Precipitação mensal na área de influência indireta.

Tendo como referência o índice de Gaussen (BAGNOULS & GAUSSEN, 1957) para
definição do período seco, a área de influência individualiza-se por duas estações distintas:
estação chuvosa de 7 meses, com precipitação mensal superior a 100 mm, entre outubro e
abril, somando 1.482,1 mm, correspondentes a 91% da média anual, e estação seca de 4
meses, de maio a agosto, com precipitação média de 64 mm, equivalente a 3,9% do total
anual.

A análise da variação seqüencial de anomalias pluviométricas, com base em metodologia


desenvolvida por ALDAZ (1971), mostra uma grande variação no total pluviométrico anual
entre as 3 estações eleitas. Os resultados são apresentados adiante (Figura 20), com
destaque para as variações seqüenciais em relação a média da série, registradas em mais
de uma estação (Quadro 20):

DESTILARIA BOCAINA - EIA


105
Pluviometria anual

3000

2500

2000
mm

1500

1000

500

0
1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006
Marzagão Piracanjuba Pires do Rio

Fonte: ANA (1973/2006).


Figura 20: Distribuição pluviométrica anual na AII (1973/2006)

Quadro 20. Anomalias pluviométricas na área de influência indireta.


Ano Seco Normal tendente a seco Normal tendente a chuvoso Chuvoso
1974 1112,4 1.207,1
1975 988,1 1435,2
1980 2.451,0 1902,7
1982 1.697,4 2171,2
1983 2022,0 2712,8 2005,4
1984 1117,6 1101,2
1989 1757,0 2489,8 1784,2
1990 1148,5 1103,7
1995 1199,9 1650,8
1998 1643,2 1216,1
Fonte: ANA (1973/2006). Em preto Marzagão, em azul Piracanjuba e em vermelho Pires do Rio.

Existem correspondências entre os episódios destacados com as anomalias constatadas na


região sudoeste do Estado de Goiás, como 1975 e 1990 que se caracterizaram como “anos
secos” (S) ou “normais tendendo a secos” (NS), e como 1980, 1983 e 1989, considerados
“anos chuvosos” (C) ou “normais tendendo a chuvosos” (NC).

Estudos atuais mostram que essas anomalias encontram-se associadas ao fenômeno El


Nino-Oscilação Sul (ENOS). Para NOBRE (1992), ocorrem a partir de dois eventos distintos:
El Nino e anti-El Nino, com duração aproximada de um ano cada (com início em meados de
um ano e término em meados do ano seguinte). Caracterizam-se pela predominância de
anomalias positivas (El Nino, correspondente à fase quente) e anomalias negativas (anti-El
Nino, fase fria) da temperatura da superfície do mar (TSM), mais especificamente no
Pacífico Tropical.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


106
Com o intuito de se estimar a potencialidade erosiva na área foram tratadas as informações
relativas à intensidade máxima das chuvas em um dia (Quadro 21) e posteriormente
destacadas as ocorrências acima de 100 mm/dia (Quadro 22), considerando as séries
pluviométricas das 3 estações administradas pela ANA (1973/2006).

Quadro 21. Precipitação máxima em 24 h na área de influência indireta.


Meses Marzagão Piracanjuba Pires do Rio Máxima
Janeiro 123,7 96,8 194,4 194,4
Fevereiro 104,8 88,1 92,5 104,8
Março 156,6 116,4 106 156,6
Abril 75,7 86,2 57 86,2
Maio 58,4 49,8 92,2 92,2
Junho 30,2 55,2 41 55,2
Julho 31,5 50,4 23,6 50,4
Agosto 53 63,8 55,6 63,8
Setembro 50,2 75,4 73,8 75,4
Outubro 80 103,2 66,6 103,2
Novembro 77,7 77,4 146 146
Dezembro 98,1 139,4 118,6 139,4
Máxima 156,6 139,4 194,4 194,4
Fonte: ANA (1973/2006).

Quadro 22. Intensidade máxima de chuvas na região (acima de 100 mm/dia)


Estação Altura pluviométrica (mm) Mês/ano
104,8 02/1980
Marzagão 156,6 03/2000
123,7 01/2005
103,2 10/1982
107,0 12/1985
104,6 03/1986
Piracanjuba
139,4 12,1987
116,4 03/1988
105,4 03/2004
118,6 12/1976
114,0 12/1978
113,6 01/1979
194,4 01/1980
Pires do Rio 106,0 03/1982
105,0 12/1986
105,2 03/1994
103,9 03/2000
146,0 12/2003
Fonte: ANA (1973/2006) - Destaque em azul para intensidades pluviométricas superiores a 150 mm/dia.

Com base nos dados das estações eleitas, o número de dias de chuva médio no ano é de
109 registros (Quadro 23), com variações entre 98,3 ocorrências na estação Piracanjuba a
120 ocorrências na estação Pires do Rio (1973/2006).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


107
Quadro 23. Número de dias de chuva na área de influência indireta.
Mês Marzagão Piracanjuba Pires do Rio Média
Janeiro 17,5 18,6 21,3 19,1
Fevereiro 14,3 13,6 15,6 14,5
Março 14,9 14,8 15,9 15,2
Abril 6,9 6,9 8,1 7,3
Maio 3,8 2,6 3,8 3,4
Junho 1,5 1,1 2,1 1,6
Julho 1,5 1,1 1,9 1,5
Agosto 3,1 2,2 2,9 2,7
Setembro 5,8 4,0 6,5 5,5
Outubro 9,6 8,3 11,6 9,8
Novembro 14,2 13,9 16,7 14,9
Dezembro 19,0 18,5 22,4 19,9
Ano 108,6 98,3 120,0 109,0
Fonte: ANA (1973/2006).

Esses valores permitem inferir as seguintes relações: 13 mm/ocorrência pluviométrica (op)


na estação Pires do Rio, 13,4 mm/op em Marzagão e 20,8 mm/op em Piracanjuba.

a) Pressão e ventos

• Considerando os dados de pressão em Goiânia (1961/1990) e a velocidade dos


ventos em Goiatuba (1999/2007), pode-se inferir a seguinte situação para a região
de estudo:

• A pressão atmosférica apresenta uma média anual de 929,7 mb, com menores
valores nos meses de outubro a março, abaixo de 930 mb, e os maiores nos meses
de maio a setembro, acima de 930 mb, com destaque para os meses de junho e
julho, acima de 932 mb;

• A velocidade dos ventos em Goiatuba (Figura 21) demonstra a inexistência de


relações com a pressão atmosférica. Tanto a velocidade média quanto a máxima
dos ventos, mesmo com as restrições quanto ao tempo de funcionamento da
estação (1999/2007) e descontinuidade de registros anemométricos, apresentam
pequena variação sazonal. A média anual é de 5,9 m/s, com destaque para o mês
de abril com 6,8 m/s. As máximas, acima de 8,4 m/s, ocorrem nos meses de abril-
maio e outubro-novembro, com destaque para outubro com 8,9 m/s.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


108
P r e s s ã o a tm o s fé r i c a e m G o i â n i a e ve l o c i d a d e d o s
ve n to s e m G o i a tu b a
10 934
933
8 932

pressão (hPa)
ventos (m/s)

931
6 930
4 929
928
2 927
926
0 925

Mai

Jul
Jan

Jun

Out
Mar
Fev

Nov

Dez
Set
Ago
Abr
V el, V ent o s G o iat ub a M éd ia V el, V ent o s G o iat ub a M áx im a
P r es s ão at m o s f ér ic a G o iânia

Fonte: DNM (1961/1990) e SIMEGO (1997/2006)

Figura 21: Velocidade dos ventos em Goiatuba e pressão atmosférica em Goiânia.

Com relação à direção predominante dos ventos em Goiatuba (SIMEGO, 1999/2007),


constata-se, na média geral, amplo domínio do quadrante leste (E) equivalente a 38,2% da
freqüência anual (Figura 22), seguido pelos ventos do quadrante norte (N) com 21,9%. Os
ventos de leste (E) correspondem a 16% da freqüência anual enquanto os de sul (S) 13,1%.

D ire ç ã o p re d o m in a n t e d o s ve n t o s e m G o ia t u b a

ja n e ir o
8 0 ,0
d e z e mb r o f e v e r e ir o
6 0 ,0
n o v e mb r o 4 0 ,0 ma r ç o
2 0 ,0
o u tu b r o 0 ,0 a b r il

s e te mb r o ma io

a g o s to ju n h o
ju lh o

N NE E SE S SW W NW

Fonte: SIMEGO (1999/2007)

Figura 22: Direção predominante dos ventos em Goiatuba (1999/2007)

Dois grandes domínios prevalecem em Goiatuba, o que pode se inferir para a área imediata,
considerando dados de outras estações como Itumbiara e Goiânia.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


109
a) Os ventos de leste (E) dominam praticamente o ano todo, com destaque para
período de março a outubro, com freqüências mensais acima de 30%, chegando a
mais de 50% no trimestre junho-agosto30. Esse domínio, relacionado ao fluxo
comandado pela Massa Tropical Atlântica Sul, compartilha, em pequena proporção,
com ventos provenientes do quadrante sudeste (SE) e sul (S), correlacionados a
ingressões do fluxo extra-tropical (Massa Polar Atlântica);

b) Os ventos de norte (N) atuam principalmente entre novembro e março, com destaque
para os meses de dezembro e janeiro quando representam mais de 40% da
freqüência mensal (Quadro 24 - Direção Predominante dos Ventos). No mês de
fevereiro tem como subdominância os ventos de noroeste (NW), também vinculados
à Massa Equatorial Continental, responsável pela transferência de umidade em
direção a região central do Brasil. Em março os ventos de norte (N) são
compartilhados com os de leste (E), marcando o início das ingressões da Massa
Tropical Atlântica que prenuncia a estiagem sazonal.

Quadro 24. Direção predominante dos ventos em Goiatuba (1999/2001)


Mês N NE E SE S SW W NW
Janeiro 43,5 0 29,0 14,6 4,9 0 6,5 3,3
Fevereiro 33,1 0 15,6 8,8 14,1 3,6 5,3 21,4
Março 27,4 0 35,5 24,2 3,3 3,2 3,3 6,5
Abril 10,0 0 41,7 30,0 13,4 6,7 0 3,3
Maio 11,3 0 27,5 14,5 29,1 12,9 0 4,8
Junho 5,6 0 55,5 18,9 12,2 6,7 3,4 0
Julho 7,5 0 55,9 14,0 14,0 8,6 0 0
Agosto 6,5 0 72,1 14,0 6,4 9,7 0 0
Setembro 13,3 0 41,1 14,5 24,4 5,0 3,4 6,7
Outubro 18,3 0 38,6 15,1 13,0 8,6 3,2 5,4
Novembro 37,8 0 26,7 13,3 13,4 5,5 3,3 5,6
Dezembro 48,7 0 19,3 9,6 8,8 3,7 4,0 10,1
Ano 21,9 0 38,2 16,0 13,1 6,7 4,0 7,4
Fonte: SIMEGO, 1999/2001. Nota: em azul, valores acima de 20% da freqüência mensal; em vermelho, acima de 50%

Com base nestas informações, o estado de tempo na área de influência indireta apresenta
os seguintes aspectos:

• período úmido, com excedente hídrico anual de 4 a 5 meses, de novembro ou


dezembro até março, representado pelo domínio dos ventos de norte (N) e algumas
ingressões de noroeste (NW). A umidade carreada pela Massa Equatorial
Continental, também conhecida como a Alta da Bolívia, atinge a região central,
atraída por zona de baixa pressão, tendo como referência a Depressão Térmica do
Chaco. A convergência com o ar proveniente dos pólos (ZCAS) e as atividades

30
Em agosto representa 72,1% da freqüência mensal.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


110
convectivas termais justificam o elevado índice pluviométrico sazonal, que
ultrapassa a 80% do total anual;

• O período seco, com deficiência hídrica anual de 5 meses, de maio a setembro, é


determinada pelo deslocamento do centro anticiclonal do Atlântico Sul em direção
ao continente brasileiro, o que pode ser evidenciado regionalmente, principalmente
através das ingressões de leste (E), provoca a dinamização do centro
depressionário em centro emissor continental, que impede a entrada de umidade e
mesmo do fluxo polar, provocando estado de estabilidade atmosférica.

b) Balanço Hídrico do solo

O balanço hídrico é dotado de um caráter de síntese climática, por envolver aspectos


quantitativos e qualitativos do regime pluvial, além dos parâmetros concernentes à demanda
evaporativa do ar, próxima ao solo, associada à disponibilidade de energia radiante, calor
sensível, tensão do vapor d'água e ventos.

O cálculo do balanço hídrico foi desenvolvido para as estações Marzagão, Piracanjuba e


Pires do Rio, considerando a consistência e tempo dos dados disponíveis (Quadros 25 a
27). Os registros pluviométricos mostram que a maior demanda evaporativa ocorre nos
meses da primavera, coincidindo com a maior disponibilidade de calor sensível e menor
tensão do vapor sobre as superfícies evaporantes, enquanto os meses de junho e julho
apresentam as menores taxas de evapotranspiração potencial em virtude da menor
disponibilidade de calor sensível.

Quadro 25. Balanço hídrico em Marzagão.


Mês Temperatura Evap.Potencial Precipitação Evap.Real Def.Hídrica Exc.Hídrico
janeiro 23,2 110 273 110 0 163
fevereiro 23,2 96 200 96 0 103
março 23,2 101 210 101 0 109
abril 22,4 86 80 85 0 0
Maio 20,5 67 35 62 5 0
Junho 19,1 53 8 36 17 0
Julho 19,1 56 5 26 30 0
Agosto 21,8 81 14 32 49 0
Setembro 23,5 100 53 61 39 0
Outubro 23,8 111 120 111 0 0
Novembro 23,6 110 187 110 0 0
dezembro 23,3 112 274 112 0 140
Total 22,2 1084 1459 944 140 516
Índice Hídrico: 39,9, Clima úmido mesotérmico (Ams)

DESTILARIA BOCAINA - EIA


111
Quadro 26. Balanço hídrico Piracanjuba
Mês Temperatura Evap.Potencial Precipitação Evap.Real Def.Hídrica Exc.Hídrico
janeiro 22,2 100 378 100 0 278
fevereiro 22,3 88 261 88 0 173
março 22,1 92 298 92 0 205
abril 21,4 80 136 80 0 56
Maio 19,8 67 42 64 2 0
Junho 18,5 54 7 39 15 0
Julho 18,4 55 9 31 25 0
Agosto 20,6 75 26 41 33 0
Setembro 22,6 93 66 72 21 0
Outubro 22,8 101 163 101 0 0
Novembro 22,3 96 266 96 0 133
dezembro 21,9 97 382 97 0 285
Total 21,2 998 2033 902 96 1131
Índice Hídrico: 107,6, clima superúmido mesotérmico (Ams)

Quadro 27. Balanço hídrico Pires do Rio


Mês Temperatura Evap.Potencial Precipitação Evap.Real Def.Hídrica Exc.Hídrico
janeiro 22,6 103 293 103 0 190
fevereiro 22,8 92 185 92 0 93
março 22,5 95 211 95 0 115
abril 21,9 83 84 83 0 1
Maio 20,3 69 31 64 5 0
Junho 19,0 56 9 38 18 0
Julho 18,9 57 7 28 30 0
Agosto 21,2 78 14 31 47 0
Setembro 23,1 97 53 60 36 0
Outubro 23,3 106 123 106 0 0
Novembro 22,8 100 223 100 0 34
dezembro 22,5 101 305 101 0 204
Total 21,7 1036 1537 900 137 638
Índice Hídrico: 53,6 Clima úmido mesotérmico (Ams).

A relação entre precipitação total e evapotranspiração potencial (P/EP) oferece uma primeira
aproximação entre as necessidades de água da vegetação e a disponibilidade hídrica no
solo. Os valores obtidos proporcionam a hierarquização das estações (Quadro 28) ao
mesmo tempo em que permite comparações entre os diferentes parâmetros resultantes.

Quadro 28. Parâmetros Higrométricos na Área de Influência Indireta.


Relação Deficiência Excedente Índice
Local Clima
P/Ep Hídrica Hídrico Hídrico
Marzagão 1,35 140 516 39,9
Úmido
Pires Do Rio 1,48 137 638 53,6
Mesotérmico
Piracanjuba 2,04 96 1131 107,6 Superúmido
Média 1,63 124,3 761,7 67,0

O excedente hídrico anual encontra-se entre 516 mm na estação Marzagão e 1.131 mm na


estação Piracanjuba. Com exceção da estação Marzagão, o excedente hídrico anual é de 6
meses, novembro a abril. A deficiência hídrica anual oscila entre 96 mm em Piracanjuba e
140 mm em Marzagão. Em todas as estações a deficiência hídrica anual é de 5 meses, de
maio a setembro. Os índices hídricos são compatíveis com a relação precipitação/
evapotranspiração potencial, sendo de 1,35 e 39,9 em Marzagão, 1,48 e 53,6 em Pires do
Rio e de 2,04 e 107,6 em Piracanjuba. A retirada hídrica do solo ocorre no período de maio
e junho e a reposição ocorre nos meses de outubro e novembro.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
112
c) Síntese climática

Com base na classificação climática de KÖPPEN (1948) a área se insere no domínio de um


clima do tipo “Awi”, que significa: existência de uma temperatura média mensal, durante o
ano todo superior a 18ºC (“A”), um período seco de inverno (“w”) e uma amplitude térmica
anual inferior a 5ºC (“i” de isotermal).

A variabilidade do clima regional é determinada pela compartimentação topográfica em


interação com os fluxos da circulação atmosférica regional. O domínio de um relevo com
baixa diferenciação altimétrica, com caimento gradativo em direção ao nível de base
regional representado pelo rio Paranaíba, responde por um “clima úmido” nas localidades de
Marzagão e Pires do Rio e “superúmido” em Piracanjuba, conforme classificação de
THORNTHWAITE & MATHER (1955). Com relação ao caráter termal, todas as estações se
caracterizam como “mesotérmicas” em função da influência das condições latitudinais nas
médias termais: próximas a 18ºC nos meses de junho e julho. Esses valores foram
espacializados (Figura 23 – Índice Hídrico e Direção Predominante dos Ventos),
evidenciando tendência de decréscimo da umidade a partir das imediações de Piracanjuba.
A redução hídrica na seção periférica é determinada pelas estações Marzagão, a sudoeste,
Pires do Rio a leste e Goiatuba a nonoroeste, com índices hídricos entre 40 e 55. Enquanto
nas imediações de Piracanjuba a deficiência hídrica anual não chega a 100 mm, nas demais
fica próxima aos 140 mm, todas representadas por 5 meses, de maio a setembro. Enquanto
no entorno de Piracanjuba o excedente hídrico anual ultrapassa a 1.100 mm, nas demais
encontra-se entre 500 e 650 mm, correspondendo a 4 meses na estação Marzagão.

6.1.1.1.2. Qualidade do Ar

A ausência de centros emissores de poluição leva a admitir a existência de boa qualidade


do ar na região. Contudo, essas condições podem ser alteradas no período de estiagem em
decorrência da prática de queimadas. Estudos realizados na região de Goiânia mostram
anomalias nos índices de ozônio (O3) troposférico no período de estiagem, resultantes de
processos fotoquímicos a partir de gases indutores provenientes da queima da biomassa.
Estes índices chegam a ultrapassar a 80 ppbv (partes por bilhão de volume), em situações
críticas, conforme estudos desenvolvidos por MARIANO & KIRCHHOFF, 1991 e MARIANO
(1992). Na área de estudo a prática de queimadas ainda se faz presente, como pode ser
observado durante levantamentos de campo (Figura 24, UTM E690.617, N8.075.747,
649m), utilizada como limpeza de pastagens.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


113
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Fonte: Estações Meteorológicas

DESTILARIA BOCAINA
Marzagão - ANA (1973/2006)
Piracanjuba - ANA (1973/2006)
Escala 1:230000 N
Pires do Rio - ANA (1976/2006)
30 0 30 km
Goiatuba - SIMEGO (1999/2007)
Malha Viária e Hidrografia - AGETOP (adaptadas) ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA
TÍTULO: FIGURA:
A3 ÍNDICE HÍDRICO E DIREÇÃO PREDOMINANTE DOS VENTOS 23
Figura 24: Queimada em pastagem no
povoado de Rochedo em 10/08/2007.

Tratando-se de área com tendência de substituição de pastagens por cultivos, torna-se


possível a redução das queimadas, principalmente com a adoção de práticas
conservacionistas e de plantio direto.

Além das fontes de emissão de poluentes e das condições topográficas, os parâmetros


meteorológicos assumem importância fundamental no processo de dispersão dos gases,
conforme foi demonstrado nos estudos realizados por AIRES (2001). Esses parâmetros são
caracterizados não só pela trajetória e velocidade dos ventos, como também pelas
condições de estabilidade atmosférica, temperatura ambiente, altura da camada limite ou
camada de mistura.

Como a área, no aspecto topográfico, não interfere no processo de ventilação do sítio, um


dos parâmetros que chama atenção refere-se à altura da camada de mistura, que determina
a altura através da qual o poluente pode ser misturado antes de ser totalmente direcionado
para baixo.

Estudos de dispersão atmosférica de poluentes realizados em Goiânia (ERM, 2002) oferecem


subsídios para se estimar a variação da camada de mistura na zona rural. Os resultados
apontam uma variação entre 2.400 m, das 16:00 às 18:00 horas do dia, até 520 m, por volta das
8:00 horas (Figura 25). Esses valores encontram-se relacionados ao próprio aquecimento e
resfriamento da superfície e do ar imediatamente acima do solo, responsáveis pelas atividades
convectivas e mistura, com conseqüente dispersão, de eventuais poluentes. Embora a ação dos
ventos apresente grande variação diária, modelos estimativos mostram uma tendência de se
intensificarem entre 14:00 e 18:00 horas na região, permanecendo em relativa calmaria no
restante do tempo. Essas condições levam a admitir que as melhores condições de mistura e
dispersão ocorrem no período da tarde, até as 18:00 horas. A partir das 20:00 horas constata-se
uma tendência de redução da camada-limite e conseqüente estado de calmaria dos ventos,
restringindo a mistura e dispersão de poluentes.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


115
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Fonte: Dados da ERM, 2002

Figura 25: Comportamento da camada de mistura na região.

6.1.1.2. CLIMA DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA

Tendo como referência a estação pluviométrica Piracanjuba e a estação meteorológica de


Goiatuba (SIMEGO, 1999/2007), próximas à AID, o empreendimento insere-se no
compartimento marcado por precipitações anuais em torno de 1.700 mm. Considerando o
balanço hídrico calculado para a estação Piracanjuba constata-se que o período de
deficiência hídrica do solo corresponde a 5 meses, de maio a setembro, enquanto o
excedente hídrico é de 6 meses, de novembro a abril. A retirada hídrica se dá no mês de
maio enquanto a reposição hídrica no mês de outubro (Figura 26).

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Fonte: Pluviometria ANA (1973/2006)


Figura 26: Balanço Hídrico de Piracanjuba

DESTILARIA BOCAINA - EIA


116
Além dos elevados índices pluviométricos entre os meses de novembro a março, superiores
a 200 mm, com destaque para os meses de dezembro e janeiro com mais de 300 mm, ainda
deve-se considerar as intensidades pluviométricas no dia, como as evidenciadas
anteriormente: chuvas acima de 100 mm/dia, como nos meses de março de 1986, 1988,
2004 e dezembro de 1985 e de 1987. Esse fato evidencia o potencial erosivo comandado
pelas chuvas, o que deve ser considerado em termos de avaliação de impactos
relacionados ao empreendimento.

Chama-se atenção para a umidade relativa do ar no período de estiagem, a qual deverá ser
observada no desempenho de atividades agroindustriais. Em Piracanjuba, além dos baixos
índices registrados nos meses de agosto (1999, 2000, 2001 e 2003) e setembro (2004, 2005
e 2006), em torno de 20%, estes chegam a corresponder a 15 dias contínuos, com destaque
para a mínima absoluta registrada em maio de 2007, de 9%.

6.1.2. Geologia, Geotecnia e Recursos Minerais

6.1.2.1. GEOLOGIA

Segundo o Programa Levantamentos Geológicos Básicos – Geologia e Recursos Minerais


do Estado de Goiás e Distrito Federal, regionalmente ocorrem rochas do Paleoproterozóico,
com a Associação de Supracrustais Granulitizadas, do Mesoproterozoico, com os Granitos
tipo Rio Piracanjuba (Lacerda Filho & Oliveira, 1994) e o Grupo Araxá – Unidade B
(Barbosa, 1955), do Neoproterozóico, com os Granitos Tipo Aragoiânia, do Terciário /
Quaternário, com a Cobertura Detrito-Laterítica, e do Quaternário, com os aluviões),
(Figura 27. – Mapa Geológico).

A associação de Rochas Supracrustais são caracterizados por gnaisses sílico-aluminosos e


quartzo-feldspáticos, granada gnaisses, rochas calcissilicáticas, diopsídio mármores,
granada quartzitos e gonditos, associados com gnaisses graníticos.

Os Granitos tipo Rio Piracanjuba (Lacerda Filho & Oliveira, 1994) correspondem a uma série
de granitóides crustais porfiríticos, de composição granítica a tonalítica, leuco a
mesocráticos, de filiação cálcio-alcalina. São representados por biotita-metagranito pórfiro,
metagranodioritos e metatonalitos, que se encontram posicionados ao longo de zonas de
cisalhamento dúcteis, desenvolvendo estruturas protomiloníticas, miloníticas e
ultramiloníticas, que lhes conferem na maioria das vezes, um bandamento gnáissico.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


117
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Fonte: Geologia ampliada do Mapa Geológico e de Recursos Minerais de Goiás e


Distrito Federal, 1:500.000, realizado pela CPRM/METAGO S.A/UnB-1999; Escala 1:150000 N
utilizando o SIG-Goiás Mapa Geológico e de Recursos Minerais de Goiás
e Distrito Federal - Agência Ambiental/CPRM,2000.
DESTILARIA BOCAINA
Limites Municipais: SEPLAN / SIEG 5 0 5 km
Malha Viária e Hidrografia - AGETOP (adaptado) ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA
Folha: SE-22-XD TÍTULO FIGURA
A3 MAPA GEOLÓGICO 27
O Grupo Araxá - Unidade B - é definido por uma seqüência pelítica marinha, constituída por
calci-clorita-biotita xistos, calci-clorita-biotita xistos feldspáticos, calci-granada-biotita-quartzo
xistos feldspáticos, granada-clorita xistos, hornblenda-granada xistos feldspáticos, grafita
xistos, lentes de metacalcários, quartzitos micáceos e, subordinadamente lentes de
anfibolito.

Os Granitos Tipo Aragoiânia compreendem um conjunto de corpos graníticos a duas micas,


peraluminosos, sintectônicos, de coloração cinza claro, granulação fina a média, às vezes
com textura milonítica a ultramilonítica, constituídos principalmente de plagioclásio
(oligoclásio), feldspato potássico, quartzo, biotita e granada, e caracterizados como biotita-
muscovita metagranitos a metagranodioritos.

A Cobertura Detrito-Laterítica corresponde a uma superfície desenvolvida a partir de um


processo de aplainamento e laterização de toda uma região que engloba o centro-oeste
brasileiro.

É caracterizada por latossolos vermelhos amarronzados, estrutura indefinida e textura


areno-argilosa e mostra o desenvolvimento de perfis lateríticos maturos e imaturos, onde
ocorrem níveis de linhas de pedras (stone lines), com predominância de fragmentos
angulosos de quartzo, geralmente dispostos na porção superior dos mesmos.

Estas coberturas são encontradas com variadas espessuras, na forma de perfis


imaturos, caracterizados principalmente por um latossolo onde se desenvolvem níveis
ferruginosos.

Os depósitos aluvionares são caracterizados por sedimentos inconsolidados,


dominantemente arenosos, representados por areias, com níveis de cascalho, e lentes de
material silto-argiloso. Ocorrem nas planícies de inundação e ao longo das drenagens de
maior porte.

6.1.2.2. CONSIDERAÇÕES GEOTÉCNICAS

Localmente o terreno é classificado como suave ondulado a ondulado, tendo uma superfície
topográfica pouco movimentada. Não foram observados processos erosivos na área de
implantação do empreendimento. O nível freático encontra-se a uma profundidade média
em torno de 10,00 (dez) metros. Não foi registrada a presença de tálus, áreas de
deslizamentos e/ou escorregamentos e nem de áreas de inundação.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


119
6.1.2.3. RECURSOS MINERAIS

Foi efetuado um levantamento junto ao Departamento Nacional da Produção Mineral –


DNPM, para obter informações de áreas requeridas para exploração mineral, considerando
um raio de 25 km em torno do local do empreendimento. Os resultados obtidos são
apresentados na Figura 28 – Áreas Requeridas – DNPM. Nenhuma área requerida será
diretamente afetada pelo empreendimento.

6.1.3. Geomorfologia

6.1.3.1. GEOMORFOLOGIA REGIONAL

A área de influência indireta, correspondente a 286,3 km2, tem como nível de base local o rio
Meia Ponte que integra a bacia do rio Paranaíba. A área de estudo abriga as sub-bacias
hidrográficas dos ribeirões São Pedro e das Bocainas, e dos córregos da Alagoinha, da
Bocaininha e da Ponte Furada, além de sub-bacias hidrográficas de primeira ordem, que
deságuam diretamente no rio Meia Ponte. As sub-bacias hidrográficas dos ribeirões São
Pedro e das Bocainas representam mais de 50% da AII, sendo ambas de quarta ordem na
classificação de STRAHLER (1952).

A AII se insere na unidade geomorfológica Planalto Central Goiano, regionalmente


caracterizada pela subunidade Planalto Rebaixado de Goiânia (MAMEDE et al, 1983).
Figura 29 – Mapa Geomorfológico.

O Planalto Rebaixado de Goiânia, que na área de estudo se comporta como seção


depressionária, o que levou ALMEIDA (1948) a denominá-la de “Depressão Periférica de
Goiânia”, encontra-se entre as subunidades geomorfológicas Planalto Setentrional da Bacia
do Paraná a sudoeste, e Planalto do Alto Tocantins-Paranaíba a nordeste, também
pertencente à unidade Planalto Central Goiano. Portanto, trata-se de área relativamente
embutida entre os mencionados compartimentos, somando-se a estas, diferenças quanto
aos aspectos dos modelados e constituições litológicas, enquanto no Planalto Rebaixado de
Goiânia prevalecem estruturas metassedimentares proterozóicas, espacialmente
representadas pelo Grupo Araxá, no Planalto do Alto Tocantins-Paranaíba dominam
estruturas granulíticas do paleoproterozóico e metassedimentos do Grupo Bambuí. No
Planalto Setentrional da Bacia do Paraná dominam seqüências paleomesozóicas vulcânicas
e sedimentares.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


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860338/2005 70 861862/2005
GO-4

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860640/2007
Córr. das Flores 860049/2005 #
Y Áreas Requeridas - DNPM Malha Viária

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Represa / Lago Pavimentada

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861710/2005 861711/2005 860050/2006
Não Pavimentada

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Rochedo

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GO 861376/2006
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Perímetro Urbano

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860671/2005
861990/2005 Có
r Córr. d

680000 690000 700000 710000 720000

Fonte: Áreas Requeridas - DNPM


Consulta em 29/10/2007 NTÍTULO
Malha Viária e Hidrografia -
AGETOP (adaptadas) Escala 1:230000 DESTILARIA BOCAINA
Sistema de Coordenadas UTM 5 0 5 km
Datum SAD 69 Fuso 22 MC -51 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA
FIGURA
A3 ÁREAS REQUERIDAS - DNPM 28
692 696 700 704 708

c31
705
8092

a Alagoinha
Cór r. d
754
UNIDADE GEOMORFOLÓGICA
o

m
PLANALTO REBAIXADO DE GOIÂNIA

Fu
FORMAS DE ACUMULAÇÃO

do
691 r.
t41 o

r
FORMAS DISSECADAS

ad


Lavr a - FORMAS AGUÇADAS
rr.


c - FORMAS CONVEXAS
8088 Ri o t - FORMAS TABULARES

ã
b.
S
Pedr

o
Lagoa do 746 FORMAS DE ACUMULAÇÃO
Paradão Aptf - PLANÍCIE E TERRAÇO FLUVIAL
c22
Aai - ÁREA DE ACUMULAÇÃO INUNDÁVEL

PIRACANJUBA
SIMBOLOS
666
CRISTA ASSIMÉTRICA
ÁREA DE ENTORNO

r r. do Brejo 725
Có c31 ESC. 1:100.000
8084
857
Aptf 685
INDÍCE DE DIMENSÃO DO INTERFLUVIO(m)
49º10’

Rib.
DISSECAÇÃO < 250 < 750 < 1750 < 3750
t31 > 250
17°20’ c31 < 750 < 1750 < 3750 < 12750

APROFUNDAMENTO
807 MUITO FRACA 11 21 31 41 51

DRENAGEM
o
C órr. d aininha FRACA 12 22 32 42 52
a Bo c
MEDIANA 13 23 33 43 53
Aai Pe dro
o FORTE 14 24 34 44 54
quit
ou do M o MUITO FORTE 15 25 35 45 55

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789

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DESTILARIA BOCAINA
c21

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8072 A
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BOCAIN a23
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c21 835

806
891
DESTILARIA BOCAINA DBO
ENGENHARIA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA


TÍTULO: FIGURA:
MAPA GEOMORFOLOGICO 29
Conforme MAMEDE et al (1983), a subunidade em questão compreende um vasto planalto
rebaixado e dissecado, esculpido em litologias pré-cambrianas. Os modelados resultantes são
geralmente tabulares, com topos interfluviais relativamente amplos, seguidos de formas convexas
em seções de dissecações mais intensas. A intensidade da dissecação vincula-se em grande
parte à estrutura subjacente, onde as interferências tectônicas, associadas às fraturas e zonas de
cisalhamento, contribuem para o forte encaixamento dos talvegues. O rio Meia Ponte, onde se
insere o empreendimento, drena a parte centro-ocidental do Planalto Rebaixado de Goiânia, cujos
tributários representados pelos ribeirões São Pedro e das Bocainas partem dos remanescentes de
aplainamentos retocados que constituem o interflúvio com a bacia do rio Piracanjuba.

As formações superficiais resultam da intemperização das rochas, cujo desenvolvimento


físico vincula-se ao grau de dissecação dos modelados.

A AII insere-se quase que integralmente no domínio da unidade B do Grupo Araxá


(BARBOSA, 1955), representada por calci-clorita-biotita-xistos, calci-clorita-biotita-xistos
feldspáticos, calci-granada-biotita-quartzos feldspatos, grafita-xistos. Na seção nordeste,
nascentes do ribeirão São Pedro, prevalece granitóides crustais porfiríticos, atribuídos aos
Granitos Tipo Rio Piracanjuba (LACERDA FILHO & OLIVEIRA, 1994). Evidências da
tectônica podem ser comprovadas através de afloramentos de calco-xistos feldspáticos
portadores de micro-dobras, como observados na estrada vicinal Rochedo-Piracanjuba
(Figura 30, UTM E696.978, N8.078.502, 688m).

Figura 30: Micro-dobras em calco-xistos


feldspáticos na estrada Rochedo-Piracanjuba.

Tais estruturas encontram-se arrasadas por eventos morfoclimáticos secos, atribuídos ao


Terciário e início do Quaternário, posteriormente exumadas por processo de dissecação, em
grande parte guiada pelos efeitos da tectônica. Praticamente não existem remanescentes
significativos de aplainamento na área, exceto nas proximidades de Piracanjuba, nascentes
do ribeirão São Pedro (Figura 31, UTM E705.123, N8.082.329, 802m), mantidas por
concreções ferralíticas em granitóides, não mapeáveis na escala da representação. As
poucas evidências de aplainamentos intermontanos são observadas principalmente em
DESTILARIA BOCAINA - EIA
123
remanescentes de topos interfluviais nos médios e baixos cursos das sub-bacias do ribeirão
São Pedro e do córrego da Bocaininha, que embora dissecadas, permitem a
individualização de formas tabulares com dimensões interfluviais que variam de
>1.750≤3.750m (t41) e >750≤1.750m (t31), com baixo grau de incisão da drenagem. Essas
formas representam 37,7% da superfície mapeada. Em determinados trechos apresentam
geometria com tendência convexa (c31) no médio ribeirão das Bocainas e em topos
interfluviais, como nas nascentes do ribeirão São Pedro ou do Mosquito. Nas seções
superiores dos ribeirões São Pedro e das Bocainas, bem como na sub-bacia do córrego da
Pedra Furada, a dissecação encontra-se mais pronunciada, estimulada pela tectônica,
prevalecendo formas convexas com dimensão interfluviais >250≤750m e incisão moderada
da drenagem (c23). Na serra da Bocaina, divisor meridional da AII, cristas assimétricas são
individualizadas por formas aguçadas, com pronunciado grau de incisão dos talvegues
(a23). Nas nascentes do córrego da Ponte Furada podem ser observadas sucessão de
cristas assimétricas sustentadas por quartzitos (Figura 32, UTM E691.545, N8.075.747,
649m), com baixo desenvolvimento físico das formações superficiais. Correspondem a
Neossolos Litólicos ou Cambissolos Háplicos cascalhentos.

Figura 31: Residual de aplainamento, Figura 32: Cristas assimétricas da serra da


próximo a Piracanjuba, sustentado por Bocaina, nas nascentes do córrego da Ponte
concreções ferralíticas. Furada.

Os efeitos tanto da tectônica quanto das diferenças litoestratigráficas podem ser vistos
através do padrão da drenagem, marcado por um modelo do tipo dendrítico-retangular, com
fortes angularidades, a exemplo do alto ribeirão São Pedro, contato entre os Granitos do
Tipo Rio Piracanjuba e os metassedimentos do Grupo Araxá.

Nas superfícies tabulares (t31, t41) ou de amplos interflúvios convexos (c31), como nas
imediações das fazendas Santa Rita e Jaú (Figura 33, UTM E697.240, N8.079.278,
726m), as formações superficiais apresentam bom desenvolvimento físico, prevalecendo
textura areno-argilosa, correlacionadas aos Latossolos Vermelhos Distróficos. Nas seções
DESTILARIA BOCAINA - EIA
124
convexas, principalmente as vinculadas a maior incisão da drenagem (c22, c23), as
formações superficiais apresentam baixo desenvolvimento físico, correlacionado aos
Cambissolos Háplicos Tb Distróficos cascalhentos e pedregosos, o que favorece o
desenvolvimento de sulcos e ravinas quando submetidos a um uso mais intensivo ou com
alterações antropogênicas que permitam o fluxo concentrado. Exemplos como esse são
observados em vários setores, como na margem direita do ribeirão das Bocainas, rodovia
Rochedo-Piracanjuba (Figura 34, UTM E696.600, N8.077.424, 620m), com evidências de
reptação. A presença de cascalho nas superfícies com declividades geralmente acima de
10% é justificada pela remobilização de paleopavimentos constituídos por quartzo leitoso,
originalmente relacionados a veios que recortam as estruturas xistosas.

Figura 33: Topos interfluviais tabulares com Figura 34: Processos erosivos em vertente
formações superficiais areno-argilosas de convexa na margem direita do ribeirão das
bom desenvolvimento físico. Bocainas. O desenvolvimento de sulcos em
formações superficiais de baixo
desenvolvimento físico é favorecido pelo
pisoteio do gado.

6.1.3.1.1. Formas de Acumulação

As formas de acumulação na área de influência indireta ocorrem principalmente a montante


da represa do Rochedo, entre as confluências dos córregos da Bocaininha e do Brejão com o
rio Meia Ponte. Correspondem a planície e terraço fluviais (Aptf) e áreas de acumulação
inundáveis (Aai), associadas a processo de meandração do rio Meia Ponte. Representam
2,7% da AII, caracterizadas por sedimentos aluviais holocênicos nas planícies de inundação
atuais e seqüências pleistocênicas nos terraços subatuais. São sedimentos areno-argilosos
com presença de cascalhos, seixos arredondados abandonados em paleotalvegues na última
fase glácio-eustática pleistocênica, atualmente em processo de retomada erosiva. Acredita-se
que o processo de meandração do rio Meia Ponte, evidenciado principalmente a montante da
represa do Rochedo tenha sido desencadeado a partir de angularidades tectônicas.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


125
6.1.3.1.2. Geomorfogênese

Com base nas evidências morfológicas e depósitos correlativos existentes, entende-se a


evolução regional a partir de processo de pediplanação inumado por coberturas detrito-
lateríticas terciárias. Essas formações superficiais ocorrem no nível mais elevado do
Planalto Rebaixado de Goiânia, entre 850 e 900 m, como nos residuais que separam as
bacias dos rios Meia Ponte e Piracanjuba. Tais coberturas encontram-se individualizadas
por formações superficiais areno-argilosas, correlacionadas a Latossolos Vermelhos
Distróficos, com níveis de concrecionamento e bancadas ferruginosas, vinculadas a
processo de plintitização. Provavelmente no início do Pleistoceno, sob a ação de um clima
úmido, a organização da drenagem respondeu por dissecação pronunciada do relevo, em
grande parte guiada pela tectônica, intensificada por soerguimento crustal. Portanto, os
fenômenos epirogenéticos positivos e a reativação dúctil de paleofalhas favoreceram a
incisão da drenagem e orientação do sistema hidrográfico a exemplo do rio Meia Ponte
(NNE-SSW), determinando a gênese de angularidades. Praticamente todo sistema fluvial foi
controlado por efeitos tectônicos, a exemplo dos ribeirões São Pedro e das Bocainas, na AII,
tributários principais do rio Meia Ponte.

A evolução vertical do modelado foi interrompida nas fases glácio-eustáticas pleistocênicas,


responsáveis por mudanças climáticas: de clima úmido para semi-árido, determinando
relações morfogenéticas diferenciadas. Nas fases secas a morfogênese mecânica respondia
por desagregação e desenvolvimento de níveis de pedimentação, enquanto nas fases
úmidas (interglaciais) a morfogênese química favorecia a dissecação do relevo,
coluvionamento de soleiras, desenvolvimento de superfícies alveolares e processo de
aluvionamento. Rampas pedimentadas, associadas a processo morfogenético agressivo,
como as evidenciados no würmiano, podem ser constatadas em praticamente toda extensão
do baixo ribeirão São Pedro e córrego da Bocaininha, caracterizadas por formas tabulares
de baixa incisão da drenagem (t31). Os processos morfogenéticos químicos na fase úmida
holocênica, promoveram o reafeiçoamento de vertentes, intemperização de rochas e
coluvionamento de níveis de base, além de elaboração de superfícies alveolares que foram
aluvionadas em condições subatuais. O rebaixamento do lençol freático, estimado a partir
dos 4.000 anos AP na região (SALGADO-LABOURIU et al, 1997), favoreceu o processo de
plintitização e formação de concreções ferralíticas nas depressões relativas.

Na atualidade os processos morfogenéticos comandados pelas chuvas são intensificados


mecanicamente em função das intervenções antropogênicas, considerando a extensão dos
desmatamentos, com a retomada de processos erosivos e conseqüentes assoreamentos de
vales, principalmente nas áreas mais dissecadas, onde as formações superficiais
DESTILARIA BOCAINA - EIA
126
apresentam baixo desenvolvimento físico. O material desagregado, associado a veios de
quartzo liberados pela intemperização dos xistos, é transportado para os vales efêmeros ou
intermitentes, com grande possibilidade de ser incorporado ao sistema hidrográfico.

6.1.3.1.3. Vulnerabilidade à erosão

A vulnerabilidade à erosão da área de influência indireta fundamentou-se na caracterização


do modelado e índices de dissecação, conforme metodologia apresentada.

Com base no mapeamento geomorfológico e respectivos índices morfométricos, constata-se


um leve domínio de formas associadas à baixa vulnerabilidade à erosão (Quadro 29),
correspondendo a 57,2% da AII, sendo 2,7% caracterizada por vulnerabilidade muito baixa,
correspondente às formas de acumulação (Aptf e Aai) e 54,5% por vulnerabilidade baixa.
Tais modelados se caracterizam principalmente por formas dissecadas tabulares (37,7%),
com dimensão interfluvial >750≤1.750m (t31) e >1.750≤3.750m (t41), com baixa incisão da
drenagem e formas convexas (16,8%) com dimensão interfluvial >750≤1.750m, também
com baixo aprofundamento da drenagem (c31). Correspondem a declividades que variam
de menos de 2% (t41) a aproximadamente 4% (t31,c31), constatadas no médio e baixo
curso do ribeirão São Pedro, praticamente toda sub-bacia hidrográfica do córrego da
Bocaininha, alto curso do ribeirão das Bocainas, além do topo interfluvial entre as bacias dos
rios Meia Ponte e Piracanjuba. Em termos de formações superficiais prevalecem materiais
areno-argilosos, correlacionados aos Latossolos Vermelhos Distróficos, como nas
proximidades de Piracanjuba (Figura 35, UTM E705.123, N8.082.329, 802m) ou Latossolos
Vermelho-Amarelos Distróficos.

Figura 35: Formação superficial areno-


argilosa, com bom desenvolvimento físico,
correspondente a Latossolo Vermelho
Distrófico, próximo a Piracanjuba.

As áreas de vulnerabilidade moderada representam 38,2% da AII, individualizadas por


formas dissecadas convexas com dimensão interfluvial >250≤750m, com baixa incisão da
drenagem (c21, c22), com declividade entre 10% e 20%. As áreas mais expressivas
correspondem à parte da sub-bacia hidrográfica do córrego da Ponte Furada, alto e baixo

DESTILARIA BOCAINA - EIA


127
ribeirão das Bocainas e principalmente as nascentes do ribeirão São Pedro. Correspondem
a áreas com baixo a moderado desenvolvimento físico das formações superficiais,
prevalecendo Argissolos Vermelhos Tb Distróficos, às vezes com horizonte B textural
coluvionando detritos quartzosos associados a fases climáticas torrenciais (Figura 36, UTM
E699.266, N8.080.019, 720m). Também ocorrem solos com horizonte B incipiente,
Cambissolos Háplicos Cascalhentos, evidenciando maior vulnerabilidade aos processos
erosivos (Figura 37, UTM E696.621, N8.077.589, 637m) como na margem direita do
ribeirão das Bocainas.

Figura 36: Detritos angulosos constituídos Figura 37: Processo de ravinamento na


principalmente por quartzo, inumadas por lateral da estrada, margem direita do
colúvios pedogenizados, na estrada vicinal ribeirão das Bocainas, associada a solos
Rochedo-Piracanjuba. de baixo desenvolvimento físico.

As áreas de vulnerabilidade alta representam 5,3% da superfície mapeada, correspondendo


a formas convexas com mediano grau de incisão da drenagem (c23) e formas aguçadas
(a23) identificadas por cristas assimétricas. As formas convexas com maior grau de
dissecação ocorrem nas nascentes do ribeirão das Bocainas e córrego da Ponte Furada,
enquanto as aguçadas são registradas na serra da Bocaina, margem esquerda do córrego
da Ponte Furada. Em tais circunstâncias predominam formações superficiais de baixo
desenvolvimento físico, associadas à Neossolos Litólicos e Cambissolos Háplicos
cascalhentos e pedregosos, marcadas por pronunciadas linhas de drenagens, atualmente
caracterizadas por cursos intermitentes. O volume de material desagregado de veios
localizados nas rochas xistosas ocupam grande parte do baixo desenvolvimento físico das
formações superficiais, como observado nas proximidades da represa do Rochedo (Figura
38, UTM E688.965, N8.076.443, 626m).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


128
Figura 38: Talude na estrada de acesso ao
Rochedo, com exposição de xistos grafitosos
sotopostos por quartzos leitosos
subangulosos e detritos rochosos.

Quadro 29. Vulnerabilidade do relevo à erosão na AII.


Índice de Área Área
Modelado Vulnerabilidade
dissecação Km2 % acumulada (%)
Aptf 7,1 2,5
Acumulação 2,7 Muito Baixa
Aai 0,6 0,2
t41 36,3 12,7
t31 71,7 25,0 54,5 Baixa
c31 48,2 16,8
Dissecação c21 39,5 13,8
38,2 Moderada
c22 67,9 24,4
c23 11,2 3,9
5,3 Alta
a23 3,8 1,4
Total 286,3 100,0 100,0

As formas dissecadas tabulares e localizam-se no nível mais baixo do Planalto Setentrional


da Bacia do Paraná, enquanto as superfícies pediplanadas, formas estruturais (Spt) e
formas dissecadas aguçadas (a22, a23), no nível mais elevado da unidade em questão.

Intervenções antropogênicas contribuem para o desencadeamento de processos erosivos,


principalmente em áreas fisicamente vulneráveis, cujos reflexos podem ser sentidos através
de entulhamento de cursos d´água, como no córrego Ponte Furada, estrada Rochedo-
Piracanjuba (Figura 39, UTM E694.808, N8.074.864, 621m).

Figura 39: Processo de assoreamento do


leito do córrego Ponte Furada por material
proveniente das encostas e por solapamento
lateral decorrente da degradação da mata
ciliar.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


129
6.1.3.2. GEOMORFOLOGIA NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA

A área de entorno do empreendimento refere-se à sub-bacia hidrográfica do córrego da


Bocaininha (Figura 40, UTM E 699.008, N8.079.913, 702m), com 24,6 km2 ou 2.460 ha,
afluente da margem esquerda do rio Meia Ponte. Insere-se no Planalto Rebaixado de
Goiânia, com altitudes que variam entre 660 m, nas proximidades da confluência com o rio
Meia Ponte, e 730 m, onde será implantada a unidade industrial.

Figura 40: Vereda parcialmente degradada no córrego


da Bocaininha, na Fazenda da Bocaina.

A área de relevo mais dissecado localiza-se nas nascentes do córrego da Bocaininha,


marcada por formas convexas, com dimensões interfluviais >250≤750m e baixo a mediano
grau de incisão da drenagem (c22). A referida franja, com 180 hectares, apresenta
declividade entre 10% e 20%, marcada por formações superficiais areno-argilosas,
caracterizada por material autóctone submetido a processo de erosão laminar, com
espalhamento de fragmentos angulosos de quartzo leitoso, proveniente da desagregação de
veios presentes no domínio dos xistos proterozóicos. A morfologia convexa, com presença
de pastagem e plantio de sorgo de safrinha (Figura 41, UTM E700.382, N8.080.297, 728m),
pedogenicamente se individualiza pelos Argissolos e Cambissolos Háplicos Tb Distróficos
cascalhentos (Figura 42, UTM E700.382, N8.080.297, 728m).

Nas proximidades da confluência do córrego da Bocaininha com o rio Meia Ponte registra-se
a ocorrência de área de acumulação inundável (Aai), associada a processo de meandração,
atualmente aluvionada com cerca de 40 hectares.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


130
Figura 41: Plantio de sorgo em vertente Figura 42: Relevo dissecado em forma
convexa, margem esquerda do córrego da convexa, com mediano grau de incisão da
Bocaininha. drenagem, caracterizada por vulnerabilidade
moderada à erosão.

As formas dissecadas tabulares, com dimensões interfluviais >750≤1.750m, baixa incisão da


drenagem (t31), corresponde a 2.240 hectares, equivalentes a 91,1% da área de entorno
(Quadro 30). Apresentam topos interfluviais com evidências de aplainamento intermontano
retocados e rampas pediplanadas (Figura 43, UTM E699.008, N8.079.913, 702m) que
mergulham em direção aos cursos d´água. São constituídas por formações superficiais
areno-argilosas, com bom desenvolvimento físico, presença de cascalhos angulosos e
concreções ferralíticas coluvionadas, o que demonstra alternância climática pleistocênica:
fase climática seca com transporte torrencial de cascalhos angulosos associados à
desagregação de veios de quartzo e concreções ferralíticas e fase climática úmida com
inumação dos paleopavimentos com colúvio pedogenizado.
Quadro 30. Vulnerabilidade do Relevo na Área do Entorno.
Área
Modelado Índice de dissecação Área acumulada (%) Vulnerabilidade
ha %
Acumulação Aai 40 1,6
92,7 Baixa
t31 2.2.40 91,1
Dissecação
c22 180 7,3 7,3 Moderada
Total 2.460 100,0 100,0

Figura 43: Formas dissecadas tabulares e


rampas pedimentadas que prevalecem na
área de entorno, próximo à Fazenda Bocaina

DESTILARIA BOCAINA - EIA


131
Em termos de vulnerabilidade, com base nos parâmetros morfodinâmicos e morfométricos
do relevo, constata-se que 92,7% da área de entorno se individualiza por baixa erosão,
sendo 1,6% constituída por formas de acumulação inundáveis (Aai) e o restante por formas
tabulares com baixa incisão da drenagem. O restante, 7,3% da área, se caracteriza por
formas convexas, com moderado grau de vulnerabilidade, o que muitas vezes acaba sendo
estimulado pelas próprias derivações antropogênicas.

A área diretamente afetada refere-se ao local onde será implantada a unidade industrial
(Figura 44, UTM E700.084, N8.079.138, 720 m), posicionada em relevo dissecado convexo,
com mediano grau de incisão da drenagem (c22) e consequentemente, por uma
vulnerabilidade moderada à erosão.

Trata-se de área ocupada em sua maioria por pastagem plantada (brachiaria) e


remanescentes de formações florestais (Mata Estacional Decidual e Subdecidual). A
declividade varia entre 10% e 20%, com formações superficiais areno-argilosas
caracterizadas por solos com horizonte B textural (Argissolos Vermelhos) e B incipiente
(Cambissolos Háplicos), muitas vezes cascalhentos. Nos topos interfluviais os depósitos de
cobertura apresentam maior desenvolvimento físico, correspondendo aos Latossolos
Vermelhos Distróficos. Em tal circunstância prevalece o fluxo laminar, por vezes difuso,
sobretudo em remanescentes de formações florestais (Figura 45, UTM E698.470,
N8.079.673, 735m), por vezes lineares, com evidências de sulcamentos, principalmente em
vertentes de maior declividade, acima de 10%, ocupadas por cultivos cíclicos.

Figura 44: Formas convexas com presença de Figura 45: Domínio de formas convexas (c22)
pastagem, na área onde será implantada a na área diretamente afetada, com remanescentes
unidade industrial. Observa-se espécies vegetais de formações florestais (Mata Estacional
relacionadas a Mata Estacional Decidual. Decidual e Subdecidual).

6.1.4. Aspectos Pedológicos

A Pedologia, ou Edafologia é a ciência que estuda a origem e a formação dos solos.


Segundo essa ciência, os solos originam-se da ação do intemperismo sobre as rochas

DESTILARIA BOCAINA - EIA


132
nativas, modificando ou anulando suas características físicas e químicas. Produtos solúveis
e alguns sólidos são carreados pelas águas, restando um produto não consolidado
denominado “regolito”, segundo Brady (1979).

O intemperismo continua sua ação sobre as camadas superiores do “regolito” e são esses
elementos que dão origem ao solo após um certo tempo, mais ou menos longo, necessário
para a formação de um perfil. Os solos resultantes dos diversos processos apresentam
grandes diferenciações de um local para outro. Variam com relação ao perfil, profundidade,
teor de argila e matéria orgânica, dentre outras características.

Conceitualmente existem várias definições para solos, que variam de acordo com seu uso,
afirma Fageria (1989). Para a agricultura, o solo é um mineral não consolidado na superfície
da terra que serve de ambiente natural para o desenvolvimento das plantas. Segundo outra
definição, o solo é um mineral não consolidado na superfície da terra, influenciado por
fatores genéticos e ambientais, como material de origem, topografia, clima e
microorganismos, que se encarregam de formar o solo no decorrer do tempo, e é sempre
diferente nas suas propriedades e características físicas, químicas, biológicas e
morfológicas do material de origem.

Segundo Brady (1979), solos significam para o homem, bem mais do que um meio ambiente
para desenvolvimento das culturas. Apóiam os alicerces das casas e fábricas, são usados
como leito para estradas e servem como depósitos para os rejeitos de origem humana,
animal e industrial. Ainda segundo o mesmo autor, as grandes civilizações dispuseram de
bons solos como uma de suas principais fontes naturais de produção.

Fageria (1989), informa que a classificação sistemática dos solos se faz em grupos ou
categorias, segundo as suas características gerais ou específicas. Ainda, segundo o mesmo
autor, foram coletados muitos dados sobre as características dos solos no mundo, e
surgiram vários tipos de classificação, como o Genético, o Compressivo, o Francês,
FAO/UNESCO, Belga e o Brasileiro.

Lepesch (1980), citado por Fageria (1989), destaca que na classificação brasileira, costuma-
se dividir os solos em dois grupos, os Distróficos e os Eutróficos. Os solos Eutróficos são
aqueles que possuem mais de 50% de sua capacidade de troca ocupada com bases (Ca,
Mg e K), sendo mais férteis. Os solos Distróficos são aqueles que possuem mais de 50% de
sua capacidade de troca ocupada com Hidrogênio e Alumínio, sendo, portanto menos
férteis. Diz-se ainda que o solo é Álico, quando possui saturação com alumínio maior que
50%.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


133
De acordo com o teor dos componentes dos solos, a textura pode ser:

• Muito argilosa: teor de argila maior que 60%;


• Argilosa: teor de argila entre 35 e 60%;
• Média: teor de argila entre 15 e 35%;
• Arenosa: teor de argila menor que 15%;

Com relação ao relevo, os solos podem ser:

• Planos: solos cuja superfície possui declividade entre zero e 3%;


• Suave ondulado: solos cuja superfície possui declividade entre 3 e 8%;
• Ondulado: solos cuja superfície possui declividade entre 8 e 20%;
• Forte ondulado: solos cuja superfície possui declividade entre 20 e 45%.

A classificação de solos no presente trabalho será feita de acordo com o Sistema Brasileiro
de Classificação de Solos desenvolvido pela EMBRAPA, 1999.

6.1.4.1. CARACTERIZAÇÃO PEDOLÓGICA REGIONAL

O empreendimento em estudo está situado no município de Piracanjuba, porção central do


Estado de Goiás, integrante da região Centro - Oeste do Brasil, sobre a formação
geomorfológica denominada de Planalto Central.

Nessa região estão presentes várias classes de solos, com predomínio dos solos minerais,
embora estejam presentes algumas faixas de solos orgânicos, provenientes de deposições
e decomposição de restos de vegetais e animais, Figura 46 – Mapa de Solos.

Dentre os solos minerais, destacam-se os latossolos, os argissolos, os cambissolos, os


Noessolos litólicos, as lateritas hidromórficas e os Neossolos aluviais mineriais. Os solos
minerais existentes originaram-se da decomposição de rochas como o basalto e o arenito,
enquanto que os solos orgânicos são originários da deposição e decomposição de materiais
orgânicos.

6.1.4.1.1. Latossolos

São solos minerais, muito antigos, cuja formação consiste na remoção de sílica e bases ao
longo de todo o perfil. São solos profundos, bem drenados e geralmente ocupam as
superfícies mais elevadas da área. Esses solos têm topografia plana a suave ondulada. Sua
cor sofre influência da presença de óxidos de ferro e varia do vermelho-escuro ao amarelo.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
134
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Fonte: Mosaico de Imagens de Satélite CBERS 2


Sensor CCD 12 de julho de 2007
1:230000 N
DESTILARIA BOCAINA
SAD 69 Fuso 22 MC -51 Escala
Sistema de Coordenadas UTM
Malha Viária e Hidrografia - AGETOP (adaptadas) 5 0 5 Km
Solos: Superintendência de Geologia e Mineração - SIC
Base de Dados Sistema de Informações Geográficas do Estado de Goiás ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA
TÍTULO FIGURA
A3 MAPA DE SOLOS 46
Os latossolos são solos álicos, possuem alto teor de alumínio, pode ser tóxico para os
vegetais, além de conferir baixo pH. Podem ser eutróficos, mas na maioria são distróficos.

6.1.4.1.2. Argissolos Vermelho-Amarelos

São solos cuja formação decorrem da translocação de materiais (argilas e siltes) do


horizonte A e sua deposição no horizonte B, conferindo-lhe coloração diferente do horizonte
A, geralmente mais claro. Em decorrência do acúmulo de argila no horizonte B, este
apresenta maior teor deste elemento que o horizonte A. Quanto à acidez, são solos que
variam de moderadamente ácidos a neutros. Ocorrem principalmente na sub-ordem
Argissolos Vermelho-Amarelos (matiz 5YR ou mais vermelho e mais amarelo que 2,5 YR).

6.1.4.1.3. Cambissolos Háplicos

São solos com pedogênese pouco avançada, evidenciada pela fraca estruturação e por
horizonte A incipiente e de coloração levemente mais escura devido à deposição de
meteriais orgânicos em decomposição, e horizonte B pouco desenvolvido, geralmente com a
presença de elementos não decompostos da rocha de origem. Normalmente estão
associados às encostas convexas de morros, em áreas de relevo movimentado.

6.1.4.1.4. Neossolos Litólicos

São solos rasos e pouco desenvolvidos, com horizonte A sobreposto ao saprolito, não
possuindo horizonte B diagnóstico. Ocorrem associados a relevo ondulado a fortemente
ondulado, sobre vegetação original herbácea e sujeitos a erosões, em função do relevo.

Na região ocorrem os Neosolos Flúvicos que são solos originários da deposição de


materiais predominantemente minerais transportados e depositados nas partes baixas do
terreno. O horizonte A assenta-se diretamente sobre o horizonte C, usualmente formando
camadas estratificadas sem relação pedogenética entre si. Ocorrem geralmente em
depressões e ocupam pequenas faixas, freqüentemente ao longo das redes de drenagem.

6.1.4.1.5. Gleissolos Háplicos

Esses solos ocorrem em pequenas manchas junto às margens dos corpos d’água. São
originários da deposição de materiais minerais e orgânicos, sob influência constante da
variação do nível do lençol freático decorrente das cheias e vazantes freqüentes.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


136
6.1.4.2. SOLOS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA

A área destinada à implantação da planta industrial do empreendimento é uniforme, com


topografia ondulada e nela existe apenas uma classe de solo, o Argissolo Vermelho-
Amarelo. A textura do solo média, com 26% de argila, 7% de limo e 67% de areia. Essa área
vem sendo explorada com pastagens por longo período.

6.1.5. Hidrografia

A área onde será instalada a a usina está posicionada na Bacia Hidrográfica do Paraná. O
sistema hidrográfico regional apresenta uma malha de drenagem com escoamento geral de
norte para sul, tendo o rio Meia Ponte como o principal curso d´água da região, Figura 47.
Mapa Hidrológico.

A rede de drenagem apresenta um padrão dendrítico-retangular com evidente controle


estrutural imposto pelo substrato rochoso. O clima tropical de duas estações (seca e
chuvosa) condiciona o regime dos cursos d´água a períodos de cheias e vazantes.

6.1.5.1. HIDROGEOLOGIA

Na área ocorrem duas unidades hidrogeológicas armazenadoras e fornecedoras de água


subterrânea (aqüíferos): uma ligada ao manto de intemperismo (solo, rocha alterada e
aluviões), denominado de aqüífero de domínio poroso, e outra relacionada às rochas
subjacentes, denominado de aqüífero de domínio fraturado.

Os tipos porosos são aqüíferos livres e de pequena profundidade, porosidade intergranular,


onde o fluido ocupa os poros entre os minerais e ou agregados constituintes de corpos
rochosos, de mantos de alteração (saprolito) e de materiais não consolidados.

São influenciados pelas variações climáticas sazonais, apresentando flutuações do nível


freático e muito suscetíveis à contaminação, principalmente nas regiões com maior
ocupação humana.

A importância local dos aqüíferos deste domínio está vinculada a vários parâmetros, dos quais
dois são destacados: a espessura saturada (b) e a condutividade hidráulica da zona vadosa .

Na região, os reservatórios subterrâneos deste domínio apresentam espessuras que variam


de poucos centímetros a até 20 metros, grande extensão, continuidade lateral e
homogeneidade.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
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Fonte: Mosaico de Imagens de Satélite CBERS 2 Escala 1:230000


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Sistema de Coordenadas UTM
Malha Viária e Hidrografia - AGETOP (adaptadas)
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA
TÍTULO FIGURA
A3 MAPA HIDROLÓGICO 47
Estes aqüíferos desempenham três importantes funções: funcionam como filtros, favorecem
a recarga dos aqüíferos sotopostos e regularizam a vazão de base das drenagens
superficiais nos períodos de recessão de precipitações pluviométricas.

A ausência de aqüíferos do tipo poroso de grande porte, deve-se ao fato da região ser
constituída, geologicamente, por rochas pertencentes ao proterozóico e que sofreram
processos metamórficos, não existindo assim porosidade e permeabilidade primárias.

O meio aqüífero fraturado é caracterizado pela inexistência ou presença muito reduzida de


espaços intergranulares na rocha. Nesse meio, a água se encontra em espaços
representados por fissuras ou fraturas, juntas ou ainda em falhas, dentre outros.

Com raras exceções, este domínio está limitado a profundidades pouco superiores a 150
metros, sendo que em profundidades maiores há uma tendência de selamento dos planos
abertos em função da pressão litostática.

As águas subterrâneas deste domínio apresentam risco de contaminação atenuada, uma


vez que os aqüíferos do domínio poroso sobrepostos funcionam como um filtro depurador
natural, que age como um protetor da qualidade das águas mais profundas. A recarga dos
aqüíferos deste domínio se dá através do fluxo vertical e lateral de águas de infiltração, a
partir da precipitação pluviométrica.

Ocorrem na área em questão, o Sistema Aqüífero Cristalino Sudeste e o Sistema Aqüífero


Araxá (Almeida, L et all, 2006).

O Sistema Aqüífero Cristalino Sudeste engloba rochas associadas às Supracrustais


Granulitizadas e aos granitos.

A vazão média é de 6 m³/h, a vazão máxima é de 132 m³/h. A comparação de dados de


vazões indica um contraste entre as vazões de poços entre terrenos granulíticos e granito-
gnáissicos, com variação média de cerca de 100% (as vazões médias dos granulitos é de 3
m³/h e as vazões dos granitos e gnaisses fica em torno de 7,3 m³/h).

Este fato é atribuído ao controle da tectônica de alívio a qual cada conjunto foi submetido.

Os terrenos granulíticos estiveram sob alta pressão de confinamento e foram posicionados


de forma rápida em porção crustal rasa. Esta rápida ascensão impediu o surgimento de
fraturas de alívio, fundamentais para a interconexão de fraturas verticais e subverticais.
Nestes terrenos observam-se, nas exposições e em pedreiras, grandes fraturas abertas,
porém de baixa densidade. Os terrenos granito-gnáissicos, via de regra, são expostos em
fácies xisto verde o que indica uma permanência em posição crustal mais rasa por um maior

DESTILARIA BOCAINA - EIA


139
intervalo de tempo. Este quadro permite maior desenvolvimento de tectônica de alívio com
maior abertura e densidade das descontinuidades secundárias e, portanto, maior
produtividade média dos poços.

O Sistema Aqüífero Araxá compreende, no estado de Goiás, o conjunto litológico do Grupo


Araxá.

Em função da pequena porosidade observada nos tipos litológicos metapelíticos, que


predominam e do baixo ângulo de mergulho da foliação, este sistema possui baixa vocação
hidrogeológica, com média de vazões de 3,5 m³/h e elevada ocorrência de poços secos ou
de vazão muito baixa.

Condições favoráveis deste sistema estão relacionadas aos quartzitos e quartzo xistos, os
quais resultam em aqüíferos com maior transmissividade e coeficiente de armazenamento,
onde as médias de vazão superam 10 m³/h, como é o caso da Serra da Areia em Aparecida
de Goiânia (onde um poço registra vazão de 99 m³/h).

6.2. MEIO BIÓTICO

6.2.1. Flora

6.2.1.1. COBERTURA VEGETAL ORIGINAL

A região de estudo situa-se na bacia do Paranaíba que ocupa uma área de 149.488 Km², e
pertencente à região Hidrográfica do Paraná, sendo no estado de Goiás a primeira bacia em
importância, quanto à área drenada e ocupação (Galinkin 2003). A região, que já foi dominada
pela pecuária, encontra atualmente expansão da atividade de agricultura, principalmente nas
áreas planas de maior fertilidade. Os percentuais de cobertura vegetal apontados pela
interpretação de fitofisionomias da AII sugerem insuficiência de reserva legal e de larguras
mínimas de áreas de preservação permanente dentre as propriedades rurais da região.

De fato, muitas propriedades têm suas reservas legais averbadas e isoladas para
regeneração natural, porém o banco de germoplasma remanescente no solo após o período
de utilização por pastagem, bem como a deficiência de outros fatores de resiliência do local,
não viabilizam sua recuperação espontânea. Esta situação levou a ambientes fragmentados
e com pouca ligação entre si, onde dificilmente poderão estabelecer corredores biológicos
através das faixas ciliares e fragmentos florestais.

A partir da análise de fragmentos florestais em áreas semelhantes, infere-se que as


condições de cobertura vegetal original da AID e AII eram de formação florestal de mata
DESTILARIA BOCAINA - EIA
140
seca semidecidual, em ambiente transicional com formações savânicas. Atualmente, trata-
se de área em sua quase totalidade agrícola, com pastagens e algumas culturas como soja
e milho, existindo poucos remanescentes da flora nativa. (Figura 48).

Figura 48: Aspectos da futura área industrial onde podem ser encontradas espécies arbóreas
entremeio à pastagem.

Na região não ocorrem categorias de Unidades de Conservação previstas pelo Sistema


Nacional de Unidades de Conservação, SNUC, nem tampouco Reservas Particulares do
Patrimônio Natural, RPPNs. Em face disto, a preservação ou conservação de
remanescentes das fitofisionomias regionais e de suas composições florísticas originais
demanda ações suplementares para sua garantia.

A seguir são expostas as diferentes fitofisionomias presentes na AII, sua florística, tendo em
vista um cenário geral da área e uma descrição particularizada de todos os 05 (cinco)
pontos (estrutura) de amostragem investigados a campo.

6.2.1.2. FLORÍSTICA DAS FORMAÇÕES NATURAIS ENCONTRADAS NA AII

O Cerrado é a segunda maior província fitogeográfica brasileira e também a segunda mais


ameaçada. Sua área nuclear ocupa a maior parte do Planalto Central Brasileiro. Ainda que
freqüentemente negligenciado, o cerrado se destaca por sua alta riqueza e alto endemismo
(Ratter et al. 1997, Lenthall et al. 1999). O cerrado é o segundo tipo vegetacional brasileiro mais
ameaçado pelas atividades antrópicas, com perda anual de uma área equivalente à Holanda
(Spellerberg-1992). Hoje, mais de 40% do cerrado já foi transformado em plantações ou
pastagens (Joly et al. 1999). Por sua alta riqueza, alto endemismo e atual estado de
conservação, Fonseca et al. (2000) incluíram o cerrado entre os 25 pontos quentes para
conservação no mundo. A Figura 49, mostrada em forma de perfil, retrata a paisagem natural
da região e a situação atual com as alterações ocorridas pela ação antrópica.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


141
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LI C PA
AR A STA
AT GE
M M

598m
PAISAGEM ATUAL

DESTILARIA BOCAINA DBO


ENGENHARIA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA


TÍTULO: FIGURA:
PERFIL NATURAL E SITUAÇÃO ATUAL DA VEGETAÇÃO DA REGIÃO 49
Pode-se encontrar na AII fragmentos do cerrado entre as seguintes coordenadas:
386978/800782 UTM e 389493/8001362 UTM. Estes fragmentos ainda não podem ser
considerados como adensamentos de cobertura vegetal nativa, por não estabelecer dosséis
definidos. E a composição vegetal ainda destaca de forma dominante a presença de
pastagens no sub-bosque ou a simplificação ecossistemática por parte de efeito de borda,
confrotando-se com pastagens e lavouras. Estes fragmentos fazem parte das Áreas de
Reserva Legal da propriedade.(Figura 50).

Figura 50: Fragmentos de Cerrado “strictu sensu” encontrados próximos a AID.

Trata-se de ambientes que não apresentam resiliência para sua regeneração, pela presença
de espécies ruderais e invasoras em abundância no interior desses fragmentos como, por
exemplo, a lobeira (Solanun lycocarpum), e o capim brachiária (Brachiaria decumbens) que
geralmente são limítrofes aos fragmentos ainda conservados e nas bordas, Quadro 31.

Quadro 31. Espécies arbustivas arbóreas presentes nos remanescentes de cerrado:


Nome Científico Família Nome Comum
Alchornia triplinervia EUPHORBIACEAE Pau-de-tamanco
Alibertia edullis RUBIACEAE Marmelada-de-cachorro
Anadenanthera colubrina LEGUMINOSAE-MIMOSOIDEAE Brinco
Anadenanthera falcata LEGUMINOSAE-MIMOSOIDEAE Angico-do-cerrado
Andira anthelmia LEGUMINOSAE-PAPILIONOIDEAE Angelim-de-morcego
Buchenavia tomentosa COMBRETACEAE Mirindiba
Byrsonima basiloba MALPIGHIACEAE Murici-de-anta
Byrsonima verbacifolia MALPIGHIACEAE Murici-folha-peluda
Cardiopetalum calophyllum ANNONACEAE Embira-branca
Caryocar brasiliensis CARYOCARACEAE Pequi
Dimorphandra molis LEGUMINOSAE-MIMOSOIDEAE Faveiro
Diospyros sp EBENACEAE Olho-de-boi
Emmotum nitens ICACINACEAE Imbaúba
Erythroxylum suberosum ERYTHROXYLACEAE Mercúrio-do-campo
Licania humilis CHRYSOBALANACEAE Caripé-do-cerrado
Myconia ferruginata MELASTOMATACEAE Pixirica
Myrcea sp MYRTACEAE Guamirim-do-cerrado
Roupala montana PROTEACEAE Carne-de-vaca
Solanun lycocarpum SOLANACEAE Lobeira
Stryphnodendron adstringens LEGUMINOSAE-MIMOSOIDEAE Barbatimão
Syagrus oleracea PALMAE Guariroba

DESTILARIA BOCAINA - EIA


143
Nome Científico Família Nome Comum
Tabebuia sp BIGNONIACEAE Ipê
Tibouchina sp MELASTOMATACEAE Quaresmeira
Trema micrantha ULMACEAE Lixeira
Xylopia emarginata ANNONACEAE Pimenta-de-macaco

6.2.1.2.1. Cerradão

O Cerradão caracteriza-se pela presença de espécies que são compartilhadas com o


cerrado “strictu sensu” e também por espécies de Mata Seca. Do ponto de vista fisionômico
é uma floresta, mas floristicamente é mais similar a um cerrado (Ribeiro & Walter 1998),
apresenta ainda uma camada herbácea, mas com predominância de serrapilheira e
estrutura lenhosa, que varia de 5 a 15 m de altura, com cobertura arbórea de 60 a 100%.

As formações florestadas típicas de cerradão estão presentes na área em pequenas


manchas em contato com formações de campos de murunduns, estando também em
estágio avançado de degradação, estas áreas são ocupadas por pastagens e/ou agricultura,
atualmente no plantio de milho e sorgo. São pequenas áreas que ainda resguardam um
pouco da flora desta fitofisionomia. (Figura 51)

Figura 51: Fitofisionomia de cerradão localizadas na AII em transição com florestas


estacionais deciduais.

Quadro 32. Espécies arbustivas-arbóreas presentes nos remanescentes de cerradão:


Nome Científico Família Nome Comum
Byrsonima basiloba MALPIGHIACEAE Murici-de-anta
Byrsonima sp MALPIGHIACEAE Murici-da-mata
Campomanesia sp. MYRTACEAE Cascudinho
Caryocar brasiliensis CARYOCARACEAE Pequi
Chrysophyllum sp SAPOTACEAE Uvinha
Copaifera langsdorffi LEGUMINOSAE-CAESALPINIOIDEAE Pau d'óleo
Dimorphandra molis LEGUMINOSAE-MIMOSOIDEAE Faveiro
Eleocharis acutangula CYPERACEAE Cebolinha
Gomidesia lindeniana MYRTACEAE Pimenteira
Maprounea guianensis EUPHORBIACEAE Cascudinho
Miconia albicans MELASTOMATACEAE Pixirica

DESTILARIA BOCAINA - EIA


144
Nome Científico Família Nome Comum
Myconia ferruginata MELASTOMATACEAE Pixirica
Pterodon emarginatus LEGUMINOSAE-PAPILIONOIDEAE Sucupira-branca
Pterodon emarginatus LEGUMINOSAE-PAPILIONOIDEAE Sucupira-branca
Sapium sp EUPHORBIACEAE Leiteiro
Simarouba versicolor SIMAROUBACEAE Mata-cachorro
Stryphnodendron adstringens LEGUMINOSAE-MIMOSOIDEAE Barbatimão
Styrax ferrugineus STYRACACEAE Laranjinha-do-campo
Tapiria obtusa ANACARDIACEAE Pau-pombo
Terminalia brasiliensis COMBRETACEAE Mussambé
Tibouchina sp MELASTOMATACEAE Quaresmeira
Virola oleifera MIRISTICACEAE Bicuíba
Virola sebifera MYRISTICACEAE Bicuíba

6.2.1.2.2. Formações Florestais Estacionais

A floresta estacional é uma vegetação florestal densa que forma interfaces de tensão
ecológica com as formações de savanas, sob a influência da bacia do rio Paraná.
Caracteriza-se pelo grande porte e pela relativa diversidade, sendo qualificada também
segundo a deciduidade da fisionomia durante a estação seca – semidecidual quando perde
de 20 a 50% das folhas e decidual, quando perde mais de 50% delas.

Na Área de Influência Indireta ocorrem formações florestais do tipo Floresta Estacional


Decidual predominante em toda região, onde são raras as formações florestais
semideciduais. Geralmente fazem parte das áreas de reservas legais das propriedades e
em topos de morros, apresentando estágios de degradação acentuados, onde se constata
clarões e vestígios de pegadas e fezes de bovinos, o que caracteriza áreas amplamentes
pobres em biodiversidade e em estágio secundário de regeneração, sem qualquer ligação
entre si.

Nas áreas de bordadura destes fragmentos ocorrem as seguintes espécies: monjoleiro


(Acacia heptaphylla), pau pombo (Tapirira guianensis), cabriteiro (Rhamnidium elaeocarpa),
embaúba (Cecropia pachystachia), ipê-branco (Tabebuia roseo-alba) e açoita-cavalo
(Luehea sp), com presença expressiva de cipó quina (Serjania sp).

Nas porções mais inferiores foram constatados pimenta longa (Piper sp), faveiro
(Dimorphandra mollis), embiruçu (Pseudobombax longiflorum), carvoeiro (Sclerobium
paniculatum), mutamba (Guazuma ulmifolia), mercúrio do campo (Erytroxhyllum sp),
Gonçalo-Alves (Astronium frachinfolium), sobre (Emmotum nitens), embira preta (Unonopsis
lindmannii), mandiocão (Didymopanax morototoni), carvalho brasileiro (Euplassa sp), ipê
caraíba (Tabebuia aurea). (Figura 52).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


145
Figura 52: Aspecto do interior de fragmentos de Floresta Estacional Decidual encontradas na
AII sobre afloramentos rochos e em relevo acidentado, que se desenvolvem com frequência na
paisagem da região.

Quadro 33. Espécies encontradas nos fragmentos isolados de Reserva Legal (RL)
Nome Científico Família Nome Comum
Anadenanthera falcata LEGUMINOSAE-MIMOSOIDEAE Angico-do-cerrado
Aspidosperma spruceanum APOCYNACEAE Araracanga
Bochageopsis sp BOMBACACEAE Embira
Buchenavia tomentosa COMBRETACEAE Mirindiba
Byrsonima sp MALPIGHIACEAE Murici-da-mata
Byrsonima sp MALPIGHIACEAE Murici-da-mata
Cardiopetalum calophyllum ANNONACEAE Embira-branca
Cecropia pachystachya CECROPIACEAE Imbauba
Cheiloclinium cognatum CELASTRACEAE Bacupari-da-mata
Chrysophyllum sp SAPOTACEAE Uvinha
Ficus sp MORACEAE Gameleira
Lamanonia ternata CUNONIACEAE Cangalheiro
Luehea divaricata TILIACEAE Açoita-cavalo
Mezilaurus sp LAURACEA Itaúba
Myconia sp MELASTOMATACEAE Tinteiro-vermelho
Nectandra megapotamica LAURACEA Canelinha
Ocotea ferruginea LAURACEAE Canela ferrugem
Pouteria torta SAPOTACEAE Guapeva
Qualea sp VOCHYSIACEAE Pau-terra
Rheedea gardneriana GUTTIFERAE Bacuri-miúdo
Scheeflera morototoni ARALIACEAE Mandiocão
Styrax ferrugineus STYRACACEAE Laranjinha-do-campo
Tapiria obtusa ANACARDIACEAE Pau-pombo
Terminalia brasiliensis COMBRETACEAE Mussambé
Tibouchina sp MELASTOMATACEAE Quaresmeira
Virola oleifera MIRISTICACEAE Bicuíba

6.2.1.2.3. Formações pioneiras com influência fluvial

• Matas Ciliares e/ou de Galerias

A vegetação ripária florestal é representada na AII por florestas-de-galeria e/ou matas


ciliares. As florestas-de-galeria são definidas por RIBEIRO & WALTER (1998) como a

DESTILARIA BOCAINA - EIA


146
vegetação florestal perenifólia que acompanha rios de pequeno porte e córregos dos
planaltos do Brasil Central, formando corredores fechados sobre os cursos d’água.

As matas ciliares são definidas por estes autores como a vegetação florestal que
acompanha os rios de médio e grande porte do bioma cerrado, em que a vegetação arbórea
não forma galerias. Pode representar uma transição, que nem sempre é evidente, para
outras fisionomias florestais (EMBRAPA, 1988).

Nas áreas em questão as matas ciliares e/ou de galerias estão presentes acompanhando as
drenagens menores como, por exemplo, os córregos do Major, São Pedro, Bocaininha e
drenagens maiores como o ribeirão das Bocainas. Geralmente são caracterizadas
fitofisionomicamente pelas Florestas Estacionais Semideciduais em transição ao Cerrado.
Não estão configurados no cenário atual dentro dos padrões estabelecidos por lei, pelas
supressões florísticas que muitas vezes encontram-se até a margem dos cursos d’água.
(Figuras 53 e 54).

Figura 53: Mata de galeria do ribeirão das Bocainas e buritis (Mauritia flexuosa) na APP do
córrego dos Buritizais, que ainda apresenta certa conservação.

Figura 54: Aspecto do lago formado no rio Meia Ponte localizado na AII, região denominada
Rochedo, onde se constata intensa degradação da sua APP.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
147
Quadro 34. Espécies presentes em APPs na Área de Influência do Empreendimento
Nome Científico Família Nome Comum
Acosmium subelegans LEGUMINOSAE-PAPILIONOIDEAE Chapadinha
Albizia niopodes LEGUMINOSAE-MIMOSOIDEAE Angico-branco
Alibertia edullis RUBIACEAE Marmelada-de-cachorro
Annona crassiflora ANNONACEAE Araticum
Bowdichia virgilioides LEGUMINOSAE-PAPILIONOIDEAE Sucupira-preta
Byrsonima sp MALPIGHIACEAE Murici-da-mata
Calophyllum brasiliense GUTTIFERAE Landi
Calophyllum brasiliense GUTTIFERAE Landi
Cardiopetalum calophyllum ANNONACEAE Embira-branca
Chrysophyllum sp SAPOTACEAE Uvinha
Copaifera langsdorffi LEGUMINOSAE-CAESALPINIOIDEAE Pau d'óleo
Cordia sellowiana BORAGINACEAE Freijó-branco
Dimorphandra mollis LEGUMINOSAE-MIMOSOIDEAE Faveiro
Emmotun nitens ICACINACEAE Imbaúba
Eugenia sp MYRTACEAE Pitanga-da-mata
Ficus insipida MORACEAE Gameleira-branca
Ficus sp MORACEAE Gameleira
Guadua sp POACEAE/GRAMINEAE Taboca
Hirtella gracilipes CHRYSOBALANACEAE Sessenta-galhas
Hymenea stigonocarpa LEGUMINOSAE-CAESALPINIOIDEAE Jatobá-do-campo
Hyrtella martiana CHRYSOBALANACEAE Bosta-de-cabra
Inga laurinea LEGUMINOSAE-MIMOSOIDEAE Inga
Inga sp LEGUMINOSAE-MIMOSOIDEAE Ingá-mirin
Licania sp CHRYSOBALANACEAE Caripé
Miconia albicans MELASTOMATACEAE Pixirica
Miconia sp MELASTOMATACEAE Tinteiro-vermelho
Myrcea sp MYRTACEAE Guamirim-facho
Myrcia sp MYRTACEAE Cambuí
Nectandra megapotamica LAURACEA Canelinha
Nectandra megapotamica LAURACEA Canelinha
Nectandra megapotamica LAURACEAE Canela-cheirosa
Nectandra sissiflora LAURACEA Canelão
Ouratea hexasperma OCHNACEAE Vassoura-de-bruxa
Pera glabrata EUPHORBIACEAE Seca-ligeiro
Piptocarpha rotundifolia COMPOSITAE Candeia
Platypodium elegans LEGUMINOSAE-PAPILIONOIDEAE Canzileiro
Pouteria gardneri SAPOTACEAE Aguaí
Pouteria torta SAPOTACEAE Guapeva
Protium heptaphyllum BURSERACEAE Amescla
Pterodon emarginatus LEGUMINOSAE - PAPILIONOIDEAE Sucupira-branca
Qualea dichotoma VOCHYSIACEAE Cascudinho
Qualea grandiflora VOCHYSIACEAE Pau-terra-folha-larga
Rourea induta CONNARACEAE Conta
Sclerolobium paniculatum LEGUMINOSAE-CAESALPINIOIDEAE Carvoeiro
Siparuna guianensis MONIMIACEAE Negramina
Solanum lycocarpum SOLANACEAE Lobeira
Strychnos pseudo-quina LOGANIACEAE Quina-do-campo
Styrax ferrugineus STYRACACEAE Laranjinha-do-campo
Tapirira guianensis ANACARDIACEAE Pau-pombo
Tapirira guianensis ANACARDIACEAE Pau-pombo
Tapirira obtusa ANACARDIACEAE Pau-pombo
Tetragastris altissima BURSERACEAE Breu-manga
Thelypteris interrupta THELYPTERIDAE Samambaia-do-brejo
Virola oleifera MIRISTICACEAE Bicuíba
Virola urbaniana MYRISTICACEAE Ucuuba
Vochysia piramidalis VOCHYSIACEAE Quaruba
Vochysia sp VOCHYSIACEAE Pau-doce
Xylopia emarginata ANNONACEAE Pindaíba-do-brejo
Xylopia sericea ANNONACEAE Pindaíba

DESTILARIA BOCAINA - EIA


148
6.2.1.3. ESTRUTURA DAS PAISAGENS NATURAIS ENCONTRADAS NA ÁREA DE
INFLUÊNCIA DA DESTILARIA BOCAINA

Em pontos ao longo das transecções e nas áreas de amostragem fitissociologicos foram


medidas as seguintes variáveis do habitat, de forma a caracterizar a complexidade estrutural
e a heterogeneidade espacial do local em parcelas de 10X10 m e compará-las com a
estrutura pretérita da região (Figura 55 - Levantamento e lançamento de parcelas em
matrizes de remanescentes florestais e medição de CAP.

• Profundidade do folhiço;
• Densidade de partes herbáceas, a 20 cm e a 1 m de altura;
• Distância da fonte de água corrente mais próxima;
• Composição da flora com CAP≥ 10cm.

A profundidade máxima do folhiço sobre o solo foi medida trespassando-se a camada de


folhiço com um paquímetro, observando a graduação até a vareta metálica tocar o solo.

A contagem da densidade de partes herbáceas foi realizada girando uma haste de 50cm
nas duas alturas estabelecidas (20cm e um metro), contando o número de partes herbáceas
tocadas pela haste. Para estimar a distância da água corrente mais próxima à área
amostrada, foi utilizado GPS.

6.2.1.3.1. Caracterização dos Pontos Amostrados

Área - 1 – Localizada nas coordenadas UTM Zona 22 –700348/8077855, a área de estudo


de formação florestal foi classificada como uma floresta estacional semidecídua que faz
parte da área de Reserva Legal (RL) que se desenvolveu em altitude entorno de 731 m.
Apresentou altura média de 11,2m (5 a 30 m), seu adensamento em 100m² foi de 33
indivíduos distribuídos em 07 espécies, com CP médio 24,82cm (10 a 90cm), com a
predominância das espécies Anadenanthera sp e Diospyros hispida com três ou mais
indivíduos cada (Quadro 35). Quanto ao tipo de fuste apresentou 90,45% entre o tipo 1 e 2
caracterizando uma formação com pouco efeito de borda e uma estrutura vertical com
estrato emergente (Astronium fraxinifolium), Dossel (Rhamdia armata, Anadenanthera sp e
Piptadenia gonoacantha) e sub-bosque entre 2,5 a 4,5 m de altura (Figura 56). A distância
da água corrente foi de 151m e o substrato com serrapilheira e troncos em decomposição.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


149
Figura 55: Levantamento e lançamento de parcelas em matrizes de remanescentes florestais
e medição de CAP.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


150
Quadro 35. Demonstrativo do levantamento da estrutura/fitissociológico da Área 1.
P 01 - Floresta Estacional Decidual - 0700348 / 8077855 UTM - 731 m (Próximo a AID)
Nome Científico CAP Alt Com Alt total Fuste
Anadenanthera sp (Ana) 13 5 3 3
Anadenanthera sp 10 4 2,5 2
Anadenanthera sp 10 4 1,5 1
Diospyros híspida (Dio) 20 6 2,5 1
Anadenanthera sp 25 10 5 3
Rhamnidium elaeocarpum (Rmn) 42 10 3,5 2
Diospyros hispida 12 4 1,5 2
Diospyros hispida 15 4 1,5 2
Aspidosperma spruceanum (Asp) 16 3 1 2
Anadenanthera sp 12 5 2 2
Anadenanthera sp 53 12 5 2
Diospyros hispida 15 6 3 2
Diospyros hispida 16 7 2 2
Astronium fraxinifolium (Ast) 90 12 4 2
Diospyros hispida 25 8 5 2
Diospyros hispida 22 7 3 2
Anadenanthera sp 37 10 3 2
Aspidosperma spruceanum (Asp) 44 8 3 2
Astronium fraxinifolium 38 9 6 2
Rhamdia armata (Rha) 10 3 1,2 2
Anadenanthera sp 25 9 4,5 2
Anadenanthera sp 26 8 4 2
Anadenanthera sp 25 7 4 2
Piptadenia gonoacantha (Pip) 13 5 3 3
Anadenanthera sp 27 10 4,5 1
Anadenanthera sp 35 10 4,5 2
Piptadenia gonoacantha 10 4 2,5 2
Piptadenia gonoacantha 10 4 1,5 1
Piptadenia gonoacantha 53 12 5 2
Aspidosperma spruceanum 11 3,5 1,5 1
Piptadenia gonoacantha 25 10 5 3
Anadenanthera sp 22 8 3,5 2
Piptadenia gonoacantha 12 5 2 2

DESTILARIA BOCAINA - EIA


151
14

12 Dossel
Fuste 1º Ramo
10
Altura (m)
8

ip
P
na

na

na

na

na
st

ip
io

io

P
D

D
A

A
Espécies

Figura 56: Demonstrativo da estrutura vertical das espécies com CAP≥10cm - Área 1

A distribuição dos 33 espécimes encontrados na parcela 10X10m pode ser vista no Quadro
36 e no perfil Figura 58, onde mostra a baixa heterogeneidade do ambiente com 07
espécies.

Quadro 36. Distribuição das espécies na parcela 10X10m na Área 1.


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 Ana Rmn Dio Ast Pip Pip
2 Ana Dio Ana Asp
3 Ana Dio Dio Ana Pip Pip
4 Dio Ana Pip
5 Ana
6 Dio Dio
7 Ana Ana Ana
8 Ana Asp Rha Pip
9 Ana Ast
10 Asp Ana

A Curva do coletor (Figura 57) mostra na projeção do inventariamento o aumento das


espécies tendo estabilização em 100m², demonstrando ser uma área de baixa diversidade
para espécies de CAP ≥ 10cm.

5
spécies

4
E

0
0 2 4 6 8 10
Pontos de Am os tr age m 10X10m

Figura 57: Curva do coletor para a Área 1


DESTILARIA BOCAINA - EIA
152
A4

12.00

10.00

Ana Ana Rmn Ana Dio Dio Dio Dio Ast Dio Ana Ana Ana Pip Ana Pip Pip Asp Pip Pip

DESTILARIA BOCAINA DBO


ENGENHARIA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA


TÍTULO: PERFIL VERTICAL DA ESTRUTURA DA FORMAÇÃO FLORESTA ESTACIONAL FIGURA:
DECIDUAL - ÁREA 01 58
Área - 2 - Localizada nas coordenadas UTM Zona 22–700542 / 8078348, a área apresenta
uma mata seca (cerrado “strictu sensu”), em cotas altimétricas em torno de 767m.
Apresentou, na área de estudo, altura média de 4,67m (3 a 7m), seu adensamento em
100m² foi de 26 indivíduos em 13 espécies, com CAP médio 23,3cm (11 a 50cm) com a
predominância da espécie Terminalia argentea, com seis indivíduos, e Byrsonima basiloba,
Connarus fuvus e Guapira sp com três indivíduos cada (Quadro 37). O fuste apresentou
90,55% entre o tipo 2 e 3 caracterizando uma formação aberta, com efeito de borda e uma
estrutura vertical com Dossel de 8 a 14m (Qualea multiflora , Bowdichia virgilioides e
Terminalia argentea )e sub-bosque de 3 a 6m com média 1,99m de altura (Figura 59). À
distância da água corrente foi de 568m e o substrato composto por serrapilheira.

Quadro 37. Demonstrativo do levantamento da estrutura/fitissociológico da Área 2.


P - 02 - Cerrado Strictu Sensu - 700542/8078348 UTM - 767 m (Rl)
Nome Científico CAP Alt Com Alt total Fuste
Guapira sp (Gua) 26 6 4 3
Terminalia argentea (Ter) 25 5 1,5 1
Qualea grandiflora (Qug) 25 4 2 3
Qualea multiflora (Qum) 14 3 1,5 3
Emmotum nitens (Emm) 44 6 2,5 3
Bowdichia virgilioides (Bow) 25 7 3 2
Connarus fuvus (Con) 15 2,5 1 1
Terminalia argentea 14 3,5 1,5 3
Terminalia argentea 18 6 3 3
Guapira sp 40 5 2 2
Qualea multiflora 30 7 2 1
Byrsonima basiloba (Byr) 12 2 0,7 2
Roupala Montana (Rou) 27 6 2 2
Guapira sp 12 3 1,5 3
Terminalia argentea 25 7 3 3
Connarus fuvus 22 4 2 3
Byrsonima basiloba 20 5 2 2
Plathymenia reticulata (Pla) 50 8 4 1
Byrsonima basiloba 11 3 1,2 2
Acosmiun subelegans (Aco) 20 3 1,3 2
Roupala montana 16 4 1,5 3
Terminalia argentea 23 6 3 1
Connarus fuvus 12 3 1,5 2
Davilla elyptica (Dav) 22 4 1,1 3
Terminalia argentea 14 3 1,5 2
Qualea parviflora (Qup) 22 4 2 3
Qualea parviflora 45 6 1,5 2

DESTILARIA BOCAINA - EIA


154
8 Dossel
Fuste 1° Ramo
7
Altura (m) 6
5
4
3
2
1
0

o
n
ua

ua

ua

up

up
r

r
m

ou
um

By
Te

Te

Te
on

Ac
Bo
Em
G

Q
R
Q

C
Espécies

Figura 59: Demonstrativo da estrutura vertical das espécies com CAP≥10cm - Área 2

A distribuição dos 26 espécimes encontrados na parcela 10X10m está no diagrama (Quadro 38)
e perfil (Figura 61), onde mostra a média heterogeneidade do ambiente com 13 espécies.

Quadro 38. Distribuição das espécies na parcela 10X10m na Área 2.


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 Gua Gua Con Ter
2 Qup
3 Emm Qum Rou Qup
4 Ter Ter Aco
5 Bow Byr Gua
6 Ter Byr
7 Ter Pla Con
8 Qum
9 Con Rou Byr Dav
10 Qug Ter

Curva do coletor (Figura 60) mostra na projeção do inventariamento o aumento das


espécies chegando a uma leve estabilização em 100m², demonstrando ser uma área de
média diversidade para espécies de CAP ≥ 10cm.

14

12

10
Espécies

0
0 2 4 6 8 10
Ponto de Am os trage m 10X10m

Figura 60: Curva do coletor para a Área 2

DESTILARIA BOCAINA - EIA


155
A4

7.00

Gua Ter Emm Bow Gua Qum Byr Gua Ter Con Aco Rou Ter Qup Qup

DESTILARIA BOCAINA DBO


ENGENHARIA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA


TÍTULO: FIGURA:
PERFIL VERTICAL DA ESTRUTURA DE CERRADO STRICTU SENSU - ÁREA 02 61
Área - 3 - Localizada nas coordenadas UTM Zona 22 - 6999776 / 8079066, a área está
localizada na mata de galeria do córrego Buritizais caracterizada pelo cerradão, se
desenvolveu em cotas altimétricas em torno de 738m seguindo pela de drenagem,
apresentou na área de estudo, altura média de 7,38m (4 a 15m), seu adensamento em
100m² foi de 17 indivíduos distribuídos em 13 espécies, com CAP médio 21,75cm (10 a
85cm) com a predominância das espécies Euplassa sp , Hirtela glandulosa, Vochysia rufa e
Xylopia aromática, com 2 indivíduos cada (Quadro 39). Quanto ao tipo de fuste apresentou
71,87% entre o tipo 1 e 2 caracterizando uma formação pouco aberta e uma estrutura
vertical com estrato emergente (Emmotum nitens). Apresentou uma estrutura de Dossel de
4 a 6m (Euplassa sp, Alibertia edullis) e herbáceo até 4 metros, com média de 1,4m (Luehea
divaricata e Tapirira guianensis) (Figura 62) e com substrato composto por serrapilheira. À
distância da água corrente foi de 80m.

Quadro 39. Demonstrativo do levantamento da estrutura/fitissociológico da Área 3.


P - 03 - Cerradão para Galeria - 6999776 / 8079066 UTM 738 m
Nome Científico CAP Alt total Alt com Fuste
Emmotum nitens 85 15 4 1
Hirtela glandulosa 60 8 2,5 3
Hirtela glandulosa 56 7 2 3
Xylopia aromatica 37 9 4,5 1
Diospyros obovata 43 6 2,5 3
Curatella americana 35 7 2,5 3
Luehea divaricata 24 5 2 2
Xylopia aromatica 57 12 6 1
Bowdichia virgilioides 50 8 5 2
Vochysia rufa 64 8 3 2
Acosmium subelegans 30 4,5 1,5 2
Euplassa sp 10 5 2,5 1
Rapanea guianensis 60 10 5 1
Euplassa sp 10 4 1,5 2
Alibertia edullis 14 4 1,5 1
Tapira guianensis 20 6 2 3
Vochysia rufa 40 7 3 2

16
Dossel
14
Fuste 1° ramo
12

10
Altura(m)

0
Emm Xyl Lue Xyl Aco Eup Eup Ali Tap
Es pé cie s

Figura 62: Demonstrativo da estrutura vertical das espécies com CAP≥10cm - Área 3.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
157
A distribuição das 17 espécimes encontradas na parcela 10X10m pode ser vista no Quadro
40 e perfil na Figura 64, onde mostra a alta heterogeneidade do ambiente com 13 espécies.

Quadro 40. Distribuição das espécies na parcela 10X10m na Área 3.


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 Eup
2 Lue Eup Tap
3 Emm Xyl
4 Xyl Aco
5 Ali
6 Hir Bow
7 Cur Rap
8 Hir Dio
9 Voc
10 Voc

A Curva do coletor (Figura 63) mostra na projeção do inventariamento o aumento das


espécies tendo uma leve estabilização em 100m², demonstrando ser uma área de media
diversidade para espécies de CAP ≥ 10cm.

14

12

10
Espécies

0
0 2 4 6 8 10
Ponto de Am os trage m 10X10m

Figura 63: Curva do coletor para a Área 3.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


158
A4

15.00

10.00

Emm Xyl Lue Xyl Aco Eup Eup Ali Tap

DESTILARIA BOCAINA DBO


ENGENHARIA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA


TÍTULO: FIGURA:
PERFIL VERTICAL DA ESTRUTURA DE MATA DE GALERIA - ÁREA 03 64
Área 4 - Localizada nas coordenadas UTM Zona 22 -699445 / 8078912, a área é classificada
como mata de galeria caracterizada pelo cerradão, onde se desenvolveu em cotas
altimetricas em torno de 727m seguindo pela de drenagem, apresentou na área de estudo,
altura média de 7,07m (4 a 15m), seu adensamento em 100m² foi de 27 indivíduos
distribuídos em 12 espécies, com CAP médio 32,19cm (12 a 80cm) com a predominância da
espécie Alibertia sessilis com 8 indivíduos e a espécie Tapirira guianensis com seis
indivíduos (Quadro 41). Quanto ao tipo de fuste apresentou 92,87% entre o tipo 1 e 2
caracterizando uma formação aberta de cerrado. Apresentou uma estrutura emergente
(Emmotun nittens) e dossel (Rapanea guianensis e Tapirira guianensis) e extrato herbáceo
de até 4 metros, com média de 1,5m (Emmotun nittens, Lithraeae molleoides e Tapirira
guianensis) Figura 65, com substrato composto por serrapilheira. A distância da água
corrente foi de 153m.

Quadro 41. Demonstrativo do levantamento da estrutura/fitissociológico da Área 4.


P- 04 (Anexo P03) - Cerradão para Galeria - 699445 / 8078912 UTM - 727 m
Nome Científico CAP Alt total Alt com Fuste
Tapirira guianensis (Tap) 70 10 4 1
Tapirira guianensis 55 10 3,5 2
Tapirira guianensis 30 6 2,5 2
Styrax camporium (Sty) 80 10 2,5 2
Rapanea guianensis (Rap) 43 10 6 1
Qualea multiflora (Qum) 21 5 2,5 3
Alibertia sessilis (Ali) 13 4,5 3 1
Qualea grandiflora (Qug) 30 4,5 3 2
Protium heptaphyllum (Pro) 45 10 4,5 2
Myrcea falax (Myr) 25 7 2 1
Tapirira guianensis (Tap) 75 12 4 1
Alibertia sessilis 22 7 2,5 1
Alibertia sessilis 20 6 5 1
Tapirira guianensis 38 8 2,5 2
Tapirira guianensis 54 10 5 2
Myrcea falax 14 5 2 1
Lithraeae brasiliensis (Lit) 24 8 4 2
Guapira sp (Gua) 23 4 2,5 1
Euplassa sp (Eup) 12 5 2,5 1
Emmotun nitens (Emm) 75 15 2 2
Emmotun nitens 12 4 1,5 2
Emmotun nitens 12 4 2 2
Alibertia sessilis 17 5 2 2
Alibertia sessilis 12 4 1,5 3
Alibertia sessilis 19 6 2 1
Alibertia sessilis 15 6 1,5 2
Alibertia sessilis 13 5 3 1

DESTILARIA BOCAINA - EIA


160
16
Dossel
14 Fuste 1° Ramo

12

10
Altura(m)

0
um

yr

yr

m
p

ua
ap

li

li
t
A

A
Li
Ta

Ta
M

m
G
R

E
Espécies

Figura 65: Demonstrativo da estrutura vertical das espécies com CAP≥10cm - Área 04

A distribuição dos 27 espécimes encontrados na parcela 10X10m pode ser vista no Quadro
42 e perfil an Figura 67, onde mostra a média heterogeneidade do ambiente com 12
espécies.

Quadro 42. Distribuição das espécies na parcela 10X10m na Área 4.


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 Tap Tap Emm
2 Lit Emm Ali
3 Ali
4 Rap Myr Myr Gua Emm
5 Qum
6 Sty Ali Ali
7 Pro
8 Tap Eup Ali
9 Tap Qug Tap
10 Ali Tap Ali Ali

A Curva do coletor (Figura 66) mostra na projeção do inventariamento o aumento das


espécies tendo estabilização em 100m², demonstrando ser uma área de alta diversidade
para espécies de CAP ≥ 10cm.

14

12

10
Espécies

0
0 2 4 6 8 10
Ponto de Am os tr age m 10X10m

Figura 66: Curva do coletor para a Área 4.


DESTILARIA BOCAINA - EIA
161
A4

15.00

10.00

Tap Rap Qum Myr Tap Ali Myr Lit Gua Emm Emm Emm Ali

DESTILARIA BOCAINA DBO ENGENHARIA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA


TÍTULO: FIGURA:
PERFIL VERTICAL DA ESTRUTURA DE CERRADO PARA MATA DE GALERIA - ÁREA 04 67
Área 5 - Localizada nas coordenadas UTM Zona 22 - 692787 / 8074848, a área é savânica
classificada como cerradão, onde se desenvolvem em cotas altimétricas de 671m,
apresentando na área de estudo, altura média de 7,57m (2,5 a 13m), seu adensamento em
100m² foi de 43 indivíduos distribuídos em 16 espécies, com CAP médio 21,81cm (0,5 a 105cm)
com a predominância da espécie Guadua sp com 11 indivíduos e as espécies Myrcea falax com
oito invidividuos e Tapirira guianensis com seis indivíduos (Quadro 43). Quanto ao tipo de fuste
apresentou 92,87% entre o tipo 1 e 2 caracterizando uma formação fechada de cerradão.
Apresentou uma estrutura de Dossel de 5 a 8m (Protium heptaphyllum, Myrcea falax e Guadua
sp) e sub-bosque de 2 a 6m (Guadua sp e Myrcea falax) (Figura 68) e com substrato composto
por serrapilheira e troncos. A distância da água corrente foi de 347m.

Quadro 43. Demonstrativo do levantamento da estrutura/fitissociológico da Área 5


P - 05 - Cerradão (RL) - 692787 / 8074848 UTM 671 m
Nome Científico CAP Alt total Alt com Fuste
Myrcea falax (Myr) 18 6 3 1
Myrcea falax 16 5 2 2
Xylopia aromática (Xyl) 10 4 3,5 1
Pera glabrata (Per) 14 6 3 1
Myrcea falax 18 7 1,5 2
Tapirira guianensis (Tap) 30 9 4 1
Tapirira guianensis 15 7 4 2
Cecropia pachystachya (Cec) 20 8 7 2
Guadua sp (Gua) 10 8 6 2
Myrcea falax 16 7 2 2
Guadua sp 10 8 6 2
Myrcea falax 15 6 3 2
Tapirira guianensis 30 9 2,5 1
Tapirira guianensis 16 7 4 1
Styrax camporium (Sty) 27 7 2,5 2
Myrcea falax 13 4 2 2
Tapirira guianensis 27 8 2 1
Tapirira guianensis 26 8 2 1
Protium heptaphyllum (Pro) 11 5 3 1
Emmotum nitens (Emm) 70 12 3 1
Emmotum nitens 30 8 2,5 1
Rhamnidium elaeocarpum (Rmn) 53 9 4 1
Guadua sp 13 10 7 1
Rhamnidium elaeocarpum 24 7 6 2
Guadua sp 12 8 5 2
Guadua sp 12 8 5 2
Guadua sp 10 9 6 1
Guadua sp 12 8 6 1
Protium heptaphyllum (Pro) 5 2,5 2 1
Protium heptaphyllum 10 5 2 1
Rudgea viburnoides (Rud) 16 5 2,5 2
Syngonanthus sp (Syn) 10 3 1,5 1
Myrcea falax 20 7 2,5 2
Trema micrantha (Trm) 52 12 5 1
Platypodium elegans (Pla) 22 8 3 1
Terminalia brasiliensis (Ter) 105 12 2 1
Guadua sp 11 7 5 2
Guadua sp 12 10 6 2
Guadua sp 12 12 5 1
Guadua sp 10 9 6 1
Myrcea falax 15 5 2,5 3
Trema micrantha 40 13 5 3
Virola sebifera (Vir) 20 7 4 2

DESTILARIA BOCAINA - EIA


163
14
Dossel
12 "Fuste 1° Ramo"

10
Altura (m)

m
l

ec
yr

yr

yr

ha

ud

ua

ua
p

r
Xy

Vi
Ta

Pr

Pl
Em
M

M
C

G
Espécie s

Figura 68: Demonstrativo da estrutura vertical das espécies com CAP≥10cm - Área 5

A distribuição das 43 espécimes encontradas na parcela 10X10m pode ser vista no Quadro
44 e perfil na Figura 70 onde mostra a média heterogeneidade do ambiente com 16
espécies.

Quadro 44. Distribuição das espécies na parcela 10X10m na Área 5.


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 Myr Gua Tap Pro Pro Gua Gua
2 Tap Emm Vir
3 Myr Cec Myr Myr Emm Gua Pro Term
4 Xyl Rud Pla Gua
5 Per Sty Rmn Syn Trm
6 Gua Gua Gua Trm
7 Tap Gua
8 Tap Tap Gua Myr
9 Myr Tap Gua Myr
10 Myr Rha

A Curva do coletor (Figura 69) mostra na projeção do inventariamento o aumento das


espécies tendo uma leve estabilização em 100m², demonstrando ser uma área de alta
diversidade para espécies de CAP ≥ 10 cm.

18

16

14

12
Espécies

10

0
0 2 4 6 8 10
Ponto de Am os trage m 10X10m

Figura 69: Curva do coletor para a Área 5.


DESTILARIA BOCAINA - EIA
164
12.00

10.00

Myr Myr Xyl Per Cec Gua Myr Sty Myr Tap Tap Pro Emm Emm Rha Gua Pro Pro Rud Syn Trm Pla Ter Gua Gua Gua Vir

DESTILARIA BOCAINA DBO


ENGENHARIA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA


TÍTULO: FIGURA:
PERFIL VERTICAL DA ESTRUTURA DE CERRADÃO - ÁREA 05 70
Área 6 - Localizada nas coordenadas UTM Zona 22 -697621/8077226, a área é classificada
como mata ciliar caracterizada pelo cerrado típico do ribeirão das Bocainas onde se
desenvolveu em cotas altas em torno de 629m seguido pela de drenagem, apresentou na
área de estudo, altura média de 5,14m (2 a 7m), seu adensamento em 100m² foi de 40
indivíduos distribuídos em 21 espécies, com CAP médio 17,63cm (10 a 35cm) com a
predominância das espécies Anadenanthera sp e Myrcea falax com 4 indivíduos cada
(Quadro 45). Quanto ao tipo de fuste apresentou 92,87% entre o tipo 1 e 2 caracterizando
uma formação florestal mais fechada. Apresentou uma estrutura emergente (Cecropia
pachystachya) e Dossel de 7 a 8m (Bauhinia rufa e Hymenea courbaril) e sub-bosque de até
6 metros, com média de 2,05m (Hymenea courbaril e Albizia sp) (Figura 71) e com
substrato composto por serrapilheira e troncos. A distância da água corrente foi de 5m.

Quadro 45. Demonstrativo do levantamento da estrutura/fitissociológico da Área 6


P- 06 - Galeria/Cerrado - 697621/8077226 UTM - 629 m
Nome Científico CAP Alt total Alt com Fuste
Pera glabrata (Per) 22 6 2 3
Anadenanthera sp (Ana) 30 7 3 2
Psidium myrcinoides (Psi) 10 4,5 2 2
Myrcea falax (Myr) 13 5 1,5 2
Myrcea falax 22 5 2,5 1
Myrcea falax 12 4 1,2 1
Guettarda viburnoides (Gue) 15 4 1,2 1
Pera glabrata (Per) 22 6 2 3
Guettarda viburnoides 11 4,5 2,5 2
Hymenea courbaril (Hym) 29 7 3 2
Hymenea courbaril 35 7 3 1
Bauhinia rufa (Baú) 13 7 2 2
Anadenanthera sp 15 4,5 2,5 2
Hymenea courbaril 24 6 3 2
Myrcea falax 18 6 2 2
Senna multijuga (Sen) 20 7 2 1
Psidium sp 18 4 2 2
Albizia sp (Alb) 30 7 3 2
Aspidosperma sp (Asp) 10 2 1 1
Alibertia sessilis (Ali) 10 3 1,5 2
Anadenanthera sp 17 5 2,5 1
Platypodium elegans (Pla) 15 5 2 3
Platypodium elegans 15 5 2 2
Erythroxylum suberosum (Ery) 29 4,5 1 2
Erythroxylum suberosum 18 4 1 1
Chrysophyllum marginatum (Chr) 19 4,5 1,5 2
Anadenanthera sp 10 4,5 2 1
Xylopia aromatica (Xyl) 12 4 2,5 1
Xylopia aromatica 13 5 2,5 1
Bauhinia rufa (Bau) 12 6 1 2
Cyclolobium sp. (Cyc) 14 5 2 2
Cyclolobium sp. 22 6 2,5 3
Cyclolobium sp. 14 6 3 3
Bauhinia rufa 19 7 1 1
Pouteria gardneri (Pou) 15 4,5 2 2
Elictheris sp (Eli) 11 4 1,1 1
Elictheris sp 10 3,5 1 2
Cecropia pachystachya (Cec) 30 8 6 2
Byrsonima basiloba (Byr) 18 4,5 1,3 1
Byrsonima basiloba 13 3 1 2

DESTILARIA BOCAINA - EIA


166
9
Dossel

8
Fuste 1° Ramo

6
Altura (m)

0
ym

ym

i
u
a
yr

yr
ue

ue

ec
i

l
r

y
i
u

u
b

hr

yc

r
a

El
Ps

Ps

Xy
Al
Pe

Pe

Po

By
Pl
Er

Er
Ba

Sn

Ba
Al
An

An
As
M

C
G

Espécies

Figura 71: Demonstrativo da estrutura vertical das espécies com CAP≥10cm - Área 6.

A distribuição das 40 espécimes encontradas na parcela 10X10m pode ser vista no Quadro 46
e perfil na Figura 73, onde mostra a média heterogeneidade do ambiente com 21 espécies.

Quadro 46. Distribuição das espécies na parcela 10X10m na Área 6.


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 Per Alb Chr
2 Per Psp
3 Ana Guet Asp Ana
4 Psm Guet Sem Ery
5 Myr Myr Ali Xyl
6 Hym Ery Xyl
7 Myr Hym Pla
8 Hym
9 Myr Ana Pla
10 Myr Bau Ana Bau

A Curva do coletor (Figura 72) mostra na projeção do inventariamento o aumento das


espécies não tendo estabilização em 100m², demonstrando ser uma área de alta
diversidade para espécies de CAP ≥ 10cm.

18

16

14

12
Espécies

10

0
0 2 4 6 8 10
Ponto de Am ostragem 10X10m

Figura 72: Curva do coletor para a Área 6.


DESTILARIA BOCAINA - EIA
167
8.00

Per Ana Psi Myr Gue Per Bau Hym Hym Gue Psi Snn Myr Ali Asp Alb Ery Ery Pla Xyl Ana Chr Bau Cyc Eli Pou Cec Byr

DESTILARIA BOCAINA DBO


ENGENHARIA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA


TÍTULO: FIGURA:
PERFIL VERTICAL DA ESTRUTURA DE CERRADO/MATA DE GALERIA - ÁREA 06 73
Área 7 - Localizada nas coordenadas UTM Zona 22 -691392/8079565, a área é classificada
como mata ciliar do rio Meia Ponte como Floresta Estacional Semidecidual, em cotas altas
de 598m seguindo pela drenagem até a proximidade da ponte do Rochedo, apresentou na
área de estudo, altura média de 3,54m (1 a 8m), seu adensamento em 100m² foi de 33
indivíduos distribuídos em 14 espécies, com CAP médio 37,64cm (10 a 190cm) com a
predominância da espécie Hirtela ciliata com 11 indivíduos (Quadro 47). Quanto ao tipo de
fuste apresentou 91,87% entre o tipo 1 e 2 caracterizando uma formação florestal fechada.
Apresentou uma estrutura emergente (Copaifera langsdorfii) e uma estrutura de Dossel de
4,5 a 9m (Hirtela ciliata, Aspidosperma cilindrocarpum) e sub-bosque até 4 metros, com
média de 2,53m (Licania sp, Anadenanthera peregrina) (Figura 74) e com substrato
composto por serrapilheira. À distância da água corrente é de 5m.

Quadro 47. Demonstrativo do levantamento da estrutura/fitissociológico da Área 7


P- 07 - Rio Meia Ponte / FES - 691392/8079565 UTM - 598 m
Nome Científico CAP Alt total Alt com Fuste
Copaifera langsdorfii (Cop) 190 25 10 1
Hirtela ciliata (Hir) 18 6 2 2
Hirtela ciliata 15 6 2,5 3
Hirtela ciliata 15 5 1,5 2
Buchenavia tomentosa (Buc) 25 8 4 2
Unonopsis lindmanii (Uno) 18 7 3 1
Dendropanax cuneatum (Den) 10 6 2,5 3
Hirtela ciliata 12 5 2 2
Hirtela ciliata 24 7 2,5 2
Hirtela ciliata 16 4,5 1,5 3
Hirtela ciliata 39 7 1,5 2
Licania sp (Lic) 35 9 4,5 1
Licania sp 24 8 4 1
Anadenanthera peregrina (Ana) 64 15 4,5 1
Anadenanthera peregrina 126 18 5 2
Hirtela ciliata 18 10 2,5 2
Hirtela ciliata 18 7 2,5 1
Hirtela ciliata 18 6 2,5 2
Siparuna guianensis (Sip) 25 9 3,5 1
Hirtela ciliata 10 6 3,5 1
Protium heptaphyllum (Pro) 30 9 4 2
Protium heptaphyllum 22 10 5 2
Protium heptaphyllum 22 1 3,5 1
Protium heptaphyllum 44 12 5 2
Protium heptaphyllum 43 12 5 2
Unonopsis lindmanii 16 7 4 1
Psidium sp (Psi) 14 4 2,5 1
Pouteria torta (Pou) 17 4,5 2,5 2
Attalea phalerata (Ata) 76 5 3 3
Trichilia pálida (Tri) 12 6 3 1
Copaifera langsdorfii (Cop) 107 15 5 2
Aspidosperma cilindrocarpum (Asp) 104 18 4,5 1
Licania sp 15 8 4 1

DESTILARIA BOCAINA - EIA


169
30

Dossel
Fuste 1° Ramo
25

20
Altura(m)

15

10

Cop Hir Hir Buc Uno Den Hir Hir Hir Lic Ana Ana Hir Sip Hir Pro Pro Uno Psi Pou Ata Tri Lic

Espécies

Figura 74: Demonstrativo da estrutura vertical das espécies com CAP≥10cm área 7.

A distribuição dos 33 espécimes encontrados na parcela 10X10m pode ser vista no Quadro
48 e perfil na Figura 76, onde mostra a média heterogeneidade do ambiente com 14
espécies.

Quadro 48. Distribuição das espécies na parcela 10X10m na Área 7.


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 Cop Hir Pro Pro Lic
2 Hir Ana Pou
3 Hir Den Hir Ana Hir Psi Ata
4 Uno Hir Tri
5 Hir Buc Lic Sip Uno Asp
6 Hir Pro
7 Hir Lic Pro
8 Hir
9 Cop
10 Hir Pro

A Curva do coletor (Figura 75) mostra na projeção do inventariamento o aumento das


espécies não tendo estabilização em 100m², demonstrando ser uma área de alta
diversidade para espécies de CAP ≥ 10cm.

16

14

12

10
Espécies

0
0 2 4 6 8 10
Ponto de Am os tr age m 10X10m

Figura 75: Curva do coletor para a Área 7.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


170
25.00

Cop Hir Hir Buc Uno Den Hir Hir Hir Lic Ana Ana Hir Sip Hir Pro Pro Psi Uno Tri Ata Pou Lic Asp

DESTILARIA BOCAINA DBO


ENGENHARIA

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA


TÍTULO: FIGURA:
PERFIL VERTICAL DA ESTRUTURA DE MATA CILIAR - ÁREA 07 76
Para a diversidade α da estrutura espacial das 07 áreas amostradas, foi estimada a
heterogeneidade segundo o índice de Shannon-Wiener (H’) e Simpson (D), com suas
respectivas equitabilidades. Podemos constatar que as áreas 6 e 3 apresentaram maior
diversidade, seguidas das áreas 1,2,4,5 e 7.(Quadro 49 e Figura 77).

Quadro 49. Índice de heterogeneidade e equitabilidade para a estrutura espacial das 7


áreas amostradas:
Shannon (H') Equitabilidade (E') Simpson (D) Equitabilidade (E)
Área 1 2,316 0,550 0,777 0,578
Área 2 3,349 0,659 0,913 0,607
Área 3 3,572 0,795 0,961 0,831
Área 4 3,041 0,565 0,866 0,502
Área 5 3,372 0,522 0,885 0,460
Área 6 4,202 0,722 0,964 0,779
Área 7 3,252 0,563 0,872 0,464

4,5
4
3,5
3 Shannon (H')
2,5 Equitabilidade (E')
Simpson (D)
2
Equitabilidade (E)
1,5
1
0,5
0
Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Área 5 Área 6 Área 7

Figura 77: Índice de heterogeneidade e equitabilidade para a estrutura espacial das 7 áreas
amostradas.

O cálculo da diversidade ß(índice de Sorensen) entre as sete áreas dentro do


Empreendimento Destilaria Bocaina em função da ausência/presença de espécies
(qualitativo) coeficiente de Sorensen e Bray-Curtis Metric com o auxílio do programa Krebs
(Krebs, 1989) e Biodiversity Professional (1997) está representado no Quadro 50.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


172
Quadro 50. Índices de diversidade β (Similaridade de Sorensen) entre as 07
fitofisionomias analisadas.
Similaridade
Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Área 5 Área 6 Área 7
Área 1 1 0,667 0,667 0,667 0,677 0,675 0,667
Área 2 1 0,697 0,700 0,675 0,673 0,667
Área 3 1 0,714 0,693 0,673 0,667
Área 4 1 0,721 0,682 0,685
Área 5 1 0,703 0,674
Área 6 1 0,667
Área 7 1

Assim, os resultados da diversidade ß (índice de Sorensen) entre as áreas variaram de


0,667 a 0,721, sendo as áreas que apresentaram maior similaridade foram as áreas 4 e 5.
Também a área 3 apresentou similaridade com a área 4 e 5. As áreas 1 e 7 não
apresentaram similaridade com nenhuma das áreas analisadas e a área 6 apresentou
similaridade com as áreas 3 , 4 e 5, sendo que a área 2 apresentou similaridade com a área
6 do empreendimento Destilaria Bocaina, que pode ser visto pelo dendograma Figura 78.

Figura 78: Análise de agrupamento (UPGMA) realizada a partir da matriz dos coeficientes de
similaridade para as 7 áreas da fitofisionomia analisada.

As variáveis tomadas para caracterização do habitat como profundidade do folhiço,


quantidade de herbáceas a 20 e 100 cm para as 7 áreas amostradas estão representadas
na Quadro 51.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


173
Quadro 51. Caracterização do habitat das 7 áreas amostradas:
Local Coordenadas P Folhiço (cm) Densidade H(20cm) Densidade H(100cm)
Área 1 700348/8077855 0,4 04 01
Área 2 700542/8078348 1,5 09 0
Área 3 699776/8079066 0,7 04 0
Área 4 699445/8078912 0,8 02 0
Área 5 692787/8074848 0,5 05 01
Área 6 697621/8077226 4,2 07 01
Área 7 691362/8079565 0,4 10 0

A correlação entre as variáveis, profundidade do folhiço, quantidade de herbáceas a 20 e


100cm, para as formações de Mata Estacional Semidecídual e Decidual, Cerrado “strictu
sensu” e cerradão, mata de galeria e ciliar, identificou que a Área 1 apresentou a menor
profundidade em relação as outras áreas, e a área 06 foi a que apresentou a maior
profundidade do folhiço. As áreas 2, 3 ,4 e 7 não apresentaram indivíduos à 100 cm, sendo
que as áreas 2 e 7 apresentaram a maior densidade de herbáceas à 20 cm, diferenciando-
se das demais áreas.

6.2.2. Fauna

6.2.2.1. CARACTERIZAÇÃO REGIONAL

O Bioma Cerrado está localizado basicamente no Planalto Central do Brasil e ocorre em um


gradiente de formas fisionômicas, dependendo do aspecto do substrato, profundidade, grau
de saturação e sobre o efeito do fogo. Este Bioma é o segundo maior da América do sul,
que cobre 20% do território brasileiro, superado apenas pela Floresta Amazônica (Ribeiro &
Walter 1998), caracterizado por ser uma vegetação de interflúvio xeromorfa,
preferencialmente de clima estacional (mais ou menos seis meses secos), característica
esta que marca uma sazonalidade no Bioma, podendo, não obstante, ser encontrada
também em climas ombrófilos.

Vale destacar que dos 2.000.000 Km² apenas 20% permanecem intocados e um total de
aproximadamente 6% desta área estão protegidos por unidades de conservação (Galinkin
2003).

Segundo Barbosa (2002), em termos fitofisionômicos, este sistema não pode ser entendido
como uma unidade, devido a sua complexidade de formações variando em um gradiente de
habitats naturais, indo desde as áreas abertas de campo à formações fechadas de matas
estacionais.

São descritos onze tipos fitofisionômicos gerais para o Cerrado, formações florestais
(cerradão, mata estacional, mata de galeria e mata ciliar), savânicas (vereda, palmeiral,
DESTILARIA BOCAINA - EIA
174
parque de cerrado “murundum” e cerrado de sentido restrito) e campestre (campo limpo,
campo campestre “rupestre” e campo sujo) (Sano 1998).

Esta heterogeneidade das fisionomias do Cerrado e suas interfaces intra e inter biomas,
promovem uma mescla de elementos florísticos e faunísticos com as formações vegetais
amazônicas e atlânticas, aumentando a importância ecológica do Cerrado. Segundo
Mendonça et al.(1998) a grande diversidade florística coloca o Cerrado como a mais rica
entre as savanas do mundo com 6429 espécies já catalogadas.

Um fator importante e determinante para a paisagem florestal do Cerrado é a


estacionalidade do clima exercendo grande influência sobre as florestas estacionais
decíduas e semidecíduas e o lençol freático próximo à superfície o que compensa os efeitos
da estacionalidade para as matas de galeria e ciliares, que se tornam vinculadores com as
demais formações típicas do Cerrado e tropicais úmidas brasileiras (Felfili et al. 2005).

Na área de estudo estão ainda representadas as veredas com as matas ciliares, matas de
galeria e buritizais e fragmentos de cerrado, cerradão e formações estacionais.

6.2.2.2. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRAFICA

São três as grandes bacias que drenam o Cerrado, a Bacia do Rio Araguaia/Tocantins que
drena o centro e norte do bioma, a Bacia do São Francisco que drena o leste e a Bacia do
Paranaíba (Paraná) que drena o oeste e sul do Bioma Cerrado. Do ponto de vista
hidrológico, o Cerrado, por compreender zonas de planalto, se torna uma importante área de
recarga pelo grande número de nascentes destas bacias.

A região de estudo situa-se na bacia do Paranaíba que ocupa uma área de 149.488 Km², e
pertencente à região Hidrográfica do Paraná, sendo, no estado de Goiás, a primeira bacia
em importância, quanto à área drenada e ocupação (Galinkin 2003). Apresenta uma forma
alongada em leque desenvolvendo-se na direção Centro-Oeste-Sul, drenando 125
municípios goianos, limitada ao norte pelo Planalto Central, à oeste pela Bacia do rio
Araguaia, a leste pela Serra Geral de Goiás, terminando ao sul desembocando no rio
Paraná.

Os principais rios contribuintes do Médio Paranaíba na região pela margem direita são os
rios Aporé, dos Bois, Claro, Preto, Corrente, Verde, Meia Ponte e Piracanjuba, sendo parte
das bacias dos rios Meia Ponte (região da UHE-Rochedo) e Piracanjuba (na região da GO-
147) a área de influência do empreendimento, Destilaria Bocaina, no município de
Piracanjuba.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
175
Os principais cursos contribuintes do rio Meia Ponte que se localizam nas áreas de
influência direta são os córrego das Bocaininhas e São Pedro (cabeceiras), e indireta os
ribeirões das Bocainas, da Serra Negra e Formiga e os córregos da Ponte Furada e São
Pedro. Já pelo rio Piracanjuba, o ribeirão Morro Agudo e o córrego da Limeira ambos na
área de influência indireta.

De forma geral os cursos d’água na área de influência são de 1 a 3ª Ordem, com exceção
dos rios Meia Ponte e Piracanjuba que são de 5ª Ordem. O rio Meia Ponte na região
apresenta-se misto com características lóticas e lênticas (Reservatório da UHE Rochedo),
os demais apresentam características lóticas de planalto, com pequenas corredeiras a
cachoeiras (Cachoeirinha tributário do córrego da Limeira) sobre lajes de origem basáltica.
As suas margens variam de formações de vereda e matas ciliares à matas de galeria
mediamente preservadas e todas com enclaves ou de cerradão ou de mata estacional.

6.2.2.3. CARACTERIZAÇÃO DOS HABITATS

6.2.2.3.1. Veredas/Buritizal/Matas Ciliares

É um complexo ora misto ora fragmentado que acompanha em parte os córregos


Bocaininha na área de influência direta e da Limeira na área de influência indireta
caracterizada pela presença ou não do Buriti (Mauritia flexuosa), palmeira que ocorre em
meio a agrupamentos de espécies arbustivo-herbáceas. As veredas e matas ciliares com
Buritizais (BU) são encontradas sobre solos hidromórficos. Em função do solo úmido, são
encontradas com freqüência espécies ornamentais de gramíneas, ciperáceas, xiridáceas,
eriocauláceas e melastomatáceas.

Também encontramos na área de influência matas ciliares sem buritis, associadas a


formações de cerradões e de matas estacionais principalmente na cabeceira dos córregos
Bocaininha (AID), São Pedro e ribeirões das Bocainas e do Morro Agudo (AII).

6.2.2.3.2. Matas de Galeria

As matas de galeria (MG) são consideradas formação florestal sempre verdes ocupando
áreas bem drenadas associadas aos cursos d’água principalmente nos ribeirões das
Bocainas e Formiga e córrego São Pedro todos na área de influência indireta.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


176
6.2.2.3.3. Cerrado/Cerradão

O cerrado sensu stricto (CE) é uma vegetação que ocorre geralmente em faixas extensas e
contínuas neste Bioma (Ribeiro & Walter 1998), caracterizado por uma camada herbácea
com predominância de gramíneas e por uma camada lenhosa, que varia de 3-5m de altura,
com cobertura arbórea de 10 a 60%. As duas camadas são ricas em espécies.

O Cerradão caracteriza-se pela presença de espécies que são compartilhadas com o


cerrado sensu stricto e também por espécies de Mata Seca. Do ponto de vista fisionômico é
uma floresta, mas floristicamente é mais similar a um cerrado (Ribeiro & Walter 1998),
apresenta ainda uma camada herbácea mas com predominância de serrapilheira e estrutura
lenhosa, que varia de 5 a 15m de altura, com cobertura arbórea de 60 a 100%.

A formação típica de cerrado sensu stricto atualmente está pouco representada na área de
influência indireta em pequenos fragmentos dispersos sobre a cabeceira do ribeirão das
Bocainas e GO 147 em contato com pastagens e áreas agricultadas.

Os cerradões são presenciados com maior freqüência que os cerrados na área de influência
indireta, nas serras e geralmente com enclaves de matas estacionais. O entorno destas
áreas está ocupado principalmente por pastagens e em menor quantidade a agricultura
(monocultura) de milho e sorgo.

6.2.2.3.4. Mata Estacional

Matas Estacionais (MS) – formação florestal de interflúvio (decíduas e semidecíduas)


bastante dominante na região, geralmente nas cabeceiras dos ribeirões e córregos em
enclaves com cerradão e mata de galeria. Estas formações vegetais apresentam-se muito
fragmentadas na área de influência indireta.

6.2.2.3.5. Áreas Modificadas

As áreas modificadas (AM) estão caracterizadas pela supressão de vegetação original


(principalmente cerrado, cerradão e mata estacional), substituída por pastagens plantadas e
áreas agricultadas principalmente de milho, sorgo e algodão e pequenas áreas de culturas
permanentes de citros. Os acessos se dão pela rodovia BR 153, GO 147 e GO 217 e não
são pavimentados.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


177
6.2.2.3.6. Cursos d’água

Rios, ribeirões, córregos e nascentes (CO) apresentam-se na área com baixo grau de
conservação (APP’s) das suas matas ciliares e de galeria, estando mais preservados nas
vertentes. De forma geral são cursos lóticos com fundo arenoso/argiloso e alguns com
algumas lajes de formação basáltica e arenítica formando corredeiras e cachoeiras.

O rio Meia Ponte quase na sua totalidade na área de influência está represado (UHE
Rochedo), mudando suas características e a barra de seus tributários.

Os cursos amostrados córrego da Bocaininha (AID), São Pedro, da Ponte Furada,


Cachoeirinha (córrego da Limeira) e Ribeirões das Bocainas e Morro Agudo (AII) estão
caracterizados entre 1ª e 3ª Ordem.

6.2.2.4. CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA

O Brasil é um país biologicamente bastante rico, e abriga milhares de espécies de plantas e


animais, fruto de interações do seu mosaico de ambientes naturais, que contribui para a
formação de diversos habitats, sendo, por essas características diversificadas e
continentais, considerado o país detentor de maior biodiversidade em todo mundo
(Mittermeier et al. 1997).

Essa posição se deve em grande parte ao elevado número de espécies de mamíferos,


anfíbios e peixes de água doce, somado ao número insuperável de espécies de plantas, que
é um fator fundamental para os biomas brasileiros para alta riqueza faunística 10 a 12% da
diversidade conhecida do planeta. Porém ao mesmo tempo detém o maior número de
espécies ameaçadas e vulneráveis, com um total de 776, sendo 514 vertebrados, o que
corresponde mais de 10% das espécies desse descrita para o Brasil (7.320 espécies)
(Lewinsohn e Prado 2002), e que perde somente para a Indonésia.

Embora as pesquisas sobre a fauna do cerrado tenham avançado, é necessário admitir que
a diversidade biológica do bioma ainda é muito pouco conhecida, onde imensas áreas ainda
não foram inventariadas sequer por empreendimentos e ainda a existência de problemas
taxonômicos e principais padrões de distribuição das espécies (Rodrigues 2005).

No Cerrado são estimadas mais de 6000 espécies de árvores e 800 espécies de aves, além
de grande número de peixes e répteis, devido ser uma das regiões de maior diversidade, o
cerrado juntamente com a mata atlântica é considerado um dos 25 “hotspots” mundiais o
que significa um dos mais ameaçados (MYERS et al. 2000).
DESTILARIA BOCAINA - EIA
178
Os estudos faunísticos no Bioma Cerrado são muito incompletos para alguns grupos de
vertebrados, sendo no que diz respeito à distribuição, taxonomia, status e ecologia das
espécies. Os grupos mais estudados são aves e squamata (lagartos e serpentes), seguindo
os anfíbios, mamíferos e peixes, grupos menos estudados. Este fato pode estar relacionado
à taxonomia mais conhecida e de fácil observação.

De forma geral, a fauna do Cerrado apresenta caráter generalista por apresentar espécies
com ocorrência em vários biomas adjacentes, mas ainda formando grupos como
comunidades de áreas florestais, comunidades de áreas savânicas e comunidades de áreas
abertas (secas ou úmidas) (Felfili et al. 2005). Mesmo assim, o Cerrado apresenta um
endemismo para a fauna que varia de 3,4% para as aves a 30% para os anfíbios das
espécies catalogadas por Taxa (Mittermeier et al. 1999).

Esta análise quanto a uso do habitat e riqueza/endemismo nos leva ao fato importante que
para a conservação biorregional da fauna faz necessário manter um mosaico de paisagens
do Cerrado de áreas abertas a fechadas (intra-Cerrado) e os corredores ribeirinhos (extra-
Cerrado).

Um ponto fraco ainda no conhecimento da fauna da região do Cerrado é que os estudos


com amostragens padronizadas concentram-se em áreas ao longo dos principais cursos dos
rios Tocantins, Corumbá, Corrente e outros motivados pelos grandes empreendimentos
hidrelétricos ou em localidades mais bem servidas pela malha rodoviária, o que facilita a
logística de campo.

Outra dificuldade dos estudos com fauna deve-se ao fato dos grupos serem diferentes entre
si, tendo maneiras diferenciadas de observação e esforço amostral, na ocupação dos
ambientes.

Do ponto de vista ecológico a fauna apresenta duas características marcantes para o


diagnóstico ambiental, a primeira é a enorme diversidade de habitats que ocupam, a
segunda característica é o hábito alimentar diversificado, que fazem com que as populações
sofram pressões ou sejam favorecidas pelas atividades antrópicas. Assim, a fauna é
considerada indicadora da degradação ambiental, por ser comumente afetada pelo
desmatamento ou pela dependência da cobertura vegetal florestada, e por ser um grupo em
geral com facilidade de amostragem, susceptibilidade à possíveis mudanças ambientais.

Na área de influência onde está inserido o empreendimento com suas bacias, abrigam
espécies de anfíbios, répteis, aves, mamíferos, peixes e insetos importantes, pelo papel que

DESTILARIA BOCAINA - EIA


179
desempenham na cadeia alimentar ou por estarem virtualmente associados às formações
vegetais presentes na região principalmente as veredas/mata ciliar/buritizal, mata de galeria,
cerrado, cerradão e matas estacionais.

São apresentados os estudos de levantamento e caracterização relativos às comunidades


de vertebrados terrestres (herpetofauna, avifauna e mastofauna) invertebrados terrestres
(entomofauna) e organismos aquáticos (ictiofauna, bentos e perifíton) com referências aos
diagnósticos realizados na biorregião do Médio Paranaíba/Alto Paraná nos municípios de
Cachoeira Dourada, Goiatuba, Itumbiara, Morinhos e a APA do João Leite (Anápolis, Ouro
Verde, Terezópolis, Nerópolis , Goinápolis e Goiânia) no estado de Goiás, juntamente com
os inventários realizados em campo nas áreas de influência direta e indireta do
empreendimento, Destilaria Bocaina no município de Piracanjuba e revisões bibliográficas
no contexto Cerrado. A caracterização inclui a indicação da ocorrência de espécies raras,
endêmicas e ameaçadas de extinção, com base na Lista Oficial da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção (Instrução Normativa 003/03 MMA).

6.2.2.4.1. Herpetofauna

Os répteis (cobras, lagartos, jacarés, e quêlonios) e anfíbios (sapos, rãs, pererecas, e


cecílias) constituem o que se chamam de herpetofauna. Que é um grupo relevante em
quase todas as taxocenoses terrestres. O estudo de uma comunidade completa é
extremamente difícil, desta forma pesquisadores procuram estudar pequenos grupos de
organismos com afinidades definidas (taxocenoses) visando obter padrões de interações
entre as espécies (Pianka 1973). Em extensa revisão sobre os anfíbios e répteis, Toft
(1985) propõe que fatores como predação, competição, contrastes morfológicos e
fisiológicos específicos, são relevantes em estudos que retratam partilha de recursos,
podendo os mesmos operarem independentemente, interativamente, ou ainda de ambos os
modos.

Répteis e anfíbios são muitos utilizados em estudos de partilha de recursos devido a grande
diversidade morfológica, fisiológica e de sua história evolutiva. Os modelos extraídos desses
estudos têm elucidado princípios básicos sobre a divisão dos recursos e suas causas, que
podem ser estendidos para outros grupos (Toft 1985).

Atualmente existem 5.362 espécies de anfíbios (Frost 2007) e 8.240 espécies de répteis
(EMBL 2007). No Brasil existem aproximadamente 776 espécies de anfíbios e 641 de
répteis (SBH 2007), que estão distribuídos em vários biomas brasileiros.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


180
A herpetofauna do Bioma Cerrado, conta hoje com 141 espécies de anfíbios e 120 de
répteis sendo que destas 41 espécies de anfíbios e 23 de répteis são endêmicas (Colli et al.
2002; Rodrigues 2005; Bastos 2007).

A grande heterogeneidade espacial do cerrado tem sido utilizada para explicar a grande
riqueza da herpetofauna encontrada (Brandão & Araújo 1998), mais isso está sobre forte
ameaça, pois o cerrado está sendo destruído em uma velocidade elevada, fazendo com que
as comunidades científicas não consigam gerar o conhecimento necessário, para
conservação destas espécies (Aguiar et al. 2004).

Alterações na qualidade dos ambientes além de afetar os répteis, afetam principalmente os


anfíbios, a toxicidade de pesticidas e fertilizantes, já que esses animais possuem a pele
sensível. Variações no regime hidrológico e as mudanças climáticas em larga escala, além
da perda de hábitats em função dos desmatamentos, são algumas causas apontadas para o
declínio desses animais (Alho et al. 2000; Bastos et al. 2003; Eterovick & Sazima 2004;
Freitas & Silva 2004; Loebmann 2005).

A área de adaptação dos répteis é distinta dos anfíbios especialmente porque não são tão
limitados fisiologicamente pelas condições secas do ambiente terrestre. Sendo assim,
devido a certas características como pele impermeável, respiração pulmonar, melhorias no
sistema esquelético, muscular e órgãos dos sentidos, os répteis possuem capacidade de
percorrer maiores distâncias a procura de fontes de água e se dispersarem por locais mais
secos (Araújo & Brandão 1997).

Fatores climáticos como temperatura e umidade são importantes na vida dos anfíbios e
podem limitar sua distribuição geográfica (Owen 1989). Este fator, aliado às suas
características fisiológicas e ecológicas restringem sua distribuição a locais mais úmidos,
necessários à manutenção de sua homeostase e reprodução refletindo assim nos
microhabitats selecionados pela espécie (Pough et al. 1977).

Répteis e anfíbios são adequados para avaliação de ambientes, pois ocorrem em


abundância no Bioma Cerrado, por serem de fácil observação e captura, como também por
possuírem taxonomia relativamente bem conhecida. Além disso, os lagartos e anfíbios são a
base alimentar para a maioria das espécies de serpentes, essa constatação nos permite
sugerir que quanto mais rica a comunidade de lagartos e anfíbios, supostamente mais rica
pode ser a comunidade de serpentes. A dificuldade deste grupo está na distribuição
geográfica das espécies ainda pouco consolidada principalmente neste bioma pela carência
de estudos.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


181
Para a área do empreendimento foram inventariadas 27 espécies representantes da
herpetofauna sendo registradas um total de 14 espécies para anfíbios (Quadro 52)
pertencentes a cinco famílias distribuídos em oito gêneros, e 13 espécies de répteis
(Quadro 53) pertencentes a sete famílias e 12 gêneros.

Quadro 52. Anfíbios Identificados na AID e AII da Destilaria Bocaina, Piracanjuba-GO.


Táxon
Espécies Nome comum AID AII Hábitat SC
Ordem Anura
Família Bufonidae Chaunus schneideri Sapo-cururu X BB/AM NA
Família Brachycephalidae Barycholos ternetzi Sapinho X X MS
Dendropsophus cruzi Perereca X
Dendopsophus minutus Perereca X
Hypsiboas albopunctatus Perereca X RE NA
Família Hylidae Hypsiboas lundii Perereca X X MS NA
Hypsiboas multifaciatus Perereca X BB/RE
Hypsiboas raniceps Perereca X
Scinax fuscovarius Raspa-cuia X X MS/RE/AM/CE NA
Eupemphix natereri Rãzinha X MS/AM
Família Leiuperidae Pseudopaludicola cf. mistacalis Rãzinha X X RE/BB
Pseudopaludicola cf. saltica Rãzinha X X RE/BB NA
Leptodactylus podicipinus Rã-pingo-d'água X X RE/BB NA
Família Leptodactylidae
Leptodactylus hylaedactyla Rãzinha X RE
Legenda: Localidades com amostragem: AID - Área de Influencia Direta e AII - Área de Influencia Indireta. Os campos
indicados por X destaca a presença nas localidades. Os habitats foram considerados as formações florestais de
Mata Estacional/Cerradão/Galeria (MS), savânicas de Cerrado (CE), Buritizal e Brejo (BB) e antropizadas de
Represa (RE) e Área Modificada (AM). Quanto a situação de conservação (SC): risco de extinção indicou-se,
raridade e endemismo : Não Ameaçados (NA), Ameaçados (AM), Rara (RA) e Endêmicas (EN).

Quadro 53. Répteis Identificados na AID e AII da Destilaria Bocaina, Piracanjuba-GO.


Táxon
Espécies Nome comum AID AII Hábitat SC
Ordem /Família
Lacertilia
Ameiva ameiva Lagarto-verde X AM/CE
Família Teiidae
Tupinambis merianae Teiú X AM/CE NA
Família Tropiduridae Tropidurus torquatus Calango X X AM/MS NA
Serpentes
Crotalus durissus Cascável X X BB/AM/MS/CE NA
Família Viperidae Bothrops moojeni Jararaca-papo-amarelo X X BB/AM/MS NA
Bothrops neuwiedi Jararaca-pintada X X CE NA
Oxyrhopus trigeminus Falsa-coral X AM NA
Família Colubridae Apostolepis assimilis Falsa-coral X CE NA
Waglerophis merremi Boipeva X AM/RE/BB NA
Boa constrictor Jibóia X BB/AM/RE NA
Família Boidae
Eunectes murinus Sucuri X CO/BB/RE NA
Anfisbenias
Família Amphisbaenidae Amphisbaena vermicularis Cobra de duas-cabeças X MS/CE NA
Crocodylia
Família Alligatoridae Paleosuchus palpebrosus Jacaré-coroa X CO/RE/BB NA
Legenda: Localidades com amostragem: AID - Área de Influencia Direta e AII - Área de Influencia Indireta. Os campos
indicados por X destaca a presença nas localidades. Os habitats foram considerados as formações florestais de
Mata Estacional/Cerradão/Galeria (MS), savânicas de Cerrado (CE), Buritizal e Brejo (BB), Rios e Córregos (CO) e
antropizadas de Represa (RE) e Área Modificada (AM). Quanto a situação de conservação (SC): risco de extinção
indicou-se, raridade e endemismo : Não Ameaçados (NA), Ameaçados (AM), Rara (RA) e Endêmicas (EN).

A maioria dos anfíbios encontrados são espécies de hábitos generalistas com grande
tolerância ecológica e de fácil adaptação a ambientes modificados, como Dendopsophus

DESTILARIA BOCAINA - EIA


182
minutus, Hypsiboas albopunctatus e Scinax fuscovarius. Foram registradas também
espécies com hábitos mais especialistas a ambientes florestados, como Barycholos ternetzi,
ou de ambientes alagados como Leptodactylus podicipinus (Figura 79) e Pseudopaludicola
cf. saltica. Foi encontrado um único espécime de Eupemphix natereri (Figura 80), este não
estava vocalizando e se encontrava em uma poça na margem do córrego próximo à sede da
fazenda na AII, onde também foi encontrada seguindo o curso do córrego, uma desova de
H. lundii em forma de panela (Figura 81).

Figura 79: Leptodactylus podicipinus (Rã-


pingo-d'água) se apresentou bastante
abundante pela grande quantidade de
regiões alagadas ou solos bastante úmidos
dentro da área de influência do
empreendimento.

Figura 80: Eupemphix natereri é uma espécie que apresenta comportamento deimático
quando ameaçado, evidenciando 2 grandes ocelos na parte posterior de seu corpo para
simular um maior porte físico.

Figura 81: Desova de Hypsiboas lundii na


forma de ovos gelatinosos que ficam
flutuando sobre a água.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


183
Quanto ao uso do habitat a riqueza variou de 1 a 7 espécies entre os cinco ambientes,
sendo represa vereda/mata ciliar/buritizal os mais ricos (Figura 82).

5
Riqueza

0
AM RE CE MS BU
habitas

Figura 82: Distribuição da riqueza dos anfíbios encontradas para cada ambiente na área de
influência do Empreendimento.

Na comparação biorregional, contemplando os municípios de Itumbiara, Cachoeira Dourada,


Goiatuba, Morrinhos e APA João Leite, foram identificadas um total de 7 famílias e 48
espécies para anurofauna apresentando alta similaridade onde as espécies Chaunus
schneideri, Leptodactylus fuscus, Leptodactylus labyrinthicus, Leptodactylus ocellatus e
Physalaemus cuvieri, Dendropsophus minutus, Hypsiboas multifaciatus e Scinax fuscovarius
foram as mais comuns estando presente em pelo menos 2 dos municípios em questão,
sendo a maioria encontrada em todos eles.

Para os répteis algumas espécies como Ameiva ameiva, Tupinambis merianae, Tropidurus
torquatus, Amphisbaena vermicularis e Apostolepis assimilis foram obtidos por forma de
registro direto (visualização). Já para alguns indivíduos como: Crotalus durissus, Bothrops
moojeni, B. neuwiedi, Waglerophis merremi, Boa constrictor, Eunectes murinus e Paleosuchus
palpebrosus, os dados foram obtidos por entrevistas (dados secundários) feitas com os
moradores locais, inclusive com relatos de acidentes ofídicos com C. durissus e B. moojeni.

Já os demais dados como o de Oxyrhopus trigeminus e também Tupinambis merianae


obteve-se por forma de avistamento dos mesmos, atropelados em estradas pavimentadas e
não pavimentadas da AII do empreendimento. Tupinambis merianae, ocorre em áreas de
mata, percorrendo as áreas abertas para forragear, trata-se de uma espécie generalista e
relativamente comum nas áreas ao longo da rodovia, sendo, portanto, sujeita a alta
freqüência de atropelamentos (Lema 2002; Rosa & Mauhs 2004).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


184
As espécies de lagartos encontradas, como Tropidurus torquatus e Tupinambis merianae,
são espécies comumente observadas em áreas abertas e modificadas. Em áreas de
florestas e savânicas encontrou-se Amphisbaena vermiculares que estava dentro de um
formigueiro. A biologia dos amphisbaenídeos é pouco conhecida, principalmente quanto aos
seus aspectos comportamentais, porque os hábitos fossoriais restringem as observações na
natureza e dificulta as coletas (Navega-Gonçalves & Souza 2001).

A maior dificuldade de encontros de répteis em áreas florestadas se deve a espécies de


hábitos fossoriais e/ou criptícos, vegetação densa e serrapilhera no solo. Espécies diurnas
são mais propensas a fugas com a aproximação, e muitas apresentam coloração com
padrões crípticos e, para serem registradas, o mais indicado seria a associação de procura
ativa com outros métodos (Martins & Oliveira 1998).

Quanto ao uso do habitat pelos répteis a riqueza variou de 2 a 8 espécies entre os seis
ambientes, sendo os ambientes vereda/mata ciliar/buritizal, cerrado e área modificada os
mais ricos (Figura 83).

5
Riqueza

0
AM CE RE MS CO BU
Habitas

Figura 83: Distribuição da riqueza dos répteis encontradas para cada ambiente na área de
influência do Empreendimento

Para o grupo dos répteis em levantamentos já realizados na biorregião do Médio


Paranaíba/Alto Paraná nos municípios de Itumbiara, Cachoeira Dourada, Goiatuba,
Morrinhos e APA João Leite foram identificados um total de 19 famílias e 62 espécies.

Como o Cerrado tem uma sazonalidade bem definida (seco e frio ou chuvoso e quente) vale
ressaltar que as condições climáticas do período amostral, foram de baixa umidade,
pluviosidade e temperatura, que influenciam na riqueza e abundância destes animais.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


185
Também deve ser levado em consideração que os ambientes amostrados já possuem certo
grau de antropização com a fragmentação de habitat e microhabitat, a reprodução,
vocalização e alimentação da fauna em geral são prejudicadas, com isso cresce o grau de
dificuldade para o encontro destes animais. A fragmentação do habitat também provoca a
redução do fluxo gênico e o aumento da deriva genética em populações isoladas, reduzindo
a sua capacidade para adaptação, especiação e mudanças macroevolutivas (Silvano et al.
2003).

6.2.2.4.2. Mamíferos

Atualmente são descritas cerca de 530 espécies de mamíferos que ocorrem no Brasil,
representando 14% da fauna de mamíferos mundial, colocando o país um dos maiores em
biodiversidade (Costa et al. 2005). Ocorrem no bioma Cerrado cerca de 200 espécies,
sendo que 18 delas são endêmicas e 17 estão incluídas na lista nacional das espécies da
fauna brasileira ameaçadas de extinção (MMA 2002) .

A utilização de mamíferos como grupo bioindicador em estudos de diagnóstico ambiental é


justificável pela grande diversidade de espécies e pelo seu papel na cadeia trófica, já que
existem espécies ocupando desde a base até o topo da cadeia alimentar. Destacam-se
como bioindicadores os carnívoros de médio e grande porte, que necessitam de grande
quantidade e variedade de presas e portanto são sensíveis a alterações nas populações de
outras espécies menores. São importantes também como bioindicadores os pequenos
mamíferos não-voadores, principalmente roedores e marsupiais. Embora muitas espécies
destes grupos mostrem grande capacidade de colonização, a maioria dos pequenos
mamíferos não voadores se dispersa pouco, sendo incapazes de atravessar limites estreitos
de barreiras ambientais.

O que torna o bioma Cerrado um dos maiores em biodiversidade é a sua heterogeneidade


de ambientes. A fragmentação dos ambientes naturais é uma das maiores ameaças a
biodiversidade. Cerca de 80% da área do Cerrado já se encontra alterada por
empreendimentos agropecuários, hidrelétricas e urbanização (Myers et al. 2000; Pádua
1996) e o restante dos 20% encontra-se sobre a forte pressão dos mesmos, ameaçando
toda a fauna e a flora endêmica do bioma.

Mesmo com dados faunísticos proporcionados pela literatura, é difícil caracterizar a fauna de
mamíferos, pois os efeitos das ações antrópicas são variados, além da dificuldade de
encontro com esses animais sendo que muitas espécies deste grupo apresentam hábitos
peculiares, sendo noturnos ou crepusculares, ou mesmo por serem mais ariscas,
DESTILARIA BOCAINA - EIA
186
dificilmente são observadas em seu habitat natural. No entanto, vestígios como pegadas,
fezes e fuçados, possibilitam sua identificação, sendo muitas vezes a única ferramenta
disponível para detectar sua presença em campo. As pegadas são os sinais mais
encontrados e de interpretação mais confiável, e podem ser utilizadas para estudos de
ecologia e inventários faunísticos (Becker e Dalponte 1999).

Para área do empreendimento foram registradas 16 espécies de mamíferos (Quadro 54)


pertencentes a 09 famílias em seis ordens, levantados com base em observações diretas
por visualizações e evidencias indiretas, como vestígios de fezes, pegadas e relatos de
moradores e trabalhadores das proximidades.

Quadro 54. Mamíferos Identificados para a Destilaria Bocaina, Piracanjuba-GO.


Táxon Espécies Nome comum AID AII Hábitat SC
Ordem Carnívora
Cerdocyon thous Cachorro-do-mato x AM NA
Família Canidae
Chrysocyon brachyurus Lobo-guara x AM/CE VU
Família Felidae Puma concolor Sussuarana x x AM/ MS VU
Procyon cancrivorus Mão-pelada x x BB/AM/MS NA
Família Procyonidae
Nasua nasua Quati x MS/BB/AM NA
Ordem Artiodactyla
Família Cervidae Mazama americana Veado-mateiro x AM/MS NA
Ordem Xenarthra
Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim x x AM /MS VU
Família Myrmecophagidae
Myrmecophaga tridactyla Tamanduá-bandeira x x CE/MS/AM VU
Ordem Primates
Alouata caraya Bugio x MS/AM NA
Família Cebidae
Cebus apella Macaco-prego x AM/MS NA
Família Callitrichidae Callithrix pennicillata Sagui x x MS NA
Ordem Rodentia
Família Hydrochaeridae Hydrochoerus hydrochaeris Capivara x x MS/RE NA
Ordem Chiroptera
Desmodus rotundus Morcego-vampiro x MS/AM NA
Glossophaga soricina Morcego x x AM NA
Família Phyllostomidae
Lonchophila sp. Morcego x AM NA
Carollia perspicillata Morcego x x MS/BB NA
Legenda: Localidades com amostragem: AID - Área de Influencia Direta e AII - Área de Influencia Indireta. Os campos
indicados por X destaca a presença nas localidades. Os habitats foram considerados as formações florestais de
Mata Estacional/Cerradão/Galeria (MS), savânicas de Cerrado (CE) e Buritizal e Brejo (BB) e antropizadas de
Represa (RE) e Área Modificada (AM). Quanto a situação de conservação (SC) o risco de extinção indicou-se e
endemismo: Não Ameaçados (NA), Ameaçados de extinção categoria vulnerável (VU) e Endêmicas (EN).

Foram registrados nas áreas de Influência Direta (AID) e Indireta (AII) relatos de Puma
concolor (Sussuarana), não sendo encontrado nenhum outro tipo de evidência desta
espécie. Os vestígios para AID foram pegadas de Procyon cancrivorus e fezes de
Hydrochoerus hydrochaeris (Capivara) em alguns pontos. Por observações diretas nas
áreas, registrou-se Tamandua tetradactyla (Tamanduá mirim) (Figura 84) e Myrmecophaga
tridactyla (Tamanduá bandeira).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


187
Ainda para AID foram registrados através de visualizações diretas 2 fêmeas de M. tridactyla
com filhotes (Figura 85), nas proximidades da área onde será estabelecido o
empreendimento. Alguns trabalhos relataram que fêmeas de M. tridactyla possuem uma
área de vida que varia de 367 ha a 1900 ha e uma intensa sobreposição de áreas de vida
em ambos os sexos (Medri et al. 2006).

Figura 84: Tamandua tetradactyla. O Figura 85: Fêmea de Myrmecophaga


tamanduá mirim assume facilmente essa tridactyla carregando seu filhote nas costas de
posição vertical quando se sente ameaçado, forma a parecer um prolongamento de seu
abrindo os braços e evidenciando suas unhas. próprio corpo.

A maioria dos animais levantados foram registrados na AII onde ainda foram encontradas
pegadas de Cerdocyon thous (Cachorro-do-mato) e Chrysocyon brachyurus (Lobo-guará),
um crânio de Mazama americana (Veado-mateiro) e a visualização e Cebus apella (Macaco-
prego) em um ponto cerca de 10 Km de distância da AID.

Em geral a maioria das espécies de mamíferos de médio e grande porte possui uma área de
vida ampla e chegam a se deslocar grandes distâncias, como é o caso do C. brachyurus que
ocupa uma área de aproximadamente 27 Km² (Dietz 1984). Esses animais mesmos não
sendo visualizados na AID durante o levantamento possivelmente a utilizam de alguma forma.

Dentre a mastofauna, os carnívoros são importantes componentes ecológicos dos


ecossistemas, controlando as populações de suas presas, influenciando nos processos de
dispersão de sementes e a diversidade da comunidade (Terborgh 1992). Os grandes
carnívoros têm um papel importante na regulação dos ecossistemas, sendo considerados
como espécies-chave por manter e restaurar a diversidade dos mesmos. Assegurando-se a
manutenção das populações de grandes carnívoros, protege-se de outras espécies de um
mesmo ecossistema, mantendo assim o equilíbrio (Soulé & Terborgh 1999).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


188
Para ordem Chiroptera foram registradas quatro espécies para toda área do
empreendimento, todos encontrados em casas abandonadas e em galpões onde são
guardadas ferramentas. As espécies encontradas tanto para AID e para AII, são
Glossophaga soricina e Carollia perspicillata, as outras duas, Desmodus rotundus e
Lonchophila sp., só foram registradas na AII.

A preservação dos quirópteros é de grande importância, tendo em vista que morcegos


participam de importantes processos ecológicos, e interagem com um amplo espectro de
outras espécies, agindo tanto como predadores quanto como presas. Evidências levam a
supor que a interação entre morcegos e plantas tenha um importante papel na manutenção
da diversidade biológica. Morcegos utilizam os nutrientes dos frutos para a manutenção de
suas funções vitais e, em contrapartida, ajudam as plantas a colonizarem novas áreas, ou
áreas degradadas, e a se manterem onde já estão, o que, conseqüentemente, é vantajoso
para outros animais que delas dependem. Tais processos mantêm o funcionamento do
sistema ecológico em perfeita harmonia, permitindo a co-existência de várias espécies.

A maior ameaça à fauna é a perda e a fragmentação de habitat causados pela ação


antrópica, fazendo com que a disponibilidade de alimento tanto para herbívoros como para
carnívoros diminua, bem como dificultando o fluxo entre fragmentos por conta da
substituição de áreas naturais por pastagens ou monoculturas. Essa pressão faz com que
grandes carnívoros, como P. concolor, sejam bastante ameaçados por freqüentemente
atacarem o gado. Outro problema é causado por atropelamentos em estradas e rodovias
pavimentadas, principalmente para animais que percorrem grandes distâncias (Rodrigues et
al. 2002). Segundo Montovani (2001), estudando atropelamentos na região da Estação
Ecológica de Jataí - SP, relatou que as maiores taxas de atropelamentos em rodovias
pavimentadas foram atribuídas às maiores velocidades desenvolvidas pelos veículos nestas
vias e ao tráfego intenso de carros e caminhões transportadores de cana-de-açúcar e
eucalyptus sp., principalmente durante a noite.

A distribuição dos mamíferos em relação ao uso do habitat variou de 1 a 13 espécies entre


os cinco ambientes, sendo o ambiente mata estacional/cerradão e área modificada os mais
ricos (Figura 86).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


189
14

12

10
Riqueza

0
AM MS CE BU RE
Habitas

Figura 86: Distribuição da riqueza dos mamíferos encontradas para cada ambiente na área de
influência do Empreendimento

Algumas espécies mostram preferências por apenas um tipo de habitat, e outras mais
generalistas, indicando que a conservação dos diferentes tipos fitofisionômicos do Cerrado é
de fundamental importância para a preservação de sua mastofauna (Filho e Silva 2002).

6.2.2.4.3. Ornitofauna

A análise de bioindicação para ornitofauna foi realizada através de uma comparação da


fauna historicamente associada à região, em relação à fauna observada em cada um dos
biótopos a serem estudados. Para tanto se utilizou o levantamento bibliográfico
acompanhado de um checklist da fauna de provável ocorrência, previamente elaborado para
o trabalho na área de influência direta e indireta do empreendimento, tomando como
principais referências o inventário realizado no Parque Altamiro de Moura Pacheco (PEAMP)
(Naturae, 2006) e Estrutura da Comunidade de Aves em áreas de cerrado na sub-bacia do
Ribeirão João Leite (Valle, 2006), trabalhos realizados no ribeirão João Leite, afluente da
margem esquerda do rio Meia Ponte, local em que a fauna e flora assemelham-se à área de
estudo, além da utilização de estudos realizados nos municípios de Itumbiara, Cachoeira
Dourada, Goiatuba, Morrinhos com metodologia utilizada semelhante a deste estudo.

Para os trabalhos realizados no ribeirão João Leite, Valle (2006) catalogou 184 espécies de
aves para a APA João Leite, contemplando também as áreas do Parque Altamiro de Moura
Pacheco na APA. No inventário realizado pela Naturae (2006) nas áreas do PEAMP somou
20 ordens, 52 famílias, 147 gêneros e 177 espécies. Estes dados são base importantes por
se tratar da mesma bacia do Meia Ponte e ser uma área conservada por UCs.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


190
As aves identificadas na área em estudo durante esta campanha, somaram um total de 614
espécimes distribuídos em 19 ordens (95,0%), 41 famílias (78,4%), 97 gêneros (65,9%) e
110 espécies (62,1%) (Figura 87).

200
180 Espécies esperadas
160 Espécies catalogadas
140
120
100
80
60
40
20
0
Orde ns Fam ílias Gê ne ros Espécie s

Figura 87: Riqueza de espécies esperadas e encontradas para região por taxa.

Para a área de influência direta foram catalogadas (AID) 7 ordens, 8 famílias 8 gêneros e 8
espécies e para área de influência indireta (AII) foram catalogadas 19 ordens, 41 famílias 97
gêneros e 110 espécies (Figura 88). O Quadro 55 apresenta as espécies catalogadas, as
quais estão relacionadas pelo nome científico, nome vulgar, habitat e local de influência em
que a ave foi catalogada.

120
Área de inf luência direta
100 Área de inf luência indireta

80

60

40

20

0
Ordens Fam ílias Gêneros Espécies

Figura 88: Riqueza de espécies catalogadas nas áreas de influência direta e indireta.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


191
Quadro 55. Aves Identificados para a Destilaria Bocaina, Piracanjuba-GO.
TAXON
NOME CIENTÍFICO NOME COMUM AID AII HABITAT SC
ORDEM FAMÍLIA
ORDEM STRUTHIONIFORMES Família Rheidae Rhea americana Ema X AM NA
ORDEM TINAMIFORMES Família Tinamidae Crypturellus parvirostris Inhambu X AM NA
Família Anhimidae Anhima cornuta Inhuma X RE NA
ORDEM ANSERIFORMES Amazonetta brasiliensis Marreca-pé-vermelho X RE NA
Família Anatidae
Cairina moschata Pato-bravo X RE NA
ORDEM PELECANIFORMES Família Phalacrocoracidae Phalacrocorax brasilianus Biguá X RE NA
Ardea alba Garça-branca-grande X RE M
Bubulcus ibis Garça-boiadeira X RE/AM M
Butorides striata Socozinho X RE NA
Família Ardeidae
Egretta thula Garça-branca X RE NA
ORDEM CICONIIFORMES
Syrigma sibilatrix Garça-cinzenta X RE/AM NA
Tigrisoma lineatum Soco-boi X RE NA
Phimosus infuscatus Tapicuru X RE NA
Família Threskiornithidae
Theristicus caudatus Curicaca X AM NA
Cathartes aura Urubu-de-cabeça-vermelha X AM NA
ORDEM CATHARTIFORMES Família Cathartidae
Coragyps atratus Urubu X BU/MS/AM NA
Buteo albicaudatus Gavião-rabo-branco X AM NA
Elanus leucurus Gavião-peneira X AM M
Família Accipitridae Heterospizias meridionalis Gavião-da-fumaça X AM NA
Rosthramus sociabilis Gavião-caramujeiro X RE NA
ORDEM FALCONIFORMES Rupornis magnirostris Gavião-carijó X BU/AM NA
Caracara plancus Gavião-carcará X AM NA
Falco rufigularis Gavião-cauré X AM NA
Família Falconidae
Falco sparverius Gavião-quiri-quiri X X CE/AM NA
Milvago chimachima Gavião-carrapateiro X MS NA
Família Aramidae Aramus guarauna Carão X RE NA
ORDEM GRUIFORMES Família Eurypygidae Eurypyga helias Pavãonzinho X CO NA
Família Cariamidae Cariama cristata Seriema X X CE/AM NA
Família Charadriidae Vanellus chilensis Quero-quero X RE/AM NA
ORDEM CHARADRIIFORMES
Família Jacanidae Jacana jacana Jaçanã X RE NA
Columba livia Pomba-doméstica X AM EX
Columbina talpacoti Sangue-de-boi X CE/BU/MS/AM NA
Columbina squammata Fogo-apagou X CE/AM NA
ORDEM COLUMBIFORMES Família Columbidae
Leptotila rufaxilla Juriti X MS NA
Patagioenas cayennensis Pomba-do-bando X AM NA
Patagioenas picazuro Pomba-asa-branca X X MS/AM NA
Amazona aestiva Papagaio-verdadeiro X X MS NA
ORDEM PSITTACIFORMES Família Psittacidae
Ara ararauna Arara-canindé X AM NA
DESTILARIA BOCAINA - EIA
192
TAXON
NOME CIENTÍFICO NOME COMUM AID AII HABITAT SC
ORDEM FAMÍLIA
Aratinga aurea Periquito-estrela X AM NA
Aratinga auricapillus Jandaia-sol X AM NA
Aratinga leucophtalma Maritaca X AM NA
Brotogeris chiriri Periquito-verde X MS/AM NA
Diopsittaca nobilis Maracanã X AM NA
Forpus xanthopterygius Tuim X MS/AM NA
Crotophaga ani Anu-preto X MS/AM NA
ORDEM CUCULIFORMES Família Cuculidae Guira guira Anu-branco X AM NA
Piaya cayana Alma-de-gato X MS/AM NA
ORDEM STRIGIFORMES Família Strigidae Athene cunicularia Coruja-buraqueira X CE/AM NA
ORDEM CAPRIMULGIFORMES Família Caprimulgidae Nyctidromus albicollis Curiango X BU NA
Família Apodidae Tachornis squamata Andorinha-do-buriti X X BU NA
Eupetomena macroura Beija-flor-rabo-de-tesoura X MS/AM M
ORDEM APODIFORMES
Família Trochillidae Glaucis hirsutus Beija-flor X MS NA
Phaethornis pretrei Beija-flor-rabo-branco X MS NA
Megaceryle torquata Martim-pescador X RE NA
Família Alcedinidae Chloroceryle amazona Ariramba-verde X RE NA
ORDEM CORACIIFORMES
Chloroceryle americana Ariramba-verde X RE NA
Família Momotidae Momotus momota Hudu-de-coroa-azul X MS NA
Família Galbulidae Galbula ruficauda Bico-de-agulha X MS NA
ORDEM GALBULIFORMES
Família Bucconidae Monasa nigrifrons Bico-de-brasa X X MS NA
Família Ramphastidae Ramphastos toco Tucano-açu X CE/MS/AM NA
Campephilus melanoleucus Pica-pau X MS NA
Colaptes campestris Pica-pau-do-campo X CE/AM NA
ORDEM PICIFORMES Colaptes melanochloros Pica-pau-verde-barrado X MS/AM NA
Família Picidae
Melanerpes candidus Birro-birro X AM NA
Picumnus albosquamatus Pica-pau-anão-escamado X BU NA
Veliniornis passerinus Pica-pau-pequeno X MS/AM NA
Thamnophilus doliatus Choca-barrada X MS NA
Família Thamnophilidae
Thamnophilus punctatus Choca X MS NA
Família Dendrocolaptidae Lepidocolaptes angutirostris Arapaçu-supercílo-branco X MS/AM NA
Furnarius rufus João-de-barro X MS/AM NA
Família Furnariidae
Phacellodomus ruber Graveteiro X BU NA
ORDEM PASSERIFORMES Arrundinicola leucocephala Viuvinha X RE NA
Casiornis rufus Papa-mosca-marrom X MS NA
Família Tyrannidae Gubernetes yetapa Tesoura-do-brejo X MS NA
Lathrotriccus euleri Papa-mosca X BU NA
Megarynchus pitangua Bem-te-vi X MS/AM NA
Família Tyrannidae Myiarchus ferox Maria-cavaleira X MS NA
DESTILARIA BOCAINA - EIA
193
TAXON
NOME CIENTÍFICO NOME COMUM AID AII HABITAT SC
ORDEM FAMÍLIA
Myiodinastes maculatus Bem-te-vi-carijó X AM M
Myiozetetes cayannensis Bem-te-vizinho X MS/RE NA
Philohydor lictor Bem-te-vizinho-do-brejo X RE NA
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi X CE/MS/AM NA
Pyrocephalus rubinus Verãozinho X MS NA
Tyrannus melancholicus Suiriri X MS/AM NA
Xolmis cinereus Pombinha-das-almas X AM NA
Xolmis velatus Mocinha-branca X AM NA
Família Corvidae Cyanocorax cristatellus Gralha-do-campo X X CE/MS/AM EN
Stelgidopteryx ruficollis Andorinha X MS/RE M
Família Hirundinidae
Tachycineta albiventer Andorinha-do-rio X RE NA
Família Donacobiidae Donacobius atricapilla Sabiá-do-brejo X RE NA
Turdus amaurochalinus Sabiá-pororoca X BU/MS M/VS
Família Turdidae Turdus leucomelas Sabiá-pardo X MS NA
Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira X MS M/VS
Família Mimidae Mimus saturninus Sabiá-do-campo X AM NA
Schistochlamyis melanopis Sanhaço-de-coleira X MS NA
Tangara cayana Saíra-peito-amarelo X AM NA
Tersinia viridis Saí-andorinha X MS M
Família Thraupidae
Thlypopsis sordida Saí-canário X MS NA
Thraupis palmarum Sanhaço-pardo X AM NA
Thraupis sayaca Sanhaço-azul X AM NA
Ammodramus humeralis Tico-tico-do-campo X AM NA
Sicalis flaveola Canário-da-terra X AM NA
Família Emberizidae Sporophila caerulescens Coleirinho X AM NA
Sporophila nigricollis Coleirinho X AM NA
Volatinia jacarina Tiziu X AM NA
Cacicus cela Xéxeu X MS/AM NA
Gnorimopsar chopi Pássaro-preto X X AM NA
Família Icteridae
Molothrus bonariensis Galdério X AM NA
Psarocolius decumanus João-congo X MS NA
Família Icteridae Sturnella superciliaris Policia-inglesa X AM M
Família Frigillidae Euphonia chlorotica Gaturama X MS NA
Legenda: Localidades com amostragem: AID – Área de Influência Direta e AII – Área de Influência Indireta. Os campos indicados por X destaca a presença nas localidades. Os habitats foram
considerados as formações de Matas estacional/cerradão/galeria (MS), Cerrado (CE),Vereda/Mata Ciliar/Buritizal (BU), Represa, Lago do Rochedo (RE), Rio Meia Ponte (CO), e Área
Modificada (AM). Quanto a situação de conservação (SC): Não Ameaçados de extinção (NA), Endêmicas (EN), Migratórias (M), Visitante Sul (VS) e Exótico (EX).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


194
Esses resultados eram esperados devido à área de influência direta estar antropizada
(pastagem), apresentando apenas uma pequena mata estacional semidecidual e pequena
vereda. Os ambientes identificados na área destinada à construção do empreendimento
podem ser representados, respectivamente, pelas seguintes espécies: seriema (Cariama
cristata), bico-de-brasa (Monasa nigrifrons) e andorinha-do-buriti (Tachornis squamata).

Nas áreas de influência direta e indireta da Destilaria Bocaina apresentou-se um predomínio


de espécimes encontrados em áreas modificadas com 53,9% dos espécimes catalogados,
decorrente da facilidade de avistar e identificar espécies em área modificadas, além do
predomínio deste ambiente. A área modificada apresentou 331 espécimes, enquanto que
ambiente aquático, vereda/mata ciliar/buritizal, mata estacional e cerrado apresentaram,
respectivamente, 107, 28, 19 e 9 indivíduos por fitofisionomia.

A maritaca (Aratinga leucophtalma), garça-boiadeira (Bubulcus ibis), anu-preto (Crotophaga


ani) e coleirinho (Sporophila nigricollis) estão entre os habitantes mais comumente
observados. A seriema (Cariama cristata) juntamente a inhuma (Anhima cornuta), possuem
as vozes mais conspícuas da região no período trabalhado. O carcará (Carcara plancus) e o
gavião-quiri-quiri (Falco sparverius) são os carnívoros mais freqüentes. Dentre os frugívoros
que habitam o Cerrado regional pode-se destacar o arara-canindé (Ara ararauna), maritaca
(Aratinga leucophtalma), os passeriformes como o sanhaço-azul (Thraupis sayaca) e o
gaturamo (Euphonia chlorotica). Todas listadas na AII do empreendimento.

Outras espécies características da região são: a fogo-apagou (Columbina squamata), o anu-


branco (Guira guira), o bico-de-agulha (Galbula ruficauda), o pica-pau-anão-escamado
(Picumnus albosquamatus), o suiriri (Tyrannus melancholichus), e o tiziu (Volatinia jacarina).

Para análise das dietas alimentares as espécies catalogadas foram separadas em diferentes
categorias de acordo com Nunes et. al. (2005). Assim pode-se constatar um domínio de
aves insetívoras com 36 (33,6%) espécies, seguida pelas onívoras 29,1% (N=32), frugívoras
14,6% (N=16), carnívoras 10,0% (N=11), granívoras 6,4% (N=7), nectarívoros 2,7% (N=3),
malacófagas 1,8% (N=2) e detrítivoras 1,8% (N=2) (Figura 89).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


195
40

Número de espécies 35
30
25
20
15
10
5
0
In

Fr

N
G

C
éc

et

ar
se

ra

al
ug
vo

ac

rít


ta

tív

ív

vo
riv
vo

iv
ra

óf
or
or

or
ag

ra
or
ra

a
a

a
a
a
Figura 89: Riqueza de espécies por guildas alimentares.

Os vales, já bastante descaracterizados e, consistindo, hoje, de pastagens e áreas de


agricultura, apresentam espécies generalistas onívoras, como a seriema (Cariama cristata)
e o quero-quero (Vanellus chilensis). A presença muito bem marcada de espécies
campestres como as inhambu (Tinamidae) denota o caráter já secundário dessas áreas,
uma vez que essas espécies não ocorriam, originalmente, nas matas decíduas que
recobriam essa região. As espécies arborícolas presentes são aquelas de grande
capacidade de deslocamento sobre áreas desbastadas, como tucano-açu (Ramphastos
toco) e sanhaços (Thraupis sayaca e Thraupis palmarum). Estas visitam regularmente as
formações arbóreas presentes no interior dos sítios, podendo, inclusive, aí reproduzirem-se.
Esses sítios, no entanto, são incapazes de sustentar populações de espécies florestais
como os Formicarideos, que necessitam de coberturas vegetais extensas. Os insetívoros
anus (Crotophaga ani e Guira guira); suiriri (Tyrannus melancholichus) e joão-de-barro
(Furnarius rufus) estão entre as aves mais comuns. Muitos granívoros aproveitam as
diferentes espécies de gramíneas nativas e exóticas para seu forrageio, dentro as quais, os
canários-da-terra (Sicalis flaveola) e os tizius (Volatinia jacarina).

A maioria das espécies registradas neste estudo possui ampla distribuição geográfica
exceto a gralha-do-campo (Cyanocorax cristatellus) que é endêmica do Cerrado de acordo
com Cavalcanti & Braz (2001).

A migração da avifauna representa uma intensa movimentação entre os habitats da América


do Sul. A extensão das migrações é altamente variável; enquanto que algumas populações
desviam-se apenas um pouco para o Norte, outras atravessam todo o continente. Esses
aspectos fazem da avifauna um grupo que sempre terá uma boa representatividade da
diversidade taxonômica, com grandes variações sazonais. Entretanto, a depauperação

DESTILARIA BOCAINA - EIA


196
faunística é notada nos grupos (Famílias) com maior capacidade de permanência, devido à
grande associação desses animais às áreas florestadas ou arbóreas, contrastando com os
fragmentos de tamanho desigual.

Nesse estudo foram identificadas oito espécies migratórias, sendo duas visitantes dos Sul
(Turdus amaurochalinus e Turdus rufiventris – sabiás), enquanto que as outras seis
espécies (Ardea alba – garça-branca-grande, Bubulcus ibis – garça-boiadeira, Elanus
leucurus – gavião-peneira, Pyrocephalus rubinus – verãozinho, Stelgidopteryx ruficollis –
andorinha, Tersinia viridis – saí-andorinha e Sturnella superciliaris – polícia-inglesa são
migratórias locais (regionais) (Sick, 1997 e Cavalcanti & Braz, 2001).

Alguns espécimes avistados na campanha da Destilaria Bocaina estão representados nas


Figuras 90 a 93.

A abundância e a composição de espécies de aves está associada às características


florísticas e estruturais do habitat (Tubelis e Cavalcanti, 2001). Em se tratando do Cerrado,
os ambientes florestais possuem maior complexidade estrutural (Cavalcanti, 1992)
permitindo assim uma maior disponibilidade de habitats a serem explorados pela avifauna,
além da oferta abundante de água (Monteiro e Brandão, 1995), neste estudo representada
pelos cursos de água pertencentes ao ribeirão João Leite. Segundo Silva (1996), a mata de
galeria que ocorre ao longo dos principais cursos d’água do Cerrado exerce papel
fundamental na colonização de ambientes florestais por parte das aves. Entretanto, a
conservação dos ambientes pode também influenciar nos resultados obtidos, garantindo,
entre outros, a disponibilidade de habitats, que em ambientes conservados sustentam uma
maior diversidade de aves (Raphael et al.,1987; Woinnarki et al., 1988; Sick, 1987; Sykes et
al., 1989) oferecendo, por exemplo, locais apropriados para nidificação como é o caso das
áreas florestais preservadas no Cerrado do Mato Grosso, onde Silveira e D’Horta (2002)
classificaram 49,4% e 20,1% das espécies de aves como dependentes e semidependentes,
respectivamente, das formações florestais para nidificação.

É extremamente variável a resposta dos diversos grupos taxonômicos à fragmentação das


formações naturais. Existe uma sucessão ecológica inevitável ao nível de diversidade, com
a permanência de espécies de maior tolerância. Esse fator é mais evidente em espécies de
movimentação restrita como anfíbios e répteis. De outro lado, as atividades de
forrageamento e reprodução são reguladas de acordo com a distribuição espacial dos
recursos, sendo desenhada para a predação eficiente de um recurso chave.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


197
Figura 90: A Inhuma (Anhima cornuta) foi Figura 91: Beija-flor (Glaucis hirsutus)
encontrada na AII e AIDdo empreendimento e capturado em mata fechada na AII.
também foi registrado um casal com seu
filhote na AII.

Figura 92: Fêmea de Pica-pau-anão- Figura 93: Macho de Pica-pau-anão-


escamado (Picumnus albosquamatus) escamado (Picumnus albosquamatus)
capturada momentos antes de seu parceiro apresentando dimorfismo sexual
na AII. caracterizado pela crista alaranjada.

Cerca de 70% da avifauna do cerrado é dependente ou semidependente de formações


florestais (Silva, 1995). Neste contexto, e levando em conta que estas formações
correspondem à área do domínio do cerrado, conclui-se que alterações neste tipo de
ambiente apresentam um impacto para a avifauna e deve ser levado em consideração em
futuros planos de manejo.

As fragilidades ambientais locais estão sempre associadas às ações antrópicas destrutivas.


Essas podem ser resumidas nas ações: desmatamento, pastagens e caça.

As considerações sobre os efeitos sobre a fauna dependem muito do conhecimento da


diversidade local e sua representatividade nos fragmentos presentes nas bacias de

DESTILARIA BOCAINA - EIA


198
inundação e nas áreas de influência direta e indireta. Além disso, devem ser consideradas
as limitações da preservação de fragmentos dentro de propriedades particulares.

Poucos são os trabalhos descritivos sobre esse tipo de transformação, mas apontam para a
necessidade de estudos taxonômicos e populacionais continuados, dentro e fora da área de
influência dos empreendimentos, visando propor ações mais concretas e melhor
fundamentadas (vide Pavan, 2001).

Nas aves os processos não são imediatos devido às suas capacidades de deslocamento
espacial, entretanto, a médio-longo prazos, os processos são completamente
desconhecidos. É de se esperar um comprometimento de várias espécies que se utilizam de
ambientes ripários, áreas preferenciais de forrageamento e nidificação. Pelos estudos
complementares temáticos é possível sugerir uma possibilidade de acomodação faunística
se os fragmentos adjacentes se mantiverem durante o curso de implantação dos
empreendimentos. A preservação dos remanescentes do entorno poderão garantir áreas de
manutenção faunística de eficiência variável, pendente a programas específicos de
monitoramento a longo prazo (Rodrigues, 2002).

O manejo do fragmento, além da proteção efetiva de certas espécies contra a caça e a


captura para gaiolas, é necessário para se evitar que outras espécies de aves declinem ou
se tornem extintas localmente.

Uma das alternativas seria propor mecanismos compensatórios aos proprietários das terras
consideradas ideais para compor os corredores de paisagem, fazendo acordos com o
pagamento de compensações para que eles deixem de explorar determinadas áreas,
permitindo o retorno das espécies naturais (Sick, 1997).

6.2.2.4.4. Entomofauna

As dinâmicas populacionais como a migração, taxa de natalidade e mortalidade são


modificadas à medida que a estrutura das comunidades é alterada, em virtude dos eventos
de extinção, seleção artificial e introdução de espécies exóticas.

A construção de barragens, por exemplo, é acompanhada pela perspectiva de que a


proliferação de sistemas lênticos pode favorecer o aumento na abundância de Dipteras
hematófagos, homofílicos, potencialmente vetores de agentes etiológicos nocivos ao
homem, como protozoários, vírus e bactérias.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


199
Quando, em uma dada região, ocorre uma disponibilidade maior de criadouros, habitats e
alimento, o ambiente apresenta uma capacidade suporte acima da que existia em períodos
anteriores, o que pode gerar o crescimento populacional de alguns grupos de insetos,
fazendo com que suas populações alcancem níveis de abundância incompatíveis com o
bem estar e a ocupação humana de um dado local. Essa alteração pode ser temporária ou
permanente.

Para a maioria dos insetos as variações nas taxas de natalidade podem ocorrer em resposta
a uma alteração do meio. Essa característica favorece a classificação de certos grupos de
organismos como organismos bioindicadores e a utilização desses nas medidas de
biossanidade.

A expansão das áreas de cultivo é, para ecologia dos organismos que acompanham as
culturas vegetais, um aumento na disponibilidade de recursos, o que quase sempre resulta
em alterações nas taxas de natalidade. O alto potencial biótico verificado na maioria dos
artrópodes permite a esses invertebrados colonizarem-se e propagarem-se rapidamente,
criando adensamentos populacionais que podem ser notados pelas infestações de campos
de cultivo ou pela invasão do ciclo peridoméstico.

A resiliência dos artrópodes aos combates químicos, o grande potencial biótico dos
indivíduos férteis e a tendência ao cosmopolitismo fazem desse grupo objeto de atenção e
estudos. A manutenção da homeostase do ecossistema é de fundamental importância para
promover o ajuste dos estoques naturais desses invertebrados e tamponar os efeitos
indesejados de um eventual descontrole das densidades populacionais e os efeitos disso
sobre a saúde humana e produção de alimentos.

Para lidar de maneira objetiva com os insetos que podem vir a causar prejuízos ao homem,
é essencial que as espécies sejam conhecidas e o tamanho de suas populações estimado.
Essa é uma das propostas do presente estudo de entomofauna

Foram amostrados 68 indivíduos distribuídos em 9 ordens e 12 espécies. Hymenoptera,


Isoptera, Coleoptera, Hemyptera, Lepdoptera e Orthoptera são ordens de grande
importância agrícola e por isso foram objeto de maior investigação quali-quantitativa.

A abundância média de Hymenoptera foi a maior registrada no somatório das quatro


amostragens (duas AID e duas AII), sendo seguida pela abundância de Diptera, Coleoptera
e Lepidoptera. (Figura 94).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


200
9 3,5

Abundância Média
Frequência
8
3

2,5
6

2
5

Frequência
Ab. média

4
1,5

3
1

0,5
1

0 0
Aracnídeo Coleoptera Diptera Hemyptera Hymenoptera Isoptera Lepidoptera Ortoptera
Táxons

Figura 94: Abundância média e freqüência dos indivíduos amostrados na área de influência
direta e indireta – Piracanjuba - Goiás. A maior abundância registrada foi de Hymenoptera
sendo seguida pela abundância de Diptera e Hemyptera.

A dominância, em número de organismos coletados, dos Hymenopteros, deve-se, em parte,


a metodologia de coleta (armadilhas do tipo pitfall têm uma maior tendência a coletar
formigas) e, em parte, ao fato das formigas (uma família de Hymenopteros, Formicidae)
construírem um dos grupos de insetos mais abundantes dos ecossistemas terrestres em
toda a biosfera.

Existe uma grande necessidade em avaliar rapidamente o impacto antrópico sobre as


comunidades, principalmente em ecossistemas tropicais, devido à escassez de informações
sobre as comunidades e o elevado grau de destruição de habitats nestas regiões, causados
principalmente por poluição e desmatamentos.

É importante observar que o delineamento mais comum para buscar medir os impactos
ambientais sobre a qualidade de habitats, tem sido a comparação das variáveis ambientais
e da diversidade biológica em áreas impactadas e não impactadas.

Neste caso, levando-se em consideração a abundância e riqueza de todos os grupos


taxonômicos encontrados, a comunidade de insetos da área estudada apresenta um
pequeno grau de desequilíbrio, podendo ser consideradas ainda áreas não impactadas. No
entanto, vale ressaltar que a distribuição de riqueza e abundância da biota local pode refletir
uma estrutura de comunidade já adaptada às condições antropizadas da região e não uma

DESTILARIA BOCAINA - EIA


201
comunidade natural em equilíbrio. No Quadro 56 evidencia-se os registros dos insetos de
importância agrícola amostrados.

Quadro 56. Comunidade de invertebrados de importância agrícola amostrados na


área de influencia da Destilaria Bocaina, Piracanjuba-GO.
Abundância
pitfall 1(AID) pitfall 2(AII) shannon 1(AID) shannon 2(AII) Frequência
Média
Aracnida Aracnídeo 0 4 0 0 1 1
Trogossitidae 0 1 0 0 0,25 1
Coleoptera Tenebrionidae 0 0 1 0 0,25 1
Coleoptera 0 0 1 1 0,5 2
Diptera Ceratopogonidae 0 0 1 16 4,25 2
Hemyptera Hemyptera 0 0 2 2 1 2
Hymenoptera Formicidae 17 10 1 0 7 3
Isoptera Isoptera 0 0 2 0 0,5 1
Lepidopt Lepidoptera 0 0 0 5 1,25 1
Ortoptera Ortoptera 0 0 0 1 0,25 1
Psocoptera Psocoptera 0 0 1 0 0,25 1
NI 1 NI 1 0 0 0 2 0,5 1
Abundância Total 17 15 9 27
Riqueza 1 3 7 6

Na Figura 95 registra-se a abundância média e a freqüência registrada nos pontos amostrados


para AID e AII, destacando maior riqueza e abundância para a AII e a maior riqueza e menor
abundância para a amostragem com armadilha luminosa Shannon 2 para AID.

30 8

Abundância Total
7
Riqueza
25

20
5
Ab. total

Riqueza

15 4

3
10

5
1

0 0
pitfall 1 pitfall 2 shannon 1 shannon 2
Amostradores

Figura 95: Abundância média e a freqüência registrada nos pontos pitfall 1 e shannom 1 na
área de influência direta (AID) e pontos pitfall 2 e shannom 2 na área de influência e indireta
(AII) da Destilaria Bocaina, Piracanjuba – Goiás.

No levantamento feito foram encontrados inúmeros insetos de potencial importância agrícola


dentre eles estão alguns representantes das ordens coleoptera, hemiptera, isoptera e
hymenoptera. No entanto, diferente do que se esperava, a maior parte destes insetos
DESTILARIA BOCAINA - EIA
202
possue um potencial benéfico às culturas. De uma forma geral foram encontrados espécies
predadoras, como Colepteros das familias Tenebrionidae e Carabidae, Hymenopteros das
famílias Formicidae e Vespidae. Estes organismos são predadores de outros insetos e
podem ser úteis na remoção de pragas agrícolas. Porém algumas pragas em potencial
foram encontradas. Entre elas estão besouros da família Scarabaeidae e da família
Melyridae, estes últimos, de grande importância como pragas da cana na região centro-
oeste do país, tiveram sua importância aumentada nas outras regiões do país com o fim da
queima da cana na colheita. Uma vez que esta prática não será mais permitida, o potencial
econômico destas famílias tende a crescer, no entanto, não foi determinada a presença das
espécies mais destrutivas, como a cigarrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriolata).

Outra ordem de insetos encontrada com potencial importância econômica foi a ordem
Isoptera. Estes insetos possuem papel fundamental na ciclagem da matéria orgânica do
solo, uma vez que são detritívoros e representam 95% da biomassa de insetos terrestres em
ambientes tropicais. Assim sabe-se que alguns gêneros são danosos à cultura da cana-de-
açúcar (os quais não foram encontrados nas coletas), porém a maioria das espécies se
alimenta de matéria vegetal morta e de solo rico em material orgânico.

Pode-se concluir que há uma tendência ao equilíbrio entre as espécies potencialmente danosas
à cultura de cana-de-açúcar e as espécies benéficas, no entanto o manejo das áreas (mesmo
nas possíveis áreas de reflorestamento nas APPs) pode prejudicar a estrutura da entomofauna
benéfica levando a uma depauperação da abundância destes organismos e, desta forma,
elevando outros organismos ao status de praga. Faz-se necessário então um manejo mais
elaborado e baseado no monitoramento não só das populações dos insetos pragas, mas
principalmente do monitoramento das populações dos insetos benéficos.

6.2.2.4.5. Organismos Aquáticos

Em todos os continentes, os recursos hídricos superficiais e subterrâneos deterioram-se


rapidamente devido às múltiplas atividades humanas que se desenvolvem com grande
intensidade nas bacias hidrográficas do planeta (Tundisi, 1999). Somando a crescente
demanda por este recurso, os estudos limnológicos (benton, perifiton e peixes) tornam-se
cada vez mais necessários.

Como todo ecossistema, os rios envolvem uma complexa interação da biota com o seu
ambiente físico e químico. O fluxo unidirecional da corrente impõe uma grande limitação ao
estabelecimento dos organismos no ambiente lótico. Para se fixar e colonizar este ambiente,
a biota apresenta estratégias adaptativas de morfologia do corpo (achatamento),
DESTILARIA BOCAINA - EIA
203
comportamento de mobilidade e orientação dentro do rio. Tais estratégias levam os
organismos à seleção de microhabitats visando reduzir a exposição às fortes correntes.

O desenvolvimento econômico e social de qualquer país está fundamentado na


disponibilidade de água de boa qualidade e na capacidade de conservação e proteção dos
recursos hídricos (Tundisi, 1999), logo, uma das principais preocupações atuais é com a
poluição em ecossistemas aquáticos, que pode afetar a saúde humana e as comunidades
aquáticas.

As bacias hidrográficas são as unidades naturais do estudo dos ecossistemas, tanto


aquáticos como terrestres. O impacto do homem sobre o meio ambiente tem sido grande e
vem aumentando, pois tradicionalmente se tem empregado os rios para eliminar os
efluentes resultantes das atividades humanas. Outras atividades antrópicas, como o corte e
a queimada de matas, uso inadequado do solo provocando erosão, agricultura, construção
de cidades e rodovias, contribuem também para aumentar a concentração de materiais na
água de escoamento (Margalef, 1983).

• Bentos

Nas últimas décadas, a degradação dos ecossistemas aquáticos tem ocorrido de forma
rápida e contínua devido aos múltiplos impactos ambientais provenientes de muitas
atividades antrópicas, entre as quais pode-se destacar: a mineração, a construção de
barragens, o despejo de efluentes industriais e domésticos sem tratamento, a
superexploração dos recursos pesqueiros, os desmatamentos e usos inadequados do solo
em regiões ripárias, entre outras (Miserendino, 2001).

As avaliações de impactos ambientais em ecossistemas aquáticos, em geral, são realizadas


através de análises físico-químicas, as quais permitem a identificação imediata e a
quantificação precisa das alterações nas propriedades químicas e físicas da água. Porém o
método de monitoramento oferece algumas desvantagens, como a descontinuidade
temporal e espacial das amostragens. Assim os resultados das avaliações através das
análises das variáveis físicas e químicas fornecem apenas um retrato momentâneo de uma
situação altamente dinâmica (Buss et al., 2004).

A comunidade de macroinvertebrados bentônicos (do grego: bénthos = profundidade) é


formada por organismos que habitam os substratos de fundo de ecossistemas aquáticos
(sedimentos, rochas, pedaços de madeira, macrófitas aquáticas, algas filamentosas, etc.)
pelo menos em parte de seus ciclos de vida. Podem viver sobre o substrato ou enterrado
nele, possuem uma limitada capacidade de locomoção e, geralmente, não sofrem ação da
correnteza (Takeda et al., 1991).
DESTILARIA BOCAINA - EIA
204
Os estudos de estrutura da comunidade bentônica têm adquirido caráter essencial nos
trabalhos de avaliação de impactos sobre os ecossistemas aquáticos. As alterações na
organização dessa comunidade representam informações importantes quando o objetivo é o
biomonitoramento desses sistemas (Brigante et al., 2003).

Espécies de macroinvertebrados bentônicos são diferencialmente sensitivas a muitos


fatores bióticos e abióticos no ambiente. Conseqüentemente, a estrutura da comunidade de
macroinvertebrados tem comumente sido usada como indicadora de condições em um
sistema aquático. Mudanças em presença/ausência, números, morfologia, fisiologia ou no
comportamento desses organismos, podem indicar que as condições químicas e/ou físicas
estão fora de seus limites preferidos.

O objetivo deste estudo é realizar o levantamento da comunidade de invertebrados


bentônicos nos córregos Cachoeira, São Pedro, da Ponte Furada e ribeirão Bocaina, antes
da implantação da destilaria de álcool, em agosto de 2007. Estes dados são essenciais para
realização de futuros monitoramentos, quando os impactos da indústria sobre a qualidade
ambiental desses mananciais poderão ser dimensionados.

A comunidade de invertebrados bentônicos foi coletada em quatros pontos amostrais, sendo


1 no córrego Cachoeira, 1 no São Pedro, 1 na Ponte Furada e 1 no ribeirão das Bocainas
sendo utilizado um amostrador de Surber, com 2 réplicas em cada ponto (Figuras 96 a 99).
Não houve a necessidade da utilização de uma draga em nenhum dos pontos escolhidos
pois a profundidade não ultrapassava 1 metro.

Figura 96: Ponto 1, córrego Cachoeira Figura 97: Ponto 2, córrego São Pedro

DESTILARIA BOCAINA - EIA


205
Figura 98: Ponto 3, córrego da Ponte Furada Figura 99: Ponto 4, ribeirão Bocaina

Os ecossistemas lóticos caracterizam-se pela dinâmica da sua própria estrutura: forma


linear, fluxo direcional, escoamento oscilante, leitos instáveis, processos de erosão e
decomposição, alterações físicas ao longo do gradiente longitudinal e intensas alterações
com os ecossistemas adjacentes (Towsend et al., 2006).

A comunidade de invertebrados bentônicos neste estudo esteve representada


principalmente pelos insetos. A dominância dos insetos em riachos de fundo pedregoso têm
sido observada em vários estudos (Kikushi & Uieda, 2005), o que corrobora com este
trabalho. Neste trabalho encontrou-se 23 táxons, dentre esses, 19 são insetos (Quadro 57).

Quadro 57. Comunidade de invertebrados bentônicos (ind./m2) encontrada em


mananciais na área de influência da Destilaria Bocaina, Piracanjuba-GO.
P1 P2 P3 P4 Abundância Média Frequência
Thraulodes 0 0 0 120 30 1
Leptohyphes 0 120 0 40 40 2
Farrodes 0 0 0 40 10 1
Ephemeroptera
Baetodes 0 0 0 20 5 1
Cloeodes 0 20 0 100 30 2
Camelobaetidius 0 0 0 20 5 1
Cestodes 0 20 0 0 5 1
Dicaminus 0 20 0 0 5 1
Trichoptera
Leptonema 0 0 20 40 15 2
Smicridea 0 0 0 60 15 1
Chironomidae 20 2040 180 420 665 4
Simuliidae 0 40 40 20 25 3
Diptera
Ceratopogonidae 0 0 0 20 5 1
Tipulidae 0 0 0 40 10 1
Odonata Libellulidae 20 20 40 0 20 3
Heteroptera Naucoridae 0 20 0 0 5 1
Elmidae 40 80 0 180 75 3
Coleoptera
Hydrophilidae 0 20 0 0 5 1
Lepidoptera Pyralidae 0 20 0 0 5 1
Oligochaeta 0 0 1000 20 255 2
Anellida
Hirudinea 20 0 0 0 5 1
Mollusca Biomphalaria 0 0 20 0 5 1
Microcrustacea Ostracoda 0 0 1700 0 425 1
Abundância Total 100 2420 3000 1140
Riqueza 4 11 7 14
Índice Shannon H’ 0,602 1,041 0,845 1,146
Equitabilidade 0,997 0,978 0,968 0,99
DESTILARIA BOCAINA - EIA
206
Os pontos 3 e 4 apresentaram as maiores riquezas taxonômicas, provavelmente devido ao
tipo de substrato registrado, cascalho e folhiço (Figura 100). Apenas nesses pontos foram
registrados táxons sensíveis de Ephemeroptera e Trichoptera. Nos pontos 2, 3 e 4 foi
observada apenas uma vegetação parcial, o que pode ser prejudicial para a maioria dos
indivíduos da comunidade, principalmente no período chuvoso. Neste período, há o
escoamento do ambiente terrestre para o corpo aquático, o que ocorreria em menores
proporções se houvesse uma cobertura vegetal total. O carreamento de sólidos para o corpo
hídrico causa o soterramento dos indivíduos da comunidade. O ponto 4 apresentou a maior
riqueza de Ephemeroptera e Trichoptera, o que demonstra que a qualidade da água neste
ponto encontra-se boa, uma vez que a maioria dos gêneros dessas ordens são sensíveis às
poluições.

Apesar do ponto 1 apresentar aparentemente uma boa qualidade de água, ele apresenta
características de nascente, uma vez que está bem próximo desta. Assim, a cobertura
vegetal (mata de galeria) limita a sobrevivência de certos táxons, devido a menor entrada de
luz e da grande entrada de folhas das árvores. Em nascentes há o predomínio de táxons
cortadores (que cortam as folhas para se alimentar) e predadores, apresentando pouco ou
não apresentando táxons filtradores (filtram a água para se alimentar do material em
suspensão – folhas cortadas pelos cortadores), fragmentadores (fragmentam os pedaços
menores das folhas já cortados), sugadores (sugam a seiva das folhas) e raspadores
(raspam o perifíton). Neste ponto foram identificadas as familias Chironomidae e Elmidae,
que existem táxons pertencentes a praticamente todos os grupos funcionais
(fragmentadores, predadores, cortadores, filtradores e sugadores), estando em todos os
tipos de ambiente. Também foi encontrada a família Libellulidae (Odonata) que é predadora,
sendo facilmente encontrada quando a qualidade da água não apresenta alterações, uma
vez que sempre há organismos para ela predar.

As variáveis físicas de um rio natural apresentam gradiente contínuo de montante para


jusante, com as comunidades biológicas se ajustando, através da substituição de espécies,
no sentido de usar com maior eficiência a energia. Trechos de rios cujo contínuo longitudinal
é artificialmente fragmentado, mas que são ricos em estruturas físicas podem suportar
populações viáveis por fornecerem suficiente alimento e áreas de reprodução. Alterações
dos hábitats, tais como, canalização das margens, destruição da vegetação ripária ou
barramentos e a deterioração da qualidade da água, exercem uma profunda e negativa
influência no ecossistema, podendo causar variações na distribuição espaço-temporal na
comunidade bentônica (VANNOTE et al., 1980).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


207
3500 16

Abundância Total
Riqueza
14
3000

12
2500
Abundância Total (ind./m )
2

10

2000

Riqueza
8

1500

1000
4

500
2

0 0
P1 P2 P3 P4
Pontos

Figura 100: Abundância total (ind./m2) e riqueza da comunidade bentônica.

A maior abundância total foi registrada no ponto 3 devido a grande densidade de


Oligochaeta e Ostracoda observada. O substrato neste ponto era formado principalmente
por areia e matéria orgânica, o que é favorável às Oligochaeta, pois são comedoras de
matéria orgânica. Os Ostracoda geralmente ficam em locais arenosos e, por apresentarem
distribuição agregada, na maioria das vezes são encontradas altas densidades. Foram
registrados nesse ponto principalmente táxons resistentes e que apresentaram uma alta
densidade. Uma forte dominância de um ou dois táxons indica baixa uniformidade de
recursos.

Chironomidae apresentou as maiores freqüências e abundâncias médias, sendo registrado


em todos os pontos. Entre os colonizadores, geralmente a família Chironomidae é
dominante, já que suas características eurióicas (área de distribuição ampla), somadas ao
seu comportamento de dispersão pela deriva, conferem a ela a condição de pioneirismo.
Além disso, são extremamente resistentes às alterações ambientais, suportando ficar em
ambientes extremamente poluídos (Figura 101).

O maior índice de diversidade e a maior equitabilidade foram registrados no ponto 4, devido


a maior riqueza taxonômica registrada e uma maior equidistribuição, ou seja, uniformidade
observada na distribuição dos táxons.

No presente estudo, a comunidade de invertebrados bentônicos apresentou-se estruturada


nos pontos 2 e 4, apresentando uma alta riqueza e táxons sensíveis a alterações ambientais
(principalmente Ephemeroptera e Trichoptera), ao contrário dos demais pontos, onde foi
registrada uma baixa riqueza e a ausência de táxons dessas ordens.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
208
Ressalta-se a importante a continuidade do monitoramento, sendo necessário um volume maior
de dados para respostas mais consistentes e conclusivas; é necessário que padrões mais claros
na distribuição espaço-temporal da comunidade sejam observados, distinguindo a influência de
fatores naturais de fatores antropogênicos sobre a comunidade.

A comunidade de invertebrados bentônicos demonstrou-se estruturada nos pontos 2 e 4,


apresentando táxons sensíveis às alterações ambientais. Assim, os impactos gerados com a
implantação do empreendimento na qualidade da água, poderão causar uma desestruturação
nesta comunidade, principalmente nesses mananciais. Abaixo estão descritos alguns impactos
decorrentes da implantação de uma usina e as medidas que deverão ser tomadas para que os
ecossistemas aquáticos envolvidos não sofram grandes impactos.

700 5

Abundância Média
Frequência
600
4

500
Abundância média (ind./m )
2

3
400

Frequência
300
2

200

1
100

0 0
ae
s
s

ae

e
ae
es

a
s

da
s

es

us

ae
es

a
ae
ae
ea

ae

ae
iu
he

de

da
de

em

i
et

ne

ar
id
od

id

rid
od
od

in
tid

co
lid
rid

iid

id
lid

ha
yp

to

ili
to

on

al
di
m
am

i
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lm

al
ae

llu
ul

co
am loe

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ul
rr

ph
c
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ae

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oh

no

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lig
B

H
pt

ro
Th

O
S

op
Le
D

Li

yd
N

io
el
Le

O
hi

at

B
H
C

er
C

Táxons

2
Figura 101: Abundância média (ind./m ) e frequência dos taxons da comunidade.

A comunidade de invertebrados bentônicos presente em um manancial lótico (água


corrente) que não sofre ou não sofrerá qualquer tipo de impacto (despejo de efluentes, lixo,
desmatamento, etc.) provavelmente permanecerá estruturada, apresentando uma alta
riqueza taxonômica, além da presença de táxons sensíveis à poluição, que habitam
ambientes com águas limpas (despoluídas) e bem oxigenados. Esta comunidade está
sujeita apenas a “estresses” originados por causas naturais (regime de chuvas/seca,
variações na temperatura, características físicas e químicas do corpo hídrico, etc.).

Por outro lado, se ocorrer qualquer despejo ou vazamento de poluentes que atinja os
mananciais, poderá haver imediatamente a contaminação da água e do sedimento, afetando
diretamente a comunidade, causando mudanças na sua estrutura (abundância e
composição), aumento do drift dos táxons sensíveis (mecanismo pelo qual muitos
DESTILARIA BOCAINA - EIA
209
organismos escapam de condições desfavoráveis, deixando que sejam transportados pela
correnteza, segundo Hose, 2002), ou até mesmo pode ocorrer o desaparecimento desses
táxons. Outro fato importante é o aparecimento (e/ou aumento da abundância) de táxons
tolerantes, como por exemplo, alguns gêneros de Chironomidae (Diptera), Oligochaeta,
entre outros. Muitos tipos de alterações na população de invertebrados bentônicos podem
depender do tipo, da duração e da intensidade do estressor ou do estímulo (Gillespie et al.,
1998), por isso torna-se necessário um monitoramento constante deste manancial, para que
possamos ter um diagnóstico correto.

As poluições orgânicas e químicas podem comprometer o uso das águas do córrego,


principalmente, o uso doméstico e irrigação de hortas. Em um processo de médio prazo, o
assoreamento pode comprometer a quantidade de água disponível córrego.

Todos os impactos potenciais listados para a qualidade das águas terão efeitos sobre a
comunidade de invertebrados bentônicos. Estes efeitos acarretarão modificações na
estrutura da comunidade, com a provável diminuição da riqueza taxonômica e
desaparecimento dos táxons mais sensíveis (EPT).

O aumento da concentração de sólidos em suspensão na coluna d’água, resultante do


processo de assoreamento, provoca efeitos diretos sobre os organismos: soterramento do
substrato e conseqüente empobrecimento da diversidade de habitats; soterramento e
abrasão dos organismos; aumento da turbidez da água, diminuindo a produção autóctone e
prejudicando os táxons que possuem orientação óptica; alteração da relação entre
quantidade de material orgânico e inorgânico no sedimento; desaparecimento ou diminuição
dos táxons sensíveis, especialmente os filtradores.

O enriquecimento da água dos córregos (poluição orgânica) e suas conseqüências sobre a


qualidade da água, resultam em diminuição da riqueza taxonômica, com desaparecimento
de táxons sensíveis e aumento da densidade de poucos táxons resistentes, que suportam
baixa concentração de oxigênio dissolvido e utilizam a matéria orgânica como alimento
(alguns gêneros de Chironomidae e Oligochaeta).

A diminuição da vazão dos córregos pode (principalmente no período de seca) levar a secar
alguns trechos do seu curso, acabando com os hábitats necessários para a sobrevivência
da comunidade e a estagnação da água em outros, diminuindo a concentração de gases e
intensificando a influência de possíveis poluentes.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


210
• Perifiton

Em todos os continentes, os recursos hídricos superficiais e subterrâneos deterioram-se


rapidamente devido às múltiplas atividades humanas que se desenvolvem com grande
intensidade nas bacias hidrográficas do planeta (Tundisi, 1999). Somando a crescente
demanda pôr este recurso, os estudos limnológicos tornam-se cada vez mais
necessários.

Como todo ecossistema, os rios envolvem uma complexa interação da biota com o seu
ambiente físico e químico. O fluxo unidirecional da corrente impõe uma grande limitação
ao estabelecimento dos organismos no ambiente lótico. Para se fixar e colonizar este
ambiente, a biota apresenta estratégias adaptativas de morfologia do corpo
(achatamento), comportamento de mobilidade e orientação dentro do rio. Tais
estratégias levam os organismos à seleção de microhabitats visando reduzir a exposição
às fortes correntes.

Fazendo parte do ecossistema aquático, o perifíton é representado por uma fina camada
(biofilme), que atua na interface entre o substrato e a água circundante. São observados
como manchas verdes ou pardas aderidos a objetos submersos na água como rochas,
troncos, objetos artificiais (inertes) e a vegetação aquática (Moschini-Carlos, 2000).

No perifíton, as algas ganham destaque, uma vez que desempenham papel fundamental
como produtoras primárias e, conseqüentemente, assumem posição chave na cadeia
alimentar dos sistemas aquáticos continentais. A utilização da comunidade de algas
perifíticas em monitoramento ambiental vem sendo crescente, pois, devido ao seu modo de
vida séssil e grande riqueza de espécies, apresentam diferentes preferências e tolerâncias
ambientais (Rodrigues et al. 2003).

Segundo Goldsborough & Robinson (1996) certos fatores são determinantes na dominância
de espécies em dada área incluindo a natureza do grupo (ex. perifiton ou fitoplâncton), a
localização geográfica da área (irradiância e temperatura da água), estação do ano,
profundidade da coluna d’água, hidroperíodo, tipos de macrófitas presentes e concentração
de nutrientes.

Os trabalhos desenvolvidos com o perifíton são em grande parte direcionados aos estudos
de sua estrutura e importância para o metabolismo dos ecossistemas aquáticos.

Rico em proteínas, vitaminas e minerais, constitue importante alimento para muitos


organismos aquáticos. Sua qualidade alimentar é determinada pela composição dos
DESTILARIA BOCAINA - EIA
211
maiores grupos de algas, influenciando a produção secundária e o fluxo de energia dos
organismos consumidores. Com efetiva participação na reciclagem de nutrientes
inorgânicos, quase toda produção fotossintética é mineralizada continuamente no biofilme
perifítico (Sand-Jansen, 1983).

A característica da rápida dinâmica nos processos funcionais associadas ao curto ciclo de


vida de suas espécies, confere a essa comunidade prontas respostas às mudanças
ambientais. Assim, são excelentes bioindicadores da qualidade da água e de seu estado
trófico (Sládecková, 1991, Wetzel, 1983), apresentam a capacidade de acumular grandes
quantidades de nutrientes, poluentes, como inseticidas, herbicidas e fungicidas e metais
pesados.

A coleta do material perifítico foi realizada no mês de agosto de 2007 em quatro pontos,
distribuídos em quatro diferentes corpos hídricos, sendo ponto P01 no córrego Cachoeira,
ponto P02 no São Pedro, ponto P03 na Ponte Furada e ponto P04 no ribeirão Bocaina, onde
registramos um total de 23 táxons entre os quatro pontos de amostragem e uma média de 6
táxons por ponto. Esses táxons estiveram distribuídos nos diferentes pontos conforme
mostra a Figura 102.

12

10

6
10
9
4
6 6
2

0
P01 P02 P03 P04

Figura 102: Total de táxons registrados nos quatro ambientes amostrados.

As espécies do perifiton registradas neste estudo estão incluídas em 7 classes, como


mostra a Figura 103. As classes do perifiton apareceram neste estudo seguindo a ordem de
representatividade da seguinte maneira: Bacillariophyceae, Zygnemaphyceae,
Chlorophyceae, Cianophyceae, Euglenophyceae, Dinophyceae e Xanthophyceae. As
classes estiveram distribuídas conforme a maior adaptação que os organismos possuem
para a fixação aos substratos, tornando-se mais numerosas nesse tipo de hábitat.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


212
ZYGNEMAPHYCEAE
6

CHLOROPHYCEAE 3
1
EUGLENOPHYCEAE

DINOPHYCEAE
1

BACILLARIOPHYCEAE 18

XANTHOPHYCEAE 1

CIANOPHYCEAE 1

Figura 103: Composição de classes para todos os pontos estudados.

Nem sempre o ponto com maior riqueza de espécies é o ponto com maior diversidade de
classes, assim, conforme mostra a Figura 104, o ponto com maior diversidade de classes
foi o P04 (6 classes), que obteve uma riqueza de 9 táxons, sendo o ponto P03 o com maior
riqueza (10 táxons) e 4 classes. Em todos os pontos estudados a classe representada pelas
diatomáceas (Bacillariophyceae) foi a mais representativa em todos os pontos, seguida
pelas desmídeas (Zygnemaphyceae). Para o ponto P02 foram registradas apenas táxons da
classe das Bacillariophyceae, grande representante do perifíton.

12
10
8
6
4
2
0
P01 P02 P03 P04

CIANOPHYCEAE XANTHOPHYCEAE BACILLARIOPHYCEAE


DINOPHYCEAE EUGLENOPHYCEAE CHLOROPHYCEAE
ZYGNEMAPHYCEAE

Figura 104: Contribuição das classes de perifiton nos quatro pontos de amostragem.

Os táxons encontrados neste estudo estão dispostos na Quadro 58 e ausência e presença


de alguns exemplares foram fotografados e se encontram na Figura 105.

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213
Quadro 58. Comunidade de perifiton encontrada nos cursos d’água amostrados na
área de influência da Destilaria Bocaina, Piracanjuba - GO.
Táxons P01 P02 P03 P04
CIANOPHYCEAE Synechococcus linearis (Naeg.)Kom. X
XANTHOPHYCEAE Chloropedia plana Pascher X
Eunotia bilunaris Ehr. X X
Eunotia sudetica (O. Müller) X X X X
Fragilaria capucina Dèsmazieres X X
Gomphonema parvulum Kutz. X
Luticola sp1 X
BACILLARIOPHYCEAE Melosira varians Agardh X
Navicola affinis Ehr. X
Navicula mutica Kütz. X
Pinnularia gibba Ehr X X X
Surirella minuta Bréb. X
Surirella fastuosa Ehr. X
DINOPHYCEAE Katodinium sp X
EUGLENOPHYCEAE Euglenophyceae sp X
Monoraphidium litorale Hindák X
CHLOROPHYCEAE
Monoraphidium longiusculum Hindák X X
Closterium pusilum Hantzsch X
Cosmarium geminatum Lund. X
Euastrum brasiliense Borge X
ZYGNEMAPHYCEAE
Penium silvae-nigrae Rab. X
Staurastrum pseudotretacerum (Nords.) West. West X
Staurastrum sp1 X

2
1

4
3

5 6 7

Figura 105: 01 - Eunotia sudetica; 02 - Gomphonema parvulum; 03 - Fragilaria capucina; 04 -


Pinnularia gibba; 05 - Surirella fastuosa; 06 - Cosmarium geminatum; 07 - Staurastrum sp1.

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214
• Peixes

Os peixes representam o grupo mais numeroso e diversificado entre os vertebrados, com


cerca de 25.000 espécies conhecidas no mundo, sendo cerca de 3.000 na América do Sul,

Dentro dessa região biogeográfica, o Cerrado é uma das áreas que concentra grande parte
da diversidade, com uma ictiofauna de águas continentais estimada em 780 espécies
válidas.

A alta diversidade de peixes na região pode ser creditada à conjunção de vários fatores, tais
como, entre outros: idade e tamanho do sistema de drenagem, alta heterogeneidade
ambiental, e um processo em escala geológica de captura de rios de bacias vizinhas ao
longo do tempo, que permitiu o intercâmbio da fauna entre essas bacias contribuindo para
os elevados índices de diversidade atualmente observados.

É certo que o grande número de espécies conhecidas na região ainda é uma riqueza sub-
estimativa da diversidade total, pois ainda são freqüentes as descrições de novas espécies
e o esforço científico distribui-se de maneira desigual, com alguns grupos sendo bem
estudados e diversos outros ainda necessitando de mais atenção.

As diferenças na composição faunística ao longo dos rios podem ser creditadas, em grande
parte, ao papel de barreira geográfica que os grandes rios representam para várias espécies
de peixes e, principalmente, às características químicas dos diferentes tipos de água que
compõem os rios de toda a região. Algumas espécies vivem em corredeiras, outras em
lagos, enquanto outras podem se locomover entre esses ambientes, dependendo do seu
ciclo de vida (CEMIG/CETEC 2000, Peret 2000 e Fialho e Garro 2004).

A região está formada pela bacia do rio Meia Ponte e rio Piracanjuba, tributários diretos do
Paranaíba. Apresenta uma rica rede de córregos com suas vegetações marginais variando
de veredas/mata ciliar/buritizal e matas de galeria com enclaves de cerrado e matas
estacionais, a qual fornece abrigo e alimento.

Na bacia do Paraná são estimadas 600 espécies de peixes e ao mesmo tempo é o grupo de
vertebrados menos conhecido, com estudos raros e pontuais geralmente ligados a
empreendimentos hidrelétricos na bacia (CEMIG⁄CETEC 2000).

Para a área de estudo da Destilaria Bocaina, foram amostrados na bacia do rio Meia Ponte,
o rio Meia Ponte, os ribeirão das Bocainas, córrego São Pedro, córrego Bocaininha e

DESTILARIA BOCAINA - EIA


215
córrego Ponte Furada, sendo os córregos da Bocaininha e São Pedro (cabeceiras) área de
influência direta. Pela bacia do rio Piracanjuba o córrego Cachoeira (córrego Limeira).

Foram registradas 29 espécies de peixes em 12 famílias, sendo 62,07% Characiformes,


20,69% Perciformes, 13,79% Siluriformes e 3,45% Cyprinodontiformes. Entre os mais
abundantes foram: Leporinus affinis (Piau-flamengo) e Prochilodus lineatus (Curimbatá ou
Papa-terra) no rio Meia-Ponte; Pimelodus sp. (Mandi-chorão), Astyanax bimaculatus
(Tambiú ou Lambari-do-rabo-amarelo) e Cichlasoma paranaense (Cará) nos córregos Ponte
Furada e Bocaininha. Esse levantamento contribuiu para a identificação de mais 5 espécies
exclusivas para o estudo, como Charax sp. (Figura 106), Hasemania sp. (Figura 107),
Pyrrhulina australis (Figura 108), Astronotus ocellatus e Crenicichla haroldoi (Figura 109).
Esses estudos corroboram com os estudos de Fialho e Garro (2004) (Quadro 59).

Quadro 59. Peixes identificados para a Destilaria Bocaina, Piracanjuba-GO.


Situação de
Táxon Espécies Nome comum AID AII
conservação
Ordem Characiformes
Leporinus affinis Piau-flamengo x NA
Família Anastomidae
Leporinus cf. friderici Piau-três-pintas x NA
Astyanax bimaculatus Tambiú x x NA
Astyanax eigenmaniorum Lambari-do-rabo-vermelho x x NA
Astyanax fasciatus Lambari-do-rabo-vermelho x NA
Astyanax sp. Lambarizinho x x NA
Charax sp. Peixinho-cachorro x NA
Família Characidae Hasemania sp. Lambarizinho x NA
Hemigrammus sp. Tetra x NA
Hyphessobrycon sp. Tetra x NA
Hyphessobrycon sp.² Tetra x NA
Metynnis sp. Pacuzinho x NA
Piabina argentea Piabinha x NA
Família Erythrinidae Hoplias malabaricus Traíra x NA
Família Crenuchidae Characidium zebra Foguetinho x x NA
Família Curimatidae Cyphocharax modestus Saguiru x NA
Família Lebiasinidae Pyrrhulina australis Charutinho x NA
Família Prochilodontidae Prochilodus lineatus Curimbatá x NA
Ordem Cyprinodontiformes
Família Poeciliidae Poecilia reticulata Guppy x NA
Ordem Siluriformes
Família Pimelodidae Pimelodus sp. Mandi x NA
Hypostomus sp. Cascudo x NA
Família Loricariidae
Hypostomus sp.² Cascudo x x NA
Família Callichthyidae Aspidoras fuscoguttatus Limpa-vidro x NA
Ordem Perciformes
Astronotus ocellatus Oscar x NA
Cichla ocellaris Tucunaré x NA
Cichlasoma paranaense Cará x x NA
Família Cichlidae
Cichlasoma sp. Cará x NA
Crenicichla haroldoi Joaninha x x NA
Oreochromis sp Tilápia x NA
Legenda: Localidades com amostragem: Córregos São Pedro (cabeceira) e da Bocaininha (AID- Área de Influência Direta);
córregos da Ponte Furada, São Pedro e Rio Meia Ponte (AII - Área de Influência Indireta). Os campos indicados por
X destacam a presença nas localidades. Quanto a situação de conservação, o risco de extinção e endemismo
indicamos: Não Ameaçados (NA), Ameaçados (AM) e Endêmicas (EN).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


216
Figura 106: Charax sp. Exemplar capturado Figura 107: Hasemania sp. Exemplar da
na região de inundação do córrego Ponte família Characidae que pouco se conhece
Furada com o rio Meia Ponte. Pouco se sobre sua ecologia.
conhece sobre a biologia desse chacaridae.

Figura 108: Pyrrhulina australis. Espécie Figura 109: Crenicichla haroldoi. O jacundá é
encontrada no córrego São Pedro próximo a uma espécie carnívora e bastante voraz.
uma pequena queda d’água.

A ordem Characiformes foi a mais comum dentre as ordens amostradas, tanto em número de
exemplares quanto de espécies. Outros estudos apresentados na literatura destacam as ordens
Characiformes e Siluriformes como as de maior participação em número de espécies, de
indivíduos e de biomassa nos rios brasileiros (Britski 1992; Godinho 1993 e Ribeiro 2005).

A distribuição dos peixes por curso d’água variou de 5 a 19 espécies, sendo o ribeirão das
Bocainas (AID) e o córrego São Pedro (AII) os cursos com menor riqueza e o córrego Ponte
Furada com a maior riqueza e abundância (AII) pois apresenta uma grande área que é
inundada pelo rio Meia Ponte e na época da estiagem se torna um berçário para inúmeras
espécies de peixes. Quanto à distribuição dos peixes em relação às áreas de influência
variou de 8 (AID) para 28 (AII)

A ecologia trófica tem revelado uma considerável versatilidade alimentar para a maioria dos
peixes. Estes dentro de uma comunidade tendem a variar sua dieta na falta ou escassez de

DESTILARIA BOCAINA - EIA


217
certos itens alimentares, garantindo uma adaptabilidade trófica Santos & Rosa (1998).
Zavala-Canin (1999) indica que espécies onívoras podem ter tendências à carnivoria
quando há preferência de insetos e ou peixes na dieta alimentar.

Considerando a diversidade de alimentos os peixes podem ser classificados segundo


Gerking (1994) como:

• Generalistas – sem preferência acentuada por fonte alimentar, utilizando um amplo


espectro de alimentos;
• Especialistas – com dieta restrita a um número relativamente pequeno de itens e
usualmente apresentando adaptações morfológicas;
• Oportunistas – alimenta-se de fonte não usual de sua dieta ou fazem uso de uma
fonte alimentar abundante e incomum.

Já de acordo com a natureza do alimento podem ser piscívoras ou ictiófagos; herbívoros;


iliófagos (deposição e fundo); invertívoras (invertebrados) e onívoras (Hahn et al 1997).

Das espécies amostradas na área de influência do empreendimento estão representadas as


guildas, 32,60% de onívoras, 23,91% invertívoras, 17,38% de piscívoros/carnívoros e
13,04% para herbívoros e iliófagos. Em relação ao habitat evidenciaram-se as espécies e
Hypostomus sp. como especialistas e Astyanax bimaculatus (Figura 110) e Cichlasoma cf.
paranaense como generalistas e Hoplias malabaricus oportunista.

Figura 110: Astyanax bimaculatus é um


representante dos lambaris que possui
hábito generalista tendo sucesso adaptativo
a condições ambientais mais severas.

Faz-se uma observação para as espécies da família Characidae que exibem uma dieta bem
diversificada podendo estar relacionada com o ambiente, assim tendo as mesmas espécies
em várias guildas com prevalência em herbívora, invertívora e piscívora. Esta coexistência
de tantas espécies predadoras (piscívoras e invertívoras) incluindo characideos pode ser
considerada como um bioindicador de conservação do ambiente aquático e de abundância
de alimento pela conservação das formações vegetais em suas margens.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


218
A maioria das espécies de peixes presentes no estudo não pode ser caracterizada como
grandes migradores. As espécies de pequeno porte, como os lambaris, também realizam
deslocamentos, e muitas espécies são consideradas migradoras (Vazzoler, 1992).

Em levantamentos realizados no rio Meia Ponte e seus tributários nos municípios de Cachoeira
Dourada, Goiânia, Anápolis, Campo Limpo, Nerópolis e Goianápolis; ribeirão Santa Maria
tributário direto do Paranaíba nos municípios de Morinhos e Itumbiara; rio dos Bois, ribeirão Bom
sucesso no município de Goiatuba; córregos Bom Jardim e dos Patos tributários diretos do
Parnaíba no município de Itumbiara, que integram a bacia do Paranaíba na biorregião do Médio
Paranaíba/Alto Paraná, constatou-se 83 espécies de peixes em 20 Famílias, sendo 55,42%
Characiformes, 25,30% Siluriformes, 12,05% Perciformes, 3,61% Gymnotiformes e 1,20% para
Clupeiformes, Cyprinodontiformes e Synbranchiformes.

Esses estudos corroboram com Ribeiro (2005), onde os Characiformes formaram o grupo
mais importante com dominância de 83,3% das capturas e incluindo 63,5% das espécies.
Os Siluriformes formaram o segundo grupo em importância, respondendo por 8,4% da
abundância e 30% das espécies. Gymnotiformes, Perciformes e Cyprinodontiformes
formaram o restante da comunidade, apresentando um conjunto com oito espécies, que
rivalizaram com os Siluriformes em abundância (8,3%), amostrados na bacia do Paraná na
região metropolitana do Distrito Federal.

Muitas espécies de peixes são consideradas de importância comercial, por se constituirem


em expressiva fonte de proteína na alimentação das populações humanas, residentes ou
não. Dentre elas, na região, foram encontradas as espécies de Tucunaré (Cichla c.f
ocellaris) (Figura 111), Curimbatá (Prochilodus lineatus), Lambaris (Astyanax spp.) e Piaus
(Leporinus affinis e Leporinus friderici).

Figura 111: Cichla c.f ocellaris, assim como


os outros tucunarés recebe uma grande
pressão tanto da pesca esportiva quanto da
predatória.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


219
Os peixes constituem-se em organismos com forte conteúdo informativo para a
reconstrução histórica regional, principalmente quando se trata de espécies endêmicas.
Neste sentido, o Bioma Cerrado abriga muitas espécies novas e endêmicas de peixes, as
quais podem estar desaparecendo sem que um esforço efetivo para sua conservação tenha
sido realizado. Entre os fatores responsáveis pela extinção e ameaça de extinção de
espécies, destaca-se com elevado percentual de contribuição a perda de habitat.

6.2.2.5. ESPÉCIES RARAS E ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO

Para expressar a situação de conservação da fauna silvestres na área de influência foi


adotada as denominações utilizadas pela International Union for Conservation of Nature and
Natural Recourses – IUCNNR, quais sejam:

Espécies ameaçadas – são aquelas que se encontram à beira da extinção. Em geral são
populações pequenas e esparsamente distribuídas, e cujos habitats primários foram
grandemente alterados pela ação humana.

Espécies vulneráveis – são aquelas que estão desaparecendo rapidamente em virtude da


antropização regional, embora não estejam ainda ameaçadas de extinção, apresentando um
rápido declínio de suas populações.

Espécies raras – são as que estão distribuídas naturalmente de forma esparsa. Muitas são
intrinsecamente raras, isto é, viver em baixas densidades faz parte da estratégia adaptativa
da espécie. Outras estão se tornando raras devido à ação antrópica sobre seus habitats e
pela caça de espécies cinegéticas ou predadoras de animais domésticos.

Espécies comuns – são aquelas ainda muito abundantes e para as quais não existe perigo
de declínio imediato.

O baixo número de espécies ameaçadas de extinção na região da Bacia do Rio Paranaíba


(microrregiões dos rios Meia Ponte e Piracanjuba e em especial no ribeirão das Bocainas e
Morro Agudo com influência na área do empreendimento, dentro do bioma Cerrado
caracterizado pelas matas estacionais, ciliares, e de galeria junto às formas de cerrados)
pode ser explicado pelo fato de ainda existirem grandes áreas preservadas e as espécies
identificadas terem uma ampla distribuição geográfica e populações abundantes sobre o
ponto de vista das comunidades deste Bioma.

No entanto, é preocupante e que provavelmente influi nesse aspecto é o pequeno número


de estudos e a conseqüente falta de conhecimento a respeito da fauna do Cerrado como um
todo e que muitas destas áreas preservadas da Bacia do Médio Paranaíba encontram-se

DESTILARIA BOCAINA - EIA


220
cada vez mais ameaçadas pelo rápido avanço do desmatamento e da degradação do
ambiente e principalmente com a implantação das UHEs, barragens Emborcação, Itumbiara,
Cachoeira Dourada e São Simão, rompendo a conectividade natural que existia com áreas
ecótones do Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. Ao mesmo tempo foram criadas novas
áreas ecótones que podem levar muito tempo a serem ocupadas e estruturadas
biologicamente, tendo num primeiro momento a taxa de imigração elevada, onde qualquer
indivíduo será um colonizante da nova área, corroborando com a teoria do equilíbrio da
biogeografia de ilhas de Macarthur e Wilson (1976).

Segundo a nova lista da fauna brasileira ameaçada de extinção (IN003-03MMA) que adota
os critérios da IUCN, identificamos para o bioma Cerrado 13 espécies de mamíferos em
uma categoria, 20 espécies de aves em três categorias e 7 invertebrados terrestres em duas
categorias, e já para a Bacia do Paraná estão indicados 4 peixes, principalmente pela
destruição do habitat, desmatamento, queimadas, perseguição e caça. (Quadros 60 a 63).

Quadro 60. Lista de Mamíferos ameaçados do Cerrado no Estado de Goiás.


FAMÍLIA Táxons Bioma Categoria Ameaça
CLASSE MAMMALIA
Ordem Xenarthra
Priodontes maximus - Tatu-canastra Cerrado VU Destruição do habitat e caça
Dasypodidae
Tolypeutes tricinctus - Tatu-bola Cerrado VU Destruição do habitat e caça
Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla - Cerrado VU Destruição do habitat e caça
Ordem Carnívora
Chrysocyon brachyurus Cerrado VU Destruição do habitat e parasitas
Canidae
Speothos venaticus Cerrado VU Destruição do habitat e parasitas
Oncifelis colocolo - gato-palheiro Cerrado VU Destruição do habitat e hibridismo
Leopardus pardalis Cerrado VU Destruição do habitat, tráfico e caça
Felidae Leopardus tigrinus Cerrado VU Destruição do habitat e tráfico
Panthera onca Cerrado VU Destruição do habitat e caça
Felis wiedii Cerrado VU Destruição do habitat e tráfico
Mustelidae Pteronura brasiliensis Cerrado VU Destruição do habitat e caça
Ordem Artiodactyla
Cervidae Blastocerus dichotomus Cerrado VU Destruição do habitat, parasitas e caça
Ordem Chiroptera
Phyllostomidae Lonchophylla dekeyseri Cerrado VU Destruição do habitat e fogo
Legenda: VU – Vulnerável, EX – Extinta, EW – Extinta da Natureza, EN – Em Perigo, CR – Criticamente em Perigo

Quadro 61. Lista de Aves ameaçadas do Cerrado no Estado de Goiás.


Táxons Bioma Categoria Ameaça
CLASSE AVES
Ordem Tinamiformes
Nothura minor Cerrado VU Destruição de habitat e fogo
Tinamidae
Taoniscus nanus Cerrado VU Destruição de habitat e fogo
Ordem Ciconiiformes
Ardeidae Tigrisoma fasciatum Cerrado EN Desmatamento e destruição de habitat
Ordem Anseriformes
Anatidae Mergus octosetaceus Cerrado CR Destruição de Habitat
Ordem Falconiformes
Accipitridae Harpyhaliaetus coronatus Cerrado VU Desmatamento e destruição de habitat e caça
Ordem Columbiformes
Columbidae Columbina cyanopis Cerrado CR Destruição de habitat e fogo

DESTILARIA BOCAINA - EIA


221
Táxons Bioma Categoria Ameaça
Ordem Psittaciformes
Anodorhynchus hyacinthinus Cerrado VU Destruição de habitat e perseguição (tráfico)
Psittacidae Pyrrhura lepida Cerrado EN Destruição de habitat e perseguição (tráfico)
Pyrrhura pfrimeri Cerrado VU Destruição de habitat e perseguição (tráfico)
Ordem Caprimulgiformes
Caprimulgidae Eleothreptus candicans Cerrado EN Destruição de habitat e fogo
Ordem Passeriformes
Coryphaspiza melanotis Cerrado VU Destruição de habitat e fogo
Oryzoborus maximiliani Cerrado CR Perseguição (tráfico)
Emberizidae Sporophila cinnamomea Cerrado EN Destruição de habitat e perseguição (tráfico)
Sporophila melanogaster Cerrado VU Destruição de habitat e perseguição (tráfico)
Sporophila palustris Cerrado EN Destruição de habitat e perseguição (tráfico)
Geositta poeciloptera Cerrado VU População pequena
Furnariidae
Synallaxis simoni Cerrado VU Endemismo
Alectrurus tricolor Cerrado VU Destruição de habitat e fogo
Tyrannidae Culicivora caudacuta Cerrado VU Destruição de habitat e fogo
Polystictus pectoralis Cerrado VU Destruição de habitat e fogo
Legenda: VU – Vulnerável, EX – Extinta, EW – Extinta da Natureza, EN – Em Perigo, CR – Criticamente em Perigo

Quadro 62. Invertebrados Terrestres ameaçados do Cerrado no Estado de Goiás.


Táxons Bioma Categoria Ameaça
ARACHNIDA
Araneae
Symphytognathidae
Anapistula guyri - Aranha-de-solo Cerrado VU Ameaças indiretas e fogo.
INSECTA
Coleoptera
Carabidae
Coarazuphium bezerra - Besouro Cerrado VU Destruição do habitat e Turismo.
Collembola
Arrhopalitidae
Arrhopalites lawrencei - Colembolo Cerrado VU Destruição do habitat e Turismo.
Hymenoptera
Apidae
Xylocopa truxali - Abelha Cerrado VU Destruição do habitat, perseguição.
Formicidae
Acromyrmex diasi - Formiga, Quemquém Cerrado VU Destruição do habitat.
Lepidoptera
Lycaenidae
Magnastigma julia - Borboleta Cerrado EN Desmatamento.
Papilonidae
Parides burchellanus - Borboleta Cerrado VU Desmatamento.
Legenda: VU – Vulnerável, EX – Extinta, EW – Extinta da Natureza, EN – Em Perigo, CR – Criticamente em Perigo

Quadro 63. Lista de Peixes ameaçados da Bacia do Rio Paraná no Estado de Goiás.
Táxons Categoria Bacias Ameaça
Actinopterygii
Characiformes
Chacacidaee
Rio São Francisco, Rio Destruição de hábitats, poluição e
Brycon nattereri - Pirapitinga VU
Paraná, Rio Tocantins construção de hidrelétricas.
Cyprinodontiformes
Rivulidae
Simpsonichthys boitonei VU Rio Paraná Destruição de hábitats e perseguição.
Simpsonichthys parallelus VU Rio Paraná Destruição de hábitats e perseguição.
Simpsonichthys santanae EN Rio Paraná Destruição de hábitats e perseguição.
Legenda: VU – Vulnerável, EX – Extinta, EW – Extinta da Natureza, EN – Em Perigo, CR – Criticamente em Perigo
DESTILARIA BOCAINA - EIA
222
Embora não exista certeza sobre o papel do acaso na extinção local de espécies e na
estruturação continua das comunidades locais da fauna e flora, é possível apontar espécies
mais vulneráveis às mudanças.

A mudança do “habitat” desencadeia uma alteração na composição temporária das


populações (mantendo a descontinuidade das parcelas plantadas com cana) e permanente
das comunidades (conectividade das parcelas plantadas com cana), com a eliminação de
habitas estabelecidos e formando novos.

Uma preocupação constante a estas mudanças é também a invasão de espécies exóticas,


que podem ser beneficiadas pelas suas características oportunistas e grande poder de
colonização.

A redução ou eliminação de habitats atinge espécies com distribuição mais restrita e a


fragmentação impede que espécies de maior porte e maior área de vida consigam manter
populações estáveis.

Estes dois fatores são ameaças e atuantes na região e em função disto, a fauna pode ser
considerada vulnerável em nível local na substituição da paisagem.

As espécies catalogadas como, lobo guará, Chrysocyon brachyurus, tamanduá bandeira,


Myrmecophaga tridactyla e a onça parda, Puma concolor encontram-se na categoria
vulnerável na lista de animais ameaçados de extinção do IBAMA. Devido à maciça
degradação da paisagem na área, sugere-se um programa de conservação para estas
espécies, uma vez o avanço da cana na região pode reduzir seus habitats e nichos.

Como exemplos de fragilidade quanto a perda de habitat e comportamento específico


podemos citar as espécies: a) lobo guará, Chrysocyon brachyurus, que possui hábitos
noturnos e andarilhos, ocupando uma área de aproximadamente 27 Km² (Dietz 1984), com
alimentação generalista, de carnívoros a frugívoros, com comportamento social não gregário
(Moehlman 1986), somente formando pares durante o período de acasalamento (Kleiman
1977), onde o macho se afasta dos cuidados parentais, deixando a cargo da fêmea e ainda
o conhecimento da presença do nematóide parasita renal Dioctophyma renale um dos
prováveis responsáveis pela curta longevidade da espécie C. brachyurus (Dietz 1985), onde
o acelerado processo de degradação ambiental do Cerrado (perda de habitat e nicho), seu
comportamento e o aumento do parasito nos espécimes de C. brachyurus, colocam desta
forma as populações que habitam essas áreas degradadas em risco de extinção local; b)
tamanduá-bandeira, Myrmechophaga tridactyla que possui também hábitos solitários, com

DESTILARIA BOCAINA - EIA


223
atividade diurna ou noturna podendo variar de acordo com a região. Sua grande fragilidade
está relacionada à reprodução, onde, segundo Eisenberg (1989), a gestação dura cerca de
190 dias e nasce apenas um filhote. Outra questão importante são os atropelamentos
acidentais em estradas, que possivelmente vêm reduzindo as populações desta espécie.

6.2.2.6. ESPÉCIES ENDÊMICAS

Apesar do imenso esforço dedicado pela comunidade científica a levantamentos, ao longo


da última década, os cerrados ainda permanecem muito mal inventariados, não sabendo
ainda dizer quais são as principais áreas de endemismo (Rodrigues 2005).

A carência de estudos para todo o Cerrado é certamente também uma das causas do baixo
número de espécies endêmicas conhecidas na área. À medida que novos estudos venham
a ser realizados, novas espécies devem ser descobertas, e o número de espécies
endêmicas e ameaçadas pode aumentar. Por outro lado o baixo grau de endemismo se
deve também às várias regiões fisiográficas e áreas de ecótone com outros biomas
principalmente Amazônia, Caatinga e Mata Atlântica.

Na região não identificamos espécies com endemismo local, sendo indicado espécies com
endemismo para o Bioma do Cerrado.

6.2.2.7. CORREDOR ECOLÓGICO/ÁREA PRIORITÁRIA PARA A CONSERVAÇÃO

Os ecossistemas naturais têm sido ameaçados por um conjunto de influências humanas,


principalmente em decorrência de nosso crescimento populacional explosivo. A Biologia da
Conservação é a ciência que se preocupa em aumentar a probabilidade de persistência das
espécies e das comunidades da Terra (Townsend et al 2006).

O conhecimento atual de variabilidade genética somada a distribuição geográfica das


espécies da fauna silvestres, cria o conceito de conservação por compartilhamento para a
maioria das espécies em condições ambientais similares o que chamamos de Ecorregiões.

Assim a determinação de áreas prioritárias para a conservação e a estratégia de


consolidação criando os corredores ecológicos tenta-se aumentar a probabilidade de
garantir a diversidade e seus processos ecológicos de uma área ou região.

A característica da bacia do rio Paranaíba e em especial dos seus tributários os rios Meia
Ponte e Piracanjuba que quase na totalidade dos seus cursos apresentam parte da
vegetação ripária, geralmente constituída por matas ciliares e de galeria com enclaves com
DESTILARIA BOCAINA - EIA
224
matas estacionais, cerrados, brejos e buritizal, faz com que esta característica favoreça a
condição de deslocamento da fauna silvestre, principalmente terrestre. Esta formação
interliga uma heterogeneidade de habitats na área de estudo podendo ser consideradas
como zonas ecótonas para o Cerrado.

A garantia de que estas zonas ecótonas venham a ser importantes para a manutenção da
biodiversidade da fauna silvestre do Cerrado, está na confirmação da implantação de uma
gestão de conservação chamada Corredores Ecológicos, que tem como objetivo o incentivo aos
processos de desfragmentação de remanescentes de formações florestais nativos. Lembramos
que os desmatamentos é a causa mais comum de destruição de hábitat no Cerrado.

Na Bacia do Rio Meia Ponte no seu tributário rio João Leite encontram-se duas das mais
importantes unidades de conservação, Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco
(PEAMP) e APA João Leite, para a conservação das formações de matas estacionais
decíduas e semidecíduas e que podem ter um fluxo gênico com a área de influência
principalmente para as aves através das matas ciliares e de galerias do rio Meia Ponte.

Já pela Bacia do Piracanjuba encontramos o Parque Estadual da Serra de Caldas Novas, com a
conservação e proteção das diversas fitofisionomias savânicas, podendo estabelecer um
corredor pelas formações de mata ciliar e mata de galeria como também savânicas pelo rio
Piracanjuba e ribeirão do Morro Agudo até a área de influência do empreendimento
principalmente para o grupo de aves e os mamíferos de médio e grande porte.

Também está claro que para garantir a conservação é prescindível um uso mais sustentável
possível dos recursos naturais da área ou região. Ambos podem ter metas diferentes, mas
os objetivos devem ser conservacionistas.

6.2.2.8. AVALIAÇÃO ECOLÓGICA DA ÁREA

Na análise das áreas amostradas, atribuindo valores de 1 a 5 (Quadro 64) quanto a riqueza,
espécies potenciais e habitats (diversidade, fragilidade e qualidade) onde observamos que
os ambientes área do empreendimento (pastagem) e áreas modificadas (pastagem,
milho/sorgo e acessos) apresentaram as menores médias 2,6. Já os ambientes mata de
galeria, mata estacional, vereda/mata ciliar/buritizal e cerrado apresentaram as maiores
médias entre 4,0 e 4,8. O principal indicativo foi perda de hábitat (fragilidade de habitats)
com aumento da fragmentação e redução da riqueza de espécies.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


225
Quadro 64. Valores de importância e média para análise dos ambientes amostrados.
Riqueza de Espécies Fragilidade Qualidade Diversidade
Ponto Média
espécies potenciais do Habitat dos habitats de habitats
Mata Estacional/Cerradão 4 4 5 5 5 4,6
Vereda/Mata Ciliar/Buritizal 5 5 5 3 4 4,6
Cerrado 4 4 5 3 4 4
Mata de Galeria 5 5 5 4 5 4,8
Área Modificada 3 2 4 2 2 2,6
Empreendimento 2 2 5 2 2 2,6

A manutenção dos ambientes de matas e cerrados que se apresentam na forma ripárias e


ou fragmentada na área de estudo, com moderada conectividade dos fragmentos,
preservando os cursos d’água da bacia do Meia Ponte e do Piracanjuba na região, são de
extrema importância para assegurar a diversidade da fauna existente, tanto exclusiva do
ambiente (mata estacional, mata de galeria,veredas/mata ciliar/buritizal e cerrado) como a
do seu entorno, seja antropizada ou preservada a paisagem.

A notável riqueza da fauna, sua forma de vida e seus hábitos constituem uma matriz de
interações complexas entre as plantas e outros animais, dependentes para o mosaico da
dinâmica da área. As interações entre ambos os grupos tróficos ressaltamos aquelas de
benefício próprio (mutualismo) na dispersão de sementes, polinização, defesa contra
mirmecofagia (formigas e outros insetos) e antagonistas com o benefício para somente o
próprio indivíduo como a herbivoria e predação. Estas interações fortalecem a dinâmica e a
estrutura da área de estudo podendo ainda ser considerada representativa para a fauna do
Cerrado e associados.

Esta riqueza também corrobora com os estudos para elaboração das áreas prioritárias para
conservação do Cerrado (MMA 2004, Diniz-Filho et al 2005, Silva et al 2006) como também
para os 30% de endemismo das formações de Cerrado para o Alto da Bacia do Paraná
(Silva & Bates 2002).

A agricultura e pecuária são a base da economia da região. A produção agrícola concentra-


se basicamente nas culturas temporárias principalmente de milho/sorgo e pequenas áreas
de soja, com ainda pequenas áreas de culturas permanentes de citros e goiaba. Já a
pecuária apresenta característica leiteira e de corte. Ambas as atividades levam à alteração
da paisagem dos cerrados e matas estacionais para campos abertos com baixo
adensamento florístico (arbustos e árvores).

Na região, nos locais de maior aptidão agrícola, atualmente dominam as plantações de


milho e os fragmentos geralmente são formações florestais do tipo mata ciliar/galeria que
acompanham os cursos d’água das bacias do Meia Ponte e Piracanjuba e de mata

DESTILARIA BOCAINA - EIA


226
estacional/cerradão nas áreas serranas. Seus córregos também sofrem modificações dos
seus ambientes com os barramentos e perda das matas ciliares.

Quando se comparou a riqueza de todos os táxon amostrados entre as áreas de influência


do empreendimento, AID e AII, observou-se que, o táxon mamíferos apresentou maior
representatividade para a AID com 50% da amostragem, seguido pelos anfíbios com
42,85%. Já as aves apresentaram maior riqueza para AII com 100% da amostragem e a
menor para AID com 7,27%. Os répteis e peixes apresentaram boa representatividade para
AII e com repesentatividade para AID. A heterogeneidade espacial de habitas na AII com
formações abertas a florestadas mais preservadas, diferentemente para a área AID onde
predomina a pastagem e limitada por fragmentos de mata estacional pode ser a explicação
da diferença das riquezas e similaridades entre as áreas (Figura 112).

180

160

140

120
Riqueza

100
AID
80 AII
60

40

20

0
Anfíbios Répteis Aves Mamíferos Peixes Geral

Figura 112: Distribuição da riqueza por táxon nas áreas de influência do empreendimento
Destilaria Bocaina, Piracanjuba-GO.

A antropização dos habitats na área de influência direta e indireta é elevada, constatando-se


uma alta fragmentação dos ambientes e alto efeito de borda onde a maioria dos fragmentos
apresentam conectividade com áreas de pastagem e agricultadas (milho/sorgo) geralmente
de forma ripária onde a relação é destacada por um perímetro maior que a área.

As conseqüências ecológicas das bordas dos fragmentos podem ser de efeito abiótico,
envolvendo mudanças nas condições ambientais que resultam da proximidade com uma
matriz estruturalmente diferente; de efeito biológico direto, promovendo mudanças na
abundância e na distribuição das espécies pela mudança das condições físicas; e efeito
biológico indireto, provocando mudanças nas interações das espécies como predação,
competição, herbivoria, polinização biótica, dispersão de sementes e parasitismo.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


227
A fragmentação ambiental é acentuada na região, sendo que de uma forma geral os
ambientes florestais sofreram maiores índices de degradação, devido à maior fertilidade do
solo, recobertos pelas fisionomias de maior porte e densidade, afetando de forma mais
acentuada as populações de espécies dependentes dos ambientes fechados.

Devido à interrupção da malha de formações naturais, em especial ao longo dos cursos d’água,
constata-se que as populações de animais silvestres, em especial dos não alados, encontram-
se isoladas e restritas aos ambientes com menores índices de antropização, em especial ao
longo das matas de galeria e demais ambientes de difícil acesso e baixa aptidão agrícola.

Ao contrário das espécies mais dependentes dos ambientes florestais, as características dos
ambientes abertos foram favorecidas pelo processo de antropização regional, em especial a
avifauna que freqüenta áreas onde a vegetação nativa foi substituída por lavouras ou pastagens.

Algumas poucas áreas contínuas apresentam condições bióticas satisfatórias às condições


vitais das comunidades de animais silvestres, garantindo a capacidade suporte de grupos
sensíveis como dos grandes mamíferos.

Devido à natureza do empreendimento, alguns grupos faunísticos, atuam como excelentes


indicadores biológicos de alterações ambientais, destacando-se nessa situação a
anurofauna, avifauna; os quirópteros; os insetos; e, organismos aquáticos como a ictiofauna.

As fragilidades ambientais locais estão sempre associadas às ações antrópicas destrutivas,


que podem ser resumidas em alteração da paisagem e atropelamentos.

O processo do avanço das lavouras de monoculturas da soja, milho, sorgo, cana e pecuária
é a maior preocupação para toda a região, as mudanças da fisionomia da paisagem foram
na ultima década, uma perda considerável das áreas naturais. Essas levam à depleção de
áreas preferenciais da fauna local, à diminuição da diversidade e ao comprometimento das
populações naturais (perda de habitat e nichos), principalmente com o isolamento dos
fragmentos naturais.

O aumento das vias de acesso pavimentadas ou não tem atribuído ao elevado índice de
mortalidade da fauna local, pelo contato ou cortar corredores de deslocamento e/ou
migração.

Em rodovias e vias com tráfego de veículos constantes ou sazonais, os ruídos e os riscos de


atropelamento podem alterar a dinâmica biológica das comunidades locais (Feldhamer et al.
1986, Foppen & Reijnen 1994), transformando-as em barreiras ecológicas para algumas
DESTILARIA BOCAINA - EIA
228
espécies (pequena capacidade de deslocamento) (Krausman & Etchberger 1995) e
sobrepondo para as espécies de comportamento forrageador (andarilhos) e muitas das
vezes cortando os corredores naturais de fauna.

São vários animais que costumam utilizar a estrada em algum momento do dia ou do seu ciclo
de vida. Na área de influência do empreendimento foram registrados 8 atropelamentos (Figuras
113 a 115) em 5 espécies sendo 2 para cada táxon (aves e mamíferos) e 3 para répteis.

O atropelamento de animais é um problema pouco ressaltado entre as questões que


envolvem a ameaça das espécies da fauna brasileira (Rosa & Mauhs 2004), assim como
aumento dos acessos e do fluxo de veículos na área do empreendimento é um impacto que
também deve ser considerado.

Figura 113: Cariama cristata. A seriema é Figura 114: Nasua nasua, quati encontrado
uma espécie bastante comum na região recentemente morto na GO-470 dentro da
sendo este exemplar encontrado morto em área de influência direta.
vias de acesso na AII.

Figura 115: Myrmechophaga tridactyla é uma


espécie bastante comum de ser vista
atropelada nas rodovias estaduais. Esse
tamanduá bandeira foi encontrado morto na
AII e é uma espécie presente na lista dos
animais brasileiros ameaçados de extinção.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


229
6.2.2.9. ANÁLISE DE SIMILARIDADE

Esta técnica é utilizada para análise das relações entre localidades neotropicais baseados
na composição faunística, utilizando o coeficiente de similaridade e UPGMA (Ávila-Pires
1995 e Silva & Sites 1995).

O cálculo da diversidade ß entre as quatro áreas dentro da biorregião do Médio


Paranaíba/Alto Paraná em função da ausência/presença de espécies (qualitativo)
coeficiente de Jaccard/Sorensen e Bray-Curtis Metric com auxílio do programa Krebs
(Krebs, 1989) e Biodiversity Professional (1997), medindo o esforço amostral, evidenciando
a sazonalidade regional foram representados nos Quadros 65 a 69.

Os inventários foram realizados entre os meses de setembro e janeiro para os estudos nos
municípios de Itumbiara, Cachoeira Dourada, Goiatuba e Morrinhos. A APA do João Leite
(municípios de Goiânia, Goianápolis, Teresópolis, Campo Limpo, Ouro Verde, Anápolis e
Nerópolis com um ciclo sazonal completo. Os trabalhos estão enquadrados no período
sazonal da chuva, com aumento da pluviosidade e diminuição da amplitude térmica, e
período sazonal seco, com diminuição da pluviosidade e aumento da amplitude térmica. Os
estudos da Destilaria Bocaina, foram executados durante o mês de agosto de 2007 (com
baixa pluviosidade e umidade relativa do ar) fechando um ciclo sazonal para a região em
estudo.

A diminuição da pluviosidade tende a reduzir o número de espécies e abundância de


anfíbios anuros nos inventários. Já a variação da amplitude térmica regula o encontro de
espécies dos répteis squamata (lagartos e serpentes). Os demais táxons não apresentam
alteração significativa na riqueza quanto à sazonalidade, tendo influência mais na estrutura
da comunidade no aumento das abundâncias, podendo ter uma exceção para o grupo das
aves migratórias. É importante lembrar que para os organismos aquáticos a diminuição da
vazão e conseqüentemente do volume do curso d’água, tendem a aumentar os organismos
aquáticos associados como a comunidade bentônica.

Assim, os resultados da diversidade ß (Jaccard) entre as áreas variaram de 0,553 a 0,674


para os anfíbios, 0,518 a 0,679 para os répteis, 0,568 a 0,656 para as aves, 0,533 a 0,679
para os mamíferos, 0,533 a 0,675 para os peixes. De forma geral, para esta amostragem, a
análise apresentou uma similaridade significativa acima de 50% para todos os táxons. O
agrupamento dos táxons por área evidenciou alguns grupos homogêneos, a área Cachoeira
Dourada/Itumbiara, para anfíbios e Peixes, área Goiatuba /Itumbiara para os Mamíferos e
Itumbiara/Piracanjuba para Répteis e Aves. A área de estudo da Destilaria Bocaina
DESTILARIA BOCAINA - EIA
230
(Piracanjuba) de forma geral mostrou similaridade para todos os táxons em grupos
homogêneos ou ligados diretamente a eles. Estas amostragens são evidenciadas pelos
períodos sazonais nas coletas, e apresentam uma corroboração entre as riquezas,
permitindo uma comparação entre as áreas nos períodos sazonais, indicando a tendência
das riquezas para a Itumbiara e Cachoeira Dourada (chuva) e Goiatuba e Piracanjuba
(seca) que se apresentaram mais similares para a maioria dos táxons e a mais distante
variou entre a área de Morinhos (seca) para Anfíbios, Cachoeira Dourada (chuva) para
répteis e APA João Leite (ciclo Completo e projeto de longa duração) para peixes e
mamíferos (Figuras 116 a 120).

Quadro 65. Índices de diversidade β de Jaccard* e Sorensen** para anfíbios entre a


Região de Estudo do Médio Paranaíba/Alto Paraná entre os municípios
Itumbiara, Cachoeira Dourada, Goiatuba, Morrinhos, APA João Leite e
Usina Bocaina.
Piracanjuba APA Itumbiara Morrinhos Goiatuba C.Dourada
1 1 0,57* 0,634* 0,563* 0,607* 0,577*
2 0,726** 1 0,657* 0,553* 0,56* 0,627*
3 0,776** 0,793** 1 0,585* 0,581* 0,674*
4 0,72** 0,712** 0,738** 1 0,591* 0,581*
5 0,756** 0,718** 0,735** 0,743** 1 0,563*
6 0,732** 0,77** 0,805** 0,735** 0,72** 1

Figura 116: Análise de agrupamento (UPGMA) realizada a partir da matriz dos coeficientes de
similaridade para os anfíbios para a região entre os municípios Itumbiara, Cachoeira Dourada,
Goiatuba, Morrinhos, APA João Leite e Destilaria Bocaina.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


231
Quadro 66. Índices de diversidade β de Jaccard* e Sorensen** para os répteis entre a
Região de Estudo do Médio Paranaíba/Alto Paraná entre os municípios
Itumbiara, Cachoeira Dourada, Goiatuba, Morrinhos, APA João Leite e
Destilaria Bocaina.
Piracanjuba APA Itumbiara Morrinhos Goiatuba C.Dourada
1 1 0,567* 0,679* 0,606* 0,613* 0,552*
2 0,724** 1 0,563* 0,566* 0,553* 0,518*
3 0,809** 0,72** 1 0,636* 0,645* 0,543*
4 0,755** 0,723** 0,778** 1 0,633* 0,548*
5 0,76** 0,712** 0,784** 0,776** 1 0,552*
6 0,711** 0,683** 0,704** 0,708** 0,711** 1

Figura 117: Análise de agrupamento (UPGMA) realizada a partir da matriz dos coeficientes de
similaridade para os répteis para a região entre os municípios Itumbiara, Cachoeira Dourada,
Goiatuba, Morrinhos, APA João Leite e Destilaria Bocaina.

Quadro 67. Índices de diversidade β de Jaccard* e Sorensen** para as aves entre a


Região de Estudo do Médio Paranaíba/Alto Paraná entre os municípios
Itumbiara, Cachoeira Dourada, Goiatuba, Morrinhos, APA João Leite e
Destilaria Bocaina.
Piracanjuba APA Itumbiara Morrinhos Goiatuba C.Dourada
1 1 0,596* 0,646* 0,615* 0,619* 0,639*
2 0,747** 1 0,641* 0,578* 0,572* 0,568*
3 0,785** 0,781** 1 0,638* 0,617* 0,613*
4 0,762** 0,733** 0,779** 1 0,656* 0,601*
5 0,765** 0,728** 0,763** 0,792** 1 0,605*
6 0,779** 0,725** 0,76** 0,751** 0,754** 1

DESTILARIA BOCAINA - EIA


232
Figura 118: Análise de agrupamento (UPGMA) realizada a partir da matriz dos coeficientes de
similaridade para as aves para a região entre os municípios Itumbiara, Cachoeira Dourada,
Goiatuba, Morrinhos, APA João Leite e Destilaria Bocaina.

Quadro 68. Índices de diversidade β de Jaccard* e Sorensen** para os mamíferos


entre a Região de Estudo do Médio Paranaíba/Alto Paraná entre os
municípios Itumbiara, Cachoeira Dourada, Goiatuba, Morrinhos, APA João
Leite e Destilaria Bocaina.
Piracanjuba APA Itumbiara Morrinhos Goiatuba C.Dourada
1 1 0,549* 0,61* 0,564* 0,596* 0,6*
2 0,709** 1 0,596* 0,533* 0,576* 0,554*
3 0,758** 0,747** 1 0,574* 0,679* 0,655*
4 0,721** 0,695** 0,729** 1 0,6* 0,585*
5 0,747** 0,731** 0,809** 0,75** 1 0,646*
6 0,75** 0,713** 0,791** 0,738** 0,785** 1

Figura 119: Análise de agrupamento (UPGMA) realizada a partir da matriz dos coeficientes de
similaridade para os mamíferos para a região entre os municípios Itumbiara, Cachoeira
Dourada, Goiatuba, Morrinhos, APA João Leite e Destilaria Bocaina.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


233
Quadro 69. Índices de diversidade β de Jaccard* e Sorensen** para os peixes entre a
Região de Estudo do Médio Paranaíba/Alto Paraná entre os municípios
Itumbiara, Cachoeira Dourada, Goiatuba, Morrinhos, APA João Leite e
Destilaria Bocaina.
Piracanjuba APA Itumbiara Morrinhos Goiatuba C.Dourada
1 1 0,566* 0,612* 0,571* 0,574* 0,554*
2 0,723** 1 0,568* 0,533* 0,54* 0,54*
3 0,759** 0,725** 1 0,552* 0,593* 0,675*
4 0,727** 0,695** 0,711** 1 0,568* 0,553*
5 0,729** 0,701** 0,744** 0,724** 1 0,618*
6 0,713** 0,701** 0,806** 0,712** 0,764** 1

Figura 120: Análise de agrupamento (UPGMA) realizada a partir da matriz dos coeficientes de
similaridade para os peixes nas bacias que integram os municípios Itumbiara, Cachoeira
Dourada, Goiatuba, Morrinhos, APA João Leite e Destilaria Bocaina.

6.2.2.10. AVALIAÇÃO DA FAUNA COMO BIOINDICADORES

Um dos grandes desafios do homem atualmente é desenvolver e utilizar recursos dentro dos
limites da natureza, a fim de garantir a integridade desta para as gerações futuras. Para
tanto, é imprescindível conhecer e conservar áreas naturais estratégicas, compreendendo
melhor suas populações e suas relações com os ecossistemas onde se encontram. A
Biologia da Conservação, que estuda a conservação da biodiversidade, tem se destacado
entre as disciplinas atuais da Biologia em planos de monitoramento da fauna.

Monitoramento, conceito utilizado em associação com o termo bioindicador, é a observação e


acompanhamento da espécie ou grupo indicador durante um intervalo de tempo, visando obter
informações sobre a condição do ambiente e mudanças na biota. Os indicadores biológicos têm
sido considerados eficientes para medir a qualidade de habitats com baixos custos.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


234
A bioindicação usa alguns organismos que compõem determinado ambiente para
caracterizá-lo e retratar o seu estado. Os objetivos são conservar e conhecer melhor o
comportamento das comunidades ecológicas quando submetidas a fatores estressantes,
como a supressão da vegetação na perda de habitas, reservatórios na mudança da
paisagem, poluição e outras.

Espécie “indicadora” é aquela que possui pequena tolerância a variações ambientais e,


quando presentes em uma área, revela condições particulares daquele ambiente.

A essência da bioindicação são as relações entre os seres vivos e os fatores ambientais.


Assim, rápidas mudanças do ambiente provocadas pelo homem causam grandes flutuações
populacionais nos organismos. Cada espécie possui um padrão de variação característico:
algumas são mais tolerantes, outras menos.

A utilidade dos bioindicadores está em sua capacidade preditiva, ou seja, permitem estimar
quando uma modificação começa a ocorrer. Eles podem indicar a presença e a extensão do
impacto de algum agente estressante ainda no início de sua atuação.

O valor preditivo de um indicador é determinado pela sensibilidade e especificidade do


mesmo às modificações ambientais e, em conseqüência, pelo tipo de resposta na população
e na comunidade. Diversos seres vivos podem ser utilizados como bioindicadores. Os
critérios mais citados na seleção de bioindicadores são:

• Ampla distribuição geográfica;


• Variedade de habitats e nichos ocupados;
• Taxonomia bem conhecida e estável;
• Facilidade de captura a baixos esforços;
• Biologia e história natural bem conhecidas;
• Sensibilidade a fatores estressantes;
• Capacidade preditiva;
• Baixos custos e tempo reduzido.

Para este estudo utilizou-se os critérios distribuição, variedade de habitats, nichos ocupados,
sensibilidade e capacidade preditiva para classificar as espécies em três categorias:

a) Espécies Dependentes – são os táxons que apresentam uma distribuição restrita


dentro de um bioma e com hábitos especialistas, onde depende de uma formação
vegetal ou um habitat ou uma sub-bacia.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


235
b) Espécies Semi-Dependentes – são os táxons que apresentam ampla distribuição em
um bioma com hábitos especialistas ou generalistas podendo ocupar mais de uma
formação vegetal, ou habitat ou uma bacia.

c) Espécies Independentes – são táxons que apresentam distribuição ampla e ocorrendo


em mais de um bioma ou bacias, de hábitos mais generalistas que especialistas.

No Quadro 70, com base no diagnóstico do empreendimento, estão expressas as


percentagens por táxons de vertebrados para cada sensibilidade e sua valoração em um
ranqueamento de 1 a 6, sendo os pesos 1 a 2 baixa importância, 3 a 4 – média importância
e 5 a 6 alta importância para o monitoramento.

Quadro 70. Porcentagens por táxon de vertebrados para cada sensibilidade


Indicador
Táxons
Dependentes (%) Semi-Dependentes (%) Independentes (%) Valoração
Anfíbios 7,14 21,42 71,44 6
Répteis - 15,38 84,62 3
Aves 1 9 90 6
Mamíferos 18,75* 31,25* 50 6
Peixes 3,57 14,21 82,14 6
* grupo com espécies ameaçadas de extinção

Essa análise revela os melhores táxons para seu monitoramento na avaliação do impacto
ambiental, observando todas as fases de implantação e operação do empreendimento,
sendo que os grupos anfíbios, mamíferos, aves e peixes apresentaram alta importância para
o monitoramento por terem representantes nos dois níveis mais sensíveis de espécies,
dependentes e semi-dependentes, com destaque para os mamíferos por possuírem
espécies ameaçadas. Os grupos dos répteis apresentaram média importância por serem
espécies comuns, abundantes e de ampla distribuição.

6.2.3. Qualidade das Águas

Para uma avaliação da qualidade das águas das drenagens da região do empreendimento,
foram coletadas amostras em quatro mananciais de forma a se ter uma representatividade
da situação dos cursos d’água nas proximidades do empreendimento, nos mananciais
ribeirão da Cachoeira, córrego São Pedro, córrego da Ponte Furada e ribeirão das Bocainas.
As análises foram realizadas pela empresa Aqualit Tecnologia e Saneamento SC.

Considerando os critérios utilizados pela Agência Ambiental de Goiás e CONAMA, os três


mananciais enquadram-se na Classe 2 (Artigo 7º - Decreto 1.745 de 06/12/79 que
regulamenta a Lei 8.544 de 17/10/78) e da Resolução CONAMA 357, exceto quanto ao
parâmetro Índice Coliforme Totais para os Pontos 1 e 2 e Coliformes Termotolerantes para o
DESTILARIA BOCAINA - EIA
236
Ponto 2. Esse enquadramento confere aos mananciais as seguintes destinações de usos:
abastecimento público após tratamento convencional, proteção das comunidades aquáticas,
recreação de contato primário, irrigação de hortaliças e plantas frutíferas e aqüicultura.

É importante ressaltar que os recursos hídricos superficiais podem assimilar uma


quantidade de contaminantes antes de atingirem um estado de poluição. Para considerar
um corpo hídrico como poluído é necessário que este corpo receptor receba uma
quantidade excessiva de poluentes.

Os resultados das análises físico-químicas e biológicas encontrados nos corpos hídricos, antes da
implantação da indústria, servirão de parâmetro para se definir a magnitude dos impactos gerados
pelo empreendimento.

6.2.3.1.1. Caracterização ambiental dos pontos de amostragem

Os cursos d’água envolvidos, ribeirão da Cachoeira, córrego São Pedro, córrego da Ponte
Furada e ribeirão das Bocainas, apresentam ligeira declividade e sua microbacia é quase
desprovida de áreas alagadiças. São cursos d’água de canal, com áreas de mata ciliar
estreita e uma alta intensidade de drenagens.

A sub-bacia a ser afetada pelo empreendimento caracteriza-se por planícies, onde a


atividade agropastoril é bastante intensa, o que provoca ao solo uma fragilidade e aos
corpos hídricos o aporte e carreamento de partículas sólidas, excremento de animais e
fertilizantes.

A região possui uma diversidade de fitofisionomias, como veredas, mata de galeria e


cerradão. A vegetação no local das amostragens, em décadas passadas, configurava-se
típica de cerrado com suas diferentes fitofisionomias, sendo mais exuberante no fundo dos
vales onde ocorrem as matas ciliares e no alto dos morros.

Hoje, em geral, todas as fitofisionomias, inclusive as matas ciliares, estão alteradas e pouco
podem cumprir a importante função de barreira natural para o aporte de materiais aos
cursos d’água. Dentre os usos dos corpos hídricos da região, destacam-se a irrigação de
lavouras temporárias, a dessedentação de animais e o uso doméstico.

Os pontos de amostragem são representativos das condições atuais dos mananciais para o
trecho estudado. Foi evidenciado, nos levantamentos de campo, que as principais atividades
que podem alterar a qualidade das águas dos mananciais da região são as atividades

DESTILARIA BOCAINA - EIA


237
agrícolas, pecuária e desmatamentos de faixas de proteção das margens dos corpos
d’água. Ver Quadro 71 e Figura 121.

Quadro 71. Localização dos pontos de coleta


Ponto 1 Ribeirão da Cachoeira 22 k (0708410/8078263 UTM)
Ponto 2 Córrego São Pedro 22 k (0699872/8085092 UTM)
Ponto 3 Córrego da Ponte Furada 22 k (0694796/8074902 UTM)
Ponto 4 Ribeirão das Bocainas 22 k (06965582/8077401 UTM)

Não foi detectado o lançamento de outros efluentes industriais próximos aos pontos
monitorados, bem como de efluentes sanitários com ou sem tratamento.

As coletas e a preservação das amostras para análise no laboratório foram efetuadas de


acordo com as normas técnicas determinadas pela ABNT NBR 9898/1987 e pelo Standard
Methods For The Examination Of Water and Wastewater da AWWA 19th ed.

Foi utilizada para obtenção de dados em campo: uma sonda multiparâmetro Modelo YSI
6820, um turbidímetro 2100 P modelo Hach. Os aparelhos foram calibrados e aferidos com
padrões de controle analítico, sendo efetuada as calibrações necessárias para cada
eletrodo.

Para os parâmetros analisados em laboratório foram coletadas amostras à subsuperfície,


preservadas e acondicionadas em frascos apropriados, sendo as mesmas posteriormente
enviadas para o laboratório.

Foram aferidos um total de 08 parâmetros físico-químicos e biológicos, sendo os resultados


obtidos cotejados com os valores máximo permitidos pela Resolução CONAMA 357 para os
cursos d'água Classe II.

No Quadro 72 estão relacionados os parâmetros listados pela Resolução CONAMA 357,


seu VMP e as concentrações usualmente encontradas em águas naturais.

Quadro 72. Valores máximos permitidos (VMP) para rios Classe II


Valor máximo Permitido - VMP
Parâmetro
Unidade Classe I Classe II Classe III
PH 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0
Oxigênio Dissolvido - OD mg /l O2 6,0 5,0 4,0
Turbidez UNT 40,0 100,0 100,0
Condutividade µs / cm NR NR NR
Sólidos dissolvidos mg / l 500,0 500,0 500,0
DBO 5 Dias mg / l 3,0 5,0 10,0
Coliformes Totais NMP / 100 ml 1.000,0 5.000,0 20.000,0
Coliformes Termotolerantes NMP / 100 ml 200,0 1.000,0 4.000,0

DESTILARIA BOCAINA - EIA


238
695000 700000 705000 710000
8085000

8085000
#2
Y

7
Piracanjuba

-14

us
GO

ate
oM

Córr. S. Pedro

rr.

LEGENDA

Córr. da Boc #
Y Local do Empreendimento
ai ninha
#Y Pontos de Amostragem de Água
Área de Influência Indireta
8080000

8080000
Rib
Hidrografia

.d
aC
ac
Limite Municipal
#
Y

Polid

ho
eir
Destilaria Bocaina

a
uto
1 Represa / Lago
Ma
jor #
Y
4 do Malha Viária
rr.
#
Y Có
Pavimentada
Cór Rib.
das Não Pavimentada
70

r. d Boc
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GO-4

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Ponte Fu
8075000

8075000
3
#
Y
rada

695000 700000 705000 udo 710000

Escala 1:100000 N
3 0 3 km

Fonte: Mosaico de Imagens de Satélite CBERS 2


Sensor CCD 12 de julho de 2007
DESTILARIA BOCAINA
SAD 69 Fuso 22 MC -51
Sistema de Coordenadas UTM ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA
Malha Viária e Hidrografia - AGETOP (adaptadas) TÍTULO FIGURA
A4 LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE COLETA PARA QUALIDADE DE ÁGUA 121
6.2.3.1.2. Análise dos resultados

• POTENCIAL HIDROGENIÔNICO - pH

O termo pH (potencial hidrogeniônico) é usado universalmente para expressar o grau de


acidez ou basicidade de uma solução, ou seja, é o modo de expressar a concentração de
íons de hidrogênio nessa solução.

De acordo com Esteves (1988), a maioria dos corpos d’água continentais apresentam pH
variando entre 6 e 8, no entanto, pode-se encontrar ambientes mais ácidos ou mais
alcalinos. De acordo com Reid & Wood (1976), rios muito ácidos encontram-se
principalmente em terrenos alagadiços e pântanos, correndo em áreas de formação silicosa
e suportam uma biota relativamente pobre.

Considerado como uma das variáveis ambientais mais importantes, o pH é, ao mesmo


tempo, uma das variáveis mais difíceis de interpretar (Esteves, 1988). Essa complexidade
se deve ao grande número de fatores que podem influenciar esse parâmetro.

Importância do pH na qualidade das águas

Valores altos de pH podem facilitar a solubilização da amônia, metais pesados e sais.


Baixos valores de pH aumentam a concentração de CO2 e ácido carbônico, sendo que
efeitos letais de pH na vida aquática podem ocorrer em valores abaixo de 4.5 e acima de
9.5. É importante ressaltar que a maioria dos organismos aquáticos está adaptada às
condições de neutralidade do pH.

Segundo Allan (1995), os efeitos deletérios da acidificação em corpos hídricos são bem
conhecidos, principalmente em termos de redução do número de espécies e da abundância
de indivíduos. Esteves (1988) ressalta a estreita interdependência entre as comunidades
bióticas e o meio aquático, com relação ao pH. Em outras palavras, as comunidades
aquáticas interferem no pH, assim como o pH interfere de diferentes maneiras no
metabolismo dessas comunidades.

As principais fontes antrópicas de alterações do pH são: mineração, práticas agrícolas,


efluentes industriais e chuva ácida (derivadas da emissão de gases dos carros e indústrias
para a atmosfera). Geralmente, pH muito ácido ou muito alcalino está associado à presença
de despejos industriais.

Os valores aferidos para pH estão relacionados no Quadro 73, a seguir.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


240
Quadro 73. Valores aferidos para pH
Valor Aferido Limite na resolução Valores em
Parâmetro
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 CONAMA 357 Classe 2 águas naturais
Ph 6,27 6,78 7,16 7,30 6,0 a 9,0 6 a 8,5

• SÓLIDOS DISSOLVIDOS

Todos contaminantes da água com exceção dos gases dissolvidos contribuem para a carga
de sólidos. Entretanto, as concentrações deste material variam de lugar para lugar, devido à
variabilidade natural dos ambientes e às atividades antrópicas desenvolvidas na bacia.

Os sólidos em suspensão aumentam a turbidez prejudicando aspectos estéticos da água e a


produtividade do ecossistema pela diminuição da penetração da luz. A determinação desse
parâmetro é importante face à dependência que ele possui em relação às características
geo-ambientais na bacia em questão, principalmente no que tange à capacidade de erosão
dos solos da bacia de drenagem, que por sua vez depende da cobertura vegetal e das
características físicas do solo.

Importância dos sólidos na qualidade das águas

Altas concentrações de sólidos na água dificultam a penetração da luz, diminuindo a


transparência, que traz conseqüências prejudiciais aos processos fotossintéticos da
comunidade fotoplanctônica e de macrófitas, além de depositar no fundo dos ambientes
aquáticos podendo causar danos diretos a ictiofauna e aos organismos bentônicos.

As principais fontes antrópicas de sólidos são: desmatamentos, construção de novas


estradas, estradas sem pavimentação asfáltica, praticas agrícolas sem proteção dos solos,
águas pluviais de centros urbanos, efluentes industriais e domésticos.

Os valores de sólidos dissolvidos estão relacionados no Quadro 74, a seguir.

Quadro 74. Valores encontrados para sólidos dissolvidos


Valor Medido Limite resolução Valor Médio em
Parâmetro
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 CONAMA 357 Classe 2 águas naturais
Sólidos totais dissolvidos 12,0 26,0 77,0 36,0 500,0 Variável

• TURBIDEZ

As propriedades ópticas da água constituem-se num importante elemento para a


caracterização limnológica das águas superficiais visto que estão relacionadas com a
atividade fotossintética, oxigenação, estrutura térmica, etc. (Maier, 1978). O aspecto óptico
das águas é modificado por substâncias dissolvidas e em suspensão.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
241
A turbidez da água pode ser considerada, do ponto de vista óptico, o oposto de sua
transparência e, segundo Esteves (1988), os principais responsáveis pela turbidez da água
são principalmente as partículas suspensas (bactérias, fitoplancton, detritos orgânicos e
inorgânicos) e em menor proporção os compostos dissolvidos. É expressa em UNT
(Unidades Nefelométricas de Turbidez).

Segundo Maier (1978), a cor da água é dada pela presença de substâncias pigmentadas
(minerais e orgânicas) em solução ou em dispersão coloidal (cor “real”). Rios que drenam
pântanos, brejos e regiões de florestas, podem ter coloração escura, devido a substâncias
húmicas e taninos dissolvidos em suas águas.

A transparência, medida através da profundidade de “desaparecimento” do disco de Secchi


(Esteves, 1988), revela a profundidade de penetração da luz na água, sendo inversamente
proporcional às variáveis turbidez e cor.

Importância das propriedades ópticas na qualidade das águas

Valores elevados de turbidez e conseqüente diminuição da transparência trazem prejuízos


aos processos fotossintéticos do fitoplâncton e de macrófitas submersas. Altos valores de
turbidez também aumentam a área de superfície dos sólidos em suspensão na água
favorecendo o crescimento bacteriano, além de ter o aspecto desagradável às atividades de
lazer. Em uma bacia hidrográfica, a topografia e composição do solo da área de drenagem,
seu tipo de vegetação, exercem razoável influência sobre os valores de turbidez dos rios
que a compõe.

As fontes antrópicas que elevam a turbidez são os desmatamentos, construções e má


conservação de estradas, agricultura, mineração, centros urbanos e efluentes industriais.
Segundo Hynes (1971), a presença de poluentes orgânicos tem efeito imediato sobre a
qualidade da água, aumentando intensamente a cor e turbidez no local de lançamento, o
que não se estende por um longo trecho em rio com grande vazão.

Os valores de turbidez estão relacionados no Quadro 75, a seguir.

Quadro 75. Valores encontrados para turbidez


Valor Medido Limite resolução Valor Médio em
Parâmetro
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 CONAMA 357 Classe 2 águas naturais
Turbidez 5,38 UNT 7,20 UNT 9,20 UNT 8,90 UNT Até 100 UNT Variável

DESTILARIA BOCAINA - EIA


242
• OXIGÊNIO DISSOLVIDO

O oxigênio dissolvido é necessário em quantidades adequadas para a vida dos peixes e de


outros organismos aquáticos. As águas de superfície com qualidade satisfatória devem ser
saturadas com o oxigênio dissolvido. A sub-saturação ou a super saturação das águas de
superfície indica poluição.

A concentração de OD na água é, usualmente, um índice altamente significativo de sua


qualidade sanitária. As águas subterrâneas podem ser deficientes de OD, mesmo não
estando poluídas, porque o oxigênio é oxidado pelos minerais dissolvidos na água. O
oxigênio é um gás altamente ativo, a sua presença contribui para o aumento da
corrosividade.

Variações de oxigênio dissolvido podem ocorrer em águas naturais durante as estações ou


mesmo no período de 24 horas, visto que, ocorrem variações de temperatura e nas
atividades biológicas. As atividades biológicas da respiração relacionadas com a
decomposição da matéria orgânica, reduzem a quantidade de oxigênio dissolvido no corpo
d’água.

As descargas elevadas de esgoto com alta carga orgânica podem ocasionar a depleção de
elemento ao ponto que a concentração desse elemento se aproxime de zero, ocasionando
mortandade de peixes e de outros organismos aquáticos.

De acordo com Esteves (1988), dentre os gases dissolvidos na água, o oxigênio é um dos
mais importantes na dinâmica e na caracterização de ecossistemas aquáticos. As principais
fontes de oxigênio para a água são: a atmosfera e a fotossíntese. Por outro lado, as perdas
são: pela decomposição de matéria orgânica (oxidação), para a atmosfera, respiração de
organismos aquáticos e oxidação de íons metálicos como o ferro e o manganês.

O oxigênio dissolvido é essencial ao metabolismo respiratório da maioria dos organismos


aquáticos e afeta a solubilidade e a viabilidade dos nutrientes, conseqüentemente, a
produtividade do ecossistema aquático. Baixas concentrações de 02 facilitam a liberação de
nutrientes dos sedimentos, principalmente em lagos e reservatórios.

Em termos gerais, a concentração de oxigênio dissolvido em águas superficiais é menor do


que 10 mg/l. A concentração de OD está interligada às variações diárias e estacionais que
são decorrentes das variações da temperatura, fotossíntese e a vazão do corpo hídrico.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


243
Importância do Oxigênio Dissolvido na qualidade das águas

A determinação do oxigênio dissolvido é de fundamental importância para avaliar as condições


naturais da água e detectar impactos ambientais como eutrofização e poluição orgânica.

O oxigênio dissolvido é extremamente importante, em quantidade adequada, para a vida de


peixes e outros organismos aquáticos. As águas de superfície com qualidade satisfatória
devem ter valores adequados de oxigênio dissolvido.

Baixos valores de oxigênio dissolvido das águas de superfície são indicativos de que o
corpo hídrico está recebendo matéria orgânica em excesso, provavelmente oriunda de
esgotos domésticos / industriais. Porém, sobretudo no período de chuva, ambientes como
planícies de inundação e pântanos, podem apresentar valores extremamente baixos de
oxigênio dissolvido, sem que haja qualquer fonte poluidora.

Os resíduos orgânicos despejados nos corpos d’água são decompostos por


microorganismos que se utilizam do oxigênio na respiração. Assim, quanto maior a carga de
matéria orgânica, maior o número de microorganismos decompositores e,
conseqüentemente, maior o consumo de oxigênio. A morte de peixes em rios poluídos pode
ser decorrente, em muitos casos, da ausência de oxigênio e não da presença de
substâncias tóxicas.

Os valores encontrados para oxigênio dissolvido estão relacionados no Quadro 76.

Quadro 76. Valores encontrados para OD


Valor Medido Limite resolução Valor Médio em
Parâmetro
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 CONAMA 357 Classe 2 águas naturais
Oxigênio Dissolvido 7,8 8,2 7,7 8,8 Nunca inferior a 5 mg / L 5 a 10 mg / L

• DEMANDA BIOQUIMICA DE OXIGÊNIO (DBO)

É um teste que mede a quantidade de oxigênio necessária e requerida pelas bactérias para a
digestão aeróbica da matéria orgânica decompostável existente em uma amostra de água. A
DBO5 deve-se principalmente a matéria orgânica carbonácea que é utilizada como alimento
pelos microorganismos aeróbicos, pelo nitrogênio oxidável proveniente do nitrogênio orgânico,
NH3 e NO2, que são utilizados como fonte de alimentos de bactérias, tais como: nitrosomonas,
nitrobactérias e por certos compostos químicos, que agem como elementos redutores como o
ferro no estado bivalente, sulfato e sulfito que reagem com o oxigênio dissolvido. Para as
águas de abastecimento é exigível uma DBO5 com valores baixos.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


244
Importância da DBO na qualidade das águas

A matéria orgânica lançada a um corpo receptor é o principal responsável pelo consumo, pelos
organismos decompositores, do oxigênio dissolvido na água. Portanto, a DBO é uma indicação
potencial do nível de consumo do oxigênio dissolvido presente nas águas naturais poluídas.

A origem da DBO pode ser tanto natural quanto antropogênica, sendo que os despejos
industriais e domésticos são as principais causas da elevação dos níveis de DBO em rios
não poluídos. A DBO de origem natural provém de matéria orgânica vegetal e animal.

Os valores encontrados para a DBO estão no Quadro 77, a seguir.

Quadro 77. Valores encontrados para DBO


Valor Medido Limite na resolução Valor Médio em
Parâmetro
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 CONAMA 020/86 Classe 2 águas naturais

DBO 0,9 1,0 1,2 1,6 Até 5 mg / L Variável

• CONDUTIVIDADE

A condutividade elétrica é a capacidade que a água possui de conduzir corrente elétrica.


Este parâmetro está relacionado com a presença de íons dissolvidos na água; ou seja,
quanto maior for a quantidade de íons dissolvidos, maior será a condutividade elétrica da
água. Em águas continentais, os íons diretamente responsáveis pelos valores da
condutividade são, entre outros, o cálcio, o magnésio, o potássio, o sódio, carbonatos,
carbonetos, sulfatos e cloretos (Esteves, 1988). A condutividade é geralmente expressa em
µS/cm. Segundo Maier (1978), as medianas encontradas para diversos rios da América do
Sul variam de 12,7 a 108,2 µS/cm.

O parâmetro condutividade elétrica não determina, especificamente, quais os íons que estão
presentes em determinada amostra de água, mas pode contribuir para possíveis reconhecimentos
de impactos ambientais que ocorram na bacia de drenagem, ocasionados por lançamentos
de resíduos industriais, mineração, esgotos, etc. A condutividade elétrica da água pode
variar de acordo com a temperatura e a concentração total de substâncias ionizadas
dissolvidas.

Em regiões tropicais, os valores de condutividade estão mais fortemente relacionados com


características geoquímicas da região e com as condições climáticas. De acordo com
Tundisi (1995) as concentrações de compostos de K, Ca, Mg e bicarbonatos aumentam
durante o período de estiagem. Estes elementos são introduzidos no meio durante as
chuvas e se diluem com o aumento do nível das águas.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
245
Importância da condutividade na qualidade das águas

Segundo Esteves (1988), a condutividade é uma variável importante, visto que fornece
informações tanto sobre o metabolismo no meio aquático, quanto fenômenos importantes
que ocorram na bacia. Dentre as informações que podem ser fornecidas pelos valores da
condutividade elétrica destacam-se:

a) A variação diária da condutividade elétrica da água fornece informações a respeito de


processos importantes nos ecossistemas aquáticos, como produção primária e
decomposição;

b) Detecção de fontes poluidoras no ecossistema;

c) Diferenças geoquímicas nos afluentes do rio principal ou de um lago podem ser


avaliadas com auxílio de medidas da condutividade elétrica.

Devido a sua grande variação natural nos corpos hídricos, não existem valores máximos
permissíveis determinados para esse parâmetro, porém, águas com altos valores de
condutividade podem ser prejudiciais à irrigação de lavouras, fornecimento às indústrias e à
criação de animais.

As fontes antropogênicas que contribuem para o aumento da condutividade são: as


minerações, efluentes sanitários e industriais.

Quadro 78. Valores encontrados para condutividade


Valor Medido Limite resolução CONAMA Valor Médio em
Parâmetro
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 357 Classe 2 águas naturais
Condutividade 25,6 54,8 162,5 75,6 NR Variável

• PARÂMETROS BIOLÓGICOS

As bactérias do grupo coliforme são consideradas os principais indicadores de


contaminação fecal. O uso da bactéria coliforme termotolerante para indicar poluição
sanitária mostra-se mais significativo que o uso da bactéria coliforme total. A determinação
da concentração dos coliformes assume importância como parâmetro indicador da
possibilidade da existência de microorganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão
de doenças de veiculação hídrica.

A presença de coliformes no meio aquático, por si só, não representa um perigo à saúde,
mas indica a possível presença de outros organismos responsáveis por causar doenças. A
determinação deste indicador é baseada em termos probabilísticos, sendo o resultado
expresso através do número mais provável (NMP) de organismos do grupo coliforme por
100 mililitros de amostra.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
246
Importância do índice de coliformes

As principais fontes de coliformes em áreas não urbanizadas são: mau funcionamento de


fossas sépticas, atividades de recreação, aporte de águas de escoamento superficial
contaminadas, efluentes de confinamentos e outras atividades antrópicas.

Grandes concentrações de coliformes totais podem ocorrer devido ao carreamento de


resíduos humanos ou animais para os corpos hídricos e a metodologia atual, infelizmente,
não é capaz de determinar a fonte de contaminação. Assim sendo, torna-se difícil
determinar se os altos índices para coliformes totais são de origem de animais selvagens /
domésticos ou humanos. Porém, face à baixa densidade populacional na área em estudo,
possivelmente as fontes são oriundas de áreas pastoris e rejeitos de atividades de pecuária.

Os valores encontrados para os parâmetros de coliformes fecal e total estão relacionados no


Quadro 79, a seguir.

Quadro 79. Valores encontrados para coliformes


Valor Medido (NMP / 100 ml) Limite Resolução Valor Médio
Parâmetro CONAMA 357 em águas
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Classe 2 naturais
Índice Coliformes Totais 11.000,0 11.000,0 430,0 1.500,0 5000 NMP/ 100 ml Variável
Índice Coliformes Termotolerantes 280,0 4.600,0 430,0 750,0 1.000,00 Variável

6.2.3.1.3. Conclusão

A campanha para coleta de dados realizada permitiu a caracterização e a identificação de


alguns padrões de interesse e das características físico-químicas e biológicas das águas desses
corpos hídricos.

Diante da análise dos dados obtidos na campanha foi possível identificar alguns parâmetros
que merecem especial atenção. Em termos gerais, é possível afirmar que a qualidade
(“saúde”) dos corpos hídricos apresenta-se boa.

É necessário destacar, que além de se analisar os parâmetros físico-químicos é importante


o conhecimento de determinados processos ecológicos para a correta avaliação da saúde
do sistema hídrico em questão.

A seguir serão discutidos os valores encontrados para os parâmetros mais importantes da


qualidade das águas dos mananciais:

DESTILARIA BOCAINA - EIA


247
A temperatura da água é uma das variáveis limnológicas que apresenta maiores flutuações
durante o período de 24 horas, sendo influenciada por diversos fatores ambientais. Portanto,
coletas realizadas em diferentes períodos do dia podem resultar em valores também
diferentes (Esteves 1988). Os valores encontrados para os mananciais amostrados são
normalmente detectados em cursos d’água despoluídos da região. Não há evidência de
fontes poluidoras pontuais de origem industrial ou sanitária.

Os valores encontrados para pH nos quatro pontos estão dentro dos limites estabelecidos pela
Resoluçaõ CONAMA 357 para os mananciais da classe 2. Segundo Esteves (1988), durante o
período de chuva é esperado que as águas se tornem mais ácidas devido à elevada
concentração de ácidos orgânicos provindos da atividade metabólica de microorganismos
decompositores (maior liberação de íons H+, conseqüente diminuição do valor do pH).

No que se refere aos parâmetros relacionados às características ópticas das águas,


encontrou-se uma baixa concentração de sólidos, conseqüentemente uma turbidez também
muito baixa.

Visto que a distância entre os pontos amostrados não é significativa para a alteração nos
valores para esse parâmetro, pode-se dizer que não houve alteração dos valores de
turbidez nos locais de coleta.

Os valores encontrados para o índice de coliformes nos pontos de amostragem foram


inferiores ao permitido pela Resolução CONAMA 357 para cursos d’água Classe 2, exceto
para o Índice Coliforme Total para os Pontos 2 e 3 e para o Índice Coliforme
Termotolerantes para o Ponto 2, o que pode ser explicado pela presença de bovinos nas
respectivas bacias.

Com relação aos outros parâmetros físicos e químicos, pode-se afirmar que as águas dos
mananciais encontraram-se dentro dos padrões normalmente encontrados em águas
superficiais livres de poluição.

6.3. MEIO SOCIOECONÔMICO

6.3.1. Localização e Acesso

Piracanjuba localiza-se na Microrregião do Meia Ponte, Região de Planejamento Sul Goiano


(SEPLAN - GO) e distancia-se 73,7 quilômetros da Capital. Encontra-se interligado às
principais regiões do estado e do país por uma malha rodoviária composta, principalmente,
pela BR 153 e GOs 020 e 352. Possui uma área de 2.405,114 km², correspondente a 0,70%
do território goiano e faz divisas com os municípios de Bela Vista de Goiás, Caldas Novas,
DESTILARIA BOCAINA - EIA
248
Cristianópolis, Hidrolândia, Mairipotaba, Morrinhos, Professor Jamil e Santa Cruz de Goiás.
Abriga um povoado, denominado Vale do Paraíso e os aglomerados Estulânia, Rochedinho
e São José.

6.3.2. Histórico

Figura 122: Praça do relógio

O povoamento do município foi iniciado pelo Padre Marinho. Seu objetivo era estabelecer
relações comerciais entre os estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Determinada
elevação, na cabeceira de um córrego, tornou o lugar propício à pousada. Ali surgiram as
primeiras moradas, originando o aglomerado conhecido como Pouso Alto.

Segundo a lenda "quando a civilização ainda se detinha no litoral brasileiro, temerosa do


desconhecido e inóspito sertão, chegaram a esta região duas tribos indígenas à procura de
caça abundante e rios piscosos que provessem o seu sustento. Fixaram-se ambas as tribos
na região que fica entre o rio Meia Ponte e um canal sem denominação. Na disputa pelo
território e pela alimentação tornaram-se acérrimos inimigos. O forte e belo guerreiro,
cacique dos Piracans, apaixonou-se pela filha do cacique inimigo, Jubara, romance
drasticamente proibido pelos pais de ambos.

Piracan e Jubara, impossibilitados de se unirem para a vida, atiraram-se juntos ao rio, onde
pereceram. Logo após o infausto acontecimento, apareceu nas águas do mesmo rio uma
espécie de peixe até então nunca visto pelos índios. Supersticiosos, os selvagens relacionaram
o aparecimento do peixe ao suicídio dos dois jovens, denominando Piracanjuba ao peixe e ao
rio. Uniram-se as duas tribos, esquecendo-se as divergências até então existentes.“

DESTILARIA BOCAINA - EIA


249
O povoamento tornou-se efetivo em 1831, com a construção da capela de Nossa Senhora
da Abadia pelo Guarda-mor Francisco José Pinheiro, português, vindo de Oliveira – MG,
atraído pelo ouro da região de Santa Cruz. Em 1833, Pouso Alto era povoado. Em 1855 foi
elevado à categoria de Distrito. Em 1855 teve sua emancipação política, com o nome de
Pouso Alto. Portanto, em novembro de 2007 completará 152 anos de emancipação política
e 176 anos de existência.

É uma cidade pequena (em torno de 25.000 habitantes), cuja economia é baseada no
agronegócio, sobretudo a agropecuária. Há muito tempo o município ostenta o título de
maior bacia leiteira do Estado de Goiás, com uma produção significativa de leite (em torno
de 240.000 litros/dia) e está entre os cinco maiores produtores do Brasil. Há alguns poucos
anos vem havendo um crescimento significativo do plantio da soja no município, sendo que
na safra 2003/2004 colheu-se aproximadamente 120.000 toneladas do produto, com uma
área plantada de aproximadamente 60.000 hectares.

Piracanjuba também é conhecida como a Capital Goiana das Orquídeas, em função de sua
tradicional Exposição Nacional de Orquídeas, realizada sempre no mês de maio de cada
ano, há 26 anos consecutivos. O município está estruturando para visitação um Parque
Ecológico das Orquídeas, sob a forma de Área de Proteção Ambiental, com quase 440
hectares, situado a 12 km do centro da cidade. Também existe um projeto de construção do
Palácio das Orquídeas em Piracanjuba, como forma de incrementar o turismo e
profissionalizar o cultivo e comercialização das orquídeas no município. (Fonte:
IBGE/Faculdade de Piracanjuba).

6.3.3. Dinâmica Demográfica

6.3.3.1. POPULAÇÃO TOTAL E TAXA GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO ANUAL

Dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do


ano 2007 registrou, em Piracanjuba, um contingente populacional residente de 23.229
pessoas, perfazendo uma densidade demográfica de 9,6 habitantes por quilômetro
quadrado, índice abaixo das médias estadual, 16,20 e nacional 19,92.

No período intercensitário de 1991 a 2000, o município teve uma taxa média de crescimento
anual de 0,90%, elevando sua população de 21.789 em 1991 para 23.557, em 2000,
desempenho que ficou abaixo das médias estadual (2,46%) e da nacional (1,64%). Já no
período de 2000 a 2007, teve uma taxa de crescimento negativa, já que a população
diminuiu de 23.557 para 23.229 pessoas, de acordo com a Contagem da População
realizada pelo IBGE.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
250
6.3.3.2. POPULAÇÃO POR SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO

A distribuição da população por situação do domicílio indica sua concentração


principalmente na sede municipal (68,6%), ficando o restante, 30,01%, na área rural e
1,40%, em aglomerado / povoado (Povoado de Vale do Paraíso e os aglomerados de
Estulânia, Rochedinho e São José). Estabelece-se, assim, uma taxa de urbanização
bastante abaixo das médias nacional e estadual (Figura 123).

100
90
80
70
60
(%) 50
40
30
20
10
0
1970 1980 1991 2000
(Ano)

Brasil Estado de Goiás Piracanjuba

Fonte: IBGE/ SIDRA / Censo Demográfico.


Figura 123: Taxa de Urbanização.

A prática do arrendamento de terras e a necessidade de estabelecer ganhos de escala ao


produtor podem favorecer a concentração do uso da terra, estimulando o êxodo rural e a
conseqüente elevação da taxa de urbanização.

6.3.3.3. POPULAÇÃO POR SEXO.

O estudo da composição da população por sexo é importante, pois possibilita:

subsidiar os processos de planejamento, gestão e avaliação de políticas


públicas nas áreas de saúde, educação, segurança e emprego; auxiliar na
compreensão de fenômenos sociais relacionados a essa distribuição
(migrações, mercado de trabalho, organização familiar, morbimortalidade);
e, identificar necessidades de estudos de gênero sobre os fatores
condicionantes das variações encontradas31.

Grosso modo, a taxa de urbanização se associa à composição da população por sexo de


modo que prevalece o masculino em regiões onde predominam atividades rurais e,
inversamente, do feminino, quando há expansão do setor terciário.

31
Indicadores Básicos para a Saúde no Brasil: conceitos e aplicações. Organização Pan-Americana da Saúde - Opas/OMS

DESTILARIA BOCAINA - EIA


251
Percebe-se que à medida da elevação da taxa de urbanização, o índice razão de sexos
tende também ao equilíbrio (100) ou mesmo, ao predomínio do feminino, casos de Brasil e
Goiás. Em Piracanjuba a situação se diferencia e prevalece o predomínio do masculino em
razão da menor taxa de urbanização.

Considerando-se os 1413 empregos diretos e ainda os indiretos que serão gerados, muito
provavelmente haverá um afluxo de contingentes de trabalhadores do sexo masculino para
o trabalho na futura indústria, alterando o índice razão de sexo.

6.3.3.4. POPULAÇÃO POR GRUPOS ETÁRIOS

A análise da composição da população por grupos etários é importante para se inferir suas
condições de vida, vis-à-vis a necessidade de elaboração de políticas públicas. Neste
sentido o indicador denominado razão de dependência, mede a participação relativa do
contingente populacional potencialmente inativo (0 a 14 anos e 65 anos e mais de idade),
que deveria ser sustentado pela parcela da população potencialmente produtiva (15 a 64
anos de idade). Valores elevados indicam que a população em idade produtiva deve
sustentar uma grande proporção de dependentes, o que significa consideráveis encargos
assistenciais para a sociedade.

Comparando-se os dados dos censos demográficos de 1991 a 2000, nota-se que houve um
significativo declínio da razão de dependência em todo o Brasil, no estado de Goiás e,
também, em Piracanjuba, onde o índice já era mais reduzido, comparativamente aos do
Brasil e Estado de Goiás.

Uma das explicações para a acentuada redução da razão de dependência encontra-se no


processo de transição demográfica que consiste na redução dos índices de fecundidade e
mortalidade infantil.

A evolução da população por grupos etários entre 1970 e 2000 aponta para significativas
alterações no seu perfil, notadamente o estreitamento da base da pirâmide etária com a redução
da proporção de crianças (0 a 14 anos), aumento dos adultos (15 a 64 anos) e idosos (65 anos
e mais). Para o IBGE, o Censo Demográfico de 2000 revela que, “o declínio generalizado da
fecundidade no país, conjugado à redução da mortalidade, contribuiu de forma decisiva para as
mudanças processadas na composição por idade da população. Tais alterações caracterizaram
fundamentalmente o início do processo de envelhecimento da população brasileira32”.

32
IBGE. Tendências Demográficas: uma análise do resultado do universo do Censo Demográfico 2000.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


252
O Índice de Envelhecimento de Piracanjuba é crescente, como nas demais dimensões
demográficas, mas com aumento brusco a partir de 1991. O município possui índice de
envelhecimento populacional acima da média nacional e estadual.

De fato, quando se observa os indicadores demográficos apresentados no Quadro 80,


percebe-se uma redução acentuada nas taxas de mortalidade infantil, forte elevação da
esperança de vida ao nascer e redução do número de filhos por mulher em idade fértil.

Quadro 80. Indicadores demográficos


Brasil Goiás Piracanjuba
Indicador
1991 2000 1991 2000 1991 2000
Mortalidade até 1 ano de idade (por 1000
45,2 29,6 29,5 22,5 26,2 25,0
nascidos vivos)
Esperança de vida ao nascer (anos) 66,9 70,4 65,1 69,7 66,0 68,6
Taxa de Fecundidade Total (filhos por mulher) 2,7 2,3 2,6 2,2 2,4 2,2
Fonte: PNUD / IPEA / FJP / IBGE.

A redução dos índices de mortalidade infantil está vinculada, historicamente, às melhorias nas
condições de vida, às intervenções públicas nas áreas de saúde, como a vacinação em massa,
às políticas de planejamento familiar e, conseqüentemente ao declínio da fecundidade.

A migração é uma das principais componentes da dinâmica demográfica, cuja análise


revela-se importante para se compreender a mobilidade espacial dos contingentes
demográficos dos municípios. O censo demográfico de 2000 revela que, a população
residente de Goiás e Piracanjuba, na sua maior parte, é originária do próprio estado de
Goiás, como pode ser constatado pela Figura 124.

Se tomadas as unidades da Federação de nascimento da população de Piracanjuba,


percebe-se que a grande maioria, 92,17%, nasceu no próprio estado de Goiás e,
certamente, a maior parte destes, no próprio município, apesar de os dados do IBGE não
revelarem a migração intermunicipal, dentro da UF. Depois de Goiás seguem Minas Gerais,
São Paulo, Bahia e Tocantins os que mais contribuíram com a formação da população dos
municípios, o que pode ser explicado por razões históricas de ocupação do sul do estado a
partir de São Paulo, do Triângulo Mineiro.

Estima-se que o empreendimento, à medida que ampliará a oferta de empregos no


município, mesmo com a adoção de 100% da colheita de cana-de-açúcar mecanizada,
deverá se tornar um atrativo, estimulando a imigração, inicialmente de trabalhadores
temporários, contribuindo assim para o aumento do ritmo de crescimento demográfico. Esta
tendência poderá se confirmar e se fortalecer à medida do surgimento de novos
empreendimentos agroindustriais na região, como já vem ocorrendo com as indústrias do
ramo sucroalcooleiro.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
253
Estado de Goiás
91,5%

Tocantins Bahia
0,3% Minas
Outros São 0,5%
Gerais 3,7% Paulo
2,8% 1,2%

Fonte: IBGE/ SIDRA / Censo Demográfico.


Figura 124: População Residente, por Unidade da Federação de Nascimento (2000)

6.3.4. Uso e Ocupação do Solo

Dentre as principais conseqüências das políticas de expansão da fronteira agrícola, está um


acelerado processo de êxodo rural, concentração fundiária, aliados às iniciativas
governamentais de inovação tecnológica, incorporada à lógica do mercado capitalista da
agricultura brasileira e mundial. O conjunto de iniciativas desta política produziu um “modelo”
de desenvolvimento cujos efeitos foram devastadores para o cerrado goiano, vez que
alterou de modo significativo a paisagem com o intensivo uso dos recursos hídricos,
desmatamento com progressivo empobrecimento da fauna e flora, utilização de produtos
químicos, proporcionando, deste modo, um intensivo processo de degradação ambiental.

Os dados apresentados no Quadro 81 informam sobre a condição do produtor nos


municípios da área de influência e, pode-se verificar que a de proprietário é amplamente
majoritária, mas em Piracanjuba ela é ligeiramente inferior à média estadual.

Quadro 81. Condição do produtor em Piracanjuba.


Proprietário (%) Arrendatário (%) Parceiro (%) Ocupante (%)
UF/Município
Estab. Área (ha) Estab. Área (ha) Estab. Área (ha) Estab. Área (ha)
Estado de Goiás 90,48 94,88 3,54 2,74 0,88 0,31 5,08 2,05
Piracanjuba 86,98 91,82 4,37 2,21 0,78 0,96 7,85 4,99
Fonte: IBGE. SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2005.

A relação de propriedade com o meio de produção no campo é dada pela condição do


produtor que, tanto no Estado de Goiás, quanto em Piracanjuba (86,98%), predomina a de
proprietário do imóvel. Os dados relativos a 2002 revelam que, no município, a segunda
maior participação era a de ocupantes (7,85%), seguidos por arrendatários (4,37%), meeiros
(0,78%). A prática do arrendamento, muito comum na agricultura e, especialmente na
produção de cana-de-açúcar para indústria, pode aumentar em Piracanjuba.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
254
6.3.4.1. UTILIZAÇÃO DAS TERRAS

Comparando-se os dados de Piracanjuba com o padrão estadual de utilização das terras, a


partir dos dados do Censo Agropecuário de 1996 do IBGE, nota-se que há um predomínio
de pastagens naturais e artificiais, seguidas pelas matas naturais e plantadas. O uso de
lavouras permanentes e temporárias chega a 7,16% em Piracanjuba e 7,91% no Estado de
Goiás (Figura 125). Na Figura 126 é apresentada a Fotointerpretação do uso do solo.

100
90
80
70
60
(%) 50
40
30
20
10
0
Estado de Goiás Piracanjuba

Lavouras Pastagens Matas Descanso e Não Utilizadas

Fonte: IBGE. SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2005.


Figura 125: Utilização das Terras em Piracanjuba

6.3.4.2. IMÓVEIS RURAIS POR DIMENSÃO

A análise da dimensão dos imóveis rurais torna-se relevante para se avaliar a capacidade
de inserção dos indivíduos no processo produtivo rural e, neste sentido, dados do INCRA
relativos a outubro de 2003, indicam que do total de imóveis rurais cadastrados no estado
de Goiás e no município de Piracanjuba, prevalece a participação percentual dos
estabelecimentos de pequena dimensão. No entanto, comparativamente ao padrão
estadual, em Piracanjuba ela é um pouco maior, visto à menor participação dos
estabelecimentos considerados médios e grandes, Figura 127.

Juntamente com a condição do produtor, a análise da dimensão dos imóveis rurais torna-se
relevante para se avaliar a capacidade de inserção dos indivíduos no processo produtivo
rural. Neste sentido, os dados do INCRA, relativos a outubro de 2003, mostram que, do total
de imóveis rurais cadastrados no Estado de Goiás e no município de Piracanjuba,
prevalecem os estabelecimentos de pequena dimensão (de 0 a 140 ha), semelhante à
média estadual.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


255
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ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA/RIMA
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Estado de Goiás Piracanjuba

Pequena Média Grande

Fonte: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. Elaboração: SEPLAN-GO / SEPIN – 2005.
Figura 127: Imóveis Rurais Cadastrados no Incra por Dimensão do Imóvel 2003

O exame da distribuição das terras, segundo a dimensão dos imóveis revela que os
considerados grandes (mais de 525 ha) em Piracanjuba (3,98% do total) se apropriam de
28,75% das terras do município; os médios (mais de 140 há a 525 há), (20,40%) de 42,37%;
e, os pequenos (75,60%), de 28,86%. O padrão se diferencia da média estadual, o que
mostra que no município a concentração de terras é menor (Figura 128).

100

80

60
(%)
40

20

0
Estado de Goiás Piracanjuba

Pequena Média Grande

Fonte: IBGE. SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2005


Figura 128: Percentual de Áreas Apropriadas por Imóveis Rurais Cadastrados no Incra por
Dimensão do Imóvel - 2003

Com a implantação do empreendimento haverá alteração do uso do solo de pastagem para


indústria e a substituição de culturas (pastagens, soja e milho) para cana-de-açúcar.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


257
6.3.5. Atividades Econômicas

6.3.5.1. PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

O Produto Interno Bruto (PIB) é um dos principais indicadores utilizados para se inferir a
riqueza total produzida por uma determinada sociedade. Segundo a Secretaria de
Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás (SEPLAN-GO), ele traduz:

o valor a preços de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos


num determinado período de tempo. Seu resultado propicia um melhor
conhecimento da realidade econômica de cada região, evidenciando sua
vocação e a magnitude da riqueza produzida.33

No ano de 2004, o PIB de Piracanjuba correspondeu a R$ 200,46. No período de 2000 a


2004, houve significativas variações nominais de seu índice, sendo que em 2001 houve uma
queda de 5,6%. O município atingiu o seu ponto máximo em 2002, chegando a 56,49%,
ultrapassando a média estadual, após o qual sofre queda acentuada e, a partir daí com
variações ligeiramente acima da média estadual (Figura 129).

(%)
60
50

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30
20
10

0
-10
2000 2001 2002 2003 2004
(Ano)

Estado de Goiás Piracanjuba

Fonte: IBGE. SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2005.

Figura 129: Variação Nominal do PIB

Tomando-se como referência a participação relativa dos setores de atividade na composição


do PIB total do município, vê-se que, diferente do padrão estadual, em Piracanjuba a
agricultura contribui com mais da metade do PIB total, (55,04%), seguida pelo de serviços,
com 35,04% e, por último, o industrial, com 10,40%.

33
SEPLAN. Produto Interno Bruto 2004

DESTILARIA BOCAINA - EIA


258
Ressalta-se que a pecuária tem um papel estratégico na economia local, uma vez atividade
estruturante de toda uma cadeia produtiva vinculada à indústria leiteira, a maior do estado
de Goiás, uma das maiores da América Latina e a 5ª maior do Brasil.

60

50

40

(R$) 30

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10

0
Estado de Goiás Piracanjuba

Agropecuária Indústria Serviços

Fonte: SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2006


Figura 130: Produto Interno Bruto (PIB) por Setor de Atividade 2004

Neste sentido, para a SEPLAN, a atividade agropecuária no Estado de Goiás, de um modo


geral,

vem induzindo o estabelecimento de um conjunto de atividades, como


suporte urbano e industrial, a ela relacionados, especialmente o
processamento de insumos agrícolas e minerais e o fornecimento de
insumos industriais, cuja produção tende a se localizar junto às fontes de
matérias-primas.34

Outro indicador importante para se mensurar a riqueza potencial do município é o PIB per
capita, medida estatística resultante da hipotética distribuição eqüitativa de toda a riqueza
produzida, medida em R$, entre todos os indivíduos da população. Este índice, no passado,
foi bastante utilizado para se medir o crescimento econômico, mas hoje, no entanto, sabe-se
de sua limitação, vez que o crescimento da economia não se traduz, necessariamente, em
melhoria de vida para amplas camadas da população, donde a concentração de riquezas.

Em 2004, o PIB per capita de Piracanjuba alcançou, R$ 8.309, contra R$ 7.501 de média para
o estado de Goiás, portanto ligeiramente acima da média estadual, mas abaixo da nacional.

A implantação do empreendimento certamente contribuirá para a alteração positiva do perfil


do PIB e do PIB per capita de Piracanjuba, vez que se trata de uma atividade industrial com
elevado investimento de capital e geradora de empregos diretos e indiretos.

34
Idem

DESTILARIA BOCAINA - EIA


259
6.3.5.2. SETOR PRIMÁRIO

Como já assinalado, a agropecuária é decisiva para Piracanjuba, com destaque para a


pecuária. De fato, observa-se que a pecuária em Piracanjuba é extremamente forte e possui
mais de 200 mil cabeças de gado, quase 120.000 cabeças de aves e cerca de 15.000 suínos.

Os dados a seguir indicam que Piracanjuba possui vocação pecuária: em 2005 ordenhou
63.036 vacas, obtendo uma bacia leiteira que alcançou, no mesmo ano, 92.734.000 litros de
leite. Além disso, produziu 340 mil dúzias de ovos.

No período de 2000 a 2005, o município teve uma significativa ampliação da área plantada com
lavouras temporárias, chegando a mais de 60.850 ha, um crescimento de 576%. Podemos
concluir que aumento deveu-se, por certo, à expansão da cultura da soja. (Figura 131).

(Há)

60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
(Ano)

Total Arroz Feijão Milho Soja Sorgo

Fonte: IBGE / Pesquisa Agrícola Municipal


Figura 131: Área plantada por Tipo de Lavoura Temporária

Nota-se ainda pela figura anterior que as principais culturas temporárias do município são a
soja, o milho, o sorgo e, por último, o arroz e o feijão, com maior destaque para a soja que
de longe ocupa a maior área.

Até o ano de 2005, segundo dados disponíveis pelo IBGE, praticamente não há registros de
cultura da cana-de-açúcar no município, situação que deve se alterar a partir de então, em
função da existência de projetos sucroalcooleiros no município e região.

Os dados relativos ao Estado de Goiás revelam que soja, milho e sorgo, com maior
relevância para a primeira, com 63% do total, têm sido as culturas agrícolas que ocupam a
maior parte da área plantada no decorrer dos últimos 05 anos. A redução da área do milho
deu-se em função da expansão da soja, seguramente pela variação de preços de mercado.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
260
Os dados referentes ao ano de 2006 para o Brasil indicam uma forte retomada da soja e do
milho que, juntos, chegam a ocupar cerca de 75,0% da área total de lavouras temporárias e,
em menor escala, o feijão.

É notória a expectativa de expansão da cultura da cana-de-açúcar no Estado de Goiás e


mesmo no Brasil, face às possibilidades de aumento efetivo e potencial da demanda por
etanol em todo o mundo. Daí a acelerada expansão de projetos de indústrias
sucroalcooleiras e o grande “boom” da cana-de-açúcar a partir de 2005 / 2006.

6.3.5.3. SETOR SECUNDÁRIO

A atividade agropecuária no município de Piracanjuba objeto deste estudo é a base sobre a


qual se estruturam atividades de beneficiamento e transformação como as do ramo
alimentício, com 19 indústrias, muitas reunidas em cooperativas como a Cooperativa
Agroindustrial Mista de Piracanjuba e Laticínios Bela Vista Ltda.

O distrito agroindustrial possui 38 estabelecimentos sendo que 22 são de micro, oito são
pequenos, um de médio porte e sete são considerados de grande porte. Os principais
ramos de produção são o de produtos minerais não metálicos, material de transporte,
mobiliário, vestuário e calçados. Esta diversificada atividade industrial, seguramente imprime
maior dinamismo nas esferas de comércio e serviços.

Com a instalação do empreendimento o perfil do município deverá ser bastante alterado, por
se tratar de atividade industrial voltada para produção de álcool e co-geração de energia,
com forte inversão de capital, resultando em ampliação da base de arrecadação, criação de
novos empregos e aumento da renda que, por seu lado, deverá ser posta em circulação no
mercado local através do consumo.

6.3.5.4. SETOR TERCIÁRIO

Este setor reúne 238 estabelecimentos do comércio varejista e ainda quatro estabelecimentos
bancários: Banco do Brasil, Banco Itaú, Bradesco e Caixa Econômica Federal.

Em estudos realizados para licenciamento ambiental de usinas de açúcar e álcool nas regiões
sul e sudoeste de Goiás, há indicação de um significativo aquecimento da atividade comercial,
devido ao aumento do emprego e da renda, quando se eleva a demanda pelo consumo de
produtos e serviços diversos. Neste sentido, é muito certo que os trabalhadores procurem a
estrutura de comércio e serviço de Piracanjuba, que é próximo à indústria e diversificado.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


261
6.3.5.5. FINANÇAS PÚBLICAS

As finanças públicas, constituídas por impostos, contribuições, transferências federais e


estaduais, têm papel estratégico para o poder público municipal, vez que são o principal
suporte para a implementação de políticas públicas voltadas para as questões sociais
básicas, como a educação, a saúde, segurança pública, saneamento básico, assistência
social, moradia, dentre outros.

Piracanjuba manteve estável a administração das receitas, exceto em 2006, quando foram
ultrapassadas pelas despesas.

Piracanjuba possui uma arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços


(ICMS) que oscila, com melhor desempenho no ano de 2000.

Quando se analisa a distribuição do ICMS por setores de atividade econômica é que se tem
melhor dimensão do peso do comércio varejista, da indústria e da agropecuária no
município, que arrecadam 40,35%, 22,68% e 21,84%, respectivamente.

6.3.6. Nível de Vida

6.3.6.1. SAÚDE

Piracanjuba conta com 02 hospitais e 80 leitos no total, em média 3,44 leitos por mil
habitantes, número ligeiramente acima da média estadual (3,36) e nacional (2,74). Conta
com aparelho eletrocardiógrafo, raio X de 100mA a 500 mA, raio X de mais de 500mA. Há
cinco estabelecimentos odontológicos.

Figura 132: Hospital Municipal de


Piracanjuba

No período de 1991 à 2000 a mortalidade infantil foi fortemente reduzida em todo o País,
menos intensamente em Piracanjuba, cujo índice em 2000 ficou ligeiramente acima da
média estadual, mas abaixo da média nacional.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
262
Quanto à saúde, a implantação de indústrias do setor sucroalcooleiro tem causado
apreensão quanto a realização da queima da cana para a colheira manual. Fato é que,
quando realizada provoca o desconforto da população de estabelecimentos rurais e
aglomerados urbanos mais próximos com relação à fumaça e fuligem liberados pelo
processo de queima, além do impacto que poderá causar sobre a saúde das pessoas e,
consequetemente, sobre a infra-estrutura e serviços de saúde do município.

Prevê-se no projeto da Destilaria Bocaina que 100,0% da colheita será mecanizada, mas mesmo
assim, a depender do quantitativo de trabalhadores oriundos de outras localidades, certamente
haverá um impacto potencial sobre a infra-estrutura de saúde do município em cujo cálculo
da capacidade de atendimento não foi considerado um crescimento repentino da população
adulta, situação que enseja atenção do poder público e parceria com o empreendimento.

Figura 133: Sede da Secretaria


Municipal da Saúde em Piracanjuba

6.3.6.2. EDUCAÇÃO

No período de 2004 a 2006 houve uma diminuição do número de escolas em atividades e


salas de aula no município. Em contrapartida o número de docentes aumentou, assim como
o número de alunos (Quadro 82).

Quadro 82. Dados básicos de educação em Piracanjuba


PIRACANJUBA
Variável
2004 2005 2006
Escolas em Atividade 33 31 30
Salas de Aula 223 189 192
Docentes 339 407 417
Total de Alunos 7037 6796 6800
Alunos da Educação Pré-Escolar 418 449 589
Alunos do Ensino Fundamental 4904 4707 4476
Alunos do Ensino Médio / Normal 736 812 772
Alunos da Ed. Jovens/Adultos 625 553 537
Alunos da Creche 261 250 336
Ensino Superior 01 01
Fonte: SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2005

DESTILARIA BOCAINA - EIA


263
Figura 134: Sede da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto e entrevista com o
Secretário Sr. Claudinei Divino Alves

A taxa de analfabetismo da população com 10 anos ou mais de idade em Piracanjuba era


de 12,3% em 2000, portanto, superior à média estadual (10,8%) e nacional (12,0%). Esta
situação se reproduz especialmente quando se considera a população adulta (25 anos ou
mais de idade): o município tem um índice (17,0 %) ligeiramente superior à média estadual
(15,0%).

Figura 135: FAP – Faculdade de Piracanjuba.

O município oferece uma unidade de Ensino Superior, a Faculdade de Piracanjuba (FAP),


com cursos de Administração, Ciências Contábeis, Letras. O ensino a distância (EAD) é
realizado com a UNOPAR e os cursos são: Marketing, Gestão Estratégica em Vendas,
Pedagogia; Pós-graduação em Gestão Ambiental.

Considerando-se que o município não tem historicamente a cultura da produção e


beneficiamento da cana-de-açúcar , certamente demandará a implementação de cursos de
capacitação da mão-de-obra local para atividades industriais, administrativas e agrícolas.
Uma medida que pode ser tomada é o reforço do EJA – Ensino de Jovens e Adultos.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


264
6.3.6.3. EMPREGO E RENDA

A geração de emprego e renda é comumente o aspecto considerado mais positivo da


implantação de empreendimentos do ramo sucroalcooleiro.

No ano 2000, a População Economicamente Ativa (PEA), era composta pela população de
10 anos e mais de idade, que exerce trabalho remunerado, e alcançou 12.700 pessoas,
sendo majoritariamente urbana e do sexo masculino.

100

80

60
(%)
40

20

0
Brasil Estado de Goiás Piracanjuba

Urbana Rural

Fonte: IBGE - Censo Demográfico


Figura 136: Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade, Economicamente Ativas e Ocupadas, por
Situação do Domicílio - 2000.

Com exceção do ano de 2004, Piracanjuba vem obtendo saldos positivos no emprego
formal nos últimos anos, sendo que nos primeiros nove meses de 2007, apresentou saldo
positivo de 6,97% na flutuação de emprego formal, mas abaixo da média estadual de 8,42%.

Quadro 83. Flutuação do emprego formal em Piracanjuba


Anos
Variável
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 (1)
Admitidos 493 669 788 734 697 811 776 795
Desligados 488 556 674 608 712 739 705 672
Saldo 5 113 114 126 -15 72 71 123
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego / CAGED. SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2005.
Nota (1): de janeiro a setembro de 2007

O quantitativo da PEA associado a uma taxa de desemprego média em torno de 9,0% a


10,0% para o Brasil e o Estado de Goiás com tendência de queda em função da
implantação de novos empreendimentos, é muito provável que haverá a necessidade de
contratação de mão-de-obra oriunda de outras localidades.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


265
O setor de construção civil é que possui o melhor salário médio de admissão, com R$
771,33 no primeiro semestre de 2007.

Quadro 84. Salário médio de admissão em Piracanjuba - janeiro a setembro de 2007.


Setores de atividade (R$)
Piracanjuba
Indústria de Transformação 570,87
Comércio 536,06
Serviços 611,39
Agropecuária 456,30
Construção Civil 771,33
Fonte: CAGED / TEM - Nota: Foram consideradas apenas as admissões com salário válido.

Considerando-se o rendimento mensal do trabalho principal da PEA ocupada em 2000,


percebe-se que Piracanjuba supera a média brasileira e goiana nas classes de rendimentos
mais baixos (Até 01 e de 01 a 02 salários mínimos), reduzindo sua participação nas mais
elevadas (acima de 02 salários mínimos).

O crescimento médio da renda per capita no Estado de Goiás e Piracanjuba foi,


respectivamente, de 34,9% e 17,21%. A pobreza35 foi reduzida em 23,97% no primeiro,
51,83% no segundo; e, o índice de Gini36, cresceu de 0,58 para 0,61 em Goiás e diminuiu de
0,64 para 0,55 em Piracanjuba.

Portanto, o município teve um crescimento da renda média, ao mesmo tempo em que


reduziu seu índice de desigualdade. Os 20% mais pobres tiveram uma redução 0,5% no
Estado de Goiás e um aumento de quase 1% em Piracanjuba. Em relação aos 20% mais
ricos, a média estadual teve um aumento de 2,4% enquanto Piracanjuba teve uma queda de
8,4%.

6.3.6.4. SEGURANÇA PÚBLICA

Segundo dados relativos a 2005 houve em Piracanjuba, naquele ano, 324 ocorrências
registradas, a maioria furto, com 53,5% (Figura 137).

35
Proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 75,50, equivalente à metade do salário mínimo vigente
em agosto de 2000.
36
Varia de 0 (todos possuem a mesma renda, portanto, completa igualdade) a 1 (uma pessoa detém toda a renda e os demais
nenhuma). Logo, quanto mais próximo de 1, mais desigualdade na distribuição da renda.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


266
Porte
Furto Tentativa Ilegal de
54% de Furto Arma de
2% Fogo
3%

Lesão
Homicídio Culposo Dolosa
Lesão 16%
3% Estelionato Roubo
Lei 6.368
Homicídio Tentativa Culposa
7% 6%
Uso de 2% 5%
tóxico
2%

Fonte: Diretoria Geral da Polícia Civil / Seção de Estatística e Informações


Elaboração: SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2005.

Figura 137: Principais Ocorrências em Piracanjuba

Piracanjuba é um município que tem estado pouco tranqüilo, no que se refere à segurança
pública. A proximidade com municípios turísticos, da divisa de estado e com a BR 153
preocupa as autoridades locais, especialmente em relação ao tráfico de drogas.

Figura 138: Entrevista com o Delegado de


Piracanjuba Sr. Espagner Wallysen Vaz Leite.

A implantação do empreendimento, à medida que deverá ocasionar um aumento da


população flutuante, por certo, deverá elevar ainda mais a demanda por serviço de
segurança pública.

De acordo com entrevista de Irene de Fátima Farias Bernardes, do Conselho Tutelar de


Piracanjuba, as principais denúncias são por espancamento, consumo e tráfico de drogas e
casos isolados de exploração sexual infanto - juvenil. Segundo ela, há no município cinco
casas de prostituição.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


267
6.3.6.5. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL – IDH-M

O IDH – M computa o PIB per capita, corrige com o poder de compra da moeda de cada
país, leva em conta dois outros componentes: a longevidade e a educação. Para aferir a
longevidade, o indicador utiliza números de expectativa de vida ao nascer. O aspecto da
educação é avaliado pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os
níveis de ensino. A renda é mensurada pelo PIB per capita, em dólar PPC (paridade do
poder de compra, que elimina as diferenças de custo de vida entre os países). Essas três
dimensões têm a mesma importância no índice, que varia de zero a um.

Além de classificar países, unidades da federação e municípios quanto ao desenvolvimento


humano, concebido a partir das dimensões que o compõe, o índice é também um importante
instrumento para se inferir a eficácia e a eficiência das políticas públicas, especialmente no
que refere à geração de trabalho e renda, saúde e educação.

Piracanjuba teve um crescimento em seu IDH – M de 5,74 % durante o decênio de 1990,


mas, curiosamente, desceu 56 posições no ranking estadual, passando da 10ª colocação
em 1991, para a 66a no ano 2000.

O destaque do crescimento foi a educação, com 42,5%, seguida pela longevidade, com
35,5% e pela renda, com 22,3%. Se mantivesse esta taxa de crescimento de seu índice o
município levaria 30,5 anos para alcançar São Caetano do Sul (SP), o município com o
melhor IDH-M do Brasil (0,919), e 15,4 anos para alcançar Chapadão do Céu (GO), o
município com o melhor IDH-M do Estado (0,834).

O município está entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento humano (IDH


entre 0,5 e 0,8) e, em relação aos outros municípios do Brasil, apresenta uma situação boa:
ocupa a 1713ª posição, sendo que 1712 municípios (31,1%) estão em situação melhor e
3794 municípios (73,1%) estão em situação pior ou igual. Em relação aos outros municípios
do Estado, Piracanjuba também apresenta uma situação boa: ocupa a 66ª posição, sendo
que 65 municípios (26,9%) estão em situação melhor e 176 municípios (73,1%) estão em
situação pior ou igual. 37

37
PNUD, IPEA, FJP, IBGE. Atlas de Desenvolvimento Humano. 2000.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


268
6.3.6.6. ASSISTÊNCIA SOCIAL

De acordo com a pesquisa IBGE Perfil dos Municípios Brasileiros – Assistência Social 2005
registra que, naquele ano, o órgão gestor da ação social de Piracanjuba é a Secretaria de
Assistência Social, responsável pelo Cadastramento Único para os programas do Governo
Federal.

O Plano Municipal de Assistência Social organiza e executa planos, programas, projetos e


ações de políticas públicas assistenciais. O município conta ainda os seguintes conselhos:

• Conselho Tutelar
• Conselho Municipal de Saúde
• Conselho Municipal de Educação

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em


Piracanjuba, em junho de 2007, havia em 1.590 famílias pobres, cadastradas no Perfil Bolsa
Família (Renda Per Capita Familiar até R$ 120,00) e 2.671 famílias pobres Perfil Cadastro
Único (Renda Per Capita Familiar até R$ 175,00).

A Secretária de Assistência Social, Gláucia Maria Cunha Sousa, informou que o município
desenvolve os seguintes programas:

• PETI com 300 crianças


• Sentinela
• Liberdade Assistida
• Centro de Convivência do Idoso - CCI.

A secretaria também conta com quatro creches, dois abrigos (um feminino e outro masculino
com 45 pessoas em cada), oferece cursos de qualificação profissional, faz doação de
enxoval e de roupas para a creche, ainda distribui fraldas e óculos.

Outro índice importante para a análise das políticas públicas de assistência social do
município é o grau de vulnerabilidade das famílias, medido a partir dos indicadores
apresentados no Quadro 85.

Observa – se que o percentual de crianças em famílias com renda inferior à 1/2 salário
mínimo, é ligeiramente inferior à média do estado no ano de 2000. Quanto ao percentual de
mães chefe de família, sem cônjuge e com filhos menores, percebe-se que o índice foi
significativamente reduzido entre 1991 e 2000 e no município é praticamente a metade do
índice do Estado de Goiás.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


269
Quadro 85. Indicadores de vulnerabilidade familiar em Piracanjuba.
Estado de Goiás Piracanjuba
Indicador
1991 2000 1991 2000
% de mulheres de 10 a 14 anos com filhos ND 0,4 ND 1,1
% de mulheres de 15 a 17 anos com filhos 5,9 9,3 4,7 6,8
% de crianças em famílias com renda inferior à
44,9 37,4 50,4 37,2
1/2 salário mínimo
% de mães chefes de família, sem cônjuge, com
8,0 5,4 6,1 2,6
filhos menores.
Fonte: PNUD / IPEA / FJP / IBGE
ND = não disponível

6.3.7. Infra-Estrutura de Serviços

6.3.7.1. ENERGIA ELÉTRICA

No período de de 2000 a 2006 houve crescimento do consumo de energia elétrica em


Piracanjuba, com registro de queda apenas no ano de 2001, mas retomando o crescimento
nos anos seguintes. Nota-se que o consumo rural, seguido pelo residencial são os mais
significativos e, o industrial, o menor (Figura 139).

33.000
30.000
27.000
24.000
21.000
18.000
15.000
12.000
9.000
6.000
3.000
0
2000 2001 2002 2.003 2004 2005 2006
(Ano)
Consumidores Consumo Residencial Consumo Industrial
Consumo Comercial Consumo Rural Outros
Consumo Total
Fonte: SEPLAN – GO

Figura 139: Consumidores (N°) e Consumo (Mvh) de Energia Elétrica, por Tipo de Consumo em
Piracanjuba

No ano de 2000 o município já conseguia atender quase toda sua população com energia
elétrica com índice acima da média estadual, resultado de uma forte ampliação deste
serviço no decorrer da década de 1990.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


270
Figura 140: Escritório da CELG em
Piracanjuba

6.3.7.2. HABITAÇÃO E SANEAMENTO

Dos 7.166 domicílios recenseados em 2000, 4.908 (68,5%) são urbanos. A densidade
domiciliar era de (3,25), índice abaixo das médias estadual (3,5) e nacional (3,7).
Predominam os domicílios próprios, seguidos pelos cedidos e alugados. (Figura 141)

Cedido
Outros
20,0%
0,2%
Alugado
15,2%

Próprio
64,6%

Fonte: SEPIN/ SEPLAN - GO

Figura 141: Domicílio particulares permanentes por condição de ocupação de domicílio em


Piracanjuba no ano 2000.

Considerando-se a distância entre habitação e local de trabalho e o seu peso nos custos do
transporte, o aglomerado urbano mais próximo do empreendimento é o povoado de
Rochedo e a sede municipal de Piracanjuba e, nesse último, é onde pode haver maior oferta
de habitações para aluguel ou mesmo dormitórios disponíveis, para futuros trabalhadores do
empreendimento, originários de outros municípios.

A Prefeitura Municipal de Piracanjuba informou que, em parceria com o Governo Federal,


Caixa Econômica Federal e ASMOPI (Associação dos Moradores de Piracanjuba), entregou

DESTILARIA BOCAINA - EIA


271
126 casas no residencial das Orquídeas, 118 no residencial Ely Rocha, mais 25 no
Felizmina Elias Quinta e tem programado mais 92 casas no residencial Ely Rocha.

O serviço de abastecimento de água é oferecido pela empresa de Saneamento de Goiás


(SANEAGO), com 106.882 metros extensão de rede de água e 5.776 domicílios atendidos.
Não há rede de esgotos.

Observando o Quadro 86, nota-se que houve praticamente a universalização dos serviços
de água encanada e coleta de lixo em domicílios urbanos no período de 1991 a 2000.

Quadro 86. Domicílios urbanos com água encanada e coleta de lixo em Piracanjuba.
Estado de Goiás Piracanjuba
Indicador
1991 2000 1991 2000
Água Encanada 70,6 88,7 72,4 92,4
Coleta de Lixo 64,7 91,3 69,7 95,0
Fonte: PNUD / IPEA / FJP / IBGE

Quanto aos resíduos sólidos não há uma destinação adequada pelos mesmos, estando hoje
sendo depositados em uma área da prefeitura sem os devidos cuidados sanitários.

6.3.7.3. CIRCULAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Piracanjuba possui uma agência dos correios em sua sede municipal; telefonia fixa,
inclusive orelhões públicos, com 4.172 linhas e, celular. Captam-se os sinais das TVs
principais de país e por assinatura; Internet discada e banda larga.

Figura 142: Agência dos Correios em


Piracanjuba

As vias das sedes municipais são praticamente todas asfaltadas e em condições médias de
conservação e trafegabilidade. Em Piracanjuba o comércio encontra-se no centro da sede
municipal. Na medida em que vai se dirigindo para a borda do sítio urbano e as saídas para
outras cidades, passam a predominar residências, às vezes conjugados a equipamentos
públicos maiores, como postos de gasolina, faculdades, hotéis, etc.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


272
Figura 143: Via de acesso à cidade, já na
malha urbana. Pavimentação em
Paralelepípedo.

Piracanjuba é um município de fácil acesso, podendo ser alcançado a partir da capital,


Goiânia, pela BR-153 e depois à esquerda, na GO-217 ou direto pela GO-147 a partir de
Bela Vista de Goiás. O modal rodoviário é o mais utilizado no município, que além das GOs
conta, também, com a BR-153, que liga o norte e o sul do país.

A área do empreendimento está localizada às margens da rodovia GO-470, a


aproximadamente 20 km da cidade de Piracanjuba e 10 km do povoado de Rochedo, em
local privilegiado quanto à logística de escoamento da produção para os centros
consumidores do País.

O transporte ferroviário em Goiás está restrito a uma área situada ao sul do Distrito Federal
e a leste de Goiânia. Em operação, a mais próxima é a Ferrovia Centro – Atlântica com
destino aos portos de Santos e Tubarão. As principais cargas movimentadas são: farelo de
soja, derivado de petróleo, calcário para siderurgia, cimento, dolomita etc. Há projetos de
implantação de novos ramais, como o da Ferrovia Norte – Sul, articulada à Centro –
Atlântica; além do projeto da Ferronorte.

6.3.8. Organização Social

A rigor, as relações sociais de produção são condicionadoras de formas específicas de


organização e consciência social. O modo de produção capitalista engendra formas de
organização social vinculadas a interesses materiais, portanto, produtivos e de mercado,
como as organizações empresariais diversas, sindicatos, cooperativas, associações de
interesse, corporativas e de classe; a interesses políticos, como organizações públicas,
agremiações e partidos; aquelas com ênfase comunitária, como as associações sem fins
lucrativos, ONGs ambientalistas; a outras que atuam na dimensão cultural e religiosa, como
as associações artísticas e instituições religiosas.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


273
Em Piracanjuba as organizações sociais presentes são características de cidades do interior
de Goiás, com ênfase na produção rural, como os sindicatos e cooperativas; órgãos do
poder público; organizações religiosas, como Igrejas Católica e Evangélica, dentre outras.

Figura 144: Sede da Prefeitura Municipal


Piracanjuba

6.3.9. Patrimônio Cultural e Turismo

Piracanjuba também é conhecida como a Capital Goiana das Orquídeas, em função de sua
tradicional Exposição Nacional de Orquídeas, realizada sempre no mês de maio de cada
ano, há 24 anos consecutivos. O município está estruturando para visitação um Parque
Ecológico das Orquídeas, sob a forma de Área de Proteção Ambiental, com quase 440
hectares, situado a 12 km do centro da cidade. Também existe um projeto de construção do
Palácio das Orquídeas em Piracanjuba, como forma de incrementar o turismo e
profissionalizar o cultivo e comercialização das orquídeas no município.

O Círculo Orquidófilo de Piracanjuba promove salões com participação de expositores


brasileiros e estrangeiros, com exibição de três a quatro mil plantas.

De acordo com a Agência Goiana de Turismo (Agetur), o município possui potencialidades


turísticas prioritárias nas áreas do turismo histórico e rural.

As festas mais populares da cidade são as de São Sebastião, em janeiro, e dos padroeiros,
Nossa Senhora da Abadia, Divino Espírito Santo e São Benedito, realizada de 06 a 16 de
agosto, anualmente.

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274
6.3.10. Patrimônio Histórico e Arqueológico

6.3.10.1. CONTEXTO HISTÓRICO E ARQUEOLÓGICO

6.3.10.1.1. Contexto histórico

O Povoamento do município foi iniciado pelo Padre Marinho. Seu objetivo era estabelecer
relações comerciais entre os Estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

Determinada elevação, na cabeceira de um córrego, tornou o lugar propício à pousada. Ali


surgiram as primeiras moradas, originando o aglomerado conhecido como Pouso Alto.

Segundo a lenda "quando a civilização ainda se detinha no litoral brasileiro, temerosa do


desconhecido e inóspito sertão, chegaram a esta região duas tribos indígenas à procura de
caça abundante e rios piscosos que provessem o seu sustento. Fixaram-se ambas as tribos
na região que fica entre o rio Meia Ponte e um canal sem denominação. Na disputa pelo
território e pela alimentação tornaram-se acérrimos inimigos. O forte e belo guerreiro,
cacique dos Piracans, apaixonou-se pela filha do cacique inimigo, Jubara, romance
drasticamente proibido pelos pais de ambos.

Piracan e Jubara, impossibilitados de se unirem para a vida, atiraram-se juntos ao rio, onde
pereceram. Logo após o infausto acontecimento, apareceu nas águas do mesmo rio uma
espécie de peixe até então nunca visto pelos índios. Supersticiosos, os selvagens
relacionaram o aparecimento do peixe ao suicídio dos dois jovens, denominando
Piracanjuba ao peixe e ao rio. Uniram-se as duas tribos, esquecendo-se as divergências até
então existentes."

O povoamento tornou-se efetivo em 1831, com a construção da capela de Nossa Senhora


da Abadia pelo Guarda-mór Francisco José Pinheiro, português, vindo de Oliveira - MG,
atraído pelo ouro da região de Santa Cruz. Em 1833, Pouso Alto era povoado. Em 1855 foi
elevado à categoria de Distrito.

Em 1907, a Vila voltou a denominar-se Pouso Alto, e, em 1943, retomou o nome, de origem
lendária, Piracanjuba, peixe e rio da região.

A Vila foi criada com a denominação de Nossa Senhora da Abadia do Pouso Alto, em 2 de
agosto de 1869, por Resolução Provincial nº 428 e a Cidade com denominação de
Piracanjuba, em 18 de novembro de 1886, pela Lei nº 786. Em 1944-48, eram compostos
dos distritos de Piracanjuba, Cromínia e Mairipotaba. ( Fonte: http://biblioteca.ibge.gov.br)

DESTILARIA BOCAINA - EIA


275
6.3.10.1.2. Contexto Arqueológico

A ocupação humana no Centro Oeste Brasileiro parece ter se iniciado na fase final do
período Pleistoceno e inicial do Holoceno. Embora existam datas mais antigas, como as do
Abrigo do Sol (19.400 ± 1.100 A.P. e 14.740 ± 140 A.P.) e Santa Elina (23.320 ± 1.000 e
22.500 ± 500 A.P), verificadas por Miller (1983, 1987) e Vilhena-Vialou e Vialou (1994),
respectivamente, as datas mais aceitas remetem a cerca de 12.000 A.P.

Segundo Ab´Sáber (1989), as mudanças climáticas ocorridas entre o final do Pleistoceno e


inicio do Holoceno resultaram no aumento na média de temperatura e dos índices
pluviométricos na região do Planalto Central Brasileiro, o que por sua vez levou à expansão
das florestas tropicais e à diminuição do cerrado e da caatinga.

DeBlasis & Robrahn-González (2003) sugerem que tais mudanças conduziram a criação de
"refúgio florestal”, mais ou menos distantes entre si e que teriam servido como pontos
estratégicos para o povoamento do Planalto Central Brasileiro no final do Pleistoceno.
Segundo Morales (2005), tal modelo pressupõe a existência de uma ocupação de grande
amplitude territorial, o que contribuiria para explicar a grande homogeneidade tecnológica
que parece caracterizar esse horizonte mais antigo. DeBlasis e Robrahn-González (2003)
sugerem que a característica mais marcante da indústria desses assentamentos mais
antigos de caçadores e coletores seja essa clara opção pela produção de artefatos
formalmente bem definidos.

Definida pela primeira vez por Calderon (1969) esta indústria lítica, conhecida como
Tradição Itaparica, é caracterizada por sua homogeneidade de técnica e forma. Seus
aspectos básicos são instrumentos plano-convexos unifaciais com gumes arredondados
(picões) ou ogivais (raspadores). Particularmente típicos desta tradição são os raspadores
sobre lascas espessas, retocadas em toda a circunferência denominados lesmas.

Os sítios Itaparica se localizam sobretudo em terrenos planálticos nas áreas de cerrado, e


podem ser divididos de maneira geral em sítios habitação, sejam eles de longa duração
(habitação permanente) ou de curta duração (como os acampamentos de caça e pesca) e
sítios oficina.

O Sistema de Cerrado, que de acordo com Barbosa (2002) pode ser entendido como
sistema biogeográfico, fornecia uma grande diversidade de alimentos às populações. A
maior parte dos restos alimentares identificados em sítios Itaparica é constituída de ossos
de vertebrados de grande, médio e pequeno porte como veados, tatus, roedores e répteis,

DESTILARIA BOCAINA - EIA


276
ossos de ave e principalmente ossos de peixe. Sinais de coleta de moluscos terrestres são
raros.

As datações sugerem que a ocupação Itaparica compreenda o período de 12.000 – 10.000


anos AP. Alguns sítios como é o caso do sítio Miracema, pesquisado durante os trabalhos
de resgate da UHE Luiz Eduardo Magalhães no Tocantins efetuado pelo Museu de
Arqueologia e Etnologia da USP, fornecem datas um pouco mais antigas 12.630 anos AP.

O período seguinte marca uma nítida ruptura com o anterior. A grande instabilidade
climática resultou na formação de um clima mais quente e úmido. Verifica-se a expansão
das áreas de floresta. Há um aumento gradual dos sítios arqueológicos. A indústria lítica,
conhecida arqueologicamente como Tradição Serranópolis, passa a apresentar,
principalmente em Goiás, lascas em basalto, obtidas por percussão dura e espatifamento.

Os motivos da simplificação dos artefatos líticos ainda são desconhecidos. Segundo


Morales (2005), uma das possibilidades seria a necessidade de adaptação desses grupos a
novos contextos ambientais. Sendo assim, segundo o autor, os antigos padrões
tecnológicos estariam sendo substituídos por uma tecnologia lítica voltada para a exploração
de recursos onde uma alta mobilidade por amplos territórios já não era necessária. Para
DeBlasis & Robrahn-González (2003), tal fato explicaria o desaparecimento dos artefatos
tecnologicamente mais ‘sofisticados’ do registro arqueológico e o aparecimento de inúmeros
sítios com uma indústria menos formal no Holoceno médio. Tais grupos de caçadores e
coletores representariam grupos com padrões de adaptação voltados para territórios
menores e se servindo de recursos diversificados.

Em contraponto ao modelo defendido por DeBlasis & Robrahn-González (2003), Araújo,


Neves & Piló (2003), propõe a partir de dados paleo ambientais provenientes de pesquisas
no Vale do Peruaçu em Minas Gerais, que a ocupação humana tenha sido intermitente e
descontínua devido a episódios cíclicos de seca intensa no planalto. Tal hipótese pressupõe
a existência de focos de "concentração" de sítios de caçadores em locais menos afetados
por esses períodos de estiagem.

Segundo Schmitz (1978-1980), a subsistência dos grupos de caçadores e coletores


associados à Tradição Serranópolis, estava centrada sobre tudo na caça generalizada,
principalmente de vertebrados de pequeno porte. Segundo o autor, os tempos de chuva
representariam maior abundância de alimentos vegetais, o que forçava a concentração dos
grupos junto aos abrigos, já os períodos secos, haveria uma maior dispersão populacional,
com acampamentos a céu aberto e ao longo de abrigos menores.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


277
Este modelo foi questionado por Kipnis (1998), que sugere, a partir de pesquisas realizadas
no Vale do Peruaçu em Minas Gerais, que a economia de tais grupos seria estruturada
basicamente em produtos de coleta vegetal. Um dos fortes argumentos neste sentido seria a
alta incidência de caries observadas nas ossadas identificadas na região, fruto de uma dieta
rica em carboidratos (Neves et all, 1996).

Neste período sinais de organização espacial dentro dos assentamentos passam a ser
freqüentes como no caso do sítio do Gentil em Minas Gerais, onde as áreas de alimentação
eram dissociadas das áreas de lascamento. Enterramentos passam a ser abundantes, como
pode ser constatado nos abrigos de Serranópolis onde 18 enterramentos foram
identificados.

De acordo com Robrahn-González (2004), no final do período arcaico, muitos grupos de


caçadores coletores não eram mais nômades e suas aldeias ocupavam extensos territórios.
Segundo Schmitz (1989), na região de Serranópolis, nas camadas mais altas dos abrigos,
observa-se sinais de uma agricultura incipiente ligada ao cultivo de milho, amendoim,
leguminosas e algodão. A presença de cerâmica ligada à chamada tradição Una passa a ser
constante.

Segundo Oliveira e Viana (2000), no Centro Oeste Brasileiro, à exceção do Pantanal e


adjacências, a presença de grupos agricultores e ceramistas esta caracterizada por seis
diferentes tradições; Una, Aratu, Uru, Tupiguarani, Bororo e Inciso Ponteada. Para Robrahn-
González (1996), a região Centro Oeste é uma área de confluência para onde teriam
migrado diversos grupos ceramistas, o que se traduz no registro arqueológico na forma de
sítios multi componenciais.

A utilização da cerâmica não se deu de forma rápida e uniforme. Os sítios com ocorrências
cerâmicas desta fase são esparsos e espalhados por uma vasta região. No planalto central
as ocorrências mais antigas vêm da região do norte de Minas e Goiás meridional,
principalmente do sítio do Gentio em Unai. Para Robrahn-González (1996) as datações
disponíveis até o momento, para os grupos portadores de indústria cerâmica relacionada à
Tradição Uma, sugerem dois momentos distintos, o primeiro a ocupação do Alto Araguaia e
médio Tocantins, teria início nos últimos séculos a.C. e iria até o começo da Era Cristã. O
segundo momento de ocupação estaria no Tocantins, no vale do rio Vermelho e no baixo
Paranaíba, e seria de período mais recente, de 720 a 1.210 d.C. (Robrahn-González
1996a).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


278
Embora a Tradição Una não seja uniforme ela se estabelece principalmente em oposição a
outras tradições ceramistas como a Aratu e a Tupiguarani. Em geral os vasilhames Una são
globulares ou cônicos, tigelas rasas e potes com gargalo.

De acordo com Wüst (1990) os grupos representantes da Tradição Una podem representar
o elo de ligação entre os grupos caçadores e coletores tardios e os primeiros agricultores
ceramistas. Tal hipótese é sustentada pelas sucessões estratigráficas obtidas no Centro
Oeste para o Alto Araguaia e a Bacia do Rio Vermelho (Morales, 2005). Segundo Oliveira e
Viana (2000), embora a hipótese da continuidade dos caçadores e coletores tardios aos
agricultores ceramistas da Tradição Una, só tenha sido constatada até o momento na região
do Alto Araguaia e na Bacia do Rio Vermelho algumas características corroboram esta idéia,
pois a implantação em áreas de cerrado/mata, acesso a recursos variados e diversificados e
solos mais propícios para o cultivo, representam, segundo o autor, elementos de transição
entre os grupos. No sudeste de Mato Grosso, este período de transição é atestado por
práticas agrícolas em um contexto não ceramista, evidenciado principalmente pelas
mudanças no padrão de assentamento como visto no sítio MT SL 37.

No caso da Tradição Uru, cujas origens podem estar associadas a grupos do Alto Xingu,
elas se espalham desde o Vale do Araguaia até o sudoeste do Mato Grosso e Bacia do
Tocantins. Eles ocupam, geralmente, regiões onde existem áreas de cerrado, perto dos
principais rios (Schmitz et alii 1981/1982, Prous 1992, Robrahn-González 1996a,
Heckenberger 1998 e Oliveira & Viana 1999/2000).

Quanto às datações, o momento mais antigo da ocupação em Goiás data do século VIII d.C,
havendo hipóteses de que esta ocupação tenha permanecido até o início da Conquista,
podendo mesmo ocorrer alguns sítios mais recentes associados aos índios Karajá. (WÜST,
1975).

Já os sítios da Tradição Aratu ocorrem desde o litoral de Pernambuco, passando pelas


partes central e oriental do Mato Grosso Goiano, pelos altos afluentes dos rios Tocantins,
Paranaíba e Araguaia, por algumas regiões dos rios Uru e Corumbá, pela bacia do Paranã e
pelo município de Orizona. O momento mais antigo apresenta datas ao redor do século IX
da era cristã, entrando em colapso antes do início da Conquista.

Os sítios ligados à Tradição Aratu são em geral, grandes aldeias que se localizam
preferencialmente nas encostas suaves de colinas próximas a cursos de água de porte
variado.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


279
A fase mais antiga dentro da Tradição Aratu, é a fase Mossâmedes, que se inicia por volta
do século IX da Era Cristã e se estende até período da Conquista Portuguesa. Embora não
haja muito dados que relacionem os vestígios arqueológicos desta fase com dados
etnográficos, Schmitz, Wüst, Cope e Thies (1982) sugerem que a fase Mossâmedes possa
estar associada aos grupos Kayapó do Sul.

Já os grupos da Tradição Tupiguarani, que são inicialmente de origem amazônica, são


encontrados por quase todo o Centro Oeste. Em geral no Centro Oeste, os sítios
Tupiguarani se localizam em ambientes de mata de galeria ou cerrado, em terrenos planos
ou com declínio suave, próximos aos grandes rios. Para Oliveira e Viana (2000), no centro
Oeste apesar da condição minoritária, grupos tupiguarani ocuparam parte da região
formando sítios exclusivamente tupiguaranis ou sítios multicomponenciais.

Em Goiás e Matogrosso, há um maior predomínio de vestígios cerâmicos que apresentam


decoração pintada enquanto que no Mato Grosso do Sul há um predomínio das cerâmicas
com decoração plástica (Martins e Kashimoto 1998; Wüst 1990).

Por fim, os sítios Bororo, estão em geral implantados ao longo dos rios de maior porte,
principalmente os navegáveis e que apresentam maior capacidade para a pesca, em áreas
de solo fértil próximos à mata ciliar. Há sinais de sítios da Tradição Bororo, próximo às
cabeceiras dos rios e em áreas de cerrado.

6.3.10.2. DIAGNÓSTICO ARQUEOLÓGICO

Para a execução do presente diagnóstico, foi realizado o reconhecimento em campo dos


possíveis impactos ao patrimônio arqueológico quando da execução da obra, a partir, de um
perímetro de área determinado como local onde ocorrerá a possível implantação do
empreendimento, centrado sob a coordenada UTM 22 K 700084 8079138 datum SAD 69.

O trabalho em campo para a elaboração do diagnóstico arqueológico teve como objetivo, a


detecção de vestígios que pudessem indicar um patrimônio arqueológico positivo como
sítios arqueológicos ou ocorrências arqueológicas.

Os procedimentos de investigação utilizados tiveram como objetivo principal a observância


de pontos estratégicos dentro da paisagem tais como topos de morros e barrancos
expostos, além de identificar possíveis áreas de aquisição de matéria-prima.

O caminhamento da área só foi possível nas estradas abertas em volta do perímetro


idealizado como local de implantação do empreendimento. Consistiu o trabalho
DESTILARIA BOCAINA - EIA
280
basicamente, na observação do solo buscando uma maior compreensão de possíveis
vestígios arqueológicos que viessem a ser encontrados.

Além do caminhamento sistemático nos locais de possível potencial arqueológico, o


diagnóstico possibilitou o registro fotográfico do terreno e do ambiente de implantação do
empreendimento e da área de entorno com destaque para sua vegetação.

Apesar de ter sido encontrado apenas uma pequena ocorrência arqueológica nesse primeiro
momento, o potencial arqueológico da área é grande. Trata-se de uma área estratégica e
plana de grande visibilidade em todas as direções. Além do aspecto topográfico favorável, a
proximidade da água é outro fator importante para o benefício da ocupação humana,
permitindo seu abastecimento e a alimentação através da pesca e prática agrícola.

Esses fatores contribuem para que a área seja considerada de grande potencial
arqueológico. Sendo assim, deve ser realizado uma etapa de levantamento oportunístico
para melhor evidenciar a possibilidade da existência desse potencial cultural.

Figura 145: Ocorrência Arqueológica Lítico

6.3.10.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo principal desse diagnóstico foi o identificar e levantar elementos significativos do


Patrimônio Cultural da área em questão, tendo como referência o processo de ocupação
pré-histórico e histórico e a partir disto, determinar as áreas que demandariam maior ou
menor atenção devido ao impacto do empreendimento, oferecendo assim subsídio para
estabelecer prioridades e estratégias para preservação e/ou salvamento do Patrimônio
Cultural.

O levantamento a ser proposto abrangerá não só a área de implantação direta do complexo


industrial, bem como as áreas das redes de adução de água e vinhaça, da rede de energia e
DESTILARIA BOCAINA - EIA
281
área de cultivo, tendo por propósito a localização e identificação dos sítios arqueológicos
presentes nas áreas direta e indiretamente impactadas, visando complementar, através de
uma amostragem sistemática, os dados apresentados neste estudo.

Pretende-se a partir dos dados obtidos por meio do levantamento sistemático, ter-se um
conhecimento mais detalhado e preciso do universo que será impactado, com o propósito de
fornecer subsídios para proposta de medidas mitigadoras e realizações de atividades de
monitoramento.

As atividades previstas para estas etapas posteriores dizem também respeito ao


levantamento bibliográfico intensivo sobre a região e a área impactada e ao levantamento
de campo sistemático e oportunistico que contemple amostras significativas de toda área
que será impactada. Neste momento deverão ser previstas intervenções sub-superficiais
para localizar sítios e para determinar suas dimensões e profundidades das evidências,
tendo em vista uma possível caracterização dos grupos que ocuparam e o grau de
significância dos sítios arqueológicos.

Deverá ser proposta a proteção da área dos sítios encontrados, caso contrário, ser proposto
o resgate dos sítios impactados. O resgate deverá ter por propósito pesquisar uma parcela
dos sítios que serão impactados considerando para a sua seleção critérios de significância e
de amostragem.

Para implementar as medidas mitigadoras propostas neste diagnostico é necessário a


realização de um Programa de Prospecção Arqueológica. Tal programa busca entre outras
coisas o cumprimento da Lei 3929/64, da Portaria do IPHAN 230/02, devendo ser executado
por arqueólogos com autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -
IPHAN. O programa deverá ser realizado previamente às fases de implantação e na sua
elaboração deverá contemplar o levantamento sistemático da área direta e indiretamente
afetada pelo empreendimento. A proteção dos sítios arqueológicos levantados, o resgate
nos casos de não possível proteção e o monitoramento dos sítios impactados.

Dessa maneira, para a obtenção de licença de instalação e de operação para a implantação


da Destilária Bocaina, o empreendedor terá de implantar inicialmente um Programa de
Levantamento do Patrimônio Cultural e Arqueológico, onde se tomarão todas as medidas
necessárias para o atendimento das exigências da Legislação Ambiental e os preceitos
legais sobre o patrimônio cultural brasileiro, e para o pleno desenvolvimento e a conclusão
destas pesquisas.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


282
6.3.11. Entrevistas com Representantes de Organizações Sociais de Piracanjuba

As entrevistas a seguir, um total de 13, foram realizadas no mês de novembro de 2007, na


sede do município. Quando de sua realização, buscou-se identificar percepções e
expectativas de representantes de organizações locais com relação à instalação de
empreendimentos do ramo sucroalcooleiro, de um modo geral, tendo em vista a
possibilidade de instalação de outros empreendimentos no município.

Organizações:

• Polícia Militar
• Igreja Católica
• Polícia Civil
• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Piracanjuba
• Câmara Municipal
• Cooperativa Agroindustrial Mista de Piracanjuba – Cooapil
• Recivida – ONG
• Ministério Público Estadual
• Secretaria de Administração
• Secretaria de Ação Social
• Conselho Tutelar
• Sindicato Rural de Piracanjuba
• Faculdade de Piracanjuba

Tomando-se as respostas dos entrevistados de Piracanjuba, apenas cinco dos treze


entrevistados responderam que estavam a par (têm notícias) da instalação de empreendimentos
sucroalcooleiros no município, mas sem conhecerem maiores detalhes e cinco desconheciam o
projeto. A estes últimos foi dito, em linhas gerais, de que se trata o empreendimento.

Indagados sobre a possibilidade de sua implantação contribuir para o desenvolvimento


sócio-econômico da região 06 responderam que sim, 06 em termos e 1 não.

Solicitados a exporem os motivos de suas respostas, os que responderam SIM


apresentaram os seguintes:

DESTILARIA BOCAINA - EIA


283
Produção de Energia
Renovável Investimentos Diversificação da
1 1 Atividade Econômica
1

Aumento da Renda
para o Município
3
Geração de Empregos
4

Fonte: Pesquisa de Campo, novembro de 2007.


Figura 146: Se sim, porquê?

Já os seis entrevistados que responderam EM TERMOS, afirmaram que:

• “Traz desenvolvimento econômico, porém também dificuldades sociais devido à mão-de-


obra sazonal, que fica dependente do poder público”.
• “Preocupação com meio ambiente e a monocultura”.
• “Gera empregos e renda, mas estraga o solo”.
• “Desenvolvimento financeiro, porém traz problemas sociais”.
• “Por não saber o teor do projeto”.
• “Geração de empregos, desenvolvimento do comércio, mas pode gerar problemas sociais”.
• Contribui, porém existem impactos ambientais e restrição de imigração de mão-de-obra”.

Os aspectos considerados mais positivos com a implantação do empreendimento foram:

Melhoria do Meio Diversificação da Desenvolvimento do


Ambiente Economia Comércio
1 2 2
Aquecimento da
Geração de Renda Economia
3 1

Tecnologia
1

Geração de Emprego
7

Fonte: Pesquisa de Campo, novembro de 2007.


Figura 147: Aspectos considerados MAIS POSITIVOS da implantação do empreendimento.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


284
Os considerados mais negativos foram:

Aumento da
criminalidade
Desrespeito às leis 1 Contaminação rios
Migração
2 1
5 Queimadas
1

Poluição
2

Mortandade fauna e
Impacto Social
flora
5
Monocultura 1
Impacto Ambiental
3
7
Fonte: Pesquisa de Campo, novembro de 2007
Figura 148: Aspectos considerados MAIS NEGATIVOS da implantação do empreendimento.

Os impactos ambientais considerados mais negativos foram as queimadas, a contaminação


das águas (mananciais), a poluição, mortandade da fauna e flora. Quanto aos sociais
destacou-se a imigração, o aumento da criminalidade e outros impactos sociais.

Solicitados a oferecerem sugestões para que o empreendimento funcione e traga os


melhores resultados para a região, apresentaram as seguintes:

• “Mecanização do corte da cana”.


• “Colheita totalmente mecanizada para evitar a imigração”.
• “Mecanização dos processos produtivos (plantio e colheita)”.
• “Absorver mão-de-obra da região, compra dos insumos no município”.
• “Que se tenha projetos para a área de educação e social”.
• “Estudos para que não afetem o solo”.
• “Compromisso social com o município; que se crie vínculos com a sociedade local e
não apenas a visão do lucro”.
• “Tecnologia adequada ao meio ambiente da região”.
• “Inserir, em todos os aspectos, a indústria na sociedade local”
• “Comprar produtos e serviços e utilizar mão-de-obra local”.
• “Respeito às matas ciliares, à reserva legal, às nascentes, proteção das curvas de
nível, bacias de contenção para preservar os córregos e os rios, não permitir o
vinhoto à céu aberto”.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


285
• “Obediência das leis ambientais com correto manejo dos detritos industriais;
inserção da indústria na sociedade, amenizando as desigualdades sociais”.
• “Cumprir a lei ambiental”.
• “Respeito às leia ambientais”.
• “100% de mecanização do processo produtivo (plantio e colheita); destinação de
parte da produção para programas sociais nas áreas de saúde, educação,
assistência social, segurança pública e programas de cultura e inserção social”.

Para a maioria dos entrevistados (12) é possível e necessária a realização de parcerias com
suas organizações e um disse sim, mas com ressalvas:

• “Encaminhamento de mão-de-obra local”.


• “Parceria com palestras e verba para combustível”.
• “Apoio na implantação de usina de reciclagem de lixo e na educação ambiental”.
• “Esclarecimento a produtores e trabalhadores rurais”.
• “Fornecimento de insumos”.
• “Conscientização e evangelização da mão-de-obra”.
• “Qualificação profissional e assistência para família dos trabalhadores”.
• “Emprego para o jovem aprendiz”.
• “Escolha de mão de obra e adequação dos melhores lugares para plantio”.
• “Qualificação de mão-de-obra local para atender o empreendimento”.
• “Celebração de convênios com a segurança pública para auxílio mútuo”
• “Implementação de cursos para a agroindústria visando o aperfeiçoamento da mão-
de-obra”.
• “Assinatura de Termo de Ajuste de Conduta (TAC), estabelecendo as regras para o
empreendimento e a contribuição social da empresa”.

Algumas observações foram ainda apresentadas:

• Mecanização parcial da colheita e plantio para gerar emprego aos trabalhadores da


região.
• Mecanização parcial para gerar empregos diretos para os trabalhadores rurais da
região que migrarão de uma atividade para outra.
• Que o compromisso transcenda a questão do lucro e possa gerar benefícios para
todos.
• A colheita mecanizada é fundamental para a segurança.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


286
6.3.12. Entrevistas Realizadas com Proprietários/Moradores de Imóveis no Entorno
Imediato ao Local Previsto para Instalação da Indústria

O objetivo das entrevistas é o de identificar a percepção dos moradores dos imóveis rurais
vizinhos ao local da futura indústria, buscando qualificar suas expectativas em relação ao
empreendimento. Das 09 propriedades visitadas, em 06 a entrevista foi completa e nas
outras três os proprietários não estavam no local. Este trabalho foi desenvolvido na primeira
campanha de campo ao local, ocorrida em agosto de 2007.

Segundo os dados coletados, a maioria dos proprietários (05) reside no local, indicando o
uso misto do imóvel com residência e produção.

Em relação à escolaridade, um possui o segundo grau completo, um o segundo grau


incompleto, um é analfabeto, outro alfabetizado, um possui o primário e apenas um, curso
superior completo. Quanto ao estado civil, um é solteiro, uma é viúva e quatro são casados.

O tempo de moradia é um importante indicador da cristalização de relações, hábitos e


práticas sociais entre os moradores locais. Os proprietários estão no local há muitos anos e
o tempo varia entre 18 e 55 anos.

A condição de ocupação predominante é a de proprietário. A maioria das propriedades é


pequena (até 140 ha) e apenas uma delas é de porte médio, com cerca de 246 ha.

Três das seis propriedades possuem funcionários, sendo que todas há apenas um
funcionário. Delas em apenas uma a carteira é assinada, sinalizando para a presença da
informalidade nas relações de trabalho. Os salários pagos variam de um salário mínimo a
dois salários mínimos.

Na maioria das propriedades se desenvolve atividades produtivas com tecnificação. O destino


da produção é a venda predominantemente no mercado de Goiatuba, Bom Jesus e Joviânia.

A maioria dos entrevistados não respondeu a questão sobre a renda média mensal (4) e,
apenas dois responderam: para um a renda média está na faixa de três salários mínimos e,
para o outro, cerca de R$ 20 mil.

Nas seis propriedades visitadas há domicílios com moradores, com uma e duas famílias. O
número de pessoas em cada propriedade varia: em três, residem quatro pessoas; em duas
fazendas, duas pessoas e em outra propriedade, três pessoas. As casas são todas de alvenaria,
possuem energia elétrica, abastecimento de água, cuja fonte predominantemente é a cisterna;
fossa séptica e o lixo doméstico é queimado (maioria), jogado a céu aberto e coletado.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
287
Em praticamente todos os domicílios há os principais utensílios e eletrodomésticos como a
geladeira, rádio, TV, telefone e fogão a gás.

Há estudantes em quatro, das seis propriedades, com dois alunos no ensino médio, dois na
faculdade e um que não souberam precisar a série.

O único caso de doença registrado foi de ‘gota’. Quando necessitam de saúde procuram
atendimento médico em Piracanjuba e em Goiânia.

Três produtores são vinculados a associações: Cooperativa Agropecuária Mista de


Piracanjuba Ltda (Coapil) e um no Sindicato dos Veterinários.

Quando perguntados se o empreendimento poderá contribuir para o desenvolvimento sócio-


econômico da região, a resposta foi sim (4), em termos (1) e não sabe (1).

Solicitados a justificar a resposta dada, os que disseram sim apresentaram os seguintes


motivos:

• “Geração de emprego”;
• “Geração de emprego e serviços”;
• “Progresso”.

Já o entrevistado que assinalou em termos, justificou dizendo que “haverá imigração e


menos serviços para as pessoas do município”.

Os proprietários apontaram os aspectos considerados mais positivos com a implantação do


empreendimento:

Desenvolvimento para
o Município
Geração de Emprego
1
1
Renda
1
Riqueza para o
Município
1
Produção Não sabe
2 1

Fonte: Pesquisa de campo, realizada em agosto de 2007


Figura 149: Aspectos Considerados Mais Positivos

DESTILARIA BOCAINA - EIA


288
Os considerados mais negativos foram:

Contaminação do
Não sabe
solo
1
1

Imigração
2

Nenhum
2

Fonte: Pesquisa de campo, realizada em agosto de 2007


Figura 150: Aspectos Considerados Mais Negativos

Quatro dos seis entrevistados disseram que com o empreendimento a situação da região irá
mudar, indicando o seguinte cenário:

• “Movimentação diferente, mais tipos de produção”.


• “Tudo, traz dinheiro para o município”.
• “Tecnologia nova na região”.
• “Imigração de pessoas”.

Solicitados a apresentarem sugestões para que o empreendimento funcione, mas produza


bons resultados para a região, os entrevistados disseram:

• “Cuidado com a aplicação de venenos nas plantações”.


• “Arrumar as estradas”.
• “Observar e cuidar da natureza”.

Três proprietários preferiram não dar sugestões.

De acordo com a metodologia já explicitada no corpo de estudo, as pesquisas de campo


foram fundamentadas em entrevistas estruturadas, diálogos informais com representantes
de equipamentos públicos, moradores do entorno do empreendimento, com registros
fotográficos, observações e considerações necessárias.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


289
Da pesquisa realizada, como na grande maioria dos estudos de licenciamento ambiental de
outros empreendimentos sucroalcooleiros, se destacam aspectos positivos e negativos de
cunho econômico, social e ambiental.

Do ponto de vista econômico são destacados como aspectos positivos o desenvolvimento


econômico, a industrialização, o aquecimento do comércio e o aumento da arrecadação; e,
negativos, como a possibilidade da monocultura.

As de natureza ambiental strictu sensu, entendido como os meios físico e biótico, há uma
evidente preocupação com os impactos ambientais de um modo geral, e mais
especificamente em relação às queimadas e contaminação e degradação do solo..

Na social a grande expectativa relaciona-se à geração de emprego e renda para a


população mas, é aqui também, que se manifesta uma das maiores preocupações que é
aquela relativa aos impactos sociais com a imigração e a conseqüente elevação da
demanda em relação à infra-estrutura do município, especialmente no que se refere à saúde
e a segurança pública.

Os entrevistados, além disso, apontaram sugestões extremamente importantes, além da


disponibilidade para a realização de parcerias com vistas a se mitigar os impactos negativos
e otimizar os positivos.

Figura 151: Entrevistas com o Sargento Edmilson Ferreira de Paula, Polícia Militar, e com o Sr.
Lindolfo Neto da Silva, presidente da Câmara dos Vereadores

DESTILARIA BOCAINA - EIA


290
Figura 152: Entrevista com a Sra. Dorislene Luiza Ferreira, presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais e com o Sr. Astrogildo Gonçalves Peixoto, vice-presidente da COAPIL

Figura 153: Entrevistas com o Dr. Keller Divino Branquinho Adorno, promotor de Justiça de
Piracanjuba e com o Sr. Artur José Pereira, Secretário de Administração de Piracanjuba

Figura 154: Entrevistas com o Sr. Francisco Sebastião Filho, Fazenda Bocaina, e com o Sr.
Joaquim Gomes Amorim, Fazenda São Pedro

DESTILARIA BOCAINA - EIA


291
6.3.13. Percepções e Expectativas de Representantes/Participantes de Organizações
Sociais do Povoado de Rochedo em Relação à Implantação de
Empreendimentos Sucroalcooleiros no Município.

Entrevistou-se 04 representantes da sociedade local do povoado de Rochedo, dos quais


dois responderam que estavam a par do empreendimento, enquanto os outros dois não
tinham conhecimento do mesmo. Indagados sobre a possibilidade de sua implantação
contribuir para o desenvolvimento sócio - econômico da região, responderam que SIM.

Solicitados a exporem os motivos de suas respostas, apresentaram os seguintes motivos:


• Aumento da Arrecadação (01);
• Aumento do PIB (01);
• Geração de Empregos (04);
• Desenvolvimento Econômico da Região (04).

Os aspectos considerados MAIS POSITIVOS da implantação do empreendimento foram os


seguintes:

• Geração de Empregos (03);


• Arrecadação de Impostos (01);
• Desenvolvimento Econômico (01);
• Melhoria da Segurança (01);
• Melhoria da Saúde (01).

Os aspectos considerados MAIS NEGATIVOS foram:

• O Impacto Ambiental (02);


• Queimadas (01);
• Imigração (01);
• Não Gerar Desenvolvimento (01);
• Nenhum (01).

Solicitados a oferecerem sugestões para que o empreendimento funcione e traga os


melhores resultados para a região, apresentaram as seguintes:
• Respeito às Leis Ambientais;
• Ocupar a mão-de-obra local e da região;
• Procedimentos conforme a lei para evitar a poluição;
• Acompanhamento no tratamento de resíduos e no odor.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
292
Um entrevistado disse não ser possível estabelecer parceria com o empreendimento,
enquanto três entrevistados consideram possível a realização de parcerias com suas
organizações, com tendimento escolar para as crianças dos trabalhadores, palestras na
usina, ajuda para manutenção e ampliação da escola e atendimento religioso.

Observações sobre o Povoado do Rochedo:

A escola estadual atende a 150 alunos ano. Não tem o programa de alfabetização de
adultos, mas reinicia em janeiro uma nova turma do EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Esse programa, começou em agosto deste ano no povoado e atendeu a 40 alunos, sendo
que formou 20. O programa oferece o ensino da 5° ao 9° ano em 01 semestre.

Com relação ao mercado imobiliário na cidade, os preços são inflacionados pelo lago da
Usina de Rochedo. Que atrai muitos moradores de Goiânia e região, o preço de uma casa
simples e chácaras, a partir de R$ 30 e R$ 70 mil, respectivamente.

O povoado tem 02 mercados e 03 bares, não se registrou associações no local. O padre é


de Piracanjuba e ministra uma missa semanal. Só a rua principal é asfaltada e a água
encanada é proveniente de um poço artesiano da SEMARH.

A média de ocorrências policiais é de 01 a 02 por mês e, as mais comuns são as brigas,


direção perigosa e embriagues. Não se tem notícia de prostituição no povoado, que em
regra é tranqüilo. Porém, foi registrado no mês de novembro um homicídio por motivo fútil,
devido a cobrança de dívida. Não existe um posto policial fixo no local, somente o
patrulhamento por unidade móvel.

Figura 155: Usina Hidrelétrica de Rochedo(CELG) e detalhe do comércio no Povoado de


Rochedo.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


293
7. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

O prognóstico de impactos ambientais será considerado em um único momento,


independente das particularidades evidenciadas entre as atividades agrícolas, considerada
como área de influência indireta, e as atividades industriais, correspondente à área de
influência direta. O tratamento dos impactos será considerado nas duas principais fases do
empreendimento: a de implantação e a de funcionamento ou operação.

Na fase de implantação foram consideradas as ações ligadas às atividades infraestruturais


que envolvem a implantação de canteiro de obra com a conseqüente movimentação de solo
e rocha, abertura de estradas de serviços e escavações com interferências na biota e,
ainda, os efeitos socioeconômicos na área de influência do empreendimento. Também
foram consideradas as obras relativas à execução da unidade industrial, instalação de
edifícios, obras de drenagem, pavimentação, dentre outras.

Na fase de operação foram incorporadas todas as atividades de desenvolvimento agrícola,


do preparo do solo até a colheita e armazenamento do produto, enquanto na indústria
estaria iniciando o processo de produção com a emissão e o tratamento de efluentes e
resíduos sólidos. Todas essas ações passarão por manutenção preventiva, tanto na
indústria como no setor agrícola.

7.1. MEIO FÍSICO

7.1.1. Fase de Implantação

A fase de implantação é caracterizada pelas atividades infraestruturais que envolvem


movimento de solo e rocha, instalações preliminares (canteiro de obra), obras de contenção,
drenagem e proteção superficial, execução da unidade industrial e preparação de terras
para o plantio.

Nas atividades infra-estruturais foram considerados dois grupos de impactos mais


relevantes: erosão pluvial e assoreamento e emissão de partículas, gases e ruído. Todos
esses impactos encontram-se relacionados, na grande maioria, ao movimento de solo e
rocha durante a implantação da unidade industrial e das atividades agrícolas.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


294
7.1.1.1. IMPACTOS DECORRENTES DAS ATIVIDADES INFRAESTRUTURAIS

7.1.1.1.1. Erosão e assoreamento

Na fase de implantação do empreendimento, o movimento de solo e rocha responde por


grande parte dos impactos relacionados à erosão pluvial e eólica. Neste momento são feitas
aberturas de estradas, construção de barragens, implantação de terraços e execução de
canais de vinhaça para fertiirrigação. Esse fato pode ser agravado na presente
circunstância, uma vez que praticamente toda a área de influência direta se caracteriza por
uma vulnerabilidade moderada, representada pelo domínio de formas dissecadas convexas,
com dimensão superior >250≤750m e incisão mediana da drenagem (c22).

Embora se constate boa resistência mecânica das formações superficiais frente aos
processos morfogenéticos, justificada pela textura areno-argilosa, a declividade, entre 10% e
20%, requer a adoção de medidas mitigadoras. Assim sendo, as obras de implantação da
unidade industrial deverão promover alterações significativas no relevo (através de cortes,
aterros e escavações, empréstimo e disposição de rejeito em bota-fora, construção de
canaletas, valas e outras ações tecnológicas), podendo intensificar os processos erosivos.

Tais ações podem gerar impactos em função da remoção de material, o que permite a
ativação dos processos morfogenéticos ligados diretamente às chuvas (efeito splash e
diferentes formas de escoamento superficial), responsáveis pela desagregação, transporte e
deposição de sedimentos, favorecendo o assoreamento de níveis de base localmente
representados pelo córrego do Bocaininha, tributário do rio Meia Ponte.

Refere-se a um impacto direto, adverso, de magnitude moderada, temporário, reversível e


com boas condições de mitigação.

7.1.1.1.2. Emissão de partículas, gases e ruído.

O emprego de máquinas e tratores na fase de implantação das atividades infraestruturais


(movimento de solo e rocha: estradas de serviço, construção de barragem, cortes, aterros e
escavações, material de empréstimo, bota-fora, edificações) eleva os níveis de ruído além
da concentração de partículas e gases na camada limite, associados principalmente à
queima de combustível fóssil.

O funcionamento de motores no preparo do terreno, gera concentrações atmosféricas de


gases como H2O, CO2, NO3, N2O4, CH4 e aerossóis. Além dos efeitos no ser humano e na
biota, a concentração de gases como o CO, CO2 e NO3 na baixa troposfera (camada-limite
DESTILARIA BOCAINA - EIA
295
ou camada de mistura) contribuem, mesmo que de forma incipiente, para os problemas de
natureza orgânica. Os principais efeitos no ser humano referem-se às doenças alérgicas,
pulmonares e intoxicações. Também podem ser considerados os efeitos da deposição de
poeira e hidrocarbonetos sobre as folhas, principalmente quando presentes metais pesados,
quebrando o ciclo alimentar e produzindo lesões foliares.

As atividades atinentes à implantação do empreendimento geram vibrações e ruídos de


intensidades discretas. Essas manifestações concentram-se principalmente na fase de
movimentação de solo e rocha, associada à circulação de máquinas e caminhões. O tráfego
de máquinas e caminhões (funcionamento do motor, ruídos de transmissão, buzinas,
frenagens) afeta principalmente as populações expostas, sobretudo aquelas que habitam ou
trabalham no local, bem como o afugentamento da fauna silvestre.

Trata-se de um impacto direto, adverso, de magnitude fraca, temporário, reversível e com


regulares condições de mitigação.

7.1.1.2. IMPACTOS DECORRENTES DAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS

Os impactos mais significativos encontram-se relacionados ao preparo do solo, envolvendo


a limpeza do terreno, aração, gradagem, subsolagem, aplicação de herbicidas e
agroqímicos, calagem, dentre outras atividades suplementares. O resultado favorece a
erosão pluvial e eólica, com possibilidade de assoreamento, emissão de partículas, gases e
ruído.

7.1.1.2.1. Erosão e assoreamento

No preparo do solo, a aração e o gradeamento promovem a desagregação das formações


superficiais que ficarão suscetíveis aos processos erosivos pluviais e eólicos, principalmente
nos topos tabulares e rampas pedimentadas que predominam na área de influência indireta
e respectivo entorno. Tais fenômenos tendem a ser agravados em função das formações
superficiais areno-argilosas: se por um lado tais formações atenuam o arraste do material na
fase de excedente hídrico do solo, no período de deficiência hídrica a baixa granulometria,
associada ao aumento da intensidade dos ventos, favorece a erosão eólica.

Os impactos erosivos, comandados pela chuva, associados às atividades agrícolas, são


tratados por diversos autores, como BERTONI & LOMBARDI NETO (1990) que relatam as
diferentes formas de erosão hídrica: impacto da chuva, laminar, sulcos, boçorocas, incluindo
deslocamento e escorregamento de massa, caracterizada pelo solo.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


296
Os impactos erosivos nas culturas convencionais tendem a se intensificar no início das
chuvas, considerando o solo desagregado pela atividade mecânica pelo preparo do terreno.
Estudos experimentais mostram estreita relação entre declividade e perdas de solo, com
destaque para a forma da vertente. Na presente situação prevalecem formas de vertentes
convexas, dispersoras de água (linhas de nível e perfis de encostas convexos), que, embora
atenuem a erosão linear, não restringem o fluxo laminar. Com relação à suscetibilidade
erosiva, praticamente toda a área de influência indireta e de entorno do empreendimento
encontra-se caracterizada por baixa vulnerabilidade à erosão: na área de influência indireta
57,2% da superfície mapeada apresentam baixa ou muito baixa vulnerabilidade à erosão,
com o domínio de formas dissecadas tabulares (t41, t31) e formas de acumulação (Aptf,
Aai); 38,2%, caracterizadas por formas convexas (c21, c22), com vulnerabilidade moderada;
e apenas 5,3% por vulnerabilidade forte (c23, a23) como nas nascentes do córrego Ponte
Furada e na Serra da Bocaina; na área de entorno, 92,7% da área se individualiza por
vulnerabilidade baixa à erosão As formações superficiais estão constituídas de materiais
areno-argilosos que corroboram para a atenuação dos efeitos erosivos por apresentarem
forte resistência mecânica dos agregados frente aos processos morfogenéticos comandados
pelas chuvas. Também a conformação geométrica das vertentes tende a atenuar o fluxo ou
escoamento pluvial concentrado.

Com relação à erosão eólica destacam-se os impactos relacionados à movimentação de


máquinas no preparo do solo (aração, gradeamento, calagem) contribuindo para a geração
de poeira fugitiva e aerossóis. Esse fato é agravado com a desagregação mecânica no
período de estiagem, sobretudo no domínio de textura argilosa e muito argilosa.

Refere-se a um impacto direto, adverso, de magnitude fraca, temporário, reversível e com


boas condições de mitigação.

7.1.1.2.2. Emissão de partículas, gases e ruído.

Na fase de implantação das atividades agrícolas, a maior concentração de gases e material


particulado estará associada à preparação do solo, representada principalmente pela aração
e gradeamento, mencionadas anteriormente. A difusão de poeira fugitiva poderá ocorrer
com a desagregação do material superficial, principalmente por se tratar de formações
superficiais areno-argilosas, que aliadas ao período de estiagem, período de deficiência
hídrica do solo, coincidindo com o período de safra e com a tendência de aumento na
velocidade dos ventos na região: em Goiatuba a velocidade dos ventos chega a mais de 8,5
m/s em outubro; na região foram registradas rajadas com velocidade próxima a 30 m/s,
equivalentes a 100 km/h.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
297
Efeitos dos gases poluentes sobre a saúde humana e a vegetação podem ser constatados
através de inúmeros trabalhos como de VILLAS BOAS (1992). Também na fase de plantio a
emissão de partículas, gases e ruído poderão ocorrer em menor proporção, principalmente
considerando a tendência geral de práticas do plantio direto. Estima-se ainda a emissão de
N2O no uso de fertilizantes nitrogenados.

Refere-se a um impacto direto, adverso, de magnitude fraca, temporário, reversível e com


regulares condições de mitigação.

7.1.1.3. IMPACTOS SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEOS

Os principais impactos que poderão ocorrer sobre os recursos hídricos são:

• Deposição de sedimentos ocasionando assoreamentos no sistema fluvial, tendo em


vista que os serviços de terraplenagem, movimentação de solo e construção de
edificações favorecem a erosão pluvial, com a desagregação de partículas e
transporte e deposição nos níveis de base locais;
• Possibilidade de alteração da qualidade das águas subterrâneas nas áreas
plantadas com cana-de-açúcar, pois a vinhaça resultante do processo industrial é
lançada diretamente no solo, servindo com adubo. Caso a vinhaça atinja os cursos
d’água, ocorrerá a alteração da qualidade das águas superficiais;
• Riscos de acidentes com derramamentos de combustíveis, podendo atingir os cursos
d’água.

O aqüífero subterrâneo não sofrerá alterações a nível regional, quanto a sua área de
recarga, pois a área a ser impermeabilizada com edificações e pavimentação será pequena.

Trata-se de um impacto efetivo, adverso, moderado, indireto, temporário, reversível, local e


de regular condição de mitigação.

7.1.2. Fase de Operação

A fase de operação está caracterizada pelas atividades industriais e agrícolas. As atividades


industriais estão representadas por ações que vão do transporte da cana-de-açúcar até a
produção do álcool e energia, resultando no tratamento, disposição e controle de rejeitos. As
atividades agrícolas estão representadas pela preparação do solo com a incorporação de
novas áreas de plantio, tratos culturais, adubação e irrigação, que se sucederão por todos
os ciclos de produção.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


298
7.1.2.1. IMPACTOS DECORRENTES DAS ATIVIDADES INDUSTRIAIS

As atividades relacionadas à produção industrial incorporam dados das operações


preliminares, que consistem na colheita da cana-de-açúcar, seguida do transporte e
processamento. Em tais circunstâncias os impactos ambientais mais expressivos
correspondem à emissão de partículas e gases na atmosfera e alterações fluviométricas. O
primeiro relacionado à queima da cana, no caso de colheita manual, e o segundo decorrente
das barragens de captação de água para as atividades de produção e irrigação.

7.1.2.1.1. Alterações fluviométricas

A necessária captação de água para as atividades industriais pode implicar alterações de


natureza fluviométrica, considerando o volume necessário para o processamento da cana-
de-açúcar. Com base na descrição do projeto, a fonte de captação refere-se ao ribeirão das
Bocainas após barramento para acumulação de água e regularização de vazão.

Refere-se a um impacto direto, adverso, de magnitude alta, cíclico, irreversível e com


regulares condições de mitigação.

7.1.2.1.2. Geração de efluentes domésticos e industriais e emissões.

No processo de produção do álcool, vários são os efluentes ou rejeitos produzidos.

Os principais rejeitos líquidos resultam da lavagem da cana, da água condensada do


evaporador e aquecedor, da refrigeração dos equipamentos da destilaria e lavagem do
pátio. No processo de destilação tem como resultado a vinhaça, cuja produção representa
em torno de 13 vezes o volume de álcool produzido.

Os principais resíduos sólidos referem-se ao bagaço da cana, sedimentos resultantes da


lavagem da cana, cinza e fuligem da caldeira, além de sucata e resíduos orgânicos do
restaurante. Destaca-se no processo de tratamento do caldo o resíduo representado pela
torta de filtro.

Quanto às emissões gasosas são considerados os gases da fermentação, o “vent” das


colunas de destilação, o respiro dos tanques de armazenamento e aqueles associados à
queima do bagaço da cana na caldeira. Esses efluentes, se não tratados ou controlados
devidamente, podem gerar sérios impactos, representados principalmente pela
contaminação atmosférica, poluição do solo e dos recursos hídricos.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


299
Conforme descrição do projeto, a água de lavagem dos pisos e equipamentos será,
juntamente com a vinhaça, utilizadas no processo de fertirrigação. As águas resultantes de
uso doméstico serão tratadas em Estação de Tratamento de Esgoto. Os resíduos gasosos
deverão ser lavados, enquanto os efluentes sólidos, como a torta de filtro e cinza, serão
utilizados como adubo orgânico na lavoura canavieira.

Refere-se a um impacto direto, adverso, de magnitude moderada, cíclico, reversível e com


boas condições de mitigação.

7.1.2.1.3. Geração de bioenergia

Com base na descrição do empreendimento, o bagaço da cana resultante do processo será


utilizado como combustível na caldeira. Essa queima, além de substituir o uso convencional
de combustível fóssil, o que pode ser revertido em crédito-carbono, gera energia própria,
podendo o excedente ser comercializado. Para se ter uma idéia, a queima de 6,5 toneladas
de bagaço de cana gera em torno de 1 MWh de energia através do sistema de co-geração.

Contudo, a queima da biomassa não deixa de gerar poluentes, como o CO, CO2 e Material
Particulado (MP), os quais, se não forem tratados, contribuirão para o agravamento do efeito
estufa. Dados apresentados por LEAL et al (2005) estimam uma emissão média de 2,35 kg
de MP/tonelada de cana moída.

Refere-se a um impacto direto, benéfico, de magnitude moderada, cíclico, irreversível e com


boas condições de otimização.

7.1.2.2. IMPACTOS DECORRENTES DAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS

Os impactos mais significativos encontram-se relacionados ao preparo de novas áreas para


plantio, envolvendo a limpeza do terreno, aração, gradagem, subsolagem, uso de
herbicidas, calagem, dentre outras atividades suplementares. O resultado favorece a erosão
pluvial e eólica, com possibilidade de assoreamento, emissão de partículas, gases e ruído.
Outro impacto relevante refere-se às alterações fluviométricas e pedogênicas que podem
ocorrer em função do processo de irrigação ou fertirrigação da lavoura. Também a
compactação do solo se caracteriza como impacto possível, considerando a circulação de
veículos e máquinas na área de lavoura. O seqüestro de carbono se individualiza como
impacto positivo ou benéfico, associado à expansão da monocultura canavieira.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


300
7.1.2.2.1. Erosão e assoreamento

No preparo de novas áreas de plantio, a aração e o gradeamento promovem a


desagregação das formações superficiais, que serão suscetíveis aos processos erosivos
pluviais e eólicos. Sabendo-se que área de influência indireta e a de entorno se
caracterizam pela vulnerabilidade à erosão principalmente nas proximidades dos fundos de
vales, onde tende a apresentar aumento da declividade, chegando até a 10%, a erosão
pluvial pode se intensificar, sobretudo quando não adotadas medidas mitigadoras
preventivas apropriadas. Enquanto os impactos relacionados à erosão pluvial tendem a se
intensificarem no início das chuvas, considerando a exposição de superfície desagregada
por ação mecânica, os concernentes à erosão eólica ocorrem com maior freqüência no
período de estiagem, agravada pelo comportamento textural das formações superficiais
argilosas.

Refere-se a um impacto direto, adverso, de magnitude fraca, cíclico, reversível e com boas
condições de mitigação.

7.1.2.2.2. Emissão de partículas, gases e ruído

A possibilidade da queima da cana-de-açúcar, acidental, criminosa ou como prática para a


colheita manual, essa última não será adotada pelo empreendimento, contribui de forma
expressiva no agravamento dos impactos, dada a incorporação de partículas (fuligem) e
gases (CO2, CO, NOx, (CH3)2S, H2O, além de ácidos orgânicos) na camada de mistura.

Estudos realizados por KIRCHOFF et al (1991a e 1991b) e MARINHO & KIRCHHOFF


(1992), demonstram que as queimadas em canaviais favorecem a geração do O3
troposférico, fruto da reação fotoquímica existente entre o CO, originado da queima
incompleta da biomassa, com o NOx ou OH. Em Jaboticabal (SP), os autores encontraram,
no período de safra, valores próximos a 80 ppbv (partes por bilhão de volume) de O3 e 580
ppbv de CO, os quais ultrapassam os limites do padrão secundário estabelecidos na
Resolução CONAMA 03/1990.

As queimadas geralmente ocorrerem no período noturno, podendo os impactos ambientais


se agravarem com a tendência de redução da camada de mistura: tomando como exemplo
a situação regional: a altura da camada limite, na zona rural, varia entre 520 m a 2.400 m,
sendo que os maiores valores ocorrem entre 15:00h e 19:00h; a partir das 20:00h a camada
de mistura tende a baixar, decrescendo gradativamente até registrar os menores valores por
volta de 8:00h da manhã.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


301
Segundo dados do IPCC (1994, apud VIANNA, 2003), entre 1986 a 1996, a emissão de
gases com a queima da palha da cana-de-açúcar eleva em 0,26% os índices de CO2, 0,22%
de CH4, 0,73% de N2O e 0,8% de NOx. Por outro lado a cana-de-açúcar apresenta impacto
positivo na absorção ou seqüestro do CO2: ao fixar o carbono em seus tecidos, liberando o
oxigênio.

Existem vários trabalhos que tratam dos efeitos da queima da palha da cana-de-açúcar no
processo de corte manual. OMETTO, MANGABEIRA & HOTT (2004) mapeiam o potencial
de formação do ozônio troposférico, da acidificação e de toxidade humana em função da
queima da cana-de-açúcar. PATERLINI (2005) correlaciona a queima da palha da cana com
a produção de material particulado. VEDRASCO et al (2006) trata dos efeitos da poluição
gerada pela queima da cana na radiação solar e nos fluxos turbulentos na superfície. Sobre
os efeitos da queima da cana em problemas respiratórios destacam-se os trabalhos de
FRANCO (2000), MANÇO (2003) e MARREY (2001) que tratam dos aspectos médicos e
epidemiológicos associados às queimadas. Sobre as possibilidades de alterações
mutagênicas por hidrocarbonetos policíclicos reporta-se aos trabalhos de MARCHI (2006),
MIRRA & LATORRE (2001) e ZAMPERLINI et al (2000). FERREIRA (2006) mostra os
efeitos da queima da palha da cana-de-açúcar na supressão de remanescentes de
vegetação nativa e na mortandade de animais silvestres.

Com relação a eventuais impactos de queimadas em áreas de concentração urbana,


considerando a presente abordagem, apresentam-se os seguintes aspectos:

• A unidade industrial encontra-se localizada, em linha reta, a 12 km a SW da cidade


de Piracanjuba e 09 km a ENE do povoado de Rochedo;
• Considerando a possibilidade de expansão da lavoura canavieira em direção à seção
setentrional, onde o relevo torna-se mais apropriado, como na sub-bacia do ribeirão
São Pedro, admite-se que não existiriam impactos no núcleo urbano de Piracanjuba,
de associados à transferência de poluentes pelos ventos, relacionados à eventual
queima da palha da cana-de-açúcar, acidental ou criminosa, considerando que no
período de safra prevalecem ventos de leste, com subdominância de sudeste e sul;
portanto, a transferência de poluentes, se gerados, abrangeriam áreas posicionadas
principalmente a norte do empreendimento;
• Também o povoado de Rochedo ficaria fora da rota de poluentes transferidos pelos
ventos, uma vez que se localiza a S da provável área de plantio da cana-de-açúcar.
Contudo, a proximidade de Rochedo e sua posição em relação a unidade industrial
não a isenta de efeitos provenientes da queima do bagaço da cana-de-açúcar na

DESTILARIA BOCAINA - EIA


302
caldeira, quando do processamento do álcool. Esse impacto pode ser agravado em
função da posição altimétrica de Rochedo (637 m) em relação à unidade industrial
(728 m), que dependendo das condições meteorológicas, como redução da camada
limite ou inversão térmica, pode favorecer a concentração de poluentes na baixa
troposfera.

Embora os referidos núcleos urbanos apresentem riscos incipientes de concentração de


poluentes em função de eventuais queima da palha da cana-de-açúcar, deve-se admitir
que tais impactos não deixam de existir aos demais componentes do meio biótico, o que
poderá ser agravado em função de alguns outros parâmetros meteorológicos, como:

• Comportamento da camada de mistura, que no inverno tende a limitar os processos


convectivos dada a subsidência atmosférica decorrente da instalação da Massa
Tropical Atlântica em direção ao continente brasileiro;
• Comportamento da umidade relativa do ar principalmente no trimestre julho-
setembro, tendo como referência a estação meteorológica de Goiatuba, com índices
próximos a 20%, chegando a corresponder a 15 dias contínuos, como registrados
nos meses de agosto (1999, 2000 e 2003) e setembro (2004, 2005 e 2006).

Mesmo considerando que tais prognósticos fundamentam-se em condições meteorológicas


críticas para a dispersão de poluentes e em expectativas de expansão da lavoura canavieira
especulativas, a perspectiva desses impactos é pouco significativa em função do projeto
prever 100% de colheita mecanizada, portanto, a queima só ocorrerá em casos acidentais
ou criminosos.

No estágio de transporte e armazenamento do produto, o impacto relacionado à


concentração de gases na baixa troposfera é novamente evidenciado em decorrência da
queima de combustíveis fósseis pelos veículos, com a disseminação de partículas sólidas
ou poeira fugitiva.

Refere-se a um impacto direto, adverso, de magnitude moderada, cíclico, reversível e com


regulares condições de mitigação.

7.1.2.2.3. Contaminação do solo e recursos hídricos

No preparo do solo, onde deverá ser contemplado o uso de herbicidas, e nas atividades
relacionadas aos tratos culturais, onde a pulverização através de agrotóxicos assume
relevância, o solo e os recursos hídricos tornam-se vulneráveis à contaminação. O preparo

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303
do solo e a adubação agem funcionalmente no sentido de intensificar as interações físico-
químicas água-solo, favorecendo o desenvolvimento de cultivos. Corretivos, adubos e
herbicidas introduzidos no solo podem ser disseminados pela água e provocar interações
além da área cultivada, eventualmente comprometendo aqüíferos e recursos hídricos
superficiais (FORNASARI FILHO et al, 1992).

Refere-se a um impacto direto, adverso, de magnitude fraca, cíclico, reversível e com boas
condições de mitigação.

7.1.2.2.4. Compactação do solo

A compactação do solo resulta de ações externas como o uso intensivo de máquinas no


plantio, responsável por alterações de suas propriedades físicas, principalmente a estrutura,
a textura e densidade, influenciando na permeabilidade e consequentemente no aumento do
escoamento superficial.

A compactação encontra-se associada principalmente à intensidade de ações no preparo do


terreno e no plantio, bem como na fase de colheita, dada à presença de máquinas, como de
colhedeiras e caminhões utilizados no transporte da cana-de-açúcar para a indústria. Esse
processo se acentua em função da textura e condições hídricas do solo: os solos portadores
de textura argilosa e muito argilosa são os mais suscetíveis de compactação, o que é
agravado quando se encontram com a capacidade de campo saturada, ou seja, após a
reposição hídrica, com tendência de formação de excedente.

O baixo teor de matéria orgânica no subsolo contribui para a aceleração dos processos
erosivos e a redução de armazenamento hídrico para as plantas.

Refere-se a um impacto direto, adverso, de magnitude fraca, cíclico, reversível e com boas
condições de mitigação.

7.1.2.2.5. Melhoramento de fatores agronômicos

A fertirrigação durante os tratos culturais responde por melhoramento de fatores


agronômicos. Estudos como o de CANELLAS & VELOSO (2003) comprovam os benefícios
da vinhaça no comportamento químico dos solos. Também MENDONZA et al (2000) tratam
do melhoramento das propriedades químicas e bióticas do solo em função do cultivo da
cana-de-açúcar. ORLANDO FILHO & LEME (1983) mostram o significado dos resíduos
agroindustriais nos solos canavieiros.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


304
Portanto, além do melhoramento do solo com a fertirrigação, a atividade sucroalcooleira
deixou de gerar impactos de grandes magnitudes, os quais eram recorrentes até meados da
década de oitenta, quando não havia destinação ou tratamento da vinhaça. O valor
econômico que a vinhaça adquiriu a partir de 1975 permite a substituição, em grande parte,
de nutrientes da adubação mineral. Contudo, RAMALHO & AMARAL SOBRINHO (2001)
não deixam de considerar a possibilidade de efeitos de metais pesados em solos cultivados
com cana-de-açúcar pelo uso de resíduos agroindustriais.

Refere-se a um impacto direto, benéfico, de magnitude moderada, permanente, irreversível


e com boas condições de otimização.

7.1.2.2.6. Seqüestro de carbono

Estudos desenvolvidos pelo INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) mostram


que a absorção do carbono em área florestada é de 0,5 a 1 tonelada por hectare, devendo
ser maior no caso do eucalipto, considerando o rápido crescimento em relação às espécies
nativas. Esses valores correspondem aos parâmetros utilizados na avaliação do seqüestro
de carbono nos países que possuem biomas remanescentes, representando poder de
negociação com as nações que integram o Anexo I (rebatizado de Anexo B) do Relatório de
Quioto. O carbono constitui um dos principais gases do efeito estufa.

Utilizando como referência a absorção do carbono em áreas de eucalipto (1tonj/ha) para as


áreas correspondentes ao plantio de cana-de-açúcar, estima-se que o seqüestro desse
componente tenderia a ser expressivo. Esse fato é reforçado pelo ciclo de crescimento da
cana-de-açúcar, em média 18 meses, constantemente renovada em função do número de
cortes ou replantio.

Sobre o assunto destacam-se os trabalhos de NISHI (2006) e EMBRAPA (2004), que tratam
do significado da atividade canavieira no MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo).
AB´SÁBER et al (1990) apresentaram estimativas de carbono fixado por área de
produtividade: em situações de alta produtividade a estimativa de carbono fixado é de 13,1
tC.há-1.ano-1.

Refere-se a um impacto direto, benéfico, de magnitude moderada, permanente, irreversível


e com boas condições de otimização.

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305
7.1.2.3. IMPACTOS SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E
SUBTERRÂNEOS

Os principais impactos que poderão ocorrer sobre os recursos hídricos são:

• Deposição de sedimentos ocasionando assoreamentos no sistema fluvial, pois o


preparo do solo, ao intensificar o processo erosivo, tende a acelerar o aporte de
sedimentos aos corpos d´água;
• Aplicação de adubos, corretivos e defensivos agrícolas, introduzidos no solo,
utilizados no sentido de favorecer o desenvolvimento da cultura, podendo ser
disseminados pela água e provocar interações comprometendo os recursos hídricos
locais.

7.2. MEIO BIÓTICO

7.2.1. Impactos Sobre a Flora

A avaliação de impactos ambientais do empreendimento abarca os efeitos de duas


modalidades espacialmente bem definidas de atividades – as atividades pertinentes à
cultura agrícola, presente principalmente na AII, e aquelas pertinentes à unidade industrial,
mormente restrita a AID na fase de implantação.

Na fase de operação, as interações decorrentes da valorização agrícola de sub-produtos do


processamento aumentam a área de abrangência dos efeitos da unidade industrial sobre a
área de influência. As atividades agrícolas não são modificadas neste aspecto,
permanecendo pertinentes a AII. Tanto na fase de implantação como na de operação, as
atividades de transporte permeiam as duas áreas de influência propostas.

7.2.1.1. IMPACTOS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DA ATIVIDADE AGRÍCOLA

As atividades que poderão causar alterações à cobertura vegetal da AII pela atividade
agrícola são os barramentos para captação de água para a indústia e para irrigação e a
implantação do Projeto de Recuperação Florestal. Os barramentos dos cursos d’água
implicarão na supressão de APPs florestais nas áreas de acumulação, onde elas se fizerem
presentes.

Considera-se, assim, que a supressão de matas ciliares e de galeria nas áreas de


acumulação pelos barramentos para captação de água para a indústia e para irrigação

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306
configura um impacto efetivo, adverso, fraco, indireto, imediato, permanente, irreversível,
regional e de pequena condição de mitigação.

A condição de importância limitada da vegetação de APP como áreas de suporte biótico


diminue também sua efetividade como zona de tamponamento dos efeitos das atividades
sobre o meio físico e sobre os ecossistemas aquáticos dos potenciais processos
pluvioerosivos e de eventuais contaminações por efluentes, resíduos e agroquímicos.

Tendo em vista a cobertura vegetal deficiente da AII e que não está prevista a conversão de
áreas na mesma, esperam-se melhorias nas condições de cobertura vegetal da AII, em face
da extensão territorial do Programa de Recuperação Florestal. Trata-se da recuperação de
todas as áreas de preservação permanente presentes em propriedades rurais próprias,
através do replantio de mudas de árvores nativas ao bioma cerrado.

O Programa de Recuperação Florestal será implantado nas propriedades agrícolas da


indústria e resultará na gradual regularização do empreendimento ante os requisitos legais
de APP. Uma vez restituindas as APPs a sua largura legal, o Programa de Recuperação
Florestal aumentará sua efetividade como corredores biológicos entre os fragmentos
florestais existentes regionalmente.

A recuperação de APPs pelo Programa Recuperação Florestal configura um impacto efetivo,


benéfico, acentuado, direto, imediato, permanente, reversível, regional e de grande condição
de otimização.

7.2.1.2. IMPACTOS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE INDUSTRIAL

Não se esperam efeitos sobre a cobertura vegetal decorrentes da fase de implantação da


unidade industrial, à exceção da captação e adução d’água de abastecimento industrial a
partir de barramento do ribeirão das Bocainas. Nesta circunstância, haverá supressão de
mata de galeria nas áreas de acumulação.

No diagnóstico constatou-se uma grande simplificação ambiental da vegetação de APP da


AII e sua insuficiência como área de suporte efetiva e como corredor biológico, que atenuam
estes efeitos. Por outro lado, eventuais áreas suprimidas serão compensadas no âmbito do
Programa de Recuperação Florestal.

Assim, a supressão de matas ciliares e de galeria nas áreas de captação e de adução


d’água de abastecimento industrial configura um impacto possível, adverso, moderado,
indireto, imediato, permanente, irreversível, regional e de pequena condição de mitigação.
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307
Cabe lembrar que o barramento do ribeirão das Bocainas terá licenciamento específico a
partir de estudos ambientais, também, específicos, que analisarão os efeitos dessa ação
sobre a biota local.

A avaliação de impactos ambientais do empreendimento sobre a flora abarca os efeitos de


duas modalidades espacialmente bem definidas de atividades - as atividades pertinentes à
cultura agrícola, presente principalmente na AII, e aquelas pertinentes à unidade industrial,
mormente restrita a AID na fase de implantação.

Na fase de operação, as interações decorrentes da valorização agrícola de sub-produtos do


processamento aumentam a área de abrangência dos efeitos da unidade industrial sobre a
área de influência. As atividades agrícolas não são modificadas neste aspecto,
permanecendo pertinentes a AII. Tanto na fase de implantação como na de operação, as
atividades de transporte permeiam as duas áreas de influências definidas.

7.2.2. Impactos sobre a Fauna

A incidência de impactos ambientais causada pela Usina Bocaina ocorrerá em três fases
distintas, sendo elas: fase de planejamento; implantação e operação. Os impactos decorridos
na fase de planejamento são desconsiderados no presente estudo, com as análises e
avaliações concentradas nos impactos das fases seguintes, de implantação e operação.

Os impactos gerados na fase de planejamento restringiram-se ao conhecimento do meio


por equipes de pesquisa para os meios físicos, bióticos e socioeconômicos representados
por técnicos responsáveis pela elaboração do presente estudo, com pequenas intervenções
sobre o meio ambiente.

Os impactos gerados na fase de implantação caracterizam-se, tanto por afetarem


elementos de praticamente todos os fatores ambientais, quanto por imprimirem sobre estes,
impactos de maiores magnitudes, que terão influências sobre os que decorrerão durante as
fases de operação. Dessa forma, quando da implantação do empreendimento, deve-se
atentar para tais aspectos com vistas a evitar o desencadeamento e propagação desses e
de outros tipos de impactos.

Com relação à fauna geral e organismos aquáticos, a fase de planejamento somente causou
impacto, no sentido de afugentamento de animais e remoção de alguns substratos (pedras e
galhos) do leito dos cursos d’água, devido à presença da equipe de trabalho nas áreas

DESTILARIA BOCAINA - EIA


308
estudadas na realização do Diagnóstico (inventário da fauna e organismos aquáticos). Tais
impactos foram caracterizados como desprezíveis.

7.2.2.1. IMPACTOS AMBIENTAIS DURANTE A FASE DE IMPLANTAÇÃO

A fase de implantação proverá a maior parte dos impactos ambientais do empreendimento


durante a abertura de acessos com a movimentação de equipamentos de terraplanagem;
supressão da vegetação, paisagem nativa ou não; e implantação de infra-estrutura tais
como canteiro de obras; obras de drenagem e pavimentação; construção da Unidade
Industrial com a instalação de galpão industrial, administração, armazéns para depósitos,
prédios de utilidades, dentre outras.

7.2.2.1.1. Abertura de Acessos e Construção da Usina

A abertura de acessos para permitir a instalação de vias principais e secundárias, com


enfoque no primeiro momento para o transporte de equipamentos e serviços de
terraplanagem, que se dará com a supressão da vegetação existente e remoção do solo
como aspectos ambientais. De natureza direta, proporcionando a biota terrestre e aquática
um impacto adverso de intensidade ou magnitude moderada, com tendência temporária de
abrangência local de significância marginal, com irreversibilidade e mitigação regular na
diminuição e eliminação de habitats.

Com a supressão da vegetação (paisagem local nativa ou não), pode ocorrer um


comprometimento na relação fauna-flora, pois a flora serve de abrigo e alimento para uma
diversificada gama de animais e esses como dispersores, auxiliando no equilíbrio do
ecossistema.

Por ocasião da supressão da vegetação (paisagem local nativa ou não), poderão ser
eliminados animais de pequeno porte e também a micro fauna do solo com a retirada da
cobertura do solo.

A supressão da vegetação (paisagem local nativa ou não) acarretará em uma nova


fragmentação com diminuição de habitas e nichos (diminuição na fonte de alimentos), com
isso a capacidade de suporte do ecossistema diminui. Os locais onde não há alimentos
serão abandonados pela fauna, que irá se concentrar, gerando maior competição. O
resultado poderá ser estresse, alterando processos reprodutivos ou até mesmo a morte de
indivíduos menos habilitados.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


309
Na fase de implantação poderá ocorrer o afugentamento de animais, devido ao ruído
provocado pelo movimento de máquinas, caminhões e veículos de pequeno porte. Com o
aumento do trânsito de pessoas nas áreas, poderá ocorrer um aumento na caça, retirada de
animais silvestres para o cativo ilegal e atropelamento da fauna.

Quanto aos recursos hídricos, a perda de vegetação e remoção do solo para abertura de
acessos poderá levar a carreamento de solo ao corpo aquático, ocorrendo o assoreamento.
Este pode produzir importantes efeitos sobre a qualidade ambiental: alteração dos habitats,
diminuição da produção autóctone, alteração da relação entre quantidade de material
orgânico e inorgânico no sedimento.

O escoamento de sedimentos e outros materiais provenientes do preparo do solo (remoção


da vegetação, escavações e terraplenagem), rejeitos das obras principais e obras
complementares (melhorias de acessos, pontes...), resultam em aumento da turbidez,
concentração de sólidos, condutividade elétrica, diminuição da transparência da água.

7.2.2.1.2. Circulação de veículos

A circulação de veículos e maquinários tem como aspecto ambiental o fluxo de veículos


para o transporte de material de construção, máquinas e equipamentos e de pessoal, com o
possível escoamento de óleos e graxas e combustíveis para os cursos d’água e o
atropelamento de animais silvestres, de natureza direta, proporcionará à fauna terrestre um
impacto adverso de intensidade ou magnitude fraca, com duração permanente de
abrangência regional de significância desprezível, com reversibilidade e mitigação regular na
diminuição e eliminação da diversidade, estresse, atropelamento e diminuição da tensão
superficial e contaminação da água.

7.2.2.1.3. Construção de Acampamentos

A construção de acampamentos ou canteiros, por menores que sejam, produzem na sua


instalação e operação, a alteração de áreas, com ou sem supressão de vegetação
(paisagem local), de natureza direta, proporcionando à fauna terrestre e aquática um
impacto adverso de intensidade ou magnitude moderada, com duração temporária de
abrangência local de significância marginal, com reversibilidade e mitigação regular na caça
e pesca predatória, na diminuição da diversidade, contaminação, eliminação de habitas e
evidenciando o incremento de processos erosivos, emissão de poluentes e resíduos sólidos.

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310
7.2.2.1.4. Obras de drenagem

A atividade de implantação das obras de drenagens tem como aspecto ambiental, a


movimentação humana e equipamentos, de natureza direta, proporcionando à fauna
terrestre e aquática um impacto adverso de intensidade ou magnitude moderada, com
duração temporária de abrangência local de significância marginal, com reversibilidade e
mitigação regular no estresse, caça e ou captura, eliminação de habitats e evidenciando o
incremento de processos erosivos.

7.2.2.1.5. Preparação do Solo

A preparação do solo para o plantio de cana-de-açúcar em áreas já agricultadas ou


pastagens tem como aspecto ambiental, a possível movimentação do solo, uso de
defensivos e fertilizantes agrícolas, adubação orgânica com vinhaça (operação da usina), de
natureza direta, proporcionando à biota terrestre e aquática um impacto adverso de
intensidade ou magnitude fraca, com duração permanente de abrangência local de
significância desprezível, com reversibilidade e mitigação regular na diminuição e eliminação
da diversidade e qualidade da água (eutrofização artificial) pela lixiviação do solo.

A lixiviação de defensivos e fertilizantes agrícolas para os corpos hídricos é a grande


responsável pela queda da qualidade de água e acarreta, na maioria das vezes, a
eutrofização artificial. Os impactos gerados são efetivos, pois influenciam diretamente nas
comunidades aquáticas e consequentemente na qualidade do corpo hídrico.

7.2.2.2. IMPACTOS AMBIENTAIS DURANTE A FASE DE OPERAÇÃO

Os impactos sobre a fauna, durante essa fase, ocorrem de forma bem menos intensa, visto que
os animais já estariam, de certa forma, condicionados nas regiões remanescentes de
vegetação.

Poderá ainda ocorrer o afugentamento devido a ruídos provocados pela movimentação de


máquinas e também a caça e retirada de animais silvestres para comercialização, caso não
ocorra um trabalho de conscientização.

O transporte da cana da lavoura à indústria poderá ocasionar em diversos atropelamentos


de animais que utilizarão as vias construídas como parte de seu habitat.

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311
7.2.2.2.1. Circulação de veículos

A etapa de operação baseada na circulação de veículos tem como aspecto ambiental a


movimentação de veículos para o transporte de cana, como também a circulação de pessoal
de operação, fiscalização e controle da atividade industrial.

O impacto é de natureza direta, proporcionando à fauna terrestre um impacto adverso de


intensidade ou magnitude fraca, com duração permanente de abrangência regional de
significância desprezível, com reversibilidade e mitigação regular na diminuição e eliminação da
diversidade, estresse e atropelamento.

7.2.2.2.2. Queima da Cana

A utilização do fogo para realizar a limpeza da cana para seu corte manual é um dos
aspectos ambientais que mais causa impacto o que, no caso, será reduzido pela adoção da
colheita mecanizada em 100% da cana plantada, podendo ocorrer apenas em casos
acidentais ou criminosos, proporcionando à fauna terrestre um impacto adverso, mas de
magnitude fraca, temporária, de abrangência local, reversivel e de regular condição de
mitigação.

7.3. MEIO ANTRÓPICO

Para efeito da análise dos impactos sobre o meio antrópico foi considerada, também, uma
fase anterior à implantação, isto é, a fase de planejamento do empreendimento pelos
notórios efeitos decorrentes da especulação sobre a comunidade afetada, principalmente
nas áreas rurais, na área de influência direta do empreendimento.

7.3.1. Fase de Planejamento

7.3.1.1. EXPECTATIVAS DA POPULAÇÃO

As pesquisas realizadas indicam que há expectativas positivas com relação ao


empreendimento, especialmente no que se refere à geração de emprego e renda e,
valorização imobiliária, elevação da arrecadação de impostos e melhoria nos indicadores
econômicos municipais.

Essas expectativas positivas da comunidade local configuram-se um impacto efetivo, direto,


benéfico, moderado, imediato, temporário, reversível e local, com boa condição de

DESTILARIA BOCAINA - EIA


312
otimização. A otimização deste impacto poderá ocorrer através da elaboração de Programa
de Comunicação Social.

As pesquisas permitiram também identificar preocupações e receios em relação a impactos


socioambientais negativos, como imigração, poluição do ar e das águas, dentre outros.
Essas preocupações são também acentuadas na AII, particularmente por parte do poder
público que vislumbra possibilidades de elevação de demanda por bens e serviços públicos,
mas sem a contrapartida financeira.

As preocupações, receios e ansiedade quanto aos impactos sociais e ambientais negativos


revela-se um impacto efetivo, direto, adverso, moderado, temporário, reversível, local e de
média condição de mitigação. O monitoramento e mitigação deste impacto poderão ocorrer
através da elaboração de Programa de Recrutamento, Qualificação e Treinamento da Mão-
de-Obra Local.

7.3.2. Fase de Implantação

7.3.2.1. SUBSTITUIÇÃO DE CULTURA AGRÍCOLA

Uma das primeiras atividades direcionadas à implantação da destilaria é o plantio de mudas


de cana-de-açúcar, inicialmente numa área que, tende, gradualmente, a expandir até
alcançar o pico da produção em um período previsto de 3 anos. Ocorrendo, portanto, uma
substituição de cultura agrícola, notadamente de pasto para a cana-de-açúcar.

Do ponto de vista sócio-econômico, a substituição das referidas culturas é positiva, visto


gerar mais emprego e renda, além da valorização imobiliária e diversificação produtiva para
produtores rurais. Trata-se, portanto, de um impacto efetivo, direto, benéfico, acentuado,
imediato, temporário, reversível e local.

7.3.2.2. GERAÇÃO DE EMPREGO

Nesta fase de implantação necessita-se de contratação de mão-de-obra, tanto para o cultivo


de cana-de-açúcar (viveiros), quanto para a execução das tarefas de construção civil para
instalação da planta industrial. Assim, ao todo, estão previstos a criação de cerca de 300
empregos diretos.

Este é um impacto efetivo, direto, benéfico, acentuado, imediato, temporário e local, cuja
boa condição de otimização poderá realizar-se com um Programa de Recrutamento,
Qualificação e Treinamento da Mão-de-Obra Local.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
313
7.3.2.3. DESARTICULAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA

Dado ao caráter cíclico da cana-de-açúcar, em períodos de entressafra poderia ocorrer a


desarticulação de mão-de-obra, acarretando demissão de coletivos de trabalhadores, mas
com a adoção da colheita mecanizada em 100% das lavouras, essa massa de trabalhadores
flutuantes não ocorrerá e, vale ressaltar que a safra de cana ocorre justamente na entre-
safra de grãos, podendo ocorrer assim uma mobilidade de mão de obra durante todo o ano.
Mesmo assim isso exige tanto das autoridades locais, quanto dos empreendedores, atenção
no que se refere às suas condições sócio-econômicas e demandas imediatas.

Este é um impacto efetivo, direto, benéfico, acentuado, de curto prazo, temporário, local e de
média condição de otimização, adotando-se um Programa de Responsabilidade Sócio-Ambiental.

7.3.2.4. AUMENTO DA DEMANDA POR SERVIÇOS E PRODUTOS

A instalação do canteiro de obras para implantação do empreendimento requererá novos


insumos, elevando a demanda por serviços e produtos, que, se adquiridos em Piracanjuba,
contribuirá para a dinamização de suas economias, estimulando a geração de mais
empregos e renda.

Trata-se de um impacto potencial, direto, benéfico, moderado, imediato, temporário, local e


de boa condição de otimização, caso sejam adotadas Ações de Aquisição de Produtos e
Serviços em Piracanjuba.

7.3.2.5. IMIGRAÇÃO DE TRABALHADORES DE OUTRAS LOCALIDADES

O plantio de cana-de-açúcar poderá ocasionar um aumento da população com a chegada


de trabalhadores de outras localidades, proporcionando um incremento na economia local,
dado ao aumento da demanda por bens e serviços, principalmente habitações para moradia,
alimentação e lazer.

Resulta daí um impacto efetivo, direto, benéfico, moderado, imediato, temporário, local e de boa
condição de otimização através de Ações de Aquisição de Produtos e Serviços em Piracanjuba.

7.3.2.6. PRESSÃO SOBRE OS SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

Um aumento repentino da população com a chegada de trabalhadores, instalados na sede


municipal, irá resultar no aumento da pressão por serviços e equipamentos públicos do
município, especialmente habitação, educação, saúde, transporte, lazer, assistência social e

DESTILARIA BOCAINA - EIA


314
segurança, esferas em que o poder público, comumente tem dificuldades de atender
satisfatoriamente.

É um impacto efetivo, direto, adverso, moderado, imediato, temporário, local e de média


condição de mitigação, através de um Programa de Responsabilidade Sócio-Ambiental.

7.3.2.7. QUEIMA DA PALHA DA CANA-DE-AÇÚCAR

A realização da queima da palha da cana-de-açúcar, pela distância do empreendimento com


a sede municipal, direção predominante de ventos e como o projeto não prevê a queima para
colheita a não ser em casos acidentais ou criminosos, mesmo esses não deverá causar
desconforto ou mal-estar à população, não proporcionando efeitos negativos sobre sua
saúde e, ônus aos municípios com o aumento da demanda por serviços médicos e
ambulatoriais.

Produz-se assim um impacto temporário e com boas condições de mitigação, sendo


positivado com a adoção do Programa de Responsabilidade Sócio-Ambiental.

7.3.2.8. EXPOSIÇÃO DE COLABORADORES A RISCOS DE MANIPULAÇÃO DE


DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

A atividade agrícola de cultivo da cana-de-açúcar exigirá medidas de controle de pragas e


ervas daninhas, o que causará a exposição de colaboradores a riscos de manipulação de
produtos. Seus efeitos potenciais sobre a saúde humana são bastante variáveis, e podem se
manifestar no contato com altas dosagens em caráter acidental ou por falhas operacionais.

As culturas anuais, hoje efetivadas na região, implicam em maior utilização desses produtos
do que a cana-de-açúcar.

Resulta-se assim, um impacto potencial adverso, mas de magnitude moderada,


permanente, reversível, local e em boas condições de mitigação com a adoção do Programa
de Saúde e Segurança Ocupacional.

7.3.2.9. ELEVAÇÃO DA ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS

As atividades de implantação do empreendimento contribuirão para se elevar a arrecadação


de impostos, condição necessária para execução de políticas públicas direcionadas à
melhoria dos indicadores sociais da população, especialmente de baixa renda.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


315
Constitui-se, deste modo, um impacto efetivo, direto, benéfico, acentuado, imediato,
permanente, irreversível, local e de elevada condição de otimização, com o repasse dos
impostos e contribuições devidos ao poder público municipal nas datas previstas.

7.3.3. Fase de Operação

7.3.3.1. EXPOSIÇÃO DE TRABALHADORES A RISCOS

As atividades na indústria e no cultivo da cana-de-açúcar podem ocasionar exposição de


trabalhadores a riscos sobre sua saúde, cuja origem pode ser acidental, o que exige a
tomada de medidas preventivas.

Resulta-se assim um impacto potencial, direto, adverso, moderado, permanente, reversível,


local e de boa condição de mitigação, com a adoção de um Programa de Saúde e
Segurança Ocupacional.

7.3.3.2. EXPANSÃO DA ÁREA DE CULTIVO

A expansão de destilarias de álcool e açúcar no Estado de Goiás estimula a expansão da


área de seu cultivo especialmente pela incorporação de terras de outras culturas como a
soja e o pasto. Este fato deverá ampliar o leque de opções produtivas, traduzindo-se numa
nova alternativa aos agricultores com vistas a se auferir melhor remuneração da atividade
produtiva.

Configura-se, assim, um impacto efetivo, direto, benéfico, acentuado, cíclico, reversível,


regional e de fraca condição de otimização.

7.3.3.3. COMPETIÇÃO COM OUTRAS CULTURAS E/OU ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS

A expansão da área de cultivo da cana-de-açúcar, por outro lado, irá ocasionar competição
com outras culturas e/ou atividades agropecuárias, com cadeias produtivas consolidadas,
como a produção de carne, atualmente numa situação de incertezas e perdas econômicas.
Vale resaltar que o empreendedor irá trabalhar com parte de produção própria e parte de
fornecedores, o que reduz a possibilidade de quebra de cadeias produtivas consolidadas na
região. Por outro lado, como já citado, irá diversificar a produção oferecendo nova opção de
cultivo aos agricultores.

Configura-se, assim, um impacto potencial, direto, benéfico, acentuado, cíclico, reversível,


regional e de boa condição de mitigação.
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7.3.3.4. IMIGRAÇÃO TEMPORÁRIA DE TRABALHADORES

Com a ampliação da área de cultivo nesta fase, deverá intensificar também a imigração
temporária de trabalhadores originários de outras localidades da região e do país. Nos trabalhos
de campo identificou-se que este é um dos aspectos que preocupa a comunidade e autoridades
locais, receosas de uma difícil convivência em função do estranhamento por serem portadores
de diferentes hábitos e costumes, por vezes conflitantes com os do lugar. A implantação de
empreendimentos similares no Estado de Goiás tem contribuído para a amplificação deste
impacto. Com a adoção da colheita mecanizada em 100%, essa imigração será bastante
reduzida e, com o aproveitamento de mão de obra local e, ainda, com o treinamento para esse
aproveitamento, esse impacto será fortemente atenuado.

É um impacto potencial, direto, adverso, moderado, temporário, reversível, local e de boa


condição de mitigação, e que pode ser mitigado com a implementação do Programa de
Responsabilidade Sócio-Ambiental e do Programa de Recrutamento e Treinamento de Mão
de Obra.

7.3.3.5. PRESSÃO POR EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PÚBLICOS

A imigração de trabalhadores para o município ocasionará ainda por algum tempo, a


continuidade do aumento da pressão por equipamentos e serviços públicos, especialmente
no que se refere à moradia (aluguéis), saúde, transporte, educação, segurança pública,
lazer e assistência social, áreas em que, comumente, o poder público tem dificuldades em
atender suficientemente. Como já ressaltado, essa imigração será atenuada pela colheita
mecanizada em 100% dos canaviais.

Tem-se, portanto, um impacto potencial, direto, adverso, acentuado, permanente, reversível,


local e de média condição de mitigação. A adoção do Programa de Responsabilidade Sócio-
Ambiental deverá contribuir para a mitigação deste impacto.

7.3.3.6. GERAÇÃO DE EMPREGOS

Para o empreendimento, no seu pico, está prevista a geração de 1.413 empregos diretos,
sendo 1.210 na área agrícola, 203 na indústria.

Trata-se, portanto de um impacto efetivo, direto, benéfico, acentuado, cíclico, reversível,


local e de boa condição de otimização, através do Programa de Recrutamento, Qualificação
e Treinamento da Mão-de-Obra Local.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


317
7.3.3.7. AUMENTO DA RENDA

Deverá ocorrer o aumento da renda, uma vez que a remuneração média mensal será de cerca
de R$ 600,00 e, considerando-se 1.400 trabalhadores diretos, então, potencialmente, somente
com salários, poderá haver um ingresso mensal de aproximadamente R$ 840.000,00 na
economia de Piracanjuba, parte do qual deverá entrar no ciclo econômico de elevação do
consumo e da oferta por bens e serviços que, por sua vez, refletirá na geração de empregos
e efeito-renda.

É um impacto efetivo, direto, benéfico, acentuado, cíclico, reversível, local e de boa


condição de otimização. As medidas de otimização associadas são a adoção do Programa
de Recrutamento, Qualificação e Treinamento da Mão-de-Obra Local com um
aproveitamento, maior possível, da mão de obra local.

7.3.3.8. AUMENTO DA ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS

A produção de álcool e energia no município elevará a arrecadação de impostos pelo poder


público que, por sua vez, terá as condições para execução de políticas públicas
direcionadas à melhoria dos indicadores sociais da população dos municípios.

Produz-se assim um impacto efetivo, direto, benéfico, acentuado, imediato, permanente,


reversível, local e de boa condição de otimização, diante do repasse dos impostos e
contribuições devidos ao poder público nas datas legalmente previstas.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


318
8. MITIGAÇÃO E OTIMIZAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

Para grande parte dos impactos ambientais diagnosticados e analisados foi possível indicar
medidas de mitigação ou otimização capazes de atenuar ou potencializar seus efeitos.

Proposições para a implantação e operação da atividade agrícola são apresentadas como


Diretrizes Ambientais para Áreas Agrícolas e abarcam orientações para aplicação em áreas
próprias, na forma de procedimentos definidos, e também a serem requeridas
contratualmente de arrendatários e fornecedores pelo empreendedor.

Proposições de caráter estrutural para a implantação da atividade industrial são


apresentadas como Recomendações ao Projeto Industrial. Várias recomendações já estão
integradas ao projeto industrial e outras passaram a integrar por recomendação da equipe
técnica responsável pelo EIA, inclusive quanto à localização do parque industrial.

O controle e monitoramento das medidas recomendadas e as diretrizes propostas, tanto


para a área agrícola quanto para a área industrial, estão sistematizados na forma de
escopos de Programas de Manejo e Monitoramento Ambiental, a serem elaborados e
desenvolvidos nas fases seguintes do processo de licenciamento. Os Programas de Manejo
e Monitoramento Ambiental propostos são:

• Prospecção Arqueológica;
• Controle Ambiental de Implantação;
• Controle de Paralisações de Obras da Unidade Industrial;
• Controle Ambiental de Operação;
• Saúde e Segurança Ocupacional;
• Programa de Comunicação Social;
• Ações de Aquisição de Produtos em Piracanjuba;
• Recrutamento, Qualificação e Treinamento de Mão de Obra;
• Responsabilidade Sócio-Ambiental;
• Monitoramento dos Indicadores Sociais da AII;
• Articulação Institucional;
• Recuperação Florestal;
• Monitoramento da Fauna e de Organismos Aquáticos;
• Programa de Gestão e Monitoramento do Transporte.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


319
8.1. MEIO FÍSICO

Com base no prognóstico de impactos ambientais, constata-se que na fase de implantação


do empreendimento prevalecem principalmente problemas como a erosão e assoreamento,
emissão de partículas, gases e ruído.

Na fase de operação, quanto às atividades agrícolas destacam-se o seqüestro de carbono


como impacto benéfico. A emissão de partículas e gases associados à queima do bagaço
na cogeração é seguida pela erosão e assoreamento como impactos adversos moderados.
Como impactos possíveis foram caracterizados a contaminação dos recursos hídricos e a
compactação dos solos. Nas atividades industriais o destaque é para as alterações
fluviométricas, geração de efluentes e geração de bioenergia, sendo o último de natureza
benéfica.

Apresentam-se a seguir, as principais medidas mitigadoras ou otimizadoras propostas para


os impactos prognosticados.

8.1.1. Fase de Implantação

8.1.1.1. ATIVIDADES INFRAESTRUTURAIS

8.1.1.1.1. Erosão e assoreamento

Com relação aos impactos associados à erosão pluvial, eólica e, consequentemente,


assoreamento, sugere-se que as obras de implantação do empreendimento, principalmente
aquelas relacionadas com movimentação de terra, se dêem no período de estiagem, o que
atenuaria o arraste do material desagregado pela erosão pluvial, embora não deixem de
existir efeitos concernentes à erosão eólica na estiagem, considerando o aumento na
intensidade dos ventos. A erosão e conseqüente assoreamento foram caracterizados como
impactos adversos e de magnitude moderada, considerando a abrangência relativamente
restrita ao empreendimento e a condição de mitigabilidade.

Partindo do princípio de que poderão existir cortes e aterros de certa proporção, dada às
condições topográficas locais (c22), as medidas mitigadoras começam com a restrição no
número e porte das vias de acesso a serem construídas. Na eventualidade de se necessitar
de empréstimo de material para aterros, alguns procedimentos deverão ser adotados, como:

a) A remoção do solo deve ocorrer imediatamente após a retirada da vegetação, se


houver remanescente, evitando sua exposição prolongada à ação erosiva;

DESTILARIA BOCAINA - EIA


320
b) O decapeamento deve ser planejado para o período de estiagem para facilitar a
operação dos equipamentos e tornar mínimo o carreamento do material resultante de
escavação;
c) A retirada da vegetação, se existir, deve se restringir à área estritamente necessária
para a implantação do projeto;
d) O horizonte do solo orgânico deve ser armazenado em local apropriado, protegido da
ação erosiva da água e do vento, procurando manter suas condições de fertilidade,
para posterior aproveitamento no processo de recuperação de áreas degradadas.
e) O eventual descarte de material deverá atender alguns procedimentos para garantir
a estabilidade dos corpos de bota-fora, como a escolha de local adequado para o
bota-fora, considerando as características geológico-geotécnicas do terreno. É
importante efetuar investigações de subsuperfície através de sondagens, para
conhecimento do material subjacente e obtenção de dados geotécnicos;
f) A retirada da vegetação, se existente no local, deve considerar os procedimentos
adotados no processo de decapeamento, devendo o solo orgânico ser armazenado
para posterior recuperação de superfícies a serem revegetadas. Os cursos d´água e
depressões relativas devem ser preservados, juntamente com a respectiva
vegetação;
g) Na eventualidade do corpo de bota-fora interceptar linhas de fluxo natural do
escoamento superficial, a drenagem interna deve ser planejada, de maneira a captar
e aduzir a água, evitando a sua acumulação;
h) Deve-se implantar sistema de drenagem superficial e se necessário, subsuperficial,
que deverá ser mantido em condições adequadas ao processo de adução das águas
(desobstruídos periodicamente), contribuindo para a proteção dos corpos de bota-
fora da ação erosiva ou escorregamentos. Recomenda-se o dimensionamento
correto das obras de drenagem e estabilização de taludes, executando dispositivos
de dissipação de energia na saída das estruturas de drenagem;
i) Os taludes dos corpos de bota-fora ou aterros construídos devem ser protegidos da
ação erosiva das águas e de escorregamento através de cobertura vegetal,
recomendando-se a semeadura e o plantio de espécies, considerando: preparo do
solo, adubação e correção, incorporação de serrapilheira, semeadura, irrigação e
manutenção do revestimento.

Entende-se que atenuando os processos erosivos, consequentemente serão minimizadas


as possibilidades de assoreamento. A eficiência dos processos adotados deve ser
acompanhada pelo menos através de observações indiretas como mudanças no relevo e
alterações na constituição do solo.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


321
A erosão eólica e a concentração de partículas em suspensão (poeira fugitiva) na atmosfera
poderão ser atenuadas com a umidificação das estradas de serviço e do material
transportado. Para a proteção dos trabalhadores envolvidos diretamente nessas operações
sugere-se que os veículos (máquinas e caminhões) sejam dotados de cabines à prova de
poeiras (ventilação interna), além do indispensável uso de EPIs para os operadores, como
máscaras respiradoras.

8.1.1.1.2. Emissão de partículas, gases e ruído.

Esses impactos foram classificados como adversos e moderados por serem localizados,
vinculados principalmente ao funcionamento de máquinas, caminhões e demais
equipamentos na movimentação de solo e rocha.

O problema gerado pela queima de combustíveis fósseis (CO2, CO, HC, NOx e MP) pode
ser reduzido com a manutenção periódica de caminhões e outros equipamentos, além da
possibilidade do uso de diesel com baixo teor de enxofre, ou preferencialmente,
combustíveis alternativos, como o gás natural, o etanol ou o biodiesel, que reduzem
significativamente a concentração dos gases do efeito estufa. Dados obtidos por VIANNA
(2003) mostram que o biodiesel reduz em 50% a concentração do CO2 (dióxido de carbono),
55% do MP (Material Particulado), 100% do SO2 (dióxido de enxofre) e 50% do HC
(hidrocarbonetos).

Com base nos parâmetros meteorológicos, o melhor período do dia para as atividades
relacionadas ao movimento de máquinas e tratores seria a partir das 8:00 horas, quando a
camada de mistura apresenta tendência convectiva. Essas condições favorecem a mistura e
dispersão de gases, atenuando os efeitos da concentração de poluentes ou de material
particulado no local de trabalho. A poeira fugitiva poderá ser atenuada com a umectação
sistemática das estradas de serviço.

Quanto ao ruído, por se tratar de impacto de baixa mitigação, as medidas a serem


consideradas se restringem à proteção dos trabalhadores envolvidos diretamente nessas
operações. Ao mesmo tempo em que as cabines das máquinas e veículos deverão proteger
os operadores da poeira fugitiva, redução os níveis de ruído, atenuando impactos que levam
principalmente ao estresse. Também deverá ser exigido o uso de EPIs, no caso específico
referentes a protetores auriculares.

Os trabalhadores envolvidos em tais atividades deverão ser capacitados e submetidos


sistematicamente a exames médicos. Deverão ser criadas comissões para reduzir acidentes

DESTILARIA BOCAINA - EIA


322
de trabalho e alternativas de proteção aos trabalhadores, especialmente contra excessos de
ruídos, poeira, gases, tornando-se imprescindível a implantação de programa específico de
saúde e segurança ocupacional.

8.1.1.2. ATIVIDADES AGRÍCOLAS

8.1.1.2.1. Erosão e assoreamento

A principal medida para atenuar impactos ambientais relacionados à erosão e assoreamento


na área de influência indireta e de entorno refere-se à preservação das áreas dissecadas,
principalmente com declividades acima de 10%, o que se constitui em fator limitante para a
colheita mecanizada.

Para se atenuar os impactos relativos à erosão pluvial em áreas apropriadas, como as de


baixa vulnerabilidade (formas tabulares associadas a rampas pedimentadas) e portadoras
de formações superficiais de bom desenvolvimento físico, desde a preparação do solo até a
colheita, devem ser adotadas práticas conservacionistas como as de caráter vegetativo,
edáfico e mecânico, como:

• Nas práticas de caráter vegetativo utiliza-se a vegetação para defender o solo contra
a erosão, como florestamento e reflorestamento, ou ainda plantas de cobertura.
Entende-se que tais impactos serão atenuados após as primeiras safras onde a palha
da colheita mecanizada da cana-de-açúcar (cobertura morta) deverá ficar
incorporada ao solo;
• As práticas de caráter edáfico consistem em: controle do fogo, que destroem grande
parte da matéria orgânica incorporada ao solo; adubação verde, que protege o solo
da ação direta da chuva, melhora as suas condições físicas e aumenta a
concentração de matéria orgânica; adubação química, com adoção de plano racional;
adubação orgânica, que exerce importante papel de melhoramento das condições
para o desenvolvimento das culturas, com redução de perdas de solo e da água por
erosão; e a calagem que proporciona melhor cobertura vegetal do solo, refletindo em
maior proteção contra o impacto das gotas da chuva. Reduzindo-se a ação do splash
(ação desagregadora da gota da chuva) e o escoamento superficial, reduzir-se-á
também o arraste do material desagregado, atenuando a possibilidade de
assoreamento de níveis de base locais como as veredas e respectivos cursos
d´água;

DESTILARIA BOCAINA - EIA


323
• As práticas de caráter mecânico devem ter como princípio a disposição adequada de
porções de terra com a finalidade de quebrar a velocidade de escoamento da
enxurrada e facilitar a infiltração da água no solo.

A cana-de-açúcar, apesar de ser uma cultura semi-perene e cada sulco funcionar como
pequeno terraço, as perdas por erosão não deixam de ser expressivas, situando-se na faixa
de 12 a 15 t.ha-1ano-1 de sedimentos arrastados. Sendo o período mais vulnerável à erosão
o do plantio, que ocorre entre novembro e maio, coincidindo com as maiores intensidades
pluviométricas, torna-se imprescindível a adoção de práticas conservacionistas.

As principais medidas concernentes às práticas mecânicas são (BERTONI & LOMBARDI


NETO, 1990): distribuição racional dos caminhos, evitando cortes “morro-abaixo”; plantio em
contorno, ou seja, no sentido transversal à pendente, em curvas de nível; terraceamento,
que se constitui numa das práticas mais eficientes para controlar a erosão nas terras
cultivadas, ajustando sua especificidade às condições locais; sulcos e camalhões em
pastagem; e canais escoadouros, para proporcionar drenagem segura dos excessos de
enxurrada. Os autores recomendam que sejam evitadas escarificações após o corte da
cana, favorecendo a estabilização do solo frente aos eventuais processos erosivos, devendo
ser instituído um plano de controle de erosões lineares, como as ravinas e boçorocas.

Estudos específicos em áreas de cana-de-açúcar sugerem as seguintes práticas de manejo


de caráter mecânico:

• O principal sistema de controle à erosão é o terraceamento, preferencialmente em


nível, devendo os canais dos terraços serem subsolados, favorecendo a infiltração;
• Outra opção é a adoção do cultivo mínimo, principalmente para os solos arenosos e
em condições de baixa declividade. O preparo do solo pode ser feito tanto na época
seca como em época mais úmida. Em solos de textura argilosa, principalmente em
condições de excedente hídrico, é comum o processo de compactação, necessitando
o preparo profundo;
• A subsolagem, imprescindível em solos compactados, deve ser a última operação
pesada de pré-plantio.

Deve-se ainda considerar a toposequência para a escolha do melhor período de plantio,


observando as seguintes condições:

• Em encosta declivosa ou fundo de vale, evitar o plantio de cana de ano, devendo-se


plantar no final das chuvas e em encosta declivosa com solos facilmente erodíveis,

DESTILARIA BOCAINA - EIA


324
manter o solo coberto com leguminosas, adotando plantio tardio ou uso do plantio
direto;
• O espaçamento vertical entre terraços deve utilizar em declividade até 2%, sulcação
reta ou ligeiramente em nível, em declividade de 2 a 4%, sulcação em nível com
matação de sulcação nos carreadores e em declividade de 4 a 8%, terraços de base
larga com matação da sulcação entre terra;
• Devem ser evitados os excessos de gradagens entre a subsolagem e ou aração e o
plantio, pois a compactação será inevitável, principalmente quando a subsolagem
ocorrer em período úmido;
• Com relação ao sistema de plantio observa-se a adoção do plantio convencional
deve ser feito com muito cuidado, já que os riscos de erosão são acentuados e que o
plantio direto, cana seguida de cana, reduz as perdas por erosão em 90%. O principal
fator é a manutenção da cobertura do solo pela palhada da cultura ou de forma
vegetada com cultivos rotacionados.

A erosão eólica bem como a concentração de partículas sólidas na baixa troposfera, como a
poeira fugitiva, poderão ser reduzidas com o aumento da estabilidade do solo e rugosidade
da superfície, além de se manter a vegetação ou resíduos de culturas na superfície.
Acredita-se que o processo de fertirrigação a ser adotado no período de estiagem e a
incorporação de restos de cultura a partir da primeira safra, tanto a erosão eólica quanto a
dispersão da poeira fugitiva serão atenuadas. Os autores recomendam, para o controle da
erosão eólica, a implantação de cordões de vegetação permanente, considerando a direção
predominante dos ventos.

Com relação à erosão eólica BERTONI & LOMBARDI NETO (1990) recomendam medidas
convencionais como:

a) O aumento da estabilidade do solo e rugosidade da superfície;


b) O estabelecimento e manutenção da vegetação, restos culturais, ou outros tipos de
cobertura do terreno; e
c) Colocação de barreiras perpendiculares à direção predominante dos ventos,
formando “quebra-ventos” de pequeno porte. As medidas sugeridas devem ser
intensificadas nos fundos de vales e nas imediações das depressões relativas
(dales) ou veredas.

Partindo do princípio que muito pouco se pode fazer com relação ao comportamento da
textura e densidade do solo, a alternativa que resta é estabilizá-lo através de manejo e
exercer alguma influência na sua umidade, na matéria orgânica e, em menor proporção, na
DESTILARIA BOCAINA - EIA
325
atividade dos seus microrganismos. Concluem que a melhor influência na estabilidade do
solo é feita pelas práticas de seu preparo, sendo o meio mais eficiente para o controle da
erosão eólica a cobertura protetora na superfície do solo.

8.1.1.2.2. Emissão de partículas, gases e ruído.

Os impactos correspondentes à emissão de partículas sólidas, gases e ruído na presente


fase, relacionados principalmente ao preparo do solo, são gerados pelos mesmos processos
relatados anteriormente. Dada à baixa mitigabilidade desses impactos, as medidas
recomendadas acabam se restringindo a ações localizadas e uso de equipamentos de
proteção individuais. Reforçam-se aqui as principais medidas já descritas:

• Umectação sistemática das vias não pavimentadas, com maior freqüência no período
de estiagem, podendo inclusive utilizar da vinhaça que apresenta propriedade
seladora das partículas do solo;
• Regulagem sistemática dos motores das máquinas e caminhões;
• Utilização de combustível (diesel) de baixo teor de enxofre, ou ainda se possível
emprego de combustíveis alternativos como o biodiesel, o gás natural e o etanol;
• Emprego de caminhões e máquinas com cabines à prova de poeira, e
consequentemente, de ruído e gases, dotados de ventilação interna;
• Uso sistemático de EPIs, como máscaras respiradoras dotadas de filtros específicos,
protetores auriculares e viseiras, sobretudo para os trabalhadores envolvidos
diretamente com essas atividades;
• Manutenção de um programa de saúde e segurança ocupacional para os
trabalhadores, com exames médicos sistemáticos e cursos de segurança no trabalho.

8.1.1.3. MEDIDAS DE PROTEÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Visando assegurar a proteção das margens dos cursos d’água e das nascentes na área do
empreendimento, devem ser mantidas e preservadas uma faixa de segurança, conforme
estabelece a legislação, ao longo das drenagens, onde não deverão ser feitos
desmatamento ou construções.

Em áreas de administração, estacionamento e outras, onde não houver atividade de


processamento industrial, estocagem e circulação de produtos químicos, sub-produtos,
resíduos e efluentes industriais, a área com impermeabilização do solo deve ser a menor
área possível, de forma a propiciar infiltração das águas pluviais.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


326
Na área de plantio, o preparo do solo, ao intensificar o processo erosivo, tende a acelerar o
aporte de sedimentos a corpos d´água.

O preparo do solo e plantio através de práticas conservacionistas como implantação de


terraços, sulcos, camalhões e canais de escoadouro diminui o aporte de sedimentos a
corpos d´água e, consequentemente, diminui o assoreamento.

Quanto à movimentação das águas de subsuperfície, o preparo do solo altera as


propriedades hidráulicas, favorecendo a infiltração.

8.1.2. Fase de Operação

Na fase de operação, os impactos mais expressivos nas atividades agrícolas referem-se ao


seqüestro de carbono, emissão de partículas e gases com a queima da cana de forma
acidental ou criminosa, melhoramento dos fatores agronômicos, seguidos por erosão e
assoreamento, contaminação dos recursos hídricos e compactação do solo. Nas atividades
industriais os impactos mais relevantes encontram-se associados a alterações fluviométricas
relacionadas à captação de água, geração de bioenergia e geração de efluentes industriais.
As medidas mitigadoras referentes à geração de efluentes industriais serão tratadas em
conjunto.

8.1.2.1. ATIVIDADES INDUSTRIAIS

Os principais impactos no processo de produção industrial referem-se às alterações


fluviométricas, geração de bioenergia e geração de efluentes industriais. As principais
medidas mitigadoras são apresentadas a seguir.

8.1.2.1.1. Alterações fluviométricas

As alterações fluviométricas associadas à barragem de captação de água para a indústria,


proveniente principalmente do ribeirão das Bocainas, deverão ser devidamente monitoradas,
levando-se em consideração os preceitos da Política Nacional de Recursos Hídricos e
normas complementares como as resoluções CONAMA 07/2000, 16/2001 (critérios gerais
para outorga de direito de uso de recursos hídricos) e 37/2004 (diretrizes para outorga de
recursos hídricos para a implantação de barragens em corpos d´água de domínio dos
Estados).

DESTILARIA BOCAINA - EIA


327
As irregularidades das chuvas e a existência de um período seco definido na região, fazem
da irrigação a alternativa para atenuar os efeitos na queda de produção. Estudos realizados
em Araras-SP (BARRETO et al, 1971), mostram que naquela região, a cana-de-açúcar
necessita em média, de uma lâmina de 3,4 mm dia-1 de água. Para atenuar impactos
relacionados ao consumo de água para a irrigação da lavoura canavieira é necessário
estabelecer planejamento que leve em consideração a aquisição de equipamentos
tecnologicamente e economicamente eficientes, além da estimativa de água a ser irrigada
em função das necessidades da planta. Portanto, esse manejo tem como objetivo maximizar
a produtividade da cultura, minimizar o uso de água e de energia, aumentar a eficiência de
adubos, diminuir a incidência de doenças e manter ou melhorar as condições físicas e
químicas do solo. Para SILVEIRA (2006), várias são as razões que podem explicar a falta
de atenção ao manejo adequado da irrigação, destacando a carência de dados
edafoclimáticos e a falta de interesse na aceitação das metodologias disponíveis. Dentre os
aspectos relevantes para o manejo adequado da irrigação duas medidas devem ser
consideradas, segundo o autor:

a) Definir a quantidade de água necessária. Para BARBIERI (1981), o cálculo da lâmina


de água necessária no processo de irrigação deve considerar a evapotranspiração
potencial de referência (ETo), padrão gama, a qual, mediante o uso de coeficientes
de cultura (Kc) apropriados, permite calcular a evapotranspiração máxima da cultura
(ETc), considerando diferentes estágios do seu ciclo fenológico (PERES et al, 1992).
Assim, torna-se necessária a instalação de tanques de evaporação de água ou
tensiômetros para uma melhor avaliação;
b) Aquisição de equipamentos de irrigação eficientes. O mau desempenho do
equipamento implica distribuição irregular de água na área irrigada, diminuindo a
eficiência do manejo, provocando áreas de déficit e de excesso de água, refletindo
em perda de água, energia e no próprio processo de produção.

O manejo adequado atenua impactos relacionados a alterações pedogênicas como perda


de nutrientes por lixiviação (remoção) e possível translocação de sais (translocação),
sobretudo quando a água contiver teores elevados de bicarbonato de magnésio.

Recomenda-se ainda o acompanhamento da vazão do ribeirão das Bocainas e de eventuais


impactos decorrentes do processo de captação, por se tratar de período de estiagem,
quando as águas dos mananciais apresentam as menores descargas. Para isso sugere-se:

• Instalação de régua no ponto de captação;

DESTILARIA BOCAINA - EIA


328
• Acompanhamento de oscilações de vazões, considerando a seção molhada e a
velocidade das águas;
• Relações entre a vazão específica e a necessidade de captação;
• Controle e limitação do volume a ser captado em função das relações com a vazão
específica.

8.1.2.1.2. Geração de efluentes domésticos e industriais

Grande parte dos efluentes ou resíduos industriais, segundo projeto do empreendimento,


serão devidamente coletados, tratados e controlados.

• Resíduos sólidos

O bagaço da cana deverá ser queimado na caldeira, sendo que o excedente de energia co-
gerada será disponibilizado no sistema de transmissão da CELG. A queima do bagaço gera
contaminantes gasosos (CO, CO2 e MP), cujas medidas mitigadoras serão consideradas
adiante.

As cinzas, a fuligem da caldeira, a torta de filto e os resíduos (terra) proveniente da


decantação das águas de lavagem de cana, deverão ser transferidas para a lavoura e
incorporadas ao solo. O lixo comum deverá ter parte reciclada, sendo o não reciclável
encaminhado ao aterro sanitário próprio a ser implantado dentro da área da indústria. As
sucatas ferrosas e não ferrosas deverão ser comercializadas para empresas de reciclagem.

• Efluentes gasosos

Os efluentes gasosos, embora em grande parte restritos ao ambiente da indústria, devem


ser devidamente tratados.

As emissões atmosféricas das caldeiras deverão ser controladas através de lavagem de


gases por via úmida. É imprescindível realizar periodicamente, análises isocinéticas para a
avaliação da emissão de material particulado. Essa emissão é controlada por um sistema de
lavagem de gases via úmida, localizado antes da(s) chaminé(s) da(s) caldeira(s),
propiciando grande diminuição de particulado lançado na atmosfera. Pesquisas mostram
que com a lavagem de gases, as emissões de MP ficam em torno de 200 mg/Nm3, sendo
que o limite estabelecido pela legislação vigente até 600 mg/Nm3.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


329
• Efluentes líquidos

A alteração da qualidade da água na presente circunstância encontra-se relacionada ao


processo de lavagem da cana nas dependências da indústria. O projeto básico prevê
medidas de controle como a eliminação de impurezas e decantação de sólidos e a utilização
da água tratada na diluição da vinhaça e, posteriormente, incorporada ao processo de
fertirrigação.

Os demais resíduos líquidos gerados na destilação retornarão aos respectivos circuitos após
pré-tratamento. Água condensada do evaporador e aquecedor tem como destino a caldeira,
água condensada do aquecedor de caldo será utilizada na embebição da moenda, a água
de refrigeração dos aparelhos da destilaria retornará ao processo após resfriamento e a
água de lavagem de piso e equipamentos será utilizada no processo de irrigação da lavoura.

É imprescindível o acompanhamento do tratamento destinado aos referidos resíduos ou


efluentes, tendo como suporte o Programa de Controle Ambiental de Operação.

O armazenamento da vinhaça e demais águas resultantes do processo industrial deverá ser


feito em tanques devidamente impermeabilizados, através de mantas de PEAD.

As atividades relativas à coleta, tratamento, disposição e controle de resíduos, embora


contempladas no prognóstico de impactos, referem-se a medidas mitigadoras propostas
pela própria empresa.

Essas ações correspondem a práticas que restringem a produção de efluentes e resíduos


produzidos no processo industrial, com destaque para a queima do bagaço da cana em
caldeiras, com possibilidade de controle dos gases emitidos, a utilização da torta de filtro
como composto agrícola e o uso da vinhaça no processo de fertirrigação, responsável pela
incorporação de nutrientes ao solo (principalmente o potássio e matéria orgânica, seguidos
do nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio, sulfatos e outros elementos).

8.1.2.1.3. Geração de bioenergia

A geração de energia se caracteriza como impacto benéfico, devendo ser otimizada com a
comercialização de crédito carbono. Os efluentes gasosos resultantes da queima do bagaço
da cana, caracterizados como impacto adverso, foram tratados no tópico anterior.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


330
8.1.2.2. ATIVIDADES AGRÍCOLAS

Nas atividades agrícolas os impactos de maior relevância referem-se ao seqüestro de


carbono, emissão de partículas e gases e melhoramento dos fatores agronômicos. São
seguidos pelos impactos relativos à erosão e assoreamento, contaminação de recursos
hídricos e compactação dos solos. As medidas propostas são as seguintes:

8.1.2.2.1. Erosão e assoreamento

Para se atenuar os impactos relativos à erosão pluvial, desde a preparação do solo até a
colheita, devem ser adotadas práticas conservacionistas como as de caráter vegetativo,
edáfico e mecânico, descritas anteriormente, concernente às atividades agrícolas na fase de
implantação do empreendimento.

8.1.2.2.2. Emissão de partículas, gases e ruído.

Uma das principais formas de atenuação dos impactos relativos à emissão de partículas e
gases na camada de mistura refere-se à adoção pela indústria da colheita 100%
mecanizada, devendo esse impacto não ocorrer, exceto em caso da queima acidental ou
mesmo criminosa.

No caso específico, a proposta da Usina Bocaina é a de iniciar a produção do álcool com


colheita mecanizada para 100% da área plantada, cumprindo as determinações legais,
legislação federal (Decreto Federal 2661 de 08/07/98) que prevê a redução dessa prática
numa relação de 25% a cada cinco anos para colheita mecanizada.

A colheita mecanizada da cana-de-açúcar é considerada plenamente viável, apresentando


vantagens, como redução de custos e melhoria tecnológica da matéria prima (RIPOLI &
MIALHE, 1987; FURLANI et al, 1996). Contudo, esse sistema exige planejamento e manejo
dos talhões no sentido de melhorar a eficiência, como:

• Redução do número de terraços, possibilitando menor número de ruas mortas;


• Traçados de sistema viário específico para áreas mecanizadas;
• Dispensa de terraços nas áreas planas;
• Sempre que possível usar talhões contínuos, em faixas;
• Não construir pequenos terraços ou camaleões intermediários entre terraços.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


331
O sistema de colheita mecanizada apresenta maiores vantagens quando se prevê grandes
blocos, devendo envolver também o traçado de talhões e carreadores.

Considerando que 57,2% da área de influência indireta apresenta declividade inferior a 4%;
e que o restante encontra-se caracterizado por formas convexas, com declividade
predominante em torno de 10%, a mecanização do corte de cana é perfeitamente factível
em pelo menos 65% da AII. Esse fato é favorecido pela constituição das formações
superficiais areno-argilosas, que proporcionam resistência mecânica dos agregados. Diante
disso torna-se possível a eliminação de impactos atmosféricos que seriam produzidos com a
queima da palha da cana-de-açúcar, embora reduzindo a geração de emprego e renda
voltados à colheita manual.

Os impactos correspondentes à emissão de partículas sólidas, gases e ruído nesta fase,


relacionados principalmente ao preparo do solo, são gerados pelos mesmos processos
relatados anteriormente. Dada à baixa mitigabilidade desses impactos, as medidas
recomendadas acabam se restringindo as ações localizadas e uso de equipamentos de
proteção individuais. Reforçam-se aqui as principais medidas já descritas:

• Umectação sistemática das vias não pavimentadas, com maior freqüência no


período de estiagem;
• Regulagem sistemática dos motores das máquinas e caminhões;
• Utilização de combustível (diesel) de baixo teor de enxofre, ou ainda se possível
emprego de combustíveis alternativos como o biodiesel, o gás natural e o etanol;
• Emprego de caminhões e máquinas com cabines à prova de poeira, e
consequentemente, de ruído e gases, dotados de ventilação interna;
• Uso sistemático de EPIs, como máscaras respiradoras dotadas de filtros específicos,
protetores auriculares e viseiras, sobretudo para os trabalhadores envolvidos
diretamente com essas atividades;
• Manutenção de um programa de saúde e segurança ocupacional para os
trabalhadores, com exames médicos sistemáticos e cursos de segurança no
trabalho.

8.1.2.2.3. Contaminação do solo e recursos hídricos

A contaminação do solo e dos recursos hídricos, embora considerados impacto adverso de


fraca magnitude, também merecem atenção. Na fase de operação encontram-se
relacionados às atividades agrícolas, principalmente à aplicação de herbicidas e
pulverização terrestre, considerando o elevado número de pragas na monocultura
DESTILARIA BOCAINA - EIA
332
canavieira38, o que decorre do próprio efeito alelopático. Para se evitar os surtos epidêmicos
que podem implicar quebra de resistência das variedades, geralmente são adotadas
práticas convencionais baseadas no uso de agrotóxicos de diferentes classes toxicológicas
(fosforados, organo-fosforados).

Para combater essas doenças e atenuar impactos ambientais, necessário se faz a adoção
das seguintes medidas de controle: variedades resistentes, viveiros sadios, tratamento
térmico de mudas, época de plantio e manejo da época de colheita. A correta identificação
das doenças proporciona condições para a aplicação de medidas mais eficientes de
controle.

O manejo de plantas daninhas envolve diferentes modalidades de ação:

• Medidas preventivas, como a utilização de mudas livres de estruturas de propagação


das plantas daninhas, manutenção de canais de vinhaça ou de irrigação, limpeza de
equipamentos agrícolas e limpezas de áreas adjacentes que possam produzir
sementes;
• Medida varietal, correspondente à escolha de variedades adaptadas às condições
locais;
• Manejo da palha, que se refere à incorporação da palha no solo e disposta na
superfície;
• Controle mecânico, realizado com a utilização de diferentes tipos de equipamentos
apropriados;
• Controle químico que depende do conhecimento profundo da fisiologia dos
herbicidas na planta;
• Controle biológico de pragas, com base nos avanços tecnológicos de base
sustentável.

8.1.2.2.4. Compactação do solo

As medidas a serem adotadas no processo de compactação do solo foram apresentadas na


fase anterior, concernente ao preparo do solo, plantio e tratos culturais. Na presente
situação a compactação relaciona-se ao processo de colheita mecanizada da cana-de-
açúcar e tratos culturais. Para atenuar o impacto em função dessa prática, recomendam-se
as seguintes medidas:

38
Existem mais de 200 doenças relacionadas à cultura da cana-de-açúcar. Destas, pelo menos 58 foram detectadas no Brasil,
das quais 10 podem ser consideradas de grande importância econômica para os produtores.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


333
• Reduzir a intensidade de máquinas no preparo do solo, plantio e nos tratos culturais,
o que poderá ser feito com a adoção do plantio direto. No sistema convencional
sugere-se redução da desagregação mecânica do solo, reduzindo o número de
arações e gradeamentos;
• Reduzir a intensidade de máquinas na lavoura quando a capacidade de campo
encontrar-se em condição de excedente hídrico;
• Utilizar equipamentos apropriados para o preparo do solo, plantio e tratos culturais,
como plantadeiras e colhedeiras de menor peso e dotadas de esteiras ou
pneumáticos apropriados;
• Utilizar sistema de transbordo no processo de colheita da cana, reduzindo a
circulação de caminhões nas ruas e talhões de cana;
• Promover a subsolagem da área compactada quando necessário. Nas áreas
irrigadas é importante a subsolagem sistemática dos canais dos terraços,
estimulando a infiltração.

8.1.2.2.5. Melhoramento de fatores agronômicos

A principal utilização da vinhaça no Brasil é a fertirrigação, dada às suas características em


termos de fertilidade: teores significativos de alguns elementos como o nitrogênio (30,4
km.m-3 no caldo), fósforo (30,1 kg.m-3), potássio (1,2 kg.m-3), cálcio (0,8 kg.m-3), magnésio
(0,3 kg.m-3) e matéria orgânica (0,6 kg.m-3).

A vinhaça, por se tratar de um resíduo altamente poluidor do meio ambiente, deve ser
armazenada em tanques preferencialmente impermeabilizados com manta do tipo PEAD
para posterior distribuição na lavoura. A distribuição da vinhaça diluída se dá através de
caminhões tanques ou por um sistema de irrigação constituído de redes adutoras de
vinhaça e/ou canais impermeabilizados, devendo ser dimensionada corretamente para não
haver concentração do produto ou onerar os custos.

8.1.2.2.6. Seqüestro de Carbono

Alguns empreendimentos do setor sucroalcooleiro buscam alternativas de ganhos com a


venda de crédito carbono relacionado à substituição de energia industrial e decorrente do
seqüestro de carbono proporcionado pelo ciclo da cana-de-açúcar. A difusão dessa prática
tem gerado expectativas no setor, levando o empreendedor a buscar os meios para a
disponibilização de crédito no mercado de ações. A indústria sucroalcooleira Jalles Machado
S.A., sediada no município de Goianésia-GO, em um período de sete anos vai contribuir

DESTILARIA BOCAINA - EIA


334
com uma redução de 130.597 ton de CO2,, representando hoje uma receita de € 587.686,50,
ou R$ 2.098.040,80, que serão investidos na melhoria dos processos de produção da
empresa.

8.2. MEIO BIÓTICO

A maior parte dos impactos a serem causados com a implantação e operação do


empreendimento é associável a medidas de mitigação ou otimização capazes de atenuar
seus efeitos. As medidas indicadas estão descritas a seguir.

As obras de instalação que envolvam movimentação de terra tais como terraplenagem e


fundações, deverão acontecer no período de estiagem, o que irá reduzir as possibilidades
de transporte de material pelo fluxo pluvial por terra, embora com a possibilidade de
incrementar a erosão eólica de material desagregado e concentração da poeira fugitiva.
Nesta época, entretanto, as condições operacionais de atenuação de tais impactos são
melhores.

Além disto, é imprescindível a manutenção das áreas de preservação permanente e reserva


legal. Isto ocorre não só para cumprimento da lei, mas para preservação e manutenção da
flora local, além de provimento de fonte de abrigo, refúgio e área para alimentação e
reprodução da fauna. Quando mantidas preservadas, estas áreas funcionam como
corredores possibilitando a dispersão dos organismos, aumentando a qualidade da
conservação da biodiversidade.

Os componentes de infra-estrutura a serem implantados, como canteiro de obras, áreas de


manutenção, sanitários e outros, deverão ocupar espaços dentro do lay-out da Unidade
Industrial. Estruturas que perdurem na fase de operação devem ser locadas
preferencialmente em suas áreas definitivas, já na fase de implantação. Isto atenuará a
demanda por movimentos de terra desnecessários na implantação da nova unidade.
Implantar sistemas de saneamento ambiental de forma definitiva e, com isso, racionalizar os
custos da construção. Para os componentes em que não for possível realizar tal
procedimento, deverá ser previsto a descompactação e correção do solo e o plantio de
cobertura vegetal após a sua desativação.

É necessário ainda, a realização de um trabalho de conscientização dos funcionários


envolvidos direta e indiretamente com a operação da área industrial, para que tenham a
plena consciência da necessidade de preservar o meio ambiente.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


335
Esse trabalho pode ser feito com a utilização de placas sinalizadoras, realização de
seminários e de palestras educativas, bem como com a instituição de um evento específico,
como o dia do meio ambiente na indústria ou uma abordagem do tema na unidade. Nessas
oportunidades é importante abordar de maneira clara e objetiva cinco temas fundamentais:

a) Meio Ambiente;
b) Ecologia;
c) Preservação;
d) Água; e,
e) Reciclagem.

Os temas devem ser discutidos com meios didáticos e linguagem adequada a cada público-
alvo, e englobar as atividades que ocorrem na indústria, seus riscos ambientais principais e
as responsabilidades de cada colaborador por sua execução ambientalmente correta.

Durante período de execução das obras e atividades agrícolas, as pessoas envolvidas


diretamente no uso ou no manuseio de produtos químicos devem ser orientadas e
fiscalizadas sobre o manejo e o descarte de resíduos. Devem ser previstas áreas para o
armazenamento de produtos químicos, bem como estruturas de contenção para possíveis
vazamentos. Deve haver uma fiscalização do cumprimento da legislação para o transporte
de produtos perigosos.

Para muitos dos impactos prognosticados que tendem a se reproduzir ou mesmo a se


agudizar nas etapas de implantação e operação, foram concebidos programas que
abrangem indistintamente as etapas do empreendimento.

As medidas de mitigação dos impactos ambientais negativos decorrentes da implantação e


operação do empreendimento deverão evitar um impacto de maior intensidade, e
compensar restaurando o impacto ocorrido. Ainda, estas medidas deverão ser
contempladas, incorporadas e programadas a todas as ações da implantação, manutenção
e operação do empreendimento, estabelecendo obrigatoriedade ao empreendedor do seu
cumprimento. Dentre essas medidas destacam-se:

• Estudar o melhor traçado nas intervenções de abertura de acessos evitando obstrução


dos sistemas naturais de drenagem, cursos d’água, relevo acidentado, solo com
vulnerabilidade média a alta, maior supressão da vegetação (biomassa), fragmentação
de áreas de mata (formação de ilhas) e período sazonal, no fim do período da seca e
período de chuvas;

DESTILARIA BOCAINA - EIA


336
• Implantar sistemas de tratamento de esgoto sanitário durante a construção e operação
da usina;

• Adotar um manejo adequado do solo para plantio da cana-de-açúcar, evitando


assoreamento do corpo d’água e entrada de pesticidas e adubos, principalmente
durante o período de chuvas;

• Implantar sistema de coleta seletiva de lixo e um programa de educação ambiental dos


trabalhadores;

• Adotar medidas de controle de erosão e implantar sistemas de coleta de águas


pluviais em toda a área da usina, além da construção de caixas de retenção de
sedimentos e separadoras de óleos e graxas;

• Adotar medidas de proteção ou recuperação da mata ciliar dos córregos;

• Controlar a dosagem dos defensivos e fertilizantes utilizados, implantar mecanismos ou


processos de contenção dos lixiviados para que estes não atinjam os corpos hídricos;

• Executar programas de recuperação das áreas degradadas, programas de


levantamento e monitoramento da fauna e organismos aquáticos, programa de
salvamento e monitoramento da fauna nas queimas da cana, programa educação
ambiental, programa de levantamento e monitoramento da fauna atropelada e ainda a
implantação do programa de controle e implantação de normas internas da
conservação da fauna e flora.

É importante que o programa de recuperação das áreas degradadas utilize o material


originado da retirada da vegetação e camadas superficiais do solo (solo vegetal), e o não
incremento de espécies exóticas e os que não façam parte da paisagem local.

Para mitigar o impacto ambiental na fase de implantação, gerado pela abertura de acessos;
construção da usina, construção de acampamentos, obras de drenagem e circulação de
veículos afetando as populações da biota terrestre e aquática na sua redução e perda de
habitat como ainda a simplificação da fauna através da caça e morte por atropelamento,
está sendo proposto a elaboração e implantação dos programas de levantamento e
monitoramento da biota terrestre e aquática, educação ambiental, e um eficaz controle e
minimização de desmates e aplicação juntamente com a implantação do programa de
recuperação das áreas degradadas para aumentar a oferta de habitat para a fauna local e o
programa de controle e implantação de normas internas de conservação da fauna e flora.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


337
Essa medida objetiva conhecer o efeito da implantação da destilaria sobre a biota terrestre e
aquática, garantir habitats para a biota local, reduzir os atropelamentos sobre a fauna e
reduzir a caça.

Outros impactos identificados estão contemplados com medidas específicas nas


recomendações para a área agrícola e para a atividade industrial, detalhadas no final desse
capítulo, e nos programas ambientais.

8.3. MEIO ANTRÓPICO

8.3.1. Medidas indicadas para os impactos adversos

O impacto relativo às expectativas negativas como receios em relação a impactos sócio-


ambientais negativos, poderá ser mitigado e monitorado através da implantação de um
Programa de Comunicação Social que objetiva informar a população de todo o processo de
implantação e operação e os controles ambientais adotados pela empresa.

O impacto oriundo da exposição de colaboradores a riscos é passível de forte mitigação,


através da adoção de um Programa de Saúde e Segurança Ocupacional, assim como pela
seleção de agroquímicos de classes toxicológicas brandas, com treinamento e controle
intensivo de utilização.

A imigração de trabalhadores para o município é de difícil mitigação. No entanto, poderão


ser tomadas medidas articuladas entre o empreendedor e a prefeitura, assim como de
outras organizações locais. Considera-se que será de grande eficácia um Programa de
Responsabilidade Sócio-Ambiental, que contemplará medidas e responsabilidades
institucionais com vistas à redução e monitoramento desse impacto.

O aumento da demanda por serviços e equipamentos públicos poderá ser mitigado através
de cooperação entre o empreendimento e o poder público municipal, no que se refere às
iniciativas voltadas à educação, saúde, transporte, lazer e cultura. Seguramente ao
empreendedor não lhe cabe implantar equipamentos e infra-estrutura pública, podendo, no
entanto, agir de modo solidário em ações concretas que favoreçam a comunidade local.
Contribuirá para a efetiva mitigação deste impacto a implantação do referido Programa de
Responsabilidade Sócio-Ambiental.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


338
8.3.2. Medidas de Otimização dos Impactos Positivos

As expectativas positivas da comunidade local e região quanto ao empreendimento,


poderão ser otimizadas através de um Programa de Comunicação Social, com vistas a
manter a comunidade informada sobre o empreendimento e seu desempenho, assim como
das iniciativas e medidas programadas e implementadas nas diversas áreas, especialmente
na ambiental, assistencial, educacional e cultural.

O impacto geração de emprego e renda poderá ser otimizado através do recrutamento de


trabalhadores no município. Para tanto, considera-se que será necessário a realização de
treinamentos, dado ao pouco tempo de existência da cultura da cana no município. Esse
impacto poderá ser amplificado através de medidas indicadas no Programa de
Recrutamento, Qualificação e Treinamento da Mão-de-Obra Local.

A elevação da demanda local por serviços e produtos do comércio é um impacto que pode
ser otimizado com a decisão do empreendedor em adquirir o máximo possível de produtos e
serviços no mercado local. Desse modo, o aquecimento da economia deverá gerar novos
empregos, efeito-renda, renovando o ciclo no mercado consumidor. Sugere-se, então, a
implementação de Ações de Aquisição de Produtos e Serviços em Piracanjuba.

O aumento da arrecadação de impostos poderá ser potencializado com o repasse dos


impostos e contribuições devidos ao poder público nas datas legalmente previstas.

8.4. DIRETRIZES AMBIENTAIS PARA ÁREAS AGRÍCOLAS

As Diretrizes Ambientais para áreas agrícolas abarcam orientações para a implantação e


operação das atividades agrícolas, a serem aplicadas em áreas próprias, na forma de
procedimentos com força de norma interna, como também a serem requeridas
contratualmente de possíveis arrendatários e fornecedores.

Tais Diretrizes estão ordenadas segundo a formatação sistemática dos impactos ambientais
possíveis e efetivos das atividades agrícolas nas fases de implantação e operação, bem
como em suas possibilidades de mitigação, conforme Quadro 87 a seguir.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


339
Quadro 87. Impactos da implantação e operação de atividades agrícolas e diretrizes
ambientais propostas.
Impacto Diretriz Ambiental
Exposição do solo à erosão e deposição de
Procedimentos para atividades que incluem tráfego
sedimentos, desnudamento e compactação e
com equipamentos rodantes, movimentação de terras e
assoreamento e aumento da turbidez das águas e
técnicas de conservação de solos.
suporte do ambiente hídrico.
Efeitos da emissão de particulados, gases e ruídos por Procedimentos para manutenção preventiva de
fontes móveis. equipamentos rodantes e uso de EPIs.
Procedimentos para atividades de adubação, química e
Contaminação do solo e das águas por efluentes e
orgânica, irrigação e ferti-irrigação, manutenção e
resíduos sólidos e efeitos sobre a biota e o solo.
manejo de defensivos agrícolas.
Procedimentos administrativos para aquisição de bens
Crescimento econômico regional.
e serviços preferencialmente na AII.

Os procedimentos que envolvem tráfego de equipamentos rodantes e/ou movimentação de


terras nas atividades de implantação agrícola devem incluir o gerenciamento de manobras
nas operações com equipamentos rodantes, no sentido de racionalizar custos operacionais
e minimizar o pisoteio e a decorrente desagregação de sedimentos.

Os sistemas de conservação de solos deverão ser aptos a evitar a formação de enxurradas


dentro das áreas agrícolas, através dos terraceamentos e de sistemas de controle do
escoamento superficial em estradas rurais e carreadores, como bigodes e cacimbas de
contenção. Tais sistemas retêm águas pluviais, atenuam sua energia cinética, direcionando-
as para a infiltração nas áreas agrícolas.

Os terraços devem transpor inclusive os carreadores e estradas rurais, formando lombadas


para direcionar águas pluviais para o interior das lavouras. Caixas de contenção devem ser
implantadas também no final das linhas de terraceamento.

A implantação de estradas rurais e carreadores e a realização das operações com


equipamentos rodantes devem ser feitos em curvas de nível, sempre que possível. Os
impactos de splash na fase de operação serão efetivamente atenuados pela manutenção de
camadas de restos culturais após a colheita.

Além das práticas de conservação de solo em áreas de pousio, a empresa poderá adotar a
pratica de rotação de cultura com leguminosas, contribuindo para a preservação do solo.
Todas as áreas agrícolas devem observar as distâncias adequadas de áreas de
preservação permanente. Os impactos potenciais serão atenuados após as primeiras safras,
com retenção de restos culturais nas áreas.

A emissão de material particulado na atmosfera será reduzida com o aumento da


estabilidade física do solo e com a manutenção de sua rugosidade de superfície. Devem

DESTILARIA BOCAINA - EIA


340
constar na área de manutenção, procedimentos de manutenção preventiva e em
periodicidade adequada para equipamentos rodantes.

Tal manutenção deve envolver a regulagem de motores de ciclo diesel no sentido de


otimizar a mistura para combustão e minimizar as emissões de seus escapes, de forma a
atender aos padrões da legislação ambiental pertinente para fontes móveis de emissões.

Os procedimentos para atividades de adubação, química e orgânica, irrigação e ferti-


irrigação, manutenção de equipamentos e de manejo de defensivos agrícolas devem ser
aptos à mitigação dos possíveis impactos de contaminação do solo e das águas.

Uma parte expressiva da mitigação desses impactos está ligada ao adequado planejamento
e monitoramento das atividades que os envolvem. Para racionalizar o controle sobre o
potencial impactante das atividades, portanto, seu planejamento e monitoramento devem
ser partes dos programas de controle ambiental.

Os procedimentos de adubação química e de aplicação de defensivos agrícolas devem


incluir a estocagem controlada em galpão de produtos e embalagens, seu manuseio e
transporte para campo, a preparação de caldas, a tríplice lavagem e furação de embalagens
e a incorporação da água de lavagem das embalagens à calda, a aplicação dos produtos e
o retorno ao galpão das embalagens para estocagem, até o retorno ao fabricante e/ou
empresa licenciada para dar o destino adequado.

As atividades de manuseio de adubos químicos e defensivos agrícolas para aplicação


devem guardar distância segura - recomenda-se 200 m - de áreas de preservação
permanente e ser feitas em horários de menor insolação e incidência de ventos. A adubação
com torta de filtro e a ferti-irrigação com vinhaça não deverão ser feitas em áreas com
distância inferiores a 200 m da APP dos corpos d’água.

Procedimentos administrativos devem estar disponíveis para orientação, sendo


recomendada a aquisição preferencial de princípios ativos de classes toxicológicas menos
agressivas, como a verde e a amarela, dentro da viabilidade econômica, técnica e
operacional.

Enfase deve ser dada à abordagem prevencionista dos defensivos agrícolas utilizados na
cultura da cana, incluindo sistemas eficazes de manejo de defensivos agrícolas e de
conservação de solos, bem como a priorização, dentro da viabilidade econômica, de
defensivos agrícolas de classes de menor toxicidade ambiental.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


341
A aplicação desses produtos deve obedecer a criteriosos princípios técnicos e ser utilizada
somente nos casos de não haver outras opções de controle. As lavouras devem guardar
distância segura dos mananciais. A escolha deve recair sobre produtos menos tóxicos,
menos móveis no ambiente e de meia vida, apenas suficiente para produzir os resultados
desejados.

A atividade de fertirrigação deve contar com procedimentos de planejamento das horas de


irrigação, tamanho de gotas e vazão, bem como de limpeza e manutenção periódica dos
equipamentos. Os efluentes industriais para fertiirrigação devem ser dispostos de forma
rigidamente controlada, com controle permanente e a regulagem adequada dos canhões
para aplicação nas dosagens requeridas segundo as análises químicas pertinentes.

Os procedimentos de manutenção e abastecimento em campo de equipamentos rodantes,


devem observar uma distância recomendada de 200 m de áreas de preservação
permanente, bem como, a proteção do solo, a adequada sinalização de campo da operação,
o uso de EPIs e o recolhimento de todos os resíduos, como estopa e peças usadas, para
descarte no setor adequado da unidade industrial.

A par do conteúdo preventivo dos procedimentos operacionais, deve haver procedimentos


de atendimento imediato a vazamentos e derrames acidentais de óleos e graxas,
combustíveis, defensivos agrícolas e adubos químicos em pó ou concentrados. Tais
procedimentos devem envolver o isolamento da área, a absorção com absorventes
industrializados, o recolhimento da camada afetada do solo e seu encaminhamento para
destinação final adequada, segundo cada tipo de contaminante.

Os procedimentos norteados pelas Diretrizes Ambientais encontram rebatimento em alguns


dos programas de manejo e monitoramento propostos. Destacam-se neste sentido
especificamente os programas de controle ambiental de implantação e o de operação, que
serão apoiadores e controladores da aplicação das Diretrizes Ambientais.

Procedimentos administrativos específicos devem ser criados, sob forma de check-lists, com
requisitos mínimos a serem atendidos e/ou recomendações específicas para a aquisição de
máquinas e equipamentos. Devem ser favorecidos equipamentos com menores níveis de
emissões, cabines fechadas com exaustores, ventiladores ou condicionadores de ar interno
para proteção contra ruídos e emissões.

No âmbito do programa de saúde e segurança ocupacional deverão ser feitos treinamentos


em saúde e segurança, no desempenho das atividades, exames médicos periódicos e o

DESTILARIA BOCAINA - EIA


342
fornecimento de EPIs e fiscalização de seu uso aos colaboradores, como máscaras
respiradoras, óculos de proteção e protetores auriculares.

Cabe destacar também o intenso treinamento com colaboradores que devem ser aplicados
no âmbito do programa de saúde e segurança ocupacional, no que concerne a riscos
ambientais e à saúde inerentes a cada atividade potencial ou efetivamente impactante.

O atendimento às Diretrizes Ambientais por arrendatários e fornecedores deve ser apoiado


pelo treinamento nos procedimentos propostos, através de práticas de extensão rural feitas
diretamente junto aos arrendatários e fornecedores, como também pela realização de
treinamentos abertos.

O crescimento econômico regional preconizado pelas atividades agrícolas poderá ser


otimizado por procedimentos administrativos de aquisição de bens e serviços
preferencialmente nos municípios, micro-região ou no Estado de Goiás. Complementam as
Diretrizes Ambientais neste sentido a alocação de mão-de-obra local e o adequado
planejamento e gestão da alocação de colaboradores sazonais, como propõe o programa de
comunicação social e recursos humanos.

De arrendatários e fornecedores terceirizados deverá ser fomentada a não-ocupação de


áreas de preservação permanente e reservas legais por culturas agrícolas nas
propriedades. Sugere-se, também, um plano gradual de recuperação de áreas de
arrendatários e fornecedores, no qual o empreendedor incentive o fornecimento de mudas
por órgãos públicos. É estratégico que tais ações sejam devidamente registradas junto à
autoridade ambiental e/ou jurídica local. O empreendedor exclui de seus contratos as áreas
de APP e Reserva Legal.

8.5. RECOMENDAÇÕES AO PROJETO INDUSTRIAL

As Recomendações ao Projeto Industrial dizem respeito às proposições de caráter estrutural


para a implantação da unidade industrial, no sentido de mitigar os impactos ambientais
efetivos ou possíveis constatados para as fases de implantação e operação da unidade
industrial. As recomendações estruturais serão complementadas por medidas de
planejamento, controle e monitoramento constantes dos programas de controle ambiental de
implantação e operação.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


343
As recomendações foram ordenadas segundo a formatação sistemática dos impactos
ambientais possíveis e efetivos das atividades industriais nas fases de implantação e
operação, bem como em suas possibilidades de mitigação:

• Exposição do solo à erosão e deposição de sedimentos, desnudamento e


compactação e assoreamento e aumento da turbidez das águas e suporte do
ambiente hídrico;

• Efeitos da emissão de particulados, gases, ruídos e vibrações por fontes móveis e


fixas;

• Contaminação do solo e das águas por efluentes líquidos e resíduos sólidos e efeitos
sobre a biota;

• Favorecimento de espécies de interesse epidemiológico.

O ordenamento e o cronograma das atividades de implantação do projeto executivo da


unidade industrial devem levar em conta a sazonalidade pluviométrica da região. No
planejamento das atividades de apoio, como administração de recursos humanos, aquisição
de máquinas e equipamentos e manutenção mecânica, implantação das obras de
movimentação de terras, devem-se consider a concentração sazonal de chuvas. Destacam-
se as torrencialidades que caracterizam o início e o final da estação chuvosa.

As obras de implantação deverão acontecer principalmente no período de estiagem, o que


reduziria as possibilidades de transporte de material pelo fluxo pluvial por terra. A
possibilidade de incremento da erosão eólica de material desagregado é bastante
desfavorecida pelos padrões de velocidade do vento na região. Nesta época, ainda assim,
as condições operacionais de atenuação de tais impactos são melhores.

Deve ser previsto quebra-vento no entorno de toda a unidade industrial, com árvores altas e
pelo menos duas linhas intercalares de plantio - Eucalyptus sp. é uma opção adequada para
a função. Quebra-ventos são úteis na retenção de parte das emissões atmosféricas de
material particulado, na atenuação de ruídos e no aspecto paisagístico.

Não se esperam interferências relevantes do empreendimento sobre o perfil geológico e


geotécnico regional. Ainda assim, recomenda-se que eventuais intervenções em rocha
preferivelmente sejam feitas na estação seca, e precedidas pelas adequadas sondagens
geológico-geotécnicas, tendo em vista a implantação de técnicas construtivas adequadas
para as instalações da unidade industrial.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


344
Componentes da infra-estrutura a ser implantada, como canteiro de obras e áreas de
estocagem e manutenção, deverão ocupar espaços dentro do lay-out da unidade industrial.
Estruturas que perdurarem na fase de operação devem ser locadas em suas áreas definitivas.

Isto visa atenuar a demanda por movimentação de terras na implantação da unidade. Para
os componentes para os quais tal condição não for possível, após sua desativação, deve ser
prevista a descompactação e correção do solo e o plantio de cobertura vegetal segundo
projeto paisagístico.

Em áreas dos prédios da administração, estacionamento de veículos leves e outras, onde


não houver atividade de processamento industrial, estocagem e circulação de produtos
químicos, subprodutos, resíduos e efluentes industriais, a impermeabilização do solo deve
ser a menor área possível, de forma a propiciar infiltração das águas pluviais.

A atenuação dos efeitos da movimentação de terra sobre o escoamento de águas


superficiais e processos erosivos é condicionada pela previsão em projeto, com implantação
na primeira fase de obras, de estruturas de contenção estrutural, drenagem pluvial, proteção
superficial e de taludamentos em inclinação adequada.

De acordo com as necessidades as atividades poderão envolver também a implantação de


equipamentos variáveis, como muros de arrimo, tirantes, cortinas atirantadas, aterros
reforçados, valas revestidas, canaletas, caixas de dissipação, gabiões, mantas e drenos.

A partir dos estudos topográficos deverão ser calculados os volumes de corte e aterro e a
necessidade de movimentação de terras. Deve ser priorizada a busca do equilíbrio de
volumes dentre as obras da AID.

Devem ser detalhados em projeto os taludamentos e o sistema de drenagem pluvial destas


áreas, de forma a evitar erosão linear, bem como estruturas para contenção de erosão
laminar com materiais orgânicos ou cordões de vegetação em curvas de nível. Devem ser
projetadas também as atividades envolvidas em seu selamento. Todas as canaletas de
condução de águas e efluentes da unidade industrial deverão ser impermeabilizadas com
manilhas ou revestimentos adequados.

Prevê-se infiltração direta de águas de drenagem pluvial da unidade industrial. Para isto, é
importante que o sistema de canaletas de drenagem pluvial seja projetado de forma a não
permitir a mistura das águas pluviais com águas de lavagem do interior da unidade industrial.

As áreas de infiltração devem ser dimensionadas segundo séries pluviométricas históricas e


resultados de testes de capacidade de infiltração do solo. Todos os pontos de descarga para

DESTILARIA BOCAINA - EIA


345
infiltração de águas pluviais deverão ter mecanismos de dissipação de energia para
proteção contra erosões, como caixas de brita ou em escada, e gramíneas no entorno.

Recomenda-se a implantação de grade, caixa de decantação de sólidos carreados nas


canaletas pluviais, antes da condução para infiltração, tendo em vista a maior durabilidade e
menor demanda de manutenção do sistema.

O controle de ruídos da unidade industrial se inicia na inclusão desta variável na seleção de


máquinas e equipamentos para o parque industrial, na qual são privilegiados equipamentos
com menor geração ou com operação à distância. Para equipamentos com grande potencial
de geração de ruídos serão previstos isolamentos e enclausuramentos.

As caldeiras para geração de vapor contarão com sistema de controle das emissões por
lavadores de gases, com alta eficiência de remoção.

Deverá constar do projeto um galpão para estocagem intermediária de produtos químicos,


resíduos sólidos recicláveis, embalagens de defensivos agrícolas usadas para retorno ao
fabricante e resíduos sólidos perigosos, principalmente óleos e graxas para re-refino e
estopas contaminadas das atividades de manutenção para destinação final terceirizada.

Tal galpão deverá ser coberto e pavimentado, com declividade direcionando a uma canaleta
específica para uma caixa de retenção blindada, para contenção de eventuais vazamentos.
O volume da caixa de contenção deverá ser compatível com a capacidade do galpão, tendo
em vista que a maior parte dos produtos estocados é seca.

O galpão deverá ser cercado com portões e ordenado em baias, com as adequações
necessárias à estocagem de cada resíduo industrial. O local deve ainda comportar uma
margem de excesso em caso de emergências.

Os efluentes líquidos domésticos e industriais gerados pela indústria serão encaminhados


preferivelmente por gravidade aos respectivos sistemas de tratamento. A estrutura de
tratamento de efluentes líquidos domésticos da unidade industrial será dimensionado e
construído segundo as normas técnicas pertinentes.

Em relação aos efluentes industriais compostos por óleos e graxas, as áreas de


manutenção deverão dispor de um sistema de canaletas para a coleta destes efluentes e
sua condução a um sistema com caixas de areia e separação de óleos e graxas. Tal
sistema deve estar associado às atividades de manutenção preventiva, corretiva e lavagem
de máquinas, equipamentos fixos e rodantes e veículos.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


346
9. PROGRAMAS DE MANEJO E MONITORAMENTO AMBIENTAL

9.1. PROGRAMA DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA

De acordo com as informações bibliográficas, levantadas principalmente no IPHAN, na área


de influência do empreendimento podem ocorrer sítios arqueológicos pertencentes a grupos
de agricultores e ceramistas. Em razão disso, apesar de nada ter sido constatado em
reconhecimento de campo, recomenda-se a realização de um Programa de Prospecção
Arqueológica na AID.

Tal programa busca também o cumprimento da Lei 3929/64, da Portaria IPHAN 230/02 e
das Resoluções CONAMA pertinentes ao tema. Seu escopo baseia-se em uma fase de
levantamento do potencial arqueológico da área e em seu registro e salvamento, se for
constatada sua ocorrência.

O programa terá curta duração, devendo ser realizado previamente à fase de implantação.
Deverá ser executado por arqueólogos com autorização do Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional, IPHAN e terá duas etapas básicas:

• Levantamento sistemático por amostragem de vestígios do patrimônio arqueológico pré-


histórico, histórico e histórico-cultural na AID, antes da implantação do empreendimento,

• Caso sejam encontrados vestígios culturais nestas áreas, os mesmos deverão ser
registrados junto ao IPHAN e seu resgate deverá ser executado previamente às
intervenções sobre as áreas.

9.2. PROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL DE IMPLANTAÇÃO

O Programa de Controle Ambiental de Implantação visa fornecer subsídios à implantação


das atividades agrícolas e industriais com o menor ônus ambiental possível, através do
estabelecimento de critérios e condicionantes para a execução das atividades, indicadores
ao cumprimento das Diretrizes Ambientais e eficácia das Recomendações ao Projeto
Industrial.

O programa deverá disciplinar as atividades da fase de implantação e os procedimentos


segundo os quais devem ser executadas. Para tanto, deverá estabelecer uma rotina de
monitoramento da execução dos procedimentos, sua adequação e eventuais necessidades
de ajuste.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
347
Este programa deverá interagir com o Programa de Comunicação Social e Capacitação e
Treinamenrto de Mão de Obra no que concerne ao treinamento motivacional e operacional
de todos os colaboradores de nível de supervisão e operação. Neste sentido, sugere-se
também o acompanhamento das Diretrizes Ambientais em áreas agrícolas de terceiros.
Alguns itens a serem monitorados pelo programa para a fase de implantação são:

9.2.1. Emissões Atmosféricas e Ruídos

• Checagem de umidecimento de áreas de movimentação de terras na unidade


industrial e de exaustão de ar adequada em equipamentos rodantes das áreas
agrícolas e industriais.

• Manutenção periódica preventiva e regulagem de equipamentos rodantes.

• Monitoramento de níveis de ruído ambiental com decibelímetro, no interior da Unidade


Industrial e dentro das cabines de equipamentos rodantes, segundo as normas
técnicas pertinentes.

Já na fase de implantação deverá ser estabelecido um esquema de utilização permanente


de dados disponíveis das estações meteorológicas administradas pela Agência Nacional de
Águas, ANA.

Tal disponibilização de dados tem como objetivo o monitoramento meteorológico para as


atividades agrícolas e deverá subsidiar o planejamento de operações com maior potencial
de erosão e sedimentação de solos e de emissões atmosféricas.

Tendo em vista atenuar os efeitos do vento, na estiagem, sobre as áreas de movimentação


mais intensa na Unidade Industrial, pode ser feita aspersão de água, considerando-se a
direção e velocidade do vento, visando manter o piso úmido o suficiente para diminuir e/ou
eliminar a poeira, sem, contudo prejudicar a trafegabilidade.

9.2.2. Controle de Erosão e Sedimentação

• Acompanhamento visual de processos erosivos lineares e laminares na Unidade


Industrial e nas áreas agrícolas sob intervenção;

• Monitoramento periódico da compactação do solo de áreas agrícolas;

• Manutenção de canaletas pluviais e manutenção preventiva ou corretiva de obras de


contenção, drenagem e proteção superficial;

• Funcionalidade e limpeza de caixas de areia e separação de óleo.


DESTILARIA BOCAINA - EIA
348
9.2.3. Controle de Resíduos, Efluentes e Produtos Químicos.

• Monitoramento periódico da fertilidade dos solos para reposição adequada dos níveis
exigidos de corretivos e adubos químicos e orgânicos, bem como de manejo das
dosagens de adubação;

• Os resíduos sólidos domésticos serão encaminhados para o aterro municipal após


sua adequação ambiental;

• Resíduos sólidos industriais (torta de filtro e cinzas) serão utilizados para


enriquecimento de solos agrícolas;

• As embalagens de produtos químicos, após a tríplice lavagem, serão armazenadas e


encaminhadas para empresas especializadas e licenciadas;

• Monitoramento dos processos de abastecimento e manutenção de equipamentos


rodantes em campo;

• Os efluentes líquidos domésticos serão tratados através de sistema de tratamento


compacto, em toda a unidade industrial;

• Monitoramento por análises físico-químicas anuais da qualidade dos efluentes líquidos


industriais;

• Monitoramento anual da qualidade de águas superficiais;

• O controle epidemiológico será realizado sempre que necessário com o objetivo de


assegurar as condições adequadas de saúde e higiene no ambiente profissional da AID e
na AII.

9.3. PROGRAMA DE CONTROLE DE PARALISAÇÕES DE OBRAS DA UNIDADE


INDUSTRIAL

O Programa de Controle Ambiental de paralisações de obras para a unidade industrial


deverá ser elaborado previamente, de forma a que seja imediatamente aplicável quando de
qualquer necessidade de paralisação significativa. Deverá ser elaborado levando em conta
as diferentes estações do ano e períodos de paralisação - inferiores a uma semana, entre
uma semana a um mês, ou por tempo indeterminado.

Dele devem constar medidas e instrumentos de controle e monitoramento do canteiro de


obras e na unidade industrial. Deve estar associado ao Programa de Comunicação Social,
para a adequada interação com as partes interessadas sobre o evento, de forma a evitar
efeitos de retração econômica e sobre a imagem do empreendimento.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
349
A mitigação dos efeitos de paralisações sobre o meio físico deverá estabelecer
procedimentos prévios à paralisação, como o esgotamento e cobertura de áreas de acúmulo
de água e resíduos sólidos, sua vistoria e limpezas periódicas, no sentido de controlar
precocemente eventuais efeitos de erosão, sedimentação e poluição de solo e das águas.

Sugere-se também a implantação de paisagismo de proteção em períodos longos de paralisação,


com o plantio de gramíneas baixas nas áreas de solo exposto e/ou sob movimentação de terra.
A proliferação de fauna de interesse médico e epidemiológico poderá ser evitada por
procedimentos semelhantes, cuja eficiência deve ser periodicamente monitorada por vistoria.

Os efeitos da paralisação de obras sobre a depreciação econômica de máquinas e


equipamentos podem ser evitados pelo planejamento de uma atividade permanente de
manutenção e limpeza preventiva periódica, com recursos necessários a operar também em
situações de paralisação.

9.4. PROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL DE OPERAÇÃO

Assim como na fase de implantação, o Programa de Controle Ambiental, na fase de


operação, objetiva subsidiar a operação das atividades agrícolas e industriais com o menor
ônus ambiental possível, através da observação de critérios e condicionantes para a
execução das atividades, e da observação dos indicadores de sua eficiência.

O programa deverá disciplinar os aspectos operacionais da fase de operação e os


procedimentos segundo os quais devem ser executados, de acordo com as Diretrizes
Ambientais para a área agrícola e procedimentos equivalentes para a unidade industrial.
Destaca-se que treinamentos motivacionais e operacionais aos colaboradores de nível de
supervisão e operação devem perdurar nesta fase. Alguns dos itens a serem monitorados
pelo programa na fase de operação são:

9.4.1. Emissões Atmosféricas e Ruídos

• Checagem de exaustão de ar em equipamentos das áreas agrícolas e industriais;

• Manutenção periódica preventiva e regulagem de equipamentos rodantes e de


lavadores de gases das chaminés das caldeiras e seu monitoramento;

• Monitoramento de níveis de ruído ambiental com decibelímetro, no interior da Unidade


Industrial, inclusive de equipamentos enclausurados e dentro das cabines de
equipamentos rodantes, de acordo com as normas técnicas pertinentes;

• Acompanhamento e controle de queimadas, acidental e criminosa, em canaviais.


DESTILARIA BOCAINA - EIA
350
A saída dos gases das chaminés de caldeiras deve ser acompanhada diariamente, com uso
de uma escala de Ringelmann tendo como referência o nível nº 1, correspondente a 20% de
densidade colorimétrica. Exceção a este padrão é prevista no Decreto Estadual no. 1745/79,
que prevê que se possa exceder tal percentual por 15 minutos diários, para operações de
aquecimento de fornalha, e por 3 minutos, consecutivos ou não, em qualquer fase de 1 hora
e corroborando a melhor prática, anualmente será feito o monitoramento de Material
Particulado de Gases visando dar atendimento à resolução CONAMA 382.

Cabe lembrar que o Decreto Federal 2661 de 08.07.1998 prevê a redução da queima de
cana-de-açúcar à relação de 25% a cada 5 anos, para áreas mecanizáveis, bem como a Lei
Estadual Nº 15.834, de 23 de novembro de 2006 dispõe sobre redução gradativa da queima
da palha de cana-de-açúcar em áreas mecanizáveis, considerando que em 100% da área
cultivada será adotada a colheita mecanizada.

9.4.2. Controle de Erosão e Sedimentação

• Monitoramento visual de processos erosivos lineares, como sulcos e ravinamentos, e


implantação de calhas de monitoramento de processos erosivos laminares na unidade
industrial e nas áreas agrícolas sob intervenção;

• Monitoramento periódico de compactação do solo de áreas agrícolas;

• Registros de manutenção de canaletas pluviais e da manutenção preventiva ou


corretiva de obras de contenção, drenagem e proteção superficial;

• Funcionalidade e limpeza de caixas de areia e de separação de óleos e graxas e dos


sistemas de escoamento de efluentes líquidos industriais para a estação de tratamento
de efluentes;

• Monitoramento periódico de qualidade de águas superficiais.

9.4.3. Controle de Resíduos, Efluentes, Subprodutos e Produtos Químicos

As recomendações operacionais constantes do Programa de Controle Ambiental para a fase


de implantação, com respeito ao controle de fauna de interesse epidemiológico e ao controle
dos galpões e áreas de estocagem de produtos, sub-produtos e resíduos, permanecem na
fase de operação. Alguns itens suplementares são:

• Monitoramento periódico de solos para reposição adequada dos níveis exigidos de


corretivos e adubos químicos e orgânicos, bem como de manejo das dosagens de
adubação;

DESTILARIA BOCAINA - EIA


351
• Monitoramento dos processos de abastecimento e manutenção de equipamentos
rodantes em campo;

• Acompanhamento da torta de filtro e da vinhaça voltados à valorização agrícola, com


definição de dosagens adequadas à fertilidade de cada área e parâmetros
operacionais de aplicação;

• Monitoramento periódico da qualidade dos efluentes líquidos industriais, antes e após


a coleta e pré-tratamento.

O dimensionamento dos projetos de valorização agrícola dos sub-produtos industriais deve


seguir rigidamente critérios hidráulicos técnicos adequados no dimensionamento da
aplicação de vinhaça. Estes mesmos critérios deverão ser observados para a irrigação e
adubação química.

Eventuais vazamentos acidentais de combustíveis, óleos e graxas e resíduos sólidos


durante o transporte e armazenamento na unidade industrial devem seguir os mesmos
procedimentos preceituados nas diretrizes ambientais para áreas agrícolas.

Também os equipamentos de condução de álcool e os tanques de armazenamento de


álcool e de produtos químico estarão providos por bacias de contenção, além de passarem
por controle rígido, com manutenção preventiva e inspeções de segurança periódicas, tendo
em vista os riscos ligados a derrames e vazamentos sobre o solo.

9.5. PROGRAMA DE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL

Uma estrutura física e operacional de saúde e segurança ocupacional deverá ser implantada
no âmbito da gestão de recursos humanos previamente às fases de instalação. Para tanto,
deverão ser também atendidas algumas recomendações:

• Normas Reguladoras do Ministério do Trabalho (NRs) pertinentes ao porte e setor do


empreendimento;

• Resolução CONAMA 005/93 sobre gerenciamento de resíduos de serviços de saúde;

• Normas técnicas da ABNT pertinentes ao tema.

Uma estrutura de saúde e segurança ocupacional e de medicina do trabalho deve ser


implantada segundo as NRs sobre a manutenção de profissionais de saúde e segurança do
trabalho. Elementos normativamente previstos, como a Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes - CIPA, devem ser instituídos e mantidos. O programa terá também interação com
o programa de controle ambiental no tocante ao controle de fauna de interesse médico e
epidemiológico. Alguns de seus componentes são:
DESTILARIA BOCAINA - EIA
352
• Avaliar a saúde de colaboradores por exames pré-admissionais e demissionais;

• Treinar os colaboradores em segurança ocupacional e no uso de EPIs e contemplar


aspectos de segurança ocupacional em procedimentos para as atividades;

• Diagnosticar doenças virais, bacterianas, parasitárias e formas de efetuar sua


profilaxia e cura. Doenças que não impeçam a contratação, mas podem aumentar o
absenteísmo e comprometer a produtividade;

• Imunizar os colaboradores, sob orientação médica, com vacinas contra tétano, febre
amarela, dengue e febre tifóide e outras, na periodicidade e dosagem recomendadas;

• Manter equipamentos de primeiros socorros, e pessoal interno habilitado para prestá-los;

• Fornecer e fiscalizar o uso de Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva - EPIs e


EPCs;

• Monitorar a saúde dos trabalhadores, com a realização de exames médicos periódicos,


em especial daqueles expostos a riscos ocupacionais, como daqueles associados a
ruídos e uso de agroquímicos;

• Observados os limites normativos de tolerância a ruídos contínuos e intermitentes,


devem ser medidos com instrumentos de nível de pressão sonora operando no circuito
de compensação.

Atenção específica deve caber ao monitoramento sistemático das condições de saúde de


colaboradores expostos a ruídos, emissões atmosféricas e uso de agroquímicos, como
operadores de equipamentos rodantes e motoristas, operadores da unidade industrial e
colaboradores envolvidos na preparação de calda e pulverização de lavouras com agroquímicos.

O empreendimento deverá também adotar o acondicionamento dos Resíduos de Serviços


de Saúde - RSSs de sua unidade ambulatorial por finalidade, espécie e dimensões, para
gerenciamento adequado segundo sua classificação, com segregação, manuseio,
acondicionamento, coleta e armazenamento adequados.

9.6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

9.6.1. Justificativa

A implantação e operação do empreendimento resultará em impactos sócio-econômicos


significativos, sugerindo, para o efetivo monitoramento e mitigação dos negativos e otimização
dos positivos, um eficiente processo de comunicação social com a comunidade.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


353
9.6.2. Objetivo

Estabelecer uma permanente interação entre o empreendimento, seus colaboradores e a


comunidade local e regional, com vistas a minimizar impactos negativos e potencializar os
positivos.

9.6.3. Metodologia

Inicialmente deve-se identificar o grau de conhecimento e as expectativas da população


local quanto ao empreendimento. Em seguida serão elaboradas as estratégias de
comunicação social.

9.6.4. Fase de implantação

Desde a fase de planejamento, com duração por tempo indeterminado, mas pelo menos até,
no mínimo, 02 anos após o início da fase de operação.

9.6.5. Responsável pela implantação

Caberá ao empreendedor desenvolver ações de implantação do programa.

9.6.6. Parceiros potenciais

Os parceiros podem ser as organizações locais, governamentais e não-governamentais,


prefeituras municipais e governo estadual.

9.6.7. Produtos

Pesquisa de campo, relatórios e planos de ação para o desenvolvimento do programa.

9.6.8. Recursos Humanos

A implantação do programa deverá contar, minimamente, com profissional de comunicação


social.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


354
9.7. PROGRAMA DE AÇÕES DE AQUISIÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS EM
PIRACANJUBA

9.7.1. Justificativa

A aquisição de produtos e serviços em Piracanjuba contribuirá para dinamizar a economia


local, potencializando os impactos positivos de geração de emprego e renda locais. Amplia-
se a base de arrecadação de impostos, permitindo ao poder público elevar os investimentos
em serviços e equipamentos públicos, necessários à melhor qualidade dos indicadores
sociais municipais.

9.7.2. Objetivo

Elevar a geração de empregos, renda e investimentos em serviços e equipamentos


públicos.

9.7.3. Metodologia

Estabelecer listas de prioridades de produtos e serviços, acompanhada de pesquisa de sua


oferta na cidade.

9.7.4. Fase de implantação

Desde a fase de instalação do empreendimento por tempo indeterminado.

9.7.5. Responsável pela implantação

Caberá ao empreendedor desenvolver ações de implantação do programa.

9.7.6. Parceiros potenciais

Os parceiros podem ser as organizações locais, governamentais e não-governamentais e


prefeitura.

9.8. PROGRAMA DE RECRUTAMENTO, QUALIFICAÇÃO E TREINAMENTO DA MÃO-


DE-OBRA LOCAL.

9.8.1. Justificativa

O município caracteriza-se, do ponto de vista sócio-econômico, pela predominância da


atividade agropecuária e pela agroindústria, mas não encontra-se ainda enraizada a cultura
da cana-de-açúcar. Assim sendo, para se otimizar o impacto positivo da geração de
DESTILARIA BOCAINA - EIA
355
emprego e renda, torna-se fundamental um programa voltado para a capacitação da mão-
de-obra local, com vistas a se garantir um maior número possível de trabalhadores locais com
empregabilidade.

9.8.2. Fase de implantação

A partir da fase de instalação do empreendimento, com duração por tempo indeterminado,


mas pelo menos até, no mínimo, 04 anos após o início da fase de operação.

9.8.3. Responsável pela implantação

Caberá ao empreendedor desenvolver ações de implantação do programa.

9.8.4. Parceiros potenciais

Os parceiros podem ser as organizações locais, governamentais e não-governamentais,


prefeitura, universidades e governo estadual.

9.8.5. Recursos Humanos

A implantação do programa deverá contar com profissionais das áreas de Administração e


Recursos Humanos.

9.9. PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL

9.9.1. Justificativa

O desenvolvimento deste Programa de Responsabilidade Sócio-ambiental torna-se um


importante instrumento para a mitigação dos impactos sociais considerados adversos,
notadamente aqueles associados à possibilidade de imigração, e em sua decorrência,
conflitos sócio-culturais relativos aos costumes e modos de ser, elevação da prostituição,
tráfico e consumo de drogas, furtos e roubos, dentre outros. Por certo, diante de impactos
sócio-culturais desta natureza haverá uma elevação da demanda por serviços e
equipamentos públicos para sua efetiva mitigação.

9.9.2. Objetivo

O objetivo geral é implementar ações de assistência social voltadas à orientação, educação


e prevenção com relação à saúde, segurança, convivência social junto à população de
trabalhadores imigrantes e às comunidades locais, de um modo geral.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


356
9.9.3. Metodologia

A estruturação deste programa prevê atividades em três frentes e tem como pilares duas
vertentes de atuação: as ações, o monitoramento e a avaliação das ações. As ações
propriamente ditas são aquelas decorrentes das diretrizes e metas estabelecidas entre os
parceiros. Volta-se para a mitigação e prevenção nas áreas de saúde, educação, cultura,
lazer, segurança pública e assistência social. Terá como uma das principais diretrizes a
questão da prostituição infanto-juvenil, educação sexual e DSTs.

Já o monitoramento e avaliação envolvem o processo de acompanhamento e avaliação das


ações buscando com isso a realização de possíveis ajustes ao programa.

9.9.4. Fase de implantação

O programa deverá ser implantado a partir da fase de instalação do empreendimento com


duração de, no mínimo, 04 anos após o início da fase de operação.

9.9.5. Responsável pela implantação

Caberá ao empreendedor desenvolver ações de implantação do programa.

9.9.6. Parceiros

Os parceiros poderão ser organizações governamentais e não-governamentais que atuam


nas áreas de abrangência do programa.

9.9.7. Produtos

Para registro das atividades e resultados parciais deverão ser emitidos relatórios mensais,
onde deverão constar os problemas detectados e as medidas tomadas para sua solução.

Ao final do programa será elaborado um Relatório Final de Avaliação. Também serão


produzidos relatórios periódicos sobre o acompanhamento sócio-econômico que deverão
ser enviados à Agência Ambiental.

9.9.8. Recursos Humanos

A implantação do programa deverá contar, minimamente, com um (a) Assistente Social.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


357
9.10. PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE INDICADORES SÓCIO-ECONÔMICOS NA
AID

9.10.1. Justificativa

A identificação de impactos ambientais adversos no meio sócio-econômico sugere medidas


de mitigação e monitoramento, que deverão ser contempladas neste programa. Com ele
busca-se a identificação e solução de possíveis interferências negativas, decorrentes do
processo de implantação do empreendimento. Tem uma função de monitoramento, cujo
sentido é o de buscar identificar, mensurar, avaliar e sugerir medidas sobre diversos
aspectos da vida das comunidades, notadamente aqueles efetiva ou potencialmente
impactados, segundo os estudos ambientais realizados.

No decorrer das fases de instalação e operação, o empreendimento deverá desenvolver


ações, com vistas à otimização dos impactos benéficos e mitigação dos adversos, cuja
eficiência e eficácia devem ser constantemente acompanhadas e mensuradas, com vistas a
se monitorar o alcance dos objetivos propostos, amplificá-los, assim como a identificação da
necessidade de ajustes. Assim, o programa terá também uma finalidade de suporte aos
demais programas sociais, vez que sua contribuição vincula-se ao processo de avaliação
permanente das ações da empresa junto às comunidades.

9.10.2. Objetivo

Monitoramento dos impactos sócio-ambientais de natureza negativa, que venham surgir em


decorrência da implantação do empreendimento.

9.10.3. Metodologia

Inicialmente será desenvolvido um diagnóstico detalhado sobre a atual situação dos


principais indicadores sociais na AID. A partir daí serão definidos uma pauta de indicadores
sociais que deverão ser acompanhados no decorrer do período definido, tais como:
ocorrências policiais; violência contra a mulher; violência sexual; prostituição infantil; filhos
sem pais ou aumento de mães solteiras; índices de desemprego; índices de migração;
endemias; variação das áreas agrícolas plantadas, colhidas, valor da produção; alterações
na estrutura fundiária; alteração da pauta agrícola, etc.

Quando da execução do programa, aspectos metodológicos poderão ser revistos e


reorientados, assim como a lista de indicadores poderá sofrer alterações com a exclusão de
alguns e inclusão de outros, o que deverá ser justificado quando da publicação dos
resultados em relatórios.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
358
9.10.4. Fase de implantação

A partir da fase de instalação do empreendimento com duração por tempo indeterminado,


mas no mínimo, 04 anos após o início da fase de operação.

9.10.5. Público - Alvo

As comunidades das áreas de influência do empreendimento, notadamente a sede


municipal de Piracanjuba.

9.10.6. Responsável pela implantação

Caberá ao empreendedor desenvolver ações de implantação do programa.

9.10.7. Parceiros

São as ONG’s e organizações governamentais que atuam nas áreas de influência do


empreendimento.

9.10.8. Produtos

Relatórios anuais, onde deverão constar os problemas detectados e as medidas de correção


propostas para sua solução. Ao final do programa será elaborado um relatório final de
avaliação. Também serão produzidos relatórios periódicos sobre o acompanhamento sócio-
econômico que deverão ser enviados à Agência Ambiental.

9.10.9. Recursos Humanos

Minimamente, com um profissional da área de Ciências Sociais e um assistente.

9.11. PROGRAMA DE ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL

9.11.1. Justificativa

O desenvolvimento do Programa de Articulação Institucional torna-se um importante


instrumento para a mitigação dos impactos sociais considerados adversos e a
potencialização dos impactos positivos decorrentes da implantação da indústria. Os
impactos em diversas áreas, como a elevação da demanda por equipamentos e serviços
públicos, convivência, dentre outros, sugerem uma gestão compartilhada na definição e
implementação de medidas preventivas aos impactos adversos.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


359
9.11.2. Objetivos

O objetivo geral do programa é estabelecer relações e parcerias em nível institucional, entre


os agentes envolvidos, da parte do empreendimento, e aqueles do município de
Piracanjuba.

9.11.3. Metodologia

A estruturação do programa prevê atividades em três frentes e tem como pilares duas
vertentes de atuação: as ações, o monitoramento e a avaliação das ações. As ações
propriamente ditas são aquelas decorrentes das diretrizes e metas estabelecidas entre os
parceiros. São voltadas para a mitigação e prevenção nas áreas de saúde, educação e
segurança pública.

Monitoramento e avaliação envolvem o processo de acompanhamento e avaliação das


ações buscando com isso a realização de possíveis ajustes ao programa.

9.11.4. Fase de implantação

O programa deverá ser implantado a partir da fase de instalação do empreendimento, com


duração de, no mínimo, 02 anos após o início da fase de operação. Caberá ao
empreendedor desenvolver ações de sua implantação.

9.11.5. Parceiros potenciais

O empreendedor poderá estabelecer parcerias com organizações governamentais e não-


governamentais que atuam nas áreas de abrangência do programa.

9.11.6. Produtos

Para registro das atividades e resultados parciais deverão ser emitidos relatórios anuais, onde
deverão constar os problemas detectados e as medidas de correção tomadas para sua solução.

Ao final do Programa será elaborado um relatório final de avaliação. Também serão


produzidos relatórios periódicos sobre o acompanhamento socioeconômico que deverão ser
enviados à agência ambiental.

9.11.7. Recursos humanos

A implantação do programa deverá contar, minimamente, com um profissional de


comunicação social, sociólogo ou assistente social.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


360
9.12. PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS E
COMUNIDADE BENTÔNICA

9.12.1. Objetivo Geral

Verificar os efeitos do empreendimento sobre a qualidade ambiental dos córregos São


Pedro e Ponte Furada e nos ribeirões da Cachoeira e das Bocainas.

9.12.2. Objetivos Específicos

a) Avaliar os impactos negativos decorrentes das ações do empreendimento sobre a


qualidade da água e sobre a comunidade bentônica;
b) Monitorar as variações na qualidade da água e na estrutura da comunidade bentônica,
face às medidas de conservação que serão adotadas.

9.12.3. Metodologia

9.12.3.1. PONTOS AMOSTRAIS

Serão quatro pontos amostrais estabelecidos no EIA, localizados nos córregos São Pedro e
Ponte Furada e nos ribeirões da Cachoeira e das Bocainas:

Ponto 1 Ribeirão da Cachoeira 22 k (0708410/8078263 UTM)


Ponto 2 Córrego São Pedro 22 k (0699872/8085092 UTM)
Ponto 3 Córrego da Ponte Furada 22 k (0694796/8074902 UTM)
Ponto 4 Ribeirão das Bocainas 22 k (06965582/8077401 UTM)

9.12.3.2. VARIÁVEIS AMBIENTAIS

Para realização deste programa de monitoramento deverão ser realizadas as análises de 17


variáveis ambientais, procurando caracterizar a qualidade da água em cada ponto.

Item Variáveis Ambientais Item Variáveis Ambientais


1 Cloretos 10 Sulfetos
2 Amônia 11 Turbidez
3 Nitrato 12 Sólidos dissolvidos totais
4 Nitrito 13 pH
5 Fosfato total 14 Oxigênio dissolvido
6 DBO5 15 Temperatura da água
7 DQO 16 Temperatura do ar
8 Óleos e graxas 17 Coliformes totais e termotolerantes
9 Surfactantes

DESTILARIA BOCAINA - EIA


361
As coletas, preservação e análise das amostras deverão ser efetuadas de acordo com as
normas técnicas determinadas pela ABNT NBR 9898/1987 e pelo Standard Methods For
The Examination Of Water and Wastewater (APHA, 1995).

9.12.3.3. COMUNIDADE DE INVERTEBRADOS BENTÔNICOS

A comunidade de invertebrados bentônicos deverá ser monitorada nos mesmos pontos


onde será feita a amostragem de água. Para a realização das coletas, deverão ser utilizados
amostradores apropriados, fazendo-se três réplicas em cada ponto amostral.

As amostras serão fixadas com formol e levadas ao laboratório, onde serão feitas a lavagem
e a triagem do material. Logo após, os organismos serão identificados e contados. De posse
desses dados, serão feitas comparações entre os pontos amostrais e entre os diferentes
períodos, procurando avaliar as modificações na estrutura da comunidade de durante e de
após a implantação do projeto.

9.12.3.4. FREQÜÊNCIA DE AMOSTRAGEM

No primeiro ano da execução do programa, a amostragem deverá ser realizada com


freqüência semestral, abrangendo a variação sazonal das características ambientais. No
segundo ano, as amostragens deverão seguir freqüência anual. Após esse período, o
programa deverá ser reavaliado, podendo ser modificadas a quantidade de pontos e a
freqüência de amostragens, de acordo com a avaliação dos técnicos envolvidos.

9.12.4. Produtos

Os resultados obtidos neste programa de monitoramento serão utilizados para confecção de


relatórios: um relatório parcial entregue no término da análise dos dados em cada campanha
de amostragem, e um relatório anual, que será encaminhado para a Agência Ambiental.

9.12.5. Responsável pelo programa

Empreendedor.

9.13. PROGRAMA DE MANEJO E MONITORAMENTO DE FLORA TERRESTRE

9.13.1. Objetivo Geral

O objetivo do presente plano é monitorar as atividades de desmatamento e recuperação de


áreas degradadas contíguas às atividades do futuro empreendimento presentes na área.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


362
Como forma de monitorar a qualidade ambiental, que está sendo analisada no EIA-RIMA, o
presente plano objetiva melhorar a qualidade ambiental e a degradação ambiental em áreas
onde ocorreram a supressão florística, com os presentes monitoramentos adequados
indicando as possibilidades de melhoria da biota local e no entorno.

9.13.2. Objetivos Especificos

O objetivo específico desse programa é o controle dos desmatamentos e a recuperação de


áreas próprias que sofreram processo de degradação local e no entorno do futuro
empreendimento, ficando sujeitas à recuperação ambiental.

Como objetivo específico, portanto, pode-se considerar o monitoramento de toda área do


entorno das APPs dos córregos afluentes do rio Meia Ponte na área de influência do
empreendimento e criação de áreas de Reserva Legal, com a função de indicar as
ocorrências e ainda propor medidas corretivas, quanto aos aspectos de desmatamentos
desnecessários caso houver, e áreas de degradação ambiental.

9.13.3. Justificativa

O Programa envolve as ações relacionadas à mitigação dos impactos de áreas que


sofreram supressão da vegetação, à composição das novas APPs das microbacias dos
córregos citados, assim como os córregos amostrados na área em questão visando a
restauração dos corredores ecológicos, à condição dos ambientes ripários, a recuperação
das reservas legais e à manutenção da variabilidade genética das comunidades suprimidas.
É necessária também para o planejamento adequado, a sua integração ao salvamento
arqueológico, caso haja, e para a compensação ambiental.

9.13.4. Metodologia Geral

A metodologia geral em relação à esse tipo de impacto na vegetação deve merecer uma
importância em relação aos métodos utilizados e a escolha adequada da recuperação
ambiental das áreas que sofreram o processo de desmatamento.

9.13.5. Metodologia Especifica

A ação de recuperação, cuja intensidade depende do grau de interferência havida na área,


pode ser realizada através de métodos edáficos (medidas de sistematização de terreno) e
vegetativos (restabelecimento da cobertura vegetal). A seguir a metodologia básica a ser
utilizada, indicando os níveis de recuperação ambiental concomitantemente às atividades de
implantação e operação do futuro empreendimento.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
363
Os possíveis níveis de recuperação da área em questão, podem se dividir em:

a) Nível básico - prevenção de efeitos maléficos para a área ao redor da área industrial (AII)
e na área industrial (AID), porém sem medidas para recuperação do local degradado;

b) Nível parcial - recuperação da área a ponto de habilitá-la para algum uso, mas
deixando-a ainda bastante modificada em relação a seu estado original;
c) Recuperação completa - restauração das condições originais do local (especialmente
topografia e vegetação) e principalmente da instauração dos corredores dispersosres
de fauna.

Recuperação que supera o estado original da paisagem antes da implantação de lavouras e


pastagens. Em certos casos, o empenho em recuperar uma área já degradada resulta em
melhoramento da estética do local em relação ao estado original.

Através de levantamentos por imagens e fotografias aéreas da área, pode-se estabelecer


áreas potenciais passíveis de recuperação em APPs e áreas de Reserva Legal (RL) que se
encontram descaracterizadas e sem conectividade para formação dos corredores
ecológicos. Os desmatamentos, na região e na área especificamente, ocorreram em
períodos anteriores, como já foi exposto no diagnóstico, em áreas de APP que são às vezes
inexistentes e áreas de reserva legal degradadas, portanto, devem ser levantadas todas
essas áreas tanto em APPs e Áreas de Reserva Legal, pois encontram-se clareiras em seus
interiores e deverão estabelecer um mínimo de conectividade entre si estabelecendo
corredores de dispersão da fauna silvestre, através do reflorestamento proposto.

Será importante a utilização de um viveiro para formação de novas mudas a partir do


germoplasma colhidos nos fragmentos remanescentes na AID, a biomassa fina poderá ser
aproveitada como substrato após estabilização. No inventário, deverá ser feito a coleta de
sementes, mudas ou propágulos para preservação e reprodução do material genético em
viveiro, permitindo a conservação ex-situ da flora que já foi suprimida.

O material resgatado poderá ser replantado nas áreas previstas pelo projeto como nas
áreas de APP e Reserva Legal (RL). Na APP a ser reflorestada deve ser avaliada a
topografia local, de forma a que se selecionem espécies de maior resistência à umidade a
serem plantadas em áreas planas (que deverão formar bacias de acumulação) e espécies
mais adequadas a solos mais drenados, em topografias mais declivosas, onde a umidade
do solo não se acumulará. Tanto as áreas recuperadas em áreas de Reserva Legal (RL)
como as áreas formadas pela APP deverão ser anualmente monitoradas para registro de
transformações.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


364
9.13.5.1. ETAPAS DA RECUPERAÇÃO

As etapas de recuperação envolvem: o pré - planejamento, o estabelecimento de objetivos a


curto e a longo prazo, a remoção da vegetação, obras de engenharia na recuperação, o
manejo de solo orgânico, a preparação do local para plantio, a seleção de espécies e a
propagação, plantio e o manejo da área.

9.13.5.1.1. Pré - Planejamento

O pré-planejamento é essencial em recuperação, pois permite a identificação de área


problemática antes que apareça. O pré-planejamento pode assumir várias formas, e a
legislação exige o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA) e o Plano de Recuperação.

9.13.5.1.2. Estabelecimento de Objetivos a Curto e em Longo Prazo

Os objetivos da recuperação são em parte muito importante no processo de planejamento, e


devem ser explicitamente declarados no plano de recuperação, pois definem o produto que
deve ser obtido.

9.13.5.1.3. Monitoramento

O monitoramento para estabelecimento dos locais desmatados e recuperação das áreas


degradadas segue-se através das etapas de recuperação à seguir:

• Seleção de Espécies de Plantas

A escolha de espécies para utilização em recuperação de áreas degradadas deve ter como ponto
de partida estudos da composição florística da vegetação remanescente da região. As espécies
pioneiras e secundárias iniciais deverão ter prioridade na primeira fase da seleção de espécies.
Podem-se buscar três opções que poderão ser utilizadas isoladamente ou em conjunto:

a) Utilização de espécies florestais para aplicação no modelo de sucessão secundária;

b) Espécies florestais para formação de povoamentos puros;

c) Utilização de espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas. O ponto de maior


importância a ser considerado com relação ao revestimento vegetal de áreas de APP
e Reserva Legal que geralmente são caracterizadas pelo cerrado “strictu sensu” e
matas de galeria, é a sobrevivência das plantas nas condições extremamente

DESTILARIA BOCAINA - EIA


365
adversas do local. A escolha da espécie deve considerar: valor econômico potencial
da espécie; a influência da planta sobre a fertilidade do solo; a utilidade da planta
como abrigo e alimento para fauna; e o efeito estético.

Espécies nativas devem ter preferência sobre as introduzidas. Essas últimas, em geral,
criam problemas em algum ponto do futuro, como, por exemplo, a susceptibilidade a
doenças ou a insetos, a exclusão de outra vegetação desejável, inibição do ciclo de
nutrientes, susceptibilidade ao fogo, exclusão da fauna, uso excessivo de água, interrupção
e supressão de interação biológica, etc.

As espécies lenhosas usadas na recuperação proposta são predominantemente árvores


nativas. As espécies listadas nos quadros à seguir serão algumas utilizadas:

Quadro 88. Espécies ultilizadas para reflorestamento em fragmentos de RL:


Espécies Nome Vulgar Família
Luehea paniculata Açoita-cavalo Tiliaceae
Lithraea moleoides Aroeirinha Anacardiaceae
Caryocar brasiliensis Pequi Caryocaraceae
Connarus suberosus Brinco Connaraceae
Lithraea brasiliensis Aroeira Anacardiaceae
Eryotheca grasibilis Paina-do-campo Bombacaceae
Casearia sylvestris Chifre-de-veado Flacourtiaceae
Cordia glabrata Claraíba Boraginaceae
Bowdichia virgilioides Sucupira-preta Leguminosae
Dimorphandra mollis Faveiro Leguminosae
Terminalia argentea Capitão-do-campo Combretaceae
Curatella americana Lixeira Dillenaceae
Alibertia edulis Marmelada-de-cachorro Rubiaceae
Bauhinia sp Pata-de-vaca Leguminosae
Andira cuiabensis Angelim-de-morcego Leguminosae
Aegiphila sellowiana Macieira-branca Verbenaceae
Astronium fraxinifolium Gonçalo-alves Anacardiaceae
Aspidosperma sp Peroba-branca Apocynaceae
Diospyros híspida Olho-de-boi Ebenaceae
Brosimum gaudichaudii Mamacadela Moraceae
Tabebuia ochraceae Ipê-do-cerrado Bignoniaceae
Kielmeyera marauensis Pau-santo Guttiferae
Machaerium acutifolium Jacarandá-do-campo Leguminosae
Couepia grandiflora Fruta-de-ema Chrysobalanaceae
Byrsonima coccolobifolia Murici-folha-lisa Malpighiaceae
Myrcia fallax Murta Myrtaceae
Striphnodendron adstringens Barbatimão Leguminosae
Byrsonima crassa Murici-do-campo Malpighiaceae
Bauhinia spp Pata-de-vaca Leguminosae
Psidium myrcinoides Goiabinha-do-campo Myrtaceae

DESTILARIA BOCAINA - EIA


366
Quadro 89. Espécies da mata ciliar indicadas para reflorestamento em APP:
Espécies Nome Vulgar Família
Cecropia pachystachya Embaúba Cecropiaceae
Tapirira guianensis Pau-pombo Anacardiaceae
Dialium guianense Pororoca Leguminosae
Alibertia edulis Marmelada-de-cachorro Rubiaceae
Zanthoxillum rhoifolium Mamica-de-porca Rutaceae
Psidium myrcinoides Goiabinha-do-campo Myrtaceae
Ramnidium eleocarpum Cabriteiro Rhamnaceae
Fícus enormis Figueira Moraceae
Smillax sp Japecanga Liliaceae
Syagrus flexuosa Licuri Palmae
Inga marginata Ingá-mirin Ingeae
Croton urucurana Sangra d’água Euphorbiaceae
Ficus hispida Gameleira-branca Moraceae
Soraceae sp Falsa-espinheira-santa Moraceae
Calyptranthes concinna Guamirin-faxo Myrtaceae
Mauritia flexuosa Buriti Palmae
Hirtella martiana Sessenta-galha Chrysobalanacea
Siparuna guianensis Limão-bravo Monimiaceae
Tabebuia roseo-alba Ipê-branco Bignoniaceae
Tabebuia ochracea Ipê-do-cerrado Bignoniaceae
Dyocra glabra Mucuna Fabaceae
Dendropanax cuneatum Maria-mole Araliaceae
Cythalexyllum myrianthum Pombeiro Verbenaceae
Astronium fraxinifolium Gonçalo-alves Anacardiaceae
Bauhinia spp Pata-de-vaca Leguminosae
Diospyros híspida Olho-de-boi Ebenaceae
Casearia silvestris Chifre-de-veado Flacourtiaceae

É preciso considerar a importância das leguminosas lenhosas e herbáceas na seleção de


espécies, em virtude da possibilidade de fixar o nitrogênio da atmosfera. Exemplos de
leguminosas de verão: milheto e mucuna-preta; leguminosas de inverno: aveia preta e
ervilhaca. Grande parte dessas espécies apresenta elevada produção de biomassa com
significativo aporte de folhas ao solo, proporcionando assim rápida formação de litter e,
conseqüentemente, intensa ciclagem de nutrientes.

A fauna deve ser considerada quando se selecionam espécies de plantas para recuperação.
A recuperação não deve somente empenhar-se em estabelecer o habitat faunístico, mas
atrair a fauna para os locais recuperados, com o propósito de incrementar a diversidade de
espécies de plantas.

• Propagação de Espécies

A propagação de espécies refere-se ao crescimento de espécies lenhosas em um viveiro


para plantio posterior em áreas a serem recuperadas. A altura média das mudas deve ser
de 50 cm. Plantam-se mudas maiores quando há competição grave de gramíneas ou
quando pode haver danos por animais ou pelo próprio homem.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


367
A mistura mais usada nos viveiros para preencher os saquinhos é a seguinte: solo vegetal
enriquecido com material como esterco, húmus de minhoca, serragem, vegetação,
vegetação morta e uma camada de terriço da floresta. Todos os viveiros aplicam nitrogênio,
fósforo e potássio à mistura de solo e alguns adicionam uma mistura de micronutrientes.

• Plantio

Usa-se em recuperação duas técnicas básicas de cultivo: semeadura ou plantio de mudas.


A escolha do método depende de fatores como a natureza da área a ser semeada, o
tamanho e a capacidade germinativa das sementes e as características de propagação de
espécies individuais.

A semeadura pode ser feita a lanço ou por hidrossemeadura. Em vez de enterrar sementes
em sulcos, a semeadura a lanço as deixa exposta na superfície do local, exigindo a
colocação de uma cobertura de solo. A hidrossemeadura é uma técnica mecanizada,
semelhante à semeadura a lanço. O aparelho utilizado consta de um tanque, de uma
bomba, de agulheta e motor. A mistura de sementes, água e fertilizantes pode ser lançada a
uma distância de 60 metros. As vantagens da hidrossemeadura são: capacidade de cobrir
áreas inacessíveis (declives íngremes, por exemplo), rapidez e economia.

Em geral, é melhor plantar as gramíneas um pouco antes da época chuvosa, quando se


pode contar com a precipitação. Uma cobertura de gramíneas pode também ser obtida por
meios vegetativos, usando placas de grama ou estolões. Mas são medidas extremamente
onerosas.

O plantio de mudas envolve em primeiro lugar a escavação de uma cova, o espaçamento


médio deve ser de aproximadamente 3 x 3 metros. O espaçamento depende das espécies
selecionadas e do uso futuro escolhido do solo. As plantações de árvores nativas têm
espaçamento mais amplo.

A prática do plantio de árvores juntamente com gramíneas é recomendada, uma vez que as
gramíneas asseguram uma boa proteção do solo, enquanto as árvores estão crescendo.

• Manejo da Área após o Plantio

As seguintes medidas devem ser implantadas para assegurar a sobrevivência e o


crescimento da vegetação e melhorar a estética do local recuperado:

d) Plantar para enriquecer a diversidade de espécies ;

DESTILARIA BOCAINA - EIA


368
e) Desbaste ;
f) Controlar a invasão de ervas;
g) Erosão ;
h) Repelir roedores ou outros consumidores de sementes e plantas na fase de
implantação das áreas de recuperação ;
i) Irrigar o local quando necessário;
j) Corrigir a acidez do local e suplementar suas necessidades com fertilizantes
k) Cercar a área ameaçada por animais de grande porte;
l) Inspecionar as plantações para evitar o ataque de pragas e tomar as medidas
necessárias a cada caso;
m) Proteger a área contra o fogo descontrolado.

Após a revegetação com gramíneas e/ou árvores, um segundo plantio é planejado, em que
a mistura e a diversidade de espécies deverão ser aumentadas, criando-se uma
comunidade vegetativa mais permanente. Em áreas recentes de recuperação deve se evitar
o pastoreio, até que a vegetação possa tolerar tal uso.

As técnicas de controle e de incêndios incluem aceiros, remoção de vegetação de alto risco


(particularmente o capim-gordura) e educação ambiental para seus efeitos danosos.

A erosão pode ser controlada fazendo-se uma escavação manual para restabelecer a
drenagem adequada, seguida pelo enchimento do sulco da erosão e seu plantio. As
formigas cortadeiras são controladas com veneno. O controle de ervas daninhas deve ser
feito enquanto as mudas das árvores são muito pequenas, não necessitando mais fazê-lo
após o crescimento.

9.13.6. Cronograma

A recuperação das áreas desmatadas e degradadas, deverão ser efetuadas os programas


inerentes às fases de operação das atividades da usina. É de extrema importância e necessária
a assistência de técnicos especializados para a realização e execução do programa.

9.13.7. Fase de aplicação

O Programa deverá ser implantado nas fases de implantação e operação do


empreendimento, em caráter permanente.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


369
9.13.8. Parceiros potenciais

São parceiros potenciais do Programa o empreendedor, as ONGs atuantes na região e


centros de pesquisa técnico-científica.

9.13.9. Produtos

Banco de germoplasma, que poderá ser reimplantado nas áreas de APPs adjacentes e
Áreas de Reserva Legal na AID, com monitoramento periódico.

9.14.PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA FAUNA E ORGANISMOS AQUÁTICOS

Muitas espécies de anfíbios, répteis, aves, mamíferos, peixes e invertebrados têm estreita
fidelidade aos seus respectivos habitats e dependem diretamente de condições ambientais
favoráveis para atividade de forrageio, reprodução e mesmo sobrevivência. Particularmente
os anfíbios, por sua pele permeável, ciclo de vida complexo e forte dependência de água
para reprodução, são bastante sensíveis a alterações dos habitas e/ou microclímas onde
vivem, tendo sido sugeridos como potenciais indicadores de qualidade e degradação
ambiental. Também a facilidade de amostragem faz destes animais objetos apropriados
para estudos e programas de monitoramento de habitas naturais ou que sofreram o impacto
e necessitem medir a eficiência de medidas mitigadoras e de reabilitação.

O monitoramento ira permitir a investigação da dinâmica da riqueza e freqüência, além do


acompanhamento de atividades reprodutivas da fauna. Somente assim, será possível
investigar os padrões naturais dos usos locais, perdas ou crescimentos populacionais
observados ao longo dos anos, e outros parâmetros a contribuírem na geração de
subsídios, direcionados à aplicação da Gestão Ambiental.

9.14.1. Objetivos

- Realizar levantamentos/monitoramento da biota em diferentes setores da área


diretamente afetada e áreas destinadas à preservação incluindo cursos hídricos;

- Analisar os dados quali-quantitativos obtidos nestes locais, relacionando a estrutura


das comunidades da biota à estrutura ecológica dos ambientes e da paisagem
estudada;

- Realizar censos terrestres, analisar os dados quali-quantitativos e de estrutura de


comunidades obtidos;

DESTILARIA BOCAINA - EIA


370
- Investigar a dinâmica de repovoamento da biota na área impactada, em diferentes
estações climáticas;

- Investigar a distribuição e status de abundância de espécies da fauna endêmicas e


raras;

- Propor estratégia de manejo a serem adotadas para a recuperação e conservação


da biodiversidade da fauna, principalmente para as espécies endêmicas e com
potencial cinegético (caça);

- Avaliar os impactos reais ocorrentes nas diferentes etapas do empreendimento.

9.14.2. Sub-Programa Levantamento e Monitoramento da Fauna e Organismos


Aquáticos

9.14.2.1. JUSTIFICATIVA

O monitoramento da fauna e organismos aquáticos, nestes casos, tornam-se fundamentais


para que, além de aumentar o conhecimento, possam ser acompanhadas as comunidades
de vertebrados terrestres, frente à implantação e operação nas possíveis alterações
ambientais. O entendimento desta riqueza e sua estrutura garantem a identificação de
estratégias para a conservação da diversidade.

9.14.2.2. METODOLOGIA

O programa deverá seguir os métodos de amostragem aplicados para cada táxon (Peixes,
Anfíbios, Répteis, Aves e Mamíferos e Organismos Aquáticos), na obtenção das
informações quali-quantitativas da estrutura destas comunidades, com início na implantação
do empreendimento e até 3 anos de operação.

9.14.3. Sub-Programa Levantamento da Ocupação e Uso da Fauna Silvestre das Áreas


Plantadas

9.14.3.1. OBJETIVO

O programa de levantamento da ocupação e uso da fauna de vertebrados silvestres nas


áreas plantadas com cana-de-açúcar, tem como objetivo caracterizar as espécies ou
populações ou comunidades que recolonizaram estes novos ambientes e fornecer dados
para o planejamento do salvamento destas quando ocorrer a queimada ou mecanização na
supressão da cana.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


371
9.14.3.2. METODOLOGIA

O programa deverá seguir os métodos de amostragem aplicados para cada táxon (Anfíbios,
Répteis, Aves, Mamíferos e Insetos), na obtenção das informações quali-quantitativas da
recolonização destes ambientes, com um esforço amostral de 120 horas bimestralmente (de
dois em dois meses) e com início no plantio da cana até seu corte. Esse programa deverá
ocorrer durante toda etapa de operação.

É primordial dar ênfase as espécies ameaçadas de extinção

9.14.4. Sub-Programa Levantamento e Monitoramento da Fauna de Vertebrados


Atropelados

9.14.4.1. OBJETIVO

O programa de levantamento e monitoramento da fauna de vertebrados atropelados nas


vias de acesso à indústria e plantio tem como objetivo diminuir a ação da circulação de
veículos sobre a fauna, quantificar e identificar as espécies potenciais e ou sítios críticos
para subsidiar ações que possam reduzir os atropelamentos, como redutores de velocidade,
sinalização e melhor traçado do acesso.

9.14.4.2. METODOLOGIA

O programa deverá seguir o método de censos de carro percorrendo os acessos com fluxo
de veículos. A fauna morta por atropelamento deverá ser identificada, mensurada,
fotografada, com sua posição georeferenciada e quando possível coletada, fixada e
conservada em tambores para aproveitamento científico do material. Este programa deverá
ocorrer continuamente durante todas as etapas da implantação e operação.

É primordial dar ênfase as espécies ameaçadas de extinção.

9.14.5. Subprograma de Reconhecimento e Afugentamento da Fauna de Vertebrados


Silvestre na Colheita da Cana

9.14.5.1. OBJETIVOS

O subprograma de reconhecimento e afugentamento da fauna de vertebrados silvestres nas


áreas de colheita mecanizada tem como objetivo reconhecer a fauna e propor métodos de
afugentamento e ou condução da fauna afetada pela supressão da cana. Este subprograma

DESTILARIA BOCAINA - EIA


372
será subsidiado pelo programa de levantamento da ocupação e uso da fauna de
vertebrados silvestres nas áreas plantadas que indicará os canaviais com recolonização.
Devendo destacar:

a) conhecer o efeito da colheita da cana sobre a fauna;


b) testar métodos que garantam o afugentamento e ou condução da fauna ocupante;
c) reduzir os atropelamentos sobre a fauna ocupante.

9.14.5.2. METODOLOGIA

O subprograma programa deverá acompanhar o processo de colheita da cana e realizar o


levantamento da fauna afetada em fuga e ou morta, sendo que esta última deverá ser
identificada, mensurada, fotografada e quando possível coletada, fixada e conservada em
tambores para aproveitamento científico do material. Este subprograma deverá ocorrer
continuamente durante todas as etapas da colheita da cana.

9.14.6. Sub-Programa Informação Cuidado com Animais Peçonhentos

9.14.6.1. OBJETIVO

O programa informação cuidado com animais peçonhentos tem como objetivo, informar e
sensibilizar sobre os possíveis acidentes com serpentes venenosas, aranhas, lacraias e
escorpiões. Esses táxons podem recolonizar as áreas plantadas com cana.

9.14.6.2. METODOLOGIA

O programa deverá ocorrer com a capacitação de técnicos e várias palestras sobre


serpentes peçonhentas, sua identificação, comportamento biológico, cuidados e primeiros
socorros para todos trabalhadores do empreendimento. Este programa deverá ocorrer
continuamente durante todas as etapas da implantação e operação.

9.14.7. Sub-Programa Controle e implantação de normas internas

O programa de controle e implantação de normas internas enfatizando a segurança e o


meio ambiente tem como objetivo informar e orientar sobre as normas e legislações
existentes quanto à conduta de todas as atividades decorrentes a implantação e operação
do empreendimento, que devem ser seguidas e quando não as ações reprimidas.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


373
Estes programas consideram que a mitigação deverá ser desenvolvida ao longo das
diversas etapas da implantação do empreendimento.

9.14.8. Sub-Programa de Prevenção e Controle de Incêndios Florestais

9.14.8.1. JUSTIFICATIVA

A ação do fogo acidental e criminosa em áreas de domínios do bioma Cerrado, bem como
em áreas plantadas com cana de açúcar (canaviais) se constitui um importante agente
modificador da paisagem, com alterações físicas e bióticas, afetando principalmente a
estrutura e a composição da flora e fauna.

Em sua maioria, os incêndios e/ou queimadas que ocorrem nas mais diversas localidades
são intencionais, advindas de práticas incorretas ou ações simplesmente predatórias,
promovendo impactos importantes ao ambiente, tanto em áreas de vegetação natural
conservadas, quanto em paisagens de uso antrópico como as pastagens naturais e
plantadas.

Os canaviais muitas das vezes estão em contato próximo com as formações vegetais
naturais e podem corroborar com a propagação e intensificação do fogo, sugerindo assim
uma ação para minimizar e controlar possíveis focos ou incêndios principalmente nos
períodos críticos para a região que está entre os meses de julho a novembro pela ação das
queimadas.

9.14.8.2. OBJETIVOS

Propor estratégia de prevenção e controle dos focos e incêndios para a preservação das
áreas de paisagens naturais e ou canaviais na diminuição do seu impacto na fauna local.

9.14.8.3. METODOLOGIA

Proporcionar aos usuários da indústria, canaviais e seu entorno (fazendas vizinhas)


palestras sobre o fogo enfatizando o potencial de risco para o surgimento de incêndios
florestais a partir do surgimento de focos de fogo nos canaviais e outras áreas vizinhas.

O programa deverá criar uma brigada de incêndio promovendo o treinamento dos usuários e
garantir a infra-estrutura de apoio com a disponibilização de caminhão tanque, material de
abafamento do fogo, EPIs de segurança e outros. Este programa deverá ocorrer
continuamente durante todas as etapas da implantação e operação.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
374
9.14.9. Quadro Síntese dos Enfoques dos Subprogramas da Fauna

Fauna Grupo Taxonômico Sub-Programa Enfoque

Levantamento e Matas, Cerrado, Buritizais, Brejos


Anfíbios Comunidade de Anuros
monitoramento e Plantação
Comunidade de Informação sobre
Répteis Usina e áreas plantadas
Serpentes Peçonhentas prováveis acidentes
Comunidade de Aves e Levantamento e Matas, Cerrado, Buritizais, Brejos
Aves
Espécie Ameaçada monitoramento e Plantação
Comunidades de
Levantamento e Matas, Cerrado, Plantação e
Mamíferos Espécies Ameaçadas e
monitoramento Usina
Quirópteros
Da bacia do rio Meia Ponte:
córregos da Ponte Furada,
Comunidade de Peixes, Levantamento e Bocaininha, São Pedro e ribeirão
Organismos aquáticos
Perifíton e Bentos monitoramento das Bocainas. Da bacia do rio
Piracanjuba: ribeirão Morro
Agudo e córrego da Limeira
Comunidade de Levantamento da
Vertebrados e
Vertebrados e ocupação da fauna Plantação de cana
Invertebrados Geral
Entomofauna silvestre
Levantamento e
Comunidade de Vias de acesso, plantação de
Vertebrados Geral monitoramento de
Vertebrados cana e usina
atropelamentos
Salvamento e
Comunidade de
Vertebrados Geral monitoramento das Plantação de cana
Vertebrados
Queimadas

9.15. PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL DE TRANSPORTE

Uma característica marcante na produção de álcool, tendo como matéria prima a cana-de-
açúcar, é o seu transporte para a planta industrial, trabalho que é realizado de forma
ininterrupto no período da safra, representando um aumento significativo do trânsito no
trecho entre os canaviais e a área industrial.

Um ponto a ser destacado é o acesso à planta industrial que é o local de convergência do


transporte tanto da lavoura para a indústria quanto vice versa.

Outro fator constatado em outras regiões produtoras de cana é a queda de cana nas
estradas vicinais e nas rodovias durante o transporte, representando um transtorno para
usuários e para o meio ambiente.

Esse transporte pelas estradas vicinais, pelo seu volume, acarreta uma grande produção de
poeira que representa problemas para os proprietários rurais e usuários tanto em termos de
desconforto em sedes próximas às vias quanto em relação à segurança do trânsito com a
redução da visibilidade.

Para a redução e controle desses impactos ambientais faz-se necessário a implantação de


um Programa de Gestão Ambiental de Transporte.
DESTILARIA BOCAINA - EIA
375
O programa está estruturado em 03 (três) tópicos com recomendações específicas:

I - Recomendações para a interferência com o trânsito da GO-147 e da GO-470:

• Estabelecer uma escala de transporte de forma a não ocorrer grandes concentrações


de veículos transportadores de cana;

• Sinalizar todo o trecho utilizado das rodovias no transporte com placas de advertência,
em comum acordo com a AGETOP.

II - Recomendações para o controle da queda de cana do trajeto lavoura/indústria:

• Após o carregamento dos veículos, e antes desses seguirem viagem sentido a


indústria, todas as cargas e iluminação serão verificadas. Considerando que 100% da
colheita será mecanizada e que o transporte da cana picada é feito em caminhões
com laterais fechadas, não deverá ocorrer queda da cana no transporte. Pontos chave
de iluminação, tais como lanternas traseiras, laterais e faixas refletivas serão
constantemente averiguadas;

• Os motoristas canavieiros serão periodicamente avaliados quanto a sua qualidade de


serviço. Fatores como excesso de velocidade (controlado pela analise diária do
tacógrafo do veículo), limpeza dos pontos de iluminação do veículo serão
permanentemente foco das avaliações.

III - Recomendações para o controle de poeira nas estradas vicinais:

• O controle de poeira no percurso será realizado 24 h por dia por meio de um caminhão
pipa. Essa operação será ininterrupta, ou seja, ela acontecerá de forma constante, ao
longo dos dias de colheita nas estradas, onde o tráfego de veículos da empresa
estiver ocorrendo.

9.16. CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DOS PROGRAMAS AMBIENTAIS

O Quadro 90, a seguir, mostra o cronograma dos programas ambientais propostos (exceto
os de controle ambiental de implantação, paralização e operação), época de sua
implantação e vigência, o responsável pela implantação, os recursos humanos necessários
e os seus respectivos controles.

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376
Quadro 90. Cronograma de Implantação dos Programas Ambientais
FASE DE IMPLANTAÇÃO DURAÇÃO RESPONSÁVEL PRODUTOS
Programa RH
Planej Implant. Operação 2008 2009 2010 2011 Mais Empreend. Outros GERADOS
Programa de
Prospecção Arqueológica x 01 salvamento
Relatórios
Comunicação Social 02 semestrais
Ações de Aquisição de Produtos e Serviços em Relatórios
Piracanjuba
02 anuais
Recrutamento, Qualificação e Treinamento de Mão de Relatórios
Obra x 03 anuais
Relatórios
Monitoramento dos Indicadores Sócio-Econômicos x 04 anuais
Relatórios
Gestão de Transporte 02 anuais
Relatórios
Articulação Institucional 02 anuais
Relatórios
Monitoramento e Recuperação da Flora Terrestre 05 anuais

Responsabilidade Sócioambiental
x 04
Relatórios
anuais
Monitoramento da Qualidade das Águas e da x 02
Relatórios
Comunidade Bentônica anuais
Relatórios
Saúde e Segurança Ocupacional 05 Trimestrais

Monitoramento da Fauna e Organismos Aquáticos


x 02
Relatórios
anuais
LEGENDA DO CRONOGRAMA:
X = O empreendedor poderá estabelecer parcerias com entidades públicas e/ou não governamentais para a implantação do programa.
RH = Recursos Humanos:
01 = Equipe de arqueólogos contratados especificamente para o programa com no mínimo um arqueólogo sênior e dois técnicos, todos cadastrados no IPHAN.
02 = Equipe própria da empresa ou empresa contratada com no mínimo um técnico de nível superior, da área de meio ambiente, e dois auxiliares.
03 = Equipe própria da empresa ou empresa contratada com no mínimo um profissional especialista em RH de nível superior e mais um auxiliar, para gerenciar o programa e, de acordo com a necessidade, contratar
técnicos autônomos para ações específicas.
04 = Equipe própria da empresa ou empresa contratada com no mínimo um profissional especialista em sociologia ou assistência social.
05 = Equipe contratada para esse fim.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


377
10.COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

A compensação deverá considerar os impactos negativos não mitigáveis (Decreto nº 4.340,


de 22 de agosto de 2002). O enquadramento na conceituação de “empreendimento de
significativo impacto ambiental” deverá ser feito pela Agência Ambiental de Goiás.

De acordo com a Resolução CONAMA nº 002/96 e o Sistema Nacional de Unidades de


Conservação, SNUC, um montante dos recursos de 0,5% dos custos totais previstos para
implantação do empreendimento deverá ser aplicado em ações de compensação ambiental.

Neste sentido, recomenda-se o delineamento de iniciativas de apoio à recuperação


ambiental de unidades de conservação reconhecidas pelo SNUC, de cunho privado ou
público, existentes ou que possam vir a ser criadas.

Destaca-se que a efetivação de iniciativas com estes pressupostos deve preferivelmente


englobar um arranjo institucional com os poderes públicos, municipal e/ou estadual,
entidades da sociedade civil organizada que tenham atuação reconhecida no bioma
Cerrado, entidades de ensino superior e pesquisa e outros estabelecimentos agroindustriais
de grande porte, também instalados na região. Outras formas de compensação podem ser
feitas, pertinentes à instrumentalização da autoridade ambiental estadual para sua atuação
na região.

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378
11.CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O EIA e seu respectivo RIMA objetivou analisar ambientalmente a instalação da Destilaria


Bocaina, na zona rural do município de Piracanjuba, especificamente na fazenda Bocaina,
que produzirá álcool e energia a partir da cana-de-açúcar.

O diagnóstico da área de influência do empreendimento permitiu caracterizar os atributos


ambientais na condição atual de intenso uso agropecuário em especial pela pecuária e pela
soja.

Os estudos dos atributos ambientais do local constataram condições climáticas, tipo da


região com estações chuvosas e secas bem definidas e pequenas variações de
temperatura. O relevo, a topografia plana e os Latossolos que dominam o local indicaram
baixa susceptibilidade às erosões e as drenagens encontram-se com qualidade razoável.

O ecossistema local é típico das regiões de intenso uso agrícola, onde a flora e fauna
mantêm relações ecológicas principalmente nas áreas de reserva legal e nas faixas de
preservação permanente ao longo das drenagens.

De acordo com as metodologias adotadas para analisar a relação empreendimento e meio


ambiente, obteve-se a identificação de diversos impactos ambientais positivos e negativos.

Em relação aos impactos positivos a região será beneficiada socioambientalmente. O


empreendimento promoverá uma melhoria geral com elevação do nível de vida.

A análise dos impactos da instalação/operação do empreendimento indicou impactos de


média significância para o meio físico, de baixa significância para o meio biótico.

Quase todos os impactos ambientais são associáveis às medidas de mitigação ou


otimização. As Diretrizes Ambientais propõem procedimentos para áreas agrícolas próprias
e para a unidade industrial são reunidos em Recomendações ao Projeto Industrial.

Para o controle das medidas mitigadoras ou otimizadoras foram indicados os programas


ambientais, com destaque para o controle sócio-ambiental e de recursos humanos.

A conclusão dos estudos ambientais indica que o empreendimento é plenamente viável sob
o ponto de vista ambiental, nas características técnicas e alternativas locacionais
preconizadas, desde que sejam observadas as Diretrizes Ambientais para Áreas Agrícolas,
Recomendações ao Projeto Industrial e os Programas de Manejo e Monitoramento.

DESTILARIA BOCAINA - EIA


379
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