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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
A indústria da construção civil passa por um momento de intenso dinamismo e competição entre as
empresas do segmento. As crescentes exigências dos agentes sociais, da globalização econômica e das
estratégias empresariais têm ampliado a pressão pela implantação e integração da compatibilização de
projetos de forma a melhorar o desempenho técnico, a qualidade e o resultado dos novos processos e
produtos.
O gerenciamento de projetos - conjunto e aplicação de técnicas e práticas para administrar atividades não
rotineiras, com objetivos bem estabelecidos e recursos limitados - é importante em diversos segmentos.
Como parte deste estudo, a necessidade do aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão no processo e na
integração entre as atividades de projeto e execução permitem que as práticas da Engenharia Simultânea
sejam incorporadas ao setor de Construção Civil.
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Grande parte dos problemas vividos durante a obra é decorrente da falta de compatibilização entre
projetos inerentes e da falta de detalhamento dos mesmos. Comumente, os projetos não são contratados
de modo formal, com as considerações e premissas definidas, o que leva a interpretações distintas pelos
projetistas. Outro grande problema enfrentado é que as obras são iniciadas antes da conclusão dos
projetos executivos, o que pode gerar modificações durante a sua execução.
Para a sociedade, clientes e usuários, a melhoria é vista em edificações que atendam às expectativas,
incorporam os conceitos de construtibilidade, habitabilidade, manutenibilidade e sustentabilidade, além
de serem entregues em menores prazos.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
No início dos anos 80 foi iniciado um estudo pelo DefenseAdvancedResearch Project Agency(DARPA)
para aumentar o grau de paralelismo das atividades, reduzindo o ciclo de desenvolvimento dos produtos.
Tarefas que eram executadas apenas depois da conclusão e aprovação das atividades precedentes são
antecipadas, independentemente das entregas anteriores.
O estudo realizado pelo DARPA definiu Engenharia Simultânea (ES), também conhecida como
Engenharia Paralela, da seguinte forma:
A partir de então surgiram novos estudos e o conceito de Engenharia Simultânea tornou-se mais
abrangente. Pode ser incluído o consenso dos stakeholders envolvidos no desenvolvimento do projeto, a
utilização de recursos computacionais e a utilização de metodologias. Sobre ES, Finger4 (1993)
apudPrasad (1996) afirma que “Engenharia Simultânea é a integração do projeto do produto e do
processo em toda a empresa”.
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Dentre os fundamentos da Engenharia Simultânea é importante destacar que as etapas do projeto devem
ser realizadas paralelamente, conforme FIG. 6, ao invés de ocorrer de forma sequenciada e que as
mudanças, quando necessárias, devem acontecer o quanto antes, o que torna o processo mais rápido,
vantajoso e econômico.
Pode-se dizer que a Engenharia Simultânea é uma evolução da Engenharia sequencial, capaz de antecipar
a detecção de problemas. “A ES concentra as tendências de forma coerente e substitui as melhorias em
pequenas doses por ganhos em todos os aspectos do produto.” (HARTLEY, 1998)
Hartley (1998) afirma ainda que “um princípio importante da Engenharia Simultânea é que a qualidade se
introduz no projeto desde o começo, erradicando quaisquer características que possam ser adversamente
afetadas por variações na produção”, e complementa que não é possível passar a responsabilidade pela
qualidade. Cada pessoa é o próprio responsável.
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No arranjo da equipe multidisciplinar, ilustrado na FIG. 07, há a presença do Coordenador de Projeto, que
tem o papel de interagir com todos os intervenientes do processo e coordenar todas as atividades,
associando áreas de interesse e buscando soluções integradas. Estão presentes nas equipes: os projetistas
do processo, fornecedores, pessoas da produção, controle de qualidade, marketing, vendas, assistência
técnica, clientes e usuários.
Figura 2 - Representação esquemática das interações entre os principais participantes de uma equipe
multidisciplinar genérica de ES
A adoção de uma gestão simultânea permite que os membros da equipe tenham a seu dispor todas as
informações sobre o projeto e interagem, planejando simultânea e coordenadamente, diferentes aspectos
do novo produto. Para Hartley (1998), a força de trabalho, equipe, deve se dedicar integralmente e
permanecer unida durante todo o projeto (com poucas ou sem substituição de seus membros).
Para Fabrício (2002), no setor da construção a maioria dos profissionais envolvidos no desenvolvimento
do projeto é terceirizada, pertencentes a diferentes empresas especializadas na prestação de serviço e
participam de apenas algumas fases do empreendimento. A mobilização temporária é potencialmente
mais complexa, sendo difícil a manutenção de um ambiente de cooperação, confiança e respeito mútuo
entre os agentes da construção.
Segundo Grilo, a falta de integração entre o projeto e a produção na Construção Civil, aliada à ausência
de metodologias para a gestão da qualidade durante o desenvolvimento do projeto, pode ser considerada o
ponto de origem de uma parcela considerável dos problemas com relação à qualidade existentes no setor
de projetos.
Dentre as particularidades das empresas de projeto de edificação que dificultam o sucesso da equipe
multidisciplinar destacam-se que o desenvolvimento de um projeto pode ser iniciado e interrompido
momentaneamente em função de outros empreendimentos com cronograma mais apertado e que os
projetistas prestam serviços a mais de um contratante ao mesmo tempo, estando envolvidos
simultaneamente em diferentes projetos.
Importante ressaltar que como o projeto é organizado e gerido de maneira singular, cada equipe e
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Segundo Porter (1989), uma empresa que prosperar e se destacar no mercado deve implementar e
desenvolver uma das seguintes estratégias competitivas genéricas: competição por preço (conseguir
fornecer um produto ou serviço básico pelo menor preço de mercado), diferenciação (desenvolver um
produto que apresente algum diferencial valorizado pelos clientes: qualidade ou desempenho superior,
introdução de uma inovação e de novas funções, etc.) e estratégia de foco (consiste em desenvolver um
produto ou serviço especialmente voltado para um determinado nicho de mercado).
O conceito de Engenharia Simultânea foi desenvolvido inicialmente para o setor industrial, e para
Fabrício (2002), a primeira dificuldade é aplicar sua filosofia na gestão do processo de desenvolvimento e
projeto de edifícios, onde a cultura, estruturas produtivas e desafios competitivos são notadamente
diferentes.
Para tanto, é necessário analisar as características comuns e as divergentes no ambiente e nos objetivos da
indústria de produção seriada (origem da ES) e da indústria de construção. Posteriormente, deve-se
encontrar um modelo próprio que, mesmo inspirado nas práticas colaborativas mais modernas usadas na
ES em outras indústrias, contemple as particularidades e as necessidades específicas da indústria da
construção de edifícios.
Fabrício (2002) defende ainda, que na construção os processos de projeto acontecem de forma pouco
sistematizada e são fragmentados em diversos subprocessos independentes, enquanto na indústria, o
desenvolvimento de um novo produto abrange pesquisas de mercado e identificação de oportunidades de
negócios, passa pela formulação das estratégias de marketing, programas de necessidades e pela
realização dos projetos que caracterizam e especificam o produto, até o desenvolvimento do processo,
envolvendo, às vezes, a fabricação de protótipos e simulação do desempenho do produto e do processo.
Além disso, os empreendimentos da Construção Civil são desenvolvidos baseados nos padrões
tradicionais e não aplicam inovações, contrariando as séries industriais, que fazem elevados investimentos
financeiros e mobilizam equipes em tempo integral. Uma das justificativas para a situação é que os
recursos mobilizados no projeto da construção têm que ser amortizados em um número bastante restrito
de unidades de produto.
Mesmo com as diferenças, para Tahon (1997) apud Fabrício (2002), “os fatores genéricos de evolução
dos processos produtivos e de projetos são os mesmos para a indústria seriada e de construção”. A
divergência acontece na forma de percepção e influência dos fatores em cada organização, que varia com
a cultura de cada uma. Tanto a indústria como a construção procuram aumentar a produtividade, diminuir
os prazos de concepção e execução, estender a qualidade e reduzir custos dos produtos e processos.
A Engenharia Simultânea pode ser adotada com a intenção de: ampliar a qualidade do projeto e, por
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conseguinte, do produto; aumentar a sua construtibilidade; reduzir os prazos globais de execução; integrar
os agentes envolvidos no processo e auxiliar na introdução de novas tecnologias e métodos no processo
de produção de edifícios.
Especialistas afirmam que o sinal mais visível da ES é o trabalho em equipe. Entretanto, sua adoção pode
gerar resistências e conflitos, pois os chefes funcionais devem compartilhar autoridade com o líder em
favor das equipes. Em grandes empresas, onde os cargos são bem definidos, sua implantação exige
treinamento dos recursos humanos, inicialmente para a sensibilização da abordagem e posteriormente no
adestramento das técnicas requeridas.
Segundo Lugli&Naveiro (1996) apud Júnior (2003), “a chave para implementação da Engenharia
Simultânea é alcançar o mais cedo possível a integração do conhecimento prático da empresa na atividade
de projetar um produto”.
Júnior (2003) menciona também que os principais elementos considerados para implantação da filosofia
de Projeto Simultâneo na construção de edifícios são:
- transformação cultural e valorização das parcerias entre os agentes do projeto – abrir canais
de participação dos fornecedores de materiais e serviços para um ambiente de geração
simultânea;
No âmbito da Gestão da Qualidade, todos os agentes são responsáveis pela qualidade da sua etapa no
processo e pelo atendimento das necessidades dos clientes (internos e externos), sendo co-responsáveis
pela qualidade dos produtos fabricados. Assim, a qualidade é considerada durante a concepção do produto
e ao longo da sua produção e uso.
No que se refere aos princípios do Grupo de Projeto, que consiste em concentrar nos aspectos
organizacionais e culturais relacionados ao ato de projetar, a prática de desenvolvimento da Engenharia
Simultânea requer:
- esforçar-se por fazer certo na primeira vez, o que na prática exige conceituar o projeto
corretamente desde o início, considerando as necessidades de cada etapa e prevendo as
discrepâncias futuras;
- realizar as tarefas de forma simultânea, superpondo atividades que antes seriam realizadas
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Para que a implementação da ES seja bem sucedida, alguns fatores chaves devem ser atendidos, como:
Para Vargas (2008), a implantação da Engenharia Simultânea deve obedecer às seguintes diretrizes:
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- revisão dos critérios para contratação de empresas e profissionais: dirigir o "foco" da busca
por prestadores de serviço adequados, do ponto de vista do prazo e da qualidade. É
necessário recriar os processos e redefinir as responsabilidades entre as unidades gestoras do
processo e usar sistematicamente de informações como base para adotar procedimentos mais
sofisticados de identificação e seleção de prestadores de serviço de forma a minimizar as
chances de insucesso e seus impactos negativos sobre toda a operação, criando critérios de
seleção a partir dos quais os potenciais prestadores de serviço serão avaliados, tais como
porte, áreas de atuação, experiências e competências necessárias, dentre outros;
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De acordo com Borsato (2001a) apud Júnior (2003), há sete agentes capazes de influenciar a Engenharia
Simultânea (ver FIG.9):
- talento – recurso humano qualificado. O profissional deve estar preparado tanto para a
ciência da engenharia quanto possuir as habilidades necessárias para executar o cargo de
engenheiro;
- tempo – necessário adotar políticas que permitam uma resposta mais rápida para as
questões pautadas no projeto, de forma que o processo e suas tarefas relacionadas sigam em
frente. O projeto tem o objetivo de cumprir metas estabelecidas dentro de parâmetros de
custo, tempo e qualidade;
Para tanto, torna-se necessário buscar, com o apoio dos gerentes administrativos, novas metodologias e
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2.4.3 Benefícios
- redução do processo global de desenvolvimento do produto, uma vez que as etapas são
desenvolvidas em paralelo;
CONCLUSÃO
A complexidade dos projetos, gerada pela evolução da tecnologia e hábitos modernos, segmentou as
etapas do desenvolvimento dos mesmos. Para a construção de um edifício é necessário a elaboração de
projetos técnicos de diferentes disciplinas, bem como:
- terraplenagem;
- arquitetônico: básico, legal, executivo, detalhamento;
- estrutural;
- instalações prediais: hidráulica, elétrica, especiais (telefone, interfone e antena), SPDA;
- paisagismo;
- combate a incêndio;
- redes de abastecimento de água, de esgoto e drenagem.
No entanto, os responsáveis pelo desenvolvimento das representações gráficas não pertencem a uma
única equipe. Em alguns casos, não há comunicação entre eles, o que pode gerar projetos com desenhos e
especificações incompatíveis. Sem uma coordenação de projetos eficaz, os erros e divergências
normalmente são detectados tardiamente, na execução do serviço, causa de retrabalhos e oneroso custo
para as soluções, uma vez que são revelados somente quando a fase anterior já foi desempenhada.
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A Engenharia Simultânea é uma influente ferramenta para potencializar o sucesso do processo de projeto.
Para que apresente o resultado previsto é necessário erradicar as ineficiências do modelo da engenharia
sequencial, maximizar as capacitações existentes na organização e investir em sistemas computacionais,
que permitem maior dinamismo e produtividade no processo, além de promover interatividade no projeto.
Para que seja implantado em uma organização devem-se, principalmente, estabelecer organogramas
matriciais ou funcionais, privilegiar o paralelismo entre etapas de projeto, formar equipes
interdisciplinares, incentivar o livre fluxo de informações entre a equipe, adotar mecanismos que resultem
em maior alinhamento entre as prioridades dos departamentos e as do desenvolvimento de produtos,
instituir programa de qualidade e determinar o papel do coordenador de projetos.
Acredita-se que o presente trabalho expressa a importância da compatibilização de projetos técnicos entre
as disciplinas inerentes e o valor de um profissional na organização com visão sistêmica dos processos e
projetos, além do conhecimento das particularidades das diversas interfaces.
Os benefícios mais evidentes alcançados com a adoção da ES são: redução do tempo global de
desenvolvimento e lançamento do produto; redução do custo de fabricação e montagem; incremento da
qualidade em todas as fases do processo; simplificação do produto; e integração das atividades de projeto
e produção.
Apesar de muitos estudos mostrarem casos de sucesso ao implementar a Engenharia Simultânea, poucos
analisam a abrangência das transformações que ocorrem na prática nas empresas do setor da Construção
Civil. Na maioria das vezes esta implementação não é feita por completo, prejudicando o processo de
desenvolvimento de novos produtos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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HARTLEY, John R. Engenharia simultânea: um método para reduzir prazos, melhorar a qualidade e
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VARGAS, Ricardo Viana. Manual prático do plano de projeto. 4ª edição. São Paulo: Editora Brasport,
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